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Admiro Mendes Ferreira

Aires Feliciano Afonso


Neusa da Rosa Rui Agostinho

Conceito Antropológico de Cultura


(Licenciatura em Ensino de Matemática)

Universidade Rovuma
Nampula
2022
Admiro Mendes Ferreira
Aires Feliciano Afonso
Neusa da Rosa Rui Agostinho

Conceito Antropológico de Cultura

Trabalho de carácter avaliativo,


apresentado a cadeira de Antropologia
Cultural de Moçambique (ACM), como
requisito parcial para a obtenção de notas
referentes ao semestre, leccionada pelo
docente:
Ma. Luís Henriques Namuera

Universidade Rovuma
Nampula

2022
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Índice

I. Introdução............................................................................................................................ 4

1.1. Objectivo geral ............................................................................................................. 4

1.2. Objectivos específicos ................................................................................................. 4

1.3. Metodologia ............................................................................................................. 4

II. O CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA ....................................................... 5

2.1. Características do conceito antropológico de cultura .................................................. 5

2.2. Factores da cultura ....................................................................................................... 5

2.3. A cultura material e imaterial ...................................................................................... 6

2.4. Diversidade cultural ..................................................................................................... 6

2.5. Os universais da cultura ............................................................................................... 7

2.6. Dinamismo e mudança cultural ................................................................................... 8

2.6.1. A estabilidade cultural (aspectos sincrónicos)...................................................... 8

2.6.2. As mudanças culturais (aspectos diacrónicos) ..................................................... 8

2.7. Cultura e educação: Saberes e Contextos de Aprendizagens em Moçambique........... 9

III. Conclusão ......................................................................................................................... 10

IV. Referências Bibliográficas ................................................................................................ 11

Referências ............................................................................................................................... 11
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I. Introdução
A preocupação em conhecer o homem, suas diversas formas de produzir e de sua organização
social tem sido a ocupação e o interesse de muitas disciplinas e ciências. Por conseguinte, dizer
que a antropologia significa o estudo ou a ciência do homem é simplificar um campo de estudo
que se faz complexo. Estreitos são os caminhos entre a antropologia e a cultura.

O presente trabalho vai falar sobre o conceito antropológico de cultura, sendo que iremos
abordar: as caracteriasticas do conceito antropológico de cultura; a cultura material e imaterial;
a diversidade cultural; os universais da cultura; dinamismo e mudança cultural; cultura e
educação: Saberes e Contextos de Aprendizagens em Moçambique.

Referimos que o trabalho está estruturado da seguinte forma:

I. Introdução;
II. Desenvolvimento;
III. Conclusão;
IV. Referências Bibliográficas.

1.1.Objectivo geral
Compreender o conceito antropológico de cultura

1.2.Objectivos específicos
 Caracterizar a cultura;
 Descrever os factores de cultura;
 Distinguir a cultura material e cultura umaterial.

1.3.Metodologia
A metodologia predominante na realização deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica, que
consiste na investigação de materiais referente ao tema, visto que mostrou-se mais eficiente no
processo de recolha de informações para a “confecção” deste trabalho. Sendo que, as obras
consultadas serão apresentadas no final deste trabalho.
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II. O CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA


2.1.Características do conceito antropológico de cultura
A cultura humana apresenta algumas características peculiares tais como:

 A cultura é material: expressa-se vivamente através de artefactos e tecnologias;


 A cultura é simbólica: um simbolo é aquilo que representa uma coisa, está em lugar de
algo, e esta conexão pode ser simbolizada de maneira diferente segundo as cultura.
Assim, um mesmo objecto pode ter nomes diferentes, de acordo com as línguas. Ex.:
cão, dog, mwalapua, mwanambwa. Ropa preta (luto); etc
 A cultura está pautada/normativa: ela é aprendida normalmente. Quer dizer que está
formada por umas regras ou normas integradas. Dispoe de um conjunto de valores
centrais, chaves ou básicos organizados num sistema e orienta a conduta humana.
 A cultura é social: a cultura é partilhada, transmitida e adquirida pelas pessoas enquanto
membros de grupos. A cultura é apresndida socialmente, e nunca em separado ou
isoladamente.
 A cultura é estável e dinâmica: estável na medida em que perdura ao longo dos tempos,
mantendo-se a mesma; e é estável na medida em que sofre transformações, adaptando-
se aos novos contextos.
 A cultura é selectiva, na medida em que integra os valores, práticas e técnicas que o
grupo acha pertinentes para si; ela avalia os novos elementos, podendo rejeitá-los ou
aceitá-los.
 A cultura é universal e local: é universal na medida em que o ser humano é um ser
cultural (não há homem sem cultura) e há elementos comuns a todas as culturas (os
universais culturais); e local na medida em que há elementos ou práticas específicas a
determinados locais, em função das suas condições aí existentes.

2.2.Factores da cultura
A cultura não é só o resultado da mente humana, ela surge e se manifesta a partir da relação que
se estabelece entre quatro factores: o próprio Homem (antropós), a sociedade (ethnos), o
Ambiente (oikos) e o Tempo (Chronos).

O Homem participa enquanto ser biológico e cultural na mudança cultural, introduzindo novos
elementos ou inovando/recriando os já existentes. Por sua vez, a sociedade participa com o seu
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papel regulador da acções individuais e colectivas, podendo aceitar ou rejeitar os novos


elementos da cultura.

O ambiente é onde o homem e a sociedade se inserem. Ele condiciona a actividade exterior e


material do homem. Ex.: sua forma de vestir, sua gastronomia, utensílios doomesticos, etc.
Finalmente, o tempo (cronológico) no qual se desenvolve e se manifesta a cultura, transforma
o homem e com ele a sua cultura, ganhando novas dinâmicas.

2.3.A cultura material e imaterial


A cultura é uma característica especificamente humana que tem duas componentes/dimensões:

i. Uma componente imaterial (mental): produtos da actividade psíquica ora nos seus
aspectos cognitivos ora nos afectivos, significados valores e normas.
ii. Uma componente material: artefactos e tecnologia, fruto da relação do homem com
o meio ambiente.

Estas duas componentes não devem ser tomadas separadamente uma da outra. As duas se
relacionam e influenciam.

2.4.Diversidade cultural
Um dos temas que ocupa a Antropologia hoje é o da diversidade cultural.

O conceito de diversidade cultural traduz a constatação e o rendimento da existência no


mundo de várias e diferentes culturas, tendo cada uma das características específicas, não
obstante às semelhanças que se podem verificar entre elas.

A constatação da diversidade cultural conduz ao relativismo cultural. Segundo MARTINEZ


(2014: 22), o relativismo cultural é “a concepção segundo a qual não existem princípios gerais
que permitem julgar os valores e as instituições das culturas”. Dessa feita, a diversidade
cultural exige o respeito e a promoção das diferenças culturais, evitando-se atitudes extremas
como o etnocentrismo (olhar a sua própria cultura como superior e modelo em relação às
outras) e o relactivismo absoluto (olhar cada cultura como única, autossuficiente e completa).

Afirmar a diversidade cultural não significa absolutizar as diferenças, mas reconhecer as


especificidades de cada cultura em negar a intercomunicabilidade entre as culturas (ou
simplesmente interculturalidade), o que dá origem aos universais culturais.
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Neste contexto, no lugar de combater, devemos valorizar e promover a diversidade cultural,


visto ser fonte de enriquecimento e dinamismo cultural.

Eunice Santos apresenta o pensamento de um dos célebres antropólogos a respeito do valor da


diversidade cultural nos seguintes termos:

A diversidade cultural é valorizada de duas formas: por ser nela que residem as possibilidades
de progresso da humanidade, uma vez que o progresso deriva da colaboração entre culturas
diferentes e por ser através da diversidade que se torna possível a compreensão das culturas,
na medida em que só a compreensão das diferenças enquanto sistema permitirá atribuir a
qualquer cultura individual o seu sentido verdadeiro.

A diversidade cultural nos leva portanto a concluir que dvemos observar e estar atentos a todas
as culturas e subculturas existentes numa sociedade, o que permite enriquecer os nossos
conhecimentos, tomando consciência dos valores existentes nas diferentes culturas. Por
fazermos parte de vários subgrupos (bairro, religiaão, família, atc) podemos observar valores
conflitantes, sem que nenhum seja possuidor da verdade absoluta. Devemos ser tolerantes às
diferenças culturais e evitar ridicularizar os outros simplesmente porque são diferentes de nós.

2.5.Os universais da cultura


Não obstante a diversidasde culturall de que falamos antes, existem em Antropologia o conceito
de universais culturais. Por universais da cultura entende-se o conjunto de elementos
comununs a todas as culturas. Os universais da cultura encontram seu fundamento pelo facto
de os homens sentirem as mesmas nessecidades (biiológicas, afeectivas) em virtude da sua
natureza biológica também igual. Com efeito,, “todos os homens, em toda a parte, procuram
comer e beber o suficiente, obrigar-se do perigo e do desconforto físico, conseguir reacções
favoráveis dos seus colegas (…), encontrar explicações satisfatórias dos fenómenos do mundo
observado” (MARTINEZ, 2014:28).

Os universais da cultura são vários: a linguagem, os sistemas de parentesco, as regras em volta


da sexualidade, o uso do fogo, as crenças num mundo sobrenatural (a ideia de Deus), a arte, a
preparação dos alimentos, o amor, as normas morais (fazer o bem e evitar o mal), o respeito,
entre outros.
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2.6.Dinamismo e mudança cultural


Nos itens anteriores vimos que uma das características da cultura era o facto dela ser estável e
dinâmica: estável na medida em que perdura ao longo dos tempos, mantendo-se a mesma; e
dinâmica na medida em que sofre transformações, adptando-se aos novos contextos. Assim,
toda a cultura pode ser considerada nestes dois aspetos: o da estabilidade e o da mudança. Por
isso, agora interessa saber com é que a estabilidade é mantida e como é que a mudança se
opera.

2.6.1. A estabilidade cultural (aspectos sincrónicos)


A estabilidade cultural é mantida através da tradição que é o “processo pelo qual através do
tempo e do espaço se transmite o património cultural de uma determinada sociedade de
geração em geração” (MARTINEZ, 2014: 64). Esta transmissão é uma acção dinâmica e um
processo de conservação e de contínua reinterpretação de coisas já exisatentes. Isso sigifica que
a tradição não uma aceitação passiva ou mecânica, mas uma perpetuação activa de valores
essenciais de uma cultura. A tradição é corpoarizada atraves das instituições, leis, usos e
costumes, padrões de comportamentos.

Paralelamente a tradição outro processo que garante a estabilidade cultural é a endoculturação


ou enculturação. De acordo com B. BERNARDI, enculturação é um “processo educativo pelo
qual os membros de uma cultura se tornam conscientes e comparticipantes da propria cultura”
(Apud MARTINEZ, 2014:66). Por sua vez, GROTTANELLI, define a enculturação como
“processo através do qual todo o indivíduo adquire do seu grupo social todo o necessário para
a sua plena inserção na sociedade a que pertentence ” (Apud MARTINEZ, op. cit).

Trata-se de um processo de ajustamento das respostas individuais aos padrões culturais de uma
sociedade e que acompanha toda a vida do indivíduo, desde a infância até à morte.

2.6.2. As mudanças culturais (aspectos diacrónicos)


Ao lado do equilíbrio e da harmonia, a mudança e o conflito cultural são as características
nomais dos sistemas sociais. Na verdade, a história mostra que, através de processos próprios,
as cultuas mudam e se transformam e que outras até desaparecem. Daqui podemos nos
perguntar: porque mudam as culturas? Quais são as causas e as modalidades? E os processos?
Segundo MARTINEZ (op. cit. p. 71), “as culturas mudam por factores endógenos, através dos
processos da invenção e da descoberta; e por factores exógenos, por meio dos processos de
difusão, de aculturação e da globalização”.
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2.7.Cultura e educação: Saberes e Contextos de Aprendizagens em Moçambique


Os contextos de aprendizagem em Moçambique são caracterizados por serem multiculturais:
na mesma sala e escola encontra-se alunos e professores oriundos e pertencentes a diferentes
culturas. Num tal contexto, o processo de ensino e aprendizagem não pode nem deve ignorar
as diferenças culturais. Estas, longe de serem encaradas como uma barreira, devem ser
exploradas como fonte de riqueza e de enriquecimento mútuo.

Segundo devemos respeitá-la, segundo Hilzidina Norberto Dias, a diversidade cultural é “um
património tão importante para a humanidade tal como a biodiversidade e que a
interculturalidade e o respeito palas diferenças são as melhores formas de garantir a paz e o
desenvolvimento” (2010: 8)

Uma das formas de valorizar essa diversidade cultural é a que o novo Currículo de Ensino
Básico Designa por Currículo Local. Trata-se de uma componente do currículo nacional
“constituída por conteúdos definidos localmente com sendo relevantes, para a integração da
criança na sua comunidade” (IND, 2014, s/p).
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III. Conclusão
Após esta abordagem podemos entender que a cultura como um conjunto de hábitos e costumes,
crenças e mitos, símbolos, normas e valores, forma a nossa autoconsciência, permite que nos
identifiquemos como pertença de uma determinada sociedade. Por isso para nós não existe uma
cultura melhor que outra. A cultura de uma sociedade não deve ser criticada por outras
sociedades estranhas a ela, mas entendida e melhorada a sua prática e adequada nas leis vigentes
para melhor harmonização. Portanto, conservar a cultura de uma sociedade é necessária, para
manter as raízes locais e as identidades características de cada região.

Contudo, a identidade cultural envolve não só os que fazem, mas também os que apreciam,
divulgam defendem e os que conhecem determinadas características dessa cultura.
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IV. Referências Bibliográficas

Referências
Chichava, S. (2008). Por uma leitura socio-histórica da etnicidade em Moçambique. Maputo:
IESE. Obtido em 2 de Outubro de 2022, de
http://www.iese.ac.mz/lb/publication/dp_2008/DP_01_ArtipoEtnicidade.pdf

Dias, H. N. (2010). Diversidade cultural e educa;'ao em Mo;ambique. São Carlos. Obtido em


2 de Outubro de 2022, de
http://www.nomds.usp.br/virus/virus04/?sec=4&item=4&lang=pt

INDE/MINED. (2014). Programas da Disciplinas de 2º Ciclo de Ensino Primário. Maputo.

Laraia, R. d. (1932). Cultura: Um conceito antropológico (14ª ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor.

Martinez, F. L. (2014). Antropologia Cultural: guia para o estudo (7ª ed.). Maputo: Filhas de
São Paulo.

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