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Cristãos Novos na Construção da Identidade Brasileira

Ensaio

Cristãos Novos na Construção da Identidade


Brasileira

Jane Bichmacher de Glasman*


Introdução
Gostaria de introduzir o tema a partir de
três considerações:
1. Há uma significativa probabilidade esta-
tística de brasileiros descendentes de ibéricos,
principalmente portugueses, terem alguma ances-
tralidade judaica. A base histórica para tal é a Resumo
imigração maciça de judeus expulsos da Espa- Muito se tem pesquisado e discutido
nha, em 1492, para Portugal, devido à contigüi- sobre as múltiplas raízes étnicas e cul-
dade geográfica e às promessas (não cumpridas) turais que formam o povo brasileiro e
sua riquíssima cultura. Uma faceta
do Rei D. Manuel I, que traziam esperança de menos conhecida é a dos marranos e
sua sobrevivência judaica como tal. Mesmo com cristãos-novos, que, desde o desco-
a expulsão de Portugal, em 1497, os judeus (além brimento, compõem um forte elo de
base judaica, integrado de forma mais
dos cristãos-novos e dos cripto-judeus ou marra- inconsciente do que cônscia na cons-
nos) chegaram a constituir 20 a 25% da popula- trução da identidade nacional, refleti-
ção local. da na cultura popular principalmente.
Palavras-chave: Marranos – Cristãos-
2. O advento da Idade Moderna na Histó- novos – Inquisição – Cultura Brasileira
ria Geral, englobando os chamados “Grandes Des-
cobrimentos”, correspondeu a um longo período
de trevas medievais na História Judaica até o Ilu-
minismo, tanto para Ashkenazim (judeus origi-
nários da Europa central) como para Sefaradim
(de Sefarad, da Península Ibérica). Estes procu-
raram refúgio em países próximos no Mediterrâ-
neo, norte da África, Holanda e nas recém-des-
cobertas terras de além-mar nas Américas, pro-
curando escapar da Inquisição. Até hoje é con-
troversa a origem judaica ou criptojudaica de
descobridores e colonizadores do Brasil, para onde
imigraram incontáveis cristãos-novos, alternan-
do durante séculos uma vida como judeus assu-
midos e marranos, praticando o judaísmo secre-
tamente (fora os que permaneceram efetivamente
católicos), de acordo com os ventos políticos, sob
o domínio holandês ou a atuação da Inquisição,
variando de um clima de maior tolerância e li- *Professora-adjunto do Instituto de Letras, UERJ. Doutora em lingua hebraica,
literatura e cultura judaica. Coordenadora do setor de hebraico.
berdade à total intolerância e repressão. E-mail:janeglasman@terra.com.br

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Ensaio

3. Comparando apenas sob o ponto de vista Metodologia


cronológico, nem sempre lembramos que, enquan-
Uma problemática questão que se configu-
to o Holocausto durante a Segunda Guerra Mun-
ra é como identificar estes costumes devido à
dial foi tão devastador, especialmente nos quatro
parca bibliografia sobre o tema e ao receio de
anos de extermínio maciço de judeus, a Inquisi-
exposição, que levava inúmeras famílias a não
ção durou séculos, pelo menos três dos cinco da
comentarem suas práticas, além do sincretismo
história “oficial” do Brasil, isto é, após o desco-
religioso brasileiro.
brimento. Tantos séculos de medo, denúncias,
processos e mortes geraram, por um lado, um am- Nós, estudiosos da área, buscamos pesqui-
biente psicológico de terror para os judeus e cris- sar, por um lado, em bibliografia da e sobre a In-
tãos novos no Brasil; por outro, um anti-semitis- quisição (seguindo seus rastros, processos e, prin-
mo evidente ou subliminar que permaneceu ar- cipalmente, as instruções aos Inquisidores e os
raigado na população, inclusive como autodefe- costumes denunciados como judaizantes). Por
sa e proteção. Uma característica do comporta- outro, desenvolvemos pesquisa de campo, entre-
mento de cristãos-novos “suspeitos” foi procurar vistando pessoas e/ ou grupos que apresentam ou
ser “mais católicos do que os católicos”, buscan- preservam a memória de costumes marranos,
do sobreviver à intolerância, determinando cos- conscientemente ou não. Cabe mencionar como
tumes exemplificados adiante. ferramenta útil e atual a Internet, que permite o
intercâmbio de experiências humanas e acadê-
micas, algumas das quais indicadas nas referên-
Objetivos cias, no final do trabalho.
O objetivo do presente trabalho é apresen-
tar alguns exemplos de influência judaica na Localizando histórica e geograficamente
cultura brasileira e na língua portuguesa, a par-
tir de uma ampla pesquisa sócio-lingüística que Em 1531, Portugal obteve de Roma a indi-
venho desenvolvendo há anos. cação de um Inquisidor Oficial para o Reino, e
em 1540, Lisboa promulgou seu primeiro Auto-
A opção por judaica (e não hebraica) deve-
de-Fé. O Brasil passou a ser terra de exílio para
se a uma perspectiva filológica e histórica mais
réus de crimes comuns, bem como para judaizan-
abrangente, englobando dialetos e idiomas judai-
tes, ou seja, aqueles que se diziam cristãos-no-
cos, como o ladino (judeu-espanhol) e o ídishe
vos, porém continuavam a professar a fé judaica
(alemão), entre os mais conhecidos, além de ex-
em segredo e /ou procuravam fazer com que ou-
pressões hebraicas, costumes e vocábulos judai-
tros cristãos-novos “retornassem” ao judaísmo.
cos que passaram a integrar o vernáculo a partir
de subterfúgios e/ou corruptelas, cuja origem re- Quando os judeus chegavam, desembar-
monta à bagagem cultural de colonizadores ju- cavam na Bahia. Acompanhando a história de
deus, cristãos-novos e marranos. suas famílias, grande parte dirigia-se ao sul,
fixando-se no Rio de Janeiro e em Minas Ge-
A citada alternância entre vidas assumi-
rais, ou seguiam em direção ao norte, princi-
damente judaicas e marranas, praticando juda-
palmente Pernambuco e Pará. Esses Estados
ísmo em segredo, com costumes variados, unifi-
foram bastante influenciados por uma série de
cados pela “camuflagem” de seu teor judaico,
costumes judaicos.
gerou comportamentos e aspectos culturais
(abrangendo rituais, superstições, ditados popu- De terra de exílio, o Brasil passou a colônia.
lares, etc.) que se arraigaram à cultura nacio- Em 1591 um oficial da Inquisição foi designado
nal. A maioria da população desconhece que para a Bahia, a então capital do país. Em 1624, a
muitos costumes e dizeres que fazem parte da Inquisição de Lisboa processou pela primeira vez
cultura brasileira têm sua origem em práticas 25 judaizantes brasileiros. Julgados e condena-
criptojudaicas. Apresentarei alguns exemplos dos, alguns foram deportados para Portugal e
bem como suas origens e explicações, a partir queimados, como Antônio Félix de Miranda (pri-
da origem judaica “marrana”. meiro judeu deportado da Colônia) e outros, con-
denados a cárcere perpétuo.

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Podemos citar centenas de nomes e sobre- sumidos. Os espiões surpreendiam cristão-novo e


nomes de judaizantes e números de seus dossiês, sua família se deliciando com as alheiras, e acha-
desde a instalação da Inquisição no Brasil, a par- vam que comiam um embutido feito com carne
tir dos arquivos da Torre do Tombo, em Lisboa, e de porco.
de livros como Wiznitzer (1966), Carvalho (1982), A Torá (Pentateuco, base da lei judaica)
Falbel (1977), Novinsky (1983), Dines (1990), veta igualmente o consumo do sangue dos ani-
Cordeiro (1994), etc. Contudo, não podemos afir- mais e aves “porque a alma de todo ser vivo está
mar que todo brasileiro cujo sobrenome conste no sangue” (Levítico 17:11). Os açougues judeus
dos processos seja descendente direto de judeus (banidos pela Inquisição) vendem a carne ka-
portugueses. sher (apropriada para o consumo). O animal é
Sob o domínio holandês, os judeus pude- abatido por um shochet (profissional especializa-
ram observar a religião com relativa liberdade. do segundo um ritual: a morte deve ser rápida,
Contudo, em 1638, o Sínodo proibiu a celebra- para que o animal sofra o mínimo possível e dre-
ção do serviço religioso judaico nas ruas e edifí- ne a maior quantidade possível de sangue). Po-
cios públicos, o que foi ignorado, atraindo a ira e demos exemplificar, a partir de processos da In-
protestos de cristãos. Com freqüência, judeus quisição relacionados à Kashrut (leis dietéticas
eram punidos sob a acusação de blasfêmia, de judaicas) o caso da cristã-nova Maria Soares,
difícil defesa. denunciada em 1623, pela própria filha, acusada
Largman (2003, wp1), reportando a Gonsal- de lavar a carne do açougue, deixá-la de molho,
ves de Mello (1979), levantou: esfregar-lhe sal e enxaguá-la, para retirar o san-
gue e o de Catarina Lopes, que denunciou a so-
uma lista de ofícios e ocupações exercidas pela
gra por abater carneiros da mesma forma que o
gente da nação: carregadores de navios (127), com-
shochet.
pradores de negros escravos (115), comerciantes
de roupa, tecidos, vinho, açúcar, alimentos, ma- Entre outros costumes alimentares podemos
deira, etc., (46) donos de engenho (4), médicos citar:
(6), professores de garotos e da Lei de Moisés (4), - Matar o animal sangrando, isto é, drenan-
chacham (termo que engloba sábio, mestre, rabino, do todo o sangue. Um dos mandamentos mais
conselheiro) (5). Ceramistas, ourives, intérpretes praticados no judaísmo é não comer sangue (Lv
oficiais, havia dois em cada atividade; aparecem 7:26; Dt 12:16; At 15:20, etc.);
também dois atores, além de um nas categorias de - Antes de beber, derramar parte do copo
advogado, calígrafo, estudante de filosofia, tradu- ou cálice para o “santo”. Esta tradição tem ori-
tor e músico. De resto, 7 militares, em diversos es- gem no rito milenar judaico de reservar na festa
calões. Em 1642, proibiu-se aos judeus realizarem de Pessach (Páscoa, celebração do Êxodo) um
comédias, sinal que, de alguma forma, encena- cálice de vinho para o profeta Elias;
ções teatrais eram realizadas.
- Lavar as mãos no sentido de inocência ou
como higiene antes das refeições, que são pre-
Exemplificando e explicando ceitos bíblicos e judaicos (Dt 21:6-7; Sl 73:13;
Mt 15:2).
Costumes alimentares: Lopes (2003, wp),
conta que: Cabe observar o uso de fontes inclusive do
Novo Testamento.
A comida era uma pista preciosa para flagrar os
hebreus renitentes. Os judeus são proibidos pela DaCosta (2001, wp) menciona outros hábi-
Torá de comer carne de porco, porque tem os cas- tos, desconhecendo sua origem, como:
cos fendidos e não rumina, sendo, portanto impu- A prática de jejuns era comum. (...) Às vezes tam-
ro... Para simular o abandono desse princípio e en- bém se retiravam os nervos, com uma faca especial
ganar espiões da Inquisição, os cristãos-novos in- para tal. Ovos com mancha de sangue eram joga-
ventaram as alheiras, hoje típicas da região de Trás- dos fora. (...) Não era permitido cozinhar carne e
os-Montes. São embutidos à base de carne de vitelo, leite juntos. Ás vezes esperava-se um certo tempo
pato, galinha, peru, coelho - e nada de porco. Após entre a ingestão do leite e da carne. Comia-se ape-
algumas horas de defumação já podem ser con- nas comida preparada pela mãe ou pela avó mater-

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na. (...) Costumava-se beijar qualquer pedaço de Apresentarei alguns exemplos bem como
pão que cai no chão. (...) Havia certas restrições suas origens e explicações, a partir da origem ju-
quanto aos tipos de peixe comestíveis: os peixes daica “marrana”.
“de couro” (sem escamas) não serviam para con- Gente da nação é uma das denominações
sumo, e às vezes só os peixes do mar podiam ser para designar marranos, judeus, cristãos-novos e
ingeridos. Moluscos e mariscos também eram proi- cripto-judeus, embora existam diferenças entre
bidos. (...) Em algumas casas de famílias cristãs- termos e personagens.
novas, na mesa de jantar, havia gavetas, que servi-
Cristãos-novos foi denominação dada aos
am para esconder a comida kasher, a comida reco-
mendada pela Torá, caso chegasse uma visita ines-
judeus que se converteram em massa na Penín-
sula Ibérica nos séculos XIII e XIV; é preconcei-
perada.
tuosa devido à distinção feita entre os mesmos e
Alguns costumes, já mencionados, têm ori- os “cristãos-velhos”, concretizado nas leis espa-
gens bíblicas em mitzvot (preceitos) da Torá, re- nholas discriminatórias de “Limpieza de Sangre”
lacionados à Kashrut. Outros são de origem rabí- do século XV.
nica haláchica (encaminhamentos legais talmú-
Cripto-judeus eram os cristãos-novos que
dicos, pós-bíblicos, procurando explicitar e ade-
mantiveram secretamente seu judaísmo. Gente
quar os preceitos originais às circunstâncias cam-
da nação era a expressão mais utilizada pela In-
biantes da vida), literatura à qual não judeus não
quisição e Marranos, como ficaram mais conhe-
teriam acesso. Por exemplo:
cidos. Embora todos fossem descendentes de ju-
- Lavar as mãos antes e após as refeições e deus, só poucos voltaram a sê-lo, e em países e
separar carne de leite são preceitos rabínicos (la- épocas que o permitiram.
var as mãos – Sifra a Levítico 15:11; usar um uten-
O próprio termo marrano possui uma eti-
sílio para tal – Mishna Yadayim; separar carne do
mologia diversificada e antitética. Unterman
leite – Hulin 8:12).
(1992, p.166) conceitua de forma tradicional,
- Experimentar o fio da faca na unha do como “nome em espanhol para judeus converti-
animal antes do abate, consta da literatura tal- dos ao cristianismo que se mantiveram secreta-
múdica (Talmud Babilônico, Hulin 17b) e no Shul- mente ligados ao judaísmo. A palavra tem co-
chan Arukh (Yorê Deá 18:19). O Édito de Fé de notação pejorativa”, geralmente aplicada a to-
1639 menciona o uso da unha. dos os cripto-judeus, particularmente aos de
- Retirar a gordura e expurgar o sangue são origem ibérica. Em 1391 houve uma maciça con-
preceitos bíblicos; cozer,escaldar e salgar a carne versão forçada de judeus espanhóis, mas a mai-
são rabínicos (Talmud Babilônico, Hulin 103a e oria dos convertidos conservou sua fé. Já Cor-
Mishnê Torá de Maimônides, “Alimentos Proibi- deiro (1994) afirma que a tradução por “porco”
dos” 6:10). em espanhol tornou-se secundária diante das
- Não ingerir sangue é explicitamente bíbli- várias interpretações existentes na histografia
co, mas a mancha no ovo é rabínica (Talmud Ba- do marranismo.
bilônico, Hulin 64b). Para o historiador Cecil Roth (1967), mar-
Cabe destacar a menção da mesa de jantar rano, velho termo espanhol que data do início
com gavetas, um dentre vários artifícios para pro- da Idade Média que significa porco, aplicado aos
teger-se da Inquisição. recém-convertidos (a princípio ironicamente
devido à aversão judaica à carne de porco), tor-
Outro aspecto a considerar é que certos
nou-se um termo geral de repúdio que no século
costumes estão ligados a mais de uma “catego- XVI se estendeu e passou a todas as línguas da
ria”, se fossemos dividi-los didaticamente, além
Europa ocidental.
de contar um elemento subliminar sincrético.
Outro ainda, bem mais amplo, que venho es- A designação expressa a profundidade do
tudando e nosso espaço só permite alguns ódio que o espanhol comum sentia pelos conver-
exemplos: sos com quem conviviam. Seu uso constante e
cotidiano carregado de preconceito turvou o sig-
Expressões e dizeres populares de origem
nificado original do vocábulo.
cristã-nova e/ou cripto-judaica:

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Antes de exemplificar a contribuição lin- ram, Israel, Ismael, Isaque, Jacó, Jeremias, Jesus,
güística marrana, convém ressaltar que a vinda João, Joaquim, José, Judite, Josué, Miguel, Natã,
dos portugueses para o Brasil trouxe consigo to- Rafael, Raquel, Marta, Maria, Rute, Salomão,
dos os empréstimos culturais e lingüísticos que já Sara, Saul, Simão e tantos outros. Alguns destes,
haviam sido incorporados ao cotidiano ibérico, na verdade, são nomes aramaicos, oriundos da
desde uma época anterior à Inquisição, além de Mesopotâmia, como Abraão (Avraham), que se
novos hábitos e características; muitas palavras e incorporaram ao léxico hebraico no início da for-
expressões de origem hebraica foram incorpora- mação do povo hebreu.
das ao léxico da língua portuguesa mesmo antes Como mencionei anteriormente, podemos
de os portugueses chegarem ao Brasil. Elas en- citar inúmeros sobrenomes de cristãos-novos a
contram-se tão arraigadas em nosso idioma que partir de registros da Inquisição no Brasil. So-
muitas vezes têm sua origem confundida como brenomes muito comuns, tanto no Brasil como
sendo árabe ou grega. Exemplo: “azeite”, comu- em Portugal, podem ser atribuídos a uma origem
mente atribuída uma origem árabe por se asse- sefardita, já que uma das características marcan-
melhar a um grande número de palavras come- tes das conversões forçadas era a adoção de um
çadas por “al-” (como alface, alfarrábio, etc.), novo nome. Muitos conversos adotaram nomes
identificadas como sendo de origem árabe por esta de plantas, animais, profissões, objetos, etc., e
partícula corresponder ao artigo nesta língua. O estes podem ser encontrados em famílias brasi-
artigo definido hebraico é a partícula “a-” e “azei- leiras, até hoje, em número tão grande que seria
te” significa, literalmente, em hebraico “a azei- difícil enumerá-los. Exemplos: Alves, Carvalho,
tona” (ha-zait). Duarte, Fernandes, Gonçalves, Lima, Silva, Ma-
Apesar da presença judaica por tantos sé- chado, Paiva, Rocha, Santos, etc. Não devemos
culos em Portugal como no Brasil, as persegui- excluir a possibilidade da existência de outros
ções resultaram também em exclusões vocabula- sobrenomes portugueses de origem judaica.
res. A maior parte dos hebraísmos chegou ao por- Porém é importante ressaltar que não se pode
tuguês por influência da linguagem religiosa, afirmar que todo sobrenome encontrado nos au-
particularmente da Igreja Católica, fazendo es- tos seja derivado de judeus portugueses; para se
cala no grego e no latim eclesiásticos, quase sem- ter certeza é necessária uma pesquisa profunda
pre relacionados a conceitos religiosos, exemplos: da árvore genealógica das famílias.
aleluia, amém, bálsamo, cabala, éden, fariseu, ho-
Há ainda algumas palavras e expressões
sana, jubileu, maná, messias, satanás, páscoa, que-
rubim, rabino, sábado, serafim e muitos outros. oriundas do misticismo judaico, tão desenvolvi-
do na idade média. O estudo do Talmud e da
Algumas palavras adotaram outros signifi- Cabalá trouxe também contribuições do aramai-
cados, ainda que relacionados à idéia do texto co, como a conhecida expressão “abracadabra”,
bíblico. Exemplos: babel indicando bagunça; que é tida pela nossa cultura como uma “palavra
amém passando a qualquer concordância com mágica” (num sentido fabuloso), mas que, na re-
desejos; aleluia usada como interjeição de alívio. alidade pode ser traduzida como “criarei à medi-
O preconceito marca palavras originárias do da que falo” (num sentido real e sólido para a
hebraico usadas de forma depreciativa, como: cultura judaica).
desmazelo (de mazal - negligência, desleixo), Algumas palavras também designam práti-
malsim (de mashlin - delator, traidor), zote (de cas judaicas ou formas de encobri-las, especial-
zot / subterrâneo, inferior, parte de baixo - pate- mente observável nos costumes alimentares. Por
ta, idiota, parvo, tolo), ou tacanho (de katan - exemplo: os judeus são proibidos pela Torá de
que tem pequena estatura, acanhado; pequeno; comer carne de porco, porque tem os cascos fen-
estúpido, avarento); além de palavras relaciona- didos e não rumina, sendo, portanto, impuro. Para
das a questões financeiras, como cacife, deriva- simular o abandono desse princípio e enganar
da de kessef = dinheiro. espiões da Inquisição, os cristãos-novos inventa-
Dezenas de nomes próprios têm origem he- ram as alheiras, embutidos à base de carne de
braica bíblica, como: Adão, Abraão, Benjamim, vitelo, pato, galinha, peru - e nada de porco. Após
Daniel, Davi, Débora, Elias, Ester, Gabriel, Hi- algumas horas de defumação já podem ser con-

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sumidos. Da mesma forma, peixes “de couro” (sem distante período, do que seria o livro fundamen-
escamas) não serviam para consumo. tal do judaísmo: a Torá. De Torá veio Toura e
Passando às expressões, apresento alguns depois, bezerra, havendo inclusive quem afirmas-
exemplos, sua origem e explicação: se ter visto em cara de alguns cristãos-novos, o
citado objeto, com chifres e tudo.
- “Ficar a ver navios” - Em 1492 foi determi-
nado que os judeus que não se convertessem te- - “Passar a mão na cabeça”, com o sentido
riam de deixar a Espanha até ao fim de julho. de perdoar ou acobertar erro cometido por al-
Centenas de milhares então se fixaram em Por- gum protegido, é memória da maneira judaica
tugal. O casamento do rei D. Manuel com D. de abençoar de cristãos-novos, passando a mão
Isabel, filha dos Reis Católicos, levou-o a aceitar pela cabeça e descendo pela face, enquanto pro-
a exigência espanhola de expulsar todos os ju- nunciava a bênção.
deus residentes em Portugal que não se conver- - Seridó, região no Rio Grande do Norte,
tessem ao catolicismo, num prazo que ia de Ja- tem seu nome originário da forma hebraica con-
neiro a Outubro de 1497. O rei Dom Manuel pre- traída: Refúgio dele. Porém, não é o que escreve
cisava dos judeus portugueses, pois eram toda a Luís da Câmara Cascudo, indicando uma origem
classe média e toda a mão-de-obra, além da in- indígena do nome da região, de “ceri-toh”. Em
fluência intelectual. Se Portugal os expulsasse hebraico, a palavra Sarid significa sobrevivente.
logo como fez a Espanha, o país passaria por uma Acrescentando-se o sufixo ó, temos a tradução
crise terrível. Na realidade D. Manuel não tinha sobrevivente dele. A variação Serid, “o que esca-
qualquer interesse em expulsar esta comunida- pou”, pode ser traduzido também por refúgio.
de, que então constituía um destacado elemen- Desse modo, a tradução para o nome seridó seria
to de progresso nos setores da economia e das refúgio dele ou seus sobreviventes.
profissões liberais. A sua esperança era que, re- - Passar mel na boca: quando da circunci-
tendo os judeus no país, os seus descendentes são, o rabino passa mel na boca da criança para
pudessem eventualmente, como cristãos, atingir evitar o choro. Daí a origem da expressão: “Pas-
um maior grau de aculturação. Para obter os seus sar mel na boca de fulano”.
fins lançou mão de medidas extremamente drás-
ticas, como ter ordenado que os filhos menores -Para o santo: o hábito sertanejo de, antes
de 14 anos fossem tirados aos pais a fim de serem de beber, derramar uma parte do cálice, tem raí-
convertidos. Então fingiu marcar uma data de zes no rito hebraico milenar de reservar, na festa
expulsão na Páscoa. Quando chegou a data do de Pessach (Páscoa), um copo de vinho para o
embarque dos que se recusavam a aceitar o ca- profeta Elias (representando o Messias que virá,
tolicismo, alegou que não havia navios suficien- anunciado pelo Profeta Elias).
tes para os levar e determinou um batismo em - “Que massada!” –usada para se referir a
massa dos que se tinham concentrado em Lisboa uma tragédia ou contra-tempo, é uma alusão à
à espera de transporte para outros países. No dia fortaleza de Massada na região do Mar Morto,
marcado, estavam todos os judeus no porto espe- Israel, reduto de Zelotes que permaneceu anos
rando os navios que não vieram. Todos foram resistindo às forças romanas após a destruição do
convertidos e batizados à força, em pé. Daí a ex- Templo em 70 d.C., culminando com um suicí-
pressão: “ficaram a ver navios”. O rei então de- dio coletivo para não se renderem, de acordo com
clarou: não há mais judeus em Portugal, são to- relato do historiador Flávio Josefo.
dos cristãos (cristãos-novos). Muitos foram arras- - “Pagar siza”, significando pagar imposto,
tados até a pia batismal pelas barbas ou pelos ca- vem do hebraico e do aramaico (mas = imposto,
belos. em hebraico de misa, em aramaico).
- “Pensar na morte da bezerra”: frase tão - “Vestir a carapuça” ou “a carapuça serve
comumente dita por sertanejos quando querem para...” vem da Idade Média inquisitorial, quan-
referir-se a alguém que está meditando com ares do judeus eram obrigados a usar chapéus pontu-
de preocupação: “está pensando na morte da be- dos (ou com 3 pontas) para serem identificados.
zerra”. Registram as denunciações e as confissões
- “Fazer mesuras” origina-se na reverência
feitas ao Santo Oficio, a noção popular, naquele
à Mezuzá (pergaminho com versículos de DT.6,

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4-9 e 11,13-21, afixado, dentro de caixas varia- melhores colégios, normalmente de irmandades
das, no batente direito das portas). religiosas, costume que vem do tempo da perse-
- “Deus te crie” após o espirro de alguém é guição inquisitória em Portugal, para ocultar sua
uma herança judaica da frase Hayim Tovim, que identidade judaica, como verdadeiros cristãos-
pode ser traduzido como tenha uma boa vida. novos (também contratavam mestres particula-
res para educação dos filhos).
- “Pedir a bênção” aos pais, ao sair e chegar
em casa, é prática judaica que remonta à benção - Passar a mão na cabeça no sentido de per-
sacerdotal bíblica, com a qual pais abençoam os doar, acarinhar ou ignorar uma falta de alguém,
filhos, como no Shabat. é relatado também como um tipo de benção ju-
daica.
- “Entrar e sair pela mesma porta traz felici-
dade” bem como varrer a casa da porta para den-
tro, costume arraigado até os dias de hoje, para Costumes ligados ao ciclo de vida
“não jogar fora a sorte” é uma camuflagem do res-
peito pela Mezuzá, afixada nos portais de entrada, Nascimento: Depois do nascimento, a mãe
bem como aos dias de faxina obrigatória religiosa deveria durante 30 dias permanecer em repouso
judaica, como antes do Shabat e de Pessah. na cama, costume que tem origem na Torá e no
Talmud, cujo tratado Nidá detalha o tema. Ain-
- “Apontar estrelas faz crescer verrugas nos
da durante o período, chamado popularmente de
dedos”, superstição que se contava às crianças.
“resguardo”, encontramos relato sobre a mulher
Como o dia judaico começa na véspera, no anoi-
só comer frango para ter “sustância”, força para a
tecer, o início é marcado pelo despontar das pri-
recuperação. Pode ser sincrético, mas lembremos
meiras estrelas no céu, se alguém fosse visto con-
que a canja de galinha é considerada, com hu-
tando estrelas em público, seria suspeito.
mor, “a penicilina judaica”.
Os últimos exemplos citados envolvem Sha-
Outros costumes como dizer uma oração 8
bat e vida cotidiana. Apresentarei outros ligados
dias depois de nascimento na qual o nome do
a estes, envolvendo de Festas Judaicas até o Ci-
bebê é citado; realizar a circuncisão ou batizar o
clo da Vida.
menino ao 8º dia de nascido e acender uma vela
ou lamparina no quarto onde o parto ocorreu,
Objetos e Costumes Familiares porque o menino não podia ficar no escuro até
ser batizado (ou circuncidado), remetem a práti-
- Em casas de descendentes de cristãos no-
cas de brit-milá (circuncisão) e de pidion há-ben
vos, vários objetos são encontráveis como Estrela
(resgate do primogênito), rituais bíblicos com
de David, usada em paredes e em jóias (às vezes
detalhamento rabínico, além de envolverem su-
vista como amuleto); Menorá, candelabro de 7
perstições oriundas do misticismo judaico – como
braços lembrando o do Templo de Jerusalém;
proteger o recém-nascido de Lilit, a mítica pri-
Mezuzá ou marcas de prego que sustentavam
meira mulher de Adão, conforme relatado na li-
mezuzot ou até espaços dentro das paredes onde
teratura talmúdica e ampliada na Cabalá, origi-
eram mantidas ocultas; Sevivon ou dreidel (pião)
nando até o uso de amuletos.
usado em Hanuká (Festa de rededicação do Tem-
plo sob domínio Selêucida); Kipá (solidéu), po- Matrimônio: Os noivos jejuarem no dia do
dendo variar em cores e formato; Talit (xale de casamento; na cerimônia, as mãos dos noivos se-
oração); Tefilin (caixinhas pretas com textos bí- rem envoltas por um pano branco, enquanto faz-
blicos, com correntes de couro, enroladas em tor- se uma oração; depois, servir uma refeição leve;
no do braço e a outra presa à testa). Em alguns noivo e noiva compartilharem do mesmo prato e
casos eram escondidos sob os pés de imagens ca- copo, são na maioria, práticas mantidas até hoje
tólicas. Este tipo de esconderijo gerou o costume na ritualística judaica do casamento, como o je-
marrano de “beijar os pés ou a imagem do(a) jum dos noivos no dia e a Seudá (refeição) con-
santo(a)”, como no título do livro de Alexy (1993), junta após a cerimônia, na qual o noivo bebe do
“A Mezuzá aos pés da Madona”. cálice de vinho, após as brachot (bênçãos) e dá à
noiva para beber do mesmo, que gerou o dito
-Manterem-se unidos e a tradição de cele-
popular brasileiro: “quem bebe do mesmo copo
brar de festas em família. Educar seus filhos nos

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Ensaio

fica sabendo dos segredos do outro”. Cobrir com terno completo, e comida aos sábados durante
um pano branco pode ser alusão à hupá (dossel um ano; ter várias luzes iluminando em véspera
nupcial), sob a qual os noivos permanecem du- de Dia Puro, em memória do defunto. Em algu-
rante a cerimônia. mas cidades havia o chamado “abafador”, que
Festas: Celebrar a Páscoa e jejuar durante a deveria ajudar alguém gravemente doente a ir
Semana Santa; as datas de Pessah e da Páscoa embora antes que um médico viesse examiná-lo
(judaica e cristã) freqüentemente coincidem. e descobrisse que o enfermo é judeu. O abafador,
Limpar a casa nas sextas-feiras durante o dia e a portas fechadas, sufocava o doente, proferindo
acender velas à noite e não fazer qualquer coisa, a frase “Vamos, meu filho, Nosso Senhor está es-
nem lavar cabelo, fora realizar alguma reunião perando!”; o corpo era recomposto e o abafador
familiar. Aos sábados, usar roupas especiais, no- dava a notícia aos parentes: “ele se foi como um
vas ou limpas; acender velas diante do oratório passarinho”.
e deixar queimar até o fim do dia. Comemora-
ções diferentes das católicas, como o “Dia Puro” Conclusão
(Yom Kipur, Dia do Perdão, jejum judaico). Era
costume de alguns acender no Natal 8 velas. Quando estudamos a cultura de um povo,
Além do varrer a casa para dentro ligado a Sha- procuramos determinar suas origens bem como
bat e Pessah. suas influências. Com o judaísmo não poderia ser
diferente: muitos costumes têm origem pagã; por
Ritos Fúnebres: Cobrir todos os espelhos da
outro lado, é a religião da qual originou-se o cris-
casa. Lavar o corpo com água trazida da fonte
tianismo (e o islamismo), formando a base da ci-
em um recipiente novo que nunca tenha sido
vilização ocidental. Além disso, principalmente
usado, e vestir o corpo em roupas brancas, as
devido à Inquisição, o judaísmo foi influenciado
mortalhas. Velar o corpo um dia e levar à igreja e
pelo cristianismo, do qual assimilou outras práti-
de lá ao cemitério. Jogar um punhado de terra
cas ou teve suas alteradas.
sobre o caixão quando este é descido à sepultu-
ra. Durante uma semana manter o quarto do fi- Para concluir, gostaria de mencionar um
nado iluminado e a casa da família enlutada fe- tema polêmico decorrente deste intercâmbio cul-
chada ao máximo, com incenso queimando pelos tural-religioso: sua influência no português, em
cômodos. Os homens não se barbearem durante vocábulos que adquiriram uma conotação pejo-
30 dias. Estes costumes são judaicos e ainda man- rativa e negativa. Os mais discutidos são: judeu,
tidos, envolvendo o tratamento ao morto (Kibud significando usurário, o verbo judiar (e o subs-
há-met) e o período de luto, dividido em Shivá tantivo judiação) com o sentido de maltratar,
(7, a semana de luto mais fechado), Shloshim (30 torturar, atormentar. Seja sua origem a prática
dias, o primeiro mês após a morte) e um ano, de “judaizar” (cristãos-novos mantendo judaís-
quando se faz a descoberta da Matzeivá (lápide mo em segredo e/ ou divulgando-o a outros), seja
tumular) ao final e durante o qual reza-se Kadish como referência ao maltrato e às perseguições
(oração dos enlutados, Santificação) diariamen- sofridas pelos judeus durante a Inquisição, o fato
te. No catolicismo, deram origem ao velório e às é que, sem dúvidas, sua conotação é negativa, e
missas de corpo presente, de 7º dia e de 30º dia. cabe a nós estudiosos do assunto e vítimas do pre-
Outros costumes relatados e/ou registrados en- conceito, esclarecer a população e a mídia, aler-
volvem uma mistura de práticas da tzedaká (ca- tando e visando à erradicação deste uso, não só
ridade) judaica com superstições tanto da Caba- pelo desgastado “politicamente correto”, que
lá quanto sincréticas, como: não comer carne leva a certos exageros, mas para uma conscien-
uma semana depois de uma morte na família; je- tização do eco subliminar de um longo passado
juar no 3º e 8º dias; fazer a cama do defunto com recente, pelo qual não basta o pedido de per-
linho fresco e queimar uma luz perto dela duran- dão, se não conduzir a uma mudança no com-
te um ano; as parentas deveriam cobrir suas ca- portamento social.
beças com uma manta. Dar esmolas em toda es-
quina antes da procissão funerária chegar ao ce-
mitério; dar pelo menos para um mendigo um

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Cristãos Novos na Construção da Identidade Brasileira

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Notas
1
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