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Extensão de Tete
Antropologia cultural
Tete
Outubro de 2023
Edma Meque Starque
Delírio Capelo Alfinete
Nilton Bracionilio Ézio
Tete
Outubro, 2023
Índice
1. Introdução................................................................................................................................4
2. Características da cultura..........................................................................................................5
7. Conclusao...............................................................................................................................15
8. Referências.............................................................................................................................16
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1. Introdução
No presente trabalho vamos falar das características da cultura e a relação entre cultura,
educação e sociedade em moçambique onde teremos como foco conhecer as características da
cultura e a relação que esta tem com a educação e a sociedade em Moçambique. Se tratando
particularmente de Moçambique abordaremos a questão da diversidade cultural sabendo que
Moçambique neste país e a hibridização da cultura. A cultura tem uma serie de características
que a engrandece no contexto humano, ela também tem uma grande importância ou relaciona
se bastante com a educação e a sociedade, visto que uma cultura só é cultura se pertencer ou
for aprendida por uma sociedade.
O trabalho esta organizado em três partes ou capítulos, onde no primeiro capitulo estão os
elementos pré-textuais (capa, contracapa, índice e introdução), o segundo capitulo temos o
desenvolvimento onde temos o desenrolar dos conteúdos (elemento textuais) e por ultimo
temos os elementos pós textuais a conclusão e as referencias bibliográficas.
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2. Características da cultura
Quando falamos em Cultura, evidenciamos a vivência histórica de significados que um grupo
conjuga e com o qual distinguem seus componentes, as linguagens com as quais se
manifestam, os identificadores e as técnicas significativas, os valores, a fé e o gosto com os
quais se coligam e a história que colectivamente constroem.
A cultura tem uma série de características muito próprias, que revelam a sua grande
importância no contexto humano, tais como:
A cultura também é simbólica, pois todas as culturas possuem símbolos que são
compreendidos de modo semelhante por todas as pessoas que as integram. É uma forma de
comunicação, é uma rede de sentidos que torna possíveis as relações pessoais. Tudo nas
culturas é de caráter simbólico. A cultura também domina a natureza, pois sobrepõe-se ao que
há de biológico em nós. Cada necessidade biológica é expressa e saciada de forma diferente,
consoante a cultura. Por exemplo, a necessidade de alimento é comum a todos os seres
humanos, mas que é satisfeita é de modo diferente (difere no tipo de comida, no modo como
se toma a refeição, as horas…);
A cultura mostra-se como geral e específica ao mesmo tempo, visto que todos os homens, em
qualquer sociedade, têm uma determinada cultura (não há ninguém que não tenha cultura,
nasça ou exista sem ela), mas também porque as culturas são diferentes, têm características
próprias, que a individualizam;
Também é dito que a cultura abarca o todo. É simples; acultura está presente em todos os
aspectos da vida humana(sociais, organização do tempo e do espaço, biológicos); ou seja, a
cultura está presente em tudo a nossa vida e nada está fora da cultura, pois existem normas,
regras, padrões de comportamento em todas as atividades humanas;
Outro aspecto da cultura, é o facto de esta ser partilhada, porque não é propriedade de um
indivíduo, é de todas as pessoas de uma sociedade, a sociedade e a cultura são inseparáveis,
elas são a forma de viver do ser humano;
Para falar da relação da cultura com a educação e sociedade moçambicana temos de ter em
conta a diversidade cultural em mocambique e a hibridizacao cultural e educacao.
Uma das característica mais preciosas de Moçambique é a sua diversidade cultural que, por
coincidência, acompanha também a sua diversidade biológica. Takahashi (2006, p. 3) afirma
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que há uma significativa correlação entre as diversidades biológica e cultural, as áreas que
têm grande diversidade biológica também reúnem grande diversidade cultural.
A língua oficial em Moçambique é a língua portuguesa, mas ela é uma língua minoritária que
foi escolhida para oficial por razões políticas relacionadas com a unidade nacional e com o
fato de não haver à altura da Independência nenhuma língua que estivesse suficientemente
“modernizada” para ser capaz de veicular a Ciência, a Tecnologia e ser capaz de servir de
língua franca em todo o território nacional.
De acordo com dados do INE/ NELIMO (2000, p. 108) estão presentes no país 30
agrupamentos linguísticos. A maior parte das línguas são de origem bantu (24), mas também
se fala, para além do Português, línguas européias (Inglês, Francês, Espanhol, Italiano,
Russo,Alemão), outras línguas africanas (Árabe, Sutho) e línguas asiáticas (Hindi, Gujurati e
Chinês). O Português é falado, como língua materna, por 6% da população, enquanto as
línguas bantu são faladas por 93% da população que reside das zonas urbanas, 55% conhece o
Português, contra 45% nas zonas rurais. Dos falantes do Português, 61% são homens (a maior
parte). As línguas bantu são as que são faladas com mais frequência [90%] relativamente ao
Português.
Estudos efetuados por Dias (2002) mostram que a “hibridação cultural” surgiu como uma
forma muito particular de identidade cultural dos moçambicanos bilingues, falantes da língua
portuguesa e língua bantu ou de monolingues em Português com a aprendizagem do
Português durante a colonização. Julga se que o falante de língua portuguesa quer seja
monolingue ou bilingue já não possui uma identidade cultural “genuína” e “autenticamente”
africana como os seus ascendentes e antepassados que só falavam a língua bantu. A
aprendizagem da língua portuguesa promove o surgimento de um processo de aculturação que
integra características culturais do mundo ocidental. Julga se que o bilinguismo em vez de
criar um biculturalismo, produz uma hibridação cultural, Quer dizer que os falantes não
adicionaram a cultura portuguesa à cultura bantu, eles misturaram as duas culturas e criaram
uma nova cultura que não é tipicamente portuguesa e que também não é genuinamente bantu.
Ela é “híbrida”, pois junta de forma muito particular as duas línguas e culturas. É a tal
hibridação cultural que caracteriza a cultura urbana moçambicana.
Um dos autores que mais se debruçou sobre a questão da hibridação cultural foi Stuart Hall
(2006), Este autor afirma que as identidades culturais estão em declínio, “fazendo surgir
novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito
unificado”(HALL, 2006, p. 7). Um novo tipo de identidade está surgindo, modificando as
“paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade” (HALL,
2006, p. 9). Tais modificações estão a mudar as identidades pessoais e provocando a perda de
um sentido de si estável que é chamada , algumas vezes, de deslocamento ou descentração do
sujeito. É esse deslocamento que constitui uma “crise de identidade” para o indivíduo.
O mesmo autor afirma que as culturas híbridas constituem um novo tipo de identidade
produzido na “modernidade tardia” , as pessoas pertencentes a essas culturas renunciam à
ambição de redescobrir qualquer tipo de pureza cultural perdida ou de absolutismo étnico,
eles devem aprender a habitar, no mínimo, duas identidades e a negociar entre elas”. (HALL,
2006, p. 89). A cultura urbana moçambicana encontra-se ao mesmo tempo fora e dentro da
cultura ocidental e da cultura autenticamente africana. A questão da hibridação cultural
preocupa a muitos intelectuais moçambicanos visto que é necessário pensar num currículo
que tenha em consideração a cultura africana local e que integre também a cultura universal.
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Diferentes classes sociais podem exibir traços culturais distintos dependentes da sua situação
sócio-económica. A origem regional, étnica e racial, muitas vezes, pode estar associada à
condição de classe social, Por exemplo, os indivíduos analfabetos do meio rural possuem uma
cultura africana mais ancestral e são mais pobres do que os alfabetizados do meio urbano que
possuem valores culturais de carácter mais universal.
Existe uma intrínseca relação entre cultura e educação, visto que a própria educação é
considerada como sendo parte da cultura. A cultura pode ser entendida como fruto da
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inventividade humana, só existe cultura porque existe o homem, e a educação está incluída
neste meio. Pois é sabido que desde os primeiros homens houve a necessidade de repassar os
costumes aos mais jovens, bem como o modo de caça, preparar determinado objecto, a
maneira de ser, etc.
Um povo que perde a sua cultura perde sua alma, fica sem identidade. Hoje, os meios de
comunicação estão entre os principais transmissores da cultura de um país. Lógico que, como
pano de fundo está todo um conjunto cultural, oferecendo uma maneira diferente de se viver,
em resumo, um padrão cultural diferente. O termo cultura tem sido tratado, muitas vezes,
como o campo de saberes peculiares e de base científica. Classificando cultura como tudo que
o homem faz, vamos encontrar incluída a maneira de falar (língua), a maneira de vestir, de
morar, de comer, de trabalhar, de rezar, de se comunicar, de se interagir, etc.
Com as transformações ocorridas na transição do século XIX para o século XX, com a
sociedade industrializada os estudos voltados para compreender os diferentes modos de vida e
a cultura de cada povo teve maior aprofundamento. Para VALENTE, (1999,p.16)a relação
entre cultura e educação está relacionada da seguinte forma: o processo de criação e
transmissão contínuas do conhecimento conforme aquilo que chamamos de processo cultural.
Tal processo é inseparável da condição social do homem, é histórico Porque se transforma ao
longo do tempo, e por ser comum a todos, é considerado universal Porque implica o
conhecimento e o aprendizado, é um processo educacional.” Cultura não é algo definido,
acabado, deve sim ser compreendida como algo que se constrói coletivamente e que esta em
constante transformação, sendo um processo que atinge todas as sociedades, portanto é
considerado universal. Podemos ver claramente que a educacao (conhecimento) de um de
nada servia para o outro devido o seu contexto de vida.
Assim como afirma Forquin (1993,p.144) que “[...] é necessário que o que se ensina vala à
pena”, é necessário que os elementos devam estar articulados com o que se considera
significativo para uma dada realidade e um dado sujeito. Da mesma forma os conceitos
culturais e suas manifestações devem estar bem articuladas para melhor se relacionar entre
escola e alunos. O interculturalismo propõe que a escola não pode ser entendida, dissociada,
separada da sociedade em que ela está inserida.
Quando se pensa na relação entre cultura e educação que se estabelece dentro da escola,
existem, aspectos essenciais que requerem reflexão. O primeiro, e importante ponto de
partida, refere-se à relação da escola com a cultura do lugar onde ela está situada. Se
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Um segundo ponto a ser considerado na relação educação e cultura é o currículo escolar, isto
é, a seleção dos saberes que os educadores transmitirão. A escola tem o poder e a legitimidade
para selecionar os saberes que serão passados às crianças e aos adolescentes e pode dar voz ou
não a determinados personagens.
Forquin (1993, p. 12) nos diz que se referindo à educação, cultura significa “um patrimônio
de conhecimentos e de competências, de instituições, de valores e de símbolos, constituído ao
longo de gerações e característico de uma comunidade humana particular, definida de modo
mais ou menos amplo e mais ou menos exclusivo”. O autor ainda ressalta que na educação
escolar sempre há uma seletividade no “interior da cultura” e reformulação para, assim, ser
transmitida na forma de conteúdo escolar.
A relação existente entre educação e cultura é que proporciona a realização da Uni cultural,
que objectiva fomentar a inserção das mais diversificadas culturas dentro do contexto
académico científico, para que, com isso, seja possível disseminar nos académicos, os
diversos meios de percepção sobre a multiculturalidade que vive a sociedade nos tempos
atuais. Uni cultural é um evento anual promovido pela Faculdade de Bolsas desde o ano de
2008. O evento busca valorizar a cultura local e regional com apresentações teatrais, música,
dança, literatura, exposições, etc. vinculadas à temática que é escolhida a cada ano.
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O etnocentrismo é compreendido como o ato em que uma cultura é posta como o centro, em
determinado grupo ou mesmo sociedade, passado a servir de padrão para julgar todas as
demais formas de cultura, em geral de modo depreciativo a cultura dos demais, Isto é, seus
modos de ser, seus costumes, valores são vistos como inferiores, Como exemplo temos os
antigos romanos, que consideravam os demais povos como bárbaros, pois não tinham os
mesmos costumes que eles, a cultura helenista. Também tomamos como exemplo os europeus
que se consideravam civilizados, cultos, mais inteligentes que os nativos da nova terra recém
descoberta. Da mesma forma que todos os países europeus que fixaram colônias na África.
Citamos esses exemplos históricos, mas na atualidade o etnocentrismo está bem vivo e
presente, quando alguém ver, por exemplo, um documentário em que mostra os vietnamitas
comendo carne de cachorro (considerada uma iguaria no Vietnã), ou o fato de na Índia
considerarem um rio sagrado (rio Ganges), alguns podem julgar uma e outra como atitudes
impróprias, primitivas, pois esse juízo é pautado na comparação de uma cultura com a sua
própria: a cultura do eu (a melhor) comparada com a cultura do outro (inferior).Em uma
sociedade como a nossa está repleta de pensamentos etnocêntricos, pois existe uma cultura
dominante, a qual é amplamente difundida e sobreposta à outras formas de cultura. E a escola
é a agencia de perpetuação dessa forma de cultura, a dominante.
7. Conclusao
Tendo feito o trabalho notamos que existem varias caracteristicas da cultura, vimos a cultura é
aprendida não herdada, é simbolica entre outras caracteristicas presentes na segunda parte do
trabalho. Tambem vimos a questao da diversidade cultural em mocambique, ela preocupa os
educadores moçambicanos visto que na mesma sala temos alunos de gêneros diferentes que
pertencem a grupos linguísticos, étnicos e religiosos diferentes, com concepções, saberes,
temporalidades e espacialidades diferenciadas. A diversidade obriga-nos a refletir sobre
formas didáticas diferenciadas porque nem todos os alunos conseguem se adaptar aos padrões
didáticos monoculturais e hegemônicos. Conseguimos tambem perceber oque é a hibridizacao
cultural que neste trabalho usamos para referir ao surgimento de novas culturas e novas
identidades que são a mistura de outras culturas. E temos a relacao da cultura, educacao e
sociedade em mocambique onde conseguimos notar que a sociedade a educacao e a cultura
são inseparáveis, elas são a forma de viver do ser humano. A escola tem o poder e a
legitimidade para selecionar os saberes que serão passados às crianças e aos adolescentes e
pode dar voz ou não a determinados personagens. Por ultimo vimos a cerca do etnocentrismo
que é colocar a sua cultura como superior e a do outro inferior, e o relativismo cultural que é a
compreencao da cultura do outro na sua singularidade, e respeita-la.
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8. Referências
CANDAU, Vera Maria. Interculturalidade e educação escolar. Disponível
em:http://www.dhnet.org.br>. Acesso em: jul. 2006
DUSSEL, Inês. “O currículo híbrido: domesticação ou pluralização das diferenças?”.
In: LOPES
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DP&a, 2006.
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MINED (Ministério da Educação). Sistema Nacional de Educação. Maputo: MINED,
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Geografia social e cultural-Schier, Raul Alfredo.
BRANDÃO, Carlos R. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1986.