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Aula 17

PGMs - Direito
Administrativo
2023 (Curso Regular)

Autor
Rodolfo Breciani Penna 11 de dezembro 2022
Estratégia Carreira Jurídica
PGMs - Direito Administrativo - Prof.: Rodolfo Breciani Penna

Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 4

Intervenção do Estado na Economia ................................................................................................................. 4

1 - Introdução ................................................................................................................................................. 4

1.1 - Ordem econômica: Estado liberal, Estado social e Estado regulador ...................................................................... 4

1.2 - Fundamentos e princípios da ordem econômica ..................................................................................................... 5

1.3 - Espécies de intervenção do Estado na ordem econômica ....................................................................................... 6

1.4 - Atividade econômica em sentido estrito x serviço público ...................................................................................... 6

2 - Planejamento ............................................................................................................................................ 7

3 - Regulação .................................................................................................................................................. 7

3.1 - Introdução ................................................................................................................................................................ 7

3.2 - Fundamentos da regulação (falhas de mercado) ..................................................................................................... 8

3.3 - Formas de regulação ................................................................................................................................................ 9

3.4 - Regulação como forma de promoção da concorrência.......................................................................................... 10

3.5 - Controle (tabelamento) de preços ......................................................................................................................... 11

3.6 - Regulação por incentivos ou por “empurrões” ...................................................................................................... 13

3.7 - Acordos decisórios ou substitutivos ....................................................................................................................... 14

3.8 - Regulação setorial x regulação concorrencial ........................................................................................................ 14

3.9 - A análise de impacto regulatório (AIR) ................................................................................................................... 15

4 - Fomento .................................................................................................................................................. 18

4.1 - Agências estatais de fomento ................................................................................................................................ 19

5 - Repressão ao Abuso do Poder Econômico e Proteção da Concorrência ................................................. 19

5.1 - Introdução .............................................................................................................................................................. 19

5.2 - Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência ....................................................................................................... 20

5.3 - Advocacia da concorrência ..................................................................................................................................... 20

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6 - Intervenção Direta na Atividade Econômica ........................................................................................... 21

6.1 - Introdução .............................................................................................................................................................. 21

6.2 - Intervenção concorrencial ...................................................................................................................................... 22

6.3 - Monopólio estatal .................................................................................................................................................. 22

Resumo............................................................................................................................................................. 24

Jurisprudência Citada ....................................................................................................................................... 27

Considerações Finais ........................................................................................................................................ 29

Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 30

Magistratura ................................................................................................................................................................... 30

Defensor ......................................................................................................................................................................... 37

Procurador ...................................................................................................................................................................... 38

Outros ............................................................................................................................................................................. 48

Lista de Questões ............................................................................................................................................. 50

Magistratura ................................................................................................................................................................... 50

Defensor ......................................................................................................................................................................... 52

Procurador ...................................................................................................................................................................... 52

Outros ............................................................................................................................................................................. 55

Gabarito............................................................................................................................................................ 56

Magistratura ................................................................................................................................................................... 56

Defensor ......................................................................................................................................................................... 56

Procurador ...................................................................................................................................................................... 56

Outros ............................................................................................................................................................................. 56

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INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Prezado aluno, na aula de hoje estudaremos a intervenção do Estado na economia. Trata-se de assunto
muito cobrado em Direito Econômico. No entanto, em alguns editais, é cobrado em Direito Administrativo.

Na presente aula, estudaremos os pontos exigidos em Direito Administrativo cobrados nos editais de
concursos de carreiras jurídicas.

Sem perdermos tempo, vamos à nossa aula.

Qualquer dúvida, críticas ou sugestões, podem me contactar nos canais a seguir:

E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA

1 - INTRODUÇÃO
A intervenção estatal na economia varia de acordo com o modelo econômico adotado, sendo possível
apontar três fases: a) Estado liberal; b) Estado social; e c) Estado regulador.

1.1 - Ordem econômica: Estado liberal, Estado social e Estado regulador

a) Estado liberal (ou abstencionista)

O Estado liberal traz a ideia de Estado mínimo e surgiu no século XVIII como resposta ao Estado Absolutista,
que concentrava todo o poder. No estado liberal, predomina a liberdade econômica (livre iniciativa) e a
propriedade privada, com a ausência de interferência estatal direta na ordem econômica. A economia seria
regulada pela “mão invisível do mercado”.

Ocorre que, não obstante a liberdade, esse modelo econômico trouxe diversos problemas sociais, como a
pobreza, a desigualdade social, a violação de direitos humanos, dentre outros, exigindo uma postura ativa
do Estado para combater esses problemas.

b) Estado social (prestador ou intervencionista)

Diante deste quadro, o Estado passou para o outro extremo. De uma postura de abstenção total para uma
postura de forte intervenção na economia. O Estado Social de Direito (welfare state) tem lugar a partir da

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Segunda Guerra Mundial e é marcado pela prestação direta de atividades econômicas pelo poder público
e forte dirigismo econômico, com restrições à liberdade contratual e à fixação de preços, objetivando
satisfazer direitos sociais e reduzir a desigualdade.

O estado Social não se confunde com o Estado socialista, em que há a absorção total do das atividades
econômicas pelo Poder Público.

c) Estado Regulador (Estado democrático de Direito)

A fase do Estado regulador é a “volta do pêndulo” para o centro. Após duas fases de extremos, tem-se uma
posição intermediária do Estado quanto à economia.

A ineficiência causada pela forte intervenção estatal, com o inchaço da máquina pública e a
insustentabilidade do modelo social, ensejou a adoção do modelo regulador (Estado subsidiário
ou neoliberal), com a redução do aparelho estatal, devolução de atividades econômicas para a
iniciativa privada, delegação de serviços públicos para os particulares e parcerias com o
terceiro setor, todos estes fomentados e regulados por órgãos públicos regulatórios.

A intervenção do Estado na economia passou de direita para indireta, por meio de instrumentos de
fomento e regulação. O Estado não mais atua diretamente na economia, nem deixa os particulares
totalmente livres para atuarem da forma que bem entendem, no que se denominou a regulação pela “mão
invisível do mercado”. O Estado passa a atuar como controlador das inoperabilidades da economia, buscando
suprimir as falhas de mercado.

1.2 - Fundamentos e princípios da ordem econômica

Dispõe o art. 170, CF:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:

O dispositivo elenca dois fundamentos da ordem econômica:

a) Valorização do trabalho humano: proteção do trabalhador;


b) Livre iniciativa: liberdade para desenvolvimento de atividades econômicas.

O mesmo dispositivo estabelece os princípios da ordem econômica: a) soberania nacional; b) propriedade


privada; c) função social da propriedade; d) livre concorrência; e) defesa do consumidor; f) defesa do meio
ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e
serviços e de seus processos de elaboração e prestação; g) redução das desigualdades regionais e sociais; g)
busca do pleno emprego; h) tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

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Repare que, ao mesmo tempo em que se busca garantir a liberdade de iniciativa, a livre concorrência e a
propriedade privada, também se busca proteger o meio ambiente, reduzir as desigualdades e garantir o
pleno emprego e a função social da propriedade.

Fica clara a intenção do constituinte de promover um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o


desenvolvimento social, sem qualquer prevalência de um sobre o outro.

Ressalte-se que esses princípios dirigidos a resolver os problemas da marginalização regional ou


social são denominados “princípios de integração”.

1.3 - Espécies de intervenção do Estado na ordem econômica

A intervenção do Estado na ordem econômica pode ocorrer por meio de duas formas:

a) Direta: quando explora diretamente atividade econômica, produzindo bens e serviços (art. 173, CF);

A intervenção direta por absorção ocorre quando o Estado absorve atividades da iniciativa privada,
explorando-a de forma exclusiva. Já a intervenção direta por participação ocorre quando o Estado atua em
regime de competição com a iniciativa privada.

b) Indireta: por meio de normas, regulação, fomento e repressão ao abuso do poder econômico (art.
174, CF).

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na
forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para
o setor público e indicativo para o setor privado.

A intervenção indireta pode ainda ser dividida em direção e indução.

i. Indireta por direção: o Estado edita regras de observância obrigatória e de incidência direta
nas relações econômicas públicas e privadas que, se foram descumpridas, ensejam sanções
negativas (ex.: normas editadas pelas agências reguladoras, tabelamento de preços etc.).
ii. Indireta por indução: o Estado edita regras instrumentais de incidência indireta na atividade
econômica que buscam incentivar ou desincentivar determinadas atividades, posturas ou
condutas.

Nesta aula, estudaremos essas formas de intervenção econômica do Estado.

1.4 - Atividade econômica em sentido estrito x serviço público

Na definição do STF, a expressão atividade econômica em sentido amplo é gênero da qual são espécies
atividade econômica em sentido estrito e serviço público.

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A atividade econômica em sentido estrito diz respeito à atuação de determinado agente no mercado
produzindo ou promovendo a circulação de bens e serviços destinados à suprir necessidades e sujeita ao
regime jurídico de direito privado, especialmente à livre iniciativa e à livre concorrência.

Serviço público, por sua vez, é a atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, essencialmente sob
regime jurídico de direito público, voltada para o atendimento de necessidades essenciais e/ou secundárias
da coletividade.

Na presente aula trataremos exclusivamente da atuação do Estado em relação à atividade econômica em


sentido estrito.

2 - PLANEJAMENTO

O planejamento é um processo técnico instrumentado para transformar a realidade existente


no sentido de objetivos previamente estabelecidos. O planejamento econômico consiste, assim,
num processo de intervenção com o fim de organizar atividades econômicas, selecionando
objetivos, indicando meios e definindo metas, para obter resultados econômicos previamente
determinados, com o objetivo de melhorar funcionamento da ordem social e das condições de
mercado.

De acordo com o art. 174, CF, planejamento é sempre determinante para o setor público (planejamento
impositivo) e apenas indicativo (planejamento indicativo) para o setor privado. Como este último é regido
pelo princípio da livre iniciativa, o plano em relação a ele é meramente indicativo, servindo-se de
mecanismos indiretos para atraí-lo ao processo de planejamento.

3 - REGULAÇÃO

3.1 - Introdução

A intervenção por via de regulação da atividade econômica surgiu com a pressão do Estado sobre a economia
para devolvê-la à normalidade, através de um conjunto de medidas legislativas que intentavam restabelecer
a livre concorrência, embasando assim o surgimento da legislação antitruste. Ela veio como uma reação aos
fracassos do liberalismo. Hoje, há outros objetivos, como a disciplina dos preços, consumo, poupança,
investimento etc.

A atividade regulatória como forma de intervenção na economia possui quatro prerrogativas inerentes:

a) Edição de normas;
b) Implementação concreta das normas;
c) Fiscalização do cumprimento das normas;
d) Sanção dos infratores.

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Destaque-se que a regulação não se confunde com a regulamentação. A primeira é mais ampla, envolvendo
uma função administrativa, processualizada e complexa, compreendendo as funções normativa, executiva,
fiscalizatória e judicante, enquanto a segunda é uma função política, de atribuição do Chefe do Executivo,
que edita atos normativos complementares à lei.

3.1.1 - Competências

A Constituição Federal atribuiu a competência para a regulação de atividades econômicas de forma quase
que absoluta à União, conforme se verifica de seus artigos 21 e 22.

No entanto, a Lei Maior contemplou algumas funções supletivas aos demais Entes Federados, cabendo-lhes
a edição de normas supletivas às normas gerais editadas pela União, conforme se verifica nos arts. 23 e 24,
CF.

3.2 - Fundamentos da regulação (falhas de mercado)

As falhas apresentadas pelo sistema liberal, que podem ser chamadas falhas de mercado, são cinco, quais
sejam:

a) Deficiência na distribuição de bens essenciais:

O mercado não possui condições de fornecer à coletividade bens mínimos necessários à sua subsistência,
impedindo o acesso a uma vida digna. O Estado deve intervir, direta ou indiretamente, para produzir ou
fomentar a produção desses bens destinados à coletividade.

b) Assimetria de informação:

Os consumidores, os competidores e o Estado não possuem conhecimento necessário sobre as informações


relativas ao setor econômico, seja em razão do aumento da complexidade dos produtos, do tamanho dos
mercados e de inúmeros outros fatores, seja em decorrência da intenção dos agentes econômicos de
esconderem informações para agirem de forma egoísta.

O acesso às informações relevantes do mercado é um pressuposto básico da boa economia, pois dispondo
dessas informações, os agentes poderiam atuar de forma mais igualitária, fato responsável pela organização
e planificação do mercado. Além disso, o acesso às informações permite uma melhor fiscalização pelo Estado
e melhora as condições de consumo.

c) Concentração econômica (deficiência na concorrência):

É uma falha de estrutura. O mercado foi pensado, originariamente, como um conjunto de unidades
economicamente pequenas (concepção atomística), sem que a presença ou ausência de qualquer uma
dessas unidades pudesse ou tivesse um peso que implicasse alterações do próprio mercado.

Na concentração econômica, verificam-se os monopólios e oligopólios, retirando a possibilidade de uma


disputa equilibrada entre os agentes econômicos.

d) Externalidades:

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Correspondem aos fenômenos que configuram custos ou benefícios sociais decorrentes das atividades
econômicas. Exemplo muito citado é a poluição causada por uma grande indústria como externalidade
negativa e a geração de empregos por esta indústria como externalidade positiva.

Deficiência na distribuição de bens essenciais Assimetria de informações

Falhas de mercado

Concentração econômica Externalidades

Verificadas essas falhas (inoperacionalidades) do mercado, começaram a surgir muitas normas jurídicas
visando ao respectivo controle ou mesmo à mitigação. Trata-se, justamente, da reintrodução do Estado no
sistema econômico, mediante a edição de normas de caráter geral e regulamentar. Esse reingresso do Estado
não foi sistemático, nem sempre conscientemente desejado, mas fruto de uma necessidade impostergável,
à falta de alternativa para lidar com as referidas falhas.

Cita-se ainda uma quinta falha de mercado:

e) Bens públicos:

A oferta de alguns tipos de bens e serviços só faz sentido se eles forem disponibilizados pelo governo. Nessa
situação, se encontram bens públicos. Isso acontece porque, em alguns casos, o consumo adicional de uma
unidade por uma pessoa não afeta o consumo de terceiros, ou seja, não gera escassez.

Desta forma, pessoas que não pagam pelo serviço (caronas) também o utilizam à vontade (sonegadores de
impostos utilizam a iluminação pública, o serviço de limpeza de logradouros públicos, dentre outros), o que
torna a atividade não atrativa para a iniciativa privada e enseja a necessidade de prestação pelo Poder
Público.

As características dessa falha de mercado são as seguintes:

i. Não-rivalidade: o uso por uma pessoa não reduz a sua disponibilidade aos demais;
ii. Não-exclusividade: ninguém pode ser impedido de usá-los.

3.3 - Formas de regulação

a) Regulação estatal: exercida pela Administração Direta ou por entidades da Administração indireta
(agências reguladoras);

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b) Regulação pública não estatal: exercida por entidades da sociedade por delegação ou por
incorporação das suas normas ao ordenamento jurídico estatal (ex.: entidades desportivas – art. 217,
I, CF);
c) Autorregulação: realizada por entidades privadas, geralmente associativas, sem nenhuma delegação
ou chancela estatal (ex.: Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – CONAR, selos de
qualificação ou certificação de produtos etc.).

A regulação estatal é uma espécie de heterorregulação, situação diversa da autorregulação.

É necessário citar ainda a hipótese de desregulação, que consiste na total ausência de norma reguladora,
pública ou privada, deixando os agentes econômicos sujeitos à regulação da “mão invisível do mercado”.

3.4 - Regulação como forma de promoção da concorrência

Um dos objetivos principais da regulação é a promoção da concorrência, garantindo, de certa forma,


igualdade de oportunidades aos agentes econômicos. Os principais instrumentos para promoção da
concorrência, de acordo com Rafael Oliveira1, são:

a) Liberdade de entrada: eliminação ou diminuição de barreiras para que novos agentes econômicos
possam prestar atividades socialmente relevantes e de serviços públicos;
b) Liberdade relativa de preços: o regulador não impõe o preço, mas permite, na medida do possível,
que a sua fixação seja realizada por meio da concorrência entre os agentes regulados. Essa medida
só é possível, por óbvio, nos mercados em que há concorrência;
c) Fragmentação do serviço público (unbundling): trata-se de dissociação das diversas etapas da
prestação do serviço, permitindo a sua prestação por particulares diversos, evitando a concentração
econômica ou o abuso econômico. A fragmentação pode ser: i) contábil: uma empresa mantém
contabilidades distintas para cada uma das etapas da cadeia produtiva; ii) jurídica: cada etapa da
cadeia produtiva deve ser prestada por pessoa jurídica diversa; iii) societária: impede que um mesmo
grupo econômico execute mais de uma etapa do ciclo do serviço público.
d) Compartilhamento compulsório das redes e infraestruturas (essential facilities doctrine): uma
infraestrutura monopolizada por determinado agente econômico e considerada essencial para o
desempenho da atividade, deve ser compartilhada com os concorrentes por ordem do regulador,
mediante o recebimento de preço razoável que remunere o titular pelos investimentos realizados.
Essa medida possui fundamento na função social da propriedade e na necessidade de combate às
falhas de mercado.

1
OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. P. 572 a 577.

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3.5 - Controle (tabelamento) de preços

Quanto aos preços relativos à prestação de serviços públicos, não há discussão quanto à possibilidade de
controle estatal sobre as tarifas, tendo em vista a previsão constitucional de que incumbe ao Poder Público
dispor, por meio de lei, sobre a política tarifária (art. 175, parágrafo único, III, CF).

Já a fixação de preços privados nas atividades econômicas cabe ao particular, tendo em vista se tratar de
aspecto inerente à livre iniciativa. Por esta razão, em regra, não é cabível o tabelamento de preços da
iniciativa privada de forma prévia, reiterada e genérica por parte do Estado.

No entanto, o princípio da livre iniciativa, como qualquer outro princípio, não é absoluto, devendo ser
mitigado para dar espaço à efetivação de outros princípios caros à ordem econômica. Por este motivo, de
modo excepcional, é possível o controle de preços pelo Estado, desde que de forma justificada limitada no
tempo, com o objetivo de corrigir falhas de mercado, remover o risco à livre concorrência, garantir a proteção
ao consumidor e reduzir as desigualdades sociais.

Além disso, deve-se considerar a impossibilidade de fixação de preços inferiores aos custos de produção.

Características do tabelamento de preços de atividades da iniciativa privada:

a) Excepcional;
b) Justificada e limitada no tempo;
c) Motivada pela efetivação de princípios da ordem econômica;
d) Objetiva corrigir falhas de mercado, remover risco à livre concorrência, garantir a defesa do
consumidor e reduzir as desigualdades sociais;
e) Impossibilidade de fixação de preços inferiores aos custos.

O STF, embora em decisão antiga, já entendeu que não é inconstitucional o tabelamento de preços quando
voltado a atender outros princípios importantes para a ordem econômica:

“Em face da atual Constituição, para conciliar o fundamento da livre iniciativa e do princípio
da livre concorrência com os da defesa do consumidor e da redução das desigualdades sociais,
em conformidade com os ditames da justiça social, pode o Estado, por via legislativa, regular
a política de preços de bens e de serviços, abusivo que é o poder econômico que visa ao
aumento arbitrário dos lucros.

Não é, pois, inconstitucional a Lei 8.039, de 30 de maio de 1990, pelo só fato de ela dispor
sobre critérios de reajuste das mensalidades das escolas particulares.”

(ADI 319 QO, Relator(a): MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 03/03/1993, DJ 30-04-
1993 PP-07563 EMENT VOL-01701-01 PP-00036)

3.5.1 - Tabelamento de preços e responsabilidade civil

Não obstante a excepcional possibilidade de regulação dos preços de mercado, surge a discussão quanto ao
dever de o Estado indenizar o particular pelos prejuízos causados decorrentes desta modalidade de

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intervenção na economia, em especial diante do princípio da livre iniciativa, que consiste em um verdadeiro
direito dos agentes econômicos.

O STF possui algumas decisões sobre o tema. De acordo com a Corte, o tabelamento de preços por parte do
Estado é prática lícita de intervenção indireta na economia, decorrente de sua função regulação, prevista no
art. 174, CF, pois objetiva a proteção da economia contra as falhas de mercado, devendo ser feita com base
nos princípios e fundamentos da ordem econômica.

No entanto, o STF reconheceu que, embora prática lícita, o tabelamento de preços pode
ensejar a responsabilização civil objetiva da Administração Pública, de acordo com o art.
37, § 6º, CF, quando causar prejuízos aos agentes econômicos que atuam no setor ao
fixar preços abaixo dos custos de produção, tendo em vista que o mencionado dispositivo
não faz distinção entre atuação lícita e ilícita.

(AI 754714 AgR, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em


17/03/2015)

Neste sentido, destaca-se o caso do setor sucroalcooleiro, em que o tabelamento de preços pela União até
o final da década de 90, abaixo dos custos de produção, restringindo a livre iniciativa, causou prejuízos aos
agentes econômicos, tendo o STF reconhecido o dever de o Poder Público indenizar aqueles que
efetivamente demonstrassem prejuízos.

Este também é o entendimento do STJ, que ressalva a necessidade de demonstração concreta do prejuízo
sofrido pelos agentes econômicos daquele setor.

A União Federal é responsável por prejuízos decorrentes da fixação de preços pelo governo
federal para o setor sucroalcooleiro, em desacordo com os critérios previstos nos arts. 9º, 10
e 11 da Lei 4.870/1965, uma vez que teriam sido estabelecidos pelo Instituto do Açúcar e
Álcool - IAA, em descompasso do levantamento de custos de produção apurados pela
Fundação Getúlio Vargas - FGV.

O suposto prejuízo sofrido pelas empresas possui natureza jurídica dupla: danos emergentes
(dano positivo) e lucros cessantes (dano negativo). Ambos exigem efetiva comprovação, não
se admitindo indenização em caráter hipotético, ou presumido, dissociada da realidade
efetivamente provada.

(REsp 1347136/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2013,
DJe 07/03/2014)

No recente julgamento do ARE 884325, o STF definiu o seguinte:

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Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL. CONSTITUCIONAL E


ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO
ECONÔMICO. POLÍTICA DE FIXAÇÃO DE PREÇOS PELO SETOR SUCROALCOOLEIRO. DANO.
PREJUIZO ECONÔMICO. NÃO OCORRÊNCIA. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. A
responsabilidade civil do Estado ocorre sempre que preenchidos os seguintes requisitos: a) dano;
b) ação administrativa; c) nexo causal entre o dano e ação administrativa. Precedentes. 2. A
atuação do Estado sobre o domínio econômico por meio de normas de direção pode,
potencialmente, atingir a lucratividade dos agentes econômicos. A política de fixação de preços
constitui, em si mesma, uma limitação de lucros, razão pela qual a indenizabilidade de eventual
dano atinge somente o efetivo prejuízo econômico, apurado por meio de perícia técnica. 3.
Hipótese em que não se demonstrou o efetivo prejuízo causado pela atuação estatal. 4. Recurso
extraordinário com agravo e recurso extraordinário aos quais se nega provimento. Fixação de
tese: “é imprescindível para o reconhecimento da responsabilidade civil do Estado em
decorrência da fixação de preços no setor sucroalcooleiro a comprovação de efetivo prejuízo
econômico, mediante perícia técnica em cada caso concreto”.
(ARE 884325, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 18/08/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-221 DIVULG 03-09-2020 PUBLIC 04-09-2020)

Portanto, o entendimento que prevalece na jurisprudência é o seguinte (ARE 884325):

a) A atuação do Estado no domínio econômico tabelando preços é, em regra, atividade


lícita;
b) A política de fixação de preços constitui, em si mesma, uma limitação de lucros, razão
pela qual a indenizabilidade de eventual dano;
c) Somente será indenizado o dano efetivamente demonstrado mediante perícia
técnica.

Por outro lado, no “caso Varig” o STF decidiu que era dever do Estado indenizar a concessionária de serviço
público de transporte aéreo não em razão da violação da livre iniciativa, mas em virtude de se tratar de um
contrato administrativo de concessão de serviço público, cuja política econômica implementada pelo
Governo ensejou o seu desequilíbrio econômico-financeiro, devendo este ser recomposto por meio da
indenização (RE 571969).

3.6 - Regulação por incentivos ou por “empurrões”

É a regulação da economia por meio de mecanismos indutivos, com a previsão de incentivos positivos para
que o agente econômico adote a conduta pretendida pelo Estado ou invista em determinado setor contido
na política econômica do Governo.

Estes instrumentos indutivos são comumente denominados “sanções positivas”, pois premiam o particular
pelo cumprimento das normas em vigor e pela adoção da postura incentivada pelo Poder Público.

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A regulação por incentivos é implementada principalmente pelo fomento ou pela regulação estatal que
estabelece prêmios para os agentes econômicos que atinjam as metas fixadas ou atuem da forma
incentivada.

Podem ser citados os exemplos das metas fixadas para o terceiro setor, a fixação de remuneração variável
nas PPPs, dentre outros.

3.7 - Acordos decisórios ou substitutivos

Os acordos decisórios são previstos e incentivados no ordenamento jurídico, pois objetivam conferir maior
eficiência na ação administrativa. Isto porque a simples aplicação da sanção prevista na lei pode frustrar a
efetividade dos resultados econômicos esperados que poderiam ser implementados por outras vias.

São exemplos de acordos decisórios: a) Termo de Ajustamento de Conduta (art. 5º, §6º, Lei 7.347/85 – ACP);
b) Termo de Compromisso (Lei 6.385/76 – Comissão de Valores Mobiliários); c) Termo de compromisso de
cessação de prática e acordo de leniência (arts. 85 e 86, lei 12.529/2011); d) acordo de leniência (art. 16, lei
12.846/2013 – Lei anticorrupção).

3.8 - Regulação setorial x regulação concorrencial

Havendo regulação setorial, não se aplica a regulação concorrencial (cria-se uma “imunidade” à regulação
concorrencial) que, por sua vez, deve atuar por meio da advocacia da concorrência. É o que determina o
state action doctrine.

De acordo com o STJ, é o próprio estado quem excepciona a livre concorrência por meio da regulação
setorial, não podendo se exigir que o agente econômico observe os preceitos de concorrência em
contrariedade à regulação setorial Estatal.

“Aplicação, ao caso, da state action doctrine foi formulada nos EUA para definir os casos em
que a regulação estatal afastaria o controle concorrencial feito pelo órgão antitruste,
quando presentes determinados requisitos: (i) a regulação estatal deve servir a um fim de
política pública; e (ii) o Estado deve efetivamente obrigar determinada conduta e
supervisioná-la: lição do Professor CALIXTO SALOMÃO FILHO (Direito Concorrencial: As
Estruturas, São Paulo, Malheiros, 2007, pp. 238-240).”

REsp 1390875/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 09/06/2015, DJe 19/06/2015

Os requisitos para que seja excepcionada a regulação concorrencial, por meio da regulação setorial, são,
portanto:

a) A regulação setorial deve servir a um fim de política pública;


b) O estado deve efetivamente obrigar o agente econômico a praticar determinada conduta e
supervisioná-la.

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3.9 - A análise de impacto regulatório (AIR)

A Análise de impacto regulatório (AIR) é um processo sistemático de análise baseado em


evidências que busca avaliar os possíveis impactos das alternativas de ação disponíveis para o
alcance dos objetivos pretendidos, tendo como finalidade orientar e subsidiar a tomada de uma
decisão pública.

Trata-se de um instrumento que objetiva a melhoria da qualidade regulatória, devendo conter informações
e dados acerca dos possíveis efeitos do ato normativo a ser editado pelo órgão ou agência reguladora.

Busca-se avaliar o custo-benefício de determinada regulação em um setor específico, ouvindo os


interessados, colhendo evidências e dados e analisando as alternativas e consequências, sempre com a
devida transparência e publicidade.

A AIR deve anteceder a alteração ou a proposta de alteração de atos normativos que tenham o potencial
de afetar direitos ou obrigações dos agentes econômicos do setor regulado, dos consumidores ou dos
usuários de serviços públicos.

O tema é de tamanha relevância que foi objeto de discussão e elaboração do Enunciado nº 38 da I Jornada
de Direito Administrativo do CJF:

Enunciado 38: A realização de Análise de Impacto Regulatório (AIR) por órgãos e entidades da
administração pública federal deve contemplar a alternativa de não regulação estatal ou
desregulação, conforme o caso.

De acordo com publicação do Ministério da Infraestrutura2, a AIR tem por objetivo:

I – orientar e subsidiar o processo de tomada de decisão;

II – propiciar maior eficiência às decisões regulatórias;

III – propiciar maior coerência e qualidade regulatórias;

IV – propiciar maior robustez técnica e previsibilidade às decisões regulatórias relevantes;

V – aumentar a transparência e a compreensão sobre o processo regulatório como um todo,


permitindo aos agentes de mercado e à sociedade em geral conhecer os problemas regulatórios,

2
https://canaldoservidor.infraestrutura.gov.br/not%C3%ADcias/9557-voc%C3%AA-sabe-o-que-%C3%A9-an%C3%A1lise-de-
impacto-
regulat%C3%B3rio.html#:~:text=*Fonte%3A%20Diretrizes%20gerais%20e%20guia,%3A%20Presid%C3%AAncia%20da%20Rep%C
3%BAblica%2C%202018. Acesso em 30/12/2020 às 08:50.

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as etapas de análise, as técnicas utilizadas, as alternativas de solução vislumbradas e os critérios


considerados para fundamentar decisões regulatórias relevantes; e

VI – contribuir para o aprimoramento contínuo do resultado das ações regulatórias.

Por sua vez, a ANEEL prevê que, no âmbito da regulação do setor de energia elétrica, a AIR deve conter, no
mínimo e de forma detalhada3:

• sumário executivo, utilizando linguagem simples e acessível ao público em geral;


• identificação do problema regulatório que se quer solucionar, apresentando suas causas
e extensão;
• identificação dos atores ou grupos afetados pelo problema regulatório identificado;
• identificação da base legal que ampara a ação da Agência no tema tratado;
• justificativas para a possível necessidade de intervenção da Agência;
• objetivos pretendidos com a intervenção da Agência;
• descrição das possíveis alternativas para o enfrentamento do problema regulatório
identificado, considerando a opção de não ação e, sempre que possível, alternativas que
não ensejam ato regulamentar;
• exposição dos possíveis impactos das alternativas identificadas;
• comparação das alternativas consideradas, apontando, justificadamente, a alternativa ou
a combinação de alternativas que se mostra mais adequada para alcançar os objetivos
pretendidos;
• identificação de formas de acompanhamento e fiscalização dos resultados decorrentes
do novo ato normativo;
• identificação de eventuais alterações ou revogações de regulamentos em vigor em função
da edição do novo ato normativo;
• considerações referentes às informações, contribuições e manifestações recebidas para
a elaboração da AIR em eventuais processos de participação pública ou outros processos
de recebimento de subsídios de interessados no tema sob análise; e
• prazo para início da vigência das alterações propostas.

Havendo significativa complexidade ou caso as alternativas apresentadas demonstrem impactos


significativos, a AIR deve prever ainda:

• mapeamento da experiência nacional e internacional no tratamento do problema


regulatório sob análise;
• mensuração, sempre que possível quantitativa, dos possíveis impactos das alternativas
de ação identificadas sobre os consumidores ou usuários dos serviços prestados e sobre
os demais principais segmentos da sociedade afetados; e

3
https://www.aneel.gov.br/impacto-regulatorio Acesso em 30/12/2020 às 08:51.

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• mapeamento dos riscos envolvidos em cada uma das alternativas consideradas

O Banco Mundial4 estabelece que há dois requisitos fundamentais para AIRs bem-sucedidas: (a) as análises
ficarem disponíveis em um sítio único na internet, e (ii) a presença de órgão especializado para revisão e
monitoramento das AIRs.

Embora já existente em regulamentações internas de diversas agências reguladoras, a AIR apenas foi
institucionalizada no Brasil com a lei 13.848/2019:

Art. 6º A adoção e as propostas de alteração de atos normativos de interesse geral dos agentes
econômicos, consumidores ou usuários dos serviços prestados serão, nos termos de
regulamento, precedidas da realização de Análise de Impacto Regulatório (AIR), que conterá
informações e dados sobre os possíveis efeitos do ato normativo.

O Decreto nº 10.411/2020 regulamentou a AIR, conforme previsão no art. 6º, §1º, da referida lei. Trata-se
de um “regulamento-quadro” que, em vez de detalhar e densificar a lei, como se esperava, o decreto cria
mais perguntas. De acordo com André Cyrino e José Egídio Altoé Júnior5:

Temas sensíveis com impactos concorrenciais e econômicos relevantes deveriam, como regra,
pressupor análise cuidadosa a ser oportunamente divulgada. Alternativas regulatórias precisam
ser consideradas e sopesadas em suas vantagens e desvantagens.
Eis o nosso argumento: mais benéfico que investigar o varejo das transformações desse setor em
franco crescimento é impor a obrigação de AIR na regulação sistêmica, com a dispensa apenas
em casos urgentes.
A vida, é claro, anda mais rapidamente que o direito e a capacidade de regular. Nada obstante,
ignorar que se devam, metodicamente, investigar múltiplos caminhos regulatórios e ponderar
suas consequências não parece ser a melhor solução.

Nos casos em que não for realizada a AIR, deverá ser disponibilizada, no mínimo, nota técnica ou documento
equivalente que tenha fundamentado a proposta de decisão.

O conselho diretor ou a diretoria colegiada manifestar-se-á, em relação ao relatório de AIR, sobre a


adequação da proposta de ato normativo aos objetivos pretendidos, indicando se os impactos estimados
recomendam sua adoção, e, quando for o caso, quais os complementos necessários (art. 6º, §3º). Por outro
lado, as decisões referentes à regulação devem ser colegiadas (art. 7º).

4
WBG. Global Indicators of Regulatory Governance: Worldwide Practices of Regulatory Impact Assessments. Disponível em
http://pubdocs.worldbank.org/en/905611520284525814/GIRG-Case-Study-Worldwide-Practices-of-
Regulatory-Impact-Assessments.pdf Acesso em 30/12/2020 às 09h.
5
CYRINO, ANDRÉ. ALTOÉ JR. JOSÉ EGIDIO. Análise de impacto regulatório e meios de pagamento. Por que não?

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Em regra, as deliberações devem ser públicas, salvo nos casos em que a reunião envolver: (I) documentos
classificados como sigilosos; (II) matéria de natureza administrativa.

➢ Consulta pública e audiência pública na tomada de decisões pelas agências reguladoras

Quanto à consulta pública, trata-se do instrumento de apoio à tomada de decisão por meio do qual a
sociedade é consultada previamente, por meio do envio de críticas, sugestões e contribuições por quaisquer
interessados, sobre proposta de norma regulatória aplicável ao setor de atuação da agência reguladora.

Serão objeto de consulta pública, previamente à tomada de decisão pelo conselho diretor ou pela diretoria
colegiada, as minutas e as propostas de alteração de atos normativos de interesse geral dos agentes
econômicos, consumidores ou usuários dos serviços prestados.

Já a audiência pública é o instrumento de apoio à tomada de decisão por meio do qual é facultada a
manifestação oral por quaisquer interessados em sessão pública previamente destinada a debater matéria
relevante.

A agência reguladora, por decisão colegiada, poderá convocar audiência pública para formação de juízo e
tomada de decisão sobre matéria considerada relevante.

4 - FOMENTO
O fomento consiste nos incentivos estatais, positivos ou negativos, que induzem ou influenciam a prática de
atividades pelos setores econômico ou social, de acordo com a política econômica de governo e com o
interesse público. Possui fundamento no art. 174, CF, quando expressa a função de incentivo do Estado na
ordem econômica.

Ressalte-se que os benefícios concedidos não podem violar o princípio da isonomia, tampouco representar
subsídios injustificáveis para determinados agentes econômicos, devendo ser implementados para o setor,
não para terceiros ou para entes determinados.

Aa características da atividade de fomento podem ser resumidas da seguinte maneira:

a) Consensual: possui caráter indutivo (premial) e não impositivo;


b) Setorial: os incentivos são implementados ao setor e não em favor de particular individualizado;
c) Justificado: demonstração específica da necessidade de tratamento favorável a determinado setor
econômico;
d) Impessoal: os beneficiários devem ser selecionados de forma objetiva, com base em requisitos
razoáveis, previamente definidos;
e) Transitório.

Além disso, o fomento pode ser classificado quanto aos meios utilizados para promover o incentivo à
atividade pretendida:

a) Fomento honorífico: utiliza-se da concessão de títulos, prêmios ou condecorações;

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b) Fomento jurídico: concessão de um status jurídico excepcional e privilegiado a certos indivíduos ou


categorias de particulares que o Estado deseja proteger ou incentivar. Tais particulares sujeitam-se a
um regime jurídico especial, que lhes outorga algum tipo de vantagem ou privilégio;
c) Fomento econômico: outorga de vantagens de natureza patrimonial aos particulares que exerçam as
atividades que o Estado deseja fomentar. É possível que tais vantagens patrimoniais sejam reais ou
financeiras: no primeiro caso, a Administração Pública cede o uso de bens públicos aos particulares;
no segundo, confere-se aos particulares um benefício pecuniário, que pode ser direto ou indireto
(direto quando transferir o valor em pecúnia ao particular e indireto quando conceder algum
benefício que evite a perda patrimonial ao particular).

O benefício pecuniário direto usualmente utilizado é a subvenção, estudada no Direito Financeiro. Mas há
outros exemplos de benefícios ou incentivos creditícios. Quanto aos benefícios pecuniários indiretos,
podemos citar como exemplo os benefícios ou incentivos fiscais.

4.1 - Agências estatais de fomento

As agências de fomento possuem as seguintes características:

a) Possuem como objeto social a concessão de financiamento de capital fixo e de giro associado a
projetos na Unidade da Federação onde tenham sede;
b) Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital fechado e estar sob o controle
de unidade da Federação, sendo que cada unidade federativa só pode constituir uma agência de
fomento;
c) Possuem status de instituição financeira, mas não podem ter participação em outras instituições
desta natureza;
d) De sua denominação social deve constar a expressão "Agência de Fomento" acrescida da indicação
da Unidade da Federação Controladora.

5 - REPRESSÃO AO ABUSO DO PODER ECONÔMICO E PROTEÇÃO


DA CONCORRÊNCIA

5.1 - Introdução

A repressão ao abuso do poder econômico e a proteção da concorrência pode ser citada como uma forma
de regulação, tendo em vista que são impostas normas pela legislação com o objetivo de prevenir e reprimir
condutas que violem os princípios da ordem econômica.

A regulação concorrencial consiste na forma de intervenção indireta do Estado na


economia, aplicável a todos os agentes econômicos de um mercado relevante (e não
apenas a determinado setor), exercitada por direção, para preservar a livre iniciativa e a
livre concorrência, por meio da repressão ao abuso do poder econômico que vise à
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos
lucros.

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CF: Art. 173 (...)

§ 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à
eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.

Diante da previsão constitucional, foi editada a lei 12.529/2011, dispondo sobre o Sistema Brasileiro de
Defesa da Concorrência (SBDC) e dispondo sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem
econômica.

A defesa da concorrência é de fundamental importância à ordem econômica, tendo em vista que evita a
violação de direitos fundamentais, em especial a dignidade humana, além de corrigir as falhas de mercado e
garantir o desenvolvimento nacional sustentável.

Os detalhes desta lei são estudados com maior profundidade no Direito Econômico. Passaremos apenas
pelos pontos relevantes à nossa matéria.

5.2 - Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência

Possui a seguinte formação:

a) Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE;


b) Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda.

O CADE é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça, considerada uma entidade judicante,
com jurisdição em todo o território nacional, possuindo a seguinte formação:

a) Tribunal Administrativo de Defesa Econômica: com função judicante e atribuição para decidir sobre
a existência de infração à ordem econômica, aplicação das sanções administrativas, aprovação dos
termos do compromisso de cessação de prática, apreciar processos administrativos de atos de
concentração econômica, decidir pelo cumprimento das decisões, compromissos e acordos etc. (art.
9º).
b) Superintendência-Geral: possui funções de investigação, de instrução e execução (art. 13).
c) Departamento de Estudos Econômicos: elabora estudos e pareceres econômicos (art. 17).

Conta ainda com uma procuradoria federal especializada junto ao CADE de caráter consultivo e atribuições
para representar o CADE judicial e extrajudicialmente e com a atuação do Ministério Público Federal.

As decisões do CADE são definitivas em âmbito federal, não cabendo recurso dirigido ao Poder Executivo
(art. 9º, §2º).

5.3 - Advocacia da concorrência

A advocacia da concorrência refere-se às atividades desenvolvidas pela autoridade antitruste relacionadas


com a promoção de um ambiente competitivo para atividades econômicas, por meio de mecanismos que
não se enquadrem no controle preventivo ou na atuação repressiva, principalmente através de suas
relações com outras entidades governamentais e pelo aumento da sensibilização do público para os

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benefícios da concorrência (REsp 1390875/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe 19/06/2015).

Essa atribuição é exercida, principalmente, pela Secretaria de Acompanhamento Econômico – SAE, que
possui, por exemplo, as atribuições de:

a) opinar, nos aspectos referentes à promoção da concorrência, sobre propostas de alterações de atos
normativos de interesse geral dos agentes econômicos, de consumidores ou usuários dos serviços
prestados submetidos a consulta pública pelas agências reguladoras e, quando entender pertinente,
sobre os pedidos de revisão de tarifas e as minutas;
b) opinar, quando considerar pertinente, sobre minutas de atos normativos elaborados por qualquer
entidade pública ou privada submetidos à consulta pública, nos aspectos referentes à promoção da
concorrência;
c) opinar, quando considerar pertinente, sobre proposições legislativas em tramitação no Congresso
Nacional, nos aspectos referentes à promoção da concorrência;
d) elaborar estudos setoriais que sirvam de insumo para a participação do Ministério da Fazenda na
formulação de políticas públicas setoriais nos fóruns em que este Ministério tem assento;
e) propor a revisão de leis, regulamentos e outros atos normativos da administração pública federal,
estadual, municipal e do Distrito Federal que afetem ou possam afetar a concorrência nos diversos
setores econômicos do País.

6 - INTERVENÇÃO DIRETA NA ATIVIDADE ECONÔMICA

6.1 - Introdução

A intervenção direta do Estado na economia está prevista no art. 173, CF:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Conforme já estudamos neste curso, a intervenção direta do Estado na economia é medida excepcional,
fundamentada no princípio da subsidiariedade, e só pode ocorrer nos seguintes casos:

a) Quando expressamente previsto na Constituição Federal (ex.: exploração de atividades relacionadas


ao petróleo e ao gás natural – art. 177, CF);
b) Quando demonstrar imperativo de segurança nacional ou relevante interesse coletivo, conforme
definido em lei.

O enunciado 14 da I Jornada de Direito Administrativo do CJF entende que há a seguinte exigência na criação
de estatais exploradoras de atividade econômica em sentido estrito:

Enunciado 14: A demonstração da existência de relevante interesse coletivo ou de imperativo de


segurança nacional, descrita no parágrafo 1º do art. 2º da Lei 13.303/2016, será atendida por
meio do envio ao órgão legislativo competente de estudos/documentos (anexos à exposição de

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motivos) com dados objetivos que justifiquem a decisão pela criação de empresa pública ou de
sociedade de economia mista cujo objeto é a exploração de atividade econômica.

O Estado, quando atua diretamente na economia, o faz por meio das empresas estatais, criadas após
autorização legislativa:

Lei 13.303/2016:

Art. 2º A exploração de atividade econômica pelo Estado será exercida por meio de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de suas subsidiárias.

6.2 - Intervenção concorrencial

Em regra, a atuação econômica do Estado ocorre em regime concorrencial com a iniciativa privada, despindo-
se de suas prerrogativas e atuando em igualdade de condições com os particulares (relação horizontal):

CF Art. 173 (...)

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista


e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de
bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios


fiscais não extensivos às do setor privado.

Assim, as empresas estatais estão proibidas de receberem benefícios de qualquer natureza não extensíveis
às empresas da iniciativa privada concorrentes.

6.3 - Monopólio estatal

Embora a regra seja o regime concorrencial, em casos específicos o Estado poderá atuar diretamente na
ordem econômica em regime de monopólio. Essa hipótese ocorre no caso em que a CF atribui a titularidade
exclusiva de atividades econômicas ao Estado, que poderá prestá-las diretamente ou por meio da
contratação de empresas privadas.

Somente é possível haver monopólio do Estado sobre determinada atividade econômica


quando a Constituição Federal assim dispuser expressamente.

Somente pode ser instituído um novo monopólio estatal por meio de emenda à
constituição.

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O monopólio estatal é um monopólio de direito (ou jurídico), tendo em vista que decorre de determinação
legal (no caso, decorre da CF), ao contrário do monopólio de fato (ou natural), que decorre da atuação dos
agentes privados na economia, seja em razão do poder econômico ou da maior eficiência de um dos agentes
ou pela ausência de competidores.

As hipóteses constitucionais de monopólio estatal, estabelecidas em favor da União, são:

a) A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais de energia hidráulica


(art. 176, CF);
b) A pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, a refinação
do petróleo, a importação e a exportação dos produtos derivados básicos das atividades anteriores,
o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo
produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados
e gás natural de qualquer origem (art. 177, I a IV);
c) A pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de
minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos (art. 177, V).

Já o art. 25, §2º, CF, por sua vez, estabelece o monopólio dos Estados quanto à exploração de gás canalizado.

6.3.1 - Monopólio x privilégio

O STF estabeleceu ainda uma distinção entre monopólio e privilégio. Para a Corte, as situações de execução
exclusiva de uma atividade econômica em sentido estrito configuram monopólio. Já a prestação de serviços
público de forma exclusiva configura privilégio.

Desta forma, entendeu o STF que a atividade postal executada pelos Correios, por ser um serviço público, é
exercida em regime de privilégio.

Atividade econômica em sentido estrito exercida


Monopólio
com exclusividade.

Serviço público executado em regime de


Privilégio
exclusividade:.

“(...) A Constituição do Brasil confere à União, em caráter exclusivo, a exploração do serviço


postal e o correio aéreo nacional [artigo 20, inciso X]. 4. O serviço postal é prestado pela
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, empresa pública, entidade da
Administração Indireta da União, criada pelo decreto-lei n. 509, de 10 de março de 1.969.

5. É imprescindível distinguirmos o regime de privilégio, que diz com a prestação dos serviços
públicos, do regime de monopólio sob o qual, algumas vezes, a exploração de atividade

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econômica em sentido estrito é empreendida pelo Estado. 6. A Empresa Brasileira de


Correios e Telégrafos deve atuar em regime de exclusividade na prestação dos serviços que
lhe incumbem em situação de privilégio, o privilégio postal. (...)”

STF. ADPF 46.

RESUMO
 INTRODUÇÃO

 Ordem econômica

O Estado liberal traz a ideia de Estado mínimo. No estado liberal, predomina a liberdade econômica (livre
iniciativa) e a propriedade privada, com a ausência de interferência estatal direta.

No Estado social, passou-se de uma postura de abstenção total para uma postura de forte intervenção na
economia. O Estado Social de Direito (welfare state) tem lugar a partir da Segunda Guerra Mundial e é
marcado pela prestação direta de atividades econômicas pelo poder público e forte dirigismo econômico

No Estado regulador, há a redução do aparelho estatal, devolução de atividades econômicas para a iniciativa
privada, delegação de serviços públicos para os particulares e parcerias com o terceiro setor, todos estes
fomentados e regulados por órgãos públicos regulatórios. A intervenção do Estado na economia passou de
direita para indireta, por meio de instrumentos de fomento e regulação.

 Fundamentos da ordem econômica

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:

 Formas de intervenção do Estado na economia

A intervenção do Estado na ordem econômica pode ocorrer por meio de duas formas:

a) Direta: quando explora diretamente atividade econômica, produzindo bens e serviços (art. 173, CF);
b) Indireta: por meio de normas, regulação, fomento e repressão ao abuso do poder econômico (art.
174, CF).

A intervenção indireta pode ainda ser dividida em direção e indução.

 PLANEJAMENTO

O planejamento é um processo técnico instrumentado para transformar a realidade existente no sentido de


objetivos previamente estabelecido

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De acordo com o art. 174, CF, planejamento é sempre determinante para o setor público (planejamento
impositivo) e apenas indicativo (planejamento indicativo) para o setor privado.

 REGULAÇÃO

 Introdução

A atividade regulatória como forma de intervenção na economia possui quatro prerrogativas inerentes:

a) Edição de normas;
b) Implementação concreta das normas;
c) Fiscalização do cumprimento das normas;
d) Sanção dos infratores.

 Falhas de mercado

a) Deficiência na distribuição de bens essenciais;


b) Assimetria de informação;
c) Concentração econômica (deficiência na concorrência);
d) Externalidades;
e) Bens públicos;

 Controle de preços

Características do tabelamento de preços de atividades da iniciativa privada:

a) Excepcional;
b) Justificada e limitada no tempo;
c) Motivada pela efetivação de princípios da ordem econômica;
d) Objetiva corrigir falhas de mercado, remover risco à livre concorrência, garantir a defesa do
consumidor e reduzir as desigualdades sociais;
e) Impossibilidade de fixação de preços inferiores aos custos.

O STF, embora em decisão antiga, já entendeu que não é inconstitucional o tabelamento de preços quando
voltado a atender outros princípios importantes para a ordem econômica.

No recente julgamento do ARE 884325, o STF definiu o seguinte:

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. REPERCUSSÃO GERAL. CONSTITUCIONAL E


ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO
ECONÔMICO. POLÍTICA DE FIXAÇÃO DE PREÇOS PELO SETOR SUCROALCOOLEIRO. DANO.
PREJUIZO ECONÔMICO. NÃO OCORRÊNCIA. DESPROVIMENTO DOS RECURSOS. 1. A
responsabilidade civil do Estado ocorre sempre que preenchidos os seguintes requisitos: a) dano;
b) ação administrativa; c) nexo causal entre o dano e ação administrativa. Precedentes. 2. A
atuação do Estado sobre o domínio econômico por meio de normas de direção pode,
potencialmente, atingir a lucratividade dos agentes econômicos. A política de fixação de preços

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constitui, em si mesma, uma limitação de lucros, razão pela qual a indenizabilidade de eventual
dano atinge somente o efetivo prejuízo econômico, apurado por meio de perícia técnica. 3.
Hipótese em que não se demonstrou o efetivo prejuízo causado pela atuação estatal. 4. Recurso
extraordinário com agravo e recurso extraordinário aos quais se nega provimento. Fixação de
tese: “é imprescindível para o reconhecimento da responsabilidade civil do Estado em
decorrência da fixação de preços no setor sucroalcooleiro a comprovação de efetivo prejuízo
econômico, mediante perícia técnica em cada caso concreto”.
(ARE 884325, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 18/08/2020, PROCESSO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-221 DIVULG 03-09-2020 PUBLIC 04-09-2020)

Portanto, o entendimento que prevalece na jurisprudência é o seguinte (ARE 884325):

a) A atuação do Estado no domínio econômico tabelando preços é, em regra, atividade


lícita;
b) A política de fixação de preços constitui, em si mesma, uma limitação de lucros, razão
pela qual a indenizabilidade de eventual dano;
c) Somente será indenizado o dano efetivamente demonstrado mediante perícia
técnica.

Já no “caso Varig” o STF decidiu que era dever do Estado indenizar a concessionária de serviço público de
transporte aéreo não em razão da violação da livre iniciativa, mas em virtude de se tratar de um contrato
administrativo de concessão de serviço público, cuja política econômica implementada pelo Governo
ensejou o seu desequilíbrio econômico financeiro, devendo este ser recomposto por meio da indenização.

 Regulação por incentivos

É a regulação da economia por meio de mecanismos indutivos, com a previsão de incentivos positivos para
que o agente econômico adote a conduta pretendida pelo Estado ou invista em determinado setor contido
na política econômica do Governo.

 Regulação setorial x regulação concorrencial

Havendo regulação setorial, não se aplica a regulação concorrencial (cria-se uma “imunidade” à regulação
concorrencial) que, por sua vez, deve atuar por meio da advocacia da concorrência. É o que determina o
state action doctrine.

De acordo com o STJ, é o próprio estado quem excepciona a livre concorrência por meio da regulação
setorial, não podendo se exigir que o agente econômico observe os preceitos de concorrência em
contrariedade à regulação setorial Estatal.

 Análise de impacto regulatório (AIR)

A Análise de impacto regulatório (AIR) é um processo sistemático de análise baseado em


evidências que busca avaliar os possíveis impactos das alternativas de ação disponíveis para o

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decisão pública.

 FOMENTO

O fomento consiste nos incentivos estatais, positivos ou negativos, que induzem ou influenciam a prática de
atividades pelos setores econômico ou social, de acordo com a política econômica de governo e com o
interesse público. Possui fundamento no art. 174, CF, quando expressa a função de incentivo do Estado na
ordem econômica.

 REPRESSÃO AO ABUSO DO PODER ECONÔMICO

A regulação concorrencial consiste na forma de intervenção indireta do Estado na economia, aplicável a


todos os agentes econômicos de um mercado relevante (e não apenas a determinado setor), exercitada por
direção, para preservar a livre iniciativa e a livre concorrência, por meio da repressão ao abuso do poder
econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos
lucros.

 INTERVENÇÃO DIRETA NA ATIVIDADE ECONÔMICA

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Só pode ocorrer nos seguintes casos:

a) Quando expressamente previsto na Constituição Federal (ex.: exploração de atividades relacionadas


ao petróleo e ao gás natural – art. 177, CF);
b) Quando demonstrar imperativo de segurança nacional ou relevante interesse coletivo, conforme
definido em lei.

 Intervenção concorrencial

Em regra, a atuação econômica do Estado ocorre em regime concorrencial com a iniciativa privada, despindo-
se de suas prerrogativas e atuando em igualdade de condições com os particulares (relação horizontal):

 Monopólio estatal

Somente é possível haver monopólio do Estado sobre determinada atividade econômica quando a
Constituição Federal assim dispuser expressamente. Somente pode ser instituído um novo monopólio estatal
por meio de emenda à constituição.

JURISPRUDÊNCIA CITADA
REGULAÇÃO SETORIAL X REGULAÇÃO CONCORRENCIAL

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ADMINISTRATIVO E ECONÔMICO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS DIFUSOS AOS CONSUMIDORES.


INFRAÇÕES À ORDEM ECONÔMICA. GLP. DISTRIBUIDORAS.
FORMAÇÃO DE CARTEL. NÃO OCORRÊNCIA. APLICAÇÃO DA STATE ACTION DOCTRINE. ATUAÇÃO
DAS DISTRIBUIDORAS IMUNES AO CONTROLE DO ÓRGÃO ANTITRUSTE. ATIVIDADE REGULADA E
FISCALIZADA PELO ESTADO. ADVOCACIA DA CONCORRÊNCIA OU EDUCATIVA PARA PROMOÇÃO
DE AMBIENTE LIVRE E COMPETITIVO. RECURSOS ESPECIAIS PROVIDOS.
1. O mercado de GLP - gás liquefeito de petróleo - tinha seu preço tabelado pelos órgãos
reguladores competentes no período em que se alega a formação de cartel por parte das
distribuidoras, o que afasta a possibilidade de punição delas.
2. Aplicação, ao caso, da state action doctrine foi formulada nos EUA para definir os casos em
que a regulação estatal afastaria o controle concorrencial feito pelo órgão antitruste, quando
presentes determinados requisitos: (i) a regulação estatal deve servir a um fim de política
pública; e (ii) o Estado deve efetivamente obrigar determinada conduta e supervisioná-la: lição
do Professor CALIXTO SALOMÃO FILHO (Direito Concorrencial: As Estruturas, São Paulo,
Malheiros, 2007, pp. 238-240).
3. No caso, não há dúvidas de que se está diante de um mercado regulado, o de distribuição de
GLP, que seria imune, portanto, ao controle do órgão antitruste, pois facilmente se verifica que:
(i) o CNP aprovou a implantação de mercado de empresas que tinha como objetivo organizar a
distribuição do GLP, facilitar a sua fiscalização, evitar a proliferação de revendedores clandestinos
e propiciar melhores condições de segurança ao consumidor; e (ii) o Sistema Integrado de
Abastecimento era elaborado pelo próprio órgão regulador, sendo mensalmente auditado pelo
DNC (Departamento Nacional de Combustíveis). Assim, está claro que a regulação servia a uma
política pública, era imposta às empresas reguladas e supervisionadas pelo órgão competente.
4. Nos casos em que é o próprio Estado que excepciona a livre concorrência - como ocorre no
caso dos autos, no qual foi imposto um tabelamento de preços às empresas - exsurge a
importância de a autoridade antitruste exercer a chamada advocacia da concorrência
(competition advocacy) ou educativa.
5. A advocacia da concorrência refere-se às atividades desenvolvidas pela autoridade antitruste
relacionadas com a promoção de um ambiente competitivo para atividades econômicas, por
meio de mecanismos que não se enquadrem no controle preventivo ou na atuação repressiva,
principalmente através de suas relações com outras entidades governamentais e pelo aumento
da sensibilização do público para os benefícios da concorrência.
6. Recursos Especiais providos para julgar improcedentes os pedidos formulados na Ação Civil
Pública.
(REsp 1390875/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
09/06/2015, DJe 19/06/2015)

MONOPÓLIO X PRIVILÉGIO. CORREIOS E ATIVIDADE POSTAL.

EMENTA: (...) EMPRESA PÚBLICA DE CORREIOS E TELEGRÁFOS. PRIVILÉGIO DE ENTREGA DE


CORRESPONDÊNCIAS. SERVIÇO POSTAL.
(...)
O serviço postal --- conjunto de atividades que torna possível o envio de correspondência, ou
objeto postal, de um remetente para endereço final e determinado --- não consubstancia
atividade econômica em sentido estrito. Serviço postal é serviço público. 2. A atividade

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econômica em sentido amplo é gênero que compreende duas espécies, o serviço público e a
atividade econômica em sentido estrito. Monopólio é de atividade econômica em sentido
estrito, empreendida por agentes econômicos privados. A exclusividade da prestação dos
serviços públicos é expressão de uma situação de privilégio. Monopólio e privilégio são distintos
entre si; não se os deve confundir no âmbito da linguagem jurídica, qual ocorre no vocabulário
vulgar. 3. A Constituição do Brasil confere à União, em caráter exclusivo, a exploração do serviço
postal e o correio aéreo nacional [artigo 20, inciso X]. 4. O serviço postal é prestado pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, empresa pública, entidade da Administração Indireta
da União, criada pelo decreto-lei n. 509, de 10 de março de 1.969. 5. É imprescindível
distinguirmos o regime de privilégio, que diz com a prestação dos serviços públicos, do regime
de monopólio sob o qual, algumas vezes, a exploração de atividade econômica em sentido
estrito é empreendida pelo Estado. 6. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos deve atuar
em regime de exclusividade na prestação dos serviços que lhe incumbem em situação de
privilégio, o privilégio postal. 7. Os regimes jurídicos sob os quais em regra são prestados os
serviços públicos importam em que essa atividade seja desenvolvida sob privilégio, inclusive, em
regra, o da exclusividade. 8. Argüição de descumprimento de preceito fundamental julgada
improcedente por maioria. O Tribunal deu interpretação conforme à Constituição ao artigo 42
da Lei n. 6.538 para restringir a sua aplicação às atividades postais descritas no artigo 9| desse
ato normativo.
(ADPF 46, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: EROS GRAU, Tribunal Pleno,
julgado em 05/08/2009, DJe-035 DIVULG 25-02-2010 PUBLIC 26-02-2010 EMENT VOL-02391-01
PP-00020 RTJ VOL-00223-01 PP-00011)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula 17, em que tratamos do assunto “Intervenção do Estado na Economia”
assunto pertinente tanto ao Direito Econômico, quanto ao Direito Administrativo. Buscamos abordar os
pontos importantes e este último e que podem ser cobrados em provas dentro da nossa matéria.

Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Qualquer dúvida, podem me contactar nos canais abaixo.

Rodolfo Penna

E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com

Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna

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QUESTÕES COMENTADAS
Magistratura

1. (VUNESP / TJ-SP / 2021) É inegável a associação entre política e economia e atuação do Estado na
ordem econômica. Partindo do nosso sistema normativo, constitucional e infranconstitucional, podemos
concluir que

(A) Nas hipóteses em que admitido o monopólio estatal, não se autoriza a atribuição da exploração direta a
terceiro através de delegação.

(B) O Estado atua na ordem econômica como agente regulador do sistema econômico e como executor da
atividade econômica. Em qualquer das posições, deve ter em mira o interesse, direto ou indireto, da
coletividade.

(C) A prática do fomento é inconcebível na área pública por implicar tratamento diferenciado entre os
cidadãos.

(D) A Lei no 12.529/2011 regula a repressão ao abuso do poder econômico. As infrações nela previstas
aplicam-se a pessoas físicas ou jurídicas, de direito privado, admitindo desconsideração da pessoa jurídica e
exigindo demonstração da culpa.

Comentários

A intervenção direta por absorção ocorre quando o Estado absorve atividades da iniciativa privada,
explorando-a de forma exclusiva. Já a intervenção direta por participação ocorre quando o Estado atua em
regime de competição com a iniciativa privada.

a) Indireta: por meio de normas, regulação, fomento e repressão ao abuso do poder econômico (art.
174, CF).

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na
forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para
o setor público e indicativo para o setor privado.

A intervenção indireta pode ainda ser dividida em direção e indução.

iii. Indireta por direção: o Estado edita regras de observância obrigatória e de incidência direta
nas relações econômicas públicas e privadas que, se foram descumpridas, ensejam sanções
negativas (ex.: normas editadas pelas agências reguladoras, tabelamento de preços etc.).

Indireta por indução: o Estado edita regras instrumentais de incidência indireta na atividade econômica que
buscam incentivar ou desincentivar determinadas atividades, posturas ou condutas.

Dispõe o art. 170, CF:

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Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:

O dispositivo elenca dois fundamentos da ordem econômica:

c) Valorização do trabalho humano: proteção do trabalhador;


d) Livre iniciativa: liberdade para desenvolvimento de atividades econômicas.

O mesmo dispositivo estabelece os princípios da ordem econômica: a) soberania nacional; b) propriedade


privada; c) função social da propriedade; d) livre concorrência; e) defesa do consumidor; f) defesa do meio
ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e
serviços e de seus processos de elaboração e prestação; g) redução das desigualdades regionais e sociais; g)
busca do pleno emprego; h) tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as
leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

Repare que, ao mesmo tempo em que se busca garantir a liberdade de iniciativa, a livre concorrência e a
propriedade privada, também se busca proteger o meio ambiente, reduzir as desigualdades e garantir o
pleno emprego e a função social da propriedade.

Fica clara a intenção do constituinte de promover um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o


desenvolvimento social, sem qualquer prevalência de um sobre o outro.

Ressalte-se que esses princípios dirigidos a resolver os problemas da marginalização regional ou


social são denominados “princípios de integração”.

Por outro prisma, toda a atuação do Estado é dirigida ao interesse da coletividade, inclusive quando
intervém no domínio econômico, seja de forma direta ou indireta. Esse interesse pode ser direto, como o
atendimento de necessidades coletivas, por exemplo, a prestação de serviços públicos. Mas o interesse
também pode ser indireto, ou seja, um interesse patrimonial do Estado que, com o aumento da
arrecadação, poderá promover mais Políticas Públicas.

Portanto, a alternativa B está correta e é o gabarito da questão.

A alternativa A está incorreta. O artigo 177, CF, trata dos monopólios da União. O seu §1º estabelece as
possibilidades em que a União poderá contratar com terceiros a realização dessas atividades sob regime de
monopólio.

Art. 177. Constituem monopólio da União:

(...)

i 1| A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos
incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei.

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A alternativa B está incorreta. O fomento consiste nos incentivos estatais, positivos ou negativos, que
induzem ou influenciam a prática de atividades pelos setores econômico ou social, de acordo com a política
econômica de governo e com o interesse público. Possui fundamento no art. 174, CF, quando expressa a
função de incentivo do Estado na ordem econômica.

Ressalte-se que os benefícios concedidos não podem violar o princípio da isonomia, tampouco representar
subsídios injustificáveis para determinados agentes econômicos, devendo ser implementados para o setor,
não para terceiros ou para entes determinados.

A alternativa D está incorreta. A lei 12.529/2011 estabelece a responsabilização objetiva por infrações à livre
concorrência:

Art. 36. Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer
forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam
alcançados:

2. (CESPE / TRF-5ª REGIÃO / 2015) Assinale a opção correta acerca do papel do Estado como agente
regulador e da competência para a atividade regulatória.
a) A regulação econômica exercida pelo Estado consiste na intervenção direta nos setores econômicos
considerados estratégicos para o desenvolvimento nacional, ora por meio de indução (incentivo e
planejamento), ora por meio de direção (fiscalização e controle).
b) Apenas duas agências reguladoras brasileiras possuem previsão constitucional específica: a ANATEL e a
ANP
c) As empresas estatais que exercem atividade econômica em regime de monopólio sujeitam-se às normas
de regulação do setor correspondente, estando isentas, porém, da aplicação de penalidades.
d) No Brasil, diferentemente das agencies do direito norte-americano, cujos atos não se submetem ao judicial
review, as agências reguladoras estão submetidas ao controle jurisdicional de seus atos, da mesma forma
que quaisquer outros órgãos estatais.
e) Predomina no Brasil a modalidade regulatória denominada autorregulação, na qual o agente estatal
assume as funções de normatização, fiscalização e fomento dos setores econômicos.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Regulação é modalidade de intervenção indireta.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Suas previsões constitucionais estão no art. 21, XI
(ANATEL), e art. 177, i 2| , inciso III (ANP), da CF.

A alternativa C está incorreta. Apesar de exercerem atividade econômica em regime de monopólio, não há
impedimento de aplicação de penalidades em decorrência da fiscalização do órgão regulador sobre as
empresas estatais que atuam neste regime.

A alternativa D está incorreta. O erro da alternativa está em afirmar que as agências reguladoras americanas
não se sujeitam à revisão judicial dos seus atos.

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A alternativa E está incorreta. Predomina no Brasil a modalidade de heterorregulamentação. As formas de


regulação são as seguintes.

a) Regulação estatal: exercida pela Administração Direta ou por entidades da Administração indireta
(agências reguladoras);
b) Regulação pública não estatal: exercida por entidades da sociedade por delegação ou por
incorporação das suas normas ao ordenamento jurídico estatal (ex.: entidades desportivas – art. 217,
I, CF);
c) Autorregulação: realizada por entidades privadas, geralmente associativas, sem nenhuma delegação
ou chancela estatal (ex.: Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – CONAR, selos de
qualificação ou certificação de produtos etc.).

A regulação estatal é uma espécie de heterorregulação, situação diversa da autorregulação.

3. (CESPE / TRF-1ª REGIÃO / 2013) No que se refere à intervenção do Estado no domínio econômico,
assinale a opção correta.
a) As reservas do setor público, modalidade de atuação governamental, compreendem a edição de normas
de conteúdo financeiro ou fiscal por meio das quais o Estado impulsiona medidas de fomento ou de
dissuasão da atividade econômica.
b) Na regulação cultural, um dos tipos de atuação estatal nos diversos setores da economia, o Estado
intervém no interesse público definindo padrões para a segurança e desestimulando a exploração de fatores
de produção potencialmente poluentes.
c) No Estado intervencionista socialista, a ingerência estatal na atividade econômica visa garantir a efetivação
de políticas de caráter assistencialista na sociedade, de modo que os notadamente hipossuficientes sejam
providos em suas necessidades básicas.
d) As falhas de mercado que ensejam a regulação estatal das atividades econômicas, como forma de
intervenção indireta, incluem a assimetria informativa.
e) Constitui intervenção indireta a atuação do Estado como empresário, situação em ele se compromete com
a atividade produtiva e assume a gestão de empresas privadas, conforme os interesses de ordem social.

Comentários

A alternativa A está incorreta. As reservas de mercado consistem no monopólio de direito instituído pela
Constituição Federal em favor dos Entes Públicos nela previstos. Ou seja, trata-se de intervenção direta
monopolística do Estado na economia.

Já a edição de normas de conteúdo financeiro ou fiscal por meio das quais o Estado impulsiona medidas de
fomento ou de dissuasão da atividade econômica, consistem na atuação regulatória ou de fomento do
Estado, ou seja, na intervenção indireta por indução.

A alternativa B está incorreta. A alternativa trata da regulação ambiental. Na regulação cultural, O Estado
objetiva fomentar a produção cultural nacional, garantir a preservação do patrimônio histórico-cultural do
país, bem como a preservar dos valores morais da sociedade.

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A alternativa C está incorreta. No Estado socialista há a absorção total do das atividades econômicas pelo
Estado, não se confundindo com o Estado social, em que ainda há liberdade econômica, livre iniciativa e
propriedade privada, porém o Estado busca intervir na economia para suprir as necessidades básicas dos
hipossuficientes.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. São cinco as falhas de mercado:

a) Deficiência na distribuição de bens essenciais;


b) Assimetria de informação;
c) Concentração econômica (deficiência na concorrência);
d) Externalidades;
e) Bens públicos;

A alternativa E está incorreta. A atuação do Estado como empresário é forma de intervenção direta do
Estado na economia.

4. (CESPE / TRF-2ª REGIÃO / 2011) No que se refere à intervenção do Estado no domínio econômico,
assinale a opção correta.
a) A jurisprudência dos tribunais superiores pacificou-se no sentido de que o serviço postal > conjunto de
atividades que torna possível o envio de correspondência ou objeto postal de um remetente para endereço
final e determinado > consubstancia atividade econômica em sentido estrito, de forma que o monopólio
postal do Estado, previsto expressamente na CF, não pode ser relativizado.
b) Verifica-se, na CF, a opção por sistema econômico voltado primordialmente para a livre-iniciativa, o que
legitima a assertiva de que o Estado só deve intervir na economia em situações excepcionais, quando
necessário aos imperativos da segurança nacional ou de relevante interesse coletivo.
c) A proteção à segurança nacional autoriza o Estado a deter o controle de determinadas atividades
econômicas para a garantia da soberania e da independência da Nação, tais como o da exploração de
minérios portadores de energia atômica e o de combustíveis fósseis, sendo o conceito de segurança nacional
eminentemente jurídico e determinado em lei de forma taxativa.
d) O poder constituinte derivado reformador alterou o texto original da CF, no que se refere à disciplina dos
monopólios estatais em relação aos combustíveis fósseis derivados, e permitiu a contratação, por parte da
União, de empresas estatais ou privadas para as atividades relacionadas ao abastecimento de petróleo.
e) A Emenda Constitucional n.º 49/2006 exclui do monopólio da União a pesquisa, a lavra, o enriquecimento,
o reprocessamento, a produção, a comercialização e a utilização de minérios e minerais nucleares e seus
derivados, como, por exemplo, os radioisótopos de meia-vida curta, para usos médicos, agrícolas e
industriais.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O serviço postal consiste em serviço público exercido em regime de privilégio
e não em atividade econômica em sentido estrito:

“(...) A Constituição do Brasil confere à União, em caráter exclusivo, a exploração do serviço


postal e o correio aéreo nacional [artigo 20, inciso X]. 4. O serviço postal é prestado pela Empresa

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Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, empresa pública, entidade da Administração Indireta da


União, criada pelo decreto-lei n. 509, de 10 de março de 1.969.

5. É imprescindível distinguirmos o regime de privilégio, que diz com a prestação dos serviços
públicos, do regime de monopólio sob o qual, algumas vezes, a exploração de atividade
econômica em sentido estrito é empreendida pelo Estado. 6. A Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos deve atuar em regime de exclusividade na prestação dos serviços que lhe incumbem
em situação de privilégio, o privilégio postal. (...)”

STF. ADPF 46.

A alternativa B está incorreta. Ao mesmo tempo em que se busca garantir a liberdade de iniciativa, a livre
concorrência e a propriedade privada, também se busca proteger o meio ambiente, reduzir as desigualdades
e garantir o pleno emprego e a função social da propriedade.

Fica claro a intenção do constituinte de promover um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o


desenvolvimento social, sem qualquer prevalência de um sobre o outro.

A alternativa C está incorreta. A segurança nacional é um conceito jurídico indeterminado, não há previsão
taxativa em lei conceituando esta expressão.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Foi exatamente o que perviu a EC 9/95 que alterou o
§1º do art. 177 da CF:

i 1| A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades
previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei.
(Redação dada pela Emenda Constitucional n| 9, de 1995)

A alternativa E está incorreta. A EC 49/2006 só excluiu os radioisótopos de meia-vida curta, para usos
médicos, agrícolas e industriais, mas todos os outros minérios e minerais nucleares e seus derivados
continuam sob o monopólio da União:

Art. 177. Constituem monopólio da União:

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de


minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção,
comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as
alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. (Redação dada
pela Emenda Constitucional n| 49, de 2006)

5. (CESPE / TJ-DFT / 2014) Acerca da intervenção do Estado no domínio econômico, assinale a opção
correta de acordo com o entendimento jurisprudencial mais recente do STF e do STJ.
a) Lei municipal que impeça a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada
área ofende o princípio constitucional da livre concorrência.

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b) Lei municipal que estabeleça horário de funcionamento de estabelecimento comercial ofende o princípio
constitucional da livre concorrência.
c) Lei federal que estabeleça horário de funcionamento bancário ofende o princípio constitucional da livre
concorrência.
d) Lei federal que imponha passe livre para deficientes físicos comprovadamente carentes a empresas
prestadoras de serviço de transporte interestadual fere o princípio da livre iniciativa.
e) A ocorrência de dano a empresa em virtude de intervenção do Estado na economia, por meio de plano
econômico que estabeleça congelamento de preços, não gera direito à indenização, visto que é dever do
Estado intervir na economia para garantir a ordem econômica.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão.

Súmula Vinculante 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.

A alternativa B está incorreta.

Súmula Vinculante 38: É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de


estabelecimento comercial.

A alternativa C está incorreta.

Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência


da União.

A alternativa D está incorreta. O STF entendeu constitucional a lei federal 8.899/94 que concedia gratuidade
para pessoas com deficiência no transporte público interestadual:

“Em 30.3.2007, o Brasil assinou, na sede das Organizações das Nações Unidas, a Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência, bem como seu Protocolo Facultativo, comprometendo-se a implementar
medidas para dar efetividade ao que foi ajustado. 4. A Lei n. 8.899/94 é parte das políticas públicas para
inserir os portadores de necessidades especiais na sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a
humanização das relações sociais, em cumprimento aos fundamentos da República de cidadania e dignidade
da pessoa humana, o que se concretiza pela definição de meios para que eles sejam alcançados. 5. Ação
Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente.” (ADI 2649).

A alternativa E está incorreta.

A União Federal é responsável por prejuízos decorrentes da fixação de preços pelo governo
federal para o setor sucroalcooleiro, em desacordo com os critérios previstos nos arts. 9º, 10 e
11 da Lei 4.870/1965, uma vez que teriam sido estabelecidos pelo Instituto do Açúcar e Álcool -
IAA, em descompasso do levantamento de custos de produção apurados pela Fundação Getúlio
Vargas - FGV.

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O suposto prejuízo sofrido pelas empresas possui natureza jurídica dupla: danos emergentes
(dano positivo) e lucros cessantes (dano negativo). Ambos exigem efetiva comprovação, não se
admitindo indenização em caráter hipotético, ou presumido, dissociada da realidade
efetivamente provada.

(REsp 1347136/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2013,
DJe 07/03/2014)

Defensor

6. (UFMT / DPE-MT / 2016) Na Europa ou na América Latina, a atividade reguladora estatal ganhou
força a partir da segunda metade do século XX, num quadro relacionado a políticas inspiradas na
redefinição do papel do Estado. Implementaramse programas de desestatização que privilegiaram a
atividade privada, em detrimento da atuação direta do Estado em setores diversos, abrangendo áreas
relacionadas a serviços considerados de interesse social. (CARVALHO, C. E. V. de. Regulação de serviços
públicos: na perspectiva da constituição econômica brasileira. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2007.)
Assinale a afirmativa relacionada ao sentido social atribuído à atividade regulatória estatal por construção
doutrinária.
a) Os objetivos sociais da atividade reguladora estatal devem ser dissociados de seus objetivos econômicos,
a fim de garantir a consecução de interesses que não podem ser atingidos por meio da livre concorrência.
b) Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este indicativo para os setores público e privado.
c) A disciplina reguladora exercida pelo Estado conduz à maior eficiência produtiva ou alocativa, se
comparada às soluções próprias e espontâneas do mercado.
d) As políticas regulatórias de caráter redistributivo, além dos objetivos econômicos de estímulo à
concorrência e à eficiência, visam implementar metas sociais como a universalização do acesso a serviços
essenciais.
e) Quando o Estado não atua diretamente no mercado como produtor de bens e serviços, a regulação
funciona como um mecanismo para corrigir falhas de mercado e estabelecer um regime concorrencial.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Os objetivos sociais da regulação devem estar associados aos objetivos
econômicos. Trata-se do desenvolvimento socioeconômico previsto no art. 170, CF.

Dispõe o art. 170, CF:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios:

Importa perceber que, ao mesmo tempo em que se busca garantir a liberdade de iniciativa, a livre
concorrência e a propriedade privada, também se busca proteger o meio ambiente, reduzir as desigualdades
e garantir o pleno emprego e a função social da propriedade.

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A alternativa B está incorreta. O erro da alternativa está em afirmar que a função de planejamento é
indicativa para o setor público. De acordo com o art. 174, CF, planejamento é sempre determinante para o
setor público (planejamento impositivo) e apenas indicativo (planejamento indicativo) para o setor privado.

A alternativa C está incorreta. O sentido social da regulação busca promover maior justiça distributiva e não
alocativa. Por este motivo a alternativa está errada.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Ao mesmo tempo em que a CF busca garantir a
liberdade de iniciativa, a livre concorrência e a propriedade privada, também se busca proteger o meio
ambiente, reduzir as desigualdades e garantir o pleno emprego e a função social da propriedade.

Fica claro a intenção do constituinte de promover um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o


desenvolvimento social, sem qualquer prevalência de um sobre o outro.

Um desses princípios da ordem econômica é justamente a redução das desigualdades regionais e sociais, o
que torna correta a afirmação de que a política econômica possui caráter redistributivo.

A alternativa E está incorreta. A alternativa não atende ao sentido social pedido no enunciado. Além disso,
a regulação também funciona quando o Estado intervém de forma direta na economia, bem como a
regulação nem sempre objetiva estabelecer um regime concorrencial. Veja o caso da ANP, que regula um
setor monopolizado por uma estatal.

Procurador

7. (CESPE / TCE-RO – Procurador do MPC / 2019) Grandes empresas vão manter preços de produtos
essenciais e não haverá aumento das tarifas de serviços públicos este ano.
BUENOS AIRES ) O governo argentino anunciou nesta quarta-feira um pacote de medidas para conter o
crescimento da inflação do país e reativar o consumo em meio a uma grave crise. O pilar central está em
congelar preços de produtos essenciais e de serviços públicos. Argentina anuncia congelamento de preços
para conter a inflação e estimular consumo. In: O Globo, 17/4/2019.
Nessa situação, o pilar central da política econômica argentina informado na notícia veiculada constitui
intervenção
a) direta na ordem econômica, sob a forma de absorção.
b) direta na ordem econômica, sob a forma de participação.
c) indireta na ordem econômica, sob a forma de direção.
d) indireta na ordem econômica, sob a forma de indução.
e) indireta na ordem econômica, sob a forma de absorção.

Comentários

A alternativa A está incorreta. A intervenção direta ocorre quando o Estado explora diretamente atividade
econômica, produzindo bens e serviços (art. 173, CF). Por absorção é quando o Estado absorve atividades da
iniciativa privada, explorando-a de forma exclusiva. Não é a situação narrada no caso.

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A alternativa B está incorreta. A intervenção direta ocorre quando o Estado explora diretamente atividade
econômica, produzindo bens e serviços (art. 173, CF). Por participação ocorre quando o Estado atua em
regime de concorrência com a iniciativa privada.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. A intervenção do Estado na ordem econômica de


forma indireta se dá por meio de normas, regulação, fomento e repressão ao abuso do poder econômico
(art. 174, CF).

A intervenção indireta pode ainda ser dividida em direção e indução.

i. Indireta por direção: o Estado edita regras de observância obrigatória e de incidência direta
nas relações econômicas públicas e privadas (ex.: normas editadas pelas agências
reguladoras, tabelamento de preços etc.).
ii. Indireta por indução: o Estado edita regras instrumentais de incidência indireta na atividade
econômica que buscam incentivar ou desincentivar determinadas atividades, posturas ou
condutas.

Como no caso o Estado nacional editou regras de observância obrigatória, trata-se de intervenção indireta
por direção.

A alternativa D está incorreta. Ver comentários da alternativa B.

A alternativa E está incorreta. A intervenção por absorção é uma forma de intervenção direta e não se
amolda ao caso narrado.

8. (CESPE / PGE-MT / 2016) Ao atuar como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado dispõe de variados meios de intervenção, com vistas a propiciar o desenvolvimento nacional
equilibrado. NÃO é considerada uma intervenção válida
a) o estabelecimento, por lei federal, de monopólio do serviço postal.
b) a fixação, por lei estadual, de piso salarial regional, no tocante às categorias que não tenham esse mínimo
estabelecido em lei federal, convenção ou acordo coletivo.
c) a criação, por lei federal, de passe livre em favor de deficientes físicos, no transporte interestadual.
d) a limitação, por lei municipal, de número de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área.
e) a fixação, por lei municipal, de horário para funcionamento de estabelecimentos comerciais.

Comentários

A alternativa A está correta. Apesar de o STF ter estabelecido que os Correios atuam em regime de privilégio,
a banca examinadora empregou o termo monopólio de forma genérica, considerando a alternativa correta.
Porém, é necessário conhecer a jurisprudência do STF, que poderia tornar a alternativa incorreta e anular a
questão:

“A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos deve atuar em regime de exclusividade na prestação dos
serviços que lhe incumbem em situação de privilégio, o privilégio postal. Os regimes jurídicos sob os quais

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em regra são prestados os serviços públicos importam em que essa atividade seja desenvolvida sob
privilégio, inclusive, em regra, o da exclusividade. Arguição de descumprimento de preceito fundamental
julgada improcedente por maioria. O Tribunal deu interpretação conforme à Constituição ao art. 42 da Lei
6.538 para restringir a sua aplicação às atividades postais descritas no art. 9| desse ato normativo.” (ADPF
46).

A alternativa B está correta. Segundo o art. 1| da Lei Complementar 103, de 14 de julho de 2000 (LC
103/2000): “Os Estados e o Distrito Federal ficam autorizados a instituir, mediante lei de iniciativa do Poder
Executivo, o piso salarial de que trata o inciso V do art. 7| da Constituição Federal para empregados que não
tenham piso salarial definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho.”

CF: Art. 7º (...)

V = piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do serviço;

A alternativa C está correta. O STF entendeu constitucional a lei federal 8.899/94 que concedia gratuidade
para pessoas com deficiência no transporte público interestadual:

“Em 30.3.2007, o Brasil assinou, na sede das Organizações das Nações Unidas, a Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência, bem como seu Protocolo Facultativo, comprometendo-se a implementar
medidas para dar efetividade ao que foi ajustado. 4. A Lei n. 8.899/94 é parte das políticas públicas para
inserir os portadores de necessidades especiais na sociedade e objetiva a igualdade de oportunidades e a
humanização das relações sociais, em cumprimento aos fundamentos da República de cidadania e dignidade
da pessoa humana, o que se concretiza pela definição de meios para que eles sejam alcançados. 5. Ação
Direta de Inconstitucionalidade julgada improcedente.” (ADI 2649).

A alternativa D está incorreta e é o gabarito da questão.

Súmula Vinculante 49: Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a
instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área.

A alternativa E está correta.

Súmula Vinculante 38: É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de


estabelecimento comercial.

Vale lembrar que, em relação aos bancos, os Municípios não podem fixar o horário de funcionamento.

9. (FCC / PGM-SÃO LUÍS-MA / 2016) Não é inusitado dentre os países da América do Sul passar por
graves crises econômicas, experimentando trajetória de alta dos preços de produtos de consumo em
massa, o que ocasiona aumento das expectativas inflacionárias. Alguns países, como a Argentina, já
adotaram a política de congelamento como estratégia para conter a disparada inflacionária, controlando
as revisões de tarifas e preços, gerando sucessivas e cumulativas perdas para produtores. Considere que
essa seja uma conduta adotada no Brasil, de modo que a Administração pública federal, pelas vias
legalmente previstas, impeça repasse de perdas inflacionárias e aumentos reais de preços nos produtos
da cesta básica, bem como que congele tarifas de serviços públicos. Sob o prisma dos envolvidos na

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produção, distribuição ou comercialização dos referidos produtos e serviços, com base no ordenamento
jurídico pátrio,
a) não cabe responsabilização extracontratual da Administração pública, tendo em vista que, em matéria de
intervenção na ordem econômica, mesmo medidas que imponham prejuízos aos administrados se legitimam
caso tenham sido legalmente implementadas.
b) para que possa se configurar responsabilidade objetiva da Administração pública é necessário demonstrar
que as medidas adotadas foram especiais, desproporcionais e extraordinárias, o que implica no dever de
indenizar em razão da conduta, prescindindo da demonstração dos danos.
c) deve haver responsabilização da Administração pública, sob a modalidade objetiva pura, tendo em vista
que lhe é vedado intervir na ordem econômica, funcionando o princípio da livre regulação de mercado.
d) pode haver responsabilização da Administração pública, sob a modalidade subjetiva, cabendo ao
prejudicado demonstrar a ocorrência de culpa do serviço público.
e) é possível se configurar responsabilidade objetiva da Administração pública, mesmo diante do cenário de
atuação lícita, posto que dessa podem ter advindo danos extraordinários, excedendo o limite do sacrifício
que poderia ser imposto aos administrados.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Ver comentários da alternativa E.

A alternativa B está incorreta. Ver comentários da alternativa E.

A alternativa C está incorreta. Ver comentários da alternativa E.

A alternativa D está incorreta. Ver comentários da alternativa E.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. o STF reconheceu que, embora prática lícita, o
tabelamento de preços pode ensejar a responsabilização civil objetiva da Administração Pública, de acordo
com o art. 37, § 6º, CF, quando causar prejuízos aos agentes econômicos que atuam no setor ao fixar preços
abaixo dos custos de produção, tendo em vista que o mencionado dispositivo não faz distinção entre atuação
lícita e ilícita.

O STF reconheceu que, embora prática lícita, o tabelamento de preços pode ensejar a
responsabilização civil objetiva da Administração Pública, de acordo com o art. 37, § 6º, CF,
quando causar prejuízos aos agentes econômicos que atuam no setor ao fixar preços abaixo dos
custos de produção, tendo em vista que o mencionado dispositivo não faz distinção entre
atuação lícita e ilícita (AI 754714 AgR).

Este também é o entendimento do STJ, que ressalva a necessidade de demonstração concreta do prejuízo
sofrido pelos agentes econômicos do setor sucroalcooleiro.

A União Federal é responsável por prejuízos decorrentes da fixação de preços pelo governo
federal para o setor sucroalcooleiro, em desacordo com os critérios previstos nos arts. 9º, 10 e
11 da Lei 4.870/1965, uma vez que teriam sido estabelecidos pelo Instituto do Açúcar e Álcool -

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IAA, em descompasso do levantamento de custos de produção apurados pela Fundação Getúlio


Vargas - FGV.

O suposto prejuízo sofrido pelas empresas possui natureza jurídica dupla: danos emergentes
(dano positivo) e lucros cessantes (dano negativo). Ambos exigem efetiva comprovação, não se
admitindo indenização em caráter hipotético, ou presumido, dissociada da realidade
efetivamente provada.

(REsp 1347136/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/2013,
DJe 07/03/2014

10. (ESAF / PGFN / 2015) No concernente à intervenção do Estado no domínio econômico, indique a
opção incorreta.
a) Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, o serviço postal não consubstancia atividade
econômica em sentido estrito, porquanto se trata de exclusividade na prestação de serviços, denotando,
assim, situação de privilégio.
b) Na intervenção por absorção ou participação o Estado atua como agente econômico.
c) O Estado, por meio da intervenção por direção, utiliza-se de comandos imperativos que, se forem
descumpridos, sujeitam o infrator a sanções negativas.
d) A exploração de atividade econômica pelas empresas públicas e sociedades de economia mista constitui
intervenção estatal indireta no domínio econômico.
e) A atividade econômica em sentido amplo é gênero que compreende duas espécies, o serviço público e a
atividade econômica em sentido estrito.

Comentários

A alternativa A está correta. “(...) A Constituição do Brasil confere à União, em caráter exclusivo, a exploração
do serviço postal e o correio aéreo nacional [artigo 20, inciso X]. 4. O serviço postal é prestado pela Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, empresa pública, entidade da Administração Indireta da União,
criada pelo decreto-lei n. 509, de 10 de março de 1.969.

5. É imprescindível distinguirmos o regime de privilégio, que diz com a prestação dos serviços públicos, do
regime de monopólio sob o qual, algumas vezes, a exploração de atividade econômica em sentido estrito é
empreendida pelo Estado. 6. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos deve atuar em regime de
exclusividade na prestação dos serviços que lhe incumbem em situação de privilégio, o privilégio postal. (...)”
STF. ADPF 46.

A alternativa B está correta. A intervenção do Estado na ordem econômica pode ocorrer por meio de forma
Direta: quando explora diretamente atividade econômica, produzindo bens e serviços (art. 173, CF).

A intervenção direta por absorção ocorre quando o Estado absorve atividades da iniciativa privada,
explorando-a de forma exclusiva. Já a intervenção direta por participação ocorre quando o Estado atua em
regime de competição com a iniciativa privada.

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A alternativa C está correta. A intervenção indireta pode ainda ser dividida em direção e indução.

Indireta por direção: o Estado edita regras de observância obrigatória e de incidência direta nas relações
econômicas públicas e privadas que, se foram descumpridas, ensejam sanções negativas (ex.: normas
editadas pelas agências reguladoras, tabelamento de preços etc.).

A alternativa D está incorreta e é o gabarito da questão. Trata-se de intervenção direta do Estado no domínio
econômico, tendo em vista que explora diretamente atividade econômica, produzindo bens e serviços (art.
173, CF).

A alternativa E está correta. Na definição do STF, a expressão atividade econômica em sentido amplo é
gênero da qual são espécies atividade econômica em sentido estrito e serviço público.

11. (NC-UFPR / PGM-CURITIBA-PR / 2015) O Município X, por meio de sua administração, almeja
socorrer economicamente certo setor econômico local mediante a doação de bem imóvel para
acomodação de indústria alimentícia e, na sequência, favorecê-la com isenções tributárias. Com a adoção
dessas medidas de estímulo às atividades privadas, o Administrador almeja gerar empregos, melhorar a
renda da população e o consumo e, consequentemente, a arrecadação de tributos, a fim de investir na
infraestrutura municipal. A respeito do caso acima, é correto afirmar que se trata de exemplo de atividade:
a) de fomento direto e indireto e também de prestação de serviço público.
b) de fomento direto positivo e indireto negativo.
c) de fomento econômico direto e indireto.
d) resultante de renúncia de receita, na modalidade de fomento direto.
e) de subvenção geral, envolvendo fomento direto e indireto.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Ver explicação da alternativa C. Não é possível verificar prestação de serviço
público no caso.

A alternativa B está incorreta. Fomento positivo busca incentivar uma atividade e o negativo desincentivar
uma conduta ou postura do particular. No caso, há apenas fomento positivo.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Fomento econômico: outorga de vantagens de


natureza patrimonial aos particulares que exerçam as atividades que o Estado deseja fomentar. É possível
que tais vantagens patrimoniais sejam reais ou financeiras: no primeiro caso, a Administração Pública cede
o uso de bens públicos aos particulares; no segundo, confere-se aos particulares um benefício pecuniário,
que pode ser direto ou indireto (direto quando transferir o valor em pecúnia ao particular e indireto quando
conceder algum benefício que evite a perda patrimonial ao particular).

O benefício pecuniário direto usualmente utilizado é a subvenção, estudada no Direito Financeiro. Mas há
outros exemplos de benefícios ou incentivos creditícios. Quanto aos benefícios pecuniários indiretos,
podemos citar como exemplo os benefícios ou incentivos fiscais.

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O enunciado dispõe que o Ente Público pretende doar um bem ao particular e não simplesmente conceder
o uso. Neste caso, estamos falando em fomento econômico financeiro direto, pois enseja o aumento
patrimonial do particular. Já a isenção tributária é um fomento econômico financeiro indireta, pois evita uma
perda patrimonial do particular.

A alternativa D está incorreta. Ver explicação da alternativa C.

A alternativa E está incorreta. Ver explicação da alternativa C.

12. (PGR / PGR / 2015) AS AGÊNCIAS REGULADORAS FORAM CRIADAS COM A FINALIDADE DE
NORMATIZAR OS MERCADOS ECONÔMICOS E EQUILIBRAR AS RELAÇÕES ENTRE OS AGENTES. COM
FUNDAMENTO NA LEI, NA DOUTRINA ESPECIALIZADA E NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL PODE-SE AFIRMAR QUE:
a) A independência das agências reguladoras é mitigada pelo controle de juridicidade prévio exercido pelas
suas procuradorias, que são vinculadas a Advocacia-Geral da União; pela possibilidade de reexame “a
posteriori” de seus atos pelo Poder Judiciário; pela vinculação de seu poder normativo a lei; e, pelo controle
financeiro realizado pelo Tribunal de Contas;
b) A autonomia financeira e administrativa das agências se caracterizam pela liberdade de gestão, sendo-
lhes permitido arrecadar receitas próprias e organizar suas despesas, sem ingerência dos Poderes Executivo
ou Legislativo nos aspectos financeiros e contábeis das despesas relativas as atividades meio e fim;
c) O sistema constitucional brasileiro não adota o princípio da deslegalização. Nesse sentido, o Supremo
Tribunal Federal declarou inconstitucional o poder normativo delegado as Agências reguladoras, impedindo-
as de editar atos que normatizem obrigações a serem observadas pelos entes que compõem o mercado
regulado;
d) No plano Federal as agências reguladoras estão previstas no texto constitucional e foram constituídas
como autarquias, integrantes da administração direta, vinculadas a Presidência da República, com
subordinação hierárquica entre elas e o Ministério competente para tratar da respectiva atividade.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Embora as agências reguladores possuam maior
independência em relação às autarquias comuns, continuam sofrendo os controles citados pela alternativa.

A alternativa B está incorreta. AS agências reguladoras sofrem normalmente o controle financeiro exercido
pelos tribunais de contas, conforme arts. 70 a 75, CF.

A alternativa C está incorreta.,

O STF já se posicionou entendendo constitucional o poder normativo delegado as Agências reguladoras na


ADC 1.193 QO-MC/RJ, tendo em vista que a delegação ocorre por meio de lei que estabelece os parâmetros
a serem observados pelas agências reguladoras, ou seja, as normas editadas não são “autônomas”. Além
disso, a edição de normas primárias ocorre somente no que diz respeito a questões técnicas e especializadas
do setor regulado.

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No caso, julgou constitucional o art. 67 da lei 9.478/97, que previu um procedimento simplificado de licitação
para a Petrobras, a ser estabelecido em decreto presidencial. O ponto mais importante é que a lei não
estabeleceu nenhuma norma substancial sobre a licitação, remetendo a regulamentação ao decreto.

Contudo, a discussão perdeu o objeto em virtude da revogação do art. 67 da lei 9.478/97 pelo art. 96, II da
lei 13.303/16 (lei das estatais).

O que se busca com a “deslegalização” é a retirada de certas matérias do domínio da lei, efetuada pelo
próprio legislador, passando-as ao domínio do regulamento.

A alternativa D está incorreta. Não há subordinação hierárquica entre as agências reguladoras e o Ministério
supervisor. Há apenas controle finalístico. Além disso, não há menção expressa das agências reguladoras na
CF, há apenas menção à criação de um “órgão regulador”.

13. (CESPE / PGE-PI / 2014) No que concerne à intervenção do Estado no domínio econômico, assinale
a opção correta.
a) É vedada ao Estado a outorga de privilégios a particulares como forma de fomento da atividade
econômica.
b) As hipóteses de monopólio estatal estão previstas expressamente na CF, não se admitindo a ampliação
dessas hipóteses por legislação infraconstitucional.
c) Vedado pela CF e pela Lei de Defesa da Concorrência, o monopólio natural ocorre quando um setor da
economia é dominado por um único agente econômico, em razão da exploração patenteada e exclusiva de
determinado fator de produção.
d) O monopólio convencional não pode ser objeto de intervenção do Estado, por não constituir prática
abusiva.
e) Ao passo que garante aos estados o monopólio dos serviços locais de gás canalizado, a CF veda a delegação
da prestação desses serviços a terceiros por meio de concessão.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O fomento consiste nos incentivos estatais, positivos ou negativos, que
induzem ou influenciam a prática de atividades pelos setores econômico ou social, de acordo com a política
econômica de governo e com o interesse público. Possui fundamento no art. 174, CF, quando expressa a
função de incentivo do Estado na ordem econômica.

Ressalte-se que os benefícios concedidos não podem violar o princípio da isonomia, tampouco representar
subsídios injustificáveis para determinados agentes econômicos, devendo ser implementados para o setor,
não para terceiros ou para entes determinados.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Somente é possível haver monopólio do Estado sobre
determinada atividade econômica quando a Constituição Federal assim dispuser expressamente.

Somente pode ser instituído um novo monopólio estatal por meio de emenda à constituição.

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A alternativa C está incorreta. O monopólio estatal é um monopólio de direito (ou jurídico), tendo em vista
que decorre de determinação legal (no caso, decorre da CF), ao contrário do monopólio de fato (ou natural),
que decorre da atuação dos agentes privados na economia, seja em razão do poder econômico ou da maior
eficiência de um dos agentes ou pela ausência de competidores.

Não há vedação genérica ao monopólio natural no ordenamento jurídico brasileiro.

A alternativa D está incorreta. O monopólio convencional (aquele que ocorre mediante acordo entre os
agentes econômicos) é prática abusiva e configura infração à ordem econômica.

A alternativa E está incorreta. A Constituição permite a delegação desse serviço pelos Estados:

Art. 25 (...)

i 2| Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.

14. (CESPE / PGE-PI / 2014) Assinale a opção correta a respeito das disposições constitucionais que
regulam a intervenção do Estado no domínio econômico.
a) Nas hipóteses constitucionalmente previstas de exploração de atividade econômica diretamente pelo
Estado, essa atividade deverá ser exercida por meio das empresas estatais, ou seja, empresas públicas e
sociedades de economia mista.
b) Somente por lei específica poderá ser criada empresa pública ou sociedade de economia mista.
c) Às empresas estatais é permitido o exercício de atividade econômica em sentido estrito, sendo-lhes defeso
prestar serviços públicos.
d) A regulação de atividades econômicas pelo Estado é excepcional, admitida apenas quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou ao atendimento de relevante interesse coletivo.
e) A definição das hipóteses que configuram imperativos da segurança nacional ou relevante interesse
coletivo compete ao presidente da República, por meio de decreto presidencial, ouvido previamente o
Conselho da República.

Comentários

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. O Estado, quando atua diretamente na economia, o
faz por meio das empresas estatais, criadas após autorização legislativa:

Lei 13.303/2016:

Art. 2º A exploração de atividade econômica pelo Estado será exercida por meio de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de suas subsidiárias.

A alternativa B está incorreta. A criação de empresa pública ou sociedade de economia mista é autorizada
por lei e essas entidades são criadas pelo registro dos atos constitutivos no órgão de registro competente.
Não são criadas diretamente por lei.

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A alternativa C está incorreta. As empresas estatais podem ser tanto exploradoras de atividade econômica
em sentido estrito quanto prestadoras de serviços públicos.

A alternativa D está incorreta. É a intervenção direta do Estado na economia que é excepcional e se verifica
apenas quando a Constituição prevê ou quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou ao
atendimento de relevante interesse coletivo.

A regulação, forma de intervenção indireta do Estado na economia, pode ser utilizada de forma normal.

A intervenção direta do Estado na economia está prevista no art. 173, CF:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

A alternativa E está incorreta. Depende de lei:

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

15. (VUNESP / CM-CAIEIRAS-SP – Procurador / 2014) Ressalvados os casos previstos na própria


Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado
a) não será permitida.
b) será permitida exclusivamente às empresas públicas da União.
c) só será permitida às empresas públicas e às sociedades de economia mista em assuntos estratégicos para
o desenvolvimento do país.
d) só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
e) será permitida desde que as empresas públicas autorizadas a fazê-lo não recebam investimentos
estrangeiros.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Ver comentários da alternativa D.

A alternativa B está incorreta. Ver comentários da alternativa D.

A alternativa C está incorreta. Ver comentários da alternativa D.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A intervenção direta do Estado na economia está
prevista no art. 173, CF:

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Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

Conforme já estudamos neste curso, a intervenção direta do Estado na economia é medida excepcional,
fundamentada no princípio da subsidiariedade, e só pode ocorrer nos seguintes casos:

a) Quando expressamente previsto na Constituição Federal (ex.: exploração de atividades relacionadas


ao petróleo e ao gás natural – art. 177, CF);
b) Quando demonstrar imperativo de segurança nacional ou relevante interesse coletivo, conforme
definido em lei.

A alternativa E está incorreta. Ver comentários da alternativa D.

Outros

16. (FGV / CODEBA – Advogado / 2016) A fim de garantir a observância de determinados valores e
princípios norteadores, o Estado intervém, de forma legítima, no domínio econômico. A esse respeito,
assinale a afirmativa correta.
a) A atuação do Estado no domínio econômico se dá, unicamente, por meio de empresas públicas e
sociedades de economia mista, cuja criação somente será permitida quando necessário aos imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo.
b) As empresas públicas e as sociedades de economia mista só poderão gozar de privilégios fiscais não
extensivos às do setor privado quando necessário aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo.
c) O Estado, como agente normativo e regulador da atividade econômica, exercerá, na forma da lei, as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante e impositivo para os setores
público e privado.
d) A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, obedecerá, dentre
outros, aos princípios da soberania nacional, do dirigismo econômico e da redução das desigualdades
regionais e sociais.
e) O Estado, considerados os princípios gerais da ordem econômica, pode regular, por via legislativa, a
política de preços de bens e serviços de determinado segmento econômico.

Comentários

A alternativa A está incorreta. A intervenção do Estado na ordem econômica pode ocorrer por meio de duas
formas:

a) Direta: quando explora diretamente atividade econômica, produzindo bens e serviços (art. 173, CF);

A intervenção direta por absorção ocorre quando o Estado absorve atividades da iniciativa privada,
explorando-a de forma exclusiva. Já a intervenção direta por participação ocorre quando o Estado atua em
regime de competição com a iniciativa privada.

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b) Indireta: por meio de normas, regulação, fomento e repressão ao abuso do poder econômico (art.
174, CF).

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na
forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para
o setor público e indicativo para o setor privado.

A intervenção indireta pode ainda ser dividida em direção e indução.

i. Indireta por direção: o Estado edita regras de observância obrigatória e de incidência direta
nas relações econômicas públicas e privadas que, se foram descumpridas, ensejam sanções
negativas (ex.: normas editadas pelas agências reguladoras, tabelamento de preços etc.).
ii. Indireta por indução: o Estado edita regras instrumentais de incidência indireta na atividade
econômica que buscam incentivar ou desincentivar determinadas atividades, posturas ou
condutas.

A alternativa B está incorreta. Não podem gozar desses privilégios em qualquer hipótese quando
exploradoras de atividade econômica em sentido estrito:

Art. 173 (...)

i 2| As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios


fiscais não extensivos às do setor privado.

A alternativa C está incorreta. O planejamento é impositivo apenas para o setor público. Para o setor privado
ele é apenas indicativo:

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na
forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para
o setor público e indicativo para o setor privado.

A alternativa D está incorreta. Não há previsão do dirigismo econômico como princípio da ordem econômica
no art. 170, da CF.

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Características do tabelamento de preços de


atividades da iniciativa privada:

a) Excepcional;
b) Justificada e limitada no tempo;
c) Motivada pela efetivação de princípios da ordem econômica;
d) Objetiva corrigir falhas de mercado, remover risco à livre concorrência, garantir a defesa do
consumidor e reduzir as desigualdades sociais;
e) Impossibilidade de fixação de preços inferiores aos custos.

O STF, embora em decisão antiga, já entendeu que não é inconstitucional o tabelamento de preços quando
voltado a atender outros princípios importantes para a ordem econômica.

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LISTA DE QUESTÕES
Magistratura

1. (CESPE / TRF-5ª REGIÃO / 2015) Assinale a opção correta acerca do papel do Estado como agente
regulador e da competência para a atividade regulatória.
(A) Nas hipóteses em que admitido o monopólio estatal, não se autoriza a atribuição da exploração direta a
terceiro através de delegação.
(B) O Estado atua na ordem econômica como agente regulador do sistema econômico e como executor da
atividade econômica. Em qualquer das posições, deve ter em mira o interesse, direto ou indireto, da
coletividade.
(C) A prática do fomento é inconcebível na área pública por implicar tratamento diferenciado entre os
cidadãos.
(D) A Lei no 12.529/2011 regula a repressão ao abuso do poder econômico. As infrações nela previstas
aplicam-se a pessoas físicas ou jurídicas, de direito privado, admitindo desconsideração da pessoa jurídica e
exigindo demonstração da culpa.
2. (CESPE / TRF-5ª REGIÃO / 2015) Assinale a opção correta acerca do papel do Estado como agente
regulador e da competência para a atividade regulatória.
a) A regulação econômica exercida pelo Estado consiste na intervenção direta nos setores econômicos
considerados estratégicos para o desenvolvimento nacional, ora por meio de indução (incentivo e
planejamento), ora por meio de direção (fiscalização e controle).
b) Apenas duas agências reguladoras brasileiras possuem previsão constitucional específica: a ANATEL e a
ANP
c) As empresas estatais que exercem atividade econômica em regime de monopólio sujeitam-se às normas
de regulação do setor correspondente, estando isentas, porém, da aplicação de penalidades.
d) No Brasil, diferentemente das agencies do direito norte-americano, cujos atos não se submetem ao judicial
review, as agências reguladoras estão submetidas ao controle jurisdicional de seus atos, da mesma forma
que quaisquer outros órgãos estatais.
e) Predomina no Brasil a modalidade regulatória denominada autorregulação, na qual o agente estatal
assume as funções de normatização, fiscalização e fomento dos setores econômicos.
3. (CESPE / TRF-1ª REGIÃO / 2013) No que se refere à intervenção do Estado no domínio econômico,
assinale a opção correta.
a) As reservas do setor público, modalidade de atuação governamental, compreendem a edição de normas
de conteúdo financeiro ou fiscal por meio das quais o Estado impulsiona medidas de fomento ou de
dissuasão da atividade econômica.
b) Na regulação cultural, um dos tipos de atuação estatal nos diversos setores da economia, o Estado
intervém no interesse público definindo padrões para a segurança e desestimulando a exploração de fatores
de produção potencialmente poluentes.

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c) No Estado intervencionista socialista, a ingerência estatal na atividade econômica visa garantir a efetivação
de políticas de caráter assistencialista na sociedade, de modo que os notadamente hipossuficientes sejam
providos em suas necessidades básicas.
d) As falhas de mercado que ensejam a regulação estatal das atividades econômicas, como forma de
intervenção indireta, incluem a assimetria informativa.
e) Constitui intervenção indireta a atuação do Estado como empresário, situação em ele se compromete com
a atividade produtiva e assume a gestão de empresas privadas, conforme os interesses de ordem social.
4. (CESPE / TRF-2ª REGIÃO / 2011) No que se refere à intervenção do Estado no domínio econômico,
assinale a opção correta.
a) A jurisprudência dos tribunais superiores pacificou-se no sentido de que o serviço postal > conjunto de
atividades que torna possível o envio de correspondência ou objeto postal de um remetente para endereço
final e determinado > consubstancia atividade econômica em sentido estrito, de forma que o monopólio
postal do Estado, previsto expressamente na CF, não pode ser relativizado.
b) Verifica-se, na CF, a opção por sistema econômico voltado primordialmente para a livre-iniciativa, o que
legitima a assertiva de que o Estado só deve intervir na economia em situações excepcionais, quando
necessário aos imperativos da segurança nacional ou de relevante interesse coletivo.
c) A proteção à segurança nacional autoriza o Estado a deter o controle de determinadas atividades
econômicas para a garantia da soberania e da independência da Nação, tais como o da exploração de
minérios portadores de energia atômica e o de combustíveis fósseis, sendo o conceito de segurança nacional
eminentemente jurídico e determinado em lei de forma taxativa.
d) O poder constituinte derivado reformador alterou o texto original da CF, no que se refere à disciplina dos
monopólios estatais em relação aos combustíveis fósseis derivados, e permitiu a contratação, por parte da
União, de empresas estatais ou privadas para as atividades relacionadas ao abastecimento de petróleo.
e) A Emenda Constitucional n.º 49/2006 exclui do monopólio da União a pesquisa, a lavra, o enriquecimento,
o reprocessamento, a produção, a comercialização e a utilização de minérios e minerais nucleares e seus
derivados, como, por exemplo, os radioisótopos de meia-vida curta, para usos médicos, agrícolas e
industriais.
5. (CESPE / TJ-DFT / 2014) Acerca da intervenção do Estado no domínio econômico, assinale a opção
correta de acordo com o entendimento jurisprudencial mais recente do STF e do STJ.
a) Lei municipal que impeça a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada
área ofende o princípio constitucional da livre concorrência.
b) Lei municipal que estabeleça horário de funcionamento de estabelecimento comercial ofende o princípio
constitucional da livre concorrência.
c) Lei federal que estabeleça horário de funcionamento bancário ofende o princípio constitucional da livre
concorrência.
d) Lei federal que imponha passe livre para deficientes físicos comprovadamente carentes a empresas
prestadoras de serviço de transporte interestadual fere o princípio da livre iniciativa.
e) A ocorrência de dano a empresa em virtude de intervenção do Estado na economia, por meio de plano
econômico que estabeleça congelamento de preços, não gera direito à indenização, visto que é dever do
Estado intervir na economia para garantir a ordem econômica.

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Defensor

6. (UFMT / DPE-MT / 2016) Na Europa ou na América Latina, a atividade reguladora estatal ganhou
força a partir da segunda metade do século XX, num quadro relacionado a políticas inspiradas na
redefinição do papel do Estado. Implementaramse programas de desestatização que privilegiaram a
atividade privada, em detrimento da atuação direta do Estado em setores diversos, abrangendo áreas
relacionadas a serviços considerados de interesse social. (CARVALHO, C. E. V. de. Regulação de serviços
públicos: na perspectiva da constituição econômica brasileira. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2007.)
Assinale a afirmativa relacionada ao sentido social atribuído à atividade regulatória estatal por construção
doutrinária.
a) Os objetivos sociais da atividade reguladora estatal devem ser dissociados de seus objetivos econômicos,
a fim de garantir a consecução de interesses que não podem ser atingidos por meio da livre concorrência.
b) Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este indicativo para os setores público e privado.
c) A disciplina reguladora exercida pelo Estado conduz à maior eficiência produtiva ou alocativa, se
comparada às soluções próprias e espontâneas do mercado.
d) As políticas regulatórias de caráter redistributivo, além dos objetivos econômicos de estímulo à
concorrência e à eficiência, visam implementar metas sociais como a universalização do acesso a serviços
essenciais.
e) Quando o Estado não atua diretamente no mercado como produtor de bens e serviços, a regulação
funciona como um mecanismo para corrigir falhas de mercado e estabelecer um regime concorrencial.

Procurador

7. (CESPE / TCE-RO – Procurador do MPC / 2019) Grandes empresas vão manter preços de produtos
essenciais e não haverá aumento das tarifas de serviços públicos este ano.
BUENOS AIRES ) O governo argentino anunciou nesta quarta-feira um pacote de medidas para conter o
crescimento da inflação do país e reativar o consumo em meio a uma grave crise. O pilar central está em
congelar preços de produtos essenciais e de serviços públicos. Argentina anuncia congelamento de preços
para conter a inflação e estimular consumo. In: O Globo, 17/4/2019.
Nessa situação, o pilar central da política econômica argentina informado na notícia veiculada constitui
intervenção
a) direta na ordem econômica, sob a forma de absorção.
b) direta na ordem econômica, sob a forma de participação.
c) indireta na ordem econômica, sob a forma de direção.
d) indireta na ordem econômica, sob a forma de indução.
e) indireta na ordem econômica, sob a forma de absorção.
8. (CESPE / PGE-MT / 2016) Ao atuar como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado dispõe de variados meios de intervenção, com vistas a propiciar o desenvolvimento nacional
equilibrado. NÃO é considerada uma intervenção válida

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a) o estabelecimento, por lei federal, de monopólio do serviço postal.


b) a fixação, por lei estadual, de piso salarial regional, no tocante às categorias que não tenham esse mínimo
estabelecido em lei federal, convenção ou acordo coletivo.
c) a criação, por lei federal, de passe livre em favor de deficientes físicos, no transporte interestadual.
d) a limitação, por lei municipal, de número de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em
determinada área.
e) a fixação, por lei municipal, de horário para funcionamento de estabelecimentos comerciais.
9. (FCC / PGM-SÃO LUÍS-MA / 2016) Não é inusitado dentre os países da América do Sul passar por
graves crises econômicas, experimentando trajetória de alta dos preços de produtos de consumo em
massa, o que ocasiona aumento das expectativas inflacionárias. Alguns países, como a Argentina, já
adotaram a política de congelamento como estratégia para conter a disparada inflacionária, controlando
as revisões de tarifas e preços, gerando sucessivas e cumulativas perdas para produtores. Considere que
essa seja uma conduta adotada no Brasil, de modo que a Administração pública federal, pelas vias
legalmente previstas, impeça repasse de perdas inflacionárias e aumentos reais de preços nos produtos
da cesta básica, bem como que congele tarifas de serviços públicos. Sob o prisma dos envolvidos na
produção, distribuição ou comercialização dos referidos produtos e serviços, com base no ordenamento
jurídico pátrio,
a) não cabe responsabilização extracontratual da Administração pública, tendo em vista que, em matéria de
intervenção na ordem econômica, mesmo medidas que imponham prejuízos aos administrados se legitimam
caso tenham sido legalmente implementadas.
b) para que possa se configurar responsabilidade objetiva da Administração pública é necessário demonstrar
que as medidas adotadas foram especiais, desproporcionais e extraordinárias, o que implica no dever de
indenizar em razão da conduta, prescindindo da demonstração dos danos.
c) deve haver responsabilização da Administração pública, sob a modalidade objetiva pura, tendo em vista
que lhe é vedado intervir na ordem econômica, funcionando o princípio da livre regulação de mercado.
d) pode haver responsabilização da Administração pública, sob a modalidade subjetiva, cabendo ao
prejudicado demonstrar a ocorrência de culpa do serviço público.
e) é possível se configurar responsabilidade objetiva da Administração pública, mesmo diante do cenário de
atuação lícita, posto que dessa podem ter advindo danos extraordinários, excedendo o limite do sacrifício
que poderia ser imposto aos administrados.
10. (ESAF / PGFN / 2015) No concernente à intervenção do Estado no domínio econômico, indique a
opção incorreta.
a) Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, o serviço postal não consubstancia atividade
econômica em sentido estrito, porquanto se trata de exclusividade na prestação de serviços, denotando,
assim, situação de privilégio.
b) Na intervenção por absorção ou participação o Estado atua como agente econômico.
c) O Estado, por meio da intervenção por direção, utiliza-se de comandos imperativos que, se forem
descumpridos, sujeitam o infrator a sanções negativas.
d) A exploração de atividade econômica pelas empresas públicas e sociedades de economia mista constitui
intervenção estatal indireta no domínio econômico.

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e) A atividade econômica em sentido amplo é gênero que compreende duas espécies, o serviço público e a
atividade econômica em sentido estrito.
11. (NC-UFPR / PGM-CURITIBA-PR / 2015) O Município X, por meio de sua administração, almeja
socorrer economicamente certo setor econômico local mediante a doação de bem imóvel para
acomodação de indústria alimentícia e, na sequência, favorecê-la com isenções tributárias. Com a adoção
dessas medidas de estímulo às atividades privadas, o Administrador almeja gerar empregos, melhorar a
renda da população e o consumo e, consequentemente, a arrecadação de tributos, a fim de investir na
infraestrutura municipal. A respeito do caso acima, é correto afirmar que se trata de exemplo de atividade:
a) de fomento direto e indireto e também de prestação de serviço público.
b) de fomento direto positivo e indireto negativo.
c) de fomento econômico direto e indireto.
d) resultante de renúncia de receita, na modalidade de fomento direto.
e) de subvenção geral, envolvendo fomento direto e indireto.
12. (PGR / PGR / 2015) AS AGÊNCIAS REGULADORAS FORAM CRIADAS COM A FINALIDADE DE
NORMATIZAR OS MERCADOS ECONÔMICOS E EQUILIBRAR AS RELAÇÕES ENTRE OS AGENTES. COM
FUNDAMENTO NA LEI, NA DOUTRINA ESPECIALIZADA E NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL PODE-SE AFIRMAR QUE:
a) A independência das agências reguladoras é mitigada pelo controle de juridicidade prévio exercido pelas
suas procuradorias, que são vinculadas a Advocacia-Geral da União; pela possibilidade de reexame “a
posteriori” de seus atos pelo Poder Judiciário; pela vinculação de seu poder normativo a lei; e, pelo controle
financeiro realizado pelo Tribunal de Contas;
b) A autonomia financeira e administrativa das agências se caracterizam pela liberdade de gestão, sendo-
lhes permitido arrecadar receitas próprias e organizar suas despesas, sem ingerência dos Poderes Executivo
ou Legislativo nos aspectos financeiros e contábeis das despesas relativas as atividades meio e fim;
c) O sistema constitucional brasileiro não adota o princípio da deslegalização. Nesse sentido, o Supremo
Tribunal Federal declarou inconstitucional o poder normativo delegado as Agências reguladoras, impedindo-
as de editar atos que normatizem obrigações a serem observadas pelos entes que compõem o mercado
regulado;
d) No plano Federal as agências reguladoras estão previstas no texto constitucional e foram constituídas
como autarquias, integrantes da administração direta, vinculadas a Presidência da República, com
subordinação hierárquica entre elas e o Ministério competente para tratar da respectiva atividade.
13. (CESPE / PGE-PI / 2014) No que concerne à intervenção do Estado no domínio econômico, assinale
a opção correta.
a) É vedada ao Estado a outorga de privilégios a particulares como forma de fomento da atividade
econômica.
b) As hipóteses de monopólio estatal estão previstas expressamente na CF, não se admitindo a ampliação
dessas hipóteses por legislação infraconstitucional.
c) Vedado pela CF e pela Lei de Defesa da Concorrência, o monopólio natural ocorre quando um setor da
economia é dominado por um único agente econômico, em razão da exploração patenteada e exclusiva de
determinado fator de produção.

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d) O monopólio convencional não pode ser objeto de intervenção do Estado, por não constituir prática
abusiva.
e) Ao passo que garante aos estados o monopólio dos serviços locais de gás canalizado, a CF veda a delegação
da prestação desses serviços a terceiros por meio de concessão.
14. (CESPE / PGE-PI / 2014) Assinale a opção correta a respeito das disposições constitucionais que
regulam a intervenção do Estado no domínio econômico.
a) Nas hipóteses constitucionalmente previstas de exploração de atividade econômica diretamente pelo
Estado, essa atividade deverá ser exercida por meio das empresas estatais, ou seja, empresas públicas e
sociedades de economia mista.
b) Somente por lei específica poderá ser criada empresa pública ou sociedade de economia mista.
c) Às empresas estatais é permitido o exercício de atividade econômica em sentido estrito, sendo-lhes defeso
prestar serviços públicos.
d) A regulação de atividades econômicas pelo Estado é excepcional, admitida apenas quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou ao atendimento de relevante interesse coletivo.
e) A definição das hipóteses que configuram imperativos da segurança nacional ou relevante interesse
coletivo compete ao presidente da República, por meio de decreto presidencial, ouvido previamente o
Conselho da República.
15. (VUNESP / CM-CAIEIRAS-SP – Procurador / 2014) Ressalvados os casos previstos na própria
Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado
a) não será permitida.
b) será permitida exclusivamente às empresas públicas da União.
c) só será permitida às empresas públicas e às sociedades de economia mista em assuntos estratégicos para
o desenvolvimento do país.
d) só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
e) será permitida desde que as empresas públicas autorizadas a fazê-lo não recebam investimentos
estrangeiros.

Outros

16. (FGV / CODEBA – Advogado / 2016) A fim de garantir a observância de determinados valores e
princípios norteadores, o Estado intervém, de forma legítima, no domínio econômico. A esse respeito,
assinale a afirmativa correta.
a) A atuação do Estado no domínio econômico se dá, unicamente, por meio de empresas públicas e
sociedades de economia mista, cuja criação somente será permitida quando necessário aos imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo.
b) As empresas públicas e as sociedades de economia mista só poderão gozar de privilégios fiscais não
extensivos às do setor privado quando necessário aos imperativos da segurança nacional ou a relevante
interesse coletivo.

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c) O Estado, como agente normativo e regulador da atividade econômica, exercerá, na forma da lei, as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante e impositivo para os setores
público e privado.
d) A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, obedecerá, dentre
outros, aos princípios da soberania nacional, do dirigismo econômico e da redução das desigualdades
regionais e sociais.
e) O Estado, considerados os princípios gerais da ordem econômica, pode regular, por via legislativa, a
política de preços de bens e serviços de determinado segmento econômico.

GABARITO
Magistratura

1. B
2. B
3. D
4. D
5. A

Defensor

6. D

Procurador

7. C
8. D
9. E
10. D
11. C
12. A
13. B
14. A
15. D

Outros

16. E

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