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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região

Recurso Ordinário Trabalhista


1000253-29.2020.5.02.0441
PARA ACESSAR O SUMÁRIO, CLIQUE AQUI

Relator: ADRIANA MARIA BATTISTELLI VARELLIS

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 10/01/2022


Valor da causa: R$ 220.378,32

Partes:
RECORRENTE: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
ADVOGADO: BRENO GREGORIO LIMA
ADVOGADO: ALESSANDRO PINHEIRO RODRIGUES
RECORRENTE: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA
ADVOGADO: FELIPE SCHMIDT ZALAF
RECORRIDO: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
ADVOGADO: BRENO GREGORIO LIMA
ADVOGADO: ALESSANDRO PINHEIRO RODRIGUES
RECORRIDO: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA
ADVOGADO: FELIPE SCHMIDT ZALAF
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
Fls.: 2

PODER JUDICIÁRIO ||| JUSTIÇA DO TRABALHO


TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
1ª Vara do Trabalho de Santos ||| ATOrd 1000253-29.2020.5.02.0441
RECLAMANTE: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
RECLAMADO: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA

CONCLUSÃO

Nesta data, faço o feito concluso ao(a) MM(a) Juiz(a) da 1ª Vara do Trabalho de Santos/SP,
tendo em vista o pedido de tutela antecipada formulado na petição inicial.

SANTOS/SP, 02 de abril de 2020.

ANA CECILIA DE OLIVEIRA

Vistos etc.

Trata-se de pedido de tutela antecipada de urgência por meio do qual se pleiteia a nulidade da
dispensa havida em 02.03.2020 e, por conseguinte, a reintegração do reclamante ao emprego,
bem como, que o autor seja encaminhado à autarquia previdenciária com respectiva abertura de
CAT ou readaptação de sua função.

Analisando os argumentos dispensados pelo reclamante e os documentos anexados à demanda


com a peça inicial, não vislumbro a probabilidade do direito. E isso porque, em análise de
cognição sumária, tais documentos não são suficientes para comprovar de forma contundente as
alegações do autor que exige para tal cognição exauriente acerca do tema.

Portanto, ante o exposto, julgo conveniente a instrução do processo, assegurando ao reclamado


o contraditório e a ampla defesa, garantidos pela Constituição Federal, para, então, se firmar o
convencimento quanto a matéria.

Ante o exposto, indefiro o pedido de tutela de urgência, em razão da ausência de probabilidade


do direito, nos termos do art. 300 do atual Código de Processo Civil.

Intime-se o autor para ciência da presente decisão.

Cite-se a reclamada.

SANTOS/SP, 02 de abril de 2020.

PEDRO ETIENNE ARREGUY CONRADO


Juiz(a) do Trabalho Titular

Assinado eletronicamente por: PEDRO ETIENNE ARREGUY CONRADO - Juntado em: 02/04/2020 18:20:02 - 2fef48a
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/20040212202586500000173313809?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 20040212202586500000173313809
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
1ª Vara do Trabalho de Santos
ATOrd 1000253-29.2020.5.02.0441
RECLAMANTE: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
RECLAMADO: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA

CONCLUSÃO

Nesta data, faço o feito concluso ao(a) MM(a) Juiz(a) da 1ª Vara do Trabalho de Santos/SP.

SANTOS/SP, data abaixo.

ANA CECILIA DE OLIVEIRA

DESPACHO

1. DA AUDIÊNCIA UNA E ORIENTAÇÕES DE ACESSO:

Designo audiência UNA telepresencial para o dia 28.07.2020, às 08h15min.

Será atribuído à audiência telepresencial o mesmo valor jurídico conferido às audiências


presenciais.

Os advogados e as partes deverão acessar o link https://cnj.webex.com/meet/... (ex: htt


ps://cnj.webex.com/meet/cejuscdyule) da sala de audiência telepresencial, utilizando-se
de notebook ou computador que tenha webcam, de preferência com fone de ouvido
que possua microfone para evitar ruídos externos. Não havendo, utilizar celular
smartphone com acesso à internet, de preferência com acesso a Wifi.

Para viabilizar a realização da audiência telepresencial, os patronos serão cientificados


do link de participação mediante publicação no DOE e deverão informar partes e
testemunhas do referido link.

Caso a parte/testemunha não possua conta de e-mail, ainda assim é possível o acesso ao
sistema de videoconferência, por meio de acesso ao link da reunião ou do número da
reunião, inexistindo, portanto, óbice à realização da audiência por videoconferência. Para
quem não possui conta de e-mail, poderá ingressar no link da sala de audiências
informando o nome completo e o e-mail cnj@cnj.jus.br

Eventuais problemas técnicos durante a audiência de instrução serão resolvidos de


imediato pelo magistrado, inclusive com migração para outro sistema, se for o caso. O
mesmo se aplicando para caso de ausência da parte e/ou de testemunha.

É possível que ao ingressar na sala de audiências apareça uma mensagem


solicitando que aguarde autorização do organizador (que é o magistrado ou
conciliador) para ingresso na audiência. Nesse caso, clique no botão verde “entrar
na reunião” e fique na sala de espera virtual, aguardando a autorização para
ingresso na sala de audiências.

Caso partes e/ou testemunhas tenham dificuldades no acesso ao link da sala de


audiências, poderá acionar nossos canais de atendimento enviando mensagem para: email
(vtsan01@trtsp.jus.br) ou telefonando para o número: (13) 2102-1242, nos dias úteis,
das 11h30min às 18h00, informando seus dados pessoais, número do processo e telefone.

As partes e testemunhas deverão fazer o acesso ao link para ingresso na sala de


audiência de suas residências, NÃO se deslocando aos escritórios de advocacia e
/ou ao fórum trabalhista, evitando, assim, a saída do isolamento e aglomerações.

Assinado eletronicamente por: GABRIEL GORI ABRANCHES - Juntado em: 20/07/2020 17:06:20 - cefc520
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Ressalto que, havendo impossibilidade de ordem prática ou técnica pelas partes ou


testemunhas para a realização da audiência (tais como ausência de equipamento -
computador ou celular- ou equipamento sem acesso à internet), esta deverá ser apontada
por quaisquer dos envolvidos no ato, por petição ou através do e-mail: vtsan01@trtsp.jus.
br (fazendo constar os dados pessoais, o telefone pessoal, o horário e data da audiência)
e será analisada e apreciada pelo magistrado na própria audiência de instrução.

2. DO COMPARECIMENTO DAS TESTEMUNHAS E ADIAMENTOS:

Informo que as partes poderão fazer o convite as suas testemunhas, indicando a elas a
data, hora, e link de acesso à sala de audiência. Caso a testemunha não tenha e-mail,
poderá informar, além dos dados pessoais da testemunha, um telefone, para contato por
mensagem de whatsApp. A petição deverá conter o título “Informações para audiência”.

Na ausência da testemunha (convidada ou intimada pelo juízo), esta será intimada no


curso da própria audiência, pelo juízo, pelo e-mail e/ou mensagem de whatsApp à
testemunha ausente.

3. Informações sobre a audiência:

Link da reunião:

https://cnj.webex.com/cnj-pt/j.php?MTID=md2fc10cc036fda03e375752e6fb13ba9

Número da reunião: 129 206 1863

Senha: 1000253

SANTOS/SP, 20 de julho de 2020.

GABRIEL GORI ABRANCHES


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)

Assinado eletronicamente por: GABRIEL GORI ABRANCHES - Juntado em: 20/07/2020 17:06:20 - cefc520
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/20072010552163400000183380318?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 20072010552163400000183380318
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1ª VARA DO TRABALHO DE SANTOS

TERMO DE AUDIÊNCIA RELATIVO AO PROCESSO 1000253-29.2020.5.02.0441

Em 28 de julho de 2020, na sala de sessões da 1ª VARA DO TRABALHO DE


SANTOS/SP, sob a direção do Exmo(a). Juiz GABRIEL GORI ABRANCHES, realizou-se
audiência relativa a Ação Trabalhista - Rito Ordinário número 1000253-29.2020.5.02.0441
ajuizada por FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR em face de CITROSUCO S/A
AGROINDUSTRIA.

Às 08h15min, aberta a audiência, foram, de ordem do Exmo(a). Juiz do Trabalho,


apregoadas as partes.

Presente o reclamante, acompanhado do(a) advogado(a), Dr(a). ALESSANDRO


PINHEIRO RODRIGUES, OAB nº 255573/SP.

Presente o preposto do reclamado, Sr(a). ANGELA RIBEIRO, acompanhado(a) do


(a) advogado(a), Dr(a). LORESLEY DESIREE DE LIMA VIEIRA, OAB nº 333069/SP.

Defiro o prazo de 5 dias para que as partes juntem aos presentes autos eventuais
documentos faltantes para a regularização da representação processual.

INCONCILIADOS

Deferida a juntada da defesa da(s) reclamada(s) com documento(s).

Réplica no prazo de 10 dias.

A reclamada informa que em virtude da pandemia está funcionando com o


quadro reduzido e, assim, requer a suspensão da perícia técnica quando do retorno
integral das atividades. O reclamante não se opõe. Defiro.

Para apuração da alegada insalubridade e periculosidade, nomeia-se o Sr.


MARCOS ALEXANDRE CHIARINI , e-mail: marcos.perito12@gmail.com , telefones: (013)
3273-8761 / (013) 99782-2240, que terá o prazo de até 30 dias após a realização da
vistoria para entrega do laudo pericial.

A pedido do(a) autor(a), determina-se a realização de perícia médica para constatação


da enfermidade, nexo causal e incapacidade ou redução da capacidade laboral para exercício
da mesma função, estabelecendo eventual percentual da redução da capacidade de trabalho.
Para o trabalho, nomeia-se o Dr. TACIO ANDRÉ DA SILVA CARVALHO, E-mail:
tacio_carvalho@yahoo.com.br - Telefone: (11) 98110-6337, que terá o prazo de 30 dias
para entrega de laudo após apresentação dos quesitos.

A própria parte deverá fornecer ao perito médico exames ou relatórios médicos obtidos
em atendimento particular.

Assinado eletronicamente por: GABRIEL GORI ABRANCHES - Juntado em: 28/07/2020 08:59:20 - b23f4fa
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Concede-se às partes o prazo comum de 10 dias para apresentação de quesitos e


indicação de assistentes para ambas as pericias, sendo que no último caso o assistente
deverá entrar em contato diretamente com o perito do Juízo , devendo a parte informar a
qualificação técnica do assistente indicado. Na mesma oportunidade, as partes e seus
procuradores deverão informar telefones e endereços eletrônicos (e-mail),
possibilitando a comunicação com os peritos.

As partes, querendo, poderão entrar em contato diretamente com os peritos,


independentemente de intimação.

Todavia, o Ato Conjunto CSJT, GP, CVP, CGJT nº 6 de 05 de maio de 2020 veda a
pratica de atividades presenciais na Justiça do Trabalho. a Resolução nº 322 de 1º de junho de
2020 do Conselho Nacional de Justiça estabeleceu medidas para retomada dos serviços
presenciais pelos órgãos do poder Judiciário. De acordo com o art. 4º, IV da Resolução
mencionada, na primeira etapa de retomada das atividades presenciais ficarão autorizadas,
dentre outros, os seguintes atos processuais "perícias, entrevistas e avaliações, observadas as
normas de distanciamento social e de redução de concentração de pessoas e adotadas as
cautelas sanitárias indicadas pelos órgãos competentes". Ocorre, porém, que no Tribunal
Regional do Trabalho da 2ª Região o retorno das atividades presenciais ainda não foi
regulamentado e autorizado.

Dessa forma, determino a suspensão da prática de atos periciais presenciais nestes


autos inclusive entrevistas, avaliações e inspeções presenciais agendadas, até que seja
editada regulamentação autorizativa no âmbito da Justiça do Trabalho e/ou deste Tribunal
Regional.

Com a retomada das atividades presenciais, FICA DESDE JÁ AUTORIZADA A


ENTRADA DO Sr. PERITO NOS LOCAIS INDICADOS em quesitos, bem como o
acompanhamento das diligências pelo(a) autor(a) e seu patrono. Concluído o laudo, dê-se
vista as partes para manifestação.

Para que a análise do feito não permaneça Sine Die, designo audiência de instrução
para 19.10.2020, às 16h50min, da qual as partes e procuradores estão dispensados de
comparecimento.

A presente audiência foi realizada por meio de videoconferência, através do sistema


Cisco Webex.

Cientes os presentes.

Cientifique-se o perito.

Nada mais.

Término de audiência 08h31min.

GABRIEL GORI ABRANCHES

Juiz do Trabalho

Assinado eletronicamente por: GABRIEL GORI ABRANCHES - Juntado em: 28/07/2020 08:59:20 - b23f4fa
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Assinado eletronicamente por: GABRIEL GORI ABRANCHES - Juntado em: 28/07/2020 08:59:20 - b23f4fa
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/20072808405317600000184227337?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 20072808405317600000184227337
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
1ª Vara do Trabalho de Santos
ATOrd 1000253-29.2020.5.02.0441
RECLAMANTE: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
RECLAMADO: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA

CONCLUSÃO

Nesta data, faço o feito concluso ao(a) MM(a) Juiz(a) da 1ª Vara do Trabalho de Santos/SP.

SANTOS/SP, data abaixo.

ANA CECILIA DE OLIVEIRA

DESPACHO

Vistos

Aguarde-se a apresentação do laudo pericial.

Diante do retorno gradual das atividades presenciais, conforme RESOLUÇÃO GP/CR Nº 03


/2020, e a necessidade de manter o fluxo processual até que as atividades forenses voltem
totalmente ao normal, venham os autos conclusos para deliberações no dia 26.11.2020, dis
pensado o comparecimento das partes.

SANTOS/SP, 23 de outubro de 2020.

RENATA SIMOES LOUREIRO FERREIRA


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)

Assinado eletronicamente por: RENATA SIMOES LOUREIRO FERREIRA - Juntado em: 23/10/2020 13:54:34 - ada13ce
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/20102219384342500000193698924?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 20102219384342500000193698924
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO
1ª Vara do Trabalho de Santos
ATOrd 1000253-29.2020.5.02.0441
RECLAMANTE: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
RECLAMADO: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA

CONCLUSÃO

Nesta data, faço o feito concluso ao(a) MM(a) Juiz(a) da 1ª Vara do Trabalho de Santos/SP.

SANTOS/SP, data abaixo.

ANA CECILIA DE OLIVEIRA

DESPACHO

Vistos

Intime-se o Sr. Perito Médico para apresentação do laudo, uma vez que a data designada
para perícia foi 22/10/2020.

Diante do retorno gradual das atividades presenciais, conforme RESOLUÇÃO GP/CR Nº 03


/2020, a necessidade de manter o fluxo processual até que as atividades forenses voltem
totalmente ao normal sem que sejam feitas reiteradas intimações para comparecimento em
audiência, para melhor planejamento da pauta venham os autos conclusos no dia
05.02.2021, dispensado o comparecimento das partes.

Intimem-se.

SANTOS/SP, 10 de dezembro de 2020.

RENATA SIMOES LOUREIRO FERREIRA


Juiz(a) do Trabalho Titular

Assinado eletronicamente por: RENATA SIMOES LOUREIRO FERREIRA - Juntado em: 10/12/2020 18:16:58 - 88b1406
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/20121016421770500000199050197?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 20121016421770500000199050197
Fls.: 10

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO
1ª VARA DO TRABALHO DE SANTOS
ATOrd 1000253-29.2020.5.02.0441
RECLAMANTE: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
RECLAMADO: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA

CONCLUSÃO

Nesta data, faço os presentes autos conclusos à


MM. Juíza do Trabalho. Em 29/03/21.

Ana Paula Sacalão

Vistos.

Defesa, réplica, laudo pericial e esclarecimentos


já apresentados nos autos.

Tendo em vista que o Sr. Perito já apresentou


esclarecimentos, por ora, desnecessária nova manifestação.

Considerando o disposto na Portaria GP Nº 11/2021


– 04/03/21, que suspende o expediente presencial e o atendimento
presencial ao público nos Fóruns e Prédios que compõem o Tribunal
Regional do Trabalho da 2ª Região e considerando ainda a
necessidade de manter o fluxo processual até que as atividades
forenses voltem totalmente ao normal, notadamente no caso em que há
manifestação expressa contrária à instrução na modalidade virtual,

Assinado eletronicamente por: RENATA SIMOES LOUREIRO FERREIRA - Juntado em: 30/03/2021 19:24:00 - 2a4b896
Fls.: 11

para melhor planejamento da pauta, venham os autos conclusos no dia


21/05/2021 às 8:07 horas dispensado o comparecimento das partes.

Intimem-se.

SANTOS/SP, 30 de março de 2021.

RENATA SIMOES LOUREIRO FERREIRA


Juiz(a) do Trabalho Titular

Assinado eletronicamente por: RENATA SIMOES LOUREIRO FERREIRA - Juntado em: 30/03/2021 19:24:00 - 2a4b896
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/21032912214989500000209195772?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 21032912214989500000209195772
Fls.: 12

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO
1ª VARA DO TRABALHO DE SANTOS
ATOrd 1000253-29.2020.5.02.0441
RECLAMANTE: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
RECLAMADO: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA

Vistos, etc.

Designa-se audiência de instrução para o dia 16/09/2021, às 09h00,


quando as partes deverão comparecer na forma do art. 844 da CLT. As
partes deverão intimar suas testemunhas nos termos do art. 455 do
CPC, salvo se precisarem ser ouvidas mediante expedição de carta
precatória, sob pena de serem ouvidas apenas as que comparecerem
independentemente de intimação.

Intimem-se.

SANTOS/SP, 02 de junho de 2021.

ADRIANA CRISTINA BACCARIN


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 02/06/2021 16:19:42 - 5dfc585
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/21060116462483300000216834439?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 21060116462483300000216834439
Fls.: 13

1ª VARA DO TRABALHO DE SANTOS

TERMO DE AUDIÊNCIA RELATIVO AO PROCESSO 1000253-29.2020.5.02.0441

Em 16 de setembro de 2021, na sala de sessões da 1ª VARA DO TRABALHO


DE SANTOS/SP, sob a direção da Exmo(a). Juíza ADRIANA CRISTINA BACCARIN,
realizou-se audiência relativa a Ação Trabalhista - Rito Ordinário número 1000253-
29.2020.5.02.0441 ajuizada por FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR em face de
CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA.

Às 09h170, aberta a audiência, foram, de ordem da Exmo(a). Juíza do


Trabalho, apregoadas as partes.

Presente o reclamante, acompanhado do(a) advogado(a), Dr(a). RAFAEL


SIMOES DA SILVA, OAB nº 424686/SP.

Presente o preposto do reclamado, Sr(a). MARCOS CESAR DOS SANTOS,


acompanhado(a) do(a) advogado(a), Dr(a). CAMILA SYMANOWICZ FERNANDES, OAB
nº 391889/SP.

Defiro o prazo de 5 dias para que as partes juntem aos presentes autos
eventuais documentos faltantes para a regularização da representação processual.

INCONCILIADOS

Requer o patrono do reclamante a realização de nova perícia medica,


tendo em vista que não realizada por médico psiquiatra, mas clínico geral. Indefiro,
uma vez que não há obrigatoriedade da perícia ser realizada por médico especialista,
estando o clínico geral apto à avaliação. Protestos.

DEPOIMENTO DO AUTOR: que registrava o ponto biométrico diariamente


com a emissão de recibo; que tinha celular da empresa; que ficava com o celular
ligado 24h; que não poderia se ausentar da localidade em folgas e após o horario do
expediente, uma vez que quando ligavam precisava acessar remotamente ou

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 16/09/2021 10:58:03 - 85a2266
Fls.: 14

comparecer até a empresa; que caso não pudesse acessar remotamente ou não
comparecer, ligavam para outro funcionário, mas normalmente ele não atendia; que
exercia o cargo de auxiliar técnico de automação; que depois das 18h não havia
outro no mesmo cargo trabalhando; que havia mais um na mesma função do
depoente; que quando era acionado e comparecia na reclamada para trabalhar,
registrava o ponto; que entrou na reclamada como eletricista e depois passou para
auxiliar técnico de automação em 2016, não se recordando o mês; que em outubro
de 2019 passou a exercer o cargo de planejador de manutenção; que nunca sofreu
nenhum acidente de trabalho durante o contrato; que sofreu acidente pessoal em 08
/04/2017, quando se acidentou de moto fraturando o quadril e femur; que quando
foram entregues celular e notebook era para o desempenho da atividade de auxiliar
técnico de automação; que se não atendesse o celular lhe foi dito que haveria
punição e quem disse isso foi o senhor Neywton Toffoli; que após o acidente pessoal
teve a promoção em outubro de 2019 apenas; que foi indicação da senhor Angela
com o gerente para assumir o novo cargo e afasta-lo do antigo gestor, Neyton; que
quando passou a planejador de manutenção, deixou de receber adicional de
periculosidade. Nada mais.

DEPOIMENTO DA RECLAMADA: que o autor era eletricista e depois passou


a auxiliar ou assistente de automação, sendo que no final mudou para a função de
planejador,nao se recordando ao certo quando isso ocorreu mas foi nos últimos
meses de contrato; que não sabe por qual motivo o reclamante mudou de função;
que o reclamante tinha celular e notebook da empresa; que o reclamante enquanto
trabalhou na área de automação poderia ser acionado em folgas e fora do
expediente; que se o reclamante não atendesse, não havia qualquer penalidade, e
então ligavam para o outro funcionário; que o reclamante quando acionado poderia
atender de forma remota ou, dependendo do problema, tinha que comparecer na
empresa; que não havia orientação por parte do depoente para que o reclamante
permanecesse proximo ao local de trabalho para atendimento; que o período de
intervalo era corretamente registrado; que se fizesse menos de uma hora, esta
devidamente registrado o horário efetivamente usufruído; que não sabe dizer se
quando o reclamante passou para planejador de manutenção, efetivamente houve
alteração de atividade; que não se recorda de nenhum tipo de humilhação em grupo
de whatsapp; que integrava o grupo de whatsapp da empresa; que reconhece que as
mensagens de folhas 110 são do grupo de whatsapp; que sabe que o reclamante
teve o afastamento do acidente e por psicologo, mas não sabe dizer ao certo se por
depressão; que não sabe o motivo da dispensa; que mesmo quando passou a
planejador, o reclamante manteve celular e notebook; que não pode precisar
quantas vezes o reclamante teve que se deslocar até a reclamada para atendimento,
mas poderia ser uma vez na semana, e algumas semanas não precisava ter o
deslocamento; que quando ia até a empresa para atendimento, registrava o ponto;
que ao que se recorda o reclamante nunca se recusou a realizar os atendimentos;
que caso o reclamante não atendesse, contactavam o técnico Leandro. Nada mais.

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 16/09/2021 10:58:03 - 85a2266
Fls.: 15

INTERROGATÓRIO DA TESTEMUNHA DO AUTOR: GILSON LEITE DOS Santos,


CPF 130504298-01, administrador. ADVERTIDO E COMPROMISSADO, respondeu que:
trabalhou na reclamada de 2004 a fevereiro de 2020; que era analista de custos; que
trabalhava juntamente com o autor, na mesma sala; que o reclamante era da área de
automação; que de 2012 quando o reclamante iniciou no setor até a saída,
trabalharam juntos; que proximo da saída do reclamante, o reclamante foi
transferido para outro setor para ser programador, mas não pratica continuou
fazendo as mesmas funções de antes; que sabe disso porque andava pela área e via
o autor mexendo em cabine elétrica e fazendo as programações que eram as
mesmas atividades que desempenhava antes; que o reclamante ficou um período
afastado quando sofreu um acidente e tambem por problemas psicologicos devido
ao dia a dia da empresa; que havia muita pressão no trabalho por parte da chefia
imediata na pessoa de senhor Neyton Gustavo; que presenciou algumas situações:
que o autor era chamado de cavalo manco, cavalo cansado, gago, dizia que estava
desmotivado na frente de outros funcionários; que tambem presenciou quando o
gestor chamou o reclamante para uma conversa na sala de reuniões ao lado e do
lado de fora o depoente ouvia gritos e tapas na mesa com ameaças de dispensa; que
usufruía intervalo para refeição junto com o reclamante mas normalmente era
acionado para o retorno antes do tempo e havia orientação para que registrasse o
ponto apenas quando decorrido uma hora e 12 minutos de intervalo e não quando
retornou ao trabalho; que isso acontecia 3 ou 4 vezes na semana; que nessas
ocasiões fazia 30 minutos de intervalo na pratica; que não tem conhecimento de
qualquer reclamação de condutas do reclamante; que o reclamante era acionado
fora do expediente, sabendo disso porque no dia seguinte o reclamante não
comparecia ao trabalho pois teria sido acionado fora do expediente e estaria
compensando; que havia punição se não atendesse o celular, sendo que era o
senhor Neyton quem ameaçava de dispensa, mas nunca presenciou isso ocorrer;
que não tinha outra pessoa na mesma função do reclamante para ser acionado; que
as atitudes do senhor Neyton eram iguais com todos os subordinados; que não sabe
o motivo da dispensa do reclamante, tendo em vista que o reclamante foi
dispensado depois do depoente; que após o acidente o reclamante teve uma
alteração de cargo. Nada mais.

INTERROGATÓRIO DA TESTEMUNHA DA RECLAMADA: LEONARDO DE PINA


PEREIRA, CPF 026288087-30, engenheiro químico. ADVERTIDO E COMPROMISSADO,
respondeu que: trabalha na reclamada desde abril de 2019 como coordenador de
operações; que trabalhou juntamente com o reclamante, tendo sido seu superior;
que trabalhou com o autor de dezembro de 2019 até o final do contrato; que o
reclamante era planejador de manutenção da área; que o reclamante fazia controle
de planejamento da manutenção, gestão de informações, e suportava a gestão da
rotina da manutenção da área; que antes o reclamante era auxiliar de automação;
que houve alteração de atividades quando o reclamante mudou de função; que o
reclamante foi dispensado por baixa performance na função em que ocupava na
ocasião; que o reclamante foi dispensado em março ou abril de 2020; que ainda que
o reclamante tenha ficado um curto período na função, foi suficiente para constatar
a baixa performance que levou a dispensa; que nessa função o reclamante não era

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 16/09/2021 10:58:03 - 85a2266
Fls.: 16

acionado após o expediente; que trabalhava com o senhor Neyton e não presenciou
nenhuma situação envolvendo o reclamante; que nessa última função o reclamante
fazia atividades administrativas; que não acompanhava o intervalo e nem usufruía o
intervalo junto com o reclamante; que nessa função o reclamante não era acionado
durante o intervalo; que o reclamante registrava o intervalo efetivamente usufruído,
ainda que fosse período menor que o contratual; que nunca presenciou nenhuma
humilhação em face do reclamante; que suportar a gestão de rotina da área consistia
em desenvolver planilhas com indicadores de performance de manutenção,
produtividade e informações de rotina, status de planejamento; que nessa função
não fazia manutenção de instalações eletricas; que não se recorda se o reclamante
permaneceu com celular e notebook nesse período que trabalharam juntos. Nada
mais.

Sem outras provas a produzir, fica encerrada a instrução processual.

Razões finais até o dia 20/09/2021

Conciliação final rejeitada.

Designa-se audiência de JULGAMENTO para o dia 01/10/2021.

As partes serão intimadas da sentença pelo DOE, podendo ser antecipada a


data de publicação do julgamento.

Cientes os presentes. Nada mais.

Audiência encerrada às 10h02.

ADRIANA CRISTINA BACCARIN

Juíza do Trabalho

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 16/09/2021 10:58:03 - 85a2266
Fls.: 17

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 16/09/2021 10:58:03 - 85a2266
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/21091610100908100000229299676?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 21091610100908100000229299676
Fls.: 18

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO
1ª VARA DO TRABALHO DE SANTOS
ATOrd 1000253-29.2020.5.02.0441
RECLAMANTE: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
RECLAMADO: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA

1ª Vara do Trabalho de Santos - SP

ATA DE JULGAMENTO

Processo nº 1000253-29.2020.5.02.0441

Ao 1º dia do mês de outubro de 2021, na sala de audiências


desta Vara, ausentes os litigantes:  FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR, reclamante, e 
CITROSUCO S.A. AGROINDÚSTRIA,  reclamada, pela Juíza do Trabalho Substituta
ADRIANA CRISTINA BACCARIN foi proferida a seguinte:

S E N T E N Ç A 

FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR, qualificado nos autos,


ajuizou reclamação trabalhista em face de  CITROSUCO S.A. AGROINDÚSTRIA,
postulando, com fundamentos de fato e de direito, o que consta na Petição Inicial.
Juntou documentos.               

A reclamada, regularmente citada, compareceu à audiência,


conforme ata respectiva, ocasião em que a defesa e documentos previamente
protocolados no sistema foram recebidos.   

Provas produzidas. 

Propostas conciliatórias infrutíferas.

Razões finais oportunizadas.

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 19

Encerrada a instrução processual.

É o relatório.

                                                                   

D E C I D O:

DA APLICAÇÃO DO ARTIGO 400 CPC/2015 

A título de esclarecimento, registro que a penalidade do art. 400


do CPC/2015 só terá sua incidência se descumprida a ordem judicial de juntada de
documentos, e jamais, por requerimento da parte. 

Eventual ausência de documento importante ao feito será


matéria apreciada em cada tópico respectivo neste decisum,  não gerando, por si só, os
efeitos pretendidos pelas partes.

DA IMPUGNAÇÃO AOS DOCUMENTOS

A impugnação da ré é genérica, não demonstrando qualquer


vício na documentação juntada. Não há qualquer ofensa à regra do artigo 830 da CLT. 

Rejeito.

DA PRESCRIÇÃO

Com fulcro no art. 7º, XXIX, da CF, pronuncio a prescrição


quinquenal das pretensões trabalhistas cuja exigibilidade se deu em data anterior a 01
/04/2015, extinguindo os pedidos a ela relativos com resolução do mérito, nos termos
art. 487, II, do Código de Processo Civil combinado com o art. 769 da CLT, observando-
se a súmula 362 para o FGTS e, quanto às férias, a regra específica do art. 149 da CLT.

DA DOENÇA OCUPACIONAL. DA REINTEGRAÇÃO. DOS DANOS


MORAIS E MATERIAIS. DO RESTABELECIMENTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA.

Aduz o autor que adquiriu doença ocupacional em decorrência


das atividades que desempenhava na reclamada.

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 20

Diante das alegações do autor, no sentido de que está


acometido de doença incapacitante, o juízo determinou a realização de perícia médica,
consubstanciada no laudo de fls. 1.423/1.471 e esclarecimentos de fls. 1.487/1.503.

A conclusão do perito médico foi que: “Em relação às atividades


no reclamado:  1) Não caracterizada incapacidade para as atividades cotidiano
habituais,  nem limitação funcional - física que denote redução do  potencial
laborativo.  2) Perda da capacidade laborativa/sequelas quantificadas em zero  por
cento.  3) Não foi estabelecido o nexo causal nem concausal com as  atividades no
reclamado.  4) Quadro apresentado não caracteriza doença grave nos termos
da legislação em vigor”.

Não vislumbro elementos aptos a afastar a conclusão do perito,


de modo que acolho o laudo pericial médico apresentado, reconhecendo a ausência de
nexo causal ou concausal com as atividades desenvolvidas na reclamada, bem como a
ausência de incapacidade laborativa.

Nesse contexto, não há falar em doença do trabalho


/ocupacional, sendo improcedentes os pedidos de reintegração ou pagamento de
indenização substitutiva, pagamento de indenização por danos morais e materiais, e
restabelecimento de assistência médica.

DA NULIDADE DA RESCISÃO CONTRATUAL. DA DISPENSA


DISCRIMINATÓRIA. DA CONDIÇÃO DE NECESSIDADES ESPECIAIS. DOS DANOS MORAIS.

O reclamante alega que é portador de necessidades especiais,


não podendo ser dispensado antes da contratação de outra pessoa nas mesmas
condições. Aduz, ainda, que foi dispensado de forma discriminatória, pois ao adquirir a
limitação física  passou a ser perseguido  por seu supervisor  Neywtton Gustavo Souza
Tofoli. Diante dos fatos narrados, postula a declaração de nulidade de sua dispensa, a
reintegração no emprego, bem como indenização por danos morais decorrente de
dispensa discriminatória e por assédio moral.

Em defesa, a reclamada nega que o Sr. Neywtton Gustavo Souza


Tofoli tenha perseguido o autor e que o obreiro estivesse enquadrado como PCD.

No caso, não há prova nos autos de que o autor se enquadrasse


como deficiente físico, ônus que lhe incumbia, não havendo violação da norma contida
no art. 93, §1° da Lei n° 8.213/91.

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 21

Ademais, a Súmula nº 443, do C. TST estabelece que se presume


discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença
grave que suscite estigma ou preconceito, restando inválido o ato, com direito à
reintegração do empregado ao serviço. De forma que há presunção em favor do
empregado quando este for portador do vírus HIV ou de outra doença grave que
suscite estigma ou preconceito, no entanto, não restou configurado nos autos que o
reclamante é portador de doença grave capaz de suscitar estigma ou preconceito, para
se presumir a despedida discriminatória.

O reclamante não logrou êxito em demonstrar que a sua


dispensa ocorreu em decorrência de discriminação por parte da empresa, ônus que lhe
incumbia.

Ao depor, o reclamante admitiu que: “após o acidente pessoal


teve a promoção em outubro de 2019 apenas; que foi indicação da senhora Ângela
com o gerente para assumir o novo cargo e afasta-lo do antigo gestor, Neyton”.

Portanto, no momento da dispensa, o Sr. Neywtton sequer era o


superior hierárquico do reclamante.

Além disso, a testemunha ouvida a rogo da reclamada, superior


hierárquico do autor de dezembro de 2019 até a rescisão contratual, declarou que: “
o  reclamante foi dispensado por baixa performance na função em que ocupava
na  ocasião; que o reclamante foi dispensado em março ou abril de 2020; que ainda
que  o reclamante tenha ficado um curto período na função, foi suficiente para
constatar a baixa performance que levou a dispensa”.

Posto isso, julgo improcedentes os pedidos de nulidade da


dispensa e reintegração no emprego.

Por outro lado, diante do depoimento da testemunha trazida


pelo reclamante, ficou evidente que o obreiro foi assediado pelo Sr. Neywtton
enquanto laborou como subordinado a ele.

Para que haja a caracterização do assédio moral, no âmbito do


Direito do Trabalho, faz-se necessária a verificação de abuso de direito por parte do
empregador sobre o empregado, abuso este que se exterioriza por meio de atitudes
tendentes a denegrir a imagem do trabalhador, humilhá-lo ou submetê-lo a condutas
discriminatórias por meio do uso exagerado do poder disciplinar que lhe é conferido. 

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 22

É dizer, constitui-se em assédio moral qualquer conduta abusiva


(gesto, palavra, comportamento, atitude, etc.) que atente, por sua repetição ou
sistematização, contra a dignidade de uma pessoa. Melhor dizendo, o assédio moral
trata de situações discriminatórias, incômodas, repetitivas, sutis.

No caso, no entendimento do juízo, restou demonstrado que o


autor era humilhado com as atitudes do Sr. Neywtton, que segundo a testemunha
trazida pelo autor: “presenciou algumas situações: que o autor era chamado de cavalo
manco, cavalo cansado, gago, dizia que estava  desmotivado na frente de outros
funcionários; que também presenciou quando o  gestor chamou o reclamante para
uma conversa na sala de reuniões ao lado e do lado de fora o depoente ouvia gritos e
tapas na mesa com ameaças de dispensa”.

Posto isso, condeno no pagamento de indenização por danos


morais no importe de R$2.000,00.

DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E DE PERICULOSIDADE

Postulou a parte autora o pagamento de adicionais de


insalubridade e de periculosidade, bem como reflexos.

O expert nomeado pelo juízo, conforme laudo de fls. 1.316/1.


341 e esclarecimentos de fls. 1.355/1.359, quanto a insalubridade, concluiu que: “Desta
forma, É CARACTERIZADA INSALUBRIDADE EM GRAU MÉDIO (20%) por exposição  ao
agente insalubre FRIO.  Tal caracterização se deve por todo o período de trabalho,
menos no período em que o  Autor encontrava-se na função de Planejador de
Manutenção Pleno, de 01/12/19 até 02/03/2020. Deve-se considerar que no período de
afastamento o Autor também não esteve exposto a frio”.

E no que se refere à periculosidade, concluiu que: “a - Período


em que o Autor trabalhou como Eletricista de Manutenção III, até 31/10/16:  Há o
enquadramento de periculosidade em todo este período pelos Itens 1.a, 1.b e 1.d
do Anexo 04 da NR 16; b - Período em que o Autor trabalhou como Auxiliar Técnico de
Automação, de 01/11/16 até  30/11/19:  Há o enquadramento de periculosidade em
todo este período pelo Item 1.b do Anexo 04da NR 16;  c – Último período em que o
Autor trabalhou como Planejador de Manutenção Pleno, de  01/12/19 até 02/03
/2020: Há o enquadramento de periculosidade em todo este período pelo Item 1.b do
Anexo 04  da NR 16, caso a versão do Autor vier a ser confirmada;  Não há o
enquadramento de periculosidade, se a versão da Reclamada vier a ser confirmada”.

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 23

Portanto, no que tange à periculosidade no período de 01/12


/2019 a 02/03/2020, quando o autor exerceu a função de planejador de manutenção
pleno, o laudo ficou condicionado à comprovação de que o reclamante continuou
exercendo as mesmas funções, já que a reclamada alegou que nesse período ele
passou a realizar atividades meramente administrativas.

No caso, diante do depoimento da testemunha ouvida a rogo da


reclamada, que era superior hierárquico do reclamante no período em que exerceu a
função de planejador de manutenção pleno, restou comprovado que só exercia
funções administrativas e, portanto, não estava exposto a periculosidade.

Assim, no que se refere ao período de 01/12/2019 a 02/03/2020,


faz jus o autor ao pagamento do adicional de insalubridade em grau médio (20%) pela
exposição ao frio.

Quanto à base de cálculo, esclarece-se que no dia 09.05.2008,


foi publicada pelo C. STF a Súmula Vinculante nº 4, nos seguintes termos:  

“Salvo os casos previstos na Constituição


Federal, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de
base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado,
nem ser substituído por decisão judicial.” 

A Suprema Corte adotou técnica decisória conhecida no direito


constitucional alemão como declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia da
nulidade. Ou seja, a norma, não obstante ser declarada inconstitucional, continua a
reger as relações obrigacionais, em face da impossibilidade de o Poder Judiciário se
substituir ao legislador para definir critério diverso para a regulação da matéria. 

Nesse contexto, ainda que reconhecida a inconstitucionalidade


do art. 192 da CLT, tem-se que a parte final da Súmula Vinculante 4 do STF não permite
criar critério novo por decisão judicial, razão pela qual, até que se edite norma legal
estabelecendo base de cálculo distinta do salário mínimo para o adicional de
insalubridade, continuará a ser aplicado esse critério para o cálculo do referido
adicional, salvo a hipótese de norma convencional ou contratual estabelecer base de
cálculo mais favorável ao trabalhador. 

Dessa forma, o adicional de insalubridade deverá ser calculado


sobre o salário mínimo.

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 24

Quanto ao período imprescrito até 30/11/2019, considerando  a


Súmula 78 deste Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, que prevê que os
adicionais de periculosidade e insalubridade não são cumuláveis, em razão do que
dispõe o art. 193, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho, e, o fato de que o
recebimento do adicional de periculosidade é mais benéfico ao autor, já que calculado
sobre o salário base e não sobre o salário mínimo, faz jus ao pagamento de adicional
de periculosidade.

Cabe salientar que ainda que fosse intermitente o trabalho


exposto a tais condições, o que não é o caso dos autos, faria o autor jus ao adicional de
forma integral, conforme entendimento consubstanciado na súmula 361 do C.TST.

Portanto, condeno ao pagamento de adicional de periculosidade


no percentual de 30% sobre o salário base, nos termos do art. 193, § 1º, da CLT, do
período imprescrito até 30/11/2019 e de adicional de insalubridade em grau médio no
percentual de 20% sobre o salário mínimo no período de  01/12/2019 a 02/03/2020,
ambos com reflexos em 13º salário, férias acrescidas de 1/3, aviso prévio, depósitos do
FGTS e respectiva indenização de 40%, devendo ser observados os períodos de
afastamento.

Não há reflexos em DSR e feriados, pois o adicional de


periculosidade já remunera tais dias (inteligência da OJ 103 da SBDI-1 do TST).

DOS HONORÁRIOS PERICIAIS DO PERITO TÉCNICO

Nos termos do art. 790-B da CLT, a responsabilidade pelo


pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da
perícia, no caso, a reclamada.

Portanto, condeno a reclamada ao pagamento dos honorários


periciais arbitrados em R$2.000,00, tendo em vista o zelo do perito, a complexidade e
diligências realizadas para o fiel cumprimento do cargo.

DAS HORAS EXTRAS

Pleiteia o autor o pagamento de horas extras, inclusive pela


supressão do intervalo intrajornada, horas de sobreaviso e reflexos.

A reclamada juntou aos autos os espelhos de ponto do


reclamante, os quais observam Sistema de Registro Eletrônico de Ponto (SREP), nos

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 25

termos da Portaria nº 1510/2009 do MTE, não sendo, assim, documentos unilaterais,


haja vista que o empregado recebe, a cada marcação, o Comprovante de Registro de
Ponto do Trabalhador (art. 11 da Portaria nº 1.510/09 do MTE), documento apto para
acompanhamento e comprovação de sua efetiva jornada. 

Dessa forma, considerando que o reclamante, ao depor,


confirmou que havia controle de ponto biométrico, com emissão de recibo, deveria ter
juntado aos autos para prova da sua efetiva jornada, ônus do qual não se desincumbiu.

Assim, deve ser considerada como jornada efetivamente


cumprida pelo reclamante, aquela anotada nos registros de ponto de fls. 291/356.

No que tange ao intervalo, diante do depoimento da


testemunha ouvida a rogo do autor, restou comprovado que em algumas
oportunidades não era possível usufruir integralmente, declarando que: “usufruía
intervalo para refeição junto com o reclamante mas normalmente era acionado para o
retorno antes do tempo e havia orientação para que registrasse o ponto apenas
quando decorrido uma hora e 12 minutos de intervalo e não quando retornou ao
trabalho; que isso acontecia 3 ou 4 vezes na semana; que nessas  ocasiões fazia 30
minutos de intervalo na pratica”.

Friso que a testemunha trazida pela reclamada declarou que


não acompanhava o intervalo do reclamante ou usufruía junto com ele.

Assim, considero que o reclamante usufruía 1h12min de


intervalo, exceto por 3 vezes na semana, quando usufruía 30 minutos.

Em réplica o autor apontou diferenças de horas extras


laboradas e não pagas pela ré, com base na súmula 366 do c. TST.

Portanto, condeno ao pagamento das horas extras excedentes


da 8ª diária e 44ª semanal, de forma não cumulativa, apurando-se o mais benéfico ao
autor, conforme controles de ponto de fls. 291/356 e com intervalo de 30 minutos em
3 dias na semana, acrescidas do adicional convencional quando mais benéfico que o
legal. Por habituais, incidem reflexos em DSR, 13º salário, férias acrescidas de 1/3,
aviso prévio, depósitos do FGTS e respectiva indenização de 40%. Aplica-se o divisor
220, nos termos do art. 64 da CLT. Deve ser observada a evolução e a globalidade
salarial do reclamante, a súmula 366 do C. TST, os dias efetivamente trabalhados e a
dedução dos valores pagos a idêntico título, nos termos da OJ415 da SDI-1 do C. TST.

Procedente, ainda, o pagamento de 1 hora extra acrescida do


adicional convencional quando mais benéfico que o legal, pela supressão parcial do
intervalo intrajornada por 3 vezes na semana, observados os mesmos parâmetros e
reflexos, do período imprescrito até 10.11.2017.

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 26

Para o período de 11/11/2017 até a rescisão,  considerando a


alteração no artigo 71, parágrafo 4º da CLT, procedente o pagamento dos minutos
suprimidos, considerando que o autor usufruía 30 minutos de intervalo por 3 vezes na
semana,  acrescidos do adicional convencional quando mais benéfico que o legal,
observados os mesmos parâmetros acima. Não há falar em reflexos ante a natureza
legalmente indenizatória.

Entendo que a majoração do valor do DSR, em razão da


integração das horas extras habitualmente prestadas, não repercute no cálculo das
férias, do 13º salário, do aviso prévio e do FGTS, por ausência de previsão legal e sob
pena de caracterizar bis in idem. Inteligência da OJ 394 da SBDI-1 do TST.

No que tange ao sobreaviso, o art. 244, § 2º, da CLT disciplina


que se considera de sobreaviso o empregado que permanece na sua própria
residência, aguardando, a qualquer momento, o chamado para o serviço. Tal instituto
está previsto na CLT na parte dedicada ao empregado ferroviário. Entretanto, a
jurisprudência trabalhista tem estendido analogicamente essa figura aos demais
empregados, desde que comprovado o cerceamento do direito de locomoção do
empregado.

Conforme entendimento preconizado na Súmula 428, II, do TST,


ao qual me filio, considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido
a controle patronal por instrumentos telemáticos ou informatizados, tais como “pager”
e aparelho celular, permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a
qualquer momento ser chamado para o serviço durante o descanso. 

Entendo que o regime de sobreaviso somente se caracteriza se


houver cerceamento do direito de locomoção do empregado e o fato de o reclamante
permanecer com o telefone celular ligado não o impede de se locomover, nem mesmo
de usufruir o seu direito ao lazer e descanso, não importando, por si só, em regime de
sobreaviso.

In casu, o reclamante não se desincumbiu do ônus de provar


que a utilização do telefone celular cerceava o seu direito de locomoção e, portanto,
não há como reconhecer o direito ao recebimento das horas de sobreaviso. 

Pelo exposto, indefiro o pedido de pagamento de horas de


sobreaviso e reflexos.

DO FGTS

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 27

Deverá a reclamada comprovar os recolhimentos de FGTS


incidentes sobre as parcelas de natureza salarial da presente condenação, inclusive a
indenização de 40% devida pela dispensa imotivada, executando-se diretamente por
quantias equivalentes caso verificada a inadimplência, inexistência ou insuficiência dos
depósitos.

DA COMPENSAÇÃO

Requer a reclamada a compensação.

A compensação deve ocorrer quando o tomador dos serviços ou


empregador possui algum crédito em face do trabalhador, devendo este ser
decorrente da própria relação de trabalho havida entre eles. 

Não comprova a ré ser credora do autor. 

Pelo exposto, improcedente a compensação.

Autorizo a dedução de valores pagos a idêntico título de modo a


evitar o enriquecimento sem causa.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Defiro o benefício requerido pela parte obreira, uma vez que


cumpridos os requisitos do artigo 790, parágrafo 3º da CLT.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Os honorários sucumbenciais são devidos por cada uma das


partes integrantes deste.

Considerando o disposto nas alíneas do parágrafo 2º, do artigo


791-A da CLT, fixam-se os honorários de sucumbência da seguinte forma:

- ao advogado da parte reclamante, no importe de 5% dos


valores que serão liquidados em época própria referente aos pedidos da inicial que
foram julgados procedentes;

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 28

- ao advogado da reclamada, no importe de 5% dos valores que


serão liquidados em época própria referente aos pedidos da inicial que foram julgados
improcedentes.

Esclarece-se que por pedido julgado procedente deve ser


considerado o pedido em si e não a fração, número ou quantidade deste.

Assim, os honorários advocatícios de sucumbência são devidos


em razão dos valores que forem apurados em sede de liquidação do julgado.

Observe-se o §4º do art. 791-A da CLT, quando for o caso.

DOS HONORÁRIOS PERICIAIS DO PERITO MÉDICO 

Nos termos do art. 790-B da CLT, a responsabilidade pelo


pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da
perícia, ainda que beneficiário da justiça gratuita, no caso, a parte reclamante.

Arbitro o valor de R$600,00 a título de honorários periciais, a


cargo da parte reclamante, que deverá ser deduzido do crédito que tem a receber em
decorrência desta decisão.

DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA 

A correção monetária incide a partir do vencimento de cada


obrigação, sendo que na seara trabalhista, como época própria para atualização de
verbas salariais, deverá ser considerado o mês subsequente ao da prestação de
serviços, em consonância com a Súmula 381 do Col. TST e art. 459, parágrafo único,
CLT.

Em razão de decisão nas ADCs 58 e 59 e ADI 5867 e 602 pelo


Excelso STF, em dezembro de 2020 e até ulterior deliberação pelo Poder Legislativo, os
débitos trabalhistas na fase pré-processual serão corrigidos pelo Índice Nacional e
Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e a partir da citação será aplicada a Taxa
Selic que abrange juros e correção monetária.

DOS RECOLHIMENTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 29

Deverá a reclamada comprovar os recolhimentos


previdenciários nos autos (Lei nº 8.212/91, artigo 43), sob pena de execução “ex officio”,
nos termos do parágrafo único do artigo 876 da CLT e Súmula 368 do C. TST.

O reclamante deverá arcar com o pagamento das contribuições


previdenciárias e do imposto de renda que recaia sobre sua quota-parte, pois a culpa
do empregador pelo inadimplemento das verbas remuneratórias não é capaz de eximir
a reclamante dessa responsabilidade (OJ 363 da SBDI-1 do TST).

Assim, autorizo o desconto da cota previdenciária atribuída por


lei ao trabalhador, observando o teto do salário-de-contribuição e o cálculo mês a mês.

Para efeito de incidência das contribuições previdenciárias,


deverão ser observadas apenas as verbas de natureza salarial, excluídas, por
consequência, aquelas enumeradas no § 9º do artigo 28 da Lei nº 8.212/91 e normas
regulamentadoras do INSS. O limite de responsabilidade de cada parte vem expresso
nos artigos 20 (empregado) e 22 (empregador) da mesma lei.

O imposto de renda deverá ser calculado pelo regime de


competência, mês a mês, observando-se que os juros de mora não integram a sua
base de cálculo, tendo em vista sua natureza indenizatória (art. 404 do CC, OJ 400 da
SDI-I do TST e Súmula 19 do E. TRT-SP). A responsabilidade do recolhimento é do
empregador. O empregado, entretanto, não fica isento do recolhimento da parte que
lhe cabe em razão do crédito ter sido reconhecido judicialmente, ficando autorizada a
sua retenção.

DISPOSITIVO

EM FACE DO EXPOSTO, decido:

CONCEDER o benefício da justiça gratuita a parte reclamante.

PRONUNCIAR a prescrição quinquenal das pretensões


trabalhistas cuja exigibilidade se deu em data anterior a 01/04/2015, extinguindo os
pedidos a ela relativos com resolução do mérito, nos termos art. 487, II, do Código de
Processo Civil combinado com o art. 769 da CLT, observando-se a súmula 362 para o
FGTS e, quanto às férias, a regra específica do art. 149 da CLT.

JULGAR PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados


por FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR, em face de CITROSUCO S.A. AGROINDÚSTRIA, 
para condená-la nas seguintes obrigações:     

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 30

De pagar:

-  indenização por danos morais no importe de R$2.000,00;

-  adicional de periculosidade no percentual de 30% sobre o


salário base, nos termos do art. 193, § 1º, da CLT, do período imprescrito até 30/11
/2019 e de adicional de insalubridade em grau médio no percentual de 20% sobre o
salário mínimo no período de  01/12/2019 a 02/03/2020, ambos com  reflexos em 13º
salário, férias acrescidas de 1/3, aviso prévio, depósitos do FGTS e respectiva
indenização de 40%, devendo ser observados os períodos de afastamento.

- horas extras excedentes da 8ª diária e 44ª semanal, de forma


não cumulativa, apurando-se o mais benéfico ao autor, conforme controles de ponto
de fls. 291/356 e com intervalo de 30 minutos em 3 dias na semana, acrescidas do
adicional convencional quando mais benéfico que o legal. Por habituais, incidem
reflexos em DSR, 13º salário, férias acrescidas de 1/3, aviso prévio, depósitos do FGTS e
respectiva indenização de 40%. Aplica-se o divisor 220, nos termos do art. 64 da CLT.
Deve ser observada a evolução e a globalidade salarial do reclamante, a súmula 366 do
C. TST, os dias efetivamente trabalhados e a dedução dos valores pagos a idêntico
título, nos termos da OJ415 da SDI-1 do C. TST.

- 1 hora extra acrescida do adicional convencional quando mais


benéfico que o legal, pela supressão parcial do intervalo intrajornada por 3 vezes na
semana, observados os mesmos parâmetros e reflexos, do período imprescrito até
10.11.2017;

- para o período de 11/11/2017 até a rescisão,  considerando a


alteração no artigo 71, parágrafo 4º da CLT, procedente o pagamento dos minutos
suprimidos, considerando que o autor usufruía 30 minutos de intervalo por 3 vezes na
semana,  acrescidos do adicional convencional quando mais benéfico que o legal,
observados os mesmos parâmetros acima. Não há falar em reflexos ante a natureza
legalmente indenizatória.

De Fazer:

-  comprovar os recolhimentos de FGTS incidentes sobre as


parcelas de natureza salarial da presente condenação, inclusive a indenização de 40%
devida pela dispensa imotivada, executando-se diretamente por quantias equivalentes
caso verificada a inadimplência, inexistência ou insuficiência dos depósitos.

JULGAR improcedentes os demais pedidos.

Os valores devidos serão apurados em regular liquidação de


sentença, observando-se os limites da petição inicial, quando houver.

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
Fls.: 31

Autorizo as deduções dos valores comprovadamente pagos para


evitar o enriquecimento ilícito.

Juros e Correção monetária na forma da fundamentação. 

Para os efeitos do § 3º do artigo 832 da CLT, a ré deverá recolher


as contribuições previdenciárias sobre as parcelas deferidas na presente sentença, na
forma do inciso I do artigo 28 da lei nº 8.212/91, com exceção daquelas descritas no §
9º do artigo 214 do decreto nº 3.048/99. A contribuição do reclamante será descontada
de seus créditos.

No tocante ao imposto de renda autorizo a sua retenção na


fonte observada sua incidência mês-a-mês e a tabela progressiva, na forma da
Instrução Normativa 1127 da Secretária da Receita Federal do Brasil. Não há tributação
sobre juros de mora na forma da OJ 400 da SDI-1.

Honorários advocatícios e periciais na forma da fundamentação.

Custas pela reclamada, no importe de R$600,00, calculadas


sobre R$30.000,00, valor ora arbitrado à condenação para os efeitos legais cabíveis (art.
789 da CLT).

Intimem-se as partes.

Nada mais.

Adriana Cristina Baccarin

Juíza do Trabalho Substituta

SANTOS/SP, 01 de outubro de 2021.

ADRIANA CRISTINA BACCARIN


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)
Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 01/10/2021 15:26:28 - 5678051
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/21100114173605500000231354249?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 21100114173605500000231354249
Fls.: 32

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO
1ª VARA DO TRABALHO DE SANTOS
ATOrd 1000253-29.2020.5.02.0441
RECLAMANTE: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
RECLAMADO: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA

01ª Vara do Trabalho de Santos – SP

Processo nº 1000253-29.2020.5.02.0441

DECISÃO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Reclamante: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR

Reclamada: CITROSUCO S.A. AGROINDÚSTRIA

I - RELATÓRIO

A reclamada interpôs Embargos de Declaração em face da


sentença insurgindo-se quanto ao deferimento de pagamento de adicional de
insalubridade.

II – ADMISSIBILIDADE

Próprios e tempestivos, conheço dos Embargos de Declaração.

III – FUNDAMENTAÇÃO

Inicialmente, saliento que o pedido do autor é de pagamento de


insalubridade ou periculosidade, de modo com que existe pedido, ao contrário do
alegado pela ré. 

Ultrapassada tal questão, o que pretende a reclamada é a


reforma do julgado por entender ter havido erro de julgamento, o que deve ser
pleiteado pela via adequada.

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 25/10/2021 16:49:34 - 61b8155
Fls.: 33

IV – CONCLUSÃO

À luz do exposto, julgo IMPROCEDENTES os Embargos aviados,


nos termos da fundamentação supra que faz parte integrante do julgado.

       

Intimem-se.

Santos, 25 de outubro de 2021.

  

ADRIANA CRISTINA BACCARIN

Juíza do Trabalho

SANTOS/SP, 25 de outubro de 2021.

ADRIANA CRISTINA BACCARIN


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)

Assinado eletronicamente por: ADRIANA CRISTINA BACCARIN - Juntado em: 25/10/2021 16:49:34 - 61b8155
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/21102516485796500000233911999?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 21102516485796500000233911999
Fls.: 34

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO
1ª VARA DO TRABALHO DE SANTOS
ATOrd 1000253-29.2020.5.02.0441
RECLAMANTE: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR
RECLAMADO: CITROSUCO S/A AGROINDUSTRIA

CONCLUSÃO

Nesta data, faço o feito concluso ao(a) MM(a) Juiz(íza) da 1ª Vara


do Trabalho de Santos/SP, certificando que os recursos ordinários apresentados pelas
partes encontram-se tempestivos e regulares.

SANTOS/SP, data abaixo.

VANESSA ALVIM ZORZETO CUNHA

DECISÃO

Processem-se os recursos ordinários apresentados pelas partes.

Apresentem as partes contrárias contrarrazões no prazo legal.

Após, encaminhem-se os autos ao E. TRT da 2ª Região.

SANTOS/SP, 03 de dezembro de 2021.

RENATA SIMOES LOUREIRO FERREIRA


Juíza do Trabalho Titular

Assinado eletronicamente por: RENATA SIMOES LOUREIRO FERREIRA - Juntado em: 03/12/2021 15:24:52 - 1c9da8c
https://pje.trt2.jus.br/pjekz/validacao/21120315054832300000238391151?instancia=1
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441
Número do documento: 21120315054832300000238391151
Fls.: 35

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

PROCESSO TRT/SP nº 1000253.29.2020.5.02.0441


RECURSO ORDINÁRIO (ROT)

ORIGEM: 1ª Vara do Trabalho de Santos


RECORRENTES: FERNANDO FREIRE DA SILVA JUNIOR (reclamante) e CITROSUCO S/A
AGROINDUSTRIA (reclamada)
RECORRIDOS:OS MESMOS
RELATORA: JUÍZA CONVOCADA ADRIANA MARIA BATTISTELLI VARELLIS

A depressão é moléstia de incidência cada vez mais frequente na população, fato bem evidenciado com a
realidade vivida na Pandemia Covid 19, e que expôs a necessidade de diagnóstico, tratamento e formação
de rede de apoio. Contudo, não constitui moléstia estigmatizante, já que não é vista de forma negativa,
nem reprovável, não "marcando" seu portador.

Inconformados com a r. sentença de fl. 1554/1566-pdf-ID. e3ea7c7,


complementada pela de fl. 1585/1586-pdf- ID. 61b8155, que julgou procedentes em parte os pedidos
formulados na reclamação trabalhista e cujo relatório adoto, recorrem as partes.

A reclamada apresentou recurso ordinário às fls. 1589/1598-pdf-ID.


e4cb514, no qual pretende reforma dos seguintes temas: adicional de insalubridade, horas extras,
intervalo intrajornada e dano moral. Custas processuais recolhidas às fls. 1601/1602-pdf. Depósito
recursal comprovado às fls. 1599/1600-pdf.

O autor, por sua vez, apresentou recurso ordinário às fls. 1603/1616-pdf-


ID. 7e31ec4, no qual argui nulidade do laudo pericial. No mérito, requer acolhimento da dispensa
discriminatória, indenização pela doença ocupacional, hora de sobreaviso, afastamento da dispensa por
ser PCD e da condenação em honorários periciais e médicos, bem como majoração da indenização por
dano moral.

Contrarrazões pela ré às fls. 1619/1629-pdf e pelo autor às fls. 1630/1636-


pdf.

Assinado eletronicamente por: ADRIANA MARIA BATTISTELLI VARELLIS - 09/06/2022 12:08:53 - 41c18e9
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22050914452981400000104268230
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 1
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 36

VOTO:

CONHECIMENTO

Conheço os recursos, pois presentes os pressupostos de admissibilidade.

PRELIMINARMENTE

Nulidade processual - laudo médico (recurso do autor):

Argui o autor nulidade do laudo médico pericial, pois elaborado por


médico clínico geral.

Em audiência de instrução realizada foi consignado que: "Requer o


patrono do reclamante a realização de nova perícia medica, tendo em vista que não realizada por
médico psiquiatra, mas clínico geral. Indefiro, uma vez que não há obrigatoriedade da perícia ser
realizada por médico especialista, estando o clínico geral apto à avaliação. Protestos." (fl. 1525-pdf-
ID. 85a2266).

Na petição inicial, o autor indicou que em decorrência das condições a


que se submeteu por imposição da reclamada - contrato de trabalho mantido de 16/04/2012 a 02/03/2020
- desenvolveu doença psíquica. Postulou indenização por dano moral e estabilidade pela moléstia que
entende ser ocupacional.

Considerando a natureza do pleito, foi determinada a realização de perícia


técnica, com nomeação de perito de confiança do Juízo (fl. 1258-pdf).

A leitura do laudo pericial de fls. 1425 e segs-pdf- ID. b354eba indica que
o Perito fez anamnese do autor, bem como exames para avaliação de sua condição física, bem como
analisou sua saúde mental, tendo considerado as moléstias indicadas na petição inicial.

Em que pese a especialidade clínica do Sr. Perito também ser em


ortopedia e traumatologia (vide fl. 1428-pdf), é certo que é médico especializado em perícias, conforme
indicado no laudo pericial.

Ademais, desnecessária a realização de exame médico por especialista em


psiquiatria, a medida que o profissional médico tem formação e qualificação para atuar em todos os
segmentos da medicina, considerando a amplitude curricular do curso de medicina, e a necessidade de

Assinado eletronicamente por: ADRIANA MARIA BATTISTELLI VARELLIS - 09/06/2022 12:08:53 - 41c18e9
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22050914452981400000104268230
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 2
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 37

avaliação do paciente como um todo ante a conexão dos diversos sistemas e órgãos. Tanto que todo o
quadro clínico do autor foi bem avaliado e indicado no laudo pericial.

Assim, observado o disposto no art. 465 do CPC, motivo pelo qual não há
que se falar em nulidade da prova pericial.

Nada a ser acolhido.

MÉRITO

I - Recurso da reclamada

1 - Adicional de insalubridade

Pretende a ré afastamento da condenação em adicional de insalubridade


relativa ao período de 01/12/2019 a 02/03/2020.

Na petição inicial distribuída em 01/04/2020, o autor indicou que manteve


contrato de trabalho com a reclamada de 16/04/2012 a 02/03/2020, ativando-se em ambiente agressivo
pelo contato com produtos químicos, com ruídos e temperatura excessivas; que tinha que adentrar em
cabines primárias e mantinha contato com rede energizada.

Foi determinada a realização de perícia técnica pelo Juízo de Origem,


sendo facultada às partes apresentação de quesitos e indicação de assistentes técnicos.

Após vistoria no local de trabalho, que foi acompanhada pelo autor, pelos
patronos das partes e pelo assistente técnico da ré, bem como seu representante legal, o Sr. Perito indicou
que: "Como acima vimos, o trabalhador que entra nas câmaras frias e em ambientes similares sem a
devida proteção está sujeito à insalubridade, sendo esta a situação vivenciada pelo Reclamante, pois não
há comprovação do fornecimento e substituição dos EPI's adequados à neutralização do agente
insalubre frio quando o Autor trabalhava nas câmaras de resfriados do Armazém 29, sendo que os
representantes da Reclamada confirmaram esta condição laborativa, ou seja, de que o Autor só fazia uso
de japona isolante térmica nas câmaras de resfriados deste armazém, por considerarem que não se faz
necessário o uso de calça, meias e luvas isolantes térmicas neste tipo de ambiente. Estes demais EPI's
(calça, meias e luvas isolantes térmicas) somente eram utilizados pelo Autor, com confirmação dos
representantes da Reclamada quando este tinha acesso às câmaras de congelados do Terminal Mário
Covas. Quanto ao critério de classificação de insalubridade aplicável ao Anexo 09 da NR 15, foi
consultado o item 15.1 da NR 15, que prevê que "são consideradas atividades ou operações insalubres
as que se desenvolvem (...)Como se percebe, a própria NR 15 em momento algum prevê que seja

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https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22050914452981400000104268230
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 3
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 38

necessária a apresentação dos tempos de exposição ao frio, bastando que a diligência seja feita por
"inspeção do local de trabalho", e tal inspeção foi feita (vistoria in loco). De se esclarecer que fazia
parte da rotina diária de trabalho do Autor entrar em tais ambientes ao longo de sua jornada laboral e
sempre que necessário. b) Da função do(a) trabalhador(a) O Reclamante, em sua rotina diária de
trabalho, comparecia nas câmaras de resfriados e congelados dos terminais já acima descritos, para
efetuar as atividades descritas no item 5.1 deste laudo. c) Dos EPI's Quanto aos EPI's que deveriam ser
fornecidos ao Reclamante, por sua rotina de trabalho nas câmaras de resfriados (junto ao Armazém 29),
vemos que não houve o fornecimento de luvas, meias e nem de calças isolantes térmicas, condição
reconhecida pelos representantes da Reclamada. O uso destes EPI's, combinados com a jaqueta isolante
térmica, só ocorria quando o Autor trabalhava nas câmaras de congelados junto ao Terminal Mário
Covas. Obs.: O próprio Autor informou que no período de 01/12/19 até 02/03/2020 não fez qualquer
serviço dentro das câmaras de resfriados e de congelados, inexistindo enquadramento de insalubridade
derivada de frio, portanto. Deve-se considerar que no período de afastamento o Autor também não
esteve exposto a frio. O enquadramento de insalubridade por exposição ao frio sé dá em Grau Médio
(20%), conforme o Anexo 09 da Norma Regulamentadora NR 15 e pelo critério estabelecido no item
15.1.4 desta mesma norma técnica" (fl. 1326/1328-pdf), pelo que concluiu: "Desta forma, É
CARACTERIZADA INSALUBRIDADE EM GRAU MÉDIO (20%) por exposição ao agente insalubre
FRIO. Tal caracterização se deve por todo o período não prescrito de trabalho, menos no último período
em que o Autor encontrava-se na função de Planejador de Manutenção Pleno, de 01/12/19 até 02/03
/2020. Deve-se considerar que no período de afastamento o Autor também não esteve exposto a frio." (fl.
1328-pdf).

Às fls. 1346 e segs-pdf o autor impugnou o laudo pericial apenas no que


concerne à conclusão sobre a periculosidade, nada indicando acerca da insalubridade, motivo pelo qual
infere-se sua concordância nesse ponto, o que é reforçado pelo teor da manifestação de fl.1364-pdf.

Nos esclarecimentos periciais foi indicado que: "O Autor trabalhou em


dois terminais do Porto de Santos: - Terminal Mário Covas - localizado na Avenida Governador Mário
Covas Jr, 68, que se destina ao recebimento, armazenagem e embarque marítimo de sucos concentrados,
suco de laranja integral, e sub-produtos congelados ou resfriados, a granel e em embalagens industriais.
- Armazém 29 - localizado na Avenida Eduardo Pereira Guinle, Macuco, que se destina ao recebimento,
armazenamento, pasteurização, homogeneização, padronização e embarque de sucos concentrados e
integrais. Tanto o Terminal Mário Covas quanto o Armazém 29 apresentam tanques para a
armazenagem de sucos e câmaras frias, sendo as câmaras resfriadas operando entre 1 e 3º C (um e três
graus Celsius positivos) e as câmaras de congelados operando em -8º C (oito graus Celsius negativos),
estas últimas existindo apenas no Terminal Mário Covas. A empresa apresenta cabine primária com
entrada de 13.200 volts, distribuindo 220/110 volts. Os painéis elétricos dos terminais operam em 110,

Assinado eletronicamente por: ADRIANA MARIA BATTISTELLI VARELLIS - 09/06/2022 12:08:53 - 41c18e9
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22050914452981400000104268230
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 4
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 39

220 e 440 volts. Os instrumentos de logística operacional e de controle lógico programável operam em
110 e 220 volts. Durante a entrevista com o Reclamante, constatou-se que as partes apresentaram
versões antagônicas quanto às tarefas e ambientes de trabalho do Autor, no que diz respeito ao cargo de
Planejador de Manutenção Pleno, exercido de 01/12/19 até 02/03/2020. Vejamos: A) Versão do Autor: -
manutenção preventiva e corretiva elétrica nas instalações automatizadas das áreas operacionais, em
serviços de inspeção, substituição, limpeza, reparos e testes elétricos, abrangendo cabos elétricos,
instrumentos de logística operacional e de controle lógico programável; medição de fase e tensão após
os reparos terem sido concluídos; - controle de dados de automação e lançamento de dados em sistema
eletrônico (computador); - o próprio Autor informou que neste período não fez qualquer serviço dentro
das câmaras de resfriados e de congelados. B) Versão dos representantes da Reclamada: - o Autor teria
executado apenas serviços de escritório, ou seja, controle de dados de automação e lançamento de
dados em sistema eletrônico (computador). Portanto, apenas se a versão alegada pelo Autor vier a ser
confirmada é que o Autor fará jus ao adicional respectivo. Porém, caso a versão alegada pelos
representantes da Reclamada vier a ser confirmada, não haverá o enquadramento de periculosidade"
(fls. 1357/1358-pdf).

Logo, eventual afastamento da versão do autor, sobre suas atribuições no


período de 01/12/2019 a 02/03/2020, traria consequências apenas quanto ao adicional de periculosidade.
No referido período, o Perito já afastou a insalubridade.

E a testemunha Sr. Leonardo, ouvido a rogo da ré, disse: "...que trabalhou


com o autor de dezembro de 2019 até o final do contrato; que o reclamante era planejador de
manutenção da área; que o reclamante fazia controle de planejamento da manutenção, gestão de
informações, e suportava a gestão da rotina da manutenção da área (...)que suportar a gestão de rotina
da área consistia em desenvolver planilhas com indicadores de performance de manutenção,
produtividade e informações de rotina, status de planejamento; que nessa função não fazia manutenção
de instalações elétricas..." (fl. 1528-pdf). Restou confirmado, pois, que no período de 01/12/2019 a 02/03
/2020, o autor exerceu atividades administrativas.

Desse modo, indevido o adicional de insalubridade deferido pela Origem


de 01/12/2019 a 02/03/2020, motivo pelo qual afasta-se a condenação.

Reformo.

2 - Jornada de trabalho. Horas extras e intervalo intrajornada


(refeição e descanso):

Assinado eletronicamente por: ADRIANA MARIA BATTISTELLI VARELLIS - 09/06/2022 12:08:53 - 41c18e9
https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22050914452981400000104268230
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 5
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 40

Requer a ré afastamento da condenação em horas extras pela extrapolação


do limite diário, considerando a compensação por banco de horas. Acaso mantida a condenação, entende
devido apenas o adicional das horas destinadas à compensação, com afastamento dos minutos residuais.
Com relação ao intervalo intrajornada, indica que havia pré-assinalação em controle de frequência, e que
a prova foi dividida.

O pedido foi assim analisado: "No que tange ao intervalo, diante do


depoimento da testemunha ouvida a rogo do autor, restou comprovado que em algumas oportunidades
não era possível usufruir integralmente, declarando que: 'usufruía intervalo para refeição junto com o
reclamante mas normalmente era acionado para o retorno antes do tempo e havia orientação para que
registrasse o ponto apenas quando decorrido uma hora e 12 minutos de intervalo e não quando retornou
ao trabalho; que isso acontecia 3 ou 4 vezes na semana; que nessas ocasiões fazia 30 minutos de
intervalo na pratica'. Friso que a testemunha trazida pela reclamada declarou que não acompanhava o
intervalo do reclamante ou usufruía junto com ele. Assim, considero que o reclamante usufruía 1h12min
de intervalo, exceto por 3 vezes na semana, quando usufruía 30 minutos. Em réplica o autor apontou
diferenças de horas extras laboradas e não pagas pela ré, com base na súmula 366 do c. TST. Portanto,
condeno ao pagamento das horas extras excedentes da 8ª diária e 44ª semanal, de forma não cumulativa,
apurando-se o mais benéfico ao autor, conforme controles de ponto de fls. 291/356 e com intervalo de 30
minutos em 3 dias na semana, acrescidas do adicional convencional quando mais benéfico que o legal.
Por habituais, incidem reflexos em DSR, 13º salário, férias acrescidas de 1/3, aviso prévio, depósitos do
FGTS e respectiva indenização de 40%. Aplica-se o divisor 220, nos termos do art. 64 da CLT. Deve ser
observada a evolução e a globalidade salarial do reclamante, a súmula 366 do C. TST, os dias
efetivamente trabalhados e a dedução dos valores pagos a idêntico título, nos termos da OJ415 da SDI-1
do C. TST. Procedente, ainda, o pagamento de 1 hora extra acrescida do adicional convencional quando
mais benéfico que o legal, pela supressão parcial do intervalo intrajornada por 3 vezes na semana,
observados os mesmos parâmetros e reflexos, do período imprescrito até 10.11.2017. Para o período ,
considerando ade 11/11/2017 até a rescisão alteração no artigo 71, parágrafo 4º da CLT, procedente o
pagamento dos minutos suprimidos, considerando que o autor usufruía 30 minutos de intervalo por 3
vezes na semana, acrescidos do adicional convencional quando mais benéfico que o legal, observados os
mesmos parâmetros acima. Não há falar em reflexos ante a natureza legalmente indenizatória." (fls. 1560
/1561-pdf).

Foram acolhidos os registros de entrada e saída contidos em controles de


frequência, sem insurgência recursal no particular. Nos referidos documentos há pré-assinalação do

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https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22050914452981400000104268230
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 6
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 41

intervalo intrajornada (refeição e descanso), de 1h12 (vide fl. 291 e segs-pdf- ID. 62b8693), motivo pelo
qual a prova de sua irregular fruição incumbia ao autor, pois indicou na petição inicial que era suprimido
em 30 minutos três vezes ao mês (vide fl. 18-pdf).

A testemunha ouvida a convite do autor, Sr. Gilson, disse: "... que


usufruía intervalo para refeição junto com o reclamante mas normalmente era acionado para o retorno
antes do tempo e havia orientação para que registrasse o ponto apenas quando decorrido uma hora e 12
minutos de intervalo e não quando retornou ao trabalho; que isso acontecia 3 ou 4 vezes na semana; que
nessas ocasiões fazia 30 minutos de intervalo na pratica... " (fl. 1527-pdf).

A testemunha apresentada pela ré disse: "... que não acompanhava o


intervalo e nem usufruía o intervalo junto com o reclamante; que nessa função o reclamante não era
acionado durante o intervalo; que o reclamante registrava o intervalo efetivamente usufruído, ainda que
fosse período menor que o contratual..." (fl. 1528-pdf).

Conquanto o depoimento das testemunhas tenha sido conflitante no que se


refere ao intervalo intrajornada (refeição e descanso), prevalecem as informações dadas pela testemunha
Sr. Gilson que acompanhava a fruição do intervalo do autor, em detrimento da testemunha Sr. Leonardo,
que não fazia tal acompanhamento, motivo pelo qual não há como se concluir que se trata de prova
dividida.

Por outro lado, não há como se manter a conclusão indicada em sentença


de que "... o reclamante usufruía 1h12min de intervalo, exceto por 3 vezes na semana, quando usufruía
30 minutos...." (fl. 1560-pdf), e sim de que havia supressão de trinta minutos em três ocasiões ao mês,con
siderando os limites indicados na petição inicial, o que resta ora modificado.

Desse modo, mantém-se a condenação no pagamento do intervalo


intrajornada, como indicado em sentença, observando-se apenas a modificação acerca da frequência dos
dias nos quais o intervalo foi irregularmente usufruído (3 vezes ao mês e não 3 vezes por semana).

No que concerne às horas extras deferidas com base no entendimento


fixado na Súmula 366 do C. TST, a reclamada comprovou ajuste de compensação mediante banco de
horas em acordo coletivo (vide fl. 272-pdf- ID. 82cf324 - Pág. 2), conforme entendimento fixado na
Súmula 85, V do C. TST.

Analisando-se os controles de frequência do autor, observa-se que havia


crédito dos minutos que antecedem e sucedem a jornada contratual, e débito dos minutos que o autor
antecipou a saída, com cômputo de todo o período antecipado e prorrogado, sendo apontado o crédito em
decimais e não em minutos, como exemplo no dia 02/12/2016 (fl. 316-pdf- ID. f34c839 - Pág. 7) o autor

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https://pje.trt2.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=22050914452981400000104268230
Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 7
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 42

ativou-se das 7h08 às 17h25, tendo sido creditado 0,58 pelo horário antecipado, considerando o horário
contratual de início (8h), e debitado 0,87 pela saída antecipada (horário contratual de saída 18h), o que
corresponde a 52 minutos e 35 minutos antecipados de entrada e saída, respectivamente.

O autor assinava os controles de frequência, o que permite inferir que


tinha ciência dos créditos e débitos em banco de horas.

Na réplica, o autor indicou que os minutos não foram devidamente


computados, nem houve o correspondente pagamento do sobrelabor, mas não considerou a compensação
instituída mediante banco de horas. No parágrafo 5.7 o autor indica que no período de 09/12/2016 a 08/01
/2017 trabalhou em média 10h30 por dia, todavia, não observou a fruição de 1h12 de intervalo, exceto
nos três dias em que teve supressão de trinta minutos, conforme asseverado retro, nem observou que a
jornada contratual diária era das 8h às 18h, com 1h12 de intervalo, o que corresponde a 8h48 ao dia,
dentro, portanto do limite semanal de 44h (exegese da Súmula 85, III do C. TST), vide espelho de ponto
de fl. 317-pdf. E como já dito, houve ajuste de compensação mediante banco de horas, de tal sorte que se
observa que na prática o autor antecipava a entrada e a saída.

Todavia, há dia em que houve extrapolação da jornada, com sobrelabor,


como, por exemplo, dia 21/12/2016 (fl. 317-pdf-ID. 5160999 - Pág. 1) no qual foram creditadas horas em
banco de horas, bem como horas extras a serem pagas com adicional de 60%, que constam remuneradas
no holerite de fl. 407-pdf-ID. 2c61f3d - Pág. 1.

Ainda, com relação ao dia 21/12/2016, observa-se que o autor ativou-se


das 7h27 às 17h48, com cômputo de crédito e débito em banco de horas, pois antecedeu a entrada e a
saída, como usualmente fazia, e novamente se ativou das 22h04 às 02h02, possivelmente por ter sido
chamado para algum trabalho urgente, conforme por ele informado em depoimento pessoal que
permanecia disponível mediante telefone celular corporativo e acaso chamado ia na ré para trabalhar com
regular registro da jornada, motivo pelo qual descabe a indicação feita em réplica e reiterada em
contrarrazões de que o autor trabalhou mais de 18h, mesmo porque no dia seguinte (22/12/2016) não
laborou. Por outro lado, evidencia extrapolação da jornada regular, inclusive acima do limite estipulado
para compensação por banco de horas.

Em que pese a regular previsão da compensação da sobrejornada


mediante banco de horas, é certo que houve trabalho em sobrelabor habitual, inclusive aos sábados, o que
afasta a validade do regime compensatório (Súmula 85, IV do C. TST).

Logo, as prorrogações da jornada de trabalho implicam no afastamento da


compensação de jornada e consequente pagamento das horas extraordinárias como indicado em sentença.

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Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 8
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 43

Assim, cumpre dar provimento ao recurso da ré apenas para alterar os dias


em que o intervalo legal para refeição e descanso foi suprimido, a fim de fixá-los em três dias ao mês,
com supressão de trinta minutos, mantido o pagamento como deferido pela Origem.

Reformo em parte.

3 - Indenização por dano moral (apreciação conjunta dos recursos):

Pretende a reclamada afastamento da condenação em indenização por


dano moral, indicando que o julgamento foi "extra petita".

O autor, por sua vez, requer majoração do valor fixado pela Origem em
R$ 2000,00.

Na petição inicial, o autor informou que, após o acidente pessoal sofrido


em 2017, passou a ter limitação física, sendo chamado pelo superior hierárquico de "cavalo manco" e
"cavalo cansado", e postulou indenização por dano moral, atribuindo ao pedido o valor de R$ 41203,00
(vide fl. 24-pdf, letra "o"), o que por si só evidencia que ausência de julgamento "extra petita".

A testemunha ouvida a rogo do autor e que com ele trabalhou no período


em que o autor cuidou da automação, Sr. Gilson, disse: "que havia muita pressão no trabalho por parte
da chefia imediata na pessoa de senhor Neyton Gustavo; que presenciou algumas situações: que o autor
era chamado de cavalo manco, cavalo cansado, gago, dizia que estava desmotivado na frente de outros
funcionários" (fl. 1527-pdf).

O fato da testemunha da ré não ter presenciado tais ofensas não afasta a


informação dada pelo Sr. Gilson, a medida que o Sr. Leonardo trabalhou com o autor em período diverso,
após ser promovido para cargo exercido em área administrativa.

A conversa mantida em grupo de "whatsapp" apresentada pelo autor às


fls. 110-pdf indica que o supervisor o chamou de "desmotivado", termo que não tem significado ofensivo
ou grosseiro.

Por outro lado, o depoimento da testemunha Sr. Gilson deixou claro que o
superior hierárquico do autor, no período em que se ativou na automação, tinha comportamento
inadequado e reprovável, pois lhe dirigia ofensas chamando-o de "cavalo manco".

Desse modo, resta claro que houve lesão a patrimônio imaterial do autor.

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Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 9
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 44

Os direitos trabalhistas devem ser observados de forma imperativa, e a


higidez do ambiente de trabalho com respeito ao trabalhador relaciona-se de forma direta e inequívoca
com a premissa basilar dos direitos fundamentais, qual seja, direito a uma vida digna.

O empregador, no curso do contrato de trabalho, deve cuidar para que o


ambiente de trabalho seja sadio e livre de atos praticados por seus prepostos e demais empregados que
possam causar constrangimento ou embaraço aos empregados, coibindo comentários depreciativos
fundamentados em forma ou característica física, opção sexual, de gênero e opção religiosa, dentre
outros, evitando um ambiente de trabalho hostil.

Portanto, considerando a evidente prática de assédio moral, configurada


pelos reiterados comentários grosseiros e depreciativos feitos pelo superior hierárquico no período em
que o autor se ativou na automação, devida a manutenção da indenização por dano moral postulada.

Para valoração da indenização devem ser sopesados o dano, sua gravidade


e extensão, a conduta do agente, e o necessário caráter pedagógico, dentre outros.

O artigo 223 G da CLT traz os parâmetros a serem considerados para a


fixação do valor da indenização. São eles: natureza do bem jurídico tutelado, intensidade do sofrimento
ou humilhação, possibilidade de superação física ou psicológica, reflexos pessoais e sociais da ação ou
omissão, extensão e duração dos efeitos da ofensa, condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo
moral, o grau de dolo ou culpa, ocorrência de retratação espontânea, esforço efetivo para minimizar a
ofensa, o perdão (tácito ou expresso), a situação social e econômica das partes envolvidas e o grau de
publicidade da ofensa.

Assim, considerando o dano entendo que o valor fixado na Origem (R$


2.000,00) deve ser majorado para R$ 10.000,00 a fim de que sejam observados os parâmetros indicados
no art. 223-G, § 1°, I da CLT, considerando que o último salário foi de R$ 4120,35 (TRCT de fl. 112-
pdf).

Reformo em parte.

II - Recurso do Autor

1 - Moléstia ocupacional. Indenização:

Aduz o autor que adquiriu moléstia relacionada ao trabalho - depressão -


tendo em vista que era alvo de chacota pelos colegas de trabalho em razão de sua condição física.

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Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 10
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 45

Nos termos do art. 20, II da Lei 8.213/91, " Consideram-se acidente do


trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas: (...) II - doença do trabalho,
assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é
realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.".

Foi determinada a realização de perícia médica para análise da condição


clínica do autor e de eventual nexo causal ou concausal entre a moléstia e o trabalho executado, e
redução da capacidade laborativa, tendo sido facultada às partes apresentação de quesitos e indicação de
assistentes técnicos.

O Sr. Perito, após anamnese e exame clínico do autor, assim consignou: "E
m relação às atividades no reclamado Não caracterizada incapacidade para as atividades cotidiano-
habituais, nem limitação funcional - física que denote redução do potencial laborativo. Perda da
capacidade laborativa quantificada em zero por cento. Na eventualidade da ocorrência de alteração
significativa da sintomatologia, mudança do quadro, ou procedimento cirúrgico deve ter reavaliada a
sua capacidade física." (fl. 1455-pdf).

E ao final concluiu: "Em relação às atividades no reclamado 1) Não


caracterizada incapacidade para as atividades cotidiano-habituais, nem limitação funcional - física que
denote redução do potencial laborativo. - Pelo exame realizado/determinante; - Alterações nos exames,
por si só, não definem doença nem incapacidade; - Longo período de alegado tratamento- incompatível
com a natureza da afecção; - Apresenta-se deambulando com uso intermitente de bengala - sem receita
médica que justifique nem embasamento para o seu uso, diz que o Dr. José Luiz orientou tal uso
verbalmente; sendo que inexistem registros objetivos de descrição de quadro compatível com tal uso; -
Constam receitas de medicação para tratamento psíquico = sem data e sem registros de retirada 2)
Perda da capacidade laborativa/sequelas quantificadas em zero por cento. 3) Não foi estabelecido o
nexo causal nem concausal com as atividades no reclamado. A despeito da ausência de comprovação do
integral cumprimento da legislação em vigor pelo reclamado e da CAT emitida por autoridade pública: -
Não caracterizada incapacidade; - Quadro degenerativo/constitucional/congênito; - Afastamento
previdenciário por quadro não ocupacional; 4) Quadro apresentado não caracteriza doença grave nos
termos da legislação em vigor" (fls. 1455/1456-pdf).

Os documentos apresentados pelo autor a partir de fl. 51-pdf indicam que


foi enquadrado como PCD - pessoa com deficiência física- para fins de isenção de tributação de IPI, e
são consistentes com ficha de atendimento fisioterápico, guia para atendimento fisioterápico, tratamento
de acupuntura (fl. 61, 68-pdf), psicoterapia comportamental, declaração de tratamento de dor crônica -
protusão discal lombar, sequela de fratura de bacia, epicondilite e síndrome dolorosa miofascial (fl. 67-
pdf), atestado médico para afastamento das funções por 60 dias datado de 13/08/2019, com CID F 43.2 e

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Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 11
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 46

F32 (transtorno de adaptação e episódios depressivos - vide fl. 69-pdf), atestado médico datado de 30/07
/2019 para afastamento das funções por quinze dias, sem indicação de CID, relatório médico datado de 16
/08/2019 assinado por médico psiquiatra informando que o autor passava por tratamento médico na
ocasião (fl. 72-pdf), encaminhamento para tratamento de quadro álgico, prescrições medicamentosas (fl.
75/93, 102/103-pdf), declarações de tratamento ortopédico datadas dos anos de 2017 a 2020 (fls. 94/101-
pdf), comprovante de concessão de auxílio-doença previdenciário (B.31) de outubro de 2015 a março de
2017 (fls. 104/105-pdf), indeferimento de auxílio-doença previdenciário requerido em 12/08/2019 (fl.
106-pdf).

Conquanto o autor mencione que apresentou quadro depressivo em razão


de fatos ocorridos no ambiente laboral, durante a anamnese, o Sr. Perito percebeu que o autor estava com
expressões faciais e fala normais, não indicando ausência de equilíbrio emocional manifestado em
quadros depressivos graves.

Nesse ponto, observa-se que o teor do documento de fl. 72-pdf deve ser
tomado com cautela, pois a correlação feita pelo profissional que o assina entre o trabalho e quadro
depressivo fundamentaram-se nos relatos feitos pelo autor, portanto, fonte unilateral.

O autor, em depoimento pessoal, informou que sofreu acidente pessoal em


2017, acidente de moto que implicou em fratura do quadril e fêmur, tendo sido promovido em 2019.

Conquanto a testemunha apresentada pelo autor, Sr. Gilson, tenha


informado "... que havia muita pressão no trabalho por parte da chefia imediata na pessoa de senhor
Neyton Gustavo; que presenciou algumas situações: que o autor era chamado de cavalo manco, cavalo
cansado, gago, dizia que estava desmotivado na frente de outros funcionários; que tambem presenciou
quando o gestor chamou o reclamante para uma conversa na sala de reuniões ao lado e do lado de fora
o depoente ouvia gritos e tapas na mesa com ameaças de dispensa..." (fl. 1527-pdf), tal não implica na
conclusão de que o ambiente de trabalho foi o fator determinante para o surgimento do quadro
depressivo, pois o documento de fl. 72-pdf menciona transtorno de ajustamento, e o Sr. Perito nomeado
pela Origem indica que o autor faz uso de bengala, apesar de não existir prescrição médica escrita para
tanto.

Tais fatos, associados aos documentos que acompanharam a petição


inicial, permitem concluir que o autor sofreu acidente de moto que implicou em fratura em fêmur e
quadril, lesões físicas que apesar de, felizmente, não terem causado redução de sua capacidade laboral,
exigiu longo tratamento, inclusive para cuidar do quadro álgico, situações bastante estressantes e que
podem favorecer o quadro depressivo.

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Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 12
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 47

Nesse ponto, releva transcrever os seguintes trechos do laudo pericial: "F3


0-F39 Transtornos do humor [afetivos] Transtornos nos quais a perturbação fundamental é uma
alteração do humor ou do afeto, no sentido de uma depressão (com ou sem ansiedade associada) ou de
uma elação. A alteração do humor em geral se acompanha de uma modificação do nível global de
atividade, e a maioria dos outros sintomas são quer secundários a estas alterações do humor e da
atividade, quer facilmente compreensíveis no contexto destas alterações (...) F43.1 Estado de "stress"
pós-traumático Este transtorno constitui uma resposta retardada ou protraída a uma situação ou evento
estressante (de curta ou longa duração), de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, e
que provocaria sintomas evidentes de perturbação na maioria dos indivíduos." (fls. 1451/1452-pdf).

Ressalta-se que o conjunto probatório embasa a conclusão pericial acerca


da ausência de doença e incapacidade.

Portanto, mantém-se o acolhimento da conclusão pericial que afastou


nexo causal ou concausal entre moléstia e trabalho.

Em consequência, não há como se acolher a pretensão indenizatória.

Frise-se que o afastamento do autor decorreu do deferimento de auxílio-


doença previdenciário pelo INSS, e não estabelecido nexo causal ou concausal entre moléstia e trabalho,
não há como se reconhecer direito a estabilidade no emprego, nem nulidade da dispensa.

Desse modo, mantém-se a improcedência de todos os pedidos


fundamentados na moléstia que acomete o autor.

Nada a ser alterado.

2 - Rescisão contratual. Dispensa discriminatória. Portador de


necessidades especiais:

Pretende o autor acolhimento da invalidade da rescisão contratual e


consequente reintegração tendo em vista a dispensa discriminatória e por ser portador de necessidades
especiais. Na petição inicial, indicou que, por ser portador de necessidade especial, deveria a ré
comprovar a imediata contratação de outro trabalhador com a mesma necessidade, mantendo a cota
prevista no artigo 93 da Lei 8213/91, a fim de atrair a validade da rescisão. E que por ser portador de
transtorno de ajustamento e ter limitação física em consequência de acidente sofrido em 2017 sua
dispensa foi discriminatória.

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Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 13
Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 48

A ré impugnou o pedido indicando que o autor não foi enquadrado na cota


de empregado PCD/Reabilitado (artigo 1º da Lei 8989/95).

O pedido foi assim rejeitado: "... No caso, não há prova nos autos de que
o autor se enquadrasse como deficiente físico, ônus que lhe incumbia, não havendo violação da norma
contida no art. 93, §1° da Lei n° 8.213/91. Ademais, a Súmula nº 443, do C. TST estabelece que se
presume discriminatória a despedida de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que
suscite estigma ou preconceito, restando inválido o ato, com direito à reintegração do empregado ao
serviço. De forma que há presunção em favor do empregado quando este for portador do vírus HIV ou
de outra doença grave que suscite estigma ou preconceito, no entanto, não restou configurado nos autos
que o reclamante é portador de doença grave capaz de suscitar estigma ou preconceito, para se
presumir a despedida discriminatória. O reclamante não logrou êxito em demonstrar que a sua dispensa
ocorreu em decorrência de discriminação por parte da empresa, ônus que lhe incumbia. Ao depor, o
reclamante admitiu que: 'após o acidente pessoal teve a promoção em outubro de 2019 apenas; que foi
indicação da senhora Ângela'. com o gerente para assumir o novo cargo e afasta-lo do antigo gestor,
Neyton Portanto, no momento da dispensa, o Sr. Neywtton sequer era o superior hierárquico do
reclamante. Além disso, a testemunha ouvida a rogo da reclamada, superior hierárquico do autor de
dezembro de 2019 até a rescisão contratual, declarou que: 'o reclamante foi dispensado por baixa
performance na função em que ocupava na ocasião; que o reclamante foi dispensado em março ou abril
de 2020; que ainda que o reclamante tenha ficado um curto período na função, foi suficiente para
constatar a baixa performance que levou a dispensa'. Posto isso, julgo improcedentes os pedidos de
nulidade da dispensa e reintegração no emprego." (fl. 1556-pdf).

O artigo 93 da Lei 8213/91 dispõe que:

"Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de
2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários
reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:..."
(grifei)

E os artigos 89 e 92 da referida lei indicam os casos em que ocorre a


reabilitação profissional, e que após sua conclusão é emitido certificado individual ao segurado,
conforme textos a seguir transcritos:

Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao


beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras
de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social
indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.

(...)

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Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 49

Art. 92. Concluído o processo de habilitação ou reabilitação social e profissional, a


Previdência Social emitirá certificado individual, indicando as atividades que poderão ser
exercidas pelo beneficiário, nada impedindo que este exerça outra atividade para a qual
se capacitar.

Portanto, não basta ser portador de necessidade especial, devendo ser


habilitado ou reabilitado pela Previdência Social, motivo pelo qual não há como se considerar que o
enquadramento do autor como PCD para fins de isenção de IPI, comprovado às fls. 51/52-pdf- ID.
42a97df, atraia a conclusão de que se enquadre na hipótese do artigo 93 da Lei 8213/91.

Note-se que o conceito de portador de deficiência contido na Lei 8989/95,


artigo 1º, parágrafo 1º ("Considera-se pessoa com deficiência aquela com impedimento de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial que, em interação com uma ou mais barreiras, pode
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas,
conforme avaliação biopsicossocial prevista no § 1º do art. 2º da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015"), é
mais amplo que o previsto no artigo 89 da lei 8213/91, e que se justifica na diferença da finalidade da
norma, pois uma visa assegurar ao portador de deficiência meio de subsistência próprio, pelo exercício
do trabalho, e a outra isenção tributária para aquisição de automóvel para auxiliar seu deslocamento.

Outro ponto relevante, conquanto o autor tenha sofrido acidente em 2017,


não relacionado ao trabalho, que implicou em tratamento fisioterapêutico, a perícia médica concluiu pela
ausência de incapacidade ou de redução da capacidade para o trabalho.

Desse modo, não há como se considerar que o autor estava inserido na


hipótese do artigo 93 da Lei 8213/91 a atrair o disposto no paragrafo 1º (" A dispensa de pessoa com
deficiência ou de beneficiário reabilitado da Previdência Social ao final de contrato por prazo
determinado de mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em contrato por prazo indeterminado
somente poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com deficiência ou beneficiário
reabilitado da Previdência Social.") para validade de sua dispensa.

Ressalta-se que eventual cumprimento pela ré do disposto no artigo 93 da


Lei 8213/91 - contratação da cota mínima de empregados com necessidades especiais- não é objeto da
demanda.

Com relação à dispensa discriminatória, necessária a análise acerca da


caracterização do transtorno de ajustamento - quadro depressivo- como doença estigmatizante a atrair o
entendimento fixado na Súmula 443 do C. TST, e, consequentemente, a necessidade de prova pela ré de
que dispensa se baseou em critérios objetivos.

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Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 50

Não há controvérsia de que o autor passou por tratamento psiquiátrico


para depressão, conforme documentos que acompanharam a petição inicial.

O preposto da ré disse em Juízo "...que sabe que o reclamante teve o


afastamento do acidente e por psicologo, mas não sabe dizer ao certo se por depressão; que não sabe o
motivo da dispensa..." (fl. 1526-pdf), portanto era de conhecimento da empresa que o autor fazia
tratamento médico psiquiátrico, muito embora o preposto tenha mencionado afastamento psicológico, há
comprovação nos autos apenas de passagem por médico psiquiatra.

A testemunha apresentada pelo autor, Sr. Gilson, disse que "...o


reclamante ficou um período afastado quando sofreu um acidente e tambem por problemas psicologicos
devido ao dia a dia da empresa..." (fl. 1527-pdf).

E a testemunha ouvida a rogo da ré, Sr. Leonardo, disse que: "trabalha na


reclamada desde abril de 2019 como coordenador de operações; que trabalhou juntamente com o
reclamante, tendo sido seu superior; que trabalhou com o autor de dezembro de 2019 até o final do
contrato; que o reclamante era planejador de manutenção da área; que o reclamante fazia controle de
planejamento da manutenção, gestão de informações, e suportava a gestão da rotina da manutenção da
área; que antes o reclamante era auxiliar de automação; que houve alteração de atividades quando o
reclamante mudou de função; que o reclamante foi dispensado por baixa performance na função em que
ocupava na ocasião; que o reclamante foi dispensado em março ou abril de 2020; que ainda que o
reclamante tenha ficado um curto período na função, foi suficiente para constatar a baixa performance
que levou a dispensa..." (fl. 1527-pdf), ou seja o superior hierárquico do autor indicou critério objetivo
para sua dispensa - baixo desempenho na nova função.

O autor confirmou que teve sua função alterada em 2019 em Juízo, tendo
informado "... que após o acidente pessoal teve a promoção em outubro de 2019 apenas; que foi
indicação da senhor Angela com o gerente para assumir o novo cargo e afasta-lo do antigo gestor,
Neyton..." (fl. 1526-pdf).

Logo, a prova oral colhida evidencia que era de conhecimento da ré que o


autor passava por tratamento psiquiátrico, mas tal não impediu sua promoção em 2019.

Contudo, o autor teve baixo desempenho na nova função, o que embasou


sua dispensa em março de 2020, apesar do curto período em que a exerceu.

E a prova produzida evidencia que o autor não era tratado de forma


negativa em razão de seu quadro psíquico, ainda que seu supervisor fizesse colocações grosseiras e

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Fls.: 51

desnecessárias acerca de sua condição física. Note-se que muito embora o supervisor representasse o
empregador naquele momento, é certo que a promoção concedida ao autor evidencia respeito por sua
condição clínica emocional.

Releva observar que a depressão é moléstia de incidência cada vez mais


frequente na população, fato bem evidenciado com a realidade vivida na Pandemia Covid 19, e que
expôs a necessidade de diagnóstico, tratamento e formação de rede de apoio. Contudo, não constitui
moléstia estigmatizante, já que não é vista de forma negativa, nem reprovável, não "marcando" seu
portador.

Ademais, o C. TST já entendeu que apesar da gravidade da depressão, não


pode ser entendida como doença estigmatizante. Nesse sentido:

"AGRAVO DE INSTRUMENTO 1. INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI N.º 13.467


/2017. DEPRESSÃO. DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. CONFIGURAÇÃO.
APLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 443. TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA.
Considerando que a matéria debatida nos autos - possibilidade de reconhecimento da
depressão como doença que gera presunção de estigma ou preconceito a fim de aplicação
do entendimento da Súmula nº 443 - não é pacífica nesta Corte e, diante da função
constitucional uniformizadora deste Tribunal Superior, verifica-se a transcendência
jurídica, nos termos do artigo 896-A, § 1º, IV, da CLT. 2. DEPRESSÃO. DISPENSA
DISCRIMINATÓRIA. CONFIGURAÇÃO. APLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 443.
PROVIMENTO. Demonstrada divergência jurisprudencial, dá-se provimento ao agravo
de instrumento para exame do recurso de revista. Agravo de instrumento a que se dá
provimento. RECURSO DE REVISTA . DEPRESSÃO. DISPENSA
DISCRIMINATÓRIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. DOENÇA QUE NÃO GERA
PRESUNÇÃO DE ESTIGMA OU PRECONCEITO. INAPLICABILIDADE DA
SÚMULA Nº 443. CONHECIMENTO . NÃO PROVIMENTO. Segundo o
entendimento consolidado nesta colenda Corte Superior, a dispensa imotivada de um
determinado empregado encontra respaldo no poder diretivo do empregador, razão pela
qual, por si só, não gera direito ao pagamento de compensação por dano moral nem
direito à reintegração ao emprego. Ocorre, todavia, que devem ser consideradas algumas
exceções, como aquelas previstas na Súmula nº 443, cujo teor preconiza que a despedida
de empregado portador do vírus HIV ou de outra doença grave que suscite estigma ou
preconceito acarretaria a presunção de discriminação e, por conseguinte, daria o direito
ao empregado de reintegração no emprego. Na hipótese vertente , depreende-se da leitura
do v. acórdão recorrido que, embora o reclamante apresentasse um quadro clínico
diagnosticado como depressão, a reclamada o despediu imotivadamente. Conquanto a
depressão seja uma doença considerada grave, apta a limitar as condições físicas,
emocionais e psicológicas de uma pessoa, não é possível enquadrá-la como uma
patologia que gera estigma ou preconceito. Logo, se não há elementos probatórios que
ratifiquem a conduta discriminatória do empregador, o empregado não tem direito à
reintegração ao emprego. Recurso de revista de que se conhece por divergência
jurisprudencial e ao qual se nega provimento" (RR-1535-46.2015.5.02.0037, 4ª Turma,
Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 20/09/2019).

Tais circunstâncias, associadas à comprovação de que a dispensa


embasou-se no baixo desempenho do autor no exercício da nova função, afastam a premissa sustentada
pelo autor de que a dispensa foi discriminatória, pois inserida no poder diretivo do empregador.

Eventual excesso ou mesmo comportamento inadequado pelo antigo


gestor do autor não altera a conclusão acima, pois, repita-se, não há como se acolher que tratamento

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Fls.: 52

grosseiro e desrespeitoso por parte de superior hierárquico acerca de sua condição física atraia a
conclusão de que a doença psiquiátrica é estigmatizante.

Nada a ser alterado.

3 - Sobreaviso:

Aduz o autor que devido o pagamento de sobreaviso, pois se mantinha em


atividade por sistema remoto.

O autor mencionou em depoimento pessoal que recebeu telefone celular e


notebook para exercer a função de técnico em automação, e "... que tinha celular da empresa; que ficava
com o celular ligado 24h; que não poderia se ausentar da localidade em folgas e após o horario do
expediente, uma vez que quando ligavam precisava acessar remotamente ou comparecer até a empresa;
que caso não pudesse acessar remotamente ou não comparecer, ligavam para outro funcionário, mas
normalmente ele não atendia (...) que quando era acionado e comparecia na reclamada para trabalhar,
registrava o ponto..." (fls. 1525/1526-pdf).

Portanto, tem-se que o autor, quando acionado, comparecia de forma


presencial e registrava o ponto, motivo pelo qual não há que se falar que executava trabalho remoto. E
tendo registrado o ponto em tais ocasiões, tem-se que o tempo de trabalho executado em tais ocasiões foi
remunerado, mesmo porque não demonstrado eventual inadimplemento, pelo que indevido o pagamento
pretendido.

O entendimento fixado na Súmula 428 do C. TST, é de que para


caracterização do regime de sobreaviso é necessária a vedação ou a restrição de locomoção do
empregado para que fique à disposição para atendimento de chamado, não bastando para tanto a
obrigatoriedade de posse de telefone celular.

Contudo, a prova oral colhida não indica que o autor sofresse vedação ou
restrição de locomoção a justificar o acolhimento da pretensão, pelo que indevido o pagamento
pretendido.

Nada a ser alterado.

4 -Honorários advocatícios sucumbenciais:

Pretende o autor afastamento da condenação em honorários advocatícios


sucumbenciais, por ser beneficiário da gratuidade de justiça.

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Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 53

Em sentença forma fixados honorários advocatícios sucumbenciais


recíprocos no percentual de 5% para o patrono de cada parte, tendo sido determinada a suspensão da
exigibilidade do valor devido pelo autor (vide fl. 1563-pdf).

A questão, atualmente, não comporta maiores discussões acerca da


melhor exegese a ser feita, diante da recente decisão do Excelso Supremo Tribunal Federal que, por
maioria, na ADIn 5.766/DF, declarou a inconstitucionalidade parcial do parágrafo 4º, do artigo 791-A, da
Consolidação das Leis do Trabalho.

Em voto vencedor, o Ministro Alexandre de Moraes entendeu que não


seria razoável nem proporcional a imposição do pagamento de honorários periciais e de sucumbência
pelo beneficiário da justiça gratuita, sem que se provasse que ele deixou de ser hipossuficiente.

Conclui-se, portanto, que a inconstitucionalidade declarada reside em


parte do § 4º, do artigo 791-A, da CLT, qual seja, na locução "desde que tenha obtido em juízo, ainda que
em outro processo créditos capazes de suportar a despesa", a qual afronta a baliza do artigo 5º, incisos II
e LXXIV, da Constituição Federal.

Desta forma, entendo que a "ratio decidendi" da decisão da Corte


Suprema foi no sentido da declaração da inconstitucionalidade apenas no que viola o direito do
beneficiário da justiça gratuita. Assim, caso cessem as condições de hipossuficiência, possível será a
cobrança dos honorários de sucumbência.

No presente caso, nada há o deferimento da assistência judiciária gratuita.

Portanto, os valores objeto da condenação a título de honorários


advocatícios sucumbenciais ficam sob condição suspensiva de exigibilidade, a teor do que dispõe o § 4º,
do já citado artigo 791-A, da CLT, afastando a compensação com outros créditos trabalhistas, o que já foi
reconhecido em sentença.

Nada a ser alterado.

5 - Honorários periciais:

Requer o autor afastamento da condenação em honorários periciais


médicos.

O Juízo de Origem fixou honorários periciais médicos a serem suportados


pelo autor no valor de R$ 600,00 a serem deduzidos de seu crédito (vide fl. 1563-pdf).

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Número do documento: 22050914452981400000104268230
Fls.: 54

Tendo sido o autor sucumbente no objeto da perícia ambiental, a ela


caberia o pagamento pelos honorários periciais devidos ao Sr. Engenheiro, nos termos do que dispõe o
artigo 790 B da CLT.

Contudo, o STF, em recente decisão na ADI 5766, declarou


inconstitucional o artigo 790 B e seu parágrafo 4º da CLT.

Logo, sendo o reclamante beneficiário da justiça gratuita, não deve arcar


com os honorários periciais.

Mantenho o valor dos honorários fixados em sentença relativos a perícia


médica (R$ 600,00), que ficarão a cargo da União, considerando o previsto no Ato GP/CR Nº 02/2021
deste E. Regional e a Resolução nº 247/2019 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho.

Reformo em parte.

ACORDAM os Magistrados da 10ª Turma do Tribunal Regional do


Trabalho da 2ª Região em: CONHECER os recursos apresentados pelas PARTES, REJEITAR a
preliminar de nulidade da prova pericial arguida pelo autor e, no mérito, DAR PARCIAL
PROVIMENTO ao recurso da RECLAMADA para 1) afastar a condenação em adicional de
insalubridade e reflexos; 2) fixar que o intervalo para refeição e descanso foi suprimido em trinta minutos
em três dias ao mês, mantendo o pagamento deferido em razão da irregular fruição, e DAR PARCIAL
PROVIMENTO ao recurso do AUTOR, para 1) majorar a indenização por dano moral em R$
10.000,00; 2) determinar que os honorários fixados em sentença relativos à perícia médica (R$ 600,00)
devidos pelo autor, ficarão a cargo da União, considerando o previsto no Ato GP/CR Nº 02/2021 deste E.
Regional e a Resolução nº 247/2019 do Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Tudo nos termos do
voto da Relatora. Custas processuais mantidas, a cargo da Reclamada.

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Fls.: 55

Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Desembargador


ARMANDO AUGUSTO PINHEIRO PIRES.

Tomaram parte no julgamento: ADRIANA MARIA BATTISTELLI


VARELLIS, SANDRA CURI DE ALMEIDA e KYONG MI LEE.

Votação: Unânime.

São Paulo, 06 de Junho de 2022.

ADRIANA MARIA BATTISTELLI VARELLIS


Juíza Convocada
Relatora
ap/2/r

VOTOS

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Número do processo: 1000253-29.2020.5.02.0441 ID. 41c18e9 - Pág. 21
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SUMÁRIO
Documentos

Data da
Id. Documento Tipo
Assinatura

2fef48a 02/04/2020 18:20 Decisão Decisão

cefc520 20/07/2020 17:06 Despacho Despacho

b23f4fa 28/07/2020 08:59 Ata da Audiência Ata da Audiência

ada13ce 23/10/2020 13:54 Despacho Despacho

88b1406 10/12/2020 18:16 Despacho Despacho

2a4b896 30/03/2021 19:24 Despacho Despacho

5dfc585 02/06/2021 16:19 Despacho Despacho

85a2266 16/09/2021 10:58 Ata da Audiência Ata da Audiência

5678051 01/10/2021 15:26 Sentença Sentença

61b8155 25/10/2021 16:49 Sentença Sentença

1c9da8c 03/12/2021 15:24 Decisão Decisão

41c18e9 09/06/2022 12:08 Acórdão Acórdão

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