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Porque não era comum encontrarmos pessoas brancas na Palestina, onde Jesus
cresceu.
Porque o menino Jesus, segundo a memória do evangelho, foi levado, em fuga, para o
Egito, pelos seus pais. Fugindo da perseguição do rei Herodes. Justamente, para
aumentar as suas chances de não ser percebido.
Se Jesus fosse branco, de olhos claros, não seria para o Egito que seus pais o levariam.
Seria como tentar esconder uma criança suíça numa escola nigeriana.
Todos cristãos.
Porque um Jesus negro, que se junta aos oprimidos, seria uma ameaça ao poder.
Inclusive o poder da Igreja, na Europa.
Porque a forma de Jesus ensinar, era tipicamente africana, mais distante da forma
conceitual europeia. As parábolas, as histórias contadas por Jesus, eram exemplos de
narrativas – histórias africanas usadas para ensinar.
Portanto, Jesus está mais próximos dos g-riôs africanos – contadores de histórias -, do
que dos sábios gregos.
Porque o lugar branco sempre foi naturalizado. Então causa um desconforto enorme a
simples suposição que Jesus não teria uma imagem considerada padrão. Ou seja,
sempre branca.
Porque foi a descoberta que Jesus é negro, que animou nossos irmãos e nossas irmãs
da igreja negra do sul racista dos Estados Unidos a lutar contra a escravidão e por
direitos iguais.
Porque é essa mesma fé que nos anima hoje, a lutar contra o racismo em nosso país.
Porque Jesus viveu na periferia.
Porque Jesus disse que nós o encontraríamos nos corpos vítimas de violação. Gente
que está presa, torturada, que não tem um teto para morar. Que vê um pedação de
terra, lindo, pronto para plantar. Mas, antes, tem uma cerca impedindo de entrar; gente,
que está nas filas dos hospitais públicos, podendo morrer a qualquer momento; gente,
que vive sob a ameaça da violência; gente, que vive sendo esculachada pelo patrão;
gente, que teve sua terra saqueada; sua memória desrespeitada, em nome do
progresso e da civilização.
E afirmar que “Jesus é negro”, não significa criar um discurso contra os brancos.. mas
quer dizer que Jesus assume esse lugar, essa luta, essa resistência dos oprimidos,
contra os privilégios e as injustiças.
Até que, finalmente, sejamos todos e todas iguais em nossos direitos; respeitados e
respeitadas em nossas diferenças.