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DIREITO
PROCESSUAL DO
TRABALHO

Edição 2023.1
Revisada
Atualizada
Ampliada
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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO


APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ 4
ASPECTOS INICIAIS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ............................................... 5
1. CONCEITO ................................................................................................................................... 5
2. NATUREZA JURÍDICA ................................................................................................................. 5
3. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ............................................................ 5
FONTES MATERIAIS ........................................................................................................... 5
FONTES FORMAIS .............................................................................................................. 5
4. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO ..................................................... 6
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO PROCESSUAL ...................................................................... 6
PRINCÍPIO DA FINALIDADE SOCIAL DO PROCESSO ..................................................... 6
PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL ..................................................................... 7
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE .................................................................................. 7
PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO ............................................................................................ 7
PRINCÍPIO DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA .................................................................... 8
OUTROS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRABALHISTA ................................................... 9
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO PROCESSO DO TRABALHO ....... 10
5. CAPACIDADE POSTULATÓRIA ............................................................................................... 10
6. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA ......................................................................................... 13
CARACTERÍSTICAS DOS HONORÁRIOS........................................................................ 15
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA ...................................................................................................... 17
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 17
2. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA ............................................................................... 17
3. COMPETÊNCIA MATERIAL ...................................................................................................... 18
AÇÕES ORIUNDAS DA RELAÇÃO DE TRABALHO, ABRANGIDOS OS ENTES DE
DIREITO PÚBLICO EXTERNO E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA DA
UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS ................................. 19
AÇÕES QUE ENVOLVAM EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE .................................. 23
AÇÕES SOBRE REPRESENTAÇÃO SINDICAL............................................................... 26
MANDADOS DE SEGURANÇA, HABEAS CORPUS E HABEAS DATA .......................... 26
CONFLITOS DE COMPETÊNCIA ENTRE ÓRGÃOS COM JURISDIÇÃO TRABALHISTA
27
AÇÕES DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL OU PATRIMONIAL ............................. 28
AÇÕES RELATIVAS ÀS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS IMPOSTAS AOS
EMPREGADORES PELOS ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO 30
EXECUÇÃO, DE OFÍCIO, DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVISTAS NO ART. 195,
I, A, E II, E SEUS ACRÉSCIMOS LEGAIS, DECORRENTES DAS SENTENÇAS QUE
PROFERIR ..................................................................................................................................... 30
OUTRAS CONTROVÉRSIAS DECORRENTES DA RELAÇÃO DE TRABALHO ............ 31
4. COMPETÊNCIA TERRITORIAL ................................................................................................ 33
LOCAL DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO ........................................................................... 34
EMPREGADO AGENTE OU VIAJANTE COMERCIAL ..................................................... 35
EMPRESA QUE PROMOVE ATIVIDADE FORA DO LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO
CONTRATO ................................................................................................................................... 36
EMPREGADO BRASILEIRO QUE TRABALHA NO ESTRANGEIRO ............................... 37
ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS ................................................................................. 38
1. ATOS PROCESSUAIS ............................................................................................................... 38
QUANTO ÀS PARTES ........................................................................................................ 38

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QUANTO AO JUIZ .............................................................................................................. 39
HORÁRIO DOS ATOS PROCESSUAIS ............................................................................ 39
PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS ..................................................................... 40
ATOS PROCESSUAIS ELETRÔNICOS ............................................................................ 40
2. TERMOS PROCESSUAIS ......................................................................................................... 42
3. PRAZOS PROCESSUAIS .......................................................................................................... 43
CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................ 43
3.1.1. Quanto à origem da fixação......................................................................................... 43
3.1.2. Quanto à natureza ....................................................................................................... 43
3.1.3. Quanto aos destinatários ............................................................................................. 44
CONTAGEM DOS PRAZOS PROCESSUAIS ................................................................... 44
SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DOS PRAZOS .............................................................. 45
4. NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS .................................................................................. 47
PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS .................................................. 47
PRINCÍPIO DO PREJUÍZO OU DA TRANSCENDÊNCIA ................................................. 48
PRINCÍPIO DA CONVALIDAÇÃO OU PRECLUSÃO ........................................................ 48
PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL ..................................................................... 49
PRINCÍPIO DA UTILIDADE ................................................................................................ 49
PRINCÍPIO DO INTERESSE .............................................................................................. 50
PROCEDIMENTOS TRABALHISTAS ............................................................................................... 51
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 51
2. TIPOS DE PROCEDIMENTO NO PROCESSO DO TRABALHO ............................................. 51
3. RITO ORDINÁRIO ...................................................................................................................... 51
PETIÇÃO INICIAL ............................................................................................................... 51
AUDIÊNCIA ......................................................................................................................... 56
3.2.1. Características da audiência trabalhista ..................................................................... 56
3.2.2. Presença das partes em audiência ............................................................................. 57
3.2.3. Ausência das partes em audiência.............................................................................. 60
3.2.4. Conciliação ................................................................................................................... 66
CONTESTAÇÃO ................................................................................................................. 68
3.3.1. Contestação contra o processo ................................................................................... 69
3.3.2. Contestação contra o mérito........................................................................................ 69
EXCEÇÕES......................................................................................................................... 71
3.4.1. Exceção de suspeição ................................................................................................. 71
3.4.2. Exceção de incompetência .......................................................................................... 72
RECONVENÇÃO ................................................................................................................ 74
MANIFESTAÇÃO SOBRE A DEFESA ............................................................................... 75
INSTRUÇÃO ORAL ............................................................................................................ 76
3.7.1. Prova testemunhal ....................................................................................................... 76
3.7.2. Prova pericial ............................................................................................................... 80
RAZÕES FINAIS ................................................................................................................. 83
CONCILIAÇÃO PRÉ-DECISÓRIA ...................................................................................... 85
SENTENÇA ......................................................................................................................... 85
4. RITO SUMARÍSSIMO ................................................................................................................ 86
5. RITO SUMÁRIO OU DE ALÇADA ............................................................................................. 91
TEORIA GERAL DOS RECURSOS .................................................................................................. 93
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 93
2. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS ........................................................................................ 93
QUANTO À FORMA DE RECORRER ............................................................................... 93

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QUANTO À AUTORIDADE À QUAL SE DIRIGEM ............................................................ 95
QUANTO À MATÉRIA......................................................................................................... 95
3. ATOS SUJEITOS A RECURSO................................................................................................. 95
PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES ............................... 95
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE ........................................................................................... 98
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE ...................................................................... 100
3.3.1. Cabimento .................................................................................................................. 100
3.3.2. Legitimidade ............................................................................................................... 101
3.3.3. Preparo trabalhista ..................................................................................................... 102
4. CUSTAS PROCESSUAIS E DEPÓSITO RECURSAL............................................................ 102
CUSTAS ............................................................................................................................ 102
DEPÓSITO RECURSAL ................................................................................................... 104
ISENÇÃO .......................................................................................................................... 106
RECURSOS EM ESPÉCIES ........................................................................................................... 108
1. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ............................................................................................. 108
2. RECURSO ORDINÁRIO .......................................................................................................... 110
3. AGRAVO DE PETIÇÃO ........................................................................................................... 114
4. AGRAVO DE INSTRUMENTO................................................................................................. 116
5. RECURSO DE REVISTA ......................................................................................................... 117
6. EMBARGOS NO TST ............................................................................................................... 123
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ..................................................................................... 123
EMBARGOS INFRINGENTES ......................................................................................... 126
EXECUÇÃO TRABALHISTA ........................................................................................................... 128
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 128
2. TÍTULOS EXECUTIVOS .......................................................................................................... 128
TÍTULOS JUDICIAIS ......................................................................................................... 128
TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS............................................................................................. 129
EXEQUIBILIDADE DOS TÍTULOS ................................................................................... 130
3. LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA................................................................................................. 131
LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULOS ....................................................................................... 131
3.1.1. Liquidação por artigos (ou pelo procedimento comum) ............................................ 132
LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO ............................................................................. 133
4. EXECUÇÃO DEFINITIVA......................................................................................................... 134
5. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ....................................................................... 136
6. EXECUÇÃO CONTRA A MASSA FALIDA OU EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL 138

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APRESENTAÇÃO

Olá!

Inicialmente gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja


útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria.

O Caderno Sistematizado de Direito Processual do Trabalho foi formulado tomando-se como


base as aulas da professora Thais Mendonça, complementado em alguns pontos com o livro Curso
de Direito Processual do Trabalho, de Carlos Henrique Bezerra Leite, editora SaraivaJur, ano 2022.

Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito


(www.buscadordizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade
Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o
Direito). Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia
da semana para ler no site do Dizer o Direito.

Ademais, no Caderno constam os principais artigos da lei, mas, ressaltamos, que é


necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação.

Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você
faça uma boa prova.

Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante! As bancas costumam repetir certos temas.

Vamos juntos! Bons estudos!

Equipe Cadernos Sistematizados.

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ASPECTOS INICIAIS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

1. CONCEITO

De acordo com Carlos Henrique Bezerra Leite, o Direito Processual do Trabalho é o ramo
da ciência jurídica, constituído por um sistema de valores, princípios, regras e instituições próprias,
que tem por objeto promover a concretização dos direitos sociais fundamentais individuais, coletivos
e difusos dos trabalhadores e a pacificação justa dos conflitos decorrentes direta ou indiretamente
das relações de emprego e de trabalho, bem como regular o funcionamento e a competência dos
órgãos que compõem a Justiça do Trabalho.

2. NATUREZA JURÍDICA

Em se tratando de segmento do Direito Público, para Carlos Henrique Bezerra Leite, pode-
se dizer que o Direito Processual do Trabalho encontra suas fontes normativas no próprio
ordenamento jurídico estatal, porquanto somente o Estado tem o poder de editar normas de direito
processual, com observância estrita do princípio da legalidade. Nesse sentido, a própria
Constituição Federal de 1988 prescreve, em seu art. 22, I, que compete privativamente à União
legislar sobre direito processual, estando incluído o direito processual do trabalho.

A constatação de que o Direito Processual do Trabalho integra o elenco das disciplinas do


Direito Público decorre, ainda, do fato de que ele tem por objeto a regulação da relação jurídica
processual, que tem sempre um dos seus sujeitos o Estado-Juiz atuando com supremacia sobre os
demais sujeitos do processo.

3. FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

FONTES MATERIAIS

As fontes materiais são as fontes potenciais do Direito Processual do Trabalho e emergem,


em regra, do próprio Direito material do Trabalho. Este, por sua vez, encontra a sua fonte substancial
nos fatos sociais, políticos, econômicos, culturais, éticos e morais de determinado povo em dado
momento histórico.

FONTES FORMAIS

As fontes formais do Direito Processual do Trabalho são as que lhe conferem o caráter de
direito positivo, ou seja, são aquelas que estão positivadas no ordenamento jurídico. Dividem-se
em:

1) Fontes formais diretas: abrangem a lei em sentido genérico (atos normativos e


administrativos editados pelo Poder Público) e o costume.

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2) Fontes formais indiretas: aquelas extraídas da doutrina e da jurisprudência.

3) Fontes formais de explicitação ou fontes integrativas do direito processual: a


analogia, os princípios gerais de direito e a equidade.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Suzano - Assistente Jurídico - Instituto Consulplan - 2021):
Na visão pós-positivista, a normatividade dos princípios e a centralidade da
argumentação jurídica e dos direitos fundamentais são determinantes para
que direito e moral sejam pensados não como esferas autônomas, mas
complementares. Na seara processual trabalhista, são consideradas fontes
formais os tratados internacionais, os regimentos internos dos tribunais e as
condutas praticadas reiteradamente em juízos e tribunais. Correto.

4. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO PROCESSUAL

O princípio da proteção ou tutelar é peculiar tanto ao Direito do Trabalho quanto ao Direito


Processual do Trabalho. Por meio dele, busca-se compensar a desigualdade existente na realidade
socioeconômica (entre empregado, geralmente o reclamante, e empregador, via de regra, o
reclamado) com uma desigualdade jurídica em sentido oposto.

O princípio da proteção processual, portanto, deriva da própria razão de ser do Processo do


Trabalho, o qual foi concebido para efetivar os direitos materiais reconhecidos pelo Direito do
Trabalho, sendo este ramo da árvore jurídica criado exatamente para compensar ou reduzir a
desigualdade real existente entre empregado e empregador, naturais litigantes do processo laboral.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(BRB - Advogado - IADES - 2019): Em regra geral, aplica-se ao processo do
trabalho o princípio da proteção (especialmente o desdobramento do in dubio
pro operario), razão pela qual o ônus da prova é sempre invertido, restando
o autor desincumbido de provar o fato constitutivo de seu direito. Errado.

PRINCÍPIO DA FINALIDADE SOCIAL DO PROCESSO

Segundo Humberto Theodoro Júnior, o primeiro e mais importante princípio que informa o
processo trabalhista, distinguindo-o do processo civil comum, é o da finalidade social, de cuja
observância decorre uma quebra do princípio da isonomia entre as partes, pelo menos em relação
à sistemática tradicional do direito formal.

O direito processual, reconhecendo que o trabalhador deve ser auxiliado durante o processo
pela própria autoridade julgadora, de maneira que, no momento de chegar o procedimento ao
estado de solução, a aportação processual das partes permita uma solução justa.

Isto posto, a diferença básica entre o princípio da proteção processual e o princípio da


finalidade social do processo é que, no primeiro, a própria lei confere a desigualdade no plano

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processual; no segundo, permite-se que o juiz tenha uma atuação mais ativa, na medida em que
auxilia o trabalhador, em busca de uma solução justa, até chegar o momento de proferir a sentença.

Decorre do princípio da finalidade social o princípio da efetividade social, compreendido


como o conjunto de concepções, políticas, conceitos, ideias e mecanismos necessários que devem
inspirar a concretização ou materialização da prestação jurisdicional, evitando-se preventivamente
a lesão ao ordenamento jurídico que se avizinha, ou restabelecendo-se, tempestivamente e com a
maior fidelidade possível, o direito que foi violado.

PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL

O princípio processual da busca da verdade real deriva do princípio do Direito material do


Trabalho conhecido como princípio da primazia da realidade.

A doutrina entende que está positivado no art. 765 da CLT, que confere aos Juízos e
Tribunais do Trabalho ampla liberdade na direção do processo. Para tanto, os magistrados do
trabalho velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência
necessária ao esclarecimento delas.

Destaca-se que a jurisprudência tem acolhido o princípio em tela no campo da prova:

SALÁRIO EXTRAFOLHA. INVALIDADE DA PROVA DOCUMENTAL.


PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL. INAPLICABILIDADE DO ART.
227, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL. No Processo do Trabalho,
vigora o princípio da busca da verdade real, que faz com que a prova
documental ceda espaço à testemunhal, quando esta se mostra firme
no sentido da desconstituição daquela. Diante disso, o parágrafo único do
art. 227, do CC, segundo o qual, “qualquer que seja o valor do negócio
jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar
da prova por escrito”, é inaplicável ao Processo do Trabalho, porque
incompatível com esse princípio peculiar. Assim, demonstrado pela prova
testemunhal, firme e idônea, o pagamento de salário extrafolha, são devidas
as diferenças reflexas decorrentes da integração daquele no salário para
todos os efeitos legais (TRT, 3ª R., RO 0001070-73.2012.5.03.0147, Rel.
Des. Fernando Luiz G. Rios Neto, 7ª T., DEJT 19-8-2014).

PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE

Consoante Carlos Henrique Bezerra, justifica-se a peculiaridade do princípio da


indisponibilidade nos sítios do processo do trabalho, pela considerável gama de normas de ordem
pública do Direito material do Trabalho, o que implica a existência de um interesse social que
transcende a vontade dos sujeitos do processo na efetivação dos direitos sociais trabalhistas e
influencia a própria gênese da prestação jurisdicional especializada.

PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO

Embora o princípio da conciliação não seja exclusividade do processo laboral, neste ramo
ele se mostra mais evidente, tendo, inclusive, um iter procedimentalis peculiar. Com efeito, dispõem
o art. 764, caput, e seus parágrafos da CLT, in verbis:

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Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da
Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.
§ 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho
empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma
solução conciliatória, dos conflitos.
§ 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á
obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste
Título.
§ 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda
mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.

No mesmo sentido, o art. 831 da CLT estabelece uma condição intrínseca para a validade
da sentença trabalhista, ao determinar que ela somente “será proferida depois de rejeitada pelas
partes a proposta de conciliação”.

Há, no procedimento comum ordinário trabalhista, 2 momentos obrigatórios para a proposta


judicial de conciliação.

O primeiro está previsto no art. 846 da CLT e ocorre por ocasião da abertura da audiência,
nos seguintes termos:

Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.

A segunda tentativa de conciliação ocorre após o término da instrução e da apresentação


das razões finais pelas partes. Está prevista no art. 850 da CLT:

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em


prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz
ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando esta,
será proferida a decisão.

Por fim, insta salientar que outra peculiaridade do processo do trabalho repousa na
equiparação prática do termo de conciliação à coisa julgada. É o que diz o parágrafo único do art.
831 da CLT:

Art. 831 - No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como
decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições
que lhe forem devidas.

PRINCÍPIO DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA

A Justiça do Trabalho brasileira é a única que pode exercer o chamado poder normativo,
que consiste no poder de criar normas e condições gerais e abstratas (atividade típica do Poder
Legislativo), proferindo sentença normativa com eficácia ultra partes, cujos efeitos irradiarão para
os contratos individuais dos trabalhadores integrantes da categoria profissional representada pelo
sindicato que ajuizou o dissídio coletivo.

Essa função especial (competência) conferida aos tribunais trabalhistas é autorizada pelo
art. 114, § 2º, da CF/88, segundo o qual:

Art. 114, § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à


arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio

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coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente.

O princípio da normatização coletiva não é absoluto, pois encontra limites na própria


Constituição, nas leis de ordem pública de proteção ao trabalhador e nas cláusulas (normas)
anteriores previstas em convenções e acordos coletivos que disponham sobre condições mínimas
de determinada categoria profissional.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-4 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): De acordo com a Consolidação
das Leis do Trabalho, no exame de uma convenção ou acordo coletivo, a
Justiça do Trabalho balizará sua atuação pelo princípio da intervenção
mínima na autonomia da vontade coletiva. Correto.

OUTROS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRABALHISTA

1) Princípio da simplicidade das formas: o art. 899 da CLT consagra expressamente que
os recursos serão interpostos por simples petição, isto é, sem os formalismos extremos
exigidos nos recursos de natureza extraordinária.

2) Princípio da celeridade: os Juízes e os Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na


direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(MPT - Promotor - MPT - 2022): Em razão da necessidade de
compatibilização com o princípio da celeridade do Processo do Trabalho,
considera-se fundamentada a decisão judicial ainda que não enfrente todos
os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador. Errado.

3) Princípio da extrapetição: refere-se ao julgamento extra petita, em que é permitido ao


magistrado deferir ou determinar algo que não foi expressamente requerido pela parte,
seja por autorização legal, seja pelo reconhecimento jurisprudencial dessa possibilidade.

A CLT reconhece o princípio da extrapetição, como se infere dos seus arts. 137, § 2º, 467 e
496 abaixo elencados:

Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata
o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
§ 2º - A sentença cominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário
mínimo da região, devida ao empregado até que seja cumprida.

Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia


sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar
ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte
incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de
cinquenta por cento.

Art. 496 - Quando a reintegração do empregado estável for desaconselhável,


dado o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, especialmente

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quando for o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá
converter aquela obrigação em indenização devida nos termos do artigo
seguinte.

O item II da Súmula 396 do TST também o consagra, ao dispor: “Não há nulidade por
julgamento extra petita da decisão que deferir salário quando o pedido for de reintegração, dados
os termos do art. 496 da CLT”.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO PROCESSO DO TRABALHO

Por se tratar de ramo do direito processual, ao Processo do Trabalho também são aplicáveis
os seguintes princípios:

1) Dignidade da pessoa humana;

2) Efetivo acesso à justiça;

3) Devido processo legal;

4) Duração razoável do processo;

5) Contraditório;

6) Ampla defesa;

7) Razoabilidade;

8) Proporcionalidade;

9) Fundamentação das decisões.

10) Imparcialidade do juiz;

11) Juiz natural.

5. CAPACIDADE POSTULATÓRIA

Capacidade postulatória, também chamada de jus postulandi, é a capacidade para postular


em juízo. Trata-se de autorização reconhecida a alguém pelo ordenamento jurídico para praticar
atos processuais.

Insta salientar, a priori, que a capacidade postulatória NÃO se confunde com a capacidade
de ser parte nem com a capacidade processual.

No entendimento de Carlos Henrique Bezerra, toda pessoa humana, também chamada de


pessoa natural ou pessoa física, é capaz de adquirir direitos e contrair obrigações. Trata-se da
personalidade civil, que se inicia com o nascimento com vida, muito embora a lei já garanta ao
nascituro, desde a concepção, alguns direitos fundamentais. Assim, todo ser humano tem
capacidade de ser parte, independentemente de sua idade ou condição psíquica ou mental, seja

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para propor ação, seja para defender-se, seja para intervir na relação processual. É, pois, um direito
universal conferido a toda pessoa humana.

Já a capacidade processual, ou capacidade de estar em juízo, é outorgada pelo direito


positivo às pessoas que possuem a capacidade civil (art. 70 do CPC). Entende-se por capacidade
civil a faculdade que tem a pessoa de praticar todos os atos da vida civil e de administrar os seus
bens.

Em regra, a pessoa com capacidade de ser parte também terá capacidade processual.
Todavia, há casos em que, embora tenha capacidade de ser parte, o titular do direito material não
tem capacidade processual, isto é, capacidade de estar em juízo.

A capacidade civil (arts. 3º e 4º do Código Civil), por sua vez, possui 3 níveis:

1) Capacidade plena;

2) Relativamente incapaz;

3) Absolutamente incapaz.

Acerca do relativamente incapaz e do absolutamente incapaz, importante verificar o disposto


nos arts. 4º e 5º do Código Civil:

Art. 4° São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os


exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa


fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria.

O inciso V do art. 5º traz a hipótese de emancipação legal do relativamente incapaz, que


ocorrerá quando o menor possuir emprego e ter economia própria. Isto posto, necessário se faz
evidenciar 2 consequências distintas em razão da idade:

1) Entre 16 completos e 18 anos incompletos: o menor adquire capacidade plena (por


emancipação) para exercer todos aos atos da vida civil, desde que tenha carteira de
trabalho devidamente anotada e percebendo os direitos sociais trabalhistas
correspondentes. Logo, além de poder celebrar e rescindir contrato de trabalho, adquirirá
capacidade processual para demandar pessoalmente (jus postulandi) na Justiça do
Trabalho ou contratar advogado para representá-lo.

2) Abaixo de 16 anos: é incapaz para a prática de atos da vida civil. Logo, será
representado por quem detenha o poder familiar (art. 1.634 do Código Civil) ou, na sua
falta, de forma sucessiva, pelo MPT, pelo sindicato da correspondente categoria
profissional, pelo MP estadual ou curador nomeado pelo juiz.

Sobre o menor de idade, a CLT traz, ainda, a seguinte disposição:

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Art. 793. A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita por seus
representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do
Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador
nomeado em juízo.

Nos domínios do Processo do Trabalho, a capacidade postulatória é facultada diretamente


aos empregados e aos empregadores, nos termos do art. 791 da CLT, in verbis:

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar


pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas
reclamações até o final.

Pode-se dizer, portanto, que o jus postulandi, no Processo do Trabalho, é a capacidade (e


faculdade) conferida por lei às partes, como sujeitos da relação de emprego, para postularem
diretamente em juízo, sem necessidade de serem representadas por advogado.

Todavia, o jus postulandi NÃO se aplica a toda e qualquer situação, de modo que nos casos
abaixo elencados, a representação por advogado será necessária:

1) Nas ações para homologação de acordo extrajudicial, nos termos do art. 855-B da CLT:

Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início


por petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por
advogado.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de São José dos Campos - Procurador - VUNESP - 2019):
Determinado empregado celebrou acordo extrajudicial com seu empregador,
e pretende a homologação pelo juiz do trabalho da localidade. Nesta situação,
é correto afirmar que as partes não poderão ser representadas por advogado
comum. Correto.

2) Nas ações que NÃO versem sobre relação de emprego, de acordo com a IN 27/05 do
TST;

Com a EC 45/04, que ampliou a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar
outras ações oriundas da relação de trabalho, e não apenas as derivadas da relação de emprego,
a IN 27/05 do TST deixou implícita a ilação de que nessas novas demandas que passaram para a
competência da Justiça do Trabalho é indispensável o patrocínio das partes por advogados.

3) No mandado de segurança e na ação rescisória, conforme a Súmula 425 do TST:

JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE (Res. n.


165/2010, DEJT divulgado em 30-4-2010 e 3 e 4-5-2010). O jus postulandi
das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho
e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória,
a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do
Tribunal Superior do Trabalho.

4) No TST e em recursos para o TST.

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Sobreleva reiterar, ainda, que no Processo do Trabalho o jus postulandi das próprias partes
só pode ser exercido junto aos órgãos que integram a Justiça do Trabalho. Assim, na hipótese de
interposição de recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal, momento em que se
esgota a “jurisdição trabalhista”, a parte deverá estar necessariamente representada por advogado.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-AL - Procurador - CESPE - 2021): O jus postulandi concede à parte
no processo do trabalho litigar em qualquer instância da justiça do trabalho,
exceto em casos de recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal.
Errado.

6. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA

Os honorários advocatícios na Justiça do Trabalho, nas lides oriundas da relação de


emprego ou relação de trabalho avulso, eram devidos apenas na hipótese do art. 14 da Lei 5.584/70.
Vale dizer, nos termos desse preceptivo, os honorários advocatícios no Processo do Trabalho não
decorriam da simples sucumbência, nem seriam destinados ao advogado e, sim, ao sindicato que
prestou assistência judiciária ao trabalhador. Nesse sentido era a antiga redação da Súmula 219 do
TST.

Com efeito, nos termos do art .16 da Lei 5.584/70, os “honorários do advogado pagos pelo
vencido reverterão em favor do Sindicato assistente”. Ocorre que o referido artigo foi revogado
expressamente pela Lei 13.725/18.

Aliás, os §§ 6º e 7º do art. 22 do Estatuto da Advocacia (incluídos pela Lei 13.725/18)


passaram a prescrever que:

Art. 22, § 6º O disposto neste artigo aplica-se aos honorários assistenciais,


compreendidos como os fixados em ações coletivas propostas por entidades
de classe em substituição processual, sem prejuízo aos honorários
convencionais.
§ 7º Os honorários convencionados com entidades de classe para atuação
em substituição processual poderão prever a faculdade de indicar os
beneficiários que, ao optarem por adquirir os direitos, assumirão as
obrigações decorrentes do contrato originário a partir do momento em que
este foi celebrado, sem a necessidade de mais formalidades.

Cumpre salientar, ainda, que invocando o tratamento da matéria pelo CPC/2015, o TST
alterou substancialmente a Súmula 219, que passou a ter a seguinte redação:

Súmula 219 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO.


I – Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários
advocatícios não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a
parte, concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria
profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário
mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita
demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família (art. 14,
§ 1º, da Lei n. 5.584/1970).

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II – É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em
ação rescisória no processo trabalhista.
III – São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente
sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da
relação de emprego.
IV – Na ação rescisória e nas lides que não derivem de relação de emprego,
a responsabilidade pelo pagamento dos honorários advocatícios da
sucumbência submete-se à disciplina do Código de Processo Civil (arts. 85,
86, 87 e 90).
V – Em caso de assistência judiciária sindical ou de substituição processual
sindical, excetuados os processos em que a Fazenda Pública for parte, os
honorários advocatícios são devidos entre o mínimo de dez e o máximo de
vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa (CPC
de 2015, art. 85, § 2º).
VI – Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, aplicar-se-ão os
percentuais específicos de honorários advocatícios contemplados no Código
de Processo Civil.

Entretanto, todas as teses fixadas na Súmula 219 do TST deverão ser reexaminadas em
função do art. 791-A da CLT, acrescentado pela Lei 13.467/17, in verbis:

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento)
e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa.

Dessa forma, continua existindo a faculdade do jus postulandi das próprias partes (CLT, art.
791 e Súmula 425 do TST), aplicando-se, no que couber, a Súmula 219 do TST. Entretanto, caso
a parte esteja litigando com o patrocínio de advogado, a este serão devidos honorários advocatícios
nos termos do art. 791-A da CLT.

No tocante à eficácia temporal do art. 791-A, o art. 6º da IN 41/18 do TST prevê que “a
condenação em honorários advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de novembro de 2017 (Lei 13.467/17,
Reforma Trabalhista). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei
5.584/70 e das Súmulas 219 do TST.

É importante vislumbrar, ainda, que o STF, em acórdão turmário, entendeu que o direito aos
honorários advocatícios sucumbenciais previstos no art. 791-A da CLT surge no instante da
prolação da sentença, e não do ajuizamento da ação:

AGRAVO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NO PROCESSO DO


TRABALHO. ART. 791-A DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO,
INTRODUZIDO PELA LEI N. 13.467/2017. INAPLICABILIDADE A
PROCESSO JÁ SENTENCIADO. 1. A parte vencedora pede a fixação de
honorários advocatícios na causa com base em direito superveniente – a Lei
n. 13.467/2017, que promoveu a cognominada “Reforma Trabalhista”. 2. O
direito aos honorários advocatícios sucumbenciais surge no instante da
prolação da sentença. Se tal crédito não era previsto no ordenamento
jurídico nesse momento processual, não cabe sua estipulação com base

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em lei posterior, sob pena de ofensa ao princípio da irretroatividade da
lei. 3. Agravo interno a que se nega provimento (STF-ARE n. 1.014.675 AgR,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, Primeira Turma, j. 23-3-2018, processo
eletrônico DJe-070 divulg. 11-04-2018, public. 12-4-2018).

Por fim, de acordo com o § 18 do art. 85 do CPC, aplicável subsidiariamente ao Processo


do Trabalho, caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários
advocatícios ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança, cuja
competência será da Justiça do Trabalho (CF, art. 114, I).

CARACTERÍSTICAS DOS HONORÁRIOS

Importante visualizar, a priori, o disposto nos parágrafos do art. 791-A:

Art. 791-A, § 1º Os honorários são devidos também nas ações contra a


Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou
substituída pelo sindicato de sua categoria.
§ 2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu
serviço.
§ 3º Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de
sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários.
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido
em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a
despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob
condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas
se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que
as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de
insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade,
extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário.
§ 5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.

Constata-se que os honorários advocatícios são devidos nas ações:

1) Em que o advogado atue em causa própria;

2) Contra a Fazenda Pública;

3) Em que a parte estiver assistida pelo sindicato de sua categoria;

4) Em que o sindicato atuar como substituto processual (quando atuar em nome próprio na
defesa de interesse/direito alheio).

Os honorários advocatícios são devidos, ainda, na reconvenção.

Outrossim, os honorários serão fixados entre o mínimo de 5% e o máximo de 15% sobre


o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível

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mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, devendo ser utilizados, ainda, os parâmetros
elencados no § 2º do art. 791-A.

Cabe a sucumbência recíproca, salientando que o § 3º prevê expressamente que é vedada


a compensação entre honorários.

Por fim, é importante ressaltar que o § 4º do art. 791-A responsabilizava a parte sucumbente
(vencida) pelo pagamento dos honorários de sucumbência, ainda que beneficiária da justiça
gratuita. Contudo, o STF, na ADI 5766, declarou tal dispositivo inconstitucional:

São inconstitucionais as normas trabalhistas que determinam o


pagamento de honorários periciais e advocatícios por beneficiários da
justiça gratuita, caso percam a ação, mas obtenham créditos suficientes
para o pagamento dessas despesas, ainda que em outra demanda. STF.
Plenário. ADI 5766/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 20/10/2021 (Info 1035).

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-23 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): Afrodite é advogada e está
atuando em causa própria em reclamação trabalhista em face da sua ex-
empregadora a Fábrica de Cadeados Tranca Rua Ltda. Considerando o que
dispõe a Consolidação das Leis do Trabalho, na situação descrita, em caso
de procedência da ação, seriam devidos honorários advocatícios
sucumbenciais até o limite máximo de 15% do proveito econômico da ação,
mesmo no caso de atuação do advogado em causa própria. Correto.

(TRT-4 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Demóstenes propôs ação


trabalhista em face do seu ex-empregador a Churrascaria Boi no Prato, tendo
sido a referida empresa condenada a pagar R$ 30.000,00 de verbas
contratuais, rescisórias e diferenças de FGTS ao autor, acrescido de
honorários sucumbenciais. Sabendo-se que Demóstenes celebrou com seu
advogado particular contrato de honorários à base de 10% do valor da
condenação, com base na Consolidação das Leis do Trabalho, o valor
máximo da condenação em honorários sucumbenciais ao patrono do autor
será de R$ 4.500,00. Correto.

(PG-DF - Procurador - CESPE - 2022): Na justiça do trabalho, a fazenda


pública poderá ser condenada ao pagamento de honorários de sucumbência
nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída por sindicato de sua
categoria. Correto.

(PGE-PE - Procurador - CESPE - 2018): Ao advogado, ainda que atuando


em causa própria, serão devidos honorários sucumbenciais, inclusive nas
ações contra a fazenda pública. Correto.

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JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A jurisdição é uma matéria atinente à teoria do poder. Assim, por si só, refere-se ao poder
de dizer o direito e é ilimitada. A competência, por sua vez, é o limite do poder, uma vez que
determina o limite do exercício do poder jurisdicional.

Isto posto, pode-se inferir que a jurisdição tem íntima relação com a competência.
Tradicionalmente, fala-se que a competência é a medida da jurisdição de cada órgão judicial.

Há consenso na doutrina processual brasileira de que os critérios de competência são os


seguintes:

1) Funcional: estabelece quais atribuições cada órgão possui, segundo a sua hierarquia.

2) Material: define quais relações jurídicas são da competência daquele ramo do Poder
Judiciário. Assim, a competência em razão da matéria no Processo do Trabalho é
delimitada em virtude da natureza da relação jurídica material deduzida em Juízo.

3) Pessoal: é a competência definida em razão da qualidade das partes envolvidas na


relação jurídica controvertida. No âmbito do Processo do Trabalho, é definida apenas em
situações excepcionais, uma vez que todos que estão inseridos em uma relação jurídica
da competência material, poderão acionar ou ser acionados na Justiça do Trabalho.

4) Territorial: cuida do limite geográfico de atuação do órgão jurisdicional. A expressão


competência territorial se deve à necessidade de fixar um juiz entre a pluralidade de
outros da mesma espécie ou com o mesmo grau de jurisdição, atribuindo-se a ele uma
porção territorial, dentro da qual está sua sede.

Ex.: Thais é Juíza da 35ª Vara (competência funcional) do Trabalho (competência material)
de Salvador (competência territorial).

2. COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA

A competência absoluta é aquela atribuída em razão de interesse público. Com isso, é


inderrogável pela vontade das partes, ou seja, não é possível modificar a regra de competência.

Tendo em vista que a regra de competência absoluta é estabelecida em razão do interesse


público, o interesse público trata também da declaração de incompetência, podendo ocorrer a
qualquer tempo, por provocação de qualquer interessado ou de ofício pelo juiz, possuindo, nesse
liame, efeitos ex tunc.

Importante salientar que o art. 64, § 4º do CPC – e que se aplica ao Processo do Trabalho
– prevê que:

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Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão
preliminar de contestação.
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos
de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja
proferida, se for o caso, pelo juízo competente.

Importante evidenciar que as competências absolutas são as competências material e


funcional.

No que tange à competência relativa, salienta-se que esta visa o maior acesso ao Poder
Judiciário, de modo que é atribuída estritamente em razão de interesse das partes. Assim, é
derrogável, razão pela qual se as partes quiserem alterar a regra, é possível.

Além disso, só há declaração de incompetência relativa se a incompetência for arguida pelo


Réu/Reclamado na primeira oportunidade, vide a Súmula 33 do STJ:

Súmula 33 do STJ: A incompetência relativa não pode ser declarada de


ofício.

Outrossim, possui efeitos ex nunc, valendo da arguição de nulidade em diante.

No âmbito do Processo do Trabalho, a competência relativa é a territorial.

Ainda sobre o tema competência absoluta e relativa, importante evidenciar as seguintes


observações:

1) O art. 795, § 1º da CLT estabelece que deverá ser declarada de ofício a nulidade fundada
em incompetência de foro. O “foro” a que se refere o art. 795 é o foro trabalhista e,
portanto, trata-se de competência material da Justiça do Trabalho. Sendo assim, é uma
competência absoluta que pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, e não uma
incompetência territorial.

2) O art. 2º, inciso I da Instrução Normativa 39/2016 do TST – que trata da aplicação do
CPC ao Processo do Trabalho – preleciona o seguinte:

Art. 2° Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao Processo do Trabalho,


em razão de inexistência de omissão ou por incompatibilidade, os seguintes
preceitos do Código de Processo Civil:
I - art. 63 (modificação da competência territorial e eleição de foro).

Portanto, em se tratando da Justiça do Trabalho, as partes NÃO podem modificar a


competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de
direitos e obrigações.

3) Conexão e continência não se referem à competência, mas à prevenção do Juízo através


da reunião de causas para evitar julgamento dissonante.

3. COMPETÊNCIA MATERIAL

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De acordo com Carlos Henrique Bezerra, a competência em razão da matéria no Processo
do Trabalho é delimitada em virtude da natureza da relação jurídica material deduzida em juízo.
Tem-se entendido que a determinação da competência material da Justiça do Trabalho é fixada em
decorrência da causa de pedir e do pedido.

Assim, se o autor da demanda aduz que a relação material entre ele e o réu é a regida pela
CLT e formula pedidos de natureza trabalhista, só há um órgão do Poder Judiciário pátrio com
competência para processar e julgar tal demanda: a Justiça do Trabalho.

A competência material está prevista no art. 114 da CF/88. Ela define quais relações
jurídicas podem ser apreciadas pela Justiça do Trabalho, conforme expresso abaixo:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
II as ações que envolvam exercício do direito de greve;
III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos
e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;
IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o
ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;
V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista,
ressalvado o disposto no art. 102, I, o;
VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes
da relação de trabalho;
VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195,
I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da
lei.

Passa-se, então, a discorrer de forma pormenorizada acerca de cada uma delas.

AÇÕES ORIUNDAS DA RELAÇÃO DE TRABALHO, ABRANGIDOS OS ENTES


DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E
INDIRETA DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICÍPIOS

O inciso I do art. 184 da CF/88 é bastante complexo, razão pela qual seu estudo será dividido
em 3 partes.

1) “Ações oriundas da relação de trabalho”

A relação de trabalho é um gênero que comporta a prestação de força humana de um em


favor de outrem. Dentro do gênero “relação de trabalho”, há diversas espécies, dentre as quais está
a relação de emprego.

Significa dizer, portanto, que a Justiça do Trabalho não abarca apenas empregados, mas
toda e qualquer lesão ou ameaça de lesão que ocorra em qualquer relação de trabalho. Ex.: trabalho
voluntário, trabalho avulso, trabalho eventual.

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Ante o exposto, é mister vislumbrar algumas relações jurídicas que há muito tempo se
discutiu se estariam sujeitas à Justiça do Trabalho ou não.

Inicialmente, não são da competência da Justiça do Trabalho as ações oriundas da


relação de consumo. Vale dizer, quando o trabalhador autônomo se apresentar como fornecedor
de serviços e, como tal, pretender receber honorários do seu cliente, a competência para a demanda
será da Justiça Comum e não da Justiça do Trabalho, pois a matéria diz respeito à relação de
consumo e não à de trabalho. Do mesmo modo, se o tomador do serviço se apresentar como
consumidor e pretender devolução do valor pago pelo serviço prestado, a competência também
será da Justiça Comum.

Se, por exemplo, um médico labora como trabalhador autônomo em uma clínica médica
especializada, recebendo honorários desta, e presta serviços ao paciente, pode-se verificar que há
3 relações distintas:

1) Entre o médico (pessoa física) e a clínica (empresa tomadora de serviços): há uma


relação de trabalho, cuja competência para dirimir os conflitos dela oriundos é da Justiça
do Trabalho.

2) Entre o médico (pessoa física fornecedora de serviços) e o paciente (consumidor


de serviços): há uma relação de consumo, pois o paciente, aqui, é a pessoa física que
utiliza o serviço como destinatário final. A competência para apreciar e julgar as
demandas oriundas desta relação de consumo é da Justiça Comum.

3) Entre o paciente (pessoa física tomadora de serviços) e a clínica (pessoa jurídica


fornecedora de serviços): há uma relação de consumo, cabendo à Justiça Comum
dirimir o conflito.

Além das hipóteses acima verificadas, da mesma forma seria a prestação direta de serviço
entre o médico e o paciente, pois seria uma relação de consumo e a competência também não é
da Justiça do Trabalho, consoante disposição da Súmula 363 do STJ:

Súmula 363 do STJ: Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação


de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente.

Também é importante evidenciar que a Justiça do Trabalho NÃO tem competência para
processar e julgar ações penais.

Antigamente havia muita discussão sobre a Justiça do Trabalho ter ou não competência para
julgar crimes relacionados com a organização do trabalho, sobretudo por conta das disposições
constitucionais que preveem que compete à Justiça do Trabalho processar e julgar “ações oriundas
da relação de trabalho” (inciso I do art. 114), “habeas corpus” (inciso IV do art. 114), bem como
“outras ações” (inciso IX do art. 114).

Ocorre que a palavra “ações” prevista no inciso I do art. 114 refere-se unicamente a ações
cíveis (não abrangendo ações penais).

Além disso, a Justiça do Trabalho possui competência para julgar habeas corpus “quando o
ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição” (inciso IV do art. 114). Isso significa que
a Justiça do Trabalho possui competência para julgar habeas corpus que somente se volta contra
restrições à liberdade de locomoção que não tenham natureza penal. Ex.: se o Juiz do Trabalho

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decreta a prisão civil de um depositário infiel, por exemplo, caberá habeas corpus contra essa prisão
ilegal (inconvencional) a ser julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho.

Todavia, é mister salientar que o delito de falso testemunho em processo trabalhista é crimes
de competência da Justiça Federal, nos termos da Súmula 165 do STJ:

Súmula 165 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de


falso testemunho cometido no processo trabalhista.

Da mesma forma é o crime de redução à condição análoga a de escravo:

DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. ART. 149 DO CÓDIGO PENAL.


REDUÇÃO Á CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO. TRABALHO
ESCRAVO. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. DIREITOS
FUNDAMENTAIS. CRIME CONTRA A COLETIVIDADE DOS
TRABALHADORES. ART. 109, VI DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
PROVIDO. [...]. Quaisquer condutas que possam ser tidas como violadoras
não somente do sistema de órgãos e instituições com atribuições para
proteger os direitos e deveres dos trabalhadores, mas também dos próprios
trabalhadores, atingindo-os em esferas que lhes são mais caras, em que a
Constituição lhes confere proteção máxima, são enquadráveis na categoria
dos crimes contra a organização do trabalho, se praticadas no contexto das
relações de trabalho. Nesses casos, a prática do crime prevista no art. 149
do Código Penal (Redução à condição análoga a de escravo) se
caracteriza como crime contra a organização do trabalho, de modo a
atrair a competência da Justiça federal (art. 109, VI da Constituição) para
processá-lo e julgá-lo. Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF -
RE: 398041 PA, Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Data de Julgamento:
30/11/2006, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-241 PUBLIC 19-12-
2008)

Ressalta-se, ainda, que as infrações penais contidas no Título IV do Código Penal, que
tratam dos crimes contra a organização do trabalho, são de competência da Justiça Comum,
conforme tese acolhida pelo STF em 2020:

A Justiça do Trabalho não tem competência para processar e julgar


ações penais. STF. Plenário. ADI 3684, Rel. Gilmar Mendes, julgado em
11/05/2020.

2) “Abrangidos os entes de direito público externo”

São 2 os entes de direito público externo: os Estados Nacionais e os Organismos


Internacionais.

Com relação aos Estados Nacionais, tem-se que eles gozam de soberania, e um dos
reflexos diretos da soberania é a imunidade de jurisdição. Nesse sentido, o Direito Consuetudinário,
visando evitar o enriquecimento sem causa, criou uma tese adotada pelo STF de modulação da
imunidade de acordo com a natureza do ato praticado pelo ente.

Se for um ato de império ou ato de Estado, o ente goza de imunidade absoluta. Por outro
lado, se for um ato de gestão (ato administrativo que permite o exercício da atividade diplomática),

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como o de contratação de um empregado, não goza de imunidade, de maneira que o Estado
Nacional poderá acionar e ser acionado na Justiça do Trabalho.

Obs.: há imunidade absoluta para execução forçada, pois


configuraria invasão de um Estado Nacional a outro, salvo se houver
renúncia expressa ou se houver bem desafetado, isto é, um bem que
não esteja afetado à causa diplomática em território nacional. Em
virtude da referida imunidade, o Estado estrangeiro não está sujeito à
penhora ou a outras medidas constritivas, a não ser que haja
expressamente renunciado a essa prerrogativa.

No que se refere aos Organismos Internacionais, aplica-se a mesma regra de seguir a


natureza do ato. Sendo um ato de império, há imunidade absoluta. Sendo ato de gestão, o
Organismo Internacional pode acionar e ser acionado na Justiça do Trabalho, ficando com a
liberação da execução forçada, salvo renúncia expressa.

A exceção está na OJ 416, SDI-1 do TST, que prevê:

As organizações ou organismos internacionais gozam de imunidade


absoluta de jurisdição quando amparados por norma internacional
incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes aplicando a
regra do Direito Consuetudinário relativa à natureza dos atos praticados.
Excepcionalmente, prevalecerá a jurisdição brasileira na hipótese de
renúncia expressa à cláusula de imunidade jurisdicional.

Significa, portanto, que quando os Organismos Internacionais estiverem amparados em


normas incorporadas ao direito brasileiro, eles gozarão de imunidade absoluta, salvo renúncia
expressa. Desse modo, eles não serão acionados e nem poderão acionar no Brasil.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Foz do Iguaçu - Procurador - FAFIPA - 2019): As
organizações ou organismos internacionais gozam de imunidade absoluta de
jurisdição quando amparados por norma internacional incorporada ao
ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes aplicando a regra do Direito
Consuetudinário relativa à natureza dos atos praticados. Excepcionalmente,
prevalecerá a jurisdição brasileira na hipótese de renúncia expressa à
cláusula de imunidade jurisdicional. Correto.

3) “E da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios”

Refere-se aos entes de direito público interno.

Sobre o trecho final do inciso I, importante verificar o contexto histórico no qual está inserido.

No texto original do art. 39 da CF/88, estava previsto o regime jurídico único estatutário.
Ocorre que em 1998, a Emenda Constitucional 19 alterou o art. 39 da CF/88 para prever a
possibilidade de um regime jurídico misto, pelo qual o servidor público poderia ser estatutário ou
celetista.

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Tal previsão perdurou até o julgamento da ADI 2.135-4, que determinou o retorno ao regime
jurídico único, mas salvaguardou o ato jurídico perfeito, de maneira que a decisão possuiu efeitos
ex nunc, de acordo com o trecho do acórdão:

O Tribunal, por maioria, vencidos os Senhores Ministros Nelson Jobim,


Ricardo Lewandowski e Joaquim Barbosa, deferiu parcialmente a medida
cautelar para suspender a eficácia do art. 39, caput, da Constituição
Federal, com a redação da Emenda Constitucional n. 19, de 4 de junho
de 1998, tudo nos termos do voto do relator originário, Ministro Néri da
Silveira, esclarecido, nesta assentada, que a decisão – como é próprio das
medidas cautelares – terá efeitos ex nunc, subsistindo a legislação
editada nos termos da emenda declarada suspensa. Votou a Presidente,
Ministra Ellen Gracie, que lavrará o acórdão. Não participaram da votação a
Senhora Ministra Cármen Lúcia e o Senhor Ministro Gilmar Mendes por
sucederem, respectivamente, aos Senhores Ministros Nelson Jobim e Néri da
Silveira. (Plenário, 2-8-2007. ADI n. 2.135-4 do STF, DJe 6-3-2008).

Assim, por força dos efeitos ex nunc adotados pelo STF no julgamento da ADI 2.135-4,
remanesce a competência residual da Justiça do Trabalho para as contratações temporárias pelo
regime celetista (desde que a lei disponha expressamente que o regime da contratação temporária
é o da CLT) celebradas antes da decisão liminar proferida pelo Pretório Excelso.

Vale salientar que na ADI 3.395-6, o STF decidiu os servidores estatutários, de cargo
comissionado e do REDA - Regime Especial de Direito Administrativo, não pertencem à Justiça do
Trabalho, pois possuem vínculo de natureza administrativa e não trabalhista e, como tal, devem
recorrer à Justiça Comum (estadual ou federal, a depender do caso), conforme ementa abaixo
colacionada:

CONSTITUCIONAL E TRABALHO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO


TRABALHO. ART. 114, I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EMENDA
CONSTITUCIONAL N. 45/2004. AUSÊNCIA DE
INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL. EXPRESSÃO ‘RELAÇÃO DE
TRABALHO’. INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO.
EXCLUSÃO DAS AÇÕES ENTRE O PODER PÚBLICO E SEUS
SERVIDORES. PRECEDENTES. MEDIDA CAUTELAR CONFIRMADA.
AÇÃO DIRETA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. 1. O processo
legislativo para edição da Emenda Constitucional n. 45/2004, que deu nova
redação ao inciso I do art. 114 da Constituição Federal, é, do ponto de vista
formal, constitucionalmente hígido. 2. A interpretação adequadamente
constitucional da expressão ‘relação do trabalho’ deve excluir os
vínculos de natureza jurídico-estatutária, em razão do que a
competência da Justiça do Trabalho não alcança as ações judiciais
entre o Poder Público e seus servidores. 3. Medida Cautelar confirmada e
Ação Direta julgada parcialmente procedente. (ADI 3.395, Tribunal Pleno, rel.
Min. Alexandre de Moraes, DJe 1º-7-2020).

AÇÕES QUE ENVOLVAM EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE

Insta verificar, a priori, o conceito analítico de greve trazido por Rodrigues Pinto, sendo
compreendida como:

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1) Cessação do trabalho, acertada por um grupo de trabalhadores, com o objetivo de
defender seus interesses profissionais;

2) Recusa coletiva e combinada de trabalho, manifestando a intenção dos assalariados de


se colocarem provisoriamente fora do contrato, a fim de assegurar o sucesso de suas
reivindicações;

3) Suspensão de caráter temporário do trabalho, pactuada e acertada por um grupo


organizado de trabalhadores, com o abandono dos locais de trabalho, com o objetivo de
fazer pressão sobre os empregadores, na defesa de seus interesses profissionais e
econômicos.

Além do conceito doutrinário, o art. 2º da Lei 7.783/89 trouxe também o conceito legal, nos
seguintes termos:

Art. 2º Para os fins desta lei, considera-se legítimo exercício do direito de


greve a suspensão coletiva, temporária e pacífica, total ou parcial, de
prestação pessoal de serviço a empregador.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(CRF-PR - Advogado - Quadrix - 2019): O exercício da jurisdição pelo
Estado busca restabelecer a ordem jurídica. Já a competência, no caso da
justiça trabalhista, é a medida da jurisdição e tem como fundamento jurídico
principal o art. 114 da Constituição Federal de 1988. Dessa forma, com
relação à competência da Justiça do Trabalho, é correto afirmar que compete
à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações que envolvam o exercício
do direito de greve. Correto.

Ante a visualização do conceito de greve, importante salientar existem 2 tipos de ações que
envolvem o exercício do direito de greve:

1) Ações típicas: ocupam-se dos dissídios coletivos, que visam sanar eventual divergência
entre sindicatos ou sindicatos e empresas.

Em se tratando de ações típicas, refere-se ao dissídio coletivo de ação de greve.

De acordo com a Súmula 189 do TST, a greve é matéria de competência da Justiça do


Trabalho:

Súmula 189 do TST. GREVE. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO


TRABALHO. ABUSIVIDADE. A Justiça do Trabalho é competente para
declarar a abusividade, ou não, da greve.

Já o dissídio coletivo tem um tratamento diferenciado para a competência funcional. O


dissídio é sempre de origem de Tribunal, pois NÃO existe dissídio coletivo em Vara do Trabalho.
Desse modo, importante traçar 2 distinções:

a) Será de competência do TRT quando a abrangência territorial do sindicato for menor


ou igual que a competência territorial de um TRT. Ex.: TRT-5 (Bahia) x Sindicato dos
Trabalhadores Urbanos de Salvador ou Sindicato dos Trabalhadores Urbanos da Bahia.

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b) Por outro lado, será de competência do TST quando a abrangência territorial do
sindicato for maior do que a competência territorial de um TRT ou quando a abrangência
territorial do sindicato for nacional. Ex.: TRT-5 (Bahia) e TRT-20 (Sergipe) x Sindicato
dos Trabalhadores Urbanos da Bahia e Sergipe. Não é possível escolher um dos TRTs,
devendo o dissídio coletivo ser direcionado ao TST.

Obs.: o art. 12 da Lei 7.520/86 determina que quando a abrangência


do sindicato envolver o TRT-2 e o TRT-15, a competência será do
TRT-2. Envolvendo mais um estado, deverá ser encaminhado ao TST.

Art. 12. Compete exclusivamente ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª


Região processar, conciliar e julgar os dissídios coletivos nos quais a decisão
a ser proferida deva produzir efeitos em área territorial alcançada, em parte,
pela jurisdição desse mesmo Tribunal e, em outra parte, pela jurisdição do
Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região.

Ressalta-se, por fim, que o art. 114, § 3º da CF/88 prevê que o dissídio coletivo somente
poderá ser suscitado pelo MPT se houver lesão ou ameaça de lesão a interesse público.

2) Ações atípicas: ações possessórias e ações de indenização por danos morais ou


patrimoniais por atos ilícitos praticados no curso da greve ou em decorrência do exercício
do direito de greve.

Frisa-se, inicialmente, que nas ações possessórias no âmbito da Justiça do Trabalho NÃO
se discute a legalidade do direito de greve. O objeto dessa ação é a posse, uma vez que o exercício
da posse (que deveria ser pleno) está sendo turbado, ameaçado ou esbulhado por um movimento
grevista. Ex.: bancários que fazem uma greve e impedem a entrada na agência com piquetes ou
com a troca da chave das fechaduras.

À vista disso, se a ameaça, turbação ou esbulho ao imóvel decorrem do exercício do direito


de greve, é possível ingressar com um interdito proibitório, cuja competência de julgamento é da
Vara da Justiça do Trabalho, na forma da Súmula Vinculante 23:

Súmula Vinculante 23: A Justiça do Trabalho é competente para processar


e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de
greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.

Todavia, é mister salientar que a competência será da Justiça do Trabalho apenas quando
houver entre possuidor e grevista uma relação de trabalho. Ex.: greve dos rodoviários, ocasião na
qual os grevistas colocam um piquete no shopping. Entre rodoviária e shopping não há relação de
trabalho, de modo que a competência deixa de ser da Justiça do Trabalho. Diferentemente seria se
os rodoviários fechassem a garagem dos ônibus.

Isto posto, com o advento da Súmula Vinculante 23 do STF, não há mais dúvida acerca da
competência da Justiça do Trabalho para as ações possessórias, incluído o interdito proibitório,
decorrentes do exercício do direito de greve dos trabalhadores da iniciativa privada. Só não será da
competência da Justiça do Trabalho se se tratar de ação possessória que envolva o exercício do
direito de greve de servidores públicos estatutários ou regidos por regime jurídico-administrativo,
nos termos da ADI 3.395.

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Evidencia-se, por fim, que as ações de indenização por danos morais ou patrimoniais por
atos ilícitos praticados no curso da greve ou em decorrência do exercício do direito de greve, por
força do art. 114, II, da CF, passaram para a competência da Justiça do Trabalho.

Exemplifica-se com uma ação civil pública, promovida pelo MPT (ou outro colegitimado ativo)
em face do empregador que exige a desfiliação sindical dos grevistas e ameaça dispensá-los por
justa causa se não retornarem ao trabalho, cujo pedido consiste na obtenção de tutelas inibitória
(impedir a reiteração da prática empresarial ilegal e antissindical) e ressarcitória (danos morais
coletivos por ofensa aos direitos de imagem de toda categoria profissional que, in casu, ficaria
fragilizada para exercer o direito fundamental de greve). A competência, neste caso, é
materialmente da Justiça do Trabalho e, funcionalmente, da Vara do Trabalho, e não do TRT, pois
não se trata de dissídio coletivo de greve.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-PA - Procurador - CESPE - 2022): A justiça do trabalho é competente
para processar e julgar interdito proibitório que tenha por objeto assegurar o
livre acesso de trabalhadores ao local de trabalho que corre o risco de ser
interditado em razão de movimento grevista de trabalhadores da iniciativa
privada. Correto.

AÇÕES SOBRE REPRESENTAÇÃO SINDICAL

Importante salientar, a priori, que apesar de a CF/88 ter utilizado o termo sindicato, a
competência abrange TODOS os entes da estrutura sindical e não somente o sindicato, incluindo-
se, portanto, as federações, confederações e centrais sindicais.

Dentre os exemplos de ações sobre representação sindical, pode-se destacar a própria ação
de representação sindical, ações que envolvam cobranças para o sindicato (ex.: taxa assistencial e
contribuição sindical), ações relativas aos direitos dos dirigentes sindicais e direitos de filiação e
desfiliação, bem como ações que versem sobre problemas relativos ao processo eleitoral no
sindicato.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-1 - Analista Judiciário - Instituto AOCP - 2018): À Justiça do Trabalho
compete processar e julgar as ações que envolvam representação sindical
entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, entre sindicatos e
empregadores e demandas de qualquer natureza entre empregadores que
façam parte de um mesmo sindicato patronal. Errado.

MANDADOS DE SEGURANÇA, HABEAS CORPUS E HABEAS DATA

No julgamento da ADI 3.684, o STF decidiu que a competência da Justiça do Trabalho para
julgar habeas corpus, habeas data e mandados de segurança ocorrerá quando o ato questionado
envolver matéria sujeita à sua jurisdição, referindo-se à competência material.

No entanto, tais ações possuem especificidades quanto a competência funcional. Deve-se,


portanto, verificar quem é o coator para, então, definir a competência, conforme abaixo explicitado:

1) Autoridade externa ao Poder Judiciário: Vara do Trabalho.

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2) Juiz de Vara do Trabalho: TRT.

3) Desembargador: TRT, conforme competência definida no Regimento Interno.

4) Ministro do TST: TST, conforme competência definida no Regimento Interno.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-1 - Analista Judiciário - Instituto AOCP - 2018): A Justiça do Trabalho
é competente para processar e julgar mandados de segurança, habeas
corpus e habeas data quando o ato questionado envolver matéria sujeita à
sua jurisdição. Correto.

CONFLITOS DE COMPETÊNCIA ENTRE ÓRGÃOS COM JURISDIÇÃO


TRABALHISTA

Há 2 tipos de conflitos de competência:

1) Positivo: quando 2 juízes se declaram competentes.

2) Negativo: quando todos os juízes se declaram incompetentes.

Para solucionar os conflitos de competência, é possível elencar 5 regras:

1) O conflito entre Varas do Trabalho submetidas ao mesmo TRT, será por ele solucionado:

Art. 808 - Os conflitos de jurisdição de que trata o art. 803 serão resolvidos:
a) pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Juntas e entre Juízos de
Direito, ou entre uma e outras, nas respectivas regiões.

2) O conflito entre Varas do Trabalho submetidas a TRTs distintos ou entre TRTs, será
solucionado pelo TST:

Art. 808 - Os conflitos de jurisdição de que trata o art. 803 serão resolvidos:
b) pela Câmara de Justiça do Trabalho, os suscitados entre Tribunais
Regionais, ou entre Juntas e Juízos de Direito sujeitos à jurisdição de
Tribunais Regionais diferentes.

3) NÃO se configura conflito de competência entre TRT e Vara do Trabalho a ele vinculada:

SÚMULA 420 DO TST. COMPETÊNCIA FUNCIONAL. CONFLITO


NEGATIVO. TRT E VARA DO TRABALHO DE IDÊNTICA REGIÃO. NÃO
CONFIGURAÇÃO. Não se configura conflito de competência entre
Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada. Res.
137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Contagem - Procurador - FUNDEP - 2021): Conforme
entendimento do TST, não se configura conflito de competência entre
Tribunal Regional do Trabalho e Vara do Trabalho a ele vinculada. Correto.

4) O conflito de competência entre a jurisdição trabalhista de 1º e 2º graus e a jurisdição


comum (1º e 2º graus) será solucionado pelo STJ:

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Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o
disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não
vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos.

5) O conflito de competência envolvendo Tribunal Superior será solucionado pelo STF:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da


Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e
quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer
outro tribunal.

É de suma importância vislumbrar, por fim, o disposto no art. 112 da CF/88:

Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas
não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso
para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.

Trata-se de hipótese de delegação de competência em razão da inexistência de Varas do


Trabalho em determinada jurisdição. Frisa-se, nesse liame, que na delegação não se transfere a
responsabilidade, mas apenas a execução daquilo que não é possível fazer por si próprio.

Pode-se inferir que uma localidade não é abrangida por Vara do Trabalho quando não há
nenhuma Vara que cubra aquele lugar. Assim, a competência será delegada para o Juiz de Direito
da localidade.

Salienta-se que o Juiz de Direito atua no processo como se Juiz do Trabalho fosse, ainda
que o processo permaneça sendo trabalhista e pertencente à Justiça do Trabalho, de maneira que
eventual recurso será direcionado para o TRT. Nesse mesmo sentido, havendo conflito de
competência com essa Vara, ela não será colocada como uma Vara Comum, mas como se Vara
do Trabalho fosse.

Ressalta-se, no entanto, que nos termos da Súmula 10 do STJ, sendo instalada Vara do
Trabalho que abranja a localidade, todos os processos a ela serão encaminhados:

Súmula 10 do STJ: Instalada a junta de conciliação e julgamento, cessa a


competência do juiz de direito em matéria trabalhista, inclusive para a
execução das sentenças por ele proferidas.

AÇÕES DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL OU PATRIMONIAL

Evidencia-se, a priori, o disposto na Súmula Vinculante 22:

Súmula Vinculante 22: A Justiça do Trabalho é competente para processar


e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes
de acidente de trabalho propostas por empregado contra empregador,
inclusive aquelas que ainda não possuíam sentença de mérito em primeiro
grau quando da promulgação da Emenda Constitucional n. 45/04.

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Importante verificar também a Súmula 392 do TST:

Súmula 392/TST - 20/04/2005 - Responsabilidade civil. Dano moral. Dano


material. Empregado. Competência. Sucessão. Dependência. Acidente de
trabalho. Doença do trabalho. Sucessores e dependentes. Julgamento pela
Justiça do Trabalho. CF/88, art. 5º, V e X e CF/88, art. 114, VI. Nos termos
do art. 114, VI, da CF/88, a Justiça do Trabalho é competente para
processar e julgar ações de indenização por dano moral e material,
decorrentes da relação de trabalho, inclusive as oriundas de acidente de
trabalho e doenças a ele equiparadas, ainda que propostas pelos
dependentes ou sucessores do trabalhador falecido.

Pode-se constatar, portanto, que as ações de indenização propostas por empregado ou seus
sucessores contra empregador, fundadas em acidente do trabalho, são da competência da Justiça
do Trabalho.

Isto posto, infere-se que a Justiça Comum detém competência para processar e julgar
apenas as ações em que figure sozinho no polo passivo o INSS, diante de sua responsabilidade
objetiva para assegurar ao trabalhador acidentado ou incapacitado em decorrência de doença
ocupacional, por conta dos recursos (oriundos do SAT - Seguro de Acidente do Trabalho) que
administra.

Para todas as demais ações concernentes a acidentes do trabalho oriundas da relação de


trabalho, inclusive as que tenham por objeto indenização por dano material ou moral ou que visem
o cumprimento das normas de segurança e saúde do trabalhador, incluídas as relativas ao meio
ambiente do trabalho, a competência é da Justiça do Trabalho.

Além disso, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação de indenização
por danos morais em ricochete ajuizada pelo espólio ou por herdeiros do empregado falecido em
face do seu ex-empregador em decorrência de acidente do trabalho, de acordo com julgado abaixo:

RECURSO DE REVISTA DOS RECLAMANTES – ACIDENTE DE


TRABALHO – ÓBITO DO EMPREGADO – DANO MORAL REFLEXO (EM
RICOCHETE) – IRMÃOS – PRESUNÇÃO. 1. A indenização por danos morais
destina-se a compensar a afronta ao direito da personalidade sobre o qual
incidiu o comportamento culposo lato sensu do agente causador do dano. 2.
O falecimento do trabalhador autoriza o pagamento de dano moral
reflexo (em ricochete ou indireto) para a sua família e qualquer pessoa
com relação especial afetiva com o acidentado. 3. É presumido o abalo
moral dos descendentes, cônjuge, ascendentes e irmãos, pois incluídos nos
limites do núcleo familiar. 4. A presunção da ofensa ao direito da
personalidade do grupo familiar restrito é apenas relativa e pode ser afastada
por prova em contrário. 5. No caso, em razão do acidente de trabalho fatal
sofrido pelo empregado, as irmãs têm direito à indenização por danos
morais em ricochete, não tendo ficado comprovada a inimizade ou
desafeição ao parente falecido. 6. A independência econômica e o fato de
não residirem na mesma casa são absolutamente irrelevantes para o
deferimento do dano moral indireto. Recurso de revista das reclamantes
conhecido e provido (TST-ARR 480-20.2012.5.18.0102, 7ª T., Rel. Min. Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 7-6-2019).

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 29


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Como o tema foi cobrado em concurso?
(PGE-AL - Procurador - CESPE - 2021): Ações de indenização por dano
moral oriundas de acidente de trabalho devem ser analisadas na justiça
federal, e não na justiça do trabalho, pois não dizem respeito à relação de
trabalho. Errado.

(PGE-AM - Procurador - CESPE - 2018): A ação de indenização por dano


moral decorrente da relação de trabalho proposta por sucessores de
trabalhador falecido é de competência da justiça do trabalho. Correto.

AÇÕES RELATIVAS ÀS PENALIDADES ADMINISTRATIVAS IMPOSTAS AOS


EMPREGADORES PELOS ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE
TRABALHO

Quando o inciso VII do art. 114 menciona "ações", é evidente que inclui as ações de
execução fiscal, bem como quaisquer outras que guardem conexão com as penalidades impostas
pelas Delegacias Regionais do Trabalho. Na mesma linha, quando tais penalidades houverem sido
inscritas na Dívida Ativa da União, as ações de execução fiscal para cobrança do crédito fiscal serão
ajuizadas perante a Justiça do Trabalho.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-3 - Analista Judiciário - FUMARC - 2022): Compete à Justiça do
Trabalho processar e julgar as ações relativas às penalidades administrativas
impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização tributária. Errado.

EXECUÇÃO, DE OFÍCIO, DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVISTAS NO ART.


195, I, A, E II, E SEUS ACRÉSCIMOS LEGAIS, DECORRENTES DAS SENTENÇAS QUE
PROFERIR

É uma execução de ofício, feita pelo próprio Poder Judiciário, das contribuições elencadas
no art. 195, I, a e II, da CF/88:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da
lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo
ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de
contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social.

A Súmula 454 do TST definiu que essa competência abrange também as contribuições para
o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT):

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COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.EXECUÇÃO DE OFÍCIO.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL REFERENTE AO SEGURO DE ACIDENTE DE
TRABALHO (SAT). ARTS. 114, VIII, E 195, I, “A”, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 414 da SBDI-1).
Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição
referente ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza de
contribuição para a seguridade social (arts.114, VIII, e 195, I, “a”, da CF),
pois se destina ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade
do empregado decorrente de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei
nº 8.212/1991). DJ-E em 21-5-2014.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-16 - Analista Judiciário - FGV - 2022): No curso de relação processual
no âmbito da Justiça do Trabalho, foram acolhidos, em sentença transitada
em julgado, os pedidos formulados pelo reclamante, com a consequente
condenação do antigo empregador ao pagamento dos valores almejados.
Ressalte-se que a condenação decorreu do não pagamento de horas
extraordinárias, sendo que, durante toda a relação de emprego, as
contribuições previdenciárias incidentes sobre o salário normal foram
pontualmente recolhidas pelo empregador. Nesse caso, as contribuições
previdenciárias concernentes ao objeto da referida condenação devem ser
objeto de execução no âmbito da Justiça do Trabalho, devendo ser iniciada
de ofício. Correto.

(CRM-PR - Advogado - Quadrix - 2018): No que toca à execução das


contribuições previdenciárias, a competência da Justiça do Trabalho limita-se
às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores, objeto de
acordo homologado, que integrem o salário de contribuição. Correto.

OUTRAS CONTROVÉRSIAS DECORRENTES DA RELAÇÃO DE TRABALHO

Verifica-se, primeiramente, que o art. 652, f, da CLT, trata da competência para homologar
acordos extrajudiciais:

Art. 652. Compete às Varas do Trabalho:


f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de
competência da Justiça do Trabalho.

Os acordos extrajudiciais estão previstos nos arts. 855-B e seguintes da CLT:

Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início


por petição conjunta, sendo obrigatória a representação das partes por
advogado.
§ 1º As partes não poderão ser representadas por advogado comum.
§ 2º Faculta-se ao trabalhador ser assistido pelo advogado do sindicato de
sua categoria.

Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o


juiz analisará o acordo, designará audiência se entender necessário e
proferirá sentença.

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Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o
prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados.
Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte
ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do
acordo.

No que se refere ao § 1º do art. 855-B, pode-se inferir que não cabe jus postulandi e é
necessário advogados distintos para a homologação do acordo.

Caso o juiz negue a homologação, pondo fim ao processo, caberá Recurso Ordinário. Nesse
sentido, importante vislumbrar a Súmula 418 do TST:

Súmula 418 do TST. MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À


CONCESSÃO DE LIMINAR OU HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO. A
concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem
faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do
mandado de segurança. Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005.

Importante ressaltar, ainda, que NÃO cabe homologação parcial de acordo extrajudicial.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Jataí - Procurador - UFG - 2018): Juscelino era empregado
de empresa de terceirização de mão de obra contratada por um município do
interior de Goiás e teve seu contrato rescindido unilateralmente pela
empregadora no mês de julho de 2018. Considerando-se lesado no
recebimento das verbas rescisórias, que considera devidas, mas receoso de
propor ação judicial em virtude das inovações trazidas pela reforma
trabalhista, o trabalhador busca firmar acordo extrajudicial com a antiga
empregadora. Na hipótese narrada, o juiz do trabalho, ao deferir o pedido,
poderá executar de ofício as contribuições sociais relativas ao objeto do
acordo que homologar. Correto.

Por fim, importante trazer à tona alguns aspectos específicos acerca da competência
material:

1) Trabalho do menor de idade

O trabalho do menor envolve 2 momentos importantes.

O primeiro momento se refere à autorização do trabalho do menor, que ocorre na fase pré-
contratual e cuja competência é da Justiça Comum e não da Justiça do Trabalho, nos termos da
ADI 5.326:

[...]. COMPETÊNCIA – JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA – CRIANÇAS E


ADOLESCENTES – EVENTOS ARTÍSTICOS – PARTICIPAÇÃO –
AUTORIZAÇÃO. Ausente controvérsia a envolver relação de trabalho,
compete ao Juízo da Infância e da Juventude, inserido no âmbito da
Justiça Comum, apreciar, no campo da jurisdição voluntária, pedido de
autorização visando a participação de crianças e adolescentes em
eventos de caráter artístico. (STF - ADI: 5326 DF, Relator: MARCO
AURÉLIO, Data de Julgamento: 27/09/2018, Tribunal Pleno, Data de
Publicação: 20/03/2020).

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Já no segundo momento, na fase pós-contratual, em que o menor já está trabalhando, é de
competência da Justiça do Trabalho.

2) Trabalho do preso

Foi regulamentado na Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84).

A LEP fala claramente que o trabalho do preso não gera vínculo empregatício:

Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade


humana, terá finalidade educativa e produtiva.
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das
Leis do Trabalho.

Em razão disso, questões relativas ao trabalho do preso não são de competência da Justiça
do Trabalho.

3) Trabalhadores em cartórios

A Constituição Federal estabelece que os serviços notariais e de registro prestados pelos


cartórios extrajudiciais são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público (art. 236,
CF/88). A Lei 8.935/94 regulamenta as atividades dos cartórios e, completando o disposto no art.
236 da CF/88, estabelece que, a partir da data da sua publicação, os escreventes dos cartórios
serão contratados sob o regime da legislação trabalhista, sendo que aos escreventes que já
prestassem serviços naquele momento foi assegurado o direito de, no prazo de 30 dias, optar pela
legislação trabalhista, deixando, nesse caso, o regime jurídico especial que vigorava para os
cartórios até aquela data.

Dessa forma, a Justiça do Trabalho é competente para dirimir as controvérsias entre os


escreventes regidos pela legislação trabalhista e os cartórios extrajudiciais.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-14 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): José presta serviços na
qualidade de trabalhador avulso. Carla trabalha como concursada, desde
2010, em um Cartório de Registro Civil. Monalisa é atleta profissional de
futebol. No caso de ajuizamento de reclamações referentes a direitos
trabalhistas, são competentes para as hipóteses apresentadas, a Justiça do
Trabalho, em todos os casos. Correto.

4. COMPETÊNCIA TERRITORIAL

A competência em razão do lugar (ratione loci), também chamada de competência territorial,


é determinada com base na circunscrição geográfica sobre a qual atua o órgão jurisdicional.
Geralmente, a competência ratione loci é atribuída às Varas do Trabalho, que são os órgãos de
primeira instância da Justiça do Trabalho. A competência territorial das Varas do Trabalho é
determinada por lei federal.

Cumpre reiterar, no entanto, que os Tribunais Regionais do Trabalho têm competência para
processar e julgar as causas trabalhistas, originariamente (ex.: dissídio coletivo) ou em grau de

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recurso (ex.: recurso ordinário), dentro do espaço geográfico, normalmente correspondente a um
estado da federação.

Na mesma linha, o TST possui competência territorial para processar e julgar,


originariamente, os dissídios coletivos que extrapolem a área geográfica de uma região (ou melhor,
ultrapassem a área territorial sob a jurisdição de um Tribunal Regional do Trabalho) e, em grau
recursal, as decisões dos TRTs nos dissídios individuais ou coletivos.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Porto Alegre - Procurador - FUNDATEC - 2022): O Sindicato
Patronal “X” e o Sindicato Profissional “Y”, ambos com abrangência territorial
municipal, entraram em acordo para a instauração de Dissídio Coletivo.
Quanto à tramitação judicial, a competência originária para processar e julgar
esse Dissídio Coletivo é de Tribunal Regional do Trabalho, sendo que o
recurso cabível a ser interposto em face da Sentença Normativa proferida
será o “Recurso Ordinário”, direcionado ao Tribunal Superior do Trabalho.
Correto.

O regramento da competência em razão do lugar tem previsão expressa no art. 651 da CLT:

Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é


determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado,
prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local
ou no estrangeiro.

Trata-se, portanto, de competência relativa e somente pode ser arguida por meio de
exceção. Logo, não pode ser declarada de ofício.

A competência territorial das Varas do Trabalho possui 4 classificações:

1) Quanto ao local da prestação do serviço;

2) Quando se tratar de empregado agente ou viajante comercial;

3) Empregado brasileiro que trabalhe no estrangeiro;

4) Empresa que promova atividade fora do lugar da celebração do contrato.

Passa-se, então, a verificar cada uma delas.

LOCAL DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

Nos termos do art. 651, caput, da CLT, a competência das Varas do Trabalho é determinada
pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador,
ainda que tenha sido contratado em outro local ou no estrangeiro.

A regra prevista no referido artigo visa à facilitação da instrução processual, pois as provas,
especialmente a testemunhal, são, em regra, encontradas no local da prestação do serviço. Assim,
de acordo com a interpretação literal do preceptivo em causa, a ação trabalhista deve ser ajuizada
no local em que o empregado prestou serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado em
outra localidade ou em outro país. Ex.: se o empregado A é contratado pela empresa B em Vitória

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(ES), mas vai prestar serviços no Rio de Janeiro (RJ), terá competência territorial para processar e
julgar eventual ação trabalhista uma das Varas do Trabalho do local da prestação do serviço, in
casu, Rio de Janeiro (RJ).

Importante ressaltar que na hipótese de transferência do empregado, a competência é do


último local da prestação do serviço. Ex.: João foi contratado em Salvador e trabalhou em
Salvador. Depois de 1 ano, foi transferido para o Rio de Janeiro. Após 1 ano trabalhando no Rio de
Janeiro, foi transferido para São Paulo e, passados 6 meses, foi demitido. Nesse caso, a ação
trabalhista deve ser promovida em São Paulo.

Há, contudo, entendimento jurisprudencial minoritário no sentido de que o empregado


poderá ingressar com ação em quaisquer das localidades que ele tenha trabalhado.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Florianópolis - Procurador - FEPESE - 2022): A
competência da vara do trabalho é determinada pela localidade em que tenha
sido firmado o contrato de trabalho, ainda que o empregado, reclamante,
preste serviços ao empregador em localidade diversa. Errado.

(TRT-1 - Técnico Judiciário - Instituto AOCP - 2018): João tem domicílio


na cidade do Rio de Janeiro/RJ e foi chamado para uma entrevista de
emprego pela empresa Colchões Ortopédicos Ltda., com sede na cidade de
Campinas/SP, ocasião em que foi contratado no próprio local. Já no momento
da contratação, a empresa informou ao novo empregado que ele iria trabalhar
na filial da empresa na cidade de São José do Rio Preto/SP. Depois de 3
anos de trabalho, João foi dispensado sem justa causa, não recebendo as
verbas rescisórias, dentre outros pleitos que considera devidos, razão pela
qual almeja buscar a efetivação de seus direitos na Justiça do Trabalho.
Nesse seguimento, João deve pleitear seus direitos em São José do Rio
Preto/SP, pois é o local da prestação de serviços. Correto.

EMPREGADO AGENTE OU VIAJANTE COMERCIAL

Trata-se do empregado que não tem fixação a uma localidade determinada. Ex.: vendedor
de vela na Bahia que caminha por várias cidades do interior em datas comemorativas específicas
para realizar as vendas.

A competência está disposta no § 1º do art. 651 da CLT, in verbis:

Art. 651, § 1º - Quando for parte de dissídio agente ou viajante comercial, a


competência será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência
ou filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente
a Junta da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade
mais próxima.
Isto posto, o empregado agente ou viajante comercial poderá propor a ação trabalhista:

1) No foro da Vara da localidade em que a empresa tenha agência ou filial “e a esta o


empregado esteja subordinado”, isto é, no domicílio do réu (reclamado) para quem se
encontra, de fato, prestando serviços;

OU

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2) No foro da Vara do seu domicílio ou da localidade mais próxima.

Obs.: agência ou filial é diferente de matriz. Desse modo, se o


empregado se reporta diretamente à matriz da empresa, é porque não
existe agência ou filial, de modo que poderá ingressar com a ação no
domicílio. Não se trata, portanto, de uma escolha de foro, mas “última
opção” caso a empresa não possua agência ou filial no local da
prestação dos serviços.

Salienta-se, contudo, que a jurisprudência não é pacífica acerca da competência territorial


do empregado viajante, conforme pode ser visualizado no julgado abaixo colacionado:

COMPETÊNCIA TERRITORIAL – EMPREGADO VIAJANTE – ACESSO À


JUSTIÇA – Conforme regra prevista no art. 651, § 1º, da CLT, a competência
territorial na Justiça do Trabalho, quando for parte no dissídio agente ou
viajante comercial, é fixada pelo local em que a empresa tenha agência ou
filial e a esta o empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a
Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade
mais próxima. Todavia, a garantia individual do acesso à Justiça, expresso
no art. 5º, XXXV, da CF/88, se sobrepõe à regra do art. 651 da CLT, tendo
em vista as situações em que a aplicação de sua literalidade implica grave
prejuízo ao empregado, hipossuficiente na relação, impedindo que ele exerça
seu direito constitucional de ação. É o caso do empregado contratado na sede
da empresa, localizada em Estado diferente do domicílio do obreiro, e que,
como viajante comercial, prestou serviços em diversos locais (TRT 17ª R.,
RO 85400-12.2011.5.17.0191, 2ª T., Rel. Des. Marcello Maciel Mancilha, DJe
4-5-2012, p. 125).

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-15 - Analista Judiciário - FCC - 2018): Em uma situação hipotética,
Júlio, residente e domiciliado na cidade de Bauru/SP, foi contratado pela
empresa Mach Tech Ltda., com sede na cidade de São Paulo, para trabalhar
como vendedor viajante, em 4 cidades. Júlio estava subordinado à filial da
empresa Mach Tech Ltda., localizada na cidade de Campinas/SP,
reportando-se ao Gerente de Vendas. Em fevereiro de 2018, Júlio foi
dispensado sem justa causa, sem que, no entanto, fossem quitadas as verbas
rescisórias a que tinha direito, razão pela qual pretende ajuizar reclamação
trabalhista em face da empresa Mach Tech Ltda. A reclamação trabalhista
deverá ser ajuizada na cidade de Campinas/SP, porque Júlio está
subordinado à filial ali localizada. Correto.

EMPRESA QUE PROMOVE ATIVIDADE FORA DO LUGAR DA CELEBRAÇÃO


DO CONTRATO

Quando o empregador realiza atividades fora do lugar da celebração do contrato de trabalho,


dispõe literalmente o § 3º do art. 651 da CLT que:

Art. 651, § 3º - Em se tratando de empregador que promova realização de


atividades fora do lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao
empregado apresentar reclamação no foro da celebração do contrato ou no
da prestação dos respectivos serviços.

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A competência será do local da contratação ou no local da prestação. É faculdade do
empregado optar por um dos locais.

Trata-se da hipótese de arregimentação de mão de obra. O trabalhador arregimentado é


aquele que é levado de sua cidade para trabalhar em outro município ou estado. Ex.: empresa de
extração de petróleo com sede no Rio de Janeiro que contrata empregados de Salvador para
trabalhar no polo petrolífero de Camaçari, na Bahia.

Registra-se que, de acordo com a OJ 149 da SBDI-2 do TST, não cabe declaração de ofício
de incompetência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da faculdade prevista no art. 651, §
3º, da CLT. Nessa hipótese, resolve-se o conflito pelo reconhecimento da competência do juízo do
local onde a ação foi proposta.

EMPREGADO BRASILEIRO QUE TRABALHA NO ESTRANGEIRO

Dispõe o § 2º do art. 651 da CLT que:

Art. 651, § 2º - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento,


estabelecida neste artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou
filial no estrangeiro, desde que o empregado seja brasileiro e não haja
convenção internacional dispondo em contrário.
Ante o exposto, a Justiça do Trabalho do Brasil será competente quando:

1) O empregado for brasileiro;

2) Não existir convenção internacional em sentido contrário;

3) A empresa possuir atividade no Brasil.

Acerca do último requisito, Carlos Henrique Bezerra Leite – adotando posicionamento


minoritário – aponta que pouco importa se a empresa é brasileira ou estrangeira, pois o critério
específico adotado pelo art. 651, § 2º, da CLT diz respeito ao empregado brasileiro, nato ou
naturalizado, que prestar serviços no estrangeiro e desde que não exista tratado internacional
fixando outro critério de competência.

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ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS

1. ATOS PROCESSUAIS

Os atos processuais são os acontecimentos voluntários que ocorrem no processo e


dependem de manifestações dos sujeitos do processo.

QUANTO ÀS PARTES

Considerando que as partes são os sujeitos que atuam com parcialidade no processo, os
atos processuais representam as suas condutas voluntárias no processo, distanciando-se dos
chamados fatos processuais, que são aqueles acontecimentos involuntários que geram
consequências no processo (ex.: morte das partes).

Os atos jurídicos processuais podem ser:

1) Bilaterais: pode-se destacar a transação (acordo).

Sobre a transação, importante salientar que a decisão que homologa o acordo é uma
decisão com trânsito em julgado no próprio ato de homologação, e não do ato da publicação da
decisão de homologação. Além disso, o processo é extinto com resolução do mérito, nos termos do
art. 487, III, b, do Código de Processo Civil:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


III - homologar:
b) a transação.
Ainda referente ao tema, destaca-se o entendimento da Súmula 100 do TST, que trata sobre
a ação rescisória:

O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na


forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em
julgado na data da sua homologação judicial.

Dessa forma, sendo irrecorrível a decisão de homologação do acordo realizado entre as


partes na Justiça do Trabalho, a única medida processual cabível é a ação rescisória, prevista no
art. 966 e seguintes do Código de Processo Civil.

A ação rescisória possui hipóteses específicas de cabimento, apenas manejável em casos


de nulidade processual, por vício grave de consentimento das partes ou por violação às normas
legais.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PG-DF - Procurador - CESPE - 2022): Acordo homologado judicialmente
tem força de decisão irrecorrível, exceto no que se refere às contribuições
previdenciárias. Correto.

2) Unilaterais: a título de exemplificação, pode-se mencionar a petição inicial e a


desistência.

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A desistência, enquanto instituto, está prevista expressamente no art. 200, parágrafo único
do CPC:

Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou


bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou
extinção de direitos processuais.
Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após
homologação judicial.

A desistência gera a extinção do processo sem resolução de mérito.

Outrossim, insta evidenciar que o art. 841, § 3º da CLT tornou a defesa no Processo do
Trabalho um ato complexo, de 2 momentos: oferecimento e recebimento. Sendo assim, há 2
situações:

1) Até o oferecimento da defesa, a aceitação da desistência é livre.

2) Após o oferecimento da defesa, a desistência somente será aceita com a anuência do


Reclamado.

Art. 841, § 3º Oferecida a contestação, ainda que eletronicamente, o


reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da ação.

QUANTO AO JUIZ

Os atos processuais praticados pelo Juiz estão previstos no art. 203 do CPC:

Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões


interlocutórias e despachos.

Assim, necessário visualizar a distinção entre cada um deles:

1) Sentença: ato que põe fim à fase de conhecimento ou execução do processo, com ou
sem resolução de mérito.

2) Decisão interlocutória: toda aquela que possui conteúdo decisório, mas que não seja
sentença.

Há ainda, as decisões proferidas pelos Tribunais, podendo ser:

1) Decisão monocrática: decisão proferida pelo Juízo singular.

2) Acórdão: decisão colegiada.

Outrossim, tanto as Varas quanto os Tribunais proferem despacho, que é um ato de mero
impulso do processo, sem conteúdo decisório. Ex.: designação de audiência.

HORÁRIO DOS ATOS PROCESSUAIS

Os atos processuais trabalhistas físicos devem ser realizados nos dias úteis, das 6h às 20h,
nos termos do art. 770 da CLT:

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Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário
determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às
20 (vinte) horas.
Parágrafo único - A penhora poderá realizar-se em domingo ou dia feriado,
mediante autorização expressa do juiz ou presidente.

A jurisprudência, no entanto, tem mitigado a literalidade da norma em apreço, de acordo


com a praxe forense ou previsão diversa nos regimentos internos dos Tribunais.

Ademais, a limitação de horário não se aplica aos atos eletrônicos, que podem ser
praticados a qualquer hora, uma vez que a utilização de meio eletrônico na tramitação de processos
judiciais, a comunicação de atos processuais e a transmissão de peças processuais por meio
eletrônico constitui faculdade dos jurisdicionados em qualquer processo judicial e em qualquer grau
de jurisdição, seja de natureza civil, penal, trabalhista, eleitoral ou tributária, bem como nos
processos submetidos aos Juizados Especiais.

Com relação à penhora, conforme apontado no parágrafo único do art. 770, ela pode ser
realizada em domingos e feriados, desde que haja autorização expressa do Juiz.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-9 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): Os atos processuais serão
públicos salvo quando o contrário determinar o interesse social, e realizar-se-
ão nos dias úteis das 8 às 18 horas. Errado.

PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS

A publicidade dos atos processuais está expressa no art. 779 da CLT, in verbis:

Art. 779 - As partes, ou seus procuradores, poderão consultar, com ampla


liberdade, os processos nos cartórios ou secretarias.
Ressalta-se, todavia, que a publicidade não é uma regra absoluta. Nesse liame, o art. 189
do CPC menciona quais atos tramitarão em segredo de justiça:

Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo


de justiça os processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio,
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e
adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à
intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta
arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja
comprovada perante o juízo.

ATOS PROCESSUAIS ELETRÔNICOS

A Lei 11.419/06, que dispõe sobre a informatização do processo judicial, estabelece que:

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Art. 1º O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais,
comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido
nos termos desta Lei.
§ 1º Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, aos processos civil, penal
e trabalhista, bem como aos juizados especiais, em qualquer grau de
jurisdição.

Percebe-se que o comando normativo do § 1º do art. 1º da Lei 11.419/06 apresentou um


mecanismo de facilitação de acesso à justiça e de efetivação do processo quando instituiu o uso de
meio eletrônico na tramitação de processos judiciais.

Com efeito, o art. 1º da Resolução CSJT 136/2014 determina que:

Art. 1º A tramitação do processo judicial no âmbito da Justiça do Trabalho, a


prática de atos processuais e sua representação por meio eletrônico, nos
termos da Lei n. 11.419, de 19 de dezembro de 2006, serão realizadas
exclusivamente por intermédio do Sistema Processo Judicial Eletrônico da
Justiça do Trabalho – PJe-JT regulamentado por esta Resolução.

A Lei 11.419/06 preocupou-se em estabelecer definições dos institutos que passariam a ser
utilizados na informatização do processo judicial, ocasião na qual o seu art. 3º estabeleceu as
seguintes definições:

1) Certificado digital: meio eletrônico de identificação de seu titular, pessoa física ou


jurídica, destinado a identificá-lo eletronicamente em todos os acessos ao meio
eletrônico;

2) Assinatura eletrônica, que compreende as seguintes formas de identificação


inequívoca do signatário:

a) Assinatura digital, baseada em certificado digital, emitido por Autoridade Certificadora


credenciada, na forma de lei ou regulamentação específica;

b) Usuário (nome de login) e senha, mediante cadastro no PJE-JT.

3) Autos do processo eletrônico ou autos digitais: conjunto de metadados e


documentos eletrônicos correspondentes a todos os atos, termos e informações do
processo;

4) Digitalização: processo de reprodução ou conversão de fato ou coisa produzido


originalmente em meio não digital para o formato digital;

5) Documento digital: documento originalmente produzido em meio digital;

6) Documento digitalizado: reprodução digital de documento originalmente físico;

7) Meio eletrônico: ambiente de armazenamento ou tráfego de informações digitais;

8) Transmissão eletrônica: toda forma de comunicação a distância com a utilização de


redes de comunicação, preferencialmente a rede mundial de computadores;

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9) Usuários internos: magistrados e servidores da Justiça do Trabalho, bem como outros
a que se reconhecer acesso às funcionalidades internas do sistema de processamento
em meio eletrônico, tais como estagiários e prestadores de serviço;

10) Usuários externos: todos os demais usuários, incluídas as partes, os advogados, os


membros do Ministério Público do Trabalho, os auxiliares da justiça e os terceiros
intervenientes.

Por fim, sobre a comprovação da prática de ato processual por meio eletrônico, importante
verificar o disposto no art. 3º da Lei 11.419/06:

Art. 3º Consideram-se realizados os atos processuais por meio eletrônico no


dia e hora do seu envio ao sistema do Poder Judiciário, do que deverá ser
fornecido protocolo eletrônico.
Parágrafo único. Quando a petição eletrônica for enviada para atender prazo
processual, serão consideradas tempestivas as transmitidas até as 24
(vinte e quatro) horas do seu último dia.

Como o tema foi cobrado em concurso?

(TRT-3 - Analista Judiciário - FUMARC - 2022): A parte poderá apresentar


defesa escrita pelo sistema de processo judicial eletrônico até a audiência.
Correto.

(TRT-9 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): Quanto ao Processo Judicial


Eletrônico, a suspensão dos prazos processuais não impedirá o
encaminhamento de petições e a movimentação processual, podendo a
apreciação dos pedidos decorrentes desses prazos ocorrer, a critério do juiz,
após o término do prazo de suspensão, ressalvados os casos de urgência.
Correto.

2. TERMOS PROCESSUAIS

Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, termo, a rigor, é a redução escrita do “ato”. Em
outras palavras, termo é a reprodução gráfica do ato processual.

A CLT dispõe sobre termos processuais nos arts. 771 a 773, o que permite a aplicação
subsidiária, no que couber, dos arts. 206 a 211 do CPC, ou seja, desde que observada a
principiologia peculiar do Direito Processual do Trabalho.

A intenção do legislador é a de que os registros sejam feitos de forma indelével, insuscetíveis


de rasuras que não sejam evidentes. Logo, não são admitidos no processo os termos lançados a
lápis.

Os atos e termos processuais devem ser assinados pelas partes interessadas. Todavia,
quando estas, por motivo justificado, não puderem fazê-lo, serão os atos firmados a rogo, na
presença de 2 testemunhas, sempre que não houver procurador legalmente constituído.

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Destaca-se, ainda, que os termos relativos ao andamento dos processos constarão de
simples notas, datadas e rubricadas pelo chefe de secretaria ou escrivão.

3. PRAZOS PROCESSUAIS

CLASSIFICAÇÃO

3.1.1. Quanto à origem da fixação

1) Prazos legais: são os fixados pela própria lei. Ex.: prazo para interposição de recursos,
que, no Processo do Trabalho, é, em regra, de 8 dias.

2) Prazos judiciais: são os fixados pelo juiz. Ex.: prazo para o perito apresentar o laudo
técnico, nos termos do art. 852-H, § 4º, da CLT.

3) Prazos convencionais: são os que podem ser objeto de acordo entre as partes.

3.1.2. Quanto à natureza

1) Prazos dilatórios ou prorrogáveis: são os que decorrem de normas de natureza


dispositiva, isto é, normas que permitem à parte dispor do prazo para a prática de
determinado ato. Os prazos convencionais também são dilatórios.

Obs.: a prorrogação do prazo dilatório somente pode ser autorizada


pelo Juiz antes do seu término. Se for requerida a prorrogação depois
do término do prazo, já haverá ocorrido a preclusão.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(CELESC - Advogado - FEPESE - 2018): Incumbe ao juízo dilatar os prazos
processuais para adequar às necessidades do conflito de modo a conferir
maior efetividade à tutela do direito. Correto.

2) Prazos peremptórios, fatais ou improrrogáveis: são os que decorrem de normas


cogentes, imperativas ou de ordem pública. Os prazos peremptórios não podem ser
reduzidos pelo Juiz, salvo se houver concordância de todas as partes (CPC, art. 222, §
1º).

Segundo a prof. Thais Mendonça, os prazos peremptórios estão submetidos à preclusão,


isto é, à perda da faculdade de praticar um ato processual. Nesse sentido, infere-se que existem 3
tipos de preclusão:

1) Preclusão lógica: ocorre quando se pratica um ato processual logicamente contrário


àquele que a parte deseja praticar. Ex.: parte que faz renúncia ao direito de recorrer e
recorre.

2) Preclusão consumativa: perda da faculdade de praticar um ato processual porque a


parte já o praticou, ou seja, o ato já foi consumado. Ex.: não é possível que a mesma
parte recorra novamente de decisão que já foi recorrida.

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3) Preclusão temporal: refere-se à não observância do prazo de praticar um ato
processual. Ex.: perda do prazo de apresentar um recurso.

3.1.3. Quanto aos destinatários

1) Prazos próprios: são os destinados às partes. Os prazos próprios são também


peremptórios e se sujeitam ao instituto da preclusão.

2) Prazos impróprios: são os legalmente previstos e destinados aos juízes e aos


servidores do Poder Judiciário. Diz-se impróprios porque não são vulneráveis ao instituto
da preclusão, razão pela qual mesmo praticados fora do prazo, são válidos.

CONTAGEM DOS PRAZOS PROCESSUAIS

A contagem dos prazos no processo do trabalho é feita com base nos arts. 774 e 775 da
CLT:

Art. 774 - Salvo disposição em contrário, os prazos previstos neste Título


contam-se, conforme o caso, a partir da data em que for feita
pessoalmente, ou recebida a notificação, daquela em que for publicado
o edital no jornal oficial ou no que publicar o expediente da Justiça do
Trabalho, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da Junta,
Juízo ou Tribunal.
Parágrafo único - Tratando-se de notificação postal, no caso de não ser
encontrado o destinatário ou no de recusa de recebimento, o Correio ficará
obrigado, sob pena de responsabilidade do servidor, a devolvê-la, no
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Tribunal de origem.

Isto posto, constata-se que a regra geral é que os prazos são contados a partir do
conhecimento (do notificando) sobre os termos da notificação.

Em sequência, o art. 775 da CLT estabelece o seguinte:

Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis,
com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento.
§ 1º Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário,
nas seguintes hipóteses:
I - quando o juízo entender necessário;
II - em virtude de força maior, devidamente comprovada.
§ 2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de
produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de
modo a conferir maior efetividade à tutela do direito.

Há que distinguir, portanto, 2 momentos de fruição dos prazos processuais:

1) Dia do começo do prazo: o dia do começo é excluído da contagem do prazo e ocorre


no momento em que a parte ou terceiro toma ciência do ato processual a ser praticado.
Significa que o dia do começo não se computa no prazo.

2) Início da contagem do prazo: o início da contagem do prazo ocorre no dia seguinte ao


do começo do prazo. Dito de outro modo, a contagem do prazo processual inicia-se no

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dia seguinte ao da ciência do ato processual pela parte ou terceiro interessado e vai até
o seu término, que é o último dia do prazo processual. Portanto, o dia do vencimento
inclui-se na contagem do prazo.

Obs.: os prazos que se vencerem em sábado, domingo e feriado ou


não onde houver expediente forense terminarão no primeiro dia útil
seguinte.

Para melhor compreensão da contagem dos prazos, seguem alguns exemplos trazidos pelo
por Carlos Henrique Bezerra:

1) Notificação postal: o começo do prazo ocorre no dia da ciência do ato pela parte,
presumindo-se recebida a notificação em 48 horas da data de sua postagem (Súmula 16
do TST). Se a notificação postal foi expedida no dia 10/5/2013 (sexta-feira), presume-se
o seu recebimento 48 horas depois (na prática, contam-se 2 dias úteis), ou seja, no dia
14-5-2013 (terça-feira). O início da contagem do prazo se deu no dia 15/5/2013 (quarta-
feira).

2) Notificação eletrônica: considera-se como data da publicação o primeiro dia útil


seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico (CPC, art.
224, § 2º) e o início da contagem do prazo ocorrerá no primeiro dia útil que se seguir ao
da publicação (CPC, art. 224, § 3º). As intimações serão feitas por meio eletrônico em
portal próprio aos que se cadastrarem na forma da Lei 11.419/06, dispensando-se a
publicação no órgão oficial, inclusive eletrônico. Neste caso, o começo do prazo é o dia
em que o intimando efetivar a consulta eletrônica ao teor da intimação, certificando-se
nos autos do PJE. A data do início da contagem do prazo é o primeiro dia útil seguinte.

SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DOS PRAZOS

A suspensão ocorre quando se paralisa a contagem do prazo processual. Cessada a causa


suspensiva, recomeça-se a contagem do prazo, isto é, retoma-se a contagem do prazo no estado
em que parou.

Dentre as causas suspensivas, pode-se destacar:

1) Art. 775-A da CLT:

Art. 775-A. Suspende-se o curso do prazo processual nos dias


compreendidos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, inclusive.

Obs.: a suspensão do curso do prazo processual entre 20 de


dezembro e 20 de janeiro NÃO se confunde com o período do recesso
forense, que ocorre do dia 20/12 a 06/01.

2) Súmula 262 do TST:

PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU INTIMAÇÃO EM SÁBADO.


RECESSO FORENSE. I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início
do prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a contagem, no subsequente.

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II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal
Superior do Trabalho suspendem os prazos recursais. DJE em 21-5-
2014.

3) Art. 799 da CLT:

Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem


ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou
incompetência.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Jundiaí - Procurador - VUNESP - 2021): A Consolidação das
Leis do Trabalho dispõe que, nas demandas de competência da Justiça do
Trabalho, somente podem ser opostas, com suspensão do feito, as exceções
de suspeição ou de incompetência. Correto.

4) Aplicam-se de forma subsidiária todas as hipóteses de suspensão previstas no art. 313


do CPC:

Art. 313. Suspende-se o processo:


I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer das
partes, de seu representante legal ou de seu procurador.
II - pela convenção das partes;
III - pela arguição de impedimento ou de suspeição;
IV- pela admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas;
V - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou
de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro
processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a
produção de certa prova, requisitada a outro juízo;
VI - por motivo de força maior;
VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos
da navegação de competência do Tribunal Marítimo;
VIII - nos demais casos que este Código regula.
IX - pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advogada
responsável pelo processo constituir a única patrona da causa;
X - quando o advogado responsável pelo processo constituir o único patrono
da causa e tornar-se pai.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-9 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): Durante a suspensão dos prazos
processuais, não se realizarão audiências nem sessões de julgamento.
Correto.

Por outro lado, na interrupção, apesar de o prazo ser reiniciado quando cessada a causa
interruptiva, ele é devolvido integralmente à parte interessada, como se ele nunca tivesse iniciado.
Assim, o prazo volta a “ser contado do 0”. Um exemplo de interrupção do prazo ocorre com
interposição dos embargos de declaração, nos termos do art. 897-A, § 3º da CLT:

Art. 897-A, § 3º Os embargos de declaração interrompem o prazo para


interposição de outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando

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intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua
assinatura.

4. NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS

Consoante Carlos Henrique Bezerra, do ponto de vista do direito processual, a nulidade de


um ato processual deve levar em conta o estado em que ele se encontra em determinada fase do
processo e que pode privá-lo de produzir seus próprios efeitos ou destituir os efeitos de outros atos
já produzidos.

É importante destacar que, diferentemente do direito material não penal, atos processuais,
no processo civil ou trabalhista, embora nulos, produzem efeitos, sendo, portanto, necessária a
interposição de recurso ou, quando cabível, o ajuizamento de ação própria para que cessem tais
efeitos.

Importante destacar que as nulidades se subdividem em:

1) Absoluta: ocorre quando determinado ato fere norma de ordem pública, portanto
indisponível pelas partes. Esta espécie de nulidade pode comprometer a validade total
ou parcial do processo e não se sujeita, em princípio, à preclusão. Assim, o Juiz pode
corrigir de ofício e a qualquer tempo.

2) Relativa: corresponde a um vício sanável, porquanto decorrente de ato praticado no


interesse da parte. A nulidade relativa depende de provocação do interessado, uma vez
que não pode ser pronunciada ex officio.

Pode-se dizer que o sistema processual trabalhista de nulidades é regido por normas
(princípios e regras) que levam em conta, sobretudo, as especificidades e institutos peculiares do
Processo do Trabalho. Isto posto, passa-se a verificar, então, as regras ou princípios das
nulidades processuais.

PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS

O Princípio da instrumentalidade das formas, também chamado de princípio da finalidade,


considera que quando a lei prescrever determinada forma para o ato processual, sem cominar
nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, alcançar a sua finalidade.

Este princípio também é encampado pelo direito processual do trabalho, como se infere da
interpretação sistemática e teleológica dos arts. 795, 796, a, e 798 da CLT, in verbis:

Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação


das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de falar
em audiência ou nos autos.

Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:


a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato.

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Art. 798 - A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele
dependam ou sejam consequência.

PRINCÍPIO DO PREJUÍZO OU DA TRANSCENDÊNCIA

Tal princípio está intimamente ligado ao princípio da instrumentalidade das formas. Segundo
o princípio da transcendência, não haverá nulidade processual sem prejuízo manifesto às partes
interessadas.

Importante destacar que ele está positivado no art. 794 da CLT:

Art. 794 - Nos processos sujeitos à apreciação da Justiça do Trabalho só


haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados manifesto prejuízo às
partes litigantes.

É preciso salientar que o prejuízo disposto no art. 794 é de natureza processual, isto é, não
se aplica em caso de prejuízo material, financeiro, econômico ou moral decorrente do conflito de
direito material.

Sobre o princípio, importante verificar o julgado abaixo colacionado:

NULIDADE PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO


RECLAMANTE. ERRO DE PROCEDIMENTO. PRINCÍPIO DA
TRANSCENDÊNCIA. PREJUÍZO CONFIGURADO. De acordo com o
princípio da transcendência, ligado umbilicalmente ao princípio da
instrumentalidade das formas, não haverá nulidade sem prejuízo
manifesto às partes litigantes. Entretanto, existente o erro de
procedimento ou de julgamento que resulte em prejuízo à parte
processual, impõe-se a anulação dos atos que não podem ser
aproveitados, a fim de que se observe o procedimento legal, nos termos
do art. 794, da CLT. (TRT 3ª R., RO 0010122-37.2018.5.03.0033, Rel. Juiz
Conv. Vitor Salino de Moura Eca, 8ª T. DEJT 19-9-2018).

PRINCÍPIO DA CONVALIDAÇÃO OU PRECLUSÃO

Está consagrado no art. 795 da CLT:

Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação


das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de
falar em audiência ou nos autos.
§ 1º - Deverá, entretanto, ser declarada ex officio a nulidade fundada em
incompetência de foro. Nesse caso, serão considerados nulos os atos
decisórios.
§ 2º - O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma
ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade
competente, fundamentando sua decisão.

Tem-se entendido que a oportunidade para a parte arguir a nulidade em audiência encerra-
se com a apresentação das razões finais.

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Se a parte não suscitar a nulidade na primeira oportunidade que tiver para falar em audiência
ou nos autos, haverá a convalidação do ato, ou seja, o ato anteriormente nulo passa à condição de
ato válido, caso em que estará precluso o direito de a parte, novamente, vir a alegar a nulidade do
ato.

Consagrou-se, na prática processual trabalhista, o famoso “protesto nos autos”, mediante


registro na ata de audiência. Trata-se de um costume processual adotado pelas partes, geralmente
representadas por advogados, para evitar a preclusão.

Salienta-se, entretanto, que o princípio da convalidação só é aplicável às nulidades relativas,


que são aquelas que dependem de provocação da parte interessada. Dito de outro modo, o princípio
da convalidação ou preclusão não se aplica às nulidades absolutas ou quando a parte provar
legítimo impedimento para a prática do ato.

Outrossim, conforme apontado anteriormente, quando o § 1º do art. 795 da CLT prescreve


que deverá ser declarada ex officio a nulidade fundada em “incompetência de foro”, deve-se
compreender a jurisdição, ou seja, o foro trabalhista.

PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL

O princípio da economia processual está implicitamente contido no art. 796, a, da CLT:

Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:


a) quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato.

Não somente, o princípio também está consagrado no art. 797:

Art. 797 - O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a


que ela se estende.

Com efeito, se, ao pronunciar a nulidade, o juiz deve declarar os atos a que ela se estende,
é óbvio que, por economia (e celeridade) processual, declarará, também, explícita ou
implicitamente, os atos válidos que serão aproveitados.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(FAPESP - Procurador - VUNESP - 2018): A nulidade processual trabalhista
não será declarada quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato.
Correto.

PRINCÍPIO DA UTILIDADE

O princípio da utilidade processual, que possui nítida aproximação com o princípio do


prejuízo (ou transcendência) já examinado, constitui corolário do princípio da economia processual
e está consagrado literalmente no art. 798 da CLT, que diz:

Art. 798 - A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele
dependam ou sejam consequência.
Segundo o princípio da utilidade, devem-se aproveitar ao máximo os atos processuais
posteriores, desde que estes não sofram reflexos da nulidade decretada judicialmente. Desse modo,

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os atos válidos anteriores à decretação de nulidade não são alcançados, nem aqueles que dela
sejam independentes.

PRINCÍPIO DO INTERESSE

De acordo com Carlos Henrique Bezerra, a parte tem o direito de demonstrar manifesto
prejuízo ao seu direito de demandar em juízo, mas somente estará autorizada a arguir a nulidade
do ato somente se, não concorreu direta ou indiretamente para a ocorrência da irregularidade.

Trata-se, pois, do princípio do interesse, que está previsto no art. 796, b, da CLT, segundo
o qual:

Art. 796 - A nulidade não será pronunciada:


b) quando arguida por quem lhe tiver dado causa.

Significa, portanto, que quem causou a nulidade processual não pode argui-la
posteriormente.

Destarte, o princípio do interesse constitui postulado ético do processo e corolário do


princípio da boa-fé, o qual não admite que alguém obtenha vantagem valendo-se de sua própria
torpeza. Dito de outro modo, nenhum participante do processo poderá postular decretação de sua
invalidade se ele mesmo lhe deu causa, pois, ao praticar o ato viciado, a parte vê logicamente
preclusa a possibilidade de alegar vício a que deu causa (preclusão lógica).

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PROCEDIMENTOS TRABALHISTAS

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Não se confundem, do ponto de vista conceitual, ação, processo e procedimento. Sendo


assim, importante verificar em que consiste cada um deles:

1) Ação: direito constitucional de procurar o Poder Judiciário sempre que haja lesão ou
ameaça de lesão a um direito.

2) Processo: é o instrumento pelo qual se tem acesso ao Poder Judiciário, materializando,


portanto, o direito constitucional de ação. Segundo Carlos Henrique Bezerra, o processo
constitui um conjunto de atos processuais que vão se sucedendo de forma coordenada
dentro da relação processual, até atingir a coisa julgada.

3) Procedimento: é a forma, o modo, a maneira como os atos processuais vão se


projetando e se desenvolvendo dentro da relação jurídica processual.

2. TIPOS DE PROCEDIMENTO NO PROCESSO DO TRABALHO

No Processo do Trabalho de conhecimento, há 2 tipos de procedimentos:

1) Procedimento comum, que se subdivide em ordinário, sumário e sumaríssimo;

2) Procedimento especial, que é adotado para as ações especiais previstas na própria


CLT, como o inquérito judicial para apuração de falta grave, o dissídio coletivo e a ação
de cumprimento.

No que tange ao procedimento comum, insta salientar que apesar de cada uma de suas
subdivisões possuir especificidades que serão aprofundadas posteriormente, a forma mais utilizada
de distingui-las é por meio do valor da causa, ocorrendo da seguinte maneira:

1) Rito sumário ou de alçada: até 2 salários-mínimos.

2) Rito sumaríssimo: superior a 2 e inferior a 40 salários-mínimos.

3) Rito ordinário: acima de 40 salários-mínimos.

Passa-se, então, a discorrer acerca do procedimento comum ordinário, que é o mais usual
no âmbito do Processo do Trabalho.

3. RITO ORDINÁRIO

PETIÇÃO INICIAL

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A petição inicial é o veículo, o meio, o instrumento pelo qual o autor exerce o direito
fundamental de acesso à justiça. Trata-se, pois, do ato processual mais importante para o exercício
desse direito. Nesse sentido, a petição inicial é pressuposto processual de existência da própria
relação jurídica que se formará em juízo.

Diferentemente do Processo Civil (CPC, art. 319), a CLT (art. 840) não utiliza o termo “petição
inicial”. Na verdade, o texto consolidado confunde petição inicial com “reclamação”, sendo que esta
é apenas o nomen iuris atribuído à ação trabalhista.

Transplantando a norma inscrita no art. 839 da CLT para a linguagem da ciência processual,
pode-se dizer que a petição inicial da ação trabalhista pode ser formulada:

1) Pelos sujeitos da relação de emprego, isto é, pelos empregados e empregadores ou pelos


trabalhadores avulsos por equiparação constitucional, pessoalmente (jus postulandi), ou
por seus representantes;

2) Pelos sindicatos, em defesa dos interesses ou direitos coletivos ou individuais da


categoria que representam;

3) Pelo Ministério Público do Trabalho, nos casos previstos em lei.

Com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho (CF, art. 114, com nova redação
dada pela EC 45/2004), a petição inicial no Processo do Trabalho também poderá ser apresentada:

1) Por outros titulares da relação de trabalho, como os trabalhadores autônomos, eventuais,


voluntários, estagiários e os tomadores dos seus serviços;

2) Pela união, na hipótese de ação de cobrança das multas impostas aos empregadores
pela SRT (superintendência regional do trabalho);

3) Pelos sindicatos, nas hipóteses de lides intersindicais ou entre eles e seus representados
ou filiados;

4) Pelos empregadores ou tomadores de serviços, quando sujeitos de uma relação de


emprego ou de trabalho, respectivamente.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Dourados - Procurador - IBFC - 2022): A petição inicial
trabalhista é o instrumento de que se vale o reclamante para invocar a
prestação jurisdicional do Estado, é o ato processual com que se inicia a ação
trabalhista e que delimita o objeto da lide, especificando os fatos e os
fundamentos jurídicos do pedido. Correto.

O art. 840 da CLT diz que a petição inicial poderá ser escrita ou verbal.

a) Reclamação trabalhista verbal

Na hipótese de intentar uma reclamação trabalhista verbal, o requerente deve comparecer


na Secretaria da Vara (quando for Vara única) ou no Setor de Distribuição (quando houver mais de
uma Vara).

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Após informar a intenção de litigar, há a distribuição da ação. A partir deste momento, nasce
um prazo de 5 dias (que pode ser dilatado pelo Juiz na hipótese de força maior) para o reclamante
comparecer à Secretaria da Vara para narrar os fatos, conforme determina o art. 786 da CLT:

Art. 786 - A reclamação verbal será distribuída antes de sua redução a termo.
Parágrafo único - Distribuída a reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo
motivo de força maior, apresentar-se no prazo de 5 (cinco) dias, ao cartório
ou à secretaria, para reduzi-la a termo, sob a pena estabelecida no art. 731.

Caso o reclamante não se apresente, ocorrerá o arquivamento da reclamação e ele sofrerá


a penalidade de suspensão do direito de ação pelo prazo de 6 meses, nos termos do art. 731
da CLT:

Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal,


não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à
Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda,
pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do
Trabalho.

Trata-se da denominada perempção trabalhista ou temporária.

Obs.: o arquivamento da petição inicial se refere à extinção do


processo sem resolução do mérito.

Cumprida a pena de perda pelo prazo de 6 meses do direito de reclamar perante a Justiça
do Trabalho, uma vez que houve extinção do processo sem resolução do mérito, o reclamante
poderá ingressar novamente com a reclamação trabalhista, seja de forma verbal ou escrita.

Frisa-se, por fim, que na hipótese de comparecimento do reclamante, será feita a redução da
petição inicial a termo (termo de reclamação), em 2 vias datadas e assinadas pelo Diretor de
Secretaria ou escrivão. Salienta-se, ainda, que petição inicial verbal deve observar, no que couber,
os requisitos exigidos para a petição inicial escrita (CLT, art. 840, § 2º).

b) Reclamação trabalhista escrita

Dispõe o § 1º do art. 840 da CLT que:

Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

§ 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do juízo, a


qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que resulte o
dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de
seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou de seu representante.
Da leitura do dispositivo normativo acima exposto, pode-se concluir que NÃO se exige a
fundamentação jurídica prevista no art. 319 do CPC. Entende-se que houve o silêncio eloquente
com a Reforma Trabalhista de 2017, que optou por exigir somente a fundamentação fática.

Isto posto, importante vislumbrar 2 teorias que implicam na necessidade (ou não) da
fundamentação jurídica na petição inicial:

1) Teoria da individuação da causa de pedir: a causa de pedir é pautada apenas em um


fundamento.

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 53


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2) Teoria da substanciação da causa de pedir: exige 2 fundamentos, o fato e o direito. É
a teoria adotada no CPC.

No Direito Processual do Trabalho, considerando a informalidade, a simplicidade e,


sobretudo, o jus postulandi, adota-se da teoria da individuação da causa de pedir, bastando
apenas a fundamentação fática na petição inicial trabalhista.

Outrossim, os pedidos devem ter indicação do seu valor. De acordo com a IN 41/18 do TST,
que regulamenta a Reforma Trabalhista, os pedidos poderão conter uma indicação aproximada de
valor:

Art. 12, § 2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da
causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts.
291 a 293 do Código de Processo Civil.

Ressalta-se, no entanto, que no Rito Ordinário, a ausência de indicação do valor implica na


extinção do pedido:

Art. 840, § 3º Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1º deste artigo


serão julgados extintos sem resolução do mérito.

Sobre o tema, importante verificar, ainda, que a IN 39/16 do TST, que trata sobre a aplicação
do CPC ao Processo do Trabalho, define que o art. 292, inciso V do CPC é aplicável à Justiça do
Trabalho:

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e


será:
V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor
pretendido.

Exige-se, pois, a quantificação do dano moral, uma vez que é dever da parte indicar o valor
do dano moral.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-4 - Analista Judiciário - FCC - 2022): De acordo com o que prevê a
Consolidação das Leis do Trabalho, e com base na interpretação conferida
pelo Tribunal Superior do Trabalho à Lei nº 13.467/2017, a chamada Reforma
Trabalhista, não há a necessidade de atribuição de valor certo a cada pedido
realizado na petição inicial do Processo do Trabalho, eis que se admite a
atribuição de valor estimado para o pedido, aplicando-se o Código de
Processo Civil, no que couber, na matéria pertinente. Correto.

Por outro lado, não é necessário o requerimento de provas em sede de petição inicial
trabalhista, uma vez que a CLT dispõe que as partes apresentarão suas provas na audiência,
conforme prelecionam os arts. 825 e 845:

Art. 825 - As testemunhas comparecerão a audiência independentemente


de notificação ou intimação.

Art. 845 - O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência


acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião,
as demais provas.

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Por fim, importante evidenciar que não é necessário ao reclamante falar sobre o interesse na
audiência de conciliação, eis que se trata de uma consequência do procedimento. Nesse liame,
salienta-se que o art. 2º, inciso IV da IN 39/16 do TST prevê que o art. 334 do CPC (audiência de
conciliação ou de mediação) NÃO se aplica ao Processo do Trabalho.

No Rito Ordinário, protocolizada a petição inicial, de acordo com o art. 841 da CLT, a
Secretaria da Vara irá, no prazo de 48h, expedir a(s) notificação(ões) na forma indicada por lei:

Art. 841 - Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário,


dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou
do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à
audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5
(cinco) dias.

Obs.: o nome técnico no Processo do Trabalho é notificação, e não


citação como ocorre no Processo Civil.

A notificação ao reclamado pode ser:

Art. 841, § 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o


reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-
se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o
expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
§ 2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou
na forma do parágrafo anterior.

1) Postal: sendo postal, a notificação poderá ser recebida por qualquer pessoa ou preposto
responsável pelo recebimento da correspondência.

Sobre a notificação postal, importante verificar o disposto na Súmula 16 do TST:

Súmula 16 do TST: Presume-se recebida a notificação 48 (quarenta e oito)


horas depois de sua postagem. O seu não-recebimento ou a entrega após o
decurso desse prazo constitui ônus de prova do destinatário.

Frisa-se que se trata de uma presunção relativa, admitindo-se prova em contrário.

2) Através de oficial de justiça

3) Por edital: inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta,
afixado na sede da Junta ou Juízo.

Recebida a notificação e sendo o caso, haverá um prazo de 5 dias para que o reclamado
(querendo ou cabendo) apresente exceção de incompetência (que será abordada posteriormente)
em peça própria.

Apresentada a exceção de incompetência, há 2 consequências:

1) A suspensão do processo;

2) Desmarcação da audiência.

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 55


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Em seguida, os autos irão conclusos ao Juiz. Nesse momento, o Magistrado pode optar por:

1) Rejeitar liminarmente a exceção; ou

2) Determinar a notificação da parte contrária, para que no prazo de 5 dias apresente a sua
manifestação à exceção.

Caso o reclamante tenha optado por apresentar manifestação à exceção, após a sua
manifestação, deve-se observar se há ou não necessidade de audiência.

Havendo a audiência, é facultada a oitiva do réu no Juízo que ele declarou competente, o
que deverá ser feito por carta precatória inquiritória.

Depois da audiência, haverá a decisão de exceção, que é uma decisão interlocutória. Ela
será recorrível, de imediato, na forma da Súmula 214, c, do TST:

SÚMULA Nº 214 - DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE.


Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões
interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT. Res.
127/2005, DJ 14, 15 e 16.03.2005

Após isso, o processo retomará o seu curso, deixando a garantia da apresentação da defesa
no Juízo competente.

AUDIÊNCIA

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-3 - Técnico Judiciário - FUMARC - 2022): A audiência inicial
trabalhista é aquela em que há tentativa de conciliação e o recebimento da
defesa, com o agendamento de audiência de instrução, se for o caso. Correto.

3.2.1. Características da audiência trabalhista

1) A audiência deve ser marcada observado o interstício mínimo de 5 dias (não há interstício
máximo);

Obs.: o prazo de apresentação da defesa no Processo do Trabalho é


ATÉ a primeira audiência após a notificação do reclamado.

2) A audiência pode ser adiada em virtude de qualquer motivo que evidencie a necessidade
de adiamento;

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-3 - Analista Judiciário - FUMARC - 2022): A audiência de julgamento
será contínua, mas, se não for possível, por motivo de força maior, concluí-la
no mesmo dia, o juiz ou presidente marcará a sua continuação para a primeira
desimpedida, independentemente de nova notificação. Correto.

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 56


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(TRT-3 - Analista Judiciário - FUMARC - 2022): Ocorrendo motivo


relevante, poderá o juiz suspender o julgamento, designando nova audiência.
Correto.

3) A audiência será realizada entre 8h e 18h de dias úteis;

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Senado Federal - Advogado - FGV - 2022): Numa terça-feira, dia útil, um
oficial de justiça compareceu às 20h na residência de um reclamado, visando
a intimá-lo a comparecer a uma audiência trabalhista designada para a sexta-
feira da semana seguinte, dia útil, às 7h30min, a ocorrer na sede do juízo.
Considerando os fatos narrados e a previsão contida na CLT, a audiência não
poderia ser designada para as 7h30min, mas o ato praticado pelo oficial de
justiça poderia ocorrer às 20h. Correto.

4) Após 5 horas consecutivas de pauta, o Juiz PODE suspender e adiar a audiência em


curso e todas aquelas ainda não realizadas;

5) Quanto ao local, as audiências (ou sessões) são públicas e realizadas na sede do Juízo
(ou Tribunal). Todavia, em casos especiais, poderá ser designado outro local para a
realização das audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo do Tribunal, com a
antecedência mínima de 24 horas;

6) Após 15 minutos do horário designado para a pauta de audiência, se o Juiz não se


apresentar, as partes poderão se ausentar junto com seus advogados sem sofrer
qualquer penalidade;

Sobre tal característica, é mister salientar que o art. 2º, inciso VI da IN 39/16 do TST
determina que NÃO se aplica ao Processo do Trabalho o art. 362, inciso III do CPC, que dispõe que
a audiência poderá ser adiada por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 minutos
do horário marcado.

Ademais, ressalta-se que a tolerância de 15 minutos é para o Juiz. NÃO há qualquer


tolerância para o atraso de parte ou de advogado, nos termos da OJ 245 da SDI-1:

245. REVELIA. ATRASO. AUDIÊNCIA (inserida em 20.06.2001). Inexiste


previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte
na audiência.

7) Segundo o disposto no art. 814 da CLT, às audiências deverão estar presentes,


comparecendo com a necessária antecedência, os escrivães ou os chefes de Secretaria
(atualmente, Diretores de Secretaria). Esta norma tem por destinatários os servidores
encarregados da parte burocrática da audiência.

Significa, portanto, que a presença obrigatória na audiência é do Juiz e do servidor, de modo


que a audiência ocorrerá normalmente sem a presença das partes e/ou seus advogados.

3.2.2. Presença das partes em audiência

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 57


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O art. 843 da CLT exige que na audiência de julgamento deverão estar presentes o
reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes, salvo
nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão
fazer-se representar pelo sindicato de sua categoria.

No Processo do Trabalho, portanto, é obrigatória a presença das partes em todas as


audiências na primeira instância, isto é, nas Varas do Trabalho.

a) Presença do reclamante

O empregado se faz presente de forma pessoal. No entanto, também pode se fazer presente
na forma prevista pelo art. 843, § 2º da CLT:

Art. 843 - Na audiência de julgamento deverão estar presentes o


reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus
representantes salvo, nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de
Cumprimento, quando os empregados poderão fazer-se representar pelo
Sindicato de sua categoria.
§ 2º Se por doença ou qualquer outro motivo poderoso, devidamente
comprovado, não for possível ao empregado comparecer pessoalmente,
poderá fazer-se representar por outro empregado que pertença à mesma
profissão, ou pelo seu sindicato.

Em que pese o § 2º utilize o verbo “representar”, na hipótese de não ser possível ao


empregado comparecer pessoalmente, o outro empregado que pertença à mesma profissão
comparece na para audiência exclusivamente para:

1) Justificar a ausência do empregado;

2) Provocar o adiamento da audiência;

3) Evitar a aplicação de penalidade por ausência.

Desse modo, tal empregado não pode transigir, depor, confessar, receber, renunciar, dar
quitação, de modo que comparece à audiência para exercer apenas as 3 funções acima
estabelecidas.

Salienta-se, por fim, que o “motivo poderoso” que pode ensejar a ausência do empegado
constitui um conceito jurídico indeterminado, devendo ser avaliado pelo Juiz mediante
comprovação.

b) Presença do reclamado

Com relação à presença do empregador, insta evidenciar, a priori, aqueles que poderão ser
representados em Juízo:

Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:


I - a União, pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão
vinculado;
II - o Estado e o Distrito Federal, por seus procuradores;
III - o Município, por seu prefeito, procurador ou Associação de
Representação de Municípios, quando expressamente autorizada;

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 58


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IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente
federado designar;
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos
designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados
sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração
de seus bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou
administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.

Acerca da representação processual do procurador da União, Estados, Municípios e Distrito


Federal, suas autarquias e fundações públicas, importante verificar o disposto na Súmula 436 do
TST:

SÚMULA N.º 436 - REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. PROCURADOR DA


UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL, SUAS
AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS. JUNTADA DE INSTRUMENTO
DE MANDATO. I - A União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas
autarquias e fundações públicas, quando representadas em juízo, ativa e
passivamente, por seus procuradores, estão dispensadas da juntada de
instrumento de mandato e de comprovação do ato de nomeação. II - Para
os efeitos do item anterior, é essencial que o signatário ao menos declare-
se exercente do cargo de procurador, não bastando a indicação do
número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil. Res. 185/2012,
DEJT divulgado em 25-9-2012.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Câmara de Orlândia - Procurador - VUNESP - 2022): Tratando-se a parte
reclamada de pessoa jurídica de direito público, não estará sujeita à revelia
em caso de não comparecimento à audiência. Errado.

A forma de o empregador se fazer presente na audiência está disposta nos §§ 1º e 3º do art.


843 da CLT:

Art. 843, § 1º É facultado ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou


qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas
declarações obrigarão o proponente.
§ 3º O preposto a que se refere o § 1º deste artigo não precisa ser
empregado da parte reclamada.

Sobre a desnecessidade de que o preposto seja empregado do reclamado, bastando apenas


que tenha conhecimento dos fatos, insta evidenciar o que dispõe o art. 12, § 3º, da IN 41/18 do TST:

Art. 12, § 3º Nos termos do art. 843, § 3º, e do art. 844, § 5º, da CLT, não se
admite a cumulação das condições de advogado e preposto.

Dessa forma, se o reclamado que não comparecer à audiência inaugural será revel, já que
seu advogado não pode cumular a função de preposto, mas a confissão será confrontada com a

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 59


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contestação e os documentos eventualmente apresentados, eis que de acordo com o § 5º do art.
844 da CLT, ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a
contestação e os documentos eventualmente apresentados.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-3 - Analista Judiciário - FUMARC - 2022): É facultado ao empregador
fazer-se substituir pelo gerente, ou qualquer outro preposto que tenha
conhecimento do fato, e cujas declarações obrigarão o proponente. Correto.

3.2.3. Ausência das partes em audiência

a) Ausência do reclamante

Determina o art. 844 que a ausência do reclamante na audiência (trabalhador ou


empregador) ocasiona:

Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o


arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado
importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.
§ 1º Ocorrendo motivo relevante, poderá o juiz suspender o julgamento,
designando nova audiência.
§ 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao
pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação,
ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo
de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente
justificável.
§ 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2º é condição para a
propositura de nova demanda.

Ante o exposto, a ausência do reclamante importa no arquivamento dos autos, isto é, na


extinção do processo sem resolução do mérito e na condenação do autor ao pagamento das custas
processuais, ainda que beneficiário da justiça gratuita.

Apesar de o § 2º do art. 844 dispor que caso a ausência tenha ocorrido por motivo justificável,
ocasião que o reclamante não será condenado ao pagamento das custas processuais, o processo
não será desarquivado, tendo em vista a sua extinção sem resolução do mérito.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-PA - Procurador - CESPE - 2022): Determinado empregado ajuizou,
no início do ano corrente, reclamação trabalhista, obteve os benefícios da
justiça gratuita, mas deixou de comparecer à audiência de instrução, sem
motivo legalmente justificável. A reclamação foi arquivada, e o reclamante,
condenado ao pagamento das custas processuais. A partir dessa situação
hipotética, o reclamante não poderá propor nova demanda caso não recolha
as custas decorrentes do arquivamento da reclamação. Correto.

Salienta-se que se o reclamante der causa 2 vezes seguidas ao arquivamento em virtude


da ausência na audiência inaugural, ele ficará 6 meses sem poder litigar perante a Justiça do
Trabalho, nos termos do art. 732 da CLT:

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Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal,
não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à
Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda,
pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do
Trabalho.

Art. 732 - Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o reclamante que,


por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao arquivamento de que trata o
art. 844.

Obs.: apesar de a pena ser a mesma, a aplicação da penalidade


prevista nos arts. 731 e 732 da CLT se dá diante de situações diversas.
O art. 731 se refere à petição inicial trabalhista verbal, ocasião na qual
o reclamante não comparece no prazo de 5 dias para narrar os fatos.
O art. 732, por sua vez, se refere ao não comparecimento do
reclamante à audiência inaugural.

Ressalta-se, a priori, que a pena de 6 meses é para a mesma reclamação trabalhista. Sendo
assim, o reclamante pode ingressar com outra reclamação diversa.

É importante verificar o que acontece caso ocorra um 3º arquivamento por conta do não
comparecimento do reclamante à audiência. Para tanto, há 3 correntes:

1) A corrente minoritária afirma que não há nenhuma penalidade, uma vez que a CLT prevê
apenas em caso de ausência do reclamante à audiência por 2 vezes seguidas.

2) A corrente mais aplicada traz a ideia de que a pena de suspensão do direito de ação por
6 meses não é do duplo arquivamento, mas dos múltiplos arquivamentos. Logo, a partir
da 2ª vez que o reclamante não comparecer à audiência, não poderá litigar por 6 meses,
prazo esse que se iniciará a cada vez que o reclamante se ausentar.

3) A terceira corrente que, apesar de ser aplicada, é menos usual, defende que a CLT
trouxe somente a pena pelo duplo arquivamento, não tratando da pena nos demais
casos, de maneira que no triplo arquivamento, deve ser aplicada a perempção do
Processo Civil, com base nos seguintes termos:

Art. 486, § 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada
em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o
mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar
em defesa o seu direito.

Por fim, evidencia-se que o § 3º do art. 11 da CLT preleciona que a interrupção da


prescrição somente ocorrerá uma vez pelo ajuizamento de reclamação trabalhista, mesmo que
em Juízo incompetente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do mérito, produzindo efeitos
apenas em relação aos pedidos idênticos. Significa, portanto, que o somente a primeira
reclamação proposta vai interromper a prescrição, apenas interrompendo quanto a pedidos
idênticos. Quanto aos pedidos não feitos, a prescrição vai seguir correndo.

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Como o tema foi cobrado em concurso?
(TRT-14 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Na audiência inicial designada
na reclamação trabalhista movida por Davi em face de Fábrica de Tecidos
São João Ltda., o autor deixou de comparecer, estando presente seu
advogado. A Juíza do Trabalho determinou o arquivamento da reclamação,
condenando o reclamante ao pagamento das custas processuais, calculadas
em 2% do valor dado à causa. Nesse ato, seu advogado reiterou o pedido de
concessão dos benefícios da justiça gratuita, formulado na petição inicial e
instruído com declaração do autor de hipossuficiência, o que restou deferido
pela Magistrada. De acordo com a CLT, Davi terá o prazo de quinze dias para
comprovar o motivo legalmente justificável de sua ausência, quando então
ficará isento do pagamento das custas processuais por ter dado causa ao
arquivamento da reclamação. Correto.

b) Ausência do reclamado

Determina o caput do art. 844 da CLT que:

Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o


arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado
importa revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

Isto posto, aplica-se a revelia acrescida da pena de confissão ficta/presumida sobre a


matéria de fato, uma vez que não existe confissão de matéria de direito.

No Processo Civil, o ato que implica revelia é a não apresentação de defesa. Já no Processo
do Trabalho, é a ausência do reclamando na audiência (desde que devidamente notificado).
Portanto, na Justiça do Trabalho, a revelia não possui relação direta com o ânimo de defesa.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-22 - Analista Judiciário - FCC - 2022): O Sr. Firmino está indo para a
audiência da reclamação trabalhista movida por sua ex-empregada
doméstica, Solange. Seu advogado avisou que já foram protocolados a
contestação, a procuração ad-judicia e os documentos, eletronicamente.
Apregoadas as partes, o advogado do Sr. Firmino não chegou a tempo e ele
ingressou sozinho na sala de audiências, com a reclamante e sua advogada.
Nessa oportunidade, ante a intenção das partes em não se conciliarem, o juiz
informa ao reclamado que a contestação não foi juntada, somente a
procuração de seu advogado. Nessa situação hipotética, nos termos da CLT,
poderá o reclamado fazer sua defesa oralmente, em 20 minutos. Correto.

Importante evidenciar, em sequência, que a Súmula 122 do TST preleciona que ainda que
presente advogado munido de procuração e defesa, se o reclamado estiver ausente, ele será
considerado revel, aplicando-se a pena de confissão:

REVELIA. ATESTADO MÉDICO. A reclamada, ausente à audiência em que


deveria apresentar defesa, é revel, ainda que presente seu advogado
munido de procuração, podendo ser ilidida a revelia mediante a
apresentação de atestado médico, que deverá declarar, expressamente,
a impossibilidade de locomoção do empregador ou do seu preposto no
dia da audiência. Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.

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No entanto, conforme apontado anteriormente, deve ser aceita a defesa e os documentos
apresentados, nos termos do art. 844, § 5º da CLT:

Art. 844, § 5º Ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na


audiência, serão aceitos a contestação e os documentos eventualmente
apresentados.

Ressalta-se, ainda, que para a elisão/afastamento/retirada da revelia, é necessária a


apresentação de atestado médico que comprove expressamente a impossibilidade de
locomoção à audiência, conforme disposto na parte final da Súmula 122 do TST.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-13 - Analista Judiciário - FGV - 2022): Eduarda ajuizou reclamação
trabalhista contra o seu empregador, que foi distribuída para a 5ª Vara do
Trabalho de Itaporanga/PB. A juíza titular designou audiência telepresencial.
No dia e hora marcados, Eduarda compareceu com seu advogado, a
empresa restou ausente, mas o advogado da reclamada estava presente,
informando que no dia anterior havia protocolizado pelo Processo Judicial
Eletrônico (PJe) sua defesa com documentos. O advogado de Eduarda
requereu a aplicação da revelia e confissão, bem como a exclusão imediata
da defesa e documentos apresentados. Nesse caso, deverão ser aceitos a
contestação e os documentos apresentados. Correto.

A revelia não se confunde com os efeitos da própria revelia. Desse modo, é possível que a
parte seja revel sem, necessariamente, sofrer os seus efeitos.

Isto posto, é necessário verificar quais são os efeitos da revelia:

1) Confissão ficta sobre a matéria de fato

O principal efeito da revelia incide sobre a prova, uma vez que, se o réu não contestar a ação,
serão considerados verdadeiros os fatos alegados pelo autor na petição inicial, dispensando-se a
produção de outras provas sobre tais fatos. Se a matéria for de direito, no entanto, não há falar em
confissão ficta.

Todavia, sendo ficta, é uma confissão relativa, admitindo prova em contrário.

Ademais, o réu será revel, mas não será confesso se:

A REVELIA NÃO PRODUZ OS EFEITOS SE:


Art. 345 do CPC § 4º do art. 844 da CLT
I - havendo pluralidade de réus, algum I - havendo pluralidade de reclamados,
deles contestar a ação; algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos II - o litígio versar sobre direitos
indisponíveis; indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver III - a petição inicial não estiver
acompanhada de instrumento que a lei acompanhada de instrumento que a lei
considere indispensável à prova do ato; considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas IV - as alegações de fato formuladas
pelo autor forem inverossímeis ou estiverem pelo reclamante forem inverossímeis ou

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em contradição com prova constante dos estiverem em contradição com prova constante
autos. dos autos.

Com relação ao inciso I, havendo litisconsórcio unitário, a defesa de um réu aproveita a


do outro.

Referente ao inciso III, o réu revel não será confesso sempre que a petição inicial estiver
desacompanhada de documento essencial à prova do fato. Ex.: reclamante que pleiteava
estabilidade de gestante e não apresentou nenhuma prova da gravidez ou do nascimento da
criança.

O inciso IV, por fim, se refere a alegações notadamente inverídicas. Ex.: trabalhador que
alega que trabalhava 24 horas por dia todos os dias.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Câmara de Orlândia - Procurador - VUNESP - 2022): A vedação à
produção de prova posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não
afetando o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o
processo. Correto.

(TRT-22 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): Sendo a audiência trabalhista


um momento relevante para o processo, as partes deverão nela estar
presentes. Assim, de acordo com a CLT e jurisprudência sumulada do TST,
a revelia produz efeitos mesmo se, havendo pluralidade de reclamados,
algum deles contestar a ação. Errado.

2) Possibilidade de julgamento antecipado do mérito

Não será necessária uma dilação probatória vasta, uma vez que houve a confissão ficta.

Importante ressaltar, todavia, que o art. 195 da CLT traz uma observação com relação aos
adicionais de insalubridade ou periculosidade:

Art. 195, § 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por


empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz
designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver,
requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho.

Neste caso, ainda que o reclamado seja revel, será necessária a perícia para verificação da
insalubridade ou periculosidade, não cabendo o julgamento antecipado do mérito. Há, contudo, 2
exceções:

a) OJ 278, SDI-1 do TST:

A realização de perícia é obrigatória para a verificação de insalubridade.


Quando não for possível sua realização, como em caso de fechamento
da empresa, poderá o julgador utilizar-se de outros meios de prova.

b) Súmula 453 do TST:

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. PAGAMENTO ESPONTÂNEO.


CARACTERIZAÇÃO DE FATO INCONTROVERSO. DESNECESSÁRIA A

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PERÍCIA DE QUE TRATA O ART. 195 DA CLT. (conversão da Orientação
Jurisprudencial nº 406 da SBDI-1). O pagamento de adicional de
periculosidade efetuado por mera liberalidade da empresa, ainda que de
forma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior
ao máximo legalmente previsto, dispensa a realização da prova técnica
exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do
trabalho em condições perigosas. DJ-E em 21-5-2014.

3) Fluência dos prazos independentemente da notificação do revel

Tal efeito NÃO se aplica em 2 hipóteses:

a) O advogado do réu revel deverá ser intimado de todos os atos do processo.

O art. 346 do CPC dispõe que:

Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da
data de publicação do ato decisório no órgão oficial.

Prestigiou-se, assim, o papel do advogado constituído pelo revel, o qual deverá ser intimado
dos atos processuais.

b) O réu revel, ainda que não tenha advogado constituído nos autos, deverá ser notificado
da sentença:

Art. 852 - Da decisão serão os litigantes notificados, pessoalmente, ou por


seu representante, na própria audiência. No caso de revelia, a notificação
far-se-á pela forma estabelecida no § 1º do art. 841.

Ainda sobre a revelia, importante trazer à tona 2 observações:

1) O parágrafo único do art. 346 do CPC – aplicável ao Processo do Trabalho – determina


que o revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que
se encontrar.

2) A Súmula 398 do TST estabelece que a revelia não produz confissão na ação rescisória,
nos termos abaixo expostos:

SÚMULA Nº 398 - AÇÃO RESCISÓRIA. AUSÊNCIA DE DEFESA.


INAPLICÁVEIS OS EFEITOS DA REVELIA. Na ação rescisória, o que se
ataca na ação é a sentença, ato oficial do Estado, acobertado pelo manto da
coisa julgada. Assim sendo, e considerando que a coisa julgada envolve
questão de ordem pública, a revelia não produz confissão na ação
rescisória. Res. 137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(MPT - Procurador do Trabalho - MPT - 2022): A parte revel na ação
rescisória não tem contra si produzidos os efeitos da confissão em razão da
coisa julgada envolver questão de ordem pública. Correto.

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3.2.4. Conciliação

Presentes as partes na audiência, o Juiz irá fazer a primeira Proposta Obrigatória de


Conciliação (POC), nos termos do art. 846 da CLT:

Art. 846 - Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.

O entendimento predominante é no sentido de que se a POC não for proposta e tal


inobservância não tiver ocasionado algum prejuízo para as partes ou for possível suprir-se a falta
ou repetir-se o ato, não há nulidade. Nesse sentido, segue posicionamento jurisprudencial adotado
pelo TST:

A ausência de renovação da proposta conciliatória, por si só, não gera


nulidade processual, porquanto de tal procedimento não decorre, em
princípio, nenhum prejuízo às partes, visto que a liberdade das partes para
pôr fim ao processo por meio da autocomposição não se extingue com o
procedimento conciliatório, consoante dispõe o art. 763, § 3º, da CLT (...).
(TST-AIRR 4731220115050462, Rel. Des. Conv. Marcelo Lamego Pertence,
1ª T., DEJT 22-3-2016).

Entretanto, a nulidade somente poderá ser declarada se a parte manifestar seu


inconformismo na própria audiência ou na primeira vez que teve oportunidade de se manifestar nos
autos. Nesse sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. NULIDADE


PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE RENOVAÇÃO DA PROPOSTA DE
CONCILIAÇÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO. DECISÃO DENEGATÓRIA.
MANUTENÇÃO. Dada oportunidade às partes para apresentar razões finais,
incumbia a qualquer uma delas arguir a nulidade processual em questão por
meio de suas razões finais, consoante o que estabelece o art. 795 da CLT.
Se assim não o fez, restou preclusa a oportunidade de fazê-lo. Portanto, não
há como assegurar o processamento do recurso de revista quando o agravo
de instrumento interposto não desconstitui os fundamentos da decisão
denegatória, que, assim, subsiste por seus próprios fundamentos. Agravo de
instrumento desprovido. (TST-AIRR 10124020105050194, Rel. Min. Mauricio
Godinho Delgado, 3ª T., DEJT 6-6-2014).

Por outro lado, se o Juiz lograr êxito na sua proposta de conciliação, isto é, se houver acordo
entre os litigantes, será lavrado um termo assinado pelo Juiz Titular ou Substituto da Vara e pelas
partes.

Tal termo de conciliação, por ser irrecorrível, produz os mesmos efeitos de uma sentença.
Aliás, trata-se de uma sentença homologatória de transação entre as partes, porém irrecorrível, o
que levou o TST a editar a Súmula 259, dispondo que somente por ação rescisória é possível
desconstituir o referido termo de conciliação.

Sobre o tema, também é importante relembrar o disposto nas Súmulas 100 e 418 do TST:

V - O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na


forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em
julgado na data da sua homologação judicial. (ex-OJ 104/TST-SDI-II - DJ
29/04/2003).

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SÚMULA Nº 418 - MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À CONCESSÃO
DE LIMINAR OU HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO. A concessão de liminar
ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo
direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.

Obs.: na hipótese de ação de homologação de acordo extrajudicial,


em petição conjunta assinada por advogados distintos, a decisão que
nega a homologação é uma sentença, da qual caberá recurso
ordinário.

Importante ressaltar, ainda, que NÃO cabe homologação parcial do acordo.

No processo, em sede de conciliação, caso o juiz negue o acordo, significa que não houve
conciliação e o processo vai seguir. Nesse caso, trata-se de uma decisão interlocutória, razão pela
qual a única medida que a parte poderá adotar é o ajuizamento de uma reclamação correicional,
caso o Juiz tenha praticado o ato com abuso de direito ou visando tumultuar o processo.

Vale salientar que do termo de acordo devem constar o prazo, se for o caso, e as demais
condições para o seu cumprimento. É o que dizem os §§ 1º e 2º do art. 846 da CLT:

Art. 846, § 1º - Se houver acordo lavrar-se-á termo, assinado pelo presidente


e pelos litigantes, consignando-se o prazo e demais condições para seu
cumprimento.
§ 2º - Entre as condições a que se refere o parágrafo anterior, poderá ser
estabelecida a de ficar a parte que não cumprir o acordo obrigada a
satisfazer integralmente o pedido ou pagar uma indenização
convencionada, sem prejuízo do cumprimento do acordo.

Em caso de conciliação, como visto, a parte não poderá recorrer, mas o INSS sim. Para a
Previdência Social, a decisão que homologa o acordo NÃO possui força de decisão recorrível,
conforme dispõe o art. 831 da CLT, in verbis:

Art. 831, Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado
valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto
às contribuições que lhe forem devidas.

Logo, a União (sucessora do INSS) poderá interpor recurso ordinário relativamente às


contribuições previdenciárias que entender devidas, na fase de conhecimento/cognição e, na fase
de execução, pode interpor agravo de petição.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(UNICAMP - Professor - VUNESP - 2018): Na hipótese de conciliação
trabalhista, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, exceto
para a Previdência Social, que poderá interpor o recurso ordinário, por meio
da União, quanto às contribuições que lhe forem devidas, se a demanda
estiver na fase de conhecimento. Correto.

Outrossim, não havendo conciliação entre as próprias partes, deve-se dar continuidade ao
processo, nos termos estabelecidos pelo art. 847 da CLT:

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Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir
sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada
por ambas as partes.
Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema
de processo judicial eletrônico até a audiência.

Isto posto, não havendo acordo, isto é, frustrada a primeira proposta de conciliação, o
reclamado terá 20 minutos para apresentar a sua defesa, após a leitura da petição inicial, quando
esta não for dispensada por ambas as partes. Na prática, porém, a peça de defesa do reclamado é
escrita e entregue ao juiz que, incontinenti, entrega-a ao reclamante (ou seu representante), não
havendo leitura alguma das peças processuais.

Salienta-se que a peça de defesa poderá consistir em contestação ou reconvenção.

CONTESTAÇÃO

A contestação é uma das modalidades de resposta do réu pela qual ele exerce seu direito
fundamental de defesa em face da ação ajuizada pelo autor. Segundo Carlos Henrique Bezerra,
trata-se de ato processual pelo qual o réu se insurge, de todos os modos legalmente previstos e
moralmente aceitos, contra a pretensão deduzida pelo autor, na inicial.

A CLT não define a contestação, uma vez que emprega genericamente o vocábulo “defesa”.

Importante evidenciar que não se aplica ao Processo do Trabalho o prazo de 15 dias para a
contestação do réu (CPC, art. 335), pois o reclamado terá 20 minutos para aduzir sua defesa em
audiência, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.

Também é necessário relembrar que o § 3º do art. 841 da CLT dispõe que, depois de
oferecida a contestação, o reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da
ação.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-14 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): No bojo da reclamação
trabalhista movida por Sandra em face de Tecidos de Seda Ltda., na qual
atuou como vendedora durante 2 anos, na audiência UNA, tendo a reclamada
previamente apresentado defesa, a Juíza do Trabalho tentou a conciliação
entre as partes, o que restou infrutífera. Ao tomarem conhecimento da
contestação apresentada, a reclamante e seu advogado requereram a
desistência da reclamação trabalhista. Considerando a legislação vigente,
nesse caso, se a reclamada não concordar com a desistência formulada, a
Juíza não poderá homologá-la, porque a contestação já foi oferecida e a
desistência depende da concordância da reclamada. Correto.

Ocorre que no sistema do PJe (Processo Judicial Eletrônico), o parágrafo único do art. 847,
prevê que a parte poderá apresentar defesa escrita até a audiência. Nesse liame, a Resolução
CSJT 241/2020 dispõe, em seu art. 22, que:

Art. 22. A contestação ou a reconvenção e seus respectivos documentos


deverão ser protocolados no PJe até a realização da proposta de
conciliação infrutífera, com a utilização de equipamento próprio, sendo

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automaticamente juntados, facultada a apresentação de defesa oral, na
forma do art. 847, da CLT.

Ademais, a contestação pode ser dirigida contra o processo ou contra o mérito.

3.3.1. Contestação contra o processo

A contestação contra o processo, também conhecida por defesa processual ou


simplesmente objeção, está prevista no art. 337 do CPC, que, a nosso ver, é aplicável com algumas
adaptações ao processo do trabalho.

Aqui o réu limita-se a alegar que não estão satisfeitos os pressupostos processuais (CPC,
arts. 337, I, II, III, V, VI, VII e VIII, e 485, IV) ou as condições da ação (CPC, arts. 301, XI, e 485, VI).

Assim, compete ao reclamado, antes de discutir o mérito, isto é, antes de se insurgir contra
os fatos e o pedido constantes da petição inicial, alegar:

1) Inexistência ou nulidade da citação;

2) Incompetência absoluta e relativa (vide CLT, arts. 799, § 2º e 800);

3) Incorreção do valor da causa;

4) Inépcia da petição inicial;

5) Perempção;

6) Litispendência;

7) Coisa julgada;

8) Conexão;

9) Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

10) Convenção de arbitragem;

11) Ausência de legitimidade ou de interesse processual;

12) Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;

13) Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

3.3.2. Contestação contra o mérito

Na contestação indireta do mérito, também cognominada de “exceção substancial”, o réu


reconhece o fato constitutivo do direito do autor, mas opõe outro fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do pedido formulado na petição inicial.

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 69


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Fatos impeditivos são os que provocam a ineficácia dos fatos constitutivos alegados pelo
autor. Aqui o reclamado não ataca o direito alegado pelo autor, apenas opõe um fato que impede o
exercício daquele direito.

Ex. 1: o reclamante pede pagamento de aviso prévio, alegando ter sido despedido sem justa
causa, e o reclamado reconhece a despedida, mas alega que ela se deu em virtude de ato de
improbidade do reclamante.

Ex. 2: o reclamante pede equiparação salarial, apontando o paradigma, e o reclamado se


defende alegando e provando que a empresa possui quadro de carreira homologado pelo Ministério
do Trabalho e Emprego que assegura promoção alternada por antiguidade e merecimento, o que
impedirá a apreciação do fato constitutivo do direito à equiparação salarial.

Fatos modificativos são os que implicam alteração dos fatos constitutivos alegados pelo
autor. Nesse caso, o reclamado chega a reconhecer parcialmente o direito alegado pelo autor, mas
opõe um fato que altera a relação jurídica material alegada pelo reclamante.

Ex. 1: ao alegar que o reclamante era trabalhador autônomo e não empregado, o reclamado
atrai para si o ônus de provar o fato modificativo do direito do autor, qual seja, a existência de uma
relação jurídica de natureza autônoma diversa da relação empregatícia.

Ex. 2: o reclamante pede o pagamento de horas extras por ter trabalhado como bancário em
jornada superior a 6 horas diárias e o reclamado reconhece a jornada superior a 6 horas, mas alega
um fato modificativo no sentido de que o reclamante passou a ocupar cargo de gerente-geral da
agência durante o período vindicado na petição inicial.

Fatos extintivos, por fim, são os que eliminam, extinguem ou tornam sem valor a obrigação
assumida pelo réu, por não ser ela mais exigível. Ex.: o reclamante pede o pagamento de saldo de
salários, e o reclamado alega que efetuou o respectivo pagamento, tendo o ônus de provar o fato
extintivo do direito do autor (colacionar aos autos o correspondente comprovante de quitação).

A renúncia, a transação, a prescrição e a decadência são também fatos extintivos do direito


do autor. Além disso, para Carlos Henrique Bezerra, a compensação e a retenção, previstas
expressamente no art. 767 da CLT, são também modalidades de fatos extintivos do direito alegado
pelo autor:

Art. 767 - A compensação, ou retenção, só poderá ser arguida como


matéria de defesa.

Se o reclamado não alegar a compensação na contestação, não poderá fazê-lo em outra


oportunidade, uma vez que estará preclusa a matéria, nos termos da Súmula 48 do TST:

SÚMULA Nº 48 - COMPENSAÇÃO. A compensação só poderá ser arguida


com a contestação.

Na compensação, que é forma indireta de extinção das obrigações, 2 pessoas reúnem


reciprocamente as qualidades de credor e devedor. Assim, sempre que o reclamado entender que
é credor do reclamante poderá requerer ao juiz que a dívida do empregado possa ser compensada
com os eventuais créditos deste.

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 70


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A compensação, todavia, restringe-se à dívida de natureza trabalhista, como adiantamentos
salariais, aviso prévio, danos causados pelo empregado oriundos da relação empregatícia,
conforme dispõe a Súmula 18 do TST:

SÚMULA Nº 18 - COMPENSAÇÃO. A compensação, na Justiça do Trabalho,


está restrita a dívidas de natureza trabalhista.

A retenção, por fim, consiste no direito que o reclamado tem de reter alguma coisa do
reclamante até que este quite sua dívida em relação àquele. A retenção, tal como a compensação,
deve ser requerida pelo reclamado na contestação (CLT, art. 767), sob pena de preclusão.

EXCEÇÕES

Dispõe o art. 799 da CLT que:

Art. 799 - Nas causas da jurisdição da Justiça do Trabalho, somente podem


ser opostas, com suspensão do feito, as exceções de suspeição ou
incompetência.
§ 1º - As demais exceções serão alegadas como matéria de defesa.
§ 2º - Das decisões sobre exceções de suspeição e incompetência, salvo,
quanto a estas, se terminativas do feito, não caberá recurso, podendo, no
entanto, as partes alegá-las novamente no recurso que couber da
decisão final.

No Processo do Trabalho, de acordo com Carlos Henrique Bezerra, as exceções de


suspeição, não obstante suspendam o processo, devem ser apresentadas juntamente com a
contestação, isto é, na audiência para a qual fora notificado o reclamado.

Em outras palavras, os arts. 799 e 847 da CLT devem ser interpretados sistematicamente,
de maneira que, em homenagem ao princípio da concentração dos atos processuais, as exceções
de suspeição, a contestação e a reconvenção devem ser apresentadas na mesma audiência
inaugural (ou audiência una).

Como o tema foi cobrado em concurso?


(DOCAS - PB - Advogado - VUNESP - 2022): Das decisões sobre exceções
de suspeição e incompetência, salvo, quanto a estas, se terminativas do feito,
não caberá recurso, podendo, no entanto, as partes alegá-las novamente no
recurso que couber da decisão final. Correto.

3.4.1. Exceção de suspeição

A exceção de suspeição visa incompatibilizar o Juiz para o exercício da função jurisdicional


em determinado processo, a fim de evitar que ele aja com parcialidade em razão de por motivos
intrínsecos.

A suspeição constitui, pois, matéria de relevante interesse público, porque diz respeito à
imparcialidade do juiz e à credibilidade do próprio Poder Judiciário perante a sociedade.

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 71


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De acordo com o art. 801 da CLT, o Juiz, titular ou substituto, é obrigado a dar-se por
suspeito, e pode ser recusado, por alguns dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos
litigantes:

Art. 801, a) inimizade pessoal;


b) amizade íntima;
c) parentesco por consanguinidade ou afinidade até o terceiro grau civil;
d) interesse particular na causa.

Mesmo havendo suspeição do Juiz, o parágrafo único do art. 801 da CLT, todavia, considera
suprida a irregularidade se:

1) O recusante houver praticado algum ato pelo qual haja consentido na pessoa do Juiz,
não mais podendo alegar exceção de suspeição, salvo sobrevindo novo motivo;

2) Constar do processo que o recusante deixou de alegá-la anteriormente, quando já a


conhecia, ou que, depois de conhecida, aceitou o Juiz recusado ou, finalmente, se
procurou de propósito o motivo de que ela se originou.

O procedimento da exceção de suspeição está regulado no art. 802 e seus §§ 1º e 2º, da


CLT, in verbis:

Art. 802 - Apresentada a exceção de suspeição, o juiz ou Tribunal


designará audiência dentro de 48 (quarenta e oito) horas, para instrução
e julgamento da exceção.
§ 1º - Nas Juntas de Conciliação e Julgamento e nos Tribunais Regionais,
julgada procedente a exceção de suspeição, será logo convocado para
a mesma audiência ou sessão, ou para a seguinte, o suplente do membro
suspeito, o qual continuará a funcionar no feito até decisão final. Proceder-
se-á da mesma maneira quando algum dos membros se declarar suspeito.
§ 2º - Se se tratar de suspeição de Juiz de Direito, será este substituído na
forma da organização judiciária local.

3.4.2. Exceção de incompetência

Com o advento da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), houve alteração do procedimento


da exceção de incompetência territorial, pois o art. 800 da CLT passou a ter a seguinte redação:

Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de


cinco dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que
sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento
estabelecido neste artigo.
§ 1º Protocolada a petição, será suspenso o processo e não se realizará
a audiência a que se refere o art. 843 desta Consolidação até que se
decida a exceção.
§ 2º Os autos serão imediatamente conclusos ao juiz, que intimará o
reclamante e, se existentes, os litisconsortes, para manifestação no
prazo comum de cinco dias.
§ 3º Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará
audiência, garantindo o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem
ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver indicado como
competente.

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 72


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§ 4º Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará
seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de defesa e
a instrução processual perante o juízo competente.

No que tange à eficácia temporal do preceptivo em causa, o art. 11 da IN 41/18 do TST


dispõe que:

Art. 11. A exceção de incompetência territorial, disciplinada no art. 800 da


CLT, é imediatamente aplicável aos processos trabalhistas em curso,
desde que o recebimento da notificação seja posterior a 11 de novembro de
2017 (Lei n. 13.467/2017).

Se o reclamado não apresentar exceção de incompetência ou apresentá-la tardiamente


ocorrerá a preclusão e, consequentemente, o Juízo a quem fora endereçada a petição inicial será
o competente territorialmente para processar e julgar a demanda. Nesse sentido:

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL. PRAZO. PRECLUSÃO. O


art. 800 da CLT, com redação que lhe foi conferida pela Lei n. 13.467/17,
estabelece o prazo peremptório de 5 dias para a apresentação da exceção
de incompetência territorial, contados da citação. Ultrapassado esse
quinquídio, opera-se a preclusão temporal e prorroga-se a competência
da Vara perante a qual foi proposto o feito (TRT 3ª R., RO 0010096-
07.2019.5.03.0097, Rel. conv. Juíza Olivia Figueiredo Pinto Coelho, 10ª T.,
DEJT 30-5-2019).

Apresentada a exceção de incompetência territorial, os autos serão imediatamente


conclusos ao Juiz, devendo este determinar a imediata intimação do reclamante e, se existentes,
dos litisconsortes, para manifestação no prazo comum de até 5 dias úteis.

De acordo com Carlos Henrique Bezerra, o juiz poderá, de plano, rejeitar a exceção se sua
decisão estiver fundada em elementos constantes dos autos, inexistindo, nessa hipótese, qualquer
prejuízo ao reclamante, ao seu litisconsorte ou ao reclamado, desde que o Juiz tenha a cautela de
verificar a possibilidade de intimar as partes de sua decisão que rejeitar a exceção e observar o
prazo de 5 dias úteis entre a intimação da decisão e a realização da audiência.

Com efeito, o § 4º do art. 800 da CLT permite que o Juiz, se entender desnecessária a
produção de provas, rejeite, de plano, a exceção de incompetência territorial, caso em que o
processo continuará seu curso normal, com o aproveitamento da audiência já designada, se não
houver prejuízos para as partes.

Entretanto, se entender necessária a produção de prova oral (CLT, art. 800, § 3º), o Juízo
designará audiência, garantindo o direito de o reclamado e de suas testemunhas serem ouvidas,
por carta precatória, no Juízo que este houver indicado como competente. Nesse caso, o processo
ficará suspenso para instrução e prolação da decisão sobre o incidente processual provocado pelo
reclamado.

Insta salientar que a expressão “exceção de incompetência terminativa do feito”, disposta no


§ 2º do art. 799 da CLT, significa que, se o Juiz acolhê-la, deverá remeter os autos para outro órgão
jurisdicional diverso da Justiça do Trabalho. Significa, portanto, que a decisão que acolhe a
“exceção terminativa do feito”, embora interlocutória, implica a “terminação” (saída) do processo na
Justiça do Trabalho e sua remessa a outro ramo do Judiciário.

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De acordo com Carlos Henrique Bezerra, a decisão “terminativa do feito” concerne à
declaração judicial de incompetência absoluta, isto é, incompetência em razão da matéria, sendo
que a alegação de incompetência absoluta não deve ser objeto de exceção e, sim, de preliminar
apresentada na própria contestação. Tanto é assim que o art. 795, § 1º da CLT determina que a
incompetência de “foro” deverá ser declarada de ofício pelo juiz. Ora, se deve ser declarada de
ofício, salta aos olhos que se trata, in casu, de incompetência absoluta em razão da matéria.

Nesse liame, reitera-se que a “incompetência de foro” prevista no art. 795, § 1º da CLT diz
respeito ao “foro trabalhista”, isto é, concerne à incompetência absoluta em razão da “matéria
trabalhista”, e não à incompetência territorial, como pode parecer à primeira vista.

Tratando-se a hipótese do art. 800 da CLT de incompetência relativa, isto é, incompetência


territorial, o processo continua tramitando no âmbito da Justiça do Trabalho, uma vez que o Juiz de
uma Vara do Trabalho, ao acolher a exceção de incompetência oposta pelo réu e declarar-se
incompetente territorialmente, simplesmente remeterá os autos do processo a outro órgão judicial
da Justiça do Trabalho que entender competente para processar e julgar a demanda.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-23 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): Péricles ingressou com
reclamação trabalhista em face da sua ex-empregadora, a Casa de Saúde
Doutores de Excelência, perante o Juízo de Rondonópolis-MT, onde reside e
local onde assinou o contrato de trabalho, tendo prestado serviços na cidade
de Cuiabá-MT. Citada a Casa de Saúde, a mesma, conforme previsão da
Consolidação das Leis do Trabalho, poderá arguir exceção de incompetência
territorial no prazo de 5 dias contados da sua citação, em peça apartada à
contestação onde sinalize a existência da exceção. Correto.

RECONVENÇÃO

Consoante Carlos Henrique Bezerra Leite, a reconvenção é uma ação que o réu propõe, em
face do autor, dentro do mesmo processo em que o primeiro é demandado, buscando tutela
jurisdicional em que se resguarde um direito seu que alega ter sido lesado ou ameaçado de lesão
pelo autor.

Aplica-se integralmente o disposto no CPC quanto à reconvenção, eis que apenas o art.
791-A, § 5º da CLT menciona tal modalidade de resposta do réu:

Art. 791-A, § 5º São devidos honorários de sucumbência na


reconvenção.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-RS - Procurador - FUNDATEC - 2021): No processo do trabalho
brasileiro não são devidos honorários de sucumbência na hipótese de
reconvenção. Errado.

Sendo assim, a reconvenção trabalhista deve obedecer ao seguinte:

Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para


manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa.

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 74


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§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu
advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça
o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto
à reconvenção.
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com
terceiro.
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser
titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser
proposta em face do autor, também na qualidade de substituto
processual.
§ 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer
contestação.

Apresentada a defesa (contestação ou reconvenção), o próximo passo no processo será a


abertura do contraditório. Portanto, o Juiz deverá abrir um prazo para que o reclamante se manifeste
sobre a defesa apresentada.

MANIFESTAÇÃO SOBRE A DEFESA

A manifestação do reclamante sobre a defesa e eventuais documentos apresentados pelo


reclamado pode ocorrer de 2 formas:

1) O juiz pode optar (é uma faculdade) por dar vistas ao reclamante na própria audiência;

OU

2) Conceder prazo para manifestação escrita, ocasião na qual a audiência será adiada.

No último caso, trata-se da audiência fracionada, visto que a audiência será dividida em mais
de uma sessão, conforme previsão legal do art. 849 da CLT:

Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível,
por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente
marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente
de nova notificação.

Ocorre que com a nova sessão de audiência, também pode ocorrer a ausência das partes.
Sendo assim, ausente alguma das partes, será aplicada ao ausente a pena de confissão
ficta/presumida sobre a matéria de fato, seja ele o reclamante ou reclamado.

Acerca da ausência na segunda sessão de audiência, importante verificar o disposto nas


Súmulas 9 e 74 do TST:

Súmula 9 do TST: A ausência do reclamante, quando adiada a instrução após


contestada a ação em audiência, não importa arquivamento do processo.

SÚMULA Nº 74 - CONFISSÃO. I - Aplica-se a confissão à parte que,


expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à
audiência em prosseguimento, na qual deveria depor. II - A prova pré-

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constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a
confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando cerceamento de defesa o
indeferimento de provas posteriores. III - A vedação à produção de prova
posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não afetando o
exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o processo.

Ante o exposto, não obstante o art. 849 da CLT disponha em sua parte final
“independentemente de nova notificação”, a regra da pena de confissão em sede da segunda
sessão de audiência é que somente será aplicada se tal penalidade foi cominada, isto é, se a parte
foi notificada para comparecer à audiência sob pena de confissão.

Outrossim, conforme supramencionado, é aplicada a confissão ficta sobre a matéria de fato,


de modo que a confissão não impede que o Juiz:

1) Se valha de provas pré-constituídas, ou seja, provas que já estão no processo;

2) Determine a realização de eventual diligência probatória.

No entanto, as partes comparecendo, a audiência ocorrerá normalmente, dando seguimento


à instrução oral.

INSTRUÇÃO ORAL

A instrução é a fase do processo de conhecimento em que são colhidas as provas que


formarão o convencimento do juiz acerca dos fatos narrados pelo autor, réu ou terceiro. Daí por que
o art. 832 da CLT prevê que, na sentença, o Juiz deve apreciar provas produzidas nos autos.

Nos termos do art. 848 e seus §§ 1º e 2º da CLT, a instrução do processo trabalhista inicia-
se logo após a apresentação da defesa do réu, in verbis:

Art. 848 - Terminada a defesa, seguir-se-á a instrução do processo, podendo


o presidente, ex officio ou a requerimento de qualquer juiz temporário,
interrogar os litigantes.
§ 1º - Findo o interrogatório, poderá qualquer dos litigantes retirar-se,
prosseguindo a instrução com o seu representante.
§ 2º - Serão, a seguir, ouvidas as testemunhas, os peritos e os técnicos, se
houver.

Divergem os doutrinadores acerca da delimitação da instrução processual: para uns a


instrução abrange as provas e as alegações; para outros, apenas as provas são objeto desta fase.

Os meios de prova na CLT estão previstos basicamente nos arts. 818 a 830. Em função dos
princípios da celeridade e da simplicidade, que residem com maior ênfase no Processo do Trabalho,
o legislador houve por bem regular a instrução de forma bastante singela e, em alguns casos,
omitindo pontos de extrema importância para o deslinde da pendenga judicial.

Assim, em face da escassez de normas trabalhistas sobre a temática da prova, há


necessidade de o intérprete utilizar a lei processual civil como fonte subsidiária, com devidas
cautelas, como exige o art. 769 da CLT.

3.7.1. Prova testemunhal

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 76


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Consoante Carlos Henrique Bezerra Leite, pode ser testemunha qualquer pessoa natural
que esteja no pleno exercício da sua capacidade civil e que, não sendo impedida ou suspeita, tenha
conhecimento dos fatos relativos ao conflito de interesses veiculado no processo no qual irá depor.

A testemunha, portanto, é a pessoa física estranha ao feito que tem impressões sensoriais
sobre os fatos narrados nos autos. Todavia, não podem ser testemunhas as pessoas incapazes,
impedidas ou suspeitas.

Ocorre que os §§ 4º e 5º do art. 447 do CPC dispõem, in verbis:

Art. 447. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as


incapazes, impedidas ou suspeitas.
§ 4º Sendo necessário, pode o juiz admitir o depoimento das testemunhas
menores, impedidas ou suspeitas.
§ 5º Os depoimentos referidos no § 4º serão prestados independentemente
de compromisso, e o juiz lhes atribuirá o valor que possam merecer.

Estabelecem os arts. 828 e 829 da CLT que:

Art. 828 - Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será


qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e,
quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando
sujeita, em caso de falsidade, às leis penais.

Art. 829 - A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo
íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e
seu depoimento valerá como simples informação.

A norma consolidada, sem o primor metodológico do art. 447 do CPC, trata, ao mesmo
tempo, da suspeição ou impedimento da testemunha.

A interpretação sistemática do art. 829 da CLT e do art. 447 do CPC, segundo Carlos
Henrique Bezerra, autoriza a ilação de que não poderão ser ouvidas como testemunhas, e sim como
simples informantes: os parentes, em linha reta, colateral ou por afinidade, de qualquer das partes
até o terceiro grau, por aplicação analógica dos arts. 1.591 a 1.595 do CC (pais, filhos, irmãos, avós,
bisavós, netos, bisnetos, tios, sobrinhos, cônjuge ou companheiro), o tutor, o representante legal da
pessoa jurídica, o amigo íntimo ou o inimigo capital de qualquer das partes, o condenado por falso
testemunho, o que por seus costumes não for digno de fé, o interessado no litígio.

No que respeita à testemunha que litiga em face do mesmo empregador em outro processo,
o TST editou a Súmula 357, segundo a qual:

SÚMULA Nº 357 - TESTEMUNHA. AÇÃO CONTRA A MESMA


RECLAMADA. SUSPEIÇÃO. Não torna suspeita a testemunha o simples
fato de estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo empregador.
Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-9 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): Antes de ingressar na sala de
audiência, o preposto da Empresa reclamada avisa seu advogado que a
testemunha trazida pelo autor trabalhou na empresa por 4 anos; frequentava
a casa do autor; tendo sido, inclusive, padrinho de batismo do filho do

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reclamante. Diante de tais fatos, o advogado da empresa reclamada poderá
contraditar a testemunha por ser amigo íntimo do autor, após sua
qualificação, mas antes de prestar o compromisso legal. Correto.

(Câmara de Jandira - SP - Procurador - IGECS - 2020): A testemunha que


for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das
partes, não prestará compromisso, e seu depoimento valerá como simples
informação. Correto.

O Processo do Trabalho, dispondo de forma diferente do Processo Civil, admite, em regra,


que cada parte indique apenas 3 testemunhas, salvo no caso de inquérito judicial para apuração
de falta grave, quando esse número pode ser elevado a 6, nos termos do art. 821 da CLT:

Art. 821 - Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três)
testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número
poderá ser elevado a 6 (seis).

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-4 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Aristóteles é detentor de
estabilidade provisória no emprego, em virtude de ser dirigente sindical,
laborando na Metalúrgica Ferro a Toda Prova Ltda.. Sua empregadora
pretende rescindir o seu contrato de trabalho por justa causa, entendendo
que Aristóteles cometeu falta grave que torna impossível a manutenção do
vínculo empregatício. Nessa hipótese, de acordo com o que prevê a
Consolidação das Leis do Trabalho, deverá propor o competente inquérito
para apuração de falta grave, após prazo máximo de 30 dias do afastamento
do empregado, podendo ouvir em audiência a ser designada até 6
testemunhas, independente de comunicação ao sindicato. Correto.

Salienta-se que a doutrina e jurisprudência entendem que é possível, no litisconsórcio


passivo unitário, mais de 3 testemunhas no processo. No litisconsórcio ativo NÃO é possível. Assim,
quando os litisconsortes tiverem interesses conflituosos, o bom senso recomenda que a regra rígida
do número de testemunhas possa ser mitigada, a fim de permitir ao juiz um melhor convencimento
acerca dos fatos alegados pelos litisconsortes.

O art. 820 da CLT determina que a inquirição será conduzida pelo magistrado:

Art. 820 - As partes e testemunhas serão inquiridas pelo juiz ou presidente,


podendo ser reinquiridas, por seu intermédio, a requerimento dos vogais, das
partes, seus representantes ou advogados.

Nesse sentido, a IN 39/16 também prevê que:

Art. 11. Não se aplica ao Processo do Trabalho a norma do art. 459 do CPC
no que permite a inquirição direta das testemunhas pela parte (CLT, art. 820).

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Florianópolis - Procurador - FEPESE - 2022): As
testemunhas arroladas pelas partes deverão ser intimadas para comparecer
à audiência de instrução e julgamento, com cinco dias de antecedência da
realização do ato. Errado.

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No que tange ao rol de testemunhas, no Processo do Trabalho, ao contrário do Processo
Civil, não há obrigatoriedade de sua apresentação (CLT, arts. 825 e 845). Somente quando a
testemunha não comparecer espontaneamente à audiência é que o Juiz poderá, de ofício ou a
requerimento da parte, determinar a sua intimação, nos termos do parágrafo único do art. 825 da
CLT. Caso a testemunha, sem motivo justificado, não atenda à intimação, poderá ser conduzida
coercitivamente, e estará sujeita ao pagamento da multa prevista no art. 730 da CLT.

Ademais, os depoimentos das testemunhas serão resumidos pelo Juiz e reduzidos a termo,
de acordo com o art. 828 da CLT:

Art. 828 - Toda testemunha, antes de prestar o compromisso legal, será


qualificada, indicando o nome, nacionalidade, profissão, idade, residência, e,
quando empregada, o tempo de serviço prestado ao empregador, ficando
sujeita, em caso de falsidade, às leis penais.
Parágrafo único - Os depoimentos das testemunhas serão resumidos, por
ocasião da audiência, pelo secretário da Junta ou funcionário para esse fim
designado, devendo a súmula ser assinada pelo Presidente do Tribunal e
pelos depoentes.

Em sequência, importante verificar que o art. 819 da CLT trata do intérprete:

Art. 819 - O depoimento das partes e testemunhas que não souberem falar
a língua nacional será feito por meio de intérprete nomeado pelo juiz ou
presidente.
§ 1º - Proceder-se-á da forma indicada neste artigo, quando se tratar de
surdo-mudo, ou de mudo que não saiba escrever.
§ 2º As despesas decorrentes do disposto neste artigo correrão por conta da
parte sucumbente, salvo se beneficiária de justiça gratuita.

Com relação ao § 2º do art. 819, nota-se que o pagamento do intérprete é realizado pelo
sucumbente no processo, salvo se beneficiário da justiça gratuita. Desse modo, se a parte
sucumbente é beneficiária da justiça gratuita, ela não pagará nenhum intérprete do processo. Nesse
caso, a União será responsável por realizar o pagamento.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-8 - Técnico Judiciário - CESPE - 2022): No caso em que a testemunha
seja surda-muda, um interprete será nomeado pelo juiz e as custas referentes
a essa diligência serão pagas pelo sucumbente, ainda que beneficiário da
justiça gratuita. Errado.

(TRT-23 - Analista Judiciário - FCC - 2022): O reclamante em determinada


reclamação trabalhista arrolou como testemunha um ex-colega de trabalho
que é mudo. Nessa hipótese, conforme prevê a Consolidação das Leis do
Trabalho, o juiz deverá nomear intérprete desde que a testemunha não saiba
escrever, sendo as despesas decorrentes a cargo da parte sucumbente,
salvo se beneficiária da Justiça Gratuita. Correto.

Insta evidenciar, por fim, o disposto no art. 793-D da CLT:

Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta Consolidação à


testemunha que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir
fatos essenciais ao julgamento da causa.

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Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos
mesmos autos.

Tal dispositivo permite ao Juiz aplicar a penalidade de litigância de má-fé como uma multa
à testemunha que o próprio Magistrado considera que alterou a verdade dos fatos para beneficiar
alguém, não necessitando de qualquer prova da má-fé, eis que a multa pode ser aplicada de ofício:

Art. 793-C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de


má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a 1% (um por cento) e
inferior a 10% (dez por cento) do valor corrigido da causa, a indenizar a
parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários
advocatícios e com todas as despesas que efetuou.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-5 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Zeus foi testemunha do
reclamante em audiência trabalhista, tendo o juiz da causa entendido que o
mesmo alterou intencionalmente a verdade dos fatos, omitindo ainda fatos
essenciais ao julgamento da causa. Nessa hipótese, com base na
Consolidação das Leis do Trabalho, Zeus poderá ser multado em no mínimo
1% e no máximo em 10% sobre o valor corrigido da causa, correspondendo
à mesma multa por litigância de má-fé da parte. Correto.

3.7.2. Prova pericial

Quando a prova de determinados fatos alegados pelas partes depender de conhecimentos


técnicos ou científicos, o Juiz será assistido por um perito, que é considerado um auxiliar da justiça
(CPC, art. 156). Nesse sentido, a prova pericial somente será deferida se for útil ao processo.

Nos termos do parágrafo único do art. 464 do CPC, aplicável ao processo do trabalho (CLT,
art. 769), o juiz indeferirá a perícia quando:

Art. 464, § 1º O juiz indeferirá a perícia quando:


I - a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas;
III - a verificação for impraticável.

A produção da prova pericial no processo do trabalho poderá ser requerida pela parte ou
determinada, de ofício, pelo Juiz. Deferida a perícia, o Juiz deverá nomear o perito, além de indicar
o objeto da perícia e fixar o prazo para entrega do laudo.

Isto posto, na Seção IX, que trata das provas, a CLT traz as 2 disposições abaixo acerca da
perícia:

Art. 826 - É facultado a cada uma das partes apresentar um perito ou


técnico.

Art. 827 - O juiz ou presidente poderá arguir os peritos compromissados ou


os técnicos, e rubricará, para ser junto ao processo, o laudo que os primeiros
tiverem apresentado.

Importante salientar que se o pedido da perícia versar sobre pagamento de adicional de


insalubridade ou periculosidade, o Juiz estará obrigado a determinar a realização da prova pericial,

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ainda que o réu seja revel e confesso quanto à matéria de fato. É o que se depreende do art. 195,
caput e § 2º, da CLT, in verbis:

Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da


periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão
através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do
Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.
§ 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado,
seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito
habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia
ao órgão competente do Ministério do Trabalho.

Dispõe o art. 790-B da CLT que a responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais
é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita.

Neste caso, vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em Juízo,
ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes
de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário
(CLT, art. 791-A, § 4º).

Além disso, somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em
Juízo créditos capazes de suportar as despesas relativas ao pagamento de honorários periciais,
ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo (CLT, art. 790, § 4º).

Ocorre que a ADI 5766, conforme apontado anteriormente, declarou que tal dispositivo é
inconstitucional1, conforme ementa abaixo:

São inconstitucionais as normas trabalhistas que determinam o


pagamento de honorários periciais e advocatícios por beneficiários da
justiça gratuita, caso percam a ação, mas obtenham créditos suficientes
para o pagamento dessas despesas, ainda que em outra demanda. STF.
Plenário. ADI 5766/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, redator do acórdão Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 20/10/2021 (Info 1035).

Para o STF, esses dispositivos violam o art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, que
determina que o Estado preste assistência judicial, integral e gratuita, aos que comprovem
insuficiência de recursos.

De acordo com o prof. Márcio André Lopes Cavalcante, entender que o mero fato de alguém
ser vencedor de um processo retira a sua hipossuficiência seria uma presunção absoluta da lei e
representaria um obstáculo à efetiva aplicação da regra constitucional.

Nesse aspecto, a Reforma Trabalhista estipulou restrições inconstitucionais a direito


fundamental, pois não é razoável nem proporcional a imposição do pagamento de honorários

1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O art. 790-B, caput e § 4º e o art. 791-A da CLT, com redação dada pela Lei 13.467/2017, são
inconstitucionais; por outro lado, é constitucional o art. 844, § 2º. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/17ab7b5bb7ca18f6d5f33dfbcbaee1a2>. Acesso em: 17/02/2023.

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periciais e de sucumbência pelo beneficiário da justiça gratuita sem que se prove que ele
efetivamente deixou de ser hipossuficiente.

Portanto, o beneficiário da justiça gratuita não tem o ônus de pagar honorários periciais, se
sucumbente no objeto da perícia, devendo tal encargo ser suportado pela União2.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(MPT - Procurador - MPT - 2022): A partir do julgamento da ADI 5766 pelo
Supremo Tribunal Federal, que declarou inconstitucional o artigo 790-B,
caput, da Consolidação das Leis do Trabalho, é correto afirmar que a
responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte
sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária da justiça
gratuita. Correto.

Não obstante, o § 3º do art. 790-B da CLT dispõe que o Juízo não poderá exigir
adiantamento de valores para realização de perícias. Assim, em qualquer ação na Justiça do
Trabalho não é permitido o adiantamento de honorários periciais, sendo vedada a cobrança de
honorários provisionais (honorários “de entrada”).

Todavia, se ainda assim for determinado o pagamento de honorários provisionais, caberá


mandado de segurança, nos termos da OJ 98 da SDI-2:

Orientação Jurisprudencial 98/TST-SDI-II - - Mandado de segurança. Prova


pericial. Cabível o writ para atacar exigência de depósito prévio de honorários
periciais. Súmula 236/TST. CPC/1973, art. 33. Lei 1.533/1951, art. 1º. É ilegal
a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários periciais,
dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo cabível o
mandado de segurança visando à realização da perícia,
independentemente do depósito.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-4 - Analista Judiciário - FCC - 2022): É facultado ao Juiz, dentro do
seu poder de direção e condução do processo, solicitar que a reclamada
adiante valor a título de antecipação de honorários periciais, valor que poderá
ser compensado em eventual procedência. Errado.

(MPT - Procurador - MPT - 2022): O juízo poderá deferir parcelamento dos


honorários periciais, mas não poderá exigir adiantamento de valores para
realização de perícias, sendo cabível, no caso de exigência de depósito
prévio de honorários periciais, mandado de segurança visando à realização
da perícia sem o depósito, dada a incompatibilidade com o Processo do
Trabalho. Correto.

Frisa-se, ademais, que o valor da perícia segue uma tabela do Conselho Superior da Justiça
do Trabalho (CSJT), sendo permitido o parcelamento dos honorários periciais.

2 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2022-ago-08/igor-zwicker-justica-gratuita-honorarios-sucumbenciais. Acesso em:


17/02/2023.

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Importante destacar também que a parte poderá (trata-se de uma faculdade) ter assistente
técnico. Ressalta-se, todavia, que o assistente técnico deverá entregar o parecer no prazo do
laudo do perito, sob pena de desentranhamento.

Quanto aos honorários do assistente técnico, o TST editou a Súmula 341, segundo a qual:

SÚMULA Nº 341 - HONORÁRIOS DO ASSISTENTE TÉCNICO. A indicação


do perito assistente é faculdade da parte, a qual deve responder pelos
respectivos honorários, ainda que vencedora no objeto da perícia.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-22 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Suzana ajuizou ação trabalhista
em face da Metalúrgica Master S/A, requerendo indenização por horas extras
não pagas e adicional de insalubridade, tendo atribuído valor à causa de R$
20.000,00. Na audiência, foi deferida a perícia, nomeando-se Perito Técnico
do Juízo, sendo que tanto a reclamante quanto a reclamada nomearam
Assistentes Técnicos. A perícia concluiu que Suzana estava exposta a agente
insalubre em grau máximo, mas, no curso da instrução processual, não foram
provadas as horas extras, sendo a mesma sucumbente em tal pedido, e
vitoriosa no pedido de adicional de insalubridade. Conforme a CLT e o
entendimento sumulado do TST, tendo Suzana sido vitoriosa no pedido
objeto da perícia, os honorários periciais serão arcados pela parte
sucumbente, a reclamada. Outrossim, os honorários do Assistente Técnico
indicado por Suzana, serão por ela custeados, independentemente de ser
beneficiária da justiça gratuita. Correto.

RAZÕES FINAIS

Encerrada a instrução, as partes poderão oferecer razões finais.

As razões finais, também chamadas de alegações finais, constituem faculdades conferidas


às partes para se manifestarem nos autos logo depois da instrução e antes da prolação da sentença.
Embora importantes, as razões finais não são obrigatórias.

O art. 850 da CLT prescreve que:

Art. 850 - Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais,


em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida,
o juiz ou presidente renovará a proposta de conciliação, e não se realizando
esta, será proferida a decisão.

De acordo com o dispositivo normativo acima exposto, as razões finais podem ser orais, a
serem apresentadas no prazo de 10 minutos.

Contudo, quando a sentença não é proferida na própria audiência, os Juízes têm permitido
que as partes ofereçam razões finais por escrito, isto é, em forma de memoriais. Nesse caso, há a
conversão das razões finais orais em memoriais (peça escrita).

Tal conversão constitui faculdade do julgador e é extraída por aplicação analógica do § 2º


do art. 364 do CPC, in verbis:

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Art. 364, § 2º Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou
de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas,
que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério
Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15
(quinze) dias, assegurada vista dos autos.

Conforme supramencionado, não há obrigatoriedade da apresentação das razões finais


pelas partes. Isso significa que se a parte não manifestar interesse em apresentá-las ou se o Juiz
não conceder tal oportunidade e a parte não formular seu inconformismo na própria audiência,
nenhuma nulidade será declarada, restando, portanto, preclusa a matéria.

Tendo em vista que o Processo do Trabalho adota a audiência una (ou única), as razões
finais, embora facultativas, assumem um papel importantíssimo não apenas para a arguição de
nulidades (CLT, art. 795) ocorridas no curso da instrução, como também para facilitação do
convencimento do Juiz. Se a parte não protestar contra nulidades na própria audiência de instrução,
poderá fazê-lo no momento de apresentar suas razões finais e, neste caso, não haverá preclusão.
Nesse sentido:

RECURSO DE REVISTA. LEI N. 13.467/2017. CERCEAMENTO DO


DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE PRAZO PARA
APRESENTAÇÃO DE CONTESTAÇÃO, DOCUMENTOS E PROVA ORAL
FORMULADA PELA ADVOGADA DE RÉU REVEL. AUSÊNCIA DE
PROTESTOS NA AUDIÊNCIA. DEFERIMENTO DE PRAZO PARA
APRESENTAÇÃO DE RAZÕES FINAIS ESCRITAS. CERCEAMENTO DE
DEFESA ALEGADO EM RAZÕES FINAIS ESCRITAS. AUSÊNCIA DE
PRECLUSÃO. TRANSCENDÊNCIA. (...) A arguição de nulidade deve ser
realizada “na primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos
autos”. A conjunção coordenada alternativa nos induz à conclusão de que a
parte pode realizar o protesto de forma imediata ao indeferimento, sem
necessidade de renová-lo em razões finais ou pode apresentá-lo apenas em
razões finais, orais ou escritas. No caso, o protesto não foi feito de forma
imediata em audiência, mas foi realizado em razões finais escritas,
conforme facultado pelo magistrado condutor da audiência. Dessa
forma, não houve preclusão para se insurgir quanto ao indeferimento
do pleito de prazo para apresentação de defesa, documentos e
produção de prova oral. Embora afastada a preclusão, não há como acolher
a irresignação da reclamada. Isso porque, no período anterior à Lei n.
13.467/2017, como no caso dos autos, a ausência da reclamada na audiência
inicial resulta em revelia, mesmo que o seu advogado tenha comparecido a
audiência (Súmula 122 do TST). Sendo a parte revel, o indeferimento de
prazo para apresentação de contestação, documentos e prova oral não
constitui cerceamento do direito de defesa, nos termos da Súmula 74, II, do
TST e art. 847 da CLT. Recurso de revista de que não se conhece (TST-RR
106374420165090011, Rel. Des. Conv. Cilene Ferreira Amaro Santos, 6ª T.,
DEJT 7-6-2019).

Portanto, a apresentação das razões finais pode se dar em virtude das seguintes finalidades:

1) Renovar arguições de nulidade, sob pena de preclusão;

2) Ressaltar pontos importantes da instrução dignos de nota para o Magistrado que vai
julgar o processo.

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CONCILIAÇÃO PRÉ-DECISÓRIA

Findas as alegações finais, o Juiz, por força do art. 850 da CLT, deve renovar a proposta de
conciliação. No mesmo sentido, o art. 831 do mesmo diploma legal determina que a decisão
somente será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação. Trata-se,
portanto, da segunda Proposta Obrigatória de Conciliação (POC).

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-CE - Procurador - CESPE - 2021): De acordo com a CLT, as propostas
de conciliação no processo trabalhista ocorridas após a abertura da audiência
de instrução e julgamento e depois de apresentadas as razões finais pelas
partes são obrigatórias nos dois casos. Correto.

Havendo conciliação, a decisão de homologação do acordo terá força de decisão de trânsito


em julgado.

Obs.: conforme mencionado anteriormente, se o Juiz não realizar a


segunda POC, não haverá problema se não acarretar prejuízo às
partes.

Não havendo acordo, o Juiz proferirá a sentença.

SENTENÇA

No Processo do Trabalho, o art. 832 da CLT dispõe expressamente sobre os elementos que
devem constar da sentença. São eles:

Art. 832 - Da decisão deverão constar o nome das partes, o resumo do


pedido e da defesa, a apreciação das provas, os fundamentos da decisão
e a respectiva conclusão.
§ 1º - Quando a decisão concluir pela procedência do pedido, determinará
o prazo e as condições para o seu cumprimento.
§ 2º - A decisão mencionará sempre as custas que devam ser pagas pela
parte vencida.
§ 3º - As decisões cognitivas ou homologatórias deverão sempre indicar a
natureza jurídica das parcelas constantes da condenação ou do acordo
homologado, inclusive o limite de responsabilidade de cada parte pelo
recolhimento da contribuição previdenciária, se for o caso.

A sentença, portanto, demandará relatório, fundamentação e dispositivo.

O relatório da sentença tem por objetivo registrar o objeto da lide, com o resumo do pedido
e da resposta, bem como as principais ocorrências processuais, como provas, propostas de
conciliação, razões finais etc. Também objetiva a comprovação de que o Juiz examinou e estudou
as questões discutidas nos autos, sendo essa, segundo a doutrina, a função mais importante do
relatório.

A fundamentação constitui a base intelectual da sentença ou as razões de decidir do órgão


judicial. Nela, o Juiz revela todo o raciocínio desenvolvido acerca da apreciação das questões

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processuais, das provas produzidas e das alegações das partes, que são os dados que formarão o
alicerce da decisão.

O dispositivo ou conclusão, por fim, refere-se à parte final da sentença que será,
posteriormente, coberta pelo manto da coisa julgada. É no dispositivo que o Juiz cumpre a sua
função no processo de cognição, acolhendo ou rejeitando as pretensões das partes ou, ainda,
declarando extinto o processo sem resolução do mérito.

A sentença poderá desafiar 2 recursos (que serão abordados de maneira aprofundada


posteriormente):

1) Embargos de declaração, a serem apresentados em 5 dias;

2) Recurso ordinário, que podem ser interpostos em 8 dias.

Apresentado o recurso ordinário, o processo será encaminhado para o TRT. Do julgamento


do desse recurso, caberá recurso de revista em 8 dias, que será encaminhado para o TST.

De acordo com o art. 896 da CLT, é cabível recurso de revista para o TST das decisões
proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelo TRT nas seguintes hipóteses:

1) Quando derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe
houver dado outro TRT, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do
Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa
Corte ou súmula vinculante do STF;

2) Quando derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho,


Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância
obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da
decisão recorrida, interpretação divergente, na forma da primeira hipótese;

3) Quando proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e
literal à Constituição Federal.

4. RITO SUMARÍSSIMO

O procedimento sumaríssimo só tem lugar nas ações trabalhistas individuais (simples ou


plúrimas), cujo valor da causa seja superior a 2 salários-mínimos e inferior a 40 salários
mínimos na data da propositura da ação. Isto porque, nas causas de até 2 salários-mínimos, o
procedimento legal é o sumário (que será abordado a seguir) e, nas causas de valor superior a 40
salários-mínimos, o ordinário.

Isto posto, importante visualizar a redação do art. 852-A da CLT:

Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes
o salário-mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam
submetidos ao procedimento sumaríssimo.

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Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as
demandas em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e
fundacional.

Quanto ao parágrafo único do art. 852-A da CLT, é mister ressaltar que apenas não poderão
ser parte ou interveniente no procedimento sumaríssimo a administração pública direta, autárquica
ou fundacional. Portanto, empresa pública ou sociedade de economia mista PODEM se
submeter ao rito sumaríssimo.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Porto Alegre - Procurador - FUNDATEC - 2022): Julia
ajuizou reclamatória trabalhista em face de seu ex-empregador e do ente
municipal, este responsável subsidiário em razão da terceirização de
serviços, postulando o pagamento das suas verbas rescisórias, horas extras
e adicional de penosidade. O valor atribuído à causa foi de R$ 15.000,00.
Apesar do valor da causa, o rito será obrigatoriamente ordinário e Julia poderá
levar até três testemunhas. Correto.

(TRT- 9 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Josias está estudando para um


concurso e ao se deparar com o procedimento sumaríssimo na Justiça do
Trabalho encontrou características próprias que deverão ser observadas
pelas partes. Com base na legislação federal vigente, mesmo que o valor
objeto do pedido for até 40 vezes o salário mínimo, não podem ser parte a
Administração Pública Direta, autárquica e fundacional, devendo
obrigatoriamente o reclamante optar pela reclamação sob o rito ordinário.
Correto.

Em sequência, determina o art. 852-B da CLT que, nas ações enquadradas no procedimento
sumaríssimo, deverão ser observados 2 requisitos de validade da relação processual:

Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo:


I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor
correspondente;
II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a correta indicação
do nome e endereço do reclamado;
§ 1º O não atendimento, pelo reclamante, do disposto nos incisos I e II deste
artigo importará no arquivamento da reclamação e condenação ao
pagamento de custas sobre o valor da causa.

A primeira diferença, portanto, entre o rito sumaríssimo e o rito ordinário está na petição
inicial. A petição verbal segue o mesmo trâmite do rito ordinário. A petição escrita, por sua vez,
precisa de uma qualificação precisa do reclamado, devendo-se fornecer o endereço de maneira
precisa.

No que concerne ao requisito constante do inciso I supracitado, no procedimento


sumaríssimo, o pedido deve ser certo, determinado e líquido. Em razão disso, Carlos Henrique
Bezerra defende que o valor da causa é requisito essencial na petição inicial da demanda sujeita
ao procedimento sumaríssimo e deve corresponder exatamente ao valor do pedido (líquido).

Além da qualificação precisa do reclamado, os pedidos devem ser líquidos (não sendo
possível o valor aproximado como ocorre no rito ordinário) e precisamente indicados no processo,

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sob pena de arquivamento, isto é, extinção do processo sem resolução do mérito e condenação ao
pagamento das custas sobre o valor da causa.

A respeito do requisito previsto no inciso II do art. 852-B da CLT, Carlos Henrique Bezerra
argumenta que não há razoabilidade, sob pena de maltrato ao princípio do amplo acesso à Justiça
(CF, art. 5º, LV), inviabilizar-se o procedimento sumaríssimo quando o autor desconhecer o
endereço do réu. Ademais, se a notificação citatória for devolvida por “mudança de endereço do
réu”, deverá o Juiz intimar o autor para fornecer o novo endereço e se este não souber ou não
indicar outro endereço, aí, sim, poderia o Juiz invocar o preceptivo em causa e extinguir o processo
sem resolução do mérito.

Obs.: apesar de ser a medida adotada na prática, o legislador NÃO


prevê a possibilidade de o Juiz determinar emenda à inicial para o
reclamante apresentar o endereço do reclamado de maneira precisa.

A apreciação da ação submetida ao procedimento sumaríssimo deverá ocorrer no prazo


máximo de 15 dias do seu ajuizamento, podendo constar de pauta especial, se necessário, de
acordo com o movimento judiciário da Vara do Trabalho (CLT, art. 852-B, III).

Quanto a conciliação, o art. 852-E da CLT dispõe o seguinte:

Art. 852-E. Aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre


as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão
para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-9 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): Sobre o procedimento
sumaríssimo, aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre
as vantagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para
a solução conciliatória do litígio, já que após a produção probatória, estará
precluso o direito à conciliação. Correto.

Há, portanto, tentativa de conciliação em todo o rito sumaríssimo, e somente em não


momentos específicos (apesar de ser possível de realizar durante todo o processo) de apresentação
de propostas obrigatórias de conciliação como ocorre no rito ordinário.

O processo sujeito ao rito sumaríssimo deverá ser instruído e julgado em audiência única,
salvo na hipótese do § 1º do art. 852-H da CLT, a critério do Juiz:

Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e


julgamento, ainda que não requeridas previamente.
§ 1º Sobre os documentos apresentados por uma das partes manifestar-se-
á imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência, salvo
absoluta impossibilidade, a critério do juiz.

Absoluta impossibilidade seria, por exemplo, a necessidade de realização de perícia ou


quando a quantidade de documentos for muito grande, bem como se um dos documentos
apresentados for um vídeo. Nesses casos, ocorreria, excepcionalmente, uma segunda audiência
em virtude da necessidade de adiamento/fracionamento.

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No procedimento sumaríssimo, todos os incidentes e exceções que possam interferir no
prosseguimento da audiência e do processo deverão ser decididos de plano. As demais questões
serão decididas na sentença (CLT, art. 852-G).

Cada parte somente poderá apresentar 2 testemunhas, que deverão ser,


comprovadamente, convidadas pelo autor ou pelo réu. Só haverá intimação de testemunha se esta,
comprovadamente convidada pela parte, não comparecer à audiência (CLT, art. 852-H, §§ 2º e 3º).

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-9 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Josias está estudando para um
concurso e ao se deparar com o procedimento sumaríssimo na Justiça do
Trabalho encontrou características próprias que deverão ser observadas
pelas partes. Com base na legislação federal vigente, a testemunha que,
convidada, não comparecer à audiência e após comprovação de seu convite
for intimada e novamente não comparecer, acarretará à parte que a convidou
a desistência de sua oitiva, uma vez que não existe a possibilidade de
condução coercitiva. Errado.

Além disso, apenas quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta (ex.:
verificação de ambiente insalubre ou perigoso), será deferida prova técnica, incumbindo ao Juiz,
desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito. As partes serão intimadas a
manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de 5 dias.

Na apreciação das provas, o Juiz deverá:

Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas
a serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante,
podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes
ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às
regras de experiência comum ou técnica.

No mesmo sentido, o art. 852-I da CLT, além de dispensar o relatório nas sentenças sujeitas
ao rito sumaríssimo, prescreve que o Juiz deverá adotar, em cada caso, a decisão que reputar mais
justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum.

Outrossim, as partes serão consideradas notificadas na própria sentença.

O procedimento sumaríssimo admite a interposição de embargos declaratórios, inclusive


com efeito modificativo, quando, na sentença, houver omissão ou contradição (CLT, art. 897-A) e
recurso ordinário (CLT, art. 895, I), mas o cabimento de recurso de revista é restritivo (CLT, art. 896,
§ 9º).

Sendo assim, pode-se inferir que não há mudança quanto ao prazo recursal, mas sim quanto
ao procedimento e cabimento dos recursos no rito sumaríssimo.

Para o recurso ordinário, aplica-se o disposto nos parágrafos do art. 895:

Art. 895, § 1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o


recurso ordinário:
II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo
o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal

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ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem
revisor;
III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à
sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro
na certidão;
IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com
a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir
do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância,
servirá de acórdão.
§ 2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma
para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças
prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.

O relator, ao receber o processo, tem o prazo de 10 dias para enviar para a secretaria da
turma para imediata inclusão em pauta. Para que o relator consiga liberar o processo de forma
rápida, o acórdão poderá ser dispensado, bastando apenas a certidão de julgamento. Além disso,
também é possível confirmar a sentença por seus próprios fundamentos.

No que se refere ao recurso de revista, há diferença do rito ordinário quanto ao cabimento:

Art. 896, § 9º Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente


será admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de
jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da
Constituição Federal.

Insta vislumbrar, por fim, o disposto na Súmula 442 do TST, que preleciona que não é cabível
recurso de revista com fundamento em contrariedade à Orientação Jurisprudencial (OJ):

SÚMULA N.º 442. PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO. RECURSO DE


REVISTA FUNDAMENTADO EM CONTRARIEDADE A ORIENTAÇÃO
JURISPRUDENCIAL. INADMISSIBILIDADE. ART. 896, § 6º, DA CLT,
ACRESCENTADO PELA LEI Nº 9.957, DE 12.01.2000. Nas causas sujeitas
ao procedimento sumaríssimo, a admissibilidade de recurso de revista
está limitada à demonstração de violação direta a dispositivo da
Constituição Federal ou contrariedade a Súmula do Tribunal Superior
do Trabalho, não se admitindo o recurso por contrariedade a Orientação
Jurisprudencial deste Tribunal (Livro II, Título II, Capítulo III, do RITST),
ante a ausência de previsão no art. 896, § 6º, da CLT. Res. 185/2012, DEJT
divulgado em 25-9-2012.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PG-DF - Procurador - CESPE - 2022): Nas causas sujeitas ao procedimento
sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por violação à CLT
ou contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do TST. Errado.

(TRT-13 - Analista Judiciário - FGV - 2022): Vanessa trabalha como


mecânica numa loja localizada em Conde/PB. Em setembro de 2022,
Vanessa foi dispensada sem justa causa e não recebeu nenhum de seus
direitos. Então, a ex-empregada procurou um advogado para ajuizar
reclamação trabalhista cobrando os valores devidos pela saída e horas extras

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 90


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sonegadas ao longo do pacto laboral, que foram quantificados em R$
36.360,00. Considerando o caso retratado e as normas da CLT, o
procedimento que a ação de Vanessa deverá observar e a quantidade de
testemunhas que cada parte poderá ouvir em juízo é o procedimento
sumaríssimo, com até duas testemunhas para cada parte. Correto.

5. RITO SUMÁRIO OU DE ALÇADA

O procedimento comum sumário, no âmbito do processo laboral, foi introduzido pela Lei
5.584/70, cujo objetivo fundamental era empreender maior celeridade às causas trabalhistas com
valor de até 2 salários mínimos.

Adverte-se, a priori, que o procedimento sumaríssimo não extinguiu o procedimento sumário


previsto na Lei 5.584/70, uma vez que, a par de não ter havido revogação expressa na lei nova,
inexiste qualquer incompatibilidade entre os 2 textos legais da qual se possa inferir a revogação
tácita da norma mais antiga.

A Lei 5.584/70, portanto, instituiu a chamada “causa de alçada”, que, na verdade, é uma
ação submetida ao procedimento sumário, cuja regulação está prevista nos §§ 3º e 4º do art. 2º da
referida lei, segundo os quais:

1) Quando o valor fixado para a causa não exceder de 2 vezes o salário mínimo vigente na
sede do Juízo, será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar da ata a
conclusão do juiz quanto à matéria de fato;

2) Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças
proferidas nos dissídios da alçada, considerado, para esse fim, o valor do salário
mínimo à data do ajuizamento da ação.

Nos processos de exclusiva alçada das Varas, portanto, é dispensável, a critério do Juiz, o
resumo dos depoimentos, devendo constar da ata de audiência a conclusão a que se chegou quanto
à matéria de fato.

Ademais, não há vedação legal expressa para o procedimento sumário nas causas em que
figurem pessoas jurídicas de direito público.

Por fim, conforme apontado, somente caberá recurso da sentença proferida no


procedimento sumário por violação direta e literal da CF/88. Trata-se de um recurso extraordinário
com matéria limitada, eis que não há mais discussão do fato em si, razão pela qual se aplica o
princípio da instância única ao rito de alçada.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(CAU - MS - Advogado - IADES - 2021): João foi contratado por uma
empresa (prestadora) para laborar como zelador, atuando para uma
sociedade de economia mista federal (tomadora). Ao final do contrato de
trabalho, João ajuizou reclamação trabalhista em face da empresa que o
contratou (prestadora) e em face da sociedade de economia mista federal
(tomadora), requerendo o pagamento de horas extras e vale-transporte. O
valor total dos pedidos efetuados foi de 15 mil reais. Considerando o valor

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dos pedidos efetuados por João, a reclamação deverá se submeter ao rito
sumário e, da decisão que vier a ser proferida, não caberá recurso. Errado.

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TEORIA GERAL DOS RECURSOS

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

De acordo com Carlos Henrique Bezerra Leite, a palavra recurso pode ser entendida em
sentido amplo e em sentido restrito. Em sentido amplo, é um remédio, isto é, um meio de proteger
um direito: ações, recursos processuais ou administrativos, exceções, contestações, reconvenção,
medidas cautelares. Em sentido restrito, é a provocação de um novo julgamento, na mesma relação
processual, da decisão pela mesma ou por outra autoridade judiciária superior.

Para Luiz Guilherme Marinoni, recurso é um meio voluntário de impugnação de decisões


judiciais, interno ao processo, que visa à reforma, à anulação ou ao aprimoramento da decisão
atacada.

Independentemente do conceito adotado para os recursos, diante de uma decisão judicial,


o ser humano, na sua insatisfação, pode ter o direito de impugnar uma decisão. Essa impugnação,
portanto, pode ser realizada através de 2 formas:

1) Meios não recursais: referem-se às ações autônomas de impugnação.

As ações autônomas são um meio de impugnação da decisão judicial através da criação de


uma nova relação jurídica processual (outro processo), cujo objeto é a decisão impugnada. Ex.:
mandado de segurança, ação rescisória, embargos de terceiro.

2) Meios recursais: são os próprios recursos. Trata-se da impugnação típica, ou seja, que
está sempre prevista em lei, voluntária, com o objetivo de reformar (modificar o
conteúdo), anular ou integrar a decisão impugnada.

Nesse caso, o recurso acontece no mesmo processo, não gera uma nova relação jurídica
processual. Sendo assim, Carlos Henrique Bezerra defende que o recurso é a continuação do
procedimento, atuando como prolongamento do exercício do direito de ação dentro do mesmo
processo.

Obs.: a diferença, portanto, entre as ações autônomas e os recursos


é que as ações autônomas geram um novo processo.

2. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS

QUANTO À FORMA DE RECORRER

1) Independente ou principal: aquele que é proposto de forma principal no prazo recursal.

2) Subordinado ou adesivo: apresentado de forma adesiva, no prazo de contrarrazões.

O principal exemplo de recurso subordinado é o recurso adesivo, que ocorre na hipótese,


por exemplo, em que o reclamado perdeu o prazo principal, mas o reclamante apresentou recurso

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ordinário no prazo de 8 dias. Conforme o recurso principal foi dado entrada, existe o prazo de 8 dias
para que o reclamado (querendo e precisando), apresente contrarrazões de recurso adesivo.

O recurso adesivo, por sua vez, deve observar alguns requisitos:

1) Deve haver sucumbência recíproca;

2) Deve haver o recurso principal de alguma parte no processo;

3) É preciso da aceitação tácita da decisão pela parte que apresenta o recurso adesivo,
sob pena de se configurar preclusão consumativa;

Significa dizer que se a parte já apresentou o recurso principal, ela não pode apresentar
recurso adesivo, em razão da preclusão consumativa. Assim, se ela não interpôs o
recurso principal, subentende-se que, tacitamente, ela aceitou o conteúdo da decisão.

4) O recurso adesivo deve observar os mesmos requisitos de admissibilidade e julgamento


que seriam exigidos dele caso fosse principal.

Obs.: o recurso adesivo é dependente/subordinado do principal.


Portanto, se houver desistência do recurso principal, ou ele for
declarado inadmissível, o recurso adesivo não será conhecido.

Importante destacar, por fim, que a Súmula 283 do TST esclarece que só cabe recurso
adesivo do recurso ordinário, recurso de revista, agravo de petição e embargos no TST, in
verbis:

RECURSO ADESIVO. PERTINÊNCIA NO PROCESSO DO TRABALHO.


CORRELAÇÃO DE MATÉRIAS (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003. O recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho e
cabe, no prazo de 8 (oito) dias, nas hipóteses de interposição de recurso
ordinário, de agravo de petição, de revista e de embargos, sendo
desnecessário que a matéria nele veiculada esteja relacionada com a do
recurso interposto pela parte contrária.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-14 - Analista Judiciário - FCC - 2022): A Reclamada Confecções Beija
Flor Ltda. foi sucumbente em parte dos pedidos requeridos por seu ex-
gerente Augusto em sua reclamação trabalhista. No prazo legal, Augusto
interpôs recurso ordinário pleiteando a reforma da sentença que indeferiu seu
pedido de danos morais. A Reclamada deixou de interpor recurso ordinário
no prazo legal, mas, no prazo em que deveria apresentar suas contrarrazões
ao recurso ordinário interposto por Augusto, apresentou recurso adesivo
pretendendo a reforma da decisão de 1o grau no tocante às diferenças de
comissões sobre as vendas, parte em que Augusto ganhou a ação. Diante do
exposto, e tendo em vista a legislação vigente e o entendimento sumulado do
TST, o recurso adesivo é compatível com o processo do trabalho, mas deve
o recorrente observar os requisitos para sua interposição, como o
recolhimento das custas processuais e o valor do depósito recursal, como
qualquer outro recurso principal. Correto.

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(PGE- PA - Procurador - CESPE - 2022): Mesmo sem previsão na
Consolidação das Leis do Trabalho, a interposição de recurso de revista
adesivo é compatível com o processo do trabalho, segundo jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho, sendo desnecessário que a matéria nele
vinculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.
Correto.

QUANTO À AUTORIDADE À QUAL SE DIRIGEM

1) Próprios: julgados por órgão de jurisdição superior, como o recurso ordinário, a


apelação cível, o recurso de revista, os agravos, o recurso extraordinário etc.

2) Impróprios: dirigidos e julgados ao mesmo órgão prolator da decisão impugnada, como


os embargos de declaração, os embargos infringentes.

QUANTO À MATÉRIA

1) Ordinários: referem-se aos recursos que têm por escopo a tutela do direito subjetivo
das partes, pois visam obter a revisão da matéria fática e/ou jurídica contida na decisão
recorrida.

Os recursos ordinários, portanto, atendem ao direito (ou garantia) constitucional ao duplo


grau de jurisdição, uma vez que “devolvem” ao Tribunal ad quem o exame completo da
matéria impugnada, como o recurso ordinário trabalhista.

2) Extraordinários: são os recursos que têm por escopo a tutela do direito objetivo e, por
isso, não se destinam a corrigir a injustiça da decisão recorrida, nem permitem
rediscussão de matéria fática ou reexame de provas, como ocorre com o recurso de
revista, o recurso de embargos (no TST), o recurso extraordinário.

3. ATOS SUJEITOS A RECURSO

PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES

O princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias é também chamado de


princípio da concentração. De forma diversa do que ocorre com o Processo Civil, cujas decisões
interlocutórias proferidas no curso do processo podem ser impugnadas por agravo de instrumento,
o Direito Processual do Trabalho não admite recurso específico contra tais espécies de atos
judiciais, salvo situações específicas que serão adiante analisadas.

É sabido que na Vara do Trabalho, há sentença e decisão interlocutória. Por outro lado, no
TRT e TST existem acórdãos e decisões monocráticas. Todos eles proferem despacho, que não
tem conteúdo decisório, é ato de mero expediente e tem por função apenas o impulso do processo.
Em razão disso, os despachos são IRRECORRÍVEIS.

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Todas as demais espécies de decisão são recorríveis, observado o seguinte: vige no
Processo do Trabalho o princípio da irrecorribilidade IMEDIATA das decisões interlocutórias.
Significa, portanto, que as decisões são recorríveis, apenas não são recorríveis de imediato.

Nesse sentido, dispõe o § 1º do art. 893 da CLT que:

Art. 893, § 1º - Os incidentes do processo são resolvidos pelo próprio Juízo


ou Tribunal, admitindo-se a apreciação do merecimento das decisões
interlocutórias somente em recursos da decisão definitiva.

Importante vislumbrar, ainda, o previsto no art. 795 da CLT:

Art. 795 - As nulidades não serão declaradas senão mediante provocação


das partes, as quais deverão argui-las à primeira vez em que tiverem de
falar em audiência ou nos autos.

Ante o exposto, pode-se inferir que na primeira oportunidade a parte DEVE arguir nulidade
processual, ao falar em audiência ou manifestar nos autos. Não arguindo nulidade, ocorrerá
preclusão, isto é, não será possível recorrer da decisão interlocutória posteriormente. Frisa-se,
ainda, que é necessário renovar a nulidade em razões finais.

Em linha de princípio, portanto, somente na interposição de recurso contra a decisão final


(efeito diferido do recurso ordinário), poderá o recorrente suscitar, como matéria preliminar de suas
razões recursais, todas as decisões interlocutórias proferidas no curso do processo, desde que
tenha manifestado o seu inconformismo (o conhecido “protesto nos autos”) nos termos do art. 795,
in fine, da CLT, sob pena de preclusão.

Todavia, havendo urgência no pedido que foi negado, caberá mandado de segurança, na
hipótese de violação a direito líquido e certo:

SÚMULA Nº 414 - MANDADO DE SEGURANÇA. ANTECIPAÇÃO DE


TUTELA (OU LIMINAR) CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA.
I - A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação
pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso
ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo a
recurso.
II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da
sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da
inexistência de recurso próprio.
III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o
objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela
antecipada (ou liminar).

Existem outras exceções que permitem à parte recorrer de imediato, são elas:

1) Súmula 214 do TST:

SÚMULA Nº 214 - DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE.


Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões
interlocutórias não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de
decisão:

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a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

Com relação à alínea “b” da Súmula, insta salientar que o recurso é, geralmente, o agravo
interno.

Além disso, no que tange à alínea “c”, importante ressaltar que sendo uma arguição de
suspeição, por exemplo, não será recorrível de imediato, estando tal hipótese limitada à decisão
que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para TRT distinto
daquele a que se vincula.

Ex.: o Juízo de São Paulo (TRT-2, SP) acolheu a exceção de incompetência e remeteu para
Salvador (TRT-5, BA). Nesse caso, cabe recurso imediato para o TRT da Vara do Trabalho que
proferiu a decisão, que seria o recurso ordinário no prazo de 8 dias.

A IN 39/16 estabelece, ainda, a regra do art. 893, § 1º da CLT:

Art. 1º, § 1º Observar-se-á, em todo caso, o princípio da irrecorribilidade


em separado das decisões interlocutórias, de conformidade com o art.
893, § 1º da CLT e Súmula nº 214 do TST.

2) Art. 855-A da CLT:

Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de


desconsideração da personalidade jurídica previsto nos arts. 133 a 137
da Lei n° 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil.
§ 1º Da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente:
I - na fase de cognição, não cabe recurso de imediato, na forma do § 1º
do art. 893 desta Consolidação;
II - na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de
garantia do juízo;
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado
originariamente no tribunal.

Ante a disposição legal acima exposta, pode-se verificar que em se tratando do Incidente de
Desconsideração da Personalidade Jurídica (IDPJ), na:

a) Fase de conhecimento/cognição: NÃO cabe recurso de imediato.

b) Fase de execução: cabe agravo de petição, independentemente de garantia do Juízo.

c) IDPJ instaurado originariamente no tribunal: cabe agravo interno.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-ES - Residência Jurídica - Instituto Consulplan - 2022): A empresa
Orange Distribuidora Agrícola Ltda. foi demanda na Justiça do Trabalho,
sendo requerida a concessão de tutela provisória de urgência em incidente
de desconsideração da personalidade jurídica. Assim, da decisão

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interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente na fase de cognição, não
cabe recurso de imediato. Correto.

3) §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei 5.584/70:

Art 2º Nos dissídios individuais, proposta a conciliação, e não havendo


acordo, o Presidente, da Junta ou o Juiz, antes de passar à instrução da
causa, fixar-lhe-á o valor para a determinação da alçada, se este for
indeterminado no pedido.
§ 1º Em audiência, ao aduzir razões finais, poderá qualquer das partes,
impugnar o valor fixado e, se o Juiz o mantiver, pedir revisão da decisão,
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ao Presidente do Tribunal Regional.
§ 2º O pedido de revisão, que não terá efeito suspensivo deverá ser
instruído com a petição inicial e a Ata da Audiência, em cópia autenticada
pela Secretaria da Junta, e será julgado em 48 (quarenta e oito) horas, a partir
do seu recebimento pelo Presidente do Tribunal Regional.

Quando o Juiz mantiver o valor da causa fixado para fins de alçada, poderá a parte formular
pedido de revisão que será julgado pelo Presidente do Tribunal ao qual está vinculado o Juiz prolator
da decisão.

4) Art. 897, b, da CLT

Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:


b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de
recursos.

Refere-se à possibilidade de interposição imediata de agravo de instrumento contra decisão


(denominada impropriamente de “despacho”) que denega seguimento a recurso.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-13 - Analista Judiciário - FUMARC - 2022): Não há recurso de
nenhuma decisão interlocutória no processo do trabalho, em atenção ao
princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias. Errado.

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

O juízo de admissibilidade consiste na avaliação acerca do preenchimento dos pressupostos


de admissibilidade dos recursos. Sendo assim, ele implica no conhecimento ou não do recurso,
precedendo a análise do mérito.

Via de regra, no Processo do Trabalho, o juízo de admissibilidade é realizado em 2


momentos:

1) Pelo Juízo a quo (prolator da decisão recorrida);

2) Posteriormente, pelo Juízo ad quem (destinatário do recurso).

Esses juízos são independentes, portanto, se o Juízo a quo conhecer o recurso, não
significa, necessariamente, que o Juízo ad quem adotará o mesmo posicionamento.

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Ressalta-se, entretanto, que nos embargos de declaração, o Juízo a quo é também o Juízo
ad quem, não havendo duplo juízo de admissibilidade.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(EBSERH - Advogado - VUNESP - 2020): Determinada empresa pública
municipal, intimada da sentença trabalhista no dia 06.11.2019 (4ª feira),
interpôs recurso ordinário em 27.11.2019 (4ª feira). Considerando que o
mencionado recurso foi processado pelo juízo a quo, é correto afirmar que o
deverá ser conhecido pelo juízo ad quem, pois está vinculado ao juízo de
admissibilidade da instância inferior. Errado.

Outra exceção que também precisa ser mencionada é acerca do conhecimento parcial do
recurso de revista, prevista no art. 1º da IN 40/16 do TST:

Art. 1° Admitido apenas parcialmente o recurso de revista, constitui ônus da


parte impugnar, mediante agravo de instrumento, o capítulo denegatório
da decisão, sob pena de preclusão.

Por fim, insta evidenciar que a Súmula 435 do TST determina a aplicação subsidiária do art.
932 do CPC – que trata das competências do relator – ao Processo do Trabalho, in verbis:

DECISÃO MONOCRÁTICA. RELATOR. ART. 932 DO CPC DE 2015. ART.


557 DO CPC DE 1973. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA AO PROCESSO DO
TRABALHO (atualizada em decorrência do CPC de 2015; Res. n. 208/2016,
DEJT divulgado em 22, 25 e 26-4-2016). Aplica-se subsidiariamente ao
processo do trabalho o art. 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973).

Art. 932. Incumbe ao relator:


I - dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à produção
de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das
partes;
II - apreciar o pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de
competência originária do tribunal;
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha
impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida;
IV - negar provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça
ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao
recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça
ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica,
quando este for instaurado originariamente perante o tribunal;

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VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do
tribunal.
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator
concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado
vício ou complementada a documentação exigível.

PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

3.3.1. Cabimento

Conforme preleciona Carlos Henrique Bezerra, o primeiro pressuposto objetivo digno de


consideração é o do cabimento do recurso. Significa dizer que é necessário verificar se o ato judicial
atacado é recorrível.

Isto posto, infere-se que existem 3 subprincípios que tratam dos pressupostos de
admissibilidade dos recursos:

1) Taxatividade: só existem os recursos taxativamente previstos em lei.

2) Singularidade: para cada decisão, em cada situação, caberá um recurso.

3) Fungibilidade: não havendo erro grosseiro, e respeitado o prazo recursal, é possível


aceitar um recurso por outro.

Obs.: em se tratando da fungibilidade, aplica-se a teoria do menor


prazo, isto é, deve-se seguir o prazo recursal que for mais curto.

A título de exemplificação da aplicabilidade dos subprincípios, segue entendimento


consolidado na Súmula 421 do TST:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA


DO RELATOR CALCADA NO ART. 932 DO CPC DE 2015. ART. 557 DO
CPC DE 1973. (atualizada em decorrência do CPC de 2015) – Res.
208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26.04.2016.
I – Cabem embargos de declaração da decisão monocrática do relator
prevista no art. 932 do CPC de 2015 (art. 557 do CPC de 1973), se a parte
pretende tão somente juízo integrativo retificador da decisão e, não,
modificação do julgado.
II – Se a parte postular a revisão no mérito da decisão monocrática, cumpre
ao relator converter os embargos de declaração em agravo, em face dos
princípios da fungibilidade e celeridade processual, submetendo-o ao
pronunciamento do Colegiado, após a intimação do recorrente para, no
prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a
ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º, do CPC de 2015. Res.
137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005

Ante o exposto, verifica-se que na hipótese de ter no processo uma decisão monocrática de
relator que nega seguimento, nega provimento ou dá provimento a um recurso, havendo
irresignação da parte em face da decisão monocrática, é possível opor embargos de declaração ou
agravo interno.

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Se a parte optou pelos embargos de declaração e o relator verificar que há possibilidade de
efeito modificativo, ele vai, de ofício, aplicar a fungibilidade e receber os embargos declaratórios
como um agravo.

3.3.2. Legitimidade

Trata-se de um pressuposto de admissibilidade subjetivo ou intrínseco.

A legitimidade recursal é a habilitação outorgada por lei àquele que tenha participado, como
parte, do processo em primeiro grau de jurisdição, ainda que revel.

Além das partes originárias da relação processual, têm legitimação para interpor recurso, na
qualidade de terceiro prejudicado ou juridicamente interessado:

1) O sucessor ou herdeiro;

2) A empresa condenada solidária ou subsidiariamente;

3) O subempreiteiro, o empreiteiro principal ou o dono da obra;

4) Os sócios de fato nas sociedades não juridicamente constituídas, além das pessoas
físicas e jurídicas por força de normas de direito civil, que se vinculem à parte que figurou
na demanda;

5) Os litisconsortes e assistentes;

6) O substituto processual.

Sobre o terceiro interessado, insta evidenciar o art. 793-D:

Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta Consolidação à


testemunha que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir
fatos essenciais ao julgamento da causa.

Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos


mesmos autos.
Portanto, a testemunha que discorde da aplicação da multa por litigância de má-fé prevista
no art. 793-D recorre da aplicação da multa como terceiro interessado no mesmo processo.

Outrossim, imperioso salientar que o Ministério Público do Trabalho (MPT) possui


legitimidade para recorrer em um processo trabalhista em 2 situações:

1) Quando o MPT atuar como parte;

2) Em virtude da atuação como fiscal da ordem jurídica, o MPT somente pode recorrer na
defesa de interesse público.

Sobre o tema, importante vislumbrar o disposto na OJ 237 do SDI-1:

MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO. LEGITIMIDADE PARA


RECORRER. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. EMPRESA PÚBLICA

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(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 338 da SBDI-I) - Res. 210/2016,
DEJT divulgado em 30.06.2016 e 01 e 04.07.2016.
I - O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para recorrer
na defesa de interesse patrimonial privado, ainda que de empresas
públicas e sociedades de economia mista.
II – Há legitimidade do Ministério Público do Trabalho para recorrer de
decisão que declara a existência de vínculo empregatício com
sociedade de economia mista ou empresa pública, após a Constituição
Federal de 1988, sem a prévia aprovação em concurso público, pois é
matéria de ordem pública.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-AL - Procurador - CESPE - 2021): Estados e municípios possuem
legitimidade para recorrerem em nome de suas autarquias e fundações
públicas. Errado.

3.3.3. Preparo trabalhista

Diferentemente do Processo Civil, que exige apenas o pagamento das custas para fins
recursais, no Processo do Trabalho há, em alguns casos, exigência não só do recolhimento das
custas, como também do depósito recursal (ou depósito prévio pecuniário).

4. CUSTAS PROCESSUAIS E DEPÓSITO RECURSAL

CUSTAS

As custas são taxas devidas ao Estado como contraprestação do serviço público de natureza
jurisdicional. Desse modo, se a prestação jurisdicional é um serviço público lato sensu, então pode
o Estado instituir taxa para pagamento do serviço utilizado pelo jurisdicionado (usuário).

Como a Justiça do Trabalho integra o Poder Judiciário Federal, as custas no processo


trabalhista devem ser fixadas por lei federal. Nessa linha, o art. 790 da CLT dispõe que:

Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no
Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e
emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal
Superior do Trabalho.

Para fins de interposição de recursos no processo de conhecimento, o art. 789 da CLT


determina que:

Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas
ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como
nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da
jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento
incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64
(dez reais e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e
serão calculadas:

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Isto posto, o cálculo das custas deverá observar as seguintes regras:

Art. 789, I – quando houver acordo ou condenação, sobre o respectivo


valor;
II – quando houver extinção do processo, sem julgamento do mérito, ou
julgado totalmente improcedente o pedido, sobre o valor da causa;
III – no caso de procedência do pedido formulado em ação declaratória e
em ação constitutiva, sobre o valor da causa;
IV – quando o valor for indeterminado, sobre o que o juiz fixar.

As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de
recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal.

Se a sentença for omissa sobre custas, deverá a parte interpor embargos de declaração,
ficando, pois, interrompido o prazo respectivo para o recurso e, consequentemente, para o
pagamento das custas. Nesse caso, o prazo para o pagamento das custas recomeçará a correr a
partir da intimação da sentença (dos embargos declaratórios) que fixar o valor das custas,
consoante determina a Súmula 53 do TST.

As custas também são espécies de despesas processuais. Logo, de acordo com Carlos
Henrique Bezerra, pode-se concluir que se autor e réu, não sendo empregado e empregador (ou,
por extensão, trabalhador avulso e tomador do seu serviço), tiverem seus pedidos acolhidos
parcialmente, ambos deverão recolher as custas, de modo proporcional, como pressuposto de
admissibilidade do recurso correspondente. É o que se extrai do § 3º do art. 3º da IN 27/05 do TST,
in verbis:

Art. 3º Aplicam-se quanto às custas as disposições da Consolidação das Leis


do Trabalho.
§ 1º As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da
decisão.
§ 2º Na hipótese de interposição de recurso, as custas deverão ser pagas
e comprovado seu recolhimento no prazo recursal (artigos 789, 789-A,
790 e 790-A da CLT).
§ 3º Salvo nas lides decorrentes da relação de emprego, é aplicável o
princípio da sucumbência recíproca, relativamente às custas.

Ademais, na hipótese de acordo, as custas incidirão sobre o valor do acordo. Salienta-se,


no entanto, que se de outra forma não dispuserem as partes, as custas serão rateadas, em
consonância com o § 3º do art. 789 da CLT:

Art. 789, § 3º Sempre que houver acordo, se de outra forma não for
convencionado, o pagamento das custas caberá em partes iguais aos
litigantes.

Sendo assim, infere-se que o acordo pode estabelecer diferentes formas de pagamento das
custas. No silêncio, por outro lado, elas serão rateadas.

Importante frisar, por fim, que o reclamante só vai pagar custas na improcedência,
independentemente de ser empregado ou empregador. Já o reclamado deverá pagar as custas na
procedência, seja ela total ou parcial, a teor do disposto na Súmula 25 do TST:

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 103


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I - A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está
obrigada, independentemente de intimação, a pagar as custas fixadas
na sentença originária, das quais ficara isenta a parte então vencida;
II - No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem
acréscimo ou atualização do valor das custas e se estas já foram
devidamente recolhidas, descabe um novo pagamento pela parte vencida,
ao recorrer. Deverá ao final, se sucumbente, reembolsar a quantia;
III - Não caracteriza deserção a hipótese em que, acrescido o valor da
condenação, não houve fixação ou cálculo do valor devido a título de
custas e tampouco intimação da parte para o preparo do recurso,
devendo ser as custas pagas ao final;
IV - O reembolso das custas à parte vencedora faz-se necessário mesmo
na hipótese em que a parte vencida for pessoa isenta do seu pagamento,
nos termos do art. 790-A, parágrafo único, da CLT.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-3 - Analista Judiciário - FUMARC - 2022): As custas relativas ao
processo de conhecimento incidirão à base de 2% (dois por cento),
observado o mínimo de R$ 10,64 (dez reais e sessenta e quatro centavos) e
o máximo de duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social. Errado.

DEPÓSITO RECURSAL

O depósito recursal, diferentemente das custas, não tem natureza jurídica de “taxa” (tributo),
e sim de garantia do Juízo recursal para futura execução em ação trabalhista individual que veicule
verba de natureza alimentar, o que pressupõe a existência de decisão (sentença ou acórdão)
condenatória de obrigação de pagamento em pecúnia, com valor líquido ou arbitrado pelo órgão
judicial.

Por outro lado, tratando-se de sentença condenatória de obrigação de fazer, não fazer ou
entregar coisa, ou, ainda, sentença meramente declaratória ou constitutiva, bem como sentença
mandamental ou executiva lato sensu, não há falar em depósito recursal.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Mairinque - Procurador - Instituto Mais - 2021): Ainda que
não haja condenação a pagamento em pecúnia, é imprescindível o depósito
recursal para admissibilidade do recurso. Errado.

Obs.: o depósito é um requisito do recurso trabalhista, razão pela qual


a IN 27/05 preleciona que é também devido nas ações que não versem
sobre relação de emprego.

O valor depositado é o valor suficiente para garantir a futura execução, podendo ser o valor
arbitrado à condenação (sentenças ilíquidas) ou o valor da condenação quando a sentença é
líquida, observados os tetos anualmente expedidos pelo TST.

A Súmula 128 do TST traz 3 pontos importantes sobre o depósito recursal:

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I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em
relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido
o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer
recurso.
II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para
recorrer de qualquer decisão viola os incs. II e LV do art. 5º da CF/88.
Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação
da garantia do juízo.
III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito
recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa
que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.

No que tange ao item III da Súmula, verifica-se que em caso de litisconsórcio, se a tese de
defesa é única, o depósito é aproveitado a todos os litisconsortes. Por outro lado, se a tese de
defesa é de exclusão do processo, cada réu deverá apresentar seu depósito recursal.

Além disso, a Súmula 245 do TST consolidou entendimento acerca do prazo de realização
do depósito recursal com base nos seguintes termos:

SÚMULA Nº 245 - DEPÓSITO RECURSAL. PRAZO. O depósito recursal


deve ser feito e comprovado no prazo alusivo ao recurso. A interposição
antecipada deste não prejudica a dilação legal.
As disposições legais acerca do depósito recursal estão elencadas no art. 899 da CLT,
podendo-se evidenciar a necessidade de pagamento ou não do depósito conforme a tabela abaixo:

REQUER DEPÓSITO NÃO REQUER DEPÓSITO


Recurso ordinário Embargos de declaração
Recurso de revista Embargos infringentes
Agravo de instrumento Agravo interno
Embargos de divergência Recurso extraordinário

É mister salientar que quando o agravo de instrumento tem a finalidade de destrancar


recurso de revista que se insurge contra decisão que contraria a jurisprudência uniforme do TST,
consubstanciada nas suas Súmulas ou em Orientação Jurisprudencial (OJ), não haverá
obrigatoriedade de se efetuar o depósito recursal, conforme disposto no § 8º do art. 899 da CLT.

Quanto ao recurso extraordinário, evidencia-se que o STF decidiu que não é necessário o
depósito recursal para admissibilidade de RE em matéria trabalhista somente em 2020, entendendo
que a exigência é incompatível com a Constituição Federal:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO – DEPÓSITO –


INCONSTITUCIONALIDADE. Surge incompatível com a Constituição
Federal exigência de depósito prévio como condição de admissibilidade
do recurso extraordinário, no que não recepcionada a previsão constante
do § 1º do artigo 899 da Consolidação das Leis do Trabalho, sendo
inconstitucional a contida na cabeça do artigo 40 da Lei nº 8.177 e, por
arrastamento, no inciso II da Instrução Normativa nº 3/1993 do Tribunal
Superior do Trabalho. (STF - RE: 607447 PR, Relator: MARCO AURÉLIO,
Data de Julgamento: 22/05/2020, Tribunal Pleno, Data de Publicação:
03/06/2020).

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Frisa-se, ainda, que consoante o § 11 do art. 899 da CLT, o depósito recursal poderá ser
substituído por fiança bancária ou seguro garantia judicial.

Por fim, importante destacar que nos termos da OJ 140 da SDI-1, a insuficiência de preparo,
ou seja, o preparo a menor, demandará complementação em 5 dias:

140. DEPÓSITO RECURSAL E CUSTAS PROCESSUAIS.


RECOLHIMENTO INSUFICIENTE. DESERÇÃO. (nova redação em
decorrência do CPC de 2015) - Res. 217/2017 - DEJT divulgado em 20, 24 e
25.04.2017. Em caso de recolhimento insuficiente das custas processuais ou
do depósito recursal, somente haverá deserção do recurso se, concedido
o prazo de 5 (cinco) dias previsto no § 2º do art. 1.007 do CPC de 2015,
o recorrente não complementar e comprovar o valor devido.

ISENÇÃO

Para facilitar a memorização daqueles que estão isentos de custas e/ou do depósito recursal,
colaciona-se a tabela abaixo:

ISENTOS DE CUSTAS ISENTOS DE DEPÓSITO DEPÓSITO RECURSAL


RECURSAL PELA METADE (50%)
Beneficiários da justiça gratuita Beneficiários da justiça gratuita Entidades sem fins lucrativos
União, Estados, Distrito Federal, União, Estados, Distrito Federal, Empregador doméstico
Municípios, autarquias e Municípios, autarquias e
fundações públicas que NÃO fundações públicas que NÃO
explorem atividade econômica
explorem atividade econômica
Ministério Público do Trabalho Ministério Público do Trabalho Microempreendedores
(MPT) (MPT) individuais (MEI)
Massa falida Massa falida Empresas de Pequeno Porte
(EPP)
- Entidades filantrópicas Microempresas (ME)
- Empresas em recuperação -
judicial

Ainda sobre a isenção, é preciso evidenciar que nos termos do art. 790-A da CLT, as
entidades fiscalizadoras do exercício da profissão NÃO estão isentas do pagamento de custas:

Art. 790-A, Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as
entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as pessoas
jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas
judiciais realizadas pela parte vencedora.

Além disso, conforme a Súmula 170 do TST, a sociedade de economia mista também NÃO
está isenta do pagamento de custas:

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. CUSTAS. Os privilégios e isenções no


foro da Justiça do Trabalho não abrangem as sociedades de economia
mista, ainda que gozassem desses benefícios anteriormente ao Decreto-Lei
n. 779, de 21-8-1969. Ex-prejulgado n. 50 (TST, Súmula 170).

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Por fim, ressalta-se que a isenção do depósito recursal está limitada às empresas em
recuperação JUDICIAL. Significa, portanto, que as empresas em recuperação EXTRAJUDICIAL
devem realizar o pagamento do depósito recursal.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-14 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): A empresa Massas Alvorada
Ltda. está em processo de recuperação judicial. O Condomínio Edifício Lagoa
Azul é residencial e o valor do condomínio arrecadado mensalmente tem a
finalidade de ratear despesas ordinárias e extraordinárias dos empregados e
das áreas comuns do condomínio. Mário é um microempreendedor individual,
produzindo camisetas. Todos possuem reclamações trabalhistas e
pretendem ingressar com recurso ordinário contra as sentenças em que
foram sucumbentes. Quanto ao depósito recursal, será reduzido pela metade
para o Condomínio Edifício Lagoa Azul e Mário, apenas. Correto.

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RECURSOS EM ESPÉCIES

1. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Os embargos de declaração são cabíveis para impugnar qualquer decisão lato sensu, isto
é, sentença, acórdão ou decisão interlocutória, estando eles previstos no art. 897-A da CLT, in
verbis:

Art. 897-A Caberão embargos de declaração da sentença ou acórdão, no


prazo de cinco dias, devendo seu julgamento ocorrer na primeira audiência
ou sessão subsequente a sua apresentação, registrado na certidão, admitido
efeito modificativo da decisão nos casos de omissão e contradição no julgado
e manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso.

Trata-se de um recurso de fundamentação vinculada, isto é, em que a lei que traz


expressamente as hipóteses de cabimento. Nesse sentido, podem os embargos de declaração ser
opostos nos seguintes casos:

1) Omissão: está vinculada à ausência ou negligência. Objetiva-se, portanto, suprir


omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o Juiz de ofício ou a
requerimento da parte.

2) Contradição: a contradição, para fins de embargos de declaração, deve constar do


corpo da própria sentença ou acórdão. Pode ocorrer contradição não apenas entre o
relatório e a fundamentação ou entre esta e o decisum, mas também entre quaisquer
partes da sentença ou do acórdão.

3) Erro material: pode ser arguido a qualquer momento e por qualquer interessado,
inclusive de ofício pelo Juiz.

Importante verificar o disposto no § 1º do art. 897-A da CLT:

Art. 897-A, § 1º Os erros materiais poderão ser corrigidos de ofício ou a


requerimento de qualquer das partes.

Sendo assim, as partes também podem requerer, mediante simples petição, a correção de
erro material contido na sentença ou no acórdão. Para tanto, não haverá necessidade de
interposição de embargos de declaração.

4) Manifesto equívoco na apreciação dos pressupostos extrínsecos (objetivos) de


admissibilidade dos recursos.

5) Obscuridade: representa um vício de ininteligibilidade, compreendida como a falta de


clareza que impeça ou dificulte a correta compreensão do julgado.

Apesar de tal hipótese de cabimento não estar prevista na CLT, é possível a aplicação
supletiva/complementar dos embargos declaratórios por obscuridade, conforme determina o art. 15

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do CPC. No entanto, ressalta-se que o cabimento de embargos de declaração por obscuridade da
decisão embargada não autoriza o efeito modificativo, que será abordado logo a seguir.

O prazo de interposição dos embargos de declaração é de 5 dias. Ademais, NÃO há


incidência de custas ou depósito recursal.

Quanto aos efeitos e processamento dos embargos de declaração, tem-se que:

1) Interruptivo: propostos os embargos de declaração, ele interromperá o prazo para todos


os demais recursos e para todas as partes, salvo em 3 hipóteses previstas no § 3º do
art. 897-A da CLT:

Art. 897-A, § 3º Os embargos de declaração interrompem o prazo para


interposição de outros recursos, por qualquer das partes, salvo quando
intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua
assinatura.

Assim, os embargos declaratórios NÃO poderão ser opostos se:

a) Forem intempestivos;

b) Houver irregularidade de representação do embargante;

c) A petição dos for apócrifa, caso em que o recurso é considerado juridicamente


inexistente.

Como o tema foi cobrado em concurso?

(TRT-22 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Maiara, devidamente


representada por advogado, move reclamação trabalhista contra a empresa
Cosméticos & Afins Ltda., pleiteando o pagamento de diferenças de horas
extras e plano de participação nos lucros e resultados. Proferida a sentença,
a juíza do trabalho não apreciou o pedido da participação nos lucros, sendo
que o advogado de Maiara interpôs embargos de declaração
tempestivamente para sanar a omissão do julgado, por meio de assinatura
digital, tendo em vista que o processo é eletrônico. Nesse caso, de acordo
com a legislação federal vigente, interrompe-se o prazo para a interposição
do recurso ordinário. Correto.

2) Modificativo: quando a decisão embargada contiver omissão, contradição ou manifesto


equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do recurso, os embargos poderão
ensejar a reforma da decisão embargada.

Refere-se, destarte, à possibilidade de modificação do conteúdo da decisão, nos termos do


§ 2º do art. 897-A da CLT:

Art. 897-A, § 2º Eventual efeito modificativo dos embargos de declaração


somente poderá ocorrer em virtude da correção de vício na decisão
embargada e desde que ouvida a parte contrária, no prazo de 5 (cinco) dias.
Caso a decisão não seja modificada, o Juiz deve, de imediato, proferir a decisão, em
conformidade com o princípio da celeridade que rege o Processo do Trabalho. Por outro lado, sendo

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 109


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modificada a decisão, o Juiz deverá dar vistas à parte contrária para ela se manifestar, sob pena de
nulidade.

Debruçando-se sobre a questão do efeito modificativo dos embargos declaratórios, a SDI-1


editou a OJ 142 do TST, segundo a qual:

I - É passível de nulidade decisão que acolhe embargos de declaração


com efeito modificativo sem que seja concedida oportunidade de
manifestação prévia à parte contrária.

Assim como no Processo Civil, cabem embargos de declaração para fins de


prequestionamento, nos termos da Súmula 297 do TST:

PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE. CONFIGURAÇÃO. I - Diz-se


prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja
sido adotada, explicitamente, tese a respeito. II - Incumbe à parte
interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso
principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento
sobre o tema, sob pena de preclusão. III - Considera-se prequestionada a
questão jurídica invocada no recurso principal sobre a qual se omite o
Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos de declaração.

Outrossim, o art. 1026 do CPC, aplicável ao Processo do Trabalho, traz a possibilidade de


aplicação de multa por embargos declaração procrastinatórios:

Art. 1026, § 2º Quando manifestamente protelatórios os embargos de


declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada, condenará o
embargante a pagar ao embargado multa não excedente a dois por
cento sobre o valor atualizado da causa.
§ 3º Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios,
a multa será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da
causa, e a interposição de qualquer recurso ficará condicionada ao
depósito prévio do valor da multa, à exceção da Fazenda Pública e do
beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
§ 4º Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois)
anteriores houverem sido considerados protelatórios.

Ante a leitura do § 4º do art. 1026 do CPC, pode-se inferir que se pelo menos um dos
embargos de declaração anteriormente interpostos não forem considerados protelatórios, os novos
embargos declaratórios não poderão, por tal motivo, deixar de ser conhecidos.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Dourados - Procurador - IBFC - 2022): A interposição dos
Embargos de Declaração visa a sanar omissão, obscuridade ou contradição
mediante o esclarecimento ou complementação do julgado, para corrigir
manifesto equívoco no exame dos pressupostos de admissibilidade recursal
e para prequestionar determinada matéria não apreciada na decisão. Correto.

2. RECURSO ORDINÁRIO

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Insta salientar, a priori, que recurso ordinário de que cuida a CLT não se confunde com o
recurso ordinário previsto nos arts. 102, II, e 105, II, da CF/88. Nesse sentido, a título de
equiparação, Carlos Henrique Bezerra entende que recurso ordinário previsto na CLT corresponde
ao recurso de apelação previsto no CPC, já que diversos aspectos são comuns a ambos.

Para o referido doutrinador, pode-se dizer que a exemplo do que se dá com a apelação, o
ordinário é o recurso clássico, por excelência, para impugnar as decisões finais desfavoráveis no
âmbito da processualística laboral, já que, por meio dele, torna-se possível submeter ao Juízo ad
quem o reexame das matérias de fato e de direito apreciadas pelo Juízo a quo.

Quanto ao cabimento, o recurso ordinário não se presta apenas a atacar decisões do


primeiro grau de jurisdição (sentenças), sendo também manejado para impugnar acórdãos
proferidos pelos TRTs nos processos de sua competência originária, tanto nas ações individuais
(mandado de segurança, ação rescisória etc.) como nos dissídios coletivos e nas ações anulatórias
de cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho.

Com efeito, dispõe o art. 895 da CLT que cabe recurso ordinário, no prazo de 8 dias, das:

Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância superior:


I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e Juízos, no prazo de 8
(oito) dias;
II - das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em
processos de sua competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer nos
dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.

Sendo assim, se o início do processo foi na Vara do Trabalho, o recurso ordinário será
direcionado para o TRT. Por outro lado, se o início do processo foi no TRT, o recurso ordinário será
para o TST, conforme também disposto na Súmula 201 do TST:

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. Da decisão de


Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso
ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, e
igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem razões de
contrariedade.

Importante salientar que não somente as decisões (sentenças ou acórdãos) definitivas ou


terminativas podem ser suscetíveis de ataque por recurso ordinário. Isso significa que o art. 895 da
CLT não encerra preceito numerus clausus, isto é, não é taxativo, e sim exemplificativo.

Nesse liame, algumas decisões interlocutórias, como as decisões interlocutórias


“terminativas do feito” no âmbito da jurisdição trabalhista, desafiam a interposição imediata do
recurso ordinário. Ex.: decisão que declara a incompetência absoluta ratione materiae da Justiça
do Trabalho e remete os autos à Justiça Comum (CLT, art. 799, § 2º).

No que se refere aos efeitos do recurso ordinário, pode-se destacar que possui:

1) Efeito devolutivo: pode-se dizer que o recurso ordinário devolve ao Juízo ad quem o
reexame da matéria efetivamente impugnada pelo recorrente.

Significa dizer que o recurso ordinário, em princípio, possui apenas efeito devolutivo,
permitindo, pois, a execução provisória do julgado. O Juiz não precisa declarar os efeitos em que

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recebe o recurso, pois, de lege lata, todos os recursos trabalhistas possuem, em regra, apenas
efeito devolutivo, nos termos do art. 899 da CLT:

Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito
meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a
execução provisória até a penhora.
Ainda sobre o efeito devolutivo, importante verificar o disposto na Súmula 393 do TST:

RECURSO ORDINÁRIO. EFEITO DEVOLUTIVO EM PROFUNDIDADE.


ART. 1.013, § 1º, DO CPC DE 2015. ART. 515, § 1º, DO CPC DE 1973. I - O
efeito devolutivo em profundidade do recurso ordinário, que se extrai do
§ 1º do art. 1.013 do CPC de 2015 (art. 515, §1º, do CPC de 1973), transfere
ao Tribunal a apreciação dos fundamentos da inicial ou da defesa, não
examinados pela sentença, ainda que não renovados em contrarrazões,
desde que relativos ao capítulo impugnado. II - Se o processo estiver em
condições, o tribunal, ao julgar o recurso ordinário, deverá decidir desde logo
o mérito da causa, nos termos do § 3º do art. 1.013 do CPC de 2015, inclusive
quando constatar a omissão da sentença no exame de um dos pedidos.

2) Efeito translativo: por meio dele o tribunal não examina o pedido (lide) e, sim, as
questões de ordem pública, conhecíveis de ofício em sede de recursos de natureza
ordinária.

3) Efeito suspensivo: não há previsão na CLT para que o juiz possa conceder efeito
suspensivo ao recurso ordinário. Desse modo, pretendendo o efeito suspensivo, caberá
à parte solicitá-lo ao relator.

Todavia, o art. 14 da Lei 10.192/01, prevê tal possibilidade em recurso ordinário contra
sentença normativa proferida em dissídio coletivo, como se infere da IN 24/03, que dispõe sobre a
faculdade de o Ministro Presidente do TST designar audiência prévia de conciliação, no caso de
pedido de efeito suspensivo a recurso ordinário interposto à decisão normativa da Justiça do
Trabalho.

É mister evidenciar, em sequência, que a IN 39/16 do TST determina que se aplica ao


Processo do Trabalho o § 7º do art. 485 do CPC, que trata do efeito regressivo da apelação (juízo
de retratação) na hipótese de sentença de extinção sem resolução do mérito:

Art. 3° Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao Processo do Trabalho, em face


de omissão e compatibilidade, os preceitos do Código de Processo Civil que
regulam os seguintes temas:
VIII - art. 485, § 7º (juízo de retratação no recurso ordinário).

Quanto aos pressupostos de admissibilidade, tem-se que o recurso ordinário está sujeito
ao pagamento de custas e, no caso de sentença contendo obrigação de pagar quantia, ao depósito
recursal prévio.

O recorrente deve promover dentro do prazo de 8 dias para a interposição do recurso


ordinário o pagamento (e a sua respectiva comprovação) das custas (CLT, art. 789, § 1º) e, tratando-
se de condenação do empregador (ou tomador do serviço) em obrigação de pagar quantia, o
recolhimento (e sua respectiva comprovação) do depósito recursal (TST, Súmula 245).

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 112


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Como o tema foi cobrado em concurso?
(TRT-14 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): A empresa de Cosméticos
Babosa Ltda. pretende ingressar com recurso ordinário contra sentença que
lhe condenou no pagamento de horas extras e férias em dobro em ação
proposta por sua ex-vendedora. O prazo final para a interposição do referido
recurso foi dia 10/11 (5ª feira). A advogada da empresa protocolou seu
recurso ordinário no dia 07/11 (2ª feira), desacompanhado da comprovação
da efetivação do depósito recursal, o que fez no último dia do prazo (10/11).
De acordo com a CLT e o entendimento sumulado do TST, o recurso ordinário
será recebido e processado, uma vez que o depósito recursal pode ser
comprovado dentro do prazo do recurso, sendo que a interposição antecipada
não prejudica tal ato. Correto.

Também é importante verificar o que dispõe a Súmula 8 do TST, que trata da possibilidade
da juntada de documentos em fase recursal:

JUNTADA DE DOCUMENTO. A juntada de documentos na fase recursal só


se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna
apresentação ou se referir a fato posterior à sentença.

À vista disso, constata-se que somente é possível apresentar documento novo em sede de
recurso ordinário quando comprovada a impossibilidade de juntada anterior, mediante justificativa,
ou quando se estiver diante de novo fato posterior à sentença.

Por fim, destaca-se que o processamento do recurso ordinário no rito sumaríssimo ocorre
de maneira diversa, com base nos seguintes termos:

Art. 895, § 1º - Nas reclamações sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o


recurso ordinário:
II - será imediatamente distribuído, uma vez recebido no Tribunal, devendo
o relator liberá-lo no prazo máximo de dez dias, e a Secretaria do Tribunal
ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem
revisor;
III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à
sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro
na certidão;
IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com
a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir
do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância,
servirá de acórdão.

Frisa-se, ainda, conforme apontado anteriormente, que não cabe recurso ordinário de
sentença proferida em sede de processo submetido ao procedimento sumário ou de alçada, isto
é, naqueles em que o valor atribuído à causa seja igual ou inferior a 2 salários mínimos, uma vez
que o recurso cabível em tal decisão de única instância é o recurso extraordinário, desde que a
sentença viole literal e frontalmente a Constituição Federal.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-22 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Na reclamação trabalhista
movida em face de Lojas Sinceridade Ltda., foi proferida sentença de
procedência parcial pela Vara do Trabalho, sendo que nenhuma das partes

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 113


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recorreu. Um ano depois, a reclamada ajuizou ação rescisória perante o
Tribunal Regional do Trabalho, tendo o acórdão julgado improcedente o
pedido. Ainda inconformada, pretendem as Lojas Sinceridade Ltda. ingressar
com novo recurso. Nos termos da legislação vigente e entendimento
sumulado do TST, poderá ingressar com recurso ordinário para o Tribunal
Superior do Trabalho. Correto.

(CELEPAR-PR - Advogado - Instituto Acess - 2022): Manuel da Silva


ajuizou Reclamação Trabalhista em face de seu ex-empregador, sendo
julgados procedentes os pedidos, sem que houvesse interposição de recurso
algum por nenhuma das partes. Três meses após o trânsito em julgado, seu
empregador ajuizou ação rescisória no TRT, tendo sido julgado improcedente
o pedido rescisório. Não satisfeito, pretende recorrer para reexame e
consequente reforma da decisão. Diante do exposto, é correto afirmar que o
recurso cabível será o Recurso Ordinário, para o TST. Correto.

3. AGRAVO DE PETIÇÃO

O agravo de petição é o recurso próprio para impugnar decisões proferidas no curso do


processo (ou da fase) de execução. Encontra-se previsto no art. 897, a, da CLT:

Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:


a) de petição, das decisões do Juiz ou Presidente, nas execuções.

Não cabe, pois, agravo de petição na fase (ou processo) de conhecimento, mesmo em se
tratando de sentença proferida em ação incidental de embargos de terceiro.

Como o legislador não referiu que tipo de decisão seria impugnável por agravo de petição,
há 2 correntes doutrinárias que se propõem a interpretar o termo “decisões”, previsto no preceptivo
em causa:

1) Minoritária: defende que cabe agravo de petição contra qualquer decisão na fase de
execução.

2) Majoritária: entende que cabe agravo de petição contra qualquer decisão definitiva ou
terminativa da execução (ex.: acolhimento de prescrição intercorrente) ou de incidentes
cognitivos na execução (ex.: sentença que acolhe ou rejeita os embargos à execução).

Consoante posicionamento da corrente majoritária, a regra de cabimento do agravo de


petição se submete ao que prevê o art. 893, § 1º da CLT (irrecorribilidade imediata das decisões
interlocutórias), salvo quando se estiver diante do art. 855-A da CLT, que discorre acerca do
Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica (IDPJ) proposto na fase de execução, que
será recorrível por agravo de petição de imediato.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(AGE-MG - Procurador - FGV - 2022): Uma execução tramita perante a 10ª
Vara do Trabalho de Alfenas/MG e, malgrado o juiz, a pedido da exequente,
ter acionado todas as ferramentas eletrônicas, não se conseguiu reter bens
ou valores da sociedade empresária executada. Então, a exequente requereu

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 114


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a instauração do incidente de desconsideração de personalidade jurídica
(IDPJ), sendo, então, citados os 2 sócios da empresa para contestação. Após
analisar os argumentos dos sócios, o juiz julgou procedente o IDPJ em face
de um dos sócios e improcedente em relação ao outro. Nesse caso, caberá
agravo de petição pela exequente quanto ao sócio cujo IDPJ foi
improcedente, bem como por parte do sócio que teve o IDPJ contra si julgado
procedente. Correto.

É de suma relevância salientar que o agravo de petição possui 2 requisitos específicos:

1) Deve haver a delimitação precisa de matérias e valores impugnados

Tal requisito está previsto no § 1º do art. 897 da CLT, in verbis:

Art. 897, § 1º - O agravo de petição só será recebido quando o agravante


delimitar, justificadamente, as matérias e os valores impugnados, permitida a
execução imediata da parte remanescente até o final, nos próprios autos ou
por carta de sentença.

Isto posto, verifica-se que é dever da parte apresentar o cálculo atualizado do valor que
entende ser devido, de modo que a execução seguirá normalmente quanto aos valores
incontroversos, nos termos da Súmula 416 do TST:

MANDADO DE SEGURANÇA. EXECUÇÃO. LEI Nº 8.432/1992. ART. 897, §


1º, DA CLT. CABIMENTO. Devendo o agravo de petição delimitar
justificadamente a matéria e os valores objeto de discordância, não fere
direito líquido e certo o prosseguimento da execução quanto aos
tópicos e valores não especificados no agravo.

2) Exige-se a garantia INTEGRAL do Juízo

A referida exigência é trazida pela Súmula 128 do TST:

DEPÓSITO RECURSAL. I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito


legal, integralmente, em relação a cada novo recurso interposto, sob pena
de deserção. Atingido o valor da condenação, nenhum depósito mais é
exigido para qualquer recurso.

Ante o exposto, havendo a garantia integral do Juízo nos autos, não há depósito recursal.
No entanto, se não houver a garantia integral, deverá a parte realizar o depósito recursal da
integralidade da diferença.

Obs.: reitera-se que no agravo de petição em sede de IDPJ, não há


necessidade de garantir o Juízo.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-5 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Roveno está executando uma
sentença que lhe foi favorável na Justiça do Trabalho, em face da sua ex-
empregadora, a empresa de Transporte Carga Rápida. Não encontrando
bens da empresa para fazer frente à execução, o autor instaura Incidente de
Desconsideração da Personalidade Jurídica, o qual é julgado procedente. A
empresa, cientificada da decisão, poderá interpor agravo de petição,

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independente de garantia do juízo, havendo a suspensão da execução após
a instauração do incidente. Correto.

4. AGRAVO DE INSTRUMENTO

Diferentemente do Processo Civil, NÃO se trata de um recurso interposto contra decisões


interlocutórias no geral.

De acordo com Carlos Henrique Bezerra Leite, o agravo de instrumento teve inicialmente
esse nome pelo fato de consistir num instrumento confeccionado com peças trasladadas dos autos
por indicação das partes ou do Juiz. Nesse recurso, há, portanto, necessidade de formação de autos
em apartado, permitindo, assim, o fluxo normal do processo, razão pela qual dele são extraídas
cópias de algumas peças e trasladadas para novos autos, formando-se, desse modo, um novo
instrumento, que é remetido ao Juízo ad quem.

O agravo de instrumento possui previsão no art. 897 da CLT:

Art. 897 - Cabe agravo, no prazo de 8 (oito) dias:


b) de instrumento, dos despachos que denegarem a interposição de recursos.

Isto posto, quanto ao seu cabimento, entende-se que o agravo de instrumento, no âmbito do
Processo do Trabalho, é limitado apenas aos despachos (leia-se decisões interlocutórias) que
denegarem a interposição de recurso.

Cabe, portanto, agravo de instrumento, no prazo de 8 dias, contra as decisões que


denegarem seguimento a recursos ordinário, de revista, extraordinário, adesivo, de petição e, por
lógica, contra as decisões que denegarem seguimento ao próprio agravo de instrumento.

Obs.: o agravo de instrumento é também o recurso cabível contra a


decisão que não conhece do recurso extraordinário.

Salienta-se que não cabe agravo de instrumento das decisões que denegarem seguimento
ao recurso de embargos no TST (CLT, art. 894), pois, nesse caso, o recurso adequado é o agravo
interno (art. 261, parágrafo único do Regimento Interno do TST), sob pena de configurar o erro
grosseiro que afasta a aplicação do princípio da fungibilidade, pois se trata de recurso no âmbito do
TST, o qual só pode ser interposto por advogado (TST, Súmula 425).

O agravo de instrumento é interposto perante o órgão judiciário prolator da decisão


agravada, o qual poderá revogá-la (reconsiderá-la) ou não. E isso ocorre porque o agravo de
instrumento está sujeito ao juízo de retratação decorrente de efeito regressivo inerente a tal
modalidade recursal.

Interposto o agravo de instrumento, o Juiz poderá reconsiderar a decisão agravada e


determinar a subida do recurso trancado. Se a decisão agravada for mantida, o agravado será
intimado para, no prazo de 8 dias, oferecer respostas ao agravo e ao recurso principal, instruindo-
as com as peças que considerar necessárias ao julgamento de ambos os recursos.

Provido o agravo, a Turma deliberará sobre a conveniência do julgamento do recurso


principal, observando-se, se for o caso, daí em diante, o procedimento relativo a esse recurso. A

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deliberação sobre o julgamento deve atender a critérios objetivos, de modo que harmonize o
princípio da celeridade com o princípio da ampla defesa e do contraditório.

No que tange à necessidade de depósito recursal para interposição do agravo de


instrumento, o § 7º do art. 899 da CLT determina que:

Art. 899, § 7º No ato de interposição do agravo de instrumento, o depósito


recursal corresponderá a 50% (cinquenta por cento) do valor do
depósito do recurso ao qual se pretende destrancar.

Há, contudo, uma exceção prevista no § 8º do art. 899 da CLT, ocasião na qual haverá
dispensa do depósito recursal:

Art. 899, § 8º Quando o agravo de instrumento tem a finalidade de


destrancar recurso de revista que se insurge contra decisão que
contraria a jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho,
consubstanciada nas suas súmulas ou em orientação jurisprudencial,
não haverá obrigatoriedade de se efetuar o depósito referido no § 7º deste
artigo.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-8 - Técnico Judiciário - CESPE - 2022): Inconformada com a sentença
que a condenou ao pagamento de verbas rescisórias, a sociedade
empresária Alfa protocolou recurso ordinário com o objetivo de ter a decisão
reavaliada pelo Tribunal Regional do Trabalho. No entanto, o recurso em
comento não foi conhecido, sob a justificativa de ser intempestivo.
Considerando a situação hipotética apresentada, e tendo como base o
despacho que denegou a interposição do recurso ordinário da reclamada, é
correto afirmar que caberá agravo de instrumento, no prazo de 8 dias.
Correto.

5. RECURSO DE REVISTA

Diferentemente dos demais recursos, é importante frisar, inicialmente, que o objetivo do


recurso de revista não é fornecer uma prestação jurisdicional para a parte, mas sim uniformizar a
jurisprudência nacional. Justamente em razão disso, o recurso de revista possui natureza
extraordinária.

Em consonância com Carlos Henrique Bezerra Leite, o recurso de revista é uma modalidade
recursal que objetiva corrigir a decisão que violar a literalidade da lei ou da Constituição Federal e
a uniformizar a jurisprudência nacional concernente à aplicação dos princípios e regras de direito
objetivo (Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho, Direito Constitucional, Direito Civil,
Direito Processual Civil etc.) que guardem alguma vinculação com a atividade jurisdicional da
Justiça do Trabalho.

A previsão legal do recurso de revista se encontra no art. 896 da CLT, verificando-se, desde
já, suas hipóteses de cabimento, eis que se trata de recurso de fundamentação vinculada:

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Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da
que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno
ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do
Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa
Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de
Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento
empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a
jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação
divergente, na forma da alínea a;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta
direta e literal à Constituição Federal.

Quanto à alínea b, frisa-se que a divergência deve ser:

1) Atual:

Art. 896, § 7º A divergência apta a ensejar o recurso de revista deve ser


atual, não se considerando como tal a ultrapassada por súmula do
Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou
superada por iterativa e notória jurisprudência do Tribunal Superior do
Trabalho.

2) Específica:

A especificidade é determinada pela Súmula 296 do TST:

RECURSO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. ESPECIFICIDADE.


I - A divergência jurisprudencial ensejadora da admissibilidade, do
prosseguimento e do conhecimento do recurso há de ser específica,
revelando a existência de teses diversas na interpretação de um mesmo
dispositivo legal, embora idênticos os fatos que as ensejaram.
II - Não ofende o art. 896 da CLT decisão de Turma que, examinando
premissas concretas de especificidade da divergência colacionada no apelo
revisional, conclui pelo conhecimento ou desconhecimento do recurso.

3) Demonstração/indicação da divergência:

Art. 896, § 1º-A. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:


I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o
prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;
II - indicar, de forma explícita e fundamentada, contrariedade a dispositivo
de lei, súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho
que conflite com a decisão regional;
III - expor as razões do pedido de reforma, impugnando todos os
fundamentos jurídicos da decisão recorrida, inclusive mediante
demonstração analítica de cada dispositivo de lei, da Constituição Federal,
de súmula ou orientação jurisprudencial cuja contrariedade aponte.
IV - transcrever na peça recursal, no caso de suscitar preliminar de nulidade
de julgado por negativa de prestação jurisdicional, o trecho dos embargos

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 118


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declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre
questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional
que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de
plano, da ocorrência da omissão.
§ 8º Quando o recurso fundar-se em dissenso de julgados, incumbe ao
recorrente o ônus de produzir prova da divergência jurisprudencial,
mediante certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência,
oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver
sido publicada a decisão divergente, ou ainda pela reprodução de julgado
disponível na internet, com indicação da respectiva fonte, mencionando, em
qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
confrontados.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PG-DF - Procurador - CESPE - 2022): Ao interpor recurso de revista no
TST, com preliminar de nulidade de julgado por negativa de prestação
jurisdicional, o procurador deverá transcrever em sua peça recursal o trecho
dos embargos declaratórios em que pediu o pronunciamento do tribunal sobre
a questão suscitada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional que
rejeitou os embargos quanto ao pedido, sob pena de não conhecimento do
recurso. Correto.

Além disso, o recurso de revista também é cabível na seguinte hipótese:

Art. 896, § 10. Cabe recurso de revista por violação a lei federal, por
divergência jurisprudencial e por ofensa à Constituição Federal nas
execuções fiscais e nas controvérsias da fase de execução que
envolvam a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), criada
pela Lei n° 12.440, de 7 de julho de 2011.

No caso do rito sumaríssimo, cabe recurso de revista quando:

Art. 896, § 9º Nas causas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, somente


será admitido recurso de revista por contrariedade a súmula de
jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do Trabalho ou a súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação direta da
Constituição Federal.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(CELEPAR-PR - Advogado - Instituto Acess - 2022): Em reclamação
trabalhista ajuizada pelo rito sumaríssimo, por Gildo em face de Raio de Sol
Ltda., foram julgados procedentes todos os pedidos, e, após o recurso
ordinário interposto não lhe ser favorável, a empresa empregadora pretende
interpor recurso de revista. Levando-se em consideração as normas
constantes na CLT e o entendimento sumulado do TST para a interposição
do recurso de revista, é correto afirmar que, nas causas sujeitas ao
procedimento sumaríssimo, somente será admitido recurso de revista por
contrariedade a súmula de jurisprudência uniforme do Tribunal Superior do
Trabalho ou a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal e por violação
direta da Constituição Federal, não sendo possível quando houver
contrariedade a orientações jurisprudenciais do TST. Correto.

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Ademais, preleciona a Súmula 126 do TST que não é possível a discussão de matéria fática
e de provas em sede de recurso de revista:

RECURSO. CABIMENTO. Incabível o recurso de revista ou de embargos


(arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e provas.

Ressalta-se, todavia, que é admitida a discussão legal/jurídica sobre o cabimento ou não de


determinada prova.

O recurso de revista possui pressupostos específicos:

1) Sendo um recurso de natureza extraordinária, requer prequestionamento

O prequestionamento está disposto na Súmula 297 do TST e na OJ 256 da SDI-1:

PREQUESTIONAMENTO. OPORTUNIDADE. CONFIGURAÇÃO. I. Diz-se


prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada
haja sido adotada, explicitamente, tese a respeito. II. Incumbe à parte
interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso principal,
opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema,
sob pena de preclusão. III. Considera-se prequestionada a questão jurídica
invocada no recurso principal sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar
tese, não obstante opostos embargos de declaração.

PREQUESTIONAMENTO. CONFIGURAÇÃO. TESE EXPLÍCITA. SÚMULA


Nº 297. Para fins do requisito do prequestionamento de que trata a Súmula
nº 297, há necessidade de que haja, no acórdão, de maneira clara,
elementos que levem à conclusão deque o Regional adotou uma tese
contrária à lei ou à súmula.

Isto posto, a admissibilidade do recurso de revista pressupõe que a decisão recorrida tenha
se pronunciado explicitamente sobre a matéria veiculada no recurso, ainda que se trate de violação
frontal e direta à norma da Constituição Federal. Não vale, pois, o pronunciamento implícito. Mas
não é preciso que a decisão reproduza ipsis litteris o dispositivo de lei que o recorrente alega ter
sido violado. O importante é que a tese explícita sobre a matéria questionada faça parte da
fundamentação do julgado.

Havendo omissão na decisão, conforme o item II da Súmula 297, incumbe à parte opor
embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema.

Sendo assim, não configura prequestionamento o acórdão regional que simplesmente adota
como razões de decidir os fundamentos da sentença. Se isso acontecer, o recorrente deverá
interpor embargos de declaração, sob pena de não ser conhecido o recurso de revista, nos termos
da OJ 151 da SDI-1 do TST:

Recurso de revista. Prequestionamento. Decisão regional que adota a


sentença. Ausência de prequestionamento. CLT, art. 896. Decisão regional
que simplesmente adota os fundamentos da decisão de primeiro grau
não preenche a exigência do prequestionamento, tal como previsto no
Enunciado 297/TST.

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Frisa-se, além disso, que OJ 62 da SDI-1 do TST exige prequestionamento ainda que se
trate de matéria de ordem pública veiculada no recurso de natureza extraordinária:

Recurso de revista. Prequestionamento. Pressuposto de recorribilidade em


apelo de natureza extraordinária. Necessidade, ainda que se trate de
incompetência absoluta. CLT, art. 896. É necessário o prequestionamento
como pressuposto de admissibilidade em recurso de natureza
extraordinária, ainda que se trate de incompetência absoluta.

2) Defeito formal não reputado grave

O § 11 do art. 896 da CLT “abriu uma exceção” para permitir a admissibilidade do recurso
de revista, nos seguintes termos:

Art. 896, § 11. Quando o recurso tempestivo contiver defeito formal que
não se repute grave, o Tribunal Superior do Trabalho poderá
desconsiderar o vício ou mandar saná-lo, julgando o mérito.

3) Transcendência:

Trata-se de um pressuposto específico (intrínseco) de admissibilidade prévia do recurso de


revista. Em tema de transcendência, há o objetivo de delimitar objetivamente o processamento e a
apreciação da transcendência no recurso de revista, utilizando-se dos seguintes parâmetros:

Art.896-A - O Tribunal Superior do Trabalho, no recurso de revista,


examinará previamente se a causa oferece transcendência com relação
aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica.
§ 1º São indicadores de transcendência, entre outros:
I - econômica, o elevado valor da causa;
II - política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada
do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
III - social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social
constitucionalmente assegurado;
IV - jurídica, a existência de questão nova em torno da interpretação da
legislação trabalhista.

Interposto o recurso de revista no prazo de 8 dias, em petição devidamente fundamentada


e subscrita por advogado (TST, Súmula 425), é ele desde logo submetido a exame de
admissibilidade ao Presidente do TRT correspondente (ou outro órgão previsto no respectivo
regimento interno), em decisão que deve ser fundamentada, sob pena de nulidade.

É de registrar que a petição do recurso de revista é dirigida ao Desembargador Presidente


do TRT e as razões recursais ao Ministro Relator e à Turma do TST.

Em se tratando de decisão condenatória em pecúnia, será indispensável o recolhimento


prévio do depósito recursal ou o seu complemento.

Havendo acréscimo ou redução da condenação em grau recursal, o órgão prolator da


decisão arbitrará novo valor à condenação, quer para a exigibilidade de depósito ou
complementação do já depositado, para o caso de recurso subsequente, quer para liberação do
valor excedente decorrente da redução da condenação.

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Além disso, a parte recorrente deve verificar se há condenação no pagamento de custas.

Caso o acórdão hostilizado seja omisso a respeito da responsabilidade pelo pagamento das
custas ou depósito recursal, cabe ao interessado interpor embargos de declaração para sanar a
omissão. Se houver modificação dos valores alusivos ao preparo recursal, e a parte não interpuser
embargos de declaração, prevalecerá o valor fixado na sentença.

Admitido o processamento da revista, será intimado o recorrido para tomar ciência da


decisão e, querendo, apresentar contrarrazões, oportunidade em que poderá, se for o caso, interpor
recurso adesivo (Súmula 283 do TST), também sujeito ao controle de admissibilidade pelo
Presidente do Tribunal a quo. Se denegada a admissibilidade do recurso de revista adesivo,
também será cabível o agravo de instrumento.

Decorrido o prazo para contrarrazões, com ou sem elas, o Presidente do TRT encaminhará
os autos ao TST. Neste, a revista será submetida a 2 novos exames de admissibilidade: o primeiro
é exercido monocraticamente pelo Ministro Relator; o segundo, pela Turma.

Se a decisão recorrida estiver em consonância com Súmula do TST, poderá o Ministro


Relator, indicando-a, negar seguimento ao recurso de revista. Igualmente, será denegado
seguimento à revista nas hipóteses de intempestividade, deserção, falta de alçada e ilegitimidade
de representação, cabendo a interposição de agravo (CLT, art. 896, § 12).

Assim, se o Ministro Relator designado não admitir o recurso de revista, é facultado à parte
interpor agravo de tal decisão (CLT, art. 896, § 12, e Regimento Interno, art. 243, VII), podendo
haver reconsideração. Mantida a decisão, o agravo será submetido a julgamento pelo órgão
colegiado (Turma).

Sendo admitida a revista diretamente pelo Ministro Relator, ou se conhecido e provido o


agravo regimental pela Turma, o recurso de revista será incluído em pauta e julgado pela mesma
Turma.

Na sessão de julgamento, depois de lido o relatório, é facultada a sustentação oral,


passando-se, em seguida, à votação, iniciando-se pelas questões relativas ao conhecimento do
recurso de revista. Depois, analisa-se o mérito do recurso, que pode versar questões processuais
ou concernentes à lide.

Em caso de provimento do recurso de revista, o TST aplicará o direito à espécie, decidindo


desde logo a lide, salvo na hipótese de anulação do acórdão recorrido, caso em que os autos
deverão ser baixados ao Tribunal a quo (ou à Vara do Trabalho) para novo julgamento.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-22 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Aparecida está estudando para
um concurso e, no tema recurso de revista, nos termos da CLT e do
entendimento sumulado do TST, é certo que para ser conhecido, o TST
examinará se o recurso de revista oferece transcendência com reflexos gerais
de natureza econômica, política, social ou jurídica. Correto.

(AL-MG - Procurador - FUMARC - 2023): É incabível o recurso de revista de


ente público que não interpôs recurso ordinário voluntário contra a decisão de

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primeira instância, salvo se a condenação for agravada na segunda instância.
Correto.

6. EMBARGOS NO TST

EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

Os embargos de divergência estão previstos no inciso II do art. 894 da CLT, in verbis:

Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8


(oito) dias:
II - das decisões das Turmas que divergirem entre si ou das decisões
proferidas pela Seção de Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula ou
orientação jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal.

Antes de aprofundar o estudo dos embargos, importante visualizar, a priori, a composição


do TST:

1) Tribunal Pleno;

2) Primeira Seção de Dissídios Individuais (SDI-1), Segunda Seção de Dissídios Individuais


(SDI-2) e Seção de Dissídios Coletivos (SDC);

3) 8 Turmas.

À vista disso, pode-se inferir que a finalidade dos embargos de divergência, também
chamados de embargos à SDI ou embargos para a SDI, é uniformizar a divergência interna na
interpretação de lei federal ou da Constituição Federal no âmbito do próprio TST, o que pode ocorrer
entre acórdãos divergentes entre Turmas ou entre Turma e a SDI (Súmula ou OJ) ou entre SDI-1 e
SDI-2.

Importante verificar, ainda, que os embargos de divergência também estão previstos no art.
258 do Regimento Interno do TST, segundo o qual:

Art. 258. Cabem embargos das decisões das Turmas do Tribunal que
divergirem entre si ou das decisões proferidas pela Subseção I da Seção
Especializada em Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula, a orientação
jurisprudencial ou a precedente normativo do Tribunal Superior do Trabalho
ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, no prazo de 8 (oito) dias
úteis, contados de sua publicação, na forma da lei. Parágrafo único. Além dos
casos já previstos na jurisprudência sumulada do Tribunal, também cabem
embargos das decisões de suas Turmas proferidas em agravos internos e
agravos de instrumento que contrariarem precedentes obrigatórios firmados
em julgamento de incidentes de assunção de competência ou de incidentes
de recursos repetitivos.

Sendo assim, é possível afirmar que os embargos de divergência são cabíveis das decisões:

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1) Divergentes entre a SDI-1 e SDI-2 a respeito de interpretação de norma prevista em lei
federal ou na Constituição;

2) Divergentes entre 2 ou mais Turmas;

3) De uma ou mais Turmas que divergirem das decisões da SDI;

4) De uma ou mais Turmas que divergirem de Orientação Jurisprudencial (da SDI ou SDC);

5) De uma ou mais Turmas que divergirem de Súmula do TST;

6) De uma ou mais Turmas que divergirem de Súmula Vinculante do STF.

Obs.: na primeira hipótese de cabimento acima exposta, a


competência funcional originária para julgar os embargos de
divergência é da SDI, em sua composição plena; nas demais, da SDI-
1.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-RO - Procurador - CESPE - 2022): É admissível a interposição de
embargos à Sessão de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho
quando a divergência jurisprudencial for oriunda de acórdãos da mesma
turma. Errado.

O recurso de embargos de divergência, assim como o recurso de revista, tem natureza


extraordinária e fundamentação vinculada. Há, inclusive, alguns pontos de similitude entre essas 2
espécies recursais, na medida em que um dos objetivos da revista é uniformizar a jurisprudência
externa ao TST, superando as divergências entre os Tribunais Regionais, enquanto o escopo dos
embargos de divergência reside na uniformização jurisprudencial interna no âmbito do TST.

É mister salientar que as controvérsias já superadas por iterativa, notória e atual


jurisprudência do TST em matérias relacionadas a processos individuais (OJ das SDIs 1 e 2) não
empolgam a interposição de embargos nem recurso de revista (TST, Súmula 333), salvo,
evidentemente, se a jurisprudência do TST colidir com a do STF (Súmula 401). De acordo com
Carlos Henrique Bezerra, há uma razão lógica para tal exceção: em matéria de interpretação de
norma constitucional, cabe ao STF a última palavra como “guardião da Constituição”.

Obs.: considera-se iterativa, notória e atual jurisprudência do TST


aquela que estiver consagrada em Súmula, Orientação
Jurisprudencial ou Precedente Normativo. Coleção de julgados,
portanto, não equivale a iterativa, notória e atual jurisprudência para
fins de comprovação de divergência jurisprudencial ensejadora da
admissibilidade dos embargos de divergência para a SDI ou SDI-1.

Nesse liame, o § 2º do art. 894 da CLT prevê que:

Art. 894, § 2º A divergência apta a ensejar os embargos deve ser atual, não
se considerando tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do
Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 124


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Ademais, para a comprovação da divergência justificadora do recurso de embargos, a
exemplo do recurso de revista, o recorrente deve observar os termos da Súmula 337 do TST:

COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. RECURSOS


DE REVISTA E DE EMBARGOS.
I - Para comprovação da divergência justificadora do recurso, é
necessário que o recorrente:
a) Junte certidão ou cópia autenticada do acórdão paradigma ou cite a
fonte oficial ou o repositório autorizado em que foi publicado; e
b) Transcreva, nas razões recursais, as ementas e/ou trechos dos
acórdãos trazidos à configuração do dissídio, demonstrando o conflito de
teses que justifique o conhecimento do recurso, ainda que os acórdãos já se
encontrem nos autos ou venham a ser juntados com o recurso.
II - A concessão de registro de publicação como repositório autorizado de
jurisprudência do TST torna válidas todas as suas edições anteriores.
III – A mera indicação da data de publicação, em fonte oficial, de aresto
paradigma é inválida para comprovação de divergência jurisprudencial,
nos termos do item I, “a”, desta súmula, quando a parte pretende demonstrar
o conflito de teses mediante a transcrição de trechos que integram a
fundamentação do acórdão divergente, uma vez que só se publicam o
dispositivo e a ementa dos acórdãos.
IV – É válida para a comprovação da divergência jurisprudencial justificadora
do recurso a indicação de aresto extraído de repositório oficial na
internet, desde que o recorrente:
a) transcreva o trecho divergente;
b) aponte o sítio de onde foi extraído; e
c) decline o número do processo, o órgão prolator do acórdão e a data da
respectiva publicação no Diário Eletrônico da Justiça do Trabalho.
V – A existência do código de autenticidade na cópia, em formato pdf, do
inteiro teor do aresto paradigma, juntada aos autos, torna-a equivalente ao
documento original e também supre a ausência de indicação da fonte
oficial de publicação.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-RS - Procurador - FUNDATEC - 2021): No Tribunal Superior do
Trabalho cabem embargos, no prazo de oito dias das decisões das Turmas
que divergirem entre si ou das decisões proferidas pela Seção de Dissídios
Individuais, ou contrárias a súmula ou orientação jurisprudencial do Tribunal
Superior do Trabalho ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal,
sendo que a divergência apta a ensejar os embargos deve ser atual, não se
considerando tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do Trabalho
ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho. Correto.

Os embargos de divergência possuem efeito apenas devolutivo, seguindo, assim, a regra


geral prevista no art. 899, caput, da CLT, mas a matéria discutida só pode ser de direito (material
ou processual), ou seja, por ser recurso de natureza extraordinária não se admite a reapreciação
de matéria fática ou de prova. Nesse sentido, aplica-se aos embargos de divergência a já
visualizada Súmula 126 do TST:

RECURSO. CABIMENTO. Incabível o recurso de revista ou de embargos


(arts. 896 e 894, "b", da CLT) para reexame de fatos e provas.

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No que se refere ao procedimento dos embargos de divergência, o Presidente de Turma
poderá denegar seguimento aos embargos à SDI-1. Desta decisão, cabe agravo interno, no prazo
de 8 dias, para a SDI-1:

Art. 894, § 4º Da decisão denegatória dos embargos caberá agravo, no prazo


de 8 (oito) dias.

Nos termos do § 3º do art. 894 da CLT, o Ministro Relator denegará seguimento aos
embargos:

Art. 894, § 3º, I - se a decisão recorrida estiver em consonância com súmula


da jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho ou do Supremo
Tribunal Federal, ou com iterativa, notória e atual jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho, cumprindo-lhe indicá-la;
II - nas hipóteses de intempestividade, deserção, irregularidade de
representação ou de ausência de qualquer outro pressuposto extrínseco
de admissibilidade.

Ante o exposto, pode-se inferir que NÃO é possível se utilizar dos embargos de divergência
se a decisão recorrida está de acordo com Súmula ou OJ, uma vez que o TST não precisa reafirmar
o que já constitui um entendimento sumulado/consolidado. Trata-se, portanto, de um requisito
negativo.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-PA - Procurador - CESPE - 2022): Os embargos de divergência
podem ser manejados no rito sumaríssimo, caso decisão de turma do
Tribunal Superior do Trabalho contrarie súmula vinculante do Supremo
Tribunal Federal. Correto.

EMBARGOS INFRINGENTES

Os embargos infringentes são espécie recursal de natureza ordinária da competência da


Seção de Dissídios Coletivos (SDC). Trata-se de recurso cabível para impugnar decisão não
unânime proferida em dissídio coletivo de competência originária do TST (ex.: dissídios coletivos
envolvendo empresas que exercem sua atividade econômica em base territorial que extrapole a
jurisdição de um TRT).

Em síntese, os embargos infringentes são cabíveis contra decisão não unânime de turma do
TST no julgamento de dissídio coletivo de sua competência originária e estão previstos no inciso I
do art. 894 da CLT:

Art. 894. No Tribunal Superior do Trabalho cabem embargos, no prazo de 8


(oito) dias:
I - de decisão não unânime de julgamento que:
a) conciliar, julgar ou homologar conciliação em dissídios coletivos que
excedam a competência territorial dos Tribunais Regionais do Trabalho e
estender ou rever as sentenças normativas do Tribunal Superior do Trabalho,
nos casos previstos em lei.

O recurso de embargos infringentes, por ser recurso de natureza ordinária, comporta


devolutibilidade ampla, abrangendo matérias fáticas e jurídicas, desde que restritas à cláusula

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 126


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em que não tenha havido julgamento unânime. Além disso, esta modalidade de recurso possui
efeito meramente devolutivo.

A competência funcional para julgar os embargos infringentes é da própria SDC, como se


infere do art. 77, II, c, do RITST:

Art. 77. À Seção Especializada em Dissídios Coletivos compete:


II – em última instância, julgar:
c) os embargos infringentes interpostos contra decisão não unânime proferida
em processo de dissídio coletivo de sua competência originária, salvo se a
decisão embargada estiver em consonância com Precedente Normativo
do Tribunal Superior do Trabalho ou com Súmula de sua jurisprudência
predominante.

O procedimento dos embargos infringentes está previsto nos arts. 263 e 264 do RITST.

Assim, registrado o protocolo na petição a ser encaminhada à Secretaria do órgão julgador


competente (SDC), esta juntará o recurso aos autos respectivos e abrirá vista à parte contrária, para
impugnação, no prazo legal.

Transcorrido o prazo, o processo será remetido à unidade competente, para ser


imediatamente distribuído.

Não atendidas as exigências legais relativas ao cabimento dos embargos infringentes, o


relator denegará seguimento ao recurso, facultada à parte a interposição de agravo interno.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-SC - Procurador - FGV - 2022): Foi instaurado dissídio coletivo em
nível nacional e, por isso, a demanda foi dirigida à Seção de Dissídios
Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Após regularmente
processada, foi proferida decisão não unânime que não está em consonância
com precedente jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho ou de
Súmula de sua jurisprudência predominante. Considerando os fatos
narrados, de acordo com a Lei de regência, quanto à possibilidade de recurso
em face dessa decisão normativa, é correto afirmar que cabem embargos
infringentes. Correto.

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 127


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EXECUÇÃO TRABALHISTA

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Antes de aprofundar no tema, importante verificar o disposto no art. 878 da CLT:

Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida a execução


de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em que
as partes não estiverem representadas por advogado.

Isto posto, tem-se que no Processo do Trabalho, a execução, ou melhor, o cumprimento da


sentença que reconheça a exigibilidade da obrigação para pagar quantia certa, poderá ser
promovido por qualquer interessado ou, de ofício, pelo Juiz quando a parte não estiver patrocinada
por advogado.

Salienta-se, todavia, que o Ministério Público do Trabalho também é legitimado para


promover a execução trabalhista, nas hipóteses em que atuou como parte no processo (ou fase) de
conhecimento, seja na primeira instância (ex.: ação civil pública), seja na segunda instância (ex.:
ação rescisória).

2. TÍTULOS EXECUTIVOS

No âmbito da Justiça do Trabalho existem 2 sistemas destinados à satisfação das


obrigações a cargo do devedor: o sistema destinado à satisfação do título judicial e o sistema de
execução de título extrajudicial.

TÍTULOS JUDICIAIS

Os títulos executivos judiciais são aqueles produzidos em função do exercício do poder


jurisdicional e estão dispostos na primeira parte do art. 876 da CLT:

Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha


havido recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não
cumpridos; os termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério
Público do Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as
Comissões de Conciliação Prévia serão executadas pela forma estabelecida
neste Capítulo.

Sendo assim, pode-se elencar os seguintes títulos judiciais:

1) Sentença com trânsito em julgado;

2) Sentença que esteja pendente de recurso sem efeito suspensivo, conforme o art. 899 da
CLT:

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 128


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Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito
meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a
execução provisória até a penhora.

3) Acordo homologado em Juízo;

4) Sentença arbitral.

Com relação a este último título, insta ressaltar que a arbitragem pode ser utilizada na Justiça
do Trabalho em 2 situações: com o empregado que recebe remuneração mensal superior a 2 vezes
o teto dos benefícios da previdência social e nas demandas coletivas.

No que se refere à competência para executar os títulos judiciais, ela é definida nos termos
do art. 877 da CLT:

Art. 877 - É competente para a execução das decisões o Juiz ou Presidente


do Tribunal que tiver conciliado ou julgado originariamente o dissídio.

Significa, portanto, que o caminho processual percorrido pelo título judicial não possui
relevância, mas sim onde o processo que deu origem a ele se iniciou.

Obs.: em que pese seja considerada um título judicial, apenas para


fins de definição da competência, a sentença arbitral atuará como
um título executivo extrajudicial, uma vez que não foi produzida pelo
Poder Judiciário.

TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS

Assim como os títulos judiciais, os títulos extrajudiciais também estão previstos no art. 876
da CLT, mas na segunda parte do dispositivo:

Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido
recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os
termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do
Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de
Conciliação Prévia serão executadas pela forma estabelecida neste
Capítulo.

Isto posto, é possível listar os seguintes títulos extrajudiciais:

1) Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado perante o MPT;

Sobre o TAC, prevê a Lei 7.347/85 que:

Art. 5º, § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados


compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante
cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.

2) Termo de Conciliação celebrado perante as Comissões de Conciliação Prévia (CCP);

A natureza de título extrajudicial está expressa no art. 625-E da CLT, in verbis:

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 129


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Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo
empregado, pelo empregador ou seu proposto e pelos membros da
Comissão, fornecendo-se cópia às partes.
Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e
terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente
ressalvadas.

3) Certidões de dívida ativa (CDA) decorrentes das multas aplicadas aos empregadores
pelos órgãos de fiscalização do trabalho;

A execução deste título extrajudicial no âmbito da Justiça do Trabalho decorre de previsão


constitucional:

Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:


VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos
empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho.

4) Cheque e nota promissória emitidos em razão de uma relação de trabalho.

A execução dos referidos títulos perante a Justiça do Trabalho foi definida no art. 13 da IN
39/16 do TST:

Art. 13. Por aplicação supletiva do art. 784, I (art. 15 do CPC), o cheque e a
nota promissória emitidos em reconhecimento de dívida
inequivocamente de natureza trabalhista também são títulos
extrajudiciais para efeito de execução perante a Justiça do Trabalho, na
forma do art. 876 e segs. da CLT.

Por fim, a competência para executar os títulos extrajudiciais – que também se aplica à
sentença arbitral, conforme apontado acima – é definida com base no art. 877-A da CLT:

Art. 877-A - É competente para a execução de título executivo extrajudicial o


juiz que teria competência para o processo de conhecimento relativo à
matéria.

EXEQUIBILIDADE DOS TÍTULOS

Somente é exequível a obrigação que contenha as 3 características abaixo elencadas:

1) Certeza: quando há os elementos da obrigação, isto é, as partes e o objeto (quem deve,


a quem deve, e o que deve).

2) Exigibilidade: será exigível o título cuja obrigação não esteja submetida a termo ou
condição.

3) Liquidez: quando contiver o quantum debeatur, ou seja, o valor exato a ser pago.

Nem todas as sentenças condenatórias que reconhecem obrigação de pagar encontram-se


quantificadas a ponto de permitirem, desde logo, a execução. Em razão disso, a ausência da
liquidez implicará na realização da fase de liquidação anterior à execução, em consonância com
o art. 879 da CLT:

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 130


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Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á,
previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por
arbitramento ou por artigos.

José Augusto Rodrigues Pinto argumenta que a fase de liquidação contém os “atos de
acertamento”, pois se faz o “acertamento” do débito para seguir com a execução.

3. LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA

Consoante Manoel Antonio Teixeira Filho, a liquidação é a preparatória da execução, em


que um ou mais atos são praticados, por uma ou por ambas as partes, com a finalidade de
estabelecer o valor da condenação ou de individuar o objeto da obrigação, mediante a utilização,
quando necessário, dos diversos modos de prova admitidos em lei.

De acordo com o supramencionado art. 879 da CLT, a fase de liquidação da sentença pode
ocorrer de 3 formas:

1) Por cálculos;

2) Por artigos (“pelo procedimento comum”, como traz o CPC);

3) Por arbitramento.

LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULOS

Promove-se a liquidação por cálculos quando no processo existem elementos suficientes


para o cálculo do valor da obrigação do título.

Inicialmente, a liquidação por cálculos deve seguir o comando trazido nos §§ 1º-A e 1º-B do
art. 879 da CLT:

Art. 879, § 1º-A. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das contribuições


previdenciárias devidas.
§ 1º-B. As partes deverão ser previamente intimadas para a apresentação do
cálculo de liquidação, inclusive da contribuição previdenciária incidente.

Em sequência, o Juízo deverá:

Art. 879, § 2º Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às


partes prazo comum de oito dias para impugnação fundamentada com
a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de
preclusão.
§ 6º Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz poderá
nomear perito para a elaboração e fixará, depois da conclusão do trabalho,
o valor dos respectivos honorários com observância, entre outros, dos
critérios de razoabilidade e proporcionalidade.

A manifestação de que trata o § 2º significa que se a parte não se manifestar sobre os


cálculos, perderá a possibilidade de discutir os valores posteriormente (sob pena de preclusão).

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 131


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A preclusão ora focalizada tem por destinatários as partes. Isso quer dizer que não haverá
preclusão pro judicato, ou seja, o Juiz pode, de ofício, determinar as correções que julgar
pertinentes, caso constate, de forma inequívoca, o desrespeito ao comando sentencial exequendo
(coisa julgada).

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-23 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): Tornada líquida a sentença
trabalhista transitada em julgado, que condenou a empresa Verdes Mares
Turismo Marítimo Ltda. a pagar o valor lá expresso a Epaminondas, conforme
previsão da Consolidação das Leis do Trabalho, o juiz do trabalho deverá
abrir às partes prazo comum de 8 dias para impugnação fundamentada, com
a indicação dos itens e valores objeto da discordância, sob pena de
preclusão. Correto.

(TRT-22 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): Maribela, representada por


advogado, teve êxito em reclamação trabalhista ajuizada em face de seu ex-
empregador, que foi condenado ao pagamento de diferenças salariais
decorrentes de redução das comissões, de adicional noturno e horas extras
pela supressão parcial do intervalo intrajornada. Transitada em julgado a
decisão, nos termos da CLT, as partes deverão ser previamente intimadas
para a apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da contribuição
previdenciária incidente. Correto.

Apresentada a manifestação das partes sobre os cálculos, haverá, em seguida, a decisão


de liquidação. Dessa decisão NÃO cabe agravo de petição de imediato, pois é necessário efetuar
a garantia do Juízo, eis que ainda não há duplo grau de jurisdição. Nesse caso, a parte poderá
apresentar embargos à penhora, nos termos do art. 884, § 3º da CLT:

Art. 884, § 3º - Somente nos embargos à penhora poderá o executado


impugnar a sentença de liquidação, cabendo ao exequente igual direito e
no mesmo prazo.

Caso a parte apresente os embargos à penhora, o Juiz proferirá sentença de embargos, da


qual caberá agravo de petição.

3.1.1. Liquidação por artigos (ou pelo procedimento comum)

Wagner Giglio argumenta que a liquidação por artigos é a forma mais complexa de
liquidação, constituindo um verdadeiro “processo” de conhecimento, mas de função diversa do
processo da ação de conhecimento porque não tem por escopo a formação de uma sentença
condenatória, mas a formação de uma sentença meramente declaratória do que virtualmente se
contém na sentença exequenda.

A liquidação pelo procedimento comum depende de iniciativa da parte, mediante petição


escrita (se verbal, reduzida a termo), contendo os fatos a serem provados e os respectivos meios
de prova.

É importante assinalar que os fatos novos que serão objeto da liquidação por artigos visam
à fixação do quantum já decidido por sentença no processo de cognição, uma vez que nesse
incidente processual à execução é vedado modificar ou inovar a sentença exequenda, nem discutir

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 132


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as matérias e questões pertinentes à lide principal cobertas pela coisa julgada, conforme determina
o § 1º do art. 879 da CLT:

Art. 879, § 1º - Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a


sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa principal.

José Augusto Rodrigues Pinto afirma que na liquidação por artigos o que realmente ocorre
é a presença de um fato cuja existência já é reconhecida pela sentença (logo, não é novo), mas
incompletamente investigado, de modo a faltar algo, ainda, de sua exata dimensão. A investigação
que se faz é apenas complementar da intensidade com que o fato contribui para a quantificação do
crédito a ser exigido. Ex.: se a sentença reconhece a existência de horas extras prestadas pelo
obreiro (fato reconhecido), mas não estabelece o quantitativo de horas prestadas, há necessidade
de apurar esses fatos de investigação complementar.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-3 - Analista Judiciário - FUMARC - 2022): A liquidação deve obedecer
aos estritos limites da decisão transitada em julgado, sob pena de afronta ao
instituto da coisa julgada e à imutabilidade da decisão. Correto.

Quanto ao procedimento da liquidação por artigos, tem-se que o processo seguirá o rito
ordinário e não haverá revelia, de modo que a ausência de defesa na liquidação acarretará apenas
no fato incontroverso e confissão.

Após isso, haverá a sentença de liquidação, que pode ter 3 resultados:

1) Os fatos (artigos) não serem provados, ocasião na qual o exequente deverá reiniciar com
nova petição inicial;

2) Os fatos restarem parcialmente provados;

3) Os fatos forem provados.

Nas 2 últimas hipóteses, não caberá agravo de petição de imediato. Deve-se, portanto,
aguardar a garantia do Juízo e recorrer ao disposto no § 3º do art. 884 visualizado acima.

LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO

Diante da lacuna da CLT, impõe-se a aplicação subsidiária do art. 509, I, do CPC:

Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de quantia ilíquida,


proceder-se-á à sua liquidação, a requerimento do credor ou do devedor:
I – por arbitramento, quando determinado pela sentença, convencionado
pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da liquidação.

É preciso advertir, porém, que, não obstante tenha a sentença condenatória determinado
que a liquidação deva ser feita por arbitramento, poderá o Juiz, verificando a desnecessidade de tal
procedimento, ordenar, de ofício, que a liquidação seja feita por cálculo, que é o procedimento mais
simples e célere que se afina com os princípios da celeridade e economia processuais.

Além disso, poderá o Juiz adotar tal providência, quando verificar que a liquidação por
cálculos, se possível, é a menos gravosa para o devedor. Em tais casos, segundo Carlos Henrique

CS – DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 2023.1 133


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Bezerra Leite, não haverá violação à coisa julgada, pois não se estará alterando ou inovando o
conteúdo substancial da sentença exequenda, e sim estabelecendo o procedimento que conduza
ao resultado útil do processo.

4. EXECUÇÃO DEFINITIVA

Dispõe o art. 880 da CLT que:

Art. 880. Requerida a execução, o juiz ou presidente do tribunal mandará


expedir mandado de citação do executado, a fim de que cumpra a
decisão ou o acordo no prazo, pelo modo e sob as cominações
estabelecidas ou, quando se tratar de pagamento em dinheiro, inclusive
de contribuições sociais devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta
e oito) horas ou garanta a execução, sob pena de penhora.
§ 1º - O mandado de citação deverá conter a decisão exequenda ou o termo
de acordo não cumprido.
§ 2º - A citação será feita pelos oficiais de diligência.
§ 3º - Se o executado, procurado por 2 (duas) vezes no espaço de 48
(quarenta e oito) horas, não for encontrado, far-se-á citação por edital,
publicado no jornal oficial ou, na falta deste, afixado na sede da Junta ou
Juízo, durante 5 (cinco) dias.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(Prefeitura de Florianópolis - Procurador - FEPESE - 2022): Quando se
tratar de execução para o pagamento de quantia em dinheiro, o devedor
deverá pagar o montante devido ou garantir o juízo, no prazo de quarenta e
oito horas, após a regular cientificação, sob pena de penhora. Correto.

Ante o exposto, depois de citado, o executado terá o prazo de 48h para:

1) Pagar, nos termos do art. 881:

Art. 881 - No caso de pagamento da importância reclamada, será este feito


perante o escrivão ou secretário, lavrando-se termo de quitação, em 2 (duas)
vias, assinadas pelo exequente, pelo executado e pelo mesmo escrivão ou
secretário, entregando-se a segunda via ao executado e juntando-se a outra
ao processo.

2) Garantir a execução em dinheiro, conforme a primeira parte do art. 882:

Art. 882. O executado que não pagar a importância reclamada poderá


garantir a execução mediante depósito da quantia correspondente, atualizada
e acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-garantia
judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferencial
estabelecida no art. 835 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código
de Processo Civil.

3) Indicar bens à penhora, de acordo com a segunda parte do art. 882:

Art. 882. O executado que não pagar a importância reclamada poderá


garantir a execução mediante depósito da quantia correspondente, atualizada

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e acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-garantia
judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferencial
estabelecida no art. 835 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código
de Processo Civil.

Ressalta-se, ainda, que na indicação de bens à penhora é preciso seguir a ordem


preferencial estabelecida no art. 835 do CPC.

4) Manter-se inerte, hipótese na qual:

Art. 883 - Não pagando o executado, nem garantindo a execução, seguir-se-


á penhora dos bens, tantos quantos bastem ao pagamento da
importância da condenação, acrescida de custas e juros de mora, sendo
estes, em qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a
reclamação inicial.

Importante salientar que a penhora dos bens não alcançará os bens impenhoráveis
elencados pelo art. 833 do CPC, de acordo com a IN 39/16 do TST:

Art. 3° Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao Processo do Trabalho, em face


de omissão e compatibilidade, os preceitos do Código de Processo Civil que
regulam os seguintes temas:
XV - art. 833, incisos e parágrafos (bens impenhoráveis).

Outrossim, é mister evidenciar que o executado somente será inscrito nos órgãos de
proteção ao crédito ou no Banco Nacional dos Devedores Trabalhistas depois que ultrapassado o
prazo de 48h (do mandado de citação do executado) + 45 dias, conforme estabelecido no art. 883-
A da CLT:

Art. 883-A. A decisão judicial transitada em julgado somente poderá ser


levada a protesto, gerar inscrição do nome do executado em órgãos de
proteção ao crédito ou no Banco Nacional de Devedores Trabalhistas
(BNDT), nos termos da lei, depois de transcorrido o prazo de quarenta e
cinco dias a contar da citação do executado, se não houver garantia do
juízo.

Ressalta-se, ainda, que a IN 39/16 do TST também determina a aplicação do art. 841 do
CPC ao Processo do Trabalho:

Art. 3° Sem prejuízo de outros, aplicam-se ao Processo do Trabalho, em face


de omissão e compatibilidade, os preceitos do Código de Processo Civil que
regulam os seguintes temas:
XVIII - art. 841, §§ 1º e 2º (intimação da penhora).

Desse modo, formalizada a penhora por qualquer dos meios legais, dela será imediatamente
intimado o executado. A intimação da penhora será feita ao advogado do executado ou à sociedade
de advogados a que aquele pertença e não havendo advogado constituído nos autos, o executado
será intimado pessoalmente, de preferência por via postal.

O art. 884 da CLT trata dos embargos à execução e sua impugnação:

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Art. 884 - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5
(cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente
para impugnação.
§ 1º - A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da
decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida.
§ 2º - Se na defesa tiverem sido arroladas testemunhas, poderá o Juiz ou o
Presidente do Tribunal, caso julgue necessários seus depoimentos, marcar
audiência para a produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de 5
(cinco) dias.
§ 3º - Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a
sentença de liquidação, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo
prazo.
§ 4º Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e as impugnações à
liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.
§ 5º Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo
declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em
aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição
Federal.
§ 6º A exigência da garantia ou penhora não se aplica às entidades
filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compuseram a diretoria
dessas instituições.

O Juiz julgará tudo em sentença única (§ 4º do art. 884) e tal sentença poderá ser recorrida
mediante agravo de petição.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(TRT-14 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Na execução trabalhista em
que é executada a Creche Abraça Coração, entidade filantrópica, o Juiz do
Trabalho homologou os cálculos de liquidação do exequente no valor de R$
10.000,00. Após fazer uso do bloqueio on-line de contas, foi penhorado o
valor de R$ 1.000,00, tendo interesse a executada em interpor embargos à
execução. De acordo com a CLT, a executada poderá interpor os embargos
à execução imediatamente, pois a exigência da garantia da execução ou
penhora de bens no valor do débito não se aplica às entidades filantrópicas.
Correto.

(Prefeitura de Jundiaí - Procurador - VUNESP - 2021): A sentença de


liquidação trabalhista, cujo título judicial esteja fundado em ato normativo
declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, deve ser
impugnada pelo devedor por meio de embargos à execução. Correto.

5. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA

Insta rememorar, a priori, que o termo “Fazenda Pública” abrange todas as pessoas jurídicas
de direito público, como a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os Territórios (se
houver), bem como as suas respectivas autarquias e fundações públicas.

Com efeito, dispõe o art. 535 do CPC que a Fazenda Pública será intimada na pessoa de
seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30
dias e nos próprios autos, impugnar a execução.

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Tratando-se, porém de execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será
citada para opor embargos em 30 dias. É o que prevê expressamente o art. 910 do CPC.

Nos embargos à execução fundada em título extrajudicial o ente público embargante poderá
alegar, nos termos dos §§ 2º e 3º do art. 910 do CPC, qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir
como defesa no processo de conhecimento. Ademais, a Fazenda Pública/executada poderá
também alegar impedimento ou suspeição do órgão julgador, devendo, para tanto, observar o
disposto nos arts. 146 e 148 do CPC.

Se a Fazenda Pública/executada alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia


quantia superior à resultante do título, deverá ela declarar, de imediato, na própria impugnação ou
nos embargos à execução, o valor que entende correto, sob pena de não conhecimento da arguição.

Finda a instrução, ou inexistindo necessidade desta, o Juiz proferirá a decisão. Caso seja
esta desfavorável, no todo ou em parte, à Fazenda Pública, não há falar-se em remessa necessária,
já que esta condição de eficácia da sentença tem cabimento, apenas, no processo de
conhecimento.

Assim, o ato que julga os embargos à execução (ou a impugnação ao cumprimento da


sentença) desfavorável às pessoas jurídicas de direito público é passível de agravo de petição (CLT,
art. 897, a), sendo que o prazo recursal conta-se em dobro, já que o art. 1º, III, do Decreto-Lei
779/69 confere-lhes tal prerrogativa para todo e qualquer recurso, seja no processo cognitivo ou no
de execução.

Transitada em julgado a decisão da impugnação ou dos embargos, o procedimento


trabalhista cede lugar ao procedimento específico do precatório ou da Requisição de Pequeno Valor
(RPV), conforme o caso.

O precatório será pago em conformidade com a ordem cronológica prevista nas Súmulas
655 do STF e 144 do STJ:

Súmula 655 do STF: A exceção prevista no art. 100, caput, da Constituição,


em favor dos créditos de natureza alimentícia, não dispensa a expedição de
precatório, limitando-se a isentá-los da observância da ordem cronológica dos
precatórios decorrentes de condenações de outra natureza.

Súmula 144 do STJ: Os créditos de natureza alimentícia gozam de


preferência, desvinculados os precatórios da ordem cronológica dos créditos
de natureza diversa.

Como o tema foi cobrado em concurso?


(PGE-AM - Procurador - FCC - 2022): Aristóteles propõe reclamatória
trabalhista em face da empresa Deuses do Olimpo Ltda., que era contratada
do Estado W para serviços de manutenção de rodovias estaduais,
requerendo também a responsabilidade do Estado por eventuais créditos
decorrentes da procedência dos pedidos. Na hipótese de haver alguma
condenação em face da empresa prestadora de serviços, em caso de sua
insolvência, serão devidos honorários sucumbenciais também pela Fazenda
Pública, em patamar não superior a 15% do valor que resultar da liquidação
de sentença, independentemente de o autor estar ou não assistido pelo
sindicato da categoria. Correto.

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6. EXECUÇÃO CONTRA A MASSA FALIDA OU EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL

No caso das empresas em recuperação judicial ou da massa falida, a Justiça do Trabalho


será competente para processar e julgar toda a fase de conhecimento. No entanto, com a formação
do título executivo, incumbe ao exequente a habilitação do crédito no Juízo Falimentar, conforme
prevê o art. 6º, § 2º da Lei 11.101/05. Sendo assim, a fase de execução é toda processada no Juízo
Falimentar.

Vale dizer, o trabalhador poderá diretamente, isto é, perante o administrador judicial, postular
a habilitação, exclusão ou modificação dos seus créditos trabalhistas ou, caso tenha optado por
ajuizar ação trabalhista, esta tramitará na Justiça Especializada até a apuração do respectivo
crédito. Após a apuração do quantum debeatur, será expedida certidão em favor do credor e seu
crédito trabalhista será habilitado perante o quadro geral de credores no Juízo Falimentar.

Além disso, o Juiz do trabalho poderá determinar a reserva da importância que estimar
devida na recuperação judicial ou na falência e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito
incluído na classe própria.

O art. 151 da Lei de Falências prescreve, ainda, que os créditos trabalhistas de natureza
estritamente salarial vencidos nos 3 meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5
salários mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.

Vale mencionar que, de acordo com o art. 83 da Lei 11.101/05, o crédito trabalhista é
preferencial até 150 salários mínimos. Ultrapassado o referido valor, o restante do crédito
permanecerá habilitado, mas como crédito quirografário:

Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:


I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e
cinquenta) salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de
acidentes de trabalho.

Por fim, destaca-se que o art. 60, parágrafo único e o art. 141, II, ambos da Lei 11.101/05,
definem que não há sucessão trabalhista entre o falido e o adquirente do falido, com base nos
seguintes termos:

Art. 60. Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação


judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz
ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei.
Parágrafo-único. O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e
não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor de
qualquer natureza, incluídas, mas não exclusivamente, as de natureza
ambiental, regulatória, administrativa, penal, anticorrupção, tributária e
trabalhista, observado o disposto no § 1º do art. 141 desta Lei.

Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa


ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata o
art. 142:
II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá
sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de
natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as
decorrentes de acidentes de trabalho.

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Como o tema foi cobrado em concurso?
(TRT-16 - Técnico Judiciário - FGV - 2022): Em determinada reclamação
trabalhista que tramita perante a 30ª Vara do Trabalho de Barreirinhas/MA,
foi homologada a quantia de R$ 10.000,00 devida ao exequente a título de
dano moral, pois a sentença foi proferida de forma líquida e ambas as partes
concordaram com o valor. Ocorre que, no dia seguinte, a sociedade
empresária teve a falência decretada. Diante dos fatos narrados e da norma
de regência, sobre o destino da execução, é correto afirmar que deverá ser
expedida certidão de crédito ao reclamante pelo valor homologado para
habilitação junto à massa falida. Correto.

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