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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Cível da Comarca

de Montes Claros -MG.

Processo nº. XXXXX

Transwalter Transportes Rodoviários Urbanos LTDA, pessoa


jurídica inscrita no CNPJ sob o nº 05.396.714/0001-80, com sede em Montes Claros,
Minas Gerais, endereço eletrônico transwalterservicosurbanos@gmail.com,
devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe, neste ato representada por
seu sócio gerente Paulo Vitor , brasileiro, divorciado, empresário, CPF nº
342.002.171-42, RG nº 48.151.623-42, residente e domiciliada na Avenida João
XXIII, 4305- Bairro Eldorado, Montes Claros - MG, comparece perante Vossa
Excelência, por seu procurador abaixo-assinado, para oferecer, tempestivamente,
CONTESTAÇÃO, ao processo que lhe move Tayná Martins consoante os seguintes
termos:

SÍNTESE DA PETIÇÃO INICIAL

Trata-se de ação de indenização em que a autora alega que, no


dia 05 de setembro de 2020, às 07h30min, o ônibus em que era passageira colidiu
frontalmente com uma árvore. A perícia civil concluiu que o acidente foi provocado
pelo motorista da sociedade empresária, que dirigia embriagado.

Diante disso, ela pretende propor ação de indenização, pois


devido ao acidente, perdeu muitos clientes que passaram a comentar na região que ela
tinha perdido a capacidade de prestar seu trabalho no comércio.
PRELIMINAR DE NÃO CABIMENTO
DO RITO SUMARÍSSIMO

Independente da discussão de mérito, certo é que o


procedimento (rito) adotado pelo autor é incompatível com a natureza da demanda, a
qual tem por imprescindível a realização de prova pericial no sentido de verificar se
existiriam defeitos no calçado que alega ter adquirido da empresa ré.

Sendo assim, diante da necessidade de procedimento mais


complexo, que não se amolda à natureza informal e dinâmica dos Juizados
Especiais, não pode prosperar o presente processo, devendo ser extinto sem
julgamento do mérito em razão de eleição de rito/via inadequado, independente de
qualquer outra consideração.
DO MÉRITO

Em primeiro lugar, por força do art. 373 do CPC, o ônus da


prova cabe a quem alega. Nesse sentido cabe ao autor o ônus de provar os fatos
constitutivos do seu direito (inciso I), ônus do qual não se desincumbiu, tendo em vista
que não apresenta sequer a nota fiscal e/ou recibo de compra do referido calçado.
Nesse sentido, não é o caso de inversão de ônus da prova, vez
que não são verossímeis as alegações do autor que sequer faz prova da compra, a
teor do inciso VIII, do art. 6º do CDC. Ora, sem a apresentação de prova da
aquisição do produto a própria ré não tem como saber se, realmente, o produto
foi adquirido em seu estabelecimento comercial.

É o que basta para improcedência da ação!!!

Não obstante isso, apenas por amor ao debate e excesso de zelo


do signatário da presente ação, na remota hipótese de se entender ser cabível o
presente processo, certo é que não há provas nem mesmo da compra do produto,
pela falta de nota fiscal ou recibo de compra, não sendo, portanto, de
responsabilidade da ré arcar com os supostos danos morais e materiais alegados,
vez que não existem provas mínimas nem sequer do negócio jurídico realizado.

Na realidade, o autor fez contato telefônico com a loja ré


alegando ter supostamente comprado um calçado que teria vindo trocado, tendo sido
informado que a troca ou devolução de produtos exige a apresentação da nota de
compra. Foi informado, ainda, que, se fosse o caso, como a compra teria sido
presencial e não por meio virtual ou fora do estabelecimento, da mesma forma como
afirmou ter adquirido o produto, deveria proceder para trocá-lo ou devolvê-lo e que,
nesse caso, seria necessário comparecimento pessoal, munido de documentos
pessoais, do produto e do respectivo cupom fiscal.

A partir daí, tentando forçar situação inexistente, o autor


enviou os emails constantes dos autos, os quais não foram respondidos por não
corresponderem as políticas de troca/devolução da empresa, sendo, portanto,
absolutamente unilaterais, não havendo qualquer resposta que conste dos autos, muito
menos prova de que a loja teria se comprometido a realizar troca ou devolução fora de
sua própria política de atendimento ao consumidor.
Alias, como já se afirmou, não há prova sequer de que o
autor realmente tenha adquirido produtos junto a requerida, vez que não
apresenta nota fiscal ou outro documento qualquer.

Por fim, mesmo que assim não fosse, o que se admite por amor
ao debate, mas sem qualquer transigência, toda a situação narrada não ultrapassa o
mero aborrecimento, não se enquadrando como hipótese caracterizadora de dano
moral.

Ora, se comprovar o autor ter realmente adquirido produto


junto à empresa requerida e que tal produto encontra-se com defeito, teria, quando
muito, o direito de devolução da quantia paga e não direito a suposta indenização por
inexistentes danos morais.

Nesse sentido, vem decidindo os Tribunais pátrios, de cuja


jurisprudência se colaciona:

Processo: Apelação Cível 1.0569.13.002009-6/001


Relator(a): Des.(a) Marco Aurelio Ferenzini
Data de Julgamento: 29/01/2015
Data da publicação da súmula: 06/02/2015
EMENTA: AÇÃO ORDINÁRIA - INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS - PRESENÇA DE CORPO ESTRANHO - MAÇO DE
CIGARROS - ÔNUS DA PROVA - COMPROVAÇÃO DOS
FATOS CONSTITUTIVOS DO DIREITO DA AUTORA - DANO
MORAL NÃO CONFIGURADO - MERO ABORRECIMENTO.
Ainda que tenha sido aplicado o instituto da inversão do ônus da
prova, a parte autora não estará dispensada de comprovar os
fatos constitutivos de seu direito. Os fatos narrados na inicial que,
per si, não ultrapassaram a esfera do mero aborrecimento, pois
ficaram limitados à indignação da pessoa, sem qualquer
repercussão no mundo exterior, o que importa em reconhecer a
inexistência da obrigação de indenizar.
Processo: Apelação Cível 1.0145.12.032937-3/001
0329373-02.2012.8.13.0145 (1)
Relator(a): Des.(a) Domingos Coelho
Data de Julgamento: 03/12/2014
Data da publicação da súmula: 12/12/2014
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER C/C INDENIZAÇÃO - COMPRA E VENDA DE
MERCADORIA - PAGAMENTO EFETUADO - PRODUTO NÃO
ENTREGUE - DANO MORAL - CARACTERIZAÇÃO -
AUSÊNCIA - MERO ABORRECIMENTO.
- O atraso na entrega de produto adquirido e devidamente pago
pelo consumidor, apesar de caracterizar serviço defeituoso a
impor reparação material, não atinge a esfera dos direitos da
personalidade do consumidor a render prejuízos morais
indenizáveis.
- A dor moral, que decorre da ofensa aos direitos da personalidade,
apesar de ser deveras subjetiva, deve ser diferenciada do mero
aborrecimento, a qual todos estamos sujeitos e que pode acarretar, no
máximo, a reparação por danos materiais, sob pena de ampliarmos
excessivamente a abrangência do dano moral, a ponto de
desmerecermos o instituto do valor e da atenção devidos.
Preliminar rejeitada; recurso principal parcialmente provido; recurso
adesivo prejudicado quanto ao mérito.

Processo: Apelação Cível


1.0153.10.006221-2/001
0062212-03.2010.8.13.0153 (1)
Relator(a): Des.(a) Cabral da Silva
Data de Julgamento: 18/11/2014
Data da publicação da súmula: 28/11/2014
EMENTA: FATO DO PRODUTO. GARANTIA EM VIGOR.
EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. INOCORRÊNCIA.
DEVER DE INDENIZAR. REPARAÇÃO MATERIAL. VALOR
DO PREJUÍZO E LUCROS CESSANTES. INEXISTÊNCIA DE
DANO MORAL. MERO ABORRECIMENTO. IMPROCEDÊNCIA.
Se não é comprovada a incidência de qualquer hipótese que exclua a
responsabilidade do fornecedor e, concomitantemente, há a
demonstração o dano infligido ao consumidor, estando o produto no
prazo de garantia, deve ser acolhido o pedido de indenização
material, correspondente ao valor do produto defeituoso e lucros
cessantes comprovados. Meros aborrecimentos e chateações não
configuram dano de cunho moral, sendo indevido o pagamento de
indenização a tal título.

Processo: Apelação Cível


1.0145.13.007402-7/002
0074027-16.2013.8.13.0145 (1)
Relator(a): Des.(a) Otávio Portes
Data de Julgamento: 13/11/2014
Data da publicação da súmula: 24/11/2014
EMENTA: DIREITO DO CONSUMIDOR. APELAÇÃO CÍVEL.
AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE CIVIL POR
VÍCIO DO PRODUTO. MICROCOMPUTADOR DEFEITUOSO.
DANO MORAL. NÃO CONFIGURAÇÃO NA ESPÉCIE.
SENTENÇA MANTIDA. 1. O só fato da aquisição de
microcomputador defeituoso pelo consumidor junto ao fornecedor de
bens e serviços, em princípio, não configura dano moral indenizável,
por não transbordar a barreira do mero aborrecimento, cuidando-se de
evento ordinário e intrínseco ao cotidiano da convivência social, não
tendo o condão da arranhar, com a profundidade exigida, a dignidade
humana e os direitos da personalidade.

DOS REQUERIMENTOS
Diante do exposto, lídimo o direito da ré requerer:

a) Seja acolhida a preliminar suscitada, no sentido de reconhecer a


inadequação do procedimento utilizado, extinguindo o processo sem
julgamento de mérito;
b) No mérito, caso até ele se pudesse chegar, seja julgada totalmente
improcedente a presente ação rejeitando-se todos os pedidos contidos
na petição inicial, ou, caso Vossa Excelência assim não entenda, o que
se admite por absurdo, seja afastada qualquer condenação em danos
morais, pelos motivos antes expostos;
c) Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos em especial
prova pericial;
d) Seja o autor condenado nas despesas processuais e honorários
sucumbenciais, em caso de recurso inominado;

Termos em que, respeitosamente,


pede deferimento

Juiz de Fora, XXXX.

______________________________________
ADVOGADO OAB
PROCURAÇÃO “AD JUDICIA ET EXTRA”

Paulo Vitor , brasileiro, divorciado, empresário, CPF nº 342.002.171-42, RG nº


48.151.623-42, residente e domiciliada na Avenida João XXIII, 4305- Bairro
Eldorado, Montes Claros – MG, nomeia e constitui como seu procurador o Dr.
FREDENIR OZANAN DA SILVA, brasileiro, casado, advogado devidamente
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob o nº OAB MG/ 865978, a Dra. LAÍS
NERES PEIXOTO, brasileira, casada, advogada devidamente inscrita na Ordem dos
Advogados do Brasil sob o nº 865.874, Dr. MATHEUS RAMOS GONÇALVES,
brasileiro, casado, advogado devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil
sob o nº 578.967, Montes Claros, fone: (38) 3294-1885 e (38) 98125-3158, a quem
confere os poderes da cláusula “ad judicia et extra”, para a prática de todos os atos no
Foro em geral, em qualquer Juízo, Instância ou Tribunal, usando os recursos legais e
acompanhando-os, conferindo-lhe ainda poderes especiais para confessar, desistir,
transigir, firmar compromisso ou acordo, receber e dar quitação, podendo ainda
substabelecer esta para outrem, com ou sem reservas de iguais, em especial para
impetrar defesa contra a AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.
MONTES CLAROS, 30 de Novembro de 2020.

Paulo Vitor
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Assinatura do Solicitante

Fredenir Ozanan da Silva


_________________________ _________________________
_Dr. Fredenir Ozanan da Silva Dr. Matheus R Gonçalves
OAB/MG 865978
OAB/MG 578967

Laís Neres Peixoto


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Dra. Laís Neres Peixoto
OAB/MG 865874

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