Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
com
DIREITO
PROCESSUAL DO
TRABALHO
Edição 2023.1
Revisada
Atualizada
Ampliada
Disponibilizado exclusivamente para Raiza Santos, documento 123.176.187-35, email raizasant@gmail.com
.
QUANTO AO JUIZ .............................................................................................................. 39
HORÁRIO DOS ATOS PROCESSUAIS ............................................................................ 39
PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS ..................................................................... 40
ATOS PROCESSUAIS ELETRÔNICOS ............................................................................ 40
2. TERMOS PROCESSUAIS ......................................................................................................... 42
3. PRAZOS PROCESSUAIS .......................................................................................................... 43
CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................ 43
3.1.1. Quanto à origem da fixação......................................................................................... 43
3.1.2. Quanto à natureza ....................................................................................................... 43
3.1.3. Quanto aos destinatários ............................................................................................. 44
CONTAGEM DOS PRAZOS PROCESSUAIS ................................................................... 44
SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DOS PRAZOS .............................................................. 45
4. NULIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS .................................................................................. 47
PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS .................................................. 47
PRINCÍPIO DO PREJUÍZO OU DA TRANSCENDÊNCIA ................................................. 48
PRINCÍPIO DA CONVALIDAÇÃO OU PRECLUSÃO ........................................................ 48
PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL ..................................................................... 49
PRINCÍPIO DA UTILIDADE ................................................................................................ 49
PRINCÍPIO DO INTERESSE .............................................................................................. 50
PROCEDIMENTOS TRABALHISTAS ............................................................................................... 51
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 51
2. TIPOS DE PROCEDIMENTO NO PROCESSO DO TRABALHO ............................................. 51
3. RITO ORDINÁRIO ...................................................................................................................... 51
PETIÇÃO INICIAL ............................................................................................................... 51
AUDIÊNCIA ......................................................................................................................... 56
3.2.1. Características da audiência trabalhista ..................................................................... 56
3.2.2. Presença das partes em audiência ............................................................................. 57
3.2.3. Ausência das partes em audiência.............................................................................. 60
3.2.4. Conciliação ................................................................................................................... 66
CONTESTAÇÃO ................................................................................................................. 68
3.3.1. Contestação contra o processo ................................................................................... 69
3.3.2. Contestação contra o mérito........................................................................................ 69
EXCEÇÕES......................................................................................................................... 71
3.4.1. Exceção de suspeição ................................................................................................. 71
3.4.2. Exceção de incompetência .......................................................................................... 72
RECONVENÇÃO ................................................................................................................ 74
MANIFESTAÇÃO SOBRE A DEFESA ............................................................................... 75
INSTRUÇÃO ORAL ............................................................................................................ 76
3.7.1. Prova testemunhal ....................................................................................................... 76
3.7.2. Prova pericial ............................................................................................................... 80
RAZÕES FINAIS ................................................................................................................. 83
CONCILIAÇÃO PRÉ-DECISÓRIA ...................................................................................... 85
SENTENÇA ......................................................................................................................... 85
4. RITO SUMARÍSSIMO ................................................................................................................ 86
5. RITO SUMÁRIO OU DE ALÇADA ............................................................................................. 91
TEORIA GERAL DOS RECURSOS .................................................................................................. 93
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 93
2. CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS ........................................................................................ 93
QUANTO À FORMA DE RECORRER ............................................................................... 93
.
QUANTO À AUTORIDADE À QUAL SE DIRIGEM ............................................................ 95
QUANTO À MATÉRIA......................................................................................................... 95
3. ATOS SUJEITOS A RECURSO................................................................................................. 95
PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE IMEDIATA DAS DECISÕES ............................... 95
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE ........................................................................................... 98
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE ...................................................................... 100
3.3.1. Cabimento .................................................................................................................. 100
3.3.2. Legitimidade ............................................................................................................... 101
3.3.3. Preparo trabalhista ..................................................................................................... 102
4. CUSTAS PROCESSUAIS E DEPÓSITO RECURSAL............................................................ 102
CUSTAS ............................................................................................................................ 102
DEPÓSITO RECURSAL ................................................................................................... 104
ISENÇÃO .......................................................................................................................... 106
RECURSOS EM ESPÉCIES ........................................................................................................... 108
1. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ............................................................................................. 108
2. RECURSO ORDINÁRIO .......................................................................................................... 110
3. AGRAVO DE PETIÇÃO ........................................................................................................... 114
4. AGRAVO DE INSTRUMENTO................................................................................................. 116
5. RECURSO DE REVISTA ......................................................................................................... 117
6. EMBARGOS NO TST ............................................................................................................... 123
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ..................................................................................... 123
EMBARGOS INFRINGENTES ......................................................................................... 126
EXECUÇÃO TRABALHISTA ........................................................................................................... 128
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 128
2. TÍTULOS EXECUTIVOS .......................................................................................................... 128
TÍTULOS JUDICIAIS ......................................................................................................... 128
TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS............................................................................................. 129
EXEQUIBILIDADE DOS TÍTULOS ................................................................................... 130
3. LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA................................................................................................. 131
LIQUIDAÇÃO POR CÁLCULOS ....................................................................................... 131
3.1.1. Liquidação por artigos (ou pelo procedimento comum) ............................................ 132
LIQUIDAÇÃO POR ARBITRAMENTO ............................................................................. 133
4. EXECUÇÃO DEFINITIVA......................................................................................................... 134
5. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ....................................................................... 136
6. EXECUÇÃO CONTRA A MASSA FALIDA OU EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL 138
.
APRESENTAÇÃO
Olá!
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você
faça uma boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante! As bancas costumam repetir certos temas.
.
ASPECTOS INICIAIS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
1. CONCEITO
De acordo com Carlos Henrique Bezerra Leite, o Direito Processual do Trabalho é o ramo
da ciência jurídica, constituído por um sistema de valores, princípios, regras e instituições próprias,
que tem por objeto promover a concretização dos direitos sociais fundamentais individuais, coletivos
e difusos dos trabalhadores e a pacificação justa dos conflitos decorrentes direta ou indiretamente
das relações de emprego e de trabalho, bem como regular o funcionamento e a competência dos
órgãos que compõem a Justiça do Trabalho.
2. NATUREZA JURÍDICA
Em se tratando de segmento do Direito Público, para Carlos Henrique Bezerra Leite, pode-
se dizer que o Direito Processual do Trabalho encontra suas fontes normativas no próprio
ordenamento jurídico estatal, porquanto somente o Estado tem o poder de editar normas de direito
processual, com observância estrita do princípio da legalidade. Nesse sentido, a própria
Constituição Federal de 1988 prescreve, em seu art. 22, I, que compete privativamente à União
legislar sobre direito processual, estando incluído o direito processual do trabalho.
FONTES MATERIAIS
FONTES FORMAIS
As fontes formais do Direito Processual do Trabalho são as que lhe conferem o caráter de
direito positivo, ou seja, são aquelas que estão positivadas no ordenamento jurídico. Dividem-se
em:
.
2) Fontes formais indiretas: aquelas extraídas da doutrina e da jurisprudência.
Segundo Humberto Theodoro Júnior, o primeiro e mais importante princípio que informa o
processo trabalhista, distinguindo-o do processo civil comum, é o da finalidade social, de cuja
observância decorre uma quebra do princípio da isonomia entre as partes, pelo menos em relação
à sistemática tradicional do direito formal.
O direito processual, reconhecendo que o trabalhador deve ser auxiliado durante o processo
pela própria autoridade julgadora, de maneira que, no momento de chegar o procedimento ao
estado de solução, a aportação processual das partes permita uma solução justa.
.
processual; no segundo, permite-se que o juiz tenha uma atuação mais ativa, na medida em que
auxilia o trabalhador, em busca de uma solução justa, até chegar o momento de proferir a sentença.
A doutrina entende que está positivado no art. 765 da CLT, que confere aos Juízos e
Tribunais do Trabalho ampla liberdade na direção do processo. Para tanto, os magistrados do
trabalho velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência
necessária ao esclarecimento delas.
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE
PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO
Embora o princípio da conciliação não seja exclusividade do processo laboral, neste ramo
ele se mostra mais evidente, tendo, inclusive, um iter procedimentalis peculiar. Com efeito, dispõem
o art. 764, caput, e seus parágrafos da CLT, in verbis:
.
Art. 764 - Os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da
Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à conciliação.
§ 1º - Para os efeitos deste artigo, os juízes e Tribunais do Trabalho
empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma
solução conciliatória, dos conflitos.
§ 2º - Não havendo acordo, o juízo conciliatório converter-se-á
obrigatoriamente em arbitral, proferindo decisão na forma prescrita neste
Título.
§ 3º - É lícito às partes celebrar acordo que ponha termo ao processo, ainda
mesmo depois de encerrado o juízo conciliatório.
No mesmo sentido, o art. 831 da CLT estabelece uma condição intrínseca para a validade
da sentença trabalhista, ao determinar que ela somente “será proferida depois de rejeitada pelas
partes a proposta de conciliação”.
O primeiro está previsto no art. 846 da CLT e ocorre por ocasião da abertura da audiência,
nos seguintes termos:
Por fim, insta salientar que outra peculiaridade do processo do trabalho repousa na
equiparação prática do termo de conciliação à coisa julgada. É o que diz o parágrafo único do art.
831 da CLT:
Art. 831 - No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como
decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto às contribuições
que lhe forem devidas.
A Justiça do Trabalho brasileira é a única que pode exercer o chamado poder normativo,
que consiste no poder de criar normas e condições gerais e abstratas (atividade típica do Poder
Legislativo), proferindo sentença normativa com eficácia ultra partes, cujos efeitos irradiarão para
os contratos individuais dos trabalhadores integrantes da categoria profissional representada pelo
sindicato que ajuizou o dissídio coletivo.
Essa função especial (competência) conferida aos tribunais trabalhistas é autorizada pelo
art. 114, § 2º, da CF/88, segundo o qual:
.
coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o
conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho,
bem como as convencionadas anteriormente.
1) Princípio da simplicidade das formas: o art. 899 da CLT consagra expressamente que
os recursos serão interpostos por simples petição, isto é, sem os formalismos extremos
exigidos nos recursos de natureza extraordinária.
A CLT reconhece o princípio da extrapetição, como se infere dos seus arts. 137, § 2º, 467 e
496 abaixo elencados:
Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata
o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
§ 2º - A sentença cominará pena diária de 5% (cinco por cento) do salário
mínimo da região, devida ao empregado até que seja cumprida.
.
quando for o empregador pessoa física, o tribunal do trabalho poderá
converter aquela obrigação em indenização devida nos termos do artigo
seguinte.
O item II da Súmula 396 do TST também o consagra, ao dispor: “Não há nulidade por
julgamento extra petita da decisão que deferir salário quando o pedido for de reintegração, dados
os termos do art. 496 da CLT”.
Por se tratar de ramo do direito processual, ao Processo do Trabalho também são aplicáveis
os seguintes princípios:
5) Contraditório;
6) Ampla defesa;
7) Razoabilidade;
8) Proporcionalidade;
5. CAPACIDADE POSTULATÓRIA
Insta salientar, a priori, que a capacidade postulatória NÃO se confunde com a capacidade
de ser parte nem com a capacidade processual.
.
para propor ação, seja para defender-se, seja para intervir na relação processual. É, pois, um direito
universal conferido a toda pessoa humana.
Em regra, a pessoa com capacidade de ser parte também terá capacidade processual.
Todavia, há casos em que, embora tenha capacidade de ser parte, o titular do direito material não
tem capacidade processual, isto é, capacidade de estar em juízo.
A capacidade civil (arts. 3º e 4º do Código Civil), por sua vez, possui 3 níveis:
1) Capacidade plena;
2) Relativamente incapaz;
3) Absolutamente incapaz.
2) Abaixo de 16 anos: é incapaz para a prática de atos da vida civil. Logo, será
representado por quem detenha o poder familiar (art. 1.634 do Código Civil) ou, na sua
falta, de forma sucessiva, pelo MPT, pelo sindicato da correspondente categoria
profissional, pelo MP estadual ou curador nomeado pelo juiz.
.
Art. 793. A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita por seus
representantes legais e, na falta destes, pela Procuradoria da Justiça do
Trabalho, pelo sindicato, pelo Ministério Público estadual ou curador
nomeado em juízo.
Todavia, o jus postulandi NÃO se aplica a toda e qualquer situação, de modo que nos casos
abaixo elencados, a representação por advogado será necessária:
1) Nas ações para homologação de acordo extrajudicial, nos termos do art. 855-B da CLT:
2) Nas ações que NÃO versem sobre relação de emprego, de acordo com a IN 27/05 do
TST;
Com a EC 45/04, que ampliou a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar
outras ações oriundas da relação de trabalho, e não apenas as derivadas da relação de emprego,
a IN 27/05 do TST deixou implícita a ilação de que nessas novas demandas que passaram para a
competência da Justiça do Trabalho é indispensável o patrocínio das partes por advogados.
.
Sobreleva reiterar, ainda, que no Processo do Trabalho o jus postulandi das próprias partes
só pode ser exercido junto aos órgãos que integram a Justiça do Trabalho. Assim, na hipótese de
interposição de recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal, momento em que se
esgota a “jurisdição trabalhista”, a parte deverá estar necessariamente representada por advogado.
6. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA
Com efeito, nos termos do art .16 da Lei 5.584/70, os “honorários do advogado pagos pelo
vencido reverterão em favor do Sindicato assistente”. Ocorre que o referido artigo foi revogado
expressamente pela Lei 13.725/18.
Cumpre salientar, ainda, que invocando o tratamento da matéria pelo CPC/2015, o TST
alterou substancialmente a Súmula 219, que passou a ter a seguinte redação:
.
II – É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em
ação rescisória no processo trabalhista.
III – São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente
sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da
relação de emprego.
IV – Na ação rescisória e nas lides que não derivem de relação de emprego,
a responsabilidade pelo pagamento dos honorários advocatícios da
sucumbência submete-se à disciplina do Código de Processo Civil (arts. 85,
86, 87 e 90).
V – Em caso de assistência judiciária sindical ou de substituição processual
sindical, excetuados os processos em que a Fazenda Pública for parte, os
honorários advocatícios são devidos entre o mínimo de dez e o máximo de
vinte por cento sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido
ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa (CPC
de 2015, art. 85, § 2º).
VI – Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, aplicar-se-ão os
percentuais específicos de honorários advocatícios contemplados no Código
de Processo Civil.
Entretanto, todas as teses fixadas na Súmula 219 do TST deverão ser reexaminadas em
função do art. 791-A da CLT, acrescentado pela Lei 13.467/17, in verbis:
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos
honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento)
e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação
da sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-
lo, sobre o valor atualizado da causa.
Dessa forma, continua existindo a faculdade do jus postulandi das próprias partes (CLT, art.
791 e Súmula 425 do TST), aplicando-se, no que couber, a Súmula 219 do TST. Entretanto, caso
a parte esteja litigando com o patrocínio de advogado, a este serão devidos honorários advocatícios
nos termos do art. 791-A da CLT.
No tocante à eficácia temporal do art. 791-A, o art. 6º da IN 41/18 do TST prevê que “a
condenação em honorários advocatícios sucumbenciais, prevista no art. 791-A, e parágrafos, da
CLT, será aplicável apenas às ações propostas após 11 de novembro de 2017 (Lei 13.467/17,
Reforma Trabalhista). Nas ações propostas anteriormente, subsistem as diretrizes do art. 14 da Lei
5.584/70 e das Súmulas 219 do TST.
É importante vislumbrar, ainda, que o STF, em acórdão turmário, entendeu que o direito aos
honorários advocatícios sucumbenciais previstos no art. 791-A da CLT surge no instante da
prolação da sentença, e não do ajuizamento da ação:
.
em lei posterior, sob pena de ofensa ao princípio da irretroatividade da
lei. 3. Agravo interno a que se nega provimento (STF-ARE n. 1.014.675 AgR,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, Primeira Turma, j. 23-3-2018, processo
eletrônico DJe-070 divulg. 11-04-2018, public. 12-4-2018).
4) Em que o sindicato atuar como substituto processual (quando atuar em nome próprio na
defesa de interesse/direito alheio).
.
mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, devendo ser utilizados, ainda, os parâmetros
elencados no § 2º do art. 791-A.
Por fim, é importante ressaltar que o § 4º do art. 791-A responsabilizava a parte sucumbente
(vencida) pelo pagamento dos honorários de sucumbência, ainda que beneficiária da justiça
gratuita. Contudo, o STF, na ADI 5766, declarou tal dispositivo inconstitucional:
.
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A jurisdição é uma matéria atinente à teoria do poder. Assim, por si só, refere-se ao poder
de dizer o direito e é ilimitada. A competência, por sua vez, é o limite do poder, uma vez que
determina o limite do exercício do poder jurisdicional.
Isto posto, pode-se inferir que a jurisdição tem íntima relação com a competência.
Tradicionalmente, fala-se que a competência é a medida da jurisdição de cada órgão judicial.
1) Funcional: estabelece quais atribuições cada órgão possui, segundo a sua hierarquia.
2) Material: define quais relações jurídicas são da competência daquele ramo do Poder
Judiciário. Assim, a competência em razão da matéria no Processo do Trabalho é
delimitada em virtude da natureza da relação jurídica material deduzida em Juízo.
Ex.: Thais é Juíza da 35ª Vara (competência funcional) do Trabalho (competência material)
de Salvador (competência territorial).
Importante salientar que o art. 64, § 4º do CPC – e que se aplica ao Processo do Trabalho
– prevê que:
.
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão
preliminar de contestação.
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos
de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja
proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
No que tange à competência relativa, salienta-se que esta visa o maior acesso ao Poder
Judiciário, de modo que é atribuída estritamente em razão de interesse das partes. Assim, é
derrogável, razão pela qual se as partes quiserem alterar a regra, é possível.
1) O art. 795, § 1º da CLT estabelece que deverá ser declarada de ofício a nulidade fundada
em incompetência de foro. O “foro” a que se refere o art. 795 é o foro trabalhista e,
portanto, trata-se de competência material da Justiça do Trabalho. Sendo assim, é uma
competência absoluta que pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, e não uma
incompetência territorial.
2) O art. 2º, inciso I da Instrução Normativa 39/2016 do TST – que trata da aplicação do
CPC ao Processo do Trabalho – preleciona o seguinte:
3. COMPETÊNCIA MATERIAL
.
De acordo com Carlos Henrique Bezerra, a competência em razão da matéria no Processo
do Trabalho é delimitada em virtude da natureza da relação jurídica material deduzida em juízo.
Tem-se entendido que a determinação da competência material da Justiça do Trabalho é fixada em
decorrência da causa de pedir e do pedido.
Assim, se o autor da demanda aduz que a relação material entre ele e o réu é a regida pela
CLT e formula pedidos de natureza trabalhista, só há um órgão do Poder Judiciário pátrio com
competência para processar e julgar tal demanda: a Justiça do Trabalho.
A competência material está prevista no art. 114 da CF/88. Ela define quais relações
jurídicas podem ser apreciadas pela Justiça do Trabalho, conforme expresso abaixo:
O inciso I do art. 184 da CF/88 é bastante complexo, razão pela qual seu estudo será dividido
em 3 partes.
Significa dizer, portanto, que a Justiça do Trabalho não abarca apenas empregados, mas
toda e qualquer lesão ou ameaça de lesão que ocorra em qualquer relação de trabalho. Ex.: trabalho
voluntário, trabalho avulso, trabalho eventual.
.
Ante o exposto, é mister vislumbrar algumas relações jurídicas que há muito tempo se
discutiu se estariam sujeitas à Justiça do Trabalho ou não.
Se, por exemplo, um médico labora como trabalhador autônomo em uma clínica médica
especializada, recebendo honorários desta, e presta serviços ao paciente, pode-se verificar que há
3 relações distintas:
Além das hipóteses acima verificadas, da mesma forma seria a prestação direta de serviço
entre o médico e o paciente, pois seria uma relação de consumo e a competência também não é
da Justiça do Trabalho, consoante disposição da Súmula 363 do STJ:
Também é importante evidenciar que a Justiça do Trabalho NÃO tem competência para
processar e julgar ações penais.
Antigamente havia muita discussão sobre a Justiça do Trabalho ter ou não competência para
julgar crimes relacionados com a organização do trabalho, sobretudo por conta das disposições
constitucionais que preveem que compete à Justiça do Trabalho processar e julgar “ações oriundas
da relação de trabalho” (inciso I do art. 114), “habeas corpus” (inciso IV do art. 114), bem como
“outras ações” (inciso IX do art. 114).
Ocorre que a palavra “ações” prevista no inciso I do art. 114 refere-se unicamente a ações
cíveis (não abrangendo ações penais).
Além disso, a Justiça do Trabalho possui competência para julgar habeas corpus “quando o
ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição” (inciso IV do art. 114). Isso significa que
a Justiça do Trabalho possui competência para julgar habeas corpus que somente se volta contra
restrições à liberdade de locomoção que não tenham natureza penal. Ex.: se o Juiz do Trabalho
.
decreta a prisão civil de um depositário infiel, por exemplo, caberá habeas corpus contra essa prisão
ilegal (inconvencional) a ser julgado pelo Tribunal Regional do Trabalho.
Todavia, é mister salientar que o delito de falso testemunho em processo trabalhista é crimes
de competência da Justiça Federal, nos termos da Súmula 165 do STJ:
Ressalta-se, ainda, que as infrações penais contidas no Título IV do Código Penal, que
tratam dos crimes contra a organização do trabalho, são de competência da Justiça Comum,
conforme tese acolhida pelo STF em 2020:
Com relação aos Estados Nacionais, tem-se que eles gozam de soberania, e um dos
reflexos diretos da soberania é a imunidade de jurisdição. Nesse sentido, o Direito Consuetudinário,
visando evitar o enriquecimento sem causa, criou uma tese adotada pelo STF de modulação da
imunidade de acordo com a natureza do ato praticado pelo ente.
Se for um ato de império ou ato de Estado, o ente goza de imunidade absoluta. Por outro
lado, se for um ato de gestão (ato administrativo que permite o exercício da atividade diplomática),
.
como o de contratação de um empregado, não goza de imunidade, de maneira que o Estado
Nacional poderá acionar e ser acionado na Justiça do Trabalho.
Sobre o trecho final do inciso I, importante verificar o contexto histórico no qual está inserido.
No texto original do art. 39 da CF/88, estava previsto o regime jurídico único estatutário.
Ocorre que em 1998, a Emenda Constitucional 19 alterou o art. 39 da CF/88 para prever a
possibilidade de um regime jurídico misto, pelo qual o servidor público poderia ser estatutário ou
celetista.
.
Tal previsão perdurou até o julgamento da ADI 2.135-4, que determinou o retorno ao regime
jurídico único, mas salvaguardou o ato jurídico perfeito, de maneira que a decisão possuiu efeitos
ex nunc, de acordo com o trecho do acórdão:
Assim, por força dos efeitos ex nunc adotados pelo STF no julgamento da ADI 2.135-4,
remanesce a competência residual da Justiça do Trabalho para as contratações temporárias pelo
regime celetista (desde que a lei disponha expressamente que o regime da contratação temporária
é o da CLT) celebradas antes da decisão liminar proferida pelo Pretório Excelso.
Vale salientar que na ADI 3.395-6, o STF decidiu os servidores estatutários, de cargo
comissionado e do REDA - Regime Especial de Direito Administrativo, não pertencem à Justiça do
Trabalho, pois possuem vínculo de natureza administrativa e não trabalhista e, como tal, devem
recorrer à Justiça Comum (estadual ou federal, a depender do caso), conforme ementa abaixo
colacionada:
Insta verificar, a priori, o conceito analítico de greve trazido por Rodrigues Pinto, sendo
compreendida como:
.
1) Cessação do trabalho, acertada por um grupo de trabalhadores, com o objetivo de
defender seus interesses profissionais;
Além do conceito doutrinário, o art. 2º da Lei 7.783/89 trouxe também o conceito legal, nos
seguintes termos:
Ante a visualização do conceito de greve, importante salientar existem 2 tipos de ações que
envolvem o exercício do direito de greve:
1) Ações típicas: ocupam-se dos dissídios coletivos, que visam sanar eventual divergência
entre sindicatos ou sindicatos e empresas.
.
b) Por outro lado, será de competência do TST quando a abrangência territorial do
sindicato for maior do que a competência territorial de um TRT ou quando a abrangência
territorial do sindicato for nacional. Ex.: TRT-5 (Bahia) e TRT-20 (Sergipe) x Sindicato
dos Trabalhadores Urbanos da Bahia e Sergipe. Não é possível escolher um dos TRTs,
devendo o dissídio coletivo ser direcionado ao TST.
Ressalta-se, por fim, que o art. 114, § 3º da CF/88 prevê que o dissídio coletivo somente
poderá ser suscitado pelo MPT se houver lesão ou ameaça de lesão a interesse público.
Frisa-se, inicialmente, que nas ações possessórias no âmbito da Justiça do Trabalho NÃO
se discute a legalidade do direito de greve. O objeto dessa ação é a posse, uma vez que o exercício
da posse (que deveria ser pleno) está sendo turbado, ameaçado ou esbulhado por um movimento
grevista. Ex.: bancários que fazem uma greve e impedem a entrada na agência com piquetes ou
com a troca da chave das fechaduras.
Todavia, é mister salientar que a competência será da Justiça do Trabalho apenas quando
houver entre possuidor e grevista uma relação de trabalho. Ex.: greve dos rodoviários, ocasião na
qual os grevistas colocam um piquete no shopping. Entre rodoviária e shopping não há relação de
trabalho, de modo que a competência deixa de ser da Justiça do Trabalho. Diferentemente seria se
os rodoviários fechassem a garagem dos ônibus.
Isto posto, com o advento da Súmula Vinculante 23 do STF, não há mais dúvida acerca da
competência da Justiça do Trabalho para as ações possessórias, incluído o interdito proibitório,
decorrentes do exercício do direito de greve dos trabalhadores da iniciativa privada. Só não será da
competência da Justiça do Trabalho se se tratar de ação possessória que envolva o exercício do
direito de greve de servidores públicos estatutários ou regidos por regime jurídico-administrativo,
nos termos da ADI 3.395.
.
Evidencia-se, por fim, que as ações de indenização por danos morais ou patrimoniais por
atos ilícitos praticados no curso da greve ou em decorrência do exercício do direito de greve, por
força do art. 114, II, da CF, passaram para a competência da Justiça do Trabalho.
Exemplifica-se com uma ação civil pública, promovida pelo MPT (ou outro colegitimado ativo)
em face do empregador que exige a desfiliação sindical dos grevistas e ameaça dispensá-los por
justa causa se não retornarem ao trabalho, cujo pedido consiste na obtenção de tutelas inibitória
(impedir a reiteração da prática empresarial ilegal e antissindical) e ressarcitória (danos morais
coletivos por ofensa aos direitos de imagem de toda categoria profissional que, in casu, ficaria
fragilizada para exercer o direito fundamental de greve). A competência, neste caso, é
materialmente da Justiça do Trabalho e, funcionalmente, da Vara do Trabalho, e não do TRT, pois
não se trata de dissídio coletivo de greve.
Importante salientar, a priori, que apesar de a CF/88 ter utilizado o termo sindicato, a
competência abrange TODOS os entes da estrutura sindical e não somente o sindicato, incluindo-
se, portanto, as federações, confederações e centrais sindicais.
Dentre os exemplos de ações sobre representação sindical, pode-se destacar a própria ação
de representação sindical, ações que envolvam cobranças para o sindicato (ex.: taxa assistencial e
contribuição sindical), ações relativas aos direitos dos dirigentes sindicais e direitos de filiação e
desfiliação, bem como ações que versem sobre problemas relativos ao processo eleitoral no
sindicato.
No julgamento da ADI 3.684, o STF decidiu que a competência da Justiça do Trabalho para
julgar habeas corpus, habeas data e mandados de segurança ocorrerá quando o ato questionado
envolver matéria sujeita à sua jurisdição, referindo-se à competência material.
.
2) Juiz de Vara do Trabalho: TRT.
1) O conflito entre Varas do Trabalho submetidas ao mesmo TRT, será por ele solucionado:
Art. 808 - Os conflitos de jurisdição de que trata o art. 803 serão resolvidos:
a) pelos Tribunais Regionais, os suscitados entre Juntas e entre Juízos de
Direito, ou entre uma e outras, nas respectivas regiões.
2) O conflito entre Varas do Trabalho submetidas a TRTs distintos ou entre TRTs, será
solucionado pelo TST:
Art. 808 - Os conflitos de jurisdição de que trata o art. 803 serão resolvidos:
b) pela Câmara de Justiça do Trabalho, os suscitados entre Tribunais
Regionais, ou entre Juntas e Juízos de Direito sujeitos à jurisdição de
Tribunais Regionais diferentes.
3) NÃO se configura conflito de competência entre TRT e Vara do Trabalho a ele vinculada:
.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o
disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não
vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos.
Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas
não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso
para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
Pode-se inferir que uma localidade não é abrangida por Vara do Trabalho quando não há
nenhuma Vara que cubra aquele lugar. Assim, a competência será delegada para o Juiz de Direito
da localidade.
Salienta-se que o Juiz de Direito atua no processo como se Juiz do Trabalho fosse, ainda
que o processo permaneça sendo trabalhista e pertencente à Justiça do Trabalho, de maneira que
eventual recurso será direcionado para o TRT. Nesse mesmo sentido, havendo conflito de
competência com essa Vara, ela não será colocada como uma Vara Comum, mas como se Vara
do Trabalho fosse.
Ressalta-se, no entanto, que nos termos da Súmula 10 do STJ, sendo instalada Vara do
Trabalho que abranja a localidade, todos os processos a ela serão encaminhados:
.
Importante verificar também a Súmula 392 do TST:
Pode-se constatar, portanto, que as ações de indenização propostas por empregado ou seus
sucessores contra empregador, fundadas em acidente do trabalho, são da competência da Justiça
do Trabalho.
Isto posto, infere-se que a Justiça Comum detém competência para processar e julgar
apenas as ações em que figure sozinho no polo passivo o INSS, diante de sua responsabilidade
objetiva para assegurar ao trabalhador acidentado ou incapacitado em decorrência de doença
ocupacional, por conta dos recursos (oriundos do SAT - Seguro de Acidente do Trabalho) que
administra.
Além disso, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação de indenização
por danos morais em ricochete ajuizada pelo espólio ou por herdeiros do empregado falecido em
face do seu ex-empregador em decorrência de acidente do trabalho, de acordo com julgado abaixo:
.
Como o tema foi cobrado em concurso?
(PGE-AL - Procurador - CESPE - 2021): Ações de indenização por dano
moral oriundas de acidente de trabalho devem ser analisadas na justiça
federal, e não na justiça do trabalho, pois não dizem respeito à relação de
trabalho. Errado.
Quando o inciso VII do art. 114 menciona "ações", é evidente que inclui as ações de
execução fiscal, bem como quaisquer outras que guardem conexão com as penalidades impostas
pelas Delegacias Regionais do Trabalho. Na mesma linha, quando tais penalidades houverem sido
inscritas na Dívida Ativa da União, as ações de execução fiscal para cobrança do crédito fiscal serão
ajuizadas perante a Justiça do Trabalho.
É uma execução de ofício, feita pelo próprio Poder Judiciário, das contribuições elencadas
no art. 195, I, a e II, da CF/88:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da
lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados,
a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo
ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de
contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social.
A Súmula 454 do TST definiu que essa competência abrange também as contribuições para
o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT):
.
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO.EXECUÇÃO DE OFÍCIO.
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL REFERENTE AO SEGURO DE ACIDENTE DE
TRABALHO (SAT). ARTS. 114, VIII, E 195, I, “A”, DA CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 414 da SBDI-1).
Compete à Justiça do Trabalho a execução, de ofício, da contribuição
referente ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), que tem natureza de
contribuição para a seguridade social (arts.114, VIII, e 195, I, “a”, da CF),
pois se destina ao financiamento de benefícios relativos à incapacidade
do empregado decorrente de infortúnio no trabalho (arts. 11 e 22 da Lei
nº 8.212/1991). DJ-E em 21-5-2014.
Verifica-se, primeiramente, que o art. 652, f, da CLT, trata da competência para homologar
acordos extrajudiciais:
.
Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o
prazo prescricional da ação quanto aos direitos nela especificados.
Parágrafo único. O prazo prescricional voltará a fluir no dia útil seguinte
ao do trânsito em julgado da decisão que negar a homologação do
acordo.
No que se refere ao § 1º do art. 855-B, pode-se inferir que não cabe jus postulandi e é
necessário advogados distintos para a homologação do acordo.
Caso o juiz negue a homologação, pondo fim ao processo, caberá Recurso Ordinário. Nesse
sentido, importante vislumbrar a Súmula 418 do TST:
Importante ressaltar, ainda, que NÃO cabe homologação parcial de acordo extrajudicial.
Por fim, importante trazer à tona alguns aspectos específicos acerca da competência
material:
O primeiro momento se refere à autorização do trabalho do menor, que ocorre na fase pré-
contratual e cuja competência é da Justiça Comum e não da Justiça do Trabalho, nos termos da
ADI 5.326:
.
Já no segundo momento, na fase pós-contratual, em que o menor já está trabalhando, é de
competência da Justiça do Trabalho.
2) Trabalho do preso
A LEP fala claramente que o trabalho do preso não gera vínculo empregatício:
Em razão disso, questões relativas ao trabalho do preso não são de competência da Justiça
do Trabalho.
3) Trabalhadores em cartórios
4. COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Cumpre reiterar, no entanto, que os Tribunais Regionais do Trabalho têm competência para
processar e julgar as causas trabalhistas, originariamente (ex.: dissídio coletivo) ou em grau de
.
recurso (ex.: recurso ordinário), dentro do espaço geográfico, normalmente correspondente a um
estado da federação.
O regramento da competência em razão do lugar tem previsão expressa no art. 651 da CLT:
Trata-se, portanto, de competência relativa e somente pode ser arguida por meio de
exceção. Logo, não pode ser declarada de ofício.
Nos termos do art. 651, caput, da CLT, a competência das Varas do Trabalho é determinada
pela localidade onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador,
ainda que tenha sido contratado em outro local ou no estrangeiro.
A regra prevista no referido artigo visa à facilitação da instrução processual, pois as provas,
especialmente a testemunhal, são, em regra, encontradas no local da prestação do serviço. Assim,
de acordo com a interpretação literal do preceptivo em causa, a ação trabalhista deve ser ajuizada
no local em que o empregado prestou serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado em
outra localidade ou em outro país. Ex.: se o empregado A é contratado pela empresa B em Vitória
.
(ES), mas vai prestar serviços no Rio de Janeiro (RJ), terá competência territorial para processar e
julgar eventual ação trabalhista uma das Varas do Trabalho do local da prestação do serviço, in
casu, Rio de Janeiro (RJ).
Trata-se do empregado que não tem fixação a uma localidade determinada. Ex.: vendedor
de vela na Bahia que caminha por várias cidades do interior em datas comemorativas específicas
para realizar as vendas.
OU
.
2) No foro da Vara do seu domicílio ou da localidade mais próxima.
.
A competência será do local da contratação ou no local da prestação. É faculdade do
empregado optar por um dos locais.
Registra-se que, de acordo com a OJ 149 da SBDI-2 do TST, não cabe declaração de ofício
de incompetência territorial no caso do uso, pelo trabalhador, da faculdade prevista no art. 651, §
3º, da CLT. Nessa hipótese, resolve-se o conflito pelo reconhecimento da competência do juízo do
local onde a ação foi proposta.
.
ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS
1. ATOS PROCESSUAIS
QUANTO ÀS PARTES
Considerando que as partes são os sujeitos que atuam com parcialidade no processo, os
atos processuais representam as suas condutas voluntárias no processo, distanciando-se dos
chamados fatos processuais, que são aqueles acontecimentos involuntários que geram
consequências no processo (ex.: morte das partes).
Sobre a transação, importante salientar que a decisão que homologa o acordo é uma
decisão com trânsito em julgado no próprio ato de homologação, e não do ato da publicação da
decisão de homologação. Além disso, o processo é extinto com resolução do mérito, nos termos do
art. 487, III, b, do Código de Processo Civil:
.
A desistência, enquanto instituto, está prevista expressamente no art. 200, parágrafo único
do CPC:
Outrossim, insta evidenciar que o art. 841, § 3º da CLT tornou a defesa no Processo do
Trabalho um ato complexo, de 2 momentos: oferecimento e recebimento. Sendo assim, há 2
situações:
QUANTO AO JUIZ
Os atos processuais praticados pelo Juiz estão previstos no art. 203 do CPC:
1) Sentença: ato que põe fim à fase de conhecimento ou execução do processo, com ou
sem resolução de mérito.
2) Decisão interlocutória: toda aquela que possui conteúdo decisório, mas que não seja
sentença.
Outrossim, tanto as Varas quanto os Tribunais proferem despacho, que é um ato de mero
impulso do processo, sem conteúdo decisório. Ex.: designação de audiência.
Os atos processuais trabalhistas físicos devem ser realizados nos dias úteis, das 6h às 20h,
nos termos do art. 770 da CLT:
.
Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo quando o contrário
determinar o interesse social, e realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às
20 (vinte) horas.
Parágrafo único - A penhora poderá realizar-se em domingo ou dia feriado,
mediante autorização expressa do juiz ou presidente.
Ademais, a limitação de horário não se aplica aos atos eletrônicos, que podem ser
praticados a qualquer hora, uma vez que a utilização de meio eletrônico na tramitação de processos
judiciais, a comunicação de atos processuais e a transmissão de peças processuais por meio
eletrônico constitui faculdade dos jurisdicionados em qualquer processo judicial e em qualquer grau
de jurisdição, seja de natureza civil, penal, trabalhista, eleitoral ou tributária, bem como nos
processos submetidos aos Juizados Especiais.
Com relação à penhora, conforme apontado no parágrafo único do art. 770, ela pode ser
realizada em domingos e feriados, desde que haja autorização expressa do Juiz.
A publicidade dos atos processuais está expressa no art. 779 da CLT, in verbis:
A Lei 11.419/06, que dispõe sobre a informatização do processo judicial, estabelece que:
.
Art. 1º O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais,
comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido
nos termos desta Lei.
§ 1º Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, aos processos civil, penal
e trabalhista, bem como aos juizados especiais, em qualquer grau de
jurisdição.
A Lei 11.419/06 preocupou-se em estabelecer definições dos institutos que passariam a ser
utilizados na informatização do processo judicial, ocasião na qual o seu art. 3º estabeleceu as
seguintes definições:
.
9) Usuários internos: magistrados e servidores da Justiça do Trabalho, bem como outros
a que se reconhecer acesso às funcionalidades internas do sistema de processamento
em meio eletrônico, tais como estagiários e prestadores de serviço;
Por fim, sobre a comprovação da prática de ato processual por meio eletrônico, importante
verificar o disposto no art. 3º da Lei 11.419/06:
2. TERMOS PROCESSUAIS
Segundo Carlos Henrique Bezerra Leite, termo, a rigor, é a redução escrita do “ato”. Em
outras palavras, termo é a reprodução gráfica do ato processual.
A CLT dispõe sobre termos processuais nos arts. 771 a 773, o que permite a aplicação
subsidiária, no que couber, dos arts. 206 a 211 do CPC, ou seja, desde que observada a
principiologia peculiar do Direito Processual do Trabalho.
Os atos e termos processuais devem ser assinados pelas partes interessadas. Todavia,
quando estas, por motivo justificado, não puderem fazê-lo, serão os atos firmados a rogo, na
presença de 2 testemunhas, sempre que não houver procurador legalmente constituído.
.
Destaca-se, ainda, que os termos relativos ao andamento dos processos constarão de
simples notas, datadas e rubricadas pelo chefe de secretaria ou escrivão.
3. PRAZOS PROCESSUAIS
CLASSIFICAÇÃO
1) Prazos legais: são os fixados pela própria lei. Ex.: prazo para interposição de recursos,
que, no Processo do Trabalho, é, em regra, de 8 dias.
2) Prazos judiciais: são os fixados pelo juiz. Ex.: prazo para o perito apresentar o laudo
técnico, nos termos do art. 852-H, § 4º, da CLT.
3) Prazos convencionais: são os que podem ser objeto de acordo entre as partes.
.
3) Preclusão temporal: refere-se à não observância do prazo de praticar um ato
processual. Ex.: perda do prazo de apresentar um recurso.
A contagem dos prazos no processo do trabalho é feita com base nos arts. 774 e 775 da
CLT:
Isto posto, constata-se que a regra geral é que os prazos são contados a partir do
conhecimento (do notificando) sobre os termos da notificação.
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis,
com exclusão do dia do começo e inclusão do dia do vencimento.
§ 1º Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário,
nas seguintes hipóteses:
I - quando o juízo entender necessário;
II - em virtude de força maior, devidamente comprovada.
§ 2º Ao juízo incumbe dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de
produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de
modo a conferir maior efetividade à tutela do direito.
.
dia seguinte ao da ciência do ato processual pela parte ou terceiro interessado e vai até
o seu término, que é o último dia do prazo processual. Portanto, o dia do vencimento
inclui-se na contagem do prazo.
Para melhor compreensão da contagem dos prazos, seguem alguns exemplos trazidos pelo
por Carlos Henrique Bezerra:
1) Notificação postal: o começo do prazo ocorre no dia da ciência do ato pela parte,
presumindo-se recebida a notificação em 48 horas da data de sua postagem (Súmula 16
do TST). Se a notificação postal foi expedida no dia 10/5/2013 (sexta-feira), presume-se
o seu recebimento 48 horas depois (na prática, contam-se 2 dias úteis), ou seja, no dia
14-5-2013 (terça-feira). O início da contagem do prazo se deu no dia 15/5/2013 (quarta-
feira).
.
II - O recesso forense e as férias coletivas dos Ministros do Tribunal
Superior do Trabalho suspendem os prazos recursais. DJE em 21-5-
2014.
Por outro lado, na interrupção, apesar de o prazo ser reiniciado quando cessada a causa
interruptiva, ele é devolvido integralmente à parte interessada, como se ele nunca tivesse iniciado.
Assim, o prazo volta a “ser contado do 0”. Um exemplo de interrupção do prazo ocorre com
interposição dos embargos de declaração, nos termos do art. 897-A, § 3º da CLT:
.
intempestivos, irregular a representação da parte ou ausente a sua
assinatura.
É importante destacar que, diferentemente do direito material não penal, atos processuais,
no processo civil ou trabalhista, embora nulos, produzem efeitos, sendo, portanto, necessária a
interposição de recurso ou, quando cabível, o ajuizamento de ação própria para que cessem tais
efeitos.
1) Absoluta: ocorre quando determinado ato fere norma de ordem pública, portanto
indisponível pelas partes. Esta espécie de nulidade pode comprometer a validade total
ou parcial do processo e não se sujeita, em princípio, à preclusão. Assim, o Juiz pode
corrigir de ofício e a qualquer tempo.
Pode-se dizer que o sistema processual trabalhista de nulidades é regido por normas
(princípios e regras) que levam em conta, sobretudo, as especificidades e institutos peculiares do
Processo do Trabalho. Isto posto, passa-se a verificar, então, as regras ou princípios das
nulidades processuais.
Este princípio também é encampado pelo direito processual do trabalho, como se infere da
interpretação sistemática e teleológica dos arts. 795, 796, a, e 798 da CLT, in verbis:
.
Art. 798 - A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele
dependam ou sejam consequência.
Tal princípio está intimamente ligado ao princípio da instrumentalidade das formas. Segundo
o princípio da transcendência, não haverá nulidade processual sem prejuízo manifesto às partes
interessadas.
É preciso salientar que o prejuízo disposto no art. 794 é de natureza processual, isto é, não
se aplica em caso de prejuízo material, financeiro, econômico ou moral decorrente do conflito de
direito material.
Tem-se entendido que a oportunidade para a parte arguir a nulidade em audiência encerra-
se com a apresentação das razões finais.
.
Se a parte não suscitar a nulidade na primeira oportunidade que tiver para falar em audiência
ou nos autos, haverá a convalidação do ato, ou seja, o ato anteriormente nulo passa à condição de
ato válido, caso em que estará precluso o direito de a parte, novamente, vir a alegar a nulidade do
ato.
Com efeito, se, ao pronunciar a nulidade, o juiz deve declarar os atos a que ela se estende,
é óbvio que, por economia (e celeridade) processual, declarará, também, explícita ou
implicitamente, os atos válidos que serão aproveitados.
PRINCÍPIO DA UTILIDADE
Art. 798 - A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele
dependam ou sejam consequência.
Segundo o princípio da utilidade, devem-se aproveitar ao máximo os atos processuais
posteriores, desde que estes não sofram reflexos da nulidade decretada judicialmente. Desse modo,
.
os atos válidos anteriores à decretação de nulidade não são alcançados, nem aqueles que dela
sejam independentes.
PRINCÍPIO DO INTERESSE
De acordo com Carlos Henrique Bezerra, a parte tem o direito de demonstrar manifesto
prejuízo ao seu direito de demandar em juízo, mas somente estará autorizada a arguir a nulidade
do ato somente se, não concorreu direta ou indiretamente para a ocorrência da irregularidade.
Trata-se, pois, do princípio do interesse, que está previsto no art. 796, b, da CLT, segundo
o qual:
Significa, portanto, que quem causou a nulidade processual não pode argui-la
posteriormente.
.
PROCEDIMENTOS TRABALHISTAS
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1) Ação: direito constitucional de procurar o Poder Judiciário sempre que haja lesão ou
ameaça de lesão a um direito.
No que tange ao procedimento comum, insta salientar que apesar de cada uma de suas
subdivisões possuir especificidades que serão aprofundadas posteriormente, a forma mais utilizada
de distingui-las é por meio do valor da causa, ocorrendo da seguinte maneira:
Passa-se, então, a discorrer acerca do procedimento comum ordinário, que é o mais usual
no âmbito do Processo do Trabalho.
3. RITO ORDINÁRIO
PETIÇÃO INICIAL
.
A petição inicial é o veículo, o meio, o instrumento pelo qual o autor exerce o direito
fundamental de acesso à justiça. Trata-se, pois, do ato processual mais importante para o exercício
desse direito. Nesse sentido, a petição inicial é pressuposto processual de existência da própria
relação jurídica que se formará em juízo.
Diferentemente do Processo Civil (CPC, art. 319), a CLT (art. 840) não utiliza o termo “petição
inicial”. Na verdade, o texto consolidado confunde petição inicial com “reclamação”, sendo que esta
é apenas o nomen iuris atribuído à ação trabalhista.
Transplantando a norma inscrita no art. 839 da CLT para a linguagem da ciência processual,
pode-se dizer que a petição inicial da ação trabalhista pode ser formulada:
Com a ampliação da competência da Justiça do Trabalho (CF, art. 114, com nova redação
dada pela EC 45/2004), a petição inicial no Processo do Trabalho também poderá ser apresentada:
2) Pela união, na hipótese de ação de cobrança das multas impostas aos empregadores
pela SRT (superintendência regional do trabalho);
3) Pelos sindicatos, nas hipóteses de lides intersindicais ou entre eles e seus representados
ou filiados;
O art. 840 da CLT diz que a petição inicial poderá ser escrita ou verbal.
.
Após informar a intenção de litigar, há a distribuição da ação. A partir deste momento, nasce
um prazo de 5 dias (que pode ser dilatado pelo Juiz na hipótese de força maior) para o reclamante
comparecer à Secretaria da Vara para narrar os fatos, conforme determina o art. 786 da CLT:
Art. 786 - A reclamação verbal será distribuída antes de sua redução a termo.
Parágrafo único - Distribuída a reclamação verbal, o reclamante deverá, salvo
motivo de força maior, apresentar-se no prazo de 5 (cinco) dias, ao cartório
ou à secretaria, para reduzi-la a termo, sob a pena estabelecida no art. 731.
Cumprida a pena de perda pelo prazo de 6 meses do direito de reclamar perante a Justiça
do Trabalho, uma vez que houve extinção do processo sem resolução do mérito, o reclamante
poderá ingressar novamente com a reclamação trabalhista, seja de forma verbal ou escrita.
Frisa-se, por fim, que na hipótese de comparecimento do reclamante, será feita a redução da
petição inicial a termo (termo de reclamação), em 2 vias datadas e assinadas pelo Diretor de
Secretaria ou escrivão. Salienta-se, ainda, que petição inicial verbal deve observar, no que couber,
os requisitos exigidos para a petição inicial escrita (CLT, art. 840, § 2º).
Isto posto, importante vislumbrar 2 teorias que implicam na necessidade (ou não) da
fundamentação jurídica na petição inicial:
.
2) Teoria da substanciação da causa de pedir: exige 2 fundamentos, o fato e o direito. É
a teoria adotada no CPC.
Outrossim, os pedidos devem ter indicação do seu valor. De acordo com a IN 41/18 do TST,
que regulamenta a Reforma Trabalhista, os pedidos poderão conter uma indicação aproximada de
valor:
Art. 12, § 2º Para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da
causa será estimado, observando-se, no que couber, o disposto nos arts.
291 a 293 do Código de Processo Civil.
Sobre o tema, importante verificar, ainda, que a IN 39/16 do TST, que trata sobre a aplicação
do CPC ao Processo do Trabalho, define que o art. 292, inciso V do CPC é aplicável à Justiça do
Trabalho:
Exige-se, pois, a quantificação do dano moral, uma vez que é dever da parte indicar o valor
do dano moral.
Por outro lado, não é necessário o requerimento de provas em sede de petição inicial
trabalhista, uma vez que a CLT dispõe que as partes apresentarão suas provas na audiência,
conforme prelecionam os arts. 825 e 845:
.
Por fim, importante evidenciar que não é necessário ao reclamante falar sobre o interesse na
audiência de conciliação, eis que se trata de uma consequência do procedimento. Nesse liame,
salienta-se que o art. 2º, inciso IV da IN 39/16 do TST prevê que o art. 334 do CPC (audiência de
conciliação ou de mediação) NÃO se aplica ao Processo do Trabalho.
No Rito Ordinário, protocolizada a petição inicial, de acordo com o art. 841 da CLT, a
Secretaria da Vara irá, no prazo de 48h, expedir a(s) notificação(ões) na forma indicada por lei:
1) Postal: sendo postal, a notificação poderá ser recebida por qualquer pessoa ou preposto
responsável pelo recebimento da correspondência.
3) Por edital: inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta,
afixado na sede da Junta ou Juízo.
Recebida a notificação e sendo o caso, haverá um prazo de 5 dias para que o reclamado
(querendo ou cabendo) apresente exceção de incompetência (que será abordada posteriormente)
em peça própria.
1) A suspensão do processo;
2) Desmarcação da audiência.
.
Em seguida, os autos irão conclusos ao Juiz. Nesse momento, o Magistrado pode optar por:
2) Determinar a notificação da parte contrária, para que no prazo de 5 dias apresente a sua
manifestação à exceção.
Caso o reclamante tenha optado por apresentar manifestação à exceção, após a sua
manifestação, deve-se observar se há ou não necessidade de audiência.
Havendo a audiência, é facultada a oitiva do réu no Juízo que ele declarou competente, o
que deverá ser feito por carta precatória inquiritória.
Depois da audiência, haverá a decisão de exceção, que é uma decisão interlocutória. Ela
será recorrível, de imediato, na forma da Súmula 214, c, do TST:
Após isso, o processo retomará o seu curso, deixando a garantia da apresentação da defesa
no Juízo competente.
AUDIÊNCIA
1) A audiência deve ser marcada observado o interstício mínimo de 5 dias (não há interstício
máximo);
2) A audiência pode ser adiada em virtude de qualquer motivo que evidencie a necessidade
de adiamento;
5) Quanto ao local, as audiências (ou sessões) são públicas e realizadas na sede do Juízo
(ou Tribunal). Todavia, em casos especiais, poderá ser designado outro local para a
realização das audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo do Tribunal, com a
antecedência mínima de 24 horas;
Sobre tal característica, é mister salientar que o art. 2º, inciso VI da IN 39/16 do TST
determina que NÃO se aplica ao Processo do Trabalho o art. 362, inciso III do CPC, que dispõe que
a audiência poderá ser adiada por atraso injustificado de seu início em tempo superior a 30 minutos
do horário marcado.
.
O art. 843 da CLT exige que na audiência de julgamento deverão estar presentes o
reclamante e o reclamado, independentemente do comparecimento de seus representantes, salvo
nos casos de Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, quando os empregados poderão
fazer-se representar pelo sindicato de sua categoria.
a) Presença do reclamante
O empregado se faz presente de forma pessoal. No entanto, também pode se fazer presente
na forma prevista pelo art. 843, § 2º da CLT:
Desse modo, tal empregado não pode transigir, depor, confessar, receber, renunciar, dar
quitação, de modo que comparece à audiência para exercer apenas as 3 funções acima
estabelecidas.
Salienta-se, por fim, que o “motivo poderoso” que pode ensejar a ausência do empegado
constitui um conceito jurídico indeterminado, devendo ser avaliado pelo Juiz mediante
comprovação.
b) Presença do reclamado
Com relação à presença do empregador, insta evidenciar, a priori, aqueles que poderão ser
representados em Juízo:
.
IV - a autarquia e a fundação de direito público, por quem a lei do ente
federado designar;
V - a massa falida, pelo administrador judicial;
VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
VII - o espólio, pelo inventariante;
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos constitutivos
designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores;
IX - a sociedade e a associação irregulares e outros entes organizados
sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração
de seus bens;
X - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, representante ou
administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil;
XI - o condomínio, pelo administrador ou síndico.
Art. 12, § 3º Nos termos do art. 843, § 3º, e do art. 844, § 5º, da CLT, não se
admite a cumulação das condições de advogado e preposto.
Dessa forma, se o reclamado que não comparecer à audiência inaugural será revel, já que
seu advogado não pode cumular a função de preposto, mas a confissão será confrontada com a
.
contestação e os documentos eventualmente apresentados, eis que de acordo com o § 5º do art.
844 da CLT, ainda que ausente o reclamado, presente o advogado na audiência, serão aceitos a
contestação e os documentos eventualmente apresentados.
a) Ausência do reclamante
Apesar de o § 2º do art. 844 dispor que caso a ausência tenha ocorrido por motivo justificável,
ocasião que o reclamante não será condenado ao pagamento das custas processuais, o processo
não será desarquivado, tendo em vista a sua extinção sem resolução do mérito.
.
Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor reclamação verbal,
não se apresentar, no prazo estabelecido no parágrafo único do art. 786, à
Junta ou Juízo para fazê-lo tomar por termo, incorrerá na pena de perda,
pelo prazo de 6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do
Trabalho.
Ressalta-se, a priori, que a pena de 6 meses é para a mesma reclamação trabalhista. Sendo
assim, o reclamante pode ingressar com outra reclamação diversa.
É importante verificar o que acontece caso ocorra um 3º arquivamento por conta do não
comparecimento do reclamante à audiência. Para tanto, há 3 correntes:
1) A corrente minoritária afirma que não há nenhuma penalidade, uma vez que a CLT prevê
apenas em caso de ausência do reclamante à audiência por 2 vezes seguidas.
2) A corrente mais aplicada traz a ideia de que a pena de suspensão do direito de ação por
6 meses não é do duplo arquivamento, mas dos múltiplos arquivamentos. Logo, a partir
da 2ª vez que o reclamante não comparecer à audiência, não poderá litigar por 6 meses,
prazo esse que se iniciará a cada vez que o reclamante se ausentar.
3) A terceira corrente que, apesar de ser aplicada, é menos usual, defende que a CLT
trouxe somente a pena pelo duplo arquivamento, não tratando da pena nos demais
casos, de maneira que no triplo arquivamento, deve ser aplicada a perempção do
Processo Civil, com base nos seguintes termos:
Art. 486, § 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada
em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o
mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar
em defesa o seu direito.
.
Como o tema foi cobrado em concurso?
(TRT-14 - Analista Judiciário - FCC - 2022): Na audiência inicial designada
na reclamação trabalhista movida por Davi em face de Fábrica de Tecidos
São João Ltda., o autor deixou de comparecer, estando presente seu
advogado. A Juíza do Trabalho determinou o arquivamento da reclamação,
condenando o reclamante ao pagamento das custas processuais, calculadas
em 2% do valor dado à causa. Nesse ato, seu advogado reiterou o pedido de
concessão dos benefícios da justiça gratuita, formulado na petição inicial e
instruído com declaração do autor de hipossuficiência, o que restou deferido
pela Magistrada. De acordo com a CLT, Davi terá o prazo de quinze dias para
comprovar o motivo legalmente justificável de sua ausência, quando então
ficará isento do pagamento das custas processuais por ter dado causa ao
arquivamento da reclamação. Correto.
b) Ausência do reclamado
No Processo Civil, o ato que implica revelia é a não apresentação de defesa. Já no Processo
do Trabalho, é a ausência do reclamando na audiência (desde que devidamente notificado).
Portanto, na Justiça do Trabalho, a revelia não possui relação direta com o ânimo de defesa.
Importante evidenciar, em sequência, que a Súmula 122 do TST preleciona que ainda que
presente advogado munido de procuração e defesa, se o reclamado estiver ausente, ele será
considerado revel, aplicando-se a pena de confissão:
.
No entanto, conforme apontado anteriormente, deve ser aceita a defesa e os documentos
apresentados, nos termos do art. 844, § 5º da CLT:
A revelia não se confunde com os efeitos da própria revelia. Desse modo, é possível que a
parte seja revel sem, necessariamente, sofrer os seus efeitos.
O principal efeito da revelia incide sobre a prova, uma vez que, se o réu não contestar a ação,
serão considerados verdadeiros os fatos alegados pelo autor na petição inicial, dispensando-se a
produção de outras provas sobre tais fatos. Se a matéria for de direito, no entanto, não há falar em
confissão ficta.
.
em contradição com prova constante dos estiverem em contradição com prova constante
autos. dos autos.
Referente ao inciso III, o réu revel não será confesso sempre que a petição inicial estiver
desacompanhada de documento essencial à prova do fato. Ex.: reclamante que pleiteava
estabilidade de gestante e não apresentou nenhuma prova da gravidez ou do nascimento da
criança.
O inciso IV, por fim, se refere a alegações notadamente inverídicas. Ex.: trabalhador que
alega que trabalhava 24 horas por dia todos os dias.
Não será necessária uma dilação probatória vasta, uma vez que houve a confissão ficta.
Importante ressaltar, todavia, que o art. 195 da CLT traz uma observação com relação aos
adicionais de insalubridade ou periculosidade:
Neste caso, ainda que o reclamado seja revel, será necessária a perícia para verificação da
insalubridade ou periculosidade, não cabendo o julgamento antecipado do mérito. Há, contudo, 2
exceções:
.
PERÍCIA DE QUE TRATA O ART. 195 DA CLT. (conversão da Orientação
Jurisprudencial nº 406 da SBDI-1). O pagamento de adicional de
periculosidade efetuado por mera liberalidade da empresa, ainda que de
forma proporcional ao tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior
ao máximo legalmente previsto, dispensa a realização da prova técnica
exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência do
trabalho em condições perigosas. DJ-E em 21-5-2014.
Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha patrono nos autos fluirão da
data de publicação do ato decisório no órgão oficial.
Prestigiou-se, assim, o papel do advogado constituído pelo revel, o qual deverá ser intimado
dos atos processuais.
b) O réu revel, ainda que não tenha advogado constituído nos autos, deverá ser notificado
da sentença:
2) A Súmula 398 do TST estabelece que a revelia não produz confissão na ação rescisória,
nos termos abaixo expostos:
.
3.2.4. Conciliação
Por outro lado, se o Juiz lograr êxito na sua proposta de conciliação, isto é, se houver acordo
entre os litigantes, será lavrado um termo assinado pelo Juiz Titular ou Substituto da Vara e pelas
partes.
Tal termo de conciliação, por ser irrecorrível, produz os mesmos efeitos de uma sentença.
Aliás, trata-se de uma sentença homologatória de transação entre as partes, porém irrecorrível, o
que levou o TST a editar a Súmula 259, dispondo que somente por ação rescisória é possível
desconstituir o referido termo de conciliação.
Sobre o tema, também é importante relembrar o disposto nas Súmulas 100 e 418 do TST:
.
SÚMULA Nº 418 - MANDADO DE SEGURANÇA VISANDO À CONCESSÃO
DE LIMINAR OU HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO. A concessão de liminar
ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo
direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança.
No processo, em sede de conciliação, caso o juiz negue o acordo, significa que não houve
conciliação e o processo vai seguir. Nesse caso, trata-se de uma decisão interlocutória, razão pela
qual a única medida que a parte poderá adotar é o ajuizamento de uma reclamação correicional,
caso o Juiz tenha praticado o ato com abuso de direito ou visando tumultuar o processo.
Vale salientar que do termo de acordo devem constar o prazo, se for o caso, e as demais
condições para o seu cumprimento. É o que dizem os §§ 1º e 2º do art. 846 da CLT:
Em caso de conciliação, como visto, a parte não poderá recorrer, mas o INSS sim. Para a
Previdência Social, a decisão que homologa o acordo NÃO possui força de decisão recorrível,
conforme dispõe o art. 831 da CLT, in verbis:
Art. 831, Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado
valerá como decisão irrecorrível, salvo para a Previdência Social quanto
às contribuições que lhe forem devidas.
Outrossim, não havendo conciliação entre as próprias partes, deve-se dar continuidade ao
processo, nos termos estabelecidos pelo art. 847 da CLT:
.
Art. 847 - Não havendo acordo, o reclamado terá vinte minutos para aduzir
sua defesa, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada
por ambas as partes.
Parágrafo único. A parte poderá apresentar defesa escrita pelo sistema
de processo judicial eletrônico até a audiência.
Isto posto, não havendo acordo, isto é, frustrada a primeira proposta de conciliação, o
reclamado terá 20 minutos para apresentar a sua defesa, após a leitura da petição inicial, quando
esta não for dispensada por ambas as partes. Na prática, porém, a peça de defesa do reclamado é
escrita e entregue ao juiz que, incontinenti, entrega-a ao reclamante (ou seu representante), não
havendo leitura alguma das peças processuais.
CONTESTAÇÃO
A contestação é uma das modalidades de resposta do réu pela qual ele exerce seu direito
fundamental de defesa em face da ação ajuizada pelo autor. Segundo Carlos Henrique Bezerra,
trata-se de ato processual pelo qual o réu se insurge, de todos os modos legalmente previstos e
moralmente aceitos, contra a pretensão deduzida pelo autor, na inicial.
A CLT não define a contestação, uma vez que emprega genericamente o vocábulo “defesa”.
Importante evidenciar que não se aplica ao Processo do Trabalho o prazo de 15 dias para a
contestação do réu (CPC, art. 335), pois o reclamado terá 20 minutos para aduzir sua defesa em
audiência, após a leitura da reclamação, quando esta não for dispensada por ambas as partes.
Também é necessário relembrar que o § 3º do art. 841 da CLT dispõe que, depois de
oferecida a contestação, o reclamante não poderá, sem o consentimento do reclamado, desistir da
ação.
Ocorre que no sistema do PJe (Processo Judicial Eletrônico), o parágrafo único do art. 847,
prevê que a parte poderá apresentar defesa escrita até a audiência. Nesse liame, a Resolução
CSJT 241/2020 dispõe, em seu art. 22, que:
.
automaticamente juntados, facultada a apresentação de defesa oral, na
forma do art. 847, da CLT.
Aqui o réu limita-se a alegar que não estão satisfeitos os pressupostos processuais (CPC,
arts. 337, I, II, III, V, VI, VII e VIII, e 485, IV) ou as condições da ação (CPC, arts. 301, XI, e 485, VI).
Assim, compete ao reclamado, antes de discutir o mérito, isto é, antes de se insurgir contra
os fatos e o pedido constantes da petição inicial, alegar:
5) Perempção;
6) Litispendência;
7) Coisa julgada;
8) Conexão;
12) Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
.
Fatos impeditivos são os que provocam a ineficácia dos fatos constitutivos alegados pelo
autor. Aqui o reclamado não ataca o direito alegado pelo autor, apenas opõe um fato que impede o
exercício daquele direito.
Ex. 1: o reclamante pede pagamento de aviso prévio, alegando ter sido despedido sem justa
causa, e o reclamado reconhece a despedida, mas alega que ela se deu em virtude de ato de
improbidade do reclamante.
Fatos modificativos são os que implicam alteração dos fatos constitutivos alegados pelo
autor. Nesse caso, o reclamado chega a reconhecer parcialmente o direito alegado pelo autor, mas
opõe um fato que altera a relação jurídica material alegada pelo reclamante.
Ex. 1: ao alegar que o reclamante era trabalhador autônomo e não empregado, o reclamado
atrai para si o ônus de provar o fato modificativo do direito do autor, qual seja, a existência de uma
relação jurídica de natureza autônoma diversa da relação empregatícia.
Ex. 2: o reclamante pede o pagamento de horas extras por ter trabalhado como bancário em
jornada superior a 6 horas diárias e o reclamado reconhece a jornada superior a 6 horas, mas alega
um fato modificativo no sentido de que o reclamante passou a ocupar cargo de gerente-geral da
agência durante o período vindicado na petição inicial.
Fatos extintivos, por fim, são os que eliminam, extinguem ou tornam sem valor a obrigação
assumida pelo réu, por não ser ela mais exigível. Ex.: o reclamante pede o pagamento de saldo de
salários, e o reclamado alega que efetuou o respectivo pagamento, tendo o ônus de provar o fato
extintivo do direito do autor (colacionar aos autos o correspondente comprovante de quitação).
.
A compensação, todavia, restringe-se à dívida de natureza trabalhista, como adiantamentos
salariais, aviso prévio, danos causados pelo empregado oriundos da relação empregatícia,
conforme dispõe a Súmula 18 do TST:
A retenção, por fim, consiste no direito que o reclamado tem de reter alguma coisa do
reclamante até que este quite sua dívida em relação àquele. A retenção, tal como a compensação,
deve ser requerida pelo reclamado na contestação (CLT, art. 767), sob pena de preclusão.
EXCEÇÕES
Em outras palavras, os arts. 799 e 847 da CLT devem ser interpretados sistematicamente,
de maneira que, em homenagem ao princípio da concentração dos atos processuais, as exceções
de suspeição, a contestação e a reconvenção devem ser apresentadas na mesma audiência
inaugural (ou audiência una).
A suspeição constitui, pois, matéria de relevante interesse público, porque diz respeito à
imparcialidade do juiz e à credibilidade do próprio Poder Judiciário perante a sociedade.
.
De acordo com o art. 801 da CLT, o Juiz, titular ou substituto, é obrigado a dar-se por
suspeito, e pode ser recusado, por alguns dos seguintes motivos, em relação à pessoa dos
litigantes:
Mesmo havendo suspeição do Juiz, o parágrafo único do art. 801 da CLT, todavia, considera
suprida a irregularidade se:
1) O recusante houver praticado algum ato pelo qual haja consentido na pessoa do Juiz,
não mais podendo alegar exceção de suspeição, salvo sobrevindo novo motivo;
.
§ 4º Decidida a exceção de incompetência territorial, o processo retomará
seu curso, com a designação de audiência, a apresentação de defesa e
a instrução processual perante o juízo competente.
De acordo com Carlos Henrique Bezerra, o juiz poderá, de plano, rejeitar a exceção se sua
decisão estiver fundada em elementos constantes dos autos, inexistindo, nessa hipótese, qualquer
prejuízo ao reclamante, ao seu litisconsorte ou ao reclamado, desde que o Juiz tenha a cautela de
verificar a possibilidade de intimar as partes de sua decisão que rejeitar a exceção e observar o
prazo de 5 dias úteis entre a intimação da decisão e a realização da audiência.
Com efeito, o § 4º do art. 800 da CLT permite que o Juiz, se entender desnecessária a
produção de provas, rejeite, de plano, a exceção de incompetência territorial, caso em que o
processo continuará seu curso normal, com o aproveitamento da audiência já designada, se não
houver prejuízos para as partes.
Entretanto, se entender necessária a produção de prova oral (CLT, art. 800, § 3º), o Juízo
designará audiência, garantindo o direito de o reclamado e de suas testemunhas serem ouvidas,
por carta precatória, no Juízo que este houver indicado como competente. Nesse caso, o processo
ficará suspenso para instrução e prolação da decisão sobre o incidente processual provocado pelo
reclamado.
.
De acordo com Carlos Henrique Bezerra, a decisão “terminativa do feito” concerne à
declaração judicial de incompetência absoluta, isto é, incompetência em razão da matéria, sendo
que a alegação de incompetência absoluta não deve ser objeto de exceção e, sim, de preliminar
apresentada na própria contestação. Tanto é assim que o art. 795, § 1º da CLT determina que a
incompetência de “foro” deverá ser declarada de ofício pelo juiz. Ora, se deve ser declarada de
ofício, salta aos olhos que se trata, in casu, de incompetência absoluta em razão da matéria.
Nesse liame, reitera-se que a “incompetência de foro” prevista no art. 795, § 1º da CLT diz
respeito ao “foro trabalhista”, isto é, concerne à incompetência absoluta em razão da “matéria
trabalhista”, e não à incompetência territorial, como pode parecer à primeira vista.
RECONVENÇÃO
Consoante Carlos Henrique Bezerra Leite, a reconvenção é uma ação que o réu propõe, em
face do autor, dentro do mesmo processo em que o primeiro é demandado, buscando tutela
jurisdicional em que se resguarde um direito seu que alega ter sido lesado ou ameaçado de lesão
pelo autor.
Aplica-se integralmente o disposto no CPC quanto à reconvenção, eis que apenas o art.
791-A, § 5º da CLT menciona tal modalidade de resposta do réu:
.
§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu
advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça
o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto
à reconvenção.
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com
terceiro.
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser
titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser
proposta em face do autor, também na qualidade de substituto
processual.
§ 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer
contestação.
1) O juiz pode optar (é uma faculdade) por dar vistas ao reclamante na própria audiência;
OU
2) Conceder prazo para manifestação escrita, ocasião na qual a audiência será adiada.
No último caso, trata-se da audiência fracionada, visto que a audiência será dividida em mais
de uma sessão, conforme previsão legal do art. 849 da CLT:
Art. 849 - A audiência de julgamento será contínua; mas, se não for possível,
por motivo de força maior, concluí-la no mesmo dia, o juiz ou presidente
marcará a sua continuação para a primeira desimpedida, independentemente
de nova notificação.
Ocorre que com a nova sessão de audiência, também pode ocorrer a ausência das partes.
Sendo assim, ausente alguma das partes, será aplicada ao ausente a pena de confissão
ficta/presumida sobre a matéria de fato, seja ele o reclamante ou reclamado.
.
constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a
confissão ficta (art. 400, I, CPC), não implicando cerceamento de defesa o
indeferimento de provas posteriores. III - A vedação à produção de prova
posterior pela parte confessa somente a ela se aplica, não afetando o
exercício, pelo magistrado, do poder/dever de conduzir o processo.
Ante o exposto, não obstante o art. 849 da CLT disponha em sua parte final
“independentemente de nova notificação”, a regra da pena de confissão em sede da segunda
sessão de audiência é que somente será aplicada se tal penalidade foi cominada, isto é, se a parte
foi notificada para comparecer à audiência sob pena de confissão.
INSTRUÇÃO ORAL
Nos termos do art. 848 e seus §§ 1º e 2º da CLT, a instrução do processo trabalhista inicia-
se logo após a apresentação da defesa do réu, in verbis:
Os meios de prova na CLT estão previstos basicamente nos arts. 818 a 830. Em função dos
princípios da celeridade e da simplicidade, que residem com maior ênfase no Processo do Trabalho,
o legislador houve por bem regular a instrução de forma bastante singela e, em alguns casos,
omitindo pontos de extrema importância para o deslinde da pendenga judicial.
.
Consoante Carlos Henrique Bezerra Leite, pode ser testemunha qualquer pessoa natural
que esteja no pleno exercício da sua capacidade civil e que, não sendo impedida ou suspeita, tenha
conhecimento dos fatos relativos ao conflito de interesses veiculado no processo no qual irá depor.
A testemunha, portanto, é a pessoa física estranha ao feito que tem impressões sensoriais
sobre os fatos narrados nos autos. Todavia, não podem ser testemunhas as pessoas incapazes,
impedidas ou suspeitas.
Art. 829 - A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo
íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e
seu depoimento valerá como simples informação.
A norma consolidada, sem o primor metodológico do art. 447 do CPC, trata, ao mesmo
tempo, da suspeição ou impedimento da testemunha.
A interpretação sistemática do art. 829 da CLT e do art. 447 do CPC, segundo Carlos
Henrique Bezerra, autoriza a ilação de que não poderão ser ouvidas como testemunhas, e sim como
simples informantes: os parentes, em linha reta, colateral ou por afinidade, de qualquer das partes
até o terceiro grau, por aplicação analógica dos arts. 1.591 a 1.595 do CC (pais, filhos, irmãos, avós,
bisavós, netos, bisnetos, tios, sobrinhos, cônjuge ou companheiro), o tutor, o representante legal da
pessoa jurídica, o amigo íntimo ou o inimigo capital de qualquer das partes, o condenado por falso
testemunho, o que por seus costumes não for digno de fé, o interessado no litígio.
No que respeita à testemunha que litiga em face do mesmo empregador em outro processo,
o TST editou a Súmula 357, segundo a qual:
.
reclamante. Diante de tais fatos, o advogado da empresa reclamada poderá
contraditar a testemunha por ser amigo íntimo do autor, após sua
qualificação, mas antes de prestar o compromisso legal. Correto.
Art. 821 - Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três)
testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número
poderá ser elevado a 6 (seis).
O art. 820 da CLT determina que a inquirição será conduzida pelo magistrado:
Art. 11. Não se aplica ao Processo do Trabalho a norma do art. 459 do CPC
no que permite a inquirição direta das testemunhas pela parte (CLT, art. 820).
.
No que tange ao rol de testemunhas, no Processo do Trabalho, ao contrário do Processo
Civil, não há obrigatoriedade de sua apresentação (CLT, arts. 825 e 845). Somente quando a
testemunha não comparecer espontaneamente à audiência é que o Juiz poderá, de ofício ou a
requerimento da parte, determinar a sua intimação, nos termos do parágrafo único do art. 825 da
CLT. Caso a testemunha, sem motivo justificado, não atenda à intimação, poderá ser conduzida
coercitivamente, e estará sujeita ao pagamento da multa prevista no art. 730 da CLT.
Ademais, os depoimentos das testemunhas serão resumidos pelo Juiz e reduzidos a termo,
de acordo com o art. 828 da CLT:
Art. 819 - O depoimento das partes e testemunhas que não souberem falar
a língua nacional será feito por meio de intérprete nomeado pelo juiz ou
presidente.
§ 1º - Proceder-se-á da forma indicada neste artigo, quando se tratar de
surdo-mudo, ou de mudo que não saiba escrever.
§ 2º As despesas decorrentes do disposto neste artigo correrão por conta da
parte sucumbente, salvo se beneficiária de justiça gratuita.
Com relação ao § 2º do art. 819, nota-se que o pagamento do intérprete é realizado pelo
sucumbente no processo, salvo se beneficiário da justiça gratuita. Desse modo, se a parte
sucumbente é beneficiária da justiça gratuita, ela não pagará nenhum intérprete do processo. Nesse
caso, a União será responsável por realizar o pagamento.
.
Parágrafo único. A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos
mesmos autos.
Tal dispositivo permite ao Juiz aplicar a penalidade de litigância de má-fé como uma multa
à testemunha que o próprio Magistrado considera que alterou a verdade dos fatos para beneficiar
alguém, não necessitando de qualquer prova da má-fé, eis que a multa pode ser aplicada de ofício:
Nos termos do parágrafo único do art. 464 do CPC, aplicável ao processo do trabalho (CLT,
art. 769), o juiz indeferirá a perícia quando:
A produção da prova pericial no processo do trabalho poderá ser requerida pela parte ou
determinada, de ofício, pelo Juiz. Deferida a perícia, o Juiz deverá nomear o perito, além de indicar
o objeto da perícia e fixar o prazo para entrega do laudo.
Isto posto, na Seção IX, que trata das provas, a CLT traz as 2 disposições abaixo acerca da
perícia:
.
ainda que o réu seja revel e confesso quanto à matéria de fato. É o que se depreende do art. 195,
caput e § 2º, da CLT, in verbis:
Dispõe o art. 790-B da CLT que a responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais
é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, ainda que beneficiária da justiça gratuita.
Neste caso, vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em Juízo,
ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes
de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o
credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a
concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário
(CLT, art. 791-A, § 4º).
Além disso, somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita não tenha obtido em
Juízo créditos capazes de suportar as despesas relativas ao pagamento de honorários periciais,
ainda que em outro processo, a União responderá pelo encargo (CLT, art. 790, § 4º).
Ocorre que a ADI 5766, conforme apontado anteriormente, declarou que tal dispositivo é
inconstitucional1, conforme ementa abaixo:
Para o STF, esses dispositivos violam o art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal, que
determina que o Estado preste assistência judicial, integral e gratuita, aos que comprovem
insuficiência de recursos.
De acordo com o prof. Márcio André Lopes Cavalcante, entender que o mero fato de alguém
ser vencedor de um processo retira a sua hipossuficiência seria uma presunção absoluta da lei e
representaria um obstáculo à efetiva aplicação da regra constitucional.
1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O art. 790-B, caput e § 4º e o art. 791-A da CLT, com redação dada pela Lei 13.467/2017, são
inconstitucionais; por outro lado, é constitucional o art. 844, § 2º. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/17ab7b5bb7ca18f6d5f33dfbcbaee1a2>. Acesso em: 17/02/2023.
.
periciais e de sucumbência pelo beneficiário da justiça gratuita sem que se prove que ele
efetivamente deixou de ser hipossuficiente.
Portanto, o beneficiário da justiça gratuita não tem o ônus de pagar honorários periciais, se
sucumbente no objeto da perícia, devendo tal encargo ser suportado pela União2.
Não obstante, o § 3º do art. 790-B da CLT dispõe que o Juízo não poderá exigir
adiantamento de valores para realização de perícias. Assim, em qualquer ação na Justiça do
Trabalho não é permitido o adiantamento de honorários periciais, sendo vedada a cobrança de
honorários provisionais (honorários “de entrada”).
Frisa-se, ademais, que o valor da perícia segue uma tabela do Conselho Superior da Justiça
do Trabalho (CSJT), sendo permitido o parcelamento dos honorários periciais.
.
Importante destacar também que a parte poderá (trata-se de uma faculdade) ter assistente
técnico. Ressalta-se, todavia, que o assistente técnico deverá entregar o parecer no prazo do
laudo do perito, sob pena de desentranhamento.
Quanto aos honorários do assistente técnico, o TST editou a Súmula 341, segundo a qual:
RAZÕES FINAIS
De acordo com o dispositivo normativo acima exposto, as razões finais podem ser orais, a
serem apresentadas no prazo de 10 minutos.
Contudo, quando a sentença não é proferida na própria audiência, os Juízes têm permitido
que as partes ofereçam razões finais por escrito, isto é, em forma de memoriais. Nesse caso, há a
conversão das razões finais orais em memoriais (peça escrita).
.
Art. 364, § 2º Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou
de direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas,
que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo Ministério
Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos sucessivos de 15
(quinze) dias, assegurada vista dos autos.
Tendo em vista que o Processo do Trabalho adota a audiência una (ou única), as razões
finais, embora facultativas, assumem um papel importantíssimo não apenas para a arguição de
nulidades (CLT, art. 795) ocorridas no curso da instrução, como também para facilitação do
convencimento do Juiz. Se a parte não protestar contra nulidades na própria audiência de instrução,
poderá fazê-lo no momento de apresentar suas razões finais e, neste caso, não haverá preclusão.
Nesse sentido:
Portanto, a apresentação das razões finais pode se dar em virtude das seguintes finalidades:
2) Ressaltar pontos importantes da instrução dignos de nota para o Magistrado que vai
julgar o processo.
.
CONCILIAÇÃO PRÉ-DECISÓRIA
Findas as alegações finais, o Juiz, por força do art. 850 da CLT, deve renovar a proposta de
conciliação. No mesmo sentido, o art. 831 do mesmo diploma legal determina que a decisão
somente será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta de conciliação. Trata-se,
portanto, da segunda Proposta Obrigatória de Conciliação (POC).
SENTENÇA
No Processo do Trabalho, o art. 832 da CLT dispõe expressamente sobre os elementos que
devem constar da sentença. São eles:
O relatório da sentença tem por objetivo registrar o objeto da lide, com o resumo do pedido
e da resposta, bem como as principais ocorrências processuais, como provas, propostas de
conciliação, razões finais etc. Também objetiva a comprovação de que o Juiz examinou e estudou
as questões discutidas nos autos, sendo essa, segundo a doutrina, a função mais importante do
relatório.
.
processuais, das provas produzidas e das alegações das partes, que são os dados que formarão o
alicerce da decisão.
O dispositivo ou conclusão, por fim, refere-se à parte final da sentença que será,
posteriormente, coberta pelo manto da coisa julgada. É no dispositivo que o Juiz cumpre a sua
função no processo de cognição, acolhendo ou rejeitando as pretensões das partes ou, ainda,
declarando extinto o processo sem resolução do mérito.
De acordo com o art. 896 da CLT, é cabível recurso de revista para o TST das decisões
proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelo TRT nas seguintes hipóteses:
1) Quando derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe
houver dado outro TRT, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do
Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa
Corte ou súmula vinculante do STF;
3) Quando proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta direta e
literal à Constituição Federal.
4. RITO SUMARÍSSIMO
Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes
o salário-mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam
submetidos ao procedimento sumaríssimo.
.
Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as
demandas em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e
fundacional.
Quanto ao parágrafo único do art. 852-A da CLT, é mister ressaltar que apenas não poderão
ser parte ou interveniente no procedimento sumaríssimo a administração pública direta, autárquica
ou fundacional. Portanto, empresa pública ou sociedade de economia mista PODEM se
submeter ao rito sumaríssimo.
Em sequência, determina o art. 852-B da CLT que, nas ações enquadradas no procedimento
sumaríssimo, deverão ser observados 2 requisitos de validade da relação processual:
A primeira diferença, portanto, entre o rito sumaríssimo e o rito ordinário está na petição
inicial. A petição verbal segue o mesmo trâmite do rito ordinário. A petição escrita, por sua vez,
precisa de uma qualificação precisa do reclamado, devendo-se fornecer o endereço de maneira
precisa.
Além da qualificação precisa do reclamado, os pedidos devem ser líquidos (não sendo
possível o valor aproximado como ocorre no rito ordinário) e precisamente indicados no processo,
.
sob pena de arquivamento, isto é, extinção do processo sem resolução do mérito e condenação ao
pagamento das custas sobre o valor da causa.
A respeito do requisito previsto no inciso II do art. 852-B da CLT, Carlos Henrique Bezerra
argumenta que não há razoabilidade, sob pena de maltrato ao princípio do amplo acesso à Justiça
(CF, art. 5º, LV), inviabilizar-se o procedimento sumaríssimo quando o autor desconhecer o
endereço do réu. Ademais, se a notificação citatória for devolvida por “mudança de endereço do
réu”, deverá o Juiz intimar o autor para fornecer o novo endereço e se este não souber ou não
indicar outro endereço, aí, sim, poderia o Juiz invocar o preceptivo em causa e extinguir o processo
sem resolução do mérito.
O processo sujeito ao rito sumaríssimo deverá ser instruído e julgado em audiência única,
salvo na hipótese do § 1º do art. 852-H da CLT, a critério do Juiz:
.
No procedimento sumaríssimo, todos os incidentes e exceções que possam interferir no
prosseguimento da audiência e do processo deverão ser decididos de plano. As demais questões
serão decididas na sentença (CLT, art. 852-G).
Além disso, apenas quando a prova do fato o exigir, ou for legalmente imposta (ex.:
verificação de ambiente insalubre ou perigoso), será deferida prova técnica, incumbindo ao Juiz,
desde logo, fixar o prazo, o objeto da perícia e nomear perito. As partes serão intimadas a
manifestar-se sobre o laudo, no prazo comum de 5 dias.
Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas
a serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante,
podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes
ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às
regras de experiência comum ou técnica.
No mesmo sentido, o art. 852-I da CLT, além de dispensar o relatório nas sentenças sujeitas
ao rito sumaríssimo, prescreve que o Juiz deverá adotar, em cada caso, a decisão que reputar mais
justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum.
Sendo assim, pode-se inferir que não há mudança quanto ao prazo recursal, mas sim quanto
ao procedimento e cabimento dos recursos no rito sumaríssimo.
.
ou Turma colocá-lo imediatamente em pauta para julgamento, sem
revisor;
III - terá parecer oral do representante do Ministério Público presente à
sessão de julgamento, se este entender necessário o parecer, com registro
na certidão;
IV - terá acórdão consistente unicamente na certidão de julgamento, com
a indicação suficiente do processo e parte dispositiva, e das razões de decidir
do voto prevalente. Se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a certidão de julgamento, registrando tal circunstância,
servirá de acórdão.
§ 2º Os Tribunais Regionais, divididos em Turmas, poderão designar Turma
para o julgamento dos recursos ordinários interpostos das sentenças
prolatadas nas demandas sujeitas ao procedimento sumaríssimo.
O relator, ao receber o processo, tem o prazo de 10 dias para enviar para a secretaria da
turma para imediata inclusão em pauta. Para que o relator consiga liberar o processo de forma
rápida, o acórdão poderá ser dispensado, bastando apenas a certidão de julgamento. Além disso,
também é possível confirmar a sentença por seus próprios fundamentos.
Insta vislumbrar, por fim, o disposto na Súmula 442 do TST, que preleciona que não é cabível
recurso de revista com fundamento em contrariedade à Orientação Jurisprudencial (OJ):
.
sonegadas ao longo do pacto laboral, que foram quantificados em R$
36.360,00. Considerando o caso retratado e as normas da CLT, o
procedimento que a ação de Vanessa deverá observar e a quantidade de
testemunhas que cada parte poderá ouvir em juízo é o procedimento
sumaríssimo, com até duas testemunhas para cada parte. Correto.
O procedimento comum sumário, no âmbito do processo laboral, foi introduzido pela Lei
5.584/70, cujo objetivo fundamental era empreender maior celeridade às causas trabalhistas com
valor de até 2 salários mínimos.
A Lei 5.584/70, portanto, instituiu a chamada “causa de alçada”, que, na verdade, é uma
ação submetida ao procedimento sumário, cuja regulação está prevista nos §§ 3º e 4º do art. 2º da
referida lei, segundo os quais:
1) Quando o valor fixado para a causa não exceder de 2 vezes o salário mínimo vigente na
sede do Juízo, será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar da ata a
conclusão do juiz quanto à matéria de fato;
2) Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças
proferidas nos dissídios da alçada, considerado, para esse fim, o valor do salário
mínimo à data do ajuizamento da ação.
Nos processos de exclusiva alçada das Varas, portanto, é dispensável, a critério do Juiz, o
resumo dos depoimentos, devendo constar da ata de audiência a conclusão a que se chegou quanto
à matéria de fato.
Ademais, não há vedação legal expressa para o procedimento sumário nas causas em que
figurem pessoas jurídicas de direito público.
.
dos pedidos efetuados por João, a reclamação deverá se submeter ao rito
sumário e, da decisão que vier a ser proferida, não caberá recurso. Errado.
.
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
De acordo com Carlos Henrique Bezerra Leite, a palavra recurso pode ser entendida em
sentido amplo e em sentido restrito. Em sentido amplo, é um remédio, isto é, um meio de proteger
um direito: ações, recursos processuais ou administrativos, exceções, contestações, reconvenção,
medidas cautelares. Em sentido restrito, é a provocação de um novo julgamento, na mesma relação
processual, da decisão pela mesma ou por outra autoridade judiciária superior.
2) Meios recursais: são os próprios recursos. Trata-se da impugnação típica, ou seja, que
está sempre prevista em lei, voluntária, com o objetivo de reformar (modificar o
conteúdo), anular ou integrar a decisão impugnada.
Nesse caso, o recurso acontece no mesmo processo, não gera uma nova relação jurídica
processual. Sendo assim, Carlos Henrique Bezerra defende que o recurso é a continuação do
procedimento, atuando como prolongamento do exercício do direito de ação dentro do mesmo
processo.
.
ordinário no prazo de 8 dias. Conforme o recurso principal foi dado entrada, existe o prazo de 8 dias
para que o reclamado (querendo e precisando), apresente contrarrazões de recurso adesivo.
3) É preciso da aceitação tácita da decisão pela parte que apresenta o recurso adesivo,
sob pena de se configurar preclusão consumativa;
Significa dizer que se a parte já apresentou o recurso principal, ela não pode apresentar
recurso adesivo, em razão da preclusão consumativa. Assim, se ela não interpôs o
recurso principal, subentende-se que, tacitamente, ela aceitou o conteúdo da decisão.
Importante destacar, por fim, que a Súmula 283 do TST esclarece que só cabe recurso
adesivo do recurso ordinário, recurso de revista, agravo de petição e embargos no TST, in
verbis:
.
(PGE- PA - Procurador - CESPE - 2022): Mesmo sem previsão na
Consolidação das Leis do Trabalho, a interposição de recurso de revista
adesivo é compatível com o processo do trabalho, segundo jurisprudência do
Tribunal Superior do Trabalho, sendo desnecessário que a matéria nele
vinculada esteja relacionada com a do recurso interposto pela parte contrária.
Correto.
QUANTO À MATÉRIA
1) Ordinários: referem-se aos recursos que têm por escopo a tutela do direito subjetivo
das partes, pois visam obter a revisão da matéria fática e/ou jurídica contida na decisão
recorrida.
2) Extraordinários: são os recursos que têm por escopo a tutela do direito objetivo e, por
isso, não se destinam a corrigir a injustiça da decisão recorrida, nem permitem
rediscussão de matéria fática ou reexame de provas, como ocorre com o recurso de
revista, o recurso de embargos (no TST), o recurso extraordinário.
É sabido que na Vara do Trabalho, há sentença e decisão interlocutória. Por outro lado, no
TRT e TST existem acórdãos e decisões monocráticas. Todos eles proferem despacho, que não
tem conteúdo decisório, é ato de mero expediente e tem por função apenas o impulso do processo.
Em razão disso, os despachos são IRRECORRÍVEIS.
.
Todas as demais espécies de decisão são recorríveis, observado o seguinte: vige no
Processo do Trabalho o princípio da irrecorribilidade IMEDIATA das decisões interlocutórias.
Significa, portanto, que as decisões são recorríveis, apenas não são recorríveis de imediato.
Ante o exposto, pode-se inferir que na primeira oportunidade a parte DEVE arguir nulidade
processual, ao falar em audiência ou manifestar nos autos. Não arguindo nulidade, ocorrerá
preclusão, isto é, não será possível recorrer da decisão interlocutória posteriormente. Frisa-se,
ainda, que é necessário renovar a nulidade em razões finais.
Todavia, havendo urgência no pedido que foi negado, caberá mandado de segurança, na
hipótese de violação a direito líquido e certo:
Existem outras exceções que permitem à parte recorrer de imediato, são elas:
.
a) de Tribunal Regional do Trabalho contrária à Súmula ou Orientação
Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho;
b) suscetível de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal;
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos
autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.
Com relação à alínea “b” da Súmula, insta salientar que o recurso é, geralmente, o agravo
interno.
Além disso, no que tange à alínea “c”, importante ressaltar que sendo uma arguição de
suspeição, por exemplo, não será recorrível de imediato, estando tal hipótese limitada à decisão
que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para TRT distinto
daquele a que se vincula.
Ex.: o Juízo de São Paulo (TRT-2, SP) acolheu a exceção de incompetência e remeteu para
Salvador (TRT-5, BA). Nesse caso, cabe recurso imediato para o TRT da Vara do Trabalho que
proferiu a decisão, que seria o recurso ordinário no prazo de 8 dias.
Ante a disposição legal acima exposta, pode-se verificar que em se tratando do Incidente de
Desconsideração da Personalidade Jurídica (IDPJ), na:
.
interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente na fase de cognição, não
cabe recurso de imediato. Correto.
Quando o Juiz mantiver o valor da causa fixado para fins de alçada, poderá a parte formular
pedido de revisão que será julgado pelo Presidente do Tribunal ao qual está vinculado o Juiz prolator
da decisão.
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Esses juízos são independentes, portanto, se o Juízo a quo conhecer o recurso, não
significa, necessariamente, que o Juízo ad quem adotará o mesmo posicionamento.
.
Ressalta-se, entretanto, que nos embargos de declaração, o Juízo a quo é também o Juízo
ad quem, não havendo duplo juízo de admissibilidade.
Outra exceção que também precisa ser mencionada é acerca do conhecimento parcial do
recurso de revista, prevista no art. 1º da IN 40/16 do TST:
Por fim, insta evidenciar que a Súmula 435 do TST determina a aplicação subsidiária do art.
932 do CPC – que trata das competências do relator – ao Processo do Trabalho, in verbis:
.
VII - determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso;
VIII - exercer outras atribuições estabelecidas no regimento interno do
tribunal.
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator
concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado
vício ou complementada a documentação exigível.
PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE
3.3.1. Cabimento
Isto posto, infere-se que existem 3 subprincípios que tratam dos pressupostos de
admissibilidade dos recursos:
Ante o exposto, verifica-se que na hipótese de ter no processo uma decisão monocrática de
relator que nega seguimento, nega provimento ou dá provimento a um recurso, havendo
irresignação da parte em face da decisão monocrática, é possível opor embargos de declaração ou
agravo interno.
.
Se a parte optou pelos embargos de declaração e o relator verificar que há possibilidade de
efeito modificativo, ele vai, de ofício, aplicar a fungibilidade e receber os embargos declaratórios
como um agravo.
3.3.2. Legitimidade
A legitimidade recursal é a habilitação outorgada por lei àquele que tenha participado, como
parte, do processo em primeiro grau de jurisdição, ainda que revel.
Além das partes originárias da relação processual, têm legitimação para interpor recurso, na
qualidade de terceiro prejudicado ou juridicamente interessado:
1) O sucessor ou herdeiro;
4) Os sócios de fato nas sociedades não juridicamente constituídas, além das pessoas
físicas e jurídicas por força de normas de direito civil, que se vinculem à parte que figurou
na demanda;
5) Os litisconsortes e assistentes;
6) O substituto processual.
2) Em virtude da atuação como fiscal da ordem jurídica, o MPT somente pode recorrer na
defesa de interesse público.
.
(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 338 da SBDI-I) - Res. 210/2016,
DEJT divulgado em 30.06.2016 e 01 e 04.07.2016.
I - O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para recorrer
na defesa de interesse patrimonial privado, ainda que de empresas
públicas e sociedades de economia mista.
II – Há legitimidade do Ministério Público do Trabalho para recorrer de
decisão que declara a existência de vínculo empregatício com
sociedade de economia mista ou empresa pública, após a Constituição
Federal de 1988, sem a prévia aprovação em concurso público, pois é
matéria de ordem pública.
Diferentemente do Processo Civil, que exige apenas o pagamento das custas para fins
recursais, no Processo do Trabalho há, em alguns casos, exigência não só do recolhimento das
custas, como também do depósito recursal (ou depósito prévio pecuniário).
CUSTAS
As custas são taxas devidas ao Estado como contraprestação do serviço público de natureza
jurisdicional. Desse modo, se a prestação jurisdicional é um serviço público lato sensu, então pode
o Estado instituir taxa para pagamento do serviço utilizado pelo jurisdicionado (usuário).
Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito, nos Tribunais e no
Tribunal Superior do Trabalho, a forma de pagamento das custas e
emolumentos obedecerá às instruções que serão expedidas pelo Tribunal
Superior do Trabalho.
Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios coletivos do trabalho, nas
ações e procedimentos de competência da Justiça do Trabalho, bem como
nas demandas propostas perante a Justiça Estadual, no exercício da
jurisdição trabalhista, as custas relativas ao processo de conhecimento
incidirão à base de 2% (dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64
(dez reais e sessenta e quatro centavos) e o máximo de quatro vezes o
limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social, e
serão calculadas:
.
Isto posto, o cálculo das custas deverá observar as seguintes regras:
As custas serão pagas pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão. No caso de
recurso, as custas serão pagas e comprovado o recolhimento dentro do prazo recursal.
Se a sentença for omissa sobre custas, deverá a parte interpor embargos de declaração,
ficando, pois, interrompido o prazo respectivo para o recurso e, consequentemente, para o
pagamento das custas. Nesse caso, o prazo para o pagamento das custas recomeçará a correr a
partir da intimação da sentença (dos embargos declaratórios) que fixar o valor das custas,
consoante determina a Súmula 53 do TST.
As custas também são espécies de despesas processuais. Logo, de acordo com Carlos
Henrique Bezerra, pode-se concluir que se autor e réu, não sendo empregado e empregador (ou,
por extensão, trabalhador avulso e tomador do seu serviço), tiverem seus pedidos acolhidos
parcialmente, ambos deverão recolher as custas, de modo proporcional, como pressuposto de
admissibilidade do recurso correspondente. É o que se extrai do § 3º do art. 3º da IN 27/05 do TST,
in verbis:
Art. 789, § 3º Sempre que houver acordo, se de outra forma não for
convencionado, o pagamento das custas caberá em partes iguais aos
litigantes.
Sendo assim, infere-se que o acordo pode estabelecer diferentes formas de pagamento das
custas. No silêncio, por outro lado, elas serão rateadas.
Importante frisar, por fim, que o reclamante só vai pagar custas na improcedência,
independentemente de ser empregado ou empregador. Já o reclamado deverá pagar as custas na
procedência, seja ela total ou parcial, a teor do disposto na Súmula 25 do TST:
.
I - A parte vencedora na primeira instância, se vencida na segunda, está
obrigada, independentemente de intimação, a pagar as custas fixadas
na sentença originária, das quais ficara isenta a parte então vencida;
II - No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem
acréscimo ou atualização do valor das custas e se estas já foram
devidamente recolhidas, descabe um novo pagamento pela parte vencida,
ao recorrer. Deverá ao final, se sucumbente, reembolsar a quantia;
III - Não caracteriza deserção a hipótese em que, acrescido o valor da
condenação, não houve fixação ou cálculo do valor devido a título de
custas e tampouco intimação da parte para o preparo do recurso,
devendo ser as custas pagas ao final;
IV - O reembolso das custas à parte vencedora faz-se necessário mesmo
na hipótese em que a parte vencida for pessoa isenta do seu pagamento,
nos termos do art. 790-A, parágrafo único, da CLT.
DEPÓSITO RECURSAL
O depósito recursal, diferentemente das custas, não tem natureza jurídica de “taxa” (tributo),
e sim de garantia do Juízo recursal para futura execução em ação trabalhista individual que veicule
verba de natureza alimentar, o que pressupõe a existência de decisão (sentença ou acórdão)
condenatória de obrigação de pagamento em pecúnia, com valor líquido ou arbitrado pelo órgão
judicial.
Por outro lado, tratando-se de sentença condenatória de obrigação de fazer, não fazer ou
entregar coisa, ou, ainda, sentença meramente declaratória ou constitutiva, bem como sentença
mandamental ou executiva lato sensu, não há falar em depósito recursal.
O valor depositado é o valor suficiente para garantir a futura execução, podendo ser o valor
arbitrado à condenação (sentenças ilíquidas) ou o valor da condenação quando a sentença é
líquida, observados os tetos anualmente expedidos pelo TST.
.
I - É ônus da parte recorrente efetuar o depósito legal, integralmente, em
relação a cada novo recurso interposto, sob pena de deserção. Atingido
o valor da condenação, nenhum depósito mais é exigido para qualquer
recurso.
II - Garantido o juízo, na fase executória, a exigência de depósito para
recorrer de qualquer decisão viola os incs. II e LV do art. 5º da CF/88.
Havendo, porém, elevação do valor do débito, exige-se a complementação
da garantia do juízo.
III - Havendo condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito
recursal efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa
que efetuou o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.
No que tange ao item III da Súmula, verifica-se que em caso de litisconsórcio, se a tese de
defesa é única, o depósito é aproveitado a todos os litisconsortes. Por outro lado, se a tese de
defesa é de exclusão do processo, cada réu deverá apresentar seu depósito recursal.
Além disso, a Súmula 245 do TST consolidou entendimento acerca do prazo de realização
do depósito recursal com base nos seguintes termos:
Quanto ao recurso extraordinário, evidencia-se que o STF decidiu que não é necessário o
depósito recursal para admissibilidade de RE em matéria trabalhista somente em 2020, entendendo
que a exigência é incompatível com a Constituição Federal:
.
Frisa-se, ainda, que consoante o § 11 do art. 899 da CLT, o depósito recursal poderá ser
substituído por fiança bancária ou seguro garantia judicial.
Por fim, importante destacar que nos termos da OJ 140 da SDI-1, a insuficiência de preparo,
ou seja, o preparo a menor, demandará complementação em 5 dias:
ISENÇÃO
Para facilitar a memorização daqueles que estão isentos de custas e/ou do depósito recursal,
colaciona-se a tabela abaixo:
Ainda sobre a isenção, é preciso evidenciar que nos termos do art. 790-A da CLT, as
entidades fiscalizadoras do exercício da profissão NÃO estão isentas do pagamento de custas:
Art. 790-A, Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as
entidades fiscalizadoras do exercício profissional, nem exime as pessoas
jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas
judiciais realizadas pela parte vencedora.
Além disso, conforme a Súmula 170 do TST, a sociedade de economia mista também NÃO
está isenta do pagamento de custas:
.
Por fim, ressalta-se que a isenção do depósito recursal está limitada às empresas em
recuperação JUDICIAL. Significa, portanto, que as empresas em recuperação EXTRAJUDICIAL
devem realizar o pagamento do depósito recursal.
.
RECURSOS EM ESPÉCIES
1. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Os embargos de declaração são cabíveis para impugnar qualquer decisão lato sensu, isto
é, sentença, acórdão ou decisão interlocutória, estando eles previstos no art. 897-A da CLT, in
verbis:
3) Erro material: pode ser arguido a qualquer momento e por qualquer interessado,
inclusive de ofício pelo Juiz.
Sendo assim, as partes também podem requerer, mediante simples petição, a correção de
erro material contido na sentença ou no acórdão. Para tanto, não haverá necessidade de
interposição de embargos de declaração.
Apesar de tal hipótese de cabimento não estar prevista na CLT, é possível a aplicação
supletiva/complementar dos embargos declaratórios por obscuridade, conforme determina o art. 15
.
do CPC. No entanto, ressalta-se que o cabimento de embargos de declaração por obscuridade da
decisão embargada não autoriza o efeito modificativo, que será abordado logo a seguir.
a) Forem intempestivos;
.
modificada a decisão, o Juiz deverá dar vistas à parte contrária para ela se manifestar, sob pena de
nulidade.
Ante a leitura do § 4º do art. 1026 do CPC, pode-se inferir que se pelo menos um dos
embargos de declaração anteriormente interpostos não forem considerados protelatórios, os novos
embargos declaratórios não poderão, por tal motivo, deixar de ser conhecidos.
2. RECURSO ORDINÁRIO
.
Insta salientar, a priori, que recurso ordinário de que cuida a CLT não se confunde com o
recurso ordinário previsto nos arts. 102, II, e 105, II, da CF/88. Nesse sentido, a título de
equiparação, Carlos Henrique Bezerra entende que recurso ordinário previsto na CLT corresponde
ao recurso de apelação previsto no CPC, já que diversos aspectos são comuns a ambos.
Para o referido doutrinador, pode-se dizer que a exemplo do que se dá com a apelação, o
ordinário é o recurso clássico, por excelência, para impugnar as decisões finais desfavoráveis no
âmbito da processualística laboral, já que, por meio dele, torna-se possível submeter ao Juízo ad
quem o reexame das matérias de fato e de direito apreciadas pelo Juízo a quo.
Com efeito, dispõe o art. 895 da CLT que cabe recurso ordinário, no prazo de 8 dias, das:
Sendo assim, se o início do processo foi na Vara do Trabalho, o recurso ordinário será
direcionado para o TRT. Por outro lado, se o início do processo foi no TRT, o recurso ordinário será
para o TST, conforme também disposto na Súmula 201 do TST:
No que se refere aos efeitos do recurso ordinário, pode-se destacar que possui:
1) Efeito devolutivo: pode-se dizer que o recurso ordinário devolve ao Juízo ad quem o
reexame da matéria efetivamente impugnada pelo recorrente.
Significa dizer que o recurso ordinário, em princípio, possui apenas efeito devolutivo,
permitindo, pois, a execução provisória do julgado. O Juiz não precisa declarar os efeitos em que
.
recebe o recurso, pois, de lege lata, todos os recursos trabalhistas possuem, em regra, apenas
efeito devolutivo, nos termos do art. 899 da CLT:
Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito
meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a
execução provisória até a penhora.
Ainda sobre o efeito devolutivo, importante verificar o disposto na Súmula 393 do TST:
2) Efeito translativo: por meio dele o tribunal não examina o pedido (lide) e, sim, as
questões de ordem pública, conhecíveis de ofício em sede de recursos de natureza
ordinária.
3) Efeito suspensivo: não há previsão na CLT para que o juiz possa conceder efeito
suspensivo ao recurso ordinário. Desse modo, pretendendo o efeito suspensivo, caberá
à parte solicitá-lo ao relator.
Todavia, o art. 14 da Lei 10.192/01, prevê tal possibilidade em recurso ordinário contra
sentença normativa proferida em dissídio coletivo, como se infere da IN 24/03, que dispõe sobre a
faculdade de o Ministro Presidente do TST designar audiência prévia de conciliação, no caso de
pedido de efeito suspensivo a recurso ordinário interposto à decisão normativa da Justiça do
Trabalho.
Quanto aos pressupostos de admissibilidade, tem-se que o recurso ordinário está sujeito
ao pagamento de custas e, no caso de sentença contendo obrigação de pagar quantia, ao depósito
recursal prévio.
.
Como o tema foi cobrado em concurso?
(TRT-14 - Técnico Judiciário - FCC - 2022): A empresa de Cosméticos
Babosa Ltda. pretende ingressar com recurso ordinário contra sentença que
lhe condenou no pagamento de horas extras e férias em dobro em ação
proposta por sua ex-vendedora. O prazo final para a interposição do referido
recurso foi dia 10/11 (5ª feira). A advogada da empresa protocolou seu
recurso ordinário no dia 07/11 (2ª feira), desacompanhado da comprovação
da efetivação do depósito recursal, o que fez no último dia do prazo (10/11).
De acordo com a CLT e o entendimento sumulado do TST, o recurso ordinário
será recebido e processado, uma vez que o depósito recursal pode ser
comprovado dentro do prazo do recurso, sendo que a interposição antecipada
não prejudica tal ato. Correto.
Também é importante verificar o que dispõe a Súmula 8 do TST, que trata da possibilidade
da juntada de documentos em fase recursal:
À vista disso, constata-se que somente é possível apresentar documento novo em sede de
recurso ordinário quando comprovada a impossibilidade de juntada anterior, mediante justificativa,
ou quando se estiver diante de novo fato posterior à sentença.
Por fim, destaca-se que o processamento do recurso ordinário no rito sumaríssimo ocorre
de maneira diversa, com base nos seguintes termos:
Frisa-se, ainda, conforme apontado anteriormente, que não cabe recurso ordinário de
sentença proferida em sede de processo submetido ao procedimento sumário ou de alçada, isto
é, naqueles em que o valor atribuído à causa seja igual ou inferior a 2 salários mínimos, uma vez
que o recurso cabível em tal decisão de única instância é o recurso extraordinário, desde que a
sentença viole literal e frontalmente a Constituição Federal.
.
recorreu. Um ano depois, a reclamada ajuizou ação rescisória perante o
Tribunal Regional do Trabalho, tendo o acórdão julgado improcedente o
pedido. Ainda inconformada, pretendem as Lojas Sinceridade Ltda. ingressar
com novo recurso. Nos termos da legislação vigente e entendimento
sumulado do TST, poderá ingressar com recurso ordinário para o Tribunal
Superior do Trabalho. Correto.
3. AGRAVO DE PETIÇÃO
Não cabe, pois, agravo de petição na fase (ou processo) de conhecimento, mesmo em se
tratando de sentença proferida em ação incidental de embargos de terceiro.
Como o legislador não referiu que tipo de decisão seria impugnável por agravo de petição,
há 2 correntes doutrinárias que se propõem a interpretar o termo “decisões”, previsto no preceptivo
em causa:
1) Minoritária: defende que cabe agravo de petição contra qualquer decisão na fase de
execução.
2) Majoritária: entende que cabe agravo de petição contra qualquer decisão definitiva ou
terminativa da execução (ex.: acolhimento de prescrição intercorrente) ou de incidentes
cognitivos na execução (ex.: sentença que acolhe ou rejeita os embargos à execução).
.
a instauração do incidente de desconsideração de personalidade jurídica
(IDPJ), sendo, então, citados os 2 sócios da empresa para contestação. Após
analisar os argumentos dos sócios, o juiz julgou procedente o IDPJ em face
de um dos sócios e improcedente em relação ao outro. Nesse caso, caberá
agravo de petição pela exequente quanto ao sócio cujo IDPJ foi
improcedente, bem como por parte do sócio que teve o IDPJ contra si julgado
procedente. Correto.
Isto posto, verifica-se que é dever da parte apresentar o cálculo atualizado do valor que
entende ser devido, de modo que a execução seguirá normalmente quanto aos valores
incontroversos, nos termos da Súmula 416 do TST:
Ante o exposto, havendo a garantia integral do Juízo nos autos, não há depósito recursal.
No entanto, se não houver a garantia integral, deverá a parte realizar o depósito recursal da
integralidade da diferença.
.
independente de garantia do juízo, havendo a suspensão da execução após
a instauração do incidente. Correto.
4. AGRAVO DE INSTRUMENTO
De acordo com Carlos Henrique Bezerra Leite, o agravo de instrumento teve inicialmente
esse nome pelo fato de consistir num instrumento confeccionado com peças trasladadas dos autos
por indicação das partes ou do Juiz. Nesse recurso, há, portanto, necessidade de formação de autos
em apartado, permitindo, assim, o fluxo normal do processo, razão pela qual dele são extraídas
cópias de algumas peças e trasladadas para novos autos, formando-se, desse modo, um novo
instrumento, que é remetido ao Juízo ad quem.
Isto posto, quanto ao seu cabimento, entende-se que o agravo de instrumento, no âmbito do
Processo do Trabalho, é limitado apenas aos despachos (leia-se decisões interlocutórias) que
denegarem a interposição de recurso.
Salienta-se que não cabe agravo de instrumento das decisões que denegarem seguimento
ao recurso de embargos no TST (CLT, art. 894), pois, nesse caso, o recurso adequado é o agravo
interno (art. 261, parágrafo único do Regimento Interno do TST), sob pena de configurar o erro
grosseiro que afasta a aplicação do princípio da fungibilidade, pois se trata de recurso no âmbito do
TST, o qual só pode ser interposto por advogado (TST, Súmula 425).
.
deliberação sobre o julgamento deve atender a critérios objetivos, de modo que harmonize o
princípio da celeridade com o princípio da ampla defesa e do contraditório.
Há, contudo, uma exceção prevista no § 8º do art. 899 da CLT, ocasião na qual haverá
dispensa do depósito recursal:
5. RECURSO DE REVISTA
Em consonância com Carlos Henrique Bezerra Leite, o recurso de revista é uma modalidade
recursal que objetiva corrigir a decisão que violar a literalidade da lei ou da Constituição Federal e
a uniformizar a jurisprudência nacional concernente à aplicação dos princípios e regras de direito
objetivo (Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho, Direito Constitucional, Direito Civil,
Direito Processual Civil etc.) que guardem alguma vinculação com a atividade jurisdicional da
Justiça do Trabalho.
A previsão legal do recurso de revista se encontra no art. 896 da CLT, verificando-se, desde
já, suas hipóteses de cabimento, eis que se trata de recurso de fundamentação vinculada:
.
Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do
Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:
a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da
que lhe houver dado outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno
ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal Superior do
Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa
Corte ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal;
b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de
Trabalho, Acordo Coletivo, sentença normativa ou regulamento
empresarial de observância obrigatória em área territorial que exceda a
jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação
divergente, na forma da alínea a;
c) proferidas com violação literal de disposição de lei federal ou afronta
direta e literal à Constituição Federal.
1) Atual:
2) Específica:
3) Demonstração/indicação da divergência:
.
declaratórios em que foi pedido o pronunciamento do tribunal sobre
questão veiculada no recurso ordinário e o trecho da decisão regional
que rejeitou os embargos quanto ao pedido, para cotejo e verificação, de
plano, da ocorrência da omissão.
§ 8º Quando o recurso fundar-se em dissenso de julgados, incumbe ao
recorrente o ônus de produzir prova da divergência jurisprudencial,
mediante certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência,
oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver
sido publicada a decisão divergente, ou ainda pela reprodução de julgado
disponível na internet, com indicação da respectiva fonte, mencionando, em
qualquer caso, as circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
confrontados.
Art. 896, § 10. Cabe recurso de revista por violação a lei federal, por
divergência jurisprudencial e por ofensa à Constituição Federal nas
execuções fiscais e nas controvérsias da fase de execução que
envolvam a Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT), criada
pela Lei n° 12.440, de 7 de julho de 2011.
.
Ademais, preleciona a Súmula 126 do TST que não é possível a discussão de matéria fática
e de provas em sede de recurso de revista:
Isto posto, a admissibilidade do recurso de revista pressupõe que a decisão recorrida tenha
se pronunciado explicitamente sobre a matéria veiculada no recurso, ainda que se trate de violação
frontal e direta à norma da Constituição Federal. Não vale, pois, o pronunciamento implícito. Mas
não é preciso que a decisão reproduza ipsis litteris o dispositivo de lei que o recorrente alega ter
sido violado. O importante é que a tese explícita sobre a matéria questionada faça parte da
fundamentação do julgado.
Havendo omissão na decisão, conforme o item II da Súmula 297, incumbe à parte opor
embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema.
Sendo assim, não configura prequestionamento o acórdão regional que simplesmente adota
como razões de decidir os fundamentos da sentença. Se isso acontecer, o recorrente deverá
interpor embargos de declaração, sob pena de não ser conhecido o recurso de revista, nos termos
da OJ 151 da SDI-1 do TST:
.
Frisa-se, além disso, que OJ 62 da SDI-1 do TST exige prequestionamento ainda que se
trate de matéria de ordem pública veiculada no recurso de natureza extraordinária:
O § 11 do art. 896 da CLT “abriu uma exceção” para permitir a admissibilidade do recurso
de revista, nos seguintes termos:
Art. 896, § 11. Quando o recurso tempestivo contiver defeito formal que
não se repute grave, o Tribunal Superior do Trabalho poderá
desconsiderar o vício ou mandar saná-lo, julgando o mérito.
3) Transcendência:
.
Além disso, a parte recorrente deve verificar se há condenação no pagamento de custas.
Caso o acórdão hostilizado seja omisso a respeito da responsabilidade pelo pagamento das
custas ou depósito recursal, cabe ao interessado interpor embargos de declaração para sanar a
omissão. Se houver modificação dos valores alusivos ao preparo recursal, e a parte não interpuser
embargos de declaração, prevalecerá o valor fixado na sentença.
Decorrido o prazo para contrarrazões, com ou sem elas, o Presidente do TRT encaminhará
os autos ao TST. Neste, a revista será submetida a 2 novos exames de admissibilidade: o primeiro
é exercido monocraticamente pelo Ministro Relator; o segundo, pela Turma.
Assim, se o Ministro Relator designado não admitir o recurso de revista, é facultado à parte
interpor agravo de tal decisão (CLT, art. 896, § 12, e Regimento Interno, art. 243, VII), podendo
haver reconsideração. Mantida a decisão, o agravo será submetido a julgamento pelo órgão
colegiado (Turma).
.
primeira instância, salvo se a condenação for agravada na segunda instância.
Correto.
6. EMBARGOS NO TST
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
1) Tribunal Pleno;
3) 8 Turmas.
À vista disso, pode-se inferir que a finalidade dos embargos de divergência, também
chamados de embargos à SDI ou embargos para a SDI, é uniformizar a divergência interna na
interpretação de lei federal ou da Constituição Federal no âmbito do próprio TST, o que pode ocorrer
entre acórdãos divergentes entre Turmas ou entre Turma e a SDI (Súmula ou OJ) ou entre SDI-1 e
SDI-2.
Importante verificar, ainda, que os embargos de divergência também estão previstos no art.
258 do Regimento Interno do TST, segundo o qual:
Art. 258. Cabem embargos das decisões das Turmas do Tribunal que
divergirem entre si ou das decisões proferidas pela Subseção I da Seção
Especializada em Dissídios Individuais, ou contrárias a súmula, a orientação
jurisprudencial ou a precedente normativo do Tribunal Superior do Trabalho
ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, no prazo de 8 (oito) dias
úteis, contados de sua publicação, na forma da lei. Parágrafo único. Além dos
casos já previstos na jurisprudência sumulada do Tribunal, também cabem
embargos das decisões de suas Turmas proferidas em agravos internos e
agravos de instrumento que contrariarem precedentes obrigatórios firmados
em julgamento de incidentes de assunção de competência ou de incidentes
de recursos repetitivos.
Sendo assim, é possível afirmar que os embargos de divergência são cabíveis das decisões:
.
1) Divergentes entre a SDI-1 e SDI-2 a respeito de interpretação de norma prevista em lei
federal ou na Constituição;
4) De uma ou mais Turmas que divergirem de Orientação Jurisprudencial (da SDI ou SDC);
Art. 894, § 2º A divergência apta a ensejar os embargos deve ser atual, não
se considerando tal a ultrapassada por súmula do Tribunal Superior do
Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal, ou superada por iterativa e notória
jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.
.
Ademais, para a comprovação da divergência justificadora do recurso de embargos, a
exemplo do recurso de revista, o recorrente deve observar os termos da Súmula 337 do TST:
.
No que se refere ao procedimento dos embargos de divergência, o Presidente de Turma
poderá denegar seguimento aos embargos à SDI-1. Desta decisão, cabe agravo interno, no prazo
de 8 dias, para a SDI-1:
Nos termos do § 3º do art. 894 da CLT, o Ministro Relator denegará seguimento aos
embargos:
Ante o exposto, pode-se inferir que NÃO é possível se utilizar dos embargos de divergência
se a decisão recorrida está de acordo com Súmula ou OJ, uma vez que o TST não precisa reafirmar
o que já constitui um entendimento sumulado/consolidado. Trata-se, portanto, de um requisito
negativo.
EMBARGOS INFRINGENTES
Em síntese, os embargos infringentes são cabíveis contra decisão não unânime de turma do
TST no julgamento de dissídio coletivo de sua competência originária e estão previstos no inciso I
do art. 894 da CLT:
.
em que não tenha havido julgamento unânime. Além disso, esta modalidade de recurso possui
efeito meramente devolutivo.
O procedimento dos embargos infringentes está previsto nos arts. 263 e 264 do RITST.
.
EXECUÇÃO TRABALHISTA
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. TÍTULOS EXECUTIVOS
TÍTULOS JUDICIAIS
2) Sentença que esteja pendente de recurso sem efeito suspensivo, conforme o art. 899 da
CLT:
.
Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e terão efeito
meramente devolutivo, salvo as exceções previstas neste Título, permitida a
execução provisória até a penhora.
4) Sentença arbitral.
Com relação a este último título, insta ressaltar que a arbitragem pode ser utilizada na Justiça
do Trabalho em 2 situações: com o empregado que recebe remuneração mensal superior a 2 vezes
o teto dos benefícios da previdência social e nas demandas coletivas.
No que se refere à competência para executar os títulos judiciais, ela é definida nos termos
do art. 877 da CLT:
Significa, portanto, que o caminho processual percorrido pelo título judicial não possui
relevância, mas sim onde o processo que deu origem a ele se iniciou.
TÍTULOS EXTRAJUDICIAIS
Assim como os títulos judiciais, os títulos extrajudiciais também estão previstos no art. 876
da CLT, mas na segunda parte do dispositivo:
Art. 876 - As decisões passadas em julgado ou das quais não tenha havido
recurso com efeito suspensivo; os acordos, quando não cumpridos; os
termos de ajuste de conduta firmados perante o Ministério Público do
Trabalho e os termos de conciliação firmados perante as Comissões de
Conciliação Prévia serão executadas pela forma estabelecida neste
Capítulo.
.
Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo
empregado, pelo empregador ou seu proposto e pelos membros da
Comissão, fornecendo-se cópia às partes.
Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e
terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente
ressalvadas.
3) Certidões de dívida ativa (CDA) decorrentes das multas aplicadas aos empregadores
pelos órgãos de fiscalização do trabalho;
A execução dos referidos títulos perante a Justiça do Trabalho foi definida no art. 13 da IN
39/16 do TST:
Art. 13. Por aplicação supletiva do art. 784, I (art. 15 do CPC), o cheque e a
nota promissória emitidos em reconhecimento de dívida
inequivocamente de natureza trabalhista também são títulos
extrajudiciais para efeito de execução perante a Justiça do Trabalho, na
forma do art. 876 e segs. da CLT.
Por fim, a competência para executar os títulos extrajudiciais – que também se aplica à
sentença arbitral, conforme apontado acima – é definida com base no art. 877-A da CLT:
2) Exigibilidade: será exigível o título cuja obrigação não esteja submetida a termo ou
condição.
3) Liquidez: quando contiver o quantum debeatur, ou seja, o valor exato a ser pago.
.
Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exequenda, ordenar-se-á,
previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por cálculo, por
arbitramento ou por artigos.
José Augusto Rodrigues Pinto argumenta que a fase de liquidação contém os “atos de
acertamento”, pois se faz o “acertamento” do débito para seguir com a execução.
3. LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA
De acordo com o supramencionado art. 879 da CLT, a fase de liquidação da sentença pode
ocorrer de 3 formas:
1) Por cálculos;
3) Por arbitramento.
Inicialmente, a liquidação por cálculos deve seguir o comando trazido nos §§ 1º-A e 1º-B do
art. 879 da CLT:
.
A preclusão ora focalizada tem por destinatários as partes. Isso quer dizer que não haverá
preclusão pro judicato, ou seja, o Juiz pode, de ofício, determinar as correções que julgar
pertinentes, caso constate, de forma inequívoca, o desrespeito ao comando sentencial exequendo
(coisa julgada).
Wagner Giglio argumenta que a liquidação por artigos é a forma mais complexa de
liquidação, constituindo um verdadeiro “processo” de conhecimento, mas de função diversa do
processo da ação de conhecimento porque não tem por escopo a formação de uma sentença
condenatória, mas a formação de uma sentença meramente declaratória do que virtualmente se
contém na sentença exequenda.
É importante assinalar que os fatos novos que serão objeto da liquidação por artigos visam
à fixação do quantum já decidido por sentença no processo de cognição, uma vez que nesse
incidente processual à execução é vedado modificar ou inovar a sentença exequenda, nem discutir
.
as matérias e questões pertinentes à lide principal cobertas pela coisa julgada, conforme determina
o § 1º do art. 879 da CLT:
José Augusto Rodrigues Pinto afirma que na liquidação por artigos o que realmente ocorre
é a presença de um fato cuja existência já é reconhecida pela sentença (logo, não é novo), mas
incompletamente investigado, de modo a faltar algo, ainda, de sua exata dimensão. A investigação
que se faz é apenas complementar da intensidade com que o fato contribui para a quantificação do
crédito a ser exigido. Ex.: se a sentença reconhece a existência de horas extras prestadas pelo
obreiro (fato reconhecido), mas não estabelece o quantitativo de horas prestadas, há necessidade
de apurar esses fatos de investigação complementar.
Quanto ao procedimento da liquidação por artigos, tem-se que o processo seguirá o rito
ordinário e não haverá revelia, de modo que a ausência de defesa na liquidação acarretará apenas
no fato incontroverso e confissão.
1) Os fatos (artigos) não serem provados, ocasião na qual o exequente deverá reiniciar com
nova petição inicial;
Nas 2 últimas hipóteses, não caberá agravo de petição de imediato. Deve-se, portanto,
aguardar a garantia do Juízo e recorrer ao disposto no § 3º do art. 884 visualizado acima.
É preciso advertir, porém, que, não obstante tenha a sentença condenatória determinado
que a liquidação deva ser feita por arbitramento, poderá o Juiz, verificando a desnecessidade de tal
procedimento, ordenar, de ofício, que a liquidação seja feita por cálculo, que é o procedimento mais
simples e célere que se afina com os princípios da celeridade e economia processuais.
Além disso, poderá o Juiz adotar tal providência, quando verificar que a liquidação por
cálculos, se possível, é a menos gravosa para o devedor. Em tais casos, segundo Carlos Henrique
.
Bezerra Leite, não haverá violação à coisa julgada, pois não se estará alterando ou inovando o
conteúdo substancial da sentença exequenda, e sim estabelecendo o procedimento que conduza
ao resultado útil do processo.
4. EXECUÇÃO DEFINITIVA
.
e acrescida das despesas processuais, apresentação de seguro-garantia
judicial ou nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferencial
estabelecida no art. 835 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código
de Processo Civil.
Importante salientar que a penhora dos bens não alcançará os bens impenhoráveis
elencados pelo art. 833 do CPC, de acordo com a IN 39/16 do TST:
Outrossim, é mister evidenciar que o executado somente será inscrito nos órgãos de
proteção ao crédito ou no Banco Nacional dos Devedores Trabalhistas depois que ultrapassado o
prazo de 48h (do mandado de citação do executado) + 45 dias, conforme estabelecido no art. 883-
A da CLT:
Ressalta-se, ainda, que a IN 39/16 do TST também determina a aplicação do art. 841 do
CPC ao Processo do Trabalho:
Desse modo, formalizada a penhora por qualquer dos meios legais, dela será imediatamente
intimado o executado. A intimação da penhora será feita ao advogado do executado ou à sociedade
de advogados a que aquele pertença e não havendo advogado constituído nos autos, o executado
será intimado pessoalmente, de preferência por via postal.
.
Art. 884 - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá o executado 5
(cinco) dias para apresentar embargos, cabendo igual prazo ao exequente
para impugnação.
§ 1º - A matéria de defesa será restrita às alegações de cumprimento da
decisão ou do acordo, quitação ou prescrição da dívida.
§ 2º - Se na defesa tiverem sido arroladas testemunhas, poderá o Juiz ou o
Presidente do Tribunal, caso julgue necessários seus depoimentos, marcar
audiência para a produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de 5
(cinco) dias.
§ 3º - Somente nos embargos à penhora poderá o executado impugnar a
sentença de liquidação, cabendo ao exequente igual direito e no mesmo
prazo.
§ 4º Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e as impugnações à
liquidação apresentadas pelos credores trabalhista e previdenciário.
§ 5º Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo
declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal ou em
aplicação ou interpretação tidas por incompatíveis com a Constituição
Federal.
§ 6º A exigência da garantia ou penhora não se aplica às entidades
filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou compuseram a diretoria
dessas instituições.
O Juiz julgará tudo em sentença única (§ 4º do art. 884) e tal sentença poderá ser recorrida
mediante agravo de petição.
Insta rememorar, a priori, que o termo “Fazenda Pública” abrange todas as pessoas jurídicas
de direito público, como a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os Territórios (se
houver), bem como as suas respectivas autarquias e fundações públicas.
Com efeito, dispõe o art. 535 do CPC que a Fazenda Pública será intimada na pessoa de
seu representante judicial, por carga, remessa ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30
dias e nos próprios autos, impugnar a execução.
.
Tratando-se, porém de execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será
citada para opor embargos em 30 dias. É o que prevê expressamente o art. 910 do CPC.
Nos embargos à execução fundada em título extrajudicial o ente público embargante poderá
alegar, nos termos dos §§ 2º e 3º do art. 910 do CPC, qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir
como defesa no processo de conhecimento. Ademais, a Fazenda Pública/executada poderá
também alegar impedimento ou suspeição do órgão julgador, devendo, para tanto, observar o
disposto nos arts. 146 e 148 do CPC.
Finda a instrução, ou inexistindo necessidade desta, o Juiz proferirá a decisão. Caso seja
esta desfavorável, no todo ou em parte, à Fazenda Pública, não há falar-se em remessa necessária,
já que esta condição de eficácia da sentença tem cabimento, apenas, no processo de
conhecimento.
O precatório será pago em conformidade com a ordem cronológica prevista nas Súmulas
655 do STF e 144 do STJ:
.
6. EXECUÇÃO CONTRA A MASSA FALIDA OU EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Vale dizer, o trabalhador poderá diretamente, isto é, perante o administrador judicial, postular
a habilitação, exclusão ou modificação dos seus créditos trabalhistas ou, caso tenha optado por
ajuizar ação trabalhista, esta tramitará na Justiça Especializada até a apuração do respectivo
crédito. Após a apuração do quantum debeatur, será expedida certidão em favor do credor e seu
crédito trabalhista será habilitado perante o quadro geral de credores no Juízo Falimentar.
Além disso, o Juiz do trabalho poderá determinar a reserva da importância que estimar
devida na recuperação judicial ou na falência e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito
incluído na classe própria.
O art. 151 da Lei de Falências prescreve, ainda, que os créditos trabalhistas de natureza
estritamente salarial vencidos nos 3 meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5
salários mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.
Vale mencionar que, de acordo com o art. 83 da Lei 11.101/05, o crédito trabalhista é
preferencial até 150 salários mínimos. Ultrapassado o referido valor, o restante do crédito
permanecerá habilitado, mas como crédito quirografário:
Por fim, destaca-se que o art. 60, parágrafo único e o art. 141, II, ambos da Lei 11.101/05,
definem que não há sucessão trabalhista entre o falido e o adquirente do falido, com base nos
seguintes termos:
.
Como o tema foi cobrado em concurso?
(TRT-16 - Técnico Judiciário - FGV - 2022): Em determinada reclamação
trabalhista que tramita perante a 30ª Vara do Trabalho de Barreirinhas/MA,
foi homologada a quantia de R$ 10.000,00 devida ao exequente a título de
dano moral, pois a sentença foi proferida de forma líquida e ambas as partes
concordaram com o valor. Ocorre que, no dia seguinte, a sociedade
empresária teve a falência decretada. Diante dos fatos narrados e da norma
de regência, sobre o destino da execução, é correto afirmar que deverá ser
expedida certidão de crédito ao reclamante pelo valor homologado para
habilitação junto à massa falida. Correto.