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Aula 25

Magistratura
Estadual - Direito
Processual Civil

Autor
Prof.: Rodrigo Vaslin 11 de Abril de 2023
Estratégia Carreira Jurídica
Magistratura Estadual - Direito Processual Civil - Prof.: Rodrigo Vaslin

Sumário
Considerações Iniciais ........................................................................................................................................ 7

Impugnações às Decisões Judiciais .................................................................................................................... 8

1 – Introdução ................................................................................................................................................ 8

2.1 - MS contra ato judicial ............................................................................................................................................. 10

3 - Sucedâneos Recursais ............................................................................................................................. 17

3.1 – Remessa Necessária............................................................................................................................................... 17

3.2 - Correição Parcial ..................................................................................................................................................... 33

3.3 – Pedido de Reconsideração..................................................................................................................................... 34

3.4 - Suspensão de Liminar, Sentença, Acórdão............................................................................................................. 35

4 – Recursos.................................................................................................................................................. 45

4.1 - Voluntariedade ....................................................................................................................................................... 46

4.2 - Expressa previsão em lei federal ............................................................................................................................ 46

4.3 - Mesmo processo .................................................................................................................................................... 48

4.4 - Manejável pelas partes, terceiros prejudicados e Ministério Público.................................................................... 49

4.5 - Com o objetivo de reformar, anular, integrar ou esclarecer a decisão judicial ..................................................... 49

4.5.6 – Decisão judicial ................................................................................................................................................... 52

Princípios .......................................................................................................................................................... 65

1 – Princípio do Duplo Grau de Jurisdição .................................................................................................... 65

2 – Princípio da Taxatividade ....................................................................................................................... 68

3 – Princípio da Singularidade (Unirrecorribilidade) .................................................................................... 70

4 – Princípio da Voluntariedade ................................................................................................................... 74

5 – Princípio da Dialeticidade ....................................................................................................................... 75

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6 – Princípio da Fungibilidade ...................................................................................................................... 76

7 – Princípio da Proibição da Reformatio in Pejus ....................................................................................... 79

8 – Princípio da Complementaridade ........................................................................................................... 84

9 – Consumação ........................................................................................................................................... 86

10 – Primazia do Julgamento do Mérito Recursal ....................................................................................... 86

10.1 - 1º ponto................................................................................................................................................................ 87

10.2 - 2º ponto................................................................................................................................................................ 87

10.3 - 3º ponto................................................................................................................................................................ 93

10.4 - 4º ponto................................................................................................................................................................ 93

Classificações dos Recursos ............................................................................................................................. 94

1 – Quanto ao Objeto Imediato ................................................................................................................... 94

2 – Quanto à Fundamentação (Causa de Pedir) .......................................................................................... 94

3 – Quanto à Extensão da Matéria .............................................................................................................. 95

4 - Quanto à Autonomia............................................................................................................................... 96

4.1 - Recurso Adesivo ..................................................................................................................................................... 96

Efeitos............................................................................................................................................................. 101

1 – Efeito Obstativo .................................................................................................................................... 101

2 – Efeito Devolutivo .................................................................................................................................. 101

3 – Efeito Suspensivo .................................................................................................................................. 109

4 – Efeito Expansivo ................................................................................................................................... 114

5 – Efeito Substitutivo ................................................................................................................................ 118

6 – Efeito Regressivo .................................................................................................................................. 119

7 – Efeito Diferido ....................................................................................................................................... 121

Juízos de Admissibilidade e de Mérito ........................................................................................................... 121

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1 - Introdução ............................................................................................................................................. 121

2 – Regras Gerais sobre Juízo de Admissibilidade ...................................................................................... 127

2.1 - Norma Cogente .................................................................................................................................................... 127

2.2 - Competência......................................................................................................................................................... 127

2.3 - Revogação ............................................................................................................................................................ 128

2.4 - Pendências............................................................................................................................................................ 129

2.5 – Juízo de Admissibilidade e Fundamentação ........................................................................................................ 129

2.5 – Natureza Jurídica ................................................................................................................................................. 130

2.7 – Classificações ....................................................................................................................................................... 131

3 – Requisitos Intrínsecos ........................................................................................................................... 133

3.1 - Cabimento ............................................................................................................................................................ 133

3.2 - Legitimidade Recursal........................................................................................................................................... 139

3.3 - Interesse Recursal................................................................................................................................................. 146

3.4 - Inexistência de fatos impeditivos/extintivos ........................................................................................................ 157

4 – Requisitos Extrínsecos .......................................................................................................................... 171

4.1 - Tempestividade .................................................................................................................................................... 171

4.2 - Regularidade Formal ............................................................................................................................................ 201

4.3 - Preparo ................................................................................................................................................................. 205

5 – Juízo de Mérito ..................................................................................................................................... 212

5.1 - Reformar............................................................................................................................................................... 213

5.2 - Invalidar ................................................................................................................................................................ 213

5.3 - Esclarecer.............................................................................................................................................................. 214

5.4 - Integrar ................................................................................................................................................................. 214

Recursos em Espécie ...................................................................................................................................... 215

1 - Introdução ............................................................................................................................................. 215

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2 - Apelação................................................................................................................................................ 216

2.1 - Noções Gerais ....................................................................................................................................................... 216

2.2 - Procedimento ....................................................................................................................................................... 221

2.3 – Novas Questões de Fato ...................................................................................................................................... 230

3 – Agravo de Instrumento......................................................................................................................... 232

3.1 - Introdução ............................................................................................................................................................ 232

3.2 – Rol do art. 1.015, CPC .......................................................................................................................................... 237

3.3 – Procedimento ...................................................................................................................................................... 259

4 – Agravo Interno...................................................................................................................................... 271

4.1 - Cabimento ............................................................................................................................................................ 271

4.2 – Prazo .................................................................................................................................................................... 279

4.3 – Procedimento ...................................................................................................................................................... 282

5 – Embargos de Declaração ...................................................................................................................... 286

5.1 – Natureza Jurídica ................................................................................................................................................. 286

5.2 – Cabimento............................................................................................................................................................ 287

5.3 – Procedimento ...................................................................................................................................................... 300

5.4 – Efeito Interruptivo ............................................................................................................................................... 303

5.5 – Efeito Modificativo .............................................................................................................................................. 306

5.6 – Embargos Protelatórios ....................................................................................................................................... 307

5.7 – Natureza da Decisão dos Embargos..................................................................................................................... 309

5.8 – Embargos de Declaração e Prequestionamento ................................................................................................. 310

6 – Recurso Ordinário ................................................................................................................................. 311

6.1 - Introdução ............................................................................................................................................................ 311

6.2 - Cabimento ............................................................................................................................................................ 314

7 – Recurso Extraordinário e Recurso Especial .......................................................................................... 317

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7.1 - Introdução ............................................................................................................................................................ 317

7.2 – Recurso Especial .................................................................................................................................................. 317

7.3 – Recurso Extraordinário ........................................................................................................................................ 333

7.4 – Aspectos Procedimentais Comuns ao RE e REsp ................................................................................................. 350

8 – Agravo em Recurso Extraordinário ou Especial ................................................................................... 371

8.1 - Cabimento ............................................................................................................................................................ 371

8.2 - Procedimento ....................................................................................................................................................... 374

8.3 - Julgamento ........................................................................................................................................................... 375

9 – Embargos de Divergência ..................................................................................................................... 378

9.1 - Cabimento ............................................................................................................................................................ 378

9.2 - Procedimento ....................................................................................................................................................... 383

Legislação Destacada ..................................................................................................................................... 386

Resumo........................................................................................................................................................... 407

Considerações Finais ...................................................................................................................................... 408

Questões Comentadas ................................................................................................................................... 408

Questões Comentadas ................................................................................................................................... 490

Gabarito.......................................................................................................................................................... 512

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IMPUGNAÇÕES ÀS DECISÕES JUDICIAIS


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá pessoal, como vão os estudos do Direito Processual Civil?

Lembrem-se de que estou sempre à disposição no fórum de dúvidas, pelo instagram e por e-mail.

E-mail: rodrigovaslin@gmail.com

Instagram: rodrigovaslin

Vamos continuar?

Nossa matéria da aula de hoje envolve tudo sobre Recursos.

Toda ela perpassará, como de costume, pela legislação, doutrina, jurisprudência e questões de concursos
públicos.

FONTES

Legislação - Novo Jurisprudência Muitas questões


CPC e leis Doutrina relevante do STF e de concursos
especiais. do STJ. públicos

Como disse nas aulas anteriores, ao iniciar os estudos de certa matéria no Processo Civil, é interessante,
primeiro, localizar onde o referido assunto se enquadra dentro da divisão do próprio código, comparado
com o Código de 1973.

Vamos visualizar onde o tema desta aula se encontra?

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CPC 1973 CPC 2015 (entrou em vigor 18/03/2016 – Enunciado


Administrativo n. 1, STJ)
Livro I: Do Processo de Conhecimento (arts. 1º ao Parte geral:
565); Livro I – Das Normas Processuais (arts. 1º ao 15);
Livro II – Do Processo de Execução (arts. 566 ao 795); Livro II – Da Função Jurisdicional (arts. 16 ao 69);
Livro III – Do Processo Cautelar (arts. 796 ao 889); Livro III – Dos Sujeitos do Processo (arts. 70 ao 187);
Livro IV – Procedimentos Especiais (arts. 890 ao Livro IV – Dos Atos Processuais (arts. 188 ao 293)
1.210); Livro V – Da Tutela Provisória (arts. 294 ao 311)
Livro V – Das Disposições Finais e Transitórias (arts. Livro VI – Da Formação, Suspensão e Extinção do
1.211 ao 1.220). Processo (arts. 312 ao 317);
Parte Especial:
Livro I: Do Processo de Conhecimento e do
Cumprimento de Sentença (arts. 318 ao 770);
Livro II: Do Processo de Execução (arts. 771 ao 925);
Livro III: Do Processo nos Tribunais e dos Meios de
Impugnação das Decisões Judiciais (arts. 926 ao
1.044);
Livro Complementar: Disposições Finais e Transitórias
(arts. 1.045 a 1.072).

A aula abordará não só os artigos 994 a 1.044, mas também todos os outros dispositivos que lhe forem
correlatos, bem como a doutrina e jurisprudência por detrás das temáticas.

Em termos de estrutura, a aula será composta dos seguintes capítulos:

Impugnações às Juízos de
Decisões Princípios Classificações Efeitos Admissibilidade
Judiciais e de Mérito

Recursos em Legislação Considerações


Resumo Questões
Espécie Pertinente Finais

Mas Professor, esses temas caem em prova? Sim. Faremos dezenas de questões nesta aula.

IMPUGNAÇÕES ÀS DECISÕES JUDICIAIS

1 – INTRODUÇÃO
Dentro do tema “impugnação às decisões judiciais”, há algumas espécies:

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1ª corrente (Daniel Assumpção1): Divide as espécies em recurso e sucedâneos recursais.

i- Recurso

É aquele remédio voluntário, previsto em lei federal, manejável pelas partes, terceiros prejudicados e
Ministério Público, desenvolvido no mesmo processo, com o objetivo de reformar, anular, integrar ou
esclarecer a decisão judicial.

ii- Sucedâneos2 Recursais

Conceito obtido por exclusão, são aqueles que não possuem uma ou mais das 5 características grifadas
acima.

A fim de categorizá-los, Assumpção os divide em internos e externos, com base na necessidade ou não de
criação de um novo processo.

Desta sorte, sucedâneo interno não exige a formação de um novo processo, mas se separa do conceito de
recurso pelo não preenchimento de uma das outras 4 características.

Ex1: Remessa necessária/reexame necessário não preenche, sobretudo, a característica da voluntariedade.

Ex2: Correição Parcial não está prevista em Lei federal, tendo natureza administrativa e não judicial.

Ex3: Pedido de Reconsideração não é recurso, pois não está previsto em lei, sendo uma construção
jurisprudencial.

Já os sucedâneos externos, também chamados por Assumpção de ações autônomas de impugnação,


afastam-se do conceito de recurso porquanto exigem a formação de um novo processo.

Ex1: ação rescisória;

Ex2: ação anulatória;

Ex3: ação de querela nullitatis;

Ex4: reclamação constitucional;

Ex5: mandado de segurança contra decisão judicial e embargos de terceiro.

1
Op. Cit., p. 1.444.
2
O próprio substantivo “sucedâneo” significa: qualquer substância ou produto que pode substituir outro por apresentar
aproximadamente as mesmas propriedades.
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2ª corrente (doutrina majoritária3): Divide as espécies em ações autônomas de impugnação, sucedâneos


recursais e recursos.

Vejamos mais detalhadamente cada uma delas.

2 - Ação Autônoma de Impugnação4

É uma espécie de impugnação judicial que se desenvolve num processo novo, diferentemente do recurso,
que se desenvolve no mesmo processo.

Ex1: ação rescisória;

Ex2: ação anulatória;

Ex3: ação de querela nullitatis;

Ex4: reclamação constitucional;

Ex5: embargos de terceiro;

Ex6: mandado de segurança contra decisão judicial.

Já abordamos em aulas próprias todas, salvo o mandado de segurança contra ato judicial.

2.1 - MS contra ato judicial

Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de


caução;

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

III - de decisão judicial transitada em julgado.

Parágrafo único. (VETADO)

O que impede a impetração, em todos os casos, é a falta de interesse de agir.

3
É a corrente que iremos adotar em prova.
4
Enquanto Daniel Assumpção coloca as ações autônomas de impugnação como sinônimas de sucedâneos recursais externos, a 2ª
corrente a adota como uma espécie à parte.
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Nos dois primeiros casos, está ausente a necessidade e, no terceiro caso, falta a adequação da via eleita no
caso da decisão transitada em julgado, em que será cabível ação rescisória.

Vejamos especificamente o inciso II.

Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:

II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

Ora, se é possível interpor recurso e prolongar a ineficácia da decisão (pelo efeito suspensivo), não há razão
para o mandado de segurança.

Numa interpretação literal do inciso II, se não cabe MS da decisão da qual caiba recurso com efeito
suspensivo, deveríamos concluir, a contrario sensu, que seria cabível MS contra decisão judicial impugnável
por recurso sem efeito suspensivo.

Mas essa conclusão está incorreta. Esse inciso II diz menos do que deveria.

Mesmo nos casos de cabimento de recurso sem efeito suspensivo, a regra é não caber mandado de
segurança.

Até porque, nos casos de recurso sem efeito suspensivo, este pode ser concedido pelo relator, a depender
do caso, se preenchidos os requisitos necessários.

Art. 995, Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do
relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou
impossível reparação, E ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Assim, somente se admite MS contra ato judicial em situações excepcionalíssimas, mais propriamente em
situações teratológicas, abusivas que possam gerar dano irreparável, desde que não seja possível a
interposição de recurso passível de atribuição de efeito suspensivo (AgRg no MS 17.857-DF, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima, julgado em 7/11/2012 - informativo 508).

Embora a súmula tenha surgido antes da lei, entende-se que a súmula prevalece.

Súmula 267, STF: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
correição.

Dessa súmula, conclui-se que só cabe MS contra ato judicial irrecorrível.

MS 16.042-‐DF, STJ: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DA CORTE ESPECIAL. A Corte Especial


extinguiu, sem resolução do mérito, mandado de segurança impetrado contra acórdão da própria
Corte Especial, por entender incabível o manejo do writ nessa hipótese. A decisão fundamentou-‐
se no fato de que, caso o mandamus fosse conhecido, haveria confusão entre autoridade coatora
e órgão julgador e, por conseguinte, não haveria verticalidade entre as duas posições, o que é
necessário para a apreciação do remédio constitucional. Isso é o que decorre da
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interpretação do art. 11, IV, do RISTJ, que prevê a possibilidade de impetração de mandado de
segurança e habeas data contra ato de relator ou órgão fracionário do Tribunal, que serão
processados e julgados pela Corte Especial. Além disso, foi reiterado o entendimento de que “não
cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição” (Sum. n.
267/STF), já que o acórdão proferido pela Corte Especial pode ser objeto de recurso
extraordinário. Por fim, ficou ressalvada a hipótese de impetração contra ato judicial
manifestamente ilegal ou teratológico, o que não se configurou nos autos. Precedentes citados:
AgRg no MS 11.558-‐ES, DJ 1º/8/2006; RMS 30.328-‐PR, DJe 26/4/2010, e RMS 26.937-‐
BA, Dje 23/10/2008. MS 16.042-‐DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 15/2/2012.

Nesse caso, o STJ entendeu que haveria uma confusão entre autoridade coatora e autoridade julgadora. Com
efeito, quando se trata de ato do Colegiado da Corte Especial, não é possível o manejo do writ. Só é possível
esta via quando se tratar de decisão de apenas um membro do tribunal, ocasião na qual o MS será julgado
pelo Colegiado.

Nesse caso, como não cabe MS, a parte vai ter que interpor recurso extraordinário.

Obs1: Em caso excepcional, o STJ já admitiu MS contra decisão judicial recorrível.

O julgado abaixo trata da possibilidade de MS em execuções fiscais com valores inferiores a 50 OTN’s, caso
em que não cabe apelação, mas apenas embargos infringentes.

O entendimento foi de que, como esses embargos são apenas um pedido de reconsideração e a
probabilidade de êxito na interposição de recurso extraordinário da decisão dos embargos é bem diminuta,
abre-se espaço para o cabimento do MS.

RMS 31.380-‐SP, STJ: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CABIMENTO DE MANDADO DE SEGURANÇA.


DESPROVIMENTO DE EMBARGOS INFRINGENTES EM EXECUÇÃO FISCAL. É cabível a impetração
de mandado de segurança contra decisão que nega provimento a embargos infringentes para
manter a extinção da execução fiscal de valor inferior a 50 ORTNs. O mandado de segurança é
remédio constitucional destinado a sanar ou a evitar ilegalidades que acarretem violação de
direito líquido e certo do impetrante. Trata-‐se de ação submetida a um rito especial, cujo
objetivo é proteger o indivíduo contra abusos praticados porautoridades públicas ou por agentes
particulares no exercício de atribuições delegadas pelo ente público. Quando a ilegalidade deriva
de ato judicial, não se admite o writ nos casos em que há recurso passível de impugnar a decisão
combatida, a teor do que dispunha o art. 5º, II, da Lei n. 1.533/1951 e a Súm. n. 267/STF.
Entretanto, não se deve atribuir caráter absoluto a essa vedação. A interpretação que melhor se
coaduna com a finalidade da ação mandamental é a que admite a impetração sempre que não
houver recurso útil a evitar ou reparar lesão a direito líquido e certo do impetrante. No caso,
contra a decisão proferida nos embargos infringentes previstos no art. 34 da Lei n. 6.830/1980,
apenas seria possível a interposição de recurso extraordinário, o qual se destina a apreciar
violação dos dispositivos da Constituição Federal. Dessa forma, não havendo recurso passível de
sanar a ilegalidade, devem ser mitigados os rigores da Súm. n. 267/STF para considerar cabível a
ação mandamental. Precedentes citados: RMS 31.380-‐SP, DJe 16/6/2010; RMS 33.199-‐SP, DJe
16/3/2011, e RMS 35.136-‐SP, DJe 14/9/2011). RMS 31.681-‐SP, Rel. Min. Castro Meira, julgado
em 18/10/2012.
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Obs2: Se somente caberá MS contra ato judicial irrecorrível, como fica a situação de decisão
interlocutória (que é irrecorrível) prolatada em juizado especial estadual (L.9099/955)?

Para o STF, não caberá MS nas decisões interlocutórias dos juizados, uma vez que os princípios norteadores
são a celeridade, oralidade, informalidade. O máximo que poderá ser admitido é um pedido de
reconsideração.

Na mesma linha, o STJ tem negado a possibilidade de MS contra interlocutória em juizados.

Apenas excepcionalmente tem admitido MS contra decisão de juizado especial para discutir competência.

1. A extinção, sem resolução de mérito, do mandado de segurança originário de Tribunal


encontra-se abrangida pela expressão "decisão denegatória" prevista no artigo 105, inciso II,
alínea "b", da Constituição da República de 1988, razão pela qual cabível o recurso ordinário
constitucional contra o respectivo acórdão. Precedentes.

2. Revela-se cabível a impetração de mandado de segurança, no âmbito da Justiça Comum,


para realizar o controle da competência dos Juizados Especiais, ressalvada a autonomia quanto
ao mérito das demandas desse segmento jurisdicional. Precedente da Corte Especial: RMS
17.524/BA, Rel. Ministra Nancy Andrighi, julgado em 02.08.2006, DJ 11.09.2006.

3. Como exceção à regra geral que veda o manejo de mandado de segurança contra decisão
judicial com trânsito em julgado (artigo 5º, inciso III, da Lei 12.016/2009 e Súmula 268/STF),
sobressai a orientação jurisprudencial desta Corte, segundo a qual se admite a impetração do
writ frente aos Tribunais de Justiça dos Estados, para o exercício do controle da competência dos
Juizados Especiais, ainda que não mais caiba recurso em face do provimento jurisdicional a ser
anulado, "sob pena de se inviabilizar ou, ao menos, limitar, esse controle, que, nos processos não
submetidos ao Juizado Especial, se faz possível por intermédio da ação rescisória" (RMS
30.170/SC, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 05.10.2010, DJe
13.10.2010).

4. Na hipótese ora em foco, verifica-se o cabimento da ação mandamental proposta na origem,


em que a pretensão da impetrante (entidade de previdência privada, operadora de plano de
saúde coletivo sob a modalidade de autogestão) reside na anulação de acórdão, transitado em
julgado, proferido por Colégio Recursal do Juizado Especial, pugnando pelo reconhecimento da
incompetência absoluta do órgão jurisdicional, ao argumento de que a complexidade probatória
da causa, extraída da necessidade de produção de prova pericial atuarial, induz à competência
da Justiça Comum.

5
Diferentemente das L. 10.259/01 (JEF) e L.12.153/09 –FEFFP, a lei 9099 não previu recurso para interlocutória.
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5. A teoria da causa madura (artigo 515, § 3º, do CPC) revela-se inaplicável ao recurso ordinário
em mandado de segurança, por não ser possível a supressão ou ampliação da competência
jurisdicional originária prevista em rol taxativo de texto constitucional (inadmissibilidade do
julgamento per saltum). Precedentes do STF e do STJ.

Desse modo, inviável discutir, no presente momento, a aptidão ou não da causa de pedir
mandamental (alegação de que a necessidade de produção de prova pericial implica a
incompetência do Juizado Especial para processar e julgar a causa), por configurar o mérito do
aludido instrumento processual.

6. Recurso ordinário provido para determinar o retorno dos autos ao Tribunal de Justiça do
Estado do Espírito Santo para processamento e julgamento do mandado de segurança dirigido
contra ato do próprio tribunal (competência originária delineada no artigo 109, inciso I, da
Constituição Estadual). (STJ, RMS 37.775/ES, Rel. Min. Marco Buzzi, 4ª Turma, d.j. 06/06/2013).

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO CONTRA


DECISÃO DE TURMA RECURSAL. DISCUSSÃO SOBRE OS LIMITES DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO
ESPECIAL FEDERAL. 1. Cuida-se de Recurso Ordinário contra decisão do Tribunal Regional Federal
da 1ª Região que declinou da sua competência para apreciar Mandado de Segurança em que o
INSS discute os limites de competência dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar
demanda cujo valor exorbita o patamar máximo estipulado em lei.

2. O acórdão hostilizado apreciou matéria diversa da pretensão deduzida na inicial, pois a


hipótese de Mandado de Segurança voltado contra o mérito da decisão judicial não se confunde
com a espécie dos autos, em que o INSS se utiliza do writ para discutir os limites da competência
absoluta do Juizado Especial.

3. "A Corte Especial do STJ, no julgamento do RMS 17.524/BA, firmou o posicionamento de que
é possível a impetração de Mandado de Segurança com a finalidade de promover controle da
competência dos Juizados Especiais." (RMS 26.665/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, DJe 21/8/2009).

4. Decisão recorrida que se mostra contrária à orientação firmada pelo Superior Tribunal de
Justiça. Competência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região para processar e julgar o
Mandado de Segurança ajuizado pelo INSS.

5. Recurso Ordinário provido. RMS 37.959-BA, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
17/10/2013 (informativo 533).

Vimos que a competência para julgar esse MS para discutir a competência dos juizados é do Tribunal de
Justiça ou do TRF.

E como fica a súmula 376, STJ?

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Súmula 376, STJ: Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra
ato de juizado especial.

Temos de diferenciar as hipóteses de cabimento do MS. Em resumo, podemos ter as seguintes situações:

i- Parte impetra MS contra ato do juiz do juizado: a competência para julgar é da Turma Recursal (Súmula
376, STJ).

ii- Parte impetra MS contra Turma Recursal discutindo o mérito: não é cabível.

iii- Parte impetra MS contra Turma Recursal, discutindo se a causa pode ou não ser julgada no Juizado: a
competência para julgar este writ é do TJ (ou TRF).

Obs3: Pode se utilizar do MS para atribuir efeito suspensivo ao recurso?

Não. Se a lei não confere efeito suspensivo para aquele recurso, não se pode dizer que a parte tenha direito
líquido e certo de obtê-lo. É possível se aplicar, na área cível, o entendimento já pacífico no âmbito criminal.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido do descabimento


de mandado de segurança para conferir efeito suspensivo a recurso em sentido estrito
interposto à decisão que concede liberdade provisória, por ausência de amparo legal e por tal
manejo refugir ao escopo precípuo da ação mandamental. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC
384.863/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/10/2017.

Esse entendimento foi consolidado na súmula 604, STJ.

Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso
criminal interposto pelo Ministério Público.

Já que não cabe mandado de segurança, qual seria o instrumento cabível a ser manejado?

A parte pode pleitear uma tutela provisória para tentar obter efeito suspensivo do recurso. É o que ocorre,
por exemplo, no caso dos recursos especial e extraordinário.

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição
Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em
petições distintas que conterão:

§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial


poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do recurso e


sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;

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I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de


admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento
para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III - ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido sobrestado,
nos termos do art. 1.037.

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre


a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso
de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016)

Enunciado 41, I JDPC do CJF: Nos processos sobrestados por força do regime repetitivo, é possível
a apreciação e a efetivação de tutela provisória de urgência, cuja competência será do órgão
jurisdicional onde estiverem os autos.

Na vigência do CPC/73, formulava-se o pleito de concessão de efeito suspensivo por meio de cautelar
inominada.

Súmula 634: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar
efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade
na origem.

Súmula 635: Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em
recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.

Inclusive, no meu concurso da DPU/2015, caiu um caso envolvendo concessão de medicamentos. A sentença
tinha julgado procedente o pedido para conceder o medicamento, com tutela antecipada concedida em
sentença. O assistido já estava recebendo o remédio. O Tribunal, porém, reformou a sentença e julgou
procedente a apelação da União, interrompendo o fornecimento do medicamento. Cabia a nós, como
Defensores Públicos, a interposição do recurso especial dirigido ao STJ, com apresentação de medida
cautelar para atribuir efeito suspensivo ao recurso especial, a fim de que a parte continuasse a receber os
medicamentos.

Com fulcro no NCPC, a competência para apreciação desse pleito se manteve.

i- Se o RE ou REsp ainda não passou pelo juízo de admissibilidade no tribunal a quo (art. 1.029, §5º, III, CPC);
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ii- Caso tenha havido admissão do recurso no Tribunal a quo, o pedido de concessão será feito ao tribunal
superior respectivo (art. 1.029, §5º, I, CPC).

A mudança se deu no tocante a não utilização de cautelar inominada, mas sim um pleito com tutela
provisória de urgência, nos termos do art. 1.029, §5o.

3 - SUCEDÂNEOS RECURSAIS
É um conceito obtido por exclusão, sendo tudo aquilo que não é recurso, não é ação autônoma de
impugnação, mas serve para impugnar uma decisão judicial.

Ex1: Reexame necessário;

Ex2: Correição Parcial;

Ex3: Pedido de reconsideração;

Ex4: Suspensão de segurança.

Vamos ver um pouco de cada um.

3.1 – Remessa Necessária

3.1.1 - Introdução

Consoante doutrina majoritária e STJ, remessa necessária/reexame necessário não é recurso pelos
seguintes pontos6.

1. Reexame necessário não tem voluntariedade, pois sua existência decorre da lei, sendo irrelevante a
vontade da Fazenda Pública. O juiz é obrigado a remeter o processo à segunda instância ou haverá avocação
pelo presidente do Tribunal (art. 496, § 1º do CPC/20157);
2. Reexame necessário não admite contraditório (ausência de dialeticidade);
3. Reexame necessário não tem prazo de interposição, requisito natural dos recursos;
4. Reexame necessário não se encontra taxado, na lei (art. 994, CPC), como recurso (ausência de
taxatividade);

6
https://blog.ebeji.com.br/reexame-necessario-o-que-muda-com-o-novo-cpc/
7
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal,
e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á.
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5. Reexame necessário não tem legitimidade recursal já que o juiz determina a remessa do processo ao
Tribunal.

Obs1: Embora não seja recurso, ao reexame se aplicam institutos tipicamente recursais.

Ex1: proibição de reformatio in pejus. A situação da Fazenda não poderá ser piorada no reexame.

Súmula 45, STJ: No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à
Fazenda Pública

Ex2: O relator poderá decidir monocraticamente o reexame, aplicando o art. 932, IV e V, CPC.

Súmula 253, STJ: O art. 557 do CPC (equivalente ao art. 932, III e IV, NCPC), que autoriza o relator
a decidir o recurso, alcança o reexame necessário.

Ex3: O procedimento no tribunal será o mesmo dos recursos. Será incluída em pauta (art. 935). Pode ser
julgada pelo relator (súmula 253, STJ). No dia da sessão, será julgada por órgão colegiado (art. 941, §2º).

Atenção: A técnica de ampliação do julgamento (art. 942) não se aplica à remessa necessária.

Art. 942, § 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:

II - da remessa necessária;

Corrente bastante minoritária, capitaneada por Fredie Didier8, tem entendido que a remessa
necessária é sim recurso.
Didier salienta que, na maioria dos países, inclusive no Brasil, os recursos caracterizam-se por
conter: a) provocação ao reexame da matéria; b) impugnação da decisão recorrida, sendo
possível haver impugnação não voluntária (caso do reexame).
Embora não haja impugnação voluntária, o acórdão prolatado, assim como qualquer outro
recurso, irá substituir a sentença, seja para mantê-la, seja para modificá-la.

8
Curso de Direito Processual Civil, v. 3, 13ª ed. Juspodivm: Salvador, p. 404.
18
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Ademais, a não colocação da remessa como hipótese recursal no art. 994, NCPC repete o erro
histórico feito pelo CPC/73 de excluir a remessa necessária do rol de recursos.

3.1.2 - Conceito

Dito isso, conceitualmente, o reexame é tido como condição de eficácia da sentença, consoante art. 496,
caput.

Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença:

Contudo, tal designação é criticada pela doutrina.

Na linha de Assumpção, o reexame necessário segue os efeitos da apelação.

Se esta tiver efeito suspensivo (regra), o reexame necessária também o terá.

Se a apelação não tiver efeito suspensivo (ex: art. 1.012, §1º; art. 14, §§1º e 3º, LMS9, art. 28, §1º, Decreto
n. 3.365/4110), o reexame necessário não impedirá a geração de efeitos da sentença.

Nesse passo, Assumpção defende que o reexame impede, na verdade, o trânsito em julgado e não a geração
de efeitos da sentença.

Súmula 423, STF: Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que
se considera interposto ex lege.

Obs1: Se a Fazenda quiser obter o efeito suspensivo na remessa necessária, poderá aplicar o art. 1.012, §§3º
e 4º analogicamente.

Art. 1.012, § 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser
formulado por requerimento dirigido ao:

I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando


o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;

9
Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação. § 1 o Concedida a segurança, a sentença estará
sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. §3o A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada
provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar.
10
Art. 28. Da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação com efeito simplesmente devolutivo, quando interposta
pelo expropriado, e com ambos os efeitos, quando o for pelo expropriante. § 1o O juiz recorrerá ex-officio quando condenar a
Fazenda Pública em quantia superior ao dobro da oferecida.§ 1 º A sentença que condenar a Fazenda Pública em quantia superior
ao dobro da oferecida fica sujeita ao duplo grau de jurisdição. (Redação dada pela Lei nº 6.071, de 1974)
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II - relator, se já distribuída a apelação.

§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação,
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

Ainda, se for o caso, poderá pleitear a suspensão de segurança11, valendo salientar que os dois pleitos podem
ser formulados concomitantemente.

3.1.3 - Hipóteses

CPC/73 CPC/15

Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de


jurisdição, não produzindo efeito senão depois
de confirmada pelo tribunal, a sentença: Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de
(Redação dada pela Lei nº 10.352, de jurisdição, não produzindo efeito senão depois
26.12.2001) de confirmada pelo tribunal, a sentença:
I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito I - proferida contra a União, os Estados, o
Federal, o Município, e as respectivas Distrito Federal, os Municípios e suas
autarquias e fundações de direito público; respectivas autarquias e fundações de direito
(Redação dada pela Lei nº 10.352, de público;
26.12.2001) II - que julgar procedentes, no todo ou em parte,
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.
os embargos à execução de dívida ativa da
Fazenda Pública (art. 585, VI). (Redação dada
pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)

Inciso I

I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas


autarquias e fundações de direito público;

Há vários pontos importantes a tratar.

1º ponto

Não há remessa necessária quando a sentença não resolve o mérito.

11
Tema tratado mais à frente.
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Mas professor, veja a súmula 325, STJ.

Súmula 325, STJ: A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da
condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado.

Se a sentença não resolver o mérito (art. 485) e condenar a Fazenda a pagar honorários
advocatícios à parte contrária, será aplicável a remessa?

Não.

1. Não está sujeita ao reexame necessário (art. 475 do CPC) a sentença que extingue o processo
sem julgamento de mérito. Precedentes.

2. A condenação da Fazenda Nacional ao pagamento de honorários advocatícios em sentença


extintiva do processo, sem julgamento de mérito, não tem o condão de impor a observância à
remessa necessária. O ônus sucumbencial decorre do princípio da causalidade.

O duplo grau obrigatório é proteção que se destina a conferir maior segurança aos julgamentos
de mérito desfavoráveis à Fazenda Pública. REsp 640.651/RJ, Min. Castro Meira, Segunda Turma,
DJ 7.11.2005. 3. Agravo Regimental não provido. STJ, 2ª T, AgRg no AREsp 335.868/CE, Rel. Min.
Herman Benjamin, d.j. 05/11/2013, DJe 9/12/2013.

2º ponto

Lembrem-se de que Fazenda Pública envolve as seguintes pessoas jurídicas de direito público:

i- União;

ii- Estados;

iii- Municípios;

iv- Autarquias e fundações públicas de direito público (fundações autárquicas);

Obs1: Como as agências reguladoras e agências executivas são consideradas autarquias especiais, são
também consideradas como Fazenda Pública.

Ademais, os conselhos de fiscalização profissional, salvo a OAB12, também são considerados autarquias
federais e, portanto, enquadram-se dentro do conceito de Fazenda Pública.

12
ADI 3026 – natureza jurídica sui generis.
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Obs2: Como as empresas públicas e sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado,
elas não se enquadram no conceito de Fazenda Pública, até porque elas não podem gozar de privilégios não
extensíveis ao setor privado.

CRFB, Art. 173, § 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de
privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.

Todavia, há uma exceção importantíssima. A Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), embora seja empresa
pública, enquadra-se dentro do conceito de Fazenda Pública.

Veja o art. 12, Decreto-Lei n. 9/1969 que concede vários privilégios similares aos das pessoas jurídicas de
direito público:

Art. 12. A ECT gozará de isenção de direitos de importação de materiais e equipamentos


destinados aos seus serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a
imunidade tributária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer
no concernente a foro, prazos e custas processuais.

Ademais, o próprio STF considera a ECT pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública.

À Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, é


aplicável o privilégio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços. Recepção do art. 12 do
DL 509/1969 e não incidência da restrição contida no art. 173, § 1º, da CF, que submete a empresa
pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica ao
regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias.
Empresa pública que não exerce atividade econômica e presta serviço público da competência da
União Federal e por ela mantido. Execução. Observância ao regime de precatório, sob pena de
vulneração do disposto no art. 100 da CF. (RE 220.906, rel. min. Maurício Corrêa, j. 16-11-2000,
P, DJ de 14-11-2002; RE 407.099, rel. min. Carlos Velloso, j. 22-6-2004, 2ª T, DJ de 6-8-2004)
Portanto, o conceito de Fazenda Pública inclui:
i- União;
ii- Estados;
iii- Municípios;
iv- Autarquias e fundações públicas de direito público (fundações autárquicas);
V- Empresa de Correios e Telégrafos (ECT)
3º ponto

Em regra, só há remessa necessária de sentença, não se aplicando para tutela provisória ou para acórdãos
proferidos contra a Fazenda.

Contudo, tendo em vista a inovação do NCPC no art. 356, criando uma decisão parcial de mérito, definitiva,
com aptidão para formar coisa julgada material, tem-se entendido pela aplicabilidade da remessa necessária
nesse caso.

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Enunciado 17, Fórum Nacional do Poder Público: (arts. 356 e art. 496, Lei 13.105/15). A decisão
parcial de mérito proferida contra a Fazenda Pública está sujeita ao regime da remessa
necessária.

Obs1: Não haverá remessa necessária se a Fazenda for apenas assistente simples (porque não se submete à
coisa julgada, mas sim à eficácia da intervenção).

Ainda, também não há remessa necessária da sentença arbitral desfavorável à Fazenda.

Enunciado 164, FPPC: (art. 496) A sentença arbitral contra a Fazenda Pública não está sujeita à
remessa necessária.

4º ponto

O art. 503, §1º preceitua que agora a coisa julgada material incidirá sobre as questões prejudiciais, se
preenchidos os requisitos dos §§1º e 2º.

Art. 503, § 1o O disposto no caput (coisa julgada material) aplica-se à resolução de questão
prejudicial, decidida expressa e incidentemente no processo, se:

Enunciado 438, FPPC: (art. 503, §1º) É desnecessário que a resolução expressa da questão
prejudicial incidental esteja no dispositivo da decisão para ter aptidão de fazer coisa julgada.

A previsão de tal artigo veio dar concretude ao objetivo nº 4 da Exposição de Motivos, qual seja, “Dar todo
o rendimento possível a cada processo em si mesmo considerado”.

Em aula própria, citamos os 4 requisitos necessários para que haja coisa julgada da questão prejudicial.

Nas causas contra a Fazenda Pública, a doutrina ainda diz existir um 5o requisito, qual seja, remessa
necessária.

Como se sabe, o instituto do art. 496 do CPC é condição de eficácia da sentença. Assim, se ela não for
respeitada, a decisão não forma coisa julgada.

Enunciado 439, FPPC: (art. 503, §§ 1º e 2º) Nas causas contra a Fazenda Pública, além do
preenchimento dos pressupostos previstos no art. 503, §§ 1º e 2º, a coisa julgada sobre a
questão prejudicial incidental depende de remessa necessária, quando for o caso.

Enunciado 17, Fórum Nacional do Poder Público: (arts. 356 e art. 496, Lei 13.105/15). A decisão
parcial de mérito proferida contra a Fazenda Pública está sujeita ao regime da remessa
necessária.

CESPE/TJPR – Juiz de Direito Substituto/2017

Determinada sociedade empresária ajuizou demanda contra pequeno município localizado no interior
do Paraná e, indicando como causa de pedir o inadimplemento contratual do município,
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apresentou dois pedidos de indenização: um por danos emergentes no valor de trezentos mil reais;
outro por lucros cessantes no valor de duzentos mil reais. Apresentada a defesa pelo ente público e
tomadas as providências preliminares, o magistrado julgou procedente o pedido referente aos danos
emergentes em decisão interlocutória. Após a produção de outras provas, o juiz prolatou sentença em
que julgou procedente também o pedido pertinente aos lucros cessantes, tendo ainda apreciado
expressamente questão prejudicial de mérito relativa à validade do contrato. Nenhuma das decisões
foi objeto de interposição de recurso pelo município. Nessa situação hipotética,

a) o magistrado não poderia julgar o mérito em decisão interlocutória e, portanto, a decisão


interlocutória deverá ser considerada nula quando o tribunal apreciar o processo em sede de remessa
necessária.

b) a remessa necessária incidirá apenas em relação à sentença, não podendo recair sobre a decisão
interlocutória, mesmo ante o fato de essa decisão ter resolvido o mérito de forma parcial.

c) a decisão interlocutória que versou sobre o mérito da demanda não faz coisa julgada material,
porque essa é uma situação jurídica exclusiva das sentenças de mérito, quanto às decisões que são
prolatadas em primeiro grau.

d) a coisa julgada sobre a questão prejudicial incidental dependerá de remessa necessária, observados
ainda os demais pressupostos para a incidência do duplo grau obrigatório.

Comentários

A alternativa D está correta.

Enunciado 439. FPPC: Nas causas contra a Fazenda Pública, além do preenchimento dos pressupostos
previstos no art. 503, §§1o e 2o, a coisa julgada sobre a questão prejudicial incidental depende de
remessa necessária, quando for o caso.

Enunciado 17, Fórum Nacional do Poder Público: (arts. 356 e art. 496, Lei 13.105/15). A decisão
parcial de mérito proferida contra a Fazenda Pública está sujeita ao regime da remessa
necessária.

Inciso II

II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal.

Obs1: A remessa necessária não se aplica ao julgamento procedente dos embargos à execução não fiscal
promovida pela Fazenda.

Obs2: Se for acolhida exceção de pré-executividade e a execução fiscal for extinta por razões de mérito,
haverá remessa necessária, pois o caso se assemelha ao julgamento de procedência dos embargos do
devedor.

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Se a matéria suscitada em exceção de pré-executividade fosse ventilada em embargos do


devedor, o acolhimento do pedido, contra a argumentação fazendária, acarretaria a incidência
do art. 475 do CPC.

Por coerência, se a extinção da execução fiscal decorrer de acolhimento de exceção de pré-


executividade, o reexame necessário somente deverá ser afastado na hipótese em que a
Fazenda Pública, intimada para se manifestar sobre a referida objeção processual, a ela
expressamente anuiu. REsp 1.415.603-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/5/2014
(informativo 544).

Assim, a remessa somente será afastada se a Fazenda anuiu à objeção processual.

Ex1:

Caso a execução fiscal seja encerrada por força do cancelamento da CDA (art. 26 da Lei
6.830/1980), seja este motivado por reconhecimento expresso da Fazenda Pública quanto à
procedência das alegações lançadas na objeção pré-executiva, seja por iniciativa de ofício do
Fisco, o cabimento em si da condenação ao pagamento de verba honorária, ou a discussão
quanto ao seu montante, somente poderá ser debatido por meio de recurso voluntário, não
incidindo o art. 475, I, do CPC. REsp 1.415.603-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
22/5/2014 (informativo 544).

A remessa necessária ocorre apenas nas duas hipóteses (incisos I e II)?

Não. Há outras hipóteses.

i- Mandado de segurança

Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.

§ 1o Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de


jurisdição.

As exceções do art. 496, §§3º e 4º, NCPC se aplicam ao MS?

A jurisprudência sempre entendeu que não, pois a LMS é especial e não prevê expressamente nenhuma
exceção.

MS. SENTENÇA CONCESSIVA. ORDEM. REEXAME NECESSÁRIO. A Turma, ao prosseguir o


julgamento, por maioria, deu provimento ao recurso para determinar o retorno dos autos ao
Tribunal de origem, a fim de que ali seja a sentença reexaminada, com base no parágrafo único
do art. 12 da Lei n. 1.533/1951, por entender inaplicáveis ao mandado de segurança as
disposições dos §§ 2º e 3º, II, do art. 475 do Código de Processo Civil, com a redação introduzida
pela Lei n. 10.352/2001. Precedentes citados: REsp 655.958-SP, DJ 14/2/2005; REsp
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604.050-SP, 1º/7/2005; AgRg no REsp 619.074-SP, DJ 8/11/2004; REsp 627.598-SP, DJ 8/11/2004;


REsp 684.356-RS, DJ 23/5/2005, e REsp 598.387-SP, DJ 26/9/2005. REsp 723.469-SP, Rel. Min.
Francisco Falcão, Rel. para acórdão Min. Denise Arruda, julgado em 12/9/2006.

MS. REEXAME NECESSÁRIO. A matéria cuida da aplicação ou não da alçada (valor superior a
sessenta salários mínimos) prevista no art. 475, § 2º, do CPC à remessa obrigatória da ação
mandamental. A alteração introduzida pelo legislador quanto às hipóteses sujeitas à remessa
obrigatória alcançou, tão-somente, o CPC, não tendo ocorrido qualquer alteração na lei
do mandado de segurança. A teor do art. 2º da LICC, a lei geral não tem o condão de revogar ou
modificar lei especial, o que afasta a aplicação subsidiária do § 2º do art. 475 do CPC à ação
mandamental. Precedentes citados: REsp 655.958-SP, DJ 14/2/2005; REsp 627.598-SP, DJ
8/11/2004; AgRg no REsp 619.074-SP, DJ 8/11/2004, e REsp 625.219-SP, DJ 29/11/2004. REsp
664.873-SP, Rel. Eliana Calmon, julgado em 24/5/2005.

O NCPC traz maiores restrições ao reexame, o que ensejará uma nova discussão jurisprudencial sobre a
possibilidade de estas restrições ao reexame serem aplicadas ao MS.

Enunciado 312, FPPC já veio autorizando a aplicação de uma dessas exceções.

Enunciado 312, FPPC: (art. 496) O inciso IV do §4º do art. 496 do CPC aplica-se ao procedimento
do mandado de segurança.

Obs1: Nos casos de competência originária de Tribunal, não há reexame necessário. Será cabível recurso
especial e extraordinário. Quando a ordem for denegada, caberá recurso ordinário, conforme art. 102, II, “a”
e art. 105, II, “b”, CRFB.

Art. 18. Das decisões em mandado de segurança proferidas em única instância pelos tribunais
cabe recurso especial e extraordinário, nos casos legalmente previstos, e recurso ordinário,
quando a ordem for denegada.

ii- Ação popular

Se a sentença for de extinção do processo por carência de ação ou de improcedência, o art. 19, LAP (Lei n.
4.717/67), determina que haja reexame.

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao
duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da
que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. (Redação dada pela Lei
nº 6.014, de 1973)

Em regra, o reexame foi criado para beneficiar o Poder Público, condicionando a eficácia da decisão à
reanálise pelo Tribunal da sentença desfavorável ao Poder Público prolatada pelo juízo de 1º grau.

Contudo, aqui, a situação é inversa. Haverá reexame necessário quando o Poder Público for beneficiado pela
sentença de improcedência ou pela extinção do processo sem análise do mérito.

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O reexame visa, pois, a proteção da coletividade.

Obs1: Só será cabível esse reexame se a ACP versar sobre direito difuso e coletivo. Se a ACP versa sobre
direito individual homogêneo, não será cabível o reexame necessário.

Não se admite o cabimento da remessa necessária, tal como prevista no art. 19 da Lei nº
4.717/65, nas ações coletivas que versem sobre direitos individuais homogêneos. Ex: ação
proposta pelo MP tutelando direitos individuais homogêneos de consumidores. STJ. 3ª
Turma.REsp 1374232-ES, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017 (Info 612).

iii- Improbidade administrativa

Não há previsão na LIA (Lei n. 8.429/92).

Como a LAP está dentro do microssistema da tutela coletiva, podemos dizer que esse art. 19 se
aplica às outras leis que compõem esse microssistema?

Sim. Na ausência de disposição das outras leis, pode-se aplicar o art. 19, LAP. Foi o que decidiu o STJ em
relação à ação de improbidade.

A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência de ação de improbidade


administrativa está sujeita ao reexame necessário, com base na aplicação subsidiária do CPC e
por aplicação analógica da primeira parte do art. 19 da Lei nº 4.717/65. STJ. 1ª Seção. EREsp
1.220.667-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/5/2017 (Info 607).

3.1.4 – Procedimento

CPC/73 CPC/15

Art. 475, § 1o Nos casos previstos neste artigo, Art. 496, § 1º Nos casos previstos neste artigo,
o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz
haja ou não apelação; não o fazendo, deverá o ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se
presidente do tribunal avocá-los. (Incluído não o fizer, o presidente do respectivo tribunal
pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) avocá-los-á.

Perceba uma mudança drástica com o NCPC.

No CPC/73, havendo ou não apelação, o juiz promovia a remessa necessária, enviando os autos ao tribunal.

Com o NCPC, prolatada a sentença (ou decisão interlocutória no caso do art. 356), o juiz deve aguardar o
transcurso do prazo da apelação (ou AI no caso do art. 356) por parte da Fazenda Pública (30 dias úteis).

Não havendo apelação por parte do ente público, aí sim haverá remessa necessária.
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Se o juiz não o fizer, o presidente do tribunal deverá avocar os autos.

Crítica: A doutrina diz que o dispositivo é infeliz, porquanto a interposição da apelação pela Fazenda não
impede o reexame.

Enunciado 432, FPPC: (art. 496, §1º) A interposição de apelação parcial não impede a remessa
necessária.

Ex1: O recurso pode versar sobre um capítulo da sentença, enquanto o reexame engloba todo o julgado.

Ex2: A apelação pode ser inadmitida por vício formal, enquanto que o reexame não corre esse risco, sendo
sempre julgado por tribunal de segundo grau.

Vamos ver o que o STJ entenderá do assunto.

Obs1: Já dissemos que, embora não seja recurso, ao reexame se aplicam institutos tipicamente recursais.

Ex1: proibição de reformatio in pejus. A situação da Fazenda não poderá ser piorada no reexame.

Súmula 45, STJ: No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à
Fazenda Pública

Ex2: O relator poderá decidir monocraticamente o reexame, aplicando o art. 932, IV e V, CPC.

Súmula 253, STJ: O art. 557 do CPC (equivalente ao art. 932, III e IV, NCPC), que autoriza o relator
a decidir o recurso, alcança o reexame necessário.

Ex3: O procedimento no tribunal será o mesmo dos recursos. Será incluída em pauta (art. 935). Pode ser
julgada pelo relator (súmula 253, STJ). No dia da sessão, será julgada por órgão colegiado (art. 941, §2º).

Atenção: A técnica de ampliação do julgamento (art. 942) não se aplica à remessa necessária.

Art. 942, § 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:

II - da remessa necessária;

3.1.5 - Dispensa do Reexame Necessário

Há dois grupos de casos de dispensa de reexame previstos no NCPC e um grupo fora do diploma processual.

1º grupo

CPC/73 CPC/15

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§ 3º Não se aplica o disposto neste artigo


quando a condenação ou o proveito econômico
obtido na causa for de valor certo e líquido
Art. 475, § 2o Não se aplica o disposto neste inferior a:
artigo sempre que a condenação, ou o direito I - 1.000 (mil) salários-mínimos para a União e
controvertido, for de valor certo não excedente as respectivas autarquias e fundações de direito
a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no público;
caso de procedência dos embargos do devedor II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os
na execução de dívida ativa do mesmo Estados, o Distrito Federal, as respectivas
valor. (Incluído pela Lei nº 10.352, de autarquias e fundações de direito público e os
26.12.2001)
Municípios que constituam capitais dos
Estados;
III - 100 (cem) salários-mínimos para todos os
demais Municípios e respectivas autarquias e
fundações de direito público.

Também aqui se observa uma diferença brusca entre os Códigos.

No CPC/73, não haveria reexame se a condenação fosse de até 60 salários mínimos.

Com o NCPC, o limite foi extremamente elevado.

Obs1: A doutrina salienta que o montante fixo para todos os Estados e Municípios gera desigualdade, uma
vez que há Municípios (Ex: São Paulo) mais ricos que muitos Estados.

Ademais, a colocação de Municípios que constituam capitais dos Estados no inciso II pode gerar a mesma
desigualdade. A capital Belo Horizonte (MG) tem muito mais recursos que Boa Vista (RR).

Obs2: No CPC/73, a condenação podia ser inferior OU igual a 60 SM para que não houvesse a remessa
necessária.

No CPC/15, a condenação deve ser inferior ao montante estipulado (1.000, 500 ou 100 SM), pois o §4º diz
“for de valor certo e líquido inferior a”.

Se a condenação for igual, haverá sim remessa necessária.

Obs3: Se a condenação for ilíquida, o STJ exige o reexame. Ora, como como não se sabe o quantum, é melhor
pecar pelo excesso.

Súmula 490, STJ: A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do direito
controvertido for inferior a sessenta salários mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.

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Atenção: a 1ª Turma do STJ13 decidiu que a súmula 490 não se aplica às sentenças ilíquidas nos feitos de
natureza previdenciária, pois, não obstante a aparente iliquidez das condenações, a sentença que defere
benefício previdenciário é espécie absolutamente mensurável, visto que pode ser aferível por simples
cálculos aritméticos, os quais são expressamente previstos na lei de regência, e são realizados pelo próprio
INSS. E mais, quase nunca ultrapassará os 1000 salários-mínimos previstos no art. 496, §3º, I, CPC, que
ensejaria a referida remessa.

Atente-se que esse é um precedente restrito às demandas de natureza previdenciária. A súmula 490 do STJ
ainda continua aplicável.

2º grupo

CPC/73 CPC/15

Art. 496, § 4º Também não se aplica o disposto


neste artigo quando a sentença estiver fundada
em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal
Art. 475, § 3o Também não se aplica o disposto
Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
neste artigo quando a sentença estiver fundada
julgamento de recursos repetitivos;
em jurisprudência do plenário do Supremo
Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal III - entendimento firmado em incidente de
ou do tribunal superior competente. (Incluído resolução de demandas repetitivas ou de
pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001) assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação
vinculante firmada no âmbito administrativo do
próprio ente público, consolidada em
manifestação, parecer ou súmula
administrativa.

O NCPC ampliou as hipóteses de dispensa de remessa nos casos em que a sentença seguir precedentes
vinculantes.

Isso se deu porquanto o diploma processual inovou nessa matéria, criando institutos como IRDR e IAC, bem
como elencando um rol no art. 927 de precedentes cujo respeito é obrigatório para as instâncias inferiores.

13
STJ. 1ª Turma. REsp 1.735.097-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 08/10/2019 (Info 658).

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Assim, há uma grande similaridade entre o rol do art. 927 e art. 496, §4º. Nesses casos, como o juiz atua
como um porta-voz dos tribunais superiores, apenas aplicando um entendimento vinculante, não há porque
o tribunal reanalisar aquela demanda.

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:

I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

II - os enunciados de súmula vinculante;

III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas


repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;

IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do


Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;

V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

Enunciado 433, FPPC: (arts. 496, §4º, IV, 6º, 927, §5º) Cabe à Administração Pública dar
publicidade às suas orientações vinculantes, preferencialmente pela rede mundial de
computadores.

Em acréscimo, o art. 496, §4º, IV inovou e previu o não cabimento do reexame quando a sentença estiver
fundada em entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do
próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

Aqui, a Fazenda Pública não apela justamente porque a sentença está em consonância com entendimento
interno administrativo pacificado, tornando o reexame sem sentido.

Nesses dois primeiros grupos, como houve grande diferença entre o CPC/73 e o CPC/15, qual eu
vou aplicar?

Enunciado 311, FPPC:(arts. 496 e 1.046) A regra sobre remessa necessária é aquela vigente ao
tempo da publicação em cartório ou disponibilização nos autos eletrônicos da sentença ou, ainda,
quando da prolação da sentença em audiência, de modo que a limitação de seu cabimento no
CPC não prejudica as remessas determinadas no regime do art. 475 do CPC/1973.

3º grupo

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Também há dispensa de reexame necessário nos juizados especiais.

Lei n. 10.259/01, Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame necessário.

Lei n. 12.153/09, Art. 11. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá reexame necessário.

Obs1: A remessa necessária não pode ser dispensada por negócio jurídico processual (art. 190, CPC).

TRT 4/TRT 4 (RS) – Juiz do Trabalho Substituto/2016

Considere as assertivas abaixo sobre remessa necessária.

I - Não se aplica a remessa necessária quando a sentença estiver fundada em entendimento firmado
em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência.

II - Aplica-se a remessa necessária mesmo que a sentença esteja fundada em entendimento


coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público,
consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

III - Não se aplica a remessa necessária para a confirmação de sentença proferida contra fundações de
direito público estaduais quando a condenação ou o proveito econômico obtido na causa for inferior a
500 (quinhentos) salários-mínimos.

Quais são corretas?

a) Apenas I

b) Apenas II

c) Apenas III

d) Apenas I e III

e) I, II e III

Comentários

A alternativa D está correta.

Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada
pelo tribunal, a sentença:

§ 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito econômico obtido na
causa for de valor certo e líquido inferior a:

(...)

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II - 500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e


fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;

§ 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em:

(...)

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio


ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.

3.2 - Correição Parcial

A correição parcial tem natureza administrativa, cabível para impugnar atos que causem confusão
procedimental, estando prevista no art. 6º, I, Lei n. 5.010/6614.

Art. 6º Ao Conselho da Justiça Federal compete:

I - conhecer de correição parcial requerida pela parte ou pela Procuradoria da República contra
ato ou despacho do Juiz de que não caiba recurso ou que importe êrro de ofício ou abuso de
poder;

I - Conhecer de correição parcial requerida pela parte ou pela Procuradoria da República, no


prazo de cinco dias, contra ato ou despacho do Juiz de que não caiba recurso, ou comissão que
importe êrro de ofício ou abuso de poder. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 253, de 1967)

Ao longo do tempo, como o agravo de instrumento foi desenhado no CPC/73 para impugnar as decisões
interlocutórias do juiz que cause danos a uma das partes, a correição foi sendo inutilizada.

Nesse cenário, defendia-se apenas uma utilidade residual, qual seja, para os casos de omissão do juízo em
proferir decisão.

O STJ já aceitou a correição na hipótese de omissão do juízo OU de despacho (AgRg no AgRg no Resp.
1038446/RJ).

Ademais, o Tribunal da Cidadania, com base no princípio da fungibilidade, até já recebeu correição parcial
como agravo de instrumento (RMS 16.218/SP).

14
Embora prevista em lei federal, Assumpção destaca que se tem entendido que, por não ser lei nacional, não cumpre a
característica da taxatividade.
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Com o NCPC e a criação de um rol taxativo15 de hipóteses do agravo de instrumento, o uso da correição pode
ser ampliado.

Assim, Assumpção defende três casos de seu manejo:

a) omissão do juiz;

b) despacho;

c) impugnar decisões não recorríveis por agravo de instrumento, nos casos em que causam confusão
procedimental.

3.3 – Pedido de Reconsideração

Não previsto em lei, o pleito de reconsideração é uma construção jurisprudencial.

Como não é previsto em lei, já se descarta a natureza recursal. Ademais, diante de sua formulação, não há
qualquer interrupção do prazo recursal.

Consoante Wambier e Araken de Assis, tecnicamente, como a reconsideração não faz às vezes do recurso,
deveria ser cabível apenas nos casos de modificação de decisão não sujeitas à preclusão, em que o juiz pode
reconhecer seu equívoco de ofício (matérias de ordem pública).

Contudo, não é isso que se vê. Em muitos casos, a decisão interlocutória (impugnável por agravo de
instrumento) é modificada diante de um pleito de reconsideração.

Obs1: Alguns consideram os embargos infringentes do art. 34, LEF como hipótese de “pedido de
reconsideração”, pois nada mais é que pleito dirigido ao próprio juiz sentenciante para que modifique sua
decisão.

Obs2: O STJ, aplicando a fungibilidade, já recebeu a reconsideração como agravo regimental.

1. Embora não haja previsão legal, o pedido de reconsideração pode ser recebido como agravo
regimental para impugnar decisão monocrática do STJ, desde que observada a tempestividade
de 5 dias, nos termos do art. 258 do RISTJ, em consideração aos princípios da celeridade e da
fungibilidade recursal.

2. Nos termos do art. 258 do RISTJ, é irrecorrível a decisão que dá provimento ao agravo de
instrumento tão somente para determinar a subida de recurso não admitido, ressalvadas as

15
Já vimos que a Corte Especial do STJ entendeu que o NCPC adotou não um rol taxativo do art. 1.015, mas sim uma taxatividade
“mitigada”, sendo cabível o AI em hipóteses diversas do citado dispositivo.
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excepcionais hipóteses permitidas pela jurisprudência desta Corte, tais como a intempestividade,
irregularidade de representação dentre outras.

Igual posicionamento adota-se no tocante à decisão que dá provimento ao agravo apenas para
determinar sua autuação como recurso especial. 3. Agravo regimental não provido. (STJ, RCD no
AResp 668.743/RJ, rel. Min. Moura Ribeiro, j. 07.05.2015).

3.4 - Suspensão de Liminar, Sentença, Acórdão

A “suspensão de segurança” (ou “suspensão de liminar” ou “suspensão de sentença” ou “suspensão de


acórdão”) é uma prerrogativa da pessoa jurídica de direito público ou do MP, de requerer ao Presidente do
Tribunal a suspensão dos efeitos da liminar ou de sentença/acórdão (não transitados em julgado), a fim de
evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.

LMS, Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do
Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas,
o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em
decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem
efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à
sua interposição.

Esse instituto é chamado de “suspensão de segurança”, pois foi originalmente concebido para suspender
decisões liminares ou sentenças proferidas em sede de MS (art. 13, Lei n. 1.533/51).

Todavia, após, foram sendo editadas novas leis prevendo esse instituto para várias decisões contra a Fazenda
Pública. Por isso, podemos designar o instituto ora como “suspensão de liminar” ora como “suspensão de
sentença” ou “suspensão de acórdão”.

Previsão Legal

Há cinco previsões legais:

i- Art. 12, §1º da Lei n. 7.347/85 (suspensão de liminar em ACP):

ii- Art. 4º da Lei n. 8.437/92 (suspensão de liminar ou sentença em ação cautelar, em ação popular ou em
ACP). É considerada pela doutrina como a previsão mais geral sobre o pedido de suspensão;

iii- Art. 1º da Lei n. 9.494/97 (suspensão de tutela antecipada concedida contra a Fazenda Pública);

iv- Art. 16 da Lei n. 9.507/97 (suspensão da execução de sentença concessiva de habeas data);

v- Art. 15 da Lei n. 12.016/09 (suspensão de liminar e sentença no mandado de segurança).

É constitucional?

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1ª corrente (Nelson Nery, Sérgio Ferraz, Calmon de Passos): Não, pois representa desequilíbrio injustificado
a favor das pessoas jurídicas de direito público. Ademais, afronta os princípio da efetividade das decisões
judiciais, da celeridade e, em última análise, do acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CRFB).

2ª corrente: É constitucional, pois é uma das concretizações da supremacia do interesse público sobre o
privado, interesse público este de enorme envergadura (saúde, segurança, finanças públicas, ordem) que
devem sobrelevar se utilizarmos a regra da proporcionalidade para dirimir esse conflito aparente de
princípios.

Qual sua natureza jurídica?

Consoante exposição de Ubirajara Casado16, a SS (suspensão de segurança):

i- não é requerimento administrativo, pois o Presidente do Tribunal exerce função jurisdicional;

ii- não é recurso, pois não possui prazo definido em lei, não é tipificado em lei como espécie
recursal; dispensa preparo, pode ser interposto simultaneamente ao agravo de instrumento.

É um sucedâneo recursal?

1ª corrente (Daniel Assumpção): Sim.

2ª corrente (Leonardo da Cunha): Entende que se trata de uma tutela provisória cautelar, que visa a
assegurar o provimento útil do processo.

3ª corrente (doutrina majoritária): Não é sucedâneo recursal, pois não se presta a reformar, anular ou
desconstituir decisão judicial. O Presidente do Tribunal não adentra no âmbito da controvérsia instalada na
demanda (mérito), ele apenas analisa a potencialidade de lesão da decisão a outros interesses
superiormente protegidos.

Desse modo, a suspensão de segurança é um incidente processual, pois manifesta-se através do surgimento
de uma questão processual (contornos acessórios), processa-se de forma paralela, independente e
autônoma ao processo principal e tem finalidade de contracautela, ou seja, subtrair de determinada decisão
sua eficácia.

Atenção: Embora a suspensão de segurança não seja considerada, pela doutrina majoritária, um sucedâneo
recursal, iremos tratar da temática agora mesmo.

https://blog.ebeji.com.br/analisando-decisao-do-stj-suspensao-de-seguranca-e-a-impossibilidade-de-sua-
16

utilizacao-como-especie-recursal/
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Legitimidade para o ajuizamento do incidente

O pedido de suspensão pode ser manejado por todos aqueles entes que integram o conceito de fazenda
pública, quais sejam:

i- União;

ii- Estados;

iii- Municípios;

iv- Autarquias e fundações públicas de direito público (fundações autárquicas);

V- Empresa de Correios e Telégrafos (ECT)

O Ministério Público também possui legitimidade, consoante dispõe o art. 4º da Lei 8.437:

Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo


recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas
contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa
jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante
ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.

Obs1.: conforme assevera Leonardo da Cunha, existem entes despersonalizados (Câmara de Vereadores,
Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça, etc) que, embora não tenham legitimidade processual, podem
impetrar mandado de segurança para garantir ou resguardar uma garantia institucional. Assim, se podem
ajuizar MS, igualmente podem, também, manejar o pedido de segurança, com o objetivo de suspender
decisão que interfira diretamente na atividade do órgão ou alguma de suas prerrogativas institucionais.

Obs.2: a rigor, as concessionárias de serviço público não podem se beneficiar desse incidente, porquanto não
integram o conceito de fazenda pública. Não obstante, é certo que essas pessoas exercem atividade pública.
Assim, se houver algum provimento que prejudique o interesse público e cause ofensa à ordem, economia,
saúde ou segurança, caberá o pedido de suspensão por essas concessionárias (STJ, Corte Especial, AgRg na
SS 1.277/DF, Rei. Min. Edson Vidigal, j. 25.10.2004, DJ 06.12.2004, p. 174. No mesmo sentido: STJ, Corte
Especial, AgRg na SLS 1.320/ BA, Rei. Min. Ari Pargendler, j. 16.03.2011, DJe 23.09.2011).

Obs3: o STF também já decidiu que o prefeito municipal, removido do exercício do mandato, por efeito de
medida liminar, tem legitimidade para requerer a suspensão desta, tendo em vista o notório interesse
público subjacente (STF, Pleno, SS 444 AgR/MT, Rei. Min. Sydney Sanches, j. 20.05.1992, DJ 04.09.1992, p.
14.088).

Competência

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Traremos aqui a tabela feita por Márcio Cavalcante17:

A COMPETÊNCIA PARA APRECIAR O PEDIDO DE SUSPENSÃO


É DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL QUE TERIA COMPETÊNCIA
PARA JULGAR O RECURSO CONTRA A DECISÃO.

EX: CONCEDIDA LIMINAR POR JUIZ FEDERAL DO AM, O


DECISÃO PROLATADA POR JUIZ DE 1ª INSTÂNCIA PEDIDO DE SUSPENSÃO SERÁ JULGADO PELO PRESIDENTE
DO TRF1.

EX2: CONCEDIDA LIMINAR POR JUIZ DE DIREITO DO AM, O


PEDIDO DE SUSPENSÃO SERÁ JULGADO PELO PRESIDENTE
DO TJAM

O pedido de suspensão será decidido pelo:


• Presidente do STF: se a matéria for
constitucional.
• Presidente do STJ: se a matéria for
infraconstitucional.
Ex: concedida liminar pelo Desembargador do
Decisão prolatada por membro de TJ ou TRF TJ/AM, o pedido de suspensão será dirigido ao
Presidente do STF ou do STJ, e não ao
Presidente do TJ/AM (art. 25 da Lei nº
8.038/90)18.
Obs.: e se houver fundamento constitucional E
infraconstitucional, o pedido será dirigido a
quem? Ao presidente do STF (art. 25 da Lei nº
8.038/90).

Se a causa tiver fundamento constitucional, é


possível o ajuizamento de pedido de suspensão
Decisão prolatada por membro de Tribunal dirigido ao Presidente do STF.
Superior
Se a causa não tiver fundamento constitucional,
não há possibilidade de pedido de suspensão.

17
https://www.dizerodireito.com.br/2013/09/pedido-de-suspensao-esquema-de-aula.html
18
(...) Os tribunais estão hierarquicamente vinculados a esses tribunais de superposição, competindo a eles - e não ao presidente
do próprio tribunal- apreciar o pedido de suspensão. Significa, então, que, concedida liminar por relator, cabe o pedido de
suspensão ao Presidente do STF ou do STJ, e não ao presidente do próprio Trbunal". STJ, EDcl no AgRg no AgRg na SL 26/DF, Rel.
min. Nilson Naves; Corte Especialn, AgRg na Rcl 12.363/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, d.j. 19/06/2013.
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E se a União ou outro ente federal do art. 109, I da CRFB pedir suspensão em face de decisão
proferida por juiz estadual, o caso deve ser enviado à justiça federal ou ser julgado pelo tribunal
de justiça?
A suspensão deve ser apreciada pelo presidente do respectivo tribunal de justiça, pois só o TJ é
competente para cassar uma decisão do juiz estadual.

Obs1: essa análise pelo Presidente não julga o mérito. Claro que, para analisar a suspensão, é preciso fazer
um juízo mínimo de delibação, uma análise superficial do mérito. Mas o Presidente não julga o mérito.

A suspensão de liminar e de sentença limita-se a averiguar a possibilidade de grave lesão à


ordem, à segurança, à saúde e à economia públicas. Os temas de mérito da demanda principal
não podem ser examinados nessa medida, que não substitui o recurso próprio.(AgRg na SLS
1.135/MA, Rel. Ministro PRESIDENTE DO STJ, Rel. p/ Acórdão Ministro CESAR ASFOR ROCHA,
CORTE ESPECIAL, julgado em 12/04/2010, DJe 20/05/2010)

(...) 1. A jurisprudência pacificada do Supremo Tribunal Federal permite o proferimento de um


juízo mínimo de delibação, no que concerne ao mérito objeto do processo principal, quando da
análise do pedido de suspensão de decisão (SS 846-AgR/DF, rel. Ministro Sepúlveda Pertence, DJ
29.5.96; SS 1.272-AgR, rel. Ministro Carlos Velloso, DJ 18.5.2001, dentre outros). (STA 73 AgR,
Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 17/03/2008)

Concomitância do pedido de suspensão com o agravo de instrumento

A decisão de um juiz de primeiro grau que concede tutela provisória em face da fazenda pública pode ser
atacada por meio de agravo de instrumento (art. 1015, I, CPC).

Além do recurso, também há a possibilidade de interposição do pedido de suspensão.

AGRAVO DE INSTRUMENTO PEDIDO DE SUSPENSÃO

É um recurso É um incidente processual

Destina-se a obter a sustação dos efeitos da


Serve para obter a reforma ou anulação da
decisão, sem reforma-la ou anulá-la, diante de
decisão interlocutória, em razão de um erro in
grave lesão à ordem, à saúde, à economia ou à
judicando ou in procedendo
segurança pública.

Não há prazo, de modo que pode ser ajuizado


Deve ser interposto no prazo de 15 dias.
enquanto não haja trânsito em julgado

Nesse sentido, o §6º, do art. 4º, da Lei 8437/92 não prevê qualquer subordinação ou vinculação entre esses
02 instrumentos:

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Art. 4º, §6º A interposição do agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações
movidas contra o Poder Público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do
pedido de suspensão a que se refere este artigo.

Outrossim, consoante adverte Leonardo da Cunha, deferido o pedido de suspensão pelo Presidente do
tribunal, o agravo de instrumento não fica prejudicado.

O que pode ficar prejudicado é o efeito suspensivo do agravo de instrumento formulado pela parte. Isso
porque, no caso, esse pleito do efeito suspensivo torna-se inócuo, porquanto a medida já foi obtida pela via
do pedido de suspensão.

Procedimento

A legislação não estabelece requisitos para a petição do pedido de segurança, de modo que se entende que
o pedido pode ser formalizado através de simples requerimento.

No entanto, o regramento desse incidente não admite dilação probatória, razão pela qual o postulante deve
subsidiar seu pedido com todos os documentos que comprovem as suas alegações.

Por conta disso, para que haja a possibilidade de análise do pleito pelo presidente do respectivo Tribunal,
faz-se necessária a exposição dos fatos e fundamentos do pedido, bem como a identificação decisão que se
objetiva suspender e o dano iminente evidenciado (à saúde, economia, segurança ou ordem pública).

Por fim, redige-se o requerimento final, que é a suspensão da decisão.

Apresentado esse pleito, surgem as seguintes possibilidades:

1) o presidente do tribunal pode determinar a emenda ou complementação da petição, a fim de subsidiar


sua decisão;

2) pode rejeitar o pedido, se não vislumbrar possibilidade de lesão à ordem, saúde, economia ou segurança);

3) determinar a intimação do autor da ação originária e do MP para que se manifestem no prazo de 72 horas.

Art. 4º, §2º O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o Ministério Público, em setenta e
duas horas.

Obs.: percebem que o dispositivo diz que o presidente “pode” ouvir.

No entanto, a melhor leitura desse parágrafo impõe uma interpretação no sentido de que a instauração do
contraditório é um dever do magistrado, e não uma faculdade, mesmo porque o princípio do contraditório,
atualmente, engloba a possibilidade de ciência + reação + possibilidade de influência na decisão do juiz.
Dessa forma, se houver a admissão do incidente ou a concessão liminar da suspensão, o contraditório se
impõe.

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Mas é claro que, em situações excepcionais, onde há uma situação extremamente grave ou urgente levada
ao presidente do Tribunal, esse contraditório pode ser postergado:

Lei nº 8.437/92, Art. 4º, § 7o O Presidente do Tribunal poderá conferir ao pedido efeito
suspensivo liminar, se constatar, em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência
na concessão da medida.

Por fim, sendo concedida a suspensão, essa decisão vigorará até o trânsito em julgado da decisão de mérito
na ação principal. Ela tem aqui uma “ultra-atividade”.

Lei nº 8.437/92, Art. 4º, § 9o A suspensão deferida pelo Presidente do Tribunal vigorará até o
trânsito em julgado da decisão de mérito na ação principal.

Súmula 626, STF: A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em


contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de
concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal
Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da
impetração.

Obs2: Da decisão do Presidente cabe recurso?

Sim. Caberá agravo interno para o Plenário ou Corte Especial do Tribunal, da decisão que conceder ou negar.

Lei nº 8.437/92, art. 4º, §3º Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no
prazo de cinco dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte a sua interposição.

Cabe agravo interno da decisão que conceder ou negar. Tanto é assim que as súmulas 217 do STJ e 506 do
STF foram canceladas.

Súmula 217, STJ: Não cabe agravo de decisão que indefere o pedido de suspensão da execução
da liminar, ou da sentença em mandado de segurança. Cancelada.

Súmula 506-STF: O agravo a que se refere o art. 4 da Lei 4.348, de 26.06.1964, cabe, somente, do
despacho do Presidente do Supremo Tribunal Federal que defere a suspensão da liminar, em
mandado de segurança, não do que a denega. Cancelada.

Vejam que o art. 4º, §3º diz que o prazo para esse agravo é de 5 dias.

Dessa afirmação, abrem-se duas perguntas:

1ª pergunta: Esse prazo é mesmo de 5 dias?

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Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei
ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal
proferida em tribunal.

Assim, conquanto a Lei 8437/92 preveja o agravo na suspensão de segurança e diga que o prazo para sua
interposição é de 5 dias, o NCPC aumentou referido prazo para 15 dias.

Ainda, vale salientar que a contagem é em dias úteis (art. 219, NCPC).

2ª pergunta: o prazo em dobro previsto para Fazenda e MP (arts. 188, CPC/73 e art. 180 e 183,
CPC/15) aplica-se a esse agravo em suspensão de segurança?

O STF sempre entendia que o art. 188, CPC/73 (que confere prazo em dobro para recorrer à Fazenda Pública
ou ao MP) não era aplicável na suspensão de segurança.

Ementa: RECURSO. Agravo regimental. Inadmissibilidade. Intempestividade reconhecida. Pedido


de suspensão de segurança pela Fazenda Pública. Contagem em dobro. Inadmissibilidade.
Recurso não conhecido. Precedentes. Não se conhece de agravo regimental interposto a desoras
em incidente de suspensão de segurança, que não admite contagem em dobro do prazo recursal.
(SS 3740 AgR-segundo, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO (Presidente), Tribunal Pleno, julgado em
29/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-084 DIVULG 30-04-2012 PUBLIC 02-05-2012)

O STJ também adotava esse entendimento:

PROCESSUAL CIVIL. SUSPENSÃO DE LIMINAR. AGRAVO CONTRA DECISÃO DA PRESIDÊNCIA DE


TRIBUNAL. PRAZO EM DOBRO. ART. 188 DO CPC. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DO STF.

1. Discute-se a incidência do art. 188 do CPC, que confere prazo em dobro para recorrer quando
a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público, na hipótese de o recurso interposto ser o
previsto no art. 4°, § 3°, da Lei 8.437/1992.

2. Em consonância com a jurisprudência pacífica do Pleno do STF, no incidente de Suspensão


de Segurança ou de Liminar não se reconhece a prerrogativa da contagem de prazo em dobro
para recorrer (SS 3.740 AgR-segundo, Relator Min. Cezar Peluso, publicado em 2.5.2012; SS
4.119 AgR-ED-ED, Relator Min. Cezar Peluso, publicado em 5.8.2011; STA 172 AgR, Relator Min.
Cezar Peluso, publicado em 2.12.2010).

3. Recurso Especial não provido. (REsp 1331730/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 23/05/2013, informativo 523)

Entretanto, por meio de sua Corte Especial, em 2015, o STJ decidiu que o prazo em dobro para Fazenda e
MP aplica-se sim à suspensão de segurança.

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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL. SUSPENSÃO DE LIMINAR E DE SENTENÇA.


RECONSIDERAÇÃO. PEDIDO SUSPENSIVO ACOLHIDO. TEMPESTIVIDADE RECURSAL. ENTE
PÚBLICO. ART. 188 DO CPC. APLICAÇÃO. FALTA DE INTERESSE. NÃO CONHECIMENTO.

I – A jurisprudência já assentou entendimento no sentido de reconhecer legitimidade para a


propositura de pedido suspensivo também às empresas públicas, sociedades de economia mista,
concessionárias e permissionárias de serviço público, quando na defesa do interesse público
primário. Dessa forma, o Poder Público legitimado tem um sentido lato sensu.

II – Aplicável, portanto, o disposto no art. 188 do CPC no tocante ao prazo em dobro para
recorrer, quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público, no que o presente
agravo, interposto pelo Estado de Goiás, é tempestivo.

III – O agravante, juntamente com a TERRACAP, é réu na ação originária, e a decisão agravada,
ao deferir o efeito suspensivo requerido pela TERRACAP, manteve a decisão de indeferimento da
tutela requerida pelas autoras, negando o bloqueio nas matrículas dos imóveis por elas
pretendido. Ausência de interferência negativa na esfera dos interesses jurídicos do agravante.
Inexistente, assim, interesse recursal do Estado de Goiás. Agravo regimental não conhecido.
(AgRg no AgRg na SLS 1.955/DF, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em
18/03/2015, DJe 29/04/2015)

Portanto, para interpor agravo interno da denegação da suspensão da segurança, o STF entende que não se
aplica o prazo em dobro para MP e Fazenda, enquanto que para o STJ se aplica o prazo em dobro para MP
e Fazenda.

Obs3: Cabe recurso especial da decisão proferida no âmbito do pedido de suspensão?

Segundo o STJ, não cabe Recurso Especial de decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão. O
recurso especial se destina a combater argumentos que digam respeito a exame de legalidade, ao passo que
o pedido de suspensão ostentaria juízo político. (STJ. 1ª Turma. AgRg no AREsp 126.036-RS, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012).

Em um caso esparso, o STJ19, em 2017, admitiu recurso especial no seguinte caso: juiz concedeu liminar
determinando que o Estado de SP fornecesse banho quente aos presos; Presidente do TJ/SP suspendeu a
liminar; contra esta decisão foi interposto agravo; a Corte Especial do TJ manteve a suspensão da liminar; o
STJ admitiu recurso especial contra esta decisão tendo em vista que estavam em jogo aspectos elementares
da dignidade da pessoa humana.

19
STJ. 2ª Turma. REsp 1.537.530-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/04/2017 (Info 666)

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Todavia, segundo a 1ª Turma do STF, a decisão em sede de suspensão de segurança não é estritamente
política, possuindo conteúdo jurisdicional. Com base nisso, decidiu que é cabível, em tese, recurso especial
contra decisões proferidas no âmbito do pedido de suspensão de segurança (STF. 1ª Turma. RE 798740
AgR/DF, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/9/2015 - Info 797).

Portanto, em prova, fiquem atentos no enunciado, se ele pede o entendimento do STJ ou do STF.

Obs4: se na decisão do agravo não for concedida ou mantida a suspensão da segurança, a Fazenda ou MP
podem:

i- propor novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual
recurso especial ou extraordinário;

LMS, Art. 15, § 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere
o caput deste artigo, caberá novo pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente
para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.

ii- interpor recurso especial (caso a natureza da matéria seja infraconstitucional), segundo o entendimento
do STF no informativo 797.

Obs5: a interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida em MS não impede que a Fazenda
ou MP apresentem pedido de suspensão da liminar perante o presidente do Tribunal.

LMS, Art. 15, § 2o É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1o deste artigo,
quando negado provimento a agravo de instrumento interposto contra a liminar a que se refere
este artigo.

§ 3o A interposição de agravo de instrumento contra liminar concedida nas ações movidas contra
o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do pedido de
suspensão a que se refere este artigo.

§ 4o O presidente do tribunal poderá conferir ao pedido efeito suspensivo liminar se constatar,


em juízo prévio, a plausibilidade do direito invocado e a urgência na concessão da medida.

§ 5o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo
o presidente do tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante
simples aditamento do pedido original.

Possibilidade de suspensão para várias decisões similares

O art. 4º, §8º, da Lei Lei nº 8.437/92, ainda prevê a possibilidade de suspensão de várias decisões que tenham
o mesmo objeto, através de um único pronunciamento.

§ 8o As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão,
podendo o Presidente do Tribunal estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes,
mediante simples aditamento do pedido original.
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Essa possibilidade concretiza os princípios da economia processual e efetividade, além de evitar


divergências jurisprudências a respeito do tema.

Pedido de suspensão nos Juizados Especiais

De acordo com L. Cunha, no âmbito dos juizados especiais é possível vislumbrar as seguintes possibilidades:

i) é cabível pedido de suspensão dirigido ao presidente da turma recursal contra decisão proferido no âmbito
dos Juizados Especiais Federais ou Juizados Especiais da Fazenda Pública.

ii) não cabe pedido de suspensão dirigido ao presidente do STJ, porquanto não é possível a interposição de
recurso especial em face de acórdão proferido por turma recursal (súmula 203, STJ). Como o pedido de
suspensão deve ser endereçado ao presidente do tribunal competente para conhecer do respectivo recurso,
não há espaço para atuação do STJ nessas circunstâncias;

iii) doutro lado, como é cabível interposição de recurso extraordinário em face de decisão proferida por
turma recursal (súmula 640, STF), é possível, de igual maneira, pedido de suspensão dirigido ao STF.

Dentro do tema “impugnação às decisões judiciais”, há algumas espécies:


1ª corrente (Daniel Assumpção20): Divide as espécies em recurso e sucedâneos recursais.
2ª corrente (doutrina majoritária21): Divide as espécies em ações autônomas de impugnação,
sucedâneos recursais e recursos.

4 – RECURSOS
Doutrinariamente se diz que recurso é um meio de impugnação voluntário manejado pelas partes, terceiro
prejudicado e MP, previsto em lei, para no mesmo processo, reformar, invalidar, esclarecer ou integrar uma
decisão judicial.

Percebe-se, segundo Assumpção, a existência de 6 características fundamentais nos recursos.

20
Op. Cit., p. 1.444.
21
É a corrente que iremos adotar em prova.
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4.1 - Voluntariedade

Os legitimados (art. 99622) devem, voluntariamente, apresentar a sua impugnação à decisão judicial.

Por essa característica que se entende que a remessa necessária não é recurso, porquanto é enviada ao
tribunal pelo juiz, numa atitude obrigatória.

4.2 - Expressa previsão em lei federal

A parte só pode utilizar os recursos previstos em lei.

E quais são esses recursos?

A previsão mais famosa está no art. 994, CPC.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo de instrumento;

III - agravo interno;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - embargos de divergência.

Tem-se entendido que esse rol é taxativo (princípio da taxatividade) dentro do NCPC.

Nada impede, porém, de leis extravagantes criarem outros recursos.

22
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou
como fiscal da ordem jurídica.
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Ex1: Lei dos juizados especiais (Lei n. 9.099/95), que criou o recurso inominado nos juizados especiais.

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso
para o próprio Juizado.

§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no
primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.

Ex2: embargos infringentes (art. 34, LEF)23.

Obs1: Diante desse cenário, as partes não podem criar hipóteses recursais.

Enunciado 20, FPPC: (art. 190) Não são admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre
outros: acordo para modificação da competência absoluta, acordo para supressão da primeira
instância, acordo para afastar motivos de impedimento do juiz, acordo para criação de novas
espécies recursais, acordo para ampliação das hipóteses de cabimento de recursos.

Obs2: Havia um problema com o agravo regimental na vigência do CPC/73, pois não eram previsto no
referido diploma.

Como o art. 22, I, CRFB24 atribuiu à União a competência privativa para legislar sobre Direito Processual Civil,
regimento não poderia criar espécie recursal.

Sobre o problema, precisamos destacar duas situações.

1ª situação

Havia sim lei prevendo o agravo em algumas hipóteses.

Ex1: arts. 20, II; 25, §2º e 39, Lei n. 8.038/90;

Ex2: art. 4º, §3º, Lei n. 8.437/92;

Ex3: arts. 4º, parágrafo único, 12-C e 15, Lei n. 9.869/99;

Ex4: art. 4º, §2º, Lei n. 9.882/99;

23
Para alguns, é recurso. Para outros, trata-se de pedido de reconsideração.
24
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
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Ex5: arts. 10, §1, 15 e 16, parágrafo único, Lei n. 12.016/09.

2ª situação

Havia casos em que, de fato, a única previsão para o agravo era o regimento interno do Tribunal.

Nesses casos, a discussão era mais proeminente.

De toda forma, a jurisprudência legitimava os agravos regimentais, sob o argumento de que não era hipótese
recursal, mas um meio para integração do órgão colegiado, ou seja, de uma forma de provocar os demais
membros do órgão colegiado (STF, Ag no AgRg 247.591/RS).

Afinal, a vocação dos tribunais é proferir decisões colegiadas e não monocráticas.

O agravo regimental serviria para justamente provocar esse órgão colegiado para analisar decisão
monocrática de relator.

O Novo Código nomeou esse tipo de recurso de agravo interno e, no art. 1.021, trouxe sua disciplina.

O artigo 1070 do NCPC afirma que todos os agravos, sem importar a modalidade ou onde estão previstos,
passam a ter prazo de 15 dias.

Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei
ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal
proferida em tribunal.

4.3 - Mesmo processo

O recurso se desenvolve no próprio processo no qual a decisão impugnada foi proferida, sendo um
prolongamento do direito de ação.

Obs1: Mesmo processo não significa mesmos autos.

Ex1: No agravo de instrumento, há formação de dois autos. Um fica com o juízo de 1º grau e outro sobe ao
tribunal. Contudo, trata-se de um mesmo processo. Depois de julgado, será remetido de volta ao 1º grau e
ficará apenso ao processo original.

Obs2: Tanto é o mesmo processo que não há necessidade de citar o recorrido, mas apenas intimá-lo para
apresentar contrarrazões.

Apenas em casos excepcionais que o réu é citado para contrarrazoar a apelação.

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Ex1: indeferimento da petição inicial (art. 330).

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco)
dias, retratar-se.

§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.

Ex2: improcedência liminar do pedido (art. 332).

Art. 332, § 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a


citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar
contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.

Obs1: Essa é justamente a característica dos recursos que os diferenciam das ações autônomas de
impugnação, já que estas se desenvolvem num processo novo.

Ex1: ação rescisória;

Ex2: ação anulatória;

Ex3: ação de querela nullitatis;

Ex4: reclamação constitucional;

Ex5: embargos de terceiro;

Ex6: mandado de segurança contra decisão judicial.

4.4 - Manejável pelas partes, terceiros prejudicados e Ministério Público

O recurso é interposto por algum desses legitimados.

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação


jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa
discutir em juízo como substituto processual.

Obs1: Também por essa característica que a remessa necessária não é recurso, já que o próprio juiz que
envia os autos ao tribunal, sem provocação das partes, terceiros ou MP.

4.5 - Com o objetivo de reformar, anular, integrar ou esclarecer a decisão judicial

4.5.1 - Introdução

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A demanda recursal tem quatro possíveis pedidos imediatos:

i- reforma;

ii- integração;

iii- invalidação;

iv- esclarecimento.

Obs1: Posso também formular cumulação de pedidos.

Cumulação própria

Formulam-se vários pedidos para que todos sejam acolhidos. Tudo o que se pede se quer, e tudo pode ser
acolhido ao mesmo tempo. É regida pela conjunção “e”.

Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos,
ainda que entre eles não haja conexão.

Ex1: reforme esse capítulo e invalide o outro.

Cumulação imprópria

É regida pela conjunção “ou”. Aqui vários pedidos são formulados, mas apenas um pode ser acolhido.

O recorrente quer A, ou B, ou C. É possível ver vários pedidos cumulados (a cumulação é visual), mas só um
deles pode ser acolhido.

Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça
do posterior, quando não acolher o anterior.

Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha
um deles.

Ex1:reforme a decisão e, caso não entenda dessa forma, invalide.

Diante disso, podemos dizer que as regras que estudamos sobre pedidos se aplica também aos pleitos
recursais.

Obs2: O objeto litigioso do recurso é formado pelo pedido + causa de pedir.

Mas devemos saber que o objeto litigioso, o mérito do recurso não é o mesmo da causa. Eles não se
confundem.

Assim, em cada recurso, precisamos descobrir qual é o pedido e qual é sua respectiva causa de pedir.

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4.5.2 - Reformar

Quando se pleiteia a reforma, a intenção é que o tribunal corrija a decisão, pois se entende que o juízo a quo
errou na sua análise, errou na sua decisão.

A causa de pedir de um pedido de reforma, portanto, é o chamado error in iudicando (erro no julgamento).

Obs1: Não há error in iudicando somente no mérito, sendo também possível que se suscite erro no
julgamento de questão processual.

4.5.3 - Invalidar

Procura-se desfazer uma decisão quando é defeituosa.

A causa de pedir já não é o erro no julgamento, no conteúdo da decisão, mas sim equívoco formal, error in
procedendo.

Ex1: decisão extra petita, em que o magistrado concede algo fora do que foi pleiteado;

Ex2: decisão ultra petita, em que o magistrado concede ao autor a tutela e o gênero pleiteados, mas excede
quanto à quantidade, não respeitando a determinação do pedido.

Ex3: decisão citra petita, em que a análise do magistrado fica aquém do pedido, deixando de apreciar algum
pleito ou de enfrentar uma causa de pedir.

Em todos esses três exemplos, suscita-se a invalidade da decisão e não o seu conteúdo.

Ex4: sentença sem os três requisitos do art. 489, CPC (relatório, fundamentação, dispositivo).

Ex5: magistrado faz julgamento antecipado do mérito, mas sem observar os casos descritos no art. 355, CPC.

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito,
quando:

I - não houver necessidade de produção de outras provas;

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na
forma do art. 349.

Obs1: É normal que o recorrente cumule os pedidos.

Ex1: A decisão é nula (error in procedendo), mas se o tribunal não invalidar, ela, no seu conteúdo, também
está incorreta (error in iudicando).

4.5.4 - Esclarecer

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A causa de pedir é a obscuridade ou contradição.

O recurso para pedir esclarecimento sobre o que o juiz quis dizer é os embargos de declaração.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

4.5.5 - Integrar

É um pedido para que a decisão judicial se torne íntegra.

Portanto, a causa de pedir no pedido de integração é a omissão.

Aqui, o pleito é formulado também por meio dos embargos de declaração.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente


de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º .

4.5.6 – Decisão judicial

Os atos processuais que podem ser praticados pelo juiz variam em diversas espécies.

Dentre eles, os atos materiais de exercício da presidência da audiência, inspeção judicial, colheita de provas;
do poder de polícia e os atos processuais de pronunciamento.

É apenas dessa última espécie que tratam os artigos 203 a 205, CPC, abordando mais especificamente os
pronunciamentos do juízo de primeiro grau (sentença, decisão interlocutória e despacho) e do tribunal
(despacho, decisão monocrática e decisão final).

Sentença

Art. 203, §1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487 (conteúdo), põe
fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução (efeito,
finalidade).

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Dispensando a parte histórica25, o NCPC adotou um conceito de sentença que leva em conta o seu conteúdo
E também seus efeitos.

Assim, toda decisão que tem conteúdo dos artigos 485 e 487 do novo CPC, mas que não coloca fim à grande
fase cognitiva do procedimento comum (a sentença final) e não coloca fim à execução, será uma decisão
interlocutória.

O melhor exemplo de decisão interlocutória de mérito é o julgamento antecipado parcial do mérito previsto
no artigo 356 do novo CPC, impugnável por agravo de instrumento.

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em condições de imediato julgamento, nos
termos do art. 355.

§ 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.

Enunciado 103, FPPC: (arts. 1.015, II, 203, § 2º, 354, parágrafo único, 356, § 5º) A decisão parcial
proferida no curso do processo com fundamento no art. 487, I, sujeita-se a recurso de agravo de
instrumento.

Frise-se que no artigo 355, que trata do julgamento antecipado total do mérito, fala-se em sentença,
impugnável por apelação, o que não ocorre no artigo anterior.

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas; II - o réu for revel,
ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349.

Recorribilidade

Em regra, da sentença cabe apelação.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

Contudo, nem sempre é o recurso cabível.

Ex1: Nos juizados especiais cíveis, da sentença não cabe apelação, mas sim um recurso que não tem nome
(recurso inominado).

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso
para o próprio Juizado.

25
Já abordada em aulas passadas.
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Ex2: Na execução fiscal, são cabíveis os embargos infringentes na hipótese do art. 34, LEF.

Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior
a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos
infringentes e de declaração.

50 OTN significa 328,27 R$ até janeiro de 2001. De lá para cá é só atualizar pelo IPCA.

Ex3: Recurso ordinário (art. 105, II, “c”, CRFB)

Da decisão do juiz de 1º grau (juiz federal) na hipótese do art. 109, II, CRFB, caberá interposição do ROC,
exercendo o STJ as funções de um Tribunal de apelação, de 2ª instância, isto é, qualquer recurso contra a
decisão do juiz de primeiro grau será direcionado ao STJ.

Art. 109, II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional E Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;

Art. 105, II - julgar, em recurso ordinário:

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e,


do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

Na CRFB está prevista a competência para analisar recurso ordinário (ROC) contra as decisões do juiz de 1º
grau.

Decisão Interlocutória

Já no que tange às decisões interlocutórias, trata-se de todo pronunciamento judicial de conteúdo decisório
fora dos requisitos de sentença (conteúdo e efeitos).

Art. 203, § 2o Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que
não se enquadre no § 1º.

Recorribilidade

Das decisões interlocutórias previstas no rol do art. 1.015, CPC, cabe agravo de instrumento.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;


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V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias


proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.

Inicialmente, o NCPC foi gestado entendendo que decisões interlocutórias fora desse rol do art. 1.015 não
seriam impugnáveis por agravo de instrumento.

Contudo, o STJ julgou, no dia 5/12/2018, os REsp. 1.696.396/MT e 1.704.520/MT mudando tal
entendimento.

Na oportunidade, a Corte Especial entendeu26, por 7x5, que o art. 1.015 tem uma taxatividade mitigada, isto
é, é possível interposição do AI quando se discute questões urgentes e de difícil reparação, caso não sejam
apreciadas no momento em que questionadas. Enfim, admite-se a interposição de agravo de instrumento
quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação.

Veja o que constou no informativo 639 do STJ:

O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de agravo
de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento da questão
no recurso de apelação.

26
Com modulação de efeitos – a partir da publicação do acórdão.
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Inicialmente, é importante destacar as conflitantes posições doutrinárias e, aparentemente


indissolúveis, divergências jurisprudenciais sobre as quais se pretende pacificar o entendimento
desta Corte. São elas:

a) o rol do art. 1.015 do CPC é absolutamente taxativo e deve ser interpretado restritivamente;

b) o rol do art. 1.015 do CPC é taxativo, mas admite interpretações extensivas ou analógicas; e

c) o rol do art. 1.015 é exemplificativo, admitindo-se o recurso fora das hipóteses de cabimento
previstas no dispositivo.

Nesse sentido, registre-se que o legislador, ao restringir a recorribilidade das decisões


interlocutórias proferidas na fase de conhecimento do procedimento comum e dos
procedimentos especiais, exceção feita ao inventário, pretendeu salvaguardar apenas as
"situações que, realmente, não podem aguardar rediscussão futura em eventual recurso de
apelação". Contudo, a enunciação, em rol pretensamente exaustivo, das hipóteses em que o
agravo de instrumento seria cabível revela-se, na esteira da majoritária doutrina e jurisprudência,
insuficiente e em desconformidade com as normas fundamentais do processo civil, na medida
em que sobrevivem questões urgentes fora da lista do art. 1.015 do CPC e que tornam inviável a
interpretação de que o referido rol seria absolutamente taxativo e que deveria ser lido de modo
restritivo. Da mesma forma, a tese de que o rol do art. 1.015 do CPC seria taxativo, mas admitiria
interpretações extensivas ou analógicas, mostra-se ineficaz para conferir ao referido dispositivo
uma interpretação em sintonia com as normas fundamentais do processo civil, seja porque ainda
remanescerão hipóteses em que não será possível extrair o cabimento do agravo das situações
enunciadas no rol, seja porque o uso da interpretação extensiva ou da analogia pode desnaturar
a essência de institutos jurídicos ontologicamente distintos.

Por sua vez, a tese de que o rol seria meramente exemplificativo, resultaria na repristinação do
regime recursal das interlocutórias que vigorava no CPC/1973 e que fora conscientemente
modificado pelo legislador do novo CPC, de modo que estaria o Poder Judiciário, nessa hipótese,
substituindo a atividade e a vontade expressamente externada pelo Poder Legislativo.

Assim, a tese que se propõe consiste em, a partir de um requisito objetivo – a urgência que
decorre da inutilidade futura do julgamento do recurso diferido da apelação –, possibilitar a
recorribilidade imediata de decisões interlocutórias fora da lista do art. 1.015 do CPC, sempre em
caráter excepcional e desde que preenchido o requisito urgência. Trata-se de reconhecer que o
rol do art. 1.015 do CPC possui uma singular espécie de taxatividade mitigada por uma cláusula
adicional de cabimento, sem a qual haveria desrespeito às normas fundamentais do próprio CPC
e grave prejuízo às partes ou ao próprio processo. (REsp 1.704.520-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi,
Corte Especial, por maioria, julgado em 05/12/2018, DJe 19/12/2018 (Tema 988), informativo
639.

Tal entendimento vem sendo muito criticado pela doutrina, porquanto gera extrema insegurança jurídica.
As partes, daqui em diante, irão interpor AI de todas as decisões interlocutórias com medo da preclusão.

Caberá ao STJ definir caso a caso quais são as hipóteses de cabimento do AI.

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Veremos de forma pormenorizada quando tratarmos dessa espécie recursal.

Pois bem.

Além do agravo de instrumento, as decisões interlocutórias poderão ser questionadas na


apelação/contrarrazões de apelação.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar


agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar
de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

Por fim, de algumas decisões interlocutórias proferidas nos Juizados Especiais Federais e Juizados Especiais
da Fazenda Pública é cabível a interposição do agravo.

Lei n. 10.259/01, Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas
cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação.

Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admitido recurso de sentença definitiva.

Lei n. 12.153/09, Art. 3º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir quaisquer
providências cautelares e antecipatórias no curso do processo, para evitar dano de difícil ou de
incerta reparação.

Art. 4º Exceto nos casos do art. 3o, somente será admitido recurso contra a sentença.

Despachos

Por fim, os despachos não tiveram alteração em sua configuração, sendo os pronunciamentos sem conteúdo
decisório.

Art. 203, § 3o São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo,
de ofício ou a requerimento da parte.

§ 4o Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de


despacho, devendo ser praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário.

Como os dois pronunciamentos anteriores (sentença e decisão interlocutória) são atos com cunho decisório,
fica claro que despacho é ato praticado pelo juiz sem cunho decisório e, portanto, irrecorrível.

Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso.

Sua finalidade é impulsionar o processo, sendo também chamados de atos de mero expediente.

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Art. 93, XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de
mero expediente sem caráter decisório; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Obs1: Diferença entre despacho e decisão interlocutória

A diferença primordial é que, enquanto despacho não tem conteúdo decisório27, a decisão interlocutória,
como o próprio nome diz, tem carga decisória.

Obs2: Não confundir despachos com atos ordinatórios.

DESPACHOS (ART. 203, §3º, CPC) ATOS ORDINATÓRIOS (ART. 203, §4º, CPC)
o
§ 3o São despachos todos os demais Art. 203, § 4 Os atos meramente ordinatórios,
pronunciamentos do juiz praticados no como a juntada e a vista obrigatória,
processo, de ofício ou a requerimento da parte. independem de despacho, devendo ser
praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo
juiz quando necessário.

Ato sem caráter decisório, de mero


impulsionamento

Poderá ser delegada a prática ao servidor (se


Praticado pelo servidor
delegada, é praticado como ato ordinatório)

Dois pontos importantes:

1º ponto: O “cite-se” é despacho ou decisão interlocutória?

1ª corrente (Barbosa Moreira): É decisão e, portanto, recorrível.

27
STJ decidiu que é despacho (AgRg no AREsp 555.142/RJ, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, d.j. 9/12/2014) e, portanto, irrecorrível
a decisão de remessa de cópias ao MP para apuração de eventual crime.
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2ª corrente (Teresa Arruda Wambier): É despacho, sendo irrecorrível.

3ª corrente (Didier): Depende do caso concreto. Em regra, é despacho, sendo irrecorrível.

Ora, o réu poderá se defender ainda por meio da contestação.

Ademais, os pressupostos processuais e condições da ação são questões de ordem pública, podendo ser
reconhecidos a qualquer tempo. O “cite-se” não é o último momento para verificar a aptidão daquele
processo.

Em terceiro lugar, o direito brasileiro não admite fundamentação implícita.

Todavia, em alguns casos, seria possível defender a recorribilidade do cite-se.

Ex1: Na execução de TEE, p. ex, o executado é citado para pagar em 3 dias, sob pena de penhora.

Diante do prazo exíguo, seria admissível o agravo de instrumento do “cite-se”.

Embargos à execução, por serem opostos no prazo de 15 dias e, sendo ação cognitiva, por demandar tempo
para análise, não seria o melhor instrumento.

Outrossim, a exceção de pré-executividade serve penas para matérias de ordem pública e em relação a qual
haja prova pré-constituída.

2º ponto: A decisão que posterga a análise da tutela provisória é despacho (irrecorrível) ou


decisão (recorrível por agravo de instrumento)?

1ª corrente (STJ antigamente): Tem conteúdo de despacho, sendo, portanto, irrecorrível.

O despacho que posterga a análise da tutela provisória não revela conteúdo decisório, sendo,
por força do art. 1.001 do CPC (correspondente ao art. 504 do CPC revogado), irrecorrível (AgRg
no REsp 1357542/ES, rel. min. Arnaldo Esteves Lima, 1ª Turma, DJe de 06/08/2014 e AgRg no Ag
725.466/DF, rel. min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJ de 01/08/2006).

2ª corrente (doutrina majoritária e decisões mais recentes do STJ): Tem conteúdo de decisão interlocutória,
sendo, portanto, recorrível.

Enunciado 70, I Jornada, CJF – É agravável o pronunciamento judicial que postergar a análise de
pedido de tutela provisória ou condicioná-la a qualquer exigência.

Enunciado 29, FPPC: (art. 298, art. 1.015, I) É agravável o pronunciamento judicial que postergar
a análise do pedido de tutela provisória ou condicionar sua apreciação ao pagamento de custas
ou a qualquer outra exigência.

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O juízo de primeiro grau, ao deixar de apreciar pedido de tutela antecipada, optando por
manifestar-se após a contestação, o que fez, em última análise, foi considerar ausente o
pressuposto específico do risco de dano (periculum in mora), porquanto não vislumbrou
prejuízo para a parte quando postergou eventual concessão da medida. Não se trata, portanto,
de mero despacho, e sim de decisão interlocutória, vez que, não tendo sido concedida a
antecipação da tutela, permaneceu para o autor o interesse em afastar a ocorrência de dano
irreparável. Cabível, nessas circunstâncias, a interposição do agravo de instrumento, com o
intuito de se obstar, de imediato, a ocorrência do dano. REsp 814.100/MA, rel. min. Teori Albino
Zavascki, 1ª Turma, DJe de 02/03/2009 e AgRg no AREsp 16.391/RR, rel. min. Benedito Gonçalves,
1ª Turma, DJe de 13/12/2011.

Ainda, no informativo 644, constou o seguinte:

O conceito de "decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória" previsto no art. 1.015, I,
do CPC/2015, abrange as decisões que examinam a presença ou não dos pressupostos que
justificam o deferimento, indeferimento, revogação ou alteração da tutela provisória e, também,
as decisões que dizem respeito ao prazo e ao modo de cumprimento da tutela, a adequação,
suficiência, proporcionalidade ou razoabilidade da técnica de efetivação da tutela provisória e,
ainda, a necessidade ou dispensa de garantias para a concessão, revogação ou alteração da tutela
provisória. REsp 1.752.049-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
12/03/2019, DJe 15/03/2019 (informativo 644).

Embora não haja menção à postergação da decisão na ementa, no voto de relatoria Ministra Nancy Andrighi,
seguido à unanimidade pela Turma, foi dito que a decisão que posterga a análise da tutela também é
impugnável por agravo de instrumento.

Além dos despachos (art. 1.001, CPC), há hipóteses de irrecorribilidade de decisões judiciais.

Ex1: decisão interlocutória que admite ou inadmite o amicus curiae (art. 138, caput e art. 950, §3º);

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema


objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de
ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a
participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

§ 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o relator


poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades.

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A decisão do Relator que ADMITE ou INADMITE o ingresso do amicus curiae é irrecorrível. STF.
Plenário. RE 602584 AgR, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018.

Ex2:

Art. 1.007, § 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção,
por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.

Ex3: decisão que reconhece suspensão por foro íntimo.

Ex4:

Art. 1.031, § 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário,


em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal
Federal.

§ 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar


a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do
recurso especial.

Ex5:

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos
termos deste artigo.

Pronunciamentos do Tribunal

No Tribunal, há também três espécies de pronunciamentos:

a) despachos

b) decisões interlocutórias

c) decisão final.

Dos despachos não cabe recurso (art. 1.001, CPC).

No tocante às demais decisões nos tribunais, não se leva em consideração o conteúdo ou a finalidade, mas
sim quem a pratica.

Portanto, se a decisão é monocrática, são cabíveis os seguintes recursos:

i- da decisão do relator, cabe agravo interno (art. 1.021; art. 1.030, §2º; art. 1.035, §7º; art. 1.036, §3º);

ii- agravo em recurso especial ou extraordinário (art. 1.042);


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Se a decisão é colegiada (acórdão), o possíveis recursos são:

i- recurso especial (art. 105, III, CRFB);

ii- recurso extraordinário (art. 102, III, CRFB).

Exceção: súmula 735, STF.

Súmula 735, STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.

iii- recurso ordinário constitucional (art. 102, II, “a” e art. 105, II, “b”, CRFB);

iv- embargos de divergência (arts. 1.043 e 1.044, CPC).

De todas as decisões cabe oposição de embargos de declaração (art. 1.022, CPC).

ART. 1001. DOS DESPACHOS


JUIZ DESPACHO
NÃO CABE RECURSO.

Em regra, da sentença cabe


Sentença: conceituada
apelação (art. 1.009, CPC).
pelo conteúdo
(fundamento nos arts. 485 Contudo, há outros
ou 487) + efeitos (põe fim à recursos cabíveis em
Juiz
fase cognitiva do algumas situações.
procedimento comum, Ex1: recurso inominado nos
bem como extingue a juizados especiais cíveis
execução). (art. 41, Lei n. 9.099/95);

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Ex2: embargos infringentes


na execução fiscal (art. 34,
LEF);
Ex3: agravo no art. 100, Lei
n. 11.101/05 (Falência);
Ex4: recurso ordinário (art.
109, II c/c art. 105, II, “c”,
CRFB).
Cabe também ED.

Cabe agravo de
instrumento no rol do art.
1.015, CPC (taxatividade
mitigada).
Obs1: Além do AI, algumas
decisões interlocutórias só
podem atacadas em
Decisão interlocutória: apelação/contrarrazões de
pronunciamento judicial de apelação.
conteúdo decisório fora
dos requisitos de sentença Art. 1.009. Da sentença
(conteúdo e efeitos). cabe apelação.
Juiz o
Art. 203, § 2o Decisão § 1 As questões resolvidas
interlocutória é todo na fase de conhecimento,
pronunciamento judicial de se a decisão a seu respeito
natureza decisória que não não comportar agravo de
se enquadre no § 1º. instrumento, não são
cobertas pela preclusão e
devem ser suscitadas em
preliminar de apelação,
eventualmente interposta
contra a decisão final, ou
nas contrarrazões.
Cabe também ED.

Art. 1.001. Dos despachos


Tribunal Despacho
não cabe recurso.

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Cabe agravo interno (art.


1.021; 1.030, §2º; art.
1.035, §7º; art. 1.036,
§3º).);
Tribunal Decisão monocrática. É possível agravo em
recurso especial ou
extraordinário (art. 1042,
CPC).
Cabe também ED.

São cabíveis:
i- recurso especial (art. 105,
III, CRFB);
ii- recurso extraordinário
(art. 102, III, CRFB).
Exceção: súmula 735, STF.
Súmula 735, STF: Não cabe
Decisão colegiada (turma, recurso extraordinário
Tribunal seção, corte especial), contra acórdão que defere
prolatando um acórdão. medida liminar.
iii- recurso ordinário
constitucional (art. 102, II,
“a” e art. 105, II, “b”, CRFB);
iv- embargos de
divergência (arts. 1.043 e
1.044, CPC).
Cabe também ED.

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PRINCÍPIOS

1 – PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO


Renato Montans28 adverte que, para compreender o princípio, necessário esclarecer os termos:

a) Instância

É termo estático ligado à organização judiciária, alterando-se de acordo com a existência de órgãos
hierarquicamente inferiores e superiores.

Assim, juízes de 1ª instância são aqueles lotados nas comarcas/seções/subseções.

Os desembargadores, por sua vez, exerceriam suas funções na 2ª instância.

Por fim, os ministros dos tribunais superiores exercem suas atividades em instância especial.

b) Grau

É termo dinâmico, que variará de acordo com o contato do Poder Judiciário com a causa.

A maioria das demandas inicia-se em 1ª instância, sendo o juiz lotado na comarca X que analisará o caso em
1º grau. Interposto o recurso, o TJ analisará a demanda em 2º grau, e assim sucessivamente.

Nas hipóteses de competência originária dos tribunais, porém, o juízo de 2ª instância (tribunal) analisará a
demanda pela primeira vez, em 1º grau de jurisdição.

Dessa diferenciação terminológica podemos compreender o conteúdo do princípio do duplo grau de


jurisdição.

Referido princípio estabelece que existiria uma um direito ao duplo julgamento, um direito de as pessoas
verem sua questão submetida a uma outra instância.

Pontos positivos do duplo grau de jurisdição

i- O ser humano é irresignado por natureza, devendo haver permissão para uma segunda opinião diante da
decisão desfavorável;

28
Manual de Direito Processual Civil, 2ª ed., Saraiva: São Paulo, 2016, p. 1.014.
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ii- Tendo em vista a falibilidade humana, é possível que o magistrado que primeiro analisou a causa tenha se
equivocado;

iii- Evita-se que o juiz cometa arbitrariedades, já que a possibilidade de recurso inibe tais práticas pelo juiz;

iv- O reexame por outros magistrados, mais antigos e experientes, tende a trazer maior qualidade à decisão.

Pontos negativos do duplo grau de jurisdição

i- A reforma da decisão demonstrará que, mesmo considerando a unidade da jurisdição, teremos decisões
contraditórias, podendo inclusive gerar descrédito do juiz de 1ª instância perante a comunidade;

ii- No duplo grau, não há mais oralidade, tampouco identidade física do juiz, havendo um distanciamento do
caso concreto;

iii- O duplo grau ocasiona uma maior morosidade do processo, podendo violar a duração razoável do
processo (art. 5º, LXXVIII, CRFB);

Obs1: É possível que esse segundo julgamento seja feito pelo mesmo órgão jurisdicional?

1ª corrente (Liebman, Nelson Nery): O duplo grau pode ser exercido perante o mesmo órgão, de mesma
hierarquia.

Isso porque a maior parte dos objetivos que se busca com o duplo grau são satisfeitos aqui (falibilidade
humana, controle das decisões, natural insatisfação do indívíduo).

Ex1: embargos de declaração;

Ex2: embargos infringentes na execução fiscal (art. 34, LEF);

Ex3: agravo interno;

Ex4: recurso inominado nos juizados, analisado por juízes de 1ª instância.

2ª corrente (Barbosa Moreira, Flavio Cheim Jorge): O duplo grau só está configurado se um órgão distinto,
de hierarquia superior, reanalisar a demanda.

Ex1: apelação;

Ex2: agravo de instrumento;

Ex3: recurso especial e extraordinário.

Obs2: O duplo grau de jurisdição está previsto na CRFB? Ele é uma garantia constitucional, é um
princípio?

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Fredie Didier e Leonardo da Cunha relatam que apenas a Constituição do Império (1824) tinha previsão
expressa do duplo grau de jurisdição (art. 15829).

Depois, nas sucessivas Constituições (1891; 1934; 1937; 1946; 1967; 1969), o duplo grau não foi mais previsto
de modo expresso.

E na CRFB/88, houve previsão expressa ou implícita?

1ª corrente: Há previsão expressa no artigo 5º, LV, assegurando o contraditório e ampla defesa e recursos.

Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

2ª corrente (majoritária): Não há previsão expressa na CRFB.

Contudo, mesmo que não haja previsão expressa, haveria previsão implícita?

1ª corrente (HTJ): Sim. Entende-se que o direito ao recurso seria um conteúdo do direito de ação, da
inafastabilidade e do direito ao processo devido.

2ª corrente (Marinoni, Barbosa Moreira, Assumpção): Não há previsão constitucional expressa ou implícita,
mas somente infraconstitucional, mais precisamente no artigo 8º, item 23 alínea “h”, do Pacto de San José
da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969).

Artigo 8º - Garantias judiciais:

2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não
for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena
igualdade, às seguintes garantias mínimas:

h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.

E, mesmo assim, é plenamente possível que não só a CRFB, mas também legislação infraconstitucional retire
o duplo grau de jurisdição para atender outros princípios processuais.

Na CRFB, podemos citar as seguintes exceções:

29
Art. 158. Para julgar as Causas em segunda, e ultima instancia haverá nas Provincias do Imperio as Relações, que forem
necessarias para commodidade dos Povos.
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i- hipóteses de competência originária do STF (art. 102, I, CRFB);

ii- hipóteses de competência originária do STJ (art. 105, I, CRFB).

iii- mesmo nos recursos especial e extraordinário se diz que não há duplo grau, pois o STJ e STF não
reexaminam os fatos.

Na legislação infraconstitucional, podemos citas os seguintes exemplos:

i- teoria da causa madura (art. 1.013, §3º, CPC);

ii- irrecorribilidade imediata de decisões interlocutórias (art. 1.009, §1º, CPC);

iii- irrecorribilidade de decisões interlocutórias.

Em suma, podemos concluir que o duplo grau de jurisdição pode ser entendido como um princípio
(mandamento de otimização), que pode ser sopesado, afastado episodicamente, para que haja a promoção
de outro princípio aparentemente colidente.

2 – PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE
A parte só pode utilizar os recursos previstos em lei.

E quais são esses recursos?

CPC/73 CPC/15

Art. 496. São cabíveis os seguintes recursos: Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:
(Redação dada pela Lei nº 8.038, de 25.5.1990)
I - apelação;
I - apelação;
II - agravo de instrumento;
II – agravo; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de
III - agravo interno;
13.12.1994)
IV - embargos de declaração;
III - embargos infringentes;
V - recurso ordinário;
IV - embargos de declaração;
VI - recurso especial;
V - recurso ordinário;
VII - recurso extraordinário;
Vl - recurso especial; (Incluído pela Lei nº 8.038,
de 25.5.1990) VIII - agravo em recurso especial ou
extraordinário;
Vll - recurso extraordinário; (Incluído pela
Lei nº 8.038, de 25.5.1990) IX - embargos de divergência.

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VIII - embargos de divergência em recurso


especial e em recurso extraordinário.
(Incluído pela Lei nº 8.038, de 25.5.1990)

Tem-se entendido que esse rol é taxativo (princípio da taxatividade) dentro do NCPC.

Nada impede, porém, de leis extravagantes criarem outros recursos.

Ex1: Lei dos juizados especiais (Lei n. 9.099/95), que criou o recurso inominado nos juizados especiais.

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso
para o próprio Juizado.

§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no
primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.

§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.

Ex2: embargos infringentes (art. 34, LEF)30.

Obs1: Diante desse cenário, as partes não podem criar hipóteses recursais.

Enunciado 20, FPPC: (art. 190) Não são admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre
outros: acordo para modificação da competência absoluta, acordo para supressão da primeira
instância, acordo para afastar motivos de impedimento do juiz, acordo para criação de novas
espécies recursais, acordo para ampliação das hipóteses de cabimento de recursos.

Obs2: Havia um problema com o agravo regimental na vigência do CPC/73, pois não eram previsto no
referido diploma.

Como o art. 22, I, CRFB31 atribuiu à União a competência privativa para legislar sobre Direito Processual Civil,
regimento não poderia criar espécie recursal.

Sobre o problema, precisamos destacar duas situações.

1ª situação

Havia sim lei prevendo o agravo em algumas hipóteses.

30
Para alguns, é recurso. Para outros, trata-se de pedido de reconsideração.
31
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
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Ex1: arts. 20, II; 25, §2º e 39, Lei n. 8.038/90;

Ex2: art. 4º, §3º, Lei n. 8.437/92;

Ex3: arts. 4º, parágrafo único, 12-C e 15, Lei n. 9.869/99;

Ex4: art. 4º, §2º, Lei n. 9.882/99;

Ex5: arts. 10, §1, 15 e 16, parágrafo único, Lei n. 12.016/09.

2ª situação

Havia casos em que, de fato, a única previsão para o agravo era o regimento interno do Tribunal.

Nesses casos, a discussão era mais proeminente.

De toda forma, a jurisprudência legitimava os agravos regimentais, sob o argumento de que não era hipótese
recursal, mas um meio para integração do órgão colegiado, ou seja, de uma forma de provocar os demais
membros do órgão colegiado (STF, Ag no AgRg 247.591/RS).

Afinal, a vocação dos tribunais é proferir decisões colegiadas e não monocráticas.

O agravo regimental serviria para justamente provocar esse órgão colegiado para analisar decisão
monocrática de relator.

O Novo Código nomeou esse tipo de recurso de agravo interno e, no art. 1.021, trouxe sua disciplina.

O artigo 1070 do NCPC afirma que todos os agravos, sem importar a modalidade ou onde estão previstos,
passam a ter prazo de 15 dias.

Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei
ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal
proferida em tribunal.

3 – PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE (UNIRRECORRIBILIDADE)


Referido princípio advoga a existência de apenas uma espécie recursal como meio de impugnação de cada
decisão judicial.

Obs1: A singularidade leva em consideração a decisão como um todo e não cada capítulo dela.

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Assim, se na sentença consta uma matéria que tem conteúdo interlocutório (ex: concessão de gratuidade de
justiça, concessão de tutela provisória etc.), não caberá a interposição de apelação E decisão interlocutória.

Considerará o ato processual como um todo (sentença) e contra ela se interporá a apelação.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art.
1.015 integrarem capítulo da sentença.

Art. 1.013, § 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é
impugnável na apelação.

A Turma proveu em parte o recurso, entendendo que, referente à aplicação do princípio da


fungibilidade, para que se aceite a interposição de agravo de instrumento e apelação contra
pontos distintos de uma única sentença, é vedada a interposição cumulativa de recursos,
simultânea ou não, para impugnar um mesmo ato judicial complexo, encerrando matéria
interlocutória e de mérito. No caso, cabível apenas a apelação, ainda que da decisão
interlocutória. Precedentes citados: REsp 326.117-AL, DJ 26/6/2006; REsp 791.515-GO, DJ
16/8/2007, e AgRg na SLS 799-SP, DJe 7/8/2008. REsp 1.035.169-BA, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 20/8/2009 (informativo 403).

O indeferimento, na prolação da sentença, do pedido de assistência judiciária gratuita é


impugnável por meio de apelação. Isso porque, pelo princípio da unirrecorribilidade, cada ato
decisório só pode ser atacado por um único recurso. Ressalte-se que a hipótese em análise não
se confunde com aquela na qual o pedido de assistência judiciária gratuita é apreciado em
decisão interlocutória, situação em que o recurso cabível será o agravo de instrumento.
Precedente citado: AgRg no REsp 553.273-BA, Sexta Turma, DJ 6/3/2006. AgRg no AREsp 9.653-
SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/5/2013 (informativo 521).

Como toda boa regra, há exceções:

Exceção1: Quando a decisão atacada possuir fundamentos que estejam assentados, simultaneamente, em
norma constitucional e infraconstitucional, é autorizada a interposição simultânea de Recurso Extraordinário
(ofensa à Constituição) e Recurso Especial (ofensa à lei federal).

Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial,


os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal


Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.

§ 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão


irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.

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§ 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar


a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do
recurso especial.

Em verdade, não é “autorizada” a interposição, mas sim “exigida” a interposição conjunta. Ora, se a decisão
recorrida se assenta em dois fundamentos (constitucional e infraconstitucional), é inadmissível o recurso que
impugna apenas um desses motivos.

Sumula 283, STF. É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em
mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.

Súmula 126, STJ: É inadmissível recurso especial, quando o acordão recorrido assenta em
fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para
mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.

Ex32: Tese tributária: Se houver uma demanda cuja fundamentação se desdobra em


inconstitucionalidade e ilegalidade do tributo e o acórdão acolhe esses dois argumentos.
Nesse caso, a Fazenda, almejando alterar o julgamento, será obrigada a interpor recurso
extraordinário e recurso especial, e ambos deverão ser providos para que o efeito substitutivo
incida, de maneira útil, sobre a decisão recorrida.
A Fazenda só poderá cobrar o tributo se ambos os recursos forem providos, cuja consequência é
a reforma dos fundamentos da inconstitucionalidade e da ilegalidade constantes na decisão
impugnada.
Se a Fazenda interpuser apenas recurso especial OU apenas recurso extraordinário, não haverá
interesse recursal nesse caso, já que não terão utilidade alguma.
Ora, mesmo que apenas o REsp ou apenas o RE seja provido, o acórdão ainda se manterá em seu
outro fundamento.
Por outro lado, se o acórdão decide que o tributo não é inconstitucional, tampouco ilegal, o
contribuinte poderá interpor tanto recurso extraordinário quanto recurso especial OU os dois
recursos, uma vez que não há duplo fundamento suficiente.
O provimento de qualquer um deles (REsp - tributo ilegal OU RE - tributo inconstitucional) será
suficiente para alteração do teor do julgado recorrido, pois o contribuinte que poderá deixar de
recolher o tributo se este for considerado inconstitucional OU ilegal: basta apenas um dos
fundamentos.

32
Exemplo do livro "Breves Comentários ao Novo Código de Processo Civil", de Didier, Teresa Arruda Alvim, Talamini e Bruno
Dantas.
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Exceção2: Assumpção33 cita o caso em que o MS é de competência originária de tribunal e é parcialmente


acolhido. Desse capítulo, caberá REsp e/ou Rext, enquanto do capítulo denegatório caberá ROC (recurso
ordinário constitucional).

Exceção3: a apelação servirá, em alguns casos, não apenas para impugnar sentença, mas também decisões
interlocutórias contra as quais não é cabível a recorribilidade imediata por meio do agravo de instrumento
(art. 1.009, §1º, CPC).

MPPR – 2017 A doutrina tem afirmado que o recurso de apelação do Código de Processo Civil de 2015
configura exceção à regra da unirecorribilidade das decisões judiciais. Por que?

Exceção4: Parcela doutrinária ainda cita a possibilidade de oposição de embargos de declaração contra
qualquer decisão, além de eventual recurso.

Alguns, porém, rechaçam essa hipótese, pois a mesma parte não poderia entrar simultaneamente com os
ED e outro recurso (ex: apelação). Primeiro, opõe os ED e, depois, apelação, preservando a singularidade.

Obs1: O STJ considerou possível que um único recurso (AI) seja interposto para impugnar duas decisões
interlocutórias distintas, não estando tal prática vedada pelo princípio da singularidade.

A Turma, considerando as especificidades do caso, entendeu ser possível a interposição de um


único recurso de agravo de instrumento para impugnar duas decisões interlocutórias distintas
proferidas no mesmo processo. In casu, cuidou-se, na origem, de ação de execução de título
extrajudicial, sendo que, após iniciado o cumprimento provisório da sentença, o recorrente opôs
exceção de pré-executividade. O juiz singular proferiu duas decisões interlocutórias: a primeira
(em 30/7/2007) extinguiu a exceção de pré-executividade por irregularidade da representação
processual e autorizou a penhora online de ativos financeiros em nome do executado; já a
segunda (em 29/10/2007) autorizou o levantamento do valor penhorado e depositado
judicialmente mediante a prestação de caução. Ocorre que o recorrente, em vez de impugná-las
separadamente, por meio de dois agravos de instrumento, interpôs um único recurso. Nesse
contexto, inicialmente, ressaltou-se que o princípio da singularidade, também denominado da
unicidade do recurso, ou unirrecorribilidade consagra que, para cada decisão a ser atacada, há
um único recurso próprio e adequado previsto no ordenamento jurídico. Sendo assim, salvo as
exceções legais - embargos de declaração e recurso especial e extraordinário -, não é possível a
utilização de mais de um recurso para impugnar a mesma decisão, sob pena de o segundo não
ser conhecido por preclusão consumativa. Entretanto, destacou-se que o aludido princípio não
veda a interposição de um único recurso para impugnar mais de uma decisão. Tampouco
subsiste, na legislação processual, qualquer impedimento a essa prática, embora seja incomum.

(...) Ademais, considerou-se que, na espécie, a interposição do agravo por meio de duas petições
separadas e o julgamento separado dos recursos poderia gerar decisões conflitantes. Isso porque

33
Op. Cit., p. 1.488.
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a segunda decisão (que autorizou o levantamento do valor penhorado) é dependente da primeira


(que extinguiu a exceção de pré-executividade oposta pelo executado e autorizou a penhora
daquele valor).

Por fim, asseverou-se que, embora a interposição de um único recurso para impugnar mais de
uma decisão não seja uma prática recomendável, reconheceu-se que, de acordo com as
particularidades do caso, o não conhecimento do agravo importa violação do art. 522 do CPC,
porquanto a parte, além de ter o direito de recorrer das decisões interlocutórias, utilizou-se do
recurso previsto na legislação para tanto, ou seja, o agravo de instrumento. Assim, a Turma deu
provimento ao recurso, para anular o acórdão recorrido e determinar o retorno dos autos ao
tribunal de origem, a fim de que seja apreciado o mérito do agravo de instrumento. REsp
1.112.599-TO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/8/2012 (informativo 503).

Criticando tal decisão, Assumpção relata que até seria possível admitir um recurso para impugnar duas
decisões, mas desde que se considerasse o prazo recursal da 1ª decisão prolatada.

No caso analisado pelo STJ, o prazo para AI da 1ª decisão transcorreu in albis, estando preclusa a
possibilidade de impugná-la.

4 – PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE
Os legitimados devem, voluntariamente, apresentar a sua impugnação à decisão judicial.

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

Por essa característica que se entende que a remessa necessária não é recurso, porquanto é enviada ao
tribunal pelo juiz, numa atitude obrigatória.

Obs1: O princípio da voluntariedade tem intrínseca ligação com os fatos impeditivos e extintivos do direito
de recorrer, que serão estudados mais à frente.

Segundo Didier, os fatos impeditivos se desdobram em:

a) Desistência da ação;

b) Reconhecimento do pedido e renúncia ao direito em que se funda a ação;

c) Desistência do recurso.

Já os fatos extintivos se desmembram em:

a) Renúncia;

b) Aquiescência.

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5 – PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE
Por meio desse princípio, exige-se do recorrente a exposição da causa de pedir (error in judicando e error in
procedendo), bem como do pedido (reforma, invalidação, esclarecimento ou integração).

Deve o recorrente, pois, impugnar especificamente os pontos da decisão agravada.

Art. 1.021, § 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os


fundamentos da decisão agravada34.

O sistema processual brasileiro consagra e positiva o princípio da dialeticidade. Isso significa que
se exige que o recurso faça impugnação específica aos fundamentos da decisão judicial atacada
(arts. 932, III e 1.021, § 1º, do CPC/2015). STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 897.522/SP, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 26/09/2017.

Enunciado 100, FPPC: (art. 1.013, § 1º, parte final) Não é dado ao tribunal conhecer de matérias
vinculadas ao pedido transitado em julgado pela ausência de impugnação.

E tal obrigatoriedade se dá por dois motivos:

1º motivo: permitir ao recorrido a elaboração de sua defesa (contrarrazões), nos limites do que foi
impugnado;

É inepta a apelação quando o recorrente deixa de demonstrar os fundamentos de fato e de


direito para a reforma pleiteada ou deixa de impugnar, ainda que em tese, os argumentos da
sentença. (...)

A petição de apelação deve conter os fundamentos de fato e de direito, de modo que incumbe
ao apelante indicar o direito que pretende exercitar contra o réu, apontando o fato proveniente
desse direito. A narração dos fatos deve ser inteligível, a fim de enquadrar os fundamentos
jurídicos ao menos em tese, e não de forma insuficiente, vaga e abstrata. De outro lado, é
imperioso que o apelante impugne, argumentada e especificamente, os fundamentos que
dirigiram o magistrado na prolação da sentença. Esse requisito também tem como escopo
viabilizar a própria defesa da parte apelada, que necessita de argumentos pontuais para contra-
arrazoar o recurso interposto. REsp 1.320.527-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
23/10/2012 (informativo 507).

2º motivo: A partir da impugnação específica dos pontos da decisão agravada, limita-se a apreciação do
órgão "ad quem" apenas àquelas impugnações.

34
Disposição que se aplica a todas as espécies recursais.
75
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É a famosa regra “tantum devolutum quantum appelatum” ( art. 1.013, caput) ou dimensão horizontal do
efeito devolutivo. A análise do tribunal fica limitada àquelas matérias impugnadas.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

Obs1: O STJ não rechaça a reprodução de fundamentos expostos na inicial ou contestação, desde que da sua
fundamentação seja possível extrair a irresignação com a decisão recorrida.

(...) Entende a jurisprudência do STJ que a repetição dos argumentos da petição inicial não configura
ofensa ao art. 514, II, do CPC, se apresentados os fundamentos de fato e de direito suficientes para
demonstrar o interesse na reforma da sentença (...). REsp 1.320.527-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 23/10/2012 (informativo 507).

6 – PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE
Conceitualmente, aplicar a fungibilidade significa receber um recurso que não é cabível para o caso concreto
por aquele que teria cabimento.

Principiologicamente, a fungibilidade se baseia no princípio da instrumentalidade das formas, segundo o qual


o desvio da formalidade pode ser aceito se não houver prejuízo (pas de nullité sans grief).

A fungibilidade tinha assento legal no CPC/39, até porque o sistema recursal, à época, era extremamente
complexo. Quase que como uma assunção de culpa, os legisladores previram o seguinte:

Art. 810. Salvo a hipótese de má-fé OU erro grosseiro, a parte não será prejudicada pela
interposição de um recurso por outro, devendo os autos ser enviados à Câmara, ou turma, a que
competir o julgamento.

No códigos subsequentes (CPC/73 e CPC/15), a referida previsão desapareceu.

Contudo, a doutrina e jurisprudência continuam aplicando-o.

Enunciado 104, FPPC: (art. 1.024, § 3º) O princípio da fungibilidade recursal é compatível com o
CPC e alcança todos os recursos, sendo aplicável de ofício.

Mas quais são os requisitos doutrinários para tal aplicação?

No CPC/39, exigiam-se: a) ausência de má-fé; b) ausência de erro grosseiro.

Na vigência do CPC/73 e até os dias atuais, a doutrina vem elencando 3 requisitos necessários:

1º requisito

Dúvida objetiva, representada pelos seguintes fatores:

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i- a lei confunde a natureza da decisão;

ii- doutrina e jurisprudência divergem a respeito do recurso cabível;

iii- juiz profere uma espécie de decisão no lugar de outra (ex: sentença35 que exclui um litisconsorte).

2º requisito

Inexistência de erro grosseiro, uma vez que a fungibilidade deve ser aplicada para erros justificáveis.

Assumpção relata uma miríade de casos em que o STJ entendeu como erros grosseiros:

Interposição de recurso especial quando cabível ROC;


Interposição de agravo de instrumento contra sentença proferida em MS;
Interposição de apelação contra decisão interlocutória que exclui litisconsorte;
Interposição de agravo de instrumento quando cabível agravo interno.

3º requisito

Inexistência de má-fé – teoria do prazo menor, representada pela necessidade de a parte interpor o recurso
dentro do prazo do recurso correto.

Entretanto, o STJ vinha exigindo apenas:

a) dúvida objetiva;

b) inexistência de má-fé.

Nos julgados, entendia que a “inexistência de erro grosseiro” já estava contido no requisito da dúvida
objetiva.

É inviável o conhecimento de apelação interposta contra decisão que resolva incidentalmente a


questão da alienação parental. O referido equívoco, na hipótese, impede a aplicação do princípio
da fungibilidade recursal, o qual se norteia pela ausência de erro grosseiro e de má-fé do
recorrente, desde que respeitada a tempestividade do recurso cabível. Por sua vez, pode-se dizer

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Claramente é caso de decisão interlocutória impugnável por agravo de instrumento.
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que HAVERÁ ERRO GROSSEIRO SEMPRE QUE NÃO HOUVER DÚVIDA OBJETIVA, ou, em outras
palavras, quando (i) a lei for expressa ou suficientemente clara quanto ao cabimento de
determinado recurso e (ii) inexistirem dúvidas ou posições divergentes na doutrina e na
jurisprudência sobre qual o recurso cabível para impugnar determinada decisão. Assim, não se
admite a interposição de um recurso por outro se a dúvida decorre única e exclusivamente da
interpretação feita pelo próprio recorrente do texto legal, ou seja, se se tratar de uma dúvida de
caráter subjetivo. Nesse contexto, não obstante o fato de a Lei 12.318/2010 não indicar,
expressamente, o recurso cabível contra a decisão proferida em incidente de alienação parental,
os arts. 162, § 2º, e 522, do CPC o fazem, revelando-se, por todo o exposto, subjetiva - e não
objetiva - eventual dúvida do recorrente. Por fim, no caso de fundada dúvida - até mesmo para
afastar qualquer indício de má-fé - a opção deverá ser pelo agravo, cujo prazo para interposição
é menor que o da apelação, e que não tem, em regra, efeito suspensivo. REsp 1.330.172-MS, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/3/2014 (informativo 538).

É possível sanar o equívoco na interposição do recurso pela aplicação do princípio da


fungibilidade recursal, se inocorrente erro grosseiro e inexistente má-fé por parte do recorrente.

Induzir a interposição de recurso equivocado pelo próprio órgão recorrido, aliada ao prazo mais
exíguo do agravo de instrumento, quando em comparação com a apelação, afasta a suspeita de
má -fé e o erro grosseiro, permitindo a aplicação do princípio da fungibilidade recursal. 4. Recurso
especial a que se nega provimento. REsp 1104451/SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, d.j. 02/08/2011).

Obs1: Esse requisito da inexistência de má-fé, consubstanciado na necessidade de a parte interpor o recurso
dentro do prazo do recurso correto, tende a acabar, porquanto o NCPC unificou os prazos recursais em 15
dias, salvo embargos de declaração.

Art. 1.003, § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Obs2: O NCPC previu expressamente três casos concretos em que o próprio legislador já reconheceu a
pertinência da fungibilidade.

Assim, nesses três casos, não há necessidade de preenchimento dos requisitos acima aduzidos, sendo
necessários apenas para a fungibilidade referente a outras espécies recursais.

Ex1:

Art. 1.024, § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno
se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-
las às exigências do art. 1.021, § 1º.

Ex2: conversão de recurso especial em extraordinário (art. 1.032).

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa
sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o
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recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão


constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput , o relator remeterá o recurso ao
Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça.

Enunciado 79, I JDPC do CJF: Na hipótese do art. 1.032 do CPC, cabe ao relator, após possibilitar
que o recorrente adite o seu recurso para inclusão de preliminar sustentando a existência de
repercussão geral, oportunizar ao recorrido que, igualmente, adite suas contrarrazões para
sustentar a inexistência da repercussão.

Enunciado 565, FPPC: (art. 1.032; art. 1.033) Na hipótese de conversão de recurso extraordinário
em recurso especial ou vice-versa, após a manifestação do recorrente, o recorrido será intimado
para, no prazo do caput do art. 1.032, complementar suas contrarrazões.

Enunciado 564, FPPC: (arts.1032-1033). Os arts. 1.032 e 1.033 devem ser aplicados aos recursos
interpostos antes da entrada em vigor do CPC de 2015 e ainda pendentes de julgamento.

Ex3: conversão de recurso extraordinário em especial (art. 1.033), em decorrência da violação reflexa à
Constituição.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição
afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de
tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.

Súmula 636, STF: não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional
da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas
infraconstitucionais pela decisão recorrida.

Enunciado 566, FPPC: (art. 1.033; art. 1.032, parágrafo único) Na hipótese de conversão do
recurso extraordinário em recurso especial, nos termos do art. 1.033, cabe ao relator conceder
o prazo do caput do art. 1.032 para que o recorrente adapte seu recurso e se manifeste sobre a
questão infraconstitucional.

Enunciado 80, I JDPC do CJF: Quando o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a
ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, deverá, antes de remetê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial, conceder prazo de quinze dias para
que as partes complementem suas razões e contrarrazões de recurso.

7 – PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS


Pelo referido princípio, o juízo "ad quem" não pode piorar a situação do recorrente.

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Embora não previsto expressamente, tem-se reconhecido que é uma decorrência do efeito devolutivo, já
que o tribunal não pode ir além do pedido, do que foi a ele devolvido (tantum devolutum quantum
apelatum).

Para sua incidência, há dois requisitos:

a) sucumbência recíproca, pois, se uma das partes sucumbe integralmente, não há como o recurso piorar
sua situação. Excepcionalmente, isso é cabível, a exemplo de manutenção da decisão recorrida e, em
acréscimo, condenação do recorrente em litigância de má-fé.

b) recurso somente de uma das partes

Se ambas recorrem, a devolução será integral e eventual piora na situação de uma das partes é decorrência
não de seu próprio recurso, mas do julgamento do recurso da parte contrária.

Embora a remessa necessária não seja recurso, aplica-se a proibição da reformatio in pejus à Fazenda.

Súmula 45, STJ: No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à
Fazenda Pública.

A doutrina salienta que a reformatio in pejus é admitida em alguns casos:

a) Casos em que a outra parte apresentou recurso;

b) Na aplicação do efeito translativo dos recursos, que autoriza que o tribunal reconheça matéria de ordem
pública, cujo conhecimento se dá de ofício.

Ex1: Parte A ganha indenização por danos materiais. Recorre para aumentar o valor. Contudo, em grau
recursal, o tribunal reconhece sua ilegitimidade, extinguindo o processo sem resolução do mérito (art. 485,
VI, CPC).

Ex2:

1. A alegação de julgamento extra petita é matéria de ordem pública, passível de conhecimento


a qualquer tempo nas instâncias ordinárias, não sujeitas, portanto, à preclusão ante a não
alegação na primeira oportunidade de manifestação nos autos. Consequentemente, inexiste
ofensa ao princípio da vedação a reformatio in pejus. 2. Hipótese em que o Tribunal de origem,
com base no conjunto fático-probatório dos autos, assentou pela não comprovação da condição
pelo recorrente do tempo laborado como aluno aprendiz. Rever tal entendimento implica
reexame da matéria fático- probatória, o que é vedado em Recurso Especial (Súmula 7/STJ). 3. O
Recurso Especial não constitui via adequada para a análise de eventual ofensa a enunciado
sumular, por não estar este compreendido na expressão "lei federal", constante da alínea "a"
do inciso III do artigo 105 da Constituição Federal. 4. Agravo Regimental não provido. (STJ, AgRg
no AREsp 261990/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, d.j. 24/03/2015).

Ex3:

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(...)

3. No que toca ao termo inicial para fixação dos juros de mora, cumpre observar a Súmula
204/STJ, que dispõe in verbis: os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários
incidem a partir da citação válida. 4. Nas ações previdenciárias, os juros moratórios incidem à
razão de 1% ao mês até a entrada em vigor da Lei n. 11.690/2009, após o que incidem os juros
aplicados à caderneta de poupança.

Os juros de mora, enquanto consectários legais da condenação principal, possuem natureza de


ordem pública, podendo ser revistos por este Tribunal, a qualquer momento e até mesmo de
ofício, desde que a matéria tenha sido devidamente prequestionada na origem, não havendo
que se falar, portanto, em reformatio in pejus ou preclusão. (STJ, AgRg no Ag 1056885/SP, Rel.
Min. Nefi Cordeiro, d.j. 16/12/2014).

Ex4:

No tocante à correção monetária, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que a


matéria é de ordem pública. Assim, a modificação de seu termo inicial de ofício no julgamento
do recurso de apelação não configura reformatio in pejus. (STJ, AgRg no AREsp 537694/RS, Rel.
Min. Marco Aurélio Belizze, d.j. 11/11/2014).

c) Nos casos do art. 1.013, §3º, em que o tribunal fica autorizado a conhecer da matéria de fundo (mérito)
como se primeiro grau fosse.

Art. 1.013, § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve


decidir desde logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da
causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

Poder-se-ia até falar que os incisos II, III e IV são matérias de ordem pública e, portanto, enquadrar-se-iam
na exceção da letra “b”.

Contudo, o inciso I, indiscutivelmente, pode versar sobre matéria que não seja de ordem pública.

Se a parte A recorre de uma sentença extinta sem resolução do mérito (art. 485) pode ensejar uma reforma
da sentença e perder no mérito.

No CPC/15, podemos citar também outras situações que elasteceram essas mitigações ao princípio:

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d) majoração dos honorários advocatícios em instancia recursal (art. 85, §11). É possível que o recorrente
tenha sua situação piorada após o julgamento do recurso em razão do aumento da condenação ao
pagamento de honorários advocatícios.

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.

§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em


conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto
nos §§ 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao
advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase
de conhecimento.

e) art. 1009, §1º:

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. § 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se


a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão
e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão
final, ou nas contrarrazões.

Com o CPC/15, procurou-se criar um rol “taxativo” de hipóteses sujeitas ao agravo de instrumento, deixando
as decisões interlocutórias não constantes ali serem suscitadas em preliminar de apelação ou nas
contrarrazões64.

Nesse passo, é possível que o próprio vencedor tenha interesse recursal em impugnar uma decisão
interlocutória que o prejudicou.

Enunciado 67, I JDPC do CJF: Há interesse recursal no pleito da parte para impugnar a multa do art. 334, §
8º, do CPC por meio de apelação, embora tenha sido vitoriosa na demanda.

Enunciado 662, FPPC: (art. 1.009, § 1º) É admissível impugnar, na apelação, exclusivamente a decisão
interlocutória não agravável.

Ademais, com o art. 1.009, §1º, as contrarrazões ganharam mais importância, pois exercem função dúplice:

i- resistência às razões de apelação;

ii- impugnação à decisão interlocutória quando a parte não desejar apresentar apelação apenas por aquele
tópico.

Assim, caso a manifestação do réu relacionada à impugnação da decisão interlocutória proferida pelo juízo
de primeiro grau seja acolhida pelo Tribunal, poderá haver decisão desfavorável ao autor da ação, não
havendo incidência da vedação à reformatio in pejus.

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Vejam casos interessantes julgados pelo STJ em que o tribunal entendeu pela não violação ao princípio.

1ª situação: mudança no fundamento da responsabilidade civil.

1. Condenado em primeira instância ao dever de indenizar por responsabilidade objetiva, o


Município do Rio de Janeiro sustenta a nulidade do acórdão que desproveu sua Apelação com
base em considerações sobre a caracterização de sua responsabilidade subjetiva, o que
representaria reformatio in pejus. 2. "O ordenamento jurídico-processual brasileiro veda que
haja, sob o ponto de vista prático, piora quantitativa ou qualitativa da situação do único
recorrente, aplicando-se, em tal circunstância, o princípio da proibição da reformatio in pejus"
(EDcl nos EDcl nos EDcl no AgRg no Ag 1.414.327/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, DJe 11.10.2013) 3. No caso dos autos, além de o Tribunal de origem ter se referido à
responsabilidade subjetiva em obiter dictum, o julgamento teve o escopo único de manter a
sentença recorrida, o que não traz nenhum agravamento prático à situação do recorrente, que
continua obrigado a indenizar nos mesmos patamares fixados pelo juízo singular. 4. As
considerações tecidas pela Corte estadual sobre a responsabilidade subjetiva atenderam à
devolutividade recursal provocada pelo próprio município, que que sustentava ser essa – e não
a objetiva - a forma de responsabilização que deveria ser adotada na espécie. 5. Manutenção da
monocrática quanto à incidência da Súmula 7/STJ. 6. Agravo Regimental não provido. (STJ, AgRg
no AREsp 369691/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, d.j. 18/03/2014).

2ª situação: adoção de fundamentos diversos não viola o princípio.

A adoção de fundamentos diversos para o indeferimento do pedido formulado no mandado de


segurança, já denegado pelas instâncias ordinárias, não implica reformatio in pejus, tampouco
ofensa ao princípio do tantum devolutum quantum appellatum. 4. Agravo regimental não
provido. (STJ, AgRg no RMS 28147/MS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, d.j. 19/03/2015).

(...) não importa julgamento extra petita, nem violação ao princípio do tantum devolutum
quantum apellatum, a adoção, pelo juiz, de fundamento legal diverso do invocado pela parte,
sem modificar a causa de pedir. Aplicação do princípio jura novit curia (...) STJ. 4ª Turma. AgRg
no Ag 936003/RS, Rel. Min. Fernando Gonçalves, julgado em 02/03/2010.

FCC/DPE-AM – Defensor Público – Reaplicação/2018

Paulo ajuizou ação indenizatória em face de Umberto, postulando a condenação ao valor de 30 mil
reais a título de danos materiais e 15 mil a título de danos morais. Ao final da instrução, o juiz de
primeiro grau julgou parcialmente procedente o pedido de Paulo e condenou Umberto ao pagamento
de 25 mil reais a título de danos materiais e 10 mil reais a título de danos morais, fixando em 15% do
valor da condenação os honorários sucumbenciais. Irresignado, somente Umberto recorreu da
sentença. Neste caso, ao julgar o recurso interposto, o Tribunal competente:

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a) poderá majorar o valor da condenação e o valor dos honorários de sucumbência em percentual


superior a 20% do valor da condenação.

b) não poderá majorar o valor da condenação e nem aumentar o valor dos honorários de sucumbência.

c) poderá majorar o valor da condenação e o valor dos honorários de sucumbência até o máximo de
20% do valor da condenação.

d) não poderá majorar o valor da condenação, mas poderá aumentar o valor dos honorários de
sucumbência em percentual superior a 20% do valor da condenação.

e) não poderá majorar o valor da condenação, mas poderá aumentar o valor dos honorários de
sucumbência até o máximo de 20% do valor da condenação.

A alternativa E está correta.

Pelo princípio da proibição da reformatio in pejus, como apenas o réu recorreu, o Tribunal não pode
majorar o valor da condenação.

Contudo, se o recurso do réu for inadmitido ou improvido, é possível que os honorários de


sucumbência sejam majorados, até o limite de 20%.

Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado vencedor.

§11. O tribunal, ao jugar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o
trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º e 6º,
sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado vencedor,
ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º da fase de conhecimento.

§2° Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa, atendidos:

8 – PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE
As razões recursais devem ser apresentadas no ato da interposição do recurso, não se admitindo que o
recurso seja interposto num momento procedimental e as razões apresentadas posteriormente.

Essa possibilidade de interposição de recurso num momento e as razões noutro é permitida no Processo
Penal.

CPP, Art. 600. Assinado o termo de apelação, o apelante e, depois dele, o apelado terão o prazo
de oito dias cada um para oferecer razões, salvo nos processos de contravenção, em que o prazo
será de três dias.

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§ 4o Se o apelante declarar, na petição ou no termo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar


na superior instância serão os autos remetidos ao tribunal ad quem onde será aberta vista às
partes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela publicação oficial. (Incluído pela
Lei nº 4.336, de 1º.6.1964)

Obs1: Por esse princípio, entende-se que há preclusão consumativa quanto à dedução das razões, se estas
já não vieram acompanhando a petição de interposição do recurso.

Assim, nem mesmo o falecimento do recorrente permite a complementação.

Não é possível interpor novo recurso de apelação, nem complementar as razões da apelação anterior,
em caso de morte da recorrente posterior à interposição do recurso. Os recursos devem ser interpostos
no prazo previsto pelo CPC, juntamente com as razões do inconformismo. Com a interposição da apelação,
ocorre a preclusão consumativa, não se reabrindo o prazo para recorrer ou complementar o recurso em
favor da sucessora da recorrente falecida. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.152.293-RS, 24/8/2011;
AgRg no REsp 761.238-SP, DJ 18/12/2006, e EDcl no AgRg no REsp 861.533-PE, DJ 14/12/2006. REsp
1.114.519-PR, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 2/10/2012.

Obs2: Excepcionalmente, admite-se a complementação do recurso em algumas hipóteses.

Ex1:

Art. 1.024, § 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o
direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de
15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.

Ex2: Na conversão de recurso especial em extraordinário (art. 1.032), o relator intimará o recorrente para
complementar seu recurso apontando a existência de repercussão geral e manifestando sobre a questão
constitucional.

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa
sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente
demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao
Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça.

Ainda, as contrarrazões também poderão ser complementadas.

Enunciado 79, I JDPC do CJF: Na hipótese do art. 1.032 do CPC, cabe ao relator, após possibilitar
que o recorrente adite o seu recurso para inclusão de preliminar sustentando a existência de
repercussão geral, oportunizar ao recorrido que, igualmente, adite suas contrarrazões para
sustentar a inexistência da repercussão.

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Enunciado 565, FPPC: (art. 1.032; art. 1.033) Na hipótese de conversão de recurso extraordinário
em recurso especial ou vice-versa, após a manifestação do recorrente, o recorrido será intimado
para, no prazo do caput do art. 1.032, complementar suas contrarrazões.

Enunciado 564, FPPC: (arts.1032-1033). Os arts. 1.032 e 1.033 devem ser aplicados aos recursos
interpostos antes da entrada em vigor do CPC de 2015 e ainda pendentes de julgamento.

9 – CONSUMAÇÃO
Quando impugnada a decisão, há preclusão consumativa, não podendo mais substituir o recurso interposto
por outro.

10 – PRIMAZIA DO JULGAMENTO DO MÉRITO RECURSAL


O modelo constitucional de Processo Civil impõe que promovamos, nas palavras de Cássio Scarpinella
Bueno, não só a juris-dição, mas também a juris-satisfação. O art. 4º do NCPC vem justamente nesse sentido.

Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída
a atividade satisfativa.

Como concretizações de tal princípio, já citamos vários exemplos ao longo do curso (art. 282, §2º, 317, 485,
§7º, 488)36.

No âmbito recursal, o principal é o art. 932, parágrafo único.

Art. 932, Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo
de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação
exigível.

Esse dispositivo também é uma concretização do princípio da primazia da decisão de mérito (art. 4º, CPC).

Enunciado 82, FPPC (art. 932, parágrafo único; art. 938, § 1º): É dever do relator, e não faculdade,
conceder o prazo ao recorrente para sanar o vício ou complementar a documentação exigível,
antes de inadmitir qualquer recurso, inclusive os excepcionais.

Enunciado 551, FPPC: (art. 932, parágrafo único; art. 6º; art. 10; art. 1.003, §6º) Cabe ao relator,
antes de não conhecer do recurso por intempestividade, conceder o prazo de cinco dias úteis

36
Há ainda outros exemplos: art. 218, § 4º; art. 488, art. 1.024, § 3º; art. 1.025; art. 1.032; art. 1.033.
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para que o recorrente prove qualquer causa de prorrogação, suspensão ou interrupção do prazo
recursal a justificar a tempestividade do recurso.

Didier ressalta 3 pontos importantes:

10.1 - 1º ponto

O dever de prevenção se aplica a qualquer recurso (ordinário – apelação, agravo de instrumento; ou


extraordinário);

Enunciado 197, FPPC: (art. 932, parágrafo único; 1.029, §3º). Aplica-se o disposto no parágrafo
único do art. 932 aos vícios sanáveis de todos os recursos, inclusive dos recursos excepcionais.

Enunciado administrativo n. 6, STJ: Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no


CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016), somente será
concedido o prazo previsto no art. 932, parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC para
que a parte sane vício estritamente formal.

10.2 - 2º ponto

Pressupõe-se que o defeito seja sanável37, a exemplo de falta de procuração, peça obrigatória, assinatura,
preparo, comprovação do depósito da multa (art. 1.021, §5º).

Sobre o preparo38, vejam previsão inovadora do NCPC no sentido de conceder prazo de 5 dias para
complementar o preparo e, caso não tenha sido pago, que pague em dobro.

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena
de deserção.

§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará


deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de
5 (cinco) dias.

§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do


preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado,
para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.

37
Há defeitos insanáveis: falta de interesse recursal, falta de repercussão geral no RExt, intempestividade, não cabimento do
recurso etc.
38
Há vários julgados interessantes sobre o preparo recursal que iremos abordar em aula própria sobre recursos.
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§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de


deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

O recorrente, ao interpor o recurso, deverá comprovar o preparo. No caso do recurso especial, o


preparo engloba o pagamento de custas e de porte de remessa e de retorno. Se o recorrente
pagou apenas a taxa judiciária (não tendo recolhido o valor do porte de remessa e de retorno), o
preparo foi feito, mas em valor insuficiente. Como consequência, o Tribunal de origem, antes de
decretar a deserção, deverá intimar o recorrente para, no prazo de 5 dias, suprir o valor do
porte de remessa e de retorno, complementando o pagamento. Somente se não for
complementado o preparo é que haverá a deserção. Esta solução está prevista no § 2º do art.
511 do CPC 1973 (§ 2º do art. 1.007 do CPC 2015). Assim, não ocorre a deserção do recurso
especial no caso em que o recorrente, recolhidas as custas na forma devida, mas efetuado o
pagamento do porte de remessa e de retorno em valor insuficiente, realize, após intimado para
tanto, a complementação do valor. STJ. 2ª Turma. EDcl no REsp 1221314-SP, Rel. Min. Castro
Meira, julgado em 21/2/2013 (Info 517). STJ. Corte Especial. REsp 844440-MS, Rel. Min. Antonio
Carlos Ferreira, julgado em 6/5/2015 (Info 563).

Súmula 484-STJ: Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente,
quando a interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário.

E a dúvida sobre tempestividade? Deve o relator conceder o prazo de 5 dias para a parte
comprovar causa de prorrogação, suspensão ou interrupção do prazo recursal, a exemplo de
feriado?

1ª corrente: Enunciado 551, FPPC e enunciado 66, I JDPC do CJF dizem que sim.

Enunciado 551, FPPC: (art. 932, parágrafo único; art. 6º; art. 10; art. 1.003, §6º) Cabe ao relator,
antes de não conhecer do recurso por intempestividade, conceder o prazo de cinco dias úteis
para que o recorrente prove qualquer causa de prorrogação, suspensão ou interrupção do prazo
recursal a justificar a tempestividade do recurso.

Enunciado 66, I JDPC do CJF: Admite-se a correção da falta de comprovação do feriado local ou
da suspensão do expediente forense, posteriormente à interposição do recurso, com
fundamento no art. 932, parágrafo único, do CPC.

2ª corrente (STJ): Não.

No CPC/73, era admissível comprovação posterior da tempestividade de recurso no STJ ou no STF quando o
recurso houver sido julgado intempestivo em virtude de feriados locais ou de suspensão de expediente
forense no tribunal a quo. STJ. Corte Especial. AgRg no AREsp 137.141-SE, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
julgado em 19/9/2012.

Com o NCPC, porém, isso mudou, uma vez que o art. 1.003, §6º prevê expressamente a necessidade de o
recorrente comprovar a ocorrência de feriado local no ato da interposição.
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Art. 1.003, § 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do


recurso.

Assim, o recorrente não pode comprovar posteriormente e seu recurso será considerado intempestivo.

Seja em função de previsão expressa do atual Código de Processo Civil (art. 1.003, §6º, seja em
atenção à nova orientação do STF, a jurisprudência construída pelo STJ à luz do CPC/73 não
subsiste ao CPC/15: ou se comprova o feriado local no ato da interposição do respectivo
recurso, ou se considera intempestivo o recurso, operando-se, em consequência, a coisa
julgada. 6. Agravo interno desprovido. STJ. Corte Especial. AgInt no AREsp 957.821/MS, Rel. Min.
Raul Araújo, Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/11/2017.

O STJ reafirmou o entendimento pela Corte Especial, no REsp 1.813.684, ao analisar a segunda-feira de
Carnaval, que não é feriado nacional.

Por maioria de votos, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que a
comprovação de feriado local na segunda-feira de Carnaval deve ser feita no ato da
interposição do recurso. Com a conclusão do julgamento na última quarta-feira (2), o colegiado
afastou a tese de que os feriados forenses não previstos em lei federal poderiam ser considerados
fatos notórios e, assim, dispensariam a necessidade de demonstração de suspensão do
expediente no tribunal local.

Entretanto, com base no artigo 927, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil de 2015, a corte
decidiu modular os efeitos da decisão para estabelecer que ela valerá para os recursos
interpostos após a publicação do acórdão no REsp 1.813.684. Para os recursos interpostos em
data anterior, será permitida a abertura de prazo para a demonstração da ocorrência da
suspensão de prazos em virtude do feriado local (d.j. 02/10/2019)

Assim:

a) Se o recurso especial foi interposto antes de 18/11/2019 (data de publicação do REsp


1.813.684-SP) e a parte não comprovou que segunda-feira de carnaval era feriado no Tribunal de
origem: é possível a abertura de vista para que a parte comprove isso mesmo após a interposição
do recurso, sanando o vício.

b) Se o recurso especial foi interposto depois de 18/11/2019 (data de publicação do REsp


1.813.684-SP) e a parte não comprovou que segunda-feira de carnaval era feriado no Tribunal de
origem: não é possível a abertura de vista para que a parte comprove esse feriado, ou seja, o
vício não pode mais ser sanado.

A Corte Especial, em Fevereiro de 2020, decidiu que a tese firmada por ocasião do julgamento do REsp
1.813.684/SP é restrita ao feriado de segunda-feira de carnaval e não se aplica aos demais feriados, entre
eles os feriados locais.

A tese firmada por ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP é restrita ao feriado de segunda-
feira de carnaval.
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O propósito da questão de ordem é definir, diante da contradição entre as notas taquigráficas e


o acórdão publicado no DJe de 18/11/2019, se a modulação de efeitos deliberada na sessão de
julgamento concluída em 02/10/2019, quando se permitiu a posterior comprovação da
tempestividade de recursos dirigidos ao STJ, abrange especificamente o feriado da segunda-feira
de carnaval, ou se diz respeito a todos e quaisquer feriados.

Havendo contradição entre as notas taquigráficas e o voto elaborado pelo relator, deverão
prevalecer as notas, pois refletem a convicção manifestada pelo órgão colegiado que apreciou a
controvérsia.

Consoante o que revelam as notas taquigráficas, os debates estabelecidos no âmbito da Corte


Especial, bem como a sua respectiva deliberação colegiada nas sessões de julgamento realizadas
em 21/08/2019 e 02/10/2019, limitaram-se exclusivamente à possibilidade, ou não, de
comprovação posterior do feriado da segunda-feira de carnaval, motivada por circunstâncias
excepcionais que modificariam a sua natureza jurídica de feriado local para feriado nacional
notório.

Nesse contexto, a tese firmada por ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP é restrita ao
feriado de segunda-feira de carnaval e não se aplica aos demais feriados, entre eles os feriados
locais. QO no REsp 1.813.684-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por maioria, julgado
em 03/02/2020, DJe 28/02/2020 (info 666)

Desse modo, o que vale é o seguinte:

Depois da entrada em vigor do CPC/15, a comprovação da ocorrência de feriado local deve ser
feita no ato da interposição do recurso, sendo intempestivo quando interposto fora do prazo
previsto na lei processual civil. Esse entendimento está em vigor desde o início da vigência do
CPC/2015 e não se submete a modulação de efeitos. No caso do feriado de segunda-feira de
carnaval (e apenas neste), aplica-se a modulação dos efeitos prevista no REsp 1813684/SP. STJ.
Corte Especial. QO no REsp 1813684/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/02/2020 (Info
666).

Da mesma forma, o STF tem o entendimento de que a comprovação do feriado local deve sim ser feito no
ato de interposição.

A tempestividade do recurso em virtude de feriado local ou de suspensão dos prazos processuais


pelo Tribunal a quo que não sejam de conhecimento obrigatório da instância ad quem deve ser
comprovada no momento de sua interposição. STF. 1ª Turma. ARE 1109500 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 20/04/2018.

Aproveitando o tema, como o recorrente deve comprovar o feriado?

A comprovação da existência de feriado local que dilate o prazo para interposição de recursos
dirigidos ao STJ deverá ser realizada por meio de documentação idônea, não sendo suficiente a
simples menção ou referência nas razões recursais. A ocorrência de feriado local, recesso,
paralisação ou interrupção do expediente forense deve ser demonstrada, no ato da
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interposição do recurso que pretende seja conhecido por este Tribunal, por documento oficial
ou certidão expedida pelo Tribunal de origem, não bastando a mera menção ao feriado local nas
razões recursais, tampouco a apresentação de documento não dotado de fé pública. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.763.167-GO, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, julgado em
18/02/2020 (Info 665).

Nesse passo, o STJ não aceitou o seguinte documento:

A existência de feriado, de recesso forense ou ponto facultativo local que ocasione a suspensão
do prazo processual necessita de comprovação por documento idôneo, ou seja, cópia da lei, ato
normativo ou certidão exarada por servidor habilitado. A simples juntada de ato emanado pelo
Poder Executivo Estadual, lei e decreto estaduais, determinando ponto facultativo nas
repartições públicas estaduais, por si só, não comprova a inexistência de expediente forense para
aferição da tempestividade do recurso, em razão da desvinculação administrativa e da separação
entre os Poderes. Desse modo, caberia à recorrente, no momento da interposição recursal, fazer
a juntada de documento idôneo, o qual, no caso, consistia no inteiro teor do Aviso do tribunal
estadual, a fim de vincular a decretação do feriado nas repartições públicas estaduais com a
suspensão dos prazos pela Corte de Justiça. STJ. 3ª Turma. EDcl no AgInt no AREsp 1.510.568-RJ,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/03/2020 (Info 669).

Vale apresentação do calendário com a anotação do feriado local?

1ª corrente: O STJ já aceitou o calendário.

O calendário disponível no sítio do Tribunal de Justiça que mostra os feriados na localidade é


documento idôneo para comprovar a ocorrência de feriado local no ato de interposição do
recurso, nos termos do art. 1.003, § 6º, do CPC/2015. STF. 1ª Turma. RMS 36114/AM, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 22/10/2019 (Info 957).

2ª corrente (majoritária): A maior parte dos julgados do STJ são no sentido da inadmissibilidade.

A jurisprudência do STJ entende que cópia de calendário editado pelo Tribunal de origem não é
hábil a ensejar a comprovação da existência de feriado local, pois é necessária a juntada de cópia
de lei ou de ato administrativo exarado pela Corte a quo, comprovando a ausência de
expediente forense na data em questão. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1829351/RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 30/03/2020.

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Ademais, o STJ39 salienta que a mera remissão a link de site do Tribunal de origem nas razões recursais é
insuficiente para comprovar a tempestividade de recurso.

Atenção!

A tempestividade recursal pode ser aferida, excepcionalmente, por meio de informação


constante em andamento processual disponibilizado no sítio eletrônico, quando informação
equivocadamente disponibilizada pelo Tribunal de origem induz a parte em erro.

Se no caso, por exemplo, a movimentação processual existente no site do TJ constar que o prazo
vencerá no dia 10/11, mas, na verdade, vencerá dia 9/11.

Nesse caso, a parte foi induzida em erro pela informação constante no sítio oficial do TJ; o STJ,
excepcionalmente, considerou tempestivo o recurso. STJ. Corte Especial. EAREsp 688.615-MS,
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 04/03/2020 (Info 666).

Portanto, sugiro seguirem a 2ª corrente em prova, pois vai ao encontro do art. 1.003, §6º e dos recentes
entendimentos dos Tribunais Superiores.

A parte que junta, no ato de interposição do REsp, calendário disponível no site do Tribunal de
Justiça que mostra os feriados locais, cumpre a exigência prevista no § 6º do art. 1.003 do
CPC/2015 STF. 1ª Turma. RMS 36114/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2019 (Info
957).

O STJ possui precedentes em sentido contrário: A jurisprudência do STJ entende que cópia de
calendário editado pelo Tribunal de origem não é hábil a ensejar a comprovação da existência de
feriado local, pois é necessária a juntada de cópia de lei ou de ato administrativo exarado pela
Corte a quo, comprovando a ausência de expediente forense na data em questão. STJ. 3ª Turma.
AgInt no REsp 1829351/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 30/03/2020.

A simples referência à existência de feriado local previsto em Regimento Interno e em Código


de Organização Judiciária Estadual não é suficiente para a comprovação de tempestividade do
recurso especial nos moldes do art. 1.003, §6º, do CPC/2015.

A comprovação da existência de feriado local que dilate o prazo para interposição de recursos
dirigidos ao STJ deverá ser realizada por meio de documentação idônea, não sendo suficiente a

39
STJ, 2ª T, AgInt nos EDCL no REsp 1.893.371-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell, d.j. 26/10/21, info 715.
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simples menção ou referência nas razões recursais. REsp 1.763.167-GO, Rel. Min. Moura
Ribeiro, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 18/02/2020,
DJe 26/02/2020 (info 665).

A alegação da ocorrência de ponto facultativo embasada em ato do Poder Executivo Estadual


não é capaz, por si só, de comprovar a inexistência de expediente forense para aferição da
tempestividade recursal. EDcl no AgInt no AREsp 1.510.568-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 23/03/2020, DJe 30/03/2020

A tempestividade recursal pode ser aferida, excepcionalmente, por meio de informação


constante em andamento processual disponibilizado no sítio eletrônico, quando informação
equivocadamente disponibilizada pelo Tribunal de origem induz a parte em erro.

Caso concreto: o TJ/MS negou provimento a uma apelação que havia sido interposta pela parte;
na movimentação processual existente no site do TJ/MS, constou a informação de que o
vencimento do prazo recursal para a interposição de recurso ao STJ contra o acórdão do TJ se
daria no dia 10/12; assim, no dia 10/12, a parte apresentou recurso especial contra o acórdão do
TJ; ocorre que essa informação estava errada; o termo final do prazo era dia 09/12; isso significa
que parte interpôs o recurso especial intempestivamente; vale ressaltar, contudo, que a parte foi
induzida em erro pela informação constante no sítio oficial do TJ; o STJ, excepcionalmente,
considerou tempestivo o recurso. STJ. Corte Especial. EAREsp 688615-MS, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 04/03/2020 (Info 666).

10.3 - 3º ponto

Não se admite complementação das razões recursais, tampouco a formulação de pleito recursal não feito
originariamente.

O prazo de 5 dias previsto no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 só se aplica aos casos em
que seja necessário sanar vícios formais, como ausência de procuração ou de assinatura, e não
à complementação da fundamentação. Assim, esse dispositivo não incide nos casos em que o
recorrente não ataca todos os fundamentos da decisão recorrida. Isso porque, nesta hipótese,
seria necessária a complementação das razões do recurso, o que não é permitido. STF. 1ª Turma.
ARE 953221 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2016 (Info 829).

Enunciado administrativo n. 6, STJ: Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no


CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016), somente será
concedido o prazo previsto no art. 932, parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC para
que a parte sane vício estritamente formal.

10.4 - 4º ponto

Há casos em que nem precisa intimar a parte para sanar o vício formal. O STF e STJ podem desconsiderar
vício formal de recurso tempestivo, desde que não o repute grave, e já proceder ao julgamento.

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Art. 1.029, § 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá


desconsiderar vício formal de recurso tempestivo OU determinar sua correção, desde que não
o repute grave.

CLASSIFICAÇÕES DOS RECURSOS

1 – QUANTO AO OBJETO IMEDIATO


Recurso ordinário busca preservar o direito subjetivo, o interesse particular da parte.

Exs: apelação, agravo de instrumento, recurso inominado, embargos de declaração, recurso ordinário etc.

Por outro lado, recurso extraordinário (que envolvem recurso especial, recurso extraordinário e embargos
de divergência) são aqueles destinados à proteção do direito objetivo, o resguardo da norma federal ou
constitucional.

Ao prever os recursos especiais, extraordinários e embargos de divergência, o legislador visou garantir a boa
aplicabilidade do direito objetivo.

Mesmo que o recorrente que venha a obter êxito também se beneficie, os recursos extraordinários visam,
como fim imediato, a preservação do ordenamento jurídico.

Por isso, há algumas peculiaridades em seu julgamento.

Ex1: só julgam matéria que foi decidida anteriormente (prequestionamento);

Ex2: não examinam matéria fática.

Súmula 7, STJ: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.

Ex3: exigem o esgotamento dos recursos ordinários.

2 – QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO (CAUSA DE PEDIR)


Por conta do princípio da dialeticidade, todo recurso deve ser fundamentado, impugnando especificamente
os pontos da decisão e justificando o pleito de anulação, reforma, esclarecimento ou integração.

Nos recursos de fundamentação vinculada, apenas algumas causas de pedir podem ser suscitadas, sendo
que o desrespeito a tal regra é considerado irregularidade formal.

Quais são eles?

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a) recurso extraordinário (hipóteses do art. 102, III, CRFB);

b) recurso especial (hipóteses do art. 105, III, CRFB);

c) embargos de declaração (hipóteses do art. 1.022, CPC).

Doutro lado, temos os recursos de fundamentação livre que, inclusive, é a regra.

Ex: apelação, agravo de instrumento etc.

Obs1: Contudo, essa liberdade também tem um freio, qual seja, a adstrição da parte aos limites objetivos da
demanda e ao sistema de preclusões.

3 – QUANTO À EXTENSÃO DA MATÉRIA

CPC/73 CPC/15

Art. 505. A sentença pode ser impugnada no Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no
todo ou em parte. todo ou em parte.

Recursos totais são aqueles que impugnam todos os capítulos da decisão que tenha gerado sucumbência ao
recorrente.

Recursos parciais, por sua vez, são aqueles nos quais, da parte que gerou sucumbência ao recorrente, este
impugna apenas uma parcela.

Atenção: o critério não é se a parte recorreu de toda a decisão. O critério é a identidade do objeto recursal
com a sucumbência gerada pela decisão impugnada.

Ora, não se recorrerá da parcela da decisão que beneficiou a parte, por absoluta falta de interesse recursal.
Assim, extrai-se aquilo que a parte sucumbiu e se verifica se houve impugnação ou não de todos esses pontos
da sucumbência.

Por exemplo, numa demanda, há pleitos de condenação por danos materiais, morais e estéticos. O juiz
condenou apenas em danos materiais. Se o autor impugna a improcedência quanto aos danos morais E
estéticos, haverá um recurso total. Se o autor impugna a improcedência apenas quanto aos danos morais,
teremos um recurso parcial.

Vale aduzir que o objeto do recurso é limitado pelo capítulo impugnado. Assim, se o recurso é parcial, p. ex.,
o tribunal não pode adentrar em aspecto não relacionado ao referido capítulo (art. 1013, §1º e art. 1034,
parágrafo único).

Atenção2: Há previsão de obrigatoriedade de recurso total?

Em regra, não, podendo a parte optar em impugnar a decisão no todo ou em parte (art. 1002).
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Todavia, no agravo em recurso especial (art. 1042), o STJ40 entende ser inafastável o dever do recorrente de
impugnar especificamente todos os fundamentos que levaram à inadmissão do apelo extremo, não se
podendo falar, na hipótese, em decisão cindível em capítulos autônomos e independentes.

Nesses casos, se a decisão não impugna especificamente os fundamentos da decisão recorrida, há um defeito
na regularidade formal do recurso.

Súmula 182, STJ: A ausência de impugnação específica ao fundamento da decisão agravada torna
inviável o agravo regimental.

Vale ressaltar que tal exigência de recurso total não alcança o agravo interno no REsp (AgInt no REsp) nem o
agravo interno no agravo em REsp (AgInt no AREsp), tendo em vista a possibilidade, em tese, de a decisão
singular do relator (art. 932, III) ser decomposta em "capítulos". Por isso, em 2021, o STJ41 decidiu que a
falta de impugnação, no agravo interno, de capítulo autônomo e/ou independente da decisão monocrática
que aprecia o recurso especial ou agravo em recurso especial apenas conduz à preclusão da matéria não
impugnada, afastando a incidência da Súmula 182/STJ.

4 - QUANTO À AUTONOMIA
A classificação divide os recursos de interposição livre, independente E os recursos subordinados.

Recurso independente é aquele em que não importa a postura da parte contrária diante da decisão
impugnada.

Recurso subordinado, por sua vez, é aquele interposto no prazo das contrarrazões pela parte contrária que
fica dependente do desfecho do primeiro recurso.

O maior exemplo de recurso subordinado é o recurso adesivo.

4.1 - Recurso Adesivo

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das
exigências legais.

§ 1º Sendo vencidos autor e réu (sucumbência recíproca), ao recurso interposto por qualquer
deles poderá aderir o outro.

40
STJ, Corte Especial, EAREsp's 701.404/SC, 746.775/PR e 831.326/SP, Rel. Min. João Noronha, Rel. p. acórdão Min. Salomão, d.j.
19.9.18.
41
STJ, Corte Especial, EREsp 1.424.404-SP, Rel. Min. Salomão, d.j. 20/10/21, info 715.
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§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as


mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:

4.1.1 - Natureza Jurídica

O recurso adesivo não é nova espécie recursal, mas diz respeito à forma diferenciada pela qual é manejado.

Ex: recurso de apelação, especial, extraordinário podem ser interpostos de forma independente (principal)
ou subordinada (adesiva).

Tanto é assim que, para sua admissibilidade, o recurso adesivo tem que cumprir os mesmos requisitos
processuais do recorrente principal.

4.1.2 - Requisitos

Para que o recurso adesivo seja manejado, são necessários dois requisitos:

a) sucumbência recíproca;

Art. 997, § 1º Sendo vencidos autor e réu (sucumbência recíproca), ao recurso interposto por
qualquer deles poderá aderir o outro.

Essa sucumbência recíproca pode derivar do julgamento de diferentes ações numa mesma sentença, a
exemplo da ação principal e reconvenção.

Imagine que o juiz julgou improcedente tanto a ação como a reconvenção, de forma que houve
sucumbência recíproca do autor/reconvindo e do réu/reconvinte. Se apenas o autor interpôs
apelação contra a sentença, o réu será intimado para apresentar contrarrazões e poderá interpor
recurso adesivo para questionar a sentença proferida na reconvenção. Não se exige, para a
interposição de recurso adesivo, que a sucumbência recíproca ocorra na mesma lide, devendo
aquela ser aferida a partir da análise do julgamento em seu conjunto. Logo, é possível o recurso
adesivo mesmo sendo ele para impugnar o resultado da reconvenção (e não da ação). STJ. 4ª
Turma. REsp 1109249-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/3/2013 (Info 518).

Obs1: O STJ já aceitou recurso adesivo mesmo em decisão sem sucumbência recíproca.

A Turma entendeu ser cabível o recurso adesivo da parte ré com o objetivo de ver aumentada a
condenação em verba honorária, ainda que vencedora, em virtude de carência da ação.
Precedentes citados: REsp 936.690-RS, DJ 27/2/2008, e REsp 35.245-MG, DJ 16/5/1994. REsp
1.056.985-RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 12/8/2008 (informativo 363).

Obs2: Sucumbência e preclusões

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i- Não é possível que uma parte recorra de algum capítulo da decisão e, diante de um recurso total da parte
contrária, interponha recurso adesivo para complementar o seu recurso principal. No caso, houve preclusão
consumativa42.

ii- Se uma parte renuncia ao direito de recorrer e, logo depois recebe uma intimação para contrarrazoar um
recurso, não poderá interpor recurso adesivo. Houve preclusão lógica.

b) conformação inicial com o julgado.

Nos casos em que há sucumbência recíproca (cada um dos polos da demanda saiu vitorioso e derrotado, em
parte), pode ser que a parte B pense: “Estou tranquilo com esse resultado. Mesmo que tenha perdido um
pouco, não vou recorrer”.

Contudo, a parte A recorre e B logo é intimado para apresentar contrarrazões.

Ao ser intimado, sangue sobe e diz: “Ah é...agora eu quero recorrer também da parcela que perdi”.

4.1.3 - Hipóteses de Cabimento

Art. 997, § 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis
as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:

I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que
a parte dispõe para responder;

II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;

Obs1: É cabível recurso adesivo em outras hipóteses?

1ª corrente: Parcela doutrinária defende seu cabimento no recurso ordinário (Barbosa Moreira, Didier e
Cunha); recurso inominado do art. 41, Lei n. 9.099/95 (Cheim Jorge) e agravo de instrumento contra decisão
interlocutória de mérito (Medina).

2ª corrente (STJ): O rol do CPC é taxativo.

(...) É incabível a interposição de recurso adesivo em sede de embargos de divergência, ante a


falta de previsão legal ou regimental para tanto, levando-se em consideração o rol taxativo

42
Resp. 867.042/AL.
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elencado no artigo 500, II do Código de Processo Civil. (...) (STJ, Corte Especial, AgRg nos
EREsp 611395/MG, Rel. Min. Gilson Dipp, d.j. 07/06/2006).

ENUNCIADO 88, Fonaje: Não cabe recurso adesivo em sede de Juizado Especial, por falta de
expressa previsão legal.

Enunciado 59, Fonajef: Não cabe recurso adesivo nos Juizados Especiais Federais.

A posição do STJ foi emanada na vigência do CPC/73, mas a tendência é se manter.

Obs2: Assumpção defende que, com a introdução da novidade do art. 356, CPC (decisão parcial de mérito),
impugnável por agravo de instrumento, seria razoável a extensão do cabimento do recurso adesivo para este
caso.

Isso porque o julgamento desse agravo é muito similar ao julgamento da apelação, porquanto a decisão
impugnada foi prolatada em cognição exauriente, num juízo de certeza.

4.1.4 - Legitimidade

O art. 997, caput é claro quanto à legitimidade da parte para o recurso adesivo.

Assim, o terceiro prejudicado e o Ministério Público, quando atua como fiscal do ordenamento jurídico, não
possuem legitimidade, porquanto não foram sucumbentes.

Ainda, não pode a parte recorrer adesivamente ao recurso principal manejado pelo terceiro prejudicado e
pelo MP, quando atua como fiscal.

Obs1: No caso de litisconsórcio, se ele for unitário, qualquer deles tem legitimidade para oferecer recurso
adesivo.

Se o litisconsórcio for simples, só tem legitimidade quem figura no recurso principal como recorrido, não
podendo fazê-lo quanto à matéria que não lhe diga respeito.

4.1.5 - Procedimento

Intimado para contrarrazoar o recurso principal em 15 dias, o recorrido poderá oferecer as contrarrazões
E/OU interpor o recurso adesivo no mesmo prazo.

Obs1: A Fazenda Pública (art. 183), MP (art. 180) e Defensoria (art. 186, §1º) têm prazo em dobro para
oferecer contrarrazões e também para interpor recurso adesivo.

Obs2: Doutrina entende cabível o oferecimento das duas peças em momentos distintos, desde que dentro
do prazo.

Ex1: Oferecimento das contrarrazões no 10º dia do prazo e do recurso adesivo no 15º dia.

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4.1.6 - Julgamento

Primeiro, o Tribunal analisa o recurso principal para, depois, se for o caso, debruçar-se sobre o recurso
adesivo.

Há duas opções:

1ª opção

Se o Tribunal inadmitir o recurso principal, o adesivo, por ser subordinado, também será inadmitido.

Ademais, se o recorrente desistir do recurso principal, o recurso adesivo, por ser subordinado, será
inadmitido.

Art. 997, §2º, III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele
considerado inadmissível.

Excepcionalmente, se a desistência se der por má-fé, o tribunal pode não acolhê-la e julgar o recurso
adesivo.

Concedida antecipação dos efeitos da tutela em recurso adesivo, não se admite a desistência
do recurso principal de apelação, ainda que a petição de desistência tenha sido apresentada
antes do julgamento dos recursos.

De fato, a apresentação da petição de desistência na hipótese em análise demonstra pretensão


incompatível com o princípio da boa-fé processual e com a própria regra que faculta ao
recorrente não prosseguir com o recurso, a qual não deve ser utilizada como forma de
obstaculizar a efetiva proteção ao direito lesionado. Isso porque, embora tecnicamente não se
possa afirmar que a concessão da antecipação dos efeitos da tutela represente o início do
julgamento da apelação, é evidente que a decisão proferida pelo relator, ao satisfazer o direito
material reclamado, passa a produzir efeitos de imediato na esfera jurídica das partes,
evidenciada a presença dos seus requisitos (prova inequívoca e verossimilhança da alegação).

Além disso, deve-se considerar que os arts. 500, III, e 501 do CPC - que permitem a desistência
do recurso sem a anuência da parte contrária - foram inseridos no Código de 1973, razão pela
qual, em caso como o aqui analisado, a sua interpretação não pode prescindir de uma análise
conjunta com o art. 273 do CPC - que introduziu a antecipação dos efeitos da tutela no
ordenamento jurídico pátrio por meio da Lei 8.952, apenas no ano de 1994, como forma de
propiciar uma prestação jurisdicional mais célere e justa -, bem como com o princípio da boa-fé
processual, que deve nortear o comportamento das partes em juízo (de que são exemplos, entre
outros, os arts. 14, II, e 600 do CPC, introduzidos, respectivamente, pelas Leis 10.358/2001 e
11.382/2006).

Ante o exposto, a solução adequada para o caso em apreço desborda da aplicação literal dos arts.
500, III, e 501 do CPC, os quais têm função apenas instrumental, devendo ser adotada uma
interpretação teleológica que, associada aos demais artigos mencionados, privilegie o escopo

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maior de efetividade do direito material buscado pelo sistema, que tem no processo um
instrumento de realização da justiça. REsp 1.285.405-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014 (informativo 554).

2ª opção

Se o Tribunal admitir o recurso principal e julgar o mérito (favorável ou desfavorável), passará à análise do
recurso adesivo.

Nessa análise, fará primeiro um juízo de admissibilidade e, caso admitido, julgará o seu mérito.

EFEITOS

1 – EFEITO OBSTATIVO
1ª corrente (Barbosa Moreira, majoritária): A interposição de recurso obsta, impede a preclusão temporal,
englobando a preclusão máxima, qual seja, o trânsito em julgado.

2ª corrente (Nelson Nery): A interposição do recurso não impede a preclusão, mas suspende sua ocorrência
até o momento em que o recurso for julgado.

3ª corrente (Dinamarco): Se o recurso não for admitido, terá ocorrido somente impedimento temporário da
preclusão.

Se o recurso for julgado no mérito, com a substituição da decisão recorrida, o recurso terá realmente obstado
a preclusão.

Qualquer que seja a corrente, é indiscutível que durante o trâmite recursal, não teremos preclusão da
decisão impugnada, impedindo sua execução definitiva.

2 – EFEITO DEVOLUTIVO
É a transferência ao órgão ad quem do conhecimento da matéria impugnada já apreciada no juízo a quo.

Professor, mas por que é chamado efeito “devolutivo” se o tribunal vai analisar o processo pela
primeira vez?

A razão é histórica.

No período do procedimento extraordinário do direito romano, o imperador era quem detinha o poder de
julgar.

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Contudo, por ser inviável a apreciação de todos os pleitos, delegava a outros funcionários essa tarefa.

Uma vez julgado o conflito, as partes insatisfeitas poderiam, em alguns casos, apelar ao imperador,
pleiteando que ele reapreciasse a demanda.

Nesses casos, o juiz fazia uma “carta de devolução de poderes” ao imperador para que ele reexaminasse a
questão.

Esse proceder se manteve nas ordenações ordenações Filipinas e Manuelinas, permanecendo o nome nas
legislações de 1939, 1973 e 2015.

Atualmente, a doutrina interpreta a “devolução” como se fosse a devolução ao próprio Poder Judiciário para
reexame da questão.

Todo recurso gera efeito devolutivo?

1ª corrente (Barbosa Moreira, Dinamarco): Não. Para que ele exista há necessidade de devolução a outro
órgão jurisdicional.

Assim, os embargos de declaração e os embargos infringentes na execução fiscal (art. 34, LEF), por serem
apreciados pelo mesmo juízo, não teriam efeito devolutivo.

2ª corrente (Didier, Leonardo da Cunha, Assumpção, Nery etc.): Todos os recursos têm efeito devolutivo.

Não há necessidade de alteração do órgão jurisdicional. O essencial do efeito é apenas a transferência de


matéria decidida para que seja novamente analisada, pouco importando qual órgão fará o reexame.

Dimensões

O efeito devolutivo deve ser examinado em duas dimensões: horizontal (ou extensão da devolução) e
vertical (ou profundidade da devolução).

1 – Dimensão Horizontal ou Extensão da Devolução

A extensão da devolução delimita, bitola o que será submetido ao exame do órgão ad quem.

E essa delimitação se obtém exatamente pela extensão da impugnação do recorrente (“tantum devolutum
quantum appellatum”). A análise do tribunal fica limitada àquelas matérias impugnadas43.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

43
Lembrando que o recurso pode ser total (impugnar tudo o que foi sucumbente) ou parcial (impugnar apenas parcela dos tópicos
em que foi sucumbente).
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Já salientamos que os princípios dispositivo e da inércia prelecionam que o juiz não age de ofício e depende
da provocação das partes.

Ainda, pelo princípio da adstrição ou congruência, o magistrado não pode julgar extra, ultra ou citra petita.

Por fim, o princípio da dialeticidade dos recursos impõe às partes o dever de se manifestarem precisamente
sobre quais pontos da decisão estão sendo impugnados.

Consoante Montans44, ao conjugarmos esses quatro princípios e fazermos um transporte para a esfera
recursal (que é um prolongamento do direito de ação), temos a extensão do efeito devolutivo.

E é exatamente a extensão do efeito devolutivo que constitui o mérito do recurso.

Atenção: Esse mérito do recurso pode envolver tanto matéria processual (impugnação quanto às condições
da ação) quanto matéria de mérito (impugnação quanto à existência de conduta, dano, nexo causal na
responsabilidade objetiva).

Ex1: Pleito foi de indenização pelos danos materiais, morais e estéticos. A sentença acolhe o pleito de danos
materiais e indefere os danos morais e estéticos.

A parte sucumbente pode recorrer pleiteando a reforma da decisão no que toca aos danos morais E estéticos
(recurso total).

Mas poderá impugnar apenas o capítulo da decisão que se refere aos danos morais (recurso parcial),
resignando-se quando ao pleito de danos estéticos.

Veja que é o recorrente, por meio de sua impugnação, que fixará qual é a extensão do efeito devolutivo.

2 – Dimensão Vertical ou Profundidade da Devolução

Uma vez fixada a extensão do efeito devolutivo, dentro dessa extensão, dentro da bitola, o tribunal pode
analisar todas as questões referentes àquela matéria, ainda aquelas que não tenham sido solucionadas.

Art. 1.013, § 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões
suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que
relativas ao capítulo impugnado.

§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles,
a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

44
Op. Cit., p. 1.055.
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Ex1: Se o autor foi sucumbente quanto aos pleitos de danos morais e estéticos, mas recorre apenas do
capítulo dos danos morais, o tribunal:

i- poderá analisar todos os fundamentos existentes quando ao capítulo de danos morais;

ii- os fundamentos do pedido de danos estéticos precluíram junto com a não recorribilidade desse capítulo.

Ex2: Se o juiz indefere um pedido pelo fundamento A, mas se omite quanto ao fundamento B, o tribunal
poderá reformar a sentença e julgar procedente o pedido quer pelo fundamento A, quer pelo fundamento
B.

Ex3: Enunciado 102, FPPC.

Enunciado 102, FPPC: (arts. 1.013, §2º; 117 e 326, parágrafo único) O pedido subsidiário ou
alternativo não apreciado pelo juiz é devolvido ao tribunal com a apelação.

Obs1: Enquanto a extensão do efeito devolutivo depende da vontade do recorrente, do limite da


impugnação, a profundidade do efeito devolutivo não depende de nada, é automática.

Obs2: Barbosa Moreira, Didier e Leonardo da Cunha pontuam que a profundidade efeito devolutivo abrange:

a) questões que, não sendo examináveis de ofício, deixaram de ser apreciadas, a despeito de haverem sido
suscitadas, podendo abranger, p. ex., questões acessórias (juros legais), incidentais (litigância de má-fé),
questões de mérito e outros fundamentos do pedido e da defesa.

b) questões examináveis de ofício.

Art. 485, § 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em
qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.

Assim, o tribunal pode reconhecer ausência de condição da ação, falta de pressuposto processual etc. sobre
aquele capítulo impugnado, mesmo que essas matérias de ordem pública não tenham sido analisadas pelo
juízo a quo.

Atenção: A doutrina majoritária, STJ e STF entendem que a as matérias de ordem pública podem ser
reconhecidas de ofício a qualquer tempo, desde que o processo ainda esteja em vias ordinárias (1º grau ou
2º grau de jurisdição).

Se houver alegação, ou mesmo constatação de ofício da incompetência, apenas em sede de recurso especial
(STJ) ou extraordinário (STF), a incompetência não poderá ser reconhecida, pois não foi prequestionada. E,
como veremos mais tarde, o prequestionamento é requisito de admissibilidade do recurso. A jurisprudência
tanto do STJ e do STF vão nesse sentido.

Com o NCPC (art. 1.034), Daniel Assumpção prevê que o entendimento se alterará.

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Art. 1.034. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, o Supremo Tribunal Federal
ou o Superior Tribunal de Justiça julgará o processo, aplicando o direito.

Parágrafo único. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial por um fundamento,


devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais fundamentos para a solução do
capítulo impugnado.

O referido autor salienta que a profundidade da devolução afasta a necessidade de prequestionamento.

Ora, se em relação ao capítulo impugnado houver uma questão de ordem pública, passível de
reconhecimento de ofício, nada impede que o Tribunal Superior assim o faça.

De todo modo, STF e STJ ainda estão mantendo a posição antiga45.

Obs3: Diante do explicado, podemos concluir que a proibição da reformatio in pejus é quanto à extensão e
não quanto à profundidade.

Ex1: Se o autor ganhou os danos materiais, mas perdeu os danos morais e estéticos, ao apelar desses dois
últimos, pode ver o tribunal reconhecer sua ilegitimidade ativa (matéria de ordem pública) e ter o processo
anulado.

Nesse caso, ele será prejudicado, inclusive, quanto ao pleito de danos materiais deferido pelo juízo a quo.

Nelson Nery, Didier, Leonardo da Cunha aduzem que a profundidade do efeito devolutivo é entendida
também como efeito translativo.

45
Precedentes: EREsp 805.804/ES, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, julgado em 3/6/2015, DJe 1º/7/2015; EDcl
nos EREsp 784. 146/AP, Rel. Min. JORGE MUSSI, Terceira Seção, julgado em 8/4/2015, DJe 30/4/15; AgRg no REsp 582.776/AL, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 9/8/17, DJe 19/12/17; EDcl no REsp 1.575.709/SP, Rel. Min. Sérgio
Kukina, Primeira Turma, julgado em 24/4/18; AgInt nos EDcl no AREsp 1.083.512/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, julgado em 17/5/18; AgInt no AREsp 1.247.832/PI, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 15/5/18;
AgRg no REsp 1.384.229/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em 17/5/18; AgRg no AgRg no AREsp
995.410/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em 24/4/18; AgRg no REsp 1.546.132/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
Sexta Turma, julgado em 22/3/18, STJ, AgRg nos EREsp 999.342/SP, Rel. Min. Castro Meira, Corte Especial, d.j. 24/11/11; AgRg no
REsp 1873701/RS, Rel. Felix Fischer, 5ª T, d.j. 01/09/20.
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O STJ e o STF já entenderam dessa forma.

Em embargos à execução fiscal, a autora (recorrente) apontou mais de um fundamento para a


nulidade da execução, mas a sentença, ao julgá-los, só se baseou em um deles para anular a
certidão de dívida ativa. Agora, no REsp, a recorrente alega que, como houve apelação da
Fazenda estadual julgada procedente, o TJ deveria ter apreciado todos os pedidos e as questões
suscitadas nos autos, ainda que não apontados nas contrarrazões. Para o Min. Relator, não se
pode exigir que todas as matérias sejam abordadas em contrarrazões de apelação, visto existirem
determinadas situações em que há falta de interesse para a parte impugná-las expressamente,
como no caso dos autos, cujos embargos à execução fiscal foram julgados procedentes em
primeiro grau de jurisdição. Ademais, em função do efeito translativo dos recursos, a apelação
devolve obrigatoriamente ao tribunal o conhecimento de todos os fundamentos do pedido,
ainda que eles não tenham sido deduzidos nas contrarrazões. A translação ocorre em relação
às matérias de ordem pública, bem como nas hipóteses autorizadas pelo art. 515, §§ 1º e 2º,
do CPC. Por conta desse efeito é que, no caso, quando os embargos à execução fiscal trouxeram
mais de um fundamento para sua nulidade e o juiz só acolheu um deles para julgá-los
procedentes, a apelação interposta pela Fazenda Pública devolveu ao tribunal a quo todos os
argumentos do contribuinte formulados desde o início do processo. Assim, ainda que aquele
tribunal julgue procedente a apelação da Fazenda Pública, não poderia deixar de apreciar
também os fundamentos do contribuinte. Diante do exposto, a Turma deu provimento ao
recurso do contribuinte para determinar que o tribunal a quo proceda a novo julgamento da
apelação nos termos do art. 515, §§ 1º e 2º, do CPC. Precedentes citados: REsp 246.776-SP, DJ
26/6/2000; REsp 232.116-SP, DJ 15/10/2001, e REsp 824.430-PR, DJ 1º/2/2007. REsp 1.125.039-
RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 1º/3/2011 (informativo 465). REsp 1.201.359-AC,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 5/4/2011 (informativo 468).

O Tribunal julgou procedente pedido de ação cautelar para conferir efeito suspensivo a recurso
extraordinário interposto contra acórdão do TSE e restabelecer sentença que cassara diploma de
Prefeito por captação ilícita de sufrágio e que absolvera o Vice-Prefeito, requerente desta ação,
da imputação de abuso de poder econômico. Na espécie, da sentença referida, apenas o Prefeito
recorrera. Não obstante, o TRE reformara a decisão de 1º grau para cassar também o mandato
do Vice-Prefeito, o que ensejara a interposição de recurso especial, sob a alegação de ofensa à
coisa julgada, o qual fora improvido pelo TSE, por maioria, ao fundamento de que seria lícita a
correção da questão atinente à matéria de ordem pública, qual seja, a subordinação jurídica
do Vice-Prefeito ao que decidido em relação ao Prefeito, tendo em conta o efeito translativo
do recurso ordinário. Preliminarmente, indeferiu-se, por ausência de interesse jurídico, o pedido
de intervenção de terceiro, que alegava ter sido candidato da eleição anulada em que fora
derrotada a chapa que encabeçara. No mérito, entendeu-se que a pronúncia do órgão recursal
sobre a parcela não impugnada do capítulo decisório de sentença, ao transpor os limites do efeito
devolutivo do recurso (CPC, art. 515, §1º), ofendeu a coisa julgada. Asseverou-se que o efeito
translativo é apenas um dos subtipos do efeito devolutivo e que, salvo o caso de vício processual
absoluto, que leve à anulação ou extinção do processo, sempre devolvido à cognição do Tribunal
por conta daquele efeito, só serão conhecidas pelo Tribunal aquelas questões cuja solução serviu
ou devia servir de fundamento dos capítulos decisórios impugnados pelo recurso, ou seja, o
órgão recursal terá plena liberdade para análise das questões de fato e de direito debatidas na
causa, inclusive as de ordem pública, desde que se restrinja aos limites da parcela impugnada
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do conteúdo decisório da sentença. Afastou-se, por fim, a possibilidade de o efeito do recurso


do Prefeito alcançar o Vice-Prefeito, seu litisconsorte, com base no art. 509 do CPC, visto que a
regra de extensão subjetiva do efeito devolutivo dos recursos só incide nos casos de litisconsórcio
unitário. AC 112/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 1º.12.2004. (AC-112) (informativo 372).

Obs4: Entende-se que nesse cenário de discussão do efeito devolutivo está incluída a teoria da causa madura,
permitindo que o tribunal, de ofício, após confirmar o error in judicando e anular a sentença, julgue
imediatamente o mérito da demanda (art. 1013, §3º).

Vamos às hipóteses!

Art. 1.013, § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve


decidir desde logo o mérito quando: I - reformar sentença fundada no art. 485;

Anulada46 a sentença terminativa porque o tribunal entendeu que o feito não deveria ser extinto sem
resolução do mérito (art. 485), o tribunal irá verificar se o processo está pronto para imediato julgamento.
Por exemplo, se já tiver havido instrução, pode ser que já esteja pronto para imediato julgamento. Doutro
lado, se a sentença concluiu pelo indeferimento da petição inicial (art. 330 c/c art. 485, I, CPC), o processo,
muito provavelmente, não estará maduro para julgamento, devendo retornar ao 1º grau a fim de que haja
instrução probatória.

Art. 1.013, §3º, II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do
pedido ou da causa de pedir; (sentença extra e ultra petita)

Extra petita

Sentença extra petita é aquela que concede tutela jurisdicional diferente da pleiteada (pedido imediato),
bem como aquela que concede bem da vida de diferente gênero daquele pedido pelo autor (pedido
mediato). Nesses casos, o STJ47 entendia, na vigência do CPC/73, que o tribunal deveria anular a sentença e
devolver os autos ao juízo para prolação de decisão.

A Turma reiterou, entre outras questões, que o julgamento extra petita viola a norma contida
nos arts. 128 e 460 do CPC, que adstringe o juiz a julgar a lide nos limites das questões suscitadas,
impondo a anulação da parte da decisão que exacerbar os limites impostos no pedido. (...) para
o Min. Relator, é forçoso reconhecer presente o julgamento extra petita, o que leva à anulação
do acórdão que julgou a apelação, devendo outro ser proferido referente à perda do objeto
recursal, ficando superada a questão da validade da deliberação da assembleia no ponto
relacionado à transferência do estacionamento para outro local. Precedentes citados: REsp

46
O dispositivo fala em reforma, mas a doutrina é enfática em afirmar que o termo correto seria “anulação”.

47
STJ, REsp 1.294.166-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, d,j, 18/9/2012 (info 504).

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1.316.926-SP, DJe 15/8/2012; AR 3.206-RS, DJe 24/8/2012, e AgRg nos EDcl no Ag 1.041.668-MG,
DJe 26/6/2009. REsp 1.294.166-GO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, d,j, 18/9/2012 (informativo
504).

Contudo, o NCPC inovou e já permite que o tribunal decida de pronto a questão.

Art. 1.013, §3º, II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do
pedido ou da causa de pedir; (sentença extra e ultra petita)

Ultra Petita

Na sentença ultra petita, o magistrado concede ao autor a tutela e o gênero pleiteados, mas excede
quanto à quantidade, não respeitando a determinação do pedido. Na apelação, não haverá razão para anular
a sentença integralmente e devolver os autos para prolação de nova decisão, pois a causa já estará madura
para julgamento. Assim, pode o Tribunal já julgar a causa, decotando a parte em que o juiz foi além (art.
1013, §3º, II).
Citra Petita

Art. 1.013, §3º, III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá
julgá-lo; (sentença citra petita)

Aqui, tem-se a previsão de sentença citra petita, que fica aquém do pedido, deixando de apreciar algum
pleito ou de enfrentar uma causa de pedir.

Nesses casos, o STJ48 entendia, na vigência do CPC/73, que o tribunal deveria anular a sentença e devolver
os autos ao juízo para prolação de decisão. Contudo, o CPC/15 inovou e permite que o tribunal decida de
pronto a questão sobre a qual a sentença não tratou.

Art. 1.013, §3º, IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

No inciso IV, há aquelas sentenças que desrespeitam o art. 489, §1º, devendo também serem anuladas e, no
lugar, estando o processo maduro para julgamento, o Tribunal irá proferir um acórdão.

CESPE/TJ-CE – Juiz Substituto/2018 - Em sentença, foi julgado procedente o pedido autoral, com base
em fundamento suficiente. Em recurso, o réu pediu a apreciação de outros argumentos da defesa que
não haviam sido considerados na sentença. O tribunal conheceu do recurso e, ao julgá-lo, verificou
uma questão de ordem pública que não havia sido cogitada até então na demanda. Com base nessa

48
STJ, EDcl no REsp 1120322/RS, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, d.j. 04/06/13.

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questão de ordem pública, prolatou-se acórdão que reformou a sentença. Com relação aos efeitos
recursais no caso hipotético apresentado, são verificados, respectiva e cronologicamente, os efeitos

a) regressivo, translativo e expansivo.

b) regressivo, devolutivo e translativo.

c) devolutivo, expansivo e translativo.

d) devolutivo, translativo e substitutivo.

e) devolutivo, translativo e regressivo.

A alternativa D está correta.

Devolve-se ao tribunal as matérias impugnadas. Contudo, dentro dessas matérias, o tribunal pode
tranquilamente adotoar outros argumentos de defesa que não foram considerados na sentença.

O efeito translativo encontra-se na possibilidade de reconhecimento da questão de ordem pública pelo


Tribunal.

O efeito substitutivo significa que a decisão sentença foi substituída pela decisão tomada no acórdão.

3 – EFEITO SUSPENSIVO
O efeito suspensivo impede a produção imediata dos efeitos da decisão que se quer impugnar, obstando,
assim, a execução provisória.

É o efeito de prolongar a ineficácia da decisão, manter a decisão ineficaz.

Qual é a regra em nosso sistema?

A regra é que os recursos não impedem a eficácia da decisão.

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal OU decisão
judicial em sentido diverso.

Assim, para que haja efeito suspensivo, há necessidade de:

1ª hipótese

Existir previsão legal (ope legis).

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Ex1: É o caso da apelação que, em regra49, terá efeito suspensivo.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

A título de curiosidade, no projeto do novo CPC, buscava-se acabar com o efeito suspensivo da apelação,
mas não foi aceito pelos legisladores.

Ex2: Recurso especial ou extraordinário interposto contra decisão que julga IRDR.

Art. 987. Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial,


conforme o caso.

§ 1º O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão


constitucional eventualmente discutida.

2ª hipótese

Existir decisão judicial (efeito suspensivo ope iudicis), consoante art. 995, parágrafo único.

Art. 995, Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do
relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Enunciado 609, FPPC: (art. 995, parágrafo único) O pedido de antecipação da tutela recursal ou
de concessão de efeito suspensivo a qualquer recurso poderá ser formulado por simples petição
ou nas razões recursais.

Segundo Assumpção, os requisitos previstos são típicos de tutela de urgência:

a) probabilidade do direito: probabilidade de provimento do recurso;

b) periculum in mora: risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação.

De toda forma, o referido autor aduz que é possível conceder efeito suspensivo não apenas por meio da
comprovação dos requisitos da tutela de urgência, mas também da tutela de evidência (ex: apenas
probabilidade de direito), como ocorre com a apelação e embargos de declaração.

Art. 1.012, § 4º Nas hipóteses do § 1º (apelação sem efeito suspensivo), a eficácia da sentença
poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do

49
Em regra, pois em outros casos, a apelação não terá efeito suspensivo. Ex: art. 1.012, §1º; art. 14, Lei n. 7.347/85 (Lei da Ação
Civil Pública); art. 14, §3º (Lei do MS); art. 58, V, Lei n. 8.245/91 (Lei de Locações); art. 14, Lei n. 5.478/68 (Lei de alimentos).
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recurso OU se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil
reparação.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.

§ 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou
relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso OU, sendo relevante a
fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

No caso dos ED, vale lembrar que a inexistência de efeito suspensivo não permite, por si só, a execução do
julgado. Temos de verificar se o recurso cabível da decisão (além dos ED) é dotado ou não de efeito
suspensivo.

Enunciado 218, FPPC: (art. 1.026) A inexistência de efeito suspensivo dos embargos de
declaração não autoriza o cumprimento provisório da sentença nos casos em que a apelação
tenha efeito suspensivo.

A quem esse pedido de efeito suspensivo deve ser dirigido?

Depende.

1º caso: Apelação

Art. 1.012, § 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser
formulado por requerimento dirigido ao:

I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando


o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;

II - relator, se já distribuída a apelação.

2º caso: Juizados Especiais

Enunciado 465, FPPC: (arts. 995, parágrafo único; 1.012, §3º; Lei 9.099/1995, Lei 10.259/2001,
Lei 12.153/2009) A concessão do efeito suspensivo ao recurso inominado cabe exclusivamente
ao relator na turma recursal.

3º caso: Recurso extraordinário e Especial

Art. 1.029, § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso


especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

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I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de


admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento
para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre


a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no
caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016)

VUNESP/TJ-RS – Juiz de Direito Substituto/2018

O pedido de suspensão ao recurso especial poderá ser formulado por requerimento dirigido

a) ao presidente do tribunal local, no caso de prejuízo processual comprovado à parte recorrida.

b) ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a


interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso.

c) ao relator original do acórdão recorrido, se já distribuído o recurso.

d) ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do recurso e sua


distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo.

e) ao vice-presidente do tribunal local, após a admissão do recurso e antes de sua distribuição no STJ.

Comentários

A alternativa B está correta.

Art. 1.029, § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso


especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de


admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para
julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre a


interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o
recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

É o mesmo timing das súmulas 634 e 635, STF.

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Súmula 634: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar
efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade
na origem.

Súmula 635: Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em
recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.

Inclusive, no meu concurso da DPU/2015, caiu um caso envolvendo concessão de medicamentos. A sentença
tinha julgado procedente o pedido para conceder o medicamento, com tutela antecipada concedida em
sentença. O assistido já estava recebendo o remédio. O Tribunal, porém, reformou a sentença e julgou
procedente a apelação da União, interrompendo o fornecimento do medicamento. Cabia a nós, como
Defensores Públicos, a interposição do recurso especial dirigido ao STJ, com apresentação de medida
cautelar para atribuir efeito suspensivo ao recurso especial, a fim de que a parte continuasse a receber os
medicamentos.

Obs1: É muito importante os senhores saberem que, antes mesmo da interposição do recurso e pela simples
possibilidade de sua interposição, a decisão ainda é ineficaz.

Assim, basta a decisão ser recorrível por apelação, p. ex., para que se prolongue a ineficácia da decisão.

Desse modo, naqueles 15 dias de prazo para interposição da apelação, a parte vencedora da sentença não
poderá executar a decisão.

Se interpuser recurso, prolonga-se o estado de ineficácia da decisão. Se não interpuser recurso, a decisão
transita em julgado, liberando seus efeitos.

Obs2: O efeito suspensivo do recurso não impede a constituição de hipoteca judiciária.

Art. 495. A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a
que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação
pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária.

§ 1º A decisão produz a hipoteca judiciária:

III - mesmo que impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo.

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Obs3: É possível que apenas um capítulo da decisão tenha efeito suspensivo e o outro não.

Ex1: decisão que julga procedente 2 pedidos, mas, apenas em relação a 1 deles concede tutela provisória.

Art. 1.012, § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que:

V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;

Enunciado 144, II JDPC do CJF: No caso de apelação, o deferimento de tutela provisória em


sentença retira-lhe o efeito suspensivo referente ao capítulo atingido pela tutela.

Enunciado 217, FPPC: (arts. 1.012, § 1º, V, 311) A apelação contra o capítulo da sentença que
concede, confirma ou revoga a tutela antecipada da evidência ou de urgência não terá efeito
suspensivo automático.

Em relação ao 1º pedido, teremos efeito suspensivo. Em relação ao 2 pedido, ele inexistirá.

4 – EFEITO EXPANSIVO
Ocorre efeito suspensivo quando a decisão for mais abrangente do que a matéria impugnada (aspecto
objetivo) ou atingir sujeitos que não participaram como partes no recurso (aspecto subjetivo).

Efeito expansivo objetivo

i- interno: Ocorre quando a o julgamento do recurso atinge capítulos não impugnados de decisão recorrida.

É exceção ao efeito devolutivo horizontal (ou extensão do efeito devolutivo).

Isso ocorre nos capítulos não impugnados que, de alguma forma, dependam dos capítulos impugnados
(relação de prejudicialidade).

Ex1: paternidade é reconhecida em sentença e o réu é condenado a pagar alimentos.

Se o réu recorrer apenas do reconhecimento de paternidade e a sentença for reformada, por consequência
o capítulo referente a alimentos será atingido.

Se não for pai, não precisará pagar alimentos.

Ex2: réu interpõe apelação contra decisão que o condenou a pagar indenização por danos materiais, mas
nada falou acerca do ônus de sucumbência (pagamento de honorários e custas).

Ora, se a sentença for reformada, obviamente os ônus de sucumbência se alterarão. Não precisará pagar
honorários e custas, ainda que não tenha impugnado esse capítulo.

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ii- externo: Verifica-se quando o julgamento do recurso atinge outros atos processuais que não a decisão
recorrida.

Ex1: É muito comum nos recursos que não possuem efeito suspensivo, uma vez que, paralelamente ao
recurso, o procedimento se desenvolve com uma execução provisória.

Depois, a sentença é anulada ou reformada, atingindo os atos praticados em execução provisória.

Efeito expansivo subjetivo

O julgamento do recurso atinge sujeitos que não são partes no recurso, mas são partes na demanda.

Ex1: Os ED interrompem o prazo para recurso tanto para a parte que embargou como para a outra.

Ex2: caso em que apenas um dos litisconsortes recorre. O julgamento poderá atingir não só o recorrente,
mas também seu litisconsorte.

Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos
ou opostos os seus interesses.

Surgiram duas correntes na doutrina a respeito desse dispositivo:

1ª corrente (Barbosa Moreira, Dinamarco, Didier, STJ): O art. 509, CPC/73 (atual art. 1.005, CPC/15)
somente se aplica no caso de litisconsórcio unitário. Essa regra não vale para o litisconsórcio simples. Isso
porque, no litisconsórcio unitário, a decisão deverá ser uniforme para todos, ao passo que no litisconsórcio
simples/comum, a decisão poderá ser diversa para cada um.

Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como litigantes
distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão
os outros, mas os poderão beneficiar.

Veja a posição do STJ:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO. LITISCONSÓRCIO. EFEITO EXTENSIVO. O recurso produz efeitos
somente ao litisconsorte que recorre, ressalvadas as hipóteses de litisconsórcio unitário, em que se
aplica a extensão prevista no art. 509 do CPC. Precedentes: AgRg no REsp 770.326-BA, DJe 27/9/2010;
REsp 827.935-DF, DJe 27/8/2008; REsp 209.336-SP, DJ 26/3/2007; REsp 411.563-PR, DJ 10/5/2004. AgRg
no REsp 908.763-TO, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 18/10/2012 (info 507).

2ª corrente (Marinoni, Assumpção): O art. 509 (atual art. 1.005, CPC/15) é sempre aplicável no caso de
litisconsórcio unitário.

Essa regra, porém, pode ser também aplicável no caso de litisconsórcio simples se o litisconsorte alegar, no
recurso, matéria que aproveite a quem não recorreu.

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Ora, não seria lógico dar razão ao litisconsorte simples que recorreu e não dar razão àquele litisconsorte que
não interpôs recurso.

Obs1: o parágrafo único prevê a extensão da eficácia subjetiva do recurso interposto por um litisconsorte
simples ou unitário.

Art. 1.005, Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor
aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.

Enunciado 234, FPPC: (arts. 1.068, 506, 1.005, parágrafo único) A decisão de improcedência na
ação proposta pelo credor beneficia todos os devedores solidários, mesmo os que não foram
partes no processo, exceto se fundada em defesa pessoal.

Em regras, a solidariedade é formada em litisconsórcio simples, pois as obrigações, em geral, são divisíveis.
Contudo, se a obrigação for indivisível, o litisconsórcio será unitário.

Portanto, a lógica do art. 1.005, parágrafo único, CPC poderia ser estendida de maneira geral, isto é, se os
argumentos apresentados forem comuns aos litisconsortes, todos eles aproveitariam daquele recurso.

Contudo, mesmo que os alunos concordem com a 2ª corrente, sugiro adotar em provas a 1ª corrente, pois
é a acolhida pelo STJ em julgados mais importantes, inclusive veiculados em informativos (info 507).

Recurso de assistente simples beneficia o assistido que não recorreu?

Inicialmente, admitia-se a interposição de recurso por assistente simples, na omissão do assistido. Após um
tempo, nos últimos anos, o STJ vinha mudando de posição para não admitir recursos interpostos apenas
pelos assistentes.

Veja julgados de 2002 permitindo a interposição de recurso. Após, julgado de 2006 não admitindo.

PROCESSUAL CIVIL. ASSISTÊNCIA SIMPLES. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. POSSIBILIDADE.


INTELIGÊNCIA DO ART. 52, CPC.

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- A regra inserta no art. 52 do CPC é expressa no sentido de que o assistente simples é auxiliar
da parte principal, possuindo os mesmos poderes e sujeitando-se aos mesmos ônus processuais,
não podendo, todavia, praticar atos contrários à vontade do assistido.

- Segundo a melhor exegese deste preceito, pode o assistente interpor recurso, ainda que não
o faça o assistido, desde que não haja por parte deste expressa manifestação em sentido
contrário. - Precedentes - Recurso especial conhecido e provido. REsp 99123/PR, Rel. Min.
Vicente Leal, d.j. 03/06/2002.

PROCESSO CIVIL – ASSISTÊNCIA SIMPLES – AUSÊNCIA DE RECURSO ESPECIAL DA ASSISTIDA –


RECURSO INTERPOSTO EXCLUSIVAMENTE PELA ASSISTENTE. 1. É nítido o caráter secundário do
assistente que não propõe nova demanda tampouco modifica o objeto do litígio. O direito em
litígio pertence ao assistido e não ao interveniente. 2. Não se conhece do recurso especial
interposto, tão-somente, pelo assistente simples. Ausente o recurso especial da assistida.
Recurso especial não-conhecido. (REsp n. 533.937, Re. Min. Humberto Martins, d.j 26/09/2006)

Ainda, observem essa explicação no informativo 385, STJ:

Quanto à possibilidade de recurso interposto apenas pelo assistente, ponderou que a


jurisprudência antiga era pacífica no sentido de permitir a interposição pelo assistente e de
somente a manifestação expressa do assistido poder obstar a impugnação do assistente. Mas,
hoje, há um novo posicionamento formando-se neste Superior Tribunal no sentido de não
admitir, no silêncio do assistido, a interposição de recurso pelo assistente. (REsp 585.385-MT,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/3/2009).

Contudo, com o NCPC, sobretudo pela inclusão da expressão “ou, de qualquer outro modo, omisso o
assistido” no art. 121, parágrafo único, esse entendimento tende a mudar, voltando àquela jurisprudência
mais antiga, permitindo-se a interposição de recursos por parte dos assistentes simples.

Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos
poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.

Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será
considerado seu substituto processual.

Ora, se o assistido não quiser realmente recorrer, renunciando expressamente ao seu direito, o recurso do
assistente realmente não valerá de nada. Ademais, se o assistido recorre, mas desiste do recurso, também
o assistente não pode fazer nada.

Entretanto, se o assistido perde o prazo do recurso, mas não diz nada sobre sua vontade de recorrer ou não,
ele foi omisso e o recurso do assistente simples será conhecido, salvo se posteriormente o assistido disser
expressamente que não quer recorrer.

Esse é o posicionamento que tende a vigorar. Mas vamos aguardar as decisões do STJ sobre o assunto.

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5 – EFEITO SUBSTITUTIVO
Consiste no efeito que o julgamento do recurso tem de substituir a decisão recorrida.

Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver
sido objeto de recurso.

A doutrina, porém, critica a redação legal ao afirmar que a substituição da decisão recorrida apenas ocorre
nos casos de julgamento do mérito recursal, e ainda assim a depender do resultado de tal julgamento.

Assim:

a) Se o recurso não é admitido/conhecido, o julgamento não substitui a decisão recorrida, que se mantém
íntegra.

A única repercussão será a contagem do prazo para ação rescisória, que terá como termo inicial essa
inadmissão (súmula 401, STJ – última decisão proferida no processo).

b) Se o recurso for admitido/conhecido e for julgado em seu mérito, temos de analisar o resultado.

b.1 – Se a causa de pedir for error in judicando e o pleito for de reforma, qualquer que for o resultado
(provimento ou desprovimento) haverá substituição da decisão recorrida;

b.2 – Se a causa de pedir for error in procedendo e o pleito for de anulação da decisão, o efeito substitutivo
só ocorrerá se houver desprovimento do recurso.

Isso porque, se houver provimento, ao invalidar a decisão anterior, não haverá substituição, devendo uma
nova decisão ser proferida.

VÍCIO JULGAMENTO CONSEQUÊNCIA EFEITO

Logo, o acórdão
Error in Provimento do
Reforma substituiu (efeito
judicando recurso
substitutivo).

Mesmo aqui há
Error in
Desprovimento Decisão confirmada substituição da
judicando
decisão.

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Error in
Desprovimento Confirmada Efeito substitutivo.
procedendo

Não há
substituição.
Ocorre
desfazimento dos
Decisão não é atos anteriores e há
Error in
Provimento reformada, mas sim determinação para
procedendo
cassada. que os atos sejam
refeitos.
Aqui temos efeito
rescindente.

6 – EFEITO REGRESSIVO
O efeito regressivo é aquele que autoriza o órgão a quo a rever a decisão recorrida, que permite o juízo de
retrtação.

No CPC/73, autorizava-se a retratação nas duas hipóteses do art. 463 do CPC/73, bem como diante de
apelações interpostas contra sentença de improcedência prima facie (art. 285-A, §1º) e indeferimento da
petição inicial (art. 296).

No CPC/15, foram mantidas as retratações diante de sentença terminativa que indefere a PI (art. 331), bem
como da improcedência liminar (art. 332), mas foram ampliadas as hipóteses de retratação.

Atualmente, o ordenamento comporta 9 (nove) hipóteses de retratação:

1ª exceção:

Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: I - para corrigir-lhe, de ofício ou a
requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo;

Enunciado 654, FPPC: (arts. 943, § 1º e 494, I) Erro material identificado na ementa, inclusive
decorrente de divergência com o acórdão, é corrigível a qualquer tempo, de ofício ou mediante
requerimento.

Com fulcro no inciso I, o magistrado poderá alterar o comando decisório de ofício ou a requerimento, em
qualquer momento, inclusive depois do trânsito em julgado.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CORREÇÃO DE ERRO MATERIAL APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO. O


magistrado pode corrigir de ofício, mesmo após o trânsito em julgado, erro material consistente
no desacordo entre o dispositivo da sentença que julga procedente o pedido e a fundamentação
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no sentido da improcedência da ação. Isso porque o art. 463, I, do CPC permite ao magistrado a
correção de erros materiais existentes na sentença, ainda que a decisão já tenha transitado em
julgado, sem que se caracterize ofensa à coisa julgada. Precedentes citados: AgRg no Aresp
89.520-DF, Primeira Turma, Dje 15/8/2014; e Resp 1.294.294-RS, Terceira Turma, Dje 16/5/2014.
RMS 43.956-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 9/9/2014.

2ª exceção:

Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la: II - por meio de embargos de
declaração.

No caso do inciso II, é possível apenas se houver provocação da parte.

3ª exceção: o art. 331 permite o juízo de retratação do magistrado quando indeferir a petição inicial, devendo
ser exercido no prazo de 5 dias da interposição da apelação.

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5
(cinco) dias, retratar-se.

4ª exceção: Nos casos de improcedência liminar do pedido (art. 332, CPC), interposta a apelação, o
magistrado pode se retratar.

Art. 332, § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

5ª exceção: o art. 485, §7º trata do juízo de retratação do magistrado sempre que proferir decisão sem
resolução do mérito, que deverá ser realizada em 5 dias da interposição da apelação.

Art. 485, § 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo,
o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.

6ª exceção: Agravo de instrumento

Art. 1.018, § 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará
prejudicado o agravo de instrumento.

7ª exceção: Agravo interno

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o
recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-
lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.

8ª exceção:

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Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma: II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na
origem, reexaminará o processo de competência originária, a remessa necessária ou o recurso
anteriormente julgado, se o acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal superior;

9ª exceção: No procedimento do ECA, interposta a apelação, o juiz pode se retratar em 5 dias.

Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude, inclusive os relativos à
execução das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei no 5.869, de 11 de
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes adaptações: (Redação dada pela Lei
nº 12.594, de 2012) VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior instância, no caso
de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho
fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias;

7 – EFEITO DIFERIDO
Consoante Assumpção, ocorre efeito diferido quando o conhecimento do recurso depende de uma outra
circunstância, de outro recurso a ser interposto contra outra ou a mesma decisão.

Ex1: necessidade de a apelação ser conhecida para que a impugnação da decisão interlocutória não recorrível
por agravo de instrumento seja julgada.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar


agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar
de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

Ex2: recurso especial e extraordinário contra o mesmo acórdão, sendo que a análise do segundo recurso
depende do conhecimento e julgamento do primeiro.

Ex3: recurso adesivo depende que o recurso principal seja conhecido e julgado para que, após, ele seja
também apreciado.

JUÍZOS DE ADMISSIBILIDADE E DE MÉRITO

1 - INTRODUÇÃO
No Processo Civil Brasileiro, para o juiz analisar o mérito, terá de passar por duas etapas prévias.

1ª etapa: verificação dos pressupostos processuais;

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2ª etapa: verificação das condições da ação.

i- legitimidade ad causam;

ii- interesse de agir.

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

Obs1: A possibilidade jurídica do pedido foi retirada da categoria das condições da ação50.

Obs2: O direito brasileiro, segundo doutrina majoritária, adotou a teoria eclética de Liebman51.

Para o doutrinador italiano, a ação é condicionada, porque ela só existe quando o autor tem direito a um
julgamento de mérito (seja favorável ou desfavorável). Para Liebman e para a teoria eclética, o direito de
ação é um direito ao julgamento de mérito.

Assim, para Liebman, o juiz deve passar por três etapas em sua cognição: primeiro sobre o processo
(verificando os pressupostos processuais). Em segundo lugar, debruça sobre a ação (verificando as condições
da ação). Em terceiro lugar, por fim, analisa o mérito.

VUNESP/DPE-MS – Defensor Público/2014: No tocante à ação, adotou o Código de Processo Civil


brasileiro a teoria:

a) imanentista; b) eclética; c) da ação concreta; d) da ação como direito potestativo.

Comentários

Em nosso material de Carreiras Jurídicas, comentamos todas as teorias cobradas na prova:

a) teoria imanentista de Savigny;

b) teoria eclética de Liebman;

c) teoria da ação concreta de Wach, Bullow;

50
Agora, se houver vedação àquele pedido pelo ordenamento jurídico, não é mais caso de extinção sem resolução do mérito por
ausência de condição da ação, mas sim caso de julgamento improcedente.
51
Já aprofundamos esse ponto em aula própria.
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d) Teoria da ação como direito potestativo de Chiovenda (ramificação da teoria concreta).

Apontamos, ao final, que o CPC/73 adotou claramente a teoria eclética da ação (arts. 3º, 267, VI e
295, CPC/73). Portanto, como a prova foi na vigência do CPC73, a alternativa B é correta.

Sobre o CPC/2015, há forte discussão doutrinária sobre a existência ou não da categoria das condições
da ação, prevalecendo a corrente que entende que elas ainda existem (art. 17 c/c 485, VI, ambos do
CPC/2015).

3ª etapa: análise do mérito.

Se o processo é interrompido nas duas etapas anteriores, teremos um julgamento sem resolução do mérito.

Assim, como o Estado não cumpriu sua finalidade de resolver o conflito (o mérito), haverá coisa julgada
formal, isto é, apenas dentro do processo em que foi produzida. A parte poderá, em regra, repropor
demanda similar, pois não há coisa julgada material.

Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha
de novo a ação.

Excepcionalmente, nos casos do art. 486, §1º, CPC, não será possível a repropositura da demanda, salvo se
se corrigir o vício que gerou a extinção.

Art. 486. § 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII
do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem
resolução do mérito.

Doutro lado, se a sentença for com resolução de mérito, aplicaremos o art. 487, CPC. Segundo Assumpção,
no dispositivo há cinco espécies de sentença que se unem pela definitividade, gerando coisa julgada
material.

Apenas uma das cinco espécies do art. 487 efetivamente analisa o direito material alegado (art. 487, I, CPC),
sendo chamada por alguns de verdadeira ou genuína sentença de mérito.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;

Enunciado 160, FPPC: (art. 487, I) A sentença que reconhece a extinção da obrigação pela
confusão é de mérito.

Outras três espécies são sentenças homologatórias de mérito (art. 487, III, CPC), que se ligam às hipóteses
de autocomposição (transação, submissão).

Na transação, os conflitantes fazem concessões mútuas e solucionam o conflito. Será prolatada uma sentença
homologatória de mérito (art. 487, III, “b”, CPC).
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Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

III - homologar:

b) a transação;

Na submissão, um dos conflitantes se submete à pretensão do outro voluntariamente, abdicando dos seus
interesses.

Quando é feita em juízo, a submissão do autor se chama renúncia (art. 487, III, “c”, CPC); a do réu se chama
reconhecimento da procedência do pedido (art. 487, III, “a”, CPC).

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

III - homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;

c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

Nesses casos, a autocomposição será homologada pelo juiz, prolatando uma sentença de mérito (art. 487,
III, CPC), com formação de coisa julgada material.

Como última espécie de sentença do art. 487, temos aquelas que reconhecem a decadência ou prescrição.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;

Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 33252, a prescrição e a decadência não


serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.

Enunciado 161, FPPC: (art. 487, II) É de mérito a decisão que rejeita a alegação de prescrição ou
de decadência.

Pois bem.

52
Art. 332, § 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de
decadência ou de prescrição.
Para prova, gravem essa redação legal. Contudo, saibam que a doutrina questiona esse dispositivo, já que o art. 9º (vedação às
decisões surpresas) deveria incidir também para prescrição e decadência, impondo que o juiz intimasse a parte para tentar
argumentar a não incidência de prescrição ou decadência no caso.
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Sabendo esse passo a passo, fica fácil compreender como se dá a análise dos recursos.

A apreciação dos recursos, que são justamente prolongamentos do direito de ação, dá-se em duas etapas:
juízo de admissibilidade e juízo de mérito.

1ª etapa: Juízo de Admissibilidade

O juízo de admissibilidade é um juízo sobre a aptidão, a possibilidade de um pedido ser examinado.

Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do mérito, deste não
se conhecendo caso seja incompatível com a decisão.

Obs1: O juízo de admissibilidade é questão preliminar, pois sua ausência impede a apreciação do mérito do
recurso. Se prejudicial fosse, sua ausência apenas influenciaria no teor da decisão.

Assim, o juízo de admissibilidade poderá ser:

i- Positivo – conhecer/admitir/dar seguimento ao recurso;

ii- Negativo – não conhecer/inadmitir/não dar seguimento ao recurso.

Obs2: A doutrina elenca sete pressupostos/requisitos de admissibilidade dos recursos:

i- cabimento;

ii- legitimidade;

iii- interesse em recorrer;

iv- inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer;

v- tempestividade;

vi- preparo;

vii- regularidade formal.

Veremos as diferentes classificações, mas os requisitos sempre se mantêm.

2ª etapa: Juízo de Mérito

É um juízo sobre a pretensão recursal.

O mérito recursal é composto pela causa de pedir recursal (error in judiciando e error in procedendo) e pedido
(reforma, invalidação, integração e esclarecimento).

Analisando o mérito, o tribunal dará provimento ou negará provimento ao recurso.


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Obs1: O mérito recursal pode ser diferente do mérito da causal.

Ex1: A legitimidade de parte, competência do juízo etc. são preliminares da causa, mas podem consistir em
mérito do recurso, se legitimidade e competência forem o próprio objeto de impugnação do recorrente.

2 – REGRAS GERAIS SOBRE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE


Seguiremos, neste tópico, a linha exposta por Renato Montans53 destacando as principais regras sobre juízo
de admissibilidade.

2.1 - Norma Cogente

O exame da admissibilidade do recurso é matéria de ordem pública, que deve ser realizada pelo órgão
jurisdicional de ofício, independentemente de pedido.

Embora não haja previsão expressa desse proceder, entende-se que juízo de admissibilidade engloba a
análise de pressupostos processuais e condições da ação, matérias notoriamente de ordem pública.

Exceção: necessidade de o próprio recorrente, no agravo de instrumento, comunicar ao juiz da causa acerca
da interposição de recurso de agravo, que é dirigido diretamente ao tribunal (art. 1.018, CPC).

Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo
de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o
recurso.

2.2 - Competência

No CPC/73, a admissibilidade da apelação, recurso ordinário, recurso especial e extraordinário era feito em
duas etapas, pelo juízo de origem (a quo) e pelo juízo de destino (ad quem).

Nesses casos, a admissibilidade de um juízo não prejudica a análise do outro, valendo citar que o juízo do
órgão ad quem prevalece.

Com o NCPC, a ideia inicial era abolir esse duplo juízo de admissibilidade.

Contudo, no período de vacatio legis, o CPC foi alterado (Lei n. 13.256/16) para manter o duplo juízo para
algumas espécies recursais (recurso especial e recurso extraordinário).

Portanto, atualmente, temos o duplo juízo apenas para recurso especial e recurso extraordinário.

53
Op. Cit. 1.018.
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Nas demais espécies recursais, quem realiza o juízo de admissibilidade?

É o órgão ad quem (de destino).

No caso dos embargos de declaração, o próprio órgão prolator da decisão realizará o juízo de admissibilidade.

Nos demais casos (apelação, agravo de instrumento, agravo interno, recurso ordinário, especial,
extraordinário, embargos de divergência), quem deve realizar o juízo de admissibilidade é o colegiado.

Todavia, o NCPC confere ao relator (como porta-voz do colegiado) esse poder de realizar o juízo de
admissibilidade.

Art. 932. Incumbe ao relator:

III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;

Nada impede que, realizado juízo positivo de admissibilidade pelo relator, o colegiado venha a não conhecer
do recurso quando da sessão de julgamento.

Doutro lado, caso o relator inadmita o recurso, sempre o recorrente terá direito de provocar o órgão
colegiado competente para ratificar ou retificar a decisão do relator.

Tal provocação se dará pelo agravo interno.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

Obs1: Nessa decisão colegiada, se se formar maioria pela admissibilidade, todos os


desembargadores/ministros devem passar ao exame do mérito, inclusive aquele que tenha votado pelo
inadmissibilidade.

Art. 939. Se a preliminar for rejeitada ou se a apreciação do mérito for com ela compatível,
seguir-se-ão a discussão e o julgamento da matéria principal, sobre a qual deverão se pronunciar
os juízes vencidos na preliminar.

2.3 - Revogação

Uma vez realizado juízo positivo de admissibilidade, nada impede que o mesmo órgão volte atrás e revogue
sua decisão, passando a inadmitir o recurso.

Se o fizer, deverá intimar o recorrente, nos termos do art. 9º e 10, CPC.

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A decisão que admite o recurso não é atingida pela preclusão, de modo que o Relator poderá
indeferir liminarmente ou negar provimento em decisão monocrática se constatar irregularidade
no recurso que impeça seu processamento, inexistindo preclusão pro judicato.

Assim, por exemplo, a decisão que admite o processamento dos embargos de divergência não
impede o Relator de, no momento da prolação da decisão definitiva, proceder a um novo exame
sobre os requisitos de admissibilidade do recurso. STJ. Corte Especial. AgInt nos EREsp
1436903/DF, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 07/06/2017. STJ. Corte Especial. AgInt nos
EREsp 1446201/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 17/08/2016.

2.4 - Pendências

Quando o recurso é dirigido ao órgão ad quem, é possível que haja ainda algumas pendências a serem
sanadas antes de realizar o juízo de admissibilidade e, consequentemente, passar ao exame do mérito.

Ex1: É possível a constatação de fatos supervenientes.

Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a


existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no
julgamento do recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias.

Ex2: Pelo princípio da prevenção, o relator pode intimar as partes para suprir algum vício sanável.

Art. 938, § 1º Constatada a ocorrência de vício sanável, inclusive aquele que possa ser conhecido
de ofício, o relator determinará a realização ou a renovação do ato processual, no próprio
tribunal ou em primeiro grau de jurisdição, intimadas as partes.

Ex3: O tribunal pode converter o julgamento em diligência e determinar produção probatória.

Art. 938, § 3º Reconhecida a necessidade de produção de prova, o relator converterá o


julgamento em diligência, que se realizará no tribunal ou em primeiro grau de jurisdição,
decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução.

2.5 – Juízo de Admissibilidade e Fundamentação

Para admitir o recurso, não há necessidade de o relator fundamentar extensamente, já que:

a) A parte contrária poderá explicar seu inconformismo em contrarrazões, sendo resolvido novamente por
decisão colegiada em sede de preliminar;

b) A admissibilidade não está preclusa, pois, já que se trata de matéria de ordem pública, pode ser revista
pelo Poder Judiciário, inclusive de ofício.

Dessa admissão não caberá recurso.

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Obs1: Apenas nos casos dos recursos de fundamentação vinculada (ex: embargos de declaração, recurso
especial e extraordinário), em que a análise do cabimento é mais rigorosa, a admissibilidade deve ser mais
robustamente fundamentada.

Doutro lado, no caso de juízo negativo de admissibilidade, a fundamentação há de ser exaustiva, pois impõe
um ônus significativo ao recorrente, que deverá ou recorrer (agravo interno) ou aceitar a decisão e não ter
o mérito de sua impugnação apreciado.

2.5 – Natureza Jurídica

A doutrina salienta que tanto o juízo positivo quanto o negativo possuem natureza declaratória.

Assim, quando o órgão inadmite o recurso, ele está declarando que a impugnação não contém requisitos
necessários.

Ex1: Declara a intempestividade de um recurso que foi, no passado, interposto fora do prazo.

Ex2: Declara a existência de fato extintivo do direito de recorrer (renúncia).

O grande problema é que, se o juízo de admissibilidade tem natureza declaratória, seu efeito seria ex tunc
(retroativo).

Desse modo, se o Poder Judiciário fica 3 anos com o processo esperando julgamento e, na sessão, o tribunal
inadmite um recurso por intempestividade.

Se aplicarmos o efeito ex tunc, considerar-se-á que o feito transitou em julgado lá atrás, a partir do transcurso
dos 15 dias de prazo para interposição do recurso.

Se assim o é, o prazo da ação rescisória (2 anos do trânsito em julgado) teria se iniciado lá atrás, após o
transcurso dos 15 dias e já teria terminado.

Diante desse problema, o STJ entendeu que, apesar da natureza declaratória do juízo de admissibilidade,
ele terá eficácia ex nunc54, de forma que a preclusão ou a coisa julgada decorrente da decisão impugnada
só seja computada a partir da inadmissão do recurso.

54
Como se fosse uma modulação de efeitos dessa decisão, nos moldes do que é feito no controle concentrado de
constitucionalidade (art. 27, Lei n. 9.868/99).
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- A coisa julgada material é a qualidade conferida por lei à sentença /acórdão que resolve todas
as questões suscitadas pondo fim ao processo, extinguindo, pois, a lide.

- Sendo a ação una e indivisível, não há que se falar em fracionamento da sentença/acórdão, o


que afasta a possibilidade do seu trânsito em julgado parcial.

- Consoante o disposto no art. 495 do CPC, o direito de propor a ação rescisória se extingue após
o decurso de dois anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida na causa.

- Embargos de divergência improvidos. (STJ, EREsp 404777/DF, Rel. Min. Francisco Peçanha
Martins, d.j. 03/12/2003).

Ademais, o julgado acima citado foi um dos precedentes para que houvesse a edição da súmula 401, STJ.

Súmula 401, STJ: O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível
qualquer recurso do último pronunciamento judicial.

Obs1: Em casos excepcionais, quando o recurso é flagrantemente intempestivo, o STJ55 não tem considerado
o efeito ex nunc, perdendo, portanto, o prazo para rescisória.

2.7 – Classificações

A doutrina criou três tipos de classificações mais importantes.

1ª classificação (Greco Filho)

Divide os requisitos em:

a) objetivos, sendo aqueles que dizem respeito ao próprio recurso em si mesmo considerado,
desmembrando-se em:

i- adequação;

ii- tempestividade;

iii- preparo;

iv- motivação.

b) subjetivos, sendo aqueles que dizem respeito à pessoa do recorrente, desmembrando-se em:

55
STJ, REsp 441.252/CE; 511.998/SP; 714.580/PR.
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i- legitimidade;

ii- interesse recursal.

2ª classificação

Divide os requisitos em intrínsecos e extrínsecos.

Dentro dessa classificação, há duas correntes:

1ª corrente (Nelson Nery):

a) intrínsecos, referentes à decisão recorrida (conteúdo e forma), desmembrando-se em:

i- cabimento;

ii- legitimidade

iii- interesse em recorrer;

b) extrínsecos, referentes a fatores externos da decisão recorrida.

i- tempestividade;

ii- preparo;

iii- regularidade formal.

iv- inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

2ª corrente (doutrina majoritária - Barbosa Moreira, Marinoni, Arenhart, Mitidiero, Assumpção etc.)

a) intrínsecos, referentes à existência do poder de recorrer, desmembrando-se em:

i- cabimento;

ii- legitimidade

iii- interesse em recorrer;

iv- inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

b) extrínsecos, referentes ao modo de exercício do poder de recorrer.

i- tempestividade;

ii- preparo;
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iii- regularidade formal.

Iremos adotar a classificação da doutrina majoritária.

3 – REQUISITOS INTRÍNSECOS
São aqueles que dizem respeito à existência do poder de recorrer.

3.1 - Cabimento

Consoante Didier, para ter cabimento, é preciso responder afirmativamente a duas perguntas:

a) A decisão é recorrível?

b) O recurso que se valeu foi adequado?

Se sim, o recurso é cabível.

A fim de responder a primeira pergunta, levamos em consideração dois princípios do âmbito recursal, quais
sejam, taxatividade e singularidade.

Doutro lado, com o fim de responder a segunda pergunta, devemos verificar se é aplicável ou não o princípio
da fungibilidade.

Como já abordamos os três princípios, vamos rememorar apenas alguns tópicos.

O princípio da taxatividade indica que a parte só pode utilizar os recursos previstos em lei.

E quais são esses recursos?

A previsão mais famosa está no art. 994, CPC.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo
interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso
extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência.

Tem-se entendido que esse rol é taxativo (princípio da taxatividade) dentro do NCPC.

Nada impede, porém, de leis extravagantes criarem outros recursos.

Ex1: Lei dos juizados especiais (Lei n. 9.099/95), que criou o recurso inominado nos juizados especiais.

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Ex2: embargos infringentes (art. 34, LEF)56.

Já o segundo princípio (singularidade ou unirrecorribilidade) advoga a existência de apenas uma espécie


recursal como meio de impugnação de cada decisão judicial.

Nesse ponto, vale reproduzir o quadro já exposto no início desta aula.

ART. 1001. DOS DESPACHOS


JUIZ DESPACHO
NÃO CABE RECURSO.

Em regra, da sentença cabe


apelação (art. 1.009, CPC).
Contudo, há outros
recursos cabíveis em
algumas situações.
Sentença: conceituada Ex1: recurso inominado nos
pelo conteúdo juizados especiais cíveis
(fundamento nos arts. 485 (art. 41, Lei n. 9.099/95);
ou 487) + efeitos (põe fim à
Ex2: embargos infringentes
Juiz fase cognitiva do
na execução fiscal (art. 34,
procedimento comum,
LEF);
bem como extingue a
execução). Ex3: agravo no art. 100, Lei
n. 11.101/05 (Falência);
Ex4: recurso ordinário (art.
109, II c/c art. 105, II, “c”,
CRFB).
Cabe também ED.

56
Para alguns, é recurso. Para outros, trata-se de pedido de reconsideração.
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Cabe agravo de
instrumento no rol do art.
1.015, CPC (taxatividade
mitigada).
Obs1: Além do AI, algumas
decisões interlocutórias só
podem atacadas em
Decisão interlocutória: apelação/contrarrazões de
pronunciamento judicial de apelação.
conteúdo decisório fora
dos requisitos de sentença Art. 1.009. Da sentença
(conteúdo e efeitos). cabe apelação.
Juiz o
Art. 203, § 2o Decisão § 1 As questões resolvidas
interlocutória é todo na fase de conhecimento,
pronunciamento judicial de se a decisão a seu respeito
natureza decisória que não não comportar agravo de
se enquadre no § 1º. instrumento, não são
cobertas pela preclusão e
devem ser suscitadas em
preliminar de apelação,
eventualmente interposta
contra a decisão final, ou
nas contrarrazões.
Cabe também ED.

Art. 1.001. Dos despachos


Tribunal Despacho
não cabe recurso.

Cabe agravo interno (art.


1.021; 1.030, §2º; art.
1.035, §7º; art. 1.036,
§3º).);
Tribunal Decisão monocrática. É possível agravo em
recurso especial ou
extraordinário (art. 1042,
CPC).
Cabe também ED.

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São cabíveis:
i- recurso especial (art. 105,
III, CRFB);
ii- recurso extraordinário
(art. 102, III, CRFB).
Exceção: súmula 735, STF.
Súmula 735, STF: Não cabe
Decisão colegiada (turma, recurso extraordinário
Tribunal seção, corte especial), contra acórdão que defere
prolatando um acórdão. medida liminar.
iii- recurso ordinário
constitucional (art. 102, II,
“a” e art. 105, II, “b”, CRFB);
iv- embargos de
divergência (arts. 1.043 e
1.044, CPC).
Cabe também ED.

Obs1: A singularidade leva em consideração a decisão como um todo e não cada capítulo dela.

Assim, se na sentença consta uma matéria que tem conteúdo interlocutório (ex: concessão de gratuidade de
justiça, concessão de tutela provisória etc.), não caberá a interposição de apelação E decisão interlocutória.

Considerará o ato processual como um todo (sentença) e contra ela se interporá a apelação.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art.
1.015 integrarem capítulo da sentença.

Art. 1.013, § 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é
impugnável na apelação.

Como toda boa regra, há exceções:

Ex1: Quando a decisão atacada possuir fundamentos que estejam assentados, simultaneamente, em norma
constitucional e infraconstitucional, é autorizada a interposição simultânea de Recurso Extraordinário
(ofensa à Constituição) e Recurso Especial (ofensa à lei federal), nos termos do art. 1.031.

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Ex2: Assumpção57 cita o caso em que o MS é de competência originária de tribunal e é parcialmente acolhido.
Desse capítulo, caberá REsp e/ou Rext, enquanto do capítulo denegatório caberá ROC (recurso ordinário
constitucional).

Ex3: Parcela doutrinária ainda cita a possibilidade de oposição de embargos de declaração contra qualquer
decisão, além de eventual recurso.

Além dos despachos (art. 1.001, CPC), há hipóteses de irrecorribilidade de decisões judiciais.

Ex1: decisão interlocutória que admite ou inadmite o amicus curiae (art. 138, caput e art. 950, §3º);

Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema


objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de
ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a
participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

§ 3º Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o relator


poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades.

A decisão do Relator que ADMITE ou INADMITE o ingresso do amicus curiae é irrecorrível. STF.
Plenário. RE 602584 AgR, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018.

Ex2:

Art. 1.007, § 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção,
por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.

Ex3: decisão que reconhece suspensão por foro íntimo.

Ex4:

57
Op. Cit., p. 1.488.
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Art. 1.031, § 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário,


em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal
Federal.

§ 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar


a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do
recurso especial.

Ex5:

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos
termos deste artigo.

Por fim, no tocante ao princípio da fungibilidade, ele será aplicado se for comprovada a dúvida objetiva e a
inexistência de má-fé.

Dúvida objetiva, representada pelos seguintes fatores:

i- a lei confunde a natureza da decisão;

ii- doutrina e jurisprudência divergem a respeito do recurso cabível;

iii- juiz profere uma espécie de decisão no lugar de outra (ex: sentença58 que exclui um litisconsorte).

Inexistência de má-fé – teoria do prazo menor, representada pela necessidade de a parte interpor o recurso
dentro do prazo do recurso correto.

Obs1: O NCPC previu expressamente três casos concretos em que o próprio legislador já reconheceu a
pertinência da fungibilidade.

Ex1:

Art. 1.024, § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno
se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-
las às exigências do art. 1.021, § 1º.

Ex2: conversão de recurso especial em extraordinário (art. 1.032).

58
Claramente é caso de decisão interlocutória impugnável por agravo de instrumento.
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Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa
sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente
demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput , o relator remeterá o recurso ao
Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça.

Enunciado 79, I JDPC do CJF: Na hipótese do art. 1.032 do CPC, cabe ao relator, após possibilitar
que o recorrente adite o seu recurso para inclusão de preliminar sustentando a existência de
repercussão geral, oportunizar ao recorrido que, igualmente, adite suas contrarrazões para
sustentar a inexistência da repercussão.

Enunciado 565, FPPC: (art. 1.032; art. 1.033) Na hipótese de conversão de recurso extraordinário
em recurso especial ou vice-versa, após a manifestação do recorrente, o recorrido será intimado
para, no prazo do caput do art. 1.032, complementar suas contrarrazões.

Enunciado 564, FPPC: (arts.1032-1033). Os arts. 1.032 e 1.033 devem ser aplicados aos recursos
interpostos antes da entrada em vigor do CPC de 2015 e ainda pendentes de julgamento.

Ex3: conversão de recurso extraordinário em especial (art. 1.033), em decorrência da violação reflexa à
Constituição.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição
afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de
tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.

Súmula 636, STF: não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional
da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas
infraconstitucionais pela decisão recorrida.

Enunciado 566, FPPC: (art. 1.033; art. 1.032, parágrafo único) Na hipótese de conversão do
recurso extraordinário em recurso especial, nos termos do art. 1.033, cabe ao relator conceder
o prazo do caput do art. 1.032 para que o recorrente adapte seu recurso e se manifeste sobre a
questão infraconstitucional.

Enunciado 80, I JDPC do CJF: Quando o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a
ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, deverá, antes de remetê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial, conceder prazo de quinze dias para
que as partes complementem suas razões e contrarrazões de recurso.

3.2 - Legitimidade Recursal

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

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3.2.1 - Partes

Sabemos que há divergência doutrinária a respeito do conceito de parte.

1ª corrente: Chiovenda entende que parte é o sujeto que pede ou contra quem se pede tutela jurisdicional;

2ª corrente: Liebman tem entendimento mais amplo, afirmando ser parte todo sujeito que participa da
relação jurídica processual em contraditório defendendo interesse próprio ou alheio. Assim, esses sujeitos
são titulares de situações jurídicas ativas e passivas (faculdades, ônus, poderes, deveres, estado de sujeição),
responsáveis pelo desenvolvimento das atividades a serem praticadas pelas partes.

3ª corrente (Dinamarco e Alexandre Câmara): Entendem que é possível conciliar o impasse.

O conceito de Chiovenda é apto para designar “parte na demanda”, exigindo-se, além de sua presença na
relação jurídica processual, que esteja pedindo tutela ou contra ele esteja sendo pedida a tutela.

Ex1: parte autora e ré;

Ex2: o denunciado à lide;

Ex3: chamado ao processo;

Ex4: juiz na arguição de suspeição ou impedimento (art. 146, §5º);

O conceito de Liebman define “parte no processo”, bastante que participe da relação jurídica processual.

Ex1: assistente, que não faz pedido e contra quem nada é pedido, é tão somente parte no processo.

Ex2: MP quando funciona como fiscal da lei.

Ex3: amicus curiae.

Adotando essa 3ª corrente, diz-se que o conceito de partes do art. 996 é partes no processo.

Assim, em tese, todos esses sujeitos poderiam recorrer.

Todavia, veremos algumas restrições para o assistente simples e para o amicus curiae.

Assistente Simples

Na assistência simples (ou adesiva), o terceiro ingressa no feito afirmando-se titular de relação jurídica
conexa àquela que está sendo discutida.

Ele mantém com o assistido uma relação jurídica que será afetada pelo julgamento da causa.

Como a intenção do assistente simples é auxiliar o assistido a vencer o processo, ele atua no processo em
nome próprio na defesa de interesse alheio, ou seja, é um legitimado extraordinário. Só que,
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como dissemos, ele é um legitimado extraordinário subordinado porque a atuação do assistente simples fica
subordinada à vontade do assistido.

autor Réu
(assistido)

Assistente
simples (ex:
sublocador)

Como sua atuação é subordinada, ele não poderá recorrer quando bem quiser.

Isso porque se o assistido quiser dispor do seu direito material e/ou processual, a exemplo de fazer acordo,
renunciar ao direito material, renunciar ao direito de recorrer, desistir da ação, desistir do recurso, etc., o
assistente não vai poder fazer nada, devendo acatar a vontade do assistido.

A dúvida é se o assistido não recorrer (ficar omisso), o assistente simples poderia recorrer.

Inicialmente, admitia-se a interposição de recurso por assistente simples, na omissão do assistido. Após um
tempo, nos últimos anos, o STJ vinha mudando de posição para não admitir recursos interpostos apenas
pelos assistentes.

Veja julgados de 2002 permitindo a interposição de recurso. Após, julgado de 2006 não admitindo.

PROCESSUAL CIVIL. ASSISTÊNCIA SIMPLES. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. POSSIBILIDADE.


INTELIGÊNCIA DO ART. 52, CPC.

- A regra inserta no art. 52 do CPC é expressa no sentido de que o assistente simples é auxiliar
da parte principal, possuindo os mesmos poderes e sujeitando-se aos mesmos ônus processuais,
não podendo, todavia, praticar atos contrários à vontade do assistido.

- Segundo a melhor exegese deste preceito, pode o assistente interpor recurso, ainda que não
o faça o assistido, desde que não haja por parte deste expressa manifestação em sentido
contrário. - Precedentes - Recurso especial conhecido e provido. REsp 99123/PR, Rel. Min.
Vicente Leal, d.j. 03/06/2002.

PROCESSO CIVIL – ASSISTÊNCIA SIMPLES – AUSÊNCIA DE RECURSO ESPECIAL DA ASSISTIDA –


RECURSO INTERPOSTO EXCLUSIVAMENTE PELA ASSISTENTE. 1. É nítido o caráter secundário do
assistente que não propõe nova demanda tampouco modifica o objeto do litígio. O direito em
litígio pertence ao assistido e não ao interveniente. 2. Não se conhece do recurso especial
interposto, tão-somente, pelo assistente simples. Ausente o recurso especial da assistida.
Recurso especial não-conhecido. (REsp n. 533.937, Re. Min. Humberto Martins, d.j 26/09/2006)

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Ainda, observem essa explicação no informativo 385, STJ:

Quanto à possibilidade de recurso interposto apenas pelo assistente, ponderou que a


jurisprudência antiga era pacífica no sentido de permitir a interposição pelo assistente e de
somente a manifestação expressa do assistido poder obstar a impugnação do assistente. Mas,
hoje, há um novo posicionamento formando-se neste Superior Tribunal no sentido de não
admitir, no silêncio do assistido, a interposição de recurso pelo assistente. (REsp 585.385-MT,
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/3/2009).

Contudo, com o NCPC, sobretudo pela inclusão da expressão “ou, de qualquer outro modo, omisso o
assistido” no art. 121, parágrafo único, esse entendimento tende a mudar, voltando àquela jurisprudência
mais antiga, permitindo-se a interposição de recursos por parte dos assistentes simples.

Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos
poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.

Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será
considerado seu substituto processual.

Ora, se o assistido não quiser realmente recorrer, renunciando expressamente ao seu direito, o recurso do
assistente realmente não valerá de nada. Ademais, se o assistido recorre, mas desiste do recurso, também
o assistente não pode fazer nada.

Entretanto, se o assistido perde o prazo do recurso, mas não diz nada sobre sua vontade de recorrer ou não,
ele foi omisso e o recurso do assistente simples será conhecido, salvo se posteriormente o assistido disser
expressamente que não quer recorrer.

Esse é o posicionamento que tende a vigorar. Mas vamos aguardar as decisões do STJ sobre o assunto.

Amicus Curiae

Qual a natureza jurídica do amicus curiae?

1ª corrente: auxiliar do juízo

2ª corrente: intervenção de terceiro atípica

3ª corrente: O CPC acolheu a corrente que dizia que o amicus curiae é intervenção de terceiro típica.

Contudo, vocês verão que é uma intervenção de terceiro mais ou menos.

Se respeitasse a sistematização integral das intervenções de 3º, o amicus curiae se tornaria parte, haveria
deslocamento de competência em razão da pessoa, e também poderia recorrer etc.

Contudo, o art. 138, §1º diz que o amicus curiae não faz deslocar a competência.

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O mesmo dispositivo também retira a sua legitimidade recursal, podendo apenas opor ED ou recorrer do
IRDR.

Art. 138, § 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem
autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a
hipótese do § 3o.

§ 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas
repetitivas.

O enunciado 391, FPPC tenta ampliar o poder do amicus curiae para recorrer, não só para ED e IRDR, mas
também para os recursos repetitivos.

Enunciado 391, FPPC: O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar recursos repetitivos.

A razão para tal enunciado se assenta na ideia: como há um microssistema de julgamento de casos
repetitivos (art. 928, CPC), a permissão do art. 138, §3º, CPC deve se estender também para julgamento de
recursos especiais ou extraordinários repetitivos.

Art. 928. Para os fins deste Código, considera-se julgamento de casos repetitivos a decisão
proferida em:

I - incidente de resolução de demandas repetitivas;

II - recursos especial e extraordinário repetitivos.

Parágrafo único. O julgamento de casos repetitivos tem por objeto questão de direito material
ou processual.

Obs1: Doutrina majoritária e STJ entendem que os serventuários (perito, tradutor, intérprete, depositário
etc.) não têm legitimidade recursal, já que não são partes do processo.

Assim, podem, no máximo, manejar sucedâneos recursais, a exemplo do mandado de segurança.

Obs2: Assumpção critica o termo “parte vencida” e “terceiro prejudicado”, pois o artigo 996 estaria
misturando legitimidade com interesse recursal.

De todo modo, gravem a redação legal, pois é ela que cai em provas.

3.2.2 - Terceiro Prejudicado

Terceiro é aquele que não é parte do processo.

Para que tenha legitimidade recursal, deverá demonstrar o seguinte:

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Art. 996, Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a
relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular OU que
possa discutir em juízo como substituto processual.

Segundo Didier59, há três hipóteses de recurso de terceiro.

1ª hipótese

Quando o terceiro afirma-se titular (ou cotitular) da relação jurídica discutida.

Ex1: coproprietário que entra com ação possessória e perde. O coproprietário que não participou da
demanda pode interpor recurso.

2ª hipótese

O terceiro afirma-se titular (ou cotitular) da relação jurídica conexa àquela discutida no processo.

Ex1: sujeito que poderia ter sido assistente simples (ex: sublocatário), mas não foi, permanecendo como
sujeito estranho ao processo.

3ª hipótese

Terceiro que afirma ser legitimado extraordinário e, portanto, autorizado a discutir em juízo, em nome
próprio, direito alheio.

Ex1: Associação recorre da decisão do juiz que homologa compromisso de ajustamento de conduta celebrado
entre particular e Ministério Público.

Segundo Assumpção60, as três hipóteses são assim divididas:

a) sujeito que poderia ter participado do processo como terceiro interveniente;

b) sujeito que poderia ter participado do processo como litisconsorte facultativo;

c) sujeito que poderia ter participado do processo como litisconsorte necessário;

Em suma, ambos os autores estão falando a mesma coisa.

59
Op. Cit, p. 114.
60
Op. Cit., p. 1.511.
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No curso do Didier, inclusive, depois de destacar as três hipóteses, ele menciona que todas poderiam ser
resumidas em uma só, qual seja, terceiros legitimados para recorrer seriam aqueles que, legitimados a
intervir no processo, não o fizeram.

Obs1: O advogado, credor dos honorários fixados na decisão judicial, não é considerado parte no processo,
mas sim terceiro interessado para recorrer pleiteando majoração das verbas de sua titularidade (art. 23, Lei
n. 8.906/94 c/c art. 85, NCPC).

Nesse casos, há legitimação concorrente entre advogado e a própria parte, que pode recorrer para majorar
os honorários de seu patrono.

Obs2: O prazo que o terceiro tem para recorrer é o prazo que a parte tem para recorrer e começa a contar
no dia em que a parte é intimada, não existindo prazo diferenciado.

Obs3: Destaca-se que o terceiro pode ser legitimado, mas pode não ter interesse recursal, caso não tenha
sido prejudicado pela decisão.

Ex1: sublocatário que não participa da demanda de despejo, mas este é julgado improcedente.

O sublocatário é até legitimado, mas não terá interesse (utilidade) no recurso.

Obs4: Excepcionalmente, é possível que haja interesse recursal de um terceiro cujo interesse não seja
jurídico, mas apenas econômico.

É o caso da intervenção anômala (art. 5º, Lei n. 9469/97).

Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias,
fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão possa
ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente da
demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar
documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, RECORRER,
hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.

3.2.3 - Ministério Público

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

O MP pode recorrer na qualidade de parte ou fiscal da ordem jurídica.

Aliás, nem precisava dessa previsão, já que o MP ou é parte na demanda (quando figura no polo ativo ou
passivo) ou é parte no processo (quando atua na condição de fiscal).

De todo modo, vale aduzir um ponto importante.

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Na condição de fiscal da ordem jurídica, o MP pode recorrer independentemente do comportamento das


partes.

Súmula 99, STJ: O Ministério Público tem legitimidade para recorrer no processo em que oficiou
como fiscal da lei, ainda que não haja recurso da parte.

Súmula 226, STJ: O Ministério Público tem legitimidade para recorrer na ação de acidente do
trabalho, ainda que o segurado esteja assistido por advogado.

Ex1:

O Ministério Público tem interesse na interposição de recurso de apelação em face de sentença


que, nos autos de ação de retificação de registro civil, julga procedente o pedido para determinar
que seja acrescido ao final do nome do filho o sobrenome de seu genitor. Ainda que se trate de
procedimento de jurisdição voluntária, os arts. 57 e 109 da Lei n. 6.015/1973, de forma expressa,
dispõem sobre a necessidade de intervenção do MP nas ações que visem, respectivamente, à
alteração do nome e à retificação do registro civil. A imposição legal referida, por sua vez, decorre
do evidente interesse público envolvido, justificando a intervenção do MP no processo e o seu
interesse recursal. REsp 1.323.677-MA, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 5/2/2013
(informativo 513).

3.3 - Interesse Recursal

Havendo uma similaridade entre juízo de admissibilidade e pressupostos processuais/condições da ação, a


doutrina reconhece uma aproximação entre interesse de agir e interesse recursal.

Desse modo, o interesse recursal também deverá preencher os seguintes requisitos:

a) Para alguns, necessidade e utilidade.

b) Para outros, necessidade, utilidade e adequação61.

Haverá necessidade quando for preciso usar as vias recursais para alcançar o objetivo de obter uma situação
mais vantajosa.

Ex1: Diante da expedição de mandado monitório, o réu não precisa interpor o recurso, bastando apresentar
os embargos monitórios, pois já são suficientes para obstar que a decisão monitória produza qualquer efeito
executivo.

61
A adequação, para doutrina majoritária, não deveria estar aqui, pois se confunde muito com o cabimento.
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Haverá utilidade quando o recorrente espera que, com o recurso, ocorrerá uma situação mais vantajosa do
que aquele definida pela decisão impugnada.

Ex1:

Súmula 126, STJ: É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em
fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para
mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.

Ora, será inútil a parte obter provimento no recurso especial se a decisão atacada puder se sustentar,
sozinha, pelo fundamento constitucional.

A mesma coisa ocorre com o recurso extraordinário, que de nada valerá se o argumento infraconstitucional
for suficiente para manter a decisão.

Por isso, a parte deve entrar, simultaneamente, com o recurso especial e extraordinário (art. 1.031, CPC).

É costume relacionar interesse recursal e sucumbência, isto é, não deveria haver recurso sem que houvesse
um prejuízo gerado pela decisão. Se a parte sucumbiu, há interesse recursal.

Entretanto, pode ser que não tenha havido sucumbência e ainda sim haja interesse recursal.

Ex1: O terceiro não sucumbe, pois justamente não fez parte do processo. Contudo, o terceiro interessado
por recorrer.

Ex2: Os embargos de declaração não exigem sucumbência;

Ex3: O autor vitorioso no pedido subsidiário pode recorrer para pleitear a procedência do pedido principal;

Ex4: réu pode recorrer de uma sentença terminativa, pleiteando a improcedência.

Ex5: legitimidade do MP como fiscal da ordem jurídica.

Ex6: Enunciado 67, I JDPC do CJF: Há interesse recursal no pleito da parte para impugnar a multa do art. 334,
§ 8º, do CPC por meio de apelação, embora tenha sido vitoriosa na demanda.

Ex7: Enunciado 662, FPPC: (art. 1.009, § 1º) É admissível impugnar, na apelação, exclusivamente a decisão
interlocutória não agravável.

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Podemos concluir, em suma, que quando há sucumbência, há interesse recursal, mas não há interesse
recursal tão somente quando há sucumbência.

Dito isso, vamos nos aprofundar no termo sucumbência.

Sucumbência e Cumulação de Pedidos

Nos casos de cumulação própria (faço mais de um pedido e quero todos eles), se o juiz não me concede um
dos pedidos, há sucumbência parcial.

Nesse caso, os ônus de sucumbência serão atribuídos proporcionalmente, conforme o ganho das partes.

Todavia, no tocante aos honorários, eles não serão mais compensados (conforme previa a súmula 306, STJ),
pois seu enunciado foi superado pelo art. 85, § 14, CPC/15.

Art. 85, § 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os
mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a
compensação em caso de sucumbência parcial.

Nesse caso, o autor terá sim interesse recursal para pleitear a reforma da sentença no ponto em que a
decisão indeferiu um de seus pedidos.

Já na cumulação imprópria, deve-se dividir:

i- havendo cumulação alternativa, o deferimento de qualquer um dos pedidos implica na sucumbência total
do réu, pois aqui o autor não estabelece uma ordem hierárquica de pedidos. Para ele, tanto faz o pedido A
ou o pedido B.

Nesse caso, o autor não terá interesse recursal, pois sua condição não será melhorada. Ele obteve tudo que
queria.

ii- Na cumulação eventual/subsidiária, o autor formula dois pedidos (um principal e outro subsidiário), mas
só almeja um pedido.

a) O autor será sucumbente totalmente apenas se seus dois pedidos forem rejeitados. Nesse caso, o autor
claramente terá interesse recursal, enquanto que o réu não.

b) Por outro lado, se o pedido principal for acolhido, o réu será totalmente sucumbente. Nesse caso, o réu
claramente terá interesse recursal, enquanto que o autor não.

c) Por fim, se o pedido subsidiário for acolhido, há divergência.

1ª corrente: Se o autor quer apenas um pedido, se qualquer deles (principal ou subsidiário) for acolhido, o
réu será totalmente sucumbente.

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CHEQUE ADULTERADO. CULPA CONCORRENTE DO ESTABELECIMENTO BANCARIO. ONUS DA


SUCUMBENCIA. DISTRIBUIÇÃO. EM HIPOTESE DE CULPA CONCORRENTE, A RESPONSABILIDADE
DO BANCO E MITIGADA, DIVIDINDO-A COM O CORRENTISTA. FORMULADO PEDIDO
SUBSIDIARIO PELO AUTOR, PARA O CASO DE RECOLHIMENTO DA CONCORRENCIA DE CULPAS,
OS ENCARGOS DA SUCUMBENCIA HÃO DE SER CARREADOS POR INTEIRO AO REU. RECURSO
ESPECIAL NÃO CONHECIDO. (STJ, REsp 52750/PE, Rel. Min. Barros Monteiro, d.j. 12/09/1994).

Veremos daqui a pouco que, conforme essa corrente, o autor não pagará honorários, mas terá interesse
recursal (para pedir o provimento do pleito principal), por conta da diferença abaixo explicada acerca da
sucumbência formal e material.

Aguardem...

2ª corrente (majoritária, STJ): Se apenas o pedido subsidiário é acolhido, o autor sucumbiu em parte, pois
estabeleceu ordem de hierarquia, preferia o pedido A em detrimento do B.

Assim, responderá parcialmente pelos ônus de sucumbência.

Ademais, o autor teria interesse recursal para obter o pedido principal.

Com base nessa 2ª corrente, portanto, o autor arcará com ônus de sucumbência e terá interesse recursal.

Atenção! Nada impede, porém, de o juiz, se verificar que houve sucumbência mínima do autor e atribuir
exclusivamente os ônus de sucumbência ao réu.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CUMULAÇÃO. PEDIDOS. SUCUMBÊNCIA. Ressaltou o Min.


Relator que a matéria dos EREsp é tratada pelos órgãos fracionários, mas ainda não fora
enfrentada pela Corte Especial, embora se trate de questão da mais alta relevância, tendo em
vista ser a cumulação (própria ou imprópria) de pedidos expediente comum de que se valem as
partes e os advogados para postular, em uma mesma ação, pretensões das mais diversas,
conexas ou não. No caso dos autos, afirma ser notória a divergência apontada, por isso o acórdão
recorrido deve ser revisto em consonância com a doutrina e a jurisprudência predominante neste
Superior Tribunal. Explica que, embora os acórdãos embargado e paradigma não tenham
adotado a mesma terminologia para a cumulação de pedidos de que trata o art. 289 do CPC, eles
divergem quanto à correta exegese desse dispositivo: o primeiro concluiu que o acolhimento do
pedido subsidiário e a rejeição do principal conduzem à sucumbência integral da parte ré,
enquanto o segundo entendeu que a rejeição de um dos pedidos sucessivos traz a sucumbência
mútua das partes. Para o Min. Relator, na hipótese dos autos, a primeira postulação foi deduzida
em caráter preferencial, de modo que seu indeferimento acarretou o acolhimento do pedido
seguinte, assim o caso é de cumulação subsidiária de pedidos, visto que o segundo pedido
somente foi analisado porque o primeiro veio a ser rejeitado. Dessarte, observa ser uma situação
distinta da cumulação de pedidos sucessivos, em que a postulação seguinte só seria examinada
se a anterior tivesse sido acolhida. Expõe, assim, que a cumulação imprópria subsidiária de
pedidos, também chamada de eventual por alguns doutrinadores, está regulada no art. 289 do
CPC e se faz presente quando o autor formula dois ou mais pedidos excludentes em ordem de
hierarquia fixada na petição inicial, os quais somente deverão ser examinados e eventualmente
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acolhidos no caso de ser rejeitado o pedido imediatamente anterior. Dessa forma, evidencia-se,
na cumulação subsidiária de pedidos, haver parcial sucumbência da parte que não teve sua
pretensão atendida na extensão que preferencialmente desejava. Assevera que, nesses casos,
a solução a ser adotada para resolver a controvérsia passa, em um primeiro momento, pela
classificação do pedido, para que então possa ser definido o regime jurídico a ele aplicável,
sobretudo quanto aos honorários advocatícios e ao interesse de recorrer. Diante do exposto, os
embargos de divergência foram providos de acordo com a orientação do acórdão paradigma de
que, havendo a rejeição do pedido principal e o acolhimento de outro subsidiário, estará
configurada a mútua sucumbência, podendo ainda o juiz, no caso concreto e com respaldo na
equidade, atribuir os ônus de sucumbência integralmente ao réu, quando reconhecer a
sucumbência mínima do autor naqueles casos em que há parcial equivalência entre os pedidos
principal e subsidiário. Precedentes citados: REsp 618.637-SP, DJ 27/8/2007; AgRg no Ag
264.726-SP, DJ 26/6/2000; EDcl no REsp 380.435-RS, DJ 24/10/2005, e EDcl nos EDcl no REsp
383.316-RS, DJ 5/12/2005. (STJ, Corte Especial, EREsp 616.918-MG, Rel. Min. Castro Meira,
julgados em 2/8/2010 (informativo 441, STJ).

Nesse caso de sucumbência mínima, mesmo assim o autor terá interesse recursal para pleitear a parcela
julgada improcedente.

Obs1: Então, professor, na cumulação eventual/subsidiária, em que o pedido subsidiário é


concedido, o autor poderá sempre apelar?

Sim. Se adotarmos a 2ª corrente a respeito da sucumbência (julgado do STJ colacionado acima), essa
conclusão é tranquila. Ora, para esse entendimento, o autor que obteve o pedido subsidiário é sucumbente,
pois preferia o pedido principal. Portanto, terá indiscutivelmente interesse recursal.

Mas, mesmo se adotássemos a 1ª corrente (partidária da sucumbência integral do réu nos casos de pedido
subsidiário acolhido), ainda assim haveria interesse recursal do autor.

Isso porque a doutrina fala em 2 tipos de sucumbência:

Sucumbência Formal: ocorre quando a parte não consegue aquilo que poderia ter processualmente obtido
em virtude do pedido formulado ao órgão jurisdicional.

É com base nessa sucumbência que são fixados os ônus sucumbenciais, representados pelas custas e
honorários.

Nesse ponto, conforme a 1ª corrente, o réu seria integralmente sucumbente, porquanto o autor quis apenas
um pedido e obteve.

Sucumbência Material: A análise aqui não é processual, mas sim sobre o bem ou os bens da vida que a parte
poderia obter em virtude do processo judicial e que não obteve em razão da decisão judicial.

É exatamente essa sucumbência material que confere o interesse recursal.

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Há interesse recursal sempre que o processo não dá ao autor todo bem da vida que ele pretende, ainda que
o pedido tenha sido julgado procedente.

Nos casos de cumulação eventual ou subsidiária, o deferimento do pedido subsidiário implica sucumbência
material parcial para o autor, porquanto ele não obteve exatamente o bem da vida desejado.

O autor pediu A, mas, se o juiz não desse A, ele queria B. No caso, se o juiz conceder apenas o pedido B, o
autor não obteve o perfeito bem da vida pleiteado, sendo sucumbente no aspecto material.

Enunciado 288, FPPC: (art. 326) Quando acolhido o pedido subsidiário, o autor tem interesse de
recorrer em relação ao principal.

Sucumbência e Danos Morais

Na vigência do CPC/73, a diferença entre sucumbência formal e material era importante para definir o
interesse recursal nas demandas de dano moral.

Se o autor, p. ex., pleiteasse R$30.000,00 de danos morais, mas obtivesse apenas R$10.000,00, entendia-se
que ele ganhou a demanda sob o ponto de vista formal (processual).

Assim, como ele conseguiu aquilo que poderia ter processualmente obtido em virtude do pedido formulado
ao órgão jurisdicional, ele não era considerado sucumbente formalmente.

Isso implicava dizer que não era condenado nos ônus sucumbenciais (custas e honorários).

Todavia, a jurisprudência considerava que, mesmo não sendo sucumbente formalmente, ele teria sim o
interesse em recorrer, pleiteando a majoração da condenação de R$10.000,00 para R$30.000,00.

Afirmava o STJ que havia ali sucumbência material, isto é, o processo não deu ao autor todo bem da vida que
ele pretendeu, ainda que o pedido tenha sido julgado procedente.

Na ocasião, o STJ dizia que a súmula 326 não se aplicava.

Súmula 326-STJ: Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao
postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.

Isso porque o enunciado é baseado na sucumbência formal, na distribuição da responsabilidade pelo


pagamento das despesas processuais.

Veja o julgado no informativo 562, STJ62:

62
https://www.dizerodireito.com.br/2015/07/se-o-autor-pediu-determinada-quantia.html
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O recurso adesivo pode ser interposto pelo autor da ação de indenização julgada procedente,
quando arbitrado, a título de danos morais, valor inferior ao que era almejado. Isso porque, neste
caso, estará configurado o interesse recursal do demandante em ver majorada a condenação,
hipótese caracterizadora de sucumbência material.

Realmente, só cabe recurso adesivo se houver sucumbência recíproca, ou seja, se tanto o autor
como o réu perderem na sentença.

Se o autor pediu a condenação do réu em R$ 30 mil a título de danos morais e conseguiu a


condenação em R$ 10 mil, ele ganhou a demanda sob o ponto de vista formal (processual). Não
se pode dizer que houve sucumbência formal, já que a providência processual requerida foi
atendida (o réu foi obrigado a pagar). No entanto, sob o ponto de vista material, o autor teve
sim uma sucumbência parcial (derrota parcial). Isso porque ele não obteve exatamente o bem
da vida que pretendia (queria 30 e só teve 10). Logo, neste caso, o autor terá interesse em ver
majorada a condenação, hipótese caracterizadora, portanto, da sucumbência material
viabilizadora da irresignação recursal.

Não se aplica a Súmula 326 do STJ porque esse enunciado é baseado na definição da
responsabilidade pelo pagamento de despesas processuais e honorários advocatícios. Ele não
está relacionado com interesse recursal.

Logo, se o autor pediu uma quantia a título de danos morais e obteve valor inferior ao desejado,
podemos concluir que:

• Sob o ponto de vista formal, ele foi o vencedor da demanda e não terá que pagar as despesas
processuais e os honorários advocatícios do réu (Súmula 326-STJ);

• Sob o ponto de vista material, ele foi sucumbente e terá direito de interpor recurso (principal
ou adesivo), já que não obteve o exato bem da vida pretendido.

STJ. Corte Especial. REsp 1.102.479-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, Corte Especial, julgado em
4/3/2015 (recurso repetitivo) (Info 562).

Pois bem.

Com o NCPC, em casos similares, o interesse recursal vai ser mantido.

Contudo, vale apontar que a sucumbência formal e a consequente responsabilização pelo pagamento das
despesas processuais (custas e honorários) serão modificadas.

A grande razão para isso é a proibição de pedido genérico de reparação por dano moral.

Tal prática era aceita pelo STJ na vigência do CPC/73.

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(...) Não há inépcia da inicial em ação que busca a condenação por danos morais e o autor deixa
a fixação do montante ao prudente arbítrio do julgador. Precedentes. (REsp. 645.729/RJ, Rel.
Min. Antônio Carlos Ferreira, d.j. 11/12/2012).

Contudo, com o NCPC, foi expressamente banida.

Art. 292, V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;

E, segundo o art. 330, §1º, II, CPC, a petição inicial será inepta se o pedido for genérico.

Art. 330, § 1o Considera-se inepta a petição inicial quando:

II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido


genérico;

Obs1: Na prova de sentença do TRF2 (2017), era para considerar inepto o pedido de dano moral coletivo,
porquanto o MP não explicitou a quantia que entendia devida, mesmo após ser intimado para emendar a
inicial.

Veja o espelho da prova publicado pelo próprio Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que é bem
elucidativo.

Aspecto 1 - Inépcia da petição inicial com relação ao pedido de compensação moral coletivo - Valor
total = 1 ponto.

Critério: o candidato que acatar a inépcia, com plena e correta fundamentação, obtém o ponto integral;
o candidato que rejeitar a alegação, com fundamentação técnica que analise os pontos centrais
propostos, também em tal caso, disputará 0,5 na preliminar e 0,5 na análise (mérito) da verba
postulada.

1.1. Mesmo à luz do CPC de 1973, apesar de formulação de pedido genérico em relação a danos morais,
excelente doutrina ressalvava que o pedido genérico era exceção, só admissível nas hipóteses
mencionadas no artigo 286 (cf. José Carlos Barbosa Moreira. Forense, 2012. p. 13), ressaltando,
especificamente, que o pedido nas ações dano moral “deve ser certo e determinado”, salvo quando
não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito (Fredie
Didier Jr. direito processual civil. 11ª ed. Salvador: JusPodivm, 2009. v. referências bibliográficas em a
nota 134).

O atual Código de Processo Civil, a par de ser expresso ao exigir pedido certo (art. 322) e determinado
(art. 324), com as exceções previstas no §1º quanto ao pedido determinado, deixou claro que o valor
da causa será, na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido.

A necessidade de o valor ser indicado é conclusão que se adequa ao inciso LV do art. 5º da CF. Como
ensinou nosso maior jurista “Não é pelo prazer frívolo ou perverso de multiplicar exigências formais
que o estatuto processual compele o autor a determinar o pedido. Trata-se, entre outras coisas, de
atender a uma necessidade intrínseca do contraditório. Para que o réu possa preparar de
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maneira efetiva a defesa, é mister, em princípio, que tenha ciência tão exata quão possível daquilo
que, em face dele, se está postulando. Normalmente, a ninguém é dado defender-se com eficiência de
um pedido capaz de deslizar sem limite para outro patamar” (José Carlos Barbosa Moreira. Ação de
revisão de aluguel. Pedido. Julgamento “ultra petita”. Pareceres. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
p. 193).

Agora, ensina a doutrina predominante que é impertinente o pedido genérico na compensação por
danos morais, seja porque “gera uma inadmissível limitação ao princípio do contraditório”, seja porque
contraria o artigo 292, V, do CPC, que exige “a indicação, pelo autor, do valor que pretende obter
quando postula tal compensação” (Alexandre Freitas Câmara. O novo processo civil brasileiro. São
Paulo: Atlas, 2015. p. 192).

Fredie Didier Jr. Curso de direito processual civil. 17ª ed. Salvador: JusPodivm, 2015. v. 1, p. 581); Luís
Guilherme Aidar Bondioli (Breves Comentários ao novo Código de Processo Civil Coords. Teresa Arruda
Alvim Wambier et al. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015. p. 827); Daniel Amorin Assumpção Neves
(Novo Código de Processo Civil Janeiro: Forense, 2015. p. 223-224); Nery Junior e Nery (Comentários
ao Código de Processo Civil: novo CPC – Lei 13.105/2015. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

A petição inicial não trazia, também, fundamentação específica para tal pedido, mas a réplica apontou
que os fundamentos estão na própria ocorrência narrada, em linha que, no particular, bem ou mal, é
aceita como adequada. Nessa linha, os problemas ambientais, em si, foram suficientemente descritos
para permitir a análise, de meritis, sobre se são capazes de caracterizar, ou não, dano moral coletivo.
O ponto central está na falta de determinação do valor.

Em síntese, como o pedido do MPF foi genérico, e nada foi esclarecido, sequer em réplica, sobre
eventual impossibilidade de determinar, de modo quantificado, a compensação pretendida (art. 324,
II, do CPC), a petição inicial se afigura inepta quanto ao pedido “d”.

1.2 Tese contrária – valorou-se, com igual quilate, a linha dos que, narrando a admissibilidade do
pedido genérico em compensação por danos morais, com alusão à jurisprudência formada sob a
vigência do CPC anterior, expondo a atual quaestio iuris e indicando os motivos pelos quais o candidato
acompanha tal entendimento, especialmente diante das peculiaridades da tutela ambiental coletiva.
Assim, será atribuído até 0,5 ponto, bem como será corrigido o acolhimento ou não do pedido d
(mérito), com outra pontuação de até 0,5 ponto (total de 1,0 ponto).

Por conta dessa mudança, tem-se dito que a súmula 326, STJ estaria superada.

Súmula 326-STJ: Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao
postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.

Agora, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial implica sim sucumbência formal e
ocasionará a responsabilidade pelo pagamento das despesas processuais.

De todo modo, aguardaremos a manifestação do STJ a respeito.

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Há interesse no recurso em que só se discute fundamento da decisão?

Tradicionalmente, dizia-se que não, pois a motivação não ficava imutável pela coisa julgada material,
recaindo esta apenas sobre o dispositivo.

Com o tempo, ainda na vigência do CPC/73, propugnava-se por uma mudança de visão.

De todo modo, o NCPC impôs essa mudança de pensamento, prevendo quatro situações em que,
indiscutivelmente, a fundamentação é muito relevante e justificaria o interesse recursal.

1ª situação

Opõe-se embargos de declaração para discutir aspectos da fundamentação, como:

i- obscuridade;

ii- contradição;

iii- omissão;

iv- erro material.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;

III - corrigir erro material.

Ainda, sobre a omissão, o parágrafo único do art. 1.022 é bem claro sobre a possibilidade de recorrer com
base na fundamentação.

Art. 1.022, Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

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I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente


de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º (nulidade da decisão com base
na fundamentação).

2ª situação

Com o NCPC, o art. 503, §1º passou a prever a possibilidade de coisa julgada material de questões prejudiciais
(abordadas na fundamentação).

Desse modo, há possibilidade de a parte, terceiro ou MP ter interesse em recorrer para que a coisa julgada
material não se forme naquele sentido.

3ª situação

Na coisa julgada secundum eventum probationis (mandado de segurança, ações coletivas, ação popular etc.),
não há coisa julgada se a improcedência for por falta de provas.

E essa ausência de provas se verificará de acordo com a fundamentação do magistrado em sua decisão, já
que nunca ou raramente irá constar no dispositivo que houve julgamento improcedente “por insuficiência
probatória”.

Assim sendo, o interesse recursal existe para que se discuta a fundamentação.

4ª situação

Indiscutivelmente, o NCPC adotou um sistema de valorização dos precedentes, sendo que muitos deles se
tornaram vinculantes.

Segundo Didier e Leonardo da Cunha, precedente em sentido lato é composto por 3 pontos:

1º ponto: circunstâncias de fato que embasam a controvérsia (Statement of material facts);

Art. 926, § 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias


fáticas dos precedentes que motivaram sua criação.

2º ponto: tese ou princípio jurídico assentado na motivação (ratio decidendi) do provimento decisório;

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Ratio decidendi63 (holding64) é o princípio jurídico que consta da motivação da decisão. Correspondem aos
fundamentos definitivos para decidir, à prescrição que pode ser aplicada a casos futuros.

A ratio decidendi só pode ser compreendido em conexão estrita com o statement of material facts.

Ex1: A súmula vinculante é um enunciado abstrato que contém basicamente algo próximo de uma
enunciação da ratio decidendi sem referência aos fatos relevantes da causa.

Por isso, para aplicá-la, deve-se indicar os precedentes que originaram a súmula vinculante e verificar se as
circunstâncias fáticas são similares.

Ainda, a ratio decidendi pode ser uma tese vinculada às questões de direito material ou processual.

Enunciado 327 FPPC: (art. 928, parágrafo único). Os precedentes vinculantes podem ter por
objeto questão de direito material ou processual.

3º ponto: argumentação jurídica em torno da questão.

O que tem caráter obrigatório é a ratio decidendi, chamada de precedente em sentido estrito.

A ratio decidendi que é efetivamente a norma geral que irá ser aplicada também para casos futuros.

Como ela se encontra na fundamentação, esta obviamente pode dar ensejo ao interesse recursal.

Como exemplo, poderíamos citar a possibilidade de o amicus curiae recorrer apenas do IRDR e casos
repetitivos (art. 138, §3º c/c enunciado , justamente para que haja formação de um precedente sólido,
robusto.

Art. 138, § 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de
demandas repetitivas.

Enunciado 391, FPPC: O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar recursos repetitivos.

3.4 - Inexistência de fatos impeditivos/extintivos

Haverá juízo de admissibilidade negativo caso exista algum fato impeditivo ou extintivo do direito de
recorrer.

3.4.1– Fatos Impeditivos

63
Expressão utilizada pelos ingleses.
64
Expressão utilizada pelos americanos.
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Consoante Didier, é impeditivo do poder de recorrer o ato de que diretamente haja resultado a decisão
desfavorável àquele que, depois, pretenda impugná-la.

Os fatos impeditivos se desdobram em:

a) Desistência da ação;

b) Reconhecimento do pedido e renúncia ao direito em que se funda a ação;

c) Desistência do recurso.

3.4.1.1 – Desistência da Ação

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

VIII - homologar a desistência da ação;

§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.

Art. 200. Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial.

Já tratamos desse instituto em aula própria.

Veremos à frente as diferenças em relação à desistência do recurso.

De toda forma, de pronto, antecipo o quadro resumido.

DESISTÊNCIA DA AÇÃO DESISTÊNCIA DO RECURSO

Após o oferecimento da contestação, o juiz só


poderá acolher o pedido de desistência e Não precisa de consentimento do da parte
prolatar a sentença nos termos do art. 485, VIII, contrária (art. 998, CPC).
CPC, se o réu concordar. Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer
o
Art. 485, § 4 Oferecida a contestação, o autor tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
não poderá, sem o consentimento do réu, litisconsortes, desistir do recurso.
desistir da ação.

Depende de homologação judicial (art. 200,


Independe de homologação (art. 200, caput).
parágrafo único)

No caso de desistência do recurso, a parte não


É um ato do autor em abrir mão do processo
pode mais recorrer, pois se operou a preclusão
sem abrir mão do direito.
consumativa.

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Assim, permite que o autor reproponha aquela


demanda posteriormente.

3.4.1.2 – Reconhecimento do Pedido e Renúncia ao Direito em que se funda a Ação

Deve-se ter em mente que autocomposição é um gênero, do qual são espécies transação e submissão.

Na transação, os conflitantes fazem concessões mútuas e solucionam o conflito. Será prolatada uma sentença
homologatória de mérito (art. 487, III, “b”, CPC).

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

III - homologar:

b) a transação;

Na submissão, um dos conflitantes se submete à pretensão do outro voluntariamente, abdicando dos seus
interesses.

Quando é feita em juízo, a submissão do autor se chama renúncia (art. 487, III, “c”, CPC); a do réu se chama
reconhecimento da procedência do pedido (art. 487, III, “a”, CPC).

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:

III - homologar:

a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;

c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

É possível reconhecer, também na instância extraordinária, a possibilidade da homologação do


pedido de renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação, quando postulado por procurador
habilitado com poderes específicos, desde que anterior ao julgamento final do recurso
extraordinário. STF. 2ª Turma. RE 514639 QO/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 10/5/2016
(Info 825).

Nesses casos, a autocomposição será homologada pelo juiz, prolatando uma sentença de mérito (art. 487,
III, CPC), com formação de coisa julgada material.

A autocomposição pode ser alcançada por meio de um diálogo travado apenas pelas partes (negociação
direta).

Mas também pode ser alcançada com a ajuda de um terceiro, que é chamado para ajudar as partes a chegar
à autocomposição. Esse terceiro será um facilitador da autocomposição (mediação e conciliação).

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Mas qual a diferença entre desistência da ação e submissão (renúncia e reconhecimento da


procedência do pedido)?

DESISTÊNCIA DA AÇÃO RENÚNCIA AO DIREITO

É um ato do autor em abrir mão do processo É um ato de abrir mão do próprio direito
sem abrir mão do direito. material.
Assim, permite que o autor reproponha aquela Assim, não autoriza a repropositura da
demanda posteriormente. demanda com objeto (direito material) que já
foi renunciado.

É uma forma de submissão do autor frente ao


réu. Lembrem-se que quando é feita em juízo, a
Não é uma forma de submissão do autor submissão do autor se chama renúncia (art.
perante o réu. 487, III, “c”, CPC); a do réu se chama
reconhecimento da procedência do pedido (art.
487, III, “a”, CPC).

Ocasionará sentença terminativa (art. 485, VIII, Ocasionará sentença de mérito (art. 487, III, “c”,
CPC) CPC)

Após o oferecimento da contestação, o juiz só


Não precisa de consentimento do réu para o juiz
poderá acolher o pedido de desistência e
prolatar a sentença nos termos do art. 487, III,
prolatar a sentença nos termos do art. 485, VIII,
“c”, CPC.
CPC, se o réu concordar.

3.4.1.3 – Desistência do Recurso

Uma vez interposto, a parte poderá, a qualquer tempo, sem anuência do recorrido ou litisconsortes, desistir
do recurso.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.

Aqui, há dois pontos importantes para tratar.

1º ponto: “A qualquer tempo” significa o quê? Até quando pode haver a desistência?

Até hoje não há uma pacificação da jurisprudência a respeito.

No informativo 540, o STF entendeu que a desistência poderia ser feita até o início da sessão de julgamento.

Pedido de Desistência e Impossibilidade de Homologação após o Início da Votação


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O pedido de desistência só é cabível antes do início do julgamento de mérito do processo. Com


base nessa orientação, o Tribunal, resolvendo questão de ordem suscitada pelo Min. Ricardo
Lewandowski, relator, indeferiu pedido de desistência formulado em duas reclamações, nas
quais já proferido um voto de mérito no sentido da improcedência. Asseverou-se que, do
contrário, facultar-se-ia à parte desistir do processo quando, no curso da votação, identificasse a
existência de uma tendência que lhe fosse desfavorável. O Min. Cezar Peluso, em seu voto,
acrescentou a esse fundamento que o julgamento colegiado seria ato materialmente
fragmentado, mas unitário do ponto de vista jurídico. Em razão disso, sua interrupção, depois de
proferidos um ou mais votos antes que todos fossem colhidos, equivaleria, do ponto de vista
jurídico, a uma sentença que estivesse sendo proferida no curso de uma audiência e o juiz, de
repente, interrompesse o seu ditado, o que não seria possível. Rcl 1503 QO/DF, rel. Min. Ricardo
Lewandowski, 26.3.2009. (Rcl-1503) Rcl 1519 QO/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.3.2009.
(Rcl-1519)

Doutro lado, o STJ já entendeu que a desistência pode ocorrer até o encerramento da sessão de julgamento,
admitindo inclusive após que já se tenha sido prolatado voto do relator.

Trata-se de RMS interposto contra acórdão do Tribunal a quo o qual reconheceu a


responsabilidade solidária de seguradora que coloca no mercado salvados de veículos sinistrados
com perda total e considerou parte legítima para figurar no pólo passivo de processo
administrativo de imposição de multa devido a prejuízos a terceiros. Após o voto do Min. Relator
e de pedido de vista dos autos, a seguradora protocolou petição requerendo a desistência do
feito. O Min. Relator indeferiu o pedido, mas a Turma, com base em voto do Min. Luiz Fux, que
apontou precedentes deste Superior Tribunal, por maioria, homologou a desistência.
Precedentes citados: REsp 63.702-SP, DJ 26/8/1996, e REsp 21.323-GO, DJ 24/8/1992. RMS
20.582-GO, Rel. originário Min. Francisco Falcão, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgado em
18/9/2007 (informativo 332).

De qualquer forma, óbvio que a desistência não pode ocorrer depois do julgamento.

Não é possível a homologação de pedido de desistência de recurso já julgado, pendente apenas


de publicação de acórdão. STJ. 2ª Turma. AgRg no AgRg no Ag 1392645-RJ, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 21/2/2013 (Info 517).

2º ponto: Para que haja a desistência, há necessidade de anuência do recorrido?

Depende.

Em regra, não precisará de anuência, conforme art. 998, caput.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.

Aliás, lembrem-se de que desistência da ação é diferente de desistência do recurso.

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DESISTÊNCIA DA AÇÃO DESISTÊNCIA DO RECURSO


Após o oferecimento da contestação, o juiz só
poderá acolher o pedido de desistência e Não precisa de consentimento do da parte
prolatar a sentença nos termos do art. 485, VIII, contrária (art. 998, CPC).
CPC, se o réu concordar.
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer
o
Art. 485, § 4 Oferecida a contestação, o autor tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
não poderá, sem o consentimento do réu, litisconsortes, desistir do recurso.
desistir da ação.

No entanto, nos casos de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida OU nos casos de
recursos extraordinários ou especiais repetitivos, a desistência do recurso não impede a análise da questão
de fundo, abstrata, para fixação da tese.

Nesses casos, a redação do art. 998 dá a entender que o pedido de desistência será deferido, mas a
controvérsia contida no recurso será julgada normalmente.

Art. 998, Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja
repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos
extraordinários ou especiais repetitivos.

Enunciado 352, FPPC: (arts. 998, caput e parágrafo único, e 15) É permitida a desistência do
recurso de revista repetitivo (Processo do Trabalho), mesmo quando eleito como representativo
da controvérsia, sem necessidade de anuência da parte adversa ou dos litisconsortes; a
desistência, contudo, não impede a análise da questão jurídica objeto de julgamento do recurso
repetitivo.

Obs1: A ideia é que haja fixação da tese nos casos de precedentes vinculantes, a fim de que o tribunal acabe
logo com a discussão nas instâncias inferiores.

Nesse sentido, tem entendido a doutrina que o rol dos casos expostos no art. 988, parágrafo único deve ser
expandido para:

i- IRDR, pois também faz parte do microssistema de casos repetitivos;

Art. 928. Para os fins deste Código, considera-se julgamento de casos repetitivos a decisão
proferida em:

I - incidente de resolução de demandas repetitivas;

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II - recursos especial e extraordinário repetitivos.

Parágrafo único. O julgamento de casos repetitivos tem por objeto questão de direito material
ou processual.

ii- IAC, pois também faz parte do microssistema de formação de precedentes vinculantes.

Enunciado 65, I JDPC do CJF: A desistência do recurso pela parte não impede a análise da questão
objeto do incidente de assunção de competência.

Obs2: Vimos que o pedido de desistência é aceito, mas a controvérsia, em abstrato, é julgada.

Enunciado 352, FPPC: (arts. 998, caput e parágrafo único, e 15) É permitida a desistência do
recurso de revista repetitivo (Processo do Trabalho), mesmo quando eleito como representativo
da controvérsia, sem necessidade de anuência da parte adversa ou dos litisconsortes; a
desistência, contudo, não impede a análise da questão jurídica objeto de julgamento do recurso
repetitivo.

Por conta disso, haverá um problema. Como o pleito de desistência foi aceito, a tese fixada não se aplicará
ao recurso de que se desistiu?

1ª corrente: seria absurdo considerar que o tribunal estaria dando apenas uma opinião sobre um tema,
agindo em instância consultiva, sem julgar nenhum processo. O julgado se aplica sim ao caso concreto do
recurso objeto de desistência.

2ª corrente (majoritária65): não se aplica.

Enunciado 213, FPPC: (art. 998, parágrafo único): No caso do art. 998, parágrafo único, o
resultado do julgamento não se aplica ao recurso de que se desistiu.

Além dessas exceções legais (art. 98, parágrafo único), o STJ, em dois casos específicos, entendeu pela
impossibilidade de desistência.

65
BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. São Paulo: Saraiva, p. 640; MARINONI, Luiz Guilherme;
AREHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. São Paulo: RT, 2015, p. 933.
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1º caso

No REsp n. 1721705/SP (d.j. 28/08/2018), mesmo não sendo um recurso especial repetitivo, a 3ª Turma do
STJ entendeu que “se um processo tem interesse social coletivo, ele pode ser julgado pelo Superior Tribunal
de Justiça mesmo se a parte autora quiser desistir dele”.

No aludido recurso especial, o STJ prosseguiu no julgamento e, quanto ao direito material, pontuou o
seguinte:

A operadora de plano de saúde não pode negar o fornecimento de tratamento prescrito pelo
médico, sob o pretexto de que a sua utilização em favor do paciente está fora das indicações
descritas na bula/manual registrado na ANVISA (uso off-label) (informativo 632).

A doutrina tem criticado esse posicionamento do STJ, pois desprezou a redação do art. 998, caput, e rejeitou
a desistência mesmo em caso que não tenha se enquadrado no art. 998, parágrafo único.

2º caso

Sabemos que, se o recorrente desistir do recurso principal, o recurso adesivo, por ser subordinado, será
inadmitido.

Art. 997, §2º, III – não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado
inadmissível.

Todavia, o STJ entendeu que se a desistência se der por má-fé, o tribunal pode acolher a desistência, mas
ainda sim julgar o recurso adesivo. Veja o caso concreto:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. IMPOSSIBILIDADE DE DESISTÊNCIA DO RECURSO PRINCIPAL APÓS A


CONCESSÃO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA EM SEDE DE RECURSO ADESIVO.

Concedida antecipação dos efeitos da tutela em recurso adesivo, não se admite a desistência do recurso
principal de apelação, ainda que a petição de desistência tenha sido apresentada antes do julgamento
dos recursos. De fato, a apresentação da petição de desistência na hipótese em análise demonstra
pretensão incompatível com o princípio da boa-fé processual e com a própria regra que faculta ao
recorrente não prosseguir com o recurso, a qual não deve ser utilizada como forma de obstaculizar a
efetiva proteção ao direito lesionado. Isso porque, embora tecnicamente não se possa afirmar que a
concessão da antecipação dos efeitos da tutela represente o início do julgamento da apelação, é evidente
que a decisão proferida pelo relator, ao satisfazer o direito material reclamado, passa a produzir efeitos
de imediato na esfera jurídica das partes, evidenciada a presença dos seus requisitos (prova inequívoca e
verossimilhança da alegação). Além disso, deve-se considerar que os arts. 500, III, e 501 do CPC - que
permitem a desistência do recurso sem a anuência da parte contrária - foram inseridos no Código de 1973,
razão pela qual, em caso como o aqui analisado, a sua interpretação não pode prescindir de uma análise
conjunta com o art. 273 do CPC - que introduziu a antecipação dos efeitos da tutela no ordenamento
jurídico pátrio por meio da Lei 8.952, apenas no ano de 1994, como forma de propiciar uma prestação
jurisdicional mais célere e justa -, bem como com o princípio da boa-fé processual, que deve nortear o
comportamento das partes em juízo (de que são exemplos, entre outros, os arts. 14, II, e 600 do CPC,
introduzidos, respectivamente, pelas Leis 10.358/2001 e 11.382/2006). Ante o exposto, a solução
adequada para o caso em apreço desborda da aplicação literal dos arts. 500, III, e 501 do CPC, os
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quais têm função apenas instrumental, devendo ser adotada uma interpretação teleológica que,
associada aos demais artigos mencionados, privilegie o escopo maior de efetividade do direito material
buscado pelo sistema, que tem no processo um instrumento de realização da justiça. REsp 1.285.405-SP,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014 (informativo 554).

Obs1: Desistir do recurso é diferente de desistir do processo.

Ex1: se desisto do agravo, não quer dizer que desisto do processo.

3.4.2 – Fatos Extintivos

3.4.2.1 - Renúncia

É negócio jurídico unilateral de disponibilidade da parte do direito de recorrer, não receptício, na medida em
que não há necessidade de aceitação da outra parte, tampouco dos litisconsortes.

Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.

Ainda, não há necessidade de homologação judicial do pleito de renúncia.

Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade
produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.

Outrossim, essa renúncia pode ser:

i- expressa: quando a parte manifesta nos autos inequivocamente que abre mão do direito de recorrer;

ii- tácita: quando a parte deixa transcorrer in albis o prazo para interposição de recurso.

É possível renúncia prévia?

1ª corrente (majoritária, Barbosa Moreira, Assumpção etc.): Não. O termo inicial da renúncia é o
surgimento do direito de recorrer, que se dá com intimação das partes da decisão contra a qual cabe o
recurso. Ora, como seria possível renunciar ao direito de recorrer se a parte nem sabe o teor da decisão?

Surgindo tal direito, a renúncia deve ser exercida sempre antes da interposição do recurso.

2ª corrente (Nelson Nery): O direito de recorrer é uma faculdade, não sendo de ordem pública.

Se o direito admite transação sobre objeto litigioso (transação, reconhecimento, renúncia), foro de eleição,
pacto para distribuição do ônus da prova, arbitragem etc., por que não admitiria um pacto renunciando ao
direito de recorrer?

Ademais, o art. 190, CPC confere exatamente esse autorregramento da vontade no Processo Civil.

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Obs1: É possível a renúncia ao direito de recorrer se a causa versa sobre direito indisponível?

As restrições à disponibilidade da parte (proibição de confissão – art. 392; não incidência dos efeitos da
revelia – art. 355, II) vigoram para o 1º grau de jurisdição, não atingindo a disponibilidade recursal.

Ex1: É plenamente possível que o MP renuncie ao direito de recorrer numa ação civil pública.

Obs2: A parte pode renunciar ao direito de recorrer sem precisar de anuência da outra parte, tampouco dos
litisconsortes (seja simples, seja unitário).

3.4.2.1.1 – Semelhanças e Diferenças entre Renúncia do Direito de Recorrer e Desistência do Recurso

Enquanto a desistência só pode ocorrer depois de já interposto o recurso, a renúncia é sempre anterior à
interposição do recurso.

Doutro lado, desistência e renúncia têm várias semelhanças:

1ª Semelhança

Para que haja desistência ou renúncia, não há necessidade de aceitação da outra parte, tampouco dos
litisconsortes.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.

Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.

Professor, vi o art. 117 do NCPC e fiquei em dúvida se essa desnecessidade de anuência se aplica
mesmo para litisconsórcio unitário?

Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte adversa, como
litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um
não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar.

Pela leitura do dispositivo, poderíamos concluir que o litisconsorte unitário não seria prejudicado por essa
desistência ou renúncia.

Contudo, lembrem-se do aprofundamento feito por Daniel Assumpção.

Litisconsórcio simples: o ato de disposição de direito material ou processual somente atinge


aquele litisconsorte, não podendo afetar de modo prejudicial os outros.
Ex1: o litisconsorte simples pode renunciar ao direito, reconhecer a procedência do pedido,
transacionar (disposições de direito material);

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Ex2: desistir do pedido (disposição de direito processual).


Litisconsórcio unitário: como o destino será uniforme, o mesmo para todos, qualquer ato de
disposição do direito material por apenas um, sem consentimento dos outros litisconsortes, será
ineficaz.
Ex1: disposição do direito material → apenas um litisconsorte transaciona com a parte contrária;
apenas um reconhece a procedência do pedido. Isso não pode, salvo se todos os outros
concordarem.
Ora, se a decisão tem de ser uniforme para todos, não pode haver, por exemplo, uma sentença
homologatória de acordo para um e uma sentença condenatória para outro.
Daniel Assumpção diz que, ao revés, pode haver disposição do direito processual por um
litisconsorte, ainda que tais atos possam impedir um eventual benefício aos outros litisconsortes.
Ex1: Daniel Assumpção66 diz que pode uma parte, por exemplo, desistir da produção de prova,
desistir do recurso interposto, renúnciar ao direito de recorrer, ainda que tais atos possam
impedir um eventual benefício aos outros litisconsortes.
A única exceção que o autor vislumbra é a desistência da ação. Nesse caso, se um litisconsorte
desistir, ela não gera qualquer efeito se não for realizada por todos os litisconsortes.
Por conta disso, o autor critica a regra do art. 117, CPC, pois o código generaliza que os atos do
litisconsorte unitário não poderão em nenhuma hipótese prejudicar os demais.
Para Daniel Assumpção, deveria se dizer que os atos de disposição de direito material não
poderiam em hipótese nenhuma prejudicar os demais. Contudo, a disposição do direito
processual poderia sim prejudicar os outros.

2ª Semelhança

Não há necessidade de homologação judicial do pleito de desistência e renúncia.

Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade
produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais.

Obs1: O art. 200, parágrafo único, CPC exige homologação da desistência da ação e não da desistência do
recurso.

Art. 200, Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial.

DESISTÊNCIA DA AÇÃO DESISTÊNCIA DO RECURSO

Depende de homologação judicial (art. 200,


Independe de homologação
parágrafo único)

66
CPC Comentado Artigo por Artigo, p. 210.
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3ª Semelhança

Uma vez realizadas a desistência ou renúncia, a parte não pode mais interpor recurso.

No caso da renúncia, houve preclusão lógica ao praticar um ato incompatível com o desejo de recorrer.

No caso da desistência, houve preclusão consumativa com a interposição do recurso.

Percebam que, nesse ponto, a desistência da ação é diferente da desistência do recurso.

DESISTÊNCIA DA AÇÃO DESISTÊNCIA DO RECURSO

É um ato do autor em abrir mão do processo


sem abrir mão do direito. No caso de desistência do recurso, a parte não
pode mais recorrer, pois se operou a preclusão
Assim, permite que o autor reproponha aquela consumativa.
demanda posteriormente.

DESISTÊNCIA DO RECURSO RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER

Realizada depois da interposição Realizada antes da interposição


Diferenças
do recurso. do recurso.

Não precisa de consentimento Não há necessidade de aceitação


do da parte contrária, tampouco da outra parte, tampouco dos
dos litisconsortes. litisconsortes.
Semelhanças Art. 998. O recorrente poderá, a Art. 999. A renúncia ao direito de
qualquer tempo, sem a anuência recorrer independe da aceitação
do recorrido ou dos da outra parte.
litisconsortes, desistir do
recurso.

Não há necessidade de Não há necessidade de


homologação judicial do pleito homologação judicial do pleito de
de desistência. renúncia.
Art. 200. Os atos das partes Art. 200. Os atos das partes
consistentes em declarações consistentes em declarações
unilaterais ou bilaterais de unilaterais ou bilaterais de
vontade produzem vontade produzem
imediatamente a constituição, imediatamente a constituição,

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modificação ou extinção de modificação ou extinção de


direitos processuais. direitos processuais.

Uma vez realizadas a desistência, Uma vez realizadas a renúncia, a


a parte não pode mais interpor parte não pode mais interpor
recurso. recurso.
No caso, houve preclusão No caso, houve preclusão lógica
consumativa com a interposição ao praticar um ato incompatível
do recurso. com o desejo de recorrer.

DESISTÊNCIA DA AÇÃO DESISTÊNCIA DO RECURSO

Após o oferecimento da contestação, o juiz só


poderá acolher o pedido de desistência e Não precisa de consentimento do da parte
prolatar a sentença nos termos do art. 485, VIII, contrária (art. 998, CPC).
CPC, se o réu concordar. Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer
o
Art. 485, § 4 Oferecida a contestação, o autor tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
não poderá, sem o consentimento do réu, litisconsortes, desistir do recurso.
desistir da ação.

Depende de homologação judicial (art. 200,


Independe de homologação (art. 200, caput).
parágrafo único)

É um ato do autor em abrir mão do processo


sem abrir mão do direito. No caso de desistência do recurso, a parte não
pode mais recorrer, pois se operou a preclusão
Assim, permite que o autor reproponha aquela consumativa.
demanda posteriormente.

VUNESP/TJ-SP – Juiz Substituto/2018

Se a parte desiste de recurso que interpôs contra sentença que julgou o mérito,

a) fica prejudicado o julgamento do mérito da causa.

b) a desistência não impedirá a análise de questão objeto de julgamento de recurso especial repetitivo.

c) para que a desistência seja homologada, é necessária concordância da parte recorrida.

d) a situação equivale, em termos práticos, à renúncia ao direito em que se funda a demanda.

Comentários

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A alternativa A está incorreta. O mérito da causa já foi analisado pela sentença. O que fica prejudicado
é a análise do mérito do recurso.

A alternativa B está correta.

Art. 998, Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão
geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou
especiais repetitivos.

A alternativa C está incorreta.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes,
desistir do recurso.

A alternativa D está incorreta. Os quadros acima expõem as diferenças.

3.4.2.2 - Aquiescência

É a prática de ato que demonstre conformação em relação a uma decisão desfavorável.

Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.

Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato
incompatível com a vontade de recorrer.

Assim, se a parte vier a interpor um recurso, além de haver preclusão lógica, estará violando a boa-fé
objetiva, mais propriamente o nemo potest venire contra factum proprium.

Diferentemente da renúncia, a aquiescência não se volta diretamente à abdicação da vontade de recorrer,


mas sim a de demonstrar concordância com a decisão.

Ex1: pagamento da condenação;

Ex2: levantamento de valores depositados na ação consignatória;

Ex3: desocupação do imóvel e entrega das chaves na demanda de despejo;

Ex4: pedido de parcelamento da dívida.

Obs1: Se a Fazenda não apelou da sentença, mas essa decisão foi reapreciada pelo tribunal por conta do
reexame necessário, a Fazenda pode recorrer do acórdão?

O STJ entendeu que sim. A ausência de apelação não impede a Fazenda de recorrer às instâncias
extraordinárias.

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A Corte Especial reafirmou, conforme precedente, que a Fazenda Pública, ainda que não tenha
apresentado apelação da sentença que lhe foi desfavorável, pode interpor recurso especial, pois
não há falar em preclusão lógica. Precedente citado: REsp 905.771-CE, DJ 19/8/2010. EREsp
1.119.666-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgados em 1º/9/2010 (informativo 445).

4 – REQUISITOS EXTRÍNSECOS
São aqueles requisitos que se referem ao modo de exercício do poder de recorrer.

4.1 - Tempestividade

É a exigência que o recurso interposto seja apresentado dentro do prazo previsto em lei, sob pena de
preclusão temporal.

Com o NCPC, houve uma uniformização nos prazos. O art. 1.003, §5º previu 15 dias para todos os recursos,
salvo para os embargos de declaração, que terá 5 dias.

Art. 1.003, § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Obs1: Fora do NCPC, o prazo para o recurso inominado e os embargos infringentes da Lei de Execução Fiscal
(art. 34) continuam em 10 dias.

RECURSOS PRAZO

Apelação 15 dias

Agravo de
15 dias
instrumento

Agravo interno 15 dias

Embargos de
5 dias
declaração

Recurso ordinário 15 dias

Recurso especial 15 dias

Recurso
15 dias
extraordinário

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Agravo em recurso
especial e 15 dias
extraordinário

Embargos de
15 dias
divergência

Recurso inominado
(art. 42, Lei n. 10 dias
9.099/95)

Embargos
infringentes (art. 10 dias
34, LEF)

Vamos destacar vários pontos importantes referentes à tempestividade.

1º ponto

Para aqueles que têm a prerrogativa de prazo dobrado (Fazenda Pública, Ministério Público, Defensoria
Pública), não serão 15 dias, mas sim 30 dias.

Fazenda Pública

Acabou o prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (antigo art. 188, CPC/73). Agora, a
Fazenda Pública possui prazo em dobro para as suas manifestações.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

§ 1o A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.

§ 2o Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma


expressa, prazo próprio para o ente público.

Esse prazo dobrado aplica em todos os procedimentos, salvo se houver previsão específica em sentido
contrário (ex1: prazo de 30 dias para embargar a execução – art. 910, CPC; ex2: juizado especial – art. 9º, Lei
12.153) OU incompatibilidade (ex: processo objetivo de controle de constitucionalidade no STF – não há
prazo em dobro).

Esse prazo dobrado é para prazos processuais (incluindo o recursal) e não materiais (ex: prescricional e
decadencial).
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Obs1: Esse prazo dobrado é estendido a outras entes, que não são pessoas jurídicas de direito público da
administração direta e indireta.

Ex1: art. 61, Lei n. 6001/73 (defensores dos interesses do Patrimônio Indígena).

Art. 61. São extensivos aos interesses do Patrimônio Indígena os privilégios da Fazenda Pública,
quanto à impenhorabilidade de bens, rendas e serviços, ações especiais, prazos processuais,
juros e custas.

Ex2: Correios – Decreto-lei 509/69, art. 12.

Art. 12 - A ECT gozará de isenção de direitos de importação de materiais e equipamentos


destinados aos seus serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a
imunidade tributária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer
no concernente a foro, prazos e custas processuais.

Ministério Público

uma das mais importantes mudanças foi a extinção do prazo em quádruplo para contestar e em dobro para
recorrer (antigo art. 188, CPC/73). Agora, o MP possui prazo em dobro para as suas manifestações.

O art. 178, caput, prevê o prazo de 30 dias para o MP se manifestar quando for fiscal da ordem jurídica, o
que não deixa de ser um “prazo em dobro”, pois o prazo geral do CPC é de 15 dias.

Já o art. 180, caput, prevê prazo em dobro para se manifestar nos autos, contados a partir de sua intimação
pessoal, que deverá se dar por carga, remessa ou meio eletrônico.

Obs1: Quando houver prazo específico, o prazo não será contado em dobro (§2º), a exemplo dos
procedimentos da Justiça da Infância e Juventude; do prazo de 10 dias da Lei do Mandado de Segurança etc.

Enunciado 399, FPPC: (arts. 180 e 183) Os arts. 180 e 183 somente se aplicam aos prazos que se
iniciarem na vigência do CPC de 2015, aplicando-se a regulamentação anterior aos prazos
iniciados sob a vigência do CPC de 1973.

Defensoria Pública

Diz-se que a Lei n. 7.871/89 (que alterou o art. 5º, §5º, Lei n. 1.060/50) já previa o prazo em dobro. Após, os
arts. 44, I; 89, I e 128, I, LC80/94 passaram a também garantir a prerrogativa de receber intimação pessoal e
contagem em dobro dos prazos.

Agora, com a previsão art. 186, §1º, CPC/2015, isso fica bem mais forte e claro.

Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais.
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§ 1o O prazo tem início com a intimação pessoal do defensor público, nos termos do art. 183, §
1o.

Obs1: Atentem para a extensão subjetiva do prazo em dobro (art. 186, §3º, CPC) para os escritórios de prática
jurídica das faculdades de Direito e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de
convênios firmados com a Defensoria Pública.

Art. 186, § 3º O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de
Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em
razão de convênios firmados com a Defensoria Pública.

Obs2: Referido prazo em dobro não se estende aos advogados dativos.

2º ponto

Para aqueles que se enquadrarem nas condições do art. 229, não serão 15 dias, mas sim 30 dias.

CPC/73 CPC/15

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem


diferentes procuradores, de escritórios de
advocacia distintos, terão prazos contados em
dobro para todas as suas manifestações, em
Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem qualquer juízo ou tribunal, independentemente
diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados de requerimento.
em dobro os prazos para contestar, para
§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se,
recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.
havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida
defesa por apenas um deles.
§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos
processos em autos eletrônicos.

Houve duas mudanças mais significativas:

1ª mudança: Tanto o CPC/73 quanto o CPC/15 exigem pluralidade de sujeitos (litisconsortes) e pluralidade
de patronos.

Contudo, a mudança no NCPC veio para estabelecer um requisito extra (terceiro requisito), qual seja, de que
os patronos, os advogados devem pertencer a escritórios de advocacia distintos.

Isso porque havia muita burla ao sistema. Ex: A e B contratavam apenas um escritório de advocacia para
defende-los numa demanda.

Mesmo que a defesa fosse similar para os dois réus, diferentes advogados daquele mesmo escritório
figuravam nas procurações dos litisconsortes apenas para ganharem prazo em dobro.

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2ª mudança: não haverá duplicação de prazo se o processo for eletrônico e estiverem eletronicamente
acessíveis (já que se permite a consulta simultânea).

Nesse ponto, vale dizer que o STJ decidiu que havia o prazo em dobro tanto nos processos físicos quanto
eletrônicos, na vigência do CPC/73. Contudo, quando o CPC 2015 entrasse em vigor, os litisconsortes não
mais teriam o prazo em dobro no processo eletrônico, mesmo que possuíssem procuradores diferentes. (STJ.
3ª Turma. REsp 1.488.590-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/4/2015 - Info 560).

Obs1: Não precisa de requerimento para a concessão do prazo em dobro. Trata-se de concessão ex lege.

Obs2: O STJ admitia prazo em dobro para marido e mulher defendido por advogados distintos, com o
argumento de que o art. 191, CPC/73 apenas exigia a diversidade de patronos para a concessão da benesse
processual (STJ, REsp 973.465-SP).

Obs3: Não se aplica o prazo em dobro aos credores da sociedade em recuperação judicial, pois o STJ
entendeu que eles não seriam réus, mas apenas interessados (STJ. 3ª Turma. REsp 1324671-SP, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 3/3/2015 - Info 557).

Contudo, posteriormente, já em 2018, o STJ decidiu de forma diferente.

Mesmo não havendo previsão expressa na Lei nº 11.101/2005, deve ser reconhecida a incidência
da norma do art. 191 do CPC/1973 (art. 229 do CPC/2015) para a prática de atos processuais
pelos credores habilitados no processo falimentar quando representados por diferentes
procuradores. Assim, se no processo de recuperação judicial uma decisão desagradar aos
credores e eles decidirem recorrer, terão prazo em dobro caso possuam diferentes procuradores,
de escritórios de advocacia distintos. Em outras palavras, aplica-se aos credores da sociedade
recuperanda o prazo em dobro do art. 191 do CPC/1973 (art. 229 do CPC/2015). STJ. 3ª Turma.
REsp 1634850/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/03/2018.

Obs4: A e B estão no polo passivo, mas apenas A apresenta defesa. O prazo em dobro é cessado para os atos
posteriores. É como se A estivesse, a partir dali, caminhando sozinho. Vejam o art. 229, §1º, CPC/15.

Art. 229, § 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida
defesa por apenas um deles.

É o mesmo raciocínio da súmula 641, STF.

Súmula 641, STF: Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes
haja sucumbido.

Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido.
Ex: ação de cobrança proposta contra Pedro e Tiago. Na sentença, o juiz julga procedente quanto
a Pedro e improcedente no que tange a Tiago. Pedro, única parte sucumbente, não terá direito
a prazo em dobro. STJ. 3ª Turma. REsp 1709562-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
16/10/2018(Info 636).

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Obs5: Se os litisconsortes passam a ter procuradores diferentes durante o transcorrer do prazo recursal,
somente se aplica o benefício do prazo em dobro à parte cujo prazo recursal ainda não tiver transcorrido até
aquele momento. Então, se faltam mais 5 dias do prazo recursal, quando constituído o procurador, duplicar-
se-á o prazo de 5 dias restantes para 10 dias.

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ANULAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. NÃO OCORRÊNCIA.
LITISCONSÓRCIO. CONSTITUIÇÃO DE ADVOGADOS DISTINTOS. MOMENTO DE INCIDÊNCIA DO
PRAZO EM DOBRO. ART. 191 DO CPC. MULTA AFASTADA.

Ausentes os vícios do art. 535, II, do CPC, rejeitam-se os embargos de declaração.

Se os litisconsortes passam a ter procuradores distintos no curso do processo, a partir desse


momento é que têm o prazo em dobro à sua disposição. O momento processual da aplicação do
art. 191 do CPC, é, portanto, o de quando demonstrada a existência de litisconsórcio com
diferentes procuradores.

Afasta-se a multa do parágrafo único do art. 538 do CPC quando não se caracteriza o intento
protelatório na interposição dos embargos de declaração.

Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta extensão, provido. (REsp 1309510/AL, Rel.
Min. Nancy Andrighi, D.J 12/03/2013, Info 518, STJ).

Na ocasião, manteve-se o acórdão do Tribunal local no seguinte sentido:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRAZO PARA APELAÇÃO. LITISCONSORTES QUE PASSARAM A TER
ADVOGADOS DISTINTOS NO CURSO PROCESSUAL. INTEMPESTIVIDADE CONFIGURADA. 1. A
correta aplicação da previsão contida no artigo 191 do Código de Processo Civil, suscitado pelos
Apelantes, ao caso em testilha, depende da consideração prévia de uma peculiaridade, qual seja,
o fato de que os litisconsortes apenas passaram a ter advogados distintos em 7 de dezembro
de 2009 - 14º dia do prazo recursal -, data em que foi protocolado, pela segunda Apelante, o
requerimento de fls. 103/106, no qual é informada, por ela, a constituição de novo causídico e a
consequente revogação dos poderes conferidos aos anteriores. 2. Tem-se, pois, que os Apelantes
apenas passaram a ser patrocinados por advogados diferentes quando o prazo para a
interposição do recurso já se encontrava em andamento, devendo, pois, a regra do artigo 191 do
CPC, apenas ser aplicada a partir do momento em que se deu a referida mudança de advogados.
3. Considerando que a diversidade de advogados apenas se operou no 14º dia do prazo recursal,
apenas o remanescente desse interregno, ou seja, um dia, deve ser dobrado, de modo que, aos
quatorze dias já transcorridos, devem ser somados dois, resultando num prazo final de
dezesseis dias para apelar, o que findaria em 09 de dezembro de 2009. 4. Dessa forma, resta
evidente a intempestividade de ambos os Apelos em questão, os quais somente foram
protocolados em 4 de janeiro do ano em curso, advindo, pois, a situação que torna premente a
aplicabilidade do artigo 557 do CPC. Embargos de declaração: interpostos pela recorrente, foram
rejeitados, com aplicação da multa prevista no parágrafo único do art. 538 do CPC.

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Obs6: Não se pode cumular hipóteses de de contagem diferenciada de prazos. Ex: Se União e Município
litigam no polo passivo de uma demanda, eles não terão prazo em quádruplo (prazo em dobro do art. 183,
CPC + prazo em dobro do art. 229, CPC). Eles terão direito apenas a uma duplicação de prazo.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia


distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo
ou tribunal, independentemente de requerimento.

3º ponto

Em outra novidade do NCPC, o prazo processual passou a contar apenas em dias úteis.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.

E são considerados dias úteis o lapso de segunda à sexta-feira.

Consoante art. 216, CPC, são considerados feriados os sábados, domingos e aqueles dias em que não houver
expediente forense.

Assim, se houver um feriado local numa terça-feira, mas que não haja interrupção do expediente forense,
aquele dia não será considerado feriado para efeito forense, não sendo computado para fins de prazo
recursal. Por conseguinte, aquele dia será dia útil e entrará na contagem dos prazos.

Art. 216. Além dos declarados em lei, são feriados, para efeito forense, os sábados, os domingos
e os dias em que não haja expediente forense.

Obs1: O feriado nacional67 não precisa ser comprovado, mas o feriado local precisa.

Art. 1.003, § 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição


do recurso.

Recentemente, surgiu uma questão interessante.

67
Como nacionais, temos oito fixos, sendo sete declarados pela Lei n. 662/49 e um pela Lei n. 6.802/80, e quatro móveis (2 dias
de Carnaval; Paixão de Cristo; Corpus Christi).
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Segunda-feira de Carnaval e Quarta-feira de Cinzas devem ser comprovados como feriados?

A Corte Especial do STJ, em 12/06/2018, entendeu que sim, já que não são feriados nacionais. Por isso, a
parte deve comprovar no ato de interposição do recurso que não houve expediente forense no Poder
Judiciário Estadual.

1. Nos termos do art. 1.003, § 6º, do CPC/2015, a ocorrência de feriado local deverá ser
comprovada, mediante documento idôneo, no ato da interposição do recurso. Assim,
inaplicável à hipótese o entendimento firmado por esta Corte, ainda sob a ótica do regramento
processual previsto no Código de Processo Civil de 1973, no sentido de admitir a comprovação,
em agravo interno, da ocorrência de feriado local ou suspensão do expediente forense no
Tribunal de origem, como pretende o agravante.

2. De fato, "a intempestividade é tida pelo Código atual como vício grave e, portanto, insanável.
Daí porque não se aplica à espécie o disposto no parágrafo único do art. 932 do CPC/15,
reservado às hipóteses de vícios sanáveis" (AgInt no AREsp 957.821/MS, Rel. Ministro Raul
Araújo, Rel. p/ Acórdão Ministra Nancy Andrighi, Corte Especial, julgado em 20/11/2017, DJe
19/12/2017).

3. Na contagem dos prazos dos recursos endereçados ao Superior Tribunal de Justiça cuja
interposição deva ser realizada nos Tribunais estaduais, excluem-se os dias referentes à
segunda-feira de carnaval e à quarta-feira de cinzas, que não são feriados nacionais, desde
que o recorrente comprove, no ato de interposição, que em tais datas não houve expediente
forense no Poder Judiciário estadual. 4. Agravo interno improvido. (STJ, AgInt no
AREsp 1255609/AL, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze, d.j. 12/06/2018).

Depois desse julgado, o STJ reafirmou o entendimento pela Corte Especial, no REsp 1.813.684 (02/10/2019)
e modulou seus efeitos.

Por maioria de votos, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que a
comprovação de feriado local na segunda-feira de Carnaval deve ser feita no ato da
interposição do recurso. Com a conclusão do julgamento na última quarta-feira (2), o colegiado
afastou a tese de que os feriados forenses não previstos em lei federal poderiam ser considerados
fatos notórios e, assim, dispensariam a necessidade de demonstração de suspensão do
expediente no tribunal local.

Entretanto, com base no artigo 927, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil de 2015, a corte
decidiu modular os efeitos da decisão para estabelecer que ela valerá para os recursos
interpostos após a publicação do acórdão no REsp 1.813.684. Para os recursos interpostos em
data anterior, será permitida a abertura de prazo para a demonstração da ocorrência da
suspensão de prazos em virtude do feriado local.

Obs2: Há necessidade mesmo de comprovar no ato de interposição ou pode comprovar depois?

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1ª corrente (doutrina): A doutrina vem defendendo que é possível sim comprovar posteriormente, com base
no art. 932, parágrafo único.

Enunciado 66, I JDPC do CJF: Admite-se a correção da falta de comprovação do feriado local ou
da suspensão do expediente forense, posteriormente à interposição do recurso, com
fundamento no art. 932, parágrafo único, do CPC.

Ademais, era esse também o entendimento do STJ na vigência do CPC/73. Ainda, na vigência do CPC?15, o
STJ permite a comprovação da tempestividade depois, em certos casos. Por exemplo, o STJ considera lícita a
comprovação, em agravo interno, da tempestividade do recurso especial na hipótese de ilegibilidade do
carimbo de protocolo68.

2ª corrente (STJ): Vejam que, no julgado acima, o STJ asseverou expressamente que não pode comprovar
depois.

Nos termos do art. 1.003, § 6º, do CPC/2015, a ocorrência de feriado local deverá ser
comprovada, mediante documento idôneo, no ato da interposição do recurso. Assim,
inaplicável à hipótese o entendimento firmado por esta Corte, ainda sob a ótica do regramento
processual previsto no Código de Processo Civil de 1973, no sentido de admitir a comprovação,
em agravo interno, da ocorrência de feriado local ou suspensão do expediente forense no
Tribunal de origem, como pretende o agravante. (...)

Todavia, meses depois de decidir o REsp 1.813.684 (02/10/2019) sobre a necessidade de comprovação, no
ato de interposição de recurso, do feriado de Carnaval, a Corte Especial, em Fevereiro de 2020, decidiu que
a tese firmada por ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP é restrita ao feriado de segunda-feira de
carnaval e não se aplica aos demais feriados, entre eles os feriados locais.

A tese firmada por ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP é restrita ao feriado de segunda-
feira de carnaval.

O propósito da questão de ordem é definir, diante da contradição entre as notas taquigráficas e


o acórdão publicado no DJe de 18/11/2019, se a modulação de efeitos deliberada na sessão de
julgamento concluída em 02/10/2019, quando se permitiu a posterior comprovação da
tempestividade de recursos dirigidos ao STJ, abrange especificamente o feriado da segunda-feira
de carnaval, ou se diz respeito a todos e quaisquer feriados.

Havendo contradição entre as notas taquigráficas e o voto elaborado pelo relator, deverão
prevalecer as notas, pois refletem a convicção manifestada pelo órgão colegiado que apreciou a
controvérsia.

68
STJ, 3ª T, EDcl no AgInt no REsp 1.880.778-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, d.j. 28/09/21, info 712.
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Consoante o que revelam as notas taquigráficas, os debates estabelecidos no âmbito da Corte


Especial, bem como a sua respectiva deliberação colegiada nas sessões de julgamento realizadas
em 21/08/2019 e 02/10/2019, limitaram-se exclusivamente à possibilidade, ou não, de
comprovação posterior do feriado da segunda-feira de carnaval, motivada por circunstâncias
excepcionais que modificariam a sua natureza jurídica de feriado local para feriado nacional
notório.

Nesse contexto, a tese firmada por ocasião do julgamento do REsp 1.813.684/SP é restrita ao
feriado de segunda-feira de carnaval e não se aplica aos demais feriados, entre eles os feriados
locais. QO no REsp 1.813.684-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por maioria, julgado
em 03/02/2020, DJe 28/02/2020 (info 666)

De toda forma, o STF tem o entendimento de que a comprovação do feriado local deve sim ser feito no ato
de interposição.

A tempestividade do recurso em virtude de feriado local ou de suspensão dos prazos processuais


pelo Tribunal a quo que não sejam de conhecimento obrigatório da instância ad quem deve ser
comprovada no momento de sua interposição. STF. 1ª Turma. ARE 1109500 AgR, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 20/04/2018.

Portanto, sugiro seguirem a 2ª corrente em prova, pois vai ao encontro do art. 1.003, §6º e dos recentes
entendimentos dos Tribunais Superiores.

A parte que junta, no ato de interposição do REsp, calendário disponível no site do Tribunal de
Justiça que mostra os feriados locais, cumpre a exigência prevista no § 6º do art. 1.003 do
CPC/2015 STF. 1ª Turma. RMS 36114/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 22/10/2019 (Info
957).

O STJ possui precedentes em sentido contrário: A jurisprudência do STJ entende que cópia de
calendário editado pelo Tribunal de origem não é hábil a ensejar a comprovação da existência de
feriado local, pois é necessária a juntada de cópia de lei ou de ato administrativo exarado pela
Corte a quo, comprovando a ausência de expediente forense na data em questão. STJ. 3ª Turma.
AgInt no REsp 1829351/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 30/03/2020.

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Ademais, o STJ69 salienta que a mera remissão a link de site do Tribunal de origem nas razões recursais é
insuficiente para comprovar a tempestividade de recurso.

A simples referência à existência de feriado local previsto em Regimento Interno e em Código de


Organização Judiciária Estadual não é suficiente para a comprovação de tempestividade do
recurso especial nos moldes do art. 1.003, §6º, do CPC/2015. A comprovação da existência de
feriado local que dilate o prazo para interposição de recursos dirigidos ao STJ deverá ser realizada
por meio de documentação idônea, não sendo suficiente a simples menção ou referência nas
razões recursais. REsp 1.763.167-GO, Rel. Min. Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi,
Terceira Turma, por maioria, julgado em 18/02/2020, DJe 26/02/2020 (info 665)

A tempestividade recursal pode ser aferida, excepcionalmente, por meio de informação


constante em andamento processual disponibilizado no sítio eletrônico, quando informação
equivocadamente disponibilizada pelo Tribunal de origem induz a parte em erro. Caso concreto:
o TJ/MS negou provimento a uma apelação que havia sido interposta pela parte; na
movimentação processual existente no site do TJ/MS, constou a informação de que o vencimento
do prazo recursal para a interposição de recurso ao STJ contra o acórdão do TJ se daria no dia
10/12; assim, no dia 10/12, a parte apresentou recurso especial contra o acórdão do TJ; ocorre
que essa informação estava errada; o termo final do prazo era dia 09/12; isso significa que parte
interpôs o recurso especial intempestivamente; vale ressaltar, contudo, que a parte foi induzida
em erro pela informação constante no sítio oficial do TJ; o STJ, excepcionalmente, considerou
tempestivo o recurso. STJ. Corte Especial. EAREsp 688615-MS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 04/03/2020 (Info 666).

4º ponto

Qual o termo inicial do prazo?

Em regra, o prazo recursal começa da data em que os advogados, sociedades de advogados, Advocacia
Pública, Ministério Público e Defensoria Pública são intimados da decisão.

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a
sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são
intimados da decisão.

69
STJ, 2ª T, AgInt nos EDCL no REsp 1.893.371-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell, d.j. 26/10/21, info 715.
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E como vou saber quando ocorreu a intimação?

Depende.

Sabemos que a intimação por meio eletrônico é a preferencial.

Art. 270. As intimações realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei.
(Lei n. 11.419/06)

Parágrafo único. Aplica-se ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Advocacia Pública o


disposto no § 1o do art. 246 (obrigatoriedade de manutenção de cadastro nos sistemas
eletrônicos do Poder Judiciário).

Lei 11.419/06, Art. 5o As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que
se cadastrarem na forma do art. 2o desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial,
inclusive eletrônico.

Assim, quando os autos são eletrônicos (que é o modo preferencial - art. 246, §1º) a intimação se dará por
meio eletrônico, conforme os ditames da Lei n. 11.419/06.

Veja que a “intimação por meio eletrônico” do CPC c/c Lei n. 11.419/06 se restringe àquela intimação
realizada em portal próprio.

Assim sendo, feita a intimação por meio eletrônico, a parte tem 10 dias para abrir a intimação. Se transcorrer
esse prazo sem a abertura, há a presunção de intimação (art. 5º, §3º, Lei 11.419/06). Ademais, o art. 5º, §6º
dispõe que essa intimação será considerada pessoal para todos os efeitos.

Art. 5o, § 1o Considerar-se-á realizada a intimação no dia em que o intimando efetivar a consulta
eletrônica ao teor da intimação, certificando-se nos autos a sua realização.

§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, nos casos em que a consulta se dê em dia não útil, a
intimação será considerada como realizada no primeiro dia útil seguinte.

§ 3o A consulta referida nos §§ 1o e 2o deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias corridos
contados da data do envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação
automaticamente realizada na data do término desse prazo.

§ 6o As intimações feitas na forma deste artigo, inclusive da Fazenda Pública, serão consideradas
pessoais para todos os efeitos legais.

Ex: Na 4ª Região, o sistema eproc é um portal próprio, dentro do qual a maioria das citações e intimações
ocorrem. O órgão público (ex: AGU) já possui cadastro no sistema. Uma vez prolatada uma decisão, a AGU
será intimada pelo próprio sistema eproc. O Procurador terá 10 dias para consultar a intimação. Se não o
fizer, considera-se intimado no último dia.

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Apenas se não houver esse portal próprio, o art. 272, CPC estabelece outra espécie de intimação, qual seja,
por meio de publicação pela imprensa oficial.

Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação
dos atos no órgão oficial.

Mouzalas, João Otávio e Eduardo dizem que:

Nessa hipótese, as intimações serão consideradas como realizadas, nas capitais dos Estados e no
Distrito Federal e em todas as comarcas do interior em que haja órgão de imprensa, que
oficialmente mantenha publicação das intimações judiciais, pela só publicação de aviso no Diário
de Justiça ou órgão oficial de imprensa local.

Esse Diário de Justiça, em muitos Tribunais, já é o Diário de Justiça Eletrônico (DJe). Mas cuidado, intimação
por meio do DJe é diferente da “intimação eletrônica” citado pelo CPC no art. 270.

Intimação por meio eletrônico (art. 270, CPC) é intimação por portal próprio.

Intimação por meio do DJe é intimação por meio de publicação da imprensa oficial.

Uma diferença salientada é que a intimação por meio eletrônico (art. 270, CPC) é considerada pessoal,
consoante art. 9º, §1º, Lei n. 11.417/06. Já a intimação por meio do DJe não é considerada intimação pessoal.
É o que se infere do art. 4º, §2º, Lei n. 11.419/06 e do enunciado 401, FPPC.

CESPE/Procurador do Município de Fortaleza/2017. Julgue o item seguinte, com base no que dispõe
o CPC sobre atos processuais, deveres das partes e dos procuradores e tutela provisória.

Situação hipotética: Em ação que tramita pelo procedimento comum, determinado município foi
intimado de decisão por meio de publicação no diário de justiça eletrônico. Assertiva: Nessa situação,
segundo o CPC, a intimação é válida, uma vez que é tida como pessoal por ter sido realizada por meio
eletrônico.

Comentários

A alternativa está incorreta. Não é considerada intimação pessoal.

Enunciado 401, FPPC: (art. 183, § 1º) Para fins de contagem de prazo da Fazenda Pública nos processos
que tramitam em autos eletrônicos, não se considera como intimação pessoal a publicação pelo
Diário da Justiça Eletrônico.

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Veja que até a contagem é diferente, quando há a publicação no DJe.

Lei n. 11.419, Art. 4º, § 3o Considera-se como data da publicação o primeiro dia útil seguinte ao
da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico.

§ 4o Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data
da publicação.

Obs1: Portanto, temos a forma preferencial, qual seja, intimação eletrônica – portal próprio (art. 5º, Lei n.
11.41/06) e, como 2ª possibilidade, intimação pelo Diário de Justiça Eletrônico.

Lei 11.419/06, Art. 5o As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que
se cadastrarem na forma do art. 2o desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial,
inclusive eletrônico.

Se houver divergência entre a intimação eletrônica – portal próprio (preferencial) e o Diário de


Justiça Eletrônico, qual prevalece?

1ª corrente (majoritária e ERA a mais recente): Prevalece a intimação eletrônica via portal próprio.

O agravo interno versa sobre o conflito acerca dos efeitos da intimação efetivada via Diário da
Justiça Eletrônico e aquela realizada por meio de portal de intimações. Inicialmente, verifica-se
que a jurisprudência do STJ conta com alguns julgados no sentido de se resolver esse conflito
dando prevalência à intimação via Diário da Justiça Eletrônico, uma vez que essa forma de
intimação "substitui qualquer outro meio e publicação oficial, para quaisquer efeitos legais",
conforme previsto no art. 4º, § 2º, da Lei n. 11.419/2006. Porém, revendo esse posicionamento,
deve prevalecer a intimação via portal eletrônico, pois essa modalidade de intimação dispensa
a publicação via DJe, conforme expressamente previsto no art. 5º do mesmo diploma legal.
Essa previsão expressa de dispensa de publicação no DJe evidencia que a intimação eletrônica
é a que deve ter prevalência. Aliás, essa também foi a opção normativa esposada pelo novo
CPC/2015, conforme se verifica nos seguintes dispositivo legais: “Art. 270. As intimações
realizam-se, sempre que possível, por meio eletrônico, na forma da lei.” e “Art. 272. Quando não
realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos no
órgão oficial.” (STJ, AgInt no AREsp 903.091-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por
unanimidade, julgado em 16/3/2017, DJe 27/3/2017 (informativo 601).

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. PORTAL ELETRÔNICO. DIÁRIO DA JUSTIÇA ELETRÔNICO.


INTIMAÇÕES POR AMBAS AS FORMAS. PREVALÊNCIA DA INTIMAÇÃO POR MEIO DE PORTAL.
DIREITO EMPRESARIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. CESSÃO DE CRÉDITOS. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA.
NÃO SUJEIÇÃO.

1. Controvérsia sobre o termo inicial do prazo recursal em caso de duplicidade de intimações


eletrônicas realizadas na forma da Lei Federal n. 11.419/2006, sendo uma delas por meio do
Diário da Justiça Eletrônico (art. 4º) e a outra pelo Portal Eletrônico (art. 5º).

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2. A intimação efetivada por meio do portal previsto no art. 5º da Lei Federal n. 11.419/2006
prevalece sobre aquela realizada pelo Diário da Justiça eletrônico. Interpretação sistemática
dos arts. 4º e 5º da lei de regência, à luz de dispositivos e princípios do CPC/2015.

3. No caso concreto, observado o decêndio previsto no art. 5º, § 3º, da lei de regência, o recurso
especial é tempestivo.

4. Os créditos garantidos por cessão fiduciária de recebíveis não se sujeitam à recuperação


judicial, a teor do que dispõe o art. 49, § 3º, da Lei n. 11.101/2005. Precedentes. 5. Recurso
especial provido. (STJ, REsp 1653976/RJ, Rel. p/ Acórdão Min. Antônio Carlos Ferreira, d.j.
08/05/2018).

2ª corrente: Prevalece a publicação no DJe, pois ele substitui outros meios de publicação oficial (art. 4º,
§2º, Lei n. 11.419/06).

Nesse sentido, STJ, AgInt no AREsp. 929.175/RJ, Rel. Min. Og Fernandes, d.j. 17/08/2017 e STJ, AgInt no
AREsp 1101413/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Belizze, d.j. 17/10/17.

Ainda, vem se formando jurisprudência recentemente nessa vertente.

Havendo intimação eletrônica e publicação da decisão no Diário da Justiça Eletrônico, prevalece


a data desta última. Isso porque o art. 4º, § 2º, da Lei nº 11.419/2006 afirma que a publicação
em Diário de Justiça eletrônico substitui qualquer outro meio de publicação oficial para quaisquer
efeitos legais. STJ. 1ª Turma. AgInt no AREsp 1553746/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em
11/11/2019. STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1595007/CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
06/05/2020. STJ. 3ª Turma. EDcl no AgInt no REsp 1827489/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 15/06/2020. STJ. 4ª Turma. EDcl no AgInt no AREsp 1330255/MT, Rel. Min. Raul Araújo,
julgado em 10/12/2019. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1580202/RJ, Rel. Min. Leopoldo de Arruda
Raposo (Desembargador Convocado do TJ/PE), julgado em 10/03/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no
AREsp 1431412/AP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/02/2020.

Sendo impossível a aplicação do art. 270 (intimação por meio eletrônico) ou art. 272 (publicação no órgão
oficial), aplicar-se-ão os arts. 273, 274 e 275.

Desses dispositivos, extrai-se que a ordem é a seguinte:

i- A preferência é a intimação eletrônica, em portal próprio;

ii- Se não for possível, publicação em órgão oficial (ex: Diário de Justiça Eletrônico).

iii- Se não for possível, tentar-se-á a intimação pelo correio (arts. 273, II, 274, caput e 275, caput).

iv- Se nesse ínterim, o advogado se fizer presente em cartório, será diretamente intimado pelo escrivão ou
chefe de secretaria (art. 274, caput).

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v- Se nenhuma dessas intimações ocorrerem, a intimação se fará por meio de oficial de justiça (art. 275,
caput).

E, para os casos de intimação por meio de correio, oficial de justiça ou por carta de ordem, precatória ou
rogatória, temos o REsp 1.632.777/SP, julgado em sede de recurso repetitivo, que pacifica o seguinte:

A controvérsia submetida ao rito dos recursos repetitivos limita-se a definir o termo de início
para o cômputo do prazo recursal nas hipóteses em que a intimação é feita por correio, oficial
de justiça ou por carta de ordem, precatória ou rogatória. Quanto ao tema, o art. 241, II do
CPC/1973 preceitua que começa a correr o prazo quando a citação ou intimação for por oficial
de justiça, da data da juntada aos autos do mandado cumprido. Entende-se que, via de regra, o
prazo recursal inicia-se com a intimação. Todavia, sendo a intimação/citação por correio (art.
241, I do CPC/1973, atual art. 231, I do CPC/2015), oficial de justiça (art. 241, II do CPC/1973,
atual art. 231, II do CPC/2015), ou por carta de ordem, precatória ou rogatória (art. 241, IV do
CPC/1973, atual art. 231, VI do CPC/2015), o prazo recursal inicia-se com a JUNTADA AOS
AUTOS do aviso de recebimento, do mandado cumprido ou da juntada da carta. Esse é o
entendimento adotado por esta Corte Especial, conforme se colhe de alguns julgados, a saber:
EREsp 908.045-RS, Rel. Min. Ari Pargendler, DJe 24.2.2014 e AgInt na CR 10.703-EX, Rel. Min.
Laurita Vaz, DJe 15.12.2016.

CESPE/TJPR – Juiz de Direito Substituto/2019 - À luz do entendimento jurisprudencial do STJ a respeito


de aplicação da lei processual, de atos processuais e de execução fiscal, julgue os itens a seguir.

II. O prazo recursal da parte que for intimada, por oficial de justiça, a respeito da decisão judicial se
inicia na data de cumprimento do mandado, e não com a juntada do mandado ao processo.

Comentários: O item II está incorreto. Nos casos de intimação/citação realizadas por correio, oficial de
justiça, ou por carta de ordem, precatória ou rogatória, o prazo recursal inicia-se com a juntada aos
autos do aviso de recebimento, do mandado cumprido, ou da juntada da carta. STJ. Corte Especial.
REsp 1.632.777-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/5/2017 (recurso repetitivo -
Info 604).

Sobre o art. 274 (patrono presente em cartório), vale fazer algumas advertências.

Art. 274. Não dispondo a lei de outro modo, as intimações serão feitas às partes, aos seus
representantes legais, aos advogados e aos demais sujeitos do processo pelo correio ou, se
presentes em cartório, diretamente pelo escrivão ou chefe de secretaria.

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Art. 272, § 6o A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por
pessoa credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia
Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará intimação de qualquer
decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação.

Não só a retirada dos autos, mas qualquer comparecimento espontâneo é capaz de fazer com que a parte
se dê por intimada.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. PRAZO RECURSAL. INTIMAÇÃO PESSOAL. TERMO INICIAL. COMPARECIMENTO
ESPONTÂNEO AOS AUTOS. JURISPRUDÊNCIA PACÍFICA DO STJ.

1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que, o termo a quo do


prazo para interposição de recurso começa a fluir da data da juntada aos autos do mandado de
citação, exceto na hipótese de comparecimento espontâneo aos autos, como nos casos em que
há retirada dos mesmos de cartório, pedido de restituição do prazo, quando a intimação deu-
se na própria audiência, quando feito pedido de exame no balção, dentre outros.

Portanto, in casu, o prazo para interposição do agravo teve seu termo inicial com a ciência
inequívoca do procurador municipal. Precedentes: AgRg no REsp 1.055.100/DF, Rel. Ministro
Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 30/3/2009 e REsp 844.432/ES, Rel. Ministro Humberto Martins,
Segunda Turma, DJ 1/9/2006. 2. Agravo regimental não provido. (STJ, AgRg no AREsp 590678/RS,
Rel. Min. Benedito Gonçalves, d.j. 03/03/15).

Se a parte peticiona espontaneamente nos autos e o conteúdo da petição não deixa dúvida de
que ela teve conhecimento do ato decisório prolatado, mas não publicado, considera-se que
houve ciência inequívoca e, portanto, passa a correr o prazo para interposição de recurso. STJ.
3ª Turma. REsp 1710498/CE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/02/2019.

Cuidado: No informativo 642, o STJ definiu que:

A habilitação de advogado em autos eletrônicos não é suficiente para a presunção de ciência


inequívoca das decisões, sendo inaplicável a lógica dos autos físicos.

A lógica da presunção de ciência inequívoca do conteúdo de decisão constante de autos físicos,


quando da habilitação de advogado com a carga do processo, não se aplica nos processos
eletrônicos.

Para ter acesso ao conteúdo de decisão prolatada e não publicada nos autos eletrônicos, o
advogado deverá acessar a decisão, gerando, automaticamente, informação no movimento do
processo acerca da leitura do conteúdo da decisão. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1592443-PR,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 17/12/2018 (Info 642).

Isso vale para Ministério Público, Defensoria e Advocacia Pública?

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Vejam que o julgado acima aborda o caso, inclusive, de um Procurador Municipal. O STJ (julgado sob a
vigência do CPC/15) considerou que foi intimado com seu comparecimento espontâneo aos autos.

Contudo, temos de ter cuidado.

O Defensor, Promotor ou Procurador já saem intimados da audiência?

1ª corrente: O art. 1.003, §1º, CPC, diz que ele já sairá intimado da audiência, começando a contar o prazo a
partir dali:

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a
sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são
intimados da decisão.

§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for


proferida a decisão.

Essa resposta tem o mesmo raciocínio do estipulado no art. 272, §6º, CPC e do julgamento do STJ acima
mencionado.

Art. 272, § 6o A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pelo advogado, por
pessoa credenciada a pedido do advogado ou da sociedade de advogados, pela Advocacia
Pública, pela Defensoria Pública ou pelo Ministério Público implicará intimação de qualquer
decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação.

Enunciado 274, FPPC: (art. 272, § 6º) Aplica-se a regra do §6º do art. 272 ao prazo para contestar,
quando for dispensável a audiência de conciliação e houver poderes para receber citação.

Contudo, pode ser que uma segunda corrente se sobreponha. Teremos de aguardar os posicionamentos dos
Tribunais Superiores com atenção.

O que a 2ª corrente advoga?

2ª corrente: O STJ e STF decidiram recentemente que, no Processo Penal, a data da entrega dos autos na
repartição administrativa da Defensoria Pública é o termo inicial da contagem do prazo para impugnação de
decisão judicial pela instituição, independentemente de intimação do ato em audiência. (STJ, HC 296.759-RS,
Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por maioria, julgado em 23/8/2017, DJe 21/9/2017); (STF. 2ª Turma. HC
125270/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/6/2015 - Info 791).
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Vejamos a fundamentação, que contém valiosos ensinamentos sobre a instituição.

Cinge-se a discussão a saber se a intimação da Defensoria Pública em audiência determina o início


do cômputo do prazo para recorrer, ou se o prazo somente se inicia com a remessa dos autos
com vista à instituição. Inicialmente, cumpre destacar que a intimação não se confunde com a
contagem do prazo recursal. O CPC/2015 (art. 269) conceitua intimação como "ato pelo qual se
dá ciência a alguém dos atos e termos do processo". Por sua vez, o prazo processual tem relação
com o espaço de tempo de que as partes ou os terceiros interessados dispõem para a prática
válida de atos processuais que darão andamento ao processo. Então, conquanto se reconheça
que intimação do ato e respectivo prazo processual caminhem ligados, uma vez que, em regra, a
ciência ou o conhecimento das partes acerca dos atos processuais dispara o início do cômputo
do prazo para a prática de novos atos, o início na contagem do prazo pode e deve ser postergado
quando adequado e necessário ao exercício do contraditório pleno. A Defensoria Pública é
instituição essencial à função jurisdicional do Estado, notadamente pela defesa, em todos os
graus de jurisdição, dos necessitados (art. 134 da CF) e, para bem desincumbir-se de suas
atribuições constitucionais, assegurou-se à Defensoria Pública um extenso rol de prerrogativas,
direitos, garantias e deveres, de estatura constitucional (art. 134, §§ 1º, 2º e 4º, da CF) e legal
(arts. 370, § 4º, do CPP, 5º, § 5º, da Lei n. 1.060/1950, 4º, V e 44, I, da Lei Complementar n.
80/1994), permeados diretamente por princípios que singularizam tal instituição, dois dos quais
– a unidade e a indivisibilidade – interferem na compreensão do tema objeto de análise. Tais
princípios podem ser traduzidos, inter alia, no fato de que, observados os preceitos legais, um
membro da Defensoria Pública poderá substituir outro quando tal se fizer necessário. Essa
circunstância é de sumo relevo para a percepção da singularidade que caracteriza e diferencia a
atuação de um defensor público, notadamente nas situações em que o agente público, atuando
em audiências criminais, fala, produz prova, debate e requer perante a autoridade judiciária
competente, mas nem sempre será ele o membro que, posteriormente, terá o encargo e a
atribuição de falar no processo e, eventualmente, impugnar atos praticados durante essa
audiência. Observa-se também a existência de legislação específica que assegura à Defensoria
Pública a remessa dos autos com vista (art. 4º, V, da LC n. 80/1994). Assim, certamente nas
hipóteses em que há ato judicial decisório proferido em audiência, haverá, em tal momento, a
intimação pessoal das partes presentes (defesa e acusação). No entanto, essa intimação não é
suficiente para permitir ao membro da Defensoria Pública o exercício pleno do contraditório e
do consequente direito a impugnar o ato, seja porque o defensor não poderá levar consigo os
autos tão logo encerrada a audiência, seja porque não necessariamente será esse mesmo
membro que impugnará o ato decisório proferido em audiência. Então, a melhor exegese
parece ser a que considera poder a intimação pessoal realizar-se em audiência, mas
dependente, para engendrar a contagem do prazo recursal, da remessa dos autos à Defensoria
Pública.

Nesse passo, a 2ª corrente defende que esse entendimento aplicável ao Processo Penal poderia ser
estendido ao Processo Civil, tendo em vista as legislações específicas (LC 80/94 e Lei n. 8.625/93 e LC 75/93)
que conferem essa prerrogativa ao MP e Defensoria.

Ainda, no julgamento conjunto do REsp 1.349.935/SE e HC 296.759/RS, embora se tratasse de processo


penal, eles fizeram referência expressa ao art. 1003, §1º, CPC e ultrapassaram a interpretação literal,
conforme já rememorado no item 5.5.
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Desse modo, teremos de aguardar um posicionamento das demais turmas do STJ a respeito desse tema no
Processo Civil. Se eles generalizarem esse entendimento, pode ser que os arts. 272, §6º e 274, CPC também
sejam relidos.

É possível concluir que isso não está ainda sedimentado na jurisprudência pátria. Assim, em provas objetivas,
sugiro ficar ainda com a redação literal do NCPC (art. 1003, §1º) no sentido de que eles já saem intimados
da audiência, bem como com a redação literal dos arts. 272, §6º e 274 CPC.

Pois bem.

Já sabendo tudo sobre termo inicial, seria possível interpor recurso antes do termo inicial do
prazo recursal?

Na vigência do CPC/73, o entendimento assente do STJ era de que o ato processual prematuro era inválido,
porquanto intempestivo. Assim, se a parte interpusesse um recurso antes do termo inicial do prazo, esse
recurso era tido como intempestivo.

Súmula 418, STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação70.

Era um entendimento absurdo. Ora, a parte diligente, que se antecipou e recorreu antes mesmo da
publicação do acórdão, era prejudicada. Ademais, o direito ao recurso nasce não com a intimação, mas sim
com a prolação da decisão.

Parte inferior do formulário

Enunciado 476, FPPC: (arts. 1046 e 14) Independentemente da data de intimação, o direito ao recurso
contra as decisões unipessoais nasce com a publicação em cartório, secretaria do juízo ou inserção nos
autos eletrônicos da decisão a ser impugnada, o que primeiro ocorrer, ou, ainda, nas decisões proferidas
em primeira instância, será da prolação de decisão em audiência.

Enunciado 616, FPPC: (arts. 1046; 14) Independentemente da data de intimação ou disponibilização de
seu inteiro teor, o direito ao recurso contra as decisões colegiadas nasce na data em que proclamado o
resultado da sessão de julgamento.

O CPC/15, felizmente, mudou a posição.

70
Aplicando ainda o CPC/73, o STJ entendeu que, se nessa ratificação, o advogado se esquece de assinar a petição, não haverá
inexistência do recurso (vício que ocorre quando inexiste assinatura no recurso dirigido ao STJ), mas irregularidade formal que
pode ser sanada pelo peticionante (art. 13, CPC/73, atual art. 76, CPC/15). Afinal, no caso, o recurso propriamente dito já havia
sido interposto, sem nenhum vício, atendendo a todos os requisitos formais. O erro foi na petição de ratificação. STJ, 1ª T, REsp
1.712.851-PA, Rel. Min. Gurgel de Faria, d.j. 14/12/21, info 723.
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Art. 1.024, § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do


julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento
dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

Art. 218, §4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Com isso, o STJ cancelou a súmula 418 e aprovou um novo enunciado.

Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração quando inalterado o julgamento anterior.

Portanto, o ato processual prematuro é válido e tempestivo.

Admite-se a interposição de embargos declaratórios oferecidos antes da publicação do acórdão


embargado e dentro do prazo recursal. Se a parte tomar conhecimento do teor do acórdão antes
de sua publicação e entender haver omissão, contradição ou obscuridade, pode embargar
imediatamente. Não há nada que impeça isso. Não se pode dizer que o recurso é prematuro
porque o prazo começa a correr da data de intimação da parte, e a presença do advogado, a
manifestar conhecimento do acórdão, supre a intimação. Assim, se a parte se sentir preparada
para recorrer antecipadamente, pode fazê-lo. Recurso intempestivo é aquele interposto após o
decurso do prazo. STF. Plenário. AI 703269 AgR-ED-ED-EDv-ED/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 5/3/2015 (Info 776).

FCC/PGE-TO/2018: a) Será considerado intempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

A alternativa A está incorreta. Art. 218, §4º.

VUNESP/Procurador de Rosana-SP/2016. João e Maria litigam em ação indenizatória movida pelo


primeiro em face da segunda. Em sentença proferida em primeiro grau de jurisdição, a ação foi julgada
parcialmente procedente, motivando a interposição de recurso de apelação por ambas as partes. O
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ/SP), por meio de acórdão, confirmou a parcial
procedência, mas omitiu-se com relação a um dos pedidos do recurso interposto por Maria,
consistente na reavaliação e na redistribuição dos ônus da sucumbência. Assim, Maria opôs
tempestivos embargos de declaração, na mesma data em que João interpôs recurso especial. Em novo
acórdão, o TJ/SP manteve integralmente sua decisão. Nesse cenário, de acordo com o contemporâneo
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que o recurso especial interposto

a) será normalmente processado, independentemente de qualquer nova providência por João.

A alternativa A está correta. Súmula 579, STJ. Não é necessário ratificar o recurso especial interposto
na pendência do julgamento dos embargos de declaração quando inalterado o julgamento anterior.

Agora que já sabemos quando o prazo começa (termo inicial), como é feita a contagem dos
prazos?

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O caput do art. 224 dispõe que devemos excluir o dia do começo e incluir o dia do vencimento.

Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento.

Obs1: Se o prazo for em dias corridos e terminar em um feriado (sábado, domingo ou dia em que não houver
expediente forense) a parte deverá realizar tal ato no primeiro dia útil posterior a essa data.

Ademais, essa prorrogação também ocorrerá quando o expediente forense for encerrado antes (ex: previsto
para encerrar às 18h, mas encerra às 17h) OU quando for iniciado após o previsto (ex: abre às 9h, mas abriu
às 12h naquele dia) OU quando houver indisponibilidade do sistema eletrônico (é o que diz os arts. 3º e 10,
§2º, ambos da Lei n. 11.419/06).

Por fim, também se aplica o art. 224, §1º, CPC quando o começo do prazo se der em feriado.

Se a parte, por exemplo, tivesse sido intimada no sábado, esse dia não será considerado como começo do
prazo, sendo protraído, prorrogado para o 1º dia útil seguinte (segunda-feira). Assim, será considerada
intimada na segunda. Como o 1º dia é excluído (art. 224, caput), começamos a contar o prazo a partir de
terça.

É o que diz o art. 224, §1º, CPC.

§ 1o Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil
seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado
depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica.

Enunciado 270, FPPC: (art. 224, § 1º; art.15) Aplica-se ao processo do trabalho o art. 224, § 1º.

Se o dia do vencimento do prazo do recurso cair em uma data na qual o expediente forense foi
encerrado mais cedo que o normal, haverá prorrogação para o dia subsequente?

• CPC-1973: SIM

• CPC-2015: SIM (art. 224, § 1º)

Se o dia do início do prazo do recurso cair em uma data na qual o expediente forense foi
encerrado mais cedo que o normal, haverá prorrogação do início para o dia subsequente?

• CPC-1973: NÃO

• CPC-2015: SIM (art. 224, § 1º)

Para o CPC-1973, a prorrogação em razão do encerramento prematuro do expediente forense


aplica-se tão somente em relação ao dies ad quem (dia do vencimento) do prazo recursal, não se
aplicando para o dies a quo (dia de início). STJ. Corte Especial. EAREsp 185695-PB, Rel. Min. Felix
Fischer, julgado em 4/2/2015 (Info 557).

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CESPE/PGM Campo Grande – Procurador do Município/2019

Em 29 de março de 2019, uma sexta-feira, iniciou-se prazo para que uma autarquia apresentasse
contestação a uma petição inicial de natureza cível, em procedimento ordinário distribuída em uma
das varas federais de uma comarca do Estado do Mato Grosso do Sul, não tendo ocorrido nenhum
feriado até a data final para protocolo da contestação.

Considerando essas situação hipotética, julgue os próximos itens, relativos a comunicação dos prazos
processuais, contestação e reconvenção.

O último dia para o protocolo tempestivo da contestação era 10 de maio de 2019, uma sexta-feira.

Comentários: Correta. O enunciado diz que o prazo para a autarquia começou no dia 29 de março,
sexta-feira.

O prazo para ofertar contestação, normalmente, é de 15 dias úteis (art. 335 c/c art. 219, parágrafo
único, CPC).

Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial
será a data:

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os
dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.

Contudo, a autarquia tem prazo dobrado para suas manifestações, por força do art. 183, CPC.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais,
cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

Assim, a autarquia terá prazo de 30 dias úteis para oferecer contestação.

Resta-nos saber como é feita a contagem desse prazo.

1ª etapa: Primeiro, temos de descobrir o começo do prazo.

Normalmente, devemos consultar o art. 231. Inclusive, no caso da questão (prazo para contestação),
o art. 335, III prevê:

Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo
inicial será a data:

III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos.

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Pelos dados da questão, devemos considerar o dia 29 de março como o começo do prazo.

2ª etapa: O caput do art. 224 dispõe que devemos excluir o dia do começo do prazo e incluir o dia do
vencimento.

Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo
o dia do vencimento.

Se o começo do prazo foi 29 de março, sexta-feira, tendo o prazo de 30 dias úteis, devemos excluir o
dia do começo (29/03/2019 – sexta) e computar o prazo a partir da segunda – primeiro dia útil
subsequente (1/04/2019).

Contados os 30 dias úteis a partir do dia 1º de abril, o termo final é exatamente o dia 10 de maio de
2019.

Por fim, vale aduzir que o transcurso do prazo acabará com o protocolo no tribunal.

Art. 929. Os autos serão registrados no protocolo do tribunal no dia de sua entrada, cabendo à
secretaria ordená-los, com imediata distribuição.

O advogado, portanto, dirige-se ao Tribunal e protocola o seu recurso, dentro do prazo legal.

Se o advogado protocola o recurso no setor errado do Tribunal, o recurso será tempestivo?

Nossa professor, isso nunca aconteceu. Vejam só:

Se o advogado deu entrada no recurso, no último dia do prazo, no setor da contadoria do Tribunal
em vez de ser no protocolo, ainda assim o recurso terá que ser considerado tempestivo. Isso
porque o referido erro não pode ser atribuído exclusivamente ao advogado, mas também ao
setor da contadoria que recebeu a petição do recurso indevidamente. STF. 1ª Turma. RE 755613
AgR-ED/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/9/2015 (Info 800).

Se o processo for eletrônico, a parte deve protocolar até 23h59min do último dia do prazo.

Contudo, se o processo for físico, deverá protocolar dentro do horário de expediente daquele Tribunal.

Ex: O horário de expediente do TJ X é até 18h.

A protocolização de petições e recursos deve ser efetuada dentro do horário de expediente


regulado pela lei local (art.172, § 3º, do CPC 1973). Logo, é intempestivo o recurso protocolizado
após o encerramento do expediente, no último dia do prazo recursal, no regime do plantão
judiciário. STJ. 3ª Turma. AgRg no AREsp 96048-PI, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
16/8/2012.

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Obs1: É possível que a parte interponha o recurso por fax, ficando incumbida de apresentar em juízo o
original em até cinco dias do vencimento do prazo.

Art. 2o A utilização de sistema de transmissão de dados e imagens não prejudica o cumprimento


dos prazos, devendo os originais ser entregues em juízo, necessariamente, até cinco dias da
data de seu término.

Parágrafo único. Nos atos não sujeitos a prazo, os originais deverão ser entregues,
necessariamente, até cinco dias da data da recepção do material.

Muita atenção, pois esses 5 dias são contados de forma contínua (e não em dias úteis), bem como podem
ter início em dia sem expediente forense.

Ainda, o recurso não pode ser interposto por fax depois do expediente forense, no último dia do prazo, no
plantão judiciário.

Embora a interposição de recursos por meio de fax seja admitida, é imprescindível, sob pena de
não conhecimento, a apresentação do original em até cinco dias, conforme determina o art. 2º
da Lei n. 9.800/1999, cujo prazo é contínuo, iniciando no dia imediatamente subsequente ao
termo final do prazo recursal, ainda que não haja expediente forense. HC 244.210-RS, Rel. Min.
Jorge Mussi, julgado em 6/9/2012 (informativo 503).

O agravo regimental interposto via fax no último dia do prazo recursal (5 dias) e após o
expediente forense é considerado intempestivo porquanto só registrado no dia seguinte. AgRg
no Ag 742.801-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 3/6/2008 (informativo 358).

Obs2: Com o desiderato de promoção do acesso à justiça, muitos Tribunais implantaram a possibilidade do
protocolo descentralizado, hipótese prevista expressamente no NCPC.

Art. 929, Parágrafo único. A critério do tribunal, os serviços de protocolo poderão ser
descentralizados, mediante delegação a ofícios de justiça de primeiro grau.

Além dessa possibilidade de protocolo descentralizado, a CRFB prevê até mesmo o funcionamento
descentralizado de Câmaras Regionais nos TRF´s, TRT´s e TJ´s.

Art. 107, § 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente,


constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em
todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Art. 115, § 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente,


constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em
todas as fases do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

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Art. 125, § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo


Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases
do processo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Obs2: Nesses casos de protocolo integrado, para fins de tempestividade, considera-se a data em
que o recurso foi protocolado no tribunal ou na data da postagem?

Art. 1.003, § 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será
considerada como data de interposição a data de postagem.

Com essa previsão, o NCPC superou a antiga redação da súmula 216, STJ.

Súmula 216, STJ: A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida
pelo registro no protocolo da Secretaria e não pela data da entrega na agência do correio.

Enunciado 96, FPPC: (art. 1.003, § 4º) Fica superado o enunciado 216 da súmula do STJ após a
entrada em vigor do CPC.

E se houver informações equivocadas no site do tribunal acerca do prazo recursal? Há presunção


de veracidade e confiabilidade daquelas informações?

Antes da Lei 11.419/06, o STJ entendia que as informações prestadas por meio eletrônico dos Tribunais eram
fonte de mera consulta, não havendo presunção de veracidade e confiabilidade das informações ali
constantes.

Assim, se um sujeito perdesse um prazo por conta dessa informação prestada erroneamente no site do
Tribunal, já era, pois o Tribunal negaria seguimento ao seu recurso pela intempestividade.

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. REABERTURA DE PRAZO. INFORMAÇÕES


PRESTADAS VIA INTERNET. NATUREZA MERAMENTE INFORMATIVA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
ART. 183, § 1°, DO CPC. As informações prestadas via internet têm natureza meramente
informativa, não possuindo, portanto, caráter oficial. Assim, eventual erro ocorrido na
divulgação destas informações não configura justa causa para efeito de reabertura de prazo nos
moldes do art. 183, § 1°, do CPC. Embargos de divergência rejeitados. EREsp 503.761-DF, DJ
14/11/2005.

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Com a Lei 11.419/06, o STJ modificou seu entendimento, agora no sentido de que as informações veiculadas
nos sites oficiais teriam sim presunção de veracidade e confiabilidade.

INFORMAÇÕES PROCESSUAIS. MEIO ELETRÔNICO. A Lei n. 11.419/2006 disciplinou o uso de


meio eletrônico na tramitação dos processos judiciais, comunicação de atos e transmissão de
peças processuais. Assim, a Turma entendeu que não deve prevalecer a jurisprudência que
afirmava terem as informações processuais fornecidas pelos tribunais de justiça e/ou tribunais
federais apenas cunho informativo, pois vige legislação necessária para que as informações
veiculadas pelos sites dos tribunais sejam consideradas oficiais. Daí, a disponibilização pelo
tribunal de serviço eletrônico de acompanhamento dos atos processuais para consulta das partes
e advogados deve realizar-se eficazmente, pois se presumem confiáveis as informações ali
divulgadas. Caso haja algum problema técnico, erro ou omissão do serventuário da Justiça
responsável pelo registro dos andamentos que traga prejuízo a uma das partes, poderá ser
configurada a justa causa prevista no art. 183, § 1º, do CPC, salvo impugnação fundamentada da
parte contrária. Logo, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 1.186.276-SP, Rel. Min.
Massami Uyeda, julgado em 16/12/2010, info 460.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRAZOS. POSSIBILIDADE DO RECONHECIMENTO DE JUSTA CAUSA


NO DESCUMPRIMENTO DE PRAZO RECURSAL. É possível reconhecer a existência de justa causa
no descumprimento de prazo recursal no caso em que o recorrente tenha considerado como
termo inicial do prazo a data indicada equivocadamente pelo Tribunal em seu sistema de
acompanhamento processual disponibilizado na internet. O artigo 183, §§ 1º e 2º, do CPC
determina o afastamento do rigor na contagem dos prazos processuais quando o
descumprimento se der por justa causa. Nesse contexto, o equívoco nas informações processuais
prestadas na página eletrônica dos tribunais configura a justa causa prevista no referido artigo,
o que autoriza a prática posterior do ato sem prejuízo da parte, uma vez que, nesse caso, o
descumprimento do prazo decorre diretamente de erro do Judiciário. Ademais, a alegação de
que os dados disponibilizados pelos Tribunais na internet são meramente informativos e não
substituem a publicação oficial não impede o reconhecimento da justa causa no descumprimento
do prazo recursal pela parte. Além disso, a confiabilidade das informações prestadas por meio
eletrônico é essencial à preservação da boa-fé objetiva, que deve orientar a relação entre o poder
público e os cidadãos. Precedentes citados: REsp 960.280-RS, DJe 14/6/2011, e REsp 1.186.276-
RS, DJe 3/2/2011. REsp 1.324.432-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 17/12/2012, info
513.

É justamente nessa linha que o art. 197, parágrafo único salienta que se houver problemas técnicos ou de
registro do andamento, não poderá haver perda do prazo para a prática do ato processual. Vai também no
mesmo sentido do art. 10, §2º, Lei n. 11.419/06.

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Art. 197, Parágrafo único. Nos casos de problema técnico do sistema e de erro ou omissão do
auxiliar da justiça responsável pelo registro dos andamentos, poderá ser configurada a justa
causa prevista no art. 223, caput e § 1o71.

Art. 10, § 1º Quando o ato processual tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio
de petição eletrônica, serão considerados tempestivos os efetivados até as 24 (vinte e quatro)
horas do último dia.

§ 2º No caso do § 1º deste artigo, se o Sistema do Poder Judiciário se tornar indisponível por


motivo técnico, o prazo fica automaticamente prorrogado para o primeiro dia útil seguinte à
resolução do problema.

Se a interposição se der por fax, porém, esses problemas técnicos não são justificativa para a parte obter
novamente o prazo recursal.

Mesmo que o advogado não tenha conseguido interpor recurso, via fax, por conta de um
problema técnico do próprio Poder Judiciário, não terá ele oportunidade de ajuizar o recurso em
outra data fora do prazo. Em outras palavras, o recurso interposto via fax fora do prazo recursal
deve ser considerado intempestivo, ainda que tenha ocorrido eventual indisponibilidade do
sistema de protocolo via fax do Tribunal no decorrer do referido período de tempo. São de
responsabilidade de quem opta pelo sistema de comunicação por fax os riscos de que eventuais
defeitos técnicos possam impedir a perfeita recepção da petição. STJ. 2ª Turma. AgRg nos EDcl
no AREsp 237482-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/2/2013 (Info 517).

Interrupção do Prazo

O prazo recursal será interrompido por:

a) motivo de força maior

Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte
ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será
tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a
correr novamente depois da intimação.

O advogado somente terá direito à devolução do prazo em virtude de doença se ficar


comprovado que:

71
Art. 223. Decorrido o prazo, extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, independentemente de
declaração judicial, ficando assegurado, porém, à parte provar que não o realizou por justa causa.
§ 1o Considera-se justa causa o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário.
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1) a enfermidade fez com que ele ficasse totalmente impossibilitado de exercer a profissão e de
substabelecer a outro advogado; e

2) o advogado doente era o único procurador constituído pela parte.

Assim, o fato de o advogado juntar um atestado provando que estava doente não é suficiente,
por si só, para ter direito novamente ao prazo recursal. A doença deve ser de tal modo grave que
ele não podia trabalhar nem pedir auxílio a um colega por meio de substabelecimento. Da mesma
forma, ainda que a enfermidade seja muito grave, se a procuração havia sido conferida a mais de
um advogado, não se poderá invocar a justa causa na hipótese de apenas um deles ter ficado
doente. STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 813.405/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 17/05/2016.

b) oposição dos embargos de declaração.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.

Suspensão do Prazo

Além da inexistência de contagem dos prazos nos sábados, domingos e nos dias em que não há expediente
forense (art. 216, CPC), temos ainda 5 (cinco) regras de suspensão de prazos, isto é, casos em que a contagem
do prazo é suspensa e volta a correr depois do término da suspensão.

1ª regra

O art. 220 ainda diz que os prazos serão suspensos no período do dia 20 de dezembro a 20 de janeiro.

Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de
dezembro e 20 de janeiro, inclusive.

Enunciado 269, FPPC: (art. 220) A suspensão de prazos de 20 de dezembro a 20 de janeiro é


aplicável aos Juizados Especiais.

2ª regra

Art. 221. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou
ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313, devendo o prazo ser restituído por tempo igual
ao que faltava para sua complementação.

Parágrafo único. Suspendem-se os prazos durante a execução de programa instituído pelo


Poder Judiciário para promover a autocomposição, incumbindo aos tribunais especificar, com
antecedência, a duração dos trabalhos.

Dentro desse art. 221, temos 3 hipóteses de suspensão.

1ª hipótese: criação de obstáculo em detrimento de alguma parte.


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O STJ já definiu que o obstáculo não pode ser criado pelo próprio corpo jurídico. Ora, é impossível a
suspensão dos prazos processuais por greve dos advogados públicos. Isso não é um motivo de força maior a
ensejar a suspensão ou devolução dos prazos processuais (STJ, REsp. 1.280.063/RJ; Rel. Min. Eliana Calmon,
d.j. 4/6/2013 (info 524).

2ª hipótese: incidência do art. 313, CPC.

3ª hipótese: Quando houver programas de promoção da autocomposição.

Ex1: semana da conciliação. Suspendem-se todos os processos e todos os atores são voltados à promoção
da mediação/conciliação.

3ª regra

Art. 222. Na comarca, seção ou subseção judiciária onde for difícil o transporte, o juiz poderá
prorrogar os prazos por até 2 (dois) meses.

§ 1o Ao juiz é vedado reduzir prazos peremptórios sem anuência das partes.

§ 2o Havendo calamidade pública (ex: enchente), o limite previsto no caput para prorrogação de
prazos poderá ser excedido.

4ª regra

Pelo relator, diante da alegação de suspeição e impedimento.

Art. 146, § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o
incidente for recebido:

I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;

II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente.

5ª regra

Com a afetação dos recursos especial ou extraordinário repetitivo.

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do


pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

II - determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou


coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional;

6ª regra

Com o recebimento do incidente de resolução de demandas repetitivas.

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Art. 982. Admitido o incidente, o relator:

I - suspenderá os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam no Estado ou na


região, conforme o caso;

4.2 - Regularidade Formal

É normal que alguns recursos tenham requisitos formais próprios.

Ex1: no agravo de instrumento, há necessidade de juntar as peças obrigatórias;

Ex2: nos recursos especial e extraordinários, exige-se o prequestionamento.

Todavia, para os recursos, em geral, há alguns requisitos básicos:

1º requisito

O recurso tem de ser, em regra, escrito;

A única exceção em nosso sistema são os embargos de declaração nos Juizados Especiais.

Lei n. 9.099/95, Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente,
no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão.

2º requisito

O recurso deve ser assinado por alguém, em regra, com capacidade postulatória.

1º ponto: recurso assinado

Autos físicos, assinatura no papel.

Autos eletrônicos, assinatura eletrônica, baseada em certificado digital emitido por autoridade certificadora
autenticada, não se admitindo assinatura digitalizada.

Não se admite o recurso interposto mediante aposição de assinatura digitalizada do


advogado. De início, é importante ressaltar que a assinatura digitalizada não se confunde com a
assinatura eletrônica, a qual, nos termos do art. 1º, § 2º, III, "a" e "b", da Lei 11.419/2006, deve
estar baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora Credenciada, na forma
da lei específica ou mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme disciplinado
pelos órgãos específicos. Esse prévio cadastramento, seja perante a autoridade certificadora, seja
perante os órgãos do Poder Judiciário, visa exatamente resguardar a segurança na identificação
dos usuários e a autenticidade das assinaturas feitas por meio eletrônico. Desse modo, a
assinatura digital passa a ter o mesmo valor da assinatura original, feita de próprio punho pelo
advogado, na peça processual. Diferente é a hipótese da assinatura digitalizada, normalmente
feita mediante o processo de escaneamento, em que, conforme já consignado pelo STF, há "mera
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chancela eletrônica sem qualquer regulamentação e cuja originalidade não é possível afirmar
sem o auxílio de perícia técnica" (AI 564.765-RJ, Primeira Turma, DJ 17/3/2006). Com efeito, a
reprodução de uma assinatura, por meio do escaneamento, sem qualquer regulamentação, é
arriscada na medida em que pode ser feita por qualquer pessoa que tenha acesso ao documento
original e inserida em outros documentos. Desse modo, não há garantia alguma de
autenticidade. Note-se que não se está afastando definitivamente a possibilidade de utilização
do método da digitalização das assinaturas. Verifica-se, apenas, que ele carece de
regulamentação que lhe proporcione a segurança necessária à prática dos atos processuais.
Embora, na moderna ciência processual, seja consagrado o princípio da instrumentalidade das
formas, sua aplicação deve encontrar limites exatamente no princípio da segurança jurídica. Não
se trata de privilegiar a forma pela forma, mas de conferir aos jurisdicionados, usuários das
modernas ferramentas eletrônicas, o mínimo de critérios para garantir a autenticidade e
integridade de sua identificação no momento da interposição de um recurso ou de apresentação
de outra peça processual. Posto isso, considera-se como inexistente o recurso cuja assinatura
para identificação do advogado foi obtida por digitalização. REsp 1.442.887-BA, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 6/5/2014 (informativo 554).

E se não houver assinatura?

O STJ tinha o entendimento de que, caso a falta da assinatura fosse nas instâncias ordinárias, o vício era
sanável.

Doutro lado, caso a ausência se desse em recurso especial, implicava o não conhecimento do recurso, sendo
vício insanável pela inexistência jurídica.

Verificada a ausência de assinatura das razões dos embargos de divergência, impõe-se o não-
conhecimento do recurso.

É certo que a falta de assinatura da petição na instância ordinária pode ser suprida à luz do
princípio da instrumentalidade. Na instância especial, contudo, não há oportunidade de
regularização e o recurso interposto sem a assinatura do advogado é considerado inexistente.
Embargos de divergência não-conhecidos. (STJ, EREsp 447766/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, d.j.
10/09/2003).

Não é possível conhecer de recurso especial interposto sem assinatura de advogado. Isso
porque é firme o entendimento de que se trata, nessa situação, de recurso inexistente. Ademais,
a instância especial é inaugurada tão logo seja manejado recurso a ela dirigido, sendo inviável a
abertura de prazo para a regularização de vício formal, ante a ocorrência de preclusão
consumativa. Assim, é inaplicável às instâncias extraordinárias a norma do art. 13 do CPC,
segundo a qual deve o magistrado marcar prazo razoável para sanar defeito relativo à capacidade
postulatória. AgRg no AREsp 219.496-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 11/4/2013
(informativo 521).

O tribunal era bastante contraditório.

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Tal contradição se repetia na ausência de procuração. Entendia o STJ que a ausência de procuração poderia
ser sanada nas instâncias ordinárias e, no recurso especial, a ausência representaria vício de inexistência.

Súmula n. 115: Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem
procuração nos autos.

Todavia, com o NCPC, ambos os entendimentos estão superados pela conjugação dos arts. 76, §2º, 932,
parágrafo único e 1.029, §3º.

Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o


juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.

§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional


federal ou tribunal superior, o relator:

I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;

II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.

Art. 932, Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo
de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação
exigível.

Art. 1.029, § 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá


desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o
repute grave.

Enunciado 82, FPPC: Fica superado o enunciado 115 da súmula do STJ após a entrada em vigor
do CPC.

Enunciado 219, FPPC: (art. 1.029, § 3º) O §3º do art. 1.029 do CPC pode ser aplicado pelo relator
ou pelo órgão colegiado.

Enunciado 220, FPPC: (art. 1.029, § 3º) O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de
Justiça inadmitirá o recurso extraordinário ou o recurso especial quando o recorrente não sanar
o vício formal de cuja falta foi intimado para corrigir.

É admissível, em caso de urgência, nos termos do art. 37 do CPC/1973 (art. 104, § 1º, do
CPC/2015), a regularização da representação processual do autor/agravante, em segunda
instância, a partir do translado do instrumento de procuração a ser juntado na origem no prazo
assinado em lei. STJ. 2ª Seção. EREsp 1265639-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
12/12/2018 (Info 643).

2º ponto: capacidade postulatória

Há algumas exceções em que a lei concede capacidade postulatória a leigos.

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Ex1: justiça do trabalho:

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça


do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.

Ex2: HC:

Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de
outrem, bem como pelo Ministério Público.

A pessoa, sem ter capacidade postulatória, impetra um HC e este é negado. Essa mesma pessoa poderá
ingressar com recurso contra a decisão? Para se interpor o recurso contra a decisão denegatória do HC a
capacidade postulatória também é dispensada72?

1ª TURMA DO STF: SIM 2ª TURMA DO STF: NÃO

A 1ª Turma do STF já decidiu que o habeas A 2ª Turma do STF não conheceu de um


corpus pode ser não apenas impetrado, como recurso interposto contra decisão denegatória
também acompanhado por pessoa leiga (sem de habeas corpus,pelo fato de ele ter sido
capacidade postulatória), que poderá, subscrito por advogado com inscrição suspensa
inclusive, interpor recurso. Assim, não se exige na OAB.
que a peça recursal seja subscrita por
profissional da advocacia. Somente pode interpor recurso ordinário
em HC quem possui capacidade postulatória.

STF. 1ª Turma. HC 102836 AgR, Relator p/


Acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em STF. 2ª Turma. RHC 121722/MG, Rel. Min.
08/11/2011. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/5/2014.
É a posição do STJ.

Ex3: Governador de Estado, Presidente da República para ADI e ADC:

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de


constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

72
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. (In)dispensabilidade de capacidade postulatória para recurso ordinário em HC. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/dc6a7e655d7e5840e66733e9ee67cc
69>. Acesso em: 20/06/2019
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I - o Presidente da República;

V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº


45, de 2004)

Atenção: Nos juizados especiais, embora possa a parte postular em juízo no 1º grau quando a causa for até
20 salários mínimos, quando for interpor recurso, precisará de advogado.

Art. 41, § 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.

3º requisito

respeitando o princípio da dialeticidade, o recurso deve ter fundamentação própria, impugnando


especificamente os pontos da decisão, expondo o pedido (reforma, invalidação, integração e esclarecimento)
e a causa de pedir (error in judicando e error in procedendo). Se a decisão não impugna especificamente os
fundamentos da decisão recorrida, há um defeito na regularidade formal do recurso (súmula 182, STJ).

Ademais, essas razões recursais deve acompanhar a interposição do recurso, pois, ao contrário do Processo
Penal, não há possibilidade de complementação posterior.

4.3 - Preparo

O preparo consiste no adiantamento das despesas relativas ao processamento do recurso, representadas


pela soma das seguintes parcelas:

i- taxa judiciária, competindo a cada ente da Federação (União e Estados) disciplinar os valores;

ii- despesas postais (porte de remessa e retorno dos autos físicos). Se os autos forem eletrônicos, não haverá
necessidade do pagamento desse porte.

Art. 1.007, § 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em


autos eletrônicos.

Lei n. 11.636/0773, Art. 5o Exceto em caso de isenção legal, nenhum feito será distribuído sem o
respectivo preparo, nem se praticarão nele atos processuais, salvo os que forem ordenados de
ofício pelo relator.

Parágrafo único. O preparo compreende todos os atos do processo, inclusive a baixa dos autos.

73
Dispõe sobre as custas judiciais devidas no âmbito do Superior Tribunal de Justiça.

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Se não houver comprovação do preparo no momento da interposição do recurso, o art. 1.007, caput dá a
entender que se aplicaria a pena de deserção e o recurso seria inadmitido.

NCPC, Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido
pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob
pena de deserção.

Obs1: Nos Juizados Especiais, é diferente, sendo o preparo feito nas 48h seguintes à interposição.

Lei n. 9.099/95, Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias, contados da ciência da
sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

§ 1º O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas


seguintes à interposição, sob pena de deserção.

Enunciado 98, FPPC: (art. 1.007, §§ 2º e 4º) O disposto nos §§ 2º e 4º do art. 1.007 do CPC aplica-
se aos Juizados Especiais.

Voltando ao NCPC...

Se não houver comprovação do preparo no momento da interposição do recurso, o art. 1.007, caput dá a
entender que se aplicaria a pena de deserção e o recurso seria inadmitido.

Contudo, há alguns atos a praticar antes da pena de deserção.

Ora, o próprio art. 511, §2, CPC/73, inserido em 1998 já dizia que, diante da insuficiência do preparo, o
recorrente deveria ser intimado para, em 5 dias, complementar o valor.

Art. 511, § 2º A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier
a supri-lo no prazo de cinco dias. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 1998)

O NCPC não só manteve tal previsão (art. 1.007, §2º), mas também ampliou as hipóteses de possibilidade de
correção do vício.

Além da possibilidade de a parte que realizou insuficientemente o preparo poder complementar, em 5 dias,
a parte que não realizou qualquer preparo terá também a oportunidade de realizar o preparo em dobro.

Art. 1.007, § 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,


implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no
prazo de 5 (cinco) dias.

§ 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do


preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado,
para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.

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Enunciado 97, FPPC: (art. 1.007, § 4º) Nos casos previstos no §4º do art. 1.007 do CPC, é de cinco
dias o prazo para efetuar o preparo.

Enunciado 98, FPPC: (art. 1.007, §§ 2º e 4º) O disposto nos §§ 2º e 4º do art. 1.007 do CPC aplica-
se aos Juizados Especiais.

Enunciado 215, FPPC: (art. 1.007, §§ 2º e 4º). Fica superado o enunciado 187 da súmula do STJ
(“É deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justiça, quando o recorrente não
recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa e retorno dos autos”). (Grupo: Ordem
dos Processos nos Tribunais e Recursos Ordinários)

No caso do art. 1.007, §4º, se no momento de realizar o recolhimento em dobro, o recorrente o fizer de
modo insuficiente, aí sim a pena de deserção poderá ser aplicada. Não será dada uma 2ª chance.

§ 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de


remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o.

Tais dispositivos nada mais são que exemplos claros da tônica do NCPC, qual seja, sobrelevar o princípio da
primazia da decisão de mérito, devendo o juiz cooperar para que os vícios sanáveis sejam corrigidos.

MPGO, 2016: Discorra sobre o princípio da primazia da decisão de mérito, consagrada no CPC,
demonstrando quatro situações processuais em que o princípio se concretiza.

Comentários: Há vários exemplos. O art. 1.007, §§2º e 4º é um deles.

E como que o preparo é comprovado nos autos?

Pelo recibo de pagamento.

Mas esse recibo pode ser obtido pela internet?

O pagamento do preparo recursal pode ser comprovado por intermédio de recibo extraído da
internet, desde que esse meio de constatação de quitação possibilite a aferição da regularidade
do recolhimento. A despeito do entendimento de que o comprovante de pagamento emitido
pela internet não possui fé pública, não podendo ser utilizado para comprovação de
recolhimento de preparo recursal, em virtude da possibilidade de adulteração pelo próprio
interessado, entende-se que o ordenamento jurídico não veda expressamente essa modalidade
de demonstração de quitação. Ao contrário, é recomendado o seu uso, por ser mais consentâneo
com a velocidade e a praticidade da vida moderna, proporcionadas pela utilização da rede
mundial de computadores, desde que possível, por esse meio, aferir a regularidade do
pagamento, inclusive permitindo-se ao interessado a impugnação fundamentada. Ademais, as
relações sociais são constituídas com base na presunção de que há boa-fé entre seus co-
partícipes, tendo o direito processual, de forma geral, adotado idêntico viés. Tanto é assim que
a exceção é prevista expressamente nos artigos 14 e seguintes do CPC, outorgando-se
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poderes ao julgador para penalizar aquele que foge à regra geral, ou seja, aquele que age de má-
fé. Além disso, parece ser um contrassenso permitir o uso do meio eletrônico na tramitação do
processo judicial, avalizar a emissão das guias por meio da rede mundial de computadores e, ao
mesmo tempo, coibir o seu pagamento pela mesma via, obrigando o jurisdicionado a se dirigir a
uma agência bancária. Por fim, o próprio Tesouro Nacional autoriza o pagamento pela internet.
Portanto, o fato dos comprovantes de pagamento das custas e do porte de remessa e retorno
terem sido extraídos da internet, por si só, não é circunstância suficiente para conduzir à
deserção do recurso (AgRg no REsp 1.232.385-MG, Quarta Turma, DJe 22/8/2013). Precedente
citado: AgRg no AREsp 249.395-SC, Terceira Turma, DJe 25/2/2014. EAREsp 423.679-SC, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 24/6/2015, DJe 3/8/2015 (informativo 565).

Nos processos de competência do STJ, é possível o pagamento de Guia de Recolhimento da União


(GRU) referente a custas processuais e porte de remessa e de retorno por meio da internet. STJ.
4ª Turma. AgRg no REsp 1232385-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 6/6/2013
(Info 524).

Dito isso, vale pontuar quatro situações peculiares que podem ocorrer.

1ª situação

Finalizo a elaboração do meu recurso às 17h30, no último dia do seu prazo.

Ao sair do escritório para ir ao fórum fazer o protocolo, percebo que não houve pagamento do preparo.

Contudo, também não dá mais tempo, já que o expediente bancário se encerra antes do expediente forense.

Nesse caso, posso protocolar meu recurso e, depois, juntar aos autos o recibo do pagamento do
preparo realizado no 1º dia útil subsequente?

Sim.

Súmula 484, STJ: Admite-se que o preparo seja efetuado no primeiro dia útil subsequente,
quando a interposição do recurso ocorrer após o encerramento do expediente bancário.

2ª situação

Realizo o preparo (pagamento das taxas e porte de remessa e retorno). Contudo, preenchi incorretamente
a guia.

O meu recurso será considerado deserto e, consequentemente, inadmitido?

Não. O relator deverá conceder um prazo de 5 dias para sanar o vício.

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Art. 1.007, § 7o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena
de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

Enunciado 353, FPPC: (arts. 1.007, § 7º, e 15) No processo do trabalho, o equívoco no
preenchimento da guia de custas ou de depósito recursal não implicará a aplicação da pena de
deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
recorrente para sanar o vício no prazo de cinco dias.

3ª situação

Art. 1.007, § 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção,
por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.

Enunciado 610, FPPC: (art. 1.007, §§ 4º e 6º) Quando reconhecido o justo impedimento de que
trata o §6º do art. 1.007, a parte será intimada para realizar o recolhimento do preparo de forma
simples, e não em dobro.

Exs: greves bancárias, enchentes etc.

4ª situação

Diante da insuficiência ou falta de preparo, pode ser que os Desembargadores não percebam a falha e
julguem o recurso.

Se julgarem a apelação e, só depois, forem alertados do vício no preparo, o que ocorrerá?

O julgamento do recurso supre, sana o vício do preparo?

Não.

A falta de preparo é vício formal que não pode ser suprido pelo julgamento do recurso. Logo, o
STJ anulou o acórdão e determinou que o apelante seja previamente intimado para
complementar o preparo, no prazo de 5 dias, sob pena de deserção. Em seguida, caso o apelante
faça a complementação do preparo, aí sim deverá haver novo julgamento da apelação pelo TJ.
STJ. 3ª Turma. REsp 1523971/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/02/2019.

Por fim, vale aduzir que, como toda boa regra, há exceções à obrigatoriedade do preparo.

Exceção Subjetiva

Art. 1.007, § 1o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos
interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos
Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.

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Art. 1o-A. Estão dispensadas de depósito prévio, para interposição de recurso, as pessoas
jurídicas de direito público federais, estaduais, distritais e municipais. (Incluído pela Medida
provisória nº 2.180-35, de 2001)

Obs1:

Tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa, o recurso interposto pela


Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está dispensado do pagamento de
preparo. STJ. Corte Especial. EAREsp 978895-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 18/12/2018 (Info 641).

Obs2: Os beneficiários da justiça gratuita também estão dispensados do preparo.

Art. 98, § 1º A gratuidade da justiça compreende: I - as taxas ou as custas judiciais;

Obs3: A autarquia federal está isenta do recolhimento do preparo. Contudo, os Conselhos, embora sejam
autarquias, não têm direito à isenção do preparo, nos termos do art. 4º, parágrafo único, Lei n. 9.289/96.

Art. 4° São isentos de pagamento de custas:

I - a União, os Estados, os Municípios, os Territórios Federais, o Distrito Federal e as respectivas


autarquias e fundações;

II - os que provarem insuficiência de recursos e os beneficiários da assistência judiciária gratuita;

III - o Ministério Público;

IV - os autores nas ações populares, nas ações civis públicas e nas ações coletivas de que trata o
Código de Defesa do Consumidor, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.

Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as entidades fiscalizadoras do
exercício profissional, nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de
reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte vencedora.

Obs4: Por serem qualificadas como taxas remuneratórias de serviços públicos, encontram-se sujeitos ao
regime jurídico-constitucional pertinente. E, sendo um tributo vinculado, as custas, taxas judiciárias e os
emolumentos devem manter “razoável correlação com o custo da atividade prestada”, sendo imperiosa a
proporcionalidade.

Esse é o sentido da Súmula 667, STF:

Súmula 667, STF: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada
sem limite sobre o valor da causa.

Por fim, em virtude da competência tributária comum constitucionalmente estabelecida, cada ente federado
deve instituir no âmbito de sua organização judiciária o regime de cobrança das custas stricto
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sensu, da taxa judiciária e dos emolumentos. Desse modo, cabe à União estabelecer o regime de cobrança
da Justiça Federal e aos Estados-membros o regime de cada uma das Justiças Estaduais.

Da mesma forma, a dispensa da obrigação do pagamento das custas stricto sensu, da taxa judiciária e dos
emolumentos deve ocorrer por expressa disposição de quem instituiu a cobrança. Segundos os tributaristas,
só a pessoa que validamente criou o tributo, por meio de lei, é que pode criar a isenção, desde que o faça,
também, por meio de lei.

Sendo assim, nenhum ente federado pode dispensar a cobrança de custas stricto sensu, taxa judiciária ou
emolumentos instituídos por outra pessoa política, sob pena de usurpação de competência tributária.

É o entendimento da súmula 178, STJ, pois a Lei que isenta o INSS é federal (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/92 74).

Súmula 178, STJ: O INSS não goza de isenção do pagamento de custas e emolumentos, nas ações
acidentárias e de benefícios, propostas na Justiça Estadual.

O INSS é dispensado de pagar o porte de remessa e retorno mesmo nos processos que tramitam
na Justiça Estadual. Segundo decidiu o STF, o INSS é exonerado de recolher o porte de remessa
e retorno com base no § 1º do art. 511 do CPC 1973 (§ 1º do art. 1.007 do CPC 2015). O porte de
remessa e retorno é uma despesa de serviço postal prestado pelos Correios (empresa pública
federal) e que é remunerada por tarifa (preço público). Desse modo, o porte de remessa e
retorno não tem natureza jurídica de taxa, não sendo uma taxa estadual. Sendo o porte de
remessa e retorno uma tarifa paga a uma empresa pública federal, o CPC, que é uma lei federal,
poderia, de forma válida, prever a sua dispensa para o INSS. Trata-se de diploma editado pela
União, a quem compete dispor sobre as receitas públicas oriundas da prestação do serviço
público postal. O STF resumiu a solução da controvérsia por meio da seguinte frase: "Aplica-se o
parágrafo 1º do artigo 511 do CPC, para dispensa de porte de remessa e retorno, ao exonerar o
seu respectivo recolhimento por parte do INSS”. STF. Plenário. RE 594116/SP, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 3/12/2015 (repercussão geral) (Info 810).

Desse modo, em tese, as Leis Federais (ex: art. 98ss), não poderiam isentar o pagamento de taxas nas Justiças
Estaduais. Necesitaria de Lei Estadual.

Contudo, os Estados também têm leis editadas concedendo as mesmas isenções, o que não gera tanto
tumulto.

Exceção Objetiva

Há dispensa do preparo nos seguintes recursos:

74
Art. 4° São isentos de pagamento de custas: I - a União, os Estados, os Municípios, os Territórios Federais, o Distrito Federal e as
respectivas autarquias e fundações;
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a) embargos de declaração (art. 1.023, caput, CPC)

b) embargos infringentes (art. 34, LEF);

c) agravo em REsp ou RE (art. 1.042, §2º, CPC);

d) recursos no ECA (art. 198, I, Lei n. 9.069/90);

e) habeas corpus e habeas data (art. 5º, Lei n. 9.289/96).

do preparo e fixa prazo para efetuá-lo é irrecorrível.

5 – JUÍZO DE MÉRITO
Ultrapassado o exame da admissibilidade, o órgão jurisdicional passa ao exame do mérito do recurso, que é
representado pelo pedido e causa de pedir recursais.

A causa de pedir recursal se desdobra em:

i- error in procedendo, em que se impugna decisão judicial defeituosa, que contém algum vício formal.

Esse vício pode ser:

a) intrínseco, existente na própria decisão (ex: sentença extra petita), caso em que, normalmente, pede-se a
anulação da decisão e devolução do processo ao órgão responsável para prolação de nova decisão;

De todo modo, se a causa estiver madura, o próprio tribunal pode proceder ao julgamento.

Art. 1.013, § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve


decidir desde logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da
causa de pedir; (sentença extra e ultra petita)

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; (sentença
citra petita)

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

b) extrínseco, existente antes da decisão impugnada.

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Normalmente, a nulidade relativa não será aceita, pois ela deve ser alegada na primeira oportunidade que
puder falar nos autos, sob pena de preclusão e convalidação (art. 278, CPC). E, a essa altura (fase recursal),
normalmente já se passou muito tempo da nulidade relativa.

Assim, o mais comum é que o vício seja de nulidade absoluta, podendo ser alegado a qualquer tempo (em
instâncias ordinárias), a exemplo de ausência de litisconsorte necessário, ausência do MP quando era
imperiosa sua participação etc.

ii- error in judicando, caso em que se impugna o conteúdo da decisão, aduzindo que o juiz analisou mal os
fatos ou que a aplicação do direito foi incorreta.

Doutro lado, os pedidos se desdobram em:

i- reforma;

ii- integração;

iii- invalidação;

iv- esclarecimento.

Vamos verificar quais as correlações possíveis entre pedido e causa de pedir.

5.1 - Reformar

Quando se pleiteia a reforma, a intenção é que o tribunal corrija a decisão, pois se entende que o juízo a quo
errou na sua análise, errou na sua decisão.

A causa de pedir de um pedido de reforma, portanto, é o chamado error in judicando (erro no julgamento).

Obs1: Não há error in judicando somente no mérito, sendo também possível que se suscite erro no
julgamento de questão processual.

5.2 - Invalidar

Procura-se desfazer uma decisão quando é defeituosa.

A causa de pedir já não é o erro no julgamento, no conteúdo da decisão, mas sim equívoco formal, error in
procedendo.

Ex1: decisão extra petita, em que o magistrado concede algo fora do que foi pleiteado;

Ex2: decisão ultra petita, em que o magistrado concede ao autor a tutela e o gênero pleiteados, mas excede
quanto à quantidade, não respeitando a determinação do pedido.

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Ex3: decisão citra petita, em que a análise do magistrado fica aquém do pedido, deixando de apreciar algum
pleito ou de enfrentar uma causa de pedir.

Em todos esses três exemplos, suscita-se a invalidade da decisão e não o seu conteúdo.

Ex4: sentença sem os três requisitos do art. 489, CPC (relatório, fundamentação, dispositivo).

Ex5: magistrado faz julgamento antecipado do mérito, mas sem observar os casos descritos no art. 355, CPC.

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito,
quando:

I - não houver necessidade de produção de outras provas;

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na
forma do art. 349.

Obs1: É normal que o recorrente cumule os pedidos.

Ex1: A decisão é nula (error in procedendo), mas se o tribunal não invalidar, ela, no seu conteúdo, também
está incorreta (error in iudicando).

5.3 - Esclarecer

A causa de pedir é a obscuridade ou contradição.

O recurso para pedir esclarecimento sobre o que o juiz quis dizer é os embargos de declaração.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

5.4 - Integrar

É um pedido para que a decisão judicial se torne íntegra.

Portanto, a causa de pedir no pedido de integração é a omissão.

Aqui, o pleito é formulado também por meio dos embargos de declaração.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:


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I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente


de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

Assumpção aduz que, quanto ao pedido de integração, o NCPC trouxe uma novidade, qual seja, o art. 1.013,
§3º, III, que permite apelação para que integre uma decisão judicial que não analisou um pedido (sentença
citra petita).

Art. 1.013, § 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve


decidir desde logo o mérito quando:

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; (sentença
citra petita)

RECURSOS EM ESPÉCIE

1 - INTRODUÇÃO
Vamos tratar do rol do art. 994, CPC.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo de instrumento;

III - agravo interno;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - embargos de divergência.

Em relação ao CPC/73, foram eliminados agravo retido e embargos infringentes.

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Enunciado 233, FPPC: Ficam superados os enunciados 88, 169, 207, 255 e 390 da súmula do STJ
como consequência da eliminação dos embargos infringentes (“São admissíveis embargos
infringentes em processo falimentar”; “São inadmissíveis embargos infringentes no processo de
mandado de segurança”; “É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes
contra o acórdão proferido no tribunal de origem”; “Cabem embargos infringentes contra
acórdão, proferido por maioria, em agravo retido, quando se tratar de matéria de mérito”; “Nas
decisões por maioria, em reexame necessário, não se admitem embargos infringentes”)

Nos processos ainda regidos pelo CPC/73, são cabíveis embargos infringentes contra acórdão
que, em julgamento de agravo de instrumento, por maioria de votos, reforma decisão
interlocutória para reconhecer a impenhorabilidade de bem, nos termos da Lei nº 8.009/90. STJ.
2ª Seção. EREsp 1131917-MG, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 10/10/2018 (Info 637).

2 - APELAÇÃO

2.1 - Noções Gerais

A apelação é o recurso por excelência, sendo cabível tanto no procedimento comum quanto especial, na
jurisdição contenciosa e voluntária.

A decisão impugnável pela apelação é a sentença, cujo conceito ficou bem claro com o NCPC.

Art. 203, §1º Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o
pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487 (conteúdo), põe
fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução (efeito, finalidade).

Dispensando a parte histórica75, o NCPC adotou um conceito de sentença que leva em conta o seu conteúdo
(fundamento nos arts. 485 e 487) E também seus efeitos (aquela decisão que coloca fim à fase cognitiva do
procedimento comum, bem como extingue a execução – art. 925).

Dessa sentença, em regra, da sentença cabe apelação.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

Por que disse em regra?

Porque a apelação nem sempre é o recurso cabível.

75
Já abordada em aulas passadas.
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Ex1: Nos juizados especiais cíveis, da sentença não cabe apelação, mas sim um recurso que não tem nome
(recurso inominado).

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso
para o próprio Juizado.

Ex2: Na execução fiscal, são cabíveis os embargos infringentes na hipótese do art. 34, LEF.

Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior
a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos
infringentes e de declaração.

50 OTN significa 328,27 R$ até janeiro de 2001. De lá para cá é só atualizar pelo IPCA.

Ex3: Recurso ordinário (art. 105, II, “c”, CRFB)

Da decisão do juiz de 1º grau (juiz federal) na hipótese do art. 109, II, CRFB, caberá interposição do ROC,
exercendo o STJ as funções de um Tribunal de apelação, de 2ª instância, isto é, qualquer recurso contra a
decisão do juiz de primeiro grau será direcionado ao STJ.

Art. 109, II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional E Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;

Art. 105, II - julgar, em recurso ordinário:

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e,


do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

Na CRFB está prevista a competência para analisar recurso ordinário (ROC) contra as decisões do juiz de 1º
grau.

Obs1: Doutro lado, toda decisão que tem conteúdo dos artigos 485 e 487 do novo CPC, mas que não coloca
fim à grande fase cognitiva do procedimento comum (a sentença final) e não coloca fim à execução (art.
925), será uma decisão interlocutória.

O melhor exemplo de decisão interlocutória de mérito é o julgamento antecipado parcial do mérito previsto
no artigo 356 do novo CPC, impugnável por agravo de instrumento.

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em condições de imediato julgamento, nos
termos do art. 355. § 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de
instrumento.

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Enunciado 103, FPPC: (arts. 1.015, II, 203, § 2º, 354, parágrafo único, 356, § 5º) A decisão parcial
proferida no curso do processo com fundamento no art. 487, I, sujeita-se a recurso de agravo de
instrumento.

Frise-se que no artigo 355, que trata do julgamento antecipado total do mérito, fala-se em sentença,
impugnável por apelação, o que não ocorre no artigo anterior.

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando: I - não houver necessidade de produção de outras provas; II - o réu for revel,
ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na forma do art. 349.

Obs2: Nem sempre o objeto da impugnação de uma apelação será uma sentença.

É cabível apelação para impugnar:

a) decisão interlocutória proferida na fase de conhecimento, mas contra a qual não era cabível agravo de
instrumento.

Art. 1.009, § 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito


não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas
em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões.

Na vigência do CPC/73, as decisões interlocutórias ou eram impugnadas por agravo de instrumento ou por
agravo retido.

Com o NCPC, procurou-se criar um rol “taxativo” de hipóteses sujeitas ao agravo de instrumento, deixando
as decisões interlocutórias não constantes ali serem suscitadas em preliminar de apelação ou nas
contrarrazões76.

76
Nesse tópico, o projeto na Câmara dos Deputados tentava aproximar do regime trabalhista e exigir o prévio protesto na 1ª
oportunidade que pudesse se manifestar nos autos.
Todavia, prevaleceu, no Senado, a desnecessidade de tal protesto.
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Nesse passo, é possível que o próprio vencedor tenha interesse recursal em impugnar uma decisão
interlocutória que o prejudicou.

Enunciado 67, I JDPC do CJF: Há interesse recursal no pleito da parte para impugnar a multa do
art. 334, § 8º, do CPC por meio de apelação, embora tenha sido vitoriosa na demanda.

Enunciado 662, FPPC: (art. 1.009, § 1º) É admissível impugnar, na apelação, exclusivamente a
decisão interlocutória não agravável.

Ademais, com o art. 1.009, §1º, as contrarrazões ganharam mais importância, pois exercem função dúplice:

i- resistência às razões de apelação;

ii- impugnação à decisão interlocutória quando a parte não desejar apresentar apelação apenas por aquele
tópico.

Por conta dessa 2ª possibilidade, é interessante perquirir se o vencedor da demanda (sentença favorável)
teria interesse em impugnar uma decisão interlocutória desfavorável em contrarrazões.

Já digo que sim.

Ex1: Fulano demanda Sicrano pleiteando indenização por danos materiais. Sicrano pede produção de prova
pericial e ela é indeferida. De todo modo, o pedido é julgado improcedente.

Fulano apela. Ao contrarrazoar, Sicrano pode não só se defender da apelação, mas também impugnar o
indeferimento da produção de prova pericial.

Isso porque, caso a sentença seja reformada, o tribunal terá de analisar a correção ou não do ato de
indeferimento de produção de provas.

Nesse caso, a doutrina diz que é possível termos um interesse recursal (na impugnação da decisão
interlocutória nas contrarrazões) condicionado (ao resultado do julgamento da apelação).

Por fim, como fica a questão intertemporal?

Enunciado 354, FPPC: (arts. 1.009, § 1º, 1.046) O art. 1009, §1º, não se aplica às decisões
publicadas em cartório ou disponibilizadas nos autos eletrônicos antes da entrada em vigor do
CPC.

Enunciado 355, FPPC: (arts. 1.009, §1º, e 1.046) Se, no mesmo processo, houver questões
resolvidas na fase de conhecimento em relação às quais foi interposto agravo retido na vigência
do CPC/1973, e questões resolvidas na fase de conhecimento em relação às quais não se operou
a preclusão por força do art. 1.009, §1º, do CPC, aplicar-se-á ao recurso de apelação o art. 523,
§1º, do CPC/1973 em relação àquelas, e o art. 1.009, §1º, do CPC em relação a estas.

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CESPE/TJ-PR – Juiz Substituto/2017

Júlio ajuizou ação indenizatória contra Manoel, tendo formalizado pedido único de indenização por
danos morais no valor de cem mil reais. Na fase de produção de provas, o juiz indeferiu o pedido de
prova pericial feito por Júlio. Ao final da fase de conhecimento, o magistrado julgou integralmente
procedente o pedido de indenização. Nessa situação hipotética, de acordo com as regras previstas no
CPC, eventual pretensão recursal de Júlio com a finalidade de permitir a realização da perícia

a) poderá ser apresentada em contrarrazões, caso Manoel apele da sentença.

b) estará preclusa caso não tenha sido interposto recurso de agravo de instrumento da decisão que
indeferiu a prova.

c) deverá ser rejeitada em qualquer hipótese por falta de interesse recursal.

d) poderá ser alcançada mediante a interposição de recurso de apelação, quando o autor for intimado
da sentença de procedência.

Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a


decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem
ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões.

b) capítulo de decisão que integra a sentença, mas cuja matéria versa sobre as hipóteses do art. 1.015, CPC
(agravo de instrumento).

Art. 1.009, § 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões
mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.

Ex1: decisão interlocutória versando sobre tutela provisória é impugnável por agravo de instrumento (art.
1.015, I, CPC). Contudo, se referida decisão integrar a sentença, o recurso cabível será a apelação.

Art. 1.013, § 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é
impugnável na apelação.

Obs3: Já falamos bastante sobre efeito devolutivo (extensão e profundidade), efeito translativo e efeito
suspensivo da apelação.

Deve o aluno, pois, retornar aos tópicos pertinentes.

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2.2 - Procedimento

No prazo de 15 dias úteis, a apelação deve ser interposta perante o juízo de 1º grau.

Obs1: O prazo pode ser em dobro por conta da prerrogativa (ex: Fazenda, MP, DP) ou por conta do
litisconsórcio (art. 229), mas ambos não podem ser somados para chegar no quádruplo77.

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:

I - os nomes e a qualificação das partes;

Requisito necessário para recurso de terceiro prejudicado, já que quando a parte ou MP estiver recorrendo,
suas respectivas qualificações já constam no processo.

II - a exposição do fato e do direito;

III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;

Nesses dois incisos, exige-se que a parte exponha a sua causa de pedir (error in procedendo ou error in
judicando).

Ainda, confiram a permissão do STJ para que sejam juntados novos documentos em sede de apelação.

É possível que a parte junte novos documentos em sede de apelação, desde que atendidos os
seguintes requisitos: a) não se trate de documento indispensável à propositura da ação; b) não
haja indício de má fé; c) seja ouvida a parte contrária, garantindo-se o contraditório (art. 398 do
CPC 1973 / art. 437, § 1º do CPC 2015). STJ. 1ª Turma. REsp 1176440-RO, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, julgado em 17/9/2013 (Info 533).

IV - o pedido de nova decisão.

Pedido de reforma, invalidação ou até mesmo integração (art. 1.013, §1º, III, CPC).

Art. 1.010, § 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze)
dias.

Protocolada a apelação, o juiz irá intimar a parte contrária (apelada) para apresentar contrarrazões.

Lembre-se de que as contrarrazões, atualmente, têm função dúplice.

77
Também já falamos muito sobre tempestividade em tópico próprio.
221
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i- resistência às razões de apelação;

ii- impugnação à decisão interlocutória quando a parte não desejar apresentar apelação apenas por aquele
tópico.

Nesse mesmo prazo de 15 dias para contrarrazoar, o apelado poderá apresentar recurso adesivo.

Se assim o fizer, o apelante será intimado para contrarrazoar o recurso adesivo.

Art. 1.010, § 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para
apresentar contrarrazões.

Depois desse proceder, o juiz deverá remeter os autos ao tribunal, sem realizar o juízo de admissibilidade.

Art. 1.010, § 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

Enunciado 474, FPPC: (art. 1.010, §3º, fine; art. 41 da Lei 9.099/1995) O recurso inominado
interposto contra sentença proferida nos juizados especiais será remetido à respectiva turma
recursal independentemente de juízo de admissibilidade.

Enunciado 356, FPPC: (arts. 1.010, § 3º, e 1.046) Aplica-se a regra do art. 1.010, § 3º, às
apelações pendentes de admissibilidade ao tempo da entrada em vigor do CPC, de modo que
o exame da admissibilidade destes recursos competirá ao Tribunal de 2º grau.

Com o NCPC, não compete mais ao juízo de 1o grau efetuar o juízo de admissibilidade da apelação.

Se ele o fizer (ex: inadmitir apelação por ilegitimidade, por falta de preparo etc.), a parte prejudicada pode
ingressar com reclamação perante o tribunal a quem competiria realizar esse juízo de admissibilidade.

Enunciado 207, FPPC: (arts. 988, I, 1,010, § 3º, 1.027, II, “b”) Cabe reclamação, por usurpação da
competência do tribunal de justiça ou tribunal regional federal, contra a decisão de juiz de 1º
grau que inadmitir recurso de apelação.

Todavia, a doutrina aponta um paradoxo.

Normalmente, faz-se o juízo de admissibilidade e, depois, verifica a possibilidade ou não de retratação.

No CPC/73, eram limitadas as hipóteses de retratação (efeito regressivo), sendo previsto em duas hipóteses:

i- Casos de indeferimento da petição inicial (art. 296)

ii- Casos de improcedência liminar do pedido (art. 285-A)

No NCPC, as possibilidades foram aumentadas significativamente.

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i- Casos de indeferimento da petição inicial (art. 331, §1º)

ii- Casos de improcedência liminar do pedido (art. 332, §3º).

iii- Em todos os casos de extinção do processo sem resolução do mérito (art. 485, §7º)

iv- Agravo de instrumento (art. 1.018, §1º)

v- Agravo interno (art. 1.021)

vi- aplicação de precedente obrigatório pela turma do tribunal (art. 1040, II).

As três primeiras hipóteses de aplica no caso de apelação.

Mas como resolver esse dilema?

1ª corrente: O juiz deverá analisar um único requisito de admissibilidade (tempestividade) para, depois,
poder se retratar.

Enunciado 68, I JDPC do CJF: A intempestividade da apelação desautoriza o órgão a quo a proferir
juízo positivo de retratação.

Enunciado 293, FPPC: (arts. 331, 332, § 3º, 485, §7º, 1.010, § 3º) O juízo de retratação, quando
permitido, somente poderá ser exercido se a apelação for tempestiva.

2ª corrente: A solução será analisar a possibilidade de retratação e nunca realizar o juízo de admissibilidade.

Se for negativa a retratação, sempre mandará os autos ao tribunal para admissibilidade.

Enunciado 99, FPPC: (art. 1.010, §3º) O órgão a quo não fará juízo de admissibilidade da apelação.

Ora, não é possível colocar a tempestividade como um requisito primordial, mais importante que os demais.

Em provas objetivas, sugiro seguir a 2ª corrente, pois é majoritária.

FGV/TJ-SC – Oficial de Justiça Avaliador/2018

Julgado improcedente o seu pedido, a parte autora manejou recurso de apelação para impugnar a
sentença. Mas, observando que a peça recursal padecia de irregularidades formais, o juiz reputou
inadmissível o apelo, deixando de recebê-lo.

Inconformado com essa decisão, deve o autor se valer de:

a) nova apelação;

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b) agravo de instrumento;

c) reclamação;

d) mandado de segurança;

e) recurso extraordinário.

Comentários

A alternativa C está correta.

Contudo, em duas provas, já vislumbrei a aplicação da 1ª corrente.

i- PGM Foz do Iguaçu, na fase discursiva;

ii- PGE-PE/2018

Em agosto de 2018, fora prolatada sentença em um processo julgando procedente o pedido de


determinado Requerente. Insatisfeito, o Requerido interpôs Embargos de Declaração no sexto dia útil
após a intimação da sentença com o intuito de sanar eventual omissão do julgado. Meses depois, após
certificação feita pelo cartório e sem que a outra parte fosse sequer ouvida, o Juízo não conheceu os
embargos de declaração aduzindo sua intempestividade. No segundo dia após ciência da decisão sobre
o não conhecimento dos Embargos Declaratórios, o Requerido interpôs Apelação, a qual não fora
admitida pelo Juízo, sob o argumento que a sentença já havia transitada em julgado quinze dias úteis
após a sua prolação, uma vez que os Embargos Declaratórios não foram sequer conhecidos, aduzindo
portanto, a preclusão temporal. No caso retratado, agiu corretamente o Juízo de primeiro grau ao
inadmitir a Apelação? Justifique e fundamente. Qual princípio ou quais princípios a ausência de
intimação da parte contrária para se manifestar acerca dos Embargos Declaratórios opostos ferem?
Acerca da preclusão, quais são as suas formas de ocorrência em relação às partes? Quais são os
recursos cabíveis em tese contra a decisão que não admitiu a Apelação? Fundamente e justifique sua
resposta.

RESPOSTA: A questão versa sobre Direito Processual Civil, em especial normas fundamentais e
aplicação de normas fundamentais do Processo Civil, atos processuais (tempo e forma), prazos e
regramentos sobre intimações e recursos. A regra processual determina que em regra, basta a
interposição de Embargos Declaratórios para interromper os demais prazos recursais referentes à
parte. Ainda que os Embargos Declaratórios sejam protelatórios, não sejam conhecidos ou não sejam
providos, o prazo se interrompe apenas com a sua interposição, EXCETO nos casos de
intempestividade, conforme entendimento do STJ no AgRg 908561/SP 78. Desta forma, a sentença
transitou em julgado quinze dias úteis após a sua prolatação. A intimação da parte contrária se faz

78
O julgado citado pela banca é de 2008.
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necessária apenas nos casos em que há caráter infringente (modificativo) da decisão. No caso em
análise, a não intimação da parte contrária não violou o princípio do contraditório pois não houve
prejuízo algum à parte Requerente.

A ausência de intimação da parte contrária para se manifestar acerca dos embargos declaratórios
opostos ferem os princípios do contraditório e da não surpresa. Em relação à preclusão, esta pode
ocorrer para a parte das seguintes formas: preclusão temporal (em virtude de ter transcorrido um
prazo determinado), preclusão consumativa (em virtude da prática de determinado ato. Ex.: uma vez
contestada a ação, não é possível emendá-la ou complementa-la) e preclusão lógica (em virtude da
incompatibilidade dos atos entre si. Ex.: O reconhecimento dos pedidos feitos na petição inicial impede
o oferecimento de contestação).

Contra a decisão que inadmitiu a Apelação são cabíveis Agravo de Instrumento e Embargos
Declaratórios

CESPE/PGE-PE – Procurador do Estado/2018

No processo civil, é vedado ao órgão judicial que prolatar a decisão recorrida exercer o juízo de
retratação na hipótese de interposição de

a) agravo de instrumento cuja finalidade seja impugnar decisão interlocutória que tenha determinado
a exclusão de litisconsorte.

b) apelação intempestiva, mesmo que o juízo reconheça erro em sua sentença pela improcedência
liminar do pedido.

c) agravo interno, sob pena de usurpação de competência de órgão colegiado.

d) recurso especial sobrestado que se submeta ao regime jurídico dos recursos repetitivos.

e) recurso contra decisão de natureza interlocutória prolatada, em primeiro grau, na fase de execução.

Comentários

A alternativa B está correta. Enunciado 68, I JDPC do CJF: A intempestividade da apelação desautoriza
o órgão a quo a proferir juízo positivo de retratação.

Infelizmente, não tem como prever como a banca examinadora vai agir.

Vamos aguardar posições mais recentes do STJ a respeito do assunto.

Pois bem.

Chegando a apelação no tribunal, procede-se conforme o art. 1.011, CPC.

Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal e distribuído imediatamente, o relator:

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Como há exigência Constitucional (art. 93, XV, CRFB79) e legal (art. 929, caput, CPC) de que a distribuição seja
imediata, o que ocorre nos dias atuais é o protocolo → distribuição80 no mesmo dia.

Como será feita a distribuição?

Art. 930. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal, observando-se
a alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade.

FMP Concursos/PGE-AC – Procurador do Estado/2017 - Considere as seguintes afirmativas sobre o


tema da ordem dos processos no tribunal no âmbito do Código de Processo Civil. Assinale a alternativa
INCORRETA

a) Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal, observando-se a


alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade.

Comentários: A alternativa A está correta.

Art. 930. Far-se-á a distribuição de acordo com o regimento interno do tribunal, observando-se a
alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade.

Parágrafo único. O primeiro recurso protocolado no tribunal tornará prevento o relator para eventual
recurso subsequente interposto no mesmo processo ou em processo conexo.

A distribuição não se direciona à Câmara ou Turma, mas sim ao Desembargador X ou Y.

Obs1: Uma vez havendo o protocolo, o respectivo Desembargador sorteado se tornará prevento81 para
qualquer demanda conexa protocolada posteriormente.

Art. 930, Parágrafo único. O primeiro recurso protocolado no tribunal tornará prevento o relator
para eventual recurso subsequente interposto no mesmo processo ou em processo conexo.

Ex1:

Art. 1.012, § 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser
formulado por requerimento dirigido ao:

79
Art. 93, XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
80
Vimos em aulas passadas que registro se dá quando há um juízo na comarca/seção/subseção, enquanto distribuição ocorre
quando há dois ou mais juízos. No Tribunal, como há vários Desembargadores, obviamente, ocorre a distribuição.
81
Prevenção é hipótese de competência funcional e, portanto, absoluta.
226
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I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando


o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;

Prosseguindo...

Com o processo em mãos, há duas possibilidades:

Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal e distribuído imediatamente, o relator:

I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do art. 932, incisos III a V;

II - se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo
órgão colegiado.

1ª possibilidade

Antes de estudar o caso, elaborar o relatório e devolver o caso ao presidente do órgão colegiado para colocar
o processo em pauta, o relator pode praticar vários atos.

Ao relator também compete, nos termos do art. 932, CPC, determinar a realização de diligências, correção
de vícios, instrução do feito e apreciação do requerimento de tutela provisória etc.

Contudo, as condutas mais importantes, ao estudarmos apelação, estão nos incisos III a V do art. 932, CPC,
ocasiões em que o magistrado:

Art. 932, III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;

Aqui, o relator verificará os requisitos:

a) intrínsecos: cabimento, legitimidade, interesse em recorrer e inexistência de fato impeditivo ou extintivo


do poder de recorrer;

b) extrínsecos: preparo, tempestividade e regularidade formal.

A parte final do inciso é desnecessária, pois “recurso prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão” também será inadmissível.

O recurso será considerado prejudicado se ocorrer um fato superveniente82 que gere falta de interesse
recursal.

82
Pode dizer respeito ao juízo de admissibilidade ou ao mérito.
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Constatado o fato superveniente, aplica-se o art. 933.

Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a


existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no
julgamento do recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias.

§ 1º Se a constatação ocorrer durante a sessão de julgamento, esse será imediatamente suspenso


a fim de que as partes se manifestem especificamente.

§ 2º Se a constatação se der em vista dos autos, deverá o juiz que a solicitou encaminhá-los ao
relator, que tomará as providências previstas no caput e, em seguida, solicitará a inclusão do
feito em pauta para prosseguimento do julgamento, com submissão integral da nova questão
aos julgadores.

Enunciado 60, I JDPC do CJF: É direito das partes a manifestação por escrito, no prazo de cinco
dias, sobre fato superveniente ou questão de ofício na hipótese do art. 933, § 1º, do CPC,
ressalvada a concordância expressa com a forma oral em sessão.

Por sua vez, se a decisão não impugna especificamente os fundamentos da decisão recorrida, temos um
defeito na regularidade formal do recurso.

Súmula 182, STJ: A ausência de impugnação específica ao fundamento da decisão agravada torna
inviável o agravo regimental.

Doutro lado, os incisos IV e V, art. 932 autorizam que o relator julgue sozinho os recursos, hipóteses que se
ligam àqueles precedentes obrigatórios do art. 927, CPC.

Trata-se de previsão bastante diferente do antigo art. 557, CPC/7383, já que não se admite mais julgar sozinho
o processo quando o recurso for “manifestamente improcedente”, expressão muito vaga.

Se for para negar provimento ao recurso (art. 932, IV), não precisa ouvir o recorrido, obedecendo à lógica do
art. 332 (improcedência liminar do pedido), que também dispensa a oitiva prévia do réu, que será favorecido
com o julgamento.

Doutro lado, se o relator for dar provimento ao recurso (art. 932, V), deverá abrir vista ao recorrido, já que
será prejudicado.

Vejam as hipóteses!

83
Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com
súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal
Superior. (Redação dada pela Lei nº 9.756, de 1998)
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Art. 932. Incumbe ao relator:

IV - negar provimento a recurso que for contrário a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão


recorrida for contrária a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

Súmula 253, STJ: O art. 557 do CPC/73 (atual art. 932, IV e V), que autoriza o relator a decidir o
recurso, alcança o reexame necessário.

Súmula 568, STJ: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou
negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema84.

2ª possibilidade

Quando não for o caso de decidir o recurso monocraticamente, distribuído o processo ao


Desembargador/Ministro, ele estudará o caso e elaborará o relatório85.

Art. 931. Distribuídos, os autos serão imediatamente conclusos ao relator, que, em 30 (trinta) dias, depois
de elaborar o voto, restituí-los-á, com relatório, à secretaria.

84
A doutrina critica bastante a expressão “entendimento dominante acerca do tema”, porquanto a súmula estaria dando poderes
extras ao STJ e aos relatores, qual seja, de, monocraticamente, decidir o mérito de um recurso com base em precedente não
obrigatório. Acesso: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/coluna-cpc-nos-tribunais/o-julgamento-
monocratico-pelo-relator-no-stj-16062017
85
Lançado aos autos o relatório, o relator ficará vinculado à causa, devendo participar do julgamento, ainda que venha a ser
removido para outra Câmara ou Turma.
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Em seguida, os autos serão apresentados ao presidente do órgão (Turma/Câmara/órgão pleno/plenário),


que designará dia para julgamento, mandando publicara pauta no órgão oficial, bem como afixar na entrada
da sala em que se realizará a sessão de julgamento.

Art. 934. Em seguida, os autos serão apresentados ao presidente, que designará dia para
julgamento, ordenando, em todas as hipóteses previstas neste Livro, a publicação da pauta no
órgão oficial.

Art. 935. § 2º Afixar-se-á a pauta na entrada da sala em que se realizar a sessão de julgamento.

No julgamento, sempre teremos, no mínimo, duas etapas, quais sejam, a análise da admissibilidade e a
decisão de mérito.

Art. 938. A questão preliminar suscitada no julgamento será decidida antes do mérito, deste não
se conhecendo caso seja incompatível com a decisão.

Enunciado 652, FPPC: (arts. 938, caput e 939) Cada questão preliminar suscitada será objeto de
votação específica no julgamento.

Na apelação, uma grande novidade foi a abolição da figura do revisor.

Encerrado o julgamento, caberá ao presidente proclamar o resultado.

Art. 941. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento, designando


para redigir o acórdão o relator ou, se vencido este, o autor do primeiro voto vencedor.

2.3 – Novas Questões de Fato

Excepcionalmente, autoriza-se que o recorrente apresente novas questões de fato, desde que:

a) não criem uma nova causa de pedir, não proposta no 1º grau;

b) desde que o apelante prove que deixou de alegá-la por motivo de força maior.

Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na
apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.

Barbosa Moreira destaca 4 situações em que a força maior estaria presente:

i- fatos supervenientes, ocorridos após a publicação da sentença;

ii- ignorância do fato pela parte, com a exigência de um motivo sério e objetivo para que a parte
o desconhecesse;

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iii- impossibilidade de a parte comunicar o fato ao seu advogado, desde que exista uma causa
objetiva para justificar a omissão;

iv- impossibilidade do próprio advogado em comunicar o fato ao juízo, desde que demonstrada
que a omissão foi causada por obstáculo insuperável e alheio à sua vontade.

Havendo essas questões, o tribunal poderá também dar oportunidade à produção probatória.

FCC/Prefeitura de Campinas-SP – Procurador/2016

No tocante à apelação, é correto afirmar:

a) As questões de fato não propostas no Juízo inferior não podem ser suscitadas na apelação, em
nenhuma hipótese, porque o pedido caracterizaria inovação processual, que é vedada.

b) Quando se pleitear efeito suspensivo à apelação, o pedido deverá ser dirigido ao juiz que proferiu a
sentença, cuja decisão caberá agravo.

c) Como regra geral, a apelação terá efeito meramente devolutivo, produzindo efeitos imediatamente
após a publicação da sentença.

d) Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível,


julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao Juízo de
primeiro grau.

e) As questões resolvidas na fase de conhecimento, cujas decisões comportem ou não agravo de


instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação ou
nas contrarrazões.

Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se
a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.

A alternativa B está incorreta.

Art. 1.012, § 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser
formulado por requerimento dirigido ao:

I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o


relator designado para seu exame prevento para julgá-la;

II - relator, se já distribuída a apelação.

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A alternativa C está incorreta.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

A alternativa D está correta.

Art. 1013. § 4o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se
possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao
juízo de primeiro grau.

A alternativa E está incorreta.

Art. 1.009, § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em
preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

3 – AGRAVO DE INSTRUMENTO

3.1 - Introdução

O CPC/73 previa quatro modalidades de agravo.

a) agravo de instrumento;

b) agravo retido;

c) agravo interno;

d) agravo em recurso especial e extraordinário.

O NCPC extinguiu a hipótese de agravo retido e modificou bastante as outras espécies86.

Iremos tratar do agravo de instrumento e agravo interno prontamente e do agravo em REsp e Rext mais à
frente.

Pois bem.

Com o NCPC, as hipóteses de agravo de instrumento ficaram limitadas àquelas situações previstas em lei.

86
Assumpção ainda cita como nova hipótese o agravo do art. 15, caput, Lei do MS, mas sobre ele já tratamos em tópico à parte.
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Mas onde estão essas previsões legais?

O principal dispositivo é o art. 1.015, mas há outras previsões espalhadas pelo CPC.

Inclusive, o próprio art. 1.015, XIII assim permite.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Ex1: art. 354, parágrafo único;

Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz
proferirá sentença.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela do
processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento.

Ex2: art. 1.037, §13, I;

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do


pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

§ 9º Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a ser julgada
no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu
processo.

§ 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o § 9º caberá:

I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau;

Ex3: art. 1.027, §1º.

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional


e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

§ 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá
agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015.

Em outras hipóteses, o NCPC até previu agravo de instrumento de modo desnecessário, porquanto já
previsto no rol do art. 1.015, CPC.
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ART. 356. O JUIZ DECIDIRÁ PARCIALMENTE O MÉRITO


QUANDO UM OU MAIS DOS PEDIDOS FORMULADOS OU
PARCELA DELES: I- MOSTRAR-SE INCONTROVERSO; II -
ART. 1.015, II - MÉRITO DO PROCESSO;
ESTIVER EM CONDIÇÕES DE IMEDIATO JULGAMENTO, NOS
TERMOS DO ART. 355 .

§ 5º A DECISÃO PROFERIDA COM BASE NESTE ARTIGO É


IMPUGNÁVEL POR AGRAVO DE INSTRUMENTO.

Art. 101. Contra a decisão que indeferir a Art. 1.015, V - rejeição do pedido de gratuidade
gratuidade ou a que acolher pedido de sua da justiça ou acolhimento do pedido de sua
revogação caberá agravo de instrumento, revogação;
exceto quando a questão for resolvida na
sentença, contra a qual caberá apelação.

Na legislação extravagante, temos as seguintes previsões:

a) art. 100, Lei n. 11.101/05;

Art. 100. Da decisão que decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência
do pedido cabe apelação.

b) art. 17, §10, Lei n. 8.429/92 (improbidade);

Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela
pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.

§10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento. (Vide Medida
Provisória nº 2.088-35, de 2000)

c) art. 19, §1º, Lei n. 4.717/65 (ação popular)87

Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao
duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da
que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. (Redação dada pela
Lei nº 6.014, de 1973)

§ 1º Das decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento. (Redação dada pela Lei nº
6.014, de 1973)

87
A doutrina dos direitos difusos e coletivos, inclusive, aponta que, como se trata de um microssistema, essa norma poderia ser
aplicada para ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção coletivo, improbidade etc.
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E o que acontece com as decisões interlocutórias contra as quais não caberá agravo de
instrumento?

Haverá irrecorribilidade imediata dessas decisões, devendo ser impugnadas em preliminar de apelação ou
em contrarrazões.

Art. 1.009, § 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito


não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas
em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões.

Mas qual foi o fundamento disso?

O NCPC tinha a ideia de que o agravo de instrumento era o recurso que emperrava a justiça brasileira.

Assim, pretenderam, com fundamento no princípio da oralidade, aumentar as hipóteses de irrecorribilidade


imediata, a fim de dar ao juiz de 1º grau um maior controle na condução do processo, além de simplificar o
procedimento.

Crítica: há situações não previstas em lei, mas que, pela urgência, deveriam ensejar AI para que o tribunal se
manifestasse logo. Se aguardar, pode ocasionar anulação do processo desde o seu início, atravancando ainda
mais a justiça. Ademais, há tribunais que funcionam bem. O problema não é esse recurso. Em terceiro lugar,
a ausência de AI vai estimular a impetração de mandado de segurança.

De certa forma, pode-se dizer que o STJ encampou algumas dessas críticas doutrinárias e, em 12/18, pontuou
que é possível sim haver interpretação ampliativa para admitir AI “quando verificada a urgência decorrente
da inutilidade do julgamento da questão no recurso de apelação”.

Doutro lado, sobre o mandado de segurança, o STJ já disse ser inadmissível, nem excepcionalmente, a
impetração de mandado de segurança para impugnar decisões interlocutórias após a publicação do acórdão
sobre a taxatividade mitigada do AI, que será explicado abaixo88.

Pois bem.

Quando o CPC/15 foi gestado, dizia-se que o rol do art. 1.015 era taxativo. Contudo, no dia 5/12/18, a Corte
Especial do STJ entendeu (com modulação de efeitos – a partir da publicação do acórdão), por 7x5, que o
art. 1.015 tem taxatividade mitigada, isto é, é possível interposição do AI quando se discute questões
urgentes e de difícil reparação, caso não sejam apreciadas quando questionadas. Enfim, admite-se a

88
STJ, 3ª T, RMS 63.202-MG, Rel. Min. Bellizze, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, d.j. 01/12/20, info 684.
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interposição de agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento


da questão no recurso de apelação.

No julgamento, o STJ resumiu bem as correntes:

Inicialmente, é importante destacar as conflitantes posições doutrinárias e, aparentemente


indissolúveis, divergências jurisprudenciais sobre as quais se pretende pacificar o entendimento
desta Corte. São elas:

a) o rol do art. 1.015 do CPC é absolutamente taxativo e deve ser interpretado restritivamente;

b) o rol do art. 1.015 do CPC é taxativo, mas admite interpretações extensivas ou analógicas; e

c) o rol do art. 1.015 é exemplificativo, admitindo-se o recurso fora das hipóteses de cabimento
previstas no dispositivo.

A enunciação, em rol pretensamente exaustivo (tese “a”), das hipóteses em que o agravo de
instrumento seria cabível revela-se, na esteira da majoritária doutrina e jurisprudência,
insuficiente e em desconformidade com as normas fundamentais do processo civil, na medida
em que sobrevivem questões urgentes fora da lista do art. 1.015 do CPC e que tornam inviável a
interpretação de que o referido rol seria absolutamente taxativo e que deveria ser lido de modo
restritivo.

Da mesma forma, a tese de que o rol do art. 1.015 do CPC seria taxativo, mas admitiria
interpretações extensivas ou analógicas (tese “b”), mostra-se ineficaz para conferir ao referido
dispositivo uma interpretação em sintonia com as normas fundamentais do processo civil, seja
porque ainda remanescerão hipóteses em que não será possível extrair o cabimento do agravo
das situações enunciadas no rol, seja porque o uso da interpretação extensiva ou da analogia
pode desnaturar a essência de institutos jurídicos ontologicamente distintos.

Por sua vez, a tese de que o rol seria exemplificativo (tese “c”), resultaria na repristinação do
regime recursal das interlocutórias que vigorava no CPC/1973 e que fora conscientemente
modificado pelo legislador do novo CPC, de modo que estaria o Judiciário, nessa hipótese,
substituindo a atividade e a vontade expressamente externada pelo Poder Legislativo.

Assim, a tese que se propõe consiste em, a partir de um requisito objetivo – a urgência que
decorre da inutilidade futura do julgamento do recurso diferido da apelação –, possibilitar a
recorribilidade imediata de decisões interlocutórias fora da lista do art. 1.015 do CPC, sempre
em caráter excepcional e desde que preenchido o requisito urgência. Trata-se de reconhecer
que o rol do art. 1.015 do CPC possui uma singular espécie de taxatividade mitigada por uma
cláusula adicional de cabimento, sem a qual haveria desrespeito às normas fundamentais do
próprio CPC e grave prejuízo às partes ou ao próprio processo. (REsp 1.704.520-MT, Rel. Min.
Nancy Andrighi, Corte Especial, d.j. 05/12/2018 (Tema 988), info 639.

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Doutrina tem criticado tal julgado na medida em que gerou extrema insegurança jurídica. Ora, com o rol em
aberto, todos dependerão, portanto, dos julgados do STJ fixando quais decisões são passíveis ou não de
agravo de instrumento.

Todos os casos já julgados pelo STJ a respeito serão apontados a seguir.

Antes, apenas confiram como ficou o direito intertemporal.

Enunciado 354, FPPC: (arts. 1.009, § 1º, 1.046) O art. 1009, §1º, não se aplica às decisões
publicadas em cartório ou disponibilizadas nos autos eletrônicos antes da entrada em vigor do
CPC.

Enunciado 355, FPPC: (arts. 1.009, §1º, e 1.046) Se, no mesmo processo, houver questões
resolvidas na fase de conhecimento em relação às quais foi interposto agravo retido na vigência
do CPC/1973, e questões resolvidas na fase de conhecimento em relação às quais não se operou
a preclusão por força do art. 1.009, §1º, do CPC, aplicar-se-á ao recurso de apelação o art. 523,
§1º, do CPC/1973 em relação àquelas, e o art. 1.009, §1º, do CPC em relação a estas.

3.2 – Rol do art. 1.015, CPC

Embora o STJ tenha permitido alargar o rol do art. 1.015, não deixa de ser imprescindível a análise de inciso
por inciso do referido dispositivo.

3.2.1 – Inciso I

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

Sabemos que o NCPC assim organizou o tema “tutela provisória”.

Antecipada

TUTELA Urgência antecedente ou incidental

PROVISÓRIA (art. 300ss ) Cautelar

(art. 294 e ss.)

Somente incidental
Evidência (art. 311)

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Portanto, contra decisão que analisa qualquer uma dessas espécies de tutela provisória será cabível agravo
de instrumento.

Obs1: Como forma de aprofundar em quais hipóteses poderíamos considerar que houve decisão sobre tutela
provisória, o STJ proferiu longo julgado, analisando vários pontos.

O conceito de "decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória" previsto no art. 1.015, I,
do CPC/2015, abrange as decisões que examinam a presença ou não dos pressupostos que
justificam o deferimento, indeferimento, revogação ou alteração da tutela provisória e, também,
as decisões que dizem respeito ao prazo e ao modo de cumprimento da tutela, a adequação,
suficiência, proporcionalidade ou razoabilidade da técnica de efetivação da tutela provisória e,
ainda, a necessidade ou dispensa de garantias para a concessão, revogação ou alteração da tutela
provisória.

O art. 1.015, I, do CPC/2015 ("decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória") deve ser
lido e interpretado como uma cláusula de cabimento de amplo espectro, de modo a permitir a
recorribilidade imediata das decisões interlocutórias que digam respeito não apenas ao núcleo
essencial da tutela provisória, mas também que se refiram aos aspectos acessórios que estão
umbilicalmente vinculados a ela, porque, em todas essas situações, há urgência que justifique o
imediato reexame da questão em 2º grau de jurisdição.

Isso não significa dizer, todavia, que absolutamente toda e qualquer questão relacionada ao
cumprimento, operacionalização ou implementação fática da tutela provisória se enquadre no
conceito de decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória e, consequentemente, possa
ser impugnada de imediato pelo agravo de instrumento.

Como exemplo: a necessidade de recolhimento de taxas, despesas ou custas para a


implementação da medida deferida. Tais providências, não se relacionam, direta e nem mesmo
indiretamente, com a tutela provisória objeto da decisão interlocutória impugnável, mas sim,
com a execução, operacionalização e implementação fática da providência que já foi requerida e
obtida, descabendo discutir, em âmbito de tutela provisória, a questão relacionada ao fato de a
parte beneficiária da tutela arcar com as despesas e, ao final, ser ressarcida pelo vencido,
inclusive como decorrência lógica da necessidade de plena reintegração que permeia a tutela
jurisdicional efetiva. REsp 1.752.049-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
12/03/2019, DJe 15/03/2019 (informativo 644).

Obs2: E se a decisão não analisar o pleito de tutela provisória, postergando a sua análise ou
mesmo exigindo alguma providência do autor? Caberá AI?

1ª corrente (STJ antigamente): Tem conteúdo de despacho, sendo, portanto, irrecorrível.

O despacho que posterga a análise da tutela provisória não revela conteúdo decisório, sendo,
por força do art. 1.001 do CPC (correspondente ao art. 504 do CPC revogado), irrecorrível (AgRg
no REsp 1357542/ES, rel. min. Arnaldo Esteves Lima, 1ª Turma, DJe de 06/08/2014 e AgRg no Ag
725.466/DF, rel. min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJ de 01/08/2006).
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2ª corrente (doutrina majoritária e decisões mais recentes do STJ): Tem conteúdo de decisão interlocutória,
sendo, portanto, recorrível.

Enunciado 70, I Jornada, CJF – É agravável o pronunciamento judicial que postergar a análise de
pedido de tutela provisória ou condicioná-la a qualquer exigência.

Enunciado 29, FPPC: (art. 298, art. 1.015, I) É agravável o pronunciamento judicial que postergar
a análise do pedido de tutela provisória ou condicionar sua apreciação ao pagamento de custas
ou a qualquer outra exigência.

O juízo de primeiro grau, ao deixar de apreciar pedido de tutela antecipada, optando por
manifestar-se após a contestação, o que fez, em última análise, foi considerar ausente o
pressuposto específico do risco de dano (periculum in mora), porquanto não vislumbrou
prejuízo para a parte quando postergou eventual concessão da medida. Não se trata, portanto,
de mero despacho, e sim de decisão interlocutória, vez que, não tendo sido concedida a
antecipação da tutela, permaneceu para o autor o interesse em afastar a ocorrência de dano
irreparável. Cabível, nessas circunstâncias, a interposição do agravo de instrumento, com o
intuito de se obstar, de imediato, a ocorrência do dano. REsp 814.100/MA, rel. min. Teori Albino
Zavascki, 1ª Turma, DJe de 02/03/2009 e AgRg no AREsp 16.391/RR, rel. min. Benedito Gonçalves,
1ª Turma, DJe de 13/12/2011.

Ainda, no informativo 644, constou o seguinte:

O conceito de "decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória" previsto no art. 1.015, I,
do CPC/2015, abrange as decisões que examinam a presença ou não dos pressupostos que
justificam o deferimento, indeferimento, revogação ou alteração da tutela provisória e, também,
as decisões que dizem respeito ao prazo e ao modo de cumprimento da tutela, a adequação,
suficiência, proporcionalidade ou razoabilidade da técnica de efetivação da tutela provisória e,
ainda, a necessidade ou dispensa de garantias para a concessão, revogação ou alteração da tutela
provisória. REsp 1.752.049-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em
12/03/2019, DJe 15/03/2019 (informativo 644).

Embora não haja menção à postergação da decisão na ementa, no voto de relatoria Ministra Nancy Andrighi,
seguido à unanimidade pela Turma, foi dito que a decisão que posterga a análise da tutela também é
impugnável por agravo de instrumento.

Obs3: Nos casos do art. 1.015, I, CPC, excepcionalmente, haverá sustentação oral no AI.

Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará
a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao
membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um,
a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput
do art. 1.021:

VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que versem sobre
tutelas provisórias de urgência ou da evidência;
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Obs4: Se essa tutela provisória for concedida na sentença, não caberá a interposição de apelação E decisão
interlocutória.

Considerará o ato processual como um todo (sentença) e contra ela se interporá a apelação.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art.
1.015 integrarem capítulo da sentença.

Art. 1.013, § 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é
impugnável na apelação.

A Turma proveu em parte o recurso, entendendo que, referente à aplicação do princípio da


fungibilidade, para que se aceite a interposição de agravo de instrumento e apelação contra
pontos distintos de uma única sentença, é vedada a interposição cumulativa de recursos,
simultânea ou não, para impugnar um mesmo ato judicial complexo, encerrando matéria
interlocutória e de mérito. No caso, cabível apenas a apelação, ainda que da decisão
interlocutória. Precedentes citados: REsp 326.117-AL, DJ 26/6/2006; REsp 791.515-GO, DJ
16/8/2007, e AgRg na SLS 799-SP, DJe 7/8/2008. REsp 1.035.169-BA, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 20/8/2009 (informativo 403).

O agravo pode ser interposto contra a decisão interlocutória que determina busca e apreensão
de menor para efeito de transferência de guarda, uma vez que tal hipótese, no entendimento do
colegiado, encaixa-se na regra do inciso I do artigo 1.015 (processo em segredo de justiça).

A decisão interlocutória que majora a multa fixada para a hipótese de descumprimento de decisão
antecipatória de tutela anteriormente proferida é recorrível por agravo de instrumento.

(...) "é possível concluir que o art. 1.015, I, do CPC/2015, deve ser lido e interpretado como uma cláusula
de cabimento de amplo espectro, de modo a permitir a recorribilidade imediata das decisões
interlocutórias que digam respeito não apenas ao núcleo essencial da tutela provisória, mas também que
se refiram aos aspectos acessórios que estão umbilicalmente vinculados a ela, porque, em todas essas
situações, há urgência que justifique o imediato reexame da questão em 2º grau de jurisdição". (REsp
1.752.049/PR, Terceira Turma, DJe 15/03/2019). Nesse caminho, subsequentes decisões interlocutórias

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cujos conteúdos se relacionem diretamente com um primeiro pronunciamento jurisdicional versarão, de


igual modo, sobre a tutela provisória, especialmente quando a decisão posterior alterar a decisão anterior
– no caso, houve a majoração da multa anteriormente fixada em razão da renitência da requerida. (REsp
1827553/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/08/2019, DJe
29/08/2019, info 655)

3.2.2 – Inciso II

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

II - mérito do processo;

No CPC/73, havia entendimento tradicional de que das decisões de mérito, caberia apelação.

O NCPC quebra com essa lógica, permitindo expressamente que o juiz decida o objeto litigioso de forma
parcial, por meio de decisão interlocutória de mérito.

Ex1: decisão parcial de mérito (art. 356);

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles: I - mostrar-se incontroverso; II - estiver em condições de imediato julgamento, nos
termos do art. 355. § 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de
instrumento.

Enunciado 103, FPPC: (arts. 1.015, II, 203, § 2º, 354, parágrafo único, 356, § 5º) A decisão parcial
proferida no curso do processo com fundamento no art. 487, I, sujeita-se a recurso de agravo de
instrumento.

Ex2: homologação de autocomposição parcial (art. 487, III, “b”);

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: III - homologar: b) a transação;

Ex3: art. 354, parágrafo único (ex: reconhecimento de decadência ou prescrição de um dos pedidos
cumulados).

Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o juiz
proferirá sentença.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parcela do
processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento.

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A decisão interlocutória que afasta (rejeita) a alegação de prescrição é recorrível, de imediato,


por meio de agravo de instrumento com fundamento no art. 1.015, II, do CPC/2015. Isso porque
se trata de decisão de mérito. Embora a ocorrência ou não da prescrição ou da decadência
possam ser apreciadas somente na sentença, não há óbice para que essas questões sejam
examinadas por intermédio de decisões interlocutórias, hipótese em que caberá agravo de
instrumento com base no art. 1.015, II, do CPC/2015, sob pena de formação de coisa julgada
material sobre a questão. STJ. 3ª Turma. REsp 1738756-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 19/02/2019 (Info 643).

A decisão que deixa de homologar pedido de extinção consensual da lide retrata decisão
interlocutória de mérito a admitir recorribilidade por agravo de instrumento, interposto com
fulcro no art. 1.015, II, do CPC/15. STJ, 1ª T, REsp 1.817.205-SC, Rel. Min. Gurgel de Faria, d.j.
05/10/21.

Cabe AI quando a decisão interlocutória em fase de saneamento resolve sobre o enquadramento


fático-normativo da relação de direito existente entre as partes (CC ou CDC) e versa também
sobre prescrição ou decadência (STJ, REsp 1.702.725,3T, d.j. 13/08/19).

Cabe agravo de instrumento, nos termos do art. 1.015, II, do CPC/2015, contra decisão
interlocutória que fixa data da separação de fato do casal para efeitos da partilha dos bens. Trata-
se de decisão parcial de mérito, considerando que é uma decisão que resolve uma parcela do
pedido de partilha de bens. STJ. 3ª Turma. REsp 1798975-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 02/04/2019 (Info 645).

Cabe agravo de instrumento contra a decisão interlocutória que acolhe ou afasta a arguição de
impossibilidade jurídica do pedido (questão de mérito) REsp 1.757.123-SP, Rel. Min. Nancy
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 13/08/2019, DJe 15/08/2019 (info 654)

Não é cabível agravo de instrumento contra decisão que indefere pedido de julgamento
antecipado do mérito por haver necessidade de dilação probatória. AgInt no AREsp 1.411.485-
SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, d. j. 01/07/19. (info
653)

Não cabe agravo de instrumento contra a decisão que aplica multa por ato atentatório à dignidade da
justiça pelo não comparecimento à audiência de conciliação. (...) não há de ser incluída no inciso II do
art. 1.015 do CPC e, se assim se entendesse, restaria esvaziada a intenção de celeridade do legislador STJ,
REsp 1.762.957-MG, Rel. Min. Sanseverino, 3ª T, d.j. 10/03/2020, info 668.

Obs1: Daniel critica o tratamento desuniforme entre a decisão interlocutória de mérito impugnável por
agravo de instrumento (art. 356, CPC) e a sentença de mérito impugnável por apelação.

Se de um lado esse tratamento impediu várias apelações em momentos distintos, doutro criou algumas
limitações indevidas àqueles que interpõem agravo de instrumento.

Ex1: AI não possui efeito suspensivo (na apelação existe, em regra).

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Ex2: No AI não há sustentação oral (admitida na apelação – art. 937, I, CPC);

Por conta disso, parcela doutrinária já vem defendendo a possibilidade de sustentação oral.

Enunciado 61, I JDPC do CJF: Deve ser franqueado às partes sustentar oralmente as suas razões,
na forma e pelo prazo previsto no art. 937, caput, do CPC, no agravo de instrumento que impugne
decisão de resolução parcial de mérito (art. 356, § 5º, do CPC).

Ex3: Como o agravo de instrumento é recurso sem efeito suspensivo, é possível liquidação ou execução
provisória dessa decisão parcial de mérito.

Aqui, essa possibilidade de execução provisória gera uma contradição interessante com a sentença de mérito
impugnável por apelação.

Como a apelação é recurso dotado, em regra, do duplo efeito (devolutivo e suspensivo), não será cabível a
execução provisória da sentença.

Ainda, o art. 356, §2º diz que referida execução independe de caução.

Art. 356, § 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na
decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso
contra essa interposto.

Embora a lei tenha isentado a execução provisória de qualquer caução, enunciado 49 da Enfam cria uma
hipótese em que a caução seria necessária.

Enunciado 49, Enfam: No julgamento antecipado parcial de mérito, o cumprimento provisório


da decisão inicia-se independentemente de caução (art. 356, § 2º, do CPC/2015), sendo aplicável,
todavia, a regra do art. 520, IV.

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito
suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo, sujeitando-se ao
seguinte regime:

V - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem transferência de


posse ou alienação de propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa resultar grave
dano ao executado, dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e
prestada nos próprios autos.

Assumpção critica bastante esse enunciado que, segundo ele, torna letra morta o art. 356, §2º, CPC. Vamos
aguardar e ver o qual será a jurisprudência.

3.2.3 – Inciso III

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

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III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

Muito embora a ausência de convenção de arbitragem seja um pressuposto processual negativo (já falamos
disso), não pode ser alegada a qualquer momento do feito, como poderia nos levar a crer o art. 485, §3º,
CPC.

Cabe ao réu alegar a convenção de arbitragem (cláusula compromissória ou compromisso arbitral) no


primeiro momento em que couber ao réu falar no processo89, sob pena de preclusão.

Art. 337, § 6o A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma


prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.

Obs1: Como aduzem Didier e Leonardo da Cunha, toda renúncia deve ser interpretada restritivamente (art.
114, CC), razão pela qual a não alegação pelo réu (fato jurídico) seria uma abdicação da jurisdição arbitral
apenas para aquele processo. Assim sendo, a convenção de arbitragem permaneceria existente para a
solução de outro litígio.

Obs2: No CPC/73, havia discussão se o juiz deveria reconhecer de ofício a cláusula compromissória ou o
compromisso arbitral, pois o art. 301, §4º90, CPC excepcionava apenas o compromisso arbitral, nada falando
sobre a cláusula compromissória.

Agora não há dúvida. Nenhuma das duas espécies de convenção de arbitragem poderão ser reconhecidas de
ofício pelo juiz.

Art. 337, § 5o Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá


de ofício das matérias enumeradas neste artigo.

Assim, uma vez provocado, o magistrado poderá91:

a) rejeitar a alegação da convenção de arbitragem, decisão contra a qual caberá agravo de instrumento (art.
1.015, III);

b) acolher a alegação da convenção de arbitragem, extinguindo o processo sem resolução do mérito.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

89
Nesse momento, também poderá requerer o segredo de justiça (art. 189, IV, CPC).
90
§ 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada neste artigo. (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
91
Na aula sobre defesas do réu, trato com mais profundidade desse tema.
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VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral


reconhecer sua competência;

Dessa decisão de acolhimento, caberá AI?

Não, pois haverá uma sentença que resolverá o processo sem resolução do mérito. E, contra sentença, cabe
apelação (art. 1.009, caput).

Todavia, caso o juiz acolha a alegação de convenção de arbitragem, mas não extinguir o processo sem
resolução do mérito, aí sim caberá AI.

Enunciado 435, FPPC: (arts. 485, VII, 1015, III) Cabe agravo de instrumento contra a decisão do
juiz que, diante do reconhecimento de competência pelo juízo arbitral, se recusar a extinguir o
processo judicial sem resolução de mérito.

Pois bem.

A decisão que reconhece a incompetência (absoluta ou relativa), segundo interpretação literal do CPC, não
é mais impugnável por agravo de instrumento, podendo a parte impugnar tal decisão apenas em sede de
apelação ou contrarrazões.

A doutrina criticou muito essa falta de previsão, aplicando a interpretação analógica e sistemática para incluir
essa previsão no art. 1.015, III, ou mesmo suscitando a hipótese de mandado de segurança.

O STJ92, encampando proposta doutrinária, passou a admitir interpretação analógica e extensiva do art.
1.015, III para permitir o agravo de instrumento contra decisão sobre competência, já que ambas possuem
a mesma ratio, qual seja, afastar o juízo incompetente para a causa, permitindo que o juízo natural e
adequado julgue a demanda, além do fato de ser uma reapreciação urgente, sob pena de o processo tramitar
por logo período no juízo incompetente.

Atenção: o STJ93 entendeu inadmissível o AI da decisão do juiz estadual que declina da competência para o
juízo federal apenas para que analise o interesse da CEF na demanda. Uma vez analisado o pedido de
intervenção do ente pela Justiça Federal, aí sim haverá cabimento do agravo de instrumento – com base no
art. 1015, IX e não neste inciso III do art. 1015.

3.2.4 – Inciso IV

92
STJ, 4ª Turma, REsp 1.679.909-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, d.j. 14/11/17, DJe 01/02/2018, info 618; STJ, Corte Especial,
EREsp 1.730.436-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, d.j. 18/08/21, info 705.
93
STJ, 4ª Turma, REsp. 1755016/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, d.j. 27/06/21
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Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

Há duas hipóteses de instauração:

1ª hipótese: se o pedido for feito já na petição inicial, não há formação de incidente (art. 134, §2º). Também
não há suspensão do processo. Nesses casos, já será citado o sócio (desconsideração propriamente dita) ou
a pessoa jurídica (desconsideração inversa).

Nesse caso, segundo Didier, não caberá agravo de instrumento, pois a desconsideração será decidida em
sentença, contra a qual cabe apelação.

Enunciado 124, FPPC: A desconsideração da personalidade jurídica no processo do trabalho deve


ser processada na forma dos arts. 133 a 137, podendo o incidente ser resolvido em decisão
interlocutória ou na sentença.

Enunciado 390, FPPC: Resolvida a desconsideração da personalidade jurídica na sentença, caberá


apelação.

2ª hipótese: formula-se o pedido em outra fase, que não com a petição inicial. Nesses casos, é instaurado
um incidente processual, que suspende o processo até ele ser decidido.

Na 2ª hipótese, o incidente será decidido por decisão interlocutória, contra a qual caberá agravo de
instrumento.

Obs1: Frise-se que a desconsideração pode se dar em grau de recurso, quando caberá ao relator, e contra
essa decisão caberá agravo interno para o colegiado, na forma do artigo 932 do novo CPC.

Art. 932. Incumbe ao relator: VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade


jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal;

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

3.2.5 – Inciso V

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;

Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação
caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual
caberá apelação.

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A decisão que deferir ou indeferir o pedido de gratuidade de justiça initio litis, ou que reconhecer, revogar
o direito à gratuidade no curso do processo será sempre classificada como interlocutória, pois o juiz resolve
questão incidente sem extinguir o processo ou fase processual de conhecimento (art. 203, §1º e 2º, CPC).

No CPC/73, tanto a decisão que deferia quanto a que indeferia eram impugnáveis por agravo de instrumento.

Contudo, com o NCPC, o cabimento do agravo de instrumento ficou limitado às situações expressamente
previstas em lei.

E o art. 1.015, V, CPC dispõe apenas que caberá AI em relação às decisões interlocutória denegatórias do
direito à gratuidade de justiça, bem como àquela decisão que acolhe a impugnação e revoga o benefício.

Passa a ser irrecorrível imediatamente a decisão que reconhecer o direito à gratuidade de justiça, sendo
apenas admissível que a questão seja suscitada como preliminar em eventual recurso de apelação (art. 1.009,
§ 1º, do CPC).

Obs1: E no caso de impugnação à justiça gratuita ofertada na vigência do CPC/73, em autos apartados
(conforme Lei n. 1050/60), com decisão proferida já na vigência do CPC/2015. Qual o recurso cabível?

Cabe agravo de instrumento94 contra o provimento jurisdicional que, após a entrada em vigor do
CPC/2015, acolhe ou rejeita incidente de impugnação à gratuidade de justiça instaurado, em
autos apartados, na vigência do regramento anterior.

A fim de averiguar o recurso cabível na hipótese, convém salientar, primeiramente, que a


sucessão de leis processuais no tempo é subordinada, consoante a pacífica jurisprudência desta
Corte, ao princípio geral do "tempus regit actum", no qual se fundamenta a teoria do isolamento
dos atos processuais. De acordo com essa teoria – atualmente positivada no art. 14 do CPC/2015
– a lei processual nova tem aplicação imediata aos processos em desenvolvimento,
resguardando-se, contudo, a eficácia dos atos processuais já realizados na forma da legislação
anterior, bem como as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada. Nesse
diapasão, importa salientar que, de acordo com o regramento anterior, e independente de a
concessão do benefício ser requerida na petição inicial ou durante o curso do processo, havia a

94
Sobre o cabimento do AI, acompanhem os REsp. 1.696.396/MT e 1.704.520/MT, que irá definir a natureza do rol do art. 1.015
do CPC/15 e verificar possibilidade de sua interpretação extensiva, para se admitir a interposição de agravo de instrumento
contra decisão interlocutória que verse sobre hipóteses não expressamente versadas nos incisos de referido dispositivo do
Novo CPC. A Rel. Min. Nancy Andrighi defendeu a taxatividade mitigada do dispositivo, devendo ser admitido quando for
apresentado para discutir questões urgentes e de difícil reparação, caso não sejam apreciadas no momento em que questionadas.

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formação de autos apartados - razão pela qual o art. 17 da Lei n. 1.060/50 (com a redação dada
pela Lei n. 6.014/73) previa o cabimento do recurso de apelação contra as decisões relativas ao
benefício da justiça gratuita - o que suscitava intensa crítica na doutrina, já que o pedido de
gratuidade constitui questão incidental no processo, cuja solução se dá por meio de decisão
interlocutória, e não sentença. Importa ressaltar que o art. 1.072 do CPC/2015 expressamente
revogou os arts. 4º, 6º, 7º e 17 da Lei n. 1.060/50, dentre outros. Além disso, os arts. 99 e 100 do
novo Codex disciplinam que não há mais a exigência de autuação em separado para o
requerimento do benefício durante o curso do processo ou para a impugnação. Dessa forma,
tanto o pedido do interessado como a objeção da parte adversa são decididos incidentalmente
nos próprios autos principais, via de regra por meio de decisão interlocutória (ressalvada a
possibilidade de a questão ser decidida em capítulo da sentença). Nesse contexto, prescreve o
NCPC, de forma explícita, o cabimento do recurso de agravo de instrumento contra a decisão que
indeferir a gratuidade ou acolher pedido de sua revogação (arts. 101 e 1.015, V, do Código), salvo
se a questão for decidida na sentença, contra a qual caberá apelação, segundo a regra geral do
sistema recursal (art. 1.009, caput). STJ. 3ª Turma. REsp 1.666.321-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 07/11/2017 (Info 615).

O STJ salientou que, consoante o tempus regit actum e o princípio do isolamento dos atos processuais (art.
14, CPC), a lei a reger o recurso cabível e a forma de sua interposição é aquela vigente à data da publicação
da decisão impugnada.

No caso concreto, o STJ afirmou que, “em que pese a autuação do incidente de impugnação à gratuidade de
justiça em autos apartados, segundo o procedimento vigente à época, o provimento jurisdicional que
revogou o benefício foi prolatado já na vigência do CPC/2015, que prevê o cabimento do recurso de agravo
de instrumento”.

Obs2: No caso de gratuidade de justiça originariamente requerida em sede de recurso, sendo indeferido o
pedido pelo relator do processo, a decisão monocrática será impugnável por intermédio de agravo interno.

Obs3:

Enunciado 612, FPPC: (arts. 1.015, V; 98, §§5º e 6º) Cabe agravo de instrumento contra decisão
interlocutória que, apreciando pedido de concessão integral da gratuidade da Justiça, defere a
redução percentual ou o parcelamento de despesas processuais.

3.2.6 – Inciso VI

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

É tratada como meio de prova autônomo nos arts. 396 a 404, CPC, mas nada mais é que meio de obtenção
de elementos de prova documental.

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A doutrina defende que o procedimento será diverso se o documento estiver em mãos da parte adversária
(haverá um incidente processual) OU em mãos de terceiro particular95, ocasião em que haverá um processo
incidente (criando uma nova relação jurídica processual).

Da decisão interlocutória que resolve o incidente (contra a parte adversária), caberá agravo de instrumento
(art. 1.015, VI).

Se houver requerimento de exibição em face de terceiro, o processo incidente será resolvido por sentença,
contra a qual será cabível a apelação.

Todavia, em decisão relevante, já no final de 2019, o STJ entendeu que o recurso cabível é o agravo de
instrumento para ambas as hipóteses.

“(....)A regra do art. 1.015, VI, do CPC/15, tem por finalidade permitir que a parte a quem a lei ou
o juiz atribuiu o ônus de provar possa dele se desincumbir integralmente, inclusive mediante a
inclusão, no processo judicial, de documentos ou de coisas que sirvam de elementos de convicção
sobre o referido fato probandi e que não possam ser voluntariamente por ela apresentados. 5-
Partindo dessa premissa, a referida hipótese de cabimento abrange a decisão que resolve o
incidente processual de exibição instaurado em face de parte, a decisão que resolve a ação
incidental de exibição instaurada em face de terceiro e, ainda, a decisão interlocutória que versou
sobre a exibição ou a posse de documento ou coisa, ainda que fora do modelo procedimental
delineado pelos arts. 396 e 404 do CPC/15, ou seja, deferindo ou indeferindo a exibição por
simples requerimento de expedição de ofício feito pela parte no próprio processo, sem a
instauração de incidente processual ou de ação incidental. (...)”(REsp 1798939/SP, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/11/2019, DJe 21/11/2019)

3.2.7 – Inciso VII

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

VII - exclusão de litisconsorte;

Pelo fato de não extinguir o processo, é decisão interlocutória, sendo atacável por AI.

Essa previsão abrange somente a decisão que exclui o litisconsorte. Por outro lado, não cabe
agravo de instrumento contra a decisão que indefere o pedido de exclusão de litisconsorte
(decisão que mantém o litisconsorte). STJ. 3ª Turma. REsp 1724453-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 19/03/2019 (Info 644).

95
Se for repartição pública, aplica-se o art. 438, CPC.

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3.2.8 – Inciso VIII

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

Tal possibilidade se dá no chamado litisconsórcio multitudinário.

Art. 113, § 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na
fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a
rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.

Obs1: A limitação do litisconsórcio ocorrerá apenas nos casos em que ele for facultativo. No litisconsórcio
necessário, não há possibilidade de recusa pelo réu ou limitação pelo juiz.

Obs2: O juiz pode tranquilamente limitar o litisconsórcio facultativo multitudinário para garantir a duração
razoável do processo, pois é uma garantia constitucional de todos.

Obs3: Sendo feito o pedido, o juiz decidirá o incidente por meio de decisão interlocutória.

Se indeferido, caberá agravo de instrumento (art. 1.015, VIII, CPC).

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

Se deferido, também caberá AI, pois terá havido uma exclusão de litisconsorte (art. 1.015, VII, CPC).

VII - exclusão de litisconsorte;

Percebam que a limitação do litisconsórcio acarreta o desmembramento do processo e não a extinção dele.
Ainda, o juiz tem discricionariedade para indicar o número que pretende ver em cada processo.

386, FPPC: A limitação do litisconsórcio facultativo multitudinário acarreta o desmembramento


do processo.

387, FPPC: A limitação do litisconsórcio multitudinário não é causa de extinção do processo.

Obs4: A doutrina discute se o juiz poderia limitar com base somente no eventual prejuízo à defesa, mesmo
sem o réu falar nada. Pode?

1ª corrente (minoritária): O direito à ampla defesa (art. 5º, LV, CRFB) diz respeito somente à defesa. Se esta
não alegar nenhum prejuízo, não pode o juiz, de ofício, fazer essa limitação.

2ª corrente (majoritária): O juiz pode sim de ofício entender que o direito à ampla defesa estará prejudicado
e, consequentemente, limitar o litisconsórcio facultativo multitudinário.
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3.2.9 – Inciso IX

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

A redação do dispositivo é bem clara, sendo importante lembrar 2 pontos.

1º ponto

Além das intervenções de terceiro dos arts. 119 a 138, existem outras (exs: arts. 338, 339, 343, §§3º e 4º,
382, §1º, intervenção anômala etc.).

2º ponto

Das intervenções de terceiro dos arts. 119 a 138, apenas no amicus curiae não será cabível a interposição do
agravo.

A decisão do Relator que ADMITE ou INADMITE o ingresso do amicus curiae é irrecorrível. STF. Plenário.
RE 602584 AgR, Rel. para acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 17/10/2018.

O problema é que, depois desse Recurso Extraordinário acima citado, o STF terminou o julgamento da ADI
3.396 (06/08/2020) e decidiu que, à luz do artigo 7º, § 2º, da Lei 9868/99 (Lei da ADI, ADC e ADO), é cabível
o recurso de agravo contra a decisão que não permitiu o ingresso do amicus curiae.

Vai caber à Corte definir se cabe ou não recurso. Todavia, como a ADI teve julgados de Ministros já
aposentados, bem como não votaram Barroso e Alexandre de Moraes, sugiro ficar com a posição do RE, isto
é, de que a decisão do Relator que ADMITE ou INADMITE o ingresso do amicus curiae é irrecorrível.

Em se tratando de decisão interlocutória com duplo conteúdo é possível estabelecer como


critérios para a identificação do cabimento do recurso: (i) o exame do elemento que prepondera
na decisão; (ii) o emprego da lógica do antecedente-consequente e da ideia de questões
prejudiciais e de questões prejudicadas; (iii) o exame do conteúdo das razões recursais
apresentadas pela parte irresignada.

No caso, a controvérsia se dá no cabimento de agravo de instrumento decorrente de


pronunciamento jurisdicional que admite ou inadmite a intervenção de terceiro e que, em
virtude disso, modifica ou não a competência, em virtude da natureza complexa, pois reúne,
na mesma decisão judicial, dois conteúdos que, a despeito de sua conexão, são
ontologicamente distintos e suscetíveis de inserção em compartimentos estanques. Para a
solução, o primeiro critério que se pode fixar diz respeito a preponderância de carga decisória,
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ou seja, qual dos elementos que compõem o pronunciamento judicial é mais relevante. A partir
desse critério, conclui-se que a intervenção de terceiro exerce relação de dominância sobre a
competência, sobretudo porque, na hipótese, somente se pode cogitar de uma alteração de
competência do órgão julgador se – e apenas se – houver a admissão ou inadmissão do terceiro
apto a provocar essa modificação.. REsp 1.797.991-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma,
por unanimidade, julgado em 18/06/2019, DJe 21/06/2019 (info 651)

3.2.10 – Inciso X

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;

Além da decisão que concede, modifica ou revoga, é possível também AI contra decisão que não concede.

Enunciado 71, I JDPC do CJF: É cabível o recurso de agravo de instrumento contra a decisão que
indefere o pedido de atribuição de efeito suspensivo a Embargos à Execução, nos termos do art.
1.015, X, do CPC.

De início, verifica-se que em uma interpretação literal e isolada do art. 1.015, X, do CPC/2015, o
legislador previu ser cabível o agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que
concederem, modificarem ou revogarem o efeito suspensivo aos embargos à execução. Com isso,
indaga-se: teria a parte que aguardar a prolação da sentença para poder discutir a não concessão
no bojo da apelação?

A resposta para esse questionamento deve ser negativa, uma vez que não se mostra plausível,
quando do julgamento da apelação, a discussão sobre os efeitos em que deviam ter sido
processados os embargos. A posterior constatação de que a execução realmente deveria ter sido
suspensa não terá mais utilidade prática ao interessado. Trata-se de circunstância que reclama
a utilização de interpretação extensiva do art. 1.015, X, do CPC/2015. Ora, não se nega que as
hipóteses em que se admite a interposição do agravo de instrumento sejam numerus clausus.
Ocorre que tal fato não obsta a utilização do mecanismo interpretativo supra. Ademais, o pedido
de concessão de efeito suspensivo aos embargos à execução poderia perfeitamente ser
subsumido ao que preconiza o inciso I do art. 1.015 do CPC/2015, por ter natureza de tutela
provisória de urgência. Dessa forma, por paralelismo com o referido dispositivo legal, e
preservando a isonomia entre os sujeitos do processo executivo, qualquer deliberação sobre
efeito suspensivo dos embargos à execução é agravável. REsp 1.694.667-PR, Rel. Min. Herman
Benjamin, por unanimidade, julgado em 05/12/2017, DJe 18/12/2017 (info 617).

3.2.11 – Inciso XI

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

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XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º96;

Enunciado 72, I JDPC do CJF: É admissível a interposição de agravo de instrumento tanto para a
decisão interlocutória que rejeita a inversão do ônus da prova, como para a que a defere.

É cabível agravo de instrumento contra decisão interlocutória que defere ou indefere a


distribuição dinâmica do ônus da prova ou quaisquer outras atribuições do ônus da prova
distinta da regra geral, desde que se operem ope judicis e mediante autorização legal.

Inicialmente, cumpre salientar que no direito brasileiro, o ônus da prova é disciplinado a partir
de uma regra geral prevista no art. 373, I e II, do CPC/2015, denominada de distribuição estática
do ônus da prova, segundo a qual cabe ao autor provar o fato constitutivo do direito e cabe ao
réu provar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, admitindo-se, ainda,
a existência de distribuição estática do ônus da prova de forma distinta da regra geral,
caracterizada pelo fato de o próprio legislador estabelecer, previamente, a quem caberá o ônus
de provar fatos específicos, como prevê, por exemplo, o art. 38 do CDC. Para as situações
faticamente complexas insuscetíveis de prévia catalogação pelo direito positivo, a lei, a doutrina
e a jurisprudência passaram a excepcionar a distribuição estática do ônus da prova, criando e
aplicando regras de distribuição diferentes daquelas estabelecidas em lei, contexto em que surge
a regra de inversão do ônus da prova prevista no art. 6º, VIII, do CDC, e a teoria da distribuição
dinâmica do ônus da prova, reiteradamente aplicada por esta Corte mesmo antes de ser
integrada ao direito positivo, tendo ambas – inversão e distribuição dinâmica – a característica
de permitir a modificação judicial do ônus da prova (modificação ope judicis).

As diferentes formas de se atribuir o ônus da prova às partes se reveste de acentuada relevância


prática, na medida em que a interpretação conjunta dos arts. 1.015, XI, e 373, §1º, do CPC/2015,
demonstra que nem todas as decisões interlocutórias que versem sobre o ônus da prova são
recorríveis de imediato, mas, sim, apenas aquelas proferidas nos exatos moldes delineados pelo
art. 373, §1º, do CPC/2015, que contempla duas regras jurídicas distintas, ambas criadas para
excepcionar à regra geral, sendo que a primeira diz respeito à atribuição do ônus da prova, pelo
juiz, em hipóteses previstas em lei, de que é exemplo a inversão do ônus da prova prevista no
art. 6º, VIII, do CDC, e a segunda diz respeito à teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova,
incidente a partir de peculiaridades da causa que se relacionem com a impossibilidade ou com a
excessiva dificuldade de se desvencilhar do ônus estaticamente distribuído ou, ainda, com a
maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário. Embora ontologicamente distintas, a
distribuição dinâmica e a inversão do ônus têm em comum o fato de excepcionarem a regra
geral do art. 373, I e II, do CPC/2015, de terem sido criadas para superar dificuldades de natureza
econômica ou técnica e para buscar a maior justiça possível na decisão de mérito e de se tratarem
de regras de instrução que devem ser implementadas antes da sentença, a fim de que não haja

96
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade
de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o
ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de
se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
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surpresa à parte que recebe o ônus no curso do processo e também para que possa a parte se
desincumbir do ônus recebido. Nesse cenário, é cabível a impugnação imediata da decisão
interlocutória que verse sobre quaisquer das exceções mencionadas no art. 373, §1º, do
CPC/2015, pois somente assim haverá a oportunidade de a parte que recebe o ônus da prova no
curso do processo dele se desvencilhar, seja pela possibilidade de provar, seja ainda para
demonstrar que não pode ou que não deve provar, como, por exemplo, nas hipóteses de prova
diabólica reversa ou de prova duplamente diabólica. Em síntese, o agravo de instrumento deve
ser admitido não apenas na hipótese de decisão interlocutória que defere ou que indefere a
distribuição dinâmica do ônus da prova, mas, igualmente, na hipótese de decisão interlocutória
que defere ou que indefere quaisquer outras atribuições do ônus da prova distintas da regra
geral, desde que se operem ope judicis e mediante autorização legal. STJ. 3ª Turma. REsp
1729110-CE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 02/04/2019 (Info 645).

Todavia, cuidado, pois, das demais decisões interlocutórias sobre instrução probatória, não são cabíveis
impugnações por AI ou pela via mandamental, devendo as questões serem tratadas em apelação ou
contrarrazões97.

FAUGRS/TJRS – Juiz de Direito Substituto/2022 - Conforme a sistemática do novo CPC, a decisão que
indefere a produção de prova testemunhal deverá ser impugnada por meio de recurso de apelação ou
em contrarrazões, interpostos, no prazo legal, após a prolação da sentença.

A alternativa está correta.

3.2.12 – Inciso XIII

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Já demos vários exemplos na introdução desta espécie recursal.

Ex1: art. 354, parágrafo único;

Ex2: art. 1.037, §13, I;

Ex3: art. 1.027, §1º.

Na legislação extravagante, temos as seguintes previsões:

a) art. 100, Lei n. 11.101/05;

97
STJ. 2ª T. RMS 65943-SP, Rel. Min. Campbell Marques, d.j. 26/10/21 (Info 715)
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b) art. 17, §10, Lei n. 8.429/92 (improbidade);

c) art. 19, §1º, Lei n. 4.717/65 (ação popular)98

3.2.13 – Art. 1.015, parágrafo único

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias


proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.

Esse parágrafo único é mais genérico, permitindo AI de todas as decisões interlocutórias proferidas na
liquidação de sentença, cumprimento de sentença, processo de execução e processo de inventário.

Vale suscitar 2 pontos.

1º ponto

Se o cumprimento de sentença é finalizado, haverá sentença, contra a qual cabe apelação.

Ex1: procedência da impugnação, acolhendo alegação de inexigibilidade do título, dando fim ao


cumprimento.

Se o cumprimento de sentença prosseguir, haverá decisão interlocutória, contra a qual cabe agravo de
instrumento.

Ex1: improcedência da impugnação, fazendo prosseguir o cumprimento;

Ex2: procedência parcial da impugnação, fazendo prosseguir o cumprimento quanto ao restante;

Ex3: procedência integral da impugnação, mas cuja alegação não põe fim ao cumprimento, a exemplo do
excesso de execução. Haverá o decote do valor no prosseguimento do cumprimento de sentença.

Enunciado 93, I JDPC do CJF: Da decisão que julga a impugnação ao cumprimento de sentença
cabe apelação, se extinguir o processo, ou agravo de instrumento, se não o fizer.

CESPE/TRF 5 – Juiz Federal Substituto/2017

98
A doutrina dos direitos difusos e coletivos, inclusive, aponta que, como se trata de um microssistema, essa norma poderia ser
aplicada para ação civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção coletivo, improbidade etc.
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Contra pronunciamento de magistrado que, em primeiro grau, decida pela impugnação ao


cumprimento de sentença, caberá recurso de

a) apelação, se o processo for extinto, ou de agravo de instrumento, se o processo prosseguir.

b) agravo de instrumento, em qualquer caso.

c) agravo de instrumento, apenas se o recorrente demonstrar urgência.

d) apelação, em qualquer caso.

e) apelação, sempre que o juiz acolher a impugnação do executado.

Comentários

A alternativa A está correta.

ENUNCIADO 93, I JDPC do CJF: Da decisão que julga a impugnação ao cumprimento de sentença cabe
apelação, se extinguir o processo, ou agravo de instrumento, se não o fizer.

CONSULPLAN/TJ-MG – Juiz de Direito Substituto/2018

Acolhida a alegação da existência de excesso de execução no cumprimento de sentença, o credor


poderá impugnar o ato judicial respectivo mediante

a) apelação.

b) reclamação.

c) agravo interno.

d) agravo de instrumento.

Comentários

A alternativa D está correta. No caso, cabe agravo de instrumento porque a alegação de excesso não
extingue a execução.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na
fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no
processo de inventário.

Se uma alegação na impugnação levar à extinção da execução, caberá apelação.

ENUNCIADO 93, I JDPC do CJF: Da decisão que julga a impugnação ao cumprimento de sentença cabe
apelação, se extinguir o processo, ou agravo de instrumento, se não o fizer.
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No sistema regido pelo NCPC, o recurso cabível da decisão que acolhe impugnação ao cumprimento
de sentença e extingue a execução é a apelação.

Inicialmente, de acordo com a sistemática vigente, dois são os critérios para definição do
pronunciamento jurisdicional como sentença:

(I) conteúdo equivalente a uma das situações previstas nos arts. 485 ou 489 do CPC/2015; e

(II) determinação do encerramento de uma das fases do processo, conhecimento ou execução.

Importa salientar, ainda, que, o processo de execução será adequado para as situações em que esta é
fundada em título extrajudicial (art. 771, NCPC). Nos demais casos, a execução ocorrerá numa fase
posterior à sentença, denominada cumprimento de sentença (art. 513, NCPC), no bojo do qual será
processada a impugnação oferecida pelo executado, e que se resolverá a partir de pronunciamento
judicial que pode ser sentença ou decisão interlocutória, a depender de seu conteúdo e efeito.
Destarte, se a decisão impugnada extinguiu a execução, nos termos do art. 924, juntamente com o
previsto no § 1º do art. 203, é possível concluir que sua natureza jurídica é de sentença e não de decisão
interlocutória, sendo cabível, nesses termos, o recurso de apelação, por expressa disposição do art.
1.009 do CPC/2015. Ademais, registre-se que o recurso cabível em face de decisões proferidas no
cumprimento de sentença – acolhendo apenas em parte a impugnação e as que decidirem por sua
total improcedência – é o agravo. REsp 1.698.344-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por unanimidade,
julgado em 22/05/2018, DJe 01/08/2018 (informativo 630).

2º ponto

Mesmo com o art. 475-H, CPC/7399 afirmando que contra a decisão de liquidação caberia recurso de agravo
de instrumento, ainda havia discussão doutrinária sobre a natureza jurídica da decisão.

1a corrente (Daniel Assumpção): É uma sentença recorrível, excepcionalmente, por agravo de instrumento.

Primeiro, Daniel critica o conceito legal de sentença quando o art. 203, §1º faz menção ao encerramento da
fase cognitiva do procedimento comum.

Isso porque, sendo interposto recurso, a fase cognitiva do procedimento comum não se encerra; apenas
continua em grau jurisdicional superior ou no mesmo grau (caso dos embargos de declaração).

Nesse mesmo tom, salienta que a sentença ilíquida, embora excepcional, é admitida no ordenamento (art.
491, CPC). E, quando se prolata tal tipo de decisão, a fase de liquidação é também uma fase cognitiva.

99
Art. 475-H. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
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A decisão ilíquida, portanto, não encerra a fase cognitiva do procedimento comum. Assim sendo, não
poderia ser conceituada como sentença. Segundo Assumpção, é a decisão na liquidação que põe fim ao
processo de conhecimento.

Por isso Daniel Assumpção propõe que a decisão ilíquida seja considerada decisão interlocutória (julgamento
antecipado parcial de mérito – art. 356) e a decisão que fixa o quantum debeatur seja considerada sentença.

Todavia, o próprio autor reconhece tratar de posição minoritária na doutrina, já apontando que doutrina e
jurisprudência considerarão a decisão que fixa o an debeatur como sentença e a decisão que fixa o quantum
debeatur como decisão interlocutória de mérito recorrível por agravo de instrumento.

2a corrente (majoritária): É decisão interlocutória recorrível por AI, sendo essa a posição adotada pelo NCPC.

Art. 1.015, Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença,
no processo de execução e no processo de inventário.

Enunciado 145, II Jornada CJF: O recurso cabível contra a decisão que julga a liquidação de
sentença é o Agravo de Instrumento.

É cabível a interposição de agravo de instrumento contra decisões interlocutórias em processo


falimentar e recuperacional, ainda que não haja previsão específica de recurso na Lei nº
11.101/2005 (LREF). Fundamento: interpretação extensiva do art. 1.015, parágrafo único, do
CPC/2015. STJ. 4ª Turma. REsp 1.722.866-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
25/09/2018 (Info 635).

Enunciado 69, I JDPC do CJF: A hipótese do art. 1.015, parágrafo único, do CPC abrange os
processos concursais, de falência e recuperação.

Cabe agravo de instrumento de todas as decisões interlocutórias proferidas no processo de


recuperação judicial e no processo de falência, por força do art. 1.015, parágrafo único, do
CPC/2015. STJ. 2ª Seção. REsp 1717213-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, d.j. 03/12/20 (Recurso
Repetitivo – Tema 1022) (Info 684).

A Lei nº 14.112/2020 incluiu o § 1º ao art. 189 da Lei nº 11.101/05 acolhendo o entendimento


jurisprudencial e prevendo expressamente o cabimento do agravo de instrumento.

Após oposição de embargos de declaração, a 2ª Seção do STJ reafirmou a posição mas modulou
os efeitos no seguinte sentido:

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1) A fim de propiciar a necessária segurança jurídica e proteger as partes que, confiando na


irrecorribilidade das decisões interlocutórias fora das hipóteses de cabimento previstas na Lei
11.101/2005, não interpuseram agravo de instrumento com base no art. 1.015, parágrafo único,
CPC/15, faz-se necessário estabelecer que decisões interlocutórias que não foram objeto de
recurso de agravo de instrumento poderão ser objeto de impugnação pela parte em apelação ou
em contrarrazões, como autoriza o art. 1.009, §1º, CPC/15, nos processos em que efetivamente
houver a previsão de cabimento do recurso de apelação e se entender a parte que ainda será útil
o enfrentamento da questão incidente objeto da decisão interlocutória naquele momento
processual.

2) De outro lado, também é necessário estabelecer que a presente tese jurídica vinculante deverá
ser aplicada: (i) a todas as decisões interlocutórias proferidas após a publicação do acórdão que
fixou a tese; (ii) a todos os agravos de instrumento interpostos antes da fixação da tese e que
ainda se encontrem pendentes de julgamento ao tempo da publicação deste acórdão, excluindo-
se, tão somente, os agravos de instrumento que não foram conhecidos pelos Tribunais Estaduais
ou Regionais Federais por decisão judicial transitada em julgado.". STJ, 2ª Seção, REsp 1717213-
MT e 1.707.066/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, d.j. 10/12/2020 (Tema 1022).

Cabe agravo de instrumento contra o pronunciamento judicial que, na fase de cumprimento de


sentença, determinou a intimação do executado, na pessoa do advogado, para cumprir obrigação
de fazer, sob pena de multa. O “despacho” proferido pelo juiz é apto a causar prejuízo à parte
executada considerando que a jurisprudência (súmula 410, STJ) afirma que é necessária a
intimação pessoal do devedor e o magistrado determinou a intimação por meio do advogado.
STJ. 3ª Turma. REsp 1758800-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, d.j. 18/02/2020 (Info 666).

Em outro processo, a Min. Andrighi afirmou que a correta interpretação das regras do artigo
1.015 é que a limitação no cabimento do agravo de instrumento em razão do conteúdo da
decisão interlocutória somente se aplica à fase de conhecimento. "Consequentemente, para as
fases e os processos indicados no parágrafo único do artigo 1.015, a regra a ser aplicada é
distinta, de modo que caberá agravo de instrumento contra todas as decisões interlocutórias
proferidas na liquidação e no cumprimento de sentença, no processo executivo e na ação de
inventário." A relatora afirmou que a razão de ser ampla e irrestrita a recorribilidade das decisões
interlocutórias proferidas em fases subsequentes à de conhecimento deriva de duas
circunstâncias. A primeira é o fato de a maioria desses processos não se findar por sentença,
consequentemente, sem a interposição de recurso de apelação. A segunda é que as decisões
interlocutórias proferidas nessas fases ou nesses processos possuem aptidão para atingir a esfera
jurídica das partes, sendo "absolutamente irrelevante investigar, nesse contexto, se o conteúdo
da decisão interlocutória se amolda ou não às hipóteses previstas no caput e incisos do artigo
1.015 do CPC/15". (STJ, REsp 1.736.285, Rel. Min. Nancy Andrighi).

3.3 – Procedimento

No prazo de 15 dias (art. 1.003, §5º), o sujeito lesado pela decisão interlocutória irá interpor AI no tribunal,
nas modalidades dispostas no art. 1.017, §2º.

Art. 1.017, § 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por:


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I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo;

II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias;

III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;

IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei;

V - outra forma prevista em lei.

§ 4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar,
as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original.

Nessa peça de interposição, o recorrente deverá cumprir os seguintes requisitos.

Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio
de petição com os seguintes requisitos:

I - os nomes das partes;

II - a exposição do fato e do direito;

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido;

IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo.

Ademais, esse pleito deverá ser devidamente instruído.

Nesse ponto, vale salientar que o AI é o único recurso em que o órgão judiciário não terá à sua disposição
todo o processo para a análise em confronto com as razões recursais.

Por isso se diz que a peça do recurso deve ser acompanhada de um “instrumento”, que será formado, em
regra, por cópias de peças já constantes dos autos principais.

As peças que devem formar o instrumento do agravo podem ser apresentadas em mídia digital
(DVD). STJ. 2ª Turma. REsp 1608298-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1/9/2016 (Info
591).

Sempre se formará esse instrumento?

Não. O NCPC dispensa a formação de tal instrumento quando os autos forem eletrônicos, pois os
Desembargadores terão acesso a todo o conteúdo do processo.

Ademais, permite que a parte junte até documentos novos, não constantes ainda dos autos principais.

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Art. 1.017, § 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos
incisos I e II do caput , facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis
para a compreensão da controvérsia.

A disposição constante do art. 1.017, § 5º, do CPC/2015, que dispensa a juntada das peças
obrigatórias à formação do agravo de instrumento em se tratando de processo eletrônico, exige,
para sua aplicação, que os autos tramitem por meio digital tanto no primeiro quanto no
segundo grau de jurisdição. STJ. 3ª Turma. REsp 1643956-PR, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva,
julgado em 9/5/2017 (Info 605).

Quais são as peças que devem constar nesse “instrumento”?

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:

I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a


decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro
documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados
do agravante e do agravado;

II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo
advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;

III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.

§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de


retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.

Assim, deverão obrigatoriamente constar:

i- petição inicial;

ii- contestação;

iii- petição que ensejou decisão agravada;

iv- decisão agravada;

v- certidão de intimação;

No agravo de instrumento, em regra, se o agravante não juntou a cópia de certidão de intimação


da decisão agravada, seu recurso não será conhecido em virtude de esta certidão ser prevista
como documento obrigatório (art. 525, I, do CPC 1973 / art. 1.017, I, do CPC 2015). A Lei exige
esse documento para que o Tribunal possa saber quando a parte foi intimada e, assim, ter certeza
que o recurso foi interposto tempestivamente.

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Exceção: é possível dispensar a certidão de intimação se existirem outros meios para se aferir a
tempestividade do recurso.

O termo de abertura de vista e remessa dos autos à Fazenda Nacional substitui, para efeito de
demonstração da tempestividade do agravo de instrumento por ela interposto, a apresentação
de certidão de intimação da decisão agravada (art. 525, I, do CPC 1973 / art. 1.017, I, do CPC
2015). STJ. Corte Especial. REsp 1383500-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
17/2/2016 (recurso repetitivo) (Info 577).

O agravante não juntou a certidão de intimação, mas pela data da decisão agravada (que está
nos autos) e a data em que foi protocolizado o agravo, percebe-se que não se passaram mais
que 10 dias. Ora, é lógico que a intimação ocorreu após a data da decisão, de modo que está
provado que o recurso foi interposto dentro do prazo, mesmo não havendo a certidão. Esse
posicionamento do STJ é aplicado em homenagem ao princípio da instrumentalidade das formas,
para o qual o exagerado processualismo deve ser evitado, de forma a que o processo e seu uso
sejam convenientemente conciliados e realizados. STJ. 2ª Seção. REsp 1409357-SC, Rel. Min.
Sidnei Beneti, julgado em 14/5/2014 (recurso repetitivo) (Info 541).

vi- procuração do agravante;

vii- comprovante do recolhimento do preparo (aplicando-se todo o regramento do art. 1.007, CPC).

Obs1: Na ausência de peça obrigatória, o tribunal inadmite o recurso. Inclusive, no CPC/73, eram inúmeros
os casos em que isso ocorria.

Contudo, com o NCPC, consagrando o princípio da primazia da decisão de mérito, exigiu-se que o
Desembargador intime a parte para sanar o vício, no prazo de 5 dias.

Art. 1.017, § 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que
comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto
no art. 932, parágrafo único.

Obs2: Além de interpor o recurso e formar o “instrumento”, o recorrente deverá comunicar a interposição
do agravo no juízo de 1º grau (art. 1.018, caput).

Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição
do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos
que instruíram o recurso100.

100
Nem precisará juntar a relação de documentos que instruíram o recurso, pois eles já estarão ali nos autos principais. Apenas se
tiver juntado novos documentos no agravo de instrumento que precisará reproduzi-los na demanda principal que corre perante o
juízo de 1º grau.
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Essa comunicação deverá ser feita no prazo de 3 dias da interposição.

§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no


prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.

Como se observa do dispositivo, se os autos forem eletrônicos, essa comunicação fica dispensada, porquanto
o juízo de 1º grau já terá acesso.

2. A finalidade dos parágrafos do art. 1.018 do NCPC, é a de possibilitar que o juiz de primeiro
grau exerça juízo de retratação sobre suas decisões interlocutórias e o exercício do
contraditório da parte adversária, impondo que necessariamente eles tenham efetivo e
incontroverso conhecimento do manejo do agravo de instrumento.

3. A melhor interpretação do alcance da norma contida no § 2º do art. 1.018 do NCPC,


considerando-se a possibilidade de ainda se ter autos físicos em algumas Comarcas e Tribunais
pátrios, parece ser a de que, se ambos tramitarem na forma eletrônica, na primeira instância
e no TJ, não terá o agravante a obrigação de juntar a cópia do inconformismo na origem.

4. Tendo em conta a norma do parágrafo único do art. 932 do NCPC, os Princípios da Não Decisão
Surpresa e da Primazia do Mérito e, que o agravante, ao menos, comunicou o Juízo a quo
sobre a interposição do agravo de instrumento, o acórdão recorrido deve ser cassado, com
determinação para que o e. Desembargador relator do Tribunal conceda o prazo de 5 (cinco)
dias para que a recorrente complemente a documentação exigida no caput do art. 1.018 do
mesmo diploma legal, sob pena, ai sim, de não conhecimento do recurso. 5. Recurso especial
parcialmente provido. (STJ, REsp 1708609/PR, Rel. Min. Moura Ribeiro, d.j. 21/08/2018).

Enunciado 663, FPPC: (art. 1.018, caput e §2º) A providência prevista no caput do art. 1.018
somente pode prejudicar o conhecimento do agravo de instrumento quando os autos do recurso
não forem eletrônicos.

Se não informar a interposição, o recurso de AI será inadmitido.

Todavia, quem deverá comprovar que essa informação não foi juntada aos autos é o recorrido (agravado).

O agravo de instrumento não será admitido uma vez argüido e provado pelos recorrentes, na
primeira oportunidade que esses tiveram para manifestar-se nos autos, que o agravante não
cumpriu, no prazo, o disposto no art. 526 do CPC, após a vigência da Lei n. 10.352/2001.
Precedente citado: REsp 595.649-SC, DJ 10/5/2004. REsp 594.930-SP, Rel. Min. Massami Uyeda,
julgado em 9/10/2007 (informativo 335).

Art. 1.018, § 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado
pelo agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.

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Enunciado 73, I JDPC do CJF: Para efeito de não conhecimento do agravo de instrumento por
força da regra prevista no § 3º do art. 1.018 do CPC, deve o juiz, previamente, atender ao art.
932, parágrafo único, e art. 1.017, § 3º, do CPC, intimando o agravante para sanar o vício ou
complementar a documentação exigível.

Doutro lado, ao realizar a referida comunicação, o juízo de 1º grau pode se retratar da sua decisão (efeito
regressivo). Se assim o fizer, irá comunicar ao relator do AI que reformou inteiramente a decisão, ocasião em
que o relator considerará prejudicado o AI.

Art. 1.018, § 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará
prejudicado o agravo de instrumento.

Prosseguindo...

Chegando a apelação no tribunal, procede-se conforme o art. 1.019, CPC.

Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não


for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:

Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não


for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV , o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:

I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou


parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento,


quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de
recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias,
facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso;

III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico,


quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias.

Portanto, com o processo em mãos, há duas possibilidades:

1ª possibilidade

Aplicar o art. 932, III e IV, CPC.

Art. 932, III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida;

Aqui, o relator verificará os requisitos:

a) intrínsecos: cabimento, legitimidade, interesse em recorrer e inexistência de fato impeditivo ou extintivo


do poder de recorrer;
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b) extrínsecos: preparo, tempestividade e regularidade formal.

A parte final do inciso é desnecessária, pois “recurso prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão” também será inadmissível.

Doutro lado, o inciso IV, art. 932 autoriza que o relator negue provimento ao AI quando o pleito contraria
aqueles precedentes obrigatórios do art. 927, CPC.

Se for para negar provimento ao recurso (art. 932, IV), não precisa ouvir o recorrido, obedecendo à lógica do
art. 332 (improcedência liminar do pedido), que também dispensa a oitiva prévia do réu, já que é o próprio
agravado que será favorecido com o julgamento.

Doutro lado, se o relator for dar provimento ao recurso (art. 932, V), deverá abrir vista ao recorrido, já que
será prejudicado.

A intimação da agravada para resposta é necessária a fim de preservar o princípio do


contraditório (art. 527, V, do CPC). Ela é dispensável apenas quando se nega seguimento ao
agravo de instrumento (art. 527, I, do mesmo diploma), pois essa decisão é benéfica ao agravado.
Daí se concluir, em consonância com precedentes, que a intimação para apresentação de
contrarrazões é condição de validade da decisão que causa prejuízo ao agravado. Esse
entendimento foi reiterado pela Corte Especial no julgamento de recurso repetitivo (art. 543-C
do CPC). Precedentes citados: REsp 1.148.296-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 1º/9/2010
(informativo 445).

Vejam as hipóteses!

Art. 932. Incumbe ao relator:

IV - negar provimento a recurso que for contrário a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão


recorrida for contrária a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;

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c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

Súmula 253, STJ: O art. 557 do CPC/73 (atual art. 932, IV e V), que autoriza o relator a decidir o
recurso, alcança o reexame necessário.

Súmula 568, STJ: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou
negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema.

Dessas decisões caberá agravo interno (art. 1.021).

2ª possibilidade

Não sendo o caso de negativa de seguimento liminar, o relator analisará o pedido de tutela de urgência,
desde que haja pedido expresso nesse sentido, não se admitindo sua concessão de ofício.

Art. 1.019, I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela,
total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

Em sede de AI, são pedidas duas espécies de tutela de urgência:

a) pedido de efeito suspensivo;

b) tutela antecipada.

O efeito suspensivo cabe quando a decisão impugnada tiver conteúdo positivo (concede, acolhe, defere
alguma tutela). Como o AI não tem efeito suspensivo, a parte beneficiada poderia já executar a decisão.

Por meio desse pedido, requer justamente que os efeitos práticos da quela decisão sejam suspensos até
julgamento do AI.

Doutro lado, se a decisão tiver conteúdo negativo (indeferimento, rejeição da tutela), requer perante o
relator não efeito suspensivo, mas sim concessão de tutela de urgência, pretendendo obter do relator o que
não se obteve em 1º grau de jurisdição. Neste caso, a doutrina a chama de “efeito ativo”.

Dessas decisões caberá agravo interno (art. 1.021).

Não caberá recurso especial.

Não cabe recurso especial contra acórdão que indefere a atribuição de efeito suspensivo a
agravo de instrumento. A decisão colegiada que entende pela ausência dos requisitos
necessários à atribuição do efeito suspensivo a agravo de instrumento não resulta em decisão de
única ou última instância, como previsto art. 105, III, da CF. Há necessidade de que o Tribunal
julgue, definitivamente, o agravo de instrumento em seu mérito para que a parte vencida possa
ter acesso à instância especial. A propósito, o STF sedimentou entendimento que corrobora esse
posicionamento com a edição da Súmula 735: "não cabe recurso extraordinário contra acórdão

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que defere medida liminar". Precedentes citados: AgRg no AREsp 464.434-MS, Quarta Turma,
DJe 18/3/2014; e AgRg no AREsp 406.477-MA, Segunda Turma, DJe 27/03/2014. REsp 1.289.317-
DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 27/5/2014 (informativo 541).

3ª possibilidade

Não havendo aplicação do caput do art. 1.019, tampouco do inciso I, o agravado é intimado para
contrarrazoar o AI.

II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento,


quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de
recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias,
facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso;

Após, determinará intimação do MP.

III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico,


quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias.

Por fim, o relator solicitará ao presidente do órgão (Turma, Câmara, Seção) dia para julgamento do AI.

Art. 1.020. O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da
intimação do agravado.

No julgamento, pelo art. 937, não haverá sustentação oral.

Exceção 1: art. 937, VIII c/c art. 1.015, I.

Exceção 2:

Enunciado 61, I JDPC do CJF: Deve ser franqueado às partes sustentar oralmente as suas razões,
na forma e pelo prazo previsto no art. 937, caput, do CPC, no agravo de instrumento que impugne
decisão de resolução parcial de mérito (art. 356, § 5º, do CPC).

Desse julgamento é cabível aplicar a técnica do art. 942, caso dentro do colegiado haja divergência.

MPE-GO/MPE-GO – Promotor de Justiça Substituto/2016 - A técnica de julgamento substitutiva dos


embargos infringentes tem aplicação no julgamento não unânime de:

a) incidente de assunção de competência.

b) remessa necessária.

c) ação rescisória, quando o resultado for a manutenção da sentença.

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d) agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.

Comentários: A alternativa D está correta. Art. 942, § 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo
aplica-se, igualmente, ao julgamento não unânime proferido em: II - agravo de instrumento, quando
houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.

A alternativa B está incorreta. Art. 942, § 4o Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento: I -
do incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas; II - da remessa
necessária;

A alternativa C está incorreta. Art. 942, § 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se,
igualmente, ao julgamento não unânime proferido em: I - ação rescisória, quando o resultado for a
rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior
composição previsto no regimento interno;

Enunciado 8, I JDPC do CJF: Não cabe majoração de honorários advocatícios em agravo de


instrumento, salvo se interposto contra decisão interlocutória que tenha fixado honorários na
origem, respeitados os limites estabelecidos no art. 85, §§ 2º, 3º e 8º, do CPC.

Admite-se a aplicação da teoria da causa madura (art. 515, § 3º, do CPC/1973 / art. 1.013, § 3º
do CPC/2015) em julgamento de agravo de instrumento. Ex: o MP ingressou com ação de
improbidade contra João, Paulo e Pedro pedindo a indisponibilidade dos bens dos requeridos. O
juiz deferiu a medida em relação a todos eles, no entanto, na decisão não houve fundamentação
quanto à autoria de Pedro. Diante disso, ele interpôs agravo de instrumento. O Tribunal,
analisando o agravo, entendeu que a decisão realmente é nula quanto a Pedro por ausência de
fundamentação. No entanto, em vez de mandar o juiz exarar nova decisão, o Tribunal decidiu
desde logo o mérito do pedido e deferiu a medida cautelar de indisponibilidade dos bens de
Pedro, apontando os argumentos pelos quais este requerido também praticou, em tese, ato de
improbidade. STJ. Corte Especial. REsp 1215368-ES, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
1/6/2016 (Info 590).

Sentença Prolatada e Agravo de Instrumento Pendente

Se, em agravo de instrumento, o Tribunal reforma a decisão interlocutória que concedeu a tutela,
mas, posteriormente, há decisão do juiz de 1º grau que confirma a tutela provisória e julga
procedente os pedidos do autor, qual decisão deve prevalecer? A do Tribunal ou do Juiz?

Há dois critérios para solucionar o impasse relativo à ocorrência de esvaziamento do conteúdo do recurso
de agravo de instrumento, em virtude da superveniência da sentença de mérito, quais sejam:

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1º critério: cognição, segundo o qual o conhecimento exauriente da sentença absorve a cognição sumária
da interlocutória, havendo perda de objeto do agravo; e

2º critério: hierarquia, que pressupõe a prevalência da decisão de segundo grau sobre a singular, quando
então o julgamento do agravo se impõe.

Embora já tenha havido posição do STJ pelo segundo critério101, afirmando que a superveniência da sentença
de procedência do pedido não tornaria prejudicado o agravo de instrumento, esse posicionamento já está
superado pelo próprio STJ.

O STJ é assente em adotar o 1º critério, isto é, que haverá perda de objeto do agravo de instrumento
independentemente de a sentença ser de procedência ou improcedência do pedido. O que interessa é a
decisão de cognição exauriente substituindo a decisão de cognição sumária.

A superveniência de sentença de mérito acarreta a perda do objeto do agravo de instrumento


interposto contra decisão anteriormente proferida em tutela antecipada. STJ. Corte Especial.
EAREsp 488188-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/10/2015 (Info 573). STJ. 3ª
Turma. AgInt no REsp 1690253/AM, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
26/06/2018. STJ. 2ª Turma. REsp 1691928/RJ, Rel. Min Herman Benjamin, julgado em
21/09/2017.

Nesse sentido, sustenta Daniel Amorim Assumpção Neves102 que:

Tratando-se de decisão interlocutória que tenha como objeto uma tutela de urgência, sendo
proferida a sentença, a decisão interlocutória será imediatamente substituída pela sentença que,
ao conceder a tutela definitiva, substitui a tutela provisória. Havendo recurso de agravo de
instrumento pendente de julgamento no tribunal, o relator deverá monocraticamente não
conhecer o recurso, por perda superveniente de objeto (recurso prejudicado). Essa substituição
da decisão interlocutória pela sentença é imediata, ocorrendo no exato momento em que a
sentença torna-se pública, independentemente do trânsito em julgado ou da interposição de
apelação”.

Mesmo que de forma inadvertida se tenha o julgamento do agravo de instrumento depois de já


existir a sentença – basta imaginar que o tribunal não tomou conhecimento da prolação da
sentença –, esta prevalece, porque o julgamento do agravo de instrumento é juridicamente
inexistente.

FUNRIO/Prefeitura de Trindade-GO – Procurador Municipal/2016

101
EREsp 765.105/TO
102
Manual de Direito Processual Civil, 2016, p. 1573.

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Diante do Novo Código de Processo Civil, em atenção ao agravo de instrumento, a afirmativa correta
é:

a) O prazo para sua interposição é de 10 (dez) dias.

b) Será interposto no juízo que proferiu a decisão interlocutória que o remeterá ao tribunal
competente para julgá-lo.

c) Não é admitida sua interposição contra decisões interlocutórias que versarem sobre rejeição da
alegação de convenção de arbitragem.

d) Não cabe sua interposição contra decisões que versarem sobre concessão, modificação ou
revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução.

e) Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a
admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator conceder o prazo de 5 (cinco) dias ao
recorrente para que seja sanado o vício.

Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 1.003. § 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 dias.

A alternativa B está incorreta.

Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio de
petição com os seguintes requisitos:

A alternativa C está incorreta.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

A alternativa D está incorreta.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução.

A alternativa E está correta.

Art. 1.017. § 3o Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa
a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo
único.
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Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco)
dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.

4 – AGRAVO INTERNO

4.1 - Cabimento

Nos órgãos colegiados, este que detém competência para julgar os pleitos. Contudo, tendo em vista o
excessivo número de processos, delega-se a competência para o relator, que funciona como um “porta-voz”
do tribunal.

Nesse sentido, assim como ocorre nas delegações, o colegiado é competente para revisar as decisões
proferidas pelo relator.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

Consoante Didier e Leonardo da Cunha, o agravo interno é o recurso cabível contra as decisões unipessoais
proferidas em tribunal não apenas pelo relator, mas também pelo Presidente ou Vice-Presidente do tribunal.

Ex1: art. 39, Lei n. 8.038/90;

Art. 39 - Da decisão do Presidente do Tribunal, de Seção, de Turma ou de Relator que causar


gravame à parte, caberá agravo para o órgão especial, Seção ou Turma, conforme o caso, no
prazo de cinco dias.

Ex2: decisão do Presidente ou Vice que sobresta recurso que versa sobre controvérsia de caráter repetitivo
ainda não decidida por tribunal superior.

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016)

III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida
pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria
constitucional ou infraconstitucional; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Na vigência do CPC/73, essa decisão era irrecorrível:

"A jurisprudência desta Corte Superior firmou entendimento no sentido de que a decisão de
Relator que sobresta o recurso na forma do art. 543-C, § 7º, do CPC não é capaz de gerar nenhum
prejuízo às partes, razão pela qual é irrecorrível" (STJ, AgRg no AREsp 711.091/MT, Rel. Ministro
SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/08/2015, DJe 04/09/2015).

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Ex3: decisão do Presidente ou Vice que indefere requerimento do art. 1.0356, §2º.

Art. 1.035, § 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal


determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou
coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.

§ 6º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem,


que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido
interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se
sobre esse requerimento.

§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que aplicar entendimento


firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá
agravo interno. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Ex4: decisão do Presidente ou Vice que indefere requerimento do art. 1.035, §6º.

Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com
fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as
disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal


selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão encaminhados
ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins de afetação,
determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos,
que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso.

§ 2º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente, que exclua da decisão de


sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido
interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se
sobre esse requerimento.

§ 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º caberá apenas agravo


interno. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Ex5: Vale pontuar que o agravo interno é cabível contra referidas decisões prolatadas em tribunal E também
em turmas recursais.

Enunciado 464, FPPC: (arts. 932 e 1.021; Lei 9.099/1995; Lei 10.259/2001; Lei 12.153/2009) A
decisão unipessoal (monocrática) do relator em Turma Recursal é impugnável por agravo
interno.

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Ex6: decisão do Presidente ou Vice que nega seguimento a recurso extraordinário e recurso especial
interpostos contra acórdão em conformidade com precedente de repercussão geral ou recurso repetitivo
(art. 1.030, I, “a e “b” e §2º);

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016)

I – negar seguimento: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal
não tenha reconhecido a existência de repercussão geral OU a recurso extraordinário interposto
contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal
exarado no regime de repercussão geral; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016)

b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em


conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos; (Incluída
pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos
do art. 1.021. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Assim, conforme afirmam Luiz Dellore e Ricardo Maffeis103, as hipóteses previstas no CPC/2015 para que seja
negado seguimento ao recurso podem ser divididas em dois grandes grupos, a saber:

• não admissibilidade em virtude da falta de um ou mais requisitos dos recursos excepcionais, como
intempestividade, não demonstração do dispositivo violado, não comprovação de dissídio
jurisprudencial etc;
• inadmissibilidade decorrente da inexistência de repercussão geral já reconhecida pelo STF ou por ser
o recurso contrário a entendimento pacificado em sede de recursos repetitivos.

103
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/novo-cpc/no-ncpc-a-inadmissao-de-respre-admite-
dois-agravos-13112017
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No primeiro caso, a parte que teve seu recurso não admitido pode interpor agravo em recurso
especial/extraordinário (arts. 1.030, § 1º c/c 1.042, do CPC/2015).

Art. 1.030, § 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá


agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido
que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos
repetitivos. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Já no segundo caso, contra a decisão que nega seguimento ao recurso por força de repercussão geral ou
recurso repetitivo, cabe agravo interno, a ser julgado pelo próprio TJ ou TRF (conforme arts. 1.030, § 2º c/c
1.021, do CPC/2015.

Art. 1.030, § 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno,
nos termos do art. 1.021. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016) (Vigência)

I – negar seguimento: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal
não tenha reconhecido a existência de repercussão geral OU a recurso extraordinário interposto
contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal
exarado no regime de repercussão geral; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016)

b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em


conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos; (Incluída
pela Lei nº 13.256, de 2016)

Se, em vez disso, a parte interpuser o agravo em recurso especial para o STJ (art. 1.042), cometerá
erro grosseiro. Chegando ao STJ este agravo, ele não será conhecido e ele não retornará para que
seja julgado pelo Tribunal de origem como agravo interno. Assim, após a entrada em vigor do
CPC/2015, não é mais devida a remessa pelo STJ, ao Tribunal de origem, do agravo interposto
contra decisão que inadmite recurso especial com base na aplicação de entendimento firmado
em recursos repetitivos, para que seja conhecido como agravo interno. STJ. 3ª Turma. AREsp
959991-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/8/2016 (Info 589).

FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2017 - III. Contra a decisão que negar seguimento
a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não
tenha reconhecido a existência de repercussão geral, ou a recurso extraordinário interposto contra
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acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no
regime de repercussão geral, caberá agravo em recurso extraordinário do art. 1042.

Comentários: A assertiva III está incorreta. Contra a decisão que nega seguimento ao recurso por força
de repercussão geral ou recurso repetitivo, cabe agravo interno, a ser julgado pelo próprio TJ ou
TRF (conforme arts. 1.030, § 2º c/c 1.021, do CPC/2015.

E quando a decisão inadmitir recurso pelos dois fundamentos:

a) falta de requisitos;

b) inexistência de repercussão geral ou por ser o recurso contrário a entendimento pacificado em recursos
repetitivos.

Nesse caso, são cabíveis os dois recursos.

Enunciado 77, I JDPC do CJF: Para impugnar decisão que obsta trânsito a recurso excepcional e
que contenha simultaneamente fundamento relacionado à sistemática dos recursos repetitivos
ou da repercussão geral (art. 1.030, I, do CPC) e fundamento relacionado à análise dos
pressupostos de admissibilidade recursais (art. 1.030, V, do CPC), a parte sucumbente deve
interpor, simultaneamente, agravo interno (art. 1.021 do CPC) caso queira impugnar a parte
relativa aos recursos repetitivos ou repercussão geral e agravo em recurso
especial/extraordinário (art. 1.042 do CPC) caso queira impugnar a parte relativa aos
fundamentos de inadmissão por ausência dos pressupostos recursais.

É o que entendia o STJ na vigência do CPC/73.

Decisões mistas: caso a decisão recorrida negue seguimento ao recurso por duplo fundamento,
isto é, em parte com base na sistemática dos recursos repetitivos (ou da repercussão geral) e em
parte noutro fundamento, considero que o recorrente deva interpor os dois recursos (agravo +
agravo interno), cada qual a impugnar o capítulo pertinente da decisão recorrida. Tal
entendimento encontra escólio najurisprudência do STJ, sob a égide do Código Buzaid, senão
vejamos: "In casu, para compatibilizar a orientação do STJ com a situação concreta, os capítulos
distintos comportariam o seguinte tratamento: a) a parcela relativa à aplicação do art. 543-C, §
7º, I, do CPC mereceria impugnação mediante Agravo Regimental endereçado ao Tribunal a quo;
b) quanto aos demais fundamentos, referentes a matéria não solucionada em recurso repetitivo,
caberia o Agravo do art. 544 do CPC, dirigido ao STJ” (STJ, 1ª Seção, AgRg na Rcl 9.404/RJ, rel.
Min. HERMAN BENJAMIN, j. 14/8/2013, DJe 11/9/2013).

Sobre esse segundo caso, contra a decisão que nega seguimento ao recurso por força de repercussão geral
ou recurso repetitivo.

Já vimos que cabe agravo interno, a ser julgado pelo próprio TJ ou TRF (conforme arts. 1.030, § 2º c/c 1.021,
do CPC/2015).

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Provido o agravo interno, o recurso excepcional estará admitido e será encaminhado ao STJ ou ao STF,
conforme o caso.

E se o Plenário ou Órgão Especial do próprio tribunal negar provimento a esse agravo interno?

Segundo interpretação literal do NCPC, estaria bloqueado o acesso ao STF ou STJ.

Ora, havendo padrão decisório, e tendo a decisão sido proferida em conformidade com ele, não se poderia
levar a mesma questão ao tribunal superior que o estabeleceu.

Contudo, Câmara104 discorda desse posicionamento. Vejam sua linha de raciocínio:

Mas se assim é — e se, portanto, aqueles tribunais de superposição só examinarão cada uma das
questões que lhe são submetidas uma única vez —, ter-se-á um sistema em que decisões
vinculantes não são passíveis de superação (afinal, só o tribunal de onde se origina o precedente
tem competência para, revendo a tese, superar o padrão decisório anteriormente estabelecido).
Se só o tribunal que proferiu a decisão que serve como precedente pode superá-lo, e não se lhe
pode mais levar a mesma questão, então não haveria meios para promover a superação. Haveria
um engessamento do direito inaceitável. Mas por ser a evolução do Direito um fenômeno que
lhe é conatural, então é preciso verificar como se daria a superação do padrão decisório
vinculante.

Uma primeira solução seria afirmar que, estabelecido um padrão decisório, ele só poderia ser
alterado por via legislativa. Em outros termos, seria preciso que se editasse novo ato normativo,
revogador daquele que serviu de base para o padrão decisório, para que se pudesse ter uma nova
norma jurídica, distinta da construída quando da formação do precedente. Esta solução, porém,
não é (não pode ser) adequada. É que, assim, se estaria a atribuir aos padrões decisórios
originários do STF e do STJ uma força que nem textos constitucionais têm: imunidade a mudanças
interpretativas.

Imagine-se em que mundo se viveria hoje se a Suprema Corte dos EUA, por já se ter pronunciado
em Plessy v. Ferguson, não pudesse ter superado seu precedente: jamais teria sido proferida a
decisão de Brown v. Board of Education of Topeka.

(...) Apesar do texto reformado, contra a decisão que declara inadmissível o recurso excepcional
são cabíveis EDcl e AInt.

Ademais, este julgamento é um acórdão que, proferido em última instância, podendo ser
impugnado por REsp ou por RE, nos termos do art. 102, III e art. 105, III, CRFB.

104
https://www.conjur.com.br/2016-fev-12/alexandre-camara-cpc-permite-superacao-decisoes-vinculantes
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Pois aqui está a solução: interposto REsp ou RE contra decisão conforme com padrão decisório
AO FUNDAMENTO DE EXISTIR MOTIVO PARA SUA SUPERAÇÃO, deve-se admitir o recurso. E no
caso de não ser o recurso admitido, o que se terá a fazer será percorrer caminho mais longo para
chegar ao tribunal de superposição: interpor o AInt e submeter a questão ao Pleno ou ao Órgão
Especial do tribunal de origem. Caso este não proveja o agravo, interpor novo recurso (REsp ou
RE), para fazer com que a matéria chegue ao STJ ou ao STF.

Surge aqui questão relevante: qual seria o fundamento da interposição do novo REsp ou RE? Qual
o dispositivo constitucional (no caso do RE) ou infraconstitucional (no caso do REsp) contrariado
pela decisão que declara inadmissível recurso excepcional por ter sido interposto contra decisão
proferida em conformidade com padrão decisório?

Examine-se primeiro o caso do REsp. O novo CPC cria um microssistema de solução de casos
repetitivos, formado pelo Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) e pelos
recursos repetitivos, cujas disposições devem ser interpretadas em conjunto. Neste sentido, o
enunciado 345 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC): “O incidente de resolução
de demandas repetitivas e o julgamento dos recursos extraordinários e especiais repetitivos
formam um microssistema de solução de casos repetitivos, cujas normas de regência se
complementam reciprocamente e devem ser interpretadas conjuntamente”. Existe, ainda, no
novo CPC, um microssistema de formação de precedentes (enunciados 459 e 460 do FPPC).
Resulta daí que as disposições do novo CPC acerca de cada integrante desses microssistemas são
supletivamente aplicáveis aos demais.

O IRDR e o IAC integram, juntamente com os recursos repetitivos, o microssistema de formação


dos precedentes. E o IRDR compõe, ao lado dos recursos repetitivos, o microssistema do
julgamento de casos repetitivos. É preciso, então, examinar a comunicação entre as disposições
relativas àqueles incidentes e os recursos excepcionais.

Pois o novo CPC estabelece que os padrões decisórios fixados a partir do IRDR e do IAC são
dotados de eficácia vinculante, “salvo revisão da tese”. É o que se vê no artigo 947, § 3° e no
artigo 985, II, sendo o artigo 986 expresso em afirmar que a revisão da tese compete ao mesmo
tribunal que produziu o padrão vinculante.

Tudo isso se aplica aos julgamentos de recursos repetitivos e aos padrões

decisórios ali estabelecidos. Não pode haver dúvida de que só STF e STJ são competentes para
rever as teses fixadas nos padrões decisórios estabelecidos em seus julgados, os quais só terão
eficácia vinculante até que ocorra a revisão da tese. E se assim é, impõe-se reconhecer a
existência de mecanismos que permitam o acesso àqueles tribunais para viabilizar tal revisão.

Deste modo, o pronunciamento que declara inadmissível REsp ou RE por estar a decisão
recorrida em conformidade com padrão decisório em caso no qual o recorrente tenha
expressamente deduzido fundamentos destinados a suscitar a superação do precedente
contraria o disposto nos artigos 947, parágrafo 3°, 985, II, e 986 do novo CPC, na sua aplicação
supletiva aos recursos excepcionais. Neste caso, inadmitido o recurso originariamente
interposto, e esgotadas as instâncias ordinárias, será cabível novo REsp (que, não sendo

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repetitivo, não se submete à regra que impede a subida de recursos que versem sobre matéria
já apreciada pelo tribunal de superposição).

Agora é preciso identificar a norma constitucional violada nesse mesmo caso. Há, na hipótese,
violação ao caput do artigo 102 da CF, por força do qual incumbe ao STF o papel de guardião da
Constituição, em razão do qual ao STF incumbe promover a evolução interpretativa da
Constituição, evitando o engessamento do direito.

A não se entender assim, ter-se-á de considerar que o novo CPC reformado retira do STF seu
papel de atribuidor de sentidos aos dispositivos constitucionais. E isto impediria o Supremo de
contribuir para a evolução do direito. Basta pensar nos casos em que o STF modificou sua
interpretação acerca de dispositivos constitucionais (por exemplo, a mudança de orientação
acerca dos efeitos do julgamento do mandado de injunção). Pois não se pode considerar
compatível com a Constituição uma interpretação do texto reformado do novo CPC que bloqueie
o acesso ao STF pelo fato de já ter se manifestado uma vez sobre certa questão constitucional.

É o caso, então, de dar-se ao novo texto do novo CPC interpretação conforme a Constituição,
para considerar que, no caso do RE, só pode haver vedação de acesso ao STF quando o
recorrente não tiver expressamente suscitado ser caso de superação do padrão decisório, com
a dedução de argumentos novos. E, quando se inadmitir o RE, será então cabível novo RE, por
violação do artigo 102, caput, da CF. Este novo RE, evidentemente, não terá caráter repetitivo
e, por isso, não se poderá inadmiti-lo pelos mesmos fundamentos do recurso anterior.

Tenha-se claro este ponto: o novo recurso, interposto contra o acórdão que julga o agravo, não
se submete ao regime dos recursos repetitivos. É que nele se terá necessariamente suscitado
questão nova, ainda não submetida ao tribunal de superposição. E se a questão é nova, inédita,
não é repetitiva.

Assim, no caso do RE, incidirá o artigo 1.030, V, a, do novo CPC reformado e, positivo o juízo de
admissibilidade, o recurso deverá ser encaminhado ao STF para verificação da existência de
repercussão geral do novo fundamento suscitado. De outro lado, no caso do REsp, este deverá
ser — se positivo o juízo de admissibilidade — remetido ao STJ para exame do REsp, que não
terá, como visto, caráter repetitivo.

Fica, assim, não obstante a reforma do novo CPC, assegurada a possibilidade de revisão das teses,
impedindo-se engessamento interpretativo incompatível com um sistema de precedentes que
se pretenda implantar em um ordenamento compatível com o Estado Democrático de Direito.

Continuando...

Professor, cabe agravo interno contra qualquer decisão de relator ou Presidente ou Vice-
Presidente?

Essa é a regra do NCPC.

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Contudo, há exceções, isto é, existem decisões de relator irrecorríveis.

Ex1: decisão sobre intervenção do amicus curiae (art. 138, caput e art. 950, §3º);

Ex2: decisão do relator que concede gratuidade de justiça (art. 100);

Ex3: decisão que concede novo prazo para o recorrente fazer o preparo (art. 1.007, §6º);

Ex4: decisão do relator do REsp que considera o RE interposto simultaneamente como prejudicial e, assim,
determina o sobrestamento do REsp e remete os autos ao STF (art. 1.031, §2º);

Ex5: decisão do relator do RE, que não o considera prejudicial ao REsp que foi interposto simultaneamente
e, por isso, determina a devolução dos autos ao STJ para julgamento do recurso especial (art. 1.031, §3º).

Portanto, ressalvadas as regras expressas, cabe agravo interno contra qualquer decisão de relator ou
Presidente ou Vice do tribunal.

Enunciado 142, FPPC: (arts. 298 e 1.021) Da decisão monocrática do relator que concede ou nega
o efeito suspensivo ao agravo de instrumento ou que concede, nega, modifica ou revoga, no todo
ou em parte, a tutela provisória nos casos de competência originária ou recursal, cabe agravo
interno nos termos do art. 1.021 do CPC.

4.2 – Prazo

A tradição em nossos diplomas era prever um prazo de 5 dias para o agravo interno.

Todavia, o NCPC uniformizou o prazo em 15 dias.

Art. 1.070. É de 15 (quinze) dias o prazo para a interposição de qualquer agravo, previsto em lei
ou em regimento interno de tribunal, contra decisão de relator ou outra decisão unipessoal
proferida em tribunal.

Assim, todas as previsões abaixo de 5 dias para interposição de agravo interno deveriam, segundo Didier,
serem lidas como 15 dias.

Ex1: O prazo para agravo interno no pedido de suspensão de segurança (art. 4º, §3º, Lei n. 8.437/92) deixa
de ser de 5 e passa a ser de 15 dias;

Ex2: O prazo para agravo contra decisão que concede suspenção de segurança (art. 15, Lei n. 12.016/09)
passa de 5 para 15 dias;

Ex3: O prazo para agravo interno do art. 39, Lei n. 8.038/90 passa de 5 para 15 dias.

No que tange ao último exemplo, imperioso advertir que o STF e STJ já entenderam que o NCPC não
modificou o prazo de 5 dias da Lei n. 8.038/90 quando se tratar de Processo Penal.

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O STF, em 09/05/2019, por meio das Reclamações 25638 e 23045 e Agravos Regimentais 988549, 992066 e
999675 pacificou o entendimento de que o art. 1.070, NCPC não é aplicável aos agravos regimentais em
reclamações e recursos extraordinários que questionam atos produzidos em processos ou procedimentos de
natureza penal.

O STJ, por sua vez, na Rcl 30714, decidiu o seguinte:

1. O agravo contra decisão monocrática de Relator, em controvérsias que versam sobre matéria
penal ou processual penal, nos tribunais superiores, não obedece às regras no novo CPC,
referentes à contagem dos prazos em dias úteis (art. 219, Lei 13.105/2015) e ao
estabelecimento de prazo de 15 (quinze) dias para todos os recursos, com exceção dos
embargos de declaração (art. 1.003, § 5º, Lei 13.105/2015).

2. Isso porque, no ponto, não foi revogada, expressamente, como ocorreu com outros de seus
artigos, a norma especial da Lei 8.038/90 que estabelece o prazo de cinco dias para o agravo
interno.

3. Além disso, a regra do art. 798 do Código de Processo Penal, segundo a qual "Todos os prazos
correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias,
domingo ou dia feriado" constitui norma especial em relação às alterações trazidas pela Lei
13.105/2015.

4. Precedente recente desta Corte: AgInt no CC 145.748/PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/04/2016, DJe 18/04/2016.

5. Assim sendo, interposto o agravo regimental em 11/04/2016 (segunda-feira) contra decisão


monocrática de Relator publicada em 30/03/2016, é forçoso reconhecer a intempestividade do
recurso, por não ter obedecido ao prazo de 5 (cinco) dias corridos, previsto no art. 39 da Lei
8.038/90.

Assim, aplica-se o prazo de 15 dias para agravos internos no Processo Civil. Contudo, no âmbito do Processo
Penal, o prazo de 5 dias do art. 39, Lei n. 8.038/90 permanece íntegro105.

Obs1: A Fazenda (art. 183), MP (art. 180) e Defensoria (art. 186) possuem prazo dobrado (30 dias) para
interpor agravo interno.

Nesse ponto, vale aduzir que há (havia) uma exceção a esse prazo dobrado, qual seja, agravo em suspensão
de segurança.

105
Para uma crítica a essa diferenciação, vejam: https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/novo-cpc/o-novo-
cpc-e-o-prazo-agravo-interno-no-processo-penal-06022017
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O STF sempre entendia que o art. 188, CPC/73 (que confere prazo em dobro para recorrer à Fazenda Pública
ou ao MP) não era aplicável na suspensão de segurança.

Ementa: RECURSO. Agravo regimental. Inadmissibilidade. Intempestividade reconhecida. Pedido


de suspensão de segurança pela Fazenda Pública. Contagem em dobro. Inadmissibilidade.
Recurso não conhecido. Precedentes. Não se conhece de agravo regimental interposto a desoras
em incidente de suspensão de segurança, que não admite contagem em dobro do prazo recursal.
(SS 3740 AgR-segundo, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO (Presidente), Tribunal Pleno, julgado em
29/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-084 DIVULG 30-04-2012 PUBLIC 02-05-2012)

O STJ também adotava esse entendimento:

2. Em consonância com a jurisprudência pacífica do Pleno do STF, no incidente de Suspensão de


Segurança ou de Liminar não se reconhece a prerrogativa da contagem de prazo em dobro para
recorrer (SS 3.740 AgR-segundo, Relator Min. Cezar Peluso, publicado em 2.5.2012; SS 4.119 AgR-
ED-ED, Relator Min. Cezar Peluso, publicado em 5.8.2011; STA 172 AgR, Relator Min. Cezar
Peluso, publicado em 2.12.2010). 3. Recurso Especial não provido. (REsp 1331730/RS, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 23/05/2013,
informativo 523)

Entretanto, por meio de sua Corte Especial, em 2015, o STJ decidiu que o prazo em dobro para Fazenda e
MP aplica-se sim à suspensão de segurança.

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL. SUSPENSÃO DE LIMINAR E DE SENTENÇA.


RECONSIDERAÇÃO. PEDIDO SUSPENSIVO ACOLHIDO. TEMPESTIVIDADE RECURSAL. ENTE
PÚBLICO. ART. 188 DO CPC. APLICAÇÃO. FALTA DE INTERESSE. NÃO CONHECIMENTO.

I – A jurisprudência já assentou entendimento no sentido de reconhecer legitimidade para a


propositura de pedido suspensivo também às empresas públicas, sociedades de economia mista,
concessionárias e permissionárias de serviço público, quando na defesa do interesse público
primário. Dessa forma, o Poder Público legitimado tem um sentido lato sensu.

II – Aplicável, portanto, o disposto no art. 188 do CPC no tocante ao prazo em dobro para
recorrer, quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público, no que o presente
agravo, interposto pelo Estado de Goiás, é tempestivo.

III – O agravante, juntamente com a TERRACAP, é réu na ação originária, e a decisão agravada,
ao deferir o efeito suspensivo requerido pela TERRACAP, manteve a decisão de indeferimento da
tutela requerida pelas autoras, negando o bloqueio nas matrículas dos imóveis por elas
pretendido. Ausência de interferência negativa na esfera dos interesses jurídicos do agravante.
Inexistente, assim, interesse recursal do Estado de Goiás. Agravo regimental não conhecido.
(AgRg no AgRg na SLS 1.955/DF, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, CORTE ESPECIAL, julgado em
18/03/2015, DJe 29/04/2015)

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Portanto, para interpor agravo interno da denegação da suspensão da segurança, o STF entende que não se
aplica o prazo em dobro para MP e Fazenda, enquanto que para o STJ se aplica o prazo em dobro para MP
e Fazenda.

4.3 – Procedimento

Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos da decisão


agravada, consagrando, assim, o princípio da dialeticidade.

Art. 1.021, § 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os


fundamentos da decisão agravada106.

O sistema processual brasileiro consagra e positiva o princípio da dialeticidade. Isso significa que
se exige que o recurso faça impugnação específica aos fundamentos da decisão judicial atacada
(arts. 932, III e 1.021, § 1º, do CPC/2015). STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 897.522/SP, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 26/09/2017.

E tal obrigatoriedade se dá por dois motivos:

1º motivo: permitir ao recorrido a elaboração de sua defesa (contrarrazões), nos limites do que foi
impugnado;

É inepta a apelação quando o recorrente deixa de demonstrar os fundamentos de fato e de


direito para a reforma pleiteada ou deixa de impugnar, ainda que em tese, os argumentos da
sentença. (...) REsp 1.320.527-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/10/2012
(informativo 507).

2º motivo: A partir da impugnação específica dos pontos da decisão agravada, limita-se a apreciação do
órgão "ad quem" apenas àquelas impugnações.

Esse agravo interno será dirigido ao relator que, incontinenti, irá intimar o agravado para apresentar
contrarrazões.

Diante dessas peças, o relator poderá:

a) retratar-se (efeito regressivo), quando não precisará levar o agravo interno à apreciação do órgão
colegiado;

b) não havendo retratação, o relator levará o recurso ao órgão colegiado para ser julgado.

106
Disposição que se aplica a todas as espécies recursais.
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Art. 1.021, § 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se
sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator
levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.

No julgamento do agravo interno, não se admite sustentação oral, salvo nos processos de competência
originária previstos no inciso VI (rescisória, MS e reclamação), em que caberá sustentação oral no agravo
interno interposto contra decisão de relator que o extinga.

Na decisão do agravo interno, o STJ admitia que o relator reproduzisse os fundamentos da decisão agravada
(famoso copia e cola).

É nulo o acórdão que se limita a ratificar a sentença e a adotar o parecer ministerial, sem sequer
transcrevê-los, deixando de afastar as teses defensivas ou de apresentar fundamento
próprio. Isso porque, nessa hipótese, está caracterizada a nulidade absoluta do acórdão por falta
de fundamentação. De fato, a jurisprudência tem admitido a chamada fundamentação per
relationem, mas desde que o julgado faça referência concreta às peças que pretende encampar,
transcrevendo delas partes que julgar interessantes para legitimar o raciocínio lógico que embasa
a conclusão a que se quer chegar. HC 214.049-SP, Rel. originário Min. Nefi Cordeiro, Rel. para
acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 5/2/2015, DJe 10/3/2015 (informativo
557).

Com o NCPC, essa atitude é expressamente vedada.

Art. 1.021, § 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão


agravada para julgar improcedente o agravo interno.

É vedado ao relator limitar-se a reproduzir a decisão agravada para julgar improcedente o agravo
interno. O novo CPC proibiu expressamente esta forma de decidir o agravo interno (art. 1.021, §
3º). STJ. 3ª Turma. REsp 1622386-MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/10/2016 (Info
592).

Como a interposição de agravo interno é conduta natural das partes diante de uma decisão do relator
desfavorável, o CPC resolveu criar sanções às partes que abusam desse direito.

Art. 1.021, § 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou


improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará
o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da
causa.

A multa do art. 1.021, § 4º, do CPC/2015 tem como destinatário a parte contrária e não o Fundo
de Aparelhamento do Poder Judiciário.

A regra insculpida no art. 97 do CPC/2015, segundo a qual os valores das sanções devidas à União
ou aos Estados poderão ser revertidos aos fundos de modernização do Poder Judiciário, tem
aplicação restrita aos casos de ato atentatório à dignidade da Justiça, conforme dispõe o art.

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77, § 3º, do CPC/2015, e de sanções impostas aos serventuários, consoante o art. 96 do


CPC/2015.

Assim, quando ocorre a circunstância de ser aplicada multa processual, cujo destinatário seja a
parte contrária, conforme a previsão expressa do art. 1.021, § 4º, do CPC, a esta deverá ser
direcionado o montante da sanção, ainda que corresponda justamente ao ente público ao qual
pertence o órgão do Poder Judiciário no qual tramita a ação. STJ. 2ª Turma. REsp 1846734-RS,
Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 11/02/2020 (Info 666).

Assim, será aplicada multa de 1 a 5 por cento do valor atualizado da causa107 nas seguintes situações:

i- agravo considerado, em votação unânime, manifestamente inadmissível;

Enunciado 359, FPPC: (art. 1.021, § 4º) A aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, exige
que a manifesta inadmissibilidade seja declarada por unanimidade.

ii- agravo julgado improcedente, em votação unânime.

Enunciado 74, I JDPC do CJF: O termo “manifestamente” previsto no § 4º do art. 1.021 do CPC
se refere tanto à improcedência quanto à inadmissibilidade do agravo.

Enunciado 358, FPPC: (art. 1.021, § 4º) A aplicação da multa prevista no art. 1.021, § 4º, exige
manifesta inadmissibilidade ou manifesta improcedência.

Uma vez aplicada a multa, a interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio
do valor da multa.

Essa necessidade de depósito prévio se aplica à Fazenda?

Na vigência do CPC/73, o STJ entendia que sim.

Havendo condenação da Fazenda Pública ao pagamento da multa prevista no art. 557, § 2º, do
CPC, a interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao depósito prévio do respectivo
valor.

(...). De fato, a multa pelo uso abusivo do direito de recorrer caracteriza-se como requisito de
admissibilidade do recurso, sendo o seu depósito prévio medida adequada para conferir maior
efetividade ao postulado da lealdade processual, impedindo a prática de atos atentatórios à
dignidade da justiça, bem como a litigância de má-fé. Nesse contexto, tanto o STJ quanto o STF
têm consignado que o prévio depósito da multa referente a agravo regimental manifestamente

107
No CPC/73, a multa era de 1 a 10% do valor atualizado da causa (art. 557, §2º).
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inadmissível ou infundado (§ 2º do art. 557), aplicada pelo abuso do direito de recorrer, também
é devido pela Fazenda Pública. Além disso, a alegação de que o art. 1º-A da Lei 9.494/1997
dispensa os entes públicos da realização de prévio depósito para a interposição de recurso não
deve prevalecer, em face da cominação diversa, explicitada no art. 557, § 2º, do CPC. (AgRg no
AREsp 513.377-RN, Segunda Turma, DJe de 15/8/2014. AgRg no AREsp 553.788-DF, Rel. Min.
Assusete Magalhães, julgado em 16/10/2014 (informativo 551).

Contudo, o NCPC foi bem claro em isentar desse depósito prévio não apenas o beneficiário da gratuidade de
justiça, mas também a Fazenda Pública.

Art. 1.021, § 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio
do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade
da justiça, que farão o pagamento ao final.

Foi exatamente nesse sentido o julgado do STF108 já sob a égide do NCPC.

A doutrina também inclui o MP e a Defensoria, até porque são instituições que não detêm personalidade
jurídica, sendo apenas órgãos da União ou do Estado (Fazenda Pública).

Obs1: Essa multa pela interposição de ED protelatórios é aplicada também para o beneficiário da
justiça gratuita, Fazenda Pública, MP e DP?

Sim. O que ocorrerá é apenas a dispensa do depósito prévio para interposição de outros recursos, devendo
pagar a multa ao final do processo.

Nesse ponto, há uma diferença relevante em relação ao beneficiário da justiça gratuita em relação ao
CPC/73109.

CPC/73 CPC/15

A parte beneficiária da justiça gratuita não está O novo CPC prevê no art. 98, § 4º que a
isenta do pagamento da multa do art. 557, § 2º concessão de gratuidade não afasta o dever de
do CPC 1973. Porém, o recolhimento da multa o beneficiário pagar, ao final, as multas
ficará suspenso por 5 anos para ver se a parte processuais que lhe sejam impostas. STF. 1ª
conseguirá melhorar sua condição econômica e Turma. RE 775685 AgR-ED/BA, Rel. Min. Dias
auferir recursos para pagar a sanção, conforme Toffoli, julgado em 17/11/2015 (Info 808).
prevê o art. 12 da Lei nº 1.060/50. Nesse
sentido, decidiu o STF, 1ª Turma. RE 775685

108
STF. 2ª Turma. ARE 931830 AgR/PB, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/8/2018 (Info 912).
109
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/12/info-808-stf.pdf
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AgR-ED/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em


17/11/2015 (Info 808).

Obs2: Se o recurso objetiva impugnar matéria diversa daquela tratada no agravo interno, não há
necessidade do referido depósito.

Ainda que o recorrente tenha sido condenado ao pagamento da multa a que se refere o § 2º do
art. 557 do CPC, não se pode condicionar ao seu recolhimento a interposição, em outra fase
processual, de recurso que objetive a impugnação de matéria diversa daquela tratada no recurso
que deu origem à referida sanção. Isso porque, sob pena de obstaculizar demasiadamente o
exercício do direito de defesa, apenas a interposição do recurso que objetive impugnar a mesma
matéria já decidida e em razão da qual tenha sido imposta a referida sanção está condicionada
ao depósito do valor da multa. REsp 1.354.977-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
2/5/2013 (informativo 523).

Atenção1: O julgamento do agravo interno não precisa respeitar a ordem cronológica (art. 12, §2º, VI, CPC),
sob a justificativa de que o caso já foi julgado, bastando o órgão colegiado reapreciar a questão.

Atenção2: Se o recorrente opõe embargos de declaração, mas o órgão julgador entende que se trata de
agravo interno, poderá aplicar a fungibilidade, conhecendo dos ED como se fossem agravo interno.

Nesse caso, deverá intimar o recorrente para, em 5 dias, complementar as razões recursais, de modo a
impugnar especificamente a decisão agravada (art. 1.021, §1º).

Art. 1.021, § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se
entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente
para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às
exigências do art. 1.021, § 1º.

5 – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

5.1 – Natureza Jurídica

1ª corrente (Bermudes): Embora tenha sido colocado como recurso (art. 994, IV), os ED não têm essa
natureza, tratando-se de instrumento colocado à disposição da parte para correção de vícios formais da
decisão.

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2ª corrente (majoritária, Barbosa Moreira, Nery, HTJ): Os ED têm natureza de recurso, pois 110:

i- estão previstos no rol do art. 994;

ii- permitem a revisão da decisão;

iii- exigem o preenchimento dos requisitos de admissibilidade;

iv- obstam a preclusão da decisão;

v- permitem a modificação da decisão, não se limitando ao esclarecimento ou integração.

3ª corrente (Dinamarco): A natureza dos ED é híbrida. Se forem aptos à modificação da decisão, terão
natureza recursal.

Se se limitarem à integração, correção, retificação, complementação e elucidação do ato decisório, sem


modificação substancial da decisão, não terão natureza recursal.

Mas qual a utilidade prática de se discutir isso?

Assumpção nos apresenta duas:

a) No CPC/73, o prazo do MP e Fazenda era em dobro para recorrer, em quádruplo para contestação (art.
188) e simples par demais atos.

Se os ED fossem considerados recurso, o prazo de 5 dias para seu manejo não seria contado em dobro.

Todavia, os tribunais, inclusive o STF, consideravam que o prazo para opor ED era dobrado.

b) Nos juizados, a parte pode pleitear algo sem advogado, mas, para interpor recurso, precisará de patrono.
Se os ED não fossem considerados recurso, não precisaria de advogado para sua oposição.

Contudo, entende-se que é sim espécie recursal e, portanto, exige capacidade postulatória.

5.2 – Cabimento

5.2.1 - Introdução

110
Itens constantes no Manual de Daniel Assumpção.
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Primeiro, vale pontuar que os ED são cabíveis contra qualquer decisão judicial, englobando decisão
interlocutória, sentença, decisão monocrática de relator e acórdão.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

Enunciado 475, FPPC: (arts. 1.022 e 1.064; art. 48 da Lei 9.099/1995) Cabem embargos de
declaração contra decisão interlocutória no âmbito dos juizados especiais.

Enunciado 561, FPPC: (art. 1.022; art. 12 da Lei n. 9.882/1999) A decisão que julgar procedente
ou improcedente o pedido em arguição de descumprimento de preceito fundamental é
impugnável por embargos de declaração, aplicando-se por analogia o art. 26 da Lei n.º
9868/1999.

É cabível ED de despacho?

1ª corrente (Alexandre Câmara): Não, pois despachos são irrecorríveis (art. 1.001).

2ª corrente (Assumpção, Barbosa Moreira, Nery): Sim. Os ED visam à integração do pronunciamento judicial,
independentemente se esse é recorrível ou não.

Obs1: Na vigência do CPC/73, STF e STJ tinham entendimento de que, em regra, não seria cabível o ED contra
decisão do Presidente ou Vice do Tribunal que denegasse seguimento ao RE ou REsp.

Aplicando o entendimento firmado pela Corte no sentido de que os embargos de declaração,


opostos à decisão monocrática que inadmite o extraordinário, por manifestamente incabíveis,
não suspendem ou interrompem o prazo para a interposição de outro recurso, a Turma, por
maioria, manteve decisão monocrática do Min. Ricardo Lewandowski, relator, que negara
seguimento a agravo de instrumento interposto pelo Município do Rio de Janeiro ante a sua
intempestividade. O agravante alegava o cabimento dos embargos, porquanto acolhidos pela
instância a quo, o que suspenderia a contagem do prazo recursal. Vencido o Min. Marco Aurélio
que, tendo em conta a carga decisória do juízo primeiro de admissibilidade a desafiar embargos
de declaração, dava provimento ao agravo regimental no agravo de instrumento por considerar
que tais embargos teriam implicado a interrupção do prazo para a protocolação do agravo de
instrumento, salientando que a imposição de multa seria a única conseqüência prevista no CPC
para a oposição de embargos de declaração protelatórios. STF, AI 588190 AgR/RJ, rel. Min.
Ricardo Lewandowski, 3.4.2007. (AI-588190) (informativo 462).

São manifestamente incabíveis os embargos de declaração (EDcl) opostos contra decisão de


admissibilidade do recurso especial proferida pelo tribunal de origem. Com exceção feita às
decisões que negam trânsito ao recurso especial com base no art. 543-C, §7º, consolidou-se a
jurisprudência do STF e do STJ no sentido de que a decisão de admissibilidade do recurso especial
ou extraordinário é proferida por delegação do Tribunal ad quem, sendo impugnável mediante
agravo de instrumento dirigido ao STJ ou STF (ou nos próprios autos a partir da edição da Lei n.
12.322/2010, que deu nova redação ao art. 544 do CPC). Proferida a decisão de admissibilidade,
exaure-se a delegação, devendo os autos ser remetidos à instância superior, aguardar eventual
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decisão em agravo de instrumento, ou baixar à origem para execução ou arquivamento.


Embargos de declaração não teriam razão de ser, pois o STJ não está vinculado aos fundamentos
do juízo de admissibilidade feito na origem. Se porventura fossem admitidos os embargos de
declaração, haveria postergação injustificável do trâmite processual, mormente porque, se
cabíveis os primeiros embargos de declaração de uma das partes, nada impediria sucessivos
embargos de declaração das demais partes, ao invés da pronta interposição do cabível recurso
de agravo para o Tribunal ad quem. AgRg no Ag 1.341.818-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti,
julgado em 20/9/2012 (informativo 505).

Excepcionalmente, o STJ até admitia ED no seguinte caso:

É possível a oposição de embargos quando a decisão do Presidente do Tribunal foi


excessivamente deficitária (muito genérica). Assim, os embargos de declaração opostos em face
de decisão do Tribunal de origem que nega seguimento a recurso especial podem,
excepcionalmente, interromper o prazo recursal quando a decisão embargada for tão genérica
que nem sequer permita a interposição de agravo. STJ. Corte Especial. EAREsp 275615-SP, Rel.
Min. Ari Pargendler, julgado em 13/3/2014 (Info 537).

Com o NCPC, a doutrina tem defendido que o entendimento não deve se manter, já que o art. 1.022, CPC é
bem claro de que cabem ED contra QUALQUER decisão judicial. É o entendimento do enunciado 75, I JDPC
do CJF.

Enunciado 75, I JDPC do CJF: Cabem embargos declaratórios contra decisão que não admite
recurso especial ou extraordinário, no tribunal de origem ou no tribunal superior, com a
consequente interrupção do prazo recursal.

Assim, de toda decisão do Presidente ou Vice que inadmitir recurso especial ou extraordinário caberia a
oposição de embargos de declaração.

Algum tribunal já julgou caso parecido já sob a vigência do NCPC?

Sim, o STF. E, infelizmente, manteve a posição antiga. Confiram:

Não cabem embargos de declaração contra a decisão de presidente do tribunal que não admite
recurso extraordinário.

Por serem incabíveis, caso a parte oponha os embargos, estes não irão suspender ou interromper
o prazo para a interposição do agravo. Como consequência, a parte perderá o prazo para o
agravo. STF. 1ª Turma. ARE 688776 ED/RS e ARE 685997 ED/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgados
em 28/11/2017 (Info 886).

Resta aguardar se o STJ manterá também esse posicionamento restritivo ou não.

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Nesses casos de inadmissão, lembrem-se de que também será cabível agravo interno OU agravo
em REsp ou RE a depender da hipótese.
Ora, as hipóteses previstas no CPC/2015 para que seja negado seguimento ao recurso podem ser
divididas em dois grandes grupos, a saber:
não admissibilidade em virtude da falta de um ou mais requisitos dos recursos excepcionais, como
intempestividade, não demonstração do dispositivo violado, não comprovação de dissídio
jurisprudencial etc;
inadmissibilidade decorrente da inexistência de repercussão geraljá reconhecida pelo STF ou por
ser o recurso contrário a entendimento pacificado em sede de recursos repetitivos.
No primeiro caso, a parte que teve seu recurso não admitido pode interpor agravo em recurso
especial/extraordinário (arts. 1.030, § 1º c/c 1.042, do CPC/2015).
Já no segundo caso, contra a decisão que nega seguimento ao recurso por força de repercussão
geral ou recurso repetitivo, cabe agravo interno, a ser julgado pelo próprio TJ ou TRF (conforme
arts. 1.030, § 2º c/c 1.021, do CPC/2015.
E quando a decisão inadmitir recurso pelos dois fundamentos:
a) falta de requisitos;
b) inexistência de repercussão geral ou por ser o recurso contrário a entendimento pacificado
em recursos repetitivos.
Nesse caso, são cabíveis os dois recursos.
Enunciado 77, I JDPC do CJF: Para impugnar decisão que obsta trânsito a recurso excepcional e
que contenha simultaneamente fundamento relacionado à sistemática dos recursos repetitivos
ou da repercussão geral (art. 1.030, I, do CPC) e fundamento relacionado à análise dos
pressupostos de admissibilidade recursais (art. 1.030, V, do CPC), a parte sucumbente deve
interpor, simultaneamente, agravo interno (art. 1.021 do CPC) caso queira impugnar a parte
relativa aos recursos repetitivos ou repercussão geral e agravo em recurso
especial/extraordinário (art. 1.042 do CPC) caso queira impugnar a parte relativa aos
fundamentos de inadmissão por ausência dos pressupostos recursais.

Obs1: Tem-se entendido que cabem ED também contra decisões proferidas em processo administrativo, até
porque este se sujeita ao contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV, CRFB).

Sabendo quais decisões são passíveis de serem impugnadas pelos ED, vamos adentrar nos vícios que
legitimam o ingresso do referido recurso.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;

III - corrigir erro material.

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

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I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente


de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

Assim, para que os ED sejam admitidos, basta que a parte alegue um desses 4 vícios.

Se efetivamente houve ou não o vício na decisão será questão de mérito recursal, sendo hipótese de
acolhimento ou rejeição dos ED.

5.2.2 - Obscuridade

Denota a falta de clareza e precisão na decisão. Em última análise, viola o dever de cooperação do magistrado
(art.6º, CPC), mais propriamente o dever de esclarecimento.

Ex1: decisão com excesso de expressões e entendimentos em língua estrangeira.

Ex2: decisão escrita à mão com letra ilegível.

5.2.3 - Contradição

Consoante Didier, os ED impugnam a contradição interna havida entre trechos da decisão embargada.

Ex1: Se da narração dos fatos e da fundamentação não decorrer logicamente a conclusão exarada no
dispositivo;

Ex2: Se a ementa for contrária ao que diz o corpo do acórdão;

Ex3: Se o resultado proclamado pelo presidente da sessão for contrário ao acórdão lavrado.

A contradição que autoriza o manejo dos embargos de declaração é a contradição interna,


verificada entre os elementos que compõem a estrutura da decisão judicial, ou seja, a
contradição entre a fundamentação e o dispositivo. Não pode ser considerada “contradição” a
divergência entre a solução dada pelo órgão julgador e a solução que almejava o jurisdicionado.
STJ. 1ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1427222/PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em
27/06/2017.

5.2.4 - Omissão

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

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II - suprir omissão de ponto ou questão111 sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;

Didier e Cunha apontam que a decisão é omissa se não se manifestar sobre:

a) fundamentos relevantes lançados pelas partes (art. 489, §1º, IV);

Art. 489. § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que: IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador

i- Embora grande parte da doutrina entenda que o juiz deve sim perpassar por todos os argumentos
alinhavados pelas partes112, o STJ, interpretando já o NCPC, asseverou peremptoriamente que o dispositivo
acima não obriga o juiz de rebater todos os argumentos aduzidos na inicial, mas apenas aqueles que são
capazes de infirmar a conclusão adotada.

O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já
tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o dever de
enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão
recorrida. Essa é a interpretação que se extrai do art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015. Assim, mesmo
após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos de declaração contra a decisão que não se
pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. STJ.
1ª Seção. EDcl no MS 21315-DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da
3ª Região), julgado em 8/6/2016 (Info 585).

MPE-MS/ MPE-MS – Promotor de Justiça Substituto /2018 - A respeito da sentença judicial, analise as
afirmações que seguem. III. Considera-se carente de fundamentação a sentença que não enfrentar
todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo
julgador.

A afirmativa III também está correta: Adotou-se a interpretação do STJ para o art. 489, §1º, IV.

Art. 489. § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que: IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de,
em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

b) questões apreciáveis de ofício pelo magistrado, tenham ou não sido suscitadas pela parte.

111
Já dissemos que ponto são as alegações das partes (seja de fato seja de direito), sendo que, quando o réu impugna cada ponto,
eles se tornam questões. São essas questões que devem ser enfrentadas pelo magistrado.
112
Enunciado 305 (arts. 489, § 1º, IV, 984, §2º, 1.038, § 3º). No julgamento de casos repetitivos, o tribunal deverá enfrentar todos
os argumentos contrários e favoráveis à tese jurídica discutida, inclusive os suscitados pelos interessados.
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Assim, se o magistrado deixou passar uma ilegitimidade, falta de interesse etc., é possível opor embargos de
declaração.

c) um pedido de tutela jurisdicional, configurando uma sentença citra petita;

No aspecto objetivo, é a sentença que fica aquém do pedido, deixando de apreciar algum pleito ou de
enfrentar uma causa de pedir.

No aspecto subjetivo, é a sentença que não resolve a demanda para todos os sujeitos processuais.

Aqui, porém, vale fazer alguns apartes.

i- Se o juiz acolhe uma questão preliminar, não irá avançar para analisar as demais questões, ficando essas
prejudicadas.

ii- Na cumulação de pedidos, o acolhimento de um deles pode tornar os demais prejudicados, não havendo
vício se o juiz não prosseguir na análise dos demais.

Cumulação própria: Formulam-se vários pedidos para que todos sejam acolhidos. Tudo o que se pede se
quer, e tudo pode ser acolhido ao mesmo tempo. É regida pela conjunção “e”.

Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos,
ainda que entre eles não haja conexão.

Ela se subdivide em outras duas:

- Cumulação própria simples

Não há entre os pedidos nenhuma dependência lógica (pedido prejudicial ou preliminar), podendo ser
analisados de forma independente.

Ex1: danos materiais, danos morais e danos estéticos. Cada um pode ser acolhido ou rejeitado,
independentemente do acolhimento ou rejeição do outro.

Assim, o juiz deve analisar todos, sob pena de sentença citra petita.

- Cumulação própria sucessiva

São pedidos que se relacionam entre si, isto é, o acolhimento de um pedido depende do outro, isto é, é
prejudicial ou preliminar em relação ao acolhimento do outro.

Ex1: nas demandas de investigação de paternidade e alimentos, só haverá concessão de alimentos se o juiz
acolher a declaração de paternidade.

Assim, se o juiz entender que não há relação de parentesco (paternidade), nem chegará a apreciar o pleito
de alimentos.

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Ex2: na ação rescisória, o juízo de rescisão (iudicium rescindens) é preliminar em relação ao juízo de
rejulgamento (iudicium rescissorium).

Se o órgão colegiado entender pela impossibilidade de rescisão do julgado, obviamente, não procederá ao
rejulgamento do feito.

Cumulação imprópria: É regida pela conjunção “ou”. Aqui vários pedidos são formulados, mas apenas um
pode ser acolhido.

O autor quer A, ou B, ou C. É possível ver vários pedidos cumulados (a cumulação é visual), mas só um deles
pode ser acolhido.

A cumulação imprópria também se subdivide em duas:

- Cumulação imprópria subsidiária ou eventual

Formulam-se vários pedidos, mas o autor estabelece uma hierarquia, uma ordem de preferência entre seus
pedidos. O autor diz que quer “A” e, se não puder ter “A”, quer “B”.

Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça
do posterior, quando não acolher o anterior.

Ex1: quero que construa muro, mas se entender que não seja obrigado a fazer isso, quero que o sujeito me
indenize.

Se o juiz acolher o primeiro, não precisará analisar o segundo.

- Cumulação imprópria alternativa

O autor não estabelece uma ordem de preferência ou uma hierarquia entre os pedidos. O autor quer A OU
B.

Art. 326, Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz
acolha um deles.

Ex1: construir muro de arrimo OU me pagar X a título de indenização.

Acolhendo um dos pedidos, também não há necessidade de analisar o segundo.

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O art. 1.022, parágrafo único destrincha casos específicos de omissão.

Art. 1.022, Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente


de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

Inciso I

Ora, a jurisprudência deve ser estável, passando a mensagem de que:

“todas as normas jurídicas devem tender a dar efetividade às garantias constitucionais, tornando
‘segura’ a vida113 dos jurisdicionados, de modo a que estes sejam poupados de ‘surpresas’,
podendo sempre prever, em alto grau, as consequências jurídicas de sua conduta”

Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e
coerente.

Por isso, o art. 927 estabelece um rol de precedentes obrigatórios.

Ademais, os próprios tribunais têm o dever de autorreferência, observando os próprios precedentes.

Enunciado 316, FPPC: (art. 926). A estabilidade da jurisprudência do tribunal depende também
da observância de seus próprios precedentes, inclusive por seus órgãos fracionários.

Enunciado 453, FPPC: (arts. 926 e 1.022, parágrafo único, I) A estabilidade a que se refere o caput
do art. 926 consiste no dever de os tribunais observarem os próprios precedentes.

113

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Essa necessidade de dialogar com os precedentes (próprios ou de tribunais hierarquicamente superiores)


impede a superação implícita (implied overrruling) do entendimento anterior.

Qualquer atitude que se afaste do precedente (distinguishing OU overruling - deve ser justificada
adequadamente.

Se essa superação não for fundamentada, será possível oposição de embargos de declaração (art. 1.022, I).

São cabíveis embargos de declaração, com efeitos infringentes, para que a decisão embargada
seja reajustada de acordo com a jurisprudência firmada em teses que o Supremo Tribunal Federal
e o Superior Tribunal de Justiça adotarem.
STF. 1ª Turma. Rcl 15724 AgR-ED/PR, rel. orig. Min. Rosa Weber, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 5/5/2020 (Info 976).

De acordo com Márcio Cavalcante, esse tema ainda é divergente nos Tribunais. É que, para a 6ª Turma do
STJ, os embargos de declaração não são a via adequada para reformar decisão colegiada e adequar a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça a entendimento adotado pelo Supremo Tribunal Federal APÓS
o julgamento do recurso principal (STJ. 6ª Turma. EDcl no HC 484.074/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior,
julgado em 30/06/2020).

Lado outro, a 5ª Turma do STJ, em conformidade com a decisão acima da 1ª Turma do STF, acolheu os
embargos de declaração e deu efeito infringentes para adotar novo entendimento do STF (STJ. 5ª Turma.
EDcl no AgRg no RHC 109.530/RJ, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, julgado em 26/05/2020, DJe 01/06/2020).

Ainda, vejam o seguinte enunciado:

Enunciado 76, I JDPC do CJF: É considerada omissa, para efeitos do cabimento dos embargos de
declaração, a decisão que, na superação de precedente, não se manifesta sobre a modulação de
efeitos.

Obs1: Segundo a doutrina, o art. 1.022, I deve ser lido juntamente com o art. 927, CPC.

Assim, configurará omissão não apenas a não manifestação sobre tese de IAC e casos repetitivos (IRDR e
recursos especial e extraordinário repetitivos), mas também sobre todos os demais precedentes obrigatórios
do art. 927, CPC.

Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:

I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

II - os enunciados de súmula vinculante;

III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas


repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;

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IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do


Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;

V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

Obs2:

Inciso II

Quando a decisão não preencher os requisitos do art. 489, §1º, CPC, ela será nula pela ausência de
fundamentação.

Art. 489, § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória,
sentença ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua


incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos


determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;

Contudo, essa invalidade pode ser sanada por meio de embargos de declaração.

Art. 1.022, Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º.

Didier e Cunha ainda acrescentam que o descumprimento do art. 489, §2º também pode ensejar a oposição
de ED, a fim de que o magistrado fundamente corretamente como efetuou a ponderação.

Art. 489, § 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais
da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada
e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.

Enunciado 562, FPPC: (art. 1022, parágrafo único, inc. II; art. 489, § 2º) Considera-se omissa a
decisão que não justifica o objeto e os critérios de ponderação do conflito entre normas.

5.2.5 - Erro Material


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O NCPC incluiu tal espécie de vício como hipótese de cabimento dos ED.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

III - corrigir erro material.

De todo modo, mesmo que o CPC/73 não o previsse, o STJ já vinha admitindo alegação de erro material em
sede de ED.

Mas o que é erro material?

Segundo Assumpção, é aquele facilmente perceptível e que não corresponda de forma evidente à vontade
do órgão prolator da decisão.

Para Didier e Cunha, há erro material quando o que está escrito na decisão não corresponde à intenção do
juiz, desde que isso seja perceptível por qualquer homem médio.

Ex1: erros de cálculo (soma equivocada de danos morais + danos materiais);

Ex2: magistrado afirma que a parte autora é pessoa jurídica, enquanto, notadamente, trata-se de pessoa
natural.

Diante desses equívocos, podem acontecer as seguintes situações:

a) as partes manejarem ED.

b) Mesmo que não sejam opostos os embargos de declaração, o juiz pode corrigí-los de ofício.

Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:

I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de


cálculo;

II - por meio de embargos de declaração.

Enunciado 360, FPPC: (art. 1.022) A não oposição de embargos de declaração em caso de erro
material na decisão não impede sua correção a qualquer tempo.

O Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem suscitada pela Min. Cármen Lúcia em dois
recursos extraordinários, dos quais relatora, para tornar sem efeito o julgamento desses
recursos, em razão da ocorrência de erro material. Na espécie, os recursos foram interpostos
contra acórdão que determinara a revisão do benefício de pensão por morte do segurado, de
modo a atingir o patamar de 100% (cem por cento) do salário de benefícios do regime geral de
previdência social, com efeitos financeiros incidentes a partir da vigência da Lei 9.032/95,
independentemente do que dispunha a norma vigente ao tempo do óbito do segurado. Na sessão

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de julgamento de 9.2.2007, foram incluídos, equivocadamente, em lista de recursos


extraordinários, interpostos pelo INSS, que tratavam de outra questão relativa à pensão
previdenciária, tendo sido, naquela ocasião, providos — v. Informativo 486. Entendeu-se que,
por se tratar de erro material, poder-se-ia corrigi-lo a qualquer tempo, questão esta inclusive
de economia processual. Vencidos os Ministros Marco Aurélio, Joaquim Barbosa e Cezar Peluso,
que reputavam incabível a retificação, asseverando que ela seria possível somente se houvesse
a oposição de embargos de declaração, já que se teria modificação substancial do que decidido.
RE 492837 QO/MG, rel. Min. Cármen Lúcia, 29.4.2009. (RE-492837) (informativo 544)

c) Esses erros materiais podem ser corrigidos, inclusive, depois do trânsito em julgado.

O magistrado pode corrigir de ofício, mesmo após o trânsito em julgado, erro material consistente no
desacordo entre o dispositivo da sentença que julga procedente o pedido e a fundamentação no sentido
da improcedência da ação. Isso porque o art. 463, I, do CPC permite ao magistrado a correção de erros
materiais existentes na sentença, ainda que a decisão já tenha transitado em julgado, sem que se
caracterize ofensa à coisa julgada. RMS 43.956-MG, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 9/9/2014
(informativo 547).

Nesse caso, deverá intimar o recorrente para, em 5 dias, complementar as razões recursais, de modo a
impugnar especificamente a decisão agravada (art. 1.021, §1º).

O CPC/73, originariamente, previa cabimento dos ED quando houvesse “dúvida”. Em 1994, a hipótese foi
suprimida, mantendo-se apenas os vícios de obscuridade, contradição e omissão.

Ora, a dúvida não é vício objetivo da decisão, mas sim um estado sujetivo de incerteza de quem não consegue
compreendê-la.

Contudo, o art. 48, Lei n. 9.099/95 repetiu a previsão antiga, uma vez que o projeto de lei dos juizados já
tramitava no Congresso há alguns anos.

Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade,
contradição, omissão ou dúvida.

O NCPC corrigiu esse equívoco e previu o seguinte:

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Art. 1.064. O caput do art. 48 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, passa a vigorar com a
seguinte redação:

“ Art. 48. Caberão embargos de declaração contra sentença ou acórdão nos casos previstos
no Código de Processo Civil.

Portanto, atualmente, os ED são cabíveis para sanar os vícios de obscuridade, contradição, omissão e erro
material.

Obs1: A dúvida ainda remanesce no art. 30, II, Lei de arbitragem (Lei n. 9.307/96.

Art. 30. No prazo de 5 (cinco) dias, a contar do recebimento da notificação ou da ciência pessoal
da sentença arbitral, salvo se outro prazo for acordado entre as partes, a parte interessada,
mediante comunicação à outra parte, poderá solicitar ao árbitro ou ao tribunal arbitral que:
(Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015)

I - corrija qualquer erro material da sentença arbitral;

II - esclareça alguma obscuridade, dúvida ou contradição da sentença arbitral, ou se pronuncie


sobre ponto omitido a respeito do qual devia manifestar-se a decisão.

5.3 – Procedimento

Os ED devem ser interpostos no prazo de 5 dias, por meio de petição escrita, arrolando um ou mais dos 4
vícios possíveis (obscuridade, contradição, omissão e erro material)114.

Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz,
com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo115.

Obs1: Nos juizados, a parte pode optar pela interposição oral (em audiência) ou escrita, no prazo de 5 dias.

Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos por escrito ou oralmente, no prazo de cinco
dias, contados da ciência da decisão.

Obs2: Apenas no processo eleitoral o prazo para opor ED é de 3 dias.

Portanto, atualmente, os ED são cabíveis para sanar os vícios de obscuridade, contradição, omissão e erro
material.

114
É recurso de fundamentação vinculada.
115
ED e agravo interno são os recursos que não se sujeitam ao preparo.
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Art. 275, § 1o Os embargos de declaração serão opostos no prazo de 3 (três) dias, contado da
data de publicação da decisão embargada, em petição dirigida ao juiz ou relator, com a indicação
do ponto que lhes deu causa. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015)

Obs3: Aplica-se o prazo em dobro não só na hipótese de litisconsórcio com advogado de escritórios
diferentes e autos físicos (art. 229, CPC), mas também quando forem opostos pela Fazenda (art. 183), MP
(art. 180), DP (art. 186).

Art. 1.023, § 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229.

A competência para apreciar os ED é do mesmo órgão jurisdicional que proferiu a decisão embargada e não
necessariamente do mesmo juiz.

Assim, no 1º grau, a petição é endereçada ao próprio juízo prolator da decisão.

Recebida a petição, este juízo não irá intimar o embargado para contrarrazoar, salvo quando os embargos
de declaração tiverem efeitos modificativos ou infringentes (art. 1.023, §2º116).

Assim, recebida a petição dos ED, o magistrado terá um prazo impróprio de 5 dias para julgá-los.

Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.

O julgamento do agravo interno não precisa respeitar a ordem cronológica (art. 12, §2º, V, CPC),
sob a justificativa de que o caso já foi julgado, havendo apenas uma integração ou esclarecimento
na decisão.

Se a decisão for monocrática, em tribunal, a petição será endereçada a quem a prolatou (relator, presidente,
vice-presidente).

Art. 1.024, § 2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou
outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-
los-á monocraticamente.

Se a decisão for de órgão colegiado, os ED serão apresentados na sessão subsequente. Se nesta não forem
julgados, serão incluídos em pauta automaticamente.

116
Art. 1.023, § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos
opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.
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Art. 1.024, § 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão


subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído
em pauta automaticamente.

Ainda, vejam o seguinte enunciado:

Enunciado 137, II JDPC do CJF: Se o recurso do qual se originou a decisão embargada comportou
a aplicação da técnica do art. 942 do CPC, os declaratórios eventualmente opostos serão julgados
com a composição ampliada.

Obs1: Se o recorrente opõe embargos de declaração, mas o órgão julgador entende que se trata de agravo
interno, poderá aplicar a fungibilidade, conhecendo dos ED como se fossem agravo interno.

Nesse caso, deverá intimar o recorrente para, em 5 dias, complementar as razões recursais, de modo a
impugnar especificamente a decisão agravada (art. 1.021, §1º).

Art. 1.021, § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se
entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente
para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às
exigências do art. 1.021, § 1º.

Ao revés, os ED nunca podem ser recebidos como mero pedido de reconsideração.

Os embargos de declaração, ainda que contenham nítido pedido de efeitos infringentes, não
devem ser recebidos como mero "pedido de reconsideração". Tal proceder é incabível por três
razões principais: a) não atende a nenhuma previsão legal, tampouco aos requisitos de aplicação
do princípio da fungibilidade recursal considerando que pedido de reconsideração nem é previsto
na lei nem pode ser considerado recurso; b) traz surpresa e insegurança jurídica ao
jurisdicionado, pois, apesar de interposto tempestivamente o recurso cabível, ficará à mercê da
subjetividade do magistrado; c) acarreta ao embargante grave sanção sem respaldo legal, qual
seja, a não interrupção de prazo para posteriores recursos, aniquilando o direito da parte
embargante, o que supera a penalidade objetiva positivada no § 2º do art. 1.022 do CPC 2015.
STJ. Corte Especial. REsp 1522347-ES, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 16/9/2015 (Info 575).

Como já dito, assim como ocorre com os demais recursos, o órgão jurisdicional fará o juízo de admissibilidade
dos ED e, ultrapassada essa etapa, analisará o mérito.

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A dificuldade é concluir se a presença de obscuridade, contradição, omissão ou erro material são questões
que são aferidas no juízo de admissibilidade (cabimento) ou questões de mérito.

A doutrina tem dito que, para que os ED sejam admitidos, basta que a parte alegue um desses 4 vícios.

Se efetivamente houve ou não o vício na decisão será questão de mérito recursal, sendo hipótese de
acolhimento ou rejeição dos ED.

5.4 – Efeito Interruptivo

Uma vez opostos os ED, haverá interrupção do prazo para interposição de outros recursos, por qualquer das
partes (inclusive para o embargado), cabíveis contra a mesma decisão.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.

Enunciado 563, FPPC: (art. 1.026; art. 339 do RISTF). Os embargos de declaração no âmbito do
Supremo Tribunal Federal interrompem o prazo para a interposição de outros recursos.

Obs1: Nos Juizados, os embargos não interrompiam o prazo para interposição de outros recursos.

O NCPC, porém, passou a prever a interrupção também nos juizados.

Art. 1.065. O art. 50 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte
redação:

“ Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso.” (NR)

Enunciado 483, FPPC: (art. 1.065; art. 50 da Lei 9.099/1995; Res. 12/2009 do STJ). Os embargos
de declaração no sistema dos juizados especiais interrompem o prazo para a interposição de
recursos e propositura de reclamação constitucional para o Superior Tribunal de Justiça.

Obs2: No processo eleitoral, os ED apenas suspendiam o prazo para outros recursos (art. 275, §4º).

O NCPC, porém, modificou o art. 275, CE, prevendo também a regra da interrupção do prazo para outros
recursos.

Art. 1.067. O art. 275 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965 (Código Eleitoral), passa a vigorar
com a seguinte redação:

“ Art. 275, § 5º Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso.

Obs3: O STJ entende que ED intempestivos e os manifestamente incabíveis não geram efeito interruptivo.

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A Turma reiterou que os embargos declaratórios intempestivos não interrompem o prazo para
a interposição de outros recursos (art. 538 do CPC). REsp 1.062.623-PR, Rel. Min. Eliana Calmon,
julgado em 23/9/2008 (informativo 369).

Os segundos embargos declaratórios só podem ser admitidos quando o vício a ser sanado tenha
surgido pela primeira vez no julgamento dos anteriores. Assim, se os segundos embargos de
declaração são manifestamente incabíveis, eles não produzem o efeito interruptivo, de modo
que o prazo para impugnações ao julgado atacado segue fluindo até seu termo final, devendo ser
certificado o trânsito em julgado, além da possibilidade de fixação de multa por conta do
manifesto intuito protelatório do recurso. STF. Plenário. ARE 913264 RG-ED-ED, Rel. Min. Edson
Fachin, julgado em 24/03/2017. STF. Plenário. ARE 654432 ED-ED, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 05/10/2018.

Obs4: Se os embargos forem protelatórios, os embargos não deixam de interromper o prazo para
interposição de recurso, mas o embargante será punido com multa.

O juiz julgará os ED, mas punirá o embargante com multa.

Art. 1.026, § 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o


tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não
excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.

Se o valor for irrisório, deve a multa ser fixada em até 10 vezes o salário mínimo (art. 81, §2º).

Na reiteração dos ED protelatórios, o efeito interruptivo se mantém, mas a multa é elevada, bem como a
interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao pagamento da multa.

Art. 1.026, § 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa


será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer
recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública117
e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.

Se os dois ED anteriores forem considerados protelatórios, aí os efeitos mudam. Nesse caso, os ED são
manifestamente incabíveis, não gerando efeito nenhum e, portanto, não interrompendo o prazo para
recurso.

Art. 1.026, § 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores
houverem sido considerados protelatórios.

117
A doutrina também inclui o MP e a Defensoria, até porque são instituições que não detêm personalidade jurídica, sendo apenas
órgãos da União ou do Estado (Fazenda Pública).
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Enunciado 361, FPPC: (art. 1.026, § 4º) Na hipótese do art. 1.026, § 4º, não cabem embargos de
declaração e, caso opostos, não produzirão qualquer efeito.

Obs5: Proferida uma decisão, uma parte interpõe recurso e a outra opõe ED.

Como os ED interrompem o prazo recursal para ambas as partes, depois de julgados os ED, haverá abertura
do prazo118 para interposição de recurso.

Contudo, aquela parte que já recorreu não poderá fazê-lo, pois houve preclusão consumativa119.

Nessa situação, o STJ exigia que a parte que já tivesse interposto o recurso o ratificasse, sob pena de não ser
conhecido por intempestividade.

Súmula 418, STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação.

O CPC, felizmente, previu em dois dispositivos um entendimento contrário.

Ao art. 1.024, § 5º: § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a


conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de
ratificação.

Art. 218,§4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Por conta dessa contrariedade, o STJ cancelou a súmula 418 e já aprovou um novo enunciado (579), revendo
posicionamento anterior e adotando a ideia do NCPC.

Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração quando inalterado o julgamento anterior.

CESPE/MPAP – Promotor/2021 – b) A interposição de recurso de embargos de declaração antes da


publicação da sentença ou do acórdão embargado é considerada intempestiva, por prematuridade.

A alternativa B está incorreta. Não é intempestivo.

118
Enunciado 477, FPPC: (arts. 1.026 e 219) Publicada em cartório ou inserida nos autos eletrônicos a decisão que julga embargos
de declaração sob a vigência do CPC de 2015, computar-se-ão apenas os dias úteis no prazo para o recurso subsequente, ainda
que a decisão embargada tenha sido proferida ao tempo do CPC de 1973, tendo em vista a interrupção do prazo prevista no art.
1.026.
119
O embargado poderá complementar suas razões apenas na hipótese de embargos modificativos, mas veremos essa
possibilidade no próximo tópico.
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Obs6: O mesmo art. 1.026 diz que os ED não têm efeito suspensivo.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.

Vale lembrar, porém, que a inexistência de efeito suspensivo não permite, por si só, a execução do julgado.
Temos de verificar se o recurso cabível da decisão (além dos ED) é dotado ou não de efeito suspensivo.

Ex1: Da sentença cabe apelação e ED. Como a apelação, em regra, é dotada de efeito suspensivo (art. 1.012,
CPC), não haverá possibilidade de cumprimento provisório da sentença.

Enunciado 218, FPPC: (art. 1.026) A inexistência de efeito suspensivo dos embargos de declaração não
autoriza o cumprimento provisório da sentença nos casos em que a apelação tenha efeito suspensivo.

Ademais, mesmo que não haja efeito suspensivo, é possível requerer a concessão de efeito suspensivo ao
mesmo órgão jurisdicional que irá apreciar os ED, comprovando:

a) probabilidade de provimento do recurso; OU

b) sendo relevante a fundamentação, se houver perigo de dano grave ou de difícil reparação.

Art. 1.026, § 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo
respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso OU, sendo
relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

5.5 – Efeito Modificativo

É possível que o órgão jurisdicional, ao suprir omissão, eliminar a contradição, esclarecer a obscuridade ou
corrigir o erro material altere a decisão embargada.

Nesse caso, diz-se que os embargos têm efeitos modificativos ou infringentes.

Recebidos os ED, se o juiz verificar que o julgamento poderá ensejar a alteração da decisão embargada, deve
intimar o embargado para se manifestar no prazo de 5 dias.

Art. 1.023, § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco)
dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da
decisão embargada.

CLT, Art. 897-A, § 2o Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração somente poderá
ocorrer em virtude da correção de vício na decisão embargada e desde que ouvida a parte
contrária, no prazo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 13.015, de 2014)

Enunciado 614, FPPC: (arts. 1.023, §2º; 933, §1º; 9º). Não tendo havido prévia intimação do
embargado para apresentar contrarrazões aos embargos de declaração, se surgir divergência
capaz de acarretar o acolhimento com atribuição de efeito modificativo do recurso durante a
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sessão de julgamento, esse será imediatamente suspenso para que seja o embargado intimado
a manifestar-se no prazo do §2º do art. 1.023.

Nesse mesma linha, se os ED com efeitos modificativos forem acolhidos, o embargado que já tiver interposto
outro recurso (ex: apelação) deverá ter um prazo extra de 15 dias (contados da intimação da decisão dos ED)
para complementar as razões do recurso já interposto, nos exatos limites da modificação.

Art. 1.024, § 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o
direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de
15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.

Obs1: Esse efeito modificativo pode ocorrer apenas a partir do reconhecimento de um dos 4 vícios
(obscuridade, contradição, omissão ou erro material).

Assim, não é possível embargos de declaração para corrigir erros de julgamento, devendo ser interposto
recurso próprio contra essa decisão.

Os embargos de declaração não se prestam a corrigir possíveis erros de julgamento. STF.


Plenário. RE 194662 Ediv-ED-ED/BA, rel. orig. Min. Sepúlveda Pertence, red. p/ o acórdão Min.
Marco Aurélio, julgado em 14/5/2015 (Info 785).

Ex1: juiz que aplicou incorretamente precedente sobre aquela determinada matéria.

Uma coisa é o cabimento dos ED para suprir a omissão do juiz que não analisou a matéria sob a luz do
precedente.

Outra coisa é o não cabimento dos ED em face de decisão em que o magistrado analisou sim o precedente,
mas o aplicou de maneira equivocada.

5.6 – Embargos Protelatórios

Como já dito, se os embargos forem protelatórios, os embargos não deixam de interromper o prazo para
interposição de recurso, mas o embargante será punido com multa.

O juiz julgará os ED, mas punirá o embargante com multa.

Art. 1.026, § 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o


tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não
excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.

Ex1:

Caracterizam-se como protelatórios os embargos de declaração que visam rediscutir matéria já


apreciada e decidida pela Corte de origem em conformidade com súmula do STJ ou STF ou, ainda,

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precedente julgado pelo rito dos recursos repetitivos ou da repercussão geral. STJ. 2ª Seção. REsp
1410839-SC, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 14/5/2014 (recurso repetitivo) (Info 541).

Ex2:

É possível a aplicação da multa prevista no art. 557, § 2º do CPC 1973 (art. 1.021, § 4º do CPC
2015) na hipótese em que a parte interpôs embargos de declaração, mas era caso de agravo
regimental e este era manifestamente infundado considerando que a decisão recorrida estava
de acordo com entendimento do Plenário do STF. STF. 1ª Turma. RE 501726 ED/SC e RE 581906
ED/SC, rel. Min. Dias Toffoli, julgados em 4/6/2013 (Info 709).

Se o valor for irrisório, deve a multa ser fixada em até 10 vezes o salário mínimo (art. 81, §2º).

Na reiteração dos ED protelatórios, o efeito interruptivo se mantém, mas a multa é elevada, bem como a
interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao pagamento da multa.

Art. 1.026, § 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa


será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer
recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda
Pública120 e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.

Se os dois ED anteriores forem considerados protelatórios, a interposição do terceiro ED protelatório não


mais ensejará o efeito interruptivo. Nesse caso, os ED são manifestamente incabíveis, não gerando efeito
nenhum e, portanto, não interrompendo o prazo para recurso.

Art. 1.026, § 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores
houverem sido considerados protelatórios.

Enunciado 361, FPPC: (art. 1.026, § 4º) Na hipótese do art. 1.026, § 4º, não cabem embargos de
declaração e, caso opostos, não produzirão qualquer efeito.

Obs1: Essa multa pela interposição de ED protelatórios é aplicada também para o beneficiário da
justiça gratuita, Fazenda Pública, MP e DP?

Sim. O que ocorrerá é apenas a dispensa do depósito prévio para interposição de outros recursos, devendo
pagar a multa ao final do processo.

120
A doutrina também inclui o MP e a Defensoria, até porque são instituições que não detêm personalidade jurídica, sendo apenas
órgãos da União ou do Estado (Fazenda Pública).
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Nesse ponto, há uma diferença relevante em relação ao beneficiário da justiça gratuita em relação ao
CPC/73121.

CPC/73 CPC/15

A parte beneficiária da justiça gratuita não está


isenta do pagamento da multa do art. 557, § 2º O novo CPC prevê no art. 98, § 4º que a
do CPC 1973. Porém, o recolhimento da multa concessão de gratuidade não afasta o dever de
ficará suspenso por 5 anos para ver se a parte o beneficiário pagar, ao final, as multas
conseguirá melhorar sua condição econômica e processuais que lhe sejam impostas. STF. 1ª
auferir recursos para pagar a sanção, conforme Turma. RE 775685 AgR-ED/BA, Rel. Min. Dias
prevê o art. 12 da Lei nº 1.060/50. Nesse Toffoli, julgado em 17/11/2015 (Info 808).
sentido, decidiu o STF, 1ª Turma. RE 775685
AgR-ED/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
17/11/2015 (Info 808).

Obs2: É possível aplicar a multa do art. 1.026, §2º juntamente com a multa pela litigância de má-
fé (art. 81, CPC)?

Na vigência do CPC/73, o STJ entendeu que sim. Tudo indica que a posição irá se manter.

Em caso de embargos de declaração manifestamente protelatórios, é possível aplicar a multa do


art. 538, parágrafo único, do CPC 1973 (art. 1.026, § 2º do CPC 2015), juntamente com a
indenização prevista no art. 18, § 2º do CPC 1973. A multa prevista no art. 538, parágrafo único,
do CPC 1973 (art. 1.026, § 2º do CPC 2015) tem caráter eminentemente administrativo —
punindo conduta que ofende a dignidade do tribunal e a função pública do processo —, sendo
possível sua cumulação com a sanção prevista nos arts. 17, VII, e 18, § 2º, do CPC 1973 (arts.
80, VII e 81, § 3º), de natureza reparatória. STJ. Corte Especial. REsp 1250739-PA, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 4/12/2013 (recurso repetitivo) (Info 541).

5.7 – Natureza da Decisão dos Embargos

A decisão judicial que julga os embargos terá a mesma natureza jurídica da decisão embargada.

Se a sentença for embargada, a decisão judicial que julga os ED será também sentença.

Se o acórdão for embargado, a decisão judicial que julga os ED será também feito pelo colegiado, com
posterior lavratura de acórdão.

121
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/12/info-808-stf.pdf
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Se a decisão unipessoal do relator for embargada, será o próprio relator que julgará os ED.

Obs1: Da decisão judicial que julga os ED, haverá fixação de honorários?

1ª corrente (STF): Sim.

Após 18 de março de 2016, data do início da vigência do Novo Código de Processo Civil, é possível
condenar a parte sucumbente em honorários advocatícios na hipótese de o recurso de
embargos de declaração, interposto perante Tribunal, não atender os requisitos previstos no art.
1.022 e tampouco se enquadrar em situações excepcionais que autorizem a concessão de efeitos
infringentes. STF. 1ª Turma. AI 766650 AgR-ED, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 06/06/2017. STF. 1ª Turma. RE 929925 AgR-ED/RS, Rel. Min.
Luiz Fux, julgado em 7/6/2016 (Info 829). STF. 1ª Turma. RE 1071681 AgR-ED-ED, Rel. Min. Rosa
Weber, julgado em 25/05/2018.

2ª corrente (STJ): Não.

Os honorários recursais (art. 85, § 11, do CPC/2015) incidem apenas quando o STJ julga, pela vez
primeira, o recurso, sujeito ao CPC/15, que inaugure o grau recursal, revelando-se indevida a
fixação em agravo interno e embargos de declaração. STJ. 4ª Turma. EDcl no AgInt no REsp
1719756/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 07/08/2018.

5.8 – Embargos de Declaração e Prequestionamento

Os recursos especiais e extraordinários têm requisito extra de admissibilidade, qual seja,


prequestionamento.

Isso significa que a questão federal ou constitucional deve ter sido decidida pelo tribunal de origem, isto é,
que tenha sido examinada no acórdão ou na decisão que julgou a causa em última ou única instância.

Não tendo sido a questão abordada no acórdão ou na decisão, haverá omissão ensejadora dos ED.

Nesse caso, a oposição de ED para obtenção do prequestionamento não pode ser considerado protelatório.

Súmula 98, STJ: Embargos de declaração manifestados com notório propósito de


prequestionamento não têm caráter protelatório.

E se opostos os ED, o tribunal ainda assim não aprecia a questão federal ou constitucional?

Na vigência do CPC/73, o STJ entendia que não estava configurado o prequestionamento.

Súmula 211, STJ: Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de
embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.

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Assim, deveria a parte interpor recurso especial alegando ofensa ao dispositivo do CPC que trata dos
embargos de declaração (art. 535, CPC/73) e requerer que o acórdão recorrido fosse anulado para, voltando
os autos ao tribunal de origem, a matéria omissa fosse apreciada.

Já o STF aceitava, em vários julgamentos, o chamado prequestionamento ficto.

Isso significava que, caso a parte opusesse ED e o tribunal não apreciasse a questão, estaria atendida a
exigência de prequestionamento. Em suma, bastava a oposição dos embargos de declaração em face da
decisão para configurar o prequestionamento.

Súmula 356, STF: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos
declaratórios122, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do
prequestionamento.

Com o NCPC, consagrou-se o entendimento do STF.

Art. 1.025123. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.

Assim, está superada a súmula 211, STJ.

6 – RECURSO ORDINÁRIO

6.1 - Introdução

É o recurso previsto nos arts. 102, II e 105, II, CRFB, bem como nos arts. 994, V, 1.027 e 1.028, CPC.

Antes de entrarmos nas hipóteses de cabimento, vamos aprofundar um pouco mais.

Entre os recursos extraordinários lato sensu (recurso especial e extraordinário) e o recurso ordinário, há as
seguintes diferenças:

122
A contrario sensu, se forem opostos ED, haverá preenchimento do requisito do prequestionamento.
123
Sobre o art. 1025, confiram esses dois julgados do STJ: A regra do art. 1025 aplica-se apenas às omissões sobre questões
unicamente de direito, razão pela qual as omissões sobre matérias fáticas relevantes ensejam a cassação do acórdão que julgou
os embargos na origem, determinando-se a devolução do processo para que seja proferido novo julgamento. REsp. 1.915.277/RJ,
2ª T, dje 27/04/2021; A aplicação do art. 1.025, CPC, está condicionada à presença cumulativa dos seguintes requisitos: i- que a
matéria tenha sido devolvida para julgamento pelo tribunal a quo; ii- que tenha havido oposição de embargos na corte de origem;
iii- que a matéria tenha sido alegada nos referidos embargos; iv – que seja alegada também violação ao art. 1.022, CPC, no recurso
especial; v – que a questão seja relevante e pertinente com a matéria discutida. AGIn no AResp. 1.382.885/SP, 2ª T, dje 29/04/2021.
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a) No recurso ordinário, o STJ e STF atuam em 2º grau de jurisdição;

b) No recurso ordinário, a devolutividade é ampla, abrangendo matéria de direito, bem como de fato;

c) No recurso ordinário, não existe fundamentação vinculada, admitindo-se ao recorrente alegar qualquer
matéria desde que respeite os limites objetivos da demanda;

d) No recurso ordinário, não há exigência de prequestionamento;

Por conta dessas características, Daniel Assumpção assevera ser mais razoável sua comparação com a
apelação.

SEMELHANÇAS DIFERENÇAS

Ambos possuem prazo de 15 dias. Não é cabível recurso adesivo do ROC.

Em ambos, o recurso é de fundamentação livre,


Não cabe a técnica de julgamento ampliado do
não havendo restrição de qual matéria pode ser
art. 942 no ROC.
alegada.

Ambos têm procedimento dividido entre o


órgão prolator da decisão impugnada (a quo) e A apelação tem procedimento regido pelo CPC,
perante órgão competente para julgamento (ad enquanto o ROC tem procedimento regido pelo
quem), em que estes atuam em 2º grau de regimento interno dos tribunais superiores.
jurisdição.

A apelação, em regra, tem efeito suspensivo


(art. 1.012).
Já o ROC não tem efeito suspensivo (art. 995).
Para que seja obtido, a parte deverá requerer.
Art. 1.027, § 2º Aplica-se ao recurso ordinário o
disposto nos arts. 1.013, § 3º, e 1.029, § 5º.
§ 5º O pedido de concessão de efeito
suspensivo a recurso extraordinário ou a
Ambos não exigem prequestionamento. recurso especial poderá ser formulado por
requerimento dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período
compreendido entre a publicação da decisão de
admissão do recurso e sua distribuição, ficando
o relator designado para seu exame prevento
para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256,
de 2016)
II - ao relator, se já distribuído o recurso;

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III – ao presidente ou ao vice-presidente do


tribunal recorrido, no período compreendido
entre a interposição do recurso e a publicação
da decisão de admissão do recurso, assim como
no caso de o recurso ter sido sobrestado, nos
termos do art. 1.037. (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016)

Em ambos, a devolutividade é ampla,


abrangendo matéria de direito e de fato.

Ambos permitem a aplicação da teoria da causa


madura.
Art. 1.027, § 2º Aplica-se ao recurso ordinário o
disposto nos arts. 1.013, § 3º, e 1.029, § 5º.
Enunciado 357, FPPC: (arts. 1.013, 1.014, 1.027,
§2º) Aplicam-se ao recurso ordinário os arts.
1.013 e 1.014.

Uma vez interposta a apelação (art. 1.010,


§3º124) ou o ROC (art. 1.028, §3º125), o juízo a
quo (pode ser juízo de 1º grau ou tribunal)
deverá intimar a parte contrária para
apresentar contestação e, sem fazer juízo de
admissibilidade, remeter o processo à
instância superior.
Se, incorretamente, fizer o juízo de
admissibilidade, caberá reclamação.
Enunciado 209, FPPC: (arts. 988, I, 1.027, II,
1.028, §2º) Cabe reclamação, por usurpação da
competência do Superior Tribunal de Justiça,
contra a decisão de presidente ou vice-
presidente do tribunal de 2º grau que inadmitir
recurso ordinário interposto com fundamento
no art. 1.027, II, “a”.
Enunciado 210, FPPC: (arts. 988, I, 1.027, I,
1.028, §2º) Cabe reclamação, por usurpação da

124
Art. 1.010, § 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz,
independentemente de juízo de admissibilidade.
125
Art. 1.028, § 3º Findo o prazo referido no § 2º, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior, independentemente
de juízo de admissibilidade.
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competência do Supremo Tribunal Federal,


contra a decisão de presidente ou vice-
presidente de tribunal superior que inadmitir
recurso ordinário interposto com fundamento
no art. 1.027, I.

6.2 - Cabimento

Recurso Ordinário em Mandado de Segurança

Contra decisão de única instância denegatória de MS, cabe ROC para o STF desde que a decisão tenha sido
proferida pelos tribunais superiores (STJ, TSE, TST, STM).

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:

I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de


injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a
decisão126;

Se o MS tiver sido denegado por tribunal de segundo grau (TJ ou TRF127), o STJ será o órgão jurisdicional
competente para o ROC.

Art. 1.027, II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou


pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a
decisão128;

Obs1: A “denegação” do MS abrange julgamento do mérito, negando a ordem, bem como julgamento sem
resolução do mérito.

Art. 6º, § 5o Denega-se o mandado de segurança nos casos previstos pelo art. 267 da Lei no 5.869,
de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.

126
Cópia da CRFB, Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: II -
julgar, em recurso ordinário: a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
127
Não cabe ROC de acórdão de Turma Recursal, tampouco do TRT ou TRE.
128
Cópia da CRFB, Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário: b) os mandados de segurança
decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando denegatória a decisão;
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Obs2: Se o tribunal julga MS em grau recursal, dessa decisão não caberá ROC. Este é cabível apenas quando
o MS tiver sido julgado em única instância no tribunal.

Obs3: A decisão tem de ser de algum “tribunal”, sendo, portanto, inadmissível ROC de decisão monocrática
de relator que julga extinto mandado de segurança.

Não é cabível a interposição de recurso ordinário em face de decisão monocrática do relator no


tribunal de origem que julgou extinto o mandado de segurança. A hipótese de interposição do
recurso ordinário constitucional (art. 105, II, b, da CF) é clara, dirigindo-se contra os mandados
de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais
dos estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão. Decisão de
"tribunal" não é a monocrática exarada por um dos desembargadores, mas acórdão de um de
seus órgãos fracionários. Embora se admita a utilização do recurso ordinário se o mandado de
segurança for extinto sem exame do mérito, em se tratando de decisão monocrática, faz-se
necessária a prévia interposição de agravo regimental sob pena de ofensa ao princípio da
colegialidade. Precedente citado do STF: RMS 30.870-BA, DJe 3/9/2012. AgRg na MC 19.774-SP,
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 2/10/2012 (informativo 505).

Obs4: Se a decisão contiver capítulos com resultados distintos (procedência e improcedência), caberá ROC
contra o capítulo que denegou a ordem, bem como recurso extraordinário ou recurso especial contra
capítulo que concedeu a ordem.

Recurso Ordinário em Habeas Data e Mandado de Injunção

Aqui, a única diferença em relação à denegação do MS é que o ROC será cabível apenas quando HD e MI
forem denegados por tribunais superiores, ensejando a competência do STF para julgar o ROC.

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário: I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados
de segurança, os habeas data e os mandados de injunção decididos em única instância pelos
tribunais superiores, quando denegatória a decisão;

Percebam que o art. 105, CRFB, bem como art. 1.027, CPC não preveem ROC para o STJ de HD e MI
denegados em tribunais de 2º grau (TJ e TRF).

Recurso Ordinário em Processos Internacionais

Art. 105, II - julgar, em recurso ordinário: c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro
ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou
domiciliada no País;

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário: II - pelo Superior Tribunal de Justiça: b) os
processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e,
de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

Portanto, os litígios devem envolver:

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a) Estado estrangeiro (Alemanha, França, Inglaterra) OU organismo internacional (ONU, BID, Unesco);

b) Município brasileiro (Alagoinhas, Campinas, Toledo) OU pessoa residente ou domiciliada no brasil.

Atenção: Gravem bem esses entes, pois, se, em vez do Município ou pessoa domiciliada,
fizer parte do litígio a União, algum dos Estados ou DF ou algum Território (não temos
atualmente – tínhamos os territórios do Amapá, Roraima e Fernando de Noronha – arts. 14 e 15,
ADCT), a causa será de competência do STF.
CRFB, Art. 102, I, e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o
Distrito Federal ou o Território;

Nesses casos, a demanda será processada e julgada perante a justiça federal de 1º grau (art. 109, II, CRFB).

Art. 109, II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional E Município ou pessoa
domiciliada ou residente no País;

No decorrer da demanda, serão proferidas decisões interlocutórias, bem como sentença.

Das decisões interlocutórias, será cabível agravo de instrumento nas hipóteses do art. 1.015, CPC, a ser
interposto diretamente no STJ.

Art. 1.027, § 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias
caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art.
1.015.

Art. 1.028, § 1º Na hipótese do art. 1.027, § 1º, aplicam-se as disposições relativas ao agravo de
instrumento e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.

Da sentença (terminativa ou definitiva), será cabível não a apelação (que é o recurso, em regra, a ser
interposto contra sentença), mas sim ROC.

Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea “b”, aplicam-se, quanto aos
requisitos de admissibilidade e ao procedimento, as disposições relativas à apelação e o
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.

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Da sentença (terminativa ou definitiva), será cabível não a apelação (que é o recurso, em regra, a ser
interposto contra sentença), mas sim ROC.

7 – RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL

7.1 - Introdução

Recurso extraordinário (recurso excepcional ou de superposição) é o gênero do qual são espécies129:

i- recurso extraordinário para o STF (art. 102, III, CRFB);

ii- recurso especial para o STJ (art. 105, III, CRFB);

Obs1: Em verdade, como explica Didier e Cunha, o recurso extraordinário, antes da CRFB/88, era o meio de
impugnação da decisão judicial por violação à:

a) Constituição;

b) legislação federal.

Com a criação do STJ pela CRFB/88, as hipóteses de cabimento do antigo recurso extraordinário foram
repartidas entre o STF e o STJ.

Para explicar os dois, vamos seguir a lógica de Daniel Assumpção, expondo as hipóteses de cabimento de
cada um deles para, depois, abordar os aspectos procedimentais comuns.

7.2 – Recurso Especial

7.2.1 - Hipóteses de Cabimento

No recurso especial, temos pressupostos cumulativos e alternativos.

7.2.1.1 - Pressupostos Cumulativos

I - Decisão de única ou última instância

Art. 105, III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão recorrida:

129
Didier também inclui o recurso de revista para o TST e o recurso especial para o TSE (art. 276, I, Código Eleitoral).
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Quando se diz “causa decidida”, a doutrina entende que se exige o prévio esgotamento das instâncias
ordinárias para que se possa manejar o recurso especial.

Súmula 281, STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na justiça de origem,
recurso ordinário da decisão impugnada.

Súmula 735, STF: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de que defere medida liminar.

Ex1: da decisão do relator, não é cabível interposição direta de REsp, devendo a parte, antes, interpor o
agravo interno (art. 1.021).

Não é cabível interpor recurso especial para discutir o mérito de controvérsia enfrentada apenas
por decisão unipessoal de relator no Tribunal de origem, ainda que os embargos de declaração
opostos em face dessa decisão monocrática sejam julgados pelo colegiado, salvo se os embargos
forem recebidos ou julgados como agravo regimental. O julgamento colegiado dos embargos de
declaração opostos contra decisão monocrática não acarreta o exaurimento da instância, a
menos que os embargos tenham sido recebidos como agravo regimental, ou como tal tenham
sido julgados, mesmo que mantenham, formalmente, a nomenclatura originária.
Diferentemente do agravo interno ou regimental - cujo escopo é propiciar ao órgão colegiado o
debate sobre o suposto desacerto de decisão monocrática -, os aclaratórios têm natureza
meramente integrativa e pressupõem a presença de um dos vícios a que alude o art. 535, I e II,
do CPC. Em outras palavras, a questão controvertida decidida monocraticamente somente chega
ao crivo do órgão colegiado por meio de agravo regimental (ou interno), mas não de embargos
declaratórios, salvo as exceções já mencionadas. O julgamento colegiado de aclaratórios opostos
contra decisão monocrática configura erro de procedimento, fato que gera nulidade apenas
relativa do processo, devendo a parte que se sentir prejudicada demonstrar, efetivamente, o
prejuízo. (...). Por conseguinte, o fato de existir decisão colegiada não impede nem inibe a
subsequente interposição de agravo regimental, este sim apto a levar ao órgão coletivo o exame
da questão controvertida. Há, também, outra solução processual no ordenamento jurídico.
Julgados colegiadamente os embargos de declaração opostos contra decisão monocrática de
relator, deve a parte interessada opor novos aclaratórios sob a alegação de erro no
procedimento, viabilizando, assim, a interposição do recurso especial para que seja analisada,
exclusivamente, a nulidade do julgado por ofensa ao art. 557 do CPC. AgRg no REsp 1.231.070-
ES, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 3/10/2012 (informativo 505).

II - Decisão proferida por tribunal

A decisão tem que ter sido proferida por:

i- Tribunal de Justiça;

ii- Tribunal Regional Federal.

Como a turma recursal não é tribunal, não é cabível Resp da decisão das Turmas Recursais dos Juizados.

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Súmula 203, STJ: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau
dos Juizados Especiais.

Ocorre que, ao longo do tempo, essa impossibilidade de Resp era muito injusta e desigual.

Ora, uma decisão da turma recursal poderia afrontar entendimento sumulado do STJ e até julgamento do
STJ realizado sob a sistemática de recurso repetitivo.

Por conta disso, o STJ editou a resolução n. 12/2009, que passou a permitir o ajuizamento de reclamação no
STJ contra decisão de turma recursal quando esta:

a) afrontasse jurisprudência do STJ pacificada em recurso repetitivo;

b) violasse súmula do STJ;

c) fosse teratológica.

Como o STJ ficou assoberbado de reclamações, resolveu editar nova resolução, modificando alguns pontos.

A resolução n. 03/2016 permitiu que a parte pudesse ajuizar reclamação no Tribunal de Justiça quando a
decisão da turma recursal contrariar jurisprudência do STJ que esteja consolidada em:

a) IAC;

b) IRDR;

c) julgamento de recurso especial repetitivo;

d) enunciado sumular;

e) precedentes do STJ.

E, se o TJ mantiver a posição da turma, aí sim caberá interposição de recurso especial para o STJ.

Crítica: A resolução cria hipótese em que o Tribunal que decide a reclamação (TJ) não é aquele que teve sua
decisão afrontada (STJ).

Além disso, a resolução estaria violando a autonomia dos Estados (art. 125, §1º, CRFB) de criarem
competências para os TJ´s sem previsão em lei ou na Constituição.

Obs1: Essa resolução não se aplica nos juizados especiais federais, porquanto a Lei n. 10.259/01 já tem um
procedimento de uniformização de jurisprudência.

Não se admite a utilização do instituto da reclamação contra acórdão de Turma Recursal do


Juizado Federal diante da previsão expressa de recursos no artigo 14 da Lei n. 10.259/2001. (...)
(STJ. 1ª Seção. AgRg na Rcl 7.764/SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 24/10/2012)

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Obs2: Essa resolução também não se aplica nos juizados especiais da Fazenda Pública, porquanto a Lei n.
12.153/09 já tem um procedimento de uniformização de jurisprudência.

Art. 18. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei quando houver divergência
entre decisões proferidas por Turmas Recursais sobre questões de direito material.

(...)

§ 3º Quando as Turmas de diferentes Estados derem a lei federal interpretações divergentes, ou


quando a decisão proferida estiver em contrariedade com súmula do Superior Tribunal de Justiça,
o pedido será por este julgado.

Art. 19. Quando a orientação acolhida pelas Turmas de Uniformização de que trata o § 1º do art.
18 contrariar súmula do Superior Tribunal de Justiça, a parte interessada poderá provocar a
manifestação deste, que dirimirá a divergência.

Não é cabível nem pedido de uniformização nem reclamação ao STJ contra acórdão de Turma
Recursal do Juizado da Fazenda Pública que contrarie orientação fixada em precedentes do STJ.
STJ. 1ª Seção. Rcl 22.033-SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/4/2015 (Info 559).

Márcio Cavalcante130, sempre didático, esquematiza da seguinte forma:

QUAL É O INSTRUMENTO JURÍDICO CABÍVEL CONTRA ACÓRDÃO DE TURMA RECURSAL


QUE VIOLE ENTENDIMENTO CONSOLIDADO OU MESMO SUMULADO DO STJ?

1) Juizado Especial Estadual:


2) Juizado Especial Federal: 3) Juizado da Fazenda Pública:
Reclamação para o TJ
Pedido de uniformização de Pedido de uniformização de
jurisprudência. jurisprudência.

Fundamento: Fundamento: Fundamento:


Resolução 03/2016 do STJ. art. 14 da Lei nº 10.259/2001. art. 19 da Lei nº 12.153/2009.

Hipóteses de cabimento: Hipóteses de cabimento: Hipótese de cabimento:


Cabível quando a decisão da Turma Cabível quando a decisão da Turma Cabível quando a decisão da Turma
contrariar jurisprudência do STJ contrariar: contrariar súmula do STJ.
consolidada em:

130
https://www.dizerodireito.com.br/2016/04/resolucao-032016-do-stj-e-o-fim-das.html
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a) incidente de assunção de a) jurisprudência dominante do STJ;


competência; ou
b) incidente de resolução de b) súmula do STJ.
demandas repetitivas (IRDR);
c) julgamento de recurso especial
repetitivo;
d) Súmulas do STJ;
e) precedentes do STJ.

III - Pré-questionamento

Os recursos especiais e extraordinários têm requisito extra de admissibilidade, qual seja,


prequestionamento.

Isso significa que a questão federal ou constitucional deve ter sido decidida pelo tribunal de origem, isto é,
que tenha sido examinada no acórdão ou na decisão que julgou a causa em última ou única instância.

Não tendo sido a questão abordada no acórdão ou na decisão, haverá omissão ensejadora dos ED.

Nesse caso, a oposição de ED para obtenção do prequestionamento não pode ser considerado protelatório.

Súmula 98, STJ: Embargos de declaração manifestados com notório propósito de


prequestionamento não têm caráter protelatório.

E se opostos os ED, o tribunal ainda assim não aprecia a questão federal ou constitucional?

Na vigência do CPC/73, o STJ entendia que não estava configurado o prequestionamento.

Súmula 211, STJ: Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de
embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.

Assim, deveria a parte interpor recurso especial alegando ofensa ao dispositivo do CPC que trata dos
embargos de declaração (art. 535, CPC/73) e requerer que o acórdão recorrido fosse anulado para, voltando
os autos ao tribunal de origem, a matéria omissa fosse apreciada.

Já o STF aceitava, em vários julgamentos, o chamado prequestionamento ficto.

Isso significava que, caso a parte opusesse ED e o tribunal não apreciasse a questão, estaria atendida a
exigência de prequestionamento. Em suma, bastava a oposição dos embargos de declaração em face da
decisão para configurar o prequestionamento.

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Súmula 356, STF: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos
declaratórios131, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do
prequestionamento.

Com o NCPC, consagrou-se o entendimento do STF.

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.

Assim, está superada a súmula 211, STJ.

Aprofundando o assunto, vejam o julgado interessante do STJ veiculado no info 674:

Consideram-se prequestionados os fundamentos adotados nas razões de apelação e


desprezados no julgamento do respectivo recurso, desde que, interposto recurso especial, sejam
reiterados nas contrarrazões da parte vencedora.

À luz do acórdão da Primeira Turma do STJ, entende-se que o recurso especial não atende o
requisito do prequestionamento quanto aos fundamentos das razões de apelação desprezados
no acórdão que deu integral provimento ao recurso.

Para o acórdão paradigma, julgado pela Corte Especial, "a questão levantada nas instâncias
ordinárias, e não examinada, mas cuja pretensão foi acolhida por outro fundamento, deve ser
considerada como prequestionada quando trazida em sede de contrarrazões" (EREsp
1.144.667/RS).

A questão precisa ser analisada sob a perspectiva da sucumbência e da possibilidade de melhora


da situação jurídica do recorrente, critérios de identificação do interesse recursal. Não se trata
de temática afeta a esta ou aquela legislação processual (CPC/1973 ou CPC/2015), mas de
questão antecedente, verdadeiro fundamento teórico da disciplina recursal.

A configuração do interesse recursal pressupõe a presença do binômio sucumbência e


perspectiva de maior vantagem. Sem ele a parte simplesmente não consegue superar o juízo de
admissibilidade recursal.

No caso, a parte não dispunha, após o julgamento da apelação, de nenhum dos dois requisitos:
não era vencida (sucumbente) e não existia perspectiva de melhora na sua situação jurídica.
Logo, agiu segundo a ordem e a dogmática jurídicas quando se absteve de recorrer. Além disso,

131
A contrario sensu, se forem opostos ED, haverá preenchimento do requisito do prequestionamento.
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se averbado nas contrarrazões do recurso especial o fundamento descartado no julgamento da


apelação, não há como cobrar algo a mais. Fez-se o que se esperava para manter viva a temática.

A exigência de oposição de embargos declaratórios a fim de inutilmente prequestionar matéria


que sequer se sabe se voltará a ser abordada vai de encontro à tendência, vigente mesmo antes
do atual Código de Processo Civil, de desestimular a desnecessária utilização das vias recursais.

Dessa forma, prevalece o entendimento que considera toda a matéria devolvida à segunda
instância apreciada quando provido o recurso por apenas um dos fundamentos expostos pela
parte, a qual não dispõe de interesse recursal para a oposição de embargos declaratórios.

Assim, consideram-se prequestionados os fundamentos adotados nas razões de apelação e


desprezados no julgamento do respectivo recurso, desde que, interposto recurso especial, sejam
reiterados nas contrarrazões da parte vencedora. EAREsp 227.767-RS, Rel. Min. Francisco Falcão,
Corte Especial, por unanimidade, julgado em 17/06/2020, DJe 29/06/2020 (info 674)

Obs1: Esse prequestionamento realça a posição do STJ e do STF de meros revisores da correta aplicação do
direito, sem entrar no reexame das provas (reexame dos fatos).

Súmula 279, STF: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.

Súmula 7, STJ: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.

Mesmo com essas súmulas, nem sempre a linha divisória é clara.

Marinoni e Sérgio Arenhart enumeram situações em que se admite recurso excepcional questionando a
aplicação das regras sobre direito probatório:

i- licitude da prova;

ii- qualidade da prova necessária para a validade do ato jurídico;

iii- para uso de certo procedimento;

iv- do objeto da convicção;

v- da convicção suficiente diante da lei processual;

vi- do direito material;

vii- do ônus da prova;

viii- da idoneidade das regras de experiência e das presunções;

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ix- além de outras questões que antecedem a relação entre conjunto de provas e fatos, por dizerem respeito
ao valor abstrato de cada uma das provas e critérios que guiaram os raciocínios presuntivo, probatório e
decisório.

Assim, são diferentes inadmissibilidade da interposição de recurso para discutir a apreciação da prova x
admissibilidade de interposição de recurso para discutir a aplicação do direito probatório.

Ex1: Tribunal diz que há recibo de quitação nos autos, mas ainda assim condena a parte ao pagamento.

É possível interpor recurso especial ao STJ para discutir a força probante do recibo.

Ex2: Se o tribunal disser que não houve pagamento, não é possível que, no recurso especial, haja menção
que o tribunal se equivocou, informando a fl. do processo onde se encontra o recibo de quitação, pois seria
reexame de prova.

Ex3: Não se pode analisar, em âmbito de REsp, se os requisitos necessários à concessão da tutela antecipada
(tutela provisória de urgência) estão presentes no caso concreto porque isso demandaria (exigiria) reexame
do contexto fático.

A apreciação dos requisitos de que trata o art. 273 do CPC/1973 para a concessão da tutela
antecipada enseja o revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos, o que é vedado pela
Súmula 7 desta Corte. (AgRg no AREsp 2.644/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 19/05/2011, DJe 25/05/2011)

Ex4: Contudo, nessa mesma situação:

É cabível recurso especial contra decisão não definitiva, desde que não se trate de reexame do
seu contexto fático, mas da interpretação da abrangência de norma legal sobre a viabilidade da
aplicação do instituto da tutela antecipada (tutela provisória de urgência), ou o controle da
legitimidade das decisões de medidas liminares. STJ. 1ª Turma. REsp 1.125.661-DF, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 27/3/2012.

Ex: o recurso do Estado afirma que a lei não permite o bloqueio e sequestro de valores públicos
em decisão de tutela provisória de urgência.

Ex5:

Súmula 5, STJ: A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso especial.

Ex6: Doutro lado, é possível analisar o direito aplicado à espécie, se se trata de contrato de arrendamento
mercantil ou de outro tipo.

Súmula 293, STJ: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VGR) não descaracteriza o
contrato de arrendamento mercantil.

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Obs2: Na vigência do CPC/73, o voto vencido não era incluído no acórdão e, portanto, não servia para fins
de prequestionamento. Tanto é assim que o STJ tinha a súmula 320, com o seguinte enunciado.

Súmula 320, STJ: A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito
do prequestionamento.

Com o NCPC, o art. 941, §3º passou a exigir que o voto vencido seja declarado e componha o acórdão para
todos os fins.

Art. 941. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento, designando para
redigir o acórdão o relator ou, se vencido este, o autor do primeiro voto vencedor.

§ 3º O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do


acórdão para todos os fins legais, inclusive de pré-questionamento.

FMP Concursos/PGE-AC – Procurador do Estado/2017 - Considere as seguintes afirmativas sobre o


tema da ordem dos processos no tribunal no âmbito do Código de Processo Civil. Assinale a alternativa
INCORRETA

e) O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do acórdão para
todos os fins legais, exceto para a finalidade de prequestionamento.

Comentários

A alternativa E está incorreta.

Art. 941, § 3o O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do
acórdão para todos os fins legais, inclusive de pré-questionamento.

Desse modo, para o NCPC, o acórdão compõe-se da totalidade dos votos, vencedores e vencidos, sob pena
de nulidade, sendo que os temas abordados no voto vencido servem para preencher o requisito do
prequestionamento.

De todo modo, se houver descumprimento do art. 941, §3º, há nulidade do acórdão e do


julgamento?

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Segundo STJ (informativo 642), haverá nulidade do acórdão que não contenha a totalidade dos votos
declarados, mas não do julgamento, se o resultado proclamado refletir, com exatidão, a conjunção dos votos
proferidos pelos membros do colegiado.

Anulado o acórdão, caberá ao tribunal providenciar a juntada do(s) voto(s) vencido(s) declarado(s),
observando, para tanto, as normas de seu regimento interno, e, em seguida, promover a sua republicação,
nos termos do § 3º do art. 941 do CPC/2015, abrindo-se, em consequência, novo prazo para eventual
interposição de recurso pelas partes.

Por outro lado, não precisará fazer um novo julgamento.

7.2.1.2 - Pressupostos Alternativos

Além dos pressupostos cumulativos, o recorrente deve comprovar algum dos três próximos pressupostos
alternativos.

Art. 105, III, “a”, CRFB

Art. 105, III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

1ª corrente (Scarpinella): “Contrariar” é similar a “negar vigência”.

2ª corrente (majoritária): “Contrariar” é termo mais amplo que “negar vigência”. Contrariar abarca qualquer
forma de ofensa lei, a exemplo de sua não aplicação, má interpretação, aplicação que importe
desvirtuamento do seu conteúdo etc.

Já negar vigência abrange132:

i- aplicação de lei que não tem aplicação à espécie em lugar da lei federal cabível;

ii- aplicação sobre fato certo dispositivo inaplicável.

Obs1: O enunciado 400, súmula de jurisprudência do STF diz:

Súmula 400, STF: Decisão que deu razoável interpretação à lei, ainda que não seja a melhor, não autoriza
recurso extraordinário pela letra "a" do art. 101, III, da Constituição Federal.

132
NEGRÃO, Theotonio. Técnica do Recurso Extraordinário no Cível. Revista dos Tribunais, v. 602, p. 11.
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Tal enunciado, porém, está atualmente superado.

A súmula foi editada na vigência da Constituição pretérita que, no art. 119, III, dizia que competia ao STF:

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância por
outros tribunais, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição ou negar vigência de tratado ou lei federal;

Havia, pois, uma distinção entre “contrariar a Constituição” e “negar vigência a tratado ou lei federal”.

A súmula se aplicava apenas ao recurso extraordinário que negasse vigência a tratado ou lei federal.

Se se tratasse de norma constitucional, não incidia a súmula 400, pois “contrariar“ é mais amplo que negar
vigência, razão pela qual a interpretação equivocada da CRFB, ainda que razoável, desafiava recurso
extraordinário.

Com a CRFB/88, pelo fato de o art. 105, III, “a” inserir os termos “contrariar” e “negar vigência”, a súmula
não se aplica em nenhuma hipótese.

Assim, se o tribunal der uma interpretação “razoável” ao caso, pode ser que não haja negativa de vigência,
mas haverá sim possiblidade de recurso especial pela “contrariedade” a tratado ou lei federal.

Obs1: Sobre o termo “lei federal”, entende-se que há referência à abrangência territorial nacional das leis,
não cabendo REsp se a norma afrontada por estadual ou municipal.

Assim, estariam abrangidas a lei complementar, ordinária, delegada, decreto-lei, decreto autônomo e até
mesmo a medida provisória, que tecnicamente nem é lei, mas tem força normativa de lei.

Doutro lado, não cabe REsp por ofensa a dispositivo de regimento interno, súmula133, portaria, instrução
normativa, resolução, parecer, decreto legislativo, circular, convênio etc.

(...) O recurso especial não constitui via adequada para análise de interpretação de resoluções,
portarias ou instruções normativas, por não estarem tais atos normativos compreendidos na
expressão ‘lei federal’, constante da alínea ‘a’ do inciso III do art. 105 da Constituição Federal.
(STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1494995/RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 12/02/2015).

É inviável a análise, em recurso especial, do preceito regimental, pois não se enquadra no


conceito de lei federal, por aplicação analógica da Súmula 399/STF (STJ. REsp 1316889/RS,
julgado em 19/09/2013).

133
Súmula não é lei. O recurso especial deve apontar o art. X da Lei Federal Y que foi violado, e não a súmula.
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Atenção1: Se o convênio tiver como fonte imediata a Constituição (Ex: Convênio do ICMS n. 66, embasado
no art. 34, §8º, CRFB), ele teria força de lei e, eventual descumprimento, ensejaria recurso especial.

Se o convênio, porém, estiver embasado apenas em disposição legal, terá natureza infralegal, não ensejando
recurso especial eventual descumprimento.

Atenção2: Se, por exemplo, o tribunal adota uma posição diferente daquela emanada em recurso especial
repetitivo, o recorrente não alegará afronta à jurisprudência, mas sim ao dispositivo que foi interpretado
diferentemente pelo tribunal.

É indispensável, portanto, a indicação do dispositivo legal federal que foi violado.

É necessária a indicação do dispositivo de lei federal que se entende por violado ou que recebeu
interpretação divergente para o conhecimento do recurso especial, seja interposto pela alínea
"a", seja pela "c" do art. 105, III, da CF. A função precípua do STJ, por meio do recurso especial, é
homogeneizar a interpretação dada à norma federal pelo ordenamento jurídico pátrio, sendo
que a falta de indicação do dispositivo tido por violado caracteriza deficiência de fundamentação
e justifica a aplicação da Súmula n. 284/STF, que dispõe que "é inadmissível o recurso
extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão
da controvérsia". AgRg no AREsp 135.969-SP. Rel. Min. Castro Meira, julgado em 9/10/2012
(informativo 506).

Cabe recurso especial - e não recurso extraordinário - para examinar se ofende o art. 6º da Lei de
Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB) a interpretação feita pelo acórdão recorrido
dos conceitos legais de direito adquirido e de ato jurídico perfeito a qual ensejou a aplicação de
lei nova a situação jurídica já constituída quando de sua edição. Embora o tema não seja pacífico,
não se desconhece que há acórdãos do STJ segundo os quais, havendo dispositivo constitucional
com o mesmo conteúdo da regra legal cuja violação se alega - como é o caso do direito adquirido
e do ato jurídico perfeito -, a questão é constitucional, não suscetível de apreciação na via do
recurso especial. Todavia, a jurisprudência do STF orienta-se no sentido de que não cabe recurso
extraordinário por ofensa aos princípios constitucionais da legalidade, do devido processo legal,
da coisa julgada, do direito adquirido, entre outros, se, para apreciá-la, for necessária a
interpretação de legislação ordinária (AgRg no AG 135.632-RS, Primeira Turma, DJ 3/9/1999). Os
conceitos de direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada são dados por lei ordinária
(art. 6º da LINDB), sem aptidão, portanto, para inibir o legislador infraconstitucional. Assim, se a
lei ordinária contiver regra de cujo texto se extraia ordem de retroatividade, em prejuízo de
situação jurídica anteriormente constituída, a ofensa será direta ao art. 5º, XXXVI, da CF, passível
de exame em recurso extraordinário. Diversamente, caso se cuide de decidir acerca da aplicação

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da lei nova a determinada relação jurídica existente quando de sua edição, a questão será
infraconstitucional, impugnável mediante recurso especial. REsp 1.124.859-MG, Rel. originário
Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 26/11/2014,
DJe 27/2/2015 (informativo 556)

Obs2: Tratado, por sua vez, é aquele ajuste, acordo, compromisso internacional que, uma vez incorporado
em nosso ordenamento, tem força de lei ordinária (espécie de lei federal).

Lembra-se que, para ser aplicado no âmbito interno, o tratado tem de ser incorporado ao nosso
ordenamento jurídico. E, para tanto, é preciso passar por 4 etapas: i- negociação e assinatura (art. 84, VIII,
CRFB); ii- aprovação do Congresso por meio de decreto legislativo (art. 49, I, CRFB); iii- ratificação pelo
Presidente; iv- promulgação do texto do tratado mediante decreto presidencial.

Nesse passo, o STJ134 já decidiu que a menção a convenções abstratas (Convenção Modelo da OCDE) que não
possuem validade e eficácia no Direito Interno não é suficiente à configuração do prequestionamento,
mesmo que em sua forma implícita.

Sobre a temática, é importante salientar a existência de três esferas hierárquicas em nosso ordenamento
quanto aos tratados:

a) status constitucional (art. 5º, § 3º, CRFB): tratados internacionais que versem sobre direitos humanos,
aprovados nas duas casas do Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, por 3/5 (três quintos) dos votos dos
respectivos membros;

Contra esse tratado equivalente à EC, cabe recurso extraordinário.

b) status supralegal (RE 466.343-SP e HC 90.172-SP): tratados sobre direitos humanos aprovados pelo
procedimento ordinário, não perpassando pelo rito da letra “a”.

c) status legal: tratados internacionais que não versem sobre direitos humanos são equivalentes às leis
ordinárias, com fulcro no art. 102, III, “b”, CRFB (RE 80.004/SE).

Contra os tratados das letras “b” e “c”, cabe recurso especial.

Art. 105, III, “b“, CRFB

Art. 105, III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão recorrida:

134
STJ, 2ª T, REsp 1.821.336-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, d.j. 04/02/20, info 684.
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b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Ato de governo local pode abranger, segundo Assumpção, ato de natureza normativa ou administrativa,
praticada pelo Poder Executivo, Legislativo – no âmbito estadual ou municipal – e pelo Poder Judiciário no
âmbito estadual.

Se esse ato foi julgado válido, o acórdão recorrido manteve ainda a afronta à lei federal, justificando a
interposição do REsp.

Art. 105, III, “c”, CRFB

Art. 105, III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios,
quando a decisão recorrida:

c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Quando houver divergência entre tribunais diversos, caberá o REsp para promoção da uniformização da
interpretação da lei federal.

Obs1: Tribunais diversos envolve divergência entre:

a) TJ´s de diferentes Estados;

b) TRF´s de diferentes regiões;

c) TJ´s e TRF´s;

d) Tribunais de segundo grau e o próprio STJ (REsp. 1.344.635/SP).

Os julgados da justiça especializada135 não servem à demonstração de dissídio jurisprudencial


para a apreciação em sede de recurso especial, haja vista que seus órgãos não estão sujeito à
jurisdição do STJ. AgRg no REsp 1.344.635-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
20/11/2012 (informativo 510).

Obs2: Se a divergência existir dentro de um mesmo tribunal, não será cabível REsp (súmula 13, STJ), mas sim
ao próprio tribunal pacificar a divergência interna, seja por IAC, seja por embargos de divergência (no caso
de tribunais superiores), cumprindo a estabilidade exigida no art. 926, CPC.

135
Justiça do Trabalho, Eleitoral e Militar.
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Obs3: O recorrente deve provar a existência do acórdão paradigma nas seguintes formas:

a) certidão do tribunal;

b) cópia autenticada;

c) citação do repositório oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica em que


houver sido publicado o acórdão divergente; e

d) reprodução do julgado disponível na rede mundial de computadores.

Art. 1.029, § 1º Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da
divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado,
inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a
reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva
fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os
casos confrontados.

Obs4: Não é suficiente, porém, a mera menção ao acórdão paradigma. A comprovação da divergência deve
ser feita de modo analítico, comparando trechos da decisão, “mencionando as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados” (art. 1.029, §1º, parte final, CPC).

Súmula 291, STF: No recurso extraordinário pela letra "d" do art. 101, número III, da Constituição,
a prova do dissídio jurisprudencial far-se-á por certidão, ou mediante indicação do "Diário da
Justiça" ou de repertório de jurisprudência autorizado, com a transcrição do trecho que
configure a divergência, mencionadas as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os
casos confrontados.

E nessa menção às circunstâncias que assemelham ou identificam os casos, deve indicar expressamente o
dispositivo de lei que foi interpretado de forma divergente pelo acórdão recorrido e paradigma.

É necessária a indicação do dispositivo de lei federal que se entende por violado ou que recebeu
interpretação divergente para o conhecimento do recurso especial, seja interposto pela alínea
"a", seja pela "c" do art. 105, III, da CF. A função precípua do STJ, por meio do recurso especial, é
homogeneizar a interpretação dada à norma federal pelo ordenamento jurídico pátrio, sendo
que a falta de indicação do dispositivo tido por violado caracteriza deficiência de fundamentação
e justifica a aplicação da Súmula n. 284/STF, que dispõe que "é inadmissível o recurso
extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão
da controvérsia". AgRg no AREsp 135.969-SP. Rel. Min. Castro Meira, julgado em 9/10/2012
(informativo 506).

Obs5: A divergência deve ser atual.

Se o acórdão recorrido/embargado adotar o entendimento mais recente da jurisprudência do Tribunal, já


superando aquela posição do acórdão paradigma ultrapassado, não caberá os embargos de divergência.

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Súmula 286, STF: Não se conhece do recurso extraordinário fundado em divergência


jurisprudencial, quando a orientação do plenário do Supremo Tribunal Federal já se firmou no
mesmo sentido da decisão recorrida.

Súmula 83, STJ: Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do
Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida.

Obs6: Uma vez arguido o dissídio jurisprudencial, o tribunal não pode inadmitir o REsp sob o argumento
genérico de que as circunstâncias fáticas são diferentes.

Deve demonstrar pormenorizadamente a distinção.

Embora o art. 1.029, §2º, que tinha tal previsão, tenha sido revogado, a imposição permanece, pois é um
dever decorrente da fundamentação constitucionalmente adequada (art. 93, IX, CRFB c/c art. 489, §1º, CPC).

Art. 1.029, § 2º Quando o recurso estiver fundado em dissídio jurisprudencial, é vedado ao


tribunal inadmiti-lo com base em fundamento genérico de que as circunstâncias fáticas são
diferentes, sem demonstrar a existência da distinção. (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016)

Obs7: A divergência jurisprudencial é hipótese autônoma de fundamentação? O art. 105, III, “c” não se
confundiria com o art. 105, III, “a”, CRFB?

1ª corrente (Teresa Wambier, Fávio Cheim): A divergência jurisprudencial não é fundamento autônomo do
REsp, devendo o recorrente demonstrar que a interpretação adotada no acórdão recorrido não é correta,
estando a hipótese abrangida pelo art. 105, III, “a”, CRFB.

2ª corrente (Mancuso, Didier): É autônoma a hipótese de cabimento de recurso especial fundado na


divergência jurisprudencial. O recorrente ão aponta error in iudicando ou error in procedendo, mas
fundamento autônomo e extrínseco do julgado, qual seja, a divergência entre tribunais.

Se, por fim, o recorrente interpuser recurso especial, mas o relator, no STJ, entender que o caso versa sobre
questão constitucional, não irá inadmitir o recurso, como ocorria na vigência do CPC/73.

Em homenagem à primazia da decisão de mérito e à fungibilidade, aplicará o art. 1.032, CPC, convertendo o
recurso especial em extraordinário.

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa
sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente
demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.
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Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput , o relator remeterá o recurso ao
Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça.

Enunciado 79, I JDPC do CJF: Na hipótese do art. 1.032 do CPC, cabe ao relator, após possibilitar
que o recorrente adite o seu recurso para inclusão de preliminar sustentando a existência de
repercussão geral, oportunizar ao recorrido que, igualmente, adite suas contrarrazões para
sustentar a inexistência da repercussão.

Enunciado 565, FPPC: (art. 1.032; art. 1.033) Na hipótese de conversão de recurso extraordinário
em recurso especial ou vice-versa, após a manifestação do recorrente, o recorrido será intimado
para, no prazo do caput do art. 1.032, complementar suas contrarrazões.

Enunciado 564, FPPC: (arts.1032-1033). Os arts. 1.032 e 1.033 devem ser aplicados aos recursos
interpostos antes da entrada em vigor do CPC de 2015 e ainda pendentes de julgamento.

7.3 – Recurso Extraordinário

7.3.1 - Hipóteses de Cabimento

No recurso especial, temos pressupostos cumulativos e alternativos.

7.3.1.1 - Pressupostos Cumulativos

I - Decisão de única ou última instância

Art. 102, III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última
instância, quando a decisão recorrida:

Obs1: Referido requisito exige o prévio esgotamento das instâncias ordinárias para que se possa manejar o
recurso especial.

Súmula 281, STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na justiça de origem,
recurso ordinário da decisão impugnada.

Ex1:

O recurso extraordinário é inadmissível quando interposto após decisão monocrática proferida


pelo relator, haja vista não esgotada a prestação jurisdicional pelo tribunal de origem. Com base
nessa orientação, a Segunda Turma, em conclusão de julgamento, negou provimento a agravo
regimental em recurso extraordinário com agravo. Na espécie, turma recursal negara provimento
ao recurso inominado do réu e confirmara a sentença por seus próprios fundamentos. Opostos
embargos de declaração, estes não foram conhecidos por decisão monocrática do relator e, na
sequência, fora protocolado recurso extraordinário (...). ARE 868922/SP, rel. Min. Dias Toffoli,
2.6.2015. (ARE-868922)

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A parte deveria ter interposto agravo regimental (agravo interno) contra a decisão monocrática
do Relator. Este agravo seria julgado pelo colegiado (Turma Recursal). Se a Turma mantivesse a
decisão monocrática, aí sim, caberia recurso extraordinário.

Obs2:

O vocábulo “causa” referido no inciso III do art. 102 da CF/88 só abrange processos judiciais,
razão pela qual é incabível a interposição de recursos extraordinários contra acórdãos proferidos
pelos Tribunais em processos administrativos, inclusive aqueles de natureza disciplinar
instaurados contra magistrados. STF. 2ª Turma. ARE 958311/SP, rel. org. Min. Teori Zavaski,
red.p/ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/02/2018 (Info 892).

II - Pré-questionamento

Os recursos especiais e extraordinários têm requisito extra de admissibilidade, qual seja,


prequestionamento.

Isso significa que a questão federal ou constitucional deve ter sido decidida pelo tribunal de origem, isto é,
que tenha sido examinada no acórdão ou na decisão que julgou a causa em última ou única instância.

Não tendo sido a questão abordada no acórdão ou na decisão, haverá omissão ensejadora dos ED.

Nesse caso, a oposição de ED para obtenção do prequestionamento não pode ser considerado protelatório.

Súmula 98, STJ: Embargos de declaração manifestados com notório propósito de


prequestionamento não têm caráter protelatório.

E se opostos os ED, o tribunal ainda assim não aprecia a questão federal ou constitucional?

Na vigência do CPC/73, o STJ entendia que não estava configurado o prequestionamento.

Súmula 211, STJ: Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de
embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.

Assim, deveria a parte interpor recurso especial alegando ofensa ao dispositivo do CPC que trata dos
embargos de declaração (art. 535, CPC/73) e requerer que o acórdão recorrido fosse anulado para, voltando
os autos ao tribunal de origem, a matéria omissa fosse apreciada.

Já o STF aceitava, em vários julgamentos, o chamado prequestionamento ficto.

Isso significava que, caso a parte opusesse ED e o tribunal não apreciasse a questão, estaria atendida a
exigência de prequestionamento. Em suma, bastava a oposição dos embargos de declaração em face da
decisão para configurar o prequestionamento.

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Súmula 356, STF: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos
declaratórios136, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do
prequestionamento.

Com o NCPC, consagrou-se o entendimento do STF.

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.

Assim, está superada a súmula 211, STJ.

Obs1: Esse prequestionamento realça a posição do STJ e do STF de meros revisores da correta aplicação do
direito, sem entrar no reexame das provas (reexame dos fatos).

Súmula 279, STF: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.

Súmula 7, STJ: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.

Mesmo com essas súmulas, nem sempre a linha divisória é clara.

Marinoni e Sérgio Arenhart enumeram situações em que se admite recurso excepcional questionando a
aplicação das regras sobre direito probatório:

i- licitude da prova;

ii- qualidade da prova necessária para a validade do ato jurídico;

iii- para uso de certo procedimento;

iv- do objeto da convicção;

v- da convicção suficiente diante da lei processual;

vi- do direito material;

vii- do ônus da prova;

viii- da idoneidade das regras de experiência e das presunções;

136
A contrario sensu, se forem opostos ED, haverá preenchimento do requisito do prequestionamento.
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ix- além de outras questões que antecedem a relação entre conjunto de provas e fatos, por dizerem respeito
ao valor abstrato de cada uma das provas e critérios que guiaram os raciocínios presuntivo, probatório e
decisório.

Assim, são diferentes inadmissibilidade da interposição de recurso para discutir a apreciação da prova x
admissibilidade de interposição de recurso para discutir a aplicação do direito probatório.

Ex1: Tribunal diz que há recibo de quitação nos autos, mas ainda assim condena a parte ao pagamento.

É possível interpor recurso especial ao STJ para discutir a força probante do recibo.

Ex2: Se o tribunal disser que não houve pagamento, não é possível que, no recurso especial, haja menção
que o tribunal se equivocou, informando a fl. do processo onde se encontra o recibo de quitação.

Obs2: Na vigência do CPC/73, o voto vencido não era incluído no acórdão e, portanto, não servia para fins
de prequestionamento. Tanto é assim que o STJ tinha a súmula 320, com o seguinte enunciado.

Súmula 320, STJ: A questão federal somente ventilada no voto vencido não atende ao requisito
do prequestionamento.

Com o NCPC, o art. 941, §3º passou a exigir que o voto vencido seja declarado e componha o acórdão para
todos os fins.

Art. 941. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento, designando para
redigir o acórdão o relator ou, se vencido este, o autor do primeiro voto vencedor.

§ 3º O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do


acórdão para todos os fins legais, inclusive de pré-questionamento.

FMP Concursos/PGE-AC – Procurador do Estado/2017 - Considere as seguintes afirmativas sobre o


tema da ordem dos processos no tribunal no âmbito do Código de Processo Civil. Assinale a alternativa
INCORRETA

e) O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do acórdão para
todos os fins legais, exceto para a finalidade de prequestionamento.

Comentários

A alternativa E está incorreta.

Art. 941, § 3o O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do
acórdão para todos os fins legais, inclusive de pré-questionamento.

Desse modo, para o NCPC, o acórdão compõe-se da totalidade dos votos, vencedores e vencidos, sob pena
de nulidade, sendo que os temas abordados no voto vencido servem para preencher o requisito do
prequestionamento.
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De todo modo, se houver descumprimento do art. 941, §3º, há nulidade do acórdão e do


julgamento?

Segundo STJ (informativo 642), haverá nulidade do acórdão que não contenha a totalidade dos votos
declarados, mas não do julgamento, se o resultado proclamado refletir, com exatidão, a conjunção dos votos
proferidos pelos membros do colegiado.

Anulado o acórdão, caberá ao tribunal providenciar a juntada do(s) voto(s) vencido(s) declarado(s),
observando, para tanto, as normas de seu regimento interno, e, em seguida, promover a sua republicação,
nos termos do § 3º do art. 941 do CPC/2015, abrindo-se, em consequência, novo prazo para eventual
interposição de recurso pelas partes.

Por outro lado, não precisará fazer um novo julgamento.

Há duas diferenças notórias entre os pressupostos cumulativos do Recurso Especial e do Recurso


Extraordinário.

1ª diferença

Para a interposição do recurso extraordinário, não é necessário que a causa tenha sido decidida por um
tribunal.

Vejam a diferença entre a exigência para o recurso especial e a falta de previsão para o recurso
extraordinário.

RECURSO ESPECIAL RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Art. 105, III - julgar, em recurso especial, as


causas decididas, em única ou última instância, Art. 102, III - julgar, mediante recurso
pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos extraordinário, as causas decididas em única ou
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e última instância, quando a decisão recorrida:
Territórios, quando a decisão recorrida:

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Por esse motivo que o RE é cabível contra decisão proferidas não só pelos Tribunais, mas também por:

a) Turma Recursal, que não é tribunal, sendo composta por juízes de 1º grau;

Súmula 640-STF: É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro
grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.

b) Juízes de 1º grau, nos casos em que prolata sentença e, após, julga os embargos infringentes previstos no
art. 34 da Lei de Execução Fiscal.

Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou inferior
a 50 (cinquenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos
infringentes e de declaração.

Da decisão dos embargos, cabe interposição de recurso extraordinário.

2ª diferença

Com a EC45/2004, foi acrescentado um pressuposto extra para a admissibilidade apenas do recurso
extraordinário, qual seja, repercussão geral.

Vamos falar um pouco, portanto, desse terceiro pressuposto cumulativo dos recursos extraordinários.

III – Repercussão Geral

Como o número de RE direcionados ao STF estava crescendo assustadoramente, deixando a Suprema Corte
assoberbada de casos de pouca importância, resolveu-se criar esse filtro da repercussão geral.

Art. 102, § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine
a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Como o dispositivo constitucional dizia “nos termos da lei”, houve um consenso de que a repercussão geral
não teria aplicabilidade imediata, sendo uma norma de eficácia limitada, necessitando de lei
infraconstitucional a fim de regulamentar o instituto.

Pois bem. Em 19/12/2006, a Lei n. 11.418 criou os arts. 543-A e 543-B do CPC/73.

Art. 1º Esta Lei acrescenta os arts. 543-A e 543-B à Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código
de Processo Civil, a fim de regulamentar o § 3º do art. 102 da Constituição Federal.

E o que era de fato a repercussão geral?

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Art. 543-A. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário, quando a questão constitucional nele versada não oferecer repercussão geral,
nos termos deste artigo.

§ 1º Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de questões


relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os
interesses subjetivos da causa.

Por conta dos arts. 4º e 5º da referida lei, havia discussão se a repercussão geral já podia ser imediatamente
exigida ou se deveria aguardar os 60 dias para entrar em vigor.

Art. 4º Aplica-se esta Lei aos recursos interpostos a partir do primeiro dia de sua vigência.

Art. 5º Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após a data de sua publicação.

Diante de tal cenário, o STF editou a emenda regimental n. 21, em que resolveu o assunto decidindo que a
repercussão geral deveria ser exigida nos recursos (em matéria cível e criminal) interpostos a partir de
03/05/2007, data da publicação da referida emenda regimental.

Ainda, manteve o conceito legal do art. 543-A, CPC/73 sobre o que seria repercussão geral.

Art. 322. O Tribunal recusará recurso extraordinário cuja questão constitucional não oferecer
repercussão geral, nos termos deste capítulo.

Parágrafo único. Para efeito da repercussão geral, será considerada a existência, ou não, de
questões que, relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, ultrapassem
os interesses subjetivos das partes.

Por fim, o NCPC, no art. 1.035, §1º, também manteve o conceito.

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos
termos deste artigo.

§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões


relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses
subjetivos do processo.

Portanto, pela redação legal, exige-se a cumulação de:

a) questão relevante do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico; E

b) ultrapassar os interesses subjetivos das partes.

Entretanto, parcela doutrinária (Marinoni, Mitidiero, Araken de Assis) entendem que a transcendência pode
ser qualitativa (questão relevante) OU quantitativa (número de pessoas atingidas pela decisão).
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Obs1: Na vigência do CPC/73, o recorrente deveria demonstrar a repercussão geral em preliminar do recurso
extraordinário, sob pena de não conhecimento do recurso.

Art. 543-A, § 2º O recorrente deverá demonstrar, em preliminar do recurso, para apreciação


exclusiva do Supremo Tribunal Federal, a existência da repercussão geral.

O recorrente, ao interpor recurso extraordinário, deverá abrir um tópico, como preliminar, no


qual irá demonstrar as razões pelas quais aquele recurso possui repercussão geral e, portanto,
deve ser conhecido pelo STF. É indispensável esse capítulo específico de repercussão geral
mesmo que a matéria já tenha sido reconhecida pelo Supremo em processo diverso. STF.
Plenário. ARE 663637 QO-AgR/MG, rel. Ministro Presidente Ayres Britto, 12/9/2012.

Já no CPC/15, não se repete a exigência de que conste em preliminar, podendo a repercussão geral ser
demonstrada em qualquer parte do recurso.

Art. 1.035, § 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para


apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.

Enunciado 224, FPPC: (art. 1.035, § 2º) A existência de repercussão geral terá de ser demonstrada
de forma fundamentada, sendo dispensável sua alegação em preliminar ou em tópico
específico.

Aliás, é até mais lógico que seja demonstrada após as preliminares, porquanto a relevância econômica,
política, social ou jurídica só será demonstrável com base nas razões recursais.

Obs2: O NCPC prevê 2 hipóteses de presunção absoluta da existência de repercussão geral.

Art. 1.035, § 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:

I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;

II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos; (Revogado); (Redação dada pela Lei
nº 13.256, de 2016)

III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97
da Constituição Federal.

Obs3: Os arts. 323 e 324 do RISTF prevê a deliberação sobre a existência ou não de repercussão geral de
forma eletrônica, que deverá ocorrer em 20 dias da disponibilização pelo relator137.

137
STF, ARE 694.294 ED/MG, Rel. Min. Luiz Fux, d.j. 8.9.2014.
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Se os Ministros não se manifestarem pelo Plenário Virtual, o silêncio será entendido como aceitação da
repercussão geral.

Isso porque, para recusar a repercussão geral, a própria CRFB exige manifestação de 2/3 dos Ministros.

Art. 102, § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das
questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine
a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus
membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

De toda forma, o STF entende que, mesmo depois da admissão pelo plenário virtual, é possível que o plenário
presencial inadmita o RE pela ausência de repercussão geral.

O reconhecimento da repercussão geral no Plenário Virtual não impede sua rediscussão no


Plenário físico, notadamente quando tal reconhecimento tenha ocorrido por falta de
manifestações suficientes. STF. Plenário. RE 584247/RR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
27/10/2016 (Info 845).

Obs4: Pela relevância dessa decisão acerca da presença ou não da repercussão geral, admite-se a
manifestação de amicus curiae.

Art. 1.035, § 4º O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de


terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo
Tribunal Federal.

Obs5: A decisão sobre a repercussão geral é irrecorrível.

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos
termos deste artigo.

Contudo, a doutrina salienta que essa irrecorribilidade só se aplica para a decisão em plenário.

Se, porém, ela for decisão monocrática do relator ou do presidente, caberá sim agravo interno, como prevê
o art. 327, §2º, RISTF.

Art. 327.A Presidência do Tribunal recusará recursos que não apresentem preliminar formal e
fundamentada de repercussão geral, bem como aqueles cuja matéria carecer de repercussão
geral, segundo precedente do Tribunal, salvo se a tese tiver sido revista ou estiver em
procedimento de revisão. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 21, de 30 de abril de 2007)

§ 1º Igual competência exercerá o(a) Relator(a) sorteado, quando o recurso não tiver sido
liminarmente recusado pela Presidência. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 21, de 30 de
abril de 2007)

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§ 2º Da decisão que recusar recurso, nos termos deste artigo, caberá agravo. (Redação dada
pela Emenda Regimental n. 21, de 30 de abril de 2007)

Obs6: Se o STF negar a repercussão geral, aplica-se o art. 1.035, §8º.

Art. 1.035, § 8º Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de


origem negará seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem
sobre matéria idêntica.

A regra é que a repercussão geral apenas seja analisada pelo STF. Nesse caso, todavia, como o próprio STF já
se decidiu pela sua inexistência, pode o presidente ou vice-presidente do Tribunal inadmitir o recurso
extraordinário por esse motivo.

Obs7: Se o STF reconhecer a repercussão geral, aplica-se o art. 1.035, §5º.

Art. 1.035, § 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal


determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou
coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.

Embora o dispositivo nos leve a entender que a suspensão é obrigatória, o STF entendeu que o relator terá
discricionariedade para determinar a referida suspensão ou não.

A suspensão de processamento prevista no § 5º do art. 1.035 do CPC não consiste em


consequência automática e necessária do reconhecimento da repercussão geral realizada com
fulcro no “caput” do mesmo dispositivo, sendo da discricionariedade do relator do recurso
extraordinário paradigma determiná-la ou modulá-la. STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel.
Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2017 (Info 868).

Enunciado 140, II JDPC do CJF: A suspensão de processos pendentes, individuais ou coletivos,


que tramitam no Estado ou na região prevista no art. 982, I138, do CPC não é decorrência
automática e necessária da admissão do IRDR, competindo ao relator ou ao colegiado decidir
acerca da sua conveniência.

A possibilidade de sobrestamento prevista no § 5º do art. 1.035 do CPC/2015 aplica-se não


apenas aos processos cíveis, mas também aos processos de natureza penal. STF. Plenário. RE
966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2017 (Info 868).

Em sendo determinado o sobrestamento de processos de natureza penal, opera-se,


automaticamente, a suspensão da prescrição da pretensão punitiva relativa aos crimes que

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Podemos aplicar o dispositivo, porquanto fazem parte, conjuntamente, do microssistema de formação de precedentes obrigat
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forem objeto das ações penais sobrestadas. STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux,
julgado em 7/6/2017 (Info 868).

Em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais determinado com fundamento no


art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá inquéritos policiais ou procedimentos investigatórios
conduzidos pelo Ministério Público. STF. Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 7/6/2017 (repercussão geral) (Info 868).

O sobrestamento de processos penais determinado em razão da adoção da sistemática da


repercussão geral não abrangerá ações penais em que haja réu preso provisoriamente. STF.
Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2017 (repercussão geral) (Info
868).

Uma vez suspenso, o NCPC estabelecia que, caso o recurso não fosse julgado no prazo de 1 (um) ano a contar
do reconhecimento da repercussão, os processos suspensos retornariam o curso normal.

Contudo, na vacatio legis, o dispositivo foi revogado.

Art. 1.035, § 10. Não ocorrendo o julgamento no prazo de 1 (um) ano a contar do reconhecimento
da repercussão geral, cessa, em todo o território nacional, a suspensão dos processos, que
retomarão seu curso normal. ( Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

De toda forma, ainda há a previsão para que o recurso seja julgado no prazo de um ano, sendo recurso de
absoluta preferência, ressalvados as impugnações que envolvam réu preso e HC.

Art. 1.035, § 9º O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo
de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso
e os pedidos de habeas corpus.

Obs8: O interessado que tiver seu processo suspenso em 2º grau (TJ, TRF) pode requerer ao presidente ou
vice do respectivo tribunal a exclusão do seu feito da decisão do sobrestamento.

E fará tal pleito sob o argumento de que o recurso extraordinário interposto pela parte contrária é
intempestivo.

Assim, não há razão para o sobrestamento e, consequentemente, impedimento do trânsito em julgado de


um processo por conta de um recurso extraordinário intempestivo.

Art. 1.035, § 6º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de


origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha
sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-
se sobre esse requerimento.

Conforme o art. 1.035, §6º, parte final, o recorrente irá ser intimado para se manifestar em 5 (cinco) dias,
podendo o pleito ser acolhido ou indeferido pelo presidente ou vice do tribunal.

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Na redação original do NCPC, se o pleito fosse indeferido e, portanto, mantivesse a suspensão do processo,
o interessado poderia manejar agravo em recurso extraordinário (art. 1.042), dirigido ao STF.

Art. 1.035, § 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º caberá agravo, nos
termos do art. 1.042.

Se o pleito, porém, fosse acolhido e, consequentemente, inadmitisse o RE pela intempestividade, a doutrina


dizia que iria ser possível também o agravo em recurso extraordinário (art. 1.042).

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido
que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos
repetitivos. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Na vacatio legis, o NCPC foi alterado e, na intenção de não levar esse problema ao STF, previu que da decisão
que indefere o pleito do art. 1.035, §6º, será cabível agravo interno, a ser julgado pelo próprio tribunal.

Art. 1.035, § 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º OU que aplicar


entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos
repetitivos caberá agravo interno. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Se o pleito, porém, for acolhido e, consequentemente, inadmitir-se o RE pela intempestividade, a doutrina


continua dizendo que será possível o manejo do agravo em recurso extraordinário (art. 1.042).

7.2.1.2 - Pressupostos Alternativos

Além dos pressupostos cumulativos, o recorrente deve comprovar algum dos três próximos pressupostos
alternativos.

Art. 102, III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última
instância, quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

Art. 102, III, “a”, CRFB

Art. 102, III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última
instância, quando a decisão recorrida:

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a) contrariar dispositivo desta Constituição;

Contrariar abarca qualquer forma de ofensa, a exemplo de sua não aplicação, má interpretação, aplicação
que importe desvirtuamento do seu conteúdo, negativa de vigência etc.

Obs1: Essa ofensa à Constituição deve ser direta e não reflexa.

Ex1: O tribunal, sem abrir vista às partes para se manifestarem sobre eventual existência de coisa julgada,
reconheceu de ofício a coisa julgada e extinguiu o processo.

Ora, claro que a decisão violou o contraditório (norma constitucional), mas, antes de tudo, violou o art. 10,
NCPC.

Desse modo, não será cabível o recurso extraordinário.

Nesse ponto, se o recorrente interpuser recurso extraordinário, mas o relator, no STF, entender que o caso
versa sobre questão infraconstitucional, violando apenas reflexamente a CRFB, não irá inadmitir o recurso,
como ocorria na vigência do CPC/73.

Em homenagem à primazia da decisão de mérito e à fungibilidade, aplicará o art. 1.032, CPC, convertendo o
recurso extraordinário em especial.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição
afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de
tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.

Súmula 636, STF: não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional
da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas
infraconstitucionais pela decisão recorrida.

Enunciado 566, FPPC: (art. 1.033; art. 1.032, parágrafo único) Na hipótese de conversão do
recurso extraordinário em recurso especial, nos termos do art. 1.033, cabe ao relator conceder
o prazo do caput do art. 1.032 para que o recorrente adapte seu recurso e se manifeste sobre a
questão infraconstitucional.

Enunciado 80, I JDPC do CJF: Quando o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a
ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, deverá, antes de remetê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial, conceder prazo de quinze dias para
que as partes complementem suas razões e contrarrazões de recurso.

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Obs2: Sobre a temática “tratados”, é importante salientar a existência de três esferas hierárquicas em nosso
ordenamento:

a) status constitucional (art. 5º, § 3º, CRFB): tratados internacionais que versem sobre direitos humanos,
aprovados nas duas casas do Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, por 3/5 (três quintos) dos votos dos
respectivos membros;

Contra esse tratado equivalente à EC, cabe recurso extraordinário.

b) status supralegal (RE 466.343-SP e HC 90.172-SP): tratados sobre direitos humanos aprovados pelo
procedimento ordinário, não perpassando pelo rito da letra “a”.

c) status legal: tratados internacionais que não versem sobre direitos humanos são equivalentes às leis
ordinárias, com fulcro no art. 102, III, “b”, CRFB (RE 80.004/SE).

Contra os tratados das letras “b” e “c”, cabe recurso especial.

Art. 102, III, “b”, CRFB

Art. 102, III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última
instância, quando a decisão recorrida:

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

Há várias classificações sobre formas de inconstitucionalidade e formas de controle.

Formas de Inconstitucionalidade
a) quanto ao tipo de conduta pelo poder público (inconstitucionalidade por ação ou omissão);
b) quanto ao parâmetro violado (inconstitucionalidade formal e material);
c) quanto à extensão (inconstitucionalidade total ou parcial);
d) quanto ao momento (inconstitucionalidade originária e superveniente);
e) quanto ao prisma de apuração (inconstitucionalidade antecedente, consequente e reflexa);
Formas de Controle
a) quanto à natureza do órgão (sistemas político, jurisdicional ou misto);
b) quanto ao momento (controle preventivo e repressivo, no âmbito dos poderes legislativo,
executivo e judiciário);
c) quanto à competência (difuso e concentrado);
d) quanto à finalidade (concreto e abstrato).

Para fins do art. 102, III, “b”, CRFB, são importantes as seguintes classificações:

Formas de Controle

c) quanto à competência (difuso e concentrado);

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d) quanto à finalidade (concreto e abstrato).

Controle Difuso

É aquele cuja competência é atribuída a qualquer juiz ou tribunal. Pode ser exercido por qualquer órgão do
PJ, sem exceção (qualquer juiz ou tribunal, inclusive o STF), dentro de sua competência.

Tal sistema surgiu em 1803, no caso Marbury v. Madison139.

No Brasil, o controle difuso foi consagrado pela primeira vez na Constituição Republicana de 1891, que tinha
uma grande influência de Rui Barbosa e seus estudos atinentes à Constituição Norte-Americana.

Controle Concentrado

É aquele cuja competência é atribuída com exclusividade a um determinado órgão jurisdicional.

O órgão será o STF quando o parâmetro é a CR/88, que realizará o controle por meio da ADI, ADC, ADPF,
ADO, ou o Tribunal de Justiça, se o parâmetro for a Constituição Estadual.

O controle concentrado é conhecido como Sistema Europeu ou Austríaco, porque surgiu na Áustria, em 1920,
por influência de Hans Kelsen e é adotado pela maioria dos países europeus.

No Brasil, o sistema de controle concentrado surge inicialmente na Constituição de 1934, que consagrou o
primeiro instrumento de controle concentrado, somente julgada pelo STF: a chamada representação
interventiva (hoje conhecida como ADI interventiva).

No entanto, a primeira vez que foi criado um sistema de controle concentrado abstrato foi com a Emenda
16/65 (na CR de 1946), que criou a representação de inconstitucionalidade, que basicamente é a ADI atual.

Controle Concreto (por via de exceção/por via de defesa)

É aquele que tem por finalidade principal a proteção de direitos subjetivos. Para que o direito possa ser
preservado, o juiz tem de dizer que o ato que obriga a fazer algo ou deixar de fazer algo é inconstitucional.

139
Aqui havia um problema político que o juiz Marshall resolveu de forma política. John Adams, presidente dos EUA, pouco antes
de deixar seu cargo, nomeou vários juízes que não foram efetivados. Thomas Jefferson assumiu e falou a seu secretário de Estado,
Madison, para não efetivar as nomeações feitas por Adams.
Marbury, um dos juízes nomeados por John Adams, ajuizou essa ação na Suprema Corte americana. John Marshall se viu em uma
situação difícil, já que era do grupo de John Adams, mas se obrigasse Jefferson a efetivar aquelas nomeações, iria criar problemas
com a Suprema Corte, já que Jefferson provavelmente descumpriria a decisão, e o judiciário não teria como obrigá-lo a aceitar o
que foi decidido (o Judiciário não tem orçamento nem armas).
A saída foi encontrada foi dizer que a norma que dava à Suprema Corte a competência para analisar a questão era inconstitucional,
já que esta seria uma questão eminentemente política, que não poderia ser analisada pelo judiciário.
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A inconstitucionalidade, aqui, não precisa nem mesmo ser questionada expressamente, ela poderá ser
reconhecida, inclusive, de ofício.

Controle Abstrato (por via de ação/por via direta/principal)

É aquele que tem por finalidade principal a proteção da supremacia constitucional, ou seja, da ordem
constitucional objetiva. Neste tipo de controle, a pretensão é deduzida em juízo através de um “processo
constitucional objetivo”.

O controle abstrato fica apenas na análise em tese da lei, não havendo aplicação dessa decisão ao caso
concreto.

Na oportunidade, o Professor Felipo Luz resume:

CONTROLE CONCRETO CONTROLE ABSTRATO

A finalidade principal é a proteção dos direitos A finalidade principal é a proteção da


subjetivos do cidadão. supremacia da Constituição.

A inconstitucionalidade é causa de pedir. A inconstitucionalidade é objeto do pedido.

A inconstitucionalidade é reconhecida na A inconstitucionalidade é reconhecida no


fundamentação. dispositivo.

A inconstitucionalidade é reconhecida. A inconstitucionalidade é declarada.

A pretensão é deduzida em juízo por meio de A pretensão é deduzida em juízo por meio de
um processo constitucional subjetivo. um processo constitucional objetivo.

Obs1: A regra no Brasil é de que o controle difuso seja concreto e o controle concentrado seja abstrato. No
entanto, temos exceções.

Exceção1: Controle concentrado concreto (ou incidental): temos a representação interventiva (art. 36, III,
CRFB); a ADPF incidental (art. 1º, Lei 9.882/99); e Mandado de Segurança impetrado por parlamentar no
controle preventivo.

Exceção2: Controle difuso abstrato: controle exercido pelo plenário ou órgão especial no caso previsto no
art. 97, CR (cláusula de reserva de plenário). Difuso porque o processo pode chegar ao tribunal por meio de
qualquer processo e abstrato porque o plenário do TJ faz a análise em tese.

Obs2: É possível recurso extraordinário do art. 102, III, “b”, CRFB nos casos de:

a) controle incidental de inconstitucionalidade realizado por juízes de 1º grau (ex: julgando embargos
infringentes do art. 34, LEF); turmas recursais; tribunais de 2º grau e até mesmo pelo STJ.

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b) controle concentrado (ex: ADI) realizado por Tribunal de 2º grau de lei ou ato normativo municipal em
face da Constituição Estadual por normas cuja reprodução é obrigatória, repetida ou copiada da CRFB140.

Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais


utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de
reprodução obrigatória pelos estados. STF. Plenário. RE 650898/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio,
red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 1º/2/2017 (repercussão geral) (Info 852).

Dessa decisão do TJ, o STF entende cabível recurso extraordinário a ser julgado pela Corte Suprema.

(...) Tratando-se de ação direta de inconstitucionalidade da competência do Tribunal de Justiça


local – lei estadual ou municipal em face da Constituição estadual –, somente é admissível o
recurso extraordinário diante de questão que envolva norma da Constituição Federal de
reprodução obrigatória na Constituição estadual. (...) STF. 2ª Turma. RE 246903 AgR, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 26/11/2013.

Art. 102, III, “c”, CRFB

Art. 102, III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última
instância, quando a decisão recorrida:

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

Se houver decisão que julgue válido ato administrativo ou normativo (leis, decretos, portarias etc.),
praticados pelas três esferas de Poder (Legislativo, Executivo e Judiciário), no âmbito municipal ou estadual,
contestados em face da Constituição, pode existir afronta à Carta Magna, justificando a interposição de
recurso extraordinário.

Art. 102, III, “d”, CRFB

Art. 102, III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última
instância, quando a decisão recorrida:

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004)

140
Em regra, não cabe a tribunais de justiça estaduais exercer o controle de constitucionalidade de leis e demais atos normativos
municipais em face da Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 347, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 20/09/2006. A hipótese
de controle com parâmetros da CRFB existe, excepcionalmente, apenas quando esses parâmetros sejam normas de reprodução
obrigatória pelos Estados.

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Até a EC45/2004, era hipótese de cabimento de recurso especial ao STJ.

Isso porque sempre que uma decisão julgar válida lei municipal ou estadual em face de lei federal,
precisamos, primeiro, analisar quando ente federativo é competente para disciplinar aquela matéria
(Municípios/Estados x União).

E divergência entre entes federativos deve ser dirimida pelo STF.

7.4 – Aspectos Procedimentais Comuns ao RE e REsp

7.4.1 - Prazo

O RE e REsp devem ser interpostos no prazo de 15 dias úteis.

Art. 1.003, § 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

Obs1: Para aqueles que têm a prerrogativa de prazo dobrado (Fazenda Pública, Ministério Público,
Defensoria Pública), não serão 15 dias, mas sim 30 dias.

Obs2: Para aqueles que se enquadrarem nas condições do art. 229, não serão 15 dias, mas sim 30 dias.

Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia


distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo
ou tribunal, independentemente de requerimento.

§ 1o Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa
por apenas um deles.

§ 2o Não se aplica o disposto no caput aos processos em autos eletrônicos.

Obs3:

Súmula 641, STF: Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes
haja sucumbido.

Não se conta em dobro o prazo para recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido.
Ex: ação de cobrança proposta contra Pedro e Tiago. Na sentença, o juiz julga procedente quanto
a Pedro e improcedente no que tange a Tiago. Pedro, única parte sucumbente, não terá direito
a prazo em dobro. STJ. 3ª Turma. REsp 1709562-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
16/10/2018(Info 636).

Obs4: Se os litisconsortes passam a ter procuradores diferentes durante o transcorrer do prazo recursal,
somente se aplica o benefício do prazo em dobro à parte cujo prazo recursal ainda não tiver transcorrido até
aquele momento. Ademais, dobram-se apenas os dias faltantes.

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Ex1: Se faltam mais 5 dias do prazo recursal, quando constituído o procurador, duplicar-se-á o prazo de 5
dias restantes para 10 dias.

Obs5: Não se pode cumular hipóteses de de contagem diferenciada de prazos. Ex: Se União e Município
litigam no polo passivo de uma demanda, eles não terão prazo em quádruplo (prazo em dobro do art. 183,
CPC + prazo em dobro do art. 229, CPC). Eles terão direito apenas a uma duplicação de prazo.

Obs6: A regra é o respeito ao princípio da unirrecorribilidade, segundo o qual para cada decisão, será cabível
um único recurso.

Como toda boa regra, há exceções. A exceção que existe no caso do RE e REsp é a seguinte:

Quando a decisão atacada possuir fundamentos que estejam assentados, simultaneamente, em norma
constitucional e infraconstitucional, é autorizada a interposição simultânea de Recurso Extraordinário
(ofensa à Constituição) e Recurso Especial (ofensa à lei federal).

Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial,


os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal


Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.

§ 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão


irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.

§ 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar


a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do
recurso especial.

Em verdade, não é “autorizada” a interposição, mas sim “exigida” a interposição conjunta. Ora, se a decisão
recorrida se assenta em dois fundamentos (constitucional e infraconstitucional), é inadmissível o recurso que
impugna apenas um desses motivos.

Sumula 283, STF. É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em
mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.

Súmula 126, STJ: É inadmissível recurso especial, quando o acordão recorrido assenta em
fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para
mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.

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Ex141: Tese tributária: Se houver uma demanda cuja fundamentação se desdobra em


inconstitucionalidade e ilegalidade do tributo e o acórdão acolhe esses dois argumentos.
Nesse caso, a Fazenda, almejando alterar o julgamento, será obrigada a interpor recurso
extraordinário e recurso especial, e ambos deverão ser providos para que o efeito substitutivo
incida, de maneira útil, sobre a decisão recorrida.
A Fazenda só poderá cobrar o tributo se ambos os recursos forem providos, cuja consequência é
a reforma dos fundamentos da inconstitucionalidade e da ilegalidade constantes na decisão
impugnada.
Se a Fazenda interpuser apenas recurso especial OU apenas recurso extraordinário, não haverá
interesse recursal nesse caso, já que não terão utilidade alguma.
Ora, mesmo que apenas o REsp ou apenas o RE seja provido, o acórdão ainda se manterá em seu
outro fundamento.
Por outro lado, se o acórdão decide que o tributo não é inconstitucional, tampouco ilegal, o
contribuinte poderá interpor tanto recurso extraordinário quanto recurso especial OU os dois
recursos, uma vez que não há duplo fundamento suficiente.
O provimento de qualquer um deles (REsp - tributo ilegal OU RE - tributo inconstitucional) será
suficiente para alteração do teor do julgado recorrido, pois o contribuinte que poderá deixar de
recolher o tributo se este for considerado inconstitucional OU ilegal: basta apenas um dos
fundamentos.

Nesse caso, segundo Assumpção, o termo inicial da contagem do prazo de 15 dias úteis será o mesmo, mas
dentro desse prazo legal, será permitida a interposição dos recursos em dias diferentes.

7.4.2 – Juízo de Admissibilidade

A redação originária do NCPC (art. 1.030, parágrafo único142) previa que o juízo de admissibilidade do RE e
REsp ficariam a cargo apenas dos tribunais superiores.

Assim, o tribunal a quo teria funções meramente cartoriais: após a interposição, intimaria o recorrido para
apresentação de contrarrazões no prazo de 15 dias e, decorrido o prazo, remeteria os autos ao tribunal
superior.

Ocorre que o trabalho dos tribunais superiores iria aumentar significativamente. Por isso, ainda na vacatio
legis, o CPC foi alterado pela Lei n. 13.256/16 para repristinar o duplo juízo de admissibilidade para o RE e
REsp.

141
Exemplo do livro "Breves Comentários ao Novo Código de Processo Civil", de Didier, Teresa Arruda Alvim, Talamini e Bruno
Dantas.
142
Art. 1.030, Parágrafo único. A remessa de que trata o caput dar-se-á independentemente de juízo de admissibilidade.
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Assim, após a interposição do RE ou REsp, intima-se o recorrido para apresentação de contrarrazões no prazo
de 15 dias e, decorrido o prazo, remete os autos ao presidente ou vice-presidente do próprio tribunal para
que faça o juízo de admissibilidade.

CESPE/MPAP – Promotor/2021 – C) O presidente e o vice-presidente do tribunal a quo não possuem


competência para realizar o juízo de admissibilidade de recurso extraordinário; interposto o recurso,
será determinada sua remessa imediata para o respectivo tribunal superior, ao qual caberá o juízo de
admissibilidade.

Comentários: A alternativa C está incorreta. A Lei n. 13.256/2016 voltou a prever o juízo de


admissibilidade no Tribunal de 2º grau.

Art. 1.030, § 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá


agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido
que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos
repetitivos. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Já no segundo caso, contra a decisão que nega seguimento ao recurso por força de repercussão geral ou
recurso repetitivo, cabe agravo interno, a ser julgado pelo órgão especial do próprio TJ ou TRF (conforme
arts. 1.030, § 2º c/c 1.021, do CPC/2015), que aferirá se o presidente/vice acertou ou errou.

Art. 1.030, § 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno,
nos termos do art. 1.021. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016)

I – negar seguimento: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal
não tenha reconhecido a existência de repercussão geral OU a recurso extraordinário interposto
contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal
exarado no regime de repercussão geral; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016)

Na alínea “a”, temos duas hipóteses:


1ª hipótese: inadmissão do RE pelo fato de o próprio STF já ter reconhecido que aquela matéria
não possui repercussão geral.
2ª hipótese: inadmissão do RE pelo fato de o acórdão recorrido estar em de acordo com
entendimento já emanado do STF em regime de repercussão geral.

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b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade com
entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado
no regime de julgamento de recursos repetitivos; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016)

Enunciado 665, FPPC: (arts. 1.030, §1º, 205 e 489, §1º) A negativa de seguimento ou
sobrestamento de recurso especial ou extraordinário, ao fundamento de que a questão de direito
já foi ou está selecionada para julgamento de recursos sob o rito dos repetitivos, não pode ser
feita via carimbo ou outra forma automatizada nem por pessoa não investida no cargo de
magistrado.

Na alínea “b”, temos uma hipótese, qual seja, inadmissão do RE ou REsp quando o acórdão
recorrido estiver em conformidade com julgado proferido sob a sistemática de recursos
repetitivos (art. 1.036ss, CPC).

Se, em vez disso, a parte interpuser o agravo em recurso especial para o STJ (art. 1.042), cometerá
erro grosseiro. Chegando ao STJ este agravo, ele não será conhecido e ele não retornará para
que seja julgado pelo Tribunal de origem como agravo interno. Assim, após a entrada em vigor
do CPC/2015, não é mais devida a remessa pelo STJ, ao Tribunal de origem, do agravo
interposto contra decisão que inadmite recurso especial com base na aplicação de
entendimento firmado em recursos repetitivos, para que seja conhecido como agravo interno.
STJ. 3ª Turma. AREsp 959991-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/8/2016 (Info
589).

Atenção! Por quem esse agravo interno é julgado?

Pelo órgão especial do TJ ou TRF. Vejam, a título de exemplo, o regimento interno que regula esse
procedimento no TJMG.

Art. 517, § 9º Interposto agravo interno contra decisão que obstou o seguimento de recurso
especial, extraordinário ou de agravo previsto da legislação processual civil, aplicando a
sistemática dos recursos repetitivos ou da repercussão geral, a petição será juntada e os autos
conclusos ao Vice-Presidente prolator da decisão agravada para verificar se é hipótese, ou não,
de retratação. (Redação dada pela Emenda Regimental n° 6, de 2016)

§ 10. Se não houver retratação, o agravo interno será submetido a julgamento pelo Órgão
Especial, figurando como relator o Vice-Presidente prolator da decisão agravada, o qual fará
sucinto relatório, colocará o feito em mesa e proferirá voto, salvo se for constatada qualquer
das hipóteses de indeferimento liminar previstas na legislação processual civil, circunstância em
que será negado seguimento ao agravo monocraticamente. (Redação dada pela Emenda
Regimental n° 6, de 2016)

Desse julgamento pelo órgão especial, há possibilidade de impugnação?

STJ entende que não é cabível recurso, tampouco reclamação.


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Todavia, parcela doutrinária vem defendendo a possibilidade de recurso especial143.

Obs1: Ainda, é possível que, recebido o RE ou REsp, o presidente/vice encaminhe o processo ao órgão
julgador do próprio tribunal (Câmara/Turma) para realizar juízo de retratação, se se perceber que o acórdão
recorrido diverge do entendimento do STF ou STJ exarado em repercussão geral ou recurso repetitivo.

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016)

II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o


acórdão recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior
Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos
repetitivos; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Enunciado 139, II JDPC do CJF: A ausência de retratação do órgão julgador, na hipótese prevista
no art. 1030, II, do CPC, dispensa a ratificação expressa para que haja o juízo de admissibilidade
e a eventual remessa do recurso extraordinário ou especial ao tribunal superior competente, na
forma dos arts. 1.030, V, “c”, e 1.041 do CPC.

Se o órgão fracionário do tribunal mantiver sua posição, não efetuando o juízo de retratação, aí sim o
presidente/vice irá realizar o juízo de admissibilidade e, sendo positivo, enviar os autos ao tribunal superior
competente.

Art. 1.030, V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo


Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.256, de
2016)

c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação. (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016)

Obs2: Se a matéria abordada no RE ou REsp interposto versar sobre controvérsia de caráter repetitivo já
afetada pelo STF ou STJ, mas ainda não decidida, o presidente/vice irá sobrestar o recurso até que a tese seja
fixada.

Art. 1.030, III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não
decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate
de matéria constitucional ou infraconstitucional; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

143
https://www.conjur.com.br/2016-fev-12/alexandre-camara-cpc-permite-superacao-decisoes-vinculantes

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Art. 1.030, V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo


Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.256, de
2016)

a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento
de recursos repetitivos; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016)144

Enunciado 78, I JDPC do CJF: A suspensão do recurso prevista no art. 1.030, III, do CPC deve se
dar apenas em relação ao capítulo da decisão afetada pelo repetitivo, devendo o recurso ter
seguimento em relação ao remanescente da controvérsia, salvo se a questão repetitiva for
prejudicial à solução das demais matérias.

Se a parte formula vários pedidos e a apreciação de um deles está suspensa tendo em vista a afetação de
recurso repetitivo, IRDR e IAC, o outro pedido (que não encontra nenhum óbice) pode ser objeto da decisão
parcial de mérito do art. 356, CPC145.

Enunciado 126, II Jornada CJF: O juiz pode resolver parcialmente o mérito, em relação à matéria
não afetada para julgamento, nos processos suspensos em razão de recursos repetitivos,
repercussão geral, incidente de resolução de demandas repetitivas ou incidente de assunção de
competência.

Obs3: Quando STF ou STJ tiver afetado tema para decidir sob a sistemática de recursos repetitivos (art.
1.036ss), cabe ainda ao presidente/vice do tribunal a quo selecionar recursos representativos dessa
controvérsia.

Art. 1.030, IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou


infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Art. 1.036, § 6º Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que contenham
abrangente argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida.

7.4.3 – Efeitos

Devolve-se ao STJ e STF questões de direito, e não questões de fato.

144
Só haverá juízo de admissibilidade se não tiver havido já afetação pelo STF ou STJ para julgamento sob a sistemática de recursos
repetitivos.
145
Em caso específico, já decidi parcialmente o mérito para indeferir o restabelecimento de um benefício previdenciário e mantive
a suspensão do outro pedido (inexigibilidade da repetição das parcelas já pagas por força de erro do INSS). Quanto a este pedido
acerca da repetição, há afetação de repetitivo na Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tema 979 – determinar se
há possibilidade de cobrança dos valores recebidos por beneficiários do INSS – mesmo que tenham sido recebidos de boa-fé – por
força de erro da Previdência Social.

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Pontua a doutrina, porém, que não é possível o reexame dos fatos, mas seria possível a qualificação jurídica
dada aos fatos, porquanto essa seria matéria de direito.

Ex1: Acórdão do TJPE entende que o caso concreto é uma doação. Todavia, no STJ, pode-se entender que se
trata de compra e venda a prazo, e não doação.

Ex2: É possível em RE ou Resp se verifique a correção do uso de conceitos jurídicos indeterminados e


cláusulas gerais, a exemplo do “preço vil” na execução; “boa-fé” contratual etc.

Ex3: O próprio STJ146 reconhece que é possível revisar valor de danos morais quando se mostrar irrisório ou
exorbitante, a fim de evitar a ocorrência de enriquecimento sem causa (art. 844, CC).

Ex4: STJ também admite a revisão do valor dos honorários advocatícios se forem irrisórios ou exorbitantes.

Discute-se no REsp se é necessária a revisão dos honorários advocatícios fixados. In casu, os


executados impugnam a parcela do acórdão que fixou em R$ 5 mil os honorários advocatícios
que lhes seriam devidos pelo exequente. Argumentam que a execução foi proposta pelo valor
inicial de R$ 8.653.846,39 e que, vencida a exequente, a fixação de honorários em patamar tão
baixo como o adotado pelo tribunal a quo implicaria aviltar o trabalho dos advogados. (...)
ponderando a necessidade de uma nova postura quanto à matéria, a Turma reconheceu que a
fixação de honorários de R$ 5 mil para o sucesso da exceção de pré-executividade apresentada
em execução de quase R$ 9 milhões é quantia aviltante. (...) Assim, a Turma elevou a verba
honorária ao montante de R$ 300 mil. REsp 1.063.669-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
18/8/2011 (nformativo 481)

Obs1: Discute-se, ainda, a extensão do efeito devolutivo no RE e Resp.

1a corrente: A doutrina majoritária, STJ e STF entendem que a as matérias de ordem pública podem ser
reconhecidas de ofício a qualquer tempo, desde que o processo ainda esteja em vias ordinárias (1º grau ou
2º grau de jurisdição).

Se houver alegação, ou mesmo constatação de ofício da incompetência, apenas em sede de recurso especial
(STJ) ou extraordinário (STF), a incompetência não poderá ser reconhecida, pois não foi prequestionada. E,
como veremos mais tarde, o prequestionamento é requisito de admissibilidade do recurso. A jurisprudência
tanto do STJ e do STF vão nesse sentido.

O STJ e STF não podem reconhecer questões de ordem pública de ofício, pois faltaria o preenchimento do
prequestionamento.

2a corrente: Com o NCPC (art. 1.034), prevê-se que o entendimento se alterará.

146
Resp 785.835/DF, Rel. Min. Luiz Fux, d.j. 13/03/2007.
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Art. 1.034. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, o Supremo Tribunal Federal
ou o Superior Tribunal de Justiça julgará o processo, aplicando o direito.

Parágrafo único. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial por um fundamento,


devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais fundamentos para a solução do
capítulo impugnado.

Salienta-se que a profundidade da devolução afasta a necessidade de prequestionamento.

Ora, se em relação ao capítulo impugnado houver uma questão de ordem pública, passível de
reconhecimento de ofício, nada impede que o Tribunal Superior assim o faça.

De todo modo, STF e STJ ainda estão mantendo a posição antiga147.

7.4.4 – Efeito Suspensivo

Tanto o RE quanto o Resp não possuem efeito suspensivo. Se o recorrente quiser obtê-lo, terá que formular
o pedido.

Na vigência do CPC/73, formulava-se o pleito de concessão de efeito suspensivo por meio de cautelar
inominada.

Súmula 634: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar
efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade
na origem.

Súmula 635: Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em
recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade.

Com fulcro no NCPC, a competência para apreciação desse pleito se manteve.

i- Se o RE ou REsp ainda não passou pelo juízo de admissibilidade no tribunal a quo (art. 1.029, §5º, III, CPC);

147
Precedentes: EREsp 805.804/ES, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, julgado em 3/6/2015, DJe 1º/7/2015; EDcl
nos EREsp 784. 146/AP, Rel. Min. JORGE MUSSI, Terceira Seção, julgado em 8/4/2015, DJe 30/4/15; AgRg no REsp 582.776/AL, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 9/8/17, DJe 19/12/17; EDcl no REsp 1.575.709/SP, Rel. Min. Sérgio
Kukina, Primeira Turma, julgado em 24/4/18; AgInt nos EDcl no AREsp 1.083.512/SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, julgado em 17/5/18; AgInt no AREsp 1.247.832/PI, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 15/5/18;
AgRg no REsp 1.384.229/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, julgado em 17/5/18; AgRg no AgRg no AREsp
995.410/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, Quinta Turma, julgado em 24/4/18; AgRg no REsp 1.546.132/SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
Sexta Turma, julgado em 22/3/18, STJ, AgRg nos EREsp 999.342/SP, Rel. Min. Castro Meira, Corte Especial, d.j. 24/11/11; AgRg no
REsp 1873701/RS, Rel. Felix Fischer, 5ª T, d.j. 01/09/20.
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ii- Caso tenha havido admissão do recurso no Tribunal a quo, o pedido de concessão será feito ao tribunal
superior respectivo (art. 1.029, §5º, I, CPC).

A mudança se deu no tocante a não utilização de cautelar inominada, mas sim um pleito com tutela
provisória de urgência, nos termos do art. 1.029, §5o.

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição
Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em
petições distintas que conterão:

§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial


poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do recurso e


sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;

I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de


admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento
para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III - ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido sobrestado,
nos termos do art. 1.037.

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre


a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso
de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016)

Enunciado 41, I JDPC do CJF: Nos processos sobrestados por força do regime repetitivo, é possível
a apreciação e a efetivação de tutela provisória de urgência, cuja competência será do órgão
jurisdicional onde estiverem os autos.

7.4.5 – Julgamento por Amostragem

Sempre que houver multiplicidade de RE ou Resp com fundamento em idêntica questão de direito, haverá
afetação para julgamento sob a sistemática de recursos repetitivos.

Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com
fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as
disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.

Obs1: Essa afetação é obrigatória?

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Segundo Assumpção, sim, podendo o tribunal deixar de fazê-la apenas quando entender que não há
multiplicidade de processos sobre a mesma questão de direito.

Obs1: O que seria “multiplicidade de processos”?

Não há um regramento legal. O que se vê, na prática, é que a análise é bem casuística.

Instauração

Há duas possibilidades.

1a possibilidade

Presidente/Vice de TJ ou TRF pode selecionar RE ou Resp para dar início ao julgamento por amostragem dos
recursos repetitivos.

Nesse caso, identificará e separará todos os recursos que tratem sobre o mesmo assunto.

Desses recursos, selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia e os encaminhará ao


STJ ou STF, a depender do tema.

Quanto aos demais recursos que tratem do mesmo tema, mas não foram selecionados e remetidos, eles
ficarão suspensos.

Art. 1.036, § 1º O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional


federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão
encaminhados ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins de
afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou
coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso.

O reconhecimento da repercussão geral pelo STF não implica, necessariamente, a suspensão de


mandado de segurança em trâmite no STJ. Isso porque o que fica sobrestado são os recursos.
Logo, o STJ poderá julgar normalmente o writ. STJ. 3ª Seção. MS 11044-DF, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 13/3/2013 (Info 519).

E se o processo já estiver no STJ, por exemplo?

Confira a diferença de tratamento do STJ na vigência do CPC/73 e atualmente.

COMO É ATUALMENTE (CPC/2015):


COMO ERA NO CPC/1973: NÃO
SIM

O STJ entendia que a regra A jurisprudência atual do STJ aplica o


processual de suspensão dos art. 256-L, do RISTJ, em consonância

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recursos para esperar a definição da com o art. 1.037 do CPC/2015, que


tese do recurso repetitivo se aplicava
determina a devolução dos autos à
apenas aos Tribunais de segunda origem por meio de decisão
instância. Isso significa que não havia
fundamentada, nos casos de
necessidade de sobrestamento dos existência de processo representativo
recursos que já estavam no STJ. de controvérsia sobre a mesma
Em outras palavras, se o recurso matéria.
especial já estivesse no STJ, ele Em outras palavras, mesmo que o
poderia ser julgado normalmente recurso especial já esteja no STJ, ele
mesmo que o tema nele discutido ficará suspenso se o tema nele
estivesse afetado para julgamento discutido estiver afetado sob o rito dos
sob o rito dos recursos repetitivos. recursos repetitivos.
Está superado o entendimento
segundo o qual o sobrestamento só
se aplicaria nas instâncias ordinárias,
enquanto no STJ os recursos
poderiam seguir tramitando.

STJ. Corte Especial. AgInt nos EREsp STJ. Corte Especial. EAREsp
1511921/SC, Rel. Min. Maria Thereza 380.796/RS, Rel. Min. Herman
de Assis Moura, DJe 14/12/2016. Benjamin, julgado em 15/08/2018.

Vejam o RISTJ:

Art. 256-L. Publicada a decisão de afetação, os demais recursos especiais em tramitação no STJ
fundados em idêntica questão de direito:

I - se já distribuídos, serão devolvidos ao Tribunal de origem, para nele permanecerem suspensos,


por meio de decisão fundamentada do relator;

II - se ainda não distribuídos, serão devolvidos ao Tribunal de origem por decisão fundamentada
do Presidente do STJ.

(dispositivo incluído pela Emenda Regimental n. 24/2016)

Se houver a afetação do tema, os recursos especiais que estiverem tramitando no STJ e que
tratem sobre o mesmo tema irão ser devolvidos para o TJ ou TRF e ali ficarão suspensos
aguardando a definição da tese.

A jurisprudência atual do STJ aplica o art. 256-L, do RISTJ, em consonância com o art. 1.037 do
CPC/2015, que determina a devolução dos autos à origem por meio de decisão fundamentada,
nos casos de existência de processo representativo de controvérsia sobre a mesma matéria.
STJ. Corte Especial. EAREsp 380796/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/08/2018.

Essa seleção deve recair sobre processos que tenham uma abrangência de argumentação significativa, de
modo a proporcionar ao tribunal superior uma ampla e completa discussão sobre a questão.

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Art. 1.036, § 6º Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que contenham
abrangente argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida.

Enunciado 615, FPPC: (arts. 1036; 1037) Na escolha dos casos paradigmas, devem ser preferidas,
como representativas da controvérsia, demandas coletivas às individuais, observados os
requisitos do art. 1.036, especialmente do respectivo §6º.

Uma vez encaminhados os feitos ao tribunal superior, o relator desses recursos pode:

a) entender que não é hipótese de aplicação da sistemática de recursos repetitivos.

Assim, não realizará a afetação, comunicará o tribunal de 2o grau para que seja revogada a decisão de
suspensão dos processos em trâmite proferida pelo presidente/vice.

Art. 1.037, § 1º Se, após receber os recursos selecionados pelo presidente ou pelo vice-presidente
de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, não se proceder à afetação, o relator, no
tribunal superior, comunicará o fato ao presidente ou ao vice-presidente que os houver enviado,
para que seja revogada a decisão de suspensão referida no art. 1.036, § 1º.

Dessa decisão do relator caberá agravo interno (art. 1.021)

b) entender que é hipótese sim de aplicação da sistemática de recursos repetitivos. Nesse caso, aplica-se o
art. 1.037, CPC.

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do


pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento;

II - determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou


coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional;

Enunciado 480, FPPC: (arts. 1.037, II, 928 e 985, I) Aplica-se no âmbito dos juizados especiais a
suspensão dos processos em trâmite no território nacional, que versem sobre a questão
submetida ao regime de julgamento de recursos especiais e extraordinários repetitivos,
determinada com base no art. 1.037, II.

III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos
tribunais regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia.

Aqui, a escolha dos processos feita pelo presidente/vice não vinculará o relator do STJ/STF.

Art. 1.036, § 4º A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do tribunal de justiça ou do


tribunal regional federal não vinculará o relator no tribunal superior, que poderá selecionar
outros recursos representativos da controvérsia.

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2a possibilidade

Ministro do STJ ou STF pode selecionar RE ou Resp para dar início ao julgamento por amostragem dos
recursos repetitivos.

Nesse caso, ele selecionará um ou alguns poucos recursos para servirem como representativos da
controvérsia.

Art. 1.036, § 5º O relator em tribunal superior também poderá selecionar 2 (dois) ou mais
recursos representativos da controvérsia para julgamento da questão de direito
independentemente da iniciativa do presidente ou do vice-presidente do tribunal de origem.

Essa seleção deve recair sobre processos que tenham uma abrangência de argumentação significativa, de
modo a proporcionar ao tribunal superior uma ampla e completa discussão sobre a questão.

Art. 1.036, § 6º Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que contenham
abrangente argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida.

Enunciado 615, FPPC: (arts. 1036; 1037) Na escolha dos casos paradigmas, devem ser preferidas,
como representativas da controvérsia, demandas coletivas às individuais, observados os
requisitos do art. 1.036, especialmente do respectivo §6º.

Mesmo já selecionando seus processos, poderá aplicar o art. 1.037, III, requisitando aos presidentes ou aos
vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos tribunais regionais federais a remessa de um recurso
representativo da controvérsia.

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do


pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos
tribunais regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia.

Doutro lado, selecionando alguns recursos representativos, ele devolverá os demais recursos aos tribunais
ou turmas de origem, a fim de que lá aguardem sobrestados a decisão do Tribunal Superior.

Se houver a afetação do tema, os recursos especiais que estiverem tramitando no STJ e que
tratem sobre o mesmo tema irão ser devolvidos para o TJ ou TRF e ali ficarão suspensos
aguardando a definição da tese.

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A jurisprudência atual do STJ aplica o art. 256-L148, do RISTJ, em consonância com o art. 1.037 do
CPC/2015, que determina a devolução dos autos à origem por meio de decisão fundamentada,
nos casos de existência de processo representativo de controvérsia sobre a mesma matéria. STJ.
Corte Especial. EAREsp 380796/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/08/2018.

Dessa decisão de devolução dos autos, não cabia recurso.

O STF entende que o ato que determina o retorno dos autos à origem para aplicação da sistemática de
repercussão geral não possui lesividade que justifique a impetração de mandado de segurança (MS
32485 AgR/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 27/2/2014). Isso porque o tema ainda será
apreciado pelo STF e a solução adotada também será aplicada ao processo devolvido. Logo, não há
prejuízo à parte recorrente. STF. Plenário. MS 32485 AgR/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em
27/2/2014 (Info 737).

Com o NCPC, porém, cabe sim recurso.

Enunciado 81, I JDPC do CJF: A devolução dos autos pelo Superior Tribunal de Justiça ou Supremo
Tribunal Federal ao tribunal de origem depende de decisão fundamentada, contra a qual cabe
agravo na forma do art. 1.037, § 13, II, do CPC.

Obs1: O Tribunal Superior fará juízo de admissibilidade nos recursos afetados.

Art. 1.039, Parágrafo único. Negada a existência de repercussão geral no recurso extraordinário
afetado, serão considerados automaticamente inadmitidos os recursos extraordinários cujo
processamento tenha sido sobrestado.

Obs2: Havendo mais de uma afetação, será prevento o relator que tiver proferido, em primeiro lugar, a
decisão.

Art. 1.037, § 3º Havendo mais de uma afetação, será prevento o relator que primeiro tiver
proferido a decisão a que se refere o inciso I do caput.

Obs3: Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, aplicará o art. 1.037, CPC.

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do


pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

148
Art. 256-L. Publicada a decisão de afetação, os demais recursos especiais em tramitação no STJ fundados em idêntica questão
de direito: I - se já distribuídos, serão devolvidos ao Tribunal de origem, para nele permanecerem suspensos, por meio de decisão
fundamentada do relator; II - se ainda não distribuídos, serão devolvidos ao Tribunal de origem por decisão fundamentada do
Presidente do STJ. (dispositivo incluído pela Emenda Regimental n. 24/2016)
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I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento;

II - determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou


coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional;

Obs4: Os recursos repetitivos devem ser julgados no prazo de 1 ano.

Art. 1.037, § 4º Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 (um) ano e terão
preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de
habeas corpus.

Se descumprido o prazo de 1 (um) ano, o que ocorre?

A redação originária do NCPC previa que, caso fosse ultrapassado o prazo legal de 1 (um) ano, os processos
suspensos voltariam a correr.

Art. 1.037, § 5º Não ocorrendo o julgamento no prazo de 1 (um) ano a contar da publicação da
decisão de que trata o inciso I do caput, cessam automaticamente, em todo o território nacional,
a afetação e a suspensão dos processos, que retomarão seu curso normal. (Revogado pela Lei nº
13.256, de 2016)

Contudo, como podem ver, o dispositivo foi revogado ainda na vacatio legis do Código, numa demonstração
de que não haverá nenhum efeito o não julgamento dos recursos no ínterim de 1 ano.

Obs5: Da decisão que determina o sobrestamento, cabe recurso?

Na vigência do CPC/73, não cabia.

É irrecorrível o ato do presidente do tribunal de origem que, com fundamento no art. 543-C, §
1º, do CPC, determina a suspensão de recursos especiais enquanto se aguarda o julgamento de
outro recurso encaminhado ao STJ como representativo da controvérsia. Com efeito, este ato
não ostenta conteúdo decisório, tendo em vista que não há efetivo juízo de admissibilidade neste
momento processual. Em verdade, a referida manifestação judicial é um despacho, de modo que
tem incidência o regramento previsto no art. 504 do CPC, segundo o qual “dos despachos não
cabe recurso”. Haverá possibilidade de interposição de recurso após o julgamento do recurso
representativo da controvérsia no STJ, ocasião em que poderá ser manejado agravo regimental,
no tribunal de origem, contra eventual equívoco no juízo de admissibilidade efetivado na forma
do art. 543-C, § 7º, do CPC. AgRg na Rcl 6.537-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
27/2/2013 (informativo 515).

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Na vigência do CPC/15, cabe sim agravo interno149.

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:

(...) III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não
decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate
de matéria constitucional ou infraconstitucional;

§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos
do art. 1.021.

Se o Colegiado mantiver a decisão, em regra, não cabe mais nenhum recurso e só restará aguardar o
posicionamento do STF/STJ:

(...) II - Como regra, é irrecorrível o ato do Tribunal que determina o sobrestamento de recursos
múltiplos, com fulcro no art. 1.035, § 5º, do Código de Processo Civil de 2015, a fim de aguardar-
se a fixação de tese jurídica pelo Supremo Tribunal Federal, porquanto não ostenta caráter
decisório. Precedentes. III - A parte deve demonstrar, no caso concreto, a ausência de similitude
entre o tema trazido em seu especial e o pendente de julgamento no STF com repercussão geral
reconhecida, o que não ocorreu, de modo que se impõe a manutenção do sobrestamento ora
impugnado. (...) STJ. 1ª Turma. AgInt no REsp 1743635/DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado
em 23/10/2018.

Obs6:

Art. 1.037, § 8º As partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de seu processo, a ser
proferida pelo respectivo juiz ou relator quando informado da decisão a que se refere o inciso II
do caput.

Sendo intimada da decisão de suspensão, a parte pode requerer o reconhecimento da distinção entre a
questão a ser decidida no processo e a ser julgada em Resp ou RE.

Art. 1.037, § 9º Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a
ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o
prosseguimento do seu processo.

149
Não cabe reclamação. Nos moldes do entendimento uníssono desta Corte, não é cabível reclamação contra decisão do Tribunal
de origem que tenha determinado a suspensão de recurso especial ou de recurso extraordinário com base no procedimento dos
recursos especiais repetitivos ou dos recursos extraordinários com repercussão geral reconhecida pelo eg. Supremo Tribunal
Federal. STJ. 2ª Seção. AgInt na Rcl 36.040/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 24/10/2018.
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Quem terá competência para verificar essa distinção?

Art. 1.037, § 10. O requerimento a que se refere o § 9º será dirigido:

I - ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau;

II - ao relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de origem;

III - ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso especial ou recurso extraordinário
no tribunal de origem;

IV - ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de recurso extraordinário cujo


processamento houver sido sobrestado.

Feito o pedido, a outra parte deve ser intimada, em respeito ao contraditório.

Art. 1.037, § 11. A outra parte deverá ser ouvida sobre o requerimento a que se refere o § 9º, no
prazo de 5 (cinco) dias.

Em reconhecendo a distinção, o juiz dará prosseguimento ao feito ou, no caso do art. 1.037, §10, III, dará
conhecimento ao presidente ou vice que houver determinado o sobrestamento, para que o RE ou Resp seja
encaminhado ao respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.030, CPC.

Caso não reconheça a distinção, a suspensão se manterá.

Da decisão sobre a distinção ou não, caberá agravo de instrumento, se a decisão for do juiz de 1o grau, e
agravo interno se a decisão for do relator.

Art. 1.037, § 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o § 9º caberá:

I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau;

II - agravo interno, se a decisão for de relator.

Obs7: O relator, no tribunal superior, poderá:

Art. 1.038. O relator poderá:

I - solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na


controvérsia, considerando a relevância da matéria e consoante dispuser o regimento interno;

II - fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e
conhecimento na matéria, com a finalidade de instruir o procedimento;

É plenamente possível a intervenção do amicus curiae.


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Até quando podem intervir o amicus curiae?

STF: A possibilidade de intervenção do amicus curiae está limitada à data da remessa dos autos
à mesa para julgamento (ADI 4071 AgR/DF, rel. Min. Menezes Direito, 22.4.2009; informativo
543).

STJ: A Seção, em questão de ordem levantada pelo Min. Benedito Gonçalves, indeferiu o pedido
de terceiro para ingressar no feito como amicus curiae, ou assistente, uma vez que já pautado e
iniciado o julgamento, com dois votos já proferidos. QO no REsp 1.003.955-RS, Rel. Min. Eliana
Calmon, julgado em 12/11/2008 (informativo 376).

O pedido de intervenção, na qualidade de amicus curiae, em recurso submetido ao rito do art.


543-C do CPC, deve ser realizado antes do início do julgamento pelo órgão colegiado. Isso porque,
uma vez iniciado o julgamento, não há mais espaço para o ingresso de amicus curiae. De fato, já
não há utilidade prática de sua intervenção, pois nesse momento processual não cabe mais
sustentação oral, nem apresentação de manifestação escrita, como franqueia a Resolução
8/2008 do STJ, e, segundo assevera remansosa jurisprudência, o amicus curiae não tem
legitimidade recursal, inviabilizando-se a pretensão de intervenção posterior ao julgamento (EDcl
no REsp 1.261.020-CE, Primeira Seção, DJe 2/4/2013). O STJ tem entendido que, segundo o § 4º
do art. 543-C do CPC, bem como o art. 3º da Resolução 8/2008 do STJ, admite-se a intervenção
de amicus curiae nos recursos submetidos ao rito dos recursos repetitivos somente antes do
julgamento pelo órgão colegiado e a critério do relator (EDcl no REsp 1.120.295-SP, Primeira
Seção, DJe 24/4/2013). Ademais, o STF já decidiu que o amicus curiae pode pedir sua participação
no processo até a liberação do processo para pauta (ADI 4.071 AgR, Tribunal Pleno, DJe
16/10/2009). QO no REsp 1.152.218-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/5/2014
(informativo 540).

As partes dos demais processos sobrestados, porém, não podem intervir a título de assistentes simples.

Não configura interesse jurídico apto a justificar o ingresso de terceiro como assistente simples
em processo submetido ao rito do art. 543-C do CPC o fato de o requerente ser parte em outro
feito no qual se discute tese a ser firmada em recurso repetitivo. Isso porque, nessa situação, o
interesse do terceiro que pretende ingressar como assistente no julgamento do recurso
submetido à sistemática dos recursos repetitivos é meramente subjetivo, quando muito reflexo,
de cunho meramente econômico, o que não justifica sua admissão como assistente simples.
Outrossim, o requerente não se enquadra no rol do art. 543-C, § 4º, do CPC, sendo certo ainda
que nem mesmo aqueles inseridos da referida lista podem ser admitidos como assistentes no
procedimento de recursos representativos, não sendo possível, também, a interposição de
recurso por eles para impugnar a decisão que vier a ser prolatada. Ademais, a admissão da tese
sustentada pelo requerente abriria a possibilidade de manifestação de todos aqueles que
figuram em feitos que tiveram a tramitação suspensa em 6 vista da afetação, o que,
evidentemente, inviabilizaria o julgamento de recursos repetitivos. REsp 1.418.593-MS, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/5/2014 (informativo 540).

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Art. 1.038, III - requisitar informações aos tribunais inferiores a respeito da controvérsia e,
cumprida a diligência, intimará o Ministério Público para manifestar-se.

Realizadas as providências do art. 1.038, o relator remete cópia do relatório aos demais ministros, sendo
incluído o julgamento em pauta.

Obs8: Inicialmente, o CPC previa que o julgamento deveria abordar todos os fundamentos da tese jurídica
discutida, favoráveis ou contrários.

Art. 1.038, § 3º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos os fundamentos da tese


jurídica discutida, favoráveis ou contrários.

Ainda na vacatio legis, esse entendimento foi modificado.

Art. 1.038, § 3º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise dos fundamentos relevantes da tese
jurídica discutida. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Em julgamentos submetidos ao rito do art. 543-C do CPC 1973 (art. 1.036 do CPC 2015), cabe ao
STJ traçar as linhas gerais acerca da tese aprovada, descabendo a inserção de soluções
episódicas ou exceções que porventura possam surgir em outros indetermináveis casos, sob
pena de se ter de redigir verdadeiros tratados sobre todos os temas conexos ao objeto do
recurso. STJ. Corte Especial. EDcl no REsp 1124552-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
6/5/2015 (Info 562).

Enunciado 59, I JDPC do CJF: Não é exigível identidade absoluta entre casos para a aplicação de
um precedente, seja ele vinculante ou não, bastando que ambos possam compartilhar os
mesmos fundamentos determinantes.

Eficácia Ultra Partes e Vinculante

Art. 1.039. Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados declararão prejudicados os


demais recursos versando sobre idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada.

Obs1: Já na vigência do CPC/73, o STJ entendia que já era autorizado aplicar o entendimento do tribunal
superior antes do trânsito em julgado.

É desnecessário o trânsito em julgado da decisão proferida em recurso especial submetido ao rito do


art. 543-C do CPC para a adoção da tese nele firmada. EDcl no AgRg no Ag 1.067.829-PR, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 9/10/2012.

Assim, publicado o acórdão paradigma, já se pode aplicar o entendimento, conforme art. 1.040, CPC.

Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma:

III - os processos suspensos em primeiro e segundo graus de jurisdição retomarão o curso para
julgamento e aplicação da tese firmada pelo tribunal superior;
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Nesse momento, é plenamente admissível o juiz aplicar o distinguishing, aduzindo ser o caso concreto
distinto do julgamento sob a sistemática de recurso repetitivo.

Se no processo já tiver sido interposto recurso extraordinário ou especial, suspensos no tribunal de 2 o grau,
a aplicação do precedente se dá da seguinte forma:

Art. 1.040, I - o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos


recursos especiais ou extraordinários sobrestados na origem, se o acórdão recorrido coincidir
com a orientação do tribunal superior;

Enunciado 482, FPPC: (art. 1.040, I) Aplica-se o art. 1.040, I, aos recursos extraordinários
interpostos nas turmas ou colégios recursais dos juizados especiais cíveis, federais e da fazenda
pública.

Art. 1.040, II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o processo de
competência originária, a remessa necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão
recorrido contrariar a orientação do tribunal superior;

Nesse inciso II, tem-se entendido que o órgão do tribunal obrigatoriamente se retratará, se seu acórdão
contrariar julgamento do STF ou STJ em sede de repetitivos.

Embora o STJ, na vigência do CPC/73 admitisse a não aplicação da tese por alguma discordância150, o NCPC
mudou o paradigma, incorporando uma sistemática de respeito aos precedentes obrigatórios (art. 927).

Art. 1.040, IV - se os recursos versarem sobre questão relativa a prestação de serviço público
objeto de concessão, permissão ou autorização, o resultado do julgamento será comunicado ao
órgão, ao ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por
parte dos entes sujeitos a regulação, da tese adotada.

§ 1º A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida
a sentença, se a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da
controvérsia.

§ 2º Se a desistência ocorrer antes de oferecida contestação, a parte ficará isenta do pagamento


de custas e de honorários de sucumbência.

150
(...) Não se há de entender a mera confirmação automática de uma tese já rejeitada pela Corte nacional ad quem, porém,
minimamente, é preciso uma nova apreciação fundamentada da matéria, o que implica, na hipótese de ainda se sufragar o
entendimento oposto ao já uniformizado pelo STJ, a exposição da argumentação em contrário, rebatendo objetivamente as
conclusões aqui firmadas. (...) QO nos REsp 1.148.726-RS, REsp 1.146.696-RS, REsp 1.153.937-RS, REsp 1.154.288-RS, REsp
1.155.480-RS e REsp 1.158.872-RS, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgada em 10/12/2009.
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§ 3º A desistência apresentada nos termos do § 1º independe de consentimento do réu, ainda


que apresentada contestação.

Se o tribunal a quo mantiver sua posição, com base no distinguishing, o RE ou Resp será remetido ao tribunal
superior.

Art. 1.041. Mantido o acórdão divergente pelo tribunal de origem, o recurso especial ou
extraordinário será remetido ao respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.036, § 1º.

§ 1º Realizado o juízo de retratação, com alteração do acórdão divergente, o tribunal de origem,


se for o caso, decidirá as demais questões ainda não decididas cujo enfrentamento se tornou
necessário em decorrência da alteração.

§ 2º Quando ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso versar sobre outras
questões, caberá ao presidente do tribunal, depois do reexame pelo órgão de origem e
independentemente de ratificação do recurso ou de juízo de admissibilidade, determinar a
remessa do recurso ao tribunal superior para julgamento das demais questões.

§ 2º Quando ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso versar sobre outras
questões, caberá ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, depois do reexame
pelo órgão de origem e independentemente de ratificação do recurso, sendo positivo o juízo de
admissibilidade, determinar a remessa do recurso ao tribunal superior para julgamento das
demais questões. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

8 – AGRAVO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO OU ESPECIAL

8.1 - Cabimento

A ideia inicial do NCPC era eliminar o duplo juízo de admissibilidade.

Contudo, ainda na vacatio legis, o Código foi alterado, estipulando novamente o duplo juízo de
admissibilidade para o recurso especial e extraordinário.

Interposto o recurso especial ou extraordinário perante o Presidente ou Vice-Presidente do tribunal de


origem, a parte contrária será intimada para oferecer contrarrazões no prazo de 15 dias úteis.

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016)

Oferecidas as contrarrazões ou passados os 15 dias úteis sem manifestação, o Presidente/Vice irá exercer o
juízo provisório de admissibilidade, analisando os requisitos intrínsecos e extrínsecos do recurso.

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Art. 1.030, V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo


Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.256, de
2016)

a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento
de recursos repetitivos151; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016)

b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou (Incluída pela Lei
nº 13.256, de 2016)

c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação. (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016)

Se o juízo for positivo, não caberá qualquer recurso dessa decisão, devendo o feito ser remetido
imediatamente ao STF ou STJ.

No STF ou STJ, será feito o segundo juízo de admissibilidade, agora definitivo, de forma totalmente
autônoma, sem nenhuma vinculação ao que anteriormente foi decidido pelo tribunal de origem.

Doutro lado, se o juízo de admissibilidade for negativo, há possibilidade de recurso. Qual?

Conforme afirmam Luiz Dellore e Ricardo Maffeis152, as hipóteses previstas no CPC/2015 para que seja
negado seguimento ao recurso podem ser divididas em dois grandes grupos:

• não admissibilidade em virtude da falta de um ou mais requisitos dos recursos excepcionais, como
intempestividade, não demonstração do dispositivo violado, não comprovação de dissídio
jurisprudencial etc;
• inadmissibilidade decorrente da inexistência de repercussão geral já reconhecida pelo STF ou por ser
o recurso contrário a entendimento pacificado em sede de recursos repetitivos.

No primeiro caso, a parte que teve seu recurso não admitido pode interpor agravo em recurso
especial/extraordinário (arts. 1.030, § 1º c/c 1.042, do CPC/2015).

Art. 1.030, § 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá


agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido
que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de

151
Porque nesse caso caberá agravo interno (art. 1.021) e não agravo em recurso especial ou extraordinário (art. 1.042).
152
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/novo-cpc/no-ncpc-a-inadmissao-de-respre-admite-
dois-agravos-13112017
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entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos


repetitivos. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Já no segundo caso, contra a decisão que nega seguimento ao recurso por força de repercussão geral ou
recurso repetitivo, cabe agravo interno, a ser julgado pelo próprio TJ ou TRF (conforme arts. 1.030, § 2º c/c
1.021, do CPC/2015.

Art. 1.030, § 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno,
nos termos do art. 1.021. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016) (Vigência)

I – negar seguimento: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal
não tenha reconhecido a existência de repercussão geral OU a recurso extraordinário interposto
contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal
exarado no regime de repercussão geral; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em


conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos; (Incluída
pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

Se, em vez disso, a parte interpuser o agravo em recurso especial para o STJ (art. 1.042), cometerá
erro grosseiro. Chegando ao STJ este agravo, ele não será conhecido e ele não retornará para que
seja julgado pelo Tribunal de origem como agravo interno. Assim, após a entrada em vigor do
CPC/2015, não é mais devida a remessa pelo STJ, ao Tribunal de origem, do agravo interposto
contra decisão que inadmite recurso especial com base na aplicação de entendimento firmado
em recursos repetitivos, para que seja conhecido como agravo interno. STJ. 3ª Turma. AREsp
959991-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 16/8/2016 (Info 589).

E quando a decisão inadmitir recurso pelos dois fundamentos:

a) falta de requisitos;

b) inexistência de repercussão geral ou por ser o recurso contrário a entendimento pacificado em recursos
repetitivos.

Nesse caso, são cabíveis os dois recursos.

Enunciado 77, I JDPC do CJF: Para impugnar decisão que obsta trânsito a recurso excepcional e
que contenha simultaneamente fundamento relacionado à sistemática dos recursos repetitivos
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ou da repercussão geral (art. 1.030, I, do CPC) e fundamento relacionado à análise dos


pressupostos de admissibilidade recursais (art. 1.030, V, do CPC), a parte sucumbente deve
interpor, simultaneamente, agravo interno (art. 1.021 do CPC) caso queira impugnar a parte
relativa aos recursos repetitivos ou repercussão geral e agravo em recurso
especial/extraordinário (art. 1.042 do CPC) caso queira impugnar a parte relativa aos
fundamentos de inadmissão por ausência dos pressupostos recursais.

É o que entendia o STJ na vigência do CPC/73.

Decisões mistas: caso a decisão recorrida negue seguimento ao recurso por duplo fundamento,
isto é, em parte com base na sistemática dos recursos repetitivos (ou da repercussão geral) e em
parte noutro fundamento, considero que o recorrente deva interpor os dois recursos (agravo +
agravo interno), cada qual a impugnar o capítulo pertinente da decisão recorrida. Tal
entendimento encontra escólio najurisprudência do STJ, sob a égide do Código Buzaid, senão
vejamos: "In casu, para compatibilizar a orientação do STJ com a situação concreta, os capítulos
distintos comportariam o seguinte tratamento: a) a parcela relativa à aplicação do art. 543-C, §
7º, I, do CPC mereceria impugnação mediante Agravo Regimental endereçado ao Tribunal a quo;
b) quanto aos demais fundamentos, referentes a matéria não solucionada em recurso repetitivo,
caberia o Agravo do art. 544 do CPC, dirigido ao STJ” (STJ, 1ª Seção, AgRg na Rcl 9.404/RJ, rel.
Min. HERMAN BENJAMIN, j. 14/8/2013, DJe 11/9/2013).

Obs1: Como não cabe recurso especial da decisão da Turma Recursal, caso haja interposição de recurso
extraordinário, o presidente da turma fará o juízo de admissibilidade.

Se for indeferido, segundo Didier e Cunha, caberá agravo em recurso extraordinário a ser remetido ao STF
para realização do juízo de admissibilidade definitivo.

Obs2: É possível interposição de recurso extraordinário contra decisão do juiz de 1ª instância (art. 34, LEF),
devendo este realizar o juízo de admissibilidade provisório. Se negativo, caberá interposição de agravo em
recurso extraordinário a ser dirigido ao STF para juízo de admissibilidade definitivo.

8.2 - Procedimento

À semelhança do agravo interno e embargos de declaração, não há necessidade de preparo para interposição
de agravo em recurso especial ou extraordinário.

Art. 1.042, § 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal


de origem e independe do pagamento de custas e despesas postais, aplicando-se a ela o regime
de repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à possibilidade de
sobrestamento e do juízo de retratação. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Dito isso, a petição de agravo será interposta no prazo de 15 dias úteis (art. 1.003, §5º).

Após, o recorrido será intimado para contrarrazoar, em 15 dias.

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§ 3º O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias.

Depois da resposta (ou decorrido o prazo sem manifestação), o presidente ou vice poderão realizar o juízo
de retratação (efeito regressivo).

Não realizada a retratação, os autos sobem ao tribunal superior competente.

Art. 1.042, § 4º Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será remetido ao
tribunal superior competente.

Enunciado 225, FPPC: (art. 1.042) O agravo em recurso especial ou extraordinário será interposto
nos próprios autos.

Enunciado 228, FPPC: (art. 1.042, § 4o) Fica superado o enunciado 639 da súmula do STF após a
entrada em vigor do CPC (“Aplica-se a súmula 288 quando não constarem do traslado do agravo
de instrumento as cópias das peças necessárias à verificação da tempestividade do recurso
extraordinário não admitido pela decisão agravada”).

Enunciado 229, FPPC: (art. 1.042, § 4o) Fica superado o enunciado 288 da súmula do STF após a
entrada em vigor do CPC (“Nega-se provimento a agravo para subida de recurso extraordinário,
quando faltar no traslado o despacho agravado, a decisão recorrida, a petição de recurso
extraordinário ou qualquer peça essencial à compreensão da controvérsia”).

Nessa remessa, nesse agravo, não há duplo juízo de admissibilidade. Uma vez interposto, o presidente/vice
irá remetê-lo ao tribunal superior.

Súmula 727, STF: Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o
agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso extraordinário, ainda que
referente a causa instaurada no âmbito dos juizados especiais.

Se o magistrado fizer indevidamente o juízo de admissibilidade, caberá reclamação por usurpação de


competência (art. 988, I, CPC).

8.3 - Julgamento

Chegando ao tribunal superior, o presidente do STF ou STJ podem negar seguimento ao agravo
manifestamente inadmissível, sendo que dessa decisão caberá a interposição de agravo interno, que será
distribuído a um relator.

Segundo Didier e Cunha, distribuído o processo ao relator, ele poderá:

i- não conhecer do agravo quando entender que é manifestamente inadmissível ou que não tenha
impugnado especificamente os fundamentos da decisão agravada;

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ii- admitir o agravo, mas negar-lhe provimento pelo motivo de que a inadmissão do recurso
especial/extraordinário no tribunal de origem foi correta. Nesse caso, como o agravo não foi provido, o
recurso especial ou extraordinário nem será conhecido.

iii- admitir o agravo, mas negar-lhe provimento pelo fundamento de que o recurso especial ou extraordinário
seja manifestamente inadmissível, prejudicado ou contrário à súmula do tribunal, a acórdão proferido pel
STF ou STJ em julgamento de recursos repetitivos ou a entendimento firmado em IAC (art. 932, III e IV).

iv- conhecer do agravo para dar provimento ao recurso extraordinário ou especial, se o acórdão recorrido
estiver em conflito com súmula do tribunal, com a acórdão proferido pelo STF ou STJ em julgamento de
recursos repetitivos ou a entendimento firmado em IAC (art. 932, V).

Das decisões que não conhecer do agravo, negar-lhe provimento ou decidir desde logo o recurso especial ou
extraordinário não admitido na origem, caberá agravo interno no prazo de 15 dias.

v- Não sendo caso de decisão unipessoal do relator, admitindo o agravo, processará o recurso especial ou
extraordinário conforme o regimento interno, levando-o a colegiado e admitindo sustentação oral.

Art. 1.042, § 5º O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente com o recurso
especial ou extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação oral, observando-se, ainda, o
disposto no regimento interno do tribunal respectivo.

vi- determinar a conversão do agravo em recurso extraordinário ou especial, sendo tal decisão irrecorrível,
salvo quando o agravo possuir vício referente aos seus pressupostos de admissibilidade.

Obs1: Quando a decisão atacada possuir fundamentos que estejam assentados, simultaneamente, em
norma constitucional e infraconstitucional, é autorizada a interposição simultânea de Recurso Extraordinário
(ofensa à Constituição) e Recurso Especial (ofensa à lei federal).

Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial, os


autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal


Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.

§ 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão


irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.

§ 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar


a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do
recurso especial.

Em verdade, não é “autorizada” a interposição, mas sim “exigida” a interposição conjunta. Ora, se a decisão
recorrida se assenta em dois fundamentos (constitucional e infraconstitucional), é inadmissível o recurso que
impugna apenas um desses motivos.

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Sumula 283, STF. É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em
mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.

Súmula 126, STJ: É inadmissível recurso especial, quando o acordão recorrido assenta em
fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para
mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.

Ex153: Tese tributária: Se houver uma demanda cuja fundamentação se desdobra em


inconstitucionalidade e ilegalidade do tributo e o acórdão acolhe esses dois argumentos.
Nesse caso, a Fazenda, almejando alterar o julgamento, será obrigada a interpor recurso
extraordinário e recurso especial, e ambos deverão ser providos para que o efeito substitutivo
incida, de maneira útil, sobre a decisão recorrida.
A Fazenda só poderá cobrar o tributo se ambos os recursos forem providos, cuja consequência é
a reforma dos fundamentos da inconstitucionalidade e da ilegalidade constantes na decisão
impugnada.
Se a Fazenda interpuser apenas recurso especial OU apenas recurso extraordinário, não haverá
interesse recursal nesse caso, já que não terão utilidade alguma.
Ora, mesmo que apenas o REsp ou apenas o RE seja provido, o acórdão ainda se manterá em seu
outro fundamento.
Por outro lado, se o acórdão decide que o tributo não é inconstitucional, tampouco ilegal, o
contribuinte poderá interpor tanto recurso extraordinário quanto recurso especial OU os dois
recursos, uma vez que não há duplo fundamento suficiente.
O provimento de qualquer um deles (REsp - tributo ilegal OU RE - tributo inconstitucional) será
suficiente para alteração do teor do julgado recorrido, pois o contribuinte que poderá deixar de
recolher o tributo se este for considerado inconstitucional OU ilegal: basta apenas um dos
fundamentos.

Se o juízo de admissibilidade no tribunal de origem for negativo para os dois, caberá a interposição de dois
agravos.

Art. 1.042, § 6º Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário e especial, o


agravante deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido.

Nesse caso, os autos serão remetidos ao STJ.

Art. 1.042, § 7º Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal competente, e,
havendo interposição conjunta, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

153
exemplo do livro "Breves Comentários ao Novo Código de Processo Civil", de Didier, Teresa Arruda Alvim, Talamini e Bruno
Dantas.
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Concluído o recurso de agravo pelo STJ e, se for o caso, do recurso especial, os autos serão enviados ao STF
para apreciação do seu agravo.

Art. 1.042, § 8º Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e, se for o
caso, do recurso especial, independentemente de pedido, os autos serão remetidos ao Supremo
Tribunal Federal para apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.

9 – EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

9.1 - Cabimento

É aquele recurso (art. 994, IX e arts. 1.043 e 1.044, CPC) destinado a uniformizar a jurisprudência interna do
STF ou STJ.

Na vigência do CPC/73, os embargos de divergência eram cabíveis apenas das decisões de turmas em REsp
ou RE.

Com o NCPC, ampliou-se o cabimento do referido recurso, já que são cabíveis contra julgamentos de órgãos
fracionários, podendo envolver não apenas turma, mas também seção, em julgamento de REsp ou RE.

Assim, cabem embargos de divergência contra:

a) órgão fracionário do STJ (turma ou seção) em julgamento de recurso especial;

b) órgão fracionário do STF (turma) em julgamento de recurso extraordinário.

Obs1: O acórdão recorrido deve ter sido prolatado em recurso especial ou extraordinário154.

Como os embargos de declaração apenas integram a decisão do REsp ou RE, é cabível também embargos de
divergência do acórdão dos ED.

Ainda, estudamos que o relator pode julgar monocraticamente recurso especial ou extraordinário (art. 932,
III, IV e V). Dessa decisão, é cabível agravo interno (art. 1.021).

Do julgamento desse agravo interno, será cabível sim embargos de divergência.

154
O projeto até previa cabimento dos embargos de divergência de acórdão prolatado em processos de competência originária
do tribunal, mas o art. 1.043, IV foi revogado em 2016.
Assim, não cabe embargos de divergência de processos de competência originária, em recurso ordinário e em acórdão de agravo
do art. 1.042, quando não se julga o mérito do recurso especial ou extraordinário.
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Súmula 316, STJ: Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo regimental,
decide recurso especial.

Enunciado 230, FPPC: (art. 1.043) Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em
agravo interno ou agravo em recurso especial ou extraordinário, decide recurso especial ou
extraordinário.

Doutro lado, o acórdão paradigma pode ser sido prolatado em julgamento de qualquer recurso, bastando
que seja uma decisão colegiada.

Art. 1.043, § 1º Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e
de ações de competência originária.

Seguindo...

Na propositura do recurso, o embargante deverá realizar uma comparação entre acórdão recorrido e
acórdão paradigma, demonstrando a efetiva divergência.

Apenas em dissídios notórios que o STJ tem dispensado essa comparação analítica entre trechos do acórdão
recorrido e do acórdão paradigma.

(...). Outrossim, tratando-se de divergência jurisprudencial notória, dispensável o cotejo


analítico para o conhecimento do recurso, porquanto, uma vez admitida tal divergência, resta
ao recorrente comprovar o preenchimento do requisito do art. 255, § 1º, do RISTJ, com a citação
do repositório oficial. EREsp 961.407-SP, Rel. Min. Eliana Calmon, julgados em 10/12/2009
(informativo 419).

Obs2: A divergência deve ser atual.

Se o acórdão recorrido/embargado adotar o entendimento mais recente da jurisprudência do Tribunal, já


superando aquela posição do acórdão paradigma ultrapassado, não caberá os embargos de divergência.

Súmula 168, STJ: Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se
firmou no mesmo sentido do acórdão embargado.

Súmula 247, STF: O relator não admitirá os embargos da Lei 623, de 19-2-1949, nem deles
conhecerá o Supremo Tribunal Federal, quando houver jurisprudência firme do Plenário no
mesmo sentido da decisão embargada.

Obs3: A divergência pode ser tanto em relação ao direito material quanto processual.

Art. 1.043, § 2º A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode


verificar-se na aplicação do direito material ou do direito processual.

Ademais, a divergência pode se ater aos seguintes pontos:

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Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que:

I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro


órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;

III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro


órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do
recurso, embora tenha apreciado a controvérsia;

Nesse ponto, atenção às considerações de Osmar Côrtes155:

Pela redação primeira do novo CPC, pouco importava que a divergência fosse quanto ao mérito
ou quanto a questões processuais relativas à admissibilidade recursal156. A Lei n. 13.256/2016,
todavia, revogou o inciso II do art. 1043 sobre o cabimento quando cotejadas decisões relativas
à admissibilidade recursal. Agora, cabíveis os embargos quando as decisões paradigma e
recorrida forem de mérito ou na hipótese de uma delas ser de conhecimento (mas tenha
apreciado o mérito recursal, a controvérsia)157.

O STJ, inclusive, já decidiu a respeito.

O não cabimento dos embargos de divergência no caso concreto é bastante claro, em virtude de
não ter sido analisado o mérito do recurso especial no acórdão embargado, atraindo a incidência
da Súmula 315 do STJ: "Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de
instrumento que não admite recurso especial.". (...) A hipótese dos autos não se enquadra em
nenhuma das hipóteses de cabimento analisadas acima, pois o acórdão embargado manteve
decisão que não conheceu do recurso especial interposto pela parte ora recorrente e não chegou
a apreciar a controvérsia objeto dos embargos de divergência. STJ, REsp. n. 1848832/RO, Rel.
Min. Og Fernandes, d.j. 25/08/2021.

Ainda, os acórdãos paradigma e recorrido devem possuir similitude fática, exigindo-se do recorrente a
menção às circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados.

Obs4: Os acórdãos paradigma e recorrido devem possuir similitude fática, exigindo-se do recorrente a
menção às circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados.

155
CÔRTES, Osmar. In ALVIM, Angélica Arruda et all (Coords.). Comentários ao Código de Processo Civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2017, p. 1.245
156
Art. 1043, II - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo
tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, relativos ao juízo de admissibilidade; (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016)
157
Por essa revogação, decidiu-se por bem cancelar o enunciado 231 do FPPC: (art. 1.043, II e III) Fica superado o enunciado 315
da súmula do STJ após a entrada em vigor do CPC ('Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de instrumento que
não admite recurso especial.
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Art. 1.043, § 4º O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de repositório
oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o
acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de
computadores, indicando a respectiva fonte, e mencionará as circunstâncias que identificam ou
assemelham os casos confrontados.

A Corte Especial reiterou que descabem embargos de divergência na ausência de similitude fática
entre os arestos paradigma e embargado. Na hipótese, embora ambos os arestos tratem de
danos morais, um cuida de acidente do trabalho e o outro, de exoneração de servidor público.
AgRg nos EREsp 997.056-RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 3/2/2010 (informativo 421)158.

Nesse sentido, o STJ entende incabível os embargos de divergência para discutir valor de indenização em
danos morais justamente em razão da diferença entre as situações fáticas.

Súmula 420, STJ: Incabível, em embargos de divergência, discutir o valor de indenização por
danos morais.

Quando a divergência, porém, for sobre o direito processual (ex: admissão de complementação do preparo
em 5 dias), a similitude deverá abranger a questão de direito processual, pouco importando qual o mérito é
ali discutido (danos morais, estéticos, rescisão contratual etc.).

É possível o conhecimento de embargos de divergência na hipótese em que exista dissídio entre


órgãos do STJ acerca da interpretação de regra de direito processual, ainda que não haja
semelhança entre os fatos da causa tratada no acórdão embargado e os analisados no acórdão
tido como paradigma. Precedente citado: EREsp 422.778-SP, Segunda Seção, DJe
21/6/2012. EAREsp 25.641-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/6/2013
(informativo 523).

Prosseguindo...

Uma vez arguida a similitude fática pelo recorrente, o tribunal não pode inadmitir os embargos de
divergência sob o argumento genérico de que as circunstâncias fáticas são diferentes.

Deve demonstrar pormenorizadamente a distinção.

Embora o art. 1.043, §5º, que tinha tal previsão, tenha sido revogado, a imposição permanece, pois é um
dever decorrente da fundamentação constitucionalmente adequada (art. 93, IX, CRFB c/c art. 489, §1º, CPC).

158
No mesmo sentido: 2ª Seção. EREsp 419059-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgados em 11/4/2012. STJ. Corte Especial.
EAREsp 870.517/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 07/06/2017.
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Art. 1.043, § 5º É vedado ao tribunal inadmitir o recurso com base em fundamento genérico de
que as circunstâncias fáticas são diferentes, sem demonstrar a existência da
distinção. (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016)

Nesse sentido, o STJ entende incabível os embargos de divergência para discutir valor de indenização em
danos morais justamente em razão da diferença entre as situações fáticas.

Obs1: Na vigência do CPC/73, o STJ entendia que o acórdão paradigma não poderia ser de ROC em MS em
razão da limitação do âmbito de cognição dessa ação (prova documental pré-constituída).

São inadmissíveis embargos de divergência na hipótese em que o julgado paradigma invocado


tenha sido proferido em sede de recurso ordinário em mandado de segurança. AgRg nos EREsp
1.182.126-PE, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 17/12/2012 (informativo 512).

Obs2: Não é cabível embargos de divergência de recurso proferido por outro tribunal.

Assim, mesmo que outro tribunal tivesse competência, no passado, para analisar a questão que, atualmente,
é da competência do tribunal prolator do acórdão embargado, aquela julgamento antigo não poderá servir
como acórdão paradigma.

Ex1: Não se pode utilizar como paradigmas as decisões do antigo Tribunal Federal de Recursos.

Súmula 158, STJ: Não se presta a justificar embargos de divergência o dissídio com acórdão de
turma ou seção que não mais tenha competência para a matéria neles versada.

Obs3: O STF tinha a posição de que “súmulas do STF, decisões singulares e arestos da mesma Turma que
proferiu o acórdão embargado não servem à demonstração do dissenso jurisprudencial159”.

Contudo, com o NCPC, isso mudou.

Admite-se embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu a
decisão embargada, quando mais da metade de seus membros se alterar.

Art. 1.043, § 3º Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma
turma que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração
em mais da metade de seus membros.

159
STF, RE 355.796, AgR-Ed-Edv-AgR/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, d.j. 23/02/2011.
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9.2 - Procedimento

Os embargos de divergência deverão ser interpostos no prazo de 15 dias úteis, podendo ser computados em
dobro quando for FP, MP, DP ou litisconsortes com advogados de escritórios distintos e em autos físicos.

O procedimento obedecerá os regimentos internos do STJ e STF.

Art. 1.044. No recurso de embargos de divergência, será observado o procedimento estabelecido


no regimento interno do respectivo tribunal superior.

No STF, estão regidos nos arts. 330 a 336, RISTF.

Art. 335. Interpostos os embargos, o Relator abrirá vista ao recorrido, por quinze dias, para
contrarrazões. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 47, de 24 de fevereiro de 2012)

§ 1º Transcorrido o prazo do caput, o Relator do acórdão embargado apreciará a admissibilidade


do recurso. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 47, de 24 de fevereiro de 2012)

§ 2º Da decisão que não admitir os embargos, caberá agravo, em cinco dias, para o órgão
competente para o julgamento do recurso. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 47, de 24
de fevereiro de 2012)

§ 3º Admitidos os embargos, proceder-se-á à distribuição nos termos do art. 76. (Redação dada
pela Emenda Regimental n. 47, de 24 de fevereiro de 2012)

Art. 336. Na sessão de julgamento, aplicar-se-ão, supletivamente, as normas do processo


originário, observado o disposto no art. 146160.

Parágrafo único. Recebidos os embargos de divergência, o Plenário julgará a matéria restante,


salvo nos casos do art. 313, I e II, quando determinará a subida do recurso principal.

No STJ, estão regidos nos arts. 266 e 267, RISTJ.

Art. 266. Cabem embargos de divergência contra acórdão de Órgão Fracionário que, em recurso
especial, divergir do julgamento atual de qualquer outro Órgão Jurisdicional deste Tribunal,
sendo: (Redação dada pela Emenda Regimental n. 22, de 2016)

160
Art. 146. Havendo, por ausência ou falta de um Ministro, nos termos do art. 13, IX, empate na votação de matéria cuja solução
dependa de maioria absoluta, considerar-se-á julgada a questão proclamando-se a solução contrária à pretendida ou à proposta.
(Redação dada pela Emenda Regimental n. 35, de 2 de dezembro de 2009) Parágrafo único.No julgamento de habeas corpus e de
recursos de habeas corpus proclamar-se-á, na hipótese de empate, a decisão mais favorável ao paciente. (Redação dada pela
Emenda Regimental n. 35, de 2 de dezembro de 2009)
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I - os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito; (Incluído pela Emenda Regimental n. 22, de


2016)

II - um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado
a controvérsia. (Incluído pela Emenda Regimental n. 22, de 2016)

§ 1º Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações


de competência originária. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 22, de 2016)

§ 2º A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode verificar-se na


aplicação do direito material ou do direito processual. (Redação dada pela Emenda Regimental
n. 22, de 2016)

§ 3º Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for do mesmo Órgão


Fracionário que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido
alteração em mais da metade de seus membros. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 22,
de 2016)

§ 4º O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou


credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, em que foi publicado o acórdão
divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na internet, indicando a respectiva fonte,
e mencionará as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados. (Redação
dada pela Emenda Regimental n. 22, de 2016)

Art. 266-A. Os embargos de divergência serão juntados aos autos independentemente de


despacho, e sua oposição interrompe o prazo para interposição de recurso extraordinário por
qualquer das partes. (Incluído pela Emenda Regimental n. 22, de 2016)

Art. 266-B. Se os embargos de divergência não forem providos ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso extraordinário interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de divergência será processado e julgado independentemente de
ratificação. (Incluído pela Emenda Regimental n. 22, de 2016)

Art. 266-C. Sorteado o relator, ele poderá indeferir os embargos de divergência liminarmente se
intempestivos ou se não comprovada ou não configurada a divergência jurisprudencial atual, ou
negar-lhes provimento caso a tese deduzida no recurso seja contrária a fixada em julgamento de
recurso repetitivo ou de repercussão geral, a entendimento firmado em incidente de assunção
de competência, a súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça ou,
ainda, a jurisprudência dominante acerca do tema. (Incluído pela Emenda Regimental n. 22, de
2016)

Art. 266-D. O Ministério Público, quando necessário seu pronunciamento sobre os embargos de
divergência, terá vista dos autos por vinte dias. (Incluído pela Emenda Regimental n. 22, de 2016)

Art. 267. Admitidos os embargos de divergência em decisão fundamentada, promover-se-á a


publicação, no Diário da Justiça eletrônico, do termo de vista ao embargado, para apresentar

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impugnação nos quinze dias subsequentes. (Redação dada pela Emenda Regimental n. 22, de
2016)

Parágrafo único. Impugnados ou não os embargos, serão os autos conclusos ao relator, que
pedirá a inclusão do feito na pauta de julgamento.

Obs1: Não cabem embargos de divergência adesivos.

Obs2: É cabível sustentação oral (art. 937, V, CPC).

Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará
a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao
membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um,
a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final
do caput do art. 1.021:

V - nos embargos de divergência;

Obs3: Previsão similar ao art. 266-A, RISTJ se encontra no art. 1.044, §1º, CPC.

Art. 1.044, § 1º A interposição de embargos de divergência no Superior Tribunal de


Justiça interrompe o prazo para interposição de recurso extraordinário por qualquer das partes.

É possível que o STJ, ao decidir embargos de divergência, assente sua argumentação em fundamento
constitucional. Nesse caso, o prazo para RE começa a ser contado da intimação da decisão dos embargos de
divergência.

Pode ser, porém, que a outra parte já tenha entrado com RE.

Nesse caso, o art. 1.044, §2o rechaça aquela tese antiga de intempestividade do recurso prematuro.

Art. 1.044, § 2º Se os embargos de divergência forem desprovidos ou não alterarem a conclusão


do julgamento anterior, o recurso extraordinário interposto pela outra parte antes da publicação
do julgamento dos embargos de divergência será processado e julgado independentemente de
ratificação.

Ainda, se em embargos de divergência houver modificação do julgado anterior, o recorrido que já tiver
interposto recurso extraordinário poderá complementá-lo.

Enunciado 83, I JDPC do CJF: Caso os embargos de divergência impliquem alteração das
conclusões do julgamento anterior, o recorrido que já tiver interposto o recurso extraordinário
terá o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no
prazo de quinze dias, contados da intimação da decisão dos embargos de divergência.

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Por fim, o art. 1.043, §4º estipula o modo de provar a existência de acórdão paradigma, bem como exige a
comparação entre paradigma e acórdão embargado, comprovando as circunstâncias que se assemelham nos
dois casos.

Art. 1.043, § 4º O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de repositório
oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o
acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de
computadores, indicando a respectiva fonte, e mencionará as circunstâncias que identificam ou
assemelham os casos confrontados.

Obs4: É possível haver embargos de divergência repetitivos. (CE, Eresp 1.403.532/SC, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, d.j. 6/5/2015).

LEGISLAÇÃO DESTACADA
Neste ponto da aula, citamos, para fins de revisão, os principais dispositivos de lei que podem fazer a
diferença na hora da prova. Lembre-se de revisá-los!
--

 arts. 1º, 5º, XXI, XXXV, da CF:

Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Art. 5º, LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Parte Especial – Livro III – Dos Processos nos Tribunais e Dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais
(Título I – Da Ordem dos Processos e Dos Processos de Competência Originária dos Tribunais e Título II – Dos
Recursos).

Neste ponto da aula, citamos, para fins de revisão, os principais dispositivos de lei que podem fazer a
diferença na hora da prova. Lembrem-se de revisá-los!

TÍTULO II
DOS RECURSOS

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

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II - agravo de instrumento;

III - agravo interno;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - embargos de divergência.

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial
em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se
da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível
reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação


jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa
discutir em juízo como substituto processual.

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das
exigências legais.

§ 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro.

§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as


mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:

I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que
a parte dispõe para responder;

II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial;

III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado
inadmissível.

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Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.

Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral
já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou
especiais repetitivos.

Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.

Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.

Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato
incompatível com a vontade de recorrer.

Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso.

Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte.

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a
sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são
intimados da decisão.

§ 1º Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for


proferida a decisão.

§ 2º Aplica-se o disposto no art. 231 , incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu
contra decisão proferida anteriormente à citação.

§ 3º No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme


as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial.

§ 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como
data de interposição a data de postagem.

§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-


lhes é de 15 (quinze) dias.

§ 6º O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso.

Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte
ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será
tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a
correr novamente depois da intimação.

Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou
opostos os seus interesses.

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Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor


aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.

Art. 1.006. Certificado o trânsito em julgado, com menção expressa da data de sua ocorrência, o
escrivão ou o chefe de secretaria, independentemente de despacho, providenciará a baixa dos
autos ao juízo de origem, no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena
de deserção.

§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos


interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos
Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.

§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará


deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5
(cinco) dias.

§ 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos


eletrônicos.

§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do


preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado,
para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.

§ 5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de


remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4º.

§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por


decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.

§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de


deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o
recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver
sido objeto de recurso.

CAPÍTULO II
DA APELAÇÃO

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

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§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar


agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar
de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será


intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.

§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art.
1.015 integrarem capítulo da sentença.

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:

I - os nomes e a qualificação das partes;

II - a exposição do fato e do direito;

III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;

IV - o pedido de nova decisão.

§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar


contrarrazões.

§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz,
independentemente de juízo de admissibilidade.

Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal e distribuído imediatamente, o relator:

I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do art. 932, incisos III a V ;

II - se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo
órgão colegiado.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a
sua publicação a sentença que:

I - homologa divisão ou demarcação de terras;

II - condena a pagar alimentos;

III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;

IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;


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V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;

VI - decreta a interdição.

§ 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois
de publicada a sentença.

§ 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por
requerimento dirigido ao:

I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando


o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;

II - relator, se já distribuída a apelação.

§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação,
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas
e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao
capítulo impugnado.

§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles,
a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde


logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485 ;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da
causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.

§ 4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se


possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do
processo ao juízo de primeiro grau.

§ 5º O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável


na apelação.

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Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na
apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.

CAPÍTULO III
DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º ;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias


proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de
execução e no processo de inventário.

Art. 1.016. O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio
de petição com os seguintes requisitos:

I - os nomes das partes;

II - a exposição do fato e do direito;

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido;

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IV - o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo.

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:

I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a


decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro
documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados
do agravante e do agravado;

II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo
advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;

III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.

§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de


retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.

§ 2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por:

I - protocolo realizado diretamente no tribunal competente para julgá-lo;

II - protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias;

III - postagem, sob registro, com aviso de recebimento;

IV - transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei;

V - outra forma prevista em lei.

§ 3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a
admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, parágrafo
único .

§ 4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar,
as peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original.

§ 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II


do caput , facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a
compreensão da controvérsia.

Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição
do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos
que instruíram o recurso.

§ 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado


o agravo de instrumento.

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§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput , no


prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.

§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo
agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.

Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não


for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV , o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:

I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou


parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

II - ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento,


quando não tiver procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de
recebimento dirigida ao seu advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias,
facultando-lhe juntar a documentação que entender necessária ao julgamento do recurso;

III - determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico,


quando for o caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias.

Art. 1.020. O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da
intimação do agravado.

CAPÍTULO IV
DO AGRAVO INTERNO

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

§ 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os fundamentos


da decisão agravada.

§ 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso
no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a
julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.

§ 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para


julgar improcedente o agravo interno.

§ 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em


votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar
ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa.

§ 5º A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio do valor da


multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça,
que farão o pagamento ao final.

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CAPÍTULO V
DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;

III - corrigir erro material.

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente


de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º .

Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz,
com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.

§ 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229 .

§ 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre
os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão
embargada.

Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.

§ 1º Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente,


proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em pauta
automaticamente.

§ 2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra


decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á
monocraticamente.

§ 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender
ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no
prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências
do art. 1.021, § 1º .

§ 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão


embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o

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direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de
15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.

§ 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento


anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos
de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.

§ 1º A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou
relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a
fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

§ 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em


decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a
dois por cento sobre o valor atualizado da causa.

§ 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa será


elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer
recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública
e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.

§ 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido
considerados protelatórios.

CAPÍTULO VI
DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Seção I
Do Recurso Ordinário

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:

I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de


injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão;

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

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a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou


pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a
decisão;

b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional


e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

§ 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá
agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015 .

§ 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3º , e 1.029, § 5º .

Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea “b”, aplicam-se, quanto aos
requisitos de admissibilidade e ao procedimento, as disposições relativas à apelação e o
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º Na hipótese do art. 1.027, § 1º , aplicam-se as disposições relativas ao agravo de instrumento


e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça.

§ 2º O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser interposto perante o
tribunal de origem, cabendo ao seu presidente ou vice-presidente determinar a intimação do
recorrido para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões.

§ 3º Findo o prazo referido no § 2º, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior,
independentemente de juízo de admissibilidade.

Seção II
Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial

Subseção I
Disposições Gerais

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição
Federal , serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em
petições distintas que conterão:

I - a exposição do fato e do direito;

II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.

§ 1º Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova da


divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou
credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente,
ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com

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indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que


identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

§ 2º Quando o recurso estiver fundado em dissídio jurisprudencial, é vedado ao tribunal inadmiti-


lo com base em fundamento genérico de que as circunstâncias fáticas são diferentes, sem
demonstrar a existência da distinção.

§ 2º ( Revogado ). (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

§ 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício


formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.

§ 4º Quando, por ocasião do processamento do incidente de resolução de demandas repetitivas,


o presidente do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça receber
requerimento de suspensão de processos em que se discuta questão federal constitucional ou
infraconstitucional, poderá, considerando razões de segurança jurídica ou de excepcional
interesse social, estender a suspensão a todo o território nacional, até ulterior decisão do recurso
extraordinário ou do recurso especial a ser interposto.

§ 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial


poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I - ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a interposição do recurso e


sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;

I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de


admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento
para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

III - ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido sobrestado,
nos termos do art. 1.037 .

III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre


a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no caso
de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037 . (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão remetidos
ao respectivo tribunal superior.

Parágrafo único. A remessa de que trata o caput dar-se-á independentemente de juízo de


admissibilidade.

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Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016)(Vigência)

I – negar seguimento: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal
não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto
contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal
exarado no regime de repercussão geral; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em


conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos; (Incluída
pela Lei nº 13.256, de 2016)(Vigência)

II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o acórdão


recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos
repetitivos; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida
pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria
constitucional ou infraconstitucional; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou


infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036; (Incluído pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)

V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal


ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento
de recursos repetitivos; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou (Incluída pela Lei
nº 13.256, de 2016) (Vigência)

c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação. (Incluída pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)

§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá agravo ao


tribunal superior, nos termos do art. 1.042. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

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§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos
do art. 1.021. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial, os


autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal


Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.

§ 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão


irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.

§ 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar


a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do
recurso especial.

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa
sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente
demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput , o relator remeterá o recurso ao
Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição
afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de
tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.

Art. 1.034. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial, o Supremo Tribunal Federal
ou o Superior Tribunal de Justiça julgará o processo, aplicando o direito.

Parágrafo único. Admitido o recurso extraordinário ou o recurso especial por um fundamento,


devolve-se ao tribunal superior o conhecimento dos demais fundamentos para a solução do
capítulo impugnado.

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos
termos deste artigo.

§ 1º Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões


relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses
subjetivos do processo.

§ 2º O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão geral para apreciação exclusiva


pelo Supremo Tribunal Federal.

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§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:

I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;

II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos;

II – ( Revogado ); (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97
da Constituição Federal .

§ 4º O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros,


subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal.

§ 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a


suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que
versem sobre a questão e tramitem no território nacional.

§ 6º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem,


que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido
interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se
sobre esse requerimento.

§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º caberá agravo, nos termos do art.
1.042 .

§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que aplicar entendimento


firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo
interno. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

§ 8º Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará


seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria
idêntica.

§ 9º O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser julgado no prazo de 1 (um)
ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os
pedidos de habeas corpus .

§ 10. Não ocorrendo o julgamento no prazo de 1 (um) ano a contar do reconhecimento da


repercussão geral, cessa, em todo o território nacional, a suspensão dos processos, que
retomarão seu curso normal.

§ 10. ( Revogado ). (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

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§ 11. A súmula da decisão sobre a repercussão geral constará de ata, que será publicada no diário
oficial e valerá como acórdão.

Subseção II
Do Julgamento dos Recursos Extraordinário e Especial Repetitivos

Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com
fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as
disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal


selecionará 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia, que serão encaminhados
ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para fins de afetação,
determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos,
que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso.

§ 2º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente, que exclua da decisão de


sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido
interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se
sobre esse requerimento.

§ 3º Da decisão que indeferir este requerimento caberá agravo, nos termos do art. 1.042 .

§ 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º caberá apenas agravo


interno. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 4º A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do tribunal de justiça ou do tribunal


regional federal não vinculará o relator no tribunal superior, que poderá selecionar outros
recursos representativos da controvérsia.

§ 5º O relator em tribunal superior também poderá selecionar 2 (dois) ou mais recursos


representativos da controvérsia para julgamento da questão de direito independentemente da
iniciativa do presidente ou do vice-presidente do tribunal de origem.

§ 6º Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que contenham abrangente


argumentação e discussão a respeito da questão a ser decidida.

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do


pressuposto do caput do art. 1.036 , proferirá decisão de afetação, na qual:

I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento;

II - determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou


coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional;

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III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos
tribunais regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia.

§ 1º Se, após receber os recursos selecionados pelo presidente ou pelo vice-presidente de


tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, não se proceder à afetação, o relator, no
tribunal superior, comunicará o fato ao presidente ou ao vice-presidente que os houver enviado,
para que seja revogada a decisão de suspensão referida no art. 1.036, § 1º .

§ 2º É vedado ao órgão colegiado decidir, para os fins do art. 1.040 , questão não delimitada na
decisão a que se refere o inciso I do caput . (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 3º Havendo mais de uma afetação, será prevento o relator que primeiro tiver proferido a
decisão a que se refere o inciso I do caput .

§ 4º Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 (um) ano e terão preferência sobre
os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus .

§ 5º Não ocorrendo o julgamento no prazo de 1 (um) ano a contar da publicação da decisão de


que trata o inciso I do caput , cessam automaticamente, em todo o território nacional, a afetação
e a suspensão dos processos, que retomarão seu curso normal. (Revogado pela Lei nº 13.256, de
2016)

§ 6º Ocorrendo a hipótese do § 5º, é permitido a outro relator do respectivo tribunal superior


afetar 2 (dois) ou mais recursos representativos da controvérsia na forma do art. 1.036 .

§ 7º Quando os recursos requisitados na forma do inciso III do caput contiverem outras questões
além daquela que é objeto da afetação, caberá ao tribunal decidir esta em primeiro lugar e depois
as demais, em acórdão específico para cada processo.

§ 8º As partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de seu processo, a ser proferida
pelo respectivo juiz ou relator quando informado da decisão a que se refere o inciso II do caput .

§ 9º Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a ser julgada
no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu
processo.

§ 10. O requerimento a que se refere o § 9º será dirigido:

I - ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau;

II - ao relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de origem;

III - ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso especial ou recurso extraordinário
no tribunal de origem;

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IV - ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de recurso extraordinário cujo


processamento houver sido sobrestado.

§ 11. A outra parte deverá ser ouvida sobre o requerimento a que se refere o § 9º, no prazo de 5
(cinco) dias.

§ 12. Reconhecida a distinção no caso:

I - dos incisos I, II e IV do § 10, o próprio juiz ou relator dará prosseguimento ao processo;

II - do inciso III do § 10, o relator comunicará a decisão ao presidente ou ao vice-presidente que


houver determinado o sobrestamento, para que o recurso especial ou o recurso extraordinário
seja encaminhado ao respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.030, parágrafo único .

§ 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o § 9º caberá:

I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau;

II - agravo interno, se a decisão for de relator.

Art. 1.038. O relator poderá:

I - solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na


controvérsia, considerando a relevância da matéria e consoante dispuser o regimento interno;

II - fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e
conhecimento na matéria, com a finalidade de instruir o procedimento;

III - requisitar informações aos tribunais inferiores a respeito da controvérsia e, cumprida a


diligência, intimará o Ministério Público para manifestar-se.

§ 1º No caso do inciso III, os prazos respectivos são de 15 (quinze) dias, e os atos serão praticados,
sempre que possível, por meio eletrônico.

§ 2º Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia do relatório aos demais
ministros, haverá inclusão em pauta, devendo ocorrer o julgamento com preferência sobre os
demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus .

§ 3º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise de todos os fundamentos da tese jurídica


discutida, favoráveis ou contrários.

§ 3º O conteúdo do acórdão abrangerá a análise dos fundamentos relevantes da tese jurídica


discutida. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Art. 1.039. Decididos os recursos afetados, os órgãos colegiados declararão prejudicados os


demais recursos versando sobre idêntica controvérsia ou os decidirão aplicando a tese firmada.

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cj.estrategia.com | 402
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Parágrafo único. Negada a existência de repercussão geral no recurso extraordinário afetado,


serão considerados automaticamente inadmitidos os recursos extraordinários cujo
processamento tenha sido sobrestado.

Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma:

I - o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará seguimento aos recursos


especiais ou extraordinários sobrestados na origem, se o acórdão recorrido coincidir com a
orientação do tribunal superior;

II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o processo de competência


originária, a remessa necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido
contrariar a orientação do tribunal superior;

III - os processos suspensos em primeiro e segundo graus de jurisdição retomarão o curso para
julgamento e aplicação da tese firmada pelo tribunal superior;

IV - se os recursos versarem sobre questão relativa a prestação de serviço público objeto de


concessão, permissão ou autorização, o resultado do julgamento será comunicado ao órgão, ao
ente ou à agência reguladora competente para fiscalização da efetiva aplicação, por parte dos
entes sujeitos a regulação, da tese adotada.

§ 1º A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida
a sentença, se a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da
controvérsia.

§ 2º Se a desistência ocorrer antes de oferecida contestação, a parte ficará isenta do pagamento


de custas e de honorários de sucumbência.

§ 3º A desistência apresentada nos termos do § 1º independe de consentimento do réu, ainda


que apresentada contestação.

Art. 1.041. Mantido o acórdão divergente pelo tribunal de origem, o recurso especial ou
extraordinário será remetido ao respectivo tribunal superior, na forma do art. 1.036, § 1º .

§ 1º Realizado o juízo de retratação, com alteração do acórdão divergente, o tribunal de origem,


se for o caso, decidirá as demais questões ainda não decididas cujo enfrentamento se tornou
necessário em decorrência da alteração.

§ 2º Quando ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso versar sobre outras
questões, caberá ao presidente do tribunal, depois do reexame pelo órgão de origem e
independentemente de ratificação do recurso ou de juízo de admissibilidade, determinar a
remessa do recurso ao tribunal superior para julgamento das demais questões.

§ 2º Quando ocorrer a hipótese do inciso II do caput do art. 1.040 e o recurso versar sobre outras
questões, caberá ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, depois do reexame

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pelo órgão de origem e independentemente de ratificação do recurso, sendo positivo o juízo de


admissibilidade, determinar a remessa do recurso ao tribunal superior para julgamento das
demais questões. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

Seção III
Do Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão de presidente ou de vice-presidente do tribunal que:

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do tribunal recorrido
que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos
repetitivos. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

I - indeferir pedido formulado com base no art. 1.035, § 6º , ou no art. 1.036, § 2º , de inadmissão
de recurso especial ou extraordinário intempestivo;

I – ( Revogado ); (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

II - inadmitir, com base no art. 1.040 , inciso I, recurso especial ou extraordinário sob o
fundamento de que o acórdão recorrido coincide com a orientação do tribunal superior;

II – ( Revogado ); (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

III - inadmitir recurso extraordinário, com base no art. 1.035, § 8º , ou no art. 1.039 , parágrafo
único, sob o fundamento de que o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inexistência de
repercussão geral da questão constitucional discutida.

III – ( Revogado ). (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 1º Sob pena de não conhecimento do agravo, incumbirá ao agravante demonstrar, de forma


expressa:

§ 1º ( Revogado ): (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

I - a intempestividade do recurso especial ou extraordinário sobrestado, quando o recurso


fundar-se na hipótese do inciso I do caput deste artigo;

I – ( Revogado ); (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

II - a existência de distinção entre o caso em análise e o precedente invocado, quando a


inadmissão do recurso:

II – ( Revogado ): (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

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a) especial ou extraordinário fundar-se em entendimento firmado em julgamento de recurso


repetitivo por tribunal superior;

a) ( Revogada ); (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

b) extraordinário fundar-se em decisão anterior do Supremo Tribunal Federal de inexistência de


repercussão geral da questão constitucional discutida.

b) ( Revogada ). (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou vice-presidente do tribunal de origem e


independe do pagamento de custas e despesas postais.

§ 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem


e independe do pagamento de custas e despesas postais, aplicando-se a ela o regime de
repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à possibilidade de sobrestamento e
do juízo de retratação.(Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

§ 3º O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 4º Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo será remetido ao tribunal
superior competente.

§ 5º O agravo poderá ser julgado, conforme o caso, conjuntamente com o recurso especial ou
extraordinário, assegurada, neste caso, sustentação oral, observando-se, ainda, o disposto no
regimento interno do tribunal respectivo.

§ 6º Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário e especial, o agravante


deverá interpor um agravo para cada recurso não admitido.

§ 7º Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal competente, e, havendo


interposição conjunta, os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 8º Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de Justiça e, se for o caso, do


recurso especial, independentemente de pedido, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal
Federal para apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.

RESUMO
Para finalizar o estudo da matéria, trazemos um resumo bem básico, com o esquema do procedimento
comum que traçamos.

--

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Pessoal, as questões de prova têm copiado e colado os dispositivos legais, razão pela qual acredito ser desnecessário
o presente resumo, já que destaquei toda a legislação pertinente acima. Ato contínuo, indico fortemente a leitura
assídua do NCPC, especificamente nessa parte de Processo de Execução.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa aula!

Lembre-se de se inscrever em nossa conta do Instagram (@rodrigovaslin), na qual será possível


acompanhar resoluções de questões, explicações mais doutrinárias e, sobretudo, novidades legislativas e
jurisprudenciais.

Estaremos juntos até a aprovação!!!

Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Rodrigo Vaslin

rodrigovaslin@gmail.com

Instagram: @rodrigovaslin

Terminamos...

Como não poderia deixar de ser, vamos fazer algumas questões objetivas para fixar o conhecimento?

QUESTÕES COMENTADAS
Magistratura

1. (TRF 3ª REGIÃO/ TRF 3 – Juiz Federal Substituto/2018) Sobre os embargos de declaração é CORRETO
afirmar:

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a) Eles não são via processual adequada para a correção de erro material uma vez que esse tipo de vício não
está sujeito a preclusão.
b) Se opostos contra decisão unipessoal, podem ser conhecidos como agravo interno, a ser julgado também
monocraticamente.
c) Se eles forem rejeitados ou não houver alteração de resultado, o recurso interposto pela outra parte antes
da publicação do julgamento dos embargos precisará ser ratificado, sob pena de preclusão lógica.
d) Na reiteração de embargos manifestamente protelatórios, haverá elevação da multa e a interposição de
qualquer recurso fica condicionada ao depósito prévio do valor, mas essa condição não se aplica ao
beneficiário da justiça gratuita.

Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: III - corrigir
erro material.

A alternativa B está incorreta. Nesse caso de decisão monocrática, os ED podem ser conhecidos como agravo
interno (art. 1.024, §3º), mas este não será julgado monocraticamente pelo relator, mas sim pelo órgão
colegiado.

Art. 1.024, § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se
entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente
para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às
exigências do art. 1.021, § 1º.

Art. 1.021, § 2º O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se
sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator
levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.

A alternativa C está incorreta. O STJ tinha enunciado sumular exatamente com esse posicionamento.

Súmula 418, STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação.

Contudo, tal posição contraria art. 1.024, §5º e art. 218, §4º, NCPC.

Art. 1.024, §5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento
dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

Art. 218, §4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Nesse sentido, o próprio STJ já editou novo enunciado sumular com o seguinte teor.

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Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior.

A alternativa D está correta.

Art.1.026. § 3o Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa


será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer
recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública
e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.

2. (CESPE/TRF 5 – Juiz Federal Substituto/2017) Caio impetrou mandado de segurança no STJ


apresentando dois pedidos cumulados de reconhecimento de nulidade de dois atos praticados por
ministro de Estado. O STJ, em decisão colegiada final, concedeu parcialmente a segurança para reconhecer
a nulidade apenas de um dos atos praticados pelo ministro. Para impugnar essa decisão, Caio apresentou
recurso ordinário, e a União interpôs recurso extraordinário.
Considerando as normas jurídicas e a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta a
respeito dessa situação hipotética.
a) Pedido de concessão de efeito suspensivo a qualquer um dos recursos, se feito entre a interposição e a
publicação da decisão de admissão de tal recurso, deverá ser dirigido ao presidente ou ao vice-presidente
do STJ.
b) Se o Supremo Tribunal Federal negar provimento ao recurso interposto por Caio e der provimento ao
recurso da União, deverão ser fixados honorários de sucumbência em grau recursal.
c) A admissibilidade dos recursos apresentados será examinada na origem, sendo ainda possível que o
tribunal recorrido determine o sobrestamento dos recursos.
d) Caso o recurso de Caio verse apenas sobre matéria constitucional, o STJ deverá aplicar o princípio da
fungibilidade e receber o recurso como extraordinário.
e) Na hipótese de o presidente ou vice-presidente do STJ determinar, erroneamente, sobrestamento do
recurso da União, a União deverá interpor recurso de agravo em recurso extraordinário.

Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 1.029. § 5º O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso


especial poderá ser formulado por requerimento dirigido:

I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a publicação da decisão de


admissão do recurso e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento
para julgá-lo; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)

II - ao relator, se já distribuído o recurso;

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III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no período compreendido entre


a interposição do recurso e a publicação da decisão de admissão do recurso, assim como no
caso de o recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037. (Redação dada pela Lei nº 13.256,
de 2016)

A alternativa B está incorreta. No MS, não cabe fixação de honorários.

Súmula nº 105, STJ: “Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em
honorários advocatícios”.

Lei n. 12.016/09: Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de
embargos infringentes e a condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo
da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé.

Se assim o é, não há como o STF majorar (art. 85, §11º) algo que nem existe.

A alternativa C está incorreta. Inicialmente, o NCPC extinguiu com o duplo juízo de admissibilidade em todas
as instâncias. Contudo, antes de entrar em vigor, o NCPC foi alterado e o duplo juízo voltou no âmbito do STJ
e STF para os recursos especiais e extraordinários.

O Duplo Juízo não existe para o ROC.

Art. 1028, § 3º Findo o prazo referido no § 2º, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal
superior, independentemente de juízo de admissibilidade.

A alternativa D está incorreta. O art. 102, II, “a”, CRFB prevê o cabimento do ROC.

Ainda, não importa se o ROC se fundamenta na CR ou nas leis infraconstitucionais.

A alternativa E está incorreta.

Art. 1.030, §2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno,
nos termos do art. 1.021. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

3. (TRF 2/TRF 2 – Juiz Federal Substituto/2017) Caio ajuíza demanda em face de empresa pública.
Formula dois pedidos e lastreia o pedido “a” na tese “x”, firmada em Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas, julgada recentemente pelo TRF-2" Região. Ao apreciar a petição inicial, o juiz profere decisão
parcial de mérito, sem mencionar a tese “x”, julgando improcedente o pedido “a”, por considerar a matéria
unicamente de direito e por já ter proferido anteriormente sentença sobre a mesma matéria. No mesmo
ato, determina que o feito prossiga, em relação ao outro pedido, com a citação da ré. O caso é típico de
cabimento do seguinte recurso:
a) Apelação.
b) Agravo interno.
c) Reclamação perante o TRF.

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d) Embargos de declaração.
e) Correição parcial.

Comentários

A alternativa D está correta.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos161 ou em


incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

4. (TRF 2/TRF 2 – Juiz Federal Substituto/2017) Analise as assertivas e, após, marque a opção correta:
I- Em regra, as questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportava
agravo de instrumento, serão cobertas pela preclusão caso não sejam suscitadas em preliminar da apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
II- É preclusivo o prazo para arguição de incompetência absoluta.
III- Das três hipóteses clássicas de preclusão, a temporal, a lógica e a consumativa, o Código de 2015
prestigiou as duas primeiras e aboliu a última.
a) Estão corretas apenas as assertivas 1 e II.
b) Estão corretas apenas as assertivas I e III.
c) São falsas apenas as assertivas II e III.
d) São falsas todas as assertivas.
e) São falsas apenas as assertivas I e II.

Comentários

A assertiva I está correta.

Art. 1.009, § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas (sob

161
O IRDR é uma das espécies de casos repetitivos: Art. 928. Para os fins deste Código, considera-se julgamento de casos repetitivos
a decisão proferida em: I - incidente de resolução de demandas repetitivas; II - recursos especial e extraordinário repetitivos.
Parágrafo único. O julgamento de casos repetitivos tem por objeto questão de direito material ou processual.

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pena de preclusão) em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final,


ou nas contrarrazões.

A assertiva II está incorreta.

Art. 64, § 1o A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição
e deve ser declarada de ofício.

A assertiva III está incorreta.

O NCPC não aboliu a preclusão consumativa, que é a perda de uma faculdade/poder processual em razão
do exercício desse poder/faculdade já ter sido exercido.

A prática, consumação do exercício do poder/faculdade o extingue. Não poderá praticá-lo novamente.

Ex1: se tenho a faculdade de recorrer de uma decisão e recorro, não poderei recorrer dela novamente.

Ex2: se já contestei no 10º dia útil, não poderei mais complementar ou apresentar nova contestação, ainda
que dentro do prazo (até 15ª dia útil).

Obs1: Há discussão intensa se ao juiz se aplica a preclusão consumativa. Veremos a contenda daqui a pouco.

5. (FCC/TJMS – Juiz Substituto/2020) Quanto aos princípios recursais,


a) o princípio da taxatividade recursal tem sido mitigado, admitindo-se a criação de recursos não previstos
expressamente em lei, desde que as partes criem tais recursos de comum acordo, como negócio jurídico-
processual.
b) pelo princípio da singularidade ou unirrecorribilidade afirma-se que só se admite uma espécie recursal
como meio de impugnação de cada decisão judicial, mostrando-se defeso interpor sucessiva ou
concomitantemente duas espécies recursais contra a mesma decisão.
c)o princípio da dialeticidade diz respeito ao elemento volitivo, ou seja, à vontade da parte em recorrer,
expressa na interposição do recurso correspondente à situação jurídica dos autos.
d) o princípio da fungibilidade não foi previsto normativamente no atual ordenamento jurídico processual,
não mais se podendo receber um recurso por outro em situações de pretensa dúvida.
e) o princípio da reformatio in pejus, ou seja, reforma para piorar a situação de quem recorre, não foi
admitido em nenhuma hipótese no atual processo civil brasileiro.
Comentários

A alternativa B está correta. O princípio da unirrecorribilidade advoga a existência de apenas uma espécie
recursal como meio de impugnação de cada decisão judicial.

Algumas observações:

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- A singularidade leva em consideração a decisão como um todo e não cada capítulo dela. Assim, se na
sentença consta uma matéria que tem conteúdo interlocutório (ex: concessão de gratuidade de justiça,
concessão de tutela provisória etc.), não caberá a interposição de apelação E decisão interlocutória.

- Lembrem-se também das exceções a esse princípio:

Exceção1: Quando a decisão atacada possuir fundamentos que estejam assentados, simultaneamente, em
norma constitucional e infraconstitucional, é autorizada a interposição simultânea de Recurso Extraordinário
(ofensa à Constituição) e Recurso Especial (ofensa à lei federal).

Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial, os


autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal


Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.

§ 2º Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão


irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.

§ 3º Na hipótese do § 2º, se o relator do recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar


a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do
recurso especial.

Exceção2: Assumpção30 cita o caso em que o MS é de competência originária de tribunal e é parcialmente


acolhido. Desse capítulo, caberá REsp e/ou Rext, enquanto do capítulo denegatório caberá ROC (recurso
ordinário constitucional).

Exceção3: Parcela doutrinária ainda cita a possibilidade de oposição de embargos de declaração contra
qualquer decisão, além de eventual recurso.

A alternativa A está incorreta. Pelo princípio da taxatividade, a parte só pode utilizar os recursos previstos
em lei, de modo que não é possível a criação de recursos por meio de negócio jurídico.

Enunciado 20, FPPC: (art. 190) Não são admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre
outros: acordo para modificação da competência absoluta, acordo para supressão da primeira
instância, acordo para afastar motivos de impedimento do juiz, acordo para criação de novas
espécies recursais, acordo para ampliação das hipóteses de cabimento de recursos.

A alternativa C está incorreta. Por meio do princípio da dialeticidade exige-se do recorrente a exposição da
causa de pedir (error in judicando e error in procedendo), bem como do pedido (reforma, invalidação,
esclarecimento ou integração).

Deve o recorrente, pois, impugnar especificamente os pontos da decisão agravada.

Art. 1.021, § 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os


fundamentos da decisão agravada31.
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O sistema processual brasileiro consagra e positiva o princípio da dialeticidade. Isso significa que
se exige que o recurso faça impugnação específica aos fundamentos da decisão judicial atacada
(arts. 932, III e 1.021, § 1º, do CPC/2015). STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 897.522/SP, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 26/09/2017.

Enunciado 100, FPPC: (art. 1.013, § 1º, parte final) Não é dado ao tribunal conhecer de matérias
vinculadas ao pedido transitado em julgado pela ausência de impugnação.

E tal obrigatoriedade se dá por dois motivos:

1º motivo: permitir ao recorrido a elaboração de sua defesa (contrarrazões), nos limites do que foi
impugnado;

É inepta a apelação quando o recorrente deixa de demonstrar os fundamentos de fato e de


direito para a reforma pleiteada ou deixa de impugnar, ainda que em tese, os argumentos da
sentença. (...)

A petição de apelação deve conter os fundamentos de fato e de direito, de modo que incumbe
ao apelante indicar o direito que pretende exercitar contra o réu, apontando o fato proveniente
desse direito. A narração dos fatos deve ser inteligível, a fim de enquadrar os fundamentos
jurídicos ao menos em tese, e não de forma insuficiente, vaga e abstrata. De outro lado, é
imperioso que o apelante impugne, argumentada e especificamente, os fundamentos que
dirigiram o magistrado na prolação da sentença. Esse requisito também tem como escopo
viabilizar a própria defesa da parte apelada, que necessita de argumentos pontuais para contra-
arrazoar o recurso interposto. REsp 1.320.527-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
23/10/2012 (informativo 507).

2º motivo: A partir da impugnação específica dos pontos da decisão agravada, limita-se a apreciação do
órgão "ad quem" apenas àquelas impugnações.

É a famosa regra “tantum devolutum quantum appelatum” (art. 1.013, caput) ou dimensão horizontal do
efeito devolutivo. A análise do tribunal fica limitada àquelas matérias impugnadas.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

A alternativa D está incorreta. A fungibilidade tinha assento legal no CPC/39, até porque o sistema recursal,
à época, era extremamente complexo. Quase que como uma assunção de culpa, os legisladores previram o
seguinte:

Art. 810. Salvo a hipótese de má-fé OU erro grosseiro, a parte não será prejudicada pela
interposição de um recurso por outro, devendo os autos ser enviados à Câmara, ou turma, a que
competir o julgamento.

No códigos subsequentes (CPC/73 e CPC/15), a referida previsão desapareceu.

Contudo, a doutrina e jurisprudência continuam aplicando-o.


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Enunciado 104, FPPC: (art. 1.024, § 3º) O princípio da fungibilidade recursal é compatível com o
CPC e alcança todos os recursos, sendo aplicável de ofício.

A alternativa E está incorreta. Pelo referido princípio, o juízo "ad quem" não pode piorar a situação do
recorrente. Embora não previsto expressamente, tem-se reconhecido que é uma decorrência do efeito
devolutivo, já que o tribunal não pode ir além do pedido, do que foi a ele devolvido (tantum devolutum
quantum apelatum - só se apreciará no recurso a matéria que foi efetivamente impugnada).

Para sua incidência, há dois requisitos:

a) sucumbência recíproca, pois, se uma das partes sucumbe integralmente, não há como o recurso piorar
sua situação. Excepcionalmente, isso é cabível, a exemplo de manutenção da decisão recorrida e, em
acréscimo, condenação do recorrente em litigância de má-fé.

b) recurso somente de uma das partes. Se ambas recorrem, a devolução será integral e eventual piora na
situação de uma das partes é decorrência não de seu próprio recurso, mas do julgamento do recurso da parte
contrária.

6. (VUNESP/TJAC – Juiz Estadual/2019) O agravo de instrumento é recurso cabível para que a parte
sucumbente efetue a impugnação de decisões interlocutórias proferidas no curso do processo. A respeito
do recurso em pauta, é correto afirmar que
a) é cabível a realização de sustentação oral pelas partes, quando interposto contra decisões interlocutórias
que versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência.
b) quando interpostos em autos físicos, deverá ser instruído com o comprovante do pagamento das
respectivas custas e do porte de remessa e de retorno.
c) se o juiz de primeira instância comunicar que reformou integral ou parcialmente a decisão impugnada, o
relator considerará prejudicado o agravo de instrumento.
d) sendo eletrônicos ou físicos os autos, o agravante, no prazo de 3 (três) dias, juntará ao processo principal
cópia da petição do agravo de instrumento.
Comentários

A alternativa A está correta.

CPC, Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente
dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao
membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um,
a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do
art. 1.021:

VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que versem sobre
tutelas provisórias de urgência ou da evidência;

A alternativa B está incorreta.

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Art. 1017, § 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e


do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais.

A alternativa C está incorreta.

Art. 1018, § 1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará
prejudicado o agravo de instrumento.

A alternativa D está incorreta.

Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição
do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos
que instruíram o recurso.

§ 2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no


prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.

§ 3º O descumprimento da exigência de que trata o § 2º, desde que arguido e provado pelo
agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.

7. (CESPE/TJPR – Juiz Estadual/2019) André interpôs recurso extraordinário contra acórdão proferido
por tribunal de justiça. Em sequência, ao realizar o juízo de admissibilidade do recurso, o presidente do
tribunal de justiça prolatou decisão inadmitindo o recurso, por entender que não havia sido cumprido o
requisito do prequestionamento de matéria constitucional. Dois dias após ter sido intimado da decisão de
inadmissão, André opôs embargos de declaração, alegando haver obscuridade na decisão monocrática
proferida na origem.
Nessa situação hipotética, de acordo com a jurisprudência do STF, os embargos de declaração
a) não são cabíveis e, por isso, não haverá interrupção do prazo recursal para a interposição de agravo em
recurso extraordinário.
b) interrompem o prazo recursal para a interposição de agravo em recurso extraordinário, ainda que não
venham a ser conhecidos.
c) devem ser recebidos como agravo em recurso extraordinário, em decorrência do princípio da fungibilidade
recursal.
d) devem ser julgados pelo prolator da decisão de origem, mas, somente se forem providos, será possível a
interposição de novo recurso ao STF.
Comentários

A alternativa A está correta.

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PROCESSUAL


CIVIL. RECURSOS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS CONTRA DECISÃO DO PRESIDENTE DO
TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL QUE NÃO ADMITIU RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ERRO
GROSSEIRO. NÃO CONHECIMENTO DO APELO EXTREMO. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL

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A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I - É entendimento pacífico do Supremo Tribunal Federal que a


ocorrência de erro grosseiro impede a aplicação do princípio da fungibilidade recursal. II - “A
oposição de embargos de declaração contra a decisão do Presidente do Tribunal de origem que
não admitiu o recurso extraordinário, por serem incabíveis, não suspende ou interrompe o prazo
para a interposição do agravo de instrumento” (AI 637.038-AgR/RN, Rel. Min. Dias Toffoli). III –
Agravo regimental a que se nega provimento.

A alternativa B está incorreta. Não há interrupção do prazo porque esses embargos são incabíveis.

A alternativa C está incorreta. Não há aplicação do princípio da fungibilidade entre os embargos e o agravo
em RE ou RESP porque o STF entende ser erro grosseiro.

A alternativa D está incorreta. Não é cabível a oposição dos embargos nesse caso.
A alternativa E está incorreta.
8. (VUNESP/TJRJ – Juiz Estadual/2019) Com base no tratamento conferido pelo Código de Processo
Civil de 2015 aos recursos direcionados para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de
Justiça, é correto afirmar:
a) nos processos promovidos perante a justiça federal de primeira instância em que forem partes organismo
internacional e pessoa domiciliada no país, cabe agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de
Justiça das decisões interlocutórias previstas no artigo 1.015 do diploma processual.
b) da decisão que inadmite recurso extraordinário ou recurso especial em decorrência da aplicação de
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos, cabe
agravo em recurso extraordinário ou em recurso especial.
c) quando o recurso extraordinário ou especial fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a
prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado
em que houver sido publicado o acórdão divergente, bastando, nas razões recursais, transcrever a ementa
do acórdão paradigma.
d) na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial, uma vez concluído o
julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do
recurso extraordinário ainda que este estiver prejudicado, pois é da competência exclusiva do Supremo
Tribunal Federal declarar a existência de prejudicialidade.
e) se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso
extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, inadmitirá o recurso
interposto por se tratar de recurso exclusivamente cabível para corrigir ofensa direta ao texto constitucional.
Comentários

A alternativa A está correta.

CPC, Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

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b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional


e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

§ 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá
agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015.

A alternativa B está incorreta. Nesse caso, será cabível agravo interno.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:

I – negar seguimento:

b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em


conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos.

§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos
do art. 1.021.

A alternativa C está incorreta.

Art. 1029, § 1º Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a prova
da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou
credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente,
ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com
indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias que
identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

A alternativa D está incorreta. A análise da prejudicialidade do RE não é exclusiva do STF, veja:

Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial,


os autos serão remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 1º Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo


Tribunal Federal para apreciação do recurso extraordinário, se este não estiver prejudicado.

A alternativa E está incorreta.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição
afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de

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tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial.

9. (VUNESP/TJ-MT – Juiz Substituto/2018) Em relação aos recursos previstos no Direito Processual


brasileiro, é correto afirmar que
a) não possui efeito suspensivo o recurso especial ou extraordinário contra a decisão do tribunal de segunda
instância no julgamento de resolução de demandas repetitivas.
b) no caso de falecimento do recorrente, é possível ao sucessor a complementação do recurso já interposto.
c) interposta apelação, não é possível ao juiz de primeiro grau convencer-se das razões expostas pelo
apelante e alterar a sentença proferida.
d) a desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida
e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
e) não impede a interposição do recurso a aquiescência tácita da parte com relação à decisão proferida.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Pode ocorrer a atribuição de efeito suspensivo.

Art. 982, § 3º Visando à garantia da segurança jurídica, qualquer legitimado mencionado no art.
977, incisos II e III, poderá requerer, ao tribunal competente para conhecer do recurso
extraordinário ou especial, a suspensão de todos os processos individuais ou coletivos em curso
no território nacional que versem sobre a questão objeto do incidente já instaurado.

A alternativa B está incorreta. O recurso não pode ser complementado. Uma vez interposto, há preclusão
consumativa, não havendo mais possibilidade de alteração de suas razões.

De todo modo, adverte-se que o sucessor pode prosseguir na demanda, conforme art. 1.004, CPC.

Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte
ou de seu advogado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será
tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a
correr novamente depois da intimação.

A alternativa C está incorreta. O juiz pode sim se retratar. Inclusive, o NCPC ampliou as hipóteses de
retratação, cabendo para:

a) decisão de indefere a petição inicial (art. 330 c/c art. 485, I);

b) decisão que julga improcedente liminarmente a demanda (art. 332);

c) todas as decisões que extinguem o processo sem resolução do mérito (art. 485, §7º).

A alternativa D está correta.

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Art. 998. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja
repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos
extraordinários ou especiais repetitivos.

A alternativa E está incorreta. Nesse caso, houve preclusão lógica, isto é, perda de faculdade/poder
processual em razão da prática de um ato anterior que com ele é incompatível.

A preclusão lógica decorre essencialmente da proibição do venire contra factum proprium, decorrência do
princípio da boa-fé objetiva.

Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.

Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato
incompatível com a vontade de recorrer.

10. (CONSULPLAN/TJ-MG – Juiz de Direito Substituto/2018) Foi indeferida prova pericial requerida pelo
autor. Acolhida a pretensão inicial, o autor apelou somente para alegar cerceamento de defesa porque
entende ser absolutamente necessária a prova indeferida. Ao julgar a apelação, o Tribunal negará
provimento aplicando o princípio
a) da isonomia.
b) da celeridade.
c) da cooperação.
d) da instrumentalidade das formas.

Comentários

A alternativa D está correta. Sobre a instrumentalidade das formas, somente haverá decretação nulidade se
houver a junção do defeito + prejuízo (pas de nullité sans grief). Essa fórmula serve, segundo Bedaque, não
só para nulidades relativas, mas também absolutas.

Sobre tema, diz Humberto Theodoro: “se o resultado do ato defeituoso ou atípico foi o mesmo que se
esperava do ato perfeito e típico, a atipicidade é irrelevante. Se, ao contrário, o ato defeituoso não gerou
resultado almejado, então a atipicidade é relevante”.

Na questão, aplicou-se o art. 282, §2º, CPC, que consagra exatamente esse entendimento.

Art. 282, § 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a decretação da
nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.

11. (CESPE/TJ-PR – Juiz Substituto/2017) Em cada uma das próximas opções, é apresentada uma
situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Assinale a opção que, de acordo com a
legislação processual, apresenta a assertiva correta.

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a) Foi distribuída para determinado juiz ação em que é parte instituição de ensino na qual ele leciona. Nessa
situação, o magistrado tem de se declarar suspeito, haja vista que a suspeição independe de arguição do
interessado.
b) Em determinada ação de cobrança, o magistrado julgou parcialmente procedente o pedido autoral,
condenando o réu a pagar metade do valor pleiteado. Nessa situação, os honorários advocatícios deverão
ser compensados em razão da sucumbência recíproca.
c) O MP deixou de apresentar parecer após o prazo legal que possuía para se manifestar como fiscal da
ordem jurídica. Nessa situação, o juiz deverá requisitar os autos e dar andamento ao processo mesmo sem
a referida manifestação.
d) Pedro ajuizou demanda contra Roberto e, na petição inicial, requereu a concessão de gratuidade de
justiça. Nessa situação, caberá agravo de instrumento contra a decisão que denegar ou conceder o pedido
de gratuidade.

Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:

VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou
decorrente de contrato de prestação de serviços;

A alternativa B está incorreta.

art. 85, §14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os
mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a
compensação em caso de sucumbência parcial.

A alternativa C está correta.

Art. 180, §1º. Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de
parecer, o juiz requisitará os autos e dará andamento ao processo.

A alternativa D está incorreta.

O art. 1.015, V, CPC dispõe apenas que caberá AI em relação às decisões interlocutória denegatórias do
direito à gratuidade de justiça, bem como àquela decisão que acolhe a impugnação e revoga o benefício.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação.

Passa a ser irrecorrível a decisão que reconhecer o direito à gratuidade de justiça, sendo apenas admissível
que a questão seja suscitada como preliminar em eventual recurso de apelação (art. 1.009, § 1º, do CPC).

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Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer impugnação na contestação, na
réplica, nas contrarrazões de recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado por
terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos
do próprio processo, sem suspensão de seu curso.

12. (VUNESP/TJ-SP – Juiz de Direito Substituto/2016) Considere o seguinte caso hipotético. Simprônio,
Major da Polícia Militar, moveu ação indenizatória alegando danos morais e perdas e danos por não ter
sido promovido ao posto superior no concurso de promoção, alegando que a promoção teria sido
impedida em razão da existência de processo de cobrança ajuizada em face do mesmo, quando na
realidade tratava-se de homônimo. A ação foi julgada procedente quanto ao pedido de danos morais,
tendo sido fixada indenização no montante de R$ 30.000,00. Interposto recurso pela Fazenda do Estado,
dois julgadores votaram dando provimento ao recurso do réu para julgar a ação improcedente porque o
autor não teria comprovado que a dívida seria de homônimo, enquanto o terceiro desembargador deu
provimento ao recurso entendendo que a ação seria improcedente em razão de prescrição da pretensão.
Assinale a alternativa correta, nos termos do Código de Processo Civil vigente.
a) Os julgadores que já tiverem votado, ocorrendo o novo julgamento na mesma sessão, não poderão rever
seus votos, pois como ocorre prosseguimento do julgamento, somente serão colhidos os votos dos novos
integrantes convocados para a sessão.
b) O julgamento deve ter prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores
ou na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão
colegiado, pois o julgamento não foi unânime quanto ao fundamento da improcedência.
c) O julgamento deve ser encerrado, não se aplicando a técnica de prosseguimento do julgamento, pois,
embora com fundamentos diversos, foi dado provimento ao recurso da Fazenda do Estado em decisão
unânime.
d) Se o recurso interposto fosse de agravo de instrumento por decisão parcial de mérito, caberia a aplicação
da técnica de prosseguimento do julgamento, pois houve julgamento divergente na fundamentação,
fazendo-se necessário o prosseguimento da sessão para colheita de voto de outros julgadores.
e) Seria possível o prosseguimento do julgamento em razão de julgamento não unânime mesmo se o
julgamento tivesse sido proferido somente em razão de remessa necessária.

Comentários

A alternativa A está incorreta. O STJ decidiu que o colegiado formado com a convocação dos novos
julgadores (art. 942 do CPC/2015) poderá analisar de forma ampla TODO o conteúdo das razões recursais,
não se limitando à matéria sobre a qual houve originalmente divergência.

Cinge-se a controvérsia a definir se os desembargadores que chegam para ampliar o colegiado


(art. 942 do CPC/2015) poderão rever as questões que haviam sido objeto de julgamento
unânime ou se deverão restringir seus votos àquelas questões que haviam sido objeto de
divergência. A doutrina enfatiza que a ausência de efeito devolutivo é consequência da natureza
jurídica da técnica de ampliação do julgamento, haja vista não se tratar de recurso. Destaca,
ainda, que o prosseguimento da deliberação não tem por objetivo a mera ampliação do quórum,
mas, sim, proporcionar a ampliação do debate. Tal perspectiva interpretativa, que atribui à

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técnica em análise um caráter de elemento qualificador do julgamento colegiado, vai ao encontro


do paradigma norteador da nova legislação processual, visto que privilegia os esforços para
"uniformizar a jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente" (art. 926 do CPC/2015).
Além disso, o art. 942 do CPC/2015 ostenta o relevante propósito de assegurar uma análise mais
aprofundada das teses contrapostas, mitigando os riscos de que entendimentos minoritários
prevaleçam em virtude de uma composição conjuntural de determinado órgão fracionário
julgador e garantindo que sejam esmiuçadas questões fáticas eventualmente controvertidas.
Reforça esse entendimento a parte final do caput do referido artigo, que dispõe que serão
convocados outros julgadores "em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão
do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente
suas razões perante os novos julgadores". O intuito da norma é manter em aberto o julgamento
até ulterior deliberação pelo quórum qualificado, garantindo-se a expressa possibilidade de
reversão do resultado inicial. Assim, o colegiado formado com a convocação dos novos
julgadores (art. 942 do CPC/2015) poderá analisar de forma ampla todo o conteúdo das razões
recursais, não se limitando à matéria sobre a qual houve originalmente divergência. (STJ, REsp
1.771.815-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, por unanimidade, julgado em 13/11/2018,
DJe 21/11/2018 – info 638)

A alternativa B está incorreta. No caso, o resultado da apelação foi unânime. Portanto, não há que se aplicar
a técnica de julgamento ampliado.

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento
em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos
termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a
possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o
direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.

A alternativa C está correta. No caso, o resultado da apelação foi unânime. Portanto, não há que se aplicar
a técnica de julgamento ampliado.

A alternativa D está incorreta. Mesma fundamentação da letra C.

A alternativa E está incorreta.

Art. 942, § 4º Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:

II - da remessa necessária;

Promotor

13. (PGR/PGR – Procurador da República/2017) É CORRETO AFIRMAR QUE O NOVO CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL:
a) Ampliou as hipóteses de aplicação da remessa necessária.
b) Criou o incidente de resolução de demandas repetitivas.

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c) Extinguiu o juízo de admissibilidade pelo tribunal ad quem.


d) Permitiu o julgamento surpresa para garantir a celeridade processual.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Na verdade, o NCPC diminuiu as hipóteses de remessa com o art. 496, §§3º e
4º.

A alternativa B está correta.

A alternativa C está incorreta. O tribunal ad quem realiza o juízo de admissibilidade. Quem não mais o faz é
o juízo a quo.

A alternativa D está incorreta. O NCPC, em regra, veda o julgamento surpresa (arts. 9º e 10).

14. (PGR/PGR – Procurador da República/2017) EM TEMA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, É CORRETO


AFIRMAR QUE, DE ACORDO COM O NOVO CPC:
a) Interrompem o prazo para a interposição de outro recurso e, por via de consequência, ocorre a suspensão
da eficácia da decisão embargada.
b) Quando houver reiteração daqueles considerados protelatórios, a interposição de outro recurso ficará
condicionada, sempre, ao depósito prévio do valor da multa.
c) São cabíveis contra qualquer decisão judicial, mantida, quanto às hipóteses que justificam sua
interposição, a redação do art. 535 e seus incisos do CPC de 1973.
d) Admitem a aplicação do princípio da fungibilidade, desde que o recorrente seja intimado para ajustar as
razões recursais às exigências do art. 1.021, § 1º.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Os ED interrompem o prazo para interposição de recurso.

Entretanto, não possuem efeito suspensivo, de modo que eficácia da decisão embargada permanece intacta.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.

A alternativa B está incorreta. Não é “sempre”.

Art. 1.026, § 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa


será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de qualquer
recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública
e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.

A alternativa C está incorreta. Os ED são cabíveis contra qualquer tipo de decisão.

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Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

Contudo, não houve reprodução da redação do art. 535, CPC/73.

CPC/73 CPC/15

Art. 1.022. Cabem embargos de


declaração contra qualquer decisão
judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar
contradição;
Art. 535. Cabem embargos de declaração
quando: (Redação dada pela Lei nº 8.950, II - suprir omissão de ponto ou questão
de 13.12.1994) sobre o qual devia se pronunciar o juiz de
I - houver, na sentença ou no acórdão, ofício ou a requerimento;
obscuridade ou contradição; (Redação III - corrigir erro material.
dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994) Parágrafo único. Considera-se omissa a
II - for omitido ponto sobre o qual devia decisão que:
pronunciar-se o juiz ou tribunal. I - deixe de se manifestar sobre tese
(Redação dada pela Lei nº 8.950, de firmada em julgamento de casos
13.12.1994) repetitivos ou em incidente de assunção
de competência aplicável ao caso sob
julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas
descritas no art. 489, § 1º.

A alternativa D está correta.

Art. 1.024, § 3º. O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno
se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-
las às exigências do art. 1.021, § 1º.

15. (PGR/PGR – Procurador da República/2017) SEGUNDO ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL


DE JUSTIÇA:
I. Após a entrada em vigor do CPC/2015, não é mais devida a remessa pelo STJ, ao Tribunal de origem, do
agravo interposto contra decisão que inadmite recurso especial, com base na aplicação de entendimento
firmado em recursos repetitivos, para que seja conhecido como agravo interno.
II. Para afastar a incidência da Súmula 182/STJ, não basta a impugnação genérica dos fundamentos da
decisão agravada, pois, à falta de contrariedade, permanecem incólumes os motivos expendidos por seu
prolator.

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III. Não é necessário o esgotamento das instâncias ordinárias para a interposição do recurso especial, pois,
além de cabível contra decisões que tenham julgado a ação em última instância, também o é contra aquelas
que a julgaram em única instância.
IV. A falta de indicação do dispositivo legal supostamente violado só não obsta o conhecimento do recurso
especial quando este for interposto com fundamento na alínea “c” do permissivo constitucional.
Das proposições acima:
a) I e II estão corretas;
b) I e III estão corretas;
c) II e IV estão corretas;
d) III e IV estão corretas.

Comentários

A assertiva I está correta.

O art. 1.030, §2º, CPC diz:

2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos
do art. 1.021. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

Quais são as hipóteses dos incisos I e III?

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso (Extraordinário ou Especial) pela secretaria do tribunal,
o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o
qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que
deverá: (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

I – negar seguimento: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal
não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto
contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal
exarado no regime de repercussão geral; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016)

b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em


conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de
Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos; (Incluída
pela Lei nº 13.256, de 2016)

III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida
pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria
constitucional ou infraconstitucional; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

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A questão aborda especificamente a hipótese do art. 1.030, I, “b”, pois a decisão negou seguimento a
recurso especialsob o fundamento de que a decisão recorrida estaria de acordo com o posicionamento
adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de tema afetado ao sistema
de recursos repetitivos.

Em ocorrendo essa hipótese, como não se pode entrar com agravo em recurso especial, dirigido ao STJ
(vedação do art. 1.042, caput, CPC), a parte tem de manejar o agravo interno. Veja que o próprio art. 1.030,
§2º salienta que, da decisão do inciso I, caberá agravo interno, cuja regulamentação está no art. 1.021, CPC.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

Assim, conforme afirmam Luiz Dellore e Ricardo Maffeis, as hipóteses previstas no CPC/2015 para que seja
negado seguimento ao recurso podem ser divididas em dois grandes grupos, a saber:

• não admissibilidade em virtude da falta de um ou mais requisitos dos recursos excepcionais, como
intempestividade, não demonstração do dispositivo violado, não comprovação de dissídio
jurisprudencial etc;
• inadmissibilidade decorrente da inexistência de repercussão geraljá reconhecida pelo STF ou por ser
o recurso contrário a entendimento pacificado em sede de recursos repetitivos.

No primeiro caso, a parte que teve seu recurso não admitido pode interpor agravo em recurso
especial/extraordinário (arts. 1.030, § 1º c/c 1.042, do CPC/2015).

Já no segundo caso, contra a decisão que nega seguimento ao recurso por força de repercussão geral ou
recurso repetitivo, cabe agravo interno, a ser julgado pelo próprio TJ ou TRF (conforme arts. 1.030, § 2º c/c
1.021, do CPC/2015.

A assertiva II está correta.

Art. 1.021, § 1º Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os


fundamentos da decisão agravada.

Súmula 182 - É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os
fundamentos da decisão agravada. (Súmula 182, CORTE ESPECIAL, julgado em 05/02/1997, DJ
17/02/1997)

A Corte Especial do STJ concluiu, no dia 19/08/2018 o julgamento dos Embargos de Divergência
em Agravo em Recurso Especial 746.775 e manteve o entendimento de que o recorrente deve
impugnar especificamente todos os fundamentos da decisão agravada, sob pena de não
conhecimento do agravo por aplicação da Súmula 182.

Salomão destacou que tanto no Código de Processo Civil de 1973 quanto no de 2015 há regra que
remete às disposições mais recentes do Regimento Interno do STJ, no sentido da obrigatoriedade
da impugnação de todos os fundamentos da decisão recorrida.

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A assertiva III está incorreta.

Permanece válida a necessidade de esgotamento de instâncias.

Não cabe recurso especial contra acórdão que indefere a atribuição de efeito suspensivo a
agravo de instrumento. A decisão colegiada que entende pela ausência dos requisitos
necessários à atribuição do efeito suspensivo a agravo de instrumento não resulta em decisão de
única ou última instância, como previsto art. 105, III, da CF. Há necessidade de que o Tribunal
julgue, definitivamente, o agravo de instrumento em seu mérito para que a parte vencida possa
ter acesso à instância especial. A propósito, o STF sedimentou entendimento que corrobora esse
posicionamento com a edição da Súmula 735: "não cabe recurso extraordinário contra acórdão
que defere medida liminar". Precedentes citados: AgRg no AREsp 464.434-MS, Quarta Turma,
DJe 18/3/2014; e AgRg no AREsp 406.477-MA, Segunda Turma, DJe 27/03/2014. REsp 1.289.317-
DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 27/5/2014 (informativo 541).

A assertiva IV está incorreta.

A falta de indicação dos dispositivos legais federais que teriam dado causa a interpretações
divergentes impede o conhecimento do recurso especial pela alínea "c". Incidência da Súmula
284/STF. (AREsp 648.898/ES, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em
20/02/2018, DJe 26/02/2018)

Súmula 284, STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua


fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia.

16. (FCC/MPE-MT – Promotor de Justiça/2019) João Alberto ajuizou e perdeu parcialmente ação contra
Maria Eduarda. Apela e a seu recurso Maria Eduarda adere e interpõe o recurso adesivo cabível.
Distribuídos os apelos ao Segundo Grau, João Alberto desiste do apelo, sem que Maria Eduarda seja
ouvida. Essa desistência
a) é possível, pois o recurso adesivo é subordinado ao recurso independente e a desistência deste não
depende de anuência do recorrente adesivo, que não terá seu recurso conhecido.
b) não é possível, porque uma vez interpostos o recurso principal e o adesivo estes se vinculam, o que impede
a desistência ou a renúncia por quaisquer das partes.
c) não é possível, pois embora o recurso adesivo seja subordinado ao recurso principal, a desistência do apelo
principal depende sempre da oitiva do recorrente adesivo, uma vez que este não terá seu recurso conhecido
como consequência da desistência.
d) é possível, mas o ato não impedirá o conhecimento e a análise meritória do recurso adesivo, que após a
desistência passa a ter existência processual independente.
e) não é possível, pois todo ato processual de uma parte depende, para seu deferimento, da oitiva da parte
contrária no atual sistema processual civil.
Comentários

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A alternativa A está correta. Em princípio, vislumbra-se que houve o preenchimento de todos os requisitos
por parte de Maria Eduarda para a interposição do recurso adesivo, quais sejam: sucumbência reciproca e
conformação inicial com o julgado.

Assim, trata-se de recurso subordinado, que fica dependente do desfecho do primeiro recurso.

Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das
exigências legais.

§ 1º Sendo vencidos autor e réu (sucumbência recíproca), ao recurso interposto por qualquer
deles poderá aderir o outro.
§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as
mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:

Em razão dessa subordinação, o Tribunal analisa o recurso principal para, depois, se for o caso, debruçar-se
sobre o recurso adesivo. Se o Tribunal inadmitir o recurso principal, o adesivo, por ser subordinado, também
será inadmitido.

Ademais, se o recorrente desistir do recurso principal, o recurso adesivo, por ser subordinado, será
inadmitido.

Art. 997, §2º, III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele
considerado inadmissível.

Obs.: lembrem-se de que, excepcionalmente, se a desistência se der por má-fé, o tribunal pode não acolhê-
la e julgar o recurso adesivo.

Concedida antecipação dos efeitos da tutela em recurso adesivo, não se admite a desistência do
recurso principal de apelação, ainda que a petição de desistência tenha sido apresentada antes
do julgamento dos recursos. De fato, a apresentação da petição de desistência na hipótese em
análise demonstra retensão incompatível com o princípio da boa-fé processual e com a própria
regra que faculta ao recorrente não prosseguir com o recurso, a qual não deve ser utilizada como
forma de obstaculizar a efetiva proteção ao direito lesionado. Isso porque, embora tecnicamente
não se possa afirmar que a concessão da antecipação dos efeitos da tutela represente o início do
julgamento da apelação, é evidente que a decisão proferida pelo relator, ao satisfazer o direito
material reclamado, passa a produzir efeitos de imediato na esfera jurídica das partes,
evidenciada a presença dos seus requisitos (prova inequívoca e verossimilhança da alegação).

Além disso, deve-se considerar que os arts. 500, III, e 501 do CPC - que permitem a desistência
do recurso sem a anuência da parte contrária - foram inseridos no Código de 1973, razão pela
qual, em caso como o aqui analisado, a sua interpretação não pode prescindir de uma análise
conjunta com o art. 273 do CPC - que introduziu a antecipação dos efeitos da tutela no
ordenamento jurídico pátrio por meio da Lei 8.952, apenas no ano de 1994, como forma de
propiciar uma prestação jurisdicional mais célere e justa -, bem como com o princípio da boa-fé

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processual, que deve nortear o comportamento das partes em juízo (de que são exemplos, entre
outros, os arts. 14, II, e 600 do CPC, introduzidos, respectivamente, pelas Leis 10.358/2001 e
11.382/2006). Ante o exposto, a solução adequada para o caso em apreço desborda da aplicação
literal dos arts. 500, III, e 501 do CPC, os quais têm função apenas instrumental, devendo ser
adotada uma interpretação teleológica que, associada aos demais artigos mencionados,
privilegie o escopo maior de efetividade do direito material buscado pelo sistema, que tem no
processo um instrumento de realização da justiça. REsp 1.285.405-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014 (informativo 554)

A alternativa B está incorreta. A interposição do recurso adesivo não impede a desistência do recurso
principal.

A alternativa C está incorreta.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.

A alternativa D está incorreta. A desistência do recurso principal impede o conhecimento do recurso


adesivo.

A alternativa E está incorreta.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.

17. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2019) Segundo entendimento do Superior Tribunal de


Justiça, é inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de
declaração, sem posterior ratificação.
Comentários

A assertiva está incorreta. Vimos que vigência do CPC de 73, o STJ adotava uma jurisprudência defensiva com
relação ao tema, pelo que entendia que o recurso interposto antes do termo inicial do prazo era tido como
intempestivo.

Esse entendimento era, inclusive, consagrado na súmula 418, STJ:

Súmula 418, STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação.

Contudo, felizmente, o NCPC trouxe previsão em sentido contrário, no sentido de que:

Art. 1.024, § 5º: § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a


conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de
ratificação.

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Art. 218,§4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Por conta dessa contrariedade, o STJ cancelou a súmula 418 e já aprovou um novo enunciado (579), revendo
posicionamento anterior e adotando a ideia do NCPC.

Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração quando inalterado o julgamento anterior.

Portanto, o ato processual prematuro é válido e tempestivo.

18. (MPE-BA/MPE-BA – Promotor de Justiça Substituto/2018) Os pressupostos de admissibilidade


merecem análise prévia a ser feita pelo órgão jurisdicional, e, quando presentes, propiciam o seguimento
do recurso para que o mérito recursal seja julgado.
Sobre o juízo de admissibilidade recursal, uma das alternativas abaixo não encontra respaldo na nossa lei
processual civil. Assinale-a.
a) O juízo de admissibilidade recursal, no caso da apelação, será feito pelos tribunais responsáveis pelo seu
julgamento, sendo dispensável aos juízes de primeiro grau exercê-lo.
b) Após o cumprimento das formalidades perante os tribunais de origem, far-se-á a remessa do Recurso
Especial ou do Recurso Extraordinário ao Superior Tribunal de Justiça ou ao Supremo Tribunal Federal,
independentemente de juízo de admissibilidade, onde deverão ser processados.
c) Pode ser negado seguimento ao recurso extraordinário pelo órgão destinatário, independentemente de
juízo positivo de admissibilidade pelo remetente.
d) Proferido juízo positivo de admissibilidade no Tribunal de origem e pelo relator no Superior Tribunal de
Justiça (STJ) ou ao Supremo Tribunal Federal (STF), ainda assim pode ter o seu processamento obstado pela
turma ou seção julgadora do mérito recursal.
e) Do juízo de admissibilidade negativo, impeditivo da remessa ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ), caberá agravo ao tribunal superior.

Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 1.010, § 3º. Após as formalidades previstas nos §§1º e 2o, os autos serão remetidos ao
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

A alternativa B está incorreta. O tribunal a quo faz sim o juízo de admissibilidade.

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá: (Redação dada pela Lei nº
13.256, de 2016)

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V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal


ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:

a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento
de recursos repetitivos;

b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou

c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.

A alternativa C está correta. Nesse caso, há duplo juízo de admissibilidade e o primeiro não vincula o
segundo.

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso
extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos
termos deste artigo.

A alternativa D está correta. Uma coisa é o juízo de admissibilidade e outra é o juízo de mérito. É plenamente
possível que o tribunal conheça do recurso (admissibilidade), mas negue provimento (no mérito).

A alternativa E está correta.

Art. 1030,§ 1º. Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá
agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042.

Conforme afirmam Luiz Dellore e Ricardo Maffeis, as hipóteses previstas no CPC/2015 para que seja negado
seguimento ao recurso podem ser divididas em dois grandes grupos, a saber:

não admissibilidade em virtude da falta de um ou mais requisitos dos recursos excepcionais, como
intempestividade, não demonstração do dispositivo violado, não comprovação de dissídio jurisprudencial
etc;

inadmissibilidade decorrente da inexistência de repercussão geraljá reconhecida pelo STF ou por ser o
recurso contrário a entendimento pacificado em sede de recursos repetitivos.

No primeiro caso, a parte que teve seu recurso não admitido pode interpor agravo em recurso
especial/extraordinário (arts. 1.030, § 1º c/c 1.042, do CPC/2015).

Já no segundo caso, contra a decisão que nega seguimento ao recurso por força de repercussão geral ou
recurso repetitivo, cabe agravo interno, a ser julgado pelo próprio TJ ou TRF (conforme arts. 1.030, § 2º c/c
1.021, do CPC/2015

19. (FCC/MPE-PB – Promotor de Justiça Substituto/2018) Quanto aos recursos,


a) a apelação terá, como regra, somente o efeito devolutivo.

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b) dos despachos cabe o recurso de correição parcial; das decisões interlocutórias cabe agravo de
instrumento e das sentenças cabe apelação.
c) a renúncia ao direito de recorrer depende da aceitação da outra parte.
d) o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do
recurso; a desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido
reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
e) o recurso adesivo fica de início subordinado ao recurso independente, mas se deste houver desistência ou
for considerado inadmissível subsistirá autonomamente, sendo conhecido e julgado como recurso principal.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Em regra, terá efeito suspensivo e devolutivo.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

A alternativa B está incorreta.

Os despachos são irrecorríveis.

Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso.

De algumas decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

E, corretamente, das sentenças cabe apelação.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

A alternativa C está incorreta.

Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.

A alternativa D está correta.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.

Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão
geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou
especiais repetitivos.

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A alternativa E está incorreta.

Art. 997, § 2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis
as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:

III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado
inadmissível.

20. (FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2018) Com relação aos recursos cíveis
previstos no CPC é INCORRETO afirmar, EXCETO:
a) Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser
designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos
no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial,
assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos
julgadores.
b) O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de
instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso.
Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator dará provimento liminar ao agravo de
instrumento.
c) O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos no CPC e na Constituição Federal, serão
interpostos diretamente aos tribunais competentes para julgá-los, em petições distintas que conterão: a
exposição do fato e do direito; a demonstração do cabimento do recurso interposto; as razões do pedido de
reforma ou de invalidação da decisão recorrida.
d) O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus
interesses. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros
ainda que as defesas sejam contrárias.

Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento
em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos
termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a
possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o
direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.

A alternativa B está incorreta.

Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição
do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos
que instruíram o recurso.

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§ 1o Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará


prejudicado o agravo de instrumento.

A alternativa C está incorreta.

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição
Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido em
petições distintas que conterão:

I - a exposição do fato e do direito;

II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;

III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida.

A alternativa D está incorreta.

Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos
ou opostos os seus interesses.

Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor


aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.

21. (MPE-BA/MPE-BA – Promotor de Justiça Substituto – Anulada/2018) Uma das assertivas a seguir
não se aplica ao recurso de apelação:
a) Como instrumento processual, o interessado requer o reexame de uma decisão com fito de modificá-la,
cassá-la ou integrá-la.
b) Interposto perante o juízo prolator da decisão, os seus requisitos de admissibilidade deverão ser
inicialmente verificados pelo juízo a quo.
c) Recebendo a apelação, o relator sorteado poderá decidir, sem submissão ao colegiado, em casos de não
impugnação especifica dos fundamentos da decisão recorrida.
d) A apelação terá, em regra, efeito suspensivo, muito embora possa o relator, nos casos em que o seu efeito
é meramente devolutivo, suspender a eficácia da sentença se demonstrada a probabilidade de provimento
do recurso.
e) A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais fundamentos dos pedidos do autor, mesmo
que tenha o juiz acolhido apenas um deles, se a defesa ou o pedido contiver mais de um fundamento.

Comentários

A alternativa A está correta.

A alternativa B está incorreta. Juízo a quo não faz admissibilidade do recurso.

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
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§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.

§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar


contrarrazões.

§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo
juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

A alternativa C está correta.

Art. 932. Incumbe ao relator:

III – não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida.

A alternativa D está correta.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

Contudo, nos casos em que a apelação não é dotada de efeito suspensivo (art. 1.012, §1º), é possível
requerer que o relator suspenda a eficácia da sentença, nos termos dos §§3º e 4º.

§ 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado


por requerimento dirigido ao:

I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando


o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;

II - relator, se já distribuída a apelação.

§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação,
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.

A alternativa E está correta.

Art. 1013, §2º. Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas
um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

22. (MPE-MS/MPE-MS – Promotor de Justiça Substituto/2018) A respeito dos recursos no Código de


Processo Civil, analise as afirmações:
I. Considerando que o recurso cabível contra decisão que indefere a petição inicial e extingue o feito sem
resolução do mérito é o recurso de apelação, resulta inadmissível o exercício de juízo de retratação pelo
magistrado.

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II. Caberá agravo de instrumento contra decisão interlocutória proferida na fase de liquidação de sentença
ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário e em tutelas
provisórias, ressalvados os casos de tutela da evidência.
III. O juízo de admissibilidade do recurso de apelação será realizado somente pelo juízo de segundo grau.
IV. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, o relator poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou
deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz a sua
decisão.
V. Cabem embargos de declaração contra decisão que deixar de se manifestar sobre tese firmada em
julgamento de casos repetitivos.
Assinale a alternativa correta.
a) Os itens I, II e II estão corretos.
b) Os itens II, III e IV estão corretos.
c) Os itens II, IV e V estão corretos.
d) Os itens I, III e V estão corretos.
e) Os itens III, IV e V estão corretos.

Comentários

A alternativa E está correta.

A assertiva I está incorreta.

Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco)
dias, retratar-se.

A assertiva II está incorreta. A primeira parte está correta.

Art. 1.015, Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no
processo de execução e no processo de inventário.

Contudo, a parte final está incorreta. Cabe sim agravo de instrumento nos casos de tutela de evidência, que
é espécie das tutelas provisórias.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

A assertiva III está correta.

Art. 1.010, § 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
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Se o juízo de 1º grau fizer a admissibilidade, cabe o manejo de reclamação por usurpação de competência
(enunciados 207 e 208, FPPC).

A assertiva IV está correta.

Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não


for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:

I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou


parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

A assertiva V está correta.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em


incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

23. (CESPE/MPE-RR – Promotor de Justiça Substituto/2017) Em cada uma das opções a seguir, é
apresentada uma situação hipotética acerca dos processos nos tribunais e dos meios de impugnação das
decisões judiciais, seguida de uma assertiva a ser julgada. Assinale a opção em que a assertiva está correta
de acordo com a legislação processual civil.
a) Ao se manifestar sobre recurso de apelação interposto contra sentença de mérito prolatada após a
instrução probatória, o magistrado, em primeiro grau, não conheceu do recurso por considerar ausência de
interesse. Nessa situação, caberá reclamação constitucional por usurpação de competência do tribunal.
b) Em outubro de 2016, um cidadão interpôs recurso especial e, no STJ, verificou-se que o recorrente não
havia recolhido a importância das despesas de remessa e retorno dos autos. Nessa situação, o STJ não deverá
conhecer do recurso pois, não tendo a parte comprovado o pagamento das guias de porte de remessa e
retorno, aplica-se automaticamente a pena de deserção.
c) Em convenção processual, as partes acordaram quanto à possibilidade de interposição de recurso contra
todos os despachos proferidos no processo. Nessa situação, se a convenção tiver decorrido da livre
manifestação das partes, será legítima a criação de nova espécie recursal, porque a legislação processual
admite os negócios processuais atípicos.
d) A parte autora interpôs embargos de declaração de sentença de improcedência sob a alegação de
obscuridade na fundamentação, e a de que isso dificultará a interposição de futuro recurso para o tribunal.
Nessa situação, o juiz deverá intimar o embargado para manifestar-se sobre os embargos opostos porque
essa providência decorre de determinação normativa e independe da finalidade do embargante.

Comentários

A alternativa A está correta.

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Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:

§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal pelo
juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

Enunciado 99, FPPC: (art. 1.010, §3º) O órgão a quo não fará juízo de admissibilidade da
apelação.

Enunciado 208, FPPC: (arts. 988, I, 1.010, § 3º, 1.027, II, “b”) Cabe reclamação, por usurpação da
competência do Superior Tribunal de Justiça, contra a decisão de juiz de 1º grau que inadmitir
recurso ordinário, no caso do art. 1.027, II, ‘b’.

A alternativa B está incorreta. O NCPC entrou em vigor no dia 18/03/2016. Portanto, o STJ já deveria aplicar
o novo regramento para esses casos, não aplicando automaticamente a deserção.

Art. 1.007, 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,


implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no
prazo de 5 (cinco) dias.

§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do


preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado,
para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção.

A alternativa C está incorreta.

Enunciado 20, FPPC: (art. 190) Não são admissíveis os seguintes negócios bilaterais, dentre
outros: acordo para modificação da competência absoluta, acordo para supressão da primeira
instância, acordo para afastar motivos de impedimento do juiz, acordo para criação de novas
espécies recursais, acordo para ampliação das hipóteses de cabimento de recursos.

A alternativa D está incorreta. O juiz deverá intimar o embargado apenas se os embargos tiverem efeitos
modificativos.

Art. 1.023, § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco)
dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da
decisão embargada.

24. (MP-PR/MP-PR – Promotor Substituto/2019) Sobre os recursos em espécie, assinale a alternativa


incorreta, nos termos do Código de Processo Civil de 2015:
a) A decisão que julga antecipadamente parcela do mérito é recorrível por apelação.
b) O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público,
como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
c) O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação.

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d) Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o


recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será
processado e julgado independentemente de ratificação.
e) É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar
improcedente o agravo interno.

Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles:

§ 5 A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.

A alternativa B está correta.

Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

A alternativa C está correta.

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.

§ 5 O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na


apelação.

A alternativa D está correta.

Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.

§ 5 Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento


anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos
de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

A alternativa E está correta.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

§ 3 É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar
improcedente o agravo interno.

25. (MPE-PR/MPE-PR – Promotor Substituto/2017) Sobre os recursos no Código de Processo Civil de


2015, assinale a alternativa correta:

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a) O juízo de admissibilidade dos recursos de apelação e do agravo de instrumento são realizados apenas no
juízo recursal.
b) O recurso de apelação deve, necessariamente, ser julgado pelo colegiado do tribunal.
c) Uma vez tendo sido extinto o agravo retido, as decisões interlocutórias proferidas pelo juízo singular
devem ser recorridas por agravo de instrumento, sem exceção.
d) Os embargos de declaração possuem, em regra, efeito suspensivo, pois visam a complementação da
decisão.
e) Nos recursos especial e extraordinário, a remessa aos tribunais superiores independe de juízo de
admissibilidade.

Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 1.010, §3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

Art. 1.016, O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por meio
de petição com os seguintes requisitos:

A alternativa B está incorreta. A apelação pode ser julgada monocraticamente, nos casos do art. 932, IV e V,
CPC.

Art. 932. Incumbe ao relator:

IV - negar provimento a recurso que for contrário a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão


recorrida for contrária a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;

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c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

A alternativa C está incorreta. As decisões interlocutórias passíveis de agravo de instrumento estão previstas
em lei, principalmente no art. 1.015.

Assim, existem decisões interlocutórias que não são recorríveis por agravo de instrumento, podendo ser
impugnadas em preliminar de apelação ou em contrarrazões (art. 1.009, §1º).

Ademais, das decisões interlocutórias, é possível também a oposição de embargos de declaração.

A alternativa D está incorreta.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.

A alternativa E está incorreta.

Art. 1.030. V - Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:

V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal


ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que:

26. (FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2017) Sobre os recursos cíveis, é INCORRETO


afirmar:
a) O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público,
como parte ou como fiscal do ordenamento jurídico.
b) O prazo para interposição do recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados,
a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
c) No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o
respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. A insuficiência no valor
do preparo também implicará deserção, se o recorrente, intimado na pessoa do seu advogado, não vier a
supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.
d) As questões resolvidas na fase de conhecimento, ainda que a decisão a seu respeito comporte agravo de
instrumento, não são cobertas pela preclusão e podem ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

Comentários

A alternativa A está correta.

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Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo
Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica.

A alternativa B está correta.

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a
sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são
intimados da decisão.

A alternativa C está correta.

Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena
de deserção.

[...]

§ 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará


deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5
(cinco) dias.

A alternativa D está incorreta.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar


agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar
de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

27. (FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2017) Analise as seguintes assertivas:


I. Contra a decisão que julgar o incidente de distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a
ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado em primeiro grau, é cabível, por determinação
legal, o agravo de instrumento.
II. A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se
a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da controvérsia.
III. Contra a decisão que negar seguimento a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à
qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral, ou a recurso
extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo
Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral, caberá agravo em recurso extraordinário do art.
1042. Assinale a alternativa CORRETA:
a) Somente a assertiva I é verdadeira.
b) Somente a assertiva II é verdadeira.
c) Somente as assertivas I e II são verdadeiras.

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d) Somente a assertiva III é verdadeira.

Comentários

A alternativa C está correta.

A assertiva I está correta.

Art. 1.036, § 9º Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a
ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o
prosseguimento do seu processo.

§ 13 Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o § 9º caberá:

I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau;

II - agravo interno, se a decisão for de relator.

A assertiva II está correta.

Art. 1.040, § 1º A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de
proferida a sentença, se a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso
representativo da controvérsia.

A assertiva III está incorreta.

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-presidente do Tribunal recorrido
que inadmitir recurso extraordinário ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos
repetitivos.

Assim, conforme afirmam Luiz Dellore e Ricardo Maffeis, as hipóteses previstas no CPC/2015 para que seja
negado seguimento ao recurso podem ser divididas em dois grandes grupos, a saber:

• não admissibilidade em virtude da falta de um ou mais requisitos dos recursos excepcionais, como
intempestividade, não demonstração do dispositivo violado, não comprovação de dissídio
jurisprudencial etc;
• inadmissibilidade decorrente da inexistência de repercussão geraljá reconhecida pelo STF ou por ser
o recurso contrário a entendimento pacificado em sede de recursos repetitivos.

No primeiro caso, a parte que teve seu recurso não admitido pode interpor agravo em recurso
especial/extraordinário (arts. 1.030, § 1º c/c 1.042, do CPC/2015).

Já no segundo caso, contra a decisão que nega seguimento ao recurso por força de repercussão geral ou
recurso repetitivo, cabe agravo interno, a ser julgado pelo próprio TJ ou TRF (conforme arts. 1.030, § 2º c/c
1.021, do CPC/2015.
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28. (FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2017) Analise as seguintes assertivas em


conformidade com as normas do CPC/2015:
I. Caberá ação rescisória, cujo prazo bienal será contado do trânsito em julgado da última decisão proferida
no processo cujo pronunciamento se busca desconstituir, caso o plenário do Supremo Tribunal Federal
considere inconstitucional lei ou ato normativo que serviu de fundamento único para a prolação da decisão.
II. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão
constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de
repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.
III. Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao
juízo competente.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Somente a assertiva I é verdadeira.
b) Somente a assertiva II é verdadeira.
c) Somente as assertivas I e II são verdadeiras.
d) Somente a assertiva III é verdadeira.

Comentários

A alternativa B está correta.

A assertiva I está incorreta. O prazo de 2 anos da rescisória conta a partir da decisão do STF e não da última
decisão do processo cujo pronunciamento se busca desconstituir.

Art. 535, § 8o Se a decisão referida no § 5o for proferida após o trânsito em julgado da decisão
exequenda, caberá ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão
proferida pelo Supremo Tribunal Federal.

A assertiva II está correta.

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa
sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente
demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao
Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior
Tribunal de Justiça.

A assertiva III está incorreta. No CPC/73, o art. 113, §2º preceituava que, uma vez declarada a incompetência
absoluta, os atos decisórios seriam automaticamente nulos. Não havia muita saída para o juiz que recebia
o processo em decorrência da incompetência absoluta.

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Se houvesse reconhecimento da incompetência relativa, o CPC/73 não previa as consequências, mas a


jurisprudência já entendia que atos (decisórios ou não) permaneciam válidos, podendo ser ratificados ou não
pelo juiz que recebesse o processo.

No CPC/2015, houve a uniformização do tratamento entre incompetência absoluta e relativa, com uma
modificação benéfica.

O art. 64, §4º conferiu maior utilidade aos atos decisórios já proferidos, recebendo-os com a presunção de
sua existência, validade e eficácia, até que seja proferida outra decisão pelo juízo competente.

Art. 64, § 4o Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão
proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo
competente.

Assim, reconhecida incompetência – relativa ou absoluta -, o processo será remetido ao juízo competênte,
preservando-se a litispendência e os efeitos materiais e processuais, devendo os atos serem revistos ou
ratificados (ainda que tacitamente) pelo juízo que receber os autos. Não há mais nulidade automática dos
atos decisórios.
29. (MPE-RS/MPE-RS – Promotor de Justiça – reaplicação/2017) Assinale com V (verdadeiro) ou com F
(falso) as seguintes afirmações sobre o tema dos embargos de declaração, segundo o disposto no Código
de Processo Civil.
( ) Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro,
obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
( ) Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o
embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar
ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da intimação
da decisão dos embargos de declaração.
( ) Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão
fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dez por cento sobre
o valor atualizado da causa.
( ) Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, apenas quando os embargos de declaração sejam expressamente admitidos, e o tribunal
superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) F – V – F – F.
b) V – F – F – F.
c) V – V – F – F.
d) F – F – V – V.
e) V – F – V – V.

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A alternativa B está correta.

A assertiva I está correta.

Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz,
com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.

A assertiva II está incorreta.

Art. 1.024, § 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o
direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de
15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.

A assertiva III está incorreta.

Art. 1.026, § 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o


tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não
excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.

A assertiva IV está incorreta.

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.

30. (MPE-PR/MPE-PR Promotor Substituto/2016) Sobre os recursos no Código de Processo Civil de


2015, assinale a alternativa correta:
a) A apelação do Código de Processo Civil de 2015 devolve ao tribunal apenas a matéria decidida na sentença,
não havendo possibilidade de que o tribunal analise outros assuntos analisados em decisões interlocutórias;
b) No processo eletrônico, a juntada de cópia das razões do agravo de instrumento é uma faculdade da parte
recorrente;
c) Os embargos de declaração possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de
recurso;
d) No agravo interno, entendo o relator pela manutenção da decisão monocrática recorrida, poderá o
acórdão limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo
interno;
e) Determina o Código de Processo Civil que os vícios formais ensejam a imediata inadmissibilidade dos
recursos extraordinário e especial.

Comentários

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A alternativa A está incorreta. É possível ao tribunal analisar assuntos analisados em decisões interlocutórias
contra as quais não era cabível o agravo de instrumento.

Art. 1.009, § 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em
preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

A alternativa B está correta.

Art. 1.017, § 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos
incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis
para a compreensão da controvérsia.

A alternativa C está incorreta.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.

A alternativa D está incorreta.

Art. 1.021, § 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão


agravada para julgar improcedente o agravo interno.

A alternativa E está incorreta. Não gera imediata inadmissibilidade. Pelo princípio da primazia da decisão de
mérito, o relator deve intimar a parte para corrigir o vício formal, em 5 dias.

Art. 932, Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo
de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação
exigível.

31. (MPE-RS/MPE-RS – Promotor de Justiça – Prova Anulada/2016) Assinale a alternativa INCORRETA


sobre o tema dos recursos, segundo disposto no Código de Processo Civil.
a) O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus
interesses.
b) Começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que extingue sem resolução
do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado.
c) As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito comportar agravo de
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
d) Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para suprir omissão de ponto ou questão
sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; considerando-se omissa a decisão que
deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção
de competência aplicável ao caso sob julgamento.

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e) Cabe agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença
ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.

Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou
opostos os seus interesses.

A alternativa B está correta.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após
a sua publicação a sentença que:

III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;

A alternativa C está incorreta.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar


agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar
de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

A alternativa D está correta.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;

Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:

I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente


de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;

A alternativa E está correta.

Art. 1.015, Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no
processo de execução e no processo de inventário.

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32. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2016) No âmbito dos juizados especiais cíveis os embargos
de declaração são oferecidos no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão e, uma vez recebidos,
suspendem o prazo recursal.

Comentários

A assertiva está incorreta. Antes do NCPC, estaria correta a assertiva.

Lei n. 9.099/95, Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os embargos de declaração
suspenderão o prazo para recurso.

Contudo, o NCPC uniformizou o tratamento dos ED, prevendo não só no art. 1.026, CPC, mas também
alterando o art. 50, Lei n. 9.099/95 para afirmar que a oposição de ED interrompe o prazo recursal.

O Novo Código de Processo Civil alterou o dispositivo legal concernente aos embargos de declaração na Lei
nº 9.099/95, a saber:

Art. 1.065. O art. 50 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte
redação: (Vigência)

“ Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso.”

33. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2016) Nos termos do novo Código de Processo Civil,
consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal
superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

Comentários

A assertiva está correta.

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.

34. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça – Matutina/2016) Nos termos do novo Código de Processo
Civil, não é de competência do juízo de primeira instância exercer juízo de admissibilidade da apelação, já
que o exame cabe, originariamente, ao tribunal de segundo grau. Assim, decisão do juízo de primeira
instância que declare inadmissível a apelação é ato de usurpação de competência do tribunal, motivo pelo
qual a reclamação será a via processual adequada para impugnar-se o ato do juiz de primeira instância.

Comentários

A assertiva está correta.

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Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:

§ 3o Após as formalidades previstas nos §§ 1o e 2o, os autos serão remetidos ao tribunal pelo
juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

Enunciado 99, FPPC: (art. 1.010, §3º) O órgão a quo não fará juízo de admissibilidade da
apelação.

Enunciado 208, FPPC: (arts. 988, I, 1.010, § 3º, 1.027, II, “b”) Cabe reclamação, por usurpação da
competência do Superior Tribunal de Justiça, contra a decisão de juiz de 1º grau que inadmitir
recurso ordinário, no caso do art. 1.027, II, ‘b’.

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:

I - preservar a competência do tribunal;

35. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2016) Nos termos do novo Código de Processo Civil, as
questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

Comentários

A assertiva está correta.

Art. 1.009, §1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em
preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

36. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2016) O novo Código de Processo Civil prevê


expressamente a possibilidade de julgamento antecipado total e parcial do mérito. Enquanto o
provimento judicial de julgamento imediato total de mérito é uma sentença impugnável por apelação, a
decisão de julgamento antecipado parcial do mérito tem natureza interlocutória, impugnável por agravo
de instrumento.

Comentários

A assertiva está correta. O julgamento antecipado total (art. 355) e parcial (art. 356) estão previstos no NCPC.

O primeiro, como é feito por sentença, caberá apelação (art. 1.009).

O segundo, porquanto decisão interlocutória, caberá agravo de instrumento (art. 356, §5º).

37. (MPE-SC/MPE-SC - Promotor de Justiça/2016) Segundo entendimento majoritário do Superior


Tribunal de Justiça o relator, monocraticamente, não poderá dar ou negar provimento ao recurso ainda
que fundamentado em existência de entendimento dominante acerca do tema.

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Comentários

A assertiva está incorreta.

Súmula 568, STJ: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou
negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema.

Art. 932. Incumbe ao relator:

IV - negar provimento a recurso que for contrário a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

Defensor

38. (FGV/DPE-RJ – Defensor Público/2021) Edivânia, usufrutuária da unidade de nº 202, de um edifício


localizado no bairro da Pavuna, Rio de Janeiro, ajuíza uma ação de obrigação de fazer em face dos
proprietários – antigos e atual – da unidade de nº 102 do mesmo edifício. Alega a autora que os réus
Humberto e Leonardo, antigos proprietários do imóvel, fizeram, entre os anos de 1996 e 2005, obras
indevidas, invadindo área de ventilação e iluminação do prédio, devendo estas serem demolidas. Em
relação à terceira ré, Graziela, requer que sejam demolidas as obras realizadas, bem como se abstenha de
realizar outras construções no local, e churrascos e festas barulhentas, especialmente após as 22h. Os réus
foram citados e apresentaram contestação. Após a réplica autoral, foi proferida a seguinte decisão:
Trata-se de ação proposta por Edivânia em face de Graziela, Humberto e Leonardo. Pretende a parte autora:
1. ‘que os réus DESFAÇAM A OBRA IRREGULAR COMPOSTA POR SALA, LAVANDERIA E QUARTO, BEM COMO
QUALQUER OUTRA CONSTRUÇÃO EM ÁREA ‘non aedificandi’, destinada ao prisma de ventilação e
iluminação do prédio (só havia autorização para construção de uma marquise), sob pena de multa diária de
R$ 200,00, BEM COMO SE ABSTENHAM DE EFETUAR QUALQUER NOVA CONSTRUÇÃO’;
2. ‘que os réus SE ABSTENHAM DE UTILIZAR A ÁREA EXTERNA, SUB JUDICE, ou ao menos que se ABSTENHAM,
especificamente, de promover CHURRASCOS E FESTAS no local, tendo em vista o risco e o incômodo causado
aos demais moradores, bem como se ABSTENHAM DE FAZER barulho após as 22 horas, sob pena de aplicação
de multa de R$ 200,00 por ato violador’.
O PRIMEIRO RÉU HUMBERTO apresenta manifestação alegando que não é proprietário do imóvel,
requerendo a sua exclusão do polo passivo. O SEGUNDO RÉU LEONARDO apresenta contestação, alegando
preliminarmente a sua ilegitimidade para figurar no polo passivo, ao argumento de que não era proprietário
do imóvel na época da obra, tampouco é o atual proprietário. Frisa que sequer é morador da unidade de nº
102, em que reside a primeira ré. Como prejudicial de mérito, sustenta a ocorrência de decadência do direito
de desfazimento da construção em relação ao direito de vizinhança. E, ainda, a prescrição da pretensão de

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desfazimento da construção em relação à limitação administrativa. A TERCEIRA RÉ GRAZIELA apresentou sua


resposta suscitando a ilegitimidade da autora para propor a demanda, haja vista sua qualidade de
usufrutuária. Defende a decadência do direito de demolição da obra e a prescrição da pretensão pelo tempo
decorrido entre a legalização da obra junto à municipalidade e a data da propositura da presente demanda.
Réplica apresentada. É o breve relatório. DECIDO.
1. Primeiramente, acolho o pedido do primeiro réu Humberto e determino a sua exclusão do polo passivo,
ante a sua patente ilegitimidade, haja vista que não é o atual proprietário do imóvel. Dessa forma, em relação
a Humberto, JULGO EXTINTO O FEITO sem resolução de mérito, nos termos do Art. 485, inciso VI, do CPC.
Deixo de condenar a autora ao pagamento de honorários, haja vista que não houve apresentação de
contestação pelo primeiro réu.
2. Acolho, ainda, a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pelo segundo réu Leonardo, posto que
também não é proprietário do bem, não podendo responder pelas obrigações de fazer/não fazer pretendidas
pela autora. Em relação a Leonardo, JULGO EXTINTO O FEITO sem resolução de mérito, nos termos do Art.
485, inciso VI, do CPC. Deixo de condenar a autora ao pagamento de honorários, haja vista a renúncia da
patrona do segundo réu logo após a apresentação da peça defensiva.
3. Anote-se a exclusão do primeiro e do segundo réus do polo passivo.
4. Rejeito a preliminar de ilegitimidade ativa. A autora é condômina e, nesta qualidade, tem legitimidade
para propor a presente demanda em face de outro condômino que afeta área comum. Da mesma forma,
possui legitimidade para o exercício do direito de vizinhança.
5. As prejudiciais de decadência e de prescrição serão apreciadas quando do julgamento do mérito, eis que
sua análise depende de maior dilação probatória.
6. Fixo como ponto controvertido da demanda se a obra é irregular, se a área é ‘non aedificandi’, se causa
prejuízo à estrutura do edifício e aos moradores.
7. Defiro a produção de prova pericial, facultando às partes a apresentação de quesitos e a indicação de
assistentes técnicos, no prazo de 15 dias.
8. Defiro o acautelamento da mídia em cartório, em pen-drive, sendo certo que a irresignação da ré não se
sustenta, na medida em que somente as partes e este magistrado possuem acesso ao seu conteúdo.
9. Indefiro a oitiva de testemunhas, eis que desnecessária ao deslinde do feito. Rio de Janeiro, 21/05/2021.”
Considerando o contexto, é correto afirmar que:
a)a prova produzida pela parte autora – gravações das festas da parte ré – é ilícita pois realizada sem
autorização desta;
b) caso o juiz tivesse acolhido a alegação de prescrição ou decadência do direito em relação ao pedido
demolitório, não seria cabível a interposição de agravo de instrumento;
c) as partes podem apresentar pedido de esclarecimento da decisão, no prazo de dez dias úteis, o qual possui
natureza de recurso;
d) a rejeição da preliminar de ilegitimidade ativa não enseja o cabimento de agravo de instrumento;
e)conforme entende o STJ, o indeferimento da prova testemunhal pode ser impugnado por meio de agravo
de instrumento, sob pena de preclusão.
Comentários

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A alternativa D está correta. Da decisão que rejeita a preliminar de ilegitimidade ativa não cabe agravo de
instrumento por falta de previsão no art. 1.015 do CPC, que relaciona hipóteses taxativas de cabimento do
recurso.

A alternativa A está incorreta. A falta de autorização para a gravação das festas da parte ré não torna a prova
ilícita. Semelhante ao que ocorre com as gravações telefônicas clandestinas, em relação às gravações
clandestinas, , o STF tem concluído pela admissibilidade no processo, desde que não haja causa legal de sigilo
ou de reserva de conversação. Veja trecho do seguinte julgado do STF:

(...) Como gravação meramente clandestina, que se não confunde com interceptação, objeto de
vedação constitucional, é lícita a prova consistente no teor de gravação de conversa telefônica
realizada por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, se não há causa legal específica
de sigilo nem de reserva da conversação, sobretudo quando se predestine a fazer prova, em juízo
ou inquérito, a favor de quem a gravou. (STF, RE 402.717, Rel. Min. Cezar Peluso, d.j.
12/02/2009).

A alternativa B está incorreta. Seria cabível agravo de instrumento, pois a decisão que reconhece prescrição
e decadência versa sobre o mérito (art. 487, II), desafiando o agravo de instrumento (art. 1.015, II).

A alternativa C está incorreta.

Art. 357, § 1º Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou


solicitar ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual a decisão se torna estável.

A alternativa E está correta. O indeferimento da prova testemunhal não pode ser impugnado por meio de
agravo de instrumento porque não consta do rol do art. 1.015 do CPC, mas sobre a decisão não recai a
preclusão, por isso, é impugnável apenas na apelação.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se


a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão
e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão
final, ou nas contrarrazões.

39. (CESPE/DPE-DF – Defensor Público/2019)


Acerca do pedido, da tutela provisória, da citação, da suspeição e dos recursos, julgue o item que se segue.
Ao reformar sentença que reconheceu a prescrição, o tribunal deve determinar a devolução do processo ao
juízo de primeiro grau, para julgamento e instrução, se for o caso.
Comentários

A assertiva está incorreta.

CPC, Art. 1.013, §4º Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o
tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno
do processo ao juízo de primeiro grau.

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40. (CESPE/DPE-DF – Defensor Público/2019) A respeito da função jurisdicional, dos sujeitos do


processo, dos atos processuais e da preclusão, julgue o item seguinte.
Ocorrerá a preclusão lógica do recurso para a parte que aceitar, ainda que tacitamente, sentença que lhe foi
desfavorável.
Comentários

A assertiva está correta.

A preclusão lógica é que decorre da perda de um poder processual em razão de a parte ter praticado ato
anterior incompatível. No caso narrado, se a parte aceitou, ainda que tacitamente, sentença que lhe foi
desfavorável, não poderá, posteriormente, manejar recurso, tendo em vista que este ato é incompatível com
o ato anterior.

CPC, Art. 1.000, A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer.

Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato
incompatível com a vontade de recorrer.

41. (CESPE/DPE-DF – Defensor Público/2019) A respeito da função jurisdicional, dos sujeitos do


processo, dos atos processuais e da preclusão, julgue o item seguinte.
Será considerado intempestivo o recurso de apelação interposto antes da publicação da sentença.
Comentários

A assertiva está incorreta. Vimos que vigência do CPC de 73, o STJ adotava uma jurisprudência defensiva com
relação ao tema, pelo que entendia que o recurso interposto antes do termo inicial do prazo era tido como
intempestivo.

Esse entendimento era, inclusive, consagrado na súmula 418, STJ:

Súmula 418, STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação.

Contudo, felizmente, o NCPC trouxe previsão em sentido contrário, no sentido de que:

Art. 1.024, § 5º: § 5º Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a


conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de
ratificação.

Art. 218,§4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Por conta dessa contrariedade, o STJ cancelou a súmula 418 e já aprovou um novo enunciado (579), revendo
posicionamento anterior e adotando a ideia do NCPC.

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Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração quando inalterado o julgamento anterior.

Portanto, o ato processual prematuro é válido e tempestivo.

42. (FCC/DPE-SP – Defensor Público/2019) O Superior Tribunal de Justiça reconhece a multiplicidade


de recursos questionando a aplicação de um determinado índice de correção incidente sobre uma espécie
de negócio jurídico. De acordo com a sistemática de recursos especiais repetitivos,
a) o relator poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos tribunais
regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia e, caso constate que os recursos
contêm outras questões além daquela que é objeto da afetação, decidirá primeiramente as demais questões
antes de decidir sobre a questão repetitiva.
b) a decisão que determina a devolução para o Tribunal de origem, para o juízo de retratação ou
conformação, a fim de aguardar-se o julgamento de matéria submetida ao rito dos recursos repetitivos, tem
sido entendida pelo Superior Tribunal de Justiça como irrecorrível.
c) a decisão de afetação deverá indicar com precisão a questão que será submetida a julgamento e
determinará o sobrestamento de todos os demais recursos sobre o tema em todo o território nacional, mas
não obstará o prosseguimento dos processos nos graus inferiores de jurisdição.
d) a parte que tenha o seu recurso especial suspenso na origem, caso demonstre distinção entre a questão
a ser decidida no processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, deverá
requerer o prosseguimento do seu recurso ao relator, no tribunal superior.
e) a decisão que determina o sobrestamento dos processos em que se discuta o tema objeto de recursos
especiais repetitivos somente alcança os processos individuais, mas não tem o efeito de suspender o
andamento de processos coletivos, diante do interesse público subjacente.
Comentários

A alternativa B está correta. Em havendo matéria submetida ao tema que está sob debate no rito dos
recursos especiais, é possível devolver os autos à corte de origem para que aguarde o deslinde da
controvérsia. Precedente: AgRg no AREsp 695.331/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
26.6.2015.

(…) Não cabe agravo regimental contra despacho que se limita a remeter os autos ao Tribunal de
origem, para observância da sistemática prevista no art. 543-C, § 7°, II, do CPC, haja vista tratar-
se de ato despido de conteúdo decisório e que não gera prejuízo às partes” (AgRg no REsp
1.509.571/SE, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 20.11.2015.).

Embora os julgados se refiram ao CPC/73, o posicionamento se mantém com o NCPC.

Encontrando-se a matéria com repercussão geral reconhecida, por medida de economia


processual e para evitar decisões dissonantes entre a Corte Suprema e esta Corte Superior, os
recursos que tratam da mesma controvérsia no STJ devem aguardar, no Tribunal de origem, a
solução no recurso extraordinário afetado, viabilizando, assim, o juízo de conformação, hoje

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disciplinado pelos arts. 1.039 e 1.040 do CPC/2015. Precedente: AgInt no AgInt no REsp
1.603.061/SC, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 28/6/2017.

É irrecorrível ato deste Tribunal Superior que determina o sobrestamento de recursos a fim de
se aguardar o julgamento do recurso representativo de controvérsia, já que desprovido de
caráter decisório. AgInt no REsp 1686774/PE, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 20/02/2018, DJe 26/02/2018.

Aliás, há previsão até no Regimento Interno do STJ a respeito da prática desse despacho sem caráter
decisório.

RISTJ, Art. 256-L. Publicada a decisão de afetação, os demais recursos especiais em tramitação
no STJ fundados em idêntica questão de direito: (Incluído pela Emenda Regimental n. 24, de
2016)

I – se já distribuídos, serão devolvidos ao Tribunal de origem, para nele permanecerem


suspensos, por meio de decisão fundamentada do relator; (Incluído pela Emenda Regimental n.
24, de 2016)

II – se ainda não distribuídos, serão devolvidos ao Tribunal de origem por decisão fundamentada
do Presidente do STJ. (Incluído pela Emenda Regimental n. 24, de 2016)

A alternativa A está incorreta. Primeiro, o STJ decide a questão repetitiva e, depois, as demais questões.

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do


pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

III – poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos
tribunais regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia.

§ 7o Quando os recursos requisitados na forma do inciso III do caput contiverem outras questões
além daquela que é objeto da afetação, caberá ao tribunal decidir esta em primeiro lugar e depois
as demais, em acórdão específico para cada processo.

A alternativa C está incorreta. Certo é dizer que a decisão de afetação deverá indicar com precisão a questão
a ser submetida a julgamento.

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do


pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

I – identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento;

Todavia, conforme art. 1.037, II, determina-se a suspensão de todos os processos pendentes, abrangendo os
feitos nos graus inferiores de jurisdição.

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A alternativa D está incorreta. A autoridade para a qual deverá ser dirigido o requerimento não será
necessariamente o relator no Tribunal Superior. A autoridade variará de acordo com a localização do
processo.

Art. 1.037, § 9o Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a
ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o
prosseguimento do seu processo.

§ 10. O requerimento a que se refere o § 9o será dirigido:

I – ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau;

II – ao relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de origem;

III – ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso especial ou recurso extraordinário
no tribunal de origem;

IV – ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de recurso extraordinário cujo


processamento houver sido sobrestado.

A alternativa E está incorreta.

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do


pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

II – determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou


coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional;

No STF, ocorre da mesma forma.

Art. 1.035, § 5º Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal


determinará a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou
coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.

43. (FCC/DPE-AM – Defensor Público – reaplicação/2018) O Ministro Relator de Recurso Especial nega
seguimento à impugnação recursal. Neste caso,
a) é cabível agravo interno.
b) é cabível agravo de instrumento.
c) é cabível agravo de admissibilidade.
d) é irrecorrível, a decisão.
e) são cabíveis somente embargos de declaração.

Comentários

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A alternativa A está correta.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

44. (FCC/DPE-RS – Defensor Público/2018) Sobre os recursos no Código de Processo Civil, é correto
afirmar:
a) Se os recursos de agravo de instrumento e apelação houverem de ser julgados na mesma sessão, será
declarada a perda do objeto do recurso de agravo de instrumento.
b) Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser
designada com a presença de outros julgadores, em número suficiente para garantir a possibilidade de
inversão do resultado inicial, aplicando-se a mesma regra ao julgamento não unânime proferido em agravo
de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.
c) Os embargos de declaração possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de
recurso.
d) O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local, se intimado pelo relator para tanto.
e) A parte recorrente pode desistir unilateralmente do recurso, mas essa desistência não afeta a apreciação
de eventual recurso adesivo da contraparte, nem impede a análise de questão cuja repercussão geral já
tenha sido reconhecida e daquele objeto de julgamento de recursos especiais ou extraordinários repetitivos.

Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 946. O agravo de instrumento será julgado antes da apelação interposta no mesmo
processo.

Parágrafo único. Se ambos os recursos de que trata o caput houverem de ser julgados na mesma
sessão, terá precedência o agravo de instrumento.

A alternativa B está correta.

Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento
em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos
termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a
possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o
direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.

A alternativa C está incorreta.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.

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A alternativa D está incorreta.

Art. 1.003. § 6o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição


do recurso.

A alternativa E está incorreta.

Art. 997, § 1º Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir
o outro.

§ 2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as


mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo
disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte:

III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado
inadmissível.

45. (FCC/DPE-RS – Defensor Público/2018) Sobre o recurso de Agravo de Instrumento e suas


disposições no Código de Processo Civil, é correto afirmar:
a) Caberá agravo de instrumento, dentre outras hipóteses, contra decisões interlocutórias proferidas na fase
de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.
b) Quer sejam eletrônicos os autos do processo, quer sejam físicos, a petição de agravo de instrumento será
instruída obrigatoriamente com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão
agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.
c) O juízo de primeiro grau pode atribuir efeito suspensivo ao recurso de agravo de instrumento, desde que
o agravante demonstre a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
d) A má formação do instrumento de agravo por ausência de peça obrigatória só é sanável por motivo de
força maior que, se não comprovado, enseja a imediata inadmissão do recurso.
e) A juntada aos autos do processo, pela parte agravante, de cópia da petição de agravo de instrumento, do
comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que o instruíram é facultada ao agravante
no prazo de 03 dias, contados da efetiva interposição, mas a omissão dessa providência não autoriza a
inadmissão do recurso.

Comentários

A alternativa A está correta.

Art. 1.015. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no
processo de execução e no processo de inventário.

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A alternativa B está incorreta.

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:

I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a


decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro
documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados
do agravante e do agravado;

II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo
advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal;

III - facultativamente, com outras peças que o agravante reputar úteis.

§ 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e


II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a
compreensão da controvérsia.

A alternativa C está incorreta.

Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não


for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:

I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou


parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

A alternativa D está incorreta.

§ 3o Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a
admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932,
parágrafo único.

Art. 932, parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá
o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a
documentação exigível.

A alternativa E está incorreta.

Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição
do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos
que instruíram o recurso.

§ 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no


prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.

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§ 3o O descumprimento da exigência de que trata o § 2o, desde que arguido e provado pelo
agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento.

46. (FCC/DPE-AP – Defensor Público/2018) A sustentação oral nos agravos de instrumento,


a) será cabível nas decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de urgência, bem como nas
decisões sobre o mérito da causa.
b) passou a ser cabível de qualquer decisão interlocutória, desde que tenha causado gravame à parte
recorrente.
c) não é cabível em nenhuma situação, por não caber sustentação oral de decisões interlocutórias.
d) passou a ser cabível de decisões interlocutórias que versem somente sobre o mérito da causa.
e) só é cabível nas decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência.

Comentários

A alternativa E está correta.

Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará
a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao
membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um,
a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do
art. 1.021:

I - no recurso de apelação;

II - no recurso ordinário;

III - no recurso especial;

IV - no recurso extraordinário;

V - nos embargos de divergência;

VI - na ação rescisória, no mandado de segurança e na reclamação;

VII - (VETADO);

VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que versem


sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência;

IX - em outras hipóteses previstas em lei ou no regimento interno do tribunal.

47. (FCC/DPE-AM – Defensor Público/2018) Considere as seguintes situações abaixo, retratando


decisões havidas em três processos diferentes:

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I. Antes da citação do demandando, o juiz julga liminarmente improcedente o único pedido feito pelo autor,
em razão de contrariar súmula do Superior Tribunal de Justiça.
II. Após a apresentação de contestação, o juiz julga parcialmente o mérito, para o fim de acolher um dos
pedidos feitos pelo autor em razão de sua incontrovérsia.
III. O juiz não acolhe a contradita de uma testemunha arrolada pela parte adversa, toma o compromisso e
colhe o depoimento da testemunha.
IV. O juiz decide antecipadamente o mérito, julgando parcialmente procedente o único pedido feito pelo
autor, concedendo a pretensão em menor medida daquela postulada na inicial.
Considere as sistemáticas recursais abaixo:
1. Não há recorribilidade imediata, devendo a questão ser objeto de preliminar de apelação.
2. Cabe apelação, com a possibilidade de juízo de retratação.
3. Cabe apelação, sem a possibilidade de juízo de retratação.
4. Cabe agravo de instrumento.
A correta correspondência entre as decisões e o sistema recursal aplicável está APENAS em
a) I-2; II-4; III-1; IV-3.
b) I-3; II-4; III-1; IV-2.
c) I-2; II-1; III-4; IV-3.
d) I-4; II-4; III-1; IV-4.
e) I-2; II-3; III-4; IV-4.

Comentários

A alternativa A está correta.

Item I – resposta 2. Cabe apelação, com a possibilidade de juízo de retratação.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do
réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:

I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;

§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

Item II – resposta 4. Cabe agravo de instrumento.

Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles:

I - mostrar-se incontroverso;

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§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
II - mérito do processo;

Item III – resposta 1. Não há recorribilidade imediata, devendo a questão ser objeto de preliminar de
apelação.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação, § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se


a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão
e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão
final, ou nas contrarrazões.

Item IV – resposta 3. Cabe apelação, sem a possibilidade de juízo de retratação.

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de
mérito, quando:

I - não houver necessidade de produção de outras provas;

II - o réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver requerimento de prova, na
forma do art. 349.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

48. (CESPE/DPE-AC – Defensor Público/2017) A respeito da apelação e considerando-se o


entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta.
a) A eficácia de sentença que decrete a interdição não poderá ser suspensa pelo relator da apelação, mesmo
se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso.
b) O valor das astreintes não poderá ser reduzido de ofício, pela segunda instância, quando a questão for
suscitada em recurso de apelação não conhecido.
c) Concedida à antecipação dos efeitos da tutela em recurso adesivo, será admitida a desistência do recurso
de apelação principal, caso a petição de desistência tenha sido apresentada antes do julgamento dos
recursos.
d) Em caso de condenação ao pagamento de alimentos, o efeito suspensivo da apelação é dispensável, pois
a sentença não começa a produzir efeitos imediatamente após sua publicação.
e) Em razão da preclusão operada, novas questões de fato não poderão ser suscitadas em sede de apelação,
mesmo se a parte comprovar que deixou de provocá-las por força maior.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Art. 1.012, §§3º e 4º.

A alternativa B está correta.


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O valor das astreintes não pode ser reduzido de ofício em segunda


instância quando a questão é suscitada em recurso de apelação não conhecido. (STJ. 3ª turma.
REsp 1.508.929-rn, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 7/3/2017 - info 600).

A alternativa C está incorreta.

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO EM DECORRÊNCIA DE ACIDENTE DE TRÂNSITO.


PEDIDO JULGADO PROCEDENTE APENAS QUANTO AOS DANOS MORAIS. 1. INTERPOSIÇÃO DE
APELAÇÃO PELO RÉU E RECURSO ADESIVO DA VÍTIMA. CONCESSÃO DE ANTECIPAÇÃO DA
TUTELA RECURSAL DETERMINANDO O PAGAMENTO DE PENSÃO MENSAL À AUTORA.
FORMULAÇÃO DE PEDIDO DE DESISTÊNCIA DO RECURSO PRINCIPAL PELO
RÉU. INDEFERIMENTO PELO RELATOR NO TRIBUNAL DE ORIGEM. APLICAÇÃO DOS ARTS. 500, III,
E 501 DO CPC. MITIGAÇÃO. RECURSO DESPROVIDO. 1. Como regra, o recurso adesivo fica
subordinado à sorte do principal e não será conhecido se houver desistência quanto ao primeiro
ou se for ele declarado inadmissível ou deserto (CPC, art. 500, III), dispondo ainda a lei processual
que "o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes,
desistir do recurso" (CPC, art. 501). A justificativa para a desistência do recurso como direito
subjetivo individual da parte, o qual pode ser exercido a partir da data de sua interposição, até o
momento imediatamente anterior ao seu julgamento, decorre do fato de que, sendo ato de
disposição de direito processual, em nada afeta o direito material posto em juízo. Ocorre que,
na hipótese, a apresentação da petição de desistência logo após a concessão dos efeitos da
tutela recursal, reconhecendo à autora o direito de receber 2/3 de um salário mínimo a título
de pensão mensal, teve a nítida intenção de esvaziar o cumprimento da determinação judicial,
no momento em que o réu anteviu que o julgamento final da apelação lhe seria desfavorável,
sendo a pretensão, portanto, incompatível com o princípio da boa-fé processual e com a
própria regra que lhe faculta não prosseguir com o recurso, a qual não deve ser utilizada como
forma de obstaculizar a efetiva proteção ao direito lesionado. Embora, tecnicamente, não se
possa afirmar que a concessão da antecipação da tutela tenha representado o início do
julgamento da apelação, é iniludível que a decisão proferida pelo relator, ao satisfazer o direito
material reclamado, destinado a prover os meios de subsistência da autora, passou a produzir
efeitos de imediato na esfera jurídica das partes, evidenciada a presença dos seus requisitos
(prova inequívoca e verosimilhança da alegação), a qual veio a ser confirmada no julgamento
final do recurso pelo Tribunal estadual.(REsp 1285405/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014).

A alternativa D está incorreta.

Art. 1.012, § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que:

II - condena a pagar alimentos;

A alternativa E está incorreta.

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Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na
apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.

49. (CESPE/DPE-AC – Defensor Público/2017) Com relação aos embargos declaratórios, assinale a
opção correta.
a) Caso sejam acolhidos e modifiquem a decisão embargada, o embargado que houver aviado outro recurso
contra a decisão originária deverá complementar as razões deste recurso.
b) Deverá ser ratificado recurso que houver sido interposto pela outra parte antes do julgamento dos
embargos, caso estes sejam rejeitados.
c) Por interromperem o prazo para a interposição de recursos, dispensam a intimação das partes quanto à
decisão proferida em virtude do julgamento desses recursos.
d) Se manifestamente protelatórios, o juiz, fundamentadamente, condenará o embargante a pagar ao
embargado, inicialmente, multa correspondente a dez por cento sobre o valor da causa.
e) Se forem opostos contra decisão de relator proferida em tribunal, serão decididos monocraticamente pelo
órgão prolator de decisão embargada.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Ele será intimado para, se quiser, complementar o recurso (art. 1.023, §2º).

A alternativa B está incorreta. O STJ tinha enunciado sumular exatamente com esse posicionamento.

Súmula 418, STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação.

Contudo, tal posição contraria art. 1.024, §5º e art. 218, §4º, NCPC.

Art. 1.024, §5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento
dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

Art. 218, §4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Nesse sentido, o próprio STJ já editou novo enunciado sumular com o seguinte teor.

Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior.

A alternativa C está incorreta.

Art. 1.024, § 4º Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o

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direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de
15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.

A alternativa D está correta.

Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.

§2º Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou outra
decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á
monocraticamente.

50. (FCC/DPE-ES – Defensor Público/2016) Sobre o sistema recursal no novo Código de Processo Civil.
a) o Superior Tribunal de Justiça deverá negar seguimento ao recurso especial que suscite o conhecimento
de questão constitucional.
b) são cabíveis embargos infringentes contra acórdão não unânime que tenha reformado, em grau de
apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória.
c) os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido
diverso, mas a apelação, como regra, tem efeito suspensivo.
d) as decisões interlocutórias que não se enquadram nas hipóteses de cabimento do agravo de instrumento
são irrecorríveis, razão pela qual podem ser atacadas por mandado de segurança contra ato judicial.
e) o recurso especial tem seu juízo de admissibilidade realizado exclusivamente pelo próprio Superior
Tribunal de Justiça.

Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa
sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente
demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.

A alternativa B está incorreta. Não há mais previsão de embargos infringentes no rol dos recursos.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo de instrumento;

III - agravo interno;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;
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VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - embargos de divergência.

Eles foram substituídos por uma técnica de julgamento ampliado do art. 942, CPC.

A alternativa C está correta.

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão
judicial em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se
da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível
reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.

A alternativa D está incorreta.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar


agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar
de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

A alternativa E está incorreta.

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado
para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:

V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal


ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)

a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento
de recursos repetitivos; (Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016)

b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou (Incluída pela Lei
nº 13.256, de 2016)

c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.

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51. (FCC/DPE-BA Defensor Público/2016) Analise as proposições abaixo, a respeito dos recursos:
I. Os recursos impedem, em regra, a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido
contrário.
II. O recorrente pode desistir do recurso sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, mas a desistência
não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de
julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
III. Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de
quinze dias.
IV. Os embargos de declaração possuem efeito suspensivo da eficácia da decisão e do prazo para a
interposição de outros recursos.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) II e III.
b) I, III e IV.
c) I, II e IV.
d) III.
e) II e IV.

Comentários

A alternativa A está correta.

A assertiva I está incorreta.

Art. 995 Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão
judicial em sentido diverso.

A assertiva II está correta.

Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.

Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão
geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou
especiais repetitivos.

A assertiva III está correta.

Art. 1003, § 5o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para
responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

A assertiva IV está incorreta.

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Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para a interposição de recurso.

52. (UFMT/DPE-MT – Defensor Público/2016) Acerca dos precedentes no Código de Processo Civil
(CPC/2015), marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Autorizam o julgamento de improcedência liminar do pedido: os enunciados de súmula do Supremo
Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, acórdãos proferidos pelo Superior Tribunal de Justiça e
Supremo Tribunal Federal em julgamento de recursos repetitivos, entendimento firmado em incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência e enunciado de súmula de Tribunal de
Justiça sobre direito local.
( ) Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para garantir a observância de enunciado
de súmula vinculante, de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade, de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de incidente de assunção de competência.
( ) Nos Tribunais, poderá o relator negar provimento a recurso que for contrário à súmula do Supremo
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal, acórdão proferido pelo Supremo
Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos e entendimento
firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência.
( ) Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de
inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal
de Justiça, do próprio tribunal ou acórdão proferido em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
de assunção de competência.
( ) A reclamação poderá ter como objeto sentença, quando for destinada a garantir a observância de acórdão
proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos.
Assinale a sequência correta.
a) F, V, F, V, F
b) F, F, V, F, F
c) V, F, V, V, V
d) V, F, F, V, V
e) V, V, V, F, F

Comentários

A assertiva I está correta.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do
réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:

I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;

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II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção


de competência;

IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

A assertiva II está correta.

Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:

I - preservar a competência do tribunal;

II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;

III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal


Federal em controle concentrado de constitucionalidade; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016)

IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de


demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência;

A assertiva III está correta.

Art. 932 - Incumbe ao Relator:

IV - negar provimento a recurso que for contrário a:

a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;

b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;

c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

A assertiva IV está incorreta.

Art. 949, Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou
ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes
ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.

A assertiva V está incorreta.

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Art. 988, § 5º É inadmissível a reclamação: (Redação dada pela Lei nº 13.256, de


2016) (Vigência)

II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão


geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial
repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

53. (UFMT/DPE-MT – Defensor Público/2016) Sobre os recursos no Código de Processo Civil


(CPC/2015), assinale a afirmativa correta.
a) Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação,
a sentença de mérito.
b) Cabe recurso de agravo de instrumento contra a decisão que negar o pleito de produção de prova pericial,
formulado na petição inicial.
c) Não cabe recurso de agravo de instrumento contra a decisão que inverte o ônus da prova, podendo,
todavia, ser impugnada por meio de recurso de apelação, após a prolação de sentença.
d) As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de
instrumento, poderão ser suscitadas pelo apelado em contrarrazões.
e) Das decisões interlocutórias proferidas em audiência admitir-se-á interposição oral do agravo retido, a
constar do respectivo termo, expostas sucintamente as razões que justifiquem o pedido de nova decisão.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Não há mais previsão de embargos infringentes no rol dos recursos.

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo de instrumento;

III - agravo interno;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário;

VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;

IX - embargos de divergência.

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Eles foram substituídos por uma técnica de julgamento ampliado do art. 942, CPC.

A alternativa B está incorreta. Não consta no rol do art. 1.015.

Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o;

XII - (VETADO);

XIII - outros casos expressamente referidos em lei.

A alternativa C está incorreta. Cabe sim AI (art. 1.015, XI, CPC).

A alternativa D está correta.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.

§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar


agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar
de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

Procurador

54. (FEPESE/Prefeitura de Itajaí – Assistente Jurídico/2020) De acordo com o artigo 1.015 do Código de
Processo Civil, cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:

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1. acolhimento da convenção de arbitragem.


2. mérito do processo.
3. incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
4. exclusão de litisconsorte.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a)São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
b) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
Comentários

A alternativa E está correta.

A afirmativa 1 está incorreta. Cabe agravo de instrumento contra decisão que rejeita convenção de
arbitragem.

CPC, Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

Se o juiz acolhe a alegação de convenção de arbitragem, ele extinguirá o processo por meio de sentença sem
resolução do mérito:

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral


reconhecer sua competência;

Dessa sentença, caberá apelação (art. 1009).

Assim:

- o juiz acolhe a convenção de arbitragem e extingue o processo: cabe apelação (art. 485, VII, cc 1009);

- se o juiz rejeita a convenção de arbitragem: cabe agravo de instrumento (art. 1015, III).

A afirmativa 2 está correta.

CPC, Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
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II - mérito do processo;

A afirmativa 3 está correta.

CPC, Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:

IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

A afirmativa 4 está correta.

CPC, Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:

VII - exclusão de litisconsorte;

55. (VUNESP/Prefeitura de São Roque - Advogado/2020) Considerando o entendimento do Superior


Tribunal de Justiça a respeito de recursos, pode-se corretamente afirmar:
a)É admissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios,
não foi apreciada pelo Tribunal a quo.
b) Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do julgamento dos embargos de
declaração, quando inalterado o resultado anterior.
c) Enseja recurso especial a simples interpretação de cláusula contratual, mas não o simples reexame de
prova.
d) É admissível recurso especial sempre que o acórdão recorrido assenta em fundamento constitucional e
infraconstitucional, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.
e) Não cabe recurso especial contra decisão proferida, nos limites de sua competência, por órgão de segundo
grau dos Juizados Especiais.
Comentários

A alternativa B está correta.

Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior.

A alternativa A está incorreta. A alternativa diz respeito ao prequestionamento. Na vigência do CPC de 73, o
STJ entendia que, se opostos embargos de declaração e ainda assim o tribunal não apreciasse a questão
federal ou constitucional, não estaria configurado o prequestionamento. Nesse sentido, editou-se a súmula
211, que fundamentou a incorreção da alternativa.

Súmula 211, STJ: Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de
embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo.

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Acontece que o STF entendi de modo diverso. Ele aceitava, em vários julgamentos, o chamado
prequestionamento ficto. Isso significava que, caso a parte opusesse ED e o tribunal não apreciasse a
questão, estaria atendida a exigência de prequestionamento. Em suma, bastava a oposição dos embargos
de declaração em face da decisão para configurar o prequestionamento.

Súmula 356, STF: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos
declaratórios107, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do
prequestionamento.

Com o NCPC, consagrou-se o entendimento do STF.

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.

Assim, está superada a súmula 211, STJ, razão pela qual entendo que a questão deveria ter sido anulada.

A alternativa C está incorreta.

Súmula 5, STJ: A simples interpretação de cláusula contratual não enseja recurso especial.

A alternativa D está incorreta.

Súmula 126, STJ: É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em
fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para
mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.

A alternativa E está incorreta.

Súmula 203, STJ: Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau
dos Juizados Especiais.

56. (FCC/PGE-AP – Procurador do Estado/2018) Em relação ao agravo de instrumento,


a) na sistemática do atual Código de Processo Civil cabe sustentação oral em qualquer hipótese de
interposição de agravo de instrumento.
b) o relator poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso, mas não antecipar a tutela recursal, o que
caracterizaria supressão de instância.
c) para a legislação processual civil, o rol das hipóteses que admitem a interposição do agravo de instrumento
é meramente elucidativo e não taxativo.
d) da decisão do relator que examina e concede ou não pedido de efeito suspensivo no agravo de
instrumento não cabe recurso, podendo porém ser impetrado mandado de segurança.

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e) entre outras hipóteses, cabe agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de
liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Não é em todo caso de AI.

Art. 937, VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que versem
sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência;

A alternativa B está incorreta.

Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não


for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:

I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou


parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão;

A alternativa C está incorreta. Para a legislação o rol é taxativo. Para o STJ, há taxatividade mitigada.

A alternativa D está incorreta.

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão
colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

A alternativa E está correta.

Art. 1.015, parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no
processo de execução e no processo de inventário.

57. (FCC/PGE-AP – Procurador do Estado/2018) Em relação à jurisprudência dominante dos Tribunais


Superiores, em matéria processual,
a) é ineficaz a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação residencial.
b) é sempre necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do julgamento dos embargos de
declaração.
c) a recuperação judicial do devedor principal impede o prosseguimento das ações e execuções ajuizadas
contra terceiros devedores solidários ou coobrigados.
d) em ação monitória fundada em cheque prescrito contra o emitente, é indispensável a menção ao negócio
jurídico subjacente à emissão da cártula.
e) o relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso
quando houver entendimento dominante acerca do tema.

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Comentários

A alternativa A está incorreta.

Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de


locação.

É possível a penhora do bem de família de fiador de contrato de locação, mesmo quando


pactuado antes da vigência da Lei nº 8.245/91, que alterou o art. 3º, VII, da Lei nº 8.009/90.
STJ. 6ª Turma. AgRg nos EDcl nos EDcl no AgRg nos EDcl no REsp 771.700/RJ, Rel. Min. Vasco Della
Giustina (Des. Conv. do TJ/RS), julgado em 28/02/2012.

É possível penhorar a casa do fiador por dívidas decorrentes do contrato de locação? SIM. É
legítima a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação (art. 3º, VII, da
Lei 8.009/90).

O STF decidiu que esse dispositivo é constitucional e não viola o direito à moradia. STJ. 2ª Seção.
REsp 1363368-MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/11/2014 (recurso repetitivo)
(Info 552).

Situação diferente: Não é penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos de


locação comercial. Em outras palavras, não é possível a penhora de bem de família do fiador
em contexto de locação comercial. STF. 1ª Turma. RE 605709/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/
ac. Min. Rosa Weber, julgado em 12/6/2018 (Info 906).

A alternativa B está incorreta. O STJ tinha enunciado sumular exatamente com esse posicionamento.

Súmula 418, STJ: É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos
embargos de declaração, sem posterior ratificação.

Contudo, tal posição contraria art. 1.024, §5º e art. 218, §4º, NCPC.

Art. 1.024, §5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento
dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.

Art. 218, §4o Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo.

Nesse sentido, o próprio STJ já editou novo enunciado sumular com o seguinte teor.

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Súmula 579, STJ: Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do
julgamento dos embargos de declaração, quando inalterado o resultado anterior.

A alternativa C está incorreta.

Súmula 581-STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das
ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por
garantia cambial, real ou fidejussória.

A alternativa D está incorreta.

Súmula 531-STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.

A alternativa E está correta.

Súmula 568-STJ: O relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou


negar provimento ao recurso quando houver entendimento dominante acerca do tema.

58. (VUNESP/PGE-SP – Procurador do Estado/2018) A sentença proferida em sede de ação civil pública,
que acolhe integralmente o pedido do autor e autoriza a liberação de remédios de uso proibido por órgãos
administrativos fiscalizadores, todos potencialmente lesivos à saúde da população, enseja
a) apenas pedido de suspensão de segurança que, por evidente prejudicialidade, suspende o prazo do
recurso de agravo, mas não o do recurso de apelação.
b) apelação, cujo efeito suspensivo deve ser pleiteado diretamente no Tribunal, por meio de medida cautelar
autônoma e inominada.
c) apelação, cujo efeito suspensivo é automático e impede a execução definitiva da decisão.
d) apelação, com pedido de efeito suspensivo. Depois disso, a Fazenda de São Paulo deverá protocolar, no
Tribunal de Justiça, um pedido de análise imediata desse efeito suspensivo pleiteado. Ao mesmo tempo, a
Fazenda poderá pedir suspensão dos efeitos da sentença ao Presidente do Tribunal competente.
e) agravo de instrumento contra o capítulo da decisão que concedeu a ordem de liberação imediata das
mercadorias, com pedido de efeito ativo, e apelação do capítulo que julgou o mérito.

Comentários

A alternativa D está correta. Na ACP, a sentença já gera efeitos imediatos, podendo o juiz conceder efeito
suspensivo ao recurso.

Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à
parte.

No caso, como o juiz não fez nada, a PGE-SP deve entrar com apelação (pois contra sentença cabe apelação
– art. 1.009, CPC), pleiteando concessão de efeito suspensivo.

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Ademais, a própria LACP dispõe que será possível entrar com a “suspensão de segurança”.

A “suspensão de segurança” (ou “suspensão de liminar” ou “suspensão de sentença” ou “suspensão de


acórdão”) é uma prerrogativa da pessoa jurídica de direito público ou do MP, de requerer ao Presidente do
Tribunal a suspensão dos efeitos da liminar ou de sentença/acórdão (não transitados em julgado), a fim de
evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.

LMS, Art. 15. Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do
Ministério Público e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas,
o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso suspender, em
decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá agravo, sem
efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à
sua interposição.

Esse instituto é chamado de “suspensão de segurança”, pois foi originalmente concebido para suspender
decisões liminares ou sentenças proferidas em sede de MS (art. 13, Lei n. 1.533/51).

Todavia, após, foram sendo editadas novas leis prevendo esse instituto para várias decisões contra a Fazenda
Pública. Por isso, podemos designar o instituto ora como “suspensão de liminar” ora como “suspensão de
sentença” ou “suspensão de acórdão”.

Previsão Legal

Há cinco previsões legais:

i- Art. 12, §1º da Lei n. 7.347/85 (suspensão de liminar em ACP):

ii- Art. 4º da Lei n. 8.437/92 (suspensão de liminar ou sentença em ação cautelar, em ação popular ou em
ACP). É considerada pela doutrina como a previsão mais geral sobre o pedido de suspensão;

iii- Art. 1º da Lei n. 9.494/97 (suspensão de tutela antecipada concedida contra a Fazenda Pública);

iv- Art. 16 da Lei n. 9.507/97 (suspensão da execução de sentença concessiva de habeas data);

v- Art. 15 da Lei n. 12.016/09 (suspensão de liminar e sentença no mandado de segurança).

Competência

Traremos aqui a tabela feita por Márcio Cavalcante162:

162
https://www.dizerodireito.com.br/2013/09/pedido-de-suspensao-esquema-de-aula.html
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A COMPETÊNCIA PARA APRECIAR O PEDIDO DE


SUSPENSÃO É DO PRESIDENTE DO TRIBUNAL QUE TERIA
COMPETÊNCIA PARA JULGAR O RECURSO CONTRA A
DECISÃO.

EX: CONCEDIDA LIMINAR POR JUIZ FEDERAL DO AM, O


DECISÃO PROLATADA POR JUIZ DE 1ª INSTÂNCIA
PEDIDO DE SUSPENSÃO SERÁ JULGADO PELO PRESIDENTE
DO TRF1.

EX2: CONCEDIDA LIMINAR POR JUIZ DE DIREITO DO AM,


O PEDIDO DE SUSPENSÃO SERÁ JULGADO PELO
PRESIDENTE DO TJAM

O pedido de suspensão será decidido pelo:


• Presidente do STF: se a matéria for
constitucional.
• Presidente do STJ: se a matéria for
Decisão prolatada por membro de TJ ou TRF infraconstitucional.
Ex: concedida liminar pelo Desembargador do
TJ/AM, o pedido de suspensão será dirigido ao
Presidente do STF ou do STJ, e não ao
Presidente do TJ/AM (art. 25 da Lei nº
8.038/90).

Se a causa tiver fundamento constitucional, é


possível o ajuizamento de pedido de suspensão
Decisão prolatada por membro de Tribunal dirigido ao Presidente do STF.
Superior
Se a causa não tiver fundamento constitucional,
não há possibilidade de pedido de suspensão.

Adverte-se que o pedido de “suspensão” não é óbice à propositura de outros instrumentos concomitantes.

Pelo fato de a suspensão ser incidente processual e a apelação ser recurso, não há incompatibilidade.

59. (VUNESP/PGE-SP – Procurador do Estado/2018) Em relação ao recurso de embargos de divergência,


é correto afirmar:
a) cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu a decisão
embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em, no mínimo, um terço dos seus membros.
b) é cabível nos processos de competência originária do Supremo Tribunal Federal.
c) é embargável o acórdão de órgão fracionário que, em recurso especial ou extraordinário, divergir do
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha
conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia.

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d) não poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamento de recursos e de ações de
competência originária.
e) se os embargos de divergência forem desprovidos, o recurso extraordinário interposto pela outra parte
antes da publicação do julgamento dos embargos de divergência sempre deverá ser ratificado.

Comentários

A alternativa A está incorreta.

Art. 1.043, § 3o Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma
turma que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em
mais da metade de seus membros.

A alternativa B está incorreta. De competência originária não, mas derivada.

Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que:

I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro


órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;

A alternativa C está correta.

Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que:

III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro


órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do
recurso, embora tenha apreciado a controvérsia;

A alternativa D está incorreta.

Art. 1.043, § 1o Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e
de ações de competência originária.

A alternativa E está incorreta.

Art. 1.043, §2º Se os embargos de divergência forem desprovidos ou não alterarem a conclusão
do julgamento anterior, o recurso extraordinário interposto pela outra parte antes da publicação
do julgamento dos embargos de divergência será processado e julgado independentemente de
ratificação.

60. (CESPE/PGE-PE – Procurador do Estado/2018) Em instância extraordinária, o relator do processo


constatou que o advogado subscritor do recurso especial não tinha procuração nos autos.
Considerando-se as disposições do CPC, o relator deve, nessa situação hipotética,
a) declarar o recurso inexistente.

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b) oportunizar a regularização da representação processual.


c) oportunizar a regularização da capacidade processual do recorrente.
d) remeter o processo ao colegiado para decisão.
e) deixar de conhecer do recurso especial.

Comentários

A alternativa B está correta.

Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o


juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.

§ 2o Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional


federal ou tribunal superior, o relator:

I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;

II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.

Enunciado 83, do FPPC: (art. 932, parágrafo único; art. 76, § 2º; art. 104, § 2º; art. 1.029, § 3º)
Fica superado o enunciado 115 da súmula do STJ após a entrada em vigor do CPC (“Na instância
especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos”).

61. (CESPE/PGE-SE – Procurador do Estado/2017) Ao realizar o juízo de admissibilidade de recurso


especial, o vice-presidente de um tribunal de justiça, em decisão monocrática, negou seguimento ao
recurso por considerar, simultaneamente, que não existiam pressupostos de admissibilidade recursal e
que o acórdão impugnado pelo recorrente estava em conformidade com precedente firmado pelo STJ em
sede de recurso repetitivo.
Nessa situação hipotética, para impugnar integralmente a decisão que obsta o prosseguimento do recurso
aviado, a parte interessada deverá
a) interpor novo recurso especial.
b) interpor recurso de agravo em recurso especial.
c) interpor recurso de agravo interno.
d) interpor, simultaneamente, recurso de agravo interno e recurso de agravo em recurso especial.
e) impetrar mandado de segurança, pois não existe recurso previsto em lei para essa situação.

Comentários

A alternativa D está correta.

Assim, conforme afirmam Luiz Dellore e Ricardo Maffeis, as hipóteses previstas no CPC/2015 para que seja
negado seguimento ao recurso podem ser divididas em dois grandes grupos, a saber:

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não admissibilidade em virtude da falta de um ou mais requisitos dos recursos excepcionais, como
intempestividade, não demonstração do dispositivo violado, não comprovação de dissídio jurisprudencial
etc;

inadmissibilidade decorrente da inexistência de repercussão geraljá reconhecida pelo STF ou por ser o
recurso contrário a entendimento pacificado em sede de recursos repetitivos.

No primeiro caso, a parte que teve seu recurso não admitido pode interpor agravo em recurso
especial/extraordinário (arts. 1.030, § 1º c/c 1.042, do CPC/2015).

Já no segundo caso, contra a decisão que nega seguimento ao recurso por força de repercussão geral ou
recurso repetitivo, cabe agravo interno, a ser julgado pelo próprio TJ ou TRF (conforme arts. 1.030, § 2º c/c
1.021, do CPC/2015.

E quando a decisão inadmitir recurso pelos dois fundamentos:

a) falta de requisitos;

b) inexistência de repercussão geral ou por ser o recurso contrário a entendimento pacificado em recursos
repetitivos.

Nesse caso, são cabíveis os dois recursos.

Enunciado 77, I JDPC do CJF: Para impugnar decisão que obsta trânsito a recurso excepcional e
que contenha simultaneamente fundamento relacionado à sistemática dos recursos repetitivos
ou da repercussão geral (art. 1.030, I, do CPC) e fundamento relacionado à análise dos
pressupostos de admissibilidade recursais (art. 1.030, V, do CPC), a parte sucumbente deve
interpor, simultaneamente, agravo interno (art. 1.021 do CPC) caso queira impugnar a parte
relativa aos recursos repetitivos ou repercussão geral e agravo em recurso
especial/extraordinário (art. 1.042 do CPC) caso queira impugnar a parte relativa aos
fundamentos de inadmissão por ausência dos pressupostos recursais.

É o que entendia o STJ na vigência do CPC/73.

Decisões mistas: caso a decisão recorrida negue seguimento ao recurso por duplo fundamento,
isto é, em parte com base na sistemática dos recursos repetitivos (ou da repercussão geral) e em
parte noutro fundamento, considero que o recorrente deva interpor os dois recursos (agravo +
agravo interno), cada qual a impugnar o capítulo pertinente da decisão recorrida. Tal
entendimento encontra escólio najurisprudência do STJ, sob a égide do Código Buzaid, senão
vejamos: "In casu, para compatibilizar a orientação do STJ com a situação concreta, os capítulos
distintos comportariam o seguinte tratamento: a) a parcela relativa à aplicação do art. 543-C, §
7º, I, do CPC mereceria impugnação mediante Agravo Regimental endereçado ao Tribunal a quo;
b) quanto aos demais fundamentos, referentes a matéria não solucionada em recurso repetitivo,
caberia o Agravo do art. 544 do CPC, dirigido ao STJ” (STJ, 1ª Seção, AgRg na Rcl 9.404/RJ, rel.
Min. HERMAN BENJAMIN, j. 14/8/2013, DJe 11/9/2013).

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62. (FCC/PGE-MT – Procurador do Estado/2016) Em 20/06/2016 (segunda-feira), foi enviada à


Procuradoria do Estado do Mato Grosso, por meio de portal próprio, intimação eletrônica de sentença de
mérito contrária à Fazenda Pública. Diante desta situação hipotética, considerando o prazo para o recurso
cabível e as prerrogativas da Fazenda Pública, o prazo recursal é de
a) quinze dias úteis e terá início apenas depois de dez dias, contados a partir do envio da intimação ao portal,
caso o Procurador não tenha consultado o teor da intimação antes deste prazo.
b) quinze dias úteis e somente terá início com a intimação pessoal da Fazenda Pública, por meio de oficial de
justiça, uma vez que tal prerrogativa é assegurada pela lei.
c) quinze dias úteis e somente terá início quando o Procurador do Estado consultar o teor da intimação
eletrônica, independentemente de qualquer outro prazo.
d) trinta dias úteis e terá início apenas depois de dez dias, contados a partir do envio da intimação ao portal,
caso o Procurador não tenha consultado o teor da intimação antes deste prazo.
e) trinta dias úteis e somente terá início depois de vinte dias, contados a partir do envio da intimação ao
portal, caso o Procurador não tenha consultado o teor da intimação antes deste prazo.

Comentários

A alternativa D está correta.

CPC. Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas


respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as
suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

Lei 11.419/06. Art. 5º As intimações serão feitas por meio eletrônico em portal próprio aos que
se cadastrarem na forma do art. 2o desta Lei, dispensando-se a publicação no órgão oficial,
inclusive eletrônico.

§ 3o A consulta referida nos §§ 1o e 2o deste artigo deverá ser feita em até 10 (dez) dias corridos
contados da data do envio da intimação, sob pena de considerar-se a intimação
automaticamente realizada na data do término desse prazo.

63. (UEPA/PGE-PA – Procurador do Estado/2015) Sobre o novo Código de Processo Civil (Lei
13.105/05), é correto afirmar que:
a) de acordo com a Lei 13.105/05, é obrigatório o exaurimento da jurisdição local para o manejo do Recuso
Especial, sendo imperiosa a interposição de embargos infringentes quando o acórdão tiver reformado em
grau de apelação a sentença de mérito, mediante decisão não unânime.
b) a sistemática recursal prevista na Lei 13.105/05 prevê a interposição de agravo retido como regra geral
para atacar decisões interlocutórias, contrárias ao interesse de alguma das partes.
c) os Estados, suas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazos em dobro para todas as suas
manifestações processuais, cuja contagem será iniciada a partir da intimação pessoal.
d) nos termos do seu artigo 190, a nova codificação, em qualquer hipótese, permite que as partes possam
estipular mudanças no procedimento processual, de modo à ajustá-lo às especificidades da causa.

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e) de acordo com a Lei 13.105/05, os prazos serão computados em dias corridos, sendo suspensos nos dias
compreendidos entre 15 de dezembro a 15 de janeiro.

Comentários

A alternativa A está incorreta. Com o NCPC, os embargos infringentes nem mais existem.

A alternativa B está incorreta. O agravo retido também não mais existe.

A alternativa C está correta.

Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e
fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações
processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.

A alternativa D está incorreta. Não é em qualquer hipótese.

O art. 190 permite que as partes:

i- estipulem mudanças no procedimento;

ii- convencionem sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o
processo.

Enunciado 257, FPPC: (art. 190) O art. 190 autoriza que as partes tanto estipulem mudanças do
procedimento quanto convencionem sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres
processuais.

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou
durante o processo.

Ademais, como já explicamos em aula própria, o objeto dessa pactuação deve ser lícito, possível e
determinável.

A alternativa E está incorreta.

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.

Art. 220. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias compreendidos entre 20 de dezembro
e 20 de janeiro, inclusive.

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64. (UEPA/PGE-PA – Procurador do Estado/2015) De acordo com o Novo Código de Processo Civil (Lei
13.105/05), julgue as afirmativas abaixo.
I. O apelado poderá em sede de contrarrazões impugnar questão resolvida na fase de conhecimento, se a
decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento.
II. Não se considera fundamentado acórdão, que não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelos julgadores.
III. É cabível sustentação oral pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um,
sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao membro do Ministério
Público, em Agravo de Instrumento interposto contra qualquer decisão interlocutória.
IV. Tendo sido o Estado condenado ao pagamento no valor de até 1.000 (hum mil) salários-mínimos não se
aplica o instituto da remessa necessária.
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) II e III
b) I e IV
c) III e IV
d) II e IV
e) I e II

Comentários

A alternativa E está correta.

A assertiva I está correta.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação. § 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se


a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão
e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão
final, ou nas contrarrazões.

A assertiva II está correta.

art. 489. São elementos essenciais da sentença:

§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela


interlocutória, sentença ou acórdão, que:

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador.

Atenção: A assertiva está correta porquanto perguntou o que o NCPC prevê.

Contudo, se perguntasse o que o STJ entende, a resposta seria outra.


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O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já
tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o dever de
enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão
recorrida. Essa é a interpretação que se extrai do art. 489, § 1º, IV, do CPC/2015. Assim, mesmo
após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos de declaração contra a decisão que não se
pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. STJ.
1ª Seção. EDcl no MS 21315-DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da
3ª Região), julgado em 8/6/2016 (Info 585).

A assertiva III está incorreta. Não cabe sustentação oral em agravo de instrumento contra qualquer decisão
interlocutória. Apenas algumas dão esse direito.

Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará
a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao
membro do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um,
a fim de sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do
art. 1.021:

VIII - no agravo de instrumento interposto contra decisões interlocutórias que versem sobre
tutelas provisórias de urgência ou da evidência;

A assertiva IV está incorreta.

Art. 496, § 3o Não se aplica o disposto neste artigo quando a condenação ou o proveito
econômico obtido na causa for de valor certo e líquido inferior a:

II - 500 salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e


fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;

Assim, como o Estado foi condenado em 1.000 SM, haverá sim remessa necessária.

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QUESTÕES COMENTADAS
Magistratura

1. (TRF 3ª REGIÃO/ TRF 3 – Juiz Federal Substituto/2018) Sobre os embargos de declaração é CORRETO
afirmar:
a) Eles não são via processual adequada para a correção de erro material uma vez que esse tipo de vício não
está sujeito a preclusão.
b) Se opostos contra decisão unipessoal, podem ser conhecidos como agravo interno, a ser julgado também
monocraticamente.
c) Se eles forem rejeitados ou não houver alteração de resultado, o recurso interposto pela outra parte antes
da publicação do julgamento dos embargos precisará ser ratificado, sob pena de preclusão lógica.
d) Na reiteração de embargos manifestamente protelatórios, haverá elevação da multa e a interposição de
qualquer recurso fica condicionada ao depósito prévio do valor, mas essa condição não se aplica ao
beneficiário da justiça gratuita.
2. (CESPE/TRF 5 – Juiz Federal Substituto/2017) Caio impetrou mandado de segurança no STJ
apresentando dois pedidos cumulados de reconhecimento de nulidade de dois atos praticados por
ministro de Estado. O STJ, em decisão colegiada final, concedeu parcialmente a segurança para reconhecer
a nulidade apenas de um dos atos praticados pelo ministro. Para impugnar essa decisão, Caio apresentou
recurso ordinário, e a União interpôs recurso extraordinário.
Considerando as normas jurídicas e a jurisprudência dos tribunais superiores, assinale a opção correta a
respeito dessa situação hipotética.
a) Pedido de concessão de efeito suspensivo a qualquer um dos recursos, se feito entre a interposição e a
publicação da decisão de admissão de tal recurso, deverá ser dirigido ao presidente ou ao vice-presidente
do STJ.
b) Se o Supremo Tribunal Federal negar provimento ao recurso interposto por Caio e der provimento ao
recurso da União, deverão ser fixados honorários de sucumbência em grau recursal.
c) A admissibilidade dos recursos apresentados será examinada na origem, sendo ainda possível que o
tribunal recorrido determine o sobrestamento dos recursos.
d) Caso o recurso de Caio verse apenas sobre matéria constitucional, o STJ deverá aplicar o princípio da
fungibilidade e receber o recurso como extraordinário.
e) Na hipótese de o presidente ou vice-presidente do STJ determinar, erroneamente, sobrestamento do
recurso da União, a União deverá interpor recurso de agravo em recurso extraordinário.
3. (TRF 2/TRF 2 – Juiz Federal Substituto/2017) Caio ajuíza demanda em face de empresa pública.
Formula dois pedidos e lastreia o pedido “a” na tese “x”, firmada em Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas, julgada recentemente pelo TRF-2" Região. Ao apreciar a petição inicial, o juiz profere decisão
parcial de mérito, sem mencionar a tese “x”, julgando improcedente o pedido “a”, por considerar a matéria
unicamente de direito e por já ter proferido anteriormente sentença sobre a mesma matéria. No mesmo
ato, determina que o feito prossiga, em relação ao outro pedido, com a citação da ré. O caso é típico de
cabimento do seguinte recurso:
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a) Apelação.
b) Agravo interno.
c) Reclamação perante o TRF.
d) Embargos de declaração.
e) Correição parcial.
4. (TRF 2/TRF 2 – Juiz Federal Substituto/2017) Analise as assertivas e, após, marque a opção correta:
I- Em regra, as questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportava
agravo de instrumento, serão cobertas pela preclusão caso não sejam suscitadas em preliminar da apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
II- É preclusivo o prazo para arguição de incompetência absoluta.
III- Das três hipóteses clássicas de preclusão, a temporal, a lógica e a consumativa, o Código de 2015
prestigiou as duas primeiras e aboliu a última.
a) Estão corretas apenas as assertivas 1 e II.
b) Estão corretas apenas as assertivas I e III.
c) São falsas apenas as assertivas II e III.
d) São falsas todas as assertivas.
e) São falsas apenas as assertivas I e II.
5. (FCC/TJMS – Juiz Substituto/2020) Quanto aos princípios recursais,
a) o princípio da taxatividade recursal tem sido mitigado, admitindo-se a criação de recursos não previstos
expressamente em lei, desde que as partes criem tais recursos de comum acordo, como negócio jurídico-
processual.
b) pelo princípio da singularidade ou unirrecorribilidade afirma-se que só se admite uma espécie recursal
como meio de impugnação de cada decisão judicial, mostrando-se defeso interpor sucessiva ou
concomitantemente duas espécies recursais contra a mesma decisão.
c)o princípio da dialeticidade diz respeito ao elemento volitivo, ou seja, à vontade da parte em recorrer,
expressa na interposição do recurso correspondente à situação jurídica dos autos.
d) o princípio da fungibilidade não foi previsto normativamente no atual ordenamento jurídico processual,
não mais se podendo receber um recurso por outro em situações de pretensa dúvida.
e) o princípio da reformatio in pejus, ou seja, reforma para piorar a situação de quem recorre, não foi
admitido em nenhuma hipótese no atual processo civil brasileiro.
Comentários
6. (VUNESP/TJAC – Juiz Estadual/2019) O agravo de instrumento é recurso cabível para que a parte
sucumbente efetue a impugnação de decisões interlocutórias proferidas no curso do processo. A respeito
do recurso em pauta, é correto afirmar que
a) é cabível a realização de sustentação oral pelas partes, quando interposto contra decisões interlocutórias
que versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência.

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b) quando interpostos em autos físicos, deverá ser instruído com o comprovante do pagamento das
respectivas custas e do porte de remessa e de retorno.
c) se o juiz de primeira instância comunicar que reformou integral ou parcialmente a decisão impugnada, o
relator considerará prejudicado o agravo de instrumento.
d) sendo eletrônicos ou físicos os autos, o agravante, no prazo de 3 (três) dias, juntará ao processo principal
cópia da petição do agravo de instrumento.
7. (CESPE/TJPR – Juiz Estadual/2019) André interpôs recurso extraordinário contra acórdão proferido
por tribunal de justiça. Em sequência, ao realizar o juízo de admissibilidade do recurso, o presidente do
tribunal de justiça prolatou decisão inadmitindo o recurso, por entender que não havia sido cumprido o
requisito do prequestionamento de matéria constitucional. Dois dias após ter sido intimado da decisão de
inadmissão, André opôs embargos de declaração, alegando haver obscuridade na decisão monocrática
proferida na origem.
Nessa situação hipotética, de acordo com a jurisprudência do STF, os embargos de declaração
a) não são cabíveis e, por isso, não haverá interrupção do prazo recursal para a interposição de agravo em
recurso extraordinário.
b) interrompem o prazo recursal para a interposição de agravo em recurso extraordinário, ainda que não
venham a ser conhecidos.
c) devem ser recebidos como agravo em recurso extraordinário, em decorrência do princípio da fungibilidade
recursal.
d) devem ser julgados pelo prolator da decisão de origem, mas, somente se forem providos, será possível a
interposição de novo recurso ao STF.
8. (VUNESP/TJRJ – Juiz Estadual/2019) Com base no tratamento conferido pelo Código de Processo
Civil de 2015 aos recursos direcionados para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de
Justiça, é correto afirmar:
a) nos processos promovidos perante a justiça federal de primeira instância em que forem partes organismo
internacional e pessoa domiciliada no país, cabe agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de
Justiça das decisões interlocutórias previstas no artigo 1.015 do diploma processual.
b) da decisão que inadmite recurso extraordinário ou recurso especial em decorrência da aplicação de
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos, cabe
agravo em recurso extraordinário ou em recurso especial.
c) quando o recurso extraordinário ou especial fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente fará a
prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado
em que houver sido publicado o acórdão divergente, bastando, nas razões recursais, transcrever a ementa
do acórdão paradigma.
d) na hipótese de interposição conjunta de recurso extraordinário e recurso especial, uma vez concluído o
julgamento do recurso especial, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do
recurso extraordinário ainda que este estiver prejudicado, pois é da competência exclusiva do Supremo
Tribunal Federal declarar a existência de prejudicialidade.

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e) se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso
extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, inadmitirá o recurso
interposto por se tratar de recurso exclusivamente cabível para corrigir ofensa direta ao texto constitucional.
9. (VUNESP/TJ-MT – Juiz Substituto/2018) Em relação aos recursos previstos no Direito Processual
brasileiro, é correto afirmar que
a) não possui efeito suspensivo o recurso especial ou extraordinário contra a decisão do tribunal de segunda
instância no julgamento de resolução de demandas repetitivas.
b) no caso de falecimento do recorrente, é possível ao sucessor a complementação do recurso já interposto.
c) interposta apelação, não é possível ao juiz de primeiro grau convencer-se das razões expostas pelo
apelante e alterar a sentença proferida.
d) a desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida
e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
e) não impede a interposição do recurso a aquiescência tácita da parte com relação à decisão proferida.
10. (CONSULPLAN/TJ-MG – Juiz de Direito Substituto/2018) Foi indeferida prova pericial requerida pelo
autor. Acolhida a pretensão inicial, o autor apelou somente para alegar cerceamento de defesa porque
entende ser absolutamente necessária a prova indeferida. Ao julgar a apelação, o Tribunal negará
provimento aplicando o princípio
a) da isonomia.
b) da celeridade.
c) da cooperação.
d) da instrumentalidade das formas.
11. (CESPE/TJ-PR – Juiz Substituto/2017) Em cada uma das próximas opções, é apresentada uma
situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. Assinale a opção que, de acordo com a
legislação processual, apresenta a assertiva correta.
a) Foi distribuída para determinado juiz ação em que é parte instituição de ensino na qual ele leciona. Nessa
situação, o magistrado tem de se declarar suspeito, haja vista que a suspeição independe de arguição do
interessado.
b) Em determinada ação de cobrança, o magistrado julgou parcialmente procedente o pedido autoral,
condenando o réu a pagar metade do valor pleiteado. Nessa situação, os honorários advocatícios deverão
ser compensados em razão da sucumbência recíproca.
c) O MP deixou de apresentar parecer após o prazo legal que possuía para se manifestar como fiscal da
ordem jurídica. Nessa situação, o juiz deverá requisitar os autos e dar andamento ao processo mesmo sem
a referida manifestação.
d) Pedro ajuizou demanda contra Roberto e, na petição inicial, requereu a concessão de gratuidade de
justiça. Nessa situação, caberá agravo de instrumento contra a decisão que denegar ou conceder o pedido
de gratuidade.
12. (VUNESP/TJ-SP – Juiz de Direito Substituto/2016) Considere o seguinte caso hipotético. Simprônio,
Major da Polícia Militar, moveu ação indenizatória alegando danos morais e perdas e danos por não ter
sido promovido ao posto superior no concurso de promoção, alegando que a promoção teria sido
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impedida em razão da existência de processo de cobrança ajuizada em face do mesmo, quando na


realidade tratava-se de homônimo. A ação foi julgada procedente quanto ao pedido de danos morais,
tendo sido fixada indenização no montante de R$ 30.000,00. Interposto recurso pela Fazenda do Estado,
dois julgadores votaram dando provimento ao recurso do réu para julgar a ação improcedente porque o
autor não teria comprovado que a dívida seria de homônimo, enquanto o terceiro desembargador deu
provimento ao recurso entendendo que a ação seria improcedente em razão de prescrição da pretensão.
Assinale a alternativa correta, nos termos do Código de Processo Civil vigente.
a) Os julgadores que já tiverem votado, ocorrendo o novo julgamento na mesma sessão, não poderão rever
seus votos, pois como ocorre prosseguimento do julgamento, somente serão colhidos os votos dos novos
integrantes convocados para a sessão.
b) O julgamento deve ter prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores
ou na mesma sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão
colegiado, pois o julgamento não foi unânime quanto ao fundamento da improcedência.
c) O julgamento deve ser encerrado, não se aplicando a técnica de prosseguimento do julgamento, pois,
embora com fundamentos diversos, foi dado provimento ao recurso da Fazenda do Estado em decisão
unânime.
d) Se o recurso interposto fosse de agravo de instrumento por decisão parcial de mérito, caberia a aplicação
da técnica de prosseguimento do julgamento, pois houve julgamento divergente na fundamentação,
fazendo-se necessário o prosseguimento da sessão para colheita de voto de outros julgadores.
e) Seria possível o prosseguimento do julgamento em razão de julgamento não unânime mesmo se o
julgamento tivesse sido proferido somente em razão de remessa necessária.

Promotor

13. (PGR/PGR – Procurador da República/2017) É CORRETO AFIRMAR QUE O NOVO CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL:
a) Ampliou as hipóteses de aplicação da remessa necessária.
b) Criou o incidente de resolução de demandas repetitivas.
c) Extinguiu o juízo de admissibilidade pelo tribunal ad quem.
d) Permitiu o julgamento surpresa para garantir a celeridade processual.
14. (PGR/PGR – Procurador da República/2017) EM TEMA DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, É CORRETO
AFIRMAR QUE, DE ACORDO COM O NOVO CPC:
a) Interrompem o prazo para a interposição de outro recurso e, por via de consequência, ocorre a suspensão
da eficácia da decisão embargada.
b) Quando houver reiteração daqueles considerados protelatórios, a interposição de outro recurso ficará
condicionada, sempre, ao depósito prévio do valor da multa.
c) São cabíveis contra qualquer decisão judicial, mantida, quanto às hipóteses que justificam sua
interposição, a redação do art. 535 e seus incisos do CPC de 1973.
d) Admitem a aplicação do princípio da fungibilidade, desde que o recorrente seja intimado para ajustar as
razões recursais às exigências do art. 1.021, § 1º.
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15. (PGR/PGR – Procurador da República/2017) SEGUNDO ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL


DE JUSTIÇA:
I. Após a entrada em vigor do CPC/2015, não é mais devida a remessa pelo STJ, ao Tribunal de origem, do
agravo interposto contra decisão que inadmite recurso especial, com base na aplicação de entendimento
firmado em recursos repetitivos, para que seja conhecido como agravo interno.
II. Para afastar a incidência da Súmula 182/STJ, não basta a impugnação genérica dos fundamentos da
decisão agravada, pois, à falta de contrariedade, permanecem incólumes os motivos expendidos por seu
prolator.
III. Não é necessário o esgotamento das instâncias ordinárias para a interposição do recurso especial, pois,
além de cabível contra decisões que tenham julgado a ação em última instância, também o é contra aquelas
que a julgaram em única instância.
IV. A falta de indicação do dispositivo legal supostamente violado só não obsta o conhecimento do recurso
especial quando este for interposto com fundamento na alínea “c” do permissivo constitucional.
Das proposições acima:
a) I e II estão corretas;
b) I e III estão corretas;
c) II e IV estão corretas;
d) III e IV estão corretas.
16. (FCC/MPE-MT – Promotor de Justiça/2019) João Alberto ajuizou e perdeu parcialmente ação contra
Maria Eduarda. Apela e a seu recurso Maria Eduarda adere e interpõe o recurso adesivo cabível.
Distribuídos os apelos ao Segundo Grau, João Alberto desiste do apelo, sem que Maria Eduarda seja
ouvida. Essa desistência
a) é possível, pois o recurso adesivo é subordinado ao recurso independente e a desistência deste não
depende de anuência do recorrente adesivo, que não terá seu recurso conhecido.
b) não é possível, porque uma vez interpostos o recurso principal e o adesivo estes se vinculam, o que impede
a desistência ou a renúncia por quaisquer das partes.
c) não é possível, pois embora o recurso adesivo seja subordinado ao recurso principal, a desistência do apelo
principal depende sempre da oitiva do recorrente adesivo, uma vez que este não terá seu recurso conhecido
como consequência da desistência.
d) é possível, mas o ato não impedirá o conhecimento e a análise meritória do recurso adesivo, que após a
desistência passa a ter existência processual independente.
e) não é possível, pois todo ato processual de uma parte depende, para seu deferimento, da oitiva da parte
contrária no atual sistema processual civil.
17. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2019) Segundo entendimento do Superior Tribunal de
Justiça, é inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de
declaração, sem posterior ratificação.
18. (MPE-BA/MPE-BA – Promotor de Justiça Substituto/2018) Os pressupostos de admissibilidade
merecem análise prévia a ser feita pelo órgão jurisdicional, e, quando presentes, propiciam o seguimento
do recurso para que o mérito recursal seja julgado.
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Sobre o juízo de admissibilidade recursal, uma das alternativas abaixo não encontra respaldo na nossa lei
processual civil. Assinale-a.
a) O juízo de admissibilidade recursal, no caso da apelação, será feito pelos tribunais responsáveis pelo seu
julgamento, sendo dispensável aos juízes de primeiro grau exercê-lo.
b) Após o cumprimento das formalidades perante os tribunais de origem, far-se-á a remessa do Recurso
Especial ou do Recurso Extraordinário ao Superior Tribunal de Justiça ou ao Supremo Tribunal Federal,
independentemente de juízo de admissibilidade, onde deverão ser processados.
c) Pode ser negado seguimento ao recurso extraordinário pelo órgão destinatário, independentemente de
juízo positivo de admissibilidade pelo remetente.
d) Proferido juízo positivo de admissibilidade no Tribunal de origem e pelo relator no Superior Tribunal de
Justiça (STJ) ou ao Supremo Tribunal Federal (STF), ainda assim pode ter o seu processamento obstado pela
turma ou seção julgadora do mérito recursal.
e) Do juízo de admissibilidade negativo, impeditivo da remessa ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ), caberá agravo ao tribunal superior.
19. (FCC/MPE-PB – Promotor de Justiça Substituto/2018) Quanto aos recursos,
a) a apelação terá, como regra, somente o efeito devolutivo.
b) dos despachos cabe o recurso de correição parcial; das decisões interlocutórias cabe agravo de
instrumento e das sentenças cabe apelação.
c) a renúncia ao direito de recorrer depende da aceitação da outra parte.
d) o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do
recurso; a desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido
reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
e) o recurso adesivo fica de início subordinado ao recurso independente, mas se deste houver desistência ou
for considerado inadmissível subsistirá autonomamente, sendo conhecido e julgado como recurso principal.
20. (FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2018) Com relação aos recursos cíveis
previstos no CPC é INCORRETO afirmar, EXCETO:
a) Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser
designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos
no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial,
assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos
julgadores.
b) O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição do agravo de
instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que instruíram o recurso.
Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator dará provimento liminar ao agravo de
instrumento.
c) O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos no CPC e na Constituição Federal, serão
interpostos diretamente aos tribunais competentes para julgá-los, em petições distintas que conterão: a
exposição do fato e do direito; a demonstração do cabimento do recurso interposto; as razões do pedido de
reforma ou de invalidação da decisão recorrida.

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d) O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus
interesses. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros
ainda que as defesas sejam contrárias.
21. (MPE-BA/MPE-BA – Promotor de Justiça Substituto – Anulada/2018) Uma das assertivas a seguir
não se aplica ao recurso de apelação:
a) Como instrumento processual, o interessado requer o reexame de uma decisão com fito de modificá-la,
cassá-la ou integrá-la.
b) Interposto perante o juízo prolator da decisão, os seus requisitos de admissibilidade deverão ser
inicialmente verificados pelo juízo a quo.
c) Recebendo a apelação, o relator sorteado poderá decidir, sem submissão ao colegiado, em casos de não
impugnação especifica dos fundamentos da decisão recorrida.
d) A apelação terá, em regra, efeito suspensivo, muito embora possa o relator, nos casos em que o seu efeito
é meramente devolutivo, suspender a eficácia da sentença se demonstrada a probabilidade de provimento
do recurso.
e) A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais fundamentos dos pedidos do autor, mesmo
que tenha o juiz acolhido apenas um deles, se a defesa ou o pedido contiver mais de um fundamento.
22. (MPE-MS/MPE-MS – Promotor de Justiça Substituto/2018) A respeito dos recursos no Código de
Processo Civil, analise as afirmações:
I. Considerando que o recurso cabível contra decisão que indefere a petição inicial e extingue o feito sem
resolução do mérito é o recurso de apelação, resulta inadmissível o exercício de juízo de retratação pelo
magistrado.
II. Caberá agravo de instrumento contra decisão interlocutória proferida na fase de liquidação de sentença
ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário e em tutelas
provisórias, ressalvados os casos de tutela da evidência.
III. O juízo de admissibilidade do recurso de apelação será realizado somente pelo juízo de segundo grau.
IV. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, o relator poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou
deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz a sua
decisão.
V. Cabem embargos de declaração contra decisão que deixar de se manifestar sobre tese firmada em
julgamento de casos repetitivos.
Assinale a alternativa correta.
a) Os itens I, II e II estão corretos.
b) Os itens II, III e IV estão corretos.
c) Os itens II, IV e V estão corretos.
d) Os itens I, III e V estão corretos.
e) Os itens III, IV e V estão corretos.
23. CESPE/MPE-RR – Promotor de Justiça Substituto/2017

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Em cada uma das opções a seguir, é apresentada uma situação hipotética acerca dos processos nos tribunais
e dos meios de impugnação das decisões judiciais, seguida de uma assertiva a ser julgada. Assinale a opção
em que a assertiva está correta de acordo com a legislação processual civil.
a) Ao se manifestar sobre recurso de apelação interposto contra sentença de mérito prolatada após a
instrução probatória, o magistrado, em primeiro grau, não conheceu do recurso por considerar ausência de
interesse. Nessa situação, caberá reclamação constitucional por usurpação de competência do tribunal.
b) Em outubro de 2016, um cidadão interpôs recurso especial e, no STJ, verificou-se que o recorrente não
havia recolhido a importância das despesas de remessa e retorno dos autos. Nessa situação, o STJ não deverá
conhecer do recurso pois, não tendo a parte comprovado o pagamento das guias de porte de remessa e
retorno, aplica-se automaticamente a pena de deserção.
c) Em convenção processual, as partes acordaram quanto à possibilidade de interposição de recurso contra
todos os despachos proferidos no processo. Nessa situação, se a convenção tiver decorrido da livre
manifestação das partes, será legítima a criação de nova espécie recursal, porque a legislação processual
admite os negócios processuais atípicos.
d) A parte autora interpôs embargos de declaração de sentença de improcedência sob a alegação de
obscuridade na fundamentação, e a de que isso dificultará a interposição de futuro recurso para o tribunal.
Nessa situação, o juiz deverá intimar o embargado para manifestar-se sobre os embargos opostos porque
essa providência decorre de determinação normativa e independe da finalidade do embargante.
24. (MP-PR/MP-PR – Promotor Substituto/2019) Sobre os recursos em espécie, assinale a alternativa
incorreta, nos termos do Código de Processo Civil de 2015:
a) A decisão que julga antecipadamente parcela do mérito é recorrível por apelação.
b) O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público,
como parte ou como fiscal da ordem jurídica.
c) O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação.
d) Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do julgamento anterior, o
recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de declaração será
processado e julgado independentemente de ratificação.
e) É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar
improcedente o agravo interno.
25. (MPE-PR/MPE-PR – Promotor Substituto/2017) Sobre os recursos no Código de Processo Civil de
2015, assinale a alternativa correta:
a) O juízo de admissibilidade dos recursos de apelação e do agravo de instrumento são realizados apenas no
juízo recursal.
b) O recurso de apelação deve, necessariamente, ser julgado pelo colegiado do tribunal.
c) Uma vez tendo sido extinto o agravo retido, as decisões interlocutórias proferidas pelo juízo singular
devem ser recorridas por agravo de instrumento, sem exceção.
d) Os embargos de declaração possuem, em regra, efeito suspensivo, pois visam a complementação da
decisão.

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e) Nos recursos especial e extraordinário, a remessa aos tribunais superiores independe de juízo de
admissibilidade.
26. (FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2017) Sobre os recursos cíveis, é INCORRETO
afirmar:
a) O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público,
como parte ou como fiscal do ordenamento jurídico.
b) O prazo para interposição do recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados,
a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
c) No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o
respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. A insuficiência no valor
do preparo também implicará deserção, se o recorrente, intimado na pessoa do seu advogado, não vier a
supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias.
d) As questões resolvidas na fase de conhecimento, ainda que a decisão a seu respeito comporte agravo de
instrumento, não são cobertas pela preclusão e podem ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
27. (FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2017) Analise as seguintes assertivas:
I. Contra a decisão que julgar o incidente de distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a
ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado em primeiro grau, é cabível, por determinação
legal, o agravo de instrumento.
II. A parte poderá desistir da ação em curso no primeiro grau de jurisdição, antes de proferida a sentença, se
a questão nela discutida for idêntica à resolvida pelo recurso representativo da controvérsia.
III. Contra a decisão que negar seguimento a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à
qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral, ou a recurso
extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo
Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral, caberá agravo em recurso extraordinário do art.
1042. Assinale a alternativa CORRETA:
a) Somente a assertiva I é verdadeira.
b) Somente a assertiva II é verdadeira.
c) Somente as assertivas I e II são verdadeiras.
d) Somente a assertiva III é verdadeira.
28. (FUNDEP/MPE-MG – Promotor de Justiça Substituto/2017) Analise as seguintes assertivas em
conformidade com as normas do CPC/2015:
I. Caberá ação rescisória, cujo prazo bienal será contado do trânsito em julgado da última decisão proferida
no processo cujo pronunciamento se busca desconstituir, caso o plenário do Supremo Tribunal Federal
considere inconstitucional lei ou ato normativo que serviu de fundamento único para a prolação da decisão.
II. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão
constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de
repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.

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III. Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao
juízo competente.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Somente a assertiva I é verdadeira.
b) Somente a assertiva II é verdadeira.
c) Somente as assertivas I e II são verdadeiras.
d) Somente a assertiva III é verdadeira.
29. (MPE-RS/MPE-RS – Promotor de Justiça – reaplicação/2017) Assinale com V (verdadeiro) ou com F
(falso) as seguintes afirmações sobre o tema dos embargos de declaração, segundo o disposto no Código
de Processo Civil.
( ) Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro,
obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
( ) Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão embargada, o
embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de complementar
ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da intimação
da decisão dos embargos de declaração.
( ) Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão
fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dez por cento sobre
o valor atualizado da causa.
( ) Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, apenas quando os embargos de declaração sejam expressamente admitidos, e o tribunal
superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) F – V – F – F.
b) V – F – F – F.
c) V – V – F – F.
d) F – F – V – V.
e) V – F – V – V.
30. (MPE-PR/MPE-PR Promotor Substituto/2016) Sobre os recursos no Código de Processo Civil de
2015, assinale a alternativa correta:
a) A apelação do Código de Processo Civil de 2015 devolve ao tribunal apenas a matéria decidida na sentença,
não havendo possibilidade de que o tribunal analise outros assuntos analisados em decisões interlocutórias;
b) No processo eletrônico, a juntada de cópia das razões do agravo de instrumento é uma faculdade da parte
recorrente;
c) Os embargos de declaração possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de
recurso;

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d) No agravo interno, entendo o relator pela manutenção da decisão monocrática recorrida, poderá o
acórdão limitar-se à reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo
interno;
e) Determina o Código de Processo Civil que os vícios formais ensejam a imediata inadmissibilidade dos
recursos extraordinário e especial.
31. (MPE-RS/MPE-RS – Promotor de Justiça – Prova Anulada/2016) Assinale a alternativa INCORRETA
sobre o tema dos recursos, segundo disposto no Código de Processo Civil.
a) O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus
interesses.
b) Começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que extingue sem resolução
do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado.
c) As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito comportar agravo de
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
d) Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para suprir omissão de ponto ou questão
sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; considerando-se omissa a decisão que
deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção
de competência aplicável ao caso sob julgamento.
e) Cabe agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença
ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de inventário.
32. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2016) No âmbito dos juizados especiais cíveis os embargos
de declaração são oferecidos no prazo de cinco dias, contados da ciência da decisão e, uma vez recebidos,
suspendem o prazo recursal.

Comentários

A assertiva está incorreta. Antes do NCPC, estaria correta a assertiva.

Lei n. 9.099/95, Art. 50. Quando interpostos contra sentença, os embargos de declaração
suspenderão o prazo para recurso.

Contudo, o NCPC uniformizou o tratamento dos ED, prevendo não só no art. 1.026, CPC, mas também
alterando o art. 50, Lei n. 9.099/95 para afirmar que a oposição de ED interrompe o prazo recursal.

O Novo Código de Processo Civil alterou o dispositivo legal concernente aos embargos de declaração na Lei
nº 9.099/95, a saber:

Art. 1.065. O art. 50 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, passa a vigorar com a seguinte
redação: (Vigência)

“ Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de recurso.”

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33. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2016) Nos termos do novo Código de Processo Civil,
consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal
superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.
34. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça – Matutina/2016) Nos termos do novo Código de Processo
Civil, não é de competência do juízo de primeira instância exercer juízo de admissibilidade da apelação, já
que o exame cabe, originariamente, ao tribunal de segundo grau. Assim, decisão do juízo de primeira
instância que declare inadmissível a apelação é ato de usurpação de competência do tribunal, motivo pelo
qual a reclamação será a via processual adequada para impugnar-se o ato do juiz de primeira instância.
35. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2016) Nos termos do novo Código de Processo Civil, as
questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação,
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
36. (MPE-SC/MPE-SC – Promotor de Justiça/2016) O novo Código de Processo Civil prevê
expressamente a possibilidade de julgamento antecipado total e parcial do mérito. Enquanto o
provimento judicial de julgamento imediato total de mérito é uma sentença impugnável por apelação, a
decisão de julgamento antecipado parcial do mérito tem natureza interlocutória, impugnável por agravo
de instrumento.
37. (MPE-SC/MPE-SC - Promotor de Justiça/2016) Segundo entendimento majoritário do Superior
Tribunal de Justiça o relator, monocraticamente, não poderá dar ou negar provimento ao recurso ainda
que fundamentado em existência de entendimento dominante acerca do tema.

Defensor

38. (FGV/DPE-RJ – Defensor Público/2021) Edivânia, usufrutuária da unidade de nº 202, de um edifício


localizado no bairro da Pavuna, Rio de Janeiro, ajuíza uma ação de obrigação de fazer em face dos
proprietários – antigos e atual – da unidade de nº 102 do mesmo edifício. Alega a autora que os réus
Humberto e Leonardo, antigos proprietários do imóvel, fizeram, entre os anos de 1996 e 2005, obras
indevidas, invadindo área de ventilação e iluminação do prédio, devendo estas serem demolidas. Em
relação à terceira ré, Graziela, requer que sejam demolidas as obras realizadas, bem como se abstenha de
realizar outras construções no local, e churrascos e festas barulhentas, especialmente após as 22h. Os réus
foram citados e apresentaram contestação. Após a réplica autoral, foi proferida a seguinte decisão:
Trata-se de ação proposta por Edivânia em face de Graziela, Humberto e Leonardo. Pretende a parte autora:
1. ‘que os réus DESFAÇAM A OBRA IRREGULAR COMPOSTA POR SALA, LAVANDERIA E QUARTO, BEM COMO
QUALQUER OUTRA CONSTRUÇÃO EM ÁREA ‘non aedificandi’, destinada ao prisma de ventilação e
iluminação do prédio (só havia autorização para construção de uma marquise), sob pena de multa diária de
R$ 200,00, BEM COMO SE ABSTENHAM DE EFETUAR QUALQUER NOVA CONSTRUÇÃO’;
2. ‘que os réus SE ABSTENHAM DE UTILIZAR A ÁREA EXTERNA, SUB JUDICE, ou ao menos que se ABSTENHAM,
especificamente, de promover CHURRASCOS E FESTAS no local, tendo em vista o risco e o incômodo causado
aos demais moradores, bem como se ABSTENHAM DE FAZER barulho após as 22 horas, sob pena de aplicação
de multa de R$ 200,00 por ato violador’.

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O PRIMEIRO RÉU HUMBERTO apresenta manifestação alegando que não é proprietário do imóvel,
requerendo a sua exclusão do polo passivo. O SEGUNDO RÉU LEONARDO apresenta contestação, alegando
preliminarmente a sua ilegitimidade para figurar no polo passivo, ao argumento de que não era proprietário
do imóvel na época da obra, tampouco é o atual proprietário. Frisa que sequer é morador da unidade de nº
102, em que reside a primeira ré. Como prejudicial de mérito, sustenta a ocorrência de decadência do direito
de desfazimento da construção em relação ao direito de vizinhança. E, ainda, a prescrição da pretensão de
desfazimento da construção em relação à limitação administrativa. A TERCEIRA RÉ GRAZIELA apresentou sua
resposta suscitando a ilegitimidade da autora para propor a demanda, haja vista sua qualidade de
usufrutuária. Defende a decadência do direito de demolição da obra e a prescrição da pretensão pelo tempo
decorrido entre a legalização da obra junto à municipalidade e a data da propositura da presente demanda.
Réplica apresentada. É o breve relatório. DECIDO.
1. Primeiramente, acolho o pedido do primeiro réu Humberto e determino a sua exclusão do polo passivo,
ante a sua patente ilegitimidade, haja vista que não é o atual proprietário do imóvel. Dessa forma, em relação
a Humberto, JULGO EXTINTO O FEITO sem resolução de mérito, nos termos do Art. 485, inciso VI, do CPC.
Deixo de condenar a autora ao pagamento de honorários, haja vista que não houve apresentação de
contestação pelo primeiro réu.
2. Acolho, ainda, a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pelo segundo réu Leonardo, posto que
também não é proprietário do bem, não podendo responder pelas obrigações de fazer/não fazer pretendidas
pela autora. Em relação a Leonardo, JULGO EXTINTO O FEITO sem resolução de mérito, nos termos do Art.
485, inciso VI, do CPC. Deixo de condenar a autora ao pagamento de honorários, haja vista a renúncia da
patrona do segundo réu logo após a apresentação da peça defensiva.
3. Anote-se a exclusão do primeiro e do segundo réus do polo passivo.
4. Rejeito a preliminar de ilegitimidade ativa. A autora é condômina e, nesta qualidade, tem legitimidade
para propor a presente demanda em face de outro condômino que afeta área comum. Da mesma forma,
possui legitimidade para o exercício do direito de vizinhança.
5. As prejudiciais de decadência e de prescrição serão apreciadas quando do julgamento do mérito, eis que
sua análise depende de maior dilação probatória.
6. Fixo como ponto controvertido da demanda se a obra é irregular, se a área é ‘non aedificandi’, se causa
prejuízo à estrutura do edifício e aos moradores.
7. Defiro a produção de prova pericial, facultando às partes a apresentação de quesitos e a indicação de
assistentes técnicos, no prazo de 15 dias.
8. Defiro o acautelamento da mídia em cartório, em pen-drive, sendo certo que a irresignação da ré não se
sustenta, na medida em que somente as partes e este magistrado possuem acesso ao seu conteúdo.
9. Indefiro a oitiva de testemunhas, eis que desnecessária ao deslinde do feito. Rio de Janeiro, 21/05/2021.”
Considerando o contexto, é correto afirmar que:
a)a prova produzida pela parte autora – gravações das festas da parte ré – é ilícita pois realizada sem
autorização desta;
b) caso o juiz tivesse acolhido a alegação de prescrição ou decadência do direito em relação ao pedido
demolitório, não seria cabível a interposição de agravo de instrumento;

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c) as partes podem apresentar pedido de esclarecimento da decisão, no prazo de dez dias úteis, o qual possui
natureza de recurso;
d) a rejeição da preliminar de ilegitimidade ativa não enseja o cabimento de agravo de instrumento;
e)conforme entende o STJ, o indeferimento da prova testemunhal pode ser impugnado por meio de agravo
de instrumento, sob pena de preclusão.
39. (CESPE/DPE-DF – Defensor Público/2019)
Acerca do pedido, da tutela provisória, da citação, da suspeição e dos recursos, julgue o item que se segue.
Ao reformar sentença que reconheceu a prescrição, o tribunal deve determinar a devolução do processo ao
juízo de primeiro grau, para julgamento e instrução, se for o caso.
40. (CESPE/DPE-DF – Defensor Público/2019) A respeito da função jurisdicional, dos sujeitos do
processo, dos atos processuais e da preclusão, julgue o item seguinte.
Ocorrerá a preclusão lógica do recurso para a parte que aceitar, ainda que tacitamente, sentença que lhe foi
desfavorável.
41. (CESPE/DPE-DF – Defensor Público/2019) A respeito da função jurisdicional, dos sujeitos do
processo, dos atos processuais e da preclusão, julgue o item seguinte.
Será considerado intempestivo o recurso de apelação interposto antes da publicação da sentença.
42. (FCC/DPE-SP – Defensor Público/2019) O Superior Tribunal de Justiça reconhece a multiplicidade
de recursos questionando a aplicação de um determinado índice de correção incidente sobre uma espécie
de negócio jurídico. De acordo com a sistemática de recursos especiais repetitivos,
a) o relator poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos tribunais de justiça ou dos tribunais
regionais federais a remessa de um recurso representativo da controvérsia e, caso constate que os recursos
contêm outras questões além daquela que é objeto da afetação, decidirá primeiramente as demais questões
antes de decidir sobre a questão repetitiva.
b) a decisão que determina a devolução para o Tribunal de origem, para o juízo de retratação ou
conformação, a fim de aguardar-se o julgamento de matéria submetida ao rito dos recursos repetitivos, tem
sido entendida pelo Superior Tribunal de Justiça como irrecorrível.
c) a decisão de afetação deverá indicar com precisão a questão que será submetida a julgamento e
determinará o sobrestamento de todos os demais recursos sobre o tema em todo o território nacional, mas
não obstará o prosseguimento dos processos nos graus inferiores de jurisdição.
d) a parte que tenha o seu recurso especial suspenso na origem, caso demonstre distinção entre a questão
a ser decidida no processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, deverá
requerer o prosseguimento do seu recurso ao relator, no tribunal superior.
e) a decisão que determina o sobrestamento dos processos em que se discuta o tema objeto de recursos
especiais repetitivos somente alcança os processos individuais, mas não tem o efeito de suspender o
andamento de processos coletivos, diante do interesse público subjacente.
43. (FCC/DPE-AM – Defensor Público – reaplicação/2018) O Ministro Relator de Recurso Especial nega
seguimento à impugnação recursal. Neste caso,
a) é cabível agravo interno.
b) é cabível agravo de instrumento.
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c) é cabível agravo de admissibilidade.


d) é irrecorrível, a decisão.
e) são cabíveis somente embargos de declaração.
44. (FCC/DPE-RS – Defensor Público/2018) Sobre os recursos no Código de Processo Civil, é correto
afirmar:
a) Se os recursos de agravo de instrumento e apelação houverem de ser julgados na mesma sessão, será
declarada a perda do objeto do recurso de agravo de instrumento.
b) Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser
designada com a presença de outros julgadores, em número suficiente para garantir a possibilidade de
inversão do resultado inicial, aplicando-se a mesma regra ao julgamento não unânime proferido em agravo
de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.
c) Os embargos de declaração possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de
recurso.
d) O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local, se intimado pelo relator para tanto.
e) A parte recorrente pode desistir unilateralmente do recurso, mas essa desistência não afeta a apreciação
de eventual recurso adesivo da contraparte, nem impede a análise de questão cuja repercussão geral já
tenha sido reconhecida e daquele objeto de julgamento de recursos especiais ou extraordinários repetitivos.
45. (FCC/DPE-RS – Defensor Público/2018) Sobre o recurso de Agravo de Instrumento e suas
disposições no Código de Processo Civil, é correto afirmar:
a) Caberá agravo de instrumento, dentre outras hipóteses, contra decisões interlocutórias proferidas na fase
de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.
b) Quer sejam eletrônicos os autos do processo, quer sejam físicos, a petição de agravo de instrumento será
instruída obrigatoriamente com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a decisão
agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que
comprove a tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.
c) O juízo de primeiro grau pode atribuir efeito suspensivo ao recurso de agravo de instrumento, desde que
o agravante demonstre a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a fundamentação, se
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
d) A má formação do instrumento de agravo por ausência de peça obrigatória só é sanável por motivo de
força maior que, se não comprovado, enseja a imediata inadmissão do recurso.
e) A juntada aos autos do processo, pela parte agravante, de cópia da petição de agravo de instrumento, do
comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que o instruíram é facultada ao agravante
no prazo de 03 dias, contados da efetiva interposição, mas a omissão dessa providência não autoriza a
inadmissão do recurso.
46. (FCC/DPE-AP – Defensor Público/2018) A sustentação oral nos agravos de instrumento,
a) será cabível nas decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de urgência, bem como nas
decisões sobre o mérito da causa.

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b) passou a ser cabível de qualquer decisão interlocutória, desde que tenha causado gravame à parte
recorrente.
c) não é cabível em nenhuma situação, por não caber sustentação oral de decisões interlocutórias.
d) passou a ser cabível de decisões interlocutórias que versem somente sobre o mérito da causa.
e) só é cabível nas decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de urgência ou da evidência.
47. (FCC/DPE-AM – Defensor Público/2018) Considere as seguintes situações abaixo, retratando
decisões havidas em três processos diferentes:
I. Antes da citação do demandando, o juiz julga liminarmente improcedente o único pedido feito pelo autor,
em razão de contrariar súmula do Superior Tribunal de Justiça.
II. Após a apresentação de contestação, o juiz julga parcialmente o mérito, para o fim de acolher um dos
pedidos feitos pelo autor em razão de sua incontrovérsia.
III. O juiz não acolhe a contradita de uma testemunha arrolada pela parte adversa, toma o compromisso e
colhe o depoimento da testemunha.
IV. O juiz decide antecipadamente o mérito, julgando parcialmente procedente o único pedido feito pelo
autor, concedendo a pretensão em menor medida daquela postulada na inicial.
Considere as sistemáticas recursais abaixo:
1. Não há recorribilidade imediata, devendo a questão ser objeto de preliminar de apelação.
2. Cabe apelação, com a possibilidade de juízo de retratação.
3. Cabe apelação, sem a possibilidade de juízo de retratação.
4. Cabe agravo de instrumento.
A correta correspondência entre as decisões e o sistema recursal aplicável está APENAS em
a) I-2; II-4; III-1; IV-3.
b) I-3; II-4; III-1; IV-2.
c) I-2; II-1; III-4; IV-3.
d) I-4; II-4; III-1; IV-4.
e) I-2; II-3; III-4; IV-4.
48. (CESPE/DPE-AC – Defensor Público/2017) A respeito da apelação e considerando-se o
entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta.
a) A eficácia de sentença que decrete a interdição não poderá ser suspensa pelo relator da apelação, mesmo
se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso.
b) O valor das astreintes não poderá ser reduzido de ofício, pela segunda instância, quando a questão for
suscitada em recurso de apelação não conhecido.
c) Concedida à antecipação dos efeitos da tutela em recurso adesivo, será admitida a desistência do recurso
de apelação principal, caso a petição de desistência tenha sido apresentada antes do julgamento dos
recursos.

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d) Em caso de condenação ao pagamento de alimentos, o efeito suspensivo da apelação é dispensável, pois


a sentença não começa a produzir efeitos imediatamente após sua publicação.
e) Em razão da preclusão operada, novas questões de fato não poderão ser suscitadas em sede de apelação,
mesmo se a parte comprovar que deixou de provocá-las por força maior.
49. (CESPE/DPE-AC – Defensor Público/2017) Com relação aos embargos declaratórios, assinale a
opção correta.
a) Caso sejam acolhidos e modifiquem a decisão embargada, o embargado que houver aviado outro recurso
contra a decisão originária deverá complementar as razões deste recurso.
b) Deverá ser ratificado recurso que houver sido interposto pela outra parte antes do julgamento dos
embargos, caso estes sejam rejeitados.
c) Por interromperem o prazo para a interposição de recursos, dispensam a intimação das partes quanto à
decisão proferida em virtude do julgamento desses recursos.
d) Se manifestamente protelatórios, o juiz, fundamentadamente, condenará o embargante a pagar ao
embargado, inicialmente, multa correspondente a dez por cento sobre o valor da causa.
e) Se forem opostos contra decisão de relator proferida em tribunal, serão decididos monocraticamente pelo
órgão prolator de decisão embargada.
50. (FCC/DPE-ES – Defensor Público/2016) Sobre o sistema recursal no novo Código de Processo Civil.
a) o Superior Tribunal de Justiça deverá negar seguimento ao recurso especial que suscite o conhecimento
de questão constitucional.
b) são cabíveis embargos infringentes contra acórdão não unânime que tenha reformado, em grau de
apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória.
c) os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido
diverso, mas a apelação, como regra, tem efeito suspensivo.
d) as decisões interlocutórias que não se enquadram nas hipóteses de cabimento do agravo de instrumento
são irrecorríveis, razão pela qual podem ser atacadas por mandado de segurança contra ato judicial.
e) o recurso especial tem seu juízo de admissibilidade realizado exclusivamente pelo próprio Superior
Tribunal de Justiça.
51. (FCC/DPE-BA Defensor Público/2016) Analise as proposições abaixo, a respeito dos recursos:
I. Os recursos impedem, em regra, a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido
contrário.
II. O recorrente pode desistir do recurso sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, mas a desistência
não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de
julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos.
III. Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de
quinze dias.
IV. Os embargos de declaração possuem efeito suspensivo da eficácia da decisão e do prazo para a
interposição de outros recursos.
Está correto o que se afirma APENAS em

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a) II e III.
b) I, III e IV.
c) I, II e IV.
d) III.
e) II e IV.
52. (UFMT/DPE-MT – Defensor Público/2016) Acerca dos precedentes no Código de Processo Civil
(CPC/2015), marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Autorizam o julgamento de improcedência liminar do pedido: os enunciados de súmula do Supremo
Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, acórdãos proferidos pelo Superior Tribunal de Justiça e
Supremo Tribunal Federal em julgamento de recursos repetitivos, entendimento firmado em incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência e enunciado de súmula de Tribunal de
Justiça sobre direito local.
( ) Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para garantir a observância de enunciado
de súmula vinculante, de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade, de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas
ou de incidente de assunção de competência.
( ) Nos Tribunais, poderá o relator negar provimento a recurso que for contrário à súmula do Supremo
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal, acórdão proferido pelo Supremo
Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos e entendimento
firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência.
( ) Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de
inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal
de Justiça, do próprio tribunal ou acórdão proferido em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
de assunção de competência.
( ) A reclamação poderá ter como objeto sentença, quando for destinada a garantir a observância de acórdão
proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos.
Assinale a sequência correta.
a) F, V, F, V, F
b) F, F, V, F, F
c) V, F, V, V, V
d) V, F, F, V, V
e) V, V, V, F, F
53. (UFMT/DPE-MT – Defensor Público/2016) Sobre os recursos no Código de Processo Civil
(CPC/2015), assinale a afirmativa correta.
a) Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação,
a sentença de mérito.
b) Cabe recurso de agravo de instrumento contra a decisão que negar o pleito de produção de prova pericial,
formulado na petição inicial.

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c) Não cabe recurso de agravo de instrumento contra a decisão que inverte o ônus da prova, podendo,
todavia, ser impugnada por meio de recurso de apelação, após a prolação de sentença.
d) As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de
instrumento, poderão ser suscitadas pelo apelado em contrarrazões.
e) Das decisões interlocutórias proferidas em audiência admitir-se-á interposição oral do agravo retido, a
constar do respectivo termo, expostas sucintamente as razões que justifiquem o pedido de nova decisão.

Procurador

54. (FEPESE/Prefeitura de Itajaí – Assistente Jurídico/2020) De acordo com o artigo 1.015 do Código de
Processo Civil, cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
1. acolhimento da convenção de arbitragem.
2. mérito do processo.
3. incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
4. exclusão de litisconsorte.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a)São corretas apenas as afirmativas 1 e 4.
b) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
e) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
55. (VUNESP/Prefeitura de São Roque - Advogado/2020) Considerando o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça a respeito de recursos, pode-se corretamente afirmar:
a)É admissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios,
não foi apreciada pelo Tribunal a quo.
b) Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do julgamento dos embargos de
declaração, quando inalterado o resultado anterior.
c) Enseja recurso especial a simples interpretação de cláusula contratual, mas não o simples reexame de
prova.
d) É admissível recurso especial sempre que o acórdão recorrido assenta em fundamento constitucional e
infraconstitucional, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário.
e) Não cabe recurso especial contra decisão proferida, nos limites de sua competência, por órgão de segundo
grau dos Juizados Especiais.
56. (FCC/PGE-AP – Procurador do Estado/2018) Em relação ao agravo de instrumento,
a) na sistemática do atual Código de Processo Civil cabe sustentação oral em qualquer hipótese de
interposição de agravo de instrumento.

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b) o relator poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso, mas não antecipar a tutela recursal, o que
caracterizaria supressão de instância.
c) para a legislação processual civil, o rol das hipóteses que admitem a interposição do agravo de instrumento
é meramente elucidativo e não taxativo.
d) da decisão do relator que examina e concede ou não pedido de efeito suspensivo no agravo de
instrumento não cabe recurso, podendo porém ser impetrado mandado de segurança.
e) entre outras hipóteses, cabe agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de
liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.
57. (FCC/PGE-AP – Procurador do Estado/2018) Em relação à jurisprudência dominante dos Tribunais
Superiores, em matéria processual,
a) é ineficaz a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação residencial.
b) é sempre necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do julgamento dos embargos de
declaração.
c) a recuperação judicial do devedor principal impede o prosseguimento das ações e execuções ajuizadas
contra terceiros devedores solidários ou coobrigados.
d) em ação monitória fundada em cheque prescrito contra o emitente, é indispensável a menção ao negócio
jurídico subjacente à emissão da cártula.
e) o relator, monocraticamente e no Superior Tribunal de Justiça, poderá dar ou negar provimento ao recurso
quando houver entendimento dominante acerca do tema.
58. (VUNESP/PGE-SP – Procurador do Estado/2018) A sentença proferida em sede de ação civil pública,
que acolhe integralmente o pedido do autor e autoriza a liberação de remédios de uso proibido por órgãos
administrativos fiscalizadores, todos potencialmente lesivos à saúde da população, enseja
a) apenas pedido de suspensão de segurança que, por evidente prejudicialidade, suspende o prazo do
recurso de agravo, mas não o do recurso de apelação.
b) apelação, cujo efeito suspensivo deve ser pleiteado diretamente no Tribunal, por meio de medida cautelar
autônoma e inominada.
c) apelação, cujo efeito suspensivo é automático e impede a execução definitiva da decisão.
d) apelação, com pedido de efeito suspensivo. Depois disso, a Fazenda de São Paulo deverá protocolar, no
Tribunal de Justiça, um pedido de análise imediata desse efeito suspensivo pleiteado. Ao mesmo tempo, a
Fazenda poderá pedir suspensão dos efeitos da sentença ao Presidente do Tribunal competente.
e) agravo de instrumento contra o capítulo da decisão que concedeu a ordem de liberação imediata das
mercadorias, com pedido de efeito ativo, e apelação do capítulo que julgou o mérito.
59. (VUNESP/PGE-SP – Procurador do Estado/2018) Em relação ao recurso de embargos de divergência,
é correto afirmar:
a) cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma turma que proferiu a decisão
embargada, desde que sua composição tenha sofrido alteração em, no mínimo, um terço dos seus membros.
b) é cabível nos processos de competência originária do Supremo Tribunal Federal.

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c) é embargável o acórdão de órgão fracionário que, em recurso especial ou extraordinário, divergir do


julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha
conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia.
d) não poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamento de recursos e de ações de
competência originária.
e) se os embargos de divergência forem desprovidos, o recurso extraordinário interposto pela outra parte
antes da publicação do julgamento dos embargos de divergência sempre deverá ser ratificado.
60. (CESPE/PGE-PE – Procurador do Estado/2018) Em instância extraordinária, o relator do processo
constatou que o advogado subscritor do recurso especial não tinha procuração nos autos.
Considerando-se as disposições do CPC, o relator deve, nessa situação hipotética,
a) declarar o recurso inexistente.
b) oportunizar a regularização da representação processual.
c) oportunizar a regularização da capacidade processual do recorrente.
d) remeter o processo ao colegiado para decisão.
e) deixar de conhecer do recurso especial.
61. (CESPE/PGE-SE – Procurador do Estado/2017) Ao realizar o juízo de admissibilidade de recurso
especial, o vice-presidente de um tribunal de justiça, em decisão monocrática, negou seguimento ao
recurso por considerar, simultaneamente, que não existiam pressupostos de admissibilidade recursal e
que o acórdão impugnado pelo recorrente estava em conformidade com precedente firmado pelo STJ em
sede de recurso repetitivo.
Nessa situação hipotética, para impugnar integralmente a decisão que obsta o prosseguimento do recurso
aviado, a parte interessada deverá
a) interpor novo recurso especial.
b) interpor recurso de agravo em recurso especial.
c) interpor recurso de agravo interno.
d) interpor, simultaneamente, recurso de agravo interno e recurso de agravo em recurso especial.
e) impetrar mandado de segurança, pois não existe recurso previsto em lei para essa situação.
62. (FCC/PGE-MT – Procurador do Estado/2016) Em 20/06/2016 (segunda-feira), foi enviada à
Procuradoria do Estado do Mato Grosso, por meio de portal próprio, intimação eletrônica de sentença de
mérito contrária à Fazenda Pública. Diante desta situação hipotética, considerando o prazo para o recurso
cabível e as prerrogativas da Fazenda Pública, o prazo recursal é de
a) quinze dias úteis e terá início apenas depois de dez dias, contados a partir do envio da intimação ao portal,
caso o Procurador não tenha consultado o teor da intimação antes deste prazo.
b) quinze dias úteis e somente terá início com a intimação pessoal da Fazenda Pública, por meio de oficial de
justiça, uma vez que tal prerrogativa é assegurada pela lei.
c) quinze dias úteis e somente terá início quando o Procurador do Estado consultar o teor da intimação
eletrônica, independentemente de qualquer outro prazo.

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d) trinta dias úteis e terá início apenas depois de dez dias, contados a partir do envio da intimação ao portal,
caso o Procurador não tenha consultado o teor da intimação antes deste prazo.
e) trinta dias úteis e somente terá início depois de vinte dias, contados a partir do envio da intimação ao
portal, caso o Procurador não tenha consultado o teor da intimação antes deste prazo.
63. (UEPA/PGE-PA – Procurador do Estado/2015) Sobre o novo Código de Processo Civil (Lei
13.105/05), é correto afirmar que:
a) de acordo com a Lei 13.105/05, é obrigatório o exaurimento da jurisdição local para o manejo do Recuso
Especial, sendo imperiosa a interposição de embargos infringentes quando o acórdão tiver reformado em
grau de apelação a sentença de mérito, mediante decisão não unânime.
b) a sistemática recursal prevista na Lei 13.105/05 prevê a interposição de agravo retido como regra geral
para atacar decisões interlocutórias, contrárias ao interesse de alguma das partes.
c) os Estados, suas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazos em dobro para todas as suas
manifestações processuais, cuja contagem será iniciada a partir da intimação pessoal.
d) nos termos do seu artigo 190, a nova codificação, em qualquer hipótese, permite que as partes possam
estipular mudanças no procedimento processual, de modo à ajustá-lo às especificidades da causa.
e) de acordo com a Lei 13.105/05, os prazos serão computados em dias corridos, sendo suspensos nos dias
compreendidos entre 15 de dezembro a 15 de janeiro.
64. (UEPA/PGE-PA – Procurador do Estado/2015) De acordo com o Novo Código de Processo Civil (Lei
13.105/05), julgue as afirmativas abaixo.
I. O apelado poderá em sede de contrarrazões impugnar questão resolvida na fase de conhecimento, se a
decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento.
II. Não se considera fundamentado acórdão, que não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelos julgadores.
III. É cabível sustentação oral pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um,
sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao membro do Ministério
Público, em Agravo de Instrumento interposto contra qualquer decisão interlocutória.
IV. Tendo sido o Estado condenado ao pagamento no valor de até 1.000 (hum mil) salários-mínimos não se
aplica o instituto da remessa necessária.
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) II e III
b) I e IV
c) III e IV
d) II e IV
e) I e II

GABARITO

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Magistratura 21. B 43. A


22. E 44. B
1. D 23. A 45. A
2. A 24. A 46. E
3. D 25. A 47. A
4. C 26. D 48. B
5. B 27. C 49. D
6. A 28. B 50. C
7. A 29. B 51. A
8. A 30. B 52. E
9. D 31. C 53. D
10. D 32. Incorreta
11. C 33. Correta Procurador
12. C 34. Correta
35. Correta 54. E
Promotor 36. Correta 55. B
37. Incorreta 56. E
13. B 57. E
14. D Defensor 58. D
15. A 59. C
16. A 38. D 60. B
17. Incorreta 39. Incorreta 61. D
18. B 40. Correta 62. D
19. D 41. Incorreta 63. C
20. A 42. B 64. E

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