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Avelino Macheque

Bernância Nhabinde

Constância Simbine

Jerónimo

Minélio Chemane

Rebeca Muianga

Desenvolvimento Cultural e Homogeneização Social

Licenciatura em Ensino de História

Universidade Pedagógica

Maputo

2021
Avelino Macheque

Bernância Nhabinde

Constância Simbine

Jerónimo

Minélio Chemane

Rebeca Muianga

Desenvolvimento Cultural e Homogeneização Social

Trabalho da Cadeira Estratificação e


Mobilidade Social a ser entregue na Faculdade
de Ciências Sociais e Filosófica, no
Departamento de História, Curso de Licenciatura
em Ensino de História, para efeitos de avaliação.

Docente: Nheleth

Universidade Pedagógica

Maputo

2021
Índice

0. Introdução.........................................................................................................................1

0.1.1. Objectivo Geral..................................................................................................1

0.1.2. Objectivos Específicos.......................................................................................1

0.2. Metodologia...............................................................................................................1

1. Conceitos de cultura e desenvolvimento...........................................................................2

1.1. O conceito de desenvolvimento.................................................................................2

1.2. Antecedentes históricos do conceito de cultura.........................................................2

1.3. Ideia sobre a origem da cultura..................................................................................2

2. O conceito de cultura........................................................................................................3

2.1. A articulação entre os dois conceitos.........................................................................4

3. Desenvolvimento cultural.................................................................................................5

3.1. Dimensão patrimonial................................................................................................5

3.2. Dimensão organizacional...........................................................................................6

3.3. A cultura como factor constitutivo do desenvolvimento...........................................6

4. Homogeneização Social....................................................................................................7

4.1. Processo de homogeneização....................................................................................7

4.1.1. Educação............................................................................................................7

4.1.2. Vestuário............................................................................................................8

4.2. Principais características da homogeneização social.................................................9


4.2.1. Desigualdade social............................................................................................9

4.2.2. Diferenciação social.........................................................................................10

5. Conclusão........................................................................................................................11

6. Bibliografia.....................................................................................................................12
1

1. Introdução

O desenvolvimento cultural surge no contexto da diversidade cultural invocada pela primeira


vez no contexto das relações entre cultura e desenvolvimento definida pela UNESCO no
histórico Relatório Nossa diversidade criadora. Numa acepção contemporânea, a diversidade
cultural torna-se mecanismo para manter a distinção das culturais nacionais diante do que é
concebido como tendências gerais de homogeneização cultural e global. A ideia da
homogeneização foi discutida por diferentes filósofos sociológicos ao longo dos anos. Este
processo envolve-se na análise do mundo capitalista: Hegel descreveu uma tendência da
sociedade moderna à homogeneização, por meio da desintegração da comunidade tradicional.
Em outras palavras, quis mostrar que o mundo capitalista acarreta migração massiva de
populações, a unificação da força do trabalho e criação de uma grande sociedade em que todos
são iguais.

O presente trabalho contém uma linguagem clara e objectiva, procurando ser de fácil
percepção ao leitor e evitando criar um paradoxo 1 naquilo que é a essência do próprio tema em
análise.

1.1.1. Objectivo Geral


Compreender o Desenvolvimento cultural e a homogeneização social

1.1.2. Objectivos Específicos


Contextualizar o desenvolvimento cultural.
Descrever as dimensões do desenvolvimento cultural.
Analisar a homogeneização social.

1.2. Metodologia

Segundo Gil (2002, p. 50) A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já


elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Para a materialização dos
objectivos deste trabalho, definiu-se o:

1
Paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação
que contradiz a intuição comum. Ou pode ser o oposto do que alguém pensa ser a verdade.
2

 Método bibliográfico

2. Conceitos de cultura e desenvolvimento

2.1. O conceito de desenvolvimento

Etimologicamente, a noção de desenvolvimento remete à supressão de obstáculos e à


realização das potencialidades2. Aplicada a ideia na esfera das ciências sociais, designa-se a
evolução das sociedades e a expansão das capacidades humanas por meio da superação dos
entraves naturais, cognitivos, técnicos, políticos e sociais.

2.2. Antecedentes históricos do conceito de cultura

De Barros (2001) primeiro faz referência ao século XVIII, onde destaca o temo germânico
"Kultur" que era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade,
enquanto a palavra francesa "Civilization" referia-se principalmente às realizações materiais de
um povo. Na sequência aparece Tylor que se preocupou em sistematizar esses dois termos no
vocábulo inglês "culture" que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou
qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.

2.3. Ideia sobre a origem da cultura

Como primeira fase da origem da cultura, o autor refere ao momento em que o Homem
adquiriu, ou melhor, produziu cultura a partir do momento em que seu cérebro, modificado pelo
processo evolutivo dos primatas, foi capaz de assim proceder. No entanto, essa resposta não é
satisfatória, tanto que recorre à um antropólogo francês, Claude Lévi-Strauss que considera que a
cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, a primeira norma.
Para Lévi-Strauss, esta seria a proibição do incesto, padrão de comportamento comum a todas as
sociedades humanas. (DE BARROS, 2001)

Também recorre as ideias do antropólogo Norte-americano, Leslie White, que considera que
a passagem do estado animal para o humano ocorreu quando o cérebro do homem foi capaz de
gerar símbolos.
2
O termo desenvolver vem da acção de livrar grão de trigo do tecido que o envolve (em latim, vai vere). A
biologia e a fisiologia, por sua vez, tratam do desenvolvimento de seres vivos e órgãos,
3

Todo comportamento humano se origina no uso de símbolos. Foi o símbolo que transformou
nossos ancestrais antropóides em homens e fê-los humanos. Todas as civilizações se espalharam
e perpetuaram somente pelo uso de símbolos. Toda cultura depende de símbolos. É o exercício
da faculdade de simbolização que cria a cultura e o uso de símbolos que torna possível a sua
perpetuação.

3. O conceito de cultura

É possível tomar o conceito de cultura em três acepções: a erudita, a filosófica e a


antropológica. (CANDEAS, 1990, p.43)

A primeira acepção, que designa a expressão erudita e esteticamente refinada do génio


humano, tal como consagrada nas belas-artes e nas letras, firma-se historicamente no período do
Renascimento.

Em sua acepção filosófica, a cultura constitui a capacidade intelectual de apreender o real de


forma abstracta, representá-lo por símbolos e conferir-lhe um sentido. Nessa perspectiva, a
cultura torna a realidade socioambiental inteligível ao homem, etapa preliminar à acção
transformadora. A cultura representa, igualmente, a capacidade de transformação da realidade
por meio do trabalho humano, possibilitando a superação dos determinismos impostos pelo
habitat. A intervenção antrópica baseia-se no conhecimento do meio, no emprego de
instrumentos e técnicas e em objectivos socialmente definidos com vistas à criação de um
ambiente "cultural" ou "humanizado". Essa visão libertadora se opõe à noção repressiva da
cultura sugerida por Freud, e tem o mérito dar ao homem o papel de agente da história.

Em sua dimensão antropológica, a mais ampla e fecunda para sua caracterização como
elemento constitutivo do desenvolvimento, a cultura compreende o conjunto dos elementos
responsáveis pela organização socioeconómica e pela fixação da identidade social e das
aspirações colectivas. Com base nas definições enunciadas por Tylor, 3 Kroeber e Kluckholn4 e

3
E. B. Tylor definiu cultura como um complexo de habilidades adquiridas pelo homem como membro de uma
sociedade, incluindo conhecimentos, crenças, artes, moral, leis e costumes.
4
Para Kroeber e Kluckholn, da escola difusionista norte-americana, a cultura consiste em padrões de
comportamento explícitos ou implícitos adquiridos e transmitidos por símbolos, constituindo realizações artefactos
característicos de determinados grupos humanos.
4

da própria Unesco5, é possível sublinhar que a cultura define as capacidades humanas adquiridas
em sua experiência histórica, e que constituem o fundamento das realizações e do património
social. Os elementos definidores da cultura podem ser agrupados em duas categorias: 1) os
modelos conscientes e inconscientes e as estruturas de pensamento e percepção do real (visão do
mundo, valores, ideologias, conhecimentos, crenças, símbolos e significados); e 2) manifestações
imateriais, nos comportamentos e na organização da sociedade (estilos de vida, costumes,
instituições e técnicas), ou materiais, nos artefactos, documentos e monumentos.

3.1. A articulação entre os dois conceitos

Inicialmente, a dimensão cultural possuía uma certa conotação negativa no âmbito da


"ideologia desenvolvimentista", que, apoiada nas teses de transformação estrutural, buscava
explicar os limites e bloqueios à modernização do terceiro mundo. A cultura tradicional era
muitas vezes concebida como sintoma de subdesenvolvimento a ser superado.

No período de descolonização (décadas de 50 a 70), a cultura adquiriu conotação mais


positiva, com ênfase na revalorização da herança histórica de grandes civilizações, como a
egípcia, a indiana e a chinesa. Reafirmação identitária e nacionalismo económico combinavam-
se para restaurar o lugar histórico privilegiado ocupado por esses países no passado. Quanto à
África e à América Latina, menos a quinhoadas pelo passado histórico, os chamados "povos
novos" por Darcy Ribeiro,6 a mobilização para o desenvolvimento tinha ênfase prospectiva: o
potencial de construção de civilizações dinâmicas e modernas.

Na segunda forma de relação entre cultura e desenvolvimento, este último compreende, além
do crescimento económico, a realização das potencialidades do homem, o que eleva a cultura à
categoria de um dos fins do desenvolvimento.

5
A Conferência Mundial sobre Políticas Culturais (Mundiacult), realizada no México cm 1982 sob os auspícios
da Unesco, definiu a cultura como 'o conjunto de traços distintivos, espirituais e materiais, intelectuais e afetivos,
que caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Ela engloba, além das artes e das letras, os modos de vida, os
direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valores, as tradições e as crenças". A Mundiacult lançou as
bases conceituais da "Década Mundial do Desenvolvimento Cultural" da Unesco (1988-1997).
6
RIBEIRO, Darcy. O pmcesso ci,'iliza:ó rio, Petrópolis: Editora Vozes. 1991 As Américas e a civilização,
Petrópolis: Editora Vozes, 1988. Os "povos novos", sobretudo latino-americanos, são nações historicamente
recentes que atravessam um processo de elaboração e afirmação étnica e cultural. Essa noção se opõe à dos 'povos
testemunhos", herdeiros de um patrimônio histórico milenar, e à dos "povos transplantados', prolongamento da
sociedade e cultura européias, sobretudo anglo-saxónicas, em outras regiões do mundo.
5

Entretanto, é necessário superar a falsa dicotomia entre as noções de cultura como


instrumento ou fim do desenvolvimento. Deve-se integrar a cultura na problematização das
mudanças sociais, económicas e tecnológicas que constituem o desenvolvimento:

1. Os efeitos do desenvolvimento sobre o sistema cultural;


2. O sistema económico-institucional no qual se processa o desenvolvimento;
3. O sistema político-ideológico; e
4. O sistema cognitivo-tecnológico.

4. Desenvolvimento cultural

O exame das influências da cultura sobre o desenvolvimento pode ser feito em duas
dimensões, a saber, a patrimonial e a organizacional.

4.1. Dimensão patrimonial

Em sua dimensão patrimonial, a cultura pode ser definida como o conjunto de riquezas
materiais (recursos mobilizáveis, instrumentos) e imateriais (conhecimentos, técnicas) de uma
sociedade formadas ao longo de sua história e de sua interacção com o meio natural. A cultura
não é apenas a mediadora intelectual e cognitiva que torna a realidade inteligível ao homem; ela
é, também, o recurso fundamental para a identificação e transformação do meio ambiente em um
património humanizado. Como sublinha Ignacy Sachs, a própria noção de recurso natural ou
humano (resourcefulness) é uma construção cultural que pode conduzir seja a uma relação
simbiótica com a natureza e os agentes socioeconómicos, seja a uma dominação predadora e
insustentável.7

7
ACHS, lgnacy. Cultures. ent'ironnen,enrs et stvlesde dé veloppement. Paris: Unesco, Comissão Mundial de
Cultura e Desenvolvimento, 1993, e A Ia recherche de nous'etles stratégies de développeznent: enjeux do Sommet
social, Paris: Unesco, MOST, 1995. O autor sugere a elaboração de uma história socioecológica da humanidade a
partir de uma tabela ecossistemas x culturas. Lida em um sentido, a tabela mostraria a diversidade das culturas
nascidas em ecossistemas similares (floresta tropical húmida na Amazónia, África e Ásia): lida em outro sentido, a
tabela mostraria a continuidade e adaptabilidade de uma mesma cultura em meios naturais distintos (civilização
árabe do Atlântico ao Índico).
6

4.2. Dimensão organizacional

A dimensão organizacional da cultura compreende a racionalização das práticas sociais por


meio de elementos normativos, institucionais e morais. Os conceitos e os papéis económicos do
Estado e do mercado são construções culturais. As regras e órgãos englobam o regime da
propriedade e do trabalho, a organização empresarial, o emprego de técnicas e equipamentos, a
protecção do meio ambiente, a acumulação, a poupança, o investimento e a distribuição da
riqueza. Mais que a racionalidade económica, os comportamentos e regras pertencem às esferas
da cultura política e da psicologia social.

As teses funcionalistas da cultura, mais interessadas na estabilidade dos sistemas, consideram


as funções desempenhadas pelos atores sociais a partir de uma perspectiva muitas vezes estática.
Ora, se o desenvolvimento constitui um processo de transformação, a compreensão do papel da
cultura deve ser feita em uma perspectiva dinâmica, diacrónica. Cabe, assim, dividir os
elementos e factores culturais em estáticos, ou estruturantes, e dinâmicos, ou estruturados.

Os componentes estáticos ou estruturantes são caracterizados por um valor simbólico


poderoso, que confere autenticidade e referência existencial a um grupo sociocultural,
assegurando-lhe equilíbrio e continuidade no tempo e no espaço. Trata-se dos mitos fundadores,
das tradições, religiões e crenças profundas, dos sistemas de valores e línguas.

Os componentes dinâmicos ou estruturados, por seu turno, constituem vectores


privilegiados das transformações sociais. São facilmente transmitidos e assimilados pelos
intercâmbios proporcionados pelo comércio, pelas migrações ou pela dominação política,
tecnológica ou militar.

4.3. A cultura como factor constitutivo do desenvolvimento

Embora haja consenso em tomo de que a cultura está presente no processo de transformações
socioeconómicas e tecnológicas características do desenvolvimento, é incipiente o estudo
sistemático do papel da cultura como fundamento e ambiente cognitivo, ideológico e
organizacional gerador e determinante dos modelos e processos de desenvolvimento. A cultura
atribui valor económico aos recursos, organiza institucionalmente as actividades e técnicas de
7

produção, consumo, acumulação e distribuição, define os níveis aceitáveis de bem-estar e


confere sentido ao desenvolvimento humano.

A cultura "constitui" o desenvolvimento na medida em que está presente nas funções de


catalisadora do crescimento económico, de cimento da vida social, de mediador entre homem e
meio ambiente e de fundamento comportamental do homem. Mais que isso: para a Unesco, o
factor cultural dá sentido e referência a todos os outros factores do desenvolvimento. A cultura,
portanto, é mais que um simples factor que assegura a viabilidade ou sustentabilidade do
desenvolvimento. Ela coloca na devida perspectiva o conjunto de factores e agentes.

5. Homogeneização Social

O conceito de homogeneização social não se refere à uniformização dos padrões de vida, e


sim a que membros de uma sociedade satisfazem de forma apropriada as necessidades de
alimentação, vestuário, moradia, acesso à educação e ao lazer e a um mínimo de bens culturais.
(FURTADO, 1992, p.38)

5.1. Processo de homogeneização

5.1.1. Educação

A educação é, por excelência, essencialmente social e objectiva o desenvolvimento de


competências e capacidades necessárias à preservação da sociedade.

Por natureza, a educação é essencialmente social. Objectiva desenvolver as competências e


capacidades necessárias para preservar a sociedade. O sociólogo francês, David Émile Durkheim
atribui à educação duas funções simultâneas:

 homogeneizar;

 diferenciar.

Conforme ele, a sociedade só poderá ser renovada e perpetuada por meio da educação e que a
homogeneização é transmitida por meio de valores e normas básicas comuns e que a diferença
8

está na especialização para as diversas tarefas no mundo do trabalho.  A educação, segundo


Durkheim, está essencialmente ligada à integração e a conservação. (DURKHEIM, 1978)

O objectivo da educação é possibilitar às pessoas um acesso consciente à cultura nas suas


diversas manifestações, permitindo o desenvolvimento de uma compreensão abrangente do
mundo e da sua própria posição.  

Assim sendo, a Instituição Projecção tem o compromisso de habilitar indivíduos para agirem
de forma auto-determinada e de cooperação na sociedade. Dentro desta perspectiva, para o
Projecção, a educação é sempre educação da cultura geral, com um forte significado social e que
vai além das suas pretensões básicas que são a aprendizagem e o conhecimento.

5.1.2. Vestuário

O vestuário em nossa sociedade não possui mais apenas uma função puramente funcional de
proteger e cobrir o corpo. A moda, como um fenómeno social, possui diferentes limiares de
abordagem, e uma delas pode se relacionar a um processo de homogeneização social, que ocorre
nas mais diferentes esferas que compõem o constructo cultural dos indivíduos. É neste sentido,
que a moda poderá ser vista como um espelho para a compreensão dos desdobramentos culturais
de uma determinada sociedade, uma vez que essa se atrela a aspectos, tais como, valores,
crenças, manifestações artísticas, escritos, etc, que são incapazes de gerarem uma expressão
própria e neste sentido necessitam estruturar uma relação que pode ser definida como cultura
material. (REINKE, 2017)

Sendo então a moda um universo que abrange diferentes áreas do desenvolvimento material e
que poderá ser vista como um meio de geração de elementos culturais para um povo, torna-se
evidente a possibilidade de vermos a indumentária, produto que possui uma relação íntima com a
moda, como um elemento constituinte da cultura de um povo, uma vez que o vestuário se torna
passível da geração de novos valores individuais que emergem de uma determinada
colectividade social. A partir deste conceito é que se identifica a possibilidade de que um estudo
focado na indumentária poderá evidenciar possíveis desdobramentos sociais e contribuir para o
estudo de questões culturais em diferentes aspectos das esferas sociais possíveis de serem
reconhecidas dentro da sociedade.
9

É diante disto que o processo realizado a cada manhã, onde o indivíduo se reconstrói ao
escolher as peças de roupas que irão cobrir seu corpo, pode ser visto como uma manifestação
identitária, que se vale da linguagem visual do vestuário, e o insere dentro de uma redoma social
que o mesmo pertence ou deseja se inserir. (REINKE, 2017)

5.2. Principais características da homogeneização social

5.2.1. Desigualdade social

A desigualdade social é um fenómeno em que ocorre a diferenciação entre pessoas no


contexto de uma mesma sociedade, colocando alguns indivíduos em condições estruturalmente
mais vantajosas do que outros. Ela manifesta-se em todos os aspectos: cultural, política, espaço
geográfico e muitos outros, mas é no plano económico a sua face mais conhecida em que boa
parte da população não dispõe de renda suficiente para gozar de mínimas condições de vida.

De acordo Rosseau citado por Laraia (1997) afirmava que a desigualdade social é um
fenómeno que tende a sempre se intensificar no cenário social. As famílias mais pobres possuem
um menos acesso a instrução e as informações necessárias para alavancar um desenvolvimento
próprio, enquanto os grupos mais ricos possuem um maior nível estrutural para investirem e
multiplicarem sua renda e os largos benefícios advindos dela. O que causa a desigualdade é
exactamente a divisão social do trabalho, com a criação de propriedade e de bens particulares e
não distribuíveis.

Segundo Karl Marx citado por Laraia (1997), que enxergava a sociedade a partir da luta de
classes e via a desigualdade manifestada a partir dos desequilíbrios entre a burguesia e os
trabalhadores, haja vista que a primeira era detentora dos meios de produção, controlando e
retendo a maior parte dos lucros sobre os bens produzidos a partir do trabalho colectivo,
concentrava a renda e marginalizava os cidadãos.
Além de criar o exército de reserva de desempregados, que garantia uma concorrência entre os
próprios trabalhadores, privando-os da sua emancipação.

A desigualdade social, seja ela intelectual, económica ou sob qualquer outra forma,
manifesta-se no espaço social, ou seja, toma-se visível na composição estrutural das sociedades,
sejam elas rurais ou urbanas.
10

As cidades e os lugares expressam a diferenciação económica entre as pessoas, que é


resultante das questões históricas que submetem cidadãos e até grupos étnicos a contextos de
subalternidade. E as principais medidas para reduzir as desigualdades sociais são:

 A educação é um dos caminhos para diminuir a desigualdades socioeconómicas, já que


normalmente, as pessoas com maior nível de escolaridade têm maior renda e, no caso do
desemprego, uma recolocação mais rápida no mercado.
 Outro aspecto do acesso a educação de qualidade é a promoção do conhecimento e do
acesso a informação, factores norteadores para que as pessoas possam conhecer seus
direitos de cidadão e lutar por eles. A educação é um fenómeno que engloba os processos
de ensinar e aprender e que existe em qualquer que seja a sociedade humana, guardadas
as formas, os métodos e as proporções que são aplicadas esses processos.

A educação, numa sociedade promove a culturalização e a inserção do indivíduo no meio


social, através do aprimoramento de suas capacidades intelectuais. Numa sociedade, quando a
educação é afectada pela desigualdade social, reflecte qualidade com que se é aplicada a
metodologia e as condições de espaço e estrutura física a determinadas camadas da população.

Laraia (1997) a desigualdades sociais é causada por: Ma distribuição da renda; Ma


administração dos recursos; Lógica do mercado capitalista (consumo, mais-valia), Falta de
investimento nas áreas sociais, culturais, saúde e educação; Falta de oportunidades de trabalho; E
Corrupção.

5.2.2. Diferenciação social

Muito embora a existência de hierarquias sociais faça com que a diferenciação social tenha
uma dimensão universal, cada sociedade pela sua cultura e percurso histórico manifesta-a de
diferentes formas.

As teorias sobre a diferenciação cultural radicam no evolucionismo oitocentista: assim como


a natureza se manifestam diferenciações que permitem o estabelecimento de classificações
racionais, nas sociedades humanas os indivíduos e os grupos ocupam diferentes posições,
segundo diferenciações de natureza múltipla. (Idem)
11

6. Conclusão

Findo trabalho, conclui-se que o primeiro pensador que sistematizou o conceito de cultura foi
Tylor que englobou a questão das crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra
capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. A discussão
sobre o conceito de cultura foi se desenvolvendo e que culminou a ramificação do mesmo, onde
destaca-se o conceito filosófico, erudito e antropológico.

No que tange a questão da origem de cultura, conclui-se que esta questão sintetiza-se na ideia
de que o primeiro estagio em que a cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a
primeira regra, a primeira norma. Para Lévi-Strauss, esta seria a proibição do incesto, padrão de
comportamento comum a todas as sociedades humanas.

Em relação ao desenvolvimento cultural, destaca-se o desenvolvimento patrimonial e


organizacional. Em relação ao primeiro, a cultura pode ser definida como o conjunto de riquezas
materiais de uma sociedade formadas ao longo de sua história e de sua interacção com o meio
natural. O segundo sugere que cultura compreende a racionalização das práticas sociais por meio
de elementos normativos, institucionais e morais.

Em relação a homogeneização, temos como conceito refere-se à uniformização dos padrões


de vida, e sim a que membros de uma sociedade satisfazem de forma apropriada as necessidades
de alimentação, vestuário, moradia, acesso à educação e ao lazer e a um mínimo de bens
culturais. Onde destacou-se dois elementos que viabilizam este processo, que são: a educação
como elemento base para a padronização dos costumes da sociedade e vestuário, que funciona
como elemento de evidenciar costumes de uma determinada sociedade.

Em relação a característica destaca-se as desigualdades sociais cujo fundamento baseia-se na


desigualdade social é um fenómeno em que ocorre a diferenciação entre pessoas no contexto de
uma mesma sociedade, colocando alguns indivíduos em condições estruturalmente mais
vantajosas do que outros. E a diferenciação social cujo fundamento baseia-se na existência de
hierarquias sociais que fazem com que a diferenciação social tenha uma dimensão universal,
cada sociedade pela sua cultura e percurso histórico manifesta-a de diferentes formas.
12

7. Bibliografia

ACHS, lgnacy. Cultures. ent'ironnen,enrs et stvlesde dé veloppement. Paris, Unesco,


13

Comissão Mundial de Cultura e Desenvolvimento, 1993.

LARAIA, DE B. R. Cultura: uni conceito antropológico. 4ª ed, Rio de Janeiro, Zahar, 1997.

DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. 9ª. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1978.

FURTADO, Celso. Brasil: a construção interrompida. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1992.

REINKE, A. Carlos. Quando as roupas falam: debate sobre a moda como uma forma de

linguagem.  Vol. 1, Brasil, Universidade Feevale, 2017.

RIBEIRO, Darcy. O pmcesso ci,'iliza:ó rio. Petrópolis, Editora Vozes, 1991.

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