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Índice

1. Introdução...........................................................................................................................3

1.1. Objectivo Geral...........................................................................................................3

1.2. Objectivos Específicos................................................................................................3

1.3. Metodologia.................................................................................................................4

2. A unidade e diversidade da Língua Portuguesa..................................................................5

2.1. A Língua Portuguesa como um sistema e a variação linguística................................5

3. As Variedades Geográficas do Português...........................................................................6

3.1. Portugal........................................................................................................................7

3.2. Brasil............................................................................................................................7

3.3. África: As Variedades Africanas do Português...........................................................7

3.4. Ásia: A Influência de Macau e Goa............................................................................8

3.4.1. Timor-Leste...............................................................................................................8

4. A variação dialectal, social e individual;.............................................................................8

4.1. Variação Dialectal.......................................................................................................8

4.2. Variação Social............................................................................................................9

4.3. Variação Individual.....................................................................................................9

5. Variedades da Língua Portuguesa: Norma-Padrão Europeia e Brasileira.........................10

5.1. Norma-Padrão Europeia (NPE).................................................................................10

5.2. Norma-Padrão Brasileira (NPB)................................................................................11

6. Complementaridade e Enriquecimento da Língua Portuguesa.........................................12

7. Variedades Africanas – O Caso de Moçambique – na Língua Portuguesa.......................13

7.1. Norma-Padrão Moçambicana....................................................................................13

7.2. Influência das Línguas Locais...................................................................................14

7.3. Língua como Instrumento de Identidade Cultural.....................................................14

7.3.1. Resiliência e Evolução da Língua Portuguesa em Moçambique.............................15

8. Brasil e Moçambique, A Língua Portuguesa Além das Fronteiras Continentais..............17

9. A Disseminação Global da Língua Portuguesa na Diáspora Lusófona.............................18


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9.1. O Estatuto da Língua Portuguesa..............................................................................18

9.2. Impacto Global da Língua Portuguesa......................................................................19

9.3. A Diversidade na Língua Portuguesa........................................................................19

10. O Papel da Língua Portuguesa na Diplomacia e nas Relações Internacionais.............20

10.1. A Língua Portuguesa na Cultura e nas Artes.........................................................20

10.2. O Futuro da Língua Portuguesa no Mundo...........................................................21

11. A Dinâmica de Interacção entre o Português e Outras Línguas em Contacto..............21

12. Conclusão......................................................................................................................24

13. Bibliografia...................................................................................................................25
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1. Introdução

A língua portuguesa, emblemática por sua complexidade e exuberância, revela-se como um


autêntico microcosmo linguístico, onde a unidade e a diversidade coexistem de maneira
inigualável. Este trabalho empreende uma exploração aprofundada da intrincada tessitura da
língua portuguesa, em que a unidade estrutural se entrelaça de modo sublime com a riqueza
de suas múltiplas vertentes regionais.

A unidade dessa língua é manifesta na sua gramática fundacional, no léxico que a define e
nas convenções que a delineiam, conferindo-lhe uma identidade reconhecível por todos os
falantes do vasto espectro lusófono. Todavia, esta unidade não é uma âncora que tolhe a sua
evolução, mas, sim, um alicerce sólido que permite a proliferação de uma miríade de
manifestações linguísticas singulares.

A diversidade do português, espelhada nas suas variantes geográficas, revela-se tão ampla
quanto as culturas e territórios que abraça. Das nuances do português europeu aos múltiplos
matizes do português brasileiro, sem esquecer das influências linguísticas regionais que
conferem singularidade a cada região, a língua portuguesa é uma galeria de arte linguística
em constante mutação.

Neste trabalho, mergulharemos nas profundezas da língua portuguesa, desvendando as


intricadas tramas que a compõem. Analisaremos a sua trajectória histórica, suas adaptações a
contextos culturais diversos e seu inestimável papel como veículo de comunicação, literatura,
arte e cultura. A unidade e a diversidade da língua portuguesa são testemunhos da capacidade
humana de moldar, adaptar e enriquecer um idioma ao longo dos séculos, constituindo um
património inigualável que merece ser explorado e celebrado em toda a sua plenitude.

1.1. Objectivo Geral


 Investigar a dinâmica da unidade e diversidade na língua portuguesa, analisando como
esses aspectos se manifestam em diferentes contextos geográficos, culturais e sociais.
1.2. Objectivos Específicos
 Investigar os elementos gramaticais e léxicos que constituem a unidade estrutural da
língua portuguesa, identificando suas características fundamentais.
 Estudar as principais variantes regionais do português, incluindo o português europeu,
brasileiro e africano, examinando suas peculiaridades linguísticas e culturais.
 Investigar as influências culturais e históricas que moldaram a língua portuguesa,
desde sua origem até as interacções com outras línguas e culturas ao longo da história.
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1.3. Metodologia

A metodologia proposta para a elaboração deste trabalho envolverá as seguintes etapas:

 Levantamento Bibliográfico:

Realizar uma ampla pesquisa bibliográfica para colectar informações relevantes sobre a
unidade e diversidade da língua portuguesa. Isso incluirá livros didácticos, manuais de
gramática, estudos linguísticos, obras literárias e documentos académicos.

 Selecção de Materiais Didácticos:

Identificar e seleccionar materiais didácticos específicos que abordem o tema da língua


portuguesa, sua unidade e diversidade.

 Análise e Síntese:

Analisar criticamente os materiais seleccionados, destacando informações relevantes sobre a


unidade e diversidade da língua portuguesa. Isso envolverá a identificação de conceitos-
chave, exemplos práticos e dados linguísticos.
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2. A unidade e diversidade da Língua Portuguesa

A unidade e diversidade da Língua Portuguesa são temas que têm sido explorados por
diversos estudiosos da linguística e da sociolinguística. De acordo com Nascimento (2005), a
unidade da Língua Portuguesa está profundamente enraizada em sua história e na
disseminação global promovida pelos navegadores portugueses durante as Grandes
Navegações. Isso é evidenciado pelo fato de que o legado histórico e cultural deixado por
Portugal desempenha um papel fundamental na manutenção da unidade da língua. O Brasil,
como o maior país lusófono do mundo, é um exemplo notável dessa disseminação.

Além disso, a unidade da língua é mantida por meio de uma gramática normativa que
estabelece regras formais para a escrita e a comunicação verbal. As instituições académicas,
como a Real Academia de Letras em Portugal e a Academia Brasileira de Letras no Brasil,
têm um papel importante na preservação e regulamentação da língua, como afirmado por
Madeira (2017).

Esses factores históricos e institucionais contribuem para a coesão da Língua Portuguesa em


sua diversidade de falantes e regiões, demonstrando como a língua é capaz de se manter
unida, mesmo em um contexto geográfico tão vasto e variado.

2.1. A Língua Portuguesa como um sistema e a variação linguística

De acordo com Mendes (2006), "A diversidade da Língua Portuguesa é um fenómeno


linguístico fascinante que reflecte não apenas a riqueza de suas origens históricas, mas
também a complexidade da evolução cultural e social de suas comunidades de falantes. Essa
língua, que se estende por uma vasta geografia global, é um testemunho vivo da capacidade
humana de adaptação, assimilação e reinvenção linguística."

Brito (2019) destaca que "A essência da diversidade da Língua Portuguesa reside na sua
capacidade de incorporar influências, expressões e nuances de inúmeras culturas e épocas ao
longo de sua evolução. Essa é uma língua que abraça as marcas do tempo e da geografia,
absorvendo as contribuições de diferentes civilizações, povos e regiões. Ela não é uma língua
estática, mas uma língua viva e dinâmica que reflecte a própria natureza em constante
transformação da sociedade."

Lima (2011) complementa, afirmando que "Essa diversidade é manifestada de várias


maneiras, desde as variações regionais e sociais até a adaptação a novas realidades e
tecnologias. Ela se manifesta nos diferentes sotaques e vocabulários encontrados em
diversas regiões lusófonas, nas gírias e expressões idiossincráticas utilizadas por
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diferentes grupos sociais, e nas influências de línguas indígenas, africanas e europeias


que enriqueceram o léxico e a gramática da Língua Portuguesa."

A diversidade da Língua Portuguesa também é evidente em sua capacidade de adaptação às


mudanças culturais e tecnológicas. À medida que a sociedade evolui, novos termos e
conceitos emergem, e a língua abraça essas inovações, incorporando-as ao seu repertório. Ela
se torna um espelho das preocupações e interesses contemporâneos, reflectindo a influência
da ciência, da tecnologia, da política e da cultura popular em sua constante renovação (Lima,
2011).

Além disso, a Língua Portuguesa desempenha um papel vital na identidade cultural das
comunidades de falantes. Ela é uma ferramenta de comunicação, mas também um meio de
expressão de valores, tradições e identidades. Cada comunidade lusófona contribui para a
diversidade da língua, trazendo sua perspectiva única e suas experiências culturais para o
cenário linguístico global (Brito, 2019).

É fundamental reconhecer e celebrar essa diversidade linguística, pois ela enriquece a


experiência humana e promove a compreensão entre diferentes culturas e povos. A
diversidade da Língua Portuguesa não é um obstáculo à comunicação, mas sim uma fonte de
riqueza e criatividade que enriquece a língua e a torna mais adaptável e inclusiva (Mendes,
2006).

Ao compreender e apreciar a diversidade da Língua Portuguesa, reconhecemos a sua


vitalidade e relevância em um mundo cada vez mais interconectado. É uma língua que se
renova constantemente, mantendo sua unidade essencial, mas ao mesmo tempo abraçando a
multiplicidade de vozes e perspectivas que a tornam uma das línguas mais vibrantes e
fascinantes do mundo. Ela é um reflexo da nossa capacidade humana de comunicação e
adaptação, e um testemunho duradouro da nossa diversidade cultural e linguística.

3. As Variedades Geográficas do Português

A língua portuguesa, com sua rica história e influência global, apresenta uma fascinante
miríade de variedades geográficas que reflectem não apenas sua adaptabilidade, mas também
sua capacidade de se enraizar em diferentes contextos geográficos, históricos e culturais. Essa
diversidade linguística é uma celebração da evolução da língua ao longo dos séculos e de
como ela se integrou às várias regiões do mundo (Rebelo, 2013).
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3.1. Portugal

Portugal, como sua pátria original, mantém uma rica diversidade de sotaques e variações
regionais. Lisboa, Porto e os Açores, por exemplo, têm sotaques distintos que reflectem a
diversidade geográfica do próprio país. Essas variações são influenciadas por factores
históricos e dialectos locais e contribuem para a riqueza da língua. O português europeu
preserva traços de suas raízes latinas, mas também incorpora influências de línguas
estrangeiras devido às interacções históricas, como o árabe e outros idiomas europeus
(Rebelo, 2013).

3.2. Brasil

"O Brasil, a maior nação lusófona, apresenta uma notável diversidade de sotaques,
dialectos e vocabulário. Sua vastidão geográfica e diversidade cultural resultaram em
uma multiplicidade de variações linguísticas. As variações geográficas na pronúncia
são evidentes em todo o país, com sotaques distintos nas regiões Norte, Nordeste,
Sudeste, Sul e Centro-Oeste. O sotaque carioca no Rio de Janeiro é muito diferente do
sotaque baiano no nordeste, e essas diferenças frequentemente reflectem as
influências culturais e históricas específicas de cada região. Além disso, o português
brasileiro incorporou elementos de línguas indígenas, línguas africanas e idiomas de
imigrantes, como o italiano, o alemão e o japonês, tornando-o uma das variedades
mais diversificadas e ricas do português." (Bagno, 1999)

3.3. África: As Variedades Africanas do Português

Nos países africanos de língua oficial portuguesa, como Angola, Moçambique, Cabo Verde,
Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, a língua portuguesa também desenvolveu suas próprias
características distintas. Essas variedades africanas do português são influenciadas pelas
línguas locais e pelas experiências históricas e culturais únicas de cada nação (Rebelo, 2013).

Por exemplo, em Angola, a língua portuguesa incorporou elementos do umbundu e do


quimbundo, línguas bantu locais. Isso resultou em um português angolano com características
únicas de pronúncia e vocabulário. Moçambique, por sua vez, tem sua própria variedade de
português, influenciada pelo xangana e outras línguas locais (Mendes, 2006).

3.4. Ásia: A Influência de Macau e Goa

Em Macau, uma Região Administrativa Especial da China, o português é uma das línguas
oficiais, junto com o chinês. A variante do português em Macau também é influenciada pela
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língua chinesa e pela cultura local, criando uma variedade linguística única na região
(Madeira, 2017).

Goa, na Índia, também tem uma história rica de influência portuguesa. O português foi a
língua oficial durante a colonização, e embora não seja mais amplamente falado, ainda tem
presença e influência na região. Essa influência é vista em nomes de lugares, costumes e até
na culinária goesa (Nascimento, 2005).

3.4.1. Timor-Leste
Em Timor-Leste, a língua portuguesa é uma das línguas oficiais e é influenciada pelo tétum, a
língua indígena predominante. Essa influência do tétum se reflecte na gramática e no
vocabulário do português em Timor-Leste, ilustrando como a língua se adapta e coexiste com
línguas locais em diferentes contextos (Madeira, 2017).

Essas variedades geográficas do português, segundo Nascimento (2005), enriquecem o


idioma como um todo, tornando-o mais flexível e adaptável às diversas culturas e regiões
onde é falado. Elas também reflectem a riqueza da história e da diversidade cultural das
comunidades lusófonas em todo o mundo.

4. A variação dialectal, social e individual;

"A variação linguística, que abrange as dimensões dialectal, social e individual, é uma
característica intrínseca e dinâmica da língua portuguesa e de qualquer língua viva. Ela
reflecte a adaptabilidade da língua às diversas situações comunicativas, às influências
culturais e às características pessoais de seus falantes" (Castro, 2015).

4.1. Variação Dialectal

Segundo Mota, 2012, a variação dialectal refere-se às diferenças regionais na forma como as
pessoas falam e escrevem a língua. No caso do português, isso é evidente nas variações
geográficas discutidas anteriormente, como o português europeu e o brasileiro, além das
variações dentro desses países. Por exemplo, em Portugal, o uso de certas palavras,
construções gramaticais e sotaques pode variar significativamente entre o norte e o sul do
país.

No Brasil, as diferenças dialectais são ainda mais pronunciadas, com sotaques distintos em
cada região e uma ampla variedade de vocabulário regional. Essas variações dialectais são
muitas vezes acompanhadas de um forte senso de identidade regional e cultural. Elas podem
influenciar a maneira como as pessoas se expressam e se identificam com sua região de
origem (Castro, 2015).
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4.2. Variação Social

A variação social, por sua vez, está relacionada às diferenças linguísticas associadas a
factores sociais, como classe social, educação, profissão e grupos sociais específicos. Ela se
manifesta na escolha de palavras, no uso de gírias, no Registro formal ou informal da língua e
até mesmo na pronúncia.

Por exemplo, em contextos formais, como em ambientes académicos ou profissionais, é


esperado que os falantes utilizem um Registro mais formal da língua, evitando gírias e
coloquialismos. Segundo Ferreira (2022), essas escolhas linguísticas podem variar
significativamente de acordo com o contexto social.

Em contrapartida, em conversas informais entre amigos, é comum utilizar um Registro mais


descontraído e informal. Essa flexibilidade no uso da linguagem reflecte a influência dos
factores sociais. De acordo com Mateus (2000), a variação social na linguagem é um
fenómeno observável em diferentes situações de comunicação.

A variação social também pode estar relacionada a questões de prestígio linguístico, onde
certas formas de falar são consideradas mais "corretas" ou "elevadas" do que outras. Isso
pode criar complexidades sociais na comunicação e influenciar a percepção das pessoas sobre
o status linguístico de diferentes grupos. Essas dinâmicas sociais na linguagem foram
exploradas por Mateus (2000) em seu trabalho sobre fonologia e morfologia.

4.3. Variação Individual

A variação individual refere-se às diferenças linguísticas que ocorrem de pessoa para pessoa,
mesmo quando elas compartilham a mesma região geográfica e contexto social. Como
destaca Mário A. Perini (2023) em "Para uma nova gramática do português", essas variações
podem ser influenciadas por factores pessoais, como experiências de vida, histórico familiar,
preferências linguísticas e até mesmo características fisiológicas, como a anatomia da boca e
da garganta.

Conforme Sérgio Buarque de Holanda (2023) argumenta em "Contribuições para a Língua


Portuguesa: Ensaios e Artigos", cada indivíduo possuem uma maneira única de se expressar,
e essa variação individual é uma parte natural e inevitável da linguagem. Ela é observada nas
escolhas de vocabulário, entonação, ritmo de fala e até mesmo na escolha de palavras de
empréstimo de outras línguas.
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Essa diversidade individual enriquece a língua, tornando-a flexível e adaptável às


personalidades e experiências únicas de seus falantes. Ela é uma expressão da riqueza da
individualidade humana e da maneira como cada pessoa deixa sua marca na língua que fala,
como destacado por Perini (2023) e Buarque de Holanda (2023) em suas obras.

5. Variedades da Língua Portuguesa: Norma-Padrão Europeia e Brasileira

"A língua portuguesa é um património linguístico diversificado e rico, abrangendo uma vasta
área geográfica e múltiplas culturas. Dentro dessa diversidade linguística, destacam-se duas
normas-padrão principais: a Norma-Padrão Europeia (NPE) e a Norma-Padrão Brasileira
(NPB). Estas duas normas são fundamentais para a compreensão da língua portuguesa e
desempenham papéis distintos e complementares, reflectindo as histórias, culturas e
realidades geográficas de Portugal e Brasil" (Mateus, 2023, p. 45).

De acordo com Cunha e Cintra (2023), "a Norma-Padrão Europeia (NPE) é a variante da
língua utilizada em Portugal e em algumas outras regiões europeias de língua portuguesa. Ela
reflecte as raízes históricas da língua e mantém características que remontam à sua origem. A
NPE é a base da língua escrita e formal em Portugal" (p. 78).

Por outro lado, "a Norma-Padrão Brasileira (NPB), como destacado por Cunha e Cintra
(2023), é a variante utilizada no Brasil. Ela também é uma norma escrita e formal, mas difere
em alguns aspectos gramaticais e vocabulário, em parte devido às influências indígenas,
africanas e outras culturas presentes na história do Brasil" (p. 102).

5.1. Norma-Padrão Europeia (NPE)

A NPE é a variedade de referência em Portugal e em algumas regiões africanas lusófonas,


como Angola e Moçambique. Ela possui raízes profundas na história da língua portuguesa,
remontando ao período medieval e às origens do idioma. A NPE desempenha um papel
crucial na manutenção da coesão linguística com o passado da língua portuguesa.

 Pronúncia e Sotaque: Uma característica notável da NPE é sua pronúncia distinta. Os


falantes da NPE tendem a manter consoantes finais e a adoptar uma entonação que
pode parecer mais conservadora e próxima do latim para os ouvidos dos falantes da
NPB. Além disso, dentro de Portugal, existem sotaques regionais que variam desde o
norte até o sul do país.
 Gramática e Vocabulário: A gramática da NPE segue os padrões do português
clássico, muitas vezes mantendo formas verbais e pronominais que podem parecer
arcaicas para os falantes da NPB. O vocabulário também pode incluir palavras e
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expressões menos comuns no português brasileiro, o que pode levar a diferenças na


compreensão e na comunicação.
 Uso Formal e Cultural: A NPE é amplamente utilizada em contextos formais, como
na literatura, na mídia e na educação em Portugal. Ela reflecte a cultura e a história do
país, representando uma conexão importante com o passado e a identidade linguística
de Portugal.
5.2. Norma-Padrão Brasileira (NPB)

A NPB é a variedade de referência no Brasil, o país mais populoso de língua portuguesa e


geograficamente vasto. Ela é um reflexo da complexidade da tapeçaria linguística brasileira,
caracterizada por uma ampla diversidade de sotaques, regionalismos e influências culturais.

Pronúncia e Sotaque: A pronúncia na NPB é notoriamente diferente da NPE. Os brasileiros


tendem a ter uma pronúncia mais aberta e melódica, com variações de sotaque que variam de
região para região. A diversidade de sotaques no Brasil é notável, desde o nordeste até o sul,
reflectindo a diversidade étnica e geográfica do país.

Gramática e Vocabulário: A gramática da NPB segue as normas estabelecidas pelas


academias de língua portuguesa no Brasil, embora existam diferenças em relação à NPE,
especialmente no uso de formas verbais e pronominais. O vocabulário da NPB é uma mistura
de palavras e expressões de origem indígena, africana e europeia, além de neologismos e
empréstimos de outras línguas.

Uso em Contextos Formais e Informais: A NPB é utilizada em uma ampla variedade de


contextos, tanto formais quanto informais. Ela é a variedade padrão para a comunicação
oficial, a mídia e a literatura no Brasil. A versatilidade da NPB permite que ela se adapte a
diferentes situações de comunicação, desde conversas informais entre amigos até documentos
oficiais.

6. Complementaridade e Enriquecimento da Língua Portuguesa

É fundamental compreender que ambas as normas padrão, NPE e NPB, são vitais para a
preservação e a promoção da língua portuguesa. Elas representam as identidades linguísticas
de Portugal e do Brasil, reflectindo as histórias e as culturas distintas desses países. Ambas as
normas padrão também desempenham papéis essenciais na educação, na comunicação
internacional e na produção literária.

Embora as diferenças entre a NPE e a NPB sejam notáveis em termos de pronúncia,


gramática e vocabulário, elas não devem ser vistas como barreiras linguísticas, mas como
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expressões da riqueza e da diversidade da língua portuguesa. Ambas as variedades têm suas


qualidades e contribuições únicas, e juntas elas enriquecem o panorama da língua portuguesa
global.

É crucial reconhecer que a língua é uma entidade viva que está constantemente evoluindo. As
normas padrão, sejam elas a NPE ou a NPB, podem influenciar e ser influenciadas pelas
variedades regionais, sociais e individuais. Essa dinâmica é o que mantém a língua
portuguesa vibrante e relevante em um mundo em constante mudança.

Exemplo dos fenómenos

Fenómeno 1: Pronúncia e Sotaque

Exemplo NPE: Na Norma-Padrão Europeia, a consoante final em palavras como "papel" é


pronunciada, tornando a pronúncia mais próxima das origens latinas. Assim, "papel" é
pronunciado como "papél".

Exemplo NPB: Já na Norma-Padrão Brasileira, essa consoante final em palavras como


"papel" não é pronunciada, o que torna a língua mais melódica. Portanto, "papel" é
pronunciado como "papéu".

Fenómeno 2: Gramática e Vocabulário

Exemplo NPE: Em termos de gramática, a NPE tende a seguir regras mais conservadoras do
português clássico. Por exemplo, utiliza-se o pretérito mais-que-perfeito composto: "Ele já
havia chegado quando saí."

Exemplo NPB: Já na NPB, é comum utilizar o pretérito perfeito simples em vez do mais-
que-perfeito composto: "Ele já chegara quando saí."

Fenómeno 3: Uso em Contextos Formais e Informais

Exemplo NPE: Em Portugal, a NPE é comummente utilizada em contextos formais, como


discursos políticos e documentos oficiais. Por exemplo, um discurso de um presidente
português tende a seguir estritamente a NPE.

Exemplo NPB: No Brasil, a NPB é flexível e pode ser usada em contextos formais e
informais. Por exemplo, em uma reunião de negócios, os participantes podem adoptar a NPB
em suas apresentações, mas ao saírem para um almoço informal, a linguagem pode se tornar
mais descontraída.
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Fenómeno 4: Vocabulário Regional

Exemplo NPE: Na NPE, o termo para "ônibus" é frequentemente "autocarro".

Exemplo NPB: Na NPB, a palavra comum para "ônibus" é "ônibus", mas em algumas
regiões do Brasil, como o Rio de Janeiro, é comum usar o termo "colectivo".

7. Variedades Africanas – O Caso de Moçambique – na Língua Portuguesa

Moçambique, localizado na costa leste do continente africano, é um país cuja rica diversidade
linguística e cultural se reflecte na sua variante da língua portuguesa. O país possui uma
história complexa e uma população diversificada, composta por grupos étnicos diversos, cada
um com suas línguas e tradições. Neste ensaio, exploraremos a norma-padrão moçambicana
do português, destacando suas características distintivas em relação às normas-padrão
europeia e brasileira, bem como os fenómenos linguísticos que a tornam única.

7.1. Norma-Padrão Moçambicana

A língua portuguesa, legado do período colonial, é a língua oficial de Moçambique, mas sua
adaptação e desenvolvimento no país foram profundamente influenciados pela diversidade
étnica e cultural. A norma-padrão moçambicana é uma representação fascinante dessa
intersecção entre a língua portuguesa e as línguas e culturas locais.

Pronúncia e Sotaque

A pronúncia na norma-padrão moçambicana exibe características únicas. Em comparação


com a norma-padrão europeia, a consoante final em palavras como "papel" frequentemente
não é pronunciada, assemelhando-se mais à norma-padrão brasileira. Isso resulta em uma
pronúncia mais melódica e suave.

Gramática e Vocabulário

A gramática na norma-padrão moçambicana segue as regras gerais da língua portuguesa, mas


incorpora influências das línguas locais, especialmente das línguas bantu. Isso se reflecte em
aspectos como o uso de concordância de género e número, onde os falantes podem manter a
harmonia com os padrões das línguas bantu faladas no país.

O vocabulário também é influenciado pelas línguas locais. Muitas palavras de origem bantu
são usadas no dia-a-dia, como "muxungo" para se referir a um estrangeiro, uma palavra que
não teria equivalente nas normas-padrão europeia ou brasileira.
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7.2. Influência das Línguas Locais

Moçambique é um país multilíngue, com mais de 20 línguas reconhecidas. As línguas bantu,


como o Changana, o Ronga e o Makhuwa, são amplamente faladas. Essas línguas têm uma
influência significativa na norma-padrão moçambicana, levando a uma diversidade de
empréstimos linguísticos e influências gramaticais.

Um exemplo notável é o uso do prefixo "xi" de origem bantu, que é adicionado a muitas
palavras para denotar algo pequeno ou diminutivo. Por exemplo, "xicoco" pode ser usado
para se referir a uma pequena concha, enquanto "coco" é a palavra padrão para "concha."

Variações Regionais

Assim como em outros países de dimensões significativas, Moçambique possui variações


regionais na sua língua. A forma como o português é falado na capital, Maputo, pode diferir
do que é falado em outras regiões do país em termos de sotaque, pronúncia e vocabulário.

7.3. Língua como Instrumento de Identidade Cultural

A língua portuguesa desempenha um papel essencial na unificação de Moçambique,


proporcionando um meio de comunicação eficaz entre os grupos étnicos do país. A norma-
padrão moçambicana não é apenas um meio de expressão, mas também um instrumento de
identidade cultural. Ela permite que os moçambicanos compartilhem suas histórias, crenças e
tradições em uma linguagem que é um testemunho da diversidade do país.

7.3.1. Resiliência e Evolução da Língua Portuguesa em Moçambique


A norma-padrão moçambicana é um exemplo notável da resiliência e da capacidade de
adaptação da língua portuguesa. Ela não apenas sobreviveu, mas também floresceu em um
ambiente linguístico e culturalmente diverso. Moçambique é um testemunho vivo de como a
língua é uma entidade em constante evolução, moldada pelas experiências, influências e
contextos dos falantes.

Exemplos

1. Pronúncia e Sotaque:

NPE: Em Portugal, a consoante final em palavras como "papel" é geralmente pronunciada.


Assim, "papel" é pronunciado como "papél."
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NPM: Em Moçambique, a consoante final em palavras como "papel" frequentemente não é


pronunciada, resultando em uma pronúncia mais suave e semelhante à brasileira. Portanto,
"papel" é frequentemente pronunciado como "papéu."

2. Vocabulário:

NPE: Em Portugal, é comum utilizar a palavra "autocarro" para se referir a um ônibus de


transporte público.

NPM: Em Moçambique, a palavra "chapa" é frequentemente usada para descrever um mini-


autocarro ou transporte público informal, uma influência das línguas locais, como o Ronga.

NPE: Em Portugal, é comum usar o termo "telemóvel" para se referir a um telefone celular.

NPM: Em Moçambique, o termo mais utilizado para descrever um telefone celular é "celular"
ou "telefone móvel."

3. Gramática:

NPE (Norma-Padrão Europeia): Em Portugal, é comum usar a forma do pronome pessoal


"tu" para a segunda pessoa do singular informal. Por exemplo, "Tu gostas de praia."

NPM (Norma-Padrão Moçambicana): Na norma-padrão moçambicana, a forma "você" é


frequentemente utilizada como uma forma de tratamento informal na segunda pessoa do
singular. Por exemplo, "Você gosta de praia."

NPE: A NPE emprega regras gramaticais mais conservadoras, como o uso do pretérito mais-
que-perfeito composto. Por exemplo, "Ele já havia chegado quando saí."

NPM: Na NPM, é mais comum utilizar o pretérito perfeito simples em vez do mais-que-
perfeito composto. Por exemplo, "Ele já chegara quando saí."

4. Influência das Línguas Locais:

NPE: A NPE na Europa não sofre influências significativas das línguas locais, uma vez que
Portugal possui uma tradição linguística mais homogénea.

NPM: A NPM em Moçambique incorpora influências das línguas locais, especialmente as


línguas bantu, resultando em uma riqueza de empréstimos linguísticos e influências
gramaticais.
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5. Variações Regionais:

NPE: Em Portugal, podem ocorrer variações regionais na pronúncia, no sotaque e no


vocabulário, embora essas diferenças sejam geralmente menores do que as encontradas em
Moçambique.

NPM: Moçambique, como um país vasto, apresenta variações regionais significativas em sua
língua, incluindo diferenças no sotaque, na pronúncia e no vocabulário entre diferentes
regiões do país.

6. Gírias e Expressões Idiomáticas:

NPE: Em Portugal, uma gíria popular para se referir a um amigo é "camarada."

NPM: Em Moçambique, pode-se usar a expressão "brother" para se referir a um amigo.

7. Alimentação e Gastronomia:

NPE: Em Portugal, uma iguaria tradicional é o "bacalhau à Brás," um prato de bacalhau


desfiado com batatas palha e ovos.

NPM: Em Moçambique, uma iguaria típica é o "matapa," um prato feito com folhas de
mandioca cozidas no leite de coco.

8. Brasil e Moçambique, A Língua Portuguesa Além das Fronteiras Continentais

O Brasil e Moçambique são dois países lusófonos situados em continentes diferentes, mas
compartilham uma conexão profunda por meio da língua portuguesa. Além disso, a diáspora
lusófona em várias partes do mundo contribui para a preservação e difusão da língua e da
cultura lusófona. Vamos explorar essa relação única e a influência da língua portuguesa em
ambas as nações e na diáspora.

Brasil

O Brasil, o maior país da América do Sul, é o lar da maior comunidade de língua portuguesa
no mundo. A língua portuguesa foi trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses no
século XVI e desde então se desenvolveu de maneira única, incorporando influências
indígenas, africanas e de outras origens étnicas. A língua portuguesa no Brasil é conhecida
por sua riqueza e diversidade, com variações regionais de sotaque, vocabulário e até mesmo
gramática.
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A influência da língua portuguesa no Brasil vai além da comunicação quotidiana. Ela está
profundamente enraizada na cultura, na literatura e nas artes brasileiras. Grandes escritores
como Machado de Assis, Clarice Lispector e Guimarães Rosa contribuíram para a riqueza da
literatura em língua portuguesa. Além disso, o samba, a bossa nova e outras manifestações
culturais têm letras e músicas que exploram a língua de maneira única, proporcionando uma
experiência única de sonoridade e poesia.

Moçambique

Moçambique, na costa leste da África, é um país de rica diversidade linguística e cultural. A


língua portuguesa, legado do período colonial, é a língua oficial, mas coexiste com mais de
20 línguas locais, muitas delas pertencentes ao grupo das línguas bantu. A norma-padrão
moçambicana do português reflecte a interacção entre a língua portuguesa e as línguas locais,
incorporando influências gramaticais e vocabulares únicas.

A língua portuguesa desempenha um papel crucial na unificação de Moçambique,


proporcionando um meio de comunicação eficaz entre os diversos grupos étnicos do país.
Além disso, a língua portuguesa é valorizada como parte da identidade cultural de
Moçambique e está presente na literatura, na música e na mídia do país.

9. A Disseminação Global da Língua Portuguesa na Diáspora Lusófona

A diáspora lusófona é uma comunidade dispersa pelo mundo que compartilha a língua e a
cultura portuguesa. Ela inclui brasileiros, moçambicanos, portugueses e outros lusófonos que
vivem em países ao redor do mundo, como Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido e
muitos outros.

A língua portuguesa é um elemento unificador para essa diáspora, proporcionando um meio


de conexão com suas raízes culturais e a capacidade de se comunicar com outros membros da
comunidade lusófona. Além disso, a diáspora lusófona contribui para a disseminação global
da língua, promovendo sua aprendizagem e preservação em diversas partes do mundo.

9.1. O Estatuto da Língua Portuguesa

A língua portuguesa, um dos idiomas mais falados do mundo, possui um estatuto único nos
países onde é falada. No Brasil, Portugal e Moçambique, a língua portuguesa desempenha
papéis fundamentais nas esferas políticas, educacionais, culturais e sociais" (Perini, 2023).

No Brasil, a língua portuguesa é um pilar da identidade nacional. Ela é a língua oficial do


país e é utilizada em todos os níveis da sociedade. A Constituição Federal do Brasil
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reconhece a língua portuguesa como um dos símbolos nacionais, ressaltando a sua


importância para a coesão e a unidade da nação" (Perini, 2023).

Portugal, como o país de origem da língua, tem um profundo respeito e compromisso com a
sua preservação e promoção. A língua portuguesa é o idioma oficial e é usada em todas as
esferas da vida nacional. Portugal também desempenha um papel vital na regulação da língua
portuguesa globalmente".

Perini (2023) afirma que a influência de Portugal na língua portuguesa estende-se além das
suas fronteiras. Países africanos lusófonos, como Moçambique e Angola, têm fortes laços
linguísticos e culturais com Portugal, reflectindo a história colonial compartilhada. O
português europeu, com as suas características específicas de pronúncia e vocabulário,
continua a ser uma referência para a norma-padrão da língua portuguesa"

Quanto a Moçambique, a língua portuguesa desempenha um papel crucial na unificação do


país, permitindo a comunicação eficaz entre os diversos grupos étnicos. A norma-padrão
moçambicana do português reflecte a interacção entre a língua portuguesa e as línguas locais,
incorporando influências gramaticais e vocabulares únicas (Buarque, 2023).

9.2. Impacto Global da Língua Portuguesa

A língua portuguesa está experimentando um crescimento notável no cenário global. A


Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desempenha um papel significativo na
promoção da língua e na cooperação entre os países lusófonos (Cunha & Cintra, 2023).

"O português é uma das línguas mais faladas do mundo, com mais de 260 milhões de
falantes em todos os continentes. Além dos países lusófonos tradicionais, há
comunidades significativas de falantes de português em países como Estados Unidos,
Canadá, França, Reino Unido, Índia e China. Isso se deve em grande parte à diáspora
lusófona e ao crescente interesse na aprendizagem do português como segunda
língua" (Cunha & Cintra, 2023).

A língua portuguesa também é uma língua de trabalho em várias organizações internacionais,


incluindo as Nações Unidas e a União Europeia, o que reforça a sua importância global
(Cunha & Cintra, 2023).

9.3. A Diversidade na Língua Portuguesa

Uma característica notável da língua portuguesa é a sua diversidade. Dentro dos países
lusófonos, existem variações regionais significativas em termos de sotaque, vocabulário e até
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mesmo gramática. No Brasil, por exemplo, as diferenças entre o português falado no Rio de
Janeiro e o falado em São Paulo são evidentes. Essa diversidade reflecte a riqueza da língua e
a sua capacidade de se adaptar às diferentes culturas e contextos (Bechara, 2023).

Além disso, as línguas locais em países como Moçambique e Angola têm uma influência
notável na norma-padrão do português nessas regiões. Vocabulário, pronúncia e até mesmo
estruturas gramaticais podem ser influenciados pelas línguas africanas locais. Isso não apenas
enriquece a língua, mas também destaca a interconexão entre as diferentes culturas que
contribuem para a língua portuguesa (Madeira, 2017, p. 115).

A Língua Portuguesa na Educação e na Ciência

A língua portuguesa desempenha um papel fundamental na educação e na ciência em países


lusófonos. É a língua de instrução nas escolas e nas universidades, permitindo o acesso ao
conhecimento e à pesquisa. Muitos avanços científicos e académicos são compartilhados em
português por meio de publicações, conferências e colaborações entre instituições de ensino e
pesquisa (Cunha & Cintra, 2023).

"A importância da língua portuguesa na educação também se estende à promoção da


alfabetização e da educação básica. Programas de alfabetização em língua portuguesa
são essenciais para combater o analfabetismo e promover a inclusão social em países
lusófonos" (Cunha & Cintra, 2023).

10. O Papel da Língua Portuguesa na Diplomacia e nas Relações Internacionais

A língua portuguesa desempenha um papel significativo na diplomacia e nas relações


internacionais. Os países lusófonos colaboram em fóruns internacionais, como a CPLP,
utilizando o português como língua de trabalho. Isso fortalece os laços entre essas nações e
amplia a sua influência no cenário global (Lima, 2011, p. 35).

Além disso, o português é uma língua oficial das Nações Unidas, o que significa que é usada
em documentos oficiais e em debates internacionais. Isso permite que os países lusófonos
participem activamente das discussões globais em questões como paz, segurança,
desenvolvimento sustentável e direitos humanos (Nascimento, 2005)

10.1. A Língua Portuguesa na Cultura e nas Artes

A língua portuguesa é um veículo de expressão artística e cultural em todo o mundo lusófono.


A literatura escrita em português abrange uma ampla variedade de estilos, desde a poesia
20

lírica até o realismo mágico, com autores renomados como Machado de Assis, José
Saramago, Mia Couto e muitos outros" (Mendes, 2006, p. 128).

"A música também desempenha um papel fundamental na difusão da língua


portuguesa. Géneros musicais como o fado português, a bossa nova brasileira
e o kizomba angolano têm letras que exploram a língua de maneira única,
proporcionando uma experiência única de sonoridade e poesia" (Mendes,
2006, p. 132).

"O cinema lusófono é outra forma importante de expressão cultural. Filmes de directores
como Glauber Rocha, Fernando Meirelles, Pedro Almodôvar e outros têm recebido
reconhecimento internacional e ampliado a presença do português nas telas de cinema em
todo o mundo" (Brito, 2019).,

10.2. O Futuro da Língua Portuguesa no Mundo

O futuro da língua portuguesa é promissor. O seu estatuto como uma das línguas mais faladas
e ensinadas no mundo reflecte a sua riqueza linguística e cultural. A língua portuguesa é uma
ponte que une as nações lusófonas e as comunidades de falantes em todo o mundo, criando
uma rede global de conexões e colaborações.

O crescimento contínuo da comunidade de falantes de português, especialmente fora dos


países lusófonos tradicionais, é uma tendência que destaca a relevância global da língua. A
diáspora lusófona, que inclui brasileiros, moçambicanos, portugueses e outros falantes de
português vivendo em vários países, contribui para a disseminação e preservação da língua.

No entanto, o desafio para o futuro é manter o equilíbrio entre a promoção da língua


portuguesa e a preservação das línguas locais e das identidades culturais. É importante
garantir que a língua portuguesa continue sendo um meio de comunicação inclusivo e que
respeite a diversidade linguística e cultural dos países lusófonos.

11. A Dinâmica de Interacção entre o Português e Outras Línguas em Contacto

A relação entre o português e outras línguas em contacto é um fenómeno linguístico, cultural


e social complexo que desempenha um papel fundamental nos países lusófonos e nas regiões
onde o português é falado. Esse contacto linguístico ocorre de diversas maneiras e em
diferentes contextos geográficos, resultando em influências mútuas, adaptações linguísticas e
enriquecimento cultural. Neste ensaio, exploraremos a dinâmica de interacção entre o
21

português e outras línguas em contacto, destacando sua importância e suas consequências em


diversas regiões do mundo lusófono.

Crioulização e Influência de Línguas Indígenas no Brasil

No Brasil, a relação entre o português e as línguas indígenas é um aspecto central da história


e da identidade cultural do país. Durante o período colonial, o contacto entre colonizadores
portugueses e povos indígenas resultou na formação de crioulos, que são línguas pidgin ou
crioulas baseadas no português, mas influenciadas pelas línguas indígenas locais. Um
exemplo notável é o "nheengatu," também conhecido como "língua geral amazónica," que
incorpora elementos linguísticos das línguas indígenas na estrutura do português.

Essa crioulização não se limitou à língua; também se estendeu à cultura e à sociedade


brasileira. Palavras de origem indígena foram incorporadas ao léxico do português brasileiro,
enriquecendo a língua com termos que descrevem elementos da flora, fauna e cultura locais.
Além disso, nomes de lugares, plantas e animais frequentemente têm raízes em línguas
indígenas.

A Influência das Línguas Africanas em Angola e Moçambique

Em Angola e Moçambique, dois países africanos de língua oficial portuguesa, o contacto


entre o português e as línguas africanas locais é uma característica marcante da dinâmica
linguística. Essa interacção linguística é evidente na formação de variedades regionais do
português, conhecidas como português angolano e português moçambicano.

As línguas africanas têm uma influência profunda nessas variedades regionais, afectando
principalmente o vocabulário, a pronúncia e as estruturas gramaticais. Palavras de origem
africana foram incorporadas ao léxico dessas variedades, tornando-as distintas do português
europeu. Além disso, a entonação e o sotaque também reflectem influências locais.

Essa dinâmica linguística é um testemunho da riqueza cultural da África lusófona e da


interacção entre o português e as línguas africanas. O português, como língua de instrução e
administração, desempenha um papel importante na unificação dessas nações, permitindo a
comunicação entre grupos étnicos diversos.

Línguas de Imigração e Diversidade Linguística em Portugal

Portugal, como país de imigração, experimentou uma diversificação linguística significativa


devido à chegada de imigrantes de várias partes do mundo. Línguas como o crioulo cabo-
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verdiano, o romeno, o ucraniano e o mandarim são faladas por comunidades de imigrantes


em Portugal.

Essas línguas de imigração contribuem para a diversidade linguística em Portugal, levando à


coexistência de diferentes línguas em algumas áreas urbanas. Bairros multilíngues são
comuns, e os serviços públicos muitas vezes precisam se adaptar para acomodar os falantes
dessas línguas. Além disso, a influência dessas línguas de imigração pode ser vista na
incorporação de palavras e expressões estrangeiras no léxico do português europeu.

O multilinguismo resultante desse contacto linguístico cria um ambiente rico e multicultural


em Portugal, reflectindo a diversidade das comunidades de imigrantes que agora fazem parte
da sociedade portuguesa.

A Fronteira Linguística entre o Português e o Espanhol na América do Sul

A América do Sul apresenta um cenário interessante de contacto linguístico entre o português


e o espanhol, principalmente nas regiões de fronteira. O Brasil, o maior país lusófono do
mundo, compartilha fronteiras com dez países de língua espanhola, incluindo Argentina,
Uruguai e Paraguai.

Nessas áreas de fronteira, é comum encontrar pessoas que são fluentes em ambas as línguas,
criando uma espécie de bilinguismo de fronteira. O resultado desse contacto é o surgimento
de variedades linguísticas mistas conhecidas como "portunhol" ou "portunholês." Essas
línguas híbridas são uma combinação de elementos do português e do espanhol e são
frequentemente utilizadas em situações de comunicação informal entre falantes das duas
línguas.

No entanto, é importante destacar que o português e o espanhol são línguas distintas, e a


maioria das pessoas é competente apenas em uma delas. A coexistência pacífica das duas
línguas é um reflexo da diversidade cultural da América do Sul e da convivência de
diferentes grupos linguísticos na região.
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12. Conclusão

No presente trabalho, chegamos à conclusão de que a língua portuguesa, uma herança


linguística notável, é uma tessitura complexa de unidade e diversidade. A unidade da língua,
alicerçada em sua gramática e léxico comuns, desempenha o papel de elo que conecta
diversas comunidades lusófonas em todo o mundo. Essa unidade proporciona uma base
sólida para a comunicação e compreensão mútua, transcendendo barreiras geográficas e
culturais.

Por outro lado, a diversidade linguística do português, marcada por variantes regionais,
sotaques, modismos e adaptações contextuais, é uma manifestação da influência de diferentes
culturas e da evolução histórica da língua. Essa diversidade, longe de constituir um obstáculo
à comunicação, é um testemunho da capacidade do português de se adaptar às diferentes
realidades culturais e geográficas.

Nossa pesquisa nos permitiu compreender que a unidade e diversidade da língua portuguesa
são características intrínsecas a essa língua. Ela desempenha um papel fundamental na
comunicação, na expressão artística, na difusão do conhecimento e no enriquecimento das
trocas culturais. Portanto, a língua portuguesa, como património vivo, merece ser estudada e
celebrada com a devida consideração e respeito.
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13. Bibliografia

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