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SEMANA 03

PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Sumário
META 1 .............................................................................................................................................................. 9
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I ................................................................................................... 9
1. CONCEITO DE CRIME ..................................................................................................................................... 9
1.1. Crime X Contravenção Penal ........................................................................................................................... 10
1.2. Classificações dos Crimes ...................................................................................................................................... 13
1.2.1 Quanto à Qualidade do Sujeito Ativo .............................................................................................................. 13
1.2.2 Quanto à Estrutura do Tipo Penal ................................................................................................................... 14
1.2.3 Quanto à Relação entre a Conduta e o Resultado Naturalístico ..................................................................... 15
1.2.4 Quanto ao Momento de Consumação............................................................................................................. 17
1.2.5 Quanto ao Número de Agentes ....................................................................................................................... 18
1.2.6 Quanto ao Número de Vítimas ........................................................................................................................ 18
1.2.7 Quanto ao Grau de Intensidade do Resultado ................................................................................................ 18
1.2.8 Quanto ao Número de Atos Executórios ......................................................................................................... 21
1.2.9 Quanto à Forma pela qual a Conduta é Praticada ........................................................................................... 21
1.2.10 Quanto ao Modo de Execução Admitido ....................................................................................................... 22
1.2.11 Quanto aos Bens Jurídicos Atingidos ............................................................................................................. 22
1.2.12 Quanto À Existência Autônoma Do Crime: .................................................................................................... 22
1.2.13 Quanto À Necessidade De Corpo De Delito Para A Prova Da Existência ....................................................... 22
1.2.14 Quanto ao Local de Produção do Resultado .................................................................................................. 22
1.2.15 Quanto ao Vínculo com outros Crimes .......................................................................................................... 23
1.2.16 Quanto à Liberdade ou não para o Início da Persecução Penal .................................................................... 23
1.2.17 Quanto à Violação de Valores Universais ...................................................................................................... 23
1.2.18 Quanto ao Potencial Ofensivo ....................................................................................................................... 23
1.2.19 Crime Falho e Quase-Crime ........................................................................................................................... 24
1.2.20 Crimes de Impressão ..................................................................................................................................... 24
1.2.21 Crimes de Colarinho Branco e Crimes de Colarinho Azul .............................................................................. 24
1.2.22 Outras Classificações ..................................................................................................................................... 25
2. SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................................... 27
3. OBJETO DO CRIME ....................................................................................................................................... 28
4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME ........................................................................................................ 28
4.1 Fato Típico .............................................................................................................................................................. 28
4.1.1. Conduta.......................................................................................................................................................... 29
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 37
META 2 ............................................................................................................................................................ 42
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE II ................................................................................................ 42
1. CONTINUAÇÃO DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO .................................................................................... 42
2. CONCAUSAS ................................................................................................................................................. 49
3. TEORIA DO TIPO........................................................................................................................................... 56
3.1 Funções do Tipo Penal............................................................................................................................................ 56
3.2 Estrutura do Tipo Penal .......................................................................................................................................... 57
3.3 Classificações do Tipo Penal ................................................................................................................................... 58
3.3.1 Tipo Normal X Anormal.................................................................................................................................... 58
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1 3.3.2 Tipo Congruente X Tipo Incongruente ................................................................................................... 58


2 3.3.3 Tipo Simples X Tipo Misto ...................................................................................................................... 59
3 3.3.4 Tipo Fechado (Cerrado) X Tipo Aberto ................................................................................................... 59
4 3.3.5 Tipo Preventivo ...................................................................................................................................... 60
5 3.3.6 Tipo Penal Doloso X Culposo X Preterdoloso ......................................................................................... 60
4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA....................................................................................................................... 71
4.1 Consumação ........................................................................................................................................................... 71
4.1.2 Iter Criminis...................................................................................................................................................... 71
4.2. Tentativa (= Conatus, Crime Imperfeito, Crime Incompleto) ................................................................................ 74
5. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ........................................................................... 79
6. ARREPENDIMENTO POSTERIOR ................................................................................................................... 81
7. CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17, CPC) .............................................................................................................. 85
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................... 89
META 3 ............................................................................................................................................................ 98
DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ............................................................................ 98
1.REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS...................................................................................................................... 99
2. HABEAS CORPUS ........................................................................................................................................ 100
3. MANDADO DE SEGURANÇA ...................................................................................................................... 106
4. MANDADO DE INJUNÇÃO .......................................................................................................................... 118
5. HABEAS DATA ............................................................................................................................................ 129
6. AÇÃO POPULAR (LEI Nº 4.717/65) ............................................................................................................. 133
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 139
META 4 .......................................................................................................................................................... 147
DIREITO ADMINISTRATIVO: ATOS ADMINISTRATIVOS .................................................................................. 147
1. FATO E ATO - CONCEITOS INICIAIS ............................................................................................................ 147
1.1 Correntes doutrinária MAJORITÁRIA sobre fatos administrativos: ...................................................................... 148
2. ATOS ADMINISTRATIVOS X ATOS DA ADMINISTRAÇÃO............................................................................ 148
3. ATOS ADMINISTRATIVOS ........................................................................................................................... 149
4. ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO (conforme doutrina majoritária) .................... 150
4.1 Competência ........................................................................................................................................................ 150
4.2 Finalidade ............................................................................................................................................................. 152
4.3 Forma ................................................................................................................................................................... 153
4.4 Motivo .................................................................................................................................................................. 154
4.5 Objeto ................................................................................................................................................................... 156
5. ELEMENTOS E PRESSUPOSTOS DO ATO ADMINISTRATIVO....................................................................... 158
6. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO ..................................................................................................... 159
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7. FASES DE CONSTITUIÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO ............................................................................... 160


7.1 Perfeição (ou existência) ...................................................................................................................................... 161
7.2 Validade (ou regularidade) ................................................................................................................................... 161
7.3 Eficácia.................................................................................................................................................................. 161
7.4 Atos após a formação ........................................................................................................................................... 162
8. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ......................................................................................... 162
8.1 Quanto ao grau de liberdade ............................................................................................................................... 163
8.2 Quanto à Formação .............................................................................................................................................. 163
8.3 Quanto aos destinatários ..................................................................................................................................... 164
8.4 Quanto ao objeto ................................................................................................................................................. 164
8.5 Quanto à estrutura ............................................................................................................................................... 165
8.6 Quanto aos efeitos ............................................................................................................................................... 165
8.7 Quanto aos resultados na esfera jurídica ............................................................................................................. 165
8.8 Quanto ao alcance ................................................................................................................................................ 165
8.9 Quanto ao conteúdo ............................................................................................................................................ 165
9. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS ...................................................................................................... 166
9.1 Atos Normativos ................................................................................................................................................... 166
9.2 Atos Ordinatórios ................................................................................................................................................. 167
9.3 Atos Negociais ...................................................................................................................................................... 168
9.4 Atos Enunciativos ................................................................................................................................................. 170
9.5 Atos Punitivos ....................................................................................................................................................... 173
10. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................................... 173
10.1 Extinção Natural ................................................................................................................................................. 173
10.2 Renúncia ............................................................................................................................................................. 174
10.3 Desaparecimento da pessoa ou coisa sobre a qual o ato recai .......................................................................... 174
10.4 Retirada .............................................................................................................................................................. 174
10.5 Anulação ............................................................................................................................................................. 174
10.6 Revogação .......................................................................................................................................................... 179
10.7 Cassação ............................................................................................................................................................. 180
10.8 Caducidade ......................................................................................................................................................... 180
10.9 Contraposição (derrubada) ................................................................................................................................ 180
11. ESTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DO ATO .................................................................................................... 181
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 184
META 5 .......................................................................................................................................................... 192
PORTUGUÊS: TEMA 03 .................................................................................................................................. 192
1. CLASSES DE PALAVRAS .............................................................................................................................. 192
1.1 Substantivo ........................................................................................................................................................... 192
1.1.1 Classificação dos substantivos ....................................................................................................................... 193
1.2 Adjetivo ................................................................................................................................................................ 196
1.2.1 Adjetivos e gênero ......................................................................................................................................... 197
1.2.2 Adjetivos e número........................................................................................................................................ 197
1.2.3 Adjetivos e grau ............................................................................................................................................. 197
1.2.4 A locução adjetiva .......................................................................................................................................... 198
1.2.5 O pronome adjetivo ....................................................................................................................................... 198
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1.3 Numeral ................................................................................................................................................................ 199


1.4 Artigo .................................................................................................................................................................... 200
1.4.1 Artigos e preposições..................................................................................................................................... 201
1.5 Pronome ............................................................................................................................................................... 202
1.6 Verbo .................................................................................................................................................................... 208
1.6.1 Estrutura do verbo ......................................................................................................................................... 209
1.6.2 Flexões do verbo ............................................................................................................................................ 209
1.7 Advérbio ............................................................................................................................................................... 210
1.7.1 Locução adverbial .......................................................................................................................................... 213
1.8 Preposição ............................................................................................................................................................ 214
1.9 Conjunção ............................................................................................................................................................. 214
1.10 Interjeição .......................................................................................................................................................... 220
1.10.11 Locução Interjetiva .................................................................................................................................... 222
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 223
PORTUGUÊS: TEMA 04 .................................................................................................................................. 235
1. EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS ............................................................................................... 235
1.1 Tempos verbais .................................................................................................................................................... 235
1.1.1 Pretérito perfeito ........................................................................................................................................... 236
1.1.2 Pretérito imperfeito ....................................................................................................................................... 236
1.1.3 Pretérito mais-que-perfeito ........................................................................................................................... 237
1.1.4 Futuro do presente ........................................................................................................................................ 237
1.1.5 Futuro do pretérito ........................................................................................................................................ 237
1.2 Modos Verbais...................................................................................................................................................... 238
1.2.1 Tempos verbais do modo indicativo .............................................................................................................. 239
1.2.2 Tempos verbais do modo subjuntivo............................................................................................................. 240
1.2.3 Tempos verbais do modo imperativo ............................................................................................................ 240
1.3 Formas nominais .................................................................................................................................................. 240
2. FRASES E TIPOS DE FRASES ........................................................................................................................ 241
2.1 Exclamativas ......................................................................................................................................................... 241
2.2 Declarativas .......................................................................................................................................................... 241
2.3 Imperativas ........................................................................................................................................................... 242
2.4 Interrogativas ....................................................................................................................................................... 242
2.5 Optativas .............................................................................................................................................................. 243
3. ORAÇÃO ..................................................................................................................................................... 243
3.1 Termos essenciais da oração ................................................................................................................................ 243
3.1.1 O sujeito ......................................................................................................................................................... 243
3.1.2 O Predicado ................................................................................................................................................... 244
3.2 Termos integrantes da oração ............................................................................................................................. 246
3.2.1 O objeto ......................................................................................................................................................... 246
3.2.2 O complemento nominal ............................................................................................................................... 246
3.2.3 O agente da passiva ....................................................................................................................................... 246
3.3 Termos acessórios da oração ............................................................................................................................... 247
3.3.1 O adjunto adnominal ..................................................................................................................................... 247
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3.3.2 O adjunto adverbial ....................................................................................................................................... 247


3.3.3 O aposto......................................................................................................................................................... 247
3.4 Tipos de oração .................................................................................................................................................... 247
3.4.1 Oração absoluta ............................................................................................................................................. 247
3.4.2 Oração coordenada ....................................................................................................................................... 248
3.4.3 Oração subordinada ...................................................................................................................................... 249
QUESTÕES PROPOSTAS ................................................................................................................................. 255
META 6 – REVISÃO SEMANAL........................................................................................................................ 269
Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte I .................................................................................................................... 269
Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte II ................................................................................................................... 270
Direito Constitucional: Remédios Constitucionais ..................................................................................................... 271
Direito Administrativo: Atos Administrativos............................................................................................................. 273
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 03


META DIA ASSUNTO
1 SEG DIREITO PENAL: Teoria do Crime – Parte I
2 TER DIREITO PENAL: Teoria do Crime – Parte II
3 QUA DIREITO CONSTITUCIONAL: Remédios Constitucionais
4 QUI DIREITO ADMINISTRATIVO: Atos Administrativos
PORTUGUÊS: Tema 03
5 SEX
PORTUGUÊS: Tema 04
6 SÁB/DOM [Revisão Semanal]

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META 1

DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
⦁ Art. 1º a 10º da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP

Amigos, entraremos no assunto que, como vimos no levantamento disponibilizado no primeiro


arquivo, é o CAMPEÃO de questões da matéria de direito penal.
É cheio de teorias, divergências, decorebas, mas se for bemmm estudado e bem entendido, você vai
torcer para cair, porque dificilmente errará!
A nossa ideia aqui é passar as partes mais relevantes do conteúdo da forma mais didática e fluida
possível, mas caso não entendam algo – o que é absolutamente normal, não hesitem em buscar vídeos
gratuitos no youtube, explicações em blogs jurídicos ou o que quer que seja para que efetivamente
ENTENDAM, não apenas decorem, ok?
Combinado nosso: NÃO avancem o conteúdo sem entender qualquer parte! Uma coisa leva à outra
e é tudo muito importante! Vamos lá!

1. CONCEITO DE CRIME

A depender do critério adotado para a definição de crime, este conceito será diferente. Temos
os seguintes critérios:

I – Critério material/substancial: considera crime toda ação ou omissão humana (ou da pessoa
jurídica nos crimes ambientais) que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados;

II – Critério legal: é o conceito dado pelo legislador, ou seja, é o que está na lei. De acordo com o art.
1º da Lei de Introdução ao Código Penal, “considera-se CRIME a infração penal a que a lei comina pena de

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RECLUSÃO ou de DETENÇÃO, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de


multa”;

III – Critério analítico/formal: define crime de acordo com os elementos que compõe sua estrutura.
Pode ter como base uma posição quadripartida (crime é fato típico, ilícito, culpável e punível), tripartida
(crime é fato típico, ilícito e culpável) ou bipartida (crime é fato típico e ilícito). Será aprofundado mais à
frente.

CONCEITO DE CRIME
CRITÉRIO MATERIAL Ação ou omissão humana (ou de PJ nos crimes ambientais) que lesa ou
expõe a perigo de lesão, bem jurídico protegido.
CRITÉRIO LEGAL O que a lei define como tal. (Art. 1º CP)
Crime: A infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção,
cumulativa ou alternativamente com pena de multa.
Contravenção: é espécie de infração penal a que a lei comina a prisão
simples e/ou multa.
A diferença é meramente qualitativa (espécie de pena) e quantitativa
(quantidade da pena).
CRITÉRIO FORMAL/ ● Quadripartida – fato típico, ilícito, culpável e punível
ANALÍTICO (crítica: punibilidade não é elemento, mas consequência do
crime – não vingou);
● Tripartida – fato típico, ilícito e culpável (clássicos –
obrigatoriamente, e finalistas);
● Bipartida – fato típico e ilícito (finalistas).

No mais, infração penal é gênero, podendo ser dividida em crime (ou delito) e contravenção
penal. Vamos ver as diferenças:

1.1. Crime X Contravenção Penal

CRIME CONTRAVENÇÃO
Quanto à pena Infração penal que a lei comina Infração penal a que a lei comina,
privativa de liberdade pena de reclusão ou de isoladamente, pena de prisão
detenção, quer isoladamente, simples (cumprida sem rigor
quer alternativa ou penitenciário, nos termos do art.
cumulativamente com a pena 6º da LCP) ou de multa, ou ambas
de multa alternativa ou cumulativamente.

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Quanto à espécie de Pode ser ação penal pública Ação penal pública
ação penal condicionada/incondicionada incondicionada, nos termos do
ou privada. Art. 17 da LCP.
Quanto à Tentativa é punível (em regra). Não é punível a tentativa, nos
admissibilidade da termos do a Art. 4º. LCP.
tentativa A tentativa é possível, mas o
(punibilidade) legislador optou por não puní-la.
Quanto à Admite-se extraterritorialidade Não se admite
extraterritorialidade da (art. 7º do CP). extraterritorialidade, nos termos
lei penal brasileira do Art. 2º da LCP.
Quanto à competência Pode ser competência da justiça Somente competência da justiça
para processar e julgar estadual ou federal. estadual.
* Exceção: foro por prerrogativa
de função.
Quanto ao limite das Limite da pena privativa de A duração da pena de prisão
penas liberdade é de 40 anos (artigo simples não pode, em caso algum,
75 do CP). ser superior a 05 anos (artigo 10
da LCP)

CESPE / CEBRASPE - 2009 - PC-PB - Agente de Investigação e Escrivão de Polícia


A respeito da infração penal no ordenamento jurídico brasileiro, assinale a opção correta:
a) Crimes, delitos e contravenções são termos sinônimos.
b) Adotou-se o critério tripartido, existindo diferença entre crime, delito e contravenção.
c) Adotou-se o critério bipartido, segundo o qual as condutas puníveis dividem-se em crimes ou
contravenções (como sinônimos) e delitos.
d) O critério distintivo entre crime e contravenção é dado pela natureza da pena privativa de
liberdade cominada.
e) A expressão infração penal abrange apenas crimes e delitos.

Resposta: A questão é posta com a intenção de fixar o aprendizado, tendo a letra d como
alternativa correta. Vimos que crimes ou delitos não são sinônimos de contravenção (letra a),
sendo que não existe diferença entre crime e delito (letra b). Crime e contravenções não são
sinônimos (letra c) e o gênero infração penal abrange como espécies os crimes, delitos e
contravenções (letra e)

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* ATENÇÃO:
● A pena máxima de 40 anos foi atualizada pelo Pacote Anticrime. Trata-se de uma mudança
que piora a situação do réu (novatio legis in pejus), motivo pelo qual só se aplica aos fatos ocorridos
após sua entrada em vigor (23/01/2020).

De acordo com Cleber Masson, os fundamentos para essa mudança legislativa são basicamente 2: o
aumento da expectativa de vida e a gravidade aliada ao número de crimes.
Diante dessa mudança, como fica a Súmula 715 do STF? Continua valendo? Sim. O limite de 40 anos
é para fins de cumprimento máximo da pena, entretanto para os benefícios penais, considera-se o
total da condenação.

S. 715, STF - A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de
outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de
execução.

● O Brasil adotou o sistema dualista ou binário: divide a infração penal (que é gênero) em
crime (sinônimo de delito) e contravenção penal (crime anão/delito liliputiano/crime vagabundo).

● As contravenções penais foram expressamente excluídas da competência da Justiça Federal


(art. 109, IV, CF). O único caso em que a Justiça Federal terá competência para julgar as
contravenções penais é quando o contraventor detém foro de prerrogativa de função federal, o qual
será julgado pelo TRF respectivo.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar


IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar
e da Justiça Eleitoral;

● E o artigo 28 da Lei de Drogas, que não tem nenhuma dessas penas, é o que? Há
entendimento doutrinário de que não seria nem crime nem contravenção, e sim uma infração penal
sui generis (Saudoso Luiz Flávio Gomes assim entendia).
● O entendimento predominante nos Tribunais Superiores (STF e STJ), é o de que o artigo 28
é crime, não houve descriminalização da conduta pela nova lei de drogas, ocorrendo apenas a
despenalização no tocante à pena privativa de liberdade. A lei 11.343/06 afastou a pena privativa
de liberdade, mas trouxe penas alternativas a esta.
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Atenção Concurseiro policial, esta temática foi objeto de prova discursiva para o cargo de
inspetor de Polícia Civil do Ceará, valendo 10 pontos, ocorrida no dia 05 de Setembro de 2021
realizado pela banca IDECAN. Segue abaixo o item:

DISCURSIVA
1. Paulo praticou delito de porte de substância entorpecente para consumo próprio quando
estava em vigor a antiga Lei de Drogas, qual seja, a Lei 6.368/76. Todavia, na data do julgamento,
já estava em vigor a Lei 11.343/2006. A defesa de Paulo, então, em alegações finais, defendeu a
ocorrência de abolitio criminis. Nesse sentido, em atenção ao disposto na lei específica, bem
como ao entendimento dos Tribunais Superiores acerca do tema, responda de modo justificado
às perguntas a seguir:

A) Tem razão a defesa de Paulo, ou seja, a conduta de porte de substância entorpecente para
consumo próprio foi descriminalizada? [Respostas sem justificativa não serão pontuadas.] (10,0
pontos)

Resposta da banca:
Não assiste razão à defesa de Paulo. A conduta de porte de substância entorpecente para
consumo próprio não foi descriminalizada, e sim despenalizada. Consoante entendimento
pacificado nos Tribunais Superiores a nova lei de drogas trouxe apenas espécies alternativas de
pena. (Precedentes: Informativo 636 STJ e STJ HC 453.437 SP). Portanto: Não, a conduta não foi
descriminalizada, mas sim despenalizada. (10,0 pontos) OU Não, a conduta não foi
descriminalizada. A nova lei apenas trouxe espécies alternativas de pena. (10,0 pontos)

1.2. Classificações dos Crimes

1.2.1 Quanto à Qualidade do Sujeito Ativo

I- Crimes comuns/gerais: podem ser praticados por qualquer pessoa;

Obs.: Há também os crimes bicomuns, que podem ser cometidos por qualquer pessoa e contra qualquer
pessoa.
Sujeito Ativo Comum e Sujeito Passivo Comum – Crime Bicomum: Ex – Homicídio.

II- Crimes próprios/especiais: o tipo penal exige uma condição (fática ou jurídica) especial do sujeito
ativo. Admitem coautoria e participação. Exemplo: peculato (somente pode ser praticado por funcionário
público);
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Obs.: Os crimes próprios podem ser puros e impuros. Nos crimes puros, a ausência da condição especial do
sujeito ativo leva à atipicidade do fato, como por exemplo no crime de abandono de função (art. 323 do CP),
caso não seja um ocupante de cargo público a abandonar sua função não há crime.
Por sua vez, nos crimes impuros, a ausência dessa condição especial acarreta a desclassificação para outro
delito, como exemplo temos o crime de peculato quando o agente público é autor e que pode ser
desclassificado para delitos como furto ou estelionato, quando afasta-se o envolvimento de agente público
na autoria.

Obs. 2: Há também os crimes bipróprios, que exigem uma condição peculiar do sujeito passivo e do sujeito
ativo, como no caso do infanticídio, onde o sujeito ativo age sob a influência do estado puerperal (condição
peculiar) e o sujeito passivo é o próprio filho (condição peculiar) da autora.
Pode uma pessoa ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo do crime?
R: Em regra, não. Entretanto, para Rogério Greco, há uma exceção no crime de rixa, nos
termos do artigo 137 do Código Penal.

Jurisprudência pertinente: O diretor de organização social pode ser considerado


funcionário público por equiparação para fins penais (art. 327, § 1º do CP). Isso
porque as organizações sociais que celebram contratos de gestão com o Poder
Público devem ser consideradas “entidades paraestatais”, nos termos do art. 327,
§ 1º do CP. STF. 1ª Turma. HC 138484/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
11/9/2018 (Info 915).

III- Crimes de mão própria ou de conduta infungível: crimes que somente podem ser praticados por
pessoa expressamente indicada no tipo penal, como no caso de falso testemunho. O agente deve agir
pessoalmente. Segundo a doutrina majoritária, não admitem coautoria, mas somente participação (ex.: se
houve o envolvimento do advogado – tem decisão do STF nesse sentido).

1.2.2 Quanto à Estrutura do Tipo Penal

I – Crimes simples: é aquele que o fato se amolda a um único tipo penal;

II – Crimes complexos: pode ser subdivido em:

a) Crime complexo em sentido estrito: resulta da união de dois ou mais tipos penais, como o crime
de roubo, que deriva da fusão entre furto + ameaça ou furto + lesão corporal;

Obs.: São crimes famulativos aqueles que compõem a estrutura unitária do crime complexo.
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b) Crime complexo em sentido amplo: deriva da fusão de um crime com um comportamento


penalmente irrelevante, como o estupro = violência ou ameaça (conduta típica) + conjunção carnal (figura
atípica).

c) Crime ultracomplexo: resta caracterizado quando crime complexo é acrescido de outro, que serve
como qualificadora ou majorante daquele. Ex.: roubo majorado pelo emprego de arma de fogo = roubo
(crime complexo) + porte ilegal de arma de fogo (que vai servir como causa de aumento).

1.2.3 Quanto à Relação entre a Conduta e o Resultado Naturalístico

I – Crimes materiais/causais: o tipo penal compreende uma conduta e um resultado naturalístico


essencial para a consumação;

FUNCAB /2014/ PC-RO/ Escrivão de Polícia Civil


De acordo com a doutrina, os delitos que dependem da ocorrência de um resultado naturalístico
para sua consumação são conhecidos como crimes:

a) formais b) unissubsistentes c) de mera conduta d) materiais e) plurissubsistentes


Resposta: sedimentando o conceito de crime material temos a letra d como resposta. Amigo(a)
concurseiro(a) policial guarde com atenção os grifos feitos nos conceitos, pois eles são os pontos
chave e estarão na sua prova!

II – Crimes formais/de consumação antecipada o tipo penal contém uma conduta e um resultado
naturalístico, mas esse resultado é desnecessário para a consumação. A prática da conduta antecipa a
consumação, ou seja, praticou a conduta consumou a infração penal, independente da ocorrência ou não
do resultado naturalístico descrito no tipo penal, caso esse resultado ocorra será mero exaurimento do
crime.
Exemplo: Art. 159 do CP (extorsão mediante sequestro), o crime se consuma quando o agente
sequestra a vítima (conduta), mesmo que não obtenha a vantagem ilícita almejada com o resgate
(resultado).

III – Crimes de mera conduta/de simples atividade: o tipo penal se limita a descrever uma conduta,
sem que haja um resultado naturalístico, como no caso de ato obsceno (art. 233 do CP). O que os diferencia
essencialmente dos crimes formais é a inexistência de descrição de resultado naturalístico no tipo penal.

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Caros(as) concurseiros(as) policiais, vamos agora aprofundar um pouco na temática das


classificações, tendo em vista os níveis de dificuldade dos certames que têm avançado e, também, as
questões discursivas que provavelmente virão em prova aberta.

CLASSIFICAÇÕES PERTINENTES:
- Delitos de tendência interna transcendente ou de intenção: requerem um agir com ânimo, finalidade ou
intenção adicional de obter um resultado ulterior, distinto da realização do tipo penal.
Habib: “Transcendente, além do dolo, transcende o dolo”. Ex: 288, o dolo é associar-se. O que vai além do
dolo? cometer crimes – o que é indiferente para a consumação ou não do delito”.
São crimes formais! Se consumam com a prática da conduta, independentemente da realização do resultado
naturalístico
Ex.: No furto há a intenção de ter a coisa para si ou para outrem (essa intenção transcende o dolo)
Ex.: No crime de extorsão mediante sequestro temos a expressão “com o fim de”.
Ex.: No crime de receptação temos “em proveito próprio ou alheio”.

Os delitos de intenção se subdividem em 2 grupos:

Essa classificação se subdivide em duas:


a) crime de resultado cortado: em que o resultado naturalístico (dispensável por se tratar de delito formal)
depende, para sua configuração, de COMPORTAMENTO ADVINDO DE TERCEIROS estranhos à execução do
crime. Ex: art. 159 do CP - extorsão mediante sequestro - a obtenção da vantagem para o resgate depende
dos familiares da vítima.

b) Crime atrofiado ou Mutilado de 02 atos: o resultado naturalístico (também dispensável) depende de um


NOVO COMPORTAMENTO DO PRÓPRIO AGENTE. Ex: falsificar moeda para colocar em circulação (art. 289,
caput e §1º - sendo que o §1º é um tipo autônomo com pena autônoma) – o agente falsifica para colocar em
circulação (que é dispensável para realizar o tipo penal).
A chave está em analisar qual deles necessita que o segundo ato seja praticado por 3º ou pelo próprio agente
para a obtenção do resultado naturalístico (que na verdade é dispensável).

Diferenciam-se de:

- Delitos de tendência intensificada ou de atitude pessoal: que são diferentes dos explicados acima, pois não
transcendem a vontade do agente. Temos um “algo a mais” além do dolo de praticar a conduta, ou seja, além
da vontade e da consciência, mas que não transcende. É uma tendência interna que intensifica, REFORÇA o
dolo (Welzel).
Habib: o fato só será criminoso se o dolo for intensificado com essa tendência interna. Ex: injúria: o dolo é
“xingar”, mas se a tendência interna for brincar, não vai ser crime e se for ofender sim.
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Welzel já dizia: “Elementos especiais, pessoais, subjetivos que colorem o conteúdo ético-social da conduta”.
Essa tendência intensificada colore, dá novas cores ao enfoque subjetivo, ao conteúdo ético-social.

1.2.4 Quanto ao Momento de Consumação

I – Crimes instantâneos/de estado: a consumação ocorre em um determinado momento, sem


continuidade no tempo;

II – Crimes permanentes: a consumação se prolonga no tempo por vontade do agente (afeta na


prescrição e no flagrante), podendo ser:

a) necessariamente permanentes: são crimes cuja consumação depende da manutenção da situação


contrária ao Direito por um período juridicamente relevante, como no caso do sequestro;

b) eventualmente permanentes: são crimes instantâneos, mas nos quais, no caso concreto, a
situação de ilicitude pode ser prolongada, como no caso de furto de energia elétrica;

III – Crimes instantâneos de efeitos permanentes: os efeitos subsistem após a consumação,


independentemente da vontade do agente. Ex.: bigamia. No 2º casamento o delito já se consumou, mas os
efeitos permanecem;

IV – Crimes Instantâneos de Continuidade Habitual - Se consumam por meio de uma única conduta
que causa um resultado instantâneo, mas que exigem, em seguida, para a configuração do tipo, a reiteração
da conduta de forma habitual. - Ex: Art. 228 do CP: Favorecimento à Prostituição. Deve haver a constatação
da prostituição com habitualidade, que é elemento intrínseco da atividade. Exige prova concreta da reiterada
conduta da vítima, uma vez que prostituição implica em habitualidade.

V – Crimes Instantâneos de Habitualidade Preexistente – Se concretiza com uma única conduta,


com resultado instantâneo, embora exija, para tanto, o desenvolvimento habitual de outro comportamento
preexistente. - Ex: Art. 334, § 1º, "c" do CP - Venda de Mercadoria Estrangeira, introduzida clandestinamente
no país, no exercício de atividade comercial - se não existir anteriormente a prática habitual da atividade
empresarial, não se configura o delito.

IV – Crimes a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período de tempo. Ex:


apropriação de coisa achada.

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1.2.5 Quanto ao Número de Agentes

I – Crimes unissubjetivos/unilaterais/de concurso eventual: podem ser praticados por um único


agente, mas nada impede que sejam em concurso de pessoas;

II – Crimes plurissubjetivos/plurilateriais/de concurso necessário: são os que somente podem ser


praticados por uma pluralidade de agentes, que podem ser coautores ou partícipes, imputáveis ou não,
conhecidos ou desconhecidos. São subdividos em:

a) Crimes de condutas paralelas: os agentes se auxiliam, mutuamente, para a produção do


resultado, buscam um fim único. Ex.: associação criminosa;
b) Convergentes: condutas diferentes que se completam, ainda que uma não seja culpável. Ex.:
bigamia;
c) Divergentes: dirigidas umas contra as outras. Ex.: rixa.

Obs.: Crimes PLURISSUBJETIVOS não se confundem com crimes de PARTICIPAÇÃO NECESSÁRIA. Estes podem
ser praticados por uma única pessoa, nada obstante o tipo penal reclame a participação necessária de outra
pessoa, que atua como sujeito passivo e, por esse motivo, não é punido (ex: rufianismo – CP, art. 230).

1.2.6 Quanto ao Número de Vítimas

I – Crimes de subjetividade passiva única: possuem uma única vítima;

II – Crimes de dupla subjetividade passiva: possuem duas ou mais vítimas.

1.2.7 Quanto ao Grau de Intensidade do Resultado

I – Crimes de dano/de lesão: a consumação somente ocorre com a efetiva lesão do bem jurídico;

II – Crimes de perigo: a consumação ocorre com a mera exposição do bem jurídico a uma situação
de perigo, podendo ser subdivididos em:

a) Crimes de perigo abstrato/presumido: a consumação ocorre automaticamente com a


prática da conduta, sendo desnecessária a comprovação da situação de perigo. A presunção do
perigo é absoluta;
b) Crimes de perigo concreto: a consumação depende da efetiva comprovação da situação de
perigo no caso concreto;

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c) Crimes de perigo individual: atingem uma pessoa ou um número de determinado de


pessoas;
d) Crimes de perigo comum/coletivo: atingem um número indeterminado de pessoas;
e) Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo;
f) Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer;
g) Crimes de perigo futuro: a situação de perigo derivada da conduta se projeta para o futuro.

Uma questão para sintetizar os conceitos estudados.

FUNCAB/2014/PJC-MT/Investigador - Escrivão de Polícia

Quanto ao crime de rixa previsto no artigo 137 do Código Penal (participar de rixa, salvo para
separar os contendores), é correto afirmar que:
A) é crime comum, de dano, comissivo por omissão, coletivo, não transeunte como regra,
unissubsistente, instantâneo.
B) é crime comum, de perigo, comissivo, coletivo, não transeunte como regra, plurissubsistente,
instantâneo.
C) é crime próprio, de dano, comissivo, plurissubjetivo, transeunte como regra,
plurissubsistente, permanente.
D) é crime próprio, de perigo, comissivo por omissão, monossubjetivo, não transeunte como
regra, unissubsistente, permanente.
E) é crime comum, de perigo, comissivo, monossubjetivo, transeunte como regra,
plurissubsistente, instantâneo.

Resposta: A rixa é um crime comum, previsto no CP, não se exigindo qualidade especial do
agente, ou seja, qualquer pessoa pode cometer tal crime. Tratando-se de crime de perigo, pois
a só exposição do bem jurídico tutelado (incolumidade física e mental dos envolvidos) a perigo
já consuma o delito. Comissivo, pois praticado por ação e não transeunte, pois deixam vestígios
materiais, via de regra. Plurissubsistente, contendo condutas que admitem fracionamento e
instantâneo, ocorrendo a consumação instantaneamente em determinado momento. Alguns
conceitos ainda não estudados serão expostos logo a frente, não se preocupem. Resposta
correta letra B.

Algumas discussões giram em torno da constitucionalidade dos crimes de perigo abstrato,


resumidamente temos:

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∘ Parte da doutrina,(a exemplo de LFG, Bittencourt, Damásio ), entendem que os crimes de


perigo abstrato violam o princípio da lesividade ou ofensividade.

∘ STF : O crime de perigo abstrato revela maior zelo do Estado em proteger adequadamente
certos interesses.

Crime de perigo abstrato de perigosidade real, exige-se a prova de condução anormal (rebaixando
o nível de segurança viário), mas dispensa a demonstração de perigo para vítima certa e determinada. Sem
essa perigosidade real para a coletividade, que é concreta, caracteriza mera infração administrativa.

Casos concretos na Jurisprudência:

a) Crime de embriaguez ao volante (art. 306, §1º)


STJ tem posição da 6ª turma no sentido (RESp 1582413/2016 –RJ) – de que o crime de embriaguez
ao volante é um crime de PERIGO ABSTRATO.

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em


razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine
dependência:
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

No mesmo sentido é o crime de entregar a direção de veículo automotor à pessoa não habilitada:

Súmula 575-STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a


direção de veículo automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre
em qualquer das situações previstas no art. 310 do CTB, independentemente da
ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na condução do veículo.

b) Posse ou Porte de munição de arma de fogo

De acordo com o STJ (6ª Turma. HC 473.334/RJ – 2019), os delitos de posse e de porte de arma de
fogo são crimes de perigo abstrato, de forma que, em regra, é irrelevante a quantidade de munição
apreendida.

c) Art. 56, Lei de Crimes Ambientais

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De acordo com o STJ (Info. 613/2017), o crime previsto no art. 56, caput, da Lei nº 9.605/98 é de
perigo abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para atestar a nocividade ou a periculosidade
dos produtos transportados, bastando que estes estejam elencados na Resolução nº 420/2004 da ANTT.
Portanto para o STJ, apesar do crime ser concreto, ele tem aptidão abstrata (ou Abstrato-Concreto), ou seja,
não precisa de perícia ou prova para comprovar a situação de perigo, a conduta per si teria aptidão para
gerar um perigo concreto.

Art. 56.Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,


transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância
tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo
com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão,
de um a quatro anos, e multa.

1.2.8 Quanto ao Número de Atos Executórios

I – Crimes unissubsistentes: o crime depende de apenas um ato de execução, capaz, por si só, de
produzir a consumação. Não admitem tentativa;

II – Crimes plurissubsistentes: a conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que devem
ser somados para produzir a consumação. Admitem tentativa.

1.2.9 Quanto à Forma pela qual a Conduta é Praticada

I – Crimes comissivos: são praticados mediante conduta positiva;

II – Crimes omissivos: são praticados por meio de uma conduta negativa, uma inação, podendo ser:

a) Omissivos próprios/puros: a omissão está contida no tipo penal, de modo que a descrição da
conduta já prevê a realização do crime por meio de uma conduta negativa;

b) Omissivos impróprios/impuros/espúrios/comissivos por omissão: o tipo penal prevê em sua


descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente acarreta a produção do resultado
naturalístico. São os casos de dever de agir previstas no art. 13, §2º, do CP.;

III – Crimes de conduta mista: o tipo penal é composto de duas fases distintas: uma inicial e positiva;
outra final e omissiva. Exemplo: crime de apropriação de coisa achada, no qual o agente encontra uma coisa
perdida e dela se apropria, deixando de restituí-la ou entregá-la à autoridade competente no prazo de 15
dias.
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1.2.10 Quanto ao Modo de Execução Admitido

I – Crimes de forma livre: admitem qualquer meio de execução;

II – Crimes de forma vinculada: somente podem ser executados pelos meios indicados no tipo penal.

1.2.11 Quanto aos Bens Jurídicos Atingidos

I – Crimes mono-ofensivos: ofendem um único bem jurídico (furto);

II – Crimes pluriofensivos: ofendem dois ou mais bens jurídicos (latrocínio).

1.2.12 Quanto À Existência Autônoma Do Crime:

I – Crimes principais: possuem existência autônoma e independente de um crime anterior;

II – Crimes acessórios/parasitários/de fusão: somente existem se houver a prática de um crime


anterior, como a receptação.

1.2.13 Quanto À Necessidade De Corpo De Delito Para A Prova Da Existência

I – Crimes transeuntes/de fato transitório: não deixam vestígios materiais;

II – Crimes não transeuntes: deixam vestígios materiais. Nesses crimes, a ausência do exame de
corpo de delito leva à nulidade da ação penal, salvo quando impossível a sua realização.

1.2.14 Quanto ao Local de Produção do Resultado

I – Crimes à distância: a conduta e o resultado ocorrem em países diversos;

II – Crimes plurilocais: a conduta e o resultado se desenvolvem em comarcas diversas, dentro do


mesmo país;

III- Crimes em trânsito: somente parte da conduta ocorre em um país, sem causar lesão ou expor a
situação de perigo bens jurídicos de pessoas que nele vivem, tendo país diverso como foco de produção do
resultado.

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1.2.15 Quanto ao Vínculo com outros Crimes

I – Crimes independentes: não estão ligados a outros delitos;

II – Crimes conexos: são crimes que estão interligados. Essa ligação pode ser penal ou processual
penal. A conexão penal pode ser:

a) Teleológica/ideológica: um crime é praticado para assegurar a execução de outro delito;


b) Consequencial/causal: um crime é cometido na sequência de outro, com o propósito de
ocultá-lo ou assegurar a vantagem ou a impunidade;
c) Ocasional: um crime é praticado como consequência da oportunidade proporcionada por
outro delito. Ex: estupro praticado após o roubo. Trata-se de criação doutrinária, sem amparo legal.

1.2.16 Quanto à Liberdade ou não para o Início da Persecução Penal

I – Crimes condicionados: a persecução penal depende de uma condição objetiva de procedibilidade.


Essa condição deve estar prevista expressamente na norma penal;

II – Crimes incondicionados: a persecução penal pode ocorrer livremente, sem necessidade de


autorização.

1.2.17 Quanto à Violação de Valores Universais

I – Crimes naturais: violam valores éticos absolutos e universais;

II – Crimes plásticos: não ofendem valores universais, apesar de previstos em leis penais;

III – Crimes vazios: são delitos plásticos que não protegem qualquer bem jurídico. Nem toda a
doutrina concorda com a existência dessa espécie.

1.2.18 Quanto ao Potencial Ofensivo

I – Crimes de mínimo potencial ofensivo: não comportam pena privativa de liberdade;

II – Crimes de menor potencial ofensivo: a pena privativa de liberdade em abstrato não ultrapassa
dois anos, cumulada ou não com multa – segue o rito do Jecrim (Lei 9.099/95)

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III – Crimes de médio potencial ofensivo: a pena mínima não ultrapassa um ano,
independentemente do máximo da pena privativa de liberdade cominada. São os que cabem a suspensão
condicional do processo;

IV – Crimes de elevado potencial ofensivo: apresentam pena mínima superior a um ano, não sendo
cabível a suspensão condicional do processo. Aplica-se na totalidade os institutos do Código Penal .

V – Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela Constituição


Federal. São os crimes hediondos, o tráfico de drogas, a tortura, o terrorismo, o racismo e a ação de grupos
armados contra a ordem constitucional.

1.2.19 Crime Falho e Quase-Crime

Crime falho: é sinônimo de tentativa perfeita, tentativa acabada. O sujeito praticou todos os atos
da execução, mas não conseguiu consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.

Quase-crime: não há crime, o que há é um crime impossível, por impropriedade absoluta do objeto
ou impropriedade absoluta do meio.

1.2.20 Crimes de Impressão

São aqueles que provocam determinado estado de ânimo, de impressão na vítima. Subdividem-se
em:

a) crimes de inteligência: praticados mediante o engano;


b) crimes de vontade: recaem na vontade da vítima quanto à sua autodeterminação;
c) crimes de sentimento: incidem nas faculdades emocionais da vítima.

1.2.21 Crimes de Colarinho Branco e Crimes de Colarinho Azul

I – Crimes de colarinho branco: são os crimes cometidos na órbita econômica, como a lavagem de dinheiro,
praticado por quem, normalmente, teria condições de viver adequadamente sem o cometimento de crimes,
que gozam da elevada condição financeira e do poder dela decorrente. Geram as chamadas “cifras douradas”
da criminalidade, vez que raramente são apurados e punidos.

II – Crime de rua ou crime de colarinho azul: de modo oposto aos crimes de colarinho branco, são aqueles
praticados por pessoas economicamente menos favorecidas, em situações de vulnerabilidade. O nome se dá
pelo fato de que essa é uma alusão aos operários norte-americanos no final do século XX, denominado e
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“blue collars”. Quando não integram o conhecimento do Poder Público, constituem as “cifras negras” da
criminalidade – ponto a ser melhor estudado em criminologia.

1.2.22 Outras Classificações

● Crime gratuito: é o crime praticado sem motivo conhecido. Não se confunde com motivo
fútil, pois neste há motivação, porém, desproporcional ao crime praticado.
● Crime de ímpeto: é o cometido sem premeditação, decorrente de reação emocional
repentina.
● Crime de circulação: é o praticado em veículo automotor, a título de dolo ou culpa
● Crime de atentado ou empreendimento: É aquele em que a lei pune de forma idêntica o
crime consumado e a forma tentada. Ou seja: não há diminuição da pena em face da tentativa. Ex:
crime de Evasão mediante violência contra a pessoa

Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida


de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa

● Crime de opinião ou de palavra: cometido com excesso abusivo na manifestação do


pensamento, seja pela forma escrita ou verbal.
● Crime multitudinário: é aquele praticado pela multidão, em tumulto. A lei não define o que
seria multidão, assim, analisa-se o caso concreto. No direito canônico, exigia-se, no mínimo, 40
pessoas.
● Crime internacional: aquele que o Brasil, por tratado ou convenção devidamente
incorporado ao ordenamento jurídico pátrio, se obrigou a reprimir. Ex: art. 231 do CP - tráfico de
pessoas.
● Crime de mera suspeita, sem ação ou mera posição: o agente não realiza a conduta, mas é
punido pela suspeita despertada em seu modo de agir. Sem reforço doutrinário. Não pode existir no
ordenamento pátrio. Ex: contravenção penal do art. 25 (posse de instrumento usual na prática de
furto) – e, por isso, o STF a declarou não recepcionada pela Constituição.
● Crime inominado: é aquele que ofende regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal,
embora não definido como infração penal. Não é aceito por ferir o princípio da reserva legal.
● Crime profissional: é o crime habitual cometido com finalidade lucrativa. Ex: art. 230 do CP
(rufianismo).
● Crime hediondo: é todo delito que se enquadra no art. 1º da Lei 8.072/1990, na forma
consumada ou tentada. Adoção do critério legal.
● Crime de expressão: é o que se caracteriza pela existência de um processo intelectivo interno
do autor. Ex: CP, art. 342 – falso testemunho.

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● Crime de ação violenta: é o cometido mediante o emprego de violência ou grave ameaça.


Ex: roubo.
● Crime de ação astuciosa: é o praticado por meio de fraude, engodo. Ex: estelionato.
● Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto: aquele onde o agente acredita ter
realmente praticado um crime, mas na verdade, houve um indiferente penal. Trata-se de um não-
crime por erro de tipo, erro de proibição ou por obra de agente provocador.
● Crime remetido: é o que se verifica quando o tipo penal faz referência a outro crime, que
passa a integrá-lo. Ex: art. 304 do CP (uso de documento falso).
● Crimes de responsabilidade: dividem-se em próprios (crimes comuns ou especiais) e
impróprios (infrações administrativas), que redundam em sanções políticas.
● Crime de acumulação - Visam proteger interesses supraindividuais. Analisando-se
isoladamente cada conduta, a aplicação da repressão penal pode parecer desproporcional. No
entanto, sua prática reiterada é lesiva e pode causar sérios prejuízos. Ex.: crimes contra o meio
ambiente. Se alguém for encontrado pescando 1 peixe em local proibido, parece irrelevante para
que seja considerado crime. Todavia, se diversas pessoas começarem a pescar por lá, haverá um
desequilíbrio ambiental significativo da região. Com isso, o delito de acumulação traz ao intérprete
a necessidade de analisar o fato sob esse aspecto, impedindo a aplicação do princípio da
insignificância, via de regra.
● Crimes parcelares: são os crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade
delitiva, desde que preenchidos os requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do Código Penal. Adota-se
no Brasil a teoria da ficção jurídica – na qual os delitos parcelares são considerados, para fins de
aplicação da pena, como um único crime.
● Crime de catálogo (LEMBRAR DE LISTA TELEFÔNICA) diz respeito aos delitos compatíveis
com a interceptação telefônica, disciplinada pela Lei 9.296/1996, como meio de investigação ou de
produção de provas durante a instrução em juízo.

Crime progressivo - o agente para cometer tal crime, obrigatoriamente, infringe outra lei penal, a
qual tipifica crime menos grave (conhecido como crime de passagem). O crime mais grave absorve o crime
menos grave, aplicando-se o princípio da consunção.

● Progressão criminosa - o agente muda seu dolo. inicialmente realiza um crime menos grave e
quando alcança a consumação deste, decide praticar outro crime mais grave. Ex. o dolo inicial era de causar
lesão corporal, mas o sujeito decide matar a vítima. Neste caso, irá responder por homicídio (princípio da
consunção).

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CRIME PROGRESSIVO PROGRESSÃO CRIMINOSA

É realizado mediante um único ato ou atos que É aquela realizada mediante dois atos, ou seja,
compõem único contexto. Há um tipo penal, quando o agente inicia um comportamento que
abstratamente considerado, que contém configura um crime menos grave, porém, ainda
implicitamente outro, o qual deve necessariamente dentro do mesmo iter criminis, resolve praticar uma
ser realizado para se alcançar o resultado. Ex.: no infração mais grave, que pressupõe a primeira. O
homicídio o agente necessariamente comete lesão DOLO DO AGENTE MUDA (ele queria o resultado
corporal. menos grave, mas, no meio do caminho, muda de
O DOLO DO AGENTE NÃO MUDA (desde o início ideia e passa a querer o resultado mais grave). O dolo
da execução ele quer o resultado mais grave) é chamado de DOLO CUMULATIVO.
Tabela retirada de Foca no resumo – Martina Correia.

Amigo(a) concurseiro(a) policial, repetimos os últimos dois conceitos pela importância em


provas, atenção redobrada!

2. SUJEITOS DO CRIME

a) Sujeito ativo: é a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física e capaz e com 18
anos completos pode ser sujeito ativo de crime.

* ATENÇÃO: Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crimes?


A pessoa jurídica é um ente autônomo e distinto dos seus membros, dotado de vontade própria.
Pode cometer crimes ambientais e sofrer pena. A CF/88 autorizou a responsabilidade penal do ente
coletivo, objetiva ou não. Deve haver adaptação do juízo de culpabilidade para adequá-lo às
características da pessoa jurídica criminosa. O fato de a teoria tradicional do delito não se amoldar à pessoa
jurídica, não significa negar sua responsabilização penal, demandando novos critérios normativos. É certo,
porém, que sua responsabilização está associada à atuação de uma pessoa física, que age com elemento
subjetivo próprio (dolo ou culpa).

Conclusão: Tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica praticam crimes ambientais, podendo ser
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente.

É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente


da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome.

A jurisprudência (STF e STJ) não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação. Esta teoria,
resumidamente, traz a obrigatoriedade de responsabilizar-se penalmente a pessoa física (a qual age
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através da pessoa jurídica) e a pessoa jurídica em conjunto, não podendo esta ser responsabilizada de
forma exclusiva.

STF – a denúncia pode imputar o fato criminoso, somente, a pessoa jurídica,


principalmente nos casos em que não é possível identificar a pessoa física autora
do comportamento indesejado ao meio ambiente.

b) Sujeito passivo: É pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. Pode figurar no
sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, a exemplo da coletividade
e da família.

3. OBJETO DO CRIME

Subdivide-se em objeto jurídico e objeto material:


a) objeto jurídico: é o bem ou o interesse tutelado pela norma. Exemplos: no crime de aborto é a
vida; no crime de roubo é o patrimônio; no crime de estupro é a liberdade/dignidade sexual.

b) objeto material: é a pessoa ou a coisa que foi atingida pela conduta criminosa. Exemplos:
homicídio – a pessoa; furto – coisa subtraída. É possível que haja crime sem objeto material (ex: falso
testemunho).

4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME

Vimos o conceito analítico de crime, que pode variar de acordo com o sistema adotado. Aqui, no
entanto, vamos destrinchar esse conceito, abordando cada um dos elementos que podem compor o delito.
E lembre-se: atenção máxima, sem deixar dúvidas para trás, pois é o tema mais cobrado em provas!

4.1 Fato Típico

Conceito: “o fato humano (ou também o fato praticado por pessoa jurídica, em relação aos crimes
ambientais) que se enquadra com perfeição aos elementos descritos no tipo penal” (Masson, 2017, p. 243).

Vejamos jurisprudência correlata, destacando a ausência de previsão legal, ou seja, inexistência de


tipo penal descrevendo a conduta típica (Caso Wesley Safadão):

São atípicas, por falta de previsão legal:


• a conduta de submeter-se à vacinação contra Covid-19 em local diverso do agendado;

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• a conduta de ser vacinado com imunizante diverso daquele que estava reservado (ex: tomou Janssen e era para
ter sido a AstraZeneca); e
• a conduta de submeter-se à vacinação contra Covid-19 sem a realização de agendamento.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 160947-CE, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 27/09/2022

Elementos (via de regra, são 4): Conduta, Resultado, Nexo causal e Tipicidade.

Conduta e tipicidade: presentes em todos os crimes.

Resultado (naturalístico* - veremos melhor à frente) e nexo causal estão presentes apenas nos
crimes materiais.

Começaremos pela conduta.

4.1.1. Conduta

Como tudo no direito, há aqui uma diversificação de sistemas/teorias, sendo que, para cada um
deles, há um conceito diferente de conduta, bem como há diversificações acerca da localização de
determinados elementos na composição da estrutura do crime.
A culpabilidade, terceiro elemento do crime, também varia bastante de acordo com as teorias a
seguir, de modo intimamente ligado à definição de conduta, razão pela qual optamos por explicá-las
integralmente aqui. Perfilharemos os ensinamentos de Rogério Greco, Rogério Sanches, Cléber Masson e
André Estefam.

A) PRINCIPAIS TEORIAS

I – Teoria causalista/mecanicista/naturalista/clássica/causal: (Franz Von Liszt, Belling e Radbruch) Crime é


fato típico, ilícito e culpável, e a conduta seria elemento do fato típico.

TEORIA CAUSALISTA, CLÁSSICA, NATURALISTA

A conduta é uma ação humana voluntária que modifica o mundo exterior.


A conduta criminosa depende, unicamente, de o agente produzir fisicamente um resultado que
tenha previsão legal como infração penal, independentemente de ter agido com dolo ou culpa.
A doutrinha remete-se ao termo “fotografia do resultado”. Vejamos um exemplo: Sérgio conduz sua
motocicleta dentro dos limites de velocidade da via, com todos os equipamentos de segurança e cautela.
Subitamente, uma criança joga-se na direção da motocicleta e com o impacto, absolutamente inevitável, vai
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a óbito. Constata-se pelo exposto que Sérgio não agiu com dolo ou culpa, mas com sua ação humana
voluntária (dirigir sua motocicleta) produziu modificação no mundo exterior (morte da criança) numa relação
de causa e efeito (teoria mecanicista).
A doutrina indica que tal teoria só se preocupa com a “fotografia do resultado” (criança morta sob a
motocicleta), não analisa o conteúdo da vontade do agente no momento da ação , remetendo a análise do
dolo e culpa para a culpabilidade. A teoria causalista, clássica, causal-naturalistíca, está em desuso, por não
analisar o conteúdo da vontade do agente no momento da conduta. Tal teoria resume a conduta a um
processo físico, sem qualquer finalidade por parte do agente.

CAUSALISMO

CRIME É ato voluntário contrário ao direito, culpável e sancionado com uma pena.

Estrutura do crime Fato típico + Antijuridicidade +Culpabilidade

Fato típico A ação integra o fato típico e é definida como movimento corporal voluntário que
causa modificação no mundo exterior. É elemento objetivo, não admitindo qualquer
valoração

Antijuridicidade Elemento objetivo. É a conduta típica sobre a qual não incide nenhuma causa de
justificação (valoração objetiva de um fato natural).

Culpabilidade Elemento subjetivo. Constituída por e culpa (suas espécies), além da dolo
imputabilidade (culpabilidade psicológica —valoração psicológica do autor do fato).

críticas Desconsidera que toda ação humana é dirigida a uma finalidade; não explica de
maneira adequada os crimes omissivos, formais e de mera conduta; desconsidera os
elementos normativos e os elementos subjetivos do tipo)

Tabela retirada do livo Manual de Direito Penal, Parte Geral, Rogério Sanches, Pág. 200, 5ª edição – 2017.

TEORIA FINALISTA
A teoria finalista foi idealizada por Hans Welzel (amplamente majoritária no Brasil), definindo como
conduta a ação ou omissão voluntária e consciente dirigida a uma finalidade.
Na ótica finalista toda pessoa age com uma finalidade, sendo assim, Welzel retirou o dolo e a culpa
do elemento culpabilidade e os alocou no fato típico, onde poderiam ser verificados quando da prática da
conduta. Assim, quando alguém age já se analisa se há a presença de dolo ou culpa, caso não haja o fato é
atípico penalmente.

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FINALISMO

CRIME É o comportamento humano voluntário dirigido a uma finalidade, antijurídico e


reprovável.

Estrutura do crime Fato típico + Antijuridicidade +Culpabilidade

Fato típico A ação deixa de ser concebida com mero processo causal (mero movimento corporal,
cego) para ser enfocada como exercício de uma atividade finalista (exercício vidente).
0 dolo e a culpa migram da culpabilidade para o fato típico.

Antijuridicidade Contrariedade do fato a todo 0 ordenamento jurídico (desvalor da conduta — análise


subjetiva)

Culpabilidade Passa a ser normativa pura, acrescida da potencial consciência da ilicitude

críticas A finalidade não explica os crimes culposos (sendo frágil também nos crimes
omissivos); a teoria se centralizou no desvalor da conduta, ignorando o desvalor do
resultado

Tabela retirada do livro Manual de Direito Penal, Parte Geral, Rogério Sanches, Pág. 205, 5ª edição – 2017.

A finalidade é o ponto principal de distinção entre o finalismo e as demais teorias, a exemplo da


teoria causalista. A ação passa a ser uma vontade com conteúdo, pois toda conduta tem implícita um querer.
Ao analisar especificamente cada elemento (substrato) do crime, como a tipicidade, antijuridicidade
e culpabilidade, ter-se-á uma compreensão mais abrangente acerca do tema e da composição das tabelas.

TEORIA SOCIAL DA AÇÃO: A conduta seria comportamento humano voluntário dirigido a um fim
socialmente relevante.
Essa teoria explicava a ação, não com base na finalidade e nem em relações de causa e efeito
(explicações física-naturalística), mas com base na RELEVÂNCIA SOCIAL DA CONDUTA.
Crítica: não há definição clara do que seria “socialmente relevante”.

TEORIA SOCIAL DA AÇÃO

CRIME É o comportamento humano voluntário dirigido a uma finalidade socialmente


reprovável, antijurídico e reprováve

Estrutura do crime Fato típico + Antijuridicidade +Culpabilidade

Fato típico Adota-se a estrutura do finalismo, mas acrescenta-se a noção da relevância social da
ação

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Antijuridicidade Contrariedade do fato a todo o ordenamento jurídico (desvalor da conduta — análise


subjetiva)

Culpabilidade Se identifica com a estrutura do finalismo, mas inclui nova análise do dolo e culpa

críticas Vagueza do conceito "relevância social"

Tabela retirada do livro Manual de Direito Penal, Parte Geral, Rogério Sanches, Pág. 206, 5ª edição – 2017.

TEORIA FUNCIONALISTA (FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO): (Roxin) A conduta seria comportamento


humano voluntário, orientada pelo princípio da intervenção mínima, causadora de relevante e intolerável
lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU RADICAL: A conduta seria comportamento humano voluntário


causador de resultado evitável, violando o sistema, frustrando as expectativas normativas.
● Dolo e culpa: Permanecem no fato típico.
● Serve de base para o DIREITO PENAL DO INIMIGO.

B) CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA

Não há crime sem conduta (o ordenamento jurídico brasileiro não admite os crimes de mera
suspeita);
Consequência prática: Foi decidido pelo Plenário do STF (RE 583.523), que o art. 25 da Lei de
Contravenção Penal não foi recepcionado pela Constituição.

Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou
roubo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio
ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados
usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima

Apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes (salvo pessoas jurídicas em
crimes ambientais);
Apenas a conduta voluntária interessa ao Direito Penal (vontade é elemento do dolo, que é elemento
da conduta no finalismo);
Apenas os atos exteriorizados no mundo ingressam no conceito de conduta (a mera cogitação não é
punível). Segundo Nelson Hungria, o direito penal só pode agir quando a intenção criminosa sai do claustro
psíquico do agente e se projetaa no mundo.

C) FORMAS DE CONDUTA: AÇÃO X OMISSÃO

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I. Crime comissivo (ação): É movimento corporal exterior, postura positiva. O agente infringe um tipo
proibitivo, realizando a conduta vedada.

II. Crime omissivo: Conduta de não fazer o que poderia ser feito, postura negativa. O agente deixa
de agir de acordo com o determinado por lei.

Obs.: temos ainda os Crimes de conduta mista, que vimos nas classificações, que é aquele que possui uma
parte inicial praticada por ação e uma parte final praticada por omissão (ex: apropriação de coisa achada, art.
169, § único, II, CP).

● TEORIAS SOBRE A OMISSÃO:


∘ Naturalística: A omissão é fenômeno causal, sendo verdadeira espécie de ação.
Quem se omite, FAZ efetivamente alguma coisa, por produzir resultado no mundo dos fatos.
∘ Normativa (Adotada no CP): A omissão é determinada pela lei. Só será relevante ao
direito penal a omissão quando a lei impunha uma ação diante da inércia do agente.

ESPÉCIES DE CRIMES OMISSIVOS:

OMISSIVOS IMPRÓPRIOS (ESPÚRIOS /


OMISSIVOS PRÓPRIOS (PUROS)
COMISSIVOS POR OMISSÃO)
Dever genérico de agir (recai sobre todos Dever específico de evitar o resultado (recai sobre
indistintamente) – crimes comuns. as pessoas do art. 13, §2º, CP – os “garantes”) –
crimes próprios.
Subsunção direta entre fato e norma. Omissão Subsunção indireta entre fato e norma.
descrita no próprio tipo penal. O tipo descreve uma ação, mas a inércia do agente,
descumprindo seu dever de agir (art. 13, §2º, CP),
leva à produção do resultado naturalístico.
NÃO admitem tentativa, são unissubsistentes. Admitem tentativa, são plurissubsistentes.
Via de regra, são de mera conduta, mas o STF tem
decisão dizendo que excepcionalmente podem ser Via de regra, são crimes materiais.
materiais.
Ex: salva-vidas que, podendo, deixa de impedir um
Ex: Omissão de socorro (art. 135, CP).
afogamento e a pessoa morre.

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#OLHONANOMENCLATURA: Crimes de "olvido" (ou de esquecimento) é o nome dado aos crimes


omissivos impróprios culposos, ou seja, nos casos em que a omissão do garantidor ocorrer por culpa.
Aproveitando o exemplo do afogamento, o salva-vidas não impediu aqui por estar beijando a namorada,
por exemplo.

Jurisprudência pertinente: O representante legal de sociedade empresária


contratante de empreitada não responde pelo delito de desabamento culposo (art.
256, parágrafo único, do CP) ocorrido na obra contratada, quando não
demonstrado o nexo causal, tampouco pode ser responsabilizado, na qualidade de
garante, se não havia o dever legal de agir, a assunção voluntária de custódia ou
mesmo a ingerência indevida sobre a consecução da obra. STJ. 6ª Turma. RHC
80.142-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 28/3/2017 (Info
601).

D) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA

● Caso fortuito (ação humana) e força maior (natureza) são acontecimentos imprevisíveis e
inevitáveis, que escapam ao controle da vontade. Sem vontade não há conduta. (A depender da
corrente adotada, esses conceitos podem ser encontrados invertidos – caso fortuito como ação da
natureza etc.)

● Movimentos reflexos: Reações corporais automáticas, as quais independem da vontade do


ser humano. São reações fisiológicas, que decorrem da provocação dos sentidos. Não se confundem
com:

∘ Ações em curto circuito, que derivam de uma explosão emocional repentina,


havendo a presença de vontade (há conduta e crime). Ex: durante uma partida de futebol,
tomada pela excitação do jogo e da torcida, uma multidão invade o campo para protestar
com violência contra a injusta marcação de pênalti.

∘ Atos habituais: realizados pela pessoa repetidamente, mesmo que contrários ao


ordenamento jurídico – há vontade. Lembrando que hábito e costume são diferentes, vez
que o hábito (dirigir falando ao celular) se faz por repetição por vontade do agente e o
costume, embora também haja repetição, é porque se acredita na obrigatoriedade.

FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia


Manoel estava cortando uma laranja com um canivete em seu sítio, distraído, quando seu primo,
Paulo, por mera brincadeira, veio por trás e deu um grito. Em razão do susto, Manoel virou
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subitamente, ferindo Paulo no pescoço, provocando uma lesão que o levou a óbito. Logo,
Manoel:
A) não praticou crime, pois agiu por ato reflexo.
B) praticou o crime de homicídio culposo.
C) praticou o crime de homicídio doloso por dolo direto.
D) praticou crime de homicídio doloso por dolo eventual.
E) praticou crime de lesão corporal seguida de morte.
Resposta: Letra A. Trata-se de uma reação corporal automática, excluindo a conduta, tornando
o fato atípico penalmente. As demais respostas fazem referência à ocorrência de fato típico.

● Coação física irresistível (vis absoluta) – O agente é fisicamente controlado pelo coator, de
modo que não há vontade. Exclui o dolo e, por conseguinte, a tipicidade. Ex. Thiago aperta o dedo
do de Ana contra o gatilho para matar alguém. Mas atenção: aqui a coação deve ser física. Se for
moral irresistível (vis compulsiva) a situação é de inexigibilidade de conduta diversa. Há vontade,
vez que o agente decide se obedece ou não, mas é uma vontade viciada. Exclui a culpabilidade.

● Sonambulismo e hipnose: os atos são praticados em estado de inconsciência, de modo que


se não há consciência, não há dolo e, consequentemente, não há conduta.

HIPÓTESES DE EXCLUSÃO DA CONDUTA


CASO FORTUITO OU A força proveniente da natureza pode gerar fatos Imprevisíveis e Inevitáveis
FORÇA MAIOR
MOVIMENTOS REFLEXOS Reações fisiológicas a determinados impulsos, sem expressão de vontade. Não
confundir com ações em curto circuito ("movimento relâmpago, provocado pela
excitação de diversos órgãos, acompanhado de vontade”)
ESTADOS DE Sonambulismo, ataques epiléticos, hipnose etc
INCONSCIÊNCIA
COAÇÃO FÍSICA O coagido, desprovido do domínio de seus movimentos, serve como instrumento do
IRRESISTÍVEL crime
Tabela retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo nosso.

Referências Bibliográficas:

– Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;

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– Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
– Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.
– Foca no Resumo – Martina Correia – www.focanoresumo.com

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QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia / Papiloscopista


Considere o seguinte caso hipotético:

A.J. e B.J são irmãos gêmeos com 17 anos de idade. Em certa ocasião, após uma discussão, B.J. atacou A.J.
com uma faca, com o nítido propósito de matar. Porém, antes de ser atingido pelo golpe de B.J., A.J.
conseguiu se desviar e empurrou B.J., que foi ao chão. Na queda, B.J. caiu com o abdômen sobre a faca,
sofrendo uma grave perfuração. Depois disso, A.J. ainda prestou socorro a B.J., o que acabou salvando a vida
de B.J.

A partir das noções sobre a teoria do delito aplicadas a esse caso, assinale a alternativa correta.

A-A.J. não cometeu crime porque praticou uma conduta atípica.


B-Apesar de praticar uma conduta ilícita, A.J. não cometeu crime porque agiu sem culpabilidade por ser
menor de 18 anos.
C-Apesar de praticar uma conduta ilícita, A.J. não cometeu crime porque agiu sem culpabilidade por estar
sob coação irresistível.
D-Apesar de praticar uma conduta típica, A.J. não cometeu crime porque a conduta é justificada pela legítima
defesa.
E-A.J. não cometeu crime porque a conduta é justificada pelo estado de necessidade exculpante.

2 - 2015 - VUNESP - PC-CE - VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe
Nos termos do Código Penal considera-se causa do crime

A-a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.


B-a ação ou omissão praticada pelo autor, independentemente da sua relação com o resultado.
C-exclusivamente a ação ou omissão que mais se relaciona com a intenção do autor.
D-a ação ou omissão praticada pelo autor, independentemente de qualquer causa superveniente.
E-exclusivamente a ação ou omissão que mais contribui para o resultado.

3 - 2013 - FUNCAB - PC-ES - FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia


Infração penal significa:

A-Quando um caso não previsto em lei é regulado por um preceito legal, que rege um semelhante.
B-Ofensa real ou potencial a um bem jurídico, levando-se em consideração os elementos subjetivos do tipo,
a ilicitude e a culpabilidade.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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C-Todos os valores ético-sociais que estejam a exigir uma proteção especial, no âmbito do direito penal, por
se revelarem insuficientes à proteção dos outros ramos do direito.
D-Quando o princípio para o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico,
considerado em seu conjunto.
E-Que o delito é sinônimo de contravenção penal no Brasil.

4 - 2013 - UEG - PC-GO - UEG - 2013 - PC-GO - Agente de Polícia


Sobre o sujeito da infração penal, tem-se que

A-nos denominados crimes vagos, não se faz possível determinar o sujeito passivo.
B-a pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo nos crimes contra o sistema financeiro, tendo em vista a
regulamentação legal.
C-os crimes de concurso necessário são aqueles que necessitam da participação de mais de um autor, todos
imputáveis.
D-sujeito passivo do crime e prejudicado pelo crime sempre se reúnem na mesma pessoa.

5 - 2013 - VUNESP - PC-SP - VUNESP - 2013 - PC-SP - Investigador de Polícia


No que diz respeito ao conceito do crime, é correto afirmar que

A-é considerada como causa do crime a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, sendo
que a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação do crime quando, por si só,
produziu o resultado.
B-ao agente que tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, não será imputado o crime se
apenas omitiu-se, ainda que pudesse agir para evitar o resultado.
C-se considera o crime tentado quando iniciada a preparação; este não se consuma por circunstâncias alheias
à vontade do agente.
D-para a caracterização da omissão penalmente relevante é suficiente que o agente tivesse o poder de agir
para evitar o resultado do crime.
E-se pune a tentativa se, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime.

6 - 2012 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL


A respeito de princípios gerais do direito penal, julgue o item a seguir.
Em caso de urgência, a definição do que é crime pode ser realizada por meio de medida provisória.

Certo
Errado

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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7 - 2010 - COPS-UEL - PC-PR Provas: COPS-UEL - 2010 - PC-PR - Escrivão de Polícia - Tarde
No que respeita às infrações penais, assinale a alternativa correta.

A-A doutrina brasileira majoritária adota o conceito analítico de crime, definindo-o como toda conduta típica,
antijurídica, culpável e punível.
B-O Direito Penal brasileiro agasalha a visão bipartida das infrações penais, dividindo-as em crime (ou delito)
e contravenção penal.
C-As condutas definidas como crime serão processadas por ação penal pública ou privada, enquanto que as
contravenções penais admitem apenas a ação penal privada.
D-Será admissível a tentativa, tanto nas condutas definidas como contravenções penais quanto naquelas
definidas como crime.
E-A doutrina brasileira majoritária adota o conceito formal de crime, definindo-o como toda conduta que
ofenda bens jurídico-penais.

8 - 2010 - PC-SP - PC-SP - PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil


Assinale o conceito de crime lecionado pelos penalistas que adotam a corrente doutrinária finalística, que
tem em Welzel seu maior expoente.

A-Ação típica, antijurídica e culpável.


B-Ação típica, antijurídica e voluntária.
C-Ação típica e juridicamente relevante.
D-Ação típica, antijurídica e dolosa.
E-Ação típica e culpável.

9- 2009 - MOVENS - PC-PA - MOVENS - 2009 - PC-PA - Investigador


No que diz respeito ao ordenamento jurídico brasileiro, em relação à infração penal, assinale a opção correta.

A-Adotou-se no direito penal brasileiro o critério bipartido, segundo o qual as condutas puníveis dividem-se
em crimes ou contravenções, como sinônimos, e delitos.
B-O critério adotado para a distinção entre crime e contravenção é dado pela natureza da pena privativa de
liberdade cominada.
C-O Código Penal brasileiro adotou o critério tripartite, existindo diferença entre crime, delito e
contravenção.
D-No âmbito do direito penal, crimes, delitos e contravenções são expressões equivalentes ou sinônimas.

10 - 2009 - CESPE / CEBRASPE - PC-RN Provas: CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Em relação à infração penal, assinale a opção correta.

A-Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão, de detenção ou prisão simples,
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
B-Considera-se contravenção penal a infração penal a que a lei comina pena máxima não superior a dois anos
de reclusão.
C-No ordenamento jurídico brasileiro, a diferença entre crime e delito está na gravidade do fato e na pena
cominada à infração penal.
D-A infração penal é gênero que abrange como espécies as contravenções penais e os crimes, sendo estes
últimos também identificados como delitos.
E-Os crimes apenados com reclusão se submetem aos regimes fechado e semi-aberto, enquanto os apenados
com detenção se submetem aos regimes aberto e prisão simples.

11 - 2009 - CESPE / CEBRASPE - PC-PB Provas: CESPE / CEBRASPE - 2009 - PC-PB - Agente de Investigação
e Escrivão de Polícia
A respeito da infração penal no ordenamento jurídico brasileiro, assinale a opção correta.

A-Crimes, delitos e contravenções são termos sinônimos.


B-Adotou-se o critério tripartido, existindo diferença entre crime, delito e contravenção.
C-Adotou-se o critério bipartido, segundo o qual as condutas puníveis dividem-se em crimes ou
contravenções (como sinônimos) e delitos.
D-O critério distintivo entre crime e contravenção é dado pela natureza da pena privativa de liberdade
cominada.
E-A expressão infração penal abrange apenas crimes e delitos.

12 - 2009 - CESPE / CEBRASPE - DPF Provas: CESPE - 2009 - Polícia Federal - Agente Federal da Polícia
Federal
Quanto a tipicidade, ilicitude, culpabilidade e punibilidade, julgue os itens a seguir.
Os crimes comissivos por omissão - também chamados de crimes omissivos impróprios - são aqueles para os
quais o tipo penal descreve uma ação, mas o resultado é obtido por inação.

Certo
Errado

13 - 2009 - FUNIVERSA - PC-DF - FUNIVERSA - 2009 - PC-DF - Agente de Polícia


Assinale a alternativa correta.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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A-Não há crime pela ausência de dolo pelo fato de este ser um elemento da antijuridicidade.
B-Em virtude da teoria da presunção do dolo, adotada pelo ordenamento penal, o erro sobre elemento
constitutivo do tipo somente excluirá a culpa.
C-Considere a seguinte situação hipotética: João foi contratado para tirar a vida de Fernando. Quando vai
executar o homicídio, não encontra Fernando e, como o irmão deste estava no local e era seu desafeto, tira-
lhe a vida. Nessa situação, João praticou um homicídio com erro sobre a pessoa, não se devendo considerar
as condições ou qualidades da vítima, mas as de Fernando.
D-Tratando-se de crime complexo, a ausência de objetos de valores com a vítima de roubo descaracteriza a
figura típica do crime de roubo, face o erro sobre o elemento constitutivo do tipo.
E-É isento de pena quem imagina verdadeiramente estar agindo em legítima defesa, já que toda situação
fática assim indica, apesar de tal não ocorrer, estar-se-á diante de uma discriminante putativa.

14 - 2004 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal


Acerca do direito penal brasileiro, julgue o seguinte item.
De acordo com a teoria bipartida, o crime é o fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade pressuposto de
aplicação da pena.

Certo
Errado

15 - 2003 - CESPE / CEBRASPE - PC-RR - CESPE / CEBRASPE - 2003 - PC-RR - Agente de Polícia Civil
Considerando as disposições legais pertinentes à ilicitude, à culpabilidade e à punibilidade, julgue o seguinte
item.

Entende-se por punibilidade a possibilidade jurídica de o Estado impor sanção penal a autor, co-autor ou
partícipe de infração penal.

Certo
Errado

Respostas1

1
1: D 2: A 3: B 4: A 5: A 6: E 7: B 8: A 9: B 10: D 11: D 12: C 13: E 14: C 15: C
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SEMANA 03/20

META 2

DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE II

ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP


⦁ Art. 15 a 19, CP
⦁ Art. 20, §1º, CP
⦁ Art. 4º, Lei de Contravenções Penais
⦁ Art. 33, Código Penal Militar

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP (muito, muito, muito importante! Não vá para a prova sem ter este artigo
decorado na ponta da língua!)
⦁ Art. 15 a 17, CP

1. CONTINUAÇÃO DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO

Vimos anteriormente que o fato típico é composto por 4 elementos: conduta, resultado, nexo causal
e tipicidade, sendo que “conduta” já estudamos. Vamos ao restante:

Obs: amigo concurseiro fique atento, algumas bancas adoram tratar o fato típico como sinônimo
de crime ou delito, mas em relação ao crime o fato típico é o primeiro elemento (crime = fato típico +
antijuridicidade ou ilicitude+culpabilidade) e não sinônimo dele.

I – CONDUTA
Visto na parte anterior.

II – RESULTADO:
É consequência da conduta do agente.
“Resultado” é a terminologia mais utilizada no Brasil, mas alguns doutrinadores usam o termo
“evento”.
● Naturalístico/Material: Alteração física no mundo exterior. Se o delito é de homicídio, a
morte da vítima é o resultado material.
o Presente apenas nos crimes materiais consumados.
o Nos crimes formais, a ocorrência do resultado naturalístico é possível, mas é
dispensável para a sua consumação.
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o Já os de mera conduta, jamais terão resultado naturalístico.

- Crime Material: O tipo penal descreve conduta e resultado naturalístico. E esse resultado naturalístico
é indispensável para a consumação. Ex. Homicídio;

- Crime Formal ou Crime de consumação antecipada: a norma penal também descreve um


comportamento seguido de um resultado naturalístico, mas dispensa a modificação no mundo
exterior (a ocorrência do resultado), contentando-se, para a consumação, com a prática da conduta (por isso é
chamado de consumação antecipada). Sendo assim, o resultado naturalístico é dispensável para consumação; é
mero exaurimento do crime. Ex. Extorsão. E o exaurimento do crime é importante (i) na aplicação da pena e, (ii)
serve como limite temporal para o ingresso de coautor ou partícipe (parte da doutrina – Cirino, Nilo Batista)
STJ. Súmula nº 96. O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.

- Crime de mera conduta: O tipo penal descreve uma mera conduta, sem resultado naturalístico descrito no
tipo e a realização da conduta vai gerar a consumação.. Ex. violação de domicílio.

CRIME DESCRIÇÃO DO TIPO PENAL IMPORTÂNCIA DO EXEMPLO


RESULTADO À CONSUMAÇÃO

Crime O tipo penal descreve a conduta O resultado é indispensável à Homicídio


material mais o resultado naturalístico. consumação.

Crime Formal O tipo penal também descreve O resultado naturalístico é Extorsão mediante
ou de conduta mais resultado dispensável, pois a sequestro (o crime se
consumação naturalístico. consumação ocorre com a consuma com a privação
antecipada conduta. Obs: se, apesar de da liberdade, não com a
dispensável, ocorrer o obtenção da vantagem
resultado naturalístico, há indevida)
exaurimento do crime (que é
considerado na fixação da
pena).

Crime de O tipo penal descreve apenas a Não há resultado naturalístico. Omissão de socorro
mera conduta conduta.
ou atividade
Tabela retirada do livro Manual de Direito Penal - Parte Geral - 2017 - Rogério Sanches

● Jurídico/Normativo: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. É a transgressão da


lei penal. Presente em todos os crimes.

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“Mas calma aí, então há crime sem resultado?” Sem resultado naturalístico sim. Mas todo e qualquer
crime terá resultado jurídico.
Vamos relembrar a classificação doutrinária do Crime quanto ao resultado Normativo ou Jurídico:

o Crime de Dano (ou lesão): A consumação exige efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: Homicídio.

Cuidado! → O crime de dano não é necessariamente material.

o Crime de Perigo: A consumação se dá com a exposição do bem jurídico a uma situação de


perigo.

a) Crime de Perigo Abstrato


⦁ Perigo advindo da conduta é absolutamente presumido por lei.
⦁ Basta o MP comprovar a conduta
⦁ Ex.: todos os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento são crimes de Perigo
Abstrato

b) Crime de Perigo Concreto


⦁ O perigo advindo da conduta deve ser comprovado
⦁ Deve ser demonstrado o risco para pessoa certa e determinada
⦁ Ex.: Na Lei de Drogas, o único crime de perigo concreto é o crime do art. 39, que
inclusive prevê, no tipo penal, a necessidade de exposição do bem jurídico a potencial dano.

Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a


dano potencial a incolumidade de outrem:

c) Crime de Perigo Abstrato de Perigosidade Real


⦁ O perigo advindo da conduta deve ser comprovado (se aproxima do crime de perigo
concreto)
⦁ Dispensa o risco para a pessoa certa e determinada (se aproxima do crime de perigo
abstrato)

III – NEXO CAUSAL

Nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado material do delito.
Em outras palavras: É o vínculo entre conduta e resultado.

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O estudo da causalidade busca concluir se o resultado naturalístico, como um fato, decorreu da ação
e se pode ser atribuído objetivamente ao sujeito passivo, motivo pelo qual só tem relevância nos crimes
materiais.
O CP utilizou a expressão “relação de causalidade” (art. 13).

Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a


quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido.
§ 1.º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-
se a quem os praticou.

TEORIAS QUE BUSCAM EXPLICAR A RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO ENTRE A CONDUTA E O


RESULTADO:

1) TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS / DA CAUSALIDADE SIMPLES / DA


CONDITIO SINE QUA NON:

*Esta foi a teoria adotada pelo art. 13, caput do CP.


Segundo essa teoria, causa é toda e qualquer ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido (há aqui uma generalização, em que todas as causas teriam igual valor);
Para identificar se algo foi causa, utiliza-se o Método de eliminação hipotética de Thyrém. Deve o
aplicador do direito eliminar hipoteticamente a conduta e analisar se o resultado desaparece ou subsiste.
Caso o resultado desapareça com a eliminação da conduta, esta será considerada como causa.
Assim, para considerarmos que determinado fato realmente deu causa ao resultado, é preciso que
façamos um exercício mental de eliminação hipotética dos antecedentes causais:
1 - Devemos determinar o fato que influenciou o resultado
2 - Devemos SUPRIMIR mentalmente esse fato da cadeia causal
3 - Se, como consequência dessa supressão mental, o resultado vier a se modificar, significa que
o fato suprimido deve ser considerado como causa desse resultado.

Ex: João, intencionalmente, ateia fogo na casa de Maria com ela dentro, de modo que esta vem a
óbito. Se eliminarmos a conduta de João a morte de Maria teria ocorrido? Então a conduta dele foi causa.
Ex.: A tem ideia para cometer um crime. Fala com B e B o instiga. C empresta a arma sabendo que
era para matar B (auxílio material). A acaba matando B com as próprias mãos (sem o uso da arma de fogo
emprestada).
⦁ A → quer matar
⦁ B → instiga para ele matar mesmo
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⦁ C → empresta a arma de fogo

Na investigação da relação de causalidade, temos que eliminar hipoteticamente cada uma das
condutas para saber qual delas deu causa ao resultado.

⦁ Se eliminar a conduta de A → D não morre


⦁ Se eliminar a conduta de B → D também não morre pois, pelo contexto, a instigação foi
essencial
⦁ Se eliminar a conduta de C → D morre de qualquer forma. Sem o auxílio de C, a conduta
mesmo assim teria ocorrido, de modo que a conduta de C não foi causa do resultado típico. Mesmo
que C tenha feito conduta de emprestar a arma, essa conduta não deu causa ao resultado.

Crítica: A teoria dos antecedentes causais gera um grande inconveniente apontado pela Doutrina:
Permite o regresso “ad infinitum”.
Se formos regressando cada vez mais no tempo e eliminando condutas que geraram outras, por
exemplo, chegaríamos ao ponto de que se a mãe de João não tivesse dado à luz a ele, ele não teria existido
e nem causado a morte de Maria. Assim, essa conduta teria sido causa, o que é bizarro. Então esse regresso
deve ser feito somente até onde há relevância, analisando não só a causalidade física, como a causalidade
psíquica/subjetiva, verificando dolo/culpa.

2) TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA:

; A Teoria da causalidade Adequada veio para limitar o nexo causal nos desdobramentos causais
extraordinários produzidos pelas concausas relativamente independentes. Ou seja: veio limitar esse
regresso ao infinito promovido pela Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais.
* Adotada como exceção, no §1º do art. 13 do CP, para concausa relativamente independente que por si
só produziu o resultado.
Por essa teoria, são consideradas apenas as circunstâncias indispensáveis/idôneas/eficazes à
produção do resultado, capazes de causá-lo quando e como ele ocorreu;
Aqui, utiliza-se para a análise um juízo de probabilidade/estatístico, avaliando aquilo que
normalmente acontece como desdobramento natural de uma conduta, e excluindo os fatos inidôneos e
improváveis.

Ex.: A atira em B e B morre por causa de uma infecção hospitalar no ferimento:


⦁ Pela Teoria dos Antecedentes Causais → se retirarmos o disparo ela não morre, logo
disparo é causa do resultado.
⦁ Pela Teoria da Causalidade adequada → tem que analisar a conduta e perceber quais
são seus desdobramentos estatísticos prováveis, e verificar se eles estão compatíveis com
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o resultado. Quem atira em alguém, acaba produzindo estatisticamente uma morte por
infecção hospitalar no ferimento.
⦁ Entretanto, se ele morre porque está em uma ambulância que bate em um carro, o
disparo de arma de fogo não causa o risco estatístico de morte por acidente de ambulância.
Por isso, a causa disparo de arma de fogo não é adequada ao resultado morte por acidente
de trânsito.

3) TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA:

Ao contrário do que o nome sugere, esta teoria não defende a aplicação de responsabilidade
objetiva. Trata, na verdade, de delimitar, objetivamente, como será feita a imputação (atribuição) do
resultado ao agente. Aplicando-se apenas aos crimes materiais, pois depende da existência do resultado.
A Teoria da Imputação Objetiva, também, busca impedir o regresso ao infinito decorrente da teoria
da equivalência dos antecedentes causais, aprimorando a teoria da causalidade adequada.
A sua proposta é a de criação de um limite objetivo a imputação do resultado, já que a culpabilidade,
indicada pela teoria da dos antecedentes causais tem característica subjetiva. Em última análise, esta teoria
seria, em verdade, um “desimputação objetiva.
Baseada na noção de risco, a teoria da imputação objetiva ensina que:

● Não é causa do resultado a conduta que diminui o risco proibido pela norma;

Exemplo: Paulo percebe que Bruno seria atingido por um automóvel desgovernado, ocasião em que empurra
Bruno para que ele não seja atropelado. Com o empurrão, Bruno sofre lesões corporais. Aplicando-se a teoria
da equivalência dos antecedentes causais, Paulo deu causa à lesão corporal de Bruno; pela teoria da
imputação objetiva, o resultado não será imputado porque Paulo pretendia diminuir o risco de morte de
Bruno.

● Não é causa do resultado a conduta que incrementa um risco permitido

Exemplo: "X" é o único herdeiro de seu tio, motivo pelo qual passa a desejar sua morte para ganhar toda a
fortuna. Movido por esta intenção, compra para o tio passagem para que ele passe férias na China e reza
para que o avião caia durante o trajeto. Pela teoria da conditio sine qua non, "X" deu causa ao resultado
(aplique-se o critério da eliminação hipotética); pela teoria da imputação objetiva, "X" apenas incrementou
um risco permitido (viajar de avião), não lhe sendo imputado o resultado morte do seu tio.

● Não é causa do resultado a conduta que não incrementa um risco já existente;

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Exemplo: “A” produz casacos de pele confeccionados com couro de jacaré e é o responsável pela desinfecção
destes produtos, a fim de evitar a transmissão de doenças ao consumidor final. Ocorre que "A”, para acelerar
a produção, deixou de proceder à desinfecção de dez casacos, que, utilizados por diferentes pessoas,
causaram a morte de todas elas. Periciados os casacos, ficou comprovado que ainda que ''A” tivesse tomado
todos os cuidados de praxe, a infecção ocorreria, advindo o mesmo resultado. Para a teoria da imputação
objetiva, o resultado não pode ser imputado a ''A” porque não representou um incremento de risco já
existente.

Entendimento do STJ
De acordo com a Teoria Geral da Imputação Objetiva, o resultado não pode ser
imputado ao agente quando decorrer da prática de um risco permitido ou de uma
ação que vise diminuir um risco não permitido; o risco permitido não realize o
resultado concreto; e o resultado se encontre fora da esfera de proteção da
norma. O risco permitido deve ser verificado dentro das regras do ordenamento
social, para o qual existe uma carga de tolerância genérica. É o risco inerente ao
convívio social e, portanto, tolerável (STJ, REsp. 822517/DF, Rel. Min. Gilson Dipp,
5ª T., DJ 29/6/2007, p. 697).

NEXO CAUSAL / RELAÇÃO DE CAUSALIDADE


● Causa é todo e qualquer
Teoria da equivalência dos antecedentes ou
acontecimento provocado pelo agente, sem o
conditio sine qua non.
qual o resultado não teria ocorrido como e
(nexo físico + elementos subjetivos)
quando ocorreu.
Art. 13 , caput, CP.
● Método de eliminação hipotética
● Causa é todo e qualquer
comportamento humano
adequado/idôneo/eficaz/capaz de produzir o
Teoria da causalidade adequada
resultado como ele ocorreu.
§1º do artigo 13 do CP
● Mais restrita que a primeira.
● Juízo de probabilidade/estatístico –
aquilo que normalmente acontece.
Imputação objetiva ● Adiciona ao nexo de causalidade a
(Claus Roxin) criação de um risco proibido ou o aumento de
Não tem previsão legal um já existente, a realização desse risco no
STJ aplica resultado, exigindo que o resultado esteja na
(Nexo físico + linha de desdobramento causal NORMAL da

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nexo normativo + e só depois elementos conduta, ao que se dá o nome de nexo


subjetivos) normativo.
● Só se aplica aos crimes materiais, pois
precisa haver resultado.
● Lembrar que Jakobs aponta outros
critérios.

Teorias adotadas pelo Código Penal:


Acolheu-se, como regra, a teoria da equivalência dos antecedentes.
É o que se extrai do art. 13, caput, in fine: “Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
resultado não teria ocorrido”. Causa, pois, é todo o comportamento humano, comissivo ou omissivo,
que de qualquer modo concorreu para a produção do resultado naturalístico. Pouco importa o grau de
contribuição. Basta que tenha contribuído para o resultado material, na forma e quando ocorreu. Não há
diferença entre causa, condição (fator que autoriza à causa a produção de seu efeito) ou ocasião
(circunstância acidental que estimula favoravelmente a produção da causa).
Excepcionalmente, o CP adota, no § 1º do art. 13, a teoria da causalidade adequada
Já a teoria da imputação objetiva é amplamente trabalhada pela doutrina penal e aceita pela
jurisprudência dos Tribunais Superiores, sendo aplicada de acordo com o caso concreto posto a
julgamento.

2. CONCAUSAS

O resultado, não raras vezes, é feito de pluralidade de comportamentos, associação de fatores, entre
os quais a conduta do agente aparece como seu principal (mas não único) elemento desencadeante.
A palavra concausa diz respeito à concorrência de causas, ou seja, há mais de uma causa
contribuindo para o resultado final.
As concausas podem ser:

o Dependentes: não são capazes de produzir, por si só, o resultado. Precisam da conduta do
agente e, por isso, não excluem a relação de causalidade;

o Independentes: capazes de produzir, por si só, o resultado, ou seja, não dependem da


conduta do agente. Podem ser absolutas ou relativas, como veremos à frente.

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▪ CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE

Ocorre quando há uma concausa capaz de produzir por si só o resultado e que NÃO se origina
da conduta do agente. É totalmente desvinculada, motivo pelo qual ocorre a EXCLUSÃO DA
IMPUTAÇÃO DAQUELE RESULTADO (deixa de ser causa).

Pode ser:

Obs:amigo concurseiro, o ponto chave para evitar confundir-se entre as causas absolutamente
independentes (preexistente, concomitante e superveniente) é localizar o momento da realização
da concausa independente que é capaz de produzir por si só o resultado, se antes, depois ou ao
mesmo tempo (simultaneamente) das demais concausas, observe:

(a) Absolutamente independente preexistente: Anterior à conduta concorrente do agente.

A alveja B com disparo de arma de fogo, mas B morre em razão do veneno ministrado a ele
anteriormente por C e não em razão do tiro. Sabendo-se que B ainda estava vivo quando o disparo o
atingiu.

⦁ O veneno é causa pré-existente – por ser anterior ao disparo de arma de fogo

⦁ Absolutamente independente – pois a vítima não bebeu o veneno em razão do


disparo de arma de fogo. Não há qualquer relação entre o disparo e o veneno: se retirar o
disparo, ainda assim, a vítima irá ingerir o veneno.

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⦁ Que exclui a imputação do resultado morte – Pois não foi o disparo de arma de fogo
que causou a morte. Retirando o disparo de arma de fogo do processo causal, a morte
ocorreria como ela ocorreu? SIM! A vítima morreria do mesmo jeito: envenenada.

Aqui, A responderia por tentativa de homicídio e C por homicídio consumado

(b) Absolutamente independente concomitante: é aquela que ocorre ao mesmo tempo que a
conduta do agente – Seguindo o exemplo anterior, A alveja B com disparo de arma de fogo, mas B
morre em razão de traumatismo craniano por um tijolo de um prédio que ao mesmo tempo da
conduta de A caiu e atingiu a sua cabeça
⦁ Causas absolutamente independentes → pois um disparo não tem nada a ver com
o traumatismo craniano.
⦁ Como o resultado foi causado pelo traumatismo, exclui-se o resultado morte de A,
que responde por homicídio tentado.

(c) Absolutamente independente superveniente: A causa efetiva é posterior à conduta do


agente. Ex: A coloca veneno na comida de B. Antes que o veneno cause a morte de B, C entra na casa
dele e o mata com um tiro.
⦁ O tiro é uma causa absolutamente independente → mesmo sem o envenenamento,
ele teria morrido de qualquer jeito pelo disparo efetuado por C.
⦁ A só responde pela tentativa de homicídio, justamente porque, por causas alheias à
sua vontade, B morreu pelo disparo de tiro, e não pelo veneno como ele queria.

A responderá por tentativa de homicídio e C por homicídio consumado.

A concausa absolutamente independente, por produzir por si só o resultado, rompe o nexo causal
entre o resultado e a conduta do agente, fazendo com que este responda apenas pelo crime na modalidade
TENTADA. Adotou-se aqui a regra geral do artigo 13 do CP, teoria da conditio sine qua non.

▪ CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE:

A causa concorrente se origina direta ou indiretamente da conduta do agente, ou seja, ambas, em


conjunto, levarão ao resultado final. Assim, ao contrário das absolutamente independentes, estas NÃO
EXCLUEM A IMPUTAÇÃO DO RESULTADO.
Podem ser:

(a) Relativamente independente preexistente: Anterior à conduta concorrente do agente. O


típico exemplo do hemofílico. A, querendo matar B e sabendo ser ele hemofílico, disfere contra ele
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uma facada na perna que, sozinha, não causaria a sua morte, mas que por esta condição, a morte
ocorreu. A doença era anterior à facada, agindo as duas em conjunto, de modo que o agente
responde pelo crime consumado.
⦁ O fato de ele ser hemofílico, por si só, não levaria ele a morte.
⦁ A facada, por si só, também não o levaria a morte (por ter sido deferida em lugar não
letal)
⦁ A hemofilia e a facada são dependentes uma da outra para ocorrer o resultado. Ou
seja: é a soma das causas que leva ao resultado morte.

Causas relativamente independentes não excluem a imputação. Logo, o indivíduo que desferiu as facadas
deve responder pelo resultado morte.

(b) Relativamente independente concomitante: ocorre ao mesmo tempo que a conduta do


agente. Ex: A, objetivando matar B, efetua disparo de arma de fogo contra a vítima, não vindo,
contudo, a atingi-la. B, em decorrência do susto causado pelo disparo, sofre um infarto e falece. A
morte se deu pelo conjunto das causas, de modo que A responde pelo delito consumado;
⦁ O disparo, por si só, não levaria ele à morte. Assim como o colapso cardiaco, por si
só, também não o levaria à morte.
⦁ O que levou à morte foi a conjunção dos dois resultados: uma causa depende da
doutra

Se uma causa depende da outra, não haverá a exclusão do resultado morte, e A deve responder pelo
homicídio.

(c) Relativamente independente superveniente: É posterior à conduta do agente.

⦁ Regra: Em regra, as concausas relativamente independentes NÃO excluem a


imputação.
⦁ Exceção: Art. 13, §1º - Eventualmente, as concausas relativamente independentes
podem excluir a imputação, fugindo à regra geral, quando, por si só, produzirem o resultado.

Atenção!!! Esta vai se subdividir em duas hipóteses:

i. Que por si só produz o resultado: A atira em B e este é socorrido. Estando no hospital, com
vida, o teto desaba e ele vem a falecer em decorrência do desabamento. Qual seria a responsabilidade de A?
Sabemos que se não fosse o tiro, ele não estaria no hospital, é verdade. Mas aqui, é a EXCEÇÃO em que o CP
adotou a teoria da causalidade adequada (§1º do art. 13), mais restrita, em que há um juízo de probabilidade
do que normalmente acontece (todas as demais hipóteses de concausas são analisadas com base na conditio
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sine qua non). Tendo em vista que o desabamento de um teto não está dentro do resultado esperado
advindo de um tiro, houve o rompimento do nexo causal, de modo que o agente responde apenas por
tentativa.

ii. Por si só não produz o resultado: Aqui, com base no mesmo exemplo anterior, suponhamos
que B morre em razão de infecção nos ferimentos decorrentes do tiro. Tendo em vista que não fosse o tiro
não haveria a infecção e que esta infecção é uma possibilidade normal, que se encontra dentro das
consequências esperadas de um tiro, o agente responde pelo delito consumado.

ENTENDA: o incêndio no hospital é um desdobramento causal anormal que gera um rompimento com a
conduta inicial (disparo por arma de fogo).

O indivíduo que é atingido por um tiro pode morrer em decorrência do tiro, por uma infecção hospitalar
ou de um erro médico, que são desdobramentos naturais do tiro. No entanto, quem é atingido por um
tiro, não morre envenenado, não morre asfixiado, não morre queimado, não morre soterrado, não morre pelo
incêndio do hospital. Essas são mortes anormais, são causas que, por si só, produzem o resultado, pois há um
rompimento na linha de desdobramento físico causal natural. Em suma:
⦁ A concausa, relativamente independente superveniente, por si só produz o resultado → contexto que
não corresponde a um desdobramento físico ou natural da conduta do agente→ impede a imputação do
resultado → só responde pelos atos anteriores (tentativa)
⦁ A concausa, relativamente independente superveniente, não produz por si só o resultado → o contexto
corresponde a um desdobramento físico ou natural da conduta → cabe a imputação do resultado ao agente →
responde pelo resultado produzido de acordo com seu dolo.

Se liga na tabela para revisar:

CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES


ESPÉCIE EXEMPLO
Preexistente Vítima hemofílica.
Vítima, apesar de não ter sido atingida, se
Concomitante
assusta e sofre um infarto.

Modalidade “não por si só produz o resultado”:


Superveniente* Morte por infecção hospitalar.
Modalidade “por si só produz o resultado”: Morte
pelo desabamento do teto do hospital.

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IV – TIPICIDADE

É o elemento do fato típico presente em todo e qualquer crime. Conforme a doutrina moderna, a
tipicidade penal é formada por:

Tipicidade Formal: Juízo de subsunção do fato à norma;

Tipicidade Material: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

Há ainda a TIPICIDADE CONGLOBANTE, preconizada por Zaffaroni, que é formada pela


tipicidade material + antinormatividade. A antinormatividade é a relação de contrariedade entre o fato
típico e o ordenamento jurídico como um todo. Para ele, não se pode considerar ilícita uma conduta
que é determinada ou fomentada pelo Estado.
Assim, para o autor, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito, que para
a doutrina majoritária e para o CP constituem causas excludentes de ilicitude, seriam, na verdade, causas de
exclusão da tipicidade, tonando, por consequência, a conduta atípica, justamente por achar absurdo que
alguém que esteja cumprindo seu dever legal ou esteja exercendo uma atividade fomentada ou
determinada pelo Estado tenha estas ações consideradas como fatos típicos.
Um exemplo é do oficial de justiça que promove penhora de bens em razão de cumprimento de
mandado (ele está nada menos que subtraindo coisa alheia móvel), que só ficará isento de responsabilidade
na análise do segundo elemento do crime, enquanto não deveria sequer haver tipicidade penal, ou seja, o
primeiro elemento do crime já não se configuraria, restando desnecessária a análise da ilicitude ou
antijuridicidade (segundo elemento).
Já legítima defesa e estado de necessidade continuariam como excludentes de ilicitude, segundo esta
teoria, vez que não são fomentadas e nem determinadas pelo Estado, mas tão somente toleradas.
O STJ já adotou a tipicidade conglobante (AP 638).

* ATENÇÃO: O princípio da insignificância exclui a tipicidade material.

(...) Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do


réu pela atipicidade material. Em outras palavras, o agente não responde por
nada. (Info. 913, STF)

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil
Segundo a Teoria da Tipicidade Conglobante, aquele que atua em estrito cumprimento do dever
legal ou no exercício regular do direito:
A) não pratica crime, pois, embora o fato seja típico, não há ilicitude na conduta.

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B) não pratica crime, pois ausente a culpabilidade em decorrência da inexigibilidade de conduta


diversa.
C) pratica fato típico, ilícito, culpável, mas não punível por questões de política criminal.
D) fica isento de pena por questões de política criminal.
E) não pratica crime, pois o fato sequer seria típico, tendo em vista que o agente não atuou
antinormativamente.
Resposta: Letra E. Conforme visto acima, de acordo com a teoria da tipicidade conglobante, o
fato sequer seria típico, tendo em vista que não pode o Estado fomentar ou determinar uma
conduta e ao mesmo tempo tratá-la como fato típico.

V. ADEQUAÇÃO TÍPICA

É a tipicidade formal na prática. Há duas espécies de tipicidade formal:

(1) Subsunção direta ou adequação típica imediata: não há dependência de qualquer


dispositivo complementar para adequar o fato à norma. Ex.: A subtrai o celular de B. Neste caso o fato
de subtrair coisa alheia móvel se enquadra diretamente ao art. 155 do CP.

(2) Subsunção indireta ou adequação típica mediata: há uma conjugação do tipo penal com a
NORMA DE EXTENSÃO, também denominada de norma de adequação típica mediata. No nosso Código
Penal temos 3 hipóteses:

A. Norma de extensão temporal: Tentativa (art. 14, II do CP). Os tipos penais não possuem
definição direta de tentativa em cada um deles. Há essa norma geral que será combinada com o tipo
penal não consumado. Ex.: A tenta matar B. Este fato não há subsunção direta ao art. 121. Neste
caso, devemos utilizar do art. 121 do CP, cumulado com o art. 14, II, do CP.

B. Norma de extensão pessoal e espacial: Participação, artigo 29 do CP (esse artigo trata de todo
o concurso de pessoas, mas o que tem relevância aqui é a figura do partícipe). Quem espera do lado
de fora da casa enquanto o comparsa subtrai a televisão da vítima, embora não tenha subtraído coisa
alheia móvel, como manda o tipo, responderá pelo furto qualificado pelo concurso de pessoas em
razão da norma de extensão prevista no art. 29 do CP.

C. Norma de extensão da conduta: Crimes comissivos por omissão (em que há um garantidor):
a conduta que só podia ser praticada por ação passa a ser praticada por omissão, quando o garante
devia e podia agir para evitar o resultado. Art. 13, §2º, CP.

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Obs: amigo concurseiro policial, fique atento aos conceitos, pois as bancas adoram explorá-los de
forma maliciosa, em busca de confundir os candidatos. Prestemos atenção na diferença entre tipo penal e
tipicidade:

TIPO PENAL TIPICIDADE


É a descrição da conduta humana proibida. É o É o juízo que se faz sobre a conduta
próprio artigo da lei. Exemplo: o art. 121 do CP prevê o (subsunção da conduta ao tipo penal). Exemplo: a
típo penal do homicídio. conduta de matar alguém amolda-se ao tipo penal
do homicídio. Tipicidade é esse juízo de adequação
Tabela retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo nosso.

3. TEORIA DO TIPO

O tipo penal é aquele que descreve as condutas proibidas ou permitidas pelo direito penal de modo
genérico e abstrato, ou seja, condutas criminosas ou as hipóteses em que a prática destas é tolerada (já vimos
sobre isso nas classificações da lei penal).

Atenção: não confundir TIPO X TIPICIDADE. Enquanto o tipo é a figura penal (a descrição genérica da
conduta considerada infração penal. Ex: art. 121. CP, Matar alguém ) que resulta da imaginação do
legislador, a tipicidade consiste na averiguação se determinada conduta se amolda ou não nesse modelo
imaginário pensado pelo legislador.

3.1 Funções do Tipo Penal

✔ De garantia (reserva legal, garantia do indivíduo, só a lei cria)


✔ Fundamentadora (fundamenta o direito de punir do estado)
✔ Indiciária da ilicitude (o fato típico é presumidamente ilícito – presunção relativa, que
acarreta na inversão do ônus da prova quanto às excludentes), ou seja, sendo o fato típico há indícios
de que também o seja ilícito.
✔ Diferenciadora do Erro (para que o agente seja responsabilizado por pela prática de um
crime doloso, seu dolo deve alcançar todas as elementares do tipo. Caso ignore alguma delas,
incorrerá em erro de tipo, afastando o dolo, nos termos do artigo 20 do CP. Por outro lado, estando
delimitado o tipo penal e havendo dolo em relação a ele, não há que se falar em erro)
✔ Seletiva (seleciona as condutas proibidas (crimes comissivos) ou ordenadas (crimes
omissivos) pelo direito penal.

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3.2 Estrutura do Tipo Penal

Todos possuem núcleo e elementos, que formam o tipo fundamental. Quando há privilégios ou
qualificadoras, acrescentam-se circunstâncias, formando os tipos derivados.
A Elementar é um dado fundamental da figura típica, cuja ausência pode produzir uma
atipicidade absoluta (a conduta não é crime) ou uma atipicidade relativa (desclassificação para outro
crime). Exemplo: no crime de prevaricação (art. 319, do CP), se for retirada a elementar "funcionário público"
a conduta deixará de ser crime (atipicidade absoluta); no crime de peculato (art. 312, do CP), se for retirada
a elementar "funcionário público", a conduta será desclassificada para crime de furto (art. 155, do CP).
A Circunstância é um fator que interfere na pena do crime, sem alterar a figura típica. São as
qualificadoras, agravantes e atenuantes, causas de aumento e de diminuição. Exemplo: se for retirada a
circunstância "mediante concurso de 2 ou mais pessoas" do crime de furto (art. 155, § 4, IV, do CP), a pena
será diminuída, amoldando-se ao tipo simples (art. 155, caput, do CP). De qualquer forma, o crime de furto
continuará existindo.
O núcleo é o verbo do tipo – ex: “subtrair”, “matar”. É o ponto de partida.
Os elementos/elementares se dividem em:

A. Objetivos/descritivos: trazem um juízo de certeza. Podem ser compreendidos por qualquer


pessoa. Ex: “coisa alheia móvel” no furto, “alguém” no homicídio etc.

B. Normativos: Demandam um juízo de valor por parte do aplicador do direito. Ex: “obsceno”,
“indevidamente”, “cruel”, “honesto”, “pudor”, “decoro” etc. Termos não definidos, que demandam
uma interpretação caso a caso. Parte da doutrina os incluem dentre os objetivos.

C. Subjetivos: Se relacionam com o animus do agente, sua especial finalidade de agir, suas
intenções. Ex: “para si ou para outrem” no furto. Não basta a subtração de coisa alheia móvel, faz-se
necessário o animus rem sibi habendi, dolo de assenhoramento definitivo.

ELEMENTOS DO TIPO PENAL

OBJETIVOS DESCRITIVOS - descrevem elementos do mundo exterior, tais


como objetos, tempo, lugar, forma de execução etc. Todos os
tipos penais têm elementos objetivo-descritivos.
NORMATIVOS - elementos que demandam uma atividade
valorativa do julgador. Exemplo: caberá ao juiz valorar, no caso
concreto, se o homicídio é cometido por "motivo fútil" (art. 121,
§ 2S, II)

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Indicam as finalidades do agente. Exemplo: praticará extorsão


SUBJETIVOS mediante sequestro (art. 159) quem "sequestrar pessoa com o
fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate".

Tabela retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo nosso.

3.3 Classificações do Tipo Penal

3.3.1 Tipo Normal X Anormal

▪ Tipo normal / neutro / acromático / avalorado – é o que, além do núcleo, contém somente
elementos objetivos/descritivos (Ex: matar alguém).
▪ Tipo anormal é aquele que, além de núcleo e elementos objetivos, contém também
elementos subjetivos e/ou normativos.

TIPO NORMAL TIPO ANORMAL

Só contém elementos objetivo-descritivos. É o tipo Além dos elementos objetivos, contém elementos
ideal para os adeptos da teoria causalista, para os objetivo normativos e subjetivos. Também chamado
quais os elementos subjetivos (dolo e culpa) estão de tipo complexo. É o tipo ideal para os adeptos da
alocados na culpabilidade. teoria finalista (majoritária), para os quais os
elementos subjetivos (dolo e culpa) estão alocados no
tipo penal. Para os causalistas, contudo, o tipo que
contém elementos subjetivos e normativos é um tipo
anormal.

Tabela retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo nosso.

1 3.3.2 Tipo Congruente X Tipo Incongruente

▪ Tipo congruente (simétrico) é aquele em que há perfeita congruência entre a vontade do


agente e o fato tipificado (exemplo: crimes dolosos consumados).
▪ Tipo incongruente (assimétrico) é aquele em que não há congruência entre a vontade do
agente o fato por ele praticado (exemplo: os crimes tentados, os crimes culposos, preterdolosos). Se
A quer matar B, mas apenas o lesiona, há uma assimetria entre os elementos objetivos e subjetivos.

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2 3.3.3 Tipo Simples X Tipo Misto

▪ Tipo simples: o tipo penal contém apenas um núcleo. Ex.: matar.


▪ Tipo misto (de conduta mista ou de conteúdo variado): há mais de um núcleo (verbo) no
tipo penal. Ex.: tráfico de drogas (guardar, vender, ter em depósito etc).

Pode ser subdividido em:

(1) Tipo misto alternativo: mesmo com a prática de mais de um núcleo do tipo haverá crime único,
desde que no mesmo contexto fático. (Ex: prática de conjunção carnal e de outros atos libidinosos diversos,
sob violência ou grave ameaça, no mesmo contexto fático – caracteriza crime único – STJ)
(2) Tipo misto cumulativo: a lei estabelece diversas condutas nucleares que, se praticadas
seguidamente, ainda que em contexto único, ensejam o concurso material. É o caso do art. 198 do CP, que
pune as condutas de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar de trabalho, ou a
não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria-prima ou produto industrial ou agrícola.

TIPO MISTO
CUMULATIVO ALTERNATIVO
O art. 242 prevê como crime "dar parto alheio como Se o agente praticar mais de um núcleo do mesmo
próprio; registrar como seu filho de outrem; ocultar recém- tipo penal no mesmo contexto, responderá por
nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito crime único (“crimes de ação múltipla ou de
inerente ao estado civil". Se o agente praticar mais de um conteúdo variado"). Exemplo: quem pratica
núcleo do tipo, responderá pelo concurso de crimes estupro e outro ato libidinoso contra a mesma
porque atingiu bens jurídicos distintos vítima no mesmo contexto fático pratica crime
único de estupro (art. 213).
Tabela retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo nosso

3 3.3.4 Tipo Fechado (Cerrado) X Tipo Aberto

▪ Tipo fechado: possui descrição minuciosa da conduta.


▪ Tipo aberto: não possui uma descrição completa e devem ser complementados por um juízo
de valor, realizado pelo aplicador da lei no caso concreto. Exemplos:
⦁ Crimes culposos
⦁ Crimes omissivos impróprios
⦁ Quando há elemento normativo no tipo

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* Diferença entre tipo aberto e norma penal em branco: esta última é complementada por lei ou ato
administrativo, enquanto o primeiro é complementado por um juízo de valor.

4 3.3.5 Tipo Preventivo


Trata-se dos crimes-obstáculo. São as figuras em que o legislador incrimina de forma autônoma um
fato que seria apenas um ato preparatório de outro crime, antecipando a tutela penal.

5 3.3.6 Tipo Penal Doloso X Culposo X Preterdoloso

A) DOLO

Vontade livre e consciente, dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal
incriminador.

ELEMENTOS DO DOLO:
1) Intelectivo/Cognitivo: Consciência (ocorre primeiro);
2) Volitivo: Vontade.

Ou seja: o dolo é = SABER + QUERER


Se ele sabe, mas ele não quer → ele não tem dolo
Se ele quer, mas ele não sabe → ele não tem dolo

Dolo é a vontade livre e consciente dirigida finalisticamente à produção do resultado.


Dolo é o elemento cognitivo (consciência) conjugado com o elemento volitivo (vontade).

Aprofundando para as questões discursivas:


* Dentro do elemento cognitivo (saber), o que o indivíduo precisa ter consciência para que ele
efetivamente tenha dolo? Ou seja: quais os limites desse conhecimento (do elemento cognitivo) para que eu
possa tecnicamente afirmar que o indivíduo tinha dolo?
Resposta: O conhecimento precisa ser ATUAL E REAL, precisa abranger as CIRCUNSTÂNCIAS DE FATO
DO TIPO OBJETIVO (são as elementares típicas), ou seja, ele precisa ter o conhecimento de todos os
elementos descritos no tipo penal incriminador, e precisa, ainda, abranger os ELEMENTOS PRESENTES E
FUTUROS DO TIPO OBJETIVO.

* Dentro do elemento volitivo (querer), o dolo deve ser:


1) Vontade incondicional: a vontade dele deve estar dirigida incondicionalmente a um resultado

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2) Capaz de influenciar o mundo exterior: Esse querer, para ser caracterizado como elemento
volitivo, tem que ter a capacidade de influenciar no mundo real. Se esse querer não tem a capacidade
de influenciar no mundo real, não temos um querer no sentido jurídico, temos uma mera
esperança.


PRINCIPAIS TEORIAS SOBRE O DOLO (se dividem em cognitivas/intelectivas ou
volitivas):
1. Teoria da vontade: Teoria volitiva.
∘ O fundamento central dessa teoria é a VONTADE. Ou seja: há dolo quando
há vontade consciente de produzir o resultado. Logo, pela Teoria da Vontade, dolo é a vontade
consciente de querer praticar a infração penal, não basta só prever.
∘ Adotada pelo CP no que se refere ao dolo direto de 1º grau

2. Teoria da representação (ou da possibilidade): Teoria cognitiva/ intelectiva.


∘ NÃO se preocupa com a vontade. A configuração do dolo exige apenas a previsão do
resultado como possível pelo agente, que continua sua conduta.
∘ Não faz distinção entre dolo direto e culpa consciente, vez que há previsão em
ambos.
Divergência: Parte da doutrina entende que esta teoria trata de culpa consciente, sendo a
adotada para ela e não para o dolo.

3. Teoria do assentimento/ consentimento / aprovação: Teoria volitiva.


∘ O agente, mesmo prevendo determinado resultado, decide prosseguir com a sua
conduta, assumindo o risco de produzi-lo. Nesse caso, o indivíduo consente com a produção do
resultado.
∘ Adotada pelo CP para o dolo eventual

ATENÇÃO: O Brasil adotou:


- Teoria da vontade: Dolo direto
- Teoria do assentimento: Dolo eventual

TEORIA DA VONTADE TEORIA DO ASSENTIMENTO TEORIA DA REPRESENTAÇÃO


Há dolo quando houver a Há dolo sempre que houver a
Dolo é a vontade consciente previsão do resultado e o agente previsão do resultado,
de produzir o resultado optar por assumir o risco de independentemente da vontade do
criminoso. É adotada pelo CP produzi-lo. É adotada pelo CP (dolo agente.
(dolo direto). eventual)

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Não foi adotada pelo CP, confunde


dolo eventual e culpa consciente.
Tabela(adaptada) retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo
nosso

ALGUMAS ESPÉCIES DE DOLO:

o Dolo natural X dolo normativo: Estudado no material anterior. Vamos fazer uma rápida
retomada?
⮚ Dolo natural ou acromático - o elemento cognitivo do dolo não abrange o
conhecimento da ilicitude. Não possui a consciência da ilicitude (adotado no modelo Finalista).
⮚ Dolo normativo - além dos elementos objetivos ou descritivos, exige o conhecimento
da ilicitude do fato (adotado no modelo clássico). O dolo ainda abrigava em seu bojo a consciência
da ilicitude do fato.

o Dolo direto X Dolo indireto:

a) DOLO DIRETO – O agente, com sua conduta, prevendo determinado resultado, sai
em busca de realizá-lo. Pode ser:
⮚ De primeiro grau: resultado certo e determinado buscado
pelo agente
⮚ De segundo grau: também conhecido por “dolo de
consequências necessárias”. O agente danifica os freios do carro de A durante a noite para
causar um acidente e matá-lo, sabendo que todo dia pela manhã ele sai de carro. Porém,
os filhos sempre vão junto e o agente sabe que a morte deles será inevitável e pratica a
conduta mesmo assim, para alcançar seu objetivo principal.
⮚ De terceiro grau: Consequência da consequência. O agente,
objetivando matar seu inimigo político, coloca uma bomba no jatinho dele, sabendo que
sua próxima viagem será com sua esposa, que está grávida. A morte do inimigo político
seria o dolo de primeiro grau. A da esposa, de segundo. O aborto, de terceiro. É criticada e
tida como desnecessária por parte da doutrina, vez que qualquer consequência estaria
abarcada no dolo de segundo grau.

DOLO DIRETO OU DETERMINADO


O agente quer praticar a conduta descrita no tipo penal, dirigindo-a à produção do resultado.
Duas espécies:
DE PRIMEIRO GRAU DE SEGUNDO GRAU

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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É o dolo por excelência; o agente tem a O agente quer um resultado, mas sabe que a sua
intenção (vontade consciente) de produzir o produção necessariamente dará causa a outros
resultado e dirige sua conduta para este fim. O dolo resultados. Também chamado de dolo de
abrange o fim e os meios escolhidos. Exemplo: o consequências necessárias". Exemplo: o agente, no
agente deseja matar um desafeto. Para tanto, dirige intuito de matar seu inimigo que acaba de embarcar,
sua conduta ao resultado e efetua vários disparos, posiciona explosivos no avião. Quanto à morte do
matando-o. desafeto, há dolo de 1º grau. A morte dos outros
passageiros é certa em virtude da escolha dos
explosivos como meio de execução. Quanto a eles há
dolo de 2º grau
Tabela(adaptada) retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo
nosso

b) DOLO INDIRETO: O agente, com sua conduta, não busca realizar um determinado
resultado:
⮚ Dolo alternativo: O agente prevê pluralidade de resultados,
dirigindo sua conduta na realização de qualquer dele.
⮚ Dolo eventual: Embora o agente não deseje o resultado,
assume o risco de produzi-lo. Age com indiferença.

A diferença primordial entre o dolo eventual e o dolo de segundo grau é que naquele é possível
que o resultado indiferente sequer ocorra e neste o resultado certamente ocorrerá, tendo em vista os
meios de execução escolhidos pelo agente.

TEORIA POSITIVA DO CONHECIMENTO: Reinhard Frank. “Seja como for, dê no que dê, eu não deixarei de
agir”.

o Dolo cumulativo: O agente pretende alcançar dois ou mais resultados típicos em sequência
(progressão criminosa);

o Dolo geral (erro sucessivo): Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado um resultado
por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. É espécie de erro de tipo acidental, não
isentando o agente de pena.

o Dolo de propósito (refletido): resulta da reflexão do agente. Ocorre nos crimes


premeditados.

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o Dolo de ímpeto (repentino): resulta de uma explosão emocional. Ocorre nos crimes
passionais.

DOLO INDIRETO OU INDETERMINADO


O agente não dirige sua vontade a um resultado determinado. Duas espécies:
ALTERNATIVO EVENTUAL
O agente quer alcançar um ou outro resultado O agente quer um resultado, mas assume o
(alternatividade objetiva) ou atingir uma ou outra risco de realizar o outro. Adoção da teoria do
pessoa (alternatividade subjetiva). Se o agente assentimento. Exemplo: o agente quer ferir, mas
alcançar o resultado menos grave responderá pelo aceita o resultado morte. Há indiferença em relação
mais grave, porque responde de acordo com o seu ao resultado. É extraído das circunstâncias. Todavia,
dolo (teoria da vontade), ainda que de forma há casos em que o tipo penal exige expressamente o
tentada. Exemplo: para o agente, tanto faz ferir ou dolo direto: receptação dolosa (art. 180 - "coisa que
matar. Se ferir, responderá por homicídio tentado. sabe ser produto de crime"); denunciação caluniosa
Se matar, responderá por homicídio consumado. (art. 339 - "de que o sabe inocente").
Tabela(adaptada) retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo
nosso

B) CULPA

Como já vimos, é elemento da conduta, que compõe o fato típico.


Consiste em uma conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi
por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente) e poderia ter sido evitado se o
agente atuasse com cuidado.
Rogério Greco diz que “a conduta, nos delitos de natureza culposa, é o ato humano voluntário
dirigido, em geral, à realização de um fim lícito, mas que, por imprudência, imperícia ou negligência, isto é,
por não ter o agente observado o seu dever de cuidado, dá causa a um resultado não querido, nem mesmo
assumido, tipificado previamente na lei penal”.
Via de regra é tipo penal aberto, ou seja, a conduta não é descrita de modo detalhado (geralmente
vem “se tal crime é culposo – pena tal”), demandando um juízo de valor pelo aplicador do direito. Mas há
crime culposo com tipo fechado, como o art. 180, §3º do CP.
O fundamento da punibilidade de crimes culposos está no interesse público da proteção de bens
jurídicos indispensáveis ao indivíduo e à sociedade. O homem vive em sociedade, então é responsável pelo
que causa nela.
Porém, as penas são menores, vez que o desvalor da conduta é menor que nos crimes dolosos.

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* ATENÇÃO: as hipóteses de crimes culposos devem vir expressamente previstas em lei, desse modo, a regra
é o dolo, enquanto a culpa é exceção.

Art. 33. Diz-se o crime: (...)


II - Culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou
diligência ordinária, ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias,
não prevê o resultado que podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que
não se realizaria ou que poderia evitá-lo.

ELEMENTOS DA CULPA:

1) Conduta humana voluntária


2) Violação de um dever de cuidado objetivo
3) Resultado naturalístico
4) Nexo de causalidade
5) Previsibilidade Objetiva
6) Tipicidade

1) Conduta VOLUNTÁRIA: Pode ser ação ou omissão;


ATENÇÃO! Embora o resultado do crime culposo seja involuntário (vez que o agente não deseja
causa-lo), a CONDUTA é VOLUNTÁRIA.
O agente quer fazer o que faz, porém, pela sua inobservância do dever de cuidado, gera um evento
danoso, que não desejava.
A ausência de voluntariedade excluiria a conduta. O fato seria atípico (ex: movimentos reflexos).

2) Violação de um dever objetivo de cuidado: O agente atua de forma diversa do esperado pela
lei e sociedade:
▪ Imprudência: Culpa positiva ou “in agendo”. Ação intempestiva e irrefletida. Faz algo que a
cautela não recomenda. Ex: excesso de velocidade na direção de veículo automotor;
▪ Negligência: Culpa negativa ou “in omitendo”. Falta de precaução. Deixa de fazer o que a
cautela recomenda. (Ex: médico que não esterilizou seus utensílios antes de uma cirurgia);
▪ Imperícia: Culpa profissional. Falta de aptidão técnica para o exercício de arte, ofício ou
profissão. O agente está autorizado a exercer determinada atividade, mas não tem as habilidades
necessárias. Ex: Engenheiro civil, com CREA, que não tem conhecimento necessário para a
construção de um prédio, mas o faz e o mesmo desaba.

Já caiu em prova!
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia


Considera-se crime culposo quando:
A) o agente atinge o resultado delitivo requerido.
B) o agente impede que resultado delitivo se conclua.
C) o agente não quer o resultado delitivo, mas assume o risco de se realizar.
D) o agente pratica a conduta por imperícia, imprudência ou negligência.
E) o delito se agrava por resultado diverso do pretendido.

Resposta: Letra D. A violação do dever objetivo de cuidado pode ocorrer por imperícia,
imprudência e negligência (Art. 18, II, do CP).

OBS.1: É tendência achar que sempre que tivermos um profissional envolvido, o caso será de imperícia, mas
não é verdade. Depende da conduta. Como vimos no exemplo dado em negligência, também foi algo no
exercício da profissão. Olho vivo nisso!

OBS.2: Nos crimes culposos no CTB, a Jurisprudência vem no sentido de que é IMPRESCINDÍVEL apontar,
precisamente, qual foi a conduta culposa. Vejamos:

Denúncia no caso de homicídio culposo deve apontar qual foi a conduta culposa -
É inepta a denúncia que imputa a prática de homicídio culposo na direção de
veículo automotor (art. 302 da Lei 9.503/1997) sem descrever, de forma clara e
precisa, a conduta negligente, imperita ou imprudente que teria gerado o resultado
morte, sendo insuficiente a simples menção de que o suposto autor estava na
direção do veículo no momento do acidente. STJ. 6ª Turma. HC 305194-PB, Rel.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/11/2014 (Info 553).

3) Resultado naturalístico: Alteração física no mundo exterior. São crimes materiais, via de
regra.
Há exceções. Ex: art. 38 da Lei de Drogas. Prescrever drogas culposamente sem que delas necessite
o paciente. Se consuma com a mera prescrição feita por médico ou dentista, ou seja, é um crime de mera
conduta. Se o indivíduo usar a droga será mero exaurimento.

4) Nexo causal entre a conduta e o resultado naturalístico;

5) Previsibilidade objetiva:

Ao contrário da previsibilidade subjetiva, que analisa as condições do agente no momento da


conduta, a previsibilidade objetiva analisa o fato de acordo com a visão do “homem médio”. Ou seja, não
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será analisado se aquele agente específico previu o resultado, mas se, naquelas circunstâncias, era possível
que um homem médio as tenha previsto.

Memorizando: Previsibilidade objetiva x subjetiva:


Para a análise da culpa não é necessário que o agente preveja o resultado nas circunstâncias
que lhe são apresentadas. Basta apenas que exista a previsibilidade objetiva, isto é, a
possibilidade do resultado ser prevista tendo-se como parâmetro o homem médio. Todavia, no
que tange à análise da previsibilidade subjetiva leva-se em consideração, não a circunstância
de diligência normal, tendo-se como parâmetro uma pessoa prudente, mas as aptidões
pessoais e as condições específicas do agente. Importa, com efeito, se o agente, em concreto,
poderia ter previsto ou não o resultado.

6) Tipicidade: Para o crime ser culposo, deve estar expresso.

Art. 18, §único, CP: Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém
pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.

ESPÉCIES DE CULPA:

1) Culpa consciente: O agente prevê o resultado, decidindo prosseguir com sua conduta,
acreditando que ele não ocorrerá ou que conseguirá evitá-lo;

Diferente do dolo eventual, em que o agente, embora também preveja, NÃO SE IMPORTA que o
resultado ocorra.

Professor Cézar Roberto Bitencourt: Há culpa consciente, também chamada culpa com previsão, quando
o agente, deixando de observar a diligência a que estava obrigado, prevê um resultado, previsível, mas
confia convictamente em que ele não ocorra. Quando o agente, embora prevendo o resultado, espera
sinceramente que este não se verifique, estar-se-á diante de culpa consciente e não de dolo eventual.

2) Culpa inconsciente: O agente NÃO prevê o resultado que, entretanto, lhe era previsível
naquelas circunstâncias;

3) Culpa própria: o agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo;

4) Culpa imprópria (culpa equiparada ou por assimilação): O agente, por erro evitável, fantasia
certa situação de fato que não existe, supondo estar acobertado por excludente de ilicitude
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(descriminante putativa) e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito. Embora a


conduta seja dolosa, o agente responde por culpa, por razões de política criminal (art. 20, §1º, CP)
Ex.: A vê um vulto dentro de casa e dispara, pensando ser um bandido, mas na verdade era seu genro
que estava indo embora de lá de madrugada sem ele saber. Neste caso, A matou porque quis, mas achou
que estaria em legítima defesa. Por essa situação, responderá por culpa.

Olha o bizu: Via de regra, crime culposo não admite tentativa. Porém, no caso de culpa imprópria,
admite-se, justamente por ser um dolo tratado como culpa.
Olha o bizu: Há autores que defendem a possibilidade de se reconhecer a tentativa em crimes
preterdolosos (dolo no antecedente e culpa no consequente), quando a parte frustrada da conduta
é a dolosa. Nesse sentido: Grecco e Sanches.

5) Culpa mediata: é aquela em que o resultado naturalístico é produzido indiretamente a título


de culpa.

6) Culpa presumida (“in re ipsa”): não é admita no Brasil, pois a culpa precisa ser provada.

EXCLUSÃO DA CULPA:
1) Caso fortuito e força maior;
2) Princípio da confiança
3) Erro profissional;
4) Risco tolerado;
5) Risco praticado por outrem.

* IMPERÍCIA (CULPA PROFISSIONAL) X ERRO PROFISSIONAL:


Na imperícia, a falha é do agente, e ele responde pelo crime culposo.
No segundo, explica Rogério Sanches (disponível em meusitejurídico): “No erro profissional, o agente
tem conhecimento das regras e as observa no decorrer da conduta, mas, sendo falíveis os postulados
científicos, torna-se possível a ocorrência de um resultado lesivo decorrente de erro, que não ensejará
punição. Como exemplo, podemos citar o seguinte: determinado paciente necessita de cirurgia cardíaca
extremamente delicada, para a qual a medicina ainda não desenvolveu técnica segura. O médico,
devidamente habilitado e experiente, põe-se a realizar o procedimento, observando rigorosamente todos os
métodos cirúrgicos que seu conhecimento abarca e de que a arte médica dispõe. Não obstante, durante o
procedimento, em razão da complexidade que a situação revela e para a qual não há resposta científica
eficiente, comete um erro, que acaba por causar a morte do paciente. Esta situação revela um erro
profissional que não caracteriza culpa, pois ausente a imperícia.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Complementando com Cézar Roberto Bitencourt, “O erro profissional é um acidente escusável, justificável
e, de regra, imprevisível, que não depende do uso correto e oportuno dos conhecimentos e regras da ciência.
Esse tipo de acidente não decorre da má aplicação de regras e princípios recomendados pela ciência. Deve-
se à imperfeição e precariedade dos conhecimentos humanos, operando, portanto, no campo do imprevisto
e transpondo os limites da prudência e da atenção humanas. No entanto, embora o médico não tenha carta
branca, não pode, ao mesmo tempo, ficar limitado por dogmas inalteráveis. Tendo agido racionalmente,
segundo os preceitos fundamentais da lexis artis, ou, quando deles se afastar, o fizer por motivos justificáveis,
não terá de prestar contas à justiça penal, por eventual resultado fatídico.”

Existe compensação de culpas no direito penal?


NÃO existe no Direito Penal a compensação de culpas, mas a culpa concorrente da vítima
pode atenuar a do agente (art. 59, CP). Ps.: Se a culpa é exclusiva da vítima o agente não responde.

Crimes culposos admitem coautoria e participação?


o 1ª Corrente (MAJORITÁRIA): Admitem a coautoria, mas NÃO ADMITEM PARTICIPAÇÃO, de
modo que não é possível haver participação dolosa em crime culposo. Assim, qualquer causação
culposa importa em violação do dever objetivo de cuidado, fazendo do agente autor e não partícipe.
o 2ª Corrente (LFG): Não admite nem coautoria e nem participação nos crimes culposos, em
razão da ausência de vínculo subjetivo entre os envolvidos.

o 3ª Corrente (Fernando Capez): Ambos são possíveis, sendo autor aquele que realiza o núcleo
do tipo e partícipe o que concorre para o crime, sem, no entanto, cometer o núcleo verbal da ação.

Já caiu em prova!
FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
Sobre o crime culposo, é correto afirmar que:
A) sua caracterização independe da previsibilidade objetiva do resultado.
B) é dispensável a verificação do nexo de causalidade entre conduta e resultado.
C) encontra seu fundamento legal no artigo 18 . I, de Código Penal.
D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba
que com isso provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas.
E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado,
provocando resultado criminoso por ele não desejado.
Resposta: letra E. No resumo anterior, acerca da Teoria do Crime, tratou-se dos crimes omissivos
impróprios culposos, os quais também tem a nomenclatura de crimes de olvido ou
esquecimento. Lembram do exemplo do salva-vidas que não impediu a morte de uma pessoa
por estar beijando a namorada? Pois é, o garantidor (pessoa que possui um dever de cuidado)
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

comete crime quando o resultado ocorre pelo descumprimento de seu dever de agir, mesmo
que ele não o deseje.
Vimos que a previsibilidade objetiva (“homem médio”) e o nexo de causalidade entre a conduta
e o resultado são necessários (letras B e C). Conforme visto trata-se de dolo de 2º grau, pois o
autor do crime assumiu o risco e não se importou com as mortes dos tripulantes(D).

A. CRIME PRETERDOLOSO
É uma espécie de crime agravado pelo resultado, constituindo de dolo no antecedente e culpa no
consequente (art. 19, CP).

Cleber Masson: A conduta dolosa acarreta a produção de um resultado mais grave do que o desejado pelo
agente à título de culpa.

Elementos:
✔ Conduta dolosa visando a determinado resultado;
✔ Provocação culposa de resultado mais grave do que o desejado;
✔ Nexo causal entre conduta e resultado;
✔ Tipicidade.

● O resultado deve ser culposo – Se o resultado mais grave advém de caso fortuito ou
força maior, não pode ser imputado ao agente (sob pena de responsabilidade objetiva).

CRIME PRETERDOLOSO
CONDUTA DOLOSA VISANDO NEXO CAUSAL Resultado CULPOSO mais grave do
DETERMINADO RESULTADO que o esperado.
O crime preterdoloso ou preterintencional é uma espécie de crime qualificado pelo resultado (todo crime
preterdoloso é qualificado pelo resultado, mas nem todo crime qualificado pelo resultado é um crime
preterdoloso).
Art. 19. Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado
ao menos culposamente.
O dispositivo afasta a responsabilidade penal objetiva, pois o agente só pode responder pelo resultado
mais grave culposo se ele era previsível (os crimes culposos são sempre previsíveis, utilizando-se como
parâmetro o "homem médio").
Exemplo clássico: lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º).
Não admite tentativa (contém uma parte culposa e os crimes culposos não admitem tentativa), conforme
doutrina majoritária.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Tabela(adaptada) retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo
nosso

4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

4.1 Consumação

4.1.2 Iter Criminis

Conjuntos de fases que se sucedem cronologicamente no delito. Composto por fase interna e
externa.

*Só haverá iter criminis nos crimes dolosos! Já que, nos crimes culposos, o resultado ilícito não é querido,
ele provém da violação de um dever objetivo de cuidado.

I. FASE INTERNA:

1) COGITAÇÃO:
Abarca:
⦁ Idealização – quando surge a ideia da prática do delito;
⦁ Deliberação – o agente faz a análise de prós e contras da empreitada criminosa;
⦁ Resolução – o agente decide praticar o crime.

* ATENÇÃO: A simples ideia de crime NÃO pode ser punida, em razão do princípio da materialização do fato.
“Direito à perversão”. “Claustro psíquico”.

II. FASE EXTERNA:

1) PREPARAÇÃO:
Os atos preparatórios representam o início da fase externa da ação. Isso porque o indivíduo
exterioriza o projeto criminoso que ele havia elaborado mentalmente.
Ou seja: A preparação corresponde aos atos indispensáveis à prática da infração penal.

Obs.: Há quem entenda que compõe a fase interna, a exemplo de Rogério


Sanches, mas não prevalece.

o Regra: Impunível, vez que o CP busca punir o crime a partir dos atos executórios;

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

o Exceção – Atos preparatórios podem gerar crimes autônomos chamados de crimes-


obstáculo.
⦁ Fabricar, fornecer, adquirir e portar explosivos;
⦁ Incitação ao crime;
⦁ Petrechos de falsificação de moeda;
⦁ Associação criminosa.

ENTENDA: Trata-se do fenômeno chamado antecipação da tutela penal. É o fenômeno pelo qual
o legislador criminaliza condutas que seriam atos preparatórios de outros crimes, mas que
constituem crimes autônomos. Essa ampliação está atrelada ao próprio papel do Estado, como
provedor de determinados direitos.

2) EXECUÇÃO:
Inicia a agressão ao bem jurídico. Deve ser:
● Ato idôneo: Com capacidade suficiente para lesar o bem jurídico penalmente
tutelado;
● Ato inequívoco: Direcionado ao ataque do bem jurídico.

ATENÇÃO!!! Transição dos atos preparatórios para os atos executórios:


Da série: parece simples, mas não é. Em qual momento um ato deixa de ser preparatório e passa a ser
considerado como executório? Algumas teorias tratam do assunto.

● Teoria subjetiva: não há distinção entre o ato preparatório e o executório. Considera-se o


dolo do agente, que está presente a todo momento – não é admitida no Brasil

● Teorias objetivas
a) Teoria da hostilidade ao bem jurídico: o ato de execução é aquele em que o agente ataca o
bem jurídico, enquanto que o ato preparatório não altera o seu “estado de paz”. (Nelson Hungria,
Max Ernst Mayer)
b) Teoria objetivo-formal ou lógico-formal: é a teoria majoritária no Brasil. Caracteriza ato de
execução como aquele em que o agente começa a praticar o verbo (o núcleo do tipo) da conduta
criminosa, enquanto que os atos anteriores são preparatórios. (Franz Von Liszt)
c) Teoria objetivo-individual ou objetivo-subjetiva: Adotada excepcionalmente. Atos
preparatórios são aqueles em que o agente inicia a realização do núcleo do tipo e também os atos
que lhe são imediatamente anteriores, de acordo com o plano concreto do agente. (Welzel).

Ex: “A”, segurando uma faca, aguarda atrás de uma parede a passagem de “B”, seu inimigo, para
matá-lo na volta de seu trabalho, caminho fixo pelo qual a vítima passa, já tendo feito por diversas vezes esta
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

ameaça. Quando este se encontra a 100m de distância, “A” fica de pé e segura firme a faca, aguardando em
posição de ataque. Surge um policial e o aborda. Para esta teoria, poderia haver a prisão em flagrante, em
face da caracterização da tentativa de homicídio, o que não se daria na teoria objetivo-formal.

d) Teoria objetivo-material: Os atos de execução são aqueles em que o agente inicia a


realização do núcleo do tipo e também os atos que lhe são imediatamente anteriores, NA VISÃO DO
TERCEIRO OBSERVADOR. É o que diferencia da lógico-individual / objetivo-subjetiva. O juiz deve
avaliar os atos a partir de uma visão externa da situação (não necessariamente de uma terceira
pessoa presente no local do crime – é uma figura hipotética). (Reinhart Frank).

e) Teoria da impressão: Se considera iniciada a conduta capaz de produzir na comunidade a


impressão de agressão ao bem jurídico, prejudicando a segurança

f) Teoria negativa: entende não ser possível limitar, em uma regra geral, o que seriam atos
preparatórios ou executórios, devendo tal definição ficar a cargo do julgador no momento da análise
de cada caso.

3) CONSUMAÇÃO:
Surge quando no crime se reúnem todos os elementos de sua definição legal (crime completo ou
perfeito):
⦁ Crime material = conduta + resultado naturalístico (indispensável);
⦁ Crime formal = concretização da conduta. Resultado naturalístico dispensável;
⦁ Crime de mera conduta = tipo descreve mera conduta, SEM resultado naturalístico;
⦁ Crime habitual = A consumação ocorre com a reiteração de atos que revelam o estilo
de vida do agente;
⦁ Crime permanente = A consumação se arrasta no tempo.
⦁ Crimes de perigo concreto = a consumação se dá com a efetiva exposição do bem
jurídico a uma probabilidade de dano
⦁ Crimes de perigo abstrato = a consumação se dá com a mera prática da conduta
definida pela lei como perigosa (porte de arma e dirigir sem habilitação).

* ATENÇÃO: EXAURIMENTO: Também chamado de “crime exaurido ou de crime esgotado”. Trata-se do


conjunto de efeitos posteriores a consumação do delito.
Tem relevância, tecnicamente, apenas aos delitos formais, em que o resultado naturalístico é dispensável
e quando este ocorre, fala-se em exaurimento.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Porém, para a doutrina majoritária, ele NÃO integra o iter criminis. No entanto, não é irrelevante. Interfere na
dosimetria da pena (aplicação da pena no caso concreto), seja como circunstância judicial desfavorável, ou então
como qualificadora ou causa de aumento de pena.

ITER CRIMINIS:

Fase interna Fase Externa Não integra

4.2. Tentativa (= Conatus, Crime Imperfeito, Crime Incompleto)

a) Fundamento Legal: art. 14, CP

Art. 14 - Diz-se o crime:


I - Consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

II - Tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias


alheias à vontade do agente.

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

b) Conceito:
É o início da execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias alheias à vontade
do agente.
Também é chamada de “crime manco”, vez que o tipo subjetivo está perfeito
(vontade/voluntariedade), mas o tipo objetivo, a figura criminosa, não se realiza integralmente.

JÁ CAIU EM PROVA:
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Classifica-se como crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma:

A) por circunstâncias alheias à vontade do agente.

B) por inabilidade do agente.

C) por desistência do agente.

D) pela deterioração do objeto.


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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

E) em razão da atipicidade da conduta.

Resposta: Letra A. Definição do instituto da tentativa (art. 14, II, do CP).

VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe


Com relação à consumação e tentativa do crime, nos termos previstos no Código Penal, a opção
correta:

A) diz-se o crime consumado, quando nele se reúnem a maioria dos elementos de sua definição
legal.

B) diz-se o crime tentado quando não se exaure por circunstâncias alheias à vontade do agente.

C) diz-se o crime tentado quando, iniciada a cogitação, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente

D) salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime


consumado, diminuída de um a dois terços.
E) diz-se o crime consumado, quando nele se reúnem dois terços dos elementos de sua definição
legal.

Resposta: letra D (art. 14, II, CP). Amigos concurseiros policiais, trouxemos um exemplo de
questão que cobra a atenção do candidato nos conceitos e no estudo da lei “seca”.
Conforme art. 14, I e II, do CP. Letra A, o erro está em reúnem a maioria (todos). Letra B, trata-
se de consumação e não de exaurimento (não se consuma). Letra C, o crime é tentado a partir
do início da execução e não da cogitação. Letra E, nele se reúnem todos os elementos de sua
definição legal.

c) Natureza Jurídica:
● Trata-se de norma de extensão temporal
● Sob o enfoque da PENA - trata-se de causa geral obrigatória de diminuição de pena

d) Elementos:
● Início da execução (questão de lógica: se tentativa é justamente a execução interrompida
por circunstâncias alheias à vontade do agente, é imprescindível o seu início)
● Ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente
● Dolo de consumação (o dolo é o mesmo do delito consumado)
75
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

● Resultado possível (se o resultado não ocorreu por ser impossível, será crime impossível, ora
bolas).

e) Teorias sobre a punibilidade da tentativa: quatro teorias principais buscam fundamentar a


punibilidade da tentativa:

● Teoria subjetiva/voluntarista/monista: o sujeito é punido por sua intenção, pois o que


importa é o desvalor da ação, sendo irrelevante o desvalor do resultado, de modo que deveria
suportar a mesma pena;
→ Assim, se ele tem a intenção de matar, a tentativa de homicídio deve ser punida da
mesma forma que o homicídio. Ou seja: ele deve ser punido pela pena da consumação
tangente à sua vontade.
→ Consequências de adotar a teoria subjetiva:
1. É a punição da tentativa inidônea ou crime impossível
2. Equiparação do crime consumado ao crime tentado (o crime tentado é
punido com a mesma pena do crime consumado, uma vez que a intenção, o ânimus, o
dolo era de consumar a conduta).

● Teoria sintomática: sustenta a punição em razão da periculosidade subjetiva, ou seja, do


perigo revelado pelo agente. Para esta teoria, o Estado deveria aplicar uma medida de segurança;

● Teoria objetiva/realística/dualista: a tentativa é punida por causa do perigo proporcionado


ao bem jurídico tutelado pela lei penal. Por isso, a pena da tentativa deve ser menor que a pena da
consumação e proporcional ao risco de lesão causado.

- REGRA: a Teoria Objetiva é teoria adotada pelo nosso CP! (Art. 14, §único, 2ª parte).
- EXCEÇÃO: Essa teoria foi adotada com ressalvas, em razão da primeira parte do
§único do art. 14, que é considerada pela doutrina como um resquício da Teoria Subjetiva.

Para a doutrina, o “salvo em disposição em contrário” seria a possibilidade de adotar,


excepcionalmente, a teoria subjetiva. Ex.: art. 352, CP → pois a pena da tentativa é a mesma que a pena da
consumação.

Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena


correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

→ A doutrina chama esses crimes de CRIMES DE ATENTADO OU MERO


EMPREENDIMENTO → são os crimes que não admitem tentativa pois a própria tentativa já é a
consumação desse crime. A tentativa é punida com a mesma pena da consumação.
→ Logo, os crimes de atentado ou de mero empreendimento são exceções à Teoria
Objetiva. Por isso, parte da doutrina (Rogério Greco) afirma que adotou a Teoria Objetiva
Mitigada.

CONCLUSÃO: Em regra, a teoria adotada pelo Código Penal é a Teoria Objetiva. No entanto,
excepcionalmente, adotou a Teoria Subjetiva nas hipóteses de crimes de atentado ou de mero
arrependimento, hipóteses em que a tentativa é punida com a mesma pena da consumação.

VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


Dentro do tema do crime consumado e tentado, é correto afirmar que
A) os crimes unissubsistentes admitem tentativa.
B) os crimes omissivos impróprios consumam-se com a ação ou omissão prevista e punida na
norma penal incriminadora.
C) só haverá consumação do crime quando ocorre resultado naturalístico ou material.
D) há tentativa cruenta quando o objeto material não é atingido, ou seja, o bem jurídico não é
lesionado.
E) não admitem tentativa os crimes de atentado ou de empreendimento.

Resposta: Letra E, conforme exposto nos crimes de atentado ou empreendimento a tentativa é


prevista como consumação do crime.
Os crimes unissubsistentes se constituem em único ato, não admitindo tentativa (letra A). Nos
crimes omissivos impróprios temos a posição do garantidor (artigo 13, § 2º do Código Penal),
considerada como norma de extensão da tipicidade penal e prevista na parte geral do código
penal, não em norma penal incriminadora (letra B). Vimos que a consumação pode se dar sem
a ocorrência de resultado naturalístico, como nos crimes formais ou de mera conduta (C). A
tentativa cruenta trata justamente da lesão ao bem jurídico por ter sido atingido(D).

● Teoria da impressão/objetivo-subjetiva: admite a punição da tentativa quando a atuação da


vontade ilícita do agente for adequada para comover a confiança na vigência do ordenamento e o
sentimento de segurança jurídica dos que tenham conhecimento da conduta criminosa. A tentativa
ofende o bem jurídico, mas pelo fato de a lesão ser menor, a pena é menor. Representa um limite à
teoria subjetiva.

- Consequências da tentativa: É causa obrigatória de diminuição de pena.


o Reduz a pena de 1/3 a 2/3;
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

o Incide na 3ª fase na aplicação da pena privativa de liberdade;


o Parâmetro de aplicação: iter criminis (proximidade da consumação).

f) Espécies:
● Tentativa branca ou incruenta: O objeto material NÃO é atingido pela conduta criminosa;
● Tentativa vermelha ou cruenta: O objeto é atingido;
● Tentativa perfeita ou crime falho: O agente esgota todos os meios executórios que estavam
à disposição, e mesmo assim não sobrevém a consumação por circunstâncias alheias a sua vontade.
☞ Apenas é compatível com os crimes materiais, tendo em vista que nos formais e de
mera conduta, esgotando-se os atos executórios, teremos crime consumado, não tentado;
☞ Atenção à nomenclatura! Não confunda crime falho com crime impossível (quase-
crime, crime oco, tentativa inidônea e tentativa impossível).
● Tentativa imperfeita, inacabada ou tentativa propriamente dita: O agente inicia a execução
sem utilizar todos os meios que tinha ao seu alcance, e o crime não se consuma por circunstâncias
alheias a sua vontade.
● Tentativa simples: É a tentativa propriamente dita. O resultado não ocorre por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
● Tentativa qualificada/abandonada: Embora carregue o termo “tentativa”, de tentativa só
tem o nome, pois, na verdade, não é. É o termo utilizado como gênero, do qual são espécies a
desistência voluntária e o arrependimento eficaz (que veremos mais à frente).

g) Admissibilidade e inadmissibilidade da tentativa


● Regra geral: os crimes dolosos admitem tentativa
● Exceções:
o Crimes culposos: são incompatíveis com a tentativa, em razão do resultado ser
involuntário. Na culpa imprópria admite-se a tentativa.
o Crimes preterdolosos: a tentativa é inadmissível na parte culposa;
o Crimes unissubsistentes: são aqueles em que a conduta é composta por um único
ato, sendo impossível fracionar o “inter criminis”, motivo pela qual a tentativa é inadmissível
(exemplo: injúria verbal);
o Crimes omissivos próprios e de perigo abstrato: são unissubsistentes, razão pela
qual a tentativa é inadmissível;
o Contravenções penais: a tentativa de contravenção é penalmente irrelevante por
previsão legal (art. 4°, LCP)
o Crime obstáculo: vez que a preparação já está sendo punida de forma autônoma;
o Crime habitual: exige reiteração de atos, motivo pelo qual a tentativa não seria
cabível. Doutrina minoritária entende que sim, ex.: falso médico aluga local e faz anúncio da
futura abertura de sua clínica, antes de chegar a atender alguém.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

5. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ

a) Conceito:
Os dois institutos constituem aquilo que a doutrina chamou de "tentativa abandonada" ou
"tentativa qualificada", em que o crime não se consuma pela própria vontade do agente. – NÃO
CONFUNDIR com a "tentativa", propriamente dita (em que o crime não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente).
São chamados também de "ponte de ouro" - pela oportunidade que o agente tem de "corrigir o seu
percurso", voltando à esfera da licitude.

Artigo 15 do Código Penal que dispõe:


"O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução [desistência voluntária] ou
impede que o resultado se produza [arrependimento eficaz], só responde pelos atos já praticados:

▪ Desistência voluntária: O agente inicia os atos executórios, mas por vontade própria,
interrompe este processo, abandonando a prática dos demais atos necessários e que estavam à sua
disposição para a consumação. Em regra, conduta negativa.
☞ Um terceiro pode influenciar, pedir, mas não pode ter havido coação. Exige-
se, portanto, a vontade livre do agente, mas não precisa ser espontânea (surgir da cabeça dele).
☞ É incabível nos crimes unissubsistentes, que são realizados por apenas 1 (um)
ato.

▪ Arrependimento eficaz ou resipiscência (olho no nome!): Depois de já praticados todos os


atos executórios suficientes à consumação do crime, o agente adota providências aptas a impedir a
produção do resultado. Sendo assim, é cabível somente em crimes materiais. Em regra, conduta
positiva.

b) Natureza jurídica: Causa de exclusão da tipicidade (doutrina majoritária).

c) Requisitos:
o Voluntariedade – vontade livre (é diferente de espontaneidade, que não é
requisito);
o Eficácia - Para que se apliquem esses institutos, a conduta do agente deve
ter sido eficaz para impedir a consumação. Se ele apenas tentou, mas não conseguiu evitar, será
cabível somente uma atenuante genérica (Art. 65, III, b, primeira parte, do Código Penal).

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Já caiu em prova e foi considerada CORRETA a seguinte alternativa: O agente que tenha desistido
voluntariamente de prosseguir na execução ou, mesmo depois de tê-la esgotado, atue no
sentido de evitar a produção do resultado, não poderá ser beneficiado com os institutos da
desistência voluntária e do arrependimento eficaz caso o resultado venha a ocorrer.

d) Características da desistência voluntário e do arrependimento eficaz:


● Os motivos que levaram o agente a optar pela desistência voluntária ou arrependimento
eficaz são irrelevantes!
● Incompatíveis com os crimes culposos.
● Incompatíveis com crimes formais e crimes de mera conduta! Isso porque, se o crime é
formal ou de mera conduta, a simples realização da conduta já implica na automática consumação
do delito, de modo a não cumprir a elementar “impede que o resultado se produza”.

O instituto do arrependimento eficaz e da desistência voluntária somente são


aplicáveis a delito que não tenha sido consumado. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp
1549809/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 02/02/2016.

Esses institutos se comunicam aos partícipes?


R.: Trata-se de tema divergente, mas prevalece a corrente que o arrependimento eficaz e a
desistência voluntária COMUNICAM-SE ao partícipe, pois a sua conduta é ACESSÓRIA, não podendo
ser punido se não houve crime.

Quais as consequências da desistência voluntária e do arrependimento eficaz?


R.: O agente NÃO responde pela forma tentada do crime inicialmente desejado, mas apenas
pelos atos já praticados.
Em outras palavras: a desistência voluntária e arrependimento eficaz ELIMINAM a tentativa.

FDRH - 2013 - PC-RS - Escrivão e Inspetor de Polícia


Considere as afirmações abaixo a respeito do crime tentado e do crime impossível.
I - Nos casos dos institutos conhecidos como desistência voluntária e arrependimento eficaz, o
sujeito ativo não responde pelo crime tentado, mas apenas pelos atos já praticados. Assim, a
tentativa do crime desaparece, mas não desaparecem os delitos praticados em seu curso.
II - A desistência voluntária somente é possível na tentativa imperfeita; já o arrependimento
eficaz somente é possível na tentativa perfeita. Via de regra, a primeira consiste em uma
omissão, enquanto a segunda, em uma ação impeditiva do resultado.
III - É considerado crime impossível a hipótese de "flagrante esperado", também denominado
“crime de ensaio”, caso corriqueiro enfrentado na rotina policial.
Quais estão corretas?
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

A) Apenas a I.
B) Apenas a III.
C) Apenas a I e a II.
D) Apenas a II e a III.
E) A I, a II e a III.

Resposta: letra C.
Art. 15, CP, conforme exposto acima como consequências da desistência voluntária e do
arrependimento eficaz (I - correto). A desistência voluntária pode acontecer quando não
praticado todos os atos executórios(tentativa imperfeita), assim, ainda há do que desistir, já no
arrependimento eficaz o agente pratica todos os atos executórios(tentativa perfeita) e depois
se arrepende, evitando o resultado(II – certo). O tipo de flagrante que é considerado como
sinônimo de crime impossível é o flagrante preparado ou crime de ensaio e não flagrante
esperado (tais conceitos serão abordados em processo penal), III – Errado.

6. ARREPENDIMENTO POSTERIOR

Ocorre quando o responsável pelo crime praticado sem violência à pessoa ou grave ameaça,
voluntariamente e até o recebimento da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado
por sua conduta.

Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado
o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

a) Natureza jurídica: É causa pessoal e obrigatória de diminuição da pena.

b) Fundamentos:
● Proteção à vítima;
● Fomento ao arrependimento do agente.

c) Requisitos (cumulativos):

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

(1) Natureza do crime: crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa (a violência à
coisa não obsta o reconhecimento do instituto).

Cabe arrependimento posterior em caso de violência culposa?


R.: SIM! Segundo a doutrina, em caso de violência culposa, é cabível o arrependimento
posterior. Isso porque, nesse caso, não houve violência na conduta, mas sim no resultado. É o que
se dá, por exemplo, na lesão corporal culposa, crime de ação penal pública condicionada em que a
reparação do dano pode, inclusive, acarretar na renúncia ao direito de representação se celebrada a
composição civil, na forma do art. 74 e parágrafo único da Lei 9.099/1995.

(2) Reparação do dano ou restituição da coisa:


o Voluntária
o Pessoal, salvo comprovada impossibilidade
o Integral (doutrina e jurisprudência majoritárias)

STF (Info 608): Já admitiu reparação parcial do dano, sopesando o percentual da


reparação da pena.

(3) Até o recebimento da denúncia


A reparação do dano ou restituição da coisa deve ser feita ATÉ o RECEBIMENTO da denúncia, ainda
que pague os juros ou correção monetária posteriormente. Veja a jurisprudência do STF nesse sentido.

É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do


Código Penal (arrependimento posterior) para o caso em que o agente fez o
ressarcimento da dívida principal (efetuou a reparação da parte principal do
dano) antes do recebimento da denúncia, mas somente pagou os valores
referentes aos juros e correção monetária durante a tramitação da ação penal.
82
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Nas exatas palavras do STF: “É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez
reparada parte principal do dano, até o recebimento da inicial acusatória, sendo
inviável potencializar a amplitude da restituição.” STF. 1ª Turma. HC 165312/SP,
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020 (Info 973).

E se o agente restituir a coisa ou reparar o dano após o recebimento da denúncia?


R.: Nesse caso, ele não será beneficiado pelo arrependimento posterior, mas é uma
circunstância atenuante (art. 65, III, “b”, CP)

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: III - ter o agente:
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado
o dano;

(4) Voluntariedade (diferente de espontaneidade).


Redução da pena de 1/3 a 2/3, a depender da celeridade e voluntariedade;

A causa de diminuição de pena relativa ao artigo 16 do Código Penal


(arrependimento posterior) somente tem aplicação se houver a integral reparação
do dano ou a restituição da coisa antes do recebimento da denúncia, variando o
índice de redução da pena em função da maior ou menor celeridade no
ressarcimento do prejuízo à vítima. STJ. 6ª Turma. HC 338840/SC, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, julgado em 04/02/2016.

d) Algumas características:
● A reparação do dano ou restituição da coisa tem natureza objetiva, razão pela qual
comunica-se aos demais coautores e partícipes do crime (majoritário).
● A recusa do ofendido NÃO impede a redução da pena.
● Em algumas situações, não se aplicará pelo fato de existir norma específica mais favorável
para o caso de haver reparação do dano, como por exemplo, extinção da punibilidade, ex:
apropriação indébita, crimes de menor potencial ofensivo, peculato culposo etc.

STJ-REsp 1.187.976: o arrependimento posterior tem natureza objetiva. Portanto,


a reparação do dano ou restituição da coisa efetuada por um dos agentes estende
o benefício aos demais.

83
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

REGRAS ESPECIAIS DIANTE DA REGRA GERAL DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR:

1. PECULATO CULPOSO
● Reparação do dano até a sentença irrecorrível — extinção da punibilidade
● Reparação do dano após a sentença irrecorrível — redução de ½ da pena

Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro


bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-
lo, em proveito próprio ou alheio:
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena
imposta.

2. APROPROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA

Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos


contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e


efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
antes do início da ação fiscal.

3. ESTELIONATO PELA EMISSÃO DE CHEQUE SEM FUNDOS

A Súmula 554 do STF não incide para qualquer estelionato, mas apenas quando há emissão de
cheque sem fundo.
Assim, se o pagamento for antes do recebimento da denúncia, objetaria /impediria o prosseguimento
da ação penal.

Súmula 554. O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o


recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.

Olho na jurisprudência! Não cabe arrependimento posterior no homicídio culposo praticado


no trânsito! Veja o teor do informativo 590 do STJ.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o


homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que
tenha sido realizada composição civil entre o autor do crime a família da vítima.
Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do
CP é indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos
patrimoniais. O arrependimento posterior exige a reparação do dano e isso é
impossível no caso do homicídio. STJ. 6ª Turma. REsp 1561276-BA.

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ ARREPENDIMENTO


POSTERIOR
O agente desiste de continuar a executar O agente utiliza todos os meios de O resultado já foi produzido e
o crime quando ainda há meios de execução disponíveis, mas se o agente repara o dano ou
execução disponíveis arrepende e age para impedir que o restitui a coisa objeto do crime
resultado seja produzido. até o recebimento da
denúncia ou da queixa
Execução em andamento Execução concluída Execução concluída
Exemplo: o agente que entrou em uma Exemplo: o agente, com animus Exemplo: o agente furta um
casa para furtar e desiste voluntariamente necandi, desfere tiros contra a vítima objeto e após a consumação e
da execução responde somente pela e esgota a execução, mas se antes do recebimento da
violação de domicílio (ato já praticado). arrepende e a conduz ao hospital. Se denúncia ou queixa, restitui o
Atenção: é possível que os atos praticados a vítima sobreviver, o agente objeto ao proprietário
não configurem crime e o agente fique responderá apenas pelas lesões já legítimo.
impune. praticadas (se houver).
Responde apenas pelos atos já praticados Responde apenas pelos atos já Éa "ponte de prata" de Von
praticados Liszt"; o crime está consumado
e o agente não pode ser
beneficiado com a exclusão da
tipicidade, mas poderá ter a
pena reduzida.
São formas de tentativa abandonada ou qualificada
Tabela(adaptada) retirada do livro Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017, grifo
nosso

7. CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17, CPC)

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

a) Conceito: Verifica-se quando jamais ocorrerá a consumação, seja pela ineficácia absoluta do
meio, ou por absoluta impropriedade do objeto. Também conhecido por “tentativa inidônea, tentativa
inadequada, tentativa impossível ou quase crime”.

b) Natureza jurídica: Causa de exclusão da tipicidade

c) Espécies de crime impossível:


● Por ineficácia absoluta do meio de execução: O meio de execução é incapaz de produzir o
resultado. A idoneidade deve ser analisada no caso concreto.
● Por impropriedade absoluta do objeto: O objeto material é impróprio quando inexiste antes
do início da execução do crime.

Súmula 145, STF: “não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia
torna impossível a sua consumação”. Segundo Greco, “por intermédio da Súmula
n° 145 do STF foi pacificado o entendimento daquela Corte no sentido de que, em
determinadas situações, se a polícia preparar o flagrante de modo a tornar
impossível a consumação do delito, tal situação importará em crime impossível,
não havendo, por conseguinte, qualquer conduta que esteja a merecer a
reprimenda do Estado”.

ATENÇÃO!!! O PACOTE ANTICRIME INSERIU, NA LEI DE DROGAS E NO ESTATUTO


DO DESARMAMENTO, A FIGURA DO “POLICIAL DISFARÇADO”, COM O INTUITO
EXATAMENTE DE EVITAR QUE OCORRA O CRIME IMPOSSÍVEL EM RAZÃO DO
FLAGRANTE PREPARADO QUANDO HOUVER INDÍCIOS PROBATÓRIOS DE
CONDUTA CRIMINOSA PREEXISTENTE!

Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por


existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não
torna impossível a configuração do crime de furto.

d) Teorias sobre o crime impossível:


1) Subjetiva: O crime impossível deve receber a mesma punição que o crime consumado, pois
o agente tem uma vontade ilícita e essa vontade deve ser punida.
2) Sintomática: o crime impossível revela a periculosidade do agente, portanto, o agente deve
suportar uma medida de segurança.
3) Objetiva – essa teoria leva em conta a potencialidade da conduta para ofender o bem
jurídico. Quando a conduta não tem potencialidade, surge a chamada inidoneidade. A teoria objetiva
se divide em duas:
86
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

- Teoria objetiva pura: havendo inidoneidade, não importa se absoluta ou relativa,


será caso de crime impossível – não admite a tentativa, pois sempre que o agente não
conseguir consumar o crime será caso de crime impossível;
- Teoria objetiva temperada ou intermediária: se a idoneidade for absoluta o crime é
impossível, se a inidoneidade for relativa, será hipótese de tentativa. Adotada pelo CP.

e) Crime putativo x crime impossível:


● Crime impossível: O autor, com intenção de cometer o delito, NÃO consegue, pela
inidoneidade do meio ou do objeto material.
● Crime putativo: O agente, embora acredite praticar fato típico, realiza um indiferente
penal. (Ex.: Agente que comete adultério e pensa ser um ilícito penal)

Já caiu em prova e foi considerada INCORRETA a seguinte assertiva: Crime impossível e delito
putativo são considerados pela doutrina como expressões sinônimas.

VUNESP - 2018 - PC-SP - Investigador de Polícia


Quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impraticável consumar-se o crime, configura-se o instituto

A) da tentativa.
B) do arrependimento eficaz.
C) da desistência voluntária.
D) do arrependimento posterior.
E) do crime impossível.

Resposta: letra E. Definição do conceito de crime impossível.

Referências Bibliográficas:

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.
- Direito Penal – Parte Geral – Fábio Roque Araújo e Vinícius Assumpção – Coleção Resumos para Concursos –
vol.9;

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

- Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br


- Curso de Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 21ª edição – Rogério Greco
- Direito Penal em Tabelas – Parte Geral – Martina Correia – 2017.

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SEMANA 03/20

QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Durante as comemorações do carnaval, na cidade do Rio de Janeiro, Asclépio se desloca ao Centro, para
acompanhar famoso bloco de foliões. Mergulhado na festividade e sob o sol impiedoso, passa a ingerir
diversas bebidas. Desatento às filas formadas nos mictórios químicos, é acometido por intensa vontade de
urinar. Procurando rua lateral, ao pé de uma árvore, passa a urinar, oportunidade em que é abordado pela
Guarda Municipal e encaminhado para a unidade de Polícia Judiciária.
Quanto à conduta desenvolvida por Asclépio, é correto afirmar que:

A-é atípica;
B-constitui ato obsceno;
C-constitui importunação sexual;
D-constitui objeto obsceno;
E-constitui assédio sexual.

2 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Em determinado set de filmagens, Hades, produtor técnico, entrega arma de fogo verdadeira, devidamente
municiada, para o ator Ares, fazendo-o acreditar que se trata de arma cenográfica, sem potencial de efetuar
disparos. Já tendo lido o script e presenciado os ensaios, Hades sabia previamente que, nas cenas que seriam
filmadas, Ares deveria apontar a arma para Atena e, após breve diálogo, efetuar o disparo para a cena fatal.
Querendo a morte de Atena, em razão de desavenças pretéritas, Hades faz a substituição da arma,
fornecendo-a diretamente a Ares, irrogando o famoso “quebre a perna”. Ares efetua o disparo e ceifa a vida
de Atena.
Do ponto de vista jurídico-penal:

A-Ares e Hades responderão por homicídio doloso, o primeiro como autor e o segundo como partícipe;
B-Ares e Hades responderão por homicídio doloso, o primeiro como partícipe e o segundo como autor;
C-Ares e Hades responderão por homicídio doloso, como coautores;
D-Ares responderá por homicídio culposo e Hades por homicídio doloso;
E-Ares não responderá por crime e Hades responderá por homicídio doloso.

3- 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
Acerca de crimes contra a pessoa, julgue o item a seguir.

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SEMANA 03/20

Para fins de tipificação penal, admite-se a possibilidade de incidência da qualificadora do motivo torpe em
caso de crime de feminicídio, visto que este possui natureza objetiva na qualificadora do crime de homicídio,
não havendo, com as incidências, bis in idem.

Certo
Errado

4 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia / Papiloscopista


Acerca do erro de tipo e do erro de proibição (erro sobre a ilicitude do fato), considere as seguintes
afirmativas:

1. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime
culposo, se previsto em lei.
2. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a
um terço.
3. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando
lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
4. Enquanto o erro de tipo é uma falsa representação da realidade que recai sobre elemento do tipo penal,
o erro de proibição é um erro de valoração que recai sobre o que é lícito ou ilícito.

Assinale a alternativa correta.

A-Somente a afirmativa 4 é verdadeira.


B-Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
C-Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
D-Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
E-As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

5 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia / Papiloscopista


Considere o seguinte caso hipotético:

A.J. e B.J são irmãos gêmeos com 17 anos de idade. Em certa ocasião, após uma discussão, B.J. atacou A.J.
com uma faca, com o nítido propósito de matar. Porém, antes de ser atingido pelo golpe de B.J., A.J.
conseguiu se desviar e empurrou B.J., que foi ao chão. Na queda, B.J. caiu com o abdômen sobre a faca,
sofrendo uma grave perfuração. Depois disso, A.J. ainda prestou socorro a B.J., o que acabou salvando a vida
de B.J.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

A partir das noções sobre a teoria do delito aplicadas a esse caso, assinale a alternativa correta.

A-A.J. não cometeu crime porque praticou uma conduta atípica.


B-Apesar de praticar uma conduta ilícita, A.J. não cometeu crime porque agiu sem culpabilidade por ser
menor de 18 anos.
C-Apesar de praticar uma conduta ilícita, A.J. não cometeu crime porque agiu sem culpabilidade por estar
sob coação irresistível.
D-Apesar de praticar uma conduta típica, A.J. não cometeu crime porque a conduta é justificada pela legítima
defesa.
E-A.J. não cometeu crime porque a conduta é justificada pelo estado de necessidade exculpante.

6 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Carolina é empregada doméstica na residência de Letícia e Jorge e recebeu uma cópia da chave que dá acesso
à casa de seus patrões. Todavia, o companheiro de Carolina, Ricardo, aproveitando-se do fato de que a
referida chave estava à vista e sem vigilância, fez uma cópia do objeto e utilizou essa cópia para entrar na
casa de Letícia e Jorge e, de lá, subtraiu bens e valores, que totalizaram um prejuízo de R$100.000,00 às
vítimas.
Nessa hipótese, é correto afirmar que Carolina

A-poderá responder como partícipe do furto praticado por Ricardo.


B-poderá responder como coautora do furto praticado por Ricardo.
C-pode ser classificada como autora mediata do furto.
D-poderá responder culposamente pelo delito de furto.
E-não praticou crime algum.

7- 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Segundo a teoria tripartite, majoritariamente adotada, o delito é composto de fato típico, ilicitude e
culpabilidade. São elementos do fato típico:

A-tipicidade, ilicitude, imputabilidade.


B-conduta dolosa ou culposa, ausência de situações justificantes, imputabilidade.
C-conduta dolosa ou culposa, resultado, nexo causal e tipicidade.
D-tipicidade, ausência de situações justificantes, culpabilidade.
E-tipicidade formal, tipicidade material, ausência de situações justificantes e imputabilidade.

8 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

João e José desejam a morte de Joaquim e ambos, em ocasiões distintas, mas próximas no tempo, sem
qualquer conhecimento da intenção do outro, ajuste ou mesmo combinação prévia, atiram contra a vítima.
Joaquim morre em decorrência de um dos tiros; o outro, conforme exame pericial feito, atingiu a vítima
somente de raspão. Todavia, mesmo com a perícia, não restou verificada a autoria do tiro que atingiu
mortalmente Joaquim.
Nessa hipótese, é correto afirmar que João e José respondem por delito de

A-homicídio doloso na modalidade tentada, com a incidência do concurso de pessoas.


B-homicídio doloso consumado, sem a incidência do concurso de pessoas.
C-homicídio doloso na modalidade tentada, sem a incidência do concurso de pessoas.
D-homicídio doloso consumado, com a incidência do concurso de pessoas.
E-homicídio culposo, sem a incidência do concurso de pessoas.

9 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


Rafael conta a Sandra que tem intenção de matar Raimundo e pede opinião da amiga. Sandra, que
secretamente desejava a morte dessa mesma pessoa, incentiva que Rafael pratique delito de homicídio
contra Raimundo. Influenciado pelas palavras de Sandra, Rafael chama Raimundo para sair com o objetivo
de matá-lo. Todavia, poucas horas antes, Rafael desiste e manda mensagem para Raimundo desmarcando o
encontro.

Nessa hipótese, assinale a alternativa correta.

A-Rafael e Sandra devem responder por tentativa de homicídio praticado em concurso de pessoas.
B-Nem Rafael nem Sandra poderão ser responsabilizados penalmente.
C-Apenas Rafael deve responder por tentativa de homicídio.
D-Caso Rafael viesse, efetivamente, a matar Raimundo, Sandra poderia ser considerada coautora do delito.
E-Apenas Sandra deve responder pelo delito de tentativa de homicídio, a título de participação, pois Rafael
beneficia-se da desistência voluntária.

10 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


Segundo a Teoria da Tipicidade Conglobante, aquele que atua em estrito cumprimento do dever legal ou no
exercício regular do direito

A-não pratica crime, pois, embora o fato seja típico, não há ilicitude na conduta.
B-não pratica crime, pois ausente a culpabilidade em decorrência da inexigibilidade de conduta diversa.
C-pratica fato típico, ilícito, culpável, mas não punível por questões de política criminal.
D-fica isento de pena por questões de política criminal.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

E-não pratica crime, pois o fato sequer seria típico, tendo em vista que o agente não atuou
antinormativamente.

11- 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil
Jane e Breno objetivam matar Marly por envenenamento. Dessa forma, Jane adiciona uma dose do veneno
X na sopa de Marly e, posteriormente, Breno adiciona uma dose do veneno Y no suco da vítima. Toda a ação
foi combinada entre ambos. Tanto a sopa quanto o suco são ingeridos pela vítima em uma mesma refeição
e, cerca de três horas após, Marly vem a falecer. A perícia constata, no respectivo exame, que a morte da
vítima se deu pela ação conjunta dos venenos X e Y, deixando claro que, isoladamente, nenhum dos venenos
seria capaz de matar a vítima, apenas a ação conjunta deles o faria, o que efetivamente ocorreu.

Nessa hipótese, assinale a alternativa correta.

A-Jane e Breno responderão a título de tentativa pelo delito de homicídio doloso qualificado praticado em
concurso de agentes.
B-Jane e Breno responderão por homicídio culposo consumado praticado em concurso de agentes.
C-Jane e Breno responderão por homicídio doloso qualificado consumado, mas sem a incidência do concurso
de agentes.
D-Jane e Breno responderão pelo homicídio doloso qualificado consumado praticado em concurso de
agentes.
E-Jane e Breno responderão a título de tentativa pelo delito de homicídio doloso qualificado, mas sem a
incidência do concurso de agentes.

12- 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador
Assinale a alternativa correta.

A-O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
B-Se o fato é cometido sob coação resistível, só é punível o autor da coação.
C-Se o fato é cometido em estrita obediência à ordem, ainda que manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da ordem.
D-O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado isenta de pena.
E-O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo e não permite a punição por crime
culposo, ainda que previsto em lei.

13 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


Assinale a alternativa que apresenta crimes que admitem a forma culposa.

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SEMANA 03/20

A-Homicídio, lesão corporal e emprego irregular de verbas ou rendas públicas.


B-Concussão, injúria e dano.
C-Prevaricação, homicídio e omissão de socorro.
D-Homicídio, lesão corporal e peculato.
E-Advocacia administrativa, dano e lesão corporal.

14 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Classifica-se como crime tentado quando, iniciada a execução, não se consuma

A-por circunstâncias alheias à vontade do agente.


B-por inabilidade do agente.
C-por desistência do agente.
D-pela deterioração do objeto.
E-em razão da atipicidade da conduta.

15 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Quando um sujeito dispara um projétil de arma de fogo contra um indivíduo, mas acaba ferindo mortalmente
apenas o sujeito que se encontrava ao lado, ele responderá por

A-homicídio consumado e por tentativa de homicídio.


B-duplo homicídio.
C-homicídio culposo.
D-homicídio por dolo eventual.
E-homicídio como se tivesse acertado o destinatário pretendido.

16 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia
Considera-se crime culposo quando

A-o agente atinge o resultado delitivo requerido.


B-o agente impede que resultado delitivo se conclua.
C-o agente não quer o resultado delitivo, mas assume o risco de se realizar.
D-o agente pratica a conduta por imperícia, imprudência ou negligência.
E-o delito se agrava por resultado diverso do pretendido.

17 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


Dentro do tema do crime consumado e tentado, é correto afirmar que

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

A-os crimes unissubsistentes admitem tentativa.


B-os crimes omissivos impróprios consumam-se com a ação ou omissão prevista e punida na norma penal
incriminadora.
C-só haverá consumação do crime quando ocorre resultado naturalístico ou material.
D-há tentativa cruenta quando o objeto material não é atingido, ou seja, o bem jurídico não é lesionado.
E-não admitem tentativa os crimes de atentado ou de empreendimento.

18 - 2018 - FCC - Câmara Legislativa do Distrito Federal - FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal
- Inspetor de Polícia Legislativa
Considerando o que estabelece o Código Penal, associe as duas colunas relacionando os conceitos com a sua
definição.

I. Delito putativo por erro de tipo.


II. Aberratio ictus.
III. Erro de proibição.
IV. Aberratio criminis.

a. O agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta.


b. Acidente ou erro no emprego executório culminando por atingir bem jurídico diferente do pretendido.
c. O comportamento do agente, subjetivamente, é criminoso, mas objetivamente o ato não se enquadra no
tipo penal.
d. Desvio no golpe ou erro na execução culminando por atingir pessoa diversa da pretendida.

A-I-a; II-b; III-c; IV-d.


B-I-c; II-d; III-b; IV-a.
C-I-b; II-a; III-c; IV-d.
D-I-c; II-b; III-a; IV-d.
E-I-c; II-d; III-a; IV-b.

19 - 2018 - COPS-UEL - PC-PR - COPS-UEL - 2018 - PC-PR - Escrivão de Polícia


A respeito da teoria jurídica do delito, em especial da tipicidade, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às
afirmativas a seguir.

( ) Pela adequação típica mediata ou indireta, haverá subsunção da conduta ao tipo penal por meio de uma
outra norma, de caráter extensivo.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

( ) A tipicidade, como elemento integrador do conceito de delito, expressa a contrariedade do fato com todo
o ordenamento jurídico.
( ) De acordo com a teoria indiciária da tipicidade, também chamada de ratio cognoscendi, a tipicidade
possui uma finalidade unicamente descritiva, nada indicando a respeito da ilicitude.
( ) Pelo caráter excepcional do delito culposo, salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
( ) No chamado dolo eventual, o agente prevê o resultado danoso como possível, mas não o deseja
diretamente e ainda tem a convicção de que não ocorrerá.

Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta.

A-V, V, F, F, F.
B-V, F, V, V, F.
C-V, F, F, V, F.
D-F, V, F, F, V.
E-F, F, V, V, V.

20 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Papiloscopista Policial
Federal
Na tentativa de entrar em território brasileiro com drogas ilícitas a bordo de um veículo, um traficante
disparou um tiro contra agente policial federal que estava em missão em unidade fronteiriça. Após troca de
tiros, outros agentes prenderam o traficante em flagrante, conduziram-no à autoridade policial local e
levaram o colega ferido ao hospital da região.

Nessa situação hipotética,

se o policial ferido não falecer em decorrência do tiro disparado pelo traficante, estar-se-á diante de
homicídio tentado, que, no caso, terá como elementos caracterizadores: a conduta dolosa do traficante; o
ingresso do traficante nos atos preparatórios; e a impossibilidade de se chegar à consumação do crime por
circunstâncias alheias à vontade do traficante.

Certo
Errado

Respostas2

2
1: A 2: E 3: C 4: E 5: D 6: E 7: C 8: C 9: B 10: E 11: D 12: A 13: D 14: A 15: E 16: D 17: E 18: E 19: C 20: E
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META 3

DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII,
⦁ Art. 5, inc. LXXVII,
⦁ Art. 102, inc. I, “d”, “i” e “q”
⦁ Art. 102, inc. II, “a”
⦁ Art. 105, inc. I, “b”, “c” e “h”
⦁ Art. 105, inc. II, “a”
⦁ Art. 108, inc. I, “c” e “d”
⦁ Art. 108, inc. VII e VIII
⦁ Art. 121, §3º e §4º, inc. V
⦁ Art. 142, §2º

CPP
⦁ Art. 3-B, inc. XII
⦁ Art. 574, I
⦁ Art. 581, X
⦁ Art. 612
⦁ Arts. 647 a 667

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS:


⦁ Lei 9507/97 (habeas data)
⦁ Lei 12.016/2009 (mandado de segurança)
⦁ Lei 13.300/2016 (mandado de injunção)
⦁ Lei 4717/65 (ação popular)
⦁ Art. 23, 24, 30, 32 e 41-A, Lei 8038/90

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER!


CF/88
⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII
⦁ Art. 5, inc. LXXVII

CPP

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⦁ Art. 3º-B, inc. XXII


⦁ Arts. 647, 648, 651
⦁ Art. 654, caput.
⦁ Art. 655 e 656
⦁ Art. 660, §§ 1º e 4º

LEI 9507/97 (HABEAS DATA)


⦁ Art. 4º
⦁ Art. 7º
⦁ Art. 8º, §único
⦁ Art. 19

LEI 12.016/2009 (MANDADO DE SEGURANÇA)


⦁ Art. 1º e 3º
⦁ Art. 6º, caput
⦁ Art. 7º, inc. I e §4º
⦁ Art. 8º a 10º
⦁ Arts. 14 e 20
⦁ Arts. 21 a 23
⦁ Art. 26

LEI 13.300/2016 (MANDADO DE INJUNÇÃO)


⦁ Arts. 2º e 3º
⦁ Art. 8º e 9º
⦁ Arts. 11 a 13

1.REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

A Constituição Federal, seguindo a tendência das Constituições contemporâneas, consagra um


grande conjunto de direitos ao indivíduo. Com o intuito de assegurar efetividade a esses direitos, institui,
paralelamente, as denominadas "garantias", sendo que, entre essas garantias, destacam-se os "remédios
constitucionais".
A expressão "remédios constitucionais" designa determinadas garantias que
consubstanciam meios colocados à disposição do indivíduo para salvaguardar seus direitos
diante de ilegalidade ou abuso de poder cometido pelo Poder Público.
Não se trata de meras proibições endereçadas ao Estado, como ocorre com a maioria das demais
garantias; os denominados remédios são instrumentos à disposição do indivíduo para que ele possa atuar
quando os direitos e as próprias garantias são violados.
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Na vigente Constituição, temos remédios administrativos (direito de petição e direito de certidão) e


remédios judiciais (habeas data, habeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção e ação
popular).

2. HABEAS CORPUS

A) Histórico:
O habeas corpus originou-se do mecanismo romano de proteção da liberdade denominado
“interditum de homine liberum exhibendo”. Por meio desse interdito, ordenava-se a exibição in iure de um
homem livre para permitir-lhe a vindicatio em libertatem.
O habeas corpus foi o primeiro remédio constitucional do mundo moderno, previsto pela primeira
vez em 1215 na Magna Carta Libertatum, quando o rei João Sem-terra, em troca de sua permanência no
poder, aceitou reconhecer o direito da burguesia, concedendo-lhe alguns direitos, dentre os quais à
locomoção e, como garantia a este direito, previu o habeas corpus.
Naquela época, era comum no Brasil, por inexistência de outro remédio constitucional, a utilização
do habeas corpus para todo tipo de liberdade, tais como locomoção, cátedra, convicção política, filosófica,
dentre outras.
A prática de utilização desse remédio para as diversas espécies de liberdade foi denominada teoria
brasileira do habeas corpus. Somente após emenda constitucional, em 1926, houve a divisão de objeto,
sendo o habeas corpus somente para locomoção.
No Brasil, esse remédio foi positivado pela primeira vez no art. 340 do Código de Processo Penal
do Império em 1832 e, posteriormente, no art. 72, § 22, na primeira Constituição republicana, em 1891.

B) Conceito e significado:
O habeas Corpus é um recurso?
Embora previsto no Código de Processo Penal no Título II (Dos Recursos em Geral),
prevalece o entendimento de que o habeas corpus não é recurso, mas sim uma ação constitucional. Isso
porque nem sempre será cabível contra uma decisão judicial, podendo ser impetrado contra atos de
autoridades administrativas e até de particulares.
Habeas corpus significa “dá-me o corpo”, sendo que tal expressão latina notabilizou-se por todo o
mundo como sendo a conhecida ação constitucional para tutela da liberdade de locomoção. Trata-se do
remédio constitucional que busca evitar lesão ou restituir a liberdade de locomoção de qualquer pessoa.

C) Fundamento:
Estabelece a Constituição, no art. 5°, LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

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D) Cabimento e natureza jurídica:


O habeas corpus é o remédio a ser utilizado contra ilegalidade ou abuso de poder no tocante ao
direito de locomoção, que alberga o direito de ir, vir e permanecer do indivíduo.
O habeas corpus é ação de natureza penal, de procedimento especial e isenta de custas (é
gratuito), com objeto específico, constitucionalmente delineado liberdade de locomoção -, não podendo
ser utilizado para a correção de qualquer ilegalidade que não implique coação ou iminência de coação, direta
ou indireta, à liberdade de ir, vir e permanecer.

E) Espécies:
O habeas corpus pode ser:
a) repressivo (líberatório), quando o indivíduo já teve desrespeitado o seu direito de locomoção
(já foi ilegalmente preso, por exemplo);
b) preventivo (salvo-conduto), quando há apenas uma ameaça de que o seu direito de locomoção
venha a ser desrespeitado (o indivíduo está na iminência de ser preso, por exemplo).

F) Legitimidade Ativa e Passiva

f.1) Legitimidade Ativa (Impetrante):


O impetrante no habeas corpus pode ser qualquer pessoa, sem a necessidade de ser ou ter
advogado. Segundo o STF, “o Código de Processo Penal, em consonância com o texto
constitucional de 1988, prestigia o caráter popular do habeas corpus, ao admitir a
impetração por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem.
A pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus, mas sempre em favor de pessoa física.
Porém, o STJ, em diversos julgados, não admite o habeas corpus apócrifo (sem assinatura), devendo
haver a assinatura do impetrante ou de alguém a seu rogo (a seu pedido, diante da situação de não saber ou
poder assinar).
Segundo a jurisprudência do STF não será julgado o habeas corpus, se houver expressa discordância
do paciente. Isso é muito comum em caso de prisão de pessoas públicas: “paciente que expressamente
desautoriza a impetração de habeas corpus.
Na legitimidade passiva temos:

f.2) Impetrado ou Autoridade Coatora:


Temos que o habeas corpus será impetrado contra um ato do sujeito coator que tanto poderá ser
autoridade pública (delegado de polícia, promotor de justiça, juiz etc.), quanto particular, para fazer cessar
uma coação ilegal.

f.3) Paciente:

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O paciente é a pessoa física que está sofrendo a violência ou coação a sua liberdade de locomoção.
O paciente no habeas corpus necessariamente é pessoa humana, não sendo cabível em favor de pessoa
jurídica ou de animais.
STF: “A pessoa jurídica não pode figurar como paciente de habeas corpus, pois jamais estará em
jogo a sua liberdade de ir e vir, objeto que essa medida visa proteger.
O STJ já negou pedido de habeas corpus impetrado em favor de dois bois (Spas e Lhuba) que seriam
utilizados numa manifestação cultural denominada “Farra do Boi”. Segundo o STJ, “o legislador
constitucional não incluiu a hipótese de cabimento do writ em favor de animais.

G) Ofensa direta e indireta


Segundo a jurisprudência do STF, será cabível habeas corpus não só contra a ofensa
direta, mas também frente à ofensa indireta, reflexa ou potencial ao direito de
locomoção.
Temos ofensa indireta (ou ameaça de ofensa indireta) ao direito de locomoção quando o ato que se
esteja impugnando possa resultar em um procedimento que, ao final, acarrete detenção ou reclusão do
impetrante. Um exemplo frequente e bastante ilustrativo é o da utilização do habeas corpus para atacar (ou
impedir) a quebra de sigilo bancário.
Em regra, o instrumento idôneo para atacar a quebra do sigilo bancário é o mandado de segurança.
Entretanto, há uma situação em que o STF admite, alternativamente, a impetração de habeas corpus:
quando a quebra do sigilo bancário implicar ofensa indireta ou reflexa ao direito de locomoção.
Essa situação pode ocorrer, por exemplo, com uma pessoa que esteja respondendo a um processo
criminal por sonegação fiscal, crime apenado com reclusão, sendo que, nesse processo, foi determinada
pelo magistrado competente a quebra do sigilo bancário dessa pessoa. Se ela entender que essa medida
determinada pelo juiz é arbitrária (por falta de fundamentação, por exemplo) poderá impetrar habeas
corpus contra a medida, por representar uma ofensa indireta ao seu direito de locomoção.
A quebra do sigilo bancário representa uma ofensa indireta ao direito de locomoção porque,
posteriormente, a pessoa processada poderia ser condenada à pena privativa de liberdade (reclusão) com
base nas provas levantadas durante a quebra do seu sigilo bancário.
Nessa mesma linha, o indivíduo convocado para depor como testemunha perante comissão
parlamentar de inquérito - CPI poderá impetrar habeas corpus para afastar a convocação, se entendê-la
arbitrária, pois a mera convocação implica ofensa indireta ao direito de locomoção, uma vez que, se o
indivíduo não comparecer voluntariamente, poderá ser conduzido coercitivamente pela CPI.

NA JURISPRUDÊNCIA DO STF:
Uma vez conhecido o habeas corpus somente deverá ser concedido em caso de
réu preso ou na iminência de sê-lo, presentes as seguintes condições:
(1) violação à jurisprudência consolidada do STF;
(2) violação clara à Constituição; ou
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(3) teratologia na decisão impugnada, caracterizadora de absurdo jurídico.


STF. 1ª Turma. AgRg no HC 200.055, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
14/06/2021.

Hipóteses em que não é possível o cabimento de HC:

● Impugnar decisões de plenário de qualquer das turmas do STF;


● Impugnar determinação e suspensão dos direitos políticos;
● Impugnar penalidade administrativa de caráter disciplinar;
● Impugnar decisão condenatória à pena de multa, ou relativa a processo em curso por infração penal
a que a pena pecuniária seja a única cominada (SÚMULA 693 STF);

CAIU EM PROVA RECENTE:


CETAP - 2021 - SEAP - PA - Policial Penal - Agente Penitenciário (Feminino)
O habeas corpus é uma garantia constitucional e visa proteger o cidadão contra abusos de
autoridades. Sobre o habeas corpus, pode-se afirmar corretamente que não cabe "habeas
corpus" contra decisão condenatória a pena de a multa. (correta)

● Impugnar a determinação de quebra de sigilo telefônico, bancário ou fiscal, se desta medida não
puder resultar condenação à pena privativa de liberdade;
● Discutir o mérito das punições disciplinares militares => STF: NÃO cabe a discussão do mérito, mas
cabe HC para se analisar os pressupostos de legalidade da medida.

Reza o texto constitucional que não caberá habeas corpus contra punições disciplinares militares
(CF, art. 142, § 2º), é que, o meio militar segue regras próprias de conduta, de hierarquia e disciplina, bem
mais rígidas do que as que imperam no âmbito civil, e, portanto, não faria sentido o magistrado, estranho
às peculiaridades das corporações militares, substituir o juízo de conveniência da autoridade militar na
imposição de uma punição disciplinar.
Entretanto, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, essa vedação há que ser
interpretada com certo abrandamento, no sentido de que não caberá habeas corpus em relação ao mérito
das punições disciplinares militares. Significa dizer que a Constituição não impede a impetração de habeas
corpus para que o Poder Judiciário examine os pressupostos de legalidade da medida adotada pela
autoridade militar, tais como a competência da autoridade militar, o cumprimento dos procedimentos
estabelecidos no regulamento militar, a pena suscetível de ser aplicada ao caso concreto - dentre outros.

● Para discutir processo criminal envolvendo o art. 28 (posse de drogas para consumo pessoal) da Lei
de Drogas;
● Questionar afastamento ou perda de cargos públicos;
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● Dirimir controvérsia sobre a guarda de filhos menores;


● Discutir matéria objeto de processo de extradição;
● Questionamento de condenação criminal quando já extinta a pena privativa de liberdade (SÚMULA
692 STF);
● Impedir o cumprimento de decisão que determina o sequestro de bens imóveis;
● Discutir condenação imposta em processo de impeachment;
● Impugnar o indiciamento em inquérito policial, desde que presentes indícios de autoria de fato que
configure crime em tese;
● Impugnar omissão de relator na extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não
constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito (SÚMULA 692 STF);
● Tutelar o direito à visita em presídio;

OBS: A temática acerca dos recursos é afeta ao direito processual. Neste momento, priorizemos
a memorização dos pontos abaixo, tendo em vista as questões objetivas:

● Impugnar decisões monocráticas proferidas por Ministro do Supremo Tribunal Federal.


● Contra ato de Ministro ou outro órgão fracionário da Corte. STF. Plenário. (HC 170263/DF,
22/06/2020)
● Reexame dos pressupostos de admissibilidade de recurso interposto no STJ.
● Não cabe HC em ação que apura improbidade administrativa
● Em regra, não cabe habeas corpus contra decisão transitada em julgado (posição majoritária na
jurisprudência – Inf. 892)

NA JURISPRUDÊNCIA DO STJ:
Não é cabível habeas corpus para impugnar ato normativo que fixa medidas
restritivas para prevenir a disseminação da covid-19, por não constituir via própria
para o controle abstrato da validade de leis e atos normativos em geral.
STJ. 5ª Turma. PET no HC 655.460, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/05/2021.

A definição do regime de guarda, no âmbito de ação divórcio, não tem nenhuma


repercussão, propriamente, no direito de locomoção da criança, desde que
preservado o direito de visita e, assim, a convivência com o genitor com quem não
resida. Logo, o HC não é a via adequada para que um dos genitores discuta o
específico propósito de manter ou não o regime de guarda unilateral estabelecida
em decisão judicial.
STJ. 3ª Turma. HC 636.744/SP, Rel. Min. Marco Aurelio Belizze, julgado em
15/06/2021.

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Obs.: Exceção ao princípio da inércia jurisdicional: O Juiz de direito, o Desembargador, Ministros,


Turma Recursal e o Tribunal poderão conceder habeas corpus de ofício, no exercício da função jurisdicional.

h) Competência
A competência para o processamento e julgamento do habeas corpus diz respeito à
qualidade da pessoa que sofre o ato coator (lesão ou ameaça de lesão à liberdade de
locomoção) ou à qualidade da pessoa que é responsável pelo ato coator.
Os critérios fundamentais se relacionam com a prerrogativa de foro e a
hierarquia. O critério da prerrogativa de foro envolve a competência originária para o julgamento do habeas
corpus quando o coator ou o paciente tiver foro privativo por prerrogativa de função. Já a competência pela
hierarquia está definida no art. 650, § 1º, do CPP, no qual fica assegurado que, quando o ato coator (lesão
ou a ameaça) se originar de autoridade judiciária, a competência será do órgão do Poder Judiciário
imediatamente superior.
Porém, é mister deixar consignado que pode ter vez ainda o critério territorial ou da territorialidade,
na medida em que, não existindo prerrogativa de foro nem hierarquia, a competência será estabelecida à
luz do art. 649 do CPP, que preleciona: o juiz ou o tribunal, dentro dos limites de sua jurisdição, fará passar
imediatamente a ordem impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for a autoridade coatora.
O habeas corpus impetrado contra ato de particulares e outras autoridades não dotadas de
prerrogativa de função será proposto na primeira instância estadual ou federal, a depender da natureza do
posto ocupado pelo responsável pelo cerceamento (efetivado ou iminente) à locomoção.
Contra atos dos juízes, a competência será da segunda instância da Justiça à qual o magistrado esteja
vinculado; v.g., contra ato de juiz federal, a competência será do TRF (art. 108, I, d).
No concernente aos atos das turmas recursais dos Juizados Especiais Estaduais e Federais, a
competência será dos Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais, respectivamente, estando
superada a Súmula 690 do STF.
Caso o paciente seja o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, membros do
Congresso Nacional, Ministros do STF, membros dos Tribunais Superiores, Tribunal de Contas da União,
Procurador-Geral da República, Ministro de Estado, Comandante da Marinha, Exército ou Aeronáutica,
chefes de missão diplomática de caráter permanente, o habeas corpus será proposto diretamente no
Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, d).
O Supremo Tribunal Federal será ainda competente quando o paciente for autoridade ou
funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do STF ou se trate de crime sujeito à mesma
jurisdição em única instância (art. 102, I, i).
Por último, é competência do STF julgar, em recurso ordinário, o habeas corpus decidido em única
instância, pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (art. 102, II, a).
Impende observar que, por vezes, o Supremo Tribunal Federal relativiza a Súmula 691 do próprio
Tribunal e, em situações excepcionais, analisa habeas corpus de decisão que indefere liminar em tribunal
superior.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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Ao Superior Tribunal de Justiça cabe julgar o habeas corpus quando o coator ou paciente forem os
Governadores dos Estados, Governador do Distrito Federal, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos
Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais, ou
ainda quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha,
do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (art. 105, I, c).
Ao STJ cabe ainda julgar, em recurso ordinário, o habeas corpus decidido em única ou última
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão for denegatória (art. 105, II, a).

i) HC coletivo
O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. O habeas corpus se presta a salvaguardar
a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo
determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou coletivo.
A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional de
conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). Apesar de
não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos legais que,
indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580,
ambos do CPP.

3. MANDADO DE SEGURANÇA

Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

a) Previsão legal: Art. 5º, LXIX da CF/88 e Lei 12.016/09

Lei 12.016/09
Art. 1º. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com
abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo
receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem as funções que exerça.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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b) Natureza Jurídica: Ação judicial de natureza civil, residual e subsidiária, cabível quando o direito líquido
e certo protegido não for amparado por outros remédios constitucionais: habeas corpus e habeas data.

c) Cabimento: Proteger direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD, sempre que, ilegalmente ou
com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

Atenção aos detalhes:

▪ Proteção de direito líquido e certo contra ilegalidade ou abuso de poder por parte de
autoridade.
▪ Esse direito líquido e certo não é amparado por HC ou HD

Já caiu em prova:
FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) Conceder-se-á mandado de segurança para proteger
direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público. [certo]

FUMARC - 2014 - PC-MG – Investigador) Conceder-se-á mandado de segurança para proteger


direito líquido e certo, ainda que amparado por “habeas-corpus" ou “habeas-data", quando o
responsável pela ilegalidade ou pelo abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. [errado]

CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) Uma autoridade pública de determinado estado da Federação
negou-se a emitir certidão com informações necessárias à defesa de direito de determinado
cidadão. A informação requerida não era sigilosa e o referido cidadão havia demonstrado os fins
e as razões de seu pedido. Nessa situação hipotética, o remédio constitucional apropriado para
impugnar a negativa estatal é o mandado de segurança [certa]

c) NÃO cabe MS:


● De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução => Se o
MS for impetrado contra omissão ilegal, descabe a aplicação da restrição deste inciso.
● Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
● Decisão judicial transitada em julgado;
● Contra lei em tese, salvo se produtora de efeitos concretos
● Contra atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, sociedades de
economia mista e concessionárias de serviço público (art. 1º, §2º da Lei 12. 016/09)
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

§ 2o Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial


praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia
mista e de concessionárias de serviço público.

CESPE/2019 - É cabível mandado de segurança para proteger direito líquido e certo contra
ilegalidade praticada por diretor de sociedade de economia mista em decisão que homologa o
resultado de licitação ou em atos de gestão comercial. Item incorreto.

● O mandado de segurança não se presta ao reexame de fatos e provas analisados pelo CNJ no processo
disciplinar (Info 933)
● Para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte (súmula 460 do STJ).

Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a


compensação tributária realizada pelo contribuinte
Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a
declaração do direito à compensação tributária.

Já caiu em prova:
CESPE - 2009 - PC-RN – Escrivão) É cabível mandado de segurança contra lei em tese, ainda que
produtora de efeitos concretos. [errado]
CESPE - 2009 - PC-RN – Escrivão) Praticado o ato por autoridade no exercício de competência
delegada, contra essa autoridade não cabe mandado de segurança. [errado]

d) Direito Líquido e Certo


Nem todo o direito é amparado pela via do mandado de segurança: a Constituição Federal exige que
o direito invocado seja líquido e certo.
Direito líquido e certo é aquele demonstrado de plano, de acordo com o direito, e sem incerteza, a
respeito dos fatos narrados pelo impetrante.
A matéria de direito, por mais complexa e difícil que se apresente, pode ser apreciada em mandado
de segurança. Desse modo, se os fatos alegados pelo autor estiverem inequivocamente comprovados
(matéria de fato), a alegação de grande complexidade jurídica do direito invocado (matéria de direito) não
será motivo para obstar a utilização da via do mandado de segurança.

Súmula 625 – STF - Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de
mandado de segurança.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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O mandado de segurança requer prova pré constituída de modo a demonstrar de plano a


procedência das alegações do impetrante, ou seja, o direito líquido e certo afirmado, não
comportando dilação probatória. NÃO cabendo, assim, dilação probatória (produção de provas)
no MS.

e) Legitimidade Ativa
● Pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no Brasil;
● Universalidades reconhecidas por lei;
● Órgãos públicos de grau superior, na defesa de suas prerrogativas e atribuições;
● Agentes políticos na defesa de suas atribuições e prerrogativas;
● MP, quando o ato emanar de juiz de primeiro grau de jurisdição.

CAIU EM PROVA RECENTE:


CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira de Polícia Civil do Distrito
Federal
Determinado cidadão norte-americano em férias em Brasília cometeu o crime de homicídio ao
fugir da cena de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, supostamente por ele praticado. Após
o crime, ele fugiu para o hotel onde se encontrava hospedado desde que chegou ao Brasil. Cinco
minutos após ter adentrado em seu quarto, a polícia invadiu o local e conseguiu prendê-lo.
Considerando a jurisprudência do STF, julgue o item a seguir, a partir da situação hipotética
precedente. Caso o referido cidadão norte-americano considere ilegal a sua prisão, ele próprio,
mesmo sendo estrangeiro, poderá impetrar habeas corpus em face da autoridade coatora,
sendo prescindível o patrocínio judicial por advogado nesse caso. (correto)

f) Legitimação Passiva
É a pessoa jurídica a qual pertence a autoridade coatora, responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder, autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
● Autoridades públicas de quaisquer poderes da União, Estados, DF e Municípios;
● Representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas;
● Dirigentes de pessoas jurídicas de direito privado, desde que no exercício de atribuições do Poder
Público.

Lei 12.016/09
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com
abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo
receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem as funções que exerça.
109
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

§ 1o Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou


órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem
como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de
atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.

Em se tratando de atribuição delegada, a autoridade coatora será o agente delegado e não a


autoridade delegante

VIDE SÚMULA 510 STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de


competência delegada, contra ela cabe MS ou medida judicial.

● Vedação à concessão de liminar


Art. 7o § 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação
de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a
reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a
extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.

Antigamente, entendia-se que não era possível conceder liminar em mandado de segurança para a
compensação de créditos tributários, entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior.
No entanto, em 2021, o STF considerou inconstitucional impedir ou condicionar a concessão de
medida liminar, o que caracteriza verdadeiro obstáculo à efetiva prestação jurisdicional e à defesa do direito
líquido e certo do impetrante. A Corte concluiu que:

É inconstitucional ato normativo que vede ou condicione a concessão de medida


liminar na via mandamental. STF. Plenário. ADI 4296/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes julgado em 9/6/2021 (Info 1021).

Em virtude dessa decisão do STF, fica SUPERADA a Súmula 212 do STJ: Súmula 212-STJ: A
compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar
ou antecipatória. (entendimento superado)

Obs.: nos casos em que se veda a concessão da liminar, eventual sentença que conceda o MS não
poderá ser executada provisoriamente (art. 14, §3º):

§ 3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada


provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida
liminar.
110
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

h) Prazo para impetração (art. 23 da Lei 12.016/09)

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120


(cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado.
Prazo: 120 dias, a contar da data em que o interessado tiver conhecimento oficial do ato a ser
impugnado.
O prazo decadencial NÃO se suspende ou interrompe. Nem mesmo o pedido de reconsideração
administrativo interrompe a contagem desse prazo.

Súmula 430-STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o


prazo para o mandado de segurança.

Súmula 632-STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a


impetração de mandado de segurança.

Art. 6º, §6º, da Lei n. 12.016/09: O pedido de mandado de segurança poderá ser
renovado dentro do prazo decadencial, se a decisão denegatória não lhe houver
apreciado o mérito.

Mandado de segurança preventivo: NÃO se pode falar em prazo decadencial para a sua
impetração, pois NÃO há ato coator a marcar a contagem.

i) Competência
A competência no MS é definida pela categoria da autoridade coatora e pela sua sede funcional.

STJ: A competência para o mandado de segurança é absoluta. No caso dos


tribunais, é funcional; no caso do juízo de primeiro grau, é territorial e absoluta
ou em razão da pessoa.

Ensina Leonardo Carneiro da Cunha: “Se a autoridade coatora desempenha função estadual ou
municipal, e a matéria envolvida não for trabalhista, nem eleitoral, a competência será da Justiça Estadual.
Caso a autoridade exerça função federal, e, de igual modo, não haja matéria trabalhista ou eleitoral
envolvida, a competência será da Justiça Federal.” (CUNHA, 2016, p. 552)

111
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, se a competência para o julgamento do MS for do juízo
de primeiro grau, tanto na Justiça Estadual como na Federal, a competência territorial será determinada
pelo local em que a autoridade exerce suas funções.
Caso haja vara privativa da Fazenda Pública, a competência será absoluta dentro
da comarca.

TABELA DE COMPETÊNCIA DO MANDADO DE SEGURANÇA


Competência originária do STF contra atos
a) do Presidente da República,
b) das Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal,
c) do Tribunal de Contas da União,
d) do Procurador-Geral da República e
e) do próprio Supremo Tribunal Federal.
Competência recursal do STF: recurso ordinário contra decisão denegatória de
mandado de segurança proferida em única instância
pelos Tribunais Superiores
Competência originária do STJ: contra atos
a) do próprio Tribunal
b) de Ministro de Estado,
c) dos Comandantes da Marinha,
d) do Exército e
e) da Aeronáutica ou
f) do próprio Tribunal
Competência recursal do STJ: recurso ordinário contra decisão denegatória de
mandado de segurança proferida em única instância
por TJ ou TRF
Competência originária de TRF: contra ato
a) do próprio tribunal
b) de juiz federal
Competência da justiça federal contra ato
de 1º grau: a) de autoridade federal, excetuados os casos de
competência dos tribunais federais
Competência da justiça do Contra ato
trabalho: a) que envolva matéria sujeita à sua jurisdição.

112
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Súmula 623-STF: Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal


Federal para conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, n, da
Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do tribunal de
origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros.

Súmula 624-STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer


originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais

#DPEXPLICA
O STF não dispõe de competência originária para processar e julgar MS impetrado
contra ato de outros Tribunais judiciários, ainda que se trate do STJ. Compete ao
próprio STJ julgar os mandados de segurança impetrados contra seus atos ou
omissões.

Súmula 330-STF: O Supremo Tribunal Federal não é competente para conhecer


de mandado de segurança contra atos dos tribunais de justiça dos estados.

Súmula 41-STJ: O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar
e julgar, originariamente mandado de segurança contra ato de outros tribunais ou
dos respectivos órgãos.

#DPEXPLICA. É o mesmo sentido da Súmula 624-STF. • MS contra ato do TJ é


julgado pelo próprio TJ.

Súmula 376-STJ: Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de


segurança contra ato de juizado especial.

Duplo grau de jurisdição


Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de
jurisdição (reexame necessário). Significa que, no mandado de segurança, a sentença de primeira
instância, quando concessiva da ordem, fica sujeita a reexame obrigatório pelo tribunal
respectivo.
Caso a pessoa de direito público vencida não apresente apelação, ou se o seu recurso não for
admissível, porque intempestivo, ou por não atender a qualquer formalidade, haverá a remessa dos autos,
de oficio, para o tribunal. A obrigatoriedade de duplo grau de jurisdição, todavia, não impede que a sentença
de primeiro grau seja executada provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida
liminar.

113
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Ademais, não há duplo grau de jurisdição obrigatório se a decisão foi proferida por tribunal do Poder
Judiciário, no uso de competência originária.

o) MS COLETIVO – Art. 5º, LXX da CF e art. 21 da Lei 12.016/09

Art. 5º, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados;

Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político
com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical,
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há,
pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou
de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde
que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

Pode ser impetrado:

1) Partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária.
Obs.1: Basta 1 único representante na CD ou SF, filiado ao partido.
Obs.2: STJ vem entendendo que PP somente poderá impetrar MS coletivo para a defesa de seus
filiados e em questões políticas, ou seja, criou uma pertinência temática.

2) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em


funcionamento há, pelo menos, 01 ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de
parte, dos seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes às
suas finalidades, dispensadas, para tanto, autorização especial.
Requisitos a serem preenchidos:
a) estar legalmente constituída: organizações sindicais, entidades de classe e associações;
b) estar em funcionamento há pelo menos 1 ano→ é exclusivo das associações;
c) atuar na defesa dos interesses dos seus membros associados: pertinência temática
estabelecida pela CF entre o objeto do MS e os objetivos institucionais as organizações
sindicais, entidades de classe e associações.

114
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

A legitimidade é extraordinária, sendo o caso de substituição processual, razão pela qual NÃO se
exige autorização expressa dos titulares do direito.

Súmula 629/STF - A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de


classe em favor dos associados independe da autorização destes
Súmula 630/STF - A entidade de classe tem legitimação para o mandado de
segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da
respectiva categoria.

CAIU EM PROVA RECENTE:


IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil
Mandado de Segurança Coletivo pode ser impetrado por:
I. partido político;
II. associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa
dos direitos de seus associados;
III. entidade de classe em favor dos associados independentemente da autorização destes;
IV. empresa de capital misto;
V. entidade de classe ainda que a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da
categoria.
A) se apenas os itens I, II e IV estiverem corretos.
B) se apenas os itens II, III e V estiverem corretos.
C) se apenas os itens II, IV e V estiverem corretos.
D) se apenas os itens I, III e V estiverem corretos.
E) se apenas os itens I, II e III estiverem corretos.
Resposta: letra B
Item I – Errado, somente os partidos políticos com representação no Congresso Nacional podem
impetrar MSC. Item II – correto, Art. 5º, LXX, b, da CF. Item III – correto, Súmula 629/STF - A
impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes. Item IV – errado, não há previsão de empresa de capital misto
entre os legitimados à propositura. Item V – correto, Súmula 630/STF - A entidade de classe tem
legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas
a uma parte da respectiva categoria.

Já caiu em prova:
FUNCAB - 2016 - PC-PA – Investigador) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em

115
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

funcionamento há menos de um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados


[errado]
(FUMARC - 2014 - PC-MG – Investigador) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por partido político com representação na Assembleia Legislativa do Estado (errado).
(ACAFE - 2010 - PC-SC – Escrivão) O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por
entidade de classe. [errado]
CESPE - 2009 - PC-RN – Escrivão) A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade
de classe em favor dos associados depende da autorização destes. [errado]

Os direitos protegidos pelo MS podem ser:


● Coletivos;
● Individuais homogêneos.

Art. 21, § único da Lei de MS.


Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo
podem ser:
I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de
natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre
si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;

II - individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os


decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade
ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

DIREITOS COLETIVOS São os transindividuais, de natureza indivisível, de que


seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si
ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
DIREITOS INDIVIDUAIS São os direitos decorrentes de origem comum e da
HOMOGÊNEOS atividade ou situação específica da totalidade ou de parte
dos associados ou membros do impetrante.

Os direitos defendidos por organização sindical NÃO precisam ser os mesmos direitos para todos os
seus membros, podendo ser um direito de apenas parte dos membros da entidade.

ATENÇÃO! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!


Antigamente, no mandado de segurança coletivo impetrado contra autoridade vinculada à pessoa
jurídica de direito público, a liminar só poderá ser concedida após audiência do representante judicial da
pessoa jurídica, que deveria se pronunciar no prazo de 72 horas.
116
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

No entanto, em 2021, o STF julgou inconstitucional a exigência de oitiva prévia do representante da


pessoa jurídica de direito público como condição para a concessão de liminar em mandado de segurança
coletivo, por considerar que a disposição restringe o poder geral de cautela do magistrado. Conforme
argumentou o Min. Marco Aurélio:

“O preceito contraria o sistema judicial alusivo à tutela de urgência. Se esta surge


cabível no caso concreto, é impertinente, sob pena de risco do perecimento do
direito, estabelecer contraditório ouvindo-se, antes de qualquer providência, o
patrono da pessoa jurídica. Conflita com o acesso ao Judiciário para afastar lesão
ou ameaça de lesão a direito. Tenho como inconstitucional o artigo 22, § 2º, da Lei
nº 12.016/2009.”

Art. 22. No mandado de segurança coletivo, a sentença fará coisa julgada


limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo
impetrante. (Vide ADIN 4296)
§ 2o No mandado de segurança coletivo, a liminar só poderá ser concedida após a
audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que
deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

p) Considerações gerais sobre MS:


∘ Prazo decadencial: 120 dias
∘ Não há dilação probatória
∘ Há reexame necessário
∘ Tanto a autoridade coatora como a pessoa jurídica devem ser indicadas na petição inicial
∘ Tem prioridade na tramitação, salvo HC.

Súmulas importantes sobre mandado de segurança:

Súmula 271 – STF - Concessão de mandado de segurança não produz efeitos


patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados
administrativamente ou pela via judicial própria.

Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação


promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.

Súmula 429-STF: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não


impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade

117
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Súmula 474-STF: Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de


segurança, quando se escuda em lei cujos efeitos foram anulados por outra,
declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

Súmula 512-STF: Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de


mandado de segurança.

Súmula 105-STJ: Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em


honorários advocatícios.

OBS: As súmulas 512 STF e 105 STJ tratam de honorários de


sucumbência, ou seja, aqueles que são pagos por quem for
vencido na causa. Não tratando sobre honorários advocatícios
contratuais. Assim, é lícita a cobrança, por parte do advogado, de
honorários ajustados com o seu cliente por meio de contrato. De
toda forma, atentemo-nos ao estrito teor das súmulas.

Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito


suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público

Súmula 626-STF: A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo


determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em
julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até
a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar
deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração.

Súmula 631-STF: Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante


não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.

4. MANDADO DE INJUNÇÃO

a) Introdução
Trata-se de remédio constitucional previsto no art. 5º, LXXI da CF/88
A Lei nº 13.300/16 disciplina o processo e julgamento do mandado de injunção individual e
coletivo.

Art. 5º, LXXI, CF/88 - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
118
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à


cidadania;

Art. 2º, Lei 13.300/2016 - Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.

Remédio à disposição de qualquer um que se sinta prejudicado pela falta de norma


regulamentadora, sem a qual resulte inviabilizado o exercício dos direitos, liberdades e garantias
constitucionais. → Caso de inércia governamental (“violação negativa do texto constitucional”).
Conforme assevera Eduardo dos Santos:

Percebe-se, então, que o mandado de injunção objetiva atacar a chamada


“síndrome da inefetividade dos poderes públicos (ou síndrome da inefetividade
das normas constitucionais)”, ou seja, objetiva atacar a inércia dos poderes
públicos em efetivar as normas constitucionais que necessitam de regulamentação
para que elas possam produzir todos os seus efeitos, viabilizando o exercício dos
direitos constitucionais por elas consagrados..

Assim, podemos concluir:

(1) Trata-se de instrumento para combater a Síndrome de Inefetividade das Normas Constitucionais. Ao
lado da ADO, atacam a inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada, ante a ausência de
lei infraconstitucional integrativa para propiciar à norma constitucional a produção de todos os seus
efeitos.

(2) Trata-se de instrumento de controle concreto/incidental das inconstitucionalidades por omissão, sendo
voltado, portanto, para a tutela dos direitos subjetivos, garantia individual.

(3) Pressuposto: inviabilização dos exercícios de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania, pela ausência da norma regulamentadora.

Vamos esquematizar?
Mandado de Injunção ADO
Intentado por qualquer Legitimação restrita aos
pessoa física ou entes do art. 103 CF.

119
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Legitimação jurídica, que se veja


impossibilitada de
exercer determinado
direito constitucional.
Busca-se solução para o O controle da omissão é
caso concreto, realizado em tese, sem a
Objeto individualmente necessidade de estar
considerado, diante da configurada uma
inércia do legislador. violação concreta a um
direito individual.
Julgamento STF, STJ, TSE, etc. STF (controle
(controle difuso) concentrado)

b) Cabimento
Partindo do texto constitucional, o art. 2.º da Lei n. 13.300/2016 estabelece que será concedido
mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.
▪ Omissão total → caracterizada quando a inércia é absoluta, ou seja, o preceito constitucional de
eficácia limitada não foi disciplinado.
▪ Omissão parcial → caracterizada quando a regulamentação quando forem insuficientes as normas
editadas pelo órgão legislador competente.
Em outras palavras: haverá MI quando a existência de direito ou liberdade constitucional, ou de
prerrogativa inerente à nacionalidade, soberania, cidadania, cujo exercício seja inviabilizado pela ausência
de norma infraconstitucional regulamentadora.
Note que NÃO é qualquer omissão do Poder Público que enseja o ajuizamento do MI, mas apenas
as omissões relacionadas às normas constitucionais de eficácia limitada de caráter mandatório, ou seja,
normas constitucionais que devem ter a sua plena aplicabilidade assegurada.
Portanto, normas constitucionais definidoras de princípios institutivos ou organizativos de
natureza facultativa, por outorgarem mera faculdade ao legislador, NÃO autorizam o ajuizamento do MI.

STF determinou, em julgamento de mandado de injunção, que o governo federal


implemente, a partir de 2022, o programa de renda básica de cidadania, previsto
na Lei nº 10.835/2004. A Lei nº 10.835/2004 instituiu um programa denominado
“renda básica de cidadania”. Segundo esse programa, todas as pessoas residentes
no Brasil, não importando a sua condição socioeconômica, deverão receber um

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

benefício cujo valor deve ser fixado pelo Poder Executivo. O pagamento do
benefício deverá ser de igual valor para todos, e suficiente para atender às despesas
mínimas de cada pessoa com alimentação, educação e saúde. Como esse programa
ainda não havia sido implementado, em 2020 o Defensor Público-Geral Federal
ajuizou mandado de injunção contra o Presidente da República. O STF decidiu que,
como está presente estado de mora inconstitucional, deve ser fixado o valor da
renda básica de cidadania para o estrato da população brasileira em condição de
vulnerabilidade socioeconômica — pobreza e extrema pobreza — a ser efetivado,
pelo Presidente da República, no exercício fiscal seguinte ao da conclusão do
julgamento de mérito (2022). STF. Plenário. MI 7300/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

Explicação Via Dizer o Direito:


Cabe mandado de injunção, neste caso? Ele pode ser impetrado contra o
Presidente da República?
SIM. Cabe mandado de injunção em face da ausência de fixação do valor da renda
básica de cidadania, instituída pela Lei nº 10.835/2004, cuja omissão é atribuída ao
Presidente da República.
A ausência de fixação do valor é forma de esvaziar o mandamento constitucional
de combate à pobreza, além de fazer letra morta ao disposto no referido diploma
legal.

Vale ressaltar, no entanto, que o mandado de injunção foi conhecido apenas


quanto ao benefício para as pessoas em situação de vulnerabilidade
Como vimos acima, esse benefício deveria ser pago a todas as pessoas residentes
no Brasil, independentemente da sua condição socioeconômica. Assim, pela lei,
mesmo que a pessoa seja milionária, ela teria direito de receber o benefício em
valor igual a uma pessoa miserável.

O STF afirmou que esse mandado de injunção ajuizado pelo Defensor Público-Geral
deveria ser parcialmente conhecido. Para o STF, o mandado de injunção somente
deveria ser conhecido no que tange à implementação do benefício para pessoas
em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Em outras palavras, o STF afirmou
que só iria analisar e determinar providências para garantir o benefício em favor
das pessoas em vulnerabilidade socioeconômica. Qual foi o argumento jurídico do
STF para isso?

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Um dos objetivos da República brasileira é “erradicar a pobreza e a marginalização


e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (art. 3º, III, da CF/88), cuja
determinação é repassada a todos os níveis da Federação (art. 23, X), com auxílio
da sociedade.

A assistência aos desamparados é direito social básico (art. 6º). Assim, existem
direitos constitucionais das pessoas em situação de vulnerabilidade que não estão
sendo desempenhados pela falta da norma regulamentadora. Esse direito,
contudo, não existe para as pessoas com boa situação econômica. Não se pode
extrair, da Constituição Federal, o dever do Estado de pagar um benefício social
para as pessoas com boa situação econômica. O Estado não pode ser segurador
universal e distribuir renda a todos os brasileiros, independentemente de critério
socioeconômico. Na CF/88, não há qualquer determinação de atuação estatal nesse
sentido.

Já caiu em prova:
ACAFE - 2010 - PC-SC – Escrivão) Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos (correta).
FUNCAB - 2009 - PC-RO – Escrivão) O remédio constitucional adequado para postular
judicialmente a falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania é o mandado de injunção (correta).

c) Descabimento
● Diante de falta de norma regulamentadora de direito previsto em normas infraconstitucionais →
o MI se destina a falta de normas regulamentadoras de direito previsto na CF.
● Diante da falta de regulamentação dos efeitos de MP não convertida em lei pelo CN;
● Se a CF outorga mera faculdade do legislador para regulamentar direito previsto em algum de seus
dispositivos.

d) Considerações importantes sobre o MI


∘ Instrumento de controle difuso/incidental de constitucionalidade.
∘ Introduzido na CF/88
∘ Exige a falta de norma constitucional de eficácia limitada e caráter impositivo
∘ A omissão combatida pode ser total ou parcial
∘ Não é gratuito

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

∘ Exige advogado (capacidade postulatória)


∘ O indeferimento por ausência de provas não impede novo MI lastreado em novas provas
∘ A edição da norma regulamentadora objeto do MI acarreta a perda do objeto do MI
∘ Não admite medida liminar (STF)

CESPE/2015: Após a impetração de mandado de injunção, pendente de julgamento, o diploma


legal objeto da reclamação foi promulgado. Nessa situação, a ação não estará prejudicada por
ser possível, na via processual, discutir pretensão do interessado de sanar a lacuna normativa
no período pretérito à edição da lei regulamentadora. ASSERTIVA INCORRETA

e) Legitimação para o MI individual


● Polo Ativo: Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, que se veja impossibilitada
de exercer o seu direito.
● Polo Passivo: Órgãos ou autoridades públicas que têm obrigação de legislar, mas estejam omissos
quanto à elaboração de norma regulamentadora, inclusive o Presidente da República, no tocante
às competências exclusivas do art. 61, CF/88).

Obs.1: Para o conhecimento do MI, o impetrante deve comprovar a titularidade direta do direito
constitucional em questão.

Obs.2: Em caso de normas de iniciativa reservada, o MI deverá ser impetrado também em face do
titular da referida iniciativa reservada (ex. iniciativa reservada do Presidente da República), pois é ele quem
deverá deflagrar o processo legislativo, não podendo o CN atuar sem a sua provocação.

Obs3: Para o STF, os particulares – ainda que estejam se beneficiando pela falta da norma
regulamentadora, NÃO se revestem de legitimidade passiva ad causam para o processo em MI, pois somente
ao Poder Público é imputável o dever constitucional de produção legislativa para dar efetividade aos direitos,
liberdades e prerrogativas constitucionais.

e) Competência:
As regras de competência para impetrar o mandado de injunção são disciplinadas na própria
Constituição Federal e variam de acordo com o órgão ou a autoridade responsável pela edição da norma
regulamentadora. Confira:

COMPETÊNCIA Quando a atribuição para elaborar a norma (poder


de iniciativa) for do(a)
STF • Presidente da República

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

(ART. 102, I, "Q") • Congresso Nacional


• Câmara dos Deputados
• Senado Federal
• Mesas da Câmara ou do Senado
• Tribunal de Contas da União
• Tribunais Superiores
• Supremo Tribunal Federal.
órgão, entidade ou autoridade federal,
STJ* excetuados os casos de competência do STF e dos
(ART. 105, I, "H") órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
JUÍZES E TRIBUNAIS DA órgão, entidade ou autoridade federal nos
JUSTIÇA MILITAR, JUSTIÇA assuntos de sua competência.
ELEITORAL, JUSTIÇA DO
TRABALHO
órgão, entidade ou autoridade federal, se não for
assunto das demais "Justiças" e desde que não
seja autoridade sujeita à competência do STJ.
JUÍZES FEDERAIS E TRFS* Ex: compete à Justiça Federal julgar MI em que se
alega omissão do Conselho Nacional de Trânsito
(CONTRAN) na edição de norma de trânsito que
seria de sua atribuição (STJ MI 193/DF).
órgão, entidade ou autoridade estadual, na
JUÍZES ESTADUAIS E TJS forma como disciplinada pelas Constituições
estaduais.

f) Efeitos da decisão do Judiciário em MI:

Art. 8o Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para:


I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma
regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades
ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o
interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a
mora legislativa no prazo determinado.

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SEMANA 03/20

Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput


quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção
anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

Antes da edição da Lei 13.300/06, havia muita controvérsia na doutrina e jurisprudência a


respeito dos efeitos da decisão em sede de mandado de injunção. De forma bem sucinta:

1. Corrente não concretista – a decisão em MI apenas podia declarar em mora o legislador, não
podendo concretizar o direito cujo gozo encontrava-se impedido em apreço a separação de poderes.
(STF já adotou essa posição há muitos anos, até 2007).
2. Corrente concretista – a decisão em MI deve ir além da declaração em mora do legislador, sob pena
de tornar o remédio constitucional inócuo. A decisão em MI deve concretizar o direito discutido na
ação, através da edição de norma aplicável ao caso. (posição da doutrina majoritária e o STF desde
2007 até os dias atuais).

Além disso, havia discussão sobre o alcance dos efeitos da decisão: seria limitado aso partes do
processo – inter partes - ou alcançaria todos com eficácia erga omnes?
A lei 13.300/16 disciplinou o tema, estabelecendo que:

I - determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma


regulamentadora;
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades
ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o
interessado promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a
mora legislativa no prazo determinado.
Parágrafo único. Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I do caput
quando comprovado que o impetrado deixou de atender, em mandado de injunção
anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma.

1. o órgão julgador determina prazo razoável para que o ente em mora supra a falta normativa.

2. Se ultrapassado prazo estabelecido sem a edição da norma regulamentadora, o órgão julgador irá
suprir a falta normativa estabelecendo “as condições em que se dará o exercício dos direitos, das
liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o
interessado promover ação própria visando a exercê-los.”

A doutrina diz que a Lei 13.300/2016 optou por adotar uma posição concretista intermediária, isto
é: ao julgar procedente o mandado de injunção, o Judiciário, antes de viabilizar o direito, deverá dar uma
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oportunidade ao órgão omisso para que este possa elaborar a norma regulamentadora. Assim, a decisão
judicial fixa um prazo para que o Poder, órgão, entidade ou autoridade edite a norma que está faltando. Caso
esta determinação não seja cumprida no prazo estipulado, aí sim o Poder Judiciário poderá viabilizar o direito,
liberdade ou prerrogativa.
Mas não pode esquecer o § único do art. 8º! A lei dispensa a exigência de prévia fixação de prazo
razoável para a edição da norma regulamentadora nos casos em que ficar comprovado que o impetrado
deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma. Essa
exceção se filia à tese concretista direta:

* Corrente concretista direta: o Judiciário deverá implementar uma solução para viabilizar o direito do
autor e isso deverá ocorrer imediatamente (diretamente), não sendo necessária nenhuma outra
providência, a não ser a publicação do dispositivo da decisão.

Por fim, o art. 9º da Lei disciplina os efeitos subjetivos da decisão que concede o mandado de
injunção.
▪ Efeitos subjetivos = quem deve ser atingido pelos efeitos dessa decisão?

Art. 9º A decisão terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o
advento da norma regulamentadora.
§ 1º Poderá ser conferida eficácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando
isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da
prerrogativa objeto da impetração.
§ 2º Transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos
análogos por decisão monocrática do relator.
§ 3º O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação
da impetração fundada em outros elementos probatórios.

Com regra geral, a eficácia subjetiva da decisão está limitada as partes (inter partes) e somente
produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. É o que a doutrina denomina de eficácia
individual.
Excepcionalmente, a eficácia subjetiva da decisão poderá ser ultra partes ou erga omnes, quando
for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração.
A doutrina chama de eficácia geral.
Vamos esquematizar?

CONTEÚDO DA DECISÃO EFEITOS SUBJETIVOS DA DECISÃO

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Adoção da tese concretista Adoção da tese da eficácia individual


intermediária
1. o órgão julgador determina A eficácia subjetiva da decisão está
prazo razoável para que o ente limitada as partes (inter partes) e
em mora supra a falta somente produzirá efeitos até o
normativa. advento da norma regulamentadora.
2. Se ultrapassado prazo
Regra estabelecido sem a edição da
norma regulamentadora, o
órgão julgador irá suprir a falta
normativa estabelecendo “as
condições em que se dará o
exercício dos direitos, das
liberdades ou das prerrogativas
reclamados ou, se for o caso, as
condições em que poderá o
interessado promover ação
própria visando a exercê-los
Adoção da tese concretista direta Adoção da tese da eficácia geral
(art. 8º, § único) A eficácia subjetiva da decisão
o Judiciário deverá implementar uma poderá ser ultra partes ou erga
solução para viabilizar o direito do omnes, quando for inerente ou
Exceção autor e isso deverá ocorrer indispensável ao exercício do direito,
imediatamente (diretamente), não da liberdade ou da prerrogativa
sendo necessária nenhuma outra objeto da impetração.
providência, a não ser a publicação
do dispositivo da decisão.

g) MI coletivo
Embora não haja previsão na CF, cabe o MI coletivo, nos mesmos termos do MS coletivo. Inclusive, a
própria Lei 13.300/2016 regula os termos do MI coletivo a partir do artigo 12 e seguintes.
No MI coletivo, os direitos, liberdades e prerrogativas protegidos são os pertencentes,
indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou
categoria.
Dessa forma, deve ser proposto por legitimados previstos na Lei, em nome próprio, mas defendendo
interesses alheios. São legitimados para impetrar MI coletivo:

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:


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I - pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, quando a tutela requerida for especialmente


relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses
sociais ou individuais indisponíveis;
II - por PARTIDO POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL,
para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus
integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;
III - por ORGANIZAÇÃO SINDICAL, ENTIDADE DE CLASSE ou ASSOCIAÇÃO
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para
assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade
ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde
que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;
IV - pela DEFENSORIA PÚBLICA, quando a tutela requerida for especialmente
relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais
e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição
Federal .

Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por


mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma
coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou
categoria.

quando a tutela requerida for especialmente relevante para


MINISTÉRIO PÚBLICO a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos
interesses sociais ou individuais indisponíveis

PARTIDO POLÍTICO COM para assegurar o exercício de direitos, liberdades e


REPRESENTAÇÃO NO prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a
CONGRESSO NACIONAL finalidade partidária;

ORGANIZAÇÃO SINDICAL,
ENTIDADE DE CLASSE ou para assegurar o exercício de direitos, liberdades e
ASSOCIAÇÃO legalmente prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus
constituída e em membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde
funcionamento há pelo que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto,
menos 1 (um) ano autorização especial;

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quando a tutela requerida for especialmente relevante para


DEFENSORIA PÚBLICA a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos
individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso
LXXIV do art. 5º da Constituição Federal

Art. 5º, LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;

Obs.1: O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual
no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.

Art. 13. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada


limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da
categoria substituídos pelo impetrante, sem prejuízo do disposto nos §§ 1o e 2o do
art. 9o.
Parágrafo único. O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em
relação aos individuais, mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o
impetrante que não requerer a desistência da demanda individual no prazo de 30
(trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.

5. HABEAS DATA

a) Previsão normativa: Art. 5º, LXXII e Lei 9507/97

LXXII - conceder-se-á habeas data:


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo;

b) Hipóteses de concessão do habeas data: O HD poderá ser impetrado:


1) Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
2) Para retificação desses dados, quando não se prefira fazer por meio sigiloso, judicial ou administrativo;
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3) Para anotação nos assentamentos do interessado de contestação ou explicação sobre dado


verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável (ART. 7º, inciso III da Lei
9.507/97)

Art. 7° Conceder-se-á habeas data:


I - para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
II - para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo;
III - para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou
explicação sobre dado verdadeiro mas justificável e que esteja sob pendência
judicial ou amigável.
Atenção:
▪ O HD NÃO é instrumento jurídico adequado para pleitear o acesso a autos de processos administrativos.
(STF)
▪ O habeas data é a garantia constitucional adequada para se obter dados do contribuinte que constem
dos sistemas dos órgãos fazendários. (STF)

Obs.1: Cuidado para não confundir o habeas data com o direito geral de informação, protegido por
mandado de segurança e previsto no inc. XXXIII da CF/88. Veja:

DIREITO GERAL DE INFORMAÇÃO REQUERIMENTO PARA ACESSO À INFORMAÇÕES


RELATIVAS À PESSOA DO IMPETRANTE
XXXIII - todos têm direito a receber dos LXXII - conceder-se-á habeas data:
órgãos públicos informações de seu a) para assegurar o conhecimento de informações
interesse particular, ou de interesse relativas à pessoa do impetrante, constantes de
coletivo ou geral, que serão prestadas no registros ou bancos de dados de entidades
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, governamentais ou de caráter público;
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e Dica: Aqui, não são informações de interesse da
do Estado pessoa impetrante, mas sim relativas ao impetrante
Protegido por mandado de segurança Protegido por habeas data

c) Legitimidade ativa:
Pode ser ajuizado por:
▪ qualquer pessoa física, brasileira ou estrangeira,

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SEMANA 03/20

▪ pessoa jurídica e
▪ órgãos despersonalizados.

Trata-se de uma ação personalíssima, que só pode ser ajuizada pelo titular do direito, salvo se houver
a morte do agente, hipótese em que poderá ser impetrado, excepcionalmente, pelo cônjuge e herdeiros.

d) Legitimidade passiva: Depende da natureza jurídica do registro ou do banco de dados.


1) Registro ou banco de dados de entidade governamental → PJ integrante da administração pública
2) Registro ou banco de dados de entidade de caráter público → é entidade privada.

e) Jurisdição condicionada
O HD é um processo de jurisdição condicionada. Isso porque, para impetrá-lo, deve ter ocorrido o
prévio requerimento administrativo e a negativa ou omissão pela autoridade administrativa. (Trata-se de
uma “exceção” ao princípio da inafastabilidade da jurisdição).

Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houve
recusa de informações por parte da autoridade administrativa.

Lei 9507/97. Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts.
282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os
documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.

Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:


I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem
decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem
decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso
de mais de quinze dias sem decisão.

f) Características gerais do HD
▪ Procedimento gratuito e não há ônus de sucumbência, mas se exige advogado para impetrar HD.
▪ Tem prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto HC e MS
▪ NÃO se sujeita a prazo prescricional ou decadencial.
▪ O pedido do HD pode ser renovado caso a decisão denegatória não tenha apreciado o mérito
▪ A lei não fala em medida liminar, mas a doutrina vem entendendo pela admissibilidade
▪ Não cabe reexame necessário
▪ Não admite atividade probatória
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g) Prazos na lei:
∘ Requerimento: art. 2º
· 48 h para decidir o requerimento;
· 24h para comunicar a decisão ao requerente;

∘ Haverá omissão da autoridade quando não se manifestar: art. 8º, §único


· Pedido de acesso aos dados: 10 dias
· Pedido de retificação de dados: 15 dias.
· Pedido de complementação de dados: 15 dias.

h) Competência:
COMPETÊNCIA DO HABEAS DATA
Competência originária do STF contra atos
Art. 102, I, “d” da CF a) do Presidente da República,
b) das Mesas da CD e do SF,
c) do TCU,
d) do PGR e
e) do próprio STF.
Competência recursal do STF o HD decidido em única instância pelos Tribunais
Recurso ordinário – art. 102, II, Superiores, se denegatória a decisão.
“a” da CF
Competência originária do STJ contra ato
Art. 105, I, b da CF a) do Ministro de Estado.
b) dos Comandantes das Forças Armadas ou
c) do próprio tribunal
Competência originária dos contra ato
TRF´s a) do próprio tribunal ou
Art. 108, I, c da CF b) dos juízes federais.
Competência originária dos contra ato
juízes federais a) de autoridade federal.
Art. 109, VIII da CF

Já caiu em prova:
FEPESE - 2017 - PC-SC – Escrivão) De acordo com a Constituição Federal, conceder-se-á habeas
data para:
A) garantir o relaxamento de prisão.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

B) anular ato lesivo ao patrimônio público.


C) sustar violência contra a liberdade de locomoção.
D)assegurar o conhecimento de informações constantes de registros ou bancos de dados
públicos. [certo]
E) exigir a edição de norma regulamentadora que viabiliza o exercício de direito inerente à
cidadania.

(CESPE - 2016 - PC-PE – Escrivão) Uma autoridade pública de determinado estado da Federação
negou-se a emitir certidão com informações necessárias à defesa de direito de determinado
cidadão. A informação requerida não era sigilosa e o referido cidadão havia demonstrado os fins
e as razões de seu pedido. Nessa situação hipotética, o remédio constitucional apropriado para
impugnar a negativa estatal é o habeas data. [errado]

FUNCAB - 2014 - PC-RO – Escrivão) São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data.
(certo)

NUCEPE - 2012 - PC-PI – Agente) O habeas-data significa a ação por meio da qual o cidadão,
privado de sua liberdade por ato administrativo, busca ordem judicial que lhe restaure a
liberdade. [errado]

ACAFE - 2008 - PC-SC – Escrivão) Conceder-se-á “habeas-data” para assegurar o conhecimento


de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de entidades governamentais ou de caráter público, bem como para assegurar o direito de obter
certidões. [errado]

CESPE / CEBRASPE - 2003 - PC-RR – Escrivão) O habeas data é meio adequado para o cidadão
conhecer informações suas constantes de banco de dados de caráter público. (certo)

6. AÇÃO POPULAR (LEI Nº 4.717/65)

Art. 5º, LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência

Lei 4717/65

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a


declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal,
dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia
mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a
União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais
autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro
público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União,
do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas
ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.

A ação popular foi incluída expressamente na Constituição de 1934 e foi suprimida na Constituição
de 1937, tendo sido restabelecido na de 1946 e mantida nas seguintes.
As normas sobre a ação popular limitavam sua utilização para a tutela do patrimônio público
material. Com a lei 6.513/77 e a CF/88, o objeto da ação foi ampliado para incluir os bens imateriais que
fazem parte do patrimônio público (meio ambiente, moralidade administrativa e patrimônio
histórico/cultural).
NÃO é destinada à defesa de interesse subjetivo individual, mas interesses de natureza coletiva,
para anular ato lesivo ao patrimônio público, moralidade administrativa, meio ambiente e patrimônio
histórico e cultural.
Assim, podemos extrair os seguintes requisitos: Deve haver lesividade aos direitos difusos específicos
elencados:
1. Ato lesivo ao patrimônio público;
2. Ato lesivo ao patrimônio de entidade de que o Estado participe;
3. Ato lesivo à moralidade administrativa;
4. Ato lesivo ao meio ambiente;
5. Ato lesivo ao patrimônio histórico e cultural.

Pode ser utilizada de modo preventivo ou repressivo.


Qualquer cidadão é parte legítima para promover a ação popular. Entende-se por cidadão (para fins
de ação popular) aquele que estiver no gozo de seus direitos políticos, donde a prova dessa condição deve
ser feita já na petição inicial, através da apresentação do título de eleitor ou documento equivalente.
No que tange à suspensão superveniente dos direitos políticos do autor da ação, a doutrina
majoritária entende que o processo deve ser extinto, podendo outro cidadão ou o Ministério Público vir ou
continuar a defender tais direitos em juízo.
A CF isenta o autor da ação popular de custas e ônus de sucumbência, SALVO comprovada má-fé.
A gratuidade beneficia o autor da ação, mas os réus, se condenados, deverão ressarcir as despesas
havidas pelo autor da ação.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

JÁ CAIU EM PROVA:
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES – Investigador) Qualquer cidadão é parte legítima para propor
ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
[CERTO]

a) Legitimidade ativa:
Somente o cidadão pode propor ação popular.
A doutrina majoritária entende que a legitimidade ativa do cidadão para propor ação popular é
extraordinária, uma vez que defende direito difuso, cujo titular é a coletividade. (NEVES, 2017, p. 307)

Art. 1º, §3º, da Lei n. 4.717/65: A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será
feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda.

Exige-se capacidade postulatória: o cidadão que não tiver, deverá constituir advogado.

Súmula 365/STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.

A CF/88 isenta o autor da ação popular de custas e ônus de sucumbência, SALVO comprovada má-
fé.
A gratuidade beneficia o autor da ação, mas os réus, se condenados, deverão ressarcir as despesas
havidas pelo autor da ação.

Art. 6º, §5º, da Lei n. 4.717/65: É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como
litisconsorte ou assistente do autor da ação popular.

Conclusão: Não possuem legitimidade ativa:


● Estrangeiros;
● Apátridas;
● Pessoa jurídica – Sumula 365, STF;
● Brasileiros com seus direitos políticos perdidos ou suspensos.

b) Legitimidade passiva:

Está prevista no art. 6º da Lei n. 4.717/65

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades


referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que
houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que,
por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos
do mesmo.

Há litisconsórcio passivo necessário entre:


1) a pessoa jurídica pública ou privada,
2) as autoridades responsáveis pelo ato e
3) os beneficiários diretos dele.

A Lei da Ação Popular prevê que "qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado,
cuja existência ou identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final
de primeira instância, deverá ser citada para a integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para
contestação e produção de provas" (inciso III do art. 7º da Lei 4.717/65).

c) Atuação do Ministério Público:


Está disciplinada no art. 6º, §4º, da Lei n. 4.717/65:

§ 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção


da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem,
sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou
dos seus autores.

STJ (AgRg no Resp 1.333.168): O Ministério Público como fiscal da ordem jurídica
detém legitimidade para a juntada de documentos e para formular pedidos de
produção de provas que entender necessárias.

Legitimidade ativa superveniente (art. 9º da Lei n. 4.717/65):

Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão


publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando
assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público,
dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o
prosseguimento da ação.

Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória


de segunda instância, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

o representante do Ministério Público a promoverá nos 30 (trinta) dias seguintes,


sob pena de falta grave

d) Objeto
A sentença possui natureza cível, e se julgada improcedente, se sujeita ao duplo grau de jurisdição.

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está
sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com
efeito suspensivo. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973)
Destaque:
(1) O cabimento da ação popular NÃO exige a comprovação de efetivo dano material,
pecuniário. Entende o STF que a lesividade decorre da ilegalidade, e a ilegalidade do
comportamento, por si só, causa dano.

e) Competência
Definida pela origem do ato a ser anulado. Dependerá da origem do ato ou omissão a serem
impugnados.
Ex.: patrimônio lesado da União – competência da Justiça Federal.
▪ Regra
A competência do juízo de 1º grau para processar e julgar ação popular contra ato de qualquer
autoridade, inclusive presidente da república.

▪ Exceção
Competência originária do STF disposta no art. 102, I, “f” e “n” da CF

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal,


ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou
indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do
tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente
interessados;

O juízo da Ação Popular é universal, impondo-se a reunião de todas as ações conexas, com
fundamentos jurídicos iguais ou assemelhados.

137
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Atenção:
(1) O foro especial por prerrogativa de função NÃO alcança ações populares ajuizadas contra
autoridades detentoras dessa prerrogativa (posição do STF).

AÇÃO POPULAR X MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO

Impende destacar que o mandado de segurança coletivo não é sucedâneo ou


substituto da ação popular. Com efeito, o mandado de segurança coletivo deve defender
direito subjetivo, líquido e certo, que, embora seja tutelado coletivamente, é de
titularidade definida - o direito tutelado, seja um direito coletivo, seja um direito individual
homogêneo, é de titularidade dos substituídos processuais, significa dizer, das pessoas determinadas cujos
interesses o autor da ação, na qualidade de substituto processual, está defendendo.
A ação popular, diversamente, visa a anular ato administrativo lesivo ao patrimônio público, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e cultural, independentemente de
o ato impugnado ocasionar lesão direta a quem quer que seja. Os direitos defendidos mediante ação
popular pertencem, em regra, a titulares indeterminados, isto é, são direitos difusos, os quais não foram
contemplados pela lei para tutela mediante mandado de segurança coletivo.

Referências Bibliográficas

- Pedro Lenza. Direito Constitucional Esquematizado – 25ª edição - 2021


- Marcelo Novelino. Curso de Direito Constitucional.
- Dirley da Cunha Junior. Curso de Direito Constitucional.
- Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direito Constitucional Descomplicado.
- Flávio Martins. Curso de Direito Constitucional – 3ª edição – 2019
- Eduardo dos Santos. Direito Constitucional Sistematizado – 2021
- Alexandre de Moraes. Direito Constitucional – 36ª edição – 2020

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SEMANA 03/20

QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada

Durante investigação criminal, determinado policial civil realizou interceptação telefônica que captou
diálogo entre dois suspeitos, o que permitiu verificar que alguns objetos do crime estariam na residência de
um deles. Com base nisso, o policial dirigiu-se ao local e, sem autorização judicial ou do morador, ingressou
na casa a fim de colher provas para instruir o inquérito policial. Na saída, o policial avistou o suspeito
chegando ao local e o prendeu, informando-lhe, após a prisão, o seu direito constitucional de permanecer
calado. No entanto, o policial não informou a prisão ao juiz competente.

Considerando essa situação, julgue o item que se segue, tendo como base os direitos e as garantias
fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 (CF).

Agiu corretamente o policial ao informar ao preso que ele teria o direito fundamental expresso na CF de
permanecer calado.

Certo
Errado

2 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada

Determinado delegado de polícia que está investigando um crime cometido no interior de uma empresa
estatal estadual com personalidade jurídica de direito privado e capital integralmente público, determinou a
um agente de polícia a realização de uma diligência, a qual não foi cumprida porque o agente alegou que a
ordem não tinha respaldo legal. Ao tomar ciência do descumprimento da ordem, o chefe aplicou a penalidade
de suspensão de trinta dias. Irresignado, o agente ajuizou mandado de segurança contra o ato sancionador.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.

O ajuizamento do mandado de segurança para anular o ato administrativo sancionador configura exercício
do controle legislativo.

Certo
Errado

3 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

“Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros


ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público”, é utilizado o seguinte remédio
constitucional:

A-Habeas-Data.
B-Habeas Corpus.
C-Mandado de Segurança.
D-Mandado de Injunção.
E-Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão.

4 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

A ação popular pode ser proposta por

A-qualquer brasileiro que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público.


B-qualquer adulto residente no país, que vise suspender ato lesivo ao meio ambiente.
C-qualquer cidadão brasileiro, que vise interromper ato lesivo à eficiência administrativa.
D-qualquer cidadão que vise anular ato lesivo ao patrimônio histórico e cultural.
E-qualquer indivíduo que vise anular ato atentatório à dignidade da justiça.

5 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Mandado de Segurança Coletivo pode ser impetrado por:

I. partido político;
II. associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos direitos de
seus associados;
III. entidade de classe em favor dos associados independentemente da autorização destes;
IV. empresa de capital misto;
V. entidade de classe ainda que a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da categoria.

Analise os itens acima e assinale

A-se apenas os itens I, II e IV estiverem corretos.


B-se apenas os itens II, III e V estiverem corretos.
C-se apenas os itens II, IV e V estiverem corretos.

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D-se apenas os itens I, III e V estiverem corretos.


E-se apenas os itens I, II e III estiverem corretos.

6 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal

Determinado cidadão norte-americano em férias em Brasília cometeu o crime de homicídio ao fugir da cena
de crime de tráfico ilícito de entorpecentes, supostamente por ele praticado. Após o crime, ele fugiu para o
hotel onde se encontrava hospedado desde que chegou ao Brasil. Cinco minutos após ter adentrado em seu
quarto, a polícia invadiu o local e conseguiu prendê-lo.
Considerando a jurisprudência do STF, julgue o item a seguir, a partir da situação hipotética precedente.
Caso o referido cidadão norte-americano considere ilegal a sua prisão, ele próprio, mesmo sendo estrangeiro,
poderá impetrar habeas corpus em face da autoridade coatora, sendo prescindível o patrocínio judicial por
advogado nesse caso.

Certo
Errado

7 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador

Assinale a alternativa correta de acordo com o que disciplina a Constituição Federal acerca dos direitos e
garantias fundamentais.

A-É assegurado a todos o acesso à informação, sendo garantida a publicidade da fonte.


B-Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência.
C-É plena a liberdade de associação para fins lícitos, inclusive a de caráter paramilitar.
D-A retificação de dados perante os órgãos públicos, quando não se prefira fazer por processo sigiloso,
judicial ou administrativo, poderá ser feita através de mandado de injunção.
E-Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes
às Leis Complementares.

8 - 2018 - FUNDATEC - PC-RS - FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Escrivão e de Inspetor de Polícia - Tarde

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Considerando a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa que NÃO
representa um remédio constitucional.

A-Direito de petição.
B-Mandado de injunção.
C-Ação popular.
D-Princípio da dignidade da pessoa humana.
E-Direito à certidão.

9 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Investigador de Polícia

João e Maria são integrantes de uma quadrilha que, mediante o recebimento de propina e com a participação
de agentes penitenciários, confeccionava falsos alvarás judiciais de soltura. Após a instauração de inquérito
policial, foi determinada a prisão temporária de ambos. Na ocasião, apesar da proibição de uso arbitrário de
algemas, editada por súmula vinculante do STF, a autoridade policial, ao cumprir os mandados de prisão
temporária, fez uso de algemas, sem qualquer justificativa, portanto de maneira abusiva e arbitrária.

Nessa situação hipotética, de acordo com as disposições constitucionais acerca das súmulas vinculantes, o
ato da autoridade policial poderá ser questionado junto ao Supremo Tribunal Federal mediante a proposição
de

A-reclamação.
B-recurso extraordinário.
C-ação direta de inconstitucionalidade.
D-habeas corpus.
E-mandado de segurança.

10 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - PC-MA - CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil

O habeas corpus pode ser impetrado por

A-condenado a pena de multa, caso ele considere exorbitante o valor desta.


B-militar, contra punição disciplinar imposta sem motivação.
C-pessoa física, para impugnar determinação de suspensão de direitos políticos.
D-estrangeiro, mas sempre em português.
E-pessoa jurídica, em seu favor, quando ela for acusada de crime ambiental.

142
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

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11 - 2017 - FEPESE - PC-SC - FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil

De acordo com a Constituição Federal, conceder-se-á habeas data para:

A-garantir o relaxamento de prisão.


B-anular ato lesivo ao patrimônio público.
C-sustar violência contra a liberdade de locomoção.
D-assegurar o conhecimento de informações constantes de registros ou bancos de dados públicos.
E-exigir a edição de norma regulamentadora que viabiliza o exercício de direito inerente à cidadania.

12 - 2017 - FEPESE - PC-SC - FEPESE - 2017 - PC-SC - Agente de Polícia Civil

Com base na Constituição Federal de 1998, sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, conceder-se-á:

A-habeas data.
B-habeas corpus.
C-mandado de segurança.
D-ação popular.
E-reclamação.

13 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Investigador de Policia Civil

Nos termos dos direitos e deveres individuais e coletivos, previstos na Constituição Federal, é correto afirmar:

A-Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo apenas nos casos de crime propriamente militar, definidos em lei.
B-Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
C-Toda propriedade rural, desde que trabalhada pela família do proprietário, não será objeto de penhora
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento.
D-Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado depois da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

E-O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há menos de um ano, em defesa dos interesses de
seus membros ou associados.

14 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Papiloscopista

Nos termos dos direitos e deveres individuais e coletivos, previstos na Constituição Federal, é correto afirmar:

A-Conceder-se-á mandado, de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
B-Nenhum brasileiro sera extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado depois da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei.
C-Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo apenas nos casos de crime propriamente militar, definidos em lei.
D-Toda propriedade rural, desde que trabalhada pela família do proprietário, não será objeto de penhora
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento.
E-O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há menos de um ano, em defesa dos interesses de
seus membros ou associados.

15 - 2016 - FUNCAB - PC-PA - FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil

Nos termos dos direitos e deveres individuais e coletivos, previstos na Constituição Federal, é correto afirmar:

A-Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas
corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
B-Toda propriedade rural, desde que trabalhada pela família do proprietário, não será objeto de penhora
para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de
financiar o seu desenvolvimento.
C-Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo apenas nos casos de crime propriamente militar, definidos em lei.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

D-Nenhum brasileiro sera extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado depois da
naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma
da lei.
E-O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por organização sindical, entidade de classe ou
associação legalmente constituída e em funcionamento há menos de um ano, em defesa dos interesses de
seus membros ou associados.

16 - 2016 - CESPE / CEBRASPE - PC-PE - CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil

Uma autoridade pública de determinado estado da Federação negou-se a emitir certidão com informações
necessárias à defesa de direito de determinado cidadão. A informação requerida não era sigilosa e o referido
cidadão havia demonstrado os fins e as razões de seu pedido.

Nessa situação hipotética, o remédio constitucional apropriado para impugnar a negativa estatal é o(a)

A-ação popular.
B-mandado de segurança.
C-habeas data.
D-habeas corpus.
E-mandado de injunção.

17 - 2014 - FUNCAB - PC-RO - FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil

Considerando o tema “ Direitos e Deveres Fundamentais”, assinale a alternativa correta.

A-O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita a todos.


B-O Estado não é obrigado a indenizar o condenado por erro judiciário.
C-A prisão ainda que ilegal, será mantida pela autoridade judiciária.
D-Será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
E-São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data.

18 - 2014 - IBFC - PC-RJ - IBFC - 2014 - PC-RJ - Papiloscopista Policial de 3ª Classe

Segundo a lei do mandado de segurança (Lei Federal nº 12.016/09) e de acordo com o entendimento
sumulado pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça, é cabível mandado de
segurança contra:

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

A-Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo.


B-Ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução.
C-Decisão judicial transitada em julgado.
D-Ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.
E-Lei em tese.

19 - 2014 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2014 - PC-MG - Investigador de Policia

Nos termos do art. 5º da Constituição Federal de 1988, é CORRETO afirmar:

A-Conceder-se-á mandado de injunção sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
B-Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, ainda que amparado por
“habeas-corpus" ou “habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou pelo abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
C-O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação na
Assembleia Legislativa do Estado.
D-Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
da sucumbência.

20 - 2014 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2014 - PC-MG - Investigador de Policia

Sobre a Tutela Constitucional das Liberdades, é CORRETO afrmar:

A-O Habeas Corpus é remédio utilizado contra ameaça ou privação ilegal do direito de locomoção.
B-O Habeas Corpus só pode ser impetrado contra ato de Autoridade Pública, denominada de Coatora.
C-Só o próprio lesado ou ameaçado no seu direito de ir e vir pode impetrar Habeas Corpus em seu favor.
D-Tanto o Habeas Corpus liberatório quanto o preventivo são aplicáveis nas mesmas circunstâncias.

Respostas3

3
1: C 2: E 3: A 4: D 5: B 6: C 7: B 8: D 9: A 10: D 11: D 12: B 13: B 14: A 15: A 16: B 17: E 18: D 19: D 20: A
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

META 4

DIREITO ADMINISTRATIVO: ATOS ADMINISTRATIVOS

SUGESTÃO DE LEITURA
A LEITURA DOS ARTIGOS PROPORCIONA UMA MELHOR COMPREENSÃO GERAL DO ASSUNTO ESTUDADO,
VISANDO A COMPLEMENTAÇÃO DE SUA BASE DE ESTUDOS PARA TODAS AS FASES DO CONCURSO,
MESMO QUE NÃO DISPOSTOS EXPLICITAMENTE EM SEU EDITAL.

• Art. 2º da Lei 9784/99


• Art. 11 a 17 da Lei 9784/99
• Art. 18 e 19 da Lei 9784/99
• Art. 22 da Lei 9784/99
• Art. 38, §1º da Lei 9784/99
• Art. 50 da Lei 9784/99
• Art. 55 da Lei 9784/99
• Art. 84, VI, CF/88
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES
• Art. 2º, caput e §único e inciso IX da Lei 9784/99
• Art. 11, 12, 13 e 15 da Lei 9784/99
• Art. 50 da Lei 9784/99
• Art. 55 da Lei 9784/99

1. FATO E ATO - CONCEITOS INICIAIS

a) Fato - é todo e qualquer acontecimento, seja decorrente de condutas humanas ou simples sucessão de
eventos alheios à atuação das pessoas;

b) Fato Jurídico – Quando os fatos interferem nas relações travadas entre pessoas e, por isso, precisam de
regulamentação por meio de normas jurídicas. Podem se subdividir em:
b.1. Fatos da Natureza (fatos jurídicos strictu sensu) – ex: Nascimento e morte
b.2. Fatos de Pessoas (atos jurídicos) – Ato humano que manifesta vontade de forma a interferir no
direito.

FATO – Acontecimento
ATO – Manifestação de Vontade

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

1.1 Correntes doutrinária MAJORITÁRIA sobre fatos administrativos:

Corrente Dinamicista (José dos Santos Carvalho Filho – Teoria Majoritária): fato administrativo é
toda atividade material da administração, no exercício de função administrativa, que visa a efeitos de
ordem prática para a Administração (alteração dinâmica). O fato pode ser um evento da natureza (fato
administrativo natural) ou comportamento voluntário (fato administrativo voluntário). O fato
administrativo voluntário deriva de ato administrativo ou de conduta administrativa. Exemplos: apreensão
de mercadorias, raio que destrói bem público, desapropriação e requisição.
Em regra, os fatos administrativos representam uma consequência do ato administrativo. No
entanto, em determinados casos, o fato administrativo não guardará relação com os atos administrativo. Em
outras palavras: Nem sempre tem como fundamento atos administrativos.

2. ATOS ADMINISTRATIVOS X ATOS DA ADMINISTRAÇÃO

Nem todo ato praticado pela Administração Pública é ato administrativo, sendo o ato da
administração mais amplo do que a noção de ato administrativo, uma vez que este é espécie daquele,
podendo ser divididos em:

a) Atos Políticos ou de governo – Quando há exercício da função política e podem exercê-la os membros do
Legislativo, Judiciário e do Executivo. Na prática, não são sequer considerados atos da Administração, pois
são exercidos pelo Estado no exercício de função política. O controle jurisdicional será admitido somente
quando houver prejuízo específico à esfera individual de particulares.

b) Atos Privados – São os atos da Administração Pública regidos pelo direito privado, em que a Administração
atua sem prerrogativas, como se particular também fosse, sendo chamados de atos de gestão. Obs.: não
cabe mandado de segurança contra atos de gestão em razão da ausência de supremacia.

c) Atos Materiais – Também chamados de FATOS ADMINISTRATIVOS, já que não manifestam a vontade do
Estado, sendo atos de mera execução de atividade. Ex: ato de determina a demolição de um prédio => a
demolição em si é mero ato material.
Parte da doutrina (DI PIETRO) entende que os atos materiais da Administração NÃO contêm
manifestação de vontade, mas envolvem apenas a execução.

d) Atos Administrativos – Atos por meio dos quais a Administração atua por meio da função administrativa,
sob o regime de direito público e ensejando a manifestação do Estado ou de quem lhe faça as vezes. Podem
ser praticados ou não pela Administração Pública, haja vista que podem ser delegados.
• Manifestação unilateral de vontade do Estado ou de quem o represente. Ex.:
concessionária.
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

• Vai criar, modificar ou extinguir direitos, tendo por objetivo satisfazer o interesse público.
• Se submete a regime jurídico público.
• É complementar e inferior à lei (tem como fundamento a legislação infra)
• Sujeito ao controle de legalidade pelo Judiciário.

3. ATOS ADMINISTRATIVOS

Hely Lopes Meirelles define ato administrativo como sendo "toda manifestação unilateral da
Administração que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, transferir, modificar, extinguir
e declarar direitos, ou impor obrigação aos administrados ou a si própria"
São atos jurídicos decorrentes da manifestação de vontade humana que repercute na esfera dos
cidadãos, devendo ser emanado por agente público.
Inexistem, na esfera do Direito Administrativo, atuações totalmente discricionárias, haja vista a
definição legal com critérios objetivos de determinados elementos dos atos administrativos, mesmo nos
discricionários. Até mesmo os elementos do ato administrativo que podem ter feição discricionária (como
o motivo e objeto), quando devidamente regulamentados ou discriminados pela Lei, passam a ser
vinculados, perdendo o caráter discricionário.

• ATOS VINCULADOS - Se preenchidos os requisitos objetivamente definidos no texto legal, o ato


administrativo deve ser praticado pelo Poder Público, não havendo qualquer possibilidade e emissão
de juízo de valor pela autoridade estatal, de modo que a simples ocorrência de previsão legal enseja
direito adquirido a particulares.
• ATOS DISCRICIONÁRIOS – É aquele ato determinado em lei, em que o dispositivo confere margem
de escolha ao administrador público mediante análise das razões de oportunidade e conveniência. A
discricionariedade NÃO se confunde com arbitrariedade (esta é a discricionariedade sem limites),
somente sendo exercida dentro dos limites definidos pela legislação aplicável.

MEMORIZANDO
Ato discricionário X Ato vinculado

Se tiver ``R´´ é ato Discricionário


-PeRmissão
-AutoRização
-Renúncia

Se não tiver ``R´´ é ato vinculado


-Admissão

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

-Licença
-Homologação

4. ELEMENTOS OU REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO (conforme doutrina majoritária)

4.1 Competência

A competência, também chamada de sujeito, é o elemento que indica quem é a autoridade


administrativa que pode produzir (assinar) o ato administrativo.
Competência pode ser conceituada como o conjunto de atribuições funcionais conferidos pela lei
às entidades, órgãos e agentes públicos para o desempenho de suas funções e sua delimitação ocorre da
seguinte forma: I) Em razão da matéria; II) Em razão do território; III) Em razão da hierarquia; e IV) Em razão
do tempo.
A principal característica da competência é que se trata de um elemento sempre vinculado, o que
significa que a lei irá definir, em todas as situações, quem será a autoridade administrativa competente.
Portanto, pode-se afirmar que a legalidade é a principal característica da competência, vez que ela sempre
decorrerá da lei. Consequentemente a competência é inderrogável, não podendo ser modificada pela
vontade das partes. Ela pode ser objeto de delegação ou de avocação, desde que a lei não tenha conferido
exclusividade a esta competência.
A Lei n° 9.784/99 veda, expressamente, a possibilidade de delegação da competência nas seguintes
situações:
a) Casos de edição de atos de caráter normativo;
b) Decisão de recursos;
c) Matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade

IMPOSSIBILIDADE DE DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA


Edição de atos de caráter Decisão de recursos Matérias de competência
normativo exclusiva do órgão ou autoridade
Tabela retirada do livro de Direito Administrativo - Ronny Charles Lopes de Torres e Ferando Ferreira Baltar
Neto - 9ª edição - Juspodivm 2020.

A Lei n° 9784/99, no entanto, admite a delegação de competência de um órgão administrativo ou de


seu titular para outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou
territorial, salvo quando existir lei vedando tal transferência.
Inserida na possibilidade de delegação acima, encontra-se a delegação de competência dos órgãos
colegiados aos respectivos presidentes.
Como requisito de eficácia o ato de delegação e sua revogação deverão ser publicados oficialmente,
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SEMANA 03/20

devendo constar as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os


objetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição delegada.
Por se tratar de ato discricionário guiado pela conveniência e oportunidade da autoridade
administrativa, o ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante.
Após a revogação do ato de transferência de competência, não poderá a antiga autoridade delegada
revogar os atos praticados no exercício da delegação, sendo tal atribuição da autoridade delegante.
As decisões adotadas sob regime de delegação devem mencionar essa qualidade e serão
consideradas como editadas pelo delegado.
José dos Santos Carvalho Filho, entende que a delegante a competência para desempenhar a
atribuição delegada. Em sua visão, havería uma cumulação de competência.
A mesma Lei n° 9.784/99 restringiu a possibilidade de avocação para os casos temporários e que
sejam justificados por motivos relevantes, dessa forma, a lei restringiu o poder hierárquico da Administração
criando requisitos para a sua aplicação.

MEMORIZANDO
Atos administrativos que não podem ser delegados : CENORA

Competência Exclusiva
Atos Normativos
Decisão de Recursos
Administrativos

Aprofundando:

QUAIS SÃO AS FONTES DE COMPETÊNCIA?


A doutrina identifica duas fontes de competência:
• Fonte primária - é quem define no primeiro plano a competência, ou seja, lei em sentido amplo
(englobando o texto constitucional);
• Fonte secundária - é quem define no plano interno do órgão, ou seja, para apontar exatamente
quem é o sujeito, que será previsto em ato administrativo.

QUAIS SÃO OS VÍCIOS QUE PODEM ATACAR O ELEMENTO COMPETÊNCIA DO ATO?


O elemento competência pode ser viciado por incompetência e por incapacidade.

a) Por incompetência: ocorre por excesso de poder, usurpação de função ou função de fato.
Ocorre excesso de poder quando o agente atua fora ou além de sua esfera de competências,
estabelecida em lei. Trata-se de espécie do gênero abuso de poder. Assim, abuso de poder é o gênero, do

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qual são espécies o excesso de poder (vício de competência) e o desvio de poder (vício no elemento
finalidade dos atos administrativos).
Tanto o excesso como o desvio de poder podem configurar crime de abuso de autoridade, hipótese
em que ficará sujeito à responsabilidade administrativa e à penal, podendo ainda responder civilmente,
se de seu ato resultarem danos patrimoniais e morais.
O vício de competência (excesso de poder) admite convalidação, salvo se se tratar de competência
em razão da matéria ou de competência exclusiva. Nestes dois últimos casos, o excesso de poder gera um
ato nulo.
A usurpação da função é crime (art. 328 do CP) cometido por alguém que não foi por nenhuma
forma investido no cargo, emprego ou função pública. O agente não tem nenhuma espécie de vinculo
funcional com a administração (DI PIETRO). Neste caso, a maioria da doutrina considera o ato inexistente.
Ocorre a função de fato quando a pessoa foi investida no cargo, emprego ou função pública, mas
há alguma ilegalidade em sua investidura ou impedimento para a prática do ato. Em função da teoria da
aparência (para os administrados, a situação tem total aparência de legalidade, de regularidade), o ato é
considerado válido, ou pelo menos o são os efeitos dele decorrentes.

b) Por incapacidade: A Lei 9.784/99 prevê, em seu art. 18, os casos de impedimento, e no art. 20, os casos
de suspeição de autoridade ou servidor público, praticamente nos mesmos moldes do CPC. Cumpre
salientar, porém que, no Direito Administrativo, ambas as hipóteses se enquadram como atos anuláveis,
passíveis de convalidação por autoridade que não esteja na mesma situação de impedimento ou
suspeição.

4.2 Finalidade

É escopo do ato, sendo tudo aquilo que se busca proteger com a prática do ato.
Para a doutrina, todo ato administrativo possui DUAS FINALIDADES:
• I – Finalidade Genérica: Presente em todos os atos, é o atendimento ao interesse público;
• II –Finalidade Específica: É definida em lei e estabelece qual a finalidade de cada ato
especificamente.

OBS: Em determinadas situações, o ato é praticado no interesse público, mas com desvio da
finalidade específica, a exemplo de quando se exonera um servidor público com a intenção de puni-
lo. Assim, sendo violada a finalidade específica, mesmo que o agente esteja buscando o interesse
público, há o desvio de finalidade.

Ainda que o Administrador Público NÃO atue com a intenção de satisfazer interesses pessoais, a
prática do ato com a intenção de alcançar finalidade diversa da expressamente imposta na regra que a definiu
configura vício, por desvio de poder, SALVO nos casos de tredestinação lícita, na desapropriação.
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A finalidade é SEMPRE elemento vinculado do ato quanto à finalidade específica, podendo ser
discricionário se analisada a finalidade genérica que é o interesse público (conceito jurídico indeterminado).

ABUSO DE PODER – Subdivide-se em:


• Desvio de poder ( = desvio de finalidade): Ocorre quando o agente público pratica ato visando fim
diverso do previsto.
• Excesso de poder ( = vício de competência): Ocorre quando o agente público excede os limites da
sua competência.

ABUSO DE PODER
Excesso de poder O agente público extrapola a competência que lhe foi conferida pela
lei
Desvio de poder O agente público apesar de competente, não pratica o ato de acordo
com o interesse público ou o pratica fugindo dos fins específicos
fixados pelo legislador
Tabela retirada do livro Direito Administrativo - Vol. 9 • Fernando F. Baltar Neto e Ronny C. Lopes de Torres
- Juspodivm 2020.

4.3 Forma

É a exteriorização do ato, determinada por lei, decorrente do PRINCÍPIO DA SOLENIDADE. A ausência


de forma importa a inexistência do ato administrativo, já que a forma é instrumento de projeção do ato.
Não basta a manifestação de vontade, mas a formalização deve respeitar os critérios previamente
definidos em lei, sob pena de irregularidade da conduta. Nesse caso, o desrespeito às finalidades específicas
NÃO gera a inexistência do ato, mas a sua ilegalidade, devendo ser anulado.
A declaração de ilegalidade poderá ser feita pela própria Administração Pública, no exercício da
autotutela estatal, ou mediante decisão judicial fundamentada.
Os atos administrativos devem ser praticados por escrito, em língua portuguesa, salvo em algumas
exceções.

Permitem-se os atos verbais, apenas, em casos de urgência e de irrelevância do assunto para a


Administração.

Hely Lopes concebe, ainda, o caso de transitoriedade da manifestação da vontade da administração.


Há, também, a forma gestual ou por meio de sinais sonoros, por meio dos quais a Administração manifesta
a sua vontade, tais como os praticados pelos agentes de trânsito que possuem significados próprios e visam
controlar o tráfego
A forma NÃO configura a essência do ato – finalidade estatal -, mas tão somente o instrumento
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necessário para que a conduta administrativa alcance os seus objetivos.


SILÊNCIO ADMINISTRATIVO – O silêncio administrativo, diante de determinada situação, NÃO produz
qualquer efeito, salvo as hipóteses previstas no próprio texto legal. A ausência de conduta NÃO configura um
ato administrativo, mas somente um fato da administração.

É POSSÍVEL A RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DECORRENTE DO SILÊNCIO


ADMINISTRATIVO?

Caso a omissão da Administração Pública venha a resultar em um dano jurídico, tal omissão poderá
ensejar responsabilização patrimonial do Estado, bem como a do próprio servidor, nos casos de dolo ou culpa
(art. 37, §6° da CF/88).
As hipóteses de responsabilização não se restringem à ausência de resposta pelo exercente da função
administrativa, devendo ser também aplicáveis às situações em que a resposta surja quando já superado o
tempo razoável para aquela manifestação (direito à razoável duração do processo - inciso LXXVIII, do artigo
5º da Carta Magna).
Nas hipóteses de não haver previsão legal específica de prazo para a oferta de resposta pela
Administração, deve-se aplicar, subsidiariamente, o lapso de 30 dias previsto na Lei 9.784/99 (arts. 49 e 59,
§ 1º), responsável pela regulação do processo administrativo no âmbito federal.

Diante de provocação feita pelo particular, a inércia administrativa é ilicitude sanável por meio de
provocação do Poder Judiciário, o qual pode determinar que o agente público pratique o ato, cessando a
ilegalidade que decorria da omissão estatal, não configurando invasão no mérito administrativo, desde que
o Judiciário NÃO interfira no conteúdo da conduta a ser praticada.
De modo geral, a forma é elemento vinculado, mesmo nos atos administrativos discricionários,
SALVO se a lei estabelecer mais de uma forma possível para o ato ou for silente quanto à forma a ser
obedecida para a prática de determinado ato, quando então será discricionária.
Diferença entre FORMA e FORMALIZAÇÃO, segundo Celso Antônio Bandeira de Mello:
I) FORMA é o modo pelo qual o ato administrativo revela sua existência.
II) FORMALIZAÇÃO é a aparência externa pelo qual o ato deve ser revestido.

4.4 Motivo

Motivo é o pressuposto de fato e de direito que justifica a prática do ato administrativo.


A lei pode ou não determinar expressamente os motivos, o que significa que esse elemento, ao
contrário dos anteriores (competência, finalidade e forma), pode ser vinculado ou discricionário.
Ainda que o motivo seja discricionário, a lei irá prever, pelo menos de forma abstrata, o que se
costuma chamar de "motivo legal". Ex.: a lei proíbe a prática de atos públicos contrários à moral.
Di Pietro e José dos Santos Carvalho Filho fazem a distinção entre motivo e motivação, entendendo
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que o primeiro seria a circunstância de fato que impele a vontade do administrador, enquanto a segunda
seria a explicitação dessa circunstância fática, ou seja, a motivação exprime de modo expresso e textual
todas as circunstâncias de fato que levaram o agente à manifestação da vontade.
A nova Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) prestigiou a motivação dos atos
administrativos ao estabelecer que, nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com
base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Dispõe ainda que a motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis
alternativas. A adequação é a aptidão ou pertinência da ação administrativa, enquanto a necessidade está
relacionada à escolha da administração que causa a menor restrição ao direito do administrado, também
chamada de "escolha mais suave".
Maria Sylvia Di Pietro e Hely Lopes Meirelles entendem pela necessidade de motivação tanto dos
atos vinculados quanto dos discricionários. Seguindo este último entendimento, a motivação, via de regra,
é obrigatória, salvo nos casos em que basta a evidenciação pelo agente público da sua competência para que
o ato esteja completo. Ex.: exoneração ad nutum. Entretanto, caso o ato seja fundamentado, o administrador
estará vinculado a esta fundamentação.
Cumpre destacar, neste momento, a chamada "teoria dos motivos determinantes", segundo a qual
a validade do ato está vinculada à veracidade dos fatos descritos como motivadores de sua prática. Dessa
forma, o ato discricionário, uma vez motivado (tendo seus motivos explicitados), passa a se vincular aos
motivos indicados pela Administração Pública como justificadores de sua prática. Tal vinculação abrange
as circunstâncias de fato e de direito, de tal forma que se tais circunstâncias se mostrem inexistentes ou
inválidas, acarretarão a invalidade do ato administrativo.
Motivo X Motivação: Motivo NÃO é sinônimo de motivação. Motivação é a exposição dos motivos
do ato, ou seja, a fundamentação do ato administrativo. Dessa forma, enquanto o motivo é um elemento do
ato administrativo, a motivação integra a formalização do ato.
Assim, o ato sem motivação possui um vício no elemento forma. Segundo Matheus Carvalho, deve
ser feita a diferenciação entre duas hipóteses:
I- O ato administrativo foi praticado com a devida motivação, mas os motivos apresentados são falsos
ou não encontram correspondência com a justificativa legal para a prática da conduta. Nesses casos, pode-
se dizer que o ato é viciado, por ilegalidade no elemento motivo.
II- O ato é praticado em decorrência de situação fática verdadeira e prevista em lei, contudo, o
administrador público não apresentou a motivação do ato. Trata-se de ato com vício no elemento forma.

MOTIVO X MÓVEL X MOTIVAÇÃO


MOTIVO – É a situação prevista em lei que ocorre, de fato, justificando a prática do ato
administrativo;
MOTIVAÇÃO – É a exteriorização dos motivos. Sua explanação é a justificação do ato

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administrativo
MÓVEL – É a real intenção do agente público quando pratica a conduta estatal.

Obrigatoriedade de motivação: O art. 50 da Lei nº 9.784/99 preconiza que a motivação é obrigatória


para todos os atos administrativos que: I- neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II- imponham
ou agravem deveres, encargos ou sanções; III- decidam processos administrativos de concurso ou seleção
pública; IV- dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V- decidam recursos
administrativos; VI- decorram de reexame de ofício; VII- deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII- importem anulação,
revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
Posições doutrinárias sobre a obrigatoriedade de motivação:

• Necessidade de motivação apenas dos atos vinculados, dispensando-a nos atos


discricionários.
• Necessidade de motivação apenas dos atos discricionários e alguns vinculados, já que a
motivação estaria implícita nestes.
• Necessidade de motivação de todos os atos administrativos: teoria majoritária. Considera
a motivação um princípio implícito na Constituição Federal. Aplicação do art. 50, da Lei nº
9.787/99.

STJ (AgRg no RMS 15350): O motivo é requisito necessário à formação do ato


administrativo e a motivação, alçada à categoria de princípio, é obrigatória ao
exame da legalidade, da finalidade e da moralidade administrativa.

Momento da motivação: A motivação deve ser apresentada anteriormente ou concomitantemente


à prática do ato (doutrina majoritária). Contudo, para o STJ, é possível a motivação expressa em momento
posterior (como na prestação de informações em mandado de segurança), desde que os motivos sejam
idôneos e preexistentes.
O direito administrativo brasileiro admite a motivação aliunde (per relationem), que consiste na
possibilidade de se adotar a motivação de outro ato administrativo. Na motivação do ato que se pratica,
remete-se a outro ato. Ex.: estou anulando o contrato em razão dos motivos apontados no parecer A.
O vício consistente na falta de motivação é vício de forma e pode ser convalidado mediante a
exposição, em momento posterior, dos motivos idôneos e preexistentes que justificaram o ato. (Info
529/STJ)

4.5 Objeto

É aquilo que o ato dispõe, é o efeito causado pelo ato administrativo no mundo jurídico, em virtude
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de sua prática.
Para a doutrina majoritária, objeto e conteúdo são expressões sinônimas, representando a
disposição do ato administrativo. Todavia, há quem defenda que o conteúdo seria a disposição do ato,
enquanto o objeto seria o bem ou a relação jurídica sobre a qual o ato administrativo incide.
Para que o ato administrativo seja válido, o objeto deve ser lícito, possível e determinável ou
determinado.
Segundo o entendimento doutrinário tradicional - e ainda hoje amplamente majoritário - a
finalidade é um elemento sempre vinculado. Nunca é o agente público quem determina a finalidade a ser
perseguida em sua atuação, mas sim a lei.
Vale pontuar, todavia, que parcela minoritária da doutrina sustenta que, na apreciação da finalidade
geral do ato, pode surgir, em um caso concreto, alguma possibilidade de decisão discricionária, exatamente
porque interesse público é um conceito jurídico indeterminado. Podendo possuir feição discricionária nos
atos administrativos discricionários.

ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO - CONFORME DOUTRINA MAJORITÁRIA


ELEMENTOS DISCRICIONÁRIOS OU VINCULADOS
Competência Vinculado
Finalidade Vinculado

Forma Vinculado

Motivo Discricionário
Objeto Discricionário

Para MOTIVO E OBJETO, por serem discricionários, não pode haver controle pelo Judiciário,
conforme maioria da doutrina, já que se refere à conveniência e oportunidade do administrador público.
Logo, o Poder Judiciário pode controlar a legalidade, mas não o mérito dos atos administrativos
discricionários.
O mérito administrativo está relacionado com a possibilidade de a Administração Pública valorar os
critérios de conveniência, oportunidade e conteúdo do ato administrativo. Por essa razão, só há que se
falar em mérito administrativo diante do ato discricionário, vez que, no ato vinculado, o mérito do ato (a
valoração dos critérios de conveniência, oportunidade e conteúdo) é do legislador, que determina à
Administração o que fazer e quando fazer.
Amigo concurseiro policial, a doutrina minoritária, capitaneada por Celso Antônio Bandeira de Melo,
é adotada por algumas bancas nesta temática, então, pensando em sua discursiva, veremos tal posição. Não
olvidando que o foco principal é o exposto acima (doutrina majoritária).

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5. ELEMENTOS E PRESSUPOSTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Celso Antônio Bandeira de Melo, discorda da classificação adotada pela doutrina majoritária,
dispondo:
OS ELEMENTOS do ato administrativo, seriam intrínsecos ao próprio ato e cuja ausência de algum
deles implicaria a ausência do próprio ato:

a) Conteúdo – corresponde à disposição do ato;


b) Forma do ato – É a exteriorização da vontade do ato administrativo praticado.

Seriam PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA, sem os quais a conduta NÃO se efetivará:

a) Objeto – Coisa ou relação jurídica sobre a qual o ato incidirá;


b) Pertinência da função administrativa – Para que a conduta do estado exista, enquanto ato administrativo,
deve ser praticada no exercício de função administrativa e não na execução das demais atividades do Estado.

Seriam PRESSUPOSTOS DE VALIDADE dos atos administrativos:

a) Sujeito Competente – o ato administrativo deve ser praticado por alguém com legitimação;
b) Motivo
c) Causa – Correlação lógica entre o motivo e o conteúdo do ato administrativo no exercício da finalidade
pública.
d) Finalidade ou pressuposto teleológico do ato administrativo
e) Formalização ou pressuposto formalístico – É o meio pelo qual o agente deve exteriorizar a sua vontade,
NÃO se confundindo com a forma, pressuposto de validade definida como condição formal para a expedição
do ato.
f) Requisitos procedimentais – presente em alguns atos que, para serem regularmente expedidos, devem
respeitar a existência de procedimentos anteriores.

MEMORIZANDO
Elementos do Ato Administrativo

DICA: COM FI FOR M OB


• Competência
• Finalidade
• Forma

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• Motivo
• Objeto

6. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO

São prerrogativas de Poder Público presentes no ato administrativo em decorrência do princípio da


supremacia do interesse público sobre o privado.

a) Presunção de Veracidade – Prerrogativa que prevê que, até prova em contrário, o ato administrativo goza
de fé pública e os atos presumem-se verdadeiros (presunção juris tantum). Diz respeito a fatos e causa a
inversão do ônus da prova dos fatos alegados pelo particular.

b) Presunção de Legitimidade – Trata-se de presunção jurídica, de modo que, até prova em contrário,
presume-se que o ato foi editado em conformidade com a lei e o ordenamento jurídico (presunção juris
tantum). Esse atributo NÃO diz respeito a fatos, mas à adequação da conduta com a norma jurídica posta.

• A presunção de veracidade e legitimidade é um atributo de todos os atos administrativos?


R.: Há divergência na doutrina!
• 1ª C: Matheus Carvalho – SIM. É atributo de TODOS os atos da administração, inclusive os de
direito privado, dada a prerrogativa inerente aos atos praticados pelos agentes integrantes da
estrutura do Estado.
• 2ª C: Rafael Oliveira – NÃO. Não são todos os atos emanados do Poder Público que possuem o
atributo da legitimidade e veracidade. Ex.: atos privados e atos manifestamente ilegais não
gozam de tal presunção.

CAIU EM PROVA RECENTE:

CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia


A presunção de que os atos administrativos são editados em conformidade com o ordenamento
jurídico é relativa, pois admite prova em contrário por parte do interessado. (Correta)

c) Imperatividade – Todo ato administrativo que cria obrigação ao particular encerra um poder dados à
Administração de, unilateralmente, estabelecer obrigação aos particulares, desde que dentro dos limites da
Lei. Trata-se de característica presente apenas nos atos que dispõem acerca de obrigações e deveres aos
particulares, ao passo em que os atos que definem direitos e vantagens NÃO são imperativos.
A imperatividade está presente mesmo diante de atos administrativos reputados como inválidos pelo
particular, em decorrência da presunção de legitimidade da qual essa atuação se reveste.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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Poder Extroverso – seria o atributo a imperatividade nos atos administrativos restritivos, em que as
determinações impostas pelo poder público devem ser cumpridas.
– NÃO incide para atos negociáveis e enunciativos.
A imperatividade é atributo presente apenas nos atos administrativos que imponham restrições de
direitos, NÃO se aplicando aos atos ampliativos de direito.

d) Exigibilidade – Não sendo cumprida a obrigação imposta pelo ato administrativo, o poder público terá que
executar o ato desrespeitado, valendo-se de meios indiretos de coação. O exercício desse atributo não
dispensa o respeito ao devido processo legal, com contraditório e ampla defesa.

Vide súmula 312 STJ: No processo administrativo para a imposição de multa de


trânsito, são necessárias as notificações da autuação e da aplicação da pena
decorrente da infração.

e) Executoriedade ou autoexecutoriedade – Aplicação de meio diretos de execução dos atos


administrativos, em que o Estado executa o ato administrativo diretamente, frente ao descumprimento pelo
particular, sem que haja participação deste e auxílio do Poder Judiciário => CONTRADITÓRIO DIFERIDO!
A executoriedade afasta o controle judicial prévio dos atos administrativos, sendo possível apenas a
posteriori.
Não está presente em todos os atos administrativos, dependendo sempre de previsão legal ou de
uma situação de urgência em que a prática do ato de imponha à garantia do interesse público.

f) Tipicidade (Di Pietro) – Seria a exigência de que todo ato administrativo esteja previsto em lei. Em
verdade, não é prerrogativa concedida ao ente estatal, mas limitação para a prática de atos não previamente
estipulados por lei. Aqui o conceito diferencia-se do adotado em direito penal.

MEMORIZANDO

Atributos do ato administrativo: LEITE


Legitimidade
Exigibilidade
Imperatividade
Tipicidade
Executoriedade

7. FASES DE CONSTITUIÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO

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7.1 Perfeição (ou existência)

Decorre do cumprimento das etapas previstas em lei, necessárias à formação do ato. Ou seja: é
aquele que completou o processo de formação. Isso ocorre, pois, todo ato administrativo é formalizado por
procedimento administrativo prévio.
O ato perfeito NÃO é retratável, mas pode ser revisado ou anulado (princípio da autotutela).
Ato imperfeito – é aquele que ainda está em formação.

7.2 Validade (ou regularidade)

Aferida quando todas as etapas realizadas estiverem de acordo com a Lei. A validade é a
compatibilidade entre o ato jurídico e o disposto na normal legal.
É segundo plano de análise dos atos administrativos, só podendo ser analisado se o ato for, ao menos,
existente (perfeito).

7.3 Eficácia

Aptidão para a produção de efeitos concedida ao ato administrativo. O ato administrativo ganha
eficácia com a publicação.
Alguns têm eficácia imediata, logo após a publicação, mas outros podem ter sido editados com
previsão de termos iniciais ou condições suspensivas, sendo atos ineficazes enquanto a situação de
pendência não for resolvida. São chamados de atos pendentes.
Atos Administrativos Pendentes: São os atos perfeitos e válidos que ainda não estão aptos a
produzir efeitos em decorrência da pendência de alguma condição ou termo.

JÁ CAIU EM PROVA:

INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


A aptidão do Ato Administrativo em produzir efeitos denomina-se:
A) Objetividade.
B) Tipicidade.
C) Motivação.
D) Validade.
E) Eficácia.
Resposta: letra E. A questão trata do conceito de eficácia exposto acima.
A objetividade não se relaciona com a produção de efeitos do ato administrativo (A). A tipicidade
(conforme DI PIETRO) é a previsão legal do ato (B). A motivação trata da exposição (explicitação)
dos motivos do ato (C). A validade está relacionada a conformidade do ato com a lei (letra D).
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EFEITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

a) Próprios (típicos) – Efeitos típicos do ato, configurando o objeto ou conteúdo da conduta


estatal. Ex: a demissão do servidor acarreta o efeito típico de extinção do vínculo funcional com a
Administração Pública.
b) Impróprios (atípicos) – Decorrem, de forma indireta, da prática do ato administrativo, embora
não esteja estipulado em sua redação nem seja sua intenção inicial. Podem ser:
I – Efeito Reflexo: atingem uma relação jurídica estranha à tratada no bojo da conduta estatal, gerando
consequências a terceiros não previstos diretamente no ato praticado.
Ex: Locatário de um imóvel desapropriado/ Reintegração de servidor público, para o que será reconduzido.

II – Efeito Prodrômico (efeito preliminar): Efeito por meio do qual se impõe uma nova atuação
administrativa diante do início do ato praticado.
Alguns atos administrativos somente estarão perfeitos após a manifestação de vontade de mais
de uma autoridade pública, como os atos administrativos compostos e complexos. Logo, quando o
primeiro órgão manifesta a sua vontade, dando início à formação do ato administrativo, esta conduta tem
como efeito impróprio obrigar a manifestação de vontade do segundo órgão. O efeito prodrômico
determina a quebra da inércia administrativa quando, estando o ato em formação, a vontade que dá início
à sua perfeição é manifestada.

7.4 Atos após a formação

a) Ato perfeito, válido e eficaz – Quando o ato cumpre todas as etapas de sua formação e a conduta é
praticada dentro dos limites definidos pela lei;

b) Perfeito, válido e ineficaz – O ato cumpriu todas as etapas de formação e foi expedido em conformidade
com a Lei, mas não está apto a produzir efeitos por depender de termo ou condição, ou ainda de publicidade
= >ATOS ADMINISTRATIVOS PENDENTES

c) Perfeito, inválido e eficaz – Não corresponde às normas legais definidas para a sua prática, no entanto
produzirá efeitos até que seja declarada a irregularidade.

d) Perfeito, inválido e ineficaz – Sempre que a ilegalidade do ato for demonstrada, NÃO poderá produzir
efeitos contrários àqueles definidos na legislação que trata da sua edição.

8. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

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8.1 Quanto ao grau de liberdade

Atos Vinculados: Definidos em lei que não confere ao agente público qualquer margem de escolha.

Enunciado 12 da I Jornada de Direito Administrativo CJF/STJ: A decisão


administrativa robótica deve ser suficientemente motivada, sendo a sua opacidade
motivo de invalidação.

Atos Discricionários: Não obstante regulamentados por lei, admitem uma análise de pressupostos
subjetivos pelo ente estatal. A lei confere ao Administrador uma margem de atuação, dentro dos limites
estipulados pela Legislação.

JÁ CAIU EM PROVA:

INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia


Os atos administrativos, quanto ao grau de liberdade da Administração Pública para decidir,
podem ser
A)internos ou externos.
B)individuais ou gerais.
C)vinculados ou discricionários.
D)concretos ou abstratos.
E) simples ou complexos.
Resposta: letra C. Somente a alternativa C trata de liberdade de decidir da Administração
Pública.

8.2 Quanto à Formação

Ato Simples: Para a sua formação depende de uma única manifestação de vontade;
Ato Composto: Para a sua perfeição depende de mais de uma manifestação de vontade, sendo
compostos por uma vontade principal (ato principal) + vontade que ratifica esta (ato acessório). Composto
de dois atos, geralmente do mesmo órgão público, em mesmo patamar de igualdade. – Ato composto é
formado pela manifestação de vontade de um único órgão, sendo apenas ratificado por outra autoridade.
Ex: Atos administrativos que dependem de visto/ homologação da autoridade revisora.

Ato Complexo: Formado pela soma de vontades de órgãos públicos independentes, em mesmo
nível hierárquico, de forma que tenham a mesma força, não se podendo imaginar a dependência de uma em
relação à outra.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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ATOS COMPOSTOS X ATOS COMPLEXOS


A diferença entre os atos complexos e compostos decorre do fato de que, a despeito de serem atos
que dependem de mais de uma vontade para a sua formação, no ato complexo estas vontades são
expedidas por órgãos independentes para a formação de um ato, enquanto que no ato composto,
haverá manifestação de autoridades diversas, dentro de uma mesma estrutura orgânica (mesmo
ente), sendo que uma das condutas é meramente ratificadora e acessória da outra.

É majoritário o entendimento de que a aposentadoria de servidor público é ato complexo, por


depender da atuação do órgão a que o agente é subordinado e da aprovação do Tribunal de Contas. Inclusive,
a não aprovação pelo Tribunal de Contas do ato de aposentadoria NÃO é considerado novo ato, mas sim
impedimento da perfeição do ato de aposentadoria, não dependendo sequer da garantia de contraditório.
=> VIDE SÚMULA VINCULANTE 03.

CAIU EM PROVA RECENTE:

CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia


Acerca dos atos administrativos, julgue o item seguinte.
São classificados simples os atos administrativos editados a partir da vontade de um único órgão
público, seja ele singular, seja colegiado. (correta)

8.3 Quanto aos destinatários

Ato Gerais – Se referem a quantidade indeterminada de pessoas, com caráter abstrato e impessoal.
Atos Individuais - Se referem a determinados indivíduos, especificados no próprio ato. Se subdividem
em:
* Atos Múltiplos – Se referem a mais de um destinatário;
* Atos Singulares – Se destinam a um único sujeito descrito na conduta.

8.4 Quanto ao objeto

Atos de império – Aqueles nos quais a Administração atua com prerrogativa de Poder Público,
valendo-se da supremacia do interesse público sobre o privado;
Atos de Gestão – Executados pelo Poder Público sem as prerrogativas de Estado, atuando a
Administração em situação de igualdade com o particular;
Atos de Expediente – Praticados como forma de dar andamento à atividade administrativa, sem

164
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configurar uma manifestação de vontade do Estado, mas a execução de condutas previamente definidas.

8.5 Quanto à estrutura

Atos Concretos – Praticados com a finalidade de resolver uma situação específica, exaurindo os seus
efeitos em uma única aplicação, não perdurando após a prática e a execução. Ex: Multa de trânsito, aplicação
de penalidade de demissão a servidor faltoso.
Atos abstratos – Definem regra genérica que deverá ser aplicada sempre que a situação descrita no
ato ocorrer de fato.

8.6 Quanto aos efeitos

Atos constitutivos – Criam uma situação jurídica nova, previamente inexistente, mediante a criação
de novos direitos ou a extinção de prerrogativas anteriormente estabelecidas.
Atos declaratórios – afirmam um direito preexistente, mediante o reconhecimento de situação
jurídica previamente constituída. Ex: Certidão e atestado.
Ato modificativo – Altera situação já existente, sem que seja extinta, NÃO retirando direitos e
obrigações. Ex: alterar horário de atendimento.

8.7 Quanto aos resultados na esfera jurídica

Atos ampliativos – Atribuem direitos e vantagens aos seus destinatários, normalmente, concedendo
vantagens previamente requeridas pelo interessado.
Atos Restritivos – Atos que impõem obrigações ou aplica penalidades aos destinatários, sempre
dentro dos limites da lei, como uma multa de trânsito.

Obs.: Atos Ablativos/Ablatórios: são todos os atos que restringem direitos dos administrados.

8.8 Quanto ao alcance

Atos Internos – Produzem efeito dentro da estrutura da administração pública responsável por sua
edição, não atingindo pessoas estranhas à organização administrativa interna;
Atos Externos – Produzem efeito em relação aos administrados, estranhos à estrutura da
administração pública, dependendo de publicação em órgão oficial, podendo ser divididos em bilaterais e
unilaterais.

8.9 Quanto ao conteúdo

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Ato administrativo em sentido formal são aqueles que possuem a forma de ato administrativo, mas
são dotados dos atributos de abstração e generalidade, tais como as instruções normativas e regulamentos.
Ato administrativo em sentido material são aqueles voltados para uma situação determinada,
individualizada, ainda que inclua mais de uma pessoa.

9. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

9.1 Atos Normativos

São atos gerais e abstratos que geram obrigações a uma quantidade indeterminada de
pessoas.
Enseja a produção de normas gerais, sempre inferiores aos comandos legais, NÃO
podendo inovar no ordenamento jurídico.

I – Regulamento – Ato Normativo privativo do chefe do poder executivo, apresentado por um DECRETO.
Podem ser:
• Regulamentos executivos – Editados para a fiel execução da lei. Caso inove, viola o princípio da
legalidade;
• Regulamentos Autônomos – atuam substituindo a lei e inovam o OJ, determinando normas sobre
matérias não disciplinadas mediante previsão legislativa. São admissíveis apenas para as situações
previstas no art. 84, VI da CF.

Para alguns doutrinadores, seria espécie de ato ordinatório.

II – Instruções Normativas – Atos expedidos por quaisquer autoridades públicas ou órgãos públicos com
atribuição legal para a execução de decretos e regulamentos.

III – Regimento – Ato normativo para definição de normas internas, estabelecendo as regras para o regular
funcionamento de órgãos colegiados.

IV – Deliberações – Ato normativo expedido pelos órgãos colegiados como representação de vontade da
maioria dos agentes que o representam.

V – Resolução – atos normativos dos órgãos colegiados, usados pelos Poderes legislativo e Judiciário, e
Agências Reguladoras, para disciplinar matéria de sua competência específica.

As agências reguladoras possuem poder normativo que se restringe ao âmbito técnico da prestação do
serviço e expedem os atos por meio de manifestação de seu conselho diretivo.
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MEMORIZANDO

Atos administrativos normativos: REDE IN REDE


REgimento
Decreto
INstrução normativa
REsoluções
DEliberações

9.2 Atos Ordinatórios

Atos de ordenação e organização interna que decorrem do poder hierárquico, destinados a produzir
efeitos apenas no âmbito da Administração Pública (não atingem particulares).
ATOS INTERNOS NÃO GERAM DIREITOS ADQUIRIDOS AOS SEUS DESTINATÁRIOS, PODENDO SER
REVOGADOS A QUALQUER TEMPO POR QUEM OS EXPEDIU.

I – Portaria – Ato administrativo individual que estipula ordens e determinações internas e estabelece
normas que geram direitos ou obrigações internas a indivíduos específicos.

II – Circular - Expedido para a edição de normas uniformes a todos os servidores subordinados a


determinados órgãos. Define regras gerais dentro da atividade administrativa.

III – Ordem de Serviço – Conduta estatal com a finalidade de distribuir e ordenar o serviço interno do órgão,
escalonando entre os setores e servidores vinculados àquela entidade.

IV – Despacho – Ato administrativo por meio do qual as autoridades públicas proferem decisões acerca de
determinadas situações específicas, de sua responsabilidade funcional.

V – Memorando – Ato de comunicação interna para melhor executar a atividade pública.

VI – Ofícios – Ato emanado para garantir a comunicação entre autoridades públicas ou entre estas e
particulares, destinadas a comunicações externas.

VII –Aviso – Ato normativo expedido pelos órgãos auxiliares diretos do Poder Executivo (Ministérios ou
Secretarias), a fim de dar conhecimento à sociedade de determinado assunto ligado à atividade fim daquele
Órgão.
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MEMORIZANDO
Atos administrativos ordinatórios: PAO DOCI
Portarias
Avisos
Ordens
Despachos
Ofícios
Circulares
Instruções

9.3 Atos Negociais

Os atos administrativos negociais são manifestações da Administração que coincidem


com a pretensão de particulares. Os atos negociais não se confundem com os contratos
administrativos, pois nestes há manifestação bilateral de vontade das partes, enquanto naqueles
a Administração manifesta unilateralmente sua concordância ou o seu consentimento à pretensão do
administrado. Os atos negociais podem ser vinculados ou discricionários, estes quando a Administração
analisando os aspectos da conveniência e oportunidade decide fundamentadamente se atende ao interesse
público aquiescer à pretensão do administrado e aqueles quando reconhecem um direito subjetivo do
particular, o qual se dá ao preencher todos os requisitos previstos em lei, não havendo escolha para a
administração.
São exemplos de atos negociais:

I – Autorização – Ato discricionário e precário por meio do qual a Administração autoriza o uso de bem
público por um particular de forma anormal ou privativa, no interesse eminentemente do beneficiário.
Podem ser:
• Autorização de uso de bem público – Para uso anormal e privativo de determinado bem
público por um particular, quando não viola o interesse coletivo de utilização normal deste
bem. Para uso normal, não precisa de autorização.
• Autorização de Polícia – Necessário para que o particular exerça atividades fiscalizadas pelo
Estado.
Em ambas as situações, a autorização é ato discricionário e precário, podendo ser desfeito a
qualquer momento SEM direito à indenização, não gerando direito adquirido aos beneficiários.

II – Permissão – Ato unilateral, discricionário e precário e é veiculada para conceder ao particular o uso de
determinado bem público de forma anormal ou privativa. – É ato que faculta a utilização privativa de bem
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público, no qual a administração autolimita o seu poder de revogar unilateralmente o ato. Há, também, a
presença de interesse da coletividade.

Complementando:

AUTORIZAÇÃO X PERMISSÃO

• AUTORIZAÇÃO - É o ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual a


Administração faculta o uso de bem público a particular para atender ao seu interesse privado ou
faculta a prestação de serviço público, ou ainda para a prática de determinada conduta que
desautorizada seria considerada ilícita. Exemplo da primeira situação seria a interdição de rua para
evento festivo. Exemplo da segunda situação seria a autorização para taxistas. Exemplo da terceira
situação seria a autorização para portar arma. Como a autorização é expedida em caráter extremamente
precário, a Administração por razões de conveniência e oportunidade pode revogá-la a qualquer tempo,
sem que surja para o particular direito à indenização.
• PERMISSÃO - É também ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo qual a Administração
faculta o uso de bem público a particular, mas diferencia-se da autorização por visar atender a interesse
do particular e da coletividade. Cumpre destacar que a permissão de serviços públicos NÃO é ato
administrativo unilateral, mas contrato administrativo, conforme dispõe o art. 40, da Lei das Concessões
e Permissões de Serviço Público (Lei n° 8.987/95).

III – Licença – Ato de polícia através do qual o Poder Público permite a realização de determinada atividade
sujeita à fiscalização do Estado.
É ato vinculado, e caso o particular preencha os requisitos legais, adquire o direito subjetivo à concessão da
licença para o exercício de atividade profissional.
A licença é ato vinculado e NÃO pode ser revogada nem pela administração, nem pelo judiciário.

ATENÇÃO: O alvará é o instrumento da licença ou da autorização, sendo a FORMA (revestimento


exterior do ato), enquanto a licença e autorização são conteúdo do ato.
• Licença: Conteúdo;
• Alvará: Forma.

Se for licença para construção e reforma, a jurisprudência entende ser possível a sua revogação,
desde que justificada por razões de interesse público superveniente, caso em que o ente estatal deverá
indenizar o particular pelos prejuízos comprovados.

IV – Admissão – Ato unilateral e vinculado pelo qual o poder público permite que o particular usufrua de
determinado serviço público, mediante a inclusão em um estabelecimento público. Ex: admissão em
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hospitais públicos.

V – Aprovação – Ato administrativo discricionário para o controle da atividade administrativa, com base na
legalidade de ato anterior, além dos critérios de oportunidade e conveniência do agente que executou a
conduta.

VI – Homologação – Ato vinculado de controle de legalidade de ato anteriormente expedido pela própria
Administração Pública, sendo possível haver o controle de mérito na atuação estatal. – É ato vinculado e
unilateral pelo qual a administração reconhece a legalidade de um ato jurídico. Se realiza a posteriori e
examina apenas a legalidade.

9.4 Atos Enunciativos

NÃO produzem efeitos e NÃO podem ser revogados. Certificam ou atestam uma
situação existente, NÃO contendo manifestação de vontade da Administração. Por isso, NÃO
produzem efeitos e NÃO podem ser revogados.

I – Atestado: Quando o Poder Público tem de comprovar, mediante verificação de determinada situação de
fato, para então proferir ato que ateste aquela ocorrência fática.

II – Certidão – É ato por meio do qual a Administração Pública certifica um determinado fato que já se
encontra previamente registrado no Órgão.

III – Apostila ou Averbação – Ato administrativo pelo qual o ente estatal acrescenta informações constantes
em registro público.

IV – Parecer – ato administrativo por meio do qual se emite opinião de órgão consultivo do Poder Público
sobre assunto de sua competência, assuntos técnicos ou de natureza jurídica.
O parecer pode ser facultativo, nas situações em que não é obrigatória a sua emissão para a prática
regular do ato administrativo, ou obrigatório, nas hipóteses em que a apresentação do ato opinativo é
indispensável à regularidade do ato, casos em que a ausência do parecer enseja a nulidade do ato por vício
de forma.
Para a doutrina majoritária, só haverá responsabilidade do emissor do parecer se ele tiver atuado
de forma dolosa ou com erro grosseiro ao emanar ato de opinião.

MEMORIZANDO
Atos administrativos enunciativos: CAPA

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Certidão
Apostila
Parecer
Atestado

CAIU EM PROVA RECENTE:

INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil


Considerando a temática Direito Administrativo:
As certidões e os pareceres são espécies de atos administrativos ordinatórios. (INCORRETA)
Resposta: As certidões e os pareceres são atos enunciativos.

Vejamos: Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.
O Decreto nº 9.830/2019 foi mais enfático que o art. 28 da LINDB e afirmou que o agente
público somente responderá em caso de dolo ou erro grosseiro:

Art. 12. O agente público somente poderá ser responsabilizado por suas decisões
ou opiniões técnicas se agir ou se omitir com dolo, direto ou eventual, ou cometer
erro grosseiro, no desempenho de suas funções.

Responsabilidade do parecerista e do decisor (administrador público) devem ser analisadas de


forma independente.
Imagine que o administrador público tomou uma decisão com base em um parecer exarado
pelo assessor jurídico do órgão ou entidade. Posteriormente, detectou-se que esse assessor jurídico
agiu com dolo ou culpa grave (erro grosseiro). Neste caso, o parecerista poderá ser responsabilizado, nos
termos do art. 28 da LINDB. Vale ressaltar, no entanto, que o simples fato de ter ficado comprovado que o
parecerista agiu com dolo ou erro grosseiro não levará, automaticamente, à responsabilização do decisor
(administrador que tomou a decisão com fundamento neste parecer).
Para que o decisor seja responsabilizado será necessário que fique demonstrado que ele:
• tinha condições de aferir que o parecerista agia com dolo ou erro grosseiro; ou
• estivesse em conluiou com o parecerista.
Esse entendimento – que decorre da ideia de responsabilidade pessoal e subjetiva – foi explicitado
no Decreto nº 9.830/2019:
Decreto nº 9.830/2019

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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Art. 12 (...)
§ 6º A responsabilização pela opinião técnica não se estende de forma automática
ao decisor que a adotou como fundamento de decidir e somente se configurará se
estiverem presentes elementos suficientes para o decisor aferir o dolo ou o erro
grosseiro da opinião técnica ou se houver conluio entre os agentes.

Responsabilidade do parecerista na jurisprudência do STF:


Ressalte-se que existe há julgado do STF, bem anterior ao art. 28 da LINDB, reconhecendo a
responsabilidade de advogado público pela emissão de parecer de natureza opinativa, desde que
configurada a existência de culpa ou erro grosseiro:

(...) 3. Esta Suprema Corte firmou o entendimento de que “salvo demonstração de


culpa ou erro grosseiro, submetida às instâncias administrativo-disciplinares ou
jurisdicionais próprias, não cabe a responsabilização do advogado público pelo
conteúdo de seu parecer de natureza meramente opinativa” (MS 24.631/DF, Rel.
Min. Joaquim Barbosa, DJ de 1º/2/08). (...)
STF. 1ª Turma. MS 27867 AgR/DF, rel. Min. Dias Toffoli, 18/9/2012 (Info 680).

Segundo a doutrina e o voto do Min. Joaquim Barbosa no MS 24.631/DF (DJ 01/02/2008), existem
três espécies de parecer:

FACULTATIVO OBRIGATÓRIO VINCULANTE


O administrador NÃO É O administrador é obrigado a O administrador É obrigado a
obrigado a solicitar o parecer solicitar o parecer do órgão solicitar o parecer do órgão
do órgão jurídico. jurídico. jurídico.
O administrador pode O administrador pode O administrador NÃO pode
discordar da conclusão discordar da conclusão discordar da conclusão
exposta pelo parecer, desde exposta pelo parecer, desde exposta pelo parecer.
que o faça que o faça Ou o administrador decide
fundamentadamente. fundamentadamente com nos termos da conclusão do
base em um novo parecer. parecer, ou, então, não
decide.
Em regra, o parecerista não Em regra, o parecerista não Há uma partilha do poder de
tem responsabilidade pelo tem responsabilidade pelo decisão entre o administrador
ato administrativo. ato administrativo. e o parecerista, já que a
decisão do administrador
Contudo, o parecerista pode Contudo, o parecerista pode deve ser de acordo com o

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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ser responsabilizado se ficar ser responsabilizado se ficar parecer.


configurada a existência de configurada a existência de
culpa ou erro grosseiro. culpa ou erro grosseiro. Logo, o parecerista responde
solidariamente com o
administrador pela prática do
ato, não sendo necessário
demonstrar culpa ou erro
grosseiro.
Fonte: DIZER O DIREITO.

9.5 Atos Punitivos

Atos por meio dos quais o Poder Público determina a aplicação de sanções em face do cometimento
de infrações administrativas pelos servidores públicos ou particulares.

MEMORIZANDO

Espécie de atos administrativos: PONEN


Punitivos
Ordinatórios
Normativos
Enunciativos
Negociais

10. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

10.1 Extinção Natural

Ocorre quando o ato já cumpriu todos os efeitos nele dispostos ou pelo advento do termo final ou
prazo ou ainda mediante o esgotamento do conteúdo jurídico desta conduta.
O cumprimento dos efeitos decorre da execução material da situação apresentada no ato
administrativo, ex: término do prazo da construção, a licença para construir se extingue.
Advento do termo final ou da condição resolutiva extingue os atos sujeitos a prazo determinado ou
que dependam da ocorrência de evento futuro e incerto para que deixe de produzir efeitos, Ex: autorização
por porte de armas concedida por 01 ano que se extingue após expirado esse prazo.
Esgotamento do conteúdo jurídico é a extinção natural.

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10.2 Renúncia

É a modalidade de extinção que alcança apenas os atos constitutivos, também chamados de


ampliativos, vez que o beneficiário pode se recusar a ser o detentor do direito, tal como ocorre quando o
detentor de uma permissão de uso de bem público não mais a deseja.

10.3 Desaparecimento da pessoa ou coisa sobre a qual o ato recai

Situação na qual o desfazimento do ato decorre do desaparecimento do seu objeto ou do sujeito ao


qual ele se destina.

10.4 Retirada

Extinção de uma determinada conduta estatal, mediante a edição de ato concreto que a desfaça. É
forma de extinção precoce do ato administrativo.
Para alguns doutrinadores, é chamada de TEORIA DAS NULIDADES.

10.5 Anulação

TEORIA DAS NULIDADES NO DIREITO ADMINISTRATIVO


• Direito Privado - Sistema dicotômico (arts. 166 e 171 do CC):
• Atos nulos
• Atos anuláveis

• Direito Administrativo
• Teoria Monista: NÃO é possível reconhecer atos anuláveis. Qualquer ilegalidade é causa
de nulidade (Hely Lopes Meireles);
• Teoria Dualista: Há atos anuláveis e nulos (Oswaldo Aranha Bandeira de Melo)
• Teoria Ternária: Há atos nulos, anuláveis e irregulares (Miguel Seabra Fagundes);
• Teoria Quaternária (majoritária): Os atos podem ser inexistentes, nulos, anuláveis e
irregulares (Celso Antônio Bandeira de Melo)

* A diferença fundamental entre nulidade e anulabilidade baseia-se, quase que exclusivamente, na


possibilidade de convalidação:
• Ato absolutamente nulo: Impossível a convalidação;
• Ato anulável: Pode ser saneado pela Administração.

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- Atos sanáveis:
• Forma – salvo se exigida como condição do ato;
• Competência – salvo se competência exclusiva e em razão da matéria.

É a retirada do ato administrativo por motivo de ilegalidade, operando efeitos ex-tunc, ressalvados
os direitos adquiridos de terceiros de boa-fé.
O ato anulatório é secundário, constitutivo e vinculado (é um dever e não mera faculdade).
Em regra, a anulação produz efeitos ex tunc, exceto a anulação de atos unilaterais ampliativos e de
atos praticados por funcionário de fato, havendo, nos dois casos, boa-fé.
NÃO existe direito adquirido à manutenção de ato nulo no ordenamento jurídico, mas tão somente
a manutenção de determinados efeitos deste ato.
Os atos expedidos em desconformidade à lei podem ser divididos em 04 espécies:
• Atos inexistentes – estão fora do ordenamento jurídico em virtude da violação a princípios
básicos que norteiam a atuação das pessoas dentro de determinada sociedade.
• Atos Nulos – Decorre do desrespeito à lei em alguns de seus requisitos, ensejando a
impossibilidade de convalidação por não admitir conserto.
• Atos Anuláveis – Possuem vícios que admitem consertos, não obstante editados em
desacordo com a legislação aplicável.
• Atos Irregulares – Sofrem vício material relevante, não ensejando a nulidade, mas
responsabilizando o agente público que o praticou. Esse vício NÃO atinge a esfera jurídica
dos destinatários do ato.

STF: A Administração pode anular seus próprios atos, quando ilegais (autotutela). Porém, se a
invalidação desses atos repercute em interesses individuais, será necessária a instauração de procedimento
administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla defesa.

TEORIA DA APARÊNCIA – A nomeação de servidor sem concurso público é nula, mas os atos
praticados são válidos, em atenção ao princípio da segurança jurídica. Ademais, não há devolução dos
salários, sob pena de enriquecimento ilícito da Administração Pública. Embora o ato administrativo não
produza efeitos, os direitos adquiridos por terceiros de boa-fé são resguardados, não podendo ser atingidos
pela anulação de ato que ensejava benefícios aos seus destinatários. A anulação poderá ser feita pela própria
Administração pública ou pelo Poder Judiciário.
O Poder Judiciário, além da própria Administração, também pode anular os atos administrativos
com vícios de ilegalidade, desde que o faça mediante provocação, possuindo a administração o prazo
decadencial de 05 (cinco) anos para anular atos administrativos ampliativos, salvo no caso de má-fé do
beneficiário.
Na anulação, NÃO há o efeito repristinatório.

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A doutrina considera que a anulação não pode ser realizada quando:


a) ultrapassado o prazo legal;
b) houver consolidação dos efeitos produzidos;
c) for mais conveniente para o interesse público manter a situação fática já consolidada do
que determinar a anulação (teoria do fato consumado);
d) houver possibilidade de convalidação.

CONVALIDAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO


Se o interesse público exigir, o ato administrativo pode ser convalidado em razão da
oportunidade e conveniência, desde que:
• a convalidação NÃO cause prejuízos a terceiros;
• o vício for sanável.

Atos que NÃO podem ser convalidados:


• Atos inexistentes, nulos ou irregulares;
• Defeitos no objeto, motivo ou finalidade;
• Defeitos de incompetência em razão da matéria e de forma essencial à validade do ato;
• Atos portadores de vícios estabilizados pela prescrição ou decadência;
• Atos já impugnados perante a Administração ou o Judiciário;
• Atos cuja convalidação possa causar lesão ao interesse público ou ilegitimamente prejudicar
terceiros;
• Se o vício invalidante for imputado à parte que presumidamente se beneficiará do ato.

Vícios de forma e competência devem ser corrigidos, se for mais interessante ao interesse
público e causar menos prejuízo do que a sua anulação. Nesses casos, a convalidação opera efeitos ex-
tunc, retroagindo à data de edição do ato para que sejam resguardados os efeitos pretéritos desta
conduta.

Convalidação Involuntária: é a decadência administrativa.

Obs.: Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a convalidação pode ser realizada pelo administrado quando a
edição do ato dependia da manifestação de sua vontade e a exigência não foi observada. Nesse caso, o
particular pode emiti-la posteriormente, convalidando o ato.

CONFIRMAÇÃO – Se a convalidação for feita pela mesma autoridade que havia praticado o ato
originariamente.

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RATIFICAÇÃO – Quando a convalidação é efetivada por ato de outra autoridade.


A convalidação NÃO se aplica aos casos de atos discricionários que sofram vício de incompetência,
haja vista que nesses casos a autoridade deva exercer uma margem de escolha acerca da manutenção ou
não do ato.
CONVALIDAÇÃO X CONVERSÃO – Na conversão, o ato administrativo que sofre de um vício de
forma pode ser convertido em outro mais simples, praticado para a produção dos mesmos efeitos
jurídicos.
São passíveis de convalidação os atos com defeito na competência ou na forma. Defeitos no
objeto, motivo ou finalidade são insanáveis, obrigando a anulação do ato.

ATENÇÃO:
Vício de competência quanto à matéria: NÃO se convalida;
Vício de competência em relação à pessoa: Se convalida, desde que não se trate de competência
exclusiva.
São convalidáveis tanto os atos administrativos vinculados quanto os discricionários.

MANUTENÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS INVÁLIDOS

É a possibilidade reconhecida pela doutrina e jurisprudência e ocorre quando o prejuízo resultante


da anulação for maior do que o decorrente da manutenção de ato ilegal. Nesse caso, o interesse público
norteará a decisão.
Deve se considerar:
• Aspecto objetivo (estabilidade das relações jurídicas): princípios do interesse público e
segurança jurídica;
• Aspecto subjetivo: proteção à confiança e boa-fé.

MEMORIZANDO

No que tange a convalidação - elementos do ato administrativo:


Pode convalidar O FOCO

FOrma
COmpetência

Não pode convalidar O FIM


Objeito
Finalidade

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Motivo

JÁ CAIU EM PROVA:

VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil


A Administração Pública, ao constatar que um de seus atos foi praticado com desvio de
finalidade deverá:
A)provocar o Poder Judiciário para que aquele poder revogue o ato viciado.
B)provocar o Tribunal de Contas para que aquele órgão declare nulo o ato viciado.
C) convalidá-lo, mediante provocação.
D) declará-lo nulo, de ofício.
E)revogá-lo, de ofício ou mediante provocação.

Resposta: letra D.
Súmula 473 - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial (letras A e B).
O ato com desvio de finalidade não admite convalidação (letra C). A revogação dos atos
administrativos referem-se aos elementos motivo e objeto, não se admitindo no que tange à
finalidade, conforme a doutrina majoritária (letra E).

VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


O ato administrativo viciado do qual não decorra prejuízo ao interesse público, ao interessado,
tampouco a terceiros de boa-fé
A) deverá ser anulado pela própria Administração Pública, no prazo de até 5 (cinco) anos
contados da data da publicação do ato.
B) deverá ser invalidado pelo Poder Judiciário, mediante processo em que se assegure ampla
defesa e contraditório, observado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos.
C)poderá ser convalidado pela Administração Pública.
D)poderá ser impugnado pelo Ministério Público por meio de Ação Civil Pública por desvio de
finalidade.
E)poderá ser objeto de Ação Popular, ajuizada por qualquer cidadão, por abuso de poder e
usurpação de competência.

Resposta: letra C. Trata-se do conceito de convalidação do ato administrativo.

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Lei 9.784/99 Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público
nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão
ser convalidados pela própria Administração. A doutrina considera que havendo a possibilidade
de convalidação o ato não deve ser anulado nem invalidado(letra A e B). A questão não trata de
desvio de finalidade ou abuso de poder, sendo cabível a convalidação (letra E).

10.6 Revogação

Na lição do Prof. Hely Lopes Meirelles, “revogação é a supressão de um ato


administrativo legítimo e eficaz, realizada pela Administração - e somente por ela - por não mais
lhe convir sua existência”.
A revogação tem fundamento no poder discricionário. Ela somente se aplica aos atos
discricionários.
É a extinção do ato administrativo por motivo de oportunidade e conveniência (razões de mérito),
produzindo efeitos ex-nunc (não retroagem) e mantendo os atos já produzidos.
É competência exclusiva da Administração Pública.
O Judiciário NÃO possui competência para examinar o mérito do ato administrativo. Veja a
jurisprudência sobre o tema:

Consoante entendimento consolidado no STJ, a intervenção do Poder Judiciário


nos atos administrativos cinge-se à defesa dos parâmetros da legalidade,
permitindo-se a reavaliação do mérito administrativo tão somente nas hipóteses
de comprovada violação aos princípios da legalidade, razoabilidade e
proporcionalidade, sob pena de invasão à competência reservada ao Poder
Executivo. STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1271057/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 18/05/2017.

Impende salientar que quando o Próprio Poder Judiciário age como Administração Pública, gerindo
seus servidores, administrando seu patrimônio, haverá o exame do mérito administrativo normalmente. Aqui
o Poder Judiciário não está analisando o mérito administrativo de atos praticados por outros órgãos e
poderes, mas sim dos seus próprios atos como Administração Pública.
O ato revocatório é secundário, constitutivo e discricionário (revogação é poder e não dever).
NÃO há previsão de limite temporal para a revogação dos atos administrativos.
Tanto na anulação quanto na revogação NÃO há o efeito repristinatório.
Dever de indenizar: a doutrina admite a possibilidade de indenização aos particulares prejudicados
pela revogação, desde que tenha ocorrido a extinção antes do prazo fixado para permanência da vantagem.
NÃO SE ADMITE REVOGAÇÃO:

179
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

• Atos que geram direito adquirido;


• Atos já exauridos;
• Atos vinculados;
• Atos enunciativos (certidões, pareceres, atestados);
• Atos preclusos no curso de procedimento administrativo.

10.7 Cassação

Ocorre quando o beneficiário do ato deixa de cumprir os requisitos de quando teve o ato deferido.
É hipótese de ilegalidade superveniente por culpa do beneficiário.

10.8 Caducidade

Trata-se da extinção do ato administrativo por lei superveniente que impede a manutenção do ato
inicialmente válido. Trata-se de ilegalidade superveniente decorrente de alteração legislativa.

10.9 Contraposição (derrubada)

Ocorre com a expedição de um segundo ato, fundado em competência diversa, cujos efeitos são
contrapostos aos do ato inicial, produzindo sua extinção. É espécie de revogação praticada por autoridade
distinta da que expediu o ato inicial. Exemplo: ato de nomeação de um funcionário extinto com a exoneração.

CAIU EM PROVA RECENTE:

IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Considere o seguinte comentário de CARVALHO FILHO: “São atos que a Administração está livre
para expungir do mundo jurídico, fazendo cessar efeitos, em decorrência de um critério
subjetivo meramente administrativo.” Nesse caso, o autor está se referindo a:
A)licenças e homologações.
B)atos enunciativos.
C)deliberações e provimentos.
D)atos revogáveis.
E)fatos administrativos.
Resposta: letra E. Uma questão que requer atenção redobrada do candidato. O enunciado trata
dos atos re
vogáveis, tendo em vista que a Administração pode retirá-los do mundo jurídico por critério
subjetivo (con
180
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

veniência e oportunidade).
A licença é um ato vinculado que não pode ser revogado nem pela Administração Pública e nem
pelo Poder
Judiciário (letra A).
Conforme visto, os atos enunciativos não produzem efeitos e não podem ser revogados(B).
Deliberação é o ato normativo expedido pelos órgãos colegiados como representação de
vontade da
maioria dos agentes que o representam, não correspondendo ao enunciado(letra C). Fato
administrativos
são atos materiais, relacionados a mera execução, não tratando sobre manifestação de vontade.

IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Assinale a alternativa que trate corretamente de situação relacionada com a cassação do ato
administrativo.
A) proibição para a realização de eventos privados em espaços públicos
B) extinção do contrato administrativo sem culpa do contratado
C) cancelamento discricionário de licença ambiental
D) não prorrogação de contrato administrativo por motivo de conveniência e oportunidade
E) perda do direito de dirigir por excesso de infrações de trânsito
Resposta: letra E. O conceito acima aclara a alternativa, pois o beneficiário deixou de cumprir os
requisitos que foram previstos para que pudesse gozar do direito.

11. ESTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DO ATO

A estabilização é instituto criado para garantir a preservação da boa-fé e segurança jurídica. Nesse
sentido, nenhum princípio poderá ser considerado de forma absoluta, inclusive a legalidade, que deve
admitir ponderação para a garantia dos demais princípios.
Em determinadas situações, a retirada do ato com efeito retroativos, ante a uma ilegalidade, enseja
prejuízos aos cidadãos de boa-fé, razão pela qual em algumas situações devem ser mantidos os efeitos
produzidos pelo ato ou, ainda, o próprio ato deve ser mantido no ordenamento jurídico em que pese a sua
ilegalidade.
No instituto da estabilização dos efeitos, não há convalidação do ato administrativo, não havendo
conserto dos seus vícios. O ato continua com os vícios que levariam à sua invalidação, mas por questão de
segurança jurídica e boa-fé, ele permanece aplicável no ordenamento jurídico e seus efeitos se estabilizam.
O que ocorre com a estabilização é que tais efeitos passam a ser vistos como se decorrentes de ato
legal fossem. Ex: TEORIA DO FUNCIONÁRIO DE FATO (São válidos os efeitos dos atos praticados por agentes
públicos regularmente investidos, por se revestirem de aparência de legalidade) e a MODULAÇÃO DOS
EFEITOS EM ADI.
181
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Em algumas situações, a estabilização de efeitos decorre do decurso do tempo, consolidando uma


legítima expectativa aos destinatários do ato.

ESTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DO ATO X TEORIA DO FATO CONSUMADO


- A Teoria do Fato consumado garante de forma automática a manutenção do ato pelo simples fato
de a situação concreta já ter se realizado, NÃO sendo possível retornar ao status quo ante.

- Na estabilização é preciso que a retirada do ato comprometa outros princípios de ordem jurídica,
causando prejuízos sérios que justifiquem a manutenção da situação.

No que concerne à teoria do "fato consumado", esta seria a convalidação de uma ilegalidade pela
consolidação da situação de fato. O STJ e O STF (em regra) rejeitam sua aplicação, quando decorrente de
provimentos judiciais provisórios (Agr. RMS 23.544). Todavia, essa teoria vem sendo acolhida em situações
excepcionais, como, por exemplo, no caso de uma liminar que autoriza a transferência de estudante de uma
universidade privada para uma pública, cujo julgamento do mérito, pela ilegalidade de tal transferência, só
venha a ocorrer após a conclusão do curso. (Ag-RE 429.906-SC).
Com base na teria do fato consumado, a 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça deu provimento
ao recurso de um policial rodoviário federal que tomou posse em 1999, amparado em decisão liminar, e
reconheceu que ele tem direito a permanecer no cargo, em decorrência do excessivo decurso temporal entre
a concessão da liminar e os dias atuais, tendo em vista que a reversão desse quadro traria danos irreparáveis
ao servidor.
SÚMULAS DO STF RELACIONADAS AO TEMA:

Súmula Vinculante 3. Nos processos perante o tribunal de contas da união


asseguram-se 0 contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar
anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,
excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão.

Súmula 346. A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.

Súmula 473 - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

Súmula 683. "0 limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

em face do art. 7°, XXX, da constituição, quando possa ser justificado pela natureza
das atribuições do cargo a ser preenchido".
Súmula 684. É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a
concurso público.

Referências Bibliográficas

Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo


Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo
Diogo de Figueiredo Moreira Neto. Curso de Direito Administrativo.
José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo.
Fernando F. Baltar Neto e Ronny C. Lopes de Torres - Sinopse Jurídica de Direito Administrativo - Vol. 9 -
Juspodivm 2020.
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino - Direito Administrativo Descomplicado - 29ª edição - 2021

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


O delegado de Polícia Civil do Estado Alfa Carlos acabou de assumir a titularidade da Delegacia Especializada
de Atendimento à Infância e à Juventude. Com o objetivo de angariar a simpatia dos agentes policiais lotados
na Unidade de Polícia Judiciária, o delegado Carlos baixou ordem de serviço extinguindo o plantão na
delegacia e determinando que os casos de urgência fora do expediente da DP fossem atendidos na delegacia
comum mais próxima. O Ministério Público ajuizou ação civil pública pleiteando o retorno do plantão de 24
horas na Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e à Juventude, a fim de que todos os menores
apreendidos em flagrante de ato infracional sejam ouvidos e atendidos na referida instituição, impedindo
que sejam colocados em ambiente carcerário constituído para imputáveis, em concomitância com presos
maiores. Além da comprovação de que normas constitucionais e convencionais foram violadas, o Ministério
Público ressaltou que o Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que “havendo repartição policial
especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional praticado em coautoria
com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, que, após as providências necessárias e
conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria”.

De acordo com jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a pretensão ministerial:

A-não merece prosperar, porque ação civil pública não é a medida judicial adequada para o caso, sob pena
de violação ao princípio da separação dos poderes;
B-não merece prosperar, porque o Ministério Público não ostenta legitimidade para ajuizar ação civil pública
em favor de adolescentes infratores, e sim apresentar representação em face deles;
C-não merece prosperar, porque o delegado agiu nos limites de sua discricionariedade administrativa,
observados seus critérios de conveniência e oportunidade, e o Poder Judiciário não pode se imiscuir no
mérito administrativo;
D-merece prosperar, pois, via de regra, o Poder Judiciário, quando provocado em tema de políticas públicas,
deve analisar a legalidade e o mérito administrativo de atos administrativos;
E-merece prosperar, pois o ato do delegado praticado com suporte no poder discricionário é contrário ao
ordenamento jurídico, razão pela qual é legítima a intervenção do Poder Judiciário.

2 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Antônio, delegado de polícia do Estado Gama, titular da Xª DP, ao elaborar a escala de trabalho dos agentes
policiais lotados na Unidade de Polícia Judiciária sempre designava o inspetor de polícia João para as sextas,
sábados e domingos, dias menos concorridos pelos servidores, haja vista que o inspetor é seu antigo
desafeto. Inconformado com a perseguição, e após não obter êxito em pedido de reconsideração, João

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

apresentou recurso administrativo hierárquico previsto na norma de regência ao secretário estadual de


Polícia Civil, comprovando a retaliação praticada pelo delegado.
No caso em tela, o chefe institucional:

A-deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, por abuso de poder, na modalidade excesso de
poder, pois agiu com o intuito de perseguir seu subordinado;
B-deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, por abuso de poder, na modalidade desvio de poder,
por vício no elemento finalidade do ato administrativo;
C-deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, por abuso de poder, na modalidade excesso de
poder, por vício no elemento motivo do ato administrativo;
D-não deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, que agiu nos limites de seu poder discricionário,
na qualidade de chefe imediato de João;
E-não deve declarar a nulidade do ato do delegado Antônio, pois os elementos do ato administrativo não
estão viciados, de maneira que, apesar de imoral, a conduta não é ilegal.

3 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil


Em operação conjunta da Polícia Civil (representada por inspetores de polícia, no combate a crimes contra
as relações de consumo) com o Município (representado por agentes de vigilância sanitária municipal na
repressão a atos infracionais), os agentes públicos constataram que a padaria diligenciada estava repleta de
ratos e expondo à venda produtos impróprios para o consumo. Além das providências em âmbito criminal
adotadas pelos policiais, diante da urgência que se impunha e com base em expressa previsão legal, os
agentes municipais interditaram a padaria.
A citada interdição é um ato administrativo com atributo da:

A-imperatividade, que é um meio de execução direta do ato administrativo, mediante imprescindível e prévio
controle jurisdicional, admitido o contraditório diferido pelo particular interessado;
B-exigibilidade, que é um meio legítimo de coerção direta do ato administrativo, assegurado o posterior
controle jurisdicional e admitido o contraditório imediato pelo particular interessado;
C-tipicidade, que é um meio de coerção indireta do ato administrativo que prescinde de prévio controle
jurisdicional, admitido o contraditório imediato pelo particular interessado;
D-autoexecutoriedade, que é um meio de execução direta do ato administrativo que prescinde de prévio
controle jurisdicional, admitido o contraditório diferido pelo particular interessado;
E-presunção de legitimidade, que é um meio legítimo de execução direta do ato administrativo, desde que
assegurado o contraditório imediato pelo particular interessado.

4 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos atos administrativos, julgue o item seguinte.

185
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

A presunção de que os atos administrativos são editados em conformidade com o ordenamento jurídico é
relativa, pois admite prova em contrário por parte do interessado.

Certo
Errado

5 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova Anulada
Acerca dos atos administrativos, julgue o item seguinte.
São classificados simples os atos administrativos editados a partir da vontade de um único órgão público,
seja ele singular, seja colegiado.

Certo
Errado

6 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Considere o seguinte comentário de CARVALHO FILHO: “São atos que a Administração está livre para
expungir do mundo jurídico, fazendo cessar efeitos, em decorrência de um critério subjetivo meramente
administrativo.” Nesse caso, o autor está se referindo a

A-licenças e homologações.
B-atos enunciativos.
C-deliberações e provimentos.
D-atos revogáveis.
E-fatos administrativos.

7 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


A respeito da revogação, da anulação e da convalidação do ato administrativo, assinale a afirmativa
INCORRETA.

A-A Administração deve anular seus próprios atos, quando presente vício de legalidade, e pode revogá-los
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
B-O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários prescreve em cinco anos, contados da data em que foram praticados, independentemente de
boa-fé.
C-Sempre que o servidor público já houver preenchido todos os requisitos legais para o gozo do direito
adquirido, não poderá mais a Administração Pública revogar o respectivo ato de concessão.

186
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

D-Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe
impugnação à validade do ato.
E-Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os
atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.

8 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil


Assinale a alternativa que trate corretamente de situação relacionada com a cassação do ato administrativo.

A-proibição para a realização de eventos privados em espaços públicos


B-extinção do contrato administrativo sem culpa do contratado
C-cancelamento discricionário de licença ambiental
D-não prorrogação de contrato administrativo por motivo de conveniência e oportunidade
E-perda do direito de dirigir por excesso de infrações de trânsito

9 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil


O delegado Madeira foi, durante mais de 20 anos, titular da Delegacia de Repressão a Fraudes Fiscais (DRFF),
tendo passado a atuar, no dia 1º de janeiro de 2021, na Delegacia de Proteção à Mulher (DPM). Ocorre que,
no dia 15 de janeiro de 2021, o servidor Francisco de Assis o procurou para assinar uma nomeação de cargo
comissionado vinculado à DRFF, que se encontrava pendente desde o dia 10 de dezembro de 2020.
Nesse caso, é correto afirmar que

A-como a nomeação estava pendente há mais de trinta dias, o delegado Madeira deve assinar o ato de
nomeação e submetê-lo ao Diretor de Gestão Interna da Polícia Civil.
B-considerando que a assinatura estava pendente há mais de trinta dias, o delegado Madeira deve solicitar
a revogação do ato de nomeação para, ato contínuo, assiná-la.
C-o delegado Madeira deve assinar o ato de nomeação, já que se trata de ato ainda vinculado à sua
competência legal.
D-além de ser competente para assinar o ato de nomeação, o delegado Madeira pode realocar o cargo
comissionado na DPM.
E-o delegado Madeira está proibido de assinar o ato de nomeação, sob pena de viciar tal ato administrativo.

10 - 2021 - INSTITUTO AOCP - PC-PA Provas: INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
Considerando a temática Direito Administrativo, assinale a alternativa INCORRETA.

A-O desvio de poder ocorre quando o agente atua nos limites da competência legalmente definida, mas
visando alcançar outra finalidade que não aquela prevista em lei.

187
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

B-Compete privativamente ao Presidente da República dispor, mediante decreto, sobre a extinção de


funções ou cargos públicos, quando vagos.
C-O poder disciplinar do Estado é o poder de aplicação de sanções por parte do Poder Público, sendo que
essas sanções decorrem de vinculação especial entre o sancionado e o Estado, notadamente, a relação
hierárquica e a relação contratual.
D-As certidões e os pareceres são espécies de atos administrativos ordinatórios.
E-Quanto aos destinatários, os atos administrativos podem ser gerais ou individuais.

11 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


A autorização de serviço público pode ser considerada um

A-contrato administrativo por prazo determinado, sendo dispensada prévia licitação.


B-ato administrativo unilateral, vinculado e precário.
C-contrato administrativo por prazo indeterminado, precedido de licitação.
D-ato administrativo unilateral, discricionário e precário.
E-contrato administrativo precário por prazo indeterminado, sendo dispensada prévia licitação.

12 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


A aptidão do Ato Administrativo em produzir efeitos denomina-se

A-Objetividade.
B-Tipicidade.
C-Motivação.
D-Validade.
E-Eficácia.

13 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador


De acordo com a Teoria dos Atos Administrativos, o requisito de validade do ato, discricionário e que consiste
na “situação fática ou jurídica cuja ocorrência autoriza ou determina a prática do ato”, denomina-se

A-Competência.
B-Finalidade.
C-Objeto.
D-Forma.
E-Motivo.

14 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES - INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Os atos administrativos, quanto ao grau de liberdade da Administração Pública para decidir, podem ser

A-internos ou externos.
B-individuais ou gerais.
C-vinculados ou discricionários.
D-concretos ou abstratos.
E-simples ou complexos.

15 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


O ato administrativo viciado do qual não decorra prejuízo ao interesse público, ao interessado, tampouco a
terceiros de boa-fé

A-deverá ser anulado pela própria Administração Pública, no prazo de até 5 (cinco) anos contados da data da
publicação do ato.
B-deverá ser invalidado pelo Poder Judiciário, mediante processo em que se assegure ampla defesa e
contraditório, observado o prazo prescricional de 5 (cinco) anos.
C-poderá ser convalidado pela Administração Pública.
D-poderá ser impugnado pelo Ministério Público por meio de Ação Civil Pública por desvio de finalidade.
E-poderá ser objeto de Ação Popular, ajuizada por qualquer cidadão, por abuso de poder e usurpação de
competência.

16 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


A respeito do uso do poder pelo agente público, é correto afirmar que

A-no exercício de sua função, poderá, motivadamente, renunciar ao uso de poderes outorgados por lei.
B-é imune a controle externo porque sua intensidade decorre de competência discricionária.
C-ato praticado com excesso de poder não pode ser convalidado porque o vício é, no caso, insanável.
D-o desvio de finalidade constitui uma forma de abuso de poder.
E-a prática de ato por autoridade incompetente caracteriza abuso de poder e desvio de finalidade,
acarretando nulidade absoluta do ato administrativo.

17 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


No exercício da atividade de controle interno, a Administração Pública pode

A-anular, de ofício, atos administrativos por ela praticados, segundo critérios de conveniência e
oportunidade.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

B-revogar, de ofício ou mediante provocação, atos administrativos por ela praticados, segundo critérios de
legalidade e constitucionalidade.
C-anular, de ofício, apenas os atos vinculados.
D-revogar, de ofício ou mediante provocação, apenas os atos vinculados.
E-rever, de ofício ou mediante provocação, os atos administrativos por ela praticados.

18 - 2018 - VUNESP - PC-BA - VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia


Cabe ao prejudicado fazer prova de que a Administração Pública praticou ato em desconformidade com a lei
e com a verdade dos fatos porque

A-vige, no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da supremacia da Administração Pública sobre o


interesse particular.
B-de acordo com o princípio da impessoalidade e a isonomia, a Administração Pública não pode praticar ato
concreto que prejudique apenas um administrado ou um grupo específico de pessoas.
C-os atos administrativos gozam de presunção relativa de legitimidade e veracidade.
D-se presume que os atos administrativos têm liquidez, certeza e exigibilidade.
E-vige, no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da eficiência, segundo o qual os atos administrativos
devem ser aplicados imediatamente para garantia de maior efetividade e coercibilidade.

19 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Papiloscopista Policial
Federal
Pedro, após ter sido investido em cargo público de determinado órgão sem a necessária aprovação em
concurso público, praticou inúmeros atos administrativos internos e externos.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que segue.
Atos administrativos externos praticados por Pedro em atendimento a terceiros de boa-fé têm validade,
devendo ser convalidados para evitar prejuízos.

Certo
Errado

20 - 2018 - CESPE / CEBRASPE - Polícia Federal - CESPE - 2018 - Polícia Federal - Escrivão de Polícia Federal
Um servidor público federal determinou a nomeação de seu irmão para ocupar cargo de confiança no
órgão público onde trabalha. Questionado por outros servidores, o departamento jurídico do órgão emitiu
parecer indicando que o ato de nomeação é ilegal.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Sob o fundamento da ilegalidade, a administração pública deverá revogar o ato de nomeação, com a garantia
de que sejam observados os princípios do devido processo legal e da ampla defesa.

190
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

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Certo
Errado

Respostas4

4
1: E 2: B 3: D 4: C 5: C 6: D 7: B 8: E 9: E 10: D 11: D 12: E 13: E 14: C 15: C 16: D 17: E 18: C 19: C 20: E
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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

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META 5

PORTUGUÊS: TEMA 03

TEMAS DO DIA
LÍNGUA PORTUGUESA
Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição,
conjunção e interjeição, emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem.

1. CLASSES DE PALAVRAS

A classificação (ou classe) das palavras é um método de divisão dos vocábulos, trazendo
à tona o papel que assumem em uma frase. São dez as classes de palavras: substantivo, adjetivo,
numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
A principal diferença entre essas classes é a forma como se flexionam (ou seja, mudam)
com o intuito de se adequarem ao contexto pretendido.

1.1 Substantivo

São as palavras com a função de nomear algo (“coisas”). Podem ser precedidas de artigo ou não. É a
palavra variável que nomeia qualidades, sentimentos, sensações, ação, seres, estados, coisas reais e
imaginais. Suas classificações são: primitivo, derivado, concreto, abstrato, simples, composto, comum, próprio
e coletivo.

Definição: substantivo é uma palavra virável que tem a função de nomear uma qualidade, um sentimento,
uma sensação, uma ação, estados, lugares e seres em geral. Nomeia coisas reais e imagináveis.

De acordo com Rodrigo Bezerra (2021, p. 187):

Aqui, a palavra “ser” precisa ser entendida não só como aquilo que possui uma
existência concreta (pedra, homem, carro, lua), mas também como aquilo que
possui uma existência imaginária (Saci, fada, Minotauro), abstrata (fé, alegria,
tristeza), ou mesmo de comprovação discutível (anjo, alma, inferno).

Ainda segundo o autor, para os substantivos é preciso observar duas características fundamentais.

1. O substantivo é uma classe de palavras que geralmente vem acompanhada de outras palavras, as
quais a determinam. Daí dizemos que um substantivo frequentemente se encontra acompanhado

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

de determinantes. Funcionam como determinantes os artigos, os adjetivos, os pronomes adjetivos e


os numerais. Logo, quase todas as palavras na língua portuguesa podem ser usadas como
substantivos.

2. O substantivo é a classe morfológica que “privativamente” exerce as funções sintáticas de: sujeito,
objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva, aposto e vocativo. Logo,
palavras que exercem tais funções são substantivos ou substantivadas.

DICA!
Os substantivos sofrem flexão de gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau
(aumentativo e diminutivo).

Podem ser classificados nas categorias listadas abaixo, sendo as mais comuns: substantivos
concretos, abstratos, próprios, comuns, simples, compostos, primitivos, derivados e coletivos.

1.1.1 Classificação dos substantivos

a) Substantivo Comum

Designa os seres de uma espécie de forma genérica.

Exemplos: cidade, menina, país, cachorro, planta.

b) Substantivo Próprio

Ao contrário do substantivo comum, designa um ser específico, determinado. Sempre deve ser
escrito com letra maiúscula. São substantivos próprios os nomes de cidades, países, ruas, pessoas, estados,
enfim.

Exemplos: Pernambuco, Maria, João, Recife, Rua João Pessoa, etc.

c) Substantivo Concreto

Designa seres que existem no mundo real ou na imaginação, mas que são de conhecimento coletivo,
já que é palpável, conhecido.

Exemplos: mesa, livro, lápis, anjo, fada, vento, colher, bruxa, noite, alma, espírito, etc.

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d) Substantivo Abstrato

Diferente dos substantivos concretos, o substantivo abstrato designa ações verbais, sensações,
existência de qualidades ou sentimentos humanos. Assim, representa conceitos que não têm a forma
concreta.

Exemplos: pensamento, ataque, altura, saudade, alegria, beleza, bondade, etc.

e) Substantivo Primitivo

São aquele que dão origem a outras palavras. Seus radicais são provenientes das línguas-mães e não
apresentam afixos. Por isso, podem dar origem a outros termos, chamados de derivados.

Exemplos: pedra, vidro, laranja, café, bom, chave, porta, rosa, flor, dente, gato, fogo, leite, livro, etc.

f) Substantivo Derivado

Se originam de outras palavras (conhecidas como primitivas).

Exemplos: pedreiro, vidraçaria, laranjada, livraria, etc.

SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS x SUBSTANTIVOS DERIVADOS

LIVRO – LIVRARIA
CHAVE – CHAVEIRO
FLOR – FLORICULTURA
ROSA – ROSEIRA
PORTA – PORTEIRO
CAFÉ – CAFEZAL
BOM – BONDADE
LEITE – LEITEIRO
FORMIGA – FORMIGUEIRO
SONHO – SONHADOR

g) Substantivo Simples

Se caracterizam por serem formados por só uma palavra.

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Exemplos: papel, lápis, cheiro, casa, etc.

h) Substantivo Composto

Se caracteriza por ser formado por mais de uma palavra (junção de palavras) ou radical.

Exemplos: guarda-chuva, segunda-feira, couve-flor, guarda-roupa, paraquedas, girassol, passatempo,

e) Substantivo Coletivo

Caracteriza o substantivo que, no singular, representa quantidade, conjunto, agregação de vários


elementos da mesma espécie.

Alguns exemplos:

ALCATEIA – LOBOS
ARQUIPÉLAGO – ILHAS
CÁFILA – CAMELOS
CARDUME – PEIXES
CONSTELAÇÃO – ESTRELAS
CORO – VOZES
DISCOTECA – DISCOS
ELENCO - ARTISTAS
ENXAME – ABELHAS
EXÉRCITO – SOLDADOS
FAUNA – ANIMAIS
FLORA – PLANTAS
JÚRI – JURADOS
PINACOTECA – QUADROS

f) Substantivo Biforme

São aqueles que possuem flexão de gênero, ou seja, possuem duas formas distintas: uma para o
feminino e outra para o masculino. O radical da palavra não é modificado.

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• MENINO – MENINA
• ALUNO – ALUNA

g) Substantivo Heterônimo

Apresentam duas formas, uma para o masculino, outra para o feminino. Os radicais, nesse caso, são
diferentes.

• HOMEM – MULHER
• BOI – VACA

1.2 Adjetivo

Sempre expressa uma qualidade ou característica do ser. Se relaciona com o substantivo,


concordando com este em gênero, grau e número. Assim, adjetivo é uma palavra variável, que expressa
qualidades, origem ou estado. Essas palavras variam em gênero (feminino e masculino), número (singular e
plural) e grau (comparativo e superlativo).

• A mulher era muito inteligente;


• Seu namorado não é francês?
• O livro tem uma bela capa;
• José estava triste.

É a classe de palavras variáveis que alteram a noção do substantivo atribuindo-lhe qualidades,


características, aspectos gerais ou específicos, estados, modos de ser. Resumidamente, o adjetivo é a
classe que nomeia as qualidades e os estados atribuídos ao substantivo. (BEZERRA, 2021, p. 224)

Ainda, os adjetivos possuem subclasses, a partir de critérios morfológicos e semânticos. Vejamos:

a) ADJETIVOS PRIMITIVOS: constituídos por um radical que não possui acréscimo de afixos (sufixo e/ou
prefixo) derivacionais. Exemplos: belo, feio, bonito, etc.

b) ADJETIVOS DERIVADOS: se formam a partir de outros radicais, a partir do acréscimo de afixos


derivacionais; assim, são palavras que derivam de substantivos ou verbos. Exemplos: amarelado,
famoso, articulado, visível, decoroso, etc.

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c) ADJETIVOS PÁTRIOS: se referem a continentes, países, regiões, continentes, estados, povos, raças
etc. São também conhecidos como adjetivos gentílicos. Exemplos: Pernambuco – pernambucano;
Congo – congolês.

d) ADJETIVOS SIMPLES: são aqueles que apresentam um único radical. Exemplos: bonito, baiano,
fluminense.

e) ADJETIVOS COMPOSTOS: são aqueles formados por mais de um radical. Exemplos: castanho-claro;
surdo-mudo; luso-brasileira, etc.

1.2.1 Adjetivos e gênero

• Adjetivos Uniformes – há uma forma para os dois gêneros (feminino e masculino). Exemplos: garota
inteligente; menino feliz.

• Adjetivos Biformes - a forma, nesses casos, varia conforme o gênero (masculino e feminino).
Exemplos: mulher bonita; rainha esperta.

1.2.2 Adjetivos e número

Seguindo o exemplo da formação dos substantivos, os adjetivos podem estar no singular ou no plural,
concordando com o número do substantivo respectivo. Exemplos: professoras nordestinas; estudantes
alegres.

ATENÇÃO!
- Todos os adjetivos são flexionados em número;
- Concordam com o número do substantivo que determinam;
- Seguem os mesmos padrões de formação de número dos substantivos.

1.2.3 Adjetivos e grau

Quanto ao grau, são duas as classificações dos adjetivos:

• COMPARATIVO: comparar qualidades.


• SUPERLATIVO: intensificar qualidades.

a) Grau comparativo

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➔ Comparativo de Igualdade – A professora de Direito Penal é tão boa quanto a de Criminologia.


➔ Comparativo de Superioridade – Pedro é mais simpático do que Joana.
➔ Comparativo de Inferioridade - João é menos inteligente do que Pablo.

b) Grau superlativo

➔ Superlativo Absoluto: refere-se a um substantivo somente, sendo classificado em:

• Analítico – O livro é muito interessante. A flor é muito linda. Esta casa é muito barata.

• Sintético - Marcos é inteligentíssimo. A flor é lindíssima.

➔ Superlativo Relativo: refere-se a um conjunto, ou seja, destaca algo dentro de um grupo:

• Superioridade - A menina é a mais inteligente da turma.


• Inferioridade - O garoto é o menos esperto do grupo de amigos.

1.2.4 A locução adjetiva

A locução adjetiva é o conjunto de duas ou mais palavras que possuem valor de adjetivo. São duas
palavras que se juntam para indicar uma características, mas não são adjetivos. É possível substituir a
locução adjetiva por um adjetivo sinônimo.

Exemplos:

- Cara de gato → felina


- Dia de sol → dia ensolarado
- Carne de boi → carne bovina
- Faixa de idade → faixa etária
- Rosto de anjo → rosto angelical
- Peixe do mar → peixe marítimo

1.2.5 O pronome adjetivo

Os pronomes adjetivos são aqueles em que o pronome exerce a função de adjetivo. Surgem
acompanhados do substantivo, modificando-os.

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Pronomes adjetivos acompanham, determinam e modificam os substantivos, ou seja, atribuem


particularidades e características ao substantivo, como se adjetivos fossem.

Exemplos: “Este livro é excelente!”

- O pronome adjetivo este está determinando o substantivo comum livro, ao qual se refere.

1.3 Numeral

Numeral é a classe gramatical de palavra variável (flexionadas em número e gênero) que tem a
função de atribuir quantidades aos seres, lugares, objetos, etc. Assim, expressam uma quantidade exata de
serem ou a posição que ocupam em uma sequência ou série.

a) CARDINAIS: os numerais cardinais são a forma básica dos números que indicam uma quantidade.
Ex.: um, dois, três, quatro, cinco, seis...

Alguns números cardinais variam em número, como: milhão-milhões, bilhão-bilhões, trilhão-


trilhões...

b) ORDINAIS: os numerais ordinais indicam a ordem de uma sequência, representando sucessão.


Ex.: primeiro, segundo, terceiro, quarto...

Assim, representa a ordem de sucessão e uma série, seja de seres, coisas ou objetos. Alguns
numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. Também variam em gênero (masculino-feminino) e número
(singular e plural), como: segundo-segunda.

c) FRACIONÁRIOS: indicam proporções numéricas, isto é, representam parte de um todo. Ex.:


metade, um quarto, um oitado, um terço...

d) COLETIVOS: são os numerais que fazem referência a um conjunto de termos. Ex.: dezena, dúzia,
centena, semestre...

ATENÇÃO!
Os números coletivos sofrem a flexão de número (singular e plural).

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e) MULTIPLICATIVOS: associam um conjunto, atribuindo a eles uma característica e determinando


o aumento de sua quantidade por meio de múltiplos. Ex.: dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo,
etc.

Dessa forma, de acordo com sua função, os numerais podem apresentar valor de substantivo ou
adjetivo. A depender do caso, então, podem ser:

Numerais substantivos: caracterizados pelos numerais multiplicativos. Podem substituir outros


substantivos.

Exemplo: Ela fez o dobro do esforço.

Numerais adjetivos: são os numerais cardinais, ordinais, coletivos e fracionários. Modificam o


substantivo e desempenham na frase uma função própria do adjetivo.

Exemplo: Esta roupa é de segunda mão (indica qualidade).

1.4 Artigo

É a classe das palavras que servem para determinar ou indeterminar os substantivos, antecedendo-
os. O artigo substantiva qualquer classe gramatical e atribui ao substantivo especificação de gênero e/ou
número. Em alguns casos, apenas cumprem expressar se a palavra é feminina ou masculina.

Quanto aos artigos, são classificados em definidos ou indefinidos. Podem ser contraídos com
algumas preposições.

Exemplos: o, a, os, as, um, uma, uns, umas.

Os artigos devem concordar em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural) com o
substantivo. Como acontece em:

• A dança – As danças;
• O menino – Os meninos.

Assim, os artigos podem se combinar com preposições, apresentando diversas combinações.

ao/aos (a + o/os); à/às (a + a/as); do/dos (de + o/os); na/nas (em + a/as); no/nos (em + o/os); num/nuns
(em + um/uns); numa/numas (em + um/uns); dum/duns (de + um/uns); duma/dumas (de + uma/umas)

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• ARTIGOS DEFINIDOS: O, A, OS AS

São variáveis em gênero e número. Possuem a função de acompanhar um ser específico de modo
objetivo. Determinam o substantivo comum ao isolar o mesmo dos demais.

o MASCULINO – O, OS (PLURAL)
o FEMININO – A, AS (PLURAL)

ATENÇÃO!
- O artigo definido não pode ser utilizado em vocativos, exclamações e datas;
- Não é utilizado antes de pronomes de tratamento (Vossa Alteza, Vossa Majestade, Vossa Excelência, Vossa
Senhora, etc);
- É utilizado antes de nomes próprios de países, rios, oceanos e montanhas. Ex. A Inglaterra; O Tigre (rio); O Everest.

• ARTIGOS INDEFINIDOS: UM, UMA, UNS, UMAS

Determinam a palavra que acompanham (pessoa, objeto ou lugar) de maneira vaga, indeterminada.

o MASCULINO - UM, UNS (PLURAL)


o FEMININO - UMA, UMAS (PLURAL)

Sobre o artigo indefinido “UM”, possui o poder de dar sentido de ÊNFASE. Sendo assim, reforça alguma ideia
exposta na frase. Por exemplo:

- Este corte de cabelo está com um acabamento perfeito.

Já quando aparece antes de numeral, o artigo indefinido pode traz a ideia de aproximação.

- Ela recebeu uns 50 reais pelo produto vendido.

1.4.1 Artigos e preposições

É possível que os artigos combinem com preposições.

o a/aos (a + o/os) Ex.: O missal foi entregue aos presentes.


o do/dos (de + o/os) Ex.: Esta era a casa dos nossos amigos.
o na/nas (em + a/as) Ex.: A carteira está na gaveta.

201
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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o num/nuns (em + um/uns) Ex.: Semana que vem estarei num evento.

ATENÇÃO!
Os artigos definidos conseguem transformar qualquer tipo de palavra em substantivo e, para isso, não importa
a sua classe gramatical. Os artigos concordam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural)
com o substantivo.

1.5 Pronome

O pronome é a palavra que substitui o nome ou o grupo nominal, evitando sua repetição. Assim, é a
classe de palavras que acompanha ou substitui o substantivo.

São seis os tipos de pronomes:

a) PESSOAL

1º pessoa: o ser que se manifesta (fala) no processo comunicativo; pode ser o enunciador, o locutor ou
o emissor.
2º pessoa: o ser que recebe a mensagem e decodifica-a; sendo o receptor ou o interlocutor.
3º pessoa: o ser sobre o qual se fala no processo comunicativo.

o Reto – eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas;


o Oblíquo - me, mim, comigo, te, ti, contigo, se, si, consigo;

Os pronome ainda se subdividem em pronomes pessoais do caso reto e em pronomes oblíquos átonos e
tônicos.

⇒ CASO RETO: pronomes pessoais que sempre exercem função de sujeito da oração (nunca exercem função
de complemento).

1º pessoa do singular: EU
2º pessoa do singular: TU
3º pessoa do singular: ELE/ELA
1º pessoa do plural: NÓS
2º pessoa do plural: VÓS
3º pessoa do plural: ELES/ELAS

202
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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Os pronomes retos jamais exercem função de objeto, sempre de sujeito!

⇒ OBLÍQUOS ÁTONOS: exercem função de complemento. São diferentes dos tônicos. Não se prendem ao
verbo pela colocação pronominal (próclise, mesóclise e ênclise).

1º pessoa do singular: ME
2º pessoa do singular: TE
3º pessoa do singular: SE/O/A/LHE
1º pessoa do plural: NOS
2º pessoa do plural: VOS
3º pessoa do plural: SE/OS/AS/LHES

⇒ OBLÍQUOS TÔNICOS: são utilizados como complementos, mas não podem ser confundidos com sujeito.

1º pessoa do singular: MIM


2º pessoa do singular: TI
3º pessoa do singular: SI/ELE/ELA
1º pessoa do plural: NOS
2º pessoa do plural: VOS
3º pessoa do plural: SI/ELE/ELA

PRONOMES PESSOAIS DE TRATAMENTO:

PRONOME ABREVIATURAS UTILIZAÇÃO

Singular Plural

Senhor(es) e Senhora(s) sr. e sra. srs. e sras. Tratamento formal.

Você(s) v. v. Tratamento informal.

Príncipes e princesas, duques e


Vossa(s) Alteza(s) V.A. VV. AA.
duquesas.

203
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PRONOME ABREVIATURAS UTILIZAÇÃO

V. Emas., V.
V. Ema., V. Em.a
Vossa(s) Eminência(s) Em.as ou V. Cardeais.
ou V. Em.a
Em.as

Altas autoridades: Presidente da


V. Ex.as ou V.
Vossa(s) Excelência(s) V. Ex.a ou V. Ex.a República, ministros, deputados,
Ex.as
embaixadores.

Vossa Excelentíssima
V. Ex.a Rev.ma V. Ex.as Rev.mas Bispos e arcebispos.
Reverendíssima

V. Mag.a. ou V. V. Mag.as ou V.
Vossa(s) Magnificência(s) Reitores de universidades.
Mag.a Mag.as

Reis e rainhas, imperadores e


Vossa(s)Majestade(s) V. M. VV. MM.
imperatrizes.

Sacerdotes e outras autoridades


Vossa Reverência V. Rev.a V. Rev.as
religiosas do mesmo nível.

V. Revma., V. V. Revma., V.
Vossa(s) Sacerdotes e outras autoridades
Rev.ma ou V. Rev.mas ou
Reverendíssima(s) religiosas do mesmo nível.
Rev.ma Rev.mas

Vossa Santidade V. S. - Papa.

Oficiais, funcionários graduados e


Vossa(s) Senhoria(s) V. S.a ou V.S.a V. S.as ou V.S.as
tratamento comercial.

Seguem os títulos ou qualidades das pessoas, como idade, cargo ocupado, profissão, gênero, etc.
Podem ser sintetizados em:

b) POSSESSIVO

Indicam posse em relação às pessoas do discurso. Concordam em gênero e número com a coisa possuída.

Número Pessoa Pronomes Possessivos


Singular Primeira meu, minha, meus, minhas
Segunda teu, tua, teus, tuas

204
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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Terceira seu, sua, seus, suas


Plural Primeira nosso, nossa, nossos, nossas
Segunda vosso, vossa, vossos, vossas
Terceira seu, sua, seus, suas

c) DEMONSTRATIVO

Apontam a relação de distância (de lugar ou de tempo) entre o nome ao qual se referem e as pessoas do
discurso. Indicam, assim, a posição daquilo a que se referem.

o ESTE/ESTA: junto de quem fala;


o ESSE/ESSA: perto a quem se fala;
o AQUELE/AQUELA: longe de quem fala.

PRIMEIRA PESSOA Este, estes, esta, estas, isto


SEGUNDA PESSOA Esse, esses, essa, essas, isso
TERCEIRA PESSOA Aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo

• ESTE, ESTA

o Tempo: presente;
o Espaço: perto do falante;
o Texto: anuncia o que ainda será mencionado.

Exemplos:
Este livro (aqui);
Esta mesa (aqui);
Estes livros (aqui);
Estas mesas (aqui).

• ESSE, ESSA

o Tempo: passado recente;


o Espaço: perto do ouvinte;
o Texto: retoma algo anteriormente mencionado.

Exemplos:

205
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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Esse livro ai (com você);


Essa mesa ai (com você);
Esses livros ai (com você);
Essas mesas ai (com você).

• AQUELE, AQUELA

o Tempo: passado ou futuro distante;


o Espaço: longe do falante;
o Texto: antecedente mais distante.

Exemplos:
Aquele livro (ali, lá)
Aquela mesa (ali, lá)
Aqueles livros (ali, lá)
Aquelas mesas (ali, lá)

ATENÇÃO! SÃO INVARIÁVEIS: ISTO, ISSO E AQUILO. Os demais são VARIÁVEIS.

d) INDEFINIDO

Os pronomes indefinidos se referem à terceira pessoa do discurso, atribuindo-lhe um sentido vago e


indeterminado.

PRONOMES INDEFINIDOS

VARIÁVEIS INVARIÁVEIS

algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, vários, alguém, ninguém, tudo, outrem, nada,
tanto, quanto, qualquer. quem, cada, algo.

Exemplos:
- Ninguém apareceu ontem.
- Todos estão aguardando o resultado.
- Algumas alunas passaram no concurso.

e) INTERROGATIVO

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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São utilizados na formulação de perguntas diretas ou indiretas, referindo-se à terceira pessoa do


discurso.

Classificação Pronomes Interrogativos

Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.

Invariáveis quem, que.

Exemplos:
- Quanto custa a entrada?
- Quais livros você irá comprar?
- Quem estava com ela no show?

f) RELATIVO

O pronome relativo substitui um termo da oração anterior e estabelece relação entre duas orações.
Assim, substitui um nome já mencionado (antecedente) com o qual se relaciona.

Exemplo: Nós conhecemos o professor. O professor foi promovido. Nós conhecemos o professor que foi
promovido.

O que, no exemplo exposto, está substituindo o termo professor (relacionando a segunda oração com a
primeira).

PRONOMES RELATIVOS

Invariáveis Variáveis

que o qual, os quais, a qual, as quais

quem cujo, cujos, cuja, cujas

quando quanto, quantos, quantas

como

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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onde

1. QUE, O QUAL, OS QUAIS, A QUAL, AS QUAIS

• Os temas sobre os quais falamos irão cair na prova.

2. QUEM, CUJO, CUJOS, CUJA, CUJAS

• Ele é meu professor, a quem muito admiro.

3. QUANDO, QUANTO, QUANTOS, QUANTAS

• Farei tantos comentários quanto forem necessários.

4. COMO

• Não gosto da maneira como ele dirige o curso.

5. ONDE

6. O lugar onde comprei esta bolsa já não funciona mais.

1.6 Verbo

É o nome dado à classe gramatical que designa uma AÇÃO. São categorias de flexão dos verbos:
NÚMERO, PESSOA, MODO E TEMPO.
Os verbos podem indicar ação, estado, fenômeno da natureza, ocorrência e desejo. A estrutura de
composição dos verbos aparece da seguinte forma:

Radical, vogal temática e desinências (modo-temporal e número-pessoal).

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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1.6.1 Estrutura do verbo

Morfologicamente, o verbo apresenta os seguintes elementos:

1. RADICAL: sua base, contendo o sentido que o verbo carrega. Para identificar essa parte, é
necessário retirar as terminações –ar, –er ou –ir do infinitivo. Cantar, escrever, dividir.

• escrever: escrev = radical


• trabalhar: trabalh = radical
• cantar: cant = radical

2. VOGAL TEMÁTICA: é a vogal que se junta ao radical. Tem como função indicar a qual conjugação
o verbo pertence. Assim, se junta ao radical, preparando-o para receber as desinências. Nos
verbos, distinguem-se três vogais temáticas: A, E e I. Falar, comer, partir, começa, aprende.

Exemplo: partir (part - radical); i (vogal temática); r (desinência do infinitivo)

3. DESINÊNCIAS VERBAIS: morfemas que, com os verbos, indicam sua flexão em número (singular
e plural), em pessoa (1ª, 2ª ou 3ª pessoa gramatical), em modo (indicativo, subjuntivo e
imperativo) e tempo (passado, presente e futuro). Podem ser de dois tipos:

a) DESINÊNCIA MODO-TEMPORAL: começávamos


b) DESINÊNCIA NÚMERO-PESSOAL: aprenderíamos

1.6.2 Flexões do verbo

O verbo é a classe gramatical com mais flexões, sendo elas: número, pessoa, modo e tempo.

a) Número: o verbo varia em singular e plural para concordar com o sujeito.


– O carro está sujo. (singular)
– Os carros estão sujos. (plural)

b) Pessoa: o verbo varia em primeira, segunda e terceira pessoa do discurso; assim, indica o emissor, o
receptor e o referente.

SINGULAR
1ª pessoa – Eu como.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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2ª pessoa – Tu comes.
3ª pessoa – Ele(a) come.
PLURAL
1ª pessoa – Nós comemos.
2ª pessoa – Vós comeis.
3ª pessoa – Eles(as) comem.

c) Modo: o verbo se conjuga no indicativo, no subjuntivo e no imperativo.


1.6.3 Classificação dos verbos

a) Regulares: apresentam o mesmo radical em todos os tempos e modos. As desinências seguem um


paradigma nas três conjugações (-ar, -er, -ir).

• eu vendo, tu vendes, ele vende…

b) Irregulares: o radical e/ou as desinências se alteram; logo, não seguem o paradigma da conjugação.

• Querer: radical quer-


• eu quis, tu quiseste, ele quis…

c) Anômalos: possuem mais de um radical diferente. É o caso dos verbos ser e ir (somente eles).

• eu sou, tu és… eu fui…eu era… (que) eu seja… (se) eu fosse…

1.7 Advérbio

Os advérbios podem expressar ideias tempo, intensidade, lugar, modo, afirmação, negação ou
dúvida. Assim, a função do advérbio é a de modificar o verbo, adjetivo ou até mesmo outro advérbio. Pode,
nessa lógica, modificar o seu sentido. Suas palavras são invariáveis e, sendo assim, não podem ser flexionadas
em gênero (masculino/feminino), número (singular/plural) ou grau (aumentativo/ diminutivo).
Os advérbios aparecem no início, meio ou no fim das orações como adjunto adverbial.

ATENÇÃO!
Há exceção apenas em relação aos advérbios de intensidade, que são modificados quanto ao grau.

a) ADVÉRBIO DE LUGAR

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São palavras que apontam uma localização, posição ou direção.

• O restaurante está dentro da galeria.


• Estou morando longe da orla.

Aqui; antes; dentro; ali; adiante; fora; acolá; atrás; além; lá; detrás; aquém; cá; acima; onde; perto; aí; abaixo;
aonde; longe; debaixo; algures (em algum lugar), alhures (em outro lugar), nenhures (em nenhum lugar), etc.

b) ADVÉRBIO DE TEMPO

Servem para indicar o período temporal da ação.

• Costumo acordar cedo.


• É tarde demais para ir ao cinema.

Hoje; logo; primeiro; ontem; tarde; outrora; amanhã; cedo; dantes; depois; ainda; antigamente; atualmente;
antes; doravante; nunca; então; ora; jamais; agora; sempre; já; enfim; de tempos em tempos; etc.

c) ADVÉRBIO DE MODO

Explica de que maneira a ação foi realizada.

• Estudei para a prova às pressas;


• Liguei para ele às escondidas.

Bem; mal; melhor; pior; assim; aliás; depressa; devagar; como; sobretudo; quase; assim; ao léu; às claras; às
pressas; à toa; à vontade; às escondidas; aos poucos; desse jeito; desse modo; etc.

d) ADVÉRBIO DE INTENSIDADE

Exemplificam a potência de determinada ação ou qualidade.

• Ele gosta muito de caminhar;


• A aluna era bastante pontual.

Muito; pouco; mais; menos; demais; demasiado; quanto; quão; tanto; tão; assaz; tudo; nada; todo; bastante;
quase; etc.

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PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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e) ADVÉRBIO DE DÚVIDA

Tem a função de demonstrar incerteza.

• Talvez ela não passe na prova;


• Provavelmente irei estudar mais no sábado.

Acaso; porventura; possivelmente; eventualmente; provavelmente; quiçá; talvez, por certo, quem sabe; etc.

f) ADVÉRBIO DE AFIRMAÇÃO

Afirmam, completam ou atestam alguma situação.

• Sua resposta foi avaliada negativamente;


• Matheus certamente terá um futuro brilhante.

Sim; certo; certamente; realmente; decerto; efetivamente; decididamente; efetivamente; realmente; sem
dúvida; etc.

g) ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO

Intensifica o sentido de negação atribuído a algo.

• Nunca conheci Porto Alegre;


• Ele jamais aceitaria o empréstimo.

Não; nem; nunca; jamais; de jeito nenhum; de maneira alguma; de modo algum; tampouco.

CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS

Advérbios demonstrativos Aqui, então, agora, aí, etc.

Advérbios relativos Onde, como, quando, etc.

Advérbios interrogativos Quando?, onde?, como?

CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS

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Advérbios de
Sim, certamente, efetivamente, realmente, etc.
afirmação

Advérbios de dúvida Acaso, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, etc.

Advérbios de Assaz, bastante, bem, demais, mais, menos, muito, pouco, quanto, quão, quase,
intensidade tanto, tão, etc.

Abaixo, acima, adiante, aí, além, ali, aquém, aqui, atrás, através, cá, defronte,
Advérbios de lugar
dentro, detrás, fora, junto, lá, longe, onde, perto, etc.

Assim, bem, debalde, depressa, devagar, mal, melhor, pior; e quase todos
Advérbios de modo
terminados em -mente: fielmente, levemente, etc.

Advérbios de
Não, tampouco (=também não)
negação

Agora, ainda, amanhã, anteontem, antes, breve, cedo, depois, então, hoje, já,
Advérbios de tempo
jamais, logo, nunca, ontem, outrora, sempre, tarde, etc.

1.7.1 Locução adverbial

Ocorre quando duas ou mais palavras atuam como advérbio, transformando o sentido do verbo,
adjetivo ou advérbio.
Alguns exemplos:

• Preposição + substantivo: de novo


• Preposição + adjetivo: em breve
• Preposição + advérbio: por ali

- Você pode me ajudar com a prova de novo? (de novo = novamente)


- Em breve estarei aprovada. (em breve = brevemente)

• LOCUÇÃO ADVERBIAL DE TEMPO: em breve, logo mais, à tarde, à noite, pela manhã, por vezes, de
tempos em tempos etc.
• LOCUÇÃO ADVERBIAL DE LUGAR: em cima, por perto, ao lado, à direita, à esquerda, para dentro,
para fora etc.
• LOCUÇÃO ADVERBIAL DE AFIRMAÇÃO: por certo, sem dúvida, com certeza, na verdade, de fato etc.
• LOCUÇÃO ADVERBIAL DE NEGAÇÃO: de forma alguma, de modo algum, de maneira nenhuma etc.

213
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

• LOCUÇÃO ADVERBIAL DE MODO: às pressas, ao contrário, em silêncio, de cor, às claras, à toa, em


geral etc.
• LOCUÇÃO ADVERBIAL DE QUANTIDADE: de muito, de pouco, de todo, em excesso etc.

ATENÇÃO! As locuções adverbiais são formadas por duas ou mais palavras. Assim, “de novo”, “de repente”
e “com certeza” são escritas separadamente.

1.8 Preposição

São palavras variáveis que conectam dois ou mais termos da oração. Nessa ligação, um termo fica
subordinado ao outro. A palavra que precisa da utilização da preposição é chamada de antecedente ou
regente; a palavra introduzida é consequente ou regida. As preposições são: preposições essenciais,
preposições acidentais e locuções prepositivas.

• Entreguei o documento a ele.


• A biblioteca é aberta após as 18h.
• Isto é para Camila.

a) Preposições essenciais são palavras que funcionam apenas como preposição.

A, em, de, até, com, após, ante, contra, desde, entre, para, por, perante, sem, sob, sobre, trás.

b) Preposições acidentais apresentam uma conjunção com função de preposição ou quando duas ou
mais palavras funcionam como preposição.

Mas, afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, feito, fora, mediante, menos, salvo, segundo,
senão, tirante, visto, etc.

c) Locuções prepositivas: duas duas ou mais palavras sendo a última com o valor de uma preposição.

Abaixo de, acima de, a fim de, acerca de, além de, ao invés de antes de, ao lado de, a par de, apesar de,
atrás de, a respeito de, através de, de acordo com, debaixo de, de cima de, dentro de, depois de, diante
de, em frente de, em lugar de, em vez de, graças a, perto de, por causa de, por entre, etc.

1.9 Conjunção

214
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

É a palavra responsável por ligar dois termos ou duas orações de mesmo valor gramatical. As
conjunções são classificadas em coordenativas (aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e
explicativas) e subordinativas (integrantes, causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformativas,
consecutivas, temporais, finais e proporcionais).

ATENÇÃO! As conjunções são invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e número.

a) CONJUNÇÕES COORDENATIVAS OU COORDENADAS: estabelecem uma ligação entre as orações


coordenadas que não dependem sintaticamente das outras.

• Conjunções aditivas - expressam soma;


• Conjunções adversativas - expressam oposição;
• Conjunções alternativas - expressam alternância;
• Conjunções conclusivas - expressam conclusão;
• Conjunções explicativas - expressam explicação.

TIPOS CONJUNÇÕES EXEMPLOS

Gosta de MPB, mas também de


ADITIVAS e, mas ainda, mas também, nem...
rock.

contudo, entretanto, mas, não obstante, no Acordou cedo, no entanto chegou


ADVERSATIVAS
entanto, porém, todavia... atrasada.

ALTERNATIVAS já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…, quer… Não queria ir ou fingia não querer.

assim, então, logo, pois (depois do verbo), por Estudo todos os dias, logo sou
CONCLUSIVAS
conseguinte, por isso, portanto... muito regrada.

Passei no concurso porque sou


EXPLICATIVAS pois (antes do verbo), porquanto, porque, que...
uma boa estudante.

b) CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS: termos que ligam duas orações sintaticamente dependentes.


Dividem-se em: causais, concessivas, condicionais, comparativas, finais, proporcionais,
temporais, comparativas, consecutivas e integrantes.

TIPOS CONJUNÇÕES EXEMPLOS

215
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Porque, pois, porquanto, como (no sentido de porque),


Estava bem porque tomei
CAUSAIS pois que, por isso que, á que, uma vez que, visto que,
o remédio.
visto como, que

Embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, Embora ficasse nervosa,
CONCESSIVAS
bem que, se bem que, apesar de que, nem que, que. sempre parecia serena.

Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, Se tivesse aqui, não a
CONDICIONAIS
dado que, desde que, a menos que, a não ser que. reconheceria.

Conforme o jornal
Conforme, como (no sentido de conforme), segundo,
CONFORMATIVAS informou, amanhã será
consoante.
um dia chuvoso.

É tarde para que estude


FINAIS Para que, a fim de que, porque (no sentido de que), que.
agora.

À medida que, ao passo que, à proporção que, enquanto,


quanto mais... (no sentido de mais), quanto mais... (no
Não gostava de
sentido de tanto mais), quanto mais... (no sentido de
PROPORCIONAIS Maria, quanto mais de
menos), quanto menos... (no sentido de menos), quanto
Carla.
menos... (no sentido de tanto menos), quanto menos (no
sentido de mais), quanto menos (tanto mais).

Quando, antes que, depois que, até que, logo que, Terminou o noivado assim
TEMPORAIS sempre que, assim que, desde que, todas as vezes que, que soube do
cada vez que, apenas, mal, que (desde que). acontecimento.

Que, do que (usado depois de mais, menos, maior, As ideias


COMPARATIVAS menor, melhor, pior) chegavam como uma
Qual (usado depois de tal) tartaruga.

Que (precedido de tão, tal, tanto), De modo que, De Ela é tão chata que eu não
CONSECUTIVAS
maneira que a tolero.

INTEGRANTES que e se. A verdade é que te amo.

c) LOCUÇÃO CONJUNTIVA: quando duas ou mais palavras exercem a função de conjunção. A maior
parte das locuções conjuntivas terminam em que.

216
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

EXEMPLOS DE LOCUÇÕES CONJUNTIVAS: visto que; dado que; posto que; sem que; até que; antes que; já
que; desde que; ainda que; por mais que; à medida que; à proporção que; logo que; a fim de que; se bem
que; contanto que.

DICA! Da mesma forma que as conjunções, as locuções conjuntivas também são classificadas em
coordenativas (aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas, explicativas) e subordinativas (adverbiais:
causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, finais, proporcionais,
temporais).

1. Locuções conjuntivas coordenativas

TIPOS DE LOCUÇÕES CONJUNTIVAS EXEMPLOS DE LOCUÇÕES CONJUNTIVAS

bem como;
como também;
não só... mas também;
Aditivas não só... como também;
(transmitem uma ideia de adição) não só... mas ainda;
não somente… mas também;
não somente… como também;
não somente… mas ainda.

no entanto;
não obstante;
Adversativas
ainda assim;
(transmitem uma ideia de oposição)
apesar disso;
mesmo assim.

ou...ou;
já…já;
Alternativas
ora...ora;
(transmitem uma ideia de alternância)
quer...quer;
seja...seja.

por isso;
Conclusivas
por conseguinte;
(transmitem uma ideia de conclusão)
por consequência;

217
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

TIPOS DE LOCUÇÕES CONJUNTIVAS EXEMPLOS DE LOCUÇÕES CONJUNTIVAS

de modo que;
desse modo.

já que;
visto que;
dado que;
Explicativas uma vez que;
(transmitem uma ideia de explicação) isto é;
ou seja;
na verdade;
a saber.

2. Locuções conjuntivas subordinativas

EXEMPLOS DE LOCUÇÕES
TIPOS DE LOCUÇÕES CONJUNTIVAS
CONJUNTIVAS

visto que;
uma vez que
Adverbiais causais
já que;
(apresentam a causa do acontecimento principal)
pois que;
desde que.

assim como;
Adverbiais comparativas
tanto como.
(apresentam uma comparação com o acontecimento principal)

ainda que;
Adverbiais concessivas mesmo que;
(apresentam uma ideia de contraste e contradição do se bem que;
acontecimento principal) posto que;
apesar de que.

218
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

EXEMPLOS DE LOCUÇÕES
TIPOS DE LOCUÇÕES CONJUNTIVAS
CONJUNTIVAS

salvo se;
desde que;
Adverbiais condicionais
dado que;
(apresentam uma condição para a realização ou não do
exceto se;
acontecimento principal)
contando que;
uma vez que.

Adverbiais conformativas de acordo com que;


(apresentam uma ideia de conformidade em relação ao em consonância com que.
acontecimento principal)

tanto que;
tão que;
tal que;
tamanho que;
Adverbiais consecutivas
de forma que;
(apresentam a consequência do acontecimento principal)
de modo que;
de sorte que;
de tal forma que;
de tal maneira que.

a fim de que;
Adverbiais finais
para que.
(apresentam o fim ou finalidade do acontecimento principal)

à proporção que;
Adverbiais proporcionais
à medida que;
(apresentam uma ideia de proporcionalidade com o
ao passo que.
acontecimento principal)

Adverbiais temporais agora que;


(apresentam uma circunstância de tempo ao acontecimento logo que;
principal) desde que;

219
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

EXEMPLOS DE LOCUÇÕES
TIPOS DE LOCUÇÕES CONJUNTIVAS
CONJUNTIVAS

assim que;
tanto que;
antes que;
primeiro que;
depois que;
até que.

A diferença entre conjunção e locução conjuntiva aparece na sua formação. Palavra simples: conjunção; o
conjunto de duas ou três palavras: locução.

1.10 Interjeição

Serve para exprimir, de modo enérgico, um sentimento, uma emoção, uma ordem, etc. Demonstra
espanto, dor, animação, alívio, advertência, desejo, alegria, silêncio, impaciência, aplauso, etc.
É uma palavra invariável que possui como função transmitir emoções. O valor de cada interjeição irá
depender conforme o contexto e a atitude do falante.

• Ah! Não consegui passar no concurso – Desapontamento.


• Ah! Que bela história – Admiração.

INTERJEIÇÕES DE
Oh!, Ah!, Oba!, Viva!, Opa!, Eta!, Eita!, Eh!,…
ALEGRIA

INTERJEIÇÕES DE
Vamos!, Força!, Coragem!, Ânimo!, Adiante!, Avante!, Eia!, Força!,…
ESTÍMULO

INTERJEIÇÕES DE
Apoiado!, Boa!, Bravo!, Parabéns!, Ótimo!, Isso!,…
APROVAÇÃO

INTERJEIÇÕES DE
Oh!, Tomara!,...
DESEJO

220
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

INTERJEIÇÕES DE
Ai!, Ui!, Ah!, Oh!,…
DOR

INTERJEIÇÕES DE
Nossa!, Cruz!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Oh!, Puxa!, Quê!, Ué!,...
SURPRESA

INTERJEIÇÕES DE
Diabo!, Puxa!, Pô!, Raios!, Ora!,...
IMPACIÊNCIA

INTERJEIÇÕES DE
Psiu!, Silêncio!, Shh!, Basta!, Chega!,…
SILÊNCIO

INTERJEIÇÕES DE
Uf!, Ufa! Ah!, Puxa!,…
ALÍVIO

INTERJEIÇÕES DE
Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!, Jesus!, Ai!,…
MEDO

INTERJEIÇÕES DE
Cuidado!, Atenção!, Olha!, Alerta!, Sentido!, Fogo!, Calma!,…
ADVERTÊNCIA

INTERJEIÇÕES DE
Claro!, Tá!, Hã-hã!, Certo!, Ótimo!, Perfeito!,…
CONCORDÂNCIA

INTERJEIÇÕES DE
Credo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!, Droga!, Porcaria!, Bah!,…
DESAPROVAÇÃO

INTERJEIÇÕES DE
Hum!, Epa!, Ora!, Qual!, Ué!,…
INCREDULIDADE

INTERJEIÇÕES DE
Socorro!, Aqui!, Piedade!, Ajuda!, Acuda!,…
SOCORRO

INTERJEIÇÕES DE
Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Adeus!, Até!, Inté!, Salve!, Ave!, Viva!,…
CUMPRIMENTOS

INTERJEIÇÕES DE
Rua!, Xô!, Fora!, Passa!, Sai!, Arreda!,…
AFASTAMENTO

221
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

INTERJEIÇÕES DE
Obrigado!, Grato!, Valeu!,…
AGRADECIMENTO

INTERJEIÇÕES DE
Perdão!, Opa!, Desculpa!,…
DESCULPA

1.10.11 Locução Interjetiva

São duas ou mais palavras que, juntas, desempenham o papel de interjeição.

Puxa vida! Quem me dera! Cruz credo! Virgem Maria! Virgem Santa! Valha-me Deus! Muito bem! Minha
nossa!

222
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2022 - FGV - PC-RJ - FGV - 2022 - PC-RJ - Investigador Policial de 3ª Classe

Todas as frases abaixo mostram locuções adverbiais sublinhadas; a frase em que a locução destacada foi
substituída de forma adequada é:

A-Nenhum banco morre de repente / repentinamente;


B-As mudanças nunca ocorrem sem inconvenientes, até mesmo do pior para o melhor / complexamente;
C-Repreende o amigo em segredo e elogia-o em público / descaradamente;
D-Um homem muito lido nunca cita com precisão / necessariamente;
E-O sol se põe de novo a cada noite / repetidamente.

2 - 2022 - FGV - PC-RJ - FGV - 2022 - PC-RJ - Investigador Policial de 3ª Classe

“O grande mal do Brasil tem sido o crime sem castigo. O que reduz a criminalidade é a certeza da punição.”

Todas as frases abaixo são construídas por dois segmentos, com algum tipo de pontuação entre eles; a
substituição adequada dessa pontuação por uma conjunção, de modo a preservar o sentido da frase, é:

A-Deus fez o campo. O homem fez a cidade / portanto;


B-A natureza não se engana nunca; somos nós que nos enganamos / no entanto;
C-A felicidade consiste em ser feliz. Não consiste em fazer crer aos demais que o somos / pois;
D-Sucesso é conseguir o que você quer. Felicidade é gostar do que você conseguiu / embora;
E-Milhares de velas podem ser acesas de uma única vela e a vida da vela não será encurtada. Felicidade nunca
diminui ao ser compartilhada / assim como.

3 - 2022 - FGV - PC-RJ - FGV - 2022 - PC-RJ - Investigador Policial de 3ª Classe

Um antigo ministro brasileiro declarou certa vez: “O grande mal do Brasil tem sido o crime sem castigo. O
que reduz a criminalidade é a certeza da punição”.

Nessa frase, a locução “sem castigo” pode ser adequadamente substituída por “impune”; a frase abaixo em
que uma substituição de uma locução por um adjetivo foi feita de forma adequada é:

A-O melhor equipamento de segurança já inventado foi um espelho retrovisor com um carro de polícia
refletido nele / seguro;

223
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

B-Cadeia é castigo e não colônia de férias / festiva;


C-Não é permitido fazer em nome de outro o que não podemos fazer em nosso nome / alheio;
D-Um diamante é um pedaço de carvão que se saiu bem sob pressão / carbonizado;
E-A noite é a mãe dos pensamentos / pensativa.

4 - 2022 - FGV - PC-RJ - FGV - 2022 - PC-RJ - Investigador Policial de 3ª Classe

“Uma investigação complexa da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que durou 16 meses resultou na prisão
do homem apontado como o maior traficante de cocaína da capital, Wesley do Espírito Santo, vulgo
Macarrão, de 42 anos. Além disso, rendeu também a desarticulação de uma quadrilha especializada em
abastecer o DF com uma das drogas mais caras, a escama de peixe, variedade mais valiosa e refinada, em
2013. O Correio revelou, com exclusividade, como funcionava o esquema criminoso comandado pelo
traficante, condenado à pena mais alta da história de Brasília e executado enquanto trabalhava, em
Taguatinga. Na reportagem deste domingo (31/10), a atuação de cada um dos envolvidos é detalhada”
(Adaptado. Correio Braziliense, 2/12/2021).

“Uma investigação complexa da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que durou 16 meses resultou na prisão
do homem apontado como o maior traficante de cocaína da capital, Wesley do Espírito Santo, vulgo
Macarrão, de 42 anos.”

Nesse segmento do texto 3, o adjetivo sublinhado tem a função de:

A-valorizar, indiretamente, o trabalho da polícia;


B-justificar o pouco tempo dedicado à investigação;
C-mostrar o preparo intelectual dos agentes policiais;
D-indicar uma opinião do jornal sobre a prisão realizada;
E-informar a população sobre o trabalho diário da polícia.

5 - 2022 - FGV - PC-RJ - FGV - 2022 - PC-RJ - Investigador Policial de 3ª Classe

“Investigação é o ato ou efeito de investigar, busca, pesquisa. Ou seja, investigação criminal pode ser definida
como a atividade preliminar de produzir e colher elementos de convicção acerca da materialidade, de autoria
ou participação referente a um fato tido como criminoso” (Jus.com.br).
“Investigação é o ato ou efeito de investigar, busca, pesquisa. Ou seja, investigação criminal pode ser definida
como a atividade preliminar de produzir e colher elementos de convicção...”; esse segmento do texto 1 traz
dois infinitivos sublinhados.

224
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

A substituição adequada desses verbos pelos substantivos cognatos a eles correspondentes é:

A-atividade preliminar de produção e colhida de elementos;


B-atividade preliminar de produção e coleta de elementos;
C-atividade preliminar de produto e coleta de elementos;
D-atividade preliminar de produto e colheita de elementos;
E-atividade preliminar de produção e colheita de elementos.

6 - 2022 - FGV - PC-RJ - FGV - 2022 - PC-RJ - Investigador Policial de 3ª Classe

“Investigação é o ato ou efeito de investigar, busca, pesquisa. Ou seja, investigação criminal pode ser definida
como a atividade preliminar de produzir e colher elementos de convicção acerca da materialidade, de autoria
ou participação referente a um fato tido como criminoso” (Jus.com.br).

“Investigação é o ato ou efeito de investigar, busca, pesquisa. Ou seja, investigação criminal pode ser definida
como a atividade preliminar de produzir e colher elementos de convicção...”.

Nesse segmento do texto 1, há três ocorrências da preposição DE, sem que nenhuma delas seja solicitada
por um termo anterior.

A frase abaixo em que a preposição DE tem valor gramatical, ou seja, é uma exigência de um termo anterior,
é:

A-Não pedi a empresário nenhum que chegasse com malas DE dólares em minha casa;
B-Ninguém quer ser mulher DE malandro. O Brasil não precisa sofrer gol para depois marcar;
C-Tenho certeza DE que, no Brasil, mais jovens fumaram maconha do que gente comeu carne;
D-Os gerentes do banco, como diz o ditado, estão mais perdidos que cachorro em dia DE mudança;
E-Beijar a boca DE uma mulher bonita é fácil.

7 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil

Todas as frases abaixo se iniciam por um termo preposicionado; a frase modificada, de forma a suprimir esse
termo, que altera o sentido da frase original é:

A-Neste jornal há notícias apavorantes / Este jornal publica notícias apavorantes;


B-Em sua irritação, disse coisas inconvenientes / Sua irritação levou-o a dizer coisas inconvenientes;
C-Em suas cartas, revela-se toda a sua generosidade / Suas cartas comprovam toda a sua generosidade;

225
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

D-Numa gruta, achamos abrigo durante a tempestade / A gruta protegeu-nos durante a tempestade;
E-Nesta região, há cinco povoados importantes / Esta região compõe-se de cinco povoados importantes.

8- 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil

Em todas as frases abaixo há uma expressão formada pelo advérbio não + forma verbal; a frase abaixo em
que a expressão destacada foi substituída por um só verbo de significado equivalente e adequado ao
contexto é:

A-Não aceitou o convite / Declinou do convite;


B-Não aceitou a minha ajuda / Ignorou a minha ajuda;
C-Não cumpriu o que manda a lei / Desprezou o que manda a lei;
D-Não aceitou as acusações / Combateu as acusações;
E-Não se entregou até o final da luta / Dedicou-se até o final da luta.

9 - 2021 - FGV - PC-RJ - FGV - 2021 - PC-RJ - Inspetor de Polícia Civil

Em todas as opções abaixo há uma sequência de adjetivos que expressam uma mesma ideia; a opção em que
esses adjetivos partem do menos para o mais intenso é:

A-amigo / companheiro / parceiro;


B-afastado / distante / remoto;
C-colérico / irado / raivoso;
D-sentimental / sensível / afetivo;
E-delicado / gentil / educado.

Texto para questões 10 e 11:

Violência no Brasil
A violência doméstica é um crime contra a infância. A violência urbana é um crime contra a adolescência,
que atinge principalmente meninos negros”, diferencia Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil.
“Embora sejam fenômenos complementares e simultâneos, é crucial entendê-los, também, em suas
diferenças para desenhar políticas públicas efetivas de prevenção e resposta às violências”, acrescenta ela.
(Jornal Estado de Minas, 23 out. 2021, p. 9)

10 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - Escrivão de Polícia I

226
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Para a ocorrência de crase no sintagma: “e resposta às violências”?, a justificativa está INCORRETA em:

A-Antecede uma locução adverbial.


B-O termo regente pede a preposição “a”.
C-O termo regido admite o artigo definido “a”
D-Precede uma palavra feminina.

11 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - Escrivão de Polícia I

Na oração “Embora sejam fenômenos complementares e simultâneos, [...]”, a conjunção “embora” introduz,
no período, uma articulação

A-causal.
B-concessiva.
C-condicional.
D-proporcional.

12 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL Provas: CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada

O século XIX constituiu-se em marco fundamental para o desenvolvimento das instituições de


segurança pública, com as polícias buscando maior legitimidade e profissionalização. Como referência
ocidental, a Polícia Metropolitana da Inglaterra, fundada em 1829, mudou paradigmas, dando
preponderância ao papel preventivo de suas ações e foco à proteção da comunidade.
O consenso, em detrimento do poder de coerção, e a prevenção, em detrimento da repressão,
reforçaram a proximidade da polícia com a sociedade, com atenção integral ao cidadão. O modelo inglês
retirou as polícias do isolamento, apresentando-as à comunidade como importante parceira da segurança
pública e elemento fundamental para a redução da violência. Com isso, surgiu o conceito de uma organização
policial moderna, estatal e pública, em oposição ao controle e à subordinação política da polícia.
No Brasil, as primeiras iniciativas de implantação da polícia comunitária ocorreram com a
Constituição Federal de 1988 e a necessidade de uma nova concepção para as atividades policiais. Foram
adotadas estratégias de fortalecimento das relações das forças policiais com a comunidade, com destaque
para a conscientização sobre a importância do trabalho policial e sobre o valor da participação do cidadão
para a construção de um sistema que busca a melhoria da qualidade de vida de todos.
Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Segurança Pública
(SENASP). Diretriz Nacional de Polícia Comunitária. Brasília – DF, 2019. p. 11-12 (com adaptações)

227
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item que se segue.

Sem prejuízo da correção gramatical do texto e das informações nele veiculadas, o trecho “relações das
forças policiais com a comunidade” (terceiro parágrafo) poderia ser substituído por relações entre as forças
policiais e a comunidade.

Certo
Errado

Texto para as questões 13 e 14:

13 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

Na grade dos cursos há, por exemplo, determinação para que os aspirantes tenham acesso a um módulo de
14 horas de aulas sobre diversidade étnico-racial. (linhas 28 a 30)
Assinale a alternativa em que o termo sublinhado no período acima esteja corretamente flexionado no plural.

228
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

A-étnicos-raciais
B-étnico-raciais
C-étnicorraciais
D-etnicorraciais
E-étnicos-racial

14 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

“A formação profissional está eivada de crenças, valores e preconceitos de um sistema de representação


sobre o que é polícia, o que é criminoso, o que é mulher, o que é o menor e o que é o negro”, aponta. (linhas
22 e 23)
Pela sequência sublinhada no período acima, os termos polícia, criminoso, mulher, menor e negro são,
respectivamente,

A-adjetivo, adjetivo, adjetivo, substantivo, substantivo.


B-adjetivo, adjetivo, adjetivo, adjetivo, adjetivo.
C-substantivo, substantivo, substantivo, adjetivo, adjetivo.
D-substantivo, substantivo, substantivo, substantivo, substantivo.
E-substantivo, adjetivo, substantivo, adjetivo, substantivo.

Texto para questões 15 e 16:

229
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

15 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Um grupo de pesquisadores sugere que a presença de metano nas quantidades observadas nas plumas de
água que são ejetadas da lua de Saturno não pode ser explicada por qualquer mecanismo conhecido, salvo
vida. (linhas 1 a 3)

A palavra sublinhada no período acima se classifica como

A-adjetivo.
B-substantivo.
C-partícula expletiva.
D-verbo.
E--palavra denotativa.

16 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Assinale a alternativa em que o termo indicado desempenhe, no texto, papel adjetivo.

A-Vênus (linha 5)
B-publicado (linha 8)
230
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

C-achados (linha 8)
D-metano (linha 9)
E-muitas (linha 12)

17 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal

No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
No trecho “e previa o combate a crimes pequenos e a prevenção do vandalismo” (ℓ. 7 a 9), o “a”, em ambas
as ocorrências, classifica-se como preposição e seu emprego deve-se à presença da palavra “combate”.

Certo
Errado

231
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SEMANA 03/20

18 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES Provas: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador

Dicas de Segurança: Em casa

• Em sua residência, ao atender um chamado, certifique-se de quem se trata, antes mesmo de atendê-lo. Em
caso de suspeita, chame a Polícia.
• À noite, ao chegar em casa, observe se há pessoas suspeitas próximas à residência. Caso haja suspeita, não
estacione; ligue para a polícia e aguarde a sua chegada.
• Não mantenha muito dinheiro em casa e nem armas e joias de muito valor.
• Quando for tirar cópias de suas chaves, escolha chaveiros que trabalhem longe de sua casa. Dê preferência
a profissionais estabelecidos e que tenham seus telefones no catálogo telefônico.
• Evite deixar seus filhos em casa de colegas e amigos sem a presença de um adulto responsável.
• Cuidado com pessoas estranhas que podem usar crianças e empregadas para obter informações sobre sua
rotina diária.
• Cheque sempre as referências de empregados domésticos (saiba o endereço de sua residência).
• Utilize trancas e fechaduras de qualidade para evitar acesso inoportuno. O uso de fechaduras auxiliares
dificulta o trabalho dos ladrões.
• Não deixe luzes acesas durante o dia. Isso significa que não há ninguém em casa.
• Quando possível, deixe alguma pessoa de sua confiança vigiando sua casa. Utilize, se necessário, seu
vizinho, solicitando-lhe que recolha suas correspondências e receba seus jornais quando inevitável.
• Ao viajar, suspenda a entrega de jornais e revistas.
• Não coloque cadeados do lado de fora do portão. Isso costuma ser um sinal de que o morador está viajando.
• Cheque a identidade de entregadores, técnicos de telefone ou de aparelhos elétricos.
• Insista com seus filhos: eles devem informar sempre onde estarão, se vão se atrasar ou se forem para a
casa de algum amigo. É muito importante dispor de todos os telefones onde é possível localizá-los.
• Verifique se as portas e janelas estão devidamente trancadas e jamais avise a estranhos que você não vai
estar em casa.

Adaptado de https:<//sesp.es.gov.br/em-casa>. Acesso em: 30/jan./2019.

Assinale a alternativa em que a palavra seja formada por prefixação.

A-Entregadores.
B-Estranhos.
C-Fechaduras.
D-Inoportuna.
E-Chaveiro.
232
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Texto para questões 19 e 20:

Projetos e Ações: Papo de Responsa

O Programa Papo de Responsa foi criado por policiais civis do Rio de Janeiro. Em 2013, a Polícia Civil
do Espírito Santo, por meio de policiais da Academia de Polícia (Acadepol) capixaba, conheceu o programa e,
em parceria com a polícia carioca, trouxe para o Estado.
O ‘Papo de Responsa’ é um programa de educação não formal que – por meio da palavra e de
atividades lúdicas – discute temas diversos como prevenção ao uso de drogas e a crimes na internet, bullying,
direitos humanos, cultura da paz e segurança pública, aproximando os policiais da comunidade e,
principalmente, dos adolescentes.
O projeto funciona em três etapas e as temáticas são repassadas pelo órgão que convida o Papo de
Responsa, como escolas, igrejas e associações, dependendo da demanda da comunidade. No primeiro ciclo,
denominado de “Papo é um Papo”, a equipe introduz o tema e inicia o processo de aproximação com os
alunos. Já na segunda etapa, os alunos são os protagonistas e produzem materiais, como músicas, poesias,
vídeos e colagens de fotos, mostrando a percepção deles sobre a problemática abordada. No último
processo, o “Papo no Chão”, os alunos e os policiais civis formam uma roda de conversa no chão e trocam
ideias relacionadas a frases, questões e músicas direcionadas sempre no tema proposto pela instituição. Por
fim, acontece um bate-papo com familiares dos alunos, para que os policiais entendam a percepção deles e
também como os adolescentes reagiram diante das novas informações.
Disponível em . Acesso em: 30/ jan./2019.

19- 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES Provas: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

Dentre os processos existentes para formar novas palavras, verifica-se que o substantivo “responsa” é
formado por

A-derivação prefixal.
B-derivação parassintética.
C-redução.
D-hibridismo.
E-composição por aglutinação.

20 - 2019 - INSTITUTO AOCP - PC-ES Provas: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia

233
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

No excerto “[...] aproximando os policiais da comunidade e, principalmente, dos adolescentes.”, a preposição


“da”, na expressão em destaque, indica

A-posse.
B-modo.
C-meio.
D-alvo.
E-tempo.

Respostas5

5
1: A 2: E 3: C 4: A 5: B 6: C 7: E 8: A 9: B 10: A 11: B 12: C 13: B 14: D 15: E 16: E 17: E 18: D 19: C 20: D
234
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

PORTUGUÊS: TEMA 04

TEMAS DO DIA
LÍNGUA PORTUGUESA
Emprego de tempos e modos verbais. Frases e tipos de frases. Oração: termos essenciais da oração, termos
integrantes da oração, termos acessórios da oração, coordenação e subordinação.

1. EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS

1.1 Tempos verbais

Uma das funções do verbo é a de indicar um processo localizado no tempo. Esse tempo
é divido em: presente, pretérito e futuro. Os tempos verbais indicam quando ocorre a ação,
estado ou fenômeno expressado pelo verbo.
Assim, os tempos verbais são recursos da gramática que esclarecem o momento da fala
de alguém. Trazem o passado, presente e futuro por meio da flexão de verbo. Desse modo, o interlocutor irá
indicar se algo já ocorreu, acontece no momento em que se fala ou ainda vai ocorrer.

LEMBRANDO QUE O VERBO PODE SE FLEXIONAR DE QUATRO MANEIRAS: PESSOA, NÚMERO,


TEMPO E MODO.
O VERBO É A CLASSE QUE POSSUI MAIS VARIAÇÕES DE FORMA OU ACIDENTES GRAMATICAIS.
AO CONJUNTO DE FLEXÕES DE UM VERBO DÁ-SE O NOME DE “CONJUGAÇÃO”.

Sobres os tempos verbais, tem-se:

a) TEMPO PRESENTE: fato que ocorre no momento da fala, assim como ações regulares ou situações
permanentes. Assim, o tempo presente aparece para fatos cotidianos.

Ex.: Estou ligando para ela.


Eu gosto de suco de abacaxi.
Na Escócia faz muito frio.
A menina é muito inteligente.
Ele trabalha no centro da cidade.

b) TEMPO PASSADO ou PRETÉRITO: fato que ocorreu antes do momento da fala. Já passou, ou seja,
não faz parte nem do presente nem do futuro.

235
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Ex.: Perdi a carteira na semana passada.


Choveu muito!
Fiz uma caminhada muito longa!

É subdividido em: pretérito perfeito, pretérito imperfeito e pretérito mais-que-perfeito.

Vejamos as subdivisões abaixo:

1.1.1 Pretérito perfeito

Fato passado totalmente concluído. É concluso e pontual. Ação completa no passado. Ação não
repetida.

Expressões comuns: ontem, anteontem, semana passada, no mês passado, no ano passado, etc.

Exemplos:

o No ano passado, eu era mais magro.


o Quando nós tínhamos uma casa no campo, costumávamos passar todos os finais de semana.
o Ele estudou todo o assunto hoje.

ATENÇÃO!
As conjunções dos verbos SER e IR no pretérito perfeito do indicativo são iguais.

SER IR
eu fui eu fui
tu foste tu foste
ele foi ele foi
nós fomos nós fomos
vós fostes vós fostes
eles foram eles foram

1.1.2 Pretérito imperfeito

O processo passado não foi totalmente concluído, pois revela o fato em sua duração. É um fato
inconcluso, contínuo, inespecífico.

236
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Exemplos:

o Ele conversava bastante durante a aula.

1.1.3 Pretérito mais-que-perfeito

Indica um processo passado anterior a outro também passado. Assim, pontua um fato mais remoto no
passado.

Exemplos:

o Quando eu cheguei da festa, ele já havia indo embora.


o Quando a mãe chegou em casa, as crianças já tinham feito o dever de casa.

c) TEMPO FUTURO: fato que irá ocorrer depois do ato da fala.

Ex.: Em cerca de meia hora a novela vai começar.


Daqui a quinze minutos o almoço estará pronto.

Já o tempo futuro é subdividido em:

1.1.4 Futuro do presente

Indica um fato posterior ao momento em que se fala. É aquilo que está por vir e traz uma expectativa,
torcida, desejo.

• Comerá (contextos formais)


• Vai comer (uso aceito, em contextos formais ou não)
• Irá comer (uma ênfase da última forma)

Exemplos:

o Quando ele voltar de viagem, contarei tudo o que aconteceu.

1.1.5 Futuro do pretérito

Indica um processo futuro tomado em relação a um fato passado. É uma projeção do futuro.

237
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

• Jura que comparecerá. (Futuro do presente)


• Jurou que compareceria. (Futuro do pretérito)

Exemplos:

o Se eu já tivesse as apostilas, estudaria amanhã mesmo.

1.2 Modos Verbais

Nas palavras de Rodrigo Bezerra (2021, p. 310):

As flexões de modo dizem respeito às formas assumidas pelo verbo para indicarem
certos estados de espírito em relação ao fato ou estado expressos por ele, ou seja,
mostram a atitude (certeza, dúvida, ordem, etc.) da pessoa que fala em relação ao
fato anunciado. Em português, três são os modos verbais: indicativo, subjuntivo e
imperativo. Esses modos compõem as chamadas “formas finitas do verbo”, em
oposição ao infinitivo, o qual com o gerúndio e o particípio compõem as “formas
infinitas do verbo” ou “formas nominais do verbo”.

Assim, inicialmente estudaremos os modos do verbo, sendo eles Indicativo, Subjuntivo e Imperativo.

a) MODO INDICATIVO: enuncia um fato ou um estado, em orações independentes ou dependentes,


declarativas, interrogativas ou exclamativas, afirmando ou negando. Apresenta ações verbais reais
ou verossímeis no fato que se enuncia.

Os tempos do indicativo são: presente, pretérito (perfeito, imperfeito e pretérito mais-que-perfeito),


futuro (do presente e do pretérito).

b) MODO SUBJUNTIVO: é o modo próprio da incerteza, da possibilidade, da dúvida, da futuridade, da


vontade, do desejo, da esperança.

Os tempos do subjetivo são: presente, futuro e pretérito imperfeito.

c) MODO IMPERATIVO: ordens, mando, preceitos e proibição.

Se subdividem em IMPERATIVO AFIRMATIVO e IMPERATIVO NEGATIVO.

238
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

MODO USO EXEMPLO


Ações verbais tidas como
Indicativo Maria sempre estuda.
reais ou verossímeis
Ações verbais consideradas
Subjuntivo Talvez Maria estude amanhã.
suposições ou hipóteses
Pedidos, ordens ou sugestões
Imperativo Estude agora, Maria.
a outra(s) pessoa(s)

Os tempos verbais (presente, pretérito e futuro), em conjunto com os modos verbais (indicativo,
subjuntivo e imperativo), indicam a forma como ocorrem as ações, estados ou fenômenos expressados pelo
verbo. O morfema DESINÊNCIA MODO TEMPORAL é responsável por marcar o tempo e o modo de um
verbo.

INDICATIVO:
- PRESENTE
- PRETÉRITO PERFEITO
- PRETÉRITO IMPERFEITO
- PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO
1.2.1 Tempos verbais do modo indicativo
- FUTURO DO PRESENTE
- FUTURO DO PRETÉRITO
Os tempos verbais do modo indicativo expressam
acontecimentos certos.

a) Tempos simples do modo indicativo


SUBJUNTIVO:
- PRESENTE
• Presente do indicativo: Eu durmo.
- PRETÉRITO IMPERFEITO
• Pretérito imperfeito do indicativo: Eu dormia.
- FUTURO
• Pretérito perfeito do indicativo: Eu dormi.
• Pretérito mais-que-perfeito do indicativo: Eu dormira.
IMPERATIVO:
• Futuro do presente do indicativo: Eu dormirei.
AFIRMATIVO E NEGATIVO
• Futuro do pretérito do indicativo: Eu dormiria.

b) Tempos compostos do modo indicativo

• Pretérito perfeito composto do indicativo: Eu tenho dormido.


• Pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo: Eu tinha dormido.
• Futuro do presente composto do indicativo: Eu terei dormido.

239
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

• Futuro do pretérito composto do indicativo: Eu teria dormido.

1.2.2 Tempos verbais do modo subjuntivo

São acontecimentos possíveis, que dependem de outros.

a) Tempos simples do modo subjuntivo

• Presente do subjuntivo: Talvez eu durma.


• Pretérito imperfeito do subjuntivo: Seria melhor se eu dormisse.
• Futuro do subjuntivo: Quando eu dormir, ficarei mais calma.

b) Tempos compostos do modo subjuntivo

• Pretérito perfeito composto do subjuntivo: Ele acredita que eu tenha dormido.


• Pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo: Ele acreditou que eu tivesse dormido.
• Futuro composto do subjuntivo: Quando eu tiver dormido, descansarei mais.

PRETÉRITO PERFEITO X PRETÉRITO IMPERFEITO:


A distinção diferença não é de tempo, mas diz respeito ao ponto de vista acerca do passado.

Quando era criança, brinquei naquele parque. (Perfeito)


X
Quando criança, brincava naquele parque. (Imperfeito)

1.2.3 Tempos verbais do modo imperativo

O modo imperativo se divide em imperativo afirmativo e imperativo negativo. A ação expressa pelo
verbo é uma ordem, pedido, conselho, convite ou súplica.

• Imperativo afirmativo: Durma agora!


• Imperativo negativo: Não durma agora!

1.3 Formas nominais

240
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

As formas nominais, mesmo não sendo parte de nenhum tempo ou modo, são consideradas
essenciais para a conjugação verbal. As formas nominais são: infinitivo pessoal, infinitivo impessoal,
particípio e gerúndio. Podem ser simples ou compostas.

• Infinitivo pessoal: O motivo da minha fadiga é não dormir direito.


• Infinitivo pessoal composto: Ter dormido de manhã me deixou mais disposto durante o dia.
• Infinitivo impessoal: Vou dormir em breve.
• Infinitivo impessoal composto: Gostei muito de ter dormido oito horas completas.
• Particípio: Tendo dormido à tarde, pude me sentir com mais energia.
• Gerúndio: Estarei dormindo no quarto novo.
• Gerúndio composto: Tendo dormido sem interrupções, já estava mais calma.

2. FRASES E TIPOS DE FRASES

As frases são a construção de sentido completo, que faz a comunicação entre duas ou mais pessoas.
Podem se formar por uma ou mais palavras, com ou sem verbo, ou por uma ou mais orações. As frases podem
ser afirmativas, negativas, interrogativas, exclamativas ou imperativas.

2.1 Exclamativas

São utilizadas sempre que o emissor quer manifestar algum tipo de emoção. São acompanhadas do
ponto de exclamação (!).

• Nossa, que calor!


• Finalmente!
• Que dia lindo!
• Que susto!

2.2 Declarativas

Esse tipo de frase representa a constatação de um fato pelo emissor. São finalizadas com ponto final
(.). Se subdividem em afirmativas ou negativas. A intenção dessas frases é a de passar alguma informação.

a) Declarativas afirmativas:

• Ele se formou.

241
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

• Gosto de filme de suspense.

b) Declarativas negativas:

• Ele não sabe alemão.


• O menino não come carne.

2.3 Imperativas

Demonstram ordens, conselhos e pedidos. Geralmente levam em sua formação ponto final ou ponto
de exclamação. Também podem ser afirmativas ou negativas.

a) Imperativas afirmativas:

• Vá embora!
• Calem-se!
• Pare de chorar.

b) Imperativas negativas:

• Não me ligue!
• Não pode fumar aqui.

2.4 Interrogativas

Ocorrem quando o emissor faz uma pergunta na mensagem. Se dividem em diretas ou indiretas.

a) INTERROGATIVAS DIRETAS: são sinalizadas com ponto de interrogação.

• Quer um pedaço de bolo?


• Vamos passear?

b) INTERROGATIVAS INDIRETAS: levam ponto final.

• Gostaria de saber se você aceita um pedaço de bolo.


• Quero te perguntar se você deseja dar um passeio.

242
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

2.5 Optativas

São frases que expressam um desejo, sendo sinalizadas com ponto de exclamação ou ponto final.

• Desejo um feliz aniversário para você!


• Vá em paz.
• Seja feliz.
• Boa viagem!
• Seja bem-vindo.

3. ORAÇÃO

Pode ser compreendida como um enunciado que tem o seu sentido completo ou reduzido. As orações
são formadas por SUJEITO e PREDICADO, ou seja, toda oração terá, necessariamente, um verbo.

ATENÇÃO!
NÃO CONFUNDIR ORAÇÃO E FRASE.
A distinção entre as duas é a seguinte: a oração nem sempre apresenta sentido completo, mas
sempre apresenta verbo. Já a frase sempre apresenta sentido completo e nem sempre terá um
verbo.
- Oração: Luana, você está falando sério?
- Frase: Sério?

3.1 Termos essenciais da oração

São o SUJEITO (o ser); PREDICADO (o que se fala do sujeito).

Alguns exemplos:

• Júlia mora no interior do Nordeste. (Júlia – sujeito; mora no interior do Nordeste – predicado).
• O vereador foi homenageado pela Câmara. (Vereador – sujeito; foi homenageado pela Câmara –
predicado).
• Pedro e João são amigos de infância. (Pedro e João – sujeito; são amigos de infância – predicado).

3.1.1 O sujeito

CLASSIFICAÇÕES DO SUJEITO:

243
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Sujeito determinado simples: quando apresentar apenas um núcleo, ou seja, quando for composto por uma
única palavra.
Ex.: A mãe levantou-se cansada.

Sujeito determinado composto: possui mais de um núcleo.


Ex.: A música e o café me movem.

Sujeito determinado implícito: é identificado por meio da desinência verbal ou por referência em outra
oração, mesmo não aparecendo na oração de forma explícita.
Ex.: Fiz dieta por vários meses. (sujeito implícito: eu)

Sujeito indeterminado: quando não é possível o definir. Pode ocorrer em:


a) Verbos na 3.ª pessoa do plural, sem qualquer referência anterior;
b) Verbos na 3.ª pessoa do singular, com a partícula se, indeterminadora do sujeito;
Verbos conjugados no infinitivo impessoal.

Sujeito é o ser sobre o qual se declara alguma coisa.


Predicado é aquilo que se declara sobre o sujeito.

O SUJEITO PODE SER DETERMINADO (SIMPLES, COMPOSTO, OCULTO), INDETERMINADO OU INEXISTENTE.

OBS.: o sujeito oculto (também conhecido como sujeito elíptico, desinencial ou implícito) ocorre quando o
sujeito não está explícito na oração, mas pode ser identificado por desinência verbal.

Ex.: Fui ao shopping (eu fui - subentendido). Comemos uma torta de maçã (nós).

Já no sujeito inexistente a oração sem sujeito é percebida quando o predicado aparece como um
verbo impessoal. Nesses casos não há relação entre sujeito e verbo.

Exemplo: Fez muito calor em Recife.

Na oração: o que não é sujeito é predicado.

3.1.2 O Predicado

244
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

É a parte da oração que faz referência ao que acontece com o sujeito. O predicado pode ser verbal,
nominal ou verbo-nominal.

• PREDICADO VERBAL → verbo


• PREDICADO NOMINAL → nome
• PREDICADO VERBO-NOMINAL → verbo e nome

a) PREDICADO VERBAL
Sujeito + Verbo de ação

• Possui como núcleo um verbo significativo.

Ex.: O mundo parou de repente.

- Sujeito simples: o mundo;


- Predicado: parou de repente;
- Tipo de predicado: verbal (a palavra mais relevante do predicado, ou seja, seu núcleo, é um verbo
significativo).

b) PREDICADO NOMINAL

Sujeito + Verbo de ligação + Predicativo

• Possui verbo de estado, ou seja, os chamados VERBOS DE LIGAÇÃO;


• Ser - estar - ficar - continuar - andar - viver.
• É aquele cujo núcleo é o PREDICATIVO DO SUJEITO.

Ex.: Ele estava feliz.

c) PREDICADO VERBO-NOMINAL

Sujeito + Verbo de ação + Predicativo


Tem como núcleo um verbo e um nome. Apresenta verbo significativo e predicativo.

Ex.: O vento sopra forte.

- Sopra: ação de soprar;

245
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

- Forte: estado do sujeito.

3.2 Termos integrantes da oração

São o OBJETO (complementa o verbo); COMPLEMENTO NOMINAL (complementa substantivos, adjetivos ou


advérbios); AGENTE DA PASSIVA (pratica a ação indicada pelo verbo na voz passiva).

3.2.1 O objeto

O objeto direto e o indireto são termos integrantes da oração que completam o sentido dos verbos
transitivos.

OBJETO DIRETO: termo da oração que completa a significação do verbo transitivo direto sem
preposição obrigatória.

Os pronomes o, a, os, as, funcionam como objeto direto e os pronomes lhe, lhes, como objeto indireto. Já os
pronomes me, te, se, nos, vos, podem assumir a função de objeto direto ou objeto indireto.

3.2.2 O complemento nominal

Tem preposição obrigatória; nunca indica posse; possui valor passivo (é sobre ele que recai a ação);
completa o sentido de: adjetivos, advérbios, substantivos abstratos.
É a expressão formada por PREPOSIÇÃO + nome que complementa o sentido.

• A crítica ao jornal causou polêmica.


• A batalha contra os estudantes terminou.

3.2.3 O agente da passiva

Esse termo indica quem ou o que executa a ação de um verbo na voz passiva e vem sempre depois
de preposição.

• Amanda leu o livro (voz ativa).


• O livro foi lido por Amanda (voz passiva).

VOZ PASSIVA: SUJEITO PACIENTE + VERBO AUXILIAR + VERBO PRINCIPAL NO PARTICÍPIO + AGENTE DA
PASSIVA.

246
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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3.3 Termos acessórios da oração

São o ADJUNTO ADNOMINAL (caracteriza ou determina um substantivo); ADJUNTO ADVERBIAL


(busca expressar determinada circunstância); APOSTO (explica um termo ou uma expressão).

3.3.1 O adjunto adnominal

Pode ou não ser preposicionado. Refere-se a substantivos abstratos ou concretos. Caracteriza,


define, indefine, restringe o substantivo. É representado por adjetivos, artigos, numerais, pronomes
adjetivos e locuções adjetivas.

3.3.2 O adjunto adverbial

É um termo acessório da oração que, obrigatoriamente, exprime valor circunstancial, podendo


modificar um verbo, um adjetivo, ou um advérbio. Pode aparecer preposicionado ou não.
O adjunto adverbial pode ser formado por advérbio, locução adverbial ou oração subordinada
adverbial.

3.3.3 O aposto

Aposto é uma palavra ou expressão que explica, esclarece ou resume outro termo da oração. Assim,
é o substantivo ou locução substantiva que, sem auxílio de preposição, modifica ou explica algo já designado.

Ex.: Brasil, o País do Futebol, é onde eu moro.

ATENÇÃO!
O aposto pode aparecer antes ou depois do termo ao qual se refere; assim, podendo ser, ou não,
destacado por sinais de pontuação como vírgula, dois-pontos ou travessão.

3.4 Tipos de oração

As orações podem ser: absolutas, coordenadas ou subordinadas.

3.4.1 Oração absoluta

Ocorre quando há apenas uma oração, ou seja, o período é simples. É o período que apresenta um
verbo em sua estrutura.
247
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

• O aluno chegou cedo.


• Joaquim disse a verdade.
• Eu gosto de sorvete.

Quando houver locução verbal, também é chamado de período simples.

3.4.2 Oração coordenada

Orações coordenadas são orações do período composto que se comportam de forma independente;
sendo assim, não dependem sintaticamente de outras. São divididas em sindéticas ou assindéticas. As
sindéticas são introduzidas por conjunções.

São diferentes das orações subordinadas, já que NÃO dependem de uma oração principal para fazerem
sentido.

a) ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS: são ligadas por meio de CONJUNÇÃO.

Assim, são orações coordenadas entre si, ligadas através de uma conjunção coordenativa. Vai trazer
a esse tipo de oração uma classificação: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas.

ADITIVAS – Comprou o livro e leu.


ADVERSATIVAS – Ele estudou, mas não obteve êxito.
ALTERNATIVAS – Ou cozinha, ou lava os pratos.
CONCLUSIVAS – Já larguei do trabalho, logo posso descansar.
EXPLICATIVAS – José não foi à escola, pois ia ao médico.

• Não saímos de casa (oração coordenada assindética) porque choveu muito (oração coordenada
sindética explicativa).
• Estamos cansadas (oração coordenada assindética) pois dormimos pouco (oração coordenada
sindética explicativa).

b) ORAÇÕES COORDENADAS ASSINDÉTICAS: não são ligadas por conectivos. Logo, estão apenas
justapostas.

• Ele entrou, sentou-se.


• Ele entrou. Sentou-se.

248
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

• Vim, vi, venci.


• Eles partiram, eu fiquei.

3.4.3 Oração subordinada

Uma oração é subordinada a outra pois depende da oração principal para ter sentido. Elas podem ser:
substantivas, adjetivas ou adverbiais.

a) ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA

Como o próprio nome já informa, desempenham o papel de substantivo na frase. Sintaticamente, podem
exercer as funções de sujeito, predicado, complemento nominal, objeto direto, objeto indireto e aposto.
Assim, as orações subordinadas substantivas são classificadas em 6 tipos: subjetiva, predicativa, completiva
nominal, objetiva direta, objetiva indireta e apositiva.

1. ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA SUBJETIVA: possuem valor de sujeito da oração principal.


São introduzidas pelas conjunções integrantes QUE ou SE.

- O verbo da oração principal está sempre na terceira pessoa do singular;


- Não ocorre sujeito dentro dos limites da oração principal (o sujeito já é a própria oração subordinada).

• Interessa-me (oração principal) que você compareça à reunião (oração subordinada substantiva
subjetiva).
• Nem imagino/se comprou outro carro.
• Não sei/se o garoto é bonito.
• Eu quero/que você me devolva o dinheiro.
• O problema é/que não passei no vestibular.

2. ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA PREDICATIVA: exercem o valor de predicativo do sujeito.

- A oração subordinada substantiva predicativa se liga ao sujeito da oração principal; através do verbo de
ligação (verbo ser, geralmente).
• O problema é/que o prazo já se esgotou.
• Minha esperança é que/você estude bastante.
• O importante era/que estivesse presente.

249
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

3. ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA COMPLETIVA NOMINAL: tendo o valor de complemento


nominal, completam o sentido do nome da oração principal. É sempre iniciada por uma preposição.
Assim, exerce a função de complemento nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio contido
na oração principal.

- Sempre se liga a um nome da oração principal; através de preposição (a, de, com, por, para, em, etc.).

• Chego à conclusão de que o contrato é ilegal.


• Tenho necessidade de que você volte mais cedo.
• Sentimos orgulho de seu comportamento.

4. ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA: apresentam o valor de objeto direto do


verbo da oração principal.

- Sempre se liga a um verbo da oração principal sem preposição;


- Indica o alvo sobre o qual recai a ação desse verbo.

• Eles não permitem que as mulheres vivam em paz.


• Decidimos que você será o síndico do condomínio.
• Todos decidiram que você continue na liderança.

5. ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA INDIRETA: possuem o valor de objeto indireto do


verbo da oração principal. São iniciadas por preposição.

- Liga-se ao verbo da oração principal, com preposição;


- Indica o alvo ou o destinatário do processo verbal.

• Ninguém desconfiava de que o plano fracassasse.

DICA!
Importante sempre fazer as perguntas "de que?"; "de quem?"; "a que?"; "a quem?"; "em quem?".

6. ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA APOSITIVA: como o próprio nome demonstra, possuem


valor de aposto de qualquer termo da oração principal.

- Possui valor de um aposto para um termo oração principal;


- Na maioria dos casos aparece depois de dois pontos.

250
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

• Todos têm o mesmo objetivo: passar no concurso.


• No final da discussão com a namorada ele fez uma promessa: que deveriam romper o
relacionamento.

b) ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA

Exercem a função de adjunto adnominal. Se dividem em EXPLICATIVAS e RESTRITIVAS.

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS EXPLICATIVAS: possuem vírgula, demonstram um caráter


semântico generalizados, assemelham-se a um aposto explicativo; podem ser removidas sem grandes
prejuízos semânticos.
As explicativas têm o papel de modificar um termo, generalizando-o ou tecendo um comentário adicional
sobre ele. São sempre separadas por pontuação.

• A lua, que não é uma estrela, influencia nas ondas do mar.


• João, aluno exemplar, irá passar no concurso.

ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS RESTRITIVAS: não possuem vírgula; têm um caráter semântico
especificador; não podem ser removidas da oração sem causar problemas semânticos. As restritivas limitam
uma parte do conjunto, restringindo o sentido do termo antecedente. Não vêm separadas por pontuação.

• As pessoas que malham diariamente tendem a viver mais.


• O professor liberou os alunos que estavam doentes.

c) ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL

Funcionam como adjunto adverbial da oração principal. Assim, é caracterizada pela circunstância (tempo,
modo, causa, etc.), como se fosse um advérbio. São classificadas em nove tipos: causais, comparativas,
concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, finais, proporcionais e temporais.

1. Oração subordinada adverbial causal

- Trazem a ideia de causa ou motivo.

• A aula foi suspensa porque faltou energia.

251
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

• Ela faltou porque estava doente.


• Como não acordei cedo, me atrasei para o trabalho.
• Já que os alunos não compareceram, vamos para casa.

Porque, que, como, pois que, porquanto, visto que, uma vez que, já que, etc.

2. Oração subordinada adverbial comparativa

- Refletem comparação.

• A luz é mais veloz do que o som.


• Ela é meiga como uma flor.
• Assistir filme no cinema é melhor do que na televisão.
• As crianças são mais inocentes do que os adultos.

Como, assim como, tal como, tanto como, tanto quanto, como se, do que, quanto, tal, qual, tal qual, que
nem, que (combinado com menos ou mais).

3. Oração subordinada adverbial concessiva

- Expressa oposição à oração principal, mas não a impede de ocorrer.

• Vou ao mercado mesmo que chova.


• Nada seria resolvido, ainda que eu argumentasse.
• Por mais que se peça consciência, os alunos continuam conversando na aula.

Embora, conquanto, por mais que, posto que, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, em que
pese, etc.

4. Oração subordinada adverbial condicional

- Traz uma condição da qual a oração principal depende para ocorrer ou não.

• Conto tudo desde que me prometam segredo.


• Se você vier, nós ficaremos felizes.
• A menos que me peçam desculpas, não conversarei com vocês.
• Se fizer sol domingo, iremos ao parque.
252
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

Se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.

5. Oração subordinada adverbial conformativa

- Estabelece uma relação de adequação ou conformidade com o processo expresso pelo verbo da oração
principal.

• Tudo ocorreu como estava previsto.


• A menina age conforme pensa.
• Segundo disse o Presidente, a greve acabou.
• Como você viu, ela ainda está se arrumando.

Conforme, segundo, como, consoante, de acordo, etc.

6. Oração subordinada adverbial consecutiva

- Exprimem consequência.

• Falaram tão mal do filme que ele nem entrou em cartaz.


• Gritou tanto que acordou os vizinhos.
• Comeu tanto que passou mal.

Tão, tal, tanto, tamanho, etc.

7. Oração subordinada adverbial final

- Exprimem finalidade. Logo, indica a finalidade para a qual se destina o processo do verbo da oração
principal.

• Saí, a fim de evitar mais uma briga.


• Estudei muito para passar no teste.
• Com a finalidade de conseguir um aumento, desenvolvi o projeto com maestria.

A fim de que, para que, que, porque, etc.

8. Oração subordinada adverbial temporal


253
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

- Exprimem circunstância de tempo. Demarca em que tempo ocorreu o processo expresso pelo verbo da
oração principal.

• Todos fugiam para a cidade vizinha quando soava o alarme.


• Enquanto estivermos juntos, estarei feliz.
• Assim que ela chegar, irei ao médico.
• Antes que ele me ligue, farei o pagamento.

Enquanto, quando, desde que, sempre que, assim que, agora que, antes que, depois que, logo que, etc.

9. Oração subordinada adverbial proporcional

- Exprimem proporção com o processo expresso pelo verbo da oração principal.

• À medida que a prova se aproxima a pressão aumenta.


• Ao passo que as pessoas entravam na sala ele ficava mais agitado.
• O desemprego aumenta à medida que a crise econômica cresce.
• Quanto mais o tempo passa, mais amadurecemos.

À proporção que, à medida que, ao passo que, tanto mais, tanto menos, quanto mais, quanto menos, etc.

254
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SEMANA 03/20

QUESTÕES PROPOSTAS

1 - 2022 - FGV - PC-RJ - FGV - 2022 - PC-RJ - Investigador Policial de 3ª Classe

“Um investigador de crimes cibernéticos é um agente da lei especializado na avaliação de casos envolvendo
crimes de computador. Esse pessoal pode trabalhar para agências policiais e empresas privadas e também
pode ser conhecido como técnico em computação forense. O trabalho nesse campo requer treinamento em
tecnologia da informação e aplicação da lei, para que as pessoas tenham as ferramentas para localizar
evidências, bem como as habilidades para protegê-las e garantir que sejam utilizáveis em tribunal.
Quando membros do público denunciam crimes cibernéticos, um investigador de crimes cibernéticos
participa da investigação. Isso pode incluir qualquer coisa, desde testar a rede de um banco para determinar
como e quando ocorreu um vazamento de dados até avaliar um computador individual que pode ter sido
usado em um crime. Os investigadores de crimes cibernéticos podem recuperar e reconstruir dados se forem
danificados ou destruídos, acidental ou intencionalmente. Eles também podem explorar redes de
computadores, computadores individuais e discos rígidos para identificar evidências de atividade criminosa”
(Netinbag.com).

“Um investigador de crimes cibernéticos é um agente da lei especializado na avaliação de casos envolvendo
crimes de computador. Esse pessoal pode trabalhar para agências policiais e empresas privadas e também
pode ser conhecido como técnico em computação forense.”

Nesse segmento do texto 5, o trecho sublinhado não está bem estruturado já que não deveria estar ligado
por E ao trecho anterior, por não tratar de assunto a ele relacionado.
O mesmo acontece em:

A-Quem diz que o futebol não tem lógica não entende de futebol e não sabe o que é lógica;
B-O mundo é um livro e aquele que viaja lê apenas uma página;
C-Camping é o modo que a natureza tem de promover o negócio hoteleiro e o turista é alguém que viaja para
ver coisas diferentes;
D-Você é um ser espiritual imerso em uma experiência humana e não um ser humano em busca de uma
experiência espiritual;
E-A vida espiritual nos remove do mundo cotidiano e nos leva a um aprofundamento nesse mundo.

2 - 2022 - FGV - PC-RJ - FGV - 2022 - PC-RJ - Investigador Policial de 3ª Classe

“O primeiro passo para delimitar os aspectos gerais do que seria o inquérito policial pode partir do próprio
vernáculo, inquérito, que pode ser entendido como ‘ato ou efeito de inquirir; conjunto de atos ou diligências

255
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

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SEMANA 03/20

com o que se visa a apurar alguma coisa’, ao passo que o verbo inquirir, do qual o substantivo deriva, pode
ser definido como ‘procurar informações acerca de; indagar; investigar; pesquisar’, ou ainda, ‘fazer
indagações, investigações, pesquisas, perquirições, de natureza filosófica ou científica; investigar, indagar,
pesquisar, esquadrinhar’.
Assim, sob um ponto de vista geral, podemos entender o inquérito como o conjunto de atos e diligências
que, por meio de investigação, pesquisa e perquirição, busca apurar as causas de algo” (Jusbrasil.com.br).
Observe a seguinte frase do texto 4: “...fazer indagações, investigações, pesquisas, perquirições, de natureza
filosófica ou científica”.
Nessa frase, o segmento destacado corresponde a uma explicitação de termos anteriores (indagações,
investigações, pesquisas, perquirições).
Partindo da frase “O deputado apresentou um projeto de lei”, as opções abaixo mostram explicitação de
componentes da frase inicial.
A opção em que o processo de explicitação está corretamente identificado é:

A-O deputado do PSDB apresentou um projeto de lei / acréscimo de um complemento nominal;


B-O deputado José Freitas apresentou um projeto de lei / aposição de um nome próprio;
C-O deputado apresentou um novo projeto de lei / adverbialização;
D-O deputado apresentou de repente um projeto de lei / complemento de objeto direto;
E-O deputado apresentou um projeto de lei, que será bastante útil / oração coordenada.

3- 2022 - FGV - PC-RJ - FGV - 2022 - PC-RJ - Investigador Policial de 3ª Classe

“Investigação é o ato ou efeito de investigar, busca, pesquisa. Ou seja, investigação criminal pode ser definida
como a atividade preliminar de produzir e colher elementos de convicção acerca da materialidade, de autoria
ou participação referente a um fato tido como criminoso” (Jus.com.br).
“Investigação é o ato ou efeito de investigar, busca, pesquisa”.

Para que esse período inicial do texto 1 mostre construção uniforme e adequada, sua estruturação deveria
ser:

A-Investigação é o ato ou efeito de investigar, buscar, pesquisar;


B-Investigação é o ato ou efeito de investigação, busca, pesquisa;
C-Investigação é o ato ou efeito de investigar, buscar e de pesquisa;
D-Investigar é o ato ou efeito de investigar, de busca e de pesquisa;
E-Investigação é o ato ou efeito de investigação, de busca e de pesquisa.

4 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - Escrivão de Polícia I

256
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

O período que contém sujeito simples é:

A-Alguém ouviu o chamado dele ontem à tarde.


B-Desviaram muitos recursos para a pavimentação das estradas.
C-Faz muito frio em Petrópolis.
D-Havia pouca gente no enterro do soldado.

5 - 2021 - FUMARC - PC-MG - FUMARC - 2021 - PC-MG - Escrivão de Polícia I

Indique a frase que contém ERRO de Regência Verbal.

A-Aspiro a sucesso e saúde


B-O engenheiro obedeceu às normas estabelecidas.
C-O policial visou ao alvo e atirou.
D-Prefiro o amor à guerra.

6 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-SE Provas: CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-SE - Agente de Polícia Judiciária

A palavra stalking, em inglês, significa perseguição, e é o termo utilizado pelo legislador na tipificação de
um crime que engloba condutas que atentem contra a liberdade, a intimidade e a dignidade. Entende-se o
stalking, ou o crime de perseguição, como um delito que exige uma perseguição reiterada pelo autor, não
consentida pela vítima, que lhe cause medo, angústia e sentimentos afins, além de repercutir diretamente
na sua vida de maneiras diversas.
Embora, em tese, qualquer pessoa possa figurar como vítima desse crime, sabe-se que a mulher é o
principal alvo nessa espécie delitiva — não é à toa que a criminalização da referida conduta era, havia tempos,
uma das prioridades da bancada feminina da Câmara dos Deputados. Tanto é assim que são utilizadas como
exemplo do que seria o stalking as situações em que a mulher é perseguida por um ex-companheiro que não
se conforma com o término da relação ou em que alguém possui um sentimento de posse em relação à
mulher e não desiste de persegui-la.
Tal conduta abrange desde a violência psicológica, que pode causar danos imensuráveis à saúde da vítima,
além de problemas no seu próprio cotidiano, no trabalho, na convivência profissional e familiar, até outras
formas de violência, que podem culminar em resultados nefastos e irreparáveis. A tipificação do stalking,
portanto, é um avanço significativo no combate à violência contra a mulher.
Internet: <diplomatique.org.br> (com adaptações).

No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o item a seguir.

257
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Feitos os devidos ajustes de maiúsculas e minúsculas, o travessão empregado no segundo parágrafo poderia
ser corretamente substituído por ponto final.

Certo
Errado

7 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL Provas: CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada

Tudo o que vem do povo tem uma lógica, uma razão, uma função. Ele nada faz sem motivo, e o que
produz está geralmente ligado ao comportamento do grupo ou a uma norma social ou de cunho psíquico e
religioso, um traço que vem de tempos longínquos, lá do fundo de nossas raízes, perdidas na noite dos
tempos, quando estávamos em formação. Pastoril, Quilombo, Reisado, Coco-de-Roda, literatura de cordel,
festas, tradições, superstições, contos, mitos, lendas não aparecem por acaso. São elementos da memória
popular, que engloba sentimentos e reações diante da história e das transformações.
Quais as origens do folclore alagoano, quais os componentes culturais que o forjaram? Théo Brandão,
com a autoridade de quem estudou a vida inteira e deixou uma obra irrepreensível sobre o assunto, diz que
são muitas as contribuições na formatação do nosso folclore. E que não é fácil nem simples demarcar a que
grupo pertence uma de suas variantes ou estabelecer com precisão a fronteira de determinada manifestação
folclórica. Afirma que há dúvidas em alguns casos e em outros é inteiramente impossível chegar a uma
conclusão única e definitiva. Cita como exemplo concreto dessas incertezas o caso da dança existente em
várias unidades nordestinas, que aparece ora como Coco, ora como Pagode, ora como Samba.
Instituto Arnon de Mello. Alagoas popular: folguedos e danças de nossa gente. Maceió: IAM, 2013, p. 24
(com adaptações).

Julgue o item seguinte, referentes às ideias, aos sentidos e às construções linguísticas do texto apresentado.

Em “Ele nada faz sem motivo”, o termo “sem motivo” exerce a função de complemento da forma verbal
“faz”.

Certo
Errado

8 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-AL Provas: CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-AL - Escrivão de Polícia - Prova
Anulada

258
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

O século XIX constituiu-se em marco fundamental para o desenvolvimento das instituições de segurança
pública, com as polícias buscando maior legitimidade e profissionalização. Como referência ocidental, a
Polícia Metropolitana da Inglaterra, fundada em 1829, mudou paradigmas, dando preponderância ao papel
preventivo de suas ações e foco à proteção da comunidade.
O consenso, em detrimento do poder de coerção, e a prevenção, em detrimento da repressão, reforçaram a
proximidade da polícia com a sociedade, com atenção integral ao cidadão. O modelo inglês retirou as polícias
do isolamento, apresentando-as à comunidade como importante parceira da segurança pública e elemento
fundamental para a redução da violência. Com isso, surgiu o conceito de uma organização policial moderna,
estatal e pública, em oposição ao controle e à subordinação política da polícia.
No Brasil, as primeiras iniciativas de implantação da polícia comunitária ocorreram com a Constituição
Federal de 1988 e a necessidade de uma nova concepção para as atividades policiais. Foram adotadas
estratégias de fortalecimento das relações das forças policiais com a comunidade, com destaque para a
conscientização sobre a importância do trabalho policial e sobre o valor da participação do cidadão para a
construção de um sistema que busca a melhoria da qualidade de vida de todos.
Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP).
Diretriz Nacional de Polícia Comunitária. Brasília – DF, 2019. p. 11-12 (com adaptações)

Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item que se segue.

A substituição da forma verbal “busca” (último período do texto) por busque alteraria o sentido original do
texto, mas não prejudicaria sua correção gramatical.

Certo
Errado

9 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia / Papiloscopista

Assinale a alternativa corretamente pontuada.

A-Durante parte do ano passado, o historiador Licínio Nunes de Miranda percorreu diariamente os
corredores com 15 mil túmulos no cemitério São João Batista no centro de Fortaleza, buscando um jazigo
específico. O de Francisco José do Nascimento – um abolicionista conhecido como Dragão do Mar.
B-Durante parte do ano passado, o historiador Licínio Nunes de Miranda percorreu diariamente os
corredores com 15 mil túmulos no cemitério São João Batista, no centro de Fortaleza: buscando um jazigo
específico; o de Francisco José do Nascimento, um abolicionista conhecido como Dragão do Mar.
C-Durante parte do ano passado, o historiador Licínio Nunes de Miranda percorreu diariamente os
corredores com 15 mil túmulos no cemitério São João Batista, no centro de Fortaleza, buscando um jazigo
específico: o de Francisco José do Nascimento, um abolicionista conhecido como Dragão do Mar.
259
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

D-Durante parte do ano passado, o historiador Licínio Nunes de Miranda percorreu diariamente os
corredores com 15 mil túmulos no cemitério São João Batista no centro de Fortaleza; buscando um jazigo
específico: o de Francisco José do Nascimento, um abolicionista conhecido como Dragão do Mar.
E-Durante parte do ano passado, o historiador Licínio Nunes de Miranda percorreu diariamente os corredores
com 15 mil túmulos no cemitério São João Batista, no centro de Fortaleza; buscando um jazigo específico, o
de Francisco José do Nascimento – um abolicionista conhecido como Dragão do Mar.

10 - 2021 - NC-UFPR - PC-PR - NC-UFPR - 2021 - PC-PR - Investigador de Polícia / Papiloscopista

O texto a seguir é referência para a questão.

A sociedade de consumo tem por base a premissa de satisfazer os desejos humanos de uma forma
que nenhuma sociedade do passado pôde realizar ou sonhar. A promessa de satisfação, no entanto, só
permanecerá sedutora enquanto o desejo continuar irrealizado; o que é mais importante, enquanto
__________ uma suspeita de que o desejo não foi plena e totalmente satisfeito. Estabelecer alvos fáceis,
garantir a facilidade de acesso a bens adequados aos alvos, assim como a crença na existência de limites
objetivos aos desejos “legítimos” e “realistas” – isso seria como a morte anunciada da sociedade de consumo,
da indústria de consumo e dos mercados de consumo. A não satisfação dos desejos e a crença firme e eterna
de que cada ato visando a __________ deixa muito a desejar e pode ser aperfeiçoado são os volantes da
economia que tem por alvo o consumidor.
A sociedade de consumo consegue tornar permanente a insatisfação. Uma forma de causar esse
efeito é depreciar e desvalorizar os produtos de consumo logo depois de terem sido alçados ao universo dos
desejos do consumidor. Uma outra forma, ainda mais eficaz, no entanto, se esconde da ribalta: o método de
satisfazer toda necessidade/desejo/vontade de uma forma que não pode deixar de provocar novas
necessidades/desejos/vontades. O que começa como necessidade deve terminar como compulsão ou vício.
E é isso que ocorre, já que o impulso de buscar nas lojas, e só nelas, soluções para os problemas e alívio para
as dores e a ansiedade é apenas um aspecto do comportamento que não apenas recebe a permissão de se
condensar num hábito, mas é avidamente estimulado a fazê-lo. [...]
Para que a busca de realização possa continuar e novas promessas possam __________ atraentes e
cativantes, as promessas já feitas precisam ser quebradas, e as esperanças de realizá-las, frustradas. Um mar
de hipocrisia se estendendo das crenças populares às realidades da vida dos consumidores é condição sine
qua non para que uma sociedade de consumidores funcione apropriadamente. Toda promessa deve ser
enganosa, ou pelo menos exagerada, para que a busca continue. Sem a repetida frustração dos desejos, a
demanda pelo consumo se esvaziaria rapidamente, e a economia voltada para o consumidor perderia o gás.
É o excesso da soma total de promessas que neutraliza a frustração provocada pelo excesso de cada uma
delas, impedindo que a acumulação de experiências frustrantes solape a confiança na eficácia final dessa
busca.

260
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Por essa razão, o consumismo é uma economia do logro, do excesso e do lixo; logro, excesso e lixo
não sinalizam seu mau funcionamento, mas constituem uma garantia de saúde e o único regime sob o qual
uma sociedade de consumidores pode assegurar sua sobrevivência. A pilha de expectativas malogradas tem
um paralelo nas crescentes montanhas de ofertas descartadas das quais se esperava (pois prometiam) que
__________ os desejos dos consumidores. A taxa de mortalidade das expectativas é elevada, e, numa
sociedade de consumo funcionando adequadamente, espera-se que cresça continuamente. A expectativa
de vida das esperanças é minúscula, e só uma taxa de fecundidade extraordinariamente elevada pode salvá-
Ias da diluição e da extinção. Para que as expectativas se mantenham vivas e novas esperanças preencham
o vazio deixado por aquelas já desacreditadas e descartadas, o caminho da loja à lata de lixo deve ser curto,
e a passagem, rápida.
(BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p. 106-108. Adaptado.)

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas, conforme a norma padrão escrita da Língua
Portuguesa e na ordem em que aparecem no texto.

A-há – satisfazer-lhes – mostrarem-se – satisfazer - se - iam.


B- houver – satisfazê-los – mostrar-se – satisfizessem.
C-haver – satisfazê-los – mostrar-se – satisfazeriam.
D-haver – satisfazê-los – mostrarem-se – satisfizessem.
E- houver – satisfazer-lhes – mostrarem-se – satisfazeriam.

Texto para questões 11 e 12:

261
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

11 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

Assinale a alternativa em que o termo indicado desempenhe função sintática idêntica à de ilegais (linha 9).

A-policial (linha 4)
B-devido à pandemia (linha 5)
C-dado pela corporação (linha 12)
D-pesquisadora da UFRJ (linha 16)
E-editada em 2014 (linhas 27 e 28)

12 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil

O segmento Sobre o fato de negros serem as maiores vítimas da violência (linha 14) desempenha o papel
sintático de

A-complemento nominal.

262
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

B-objeto indireto.
C-adjunto adverbial.
D-adjunto adnominal.
E-objeto direto.

Texto para questões 13 a 17:

13 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

O resultado lembra muito as conclusões dos pesquisadores liderados por Jane Greaves, da Universidade de
Cardiff, no Reino Unido, que detectaram fosfina nas nuvens de Vênus. (linhas 4 e 5)

Assinale a alternativa em que, alterando-se o verbo sublinhado no período acima, tenha-se mantido a
correção gramatical. Não leve em conta alterações de sentido.

A-O resultado almeja às conclusões dos pesquisadores...


B-O resultado imiscui às conclusões dos pesquisadores...
C-O resultado esquece das conclusões dos pesquisadores...
D-O resultado anui às conclusões dos pesquisadores...
E-O resultado alude as conclusões dos pesquisadores...

263
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

14 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Na Terra, fumarolas no fundo do oceano são o lar de muitas formas de vida metanogênicas: elas consomem
hidrogênio e despejam metano. (linhas 11 e 12)

O segmento sublinhado, em relação ao trecho anterior do período, tem a função de

A-explicação.
B-explicitação.
C-exemplificação.
D-enumeração.
E-especificação.

15 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Assinale a alternativa em que o termo indicado desempenhe, no texto, papel adjetivo.

A-Vênus (linha 5)
B-publicado (linha 8)
C-achados (linha 8)
D-metano (linha 9)
E-muitas (linha 12)

16 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

Assinale a alternativa em que o termo indicado desempenhe, no texto, função sintática igual à de Cassini
(linha 9)

A-de Saturno (linha 2)


B-Jane Greaves (linha 4)
C-Nature Astronomy (linha 8)
D-saturnina (linha 12)
E-de Ferrière e Mazevet (linha 16)

17 - 2021 - IDECAN - PC-CE - IDECAN - 2021 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil

264
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

Acerca da estrutura do texto e seus recursos de linguagem, analise as afirmativas a seguir:

I. Embora com teor científico, o autor do texto emprega um tom de linguagem mais próximo do coloquial,
certamente para tornar o texto mais acessível a um leitor de jornal, não especialista no assunto.
II. Em função do assunto, foi necessário que o texto tivesse assumido um tom mais didático, com acréscimo
de apostos e elementos explicativos.
III. O texto apresenta tipologia textual predominantemente narrativa.

Assinale

A-se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.


B-se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas.
C-se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.
D-se todas as afirmativas estiverem corretas.
E-se nenhuma afirmativa estiver correta.

Texto para questões 18 e 19:

265
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

18 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal

Julgue o item seguinte, relativos aos sentidos e a aspectos linguísticos do texto precedente.
Os sentidos e a correção gramatical do texto seriam preservados se as locuções verbais “tinha levado” (ℓ.27)
e “tinha pensado” (ℓ.28) fossem substituídas pelas formas verbais levara e pensara, respectivamente.
Certo
Errado

266
PREPARAÇÃO EXTENSIVA

AGENTE, INVESTIGADOR E ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL

SEMANA 03/20

19 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal

Julgue o item seguinte, relativos aos sentidos e a aspectos linguísticos do texto precedente.
No trecho “Se por acaso alguém tinha pensado em comprar um novo fio dental” (ℓ. 27 e 28), a partícula “Se”
introduz uma oração interrogativa indireta.

Certo
Errado

20 - 2021 - CESPE / CEBRASPE - PC-DF - CESPE / CEBRASPE - 2021 - PC-DF - Escrivão de Polícia da Carreira
de Polícia Civil do Distrito Federal

Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue o próximo item.


O termo “pelo gênero” (ℓ. 6 e 7) veicula o agente da ação de matar.

Certo
Errado

267
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SEMANA 03/20

Respostas6

6
1: C 2: B 3: A 4: A 5: C 6: C 7: E 8: C 9: C 10: B 11: A 12: C 13: D 14: A 15: E 16: C 17: A 18: C 19: C 20: E
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SEMANA 03/20

META 6 – REVISÃO SEMANAL

Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte I

TODOS OS ARTIGOS
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP
⦁ Art. 1º a 10º da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
⦁ Art. 1, CP
⦁ Art. 13. §2º, CP
⦁ Art. 14, CP
⦁ Art. 75, CP

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SEMANA 03/20

Direito Penal: Teoria Do Crime – Parte II

ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP


⦁ Art. 15 a 19, CP
⦁ Art. 20, §1º, CP
⦁ Art. 4º, Lei de Contravenções Penais
⦁ Art. 33, Código Penal Militar

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

⦁ Art. 13, caput e §1º, CP (muito, muito, muito importante! Não vá para a prova sem ter este artigo
decorado na ponta da língua!)
⦁ Art. 15 a 17, CP

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SEMANA 03/20

Direito Constitucional: Remédios Constitucionais

TODOS OS ARTIGOS
CF/88
⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII,
⦁ Art. 5, inc. LXXVII,
⦁ Art. 102, inc. I, “d”, “i” e “q”
⦁ Art. 102, inc. II, “a”
⦁ Art. 105, inc. I, “b”, “c” e “h”
⦁ Art. 105, inc. II, “a”
⦁ Art. 108, inc. I, “c” e “d”
⦁ Art. 108, inc. VII e VIII
⦁ Art. 121, §3º e §4º, inc. V
⦁ Art. 142, §2º

CPP
⦁ Art. 3-B, inc. XII
⦁ Art. 574, I
⦁ Art. 581, X
⦁ Art. 612
⦁ Arts. 647 a 667

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS:


⦁ Lei 9507/97 (habeas data)
⦁ Lei 12.016/2009 (mandado de segurança)
⦁ Lei 13.300/2016 (mandado de injunção)
⦁ Lei 4717/65 (ação popular)
⦁ Art. 23, 24, 30, 32 e 41-A, Lei 8038/90

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER!


CF/88
⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII
⦁ Art. 5, inc. LXXVII

CPP
⦁ Art. 3º-B, inc. XXII
⦁ Arts. 647, 648, 651

271
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SEMANA 03/20

⦁ Art. 654, caput.


⦁ Art. 655 e 656
⦁ Art. 660, §§ 1º e 4º

LEI 9507/97 (HABEAS DATA)


⦁ Art. 4º
⦁ Art. 7º
⦁ Art. 8º, §único
⦁ Art. 19

LEI 12.016/2009 (MANDADO DE SEGURANÇA)


⦁ Art. 1º e 3º
⦁ Art. 6º, caput
⦁ Art. 7º, inc. I e §4º
⦁ Art. 8º a 10º
⦁ Arts. 14 e 20
⦁ Arts. 21 a 23
⦁ Art. 26

LEI 13.300/2016 (MANDADO DE INJUNÇÃO)


⦁ Arts. 2º e 3º
⦁ Art. 8º e 9º
⦁ Arts. 11 a 13

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SEMANA 03/20

Direito Administrativo: Atos Administrativos

SUGESTÃO DE LEITURA
A LEITURA DOS ARTIGOS PROPORCIONA UMA MELHOR COMPREENSÃO GERAL DO ASSUNTO ESTUDADO,
VISANDO A COMPLEMENTAÇÃO DE SUA BASE DE ESTUDOS PARA TODAS AS FASES DO CONCURSO,
MESMO QUE NÃO DISPOSTOS EXPLICITAMENTE EM SEU EDITAL.

• Art. 2º da Lei 9784/99


• Art. 11 a 17 da Lei 9784/99
• Art. 18 e 19 da Lei 9784/99
• Art. 22 da Lei 9784/99
• Art. 38, §1º da Lei 9784/99
• Art. 50 da Lei 9784/99
• Art. 55 da Lei 9784/99
• Art. 84, VI, CF/88
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES
• Art. 2º, caput e §único e inciso IX da Lei 9784/99
• Art. 11, 12, 13 e 15 da Lei 9784/99
• Art. 50 da Lei 9784/99
• Art. 55 da Lei 9784/99

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