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UCM
1. Introdução...........................................................................................................................3
1.1. Objectivos....................................................................................................................4
1.2. Metodologia.................................................................................................................4
2.5. Os prós e contras do uso das línguas locais nas escolas moçambicanas.....................8
3. Conclusão.........................................................................................................................12
4. Bibliografia.......................................................................................................................13
1. Introdução
Moçambique é um país caracterizado por uma rica diversidade linguística, com mais de 20
línguas diferentes faladas em todo o território. Essa diversidade linguística é um reflexo da
pluralidade étnica e cultural do país, que abriga uma variedade de grupos étnicos e
comunidades. Neste contexto, o uso da língua portuguesa como língua oficial de
Moçambique é uma questão relevante e complexa. Este trabalho se propõe a explorar os
aspectos que envolvem a escolha da língua portuguesa como língua oficial, as influências das
línguas locais, os prós e contras do uso dessas línguas nas escolas moçambicanas e o papel da
língua como identidade cultural.
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1.1. Objectivos
O objetivo geral deste trabalho é analisar o papel da língua portuguesa como língua
oficial em Moçambique e suas relações com as línguas locais, considerando as
implicações sociais, culturais e educacionais dessa escolha linguística.
1.2. Metodologia
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2. A Diversidade Linguística em Moçambique: A Escolha da Língua Portuguesa
como Oficial e Suas Implicações na Identidade Cultural e Educacional
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Ocupado por quase 500 anos por Portugal, aquando da chegada dos primeiros navegadores
liderados por Vasco da Gama, em 1498, e formalmente colonizado, de forma efetiva, a partir
de 1930, depois de sucessivas lutas de resistência protagonizadas por moçambicanos ao longo
do processo histórico de negação à dominação imperialista, o país sucumbiu às políticas
segregacionistas do colonizador o objetivo de dividir para reinar e garantir a manutenção e
reprodução da dominação.
É neste contexto que, em conformidade com a necessidade de uma presença mais efetiva,
Portugal, para além de consolidar os esforços militares para garantir a ocupação e domínio
territorial de Moçambique, investiu fortemente na presença da sua máquina administrativa.
Com isso, estabeleceu novas fronteiras físicas, jurídicas e simbólicas, destruíndo as
anteriormente existentes, com destaque para as simbólicas de matriz étnico-tribal e
sociocultural pré-existentes à ocupação e implementou políticas separatistas que
hierarquizaram as pessoas de acordo com a cor da sua pele e utilidade nos esforços de
colonização.
A escolha da língua portuguesa como língua oficial em Moçambique está relacionada a uma
série de fatores históricos, políticos e práticos. Durante o período colonial, Moçambique foi
uma colônia de Portugal, o que resultou na disseminação da língua portuguesa como língua
de instrução e administração. Após a independência em 1975, o português permaneceu como
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língua oficial devido à necessidade de unificação nacional e comunicação entre grupos
étnicos diversos.
Como observado por Antunes em seu estudo "A Política Linguística em Moçambique"
(2003), o uso do português permitiu ao país participar ativamente em fóruns internacionais e
estabelecer relações diplomáticas com nações ao redor do mundo. A manutenção do
português como língua oficial ajudou a abrir portas para o comércio, colaboração política e
desenvolvimento econômico.
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2.4. As influências das línguas locais na língua oficial
Como observado por Mia Couto, renomado escritor moçambicano, em seu livro "Terra
Sonâmbula" (1992), a língua é um espaço de encontro e fusão de diferentes culturas e
experiências.
É importante destacar que essa influência mútua não é um processo unidirecional. Assim
como as línguas locais enriquecem o português, o português também exerce influência sobre
as línguas locais, criando uma simbiose linguística que reflete a dinâmica cultural e social de
Moçambique.
2.5. Os prós e contras do uso das línguas locais nas escolas moçambicanas
O debate sobre o uso das línguas locais nas escolas moçambicanas é complexo. Alguns
argumentam que o ensino nas línguas maternas promoveria um melhor entendimento e
retenção de conhecimento, especialmente nas primeiras etapas da educação. No entanto,
também existem preocupações sobre a fragmentação do sistema educacional, a dificuldade de
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padronização e a necessidade de preparar os estudantes para um mundo globalizado, onde o
português é amplamente utilizado.
O debate em torno do uso das línguas locais nas escolas moçambicanas envolve uma série de
argumentos a favor e contra, cada um com suas implicações e desafios. A decisão sobre o
idioma de instrução é crucial para o sistema educacional e o desenvolvimento das futuras
gerações em Moçambique.
O debate sobre o uso das línguas locais nas escolas moçambicanas continua a evoluir à
medida que o país busca encontrar um equilíbrio entre a promoção da diversidade cultural, a
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eficácia do ensino e a preparação para um mundo globalizado. A decisão final deve
considerar cuidadosamente os prós e contras, bem como o contexto específico de cada região
de Moçambique.
No mundo moderno, o conceito de identidade é algo muito discutido. Esse debate acontece
pelo fato de a identidade estar imersa num processo muito complexo, onde as diversas
culturas encontram-se imbricadas e, por esse motivo, dão origem ao desafio de compreensão
entre o que pertence numa determinada cultura ou o que pertence a outra. Assim, outro
conceito que entra em cena é o de diferença, isto porque ao assumir determinada identidade,
acontece o processo de exclusão de uma outra, o que nos permite dizer que somos diferentes
desse ou daquele outro.
Silva (2000) defende que a identidade é exatamente o ponto que nos diferencia, o ponto em
que se origina as diferenças. Para Hall (p. 44) “as identidades, concebidas como estabelecidas
e estáveis, estão naufragando nos rochedos de uma diferenciação que prolifera”.
A língua é, de acordo com Timbane e Santos (2020, p.307) “um bem imaterial que funciona
para os membros de uma determinada comunidade como fator determinante na construção da
identidade individual e coletiva, que intuitivamente os identifica e os localiza dentro do grupo
de pertencimento”. Desse modo, o estudo da obra de Mia Couto pode permitir a compreensão
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da dimensão socio-histórica moçambicana, no sentido de que ela se perfaz na apropriação da
língua portuguesa de maneira a tornar possível nela a expressão da cultura desse povo,
tecendo-se assim como um elemento de afirmação da identidade moçambicana.
Preservar e valorizar essas línguas locais é essencial para manter a diversidade cultural
moçambicana. A perda de uma língua é frequentemente acompanhada da perda de tradições,
histórias e conhecimentos que são transmitidos oralmente de geração em geração. A
preservação das línguas é, portanto, uma maneira vital de manter vivas as tradições culturais
e garantir que as futuras gerações tenham acesso à riqueza do patrimônio cultural do país.
Bagno (2011) defende que a língua é o resultado de um processo histórico e cultural. Assim, a
língua expressa pelos falantes através de sua oralidade/escrita condensa as experiências e os
contextos pelos quais ele passou, são esses processos que dão origem a sua forma de falar que
também é fluída e vai se alterando ao longo dos tempos.
Além disso, a promoção das línguas locais contribui para o respeito e a valorização das
diferentes identidades étnicas em Moçambique. Isso pode ser um elemento-chave na
construção de uma sociedade inclusiva e harmoniosa, onde a diversidade é celebrada e
respeitada.
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3. Conclusão
As línguas locais, por sua vez, são um componente essencial da identidade étnica e regional
das diferentes comunidades em Moçambique. Elas são portadoras de tradições, histórias e
conhecimentos transmitidos de geração em geração. A preservação e valorização dessas
línguas desempenham um papel fundamental na promoção da diversidade cultural e no
respeito pelas identidades étnicas moçambicanas.
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4. Bibliografia
Anderson, Benedict. Comunidades imaginadas. São Paulo: Companhia das letras, 2008.
Back, Eurico. Fracasso do ensino de Português: proposta de solução. Petrópolis: Vozes, 1987.
Bauer, Otto. A nação. In: Balakrishnan, Gopal (Org.). Um mapa da questão nacional. Rio de
Janeiro: Contraponto Editora, 1996.
Castiano, José P.; Ngoenha, Severino E.; Berthoud, Gerald. A longa marcha duma Educação
para Todos em Moçambique. 2. ed. Maputo: Imprensa Universitária, 2006.
Couto, Mia. E se Obama fosse africano? e outras interinvenções. 2. reimp. São Paulo: Com-
panhia das Letras, 2011.
Machel, Samora. Consolidemos aquilo que nos une. Reunião da direção do Partido e do
Estado com os representantes das confissões religiosas. 14 a 17 de Dezembro, 1982. Coleção
Unidade Nacinal. Maputo: INLD, 1983.
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