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HUMANOS
Edição
2022.1
DIREITOS HUMANOS
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 8
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS ................................................................................ 9
1. CONCEITO .............................................................................................................................. 9
2. TERMINOLOGIA ..................................................................................................................... 9
2.1. DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................................................ 9
2.2. DIREITOS DO HOMEM .................................................................................................. 10
2.3. LIBERDADES PÚBLICAS E LIBERDADES FUNDAMENTAIS ....................................... 10
2.4. DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS ....................................................................... 10
3. FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS ...................................................................... 10
3.1. NEGACIONISTA............................................................................................................. 10
3.2. JUSNATURALISTA ........................................................................................................ 11
3.3. POSITIVISTA.................................................................................................................. 11
4. FONTES ................................................................................................................................ 11
4.1. CONVENÇÕES INTERNACIONAIS ............................................................................... 12
4.2. COSTUME INTERNACIONAL ........................................................................................ 12
4.3. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO ............................................................................... 13
4.4. DECISÕES JUDICIAIS E DOUTRINA ............................................................................ 13
4.5. OUTRAS FONTES ......................................................................................................... 13
5. CLASSIFICAÇÃO .................................................................................................................. 14
5.1. CLASSIFICAÇÃO CLÁSSICA – GERAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS ...................... 14
5.1.1. 1ª Geração/Dimensão .............................................................................................. 14
5.1.2. 2ª Geração/Dimensão .............................................................................................. 14
5.1.3. 3ª Geração/Dimensão .............................................................................................. 15
5.2. CLASSIFICAÇÃO CONFORME O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS
HUMANOS ................................................................................................................................ 15
5.2.1. Direitos Civis ............................................................................................................ 15
5.2.2. Direitos Políticos ...................................................................................................... 19
5.2.3. Direitos Econômicos ................................................................................................ 20
5.2.4. Direitos sociais......................................................................................................... 21
5.2.5. Direitos Culturais ..................................................................................................... 23
5.3. DIREITOS HUMANOS GLOBAIS ................................................................................... 23
6. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO ..................................................................................... 23
6.1. PRINCÍPIO PRO HOMINE OU PRO PERSONA............................................................. 24
6.2. PRINCÍPIO DA EFICÁCIA DIRETA OU DA AUTOEXECUTORIEDADE ......................... 24
6.3. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO AUTÔNOMA ........................................................... 25
6.4. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO EVOLUTIVA OU DINÂMICA ................................... 25
6.5. TEORIA DA MARGEM DE APRECIAÇÃO ...................................................................... 25
7. CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................. 25
7.1. INERÊNCIA .................................................................................................................... 26
7.2. UNIVERSALIDADE ........................................................................................................ 26
7.3. INDIVISIBILIDADE E INTERDEPENDÊNCIA ................................................................. 27
7.4. TRANSNACIONALIDADE............................................................................................... 27
7.5. PROIBIÇÃO DO REGRESSO OU VEDAÇÃO DO RETROCESSO ................................ 28
7.6. IMPRESCRITIBILIDADE ................................................................................................ 28
7.7. INALIENABILIDADE ....................................................................................................... 28
7.8. IRRENUNCIABILIDADE ................................................................................................. 28
7.9. EFETIVIDADE ................................................................................................................ 28
.
7.10. HISTORICIDADE ............................................................................................................ 28
7.11. LIMITABILIDADE RELATIVIDADE ................................................................................. 28
7.12. ABERTURA, NÃO TIPICIDADE OU INEXAURIBILIDADE .............................................. 29
8. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ....................................................................................................... 29
8.1. FASE PRÉ-ESTADO CONSTITUCIONAL ...................................................................... 29
8.1.1. A Antiguidade Oriental e o esboço da construção de direitos ................................... 29
8.1.2. A visão grega e a democracia ateniense.................................................................. 29
8.1.3. A República Romana ............................................................................................... 29
8.1.4. O Antigo e o Novo Testamento e as influências do cristianismo e da Idade Média .. 30
8.1.5. Resumo da ideia dos direitos humanos na Antiguidade: a liberdade dos antigos e a
liberdade dos modernos......................................................................................................... 30
8.2. CRISE DA IDADE MÉDIA, INÍCIO DA IDADE MODERNA E PRIMEIROS DIPLOMAS DE
DIREITOS HUMANOS .............................................................................................................. 30
8.3. DEBATE DAS IDEIAS DE HOBBERS, GRÓCIO, LOCKE, ROUSSEAU E OS
ILUMINISTAS ............................................................................................................................ 30
8.4. FASE DO CONSTITUCIONALISMO LIBERAL E DAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS.31
8.5. FASE DO SOCIALISMO E DO CONSTITUCIONALISMO SOCIAL ................................ 31
8.6. INTERNACIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ................................................ 31
9. PRECEDENTES HISTÓRICOS DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS
31
9.1. DIREITO HUMANITÁRIO ............................................................................................... 31
9.2. LIGA DAS NAÇÕES ....................................................................................................... 32
9.3. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO...................................................... 32
10. EIXOS DE PROTEÇÃO ..................................................................................................... 32
10.1. DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS .............................................. 32
10.2. DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIO .................................................................. 33
10.3. DIREITO INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS ........................................................... 33
TEORIA GERAL DOS SISTEMAS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS
HUMANOS ................................................................................................................................... 34
1. ELEMENTOS CARACTERIZADORES .................................................................................. 34
1.1. NORMAS ........................................................................................................................ 34
1.2. ÓRGÃOS ........................................................................................................................ 34
1.3. MECANISMOS DE PROTEÇÃO..................................................................................... 34
2. ESPÉCIES DE SISTEMA INTERNACIONAL ......................................................................... 35
3. PRINCÍPIOS .......................................................................................................................... 35
3.1. PRINCÍPIO DA COEXISTÊNCIA .................................................................................... 35
3.2. PRINCÍPIO DA LIVRE ESCOLHA .................................................................................. 35
3.3. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE OU DA COMPLEMENTARIEDADE....................... 35
3.4. PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO ..................................................................................... 36
SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ............................................... 37
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ....................................................................................................... 37
1.1. CARTA DE SÃO FRANCISCO ....................................................................................... 37
1.2. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS ................................................ 37
1.3. PACTOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS................................................ 37
1.4. MECANISMOS DE PROTEÇÃO..................................................................................... 39
2. ARQUITETURA NORMATIVA DO SISTEMA GLOBAL.......................................................... 39
3. ESTRUTURA DA ONU .......................................................................................................... 40
4. MECANISMOS DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS ............................................... 41
4.1. CONCEITO..................................................................................................................... 41
.
4.2. MECANISMOS CONVENCIONAIS x MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS ........... 41
4.3. MECANISMOS CONVENCIONAIS ................................................................................. 42
4.3.1. Mecanismos convencionais não contenciosos ......................................................... 43
4.3.2. Mecanismos convencionais quase-contenciosos ..................................................... 44
4.3.3. Mecanismos convencional contencioso ................................................................... 44
4.4. MECANISMOS EXTRACONVENCIONAIS ..................................................................... 45
4.4.1. Procedimentos especiais ......................................................................................... 45
4.4.2. Procedimento de queixa .......................................................................................... 45
4.4.3. Revisão periódica universal ..................................................................................... 46
5. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) ....................................... 47
6. PACTO INTERNACIONAL SOBRE DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS..................................... 50
6.1. PROTOCOLOS FACULTATIVOS ................................................................................... 57
6.2. MECANISMO DE PROTEÇÃO: COMITÊ DE DIREITOS HUMANOS ............................. 57
6.3. CASO LULA ................................................................................................................... 61
7. PACTO INTERNACIONAL DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS
(PIDESC) ...................................................................................................................................... 62
7.1. MECANISMO DE PROTEÇÃO: COMITÊ DE DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E
CULTURAIS .............................................................................................................................. 65
7.1.1. Comunicações individuais (queixas ou petições) ..................................................... 65
7.1.2. Comunicações interestatais ..................................................................................... 66
7.1.3. Procedimento de investigação ................................................................................. 66
8. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE
DISCRIMINAÇÃO RACIAL ........................................................................................................... 66
8.1. COMITÊ PARA A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL .................................... 68
9. CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO
CONTRA A MULHER ................................................................................................................... 69
9.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS
FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER ............................................................. 71
9.2. COMITÊ SOBRE A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER ............ 71
10. CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS,
DESUMANOS OU DEGRADANTES ............................................................................................. 73
10.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS
TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES ........................... 77
10.2. COMITÊ.......................................................................................................................... 78
10.3. SUBCOMITÊ PARA PREVENÇÃO DA TORTURA ......................................................... 82
11. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA ........................... 82
11.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS
DIREITOS DAS CRIANÇAS, RELATIVO À VENDA DE CRIANÇAS, PROSTITUIÇÃO INFANTIL
E PORNOGRAFIA INFANTIL .................................................................................................... 86
11.2. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS
DIREITOS DA CRIANÇA, RELATIVO À PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS EM CONFLITOS
ARMADOS ................................................................................................................................ 86
11.3. COMITÊ SOBRE OS DIREITOS DAS CRIANÇAS ......................................................... 86
12. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA ............................................................................................................................... 88
12.1. PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA PESSOA
COM DEFICIÊNCIA .................................................................................................................. 91
12.2. COMITÊ DOS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS ................................... 91
13. CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E PUNIÇÃO AO CRIME DE GENOCÍDIO.............. 92
.
14. CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A PROTEÇÃO DE TODAS AS PESSOAS
CONTRA OS DESAPARECIMENTOS FORÇADOS ..................................................................... 93
14.1. COMITÊ CONTRA DESAPARECIMENTOS FORÇADOS .............................................. 94
15. CONVENÇÃO PARA A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE TODOS OS TRABALHADORES
MIGRANTES E MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS ...................................................................... 96
15.1. COMITÊ.......................................................................................................................... 97
SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ............................. 98
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA ....................................................................................................... 98
1.1. 1ª ETAPA: ANTECEDENTES DA CRIAÇÃO .................................................................. 98
1.2. 2ª ETAPA: INAUGURAÇÃO E FORMAÇÃO DO SISTEMA ............................................ 99
1.3. 3ª ETAPA: INÍCIO DO PERÍODO DE MONITORAMENTO ........................................... 102
1.4. 4ª ETAPA: INSTITUCIONALIZAÇÃO CONVENCIONAL DO SISTEMA ........................ 102
1.5. 5ª ETAPA: CONSOLIDAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DO SISTEMA ......................... 102
2. DIVISÃO DO SISTEMA INTERAMERICANO....................................................................... 103
3. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS............................................... 103
3.1. CONCEITO................................................................................................................... 103
3.2. ORIGEM ....................................................................................................................... 103
3.3. REGIME JURÍDICO ...................................................................................................... 104
3.4. FUNÇÕES .................................................................................................................... 104
3.5. COMPOSIÇÃO ............................................................................................................. 107
3.5.1. Membros................................................................................................................ 107
3.5.2. Processo de escolha dos membros ....................................................................... 107
3.5.3. Mandato ................................................................................................................ 109
3.5.4. Regime de incompatibilidades ............................................................................... 109
3.5.5. Impedimentos ........................................................................................................ 110
3.6. FUNCIONAMENTO ...................................................................................................... 110
3.6.1. Organização interna............................................................................................... 111
3.6.2. Período de sessões ............................................................................................... 112
3.6.3. Relatorias e grupos de trabalho ............................................................................. 112
3.6.4. Quórum de votação ............................................................................................... 114
3.7. IDIOMAS DE TRABALHO............................................................................................. 114
4. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ..................................................... 114
4.1. CONCEITO................................................................................................................... 114
4.2. ORIGEM ....................................................................................................................... 116
4.3. REGIME JURÍDICO ...................................................................................................... 116
4.4. COMPOSIÇÃO ............................................................................................................. 116
4.4.1. Membros................................................................................................................ 117
4.4.2. Requisitos para o cargo ......................................................................................... 117
4.4.3. Eleição ................................................................................................................... 118
4.4.4. Mandato ................................................................................................................ 119
4.4.5. Juiz ad hoc ............................................................................................................ 119
4.5. JURISDIÇÃO CONSULTIVA DA CORTE ..................................................................... 120
4.5.1. Previsão normativa ................................................................................................ 120
4.5.2. Finalidade .............................................................................................................. 120
4.5.3. Alcance .................................................................................................................. 121
4.5.4. Características do procedimento consultivo ........................................................... 121
4.5.5. Objeto da consulta ................................................................................................. 121
4.5.6. Procedimento de emissão de opinião consultiva .................................................... 123
4.5.7. Efeitos jurídicos das opiniões consultivas .............................................................. 123
.
4.5.8. Opiniões consultivas emitidas pela Corte ............................................................... 124
4.6. JURISDIÇÃO CONTENCIOSA DA CORTE INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS
151
4.6.1. Conceito ................................................................................................................ 151
4.6.2. (Im) possibilidade de “retirar” a aceitação da competência contenciosa.................... 152
4.6.3. Competência em razão da pessoa (ratione personae) ........................................... 152
4.6.1. Competência em razão da matéria (ratione materiae)............................................ 152
4.6.2. Competência ratione temporis ............................................................................... 153
4.6.3. Competência ratione loci ....................................................................................... 153
4.6.4. Casos julgados pela Corte ..................................................................................... 153
5. APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO ........................... 153
5.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 153
5.2. PROCEDIMENTO PERANTE A COMISSÃO ................................................................ 154
5.2.1. Tramitação inicial ................................................................................................... 154
5.2.2. Procedimento de admissibilidade ........................................................................... 154
5.2.3. Procedimento sobre o mérito ................................................................................. 156
5.2.4. Relatório preliminar ................................................................................................ 157
5.2.5. Relatório definitivo ................................................................................................. 157
5.2.6. Acompanhamento.................................................................................................. 158
5.3. PROCEDIMENTO PERANTE A CORTE ...................................................................... 158
5.3.1. Submissão do caso pela CIDH e exame preliminar pela Presidência..................... 158
5.3.2. Notificação do caso................................................................................................ 159
5.3.3. Apresentação por escrito de petições .................................................................... 159
5.3.4. Contestação do Estado.......................................................................................... 159
5.3.5. Outros atos e procedimentos por escrito ................................................................ 160
5.3.6. Apresentação de amicus curiae ............................................................................. 160
5.3.7. Procedimento oral.................................................................................................. 160
5.3.8. Procedimento final escrito ...................................................................................... 160
5.3.9. Espaços de desistência e consenso ...................................................................... 161
5.3.10. Sentença ............................................................................................................... 161
6. MEDIDAS DE URGÊNCIA NO SISTEMA INTERAMERICANO ........................................... 161
6.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 161
6.2. MEDIDAS CAUTELARES DA COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS .............................................................................................................................. 162
6 3. MEDIDAS PROVISÓRIAS DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITO HUMANOS 163
7. SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS .................... 165
7.1. DIREITOS HUMANOS E ACESSO À JUSTIÇA ............................................................ 165
7.2. 100 REGRAS DE BRASÍLIA ......................................................................................... 166
7.2.1. Finalidade .............................................................................................................. 166
7.2.2. Natureza jurídica.................................................................................................... 166
7.2.3. Conceitos relevantes ............................................................................................. 166
7.3. A DEFENSORIA PÚBLICA E A OEA ............................................................................ 166
7.4. DEFENSORIA PÚBLICA INTERAMERICANA .............................................................. 167
7.4.1. Considerações iniciais ........................................................................................... 167
7.4.2. Conceito ................................................................................................................ 167
7.4.3. Modelos de oferecimento de assistência jurídica gratuita no âmbito de tribunais
internacionais....................................................................................................................... 167
SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS .......................................... 169
.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 169
2. CONSELHO DA EUROPA ................................................................................................... 169
2.1. ESTRUTURA ................................................................................................................ 169
2.1.1. Secretário-geral ..................................................................................................... 169
2.1.2. Comitê de Ministros ............................................................................................... 169
2.1.3. Assembleia Parlamentar ........................................................................................ 169
2.1.4. Congresso dos Poderes Locais e Regionais .......................................................... 169
2.1.5. Tribunal Europeu de Direitos Humanos ................................................................. 169
2.1.6. Comissário para os Direitos Humanos ................................................................... 170
2.1.7. Conferência de ONGIs ........................................................................................... 170
2.1.8. Comitê Europeu para a Prevenção da Tortura e Outros Tratamentos ou Penas
Cruéis 170
2.1.9. Comitê Europeu dos Direitos Sociais ..................................................................... 170
3. CONVENÇÃO EUROPEIA DE DIREITOS HUMANOS (CEDH) ........................................... 170
4. ÓRGÃOS DE MONITORAMENTO ...................................................................................... 171
5. TRIBUNAL EUROPEU DE DIREITOS HUMANOS (TEDH) ................................................. 171
SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ......................................... 172
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 172
2. COMISSÃO AFRICANA DE DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS ................................... 172
3. CORTE AFRICANA DE DH E DOS POVOS ........................................................................ 172
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL ........................................................................................ 173
1. DIREITO INTERNACIONAL PENAL .................................................................................... 173
2. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL ...................... 173
2.1. 1º ANTECEDENTE – TRATADO DE VERSAILLES, 1919 ............................................ 173
2 2. 2º ANTECEDENTE – TRIBUNAL INTERNACIONAL MILITAR DE NUREMBERG, 1945
174
2.3. 3º ANTECEDENTE – TRIBUNAL MILITAR INTERNACIONAL PARA O EXTREMO-
ORIENTE (Tribunal de Tóquio), 1946 ...................................................................................... 174
2.4. 4º ANTECEDENTE – PRINCÍPIOS DE NUREMBERG, 1946 ...................................... 174
2.5. 5º ANTECEDENTE – CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E A PUNIÇÃO DO CRIME
DE GENOCÍDIO, 1948 ............................................................................................................ 174
2.6. 6º ANTECEDENTE – RESOLUÇÕES Nº 827/1993 E 955/1994 DO CONSELHO DE
SEGURANÇA DA ONU ........................................................................................................... 174
2.7. 7º ANTECEDENTE – ADOÇÃO DO ESTATUTO DO TP, 1998 ................................... 175
3. GERAÇÕES DE TRIBUNAIS PENAIS INTERNACIONAIS .................................................. 175
4. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DO TPI ....................................................................... 175
5. COMPOSIÇÃO, CANDIDATURA E ELEIÇÃO DOS JUÍZES................................................ 176
6. CRIMES DE COMPETÊNCIA DO TPI ................................................................................. 177
7. CONDIÇÕES PARA O EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA PELO TPI ................................... 182
8. DISPOSIÇÕES PENAIS APLICÁVEIS AO JULGAMENTO PELO TPI ................................. 183
8.1. NULLUM CRIMEN SINE LEGE .................................................................................... 183
8.2. NULLA POENA SINE LEGE ......................................................................................... 184
8.3. NÃO RETROATIVIDADE .............................................................................................. 184
8.4. RESPONSABILIDADE CRIMINAL INDIVIDUAL ........................................................... 184
8.5. EXCLUSÃO DA JURISDIÇÃO RELATIVAMENTE A MENORES DE 18 ANOS ............ 185
8.6. IRRELEVÂNCIA DA QUALIDADE OFICIAL.................................................................. 185
8.7. RESPONSABILIDADE DOS CHEFES MILITARES E OUTROS SUPERIORES
HIERÁRQUICOS..................................................................................................................... 185
8.8. IMPRESCRITIBILIDADE .............................................................................................. 186
8.9. ELEMENTOS PSICOLÓGICOS.................................................................................... 186
.
8.10. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE CRIMINAL................................. 186
8.11. ERRO DE FATO OU ERRO DE DIREITO .................................................................... 187
8.12. DECISÃO HIERÁRQUICA E DISPOSIÇÕES LEGAIS .................................................. 187
9. PENAS APLICADAS ............................................................................................................ 187
10. PROCEDIMENTO DE INVESTIGAÇÃO, INSTRUÇÃO, JULGAMENTO E EXECUÇÃO DA
PENA 188
11. A RELAÇÃO DO BRASIL COM O TPI.............................................................................. 188
12. DECISÕES DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL .................................................... 189
12.1. CASO THOMAS LUBANGA DYILO .............................................................................. 189
12.2. CASO MATHIEU NGUDJOLO CHUI ............................................................................ 189
12.3. CASO GERMAIN KATANGA ........................................................................................ 190
12.4. CASO JEAN PIERRE BEMBA ...................................................................................... 190
12.5. CASO AHAMAD AL-FAQI AL-MAHDI ........................................................................... 190
12.6. CASO OMAR AL BASHIR “CASO DARFUR” ........................................................................ 190
CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE .................................................................................. 191
1. CONCEITO .......................................................................................................................... 191
2. CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................ 191
3. OBJETIVOS......................................................................................................................... 191
4. DESENVOLVIMENTO DO CONTEÚDO E DO ALCANCE DO CONTROLE DE
CONVENCIONALIDADE ............................................................................................................ 192
4.1. PRIMEIRA ETAPA ........................................................................................................ 192
4.2. SEGUNDA ETAPA ....................................................................................................... 192
4.3. TERCEIRA ETAPA ....................................................................................................... 192
5. ELEMENTOS OU CARACTERÍSTICAS DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE
CONFORME A JURISPRUDÊNCIA DA CORTE IDH ................................................................. 192
5.1. DEVE SER EXERCIDO DE OFÍCIO E NO MARCO DE COMPETÊNCIAS E
REGULAÇÕES PROCESSUAIS CORRESPONDENTES ....................................................... 192
5.2. O CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE É UMA OBRIGAÇÃO DE TODA
AUTORIDADE PÚBLICA ......................................................................................................... 193
5.3. PARÂMETRO DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE ...................................... 193
5.4. OBJETO DO CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE ............................................... 193
5.5. PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DOS MEIOS DO CONTROLE DE
CONVENCIONALIDADE ......................................................................................................... 193
SISTEMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS....................................................................... 195
1. INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA .................................................... 195
1.1. PREVISÃO E CONSIDERAÇÕES ................................................................................ 195
1.2. REQUISITOS................................................................................................................ 195
1.3. LEGITIMIDADE ............................................................................................................ 195
1.4. COMPETÊNCIA ........................................................................................................... 195
1.5. JULGAMENTOS ........................................................................................................... 196
2. PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS
HUMANOS ................................................................................................................................. 198
2.1. PODERES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DO TRATADO NA
ORDEM JURÍDICA INTERNA ................................................................................................. 198
2.2. FASES DO PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE
DIREITOS HUMANOS ............................................................................................................ 199
2.2.1. Fase de assinatura ................................................................................................ 199
2.2.2. Fase de apreciação legislativa ou fase congressual............................................... 199
2.2.3. Fase de ratificação ................................................................................................ 199
2.2.4. Fase de promulgação ............................................................................................ 199
.
3. HIERARQUIA DOS TRATADOS .......................................................................................... 200
DIREITOS HUMANOS DOS GRUPOS VULNERÁVEIS ............................................................. 202
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 202
2. MULHERES ......................................................................................................................... 202
3. PESSOAS NEGRAS ............................................................................................................ 203
4. CRIANÇA E ADOLESCENTE .............................................................................................. 204
5. PESSOAS IDOSAS ............................................................................................................. 207
6. PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ........................................................................................... 207
7. PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA .................................................................................... 209
8. POVOS INDÍGENAS ........................................................................................................... 209
9. LGBTQI+ ............................................................................................................................. 210
10. QUILOMBOLAS ............................................................................................................... 211
11. REFUGIADOS ................................................................................................................. 211
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APRESENTAÇÃO
Olá!
O Caderno Sistematizado de Direitos Humanos possui como base as aulas da Prof. Valério
Mazzuoli e do Prof. Caio Paiva. Além disso, utilizamos as seguintes obras: Curso de Direitos
Humanos, André de Carvalho Ramos; Curso de Direitos Humanos, Valério Mazzuoli; Jurisprudência
Internacional de Direitos Humanos, Caio Paiva e Thimotie Heemann.
Ademais, no Caderno constam os principais artigos dos tratados, mas, ressaltamos, que é
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação.
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você
faça uma boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante!! As bancas costumam repetir certos temas.
1. CONCEITO
Inicialmente, destaca-se que, a partir do estudo da Teoria Geral dos Direitos Humanos, há
duas maneiras/técnicas de conceituar Direitos Humanos, quais sejam: generalista e específica.
a) Generalista
Não há diferença entre direitos humanos e direitos fundamentais. Portanto, direitos humanos
seriam um conjunto de direito essenciais para a consecução de uma vida digna para todos os seres
humanos, independentemente de previsão na Constituição ou em tratados internacionais.
b) Específica
Assim, entendem que Direitos Humanos são aqueles necessários para a consecução de
uma vida digna, previstos em instrumentos internacionais de proteção.
Observe o conceito adotado por Caio Paiva, seguindo a técnica específica: “direitos
humanos são o conjunto de direitos previstos em instrumentos internacionais 1 que proporcionam a
todos os seres, independentemente de qualquer condição2, a base essencial3 para que tenham uma
vida digna e para que se protejam contra violações praticadas ou toleradas pelo Estado4”
2) Não dependem de raça, etnia, gênero. Todos possuem direito a ter direitos;
3) Nem todo direito que é essencial para a pessoa é um direito humano, mas apenas a sua
base essencial (mínimo);
4) As violações de direitos humanos são praticadas pelo Estado ou toleradas por ele. Por
exemplo, quando “A” mata “B” não há uma violação de direitos humanos, mas quando
um Policial mata um civil o direito estará violado. O mesmo ocorre quando o Estado não
investiga o crime praticado por “A”.
2. TERMINOLOGIA
.
A expressão “direitos fundamentais” surgiu no contexto da proteção nacional dos direitos
humanos (proteção internacional).
Contudo, após a Declaração Universal de Direitos Humanos passou a ser evitada, uma vez
que possui caráter sexista, excluindo as mulheres.
Segue a técnica generalista, não fazendo distinção entre direitos fundamentais e direitos
humanos.
QP (oral): Qual a proteção mais ampla a dos direitos humanos ou a dos direitos fundamentais1?
Pela via territorial, a proteção dos direitos humanos é mais ampla que a dos direitos fundamentais,
tendo em vista que a proteção extravasa as fronteiras dos países. Contudo, sob o aspecto material,
a proteção dos direitos fundamentais é mais ampla, especialmente no Brasil em que há uma
Constituição Prolixa, em que se protege o FGTS, o 13º salário que não estão previstos em tratados
internacionais.
Estão relacionados à razão justificadora dos direitos humanos. Há uma série de teorias que
visam justificar os direitos humanos, algumas até com sub-ramos, abordaremos as três principais:
negacionista, jusnaturalista e positivistas.
3.1. NEGACIONISTA
1 Caso queira aprofundar, recomenda-se a leitura do texto de Ingo Sarlet, publicado do site Conjur em 23 de
janeiro de 2015 (https://www.conjur.com.br/2015-jan-23/direitos-fundamentais-aproximacoes-tensoes-
existentes-entre-direitos-humanos-fundamentais)
3.2. JUSNATURALISTA
Sustenta que o ser humano possui direitos naturais anteriores e superiores ao Estado.
Divide-se em:
a) Escola de Direito Natural de Razão Divina – os direitos humanos são advindos de Deus.
3.3. POSITIVISTA
É criticada, tendo em vista que possui dificuldade de promover a observância aos direitos
humanos em Estados que tenham se recusado a assinar, ratificar e incorporar na ordem jurídica
interna os tratados que os preveem.
4. FONTES
O tema “fontes de direitos humanos” está relacionado à origem do instituto, é tema reservado
mais ao Direito Internacional Público, tanto que é encontrado no art. 38 do Estatuto da Corte
Internacional de Justiça, são as mesmas fontes do Direito Internacional.
Artigo 38
1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as
controvérsias que sejam submetidas, deverão aplicar;
2. As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que
estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
3. O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita
como direito;
4. Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas;
5. As decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior competência
das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de
direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59.
Segundo André de Carvalho Ramos, são fontes do Direito Internacional, apesar de não
mencionadas no artigo 38, os atos unilaterais e as resoluções vinculantes das organizações
internacionais.
Importante ressaltar que não existe hierarquia entre as fontes principais. Embora seja mais
fácil e prático aplicar um tratado internacional, pois está escrito, do que um costume internacional,
algo “invisível”.
Art. 2.1 - tratado significa um acordo internacional concluído por escrito entre
Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento
único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua
denominação específica
“29. A Corte deve enfatizar, porém, que os tratados modernos sobre direitos
humanos, em geral, e, em particular, a Convenção Americana, não são
tratados multilaterais do tipo tradicional, concluídos em função de um
intercâmbio recíproco de direitos, para o benefício mútuo dos Estados
contratantes. Seu objeto e fim são a proteção dos direitos fundamentais dos
seres humanos, independentemente de sua nacionalidade, tanto frente a seu
próprio Estado como frente aos outros Estados contratantes. Ao aprovar
esses tratados sobre direitos humanos, os Estados se submetem a uma
ordem geral dentro da qual eles, pelo bem comum, assumem várias
obrigações, não em relação aos outros Estados, mas sim em relação aos
indivíduos sob a sua jurisdição”.
a) Elemento objetivo: é a prática geral, ou seja, a conduta oficial de órgãos estatais; referem-
se aos fatos interestaduais, e, por isso, podem ter relevância para a formação do novo Direito
Internacional Público.
b) Elemento subjetivo: é a opinião jurídica dos Estados. Determina que os atos praticados
pelos Estados sejam uma obrigação jurídica, por isso surgem novos direitos.
Por fim, salienta-se que um Estado somente pode deixar de cumprir um costume
internacional quando tiver se comportado como um objetor persistente, que deve ocorrer durante o
processo de formação do costume internacional, mediante manifestações permanentes e
inequívocas de sua objeção a serem obrigados pelo respectivo costume. Tal figura não se aplica às
normas de jus cogens, também conhecidas como normas imperativas ou cogentes, a exemplo do
acesso à justiça.
Prevalece a posição de que os princípios gerais de direito internacional são aqueles aceitos
por (quase) todos os ordenamentos jurídicos, a exemplo da boa-fé, do respeito à coisa julgada, do
direito adquirido e do pacta sunt servanda.
b) Doutrina: refere-se aos autores de renome. Além disso, inclui-se aqui a Comissão de
Direito Internacional da ONU, criada pelas Nações Unidas para “incentivar o
desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação”.
Conforme mencionado, embora não constem no rol do art. 38 do Estatuto da CIJ, são
considerados como fonte de DIDH:
a) Atos unilaterais dos Estados: são atos que não possuem normatividade. Contudo, criam
obrigações aos Estados que os proclamam. Assim, quando assumir unilateralmente um
c) Analogia e equidade: são soluções eficientes para enfrentar o problema da falta de norma
jurídica regulamentadora a determinado caso concreto, ou ainda para suprir a inutilidade da norma
existente, a fim de que se possa solucionar, com um mínimo de justiça, o conflito de interesses.
5. CLASSIFICAÇÃO
Bonavides afirma que a melhor expressão é “dimensão”, que se justifica tanto pelo fato de
não existir realmente uma sucessão ou desaparecimento de uma geração por outra, mas também
quando novo direito é reconhecido, os anteriores assumem uma nova dimensão, de modo a melhor
interpretá-los e realizá-los.
5.1.1. 1ª Geração/Dimensão
Surgiu com as revoluções burguesas dos séculos XVI e XIX. Englobam os direitos de
liberdade, chamados de prestações negativas, nas quais o Estado deve proteger a esfera de
autonomia do indivíduo. Assim, o Estado não poderia interferir na orbita individual, salvo para
garantir a prevalência do máximo de liberdade possível para todos.
5.1.2. 2ª Geração/Dimensão
Exemplos: direito ao desenvolvimento, direito à paz (5ª Geração para Bonavides), direito à
autodeterminação e, em especial, o direito ao meio ambiente equilibrado.
Art. 6º
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser
protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida.
2. nos Países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá
ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com
legislação vigente na época em que o crime foi cometido e que não esteja em
conflito com as disposições do presente pacto, nem com a Convenção sobre
a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa
pena apenas em decorrência de uma sentença transitada em julgado e
proferida por tribunal competente.
3. Quando a privação da vida constituir um crime de genocídio, entende-se
que nenhuma disposição do presente artigo autorizará qualquer Estado Parte
do presente pacto a eximir-se, de modo algum, do cumprimento de quaisquer
das obrigações que tenham assumido em virtude das disposições da
Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio.
4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação
da pena. A anistia, o indulto ou a comutação de pena poderão ser concedidos
em todos os casos.
5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos
por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de
gravidez. O Pacto de San José da Costa Rica inclui o maior de 70 anos.
6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo para retardar
ou impedir a abolição da pena de morte por um Estado Parte do presente
pacto.
c) Direito à liberdade (art. 11), admitindo-se os trabalhos forçados como pena, mas
proibindo-se expressamente a prisão por descumprimento de obrigação contratual;
Art. 11 Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma
obrigação contratual.
Art. 9º
1. Toda pessoa tem à liberdade e a segurança pessoais. Ninguém poderá
ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de
sua liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com
os procedimentos.
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da prisão
e notificada, sem demora, das acusações formuladas contra ela.
3. Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtude de infração penal deverá
ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra autoridade
habilitada por lei a exercer funções e terá o direito de ser julgada em prazo
razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de pessoas que
aguardam julgamento não deverá constituir a regra geral, mas a soltura
poderá estar condicionada a garantias que assegurem o comparecimento da
pessoa em questão à audiência, a todos os atos do processo e, se necessário
for, para a execução da sentença.
4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por prisão ou
encarceramento terá de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a
legalidade de seu encarceramento e ordene sua soltura, caso a prisão tenha
sido ilegal.
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegais terá direito à
reparação.
Art. 12
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado terá o
direito de nele livremente circular e escolher sua residência.
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive
de seu próprio país.
3. Os direitos supracitados não poderão constituir objeto de restrição, a
menos que estejam previstas em lei e no intuito de proteger a segurança
nacional e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem como os direitos e
liberdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis com os outros
direitos reconhecidos no presente pacto.
4. Ninguém poderá ser privado do direito de entrar em seu próprio país.
Art. 26 Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem
discriminação alguma, a igual proteção da lei. A este respeito, a lei deverá
proibir qualquer forma de discriminação e garantir a todas as pessoas
g) Garantias de um julgamento justo, o que inclui o direito ao duplo grau de jurisdição (art.
14);
Art. 14
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça.
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com as devidas
garantias por um tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra
ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A
imprensa e o público poderão ser excluídos de parte ou da totalidade de um
julgamento, que por motivo de moral pública, de ordem pública ou de
segurança nacional em uma sociedade democrática, quer quando o interesse
da vida privada das partes o exija, quer na medida em que isso seja
estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias específicas,
nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça;
entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá
tornar-se pública, a menos que o interesse de menores exija procedimento
oposto, ou o processo diga respeito à controvérsia matrimoniais ou a tutela
de menores.
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua
inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa.
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, a,
pelo menos, as seguintes garantias:
a) de ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma
minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada;
b) de dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa
e a comunicar-se com defensor de sua escolha;
c) de ser julgado sem dilações indevidas;
d) de estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por
intermédio de defender de sua escolha; de ser informado, caso não tenha
defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da
justiça assim exija, de ter um defensor designado "ex officio" gratuitamente,
se não tiver meios para remunerá-lo;
e) de interrogar ou fazer interrogar as testemunhas da acusação e de obter o
comparecimento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas
condições de que dispõe as de acusação;
f) de ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não compreenda ou
não fale a língua empregada durante o julgamento;
g) de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada.
4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos termos da
legislação penal levará em conta a idade dos menores e a importância de
promover sua reintegração social.
5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá o direito de recorrer da
sentença condenatória e da pena a uma instância, em conformidade com a
lei.
6. Se uma sentença condenatória passada em julgado for posteriormente
anulada ou se indulto for concedido, pela ocorrência ou descoberta de fatos
novos que provem cabalmente a existência de erro judicial, a pessoa que
Art. 18
1. Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de
religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou
uma crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença,
individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do
culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino.
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam
restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua
escolha.
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita
apenas a limitações previstas em lei e que se façam necessárias para
proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral pública ou os direitos e
as liberdades das demais pessoas.
4. Os Estados partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a
liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de assegurar a
educação religiosa e moral dos filhos que esteja de acordo com suas próprias
convicções.
Art. 19
1. Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões.
2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a
liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer
natureza, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente
ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou qualquer outro meio de sua
escolha.
3. O exercício do direito previsto no § 2º do presente artigo implicará deveres
e responsabilidades especiais.
Consequentemente, poderá estar sujeito a certas restrições, que devem,
entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se façam necessárias
para:
a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral pública.
Art. 20
1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor de guerra.
2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, radical, racial ou
religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à
violência.
Art. 22
Art. 23
1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e terá o direito
de ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em idade núbil,
contrair casamento e construir família.
3. Casamento algum será sem o consentimento livre e pleno dos futuros
esposos.
4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão adotar as medidas
apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e responsabilidades dos
esposos quanto ao casamento, durante o mesmo e o por ocasião de sua
dissolução. Em caso de dissolução, deverão adotar-se disposições que
assegurem a proteção necessária para os filhos.
n) Direito da criança a medidas de proteção por parte da sociedade e do Estado (art. 24).
Art. 24
1. Toda criança, terá direito, sem discriminação alguma por motivo de cor,
sexo, religião, origem nacional ou social, situação econômica ou nascimento,
às medidas de proteção que a sua condição de menor requerer por parte de
sua família, da sociedade e do Estado.
2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu nascimento e
deverá receber um nome.
3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade.
Art. 25
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de
discriminação mencionadas no artigo 2° e sem restrições infundadas:
Art. 8º
1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a garantir:
a) o direito de toda pessoa de fundar com outros sindicatos e de filiar-se ao
sindicato de sua escolha, sujeitando-se unicamente a organização
interessada, com o objetivo de promover e de proteger seus interesses
econômicos e sociais. O exercício desse direito só poderá ser objeto das
restrições previstas em lei e que sejam necessárias, em uma sociedade
democrática, no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou
para proteger os direitos e as liberdades alheias;
b) o direito dos sindicatos de formar federações ou confederações nacionais
e o direito desta de formar organizações sindicais internacionais ou de filiar-
se às mesmas;
c) o direito dos sindicatos de exercer livremente suas atividades, sem
quaisquer limitações além daquelas previstas em lei e que sejamnecessárias,
em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou da
ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades das demais
pessoas;
d) o direito de greve, exercido de conformidade com as leis de cada país.
2. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o
exercício desses direitos pelos membros das forças armadas, da política ou
da administração pública.
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que os Estados
Partes da Convenção de 1948 da Organização Internacional do Trabalho,
relativa à liberdade sindical e à proteção do direito sindical, venha a adotar
medidas legislativas que restrinjam - ou a aplicar a lei de maneira a restringir
- as garantias previstas na referida Convenção.
Art. 7º
Os Estados Partes do presente pacto o reconhecem o direito de toda pessoa
de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que assegurem
especialmente:
a) uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os trabalhadores:
Art. 11
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa
a um nível vida adequado para si próprio e sua família, inclusive à
alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como a uma melhoria
contínua de suas condições de vida. Os Estados Partes tomarão medidas
apropriadas para assegurar a consecução desse direito, reconhecendo,
nesse sentido, a importância essencial da cooperação internacional fundada
no livre consentimento.
2. Os Estados Partes do presente pacto, reconhecendo o direito fundamental
de toda pessoa de estar protegida contra a fome, adotarão, individualmente
e mediante cooperação internacional, as medidas, inclusive programas
concretos, que se façam necessárias para:
a) melhorar os métodos de produção, conservação e distribuição de gêneros
alimentícios pela plena utilização dos conhecimentos técnicos e científicos,
pela difusão de princípios de educação nutricional e pelo aperfeiçoamento ou
reforma dos regimes agrários, de maneira que se assegurem a exploração e
a utilização mais eficazes dos recursos naturais;
b) assegurar uma repartição equitativa dos recursos alimentícios mundiais
em relação às necessidades, levando-se em conta os problemas tanto dos
países importadores quanto dos exportadores de gêneros alimentícios.
Art. 12
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa
desfrutar o mais elevado nível possível de saúde física e mental.
2. As medidas que os Estados partes do presente Pacto deverão adotar com
o fim de assegurar o pleno exercício desse direito incluirão as medidas que
se façam necessárias para assegurar:
Art. 13
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa
à educação. Concordam em que a educação deverá visar o pleno
desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade e
fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais.
Concordam ainda em que a educação deverá capacitar todas as pessoas a
participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a
tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos raciais,
étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas em prol da
manutenção da paz.
2. Os Estados partes do Presente Pacto reconhecem que, com o objetivo de
assegurar o pleno exercício desse direito:
a) a educação primária deverá ser obrigatória e acessível gratuitamente a
todos;
b) a educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação
secundária técnica e profissional, deverá ser generalizada e tornar-se
acessível a todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela
implementação progressiva do ensino gratuito;
c) a educação de nível superior deverá igualmente tronar-se acessível a
todos, com base na capacidade de cada um, por todos os meios apropriados
e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino gratuito;
d) dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação de
base para aquelas que não receberam educação primária ou não concluíram
o ciclo completo de educação primária;
e) será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de uma rede
escolar em todos os níveis de ensino, implementar-se um sistema de bolsas
estudo e melhorar continuamente as condições materiais do corpo docente.
2. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a
liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de escolher
para seus filhos escolas distintas daquelas criadas pelas autoridades
públicas, sempre que atendam aos padrões mínimos de ensino prescritos ou
aprovados pelo Estado, e de fazer com que seus filhos venham a receber
educação religiosa ou moral que seja de acordo com suas próprias
convicções.
3. Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser interpretada no
sentido de restringir a liberdade de indivíduos e de entidades de criar e dirigir
instituições de ensino, desde que respeitados os princípios enunciados no §
1° do presente artigo e que essas instituições observem os padrões mínimos
prescritos pelo Estado.
Art. 15
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem a cada indivíduo o
direito de:
a) Participar da vida cultural;
b) desfrutar o progresso científico e suas aplicações;
c) beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais decorrentes
de toda a produção científica, literária ou artística de que seja autor.
2. As medidas que os Estados Partes do presente Pacto deverão adotar com
a finalidade de assegurar o pleno exercício desse direito aquelas necessárias
à conservação, ao desenvolvimento e à difusão da ciência e da cultura.
3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a
liberdade indispensável à pesquisa científica e à atividade criadora.
4. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem os benefícios que
derivam do fomento e do desenvolvimento da cooperação e das ralações
internacionais no domínio da ciência e da cultura.
Tais direitos adquirem sua especificidade, em relação aos demais, diante da titularidade
coletiva ou difusa, pertencendo aos grupos sociais determinados, a um povo, ou mesmo, à
Humanidade inteira. Esta titularidade decorre do fato de que esses direitos objetivam proteger os
interesses que transcendem a órbita individual, o que os torna distintos dos civis, políticos,
econômicos, sociais e culturais, que, direta ou indiretamente, visam estabelecer e garantir a
liberdade individual.
Destes novos direitos, os que merecem maior destaque são o direito ao desenvolvimento e
o direito ao meio ambiente sadio.
Por ser o mais recente ramo surgindo no direito internacional dos direitos humanos, ele ainda
se encontra nos estágios iniciais de evolução, encontrando problemas quanto à precisão de seu
conteúdo. Em primeiro lugar, a noção de “povo” ainda é extremamente vaga, sendo apenas certo
que o critério quantitativo não é suficiente. Isso é fundamental ao se cuidar do direito à
autodeterminação, que curiosamente é previsto pelos pactos internacionais de 1966, embora não
se possa classificá-los como direitos civis e políticos, nem como econômicos, culturais e sociais.
6. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO
Há na Convenção de Viena uma regra geral (art. 31) e meios suplementares (art. 32) de
interpretação dos tratados. Observe:
Salienta-se que, inicialmente, tal princípio era chamado de pro homine. Contudo, após
inúmeras críticas, passou a ser chamado de pro persona, tendo em vista que é direcionado à
pessoa, independentemente de gênero.
Significa que todo tratado internacional de direitos humanos deve ser interpretado de forma
mais favorável à vítima. Perceba que é consequência do regime objetivo dos tratados internacionais
de direitos humanos, uma vez que a interpretação não deve beneficiar os Estados, os violadores
de direitos humanos, mas sim aqueles que têm seus direitos violados (vítimas).
Os Estados não podem alegar ausência de regulamentação interna para descumprirem uma
norma de direito internacional dos direitos humanos.
Quando um tratado é redigido, seja no foro regional ou da ONU, deve considerar as diversas
experiencias jurídicas nacionais, por isso algumas expressões adquirem significado autônomo
(sentido próprio). Logo, o Estado não pode interpretar a partir de sua experiência interna, mas sim
com base naquele sentido próprio conferido pelo direito internacional dos direitos humanos.
Por exemplo, a expressão “comprovação legal da culpa” não pode ser interpretada como
trânsito em julgado.
O tratado internacional de direitos humanos um tratado deve ser interpretado não de acordo
com a época na qual foi redigido, mas de acordo com o momento da sua aplicação. Expressão
importante e já tratada em jurisprudência internacional, são que os tratados internacionais de
direitos humanos são instrumentos vivos, ou seja, são interpretados de forma dinâmica e
evolutiva.
7. CARACTERÍSTICAS
Além disso, exerce a função de propiciar a constante alteração do sistema normativo dos
direitos humanos, sempre que se renovar ou ampliar o entendimento do que seja dignidade inerente
a todos os membros da família humana. É dizer que neste campo do Direito talvez mais que em
qualquer outro, a elaboração de suas normas tem em mente consolidar a noção atualizada da
dignidade fundamental do ser humano, fonte de seus direitos positivados, estabelecendo, desta
forma, um equilíbrio dinâmico entre direito natural e direito positivo.
Outra consequência fundamental é o caráter não taxativo dos direitos humanos até agora
reconhecidos, eis que, sendo inerentes aos seres humanos, em grupo ou individualmente, se
apresentam em constante mutação, acompanhando e interferindo na evolução social, regional e
global.
7.2. UNIVERSALIDADE
A concepção universal dos direitos humanos decorre da ideia de inerência. Significa que
estes direitos pertencem a todos os membros da espécie humana, sem qualquer distinção fundada
em atributos inerentes aos seres humanos ou na posição social que ocupem.
Porém, a desconsideração da dignidade fundamental de cada ser humano não tem fronteiras
e não tem lugar na cultura humana.
De acordo com Carlos Weis, citando José Augusto Alves, as afirmações de que a
Declaração Universal é um documento de interesse apenas ocidental, irrelevante e inaplicável em
sociedades com valores histórico-culturais distintos, são falsas e perniciosas. Falsa porque todas
as Constituições nacionais redigidas após a adoção da Declaração pela Assembleia Geral da ONU
nela se inspiraram ao tratar dos direitos e liberdades fundamentais, pondo em evidência, assim, o
caráter hoje universal de seus valores. Perniciosas porque abrem possibilidades à invocação do
relativismo cultural como justificativa para violações concretas dos direitos já internacionalmente
reconhecidos.
A universalidade dos direitos sociais pode ser entendida no contexto mais amplo da
dignidade humana, a que toda pessoa tem direito. Não há como pensar em respeito aos direitos
Segundo Caio Paiva, há duas propostas filosóficas para superar o suposto embate entre o
universalismo e o relativismo. Vejamos:
7.4. TRANSNACIONALIDADE
Carlos Weiss afirma que esta característica é bem resumida por Dalmo de Abreu Dallari,
para quem: “os direitos fundamentais da pessoa humana são reconhecidos e protegidos por todos
os Estados, embora existam variações quanto à enumeração desses direitos, bem como quanto à
forma de protegê-los. Esses direitos não dependem da nacionalidade ou cidadania, sendo
assegurados a qualquer pessoa”.
Também tem como finalidade a proteção do ser humano quando lhe recusam uma
nacionalidade e a proteção estatal dela decorrente. Se à pessoa não for garantido os direitos
Uma vez conferido o Estado não poderá retroceder, diminuir a sua proteção aos direitos
humanos em relação ao estágio em que esta tutela se encontra.
7.6. IMPRESCRITIBILIDADE
Os direitos humanos não podem ser atingidos pelo lapso temporal. Salienta-se que a
reparação do dano pode estar sujeita à prescrição.
Em 2002, o Brasil incorporou o Estatuto de Roma (Decreto 4.388/2002), que elenca como
crimes imprescritíveis os crimes contra a humanidade, crimes de guerra, genocídio e agressão.
7.7. INALIENABILIDADE
Os direitos humanos não podem ser alienados, transferidos, ainda que com anuência de seu
titular, e qualquer manifestação de vontade nesse sentido é nula de pleno direito.
7.8. IRRENUNCIABILIDADE
Os direitos humanos são irrenunciáveis, não podem ser abdicados, abjurados, e qualquer
manifestação de vontade nesse sentido é nula de pleno direito.
7.9. EFETIVIDADE
Não basta o singelo reconhecimento pelo Estado dos direitos humanos; ele deve empregar
medidas efetivas para a sua aplicação.
7.10. HISTORICIDADE
Os direitos humanos são históricos, pois são construídos pela convivência coletiva, que teve
origem nos direitos civis e políticos – 1ª geração – se desenvolveram como direitos econômicos,
sociais e culturais – 2ª geração – e chegaram ao seu ápice na institucionalização das garantias
coletivas – 3ª geração.
Sempre há possibilidade de novos direitos humanos surgirem, portanto, não existe um rol
taxativo de direitos humanos.
8. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
O estudo da evolução histórica dos direitos humanos é complexo e extenso. Iremos analisar
aqui a evolução apresentada por André de Carvalho Ramos.
Sua herança para os direitos humanos é expressiva. Ex.: direitos políticos na democracia
ateniense; ideais de igualdade e justiça em Platão e Aristóteles; reflexão sobre a superioridade de
determinadas normas.
O poder dos governantes era ilimitado, por ser fundado na vontade dívida, contudo surgem
os primeiros movimentos de reivindicação de liberdades a determinados estamentos, surgindo
limitações aos poderes do rei, por exemplo: Magna Carta, Habeas Corpus Act, Bill of Rights.
Em Leviatã, Hobbes trata do direito de ser humano, pelo qual no estado da natureza o
homem é livre de quaisquer restrições e não se submete a qualquer poder, contudo para sobreviver
(já que todos estão em confronto pelo homem ser lobo do próprio homem) o homem abdica dessa
liberdade e se submete ao poder estatal.
Locke, em seguida, defende que o Estado exista para preservar os direitos dos homens e
para isso não precisa ser autocrático, como era para Hobbes. Locke foi um expoente do liberalismo
emergente.
Rousseau, na obra “Do contrato social”, defendeu uma vida em sociedade baseada em um
contrato (o pacto social) entre homens livres e iguais. Assim, o autor defendia um governo que
representasse a vontade da maioria e a inalienabilidade dos direitos humanos encontra eco em
seus textos, que, inclusive, combatem a escravidão. Seus ideais estão inseridos no Iluminismo,
junto com outros como Voltaire, Diderot e D’Alembert, que defendiam o uso da razão para dirigir a
sociedade em todos os aspectos, questionando o absolutismo e o viés religioso do poder.
Antes do pós Segunda Guerra Mundial, os tratados internacionais eram focados na questão
trabalhista e no combate à escravidão. Em 1945, na Conferência de São Francisco a ONU foi criada,
porém não foram listados os direitos considerados essenciais, de modo que em 1948 foi elaborada
a Declaração Universal de Direitos Humanos – doutrinariamente se discute se ela possui caráter
vinculante por ser uma interpretação do que é direitos humanos, previsto na Carta da ONU, que
tem caráter vinculante, ou se possui caráter vinculante por representar o costume internacional
sobre a matéria (opinião do autor); ou ainda há quem defenda que é apenas uma soft law (orientam
os Estados).
De acordo com Caio Paiva, trata-se de “conjunto de princípios e regras que limitam o recurso
à violência em período de conflito armado, possuindo os seguintes objetivos: a) proteger as pessoas
Salientando que “o Direito Humanitário possui como fontes o “Direito de Genebra”, que
compreende as Convenções e Protocolos internacionais elaborados sob a supervisão do Comitê
Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e que diz essencialmente à respeito à proteção das vítimas
de conflitos; o “Direito da Haia”, que diz respeito às convenções adotadas durante as Conferências
de Paz realizadas em Haia (Holanda), tendo como preocupação os meios e métodos de guerra
autorizados; e o “Direito de Nova Iorque”, que compreende a atuação da ONU com vista a assegurar
o respeito pelos direitos humanos em caso de conflito armado e a limitar o recurso a certas armas”.
Criada após o fim da 1ªGM, possuía como objetivo promover a paz, a cooperação e a
segurança internacional.
A doutrina considera que a Liga das Nações serviu como uma espécie de “laboratório” para
a constituição da Organização das Nações Unidas (ONU).
Projeta o ser humano como sujeito de direito internacional, estabelece parâmetros mínimos
para a proteção do trabalhador, disciplinando a sua condição no plano internacional por meio de
diversas convenções.
O estudo dos sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos é um dos mais
cobrados em concursos públicos, por isso merece sua atenção.
1. ELEMENTOS CARACTERIZADORES
Há, pelo menos, três elementos que caracterizam os sistemas de proteção: normas, órgãos
e mecanismos.
1.1. NORMAS
Por exemplo, no Sistema Global há a Organização das Nações Unidas que abriga todos os
órgãos e normas de proteção.
Segundo Aline Albuquerque e Aléssia Barroso (citadas por Caio Paiva), “as normas são o
conjunto de tratados, declarações, princípios e outras normativas de direitos humanos que integram
os Sistemas Internacionais de DH.”
1.2. ÓRGÃOS
Igualmente, não há sistema internacional de direitos humanos quando não existe órgãos que
monitorem tais direitos. No caso da ONU, por exemplo, há órgãos convencionais e extra
convencionais.
De acordo com Aline Albuquerque e Aléssia Barroso (citadas por Caio Paiva), “um órgão se
caracteriza como político quando não recebe comunicação ou petição individual e, em
consequência, não profere decisão acerca de casos específicos cujo conteúdo versa sobre a
responsabilidade do Estado por violação de direitos humanos. Um órgão é quase judicial quando
processa petições e comunicações individuais e desse processamento resulta uma decisão que
consubstancia em recomendações, as quais pressupõem a responsabilização internacional do
Estado. E, por fim, os órgãos judiciais detêm o poder jurisdicional, logo, proferem sentenças”
São meios de monitoramento para a observância e a aplicação dos direitos humanos, poderá
ser convencional ou extra convencional.
3. PRINCÍPIOS
O sistema global coexiste com os sistemas regionais, ou seja, devem conviver em harmonia,
tendo em vista que são complementares.
Conforme Flávia Piovesan (citada por Caio Paiva), “os sistemas global e regional não são
dicotômicos, mas complementares. Inspirados pelos valores e princípios da Declaração Universal,
compõem o universo instrumental de proteção dos direitos humanos no plano internacional. Nessa
ótica, os diversos sistemas de proteção de direitos humanos interagem em benefício dos indivíduos
protegidos. Ao adotar o valor da primazia da pessoa humana, tais sistemas se complementam,
somando-se ao sistema nacional de proteção, a fim de proporcionar a maior efetividade possível na
tutela e promoção de direitos fundamentais. Essa é, aliás, a lógica e a principiologia próprias do
Direito dos Direitos Humanos”
A vítima de uma violação de direitos humanos possui a opção de demandar contra o Estado
no sistema global ou no sistema regional, desde que o país tenha aceitado a competência
contenciosa dos mecanismos de proteção.
Os sistemas internacionais de proteção aos direitos humanos atuam apenas quando não
houver proteção efetiva no direito interno ou quando a proteção houver falhado. Por isso, é
caracterizado pela subsidiariedade já que para se acessar um tribunal internacional de direitos
humanos a vítima deve comprovar que esgotou os recursos internos.
Os Estados devem cooperar com os sistemas internacionais dos direitos humanos para uma
melhor solução do deslinde. Destaca-se que o Estado pode defender-se, a fim de buscar sua
absolvição perante os mecanismos de proteção.
No entender de Aline Albuquerque e Aléssia Barroso (citadas por Caio Paiva), “cabe ao
Estado envidar o máximo de esforços no sentido de cumprir seus compromissos internacionais e,
pois, à luz da Convenção de Viena sobre os Direitos dos Tratados, todo tratado em vigor obriga as
partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé, o que implica conferir efeito razoável e útil à norma
internacional ao qual se vinculou voluntariamente. Desse modo, tendo em conta a adesão de um
Estado a determinado Sistema Internacional de DH, ele detém a obrigação internacional de respeito
aos direitos humanos reconhecidos no tratado, convenção ou em qualquer ato normativo ao qual
se vinculou. Nessa linha, o princípio da cooperação e do diálogo aponta para a atuação do Estado
e dos órgãos de direitos humanos, ou seja, ambos devem atuar de modo harmônico e amigável em
prol da efetivação dos direitos humanos, conseguintemente, posturas beligerantes e contenciosas
não são bem recepcionadas na esfera dos Sistemas Internacionais de DH”
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Tal Sistema nasceu com a constituição da ONU (Organização das Nações Unidas), em junho
de 1945, com a edição da Carta das Nações Unidas (também chamada de Carta de São Francisco
ou Carta da ONU).
Obs.: A Carta da ONU é um Tratado, foi aderido pelo Brasil por meio de promulgação do Decreto
19.841/1945.
Salienta-se que a expressão “direitos humanos” é pouco citada ao longo da Carta de São
Francisco, não há um catálogo de direitos humanos, a sua intenção principal foi a constituição da
ONU.
1º Direitos civis e políticos têm natureza distinta dos direitos econômicos, culturais e sociais,
especialmente porque os primeiros seriam de aplicação imediata (passíveis de cobrança), enquanto
os demais seriam realizáveis progressivamente, sem que se pudesse exigir do Estado a sua
concretização.
2º Diz respeito aos mecanismos de supervisão. Os direitos civis e políticos deveriam ser
implementados imediatamente (referem-se às liberdades individuais), sua violação poderia ser
denunciada a um órgão fiscalizador (posteriormente denominado de Comitê de Direitos Humanos).
Por outro lado, os econômicos, sociais e culturais se realizariam apenas diante da cooperação
internacional e dos esforços de cada Estado, não sendo possível a aplicação do sistema de
denúncias.
ARTIGO 1º
1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude desse direito,
determinam livremente seu estatuto político e asseguram livremente seu
desenvolvimento econômico, social e cultural.
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem dispor
livremente de suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das
obrigações decorrentes da cooperação econômica internacional, baseada no
princípio do proveito mútuo, e do Direito internacional. Em caso algum,
poderá um povo ser privado de seus meios de subsistência.
3. Os Estados partes do presente pacto, inclusive aqueles que tenham a
responsabilidade de administrar territórios não-autônomos e territórios sob
tutela, deverão promover o exercício do direito à autodeterminação e
respeitar esse direito, em conformidade com as disposições da Carta das
nações unidas.
De outro lado, a diferença fundamental entre os pactos é justamente aquela que originou a
edição de dois documentos distintos, estampada nos respectivos arts. 2º. Enquanto o PIDCP cria a
obrigação estatal de “tomar as providências necessárias”, inclusive de natureza legislativa, para
“garantir a todos os indivíduos que se encontrem no território e que estejam sujeitos à sua jurisdição
os direitos reconhecidos no presente Pacto”, o tratado referente aos direitos econômicos, sociais e
culturais, também no art. 2º, prevê a adoção de medidas, tanto por esforço próprio como pela
cooperação e assistência internacionais, “que visem a segurar, progressivamente, por todos os
meios apropriados, o pleno exercício dos direitos reconhecidos no presente Pacto”.
PIDCP - ARTIGO 2º
1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar e a
garantir a todos os indivíduos que se achem em seu território e que estejam
sujeito a sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, religião, opinião política
ou outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica,nascimento
ou qualquer outra condição.
2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza destinadas a
tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente Pacto, os Estados do
presente Pacto comprometem-se a tomar as providências necessárias com
vistas a adota-las, levando em consideração seus respectivos procedimentos
constitucionais e as disposições do presente Pacto.
3. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a:
PIDESC - ARTIGO 2º
1. Cada Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a adotar
medidas, tanto por esforço próprio como pela assistência e cooperação
internacionais, principalmente nos planos econômico e técnico, até o máximo
de seus recursos disponíveis, que visem assegura, progressivamente, por
todos os meios apropriados, o, pleno exercício e dos direitos reconhecidos no
presente Pacto, incluindo, em particular, a adoção de medidas legislativa.
2. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a garantir que os
direitos nele enunciados se exercerão sem discriminação alguma por motivo
de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza,
origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra
situação.
3. Os países em desenvolvimento, levando devidamente em consideração os
direitos humanos e a situação econômica nacional, poderão determinar em
que medida garantirão os direitos econômicos reconhecidos no presente
Pacto àqueles que não sejam seus nacionais
Porém, ainda que se entenda que tais direitos não possam ser inaugurados imediatamente,
por demandarem uma série de medidas estatais relacionadas com uma política pública, não se
pode daí inferir que não surja para os cidadãos de um dado Estado-Parte no Pacto Internacional
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais o direito subjetivo de exigir a sua implementação,
especialmente tendo em vista a melhoria de uma situação específica que viole a dignidade
fundamental dos seres humanos, ao se mostrar contrária aos patamares mínimos estatuídos pelo
Pacto ou por outros de natureza semelhante.
Assim como a Carta de São Francisco (para corrente minoritária), a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional
de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, os mecanismos de proteção integram a Carta de
Proteção dos Direitos Humanos.
3. ESTRUTURA DA ONU
A ONU foi criada em 1945, pela Carta das Nações Unidas. Possui natureza jurídica de
organização internacional e personalidade jurídica de direito internacional público.
• Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses
objetivos comuns.
A Organização e seus Membros (Estados que tenham assinado e ratificado a Carta de São
Francisco), para a realização dos propósitos mencionados, agirão de acordo com os seguintes
Princípios:
• A Organização fará com que os Estados que não são Membros das Nações Unidas ajam
de acordo com esses Princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e
da segurança internacionais.
Por fim, salienta-se que são órgãos principais da ONU a Assembleia Geral, o Conselho de
Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela (não está mais em
funcionamento), a Corte Internacional de Justiça e o Secretariado. Nada impede que outros órgãos,
de natureza subsidiária, sejam criados, como exemplo cita-se: o Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) e o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA).
4.1. CONCEITO
Mecanismos convencionais encontram sua base normativa, sua estrutura orgânica e seu
modo de funcionamento em tratados ou convenções internacionais de direitos humanos, a exemplo
dos mecanismos de relatórios periódicos, de petições individuais previstos no PIDCP, monitorados
pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU.
Por outro lado, os mecanismos extraconvencionais são aqueles em que a base normativa,
a estrutura orgânica e seu modo de funcionamento não decorrem diretamente de tratados e
convenções internacionais de direitos humanos, mas sim de uma resolução ou de um ato normativo
de Órgãos Políticos das Nações Unidas, a exemplo do mecanismo de revisão periódica universal,
monitorado pelo Conselho de Direitos Humanos.
• Receber, examinar e emitir pareceres sobre os relatórios dos Estados-Partes acerca dos
mecanismos implementados em seus territórios para aplicação dos tratados
internacionais.
De acordo com Caio Paiva, atualmente, existem 10 Comitês no Sistema Global. Observe o
quadro abaixo:
Visitas e recomendações; e
Subcomitê para a Prevenção da
aconselhamentos,
Protocolo Facultativo da Tortura ou outros Tratamentos ou
recomendações e cooperação
Convenção contra a Tortura Penas Cruéis, Desumanos ou
em relação aos Mecanismos
Degradantes
Preventivos Nacionais.
É inserido como uma cláusula obrigatória, não se admite que o Estado faça reservas.
A finalidade é preventiva.
Por meio das petições interestatais, um Estado pode apresentar contra outro Estado uma
denúncia perante os comitês, acusando-o da violação de direitos humanos. O procedimento
desenvolve-se no âmbito de uma Comissão Especial criada para buscar a conciliação entre os
Estados Partes denunciante e denunciado. A Comissão, ao final do procedimento, apresenta um
relatório final com recomendações sobre a solução do litígio, sem que possa “impor” uma solução
concreta aos Estados.
Por meio das petições individuais, a vítima assume a condição de sujeito de direito perante
o Direito Internacional dos Direitos Humanos e pode apresentar uma denúncia contra o Estado Parte
junto aos comitês dos tratados. Trata-se de um mecanismo facultativo para os Estados Partes,que
podem aceitá-lo, a depender do tratado, mediante declaração especial ou ratificando o protocolo
facultativo.
Em regra, para que uma petição individual seja processada pelo comitê, são exigidos os
seguintes requisitos:
• Nexo causal - a denúncia deve ter como objeto uma violação de direito humanos
protegido pelo tratado que criou o respectivo comitê);
Em 2006, a Comissão de Direitos Humanos foi extinta, tendo sido criado o Conselho de
Direitos Humanos. Segundo Caio Paiva, o motivo principal de sua extinção foi a sua grande
politização.
• A denúncia pode ser examinada no nível mais alto do mecanismo de direitos humanos
das Nações Unidas;
• Grupo de Trabalho sobre Comunicações, que realiza uma triagem no recebimento das
queixas, examinando o preenchimento dos requisitos de admissibilidade;
• Grupo de Trabalho sobre Situações, que analisa as queixas e as respostas dos Estados,
bem como eventuais recomendações do Grupo de Comunicações, apresentando ao final
um relatório ao Conselho de Direitos Humanos, que irá deliberar sobre a queixa.
A Revisão Periódica Universal (RPU) foi criada através da Resolução 60/251 da Assembleia-
Geral das Nações Unidas, que estabeleceu o Conselho de Direitos Humanos.
1) O Estado examinado apresenta relatório nacional sobre a situação dos direitos humanos
em seu território;
3) ONGs e outros atores interessados também podem apresentar seus informes e outros
documentos relevantes;
5) São nomeados pelo Conselho três Estados (escolhidos entre os diversos grupos
regionais, por sorteio), conhecido como “troika”, que atuam como verdadeiros relatores da RPU do
Estado examinado;
A DUDH foi aprovada em 10 de dezembro de 1948, não foi subscrita por todos os Países-
membros das Nações Unidas quando de sua proclamação, sendo notável o silêncio dos Países
aliados à União Soviética, provocando oito abstenções dentre os 58 Países então membros.
Aliado a isso, havia a necessidade de dar concretude aos direitos humanos e liberdades
fundamentais referidos na Carta da ONU2 (art. 1ª, 3).
Afirma-se que o significado da DUDH decorre dos próprios objetivos da criação das Nações
Unidas, relacionados com a reconstrução da ordem mundial fundada em novos conceitos de direito
internacional, contrários à doutrina da soberania nacional absoluta e à exacerbação do positivismo
jurídico.
Pretendia-se formular um rol atualizado dos direitos humanos, com a criação de obrigações
para os Estados em decorrência da normativa internacional.
Carlos Weis, citando Dalmo Abreu Dallari, afirma que o exame dos artigos da Declaração
revela que ela consagrou três objetivos fundamentais:
• A certeza dos direitos, exigindo que haja uma fixação prévia e clara dos direitos e
deveres, para que os indivíduos possam gozar dos direitos ou sofrer imposições;
• A segurança dos direitos, impondo uma série de normas tendentes a garantir que, em
qualquer circunstância, os direitos fundamentais serão respeitados;
2 Também chamada de Carta de São Francisco, é de 1945. É um tratado internacional - fala em DH, mas não define seu
conteúdo.
Foi o primeiro documento internacional a tratar dos direitos humanos, tanto civis e políticos
quanto econômicos, sociais e culturais, de maneira indivisível, ainda que tenha reconhecido sua
distinta natureza jurídica.
Conforme se percebe, a DUDH não faz qualquer distinção entre as categorias dos direitos
humanos, no que diz respeito ao seu reconhecimento e gozo, ainda que o regime de implementação
das liberdades e dos demais direitos humanos possam ser diferenciados.
Apesar de inúmeros preceitos estarem ultrapassados (ex: casamento entre homem e mulher
apenas), não retiram o caráter simbólico da Declaração Universal, e sua quase total atualidade
demonstra a inconveniência política de se alterar seu consagrado texto, até porque a atualização
do catálogo dos direitos humanos tem se realizado constantemente, por meio de novos tratados,
declarações e programas de ação, de que fazem exemplo os do Rio de Janeiro sobre o Meio
Ambiente (1992), de Viena sobre Direitos Humanos (1993), do Cairo sobre População e
Desenvolvimento (1994) e de Pequim sobre Direitos da Mulher (1995). A vitalidade do Sistema
Universal dos Direitos Humanos, portanto, mantém em constante afinidade com os valores que
traduzem a dignidade fundamental do ser humano.
• Ano: 1948
• Primeiro documento que tratou das duas gerações de Direitos Humanos (1ª
e 2ª)
• Universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos civis,
políticos, econômicos e sociais.
• Direito de propriedade: reconhecido tanto em caráter individual quanto
coletivo;
• Implementação progressiva, de acordo com as possibilidades, dos direitos
econômicos, sociais e culturais;
• Família é o núcleo natural e fundamental da sociedade
Novidades
Da análise de suas normas substantivas, vale registrar as alterações feitas pelo PIDCP em
relação ao texto da Declaração Universal (arts. III a XXI), como: direito à vida (art. 6º); a não ser
submetido à tortura ou tratamentos cruéis desumanos ou degradantes (art. 7º); de não ser
escravizado ou submetido à servidão (art. 8º); à liberdade e segurança pessoal – incluindo não ser
sujeito à prisão ou detenção arbitrária (art. 9º); à igualdade perante a lei (art. 3º); a um julgamento
justo (art. 14); às liberdades de locomoção (art. 12), consciência, manifestação do pensamento,
religião (art. 18), associação (inclusive de fundar sindicatos e a eles aderir – art. 22), reunião pacífica
(art. 21); a casar e constituir família (art. 23); a ter nacionalidade (art. 24); e de votar, tomar parte do
governo – diretamente ou por meio de representantes – e ter acesso às funções públicas de seuPaís
(art. 25).
ARTIGO 6º
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser
protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida.
2. Nos Países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá
ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com
ARTIGO 8º
1. Ninguém poderá ser submetido à escravidão; a escravidão e o tráfico de
escravos, em todos as suas formas, ficam proibidos.
2. Ninguém poderá ser submetido à servidão.
3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou
obrigatórios;
b) A alínea "a" do presente parágrafo não poderá ser interpretada no sentido
de proibir, nos países em que certos crimes sejam punidos com prisão e
trabalhos forçados, o cumprimento de uma pena de trabalhos forçados,
imposta por um tribunal competente;
c) Para os efeitos do presente parágrafo, não serão considerados "trabalhos
forçados ou obrigatórios":
i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea "b", normalmente
exigido de um indivíduo que tenha sido encerrado em cumprimento de
decisão judicial ou que, tendo sido objeto de tal decisão, ache-se em
liberdade condicional;
ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se admite a
isenção por motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei venha
a exigir daqueles que se oponha ao serviço militar por motivo de consciência;
iii) qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de calamidade que
ameacem o bem-estar da comunidade;
iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas
normais.
ARTIGO 9°
1. Toda pessoa tem à liberdade e a segurança pessoais.
ARTIGO 12
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado terá o
direito de nele livremente circular e escolher sua residência.
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive
de seu próprio país.
3. Os direitos supracitados não poderão constituir objeto de restrição, a
menos que estejam previstas em lei e no intuito de proteger a segurança
nacional e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem como os direitos e
liberdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis com os outros
direitos reconhecidos no presente pacto.
4. Ninguém poderá ser privado do direito de entrar em seu próprio país.
ARTIGO 14
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça.
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com as devidas
garantias por um tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra
ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A
imprensa e o público poderão ser excluídos de parte ou da totalidade de um
julgamento, que por motivo de moral pública, de ordem pública ou de
segurança nacional em uma sociedade democrática, quer quando o interesse
da vida privada das partes o exija, quer na medida em que isso seja
estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias específicas,
nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça;
entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá
tornar-se pública, a menos que o interesse de menores exija procedimento
oposto, ou o processo diga respeito à controvérsia matrimonial ou a tutela de
menores.
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua
inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa.
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, a, pelo
menos, as seguintes garantias:
ARTIGO 18
1. Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de
religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou
uma crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença,
individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do
culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino.
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam
restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua
escolha.
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita
apenas a limitações previstas em lei e que se façam necessárias para
proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e
as liberdades das demais pessoas.
4. Os Estados partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a
liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de assegurar a
educação religiosa e moral dos filhos que esteja de acordo com suas próprias
convicções.
ARTIGO 22
1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras, inclusive o
direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para a proteção de seus
interesses.
2. O exercício desse direito estará sujeito apenas às restrições previstas em
lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse
da segurança nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para proteger
a saúde ou a moral pública ou os direitos a liberdades das demais pessoas.
O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o exercício
desse direito por membros das forças armadas e da polícia.
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que Estados Partes
da Convenção de 1948 da Organização do Trabalho, relativa à liberdade
sindical e à proteção do direito sindical, venham a adotar medidas legislativas
que restrinjam - ou aplicar a lei de maneira a restringir - as garantias previstas
na referida Convenção.
ARTIGO 23
1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e terá o direito
de ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em idade núbil,
contrair casamento e construir família.
3. Casamento algum será sem o consentimento livre e pleno dos futuros
esposos.
4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão adota as medidas
apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e responsabilidades dos
esposos quanto ao casamento, durante o mesmo e o por ocasião de sua
dissolução. Em caso de dissolução, deverão adotar-se disposições que
assegurem a proteção necessária para os filhos.
ARTIGO 24
1. Toda criança, terá direito, sem discriminação alguma por motivo de cor,
sexo, religião, origem nacional ou social, situação econômica ou nascimento,
às medidas de proteção que a sua condição de menor requerer por parte de
sua família, da sociedade e do Estado.
2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu nascimento e
deverá receber um nome.
3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade.
ARTIGO 25
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de
discriminação mencionadas no artigo 2° e sem restrições infundadas:
a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por meio
de representantes livremente escolhidos;
b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por
sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a
manifestação da vontade dos eleitores;
c) de ter acesso em condições gerais de igualdade, às funções públicas de
seu país.
ARTIGO 10
1. Toda pessoa privada de sua liberdade deverá ser tratada com humanidade
e respeito à dignidade inerente à pessoa humana.
2. a) as pessoas processadas deverão ser separadas, salvo em circunstância
excepcionais, das pessoas condenadas e receber tratamento distinto,
condizente com sua condição de pessoa não-condenada.
b) as pessoas processadas, jovens, deverão ser separadas das adultas e
julgadas o mais rápido possível.
3. O regime penitenciário num tratamento cujo objetivo principal seja a
reforma e a reabilitação moral dos prisioneiros. Os delinquentes juvenis
deverão ser separados dos adultos e receber tratamento condizente com sua
idade e condição jurídica.
O Pacto aceita a pena de trabalhos forçados apenas como exceção (art. 8º, 3 – colacionado
acima), admite como regra a realização de “serviços” ou trabalhos no cárcere como parte das
atividades regulares deste.
Não há no PIDCP qualquer dispositivo referente ao direito de propriedade. Além disso, não
reproduz a referência ao direito de procurar ou gozar de asilo político em outros Países quando a
pessoa for perseguida.
O art. 4º do PIDCP trata do chamado direito de crise, ao prever quais direitos não podem ser
derrogados, em hipótese alguma (chamado de núcleo inderrogável dos direitos humanos), e quais
as situações especiais que permitem a suspensão dos demais.
ARTIGO 4º
1. Quando situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam
proclamadas oficialmente, os Estados partes do presente Pacto podem
adotar, na estrita medida exigida pela situação, medidas que suspendam as
obrigações decorrentes do presente Pacto, desde que tais medidas não
sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhes sejam impostas pelo
Direito Internacional e não acarretem discriminação alguma apenas por
motivo de raça, cor, sexo, língua, religião ou origem social.
2. A disposição precedente não autoriza qualquer suspensão dos artigos 6°,
7°, 8° (§§1° e 2°), 11, 15, 16 e 18.
3. Os Estados Partes do presente pacto que fizerem uso do direito de
suspensão devem comunicar imediatamente aos outros Estados Partes do
Presente Pacto, por intermédio do Secretário-Geral das Nações Unidas, as
disposições que tenham suspenso, bem como os motivos de tal suspensão.
Os Estados Partes deverão fazer uma nova comunicação, igualmente por
intermédio do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, na data
em que terminar tal suspensão.
Deste modo, mesmo que situações excepcionais ameacem a existência da Nação, não são
passíveis de derrogação:
ARTIGO 11 - Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com
uma obrigação contratual.
ARTIGO 15
1. Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões que não constituam
delito de acordo com direito nacional ou internacional, no momento em que
foram cometidos. Tampouco poder-se-á impor pena mais grave do que a
aplicável no momento da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o
delito, a lei estipular a imposição de pena mais leve, o delinquente deverá
beneficiar-se.
2. nenhuma disposição do presente Pacto impedirá o julgamento ou a
condenação de qualquer indivíduo por atos ou omissões que, no momento
em que foram cometidos, eram considerados delituosos de acordo com os
princípios gerais de direito reconhecidos pela comunidade das nações.
• Ao imediato acesso a um tribunal para evitar uma prisão ilegal (art. 9º - acima);
O Tratado entrou em vigor em 23.3.1976, foi ratificado pelo Brasil em 24.1.1992, sem
qualquer reserva ou objeção. Contudo, o País ainda não fez a declaração expressa, a que se refere
o art. 41 do Tratado, no sentido de que reconhece a competência do Comitê para receber e
examinar as comunicações em que um Estado-Parte alegue que outro Estado-Parte não vem
cumprindo as obrigações que lhe impõe o presente Pacto. Desta forma, o Brasil não pode
ARTIGO 41
1. Com base no presente Artigo, todo Estado parte do presente pacto poderá
declarar, a qualquer momento, que reconhece a competência do Comitê para
receber e examinar as comunicações em que um Estado parte alegue que
outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações que lhe impõe a Pacto.
As referidas comunicações só serão recebidas e examinadas nos termos do
presente Artigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte que
houver feito uma declaração em que reconheça, com relação a si próprio, a
competência do Comitê. O Comitê não receberá comunicação alguma
relativa a um Estado Parte que não houver feito uma declaração dessa
natureza.
Segundo Protocolo Facultativo: Refere-se à abolição da pena de morte. No art. 2º, ao mesmo
tempo em que o protocolo veda a realizações de reservas, abre a possibilidade de o Estado Parte,
apenas no momento da ratificação, excepcionar a regra, para admitir a pena de morte somente em
tempo de guerra, decorrente de condenação por crime de natureza militar cometido em tempo de
guerra. Brasil ratificou em 25 de setembro de 2009, com a referida reserva.
ARTIGO 2.º
1. Não é admitida qualquer reserva ao presente Protocolo, exceto a reserva
formulada no momento da ratificação ou adesão prevendo a aplicação da
pena de morte em tempo de guerra em virtude de condenação por infracção
penal de natureza militar de gravidade extrema cometida em tempo de
guerra.
ARTIGO 28
1. Constituir-se-á um comitê de Direitos Humanos (doravante denominado o
"Comitê" no presente pacto). O Comitê será composto de dezoito membros e
desempenhará as funções descritas adiante.
É um corpo independente de especialistas, que opera tanto pelo sistema de relatórios dos
Estados-Partes (devem encaminhar sempre que solicitados – art. 40), quanto pelo recebimento de
comunicações formuladas pelos países (art. 41), observando o esgotamento dos remédios internos,
e desde que não se prolonguem indefinidamente. Sua competência para receber comunicações
depende de aceitação expressa do Estado denunciado (art. 41). Da mesma forma, um estado que
não se submeta ao sistema não está autorizado a formular denúncias, obedecendo ao critério da
reciprocidade, vigente no direito internacional. O Brasil até hoje não declarou a sua aceitação,
estando, portanto, fora desse sistema.
ARTIGO 40
1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a submeter
relatórios sobre as medidas por eles adotadas para tornar efetivos os direitos
reconhecidos no presente Pacto e sobre o progresso alcançado no gozo
desses direitos:
a) dentro do prazo de um ano, a contar do início da vigência do presente
Pacto nos Estados Partes interessados;
b) a partir de então, sempre que o Comitê vier a solicitar.
2. Todos os relatórios serão submetidos ao Secretário-Geral da Organização
das nações Unidas, que os encaminhará. Para exame, ao Comitê. Os
relatórios deverão sublinhar, caso existam, os fatores e as dificuldades que
prejudiquem a implementação do presente pacto.
3. O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas poderá, após
consulta ao Comitê, encaminhar às agências especializadas cópias das
partes dos relatórios que digam respeito à sua esfera de competência.
4. O Comitê estudará os relatórios apresentados pelos Estados partes do
presente pacto e transmitirá aos Estados Partes seu próprio relatório, bem
como os comentários gerais que julgar oportunos. O Comitê poderá
igualmente transmitir ao Conselho Econômico e social os referidos
comentários, bem como cópias dos relatórios que houver recebido dos
Estados partes do Presente pacto.
5. Os Estados Partes no presente pacto poderão submeter ao Comitê as
observações que desejarem formular relativamente aos comentários feitos
nos termos do § 4° do presente artigo.
ARTIGO 41
1. Com base no presente Artigo, todo Estado parte do presente pacto poderá
declarar, a qualquer momento, que reconhece a competência do Comitê para
receber e examinar as comunicações em que um Estado parte alegue que
outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações que lhe impõe a Pacto.
As referidas comunicações só serão recebidas e examinadas nos termos do
presente Artigo no caso de serem apresentadas por um Estado Parte que
houver feito uma declaração em que reconheça, com relação a si próprio, a
competência do Comitê. O Comitê não receberá comunicação alguma
relativa a um Estado Parte que não houver feito uma declaração dessa
Artigo 2º
Ressalvado o disposto no artigo 1º, o indivíduo que se considerar vítima de
violação de qualquer dos direitos enunciados no Pacto e que tenha esgotado
todos os recursos internos disponíveis, poderá apresentar uma comunicação
escrita ao Comitê para que este a examine.
Artigo 3º
O Comitê declarará inadmissíveis as comunicações recebidas em
conformidade com o presente Protocolo que sejam anônimas, ou que, a seu
juízo, constituam abuso de direito ou sejam incompatíveis com as disposições
do Pacto.
Na segunda fase, de instrução probatória, o Estado requerido dispõe de seis meses para
responder as questões de mérito alegadas na petição do particular. O Estado pode também
novamente atacar a admissibilidade do caso, que se for considerado inadmissível, enseja o
encerramento do procedimento.
Na terceira fase, o Comitê adota uma deliberação sobre o mérito, que consiste na
indicação de violação ou não de direitos humanos protegidos e na reparação a ser efetuada pelo
Estado. O Comitê pode decidir ainda publicar o texto com suas decisões e opiniões no informe
anual à Assembleia Geral da ONU.
A execução, quarta fase, pode ser realizada através da indicação de um Relator Especial,
apontado para acompanhar a execução dos ditames do comitê. O Comitê informará à Assembleia
Geral da Organização das Nações Unidas sobre as atividades deste Relator.
1ªC – as decisões dos Comitês relacionados aos tratados da ONU são meras
recomendações, não possuem força vinculante. Sustentam que quando os Estados-Partes aderem
a um tratado possuem ciência que aceitam a competência de um órgão sem natureza jurisdicional,
que espede apenas recomendações.
2ªC – as decisões dos Comitês possuem força vinculante, isto porque os tratados devem ser
interpretados de boa-fé. Assim, ao aderir o PIDCP e o seu protocolo facultativo o Estado-Parte não
poderá descumprir as decisões do Comitê, já que anuiu. Ressalta-se que o Comitê entende que
suas decisões são vinculantes.
Por fim, o argumento de que o Primeiro Protocolo Facultativo ao PIDCP ainda não está em
vigor na ordem interna brasileira, segundo Caio Paiva deve ser feito um distinguishing. Assim:
• Remuneração igual por trabalho igual, com especial proteção à mulher (art. 7º);
ARTIGO 8º
1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a garantir:
a) o direito de toda pessoa de fundar com outras sindicatos e de filiar-se ao
sindicato de sua escolha, sujeitando-se unicamente aos organização
interessada, com o objetivo de promover e de proteger seus interesses
ARTIGO 13
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda pessoa
à educação. Concordam em que a educação deverá visar o pleno
desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade e
• Liberdade de os pais decidirem quanto aos estudos dos filhos (art. 10);
Órgão de tratado das Nações Unidas, criado pelo Conselho Econômico e Social, que
supervisiona a aplicação do PIDESC pelos Estados-Parte, composto por 18 especialistas
independentes, nomeados e escolhidos pelos Estados Parte, por um período fixo e renovável por
quatro anos.
Para facilitar a avaliação, o Comitê adotou orientações sobre a forma e o conteúdo dos
relatórios. Adota também “observações gerais” para guiar a interpretação e aplicação dos artigos
do PIDESC.
A partir da entrada em vigor do PF-PIDESC (05 de maio de 2013), o Comitê terá a faculdade
de examinar comunicações individuais e interestatais, e investigar supostas violações ao
PIDESC.
Permite ao Comitê DESC começar uma investigação quando receber informação fidedigna
indicando a existência de violações graves ou sistemáticas dos direitos estabelecidos no Pacto
Internacional, sempre que o Estado analisado tenha feito uma declaração de aceitação da
competência do Comitê para tais pesquisas.
ARTIGO I
1. Nesta Convenção, a expressão "discriminação racial" significará qualquer
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor,
descendência ou origem nacional ou étnica que tem por objetivo ou efeito
anula ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano,
(em igualdade de condição), de direitos humanos e liberdades fundamentais
no domínio político econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio
de sua vida.
2. Esta Convenção não se aplicará às distinções, exclusões, restrições e
preferências feitas por um Estado Parte nesta Convenção entre cidadãos.
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como afetando as
disposições legais dos Estados Partes, relativa à nacionalidade, cidadania e
naturalização, desde que tais disposições não discriminem contra qualquer
nacionalidade particular.
4. Não serão consideradas discriminações racial as medidas especiais
tomadas como o único objetivo de assegurar progresso adequado de certos
grupos raciais ou étnicos ou indivíduos que necessitem da proteção que
Este artigo é complementado pelo art. 4º, “a”, no sentido de que os Estados devem editar
normas penais para punir atos discriminatórios e racistas, incluindo qualquer difusão de ideias
baseadas na superioridade ou ódio racial.
Cada Estado-Parte deve enviar relatórios periódicos, inicialmente no primeiro ano após a
ratificação da Convenção, e desde então bienalmente.
Além do sistema de relatórios, a Convenção estabelece três outros mecanismos através dos
quais o Comitê realiza o monitoramento, a saber: o exame das reclamações interestatais; o
daquelas decorrentes dos indivíduos; o procedimento Alerta Rápido, voltado ao envio de
recomendações urgentes quanto aos procedimentos a serem tomados pelos Estados-Partes para
prevenir ou limitar a ocorrência de violações à Convenção, em face de situações de conflitos.
ARTIGO XIV
1. Todo Estado Parte poderá declarar a qualquer momento que reconhece a
competência do Comitê para receber e examinar comunicações de indivíduos
ou grupos de indivíduos sob sua jurisdição que se consideram vítimas de uma
violação pelo referido Estado Parte, de qualquer um dos direitos enunciados
na presente Convenção. O Comitê não receberá qualquer comunicação de
um Estado Parte que não houver feito tal declaração
2. Qualquer Estado Parte que fizer uma declaração de conformidade com o
parágrafo do presente artigo, poderá criar ou designar um órgão dentro da
sua ordem jurídica nacional, que terá competência para receber e examinar
as petições de pessoas ou grupos de pessoas sob sua jurisdição que
alegarem ser vítimas de uma violação de qualquer um dos direitos
enunciados na presente Convenção e que esgotaram os outros recursos
locais disponíveis.
3. A declaração feita de conformidade com o 1.° do presente artigo e o nome
de qualquer órgão criado ou designado pelo Estado Parte interessado
consoante o 2.° do presente artigo será depositado pelo Estado Parte
interessado junto ao Secretário geral das Nações Unidas que remeterá cópias
aos outros Estados Partes. A declaração poderá ser retirada a qualquer
.
O Comitê entendeu, na Recomendação Geral nº 19/92, que a violência contra as mulheres
(violência dirigida contra uma mulher devido ao fato de ser mulher), encontra-se na definição de
discriminação contra as mulheres, embora a Convenção não refira expressamente esta questão.
O art. 2º prevê uma série de obrigações assumidas pelos Estados Partes, com o fim de
eliminar as descriminações, em virtude da ratificação ou da adesão à Convenção.
.
2. A adoção pelos Estados-partes de medidas especiais, inclusive as contidas
na presente Convenção, destinadas a proteger a maternidade, não se
considerará discriminatória.
O Brasil ratificou a Convenção da Mulher em 1984, formulou reserva aos artigos 15,
parágrafo 4º, e artigo 16, parágrafo 1º, alíneas (a), (c), (g) e (h), e artigo 29. As reservas aos artigos
15 e 16, retiradas em 1994, foram feitas devido à incompatibilidade entre a legislação brasileira,
então pautada pela assimetria entre os direitos do homem e da mulher. A reserva ao artigo 29, que
não se refere a direitos substantivos, é relativa a disputas entre Estados partes quanto à
interpretação da Convenção e continua vigorando.
Entrou em vigor no ano de 2000. O Brasil ratificou em 2002, sem qualquer reserva.
.
quatro anos e toda vez que o Comitê vier a solicitar. O Comitê adotou algumas recomendações
(“guidelines”) para os Estados elaborarem seus relatórios.
Após receber o relatório do Estado Parte, um grupo de trabalho do Comitê, composto por
cinco Partes reúne-se, antes da sessão, para preparar uma lista de questões e perguntas, as quais
serão enviadas aos Estados antes da apresentação do relatório. Durante o período de sessão, oito
dos Estados Partes apresentam oralmente seus relatórios. Após a apresentação, o Comitê faz
observações e comentários gerais, faz perguntas sobre artigos específicos da Convenção, que são
posteriormente respondidas pelo Estado. Por fim, o Comitê elabora comentários finais sobre os
relatórios apresentados, que serão incluídos em seu relatório final à Assembleia Geral.
Artigo 8º
1. Caso o Comitê receba informação fidedigna indicando graves ou
sistemáticas violações por um Estado Parte dos direitos estabelecidos na
Convenção, o Comitê convidará o Estado Parte a cooperar no exame da
informação e, para esse fim, a apresentar observações quanto à informação
em questão.
2. Levando em conta quaisquer observações que possam ter sido
apresentadas pelo Estado Parte em questão, bem como outras informações
fidedignas das quais disponha, o Comitê poderá designar um ou mais de seus
membros para conduzir uma investigação e apresentar relatório
urgentemente ao Comitê. Sempre que justificado, e com o consentimento do
Estado Parte, a investigação poderá incluir visita ao território deste último.
3. Após examinar os resultados da investigação, o Comitê os transmitirá ao
Estado Parte em questão juntamente com quaisquer comentários e
recomendações.
.
4. O Estado Parte em questão deverá, dentro de seis meses do recebimento
dos resultados, comentários e recomendações do Comitê, apresentar suas
observações ao Comitê.
5. Tal investigação será conduzida em caráter confidencial e a cooperação
do Estado Parte será buscada em todos os estágios dos procedimentos.
Artigo 9º
1. O Comitê poderá convidar o Estado Parte em questão a incluir em seu
relatório, segundo o Artigo 18 da Convenção, pormenores de qualquermedida
tomada em resposta à investigação conduzida segundo o Artigo 18 deste
Protocolo.
2. O Comitê poderá, caso necessário, após o término do período de seis
meses mencionado no Artigo 8.4 deste Protocolo, convidar o Estado Parte a
informá-lo das medidas tomadas em resposta à mencionada investigação.
Caso a comunicação seja admitida, o Comitê comunicará o Estado, que terá seis meses
para apresentar suas observações. O Comitê escutará os requerentes em sessões fechadas e
transmitirá suas considerações e recomendações às partes interessadas. O Estado terá mais seis
meses para apresentar documento escrito dispondo sobre as medidas adotadas.
.
A Convenção foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 1984, entrou em vigor em
1987, sendo ratificada pelo Brasil em 1989.
Está dividia em três partes: a primeira diz respeito aos sujeitos ativos e passivos da tortura,
sua definição e as medidas a serem tomadas pelos Estados que a ela aderirem; a segunda trata do
Comitê e sua atuação: membros, duração do mandato, relatórios, posicionamentos sobre casos
apresentados; a terceira cuida da adesão dos Estados-partes à Convenção, bem como emendas
que possam vir a sugerir.
ARTIGO 1º
1. Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa qualquer
ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos
intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira
pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato cometido; de
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo
baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou
sofrimento são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu
consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores
ou sofrimentos consequência unicamente de sanções legítimas, ou quesejam
inerentes a tais sanções ou delas decorram.
2. O presente Artigo não será interpretado de maneira a restringir qualquer
instrumento internacional ou legislação nacional que contenha ou possa
conter dispositivos de alcance mais amplo.
O art. 2º determina que em nenhum caso, nem mesmo em situações excepcionais, será
permitida a derrogação a regra de proibição da tortura.
ARTIGO 2°
1. Cada Estado Parte tomará medidas eficazes de caráter legislativo,
administrativo, judicial ou de outra natureza, a fim de impedir a prática de atos
de tortura em qualquer território sob sua jurisdição.
2. Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais tais
como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer
outra emergência como justificação para tortura.
.
3. A ordem de um funcionário superior ou de uma autoridade pública não
poderá ser invocada como justificação para a tortura.
ARTIGO 2°
1. Cada Estado Parte tomará medidas eficazes de caráter legislativo,
administrativo, judicial ou de outra natureza, a fim de impedir a prática de atos
de tortura em qualquer território sob sua jurisdição.
ARTIGO 3º
1. Nenhum Estado parte procederá à expulsão, devolução ou extradição de
uma pessoa para outro Estado quando houver razões substanciais para crer
que a mesma corre perigo de ali ser submetida a tortura.
2. A fim de determinar a existência de tais razões, as autoridades
competentes levarão em conta todas as considerações pertinentes, inclusive,
quando for o caso, a existência, no Estado em questão, de um quadro de
violência sistemáticas, graves e maciças de direitos humanos.
c) Tortura deverá ser considera crime, no âmbito das respectivas legislações internas (art.
4º nº 1);
ARTIGO 4°
1. Cada Estado Parte assegurará que todos os atos de tortura sejam
considerados crimes segundo a sua legislação penal. O mesmo aplicar-se-á
à tentativa de tortura e a todo ato de qualquer pessoa que constitua
cumplicidade ou participação na tortura.
2. Cada Estado Parte punirá estes crimes com penas adequadas que levem
conta a sua gravidade.
ARTIGO 5º
1. Cada Estado Parte tomará as medidas necessárias para estabelecer sua
jurisdição sobre os crimes previstos no Artigo 4° nos seguintes casos:
a) quando os crimes tenham sido cometidos em qualquer território sob sua
jurisdição ou a bordo de navio ou aeronave registrada no Estado em questão;
b) quando o suposto autor for nacional do Estado em questão;
c) quando a vítima for nacional do Estado em questão e este considerar
apropriado.
2. Cada Estado Parte tomará também as medidas necessárias para
estabelecer sua jurisdição sobre tais crimes nos casos em que o suposto
autor se encontre em qualquer território sob sua jurisdição e o Estado não
.
extradite de acordo com o Artigo 8° para qualquer dos Estados mencionados
no parágrafo 1 do presente Artigo.
3. Esta Convenção não exclui qualquer jurisdição criminal exercida de acordo
com o direito interno.
ARTIGO 8º
1. Os crimes a que se refere o artigo 4º serão considerados como
extraditáveis em qualquer tratado de extradição existente entre os Estados
Partes. Os Estados Partes obrigar-se-ão a incluir tais crimes como
extraditáveis em todo tratado de extradição que vierem a concluir entre si.
2. Se um Estado Parte que condiciona a extradição à existência de tratado
receber um pedido de extradição por parte de outro Estado Parte com o qual
mantém tratado de extradição, poderá considerar a presente Convenção com
base legal para a extradição com respeito a tais crimes. A extradição sujeitar-
se-á às outras condições estabelecidas pela lei do Estado que receber a
solicitação.
3. Os Estados partes que não condicionam a extradição à existência de um
tratado reconhecerão, entre si, tais crimes como extraditáveis, dentro das
condições estabelecidas pela lei do Estado que receber a solicitação.
4. O crime será considerado, para o fim de extradição entre os Estados
partes, como se tivesse ocorrido não apenas no lugar em que ocorreu, mas
também nos territórios dos Estados chamados a estabelecerem sua
jurisdição, de acordo com o parágrafo 1 do Artigo 5°.
ARTIGO 9°
1. Os Estados Partes prestarão entre si a maior assistência possível em
relação aos procedimentos criminais instaurados relativamente a qualquer
dos delitos mencionados no Artigo 4°, inclusive no que diz respeito ao
fornecimento de todos os elementos de prova necessários para o processo
que estejam em seu poder.
2. Os Estados Partes cumprirão as obrigações decorrentes do parágrafo 1
do presente Artigo conforme quaisquer tratados de assistência judiciária
recíproca existente entre si.
ARTIGO 10
1. Cada Estado assegurará que o ensino e a informação sobre a proibição
de tortura sejam plenamente incorporados no treinamento do pessoal civil ou
militar encarregado da aplicação da lei, do pessoal médico, dos funcionários
públicos e de quaisquer outras pessoas que possam participar da custódia,
interrogatório ou tratamento de qualquer pessoa submetida a qualquer forma
de prisão, detenção ou reclusão.
2. Cada Estados Parte incluirá a referida proibição nas normas ou instruções
relativas aos deveres e funções de tais pessoas.
.
h) Instauração de um inquérito sempre que existam motivos para crer que um ato de tortura
foi praticado (art. 12º);
ARTIGO 12
Cada Estado Parte assegurará que suas autoridades competentes
procederão imediatamente a uma investigação imparcial sempre que houver
motivos razoáveis para crer que um ato de tortura tenha sido cometido em
qualquer território sob sua jurisdição.
i) Garantia do direito de apresentar queixa por parte de qualquer pessoa que alegue haver
sido submetida à tortura e exame rigoroso do seu caso (art. 13º);
ARTIGO 13
Cada Estado assegurará a qualquer pessoa que alegue ter sido submetido à
tortura em qualquer território sob sua jurisdição o direito de apresentar queixa
perante as autoridades competentes do referido Estado, que procederão
imediatamente e com imparcialidade ao exame de seu caso. Serão tomadas
medidas para assegurar a proteção do queixoso e das testemunhas contra
qualquer mau tratamento ou intimidação em consequência da queixa
apresentada ou depoimento prestado.
ARTIGO 14
1. Cada Estado Parte assegurará, em seu sistema jurídico, à vítima de um
ato de tortura, o direito à reparação e a uma indenização justa e adequada,
incluídos os meios necessários para a mais completa reabilitação possível.
Em caso de morte da vítima como resultado de um ato de tortura, seus
dependentes terão direito a indenização.
2. O disposto no presente Artigo não afetará direito a indenização que a
vítima ou outra pessoa tem em decorrência das leis nacionais.
ARTIGO 15
Cada Estado Parte assegurará que nenhuma declaração que se demonstre
ter sido prestada como resultado de tortura possa ser invocada como prova
em processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura como prova de
que a declaração foi prestada.
Foi adotado pela Assembleia Geral da ONU em 2002, entrou em vigor em 2006. O Brasil
ratificou, sem reservas, em 2007.
Seu objetivo é estabelecer um sistema regular de visitas, realizadas por órgãos nacionais e
internacionais aos locais de custódia de pessoas, a fim de prevenir a ocorrência de tortura e outros
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.
Artigo 1
.
O objetivo do presente Protocolo é estabelecer um sistema de visitas
regulares efetuadas por órgãos nacionais e internacionais independentes a
lugares onde pessoas são privadas de sua liberdade, com a intenção de
prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
degradantes.
Artigo 3
Cada Estado-Parte deverá designar ou manter em nível doméstico um ou
mais órgãos de visita encarregados da prevenção da tortura e outros
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes (doravante
denominados mecanismos preventivos nacionais).
Artigo 4
1. Cada Estado-Parte deverá permitir visitas, de acordo com o presente
Protocolo, dos mecanismos referidos nos Artigos 2 e 3 a qualquer lugar sob
sua jurisdição e controle onde pessoas são ou podem ser privadas de sua
liberdade, quer por força de ordem dada por autoridade pública quer sob seu
incitamento ou com sua permissão ou concordância (doravante denominados
centros de detenção). Essas visitas devem ser empreendidas com vistas ao
fortalecimento, se necessário, da proteção dessas pessoas contra a tortura e
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes.
2. Para os fins do presente Protocolo, privação da liberdade significa qualquer
forma de detenção ou aprisionamento ou colocação de uma pessoa em
estabelecimento público ou privado de vigilância, de onde, por força de ordem
judicial, administrativa ou de outra autoridade, ela não tem permissão para
ausentar-se por sua própria vontade.
10.2. COMITÊ
ARTIGO 19
1. Os Estados Partes submeterão ao Comitê, por intermédio do Secretário-
Geral das Nações Unidas, relatórios sobre as medidas por eles adotadas no
cumprimento das obrigações assumidas em virtude da presente Convenção,
dentro do prazo de um ano, a contar do início da vigência da presente
Convenção no Estado Parte interessado, a partir de então, os Estados Partes
deverão apresentar relatórios suplementares a cada quatro anos sobre todas
as novas disposições que houverem adotado, bem como outros relatórios que
o Comitê vier a solicitar.
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas transmitirá os relatórios a todos os
Estados Partes.
3. Cada relatório será examinado pelo Comitê, que poderá fazer os
comentários gerais que julgar oportunos e os transmitirá ao Estado Parte
interessado. Este poderá, em resposta ao Comitê, comunicar-lhe todas as
observações que deseje formular.
.
4. O Comitê poderá, a seu critério, tomar a decisão de incluir qualquer
comentário que houver feito de acordo com o que estipular o parágrafo 3 do
presente Artigo, junto com as observações conexas recebidas do Estado
Parte interessado, em seu relatório anual que apresentará em conformidade
com o Artigo 24. Se assim o solicitar o Estado Parte interessado, o Comitê
poderá também incluir cópia do relatório apresentado em virtude do parágrafo
1 do presente Artigo.
ARTIGO 20
1. O Comitê, no caso de vir a receber informações fidedignas que lhe
pareçam indicar, de forma fundamentada, que a tortura é praticada
sistematicamente no território de um Estado Parte, convidará o Estado Parte
em Questão a cooperar no exame das informações e, nesse sentido, a
transmitir as observações que julgar pertinentes.
2. Levando em consideração todas as observações que houver apresentado
o Estado parte interessado, bem como quaisquer outras informações
pertinentes de que dispuser, o Comitê poderá, se lhe parecer justificável,
designar um ou vários de seus membros para que procedam a uma
investigação confidencial e informem urgentemente o Comitê.
3. No caso de realizar-se uma investigação nos termos do parágrafo 2 do
presente Artigo, o Comitê procurará obter a colaboração do Estado Parte
interessado. Com a concordância do Estado parte em questão, a investigação
poderá incluir uma visita a seu território.
4. Depois de haver examinado as conclusões apresentadas por um ou vários
de seus membros, nos termos do parágrafo 2 do presente Artigo, o Comitê
as transmitirá ao Estado Parte interessado, junto com as observações ou
sugestões que considerar pertinentes em vista da situação.
5. Todos os trabalhos do Comitê a que se faz referência nos parágrafos 1 ao
4 do presente Artigo serão confidenciais e, em todas as etapas dos referidos
trabalhos, procurar-se-á obter a cooperação do Estado Parte. Quando
estiverem concluídos os trabalhos relacionados com uma investigação
realizada de acordo com o parágrafo 2, o Comitê poderá, após celebrar
consultas com o Estado Parte interessado, tomar a decisão de incluir um
resumo dos resultados da investigação em seu relatório anual, que
apresentará em conformidade com o Artigo 24.
ARTIGO 21
1. Com base no presente Artigo, todo Estado Parte da presente Convenção
poderá declarar, a qualquer momento, que reconhece a competência do
Comitê para receber e examinar as comunicações em que um Estado Parte
alegue que outro Estado Parte não vem cumprindo as obrigações que lhe
impõe a Convenção. As referidas comunicações só serão recebidas e
examinadas nos termos do presente Artigo no caso de serem apresentadas
por um Estado Parte que houver feito uma declaração em que reconheça,
com relação a si próprio, a competência do Comitê. O Comitê não receberá
comunicação alguma relativa a um Estado Parte que não houver feito uma
declaração dessa natureza. As comunicações recebidas em virtude do
presente Artigo estarão sujeitas ao procedimento que se segue:
.
a) se um Estado Parte considerar que outro Estado Parte não vem cumprindo
as disposições da presente Convenção poderá, mediante comunicação
escrita, levar a questão ao conhecimento deste Estado Parte. Dentro de um
prazo de três meses, a contar da data do recebimento da comunicação, o
Estado destinatário fornecerá ao Estado que enviou a comunicação
explicações ou quaisquer outras declarações por escrito que esclareçam a
questão, as quais deverão fazer referência, até onde seja possível e
pertinente, aos procedimentos, nacionais e aos recursos jurídicos adotados,
em trâmite ou disponíveis sobre a questão;
b) se, dentro de um prazo de seis meses, a contar da data do recebimento da
comunicação original pelo Estado destinatário, a questão não estiver dirimida
satisfatoriamente para ambos os Estados Partes interessados, tanto um
como o outro terão o direito de submetê-lo ao comitê, mediante notificação
endereçada ao Comitê ou outro Estado interessado;
c) o comitê tratará de todas as questões que se lhe submetam em virtude do
presente Artigo somente após ter-se assegurado de que todos os recursos
jurídicos internos disponíveis tenham sido utilizados e esgotados, em
consonância com os princípios do Direito internacional geralmente
reconhecido. Não se aplicará esta regra quando a aplicação dos
mencionados recursos se prolongar injustificadamente ou quando não for
provável que a aplicação de tais recursos venham a melhorar realmente a
situação da pessoa que seja vítima de violação da presente convenção;
d) o comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinando as
comunicações previstas no presente Artigo;
e) sem prejuízo das disposições da alínea (c), o Comitê colocará seus bons
ofícios à disposição dos Estados Partes interessados no intuito de se alcançar
uma solução amistosa para a questão, baseada no respeito às obrigações
estabelecidas na presente Convenção. Com vistas a atingir esse objetivo, o
comitê poderá constituir, se julgar conveniente, uma comissão de conciliação
ad hoc;
f) em todas as questões que se lhe submetem em virtude do presente Artigo,
o Comitê poderá solicitar aos Estados Partes interessados, a que se
referência na alínea (b), que lhe forneçam quaisquer informação pertinentes;
g) os estados Partes interessados, a que se faz referência na alínea (b), terão
o direito de fazer-se representar quando as questões forem examinadas no
Comitê e de apresentar suas observações verbalmente e/ou por escrito;
h) o Comitê, dentro dos doze meses seguintes à data de recebimento da
notificação mencionada na (b), apresentará relatório em que:
i) se houver sido alcançada uma solução nos termos da alínea (e), o comitê
restringir-se-á, em seu relatório, a uma breve exposição dos fatos e da
solução alcançada;
ii) se não houver sido alcançada solução alguma nos termos alínea (e), o
comitê restringir-se-á, em seu relatório, a uma breve exposição dos fatos;
serão anexados ao relatório o texto das observações escritas e as atas das
observações orais apresentadas pelos Estados Partes interessados.
Para cada questão, o relatório será encaminhado aos Estados partes
interessados.
2. As disposições do presente Artigo entrarão em vigor a partir do momento
em que cinco Estados Partes da presente convenção houverem feito as
declarações mencionadas no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas
declarações serão depositadas pelos Estados partes junto ao Secretário
Geral das Nações Unidas, que enviará cópia das mesmas aos demais
.
Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento,
mediante notificação endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada
sem prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma
comunicação já transmitida nos termos deste Artigo; em virtude do presente
Artigo, não se receberá qualquer nova comunicação de um Estado Parte uma
vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre a retirada da
declaração, a menos que o Estado parte interessado haja feito uma nova
declaração
ARTIGO 22
1. Todo Estado Parte da presente Convenção poderá, em virtude do presente
Artigo, declarar, a qualquer momento, que reconhece a competência do
Comitê para receber e examinar as comunicações enviadas por pessoas sob
sua jurisdição, ou em nome delas, que aleguem ser vítimas de violação, por
um Estado Parte, das disposições da Convenção. O Comitê não receberá
comunicação alguma relativa a um Estado parte que não houver feito
declaração dessa natureza.
2. O Comitê considerará inadmissível qualquer comunicação recebida em
conformidade com o presente Artigo que seja anônima, ou seu juízo,
constitua abuso de direito de apresentar as referidas comunicações, ou que
seja incompatível com as disposições da presente Convenção.
3. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 2, o Comitê levará todas as
comunicações apresentadas em conformidade com este Artigo ao
conhecimento do Estado Parte da presente Convenção que houver feito uma
declaração nos termos do parágrafo 1 e sobre o qual ter violado qualquer
disposição da Convenção. Dentro dos seis meses seguintes, o Estado
destinatário submeterá ao Comitê as explicações ou declarações por escrito
que elucidem a questão e, se for o caso, indiquem o recurso jurídico adotado
pelo Estado em questão.
4. O Comitê examinará as comunicações recebidas em conformidade com o
presente Artigo à luz de todas as informações a ele submetidas pela pessoa
interessada, ou em nome dela, e pelo Estado parte interessado.
5. O Comitê não examinará comunicação alguma de uma pessoa, nos
termos do presente Artigo, sem que se haja assegurado de que:
a) a mesma questão não foi, nem está sendo examinada perante outra
instância internacional de investigação ou solução;
b) a pessoa em questão esgotou todos os recursos jurídicos internos
disponíveis; não se aplicará esta regra quando a aplicação dos mencionados
recursos se prolongar injustificadamente ou quando não for provável que a
aplicação de tais recursos venha a melhorar realmente a situação da pessoa
que seja vítima de violação da presente Convenção.
6. O Comitê realizará reuniões confidenciais quando estiver examinando as
comunicações previstas no presente Artigo.
7. O Comitê comunicará seu parecer ao Estado Parte e à pessoa em
questão.
8. As disposições do presente Artigo entrarão em vigor a partir do momento
em que cinco Estado Partes da presente Convenção houverem feito as
declarações mencionadas no parágrafo 1 deste Artigo. As referidas
declarações serão depositadas pelos Estados Partes junto ao Secretário-
.
Geral das Nações Unidas, que enviará cópia das mesmas aos demais
Estados Partes. Toda declaração poderá ser retirada, a qualquer momento,
mediante notificação endereçada ao Secretário-Geral. Far-se-á essa retirada
sem prejuízo do exame de quaisquer questões que constituam objeto de uma
comunicação já transmitida nos termos deste Artigo; em virtude do presente
Artigo, não se receberá nova comunicação de uma pessoa, ou em nome dela,
uma vez que o Secretário-Geral haja recebido a notificação sobre retirada da
declaração, a menos que o Estado parte interessado haja feito uma nova
declaração.
Foi criado pelo artigo 2.º do Protocolo Facultativo, iniciou suas funções em 2007. É composto
por dez especialistas independentes, eleitos pelos Estados Partes para mandatos de quatro anos,
podendo ser reeleitos.
O Subcomité visita, não apenas prisões e delegacias de polícia, mas qualquer local de onde
a pessoa não possa sair por sua livre vontade (como instituições de saúde mental e centros de
acolhimento para jovens, imigrantes ilegais e requerentes de asilo). Durante as visitas, os membros
do Subcomité examinam as condições de vida nos locais de detenção e reúnem-se em privado com
qualquer preso, funcionário ou outra pessoa que possa fornecer informação relevante.
Artigo 2.º
1. Deverá ser criado um Subcomitê para a Prevenção da Tortura e de Outras
Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou Degradantes do Comitê contra
a Tortura (doravante denominado o Subcomitê para a Prevenção), que
deverá desempenhar as funções previstas no presente Protocolo.
2 - O Subcomitê para a Prevenção deverá realizar o seu trabalho no quadro
da Carta das Nações Unidas e orientar-se pelos objetivos e princípios da
mesma, bem como pelas normas das Nações Unidas relativas ao tratamento
de pessoas privadas de liberdade.
3 - O Subcomitê para a Prevenção deverá também orientar-se pelos
princípios da confidencialidade, imparcialidade, não seletividade,
universalidade e objetividade.
4 - O Subcomitê para a Prevenção e os Estados Partes deverão cooperar na
aplicação do presente Protocolo.
A Convenção foi adotada em 1989, pela Assembleia Geral da ONU. Em 1990, o Brasil
ratificou-a, sem qualquer reserva.
.
culturais da comunidade da criança, e o papel vital da cooperação internacional para que os direitos
da criança sejam uma realidade.
A criança é definida como todo o ser humano com menos de dezoito anos, exceto se a lei
nacional confere a maioridade mais cedo.
Artigo 1
Para efeitos da presente Convenção considera-se como criança todo ser
humano com menos de dezoito anos de idade, a não ser que, em
conformidade com a lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada
antes.
Todos os direitos aplicam-se a todas as crianças, sem exceção. O Estado
tem obrigação de proteger a criança contra todas as formas de discriminação
e de tomar medidas positivas para promover os seus direitos.
Artigo 2
1. Os Estados Partes respeitarão os direitos enunciados na presente
Convenção e assegurarão sua aplicação a cada criança sujeita à sua
jurisdição, sem distinção alguma, independentemente de raça, cor, sexo,
idioma, crença, opinião política ou de outra índole, origem nacional, étnica ou
social, posição econômica, deficiências físicas, nascimento ou qualquer outra
condição da criança, de seus pais ou de seus representantes legais.
2. Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para assegurar
a proteção da criança contra toda forma de discriminação ou castigo por
causa da condição, das atividades, das opiniões manifestadas ou das
crenças de seus pais, representantes legais ou familiares.
Todas as decisões que digam respeito à criança devem ter plenamente em conta o seu
interesse superior. O Estado deve garantir à criança cuidados adequados quando os pais, ou outras
pessoas responsáveis por ela não tenham capacidade para isso.
Artigo 3
1. Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por instituições
públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais, autoridades
administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar, primordialmente, o
interesse maior da criança.
2. Os Estados Partes se comprometem a assegurar à criança a proteção e o
cuidado que sejam necessários para seu bem-estar, levando em
consideração os direitos e deveres de seus pais, tutores ou outras pessoas
responsáveis por ela perante a lei e, com essa finalidade, tomarão todas as
medidas legislativas e administrativas adequadas.
3. Os Estados Partes se certificarão de que as instituições, os serviços e os
estabelecimentos encarregados do cuidado ou da proteção das crianças
cumpram com os padrões estabelecidos pelas autoridades competentes,
especialmente no que diz respeito à segurança e à saúde das crianças, ao
número e à competência de seu pessoal e à existência de supervisão
adequada.
Todas as crianças têm o direito inerente à vida, e o Estado tem obrigação de assegurar a
sobrevivência e desenvolvimento da criança.
Artigo 6
1. Os Estados Partes reconhecem que toda criança tem o direito inerente à
vida.
.
2. Os Estados Partes assegurarão ao máximo a sobrevivência e o
desenvolvimento da criança.
A criança tem direito a um nome desde o nascimento, também tem o direito de adquirir uma
nacionalidade e, na medida do possível, de conhecer os seus pais e de ser criada por eles.
Artigo 7
1. A criança será registrada imediatamente após seu nascimento e terá
direito, desde o momento em que nasce, a um nome, a uma nacionalidade e,
na medida do possível, a conhecer seus pais e a ser cuidada por eles.
2. Os Estados Partes zelarão pela aplicação desses direitos de acordo com
sua legislação nacional e com as obrigações que tenham assumido em
virtude dos instrumentos internacionais pertinentes, sobretudo se, de outro
modo, a criança se tornaria apátrida.
A criança tem o direito de exprimir livremente a sua opinião sobre questões que lhe digam
respeito e de ver essa opinião tomada em consideração, tanto na esfera administrativa quanto
judicial.
Artigo 12
1. Os Estados Partes assegurarão à criança que estiver capacitada a formular
seus próprios juízos o direito de expressar suas opiniões livremente sobre
todos os assuntos relacionados com a criança, levando-se devidamente em
consideração essas opiniões, em função da idade e maturidade da criança.
2. Com tal propósito, se proporcionará à criança, em particular, a
oportunidade de ser ouvida em todo processo judicial ou administrativo que
afete a mesma, quer diretamente quer por intermédio de um representante
ou órgão apropriado, em conformidade com as regras processuais da
legislação nacional.
Artigo 14
1. Os Estados Partes respeitarão o direito da criança à liberdade de
pensamento, de consciência e de crença.
2. Os Estados Partes respeitarão os direitos e deveres dos pais e, se for o
caso, dos representantes legais, de orientar a criança com relação ao
exercício de seus direitos de maneira acorde com a evolução de sua
capacidade.
3. A liberdade de professar a própria religião ou as próprias crenças estará
sujeita, unicamente, às limitações prescritas pela lei e necessárias para
proteger a segurança, a ordem, a moral, a saúde pública ou os direitos e
liberdades fundamentais dos demais.
Artigo 15
1 Os Estados Partes reconhecem os direitos da criança à liberdade de
associação e à liberdade de realizar reuniões pacíficas.
2. Não serão impostas restrições ao exercício desses direitos, a não ser as
estabelecidas em conformidade com a lei e que sejam necessárias numa
sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou pública, da
ordem pública, da proteção à saúde e à moral públicas ou da proteção aos
direitos e liberdades dos demais.
Por fim, a criança suspeita, acusada ou reconhecida como culpada de ter cometido um delito
tem direito a um tratamento que favoreça a sua dignidade e seu valor pessoal, que leve em conta a
sua idade e que vise a sua reintegração na sociedade. A criança tem direito a garantias
fundamentais, bem como a uma assistência jurídica ou outra forma adequada à sua defesa. Os
procedimentos judiciais e a colocação em instituições devem ser evitados sempre que possível.
Artigo 40
1. Os Estados Partes reconhecem o direito de toda criança a quem se alegue
ter infringido as leis penais ou a quem se acuse ou declare culpada de ter
infringido as leis penais de ser tratada de modo a promover e estimular seu
sentido de dignidade e de valor e a fortalecer o respeito da criança pelos
direitos humanos e pelas liberdades fundamentais de terceiros, levando em
consideração a idade da criança e a importância de se estimular sua
reintegração e seu desempenho construtivo na sociedade.
2. Nesse sentido, e de acordo com as disposições pertinentes dos
instrumentos internacionais, os Estados Partes assegurarão, em particular:
a) que não se alegue que nenhuma criança tenha infringido as leis penais,
nem se acuse ou declare culpada nenhuma criança de ter infringido essas
leis, por atos ou omissões que não eram proibidos pela legislação nacional
ou pelo direito internacional no momento em que foram cometidos;
b) que toda criança de quem se alegue ter infringido as leis penais ou a quem
se acuse de ter infringido essas leis goze, pelo menos, das seguintes
garantias:
I) ser considerada inocente enquanto não for comprovada sua culpabilidade
conforme a lei;
II) ser informada sem demora e diretamente ou, quando for o caso, por
intermédio de seus pais ou de seus representantes legais, das acusações
que pesam contra ela, e dispor de assistência jurídica ou outro tipo de
assistência apropriada para a preparação e apresentação de sua defesa;
III) ter a causa decidida sem demora por autoridade ou órgão judicial
competente, independente e imparcial, em audiência justa conforme a lei,
com assistência jurídica ou outra assistência e, a não ser que seja
considerado contrário aos melhores interesses da criança, levando em
consideração especialmente sua idade ou situação e a de seus pais ou
representantes legais;
IV) não ser obrigada a testemunhar ou a se declarar culpada, e poder
interrogar ou fazer com que sejam interrogadas as testemunhas de acusação
bem como poder obter a participação e o interrogatório de testemunhas em
sua defesa, em igualdade de condições;
V) se for decidido que infringiu as leis penais, ter essa decisão e qualquer
medida imposta em decorrência da mesma submetidas a revisão por
autoridade ou órgão judicial superior competente, independente e imparcial,
de acordo com a lei;
VI) contar com a assistência gratuita de um intérprete caso a criança não
compreenda ou fale o idioma utilizado;
VII) ter plenamente respeitada sua vida privada durante todas as fases do
processo.
3. Os Estados Partes buscarão promover o estabelecimento de leis,
procedimentos, autoridades e instituições específicas para as crianças de
quem se alegue ter infringido as leis penais ou que sejam acusadas ou
declaradas culpadas de tê-las infringido, e em particular:
.
a) o estabelecimento de uma idade mínima antes da qual se presumirá que a
criança não tem capacidade para infringir as leis penais;
b) a adoção sempre que conveniente e desejável, de medidas para tratar
dessas crianças sem recorrer a procedimentos judiciais, contando que sejam
respeitados plenamente os direitos humanos e as garantias legais.
4. Diversas medidas, tais como ordens de guarda, orientação e supervisão,
aconselhamento, liberdade vigiada, colocação em lares de adoção,
programas de educação e formação profissional, bem como outras
alternativas à internação em instituições, deverão estar disponíveis para
garantir que as crianças sejam tratadas de modo apropriado ao seu bem-
estar e de forma proporcional às circunstâncias e ao tipo do delito.
Além disso, devem elaborar legislação sobre o tema e implementar políticas públicas para
prevenir a ocorrência dos atos previstos no Protocolo.
Por conta disso, os crimes de pedofilia praticados na internet, quando há divulgação na rede
(e não troca de e-mails), são de competência da Justiça Federal.
Estabeleceu que pessoas, menores de 18 anos, não podem tomar parte em conflitos
armados nem ser recrutadas compulsoriamente, embora, de acordo com a legislação interna de
cada País, possam integrar as Forças armadas, de maneira voluntária.
.
Nos termos do art. 43, 2, é um órgão composto de 18 "peritos de alta autoridade moral e de
reconhecida competência no domínio abrangido pela presente Convenção".
O primeiro relatório deve ser enviado após 02 anos da ratificação da Convenção. Os demais
a cada cinco anos.
Ao acabar de examinar os relatórios, o Comitê emite suas observações finais que realçam
os aspectos positivos, os fatores e dificuldades que impedem a aplicação da Convenção e os
principais motivos de preocupação do Comitê, bem como um conjunto de sugestões e
recomendações dirigidas ao Estado Parte.
Poderá preparar comentários gerais baseados nos artigos e disposições da Convenção, com
o intuito de promover a sua melhor aplicação e de auxiliar os Estados Partes no cumprimento das
suas obrigações.
d) Pedidos de estudos
O Comité pode fazer recomendações de ordem geral com base nas informações recebidas
dos relatórios estaduais, da autoria de órgãos das Nações Unidas ou outros organismos
competentes.
Até dezembro de 2011, o Comité dos Direitos da Criança era o único dos comitês dos
tratados de direitos humanos das Nações Unidas que não dispunha de competência para examinar
queixas de particulares (já foi, inclusive, questão de prova). Em dezembro de 2011, a Assembleia
Geral da ONU aprovou o terceiro Protocolo Facultativo, que permite a apresentação de queixas por
particulares que se sintam vítimas de violação de qualquer dos direitos previstos na Convenção ou
seus Protocolos Facultativos (sobre venda de crianças, prostituição infantil e pornografia infantil e
sobre a participação de crianças em conflitos armados).
Entre os direitos, cuja alegada violação poderá dar lugar a queixa, encontram-se os direitos
da criança à vida, sobrevivência e desenvolvimento, a ser ouvida nos processos judiciais e
administrativos que lhe digam respeito, à saúde e assistência médica, à educação, à segurança
social, a um nível de vida suficiente e à proteção contra todas as formas de violência e maus tratos,
exploração econômica e trabalhos perigosos, consumo ilícito de drogas e todas as formas de
exploração e violência sexuais.
As queixas serão dirigidas ao Comitê sobre os Direitos da Criança. Com a entrada em vigor
do terceiro Protocolo Facultativo, o Comitê fica também dotado de competência para instaurar
.
inquéritos em caso de violação grave ou sistemática da Convenção e, para os Estados Partes que
o reconheçam, de competência para examinar queixas apresentadas por outros Estados Partes.
A Convenção trata dos direitos das pessoas com deficiência de maneira integral, seus
artigos não distinguem as medidas a serem adotadas conforme sejam das chamadas primeira,
segunda ou terceira dimensões dos direitos humanos, mas estabelecem aquelas que devem ser
adotadas imediatamente e outras que vão do simples reconhecimento da situação à elaboração de
programas voltados à superação de preconceitos e à integração de tais pessoas.
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza
física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais
pessoas.
Artigo 4
.
1. Os Estados Partes se comprometem a assegurar e promover o pleno
exercício de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas
as pessoas com deficiência, sem qualquer tipo de discriminação por causa
de sua deficiência. Para tanto, os Estados Partes se comprometem a:
a) Adotar todas as medidas legislativas, administrativas e de qualquer outra
natureza, necessárias para a realização dos direitos reconhecidos na
presente Convenção;
b) Adotar todas as medidas necessárias, inclusive legislativas, para modificar
ou revogar leis, regulamentos, costumes e práticas vigentes, que constituírem
discriminação contra pessoas com deficiência;
c) Levar em conta, em todos os programas e políticas, a proteção e a
promoção dos direitos humanos das pessoas com deficiência;
d) Abster-se de participar em qualquer ato ou prática incompatível com a
presente Convenção e assegurar que as autoridades públicas e instituições
atuem em conformidade com a presente Convenção;
e) Tomar todas as medidas apropriadas para eliminar a discriminação
baseada em deficiência, por parte de qualquer pessoa, organização ou
empresa privada;
f) Realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento de produtos,
serviços, equipamentos e instalações com desenho universal, conforme
definidos no Artigo 2 da presente Convenção, que exijam o mínimo possível
de adaptação e cujo custo seja o mínimo possível, destinados a atender às
necessidades específicas de pessoas com deficiência, a promover sua
disponibilidade e seu uso e a promover o desenho universal quando da
elaboração de normas e diretrizes;
g) Realizar ou promover a pesquisa e o desenvolvimento, bem como a
disponibilidade e o emprego de novas tecnologias, inclusive as tecnologias
da informação e comunicação, ajudas técnicas para locomoção, dispositivos
e tecnologias assistivas, adequados a pessoas com deficiência, dando
prioridade a tecnologias de custo acessível;
h) Propiciar informação acessível para as pessoas com deficiência a respeito
de ajudas técnicas para locomoção, dispositivos e tecnologias assistivas,
incluindo novas tecnologias bem como outras formas de assistência, serviços
de apoio e instalações;
i) Promover a capacitação em relação aos direitos reconhecidos pela
presente Convenção dos profissionais e equipes que trabalham com pessoas
com deficiência, de forma a melhorar a prestação de assistência e serviços
garantidos por esses direitos.
2. Em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais, cada Estado Parte
se compromete a tomar medidas, tanto quanto permitirem os recursos
disponíveis e, quando necessário, no âmbito da cooperação internacional, a
fim de assegurar progressivamente o pleno exercício desses direitos, sem
prejuízo das obrigações contidas na presente Convenção que forem
imediatamente aplicáveis de acordo com o direito internacional.
3. Na elaboração e implementação de legislação e políticas para aplicar a
presente Convenção e em outros processos de tomada de decisão relativos
às pessoas com deficiência, os Estados Partes realizarão consultas estreitas
e envolverão ativamente pessoas com deficiência, inclusive crianças com
deficiência, por intermédio de suas organizações representativas.
4. Nenhum dispositivo da presente Convenção afetará quaisquer disposições
mais propícias à realização dos direitos das pessoas com deficiência, as
quais possam estar contidas na legislação do Estado Parte ou no direito
.
internacional em vigor para esse Estado. Não haverá nenhuma restrição ou
derrogação de qualquer dos direitos humanos e liberdades fundamentais
reconhecidos ou vigentes em qualquer Estado Parte da presente Convenção,
em conformidade com leis, convenções, regulamentos ou costumes, sob a
alegação de que a presente Convenção não reconhece tais direitos e
liberdades ou que os reconhece em menor grau.
5. As disposições da presente Convenção se aplicam, sem limitação ou
exceção, a todas as unidades constitutivas dos Estados federativos.
Artigo 46
1. Não serão permitidas reservas incompatíveis com o objeto e o propósito
da presente Convenção.
2. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momento.
.
Em 2018, o Brasil aprovou e promulgou o Tratado de Marraqueche, nos termos do art. 5º,
§3º, da CF, que havia sido assinado em 2013. Possui como objetivo permitir que pessoas cegas,
pessoas com deficiência visual e pessoas com outras dificuldades para ter acesso ao texto impresso
possam ter acesso às obras publicadas (livros, apostilas etc.).
As denúncias, como nos demais casos, não poderão ser anônimas, não sendo ainda
recebidas se houver litispendência internacional, não tiverem esgotados os remédios jurídicos
internos, forem manifestadamente contrárias aos objetivos da Convenção, forem mal
fundamentadas ou estiverem desprovidas de substância ou referirem-se a fatos anteriores à entrada
em vigor do protocolo, salvo se persistirem desde então.
Foi ratificado pelo Brasil em 2008, sem qualquer reserva ou declaração. Incorporado ao
ordenamento interno nos ternos do art. 5º, §3º da CF.
Foi instituído pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (artigo 34.º) a
fim de controlar a aplicação, pelos respectivos Estados Partes, das disposições da Convenção.
.
a) Examinar relatórios elaborados pelos Estados Partes (art. 35);
Artigo 35
1. Cada Estado Parte, por intermédio do Secretário-Geral das Nações
Unidas, submeterá relatório abrangente sobre as medidas adotadas em
cumprimento de suas obrigações estabelecidas pela presente Convenção e
sobre o progresso alcançado nesse aspecto, dentro do período de dois anos
após a entrada em vigor da presente Convenção para o Estado Parte
concernente.
2. Depois disso, os Estados Partes submeterão relatórios subsequentes, ao
menos a cada quatro anos, ou quando o Comitê o solicitar.
3. O Comitê determinará as diretrizes aplicáveis ao teor dos relatórios.
4. Um Estado Parte que tiver submetido ao Comitê um relatório inicial
abrangente não precisará, em relatórios subsequentes, repetir informações
já apresentadas. Ao elaborar os relatórios ao Comitê, os Estados Partes são
instados a fazê-lo de maneira franca e transparente e a levar em
consideração o disposto no Artigo 4.3 da presente Convenção.
5. Os relatórios poderão apontar os fatores e as dificuldades que tiverem
afetado o cumprimento das obrigações decorrentes da presente Convenção
.
b) Organizar debates temáticos
É o primeiro tratado internacional específico do sistema das Nações Unidas, adotado um dia
antes da própria Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Segundo o art. 6º da Convenção, “as pessoas acusadas de genocídio serão julgadas pelos
tribunais competentes do Estado em cujo território foi o ato cometido ou pela corte penal
internacional competente com relação às Partes Contratantes que lhe tiverem reconhecido a
jurisdição”. Todos esses eventos convergiram esforços internacionais para a criação de um
organismo intergovernamental permanente, o Tribunal Penal Internacional (TPI), competente para
examinar quatro tipos de ilícitos, desde que sejam de maior gravidade e que afetem a comunidade
internacional em seu conjunto: crimes de guerra, crimes contra a humanidade, crimes de agressão
e genocídio.
.
Foi ratificado pelo Brasil em 1952, sem qualquer reserva.
A Convenção, em seu art. 1º, 2 consagra o direito absoluto de não ser vítima de
desaparecimento forçado.
Artigo 1
1. Nenhuma pessoa será submetida a desaparecimento forçado.
2. Nenhuma circunstância excepcional, seja estado de guerra ou ameaça de
guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública,
poderá ser invocada como justificativa para o desaparecimento forçado.
De acordo com o art. 24, são consideradas vítimas tanto as pessoas desaparecidas, quanto
as pessoas atingidas indiretamente pelo ato, como familiares. Além disso, este artigo traz as
responsabilidades do Estado perante as vítimas.
Artigo 24
1. Para os fins da presente Convenção, o termo “vítima” se refere à pessoa
desaparecida e a todo indivíduo que tiver sofrido dano como resultado direto
de um desaparecimento forçado.
2. A vítima tem o direito de saber a verdade sobre as circunstâncias do
desaparecimento forçado, o andamento e os resultados da investigação e o
.
destino da pessoa desaparecida. O Estado Parte tomará medidas
apropriadas a esse respeito.
3. Cada Estado Parte tomará todas as medidas cabíveis para procurar,
localizar e libertar pessoas desaparecidas e, no caso de morte, localizar,
respeitar e devolver seus restos mortais.
4. Cada Estado Parte assegurará que sua legislação garanta às vítimas de
desaparecimento forçado o direito de obter reparação e indenização rápida,
justa e adequada.
5. O direito a obter reparação, a que se refere o parágrafo 4º deste artigo,
abrange danos materiais e morais e, se couber, outras formas de reparação,
tais como:
a) Restituição;
b) Reabilitação;
c) Satisfação, inclusive o restabelecimento da dignidade e da reputação; e
d) Garantias de não repetição.
6. Sem prejuízo da obrigação de prosseguir a investigação até que o destino
da pessoa desaparecida seja estabelecido, cada Estado Parte adotará as
providências cabíveis em relação à situação jurídica das pessoas
desaparecidas cujo destino não tiver sido esclarecido, bem como à situação
de seus familiares, no que respeita à proteção social, a questões financeiras,
ao direito de família e aos direitos de propriedade.
7. Cada Estado Parte garantirá o direito de fundar e participar livremente de
organizações e associações que tenham por objeto estabelecer as
circunstâncias de desaparecimentos forçados e o destino das pessoas
desaparecidas, bem como assistir as vítimas de desaparecimentos forçados.
Artigo 1º
1. Nenhuma pessoa será submetida a desaparecimento forçado.
2. Nenhuma circunstância excepcional, seja estado de guerra ou ameaça de
guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública,
poderá ser invocada como justificativa para o desaparecimento forçado.
Obs.; De acordo com a doutrina e com a jurisprudência internacional de direitos humanos, o crime
de desaparecimento forçado atinge três níveis: vítima propriamente dita (1º nível), familiares da
vítima (2º nível) e direito da sociedade de conhecer a verdade sobre os fatos (3º nível).
A terceira parte da Convenção trata do Comitê, o qual será formado por 10 especialistas
independentes.
a) Receber relatórios periódicos dos Estados-Parte sobre medidas tomadas para cumprir
suas obrigações, além de fazer comentários, observações e recomendações (art. 29).
.
Artigo 29
1. Cada Estado Parte submeterá ao Comitê, por intermédio do Secretário-
Geral das Nações Unidas, um relatório sobre as medidas tomadas em
cumprimento das obrigações assumidas ao amparo da presente Convenção,
dentro de dois anos contados a partir da data de entrada em vigor da presente
Convenção para o Estado Parte interessado.
2. O Secretário-Geral das Nações Unidas disponibilizará o referido relatório a
todos os Estados Partes.
3. O relatório será examinado pelo Comitê, que emitirá os comentários,
observações e recomendações que julgar apropriados. Esses comentários,
observações e recomendações serão comunicados ao Estado Parte
interessado, que poderá responder de iniciativa própria ou por solicitação do
Comitê.
4. O Comitê poderá também solicitar informações adicionais aos Estados
Partes a respeito da implementação da presente Convenção.
Artigo 31
1. Um Estado Parte poderá declarar, quando da ratificação da presente
Convenção ou em qualquer momento posterior, que reconhece a
competência do Comitê para receber e considerar comunicações
apresentadas por indivíduos ou em nome de indivíduos sujeitos à sua
jurisdição, que alegam serem vítimas de violação pelo Estado Parte de
disposições da presente Convenção. O Comitê não aceitará comunicações a
respeito de um Estado Parte que não tiver feito tal declaração.
2. O Comitê considerará uma comunicação inadmissível quando:
a) For anônima;
b) Constituir abuso do direito de apresentar essas comunicações ou for
inconsistente com as disposições da presente Convenção;
c) A mesma questão estiver sendo examinada em outra instância
internacional de exame ou de solução de mesma natureza; ou
d) Todos os recursos efetivos disponíveis internamente não tiverem sido
esgotados. Essa regra não se aplicará se os procedimentos de recurso
excederem prazos razoáveis.
3. Se julgar que a comunicação satisfaz os requisitos estipulados no
parágrafo 2º deste artigo, o Comitê transmitirá a comunicação ao Estado
Parte interessado, solicitando-lhe que envie suas observações e comentários
dentro de um prazo fixado pelo Comitê.
4. A qualquer momento, depois de receber uma comunicação e antes de
chegar a uma conclusão sobre seu mérito, o Comitê poderá dirigir ao Estado
Parte interessado um pedido urgente para que tome as medidas cautelares
necessárias para evitar eventuais danos irreparáveis às vítimas da violação
alegada. O exercício dessa faculdade pelo Comitê não implica conclusão
sobre a admissibilidade ou o mérito da comunicação.
5. O Comitê examinará em sessões fechadas as comunicações previstas
nesse artigo. O Comitê informará o autor da comunicação das respostas
apresentadas pelo Estado Parte em consideração. Quando decidir concluir o
procedimento, o Comitê comunicará seu parecer ao Estado Parte e ao autor
da comunicação.
Artigo 32
Um Estado Parte da presente Convenção poderá a qualquer momento
declarar que reconhece a competência do Comitê para receber e considerar
comunicações em que um Estado Parte alega que outro Estado Parte não
cumpre as obrigações decorrentes da presente Convenção. O Comitê não
receberá comunicações relativas a um Estado Parte que não tenha feito tal
declaração, nem tampouco comunicações apresentadas por um Estado Parte
que não tenha feito tal declaração.
d) Visitar os Estados, seja a pedido dos mesmos, ou com base em informação fidedigna
indicando graves violações da Convenção em seu território, e, logo após, apresentar suas
observações e recomendações (art. 33).
Artigo 33
1. Caso receba informação confiável de que um Estado Parte está incorrendo
em grave violação do disposto na presente Convenção, o Comitê poderá,
após consulta com o Estado Parte em questão, encarregar um ou vários de
seus membros a empreender uma visita a esse Estado e a informá-lo a
respeito o mais prontamente possível.
Artigo 34
Caso receba informação que pareça conter indicações bem fundamentadas
de que desaparecimentos forçados estão sendo praticados de forma
generalizada ou sistemática em território sob a jurisdição de um Estado Parte,
o Comitê poderá, após solicitar ao Estado Parte todas as informações
relevantes sobre a situação, levar urgentemente o assunto à atenção da
Assembleia Geral das Nações Unidas, por intermédio do Secretário-Geral
das Nações Unidas.
Foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 1990, entrou em vigor em 2003.
De acordo com a Convenção, migrantes regularizados pelo acordo gozam dos mesmos
direitos e estão sujeitos às mesmas obrigações de natureza laboral em vigor para os trabalhadores
nacionais do Estado receptor e da mesma proteção no que se refere à aplicação das leis relativas
à higiene e à segurança do trabalho.
.
De todos os tratados do Sistema Global, é o que menos possui adesão.
15.1. COMITÊ
a) Examinar relatórios apresentados pelos Estados Partes sobre as medidas adotadas para
dar cumprimento às obrigações impostas pela Convenção;
c) Apreciar comunicações apresentadas por outros Estados e por particulares (mas não está
em vigor, por não se ter atingido o número mínimo de aceitações – dez).
.
SISTEMA INTERAMERICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS
HUMANOS
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Inicia-se em 1826 e vai até 1948, divide-se em três fases, são elas:
o Princípio da democracia representativa como condição sine qua non para pertencer
à União;
Caio Paiva destaca que, embora o tratado não tenha entrado em vigor (foi ratificado somente
pela Grande Colômbia), é apontado como o grande antecedente do sistema interamericano de
proteção dos direitos humanos.
.
2ª FASE - caracterizada por um ciclo de conferências internacionais americanas realizadas
a cada quatro anos (até 1938), em diferentes capitais do continente. De forma gradual, as
conferências foram construindo o que viria a ser o sistema interamericano de proteção dos direitos
humanos.
Em virtude da Segunda Guerra Mundial (de 1939 a 1945), os Estados americanos reuniram-
se em seis ocasiões durante o período de 1936 a 1947 para examinar problemas sobre guerra, paz
e segurança.
A Carta da OEA foi editada em 1948, sofreu reformas em 1967, 1985, 1994 e 1995. Traz,
em seu art. 2º, os objetivos da OEA.
Artigo 2º
Para realizar os princípios em que se baseia e para cumprir com suas
obrigações regionais, de acordo com a Carta das Nações Unidas, a
Organização dos Estados Americanos estabelece como propósitos
essenciais os seguintes:
a) Garantir a paz e a segurança continentais;
b) Promover e consolidar a democracia representativa, respeitado o princípio
da não-intervenção;
c) Prevenir as possíveis causas de dificuldades e assegurar a solução
pacífica das controvérsias que surjam entre seus membros;
d) Organizar a ação solidária destes em caso de agressão;
e) Procurar a solução dos problemas políticos, jurídicos e econômicos que
surgirem entre os Estados membros;
f) Promover, por meio da ação cooperativa, seu desenvolvimento econômico,
social e cultural;
g) Erradicar a pobreza crítica, que constitui um obstáculo ao pleno
desenvolvimento democrático dos povos do Hemisfério; e
h) Alcançar uma efetiva limitação de armamentos convencionais que permita
dedicar a maior soma de recursos ao desenvolvimento econômico-social dos
Estados membros.
.
Preâmbulo - Certos de que o verdadeiro sentido da solidariedade americana
e da boa vizinhança não pode ser outro senão o de consolidar neste
Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de
liberdade individual e de justiça social, fundado no respeito dos direitos
essenciais do Homem;
Igualmente, a Carta trata de direitos sociais, tais como: direito ao bem-estar material, o direito
ao trabalho, direito à livre-associação, direito à greve e à negociação coletiva, direito à previdência
social e à assistência jurídica para fazer valer seus direitos, direito à educação.
A Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem foi adota em 1948, na mesma
Conferência em que se editou a Carta da OEA. É anterior à Declaração Universal de Direitos
Humanos. É formada por um preâmbulo, consagra os objetivos e deveres, e por 38 artigos, os quais
tratam de direitos e deveres.
Preâmbulo
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, como são
dotados pela natureza de razão e consciência, devem proceder
fraternalmente uns para com os outros.
O cumprimento do dever de cada um é exigência do direito de todos. Direitos
e deveres integram-se correlativamente em toda a atividade social e política
do homem. Se os direitos exaltam a liberdade individual, os deveres
exprimem a dignidade dessa liberdade.
Os deveres de ordem jurídica dependem da existência anterior de outros de
ordem moral, que apoiam os primeiros conceitualmente e os fundamentam.
É dever do homem servir o espírito com todas as suas faculdades e todos os
seus recursos, porque o espírito é a finalidade suprema da existência humana
e a sua máxima categoria.
É dever do homem exercer, manter e estimular a cultura por todos os meios
ao seu alcance, porque a cultura é a mais elevada expressão social e histórica
do espírito.
.
E, visto que a moral e as boas maneiras constituem a mais nobre
manifestação da cultura, é dever de todo homem acatar-lhes os princípios.
Trata tanto de direitos civis e políticos quanto dos direitos econômicos, sociais e culturais,
os quais devem ser implementados progressivamente.
Destaca-se que ao contrário da DUDH, a DADDH não proíbe a pena de morte, a tortura, a
escravidão e a servidão, bem como consagra o caráter individual da propriedade.
Além disso, seu valor jurídico difere do valor conferido à DUDH, na medida em que ao
documento regional foi indiretamente conferida força obrigatória, especialmente após a reforma da
Carta da OEA, fazendo com que a Declaração, juntamente com a Convenção Americana, forme um
conjunto normativo.
.
• Deveres perante a sociedade.
• Deveres para com os filhos e os pais.
• Deveres de instrução.
• Dever do sufrágio.
• Dever de obediência à Lei.
• Dever de servir a coletividade e a nação.
• Deveres de assistência e previdência sociais.
• Dever de pagar impostos.
• Dever do trabalho.
• Dever de se abster de atividades políticas em países estrangeiros.
Em 1959, cria-se a Comissão Interamericana de Direitos Humanos que nasce sem base
convencional e com poderes limitados à “promoção dos direitos humanos”, o que compreendia,
segundo a interpretação da própria comissão, a formulação de recomendações gerais para os
estados membros da OEA, a preparação de relatórios geográficos e até mesmo, com a anuência
do respectivo governo, as visitas in loco.
De acordo com Caio Paiva, a 4ª Etapa teve fim em 1978, quando a CADH entrou em vigor,
após o depósito do 11º instrumento de ratificação na Secretaria-Geral da OEA.
.
2. DIVISÃO DO SISTEMA INTERAMERICANO
Subsistema da Convenção
Nomenclatura Subsistema da OEA Interamericana sobre Direitos
Humanos
3.1. CONCEITO
3.2. ORIGEM
A CIDH foi criada em agosto de 1959 (dez anos antes da adoção da Convenção Americana),
em Santiago, no Chile. Era considerada uma unidade autônoma da OEA, tendo em vista que não
possuía base convencional, ou seja, não estava prevista em um tratado.
.
Em 1960, após a aprovação do primeiro estatuto, ocorreu o primeiro período de sessões,
com a eleição dos primeiros membros. A partir de 1961, a Comissão deu início à prática das visitas
in loco para observar a situação geral dos direitos humanos num país ou para investigar um caso
em particular, publicando posteriormente informes especiais com suas observações.
Em 1965, os seus poderes foram ampliados, passou a ter competência para receber
petições ou comunicações individuais sobre violações de direitos humanos. Já em 1967, foi
aprovado um Protocolo de Reformas à Carta da OEA (Protocolo de Buenos Aires), incluindo a CIDH
entre os órgãos permanentes da Organização dos Estados Americanos, conferindo-lhe, portanto, a
base convencional.
A CIDH está inserida na Carta da OEA como um órgão da Organização (art. 106), é também
regida juridicamente pela CADH (artigos 34 a 50), e pelo seu Estatuto, elaborado pela própria
Comissão e aprovado pela Assembleia Geral da OEA em 1979.
3.4. FUNÇÕES
Destaca-se que as funções da CIDH estão previstas no art. 41 da CADH e nos artigos 18,
19 e 20 do seu Estatuto (divididas segundo o papel dúplice desempenhado pela Comissão).
.
O papel dúplice da CIDH também determinará a consequência processual nos casos em
que a apreciação de mérito for no sentido do estabelecimento da violação de direitos humanos pelo
Estado demandado:
3ªCategoria: outras atividades orientadas à promoção dos direitos humanos, tais como os
trabalhos de assessoria que pode oferecer aos Estados ou a preparação de projetos de tratados
que permitam oferecer uma maior proteção aos direitos humanos.
De acordo com o Estatuto da CIDH (arts. 18 e 20), em relação aos Estados membros da
OEA que não aderiram à CADH, a Comissão tem as seguintes atribuições:
• Formular recomendações aos Governos dos Estados no sentido de que adotem medidas
progressivas em prol dos direitos humanos, no âmbito de sua legislação, de seus
preceitos constitucionais e de seus compromissos internacionais, bem como disposições
apropriadas para promover o respeito a esses direitos;
• Solicitar aos Governos dos Estados que lhe proporcionem informações sobre as medidas
que adotarem em matéria de direitos humanos;
• Atender às consultas que, por meio da Secretaria- Geral da Organização, lhe formularem
os Estados membros sobre questões relacionadas com os direitos humanos e, dentro de
suas possibilidades, prestar assessoramento que eles lhe solicitarem;
.
• Apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Organização no qual se levará na
devida conta o regime jurídico aplicável aos Estados Partes da Convenção Americana
sobre Direitos Humanos e aos Estados que não o são;
Em relação aos Estados que aderiram à CADH, nos termos do art. 19 do Estatuto da CIDH,
a Comissão ainda terá as seguintes:
.
3.5. COMPOSIÇÃO
3.5.1. Membros
Estatuto - Artigo 2
1. A Comissão compõe-se de sete membros, que devem ser pessoas de alta
autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos.
2. A Comissão representa todos os Estados membros da Organização.
Regulamento Artigo 1. Natureza e composição
1. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é um órgão autônomo
da Organização dos Estados Americanos que tem como função principal
promover a observância e a defesa dos direitos humanos e servir como órgão
consultivo da Organização em tal matéria.
2.A Comissão representa todos os Estados membros que compõem a
Organização.
3.A Comissão compõe-se de sete membros, eleitos a título pessoal pela
Assembleia Geral da Organização, que deverão ser pessoas de alta
autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos.
Os membros da Comissão não precisam ter formação jurídica, diferente do que se exige de
um juiz da Corte Interamericana. De acordo com Caio Paiva, a dispensa está em conformidade com
a dimensão política de atuação da CIDH.
Por fim, os membros da Comissão devem ser de países diversos, a fim de que ocorra uma
maior representatividade geográfica.
CADH – Art. 37, 2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacional
de um mesmo Estado.
• Cada Estado-membro da OEA pode propor até 3 candidatos, nacionais do Estado que
os propuser ou de qualquer Estado-membro da OEA, sendo que quando for proposta
.
uma lista de 3 candidatos, pelo menos 1 deles deverá ser nacional de Estado diferente
do proponente (art. 36 da CADH e art. 3.2 do Estatuto).
Note que, ao contrário da exigência feita ao Estado que pretenda se qualificar para propor
candidato ao cargo de juiz da Corte IDH, para indicar candidato ao cargo de membro da CIDH, o
Estado não precisa ter aderido aos termos da Convenção Americana.
• O Secretário Geral preparará uma lista em ordem alfabética dos candidatos que forem
apresentados e a encaminhará aos Estados membros da Organização, pelo menos 30
dias antes da Assembleia Geral seguinte (art. 4.2 do Estatuto);
• A eleição dos membros da Comissão será feita dentre os candidatos que figurem na lista,
pela Assembleia Geral, em votação secreta, e serão declarados eleitos os candidatos
que obtiverem maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos Estados
membros. Se, para eleger todos os membros da Comissão for necessário efetuar vários
escrutínios, serão eliminados sucessivamente, na forma que a Assembleia Geral
determinar, os candidatos que receberam menor número de votos (art. 5º do estatuto).
Salienta-se que diferentemente do que ocorre na eleição dos juízes da Corte IDH, em que
somente Estados-partes da CADH podem votar, todos os Estados-membros da OEA possuem
direito de voto na escolha dos membros da CIDH.
De acordo com Caio Paiva, a diferença no processo eleitoral dos membros da Corte IDH e
da CIDH se justifica porque a Comissão é um órgão da OEA e também da CADH, daí decorrendo
sua competência dúplice; ao passo que a Corte é uma instituição judicial autônoma vinculada à
Convenção.
Salienta-se que ocorrendo vaga na CIDH que não seja decorrente de expiração normal do
mandato, a exemplo da renúncia ou da morte de um comissário, o processo de eleição para o
preenchimento deve obedecer ao previsto na CADH (art. 38) e no Estatuto da Comissão (art. 11),
Eleição de membro para ocupar vaga não decorrente de expiração normal do mandato.
Artigo 11
1. Ao verificar-se uma vaga que não se deva à expiração normal de
mandato, o Presidente da Comissão notificará imediatamente ao Secretário-
Geral da Organização, que, por sua vez, levará a ocorrência ao conhecimento
dos Estados membros da Organização.
2. Para preencher as vagas, cada Governo poderá apresentar um
candidato, dentro do prazo de 30 dias, a contar da data de recebimento da
comunicação do Secretário-Geral na qual informe da ocorrência de vaga.
3. O Secretário-Geral preparará uma lista, em ordem alfabética, dos
candidatos e a encaminhará ao Conselho Permanente da Organização, o qual
preencherá a vaga.
4. Quando o mandato expirar dentro dos seis meses seguintes à data em
que ocorrer uma vaga, esta não será preenchida.
.
3.5.3. Mandato
O mandato será de quatro anos – contato a partir de 01/01 do ano seguinte ao da eleição –
, sendo possível apenas uma reeleição.
A previsão do art. 37.1 da CADH visa evitar riscos à continuidade dos trabalhos, caso
ocorresse uma substituição total da composição da CIDH a cada eleição. Por isso, adotou o
mecanismo da renovação parcial, estabelecendo que o mandato de três dos comissários eleitos
para a primeira composição expiraria após 2 anos, garantindo assim, sucessivamente, que novos
membros sempre trabalhem por um período com membros escolhidos na eleição anterior.
• A decisão sobre incompatibilidade, com todos os seus antecedentes, será enviada por
intermédio do Secretário-Geral à Assembleia-Geral da Organização, que decidirá a
respeito (art. 4.4 do Regulamento);
.
• A declaração de incompatibilidade pela Assembleia-Geral será adotada pela maioria de
2/3 dos Estados membros da Organização e resultará na imediata separação do cargo
de membro da Comissão sem invalidar, porém, as atuações de que este membro houver
participado (art. 8.3 do Estatuto).
De acordo com Caio Paiva, embora não conste no regime jurídico da CIDH quais cargos ou
atividades são incompatíveis com o exercício do mandato de comissário, implicitamente o
Regulamento da Comissão admite a compatibilidade das funções de diplomata com o cargo de
membro da CIDH quando proíbe o comissário de participar na discussão, investigação, deliberação
ou decisão de assunto submetido à Comissão relacionado ao Estado no qual está acreditado ou
cumprindo missão especial como diplomata (art. 17.2.a).
Por fim, conforme prevê o art. 4.1 do Regulamento da CIDH, no momento de assumir suas
funções os membros se comprometerão a não representar a vítima ou seus familiares nem Estados
em medidas cautelares, petições e casos individuais perante a CIDH, por um prazo de 2 anos,
contados a partir da expiração de seu mandato como membros da Comissão.
3.5.5. Impedimentos
Além disso, o membro da Comissão que for nacional ou que residir no território do Estado
em que se deva realizar uma observação in loco estará impedido de nela participar. Caio Paiva
considera que tal previsão é incompatível com a CADH.
Segundo Ledesma, citado por Caio Paiva, “no que concerne às disposições antes referidas,
que excluem os comissários de participarem nos assuntos de seus próprios países, há que observar
que elas não correspondem nem ao espírito nem à letra da Convenção, que ressalta que os
comissários são eleitos a título pessoal e não representando a um Estado; ademais de não serem
sinceras, elas são totalmente inúteis, pois não impedem que essa pessoa possa dialogar com seus
colegas e trocar impressões sobre o caso. Por conseguinte, resultaria mais saudável o abandono
dessas regras, o que estaria em sintonia com o art. 55 da Convenção, aplicável aos juízes da Corte,
que não impede o juiz da nacionalidade de algum dos Estados partes no caso de seguir conhecendo
do mesmo. Obviamente, isso supõe um mecanismo de seleção que assegure plenamente a
independência dos membros da Comissão”.
Por fim, a Comissão pode decidir sobre o impedimento a partir de comunicação voluntária
do comissário que se considera impedido, bem como por pedido fundamentado por outro membro.
3.6. FUNCIONAMENTO
.
Os aspectos gerais do funcionamento da Comissão estão previstos na CADH, já os aspectos
específicos encontram-se no seu Estatuto e no seu Regulamento.
a) DIRETORIA
• apresentar relatório escrito à Comissão, ao iniciar esta seus períodos de sessões, sobre
as atividades desenvolvidas nos períodos de recesso em cumprimento às funções que
lhe são conferidas pelo Estatuto e pelo presente Regulamento;
• exercer quaisquer outras atribuições que lhe sejam conferidas neste Regulamento;
b) SECRETARIA EXECUTIVA
.
tramitar a correspondência e as petições e comunicações dirigidas à Comissão. A Secretaria
Executiva também poderá solicitar às partes interessadas a informação que considere pertinente,
de acordo com o disposto no presente Regulamento.
É formada por um Secretário Executivo (uma pessoa com independência e alta autoridade
moral, com experiência e trajetória reconhecida na área de direitos humanos), por pelo menos um
Secretário Executivo Adjunto e pelo pessoal profissional, técnico e administrativo necessário para
o desempenho de suas atividades.
A Comissão realizará pelo menos dois períodos ordinários de sessões por ano, no lapso que
haja determinado previamente, bem como tantas sessões extraordinárias quantas considerem
necessárias. Antes do término do período de sessões, a Comissão determinará a data e o lugar do
período de sessões seguinte.
As sessões da Comissão serão realizadas em sua sede. Entretanto, a Comissão, pelo voto
da maioria absoluta dos seus membros, poderá decidir reunir-se em outro lugar, com a anuência
ou a convite do respectivo Estado.
O membro que, por doença ou por qualquer motivo grave, se vir impedido de assistir, no
todo ou em parte, a qualquer período de sessões ou reunião da Comissão, ou de desempenhar
qualquer outra função, deverá notificá-lo, com a brevidade possível, ao Secretário Executivo, que
informará o Presidente e fará constar essa notificação em ata.
.
De acordo com Caio Paiva, com o intuito de acompanhar o processo natural do direito
internacional dos direitos humanos, reconhecendo as suas especificidades, seus desafios e as
demandas de cada grupo de vulneráveis, a Comissão Interamericana passou a criar, a partir de
1990, relatorias temáticas para fortalecer, impulsionar e sistematizar o seu próprio trabalho.
.
5. As pessoas a cargo das relatorias especiais exercerão suas funções
em coordenação com a Secretaria Executiva, a qual poderá delegar-lhes a
preparação de informes sobre petições e casos.
6. As pessoas a cargo das relatorias temáticas e especiais exercerão
suas atividades em coordenação com aquelas a cargo das relatorias de país.
Os relatores e relatoras apresentarão seus planos de trabalho ao plenário da
Comissão para aprovação. Entregarão um relatório escrito à Comissão sobre
os trabalhos realizados, ao menos uma vez ao ano.
7. O exercício das atividades e funções previstas nos mandatos das
relatorias ajustar-se-ão às normas do presente Regulamento e às diretivas,
códigos de conduta e manuais que a Comissão possa adotar.
8. Os relatores e relatoras deverão informar ao plenário da Comissão
questões que, ao chegar a seu conhecimento, possam ser consideradas
como matéria de controvérsia, grave preocupação ou especial interesse da
Comissão.
Para constituir quórum será necessária a presença da maioria absoluta dos membros da
Comissão, ou seja, quatro comissários.
Igualmente, a Comissão, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, decidirá a
respeito dos seguintes assuntos:
Em relação a outros assuntos, será suficiente o voto da maioria dos membros presentes.
4.1. CONCEITO
.
exercício da sua competência consultiva, expandir a atividade interpretativa para outros tratados
concernentes à proteção dos direitos humanos nos estados americanos (art. 1º do Estatuto da Corte
IDH).
Conforme já mencionado, a Corte integra apenas a CADH não integra a OEA. Contudo, a
OEA participa nos seguintes trabalhos da Corte:
• Escolha dos juízes da Corte por meio de sua Assembleia-Geral (art. 53.1 da CADH);
Artigo 53, 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo voto
da maioria absoluta dos Estados Partes na Convenção, na Assembleia Geral
da Organização, de uma lista de candidatos propostos pelos mesmos
Estados.
• Determina o lugar da sede da Corte por meio da sua Assembleia-Geral (art. 58.1 da
CADH);
Artigo 58, 1. A Corte terá sua sede no lugar que for determinado, na
Assembleia Geral da Organização, pelos Estados Partes na Convenção, mas
poderá realizar reuniões no território de qualquer Estado membro da
Organização dos Estados Americanos em que o considerar conveniente pela
maioria dos seus membros e mediante prévia aquiescência do Estado
respectivo. Os Estados Partes na Convenção podem, na Assembleia Geral,
por dois terços dos seus votos, mudar a sede da Corte.
.
pertinentes, indicará os casos em que um Estado não tenha dado
cumprimento a suas sentenças.
• Exerce poder disciplinar e sancionatório sobre os juízes da Corte por meio da sua
Assembleia-Geral (art. 73 da CADH).
4.2. ORIGEM
A origem da Corte é convencional, tendo em vista que foi criada pela Convenção Americana
de Direitos Humanos.
Conforme os ensinamentos de Caio Paiva, a Corte demorou para exercer a sua função
contenciosa, vindo a proferir a primeira sentença de mérito somente em julho de 1988, quando
julgou o Caso Velásquez Rodríguez vs. Honduras. Isso deve-se à inércia da Comissão
Interamericana para submeter casos à Corte e ao lento processo de aceitação da competência
contenciosa da Corte pelos Estados.
Salienta-se, portanto, que os primeiros anos da Corte IDH foram marcados pelo exercício
exclusivo da competência consultiva, tendo emitido nove delas até o ano em que proferiu a primeira
sentença de mérito.
A Corte Interamericana é regida juridicamente pela CADH (artigos 52 a 69), pelo seu
Estatuto (disposições essencialmente orgânica, que desenvolvem e complementam a Convenção
Americana), elaborado por ela e aprovado pela Assembleia-Geral da OEA em 1979, e pelo seu
Regulamento (trata predominantemente de questões processuais), expedido por ela própria.
4.4. COMPOSIÇÃO
.
4.4.1. Membros
Artigo 52
1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos Estados membros
da Organização, eleitos a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade
moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que
reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções
judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do
Estado que os propuser como candidatos.
2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade.
• Ter independência
Ao estabelecer que os juízes da Corte IDH são eleitos a título pessoal, a CADH quis ressaltar
que os juízes não representam os Estados do qual são nacionais ou os Estados que os propuseram
como candidatos.
Não se exige que o Estado do qual o candidato é nacional tenha ratificado a CADH e
aceitado sua jurisdição contenciosa.
Além disso, segundo Caio Paiva, a dificuldade de se conceituar mais alta autoridade moral
não impede que se estabeleçam condições essenciais para que alguém dispute a vaga de juiz da
Corte Interamericana, entre as quais:
c. não ter participado de violações de direitos humanos nem ter assumido posições
ideológicas incompatíveis com a dignidade humana e com a proteção dos direitos
humanos.
• Ser jurista
Deve reunir as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais,
de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como
candidatos.
.
Perceba que se exige a formação jurídica para integrar a Corte IDH, diferentemente da
exigência que se faz para integrar a CIDH.
Não basta ser jurista para integrar a Corte Interamericana. Exige-se um conhecimento
especializado na matéria de direitos humanos.
É importante ressaltar que essa competência não está necessariamente ligada à formação
acadêmica ou à produção doutrinária, podendo decorrer também da atuação profissional da pessoa.
4.4.3. Eleição
O processo de escolha dos juízes da Corte Interamericana está previsto no art. 53 da CADH
e nos artigos 6º a 9º do seu Estatuto.
Observe:
Artigo 53
1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secreta e pelo voto da
maioria absoluta dos Estados Partes na Convenção, na Assembleia Geral da
Organização, de uma lista de candidatos propostos pelos mesmos Estados.
2. Cada um dos Estados Partes pode propor até três candidatos,
nacionais do Estado que os propuser ou de qualquer outro Estado membro
da Organização dos Estados Americanos. Quando se propuser uma lista de
três candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional de Estado
diferente do proponente.
Artigo 7. Candidatos
1. Os juízes são eleitos pelos Estados Partes da Convenção, na
Assembleia Geral da OEA, de uma lista de candidatos propostos pelos mesmos
Estados.
2. Cada Estado Parte pode propor até três candidatos, nacionais do Estado
que os propõe ou de qualquer outro Estado membro da OEA.
3. Quando for proposta uma lista tríplice, pelo menos um dos candidatos
deve ser nacional de um Estado diferente do proponente.
.
1. Seis meses antes da realização do período ordinário de sessões da
Assembleia Geral da OEA, antes da expiração do mandato para o qual
houverem sido eleitos os juízes da Corte, o Secretário-Geral da OEA solicitará,
por escrito, a cada Estado Parte da Convenção, que apresente seus candidatos
dentro do prazo de noventa dias.
2. O Secretário-Geral da OEA preparará uma lista em ordem alfabética dos
candidatos apresentados e a levará ao conhecimento dos Estados Partes, se
for possível, pelo menos trinta dias antes do próximo período de sessões da
Assembleia Geral da OEA.
3. Quando se tratar de vagas da Corte, bem como nos casos de morte ou
de incapacidade permanente de um candidato, os prazos anteriores serão
reduzidos de maneira razoável a juízo do Secretário-Geral da OEA.
Artigo 9. Votação
1. A eleição dos juízes é feita por votação secreta e pela maioria absoluta
dos Estados Partes da Convenção, dentre os candidatos a que se refere o artigo
7 deste Estatuto.
2. Entre os candidatos que obtiverem a citada maioria absoluta, serão
considerados eleitos os que receberem o maior número de votos. Se forem
necessárias várias votações, serão eliminados sucessivamente os candidatos
que receberem menor número de votos, segundo o determinem os Estados
Partes.
4.4.4. Mandato
Os juízes da Corte serão eleitos para um mandato de seis anos e só poderão ser reeleitos
uma vez. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não haja expirado, completará o mandato
deste.
Os mandatos dos juízes serão contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao de sua
eleição e estender-se-ão até 31 de dezembro do ano de sua conclusão.
O mandato de três dos juízes designados na primeira eleição expirará ao cabo de três anos.
Imediatamente depois da referida eleição, determinar-se-ão por sorteio, na Assembleia Geral, os
nomes desses três juízes, visa evitar o risco à continuidade dos trabalhos.
De acordo com Caio Paiva, o princípio ou a garantia do juiz natural recebe um tratamento
mais amplo na normativa dos tratados que dispõe sobre o funcionamento de tribunais
internacionais, projetando um vínculo do julgador com o caso que pode superar o término do
mandato. Nesse sentido:
Artigo 55
.
1. O juiz que for nacional de algum dos Estados Partes no caso
submetido à Corte, conservará o seu direito de conhecer do mesmo.
2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for de nacionalidade
de um dos Estados Partes, outro Estado Parte no caso poderá designar uma
pessoa de sua escolha para fazer parte da Corte na qualidade de juiz ad hoc.
3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso, nenhum for da
nacionalidade dos Estados Partes, cada um destes poderá designar um juiz
ad hoc.
4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no artigo 52.
5. Se vários Estados Partes na Convenção tiverem o mesmo interesse
no caso, serão considerados como uma só Parte, para os fins das
disposições anteriores. Em caso de dúvida, a Corte decidirá.
Importante consignar que a Corte IDH, na Opinião Consultiva 20/2009, entendeu que a figura
do juiz ad hoc somente deve ser admitida nas demandas originadas por comunicações interestatais;
logo, nas demandas iniciadas pela Comissão Interamericana, o Estado demandado não possui o
direito de indicar juiz nacional ad hoc. Por fim, na mesma OP, a Corte IDH restringiu a possibilidade
de o juiz que possuir a mesma nacionalidade do Estado réu atuar no caso, somente a admitindo
nas demandas interestatais.
Artigo 64
1. Os Estados membros da Organização poderão consultar a Corte
sobre a interpretação desta Convenção ou de outros tratados concernentes
à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos. Também poderão
consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados no capítulo X da
Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de
Buenos Aires.
2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Organização, poderá emitir
pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas e os
mencionados instrumentos internacionais.
4.5.2. Finalidade
A finalidade da função consultiva da Corte IDH é obter uma interpretação judicial sobre uma
ou várias disposições da CADH ou de outros tratados concernentes à proteção dos direitos
humanos nos estados americanos.
.
4.5.3. Alcance
Salienta Caio Paiva que a amplitude da competência consultiva da Corte IDH não se
confunde com uma ausência de limites.
• não pode ter como objetivo determinar o alcance dos compromissos internacionais
assumidos por Estados que não sejam membros do sistema interamericano;
• não deve ser utilizada como um mecanismo para obter um pronunciamento indireto
sobre um assunto em litígio ou em controvérsia a nível interno;
• não deve procurar a resolução de questões de fato, mas sim buscar o sentido, o propósito
e a razão das normas internacionais sobre direitos humanos e, sobretudo, coadjuvar os
Estados membros e os órgãos da OEA para que cumpram de maneira efetiva suas
obrigações internacionais; e
• não deve partir de especulações abstratas, sem uma previsível aplicação a situações
concretas que justifiquem o interesse de que seja emitida uma opinião consultiva. Sobre
essa questão, a Corte IDH já esclareceu, porém, que o mero fato de que existam casos
contenciosos relacionados com o tema da consulta ou petições ante a CIDH não basta
para que se inviabilize o pedido de opinião consultiva.
Artigo 64
.
1. Os Estados membros da Organização poderão consultar a Corte
sobre a interpretação desta Convenção ou de outros tratados concernentes
à proteção dos direitos humanos nos Estados americanos. Também poderão
consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados no capítulo X da
Carta da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de
Buenos Aires.
2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Organização, poderá emitir
pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas
e os mencionados instrumentos internacionais.
.
c) indicar as considerações que a originaram; e concernentes à proteção dos direitos humanos
que são objeto da consulta;
d) informar o nome e endereço do Agente ou
dos Delegados que comparecerão no c) indicar as perguntas específicas sobre as
procedimento perante a Corte. quais se pretende obter o parecer da Corte; e
Perceba que há cinco fases no procedimento de emissão de opinião consultiva, são elas:
1ªFase – Admissibilidade;
Importante salientar que se o solicitante da opinião consultiva decide retirá-la, a Corte IDH
não fica impedida de exercer a sua competência consultiva, isto porque o solicitante da opinião
consultiva não é o único titular de um interesse legítimo no resultado do procedimento. Portanto, a
desistência ou retirada manifestada pelo solicitante não a impede que a Corte exerça a sua
competência consultiva.
.
Há divergência acerca do tema:
Por fim, o caráter vinculante das opiniões consultivas não as torna executáveis, tendo em
vista que no procedimento consultivo não há partes nem litígio.
Indagou-se a função consultiva da Corte, definida no art. 64 da CADH, eis que o referido
artigo, ao contrário do que ocorre na Convenção Europeia, coloca de forma ampla e vaga a
competência consultiva da Corte.
Ressalta-se que a função consultiva da Corte não é ilimitada. Os limites para sua atuação
são definidos tanto pelo objeto e pela finalidade da CADH quanto pelo traço geral do art. 64.
Foi feito um profundo estudo acerca do âmbito da função consultiva da Corte, atribuída pela
CADH, para isso se discutiu sobre: tratados bilaterais e multilaterais; tratados subscritos e não
subscritos pelos Estados Partes; normas usadas na interpretação da Convenção; a integração do
sistema regional com o sistema global (universal).
a) Em regra, a competência consultiva pode ser exercida sobre toda disposição concernente
à proteção de Direitos humanos;
.
b) Será exercida sobre qualquer tratado internacional aplicável aos Estados Americanos,
independentemente de ser bilateral ou multilateral;
.
3. Quando o tratado é um ato constitutivo de uma organização internacional,
a reserva exige a aceitação do órgão competente da organização, a não ser
que o tratado disponha diversamente.
4. Nos casos não previstos nos parágrafos precedentes e a menos que o
tratado disponha de outra forma:
a) a aceitação de uma reserva por outro Estado contratante torna o Estado
autor da reserva parte no tratado em relação àquele outro Estado, se o tratado
está em vigor ou quando entrar em vigor para esses Estados;
b) a objeção feita a uma reserva por outro Estado contratante não impede
que o tratado entre em vigor entre o Estado que formulou a objeção e o
Estado autor da reserva, a não ser que uma intenção contrária tenha sido
expressamente manifestada pelo Estado que formulou a objeção;
c) um ato que manifestar o consentimento de um Estado em obrigar-se por
um tratado e que contiver uma reserva produzirá efeito logo que pelo menos
outro Estado contratante aceitar a reserva.
5. Para os fins dos parágrafos 2 e 4, e a não ser que o tratado disponha
diversamente, uma reserva é tida como aceita por um Estado se este não
formulou objeção à reserva quer no decurso do prazo de doze meses que se
seguir à data em que recebeu a notificação, quer na data em que manifestou
o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado, se esta for posterior.
a) A CADH entra em vigor para um Estado que a ratificou, com ou sem reservas, na data do
depósito de seu instrumento de ratificação ou adesão.
Indagou-se sobre a possibilidade de imposição de pena de morte, bem como para quais
crimes será admitida.
Foi feita uma análise minuciosa do art. 4º da CADH, trazendo diversas linhas de
interpretação, quais sejam: caso de países que aboliram a pena de morte no momento da ratificação
da CADH; países que, após abolirem a pena de morte, pretendem reintroduzi-la; tipos de crimes
que admitem a pena de morte.
.
PIDCP não consta esta proibição), nem aplicá-la a mulher em estado de
gravidez.
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou
comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não
se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de
decisão ante a autoridade competente.
a) Não pode um país aplicar a pena de morte para os delitos que não estivesse,
expressamente, prevista em sua legislação interna;
b) O Estado não pode, após a entrada em vigor da CADH, legislar com o intuito de impor a
pena de morte aos delitos não previstos, no momento da ratificação. Por exemplo, o Estado admite
a pena de morte para o delito de homicídio. Após a adesão a CADH quer aplicar ao latrocínio (antes
não prevista).
c) A possibilidade de reservas não permite a imposição da pena de morte para outros delitos
que não estiverem previstos no momento da ratificação da CADH;
.
1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de expressão.
Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e difundir informações e
ideias de qualquer natureza, sem considerações de fronteiras, verbalmente
ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer meio de
sua escolha.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito
à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser
expressamente previstas em lei e que se façam necessárias para assegurar:
a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;
b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da
moral públicas.
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e meios indiretos,
tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa,
de frequências radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar
a comunicação e a circulação de ideias e opiniões.
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o
objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção moral da infância
e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2.
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda
apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à
discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.
.
Indagou-se a possibilidade de restrições ao uso e ao gozo dos direitos e liberdades
reconhecidos na Convenção Americana.
Fez-se um estudo detalhado sobre o conceito “leis”, consagrado no art. 30 da CADH. Para
isso, ponderou-se que alguns Estados se inserem no sistema common law e outros seguem a
tradição romanista.
a) A expressão “lei”, prevista no art. 30 da CADH, significa norma jurídica de caráter geral,
emanada de órgãos legislativos constitucionalmente previstos e democraticamente eleitos,
elaboradas segundo procedimento previamente estabelecido nas Constituições dos Estados.
b) Além disso, a Corte interpretou o significado de termos vagos, como: “bem comum” e
“ordem pública”, fazendo um paralelo com o Estado Democrático de Direito e suas finalidades.
.
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais
ofensas.
.
liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser
condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou
tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a
legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura, se a prisão ou a
detenção forem ilegais. Nos Estados-partes cujas leis preveem que toda
pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito a
recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida sobre a
legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido.
O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os
mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de
inadimplemento de obrigação alimentar.
a) Os procedimentos jurídicos consagrados nos artigos 25.1 e 7º, 6 da CADH não podem
ser suspensos, conforme o artigo 27.2 da mesma, porque constituem garantias judiciais
indispensáveis para proteção dos direitos e liberdades, que também não podem ser suspensas,
conforme a mesma disposição.
Indagaram-se quais os direitos não podem ser suspensos em caso de guerra, perigo público
ou emergência, com o intuito que fosse dado uma interpretação harmônica dos artigos 27 (2), 25 e
8º da CADH.
.
Artigo 8º - Garantias judiciais
1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro
de um prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e
imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e
obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua
inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o
processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes
garantias mínimas:
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por um tradutor ou
intérprete, caso não compreenda ou não fale a língua do juízo ou tribunal;
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios necessários à preparação
de sua defesa;
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por
um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular,
com seu defensor;
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo
Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não
se defender ele próprio, nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido
pela lei;
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no Tribunal e de
obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas
que possam lançar luz sobre os fatos;
g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se
culpada; e
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma
natureza.
4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser
submetido a novo processo pelos mesmos fatos.
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para
preservar os interesses da justiça.
.
disposições que, na medida e pelo tempo estritamente limitados às
exigências da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude
desta Convenção, desde que tais disposições não sejam incompatíveis com
as demais obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem
discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião
ou origem social.
2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos
determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao reconhecimento da
personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à integridade pessoal), 6
(proibição da escravidão e da servidão), 9 (princípio da legalidade e da
retroatividade), 12 (liberdade de consciência e religião), 17 (proteção da
família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à
nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das garantias indispensáveis
para a proteção de tais direitos.
3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso do direito de suspensão
deverá comunicar imediatamente aos outros Estados-partes na presente
Convenção, por intermédio do Secretário Geral da Organização dos Estados
Americanos, as disposições cuja aplicação haja suspendido, os motivos
determinantes da suspensão e a data em que haja dado por terminada tal
suspensão
Antes de externar suas conclusões, a Corte percorreu uma série de direitos e garantias
consagrados na CADH. Destaque-se a preocupação voltada à proteção da liberdade individual da
pessoa; a lisura e a imparcialidade diante dos remédios processuais adequados (que devem ser
efetivos) à proteção de tais garantias. Para a Corte, a simples previsão de tais direitos no
ordenamento interno, sem que o Estado forneça os meios para o seu exercício efetivo, é ineficaz.
.
Ao longo da análise, a Corte afirmou que, diante de uma interpretação sistematizada, os
Estados-Parte entendem que a Declaração contém e define os direitos humanos essenciais
contidos na Carta da OEA. Assim, não se pode interpretar e aplicar a Carta da OEA, em matéria de
direitos humanos, sem integrar as normas com ela pertinente, constantes na Declaração.
Concluiu a Corte:
.
Solicitada pela Costa Rica.
a) Diante da faculdade de não se manifestar, optou por não responder à consulta, a fim de
que não desvirtuasse a aplicação de sua jurisdição contenciosa, pois havia petições contra o Estado
solicitante tratando sobre o tema.
.
Formularam três questões:
• Pode a Comissão, após ter declarado inadmissível uma solução, pronunciar-se sobre o
mérito dela?
a) A Comissão, nos termos dos artigos 41 e 42, é competente para qualificar qualquer norma
de direito interno de um Estado, como violadora de obrigações que este tenha assumida ao ratificar
a CADH. No entanto, não possui competência para determinar se determinada norma contradiz ou
não o ordenamento jurídico interno.
.
c) preparar estudos ou relatórios que considerar convenientes para o
desempenho de suas funções;
d) solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe proporcionem
informações sobre as medidas que adotarem em matéria de direitos
humanos;
e) atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral da Organização
dos Estados Americanos, lhe formularem os Estados-membros sobre
questões relacionadas com os direitos humanos e, dentro de suas
possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que lhes solicitarem;
f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua
autoridade, de conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta
Convenção; e
g) apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da Organização dos
Estados Americanos.
.
Indagou-se acerca da competência para propor e exercer o direito de consulta e à
possibilidade do Estado que formula a consulta ter legitimidade para dela desistir, retirando a
matéria consultiva da esfera de competência jurisdicional da Corte. Além disso, sobre a
interpretação do art. 51 da CADH.
Na apreciação de tais pontos, foi desenvolvida uma profunda interpretação acerca do artigo
64 da Convenção e dos princípios norteadores da jurisdição internacional, no sentido de se
estabelecer qual o pressuposto de atuação da jurisdição internacional e quais os alicerces em que
se fundamenta. Afirmando-se o procedimento consultivo internacional, que não se mostra relevante
apenas às partes envolvidas no caso que ensejou a consulta, mas a todos os Estados membros da
OEA, que podem se valer do parecer e votos dissidente e concorrente emitidos, formando um
verdadeiro juízo de valor, norteador de sua atuação no cumprimento das obrigações
internacionalmente assumidas.
a) O Estado que solicita uma opinião consultiva não é o único interessado nela e mesmo
quando pode dela desistir, sua desistência não é vinculativa para a Corte, que pode continuar a
tramitação do assunto.
b) A Comissão, no exercício das funções conferidas pelo artigo 51, não está autorizada a
modificar opiniões, conclusões e recomendações transmitidas a um Estado Membro, salvo nas
circunstâncias excepcionais previstas nos artigos 54 a 59.
.
Diante da questão, a Corte teceu algumas considerações acerca da Convenção de Viena,
do PIDCP e da CADH, referindo-se às consequências jurídicas da imposição e aplicação da pena
de morte, nos casos de indivíduo estrangeiro.
ARTIGO 2
1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a respeitar e
garantir a todos os indivíduos que se achem em seu território e que estejam
sujeitos a sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo. língua, religião, opinião
política ou de outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica,
nascimento ou qualquer condição.
2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza destinadas a
tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente Pacto, os Estados Partes
do presente Pacto comprometem-se a tomar as providências necessárias
com vistas a adotá-las, levando em consideração seus respectivos
procedimentos constitucionais e as disposições do presente Pacto.
3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a:
a) Garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades reconhecidos no
presente Pacto tenham sido violados, possa de um recurso efetivo, mesmo
que a violência tenha sido perpetra por pessoas que agiam no exercício de
funções oficiais;
b) Garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá seu direito
determinado pela competente autoridade judicial, administrativa ou legislativa
ou por qualquer outra autoridade competente prevista no ordenamento
.
jurídico do Estado em questão; e a desenvolver as possibilidades de recurso
judicial;
c) Garantir o cumprimento, pelas autoridades competentes, de qualquer
decisão que julgar procedente tal recurso.
ARTIGO 6
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Esse direito deverá ser
protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida.
2. Nos países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá
ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade com
legislação vigente na época em que o crime foi cometido e que não esteja em
conflito com as disposições do presente Pacto, nem com a Convenção sobra
a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. Poder-se-á aplicar essa
pena apenas em decorrência de uma sentença transitada em julgado e
proferida por tribunal competente.
3. Quando a privação da vida constituir crime de genocídio, entende-se que
nenhuma disposição do presente artigo autorizará qualquer Estado Parte do
presente Pacto a eximir-se, de modo algum, do cumprimento de qualquer das
obrigações que tenham assumido em virtude das disposições da Convenção
sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio.
4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação
da pena. A anistia, o indulto ou a comutação da pena poderá ser concedido
em todos os casos.
5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos
por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de
gravidez.
6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo para retardar
ou impedir a abolição da pena de morte por um Estado Parte do presente
Pacto
ARTIGO 14
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça.
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com devidas
garantias por um tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter penal formulada contra
ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A
imprensa e o público poderão ser excluídos de parte da totalidade de um
julgamento, quer por motivo de moral pública, de ordem pública ou de
segurança nacional em uma sociedade democrática, quer quando o interesse
da vida privada das Partes o exija, que na medida em que isso seja
estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias específicas,
nas quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça;
entretanto, qualquer sentença proferida em matéria penal ou civil deverá
torna-se pública, a menos que o interesse de menores exija procedimento
oposto, ou processo diga respeito à controvérsia matrimoniais ou à tutela de
menores.
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua
inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa.
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualmente, a,
pelo menos, as seguintes garantias:
a) De ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma
minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada;
.
b) De dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa
e a comunicar-se com defensor de sua escolha;
c) De ser julgado sem dilações indevidas;
d) De estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por
intermédio de defensor de sua escolha; de ser informado, caso não tenha
defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da
justiça assim exija, de ter um defensor designado ex officio gratuitamente, se
não tiver meios para remunerá-lo;
e) De interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusação e de obter
o comparecimento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas mesmas
condições de que dispõem as de acusação;
f) De ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não compreenda ou
não fale a língua empregada durante o julgamento;
g) De não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada.
4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos termos da
legislação penal em conta a idade dos menos e a importância de promover
sua reintegração social.
5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá direito de recorrer da
sentença condenatória e da pena a uma instância superior, em conformidade
com a lei.
6. Se uma sentença condenatória passada em julgado for posteriormente
anulada ou se um indulto for concedido, pela ocorrência ou descoberta de
fatos novos que provem cabalmente a existência de erro judicial, a pessoa
que sofreu a pena decorrente desse condenação deverá ser indenizada, de
acordo com a lei, a menos que fique provado que se lhe pode imputar, total
ou parcialmente, a não revelação dos fatos desconhecidos em tempo útil.
7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito pelo qual já foi
absolvido ou condenado por sentença passada em julgado, em conformidade
com a lei e os procedimentos penais de cada país.
d) Por maioria de votos, que a inobservância do direito à informação aqui tratado afeta as
garantias do devido processo legal, e nessas circunstâncias a imposição da pena de morte constitui
uma violação do direito de não ser privado de sua vida arbitrariamente, com as consequências
jurídicas inerentes a uma violação dessa natureza, a saber, as atinentes a responsabilidade
internacional do Estado e o dever de reparação.
.
Antes das conclusões da Corte, destaque-se que a Comissão firmou entendimento no
sentido de que existem certas interpretações, utilizadas por vários países americanos, que tendem
a suprimir ou limitar as garantias previstas na CADH. A corte por sua vez, salientou que na última
década configurou-se um novo cenário no Direito da Criança, baseado, essencialmente, na doutrina
da proteção integral do menor, cujo fundamento principal é o reconhecimento da criança como
sujeito de direito e não como mero objeto de proteção.
a) A proteção aos direitos da criança deve ser compreendida como uma obrigação erga
omnes, imposta tanto aos Estados quanto aos particulares.
Destaca-se que, segundo a Corte, a não discriminação em conjunto com a igualdade, são
elementos básicos indispensáveis à proteção dos direitos humanos. São intrinsecamente ligados:
somente é possível resguardar a igualdade por meio da não discriminação. Da importância desses
valores, nascem para os Estados à obrigação de combater qualquer espécie de conduta
discriminatória e, principalmente, de revertê-las, por meio das chamadas ações afirmativas
(discriminações positivas).
Trata-se de princípios de eficácia erga omnes, de forma a alcançar todas as pessoas que
estejam no território e sob a jurisdição de um determinado Estado, não importando se nacionais ou
estrangeiros, ainda que em situação irregular.
a) O princípio fundamental da igualdade e da não discriminação deve ser aplicado por todos
os Estados, independentemente de ser ou não parte de determinado tratado internacional. No atual
estado da evolução do direito internacional, esses direitos ingressaram no domínio jus cogens;
b) A qualidade de ser imigrante não é motivo suficiente para afastar os direitos inerentes ao
homem, de forma que os Estados não podem discriminar ou tolerar qualquer tipo de discriminação
contra imigrantes, mesmo que estes sejam ilegais.
.
a) A Comissão é um órgão do sistema interamericano, possui plena autonomia e
independência no exercício de seu mandato, conforme previsto pela CADH, atuando dentro dos
limites impostos.
Indagou-se sobre a figura do juiz ad hoc, previsto no art. 55 da CADH, da nacionalidade dos
magistrados e sobre o direito a um juiz imparcial, bem como sobre a igualdade de armas nos
processos perante a Corte, derivados de petição individual.
Solicitou-se que a Corte a definição de padrões jurídicos acerca dos seguintes temas:
.
• Medidas de proteção de direitos que deveriam dispor-se de maneira prioritária e que
não implicam restrições à liberdade pessoal;
a) Criança é toda pessoa menor de 18 anos de idade, os Estados devem priorizar o enfoque
dos direitos humanos desde uma perspectiva que tenha em conta de forma transversal os direitos
das crianças e, em particular, sua proteção e desenvolvimento integral, os quais devem prevalecer
sobre qualquer consideração da nacionalidade ou do status migratório, a fim de assegurar a plena
vigência de seus direitos.
.
adotada considere o interesse superior da criança e seja devidamente fundamentada; o direito a
recorrer da decisão perante um juiz ou tribunal superior com efeito suspensivo; e o prazo razoável
de duração do processo.
e) Os Estados não podem recorrer à privação de liberdade de crianças para cautelar os fins
de um processo migratório nem tampouco podem fundamentar tal medida no descumprimento dos
requisitos para ingressar e permanecer no país no fato de que a criança se encontre só ou separada
de sua família, ou na finalidade de assegurar a unidade familiar, toda vez que possam e devam
dispor de alternativas menos lesivas e, ao mesmo tempo, proteger de forma prioritária e integral os
direitos da criança.
.
m) Qualquer órgão administrativo ou judicial que deva decidir acerca da separação familiar
por expulsão motivada pela condição migratória de um ou ambos os genitores devem empregar
uma análise de ponderação, que contemple as circunstâncias particulares do caso concreto e
garanta uma decisão individual, priorizando em cada caso o interesse superior da criança. Naqueles
casos em que a criança tem direito à nacionalidade do país do qual um ou ambos os genitores
possam ser expulsos, ou cumpre com as condições legais para residir permanentemente ali, os
Estados não podem expulsar um ou ambos os genitores por infrações migratórias de caráter
administrativo, pois se sacrifica de forma irrazoável ou desmedida o direito à vida familiar da criança.
Art. 1º
2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano.
a) O art. 1.2 somente consagra direitos a favor de pessoas físicas, de modo que as pessoas
jurídicas não são titulares dos direitos consagrados na Convenção.
c) O art. 8.1 do Protocolo de San Salvador outorga titularidade de direitos aos sindicatos, às
federações e às confederações, o que lhes permite apresentarem-se perante o sistema
interamericano em defesa de seus próprios direitos no marco do estabelecido no referido
dispositivo.
d) As pessoas físicas em alguns casos podem chegar a exercer seus direitos através de
pessoas jurídicas, de modo que nestas situações poderão acessar o sistema interamericano para
apresentar as presumidas violações a seus direitos.
.
Artigo 4. Direito à vida
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve
ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém
pode ser privado da vida arbitrariamente.
a) Com o propósito de respeitar e garantir os direitos à vida e à integridade das pessoas sob
sua jurisdição, os Estados têm a obrigação de prevenir danos ambientais significativos, dentro ou
fora do seu território, devendo regular, supervisionar e fiscalizar as atividades sob sua jurisdição
que possam produzir um dano significativo ao meio ambiente; realizar estudos de impacto ambiental
quando exista risco de dano significativo ao meio ambiente; estabelecer um plano de contingência
para o fim de ter medidas de segurança e procedimentos para minimizar a possibilidade de grandes
acidades ambientais, e militar o dano ambiental significativo que tenha produzido.
c) Com o propósito de respeitar e garantir os direitos à vida e à integridade das pessoas sob
sua jurisdição, os Estados têm a obrigação de cooperar, de boa-fé, para a proteção contra danos
transfronteiriços significativos ao meio ambiente. Para o cumprimento desta obrigação, os Estados
devem notificar os Estados potencialmente afetados quando tenham conhecimento que uma
atividade planejada sob sua jurisdição possa gerar um risco de danos significativos transfronteiriços
e em casos de emergências ambientais, assim como consultar e negociar, de boa-fé, com os
Estados potencialmente afetados por danos transfronteiriços significativos.
d) Com o propósito de garantir os direitos à vida e à integridade das pessoas sob sua
jurisdição, em relação à proteção do meio ambiente, os Estados têm a obrigação de garantir o direito
ao acesso à informação relacionada com possíveis afetações ao meio ambiente; o direito à
participação pública das pessoas sob sua jurisdição na tomada de decisões e políticas que possam
.
afetar o meio ambiente, assim como o direito de acesso à justiça em relação com as obrigações
ambientais estatais.
c) A CADH, em virtude do direito à proteção da vida privada e familiar, assim como do direito
à proteção da família, protege o vínculo familiar que possa derivar de uma relação de um casal do
mesmo sexo.
d) O Estado deve reconhecer e garantir todos os direitos que derivem de um vínculo familiar
entre pessoas do mesmo sexo em conformidade com o estabelecido nos artigos 11.2 e 17.1 da
CADH.
.
OPINIÃO CONSULTIVA 25/20148
Artigo 22.
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território
estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou comuns conexos
com delitos políticos e de acordo com a legislação de cada Estado e com os
convênios internacionais.
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro
país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal
esteja em risco de violação por causa da sua raça, nacionalidade, religião,
condição social ou de suas opiniões políticas.
b) O asilo diplomático não se encontra protegido pelo art. 22.7 da CADH ou pelo art. XXVII
da Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, regendo-se pelas próprias
convenções de caráter interestatal que o regulam e pelo disposto nas legislações internas.
d) O princípio da não devolução não somente exige que a pessoa não seja devolvida, mas
também impõe obrigações positivas para os Estados
Obs.: importante consignar que a Corte flexibilizou requisito formal contido em seu Regulamento,
de apresentação de uma pergunta precisa e com a indicação dos dispositivos convencionais a
serem interpretados, considerando suficiente que a Colômbia tenha anexado ao pedido uma lista
.
de dispositivos relevantes. Permitiu-se pela primeira vez que outros dispositivos não indicados na
solicitação, mas que surgiram em diversas observações escritas e nas falas dos participantes da
audiência pública, sejam objeto de consideração.
a) As obrigações permanecem intactas até a denúncia efetiva ocorrer, a retirada não possui
efeito retroativo, mantendo o poder de investigação de atos iniciados no período de vigência e
continuados, além do dever de cumprir com obrigações estipuladas e interpretadas nos termos dos
órgãos de monitoramento;
4.6.1. Conceito
Artigo 62
1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de
ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, ou em qualquer momento
posterior, declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem
convenção especial, a competência da Corte em todos os casos relativos à
interpretação ou aplicação desta Convenção.
2. A declaração pode ser feita incondicionalmente, ou sob condição de
reciprocidade, por prazo determinado ou para casos específicos. Deverá ser
apresentada ao Secretário-Geral da Organização, que encaminhará cópias
da mesma aos outros Estados membros da Organização e ao Secretário da
Corte.
3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer caso relativo à
interpretação e aplicação das disposições desta Convenção que lhe seja
submetido, desde que os Estados Partes no caso tenham reconhecido ou
reconheçam a referida competência, seja por declaração especial, como
preveem os incisos anteriores, seja por convenção especial.
A aceitação da competência da Corte IDH poderá ser feita de quatro formas, previstas no
rol taxativo do art. 62.2 da CADH, são elas:
• Incondicionalmente;
.
• Sob condição de reciprocidade;
Durante o processo do caso Ivcher Bronstein vs. Peru, este comunicou à Corte de IDH o
desejo de revogar a aceitação da cláusula facultativa de submissão à jurisdição contenciosa.
A Corte entendeu não ser possível, afirmou que a aceitação da competência contenciosa
constitui uma cláusula pétrea que não admite limitações que não estejam expressamente contidas
no art. 62 da CADH. A única via de que dispõe o Estado para desvincular-se da competência
contenciosa da Corte IDH é a denúncia da CADH como um todo; e ainda, se isso ocorrer, a denúncia
somente produz efeitos nos termos art. 78 da CADH, que exige aviso prévio de 1 ano, continuando
o Estado obrigado aos termos da Convenção até a data na qual a denúncia passe a produzir efeito.
Artigo 78
1. Os Estados Partes poderão denunciar esta Convenção depois de expirado
um prazo de cinco anos, a partir da data da entrada em vigor da mesma e
mediante aviso prévio de um ano, notificando o Secretário-Geral da
Organização, o qual deve informar as outras Partes.
2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar o Estado Parte interessado das
obrigações contidas nesta Convenção, no que diz respeito a qualquer ato
que, podendo constituir violação dessas obrigações, houver sido cometido
por ele anteriormente à data na qual a denúncia produzir efeito.
A Corte IDH somente tem competência para processar e julgar casos iniciados pelacomissão
interamericana ou pelos estados-partes da CADH (legitimados ativos) contra Estados que tenham
aceitado a sua competência contenciosa (legitimados passivos).
• Tratados que expressamente lhe concedam competência, como por exemplo o art.
19.6 do Protocolo de Sal Salvador, o art. 13, da Convenção Interamericana sobre o
Desaparecimento Forçado;
.
internacionais” (art. 8º), e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência contra a Mulher, cujo art. 7º, embora se refira somente à CIDH,
indica que esta considerará as normas e os requisitos de procedimento previstos na
CADH, sem excluir, portanto, a competência da Corte.
A competência da Corte incide apenas sobre violações de direitos humanos que tenham
ocorrido posteriormente à entrada em vigor da CADH para o Estado e da aceitação da competência
contenciosa, salvo no caso de atos violatórios que persistam no tempo ou de violação contínua. É
a aplicação do chamado Princípio da Irretroatividade.
A Corte IDH somente tem competência para conhecer de violações de direitos humanos que
afetem pessoas sob a jurisdição do Estado supostamente responsável por aquelas. Não se exige
que as pessoas sejam nacionais do Estado, mas apenas que se encontrem sob a sua jurisdição.
Analisar-se-á aqui apenas os procedimentos iniciado pela vítima junto à Comissão e pela
Comissão junto à Corte Interamericana.
1ª FASE 2ª FASE
Perante a Comissão Perante a Corte
Interamericana de Ineramericana de
Direitos Humanos Direitos Humanos
Ambas as bases estão disciplinadas na CADH, bem como nos regulamentos da Comissão
IDH e da Corte IDH.
.
5.2. PROCEDIMENTO PERANTE A COMISSÃO
A Secretaria Executiva da Comissão será responsável pelo estudo e pela tramitação inicial
das petições que forem apresentadas à Comissão e que preencham os requisitos estabelecidos no
seu Estatuto e no seu Regulamento (art. 28).
Caso os requisitos não estejam preenchidos, a petição inicial poderá não ser processada.
Importante consignar que há cinco requisitos para que uma petição inicial seja considerada
pela CIDH. Observe os art. 46 da CADH e do art. 28 do Regulamento da CIDH.
CADH - Artigo 46
.
1. Para que uma petição ou comunicação apresentada de acordo com
os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será necessário:
a. que haja sido interpostos e esgotados os recursos da jurisdição interna,
de acordo com os princípios de direito internacional geralmente reconhecidos;
b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a partir da data
em que o presumido prejudicado em seus direitos tenha sido notificado da
decisão definitiva;
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja pendente de outro
processo de solução internacional; e
d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a nacionalidade,
a profissão, o domicílio e a assinatura da pessoa ou pessoas ou do
representante legal da entidade que submeter a petição.
2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste artigo não se
aplicarão quando:
a. não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido
processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alegue tenham
sido violados;
b. não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o
acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de
esgotá-los; e
c. houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados
recursos.
Caio Paiva destaca que os recursos de natureza extraordinária só devem ser esgotados
quando efetivamente puderem contribuir para a violação dos direitos humanos.
Além disso, as ações de controle de constitucionalidade não devem ser consideradas como
forma de esgotamento para possibilitar o ajuizamento de petição em ação de responsabilidade
internacional por violação de direitos humanos. No Brasil, por exemplo, a vítima sequer tem
legitimidade para ajuizar as ações de controle de constitucionalidade
Obs.: Caso o Estado não apresente a preliminar na primeira oportunidade de se manifestar, haverá
preclusão e a renúncia tácita. É o que se chama de Princípio de Estoppel.
• não exista na legislação interna do Estado de que se trate o devido processo legal
para a proteção do direito ou dos direitos que se alegue tenham sido violados;
• não se tenha permitido ao suposto lesado em seus direitos o acesso aos recursos da
jurisdição interna, ou haja sido impedido de esgotá-los;
.
• haja atraso injustificado na decisão sobre os mencionados recursos;
3º REQUISITO: A matéria da petição não deve estar pendente em outro processo de solução
internacional ou já ter sido examinada e resolvida pela própria CIDH ou por outro órgão internacional
Com a abertura do caso, a Comissão fixará o prazo de três meses para que os peticionários
apresentem suas observações adicionais quanto ao mérito. As partes pertinentes dessas
observações serão transmitidas ao Estado em questão, para que este apresente suas observações
no prazo de três meses.
Antes de pronunciar-se sobre o mérito da petição, a Comissão fixará um prazo para que as
partes se manifestem sobre o seu interesse em iniciar o procedimento de solução amistosa (acordo
perante um processo internacional de apuração de responsabilidade do Estado).
Obs.: O primeiro caso brasileiro em que houve um acordo de solução amistosa foi o dos meninos
Emasculados do Maranhão.
O peticionário poderá desistir de sua petição ou caso a qualquer momento, devendo para
tanto manifestá-lo por instrumento escrito à Comissão. A manifestação do peticionário será
.
analisada pela Comissão, que poderá arquivar a petição ou caso, se assim considerar procedente,
ou prosseguir na sua tramitação no interesse de proteger determinado direito.
• as razões com base nas quais considera que o caso deve ser submetido à Corte; e
Se, no prazo de três meses da transmissão do relatório preliminar ao Estado de que se trate,
o assunto não houver sido solucionado ou, no caso dos Estados que tenham aceitado a jurisdição
da Corte Interamericana, a Comissão ou o próprio Estado não haja submetido o assunto à sua
decisão, a Comissão poderá emitir, por maioria absoluta de votos, um relatório definitivo que
contenha o seu parecer e suas conclusões finais e recomendações.
O relatório definitivo será transmitido às partes, que apresentarão, no prazo fixado pela
Comissão, informação sobre o cumprimento das recomendações.
.
Obs.: Não haverá relatório definitivo quando o caso for encaminhado à Corte IDH ou quando o
Estado cumpre as recomendações do relatório preliminar.
Por fim, a Corte no Caso Loayza Tamayo entendeu que o relatório preliminar não vincula os
Estados; enquanto o relatório definitivo vincula, mas não possui efeito coercitivo.
5.2.6. Acompanhamento
Publicado um relatório sobre solução amistosa ou quanto ao mérito, que contenha suas
recomendações, a Comissão poderá adotar as medidas de acompanhamento que considerar
oportunas, tais como a solicitação de informação às partes e a realização de audiências, a fim de
verificar o cumprimento de acordos de solução amistosa e de recomendações.
• as provas que recebeu, incluindo o áudio ou a transcrição, com indicação dos fatos
e argumentos sobre os quais versam. Serão indicadas as provas que se receberam
em um procedimento contraditório;
Por fim, se no exame preliminar da submissão do caso, a Presidência verificar que algum
requisito fundamental não foi cumprido, solicitará que seja sanado no prazo de 20 dias.
.
5.3.2. Notificação do caso
Destaca-se que antes, a CIDH era uma representante da vítima no sistema da Corte IDH,
apresentando a petição inicial. Com a alteração realizada em 2009, a CIDH envia apenas o relatório
preliminar. A Corte IDH notifica a vítima/seus representantes, que deverá apresentar a petição
inicial.
O Estado será notificado, no prazo improrrogável de dois meses, para apresentar sua
contestação.
.
• as provas oferecidas devidamente ordenadas, com indicação dos fatos e argumentos
sobre os quais versam;
Nos casos contenciosos, um escrito em caráter de amicus curiae poderá ser apresentado
em qualquer momento do processo, porém no mais tardar até os 15 dias posteriores à celebração
da audiência pública. Nos casos em que não se realize audiência pública, deverá ser remetido
dentro dos 15 dias posteriores à resolução correspondente na qual se outorga prazo para o envio
de alegações finais.
Na audiência:
.
5.3.9. Espaços de desistência e consenso
Quando quem fez a apresentação do caso notificar a Corte de sua desistência, esta decidirá,
ouvida a opinião de todos os intervenientes no processo, sobre sua procedência e seus efeitos
jurídicos.
Se o demandado comunicar à Corte sua aceitação dos fatos ou seu acatamento total ou
parcial das pretensões que constam na submissão do caso ou no escrito das supostas vítimas ou
seus representantes, a Corte, ouvido o parecer dos demais intervenientes no processo, resolverá,
no momento processual oportuno, sobre sua procedência e seus efeitos jurídicos.
5.3.10. Sentença
Tanto a Comissão IDH quanto a Corte IDH podem expedir medidas de urgência. Vejamos
as diferenças entre cada uma.
.
MEDIDAS DE URGÊNCIA NA MEDIDAS DE URGÊNCIA NA
COMISSÃO IDH CORTE IDH
.
a. se a situação de risco foi denunciada perante as autoridades competentes
ou os motivos pelos quais isto não pode ser feito;
b. a identificação individual dos potenciais beneficiários das medidas
cautelares ou a determinação do grupo ao qual pertencem; e
c .a explícita concordância dos potenciais beneficiários quando o pedido for
apresentado à Comissão por terceiros, exceto em situações nas quais a
ausência do consentimento esteja justificada.
5. Antes de solicitar medidas cautelares, a Comissão pedirá ao respectivo
Estado informações relevantes, a menos que a urgência da situação justifique
o outorgamento imediato das medidas.
6. A Comissão avaluará periodicamente a pertinência de manter a vigência
das medidas cautelares outorgadas.
7. Em qualquer momento, o Estado poderá apresentar um pedido
devidamente fundamentado a fim de que a Comissão faça cessar os efeitos
do pedido de adoção de medidas cautelares. A Comissão solicitará
observações aos beneficiários ou aos seus representantes antes de decidir
sobre o pedido do Estado. A apresentação de tal pedido não suspenderá a
vigência das medidas cautelares outorgadas.
8. A Comissão poderá requerer às partes interessadas informações
relevantes sobre qualquer assunto relativo ao outorgamento, cumprimento e
vigência das medidas cautelares. O descumprimento substancial dos
beneficiários ou de seus representantes com estes requerimentos poderá ser
considerado como causa para que a Comissão faça cessar o efeito do pedido
ao Estado para adotar medidas cautelares. No que diz respeito às medidas
cautelares de natureza coletiva, a Comissão poderá estabelecer outros
mecanismos apropriados para seu seguimento e revisão periódica.
9. O outorgamento destas medidas e sua adoção pelo Estado não constituirá
pré-julgamento sobre a violação dos direitos protegidos pela Convenção
Americana e outros instrumentos aplicáveis.
Observações:
• No âmbito das medidas de urgência, não se exige que a vítima esgote os recursos
internos. A vítima deve apenas ter denunciado a situação de risco perante as
autoridades ou dizer à CIDH porque assim não o fez.
Encontra-se prevista no art. 63.2 da CADH e seu procedimento está disciplinado no art. 27
do Regulamento da Corte IDH. Vejamos os dispositivos:
.
pertinentes. Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem submetidos
ao seu conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão.
Observações:
• Nos casos ainda não submetidos à Corte IDH, a medida provisória somente poderá
ser decretada a pedido da CIDH;
.
• Nos casos já submetidos à Corte, a medida provisória poderá ser decretada de ofício,
a pedido das vítimas ou seus representante, bem como a pedido da CIDH;
CADH - Artigo 8, 1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas
garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente,
independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de
qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem
seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer
outra natureza.
O acesso à justiça só será efetivo e real quando determinadas “barreiras” forem eliminadas,
promovendo-se uma assistência jurídica integral e gratuita.
A Corte IDH, no julgamento do Caso Ruano Torres vs. El Salvador afirmou que a defesa
técnica prestada pela Defensoria Pública não deve ser concebida como uma mera formalidade
processual, exigindo-se, ao contrário, que o defensor público atue de forma diligente com o objetivo
de proteger as garantias processuais do acusado e evitar que seus direitos sejam violados.
.
7.2. 100 REGRAS DE BRASÍLIA
7.2.1. Finalidade
Segundo Caio Paiva, as 100 Regras de Brasília são meras diretrizes internacionais, sem
força vinculante. Como não são fruto de um acordo entre Estados e por não terem sido produzidas
no âmbito de uma organização internacional, não podem sequer ser consideradas como uma norma
internacional, ainda que de soft law.
• Vitimização: considera-se vítima toda a pessoa física que tenha sofrido um dano
ocasionado por uma infracção penal, incluída tanto a lesão física ou psíquica, como
o sofrimento moral e o prejuízo económico. O termo vítima também poderá incluir, se
for o caso, a família imediata ou as pessoas que estão a cargo da vítima direta.
.
A OEA possui resoluções valorizando o trabalho da Defensoria Pública e incentivando os
Estados a adotarem o modelo público de assistência jurídica por meio da criação e do fortalecimento
da defensoria púbica. Além disso, tem incentivado os Estados a assegurarem autonomia às
Defensorias Públicas.
Obs.: A figura do DPI não possui base convencional, tendo em vista que está prevista apenas no
Regulamento da Corte IDH.
A finalidade é garantir que toda presumida vítima tenha um advogado que faça valer seus
interesses perante a Corte e evitar que razões econômicas impeçam as vítimas de contar com
representação legal. Por outro lado, evita-se que a Comissão tenha uma posição dual ante a Corte,
de representante das vítimas e de órgão do sistema.
7.4.2. Conceito
A expressão “Defensor Interamericano” significa a pessoa que a Corte designe para assumir
a representação legal de uma suposta vítima que não tenha designado um defensor por si mesma.
Importante consignar que até o ano de 2018, a Defensoria Pública Interamericana atuava
exclusivamente em procedimentos perante a Corte IDH. A partir de 2013, a AIDEF celebra um
.
convênio também com a CIDH, viabilizando a atuação de defensores interamericanos perante o
procedimento inicial na Comissão.
.
SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. CONSELHO DA EUROPA
2.1. ESTRUTURA
2.1.1. Secretário-geral
Órgão de decisão do Conselho, composto pelos Ministros das Relações Exteriores de cada
Estado membro ou pelos seus representantes diplomáticos permanentes em Estrasburgo.
É composto por 648 membros eleitos que representam mais de 200.000 autoridades locais
e regionais, com a finalidade de reforçar a democracia local e regional.
.
Órgão judiciário permanente que garante os direitos consagrados na Convenção Europeia
de Direitos Humanos e demais documentos do sistema europeu de proteção dos direitos humanos.
Por ser uma instituição não-judicial, não pode agir sobre queixas individuais, mas pode tirar
conclusões e tomar iniciativas mais amplas, com base em informações confiáveis sobre violações
dos direitos humanos sofridas por indivíduos.
• atividades de sensibilização.
Composta por aproximadamente 400 ONGIs, a Conferência cria um elo vital entre os
representantes políticos e os cidadãos e faz ouvir a voz da sociedade civil no Conselho.
Responsável por relatórios periódicos da Carta Social Europeia e pelas queixas coletivas.
Como o Estatuto do Conselho da Europa continha apenas referências vagas sobre o tema
dos direitos humanos, foi adotada, em 1950, no âmbito do Conselho da Europa, a CEDH.
.
Além da CEDH que protege, essencialmente, direitos civis e políticos, o Sistema Europeu
conta com uma Carta Social Europeia, que complemente a CEDH e para proteger os direitos
econômicos, sociais e culturais, bem como com Convenções temáticas adotadas pelo Conselho da
Europa.
4. ÓRGÃOS DE MONITORAMENTO
Durante muito tempo o sistema europeu de proteção dos direitos humanos contou com um
importante órgão de monitoramento, que foi a Comissão Europeia de Direitos Humanos, com
competência e atuação muito similares a da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A
Comissão Europeia podia analisar petições interestatais e individuais.
A partir do Protocolo Facultativo 11/1998, o indivíduo passou a ter direito de acesso direto
ao TEDH.
O TEDH foi instituído em 1959, com as funções de interpretar e aplicar as normas de direitos
humanos do sistema europeu. Possui competências contenciosa e consultiva, sendo integrado por
47 juízes (um para cada Estado Parte do Conselho da Europa e da Convenção Europeia de Direitos
Humanos), que exercem suas funções à título pessoal. Os juízes do TEDH são eleitos pela
Assembleia Parlamentar, órgão do Conselho da Europa, para um mandato de 9 anos, vedada a
reeleição.
Com o Protocolo Facultativo 11/1998, que extinguiu a Comissão Europeia, o TEDH tornou-
se órgão permanente e a sua jurisdição contenciosa passou a ser obrigatória*(antes, era
facultativa).
Podem acessar diretamente o TEDH (legitimados ativos) qualquer pessoa física, ONG ou
grupo de pessoas que se considere vítima de violação dos direitos previstos na CEDH e nos seus
protocolos, cometido por qualquer Estado- Parte. Por fim, os estados-partes também podem
submeter ao TEDH qualquer denúncia de violação praticada por outro Estado-Parte.
.
SISTEMA AFRICANO DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em 1981 foi elaborada a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, conhecida
também como Carta de Banjul, e entrou em vigor em outubro de 1986.
A Carta buscou um caminho próprio, no preâmbulo estabelece que “as virtudes das suas
tradições históricas e os valores da civilização africana” devem “inspirar e caracterizar as suas
reflexões sobre a concepção dos direitos humanos e dos povos”.
Foi o primeiro tratado de DH a elencar de uma só vez os direitos civis e políticos com os
econômicos, sociais e culturais, além de ter inovado mencionando expressamente o direito ao meio-
ambiente como direito fundamental (e também direito ao desenvolvimento). Todos os 53 Estados
africanos ratificaram a Carta de Banjul.
Foi o único órgão criado pela Carta, é composta por 11 membros, votação secreta pelos
Estados (cada um apresenta até 2 nomes), o mandato é de 6 anos (com uma recondução). Ela
admite petições de indivíduos e demandas interestatais.
A petição deve ser proposta em prazo razoável, a partir do esgotamento dos recursos
internos e não pode ter sido resolvida por outro órgão internacional.
Criada com o Protocolo de 1998, que só entrou em vigor em 1994 após a 15ª ratificação.
Podem propor ações perante a Corte: a Comissão; o Estado, uma Organização internacional
intergovernamental africana e, a depender do critério da Corte e da adesão facultativa dos Estados-
partes, o indivíduo ou ONG.
A Corte ainda pode emitir opiniões consultivas, a única ressalva é que o pedido não possa
recair em matéria sob apreciação da Comissão.
.
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
Obs.: Há temas que, em razão da sua dupla normatização (previstos na lei interna e nos tratados
internacionais), como a extradição por exemplo, são objeto tanto do Direito Internacional Penal
quanto do Direito Penal Internacional.
Fundamenta-se na ideia de que certos crimes, em razão da sua gravidade, constituem uma
ameaça à paz, à segurança e ao bem-estar da humanidade, afetando a comunidade internacional
no seu conjunto, de modo que não devem ficar impunes e a sua repressão deve ser efetivamente
assegurada através da adoção de medidas em nível nacional e do reforço da cooperação
internacional.
Foi um tratado de paz que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial. Em seu art. 227
estava previsto a criação de um “tribunal especial”, composto por juízes das potências vencedoras,
para julgar o Kaiser (Imperador) Guilherme da Alemanha vencida. De acordo com Caio Paiva, o art.
227 e seguintes do Tratado de Versailles pode ser considerado embrião do moderno Direito
.
Internacional Penal, que permite a responsabilização do indivíduo por crimes graves, superando a
ideia de blindagem absoluta da proteção estatal.
Trata-se do primeiro tribunal internacional com competência penal para julgar crimes contra
a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade praticados por oficiais do regime nazista.
Trata-se do segundo tribunal internacional com competência penal, criado por ato unilateral
dos EUA, com competência para julgar integrantes do núcleo militar e civil do governo japonês por
crimes contra a paz, crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
• Todo aquele que comete ato que consiste em crime internacional é passível de
punição;
.
2.7. 7º ANTECEDENTE – ADOÇÃO DO ESTATUTO DO TP, 1998
A partir dos antecedentes históricos, a doutrina identifica quatro gerações de tribunais penais
internacionais.
Tribunais penais
Tribunais Tribunais criados
Tribunal internacionalizados
precursores, com pelo Conselho de
permanente ou híbridos*
natureza militar Segurança da ONU
De acordo com Caio Paiva, tribunais internacionais híbridos são aqueles cuja formação é
solicitada pelo governo do Estado onde os crimes foram cometidos. Nestes tribunais, há juízes do
Estado requerente e também juízes internacionais, aplica-se tanto o direito interno quanto o direito
internacional, por isso sua natureza híbrida.
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TRIBUNAL PENAL
ASSEMBLEIA DOS FUNDO FIDUCIÁRIO PARA
INTERNACIONAL
ESTADOS PARTES AS VÍTIMAS
PROPRIAMENTE DITO
Tribunal é composto por 18 juízes, não poderá ter mais de um juiz nacional do mesmo
Estado. Desta forma, a pessoa que for considerada nacional de mais de um Estado será
considerada nacional do Estado em que exerce habitualmente os seus direitos civis e políticos.
O art. 36.3 do Estatuto de Roma traz os requisitos que cada candidato deve possuir:
Art. 36,
3. a) Os juízes serão eleitos dentre pessoas de elevada idoneidade moral,
imparcialidade e integridade, que reúnem os requisitos para o exercício das
mais altas funções judiciais nos seus respectivos países.
b) Os candidatos a juízes deverão possuir:
i) Reconhecida competência em direito penal e direito processual penal e a
necessária experiência em processos penais na qualidade de juiz,procurador,
advogado ou outra função semelhante; ou
ii) Reconhecida competência em matérias relevantes de direito internacional,
tais como o direito internacional humanitário e os direitos humanos, assim
como vasta experiência em profissões jurídicas com relevância para a função
judicial do Tribunal;
c) Os candidatos a juízes deverão possuir um excelente conhecimento e
serem fluentes em, pelo menos, uma das línguas de trabalho do Tribunal.
Por fim, os juízes do TPI são eleitos para um mandato não renovável de 9 anos. Contudo,
de acordo com o art. 38.10 do ER, um juiz afeto a um Juízo de Julgamento em Primeira Instância
ou de Recurso permanecerá no exercício de suas funções até a conclusão do julgamento ou do
recurso dos casos que tiver a seu cargo.
De acordo como Estatuto de Roma, a competência do TPI se restringe aos crimes mais
graves, que afetam a comunidade internacional no seu conjunto, sendo eles os crimes de genocídio,
contra a humanidade, de guerra e de agressão.
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c) Escravidão;
d) Deportação ou transferência forçada de uma população;
e) Prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, em violação
das normas fundamentais de direito internacional;
f) Tortura;
g) Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez
forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência no campo
sexual de gravidade comparável;
h) Perseguição de um grupo ou coletividade que possa ser identificado, por
motivos políticos, raciais, nacionais, étnicos, culturais, religiosos ou de
gênero, tal como definido no parágrafo 3o, ou em função de outros critérios
universalmente reconhecidos como inaceitáveis no direito internacional,
relacionados com qualquer ato referido neste parágrafo ou com qualquer
crime da competência do Tribunal;
i) Desaparecimento forçado de pessoas;
j) Crime de apartheid;
k) Outros atos desumanos de caráter semelhante, que causem
intencionalmente grande sofrimento, ou afetem gravemente a integridade
física ou a saúde física ou mental.
2. Para efeitos do parágrafo 1o:
a) Por "ataque contra uma população civil" entende-se qualquer conduta que
envolva a prática múltipla de atos referidos no parágrafo 1o contra uma
população civil, de acordo com a política de um Estado ou de uma
organização de praticar esses atos ou tendo em vista a prossecução dessa
política;
b) O "extermínio" compreende a sujeição intencional a condições de vida, tais
como a privação do acesso a alimentos ou medicamentos, com vista a causar
a destruição de uma parte da população;
c) Por "escravidão" entende-se o exercício, relativamente a uma pessoa, de
um poder ou de um conjunto de poderes que traduzam um direito de
propriedade sobre uma pessoa, incluindo o exercício desse poder no âmbito
do tráfico de pessoas, em particular mulheres e crianças;
d) Por "deportação ou transferência à força de uma população" entende-se o
deslocamento forçado de pessoas, através da expulsão ou outro ato coercivo,
da zona em que se encontram legalmente, sem qualquer motivo reconhecido
no direito internacional;
e) Por "tortura" entende-se o ato por meio do qual uma dor ou sofrimentos
agudos, físicos ou mentais, são intencionalmente causados a uma pessoa
que esteja sob a custódia ou o controle do acusado; este termo não
compreende a dor ou os sofrimentos resultantes unicamente de sanções
legais, inerentes a essas sanções ou por elas ocasionadas;
f) Por "gravidez à força" entende-se a privação ilegal de liberdade de uma
mulher que foi engravidada à força, com o propósito de alterar a composição
étnica de uma população ou de cometer outras violações graves do direito
internacional. Esta definição não pode, de modo algum, ser interpretada como
afetando as disposições de direito interno relativas à gravidez;
g) Por "perseguição'' entende-se a privação intencional e grave de direitos
fundamentais em violação do direito internacional, por motivos relacionados
com a identidade do grupo ou da coletividade em causa;
h) Por "crime de apartheid" entende-se qualquer ato desumano análogo aos
referidos no parágrafo 1°, praticado no contexto de um regime
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institucionalizado de opressão e domínio sistemático de um grupo racial sobre
um ou outros grupos nacionais e com a intenção de manter esse regime;
i) Por "desaparecimento forçado de pessoas" entende-se a detenção, a prisão
ou o sequestro de pessoas por um Estado ou uma organização política ou
com a autorização, o apoio ou a concordância destes, seguidos de recusa a
reconhecer tal estado de privação de liberdade ou a prestar qualquer
informação sobre a situação ou localização dessas pessoas, com o propósito
de lhes negar a proteção da lei por um prolongado período de tempo.
3. Para efeitos do presente Estatuto, entende-se que o termo "gênero"
abrange os sexos masculino e feminino, dentro do contexto da sociedade,
não lhe devendo ser atribuído qualquer outro significado.
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v) Atacar ou bombardear, por qualquer meio, cidades, vilarejos, habitações
ou edifícios que não estejam defendidos e que não sejam objetivos militares;
vi) Matar ou ferir um combatente que tenha deposto armas ou que, não tendo
mais meios para se defender, se tenha incondicionalmente rendido;
vii) Utilizar indevidamente uma bandeira de trégua, a bandeira nacional, as
insígnias militares ou o uniforme do inimigo ou das Nações Unidas, assim
como os emblemas distintivos das Convenções de Genebra, causando deste
modo a morte ou ferimentos graves;
viii) A transferência, direta ou indireta, por uma potência ocupante de parte
da sua população civil para o território que ocupa ou a deportação ou
transferência da totalidade ou de parte da população do território ocupado,
dentro ou para fora desse território;
ix) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios consagrados ao culto religioso,
à educação, às artes, às ciências ou à beneficência, monumentos históricos,
hospitais e lugares onde se agrupem doentes e feridos, sempre que não se
trate de objetivos militares;
x) Submeter pessoas que se encontrem sob o domínio de uma parte
beligerante a mutilações físicas ou a qualquer tipo de experiências médicas
ou científicas que não sejam motivadas por um tratamento médico, dentário
ou hospitalar, nem sejam efetuadas no interesse dessas pessoas, e que
causem a morte ou coloquem seriamente em perigo a sua saúde;
xi) Matar ou ferir à traição pessoas pertencentes à nação ou ao exército
inimigo;
xii) Declarar que não será dado quartel;
xiii) Destruir ou apreender bens do inimigo, a menos que tais destruições ou
apreensões sejam imperativamente determinadas pelas necessidades da
guerra;
xiv) Declarar abolidos, suspensos ou não admissíveis em tribunal os direitos
e ações dos nacionais da parte inimiga;
xv) Obrigar os nacionais da parte inimiga a participar em operações bélicas
dirigidas contra o seu próprio país, ainda que eles tenham estado ao serviço
daquela parte beligerante antes do início da guerra;
xvi) Saquear uma cidade ou uma localidade, mesmo quando tomada de
assalto;
xvii) Utilizar veneno ou armas envenenadas;
xviii) Utilizar gases asfixiantes, tóxicos ou outros gases ou qualquer líquido,
material ou dispositivo análogo;
xix) Utilizar balas que se expandem ou achatam facilmente no interior do
corpo humano, tais como balas de revestimento duro que não cobre
totalmente o interior ou possui incisões;
xx) Utilizar armas, projéteis; materiais e métodos de combate que, pela sua
própria natureza, causem ferimentos supérfluos ou sofrimentos
desnecessários ou que surtam efeitos indiscriminados, em violação do direito
internacional aplicável aos conflitos armados, na medida em que tais armas,
projéteis, materiais e métodos de combate sejam objeto de uma proibição
geral e estejam incluídos em um anexo ao presente Estatuto, em virtude de
uma alteração aprovada em conformidade com o disposto nos artigos 121 e
123;
xxi) Ultrajar a dignidade da pessoa, em particular por meio de tratamentos
humilhantes e degradantes;
xxii) Cometer atos de violação, escravidão sexual, prostituição forçada,
gravidez à força, tal como definida na alínea f) do parágrafo 2o do artigo 7o,
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esterilização à força e qualquer outra forma de violência sexual que constitua
também um desrespeito grave às Convenções de Genebra;
xxiii) Utilizar a presença de civis ou de outras pessoas protegidas para evitar
que determinados pontos, zonas ou forças militares sejam alvo de operações
militares;
xxiv) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, unidades e
veículos sanitários, assim como o pessoal que esteja usando os emblemas
distintivos das Convenções de Genebra, em conformidade com o direito
internacional;
xxv) Provocar deliberadamente a inanição da população civil como método
de guerra, privando-a dos bens indispensáveis à sua sobrevivência,
impedindo, inclusive, o envio de socorros, tal como previsto nas Convenções
de Genebra;
xxvi) Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas forças armadas nacionais
ou utilizá-los para participar ativamente nas hostilidades;
c) Em caso de conflito armado que não seja de índole internacional, as
violações graves do artigo 3o comum às quatro Convenções de Genebra, de
12 de Agosto de 1949, a saber, qualquer um dos atos que a seguir se indicam,
cometidos contra pessoas que não participem diretamente nas hostilidades,
incluindo os membros das forças armadas que tenham deposto armas e os
que tenham ficado impedidos de continuar a combater devido a doença,
lesões, prisão ou qualquer outro motivo:
i) Atos de violência contra a vida e contra a pessoa, em particular o homicídio
sob todas as suas formas, as mutilações, os tratamentos cruéis e a tortura;
ii) Ultrajes à dignidade da pessoa, em particular por meio de tratamentos
humilhantes e degradantes;
iii) A tomada de reféns;
iv) As condenações proferidas e as execuções efetuadas sem julgamento
prévio por um tribunal regularmente constituído e que ofereça todas as
garantias judiciais geralmente reconhecidas como indispensáveis.
d) A alínea c) do parágrafo 2o do presente artigo aplica-se aos conflitos
armados que não tenham caráter internacional e, por conseguinte, não se
aplica a situações de distúrbio e de tensão internas, tais como motins, atos
de violência esporádicos ou isolados ou outros de caráter semelhante;
e) As outras violações graves das leis e costumes aplicáveis aos conflitos
armados que não têm caráter internacional, no quadro do direito
internacional, a saber qualquer um dos seguintes atos:
i) Dirigir intencionalmente ataques à população civil em geral ou civis que não
participem diretamente nas hostilidades;
ii) Dirigir intencionalmente ataques a edifícios, material, unidades e veículos
sanitários, bem como ao pessoal que esteja usando os emblemas distintivos
das Convenções de Genebra, em conformidade com o direito internacional;
iii) Dirigir intencionalmente ataques ao pessoal, instalações, material,
unidades ou veículos que participem numa missão de manutenção da paz ou
de assistência humanitária, de acordo com a Carta das Nações Unidas,
sempre que estes tenham direito à proteção conferida pelo direito
internacional dos conflitos armados aos civis e aos bens civis;
iv) Atacar intencionalmente edifícios consagrados ao culto religioso, à
educação, às artes, às ciências ou à beneficência, monumentos históricos,
hospitais e lugares onde se agrupem doentes e feridos, sempre que não se
trate de objetivos militares;
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Saquear um aglomerado populacional ou um local, mesmo quando tomado
de assalto;
Cometer atos de agressão sexual, escravidão sexual, prostituição forçada,
gravidez à força, tal como definida na alínea f do parágrafo 2 o do artigo 7o;
esterilização à força ou qualquer outra forma de violência sexual que
constitua uma violação grave do artigo 3o comum às quatro Convenções de
Genebra;
Recrutar ou alistar menores de 15 anos nas forças armadas nacionais ou
em grupos, ou utilizá-los para participar ativamente nas hostilidades;
Ordenar a deslocação da população civil por razões relacionadas com o
conflito, salvo se assim o exigirem a segurança dos civis em questão ou
razões militares imperiosas;
Matar ou ferir à traição um combatente de uma parte beligerante;
Declarar que não será dado quartel;
Submeter pessoas que se encontrem sob o domínio de outra parte
beligerante a mutilações físicas ou a qualquer tipo de experiências médicas
ou científicas que não sejam motivadas por um tratamento médico, dentário
ou hospitalar nem sejam efetuadas no interesse dessa pessoa, e que causem
a morte ou ponham seriamente a sua saúde em perigo;
Destruir ou apreender bens do inimigo, a menos que as necessidades da
guerra assim o exijam;
f) A alínea e) do parágrafo 2o do presente artigo aplicar-se-á aos conflitos
armados que não tenham caráter internacional e, por conseguinte, não se
aplicará a situações de distúrbio e de tensão internas, tais como motins, atos
de violência esporádicos ou isolados ou outros de caráter semelhante;
aplicar-se-á, ainda, a conflitos armados que tenham lugar no território de um
Estado, quando exista um conflito armado prolongado entre as autoridades
governamentais e grupos armados organizados ou entre estes grupos.
3. O disposto nas alíneas c) e e) do parágrafo 2o, em nada afetará a
responsabilidade que incumbe a todo o Governo de manter e de restabelecer
a ordem pública no Estado, e de defender a unidade e a integridade territorial
do Estado por qualquer meio legítimo.
De acordo com o Estatuto de Roma, para que o TPI exerça a sua jurisdição devem ser
observadas algumas condições. Vejamos:
• Os crimes devem ter ocorrido após a entrada em vigor do Estatuto de Roma (1º de
julho de 2002);
• Os crimes devem ter sido cometidos no território de um Estado Parte (art. 12.2.a) ou
por um nacional de um Estado Parte (art. 12.2.b), podendo, ainda, esta aderência se
dar mediante declaração específica por Estado não contratante caso o crime tenha
ocorrido em seu território ou for cometido por seu nacional (art. 11.2), ou ainda, ter o
CSNU adotado resolução vinculante adjudicando o caso ao TPI, independentemente
de o Estado onde ocorreu o crime ou do qual o autor é nacional ter ratificado o ER
.
(art. 13.b), competência esta exercida de acordo com o Capítulo VII da Carta das
Nações Unidas, referente à “ação relativa a ameaças à paz, ruptura da paz e atos de
agressão.
Por fim, a competência do TPI pode ser ativada através de denúncia feita por um Estado
parte ao Procurador, denúncia feita pelo Conselho das Nações Unidas ao Procurador e de ofício
pelo Procurador.
Estão disciplinadas no Capítulo III do Estatuto de Roma os princípios gerais do direito que
são aplicados ao TPI. Abaixo analisaremos cada um deles.
Artigo 22
1. Nenhuma pessoa será considerada criminalmente responsável, nos
termos do presente Estatuto, a menos que a sua conduta constitua, no
momento em que tiver lugar, um crime da competência do Tribunal.
2. A previsão de um crime será estabelecida de forma precisa e não será
permitido o recurso à analogia. Em caso de ambiguidade, será interpretada a
favor da pessoa objeto de inquérito, acusada ou condenada.
3. O disposto no presente artigo em nada afetará a tipificação de uma conduta
como crime nos termos do direito internacional, independentemente do
presente Estatuto.
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8.2. NULLA POENA SINE LEGE
De acordo com o Estatuto de Roma, o Tribunal será competente para julgar as pessoas
físicas. Portanto, perceba que o TPI não julga Estados.
Será considerado criminalmente responsável e poderá ser punido pela prática de um crime
da competência do Tribunal quem:
• Ordenar, solicitar ou instigar à prática desse crime, sob forma consumada ou sob a
forma de tentativa;
• Contribuir de alguma outra forma para a prática ou tentativa de prática do crime por
um grupo de pessoas que tenha um objetivo comum. Esta contribuição deverá ser
intencional e ocorrer, conforme o caso:
• Tentar cometer o crime mediante atos que contribuam substancialmente para a sua
execução, ainda que não se venha a consumar devido a circunstâncias alheias à sua
vontade. Porém, quem desistir da prática do crime, ou impedir de outra forma que
este se consuma, não poderá ser punido em conformidade com o presente Estatuto
pela tentativa, se renunciar total e voluntariamente ao propósito delituoso.
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8.5. EXCLUSÃO DA JURISDIÇÃO RELATIVAMENTE A MENORES DE 18 ANOS
O Tribunal não terá jurisdição sobre pessoas que, à data da alegada prática do crime, não
tenham ainda completado 18 anos de idade.
O Estatuto de Roma será aplicável de forma igual a todas as pessoas sem distinção alguma
baseada na qualidade oficial. Em particular, a qualidade oficial de Chefe de Estado ou de Governo,
de membro de Governo ou do Parlamento, de representante eleito ou de funcionário público, em
caso algum eximirá a pessoa em causa de responsabilidade criminal nos termos do presente
Estatuto, nem constituirá de per se motivo de redução da pena.
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8.8. IMPRESCRITIBILIDADE
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evitar. Essa ameaça tanto poderá: ter sido feita por outras pessoas; ou ser constituída
por outras circunstâncias alheias à sua vontade.
O erro de fato só excluirá a responsabilidade criminal se eliminar o dolo requerido pelo crime.
9. PENAS APLICADAS
O TPI, nos termos do art. 77 do Estatuto de Roma, poderá aplicar as seguintes penas:
Observe a redação do art. 78 do ER que trata dos critérios para determinar a pena:
Artigo 78
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Na determinação da pena, o Tribunal atenderá, em harmonia com o
Regulamento Processual, a fatores tais como a gravidade do crime e as
condições pessoais do condenado.
O Tribunal descontará, na pena de prisão que vier a aplicar, o período
durante o qual o acusado esteve sob detenção por ordem daquele. O Tribunal
poderá ainda descontar qualquer outro período de detenção que tenha sido
cumprido em razão de uma conduta constitutiva do crime.
Se uma pessoa for condenada pela prática de vários crimes, o Tribunal
aplicará penas de prisão parcelares relativamente a cada um dos crimes e
uma pena única, na qual será especificada a duração total da pena de prisão.
Esta duração não poderá ser inferior à da pena parcelar mais elevada e não
poderá ser superior a 30 anos de prisão ou ir além da pena de prisão perpétua
prevista no artigo 77, parágrafo 1o, alínea b).
1ª FASE 2ª FASE
Seção de
Seção de Julgamento em
Instrução Primeira
Instância
Tantos as decisões interlocutórias quanto as decisões finais podem ser objeto de recurso
para a Seção de Recursos.
O art. 5º, §4º, da CF, com redação dada pela EC 45/04, prevê que o Brasil se submete à
jurisdição do Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
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O Estatuto de Roma prevê que os Estados-partes devem entregar a pessoa investigada ou
condenada pelo TPI ao Tribunal para cumprir prisão preventiva ou pena definitiva, assim como para
comparecer a atos que exijam a sua presença física.
4ª Incompatibilidade: Imprescritibilidade.
A CF, art. 5º, XLII e XLIV, prevê taxativamente os crimes que são imprescritíveis. Já o ER
GENERALIZA a imprescritibilidade.
Além disso, o ER não admite reservas, de modo que, quando o Estado adere ao seu texto,
está concordando com a sua integralidade.
Entendeu-se que a utilização das testemunhas de ouvir dizer deve ser excepcional.
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Trata-se da primeira absolvição proferida pelo TPI.
Tema extra: Ecocídio - consiste na conduta, ativa ou omissiva, que causa ou pode causar
uma destruição em larga escala do meio ambiente.
2ª C: o ecocídio NÃO pode ser extraído do art. 7.1.k do Estatuto de Roma, pois isso
equivaleria a se admitir uma analogia in malam partem, proibida pelo próprio Estatuto de Roma (art.
22.2).
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CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE
1. CONCEITO
2. CLASSIFICAÇÃO
3. OBJETIVOS
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• Servir como uma instituição que permita a todas as autoridades do Estado cumprir
adequadamente com sua obrigação de respeito e garantia dos direitos humanos;
Em 2006, ao julgar o Caso Almonacid Arellano e outros vs. Chile, a Corte IDH citou pela
primeira vez, de forma expressa, o termo “controle de convencionalidade” para apontar a falha do
Poder Legislativo de suprimir leis contrárias à CADH, frente à qual o Poder Judiciário permanece
vinculado ao dever de garantia, devendo se abster de aplicar qualquer normativa contrária à
Convenção.
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No julgamento do Caso Trabalhadores Demitidos do Congresso vs. Peru (2006), a Corte
IDH ressaltou que “(...) os órgãos do Poder Judiciário devem exercer não somente um controle de
constitucionalidade, mas também de convencionalidade de ofício entre as normas internas e a
convenção americana, evidentemente no marco de suas respectivas competências e das
regulações processuais correspondentes”.
Segundo Caio Paiva, nos países em que os juízes podem fazer controle difuso de
constitucionalidade, também será possível fazer o controle difuso de convencionalidade e, se for o
caso, afastar a aplicação da norma. Porém, nos países em que não seja permitido aos juízes fazer
o controle difuso de constitucionalidade, também não será possível fazer o controle difuso de
convencionalidade. O que deverá ser feito, ao menos, é uma interpretação da norma interna
conforme as disposições do tratado internacional.
No julgamento do Caso Gelman vs. Uruguai (2011), a Corte IDH decidiu que “quando um
Estado é parte de um tratado internacional como a Convenção Americana, todos seus órgãos,
incluindo seus juízes, estão submetidos àquele, que lhes obriga a velar para que os efeitos das
disposições da Convenção não se vejam menosprezados pela aplicação de normas contrárias a
seu objeto e fim, pelo que os juízes e órgãos vinculados à administração de justiça em todos os
níveis estão na obrigação de exercer de ofício um controle de convencionalidade (...),
evidentemente no marco de suas respectivas competências e regulações processuais
competentes”
Perceba que não apenas os juízes devem exercer o controle de convencionalidade, mas
todos os funcionários públicos ligados à administração da justiça, como delegados, membros da
Defensoria Pública e do Ministério Público.
No julgamento do Caso Gudiel Álvarez e outros vs. Guatemala (2012), a Corte IDH decidiu
que o parâmetro do controle de convencionalidade não se limita à CADH, abrangendo também
outros tratados de direitos humanos que o estado tenha aderido. Em outros casos, a Corte IDH tem
ressaltado que a sua jurisprudência também deve servir como parâmetro do controle de
convencionalidade. e não apenas a jurisprudência contenciosa, mas também a advinda do exercício
da competência consultiva.
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No julgamento do Caso Liakat Ali Alibux vs. Suriname, a Corte IDH decidiu que “(...) em
relação aos argumentos da Comissão sobre a violação do direito à proteção judicial decorrente da
ausência de um Tribunal Constitucional, embora a Corte reconheça a importância destes órgãos
como protetores dos mandatos constitucionais e dos direitos fundamentais, a Convenção
Americana não impõe um modelo específico para realizar o controle de constitucionalidade e
convencionalidade. Neste sentido, a Corte recorda que a obrigação de exercer um controle de
convencionalidade entre as normas internas e a CADH compete a todos os órgãos do Estado”.
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SISTEMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS
O IDC foi introduzido no ordenamento jurídico brasileiro por via da EC 45/2004 para
possibilitar a transferência de investigações ou julgamentos, da Justiça Estadual para a Justiça
Federal, nos casos em que identificadas graves violações de diretos humanos passíveis de atrair a
responsabilização do Estado brasileiro no plano internacional - CF, artigo 109, § 5º.
1.2. REQUISITOS
São dois:
1.3. LEGITIMIDADE
O IDC 4 e o IDC 11 não foram ajuizados pelo PGR, por isso foram extintos.
1.4. COMPETÊNCIA
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1.5. JULGAMENTOS
IDC 1 – Foi o caso da missionária norte-americana Dorothy Stang, assassinada no Pará. Foi
julgado improcedente, tendo em vista que restou reconhecido que as autoridades estaduais do Pará
estavam efetivamente dispostas a apurar e a investigar os fatos. Logo, o STJ não deslocou a
competência para a Justiça Federal.
IDC 2 – foi o primeiro IDC deferido, o defensor dos direitos humanos, vereador e advogado
Manoel Mattos, foi assassinado em decorrência de sua atuação contra grupos de extermínio que
agiam livremente em Pernambuco e na Paraíba. O STJ reconheceu a incapacidade das autoridades
locais e da Justiça Estadual em apurar o referido homicídio, deslocando, então, o feito para a Justiça
Federal.
IDC 4 – foi proposto pelo Ministro do Tribunal de Contas de Pernambuco. STJ extinguiu
devido a ilegitimidade, já que apenas o PGR pode propor IDC.
IDC 5 - Assassinato do Promotor de Justiça Thiago Faria Soares, praticado por grupo de
extermínio que agia no interior do Estado de Pernambuco, em região conhecida como “Triângulo
da Pistolagem”. Destaca-se que foi proposto durante a investigação. Julgado procedente para o fim
de determinar a transferência do inquérito policial da Polícia Civil para a Polícia Federal, sob o
acompanhamento do Ministério Público Federal. Foi reconhecida “a incapacidade conjuntural, a
incontornável dificuldade de autoridades do Estado de Pernambuco em reprimir e apurar” o crime
praticado contra o promotor.
IDC 11 – foi proposto pela vítima, por isso também houve a extinção por falta de legitimidade.
IDC 14 – greve da Polícia Militar do Espírito Santo, o PGR alega que, em razão da greve,
houve diversas mortes, prejuízo de milhões para lojistas, suspensão de aulas e do transporte
público. Como, neste caso, a apuração de eventual responsabilidade cabe à Justiça Militar Estadual,
o PGR, alegando risco de parcialidade, pleiteia o deslocamento das investigações para aJustiça
Militar da União ou para a Justiça Federal. O STJ indeferiu, tendo em vista que:
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IDC 24 - O STJ indeferiu o pedido no caso dos homicídios de Marielle Franco e Anderson
Gomes.
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fortuito de crimes graves, envolvendo grupos armados e perigosos,
justamente aqueles que são apontados como resistentes ao bom andamento
do trabalho investigatório, o que denota efetiva reação do Estado contra o
crime organizado.11. Pelo que se pode inferir dos autos, não há sombra de
descaso, desinteresse, desídia ou falta de condições pessoais ou materiais
das instituições estaduais encarregadas por investigar, processar e punir os
eventuais responsáveis pela grave violação a direitos humanos decorrente
dos homicídios da vereadora Marielle Francisco da Silva e seu motorista,
Anderson Pedro Matias Gomes. Ao revés, constata-se notório empenho da
equipe de policiais civis da Delegacia de Homicídios e do Grupo de Atuação
Especial de Repressão ao Crime Organizado - GAECO do Ministério Público
do Estado do Estado do Rio De Janeiro, o que desautoriza o atendimento ao
pedido de deslocamento do caso para a esfera federal. 12. Ademais,
considerando o vasto acervo já formado, com centenas de diligências
cumpridas e outras tantas em andamento, o pretendido deslocamento das
investigações para a Polícia Federal, ao que tudo indica, acarretaria efeito
contrário ao que se defende no incidente suscitado, isto é, traria mais atraso
às investigações, militando em desfavor do objetivo perquirido. 13. O auxílio
que outras instituições federais ou, quiçá, de outros Estados podem dar à
persecução penal, com expressa autorização legal (art. 3.º, inciso VIII, da Lei
n.º 12.850/2013), não deve ser desprezado, mormente em razão da
complexidade da investigação em tela. Revela-se, pois, bem-vindo o registro
lançado pelo Parquet Estadual de que, "nesta parte da investigação, o
Ministério da Justiça atua diretamente e prestando apoio ao Ministério Público
do Rio do Janeiro, onde diversos atos de investigação vêm sendo praticados
em conjunto com o GAECO MPRJ". 14. Pedido de deslocamento de
competência julgado improcedente. (IDC 24/DF, Rel. Ministra LAURITA VAZ,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/05/2020, DJe 01/07/2020)
Segundo Caio Paiva, as interações entre o Direito Internacional dos Direitos Humanos e o
Direito Constitucional, principalmente no que diz respeito ao processo de incorporação dos tratados
internacionais de direitos humanos na ordem jurídica interna, gera espaço para um novo ramo do
Direito para realizar o estudo desta problemática, o qual tem sido denominado de Direito
Constitucional dos Direitos Humanos ou Direito Constitucional Internacional.
Quanto à incorporação dos tratados no Brasil, foi adotada a teoria da junção de vontades ou
teoria dos atos complexos, pois o procedimento de incorporação do tratado é complexo, havendo a
participação do Executivo e Legislativo na formação da vontade em celebrar definitivamente um
tratado internacional.
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2.2. FASES DO PROCESSO DE INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS
DE DIREITOS HUMANOS
Segundo André de Carvalho Ramos, é iniciada com as negociações do teor do futuro tratado.
As negociações dos tratados internacionais não possuem destaque no corpo da Constituição de
1988, sendo consideradas de atribuição do Chefe de Estado, por decorrência implícita do disposto
no art. 84, VIII.
. Essa fase é protagonizada pelo PR, que pode atuar diretamente, como Chefe de Estado,
ou por representantes considerados capazes para assinar tratados pela Convenção de Viena sobre
Direito dos Tratados (art. 7º), como, por exemplo, o Ministro das Relações Exteriores.
Tem início da Câmara dos Deputados, observado por analogia o art. 64, caput, da CF.
Feita pelo Presidente da República. Trata-se do ato por meio do qual o Estado consente em
obrigar-se aos termos do ato internacional. Com a ratificação, o tratado entra em vigor no plano
internacional para o Estado, exceto se no texto contiver outra exigência para que isso ocorra, a
exemplo do número mínimo de ratificações ou fixação de data.
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3. HIERARQUIA DOS TRATADOS
Tanto os direitos humanos quanto os direitos fundamentais estão ligados aos valores
liberdade e igualdade e visam à proteção da dignidade da pessoa humana. A diferença é que os
primeiros (direitos humanos) estão localizados no plano internacional, ao passo que os direitos
fundamentais estão consagrados no plano interno, em geral, nas constituições.
Os tratados internacionais de direitos humanos, aprovados em dois turnos, por três quintos
de votos, conforme art. 5º, § 3º, CF, à medida que passam a fazer parte do plano interno
transformam-se em direitos fundamentais e não existe hierarquia. Caso o tratado trate de direitos
humanos, mas não siga o rito do artigo, terá natureza supralegal.
Tratados internacionais, que não são de direitos humanos, possuem natureza de lei
ordinária.
Após o advento desta Emenda, o Supremo passou a adotar uma terceira hierarquia em
relação aos tratados internacionais. Segundo o entendimento, caso os tratados e convenções
internacionais tratassem de direitos humanos, mas não fossem aprovados por 3/5 e dois turnos,
não teriam o status de emenda constitucional, mas supralegal.
A tese acima, sustentada pelo Ministro Gilmar Mendes, já vinha sendo defendida pelo
Ministro Sepúlveda Pertence:
STF - RHC 79.785-RJ (voto Min. Sepúlveda Pertence): “Certo, com o alinhar-
me ao consenso em torno da estatura infraconstitucional, na ordem positiva
brasileira, dos tratados a ela incorporados, não assumo compromisso de logo
[...] com o entendimento, então majoritário - que, também em relação às
convenções internacionais de proteção de direitos fundamentais - preserva a
jurisprudência que a todos equipara hierarquicamente às leis (...) Se assim é,
à primeira vista, parificar às leis ordinárias os tratados a que alude o art. 5º, §
2º, da Constituição, seria esvaziar de muito do seu sentido útil a inovação,
que, malgrado os termos equívocos do seu enunciado, traduziu uma abertura
significativa ao movimento de internacionalização dos direitos humanos.”
.
Em suma:
Tratados e Convenções
Internacionais de Direitos Humanos
(SUPRALEGAL)
.
DIREITOS HUMANOS DOS GRUPOS VULNERÁVEIS
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. MULHERES
NORMATIVA
ÓRGÃO DE PROTEÇÃO
INTERNACIONAL
Comissão Interamericana de
Direitos Humanos (CIDH)
SISTEMA Comitê para a Eliminação da
Corte IDH
INTERAMERICANO Discriminação contra a Mulher
Comissão Interamericana de
Mulheres (CIM)1
Observações:
Jurisprudência internacional:
• Caso Alyne Pimentel: o Brasil foi condenado pelo Comitê sobre a Eliminação da
Discriminação contra a Mulher em um caso que envolvia a mortalidade materna.
.
• Caso do Presídio Miguel Castro vs. Peru, 2006: foi primeira vez que a Corte IDH
aplicou a Convenção de Belém do Pará.
• Caso Gonzáles e outros (Campo Algodoeiro) vs. México, 2009: foi a primeira vez que
a Corte IDH analisou um caso envolvendo situação de violência estrutural de gênero.
Reconheceu-se pela primeira vez a figura do feminicídio.
• Caso Artavia Murillo e outros (fecundação in vitro) vs. Costa Rica: a Corte IDH tratou
da autonomia reprodutiva, que também está prevista no art. 16.e da Convenção de
Belém do Pará. Para a Corte IDH, “este direito é violado quando se obstaculizam os
meios através dos quais uma mulher poder exercer o direito a controlar sua
fecundidade. (...) a proteção à vida privada inclui o respeito das decisões tanto de
converter-se em mãe ou pai, incluindo a decisão do casal de se converterem em pais
genéticos”
• Caso Velásquez Paiz e outros vs. Guatemala, 2015: a Corte IDH decidiu que quando
se tratar de mulher que tenha sofrido uma violência contra a sua liberdade pessoal,
as autoridades estatais devem incluir na investigação uma perspectiva de gênero,
investigando as possíveis conotações discriminatórias por razão de gênero num ato
de violência praticado contra uma mulher, especialmente quando existem indícios
concretos de violência sexual.
• Caso Favela Nova Brasília vs. Brasil: a corte IDH decidiu que a violência sexual é
uma forma de tortura. Consequentemente, não deveria se submeter às regras de
prescrição.
3. PESSOAS NEGRAS
NORMATIVA
ÓRGÃO DE PROTEÇÃO
INTERNACIONAL
Comissão Interamericana de
Direitos Humanos (CIDH)
Corte IDH
SISTEMA Comitê para a Eliminação da
INTERAMERICANO Discriminação Racial Comitê Interamericano para a
Prevenção e Eliminação do
Racismo, da Discriminação
Racial e Todas as Formas de
Discriminação e Intolerância
.
Observações:
1. Aprovada nos termos do art. 5º, §3º da CF. Portanto, possui status de emenda
constitucional;
2. Discriminação racial indireta é a que se produz, na esfera pública ou privada, quando uma
disposição, um critério ou uma prática, aparentemente neutro, é suscetível de implicar uma
desvantagem particular para as pessoas que pertencem a um grupo específico, a menos que esta
disposição, critério ou prática tenha um objetivo ou justificação razoável e legítimo à luz do direito
internacional dos direitos humanos.
Jurisprudência Internacional:
• Caso Simone André Diniz: o Brasil foi responsabilizado na CIDH pela prática do
racismo.
4. CRIANÇA E ADOLESCENTE
NORMATIVA
ÓRGÃO DE PROTEÇÃO
INTERNACIONAL
1º - envolvimento de criança
em conflito armado;
2º - venda de crianças,
Convenção Interamericana
SISTEMA GLOBAL prostituição infantil e
sobre Tráfico de Menores
pornografia infantil;
3º - procedimento de
comunicação
Comissão Interamericana de
SISTEMA Comitê para os Direitos da Direitos Humanos (CIDH)
INTERAMERICANO Criança
Corte IDH
Jurisprudência Internacional:
.
Medidas a serem adotadas pelo estado em relação à criança vítima de crime: a
obrigação de proteger o interesse superior das crianças durante qualquer
procedimento no qual estejam envolvidos pode implicar o seguinte:
.
Prisão ou detenção preventiva de adolescentes: “No que diz respeito particularmente
a medidas ou penas privativas de liberdade das crianças, aplicam-se especialmente
os seguintes princípios:
A Corte destaca que as obrigações que o Estado deve adotar para eliminar as piores
formas de trabalho infantil têm caráter prioritário e incluem, entre outras, elaborar e
colocar em prática programas de ação para assegurar o exercício e o desfrute pleno
de seus direitos. Concretamente, o Estado tem a obrigação de: a) impedir a ocupação
de crianças nas piores formas de trabalho infantil; b) prestar a assistência direta
necessária e adequada para livrar crianças das piores formas de trabalho infantil e
assegurar sua reabilitação e inserção social; c) assegurar a todas as crianças que
tenham sido libertadas das piores formas de trabalho infantil o acesso ao ensino
básico gratuito e, quando seja possível e adequado, a formação profissional; d)
identificar as crianças que estão particularmente expostas a riscos e entrar em
contato direto com elas; e e) ter em conta a situação particular das meninas
.
ao direito à vida, à sobrevivência e ao desenvolvimento, assim como ao princípio de
não discriminação. Por último, resulta importante ressaltar que qualquer restrição que
se imponha ao exercício pleno desse direito através de disposições que tenham
como finalidade a proteção das crianças, somente poderá se justificar conforme a
esses princípios e ela não deverá resultar desproporcional”
• Corte IDH, OC 17/2002 – a carência de recursos materiais não pode ser o único
fundamento para uma decisão judicial ou administrativa que determine a separação
da criança de sua família;
5. PESSOAS IDOSAS
NORMATIVA
ÓRGÃO DE PROTEÇÃO
INTERNACIONAL
Comissão Interamericana de
Direitos Humanos (CIDH)
Corte IDH
SISTEMA
Nenhum específico
INTERAMERICANO Comitê de Especialistas da
Convenção Interamericana
sobre a Proteção dos Direitos
Humanos das Pessoas Idosas
NORMATIVA
ÓRGÃO DE PROTEÇÃO
INTERNACIONAL
.
Convenção Internacional Convenção Interamericana
sobre os Direitos das Pessoas para a Eliminação de Todas
com Deficiência e seu as
SISTEMA GLOBAL Protocolo Facultativo Formas de Discriminação
(internalizado no Brasil pelo contra Pessoas Portadoras de
procedimento do art.5º, §3º, Deficiência
da CF)
Comissão Interamericana de
Direitos Humanos (CIDH)
Corte IDH
SISTEMA Comitê sobre os Direitos das
INTERAMERICANO Pessoas com Deficiência Comissão para a Eliminação
de Todas as Formas de
Discriminação contra as
Pessoas Portadoras de
Deficiência
Observações:
1. Encontram-se no art. 1º da Convenção uma série de conceitos, que relacionam uma noção
própria da primeira dimensão de direitos humanos, qual seja: a vedação à discriminação como
corolário da isonomia, ao contexto socioeconômico que inspirou a segunda dimensão daqueles
direitos;
2. Há na Convenção várias providências que deverão ser tomadas pelos Estados, com o
intuito de eliminar-se, de forma progressiva, a discriminação e promover a integração das pessoas
portadoras de deficiência;
Jurisprudência Internacional:
.
si só, situação geradora de deficiência, mas pode, sim, em algumas circunstâncias,
consideradas as barreiras atitudinais que enfrenta a pessoa com HIV, configurar
aquela situação. A determinação de se alguém pode ser considerado uma pessoa
com deficiência depende de sua relação com o ambiente em que vive, e não apenas
a uma lista de diagnósticos”.
8. POVOS INDÍGENAS
Igualmente, não há um tratado que contemple todos os direitos dos povos indígenas, mas
apenas normas soft law no âmbito da ONU (2006) e da OEA (2016).
A Convenção 169 da OIT trata de alguns direitos deste grupo vulnerável, internalizada no
Brasil pelo Decreto nº 5.051/2004.
Os órgãos de proteção internacional dos direitos humanos dos povos indígenas são os
gerais (CIDH, Corte IDH e Comitês da ONU), a depender do direito humano violado.
Jurisprudência Internacional:
.
• Caso Awas Tingni vs. Nicarágua
A Corte IDH tratou do tema referente à dupla afetação das terras indígenas, que
consiste em compatibilizar a proteção, em uma mesma propriedade, de interesses e
direitos ambientais e direitos das comunidades tradicionais
9. LGBTQI+
NORMATIVA
ÓRGÃO DE PROTEÇÃO
INTERNACIONAL
Comissão Interamericana de
SISTEMA Direitos Humanos (CIDH)
Nenhum específico
INTERAMERICANO
Corte IDH
Jurisprudência Internacional:
A orientação sexual dos pais da criança não pode ser invocada para decidir processo
judicial de guarda.
A orientação sexual não pode ser entendida como fator determinante para impedir a
obtenção do benefício de pensão por morte.
A orientação sexual não deve ser fator determinante para selecionar quem deve ou
não ser membro das forças armadas.
.
10. QUILOMBOLAS
Consideram-se remanescentes das comunidades dos quilombos, para os fins deste Decreto,
os étnico-raciais, segundo critérios de auto atribuição, com trajetória própria, dotados de relações
territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à
opressão histórica sofrida.
11. REFUGIADOS
De acordo com Caio Paiva, há diversas normas soft law tanto no sistema global quanto no
sistema interamericano relativas à proteção internacional dos direitos humanos dos refugiados, mas
o documento internacional central, com natureza de tratado é a Convenção Relativa ao Estatuto
dos Refugiados, adotada pela ONU em 1951.
Considera-se pessoa refugiada aquela que temendo ser perseguida por motivos de raça,
religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua
nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse
país, ou que, se não tem nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha sua residência
habitual em consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer
voltar a ele.
Atenção para o art. 33 da Convenção que trata do princípio da não devolução, da proibição
do rechaço ou do non refoulement.
Jurisprudência Internacional:
.
• Caso Família Pacheco Tineo vs. Bolívia
Foi a primeira vez que a Corte IDH apreciou um caso envolvendo a aplicação do
princípio do non refoulement.