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Enunciado
No dia 15 de março de 2021, Wilson, rapaz jovem, bem-apessoado, encontrava-se em sua residência comemorando
o aniversário da sua sogra, conhecida com Edilene. A festa transcorria normalmente até a chegada de Bento, seu
cunhado, já que casado com a outra filha da Dona Edilene. Em certa altura da festa, Bento, já alterado por conta do
excesso na ingestão de bebida alcóolica, começa a provocar Wilson, iniciando-se acirrada discussão. Em dado
momento, Bento prometeu matar Wilson, o que fez com que este deixasse a festa e fosse para sua casa, localizada
nas proximidades. Não satisfeito, após ingerir mais bebida alcóolica, Bento pega um facão e vai até a residência de
Wilson, com o intuito de cumprir a promessa feita. Após nova discussão, Bento parte em direção a Wilson, com a
intenção de golpeá-lo. De imediato, Wilson pegou sua arma, devidamente registrada, cujo porte tinha autorização,
e efetuou um disparo em direção a Bento, errando, no entanto, o alvo, acertando Maria, sua esposa, que se
encontrava no local tentando apaziguar os ânimos. Apavorado, Wilson colocou a esposa no seu automóvel,
levando-a até o hospital. Apesar dos esforços médicos empregados, Maria não resiste aos ferimentos e acaba
falecendo. Diante dos fatos, foi instaurado inquérito policial, tendo a autoridade policial concluído pelo
indiciamento de Wilson, responsabilizando-o pela morte de Maria. Após ter vista do inquérito policial, o Ministério
Público ofereceu denúncia contra Wilson, imputando-lhe a prática do crime de homicídio qualificado pelo
feminicídio, nos termos do artigo 121, § 2º, VI, do Código Penal. Ao longo da instrução, as testemunhas arroladas
afirmaram que Bento teria provocado Wilson, prometendo-o matá-lo, acrescentando terem visto o mesmo indo
em direção a Wilson munido de um facão. Durante o seu interrogatório, Wilson admitiu o disparo que vitimou a
esposa, acrescentando, no entanto, que o intuito era de atingir Bento, que estava indo em sua direção para lhe
agredir com um facão. Após as manifestações derradeiras das partes, o Magistrado da 5ª Vara Criminal do Tribunal
do Júri da Comarca de Belo Horizonte/MG prolatou decisão pronunciando o réu como incurso no crime de artigo
121, § 2º, VI, do Código Penal. Na sua fundamentação, o Magistrado afirmou que a prova coligida ao longo da
instrução não deixa margem a dúvidas acerca da responsabilidade penal do réu, razão pela qual deve ser submetido
a julgamento pelo Tribunal do Júri. A defesa foi intimada da decisão no dia 17 de novembro de 2021 (quarta-feira).
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, na
condição de advogado de Wilson, redija a peça, excluída habeas corpus, cabível à impugnação da mencionada
decisão, acompanhada das razões pertinentes, datando-a no último dia do prazo fatal. (Valor: 5,00)
Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à
pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito comentado
ser endereçada para o Juiz da 5ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Belo Horizonte/MG, endereçando, ainda,
as razões de recurso em sentido estrito para o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.
Na peça de interposição, deveria o examinando formular pedido de retratação, nos termos do
artigo 589 do CPP.
Preliminarmente, deve o examinando alegar a nulidade da decisão de pronúncia, por ter o juízo
se aprofundado na análise da materialidade e autoria do delito, já que não se limitou a apontar a materialidade do
delito e indícios suficientes de autoria, violando o disposto no artigo 413, § 1º, do CPP.
No mérito, o examinando deveria alegar, de forma fundamentada, a incidência da legítima
defesa, uma vez que o réu reagiu a uma agressão injusta da vítima, nos termos do artigo 23, inciso II, e/ou artigo
25, ambos do Código Penal, o que levaria à absolvição sumária, com base no artigo 415, IV, do CPP.
Ainda no mérito, o examinando deveria alegar que o réu, na intenção de se defender da injusta
agressão de Bento, efetuou um disparo de arma de fogo, mas por erro no uso do meio de execução ou acidente,
acabou atingindo pessoa diversa, ou seja, sua esposa. Trata-se, portanto, de erro na execução, previsto no artigo
73 do Código Penal. E, no caso, devem ser consideradas as qualidades e condições da pessoa pretendida, e não os
da pessoa diversa. Logo, como a pessoa pretendida era o agressor injusto, deve-se considerar a incidência da
legítima defesa, causa excludente de ilicitude, ainda que tenha sido atingido pessoa diversa.
Por fim, de maneira subsidiária, não reconhecida a absolvição sumária, cabe ao examinando
pugnar pelo afastamento da qualificadora prevista no Art. 121, § 2º, inciso VI, do CP, tendo em vista que, conforme
expresso no enunciado, o réu pretendia se defender do agressor injusto, e, por acidente ou erro no uso dos meios
de execução, acabou acertando sua esposa. Logo, devem ser consideradas as condições e qualidades da pessoa
pretendida, e não da pessoa diversa, razão pela qual deve ser afastada a qualificadora do feminicídio.
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
Petição de Interposição 0
1) Endereçamento: Juiz da 5º Vara Criminal do Tribunal do Júri da Comarca de Belo 0/0,10
Horizonte/MG (0,10).
2) Fundamento legal para apresentação do Recurso em Sentido Estrito: artigo 581, inciso IV, 0/0,20
do Código de Processo Penal (0,20).
3) Pedido de retratação OU efeito regressivo ou iterativo (0,30), nos termos do artigo 589 do
CPP (0,10). 0/0,10/
Obs: a mera indicação do artigo não pontua. 0,30/0,40
Obs: para que seja pontuado, o pedido de retratação deve ser feito na petição de interposição.
A ausência de petição de interposição implicará, também, na perda dos pontos relativos à
estrutura da peça, além daqueles relativos aos itens da referida petição de interposição.
Razões Recursais
4) Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (0,10) 0/0,10
5) Preliminarmente, desenvolvimento fundamentado acerca da nulidade da decisão de
pronúncia (0,30), por ter o juízo se aprofundado na análise da materialidade e autoria do 0/0,20/0,50/
delito OU em face da eloquência acusatória (0,20), violando o disposto no artigo 413, § 1º, do 0,70
CPP E/OU artigo 564, inciso III, alínea “f”, do CPP E/OU artigo 564, inciso IV, do CPP (0,20).
6) No mérito, sustentar a absolvição sumária (0,40), nos termos do artigo 415, IV, do CPP 0/0,10/0,40/0,50
(0,10).
7) Desenvolvimento fundamentado acerca da legítima defesa (0,40), já que o réu reagiu a uma 0,0/0,10/0,20/0,3
agressão injusta (0,20), nos termos do artigo 25 do Código Penal OU artigo 23, inciso II, do 0/0,40/0,50/0,60/
Código Penal (0,10), por se tratar de erro na execução (0,20), consideram-se as condições e 0,70/0,80/0,90/
qualidades da pessoa pretendida (0,10), nos termos do artigo 73 do Código Penal OU art. 73 1,0/1,10
c/c 20, § 3º, do CP (0,10)
Obs.: A mera indicação do artigo não é pontuada.
8) Afastamento da qualificadora do feminicídio (OU do Art. 121, § 2º, inciso VI, do CP) (0,30), 0/0,10/0,20/0,30/
em razão do erro na execução (0,20), nos termos do 73 do Código Penal (0,10) 0,40/0,50/0,60
Pedidos:
9) Conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,20) 0/0,10/0,20/0,30
10) Nulidade da decisão de pronúncia (0,10), nos termos do artigo 413, § 1º, do CPP E/OU 0/0,10/0,20
artigo 564, inciso III, alínea “f”, do CPP E/OU artigo 564, inciso IV, do CPP (0,10).
11) Absolvição sumária (0,20), com base no artigo 415, inciso IV, do CPP (0,10) 0/0,10/0,20/
0,30
12) Afastamento da qualificadora do feminicídio (0,10) 0/0,10
Prazo:
13) Datar a peça no dia 22 de novembro de 2021 (0,20).
Obs: a falta de data em qualquer uma das peças implicará, também, na perda de pontos pela 0/0,20
estrutura, além da perda dos pontos relativos ao item “prazo”; a colocação de datas diferentes
nas peças implicará na perda dos pontos relativos ao item “prazo”.
Estrutura e Fechamento
14) Duas petições (interposição e razões); colocação de endereçamento nas petições;
aposição de Local, data, assinatura, OAB (0,20). 0/0,20
Obs: caso não seja feita petição de interposição haverá desconto no item relativo à estrutura
da peça, além daqueles relativos aos itens da referida petição.
TOTAL 5,00
Processo nº
Nestes termos,
Pede deferimento.
Recorrente: WILSON
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO
Processo nº
I) DOS FATOS
O Ministério Público denunciou o recorrente pela
prática do crime de homicídio qualificado, previsto no artigo 121, §2º,
VI do Código Penal.
Durante a instrução, testemunhas foram ouvidas,
oportunidade em que afirmaram que Bento provocou e prometeu matar
o réu.
Interrogado, o réu admitiu o disparo que vitimou sua
esposa, porém alegou que o intuito era atingir Bento, que estava com
um facão indo em sua direção para lhe agredir.
Encerrada a instrução, o Juiz prolatou decisão
pronunciando o réu com o incurso no crime de artigo 121, § 2º, VI, do
Código Penal.
A defesa foi intimada da decisão no dia 17 de
novembro de 2021, que caiu numa quarta-feira.
II) DO DIREITO
A) DA NULIDADE DA DECISÃO DE PRONÚNCIA (0,70)
Na decisão de pronúncia, o Magistrado afirmou que a
prova produzida não deixa margem a dúvidas acerca da
responsabilidade do réu. Todavia, nos termos do artigo 413, § 1º, do
Código de Processo Penal, o Magistrado deveria se limitar a apontar a
materialidade do fato e indícios da autoria, sendo-lhe vedado
aprofundar a análise do mérito (0,20), assim como fez ao afirmar que a
prova não deixa margem a dúvidas acerca da responsabilidade do réu.
Assim, deve ser declarada nula a decisão de
pronúncia (0,30), nos termos do artigo 413, § 1º, artigo 564, inciso III,
alínea “f”, e artigo 564, inciso IV, todos do Código de Processo Penal
(0,20).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Preliminares
Prescrição
RECURSO EM
SENTIDO ESTRITO
DECISÃO DE Conteúdo Impronúncia
PRONÚNCIA
Mérito
Absolvição sumária
Desclassificação
Afastar qualificadora
Subsidiariedade
Afastar causa de aumento de pena
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL
SIMULADO 4
ÁREA: DIREITO PENAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
Enunciado
Wilson, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pela prática do crime de tráfico de drogas. Após a
instrução, inclusive com realização do interrogatório, ocasião em que o acusado confessou os fatos, Wilson foi
condenado, na forma do Artigo 33 da Lei nº 11.343/06, à pena de 05 anos de reclusão, a ser cumprido em regime
inicial fechado, sob o fundamento de que o tráfico de drogas é crime assemelhado a hediondo. O advogado de
Wilson interpôs o recurso cabível da sentença condenatória. Em julgamento pela Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça, a sentença condenatória foi integralmente mantida. O Desembargador revisor, por sua vez, votou no
sentido de manter a pena de 05 anos de reclusão, mas foi favorável à tese da fixação do regime carcerário
semiaberto, no que restou vencido, já que os demais desembargadores mantiveram o regime fechado. O advogado
de Wilson é intimado do acórdão. Considerando a situação narrada, responda aos itens a seguir.
A) Em relação ao regime carcerário, qual medida processual, diferente de habeas corpus, cabível para combater a
decisão da Câmara Criminal do Tribunal de Justiça? (Valor: 0,40)
B) Qual fundamento de direito material deverá ser apresentado para fazer prevalecer o voto vencido? (Valor: 0,85)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
Gabarito comentado
A) A medida processual a ser adotada pelo advogado de Wilson é a interposição de Recurso de Embargos
Infringentes, na forma do artigo 609, parágrafo único, do CPP, considerando que a decisão proferida em sede de
Apelação não foi unânime, em relação à fixação do regime carcerário.
B) Para fazer prevalecer o voto vencido, deverá o examinando demonstrar a possibilidade de ser fixado o regime
semiaberto, tendo em vista que o STF também reconheceu a inconstitucionalidade da exigência da aplicação do
regime inicial fechado para os crimes hediondos ou equiparados trazida pelo artigo 2º, § 1º, da Lei nº 8072/90 por
violação do princípio da individualização da pena, previsto no artigo 5º, inciso XLVI, CF/88, de modo que, no caso,
seria possível a fixação do regime inicial semiaberto de cumprimento da reprimenda penal.
Além disso, eventual opinião do julgador acerca da gravidade do delito não constitui motivação idônea para impor
regime carcerário mais severo do que previsto em lei, conforme as Súmulas 718 e 719 do STF e Súmula 440 do STJ.
Logo, como se trata de réu primário e com bons antecedentes, bem como a pena aplicada é de 05 anos, o regime
deveria ser o semiaberto, nos termos do artigo 33, § 2º, alínea “b”, do Código Penal.
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
a) A medida processual é de Embargos Infringentes (0,20), na forma do artigo 609, parágrafo 0/0,20/0,40
único, do Código de Processo Penal (0,20).
b) O fundamento seria a possibilidade de ser fixado o regime semiaberto (0,20), nos termos 0/0,10/0,20/
do artigo 33, § 2º, alínea “b”, do CP (0,10), tendo em vista que o STF também reconheceu a 0,30/0,35/0,40/
inconstitucionalidade da exigência da aplicação do regime inicial fechado para os crimes 0,45/0,50/0,55/
hediondos ou equiparados trazida pelo artigo 2º, § 1º, da Lei nº 8072/90 (0,35), por violação 0,60/0,65/0,70/
ao princípio da individualização da pena (0,10), previsto no artigo 5º, inciso XLVI, CF/88 (0,10). 0,75/0,80/0,85
Enunciado
No dia 25 de julho de 2021, Mauro Corona, após ministrar aula sobre o tema de competência no processo penal
num curso preparatório, quando se deslocava pelo estacionamento do estabelecimento comercial em questão e se
preparava para regressar para a cidade de Santa Maria/RS, foi surpreendido por uma pessoa que, simulando portar
uma arma de fogo, subtraiu a sua estilosa bolsa masculina da marca Hugo Boss, a qual continha um macbook e um
Iphone 11.
Uma semana após o fato, após ministrar aula sobre a Lei de Drogas, ao passar pelo mesmo estacionamento da
semana anterior, avistou Ruth e a reconheceu como sendo a autora da subtração de que havia sido vítima. De
imediato, a polícia foi acionada e Ruth detida. Na Delegacia de Polícia, perante a autoridade policial, Ruth
permaneceu em silêncio. Mauro, por sua vez, reiterou ter sido Ruth a autora da subtração, acrescentando que, na
ocasião, a acusada apontou um objeto por debaixo da camisa, pelo que supôs ser uma arma de fogo, embora não
tivesse certeza se realmente era uma arma ou se era a mão direita de Ruth simulando estar portando uma arma de
fogo. Os pertences de Mauro não foram recuperados e Ruth foi liberada em razão da ausência da situação de
flagrante. Oferecida a denúncia pela prática do delito de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo (art. 157,
§ 2º-A, I, do CP), Ruth foi pessoalmente citada e manifestou interesse em ser assistida pela Defensoria Pública.
No curso da instrução, a vítima Mauro, única pessoa arrolada pelo Ministério Público, não compareceu à audiência
de instrução, tendo o agente ministerial desistido de sua oitiva, nos termos do artigo 401, parágrafo 2º do Código
de Processo Penal. Em seu interrogatório, a acusada Ruth permaneceu novamente em silêncio. Após o
encerramento da instrução e debates orais, o Magistrado proferiu sentença, julgando procedente a pretensão
punitiva, fundamentado seu convencimento exclusivamente nas declarações da vítima perante a autoridade
policial, fixando a pena definitiva em 6 (seis) anos e 8 (oito) meses, em face da majoração pelo emprego da arma
de fogo. Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) de Ruth, aos itens
a seguir.
A) Qual a tese jurídica a ser apresentada nas razões de apelação de modo a buscar a absolvição de Ruth? Justifique.
(Valor: 0,65)
B) Qual tese de direito material pode ser apresentada para buscar a redução da pena aplicada, caso mantida a
condenação? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
Gabarito comentado
A) A tese jurídica a ser apresentada pela defesa de Ruth para garantir sua absolvição é de insuficiência probatória,
com fulcro no artigo 386, inciso V E/OU inciso VII do Código de Processo Penal, diante da ausência de elementos
probatórios produzidos em juízo. Ademais, deve o candidato alegar que o magistrado não pode fundamentar sua
decisão exclusivamente com base em elementos informativos, nos termos do artigo 155 do Código de Processo
Penal. Claramente, o Magistrado considerou apenas os elementos informativos produzidos em sede policial, que
não foram submetidos ao princípio do contraditório. O conceito de prova exige o respeito a esse princípio. Os
elementos informativos somente podem embasar um decreto condenatório se confirmados por provas produzidas
sob o crivo do contraditório. Ademais, não estamos diante de nenhuma das exceções trazidas pelo artigo 155, in
fine, do Código de Processo Penal. Considerando que a decisão do Magistrado baseou-se exclusivamente nas
palavras da vítima em sede policial, não havendo provas produzidas em juízo, a condenação foi indevida.
B) Em busca da redução da pena aplicada, deveria o(a) advogado(a) de Ruth sustentar o afastamento da causa de
aumento de pena consistente no emprego de arma de fogo. Isso porque não há qualquer prova de que a ré portava
arma de fogo no momento da subtração. Além disso, a própria vítima disse não ter certeza se realmente era uma
arma ou se era a mão direita de Ruth simulando estar portando uma arma de fogo. Logo, em caso de manutenção
da condenação, deveria ser afastada a causa de aumento de pena, com o reconhecimento do roubo simples.
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
a) A tese jurídica para garantir a absolvição é a insuficiência probatória (0,20), com fulcro no
artigo 386, inciso V E/OU inciso VII do CPP (0,10), diante da ausência de elementos
probatórios produzidos em juízo (0,10). O Magistrado não pode fundamentar sua decisão 0/0,25/0,40/0,65
exclusivamente com base nos elementos informativos, ou seja, nas palavras da vítima ditas
em sede policial, pois as provas não foram produzidas em juízo, o que viola o princípio do
contraditório, nos termos do artigo 155 do CPP (0,25).
b) Em busca da redução da pena aplicada, deveria o(a) advogado(a) de Ruth sustentar o
afastamento da causa de aumento de pena consistente no emprego de arma de fogo (0,40).
Isso porque não há qualquer prova de que a ré portava arma de fogo no momento da 0/0,20/0,40/0,60
subtração OU porque a própria vítima disse não ter certeza se realmente era uma arma ou
se era a mão direita de Ruth simulando estar portando uma arma de fogo (0,20)
Enunciado
Marcelita dá à luz seu primeiro filho, Ricardo, que nasceu prematuro, necessitando ficar na ala hospitalar destinada
a recém-nascidos. Após o parto, Marcelita foi acometida de uma profunda tristeza, seguida de irritabilidade e
angústia, acarretando distúrbio psíquico, a ponto de eliminar a vida do próprio filho recém-nascido. Assim,
Marcelita desloca-se até o berçário da maternidade, no intuito de matar Ricardo. No entanto, pensando ser seu
filho, com uma corda, asfixia Maurício, filho recém-nascido do casal Laura e Renato, causando-lhe a morte. Ao longo
da investigação policial, restou caracterizado que Marcelita estava sob influência do estado puerperal. O Ministério
Público, considerando que Marcelita matou Maurício, ofereceu denúncia pelo crime de homicídio qualificado pela
asfixia com causa de aumento de pena pela idade da vítima. Após regular andamento do processo e encerrada a
instrução, o Magistrado proferiu decisão de pronúncia, a fim de que a ré seja submetida a julgamento no Plenário
do Júri pelo crime de homicídio qualificado pela asfixia, com a causa de aumento de pena pela idade da vítima. A
defesa de Marcelita foi intimada no dia 11/03/2016, sexta-feira. Analise o caso narrado e, com base apenas nas
informações dadas, responda, na condição de advogado(a) de Marcelita, aos itens a seguir.
A) Qual o recurso cabível para combater a decisão do Magistrado e qual o último dia para sua interposição? (Valor:
0,60)
B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado para combater a decisão do Magistrado em relação
a decisão que pronunciou a ré como incurso no crime de homicídio qualificado pela asfixia com causa de aumento
de pena em razão da idade da vítima? Justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
pontuação.
Gabarito comentado
A) O candidato deve responder que o recurso cabível é o Recurso em Sentido Estrito, com base no artigo 581, inciso
IV, do Código de Processo Penal. Prazo: 18/03/2016.
B) O argumento de direito material seria o de que Marcelita deveria ter sido pronunciada pelo delito de infanticídio,
previsto no artigo 123 do Código Penal. Isso porque, Marcelita agiu em hipótese de erro sobre a pessoa, previsto
no artigo 20, §3º, do Código Penal, devendo ser considerada apenas as características da vítima pretendida
(Ricardo) e não da vítima real (Maurício). Considerando que matou o bebê Maurício sob influência do estado
puerperal, logo após o parto, deve receber tratamento penal como se tivesse matado o seu próprio filho. Assim,
deveria Marcelita ter sido pronunciada pelo delito de infanticídio e não pelo crime de homicídio qualificado pela
asfixia com a causa de aumento de pena pela idade da vítima.
ITEM PONTUAÇÃO
a) Recurso em Sentido Estrito (0,30), nos termos do art. 581, inciso IV, do CPP (0,15). 0/0,15/0,30/
Prazo: 18/03/2016 (0,15). 0,45/0,60
b) Desenvolvimento fundamentado de que Marcelita agiu em erro quanto à pessoa 0/0,10/0,15/
(0,20), previsto no art. 20, §3º, do CP (0,15), devendo ter sido pronunciada pelo delito de 0,20/0,25/0,30/
infanticídio (0,20), previsto no art. 123 do CP (0,10). 0,35/0,40/0,50/
0,55/0,65
B) A tese de direito material seria de que Marcelita agiu sob erro quanto
à pessoa (0,20), previsto no art. 20, §3º do Código Penal (0,15). Desta
forma se considera as características da vítima pretendida, isto é, seu
filho Ricardo, recém-nascido. Como ela agiu sob influência do estado
puerperal, deverá responder pelo crime de infanticídio (0,20), previsto
no artigo 123 do Código Penal (0,10)
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL
SIMULADO 4
ÁREA: DIREITO PENAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 4
Enunciado
Tati dirigiu-se a uma loja de maquiagens e, após escolher vários produtos de beleza, que somaram a quantia de
R$ 5.000,00 (cinco mil) reais, foi até o caixa para efetuar o pagamento, por meio de um cheque de terceira pessoa,
inclusive assinando como se fosse a titular da conta. Na ocasião, não foi exigido qualquer documento de
identidade. Todavia, o caixa da loja desconfiou do seu nervosismo no preenchimento do cheque, apesar da
assinatura perfeita, e consultou o banco sacado, constatando que aquele documento constava como furtado.
Assim, Tati foi presa em flagrante naquele momento e, posteriormente, denunciada pelos crimes de estelionato
e falsificação de documento público, em concurso material. Após regular processamento e encerramento da
instrução, o Ministério Público pugnou pela condenação nos termos da denúncia. A defesa foi intimada no dia 12
de agosto de 2016 (sexta-feira). Analise o caso narrado e, com base apenas nas informações dadas, responda,
fundamentadamente, aos itens a seguir.
A) Qual o meio de impugnação, diverso de habeas corpus, a defesa de Tati deverá utilizar e qual o último dia do
prazo para sua apresentação? (Valor: 0,60)
B) Qual tese de direito material deve ser invocada em favor de Tati para questionar a capitulação atribuída pelo
Ministério Público na denúncia? (Valor: 0,65)
Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A simples menção ao dispositivo legal não será
pontuada.
Gabarito comentado
A) O examinando deve indicar a peça Alegações Finais na forma de Memoriais OU Memoriais Escritos, com
fundamento no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal. Último dia do prazo 19 de agosto de 2016.
Distribuição de pontos
ITEM PONTUAÇÃO
Exemplo:
Tese exigida no gabarito
do simulado
Nota que o
Valor total da tese
aluno tirou ao
apresentada no
realizar o
gabarito do
simulado
simulado
Aluno irá preencher
Item 1
Endereçamento: Juiz da 5º Vara Criminal do Tribunal do Júri da Comarca de Belo
Horizonte/MG (0,10).
0,10
Item 2
Fundamento legal para apresentação do Recurso em Sentido Estrito: artigo 581, inciso IV, do
Código de Processo Penal (0,20).
0,20
Item 3
Pedido de retratação OU efeito regressivo ou iterativo (0,30), nos termos do artigo 589 do CPP
(0,10).
0,40
Item 4
0,10
Item 5
Preliminarmente, desenvolvimento fundamentado acerca da nulidade da decisão de pronúncia
(0,30), por ter o juízo se aprofundado na análise da materialidade e autoria do delito OU em
face da eloquência acusatória (0,20), violando o disposto no artigo 413, § 1º, do CPP E/OU
artigo 564, inciso III, alínea “f”, do CPP E/OU artigo 564, inciso IV, do CPP (0,20)
0,70
Item 6
No mérito, sustentar a absolvição sumária (0,40), nos termos do artigo 415, IV, do CPP (0,10).
0,50
Item 7
Desenvolvimento fundamentado acerca da legítima defesa (0,40), já que o réu reagiu a uma
agressão injusta (0,20), nos termos do artigo 25 do Código Penal OU artigo 23, inciso II, do
Código Penal (0,10), por se tratar de erro na execução (0,20), consideram-se as condições e
qualidades da pessoa pretendida (0,10), nos termos do artigo 73 do Código Penal OU art. 73
c/c 20, § 3º, do CP (0,10)
1,10
Item 8
Afastamento da qualificadora do feminicídio (OU do Art. 121, § 2º, inciso VI, do CP) (0,30), em
razão do erro na execução (0,20), nos termos do 73 do Código Penal (0,10)
0,60
Item 9
0,30
Item 10
Nulidade da decisão de pronúncia (0,10), nos termos do artigo 413, § 1º, do CPP E/OU artigo
564, inciso III, alínea “f”, do CPP E/OU artigo 564, inciso IV, do CPP (0,10).
0,20
Item 11
Absolvição sumária (0,20), com base no artigo 415, inciso IV, do CPP (0,10)
0,30
Item 12
0,10
Item 13
0,20
Item 14
Duas petições (interposição e razões); colocação de endereçamento nas petições; aposição de
Local, data, assinatura, OAB (0,20).
0,20
Anotações
Simulado 4
Questão 01
Letra A
0,40
Letra B
O fundamento seria a possibilidade de ser fixado o regime semiaberto (0,20), nos termos do
artigo 33, § 2º, alínea “b”, do CP (0,10), tendo em vista que o STF também reconheceu a
inconstitucionalidade da exigência da aplicação do regime inicial fechado para os crimes
hediondos ou equiparados trazida pelo artigo 2º, § 1º, da Lei nº 8072/90 (0,35), por violação ao
princípio da individualização da pena (0,10), previsto no artigo 5º, inciso XLVI, CF/88 (0,10).
0,85
Letra A
A tese jurídica para garantir a absolvição é a insuficiência probatória (0,20), com fulcro no artigo
386, inciso V E/OU inciso VII do CPP (0,10), diante da ausência de elementos probatórios
produzidos em juízo (0,10). O Magistrado não pode fundamentar sua decisão exclusivamente
com base nos elementos informativos, ou seja, nas palavras da vítima ditas em sede policial, pois
as provas não foram produzidas em juízo, o que viola o princípio do contraditório, nos termos do
artigo 155 do CPP (0,25)
0,65
Letra B
Em busca da redução da pena aplicada, deveria o(a) advogado(a) de Ruth sustentar o
afastamento da causa de aumento de pena consistente no emprego de arma de fogo (0,40).
Isso porque não há qualquer prova de que a ré portava arma de fogo no momento da subtração
OU porque a própria vítima disse não ter certeza se realmente era uma arma ou se era a mão
direita de Ruth simulando estar portando uma arma de fogo (0,20)
0,60
Letra A
Recurso em Sentido Estrito (0,30), nos termos do art. 581, inciso IV, do CPP (0,15). Prazo:
18/03/2016 (0,15).
0,60
Letra B
Desenvolvimento fundamentado de que Marcelita agiu em erro quanto à pessoa (0,20), previsto
no art. 20, §3º, do CP (0,15), devendo ter sido pronunciada pelo delito de infanticídio (0,20),
previsto no art. 123 do CP (0,10).
0,65
Letra A
0,60
Letra B
Desenvolvimento fundamentado acerca da incidência do princípio da consunção (0,20), já que
a falsificação do cheque foi meio para a prática do estelionato OU estelionato tentado (0,35),
conforme Súmula 17 do STJ (0,10).
0,65