Você está na página 1de 67

2019.

2
CP2-C – DIREITO ADMINISTRATIVO

Vinícius Areias
EMERJ
2019.2
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO
Aula 1- Cláudio Brandão ...................................................................................................3
1 Contratos Administrativos .........................................................................................3
1.1 Características ........................................................................................................ 3
1.2 Desequilíbrio ......................................................................................................... 4
1.2.1 Alteração unilateral do contrato ......................................................................... 5
1.2.2 Rescisão unilateral do contrato .......................................................................... 5
1.2.3 Exigência de garantias ....................................................................................... 5
1.2.4 Sanções .............................................................................................................. 5
1.2.5 Cláusulas de mutabilidade: ................................................................................ 5
1.3 Sujeitos do contrato ............................................................................................... 6
Aula 2- Cláudio Brandão ...................................................................................................9
2 Contratos Administrativos .........................................................................................9
2.1 Características ........................................................................................................ 9
2.1.1 Alteração Unilateral do contrato ........................................................................ 9
2.1.2 Exigência de garantias ....................................................................................... 9
2.1.3 Anulação unilateral do contrato ....................................................................... 10
2.1.4 Rescisão Unilateral .......................................................................................... 10
2.1.5 Rescisão judicial .............................................................................................. 10
2.1.6 Fiscalização ...................................................................................................... 14
2.1.7 Aplicação de Sanções ...................................................................................... 15
2.1.8 Suspensão do direito de licitar e de contratar com a Administração: .............. 17
2.1.9 Possibilidade de desconsideração da PJ no âmbito da administração ............. 18
2.2 Espécies ............................................................................................................... 19
2.2.1 Concessão De serviço público: ........................................................................ 19
2.2.2 Concessão patrocinada ..................................................................................... 20
2.2.3 Concessão administrativa................................................................................. 20
2.2.4 Permissão ......................................................................................................... 20
2.2.5 Concessão de Direito Real de Uso ................................................................... 20
2.2.6 Contrato de Alienação de bem público ............................................................ 21
2.2.7 Aquisição (Art. 15 da Lei 8.666) ..................................................................... 22
2.2.8 Contrato de Consórcio Público - Lei 11.107 ................................................... 22
2.2.9 Terceirização .................................................................................................... 22
Aula 3 – Luana Aita.........................................................................................................24
3 Duração do Contrato e Licitação Administrativa ....................................................24
3.1 Duração do Contrato (Art. 57 Lei 8.666/93) ....................................................... 24
3.1.1 Prorrogação e renovação .................................................................................. 24
3.1.2 Inexecução do contrato (Art. 77 da Lei 8.666/93) ........................................... 26
3.1.3 Extinção do contrato ........................................................................................ 27
3.1.4 Sanções ............................................................................................................ 29
3.1.5 Controle Interno ............................................................................................... 30
3.1.6 A fiscalização pelo Tribunal de Contas ........................................................... 33
3.2 Licitação Administrativa I ................................................................................... 33
3.2.1 Disciplina normativa ........................................................................................ 34
3.2.2 Conceitos e princípios ...................................................................................... 35
3.2.3 Objetivos da Licitação ..................................................................................... 35
Aula 4 – Luana Aita.........................................................................................................36
4 Procedimento Licitatório e Modalidades Licitatórias .............................................36

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


1
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO
4.1 Procedimento Licitatório ..................................................................................... 36
4.1.1 Fases padrão da licitação (Concorrência) ........................................................ 36
4.1.2 Fase Interna ...................................................................................................... 36
4.1.3 Edital ................................................................................................................ 37
4.1.4 Habilitação ....................................................................................................... 38
4.1.5 Classificação e Julgamento .............................................................................. 39
4.1.6 Homologação ................................................................................................... 40
Aula 05 - Flávio Amaral Garcia ......................................................................................41
5 Licitação Administrativa e Responsabilidade Civil do Estado ...............................41
5.1 Contratação Direta. Dispensa, Dispensabilidade e Inexigibilidade. Requisitos para
a formalização................................................................................................................. 41
5.1.1 As excepcionalidades das emergências decorrentes de desastres naturais ...... 41
5.1.2 Dispensa de repetição da Licitação em razão de anterior certame frustrado ... 41
5.1.3 Notória Especialização .................................................................................... 43
5.2 Inexigibilidade ..................................................................................................... 43
5.2.1 Formalização da Constatação Direta. .............................................................. 45
Aula 6 - Cláudio Brandão ................................................................................................46
6 Responsabilidade do Estado ....................................................................................46
6.1 Espécies ............................................................................................................... 46
6.1.1 Teoria do Risco Administrativo ....................................................................... 49
6.1.2 Agente Público ................................................................................................. 50
6.1.3 Danos provenientes de omissões dos agentes .................................................. 50
6.1.4 Responsabilidade do Agente ............................................................................ 51
Aula 7 - Marcelo Martins Evaristo da Silva ....................................................................52
7 Responsabilidade Civil do Estado e A Fazenda Pública em Juízo ..........................52
7.1 Responsabilidade Civil do Estado ....................................................................... 52
7.1.1 Responsabilidade do Estado por atos Legislativos .......................................... 52
7.1.2 Responsabilidade do Estado por atos Jurisdicionais........................................ 54
7.1.3 Execução provisória de sentença condenatória................................................ 61
7.1.4 Caso fortuito e força maior .............................................................................. 61
7.1.5 Teoria do Risco Integral .................................................................................. 61
7.1.6 Danos nucleares ............................................................................................... 62
7.1.7 Danos ambientais ............................................................................................. 62
7.1.8 Nexo causal ...................................................................................................... 65
7.1.9 Transporte de pessoas ...................................................................................... 66
7.1.10 A Distinção do Fortuito Interno e Externo ...................................................... 66
7.2 A Fazenda Pública em Juízo................................................................................ 66

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


2
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 27/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 01

Aula 1- Cláudio Brandão


1 Contratos Administrativos

Contratos administrativo: regido predominantemente pelo direito público


Contratos regidos predominantemente pelo direito privado: ex.: contratos de
locação e seguro.
Contratos em que a Administração figura como usuária de serviço público
prestado por concessionária em regime de exclusividade: discute-se se o CDC poderia ser
aplicado em favor da Administração nestes contratos especificamente. Ex.: a EMERJ tem
um contrato de fornecimento de energia elétrica com a Light
De acordo com o art. 22, XXVII da CRFB, a União possui competência privativa
para legislar sobre normas gerais de contratação. Os entes federados possuem
competência para editar normas específicas estaduais, distritais e municipais.
A Lei 8.666/93 regulamentou este artigo constitucional e ela dispõe sobre as
normas para licitações e contratos da Administração Pública. Mas há outras leis especiais
que tratam de determinadas modalidades contratuais, como a Lei nº 11.079/04 (Lei das
PPPs).
Obs.: A Constituição, no art. 37, XXI, menciona quatro contratos e no art. 175 há
mais dois. Estes são apenas alguns exemplos.

Os convênios não são contratos administrativos. Nos convênios os interesses não


são contrapostos, mas convergentes. O convênio é um ajuste firmado pela Administração
com outra entidade da Administração ou o particular no qual a uma conjugação de
esforços para a consecução de um resultado de interesse comum dos dois. Não há
obrigatoriedade de licitação para celebração de convênios porque o art. 37, XXI, CRFB
exige licitação para escolha de contratados. O que normalmente se faz no convênio é uma
seleção de projetos. O grande diferencial é que a entidade conveniada tem o dever de
prestar contas.

1.1 CARACTERÍSTICAS

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Luiz Fernando, autor anônimo.
3
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 27/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 01
Natureza de contrato de adesão: é mínima a participação do contratado na
elaboração de normas contratuais. O edital lançado pela Administração é instruído com a
minuta do contrato, isto é, o particular que aceita participar da licitação tem ciência que
se vencer celebrará um contrato de acordo com o disposto na minuta. Vale mencionar que
a recusa do vencedor da licitação em assinar o contrato, nos moldes do art. 81 da Lei
8.666/93, equivale a inexecução total do contrato.

Caráter personalíssimo (intuitu personae): o contrato é celebrado com o licitante


que apresentou a melhor proposta. Eventuais subcontratações devem ser autorizadas pelo
Poder Público.
Restrição quanto à utilização pelo contratado da “exceção de contrato não
cumprido”: se a Administração não cumprir as suas obrigações, o contratado precisa
continuar cumprindo. Nos casos de atraso de pagamento superior a 90 dias, o art. 78, XV
da Lei 8.666/93, feitas algumas ressalvas, diz que é possível a rescisão contratual.
Existência de um procedimento administrativo para escolha do contratado: a
história de um contrato administrativo é trazida em um procedimento administrativo que
narra a solicitação do serviço ou obra por um órgão, o edital, etc.
Rigor quanto à forma: exigência de formalidades para celebração dos contratos
administrativos. O art. 60, p.ú., L. 8.666 exige a forma escrita e considera nulo o contrato
verbal. A exceção expressamente reconhecida na norma refere-se aos contratos verbais
de pequenas compras e pronto pagamento.
A doutrina e a jurisprudência têm reconhecido o dever da Administração
contratante de pagar o contratado pela execução do ajuste verbal, em homenagem ao
princípio da boa-fé e ao não enriquecimento sem causa da Administração. Rafael Oliveira
entende que essa possibilidade fica adstrita aos casos de comprovada urgência.

1.2 DESEQUILÍBRIO

Apresenta de cláusulas exorbitantes que consagram prerrogativas à Administração


e sujeições ao particular. Elas são necessárias para consolidar a supremacia do interesse
público sobre o privado e estão previstas no art. 58, da Lei 8.666. São cláusulas
exorbitantes:

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Luiz Fernando, autor anônimo.
4
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 27/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 01
1.2.1 ALTERAÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO

A Administração pode alterar o contrato promovendo sua adequação ao interesse


público superveniente. O art. 65 da Lei estabelece limites quantitativos a alteração: não
podem ultrapassar 25% de acréscimos ou supressões e, em se tratando de reforma de
prédios o limite será de 50% para os acréscimos. Há quem entenda que as alterações
qualitativas não estão sujeitas a este limite.

1.2.2 RESCISÃO UNILATERAL DO CONTRATO

Art. 78 da Lei 8.666 enumera as causas de rescisão e o art. 79 menciona, dentre


as causas de rescisão, aquelas que podem ser objeto de rescisão unilateral.
Anulação unilateral do contrato: se a Administração descobrir vício no momento
da celebração do contrato ou em etapa anterior, ela pode anulá-lo.
Fiscalização: nos contratos de obra e prestação de serviço, a Administração deve
designar agente público para ser fiscal do contrato.

1.2.3 EXIGÊNCIA DE GARANTIAS

Exige do contratado garantias de execução do contrato, mas não as oferece. O art.


56 enumera os tipos de garantias que podem ser exigidas. Nos contratos de PPP (Lei
11.079) a Administração também as oferece.

1.2.4 SANÇÕES

A Administração pode punir o contratado em razão da inexecução total ou parcial


do contrato. O art. 86 da L. 8.666 trata da multa moratória e o 87 trata da advertência,
multa compensatória, suspensão do direito de licitar e a declaração de inidoneidade.

1.2.5 CLÁUSULAS DE MUTABILIDADE:

I. Fato do príncipe:

Toda medida de ordem geral proveniente da atuação do Estado e que


indiretamente atinge o contrato administrativo. Nestes casos, o contratado tem direito ao
restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contato. Ex.: órgão público
Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com
Contribuição: Luiz Fernando, autor anônimo.
5
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 27/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 01
celebrou um contrato com uma sociedade que precisará importar equipamentos para
tanto. A União, por questão de política tributária, resolve elevar a alíquota de importação
de vários produtos, dentre eles os que seriam essenciais para a execução do contrato.

II. Fato da administração:

Ação ou omissão da Administração como parte do contrato que vai atingir


diretamente o contrato administrativo dificultando ou impedindo sua execução. O
contratado tem direito a recomposição do equilíbrio econômico-financeiro se houver
prejuízo e, no caso de rescisão, tem direito de ser indenizado. Ex.: a Administração não
conseguiu desapropriar o local onde será feita a obra.

III. Interferência imprevista

Impedimento material à execução do contrato que já existia antes da celebração,


mas era desconhecido. Se houver demora no cumprimento da execução, o contratado não
pode ser punido. Se houver aumento de custo, ele tem direito a recomposição do
equilíbrio econômico contratual.

1.3 SUJEITOS DO CONTRATO

São contratantes a Administração pública direta e indireta e o particular, pessoa


natural ou jurídica.
Se houver nos dois polos do instrumento entidades estatais não haverá um contrato
porque o contrato administrativo pressupõe a supremacia da Administração e nenhum
ente é supremo em relação ao outro.
Questão 1) O Estado Y editou uma lei, de iniciativa parlamentar, que impõe para
o respectivo Governo a obrigação de divulgar na imprensa oficial e na internet dados
relativos a contratos de obras públicas. Analise constitucionalidade da mencionada
norma, em consonância com a orientação do C. STF.
De acordo com posição do STF na ADI 2444/RS, a norma de iniciativa
parlamentar é constitucional, pois em consonância com o princípio da publicidade e
transparência dos atos do Poder Público. O fato do art. 22, XXVII, CRFB dispor que
compete à União a competência para editar normas sobre licitações e contratos não torna

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Luiz Fernando, autor anônimo.
6
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 27/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 01
a produção legislativa inconstitucional, visto que a lei não cuida de licitações e contratos
especificamente, mas da transparência necessária aos atos da Administração.

Questão 2) O Município X firmou avença com uma instituição bancária, para


movimentar recursos e operacionalizar o pagamento de seus funcionários, denominando
o negócio jurídico de convênio. Diante dessa situação hipotética, analise se a avença em
questão constitui um convênio administrativo e enfrente eventuais distinções entre esse
instrumento, o contrato administrativo e o contrato de direito privado da Administração.
O caso sob análise configura um contrato de direito privado, independentemente
do nome dado ao instrumento ter sido “convênio”. Isto porque convênio é um instrumento
por meio do qual as partes possuem interesses no mesmo sentido, o que, como se verifica
na narrativa, não ocorre no presente. O contrato administrativo é aquele em que a
Administração assume um papel de representante dos interesses da coletividade, em que
há um serviço público sendo negociado ou uma presteza social dali advinda. O contrato
de direito privado, ao seu turno, não reproduz esses interesses, mas valores de gerência
da Administração e, como tal, não é regulado com as mesmas prerrogativas que os
contratos administrativos (MS 32.263, STF).

Questão 3) Pouco antes do final de seu mandato, Enrolildo Brasa, prefeito do


Município Embromado, solicitou verbalmente mercadorias de um pequeno comerciante
local, Tuninho Barateiro, conhecido por seus baixos preços, sob a alegação de que tais
produtos eram indispensáveis para o funcionamento da sede da Prefeitura. O aludido
comerciante entregou as mercadorias solicitadas; certo que a compra de tais materiais
básicos somou R$ 10.000,00 (dez mil reais), valor que, de fato, se apresentou como
melhor preço no mercado. Pouco tempo depois, no entanto, Clarividêncio Leite foi
empossado no cargo de Prefeito e determinou que o Município não pagaria, durante o seu
mandato, pelas avenças firmadas em desacordo com a Lei n º 8666/93. Diante dessa
situação hipotética, analise se o Município pode realizar contrato verbal e, caso positivo,
se seria possível no caso concreto. Enfrente ainda se Tuninho Barateiro deve receber
pagamento pelas mercadorias entregues. Respostas fundamentadas, com o respectivo
fundamento legal e em consonância com a orientação do C. STJ.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Luiz Fernando, autor anônimo.
7
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 27/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 01
De acordo com o art. 60, p.ú., da Lei 8.666/93, a Administração não pode realizar
contratos verbais. Cuida-se de uma norma que visa afastar as informalidades e garantir a
prestação de contas da Administração Pública. Ocorre que, segundo entendimento dos
tribunais, não é possível que, baseado nesta norma, a Administração não realize o
pagamento de serviço já efetivamente prestado, sob pena de configurar-se o
enriquecimento sem causa da Administração Pública. Logo, Tuninho deve receber pelas
mercadorias entregues.
ADMINISTRATIVO. CONTRATO ADMINISTRATIVO. FORMA
VERBAL. NÃO-PAGAMENTO. COBRANÇA JUDICIAL. PRINCÍPIO
DO NÃO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. PAGAMENTO DEVIDO. 1.
De acordo com o art. 60, p. ún., da Lei n. 8.666/93,
a Administração Pública direta e indireta, via de
regra, está proibida de efetuar contratos verbais.
Nada obstante, o Tribunal a quo constatou que houve a
entrega da mercadoria contratada pelo ente federativo
(fls. 201/202). 2. Se o Poder Público, embora obrigado
a contratar formalmente, opta por não fazê-lo, não
pode, agora, valer-se de disposição legal que
prestigia a nulidade do contrato verbal, porque isso
configuraria uma tentativa de se valer da própria
torpeza, comportamento vedado pelo ordenamento
jurídico por conta do prestígio da boa-fé objetiva
(orientadora também da Administração Pública). 3. Por
isso, na ausência de contrato formal entre as partes
- e, portanto, de ato jurídico perfeito que
preservaria a aplicação da lei à celebração do
instrumento -, deve prevalecer o princípio do não
enriquecimento ilícito. Se o acórdão recorrido
confirma a execução do contrato e a realização da obra
pelo recorrido, entendo que deve ser realizado o
pagamento devido pelo recorrente. 4. Inclusive, neste
sentido, é de se observar que mesmo eventual
declaração de nulidade do contrato firmado não seria
capaz de excluir a indenização devida, a teor do que
dispõe o art. 59 da Lei n. 8.666/93. 5. Recurso
especial não provido.

(STJ - REsp: 1111083 GO 2008/0113350-4, Relator:


Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento:
26/11/2013, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação:
DJe 06/12/2013)

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Luiz Fernando, autor anônimo.
8
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02

Aula 2- Cláudio Brandão


2 Contratos Administrativos

2.1 CARACTERÍSTICAS

As cláusulas exorbitantes são aquelas que exorbitam do direito comum, as quais


não são aceitas nos contratos de direitos privado, mas são necessárias no direito
administrativo, a fim de consolidar a supremacia do interesse público. Parte dessas
cláusulas podem ser utilizadas ainda que não constem no contrato, tendo em vista que
algumas possuem previsão legal.
São elas: alteração unilateral do contrato, exigência de garantias, anulação
unilateral do contrato, fiscalização, aplicação de sanções.

2.1.1 ALTERAÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO

Em regra, o que prevalece é o que foi pactuado, entretanto, se surgir uma questão
de interesse público durante o contrato, a administração pode alterar o contrato
administrativo. Mas alguns limites devem ser observados, a administração não pode
alterar a natureza do contrato, poderá então alterar quantitativamente ou qualitativamente
(se desvirtuar a natureza) o objeto do contrato. Ainda dentro da alteração quantitativa, há
limites para Administração alterar, até para não caracterizar burla ao processo licitatório
(art. 65 da Lei 8666-93 - limite de 25% para mais ou para menos, em se tratando de obras-
reformas o limite é de 50%).
A administração sempre que promover a alteração unilateral do contrato deverá
recompor-preservar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
Apesar de algumas divergências, esse limite não é aplicado às alterações
qualitativas, desde que devidamente justificadas.

2.1.2 EXIGÊNCIA DE GARANTIAS

A administração exige esta garantia, mas não oferece as mesmas garantias. No


artigo 56 a Lei de Licitações enumera as garantias que podem ser exigidas do contratado.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
9
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
Nos contratos de parceria público-privado até há previsão que a Administração
deve oferecer garantias, mas não é a regra.

2.1.3 ANULAÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO

A administração pode de forma unilateral anular um contrato administrativo,


sempre que constatar a ocorrência de um vício no momento da contratação ou em fase
anterior. Há previsão de que o vício na licitação gera a nulidade do contrato dela
decorrente.
A princípio, Entretanto, há entendimento em que em duas situações a
administração pode não anular: a primeira é quando o vício existente não causar prejuízo
a ninguém (durante o procedimento licitatório uma empresa foi habilitada de forma ilegal,
mas essa empresa foi a última colocada, não ganhou e nem iria ganhar); a segunda
situação é quando o prejuízo resultante da anulação for superior ao prejuízo da
manutenção (a empresa habilitada de forma ilegal ganhou a licitação, o contrato foi
celebrado e o contrato está sendo executado de forma correta e já executou em 90% da
obra).
A anulação só poderá ser feita pela própria administração ou pelo Poder
Judiciário.

2.1.4 RESCISÃO UNILATERAL

A anulação tem como fundamento a existência de um vício no momento da


contratação ou em uma etapa anterior. Por outro lado, a rescisão é o vício por um ato
posterior, o contrato nasceu válido mas houve um vício posterior.
Existe a rescisão amigável - distrato, não é mais viável a execução. Ex. um
contrato para reforma de um prédio, veio uma enchente e destruiu o prédio, não tem mais
o objeto.

2.1.5 RESCISÃO JUDICIAL

Quando ela for motivada por culpa da administração, atraso de pagamento por
prazo superior a 90 dias.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
10
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
Rescisão unilateral que é a cláusula exorbitante. O artigo 78 da Lei menciona todas
as causas de rescisão e o artigo 79 as formas de rescisão.
Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
I - o não cumprimento de cláusulas contratuais,
especificações, projetos ou prazos;
II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais,
especificações, projetos e prazos;
III - a lentidão do seu cumprimento, levando a
Administração a comprovar a impossibilidade da
conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos
prazos estipulados;
IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço
ou fornecimento;
V - a paralisação da obra, do serviço ou do
fornecimento, sem justa causa e prévia comunicação à
Administração;
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto,
a associação do contratado com outrem, a cessão ou
transferência, total ou parcial, bem como a fusão,
cisão ou incorporação, não admitidas no edital e no
contrato;
VII - o desatendimento das determinações regulares da
autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a
sua execução, assim como as de seus superiores;
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua
execução, anotadas na forma do § 1º do art. 67 desta
Lei;
IX - a decretação de falência ou a instauração de
insolvência civil;
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do
contratado;
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade
ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução
do contrato;
XII - razões de interesse público, de alta relevância
e amplo conhecimento, justificadas e determinadas
pela máxima autoridade da esfera administrativa a que
está subordinado o contratante e exaradas no processo
administrativo a que se refere o contrato;
XIII - a supressão, por parte da Administração, de
obras, serviços ou compras, acarretando modificação
do valor inicial do contrato além do limite permitido
no § 1º do art. 65 desta Lei;

Comentários:

Art. 65 [...] § 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições


contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços
ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do
contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até
o limite de 50% (cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.

XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita


da Administração, por prazo superior a 120 (cento e
vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública,
grave perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda
por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo,
independentemente do pagamento obrigatório de
indenizações pelas sucessivas e contratualmente
imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras
previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o
direito de optar pela suspensão do cumprimento das
obrigações assumidas até que seja normalizada a
situação;
Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com
Contribuição: Letícia Soares
11
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02

XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos


pagamentos devidos pela Administração decorrentes de
obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes,
já recebidos ou executados, salvo em caso de
calamidade pública, grave perturbação da ordem
interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito
de optar pela suspensão do cumprimento de suas
obrigações até que seja normalizada a situação;

Comentário:

A situação é conhecida pela doutrina como “inoponibilidade” ou


“restrição” à oposição da exceção do contrato não cumprido (exceptio non
adimpleti contractus). Trata-se, pois, de uma das cláusulas exorbitantes.

XVI - a não liberação, por parte da Administração, de


área, local ou objeto para execução de obra, serviço
ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das
fontes de materiais naturais especificadas no
projeto;
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força
maior, regularmente comprovada, impeditiva da
execução do contrato.
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art.
27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.

Comentário:

O art. 27, V, trata da vedação do art. 7º, XXXIII, da Constituição Federal,


que proíbe “trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e
de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
aprendiz, a partir de quatorze anos”.

Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão


formalmente motivados nos autos do processo,
assegurado o contraditório e a ampla defesa.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
12
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02

1 – causas imputáveis ao contratado

•a) não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos (i);


•b) o cumprimento irregular (ii);
•c) lentidão do seu cumprimento (iii);
•d) atraso injustificado (iv);
•e) paralisação sem justa causa e prévia comunicação à Administração (v);
•f) subcontratação total ou parcial não admitidas no edital e no contrato (vi);
•g) desatendimento das determinações (vii);
•h) cometimento reiterado de faltas na sua execução (viii);
•i) decretação de falência ou a instauração de insolvência civil (ix);
•j) a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado (x);
•k) alteração social ou modificação da finalidade / estrutura da empresa, que
prejudique a execução (xi);
•l) descumprimento da vedação à exploração de trabalho de menor (XVIII).

2 – Causas imputáveis à administração

•a) supressão, por parte da Administração, além do limite permitido na Lei (XIII)
•b) suspensão da execução, por ordem escrita da Administração, por prazo superior a
120 dias, salvo situações excepcionais (XIV)
•c) atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos pela Administração, salvo em
situações excepcionais (XV);
•d) não liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para execução
do contrato (XVI).

3 – razões de interesse público

•a) razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e


determinadas p/ máxima autoridade da esfera administrativa exaradas no processo
administrativo (XII);

4 – caso fortuito ou força maior

•a) ocorrência de caso fortuito ou de força maior, comprovada, impeditiva da execução


(XVII).

Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:


I - determinada por ato unilateral e escrito da
Administração, nos casos enumerados nos incisos I a
XII e XVII do artigo anterior;

II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a


termo no processo da licitação, desde que haja
conveniência para a Administração;

III - judicial, nos termos da legislação;

§ 1º A rescisão administrativa ou amigável deverá ser


precedida de autorização escrita e fundamentada da
autoridade competente.

§ 2º Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos


XII a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do
contratado, será este ressarcido dos prejuízos

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
13
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
regularmente comprovados que houver sofrido, tendo
ainda direito a:
I - devolução de garantia;
II - pagamentos devidos pela execução do contrato até
a data da rescisão;
III - pagamento do custo da desmobilização.

§ 5º Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação


do contrato, o cronograma de execução será prorrogado
automaticamente por igual tempo.

A rescisão por culpa da administração pode ensejar em indenização para o


contratado.

2.1.6 FISCALIZAÇÃO

A administração deve sempre designar formalmente um representante seu para


atuar como fiscal do contrato. Não pode delegar tem que ser agente público. No máximo,
em contratos complexos, pode contratar uma equipe técnica que vai auxiliar o agente
público.
A obrigação do fiscal é relatar todas as irregularidades encontradas, até porque ele
atesta todas as etapas e é com base em suas manifestações que a administração realiza o
pagamento.
Esse agente tem que ser público e deve ter alguma qualificação técnica para
fiscalizar aquele contrato. Além disso, os Tribunais de Contas entendem que deve ser
aplicado o princípio da segregação de funções, exemplo, designa um engenheiro para
fazer o projeto, o edital, como ordenador de despesas, se tiver um erro em seu projeto, ele
não vai apontar isso, logo o ideal é que se aplique a segregação de forma que funções
incompatíveis não fiquem a cargo do mesmo agente.
O ideal é que tenha um fiscal e um gestor do contrato. O legislador pensou que
como existem muitos contratos administrativos, além de designar um fiscal para execução
do objeto do contrato, designar um gestor para fiscalizar obrigações trabalhistas e
previdenciárias das contratadas. Inclusive, com relação às obrigações previdenciárias a
administração tem responsabilidade solidária, antes o TST entendia que também tinha
solidariedade com as trabalhistas, mas na ADI 16 o STF entendeu pela responsabilidade
subsidiária. E a administração pode ser responsabilizada desde que ela não realize a
fiscalização.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
14
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
Obs.: Exigências do Objeto:

Art. 37, XXI da CRFB. - ressalvados os casos


especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade
de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o
qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.

A administração tem que cobrar exigência mínimas para execução do objeto, se o


contratado tem capacidade técnica, financeira e etc.
O importante é a administração definir critérios mínimos de qualidade, especificar
o objeto e não ficar fazendo muitas exigências no contrato para não inviabilizar a
contratação.
Obs.: A terceirização cresceu quando da exigência de regime jurídico único na
administração. a Jurisprudência entende que a administração contrata a prestação do
serviço e não a pessoa específica.

2.1.7 APLICAÇÃO DE SANÇÕES

A administração pode punir em razão da inexecução total ou parcial do contrato.


É exorbitante porque o contrário não se aplica. Artigo 86 e seguintes da Lei 8.666.
Art. 86. O atraso injustificado na execução do
contrato sujeitará o contratado à multa de mora, na
forma prevista no instrumento convocatório ou no
contrato.

§ 1o A multa a que alude este artigo não impede que


a Administração rescinda unilateralmente o contrato e
aplique as outras sanções previstas nesta Lei.

§ 2o A multa, aplicada após regular processo


administrativo, será descontada da garantia do
respectivo contratado.

§ 3o Se a multa for de valor superior ao valor da


garantia prestada, além da perda desta, responderá o
contratado pela sua diferença, a qual será descontada
dos pagamentos eventualmente devidos pela
Administração ou ainda, quando for o caso, cobrada
judicialmente.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
15
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
O atraso é a causa mais comum e acontece quando o contratado não cumpre o
prazo previsto no contrato, mas a prestação ainda é útil. E o inadimplemento / inexecução
é quando não se cumpre o prazo e a prestação não é mais útil.
A multa é sanção comum aplicada nesses casos, tem que estar prevista ou no
contrato ou no instrumento convocatório, a multa não pode ser surpresa. A multa é
cobrada por dia de atraso.
Há divergência se a multa deve incidir sobre o valor do contrato ou da prestação
descumprida. Se a administração não estabelecer isso, a interpretação deve ser a mais
benéfica para o contratado.
A multa só será aplicada se o atraso for injustificado. Por outro lado, com
justificativa não tem sanção. Logo a administração deve oportunizar direito do contratado
se defender e justificar que o atraso não foi por sua culpa.
Obs.: O prazo pequeno na licitação restringe o próprio campo de licitação, então
não pode ser usado por si só como justificativa de atraso.
Além disso, a aplicação de multa não impede rescisão unilateral pela
Administração, entretanto, a questão deve ser analisada se vale a pena rescindir, porque
muitas vezes está atrasando, mas está executando, o objeto de fato é complicado.
A redação do artigo 87 é criticado pela doutrina porque ele não enumerou as
hipóteses de infrações, apenas cita inexecução, só estabelece as sanções. Mas a redação
não poderia tentar tipificar, tendo em vista que a administração celebra contratos das mais
diversas naturezas, então em vez de deixar a cargo do legislador, mais razoável que na
celebração a Administração estabeleça naquele contrato específico as cláusulas de
sanção. O problema é que na prática, a administração coloca “nos termos do artigo 87” e
não enumera quais seriam as causas.
Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato
a Administração poderá, garantida a prévia defesa,
aplicar ao contratado as seguintes sanções:

I - advertência;

II - multa, na forma prevista no instrumento


convocatório ou no contrato;

III - suspensão temporária de participação em


licitação e impedimento de contratar com a
Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;

IV - declaração de inidoneidade para licitar ou


contratar com a Administração Pública enquanto
perdurarem os motivos determinantes da punição ou até

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
16
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
que seja promovida a reabilitação perante a própria
autoridade que aplicou a penalidade, que será
concedida sempre que o contratado ressarcir a
Administração pelos prejuízos resultantes e após
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no
inciso anterior.

§ 1o Se a multa aplicada for superior ao valor da


garantia prestada, além da perda desta, responderá o
contratado pela sua diferença, que será descontada
dos pagamentos eventualmente devidos pela
Administração ou cobrada judicialmente.

§ 2o As sanções previstas nos incisos I, III e IV


deste artigo poderão ser aplicadas juntamente com a
do inciso II, facultada a defesa prévia do
interessado, no respectivo processo, no prazo de 5
(cinco) dias úteis.

§ 3o A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo


é de competência exclusiva do Ministro de Estado, do
Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso,
facultada a defesa do interessado no respectivo
processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de
vista, podendo a reabilitação ser requerida após 2
(dois) anos de sua aplicação.

A reincidência para efeito de aplicação da sanção mais grave é considerada


perante o contrato ou perante o órgão oriunda de contrato diferentes: a jurisprudência
penas diz que é possível a aplicação mais grave por reincidência, mas não define essa
situação.
Outro problema de ficar usando a expressão do direito penal é o momento em que
ela vai surtir efeitos, se for reincidência só vai contar de sua cientificação. Então para
administração aplicar a sanção mais grave teria que ter a ciência primeiro.
A multa do artigo 87 é compensatória, que não se confunde com a moratória
prevista no artigo 86, razão pela qual podem ser cumuladas.

2.1.8 SUSPENSÃO DO DIREITO DE LICITAR E DE CONTRATAR COM A


ADMINISTRAÇÃO:

Para o direito administrativo, administração é quem celebrou o contrato e a


administração pública são os órgãos diretos e indiretos. Então essa suspensão para
contratar, pela lei, é com relação à administração, isto é, aquele órgão-entidade que
celebrou o contrato e aplicou a sanção. Mas o STJ entende que é Administração Pública
geral. Na suspensão a empresa pode liquidar o valor do prejuízo para terminar com a
suspensão.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
17
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
Já a declaração de idoneidade exigida pela lei é com relação a toda Administração
Pública.

2.1.9 POSSIBILIDADE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PJ NO ÂMBITO DA


ADMINISTRAÇÃO

Uma empresa celebra um contrato, descumpre e é declarada inidônea. Na prática


essa empresa cria uma segunda para participar da licitação, mas são os mesmos sócios,
mesmo objeto. Nesse caso, a PJ dessa segunda empresa poderia ser desconsiderada:

I. Inicialmente falava em reserva de jurisdição para desconsideração da PJ e


com base no princípio da legalidade. Entretanto, a discussão evoluiu no
sentido da possibilidade, tendo em vista que a desconsideração da PJ não
é reserva jurisdicional e o princípio da legalidade não é o único aplicado.
II. Se a empresa descumpriu um contrato e teve a punição de declaração de
idoneidade, entretanto, essa empresa tem vários outros contratos, essa
punição iria impactar os demais, ainda que eles estejam sendo cumpridos.
A jurisprudência é no sentido de que a administração não precisa rescindir
automaticamente os contratos em andamento, não pode prorrogar nem
celebrar novos, mas pode permitir que o contratado conclua.

- A administração só pode punir quem contrata com ela:

I. Se no procedimento licitatório alguma empresa tenta fraudar. Nesse caso


a empresa ainda não tem contrato com a administração, o artigo 88, II
permite, apesar de não ter vínculo contratual porque a partir do momento
que a empresa participa da licitação (licitante) há um vínculo jurídico que
exige dele lealdade.
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV
do artigo anterior poderão também ser aplicadas às
empresas ou aos profissionais que, em razão dos
contratos regidos por esta Lei:

I - tenham sofrido condenação definitiva por


praticarem, por meios dolosos, fraude fiscal no
recolhimento de quaisquer tributos;

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
18
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar
os objetivos da licitação;

III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar


com a Administração em virtude de atos ilícitos
praticados.

- Uma empresa vence a licitação é convocada a assinar o contrato, mas se


recusa:

I. O instrumento convocatório é instruído com uma minuta do contrato,


então a partir desse momento ele já tem ciência do que vai estar no
contrato. A lei prevê que a recusa injustificada do adjudicatário,
juridicamente, é equiparado a inexecução total. Instaura-se um processo
contra a empresa e ela pode ser declarada inidônea. Na dúvida, se ele fez
de propósito ou não deve ser utilizado em benefício do contratado.

2.2 ESPÉCIES

2.2.1 CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO:

A concessão de serviço público a administração na qualidade de poder concedente


delega ao concessionário a prestação do serviço público. Esse contrato por força do artigo
2 da Lei 8987-95 só pode ser celebrado por pessoa jurídica e a escolha do concessionário
será feita por licitação na modalidade concorrência. Os prazos são por prazo determinado,
mas são longos porque como quem remunera é o usuário pela tarifa (preço público), deve
restar demonstrado que durante um determinado prazo seja lucrativo.
Ex. transporte, energia elétrica.
Na concessão de serviço público precedida de obra pública, o concessionário faz
sua obra por sua conta e risco e em troca ele vai explorar a obra ou serviço público dela
resultante, o bom é que só paga pela obra quem utiliza o serviço, porque a empresa vai
ser remunerada pelo usuário, nesse caso a obra e o serviço. Entende-se por obra não
necessariamente a construção, pode ser reforma, melhoria. Costuma acontecer em
rodovias.
Geralmente é feita a estimativa de custo considerando o tempo de duração, o
número de usuários. Só que as vezes o valor é muito alto, o que acaba inviabilizando esses

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
19
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
contratos. Então surgiu a parceria público-privada pela Lei n. 11.079-04, que traz dois
tipos de concessão:

2.2.2 CONCESSÃO PATROCINADA

É de serviço público precedida ou não de obra pública, na qual parte da


remuneração da concessionária é paga pelo usuário e parte é paga pelo poder concedente.

2.2.3 CONCESSÃO ADMINISTRATIVA

A remuneração do concessionário será paga pelo poder concedente na qualidade


de usuário do serviço ali prestado.
Art. 2º Parceria público-privada é o contrato
administrativo de concessão, na modalidade
patrocinada ou administrativa.

§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços


públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº
8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários
contraprestação pecuniária do parceiro público ao
parceiro privado.

§ 2º Concessão administrativa é o contrato de


prestação de serviços de que a Administração Pública
seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva
execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

2.2.4 PERMISSÃO

A permissão de serviço público é formalizada por contrato precário e de adesão


usado para se atribuir a uma pessoa natural ou jurídica. Usada para delegação de serviços
que não vai exigir investimentos muitos altos do particular.
A administração pode pôr fim ao contrato desde que notificando.
Mas existem outros tipos de permissão que são formalizados por atos
administrativos e não por contratos, exemplo, permissão de uso de bens públicos, em
situações permanentes, nas quais há interesse público maior nos tipos de atividades que
serão desenvolvidas.

2.2.5 CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO

Existem situações nas quais o poder público pode ter interesse em atribuir a um
particular um direito real sobre determinado bem público, que deverá ser utilizado de

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
20
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
acordo com a destinação prevista no contrato. Esse particular pode inclusive ceder para
outro continuar exercendo a atividade. Se houver desvio de finalidade é cancelado.
Ex. Município está tentando atrair uma grande fábrica para se instalar no
Município, então o poder público destina um terreno para a empresa se instalar.

2.2.6 CONTRATO DE ALIENAÇÃO DE BEM PÚBLICO

A princípio, os bens públicos não podem ser livremente alienados, porém,


excepcionalmente os bens podem ser. O artigo 17 da Lei 8666 traz as hipóteses de
alienação traz como regra a licitação como modalidade de concorrência, mas na alienação
de bem imóvel há possibilidade de dispensa de licitação.
Requisitos da alienação de bens imóveis:

II. Desafetação do bem imóvel, declaração de que aquele bem não destinação
pública.
III. Autorização do poder legislativo.

Na alienação de bens móveis considerados inservíveis - sem destinação-utilidade


pública. Não é só um bem quebrado, inutilizado, mas pode ser para comprar um melhor
que pode atender a sua destinação.
Uma comissão que vai declarar, essa mesma comissão vai avaliar e eles são
licitados na modalidade de leilão. Também há casos de dispensa de licitação.
Art. 17. A alienação de bens da Administração
Pública, subordinada à existência de interesse
público devidamente justificado, será precedida de
avaliação e obedecerá às seguintes normas:

I - quando imóveis, dependerá de autorização


legislativa para órgãos da administração direta e
entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos,
inclusive as entidades paraestatais, dependerá de
avaliação prévia e de licitação na modalidade de
concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:
(...)
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e
de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
(...)

Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública,


cuja aquisição haja derivado de procedimentos
judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser
alienados por ato da autoridade competente,
observadas as seguintes regras:

I - avaliação dos bens alienáveis;

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
21
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
II - comprovação da necessidade ou utilidade da
alienação;

III - adoção do procedimento licitatório.

III - adoção do procedimento licitatório, sob a


modalidade de concorrência ou leilão.
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

2.2.7 AQUISIÇÃO (ART. 15 DA LEI 8.666)

Contrato para aquisição de bens. A aquisição de bens e serviços comuns


(encontrados livremente no mercado) é feita na modalidade de pregão. Mas há o modelo
de sistema de registro de preço, em que a administração faz uma licitação para escolher
o preço.

2.2.8 CONTRATO DE CONSÓRCIO PÚBLICO - LEI 11.107

A característica do contrato administrativo é ter de um lado administração e do


outro particular. Então ajustes entre a própria administração não era considerado contrato
administrativo, até porque ficaria estranha a supremacia do interesse público. Mas a lei
trouxe essa forma de contrato entre a administração.
Vários entes da administração vão criar uma pessoa jurídica para gerir um
determinado serviço. Deverá ser necessariamente ser presidido pelo chefe do poder
executivo de um dos consorciados.
Pode ser entre entes da mesma esfera de governo ou diferentes.

2.2.9 TERCEIRIZAÇÃO

A administração não tem como mais celebrar. Isso porque há exigência de regime
jurídico único, vínculo estatutário, mas precisa de um contingente significativo de mão
de obra para dar suporte aos que desempenham a atividade fim. Então essa contratação
traz uma demanda muito significativa. Esses contratos são celebrados por prazo de 12
meses, admitindo a prorrogação por períodos sucessivos de 12 meses até 60 meses.
Houve um TAC celebrado entre o Ministério do Trabalho e a União definindo
quem pode celebrar esse tipo de contrato. Isso porque em um dado momento criou-se
muitas cooperativas para fraudar porque não pagavam encargos então poderiam oferecer
preços mais baixos, logo não deveriam as cooperativas participar.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
22
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 28/08/2019
Cláudio Brandão
AULA 02
A CRFB (37, XXI, e 175) quando trata de licitação cita 4 tipos de contratos, mas
existem vários outros contratos que exigem licitação.
Os casos de dispensas são enumerados de forma exaustivas. Os casos de
inexigibilidade são enumerados de formas exemplificativas.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
23
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03

Aula 3 – Luana Aita


3 Duração do Contrato e Licitação Administrativa

Ao analisar qualquer questão que envolva licitações e contratos, primeiro se deve


examinar a norma especial e depois a geral. Também deve-se avaliar quem é o contratante
e qual o ente da Administração Pública.
Caso seja Sociedade de Economia Mista (SEM) ou Empresa Pública (EP)
enquanto ente da Administração Pública Indireta, aplica-se a Lei 13.303/161, se elas
forem as contratadas, mas se forem concorrer com outras empresas do mercado ou até em
casos de inexigibilidade ou dispensa aplicar-se a Lei 8.666/93.
Ao analisar o objeto leva-se em conta a hipótese da aplicação do Regime
Diferenciado de Contratação (Lei 12.462/11). Ressalta-se que o RDC é uma faculdade.
Não ocorrendo as hipóteses acima, aplica-se a Lei n. 8.666/93 ou Lei 10.520/02.

3.1 DURAÇÃO DO CONTRATO (ART. 57 LEI 8.666/93)

O desenvolvimento das atividades administrativas deve se pautar pelo orçamento,


portanto tenta-se correlacionar a duração do contrato com o orçamento.
De acordo com o artigo 165 da CRFB/88 a lei orçamentária é anual e as questões
orçamentária são reguladas pela Lei 4.320, cujo artigo 34 define o exercício financeiro
anual como o ano civil. Então em regra, terão o prazo de 1 ano.

3.1.1 PRORROGAÇÃO E RENOVAÇÃO

Regra e exceções - Serviços executados de forma contínua.


Vedação de contrato por prazo indeterminado - art. 57, §3º.
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta
Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos
créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos:

I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados


nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais
poderão ser prorrogados se houver interesse da
Administração e desde que isso tenha sido previsto no
ato convocatório;

1
Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com
Contribuição: Letícia Soares
24
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
II - à prestação de serviços a serem executados de
forma contínua, que poderão ter a sua duração
prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas
à obtenção de preços e condições mais vantajosas para
a administração, limitada a sessenta meses;

III - (Vetado).

IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de


programas de informática, podendo a duração estender-
se pelo prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após
o início da vigência do contrato.

V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII


e XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter
vigência por até 120 (cento e vinte) meses, caso haja
interesse da administração.

Os serviços de natureza contínua do inciso II podem chegar até a 72 meses e são


os serviços auxiliares e necessários para Administração no exercício de suas atribuições,
isto é, prestados para o funcionamento da própria administração e não serviços prestados
aos usuários. Desse modo atendem o interesse público secundário, afinal não são os
serviços públicos em stricto sensu.
Os serviços públicos são regidos pela Lei 8.987 e 11.079, os quais possuem prazo
diferenciados e na maioria das vezes maior. O prazo maior ocorre em razão da
necessidade de amortizar o pagamento que é feito pelos usuários.

Prorrogação ou Renovação?

Existe controvérsia se há diferença entre as expressões prorrogação e renovação


do contrato. Ao falar dos serviços de natureza contínua a lei usa a expressão prorrogáveis.

I. Não há diferença, são sinônimas. Carvalhinho.


II. Para Marçal Justen Filho são diferentes, há um erro técnico no artigo 55,
II da Lei 8.666/93. A prorrogação ocorre nas situações em que há
necessidade de alongar o prazo do contrato sem a modificação do objeto,
ele utiliza como exemplo as situações de culpa da administração. Por outro
lado, na renovação seria uma nova avença com o mesmo objeto, isto é,
uma inovação do ajuste.

Prevalece a orientação que são períodos iguais e sucessivos, exemplo, primeiro é


formalizado por um ano e depois renova ano a ano.
Quanto à duração do contrato, estes podem ser classificados em:

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
25
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
Contrato a Termo (ou por prazo certo) X Contrato por Escopo

No primeiro, o contrato vai se exaurir pelo implemento do termo, uma vez


encerrado o prazo está encerrada a obrigação, então a prorrogação ou renovação deve
acontecer antes do termo. Para uma segunda corrente divergente, nesse caso, que caberia
a renovação.
No segundo, o término do prazo não coincide com o exaurimento do objeto. O
exemplo clássico são os contratos de obra, porque possuem prazo estimativo. Então o
termo ou prazo é estimativo e moratório, se não entregou dentro do prazo avençado vai
estar em mora e pode sofrer pena de multa se injustificado. Há divergência doutrinária
que entende pelo cabimento da prorrogação propriamente dita.

Direito subjetivo à prorrogação


• Não há direito subjetivo é uma faculdade da Administração, há
discricionariedade da administração. Isso porque quando ocorre a licitação a
administração já dispõe expressamente sobre a prorrogação, então os contratos
invocam o fato de ter essa previsão de prorrogação justamente para dizer que
tinham direito subjetivo, mas prevalece o contrário.

Lei 12.642 (RDC) - Art. 39. Os contratos


administrativos celebrados com base no RDC reger-se-
ão pelas normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
1993, com exceção das regras específicas previstas
nesta Lei.

Lei 13.303 (Estatais) - Art. 71. A duração dos


contratos regidos por esta Lei não excederá a 5
(cinco) anos, contados a partir de sua celebração,
exceto:

I - para projetos contemplados no plano de negócios e


investimentos da empresa pública ou da sociedade de
economia mista;

II - nos casos em que a pactuação por prazo superior


a 5 (cinco) anos seja prática rotineira de mercado e
a imposição desse prazo inviabilize ou onere
excessivamente a realização do negócio.

Parágrafo único. É vedado o contrato por prazo


indeterminado.

3.1.2 INEXECUÇÃO DO CONTRATO (ART. 77 DA LEI 8.666/93)


Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato
enseja a sua rescisão, com as conseqüências
contratuais e as previstas em lei ou regulamento.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
26
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
Seja parcial ou total pode ensejar a rescisão e a sanção. É relevante analisar de
quem é culpa na inexecução do contrato para verificar se tem indenização ou sanção para
o contratado. Pode ser com culpa do contratado, com culpa do contratante ou sem culpa
de ninguém.

3.1.3 EXTINÇÃO DO CONTRATO

Cumprimento do objeto - contrato por escopo; Término do prazo - contrato a


termo.

a) Invalidação - art. 59 (ver 49, §2º) casos em que há declaração de nulidade


do contrato administrativo. Tem efeitos retroativos. Os vícios na licitação
levam a nulidade do contrato.
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato
administrativo opera retroativamente impedindo os
efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria
produzir, além de desconstituir os já produzidos.

Parágrafo único. A nulidade não exonera a


Administração do dever de indenizar o contratado pelo
que este houver executado até a data em que ela for
declarada e por outros prejuízos regularmente
comprovados, contanto que não lhe seja imputável,
promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu
causa.

Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do


procedimento somente poderá revogar a licitação por
razões de interesse público decorrente de fato
superveniente devidamente comprovado, pertinente e
suficiente para justificar tal conduta, devendo
anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação
de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente
fundamentado.

§ 2o A nulidade do procedimento licitatório induz à


do contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único
do art. 59 desta Lei.

Quando o contratado cumpre o objeto tem o direito de receber, ainda que o


contrato esteja viciado e o seu efeito seja retroativo, com base na vedação do
enriquecimento ilícito.

b) Rescisão - art. 79 (art. 5 º e seguintes da Lei 8987/95), pode ser:


 Amigável (Distrato) - comum acordo.
 Judicial - caso as partes não cheguem em um consenso é sempre possível
a judicial. Mas a Administração não precisa porque na maioria das vezes

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
27
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
ela pode rescindir unilateralmente. Mas para o contratado esta é a única
via, isto é, o contratado não pode resilir o contrato com a Administração,
ainda que haja culpa da administração.
 Administrativa (art. 58, II) - é a cláusula exorbitante de rescisão unilateral,
é prerrogativa da administração. A cláusula exorbitante por excelência é
da alteração porque a administração pode impor ao contratado, dentro dos
limites da lei, o cumprimento com a alteração.

A) Com culpa do contratado:


Art. 78, I a XI e XVIII c-c art. 79, I + art. 80 + art. 87
Aqui vai ocorrer a rescisão unilateral pela administração, mais a aplicação das
medidas do artigo 80 e mais as sanções do 87. Caso em que o contratado não terá direito
a indenização.
Pela Lei n. 8987 é a hipótese de caducidade.
B) Sem culpa do contratado:
B.1) Com culpa da Administração: art. 78, XII a XVI c-c art. 79, II e $2.
É o caso da rescisão por razões de interesse público. A extinção do contrato por
razões de interesse público se chama encampação (Lei 8.987-95). Quando a culpa é do
contratado se chama de caducidade.
Uma vez formalizado o contrato sobrevindo razões de interesse público ocorrerá
a revogação do contrato e não a anulação. Mas a Lei 8666 usa a expressão rescisão
unilateral pela administração.
Se administração não cumprir os limites estabelecidos quando da alteração-
modificação do contrato, caberá ao contratado buscar judicial a rescisão.
Os incisos XIV e XV do artigo 78 tratam da exceção do contrato não cumprido -
Nos contratos administrativos tal instituto é mitigado.
B.2) Sem culpa do contratado e sem culpa da administração:
art. 78, XVII c/c art. 79, I, II ou III.
Mesmo na hipótese de caso fortuito ou força maior o contratado terá direito a
indenização. Esse é o único caso em que o contrato administrativo traz benefícios ao
contratado.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
28
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
3.1.4 SANÇÕES

Artigo 87 (obs.: 22, §§ 2º e 3º da LINDB - redação dada pela Lei nova)


Suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar
com a Administração, por prazo não superior a 2 anos;
Declaração de Inidoneidade. Obs. art. 87, §3º (fazer remissão artigo 87, III) c/c
art. 46 da Lei 8443/02 fazer remissão (Declaração) pelo TCU MS 30788 - Info 786 do
STF.
O artigo 87, §3º vai estabelecer a autoridade competente para aplicar a penalidade.
A qual também pode ser aplicada pelo TCU de acordo com a sua Lei Orgânica.
Extensão Territorial: Prevalece o entendimento de que os efeitos da declaração se
estendem a todos os entes federativos. Há na doutrina quem defenda que esse ponto é
exatamente o que distingue a declaração para a suspensão, porque a declaração seria para
todos os entes enquanto que na suspensão seria só para o ente que aplicou a sanção. Até
porque a suspensão temporária deveria ser menos grave, entretanto, o STJ diz que se
aplica também a todos os entes.
Efeitos Temporais: a declaração vai ter efeitos ex nunc ou ex tunc e afetar outros
contratos que já foram formalizados com a Administração Pública. Prevalece amplamente
que não, o que pode acontecer é que o motivo daquela declaração pode ensejar em
verificação nos demais e também levar a rescisão dos demais contratos. Então o efeito é
ex nunc.
A questão da reabilitação (art. 87, IV): são exigidos dois requisitos, ressarcimento
ao erário e o decurso do prazo de pelo menos dois anos. Recentemente o STF fixou
orientação que há necessidade de ter uma restrição temporal, porque não existe sanção
por prazo indeterminado mesmo que não haja ressarcimento ao erário, isto é, não pode
ser limitado e aplicou a lógica dos 5 anos da reparação civil (RMS 33.526).
A questão ainda não está definida, na prática o que provavelmente vai acontecer
é que entre 2 e 5 anos a empresa deverá comprovar os dois requisitos, depois dos 5 anos
ocorrerá a extinção dos efeitos da declaração e do ressarcimento, independente do
pagamento devido ao entendimento do STF no sentido de que não há sanção por prazo
indeterminado.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
29
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
Obs. Possibilidade de cumulação: art. 87, §2º. A multa pode ser cumulada com
qualquer sanção.
Atenção: Impedimento - art. 7, da Lei 10.520 e art. 47 da Lei 12.462. Lei 13303 –
Arts. 82 e 84.
A doutrina entende que há uma lógica de escalonamento e a declaração de
inidoneidade seria a mais grave.
Caso concreto - declaração RMS 48.784 - deverá comprovar os requisitos
cumulativos.

3.1.5 CONTROLE INTERNO

Pode ser dividido em controle interno e externo.


O controle interno impõe a administração não só a prerrogativa de fiscalizar o
contrato, mas o dever. É uma cláusula exorbitante do contrato.
Art. 58, III c/c arts 67, 68 e 70 da lei 8.666
Art. 58. O regime jurídico dos contratos
administrativos instituído por esta Lei confere à
Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:

III - fiscalizar-lhes a execução;

Obs. Responsabilidade Civil Contratual (Art. 70, Lei 8.666 x Art. 76 Lei 13.303
e art. 71 (Encargos trabalhistas e previdenciários – ADC 16 e RE 760931)
Art. 70. Lei 8666. O contratado é responsável pelos
danos causados diretamente à Administração ou a
terceiros, decorrentes de sua CULPA OU DOLO na
execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa
responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento
pelo órgão interessado.
(RESPONSABILIDADE SUBJETIVA)

Art. 76. O contratado é obrigado a reparar, corrigir,


remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas,
no total ou em parte, o objeto do contrato em que se
verificarem vícios, defeitos ou incorreções
resultantes da execução ou de materiais empregados, e
responderá por danos causados diretamente a terceiros
ou à empresa pública ou sociedade de economia mista,
independentemente da comprovação de sua culpa ou dolo
na execução do contrato.

“Responsabilidade da Administração por débitos trabalhistas de empresas


contratadas

O STF acabou de julgar o RE 760931, no qual se discutia se a Administração


deve ou não responder pelos débitos trabalhistas das empresas por ela
contratadas e seus funcionários.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
30
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
Na verdade não houve nenhuma mudança de entendimento do STF.

A Administração não possui uma responsabilidade automática, mas poderá


vir a responder caso seja comprovado que a Administração não fiscalizou
as obrigações trabalhistas das empresas que contratar.

O STF ainda vai fixar a redação final da decisão que terá repercussão geral,
ou seja, que deverá ser seguida por todos os Tribunais, mas, por enquanto,
o entendimento é o mesmo já declarado pelo STF na ADC 16:

Não há a responsabilização automática da administração pública, só


cabendo sua condenação se houver prova inequívoca de sua conduta
omissiva ou comissiva na fiscalização dos contratos.”

O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu, nesta


quinta-feira (30), o julgamento do Recurso
Extraordinário (RE) 760931, com repercussão geral
reconhecida, que discute a responsabilidade
subsidiária da administração pública por encargos
trabalhistas gerados pelo inadimplemento de empresa
terceirizada. Com o voto do ministro Alexandre de
Moraes, o recurso da União foi parcialmente provido,
confirmando-se o entendimento, adotado na Ação de
Declaração de Constitucionalidade (ADC) 16, que veda
a responsabilização automática da administração
pública, só cabendo sua condenação se houver prova
inequívoca de sua conduta omissiva ou comissiva na
fiscalização dos contratos.

Na conclusão do julgamento, a presidente do STF,


ministra Cármen Lúcia, lembrou que existem pelo menos
50 mil processos sobrestados aguardando a decisão do
caso paradigma. Para a fixação da tese de repercussão
geral, os ministros decidiram estudar as propostas
apresentadas para se chegar à redação final, a ser
avaliada oportunamente.

Voto vencedor
O ministro Luiz Fux, relator do voto vencedor –
seguido pela ministra Cármen Lúcia e pelos ministros
Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre
de Moraes – lembrou, ao votar na sessão de 8 de
fevereiro, que a Lei 9.032/1995 introduziu o parágrafo
2º ao artigo 71 da Lei de Licitações para prever a
responsabilidade solidária do Poder Público sobre os
encargos previdenciários. “Se quisesse, o legislador
teria feito o mesmo em relação aos encargos
trabalhistas”, afirmou. “Se não o fez, é porque
entende que a administração pública já afere, no
momento da licitação, a aptidão orçamentária e
financeira da empresa contratada”.

EMENTA

RECURSO EXTRAORDINÁRIO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA


COM REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL.
DIREITO DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO NO ÂMBITO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SÚMULA 331, IV E V, DO TST.
CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 71, § 1º, DA LEI Nº
8.666/93. TERCEIRIZAÇÃO COMO MECANISMO ESSENCIAL PARA
A PRESERVAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO E ATENDIMENTO DAS
DEMANDAS DOS CIDADÃOS. HISTÓRICO CIENTÍFICO.
LITERATURA: ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE
PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO HUMANO. RESPEITO ÀS ESCOLHAS
LEGÍTIMAS DO LEGISLADOR. PRECEDENTE: ADC 16. EFEITOS
VINCULANTES. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E
Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com
Contribuição: Letícia Soares
31
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
PROVIDO. FIXAÇÃO DE TESE PARA APLICAÇÃO EM CASOS
SEMELHANTES.

1. A dicotomia entre “atividade-fim” e “atividade-


meio” é imprecisa, artificial e ignora a dinâmica da
economia moderna, caracterizada pela especialização e
divisão de tarefas com vistas à maior eficiência
possível, de modo que frequentemente o produto ou
serviço final comercializado por uma entidade
comercial é fabricado ou prestado por agente distinto,
sendo também comum a mutação constante do objeto
social das empresas para atender a necessidades da
sociedade, como revelam as mais valiosas empresas do
mundo. É que a doutrina no campo econômico é uníssona
no sentido de que as “Firmas mudaram o escopo de suas
atividades, tipicamente reconcentrando em seus
negócios principais e terceirizando muitas das
atividades que previamente consideravam como
centrais” (ROBERTS, John. The Modern Firm:
Organizational Design for Performance and Growth.
Oxford: Oxford University Press, 2007). 2. A cisão de
atividades entre pessoas jurídicas distintas não
revela qualquer intuito fraudulento, consubstanciando
estratégia, garantida pelos artigos 1º, IV, e 170 da
Constituição brasileira, de configuração das
empresas, incorporada à Administração Pública por
imperativo de eficiência (art. 37, caput, CRFB), para
fazer frente às exigências dos consumidores e cidadãos
em geral, justamente porque a perda de eficiência
representa ameaça à sobrevivência da empresa e ao
emprego dos trabalhadores. 3. Histórico científico:
Ronald H. Coase, “The Nature of The Firm”, Economica
(new series), Vol. 4, Issue 16, p. 386-405, 1937. O
objetivo de uma organização empresarial é o de
reproduzir a distribuição de fatores sob competição
atomística dentro da firma, apenas fazendo sentido a
produção de um bem ou serviço internamente em sua
estrutura quando os custos disso não ultrapassarem os
custos de obtenção perante terceiros no mercado, estes
denominados “custos de transação”, método segundo o
qual firma e sociedade desfrutam de maior produção e
menor desperdício. 4. A Teoria da Administração
qualifica a terceirização (outsourcing) como modelo
organizacional de desintegração vertical, destinado
ao alcance de ganhos de performance por meio da
transferência para outros do fornecimento de bens e
serviços anteriormente providos pela própria firma, a
fim de que esta se concentre somente naquelas
atividades em que pode gerar o maior valor, adotando
a função de “arquiteto vertical” ou “organizador da
cadeia de valor”. 5. A terceirização apresenta os
seguintes benefícios: (i) aprimoramento de tarefas
pelo aprendizado especializado; (ii) economias de
escala e de escopo; (iii) redução da complexidade
organizacional; (iv) redução de problemas de cálculo
e atribuição, facilitando a provisão de incentivos
mais fortes a empregados; (v) precificação mais
precisa de custos e maior transparência; (vi) estímulo
à competição de fornecedores externos; (vii) maior
facilidade de adaptação a necessidades de
modificações estruturais; (viii) eliminação de
problemas de possíveis excessos de produção; (ix)
maior eficiência pelo fim de subsídios cruzados entre
departamentos com desempenhos diferentes; (x) redução
dos custos iniciais de entrada no mercado, facilitando
o surgimento de novos concorrentes; (xi) superação de
eventuais limitações de acesso a tecnologias ou
matérias-primas; (xii) menor alavancagem operacional,
diminuindo a exposição da companhia a riscos e
oscilações de balanço, pela redução de seus custos
fixos; (xiii) maior flexibilidade para adaptação ao

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
32
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
mercado; (xiii) não comprometimento de recursos que
poderiam ser utilizados em setores estratégicos;
(xiv) diminuição da possibilidade de falhas de um
setor se comunicarem a outros; e (xv) melhor adaptação
a diferentes requerimentos de administração, know-how
e estrutura, para setores e atividades distintas. 6.
A Administração Pública, pautada pelo dever de
eficiência (art. 37, caput, da Constituição), deve
empregar as soluções de mercado adequadas à prestação
de serviços de excelência à população com os recursos
disponíveis, mormente quando demonstrado, pela teoria
e pela prática internacional, que a terceirização não
importa precarização às condições dos trabalhadores.
7. O art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93, ao definir
que a inadimplência do contratado, com referência aos
encargos trabalhistas, não transfere à Administração
Pública a responsabilidade por seu pagamento,
representa legítima escolha do legislador, máxime
porque a Lei nº 9.032/95 incluiu no dispositivo
exceção à regra de não responsabilização com
referência a encargos trabalhistas. 8.
Constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei nº
8.666/93 já reconhecida por esta Corte em caráter erga
omnes e vinculante: ADC 16, Relator(a): Min. CEZAR
PELUSO, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2010. 9.
Recurso Extraordinário parcialmente conhecido e, na
parte admitida, julgado procedente para fixar a
seguinte tese para casos semelhantes: “O
inadimplemento dos encargos trabalhistas dos
empregados do contratado não transfere
automaticamente ao Poder Público contratante a
responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter
solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, §
1º, da Lei nº 8.666/93”.

3.1.6 A FISCALIZAÇÃO PELO TRIBUNAL DE CONTAS

3.2 LICITAÇÃO ADMINISTRATIVA I

Procedimento Administrativo disciplinado por lei e por um ato


administrativo prévio, que determina critérios objetivos visando a seleção
da proposta de contratação mais vantajosa e a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável, com a observância do princípio da
isonomia, conduzido por um órgão dotado de competência específica.
(Marçal Justen Filho)

Base Constitucional:
Art. 22 da CRFB/88 - Compete privativamente à União
legislar sobre:

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em


todas as modalidades, para as administrações públicas
diretas, autárquicas e fundacionais da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o
disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas
e sociedades de economia mista, nos termos do art.
173, § 1°, III;

Art. 37, XXI, CRFB/88 - ressalvados os casos


especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade
de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
33
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o
qual somente permitirá as exigências de qualificação
técnica e econômica indispensáveis à garantia do
cumprimento das obrigações.

Art. 173 da CRFB/88. Ressalvados os casos previstos


nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme definidos em
lei.

Não é possível que municípios ou estados contrariem a lei 8.666/93 ou que vão
além dela, incluindo alteração em:

 Modalidades de contratação
 Hipóteses de contratação direta (realizada s/ licitação, dispensa e inexigibilidade)
 Requisitos de participação na licitação
 Questões relacionadas a habilitação
 Cláusulas exorbitantes

3.2.1 DISCIPLINA NORMATIVA


 Lei 8666/93 (Lei Geral de Licitações)
 Lei 10.520/2002 (Pregão)

Normas Especiais:
 Lei 8.248/91 (Serviços de informática)
 Lei 8.987/95 e Lei 11.079/2005 (Concessão)
 Lei 12.232/2010 (Serviços de publicidade)
 Lei 12462/2011 (RDC)
 Lei 13.303/2016 (Lei das Estatais)

OBS.: Agências Reguladoras – Ex. Lei 9472/92 (ANATEL) e Lei 9.986/2000 e


Lei 9.478/92

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
34
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 29/08/2019
Luana Aita
AULA 03
3.2.2 CONCEITOS E PRINCÍPIOS

Art. 37 Caput, CRFB/88,


Gerais repetidos no art. 3º da lei
8.666/93 – LIMPE

Competitividade (Art. 3º
§1º)

Vinculação ao edital

Setoriais Julgamento Objetivo

Procedimento Formal

Sigilo da Proposta

OBS art. 3º Lei 12.462 (RDC) e art. 31 da lei 13.303


Restringir a competitividade é possível desde que para implementar outros valores
constitucionais.

3.2.3 OBJETIVOS DA LICITAÇÃO

Assegurar a igualdade entre competidores


Realização do negócio jurídico mais vantajoso para a Administração
Promoção do Desenvolvimento Sustentável (Art. 3º da Lei 8.666/93, pela Lei
12349/2010).

Função Regulatória da Licitação:

Pode ser um instrumento diretivo e indutivo da economia, devendo coibir práticas


que limitem a competitividade, mas deve produzir práticas que concretizem efeitos
socialmente desejáveis. É um mecanismo de intervenção no domínio econômico.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
35
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 30/08/2019
Luana Aita
AULA 04

Aula 4 – Luana Aita


4 Procedimento Licitatório e Modalidades Licitatórias

4.1 PROCEDIMENTO LICITATÓRIO

4.1.1 FASES PADRÃO DA LICITAÇÃO (CONCORRÊNCIA)

Classificação
Fase Interna Edital Habilitação Homologação Adjudicação
e Julgamento

4.1.2 FASE INTERNA

É a fase de planejamento e preparação para a licitação.

Comissão de Licitação
• Em regra feita pela CJL, Comissão de Julgamento e Licitação,
composta por 3 membros, conforme elencado pela lei.
Definição do objeto
• Delimitação do que será licitado, prazo etc.

Minuta do Edital
• Instrumento que regula e edita a atividade licitatória em concreto.
Tem requisitos mínimos conforme art. 40 da Lei 8.666/93.
Responsabilidade do Procurador
• Muito embora os pareceres como são meramente opinativos não
são responsáveis pela atuação do gestor. O STF conforme regra não é
responsável pelo parecere, salvo por dolo e erro grosseiro.
Audiência Pública
• As obras que são muito vultuosas, mais de 100 vezes superior ao
limite da concorrência engenharia (por volta de 330 milhões), é
necessário uma audiência pública.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
36
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 30/08/2019
Luana Aita
AULA 04
4.1.3 EDITAL

É o início da fase externa, é a “lei” da licitação.

Conteúdo, art. 40 da Lei 8.666/93


•Objeto, prazos, sanções etc.

Anexos
•Projeto básico, ou seja, descrição mínima do que se quer.
•Projeto executivo, é como um empreiteiro diga como será executado o bem, obra ou
serviço. Com base nesses documentos que os interessados poderão avaliar a
necessidade da Administração.
•Minuta do Contrato.
•Autorização orçamentária.

Alteração
•Podem a depender do caso alterar os prazos de entrega.

Efeitos
•Prazo de Entrega
•Entrega dos documentos de habilitação e das propostas de cada licitante.
•Prazo de Impugnação
•O edital pode ser impugnado num prazo de 5 dias úteis até a data para abertura dos
envelopes por qualquer cidadão.
•O licitante pode impugnar até o segundo dia útil que anteceder a abertura do envelope.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
37
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 30/08/2019
Luana Aita
AULA 04
4.1.4 HABILITAÇÃO

Habilitação Jurídica

Requisitos analisados Qualificação Técnica

Higidez Econômica

Idoneidade Fiscal e
Trabalhista

Declaração que não


utiliza trabalho infantil.

Recurso: Tem efeito suspensivo, é um recurso hierárquico interposto em até 5 dias


Desistência: a lei admite a desistência imotivada antes de começar a fase de habilitação.
Depois tem que pedir a Comissão que vai analisar de forma discricionário se pode ou não.
ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO
JUDICIAL. PARTICIPAÇÃO. POSSIBILIDADE. CERTIDÃO DE
FALÊNCIA OU CONCORDATA. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA.
DESCABIMENTO. APTIDÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA.
COMPROVAÇÃO. OUTROS MEIOS. NECESSIDADE. 1. Conforme
estabelecido pelo Plenário do STJ, "aos recursos
interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a
decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem
ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma
nele prevista, com as interpretações dadas até então
pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça"
(Enunciado Administrativo n. 2). 2. Conquanto a Lei
n. 11.101/2005 tenha substituído a figura da
concordata pelos institutos da recuperação judicial e
extrajudicial, o art. 31 da Lei n. 8.666/1993 não teve
o texto alterado para se amoldar à nova sistemática,
tampouco foi derrogado. 3. À luz do princípio da
legalidade, "é vedado à Administração levar a termo
interpretação extensiva ou restritiva de direitos,
quando a lei assim não o dispuser de forma expressa"
(AgRg no RMS 44099/ES, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2016, DJe
10/03/2016). 4. Inexistindo autorização legislativa,
incabível a automática inabilitação de empresas
submetidas à Lei n. 11.101/2005 unicamente pela não
apresentação de certidão negativa de recuperação
judicial, principalmente considerando o disposto no
art. 52, I, daquele normativo, que prevê a
possibilidade de contratação com o poder público, o
que, em regra geral, pressupõe a participação prévia
Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com
Contribuição: Letícia Soares
38
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 30/08/2019
Luana Aita
AULA 04
em licitação. 5. O escopo primordial da Lei n.
11.101/2005, nos termos do art. 47, é viabilizar a
superação da situação de crise econômico-financeira
do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte
produtora, do emprego dos trabalhadores e dos
interesses dos credores, promovendo, assim, a
preservação da empresa, sua função social e o estímulo
à atividade econômica. 6. A interpretação sistemática
dos dispositivos das Leis n. 8.666/1993 e n.
11.101/2005 leva à conclusão de que é possível uma
ponderação equilibrada dos princípios nelas contidos,
pois a preservação da empresa, de sua função social e
do estímulo à atividade econômica atendem também, em
última análise, ao interesse da coletividade, uma vez
que se busca a manutenção da fonte produtora, dos
postos de trabalho e dos interesses dos credores. 7.
A exigência de apresentação de certidão negativa de
recuperação judicial deve ser relativizada a fim de
possibilitar à empresa em recuperação judicial
participar do certame, desde que demonstre, na fase
de habilitação, a sua viabilidade econômica. 8. Agravo
conhecido para dar provimento ao recurso especial.

(STJ - AREsp: 309867 ES 2013/0064947-3, Relator:


Ministro GURGEL DE FARIA, Data de Julgamento:
26/06/2018, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação:
DJe 08/08/2018)

4.1.5 CLASSIFICAÇÃO E JULGAMENTO

Primeira análise guarda correspondência com a conformidade com o edital.


Causas mais comuns de desclassificação:

Preço Preço
Impertinência
Excessivo, inexequível

Não só fere os princípios da A avaliação é objetiva,


Guarda correlação com a licitação como coloca a princípio do julgamento
autorização orçamentária, administração pública em objetivo, só pode levar em
não é subjetivo. risco pela possibilidade de consideração o que está no
inexecução. edital.

 Desclassificação ou inabilitação Geral

É possível que todos os participantes sejam desclassificados ou inabilitados.


Portanto a lei prevê que nessa hipótese há uma nova abertura de prazos para que todos
entreguem documentações e propostas, conforme o caso em que ocorreu o indeferimento
geral.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
39
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 30/08/2019
Luana Aita
AULA 04
 Julgamento – É feito conforme critérios objetivos, incluindo o tipo
licitatório.
 Tipos Licitatórios

Não confundir tipo licitatório que guarda relação com o critério de julgamento,
como a modalidade de licitação que tem a ver com o rito.

a) Menor preço
b) Maior Lance
c) Melhor Técnica

Esse tipo requer considerações especiais, porque dentre as propostas


classificadas com a técnicas a partir do mínimo para atender aos requisitos técnicos,
portanto é feito um ranking com a pontuação de cada concorrente. Assim, ao melhor
colocado é oferecida a chance de fornecer seu produto ou serviço pelo valor do
concorrente classificado de menor preço.
Caso não aceito, a mesma proposta é feita aos candidatos subsequentes.

d) Técnica e Preço

Contratação de informática é obrigatório o uso deste critério. Nessa


hipótese a utilização do critério advém da relação custo benefício.

4.1.6 HOMOLOGAÇÃO

É feito um exame de legalidade e conformidade pelo superior hierárquico, assim


caso homologado ocorre a adjudicação do objeto que é atribuir o objetivo licitado ao
vencedor da licitação.
Após a adjudicação o licitante tem que assinar o contrato e caso não o faça está
sujeito as sanções contratuais.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
40
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 02/09/2019
Flávio Amaral Garcia
AULA 05

Aula 05- Flávio Amaral Garcia


5 Licitação Administrativa e Responsabilidade Civil do Estado

5.1 CONTRATAÇÃO DIRETA. DISPENSA, DISPENSABILIDADE E


INEXIGIBILIDADE. REQUISITOS PARA A FORMALIZAÇÃO.

5.1.1 AS EXCEPCIONALIDADES DAS EMERGÊNCIAS DECORRENTES DE


DESASTRES NATURAIS

Relação do grau de emergência com o cumprimento das formalidades


A contratação de emergência e os desastres naturais (resgate de soterrados,
remoção de entulhos, desobstrução de vias)
O critério econômico não pode prevalecer (ex: empresas mais próximas)
Aproximação com o instituto da requisição (art. 5º, XXV, da CF) – indenização
em momentos posterior no caso de iminente perigo público.
As exigências dos órgãos de controle e a formalização do processo.
O RDC e o aumento de apenação para o gestor que se locupleta em situações com
essas características.

5.1.2 DISPENSA DE REPETIÇÃO DA LICITAÇÃO EM RAZÃO DE ANTERIOR


CERTAME FRUSTRADO
Art. 24
V – Quando não acudirem interessados à licitação
anterior e esta, justificadamente, não puder ser
repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas,
neste caso, todas as condições preestabelecidas;

Licitação Deserta é diferente de Licitação Fracassada.


VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de
direito público interno, de bens produzidos ou
serviços prestados por órgão ou entidade que integre
a Administração Pública e que tenha sido criado para
esse fim específico em data anterior à vigência desta
Lei, desde que o preço contratado seja compatível com
o praticado no mercado;

Caso a atividade tenha sido descentralizada, por meio da administração pública


indireta, é possível não ir ao mercado quando seja possível dentro da própria
administração contratar o serviço, desde que o preço seja compatível com o mercado.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
41
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 02/09/2019
Flávio Amaral Garcia
AULA 05
Vale ressaltar que não é possível contratar uma sociedade de economia mista que
explore atividade econômica, viola-se o princípio da livre iniciativa e causa a
concorrência desleal.
Acórdão TCU 6931/2009 Primeira Câmara:
REPRESENTAÇÃO. JOGOS PANAMERICANOS E
PARAPANAMERICADOS DE 2007. DISPENSA INDEVIDA DE
LICITAÇÃO. IRREGULARIDADE INSUFICIENTE PARA APLICAÇÃO
DE MULTA. ARQUIVAMENTO. 1. Os serviços prestados pelos
Correios, em caráter complementar aos previstos na
Lei 6.538/1978, não integram o serviço postal,
explorado em regime de monopólio pela União (CF, art.
21, X). 2. Apenas as entidades que prestam serviços
públicos de suporte à Administração Pública, criadas
para esse fim específico, podem ser contratadas com
dispensa de licitação, nos termos do art. 24, inciso
VIII, da Lei 8.666/1993. 3. As empresas públicas e
sociedades de economia mista que se dedicam à
exploração de atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços
sujeitam-se ao regime jurídico das empresas privadas
(CF, 173), em consonância com os princípios
constitucionais da livre concorrência e da isonomia,
e não podem ser contratadas com dispensa de licitação
fundamentada no art. 24, inciso VIII, da Lei
8.666/1993.

Parcela da doutrina se limita às entidades que se limitam as entidades que o


próprio ente criou.
Já a maioria da doutrina entende que não há tal limitação, desde que o objeto não
seja financeiro.
IX – Segurança nacional

PGE/RJ: interpretação sistemática de que o dispositivo alcança as hipóteses de


segurança pública. É uma interpretação extensiva.
Tal entendimento não é corroborado pelo TCU.
A lei 12.850 traz uma hipótese de dispensa de licitação que não está na lei 8.666
conforme o art. 3º §1º.
Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão
permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em
lei, os seguintes meios de obtenção da prova:

§ 1º Havendo necessidade justificada de manter sigilo


sobre a capacidade investigatória, poderá ser
dispensada licitação para contratação de serviços
técnicos especializados, aquisição ou locação de
equipamentos destinados à polícia judiciária para o
rastreamento e obtenção de provas previstas nos
incisos II e V.

Locação ou arrendamento de imóveis:


Três requisitos para a efetivação da dispensa de licitação (Art. 24, X).
Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com
Contribuição: Letícia Soares
42
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 02/09/2019
Flávio Amaral Garcia
AULA 05

1 – A locação deve ter por objetivo o atendimento das finalidades precípias da


Administração.
II – A escolha está condicionada aos aspectos de instalação e localização;
III – O preço deve estar compatível com o valor de mercado, sendo obrigatória a
realização de avaliação prévia.
Em matéria de locação é possível o Built – Suit, onde a administração realiza a
especificação do imóvel que deseja alugar, e após o particular construir a Administração
arrenda o local pelo prazo avençado. É uma locação por encomenda, já prevista até no
RDC.

5.1.3 NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO

Dispositivo costuma ser alvo de muitas fraudes em razão de empreses se tornarem


especializadas em ter notória especialização, para que

5.2 INEXIGIBILIDADE
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver
inviabilidade de competição, em especial:

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou


gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivo, vedada
a preferência de marca, devendo a comprovação de
exclusividade ser feita através de atestado fornecido
pelo órgão de registro do comércio do local em que se
realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo
Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou,
ainda, pelas entidades equivalentes;

II - para a contratação de serviços técnicos


enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular,
com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação;

Pessoa reconhecida entre os pares como excepcional, diferenciado.


Objeto singular.
Serviço técnico especializado descrito no art. 13 da lei 8.666
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se
serviços técnicos profissionais especializados os
trabalhos relativos a:

I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos


ou executivos;

II - pareceres, perícias e avaliações em geral;

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
43
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 02/09/2019
Flávio Amaral Garcia
AULA 05

III - assessorias ou consultorias técnicas e


auditorias financeiras ou tributárias;

IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de


obras ou serviços;

V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou


administrativas;

VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;

VII - restauração de obras de arte e bens de valor


histórico.

Súmula 252 do TCU


SÚMULA TCU 252: A inviabilidade de competição para a
contratação de serviços técnicos, a que alude o art.
25, inciso II, da Lei 8.666/1993, decorre da presença
simultânea de três requisitos: serviço técnico
especializado, entre os mencionados no art. 13 da
referida lei, natureza singular do serviço e notória
especialização do contratado.

Art. 25 III da lei 8.666 - para contratação de


profissional de qualquer setor artístico, diretamente
ou através de empresário exclusivo, desde que
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião
pública.

§ 1o Considera-se de notória especialização o


profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua
especialidade, decorrente de desempenho anterior,
estudos, experiências, publicações, organização,
aparelhamento, equipe técnica, ou de outros
requisitos relacionados com suas atividades, permita
inferir que o seu trabalho é essencial e
indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação
do objeto do contrato.

§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos


de dispensa, se comprovado superfaturamento,
respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda
Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o
agente público responsável, sem prejuízo de outras
sanções legais cabíveis.

Credenciamento é quando o interesse público não é atendido por apenas uma


pessoa. Por exemplo, a Caixa Econômica fez um credenciamento de lotéricas.

Contratação de profissional do setor artístico


Pode ser contratado diretamente ou por meio de empresário exclusivo
Consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública
Tem que justificar ....

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
44
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 02/09/2019
Flávio Amaral Garcia
AULA 05
5.2.1 FORMALIZAÇÃO DA CONSTATAÇÃO DIRETA.

Art. 26 parágrafo único

Parecerista só pode ser condenado em duas possibilidades, erro grosseiro ou dolo.


Segundo parecer do STF. STF informativo 475.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


Contribuição: Letícia Soares
45
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 03/09/2019
Cláudio Brandão
AULA 06

Aula 6- Cláudio Brandão


6 Responsabilidade do Estado

6.1 ESPÉCIES

Agentes
Irresponsabilidade
Responsabilizados

Dolo

Responsabilidade
Subjetiva Culpa
Civilista
Responsabilidade do Estado

Nexo de Causalidade

Dolo

Culpa Administrativa Subjetiva Culpa Administrativa

Nexo de Causalidade

Objetiva Nexo de Causalidade

Fato exclusivo da vítima;


Teoria do Risco
Administrativo
Culpa concorrente da Diminuição proporcional
vítima do valor da indenização

Os danos causados
Excludentes
exclusivamente por

Atos de terceiros

Eventos da natureza

Teoria da Irresponsabilidade Estatal

O Estado não seria responsável por danos da sua atividade administrativa. O


principal argumento é que o Estado não autorizava nenhum agente a causar dano, e se
eventualmente ocorresse o agente responderia, havia o brocardo que o Estado não erra.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


46
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 03/09/2019
Cláudio Brandão
AULA 06
Estados Unidos e Inglaterra adotaram a teoria até os anos 50, o Brasil nunca
adotou.
A teoria pode ser adotada ao se tratar de danos provenientes da atividade
legislativa, ou de atos de governo. Vale ressaltar que a atividade administrativa não é
abraçada pela teoria da irresponsabilidade.

Responsabilidade Civilista

Foi adotada por danos resultantes da atividade administrativa, e tornou-se um


embrião para várias áreas do direito público. No primeiro momento era possível
caracterizar que o estado poderia ser responsabilizado por danos resultantes das ações de
seus agentes, na forma prevista no direito privado.
A França adotou na transição do modelo de responsabilidade, dividindo os atos
em atos de império, em que não havia responsabilidade, porém nos atos de gestão
aplicava-se a responsabilidade civilista.
No direito privado a responsabilidade é subjetiva e, portanto, há a necessidade da
comprovação entre dano e nexo causal, acrescido o elemento subjetivo de dolo ou culpa.
Portanto a responsabilidade ao estado era até aplicável, porém aplica-se o ônus da prova
de dolo ou culpa por parte dos agentes estatais.
A teoria ainda é adotada em casos de omissão em razão da falta de atuação de
agentes, porque a responsabilidade civilista deve ser cobrada culpa ou dolo por parte de
alguém.
Portanto a responsabilidade é subjetiva com base na responsabilidade civilista.

Teoria da Culpa Administrativo2

Consolidada a ideia de que o estado podia ser responsabilizado por danos causados
a seus agentes, porém se valia de regras do direito privado, portanto era necessário trazer
para o direito público a responsabilidade.

2
A culpa administrativa também é chamada de culpa anônima, porque não há necessidade de
identificação do agente causador do dano.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


47
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 03/09/2019
Cláudio Brandão
AULA 06
A culpa administrativa está ligada à prestação de serviços públicos, se dividindo
em 3 hipóteses:

I. O serviço público não foi prestado quando deveria ter sido.


II. O serviço foi prestado de forma deficiente.
III. O serviço foi prestado atrasado.

O particular precisa provar a culpa administrativa, o dano e o nexo causal. Ou seja,


o dano deve ser causado por atividade ilícita.

Teoria do Risco Administrativo

Consagra a responsabilidade objetiva do estado por dano causado por seus


agentes, não depende da demonstração de culpa ou dolo, basta a demonstração do dano e
do nexo causal.
Portanto o estado responde mesmo por danos decorrentes da sua atividade lícita.
O fundamento para esta teoria é chamado de partilha dos encargos sociais. O
Estado ao prestar seu serviço em razão do princípio da generalidade, portanto todos se
beneficiam da prestação de serviços públicos, quando uma pessoa suportar prejuízo em
razão deste serviço é razoável que todos também suportem esse prejuízo.
Por exemplo: Há um confronto entre policiais e bandidos, de forma que terceiro
não envolvido seja atingido. Toda a sociedade se beneficiou da atividade de combate ao
crime e apenas um suportou o ônus. Logo a sociedade deve como um todo suportar a
atividade, não importando sequer se o tiro partiu da arma do policial ou do criminoso.
Essa modalidade exclui algumas hipóteses que excluem a responsabilidade do
estado, conforme o art. 37, §6º da CRFB:

I. Fato exclusivo da vítima;


II. Culpa concorrente da vítima, acarreta diminuição proporcional do valor da
indenização;
III. Os danos causados exclusivamente por atos de terceiros ou por eventos
da natureza;

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


48
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 03/09/2019
Cláudio Brandão
AULA 06
Teoria do Risco Integral

Essa teoria no Direito Administrativo significa que o Estado seria


responsabilidade por todos os atos não admitindo excludentes de responsabilidade.
Há autores que alegam que no caso do dano nuclear seria possível a aplicação,
pois a constituição alega que a atividade nuclear é monopólio do Estado, e também afirma
que independe de culpa.
Segundo a lei que trata da responsabilidade dos prestadores de atividades
nucleares, e prevê algumas hipóteses de responsabilização.
Portanto há excludentes em casos de sabotagem, ou em caso de conflitos
internacionais etc.
A lei guarda lógica com base nas teorias baseadas no risco, portanto quanto maior
o risco menor a quantidade de excludentes.
Portanto há divergência quanto a integralidade do risco nuclear.
Vale ressaltar que a constituição alega que a responsabilidade será objetiva, mas
não integral.

6.1.1 TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO

O artigo 37 da CRFB trata da Administração Pública. Portanto os danos referentes


a atividade administrativa do Estado, independente do poder que cause o dano, mas não
se confunde com a atividade legislativa ou de governo.
O §6º do art. 37 trata de uma responsabilidade extracontratual do Estado, nas
relações contratuais serão aplicadas as regras de responsabilidade contratual.
Art. 37 § 6º As pessoas jurídicas de direito público
e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa.

Vale ressaltar que a aplicação é para terceiros e não para os servidores ao


desempenharem suas atividades.
Caso o legislador pretenda estabelecer uma responsabilidade subjetiva, deve ser
expressa porque a responsabilidade apresentada no §6º do art. 37 da CRFB não
condiciona a comprovação de dolo ou culpa.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


49
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 03/09/2019
Cláudio Brandão
AULA 06
As empresas públicas e Sociedades de Economia mista criadas para atividades
econômicas na forma do art. 173 da CRFB responderão subjetivamente, já as que
desempenham atividade pública responderão objetivamente na forma do art. 37 §6º.

Pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviço público:

Sociedades de
Concessionárias Empresas Públicas
Economia Mista

6.1.2 AGENTE PÚBLICO

Vale ressaltar que a expressão agente é ampla, mas também se aplica ao agente de
fato, que não está legalmente investida no poder público, onde é estendida a
responsabilidade do Estado.

6.1.3 DANOS PROVENIENTES DE OMISSÕES DOS AGENTES

O §6º do art. 37 é claro ao afirmar que o Estado é responsável por danos causados
por seus agentes.
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, a omissão do agente não é causa do
dano, mas sim uma condição para que o dano ocorra, portanto, a responsabilidade estatal
é subjetiva.
Por exemplo: A morte de um detento por outro detento embora não seja causada
por outro agente, o Estado tem o poder de guarda.
Entende a jurisprudência que cabe a responsabilidade em razão da necessidade de
guarda.
Há algumas decisões mais recentes em que casos meramente omissivos estendeu-
se a responsabilidade objetiva.
A responsabilidade do agente público é subjetiva, portanto deve haver culpa ou
dolo.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


50
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 03/09/2019
Cláudio Brandão
AULA 06
6.1.4 RESPONSABILIDADE DO AGENTE

A parte final do art. 37 §6º, ressalva assegurado a ação de regresso. De acordo


com o entendimento do STF traz uma garantia para a vítima, mas traz também uma
garantia para o agente público, porque este responde somente na ação regressiva.
O embaraço quanto a denunciação a lide advém do fato que a responsabilidade do
estado é objetiva já a do agente é subjetiva.

RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE
ESTATAL DO AGENTE

Pela posição do STF não é possível a propositura da ação indenizatória


diretamente contra o agente, após indenizar exercerá o direito de regresso contra o agente.
Em relação a atuação notarial não é possível tal aplicação, conforme a lei 8.935. O sistema
Notarial e de registro, seriam agentes delegados, portanto a responsabilidade estatal seria
subsidiária. Já os casos em que os cartórios são dirigidos por agentes públicos, ou que há
intervenção, nesse caso caberia a responsabilidade estatal, que na hipótese seria subjetiva,
em julgamentos controvertidos do STF.
Vale ressaltar que na hipótese de um ente causar dano a outro ente nenhum deles
se qualifica como terceiro, portanto a responsabilidade é objetiva.
A redação truncada do §5º do art. 37 da CRFB gera bastante confusão, assim, no
último entendimento do STF ficou estabelecido que as ações de ressarcimento ao erário
por dano causado por dolo são imprescritíveis.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
respectivas ações de ressarcimento.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


51
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07

Aula 7- Marcelo Martins Evaristo da Silva


7 Responsabilidade Civil do Estado e A Fazenda Pública em
Juízo

7.1 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

7.1.1 RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS LEGISLATIVOS


CRFB Art. 37, X - a remuneração dos servidores
públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39
somente poderão ser fixados ou alterados por lei
específica, observada a iniciativa privativa em cada
caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
data e sem distinção de índices;

“Incabível indenização por representar a própria


concessão de reajuste sem previsão legal” (RE 557.945-
AgR/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira
Turma, DJe de 14/12/07)

Existe divergência acerca da responsabilidade civil do Estado por danos


decorrentes de lei e regulamento, em doutrina observa-se 3 argumentos contrários a
responsabilidade:

I. O argumento é a soberania porque o Poder Legislativo atua na soberania


estatal, podendo extinguir ou criar situações jurídicas livrementes,
observando somente a CRFB;
II. O Poder Legislativo edita atos normativos dotados de generalidade e
abstração de modo que esses atos impõem como regra um ônus de igual
monta a todos os membros daquela comunidade que se encontram naquela
mesma situação.

Teoria do Risco:

O fundamento vem no sentido de que assim como todos os benefícios em


decorrência de uma atuação estatal lícita ou ilícita são repartidos por todos, os ônus
também devem ser repartidos. No entanto, quando esse ônus é superior ao benefício,
quando houver um dano específico, rompe-se com o equilíbrio e incide a responsabilidade
do Estado.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


52
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
Mas quando falamos de ato normativo dotado de generalidade e abstração, não
havendo, portanto, um dano específico, o ônus é repartido por todos de forma equilibrada
e por isso não seria possível a indenização decorrente da lei e regulamento.

III. O Poder Público se defende no seguinte sentido: de que está atuando


conforme o ordenamento jurídico no exercício da atuação estatal.

Discursos favoráveis:

I. Caberia indenização no caso de leis inconstitucionais (formal ou material),


leis de efeitos concretos constitucionais ou inconstitucionais e omissão no
poder de legislar e regulamentar.
II. Em doutrina existe orientação no sentido de que somente depois da
declaração de inconstitucionalidade em sede de controle concentrado
caberia indenização com base nesse argumento.
III. Di Pietro entende que quando o vício é de inconstitucionalidade tem que
ter prévia declaração antes em sede de controle concentrado. Mas se o
vício for de ilegalidade pode ser considerada no caso concreto e a pessoa
pedir a indenização com base na ilegalidade.

Informativo n. 297 STF (REsp 124.864-PR e REsp 571.645-RS).


PRECEDENTE UNIFORMIZADOR DO STJ (RESP 124.864/PR).
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Apelação em face de
sentença que julgou parcialmente procedente o pedido,
para condenar a CEF a corrigir monetariamente os
saldos da conta de caderneta de poupança da autora,
com os índices de 44,80% e 7,87%, referentes ao
período de abril/maio de 1990, com desconto de valores
já creditados e acréscimo de atualização monetária e
juros remuneratórios e moratórios. 2. É pacífico o
entendimento no eg. Superior Tribunal de Justiça e
nos tribunais no sentido de que, nas ações que versam
sobre correção dos saldos de caderneta de poupança,
não há que se falar em correção monetária pelos
índices de 44,80% e 7,87%, relativos ao Plano Collor
(REsp. 124.864/PR, 1ª Seção, DJ 28/09/98, pág. 03).
3. Não condenação da autora em custas e honorários
advocatícios, por ser beneficiária da justiça
gratuita. 4. Apelação parcialmente provida.

Carvalhinho já entende que nada impede que seja por controle difuso.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


53
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
A lei de efeitos concretos é óbvio porque há ruptura do princípio da repartição dos
encargos sociais, então existe responsabilidade do Estado. Em nada se difere da
responsabilidade com base em atos administrativos, porque em essência essa lei de efeitos
concretos é um ato administrativo.
Ex. cadeiras cativas do maracanã.

Responsabilidade decorrente da omissão

Seja falta de regulamentação de uma lei em vigor ou de um mandamento


constitucional.
Sobre o artigo 37, X da CRFB - revisão geral anual dos vencimentos dos
servidores públicos. Em um primeiro momento os servidores passaram a escolher que o
judiciário concedesse escolhendo o índice, que entendeu que não era possível por afrontar
a separação dos poderes, já que a competência era do Chefe do Executivo. Num segundo
momento os servidores passaram a argumentar a indenização em decorrência da omissão
legislativa. A doutrina e a jurisprudência sempre admitiram, no entanto, o STF entendeu
que seria incabível por representar a própria concessão de reajuste sem previsão legal. Di
Pietro critica porque entende que o STF inovou.
APELAÇÃO CIVEL. MUNICÍPIO DE SANTA MARIA. SERVIDOR
PÚBLICO. PERDA SALARIAL EM DECORRÊNCIA DA NÃO
IMPLEMENTAÇÃO DA REVISÃO GERAL ANUAL. IMPOSSIBILIDADE
DE O PODER JUDICIÁRIO INTERVIR NA ESFERA DE
COMPETÊNCIA DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. CONCESSÃO DE
EFEITOS RETROATIVOS À LEI MUNICIPAL Nº. 5.107/2008.
IMPOSSIBILIDADE. OBSERVÂNCIA À SEPARAÇÃO DOS PODERES
E AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. SÚMULA N. 339 DO STF.
DERAM PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO. UNÂNIME.
(Apelação Cível Nº 70054032297, Quarta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Agathe Elsa
Schmidt da Silva, Julgado em 15/05/2013)

(TJ-RS - AC: 70054032297 RS, Relator: Agathe Elsa


Schmidt da Silva, Data de Julgamento: 15/05/2013,
Quarta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da
Justiça do dia 23/05/2013)

7.1.2 RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATOS JURISDICIONAIS

Atos Jurisdicionais X Atos Judiciários

Condutas Dolosas e Fraudulentas


Art. 143 do CPC

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


54
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07

Condutas Culposas – Jurisdição penal X Jurisdição cível


Art. 5º LXXV da CRFB - o Estado indenizará o condenado
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença;

Importante distinguir os atos jurisdicionais típicos dos atos materialmente


administrativos, que eventualmente são praticados por órgãos judiciais ou de apoio do
judiciário. No segundo caso, que não envolve o exercício de função jurisdicionais são
administrativos.
Ex. perda dos autos físicos pelo juiz que leva para casa.

A controvérsia é com relação aos atos jurisdicionais:

Argumentos contrários:

I. Soberania: é um argumento válido para todos os Poderes, porque cada um


exerce parcela da soberania Estatal. Adotá-lo seria afastar também a
responsabilidade do Poder Executivo.
II. O temor de ensejar responsabilidade civil do Estado comprometeria a
independência funcional do Estado. A independência funcional também é
um atributo de cada um dos Poderes.
III. Magistrado é agente político, portanto não teria responsabilidade. O artigo
37, $6 da CRFB utiliza a expressão agente público de forma ampla a
abranger todos os servidores, a qualquer título.
IV. Mudaria a regra da imutabilidade da coisa julgada. A coisa julgada é a
imutabilidade do comando emergente da sentença, esse comando não é
alterado em absoluto em razão da condenação do Estado por conta de
responsabilidade por decisão judicial.

Entende-se que só haverá responsabilidade nos casos previstos em lei, no artigo


143 do CPC. Essa locução civil e regressivamente não existia no CPC-73, vem a ratificar
o que a doutrina já dizia que o Estado responde perante o particular lesado tem o direito
de regresso contra o Magistrado.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


55
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
No que tange às condutas culposas se o ato jurisdicional causador do dano for
praticado de forma culposa é preciso distinguir a jurisdição penal da cível: No caso da
sentença penal (artigo 5, LXXV da CRFB) “erro judiciário”.
Na parte cível há quem defenda que a CRFB não distingue a penal da cível. Mas
outra parte majoritária entende que historicamente ele é reproduzido pelo CPP e ao final
diz “ficar preso além do tempo”. Então conduta culposamente do juiz do cível não haveria
responsabilidade. A exceção podemos encontrar na prisão civil indevida, do devedor de
alimentos. (TJRJ 002179659.2011.8.19.0001)
No caso de condenação definitiva transitada em julgada que depois venha a ser
rescindida há responsabilidade com base no erro judiciário. A controvérsia surge na prisão
cautelar, que não é uma antecipação de um juízo de culpa é preciso que haja indícios,
então o fato dele ser absolvido depois não basta para ensejar um erro judiciário, esse é o
entendimento que prevalece na jurisprudência (ARE 770931 - RE 429518).
Decisão: Vistos. Antônio Plucinski interpõe agravo de
instrumento contra a decisão que não admitiu recurso
extraordinário assentado em contrariedade aos artigos
5º, incisos X, LXV, LXXV, LXXVIII, e 37, § 6º, da
Constituição Federal. Insurge-se, no apelo extremo,
contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de
Santa Catarina, assim do: “APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL, MATERIAL E PERDA E DANOS
– RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO – INDIVÍDUO PRESO
PREVENTIVAMENTE E DENUNCIADO PELA PRÁTICA DO CRIME DE
HOMICÍDIO – POSTERIOR ABSOLVIÇÃO PELO TRIBUNAL DO JÚRI
– PRISÃO EFETUADA DENTRO DOS LIMITES LEGAIS – FORTES
INDÍCIOS DA AUTORIA DO CRIME – INEXISTÊNCIA DE ERRO
JUDICIAL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DESPROVIDO”.
Opostos embargos de declaração, foram rejeitados.
Decido. Anote-se, inicialmente, que o recurso
extraordinário foi interposto contra acórdão
publicado após 3/5/07, quando já era plenamente
exigível a demonstração da repercussão geral da
matéria constitucional objeto do recurso, conforme
decidido na Questão de Ordem no Agravo de Instrumento
nº 664.567/RS, Tribunal Pleno, Relator o Ministro
Sepúlveda Pertence, DJ de 6/9/07. Todavia, apesar da
petição recursal haver trazido a preliminar sobre o
tema, não é de se proceder ao exame de sua existência,
uma vez que, nos termos do artigo 323 do Regimento
Interno do Supremo Tribunal Federal, com a redação
introduzida pela Emenda Regimental nº 21/07, primeira
parte, o procedimento acerca da existência da
repercussão geral somente ocorrerá “quando não for o
caso de inadmissibilidade do recurso por outra razão”.
Não merece prosperar a irresignação. O Tribunal de
origem decidiu acerca da impossibilidade de
responsabilidade do Estado em indenizar o recorrente,
no que se refere aos danos morais decorrentes de
suposta prisão ilegal, sob os seguintes argumentos:
“A responsabilidade civil invocada pelo apelante
encontra fundamento no art. 5º da Constituição Federal
que, em seu inciso LXXV dispõe: ‘o Estado indenizará
o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença’. Ocorre,

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


56
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
entretanto, que a caracterização do erro judiciário
pressupõe, neste caso, a ilegalidade ou abusividade
no decreto da prisão ou no ato de sua manutenção,
frente aos requisitos a serem observados pelo
Magistrado. (…) Na espécie, não vislumbro qualquer
abusividade nos atos judiciais consistentes nos
decretos de prisão temporária e de prisão preventiva,
tampouco na manutenção do recorrente em
estabelecimento prisional enquanto aguardava o seu
julgamento pelo Tribunal do Júri. Infere-se dos autos,
que o apelante foi preso temporariamente, sob a
alegação de que havia indícios de que teria praticado
o crime de homicídio qualificado (art. 12, § 2º, I e
II do CP), contra Alceu Palhano Borges.
Posteriormente, foi decretada a sua prisão preventiva
(fl. 99) e, após ser interrogado e da colheita das
provas, foi pronunciado pela prática do crime citado
(fls. 203/206). Destaco que, na decretação da prisão
preventiva, o magistrado singular acatou o pedido
formulado pelo Delegado de polícia responsável pelo
Caso (fls. 87/91), bem como pelo representante do
Ministério Público (fl. 96/98) e fundamentou sua
decisão com base nos elementos contidos no inquérito
(...)”. Desse modo, o Tribunal de origem, no tocante
aos fatos ensejadores dos danos morais e materiais
decorrentes de suposta prisão ilegal, concluiu pela
ausência de responsabilidade do Estado, haja vista a
inexistência de nexo de causalidade entre a conduta
do Poder Público e o suposto dano causado ao
agravante, com fundamento nos elementos fático-
probatórios que permeiam a lide. Desse modo, para
divergir do entendimento firmado pelo Tribunal de
origem e verificar a legalidade dos referidos atos
que culminaram na prisão sob exame, seria necessário
o reexame dos fatos e das provas que permeiam a lide,
o que não é cabível em recurso extraordinário.
Incidência da Súmula nº 279. Nesse sentido, anote-se:
“Agravo regimental no agravo de instrumento.
Responsabilidade civil do Estado. Prisão cautelar
determinada no curso de regular processo criminal.
Posterior absolvição do réu pelo júri popular. Dever
de indenizar. Reexame de fatos e
provas.Impossibilidade. Ato judicial regular.
Indenização. Descabimento. Precedentes. 1. O Tribunal
de Justiça concluiu, com base nos fatos e nas provas
dos autos, que não restaram demonstrados, na origem,
os pressupostos necessários à configuração da
responsabilidade extracontratual do Estado, haja
vista que o processo criminal e a prisão aos quais
foi submetido o ora agravante foram regulares e se
justificaram pelas circunstâncias fáticas do caso
concreto, não caracterizando erro judiciário a
posterior absolvição do réu pelo júri popular. 2.
Inadmissível, em recurso extraordinário, o reexame
dos fatos e das provas dos autos. Incidência da Súmula
nº 279/STF. 3. A jurisprudência da Corte firmou-se no
sentido de que, salvo nas hipóteses de erro judiciário
e de prisão além do tempo fixado na sentença,
previstas no art. 5º, inciso LXXV, da Constituição
Federal, bem como nos casos previstos em lei, a regra
é a de que o art. 37, § 6º, da Constituição não se
aplica aos atos judiciais quando emanados de forma
regular e para o fiel cumprimento do ordenamento
jurídico. 4. Agravo regimental não provido.” (AI
803831/SP-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira
Turma, DJe 16/5/13). “AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL E PENAL. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACÓRDÃO RECORRIDO COM
DUPLO FUNDAMENTO LEGAL E CONSTITUCIONAL. SÚMULA N.
283/STF. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ATO
ILÍCITO PRATICADO POR AGENTES PÚBLICOS. PRISÃO

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


57
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
ILEGAL. ART. 302 DO CPP. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA N.
279/STF. 1. Acórdão impugnado mediante recurso
extraordinário consta duplo fundamento - legal e
constitucional - e a não-interposição do recurso
especial tornou definitivo o fundamento
infraconstitucional que amparou o acórdão recorrido
(Súmula n. 283/STF). 2. Súmula n. 283/STF: É
inadmissível o recurso extraordinário, quando a
decisão recorrida assenta em mais de um fundamento
suficiente e o recurso não abrange todos eles.3.
Precedentes: RE 539.915-AgR, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA,
1ª Turma, DJ 5.2.2009; RE 596.414-AgR, Rel. Min. EROS
GRAU, 2ª Turma, DJ 24.4.2009; RE 524863-AgR, Rel. Min.
MARCO AURÉLIO, 1ª Turma, DJ 7.11.2008. 4. Súmula n.
279/STF dispõe verbis: Para simples reexame de prova
não cabe recurso extraordinário. 5. É que o recurso
extraordinário não se presta ao exame de questões que
demandam revolvimento do contexto fático-probatório
dos autos, adstringindo-se à análise da violação
direta da ordem constitucional. 6. Agravo regimental
a que se nega provimento” (AI nº 804.596/SE-AgR,
Primeira Turma, Relator o Ministro Luiz Fux, DJe de
16/9/11). “RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO.
PRISÃO ILEGAL. INDENIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE
REEXAMINAR FATOS E PROVAS. REQUISITOS PARA
CONFIGURAÇÃO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO” (AI nº
510.346/AC-AgR, Primeira Turma, Relatora a Ministra
Cármen Lúcia, DJ de 9/2/07). Por outro lado, a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no
sentido de que a responsabilidade objetiva do Estado
por atos judiciais só é possível nas hipóteses
previstas em lei, sob pena de amesquinhamento da
atividade soberana do Estado na aplicação do
ordenamento jurídico e na imposição da justiça. Nesse
sentido, anote-se: “CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA DO ESTADO. PRISÃO EM FLAGRANTE. ABSOLVIÇÃO
POR FALTA DE PROVAS. ART. 5º, LXXV, 2ª PARTE. ATOS
JURISDICIONAIS. FATOS E PROVAS. SÚMULA STF 279. 1.
Embargos de declaração recebidos como agravo
regimental, consoante iterativa jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal. 2. O Supremo Tribunal já
assentou que, salvo os casos expressamente previstos
em lei, a responsabilidade objetiva do Estado não se
aplica aos atos de juízes. 3. Prisão em flagrante não
se confunde com erro judiciário a ensejar reparação
nos termos da 2ª parte do inciso LXXV do art. 5º da
Constituição Federal. 4. Incidência da Súmula STF 279
para concluir de modo diverso da instância de origem.
5. Inexistência de argumento capaz de infirmar o
entendimento adotado pela decisão agravada.
Precedentes. 6. Agravo regimental improvido” (RE nº
553.637/SP-ED, Segunda Turma, Relatora a Ministra
Ellen Gracie, DJ de 25/9/09). “CONSTITUCIONAL.
ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO
ESTADO: ATOS DOS JUÍZES. C.F., ART. 37, § 6º. I. - A
responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos
atos dos juízes, a não ser nos casos expressamente
declarados em lei.Precedentes do Supremo Tribunal
Federal. II. - Decreto judicial de prisão preventiva
não se confunde com o erro judiciário - C.F., art.
5º, LXXV - mesmo que o réu, ao final da ação penal,
venha a ser absolvido. III. - Negativa de trânsito ao
RE. Agravo não provido” (RE nº 429.518/SC-AgR, Segunda
Turma, Relator o Ministro Carlos Velloso, DJ de
28/10/04). “RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO. ATO
DO PODER JUDICIÁRIO. O princípio da responsabilidade
objetiva do Estado não se aplica aos atos do Poder
Judiciário, salvo os casos expressamente declarados

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


58
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
em lei. Orientação assentada na Jurisprudência do STF.
Recurso conhecido e provido” (RE n 219.117/PR,
Primeira Turma, Relator o Ministro Ilmar Galvão, DJ
de 29/10/99). Ante o exposto, conheço do agravo e nego
seguimento ao recurso extraordinário. Publique-se.
Brasília, 18 de junho de 2014.Ministro Dias
ToffoliRelatorDocumento assinado digitalmente

(STF - ARE: 770931 SC, Relator: Min. DIAS TOFFOLI,


Data de Julgamento: 18/06/2014, Data de Publicação:
DJe-148 DIVULG 31/07/2014 PUBLIC 01/08/2014)

TJRJ 0344228-57.2015.8.19.0001 - fala da prisão cautelar e da repartição dos


encargos sociais. Minoritária e contra a jurisprudência dominante.
O STF interpreta a expressão erro judiciário de forma ampla, não fica adstrita a
condutas específicas de condutas dolosas de magistrado. O STF entende que significa a
falta objetiva da prestação do serviço público de Justiça. Havendo uma aplicação da teoria
da culpa anônima do serviço público, porque ela incide quando ele não funciona, funciona
tardiamente ou mal, se enquadra o excesso de prazo da cautelar não se verificando quem
praticou, não foi por uma conduta específica do magistrado.
RE 505.393 e ARE 662105
Decisão: Trata-se de agravo contra decisão de
inadmissibilidade de recurso extraordinário que
impugna acórdão assim do: “DIREITO CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
E MATERIAIS. PRISÃO PROCESSUAL. DURAÇÃO EXCESSIVA.
POSTERIOR ABSOLVIÇÃO. PECULIARIDADES DO CASO
CONCRETO. RESPONSABILIDADE ESTATAL. DANO MORAL
CONFIGURADO. AUSÊNCIA DE PROVA ACERCA DO DANO
MATERIAL. RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE. 1. A
atividade jurisdicional é espécie de serviço público,
cuja manifestação é passível de causar prejuízos aos
particulares, devendo, nestes casos, existir a devida
responsabilização à luz dos preceitos
constitucionais. 2. A prisão provisória seguida de
absolvição não enseja, em regra, indenização por danos
morais e materiais. 3. No Estado Democrático de
Direito, a liberdade do cidadão será sempre a regra,
de modo que eventual cerceamento do status libertatis
deve ocorrer com respeito aos princípios da
legalidade, da proporcionalidade e do devido processo
legal. 4. Peculiaridades do caso concreto demonstram
que o tempo de 3 (três) anos de permanência do
apelante no cárcere excedeu os limites de
razoabilidade. Constrangimento e dano moral
configurado. 5. O serviço judiciário foi omisso na
obrigação de diligenciar acerca do lapso temporal de
prisão processual. Dever elementar do juízo criminal,
já que os presos provisórios permanecem sob custódia
do estado. 6. Dano material, diferentemente do dano
moral, não pode ser presumido, ou seja, há de ser
efetivamente demonstrado nos autos. Improcedência do
pedido de dano material. 7. Procedência parcial do
recurso. Unanimidade”. (fl. 314) No recurso
extraordinário, interposto com fundamento no artigo
102, III, a, da Constituição Federal, sustenta-se a
repercussão geral da matéria deduzida no recurso. No
mérito, aponta-se violação aos artigos 5º, LXXV e 37,
§ 6º, do texto constitucional. Alega-se, em síntese,

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


59
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
que posterior absolvição à prisão cautelar não gera
dever de indenizar ao Estado. Decido. O recurso não
merece prosperar. Verifico que o Tribunal de origem
decidiu de acordo com a jurisprudência desta Corte,
isto é, mesmo a regra geral sendo de ausência de
responsabilidade civil do Estado por atos de
jurisdição, em casos específicos, expressamente
declarados em lei, de comprovada falta objetiva do
serviço público da Justiça, caberá ao Estado a efetiva
reparação do dano suportado pelo administrado. Nesse
sentido, cito o RE 505.393, Rel. Min. Sepúlveda
Pertence, 1ª Turma, DJe 5.10.2007, assim ementado:
“Erro judiciário. Responsabilidade civil objetiva do
Estado. Direito à indenização por danos morais
decorrentes de condenação desconstituída em revisão
criminal e de prisão preventiva. CF, art. 5º, LXXV.
C.Pr.Penal, art. 630. 1. O direito à indenização da
vítima de erro judiciário e daquela presa além do
tempo devido, previsto no art. 5º, LXXV, da
Constituição, já era previsto no art. 630 do C. Pr.
Penal, com a exceção do caso de ação penal privada e
só uma hipótese de exoneração, quando para a
condenação tivesse contribuído o próprio réu. 2. A
regra constitucional não veio para aditar
pressupostos subjetivos à regra geral da
responsabilidade fundada no risco administrativo,
conforme o art. 37, § 6º, da Lei Fundamental: a partir
do entendimento consolidado de que a regra geral é a
irresponsabilidade civil do Estado por atos de
jurisdição, estabelece que, naqueles casos, a
indenização é uma garantia individual e,
manifestamente, não a submete à exigência de dolo ou
culpa do magistrado. 3. O art. 5º, LXXV, da
Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem
impede a lei, nem impede eventuais construções
doutrinárias que venham a reconhecer a
responsabilidade do Estado em hipóteses que não a de
erro judiciário stricto sensu,mas de evidente falta
objetiva do serviço público da Justiça”. No presente
caso, o tribunal de origem concluiu que o prazo de 3
anos de permanência do apelante no cárcere excedeu os
limites de razoabilidade. Destaco o seguinte trecho
do acórdão recorrido: “Debruçando-me sobre a presente
lide, entendo que o tempo de 3 (três) anos de
permanência do apelante no cárcere, fruto de prisão
processual, excedeu todos os limites da
razoabilidade. Até se poderia investigar se a demora
no curso do processo poderia ser imputada à defesa
dos então acusados. Não obstante, diante do que há de
substancioso nos autos, percebe-se que, desde a prisão
em flagrante ocorrida no dia 28/4/2003, apenas em
8/5/2006, após o julgamento pelo Tribunal do Júri,
foi expedido o alvará de soltura do apelante, por ter
sio absolvido diante da tese de negativa de autoria.
Apesar de protocolado pedido de relaxamento pela
defesa do apelante (fl. 73/75) em 11/7/2003, entendeu
o magistrado, em agosto de 2003, que a prisão deveria
ser mantida”. (fl. 319) (grifei) Ante o exposto,
conheço do presente agravo para negar seguimento ao
recurso extraordinário (art. 544, § 4º, II, “b”, do
CPC). Publique-se. Brasília, 5 de novembro de
2012.Ministro Gilmar MendesRelatorDocumento assinado
digitalmente

(STF - ARE: 662105 PE, Relator: Min. GILMAR MENDES,


Data de Julgamento: 05/11/2012, Data de Publicação:
DJe-222 DIVULG 09/11/2012 PUBLIC 12/11/2012)

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


60
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
7.1.3 EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA

Nesse caso o fundamento da execução é o juízo de culpa. Tecnicamente tem


presentes todos os fundamentos da responsabilidade civil com base no erro judiciário,
pode ser que o STF afaste de forma pragmática.
Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade
Art. 945 do CC. Se a vítima tiver concorrido
culposamente para o evento danoso, a sua indenização
será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa
em confronto com a do autor do dano.

Excludentes: culpa exclusiva da vítima, culpa ou fato de terceiro e caso fortuito


ou de força maior.
Atenuante: culpa concorrente da vítima.
Na maioria das vezes o Estado vai tentar afastar o nexo de causalidade, dizendo
que o serviço público não é a causa do dano ou não é a única. Se provar que não foi o
serviço afasta e se for concausa vai ter responsabilidade.

7.1.4 CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR

Há enorme divergência doutrinária da diferença desses dois. Alguns associam que


o primeiro está ligado a agentes da natureza e o segundo força humana, outros argumentos
ao contrário.
O artigo 393 do CC não faz distinção.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos
resultantes de caso fortuito ou força maior, se
expressamente não se houver por eles
responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior


verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era
possível evitar ou impedir.

7.1.5 TEORIA DO RISCO INTEGRAL

Hely Lopes Meireles desdobrou em duas modalidades: risco administrativo


admite a causa excludente a do risco integral não admitia. Era uma distinção baseada nas
consequências admissibilidade ou não dessas causas, não tinha uma diferença conceitual
com base a sua essência interna.

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


61
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
7.1.6 DANOS NUCLEARES

O ordenamento trouxe em alguns casos a teoria do risco integral, o que acontece


com os danos nucleares (art. 8 da lei 6453-77). Mas a CRFB, em seu artigo 21, XXIII, d,
não trouxe as causas excludentes que tinham na lei. A doutrina majoritária e Carvalhinho
defende que essas excludentes não foram recepcionadas pela CRFB, então teria
consagrado a teoria do risco integral.
Danos decorrentes de atos terroristas, atos de guerra e eventos correlatos, contra
aeronaves de empresas aéreas brasileiras:
A Lei 10.309-01 - União assume o risco integral aos danos decorrentes no controle
do espaço aéreo.

7.1.7 DANOS AMBIENTAIS

O artigo 14, §1º da Lei 6.938/81. O dispositivo não dar dicas sobre a incidência
da teoria do risco integral, diante desse silêncio alguns autores de direito ambiental
sempre entenderam que havia a possibilidade de invocação das excludentes em matéria
ambiental, porém a majoritária sempre defendeu a teoria do risco integral porque a
existência de uma atividade potencialmente lesiva ao meio ambiente, impõe ao
empreendedor o dever de fazer um juízo de previsão e todos os riscos devem ser
internacionalizados a atividade. (REsp 1374284-MG - REsp 1596081-PR - a teoria do
risco integral não dispensa a verificação do nexo de causalidade).
RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL. RECURSO
ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C
DO CPC. DANOS DECORRENTES DO ROMPIMENTO DE BARRAGEM.
ACIDENTE AMBIENTAL OCORRIDO, EM JANEIRO DE 2007, NOS
MUNICÍPIOS DE MIRAÍ E MURIAÉ, ESTADO DE MINAS GERAIS.
TEORIA DO RISCO INTEGRAL. NEXO DE CAUSALIDADE.

1. Para fins do art. 543-C do Código de Processo


Civil: a) a responsabilidade por dano ambiental é
objetiva, informada pela teoria do risco integral,
sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que
permite que o risco se integre na unidade do ato,
sendo descabida a invocação, pela empresa responsável
pelo dano ambiental, de excludentes de
responsabilidade civil para afastar sua obrigação de
indenizar; b) em decorrência do acidente, a empresa
deve recompor os danos materiais e morais causados e
c) na fixação da indenização por danos morais,
recomendável que o arbitramento seja feito caso a caso
e com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa,
ao nível socioeconômico do autor, e, ainda, ao porte
da empresa, orientando-se o juiz pelos critérios
sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com
razoabilidade, valendo-se de sua experiência e bom

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


62
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades
de cada caso, de modo que, de um lado, não haja
enriquecimento sem causa de quem recebe a indenização
e, de outro, haja efetiva compensação pelos danos
morais experimentados por aquele que fora lesado.

2. No caso concreto, recurso especial a que se nega


provimento.

Existem situações que terá responsabilidade do estado, ainda que não decorra da
teoria do risco integral, mas sim pela teoria da culpa anônima (Di Pietro). Seria o caso de
uma troca de tiros entre policial e bandido decorrente de operação policial, em que é
irrelevante a origem do projétil. Aqui não se trata apenas de responsabilidade objetiva,
porque se o projétil for do bandido é um fato de terceiro poderia excluir a
responsabilidade, por isso aplica-se a culpa anônima, pois ela desvincula a pessoa do
agente público.
Celso Antônio Bandeira de Mello diz que determinados casos que a ação danosa
não foi provocada diretamente pelo Estado, mas ele produz a situação propiciatória da
lesão, da emergência do dano, nesses casos o Estado deve responder objetivamente como
se tivesse produzido diretamente. REsp 1305259
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 841.526/RS. REPERCUSSÃO GERAL.
TEMA N.º 592. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. RESPONSABILIZAÇÃO
CONDICIONADA À INOBSERVÂNCIA DO DEVER ESPECÍFICO DE
PROTEÇÃO PREVISTO NO ART. 5º, XLIX, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL. RECONHECIMENTO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM DE
CAUSA IMPEDITIVA DA ATUAÇÃO ESTATAL PROTETIVA DO
DETENTO. SUICÍDIO. ROMPIMENTO DO NEXO DE CAUSALIDADE.
RETRATAÇÃO. 1. Retornam estes autos para novo
julgamento, por força do inciso II do art. 1.030 do
Código de Processo Civil de 2015. 2. A decisão
monocrática deu provimento ao apelo nobre para
reconhecer a responsabilidade civil do ente estatal
pelo suicídio de detento em estabelecimento
prisional, sob o argumento de que esta Corte Superior
possui jurisprudência consolidada no sentido de que
seria aplicável a teoria da responsabilização
objetiva ao caso. 3. O acórdão da repercussão geral é
claro ao afirmar que a responsabilização objetiva do
Estado em caso de morte de detento somente ocorre
quando houver inobservância do dever específico de
proteção previsto no art. 5º, inciso XLIX, da
Constituição Federal. 4. O Tribunal de origem decidiu
de forma fundamentada pela improcedência da pretensão
recursal, uma vez que não se conseguiu comprovar que
a morte do detento foi decorrente da omissão do Estado
que não poderia montar vigilância a fim de impedir
que ceifasse sua própria vida, atitude que só a ele
competia. 5. Tendo o acórdão recorrido consignado
expressamente que ficou comprovada causa impeditiva
da atuação estatal protetiva do detento, rompeu-se o
nexo de causalidade entre a suposta omissão do Poder
Público e o resultado danoso. Com efeito, o Tribunal
de origem assentou que ocorreu a comprovação de
suicídio do detento, ficando escorreita a decisão que

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


63
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
afastou a responsabilidade civil do Estado de Santa
Catarina. 6. Em juízo de retratação, nos termos do
art. 1.030, inciso II, do CPC/2015, nego provimento
ao recurso especial.

(STJ - REsp: 1305259 SC 2012/0034508-6, Relator:


Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Data de Julgamento:
08/02/2018, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação:
DJe 21/02/2018)

Mas em ambas abordagens de Celso Antônio e Maria Silvia Zanella Di Pietro não
aplica a teoria do risco integral porque se restar demonstrado que o resultado aconteceria
mesmo que o Estado agisse (morte de detento ainda que estivesse em liberdade) afasta o
nexo de causalidade. RE 841526
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR MORTE DE DETENTO.
ARTIGOS 5º, XLIX, E 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
ADMISSÃO DE INGRESSO NO FEITO NA QUALIDADE DE AMICUS
CURIAE. Despacho: Juntem-se as Petições nº
14.070/2016 e nº 13.784/2016. Trata-se de pedido
formulado pela Defensoria Pública da União no qual
pleiteia sua admissão no feito, na qualidade de amicus
curiae. Dispõe o inciso XVIII do art. 21 do RISTF ser
atribuição do Relator “decidir, de forma
irrecorrível, sobre a manifestação de terceiros,
subscrita por procurador habilitado, em audiências
públicas ou nos processos de sua relatoria”. É o
relatório necessário. Ab initio, cumpre registrar
que, na sessão do dia 22 de abril de 2009, no
julgamento da ADI-AgR nº 4.071 (Rel. Min. Menezes
Direito, DJ de 15.10.2009), o Plenário deste Supremo
Tribunal Federal decidiu que os pedidos de ingresso
dos amicus curiae poderão ser formulados até a
inclusão do processo em pauta para julgamento. O
pedido que ora se analisa, no entanto, foi deduzido
pela Defensoria Pública da União em data posterior à
inclusão em pauta do processo para julgamento, o que,
a rigor, obstaria a intervenção da requerente neste
feito. Assinalo, contudo, que dada à sensibilidade da
matéria que será submetida a julgamento e a ausência
de sustentação oral pelo procurador do autor (Pet.
13.784/2016), recomenda-se a admissão da requerente
como amicus curiae, apenas para proferir sustentação
oral, de modo a contribuir para o debate, trazendo a
perspectiva de quem atua na defesa dos desassistidos,
que compõem a grande massa carcerária brasileira. A
intervenção da requerente no julgamento é
justificada, ainda, na busca de garantir a paridade
de armas e um equilíbrio ao debate em Plenário, na
medida em que a União já se encontra habilitada neste
processo como amicus curiae. De tal modo, com a
admissão da requerente, ampliar-se-á a discussão para
além da ótica do Estado, trazendo-se para o Plenário
também a perspectiva dos encarcerados. Essa
possibilidade de admissibilidade da intervenção do
amicus curiae depois de pautado o processo para
julgamento, de forma excepcional e para garantir a
paridade de armas, já foi enfrentada pela Corte,
conforme se verifica do RE nº 635.659/SP, Rel. Min.
Gilmar Mendes, 19 e 20.8.2015. Com efeito, o telos
precípuo da intervenção do amicus curiae consiste na
pluralização do debate constitucional, com vistas a
municiar a Suprema Corte dos elementos informativos
possíveis, necessários e úteis para trazer novos
argumentos ao debate e ao deslinde da controvérsia,

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


64
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
de modo a conferir maior qualificação e legitimação
democrática de suas decisões. Assim, como se faz
presente, ainda, a pertinência do tema a ser julgado
por este Tribunal com as atribuições institucionais
da requerente, legitima-se a sua atuação no feito. Ex
positis, ADMITO o ingresso no processo, na qualidade
de amicus curiae, da Defensoria Pública da União,
apenas para permitir a sustentação oral em Plenário
de julgamento. À Secretaria para que proceda às
anotações. Brasília, 28 de março de 2016. Ministro
Luiz Fux Relator Documento assinado digitalmente

(STF - RE: 841526 RS - RIO GRANDE DO SUL 0017569-


24.2011.8.21.7000, Relator: Min. LUIZ FUX, Data de
Julgamento: 28/03/2016)

Mesmo fora das hipóteses legais a aplicação da teoria do risco integral é possível
ainda que uma dessas causas não exoneram o estado da responsabilidade:
Que é o caso previsto Artigo 188, II c/c 929 do CC a culpa exclusiva da vítima
exclui a responsabilidade do Estado, mas o fato de terceiro não exclui. Di Pietro entende
que nesse dispositivo se enquadra a ação do Estado que no exercício do poder de polícia
provoca danos para resultar perigo iminente.
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:

II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou


a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.

Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no


caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do
perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do
prejuízo que sofreram.

Ex.: no caso concreto da plantação - o dano já estava instalado quando o Estado


interviu, não é indenizável porque a atuação do Estado serve para reduzir o risco do
prejuízo, isto é, é um desvio causal. Então é possível invocar a teoria da imputação
objetiva.

7.1.8 NEXO CAUSAL

Causalidade adequada e a causalidade direta e imediata. Alguns autores defendem


a aplicação da teoria da imputação objetiva como um filtro normativo nesses casos, para
que só sejam imputados aos agentes os resultados causados pelo agente e não será
imputado como obra sua o desvio causal para reduzir o risco de lesão (bombeiro que joga
a criança de prédio em chamas).

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


65
EMERJ CP2 – DIREITO ADMINISTRATIVO 04/09/2019
Marcelo Martins Evaristo da Silva
AULA 07
7.1.9 TRANSPORTE DE PESSOAS
Sum. 187 do STF - fato de terceiro não exclui a
responsabilidade do transportador.
(Reproduzido no Art. 735 do CC.)

Di Pietro entende que somente a força maior excluir a responsabilidade (art. 734
do CC) e a culpa da vítima apenas atenua (art. 738, PU do CC).
Art. 734. O transportador responde pelos danos
causados às pessoas transportadas e suas bagagens,
salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer
cláusula excludente da responsabilidade.

Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a


declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite
da indenização.

Art. 738. A pessoa transportada deve sujeitar-se às


normas estabelecidas pelo transportador, constantes
no bilhete ou afixadas à vista dos usuários, abstendo-
se de quaisquer atos que causem incômodo ou prejuízo
aos passageiros, danifiquem o veículo, ou dificultem
ou impeçam a execução normal do serviço.

7.1.10 A DISTINÇÃO DO FORTUITO INTERNO E EXTERNO

Quando o fato de terceiro não guarda relação com a atividade de transporte é


fortuito externo, excluiria a responsabilidade. Por outro lado, a conduta de terceiro que se
insere nos lindes da atividade de transporte é fortuito interno e não exclui a
responsabilidade.

7.2 A FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO

Vinícius Areias – vinicius_aa@hotmail.com


66

Você também pode gostar