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Edição 2023.1
Revisada
Atualizada
Ampliada
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DIREITO EMPRESARIAL 2023.1
APRESENTAÇÃO.............................................................................................................................. 18
TEORIA GERAL DA EMPRESA........................................................................................................ 19
1. FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL .................................................................................... 19
1.1. PRIMÁRIAS ......................................................................................................................... 19
1.1.1. Constituição Federal .................................................................................................... 19
1.1.2. Código Civil .................................................................................................................. 19
1.1.3. Código Comercial......................................................................................................... 19
1.1.4. Leis Extravagantes ...................................................................................................... 19
1.1.5. Tratados internacionais................................................................................................ 19
1.2. SECUNDÁRIAS................................................................................................................... 19
1.2.1. Costumes ..................................................................................................................... 20
1.2.2. Princípios Gerais do Direito ......................................................................................... 20
1.2.3. Doutrina ........................................................................................................................ 20
1.2.4. Jurisprudência .............................................................................................................. 20
2. CARACTERÍSTICAS .................................................................................................................. 20
2.1. COSMOPOLITISMO ........................................................................................................... 20
2.2. FRAGMENTÁRIO ............................................................................................................... 21
2.3. INFORMALISMO OU SIMPLICIDADE ............................................................................... 21
2.4. ELASTICIDADE................................................................................................................... 21
2.5. ONEROSIDADE .................................................................................................................. 21
3. PRINCÍPIOS ............................................................................................................................... 21
3.1. LIVRE INICIATIVA .............................................................................................................. 22
3.2. FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA ...................................................................................... 22
3.3. LIBERDADE DE COMPETIÇÃO ........................................................................................ 23
3.4. LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO ......................................................................................... 23
3.5. MAXIMIZAÇÃO DOS ATIVOS DO FALIDO ....................................................................... 23
3.6. PRESERVAÇÃO DA EMPRESA ........................................................................................ 24
3.7. AUTONOMIA DA VONTADE .............................................................................................. 24
3.8. CAMBIÁRIOS ...................................................................................................................... 24
4. TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO (francesa) ...................................................................... 24
4.1. HISTÓRICO......................................................................................................................... 25
4.2. DEFINIÇÃO DO “COMERCIANTE”: ATOS DE COMÉRCIO ............................................. 25
4.3. REVOGAÇÃO DO CÓDIGO COMERCIAL DE 1850 ......................................................... 27
5. TEORIA DA EMPRESA (italiana)............................................................................................... 27
6. EMPRESA E EMPRESÁRIO ..................................................................................................... 29
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6.1. EMPRESÁRIO..................................................................................................................... 29
6.1.1. Conceito de empresário: da caracterização e da inscrição ........................................ 29
6.1.2. Excluídos da atividade empresária.............................................................................. 33
6.2. EMPRESA ........................................................................................................................... 35
6.2.1. Conceito de empresa. .................................................................................................. 35
6.2.2. Microempresa e Empresa de Pequeno Porte ............................................................. 36
7. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL ...................................................................................................... 36
7.1. CONCEITO.......................................................................................................................... 36
7.2. REQUISITOS ...................................................................................................................... 36
7.2.1. Pleno gozo da capacidade civil ................................................................................... 36
7.2.2. Ausência de impedimentos legais ............................................................................... 39
7.3. RESPONSABILIDADE DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL .................................................. 43
7.4. EMPRESÁRIO CASADO .................................................................................................... 43
8. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA - EIRELI ................................ 44
8.1. NOÇÕES GERAIS .............................................................................................................. 44
8.2. REQUISITOS ...................................................................................................................... 45
8.3. VANTAGEM DA EIRELI...................................................................................................... 46
8.4. CRIAÇÃO DA SOCIEDADE UNIPESSOAL E ESVAZIAMENTO DA FUNÇÃO DA EIRELI
46
8.5. TRANSFORMAÇÃO DAS EIRELIS EM SOCIEDADES UNIPESSOAIS .......................... 47
8.6. REVOGAÇÃO DO INCISO IV DO ART. 1.033 DO CÓDIGO CIVIL .................................. 47
9. OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO ............................................................................................ 48
9.1. REGISTRO .......................................................................................................................... 48
9.1.1. Previsão legal e órgão encarregado............................................................................ 48
9.1.2. Atos de registro ............................................................................................................ 50
9.1.3. Novo Registro em caso de sucursal, filial ou agência ................................................ 50
9.1.4. Exceção ao Registro (art. 971 do CC)......................................................................... 50
9.1.5. Natureza jurídica do Registro ...................................................................................... 51
9.1.6. Inatividade da empresa................................................................................................ 52
9.1.7. Consequências da ausência de registro ..................................................................... 53
9.1.8. Registro da Cooperativa .............................................................................................. 53
9.2. ESCRITURAÇÃO DOS LIVROS COMERCIAIS OBRIGATÓRIOS ................................... 54
9.2.1. Livros obrigatórios x Livros facultativos ....................................................................... 54
9.2.2. Consequências da não escrituração do Livro Diário................................................... 55
9.2.3. Dispensados da escrituração ...................................................................................... 55
9.2.4. Princípio da sigilosidade .............................................................................................. 57
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9.2.5. Consequências da ausência de apresentação dos livros ........................................... 58
9.3. REALIZAÇÃO DE DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS PERIÓDICOS .............................. 59
9.4. MANTER EM BOA GUARDA E CONSERVAÇÃO A ESCRITURAÇÃO E
DOCUMENTAÇÃO ........................................................................................................................ 59
9.5. ESQUEMA GRÁFICO ......................................................................................................... 59
10. NOME EMPRESARIAL........................................................................................................... 60
10.1. PREVISÃO CONSTITUCIONAL ..................................................................................... 60
10.2. CONCEITO ...................................................................................................................... 60
10.3. ESPÉCIES ....................................................................................................................... 60
10.4. FIRMA .............................................................................................................................. 61
10.4.1. Composição da firma individual ................................................................................... 61
10.4.2. Composição da firma social (razão social) .................................................................. 61
10.5. DENOMINAÇÃO.............................................................................................................. 62
10.5.1. Composição da denominação ..................................................................................... 62
10.6. CNPJ como nome empresarial ....................................................................................... 63
10.7. ESQUEMAS..................................................................................................................... 63
10.8. PROTEÇÃO AO NOME EMPRESARIAL ....................................................................... 65
10.9. NOME EMPRESARIAL ≠ MARCA .................................................................................. 66
10.10. NOME EMPRESARIAL ≠ TÍTULO DE ESTABELECIMENTO ....................................... 66
10.11. PRINCÍPIOS DO NOME EMPRESARIAL....................................................................... 67
10.11.1. Princípio da veracidade (autenticidade) .................................................................. 67
10.11.2. Princípio DA NOVIDADE ......................................................................................... 67
10.12. CARACTERÍSTICAS ....................................................................................................... 68
11. ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL .................................................................................. 68
11.1. PREVISÃO LEGAL .......................................................................................................... 68
11.2. CONCEITO ...................................................................................................................... 70
11.3. ESTABELECIMENTO x PATRIMÔNIO EMPRESARIAL ............................................... 72
11.4. NATUREZA JURÍDICA DO ESTABELECIMENTO ........................................................ 73
11.5. COMPRA E VENDA DO ESTABELECIMENTO ............................................................. 73
11.5.1. “Trespasse” .................................................................................................................. 73
11.5.2. Produção de efeitos perante terceiros......................................................................... 73
11.5.3. Penhora do estabelecimento ....................................................................................... 74
11.5.4. Dívidas anteriores (art. 1.146) ..................................................................................... 75
11.5.5. Trespasse X cessão de quotas ................................................................................... 77
11.5.6. Cláusula de não restabelecimento → não concorrência ............................................ 77
11.5.7. Sub-rogação nos contratos .......................................................................................... 78
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11.5.8. Aviamento / Goodwill of trade/ Achalandage .............................................................. 79
12. PONTO COMERCIAL ............................................................................................................. 79
12.1. CONCEITO ...................................................................................................................... 79
12.2. AÇÃO RENOVATÓRIA ................................................................................................... 80
12.2.1. Requisitos..................................................................................................................... 80
12.2.2. Prazo ............................................................................................................................ 81
12.2.3. Sublocação................................................................................................................... 81
12.2.4. Exceção de retomada .................................................................................................. 82
12.2.5. Sentença ...................................................................................................................... 83
12.2.6. Esquema gráfico ação renovatória – renovação compulsória .................................... 84
12.3. LOCAÇÃO BUILT TO SUIT............................................................................................. 84
PROPRIEDADE INDUSTRIAL .......................................................................................................... 86
1. FINALIDADE ............................................................................................................................... 86
2. ALOCAÇÃO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL NO DIREITO ................................................. 86
3. OBJETO DE PROTEÇÃO DA LEI DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL ..................................... 86
4. PATENTE ................................................................................................................................... 87
4.1. CONCEITO.......................................................................................................................... 87
4.2. SEGREDO INDUSTRIAL .................................................................................................... 87
4.3. TEMPO ................................................................................................................................ 87
4.4. TERMO INICIAL .................................................................................................................. 88
4.5. PRORROGAÇÃO DO PRAZO ........................................................................................... 88
4.6. INVENÇÃO .......................................................................................................................... 88
4.7. MODELO DE UTILIDADE ................................................................................................... 90
4.8. REQUISITOS DA PATENTEABILIDADE ........................................................................... 91
4.8.1. Novidade ...................................................................................................................... 91
4.8.2. Atividade inventiva ....................................................................................................... 92
4.8.3. Aplicação industrial ...................................................................................................... 92
4.8.4. Não impedimento ......................................................................................................... 92
4.9. LICENCIAMENTO DA PATENTE: LICENÇA VOLUNTÁRIA ............................................ 93
4.10. LICENCIAMENTO DA PATENTE: LICENÇA COMPULSÓRIA ..................................... 93
4.10.1. Abuso de direito ou de poder econômico e não exploração ou não satisfação das
necessidades do mercado.......................................................................................................... 94
4.10.2. Emergência nacional, internacional ou interesse público ........................................... 95
4.11. PATENTE PIPELINE ..................................................................................................... 100
4.12. PATENTE MAILBOX ..................................................................................................... 102
4.13. NULIDADE DA PATENTE ............................................................................................. 104
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4.13.1. Disposição legal ......................................................................................................... 104
4.13.2. Processo administrativo de nulidade de patente ...................................................... 104
4.14. EXTINÇÃO DA PATENTE............................................................................................. 105
5. REGISTRO ............................................................................................................................... 106
5.1. DESENHO INDUSTRIAL (“DESIGN”) .............................................................................. 106
5.1.1. Novidade .................................................................................................................... 107
5.1.2. Originalidade .............................................................................................................. 108
5.1.3. Impedimentos ............................................................................................................. 108
5.1.4. Nulidade do registro do desenho de utilidade art. 112 ............................................. 108
5.1.5. Extinção do REGISTRO do desenho de utilidade .................................................... 109
5.2. MARCA .............................................................................................................................. 109
5.2.1. Espécies de Marca (art. 123)..................................................................................... 109
5.2.2. Espécies de marca quanto à sua apresentação ....................................................... 110
5.2.3. Princípios da marca ................................................................................................... 110
5.2.4. Requisitos para registro de marca ............................................................................. 111
5.2.5. MARCAS EVOCATIVAS E O STJ ............................................................................. 116
5.2.6. Marca degenerativa ................................................................................................... 118
5.2.7. Nulidade do registro marca ........................................................................................ 118
5.2.8. Uso indevido da marca e dano moral ........................................................................ 119
5.2.9. Conflito entre marca e nome empresarial ................................................................. 120
5.2.10. Trade Dress ............................................................................................................... 121
5.2.11. Extinção do REGISTRO da marca ............................................................................ 123
6. ASPECTOS PROCESSUAIS DA LPI ...................................................................................... 124
7. PRESCRIÇÃO .......................................................................................................................... 125
8. FORMAS DE EXTINÇÃO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL ................................................ 126
DIREITO SOCIETÁRIO ................................................................................................................... 127
1. QUADRO SOCIETÁRIO EMPRESARIAL................................................................................ 127
1.1. SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA ............................................................................. 127
1.2. SOCIEDADE PERSONIFICADA ...................................................................................... 127
2. CONCEITO DE SOCIEDADE .................................................................................................. 127
3. SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS ................................................................................ 127
3.1. SOCIEDADE EM COMUM................................................................................................ 127
3.1.1. Responsabilidade dos sócios .................................................................................... 128
3.2. SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO............................................................... 129
3.2.1. Sócio Ostensivo ......................................................................................................... 129
3.2.2. Sócio Participante ...................................................................................................... 130
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4. SOCIEDADES PERSONIFICADAS ......................................................................................... 131
4.1. VISÃO GERAL .................................................................................................................. 131
4.2. REGISTRO DA SOCIEDADE ........................................................................................... 131
4.3. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES PERSONIFICADAS ........................................... 132
4.3.1. Quanto ao objeto........................................................................................................ 132
4.3.2. Quanto à forma (tipo societário) ................................................................................ 133
Sociedade em nome coletivo........................................................................................................... 133
Sociedade em comandita simples ................................................................................................... 133
Sociedade em comandita por ações (C/A) ...................................................................................... 133
Sociedade anônima (S/A) ................................................................................................................ 133
Sociedade LTDA .............................................................................................................................. 133
Sociedade em nome coletivo........................................................................................................... 133
Sociedade em comandita simples ................................................................................................... 133
Sociedade LTDA .............................................................................................................................. 133
Cooperativas .................................................................................................................................... 133
Simples/simples (S/S – simples pura – não sofre influência de nenhum outro tipo societário)¹ ... 133
4.3.3. Quando ao grau de dependência às qualidades dos sócios .................................... 134
4.3.4. Quanto à constituição e dissolução ........................................................................... 136
4.3.5. Quanto à responsabilidade do sócio pelas obrigações sociais ................................ 137
5. SOCIEDADE SIMPLES ............................................................................................................ 138
5.1. CONTRATO SOCIAL ........................................................................................................ 138
5.2. PLURIPESSOALIDADE .................................................................................................... 139
5.3. QUOTAS SOCIAIS............................................................................................................ 139
5.3.1. Conceito ..................................................................................................................... 139
5.3.2. Titularidade das quotas.............................................................................................. 140
5.3.3. Formas de integralização .......................................................................................... 140
5.3.4. Sócio remisso ............................................................................................................. 140
5.3.5. Cessão de quotas sociais .......................................................................................... 141
5.3.6. (Im) possibilidade de penhora das quotas sociais .................................................... 141
5.4. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO................................................................................... 142
5.5. DIREITOS DOS SÓCIOS ................................................................................................. 142
5.6. ADMINISTRADOR ............................................................................................................ 144
5.6.1. Nomeação .................................................................................................................. 144
5.6.2. Sócio/não sócio .......................................................................................................... 144
5.6.3. Poderes do administrador .......................................................................................... 144
5.6.4. Responsabilidade do administrador .......................................................................... 145
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6. SOCIEDADE EM NOME COLETIVO ....................................................................................... 146
6.1. PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 146
6.2. SÓCIOS ............................................................................................................................. 146
6.3. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS .............................................................................. 147
6.4. NOME EMPRESARIAL ..................................................................................................... 147
6.5. ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE ................................................................................ 147
6.6. LIQUIDAÇÃO DA QUOTA ................................................................................................ 147
7. SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES .............................................................................. 148
7.1. PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 148
7.2. SÓCIOS ............................................................................................................................. 149
7.2.1. Sócio comanditado .................................................................................................... 149
7.2.2. Sócio comanditário .................................................................................................... 150
8. SOCIEDADE LIMITADA ........................................................................................................... 150
8.1. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ............................................................................................... 150
8.2. CARACTERÍSTICAS......................................................................................................... 151
8.3. CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA ................................................................. 152
8.3.1. Requisitos gerais de validade do contrato social (TRÊS) ......................................... 152
8.3.2. Requisitos específicos de validade dos contratos sociais (DOIS) ............................ 153
8.3.3. Cláusulas Essenciais do contrato da Sociedade limitada (art. 997 do CC) ............. 155
8.4. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO NA SOCIEDADE LIMITADA (ART. 1.052 DO CC) . 156
8.5. QUOTAS SOCIAIS............................................................................................................ 159
8.5.1. Natureza jurídica: ....................................................................................................... 159
8.5.2. Transferência de quotas (cessão de quotas) ............................................................ 159
8.6. DEVERES DOS SÓCIOS ................................................................................................. 160
8.7. DIREITOS DOS SÓCIOS ................................................................................................. 160
8.8. DELIBERAÇÕES SOCIAIS............................................................................................... 161
8.8.1. Assembleia X Reunião............................................................................................... 162
8.8.2. Regras de votação nas deliberações ........................................................................ 162
8.8.3. Dispensa de assembleia ou reunião ......................................................................... 162
8.9. DIREITO DE RETIRADA (DIREITO DE RECESSO) ....................................................... 163
8.10. DIREITO DE FISCALIZAÇÃO ....................................................................................... 164
8.11. INFLUÊNCIA DOS SÓCIOS MINORITÁRIOS NA FORMAÇÃO DO CONSELHO
FISCAL 165
8.12. DIREITO DE PREFERÊNCIA (ART. 1.081 DO CC) .................................................... 165
8.13. ADMINISTRADOR DA SOCIEDADE LIMITADA .......................................................... 165
8.13.1. Responsabilidade do Administrador .......................................................................... 167
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8.13.2. Teoria “ultra vires” (Além das forças) ........................................................................ 168
8.13.3. Teoria da Aparência................................................................................................... 169
8.14. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE LIMITADA ................................................................. 169
8.14.1. Casos de dissolução parcial: ..................................................................................... 169
8.14.2. Casos de dissolução total .......................................................................................... 171
9. SOCIEDADE ANÔNIMA (LEI 6.404/76) .................................................................................. 173
9.1. CONCEITO........................................................................................................................ 173
9.2. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ................................................................................... 173
9.3. ESPÉCIES DE SOCIEDADE ANÔNIMA (ART. 4º DA LSA)............................................ 174
9.4. CONSTITUIÇÃO DA SOCIEDADE ANÔNIMA ................................................................ 175
9.4.1. Requisitos preliminares (art. 80 da LSA) ................................................................... 175
9.4.2. Constituição propriamente dita (arts. 82 a 93 da LSA) ............................................. 176
9.4.3. Regras gerais acerca do procedimento de subscrição ............................................. 177
9.4.4. Formalidades complementares ................................................................................. 178
9.5. ÓRGÃOS DA S/A .............................................................................................................. 178
9.5.1. Assembleia Geral ....................................................................................................... 178
9.5.2. Conselho de Administração ....................................................................................... 180
9.5.3. Diretoria ...................................................................................................................... 183
9.5.4. Conselho fiscal ........................................................................................................... 184
9.6. VALORES MOBILIÁRIOS ................................................................................................. 187
9.7. AÇÃO................................................................................................................................. 187
9.7.1. Conceito ..................................................................................................................... 187
9.7.2. Formas de integralização .......................................................................................... 187
9.7.3. Classificação das ações quanto à espécie ............................................................... 188
9.7.4. Acionista controlador e o “Acordo de Acionistas” ..................................................... 193
9.7.5. Valor das ações ......................................................................................................... 195
9.7.6. Responsabilidade do acionista de uma sociedade anônima (art. 1º) ....................... 197
9.7.7. Deveres e direitos essenciais do acionista ............................................................... 197
9.8. DEBÊNTURES .................................................................................................................. 198
9.9. COMMERCIAL PAPER ..................................................................................................... 200
9.10. BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO ........................................................................................... 200
9.10.1. Partes beneficiárias ................................................................................................... 200
10. REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA ....................................................................................... 201
10.1. TRANSFORMAÇÃO ...................................................................................................... 202
10.2. FUSÃO ........................................................................................................................... 202
10.3. INCORPORAÇÃO ......................................................................................................... 202
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10.4. CISÃO ............................................................................................................................ 203
11. SOCIEDADES COLIGADAS (ARTS. 1.097 e seguintes do CC)......................................... 203
12. DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ................................................................. 203
12.1. ORIGEM ........................................................................................................................ 203
12.1.1. Caso Bank of United States X Deveaux .................................................................... 203
12.1.2. Caso Salomon X Salomon CB................................................................................... 204
12.2. TERMINOLOGIA ........................................................................................................... 204
12.3. CLASSIFICAÇÃO .......................................................................................................... 205
12.3.1. Teoria Maior ............................................................................................................... 205
12.3.2. Teoria Menor .............................................................................................................. 205
12.3.3. Teoria Inversa ............................................................................................................ 206
12.3.4. Teoria Indireta ............................................................................................................ 206
12.3.5. Teoria expansiva ........................................................................................................ 208
12.4. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E O CPC/15 ..................... 208
12.5. A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E A MP DA LIBERDADE
ECONÔMICA ............................................................................................................................... 209
13. SOCIEDADE ANÔNIMA DO FUTEBOL - SAF .................................................................... 212
13.1. CONCEITO .................................................................................................................... 213
13.2. CONSTITUIÇÃO............................................................................................................ 213
13.3. OBJETO SOCIAL .......................................................................................................... 213
13.4. SUCESSÃO CONTRATUAL ......................................................................................... 214
13.5. DISPUTA DE CAMPEONATOS .................................................................................... 214
13.6. TRANSFERÊNCIA DE PATRIMÔNIO .......................................................................... 214
13.7. AÇÕES ORDINÁRIAS DE CLASSE A.......................................................................... 214
13.8. GOVERNANÇA ............................................................................................................. 215
13.9. OBRIGAÇÕES DA SAF ................................................................................................ 215
13.10. FINANCIAMENTO DA SAF ........................................................................................... 216
TÍTULOS DE CRÉDITO................................................................................................................... 217
1. NOÇÕES GERAIS DE TÍTULOS DE CRÉDITOS ................................................................... 217
1.1. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ............................................................................................... 217
1.2. CONCEITO DE TÍTULOS DE CRÉDITO ......................................................................... 217
2. CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO ............................................................... 218
2.1. DOCUMENTOS FORMAIS ............................................................................................... 218
2.2. BENS MÓVEIS .................................................................................................................. 218
2.3. TÍTULOS DE APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 218
2.4. TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL .......................................................................... 218
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2.5. OBRIGAÇÕES QUESÍVEIS.............................................................................................. 218
2.6. TÍTULO DE RESGATE ..................................................................................................... 218
2.7. TÍTULO DE CIRCULAÇÃO ............................................................................................... 219
3. PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO ............................................................................ 219
3.1. PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE (PRINCÍPIO DA INCORPORAÇÃO, “DOCUMENTOS
DISPOSITIVOS”) .......................................................................................................................... 219
3.2. PRINCÍPIO DA LITERALIDADE ....................................................................................... 220
3.3. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA ........................................................................................... 221
3.3.1. Subprincípio da inoponibilidade de exceções pessoais a terceiros de boa-fé ......... 222
3.3.2. Subprincípio da abstração ......................................................................................... 222
3.4. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 223
4. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO .................................................................... 223
4.1. QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO: CAUSAL E NÃO CAUSAL ........................... 223
4.1.1. Causal ........................................................................................................................ 223
4.1.2. Não-causal (abstratos)............................................................................................... 224
4.2. QUANTO AO MODELO: VINCULADO OU LIVRE........................................................... 224
4.2.1. Modelo Livre ............................................................................................................... 224
4.2.2. Modelo Vinculado....................................................................................................... 224
4.3. QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO (DUAS CLASSIFICAÇÕES) ........................................ 224
4.3.1. Classificação clássica/tradicional: ao portador ou nominativo.................................. 224
4.3.2. Classificação moderna (CC/2002): ao portador, nominativo e nominal ................... 226
4.4. QUANTO À ESTRUTURA: ORDEM DE PAGAMENTO OU PROMESSA DE
PAGAMENTO............................................................................................................................... 226
4.4.1. ORDEM de pagamento.............................................................................................. 226
4.4.2. PROMESSA de pagamento ...................................................................................... 226
5. ENDOSSO: TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DO TÍTULO DE CRÉDITO ............................ 226
5.1. CONCEITO........................................................................................................................ 226
5.2. EFEITOS DO ENDOSSO ................................................................................................. 227
5.3. MODALIDADES DE ENDOSSO ....................................................................................... 227
5.3.1. Endosso em branco ................................................................................................... 227
5.3.2. Endosso em preto ...................................................................................................... 228
5.3.3. Endosso póstumo ...................................................................................................... 228
5.3.4. Endosso impróprio ..................................................................................................... 230
5.3.5. Endosso “sem garantia” ............................................................................................. 231
6. AVAL: GARANTIA DO PAGAMENTO DO TÍTULO DE CRÉDITO ......................................... 232
6.1. CONCEITO........................................................................................................................ 232
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6.2. COMO É FEITO O AVAL? ................................................................................................ 233
6.3. ESPÉCIES DE AVAL ........................................................................................................ 233
6.4. AUTORIZAÇÃO DO CÔNJUGE ....................................................................................... 234
6.5. AVAL X FIANÇA ................................................................................................................ 235
7. LETRA DE CÂMBIO (REGRAS GERAIS DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS) ............................ 235
7.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 235
7.2. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ............................................................................................... 235
7.3. CONCEITO........................................................................................................................ 236
7.4. REQUISITOS .................................................................................................................... 236
7.5. SAQUE E ACEITE ............................................................................................................ 236
7.5.1. Noções gerais ............................................................................................................ 236
7.5.2. Efeitos da recusa do aceite (total ou parcial) ............................................................ 237
7.5.3. Efeitos do aceite......................................................................................................... 238
7.5.4. Prazo de respiro ......................................................................................................... 238
7.6. EXIGIBILIDADE DA LETRA DE CÂMBIO ........................................................................ 239
7.7. TIPOS DE VENCIMENTO DE UMA LETRA DE CÂMBIO ............................................... 239
7.8. PROTESTO DA LETRA DE CÂMBIO .............................................................................. 240
7.9. PRAZO PRESCRICIONAL ............................................................................................... 240
7.10. GRÁFICO: LETRA DE CÂMBIO ................................................................................... 240
8. NOTA PROMISSÓRIA ............................................................................................................. 240
8.1. CONCEITO........................................................................................................................ 241
8.2. NÃO HÁ ACEITE NA NOTA PROMISSÓRIA .................................................................. 241
8.3. FORMAS DE VENCIMENTO DA NOTA PROMISSÓRIA................................................ 241
8.4. SÚMULA 258 DO STJ: NOTA PROMISSÓRIA E CONTRATO DE ABERTURA DE
CRÉDITO ..................................................................................................................................... 241
8.5. SÚMULA 504 DO STJ....................................................................................................... 242
8.6. REQUISITOS .................................................................................................................... 243
8.7. GRÁFICO: NOTA PROMISSÓRIA ................................................................................... 243
9. DUPLICATA (Lei 5.474/68) ...................................................................................................... 244
9.1. CONCEITO........................................................................................................................ 244
9.2. ACEITE DA DUPLICATA .................................................................................................. 245
9.2.1. Obrigatoriedade do aceite ......................................................................................... 245
9.2.2. Hipóteses legais que permitem a recusa do aceite (art. 8º) ..................................... 245
9.2.3. Categorias de aceite (em virtude do caráter obrigatório).......................................... 245
9.3. ENDOSSO NA DUPLICATA ............................................................................................. 246
9.4. AVAL NA DUPLICATA ...................................................................................................... 246
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9.5. VENCIMENTO DA DUPLICATA ....................................................................................... 246
9.6. MODALIDADES DE PROTESTO DE UMA DUPLICATA (ART. 13) ............................... 246
9.7. PERDA OU EXTRAVIO DE DUPLICATA (ART. 23) ........................................................ 247
9.8. FURTO OU ROUBO DE DUPLICATA .............................................................................. 247
9.9. É POSSÍVEL EXECUÇÃO DE DUPLICATA SEM ACEITE? ........................................... 247
9.10. DUPLICADA VIRTUAL E SUA EXECUTIVIDADE ....................................................... 248
9.11. GRÁFICO: DUPLICATA ................................................................................................ 252
10. CHEQUE (LEI 7.357/85) ....................................................................................................... 252
10.1. CONCEITO .................................................................................................................... 252
10.2. REQUISITOS DO CHEQUE (ART. 1º, 2º E 3º) ............................................................ 252
10.3. ACEITE DO CHEQUE ................................................................................................... 254
10.4. CHEQUE PRÉ-DATADO (PÓS-DATADO) ................................................................... 254
10.5. ENDOSSO DO CHEQUE .............................................................................................. 255
10.6. AVAL NO CHEQUE ....................................................................................................... 256
10.7. PRAZO DE APRESENTAÇÃO DO CHEQUE .............................................................. 256
10.7.1. Noção geral ................................................................................................................ 256
10.7.2. Inobservância do prazo de apresentação do cheque ao sacado ............................. 257
10.7.3. Protesto ...................................................................................................................... 258
10.8. CONTA CONJUNTA...................................................................................................... 259
10.9. DEVOLUÇÃO INDEVIDA .............................................................................................. 259
10.10. SUSTAÇÃO DE CHEQUE ............................................................................................ 259
10.10.1. Contraordem/revogação (art. 35)........................................................................... 259
10.10.2. Sustação/oposição (art. 36) ................................................................................... 260
10.11. CHEQUE SEM FUNDOS .............................................................................................. 260
10.12. AÇÃO MONITÓRIA E CHEQUE ................................................................................... 262
10.13. JUROS MORATÓRIOS ................................................................................................. 263
10.14. GRÁFICO: CHEQUE ..................................................................................................... 265
11. ESQUEMA TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE ............................................................. 266
12. PRAZO PRESCRICIONAL PARA EXECUÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO ................. 267
12.1. GRÁFICO 01.................................................................................................................. 267
13. OUTROS TÍTULOS DE CRÉDITO ....................................................................................... 268
13.1. TÍTULOS DE CRÉDITO COMERCIAL ......................................................................... 268
13.2. TÍTULOS DE CRÉDITO INDUSTRIAL ......................................................................... 269
13.3. TÍTULOS DE CRÉDITO RURAL ................................................................................... 269
13.4. TÍTULOS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO ......................................................................... 269
13.5. NOVOS TÍTULOS IMOBILIÁRIOS ................................................................................ 270
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13.6. TÍTULOS DE CRÉDITO BANCÁRIO ............................................................................ 270
13.7. LETRA DE ARRENDAMENTO MERCANTIL ............................................................... 272
CONTRATOS EMPRESARIAIS ...................................................................................................... 273
1. CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA ............................................................................ 273
1.1. CONCEITO........................................................................................................................ 273
1.2. REGRAMENTO ................................................................................................................. 273
1.3. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS MÓVEIS NO ÂMBITO DO MERCADO
FINANCEIRO E DE CAPITAIS (DL 911/69) ................................................................................ 273
1.4. APLICAÇÃO DAS REGRAS DO DL 911/69 AO LEASING ............................................. 279
1.5. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA REGIDA PELO CÓDIGO CIVIL ............................................ 280
1.6. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS IMÓVEIS ............................................................... 281
1.7. OUTROS PRONTOS IMPORTANTES ............................................................................. 282
1.7.1. CONTRATO INSTRUMENTAL.................................................................................. 282
1.7.2. PROPRIEDADE RESOLÚVEL E ‘AD TEMPUS’ (DIREITOS REAIS) ...................... 283
1.7.3. PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA x RESERVA DE DOMÍNIO....................................... 283
2. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (“LEASING”) ........................................... 284
2.1. CONCEITO........................................................................................................................ 284
2.2. MODALIDADES DE LEASING ......................................................................................... 284
2.2.1. Leasing financeiro ...................................................................................................... 284
2.2.2. Leasing operacional ................................................................................................... 285
2.2.3. “Lease back” (leasing de retorno) .............................................................................. 285
2.2.4. Quadro resumo .......................................................................................................... 286
2.3. INADIMPLEMENTO DAS PRESTAÇÕES DO LEASING ................................................ 286
2.4. PURGAÇÃO DA MORA .................................................................................................... 287
3. CONTRATO DE FRANQUIA (franchising) .............................................................................. 288
3.1. CONCEITO........................................................................................................................ 288
3.2. CONTRATANTES ............................................................................................................. 288
3.3. OBJETOS DO CONTRATO .............................................................................................. 289
3.4. INEXISTÊNCIA DA RELAÇÃO DE CONSUMO ENTRE FRANQUEADOR E
FRANQUEADO ............................................................................................................................ 289
3.5. INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO ............................................................. 289
3.6. COF - CIRCULAR DE OFERTA DE FRANQUIA ............................................................. 289
3.6.1. Conceito ..................................................................................................................... 289
3.6.2. Prazo legal e obrigatoriedade .................................................................................... 292
3.6.3. Novidades da COF trazidas pela Lei 13.966/2019 ................................................... 292
3.6.4. COF e falsidade de informações ............................................................................... 293
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3.7. SUBLOCAÇÃO DO PONTO ............................................................................................. 293
4. CONTRATO DE FACTORING OU FOMENTO MERCANTIL ................................................. 294
4.1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ................................................................................. 294
4.2. ESPÉCIES DE CONTRATO DE FACTORING ................................................................ 295
4.2.1. Factoring tradicional................................................................................................... 295
4.2.2. Factoring de vencimento............................................................................................ 296
4.3. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................... 296
5. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL ........................................................................................... 298
5.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 298
5.2. CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO X CONTRATO DE AGÊNCIA (ART. 710 DO CC)
298
5.3. EXCLUSIVIDADE NA REPRESENTAÇÃO COMERCIAL ............................................... 299
5.3.1. Exclusividade de zona geográfica (art. 31 da Lei) .................................................... 299
5.3.2. Exclusividade de representação (art. 31, parágrafo único) ...................................... 299
5.4. RESCISÃO DO CONTRATO ............................................................................................ 300
5.4.1. Contrato com prazo INDETERMINADO .................................................................... 300
5.4.2. Contrato com prazo DETERMINADO ....................................................................... 301
DIREITO FALIMENTAR (Lei 11.101/05) ......................................................................................... 302
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 302
2. ÂMBITO DE INCIDÊNCIA DA LEI ........................................................................................... 302
3. JUÍZO COMPETENTE ............................................................................................................. 304
4. DA FALÊNCIA .......................................................................................................................... 305
4.1. CONCEITO........................................................................................................................ 305
4.2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 306
4.3. PROCESSO FALIMENTAR (VISÃO GERAL) .................................................................. 306
4.4. LEGITIMIDADE ATIVA DO PEDIDO DE FALÊNCIA ....................................................... 307
4.4.1. Próprio devedor (art. 97, I: empresário ou sociedade empresária) .......................... 307
4.4.2. Cônjuge sobrevivente, herdeiro e inventariante (art. 97, II) ...................................... 308
4.4.3. Sócio ou acionista da empresa (art. 97, III) ............................................................... 308
4.4.4. Qualquer credor (art. 97, IV) ...................................................................................... 308
4.5. LEGITIMIDADE PASSIVA DA FALÊNCIA ....................................................................... 311
4.6. FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA FALÊNCIA ................................................................. 312
4.6.1. Impontualidade injustificada (art. 94, I)...................................................................... 313
4.6.2. Execução frustrada (art. 94, II) .................................................................................. 314
4.6.3. Atos de falência (art. 94, III) ....................................................................................... 314
4.6.4. Esquema Gráfico da Insolvência do Devedor (art. 94) ............................................. 315
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4.7. COMPORTAMENTO DO DEVEDOR APÓS A SUA CITAÇÃO ...................................... 316
4.7.1. Apresentar contestação (art. 98) ............................................................................... 316
4.7.2. Depósito elisivo + contestação .................................................................................. 317
4.7.3. Depósito elisivo (impeditivo) ...................................................................................... 318
4.7.4. Requerer a recuperação judicial ................................................................................ 318
4.8. SENTENÇA e RECURSOS .............................................................................................. 319
4.8.1. Natureza jurídica ........................................................................................................ 319
4.8.2. Legitimidade recursal ................................................................................................. 321
4.8.3. Prazo do recurso ........................................................................................................ 321
4.9. SENTENÇA DECLARATÓRIA ......................................................................................... 322
4.9.1. Determinações que devem constar da sentença (art. 99 da Lei) ............................. 323
4.9.2. Efeitos jurídicos da sentença declaratória de falência quanto ao FALIDO
(DEVEDOR) .............................................................................................................................. 329
4.9.3. Efeitos da sentença declaratória quanto aos CREDORES ...................................... 332
4.9.4. Efeitos da sentença declaratória de falência quanto aos CONTRATOS (art. 117) . 335
4.9.5. Efeitos da sentença declaratória de falência quanto aos ATOS (ineficácia objetiva e
ineficácia subjetiva dos atos - art. 129 e art. 130) ................................................................... 335
4.10. FASE FALIMENTAR PROPRIAMENTE DITA .............................................................. 337
4.10.1. Arrecadação ............................................................................................................... 337
4.10.2. Avaliação .................................................................................................................... 340
4.10.3. Venda judicial dos bens ............................................................................................. 341
4.10.4. Habilitação de crédito ................................................................................................ 345
4.10.5. Incidente de classificação de crédito público ............................................................ 346
4.10.6. Quadro geral de credores .......................................................................................... 349
4.11. ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS ........................................................ 349
4.11.1. Créditos concursais ................................................................................................... 350
4.11.2. Créditos extraconcursais ........................................................................................... 354
4.12. ENCERRAMENTO ........................................................................................................ 356
4.13. SENTENÇA DE ENCERRAMENTO ............................................................................. 357
4.14. REABILITAÇÃO............................................................................................................. 357
4.14.1. Hipóteses de extinção das obrigações do falido (art. 158) ....................................... 358
4.15. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC ........................................................................... 358
5. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL............................................................................................... 359
5.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 359
5.2. INCIDÊNCIA ...................................................................................................................... 360
5.3. FINALIDADE DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................. 361
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5.4. COMPETÊNCIA ................................................................................................................ 361
5.5. REQUISITOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................ 361
5.5.1. Somente o DEVEDOR empresário, sociedade empresária ou a SAF pode pedir a
recuperação judicial .................................................................................................................. 362
5.5.2. O devedor deve ser empresário ou sociedade empresária que esteja em atividade
regular há mais de 02 anos. ..................................................................................................... 363
5.5.3. Não ser falido ............................................................................................................. 365
5.5.4. Não ter, há menos de 05 anos, obtido concessão de outra recuperação judicial. ... 366
5.5.5. Não ter, há menos de 05 anos, obtido concessão de recuperação judicial especial
366
5.5.6. Não ter sido condenado por crime falimentar ........................................................... 366
5.6. CONSOLIDAÇÃO PROCESSUAL ................................................................................... 367
5.7. CONSOLIDAÇÃO PROCESSUAL ................................................................................... 368
5.8. CRÉDITOS SUJEITOS AOS EFEITOS DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ....................... 369
5.9. PROCEDIMENTO DA RECUPERAÇÃO.......................................................................... 374
5.9.1. Distribuição de lucros................................................................................................. 374
5.9.2. Petição inicial ............................................................................................................. 374
5.9.3. Constatação prévia .................................................................................................... 376
5.9.4. Despacho de processamento .................................................................................... 378
5.9.5. Publicação do despacho (art. 52, §1º) ...................................................................... 380
5.9.6. Comunicado ............................................................................................................... 382
5.9.7. Meios de recuperação judicial ................................................................................... 383
5.9.8. Assembleia-Geral de Credores (AGC) ...................................................................... 384
5.9.9. Cram Down ................................................................................................................ 387
5.9.10. Apresentação de plano de recuperação judicial pelos credores .............................. 388
5.9.11. Conversão da recuperação judicial em falência ....................................................... 388
5.9.12. Formas de aprovação do plano de recuperação judicial .......................................... 389
5.9.13. Decisão concessiva (art. 59) ..................................................................................... 389
5.9.14. Prazo da recuperação judicial ................................................................................... 390
5.10. CONVOLAÇÃO EM FALÊNCIA .................................................................................... 390
5.11. FINANCIAMENTO DIP .................................................................................................. 391
6. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ESPECIAL ............................................................................ 392
6.1. PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 392
6.2. DIFERENÇAS PARA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL COMUM ....................................... 393
7. DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL .................................................................................. 394
7.1. CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................... 394
7.2. DEVEDOR (QUEM PODE REQUERER) ......................................................................... 395
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7.3. REQUISITOS .................................................................................................................... 395
7.4. CRÉDITOS SUJEITOS À RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL ....................................... 396
7.5. ÓRGÃOS DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL .......................................................... 397
7.6. EFEITOS JURÍDICOS DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL...................................... 397
7.6.1. Efeitos restritos .......................................................................................................... 397
7.7. HOMOLOGAÇÃO ............................................................................................................. 397
7.7.1. Homologação facultativa............................................................................................ 398
7.7.2. Homologação obrigatória ........................................................................................... 398
7.7.3. Vantagens .................................................................................................................. 399
7.8. PROCEDIMENTO DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL ............................................ 399
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APRESENTAÇÃO
Olá!
Inicialmente gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja
útil na sua preparação, em todas as fases. A grande maioria dos concurseiros possui o hábito de
trocar o material de estudo constantemente, principalmente, em razão da variedade que se tem
hoje, a cada dia surge algo novo. O ideal é você utilizar sempre a mesma fonte, fazendo a
complementação necessária, eis que quanto mais contato temos com determinada fonte de estudo,
mais familiarizados ficamos, o que se torna primordial na hora da prova.
O Caderno Sistematizado de Direito Empresarial possui como base as aulas do Prof.
Juan Vasquez (CERS) e do Prof. Alexandre Gialluca (G7), com o intuito de deixar o material mais
completo, utilizados o livro de Direito Empresarial – Volume Único (9ª Ed) do André Santa Cruz.
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito).
Destacamos é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da
semana para ler no site do Dizer o Direito.
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma
boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante!! As bancas costumam repetir certos temas.
Vamos juntos!! Bons estudos!!
Equipe Cadernos Sistematizados.
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TEORIA GERAL DA EMPRESA
Aqui, para fins didáticos, utilizamos a classificação proposta por Ricardo Negrão.
1.1. PRIMÁRIAS
O Direito Empresarial deve ser interpretado à luz da CF, sempre. Há vários princípios na
parte da Ordem Econômica.
Em seus arts. 966 a 1.195 trata do Direito de Empresa, são as normas que conceituam
empresário, estabelecem requisitos para o exercício do direito de empresa individualmente, regem
as sociedades empresárias etc.
Como exemplo, citam-se a Lei de Falência (Lei 11.101/2005), a Lei das Duplicatas, a Lei do
Cheque, dentre outras.
Obs.: A Lei 11.101/2005 foi alterada pela Lei 14.112/2020 que não é
uma nova Lei de Falências, mas apenas uma lei que reformou a Lei
11.101/2005.
Segundo André Santa Cruz, os tratados internacionais são uma fonte primária de suma
importância, a exemplo da Convenção da União de Paris e os Acordos TRIPS, que orientam a nossa
Lei de Propriedade Industrial, bem como a Lei Uniforme de Genebra
1.2. SECUNDÁRIAS
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1.2.1. Costumes
Devem ser uniformes, constantes, utilizados de acordo com a boa-fé. Além disso, devem
observar a lei e a boa-fé, podem estar assentados na Junta Comercial.
A Lei 8934/94 estabelece que o costume pode ser assentado na Junta Comercial, podendo
ser provado através de certidão emitida pela Junta.
Segundo Haroldo Malheiros, é necessário seguir uma ordem de preferência, prevista no art.
4º da LINDB.
1.2.3. Doutrina
Segundo Juan Vasques, apesar de ser considerada por parte dos autores, não é fonte
secundária.
1.2.4. Jurisprudência
2. CARACTERÍSTICAS
2.1. COSMOPOLITISMO
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CESPE - DPE/ES: O cosmopolitismo, uma das características do direito
empresarial, deu origem a usos e costumes comuns a todos os comerciantes,
independentemente de sua nacionalidade (caráter internacional, transcende
barreiras geográficas), a exemplo da criação, pela Convenção de Genebra,
de uma lei uniforme para a letra de câmbio e a nota promissória. Correto!
2.2. FRAGMENTÁRIO
Segue a dinâmica das relações empresariais, que afastam o caráter formal, presente no
Direito Civil.
2.4. ELASTICIDADE
O Direito Empresarial sofre constantes mudanças, muitas vezes não conseguem ser
acompanhadas pela lei.
2.5. ONEROSIDADE
3. PRINCÍPIOS
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Livre Iniciativa
Liberdade de Autonomia da
Competição Vontade
Função Social
da Empresa Princípios Cambiários
Liberdade de Preservação
Associação da Empresa
Maximização
dos ativos do
Falido
• Imprescindibilidade da empresa privada para que a sociedade tenha acesso aos bens e
serviços de que necessita para sobreviver;
Segundo Eros Grau, gera uma obrigação de fazer para a empresa e uma obrigação de não
fazer (não causar danos a terceiros).
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Art. 116, Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o
fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e
tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa,
os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos
e interesses deve lealmente respeitar e atender.
Salienta-se que a empresa não deve apenas atender aos interesses individuais do
empresário individual ou dos sócios da sociedade empresária, mas também aos interesses difusos
e coletivos de todos aqueles que são afetados pelo seu exercício (trabalhadores, contribuintes,
vizinhos, concorrentes, consumidores), conforme ensina André Santa Cruz.
Previsto no art. 75 e 117 da Lei de Falências. Além disso, ampara o art. 141, II.
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser
cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o
aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e
preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.
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§ 1o O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90
(noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que,
dentro de 10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato.
§ 2o A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao
contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário,
constituirá crédito quirografário.
Tem sido amplamente difundido, seja pela legislação (a exemplo da Lei de Falências) seja
fundamentando inúmeras decisões judiciais em matéria de dissolução de sociedades, de falências,
de recuperação judicial.
3.8. CAMBIÁRIOS
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4.1. HISTÓRICO
Fases do Direito
Empresarial
c) Parte III - “Das quebras” → revogado pelo decreto lei 7.666/45 → revogado pela
11.101/05 Lei de Falências
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Para estabelecer quem se submetia à disciplina do CCom era feita uma análise objetiva:
se praticava “ato de comércio” ou não. Só poderia chamar alguém de comerciante (pessoa física)
ou de sociedade comercial (pessoa jurídica) estando presentes os elementos:
• Habitualidade;
• Finalidade lucrativa;
“Atos de comércio” – eram elencados taxativamente no Regulamento 737/1850, em seu
art. 19 (primeiro ato normativo de caráter processual do Brasil). Vejamos quais eram esses atos:
Crítica: este regulamento pecava por não abranger todas as atividades comerciais, por
exemplo, a imobiliária, visto que ele preconizava compra e venda de bens móveis. Compra e venda
de serviços também não era prevista, não sendo considerada sociedade comercial. O problema
disso, era que não sendo sociedade comercial, não teria direito a concordata no caso de problemas
financeiros.
Rubens Requião: não tem como definir satisfatoriamente o que são atos de comércio.
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4.3. REVOGAÇÃO DO CÓDIGO COMERCIAL DE 1850
Parcialmente, revogou a parte I, a parte III já havia sido revogada pelo decreto lei 7.666/45,
que por sua vez também já foi revogado pela lei 11.101/05 (nova lei de falências). Restando apenas
a parte II, que trata do COMÉRCIO MARÍTIMO.
“Arribada forçada”: o navio normalmente não pode parar em lugares não previstos, caso
ocorra, em situações excepcionais justificadas, é chamado de arribada forçada.
Art. 740 - Quando um navio entra por necessidade em algum porto ou lugar
distinto dos determinados na viagem a que se propusera, diz-se que fez
arribada forçada (artigo nº. 510).
Agora temos:
• Empresário individual (pessoa física).
• Sociedade empresária (pessoa jurídica).
• EIRELI (pessoa jurídica), foi extinta pela MP 1.085/2021.
Aqui fazemos uma análise subjetiva, ou seja, uma análise da estrutura.
Com a entrada em vigor do CC/2002 foi revogada expressamente a Parte I (somente ela)
do Código Comercial, abandonando a Teoria Francesa dos Atos de Comércio e passando a adotar
a chamada TEORIA DA EMPRESA. Essa teoria surgiu na Itália, em meados de 1942, tendo como
objetivo o alargamento do âmbito de incidência do Direito Comercial.
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Santa Cruz: o direito comercial não se limita a regular apenas as relações jurídicas em que
ocorra a prática de um determinado ato definido em lei como ato de comércio. A Teoria da Empresa
faz com que o direito comercial não se ocupe apenas com alguns atos, mas com uma forma
específica de exercer uma atividade econômica: a forma empresarial.
O empresário individual é pessoa natural, possui CNPJ apenas para ter o mesmo tratamento
tributário que a sociedade empresária, a fim de não violar a igualdade, pois a pessoa física não
conseguiria concorrer com a sociedade empresária.
Não há que se falar em desconsideração da PJ, visto que não há pessoa jurídica, não se
desconsidera o que não existe.
TJ/MG: Com a vigência do CC/02, à luz do art. 966, é correto afirmar que o
Direito brasileiro concluiu a transição para a: Teoria da empresa, de matriz
italiana.
Brasil CC/02: Busca de uma unificação, ainda que apenas formal, do direito privado.
PARA MEMORIZAR!
A EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL NO MUNDO
➔ Idade Média: renascimento mercantil e ressurgimento das cidades.
➔ Monopólio da jurisdição mercantil a cargo das Corporações de Ofício
➔ Aplicação dos usos e costumes mercantis pelos tribunais consulares
“Codificação Privada” do direito comercial; normas “pseudo
1ª FASE
sistematizadas”.
➔ Caráter subjetivista: mercantilidade da relação jurídica definida pelos seus
sujeitos.
➔ “Direito dos Comerciantes”.
➔ Idade Moderna: formação dos Estados Nacionais monárquicos
➔ Monopólio da Jurisdição mercantil a cargo dos Estados
➔ Codificação Napoleônica
2ª FASE
➔ Bipartição do direito privado
➔ “Teoria dos atos de comércio” como critério delimitador do âmbito de
incidência do regime jurídico comercial
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➔ Objetivação do direito comercial: mercantilidade da relação jurídica
definida pelo seu objeto.
➔ CC Italiano 1942
➔ Unificação formal do direito privado
3ª FASE ➔ “Teoria da Empresa” como critério delimitador do âmbito de incidência do
regime jurídico empresarial
➔ A empresa vista como atividade econômica organizada.
A EVOLUÇÃO DO DIREITO COMERCIAL NO BRASIL
As ordenações ➔ Aplicação das leis de Portugal
do Reino ➔ Inspiração do direito estatutário italiano
➔ Inspiração do Code de Commerce napoleônico
Código
➔ Adoção da Teoria dos Atos de Comércio.
Comercial 1850
➔ Regulamento nº737: rol dos atos de comércio.
➔ Transição da Teoria dos Atos de Comércio para a Teoria de Empresa
Código Civil ➔ Tentativa de unificação formal do direito privado
2002 ➔ Definição do empresário como aquele que exerce profissionalmente
atividade econômica organizada.
6. EMPRESA E EMPRESÁRIO
6.1. EMPRESÁRIO
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EMPRESÁRIO
PESSOA PESSOA
JURÍDICA FÍSICA
SOCIEDADE EMPRESÁRIO
EIRELI
EMPRESÁRIA INDIVIDUAL
1) “Profissionalismo”
Por exemplo, não é porque Fernanda vendeu seu carro para o vizinho que será considerada
uma empresária do ramo de venda de automóveis.
2) “Atividade”
3) “Econômica”
4) “Organizada”
Fábio Ulhôa Coelho: organização é a reunião dos 4 fatores de produção. Sendo eles:
• Mão de obra;
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• Matéria prima;
• Capital;
• Tecnologia.
Dica: “MAMACATE”
Na ausência de um deles, não se fala mais em organização. Por exemplo, se não tem mão
de obra contratada (CLT, regime autônomo...) não se tem organização, e não tendo organização
não pode ser considerado empresário. Este contexto se aplica tanto para o empresário individual
como para a sociedade empresária.
Exemplo1: pessoa que vende trufas, faz, embrulha etc. Não tem mão de obra contratada,
sendo assim não pode ser considerada empresária.
Exemplo2: dois irmãos, bar, cada um fica um dia. Não há sociedade empresária, pois não
há mão de obra contratada.
Hoje, em face da automação (em virtude do avanço tecnológico), entende-se não ser
imprescindível a mão de obra.
Santa Cruz: Essa ideia fechada de que a organização dos fatores de produção é
absolutamente imprescindível para a caracterização do empresário vem perdendo força no atual
contexto da economia capitalista. Exemplo: microempresários (trabalho próprio), empresários
virtuais.
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No Código Comercial somente se falava em produção e circulação de bens. Bens têm
“corpo”, são materiais; já os serviços são imateriais, não têm “corpo”.
• Produção de bens: É a fabricação das mercadorias industrialmente (montadoras
de veículos, confecção de roupas etc.)
• Produção de serviços: É a própria prestação de serviços (bancos, hospitais,
escolas etc.).
• Circulação de bens: O comércio é a atividade que circula bens, faz uma
intermediação quando busca o bem no produtor para repassar ao consumidor.
Exemplo: Loja de venda de roupas.
• Circulação de serviços: Nada mais é do que intermediar a prestação de serviços,
como as agências de turismo que não prestam serviços de transporte, mas
montam um pacote de viagem para o turista.
RESUMINDO:
Produção e Reunião
circulação dos fatores
Empresário
de bens ou de
serviços produção
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NÃO É
EMPRESÁRIO
PESSOA
PESSOA FÍSICA
JURÍDICA
EIRELI PROFISSIONAL
SOCIEDADE
LIBERAL
SIMPLES SIMPLES (AUTONOMO)
Art. 966 CC: Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa.
a) “Profissão intelectual”
As atividades intelectuais são prestadas de forma pessoal e, ainda que contenham auxiliares
ou colaboradores, o personalismo prevalece. Na profissão intelectual a exclusão decorre do papel
secundário que a organização assume nessas atividades.
Exemplo da clínica: mesmo que contrate enfermeira e secretária não será sociedade
empresária. Será uma sociedade simples.
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c) “Salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”
Caso a profissão intelectual se torne apenas um dos vários elementos que formam uma
empresa, haverá uma sociedade empresária. Em outras palavras: a atividade intelectual leva o seu
titular a ser considerado empresário se ela estiver integrada em um objeto mais complexo, próprio
da atividade empresarial.
Exemplos:
• A clínica, para atender melhor os pacientes, terá uma cafeteria e lanchonete. A
clínica tem uma UTI (serviço de hospedagem). Agora tem uma sala de cirurgia
tão moderna que todos os médicos da região alugam para realizar os
procedimentos. Os médicos são meros elementos dentro de um grande complexo
empresarial, deixou de ser uma atividade científica, literária ou artística pura para
ser um elemento de empresa. Podemos afirmar, por isso, que hospital é uma
sociedade empresária.
• Veterinário com clínica. Se começa a vender ração de cachorro, brinquedo para
cachorro, a clínica passa a ser uma sociedade, pois a atividade intelectual
(veterinário) passa a ser só mais um dos elementos da empresa.
Santa Cruz: quando o prestador de serviços profissionais se ‘impessoaliza’, e os serviços
até então pessoalmente prestados, passam a ser oferecidos pela organização empresarial, perante
a qual se torna um mero organizador, será considerado empresário.
Dois médicos resolvem abrir uma clínica de ortopedia chamada “Só ossos”, contrataram uma
secretária, faxineira e empregada. É sociedade empresária? NÃO. “Ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores” art. 966 § único CC, salvo se, o exercício da profissão constitui
elemento de empresa.
Melhor seria substituir a redação equivocada por ‘‘salvo se o exercício da profissão constituir
parte do objeto da empresa’’.
a) Sociedade de advogados
A sociedade de advogados, nos termos do art. 15 da Lei 8.906/94, está excluída do conceito
de empresário, tendo em vista que se trata de uma sociedade simples. Não sendo admitidos
registros e nem podem funcionar quando apresentarem forma ou características de sociedade
empresária (art.16).
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Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação
de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia,
na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral.
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies
de sociedades de advogados que apresentem forma ou características de
sociedade empresária, que adotem denominação de fantasia, que realizem
atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de
sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou
totalmente proibida de advogar.
Por força do art. 971 do CC, o registro para o rural é facultativo. Contudo, apenas, após a
inscrição, será considerado empresário.
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão,
pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus
parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo à associação que
desenvolva atividade futebolística em caráter habitual e profissional, caso em
que, com a inscrição, será considerada empresária, para todos os
efeitos.
Por disposição legal expressa (art. 982, parágrafo único), é considerada sociedade simples,
portanto, excluída do conceito de empresário.
6.2. EMPRESA
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Sociedade empresária – pessoa jurídica: não é porque sou sócio de uma empresa que serei
empresário. Empresário é quem desempenha e organiza a atividade empresarial sozinho; na
sociedade empresária, quem pratica a atividade é a pessoa jurídica.
Art. 3º da LC 123/06
Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se
microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária,
a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o
empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas
Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde
que:
I - No caso da MICROEMPRESA, aufira, em cada ano-calendário, RECEITA
BRUTA IGUAL OU INFERIOR A R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil
reais); e
II - no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-
calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e
sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00
(quatro milhões e oitocentos mil reais).
7. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
7.1. CONCEITO
É a pessoa natural (pessoa física), que individualmente, de forma profissional exerce uma
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.
7.2. REQUISITOS
Conforme o art. 972 do CC, dois são os requisitos: 1) pleno gozo da capacidade civil; 2)
ausência de impedimento legal.
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Não pode ser empresário o menor de 18 anos não emancipado, ébrios habituais, viciados
em tóxicos, deficientes mentais, excepcionais, pródigos e, nos termos da legislação própria, os
índios.
Ressalte-se que o menor emancipado tem plena capacidade civil, logo é apto para o
exercício de empresa.
Art. 974. Poderá o INCAPAZ, por meio de representante ou devidamente
assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por
seus pais ou pelo autor de herança.
Iniciar a atividade o incapaz não pode. No entanto, pode continuar uma empresa
(atividade), antes exercida por seus pais ou por autor de herança da qual é sucessor. É uma regra
de preservação da empresa.
Incapacidade civil superveniente: Aquele a quem sobreveio incapacidade também é
permitida a continuidade do exercício empresarial.
Essas regras excepcionais estão previstas no art. 974 do CC, que apresenta dois requisitos
para a continuidade da empresa:
• Assistência ou representação (a depender do grau de incapacidade);
• Autorização judicial (realizada pelo chamado alvará judicial), ouvida a
manifestação do MP (art. 178 do CPC). A qualquer tempo o juiz poderá revogar
a autorização.
Art. 974. Poderá o incapaz, por MEIO DE REPRESENTANTE ou
DEVIDAMENTE ASSISTIDO, continuar a empresa antes exercida por ele
enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§1º Nos casos deste artigo, PRECEDERÁ AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, após
exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da
conveniência em continuá-la podendo a autorização ser revogada pelo juiz,
ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito,
sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.
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TJ/AP (2022) Nos casos em que a lei autoriza o prosseguimento da empresa
por incapaz, ainda que seu representante ou assistente seja pessoa que
possa exercer atividade de empresário, o juiz poderá nomear um ou mais
gerentes, se entender ser conveniente. Correta!
Ou seja, os bens que o incapaz já possuía não respondem pelas dívidas empresariais, desde
que tais bens fiquem consignados no alvará de autorização. Este artigo traz um patrimônio de
afetação.
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Como o tema foi cobrado em concurso?
FCC TJ/GO: Thiago, titular de uma empresa individual do ramo de padaria,
veio ser interditado judicialmente e declarado absolutamente incapaz para os
atos da vida civil por conta de uma doença mental que lhe sobreveio. A
Thiago, nesse caso, é permitido continuar a empresa por meio de
representante, mediante prévia autorização judicial, que poderá ser
revogada, também judicialmente, sem prejuízo dos direitos de terceiros.
O menor não poderá iniciar como empresário individual. Contudo, poderá iniciar como sócio
de uma sociedade, a exemplo de uma sociedade limitada, desde que preenchidos os requisitos do
§3º do art. 974 do CC.
Art. 974, § 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas
Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade
que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os
seguintes pressupostos:
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;
II – o capital social deve ser totalmente integralizado;
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente
incapaz deve ser representado por seus representantes legais.
• Magistrados;
• Empresários falidos;
• Leiloeiros;
• Despachantes aduaneiros;
• Pessoas condenadas à pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos
públicos;
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• Estrangeiros (sem visto permanente), em certos casos;
Vejamos:
Assim, o membro do MP, por exemplo, poderá ter franquia da Cacau Show, desde que
seja sócio.
3) Membros da Defensoria Pública (art. 46, IV, da LC 80/94 - DPU; art. 91, IV da LC 80/94
– DPDFT; art. 130, IV – DPE) mesmos moldes do MP e Magistratura.
Art. 46. Além das proibições decorrentes do exercício de cargo público, aos
membros da Defensoria Pública da União é vedado
IV - Exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como
cotista ou acionista
Art. 91. Além das proibições decorrentes do exercício de cargo público, aos
membros da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios é
vedado:
IV - Exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como
cotista ou acionista;
Art. 130. Além das proibições decorrentes do exercício de cargo público, aos
membros da Defensoria Pública dos Estados é vedado:
IV - Exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como
cotista ou acionista;
4) Empresários falidos, enquanto não forem reabilitados (Lei de Falências, art. 102);
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LF, Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade
empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue
suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao
juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro.
6) Pessoas condenadas à pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos
públicos, ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão,
peculato ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as
normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a
propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação;
7) Servidores públicos civis da ativa (Lei 1.711/52) e servidores federais (Lei 8.112/90,
art.117, X, inclusive Ministros de Estado e ocupantes de cargos públicos comissionados
em geral). É importante observar que o funcionário público pode participar como sócio
cotista, comanditário ou acionista, sendo obstada a função de administrador;
8) Servidores militares da ativa das Forças Armadas e das Polícias Militares (Código Penal
Militar, arts. 180 e 204 e Decreto-Lei nº 1.029/69; arts 29 e 35 da lei nº 6.880/80), neste
caso, também poderão integrar sociedade empresário, na qualidade de cotista ou
acionista, sendo obstada a função de administrador;
Conforme bem observa Ricardo Negrão, a lei não inclui alguns outros agentes políticos,
como o Presidente da República, ministros de Estado, secretários de Estado e prefeitos
municipais, no âmbito do Poder Executivo, mas menciona as mesmas restrições dos
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senadores e deputados federais aos deputados estaduais e vereadores (art.29, IX, da
Constituição Federal). Ademais, o prestigiado autor também afirma que por se tratar de
norma de caráter restritivo, não há como estender a relação para englobar esses outros
agentes políticos, quando a lei, podendo fazê-lo, não o fez.
A esses membros do Executivo a lei não restringiu o exercício da atividade empresarial,
e, assim, não cabe ao intérprete incluí-los na proibição, sob pena de estabelecer privação
de direito não prevista em lei. Observa-se, contudo, que seus atos de administração
deverão pautar-se pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e demais regras previstas no art. 37 da CF. Ao contratar, portanto, aplicam-
se-lhe as mesmas restrições do art. 54, II, da CF.
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
II - Desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor
decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer
função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas
entidades referidas no inciso I, "a";
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se
refere o inciso I, "a";
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo
10) Estrangeiro (com visto permanente), para o exercício das seguintes atividades: pesquisa
ou lavra de recursos minerais ou de aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica;
atividade jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens, com recursos
oriundos do exterior; atividade ligada, direta ou indiretamente, à assistência à saúde no
País, salvo nos casos previstos em lei; serem proprietários ou armadores de embarcação
nacional, inclusive nos serviços de navegação fluvial e lacustre, exceto embarcação de
pesca; serem proprietários ou exploradores de aeronave brasileira ressalvada o disposto
na legislação específica.
Numa grande indústria automobilística, por exemplo, empresários não são os metalúrgicos
responsáveis por operar as imensas prensas ou soldas, e assim produzir os carros. Empresário é
a pessoa física ou jurídica que os contratou, que adquiriu as máquinas e os insumos, que escolheu
a tecnologia utilizada e que é, portanto, quem organiza a atividade humana da produção dos
veículos.
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7.3. RESPONSABILIDADE DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Imagine que João da Silva, empresário individual, possui um posto
de gasolina. Sem sombra de dúvidas, o posto possui bens (bomba de gasolina, equipamentos,
maquinários, imóvel em que se localiza), destinados à sua atividade. Igualmente, João da Silva
possui bens particulares, a exemplo de imóveis, veículos, ações, ouro. Diante da crise, o posto
de gasolina não consegue pagar as dívidas no prazo que foi contratado. O credor poderá pegar
os bens destinados ao posto de gasolina. Contudo, não sendo suficientes para saldar a dívida,
o credor poderá requerer que a cobrança recaia sobre os bens particulares de João da Silva,
tendo em vista que sua responsabilidade é ilimitada.
CC Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados
por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Este entendimento deriva do princípio da unidade patrimonial, já que considera que tanto a
pessoa física quanto a pessoa jurídica possuem apenas um patrimônio.
Não se pode, por exemplo, afirmar que João da Silva possui dois patrimônios: um pessoal e
um empresarial, e que as dívidas só poderiam recair sobre o patrimônio empresarial.
O patrimônio é único e irá responder pelas dívidas empresariais e pelas dívidas pessoais.
Pode o empresário individual casado vender um bem empresarial sem a outorga conjugal?
• Tratando-se de um bem de seu patrimônio pessoal, segue a regra do art. 1.647 do CC.
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Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga
conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que
integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.
Atenção para o Enunciado 58, se estes atos não forem devidamente registrados na Junta
Comercial, o empresário não poderá opô-los contra terceiros.
A EIRELI era uma forma de pessoa jurídica composta por uma só pessoa física.
Tratava-se de uma espécie de pessoa jurídica unipessoal autônoma e que apresentava,
portanto, personalidade jurídica e patrimônio distintos daquele titularizado pela pessoa física que
explora a atividade em questão.
Consistia em uma técnica de limitação dos riscos empresariais em benefício dos
empreendedores individuais.
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A EIRELI foi criada pela Lei nº 12.441/2011, que acrescentou o art. 980-A ao Código Civil, o
qual foi revogado pela MP 1.085/2021, posteriormente convertida em lei (Lei n. 14.382/2022).
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída
por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente
integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo
vigente no País.
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão
"EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de
responsabilidade limitada.
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade
limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa
modalidade.
§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá
resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num
único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração.
§ 4º ( VETADO).
§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada
constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração
decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome,
marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à
atividade profissional.
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que
couber, as regras previstas para as sociedades limitadas
§7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da
empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese em que não se
confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a constitui,
ressalvados os casos de fraude.
8.2. REQUISITOS
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a) Uma única pessoa natural, que é o titular da totalidade do capital social;
c) O capital social não pode ser inferior a 100 (cem) vezes o salário-mínimo;
d) A pessoa natural que constituir EIRELI somente poderá figurar em uma única empresa
dessa modalidade. Assim, para evitar fraudes, ninguém pode ser titular de duas empresas
individuais de responsabilidade limitada.
Com a criação da EIRELI no art. 980-A, o indivíduo passou a conseguir, sozinho, constituir
uma pessoa jurídica para desempenhar sua atividade empresarial, com a vantagem de que, na
EIRELI, a responsabilidade pelas dívidas era limitada ao valor do capital social.
Sociedade unipessoal é aquela formada por um só sócio que detém a totalidade do capital
social.
Recentemente, inclusive, houve revogação expressa desta modalidade com a Lei nº 14.382,
de 2022.
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Como o tema foi cobrado em concurso?
DPE/MT (2022) Luan deseja abrir uma empresa na área de soldagem e
procurou a Defensoria Pública para orientações acerca de sua
responsabilidade no tocante a eventuais dívidas cíveis da pessoa jurídica. Ele
afirmou que não possui outro interessado em ser sócio. Nessa situação
hipotética, Luan deverá ser orientado no sentido de que é possível a criação
de sociedade limitada constituída por apenas uma pessoa, ocasião em que,
via de regra, sua responsabilidade estará restrita ao valor de sua quota, desde
que o capital social esteja integralizado. Correta!
Diante do modelo que caiu em desuso – e sua posterior revogação expressa, o legislador
resolveu simplificar o panorama e decidiu transformar todas as EIRELIs ainda existentes em
sociedades unipessoais. Confira o art. 41 da Lei nº 14.195/2021:
O inciso IV do art. 1.033 do Código Civil previa que se uma sociedade – que originalmente
tivesse pluralidade de sócios – ficasse com apenas um sócio (ex: os demais morreram), esta
sociedade deveria se regularizar – com a entrada de novos sócios – em um prazo de até 180 dias.
Caso não fizesse isso, tal sociedade deveria ser dissolvida, salvo se fosse transformada em uma
EIRELI. Veja:
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Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário
individual ou para empresa individual de responsabilidade limitada,
observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a 1.115 deste Código.
Ocorre que, com a autorização dada pela Lei nº 13.874/2019 para que exista sociedade
unipessoal, essa regra prevista no inciso IV deixou de ter sentido. Ora, se uma sociedade, que era
composta por pluralidade de sócios, passou a contar com apenas um único sócio, ela deve se tornar
uma sociedade unipessoal, não havendo motivo para que seja dissolvida.
9. OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO
Antes de analisarmos cada uma das obrigações, é pertinente salientar que deverão ser
cumpridas pelo empresário individual e pela sociedade empresária.
9.1. REGISTRO
O art. 967 do CC prevê que o empresário deve se inscrever no Registro Público de Empresas
Mercantis, antes mesmo do início da atividade.
Esse Registro Público de Empresas, estruturado de acordo com a Lei 8.934/94 (LRE – Lei de
Registros Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins), é dividido em dois órgãos:
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DREI (ANTIGO DNRC) JUNTAS COMERCIAIS
➢ O departamento de Registro Empresarial e ➢ Em cada Estado-membro existe uma Junta
Integração (DREI) é o órgão central do sistema Comercial (chamada de órgão local” do sistema
e fica localizado em Brasília; de Registro de Empresas Mercantis);
➢ Trata-se de órgão federal, ligado à Secretaria da ➢ Trata-se de órgão vinculado e mantido pelo
Micro e Pequena Empresa da Presidência da Governo do Estado;
República;
➢ Tem a função de executar e administrar os
➢ A principal função do DREI é a de estabelecer serviços relacionados com o registro das
normas que devem ser observadas no registro empresas. É quem, na prática registra os
das empresas, supervisionando e coordenando empresários e as sociedades empresárias,
essas regras, do plano técnico. cumprindo regramento estabelecido pelo DNRC.
Conforme entendimento do STF, contra ato denegatório de registro na Junta Comercial, cabe
a impetração de MS junto à Justiça Federal, dada a vinculação técnica da Junta ao DREI, órgão
federal. Em outras palavras, o ato de registro diz respeito ao aspecto técnico, e sendo a Junta
subordinada tecnicamente ao órgão federal, a impetração deve ser na JF.
Estado
DREI ( âmbito federal, (subordinação
normativa e fiscalizadora administrativa
– subordinação técnica)
Junta Comercial
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a competência será da Justiça Estadual. STJ. 3ª Seção. CC 130.516-SP. Rel. Min. Rogério Schietti
Cruz, julgado em 26/02/2014. INFORMATIVO 536-STJ – Competência.
Art. 1.154 CC: ato sujeito a registro não pode ser oposto a terceiros antes do
cumprimento das formalidades exigidas, salvo se houver prova que o terceiro
o conhecia.
Cabe observar uma situação muito comum na vida empresarial, qual seja, a instituição de
filiais, sucursais ou agências de uma mesma sociedade empresária. Nestes casos, dispõe o Código
Civil que o empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro
Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da
inscrição originária.
Não obstante, prevê ainda que em qualquer caso, a constituição do estabelecimento
secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.
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Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão,
pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus
parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo à associação que
desenvolva atividade futebolística em caráter habitual e profissional, caso em
que, com a inscrição, será considerada empresária, para todos os efeitos.
(Incluído pela Lei nº 14.193, de 2021)
Para o empresário rural o registro é facultativo. No entanto, enquanto não é feito o registro,
não recebe tratamento de empresário.
FCC TJ/AL: Renato, empresário cuja atividade rural constitui sua principal
profissão, tem a faculdade de se inscrever no Registro de Empresas, mesmo
depois de iniciadas as suas atividades. CORRETA!
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Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/RS (2022) Conforme o Código Civil, é obrigatória a inscrição do
empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede,
antes do início de sua atividade. Correta!
Entretanto, para o empresário rural o registro tem natureza constitutiva, ou seja, é condição
“sine qua non” para que o sujeito receba o tratamento legal de empresário.
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão,
PODE, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus
parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da
respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria
de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um
dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968,
requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede,
caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à
sociedade empresária.
Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles
tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas
que regem a transformação.
Portanto, a sociedade rural que não fizer o registro não será sociedade empresarial e sim
sociedade simples. O ‘empresário’ rural não será empresário e sim profissional liberal autônomo.
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§ 4º A reativação da empresa obedecerá aos mesmos procedimentos
requeridos para sua constituição.
A Lei 14.195/2021 revogou o art. 60 da Lei 8.934, colocando fim à inatividade das empresas
pela falta de arquivamento.
Não se utiliza o critério material previsto no art. 966 CC, mas um critério legal, estabelecido
no 982. A cooperativa é sempre uma sociedade simples, não importa se exerce uma atividade
empresarial de forma organizada com o intuito de lucro.
Uma primeira corrente, tradicional do direito brasileiro, com amparo na Lei 5.764/71, bem
como no enunciado 69 da I JDC, afirma que a cooperativa deve ser inscrita na junta comercial. Lei
8934/94, art. 32.
Art. 32. O registro compreende:
I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e
intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;
II - O arquivamento:
a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção
de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;
b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº
6.404, de 15 de dezembro de 1976;
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c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a
funcionar no Brasil;
d) das declarações de microempresa;
e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que
possam interessar ao empresário e às empresas mercantis;
III - a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis
registradas e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria.
Uma segunda corrente (defendida por autores como Pablo Stolze, MHD, Paulo Restiffe,
Nilson Reis Júnior, André Ramos Santa Cruz), sustenta que o registro da cooperativa deve ser
feito no CRPJ. Argumentos:
As disposições legais acima devem ser reinterpretadas a partir da entrada em vigor do
CC/02, que atribuiu às cooperativas natureza de sociedade simples, afirmando ainda que as SS
devem ser registradas no CRPJ.
Art. 18 da Lei do Cooperativismo não foi recepcionada pela CF/88, eis que cuida da
autorização estatal para criação das cooperativas, visto que é vedada a intervenção pelo Estado de
acordo com a CF.
Prova objetiva: responder que o registro deve ser feito na Junta Comercial.
É mais uma obrigação comum a todos empresários. Antes de adentrarmos no tema, cabe
uma diferenciação entre livros obrigatórios e facultativos.
1) Livro obrigatório: Trata-se de exigência legal, cuja inobservância traz consequências
sancionadoras para o empresário, conforme veremos a seguir.
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário,
que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou
eletrônica.
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2) Livro facultativo: Aquele que não está exigido em lei. A não escrituração não gera
qualquer consequência. Exemplo: Livro Caixa e Livro conta corrente.
Vale lembrar ainda que a falsificação do livro diário configura crime de falsificação de
documento público, conforme previsão do art. 297 do CP, § 2º.
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar
documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado
de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as
ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
Por fim, de acordo com o art. 417 do CPC, os livros serão provas contra o empresário.
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao
empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito,
que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
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Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir
um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração
uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação
respectiva, e a levantar anualmente o BALANÇO PATRIMONIAL e o de
RESULTADO ECONÔMICO.
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que
se refere o art. 970.
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10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), ou o empreendedor que
exerça:
I - as atividades de que trata o § 4º-A deste artigo;
II - as atividades de que trata o § 4º-B deste artigo estabelecidas pelo CGSN;
e
III - as atividades de industrialização, comercialização e prestação de serviços
no âmbito rural.
➔ Esquematizando:
EMPRESA DE PEQUENO MICROEMPREENDEDOR
MICROEMPRESA (ME)
PORTE (EPP) INDIVIDUAL (MEI)
Pode ser: Pode ser:
- Empresário individual; - Empresário Individual APENAS o empresário
- Sociedade Empresária; - Sociedade Empresária individual.
Os livros comerciais são regidos pelo princípio da sigilosidade (art. 1.190 do CC), não
podendo ser feita a exibição deles por simples vontade das partes ou por decisão do juiz que não
esteja dentre as hipóteses previstas em lei. A intenção do sigilo é evitar concorrência desleal.
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz
ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para
verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em
seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
Exceções à sigilosidade:
a) Exibição PARCIAL do livro: Extração de pequena parte do livro que interessa ao juízo e
restituição imediata do livro ao empresário. É possível em qualquer ação judicial,
podendo ser decretada de ofício. Nesse sentido:
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Súmula 260 do STF - O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica
limitado às transações entre os litigantes.
CPC - Art. 421. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos
livros e dos documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio,
bem como reproduções autenticadas.
Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis
de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a
sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de
outrem, ou em caso de falência.
Uma vez exibido em juízo, o livro possui a carga probatória conferida pelo art. 417 e 418 do
CPC, podendo ser usado tanto a favor como contra o seu titular (princípio da comunhão da prova).
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao
empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito,
que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei
provam a favor de seu autor no litígio entre empresários.
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Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo
antecedente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu § 1 o, ter-se-á
como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros.
Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova
documental em contrário.
2) Balanço econômico (1.189 CC) – apura o resultado, ou seja, a conta dos lucros e perdas.
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Especiais Ex: Livro de duplicadas
Obrigatórios
Demonstrativos Periódicos
EXCEÇÕES:
*Autoridades fazendárias
(tributo)
10.2. CONCEITO
10.3. ESPÉCIES
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O art. 1.155 do CC traz duas espécies e diz que o nome empresarial pode ser na modalidade
de firma ou denominação. A firma se subdivide em firma individual e firma social.
Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação
adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa.
Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da
proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e
fundações.
1) FIRMA
10.4. FIRMA
Obrigatório: Nome (s) do (s) sócio (s) somente. Só pode conter na firma social nome de
sócio, ou seja, não pode haver designação mais precisa da pessoa. Exemplo: Pedro Henrique e
Rogério Faustino; P. Henrique e R. Faustino; R. Henrique e CIA.
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Facultativo: Colocação de designação da atividade executada. A essa designação a doutrina
dá o nome de ramo de atividade ou designação do objeto social.
10.5. DENOMINAÇÃO
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CÓDIGO CIVIL
Antes da Lei 14.382/2022 Depois da Lei 14.382/2022
Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob
denominação designativa do objeto social, denominação, integrada pelas expressões
integrada pelas expressões "sociedade ‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por
anônima" ou "companhia", por extenso ou extenso ou abreviadamente, facultada a
abreviadamente. designação do objeto social.
Parágrafo único. Pode constar da Parágrafo único. Pode constar da
denominação o nome do fundador, denominação o nome do fundador,
acionista, ou pessoa que haja concorrido acionista, ou pessoa que haja concorrido
para o bom êxito da formação da empresa. para o bom êxito da formação da empresa.
Art. 1.161. A sociedade em comandita por Art. 1.161. A sociedade em comandita por
ações pode, em lugar de firma, adotar ações pode, em lugar de firma, adotar
denominação designativa do objeto social, denominação, aditada da expressão
aditada da expressão “comandita por ‘comandita por ações’, facultada a
ações”. designação do objeto social.
10.7. ESQUEMAS
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FIRMA SOCIAL DENOMINAÇÃO CNPJ
Com responsabilidade Empresário ou
ILIMITADA Com responsabilidade Pessoa jurídica –
SOCIEDADE
Exceção: Sociedade limitada LIMITADA (S/A ou LTDA). responsabilidade
(deve vir ao fim: ‘LTDA’). LIMITADA
Expressão linguística
Nome do empresário ou dos (elemento fantasia) CNPJ como nome
COMPOSIÇÃO empresarial,
sócios. Exceção: Nome do sócio
como homenagem na S/A. seguido da
partícula
É o nome empresarial. Não
identificadora do
pode colocar assinatura É a assinatura pessoal do tipo societário ou
ASSINATURA
pessoal. Deve ser escrito o representante legal. jurídico
nome empresarial.
OBJETO
Facultativo Facultativo
SOCIAL
A sociedade empresária de qualquer tipo que esteja em recuperação judicial deve adotar
também a expressão “em Recuperação Judicial”.
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Sociedade em conta de
NÃO TEM NÃO TEM
participação3
OBSERVAÇÕES:
A lei concede a possibilidade de adotar denominação.
Deve constar LTDA ou limitada expresamente no nome, sob pena de
responsabilidade.
A lei concede a possibilidade de adotar firma.
A sociedade em conta de participação é chamada de
despersonificada, pois não possui personalidade jurídica. Desta forma,
não poderá ter firma ou denominação.
A Lei 8.934/94 (Lei de Registro Público de Empresas Mercantis), em seu art. 33, fala que a
proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do registro (ARQUIVAMENTO) do
empresário ou da sociedade empresária no respectivo Registro Público (Junta Comercial).
Art. 33. A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do
arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades, ou
de suas alterações.
A proteção do nome empresarial se restringe ao âmbito estadual, uma vez que a junta
comercial é de âmbito estadual, nos termos do art. 1.166 do CC.
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas
jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso
exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado.
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território
nacional, se registrado na forma da lei especial.
Atenção para o parágrafo único do art. 1.166. Não há lei especial, portanto, a proteção se
limita ao nível estadual.
Se o empresário quiser proteger o nome comercial em todas as unidades da federação, deve
fazer o devido registro em todas as respectivas juntas comerciais.
REsp 1686154 / SP. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. NOME EMPRESARIAL.
ÂMBITO DE PROTEÇÃO. UNIDADE DA FEDERAÇÃO EM QUE
ARQUIVADOS OS ATOS CONSTITUTIVOS DA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA. REEXAME DE
FATOS E PROVAS. INADMISSIBILIDADE. 1- Ação distribuída em
26/11/2010. Recurso especial interposto em 3/9/2014 e concluso à Relatora
em 25/8/2016. 2- O propósito recursal é definir se o nome empresarial
adotado e utilizado pelo recorrido viola direitos de propriedade industrial
titulados pelo recorrente. 3- A ausência de decisão acerca das teses
invocadas pelo recorrente impede, quanto a elas, o conhecimento do recurso
especial. 4- O nome empresarial goza de proteção jurídica tão somente
no âmbito do ente federativo onde se localiza a Junta Comercial em que
arquivados os atos constitutivos da sociedade que o titula, podendo ser
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estendida a todo território nacional apenas na hipótese de pedido de
arquivamento nas demais Juntas Comerciais. Precedentes. 5- Na
espécie, os atos constitutivos das partes foram arquivados em diferentes
entes federativos, não havendo notícia de que o recorrente tenha pleiteado
proteção em todo o território nacional, de modo que sua pretensão de
abstenção de uso não merece prosperar. 6- Ademais, o acórdão recorrido
concluiu que, dada a atividade desempenhada por cada uma das empresas,
a existência simultânea dos nomes empresariais não é capaz de acarretar
confusão e prejuízo aos consumidores. 7- O reexame de fatos e provas em
recurso especial é inadmissível. 8- Recurso especial não provido.
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Como se protege o título de estabelecimento? Não tem proteção. A única proteção legal é
a do art. 195, VI da Lei 9.279/96, que prevê que o uso indevido de título de estabelecimento
configura crime de concorrência desleal. Por isso, que os títulos de estabelecimento são
comumente também registrados como marcas, a fim de serem protegidos indiretamente.
O art. 34 da Lei 8.934/94 prevê que o nome empresarial obedecerá aos princípios da
veracidade e da novidade.
Impõe que a firma individual ou firma social seja composta a partir do nome do empresário
ou dos sócios, respectivamente. Por conta desse princípio, se um dos sócios morrer, seu nome
deve ser retirado da firma.
Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não
pode ser conservado na firma social.
Quanto à denominação, esse princípio não se aplica integralmente, haja vista a possibilidade
de as sociedades anônimas levarem o nome de um ex-sócio na denominação como forma de
homenagem.
Se for caso de elemento fantasia (denominação), impõe o referido princípio de que a
expressão linguística não induza o consumidor a erro, guardando, assim, alguma correspondência
do nome para com a atividade desempenhada.
Não poderão coexistir, na mesma unidade federativa (estado), dois nomes empresariais
idênticos ou semelhantes, prevalecendo aquele já protegido pelo prévio arquivamento (registro).
Se sobrevier um nome igual ou parecido, cabe àquele que primeiro registrou o nome propor
a chamada ação anulatória de nome empresarial, que segundo o art. 1.167 do CC é
imprescritível.
Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a
inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato.
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10.12. CARACTERÍSTICAS
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CC, Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens
organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade
empresária. (Vide Lei nº 14.195, de 2021)
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu
passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento
de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
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Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido
produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da
publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé
pagar ao cedente.
11.2. CONCEITO
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§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a
atividade empresarial, que poderá ser físico ou virtual.
Essa previsão corresponde àquilo que já era defendido por André Santa Cruz: “A expressão
estabelecimento empresarial parece se referir, numa primeira leitura, ao local em que o empresário
exerce sua atividade empresarial. Trata-se, todavia, de uma visão equivocada, que representa
apenas uma noção vulgar da expressão, correspondendo tão somente ao sentido coloquial que ela
possui para as pessoas em geral. Portanto, o local em que o empresário exerce suas atividades -
ponto de negócio - é apenas um dos elementos que compõem o estabelecimento empresarial, o
qual, como visto, é composto também de outros bens materiais (equipamentos, máquinas etc.) e
até mesmo bens imateriais (marca, patente de invenção etc.).”
A despeito disso, algumas leis locais proibiam que o endereço informado para fins de registro
fosse a própria residência do sócio. Logo, o novo § 2º do art. 1.142 do Código Civil traz uma
relevante novidade ao autorizar expressamente essa prática, facilitando a situação de inúmeros
empresários que não mais precisam ser obrigados a contratar um endereço apenas para fins de
registro.
Sobre o tema, vale a pena mencionar o § 25 do art. 18-A da LC 123/2006, que autoriza o
microempreendedor individual a utilizar sua residência como sede do estabelecimento:
Cada cidade tem suas peculiaridades, tem seu modo de vida, umas são mais cosmopolitas,
com estilo de vida agitado, muitos serviços, turistas. Por outro lado, existem aquelas menos
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urbanizadas, com costumes mais tradicionais etc. Assim, o horário de funcionamento dos
estabelecimentos comerciais deve atender a essas características próprias, análise a ser feita pelo
Poder Legislativo local.
Existe uma “exceção” à Súmula Vinculante 38: o horário de funcionamento dos bancos.
Segundo o STF e o STJ, as leis municipais não podem estipular o horário de funcionamento dos
bancos. A competência para definir o horário de funcionamento das instituições financeiras é da
União. Isso porque esse assunto (horário bancário) traz consequências diretas para transações
comerciais intermunicipais e interestaduais, transferências de valores entre pessoas em diferentes
partes do país, contratos etc., situações que transcendem (ultrapassam) o interesse local do
Município. Enfim, o horário de funcionamento bancário é um assunto de interesse nacional (STF
RE 118363/PR). O STJ possui, inclusive, um enunciado que espelha esse entendimento:
Veja agora o que diz o art. 3º, II, da Lei nº 13.874/2019 (Declaração de Direitos de Liberdade
Econômica):
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Vimos que os bens, para fazer parte do estabelecimento, devem estar diretamente
relacionados com a atividade empresarial.
O estabelecimento é essencial ao exercício da atividade empresarial.
O estabelecimento é um objeto de direito, nos termos do art. 1.146 do CC, pode ser
vendido, arrendado, dado como usufruto. Salienta-se que o sujeito de direito é o empresário ou a
sociedade empresária.
11.5.1. “Trespasse”
Conforme o art. 1.144, o contrato de trespasse só produz efeitos perante terceiros se for
averbado no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial) e publicado na Imprensa
Oficial.
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Além disso, de acordo com o art. 1.145, a venda do estabelecimento depende do prévio
pagamento dos credores da empresa ou, pelo menos, da anuência destes, podendo esta ser
expressa ou tácita (falta de manifestação nos 30 dias posteriores à notificação implica em anuência
tácita).
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu
passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento
de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
A falta dessas cautelas torna o contrato de TRESPASSE ineficaz. Poderá ser pedida a
ineficácia, voltando ao estado anterior, caso no qual o comprador terá que devolver o
estabelecimento ao alienante devedor.
E mais, de acordo com a Lei de Falências, (art. 94, III, c), se o empresário sem patrimônio
suficiente para solver o passivo aliena seu estabelecimento sem observar as cautelas necessárias
(pagamento ou consentimento dos credores) poderá ter decretada sua falência.
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STJ - Súmula 451 É legítima a penhora da sede do estabelecimento
comercial.
Destarte, é de se concluir que a regra contida na Súmula 451 do STJ é relativa, cuja
aplicabilidade dependerá da análise de cada caso, não podendo, assim, ser utilizada para
julgamento de processos em massa, já que comporta exceções. Por fim, uma vez amparado na
orientação jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça é legítima a penhora da sede do
estabelecimento comercial desde que (i) inexistam outros bens passíveis de penhora e (ii) não seja
servil à residência da família.
Tanto FCC (TJ/AL) quanto CESPE (TJ/PB) cobraram o entendimento sumulado do STJ.
Vejamos:
Essa regra se aplica para toda e qualquer dívida QUE NÃO SEJA: dívida trabalhista - art.
10 e 448 da CLT ou dívida tributária - art. 133 do CTN. Estas dívidas têm regras próprias.
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CTN, Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de
outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial,
industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma
ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos
TRIBUTOS, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à
data do ato:
I - INTEGRALMENTE, se o alienante cessar a exploração do comércio,
indústria ou atividade;
II - SUBSIDIARIAMENTE com o alienante, se este prosseguir na exploração
ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade
no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.
Vale lembrar que o alienante também responde por essas dívidas, de forma solidária, mas
apenas pelo prazo de UM ANO.
Responsabilidade
Solidária
Prazo 1 ano
Dívida Vencida
Dívida Vincenda - a contar
- a contar da publicação do vencimento
Vale lembrar que o adquirente não responde pelas dívidas do alienante quando a compra
do estabelecimento se deu em leilão judicial promovido em processo de recuperação judicial ou
falência (LF, art. 60, parágrafo único; art. 141, II). Trata-se de um incentivo à compra do bem.
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Enunciado 47 da I Jornada de Direito Comercial: Nas alienações realizadas
nos termos do art. 60 da Lei n. 11.101/2005, não há sucessão do adquirente
nas dívidas do devedor, inclusive nas de natureza tributária, trabalhista e
decorrentes de acidentes de trabalho
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Como o tema foi cobrado em concurso?
DPE/TO (2022) O estabelecimento empresarial pode ser alienado mediante
contrato oneroso, denominado trespasse, hipótese em que o alienante não
poderá fazer concorrência ao adquirente nos 10 anos seguintes ao negócio.
Errada!
Quando ocorre a venda do estabelecimento (do complexo de bens), de acordo com o art.
1.148, haverá uma sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados pelo alienante (de
fornecimento de matéria prima, por exemplo).
Exceção à sub-rogação: Contrato de locação. Pela regra do art. 1.148 poderíamos dizer
que o adquirente se sub-roga na condição de locatário do imóvel, vale dizer, ocorreria uma
transferência do ponto. No entanto, a doutrina, a jurisprudência e o art. 13 da Lei de Locação
(8.245/91) dizem diversamente: O locador deve autorizar a cessão do contrato (cessão de posição
contratual - civil). Mais recentemente, na I Jornada de Direito Comercial, foi aprovado o Enunciado
8.
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Lei de locação - Art. 13. A cessão da locação, a sublocação e o empréstimo
do imóvel, total ou parcialmente, dependem do consentimento prévio e
escrito do locador.
§ 1º Não se presume o consentimento pela simples demora do locador em
manifestar formalmente a sua oposição.
§ 2º Desde que notificado por escrito pelo locatário, de ocorrência de uma
das hipóteses deste artigo, o locador terá o prazo de trinta dias para
manifestar formalmente a sua oposição.
Santa Cruz: A matéria, como se pode perceber, é deveras polêmica. De acordo com o autor,
pela legislação brasileira (art. 13 da Lei 8.245/1991), o contrato de locação tem caráter pessoal
(intuitu personae). Portanto, na interpretação do art. 1.148 do Código Civil, deve-se entender
necessária a concordância prévia do locador do imóvel onde se situa o ponto de negócio para que
o adquirente do estabelecimento suceda o alienante como locatário.
12.1. CONCEITO
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No caso do ponto de propriedade do empresário, a proteção se dá pela tutela genérica da
propriedade do direito civil. No caso de ponto alugado, a proteção se dá através da renovação
compulsória do contrato, prevista no art. 51 da Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91).
12.2.1. Requisitos
1) Contrato escrito e com prazo determinado (se o contrato tem prazo indeterminado, não
cabe renovatória, exemplo: 20 anos de aluguel);
2) O contrato ou a soma (acessio temporis) ininterrupta dos contratos tem que totalizar
prazo contratual mínimo de 05 anos.
O STJ (REsp 1.790.074-SP) entendeu que a "estação rádio base" (ERB) instalada em imóvel
locado caracteriza fundo de comércio de empresa de telefonia móvel celular, a conferir-lhe o
interesse processual no manejo de ação renovatória fundada no art. 51 da Lei n. 8.245/1991.
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estrutura, além de servir à própria operadora, responsável por sua instalação,
pode ser compartilhada com outras concessionárias do setor de
telecomunicações, segundo prevê o art. 73 da Lei n. 9.472/1997, o que,
dentre outras vantagens, evita a instalação de diversas estruturas
semelhantes no mesmo local e propicia a redução dos custos do serviço. As
ERBs são, portanto, estruturas essenciais ao exercício da atividade de
prestação de serviço de telefonia celular, que demandam investimento da
operadora, e, como tal, integram o fundo de comércio e se incorporam ao seu
patrimônio. Por sua relevância econômica e social para o desenvolvimento
da atividade empresarial, e, em consequência, para a expansão do mercado
interno, o fundo de comércio mereceu especial proteção do legislador, ao
instituir, para os contratos de locação não residencial por prazo determinado,
a ação renovatória, como medida tendente a preservar a empresa da
retomada injustificada pelo locador do imóvel onde está instalada (art. 51 da
Lei n. 8.245/1991). No que tange à ação renovatória, seu cabimento não está
adstrito ao imóvel para onde converge a clientela, mas se irradia para todos
os imóveis locados com o fim de promover o pleno desenvolvimento da
atividade empresarial, porque, ao fim e ao cabo, contribuem para a
manutenção ou crescimento da clientela. Nessa toada, conclui-se que a
locação de imóvel por empresa prestadora de serviço de telefonia celular para
a instalação das ERBs está sujeita à ação renovatória.
12.2.2. Prazo
Do direito à renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no
máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.
Art. 51, § 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no
interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à
data da finalização do prazo do contrato em vigor.
12.2.3. Sublocação
A lei protege o ponto comercial, portanto, a ideia é de que será o sublocatário o legitimado
a propor a renovatória, isto porque ele que está explorando o ponto comercial.
Lei 8245/91 Art. 51, § 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido
pelos cessionários ou sucessores da locação; no caso de SUBLOCAÇÃO
total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido pelo
sublocatário.
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(sublocatário), será de qualquer uma das partes (locatário - franqueador ou sublocatário -
franqueado).
• Quando o Poder Público solicitar reforma no imóvel que implique em sua radical
transformação;
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I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras
que importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de
tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade;
II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo
de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do
capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente.
1º Na hipótese do inciso II, o imóvel não poderá ser destinado ao uso do
mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de
comércio, com as instalações e pertences.
2º Nas locações de espaço em shopping centers, o locador não poderá
recusar a renovação do contrato com fundamento no inciso II deste artigo.
3º O locatário terá direito a indenização para ressarcimento dos prejuízos
e dos lucros cessantes que tiver que arcar com mudança, perda do lugar e
desvalorização do fundo de comércio, se a renovação não ocorrer em razão
de proposta de terceiro, em melhores condições, ou se o locador, no
prazo de três meses da entrega do imóvel, não der o destino alegado ou
não iniciar as obras determinadas pelo Poder Público ou que declarou
pretender realizar.
12.2.5. Sentença
Se a ação renovatória for julgada improcedente: a locação comercial não será renovada e o
juiz determinará a desocupação do imóvel alugado no prazo de 30 dias, desde que haja pedido na
contestação:
A partir de quando é contado este prazo de 30 dias? O termo inicial desse prazo é a data da
intimação pessoal do locatário, realizada por meio de mandado de despejo.
Segundo o STJ, a Lei 12.112/2009, que alterou o prazo previsto no art. 74 da Lei de
Locações, possui natureza processual, incidindo, portanto, sobre os processos em andamento no
estado em que se encontram quando do início da vigência da lei, ainda que se refiram a contratos
anteriores à alteração legislativa.
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Este enunciado, apesar de não ter sido formalmente cancelado, não é mais aplicado porque
se baseava na Lei 1.300/1950, que foi revogada há tempos. Portanto, trata-se de súmula
completamente desatualizada e que deve ser ignorada.
De acordo com Alexandre Gialluca, “cada vez mais utilizado, o built to suit é um contrato de
locação no qual o locatário encomenda a construção ou a reforma de imóvel para atender às suas
necessidades, sendo que cabe ao locador, por si ou por terceiros, construir ou promover a reforma
no imóvel que será locado.”
Art. 54-A. Na locação não residencial de imóvel urbano na qual o locador
procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, por si
mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à
locação, a fim de que seja a este locado por prazo determinado, prevalecerão
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as condições livremente pactuadas no contrato respectivo e as disposições
procedimentais previstas nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.744, de 2012)
Art. 54,
§ 1o Poderá ser convencionada a renúncia ao direito de revisão do valor dos
aluguéis durante o prazo de vigência do contrato de locação.
§ 2o Em caso de denúncia antecipada do vínculo locatício pelo locatário,
compromete-se este a cumprir a multa convencionada, que não excederá,
porém, a soma dos valores dos aluguéis a receber até o termo final da
locação.
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PROPRIEDADE INDUSTRIAL
1. FINALIDADE
CF, art. 5º, XXIX: a lei assegurará aos autores de inventos industriais
privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento
tecnológico e econômico do País”.
A Lei visa proteger o uso desses bens por seu titular, com total exclusividade, ou seja, só o
empresário titular desses bens tem o direito de explorar economicamente o objeto.
Outra pessoa que não for titular do bem, só poderá explorá-lo com autorização ou licença
do titular (caso no qual deverá pagar ao titular do bem os famosos royalties), entretanto as patentes
e os registros podem ser alienados por ato inter vivos ou mortis causa.
Bens (imateriais) protegidos pela lei de propriedade industrial:
• Invenção;
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• Modelo de utilidade;
• Desenho Industrial;
• Marca.
Dica (para quem utiliza mnemônicos): “Ih, Me Dei Mal”.
A lei de propriedade também abriga:
a) Repressão à concorrência desleal;
b) Repressão às falsas indicações de lugar (geográficas).
Invenção e Modelo de utilidade só terão exclusividade de uso se tiverem uma PATENTE,
que possui o escopo de proteção ao desenvolvimento tecnológico, bem como de incentivar a
pesquisa.
Desenho industrial e marca, para terem exclusividade, hão de ter REGISTRO.
Tanto a patente quanto o registro são feitos no INPI – Instituto Nacional de Propriedade
Industrial, que é uma autarquia federal.
4. PATENTE
4.1. CONCEITO
Nada mais é do que a invenção não levada à patente, que por não ter seus dados revelados
publicamente, terá proteção à informação por tempo indeterminado, a exemplo do que ocorre com
a Coca-Cola, com o Chanel 5 e com o Johnnie Walker.
4.3. TEMPO
A invenção terá o prazo máximo de 20 anos. Já o modelo de utilidade terá prazo máximo de
15 anos.
Os prazos mínimos de 10 anos para invenção e de 7 anos de modelo foram revogados pela
Lei 14.195/2021.
Art. 40. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de
modelo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de
depósito.
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Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para
a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de utilidade,
a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o INPI estar
impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial
comprovada ou por motivo de força maior. Revogado pela Lei 14.195/2021
Por outro lado, tanto o desenho industrial (art. 108) quanto a marca (art. 133) terão o prazo
de 10 anos.
Art. 108. O registro vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data do
depósito, prorrogável por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada.
Art. 133. O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados
da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e
sucessivos.
4.6. INVENÇÃO
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Art. 13. A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um
técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da
técnica.
A invenção não é definida pela lei. Trata-se da criação de algo que não existe, a exemplo da
urna eletrônica.
Para Fábio Ulhôa Coelho, a invenção é o ato original de gênio, pelo qual se cria algo até
então desconhecido. Já André Santa Cruz afirma que “trata-se de um ato original decorrente da
atividade criativa do ser humano”.
A lei limita-se a dizer o que NÃO é invenção e nem modelo de utilidade (art. 10). A saber:
• Programa de computador.
• Métodos cirúrgicos (importante, despenca em concurso!).
• Regras de jogo.
• Planejamento tributário.
• Obras científicas, literárias ou artísticas.
• Métodos matemáticos.
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TJ/MS (2019) É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de
novidade e atividade inventiva, ainda que desprovida de aplicação industrial.
Errada!
O art. 9º da Lei trata do “objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação
industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em
melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação”.
É algo que traz uma utilidade maior para algo que já é considerado invenção (assim como a
contravenção é um crime anão, pode-se dizer que o modelo de utilidade é uma invenção anã).
É uma invenção melhorada. Algumas provas cobram como “mini invenção”, o CESPE já
cobrou como “invenção anã” e “microinvenção”. Deve haver melhoramento de uma invenção.
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Segundo André Santa Cruz, “o modelo de utilidade tem que ser um objeto de uso prático, e
não meramente artístico ou ornamental; tem que apresentar nova forma ou disposição,
diferenciando-se, assim, do que já existe no mercado. E precisa, necessariamente, produzir uma
melhoria no uso ou na fabricação da coisa”
STF já reconheceu que churrasqueira sem fumaça é modelo de utilidade, o dispositivo que
retira a fumaça é modelo de utilidade, agregado à churrasqueira.
• Novidade;
• Atividade inventiva;
• Aplicação industrial;
• Não impedimento (licitude);
Requisitos de
patenteabilidade
4.8.1. Novidade
Aquilo que não está compreendido no estado da técnica (art. 11), vale dizer, a criação deve
ser desconhecida pela comunidade científica, técnica ou industrial.
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II - pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, através de
publicação oficial do pedido de patente depositado sem o consentimento do
inventor, baseado em informações deste obtidas ou em decorrência de atos
por ele realizados; ou
III - por terceiros, com base em informações obtidas direta ou indiretamente
do inventor ou em decorrência de atos por este realizados.
Destaca-se que, conforme ensina André Santa Cruz, a Lei de Propriedade Industrial adotou
o critério da novidade absoluta de modo que para ser privilegiável, a invenção deve ser nova de
maneira absoluta. Ela não possuirá esta característica se, antes da patente, houver sido conhecida
mesmo no país mais longínquo ou nos tempos mais recuados.
Não basta que a criação seja original (conceito subjetivo). A invenção deve despertar nos
técnicos da área o sentido de um real progresso, ou seja, não pode a criação decorrer de maneira
óbvia do estado da técnica (art. 13). Quanto ao modelo de utilidade, não pode decorrer de maneira
comum ou vulgar do estado da técnica, segundo parecer de experts no assunto (art. 14).
Exemplo de Fábio Ulhôa Coelho: um carro com o motor mais rápido do mundo que só
funciona com um combustível que não existe na terra, não tem aplicação industrial, logo não pode
ser considerado uma invenção.
Salienta-se que para André Santa Cruz trata-se de licitude do objeto da patente.
O art. 18 traz exemplos de criações não patenteáveis.
Art. 18. Não são patenteáveis:
I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e
à saúde públicas;
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II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer
espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os
respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de
transformação do núcleo atômico; e (intenção do legislador: evitar o
incentivo às armas atômicas)
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microrganismos transgênicos
que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade
inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera
descoberta.
Novamente, destacamos que o art. 18 não se confunde com o disposto no art. 10, que arrola,
em diversos incisos, o que a lei não considera invenção e nem modelo de utilidade.
Nos dizeres de André Santa Cruz: “o art. 18 da LPI trata de casos que, em tese, podem ser
considerados uma invenção ou um modelo de utilidade, porque preenchidos os requisitos de
novidade, de atividade inventiva e da aplicação industrial. Todavia, o ordenamento jurídico prefere
não lhes conferir proteção, em homenagem a valores supostamente mais elevados, como a moral,
a segurança, entre outros”.
Art. 62. O contrato de licença deverá ser averbado no INPI para que produza
efeitos em relação a terceiros.
§ 1º A averbação produzirá efeitos em relação a terceiros a partir da data de
sua publicação.
§ 2º Para efeito de validade de prova de uso, o contrato de licença não
precisará estar averbado no INPI.
Destaca-se, conforme as lições de André Santa Cruz, que “para celebrar o contrato de
licença voluntária, obviamente, o titular da patente vai exigir do licenciado uma contraprestação,
chamada royalty. No caso de licenciamento do pedido de patente, embora a lei não vede
expressamente a cobrança de royalties, o INPI não tem admitido tal prática, negando pedidos de
averbação que contenham tal previsão. Assim, os royalties só são admitidos nos casos d
licenciamento de patente, mas nos casos de licenciamento de pedido de patente”.
Aqui, o titular da patente fica obrigado a licenciá-la, contra sua vontade. Será determinada
como forma de sancionar o titular da patente, bem como para atender imperativos de ordem pública.
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4.10.1. Abuso de direito ou de poder econômico e não exploração ou não satisfação das
necessidades do mercado
Perceba que, aqui, a licença compulsória da patente decorre de condutas do seu próprio
titular, as quais não se coadunam com os princípios que justificam a concessão de um privilégio
legal que lhe assegura um direito de exploração exclusiva do seu invento. Assim, configurada uma
dessas situações, como o exercício abusivo dos direitos decorrentes da patente, poderá um
interessado (um concorrente, por exemplo) requerer ao INPI a licença compulsória (André Santa
Cruz).
Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se
exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela
praticar abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei, por
decisão administrativa ou judicial.
§ 1º Ensejam, igualmente, licença compulsória:
I - a não exploração do objeto da patente no território brasileiro por falta de
fabricação ou fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso
integral do processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade
econômica, quando será admitida a importação; ou
II - a comercialização que não satisfizer às necessidades do mercado.
§ 2º A licença só poderá ser requerida por pessoa com legítimo interesse e
que tenha capacidade técnica e econômica para realizar a exploração
eficiente do objeto da patente, que deverá destinar-se, predominantemente,
ao mercado interno, extinguindo-se nesse caso a excepcionalidade prevista
no inciso I do parágrafo anterior.
§ 3º No caso de a licença compulsória ser concedida em razão de abuso de
poder econômico, ao licenciado, que propõe fabricação local, será garantido
um prazo, limitado ao estabelecido no art. 74, para proceder à importação do
objeto da licença, desde que tenha sido colocado no mercado diretamente
pelo titular ou com o seu consentimento.
§ 4º No caso de importação para exploração de patente e no caso da
importação prevista no parágrafo anterior, será igualmente admitida a
importação por terceiros de produto fabricado de acordo com patente de
processo ou de produto, desde que tenha sido colocado no mercado
diretamente pelo titular ou com o seu consentimento.
§ 5º A licença compulsória de que trata o § 1º somente será requerida após
decorridos 3 (três) anos da concessão da patente.
Art. 69. A licença compulsória não será concedida se, à data do requerimento,
o titular:
I - justificar o desuso por razões legítimas;
II - comprovar a realização de sérios e efetivos preparativos para a
exploração; ou
III - justificar a falta de fabricação ou comercialização por obstáculo de ordem
legal.
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III - o titular não realizar acordo com o titular da patente dependente para
exploração da patente anterior.
§ 1º Para os fins deste artigo considera-se patente dependente aquela cuja
exploração depende obrigatoriamente da utilização do objeto de patente
anterior.
§ 2º Para efeito deste artigo, uma patente de processo poderá ser
considerada dependente de patente do produto respectivo, bem como uma
patente de produto poderá ser dependente de patente de processo.
§ 3º O titular da patente licenciada na forma deste artigo terá direito a licença
compulsória cruzada da patente dependente.
OBS: não existe licença voluntária e compulsória para REGISTRO, somente para patentes.
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§ 5º A lista referida no § 2º deste artigo conterá informações e dados
suficientes para permitir a análise individualizada acerca da utilidade de cada
patente e pedido de patente e contemplará, pelo menos:
I – o número individualizado das patentes ou dos pedidos de patente que
poderão ser objeto de licença compulsória;
II – a identificação dos respectivos titulares;
III – a especificação dos objetivos para os quais será autorizado cada
licenciamento compulsório.
§ 6º A partir da lista publicada nos termos do § 2º deste artigo, o Poder
Executivo realizará, no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período,
a avaliação individualizada das invenções e modelos de utilidade listados e
somente concederá a licença compulsória, de forma não exclusiva, para
produtores que possuam capacidade técnica e econômica comprovada para
a produção do objeto da patente ou do pedido de patente, desde que conclua
pela sua utilidade no enfrentamento da situação que a fundamenta.
§ 7º Patentes ou pedidos de patente que ainda não tiverem sido objeto de
licença compulsória poderão ser excluídos da lista referida no § 2º deste
artigo nos casos em que a autoridade competente definida pelo Poder
Executivo considerar que seus titulares assumiram compromissos objetivos
capazes de assegurar o atendimento da demanda interna em condições de
volume, de preço e de prazo compatíveis com as necessidades de
emergência nacional ou internacional, de interesse público ou de estado de
calamidade pública de âmbito nacional por meio de uma ou mais das
seguintes alternativas:
I – exploração direta da patente ou do pedido de patente no País;
II – licenciamento voluntário da patente ou do pedido de patente; ou
III – contratos transparentes de venda de produto associado à patente ou ao
pedido de patente.
§ 8º (VETADO).
§ 9º (VETADO).
§ 10. (VETADO).
§ 11. As instituições públicas que possuírem informações, dados e
documentos relacionados com o objeto da patente ou do pedido de patente
ficam obrigadas a compartilhar todos os elementos úteis à reprodução do
objeto licenciado, não aplicáveis, nesse caso, as normas relativas à proteção
de dados nem o disposto no inciso XIV do caput do art. 195 desta Lei.
§ 12. No arbitramento da remuneração do titular da patente ou do pedido de
patente, serão consideradas as circunstâncias de cada caso, observados,
obrigatoriamente, o valor econômico da licença concedida, a duração da
licença e as estimativas de investimentos necessários para sua exploração,
bem como os custos de produção e o preço de venda no mercado nacional
do produto a ela associado.
§ 13. A remuneração do titular da patente ou do pedido de patente objeto de
licença compulsória será fixada em 1,5% (um inteiro e cinco décimos por
cento) sobre o preço líquido de venda do produto a ela associado até que seu
valor venha a ser efetivamente estabelecido.
§ 14. A remuneração do titular do pedido de patente objeto de licença
compulsória somente será devida caso a patente venha a ser concedida, e o
pagamento, correspondente a todo o período da licença, deverá ser efetivado
somente após a concessão da patente.
§ 15. A autoridade competente dará prioridade à análise dos pedidos de
patente que forem objeto de licença compulsória.
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§ 16. Os produtos que estiverem sujeitos ao regime de vigilância sanitária
deverão observar todos os requisitos previstos na legislação sanitária e
somente poderão ser comercializados após a concessão de autorização, de
forma definitiva ou para uso em caráter emergencial, pela autoridade sanitária
federal, nos termos previstos em regulamento.
§ 17. (VETADO).
§ 18. Independentemente da concessão de licença compulsória, o poder
público dará prioridade à celebração de acordos de cooperação técnica e de
contratos com o titular da patente para a aquisição da tecnologia produtiva e
de seu processo de transferência.
Art. 71-A. Poderá ser concedida, por razões humanitárias e nos termos de
tratado internacional do qual a República Federativa do Brasil seja parte,
licença compulsória de patentes de produtos destinados à exportação a
países com insuficiente ou nenhuma capacidade de fabricação no setor
farmacêutico para atendimento de sua população.
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É o que vulgarmente se conhece por “quebra de patente”. Ocorre quando o titular da
patente não exerce o seu direito de exclusividade satisfatoriamente, caso no qual, por razões de
interesse público, emergência nacional ou emergência internacional, o titular é obrigado a licenciar
sua criação a terceiros, sendo por isso remunerado (LPI, art. 68, §§ 1º e 5º - acima).
Requisitos:
• Em caso de interesse público, emergência nacional ou internacional;
• Deve ser dada em lei ou por ato poder executivo federal, ou quando for
reconhecimento de estado de calamidade pública de âmbito nacional pelo
Congresso Nacional;
• Temporária;
• Não exclusiva;
• O titular não terá prejuízo (será remunerado pelo licenciamento), desde que seu titular
ou seu licenciado não atenda a essa necessidade.
O Decreto 6.108/07, que trata da licença compulsória de patentes referentes ao Efavirenz
(medicamento contra o HIV), apresenta todos esses requisitos. Outro exemplo, é o Decreto que
quebrou a patente do Viagra.
Estão em negrito e sublinhado as alterações trazidas pela Lei 14.200/2022. Além disso, a
nova lei previu que:
a) Publicação de lista com as patentes e pedidos de patente que podem auxiliar
O Poder Executivo federal publicará lista de patentes ou de pedidos de patente, não aplicável
o prazo de sigilo previsto no art. 30 da LPI, potencialmente úteis ao enfrentamento das situações
previstas no caput do art. 71, no prazo de até 30 (trinta) dias após a data de publicação da
declaração de emergência ou de interesse público, ou do reconhecimento de estado de calamidade
pública, excluídos as patentes e os pedidos de patente que forem objetos de acordos de
transferência da tecnologia de produção ou de licenciamento voluntário capazes de assegurar o
atendimento da demanda interna, nos termos previstos em regulamento (novo § 2º do art. 71).
b) Entidades especializadas serão consultadas para a elaboração dessa lista
Entes públicos, instituições de ensino e pesquisa e outras entidades representativas da
sociedade e do setor produtivo deverão ser consultados no processo de elaboração da lista de
patentes ou de pedidos de patente que poderão ser objeto de licença compulsória (novo § 3º do art.
71).
Qualquer instituição pública ou privada poderá apresentar pedido para inclusão de patente
ou de pedido de patente na lista (novo § 4º do art. 71).
d) Informações que deverão constar na lista
A lista conterá informações e dados suficientes para permitir a análise individualizada acerca
da utilidade de cada patente e pedido de patente e contemplará, pelo menos:
I – o número individualizado das patentes ou dos pedidos de patente que poderão ser objeto
de licença compulsória;
II – a identificação dos respectivos titulares;
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III – a especificação dos objetivos para os quais será autorizado cada licenciamento
compulsório. (novo § 5º do art. 71)
e) Avaliação individualizada das patentes
A partir da lista publicada, o Poder Executivo realizará, no prazo de 30 (trinta) dias,
prorrogável por igual período, a avaliação individualizada das invenções e modelos de utilidade
listados e somente concederá a licença compulsória, de forma não exclusiva, para produtores que
possuam capacidade técnica e econômica comprovada para a produção do objeto da patente ou
do pedido de patente, desde que conclua pela sua utilidade no enfrentamento da situação que a
fundamenta (novo § 6º do art. 71).
f) Exclusão da lista
Patentes ou pedidos de patente que ainda não tiverem sido objeto de licença compulsória
poderão ser excluídos da lista referida no § 2º deste artigo nos casos em que a autoridade
competente definida pelo Poder Executivo considerar que seus titulares assumiram compromissos
objetivos capazes de assegurar o atendimento da demanda interna em condições de volume, de
preço e de prazo compatíveis com as necessidades de emergência nacional ou internacional, de
interesse público ou de estado de calamidade pública de âmbito nacional por meio de uma ou mais
das seguintes alternativas:
I – exploração direta da patente ou do pedido de patente no País;
II – licenciamento voluntário da patente ou do pedido de patente; ou
III – contratos transparentes de venda de produto associado à patente ou ao pedido de
patente. (novo § 7º do art. 71)
g) Critérios para o arbitramento da remuneração do titular
No arbitramento da remuneração do titular da patente ou do pedido de patente, serão
consideradas as circunstâncias de cada caso, observados, obrigatoriamente, o valor econômico da
licença concedida, a duração da licença e as estimativas de investimentos necessários para sua
exploração, bem como os custos de produção e o preço de venda no mercado nacional do produto
a ela associado (novo § 12 do art. 71).
A remuneração do titular da patente ou do pedido de patente objeto de licença compulsória
será fixada em 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) sobre o preço líquido de venda do
produto a ela associado até que seu valor venha a ser efetivamente estabelecido (novo § 13 do art.
71)
A remuneração do titular do pedido de patente objeto de licença compulsória somente será
devida caso a patente venha a ser concedida, e o pagamento, correspondente a todo o período da
licença, deverá ser efetivado somente após a concessão da patente (novo § 14 do art. 71)
A autoridade competente dará prioridade à análise dos pedidos de patente que forem objeto
de licença compulsória (novo § 15 do art. 71)
h) Produtos somente podem ser comercializados após a autorização da vigilância sanitária
Os produtos que estiverem sujeitos ao regime de vigilância sanitária deverão observar todos
os requisitos previstos na legislação sanitária e somente poderão ser comercializados após a
concessão de autorização, de forma definitiva ou para uso em caráter emergencial, pela autoridade
sanitária federal (novo § 16 do art. 71)
i) Art. 71-A: de produtos farmacêuticos destinados à exportação por razões humanitárias.
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Trata-se de importante inovação incluída pela Lei nº 14.200/2021:
Art. 71-A. Poderá ser concedida, por razões humanitárias e nos termos de
tratado internacional do qual a República Federativa do Brasil seja parte,
licença compulsória de patentes de produtos destinados à exportação a
países com insuficiente ou nenhuma capacidade de fabricação no setor
farmacêutico para atendimento de sua população. Interesse da defesa
nacional
É quando o depósito internacional é válido como interno, por conta do acordo de TRIPS.
Também chamada de patente de revalidação, prevista nos arts. 230 e 231 da LPI, vejamos:
Art. 230. Poderá ser depositado pedido de patente relativo às substâncias,
matérias ou produtos obtidos por meios ou processos químicos e as
substâncias, matérias, misturas ou produtos alimentícios, químico-
farmacêuticos e medicamentos de qualquer espécie, bem como os
respectivos processos de obtenção ou modificação, por quem tenha proteção
garantida em tratado ou convenção em vigor no Brasil, ficando assegurada a
data do primeiro depósito no exterior, desde que seu objeto não tenha sido
colocado em qualquer mercado, por iniciativa direta do titular ou por terceiro
com seu consentimento, nem tenham sido realizados, por terceiros, no País,
sérios e efetivos preparativos para a exploração do objeto do pedido ou da
patente.
§ 1º O depósito deverá ser feito dentro do prazo de 1 (um) ano contado da
publicação desta Lei, e deverá indicar a data do primeiro depósito no exterior.
§ 2º O pedido de patente depositado com base neste artigo será
automaticamente publicado, sendo facultado a qualquer interessado
manifestar-se, no prazo de 90 (noventa) dias, quanto ao atendimento do
disposto no caput deste artigo.
§ 3º Respeitados os arts. 10 e 18 desta Lei, e uma vez atendidas as condições
estabelecidas neste artigo e comprovada a concessão da patente no país
onde foi depositado o primeiro pedido, será concedida a patente no Brasil, tal
como concedida no país de origem.
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§ 4º Fica assegurado à patente concedida com base neste artigo o prazo
remanescente de proteção no país onde foi depositado o primeiro pedido,
contado da data do depósito no Brasil e limitado ao prazo previsto no art. 40,
não se aplicando o disposto no seu parágrafo único.
§ 5º O depositante que tiver pedido de patente em andamento, relativo às
substâncias, matérias ou produtos obtidos por meios ou processos químicos
e as substâncias, matérias, misturas ou produtos alimentícios, químico-
farmacêuticos e medicamentos de qualquer espécie, bem como os
respectivos processos de obtenção ou modificação, poderá apresentar novo
pedido, no prazo e condições estabelecidos neste artigo, juntando prova de
desistência do pedido em andamento.
§ 6º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, ao pedido
depositado e à patente concedida com base neste artigo.
Art. 231. Poderá ser depositado pedido de patente relativo às matérias de que
trata o artigo anterior, por nacional ou pessoa domiciliada no País, ficando
assegurada a data de divulgação do invento, desde que seu objeto não tenha
sido colocado em qualquer mercado, por iniciativa direta do titular ou por
terceiro com seu consentimento, nem tenham sido realizados, por terceiros,
no País, sérios e efetivos preparativos para a exploração do objeto do pedido.
§ 1º O depósito deverá ser feito dentro do prazo de 1 (um) ano contado da
publicação desta Lei.
§ 2º O pedido de patente depositado com base neste artigo será processado
nos termos desta Lei.
§ 3º Fica assegurado à patente concedida com base neste artigo o prazo
remanescente de proteção de 20 (vinte) anos contado da data da divulgação
do invento, a partir do depósito no Brasil.
§ 4º O depositante que tiver pedido de patente em andamento, relativo às
matérias de que trata o artigo anterior, poderá apresentar novo pedido, no
prazo e condições estabelecidos neste artigo, juntando prova de desistência
do pedido em andamento.
Foi o que aconteceu com o Viagra. Para o Brasil, é válido esse primeiro depósito
internacional.
Explicação Dizer o Direito
Em palavras muito simples, porque o tema é bem complexo, a patente “pipeline”, também
chamada de “patente de importação” ou “patente de revalidação”, é aquela em que em fica
demonstrado que já houve expedição de patente no exterior, razão pela qual o INPI registra no
Brasil essa patente exigindo menores formalidades.
O sistema pipeline de patentes, disciplinado no art. 230 da Lei 9.279⁄96,
desde que cumpridos requisitos e condições próprias, reconhece o direito a
exploração com exclusividade ao inventor cujo invento – embora não
patenteável quando da vigência da Lei 5.772⁄71 – seja objeto de patente
estrangeira.” (STJ. 3ª Turma. REsp nº 1.092.139/RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 21/10/2010).
Outra característica da patente do tipo “pipeline” é que ela se refere a substâncias, matérias
ou produtos que farão parte da fórmula de produtos finais que ainda estão em fase de
desenvolvimento, ou seja, não se encontram disponíveis para o comércio. Como o produto ainda
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não está pronto, não poderia ser protegido, mas, mesmo assim, a legislação abre uma exceção e
aceita a patente da substância.
Segundo o STJ, a concessão da patente “pipeline” representa uma mitigação ao princípio
da novidade. Além disso, nesse sistema de patente não são examinados os requisitos usuais de
patenteabilidade. Trata-se, portanto, de um sistema de exceção, não previsto em tratados
internacionais, que deve ser interpretado restritivamente, seja por contrapor ao sistema comum de
patentes, seja por restringir a concorrência e a livre iniciativa (STJ. 3ª Turma. REsp nº 1.145.637/RJ,
Rel. Desembargador Convocado Vasco Della Giustina, julgado em 15⁄12⁄2009).
Sobre as regras aplicáveis ao registro de patentes no modelo pipeline, se manifestou o STJ:
O registro sob o sistema “pipeline” não se submete à regra do art. 8º, ou seja,
não se exige dele novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Os
requisitos para a concessão da patente “pipeline” estão disciplinados nos arts.
230 e 231 da Lei de Propriedade industrial e, uma vez concedida a patente
“pipeline” por outa jurisdição, ela não podrá ser anilada invocando-se a
ausência de um dos requisitos de mérito previstos no art. 8º da LPI para a
concessão das patentes ordinárias (novidade, atividade inventiva e aplicação
industrial). Assim, uma patente pipeline concedida no exterior e revalidada
no Brasil não pode ser anulada ao fundamento de falta de um dos requisitos
de mérito do art. 8º da Lei 9279/96 (Lei da Propriedade Industrial – LPI), mas
apenas por ausência de requisito especificamente aplicável a ela (como, por
exemplo, por falta de pagamento da anuidade no Brasil) ou em razão de
irregularidades formais. STJ. 3ªTurma, REsp 1.201.454-RJ, Rel. Min. Ricardo
Villas Bôas Cueva, julgado em 14/10/2014 (Info 550).
• A Lei de Propriedade Industrial entrou em vigor 15 de maio de 1997, um ano após a sua
publicação;
• Art. 229 visou proteger os pedidos de patente depositados entre 1º de janeiro de 1995 e
14 de maio de 1997.
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qualquer espécie, bem como os respectivos processos de obtenção ou
modificação e cujos depositantes não tenham exercido a faculdade prevista
nos arts. 230 e 231 desta Lei, os quais serão considerados indeferidos, para
todos os efeitos, devendo o INPI publicar a comunicação dos aludidos
indeferimentos.
Parágrafo único. Aos pedidos relativos a produtos farmacêuticos e produtos
químicos para a agricultura, que tenham sido depositados entre 1 o de janeiro
de 1995 e 14 de maio de 1997, aplicam-se os critérios de patenteabilidade
desta Lei, na data efetiva do depósito do pedido no Brasil ou da prioridade,
se houver, assegurando-se a proteção a partir da data da concessão da
patente, pelo prazo remanescente a contar do dia do depósito no Brasil,
limitado ao prazo previsto no caput do art. 40.
Resumindo:
• o prazo de vigência das patentes é de 20 anos, contados do depósito (art. 40, caput);
• o depositante não pode ser prejudicado se o INPI demorar muito para conceder a patente
depois de o depósito ser feito. Por isso, o parágrafo único do art. 40 prevê que o prazo
de vigência da patente de invenção não pode ser inferior a 10 anos, a contar da data de
concessão. Exceção: esse prazo pode ser menor que 10 anos se o INPI estava impedido
de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência judicial comprovada ou por
motivo de força maior;
• no caso da patente pelo sistema mailbox, o legislador previu uma regra específica e disse
apenas que o prazo de vigência das patentes concedidas pelo sistema mailbox é de 20
anos contados da data do depósito (art. 229, parágrafo único, da LPI);
• assim, no caso da patente pelo sistema mailbox, não se aplica a regra do parágrafo
único do art. 40 (revogado), ou seja, o prazo de vigência das patentes concedidas pelo
sistema mailbox NÃO é de 10 anos contados de sua concessão.
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respectiva concessão, limitada ao prazo remanescente previsto no caput do
seu art. 40 (20 anos contados do dia do depósito). Assim, o legislador afasta
a possibilidade de incidência do prazo excepcional do parágrafo único do art.
40 (10 anos a partir da concessão). Tese fixada: O marco inicial e o prazo de
vigência previstos no parágrafo único do art. 40 da LPI não são aplicáveis às
patentes depositadas na forma estipulada pelo art. 229, parágrafo único,
dessa mesma lei (patentes mailbox). Obs: o STF decidiu que o parágrafo
único do art. 40 da LPI é inconstitucional: ADI 5529/DF, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 12/5/2021 (Info 1017). STJ. 2ª Seção. REsp 1869959-RJ, Rel.
Min. Maria Isabel Gallotti, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em
27/04/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1065) (Info 734).
Art. 47. A nulidade poderá não incidir sobre todas as reivindicações, sendo
condição para a nulidade parcial o fato de as reivindicações subsistentes
constituírem matéria patenteável por si mesmas.
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III - o objeto da patente se estenda além do conteúdo do pedido originalmente
depositado; ou
IV - no seu processamento, tiver sido omitida qualquer das formalidades
essenciais, indispensáveis à concessão.
Art. 54. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que não
apresentadas as manifestações, o processo será decidido pelo Presidente do
INPI, encerrando-se a instância administrativa.
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O art. 78 da LPI prevê as hipóteses em que haverá a extinção da patente.
Art. 78. A patente extingue-se:
I - pela expiração do prazo de vigência;
II - pela renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros;
III - pela caducidade;
IV - pela falta de pagamento da retribuição anual, nos prazos previstos no §
2º do art. 84 e no art. 87; e
V - pela inobservância do disposto no art. 217.
Parágrafo único. Extinta a patente, o seu objeto cai em domínio público.
Por fim, a inobservância da regra do art. 217 da LPI é causa de extinção da patente.
5. REGISTRO
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sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação
industrial.
Doutrina: desenho industrial é elemento fútil, pois não traz nenhum tipo de utilidade, só está
preocupado com a configuração externa.
André Ramos sujeita o desenho industrial aos seguintes requisitos: NOVIDADE - art. 96 §3º,
ORIGINALIDADE (ao invés da ‘atividade inventiva’ da patente) – art. 97, APLICAÇÃO INDUSTRIAL
e LICITUDE (ou desimpedimento). - “NOA”
5.1.1. Novidade
Estará atendida quando o desenho industrial não for compreendido no estado de técnica.
Art. 96. O desenho industrial é considerado NOVO quando não compreendido
no estado da técnica.
§ 1º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao
público antes da data de depósito do pedido, no Brasil ou no exterior, por uso
ou qualquer outro meio, ressalvado o disposto no § 3º deste artigo e no art.
99.
§ 2º Para aferição unicamente da novidade, o conteúdo completo de pedido
de patente ou de registro depositado no Brasil, e ainda não publicado, será
considerado como incluído no estado da técnica a partir da data de depósito,
ou da prioridade reivindicada, desde que venha a ser publicado, mesmo que
subsequentemente.
§ 3º Não será considerado como incluído no estado da técnica o desenho
industrial cuja divulgação tenha ocorrido durante os 180 (cento e oitenta) dias
que precederem a data do depósito ou a da prioridade reivindicada, se
promovida nas situações previstas nos incisos I a III do art. 12.
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5.1.2. Originalidade
5.1.3. Impedimentos
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Art. 56. A ação de nulidade poderá ser proposta a qualquer tempo da
vigência da patente, pelo INPI ou por qualquer pessoa com legítimo
interesse.
§ 1º A nulidade da patente poderá ser arguida, a qualquer tempo, como
matéria de defesa.
§ 2º O juiz poderá, preventiva ou incidentalmente, determinar a suspensão
dos efeitos da patente, atendidos os requisitos processuais próprios.
5.2. MARCA
A marca é um sinal visualmente perceptível que serve como meio distintivo. Um sinal
sonoro não pode ser registrado como marca, pois não é visual.
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III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços
provindos de membros de uma determinada entidade.
Exemplo: Lata de café = Associação Brasileira dos Produtores de Café, serve para trazer
maior credibilidade ao produto.
ESPÉCIES
É o sinal constituído por uma ou mais palavras no sentido
amplo do alfabeto romano, compreendendo, também, os
NOMINATIVA OU neologismos e as combinações de letras e/ou algarismos
VERBAL romanos e/ou arábicos, desde que esses elementos não se
apresentem sob forma fantasiosa ou figurativa.
Exemplo: SONY, Google
É o sinal constituído por desenho, imagem, figura e/ou
símbolo; qualquer forma fantasiosa ou figurativa de letra ou
algarismo isoladamente, ou acompanhado por desenho,
FIGURATIVA OU imagem, figura ou símbolo; palavras compostas por letras
EMBLEMÁTICA de alfabetos distintos da língua vernácula, tais como
hebraico, cirílico, árabe, etc.; ideogramas, tais como o
japonês e o chinês.
Exemplo: Globo, Apple
É o sinal constituído pela combinação de elementos
nominativos e figurativos ou mesmo apenas por elementos
MISTA OU COMPOSTA nominativos cuja grafia se apresente sob forma fantasiosa
ou estilizada.
Exemplos: Nike, Cadernos Sistematizados, Toyota
É o sinal constituído pela forma plástica distintiva em si,
capaz de individualizar os produtos ou serviços a que se
TRIDIMENSIONAL aplica. Assim, é possível registrar a marca da própria forma
plástica desse produto ou mesmo da embalagem.
Exemplo: Coca-Cola
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Art. 129. A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente
expedido, conforme as disposições desta Lei, sendo assegurado ao titular
seu uso exclusivo em todo o território nacional, observado quanto às marcas
coletivas e de certificação o disposto nos arts. 147 e 148.
Por exemplo, há um produto de limpeza VEJA e a revista VEJA, mesmo nome, mas
produtos e serviços diversos.
• Novidade (Relativa);
• Originalidade (Não colidência com marca notória);
• Não há impedimento legal.
Vejamos:
1) Novidade (Relativa)
Não se exige novidade absoluta, ou seja, não se exige que o sinal distintivo tenha sido criado
pelo empresário. O que deve ser nova é a utilização daquele sinal em relação àquele tipo de produto
ou serviço (princípio da especificidade ou especialidade). Ex: Produtos com a marca “Sol”,
existem vários, desde cerveja a bronzeador.
A novidade está relacionada à classificação do INPI. Se não estiver presente na lista do
INPI, pode ser utilizada.
Veja como o STJ decidiu no caso a seguir.
A empresa “A oferece serviços de orientação e reeducação pedagógica a alunos com
dificuldades escolares. Essa instituição registrou no INPI a expressão “CRESCER”, adquirindo o
direito de uso da marca.
Alguns anos depois, foi inaugurada uma escola (empresa “B”) e passou a também utilizar a
palavra “CRESCER” em suas atividades empresariais.
O STJ entendeu que o uso da expressão “CRESCER” por parte da escola viola o direito de
uso exclusivo de marca pertencente à empresa “A”. Isso porque, embora as atividades exercidas
sejam distintas, elas se enquadram na mesma classe de serviços, a de serviços de educação.
Ainda sobre o julgado, colacionamos um trecho da ementa para reforçar alguns dos
argumentos usados pela Corte como ratio decidendi:
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DIREITO EMPRESARIAL. DIREITO DE USO EXCLUSIVO
DE MARCA REGISTRADA. O uso, por quem presta serviço de ensino
regular, da mesma marca anteriormente registrada, na classe dos
serviços de educação, por quem presta, no mesmo Município, serviços
de orientação e reeducação pedagógica a alunos com dificuldades
escolares viola o direito de uso exclusivo de marca. O registro da
marca, embora garanta proteção nacional à exploração exclusiva por parte
do titular, encontra limite no princípio da especialidade, que restringe a
exclusividade de utilização do signo a um mesmo nicho de produtos e
serviços. Assim, uma mesma marca pode ser utilizada por titulares distintos
se não houver qualquer possibilidade de se confundir o consumidor. Para se
verificar a possibilidade de confusão na utilização da mesma marca por
diferentes fornecedores de produtos e serviços, deve ser observada,
inicialmente, a Classificação Internacional de Produtos e de Serviços,
utilizada pelo INPI como parâmetro para concessão ou não do registro de
uma marca. É verdade que a tabela de classes não deve ser utilizada de
forma absoluta para fins de aplicação do princípio da
especialidade, servindo apenas como parâmetro inicial na análise de
possibilidade de confusão. Porém, na hipótese, embora os serviços
oferecidos sejam distintos, eles são complementares, pois têm finalidades
idênticas, além de ocuparem os mesmos canais de comercialização. REsp
1.309.665-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
4/9/2014.
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Caso inexista uma declaração administrativa do INPI a respeito da
caracterização, ou não, de uma marca como sendo de alto renome, não pode
o Poder Judiciário conferir, pela via judicial, a correspondente proteção
especial.
Lembrar de processo civil: fato notório não precisa ser provado, assim como a marca notória
não precisa de registro no INPI para ser protegida.
A proteção de marca notória registrada no INPI produz efeitos ex nunc,
não atingindo registros regularmente constituídos em data anterior. O
direito de exclusividade ao uso da marca em decorrência do registro no INPI,
excetuadas as hipóteses de marcas notórias, é limitado à classe para a qual
foi deferido, não abrangendo produtos não similares, enquadrados em outras
classes. O registro da marca como notória, ao afastar o princípio da
especialidade, confere ao seu titular proteção puramente defensiva e
acautelatória, a fim de impedir futuros registros ou uso por terceiros de
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outras marcas iguais ou parecidas, não retroagindo para atingir registros
anteriores. Precedente citado: REsp 246.652-RJ, DJ 16/4/2007. AgRg
no REsp 1.163.909-RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 2/10/2012.
Os signos impedidos por lei de serem registrados como marcas estão previstos no art. 124
da LPI (ler todos), desatando-se como os mais importantes:
• Símbolo oficial e monumentos nacionais ou internacionais não podem ser registrados
como marca. Exemplo: Não é possível registrar a bandeira do Brasil como marca de um
produto.
• A marca não pode representar falsa indicação geográfica. Exemplo: Se fiz um perfume
em Campinas, não posso registrar como francês; se faço um chocolate em Santo André,
não posso chamar de Gramado, sendo assim estaria induzindo o consumidor a erro.
• Designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela
própria entidade ou órgão público. Exemplo: Não posso abrir um cursinho jurídico com
nome de STF, STJ.
Art. 124. Não são registráveis como marca:
I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento
oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a
respectiva designação, figura ou imitação;
II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de
suficiente forma distintiva;
III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e
aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente
contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e sentimento
dignos de respeito e veneração;
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IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido
o registro pela própria entidade ou órgão público;
V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de
título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de
causar confusão ou associação com estes sinais distintivos;
VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente
descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou
aquele empregado comumente para designar uma característica do produto
ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época
de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de
suficiente forma distintiva;
VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda;
VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo
peculiar e distintivo;
IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal
que possa falsamente induzir indicação geográfica;
X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza,
qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina;
XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para
garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza;
XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca
coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154;
XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social,
político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como
a imitação suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela
autoridade competente ou entidade promotora do evento;
XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país;
XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem
de terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico
singular ou coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou
sucessores;
XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam
protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou
associação, salvo com consentimento do autor ou titular;
XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha
relação com o produto ou serviço a distinguir;
XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo,
de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço
idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação
com marca alheia;
XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço,
salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de
suficiente forma distintiva;
XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de
acondicionamento, ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de efeito
técnico;
XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de
terceiro; e
XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o
requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua
atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em
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país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de
tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico,
semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com
aquela marca alheia.
É aquela que se utiliza, em sua composição, de uma palavra de uso comum que remete ao
produto ou serviço.
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Assim, a marca evocativa é aquela que traz à lembrança (que evoca) o próprio nome do
produto ou serviço.
A marca evocativa possui reduzido grau de distintividade, por estar associada ao produto ou
serviço que pretende assinalar. Em outras palavras, ela não se distingue tanto de outras marcas
porque utiliza, no todo ou em parte, o próprio nome do produto ou serviço. Não possui, portanto,
“características distintivas”.
Chokito®, Chocobon® (são marcas que remetem ao chocolate). Caso alguém registre uma
marca parecida envolvendo, no todo ou em parte, a palavra “chocolate”, não se poderá dizer, a
princípio, que houve uma violação a essas marcas anteriormente registradas.
Por não ter características distintivas, as marcas evocativas são consideradas “marcas
fracas”. Possuem um âmbito de proteção limitado, de modo que a exclusividade a elas conferida
admite mitigação. Assim, a ideia de que somente quem registrou a marca evocativa poderá utilizar
aquele nome ou nomes parecidos é flexibilizada.
Segundo aponta, com razão, a Min. Nancy Andrighi, conferir monopólio para que apenas um
comerciante utilize um nome ou sinal genérico seria aceitar uma exclusividade inadmissível. Isso
porque os demais comerciantes ficariam impedidos de divulgar a fabricação de produtos
semelhantes através de expressões de conhecimento comum, obrigando-os à busca de nomes
alternativos estranhos ao domínio público.
A marca evocativa goza de proteção. No entanto, essa proteção é mitigada. Por que se diz
que é mitigada? Porque o seu titular é obrigado a conviver com outras marcas parecidas,
semelhantes. Vale ressaltar, no entanto, que o titular de uma marca evocativa pode se insurgir e
conseguir a proibição de outra marca semelhante se isso gerar confusão no público consumidor.
Ex: uma loja de calçados que registre a marca “Shopping do Pé” pode ser obrigada a
conviver com outra marca chamada de “Mercado do pé”; por outro lado, é possível que essa loja
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consiga, em tese, a proibição de outra marca chamada “Shop do Pé” porque, nesse caso, haveria
um potencial muito grande de gerar confusão no público consumidor.
De acordo com o STJ, o único efeito que a “distintividade adquirida” gera é o de permitir o
registro da marca, mesmo ela sendo “comum”. Essa teoria não autoriza, contudo, que se impeça o
registro de marcas semelhantes. Em se tratando de marcas “fracas”, descritivas ou evocativas, é
descabida qualquer alegação de anterioridade de registro quando o intuito da parte for o de
assegurar o uso exclusivo de expressão dotada de baixo vigor inventivo.
Com o passar do tempo, algumas marcas ficam muito famosas e acabam sendo
extremamente conhecidas do público, a ponto de perderem a capacidade distintiva que possuíam
na época do registro, no fenômeno conhecido por degeneração.
Por exemplo, isopor (polímero estendido), zíper (fecho corrediço), gilete (lâmina de barbear),
maisena (amido de milho), pincel atômico (marcador para quadro branco), durex (fita adesiva).
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Importante salientar que, em ação de nulidade de registro de marca, a natureza da
participação processual do INPI, quando não figurar como autor ou corréu, é de intervenção sui
generis (ou atípica) obrigatória, na condição de assistente especial.
Em ação de nulidade de registro de marca, a natureza da participação
processual do INPI, quando não figurar como autor ou corréu, é de
intervenção sui generis (ou atípica) obrigatória, na condição de assistente
especial (ou até de amicus curiae). STJ. 4ª Turma. REsp 1.817.109-RJ, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/02/2021 (Info 686).
De acordo com o STJ, o dano moral pelo uso indevido da marca decorre de mera
comprovação da prática da conduta ilícita. Em outras palavras, a utilização da marca sem
autorização configura dano moral, sendo desnecessária a demonstração de prejuízos concretos ou
a comprovação de abalo moral.
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lesão à atividade empresarial do titular, como, por exemplo, no desvio de
clientela e na confusão entre as empresas, acarretando inexorável prejuízo
que deverá ter o seu quantum debeatur, no presente caso, apurado em
liquidação por artigos. 4. Por sua natureza de bem imaterial, é ínsito que haja
prejuízo moral à pessoa jurídica quando se constata o uso indevido da marca.
A reputação, a credibilidade e a imagem da empresa acabam atingidas
perante todo o mercado (clientes, fornecedores, sócios, acionistas e
comunidade em geral), além de haver o comprometimento do prestígio e da
qualidade dos produtos ou serviços ofertados, caracterizando evidente
menoscabo de seus direitos, bens e interesses extrapatrimoniais. 5. O dano
moral por uso indevido da marca é aferível in re ipsa, ou seja, sua
configuração decorre da mera comprovação da prática de conduta ilícita,
revelando-se despicienda a demonstração de prejuízos concretos ou a
comprovação probatória do efetivo abalo moral. 6. Utilizando-se do critério
bifásico adotado pelas Turmas integrantes da Segunda Seção do STJ,
considerado o interesse jurídico lesado e a gravidade do fato em si, o valor
de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a título de indenização por danos
morais, mostra-se razoável no presente caso. 7. Recurso especial provido.”
Como já vimos, o nome empresarial possui proteção estadual e a marca proteção federal.
1ª Hipótese:
2ª Hipótese:
3ª Hipótese
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Há uma marca registrada e se quer registrar um nome empresarial. Neste caso, é necessário
avaliar se a marca é de alto renome ou não.
• Marca de alto renome: está protegida em todos os ramos de atividade. Portanto, não
poderá haver o registro;
O denominado trade dress, não disciplinado na legislação nacional atual, tem por finalidade
proteger o conjunto visual global de um produto ou a forma de prestação de um serviço. Materializa-
se, portanto, pela associação de variados elementos que, conjugados, traduzem uma forma peculiar
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e suficientemente distintiva de inserção do bem no mercado consumidor, vinculando-se à identidade
visual dos produtos ou serviços.
Apesar de não haver legislação específica, a proteção do trade dress é assegurada com
fundamento no dever geral de garantia de livre mercado, ou seja, no dever estatal de assegurar o
funcionamento saudável do mercado, de forma a expurgar condutas desleais tendentes a criar
distorções de concorrência.
O trade dress é violado quando uma empresa imita sutilmente diversas características da
marca concorrente (normalmente a líder do mercado) com o objetivo de confundir o público e
angariar vendas com base na fama da marca copiada.
Em um caso concreto, o TJ/SP entendeu que uma empresa cuja marca era “Uai in box” teria
violado a trade dress da “China in box”. Além do nome parecido, a empresa “Uai in box” também
oferecia comida em delivery com pacotes iguais ao da “China in box”.
Segundo já decidiu o STJ (REsp 1.677.787/SC, Terceira Turma, DJe 02/10/2017), para a
configuração da prática de atos de concorrência desleal derivados de imitação de trade dress, não
basta que o titular comprove que utiliza determinado conjunto-imagem, sendo necessária a
observância de alguns requisitos básicos para garantia da proteção jurídica. Vejamos:
3) Outro elemento que deve estar presente para que o titular do direito possa reclamar tutela
jurisdicional - além da anterioridade do uso do conjunto-imagem - é sua distintividade frente aos
concorrentes. Em outras palavras, protege-se o trade dress que é diferente, distinto dos demais, e
não o que é comum, ordinário.
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Para configuração da prática de atos de concorrência desleal derivados de
imitação de trade dress, não basta que o titular, simplesmente, comprove que
utiliza determinado conjunto-imagem, sendo necessária a observância de
alguns pressupostos para garantia da proteção jurídica: a) ausência de
caráter meramente funcional; b) distintividade; c) confusão ou associação
indevida; d) anterioridade de uso. STJ. 3ª Turma. REsp 1.943.690-SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
19/10/2021 (Info 715).
1
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Caducidade de marca (art. 143 da LPI). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c1fea270c48e8079d8ddf7d06d26ab52>. Acesso em:
16/12/2022.
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Imagine que uma marca é registrada no INPI. A empresa começa a fabricá-lo aqui no Brasil,
mas ele só é vendido para o mercado externo, nunca sendo comercializado aqui. Há risco de haver
a caducidade da marca com base no inciso I?
NÃO. Se o titular da marca registrada no Brasil industrializa, fabrica, elabora o produto em
território nacional, claramente inicia e faz uso da marca no Brasil, merecendo toda proteção legal,
pois aqui empreende, gerando produção, empregos e riqueza, sendo indiferente que a mercadoria
aqui produzida seja destinada ao mercado interno ou exclusivamente ao externo. Produzir no País
o produto com a marca aqui registrada atende suficientemente ao requisito legal de “uso da marca
iniciado no Brasil”.
Imagine que uma marca é registrada no INPI. A empresa (de grande porte) começa a fabricá-
lo aqui no Brasil, mas depois de mais de 5 anos, somente produziu cerca de 70 pacotes do produto.
Há risco de haver a caducidade da marca com base no inciso II?
SIM. É possível que se reconheça a caducidade do registro da marca quando, em um
período de cinco anos, o valor e o volume de vendas do produto relacionado à marca forem
inexpressivos.
No caso analisado pelo STJ, o uso esporádico da marca, com escassas negociações no
mercado, foi considerado inexpressivo dentro da magnitude das operações bilionárias realizadas
pela empresa, portanto, insuficiente para configurar e comprovar o uso efetivo da marca.
Ações de Nulidade do registro ou patente: Tanto pode ser ação judicial quanto ação
administrativa.
b) Desenho industrial
Prazo administrativo: 05 anos contados da CONCESSÃO do registro.
Prazo Judicial: Enquanto permanecer o registro.
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§ 2º O requerimento ou a instauração de ofício suspenderá os efeitos da
concessão do registro se apresentada ou publicada no prazo de 60 (sessenta)
dias da concessão.
c) Marca
Prazo administrativo: 180 dias contados da EXPEDIÇÃO do certificado de registro.
Prazo judicial: 05 anos contados da concessão.
A ação de nulidade (seja de marca/patente) deve ser ajuizada na JF. Se o INPI não for o
autor da ação, ele deverá intervir no processo.
O prazo de resposta do réu é de 60 dias, tanto nas ações judiciais quanto administrativas
(art. 175, §1º).
Art. 175. A ação de nulidade do registro será ajuizada no foro da justiça
federal e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito.
§ 1º O prazo para resposta do réu titular do registro será de 60 (sessenta)
dias.
DESENHO
INVENÇÃO MODELO DE U. MARCA
INDU.
ADMINISTRATIVO 06 meses 06 meses 05 anos 180 dias
JUDICIAL - - - 05 anos
7. PRESCRIÇÃO
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8. FORMAS DE EXTINÇÃO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL
2) Renúncia (que somente poderá ser feita se não houver prejuízo para terceiros, como
licenciados, por exemplo).
3) Caducidade: Falta de uso da propriedade ou uso insatisfatório. Exemplo: art. 143, ambos da
LPI.
Tem-se uma marca e não utiliza por 5 anos, haverá caducidade da marca.
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DIREITO SOCIETÁRIO
2. CONCEITO DE SOCIEDADE
É possível perceber pela redação do art. 981 do CC que a sociedade exige, em regra,
pluralidade de sócios.
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Muitos a chamavam de irregular ou sociedade de fato, não existe mais esta denominação,
quando uma sociedade não tem registro, se chama sociedade em comum. Sociedade que ainda
não inscreveu seus atos constitutivos no órgão de registro competente, qual seja, a Junta Comercial.
O entendimento majoritário é no sentido de se tratar de sociedades contratuais em
formação.
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade,
exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas,
subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da
sociedade simples (= não empresária).
O sócio tem o chamado benefício de ordem (ordem a ser seguida: 1º bens da sociedade, 2º
bens dos sócios, art. 1.024 CC).
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Art. 988 do CC chama o patrimônio da sociedade comum de patrimônio especial e diz que
quem vai ser o titular deste patrimônio serão os sócios desta sociedade, serão cotitulares deste
patrimônio. Não é da sociedade pois ela não tem personalidade jurídica, consequentemente não
tem autonomia patrimonial.
Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por
escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem
prová-la de qualquer modo.
Perceber:
Sócio → Sociedade. Responsabilidade subsidiária. 1.024 CC.
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Sócio → Sócio(s). Responsabilidade solidária. 990 CC.
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Responsabilidade subsidiária
perante a sociedade
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Responsabilidade exclusiva (responde perante terceiros).
Agir em seu nome individual
Obs.: como ela não tem personalidade jurídica, não terá nome
empresarial. Tudo que o sócio ostensivo faz, faz em favor da
sociedade, mas em seu nome individual e não em nome da sociedade.
Entretanto:
Exceção da Sociedade em Conta de Participação:
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual
inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere
personalidade jurídica à sociedade.
Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios
sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio
ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este
pelas obrigações em que intervier.
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TRF4 (2022) A inscrição em registro do contrato conferirá personalidade
jurídica à sociedade em conta de participação. Errada!
4. SOCIEDADES PERSONIFICADAS
Quanto ao objeto (natureza), a sociedade personificada pode ser uma sociedade empresária
ou uma sociedade simples.
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Sociedade empresária: Registro na Junta Comercial (art. 1.150) (que como já vimos é a
‘faceta’ estadual do Registro Público de Empresas Mercantis, ver acima).
Sociedade simples: Registro no Registro Civil de Pessoa Jurídica (art. 1.150) → Cartório.
Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro
Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a
sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá
obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples
adotar um dos tipos de sociedade empresária
Exceções:
• Sociedade de advogados (sociedade simples) é registrada na OAB para adquirir
personalidade jurídica.
• Cooperativa, que apesar de sempre ser sociedade simples (mesmo se desenvolver
atividade empresária), deve ser registrada na Junta Comercial (Lei 8.934/94, art. 32).
Art. 32. O registro compreende:
I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e
intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;
II - O arquivamento:
a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção
de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;
a) Sociedade empresária
É aquela que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário, sujeito a registro.
Organização empresarial e produção ou circulação de bens ou serviços.
b) Sociedade simples
Tida por não empresária. Não classificada como de empresário, se a sociedade simples tem
como atividade uma profissão intelectual (de natureza científica, literária ou artística – ver início do
caderno), como diz o código civil, será uma sociedade simples.
A sociedade não deve possuir também organização empresarial.
Profissão intelectual + sociedade que não possui organização empresarial.
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4.3.2. Quanto à forma (tipo societário)
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas
normas da sociedade simples.
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Muito importante é estudar a estrutura das Sociedades Simples, pois será a base de quase
todos os tipos societários no caso de omissão.
Portanto, o mais interessante foi perceber que alguns institutos previstos para as sociedades
simples não aparecem nas demais sociedades, assim, no momento de estudo precisamos sempre
compará-los, porque poderão ser aplicados supletivamente quando previsto em lei.
OBS: Tendo em vista que as S/A são formalizadas por Estatuto com
regramento próprio, as regras das sociedades simples são, na maioria
das vezes, aplicadas em grande quantidade às LTDA. Sendo assim,
iremos confrontar os dois institutos para trabalharmos apenas com as
diferenças, pois é assim que vem sendo cobrado em provas.
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Critério: Leva em conta o grau de dependência da sociedade em relação às qualidades
subjetivas dos sócios (competência, honestidade etc.).
a) Sociedade de pessoas
Quando os atributos dos sócios são relevantes para o sucesso da atividade empresarial,
estamos diante de sociedade de pessoas. Ex.: Sociedade de conserto de computadores.
Nesses casos, os integrantes da sociedade precisam ter garantias acerca do perfil de quem
pretenda integrar o quadro social. Por isso, a alienação de uma cota ou ação dessa sociedade
depende de prévia anuência dos demais sócios.
Ou seja, na sociedade de pessoas os sócios têm o direito de vetar o ingresso de estranho
no quadro associativo. É o caso da sociedade em nome coletivo (N/C) e em comandita simples
(C/S).
É em razão disso que se entende que as quotas sociais das sociedades de pessoas são
impenhoráveis, ou seja, para garantir que um terceiro não venha a fazer parte da sociedade sem
a anuência dos demais integrantes.
O STJ, no entanto, já decidiu de modo diverso ao dizer que as quotas da sociedade limitada
são penhoráveis, mesmo que seja sociedade de pessoa. Argumentos do STJ:
Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros
para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas
em lei.
• O CPC/2015 (art. 833) estabelece quais são os bens impenhoráveis, não estando as
quotas sociais entre eles. Temos ainda no art. 835, IX do CPC/2015 a possibilidade
penhora de ações e quotas de sociedades empresárias.
Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
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terceiros, como funcionários, fornecedores etc. Somente se não houvesse lucros é que poderia
ser feita a penhora das quotas com a liquidação da sociedade (art. 1.026 do CC).
b) Sociedade de capital
Por outro lado, quando as características subjetivas dos sócios forem irrelevantes para o
sucesso da empresa, ou seja, quando somente tem importância o capital investido, nesse caso
estaremos diante de sociedade de capital.
Quanto à sociedade de capital, vige o princípio da livre circulação na participação societária,
ou seja, os integrantes sociais não têm o direito de vetar o ingresso de terceiro estranho. É o caso
da sociedade anônima (S/A) e da sociedade em comandita por ações (C/A).
Esta classificação é importante para falarmos em 03 assuntos:
Sociedade de pessoas Sociedade de Capital
A característica pessoal é importante.
Cessão de Quotas Então precisa de autorização dos A cessão de quotas é livre.
sócios para a cessão das quotas.
Ingresso de herdeiro
em caso de Da mesma forma que a anterior,
O ingresso do herdeiro é livre.
falecimento de precisa de autorização dos sócios.
sócio/acionista
Penhoráveis. Por isso as
Impenhoráveis, pois o ingresso do
quotas de uma S/A são
Penhora de Quotas terceiro estranho pode comprometer o
penhoráveis, por serem uma
funcionamento da sociedade
sociedade de capital.
a) Contrato Social
b) Estatuto Social
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As sociedades contratuais são constituídas em função de interesses particulares, por isso,
a interferência do legislador é mínima, entretanto, nas sociedades institucionais o vínculo dos sócios
não é contratual, mas estatutário, estes cuidam de interesse geral da sociedade como instituição.
Por isso, a intervenção do legislador é importante, principalmente pelo fato destas se
dedicarem, na maioria dos casos, ao macro empreendimento.
Exemplos:
• Sociedade limitada é contratual. Se morrer um sócio, o herdeiro só assume a posição se
quiser (ninguém é obrigado a contratar).
• Sociedade anônima é institucional. Se morrer um acionista, os herdeiros
automaticamente têm as ações, como manda a lei.
a) Responsabilidade ilimitada
b) Responsabilidade limitada
O sócio só responde pelo valor das suas quotas ou ações, não recaindo a dívida sobre seu
patrimônio pessoal, salvo se houver quotas subscritas e não integralizadas. Ex.: Sociedade
anônima.
c) Responsabilidade mista
Pouco importa a nacionalidade dos sócios ou a origem do capital. Para a sociedade ser
considerada brasileira deve preencher os dois requisitos do art. 1.126 do CC:
• A sociedade deve ser organizada de acordo com a lei brasileira.
• Sede da administração deve ser no Brasil.
Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei
brasileira e que tenha no País a sede de sua administração.
O CC não traz definição de sociedade estrangeira. Assim, faltando qualquer dos requisitos,
a sociedade é considerada estrangeira.
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OBS: o art. 1.134 é importantíssimo, fala da sociedade estrangeira:
não importa que tipo de atividade a sociedade estrangeira exerça, ela
somente poderá ser constituída no Brasil, se o poder executivo federal
autorizar.
Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não
pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por
estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos
expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.
Vamos agora ao estudo pormenorizado de cada um dos tipos societários (de sociedades
empresárias).
5. SOCIEDADE SIMPLES
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5.2. PLURIPESSOALIDADE
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies
de sociedades de advogados que apresentem forma ou características de
sociedade empresária, que adotem denominação de fantasia, que realizem
atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de
sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou
totalmente proibida de advogar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de
2016)
Ocorre que, com a autorização dada pela Lei nº 13.874/2019 para que exista sociedade
unipessoal, a previsão do inciso IV deixou de ter sentido. Ora, se uma sociedade, que era composta
por pluralidade de sócios, passou a contar com apenas um único sócio, ela deve se tornar uma
sociedade unipessoal, não havendo motivo para que seja dissolvida. Assim, a Lei nº 14.195/2021
decidiu revogar o inciso IV e o parágrafo único do art. 1.033 do Código Civil.
5.3.1. Conceito
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Trata-se de frações do capital social que conferem ao seu titular o direito de sócio de uma
sociedade.
Tanto a pessoa física quanto a pessoa jurídica podem ser sócios de uma sociedade simples.
Ressalta-se que o incapaz poderá ser sócio, desde que preencha os três requisitos
cumulativos previsto no art. 974, §3º do CC:
Vale destacar que faculta-se a sociedade entre os cônjuges, desde que o regime de bens
seja diverso da comunhão universal de bens ou da separação obrigatória de bens.
JDC CJF204 Art. 977: A proibição de sociedade entre pessoas casadas sob
o regime da comunhão universal ou da separação obrigatória só atinge as
sociedades constituídas após a vigência do Código Civil de 2002 .
• Dinheiro;
• Bens móveis;
• Bens imóveis;
• Prestação de serviços.
Art. 1.006. O sócio, cuja contribuição consista em serviços, não pode, salvo
convenção em contrário, empregar-se em atividade estranha à sociedade,
sob pena de ser privado de seus lucros e dela excluído.
Imagine, por exemplo, que Fernanda possui 50% das quotas, Antônio 30% e Rafaela 20%.
Fernanda e Antônio integralizaram o valor total das quotas, enquanto Rafaela integralizou apenas
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10%. Diante disso, é possível cobrar uma indenização, excluir o sócio remisso ou reduzir a sua
quota.
Está disciplinada no art. 1.003 do CC, só será possível com a modificação do contrato social,
bem como com a autorização dos demais sócios.
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§ 1º É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais
hipóteses, alterar a ordem prevista no caput de acordo com as circunstâncias
do caso concreto.
§ 2º Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança
bancária e o seguro garantia judicial, desde que em valor não inferior ao do
débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.
§ 3º Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a
coisa dada em garantia, e, se a coisa pertencer a terceiro garantidor, este
também será intimado da penhora.
Deve constar no contrato social se os sócios respondem ou não pelas obrigações sociais.
• LIMITADA – o sócio não responde com seus bens particulares sociais por dívidas da
sociedade;
• ILIMITADA – o sócio responde com seus bens pessoais por dívidas da sociedade.
Podendo ser de forma:
Em caso de omissão do contrato social, a responsabilidade será ilimitada (art. 1.023 do CC)
de forma subsidiária (art. 1.024 do CC)
ENUNCIADO 479 Art. 997, VII. Na sociedade simples pura (art. 983, parte
final, do CC/2002), a responsabilidade dos sócios depende de previsão
contratual. Em caso de omissão, será ilimitada e subsidiária, conforme o
disposto nos arts. 1.023 e 1.024 do CC/2002.
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• Direito de participação dos lucros sociais de forma proporcional às suas quotas, salvo
estipulação em contrário.
Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das
perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição
consiste em serviços, somente participa dos lucros na proporção da média do
valor das quotas.
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio
pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias;
se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os
demais sócios optar pela dissolução da sociedade.
É possível a exclusão do sócio remisso, do sócio que cometer falta grave ou que tiver se
tornado incapaz (incapacidade superveniente).
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode
o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais
sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por
incapacidade superveniente.
Parágrafo único. Será de pleno direito excluído da sociedade o sócio
declarado falido, ou aquele cuja quota tenha sido liquidada nos termos do
parágrafo único do art. 1.026.
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As deliberações são tomadas em reunião ou em assembleia.
Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir
sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria
de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um.
§ 1 o Para formação da maioria absoluta são necessários votos
correspondentes a mais de metade do capital.
§ 2 o Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de
empate, e, se este persistir, decidirá o juiz.
§ 3 o Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação
interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove
graças a seu voto.
5.6. ADMINISTRADOR
5.6.1. Nomeação
A administração só pode ser feita por pessoa natural (art. 997, VI)
Caso o contrato seja omisso em relação ao administrador, todos os sócios irão administrar
a sociedade.
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CONTRATO SOCIAL ATO EM SEPARADO
SÓCIO Poderes IRREVOGÁVEIS Poderes REVOGÁVEIS
NÃO SÓCIO Poderes REVOGÁVEIS Poderes REVOGÁVEIS
Atualmente, com a revogação do parágrafo único do art. 1.015 do CC, pela Lei 14.195/2021,
não se fala mais em Teoria Ultra Vires. Portanto, aplica-se a Teoria da Aparência no tocante à
responsabilidade do administrador, cabendo à sociedade responder pelos seus atos.
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Como o tema foi cobrado em concurso?
TRF4 (2022) Na sociedade simples, os herdeiros do cônjuge de sócio
poderão exigir desde logo a parte que lhes couber na quota social. Errada!
Art. 1.041. O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no art.
997, a firma social.
Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas
enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da
falência.
6.2. SÓCIOS
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Não admite incapaz como sócio, eis que os sócios têm contribuição não só pessoal como
patrimonial e os incapazes não podem se obrigar.
Sócios têm ampla liberdade para disciplinar suas relações sociais, desde que não
desnaturem o tipo societário.
É uma sociedade de pessoas, o que significa que depende do consentimento dos demais
sócios a entrada de estranhos ao quadro social.
Firma social, pois é sociedade com responsabilidade ilimitada. Como todos os sócios têm
responsabilidade ilimitada, o nome de qualquer um pode constar da firma social (art. 1.157).
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada
operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar,
bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e
companhia" ou sua abreviatura.
De acordo com o art. 1.042 do CC, a administração só poderá ser feita por sócios.
Art. 1.042. A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios,
sendo o uso da firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os
necessários poderes.
Não pode ser administrada por pessoa jurídica, já que só pessoa física pode ser sócia.
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Art. 1.043. O credor particular de sócio não pode, antes de dissolver-se a
sociedade, pretender a liquidação da quota do devedor.
Parágrafo único. Poderá fazê-lo quando:
I - a sociedade houver sido prorrogada tacitamente;
II - tendo ocorrido prorrogação contratual, for acolhida judicialmente oposição
do credor, levantada no prazo de noventa dias, contado da publicação do ato
dilatório.
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Art. 1.050. No caso de morte de sócio comanditário, a sociedade, salvo
disposição do contrato, continuará com os seus sucessores, que designarão
quem os represente.
7.2. SÓCIOS
Bernardo
Comanditados
Bruno
Sociedade em
comandita
simples
Sabrina
Comandatários
Saulo
O nome empresarial, na espécie firma, só poderá usar Bernardo e Bruno, jamais os nomes
de Sabrina e Saulo, podendo ser:
• Bernardo, Bruno & Cia livros jurídicos;
• Bernardo & Cia livros jurídicos
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• Bruno & Cia livros jurídicos
Comanditado → Advogado (com responsabilidade maior).
Tanto a pessoa natural quanto a pessoa jurídica poderão ser sócias, não há restrição aqui.
Possui responsabilidade limitada ao preço de sua quota.
Não poderá administrar a sociedade e nem emprestar seu nome ao nome empresarial. Caso
o faça, sua responsabilidade será ilimitada.
RELEMBRANDO: Neste tipo de sociedade, é necessário SEMPRE ter as duas categorias
de sócio. A ausência de uma das categorias implica que, em 180 dias, seja recomposta a categoria
faltante.
Faltando a categoria comanditado, não poderá o comanditário exercer a administração,
haverá a necessidade de designação de um administrador provisório.
Parágrafo único. Na falta de sócio comanditado, os comanditários nomearão
administrador provisório para praticar, durante o período referido no inciso II
e sem assumir a condição de sócio, os atos de administração
8. SOCIEDADE LIMITADA
O Código Civil trata a sociedade limitada em capítulo próprio, devendo, nos casos de
omissão, ser aplicada as regras da sociedade simples.
Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas
normas da sociedade simples.
Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da
sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima.
E a regência supletiva da LSA (Lei 6.404/76 - Lei de sociedades por ações), é aplicável?
É aplicável, desde que o contrato social assim preveja (art. 1.053, parágrafo único do CC). Ou seja,
em havendo essa previsão expressa, as regras da sociedade simples são afastadas para a
aplicação supletiva das regras da LSA (especificamente as regras da sociedade anônima).
É a situação que Ulhôa Coelho chama de “duas limitadas”, pois o CC permite que a limitada
seja regida nos casos de omissão pelas regras da sociedade simples (limitada de vínculo instável)
ou pelas regras da LSA (limitada de vínculo estável). Essa instabilidade decorre da possibilidade de
na sociedade simples o sócio se retirar imotivadamente, o que não ocorre nas S/A.
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Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/SP (2021) As omissões do seu regime legal são, em qualquer hipótese,
supridas pelas normas de sociedades anônimas. Errada!
TJ/GO (2021) A sociedade limitada pode ser constituída por uma ou mais
pessoas; se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do
sócio único, no que couber, as disposições do contrato social. Correta!
8.2. CARACTERÍSTICAS
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Conforme Ulhôa Coelho, a “affectio societatis” é a disposição dos sócios em formar e manter
a sociedade uns com os outros. Quando não existe ou desaparece esse ânimo, a sociedade não
se constitui ou deve ser dissolvida.
Trata-se da vontade comum entre os sócios. O ajuste de vontade entre os sócios.
É constituída por meio de contrato social, que exige, para ter plena validade, o
preenchimento de certos requisitos e pressupostos.
O incapaz pode ser sócio de sociedade limitada? SIM, desde que preencha determinados
requisitos:
- Estar devidamente assistido ou representado
- Não pode exercer a administração;
- Capital social deve estar totalmente integralizado. Do contrário, ele pode ser
responsabilizado solidariamente pela cota não integralizada de outro sócio.
Art. 974, § 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas
Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade
que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os
seguintes pressupostos:
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;
II – o capital social deve ser totalmente integralizado;
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente
incapaz deve ser representado por seus representantes legais.
b) Objeto lícito
Ex.: Sociedade para exercer atividade de prostituição ou bingo. O ato constitutivo dessas
sociedades é nulo, pois ilícito o objeto (art. 166, II do CC).
c) Forma legal
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A forma legal pode ser um instrumento particular ou instrumento público (escritura pública).
Em regra, o instrumento (particular ou público) exige o visto do advogado, sob pena de
nulidade absoluta do contrato (EAOB - Lei 8.906/94).
EXCEÇÃO: Ato constitutivo de ME ou EPP não precisa do visto.
Os requisitos específicos são extraídos do próprio conceito de contrato social previsto no art.
981 do CC, in verbis:
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se
obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade
econômica e a partilha, entre si, dos resultados.
- Bens (móveis ou imóveis): Quem integraliza com bens responde pela evicção.
IMPORTANTE: art. 1.055, §1º do CC:
Art. 1.055, § 1º Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social
respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da
data do registro da sociedade.
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Ex.: Sócio que integraliza sua cota de 30mil com uma casa que diz valer 30mil.
Posteriormente, verifica-se que o valor da casa é de 10mil. Nesse caso, todos os sócios respondem
solidariamente pelos 20mil faltantes.
OBS: Quando o sócio integraliza com bem imóvel, em tese deveria incidir o ITBI sobre a
operação (art. 156, II da CF). Entretanto, o §2º traz uma hipótese de imunidade para esse caso
específico.
Art. 156,
§ 2º - O imposto previsto no inciso II:
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao
patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a
transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos,
locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;
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JDC CJF204 Art. 977: A proibição de sociedade entre pessoas casadas sob
o regime da comunhão universal ou da separação obrigatória só atinge as
sociedades constituídas após a vigência do Código Civil de 2002 .
DNRC PJ 125/03 [...] De outro lado, em respeito ao ato jurídico perfeito, essa
proibição não atinge as sociedades entre cônjuges já constituídas quando da
entrada em vigor do Código, alcançando, tão somente, as que viessem a ser
constituídas posteriormente. Desse modo, não há necessidade de se
promover alteração do quadro societário ou mesmo da modificação do regime
de casamento dos sócios-cônjuges, em tal hipótese.
Todos os sócios devem participar dos resultados da sociedade, positivos ou negativos. Uma
cláusula contratual que exclua algum sócio dos lucros ou perdas é nula de pleno direito.
ATENÇÃO: Excluir não é o mesmo que limitar. Assim, nada impede que um sócio tenha
0,001% de participação.
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Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado,
contrário ao disposto no instrumento do contrato.
Ex: Sociedade com capital social de 100mil (totalmente integralizado) e com dívidas de
200mil. Os 100mil faltantes não podem atingir o patrimônio pessoal dos sócios. Cada sócio será
responsável apenas pelo valor que integralizou.
Situação diferente ocorre com o chamado SÓCIO REMISSO, que é aquele que não
integraliza total ou parcialmente suas quotas sociais (aquele que não integraliza o total do capital
subscrito).
Se um dos sócios deixa de integralizar suas quotas, os demais respondem solidariamente
sobre o que foi subscrito e não integralizado pelo sócio remisso. Há direito de regresso contra o
sócio remisso.
Ex.: Sociedade limitada entre ‘A’ (50%) e ‘B’ (50%), com capital social de 100mil. ‘A’
integraliza 50mil (total das quotas); ‘B’ integraliza apenas 25mil (sócio remisso). Se a sociedade tem
dívida de 100mil, os 25mil faltantes podem ser cobrados tanto de ‘A’ quanto de ‘B’, pois a
responsabilidade pela integralização do capital social é solidária. Obviamente, se ‘A’ pagar os 25mil
faltantes, poderá cobrar o valor em ação de regresso contra ‘B’.
É por isso que o CC só permite que o incapaz seja sócio em sociedade limitada com capital
totalmente integralizado, pois do contrário poderia ser cobrado pelo valor não integralizado pelo
sócio remisso.
Esquematizando:
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1º CONTEXTO 2º CONTEXTO
LTDA CREDORES DA LTDA
Cada sócio responderá por suas quotas Solidariedade pela integralização do capital
social.
Ao tornar-se sócio de uma LTDA, o sócio possui Os credores da LTDA podem cobrar de
o dever de integralizar o capital social. Assim, a qualquer sócio a integralização do capital.
LTDA será credora do sócio remisso (está em
mora com a contribuição).
Exemplos:
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Nessas hipóteses, TODOS OS SÓCIOS respondem de forma subsidiária (benefício de
ordem), mas ilimitadamente.
Em outras situações, também há mitigação da regra que limita a responsabilidade dos
sócios, entretanto, nesses casos a responsabilidade não recairá sobre a totalidade de sócios.
Vejamos quais são essas situações:
• Art. 1.080 do CC. A responsabilidade ilimitada não é de TODOS os sócios, mas só
daqueles que deliberaram contra a lei ou contra o contrato.
Ex.: Contrato veda a prestação de fiança e aval. Na assembleia aprovam o aval. Nesse caso,
somente aqueles que aprovaram responderão ilimitadamente pelas dívidas do avalizado.
• No caso de dívidas tributárias (art. 135, III do CTN), a responsabilidade ilimitada recai
pessoalmente sobre o Administrador da Sociedade (somente ele). Não é tecnicamente um caso de
desconsideração de pessoa jurídica, mas sim de imputação direta de responsabilidade.
(Santa Cruz)
A regra é a mesma para a dívida tributária resultante da Seguridade Social (lei 8.620/93
tentou criar regra específica ampliando a responsabilidade dos administradores etc., entretanto STJ
considerou desprovida de aplicabilidade).
Mas a falta de pagamento de tributo não seria, por si só, uma infração à lei, de modo há
sempre ensejar a responsabilidade ilimitada do administrador?
STJ: Quando a sociedade deixa de pagar a dívida por não ter recursos suficientes, diz que
há INADIMPLÊNCIA. Nesse caso, o Administrador não responde pessoalmente pela dívida.
Quando a sociedade tem recursos, mas não paga os tributos por outros motivos, diz que há
SONEGAÇÃO. Nesse caso, o Administrador responde pessoalmente.
Ressalta-se que a Súmula 435 do STJ acrescentou como mais uma hipótese: a dissolução
irregular da sociedade. Desta forma, pode-se afirmar que o mero inadimplemento tributário NÃO
acarreta a responsabilidade do sócio.
*CDA: se o nome do sócio consta também da CDA, não se trata de típico redirecionamento,
e o ônus da prova de inexistência de infração de lei, contrato social ou estatuto é do sócio, eis que
a CDA goza de presunção de liquidez e certeza.
• Art. 1.003, parágrafo único. Cessão de quotas.
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Art. 1.003, Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação
do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a
sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio.
• Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidas
sociais anteriores à admissão.
Quando o sujeito entra na sociedade, deve estar ciente das dívidas, pois certamente irá
responder por elas, nos limites de suas quotas, obviamente.
Ou seja:
• Cessão de quotas para um sócio: Não é necessária a autorização de ninguém.
• Cessão de quotas para um estranho: Só é possível se não houver a oposição de
mais ¼ do capital social.
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De acordo com o art. 1.055 do CC, as quotas podem ser iguais ou desiguais quanto ao valor.
Ex: Sociedade com capital social de 100mil dividido em quotas no valor de 1 real.
Sócio ‘A’ tem 60%. 60mil quotas
Sócio ‘B’ tem 40%. 40mil quotas.
Aqui as quotas têm o mesmo valor. É a forma mais comum, até pela facilidade.
Ex2: Sociedade com capital social de 100mil.
Sócio A tem 60%. 1 cota no valor de 60mil.
Sócio B tem 40%. 1 cota no valor de 40mil.
Aqui as quotas são desiguais.
a) Participação nos lucros sociais: Que além de direito é um requisito específico de validade
do contrato social.
b) Fiscalização da Administração
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Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio
pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias;
se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os
demais sócios optar pela dissolução da sociedade.
e) Direito de preferência.
Conforme o art. 1.072 do CC, as deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010
(que traz as regras de votação), serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto
no contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos em lei (art.
1071) ou no contrato.
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REGRA: Deliberações PODEM ser tomadas em assembleia ou em reunião, conforme
previsão contratual.
EXCEÇÃO: Se forem mais de 10 sócios (11 ou mais - um time de futebol), as deliberações
só podem ser tomadas em assembleia (Art. 1.072, §1º).
Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010,
serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto no contrato
social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos
em lei ou no contrato.
§ 1o A deliberação em assembleia será obrigatória se o número dos sócios
for superior a dez.
A grande diferença entre assembleia e reunião diz respeito às disposições legais. O CC, a
partir do art. 1.074 dispõe sobre uma série de regras relativas às Assembleias. Doutro lado, o art.
1.079 permite que o contrato social disponha livremente sobre as reuniões, sendo-lhes aplicadas
as regras das assembleias somente quando da omissão contratual (é o que mais acontece na
prática).
Art. 1.079. Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no contrato,
o estabelecido nesta Seção sobre a assembleia, obedecido o disposto no §
1o do art. 1.072.
As regras de votação são previstas no art. 1.010 (regras relativas às sociedades simples),
in verbis:
Art. 1.010 Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir
sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria
de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um.
§ 1º Para formação da maioria absoluta são necessários votos
correspondentes a mais de metade do capital.
§ 2º Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de
empate, e, se este persistir, decidirá o juiz.
§ 3º Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação
interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove
graças a seu voto.
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1) A deliberação pode ser por escrito, quando subscrita por TODOS os sócios (CC, art.
1.072, §3º).
§ 3o A reunião ou a assembleia tornam-se dispensáveis quando todos os
sócios decidirem, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas.
É a possibilidade que o sócio tem de retirar-se da sociedade. Esse direito deve estar
diretamente relacionado com a regra do art. 1.029 do CC, ou seja, tudo depende do contrato:
a) Contrato com prazo determinado: A saída só é possível com justa causa, que deve ser
provada em juízo.
b) Contrato com prazo indeterminado: A saída pode ser imotivada. A lei só exige que ocorra
a notificação dos demais sócios com antecedência mínima de 60 dias. É uma forma de não pegar
os demais sócios desprevenidos (manifestação da boa-fé objetiva).
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio
pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias;
se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os
demais sócios optar pela dissolução da sociedade. (Especial importância
em sociedades pessoais, contrariamente ao que ocorre nas sociedades
de capital)
Exemplo: Sociedade com prazo: Lanchonete na festa do mar. Se o sócio resolvesse sair
sem justificativa, iria ser altamente prejudicial para a sociedade e consequentemente para os
demais sócios.
➔ QUESTÃO: caso a sociedade limitada opção pela aplicação das normas das
sociedades anônimas à sua gestão, permanece o direito de retirada (recesso) previsto no
Código Civil?
Sim. O STJ tem entendido que é direito do sócio retirar-se imotivadamente de sociedade
limitada regida de forma supletiva pelas normas da sociedade anônima
O art. 1.029 do Código Civil prevê que, se a sociedade empresária
for por prazo indeterminado, o sócio terá o direito de se retirar, de forma
imotivada, sem que seja necessária, para tanto, a propositura de ação de
dissolução parcial.
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Vale ressaltar que a sociedade limitada possui regras próprias
previstas nos arts. 1.052 a 1.087 do CC. Além disso, aplicam-se às
sociedades limitadas, supletivamente, as regras da sociedade simples (arts.
997 a 1.038) ou da sociedade anônima (Lei nº 6.404/76), se o contrato social
assim estipular (art. 1.053, parágrafo único, CC).
O sócio tem total direito de fiscalizar os atos praticados pela Administração da sociedade.
Geralmente, é o contrato social que disciplina a forma que ocorre a fiscalização.
IMPORTANTE: É possível na sociedade limitada a instituição de um Conselho Fiscal.
Entretanto, não é um órgão obrigatório (como na S/A), conforme dispõe o art. 1.066 do CC, in
verbis:
Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o
contrato instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e
respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na
assembleia anual prevista no art. 1.078.
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8.11. INFLUÊNCIA DOS SÓCIOS MINORITÁRIOS NA FORMAÇÃO DO CONSELHO FISCAL
Como em outras passagens, o Código Civil buscou incluir a participação das minorias na
formação de órgãos importantes na tomada de decisão da sociedade.
Assim, é assegurado aos sócios minoritários, que representarem pelo menos um quinto
do capital social, o direito de eleger, separadamente, um dos membros do conselho fiscal e o
respectivo suplente (art. 1.066, §2º).
Em caso de aumento de capital social, surgem novas quotas sociais. Quem tem preferência
para adquirir as novas quotas são os sócios.
Art. 1.081. Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas,
pode ser o capital aumentado, com a correspondente modificação do
contrato.
§ 1o Até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para
participar do aumento, na proporção das quotas de que sejam titulares.
A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no contrato social
ou em ato separado (Art. 1.060).
Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas
designadas no contrato social ou em ato separado.
Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos os sócios não
se estende de pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade.
Administrador não-sócio:
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- Se o capital não estiver totalmente integralizado → No mínimo 2/3 dos sócios.
O mandato do administrador pode ter prazo determinado ou indeterminado, a depender da
previsão do ato que o designou (contrato ou ato separado).
Contrato Em ato
Social Separado
Quórum de
aprovação
Totalmente
Não integralizado
integralizado
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Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/MG (2022) Uma sociedade empresária limitada composta por 16
(dezesseis) sócios reuniu-se em assembleia para designar administradores
em ato separado e o modo de sua remuneração. Todos os sócios se
declararam cientes do local, data, hora e ordem do dia. Para aprovação da
matéria indicada - designação de administradores por ato em separado e o
modo de sua remuneração quando não estabelecidos no contrato - serão
necessários votos correspondentes a mais de metade do capital social.
Correta!
Esse artigo só menciona caracteres das pessoas físicas. O legislador omitiu caracteres da
pessoa jurídica intencionalmente.
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Em princípio, os atos praticados pelo Administrador são de responsabilidade da Sociedade.
ENTRETANTO, se o administrador agir com dolo ou culpa no desempenho de suas funções aplica-
se o art. 1.016 do CC, in verbis:
Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a
sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas
funções.
Ato ‘ultra vires’ é aquele praticado pelo administrador, além das forças a ele atribuídas pelo
contrato social, ou seja, com extrapolação dos limites de seus poderes estatutários. Segundo esta
teoria, não é imputável à sociedade o ato ultra vires, devendo somente o administrador responder
por eles. Tratava-se da regra presente no art. 1.015, parágrafo único do CC.
Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos
os atos pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a
oneração ou a venda de bens imóveis depende do que a maioria dos sócios
decidir.
Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode ser
oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:
I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio
da sociedade;
II - provando-se que era conhecida do terceiro;
III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da
sociedade.
O excesso por parte dos administradores somente poderia ser oposto a terceiros se
ocorresse pelo menos uma das seguintes hipóteses:
I - Se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no contrato social
Exemplo: Contrato social estabelece que o Administrador não pode prestar fiança nem aval.
Vai o Administrador e realiza uma fiança em nome da sociedade. Se o afiançado não paga, quem
vai arcar com a dívida é o Administrador de forma pessoal, excluindo-se a sociedade da relação.
II - Provando-se que o terceiro que contratou com a sociedade sabia que o Administrador
não tinha poderes para tanto
Exemplo: Ex-Administrador da sociedade (agora terceiro) contrata com esta, sabendo que o
objeto da contratação ia além dos poderes do atual Administrador.
III - Tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade.
Redação muito criticada pela doutrina.
Exemplo: Sócio administrador de padaria compra tintas para pintar a padaria. Esse ato é
estranho aos negócios da sociedade. Deveria então o administrador responder pessoalmente pelo
débito?
Concluindo: o CC/2002 adotava expressamente a Teoria ‘ultra vires’, no entanto, conforme
a doutrina, tal previsão legal andou na contramão da jurisprudência.
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A 14.195/2021 revogou o parágrafo único do art. 1.015 do CC, acabando com as três
exceções acima explicadas. Essas exceções recebiam críticas de parcela significativa da doutrina.
Isso porque elas enfraqueciam a proteção que deve ser conferida ao terceiro de boa-fé que
contratava com a sociedade. Além disso, tais exceções contribuíam para uma situação de
insegurança jurídica.
Em suma:
• A sociedade responde pelos atos de seus administradores, ainda que estes
tenham extrapolado seus poderes e atribuições.
• As três exceções a essa regra, que eram previstas no parágrafo único do art. 1.015
do CC, foram revogadas. O objetivo foi o de prestigiar, ainda mais, a boa-fé do
terceiro com quem os atos foram praticados e resguardar a segurança jurídica das
relações.
Com a Lei nº 14.195/2021, o ordenamento jurídico brasileiro abandonou a teoria ultra vires.
a) Vontade dos sócios: Deliberação que decide pela saída não contenciosa de alguns (s)
sócios (s).
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b) Falecimento do sócio: Morrendo o sócio, os herdeiros não ficam obrigados a ingressar na
sociedade, podendo promover a liquidação das quotas do de cujus.
c) Direito de retirada;
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio
pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias;
se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os
demais sócios optar pela dissolução da sociedade.
e) Exclusão de sócio
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode
o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais
sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por
incapacidade superveniente.
• Sócio remisso (art. 1.004, parágrafo único). Pode ser realizada extrajudicialmente.
• Falta grave do sócio, mediante decisão judicial (art. 1.030);
Exemplo de falta grave: concorrência desleal.
• Incapacidade superveniente do sócio, mediante decisão judicial (art. 1.030)
OBS: Diz a doutrina que a incapacidade só é causa de exclusão nas sociedades de
pessoas; e não nas de capitais. Ver acima.
• Sócio minoritário, se presentes todos os seguintes requisitos (art. 1.085):
a) Atos de inegável gravidade;
b) Coloque em risco a empresa;
c) Previsão expressa no contrato de exclusão por justa causa;
OBS: A exclusão ocorre mediante simples alteração do contrato, ou seja, é uma
medida extrajudicial.
d) Assembleia ou reunião, especialmente, convocada para esse fim, sendo
assegurado o direito de defesa do sócio (parágrafo único) – por maioria absoluta,
mais da metade do capital social.
Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos sócios,
representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou
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mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de
atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante
alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa
causa.
Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios na
sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser determinada em
reunião ou assembleia especialmente convocada para esse fim, ciente o
acusado em tempo hábil para permitir seu comparecimento e o exercício do
direito de defesa. (Redação dada pela Lei nº 13.792, de 2019).
Salienta-se que a Lei 13.792/2019 alterou a redação do parágrafo único do art. 1.085,
prevendo que se na sociedade empresária houver apenas dois sócios, a exclusão de um sócio não
precisa ser feita em reunião ou assembleia especialmente convocada para esse fim.
Em não sendo observados TODOS os requisitos, a exclusão será NULA.
TJ/BA (2019) A resolução de uma sociedade simples pode ocorrer por morte
do sócio, se não houver disposição diferente no contrato social, ou por
exclusão judicial do sócio devido a falta grave no cumprimento de obrigações
societárias. Correta!
Se for sociedade por tempo DETERMINADO, somente a unanimidade dos sócios pode
dissolvê-la; se for por tempo indeterminado, basta a vontade da maioria absoluta. A jurisprudência
tem admitido que apenas um sócio (ainda que minoritário) continue na sociedade (princípio da
conservação da empresa), desde que constitua novo sócio dentro do prazo legal.
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Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
II - o consenso unânime dos sócios; (prazo determinado)
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo
indeterminado;
Se chegar ao fim do prazo e não for providenciada a dissolução (não entrar em liquidação),
haverá a prorrogação da sociedade por prazo indeterminado. Nesse caso, entretanto, a sociedade
passará a ser IRREGULAR, sendo-lhe aplicáveis as regras da sociedade em comum.
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição
de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará
por tempo indeterminado;
c) Falência da sociedade;
Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas
enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da
falência.
Inexequibilidade nada mais é do que a ausência de mercado. Ex: Loja que vende antena
VHF.
Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de
qualquer dos sócios, quando:
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.
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Além dessas hipóteses, o próprio ato constitutivo pode prever outras causas de dissolução
total da sociedade.
Como o tema foi cobrado em concurso?
Delegado Polícia Federal (2021) A dissolução de sociedade limitada
constituída por prazo indeterminado deve ocorrer por consenso unânime dos
sócios. Errada!
9.1. CONCEITO
• Sociedade institucional, ou seja, o seu ato constitutivo não é um contrato, mas sim
um estatuto social (mais formal que um contrato).
• Sociedade empresária (sempre!), nos termos do art. 982, parágrafo único do CC.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade
que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a
registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária
a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
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Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação integrada
pelas expressões “sociedade anônima” ou “companhia”, por extenso ou
abreviadamente, facultada a designação do objeto social. (Redação dada
pela Lei nº 14.382, de 2022).
Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador,
acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da
empresa.
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Companhia aberta: É aquela em que seus valores mobiliários (ações) são admitidos à
negociação no mercado de valores mobiliários (bolsa de valores).
Companhia fechada: É aquela em que seus valores mobiliários NÃO são admitidos à
negociação do mercado de valores mobiliários.
Não se quer dizer que as ações não são negociáveis. Somente não o são em mercado de
valores mobiliários.
O mercado de valores mobiliários se subdivide em:
Bolsa de valores: São entidades privadas constituídas sob a forma de associações civis ou
sociedades anônimas, tendo por membros corretoras de valores mobiliários. Conquanto sejam
privadas, sua criação depende de autorização do Banco Central, bem como seu funcionamento é
supervisionado pela CVM (Comissão de valores mobiliários). Esse controle se explica pelo fato de
as Bolsas de Valores exercerem um serviço público de grande relevância na economia interna.
Fábio Ulhôa: Se alguém quer comprar ou vender veículos, é mais fácil ir até um feirão, onde
só existem interessados nesses negócios, do que negociar por fora. A bolsa de valores é como um
feirão de valores mobiliários. A função da bolsa é aumentar o fluxo de negociação de valores
mobiliários.
CVM: É uma entidade autárquica federal com qualidade de agência reguladora, vinculada
ao Ministério da Fazenda. É dotada de autoridade administrativa.
Mercado de balcão: Compreende todas as operações realizadas fora da bolsa de valores.
Ocorre quando o sujeito compra ações diretamente de uma corretora de valores ou de uma
instituição financeira autorizada. O mercado de balcão pode realizar tanto mercado primário quanto
mercado secundário. Vejamos:
• Mercado primário: Quando a operação ocorre entre a CIA emissora e o investidor
(ações compradas diretamente da S/A).
• Mercado secundário: Quando a operação ocorre entre investidores.
IMPORTANTE: O mercado primário só ocorre com o mercado de balcão; já o mercado
secundário pode ser tanto de balcão quanto na bolsa de valores. Ou seja, na Bolsa de Valores só
existe o mercado secundário, em que um investidor emite um título para outro investidor.
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Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para
as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social.
1) Subscrição, pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital
social fixado no Estatuto.
A subscrição é o contrato pelo qual uma pessoa se torna titular de ação emitida por uma
S/A.
Exceções em que se admite a unipessoalidade: Empresa pública (Ente político como único
acionista) ou Subsidiária integral.
Subsidiária integral (art. 251 da LSA): É um tipo de sociedade anônima que admite um único
acionista, que necessariamente será uma sociedade nacional. Ex: Transpetro. Subsidiária integral.
Tem como único acionista a Petrobras. Itaú S/A, tem como único acionista Itaú Holding.
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública, tendo
como único acionista sociedade brasileira.
§ lº A sociedade que subscrever em bens o capital de subsidiária integral
deverá aprovar o laudo de avaliação de que trata o artigo 8º, respondendo
nos termos do § 6º do artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo único.
§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária integral mediante
aquisição, por sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou nos termos
do artigo 252.
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Nas cias abertas, todo capital deve ser subscrito, sob pena de cancelamento do registro
de emissão anteriormente concedido pela CVM.
Art. 86. Encerrada a subscrição e havendo sido subscrito todo o capital
social, os fundadores convocarão a assembleia-geral que deverá:
I - promover a avaliação dos bens, se for o caso (artigo 8º);
II - deliberar sobre a constituição da companhia.
Parágrafo único. Os anúncios de convocação mencionarão hora, dia e local
da reunião e serão inseridos nos jornais em que houver sido feita a
publicidade da oferta de subscrição.
Art. 89. A incorporação de imóveis para formação do capital social não exige
escritura pública.
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Art. 92. Os fundadores e as instituições financeiras que participarem da
constituição por subscrição pública responderão, no âmbito das respectivas
atribuições, pelos prejuízos resultantes da inobservância de preceitos legais.
Parágrafo único. Os fundadores responderão, solidariamente, pelo prejuízo
decorrente de culpa ou dolo em atos ou operações anteriores à constituição.
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Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término
do exercício social, deverá haver 1 (uma) assembleia-geral para:
I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as
demonstrações financeiras;
II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição
de dividendos;
III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o
caso;
IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167).
IMPORTANTE: Todo e qualquer tema que não seja esses 04 só poderá ser objeto de
assembleia geral extraordinária.
2) Extraordinária: Todo e qualquer tema que não seja os 04 acima.
Ex.: Destituição de administrador (art. 122 da LSA).
Art. 131. A assembleia-geral é ordinária quando tem por objeto as matérias
previstas no artigo 132, e extraordinária nos demais casos.
Parágrafo único. A assembleia-geral ordinária e a assembleia-geral
extraordinária poderão ser, cumulativamente, convocadas e realizadas no
mesmo local, data e hora, instrumentadas em ata única.
O quórum de instauração será de ¼ do total dos votos das ações de direito a voto.
Quórum de aprovação
Quórum qualificado
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I - criação de ações preferenciais ou aumento de classe de ações
preferenciais existentes, sem guardar proporção com as demais classes de
ações preferenciais, salvo se já previstos ou autorizados pelo
estatuto;
II - alteração nas preferências, vantagens e condições de resgate ou
amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais, ou criação de
nova classe mais favorecida;
III - redução do dividendo obrigatório;
IV - fusão da companhia, ou sua incorporação em outra;
V - participação em grupo de sociedades (art. 265);
VI - mudança do objeto da companhia;
VII - cessação do estado de liquidação da companhia;
VIII - criação de partes beneficiárias;
IX - cisão da companhia;
X - dissolução da companhia.
§ 1º Nos casos dos incisos I e II, a eficácia da deliberação depende de prévia
aprovação ou da ratificação, em prazo improrrogável de um ano, por titulares
de mais da metade de cada classe de ações preferenciais prejudicadas,
reunidos em assembleia especial convocada pelos administradores e
instalada com as formalidades desta Lei.
§ 2º A Comissão de Valores Mobiliários pode autorizar a redução do quórum
previsto neste artigo no caso de companhia aberta com a propriedade das
ações dispersa no mercado e cujas 3 (três) últimas assembleias tenham sido
realizadas com a presença de acionistas que representem menos da metade
do total de votos conferidos pelas ações com direito a voto.
§ 2º-A Na hipótese do § 2º deste artigo, a autorização da Comissão de
Valores Mobiliários será mencionada nos avisos de convocação e a
deliberação com quórum reduzido somente poderá ser adotada em terceira
convocação.
§ 3º O disposto nos §§ 2º e 2º-A deste artigo aplica-se também às
assembleias especiais de acionistas preferenciais de que trata o § 1º deste
artigo.
§ 4º Deverá constar da ata da assembleia-geral que deliberar sobre as
matérias dos incisos I e II, se não houver prévia aprovação, que a deliberação
só terá eficácia após a sua ratificação pela assembleia especial prevista no §
1º.
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Por que é obrigatório? Qual a finalidade do Conselho de Administração?
O art. 142 da LSA estabelece a competência do Conselho, dentre as principais atribuições:
• A Eleição e destituição dos membros da diretoria. (Não confundir: à AGO compete
eleição e destituição dos administradores e Conselho fiscal)
• Estabelecimento das diretrizes e planejamento da S/A;
• Supervisão dos atos da Diretoria.
Nas exceções percebe-se um interesse público envolvido, por isso exige-se o Conselho de
Administração, para supervisionar os atos da diretoria.
Art. 142. Compete ao conselho de administração:
I - fixar a orientação geral dos negócios da companhia;
II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições,
observado o que a respeito dispuser o estatuto;
III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e
papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em
via de celebração, e quaisquer outros atos;
IV - convocar a assembleia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do
artigo 132;
V - manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria;
VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto
assim o exigir;
VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou
de bônus de subscrição;
VIII – autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens
do ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de
garantias a obrigações de terceiros;
IX - escolher e destituir os auditores independentes, se houver.
§ 1o Serão arquivadas no registro do comércio e publicadas as atas das
reuniões do conselho de administração que contiverem deliberação destinada
a produzir efeitos perante terceiros.
§ 2o A escolha e a destituição do auditor independente ficará sujeita a veto,
devidamente fundamentado, dos conselheiros eleitos na forma do art. 141, §
4o, se houver.
OBS: a CIA aberta pode ser composta por dois acionistas? Não, pois
a CIA Aberta tem que ter Conselho de Administração que deve ter uma
composição mínima de três acionistas.
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No art. 155 §1º temos a proibição do INSIDER TRADING = proibição do trânsito de
informações por parte daqueles que ocupam lugar na diretoria.
Art. 155. O administrador deve servir com lealdade à companhia e manter
reserva sobre os seus negócios, sendo-lhe vedado:
§ 1º Cumpre, ademais, ao administrador de companhia ABERTA, guardar
sigilo sobre qualquer informação que ainda não tenha sido divulgada para
conhecimento do mercado, obtida em razão do cargo e capaz de influir de
modo ponderável na cotação de valores mobiliários, sendo-lhe vedado valer-
se da informação para obter, para si ou para outrem, vantagem mediante
compra ou venda de valores mobiliários.
Responsabilidade do administrador: a ultra vires, que estava prevista para LTDA nunca
se aplicou à S/A? Enunciado 219 do CJF
219 Art. 1.015: Está positivada a teoria ultra vires (NÃO MAIS, conforme já
mencionado) no Direito brasileiro, com as seguintes ressalvas: (a) o ato ultra
vires não produz efeito apenas em relação à sociedade; (b) sem embargo, a
sociedade poderá, por meio de seu órgão deliberativo, ratificá-lo; (c) o Código
Civil amenizou o rigor da teoria ultra vires, admitindo os poderes implícitos
dos administradores para realizar negócios acessórios ou conexos ao objeto
social, os quais não constituem operações evidentemente estranhas aos
negócios da sociedade; (d) não se aplica o art. 1.015 às sociedades por
ações, em virtude da existência de regra especial de responsabilidade
dos administradores (art. 158, II, Lei n. 6.404/76).
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II - com violação da lei ou do estatuto.
9.5.3. Diretoria
1) Composição
Art. 146. Apenas pessoas naturais poderão ser eleitas para membros dos
órgãos de administração.
§ 1o A ata da assembleia-geral ou da reunião do conselho de administração
que eleger administradores deverá conter a qualificação e o prazo de gestão
de cada um dos eleitos, devendo ser arquivada no registro do comércio e
publicada.
§ 2º A posse de administrador residente ou domiciliado no exterior fica
condicionada à constituição de representante residente no País, com poderes
para, até, no mínimo, 3 (três) anos após o término do prazo de gestão do
administrador, receber:
I - citações em ações contra ele propostas com base na legislação societária;
e
II - citações e intimações em processos administrativos instaurados pela
Comissão de Valores Mobiliários, no caso de exercício de cargo de
administração em companhia aberta.
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diretor a representação da companhia e a prática dos atos necessários ao
seu funcionamento regular.
1) Composição
Interpretação:
- O Conselho Fiscal é órgão de existência obrigatória, porém seu funcionamento é
facultativo, o qual deverá ocorrer mediante deliberação dos acionistas.
EXCEÇÃO:
• Na Sociedade de economia mista o funcionamento também é obrigatório (art. 240 da
LSA).
Art. 240. O funcionamento do conselho fiscal será permanente nas
companhias de economia mista; um dos seus membros, e respectivo
suplente, será eleito pelas ações ordinárias minoritárias e outro pelas ações
preferenciais, se houver.
*Perceba que a existência de tal órgão é obrigatória na S/A que não seja SEM, a outro giro,
instituição de tal órgão é facultativa na sociedade limitada
Cabe ao Conselho fiscalizar os órgãos da administração da sociedade (Conselho
Administrativo e Diretoria), protegendo, assim, os interesses da companhia e de todos os acionistas.
Sua competência é detalhada no art. 163 da LSA.
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Questão de Prova: O Conselho Fiscal é órgão de existência obrigatória, mas de
funcionamento facultativo!
Como o tema foi cobrado em concurso?
TJMG (2022) Na recuperação judicial de companhia aberta, serão
obrigatórios a formação e o funcionamento do conselho fiscal, enquanto durar
a fase da recuperação judicial, incluído o período de cumprimento das
obrigações assumidas pelo plano de recuperação. Correta!
Resumindo:
SOCIEDADE S/A LTDA
Regramento LSA CC
Tipo Empresária. Simples ou empresária
Vínculo Institucional. Contratual
Capitalista.
Espécie Personalística ou capitalista.
Capital aberto/fechado.
Regras da sociedade simples, o
Omissão CC. contrato pode prever a LSA.
Fábio Ulhôa: “duas limitadas”.
-Assembleia de fundação (capital
aberto/fechado).
Instituição Contrato Social
-Escritura pública (somente capital
fechado).
Em nome coletivo e comandita
Outras do mesmo gênero Comandita por ações.
simples.
-Subscrição de pelo menos 2
pessoas.
-Integralização de 10% em
dinheiro.
-Depósito BB ou agência
autorizada pela CVM.
***Fechada:
-Escritura pública de fundação ou
assembleia de fundação.
Restrita ao valor das quotas
(subscritas), mas todos
-Restrita às ações. respondem solidariamente pela
Responsabilidade dos sócios -Disregard doctrine. integralização.
Exceções (responsabilidade
ilimitada)
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*Crédito trabalhista
*INSS
*Disregard Doctrine
*Administrador – teoria da
aparência
*Registro cancelado
*Sociedade entre cônjuges.
-Extraordinária (AGE)
*Tudo que não tiver acima.
-Deliberação subscrita por todos
Dispensa da assembleia -
-ME e EPP
-Prazo determinado: justa causa,
senão → juiz.
Direito de retirada -Livre
-Prazo indeterminado: 60 dias de
antecedência.
Fiscaliza a administração da Fiscaliza a administração da
sociedade. sociedade.
Existência facultativa.
-Mínimo 03, máximo 05.
-Acionistas ou não.
Conselho fiscal
-DEVE residir no BR.
-Existência obrigatória,
-Funcionamento facultativo (exceto
nas SEMs em que tanto existência
como funcionamento são obrigatórios).
-Sócio.
→Conselho de administração:
Administração -Não sócio: previsão no contrato
-Facultativo regra.
e exigências:
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-Obrigatório: sociedade aberta, *Capital integralizado: voto de 2/3
SEMs, ‘Capital autorizado’. do capital.
-Administradores: somente sócio. *Capital não integralizado:
Mínimo 03. Não precisa residir no votação unânime.
BR. Prazo certo: 03 anos com
reeleição. -Sem administrador definido:
cabe aos sócios.
→Diretoria:
-Não precisa ser sócio. Mínimo 01
membro. 03 anos com reeleição.
Trata-se dos títulos de investimento que a sociedade emite para arrecadar recursos. São
eles:
• Ação;
• Debênture;
• “Commercial paper”;
• Bônus de subscrição;
• Partes beneficiárias.
9.7. AÇÃO
9.7.1. Conceito
Ações são frações do capital social que conferem ao seu titular a qualidade de sócio de uma
S/A. Quem tem ação é chamado de acionista, que é o sócio da S/A.
As ações subscritas podem ser pagas em dinheiro, com bens (móveis ou imóveis) ou com
créditos (ex: nota promissória, duplicata etc.).
Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou
em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.
O dever principal do acionista é o de pagar o preço de emissão das ações que subscrever.
O vencimento das prestações será o definido pelo estatuto ou pelo boletim de subscrição (art. 106
da LSA). Se omissos tais instrumentos, os órgãos da administração procederão à chamada dos
subscritores, por avisos publicados na imprensa, por três vezes pelo menos, estabelecendo prazo
não inferior a 30 dias para o pagamento.
Art. 106. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no
estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação correspondente às ações
subscritas ou adquiridas.
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§ 1° Se o estatuto e o boletim forem omissos quanto ao montante da
prestação e ao prazo ou data do pagamento, caberá aos órgãos da
administração efetuar chamada, mediante avisos publicados na imprensa,
por 3 (três) vezes, no mínimo, fixando prazo, não inferior a 30 (trinta) dias,
para o pagamento.
§ 2° O acionista que não fizer o pagamento nas condições previstas no
estatuto ou boletim, ou na chamada, ficará de pleno direito constituído em
mora, sujeitando-se ao pagamento dos juros, da correção monetária e da
multa que o estatuto determinar, esta não superior a 10% (dez por cento)
do valor da prestação.
a) Ações Ordinárias (ON): São aquelas que conferem direitos comuns se sócio ao
acionista. Exemplo de direitos comuns: Participação nos lucros; Fiscalização; direito de retirada etc.
É a espécie de ação que obrigatoriamente deve ser emitida pela CIA, vale dizer, não existe
S/A sem ações ordinárias. Emissão obrigatória.
IMPORTANTE: Toda a ação ordinária confere direito de VOTO ao acionista (LSA, art. 110).
Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da
assembleia-geral.
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A Lei 14.195/2021 trouxe a possibilidade de voto plural ou super voto, mitigando a regra do
art. 110, já que agora uma única ação ordinária pode valer 10 votos.
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c) a transferência ocorrer no regime de titularidade fiduciária para fins de
constituição do depósito centralizado; ou
II - o contrato ou acordo de acionistas, entre titulares de ações com voto plural
e acionistas que não sejam titulares de ações com voto plural, dispor sobre
exercício conjunto do direito de voto.
§ 9º Quando a lei expressamente indicar quóruns com base em percentual
de ações ou do capital social, sem menção ao número de votos conferidos
pelas ações, o cálculo respectivo deverá desconsiderar a pluralidade de
voto.
§ 10. (VETADO).
§ 11. São vedadas as operações:
I - de incorporação, de incorporação de ações e de fusão de companhia
aberta que não adote voto plural, e cujas ações ou valores mobiliários
conversíveis em ações sejam negociados em mercados organizados, em
companhia que adote voto plural;
II - de cisão de companhia aberta que não adote voto plural, e cujas ações ou
valores mobiliários conversíveis em ações sejam negociados em mercados
organizados, para constituição de nova companhia com adoção do voto
plural, ou incorporação da parcela cindida em companhia que o adote.
§ 12. Não será adotado o voto plural nas votações pela assembleia de
acionistas que deliberarem sobre:
I - a remuneração dos administradores; e
II - a celebração de transações com partes relacionadas que atendam aos
critérios de relevância a serem definidos pela Comissão de Valores
Mobiliários.
§ 13. O estatuto social deverá estabelecer, além do número de ações de cada
espécie e classe em que se divide o capital social, no mínimo:
I - o número de votos atribuído por ação de cada classe de ações ordinárias
com direito a voto, respeitado o limite de que trata o caput deste artigo;
II - o prazo de duração do voto plural, observado o limite previsto no § 7º deste
artigo, bem como eventual quórum qualificado para deliberar sobre as
prorrogações, nos termos do § 3º deste artigo; e
III - se aplicável, outras hipóteses de fim de vigência do voto plural
condicionadas a evento ou a termo, além daquelas previstas neste artigo,
conforme autorizado pelo § 6º deste artigo.
§ 14. As disposições relativas ao voto plural não se aplicam às empresas
públicas, às sociedades de economia mista, às suas subsidiárias e às
sociedades controladas direta ou indiretamente pelo poder público.
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TJ/SP (2021) O exercício do direito a voto na companhia pode ser regulado
em acordo de acionistas. Correta!
b) Ações Preferenciais (PN): São aquelas que conferem ao titular uma ação de direitos
diferenciados, que podem se constituir em vantagens econômicas (maioria das vezes) ou políticas.
Vantagem econômica: Quem tem ação preferencial PODE ter prioridade de recebimento de
dividendos, ou seja, o acionista preferencial recebe primeiro os lucros da sociedade. Nesse caso,
somente se sobrar dinheiro é que os acionistas ordinários receberiam.
Outra vantagem econômica: Quem tem ação preferencial pode receber, no mínimo, 10% a
mais de lucros que o acionista ordinário.
Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum
ou alguns dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto,
ou conferi-lo com restrições, observado o disposto no artigo 109.
IMPORTANTE: A ação preferencial das duas uma: ou não tem direito a voto; ou tem o direito
a voto limitado. É a contrapartida às vantagens recebidas.
Vantagem política: Em caso de desestatização de empresa, o Estado transfere o controle
da S/A ao particular. Como quem tem direito a voto é o acionista ordinário, a forma de transferir o
controle da S/A para o particular é colocá-lo na titularidade das ações ordinárias.
Porém, para não perder totalmente o controle da S/A com a transferência das ações
ordinárias para o particular, é facultado ao ente desestatizante a criação da chamada “golden share”
(ação dourada), prevista no art. 17, §7º da LSA com o nome de “ação preferencial de classe
especial”.
Art. 17, § 7º Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada ação
preferencial de classe especial (golden share), de propriedade exclusiva do
ente desestatizante, à qual o estatuto social poderá conferir os poderes que
especificar, inclusive o poder de veto às deliberações da assembleia-geral
nas matérias que especificar.
Se o sujeito fica três exercícios consecutivos sem participar dos lucros (ou até mesmo um
prazo menor, se assim dispuser o estatuto) passa a ter direito de voto. Esse direito perdura até que
ele receba suas vantagens. Depois disso, volta a ser um mero acionista preferencial sem direito a
voto.
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Obs.: de acordo com o art. 15, §1º, as ações preferenciais sempre podem ser divididas em
classes, na cia fechada ou aberta (Classe A – direito tal-, Classe B – direito tal...), cabendo ao
estatuto especificar a gama de direitos e restrições correspondente a cada uma. Já em relação as
ordinárias, só se admite a divisão em classes na companhia fechada.
PROVA: Qual é o número máximo de ações preferenciais sem voto que uma Cia pode
emitir?
No máximo de 50% do total de ações (art. 15, §2º).
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que
confiram a seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição.
§ 1º As ações ordinárias e preferenciais poderão ser de uma ou mais classes,
observado, no caso das ordinárias, o disposto nos arts. 16, 16-A e 110-A
desta Lei.
§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a
restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinquenta por
cento) do total das ações emitidas.
c) Ações de fruição/gozo (art. 44, §5º da LSA): Não tem nada a ver com usufruto de ação.
A palavra-chave para essa forma de ação é “amortização”, que significa antecipação de pagamento.
Quando a S/A sofre uma dissolução total, ela passa pela chamada liquidação. A partir daí
todos os bens da CIA são arrecadados. Posteriormente, os bens são vendidos, sendo a receita da
venda utilizada no pagamento dos credores. Se após o pagamento de todos os credores sobrar
algum dinheiro, dá-se a esse montante o nome de ACERVO. O que se faz com o acervo? Deve ser
repartido entre os acionistas, de acordo com a proporção de cada um.
OBS: Só se fala em acervo quando a sociedade fecha, é dissolvida.
A ação de gozo e fruição nada mais é do que uma ação ordinária ou preferencial que já foi
totalmente amortizada (já houve total antecipação do pagamento do acervo). É importante a
classificação da ação como tal para que o adquirente da ação saiba desde já que não terá direito a
nada no momento da liquidação da sociedade (art. 44, §5º da LSA).
Lógica: evitar o prejuízo do acionista. Imagine que não houvesse esse tipo de ação. O sujeito
recebe os valores do acervo e vende a ação. O adquirente na liquidação se propõe a receber, mas
é informado que a ação já foi amortizada. Prejuízo. A ação de fruição é como se fosse um carimbo
na ação comum – “amortizada”.
V
Ordinária
T
O
Preferencial
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CUIDADO: o direito de voto não é essencial, tanto é que a ação PREFERENCIAL não tem
voto ou tem de forma limitada.
Exemplo:
A - 40% PN
B - 10% PN
C - 30% ON
D - 20% ON
Acionista majoritário: É o A, pois tem o maior número de ações.
Acionista controlador: É o C, pois tem a maioria de ações com Direito de Voto.
Conclusão: Nem sempre o acionista majoritário é o acionista controlador.
Essa regra é prevista no art. 116 da LSA, in verbis:
Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica,
ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle
comum, que:
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente,
a maioria dos votos nas deliberações da assembleia-geral e o poder de
eleger a maioria dos administradores da companhia; e
b) usa efetivamente seu poder (importante) para dirigir as atividades sociais
e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.
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Assim, quando o acordo versar sobre um dos quatro temas acima, tais acordos estarão
sujeitos a uma proteção especificamente liberada pela legislação do anonimato, e o seu registro
junto à companhia implicará nas seguintes modalidades de tutela:
a) a sociedade anônima não poderá praticar atos que contrariem o conteúdo próprio do
acordo;
b) poderá ser obtida a execução específica do avençado, mediante ação judicial.
Dessa forma, se um acionista fez um contrato e concedeu o direito de preferência a outro,
porém vendeu suas ações a um outro acionista, descumprindo o acordo, a companhia não poderá
registrar a transferência de titularidade das ações, caso o acordo se encontre averbado.
Art. 118, § 8o O presidente da assembleia ou do órgão colegiado de
deliberação da companhia não computará o voto proferido com infração de
acordo de acionistas devidamente arquivado.
FRISE-SE: Esse acordo de acionistas, para produzir efeitos perante a S/A, deve ser
arquivado na sede da CIA. É chamado de contrato parassocial.
Vejamos um exemplo:
A - 30% ON
B - 09% ON
C - 21% ON
A e B celebraram um acordo segundo o qual devem votar em João para o Conselho de
Administração.
Chega na Assembleia:
A vota em João.
C em Maria.
B em Maria (contrariando o acordo).
Resultado: Empate 30 a 30.
O que ocorre? O presidente da assembleia ou do órgão colegiado de deliberação da
companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas devidamente
arquivado (LSA, art. 118, §8º).
Nesse caso, ao desconsiderar o voto daquele que infringiu o acordo, ficará 30% X 21% em
favor do João.
Outro exemplo:
A - 31% ON
B - 10% ON
C - 22% ON
Acordo entre B e C para votar em Maria (totalizando 32% do capital votante).
A vota em João (31%).
C vota em Maria (22%).
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B vota em João (10%).
Resultado
Executa-se o acordo para que o sujeito vote conforme o acordo (LSA, art. 118, §3º).
Art. 118, § 3º Nas condições previstas no acordo, os acionistas podem
promover a execução específica das obrigações assumidas.
a) Valor nominal
É o valor do capital social dividido pelo número de ações.
Ex.: Capital social de 1 milhão. Dividido pelo número de ações (1 milhão), cada ação tem o
valor nominal de 1 real.
A Companhia poderá ou não ter ações com valor nominal, a depender do estatuto. A função
de atribuir valor nominal reside na garantia dada ao acionista da não ocorrência de excessiva
diluição do valor patrimonial de suas ações (ver abaixo).
b) Valor patrimonial
É o patrimônio líquido (ativo subtraído do passivo) dividido pelo número de ações. É o valor
devido ao acionista em caso de liquidação ou reembolso.
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o patrimônio líquido da sociedade, o desempenho do setor em que ela atua, a própria conjuntura
macroeconômica etc.
O valor de negociação pode ser maior ou menor que o valor patrimonial, porquanto é de livre
definição pelas partes envolvidas no negócio.
d) Valor econômico
É o valor calculado por avaliadores de ativos, através de técnicas específicas (por exemplo,
a do "fluxo de caixa descontado"), e representa o montante que é racional pagar por uma ação,
tendo em vista as perspectivas de rentabilidade da companhia emissora.
*Diluição acionária
Capital social de 100mil / 100mil ações / Patrimônio líquido é 200mil
- Valor nominal das ações: 1 real.
- Valor patrimonial: 2 reais.
E se a CIA emite mais 50mil ações = 150mil ações.
Se a CIA pede por essas ações o preço de 2 reais (preço de emissão), em nada alterará o
valor patrimonial das antigas ações.
Agora, caso a CIA estabeleça em 1 real o preço de emissão dessas ações, o valor
patrimonial de cada uma das 150mil ações da S/A será reduzido para 1 real. Ou seja, aqueles que
já eram sócios vão acabar sofrendo um prejuízo. A esse prejuízo dá-se o nome de diluição acionária.
Diluição acionária: É o aumento de ações da CIA com preço de emissão inferior ao valor
patrimonial da ação. Ocorrendo isso, o resultado será a diminuição do valor patrimonial das ações.
Essa diluição gera prejuízos ao acionista. Para que o prejuízo não seja tão grande, o art. 13
veda a emissão de ações por preço inferior ao valor nominal. Daí a importância de se fixar o valor
nominal no Estatuto. É uma garantia para o acionista.
A infração dessa regra importará nulidade do ato ou operação e responsabilidade dos
infratores, sem prejuízo da ação penal que no caso couber (art. 13, §1º).
Por outro lado, a contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá
reserva de capital (art. 13, §2º).
Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal.
§ 1º A infração do disposto neste artigo importará nulidade do ato ou operação
e responsabilidade dos infratores, sem prejuízo da ação penal que no caso
couber.
§ 2º A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá
reserva de capital (artigo 182, § 1º).
e) Preço de emissão
É o valor cobrado pela sociedade anônima para a subscrição das ações emitidas. É o preço
pago pelo acionista que subscreve a ação recém-emitida. O preço de emissão tem a finalidade de
mensurar o limite da responsabilidade social do acionista.
O preço de emissão é fixado pelos fundadores, quando da constituição da companhia, e
pela assembleia geral ou pelo conselho de administração, quando do aumento do capital social com
emissão de novas ações. Se a companhia tem o seu capital social representado por ações com
valor nominal, o preço de emissão das ações não poderá ser inferior ao seu valor nominal (sob pena
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de excessiva diluição acionária). E se for superior, a diferença, chamada ágio, constituirá reserva
de capital, que poderá posteriormente ser capitalizada (LSA, arts. 13 e 200, IV).
Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal.
Diz-se essenciais os direitos dos quais o acionista não pode ser privado nem pela
Assembleia-geral nem pelo Estatuto social.
Todos os direitos essenciais são previstos no art. 109 da LSA:
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembleia-geral poderão privar o
acionista dos direitos de:
I - participar dos lucros sociais;
Participação nos lucros: O acionista tem o direito de receber o dividendo, que é a parcela
dos lucros que lhe cabe.
II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
Direito de fiscalização.
IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis
em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição,
observado o disposto nos artigos 171 e 172;
Direito de preferência: As novas ações emitidas devem ser oferecidas preferencialmente aos
acionistas.
V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.
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Direito de retirada: Possibilidade que o acionista tem de retirar-se da S/A, recebendo o
reembolso de suas ações (art. 45), baseado no valor patrimonial das suas ações.
§ 1º As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares.
§ 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para
assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela
assembleia-geral.
§ 3o O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências entre os
acionistas e a companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas
minoritários, poderão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos em
que especificar.
Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos casos previstos em lei, a
companhia paga aos acionistas dissidentes de deliberação da assembleia-
geral o valor de suas ações.
9.8. DEBÊNTURES
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a) com garantia real, em que um bem, pertencente ou não à companhia, é onerado
(hipoteca de um imóvel, por exemplo);
b) com garantia flutuante, que confere aos debenturistas um privilégio geral sobre o ativo
da companhia, pelo qual terão preferência sobre os credores quirografários, em caso de falência da
companhia emissora;
c) quirografária, cujo titular concorre com os demais credores sem garantia, na massa
falida;
d) subordinada (ou subquirografária), em que o titular tem preferência apenas sobre os
acionistas, em caso de falência da sociedade devedora.
Se no fim do prazo o valor não for reembolsado, o titular da debênture pode ajuizar uma
ação de execução, porquanto a debênture é um título executivo extrajudicial (art. 784, I do
CPC/2015).
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
A debênture PODERÁ ser conversível em ação da CIA, mas na maioria das vezes não é.
Vai depender do que for estabelecido na escritura de emissão.
Debêntures perpétuas (art. 55, § 3º): Também conhecida como open end. Esta espécie de
debênture não vence, como outras, em data certa, mas possui o seu vencimento condicionado a
certas situações, como, por exemplo, ocorre o vencimento quando a companhia deixar de pagar
juros ou ocorrer a sua dissolução. Pode ainda prever, o que é mais usual, que a debênture vence
com a ocorrência de determinado fato, como, por exemplo, o término de construção de um parque
industrial.
Compete à Assembleia Geral deliberar sobre debêntures.
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extensão na prova para o cargo de Promotor de Justiça do Estado de
São Paulo. A resposta consta literalmente dos arts. 66 e 68 da LSA,
portanto, reforçamos a importância da leitura da lei seca para o êxito
nas provas objetivas!
Trata-se de títulos negociáveis que conferirão aos seus titulares direito de subscrever ações
do capital social, que será exercido mediante apresentação do título à CIA e pagamento do preço
de emissão das ações.
Ou seja, o bônus de subscrição nada mais é do que um direito de preferência na aquisição
(subscrição) de novas ações emitidas.
Compete à Assembleia Geral deliberar sobre bônus de subscrição, se não for dada
competência ao Conselho de Administração, pelo estatuto.
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São títulos negociáveis, estranhos ao capital social, que conferirão aos seus titulares
direito de crédito eventual contra a CIA, consistente na participação dos lucros anuais.
O titular desse título tem direito ao lucro, porém não é acionista.
O direito de crédito é eventual, pois só existe na eventualidade de a CIA produzir lucro.
Esse título é uma forma utilizada para incentivar o diretor da Cia a se empenhar na melhora
do desempenho social, sem que seja necessário colocá-lo como acionista. Ou seja, ao mesmo
tempo que remunera o sujeito, ainda o incentiva a trabalhar da melhor forma possível pelo
desenvolvimento social.
OBS: Às partes beneficiárias não pode ser destinado a mais do que 10% dos lucros da
sociedade (art. 46, §2º da LSA).
Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem
valor nominal e estranhos ao capital social, denominados "partes
beneficiárias".
§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito
eventual contra a companhia, consistente na participação nos lucros anuais
(artigo 190).
§ 2º A participação atribuída às partes beneficiárias, inclusive para formação
de reserva para resgate, se houver, não ultrapassará 0,1 (um décimo) dos
lucros.
O regramento dos institutos a seguir no Código Civil consta dos artigos 1.113 a 1.122, cuja
leitura recomendamos e que são aplicáveis à sociedades do tipo limitada que não tenham previsão
em seus contratos de aplicação supletiva das normas da sociedade anônima.
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10.1. TRANSFORMAÇÃO
10.2. FUSÃO
Dá-se com a união de duas ou mais sociedades que, ao se unirem, são extintas dando
origem a uma terceira nova sociedade, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.
10.3. INCORPORAÇÃO
É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede
em todos os direitos e obrigações.
A incorporada, ao ser absorvida, é extinta. A incorporadora permanece.
Aqui, NÃO ocorre a criação de uma terceira sociedade.
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TJ/AP (2022) Até noventa dias após a publicação dos atos relativos à
incorporação, o credor anterior, prejudicado pela operação, poderá promover
judicialmente a anulação dos atos referentes a ela. Correta!
10.4. CISÃO
Sociedade de simples participação (art. 1.100): É a sociedade que possui menos de 10% do
capital com direito a voto de outra sociedade.
Art. 1.100. É de simples participação a sociedade de cujo capital outra
sociedade possua menos de dez por cento do capital com direito de voto.
Sociedade controladora (art. 1.098): É a sociedade que tem a maioria de votos da outra
sociedade e tem o poder de eleger a maioria dos administradores da outra sociedade.
Art. 1.098. É controlada:
I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos
nas deliberações dos quotistas ou da assembleia geral e o poder de eleger a
maioria dos administradores;
II - a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, esteja em poder
de outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou sociedades
por esta já controladas
12.1. ORIGEM
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Foi o primeiro caso que tratou sobre o assunto, em 1809 nos EUA.
A Suprema Corte dos EUA reconheceu a competência da justiça federal para julgar o litígio,
pois envolvia pessoas domiciliadas em estados diversos, já que considerou os sócios e não o
domicílio do banco.
12.2. TERMINOLOGIA
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Art. 1.109. Aprovadas as contas, encerra-se a liquidação, e a sociedade se
extingue, ao ser averbada no registro próprio a ata da assembleia.
Parágrafo único. O dissidente tem o prazo de trinta dias, a contar da
publicação da ata, devidamente averbada, para promover a ação que couber.
3ª Partilha: ocorre a distribuição dos bens entre os sócios. Aqui não há mais personalidade
jurídica.
12.3. CLASSIFICAÇÃO
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§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
causados aos consumidores.
É a extensão para pessoas jurídicas de um grupo econômico (art. 265, LSA). Além disso,
pode alcançar pessoas jurídicas de outros grupos econômicos.
Art. 265. A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos
termos deste Capítulo, grupo de sociedades, mediante convenção pela qual
se obriguem a combinar recursos ou esforços para a realização dos
respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos
comuns.
§ 1º A sociedade controladora, ou de comando do grupo, deve ser brasileira,
e exercer, direta ou indiretamente, e de modo permanente, o controle das
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sociedades filiadas, como titular de direitos de sócio ou acionista, ou mediante
acordo com outros sócios ou acionistas.
§ 2º A participação recíproca das sociedades do grupo obedecerá ao disposto
no artigo 244.
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mais vigorava o § 1º do art. 207 do Decreto-lei n. 7.661/1945, devem ser
aplicadas, subsidiariamente, as normas do CPC, que não autorizam a
realização de sustentação oral em agravo de instrumento.
Visa à responsabilização do sócio oculto que vale de terceiros para a constituição de uma
pessoa jurídica, visando camuflar a sua real identidade de sócio e poder de controle. É também
possível visualizá-la quando “alguns “empresários” mal intencionados fecham uma porta e abrem
outra, às vezes para exercer a mesma atividade com uma nova roupagem, deixando para trás todo
um passivo que contribui para prejuízos ou mesmo a quebra de terceiros de boa-fé, além de
desfalcar os cofres públicos do pagamento dos tributos decorrentes do exercício de sua atividade,
através da simples constituição de uma nova empresa, com ou sem o uso de “laranjas”, para iniciar
um novo ciclo parasitário de utilização dos instrumentos jurídicos de proteção de seus patrimônios
pessoais, em prejuízo de toda a sociedade”.
O STF tratou desta modalidade no que MS 32494 MC DF, onde a decisão do TCU, que
aplicou a desconsideração expansiva para permitir que a Administração Pública se estendesse a
proibição de licitar proferida contra uma pessoa jurídica a outra constituída com os mesmos sócios
e mesmo endereço, foi suspensa.
O novo CPC prevê em seus artigos 133 a 137 o chamado “incidente de desconsideração da
personalidade jurídica”, que poderá ocorrer em qualquer do processo de conhecimento,
cumprimento de sentença ou da execução.
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será
instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber
intervir no processo.
§ 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os
pressupostos previstos em lei.
§ 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração
inversa da personalidade jurídica.
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do
processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução
fundada em título executivo extrajudicial.
§ 1o A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao
distribuidor para as anotações devidas.
§ 2o Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da
personalidade jurídica for requerida na petição inicial, hipótese em que será
citado o sócio ou a pessoa jurídica.
§ 3o A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do
§ 2o.
§ 4o O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos
legais específicos para desconsideração da personalidade jurídica.
Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para
manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por
decisão interlocutória.
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Parágrafo único. Se a decisão for proferida pelo relator, cabe agravo interno.
Art. 137. Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração
de bens, havida em fraude de execução, será ineficaz em relação ao
requerente.
O §2° do artigo 133 passa a admitir expressamente a desconsideração inversa, que até
então não contava com previsão legal em nosso ordenamento jurídico.
Instaurado o incidente, o processo será suspenso, sendo o sócio ou a pessoa jurídica citada
para, no prazo comum de quinze dias, se manifestar e requerer as provas cabíveis. Após a
conclusão da instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória
impugnável por agravo de instrumento.
Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em
fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.
Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica se
esta for requerida na própria petição inicial.
2
Disponível em: http://genjuridico.com.br/2019/05/06/a-medida-provisoria-da-liberdade-economica-e-a-
desconsideracao-da-personalidade-juridica-art-50-cc-primeiras-impressoes/
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sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo
abuso. (grifamos)
Houve a substituição do verbo decidir, o que não alterou o sentido do texto, dada opções
feita pelo legislador em adotar o verbo “desconsiderar”.
Andou muito bem o novo diploma ao acrescentar, no final do texto legal, a expressão
“beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso”, porquanto a desconsideração é instrumento de
imputação de responsabilidade, não podendo, por certo, sob pena de se ignorar a exigência do
próprio nexo causal, atingir sócio que não experimentou nenhum benefício (direito ou indireto) em
decorrência do ato abusivo perpetrado por outrem.
Ultrapassada a análise do caput, os parágrafos seguintes não constavam na redação original
do Código Civil:
§1º Para fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização
dolosa da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática
de atos ilícitos de qualquer natureza.
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Podem traduzir confusão patrimonial, por exemplo, a movimentação bancária em conta
individual do sócio para as operações habituais da sociedade, o lançamento direto como despesa
da pessoa jurídica de gastos pessoais do sócio ou administrador etc.
§3º O disposto no caput e nos § 1º e § 2º também se aplica à extensão das
obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
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O Código de Processo Civil de 2015 expressamente contemplou a possibilidade jurídica
desta modalidade de desconsideração, conforme se verifica do § 2.º do seu art. 133.
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13.1. CONCEITO
O conceito de SAF está previsto no art. 1º da Lei 14.193/2021, trata-se de uma sociedade
constituída na forma de sociedade anônima, possuindo como atividade principal o futebol feminino
e masculino, para participar de competições profissionais. Observe:
Art. 1º Constitui Sociedade Anônima do Futebol a companhia cuja atividade
principal consiste na prática do futebol, feminino e masculino, em competição
profissional, sujeita às regras específicas desta Lei e, subsidiariamente, às
disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 9.615,
de 24 de março de 1998.
13.2. CONSTITUIÇÃO
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13.4. SUCESSÃO CONTRATUAL
A SAF irá suceder obrigatoriamente o clube ou pessoa jurídica original nas relações com as
entidades de administração, bem como nas relações contratuais, de qualquer natureza, com atletas
profissionais do futebol.
Além disso, o clube ou pessoa jurídica original não poderá participar, direta ou indiretamente,
de competições profissionais do futebol, sendo a participação prerrogativa da Sociedade Anônima
do Futebol por ele constituída.
A Lei 14.193/2021 prevê que a SAF emitirá obrigatoriamente ações ordinárias (sempre terá
direito a voto) da classe A para subscrição exclusivamente pelo clube ou pessoa jurídica original
que a constituiu.
Quando as ações ordinárias da classe A corresponderem a pelo menos 10% do capital social
votante ou do capital social total, o voto afirmativo do seu titular no âmbito da assembleia geral será
condição necessária para a Sociedade Anônima do Futebol deliberar sobre:
• alienação, oneração, cessão, conferência, doação ou disposição de qualquer bem
imobiliário ou de direito de propriedade intelectual conferido pelo clube ou pessoa
jurídica original para formação do capital social;
• qualquer ato de reorganização societária ou empresarial, como fusão, cisão,
incorporação de ações, incorporação de outra sociedade ou trespasse;
• dissolução, liquidação e extinção; e
• participação em competição desportiva sobre a qual dispõe o art. 20 da Lei nº 9.615,
de 24 de março de 1998.
Além de outras matérias previstas no estatuto da Sociedade Anônima do Futebol, depende
da concordância do titular das ações ordinárias da classe A, independentemente do percentual da
participação no capital votante ou social, a deliberação, em qualquer órgão societário, sobre as
seguintes matérias:
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• alteração da denominação;
• modificação dos signos identificativos da equipe de futebol profissional, incluídos
símbolo, brasão, marca, alcunha, hino e cores; e
• mudança da sede para outro Município.
13.8. GOVERNANÇA
Em regra, a SAF não responde pelas atividades do clube, exceto quanto às atividades
específicas do seu objeto social.
Art. 9º A Sociedade Anônima do Futebol não responde pelas obrigações do
clube ou pessoa jurídica original que a constituiu, anteriores ou posteriores à
data de sua constituição, exceto quanto às atividades específicas do seu
objeto social, e responde pelas obrigações que lhe forem transferidas
conforme disposto no § 2º do art. 2º desta Lei, cujo pagamento aos credores
se limitará à forma estabelecida no art. 10 desta Lei.
Parágrafo único. Com relação à dívida trabalhista, integram o rol dos credores
mencionados no caput deste artigo os atletas, membros da comissão técnica
e funcionários cuja atividade principal seja vinculada diretamente ao
departamento de futebol.
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Salienta-se que enquanto o clube ou pessoa jurídica original cumprir os pagamentos
previstos, é vedada qualquer forma de constrição ao patrimônio ou às receitas, por penhora ou
ordem de bloqueio de valores de qualquer natureza ou espécie sobre as suas receitas.
A SAF pode emitir debêntures, que serão denominadas “debêntures-fut”, com as seguintes
características:
• remuneração por taxa de juros não inferior ao rendimento anualizado da caderneta
de poupança, permitida a estipulação, cumulativa, de remuneração variável,
vinculada ou referenciada às atividades ou ativos da Sociedade Anônima do Futebol;
• prazo igual ou superior a 2 (dois) anos;
• vedação à recompra da debênture-fut pela Sociedade Anônima do Futebol ou por
parte a ela relacionada e à liquidação antecipada por meio de resgate ou pré-
pagamento, salvo na forma a ser regulamentada pela Comissão de Valores
Mobiliários;
• pagamento periódico de rendimentos;
• registro das debênture-fut em sistema de registro devidamente autorizado pelo
Banco Central do Brasil ou pela Comissão de Valores Mobiliários, nas suas
respectivas áreas de competência.
Os recursos captados por meio de debêntures-fut deverão ser alocados no desenvolvimento
de atividades ou no pagamento de gastos, despesas ou dívidas relacionadas às atividades típicas
da Sociedade Anônima do Futebol previstas nesta Lei, bem como em seu estatuto social.
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TÍTULOS DE CRÉDITO
Não há uma legislação codificada acerca dos títulos de crédito. Perceba que a depender da
espécie de título de crédito será aplicado determinada lei.
Salienta-se que o Código Civil possui capítulo específico acerca dos títulos de crédito (art.
887 ao art. 926). Diante disso, indaga-se: o CC será aplicado?
De acordo André Santa Cruz, “as disposições do CC, em princípio não se aplicam aos títulos
de crédito nominados/típicos que possuem legislação especial. O CC funciona, pois, na parte
relativa aos títulos de crédito, como uma teoria geral para os chamados títulos atípicos ou
inominados, isto é, que não possuem lei específica”.
O CC, por sua vez, praticamente copiou o conceito de Vivante em seu art. 886:
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A doutrina costuma dizer que os títulos de crédito são dotados de dois atributos especiais:
negociabilidade (facilidade na circulação/negociação do crédito) e executividade (maior
efetividade e celeridade na cobrança do crédito).
Seguem o que dispõem os arts. 82 a 84 do CC, sujeitando-se aos princípios que norteiam,
a circulação de bens móveis, como o que prescreve que a posse de boa-fé vale como propriedade.
Por configurarem uma obrigação líquida e certa, nos termos do art. 784 do CPC.
Cabe ao credor dirigir-se ao devedor para receber a importância devida. A emissão do título
e a sua entrega ao credor tem, em regra, natureza pro solvendo, ou seja, não implica novação no
que se refere à relação jurídica que deu origem ao título. Portanto, não irá se confundir com a
relação cambiária representada pelo título emitido.
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2.7. TÍTULO DE CIRCULAÇÃO
Esse princípio, no entanto, vem sendo relativizado em razão dos modernos títulos de
créditos eletrônicos ou virtuais, expressamente previstos no art. 889, §3º do CC.
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§ 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado
no título, o domicílio do emitente.
§ 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em
computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do
emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.
Nesses casos, por não existir a figura do documento; da cártula, do papel, diz-se que a
cartularidade é MITIGADA.
Outra exceção ao princípio: Lei de Duplicatas (Lei 5.474/68), art. 13, §1º.
Pelo princípio da literalidade só tem eficácia para o direito cambiário o que está literalmente
constando (ESCRITO) do título de crédito (da cártula).
Segundo esse princípio, pode-se dizer que “O que não está no título não está no mundo
cambiário”. Um aval constituído fora da nota promissória, por exemplo, não produzirá os efeitos do
aval, podendo, no máximo, produzir efeitos na órbita do direito civil como fiança.
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Título sem mais espaço para endosso. O que fazer para negociá-lo? Prolongamento do
título.
Termo de quitação deve ser dado no título. Fora do título o termo de quitação não tem
validade para o Direto Cambiário. Garante, no máximo, uma ação de regresso contra o emissor do
termo, mas isso depois de o portador do título já ter executado e compelido o sujeito a pagar de
novo a obrigação.
Pagar sem exigir o termo de quitação no próprio título é exemplo de pagar mal. Quem paga
mal paga duas vezes.
Atenção!
Lei 5.474/68
Art. 9: “É lícito ao comprador resgatar a duplicata antes de aceitá-la ou antes
da data do vencimento.
§ 1º A prova do pagamento é o recibo, passado pelo legítimo portador ou por
seu representante com poderes especiais, no verso do próprio título ou em
documento, em separado, com referência expressa à duplicata.
§ 2º Constituirá, igualmente, prova de pagamento, total ou parcial, da
duplicata, a liquidação de cheque, a favor do estabelecimento endossatário,
no qual conste, no verso, que seu valor se destina a amortização ou
liquidação da duplicata nele caracterizada.
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vício em uma das relações representadas pelo título de crédito não tem o condão de comprometer
a validade ou eficácia das demais.
“Se o comprador de um bem a prazo emite nota promissória em favor do vendedor e este
pagar sua dívida, perante terceiro, transferindo a este o crédito representado pela nota promissória,
em sendo restituído o bem, por vício redibitório, ao vendedor, não se livrará o comprador de honrar
o título no seu vencimento junto ao terceiro portador. Deverá, ao contrário, pagá-lo e, em seguida,
demandar ressarcimento perante o vendedor do negócio frustrado”. (Fábio Ulhôa Coelho).
Exemplo: Tício (devedor) emite uma nota promissória para Caio, como pagamento de uma
casa. Caio transfere (endossa) a nota para Mévio, como pagamento de um iate. Verifica-se que
Tício é incapaz, ou seja, sua relação com Caio é inválida (Tício não poderia ter emitido um título).
Entretanto, isso não invalida a relação de Caio com Mévio (compra do iate), que é autônoma
e independente em relação à obrigação inválida. Mévio pode tranquilamente cobrar de Caio, pois
quando ele endossou o título se transformou em codevedor (ver abaixo endosso).
R1 R2
Tício Caio Mévio
R2 é totalmente independente de R1, por isso, Mévio pode perfeitamente cobrar de Caio.
Atenção!
Trata-se de uma garantia daquele que recebe um título como pagamento de ter seu crédito
satisfeito pelo devedor. Assim, não é dado ao devedor primário do título opor defesas processuais
contra outrem que não seja aquele a quem emitiu o título.
Exemplo: Caio vende celular para Renato. Renato paga com nota promissória (800 reais)
com vencimento em 30/03/2021. Caio (credor da venda do celular) transfere a nota para Maria, por
meio de endosso, como instrumento de compra de uma bicicleta. Na data do vencimento, Maria vai
atrás do Renato cobrando.
Suponhamos que o celular estivesse com um vício. O Renato não pode opor esse vício em
face do terceiro de boa-fé (Maria) para não pagar a dívida, como poderia fazer em face do Caio,
credor primitivo (em eventuais embargos à execução). Ao contrário, Renato deverá pagar o crédito
à Maria, e posteriormente demandar ressarcimento em face do Caio.
Essa é mais uma decorrência da autonomia. É uma garantia de pagamento daquele que
recebe um título de crédito. Se não houvesse essa garantia, ninguém se arriscaria a receber um
título de crédito como pagamento.
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Por este subprincípio, com a circulação, o título de crédito se DESVINCULA do negócio
jurídico que lhe deu origem. Deste modo, o que autoriza a ação de execução é
EXCLUSIVAMENTE o título e não a obrigação que o gerou.
3.4. CONCLUSÃO
Com efeito, existe todo um aparato jurídico armado (o regime jurídico-cambial) que garante
ao comerciante credor receber com segurança o valor constante num título que lhe tenha sido
transferido. Vejamos:
• Aquela pessoa que lhe transfere o título (o seu devedor) não poderá cobrá-lo mais
(PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE);
• Todas as relações jurídicas que poderão interferir com o crédito adquirido são
apenas aquelas que constam, expressamente, do título e nenhuma outra
(PRINCÍPIO DA LITERALIDADE);
• Nenhuma exceção pertinente à relação da qual ele não tenha participado terá
eficácia jurídica quando da cobrança do título (PRINCÍPIO DA AUTONOMIA,
INOPONIBILIDADE CONTRA TERCEIROS, ABSTRAÇÃO).
4.1.1. Causal
Somente podem ser emitidos nas hipóteses (causas) autorizadas por lei. É o caso da
duplicata mercantil, que pode ser emitida quando se tratar de: a) Compra e venda mercantil ou;
b) Prestação de serviços.
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4.1.2. Não-causal (abstratos)
A sua emissão não depende de causa específica, razão pela qual servem para documentar
diversos tipos de negócio. Ex.: Cheque.
É o título que não tem padronização definida em lei, podendo adotar qualquer forma, desde
que obedecidos os REQUISITOS legais. Exemplo: Letra de câmbio. Nota promissória, que pode
ser feita em qualquer pedaço de papel.
É o título que tem padronização definida em lei. Exemplo: Duplicata mercantil e cheque.
Desde a Lei 8.088/90 não se admite mais a emissão de títulos ao portador, EXCETO se com
previsão expressa em lei especial. Exemplo de lei especial: A Lei 9.069/95 (Lei que instituiu o plano
real) permite que cheque de valor igual ou inferior a 100 reais possa ser emitido ao portador.
OBS1: Circulação dos títulos.
1) O título ao portador circula por mera tradição (entrega).
2) O título nominativo, além da tradição, depende de outro ato jurídico, que varia conforme
a espécie de título nominativo tratada:
2.1) Título nominativo À ORDEM: circula por meio de endosso.
2.2) Título nominativo NÃO À ORDEM: circula por meio de cessão civil de crédito.
OBS2: Endosso X Cessão civil. Endosso e cessão civil são atos jurídicos trasladadores da
titularidade de crédito que se diferenciam quanto aos efeitos, basicamente em dois aspectos: quanto
à extensão da responsabilidade do alienante (endossante) do crédito perante o adquirente
(endossatário) e quanto aos limites de defesa do devedor (sacado) em face da execução do crédito
pelo adquirente (endossatário).
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ASPECTO 01 (extensão da responsabilidade do alienante (endossante/cedente): Quem
endossa um título responde não só pela sua existência, mas também pelo seu pagamento
(solvência, pro solvendo). Em outros termos, se o devedor (sacado) não paga o título, o tomador
pode cobrar e executar o endossante.
Na cessão civil o cedente responde, em regra, tão-somente pela existência do título (pro
soluto), nos termos do art. 296 do Código Civil (cessão de crédito).
CC Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela
SOLVÊNCIA do devedor (somente pela existência do crédito).
Exemplo: Renato paga Maria com cheque clonado ou uma duplicata fria (vício de existência).
Nesse caso, sendo transferido por endosso ou cessão, Renato vai responder pelo título (pois
responde não só pela solvência, como pela existência dele).
Outro exemplo: Renato paga com cheque autêntico, porém sem fundos. Se o cheque foi
transferido por endosso, o endossante (Renato) pode ser executado. Se o cheque foi transferido
por cessão civil, o cedente (Renato) não responde pelo pagamento.
Para quem recebe um cheque, é mais garantido receber por endosso. Por conta disso, há
uma presunção de que os títulos nominativos são ‘À ORDEM’, ou seja, transferíveis por endosso.
Para que o título seja ‘não à ordem’ deve haver expressa menção no título.
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4.3.2. Classificação moderna (CC/2002): ao portador, nominativo e nominal
1) Título ao portador: Não identifica o beneficiário, transferível por tradição (CC, art. 904).
O nome do credor não está no título (como na classificação acima), mas sim no registro do
emitente. Essa regra do Código Civil teria aplicação aos títulos que viessem a surgir após 2002. Na
prática, não tem qualquer aplicação. Esse título nominativo pode circular por termo ou endosso.
Art. 921. É título NOMINATIVO o emitido em favor de pessoa cujo nome
conste no registro do emitente.
Um sujeito dá uma ordem para que interposta pessoa efetue o pagamento a um terceiro
beneficiário. Existem, aqui, TRÊS figuras distintas:
1) O Sujeito que dá a ordem de pagamento, sacador; correntista.
2) O Sujeito que recebe a ordem (destinatário da ordem), sacado; banco.
3) O beneficiário/tomador da ordem. Aquele que vai ao caixa descontar o cheque.
5.1. CONCEITO
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Endosso é o ato jurídico pelo qual o credor de um título crédito nominativo (‘nominal’), com
a cláusula à ordem, TRANSMITE o direito ao valor constante no título à outra pessoa, sendo
acompanhado da tradição da cártula.
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• Endossar novamente o título, em branco ou em preto. Aqui, o endossatário, ao realizar
o endosso, passa a integrar a cadeia de codevedores, responsabilizando-se pelo
adimplemento da obrigação constante no título.
• Transferir o título sem praticar novo endosso, ou seja, por mera tradição da cártula. Aqui,
o endossatário transfere o crédito sem assumir nenhuma responsabilidade pelo seu
adimplemento, já que não pratica novo endosso.
LU Art. 12. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele
seja subordinado considera-se como não escrita. O endosso parcial é NULO.
O endosso ao portador vale como endosso em branco.
O endosso póstumo não se confunde com o endosso dado depois do vencimento, mas
ANTES do PROTESTO. Este último é um endosso comum, produzindo todos os efeitos a ele
inerentes.
Como vimos, o endosso tem como efeito atribuir ao endossante a responsabilidade pela
existência e solvência do crédito (é uma transmissão pro solvendo), conforme a disposição das
leis especiais nesse sentido.
ATENÇÃO: O CC, em seu art. 914, prevê efeito diverso para o endosso: responsabilidade
apenas pela existência e não pela solvência do crédito (tal como a cessão civil de crédito – pro
soluto). Não esquecer: O CC só se aplica no silêncio da lei especial (CC, art. 903). Consequência
prática: Esse dispositivo do CC/2002 não tem aplicação.
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CC Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do
endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação
constante do título.
Esse endosso que vimos até aqui é chamado pela doutrina de ENDOSSO TRANSLATIVO
ou PRÓPRIO (para concurso é somente endosso).
Explicando a súmula: “B”, empresa do ramo de vendas, emitiu uma duplicata (título de
crédito) por conta de mercadorias que seriam vendidas a “A”. Ocorre que o negócio jurídico acabou
não sendo concretizado (não existiu). Mesmo sem ter existido o negócio jurídico, “B” emitiu a
duplicata (sem causa) e, além disso, fez o endosso translativo desse título para “C” (banco).
Como visto, o endosso translativo (também chamado de endosso próprio), é o ato cambiário
por meio do qual o endossante transfere ao endossatário o título de crédito e, em consequência, os
direitos nele incorporados. Em outras palavras, “B” transmitiu a “C” seu suposto crédito que teria
em relação a “A”.
Diante disso, “C” apresentou a duplicata para ser protestada pelo tabelionato de protesto, o
que foi feito. Assim, “A” foi intimado pelo tabelião de protesto, a pedido de “C” para que pagasse a
duplicata. Como “A” não pagou, foi inscrito no SPC e SERASA.
“A” quer ajuizar ação de cancelamento de protesto cumulada com reparação por
danos morais. Quem deverá ser réu nessa ação? Quem é o responsável por esse protesto
indevido, “B” (que emitiu a duplicata) ou “C” (que recebeu a duplicata mediante endosso)?
Resposta: “C”.
Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário (“C”) que recebe
por endosso translativo título de crédito (no caso, uma duplicata) contendo vício formal extrínseco
ou intrínseco (no caso, a ausência de compra e venda).
Caso o endossatário (“C”), que levou o título a protesto indevidamente, seja condenado a
pagar a indenização, terá direito de cobrar esse valor pago (direito de regresso) contra o endossante
(no caso, “B”) e eventuais avalistas do título de crédito.
O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal,
sendo inexistente a causa para conferir lastro à emissão de duplicata, responde pelos danos
causados diante de protesto indevido, ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e
avalistas.
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Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/PR (2019) Em caso de endosso translativo, o endossatário que responder
por dano decorrente de protesto indevido de título com vício formal tem direito
de regresso contra endossantes e avalistas. Correta!
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“B”, empresa do ramo de vendas, emitiu uma duplicata (título de crédito) por conta de
mercadorias vendidas a “A”. “B”, após emitir a duplicata, fez o endosso-mandato desse título para
“C” (banco), a fim de que este efetuasse a cobrança do valor de “A”.
Ocorre que “A” recusou o pagamento dessa duplicata alegando que já havia pagado. Mesmo
assim, “C” apresentou a duplicata para ser protestada pelo tabelionato de protesto, o que foi feito.
Assim, “A” foi intimado pelo tabelião de protesto, a pedido de “C” para que pagasse a duplicata.
Como “A” não pagou, foi inscrito no SPC e SERASA.
“A” quer ajuizar ação de cancelamento de protesto cumulada com reparação por danos
morais. Quem deverá ser réu nessa ação? Quem é o responsável por esse protesto indevido (“B”
ou “C”)?
2) Endosso-caução (pignoratício)
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Por fim, há o endosso que não produz o efeito de vincular o endossante ao pagamento do
título: trata-se do chamado endosso "sem garantia", previsto no art. 15 da LU. Com esta cláusula,
o endossante transfere a titularidade da letra, sem se obrigar ao seu pagamento. A regra, como
visto, é a da vinculação do endossante (lembre-se que o art. 914 do CC não se aplica em razão do
art. 903 do mesmo Código). O ato do endossante de inserir no endosso a cláusula "sem garantia",
porém, afasta a vinculação prevista na lei especial.
6.1. CONCEITO
O avalista que garante antecipadamente a dívida do sacado responde por ela até mesmo se
este não vier a dar o ACEITE.
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Exemplo: Daniel (endossatário), ao receber o título de Caio (tomador ou beneficiário/
endossante), exige uma garantia a mais. Então, Caio pede para o Gugu ser seu avalista. Gugu dá
o aval. Se o sacado (devedor principal - Renato) não pagar, Daniel pode cobrar de qualquer dos
codevedores, dentre eles o avalista do Renato (sacado), Gugu (avalista).
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LUG Art. 30. O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte
garantido por aval. Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um
signatário da letra.
OBS: O CC, em seu art. 897, parágrafo único diz que é VEDADO o
aval parcial. Mais uma vez ressaltamos: dada a subsidiariedade do
CC, tal regra não tem aplicação prática.
O aval dado depois de vencimento e do protesto possui os MESMOS EFEITOS do aval dado
antes. Não confundir com o endosso póstumo, o qual produzirá os efeitos da cessão civil de
crédito. Lógica: no aval o avalista está garantindo a obrigação cambiária contida no título, no
endosso, o endossante é quem foi sujeito de uma obrigação e pagou endossando o título de crédito.
O avalista deve continuar garantindo a dívida, afinal: é uma obrigação autônoma. No caso do
endosso, não pode o criador do título ficar para sempre obrigado à dívida do endosso, por isso,
depois de vencido e protestado, terá direito a se defender como se o título tivesse sido repassado
por cessão civil.
DICA: Quem dá aval é amigo. Sendo amigo, assina somente na FRENTE (anverso). Se ele
é amigo, é amigo antes, durante ou depois (aval produz efeitos antes, durante e depois do
vencimento e protesto).
O art. 1.647 do CC prevê que o aval precisa de autorização do cônjuge, tal regra aplica-se
aos títulos existentes quando a lei especial não tratava do assunto. Assim, a ausência da
autorização do cônjuge na prestação do aval, era causa de nulidade.
O STJ, em mudança de entendimento, passou a entender que a regra do art. 1.647 do CC
aplica-se apenas aos títulos de créditos atípicos/inominados. Os títulos existentes, regulados
em leis especiais, não sofrerão a incidência do inciso III do referido artigo.
Vejamos a explicação do Dizer o Direito no Informativo 604 do STJ.
O art. 1.647, III, do Código Civil de 2002 previu que uma pessoa casada
somente pode prestar aval se houver autorização do seu cônjuge (exceção:
se o regime de bens for da separação absoluta). Essa norma exige uma
interpretação razoável e restritiva, sob pena de descaracterizar o aval como
instituto cambiário. Diante disso, o STJ afirmou que esse art. 1.647, III, do CC
somente é aplicado para os títulos de créditos inominados, considerando que
eles são regidos pelo Código Civil. Por outro lado, os títulos de créditos
nominados (típicos), que são regidos por leis especiais, não precisam
obedecer a essa regra do art. 1.647, III, do CC. Em suma, o aval dado aos
títulos de créditos nominados (típicos) prescinde de outorga uxória ou marital.
Exemplos de títulos de créditos nominados: letra de câmbio, nota promissória,
cheque, duplicata, cédulas e notas de crédito.
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STJ. 3ª Turma. REsp 1526560-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 16/3/2017 (Info 604).
STJ. 4ª Turma. REsp 1633399-SP, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em
10/11/2016.
Conforme já explicado, no que tange aos títulos de crédito nominados, o Código Civil tem
uma aplicação apenas subsidiária, respeitando-se as disposições especiais, pois o objetivo básico
da regulamentação dos títulos de crédito, no Código Civil, foi apenas o de permitir a criação dos
denominados títulos atípicos ou inominados.
Assim, não deve ser aplicado art. 1.647, III, do CC aos títulos nominados porque esta regra
é incompatível com as características dos títulos de crédito típicos.
A exigência de autorização do cônjuge do avalista enfraquece a garantia dos títulos de
crédito, gerando intranquilidade e insegurança. O aval consiste em uma declaração unilateral de
vontade inserida no próprio título por meio da qual o avalista declara garantir o pagamento do valor
inscrito no título. É, portanto, um instituto comercial muito mais ágil e informal do que a fiança, que
é feita por intermédio de contrato.
A outorga uxória ou marital é compatível com o contrato de fiança, mas não com o aval que,
como dito, é uma declaração unilateral. O portador do título de crédito, em regra, não tem contato
algum com o avalista e, menos ainda, com algum documento de identificação deste por meio do
qual possa descobrir seu estado civil.
AVAL FIANÇA
Só pode ser dado em título de crédito. Só pode ser dada em contrato.
Aval é autônomo
OBS: Em caso de morte, incapacidade ou falência
Fiança é acessória.
do avalizado, o avalista continua responsável.
Extinto o contrato, extinta a fiança.
Ainda que nula a obrigação a garantia permanece,
exceto se o vício for de forma.
Aval não possui benefício de ordem. Fiança possui benefício de ordem.
O credor pode executar direto o avalista.
7.1. INTRODUÇÃO
De início, vale lembrar que no estudo da letra de câmbio trataremos das REGRAS GERAIS
de constituição, transferência e exigibilidade do crédito cambiário. No estudo das demais espécies
de títulos de crédito restará apenas o trato daquilo que for especial em relação ao regramento geral
aplicado às letras de câmbio.
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Parte da Lei Uniforme de Genebra - LUG, parte do Dec. 2.044/1908 e, subsidiariamente o
CC.
7.3. CONCEITO
A letra de câmbio é um título de crédito decorrente de relações de crédito, entre dois ou mais
sujeitos, pelo qual o denominado SACADOR dá a ordem de pagamento, pura e simples, a outrem
denominado sacado, a seu favor (do sacador) ou de terceira pessoa (tomador/beneficiário), no valor
e nas condições dela constantes.
Percebe-se que a letra de câmbio constitui uma ordem de pagamento, que conta com a
presença de três figuras, como veremos no seguinte exemplo:
1) Dá a ordem – sacador (Maria).
2) Recebe a ordem – sacado (Renato).
3) Tomador/beneficiário (Caio).
7.4. REQUISITOS
São requisitos da letra de câmbio necessários (quando ausentes o título não será
considerado uma letra de câmbio):
• Palavra “letra” inserta no próprio texto do título, deve estar escrita na língua empregada
para a redação desse título;
• Nome do tomador;
• Assinatura do sacador;
• Data do saque;
• Lugar do saque;
• Lugar em que se deve efetuar o pagamento, na sua ausência o pagamento será feito no
domicílio do sacado.
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Valor da operação 10.000 reais, com vencimento em 30/03/2022.
Quando Maria cria/emite o título, ela realiza o ato cambial chamado de SAQUE. O ato de
criação/emissão é chamado de saque.
O saque é o movimento que coloca o título em circulação, realizado pelo SACADOR. Aquele
que recebe a ordem de pagamento é o SACADO.
Quem fica com a ordem de pagamento (letra de câmbio) é o TOMADOR (Caio), que
apresenta o título ao Renato (sacado). Feito isso, caberá ao Renato concordar ou não em pagar a
ordem no dia aprazado. Quando Renato concorda, ele dá o chamado ACEITE.
Portanto, aceite é o ato de concordância com a ordem de pagamento dada. Ato PRIVATIVO
do sacado.
O aceite corresponde à simples assinatura do sacado no ANVERSO (frente) do título.
IMPORTANTE: A ordem de pagamento dada pelo SACADOR (Maria) também pode ter ela
própria como tomador/beneficiário (Lei Uniforme, art. 3º). Exemplo: sacador emite uma letra de
câmbio tendo ele mesmo como beneficiário. Após a emissão, deve apresentar a letra para o aceite
do sacado. Se o sacado aceita, deverá realizar o pagamento na data do vencimento do título.
LUG Art. 3º - A letra pode ser a ordem do próprio sacador. Pode ser
sacada sobre o próprio sacador. Pode ser sacada por ordem e conta de
terceiro.
OBS: É possível incluir na letra de câmbio a chamada CLÁUSULA NÃO ACEITÁVEL, que
veda que o tomador (Caio) apresente o título para aceite do sacado (Renato), permitindo que o título
seja apresentado apenas na data do vencimento, não para o aceite do Renato, mas sim para que
efetue o pagamento. Se o sacado (Renato) não paga, o sacador (Maria) se torna o devedor principal
(mesmo efeito da recusa do aceite). Essa cláusula não é cabível em qualquer caso (LU, art.
22).
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LUG Art. 22. O sacador pode, em qualquer letra, estipular que ela será
apresentada ao aceite, com ou sem fixação de prazo. Doutrina Vinculada.
Pode proibir na própria letra a sua apresentação ao aceite, salvo se se
tratar de uma letra pagável em domicilio de terceiro, ou de uma letra pagável
em localidade diferente da do domicílio do sacado, ou de uma letra sacada a
certo termo de vista.
TJ/BA (2019) João era o sacado de uma letra de câmbio no valor de mil reais,
com vencimento previsto para 31/12/2018. Em 1.º/11/2018, ao receber o título
para aceite, ele discordou do valor e declarou no anverso que aceitaria pagar
somente quinhentos reais. Nessa situação hipotética, o aceite foi parcial e
limitativo, com a possibilidade de execução do título após a recusa parcial,
com vencimento antecipado do título. Correta!
Apresentado o título ao sacado, este tem o direito de pedir que ele lhe seja reapresentado
no dia seguinte, nos termos do art. 24 da LU. É o chamado PRAZO DE RESPIRO, que se destina
a possibilitar ao sacado a realização de consultas ou a meditação acerca da conveniência de aceitar
ou recusar o título (art. 24).
LU Art. 24. O sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma
segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação. Os
interessados somente podem ser admitidos a pretender que não foi dada
satisfação a este pedido no caso de ele figurar no protesto. O portador não é
obrigado a deixar nas mãos do aceitante a letra apresentada ao aceite.
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Realizado o aceite pelo sacado (tornando-o devedor principal), duas possibilidades se abrem
para o tomador:
• Esperar até a data de vencimento para receber o pagamento ou;
• Transferir o título para um terceiro.
A transferência se dá através do chamado ENDOSSO, em que o tomador é o designado
endossante (ou endossador) enquanto o terceiro que recebe o título é o designado endossatário.
Para tornar-se exigível o crédito cambiário contra o devedor principal (aceitante), basta o
vencimento do título; já em relação aos coobrigados (endossantes e sacador), é necessária, ainda,
a negativa de pagamento do título vencido por parte do devedor principal.
Em virtude do princípio da literalidade, a comprovação deste fato deve ser feita por
PROTESTO do título, o qual se consubstancia, então, em CONDIÇÃO da exigibilidade do crédito
cambiário contra os coobrigados. O protesto do título também é condição de exigibilidade deste
crédito, nos mesmos termos, na hipótese de recusa do aceite. Para produzir este efeito, contudo,
o protesto deve ser providenciado pelo credor dentro de um prazo estabelecido por lei.
O coobrigado que paga o título de crédito tem o direito de regresso contra o devedor principal
e contra os coobrigados anteriores. As obrigações representadas por um título de crédito só se
extinguem, todas, com o pagamento, pelo aceitante, do valor do crédito. Para se localizarem os
coobrigados na cadeia de anterioridade das obrigações cambiais, adotam-se os seguintes critérios:
1) O SACADOR da letra de câmbio é ANTERIOR aos endossantes;
3) A certo termo da vista: É o vencimento que se dá num determinado número de dias contados
da data do aceite, que é o termo a quo.
DICA: Hasta la vista aceite. Neste último, não é possível a inclusão da cláusula não aceitável,
visto que o vencimento pressupõe o aceite.
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4) A certo termo da data: É o vencimento que se dá em determinado número de dias, contados
da data de emissão do título (saque), que é o termo a quo.
A falta de aceite, de data do aceite ou de pagamento de uma letra de câmbio deve ser
provada por protesto cambial, que é ato formal de responsabilidade do portador do título.
1) Protesto por falta de ACEITE: Ocorre quando há recusa do aceite pelo sacado. Nesse caso,
o protesto é dirigido ao sacador, a quem caberá pagar o crédito (se torna o devedor
principal). Antecipa o vencimento.
2) Protesto por falta de DATA do aceite: Extraído contra o aceitante, destinado às letras de
câmbio a certo termo de vista, nas quais não conste a data do aceite.
3) Protesto por falta de PAGAMENTO: Extraído contra o aceitante, trata-se de requisito para a
manutenção do direito de cobrança em face dos demais codevedores (protesto necessário).
Caso ocorra a prescrição, apesar da perda da natureza cambial, o valor poderá ser cobrado
em cinco anos, já que a letra de câmbio prescrita será considerada como um instrumento particular
de dívida.
8. NOTA PROMISSÓRIA
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8.1. CONCEITO
A nota promissória é uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra.
Com o saque da nota promissória, surgem dois personagens distintos:
• Promitente (emitente/subscritor/sacador): Aquele que promete pagar.
• Tomador/beneficiário: O credor do valor prometido.
São apenas quatro artigos sobre nota promissória no Dec 57.663/66.
Tudo que vimos até agora sobre letra de câmbio se aplica às notas promissórias, SALVO as
seguintes diferenças:
• Não há aceite;
• Formas de vencimento;
• Súmula 258 do STJ: nota promissória e contrato de abertura de crédito.
• Súmula 504 do STJ: ação monitória
Vejamos:
São possíveis as quatro formas de vencimento da letra de câmbio. Quando o prazo for a
certo termo de vista, o marco inicial logicamente não é o aceite, mas sim o visto do subscritor (art.
23). O tomador deve apresentar a nota para o visto do subscritor num prazo de 01 ano do saque. A
partir do visto, conta-se o prazo de vencimento “a certo termo de vista”.
LUG Art. 23. As letras a certo termo de vista devem ser apresentadas ao
aceite dentro do prazo de 1 (um) ano das suas datas. O sacador pode reduzir
este prazo ou estipular um prazo maior. Esses prazos podem ser reduzidos
pelos endossantes.
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O que acontecia: O banco exigia uma nota promissória do devedor que abria um crédito no
banco (cujo contrato não raras vezes era constituído de juros sobre juros e outros abusos).
Posteriormente, endossava a nota, de forma que nem ele (o banco) e nem o endossatário tivesse
que discutir com o devedor a origem da dívida (juros abusivos etc.). Assim, quem sempre saía
prejudicado era o devedor, que era executado pelo endossatário sem poder se defender dos abusos
praticados pelo banco.
O que diz a Súmula: tudo que seria possível discutir com o Banco em sede de embargos à
execução também é possível de ser discutido em sede de embargos à execução promovida pelo
terceiro endossatário.
Assim, se não for paga, poderá ser ajuizada ação de execução cobrando o valor.
Mesmo que tenha passado esse prazo e a nota promissória tenha perdido sua força
executiva (esteja prescrita), ainda assim será possível a sua cobrança? SIM, por meio de ação
monitória.
Qual é o prazo máximo para ajuizar a ação monitória de nota promissória prescrita? 5 anos,
com base no art. art. 206, § 5º, I, CC:
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I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento
público ou particular;
Qual é o termo inicial desse prazo, isto é, a partir de quando ele é contado? O prazo de 5
anos para a ação monitória é contado do dia seguinte ao vencimento do título.
8.6. REQUISITOS
Assim como a letra de câmbio, a nota promissória apresenta requisitos essenciais (ausência
retira a natureza cambial – deixa de ser um título executivo extrajudicial) e requisitos supríveis ou
acidentais.
• Data do saque;
• Assinatura do subscritor;
• Lugar do saque.
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9. DUPLICATA (Lei 5.474/68)
9.1. CONCEITO
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IMPORTANTE: Se o comprador do aço resolve pagar em 05 prestações, deverão ser emitidas
05 duplicatas, ou 01 duplicata que represente as 05 parcelas. Entretanto, o que jamais é possível é
existir uma ÚNICA duplicata representativa de mais de uma fatura.
Em função do seu caráter obrigatório, o aceite da duplicata mercantil pode ser discriminado
em três categorias:
• Aceite ORDINÁRIO/PLENO/OSTENSIVO — resulta da assinatura do comprador aposta
no local apropriado do título de crédito.
• Aceite por COMUNICAÇÃO — resulta da retenção da duplicata mercantil pelo
comprador autorizado por eventual instituição financeira cobradora, com a comunicação,
por escrito, ao vendedor, de seu aceite.
• Aceite por PRESUNÇÃO — resulta do recebimento das mercadorias pelo comprador,
desde que não tenha havido causa legal motivadora de recusa, com ou sem devolução
do título ao vendedor.
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9.3. ENDOSSO NA DUPLICATA
• À vista;
• Data certa;
• Por falta de aceite: quando o sacado não dá o aceite e tampouco oferece as razões da
recusa.
• Por falta de devolução: Quando no prazo de 10 dias o sacado não devolve o título.
• Por falta de pagamento: sacado dá o aceite e devolve o título, porém na data do
vencimento não honra o aceite; não paga a dívida.
Se o devedor não restitui a duplicata ao credor, o protesto (qualquer deles) deve se dar por
indicações do credor fornecidas ao cartório de protesto (art. 13, §1º, ‘in fine’). Usualmente, no
entanto, tem-se admitido a emissão de TRIPLICATA para esse fim, apesar de a lei não trazer essa
previsão (ver triplicata abaixo).
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perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos
avalistas.
OBS: No caso de falta de aceite do devedor principal, o protesto se faz necessário para
executá-lo, porém pode ser feito a qualquer tempo.
Art. 7º A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo
comprador ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado da data
de sua apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de
declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite.
§ 1º Havendo expressa concordância da instituição financeira cobradora, o
sacado poderá reter a duplicata em seu poder até a data do vencimento,
desde que comunique, por escrito, à apresentante o aceite e a retenção.
§ 2º - A comunicação de que trata o parágrafo anterior substituirá, quando
necessário, no ato do protesto ou na execução judicial, a duplicata a que se
refere.
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Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:
I - avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não
entregues por sua conta e risco;
II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das
mercadorias, devidamente comprovados;
III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados.
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Exemplo: o distribuidor X vendeu para a loja Y setenta pares de sapatos. O distribuidor X
(vendedor) extrai uma fatura dos produtos e emite uma duplicata mercantil dando uma ordem à loja
Y (compradora) para que ela pague ao próprio vendedor o preço dos pares de sapato e eventuais
encargos contratuais.
Uma duplicata só pode corresponder a uma única fatura (art. 2°, § 2°, da Lei).
Remessa da duplicata para aceite:
Aceite é o ato por meio do qual o sacado se obriga a pagar o crédito constante do título na
data do vencimento. Assim, emitida a duplicata, nos 30 dias seguintes, o sacador (quem emitiu o
título) deve remeter o título ao sacado (comprador ou tomador dos serviços) para que ele assine a
duplicata no campo próprio para o aceite, restituindo-a ao sacador no prazo de 10 dias.
Conforme já mencionado, o aceite na duplicata é obrigatório: o título documenta uma
obrigação surgida a partir de um contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços.
Desse modo, se o vendedor/prestador do serviço, que no caso foi o sacador, cumpriu as suas
obrigações contratuais, não há motivo para o devedor recusar o aceite. A doutrina afirma que o
aceite na duplicata é, em regra, obrigatório, somente podendo ser recusado nas hipóteses previstas
nos arts. 8º e 21 da Lei n. 5.474/68.
E o protesto de títulos é o ato público, formal e solene, realizado pelo tabelião de protesto,
com a finalidade de provar:
• A inadimplência do devedor;
• O descumprimento de obrigação constante de título de crédito; ou
• Qualquer outro ato importante relacionado com o título (ex: falta de aceite).
No caso da duplicata, para que serve o protesto? O protesto poderá servir para provar
três situações distintas:
• A falta de pagamento;
• A falta de aceite da duplicata;
• A falta de devolução da duplicata;
Protesto por indicações: O procedimento para que haja o protesto de um título de crédito
é, resumidamente, o seguinte:
• O credor leva o título até o tabelionato de protesto e faz a apresentação, pedindo que
haja o protesto e informando os dados e endereço do devedor;
• O tabelião de protesto examina os caracteres formais do título;
• Se o título não apresentar vícios formais, o tabelião realiza a intimação do suposto
devedor no endereço apresentado pelo credor;
• A intimação é realizada para que o apontado devedor, no prazo de 3 dias, pague ou
providencie a sustação do protesto antes de ele ser lavrado;
• Se o devedor ficar inerte ou tentar e não conseguir sustar o protesto, será lavrado e
registrado o protesto.
O procedimento do protesto da duplicata é exatamente este acima explicado, havendo, no
entanto, uma diferença: o chamado protesto por indicações.
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Como vimos acima, na etapa 1, para que haja o protesto é necessário que o credor leve o
título original. Assim, em regra, para o protesto de títulos de crédito, exige-se a apresentação do
original em razão do princípio da cartularidade.
Ocorre que, como já vimos também, existe a possibilidade de o sacado (comprador ou
tomador dos serviços) receber a duplicata para fazer o aceite e acabar não devolvendo o título para
o sacador. Desse modo, além de não
apor o aceite, o devedor não devolve o título. Nesse caso, se fosse exigida a apresentação
do título, o protesto seria impossível, já que o título ficou em poder do devedor.
Logo, se o sacado não devolveu a duplicata, o sacador (vendedor ou prestador dos serviços)
poderá fazer o protesto da duplicata por indicações (dando apenas as informações do título), ou
seja, sem apresentar a duplicata no Tabelionato de Protesto.
Se a duplicata foi remetida para aceite e não foi devolvida pelo sacado, poderá haver
protesto mediante simples indicações dos dados do título, ou seja, são fornecidas ao Tabelionato
de Protesto as informações do título retiradas do Livro de emissão de duplicatas, livro que é
obrigatório para os empresários que emitem duplicata.
Essas indicações da duplicata poderão ser encaminhadas, inclusive, por meio magnético ou
de gravação eletrônica de dados, sendo de inteira responsabilidade do apresentante os dados
fornecidos, ficando a cargo dos Tabelionatos a mera instrumentalização das mesmas (art. 8º,
parágrafo único, da Lei n. 9.492/97).
O protesto por indicações somente pode ser feito no caso de falta de devolução ou
também nas hipóteses de falta de aceite ou de falta de pagamento?
1ª corrente: o protesto por indicações somente pode ser feito no caso de falta de devolução.
Posição tradicional defendida por Wille Duarte Costa.
2ª corrente: o protesto por indicações pode ser feito em qualquer hipótese. É defendida pela
doutrina mais moderna, como Fábio Ulhoa Coelho e Marlon Tomazette.
Duplicata virtual: A Lei de Duplicatas (Lei n. 5.474/68) não previu as chamadas duplicatas
virtuais, até mesmo porque naquela época os sistemas informatizados ainda não estavam tão
desenvolvidos. A Min. Nancy Andrighi afirma, contudo, que as duplicatas virtuais encontram
previsão legal no art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 9.492/97 e no art. 889, § 3º do CC-2002.
Como funciona a duplicata virtual?
O contrato de compra e venda ou de prestação de serviços é celebrado.
Ao invés de emitir uma fatura e uma duplicata em papel, o vendedor ou fornecedor dos
serviços transmite em meio magnético (pela internet) a uma instituição financeira os dados
referentes a esse negócio jurídico (partes, relação das mercadorias vendidas, preço etc.).
A instituição financeira, também pela internet, encaminha ao comprador ou tomador de
serviços um boleto bancário para que o devedor pague a obrigação originada no contrato. Ressalte-
se que esse boleto bancário não é o título de crédito. O título é a duplicata que, no entanto, não
existe fisicamente. Esse boleto apenas contém as características da duplicata virtual.
Se chegar o dia do vencimento e não for pago o valor, o credor ou o banco (encarregado da
cobrança) encaminharão as indicações do negócio jurídico ao Tabelionato, também em meio
magnético, e o Tabelionato faz o protesto do título por indicações.
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Após ser feito o protesto, se o devedor continuar inadimplente, o credor ou o banco ajuizarão
uma execução contra ele, sendo que o título executivo extrajudicial será: o boleto de cobrança
bancária + o instrumento de protesto por indicação + o comprovante de entrega da mercadoria ou
da prestação dos serviços.
Segundo decidiu o STJ, as duplicatas virtuais emitidas e recebidas por meio magnético ou
de gravação eletrônica podem ser protestadas por mera indicação, de modo que a exibição do título
não é imprescindível para o ajuizamento da execução, conforme previsto no art. 8º, parágrafo único,
da Lei n. 9.492/1997.
Os boletos de cobrança bancária vinculados ao título virtual devidamente acompanhados
dos instrumentos de protesto por indicação e dos comprovantes de entrega da mercadoria ou da
prestação dos serviços suprem a ausência física do título cambiário eletrônico e constituem, em
princípio, títulos executivos extrajudiciais. TOMAZETTE, Marlon. Curso de Direito Empresarial.
Títulos de crédito. Vol. 2. 2ª ed., São Paulo: Atlas, 2011.
Seguindo esta lógica, a Lei 14.301/2022 passou a permitir expressamente que a execução
da duplicata ou triplicata não aceita contanto que, cumulativamente: a) haja sido protestada; b)
esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e do recebimento da
mercadoria, permitida a sua comprovação por meio eletrônico e c) o sacado não tenha,
comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos arts.
7º e 8º desta Lei.
Art 15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de
conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais,
de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil ,quando se tratar:
(Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
l - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não;
II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente:
a) haja sido protestada;
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e
recebimento da mercadoria; e
b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e
do recebimento da mercadoria, permitida a sua comprovação por meio
eletrônico; (Redação dada pela Lei nº 14.301, de 2022)
c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas
condições e pelos motivos previstos nos arts. 7º e 8º desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)
(...)
§ 3º A comprovação por meio eletrônico de que trata a alínea b do inciso
II do caput deste artigo poderá ser disciplinada em ato do Poder
Executivo federal. (Incluído pela Lei nº 14.301, de 2022)
Vemos, portanto, que a celeuma quanto à admissibilidade ou não da duplicata virtual está
superada.
Por fim, destaca-se que a duplicata só pode espelhar uma fatura, ou seja, para cada fatura,
uma duplicata. No entanto, a fatura pode corresponder à soma de diversas notas parciais. A
nota parcial é o documento representativo de uma venda parcial ou de venda realizada dentro do
lapso de um mês, que poderá ser agrupada a outras vendas efetivadas nesse período pelo mesmo
comprador. Não há proibição legal para que se somem vendas parceladas procedidas no curso de
um determinado período (ex: um mês), e do montante se formule uma fatura única ao seu final.
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Como o tema foi cobrado em concurso?
TJ/RS (2022) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça indica que não
se admite o protesto por indicação no caso das duplicatas virtuais. Errada!
10.1. CONCEITO
Conforme Fábio Ulhôa, o cheque é uma ordem de pagamento À VISTA, sacada contra um
banco e com base em suficiente provisão de fundos depositados pelo sacador em mãos do sacado
ou decorrente de contrato de abertura de crédito entre ambos. Três figuras:
1) Sacador: Correntista.
2) Sacado: Banco.
3) Tomador/beneficiário: Credor do cheque.
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IV - a indicação do lugar de pagamento;
V - a indicação da data e do lugar de emissão;
VI - a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes
especiais.
Parágrafo único - A assinatura do emitente ou a de seu mandatário com
poderes especiais pode ser constituída, na forma de legislação específica,
por chancela mecânica ou processo equivalente.
Art. 3º O cheque é emitido contra banco, ou instituição financeira que lhe seja
equiparada, sob pena de não valer como cheque.
Destacam-se:
1) A expressão "cheque" inserta no próprio texto do título na língua empregada para a
sua redação;
3) A identificação do banco sacado (não vale, no Brasil, como cheque aquele que for
emitido contra um sacado não banqueiro);
5) Data de emissão;
Observações:
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3) Os cheques superiores a 100 reais devem, obrigatoriamente, ser nominais, vale dizer,
com a indicação do beneficiário. Pode ser ‘à ordem’ ou ‘não à ordem’.
Assim, o banco tem obrigação de pagar um cheque apresentado pelo tomador, mesmo que
se trate de “pré-datado”. Em não havendo fundos, é possível até mesmo protestar um cheque pré-
datado. Frise-se: Isso na disciplina legal do Direito Empresarial.
Para o Direito Civil, no entanto, a apresentação antecipada equivale ao rompimento da boa-
fé contratual, caracterizando dano moral (Súmula 370 do STJ). O dano, nesse caso, é ‘in re ipsa’
(ínsito na própria coisa), não necessitando de prova do prejuízo do sacador.
STJ Súmula: 370. Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de
cheque pré-datado.
O credor pode preencher cambial em branco ou com lacunas (exemplo: máquina que
preenche cheque)?
Conforme a Súmula 387 do STF é plenamente possível que o credor de boa-fé complete a
cambial.
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STF SÚMULA Nº 387 A CAMBIAL EMITIDA OU ACEITA COM OMISSÕES,
OU EM BRANCO, PODE SER COMPLETADA PELO CREDOR DE BOA-FÉ
ANTES DA COBRANÇA OU DO PROTESTO.
Endossatário de boa-fé
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SIM. O STJ decidiu que é possível o protesto de cheque, por endossatário terceiro de boa-
fé, após o decurso do prazo de apresentação, mas antes da expiração do prazo para ação cambial
de execução, ainda que, em momento anterior, o título tenha sido sustado pelo emitente em razão
do inadimplemento do negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
Duas peculiaridades:
• O aval em branco aproveita ao sacador (art. 30, parágrafo único);
Lei 7.357/85 Art. 30 O aval é lançado no cheque ou na folha de alongamento.
Exprime-se pelas palavras ‘’por aval’’, ou fórmula equivalente, com a
assinatura do avalista. Considera-se como resultante da simples assinatura
do avalista, aposta no anverso do cheque, salvo quando se tratar da
assinatura do emitente.
Parágrafo único - O aval deve indicar o avalizado. Na falta de indicação,
considera-se avalizado o emitente.
Trata-se do prazo que o tomador tem para apresentar o cheque ao banco para pagamento.
Não se confunde com o prazo prescricional (ver abaixo).
O prazo de apresentação varia conforme o local do saque indicado na cártula:
Mesma praça → 30 dias.
Praça diferente → 60 dias.
30 dias 60 dias
Se o cheque é da mesma praça do pagamento Se o cheque for de praça diferente (município onde foi
(município onde foi assinado é o município da agência assinado é diferente do município da agência pagadora).
pagadora)
O prazo será de 30 dias se o local da emissão do cheque O prazo será de 60 dias se o local da emissão do cheque
(preenchido pelo emitente) for o mesmo lugar do pagamento (preenchido pelo emitente) for diferente do lugar do
(local da agência pagadora impressa no cheque). Nesse pagamento (local da agência pagadora impressa no cheque).
caso, diz-se que o cheque é da mesma praça (mesmo Nesse caso, diz-se que o cheque é de outra praça.
município).
Ex. em um cheque de uma agência de São Paulo (SP), o
Ex. em um cheque de uma agência de São Paulo (SP), o emitente datou e assinou Manaus (AM) como local da
emitente datou e assinou São Paulo (SP) como local da emissão.
emissão.
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Termo ‘a quo’ do prazo: Data de emissão do cheque (data indicada na cártula).
Mesma praça bancária: Quando o local de saque indicado na cártula corresponder ao local
da agência pagadora.
Praças bancárias diferentes: Quando não há coincidência entre a praça do saque e a praça
da agência pagadora.
OBS: O que importa para essa verificação é a praça e a data de saque indicados pelo
sacador no cheque e não o local e a data em que efetivamente ocorreu a emissão do cheque
(princípio da cartularidade).
3) A não apresentação do cheque no prazo legal pode causar a perda do direito de o credor
executar até mesmo o emitente do título. É uma hipótese excepcional, mas existe. Dá-se
quando havia fundos durante o prazo de apresentação e eles deixaram de existir, em
seguida ao término deste prazo, por culpa não imputável ao correntista (como, por exemplo,
a falência do banco, o confisco governamental etc.). É o que prevê o art. 47, II, e seu §3º da
Lei do Cheque. Sobrará ao credor apenas a chance de executar o avalista do emitente.
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Concluindo, mesmo depois de transcorrido o prazo de apresentação, o cheque poderá ser
apresentado e pago pelo sacado, desde que não se encontre prescrito e, evidentemente, haja
suficiente provisão de fundos em seu poder (art. 35, parágrafo único). A inobservância do prazo de
apresentação, portanto, não desconstitui o título de crédito como ordem de pagamento à vista, mas
importa as graves sanções acima mencionadas.
O PORTADOR do cheque pode recusar pagamento PARCIAL do cheque?
Lei 7.357/85 Art. 38, Parágrafo único. O portador não pode recusar
pagamento parcial, e, nesse caso, o sacado pode exigir que esse pagamento
conste do cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação.
10.7.3. Protesto
Protesto de títulos é o ato público, formal e solene, realizado pelo tabelião, com a finalidade
de provar a inadimplência e o descumprimento de obrigação constante de título de crédito ou de
outros documentos de dívida.
É possível o protesto do cheque contra o emitente mesmo após ter se passado o prazo de
apresentação?
Mas o art. 48 da Lei n. 7.357/85 afirma que o protesto do cheque deve ocorrer durante o
prazo de apresentação. Veja:
Portanto, nada impede o protesto facultativo do cheque, mesmo que apresentado depois do
prazo mencionado no art. 48, c/c o art. 33, ambos da Lei n. 7.357/85. Isso porque o protesto do
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título pode ser utilizado pelo credor com outras finalidades que não o ajuizamento da ação de
execução do título executivo.
Em suma, de acordo com o STJ, sempre será possível, no prazo para a execução cambial,
o protesto cambiário de cheque com a indicação do emitente como devedor.
Por fim, o protesto irregular de cheque prescrito não caracteriza abalo de crédito apto a
ensejar danos morais ao devedor, se ainda remanescer ao credor vias alternativas para a cobrança
da dívida consubstanciada no título (STJ – Info 6616).
Se um dos correntistas emite cheque sem fundos, quem será responsável pelo
pagamento?
STJ: Na conta conjunta existe solidariedade ATIVA, vale dizer, qualquer dos cotitulares pode
movimentar a conta. Entretanto, a solidariedade PASSIVA não é reconhecida. Dessa forma, só
responde pelo cheque aquele que o emitiu. Só ele pode ser protestado e executado (REsp.
336.632/ES).
Se no protesto constar o nome daquele que não emitiu a cártula, estará configurado o dano
moral.
Quando o correntista possui fundo disponível para pagamento do cheque, e este é devolvido,
trata-se da chamada devolução indevida. Sobre esse assunto:
STJ - Súmula 388: “A simples devolução indevida de cheque caracteriza
dano moral” (leia-se: independentemente de prova do prejuízo sofrido pela
vítima – in re ipsa).
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Parágrafo único - A revogação ou contraordem só produz efeito depois
de expirado o prazo de apresentação e, não sendo promovida, pode o
sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de prescrição, nos termos do
art. 59 desta Lei.
Só pode ser realizada pelo emitente do cheque. Só produz efeitos depois do prazo de
apresentação. É uma forma de controle bancário, na qual o correntista ordena que após o prazo
de apresentação o cheque não deve ser pago.
Além do emitente, o PORTADOR LEGITIMADO também pode dar sustação. Produz efeitos
imediatos (mesmo durante o prazo de apresentação). Requerida a sustação, o banco não mais
deve pagar o cheque. Só é admitida em casos devidamente fundamentados (exemplo: furto,
extravio etc. – André Santa Cruz crítica: não deve ser “fundamentado” o banco deve apenas acatar
a ordem).
Durante assalto ocorrido em um banco, os ladrões roubaram 50 talonários de
cheques. Tais talonários estavam impressos com nomes de clientes e seriam
ainda entregues aos correntistas para que iniciassem seu uso. Diante desse
fato, o banco efetuou o cancelamento dos referidos cheques. Cerca de um
mês depois do assalto, um dos ladrões foi até o supermercado e comprou
diversos produtos. A conta foi paga com o cheque roubado. O funcionário do
supermercado foi tentar descontar o cheque, mas ele foi devolvido, tendo a
bancária informado que aquele cheque não poderia ser pago porque havia
sido cancelado pela instituição financeira, com base no motivo 25 da
Resolução 1.631/1989, do Banco Central. O banco deverá responder pelo
prejuízo do supermercado? NÃO. A instituição financeira não deve responder
pelos prejuízos suportados por sociedade empresária que, no exercício de
sua atividade empresarial, recebera como pagamento cheque que havia sido
roubado durante o envio ao correntista e que não pode ser descontado em
razão do prévio cancelamento do talonário (motivo 25 da Resolução
1.631/1989 do Bacen). STJ. 3ª Turma. REsp 1324125-DF, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 21/5/2015 (Info 564).
O cheque NÃO pago pelo sacado por falta de fundos deve ser PROTESTADO pelo credor
ATÉ a data limite de apresentação, a fim de que assegure a sua pretensão executória contra
todos os coobrigados. Se NÃO for realizado o protesto nesse prazo, somente poderá executar o
devedor principal.
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OBS: O protesto pode ser substituído pela declaração do sacado da câmara de
compensação que comprove a recusa de pagamento por falta de fundos.
Conforme Fábio Ulhôa, na execução do cheque sem fundos, o credor terá direito à
importância do título acrescida das seguintes verbas:
• Juros legais a partir da apresentação a pagamento;
• Despesas com protesto, avisos e outras;
• Correção monetária prevista no art. 52, IV, da Lei do Cheque.
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para o credor a possibilidade de ajuizamento de ação de conhecimento em face do emitente,
endossantes e avalistas, baseada no cheque que, embora prescrito, ainda tem natureza cambial
(art. 61).
Essa pretensão (ação de conhecimento), com base no título de crédito, prescreve em 02
anos, contados do termo final do prazo para ajuizamento da execução.
Art. 61 A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados, que
se locupletaram injustamente com o não pagamento do cheque, prescreve
em 2 (dois) anos, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista
no art. 59 e seu parágrafo desta Lei.
Prescrita também essa pretensão, nenhuma outra ação caberá com base em título de
crédito. Poderá ser ajuizada nova ação de conhecimento (ação monitória), servindo o cheque
prescrito como uma PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. Essa obedecerá aos prazos prescricionais da lei
civil.
Ponto feito com base nas explicações do Professor Márcio Cavalcante (Livro: Súmulas do
STF e STJ – Ed. 2019).
Duas súmulas merecem destaque quando se fala em ação monitória e cheque prescrito,
quais sejam: Súmula 531 e Súmula 503 do STJ, a seguir breve comentário.
Mesmo estando o cheque prescrito, ainda assim será possível a sua cobrança? SIM. Com
o fim do prazo de prescrição, o beneficiário não poderá mais executar o cheque. Diz-se que o
cheque perdeu sua força executiva. No entanto, mesmo assim o beneficiário poderá cobrar o valor
desse cheque por outros meios, quais sejam:
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• Ação de cobrança (ação causal): prevista no art. 62 da Lei do Cheque. O prazo é de
5 anos, nos termos do art. 206, § 5º, I, CC.
• Ação monitória.
Desse modo, estando o cheque prescrito (sem força executiva), ele poderá ser cobrado do
emitente por meio de ação monitória? SIM. O beneficiário do cheque poderá ajuizar uma ação
monitória para cobrar do emitente o valor consignado na cártula. Existe até uma súmula que
menciona isso:
Na petição inicial da ação monitória fundada em cheque prescrito, é necessário que o autor
mencione o negócio jurídico que gerou a emissão daquele cheque? É necessário que o autor da
monitória indique a origem da dívida expressa no título de crédito (uma compra e venda, p. ex.)?
NÃO. Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é dispensável a
menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula. É desnecessária a demonstração da
causa de sua emissão, cabendo ao réu o ônus de provar, se quiser, a inexistência do débito. O
autor da ação monitória não precisará, na petição inicial, mencionar ou comprovar a relação causal
(causa debendi) que deu origem à emissão do cheque prescrito (não precisa explicar o motivo pelo
qual o réu emitiu aquele cheque). (STJ. 2ª Seção. REsp 1.094.571-SP, Rel. Min. Luís Felipe
Salomão, julgado em 4/2/2013) (recurso repetitivo)
Isso não significa uma forma de cercear o direito de defesa do réu? NÃO. Não há
cerceamento de defesa, pois o demandado poderá, nos embargos à monitória (nome da “defesa”
na ação monitória), discutir a causa debendi. Na ação monitória há inversão da iniciativa do
contraditório, cabendo ao demandado a faculdade de opor embargos à monitória, suscitando toda
a matéria de defesa, visto que recai sobre ele o ônus probatório. Cabe ao réu o ônus de provar, se
quiser, a inexistência do débito.
O prazo prescricional de 5 (cinco) anos a que submetida a ação monitória se inicia, de acordo
com o princípio da actio nata, na data em que se torna possível o ajuizamento desta ação.
(...) o credor, mesmo munido de título de crédito com força executiva, não
está impedido de cobrar a dívida representada nesse título por meio de ação
de conhecimento ou mesmo de monitória. É de se concluir que o prazo
prescricional da ação monitória fundada em título de crédito (prescrito ou não
prescrito), começa a fluir no dia seguinte ao do vencimento do título. (...) STJ
3ª Turma. REsp 1367362/DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 16/04/2013.
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Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a
correção monetária incide a partir da data de emissão estampada na cártula,
e os juros de mora a contar da primeira apresentação à instituição financeira
sacada ou câmara de compensação. STJ. 2ª Seção. REsp 1556834-SP, Rel.
Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 22/6/2016 (recurso repetitivo) (Info
587).
Se o devedor não paga na data prevista o valor que estava previsto no cheque como sendo
de sua obrigação, o credor poderá cobrá-lo e terá direito de receber a quantia acrescida de juros
moratórios e correção monetária por conta do atraso. A dúvida que existia dizia respeito ao termo
inicial desses juros e correção monetária. A partir de quando eles deveriam ser contados e
calculados: a partir da data de emissão, da data de apresentação ou do dia da citação?
Vejamos o seguinte exemplo:
Em 15/01/2017, João emitiu um cheque de R$ 5 mil em favor de Pedro.
Em 02/02/2017, Pedro foi até o banco descontar o cheque, mas este não tinha fundos.
Em 2021, Pedro ajuíza ação monitória contra João, que é citado no dia 04/04/2018.
O juiz julgou procedente o pedido, condenando o réu a pagar o valor cobrado.
Na sentença, o magistrado consignou que os juros moratórios e a correção monetária
deveriam ser contados desde a data da citação inicial do réu (04/04/2021), nos termos do art. 405 do
CC e art. 240 do CPC/2015:
Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente,
induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor,
ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 (Código Civil).
O juiz acertou no momento da fixação do termo inicial dos juros de mora e da correção
monetária? NÃO.
Qual é o termo inicial da CORREÇÃO MONETÁRIA na cobrança de cheque?
A data de emissão estampada na cártula.
Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a correção monetária
incide a partir da data de emissão estampada na cártula. STJ. 2ª Seção. REsp 1.556.834-SP, Rel.
Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 22/6/2016 (recurso repetitivo) (Info 587).
A possibilidade de o credor cobrar correção monetária está disciplinada na Lei do Cheque (Lei
nº 7.357/85), que prevê que o portador pode exigir a compensação pela perda do valor aquisitivo da
moeda. Veja:
Art. 52. O portador pode exigir do demandado:
I - a importância do cheque não pago;
(...)
IV - a compensação pela perda do valor aquisitivo da moeda, até o embolso
das importâncias mencionadas nos itens antecedentes.
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A correção monetária não representa acréscimo ao valor devido, mas mera recomposição
inflacionária. Assim, ela deve ser exigida desde a data de emissão do cheque a fim de recompor
inteiramente o valor que seria devido ao beneficiário da cártula.
Qual é o termo inicial dos JUROS na cobrança de cheque? A data da primeira apresentação.
Os juros de mora sobre a importância de cheque não pago são contados da primeira
apresentação pelo portador ao banco, e não da citação do sacador. Logo, em nosso exemplo, os
juros deveriam ser contados desde 02/02/2017.
Os juros de mora decorrem do inadimplemento da obrigação pelo devedor, ou seja, os juros
de mora são consequência da mora do devedor da obrigação (art. 395 do CC). Dessa forma, nada
mais lógico que a sua contagem se inicie exatamente a partir do momento em que surge a mora.
Além disso, a Lei do Cheque (Lei nº 7.357/85) possui regra expressa que disciplina os juros
relacionados com a cobrança de crédito estampado em cheque.
Segundo a referida Lei, os juros de mora devem ser contados desde a data da primeira
apresentação do cheque pelo portador à instituição financeira, conforme previsto no art. 52, II:
Art. 52 portador pode exigir do demandado:
(...)
II - os juros legais desde o dia da apresentação;
Não se aplica, portanto, a regra do art. 405 do CC, que conta os juros a partir da citação
inicial.
Obs.: a Lei do Cheque veda a cobrança de juros compensatórios (art. 10).
No exemplo dado acima, o credor ajuizou ação monitória. Haveria diferença do termo inicial
caso ele tivesse proposto uma ação de locupletamento ou uma ação de cobrança?
NÃO. Não haveria diferença. O termo inicial continuaria sendo o mesmo. Isso porque a data
de início da fluência da correção monetária e dos juros de mora está relacionada com a relação de
direito material (e não com o instrumento processual utilizado para cobrança). O que importa é a
natureza da obrigação inadimplida, e não o tipo da ação proposta.
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11. ESQUEMA TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE
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Admite aval parcial ou Admite aval parcial ou Admite aval parcial ou Admite aval parcial ou
total total total total
(Obs.: Banco não pode
prestar aval)
Vencimento do título Vencimento do título Vencimento do título Vencimento do título
À vista: será o prazo da À vista: será o prazo da À vista: dentro do prazo À vista: será o prazo da
apresentação; apresentação; de apresentação ao apresentação;
banco que é de 30 dias
A certo termo de vista: A certo termo da data: Num dia fixado: vem
(mesma praça) e de 60
tantos dias do aceite; tantos dias do saque; definido no título
dias (praças diversas.
A certo termo da data: Num dia fixado: vem Após esse prazo, é
tantos dias do saque; definido no título facultado o pagamento;
Num dia fixado: vem
definido no título
O pagamento do título O pagamento do título No prazo de 30 ou de O pagamento do título
deve ser exigido deve ser exigido 60 dias o título deve ser deve ser exigido,
primeiro do obrigado primeiro do obrigado apresentado para inicialmente, do sacado.
principal. Caso esse não principal. Caso esse não pagamento. Não Somente após, pode-se
pague, qualquer um dos pague, qualquer um dos satisfeito o crédito tem o cobrar os coobrigados.
obrigados indiretos obrigados indiretos credor o prazo de 180 Vale ação de cobrança
poderá ser compelido a poderá ser compelido a dias, contado do fim de obedecidas as
fazê-lo sem respeitar a fazê-lo sem respeitar a apresentação, para seguintes regras:
ordem pela qual se ordem pela qual se promover a execução
- Com aceite:
obrigaram. No caso de obrigaram. No caso de do título, seja contra o
dispensável o protesto
não ser paga, caberá não ser paga, caberá devedor principal ou
contra o sacado;
execução. execução. contra os devedores
indiretos. - Sem aceite: precisa do
protesto até mesmo
Após esse prazo, é
contra o sacado.
possível ação monitória.
O protesto é fundado na O protesto só pode ser O protesto pode ser por O protesto é fundado na
falta de pagamento por falta de pagamento falta de pagamento (180 falta de pagamento, de
(prazo de dois dias do dias) aceite ou de devolução
vencimento) ou de do título remetido ao
aceite (prazo até p fim sacado. O prazo é de
do prazo de 30 dias do vencimento.
apresentação).
12.1. GRÁFICO 01
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CONTRA DEVEDOR CONTRA DIREITO DE REGRESSO
PRINCIPAL/AVALISTA CODEVEDOR/AVALISTA
Aqui falaremos de outros títulos, títulos não tão “famosos” por assim dizer. São títulos de
crédito causais, representativos de promessa de pagamento, com ou sem garantia real, conforme
a natureza e a área de atividade própria. Destacam-se entre estes: CÉDULAS DE CRÉDITO
(providas de garantia real) e NOTAS DE CRÉDITO (sem garantia real, mas gozam de privilégio
especial sobre bens livres do devedor, em caso de insolvência ou falência).
Neste ponto, estudaremos os seguintes títulos de crédito (gêneros):
1) Títulos de crédito comercial;
2) Títulos de crédito industrial;
3) Títulos de crédito rural;
4) Títulos de crédito imobiliário;
5) Novos títulos imobiliários;
6) Títulos de crédito bancário;
7) Letra de arrendamento mercantil.
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• Warrant (DL 1.102/1903): título constitutivo de promessa de pagamento, cuja
garantia é a própria mercadoria depositada.
• Cédula de crédito comercial/nota de crédito comercial (lei nº 6.840/80): títulos
causais resultantes de financiamento obtido por empresas no mercado financeiro,
para finalidade comercial. Ambos constituem promessa de pagamento, com a
distinção já apontada: crédito ostenta garantia real incorporada à própria cártula, nota
de crédito não (apenas é um crédito com privilégio especial).
• Nota promissória rural e duplicata rural (DL 167/67): títulos causais, fundada em
operações de compra e venda de natureza rural, contratadas a prazo, não
constitutivas de financiamento no âmbito do crédito rural.
• Cédula de PRODUTO rural (Lei 8.929/94): título de natureza causal, emitido por
produtor ou cooperativa rural, como promessa de entrega de produtos rurais,
podendo conter garantia hipotecaria, pignoratícia ou fiduciária.
Aval em cédula de crédito rural
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1) Letra imobiliária (lei 4.380/64): título causal, representativo de promessa de pagamento,
emitido para captação de recursos destinados à execução de projeto imobiliário, mediante
garantia do governo federal.
2) Letra hipotecária (DL 2.478/88 e Lei 7.684/88)/cédula hipotecária (DL 70/66): títulos
causais, representativos da promessa de pagamento, ambos emitidos com lastro sobre o
crédito hipotecário: LETRA hipotecária por instituição financeira; a CÉDULA hipotecária por
associação de poupança e empréstimo.
2) Letra de crédito imobiliário (lei 10.931/04): causal, por instituição financeira, promessa de
pagamento, lastro em crédito imobiliário decorrente de hipoteca ou alienação fiduciária.
3) Cédula de crédito hipotecário (lei 10.931/04): emitido pelo tomador do crédito imobiliário,
em favor da instituição financeira credora, com garantia real ou fidejussória, ou mesmo sem
garantia.
1) Cédula de crédito bancário (lei 10.931/04): emitido em favor da instituição financeira, com
garantia real ou fidejussória, ou sem garantia, em operação de crédito de qualquer
modalidade. A diferença desta cédula para as que vimos acima, é que nestas, o objeto do
financiamento é específico, devendo voltar-se para o desenvolvimento de atividades
comerciais, rurais etc. Aqui, o capital pode ser utilizado no desenvolvimento de qualquer
atividade.
Previsão legal: A Cédula de Crédito Bancário foi criada por Medida Provisória 1.925/99,
convertida, após inúmeras reedições, na Lei n.10.931/2004.
Em suma:
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6) Decorrente de operação de crédito, de qualquer modalidade...
Exemplo: Pedro vai até o Banco “X” para abrir uma conta corrente. O gerente lhe oferece
um contrato bancário de abertura de crédito. Por meio desse contrato, o Banco “X” irá colocar certa
quantia à disposição de Pedro, que pode ou não se utilizar desses recursos, caso necessite. O lucro
do Banco será nos juros cobrados de Pedro caso ele use a quantia disponibilizada. O contrato de
abertura de crédito não é considerado título executivo extrajudicial. Desse modo, para conferir maior
segurança ao Banco caso Pedro tome emprestado o dinheiro, a assinatura do contrato fica
condicionada à emissão, por Pedro, de uma Cédula de Crédito Bancário na qual ele promete pagar
ao Banco “X” o valor que tomar emprestado. Na hipótese de não pagar, o Banco “X” executa esta
Cédula de Crédito, sem precisar de um processo de conhecimento.
Mesmo com a previsão legal de que a Cédula de Crédito Bancário é título executivo
extrajudicial havia alguma polêmica sobre o tema? SIM. O STJ firmou o entendimento de que o
contrato de abertura de crédito não goza dos atributos para ser considerado título executivo. Nesse
sentido:
Súmula 233-STJ: O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado
de extrato da conta corrente, não é título executivo.
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A 2ª Seção do STJ pacificou o tema e decidiu que a Cédula de Crédito Bancário, de acordo
com a Lei n. 10.931/2004, é título executivo extrajudicial, representativo de operações de crédito de
qualquer natureza, que autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito em
contracorrente, nas modalidades crédito rotativo ou cheque especial.
Para tanto, a cártula deve vir acompanhada de claro demonstrativo acerca dos valores
utilizados pelo cliente, consoante as exigências legais enumeradas nos incisos I e II do § 2º do art.
28 da lei mencionada – de modo a lhe conferir liquidez e exequibilidade.
Em suma:
A Cédula de Crédito Bancário, desde que atendidas as prescrições da Lei n. 10.931/2004, é
título executivo extrajudicial, ainda que tenha sido emitida para documentar a abertura de crédito
em conta corrente.
3) Certificado de depósito em garantia (lei 4.728/65 e lei 6.404/76 - LSA): emitido por
instituição financeira, relativo ao depósito em garantia de títulos de crédito ou valores
mobiliários, que permanecem no estabelecimento bancário, como lastro da operação, até a
devolução do certificado.
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CONTRATOS EMPRESARIAIS
1.1. CONCEITO
1.2. REGRAMENTO
O Código Civil de 2002 trata de forma genérica sobre a propriedade fiduciária em seus arts.
1.361 a 1.368-B. Existem, no entanto, leis específicas que também regem o tema:
Resumindo:
Alienação fiduciária de Alienação fiduciária de
bens MÓVEIS fungíveis e bens MÓVEIS infungíveis
Alienação fiduciária de
infungíveis quando o quando o credor fiduciário
bens IMÓVEIS
credor fiduciário for for pessoa natural ou
instituição financeira jurídica (sem ser banco)
Lei nº 4.728/65 Código Civil de 2002
Lei nº 9.514/97
Decreto-Lei nº 911/69 (Arts. 1.361 a 1.368-B)
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Antônio quer comprar um carro de R$ 30.000,00, mas somente possui R$ 10.000,00. Antônio
procura o Banco “X”, que celebra com ele contrato de financiamento com garantia de alienação
fiduciária.
Assim, o Banco “X” empresta R$ 20.000,00 a Antônio, que compra o veículo. Como garantia
do pagamento do empréstimo, a propriedade resolúvel do carro ficará com o Banco “X” e a posse
direta com Antônio.
Em outras palavras, Antônio ficará andando com o carro, mas no documento, a propriedade
do automóvel é do Banco “X” (constará “alienado fiduciariamente ao Banco X”). Diz-se que o banco
tem a propriedade resolúvel porque, uma vez pago o empréstimo, a propriedade do carro pelo banco
“resolve-se” (acaba) e o automóvel passa a pertencer a Antônio.
Havendo mora por parte do mutuário, o procedimento será o seguinte (regulado pelo DL
911/69):
1) NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR:
Assim, o credor deverá fazer a notificação extrajudicial do devedor de que este se encontra
em débito, comprovando, assim, a mora. Essa notificação é indispensável para que o credor possa
ajuizar ação de busca e apreensão. Confira:
Pergunta importante: como é feita a notificação do devedor? Essa notificação precisa ser realizada
por intermédio do Cartório de Títulos e Documentos?
NÃO. Essa notificação é feita por meio de carta registrada com aviso de recebimento. Logo,
não precisa ser realizada por intermédio do Cartório de RTD. Essa foi uma das mudanças operadas
pela Lei n. 13.043/2014 no § 2º do art. 2º do DL 911/69.
O credor deveria demonstrar a mora do Ficou mais fácil. O credor pode demonstrar a
devedor por duas formas: mora do devedor por meio de carta registrada
com aviso de recebimento.
a) por carta registada expedida por
intermédio de Cartório de Títulos e Não mais se exige que a carta registrada seja
Documentos; ou expedida pelo Cartório de Títulos e
Documentos.
b) pelo protesto do título, realizado pelo
Tabelionato de Protesto. É dispensável que haja o protesto do título.
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O objetivo da alteração foi o de reduzir o custo da notificação, permitindo que seja feita por
mera emissão de carta via Correios, evitando assim que a instituição financeira tenha que pagar os
emolumentos para os titulares de Cartórios.
O aviso de recebimento da carta (AR) precisa ser assinado pelo próprio devedor?
Portanto, a alteração legislativa confirma a solução que já havia sido dada pelo STJ ao tema.
2) AJUIZAMENTO DA AÇÃO:
Após comprovar a mora, o mutuante (Banco “X”) poderá ingressar com uma ação de busca
e apreensão requerendo que lhe seja entregue o bem (art. 3º do DL 911/69). Essa busca e
apreensão prevista no DL 911/69 é uma ação especial autônoma e independente de qualquer
procedimento posterior.
3) CONCESSÃO DA LIMINAR:
O juiz concederá a busca e apreensão de forma liminar (sem ouvir o devedor), desde que
comprovada a mora ou o inadimplemento do devedor (art. 3º do DL 911/69).
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Apesar de a nova redação do art. 3º utilizar a expressão “podendo ser apreciada”, o que
poderia indicar uma faculdade do juiz, a leitura mais adequada do dispositivo é a de que, estando
presentes os requisitos legais, o magistrado tem o poder-dever de apreciar e conceder a liminar.
Se o bem objeto da alienação fiduciária for um veículo, caso seja concedida a liminar na
busca e apreensão, uma medida de grande eficácia para conseguir localizar e recuperar o bem é
inserir uma restrição judicial no “registro” do veículo.
O Poder Judiciário mantém convênio com o DENATRAN por meio do qual os magistrados
possuem acesso ao sistema informatizado do RENAVAM. Assim, o juiz pode digitar seu login e sua
senha, entrar na página interna do RENAVAM e inserir restrições judiciais incidentes sobre os
veículos objeto do processo. Assim, quando o carro for parado em uma blitz ou for realizar uma
inspeção de rotina no DETRAN, aparecerá aquela informação no sistema e o veículo será
apreendido e entregue à Justiça.
Dessa forma, quando o juiz decreta a busca e apreensão, ele próprio, com sua senha,
deverá inserir diretamente a restrição judicial no RENAVAM. Caso ele não tenha acesso à base de
dados, deverá expedir um ofício ao DETRAN para que:
5) APREENSÃO DO BEM:
Caso o bem seja localizado em comarca diferente da qual onde está tramitando a ação (ex:
o processo tramita em Belo Horizonte e o carro foi encontrado em Lavras), a parte interessada
poderá requerer diretamente ao juízo dessa comarca pedindo a apreensão do veículo, bastando
que em tal requerimento conste a cópia da petição inicial da ação e, quando for o caso, a cópia do
despacho que concedeu a busca e apreensão do veículo (§ 12 do art. 3º do DL 911/69,
acrescentado pela Lei n. 13.043/2014).
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O devedor, por ocasião do cumprimento do mandado de busca e apreensão, deverá entregar
o bem e seus respectivos documentos (§ 14 do art. 3º do DL 911/69, acrescentado pela Lei
n. 13.043/2014).
Art. 3º (...)
§ 1º Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, consolidar-
se-ão a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do
credor fiduciário, cabendo às repartições competentes, quando for o caso,
expedir novo certificado de registro de propriedade em nome do credor, ou
de terceiro por ele indicado, livre do ônus da propriedade fiduciária. (Redação
dada pela Lei 10.931/2004)
§ 2º No prazo do § 1º, o devedor fiduciante poderá pagar a integralidade da
dívida pendente, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na
inicial, hipótese na qual o bem lhe será restituído livre do ônus. (Redação
dada pela Lei 10.931/2004)
O que se entende por “integralidade da dívida pendente”? Para que o devedor tenha de volta
o bem, ele deverá pagar todo o valor do financiamento ou somente as parcelas já vencidas e
não pagas (purgação da mora)? Ex: Antônio financiou o veículo em 60 parcelas. A partir da
20ª prestação ele começou a não mais pagar. Estão vencidas 5 parcelas. Para ter de volta o
bem ele terá que pagar somente as 5 parcelas vencidas (purgação mora) ou todo o
financiamento restante (40 parcelas)?
Todo o débito.
Segundo decidiu o STJ, a Lei n. 10.931/2004, que alterou o DL 911/69, não mais faculta ao
devedor a possibilidade de purgação de mora, ou seja, não mais permite que ele pague somente
as prestações vencidas.
Para que o devedor fiduciante consiga ter o bem de volta, ele terá que pagar a integralidade
da dívida, ou seja, tanto as parcelas vencidas quanto as vincendas (mais os encargos), no prazo
de 5 dias após a execução da liminar.
O devedor purga a mora quando ele oferece ao credor as prestações que estão vencidas e
mais o valor dos prejuízos que este sofreu (art. 401, I, do CC). Nesse caso, purgando a mora, o
devedor consegue evitar as consequências do inadimplemento. Ocorre que na alienação fiduciária
em garantia, a Lei n. 10.931/2004 passou a não mais permitir a purgação da mora.
Vale ressaltar que o tema acima foi decidido em sede de recurso repetitivo, tendo o STJ
firmado à seguinte conclusão, que será aplicada em todos os processos semelhantes:
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cinco dias após a execução da liminar na ação de busca e apreensão, pagar
a integralidade da dívida – entendida esta como os valores apresentados e
comprovados pelo credor na inicial –, sob pena de consolidação da
propriedade do bem móvel objeto de alienação fiduciária. STJ. 2ª Seção.
REsp 1.418.593-MS, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em 14/5/2014
(recurso repetitivo).
SIM. Antes da Lei n. 10.931/2004 era permitida a purgação da mora, desde que o devedor
já tivesse pagado no mínimo 40% do valor financiado. Tal entendimento estava, inclusive,
consagrado em um enunciado do STJ:
7) CONTESTAÇÃO:
Obs1: a resposta poderá ser apresentada ainda que o devedor tenha decidido pagar a integralidade
da dívida, caso entenda ter havido pagamento a maior e deseje a restituição.
Obs2: nesta defesa apresentada pelo devedor, é possível que ele invoque a ilegalidade das
cláusulas contratuais (ex: juros remuneratórios abusivos). Se ficar provado que o contrato era
abusivo, isso justificaria o inadimplemento e descaracterizaria a mora.
8) VENDA DO BEM
O preço da venda, isto é, o valor apurado com a alienação, deverá ser utilizado para pagar
os débitos do devedor para com o credor e para custear as despesas decorrentes da cobrança
dessa dívida.
Se após o pagamento da dívida ainda sobrar dinheiro esse saldo apurado deverá ser
entregue ao devedor.
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tenha ciência do valor que foi apurado com a venda e possa fiscalizar para saber se sobrou algum
saldo, já que tais recursos lhe pertencem.
9) SENTENÇA
Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor,
o credor poderá requerer, nos mesmos autos, a conversão do pedido de busca e apreensão
em AÇÃO EXECUTIVA (execução para a entrega de coisa) (art. 4º do DL 911/69, com redação
dada pela Lei n. 13.043/2014).
Caso o credor tenha optado por recorrer à ação executiva serão penhorados, a critério do
autor da ação, tantos bens do devedor quantos bastem para assegurar a execução (art. 5º do DL
911/69, com redação dada pela Lei n. 13.043/2014).
NÃO. Não será aceito bloqueio judicial de bens constituídos por alienação fiduciária de que
trata o DL 911/69. Se os outros credores quiserem alegar que possuem créditos preferenciais em
relação à instituição financeira mutuante, tal discussão sobre concursos de preferências deverá ser
resolvida pelo valor da venda do bem após ele ser apreendido (art. 7º-A do DL 911/69, inserido pela
Lei n. 13.043/2014).
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Importante:
O Código Civil traz regras sobre a alienação fiduciária de bens MÓVEIS infungíveis quando
o credor fiduciário for pessoa natural ou jurídica (sem ser banco).
ANTES DEPOIS
a) Deixar claro que existem várias espécies de alienação fiduciária e que cada uma delas
possui um regramento próprio, aplicando-se as normas do Código Civil apenas para os casos em
que a alienação fiduciária não for tratada em lei específica;
c) Determinar que sejam aplicadas à espécie de propriedade fiduciária regida pelo Código
Civil as normas dos arts. 1.419 a 1.430 do CC.
A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel confere direito real de aquisição
ao fiduciante, seu cessionário ou sucessor (art. 1.368-B do CC, inserido pela Lei n. 13.043/2014).
O credor fiduciário que se tornar proprietário pleno do bem, por efeito de realização da
garantia, mediante consolidação da propriedade, adjudicação, dação ou outra forma pela qual lhe
tenha sido transmitida a propriedade plena, passa a responder pelo pagamento dos tributos sobre
a propriedade e a posse, taxas, despesas condominiais e quaisquer outros encargos, tributários ou
não, incidentes sobre o bem objeto da garantia, a partir da data em que vier a ser imitido na posse
direta do bem (parágrafo único do art. 1.368-B do CC, inserido pela Lei n. 13.043/2014).
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1.6. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS IMÓVEIS
Como já visto acima, a alienação fiduciária em caso de bens imóveis é regida pela
Lei 9.514/97.
A alteração promovida pela Lei 13.043/2014 na alienação fiduciária de imóveis foi muito
singela e teve como objetivo apenas deixar claro que o prazo para purgação da mora é contado da
última publicação do edital. Compare:
ANTES DEPOIS
Importante destacar que os direitos do devedor fiduciante sobre imóvel objeto de contrato
de alienação fiduciária em garantia possuem a proteção da impenhorabilidade do bem de família
legal. STJ. 3ª Turma. REsp 1677079-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
25/09/2018 (Info 635).
Ex: João fez um contrato de alienação fiduciária para aquisição de uma casa; ele está
morando no imóvel enquanto paga as prestações; enquanto não terminar de pagar, a casa pertence
ao banco; apesar disso, ou seja, a despeito de possuir apenas a posse, os direitos de João sobre o
imóvel não podem ser penhorados porque incide a proteção do bem de família.
TJ/RS (2022) Uma vez ajuizada a ação de busca e apreensão de bem móvel
alienado fiduciariamente, é vedada a purga da mora pelo devedor. Errada!
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TJ/RS (2022) Na alienação fiduciária de bens móveis, a mora decorre do
simples vencimento do prazo, mas sua demonstração depende de
interpelação do devedor comprovada pela assinatura de próprio punho.
Correta!
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1.7.2. PROPRIEDADE RESOLÚVEL E ‘AD TEMPUS’ (DIREITOS REAIS)
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2. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL (“LEASING”)
2.1. CONCEITO
Vejamos:
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É o mais usual, que conta com as figuras do ARRENDADOR, do ARRENDATÁRIO e do
FORNECEDOR.
Exemplo: Leasing de carro. Eu vou até a concessionária (fornecedora), escolho o veículo
que me interessa e indico-o para a empresa de leasing. Esta, então, compra o carro e realiza comigo
o contrato de leasing. Eu arrendo/loco da empresa o carro.
Em relação ao leasing de carro, importante mencionar que NÃO SE APLICA a Súmula 492
do STF, vale dizer, a EMPRESA DE LEASING não tem qualquer responsabilidade.
STF SÚMULA 492. A EMPRESA LOCADORA DE VEÍCULOS RESPONDE,
CIVIL E SOLIDARIAMENTE COM O LOCATÁRIO, PELOS DANOS POR
ESTE CAUSADOS A TERCEIRO, NO USO DO CARRO LOCADO.
Ao contrário dos demais, somente pessoa jurídica pode realizar (sendo arrendatária) o
leasing de retorno.
Exemplo: Indústria têxtil passando por crise. Em vez de fazer um empréstimo bancário, a
indústria pode fazer o ‘lease back’. A indústria vende o equipamento para a empresa de leasing
(contrato de compra e venda) e utiliza o valor obtido para se reerguer.
OBS: O lease back só é possível em duas operações: contrato de compra e venda ou dação
em pagamento. O bem só pode sair da titularidade da Pessoa Jurídica para a empresa de leasing
por meio de uma dessas operações.
Voltando ao exemplo: A indústria pega o dinheiro recebido com a venda e utiliza como capital
de giro. E para não ficar sem o equipamento, a indústria arrenda-o da empresa de leasing. Por isso
é leasing de retorno: o bem sai do patrimônio da PJ (por meio da venda ou dação) e retorna por
meio do leasing.
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2.2.4. Quadro resumo
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2.4. PURGAÇÃO DA MORA
Ocorre que os §§ 1º e 2º do art. 3º do DL 911/69 não autorizam a purgação de mora, ou seja, não
permitem que o devedor pague somente as prestações vencidas.
Para que o devedor consiga ter o bem de volta, ele terá que pagar a integralidade da dívida, ou
seja, tanto as parcelas vencidas quanto as vincendas (mais os encargos), no prazo de 5 dias após a
execução da liminar.
Resumindo:
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3. CONTRATO DE FRANQUIA (franchising)
O contrato de franquia está previsto na Lei 13.966/2019 que revogou a Lei 8.955/94.
Salienta-se que nova Lei de Franquia foi publicada em 26 de dezembro de 2019, entrará em vigor
março de 2019 (90 dias após sua publicação).
Art. 9º Revoga-se a Lei nº 8.955, de 15 de dezembro de 1994 (Lei de
Franquia).
3.1. CONCEITO
O conceito de franquia foi ampliado pela Lei 13.966/2019. Observe o quadro abaixo:
ANTIGO CONCEITO DE FRANQUIA NOVO CONCEITO DE FRANQUIA
(art. 2º da Lei 8.955/94) (art. 1º da Lei 13.966/2019)
Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo Art. 1º Esta Lei disciplina o sistema de franquia
qual um franqueador cede ao franqueado o empresarial, pelo qual um franqueador autoriza
direito de uso de marca ou patente, associado por meio de contrato um franqueado a usar
ao direito de distribuição exclusiva ou marcas e outros objetos de propriedade
semiexclusiva de produtos ou serviços e, intelectual, sempre associados ao direito de
eventualmente, também ao direito de uso de produção ou distribuição exclusiva ou não
tecnologia de implantação e administração de exclusiva de produtos ou serviços e também
negócio ou sistema operacional desenvolvidos ao direito de uso de métodos e sistemas de
ou detidos pelo franqueador, mediante implantação e administração de negócio ou
remuneração direta ou indireta, sem que, no sistema operacional desenvolvido ou detido
entanto, fique caracterizado vínculo pelo franqueador, mediante remuneração
empregatício. (Revogado) direta ou indireta, sem caracterizar relação de
consumo ou vínculo empregatício em relação
ao franqueado ou a seus empregados, ainda
que durante o período de treinamento.
3.2. CONTRATANTES
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3.3. OBJETOS DO CONTRATO
A Lei 13.966/2019 reforçou o entendimento anterior dispondo que o contrato de franquia não
gera vínculo empregatício em relação ao franqueado ou a seus empregados, nem mesmo durante
o período de treinamento.
3.6.1. Conceito
É uma ‘ESPÉCIE DE PROPOSTA’ por escrito do franqueador que deve ser fornecida ao
interessado em implantar o sistema de franquia empresarial. No art. 2º da Lei estão descritas todas
as cláusulas que obrigatoriamente devem constar na COF.
Art. 2º Para a implantação da franquia, o franqueador deverá fornecer ao
interessado Circular de Oferta de Franquia, escrita em língua portuguesa, de
forma objetiva e acessível, contendo obrigatoriamente:
I - histórico resumido do negócio franqueado;
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II - qualificação completa do franqueador e das empresas a que esteja ligado,
identificando-as com os respectivos números de inscrição no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ);
III - balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora,
relativos aos 2 (dois) últimos exercícios;
IV - indicação das ações judiciais relativas à franquia que questionem o
sistema ou que possam comprometer a operação da franquia no País, nas
quais sejam parte o franqueador, as empresas controladoras, o
subfranqueador e os titulares de marcas e demais direitos de propriedade
intelectual;
V - descrição detalhada da franquia e descrição geral do negócio e das
atividades que serão desempenhadas pelo franqueado;
VI - perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência anterior,
escolaridade e outras características que deve ter, obrigatória ou
preferencialmente;
VII - requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e
na administração do negócio;
VIII - especificações quanto ao:
a) total estimado do investimento inicial necessário à aquisição, à implantação
e à entrada em operação da franquia;
b) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia;
c) valor estimado das instalações, dos equipamentos e do estoque inicial e
suas condições de pagamento;
IX - informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem
pagos pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados,
detalhando as respectivas bases de cálculo e o que elas remuneram ou o fim
a que se destinam, indicando, especificamente, o seguinte:
a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca, de outros objetos
de propriedade intelectual do franqueador ou sobre os quais este detém
direitos ou, ainda, pelos serviços prestados pelo franqueador ao franqueado;
b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial;
c) taxa de publicidade ou semelhante;
d) seguro mínimo;
X - relação completa de todos os franqueados, subfranqueados ou
subfranqueadores da rede e, também, dos que se desligaram nos últimos 24
(vinte quatro) meses, com os respectivos nomes, endereços e telefones;
XI - informações relativas à política de atuação territorial, devendo ser
especificado:
a) se é garantida ao franqueado a exclusividade ou a preferência sobre
determinado território de atuação e, neste caso, sob que condições;
b) se há possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços
fora de seu território ou realizar exportações;
c) se há e quais são as regras de concorrência territorial entre unidades
próprias e franqueadas;
XII - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de
adquirir quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à implantação,
operação ou administração de sua franquia apenas de fornecedores
indicados e aprovados pelo franqueador, incluindo relação completa desses
fornecedores;
XIII - indicação do que é oferecido ao franqueado pelo franqueador e em quais
condições, no que se refere a:
a) suporte;
b) supervisão de rede;
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c) serviços;
d) incorporação de inovações tecnológicas às franquias;
e) treinamento do franqueado e de seus funcionários, especificando duração,
conteúdo e custos;
f) manuais de franquia;
g) auxílio na análise e na escolha do ponto onde será instalada a franquia; e
h) leiaute e padrões arquitetônicos das instalações do franqueado, incluindo
arranjo físico de equipamentos e instrumentos, memorial descritivo,
composição e croqui;
XIV - informações sobre a situação da marca franqueada e outros direitos de
propriedade intelectual relacionados à franquia, cujo uso será autorizado em
contrato pelo franqueador, incluindo a caracterização completa, com o
número do registro ou do pedido protocolizado, com a classe e subclasse,
nos órgãos competentes, e, no caso de cultivares, informações sobre a
situação perante o Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC);
XV - situação do franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em
relação a:
a) know-how da tecnologia de produto, de processo ou de gestão,
informações confidenciais e segredos de indústria, comércio, finanças e
negócios a que venha a ter acesso em função da franquia;
b) implantação de atividade concorrente à da franquia;
XVI - modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do pré-contrato-
padrão de franquia adotado pelo franqueador, com texto completo, inclusive
dos respectivos anexos, condições e prazos de validade;
XVII - indicação da existência ou não de regras de transferência ou sucessão
e, caso positivo, quais são elas;
XVIII - indicação das situações em que são aplicadas penalidades, multas ou
indenizações e dos respectivos valores, estabelecidos no contrato de
franquia;
XIX - informações sobre a existência de quotas mínimas de compra pelo
franqueado junto ao franqueador, ou a terceiros por estes designados, e
sobre a possibilidade e as condições para a recusa dos produtos ou serviços
exigidos pelo franqueador;
XX - indicação de existência de conselho ou associação de franqueados, com
as atribuições, os poderes e os mecanismos de representação perante o
franqueador, e detalhamento das competências para gestão e fiscalização da
aplicação dos recursos de fundos existentes;
XXI - indicação das regras de limitação à concorrência entre o franqueador e
os franqueados, e entre os franqueados, durante a vigência do contrato de
franquia, e detalhamento da abrangência territorial, do prazo de vigência da
restrição e das penalidades em caso de descumprimento;
XXII - especificação precisa do prazo contratual e das condições de
renovação, se houver;
XXIII - local, dia e hora para recebimento da documentação proposta, bem
como para início da abertura dos envelopes, quando se tratar de órgão ou
entidade pública.
§ 1º A Circular de Oferta de Franquia deverá ser entregue ao candidato a
franqueado, no mínimo, 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-
contrato de franquia ou, ainda, do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo
franqueado ao franqueador ou a empresa ou a pessoa ligada a este, salvo no
caso de licitação ou pré-qualificação promovida por órgão ou entidade
pública, caso em que a Circular de Oferta de Franquia será divulgada logo no
início do processo de seleção.
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§ 2º Na hipótese de não cumprimento do disposto no § 1º, o franqueado
poderá arguir anulabilidade ou nulidade, conforme o caso, e exigir a
devolução de todas e quaisquer quantias já pagas ao franqueador, ou a
terceiros por este indicados, a título de filiação ou de royalties, corrigidas
monetariamente.
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a) Histórico resumido do negócio
Na lei anterior havia apenas a previsão de histórico do franqueador. Com a Lei 13.966/2019
é necessário que haja o histórico do negócio e do franqueador, para que haja uma tomada de
decisão consciente.
b) Ampliação do prazo da relação de franqueados
A COF deve apresentar uma relação completa dos franqueados, pelo prazo de 24 meses
(era de 12 meses antes), deve incluir até os tenham se desligado da rede.
c) Regras de transferência ou de sucessão
A COF deve indicar as regras de transferência ou de sucessão
d) Indicação de penalidades, multas e indenizações
A Lei prevê que a COF deve indicar as situações em que são aplicadas penalidades, multas
ou indenizações e dos respectivos valores, estabelecidos no contrato de franquia
e) Quotas mínimas de compras
A COF deve conter informações sobre a existência de quotas mínimas de compra pelo
franqueado junto ao franqueador, ou a terceiros por estes designados, e sobre a possibilidade e as
condições para a recusa dos produtos exigido pelo franqueador.
f) Atuação territorial
Na vigência da Lei 8.955/94 a COF deveria especificar:
• Se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferência sobre determinado
território de atuação e, caso positivo, em que condições o faz;
• Possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de seu
território ou realizar exportações.
A Lei 13.966/2019 manteve os dois casos acima e determinou que também deve ser
especificado se há e quais são as regras de concorrência territorial entre unidades próprias e
franqueadas.
Nos casos em que o franqueador omitir informações ou prestar informações inverídicas, sem
prejuízo das sanções penais cabíveis, poderá ser exigida a devolução de todas e quaisquer quantias
já pagas ao franqueador, ou a terceiros por estes indicados, a título de filiação ou de royalties,
corrigidas monetariamente.
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sublocação por ocasião da sua renovação ou prorrogação, salvo nos casos
de inadimplência dos respectivos contratos ou do contrato de franquia.
Parágrafo único. O valor do aluguel a ser pago pelo franqueado ao
franqueador, nas sublocações de que trata o caput, poderá ser superior ao
valor que o franqueador paga ao proprietário do imóvel na locação originária
do ponto comercial, desde que:
I - essa possibilidade esteja expressa e clara na Circular de Oferta de
Franquia e no contrato; e
II - o valor pago a maior ao franqueador na sublocação não implique
excessiva onerosidade ao franqueado, garantida a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro da sublocação na vigência do contrato de franquia.
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• Faturizador (a): Empresa de factoring.
• Faturizado (a): Quem vende o crédito para a empresa.
Por meio dessa espécie de contrato, permite-se ao titular de um crédito (faturizado),
normalmente expresso por um título de crédito, negociar com uma empresa (faturizadora) a cessão
de seu direito creditício, quando a faturizadora assumirá a propriedade do título mediante
pagamento de um determinado valor ao cedente, normalmente inferior ao valor do título, daí
decorrendo a lucratividade da atividade.
Ou seja, a empresa de factoring realiza a compra do faturamento do faturizado (normalmente
títulos e crédito), transformando em dinheiro vivo o que até então era mero direito creditício,
fomentando, assim, a atividade mercantil do faturizado.
Exemplo: A empresa vende mercadorias e emite duplicatas ao comprador-devedor, com
vencimentos futuros. Vai, então, até a empresa de faturização e vende essas duplicatas. No entanto,
a empresa de factoring não irá pagar pelas duplicatas o valor total dos créditos. Vai descontar o
chamado fator de compra (valor de deságio), que terá a função de remunerar o risco pela
inadimplência, as despesas com a administração do crédito, bem como fornecer algum lucro à
atividade.
Quando ocorre essa cessão de crédito, deve-se atentar para a regra do art. 296 do CC. O
cedente (faturizado) não responde pelo pagamento do título (pro solvendo), apenas pela sua
existência (pro soluto). Essa é a diferença para o desconto bancário (outra espécie de contrato
empresarial).
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O faturizado vende o faturamento para a empresa (faturizadora) e ela paga antecipadamente
(ANTES dos vencimentos dos créditos).
O empresário cede à factoring os títulos de crédito que recebeu em sua atividade empresária
e que somente irão vencer em uma data futura, e a empresa de factoring antecipa esse pagamento,
recebendo, como contraprestação, um percentual desses créditos. Trata-se de uma forma de o
empresário obter capital de giro nas vendas a prazo.
Ex.: uma loja recebe um cheque “pré-datado” (pós-datado) para 90 dias no valor de R$ 10
mil. Ocorre que a loja precisa de dinheiro logo. Então, ela cede o cheque para a empresa de
factoring, que irá pagar à vista para a loja R$ 9.700,00 e, daqui a 90 dias, irá descontar o cheque,
ficando com os R$ 10 mil. A loja recebeu o crédito à vista e teve que pagar um percentual à factoring.
É como se o cliente tivesse “vendido” o título para a factoring, que irá cobrar do devedor no
momento do vencimento da dívida.
O contrato de convencional factoring é um contrato de mútuo? NÃO. Em verdade, consiste
em uma compra e venda de créditos (direitos), por um preço ajustado entre as partes.
4.3. JURISPRUDÊNCIA
Empresa de factoring que recebeu cessão dos créditos de contrato tem legitimidade para
figurar no polo passivo da ação que pede a revisão do pacto
A empresa de factoring, que figura como cessionária dos direitos e obrigações estabelecidos
em contrato de compra e venda em prestações, de cuja cessão foi regularmente cientificado o
devedor, tem legitimidade para figurar no polo passivo de demandas que visem à revisão das
condições contratuais. Ex: Pedro comprou da loja uma moto parcelada. No mesmo instrumento
contratual, a loja cedeu esse crédito para uma factoring. Assim, no próprio contrato de compra e
venda havia uma cláusula dizendo que a loja estava cedendo o crédito para a factoring, a quem o
devedor deveria pagar as parcelas e que, em caso de inadimplemento, a factoring iria pleitear a
restituição do bem vendido. Se Pedro desejar propor ação pedindo a revisão deste contrato, poderá
ajuizá-la diretamente contra a factoring. STJ. 4ª Turma. REsp 1343313-SC, Rel. Min. Luís Felipe
Salomão, Rel. para acórdão Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 1/6/2017 (Info 608).
Riscos do inadimplemento
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Caso a faturizadora não consiga receber do devedor o valor do título, ela poderá cobrar essa
quantia do faturizado que lhe cedeu esse crédito? Ex.: mulher foi até a loja de sapatos e pagou com
um cheque pós-datado de R$ 700,00. A loja “vendeu” esse cheque para a factoring. Ocorre que o
cheque não foi descontado por falta de fundos. A faturizadora poderá cobrar a quantia do faturizado
(loja)? Regra: NÃO. O risco assumido pelo faturizador é inerente à operação de factoring, não
podendo o faturizado ser demandado para responder regressivamente. Essa impossibilidade de
regresso decorre do fato de que a faturizada não garante a solvência do título. Exceção: o faturizado
pode ser demandado para responder regressivamente se tiver dado causa ao inadimplemento dos
contratos cedidos. STJ. 4ª Turma. REsp 1163201/PE, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em
02/12/2014.
A empresa faturizada não responde pelo simples inadimplemento dos títulos cedidos, salvo
se der causa à inadimplência
A empresa faturizada não responde pelo simples inadimplemento dos títulos cedidos, salvo
se der causa à inadimplência do devedor. Mesmo que o contrato de factoring preveja a
responsabilidade da faturizada nesses casos, tal cláusula deverá ser considerada nula. Assim, deve
ser declarada nula a cláusula de recompra, tendo em vista que a estipulação contratual nesse
sentido retira da empresa de factoring o risco inerente aos contratos dessa natureza. STJ. 4ª Turma.
AgRg no REsp 1361311/MG, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 20/11/2014.
A faturizadora tem direito de regresso contra a faturizada que, por contrato de factoring
vinculado a nota promissória, tenha cedido duplicatas sem causa subjacente
Em regra, a empresa de factoring não tem direito de regresso contra a faturizada — com
base no inadimplemento dos títulos transferidos —, haja vista que esse risco é da essência do
contrato de factoring. Essa impossibilidade de regresso decorre do fato de que a faturizada não
garante a solvência do título, o qual, muito pelo contrário, é garantido exatamente pela empresa de
factoring. Essa característica, todavia, não afasta a responsabilidade da cedente em relação à
existência do crédito, pois tal garantia é própria da cessão de crédito comum — pro soluto. É por
isso que a doutrina, de forma uníssona, afirma que no contrato de factoring e na cessão de crédito
ordinária, a faturizada/cedente não garante a solvência do crédito, mas a sua existência sim. Nesse
passo, o direito de regresso da factoring contra a faturizada deve ser reconhecido quando estiver
em questão não um mero inadimplemento, mas a própria existência do crédito. Ex: a faturizadora
terá direito de regresso contra a faturizada que, por contrato de factoring vinculado a nota
promissória, tenha cedido duplicatas sem causa subjacente. Neste caso, fica claro que as duplicatas
que ensejaram o processo executivo são desprovidas de causa ("frias"), e tal circunstância
consubstancia vício de existência dos créditos cedidos — e não mero inadimplemento —, o que
gera a responsabilidade regressiva da cedente perante a cessionária. STJ. 4ª Turma. REsp
1289995-PE, Rel. Ministro Luís Felipe Salomão, julgado em 20/2/2014 (Info 535).
Sociedade empresária que contrata com factoring não é consumidora
As empresas de factoring não são instituições financeiras, visto que suas atividades
regulares de fomento mercantil não se amoldam ao conceito legal, tampouco efetuam operação de
mútuo ou captação de recursos de terceiros. Uma sociedade empresária que contrata os serviços
de uma factoring não pode ser considerada consumidora porque não é destinatária final do serviço
e, tampouco se insere em situação de vulnerabilidade, já que não se apresenta como sujeito mais
fraco, com necessidade de proteção estatal. Logo, não há relação de consumo no contrato entre
uma sociedade empresária e a factoring. STJ. 4ª Turma. REsp 938979-DF, Rel. Min. Luís Felipe
Salomão, julgado em 19/6/2012.
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Factoring não é instituição financeira
As empresas popularmente conhecidas como factoring desempenham atividades de
fomento mercantil, de cunho meramente comercial, em que se ajusta a compra de créditos
vencíveis, mediante preço certo e ajustado, e com recursos próprios, não podendo ser
caracterizadas como instituições financeiras. STJ. 3ª Seção. CC 98062/SP, Rel. Min. Jorge Mussi,
julgado em 25/08/2010.
Juros limitados a 12% ao ano
As empresas de “factoring” não se enquadram no conceito de instituições financeiras e, por
isso, os juros remuneratórios estão limitados em 12% ao ano, nos termos da Lei de Usura. STJ. 4ª
Turma. REsp 1048341/RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 10/02/2009.
5. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL
5.1. INTRODUÇÃO
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O objeto da mediação no CC é mais amplo. O representante comercial só agência negócios
empresariais. O agente, por sua vez, realiza negócios de outras naturezas (ex.: agente de
associação vende um pacote recreativo de associação para pessoas físicas).
CC Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não
eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta
de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona
determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua
disposição a coisa a ser negociada.
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CC Art. 711. Salvo ajuste, o proponente não pode constituir, ao mesmo
tempo, mais de um agente, na mesma zona, com idêntica incumbência; nem
pode o agente assumir o encargo de nela tratar de negócios do mesmo
gênero, à conta de outros proponentes.
No contrato de AGÊNCIA, conforme o art. 720 do CC, esse aviso prévio sobe para 90 dias,
e pressupõe que já tenha transcorrido prazo compatível com a natureza do investimento (espécie
de prazo de fidelidade).
CC Art. 720. Se o contrato for por tempo indeterminado, qualquer das partes
poderá resolvê-lo, mediante aviso prévio de noventa dias, desde que
transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto do investimento
exigido do agente.
Parágrafo único. No caso de divergência entre as partes, o juiz decidirá da
razoabilidade do prazo e do valor devido.
Valor Indenização: Em não sendo observados esses prazos de aviso prévio, a outra parte
contratante fará jus à indenização de 1/12 do total já auferido como representante.
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Art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos comuns
e outros a juízo dos interessados, constarão obrigatoriamente:
...
j) indenização devida ao representante pela rescisão do contrato fora dos
casos previstos no art. 35, cujo montante não poderá ser inferior a 1/12 (um
doze avos) do total da retribuição auferida durante o tempo em que exerceu
a representação.
A rescisão antecipada do contrato sem justa causa dá ao agente direito à indenização (art.
27, §1º da Lei).
Valor da indenização: Média mensal da retribuição auferida até então VEZES metade dos
meses restantes para o fim do contrato.
OBS: Contrato de AGÊNCIA: O CC não fala nada em valores de indenização. E mais: Manda que
se aplique a legislação especial, qual seja, a lei de contrato de representação.
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DIREITO FALIMENTAR (Lei 11.101/05)
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1) TOTALMENTE excluídos:
• Empresa Pública;
• Sociedade de economia mista
Em hipótese alguma, essas pessoas podem falir ou pedir recuperação.
2) PARCIALMENTE excluídos:
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• Consórcio;
• Cooperativa de crédito;
• Seguradora;
• Operadora de plano de saúde;
• Entidade de previdência complementar;
• Sociedade de capitalização;
• Outras entidades legalmente equiparadas a estas (ex.: empresa de leasing;
administradora de cartão de crédito etc.).
Essas pessoas, a princípio não podem falir, porém TODOS os casos podem passar por uma
liquidação extrajudicial, situação na qual é nomeado um liquidante. Esse liquidante, e somente
ele, pode pedir a falência das pessoas do inciso II.
Sobre o tema, vale a pena conferir o seguinte julgado:
FALÊNCIA. A competência para processar e julgar o pedido de falência de
empresa em liquidação extrajudicial, ou seja, sob intervenção do BACEN é
da Justiça Estadual (e não da Justiça Federal). Terceira Turma. REsp
1.162.469-PR, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, DJ 12/4/2012.
Por sua vez, a Lei 6.024/74, que dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de
instituições financeiras, estabelece o seguinte:
Lei n. 6.024/74 Art. 34. Aplicam-se a liquidação extrajudicial no que couberem
e não colidirem com os preceitos desta Lei, as disposições da Lei de
Falências (Decreto-lei nº 7.661, de 21 de junho de 1945), equiparando-se ao
síndico, o liquidante, ao juiz da falência, o Banco Central do Brasil, sendo
competente para conhecer da ação revocatória prevista no artigo 55 daquele
Decreto-lei, o juiz a quem caberia processar e julgar a falência da instituição
liquidanda.
A Lei de Falências (Lei 11.101/2005), em seu art. 2º, II, como vimos, prevê a NÃO aplicação
de suas disposições às instituições financeiras públicas ou privadas, cooperativas de crédito,
consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à
saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente
equiparadas às anteriores. Entretanto, o art. 197 do referido diploma legal dispõe:
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LF Art. 197 Enquanto não forem aprovadas as respectivas leis específicas,
esta Lei aplica-se subsidiariamente, no que couber, aos regimes previstos no
Decreto-Lei n. 73, de 21 de novembro de 1966, na Lei n. 6.024, de 13 de
março de 1974, no Decreto-Lei n. 2.321, de 25 de fevereiro de 1987, e na Lei
n. 9.514, de 20 de novembro de 1997.
Desse modo, segundo o Ministro Relator, a partir da interpretação dos dispositivos legais
acima mencionados, a competência para processar e julgar o pedido de falência de empresa em
liquidação extrajudicial, ou seja, sob intervenção do BACEN é do Juízo das Falências que, segundo
o art. 109, I, da CF/88 está excluído da competência da Justiça Federal, sendo, portanto, de
competência da Justiça Estadual.
Temos como pressupostos da falência:
• Condição de empresário ou sociedade empresária – pressuposto material subjetivo
• Estado de insolvência – pressuposto material objetivo
• Declaração judicial de falência – pressuposto formal
3. JUÍZO COMPETENTE
A ação de falência compete à Justiça Comum Estadual, mesmo que o autor da ação seja
entidade federal, nos termos da exceção contida no art. 109, I da CF, in verbis:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes,
EXCETO AS DE FALÊNCIA, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à
Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
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Além disso, o STJ entende que é absoluta a competência do local em que se encontra o
principal estabelecimento para julgar a recuperação judicial; isso é aferido no momento da
propositura da demanda, sendo irrelevante eventual modificação posterior do volume negocial.
No curso do processo de recuperação judicial, as modificações em relação
ao principal estabelecimento, por dependerem exclusivamente de decisões
de gestão de negócios, sujeitas ao crivo do devedor, não acarretam a
alteração do juízo competente, uma vez que os negócios ocorridos no curso
da demanda nem mesmo se sujeitam à recuperação judicial. STJ. 2ª Seção.
CC 163818-ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/09/2020 (Info
680).
Ressalta-se que o art. 6º, §8º da Lei de Falências foi alterado a fim de que a distribuição da
homologação de recuperação extrajudicial, ao lado do pedido de falência e da recuperação judicial,
torne o juiz prevento.
Art. 6º, § 8º A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial ou
a homologação de recuperação extrajudicial previne a jurisdição para
qualquer outro pedido de falência, de recuperação judicial ou de
homologação de recuperação extrajudicial relativo ao mesmo
devedor. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
O principal precedente que deu origem a essa súmula foi o CC 103.711/RJ, Rel. p/ Acórdão
Ministro Sidnei Beneti, Segunda Seção, julgado em 10/06/2009.
Com a concessão da recuperação judicial, o juízo que decretou essa recuperação (“juízo da
recuperação”) passa a ser considerado “juízo universal” uma vez que será apenas dele a
competência para realizar os atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de
credores.
Nesta súmula o STJ afirma que, se determinados bens da empresa em recuperação não
estiverem abrangidos pelo plano de recuperação, eles poderão sofrer constrição (penhora, arresto,
sequestro etc.) por parte de OUTROS juízos, como, por exemplo, a Justiça do Trabalho, não
havendo necessidade de que tais medidas sejam decididas pelo juízo da recuperação judicial.
4. DA FALÊNCIA
4.1. CONCEITO
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universalidade de seus credores de forma completa ou proporcional. É um processo judicial
complexo que compreende a arrecadação dos bens, sua administração e conservação, bem como
a verificação e o acertamento dos créditos, para posterior liquidação dos bens e rateio entre os
credores.
Exemplo: O credor ajuíza uma ação de falência contra um devedor, se dizendo credor de 30
mil reais. Se o juiz julgar a ação procedente e decretar a falência do empresário, o que acontecerá?
TODOS OS BENS do falido serão arrecadados. Esses bens serão vendidos. Com o dinheiro
arrecadado, todos os credores serão pagos, e não apenas aquele que ajuizou a ação. O juiz ordena
o pagamento de todos os credores que forem encontrados durante o processo falimentar,
respeitando a ordem de classificação.
4.2. OBJETIVOS
• Preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens, dos ativos e dos recursos
produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa;
• Permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com vistas à realocação eficiente
de recursos na economia (novidade);
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1) Fase pré-falimentar (começa do pedido e vai até a sentença declaratória).
2) Fase falimentar (vai da sentença declaratória até a sentença de encerramento – põe
fim ao processo de falência propriamente dito, neste lapso, muita coisa acontece, é a
principal fase).
3) Fase reabilitação (se inicia com a sentença de extinção das obrigações).
Sentença de
Pedido de Sentença Sentença de
Extinção das
Falência Declaratória Encerramento
obrigações
Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na
sentença que julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor, apurando-
se as perdas e danos em liquidação de sentença.
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Para tanto, dois são os requisitos:
• O devedor deve estar em crise econômico-financeira;
• O requerente deve julgar não atender aos requisitos da recuperação judicial. A
falência só é cabível em último caso, vale dizer, quando não cabe a recuperação de
empresa (atendendo o princípio da função social da empresa).
Ocorre no caso de empresário individual que morre e os seus herdeiros percebem que o
falecido estava em situação de insolvência, razão pela qual optam por requerer a falência.
Esse pedido deve ser feito no prazo de 01 ano contado da morte do empresário.
É pouco usual.
Segundo André Santa Cruz, “quando um sócio entende ser essa a melhor alternativa, mas
a maioria dos sócios não concorda com seu posicionamento, o que ocorre, comumente, é a
dissolução parcial da sociedade, com a retirada do sócio dissidente e a continuidade da empresa ”
Seja pessoa física ou jurídica; seja sociedade empresária ou simples (não empresária).
Em se tratando de credor empresário, deve ser REGULAR (registrado). É, por isso, que a
sociedade em comum não pode pedir falência de terceiro (art. 97, §1º).
LF Art. 97, § 1o O credor EMPRESÁRIO apresentará certidão do Registro
Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades.
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(perceba: para a sociedade empresária pedir a falência de outra, aquela deve
ser regular – consequência: sociedade em comum não pode pedir a falência
de outra sociedade empresária, mas pode pedir sua autofalência, ver abaixo).
O Credor que não tem domicílio no Brasil pode pedir falência, porém deve prestar caução.
É o único caso de exigência de caução no pedido de falência (art. 97 - acima).
LF Art. 97, § 2o O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar
caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art.
101 desta Lei.
Motivo: Dar celeridade e economia ao processo. Existem pedidos temerários de falência que
têm como objetivo macular a imagem do empresário. Quando isso ocorre (dolo do credor), o juiz
pode condenar o autor a pagar perdas e danos em favor do empresário, na própria ação de falência.
Agora, se o credor for estrangeiro, a cobrança da indenização será extremamente complexa e
onerosa, o que vai contra os princípios do processo falimentar. É por isso que se exige a caução.
Além disso, o art. 75, §1º da Lei de Falências prevê como princípios do processo falimentar
a celeridade e economia processual, sem prejuízo do contraditório, da ampla defesa e dos demais
princípios previstos no CPC.
Art. 75. § 1º O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e
da economia processual, sem prejuízo do contraditório, da ampla defesa e
dos demais princípios previstos na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil).
Destaca-se que até mesmo o credor trabalhista pode fazer o pedido de falência. Nesse
sentido:
A natureza trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência
do devedor. Assim, o credor trabalhista tem legitimidade ativa para ingressar
com pedido de falência, considerando que o art. 97, IV, da Lei nº 11.101/2005
não faz distinção entre credores. STJ. 3ª Turma. REsp 1544267-DF, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 23/8/2016 (Info 589).
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função social, a chamada concordata e o instituto da recuperação judicial,
cujo objetivo maior é conceder benefícios às empresas que, embora não
estejam formalmente falidas, atravessam graves dificuldades econômico-
financeiras, colocando em risco o empreendimento empresarial. 4. O princípio
da conservação da empresa pressupõe que a quebra não é um fenômeno
econômico que interessa apenas aos credores, mas sim, uma manifestação
jurídico-econômica na qual o Estado tem interesse preponderante. 5. Nesse
caso, o interesse público não se confunde com o interesse da Fazenda, pois
o Estado passa a valorizar a importância da iniciativa empresarial para a
saúde econômica de um país. Nada mais certo, na medida em que quanto
maior a iniciativa privada em determinada localidade, maior o progresso
econômico, diante do aquecimento da economia causado a partir da geração
de empregos. 6. Raciocínio diverso, isto é, legitimar a Fazenda Pública a
requerer falência das empresas inviabilizaria a superação da situação de
crise econômico-financeira do devedor, não permitindo a manutenção da
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores, tampouco dos interesses dos
credores, desestimulando a atividade econômico-capitalista. Dessarte, a
Fazenda poder requerer a quebra da empresa implica incompatibilidade com
a ratio essendi da Lei de Falências, mormente o princípio da conservação da
empresa, embasador da norma falimentar. Recurso especial improvido.
(REsp 363.206/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 04/05/2010, DJe 21/05/2010).
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art. 94, da Lei nº 11.101/05, como a hipótese concreta, em que a Fazenda
Pública valeu-se das vias apropriadas para satisfação de seu crédito, mas
não logrou êxito”, escreveu Lazzarini. “Além disso, nos termos do art. 97, IV,
da Lei nº 11.101/05: ‘Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: (...) IV
qualquer credor.’ Verifica-se, a partir do referido dispositivo, que a atual Lei
de Falências e Recuperações Judiciais cuidou de ampliar o rol de legitimados
para o pedido de falência”, completou. O desembargador ressaltou que o fato
de a Fazenda Nacional ter pedido de falência contra empresa acolhido
judicialmente não configura violação aos princípios da impessoalidade e da
preservação da empresa, pois, de acordo com a mesma Lei de Falências, a
recuperação judicial da empresa visa proteger a economia nacional da
sonegação fiscal. “Desse modo, o pedido falimentar, nesses casos, tem por
objetivo, precipuamente, a repressão aos agentes econômicos nocivos ao
mercado e à livre concorrência, os quais, muitas vezes, não pagam seus
débitos tributários e concorrem deslealmente com aqueles agentes
econômicos que atuam regularmente, adimplindo as obrigações tributárias”,
pontuou Lazzarini. “Entender de maneira contrária, inclusive, equivaleria a
incentivar o comportamento, muitas vezes adotado por esses agentes
econômicos, de inadimplir constantemente as obrigações tributárias,
acumulando vultosas dívidas de tal natureza, aproveitando-se do menor
poder de constrangimento da Fazenda Pública em relação ao poder dos
demais credores.” Participaram do julgamento os desembargadores Eduardo
Azuma Nishi, Manoel de Queiroz Pereira Calças, Cesar Ciampolini Neto e
Marcelo Fortes Barbosa Filho.
Por fim, a doutrina tem entendido, com base na nova redação do art. 73, V da Lei de
Falências, que a Fazenda Pública poderá pedir a falência quando houver o descumprimento do
parcelamento pelo devedor que está em recuperação judicial.
1) Empresário individual;
2) Sociedade empresária.
Lembrando os excluídos do art. 2º da Lei.
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enquanto não for elaborada essa legislação, permanecem em vigor os artigos do CPC/73 que tratam
sobre o tema.
Constatada a ausência de bens penhoráveis, a declaração de insolvência civil
dos executados não pode ser feita no bojo da própria ação executiva. O
processo de insolvência é autônomo, de cunho declaratório-constitutivo, e
busca um estado jurídico para o devedor, com as consequências de direito
processual e material, não podendo ser confundido com o processo de
execução, em que a existência de bens é pressuposto de desenvolvimento
do processo. STJ. 3ª T. REsp 1823944-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j.
19/11/19 (Info 661).
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4.6.1. Impontualidade injustificada (art. 94, I)
Características:
• Deixar de pagar obrigação LÍQUIDA no VENCIMENTO.
OBS: Algumas obrigações, embora líquidas, não podem servir de base à
impontualidade justificada. São aquelas que não podem ser reclamadas em falência,
previstas no art. 5º da Lei: Obrigações gratuitas, por exemplo.
Art. 5o Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência:
I – as obrigações a título gratuito;
II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação
judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o
devedor.
Além disso, há entendimento (TJ/SP) de que o protesto comum dispensa o protesto para fins
falimentares.
• O valor da obrigação deve ser SUPERIOR a 40 salários-mínimos.
Conforme o art. 94, §1º, é possível que dois ou mais credores formem litisconsórcio
ativo no pedido de falência, a fim de somarem seus créditos, atingindo assim mais
de 40 salários-mínimos.
LF Art. 94 § 1o Credores podem reunir-se em litisconsórcio a fim de perfazer
o limite mínimo para o pedido de falência com base no inciso I do caput deste
artigo.
Destaca-se que, conforme o entendimento do STJ (Info 547), para pedir a falência com base
neste inciso não é necessário que o requerente tenha tentado executar o título. Não se revela como
exigência para a decretação da quebra a execução prévia. Assim, é desnecessário o prévio
ajuizamento de execução forçada para se requerer falência com fundamento na impontualidade do
devedor.
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Por fim, entende ainda o STJ (Info 547) que a duplicata virtual protestada por indicação é
título executivo apto a instruir pedido de falência com base na impontualidade do devedor. Logo, se
o devedor não pagar uma duplicata virtual em valor superior a 40 salários-mínimos, é possível que
seja decretada a sua falência.
Será decretada a falência do devedor que é executado por qualquer quantia e não paga,
não deposita e não nomeia bens suficientes a penhora, dentro do prazo legal.
Frise-se: Aqui o empresário já está sofrendo uma execução individual do credor. O credor
deve, então, com base em cópia dessa execução frustrada, ajuizar o pedido de falência.
Importante: A falência com base em execução frustrada independe de protesto e é possível
por qualquer valor. Não precisa ser superior a 40 salários.
Motivo: Se o sujeito já não conseguiu pagar a execução individual, deve ter decretada sua
falência de qualquer forma.
Adotou-se o critério da enumeração legal.
São condutas, comportamentos, expressamente previstos no rol do art. 94, que, uma vez
sendo praticados, atestam, PRESUMIDAMENTE, o estado de insolvência patrimonial do devedor
(passivo maior que o ativo).
Assim, presume-se insolvente o empresário ou sociedade empresária que:
Liquidação precipitada: Trata-se da liquidação abrupta de bens (venda dos bens), sem a
devida reposição. Por isso, não se confunde com a queima de estoque que tem finalidade de
reposição de estoque.
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b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar
pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte
ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento
de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu
passivo; (trespasse, ver acima)
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo
de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia real a credor, em momento posterior à constituição
do crédito, sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para
saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes
para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de
seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de
recuperação judicial.
O plano de recuperação é acompanhado pelo juiz por 02 anos apenas, mesmo que o plano
tenha prazo maior. Se o descumprimento das obrigações se der durante esses 02 anos, não será
necessário o ajuizamento da ação de falência; bastará um pedido direto ao juiz para que converta
a recuperação em falência (art. 73, IV).
Art. 73. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial:
...
IV – por descumprimento de QUALQUER obrigação assumida no plano de
recuperação, na forma do § 1o do art. 61 desta Lei.
No entanto, se o descumprimento se der depois dos 02 anos (momento em que o juiz encerra
o plano, ou seja, deixa de acompanhar a recuperação) será necessário o ajuizamento de ação
de falência, isso se o credor não preferir a execução do título executivo não cumprido (contrato de
recuperação).
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o juiz poderá
determinar a manutenção do devedor em recuperação judicial até que sejam
cumpridas todas as obrigações previstas no plano que vencerem até, no
máximo, 2 (dois) anos depois da concessão da recuperação judicial,
independentemente do eventual período de carência. (Redação dada pela
Lei nº 14.112, de 2020)
§ 1o Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento
de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da
recuperação em falência, nos termos do art. 73 desta Lei.
DESCUMPRIMENTO DE
IMPONTUALIDADE DECISÃO TRANSITADA EM ATOS DE FALÊNCIA
JULGADO
I – sem relevante razão de II – executado por qualquer III – pratica qualquer dos seguintes atos,
direito, não paga, no vencimento, quantia líquida, não paga, exceto se fizer parte de plano de
obrigação líquida materializada não deposita e não nomeia à recuperação judicial:
em título ou títulos executivos
protestados cuja soma
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ultrapasse o equivalente a 40 penhora bens suficientes a) procede à liquidação precipitada de
(quarenta) salários-mínimos dentro do prazo legal; seus ativos ou lança mão de meio ruinoso
na data do pedido de falência; ou fraudulento para realizar pagamentos;
OBS: Não possui patamar b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta
mínimo; realizar, com o objetivo de retardar
pagamentos ou fraudar credores, negócio
• Obrigações líquidas já simulado ou alienação de parte ou da
executadas em juízo e não totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou
pagas não;
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Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei,
não será decretada se o requerido provar:
I – falsidade de título;
II – prescrição;
III – nulidade de obrigação ou de título;
IV – pagamento da dívida;
V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a
cobrança de título;
VI – vício em protesto ou em seu instrumento;
VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da
contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei;
VIII – cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do
pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de
Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato
registrado.
Apesar de o empresário achar que a dívida não é devida, ele deposita o valor da cobrança
como forma de elidir (impedir) o juiz de decretar a falência.
Feito isso, o juiz deverá analisar a contestação do requerido, a fim de verificar com quem
está a razão.
Acolhendo as razões do devedor, profere SENTENÇA DENEGATÓRIA, autorizando o
levantamento do depósito pelo requerido, condenando o requerente nas verbas de sucumbência.
Desacolhendo a contestação, igualmente proferirá SENTENÇA DENEGATÓRIA, porém
autorizará o levantamento do depósito em favor do requerente, bem como condenará o requerido
nas verbas de sucumbência.
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4.7.3. Depósito elisivo (impeditivo)
O devedor apenas deposita o valor pleiteado pelo autor da ação, SEM contestar a cobrança
da dívida. Ou seja, equivale esse depósito ao reconhecimento de procedência da cobrança.
Deverá o juiz decretar a IMPROCEDÊNCIA da falência e autorizar o levantamento do
depósito em favor do requerente, condenando o requerido nas verbas de sucumbência.
Conforme o art. 98, parágrafo único, o depósito elisivo deve ser feito dentro do prazo de
contestação.
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10
(dez) dias.
Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I (não paga obrigação
líquida materializada em título protestado no valor de mais de 40 SM) e II
(executado não nomeia bens a penhora, não deposita e não paga) do caput
do art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar
o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção
monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a falência não
será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz
ordenará o levantamento do valor pelo autor.
Salienta-se que se o pedido de decretação da falência for feito com base no art. 94, I, mesmo
com o depósito elisivo, embora seja afastada a falência, será possível converter o rito falimentar
para uma ação de cobrança, conforme decidiu o STJ no Indo 550.
Diante de depósito elisivo de falência requerida com fundamento na
impontualidade injustificada do devedor (art. 94, I, da Lei 11.101/2005),
admite-se, embora afastada a decretação de falência, a conversão do
processo falimentar em verdadeiro rito de cobrança para apurar questões
alusivas à existência e à exigibilidade da dívida cobrada, sem que isso
configure utilização abusiva da via falimentar como sucedâneo de ação de
cobrança/execução. Assim, se o autor da ação de falência fez o requerimento
baseado no inciso I do art. 94 e a dívida não paga era realmente superior a
40 salários-mínimos, não se pode dizer que o pedido tenha sido abusivo,
mesmo que a devedora tenha grande porte econômico. Nesse caso, se a
devedora efetuar o depósito elisivo, não cabe ao magistrado extinguir o
processo sem resolução de mérito, devendo continuar o feito como se fosse
uma ação de cobrança, discutindo a dívida e, ao final, proferindo sentença
resolvendo o mérito quanto à dívida e julgando improcedente a falência. STJ.
4ª Turma. REsp 1433652-RJ, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, julgado em
18/9/2014 (Info 550).
Dentro do prazo de contestação, o devedor pode pedir a recuperação judicial, o que irá
suspender o processo de falência.
Alguns doutrinadores chamam essa recuperação de “recuperação judicial suspensiva”.
Essa forma de recuperação seria semelhante à antiga concordata suspensiva?
A concordada podia ser PREVENTIVA (possível somente antes de decretação da falência)
ou SUSPENSIVA (depois da decretação da falência).
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Resposta: NÃO é semelhante, pois na recuperação suspensiva o que está sendo suspenso
não são os efeitos da falência já decretada (como na concordata), mas sim o próprio processo
falimentar, antes de qualquer decretação de falência.
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da
recuperação judicial implica:
I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao
regime desta Lei;
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas
dos credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações
sujeitos à recuperação judicial ou à falência;
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro,
busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do
devedor, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou
obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência.
1) Sentença declaratória
2) Sentença denegatória
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Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que
julga a improcedência do pedido cabe apelação.
A sentença declaratória não encerra o processo falimentar, mas apenas uma das três fases
do procedimento. Depois da sentença declaratória tem início a fase falimentar propriamente dita
(realização do ativo, apuração do passivo, administração da massa etc.), que termina com a
chamada sentença de encerramento. Por fim, existe ainda a derradeira fase de reabilitação do
falido, que só termina a chamada sentença de extinção das obrigações do falido, que é aquela
que o reabilita, nos termos do art. 102, e encerra definitivamente o processo falimentar.
Pelo que vimos, a sentença declaratória tem mais natureza de decisão interlocutória do que
de sentença, por isso a recorribilidade por agravo. Até porque, se recorrível por apelação, deveriam
os autos subir, o que acabaria prejudicando o seguimento do processo.
OBS: Eram admissíveis embargos infringentes em processo de falência (Súmula 88 do STJ).
ATENÇÃO! Essa súmula foi superada pelo CPC/2015, tendo em vista que o NCPC acabou
com os embargos infringentes.
4) Decisões interlocutórias
Importante consignar que fora das hipóteses do art. 100 da Lei de Falências, contra as
decisões interlocutórias falimentares caberá agravo de instrumento, mesmo que não tenha previsão
de tal recurso na Lei 11.101/2005. Aplica-se o Código de Processo Civil, vejamos a brilhante
explicação do Professor Márcio Cavalcante.
O art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015 prevê o seguinte:
Art. 1.015 (...)
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.
Para o STJ, o mesmo raciocínio que inspirou a permissão do agravo de instrumento para o
processo de execução e para o processo de inventário, deve ser aplicado para a aplicação deste
recurso ao processo falimentar e recuperacional.
Veja o que disse o Min. Luís Felipe Salomão:
“Assim como nos procedimentos previstos no parágrafo único em comento,
as decisões de maior relevância na recuperação judicial e na falência são
tomadas antes da sentença propriamente dita (muitos não a consideram,
inclusive, como de mérito), que, geralmente, se limita a reconhecer fatos e
atos processuais firmados anteriormente. Consequentemente, aguardar a
análise pelo Tribunal apenas em sede de apelação equivaleria à
irrecorribilidade prática da interlocutória, devendo incidir a interpretação
extensiva do art. 1.015, parágrafo único, do CPC à LREF, sendo que, pela
sua natureza, as decisões judiciais proferidas durante seu curso devem ser
de logo combatidas.”
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Desse modo, o STJ determinou que o parágrafo único do art. 1.015 do CPC deveria ser
interpretado extensivamente para abranger também as decisões interlocutórias proferidas nos
processos de falência e recuperação judicial.
Essa já havia sido a conclusão adotada na I Jornada de Direito Processual Civil do CJF:
Enunciado nº 69: A hipótese do art. 1.015, parágrafo único, do CPC abrange
os processos concursais, de falência e recuperação.
A lei silencia, logo se aplicam os mesmos prazos do CPC, nos termos do art. 189 da Lei, in
verbis:
Art. 189. Aplica-se, no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei, o
disposto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil), desde que não seja incompatível com os princípios desta Lei.
§ 1º Para os fins do disposto nesta Lei:
I - todos os prazos nela previstos ou que dela decorram serão contados em
dias corridos; e
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II - as decisões proferidas nos processos a que se refere esta Lei serão
passíveis de agravo de instrumento, exceto nas hipóteses em que esta Lei
previr de forma diversa.
§ 2º Para os fins do disposto no art. 190 da Lei nº 13.105, de 16 de março de
2015 (Código de Processo Civil), a manifestação de vontade do devedor será
expressa e a dos credores será obtida por maioria, na forma prevista no art.
42 desta Lei.
MPE/SC (2021) É cabível agravo contra decisão que decrete a falência, bem
como contra sentença que julgue a improcedência do pedido de falência.
Errada!
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está pagando ninguém e coloca alguém que possa gerir e pagar os credores. Juiz não declara a
falência, ele decreta a falência. Mudança de situação jurídica – sentença constitutiva.
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Federal e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que
tomem conhecimento da falência. .
§ 1º O juiz ordenará a publicação de edital eletrônico com a íntegra da decisão
que decreta a falência e a relação de credores apresentada pelo falido.
§ 2º A intimação eletrônica das pessoas jurídicas de direito público
integrantes da administração pública indireta dos entes federativos referidos
no inciso XIII do caput deste artigo será direcionada:
I - no âmbito federal, à Procuradoria-Geral Federal e à Procuradoria-Geral do
Banco Central do Brasil;
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, à respectiva Procuradoria-
Geral, à qual competirá dar ciência a eventual órgão de representação judicial
específico das entidades interessadas; e
III - no âmbito dos Municípios, à respectiva Procuradoria-Geral ou, se inexistir,
ao gabinete do Prefeito, à qual competirá dar ciência a eventual órgão de
representação judicial específico das entidades interessadas.
§ 3º Após decretada a quebra ou convolada a recuperação judicial em
falência, o administrador deverá, no prazo de até 60 (sessenta) dias, contado
do termo de nomeação, apresentar, para apreciação do juiz, plano detalhado
de realização dos ativos, inclusive com a estimativa de tempo não superior a
180 (cento e oitenta) dias a partir da juntada de cada auto de arrecadação,
na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei.
O devedor deve apresentar uma relação completa dos credores, de forma detalhada, sob
pena de praticar crime de desobediência.
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OBS: Essa sequência tem que ser seguida.
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e) fiscalizar o decurso das tratativas e a regularidade das negociações entre
devedor e credores;
f) assegurar que devedor e credores não adotem expedientes dilatórios,
inúteis ou, em geral, prejudiciais ao regular andamento das negociações;
g) assegurar que as negociações realizadas entre devedor e credores sejam
regidas pelos termos convencionados entre os interessados ou, na falta de
acordo, pelas regras propostas pelo administrador judicial e homologadas
pelo juiz, observado o princípio da boa-fé para solução construtiva de
consensos, que acarretem maior efetividade econômico-financeira e proveito
social para os agentes econômicos envolvidos;
h) apresentar, para juntada aos autos, e publicar no endereço eletrônico
específico relatório mensal das atividades do devedor e relatório sobre o
plano de recuperação judicial, no prazo de até 15 (quinze) dias contado da
apresentação do plano, fiscalizando a veracidade e a conformidade das
informações prestadas pelo devedor, além de informar eventual ocorrência
das condutas previstas no art. 64 desta Lei;
III – na falência:
a) avisar, pelo órgão oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores
terão à sua disposição os livros e documentos do falido;
b) examinar a escrituração do devedor;
c) relacionar os processos e assumir a representação judicial e extrajudicial,
incluídos os processos arbitrais, da massa falida;
d) receber e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando a ele o
que não for assunto de interesse da massa;
e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo
de compromisso, prorrogável por igual período, relatório sobre as causas e
circunstâncias que conduziram à situação de falência, no qual apontará a
responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art.
186 desta Lei;
f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de
arrecadação, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei;
g) avaliar os bens arrecadados;
h) contratar avaliadores, de preferência oficiais, mediante autorização judicial,
para a avaliação dos bens caso entenda não ter condições técnicas para a
tarefa;
i) praticar os atos necessários à realização do ativo e ao pagamento dos
credores;
j) proceder à venda de todos os bens da massa falida no prazo máximo de
180 (cento e oitenta) dias, contado da data da juntada do auto de
arrecadação, sob pena de destituição, salvo por impossibilidade
fundamentada, reconhecida por decisão judicial;
l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a
cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação;
m) remir, em benefício da massa e mediante autorização judicial, bens
apenhados, penhorados ou legalmente retidos;
n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário,
advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo
Comitê de Credores;
o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o
cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da
administração;
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p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, até o 10o (décimo) dia do mês
seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administração, que especifique
com clareza a receita e a despesa;
q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu
poder, sob pena de responsabilidade;
r) prestar contas ao final do processo, quando for substituído, destituído ou
renunciar ao cargo.;
s) arrecadar os valores dos depósitos realizados em processos
administrativos ou judiciais nos quais o falido figure como parte, oriundos de
penhoras, de bloqueios, de apreensões, de leilões, de alienação judicial e de
outras hipóteses de constrição judicial, ressalvado o disposto nas Leis
nos 9.703, de 17 de novembro de 1998, e 12.099, de 27 de novembro de 2009,
e na Lei Complementar nº 151, de 5 de agosto de 2015.
1.3) Remuneração
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§ 4º Também não terá direito a remuneração o administrador que tiver suas
contas desaprovadas.
§ 5º A remuneração do administrador judicial fica reduzida ao limite de 2%
(dois por cento), no caso de microempresas e de empresas de pequeno porte,
bem como na hipótese de que trata o art. 70-A desta Lei.
Termo legal é o lapso temporal que antecede a decretação da falência no qual todos os atos
patrimoniais praticados pelo devedor são investigados.
Se durante esse período o devedor tiver praticado algum dos atos do art. 129 (“atos
objetivamente ineficazes”, ou seja, que não admite perquirir a intenção dos agentes), o juiz
declarará, de ofício, a ineficácia desses atos perante a massa falida (ex.: pagamento antecipado de
dívida não vencida).
Temos também os “atos subjetivamente ineficazes” (art. 130), aqui é ineficácia subjetiva
porque perquirimos a intenção dos agentes. O consilium fraudis deve ser provado e o juiz não pode
declarar de ofício.
Perceber que aqui os atos são REVOGADOS e não INEFICAZES (embora o nome seja
‘subjetivamente ineficazes’).
O termo legal é chamado por muitos de período suspeito ou período cinzento. É o período
em que se investigam todos os atos do devedor, para ver se não ocorreu nenhuma fraude.
Prazo do termo legal: Prazo máximo de 90 dias contados para o passado, tendo como
termo inicial:
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• A data do primeiro protesto (quando o pedido da falência for com base no art. 94, I);
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos PROTESTADOS cuja
soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do
pedido de falência;
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Vejamos:
Atenção: A inabilitação atinge a PESSOA falida, que pode ser tanto física quanto jurídica.
Ou seja, se decretam a inabilitação de PJ, nada impede que o sócio exerça atividade empresarial
posteriormente.
STJ: Quando a sociedade NÃO faz a sua baixa regular (dissolução regular) na Junta
Comercial, ela torna-se irregular, e neste caso, a responsabilidade do sócio passa a ser ilimitada.
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Assim, caso seja decretada a falência da sociedade, também serão decretadas as falências dos
sócios.
Atenção para o art. 82-A, prevendo a possibilidade de desconsideração da personalidade
jurídica em relação aos sócios da limitada.
Art. 82-A. É vedada a extensão da falência ou de seus efeitos, no todo ou em
parte, aos sócios de responsabilidade limitada, aos controladores e aos
administradores da sociedade falida, admitida, contudo, a desconsideração
da personalidade jurídica. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Parágrafo único. A desconsideração da personalidade jurídica da sociedade
falida, para fins de responsabilização de terceiros, grupo, sócio ou
administrador por obrigação desta, somente pode ser decretada pelo juízo
falimentar com a observância do art. 50 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
2002 (Código Civil) e dos arts. 133, 134, 135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), não aplicada a suspensão
de que trata o § 3º do art. 134 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil).
Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas
enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da
falência.
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a) as causas determinantes da sua falência, quando requerida pelos
credores;
b) tratando-se de sociedade, os nomes e endereços de todos os sócios,
acionistas controladores, diretores ou administradores, apresentando o
contrato ou estatuto social e a prova do respectivo registro, bem como suas
alterações;
c) o nome do contador encarregado da escrituração dos livros obrigatórios;
d) os mandatos que porventura tenha outorgado, indicando seu objeto, nome
e endereço do mandatário;
e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no estabelecimento;
f) se faz parte de outras sociedades, exibindo respectivo contrato;
g) suas contas bancárias, aplicações, títulos em cobrança e processos em
andamento em que for autor ou réu;
II - entregar ao administrador judicial os seus livros obrigatórios e os demais
instrumentos de escrituração pertinentes, que os encerrará por
termo; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
III – não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo
justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob
as penas cominadas na lei;
IV – comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado por
procurador, quando não for indispensável sua presença;
V - entregar ao administrador judicial, para arrecadação, todos os bens,
papéis, documentos e senhas de acesso a sistemas contábeis, financeiros e
bancários, bem como indicar aqueles que porventura estejam em poder de
terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
VI – prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador judicial,
credor ou Ministério Público sobre circunstâncias e fatos que interessem à
falência;
VII – auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza;
VIII – examinar as habilitações de crédito apresentadas;
IX – assistir ao levantamento, à verificação do balanço e ao exame dos livros;
X – manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz;
XI - apresentar ao administrador judicial a relação de seus credores, em
arquivo eletrônico, no dia em que prestar as declarações referidas no inciso I
do caput deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)
XII – examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial.
Parágrafo único. Faltando ao cumprimento de quaisquer dos deveres que
esta Lei lhe impõe, após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá o falido por
crime de desobediência.
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• Suspensão da prescrição;
Vejamos:
EXCEÇÕES: Há ações que não se submetem à força atrativa do juízo falimentar, ou seja,
continuam correndo em seus respectivos juízos, para só depois de concluídas atingirem a massa
falida. Vejamos as exceções:
• Ações trabalhistas: Correm na Justiça Especializada até que seja liquidado o valor
da condenação, momento no qual a decisão vai para a massa falida.
• Ações fiscais: O valor obtido com a execução fiscal vai para a massa falida, ocasião
em que será rateado, conforme a Lei de Falências.
• Ações que demandarem quantias ilíquidas: ex.: dano moral. Seguem correndo no
juízo em que se encontram e somente depois de atingido um valor líquido de
condenação são transferidas para o juízo falimentar.
Art. 6º § 1º Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a
ação que demandar quantia ilíquida.
• Ações não reguladas pela Lei, em que o falido ou massa falida seja autor ou
litisconsorte ativo.
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universal). Assim, caso alguma execução já tenha sido proposta contra o falido, necessariamente
deve ser SUSPENSA, juntamente com o prazo prescricional da obrigação.
As únicas ações que NÃO são suspensas são que NÃO se submetem à força atrativa do
juízo falimentar, ou seja, as quatro exceções vistas no tópico acima.
Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do processamento da
recuperação judicial implica: (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020)
II - suspensão das execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas
dos credores particulares do sócio solidário, relativas a créditos ou obrigações
sujeitos à recuperação judicial ou à falência; (Incluído pela Lei nº 14.112,
de 2020)
III - proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro,
busca e apreensão e constrição judicial ou extrajudicial sobre os bens do
devedor, oriunda de demandas judiciais ou extrajudiciais cujos créditos ou
obrigações sujeitem-se à recuperação judicial ou à falência. (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020)
Objetivo: satisfazer todos os credores. Aliás, essa é a intenção da lei: pagar todo mundo.
Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento antecipado das
dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com
o abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda
estrangeira para a moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial,
para todos os efeitos desta Lei.
5) Suspensão da prescrição
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I - suspensão do curso da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao
regime desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
4.9.4. Efeitos da sentença declaratória de falência quanto aos CONTRATOS (art. 117)
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser
cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o
aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e
preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.
§ 1º O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90
(noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que,
dentro de 10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato.
§ 2º A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao
contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário,
constituirá crédito quirografário.
Ex.: Contrato de franquia. A franqueadora faliu. O que ocorre com o contrato? É rescindido
automaticamente? NEGATIVO. Pode continuar a franquia, sendo que o pagamento vai direito para
a massa falida.
Ou seja, quem decide é o Administrador da massa falida. E nem poderia ser diferente, uma
vez que a manutenção do contrato pode ser até benéfica para o pagamento dos credores, como no
exemplo acima. Caso decida pela rescisão, o contratante fará jus à indenização, que constituirá
crédito quirografário.
Art. 118. O administrador judicial, mediante autorização do Comitê, poderá
dar cumprimento a contrato unilateral se esse fato reduzir ou evitar o aumento
do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e preservação
de seus ativos, realizando o pagamento da prestação pela qual está obrigada.
4.9.5. Efeitos da sentença declaratória de falência quanto aos ATOS (ineficácia objetiva
e ineficácia subjetiva dos atos - art. 129 e art. 130)
Caso o devedor tenha praticado algum dos atos do art. 129 (“ATOS OBJETIVAMENTE
INEFICAZES”, ou seja, que não admitem perquirir a intenção dos agentes), o juiz declarará, de
ofício, a ineficácia desses atos perante a massa falida (ex.: pagamento antecipado de dívida não
vencida).
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o
contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do
devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro
do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que
pelo desconto do próprio título;
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo
legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do
termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados
em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a
parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;
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IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação
da falência;
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação
da falência;
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento
expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes,
não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo,
salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após
serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de
títulos e documentos;
VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre
vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis
realizados após a decretação da falência, salvo se tiver havido prenotação
anterior.
Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada
em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso
do processo.
Art. 131. Nenhum dos atos referidos nos incisos I, II, III e VI do caput do art.
129 desta Lei que tenham sido previstos e realizados na forma definida no
plano de recuperação judicial ou extrajudicial será declarado ineficaz ou
revogado. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
Perceba que além de poderem ser declarados de ofício, podem ser alegados em defesa,
mediante ação própria ou ainda incidentalmente no processo de falência. Ou seja, mesmo nos atos
objetivamente ineficazes, o STJ tem entendido que sendo o ato realizado no termo da falência e
antes da quebra, é necessária a PROVA da fraude.
TJ/AC (2019) A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada
em defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso
do processo. Correta!
De acordo com Fábio Ulhôa Coelho, a ação própria que deve ser ajuizada, nos casos do art.
130 é a AÇÃO REVOCATÓRIA, e no art. 129, seria uma AÇÃO INOMINADA (DECLARATÓRIA
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DE INEFICÁCIA). Entretanto prevalece que em ambos os casos se trata de ação revocatória
(Amador Paes de Almeida).
O art. 132, estabelece que esta ação revocatória pode ser ajuizada pelo administrador
judicial, por qualquer credor e agora também pelo MP, no prazo de 3 anos contado da decretação
da falência.
Art. 132. A AÇÃO REVOCATÓRIA, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá
ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo
Ministério Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da
falência.
4.10.1. Arrecadação
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Art. 108. Ato contínuo à assinatura do termo de compromisso, o administrador
judicial efetuará a arrecadação dos bens e documentos e a avaliação dos
bens, separadamente ou em bloco, no local em que se encontrem,
requerendo ao juiz, para esses fins, as medidas necessárias.
§ 1o Os bens arrecadados ficarão sob a guarda do administrador judicial ou
de pessoa por ele escolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o falido
ou qualquer de seus representantes ser nomeado depositário dos bens.
§ 2o O falido poderá acompanhar a arrecadação e a avaliação.
§ 3o O produto dos bens penhorados ou por outra forma apreendidos entrará
para a massa, cumprindo ao juiz deprecar, a requerimento do administrador
judicial, às autoridades competentes, determinando sua entrega.
§ 4o Não serão arrecadados os bens absolutamente impenhoráveis.
§ 5o Ainda que haja avaliação em bloco, o bem objeto de garantia real será
também avaliado separadamente, para os fins do § 1o do art. 83 desta Lei.
Art. 109. O estabelecimento será lacrado sempre que houver risco para a
execução da etapa de arrecadação ou para a preservação dos bens da
massa falida ou dos interesses dos credores.
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Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a
crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao
requerimento de sua falência, se ainda não alienada.
OBS: Quando a restituição for em bens, ela deve ser feita em 48 horas. Em caso de a
restituição ser em dinheiro, ela se dará quando do pagamento dos credores.
Art. 88. A sentença que reconhecer o direito do requerente determinará a
entrega da COISA no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
Parágrafo único. Caso não haja contestação, a massa não será condenada
ao pagamento de honorários advocatícios.
Atenção!
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administrador judicial informará imediatamente esse fato ao juiz, que, ouvido
o representante do Ministério Público, fixará, por meio de edital, o prazo de
10 (dez) dias para os interessados se manifestarem. (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020)
§ 1º Um ou mais credores poderão requerer o prosseguimento da falência,
desde que paguem a quantia necessária às despesas e aos honorários do
administrador judicial, que serão considerados despesas essenciais nos
termos estabelecidos no inciso I-A do caput do art. 84 desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 2º Decorrido o prazo previsto no caput sem manifestação dos interessados,
o administrador judicial promoverá a venda dos bens arrecadados no prazo
máximo de 30 (trinta) dias, para bens móveis, e de 60 (sessenta) dias, para
bens imóveis, e apresentará o seu relatório, nos termos e para os efeitos
dispostos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 3º Proferida a decisão, a falência será encerrada pelo juiz nos
autos. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
4.10.2. Avaliação
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§ 1o Não sendo possível a avaliação dos bens no ato da arrecadação, o
administrador judicial requererá ao juiz a concessão de prazo para
apresentação do laudo de avaliação, que não poderá exceder 30 (trinta) dias,
contados da apresentação do auto de arrecadação.
§ 2o Serão referidos no inventário:
I – os livros obrigatórios e os auxiliares ou facultativos do devedor,
designando-se o estado em que se acham, número e denominação de cada
um, páginas escrituradas, data do início da escrituração e do último
lançamento, e se os livros obrigatórios estão revestidos das formalidades
legais;
II – dinheiro, papéis, títulos de crédito, documentos e outros bens da massa
falida;
III – os bens da massa falida em poder de terceiro, a título de guarda,
depósito, penhor ou retenção;
IV – os bens indicados como propriedade de terceiros ou reclamados por
estes, mencionando-se essa circunstância.
§ 3o Quando possível, os bens referidos no § 2o deste artigo serão
individualizados.
§ 4o Em relação aos bens imóveis, o administrador judicial, no prazo de 15
(quinze) dias após a sua arrecadação, exibirá as certidões de registro,
extraídas posteriormente à decretação da falência, com todas as indicações
que nele constarem.
Depois se procede à venda judicial dos bens, que recebe o nome de “realização do ativo”.
Existem três modalidades de venda judicial no processo falimentar:
• Leilão: Serve tanto para bem MÓVEL quanto para bem IMÓVEL.
• Proposta fechada: O juiz publica edital em que vai ser vendido o bem. Os
interessados realizam suas propostas em envelopes fechados, no cartório onde
corre a ação. Em audiência o juiz abre as propostas e escolhe a maior proposta.
• Pregão: é uma modalidade híbrida.
Art. 139. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo
auto ao processo de falência, será iniciada a REALIZAÇÃO DO ATIVO.
Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas,
observada a seguinte ordem de preferência:
I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco;
II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas
isoladamente;
III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos
estabelecimentos do devedor;
IV – alienação dos bens individualmente considerados.
§ 1o Se convier à realização do ativo, ou em razão de oportunidade, podem
ser adotadas mais de uma forma de alienação.
§ 2o A realização do ativo terá início independentemente da formação do
quadro-geral de credores.
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§ 3o A alienação da empresa terá por objeto o conjunto de determinados bens
necessários à operação rentável da unidade de produção, que poderá
compreender a transferência de contratos específicos.
§ 4o Nas transmissões de bens alienados na forma deste artigo que
dependam de registro público, a este servirá como título aquisitivo suficiente
o mandado judicial respectivo.
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V - não estará sujeita à aplicação do conceito de preço vil. (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 3º Ao leilão eletrônico, presencial ou híbrido aplicam-se, no que couber, as
regras da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 3º-A. A alienação por leilão eletrônico, presencial ou híbrido dar-se-
á: (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
I - em primeira chamada, no mínimo pelo valor de avaliação do
bem; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
II - em segunda chamada, dentro de 15 (quinze) dias, contados da primeira
chamada, por no mínimo 50% (cinquenta por cento) do valor de avaliação;
e (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
III - em terceira chamada, dentro de 15 (quinze) dias, contados da segunda
chamada, por qualquer preço. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 3º-B. A alienação prevista nos incisos IV e V do caput deste artigo,
conforme disposições específicas desta Lei, observará o
seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
I - será aprovada pela assembleia-geral de credores; (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020)
II - decorrerá de disposição de plano de recuperação judicial aprovado;
ou (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
III - deverá ser aprovada pelo juiz, considerada a manifestação do
administrador judicial e do Comitê de Credores, se existente. (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 4º (Revogado).
§ 5º (Revogado).
§ 6º (Revogado).
§ 7º Em qualquer modalidade de alienação, o Ministério Público e as
Fazendas Públicas serão intimados por meio eletrônico, nos termos da
legislação vigente e respeitadas as respectivas prerrogativas funcionais, sob
pena de nulidade. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 8º Todas as formas de alienação de bens realizadas de acordo com esta
Lei serão consideradas, para todos os fins e efeitos, alienações
judiciais. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
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§ 4º A suscitação infundada de vício na alienação pelo impugnante será
considerada ato atentatório à dignidade da justiça e sujeitará o suscitante à
reparação dos prejuízos causados e às penas previstas na Lei nº 13.105, de
16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), para comportamentos
análogos. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Art. 145. Por deliberação tomada nos termos do art. 42 desta Lei, os credores
poderão adjudicar os bens alienados na falência ou adquiri-los por meio de
constituição de sociedade, de fundo ou de outro veículo de investimento, com
a participação, se necessária, dos atuais sócios do devedor ou de terceiros,
ou mediante conversão de dívida em capital. (Redação dada pela Lei nº
14.112, de 2020)
§ 1º Aplica-se irrestritamente o disposto no art. 141 desta Lei à transferência
dos bens à sociedade, ao fundo ou ao veículo de investimento mencionados
no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 2º (Revogado).
§ 3º (Revogado).
§ 4º Será considerada não escrita qualquer restrição convencional à venda
ou à circulação das participações na sociedade, no fundo de investimento ou
no veículo de investimento a que se refere o caput deste artigo. (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020)
Art. 148. O administrador judicial fará constar do relatório de que trata a alínea
p do inciso III do art. 22 os valores eventualmente recebidos no mês vencido,
explicitando a forma de distribuição dos recursos entre os credores,
observado o disposto no art. 149 desta Lei.
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no momento de extrema desvalorização do imóvel onde funcionava a sede
da falida, em razão da enchente que atingiu a cidade e destruiu parte da
vizinhança, acarretando desvalorização injustificada do ativo e contrariando
o princípio da otimização; (ii) a alienação ocorreu em terceira chamada, por
preço vil, equivalente a 30% do valor de avaliação do bem, após a ausência
de licitantes nas chamadas anteriores. Os fatos alegados são incontestes.
Como juiz da falência, sua decisão será pelo indeferimento total da
impugnação, em razão do caráter forçado da venda e da não sujeição ao
conceito de preço vil. Correta!
Caso não concorde com a relação de credores, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou
seus sócios, bem como o MP, no prazo de 10 dias, podem apresentar ação de impugnação.
Caso não seja observado o prazo de 15 dias para apresentação das habilitações, serão
recebidas como retardatárias.
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§ 3º Na falência, os créditos retardatários perderão o direito a rateios
eventualmente realizados e ficarão sujeitos ao pagamento de custas, não se
computando os acessórios compreendidos entre o término do prazo e a data
do pedido de habilitação.
§ 4º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o credor poderá requerer a
reserva de valor para satisfação de seu crédito.
§ 5º As habilitações de crédito retardatárias, se apresentadas antes da
homologação do quadro-geral de credores, serão recebidas como
impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 desta Lei.
§ 6º Após a homologação do quadro-geral de credores, aqueles que não
habilitaram seu crédito poderão, observado, no que couber, o procedimento
ordinário previsto no Código de Processo Civil, requerer ao juízo da falência
ou da recuperação judicial a retificação do quadro-geral para inclusão do
respectivo crédito.
§ 7º O quadro-geral de credores será formado com o julgamento das
impugnações tempestivas e com as habilitações e as impugnações
retardatárias decididas até o momento da sua formação. (Incluído pela Lei
nº 14.112, de 2020)
§ 8º As habilitações e as impugnações retardatárias acarretarão a reserva do
valor para a satisfação do crédito discutido. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020)
§ 9º A recuperação judicial poderá ser encerrada ainda que não tenha havido
a consolidação definitiva do quadro-geral de credores, hipótese em que as
ações incidentais de habilitação e de impugnação retardatárias serão
redistribuídas ao juízo da recuperação judicial como ações autônomas e
observarão o rito comum. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 10. O credor deverá apresentar pedido de habilitação ou de reserva de
crédito em, no máximo, 3 (três) anos, contados da data de publicação da
sentença que decretar a falência, sob pena de decadência. (Incluído pela
Lei nº 14.112, de 2020)
O art. 29 da Lei de Execução Fiscal prevê que a cobrança judicial de crédito tributário não é
sujeita a lei de falências, no mesmo sentido o art. 187 do CTN.
Apesar da previsão do art. 29 da LEF e do art. 187 do CTN, na prática, os créditos fiscais já
eram habilitados na falência. Perceba, portanto, que a Fazenda Pública renunciava à execução
fiscal e habilitava o seu crédito na falência.
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PROPOSITURA DE EXECUÇÃO FISCAL. ADMISSIBILIDADE DE OPÇÃO
DA VIA ADEQUADA AO CASO CONCRETO. 1. A jurisprudência desta Corte
Superior se firmou na vertente de que os arts. 187 do CTN e 29 da LEF (Lei
6.830/80) conferem, na realidade, ao Ente de Direito Público a prerrogativa
de optar entre o ajuizamento de execução fiscal ou a habilitação de crédito
na falência, para a cobrança em juízo dos créditos tributários e equiparados.
Assim, escolhida uma via judicial, ocorre a renúncia com relação a outra, pois
não se admite a garantia dúplice.
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§ 4º Com relação à aplicação do disposto neste artigo, serão observadas as
seguintes disposições: (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
I - a decisão sobre os cálculos e a classificação dos créditos para os fins do
disposto nesta Lei, bem como sobre a arrecadação dos bens, a realização do
ativo e o pagamento aos credores, competirá ao juízo falimentar; (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
II - a decisão sobre a existência, a exigibilidade e o valor do crédito, observado
o disposto no inciso II do caput do art. 9º desta Lei e as demais regras do
processo de falência, bem como sobre o eventual prosseguimento da
cobrança contra os corresponsáveis, competirá ao juízo da execução
fiscal; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
III - a ressalva prevista no art. 76 desta Lei, ainda que o crédito reconhecido
não esteja em cobrança judicial mediante execução fiscal, aplicar-se-á, no
que couber, ao disposto no inciso II deste parágrafo; (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020) (Vigência)
IV - o administrador judicial e o juízo falimentar deverão respeitar a presunção
de certeza e liquidez de que trata o art. 3º da Lei nº 6.830, de 22 de setembro
de 1980, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III deste
parágrafo; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
V - as execuções fiscais permanecerão suspensas até o encerramento da
falência, sem prejuízo da possibilidade de prosseguimento contra os
corresponsáveis; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
VI - a restituição em dinheiro e a compensação serão preservadas, nos
termos dos arts. 86 e 122 desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)
VII - o disposto no art. 10 desta Lei será aplicado, no que couber, aos créditos
retardatários. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
§ 5º Na hipótese de não apresentação da relação referida no caput deste
artigo no prazo nele estipulado, o incidente será arquivado e a Fazenda
Pública credora poderá requerer o desarquivamento, observado, no que
couber, o disposto no art. 10 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)
§ 6º As disposições deste artigo aplicam-se, no que couber, às execuções
fiscais e às execuções de ofício que se enquadrem no disposto nos incisos
VII e VIII do caput do art. 114 da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020) (Vigência)
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, aos créditos do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)
§ 8º Não haverá condenação em honorários de sucumbência no incidente de
que trata este artigo. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
Conclui-se, portanto, que a Fazenda Pública tem a faculdade de optar por ingressar com a
cobrança judicial ou requerer a habilitação de seu crédito na ação falimentar, utilizando-se inclusive
o procedimento especial acima transcrito. De modo que eventual ineficácia do negócio jurídico
decretada no Juízo Falimentar não impede prosseguimento da Execução Fiscal. Neste sentido,
inclusive entendeu o STJ:
Os atos considerados ineficazes pelo juízo falimentar não produzem qualquer
efeito jurídico perante a massa. Por outro lado, isso não vincula o juízo da
execução fiscal. A decretação da ineficácia do negócio jurídico por parte do
juízo falimentar não impede que o juízo da execução fiscal continue decidindo
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que houve responsabilidade tributária decorrente de sucessão empresarial.
STJ. 2ª Turma. REsp 1822226-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
27/09/2022 (Info 753).
Art. 14. Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral
de credores, a relação dos credores de que trata o § 2º do art. 7º, ressalvado
o disposto no art. 7º-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020)
Art. 10.
§ 7º O quadro-geral de credores será formado com o julgamento das
impugnações tempestivas e com as habilitações e as impugnações
retardatárias decididas até o momento da sua formação. (Incluído pela Lei
nº 14.112, de 2020)
§ 8º As habilitações e as impugnações retardatárias acarretarão a reserva do
valor para a satisfação do crédito discutido. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020)
Art. 19. O administrador judicial, o Comitê, qualquer credor ou o representante
do Ministério Público poderá, até o encerramento da recuperação judicial ou
da falência, observado, no que couber, o procedimento ordinário previsto no
pedir a exclusão, outra classificação ou a retificação de qualquer crédito, nos
casos de descoberta de falsidade, dolo, simulação, fraude, erro essencial ou,
ainda, documentos ignorados na época do julgamento do crédito ou da
inclusão no quadro-geral de credores.
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O quadro geral de credores deve respeitar a ordem de classificação da falência, primeiro
deve-se efetuar o pagamento dos créditos extraconcursais (art. 84) e, após, os créditos concursais
(art. 83).
1º créditos trabalhistas
1º créditos extraconcursais
3º créditos tributários
DEVEDOR = MASSA FALIDA
ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO
2º créditos concursais
4º créditos quirografários
DEVEDOR = FALIDO
5º multas
6º créditos subordinados
Os créditos concursais devem ser pagos após os créditos extraconcursais. Faremos seu
estudo antes apenas para fins didáticos.
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- JUROS
1) Créditos trabalhistas
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Art. 83, I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150
(cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de
acidentes de trabalho;
A limitação de 150 salários-mínimos é para cada credor trabalhista. Além disso, a limitação
é apenas para a relação trabalhista, não alcança o acidente de trabalho.
Limite de Não há
150 SM limitação
Salienta-se que o valor excedente a 150 salários-mínimos será considerado crédito
quirografário.
Atenção para o art. 44 da Lei do 4.886/65 que prevê que os créditos devidos ao
representante comercial serão considerados créditos trabalhistas.
Além disso, entende o STJ que os honorários advocatícios se equiparam aos créditos
trabalhistas para fins falimentares.
Antes da Lei 14.112/2020, os créditos trabalhistas que eram cedidos a terceiros eram
considerados como quirografários. Tal previsão não existe mais, a partir da Lei 14.112/2020, os
créditos cedidos a terceiros não perdem sua natureza e classificação.
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TJ/BA (2019) De acordo com a legislação pertinente, trabalhador que possua
crédito remuneratório trabalhista com uma empresa em falência deverá
recebê-lo primeiramente, antes dos demais créditos, no limite de até cento e
cinquenta salários-mínimos. Correta!
Art. 83, II - os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do
valor do bem gravado; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
Imagine, por exemplo, que a Empresa X oferece como garantia um imóvel avaliado em R$
800.000,00 para obter um empréstimo de R$ 1.000.000,00.
3) Créditos tributários
4) Créditos quirografários
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a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens
vinculados ao seu pagamento; e (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020)
c) os saldos dos créditos derivados da legislação trabalhista que excederem
o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo; (Redação dada
pela Lei nº 14.112, de 2020)
Salienta-se que, a partir das alterações promovidas pela Lei 14.112/2020, os créditos de
privilégio especial e geral passam a integrar a categoria de créditos quirografários.
Art. 83, § 6º Para os fins do disposto nesta Lei, os créditos que disponham de
privilégio especial ou geral em outras normas integrarão a classe dos créditos
quirografários. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
5) Multas
Art. 83, VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das
leis penais ou administrativas, incluídas as multas tributárias; (Redação
dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
A Súmula 565 do STF não se aplica mais, tendo em vista que a Lei 14.112/2020 passou a
prever o pagamento de multa.
6) Créditos subordinados
Art. 83, VIII - os créditos subordinados, a saber: (Redação dada pela Lei
nº 14.112, de 2020)
a) os previstos em lei ou em contrato; e (Redação dada pela Lei nº
14.112, de 2020)
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício
cuja contratação não tenha observado as condições estritamente comutativas
e as práticas de mercado; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
7) Juros
Os créditos extraconcursais serão pagos antes dos créditos concursais. Trata-se de crédito
devido pela massa falida, instituídos após a sentença declaratória de falência.
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Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com
precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir,
aqueles relativos: (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
I-A - às quantias referidas nos arts. 150 e 151 desta Lei; (Incluído pela Lei
nº 14.112, de 2020)
I-B - ao valor efetivamente entregue ao devedor em recuperação judicial pelo
financiador, em conformidade com o disposto na Seção IV-A do Capítulo III
desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
I-C - aos créditos em dinheiro objeto de restituição, conforme previsto no art.
86 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
I-D - às remunerações devidas ao administrador judicial e aos seus auxiliares,
aos reembolsos devidos a membros do Comitê de Credores, e aos créditos
derivados da legislação trabalhista ou decorrentes de acidentes de trabalho
relativos a serviços prestados após a decretação da falência; (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020)
I-E - às obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a
recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação
da falência; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
II - às quantias fornecidas à massa falida pelos credores; (Redação dada
pela Lei nº 14.112, de 2020)
III - às despesas com arrecadação, administração, realização do ativo,
distribuição do seu produto e custas do processo de falência; (Redação
dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
IV - às custas judiciais relativas às ações e às execuções em que a massa
falida tenha sido vencida; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
V - aos tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da
falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. (Redação
dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 1º As despesas referidas no inciso I-A do caput deste artigo serão pagas
pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa. (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 2º O disposto neste artigo não afasta a hipótese prevista no art. 122 desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
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3) Aos créditos em dinheiro objeto de restituição, conforme previsto no art. 86 da LF
4.12. ENCERRAMENTO
As contas poderão ser impugnadas por qualquer interessado, no prazo de 10 dias, após a
publicação do comunicado pelo juiz. Além disso, o MP deverá ser intimado para se manifestar se
está ou não de acordo com as contas.
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Art. 154. Concluída a realização de todo o ativo, e distribuído o produto entre
os credores, o administrador judicial apresentará suas contas ao juiz no prazo
de 30 (trinta) dias.
§ 1º As contas, acompanhadas dos documentos comprobatórios, serão
prestadas em autos apartados que, ao final, serão apensados aos autos da
falência.
§ 2º O juiz ordenará a publicação de aviso de que as contas foram entregues
e se encontram à disposição dos interessados, que poderão impugná-las no
prazo de 10 (dez) dias.
§ 3º Decorrido o prazo do aviso e realizadas as diligências necessárias à
apuração dos fatos, o juiz intimará o Ministério Público para manifestar-se no
prazo de 5 (cinco) dias, findo o qual o administrador judicial será ouvido se
houver impugnação ou parecer contrário do Ministério Público.
§ 4º Cumpridas as providências previstas nos §§ 2º e 3º deste artigo, o juiz
julgará as contas por sentença.
§ 5º A sentença que rejeitar as contas do administrador judicial fixará suas
responsabilidades, poderá determinar a indisponibilidade ou o sequestro de
bens e servirá como título executivo para indenização da massa.
§ 6º Da sentença cabe apelação.
Art. 155. Julgadas as contas do administrador judicial, ele apresentará o
relatório final da falência no prazo de 10 (dez) dias, indicando o valor do ativo
e o do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos pagamentos
feitos aos credores, e especificará justificadamente as responsabilidades com
que continuará o falido.
Terminado o pagamento, com satisfação ou não de todos os credores, cabe ao juiz prolatar
a sentença de encerramento, devendo intimar as Fazendas Públicas (art. 156).
Art. 156. Apresentado o relatório final, o juiz encerrará a falência por sentença
e ordenará a intimação eletrônica às Fazendas Públicas federal e de todos
os Estados, Distrito Federal e Municípios em que o devedor tiver
estabelecimento e determinará a baixa da falida no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica (CNPJ), expedido pela Secretaria Especial da Receita
Federal do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)
Parágrafo único. A sentença de encerramento será publicada por edital e dela
caberá apelação.
4.14. REABILITAÇÃO
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O falido somente se reabilita (torna-se apto a exercer empresa) com outra sentença: a
sentença de extinção das obrigações do falido. Essa sentença é prolatada quando ocorre uma
das hipóteses do art. 158 da Lei, mediante requerimento do falido.
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Como se nota, o procedimento falimentar denota um rito especial, com particularidades
previstas na Lei. Não obstante, como é comum em nosso ordenamento, o próprio texto legal remete
às normas gerais do CPC desde que sejam compatíveis.
Por exemplo, o legislador dispôs expressamente que os prazos previstas na lei devem ser
contados em dias corridos e não em dias úteis, tal como dita o CPC (art. ).
Art. 189. Aplica-se, no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei, o
disposto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil), desde que não seja incompatível com os princípios desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 1º Para os fins do disposto nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020)
I - todos os prazos nela previstos ou que dela decorram serão contados em
dias corridos; e (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Há casos, no entanto, que se faz necessário acionar o CPC. Vejamos este recente julgado
do STJ que tratou da aplicação das medidas atípicas aplicadas à falência:
A apreensão do passaporte do devedor é medida atípica e restritiva da
liberdade de locomoção do indivíduo, podendo caracterizar constrangimento
ilegal e arbitrário, susceptível de análise em sede de habeas corpus, como
via processual adequada. Em homenagem ao princípio do resultado na
execução, o CPC/2015 inovou no ordenamento jurídico ao prever, em seu art.
139, IV, a adoção de medidas executivas atípicas, tendentes à satisfação da
obrigação exequenda. Sendo a falência um processo de execução coletiva
decretado judicialmente, deve o patrimônio do falido estar comprometido
exclusivamente com o pagamento da massa falida, de modo que se tem como
cabível, de forma subsidiária, a aplicação da referida regra do art. 139, IV,
conforme previsto no art. 189 da Lei 11.101/2005. No caso concreto, o STJ
considerou que a apreensão do passaporte do falido foi uma medida
coercitiva dotada de razoabilidade tendo em vista que determinada mediante
decisão fundamentada e com observância do contraditório prévio, em sede
de processo de falência que perdura por mais de dez anos, após constatados
fortes indícios de ocultação de vasto patrimônio em paraísos fiscais e que as
luxuosas e frequentes viagens internacionais do paciente são custeadas com
patrimônio indevidamente transferido a familiares pelo próprio falido, tudo
como forma de subtrair-se pessoalmente aos efeitos da quebra. STJ. 4ª
Turma. HC 742879-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 13/09/2022 (Info
749).
5. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
5.1. INTRODUÇÃO
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instrumentos próprios, com a finalidade de recuperar e preservar a empresa viável com a
reorganização.
A Recuperação Judicial substituiu a antiga CONCORDATA, prevista no DL 7.661/45. A
concordata era um instituto que pouco ajudava efetivamente na recuperação do devedor em
dificuldades, conduzindo quase sempre à falência da empresa.
Problemas da CONCORDATA:
• Só tratava de créditos quirografários Ex.: Se o empresário tivesse várias dívidas com
garantia real, a concordata não lhe seria útil.
• A concordata era considerada um favor legal. Se o devedor preenchia os requisitos,
ela era concedida, independentemente da concordância dos credores. Essa falta de
concordância, além da falta de medidas alternativas de pagamento (só existia o
parcelamento da dívida ou remissão parcial), não agradava aos
credores/fornecedores, que simplesmente deixavam de negociar e fornecer
produtos, o que acabava gerando a quebra da empresa.
Vantagens da RECUPERAÇÃO JUDICIAL:
5.2. INCIDÊNCIA
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5.3. FINALIDADE DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
5.4. COMPETÊNCIA
Será do local do principal estabelecimento. Caso a sede seja fora do Brasil, a competência
será do local da filial.
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obrigação legal de registros contábeis que venha a substituir o LCDPR, e pela
Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e balanço
patrimonial, todos entregues tempestivamente. (Incluído pela Lei nº 14.112,
de 2020) (Vigência)
§ 4º Para efeito do disposto no § 3º deste artigo, no que diz respeito ao
período em que não for exigível a entrega do LCDPR, admitir-se-á a entrega
do livro-caixa utilizado para a elaboração da DIRPF. (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020) (Vigência)
§ 5º Para os fins de atendimento ao disposto nos §§ 2º e 3º deste artigo, as
informações contábeis relativas a receitas, a bens, a despesas, a custos e a
dívidas deverão estar organizadas de acordo com a legislação e com o
padrão contábil da legislação correlata vigente, bem como guardar
obediência ao regime de competência e de elaboração de balanço patrimonial
por contador habilitado. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
Vejamos:
O art. 2º se subdivide em dois incisos: O inciso I trata dos totalmente excluídos; o inciso II
traz os parcialmente excluídos.
1) TOTALMENTE excluídos:
• Empresa Pública;
• Sociedade de economia mista
Em hipótese alguma, essas pessoas podem falir ou pedir recuperação.
2) PARCIALMENTE excluídos:
• Instituição financeira pública ou privada;
• Consórcio;
• Cooperativa de crédito;
• Seguradora;
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• Operadora de plano de saúde;
• Entidade de previdência complementar;
• Sociedade de capitalização;
• Outras entidades legalmente equiparadas a estas (ex.: empresa de leasing;
administradora de cartão de crédito etc.).
Essas pessoas, a princípio não podem falir, porém TODOS os casos podem passar por uma
liquidação extrajudicial, situação na qual é nomeado um liquidante. Esse liquidante, e somente
ele, pode pedir a falência dessas pessoas do inciso II.
5.5.2. O devedor deve ser empresário ou sociedade empresária que esteja em atividade
regular há mais de 02 anos.
Sociedade em comum não pode pedir, pois não é regular (não tem registro – mas pode pedir
autofalência, embora não possa pedir a falência de outrem).
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O menor emancipado pode pedir? Para ser emancipado, ele deve ter 16 anos completos,
conforme CC art. 5º, parágrafo único, V. Então, deveria ter mais de 18 anos no pedido, portanto,
não seria mais “menor emancipado”, pois já maior de idade. Exceto no caso de continuação da
empresa, conforme o art. 974 CC, pois aqui poderá ter menos de 16 anos.
CC Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente
assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por
seus pais ou pelo autor de herança.
Sim! Conforme o STJ, o empresário rural pode pedir falência! Neste caso, embora precise
estar registrado na Junta Comercial para requerer a recuperação judicial, pode computar o período
anterior à formalização do registro para cumprir o prazo mínimo de dois anos exigido pelo art. 48
da LF.
Sobre este ponto, destacamos o recente julgado do STJ, no Recurso Especial Repetitivo
1.905.573-MT (tema 1145):
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mais de dois anos é facultado requerer a recuperação judicial, desde que
esteja inscrito na Junta Comercial no momento em que formalizar o pedido
recuperacional, independentemente do tempo de seu registro". REsp
1.905.573-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, por
unanimidade, julgado em 22/06/2022, DJe 03/08/2022. (Tema 1145)
(Informativo n. 743).
Observe que a Lei 14.112/2020 já havia incorporado o entendimento do STJ, que novamente
ganhou reforço no julgamento do recurso especial acima:
Art. 48 (...)
§ 2º No caso de exercício de atividade rural por pessoa jurídica, admite-se a
comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo por meio da
Escrituração Contábil Fiscal (ECF), ou por meio de obrigação legal de
registros contábeis que venha a substituir a ECF, entregue
tempestivamente. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 3º Para a comprovação do prazo estabelecido no caput deste artigo, o
cálculo do período de exercício de atividade rural por pessoa física é feito com
base no Livro Caixa Digital do Produtor Rural (LCDPR), ou por meio de
obrigação legal de registros contábeis que venha a substituir o LCDPR, e pela
Declaração do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF) e balanço
patrimonial, todos entregues tempestivamente. (Incluído pela Lei nº 14.112,
de 2020)
Art. 69-G. Os devedores que atendam aos requisitos previstos nesta Lei e
que integrem grupo sob controle societário comum poderão requerer
recuperação judicial sob consolidação processual. (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020)
§ 1º Cada devedor apresentará individualmente a documentação exigida no
art. 51 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 2º O juízo do local do principal estabelecimento entre os dos devedores é
competente para deferir a recuperação judicial sob consolidação processual,
em observância ao disposto no art. 3º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112,
de 2020)
§ 3º Exceto quando disciplinado de forma diversa, as demais disposições
desta Lei aplicam-se aos casos de que trata esta Seção. (Incluído pela
Lei nº 14.112, de 2020)
Se já o foi, deve ter suas obrigações declaradas extintas por sentença transitada em julgado
(sentença de extinção das obrigações do falido).
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que
atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
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I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença
transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
5.5.4. Não ter, há menos de 05 anos, obtido concessão de outra recuperação judicial.
5.5.5. Não ter, há menos de 05 anos, obtido concessão de recuperação judicial especial
Art. 48, III – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, OBTIDO concessão de
recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste
Capítulo (trata das ME e EPP);
Art. 48, IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
Antes da nova lei, vários outros crimes vedavam a concordata. Atualmente, somente o
CRIME FALIMENTAR veda a recuperação.
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comercial. Seu funcionamento ocorre em um imóvel de propriedade de
Geraldo, sócio que assina todos os contratos da sociedade. A sede é
mobiliada com itens de propriedade comum de todos e dispõe de espaço para
a exposição de veículos, os quais são comprados pelos quatro sócios
conjuntamente, para posterior venda a terceiros. Recentemente, eles
passaram a enfrentar dificuldades negociais e problemas financeiros, razão
por que os credores começaram a ajuizar ações e fazer cobranças. Nessa
situação, para tentar superar a fase crítica, os sócios podem pedir a
recuperação judicial da empresa. Errada!
Art. 69-G. Os devedores que atendam aos requisitos previstos nesta Lei e
que integrem grupo sob controle societário comum poderão requerer
recuperação judicial sob consolidação processual. (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020)
§ 1º Cada devedor apresentará individualmente a documentação exigida no
art. 51 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 2º O juízo do local do principal estabelecimento entre os dos devedores é
competente para deferir a recuperação judicial sob consolidação processual,
em observância ao disposto no art. 3º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112,
de 2020)
§ 3º Exceto quando disciplinado de forma diversa, as demais disposições
desta Lei aplicam-se aos casos de que trata esta Seção.
Salienta-se que haverá a nomeação de apenas um administrador judicial, bem como cada
devedor deverá apresentação individualmente a sua documentação.
Art. 69-I. A consolidação processual, prevista no art. 69-G desta Lei, acarreta
a coordenação de atos processuais, garantida a independência dos
devedores, dos seus ativos e dos seus passivos. (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020)
§ 1º Os devedores proporão meios de recuperação independentes e
específicos para a composição de seus passivos, admitida a sua
apresentação em plano único. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 2º Os credores de cada devedor deliberarão em assembleias-gerais de
credores independentes. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 3º Os quóruns de instalação e de deliberação das assembleias-gerais de
que trata o § 2º deste artigo serão verificados, exclusivamente, em referência
aos credores de cada devedor, e serão elaboradas atas para cada um dos
devedores. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
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§ 4º A consolidação processual não impede que alguns devedores obtenham
a concessão da recuperação judicial e outros tenham a falência
decretada. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 5º Na hipótese prevista no § 4º deste artigo, o processo será desmembrado
em tantos processos quantos forem necessários. (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020)
Trata-se de medida excepcional, autorizada pelo juiz para devedores do mesmo grupo
econômico.
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§ 2º A rejeição do plano unitário de que trata o caput deste artigo implicará a
convolação da recuperação judicial em falência dos devedores sob
consolidação substancial. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Conforme o art. 49, todos os créditos existentes ATÉ a data do pedido, vencidos ou
vincendos, podem ser objeto do plano de recuperação judicial.
Ressalta-se que são considerados créditos existentes não apenas os líquidos, consideram-
se os créditos que estão em fase de apuração, mas que já existiam à época do pedido de
recuperação. Vejamos o Info 604 do STJ:
Os créditos trabalhistas litigiosos referentes a serviços prestados pelo
trabalhador à empresa antes da recuperação judicial deverão estar sujeitos a
ela, mesmo que no momento do pedido tais créditos não estivessem
consolidados? SIM. A partir do momento em que o empregado trabalha, ele
se torna credor de seu empregador, tendo direito ao recebimento das verbas
trabalhistas. Esse crédito existe independentemente de decisão judicial. Se o
empregador não paga e o empregado ingressa com reclamação trabalhista,
a sentença apenas reconhecerá (declarará) a existência do direito do
trabalhador, condenando o patrão a pagar. Não é a sentença, contudo, que
constitui o direito, mas apenas o declara. Isso significa que, se este crédito
foi constituído em momento anterior ao pedido de recuperação judicial,
deverá se submeter aos seus efeitos. Desse modo, se as verbas trabalhistas
estão relacionadas com serviços prestados pelo empregado em momento
anterior ao pedido de recuperação judicial, tais verbas também estarão
sujeitas a esse procedimento, mesmo que a sentença trabalhista tenha sido
prolatada somente depois do deferimento da recuperação. A consolidação do
crédito trabalhista (ainda que inexigível e ilíquido) não depende de provimento
judicial que o declare — e muito menos do transcurso de seu trânsito em
julgado —, para efeito de sua sujeição aos efeitos da recuperação judicial.
STJ. 3ª Turma. REsp 1634046-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. para
acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/4/2017 (Info 604).
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Ex: em janeiro/2017, Lucas consumiu leite estragado comprado no Supermercado BR. Em
fevereiro/2017, ajuizou ação de indenização contra o Supermercado. Em setembro/2017, o
supermercado ingressou com pedido de recuperação judicial. Em outubro/2017, o juiz julgou o
pedido de Lucas procedente e condenou a empresa a pagar R$ 50 mil. Houve o trânsito em julgado.
Diante disso, Lucas ingressou com pedido de habilitação de seu crédito na recuperação judicial.
Esse crédito poderá ser habilitado na recuperação (art. 49 da Lei nº 11.101/2005) porque foi
constituído na data do acidente de consumo (janeiro/2017) e não na data da sentença, que apenas
declarou uma obrigação já existente.
Créditos EXCLUÍDOS:
1) Créditos posteriores ao pedido de recuperação;
2) Crédito tributário;
3) Crédito fiscal;
4) Art. 49, §3º: Os créditos decorrentes de:
• Propriedade fiduciária;
• Arrendamento mercantil (leasing);
• Compra e venda com reserva de domínio;
• Compra e venda de bem IMÓVEL com cláusula de irrevogabilidade ou
irretratabilidade.
5) ACC → Adiantamento de contrato de câmbio.
Vejamos:
1) Crédito tributário:
Art. 6º, §7º-B c/c Art. 57. Motivo: Poderia quebrar a isonomia entre os contribuintes.
Execução Fiscal.
Art. 6º, § 7º-B. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se
aplica às execuções fiscais, admitida, todavia, a competência do juízo da
recuperação judicial para determinar a substituição dos atos de constrição
que recaiam sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade
empresarial até o encerramento da recuperação judicial, a qual será
implementada mediante a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o
disposto no art. 805 do referido Código.
Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembleia-geral
de credores ou decorrido o prazo previsto no art. 55 desta Lei sem objeção
de credores, o devedor apresentará certidões negativas de débitos tributários
nos termos dos arts. 151, 205, 206 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966
- Código Tributário Nacional.
2) Crédito fiscal
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O art. 187 do CTN prevê expressamente que o crédito tributário não é sujeito a concurso de
credores. Esse dispositivo nada fala sobre os créditos de natureza não tributária. A despeito disso,
os créditos de natureza não tributária não se submetem aos efeitos do plano de recuperação judicial,
por força do art. 6º, § 7º-B da Lei nº 11.101/2005.
Além disso, o art. 29 da Lei nº 6.830/80 afirma, de forma ampla, que a cobrança judicial da
dívida ativa da Fazenda Pública não está sujeita a habilitação em concordata (atual recuperação
judicial). A dívida ativa abrange tanto débitos tributários como não tributários. Assim, por exemplo,
o crédito concernente à multa administrativa aplicada pela ANVISA não se submete aos efeitos da
recuperação judicial da devedora.
Nesse sentido:
• Propriedade fiduciária;
• Arrendamento mercantil (leasing);
• Compra e venda com reserva de domínio;
• Compra e venda de bem IMÓVEL com cláusula de irrevogabilidade ou
irretratabilidade.
Art. 49 (propriedade fiduciária, arrendamento mercantil, compra e venda com
reserva de domínio, compra e venda bem imóvel com cláusula de
irrevogabilidade ou irretratabilidade)
§ 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens
móveis ou imóveis, de arrendador mercantil (leasing), de proprietário ou
promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham
cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade (promessa de compra e
venda: direito real à aquisição), inclusive em incorporações imobiliárias, ou
de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito
não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os
direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada
a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de
suspensão a que se refere o § 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada
do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade
empresarial.
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seja perecível nem consumível. STJ. 3ª Turma. REsp 1758746-GO, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/09/2018 (Info 634).
Assim, por exemplo, se a empresa tinha feito uma alienação fiduciária para adquirir um
caminhão “XYZ”; como não tinha dinheiro para pagar à vista, fez um financiamento e o veículo ficou
na propriedade fiduciária do banco “ABC”, sendo usado pela empresa (tinha a posse direta do bem).
Se a empresa entra com pedido de recuperação judicial, esse crédito do banco não está submetido
aos efeitos do plano de credores. Em outras palavras, a empresa terá que continuar pagando as
prestações da mesma forma que já estava ajustada no contrato e, se atrasar, o banco poderá propor
a ação de busca e apreensão.
Resumindo:
• REGRA: estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data
do pedido de recuperação judicial, ainda que não vencidos (art. 49, caput). Devem
obedecer ao plano de recuperação e as ações ficam suspensas.
• EXCEÇÃO: os créditos de alienação fiduciária não estão sujeitos à recuperação
judicial e as ações relacionadas com tais créditos podem continuar a ser propostas
(§ 3º do art. 49). Aqui o Banco “comemora” porque seu crédito está fora da
recuperação judicial.
• EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO (volta para regra): se a garantia da alienação fiduciária for
o imóvel que funciona o estabelecimento do devedor ou forem bens de capital (bens
móveis) essenciais à atividade empresarial da sociedade em recuperação judicial,
nesse caso, mesmo sendo crédito de alienação fiduciária, deverá ficar sujeita aos
efeitos da recuperação judicial. Aqui o Banco “lamenta” porque seu crédito deverá
ficar sujeito à recuperação judicial. Prevalece o princípio da preservação da empresa,
impondo restrição temporária ao proprietário fiduciário (ex: banco) em relação a bem
de capital que se revele indispensável à manutenção do desenvolvimento da
atividade econômica exercida pela empresa recuperanda.
Atenção: para se enquadrar na parte final do § 3º (exceção da exceção – situação 3), o bem
objeto da alienação fiduciária deve ser bem de capital essencial à atividade empresarial.
Se o contrato de alienação fiduciária for referente a: um bem que seja bem de capital; ou a
um bem de capital não essencial esse crédito continua fora da recuperação judicial (situação 2).
Se determinado bem, alienado fiduciariamente, não puder ser classificado como “bem de
capital”, o Juízo da recuperação nem analisa se ele é essencial ou não para a empresa. Isso porque
o § 3º do art. 49 somente “salva” e mantém na empresa os bens de capital essenciais. São, portanto,
dois “requisitos”: ser bem de capital + ser essencial. Veja novamente este trecho da Lei:
§ 3º (...) não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se
refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do
devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.
Em não se tratando de bem de capital, o bem cedido ou alienado fiduciariamente não pode
ficar retido na posse da empresa em recuperação judicial, afigurando-se, para esse efeito,
absolutamente descabido qualquer juízo de essencialidade.
Desse modo, a caracterização do bem dado em garantia fiduciária como “bem de capital”
constitui questão pressuposta ao subsequente juízo de essencialidade, a fim de mantê-lo na posse
da empresa recuperanda.
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Quem avalia a essencialidade do bem de capital? O Juízo da recuperação judicial, que
detém todas as informações relacionadas à real situação econômico-financeira da recuperanda. É
considerado essencial aquele bem que se mostra indispensável ao soerguimento da empresa.
O que é “bem de capital” mencionado no § 3º do art. 49?
“Bem de capital” é o bem corpóreo (móvel ou imóvel) utilizado no processo produtivo da
empresa recuperanda e que não seja perecível nem consumível. Assim, o bem, para se caracterizar
como bem de capital, precisa ser utilizado no processo produtivo da empresa, já que necessário ao
exercício da atividade econômica exercida pelo empresário.
Verifica-se, ainda, que o bem, para se enquadrar neste conceito, precisa estar na posse da
empresa recuperanda. Isso porque, como já dito, ele tem que estar sendo utilizado em seu processo
produtivo.
Logo, se o bem não está na posse da empresa, ele não se enquadra no § 3º do art. 49.
Por fim, não se pode considerar como bem de capital aquele que for perecível ou
consumível. Isso porque não se pode atribuir tal qualidade a um bem cuja utilização signifique o
próprio esvaziamento da garantia fiduciária. Deve-se lembrar que, ao final do stay period, o bem
deverá ser restituído ao proprietário, ou seja, ao credor fiduciário. Se o bem for perecível ou
consumível, não será possível essa devolução.
ATENÇÃO! Caso seja movida alguma execução judicial contra a recuperanda, será
competente para decidir sobe o destino dos bens e valores objeto de execuções singulares o juízo
onde tramita o processo de recuperação judicial, ainda que se trate de crédito decorrente de
relação de consumo.
Depois de ter sido deferido o processamento da recuperação judicial, todas
as ações execuções contra o devedor que está em recuperação judicial ficam
suspensas, excetuadas as que demandarem quantia ilíquida (§1º do art. 6º
da Lei 11.101/2005) e as execuções fiscais (§7º). Além de as ações e
execuções contra o devedor em recuperação ficarem suspensas, o destino
do patrimônio da sociedade em processo de recuperação judicial não poderá
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ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso daquele onde tramita o
processo de reerguimento, sob pena de violação ao princípio maior da
preservação da atividade empresarial. Em outras palavras, qualquer decisão
que afete os bens da empresa em recuperação deverá ser tomada pelo juízo
onde tramita a recuperação. O juízo onde tramita o processo de recuperação
judicial é o competente para decidir sobe o destino dos bens e valores objeto
de execuções singulares movidas contra a recuperanda, ainda que se trate
de crédito decorrente de relação de consumo. Ex. João comprou uma
geladeira em uma loja. O produto apresentou vício e o consumidor propôs,
no Juizado Especial, ação de indenização contra o fornecedor. O juiz julgou
o pedido procedente, condenando a empresa a pagar R$10mil. Como não
houve pagamento espontâneo, o magistrado determinando a penhora online
da quantia. Ocorre que, em março de 2017, antes que o dinheiro penhorado
fosse transferido para João, o juízo da Vara Cível deferiu a recuperação
judicial da referida loja. Como já foi deferida a recuperação judicial, a
competência para decidir sobe o patrimônio do devedor passa a ser do juízo
da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma, REsp 1.630.702./RJ, Rel, Min. Nancy
Andrighi, julgado em 02/02/2017 (Info 598).
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• Realização de demonstrativos contábeis periódicos. O empresário é obrigado a fazer
dois tipos de balanço:
• Balanço Patrimonial (1.188 CC) – apura o ativo e o passivo (que compreende todos
os bens, débitos e créditos da empresa). “PAssivo”
• Balanço Econômico (1.189 CC) – apura o rEsultado, ou seja, a conta dos lucros e
perdas.
b) demonstração de resultados acumulados;
c) demonstração do resultado desde o último exercício social;
d) relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção;
e) descrição das sociedades de grupo societário, de fato ou de
direito; (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
III - a relação nominal completa dos credores, sujeitos ou não à recuperação
judicial, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação
do endereço físico e eletrônico de cada um, a natureza, conforme
estabelecido nos arts. 83 e 84 desta Lei, e o valor atualizado do crédito, com
a discriminação de sua origem, e o regime dos vencimentos; (Redação
dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
IV – a relação integral dos empregados, em que constem as respectivas
funções, salários, indenizações e outras parcelas a que têm direito, com o
correspondente mês de competência, e a discriminação dos valores
pendentes de pagamento;
V – certidão de regularidade do devedor no Registro Público de Empresas, o
ato constitutivo atualizado e as atas de nomeação dos atuais administradores;
VI – a relação dos bens particulares dos sócios controladores e dos
administradores do devedor;
VII – os extratos atualizados das contas bancárias do devedor e de suas
eventuais aplicações financeiras de qualquer modalidade, inclusive em
fundos de investimento ou em bolsas de valores, emitidos pelas respectivas
instituições financeiras;
VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio
ou sede do devedor e naquelas onde possui filial;
IX - a relação, subscrita pelo devedor, de todas as ações judiciais e
procedimentos arbitrais em que este figure como parte, inclusive as de
natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores
demandados; (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
X - o relatório detalhado do passivo fiscal; e (Incluído pela Lei nº 14.112,
de 2020)
XI - a relação de bens e direitos integrantes do ativo não circulante, incluídos
aqueles não sujeitos à recuperação judicial, acompanhada dos negócios
jurídicos celebrados com os credores de que trata o § 3º do art. 49 desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
o
§ 1 Os documentos de escrituração contábil e demais relatórios auxiliares,
na forma e no suporte previstos em lei, permanecerão à disposição do juízo,
do administrador judicial e, mediante autorização judicial, de qualquer
interessado.
§ 2o Com relação à exigência prevista no inciso II do caput deste artigo, as
microempresas e empresas de pequeno porte poderão apresentar livros e
escrituração contábil simplificados nos termos da legislação específica.
§ 3o O juiz poderá determinar o depósito em cartório dos documentos a que
se referem os §§ 1o e 2o deste artigo ou de cópia destes.
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§ 5º O valor da causa corresponderá ao montante total dos créditos sujeitos
à recuperação judicial. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 6º Em relação ao período de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei: (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020)
I - a exposição referida no inciso I do caput deste artigo deverá comprovar a
crise de insolvência, caracterizada pela insuficiência de recursos financeiros
ou patrimoniais com liquidez suficiente para saldar suas dívidas; (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020)
II - os requisitos do inciso II do caput deste artigo serão substituídos pelos
documentos mencionados no § 3º do art. 48 desta Lei relativos aos últimos 2
(dois) anos. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Em 2019, o CNJ emitiu recomendação a todos os juízes para realizarem uma constatação
prévia antes de proferirem o despacho de processamento, a fim de constatar as reais condições da
empresa.
Art. 3º O magistrado deverá conceder o prazo máximo de cinco dias para que
o perito nomeado apresente laudo de constatação das reais condições de
funcionamento da devedora e de verificação da regularidade documental,
decidindo, em seguida, sem a necessidade de oitiva das partes.
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como na constatação da presença e regularidade dos requisitos e
documentos previstos nos artigos 48 e 51 da Lei nº 11.101/2005.
A Lei 14.112/2020 passou a prever a constatação prévia, a fim de que seja constatado a
inexistência de qualquer atividade empresarial, irregularidades ou incompletudes documental,
fraudes e eventual incompetência funcional do juízo.
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Importante consignar que a constatação prévia é facultativa, não é uma obrigatoriedade
imposta ao juiz. O seu prazo será de cinco dias (mesmo da recomendação do CNJ). Além disso, a
constatação prévia é inaudita altera partes, ou seja, não há oitiva das partes e nem apresentação
de quesitos.
Salienta-se que a constatação prévia é uma análise objetiva das reais condições de
funcionamento da empresa e da regularidade de seus documentos. Não há análise de viabilidade
econômica.
• Constatar que a atividade empresarial não existe – deve indeferir a petição inicial e
o processo será extinto sem resolução de mérito por falta de interesse processual na
modalidade adequação;
Conforme o art. 52, caso o juiz vislumbre o preenchimento dos requisitos, irá deferir o
processamento da recuperação judicial. É o famoso DESPACHO DE PROCESSAMENTO.
É no despacho de processamento que se nomeia o administrador judicial da recuperação
judicial.
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o
juiz deferirá o PROCESSAMENTO da recuperação judicial e, no mesmo
ato:
I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21 desta
Lei; (lembrando que na falência o Administrador só é nomeado com a
sentença declaratória).
II - determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para que
o devedor exerça suas atividades, observado o disposto no § 3º do art. 195
da Constituição Federal e no art. 69 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº
14.112, de 2020)
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III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o
devedor, na forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos
no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o, 2o
e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a créditos excetuados na forma
dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei;
IV – determinará ao devedor a apresentação de contas demonstrativas
mensais enquanto perdurar a recuperação judicial, sob pena de destituição
de seus administradores;
V - ordenará a intimação eletrônica do Ministério Público e das Fazendas
Públicas federal e de todos os Estados, Distrito Federal e Municípios em que
o devedor tiver estabelecimento, a fim de que tomem conhecimento da
recuperação judicial e informem eventuais créditos perante o devedor, para
divulgação aos demais interessados. (Redação dada pela Lei nº 14.112,
de 2020) (Vigência)
§1º Ver abaixo.
§ 2o Deferido o processamento da recuperação judicial, os credores poderão,
a qualquer tempo, requerer a convocação de assembleia-geral para a
constituição do Comitê de Credores ou substituição de seus membros,
observado o disposto no § 2o do art. 36 desta Lei.
§ 3o No caso do inciso III (suspensão das ações e execuções) do caput deste
artigo, caberá ao DEVEDOR comunicar a suspensão aos juízos competentes.
§ 4o O devedor não poderá desistir do pedido de recuperação judicial após o
deferimento de seu processamento, salvo se obtiver aprovação da
desistência na assembleia-geral de credores.
O art. 6º, II, da LF prevê a suspensão das execuções, também chamada de stay period.
Segundo Sérgio Campinho, citado pelo Prof. Alexandre Gialluca, “terá o devedor um período de
tranquilidade no qual buscará recompor sua atividade e recuperar a sua empresa. Buscou o
legislador falimentar, portanto, conferir ao devedor um período de verdadeira oxigenação,
resguardando-o para que tenha condições mínimas de formular um plano de recuperação judicial
que atenda ao anseio dos seus credores, sem que tenha que se preocupar com execuções.”
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Exceção: As ações e execuções dos créditos excluídos do procedimento de recuperação e
as execuções fiscais não são suspensas, nos termos dos §§ 7º-A e 7º-B do art. 6º da Lei de
Falências.
Art. 6º,
§ 7º-A. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica
aos créditos referidos nos §§ 3º e 4º do art. 49 desta Lei, admitida, todavia, a
competência do juízo da recuperação judicial para determinar a suspensão
dos atos de constrição que recaiam sobre bens de capital essenciais à
manutenção da atividade empresarial durante o prazo de suspensão a que
se refere o § 4º deste artigo, a qual será implementada mediante a
cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei nº 13.105, de 16 de março
de 2015 (Código de Processo Civil), observado o disposto no art. 805 do
referido Código. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 7º-B. O disposto nos incisos I, II e III do caput deste artigo não se aplica às
execuções fiscais, admitida, todavia, a competência do juízo da recuperação
judicial para determinar a substituição dos atos de constrição que recaiam
sobre bens de capital essenciais à manutenção da atividade empresarial até
o encerramento da recuperação judicial, a qual será implementada mediante
a cooperação jurisdicional, na forma do art. 69 da Lei nº 13.105, de 16 de
março de 2015 (Código de Processo Civil), observado o disposto no art. 805
do referido Código. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Art. 52
§ 1o O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial,
que conterá:
I – o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o processamento
da recuperação judicial;
II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado e
a classificação de cada crédito;
III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma
do art. 7o, § 1o, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao
plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor nos termos do art.
55 desta Lei.
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Encerrado o prazo de 15 dias, tem início o prazo de 45 dias para que o Administrador Judicial
providencie uma nova relação de credores, contemplando, agora, os que habilitaram seu crédito
(art. 7º, §2º). É a conhecida relação do art. 7º, §2º.
Art. 7º § 1o Publicado o edital previsto no art. 52, § 1 o, ou no parágrafo único
do art. 99 desta Lei, os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para
apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências
quanto aos créditos relacionados.
Perceber: habilita-se o crédito para o administrador e não mais para o juiz (como era antes).
§ 2o O administrador judicial, com base nas informações e documentos
colhidos na forma do caput e do § 1o deste artigo, fará publicar edital
contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias,
contado do fim do prazo do § 1o deste artigo, devendo indicar o local, o horário
e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8 o desta Lei terão
acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa relação.
Em caso de habilitação de crédito retardatário (prazo até a sentença que encerra o processo
de recuperação judicial), os seus titulares não terão direito a voto.
Conforme prevê o art. 189 da Lei de Falências, todos os prazos serão contados em dias
corridos.
Art. 189. Aplica-se, no que couber, aos procedimentos previstos nesta Lei, o
disposto na Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil), desde que não seja incompatível com os princípios desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 1º Para os fins do disposto nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020)
I - todos os prazos nela previstos ou que dela decorram serão contados em
dias corridos; e (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a
1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho
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ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de
recuperação judicial.
§ 1º. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para
o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos
créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses
anteriores ao pedido de recuperação judicial. (Redação dada pela Lei nº
14.112, de 2020)
Não há na Lei referência ao início da contagem do prazo. Diante disso, o STJ (Resp.
1.924.164) entendeu que o termo inicial da contagem do prazo para pagamento dos credores
trabalhistas é a data da concessão da recuperação judicial, e não o término do período de
suspensão.
5.9.6. Comunicado
Se o credor não concordar com o plano, ele pode apresentar a chamada objeção ao plano
(art. 55 da lei). Qualquer credor pode objetar o plano, no prazo de 30 dias, contados da publicação
da relação do art. 7º, §2º (segunda relação de credores).
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Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de
recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da
relação de credores de que trata o § 2o do art. 7o desta Lei.
Caso já tenham decorridos esses 30 dias sem que tenha ocorrido o comunicado sobre a
apresentação do plano, será da publicação deste o termo a quo do prazo para as objeções (art. 55,
parágrafo único).
Parágrafo único. Caso, na data da publicação da relação de que trata o caput
deste artigo, não tenha sido publicado o aviso previsto no art. 53, parágrafo
único, desta Lei, contar-se-á da publicação deste o prazo para as
objeções.
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recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos contratos de crédito rural,
sem prejuízo do disposto em legislação específica;
XIII – usufruto da empresa;
XIV – administração compartilhada;
XV – emissão de valores mobiliários;
XVI – constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar, em
pagamento dos créditos, os ativos do devedor.
XVII - conversão de dívida em capital social; (Incluído pela Lei nº 14.112,
de 2020)
XVIII - venda integral da devedora, desde que garantidas aos credores não
submetidos ou não aderentes condições, no mínimo, equivalentes àquelas
que teriam na falência, hipótese em que será, para todos os fins, considerada
unidade produtiva isolada. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 1º Na alienação de bem objeto de garantia real, a supressão da garantia ou
sua substituição somente serão admitidas mediante aprovação expressa do
credor titular da respectiva garantia.
§ 2º Nos créditos em moeda estrangeira, a variação cambial será conservada
como parâmetro de indexação da correspondente obrigação e só poderá ser
afastada se o credor titular do respectivo crédito aprovar expressamente
previsão diversa no plano de recuperação judicial.
§ 3º Não haverá sucessão ou responsabilidade por dívidas de qualquer
natureza a terceiro credor, investidor ou novo administrador em decorrência,
respectivamente, da mera conversão de dívida em capital, de aporte de novos
recursos na devedora ou de substituição dos administradores
desta. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 4º O imposto sobre a renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL) incidentes sobre o ganho de capital resultante da alienação de bens
ou direitos pela pessoa jurídica em recuperação judicial poderão ser
parcelados, com atualização monetária das parcelas, observado o
seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
I - o disposto na Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; e (Incluído pela
Lei nº 14.112, de 2020)
II - a utilização, como limite, da mediana de alongamento no plano de
recuperação judicial em relação aos créditos a ele sujeitos. (Incluído pela
Lei nº 14.112, de 2020)
§ 5º O limite de alongamento de prazo a que se refere o inciso II do § 4º deste
artigo será readequado na hipótese de alteração superveniente do plano de
recuperação judicial. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
1) Convocação
2) Composição
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-Classe II: créditos com garantia real. Quórum de aprovação: Maioria dos credores presentes
e maioria dos créditos presentes.
Ex1: (BB 20% + Itaú 11% → SIM) x (Bradesco 30% → NÃO) = Plano aprovado.
Ex2: (BB 20% + Itaú 9% → SIM) x (Bradesco 30% → NÃO) = Plano não aprovado.
-Classe III: créditos quirografários. Quórum de aprovação: Maioria dos credores presentes e
maioria dos créditos presentes.
-Classe IV: créditos das pequenas empresas e empresas de pequeno porte. Quórum de
aprovação: maioria dos credores presentes (voto por cabeça).
Art. 41. A assembleia-geral será composta pelas seguintes classes de
credores:
I – titulares de créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de
acidentes de trabalho;
II – titulares de créditos com garantia real;
III – titulares de créditos quirografários, com privilégio especial, com privilégio
geral ou subordinados.
IV - titulares de créditos enquadrados como microempresa ou empresa de
pequeno porte.
§ 1º Os titulares de créditos derivados da legislação do trabalho votam com a
classe prevista no inciso I do caput deste artigo com o total de seu crédito,
independentemente do valor.
§ 2º Os titulares de créditos com garantia real votam com a classe prevista
no inciso II do caput deste artigo até o limite do valor do bem gravado e com
a classe prevista no inciso III do caput deste artigo pelo restante do valor de
seu crédito.
3) Quórum de aprovação
Conforme o art. 45, o plano só será aprovado pela AGC se TODAS as classes aprovarem o
plano.
Art. 45. Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as
classes de credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta.
§ 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta
Lei, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da
metade do valor total dos créditos presentes à assembleia e,
cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes.
§ 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta
deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes,
independentemente do valor de seu crédito.
§ 3º O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de
verificação de quórum de deliberação se o plano de recuperação judicial não
alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu crédito.
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Em qualquer dos casos, o resultado será submetido ao juiz, variando as decisões que esse
poderá tomar:
• No caso de reprovação do plano, o juiz irá verificar se cabe o cram down.
• No caso de aprovação com quórum, cabe ao juiz homologar a aprovação;
• No caso de aprovação sem quórum, cabe ao JUIZ decidir de homologa ou decreta a
falência.
Salienta-se que os credores suficientes para a aprovação do plano podem assinar o termo
de adesão, dentro dos quóruns, isso substituirá a realização da assembleia.
➔ QUESTÃO: se algum dos credores se manifestar pela abstenção, como isso deve
influenciar na aprovação ou reprovação do plano?
3
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Na assembleia-geral de credores da recuperação judicial, se algum dos credores
se manifestar pela abstenção, isso deverá ser computado como voto favorável ou contrário à aprovação do plano?.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/411c451fa50ccb4a60206a83c8d5d8a4>. Acesso
em: 29/12/2022
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uma interpretação extensiva ao art. 45 da Lei nº 11.101/2005 para atribuir à
abstenção a qualidade de voto ‘positivo (sim)’, porquanto a lei de recuperação
judicial exige a manifestação expressa e favorável dos credores, para efeito
de aprovação do plano recuperacional, sendo inviável a mera presunção de
anuência. Ao credor que, presente na assembleia geral, se abstém de votar,
deve ser conferido o mesmo tratamento dado ao credor ausente, ou seja, não
pode compor o quórum de deliberação, seja pelo valor do crédito seja pelo
número de credores, pois a abstenção não pode influenciar no resultado da
deliberação pela aprovação ou rejeição da proposta. STJ. 4ª Turma. REsp
1992192-SC, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Ministro
Raul Araújo, julgado em 6/12/2022 (Info 760).
Art. 56-A - Até 5 (cinco) dias antes da data de realização da assembleia geral
de credores convocada para deliberar sobre o plano, o devedor poderá
comprovar a aprovação dos credores por meio de termo de adesão,
observado o quórum previsto no art. 45 desta Lei, e requerer a sua
homologação judicial.
De acordo com Alexandre Gialluca, o cram down origina-se do direito americano e consiste
em uma faculdade dada ao juiz em aprovar o plano de recuperação judicial rejeitado por alguma
classe de credores, desde que se verifique a viabilidade econômica daquele plano e a necessidade
de se tutelar o interesse social vinculado à preservação da empresa. Trata-se, portanto, de
fenômeno jurídico viabilizador da aprovação do plano de recuperação, mesmo que este seja
recusado pela assembleia geral de credores. Assim, caracteriza-se pela permissão dada ao juiz de
aprovar/conceder a recuperação mesmo sendo o plano desaprovado.
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§ 2º A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no § 1º
deste artigo se o plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores
da classe que o houver rejeitado.
§ 3º Da decisão que conceder a recuperação judicial serão intimados
eletronicamente o Ministério Público e as Fazendas Públicas federal e de
todos os Estados, Distrito Federal e Municípios em que o devedor tiver
estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Rejeitado o plano de recuperação judicial e não sendo caso de cabimento do cram down, o
administrador judicial abrirá votação para que no prazo de 30 dias os próprios credores apresentem
um plano de recuperação judicial.
Art. 56,
§ 4º Rejeitado o plano de recuperação judicial, o administrador judicial
submeterá, no ato, à votação da assembleia-geral de credores a concessão
de prazo de 30 (trinta) dias para que seja apresentado plano de recuperação
judicial pelos credores. (Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 5º A concessão do prazo a que se refere o § 4º deste artigo deverá ser
aprovada por credores que representem mais da metade dos créditos
presentes à assembleia-geral de credores. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020)
Além disso, após o prazo de 180 dias de suspensão, sem a deliberação a respeito do plano
de recuperação proposto pelo devedor, será possível a propositura de plano alternativo pelos
próprios credores.
Caso a assembleia geral reprove o plano de recuperação judicial do devedor e não sendo
caso de cram down, bem como havendo rejeição do plano dos credores, o juiz irá convolar a
recuperação judicial em falência.
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Da decisão caberá agravo de instrumento.
APROVA
REPROVA
CREDORES APRESENTAM
PLANO E APROVAM NA AGC
Após a aprovação do plano pelos credores, o juiz dará uma decisão concessiva da
recuperação judicial, desde que preenchido o requisito do art. 57: apresentação de Certidão
negativa de débitos tributários.
Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembleia-geral
de credores ou decorrido o prazo previsto no art. 55 desta Lei sem objeção
de credores, o devedor apresentará certidões negativas de débitos
tributários nos termos dos arts. 151, 205, 206 da Lei no 5.172, de 25 de
outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.
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§ 2o Contra a decisão que conceder a recuperação judicial caberá AGRAVO,
que poderá ser interposto por qualquer credor e pelo Ministério Público.
1) A decisão implica em novação da dívida (art. 59, caput): extingue-se a dívida anterior,
criando uma nova dívida em seu lugar.
2) A decisão é um título executivo judicial (art. 59, §1º): ou seja, o descumprimento do plano
pode ensejar execução ou pedido de falência (pois é um dos denominados ‘atos de
falência’);
3) Da decisão concessiva cabe agravo de instrumento, que poderá ser interposto por
qualquer credor ou pelo MP (Art. 59, §2º).
Essa recuperação que vimos até agora é a recuperação judicial comum.
O prazo poderá ser superior a dois anos. O prazo de 02 anos do art. 61 é o prazo em que
haverá acompanhamento judicial. Ou seja, a recuperação pode ter 08 anos, 10 anos.
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o devedor
permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as
obrigações previstas no plano que se vencerem até 2 (dois) anos depois da
concessão da recuperação judicial.
§ 1o Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o descumprimento
de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a convolação da
recuperação em falência, nos termos do art. 73 desta Lei.
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II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo
do art. 53 desta Lei;
III - quando não aplicado o disposto nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 56 desta Lei, ou
rejeitado o plano de recuperação judicial proposto pelos credores, nos termos
do § 7º do art. 56 e do art. 58-A desta Lei; (Redação dada pela Lei nº
14.112, de 2020)
IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de
recuperação, na forma do § 1º do art. 61 desta Lei.
V - por descumprimento dos parcelamentos referidos no art. 68 desta Lei ou
da transação prevista no art. 10-C da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002;
e (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
VI - quando identificado o esvaziamento patrimonial da devedora que
implique liquidação substancial da empresa, em prejuízo de credores não
sujeitos à recuperação judicial, inclusive as Fazendas Públicas. (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 1º. O disposto neste artigo não impede a decretação da falência por
inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos termos
dos incisos I ou II do caput do art. 94 desta Lei, ou por prática de ato previsto
no inciso III do caput do art. 94 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
14.112, de 2020)
§ 2º A hipótese prevista no inciso VI do caput deste artigo não implicará a
invalidade ou a ineficácia dos atos, e o juiz determinará o bloqueio do produto
de eventuais alienações e a devolução ao devedor dos valores já distribuídos,
os quais ficarão à disposição do juízo. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020)
§ 3º Considera-se substancial a liquidação quando não forem reservados
bens, direitos ou projeção de fluxo de caixa futuro suficientes à manutenção
da atividade econômica para fins de cumprimento de suas obrigações,
facultada a realização de perícia específica para essa finalidade. (Incluído
pela Lei nº 14.112, de 2020)
Art. 69-A. Durante a recuperação judicial, nos termos dos arts. 66 e 67 desta
Lei, o juiz poderá, depois de ouvido o Comitê de Credores, autorizar a
celebração de contratos de financiamento com o devedor, garantidos pela
oneração ou pela alienação fiduciária de bens e direitos, seus ou de terceiros,
pertencentes ao ativo não circulante, para financiar as suas atividades e as
despesas de reestruturação ou de preservação do valor de
ativos. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Art. 69-B. A modificação em grau de recurso da decisão autorizativa da
contratação do financiamento não pode alterar sua natureza extraconcursal,
nos termos do art. 84 desta Lei, nem as garantias outorgadas pelo devedor
em favor do financiador de boa-fé, caso o desembolso dos recursos já tenha
sido efetivado. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
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Art. 69-C. O juiz poderá autorizar a constituição de garantia subordinada
sobre um ou mais ativos do devedor em favor do financiador de devedor em
recuperação judicial, dispensando a anuência do detentor da garantia
original. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 1º A garantia subordinada, em qualquer hipótese, ficará limitada ao eventual
excesso resultante da alienação do ativo objeto da garantia
original. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica a qualquer modalidade
de alienação fiduciária ou de cessão fiduciária
. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Art. 69-D. Caso a recuperação judicial seja convolada em falência antes da
liberação integral dos valores de que trata esta Seção, o contrato de
financiamento será considerado automaticamente rescindido. (Incluído pela
Lei nº 14.112, de 2020)
Parágrafo único. As garantias constituídas e as preferências serão
conservadas até o limite dos valores efetivamente entregues ao devedor
antes da data da sentença que convolar a recuperação judicial em
falência. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020)
Art. 69-E. O financiamento de que trata esta Seção poderá ser realizado por
qualquer pessoa, inclusive credores, sujeitos ou não à recuperação judicial,
familiares, sócios e integrantes do grupo do devedor. (Incluído pela Lei nº
14.112, de 2020)
Art. 69-F. Qualquer pessoa ou entidade pode garantir o financiamento de que
trata esta Seção mediante a oneração ou a alienação fiduciária de bens e
direitos, inclusive o próprio devedor e os demais integrantes do seu grupo,
estejam ou não em recuperação judicial. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020)
Art. 70. As pessoas de que trata o art. 1o desta Lei e que se incluam nos
conceitos de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos
da legislação vigente, sujeitam-se às normas deste Capítulo.
§ 1o As microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme definidas
em lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial, desde que
afirmem sua intenção de fazê-lo na petição inicial de que trata o art. 51 desta
Lei.
§ 2o Os credores não atingidos pelo plano especial não terão seus créditos
habilitados na recuperação judicial.
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A recuperação especial é uma FACULDADE das pequenas empresas, vale dizer, não afasta
a possibilidade de pedir a recuperação judicial comum.
Além disso, o produtor rural também poderá apresentar plano especial de recuperação
judicial, devendo respeitar o valor de R$ 4.800.000,00.
Art. 70-A. O produtor rural de que trata o § 3º do art. 48 desta Lei poderá
apresentar plano especial de recuperação judicial, nos termos desta Seção,
desde que o valor da causa não exceda a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e
oitocentos mil reais). (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) .
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6) Mesmos prazos, inclusive para apresentar o plano de recuperação (60 dias). A diferença
é o conteúdo do plano, que é pré-pronto. Conteúdo do plano:
7) Pagamento em ATÉ 36 parcelas mensais, iguais e sucessivas, antes da LC 147/2014, a
correção e os juros eram de 12% ao ano. Após a LC 147/2014, as parcelas mensais
passaram a ser acrescidas de juros equivalentes à taxa SELIC.
Art. 71 II - preverá parcelamento em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais,
iguais e sucessivas, acrescidas de juros equivalentes à taxa Sistema Especial
de Liquidação e de Custódia - SELIC, podendo conter ainda a proposta de
abatimento do valor das dívidas;
9) Não existe assembleia de credores. O plano é aprovado pelo juiz, mesmo que existam
objeções, SALVO SE mais da metade dos créditos quirografários apresentarem objeção,
caso no qual não restará outra opção ao juiz se não reprovar o plano e decretar a
falência.
Art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo pedido de
recuperação judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção,
não será convocada assembleia-geral de credores para deliberar sobre o
plano, e o juiz concederá a recuperação judicial se atendidas as demais
exigências desta Lei.
Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de
recuperação judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções,
nos termos do art. 55, de credores titulares de mais da metade de qualquer
uma das classes de créditos previstos no art. 83, computados na forma do
art. 45, todos desta Lei.;
7. DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
7.1. CONSIDERAÇÕES
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É o acordo privado que o devedor faz diretamente com seus credores. É uma espécie de
acordo privado celebrado entre o devedor e seus credores de forma extrajudicial. Caso não cumpra
o acordo, por ser este extrajudicial, NÃO provoca a conversão automática em falência.
Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá
propor e negociar com credores plano de RECUPERAÇÃO
EXTRAJUDICIAL.
7.3. REQUISITOS
Um dos requisitos é ter 02 anos do REGISTRO. Por conta disto, então, sociedades não
personificadas (sociedade em comum e a em conta em participação) não poderão pedir
recuperação extrajudicial. Assim, percebe-se que é exigida também a CONDIÇÃO DE SOCIEDADE
EMPRESÁRIA, por conta disto, a sociedade simples (exemplo: cooperativa, mesmo que registrada
na JC), não poderá requerer a recuperação extrajudicial.
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7.4. CRÉDITOS SUJEITOS À RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
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7.5. ÓRGÃOS DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
7.7. HOMOLOGAÇÃO
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7.7.1. Homologação facultativa
Ocorre quando mais da metade dos credores concordam com o plano, a homologação
obriga os demais credores (aqueles que concordaram).
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crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a
indicação dos registros contábeis de cada transação pendente.
§ 7º O pedido previsto no caput deste artigo poderá ser apresentado com
comprovação da anuência de credores que representem pelo menos 1/3 (um
terço) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos e com o
compromisso de, no prazo improrrogável de 90 (noventa) dias, contado da
data do pedido, atingir o quórum previsto no caput deste artigo, por meio de
adesão expressa, facultada a conversão do procedimento em recuperação
judicial a pedido do devedor. (Incluído pela Lei nº 14.112, de
2020) (Vigência)
§ 8º Aplica-se à recuperação extrajudicial, desde o respectivo pedido, a
suspensão de que trata o art. 6º desta Lei, exclusivamente em relação às
espécies de crédito por ele abrangidas, e somente deverá ser ratificada pelo
juiz se comprovado o quórum inicial exigido pelo § 7º deste
artigo. (Incluído pela Lei nº 14.112, de 2020) (Vigência)
7.7.3. Vantagens
• Impede a desistência
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A petição inicial deve conter a justificativa para o pedido de recuperação extrajudicial, bem
como ser acompanhada de documento que contenha seus termos e condições, com a assinatura
dos credores que a ela aderiram.
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Art. 167. O disposto neste Capítulo não implica impossibilidade de realização
de outras modalidades de acordo privado entre o devedor e seus credores.
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