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Índice

1. Introdução...........................................................................................................................3

1.1. Objectivo Geral...........................................................................................................4

1.2. Objectivos Específicos................................................................................................4

1.3. Metodologia.................................................................................................................4

2. A Expansão da Língua Portuguesa no mundo....................................................................5

2.1. O Português nos Grandes Descobrimentos (Séculos XV e XVI): Formação do


Português Clássico e Transformações Linguísticas...............................................................5

2.2. Relativização Linguística: O Encontro de Línguas e Culturas....................................6

2.3. Influência Africana......................................................................................................6

2.4. Interacções na Ásia......................................................................................................6

2.5. Línguas Indígenas no Brasil........................................................................................6

3. Aspectos Linguísticos Fónicos: Mudanças na Pronúncia e Fonologia...............................7

3.1. Aspectos Léxico-Semânticos: Enriquecimento do Vocabulário.................................7

3.2. Aspectos Sintácticos: Influência das Línguas Locais e Formalização da Gramática..8

3.3. O Legado do Português Clássico.................................................................................8

4. A Expansão Geográfica do Português e sua Evolução como Língua Franca (Séculos XV


a XIX).........................................................................................................................................9

4.1. A Expansão Geográfica do Português.........................................................................9

4.1.1. A Descoberta e Colonização das Ilhas da Madeira e Açores...............................9

4.1.2. Descoberta da Madeira.........................................................................................9

4.1.3. Descoberta dos Açores.......................................................................................10

4.1.4. Impacto na Língua Portuguesa...........................................................................10

4.1.5. Ilhas de Cabo Verde...........................................................................................10

4.1.6. Brasil..................................................................................................................11

4.1.7. Oriental Africana................................................................................................12

4.1.8. Índia e Extremo Oriente.....................................................................................12


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5. O Português como Língua Franca no Mundo...................................................................13

5.1. Factores que Contribuíram para o Uso do Português como Língua Franca..............13

5.2. Contribuições do Português na Génese de Crioulos..................................................14

6. A Evolução do Português nas Diferentes Regiões............................................................16

6.1. O Português Brasileiro..............................................................................................16

6.2. O Português Africano................................................................................................16

6.3. O Português Asiático.................................................................................................17

7. A Contribuição Cultural e Linguística da Expansão Geográfica......................................17

7.1. O Impacto Duradouro da Expansão Geográfica do Português..................................18

8. A expansão da Língua Portuguesa na actualidade (séc. XX e XXI): nos países lusófonos


e nas comunidades de língua portuguesa (lusofonia) na diáspora...........................................18

9. A Sinergia Linguística entre o Português e as Línguas Bantu em Moçambique: Uma


Análise da Contribuição para o Desenvolvimento do Português de Moçambique (PM)........20

10. Conclusão......................................................................................................................22

11. Bibliografia...................................................................................................................23
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1. Introdução

A língua portuguesa, com suas raízes profundas na história e cultura lusitana, transcendeu
fronteiras geográficas e culturais ao longo dos séculos, tornando-se um dos idiomas mais
falados e influentes do mundo. A expansão global do português é um fenómeno linguístico
notável que ecoa não apenas a influência colonial de Portugal, mas também a capacidade de
adaptação e resiliência da língua diante de desafios diversos. Este trabalho se propõe a
explorar a fascinante jornada da língua portuguesa desde suas origens até sua actual presença
em diferentes continentes, destacando as razões históricas, sociais e políticas por trás desse
processo.

A história da expansão da língua portuguesa é uma narrativa rica e multifacetada que abrange
séculos de evolução linguística e interacções culturais. Ao longo desse período, o português
foi levado por marinheiros, exploradores e colonizadores a terras distantes, estabelecendo-se
como uma língua de comunicação e cultura em regiões tão diversas quanto a África, as
Américas e a Ásia. Esse processo de difusão linguística não apenas reflecte a exploração
geográfica e a colonização, mas também a troca de ideias, tradições e valores entre diferentes
povos.

Nossa investigação se concentrará em examinar como o português evoluiu em diferentes


contextos e adquiriu características únicas em cada região, influenciando e sendo
influenciado pelas línguas e culturas locais. Além disso, abordaremos o papel fundamental
que o português desempenha actualmente como língua oficial em diversos países, membro da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e seu status crescente no cenário
internacional.

Para entender a extensão da expansão da língua portuguesa, dividiremos nosso trabalho em


seções que analisarão aspectos específicos dessa jornada linguística. Exploraremos desde as
origens da expansão durante a Era dos Descobrimentos até as implicações contemporâneas da
língua em um mundo globalizado e digital. Além disso, abordaremos os desafios e
oportunidades que essa expansão proporciona e como o português continua a evoluir e a se
adaptar às necessidades do século XXI.

Ao mergulhar nessa rica tapeçaria de história linguística, esperamos lançar luz sobre a
relevância contínua do português como língua de conexão entre povos, culturas e nações,
bem como seu potencial para moldar o futuro da comunicação global.
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1.1. Objectivo Geral


 Investigar a expansão histórica e contemporânea da língua portuguesa, analisando as
razões por trás desse processo, suas implicações sociais, culturais e políticas, e o papel
do português como língua global no século XXI.
1.2. Objectivos Específicos
 Analisar as origens históricas da expansão da língua portuguesa: Investigar as raízes
desse processo desde a Era dos Descobrimentos e a colonização de terras estrangeiras,
examinando como o português se espalhou geograficamente.
 Explorar as adaptações linguísticas regionais: Estudar como o português evoluiu em
diferentes partes do mundo, adquirindo características únicas e influenciando as
línguas locais, com foco em regiões como África, América do Sul, Ásia e outras.
 Analisar o papel do português como língua oficial: Examinar o estatuto actual do
português como língua oficial em diversos países, destacando seu papel como língua
de comunicação, educação e cultura, bem como sua importância na Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP).
 Avaliar o impacto contemporâneo da expansão da língua portuguesa: Investigar as
implicações da presença crescente do português no cenário internacional,
especialmente no contexto da globalização e da era digital, analisando como a língua
está se adaptando às demandas da comunicação moderna.
1.3. Metodologia

A metodologia é uma parte crucial de qualquer pesquisa académica, sem ela um trabalho
designasse incompleto. Para elaboração do nosso trabalho sobre a expansão da língua
portuguesa no mundo, optamos a seguinte metodologia:

Revisão Bibliográfica

Onde abordamos uma revisão extensiva da literatura relacionada à expansão da língua


portuguesa, incluindo livros, artigos académicos, documentos históricos e fontes primárias
relevantes. Isso forneceu uma base sólida para o nosso estudo.
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2. A Expansão da Língua Portuguesa no mundo

A expansão da língua portuguesa pelo mundo é um fenómeno que remonta aos


Descobrimentos Portugueses do século XV e que continua a moldar a cultura e a
comunicação em diversas regiões até os dias atuais. Esse processo de expansão linguística é
resultado de uma complexa interacção de factores históricos, culturais e geopolíticos.

No século XV, Portugal se destacou como uma potência marítima, explorando novas rotas
comerciais e estabelecendo colónias em várias partes do mundo. De acordo com Valente
(2012), essa expansão foi um marco fundamental na disseminação da língua portuguesa, à
medida que os portugueses estabeleceram contacto com culturas e povos diversos.

Lopes (2016) complementa essa perspectiva, destacando o papel da língua portuguesa na


comunicação internacional. Ela argumenta que a língua portuguesa desempenha um papel
significativo como língua de comunicação em várias organizações internacionais e em
relações diplomáticas.

Machado (2013) concentra-se na presença da língua portuguesa na África, ressaltando os


desafios e oportunidades que surgiram com a colonização portuguesa no continente africano.
A sua análise destaca a influência histórica duradoura da língua portuguesa nessa região.

Assim, a expansão da língua portuguesa no mundo é um fenómeno multifacetado,


influenciado por factores históricos, culturais e políticos, como discutido por diversos autores
ao longo do tempo.

2.1. O Português nos Grandes Descobrimentos (Séculos XV e XVI):


Formação do Português Clássico e Transformações Linguísticas

Conforme Valente (2012), os séculos XV e XVI testemunharam um período de


transformação e expansão notáveis em Portugal durante os Grandes Descobrimentos
Geográficos. Destemidos exploradores portugueses navegaram por mares desconhecidos,
estabelecendo rotas comerciais e colonizando territórios distantes. Esse crescimento global
exerceu um impacto profundo na língua portuguesa, contribuindo para a formação do que é
actualmente reconhecido como 'português clássico.
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2.2. Relativização Linguística: O Encontro de Línguas e Culturas

Uma das características mais distintivas da formação do português clássico nos séculos XV e
XVI foi a relativização linguística, um processo resultante do intenso contacto entre os
exploradores portugueses e uma miríade de culturas e línguas estrangeiras. Esse fenómeno
desencadeou mudanças profundas na língua portuguesa, como observado por Valente (2012).

2.3. Influência Africana

A expansão colonial portuguesa na África resultou em um contacto linguístico significativo


com línguas africanas. Como resultado, o léxico do português foi enriquecido com palavras
de origem africana, tais como 'banana' (do wolof), 'cafuné' (de origem africana) e 'quilombo'
(derivado do quimbundo). Essas palavras não apenas expandiram o vocabulário, mas também
reflectiram a contribuição cultural e social dos africanos para a sociedade brasileira, como
destacado por Machado (2013).

2.4. Interacções na Ásia

Conforme observado por Santos (2015), a presença de Portugal na Índia e em outras partes da
Ásia introduziu influências linguísticas marcantes. A língua árabe, em particular, exerceu
uma influência profunda no léxico português, trazendo termos como 'alcatruz' (do árabe 'al-
qādūs') e 'caravela' (originada do árabe 'qārib'). Além disso, palavras relacionadas a
especiarias e comércio, como 'açúcar' e 'algodão', foram incorporadas ao português nesse
contexto.

2.5. Línguas Indígenas no Brasil

Conforme observado por Vieira (2010), a presença de Portugal na Índia e em outras partes da
Ásia introduziu influências linguísticas marcantes. A língua árabe, em particular, exerceu
uma influência profunda no léxico português, trazendo termos como 'alcatruz' (do árabe 'al-
qādūs') e 'caravela' (originada do árabe 'qārib'). Além disso, palavras relacionadas a
especiarias e comércio, como 'açúcar' e 'algodão', foram incorporadas ao português nesse
contexto.
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3. Aspectos Linguísticos Fónicos: Mudanças na Pronúncia e Fonologia

Simplificação de Consoantes Finais

Como destacado por Alves (2014), uma das características fonéticas mais distintivas do
português clássico desse período foi a simplificação da pronúncia de consoantes finais não
pronunciadas. Anteriormente, palavras que terminavam em consoantes eram pronunciadas
com essas consoantes finais, mas durante os séculos XV e XVI, houve uma tendência
crescente para a simplificação desses sons finais. Isso levou à pronúncia das palavras sem a
última consoante, como "amor" passando a ser pronunciado como amo (Alves 2014).

Influências Fonéticas Regionais

Segundo a observação de Pereira (2011), além da simplificação das consoantes finais, as


diferentes regiões onde os portugueses estabeleceram colónias experimentaram influências
fonéticas locais. Isso resultou em variações regionais na pronúncia do português, algumas das
quais persistem até os dias de hoje. Por exemplo, a pronúncia do "s" em Portugal difere da
pronúncia no Brasil, e essa variação é uma herança daquela época.

3.1. Aspectos Léxico-Semânticos: Enriquecimento do Vocabulário

Palavras de Empréstimo

De acordo com o estudo de Silva (2014), o contacto com diversas culturas e a expansão
global levaram à incorporação de palavras de empréstimo no léxico português. Termos de
origem estrangeira foram assimilados e adaptados, enriquecendo o vocabulário. Palavras de
origem árabe, como "azeite" (do árabe "az-zayt"), e termos náuticos de origem holandesa,
como "içar" (do neerlandês "hijsen"), são exemplos notáveis desse fenómeno.

Léxico Relacionado à Exploração

A expansão marítima e a exploração de novas terras resultaram em um enriquecimento do


léxico relacionado à geografia, fauna, flora e culturas locais. Termos como "abacaxi," do tupi,
"banana," do wolof, e "cacau," do nauatle, foram incorporados ao português, reflectindo a
riqueza e a diversidade das terras recém-descobertas (Alves, 2014).
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3.2. Aspectos Sintácticos: Influência das Línguas Locais e Formalização da


Gramática

Sintaxe Colonial

Em suas colónias, os portugueses frequentemente incorporaram estruturas gramaticais das


línguas nativas. Isso resultou em variações sintácticas regionais. Por exemplo, em algumas
áreas africanas colonizadas, a influência das línguas locais levou ao uso de concordância
nominal que não era comum no português europeu (Silva, 2014). Na base do Silva (2014),
essas variações sintácticas ainda podem ser observadas em dialectos e variedades regionais
do português moderno.

Formalização da Gramática

Na concepção de Silva (2014), a produção de documentos oficiais, como cartas de


navegação, tratados comerciais e documentos administrativos, contribuiu para a formalização
da gramática e da sintaxe do português clássico. Isso era essencial para garantir a
compreensão mútua entre os colonizadores e as populações nativas, bem como para
estabelecer uma base sólida para a comunicação em um contexto global (Silva, 2014).

3.3. O Legado do Português Clássico

O português dos séculos XV e XVI, durante a era dos Grandes Descobrimentos, representa
um período crucial na evolução da língua. A relativização linguística, o enriquecimento do
léxico, as mudanças fónicas e as influências sintácticas se tornaram características distintivas
desse período (Pereira, 2011).

O legado do português clássico é sentido na língua falada e escrita hoje, representando


uma parte fundamental da identidade linguística e cultural de Portugal e dos países
lusófonos em todo o mundo. As transformações linguísticas desse período não apenas
enriqueceram a língua, mas também demonstraram a capacidade de adaptação e
assimilação do português diante de desafios culturais e geográficos. O português
clássico, portanto, é uma testemunha viva da força e da versatilidade da língua
portuguesa ao longo da história (Pereira, 2011).
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4. A Expansão Geográfica do Português e sua Evolução como Língua Franca


(Séculos XV a XIX)

A trajectória da língua portuguesa ao longo dos séculos XV a XIX é uma narrativa intrincada
e fascinante de exploração, expansão colonial e transformação linguística. Durante esse
período, o português não apenas se disseminou em diferentes partes do mundo, mas também
evoluiu como língua franca global, desempenhando um papel significativo na formação de
crioulos em diversas regiões (Mendes, 2018).

4.1. A Expansão Geográfica do Português


4.1.1. A Descoberta e Colonização das Ilhas da Madeira e Açores

Nos albores do século XV, Portugal embarcou em uma era de exploração e expansão que
ficaria marcada na história como a Era dos Descobrimentos. Foi durante esse período que os
portugueses, liderados por destemidos exploradores, lançaram-se no oceano Atlântico em
busca de novas terras e rotas comerciais (Fernandes, 2009).

4.1.2. Descoberta da Madeira

A história da Madeira começou em 1419, quando João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz
Teixeira, navegadores portugueses, avistaram pela primeira vez uma massa de terra
desconhecida no horizonte (Alves, 2014). Determinados a explorar essa nova terra, eles
desembarcaram na ilha que mais tarde seria chamada de Porto Santo. No ano seguinte, em
1420, a ilha principal da Madeira foi descoberta e recebeu o nome de "Ilha da Madeira"
devido à abundância de madeira encontrada ali.

Conforme destacado por Alves (2014). A colonização da Madeira começou de maneira


gradual e meticulosa. Os colonos portugueses, atraídos pelas perspectivas de terras férteis e
oportunidades agrícolas, começaram a se estabelecer na ilha principal, onde cultivaram cana-
de-açúcar e desenvolveram uma economia agrícola próspera. Com o tempo, a Madeira se
tornou um importante centro de produção de açúcar, que era um produto valioso na época.

A globalização e a diversidade linguística desempenharam um papel fundamental nesse


processo de expansão e colonização, contribuindo para a interacção entre diferentes culturas e
línguas (Fernandes, 2009).
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4.1.3. Descoberta dos Açores

A descoberta das ilhas dos Açores, situadas mais a noroeste no Atlântico, ocorreu alguns anos
depois. Em 1427, o navegador Diogo de Silves avistou essas ilhas e lançou as bases para a
colonização subsequente (Fernandes, 2009). As ilhas açorianas eram estrategicamente
importantes devido à sua localização, servindo como uma espécie de ponto de parada vital
para as expedições marítimas que se aventuravam pelo Atlântico diz (Fernandes, 2009).

A colonização dos Açores também foi gradual, com os portugueses estabelecendo


comunidades em várias ilhas. A agricultura desempenhou um papel fundamental na economia
açoriana, e os colonos começaram a cultivar trigo, criar gado e pescar nas águas ricas em
peixes que cercavam as ilhas (Fernandes, 2009).

4.1.4. Impacto na Língua Portuguesa

Com a colonização das ilhas da Madeira e Açores, o português se tornou a língua oficial e
predominante nessas novas colónias (Fernandes, 2009). Isso não apenas consolidou o
domínio português nessas regiões, mas também contribuiu para a unificação linguística. No
entanto, ao longo do tempo, características regionais distintas se desenvolveram em dialectos
locais, resultando em diferenças na pronúncia, vocabulário e expressões que persistem até
hoje (Fernandes, 2009).

4.1.5. Ilhas de Cabo Verde

A expansão geográfica do português nas Ilhas de Cabo Verde, situadas no meio do oceano
Atlântico, representou um marco significativo na expansão colonial portuguesa durante os
séculos XV e XVI (Martinho, 2010). A descoberta e colonização dessas ilhas, inicialmente
desabitadas, foram impulsionadas por motivações económicas, estratégicas e marítimas. O
arquipélago de Cabo Verde tornou-se um ponto estratégico fundamental para as rotas
comerciais e para o próprio processo de expansão do império português (Martinho, 2010).

A descoberta das Ilhas de Cabo Verde é atribuída ao explorador português Diogo


Gomes, que chegou à ilha de Santiago em 1460. A colonização começou pouco
depois, com a chegada de colonos portugueses que encontraram um ambiente
desafiador, caracterizado por um clima árido e recursos limitados. No entanto, a
localização central das ilhas no Atlântico tornou-as um ponto de parada estratégico
para as expedições marítimas que se aventuravam pelo oceano, tornando Cabo Verde
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um importante entreposto para abastecimento de navios e tripulações (Martinho,


2010).

Além de seu valor estratégico, Cabo Verde desempenhou um papel crucial na expansão da
língua portuguesa. O português se tornou a língua oficial nas ilhas e, ao longo dos anos,
desenvolveu características linguísticas distintas influenciadas pelas línguas africanas locais e
pelo contacto com outras culturas. Essa evolução linguística é reflectida no crioulo cabo-
verdiano, que é uma variante do português com influências africanas e europeias únicas
(Martinho, 2010).

4.1.6. Brasil

A chegada dos portugueses ao Brasil em 1500 marcou um ponto de viragem na história da


expansão geográfica do português (Reto, 2014). O Brasil, com sua vasta extensão territorial e
rica diversidade geográfica, foi fundamental para a expansão do império colonial português.
A colonização do Brasil não apenas ampliou o domínio de Portugal, mas também moldou a
língua portuguesa de maneiras profundas e únicas.

A colonização do Brasil foi liderada por Pedro Álvares Cabral, que inicialmente avistou a
costa brasileira em 1500. Com a subsequente colonização, os portugueses estabeleceram
feitorias, plantações e fortalezas em diversas regiões do país. A interacção entre os colonos
europeus, as populações indígenas e os africanos escravizados resultou em uma rica fusão
cultural e linguística que moldou a identidade brasileira. O português, influenciado pelas
línguas indígenas e africanas, desenvolveu-se para criar o português brasileiro, uma variante
distinta da língua com características únicas de pronúncia, vocabulário e gramática.

O Brasil desempenhou um papel crucial na economia colonial portuguesa, fornecendo


produtos valiosos como pau-brasil, açúcar e ouro. Essas riquezas contribuíram para o
enriquecimento de Portugal e também para a colonização mais ampla de outras regiões do
Brasil. A herança linguística e cultural da colonização é um legado duradouro, e o português
brasileiro é hoje uma das variantes mais faladas da língua portuguesa, com sua própria
diversidade regional e influência cultural. A expansão geográfica do português no Brasil é,
portanto, uma parte integral da história e da identidade linguística do país (Reto, 2014).
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4.1.7. Oriental Africana

A expansão geográfica do português na Costa Oriental Africana, durante os séculos XV e


XVI, foi impulsionada por uma busca incessante por rotas comerciais lucrativas e pelo desejo
de estender a influência de Portugal para além do Atlântico (Monteiro, 2016). A costa
oriental africana, que abrange áreas que hoje correspondem a países como Moçambique,
Tanzânia, Quénia e Omã, testemunhou a chegada dos navegadores portugueses e a
disseminação do português como língua colonial.

A exploração da Costa Oriental Africana foi marcada pelo estabelecimento de feitorias e


postos comerciais ao longo da costa. Os portugueses, ávidos por recursos como ouro, marfim
e especiarias, estabeleceram uma presença comercial significativa na região. Essa presença
não apenas impactou a economia local, mas também contribuiu para o enriquecimento da
língua portuguesa com influências linguísticas africanas e asiáticas.

O intercâmbio cultural entre os portugueses e as diversas comunidades locais resultou na


troca de conhecimentos, costumes e línguas. O português desempenhou um papel vital como
língua de comunicação entre os colonizadores europeus e as populações locais, tornando-se
uma língua franca na região. Além disso, a interacção entre o português e as línguas locais
contribuiu para o desenvolvimento de crioulos, que eram línguas híbridas resultantes dessa
fusão linguística única (Monteiro, 2016).

4.1.8. Índia e Extremo Oriente

A expansão geográfica do português na Índia e no Extremo Oriente nos séculos XV e XVI


representa uma das fases mais fascinantes e impactastes da história da expansão colonial
portuguesa (Oliveira, 2011). Essa expansão foi motivada por uma combinação de factores,
incluindo o desejo de estabelecer rotas comerciais lucrativas para o Oriente, competição com
outras potências europeias e a ambição de expandir o império português para novas fronteiras
geográficas.

A chegada dos portugueses à Índia em 1498, liderada por Vasco da Gama, marcou um marco
importante na exploração do Oceano Índico. Os portugueses estabeleceram postos comerciais
e fortalezas ao longo da costa indiana, estabelecendo um domínio significativo na região. A
Índia era uma fonte valiosa de especiarias, como pimenta, canela e cravo, que eram altamente
cobiçadas na Europa. Essa expansão económica foi fundamental para a economia portuguesa
da época.
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Além de seu impacto económico, a presença portuguesa na Índia teve implicações culturais e
linguísticas profundas. O português, como língua colonial, tornou-se um meio de
comunicação entre os colonos europeus e as diversas comunidades locais na Índia. Essa
interacção resultou em uma troca de conhecimentos e costumes, bem como na influência
mútua nas línguas. O português deixou uma marca duradoura no léxico e na cultura da Índia,
e seu legado pode ser observado em empréstimos linguísticos e influências culturais que
persistem até os dias de hoje (Oliveira, 2011).

Além da Índia, os portugueses também expandiram sua presença para o Extremo Oriente,
estabelecendo postos comerciais em lugares como Macau (actualmente uma Região
Administrativa Especial da China) e Nagasaki, no Japão. A presença portuguesa no Extremo
Oriente contribuiu para o intercâmbio cultural entre o Ocidente e o Oriente, incluindo a
disseminação da cultura europeia e o comércio de produtos como seda, porcelana e chá
(Oliveira, 2011).

5. O Português como Língua Franca no Mundo

A expansão geográfica realizada por Portugal entre os séculos XV e XIX teve um profundo
impacto na difusão do português como língua franca em diferentes partes do mundo (Ramos,
2017). Durante esse período, os portugueses estabeleceram colónias e rotas comerciais em
regiões tão diversas quanto a África, a Ásia e as Américas. Como resultado, o português
emergiu como uma língua de comunicação entre os colonizadores europeus e as comunidades
locais, facilitando o comércio, o intercâmbio cultural e o entendimento mútuo (Ramos, 2017).

5.1. Factores que Contribuíram para o Uso do Português como Língua


Franca

O uso do português como língua franca durante a Era dos Descobrimentos (séculos XV a
XIX) foi influenciado por uma série de factores que contribuíram para a disseminação e
aceitação da língua em diferentes partes do mundo:

 Domínio Colonial Português: Portugal estabeleceu uma vasta rede de colónias e


postos comerciais em áreas geograficamente diversas, como a Índia, África, Brasil e
partes do Extremo Oriente. Esse domínio colonial tornou o português a língua
administrativa e de comércio nas áreas colonizadas.
 Comércio e Intercâmbio Cultural: A expansão geográfica do português estava
intrinsecamente ligada ao comércio de especiarias, ouro, prata e outros produtos
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valiosos. Como resultado, o português era a língua utilizada para negociações e


interacções comerciais, tornando-se uma língua franca nas rotas comerciais globais.
 Interacção Multicultural: A colonização portuguesa frequentemente envolvia a
interacção com populações locais e culturas diversas. O português serviu como meio
de comunicação entre os colonizadores europeus e as comunidades locais, facilitando
a convivência e a troca de conhecimentos e práticas culturais.
 Fundação de Cidades e Fortalezas: Portugal estabeleceu cidades e fortalezas ao longo
das rotas comerciais e em áreas estratégicas, onde o português era a língua
predominante. Esses centros urbanos contribuíram para a disseminação do idioma.
 Ensino e Igreja: A Igreja Católica desempenhou um papel crucial na expansão
geográfica do português, já que o português era a língua usada para missas e ensino
religioso. Isso ajudou a consolidar sua posição como língua de influência cultural.
 Mix de Culturas e Línguas: A expansão geográfica do português frequentemente
envolveu a mistura de culturas e línguas. Isso levou ao desenvolvimento de
variedades regionais do português e à formação de línguas crioulas em algumas
regiões, enriquecendo ainda mais a tapeçaria linguística.

5.2. Contribuições do Português na Génese de Crioulos

As contribuições do português para a génese de crioulos são um fenómeno linguístico


fascinante que emerge da interacção entre o português e outras línguas em contextos
coloniais. Uma das contribuições mais significativas foram o aporte léxico, onde palavras e
expressões do português serviram como ponto de partida para a formação das novas línguas
crioulas. O léxico emprestado do português é muitas vezes facilmente reconhecível, mesmo
que pronunciado de maneira distinta, e representou uma base sólida para a comunicação nas
comunidades crioulas (Santos, 2015).

Além do léxico, o português também influenciou a gramática e a sintaxe das línguas crioulas,
embora tenha ocorrido uma simplificação e adaptação desses elementos para se adequarem às
necessidades e características das comunidades locais. Essa influência gramatical se reflecte
nas estruturas de frases, acordos nominais e verbais, e na organização linguística das línguas
crioulas. Por exemplo, em muitos crioulos, podem-se identificar padrões gramaticais que têm
raízes no português, mas evoluíram para se tornarem parte integral das línguas crioulas
(Gonçalves, 2018).
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Exemplos

As contribuições do português na génese de crioulos podem ser ilustradas com exemplos


vívidos de onde essas línguas crioulas são faladas:

 Cabo Verde - Crioulo Cabo-verdiano: Nas ilhas de Cabo Verde, o Crioulo Cabo-
verdiano é uma língua crioula baseada no português, mas enriquecida com influências
africanas e europeias. Por exemplo, a palavra "meninu" em Crioulo Cabo-verdiano
significa "criança", derivando do português "menino". Esta língua crioula é
amplamente falada nas ilhas e possui várias variedades regionais.
 São Tomé e Príncipe - Forro: Em São Tomé e Príncipe, a língua crioula conhecida
como Forro é um exemplo notável. Ela incorpora elementos do português, mas com
simplificações na gramática e influências de línguas africanas locais. Por exemplo, "N
fala português" (Eu falo português) em Forro reflecte a influência directa do
português na estrutura da frase.
 Guiné-Bissau - Crioulo da Guiné-Bissau: O Crioulo da Guiné-Bissau é uma língua
crioula que surgiu da interacção entre o português e línguas africanas nativas. Um
exemplo é a palavra "kuskus," que significa "escola" em Crioulo da Guiné-Bissau,
uma adaptação da palavra portuguesa "escola."
 Cabo Delgado, Moçambique - Crioulo de Base Portuguesa: Nessa região de
Moçambique, o Crioulo de Base Portuguesa é influenciado pelo português, mas
também pela língua suaíli local. A palavra "kupika," que significa "cozinhar" em
Crioulo de Base Portuguesa, reflecte a influência das línguas africanas na criação
desse crioulo.
 Haiti - Crioulo Haitiano: Embora não esteja directamente relacionado ao português, o
Crioulo Haitiano é outro exemplo de uma língua crioula que se originou do contacto
entre línguas europeias (principalmente o francês) e línguas africanas. Esse crioulo é
amplamente falado no Haiti e é um exemplo de como as línguas crioulas podem
emergir em contextos coloniais diversos.
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6. A Evolução do Português nas Diferentes Regiões


6.1. O Português Brasileiro

Segundo Vieira (2010), a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500 marcou o início da
trajectória do Português Brasileiro. Ao longo dos séculos, esse dialecto se transformou sob a
influência de diversas línguas indígenas, africanas e europeias. Essa diversidade linguística é
evidente na variedade de sotaques, vocabulário regional e estruturas gramaticais que existem
em todo o Brasil. Do sertão nordestino às metrópoles urbanas do sudeste, cada região
contribuiu para a riqueza do Português Brasileiro, criando uma tapeçaria linguística vibrante
(Vieira, 2010).

No entanto, o Português Brasileiro também preserva elementos linguísticos que remontam ao


português arcaico trazido pelos colonizadores. Esses vestígios históricos são visíveis em
certos aspectos fonéticos e léxico-semânticos, proporcionando uma conexão com as raízes
linguísticas da língua portuguesa. A evolução do Português Brasileiro é um reflexo da
diversidade cultural e histórica do país, e essa variedade linguística continua a ser um aspecto
importante da identidade brasileira (Silva, 2014).

6.2. O Português Africano

O Português Africano é uma variedade distinta e diversa da língua portuguesa que se


desenvolveu no continente africano como resultado da interacção entre os colonizadores
portugueses e as populações locais. Essa variedade linguística é uma expressão vívida da rica
tapeçaria cultural e linguística do continente africano (Pereira, 2019).

A história do Português Africano remonta aos tempos da expansão colonial portuguesa na


África, que teve início no século XV. Durante esse período, os portugueses estabeleceram
postos comerciais e colónias em diversas regiões africanas, incluindo Angola, Moçambique,
Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, entre outras. À medida que os
colonizadores entravam em contacto com as comunidades locais, ocorria uma fusão
linguística única. O português servia como língua de administração e comunicação, mas
interagia com as línguas africanas nativas, resultando na formação de variantes regionais do
Português Africano.

Uma característica marcante do Português Africano é a influência das línguas africanas nas
estruturas gramaticais, no léxico e na fonologia. Por exemplo, em Angola, é comum a
influência do kimbundu e do umbundu, enquanto em Moçambique, línguas como o macua e o
17

changana deixaram suas marcas na variedade linguística. Além disso, o Português Africano
frequentemente apresenta uma pronúncia única, com características fonéticas distintas em
comparação com o Português Europeu ou o Português Brasileiro (Santos, 2020).

Cada região africana que abraçou o português como língua oficial desenvolveu sua própria
variedade do Português Africano, com características únicas que reflectem a diversidade
étnica, cultural e linguística do continente (Pereira, 2019). Essa riqueza linguística é um
testemunho da resiliência das comunidades africanas em preservar suas identidades culturais
e linguísticas, mesmo em meio à influência colonial. O Português Africano continua a
evoluir, reflectindo a dinâmica social e cultural em constante transformação das nações
africanas, e é uma parte essencial da herança linguística do continente.

6.3. O Português Asiático

A presença dos portugueses na Ásia teve início com a chegada de Vasco da Gama à Índia em
1498. Ao longo dos séculos seguintes, Portugal estabeleceu postos comerciais, fortalezas e
rotas comerciais em várias partes da Ásia, incluindo Goa (na Índia), Malaca (na Malásia),
Macau (na China) e Timor-Leste. Essas áreas se tornaram pontos cruciais para o comércio de
especiarias, seda, porcelana e outros produtos valiosos (Silva, 2014).

O Português Asiático, influenciado pelas línguas e culturas locais, evoluiu para uma
variedade distinta. Em Goa, por exemplo, o Konkani e o Marata influenciaram fortemente o
Português Asiático, resultando em uma mistura única de vocabulário e estruturas gramaticais.
Em Macau, onde o contacto com o cantonês era frequente, surgiram variações específicas. A
influência do português também se estendeu às línguas locais, com muitos termos e palavras
portuguesas sendo incorporados ao léxico dessas línguas (Reto, 2014).

Apesar de ter perdido sua posição predominante após a colonização portuguesa na Ásia, o
Português Asiático deixou um legado linguístico e cultural que persiste até hoje. Em Macau,
por exemplo, o português é uma das línguas oficiais, e a influência cultural portuguesa é
visível na arquitectura e nas tradições locais. Nas Filipinas, o crioulo conhecido como
"Chavacano" tem elementos do português em sua base linguística (Silva, 2014).

7. A Contribuição Cultural e Linguística da Expansão Geográfica

A expansão geográfica do português desempenhou um papel fundamental na criação de uma


rede global de comunicação (Ferreira, 2016). O português se tornou uma língua franca no
18

comércio, na administração colonial e na interacção entre diferentes grupos étnicos. Isso


permitiu que pessoas de diferentes origens linguísticas se comunicassem e colaborassem em
uma variedade de campos, desde o comércio de especiarias até a troca de conhecimentos
científicos.

Além disso, a expansão geográfica do português gerou uma vasta diversidade linguística
(Sousa, 2017). Em cada região colonizada, o português interagiu com línguas locais,
resultando em crioulos e variantes regionais que são testemunhos da complexidade das
dinâmicas culturais. Essas línguas crioulas não são apenas meios de comunicação, mas
também expressões culturais únicas que reflectem as identidades das comunidades locais.

Culturalmente, a expansão do português também influenciou a música, a arte, a religião e as


tradições culinárias (Rodrigues, 2018). Por exemplo, a capoeira brasileira, uma arte marcial
afro-brasileira, é um exemplo de como a cultura africana se fundiu com influências
portuguesas e indígenas no Brasil. Da mesma forma, a festa do Dia de Todos os Santos em
Portugal ou a celebração do Dia de São João no nordeste brasileiro mostram como as
tradições religiosas se entrelaçaram com elementos culturais locais.

7.1. O Impacto Duradouro da Expansão Geográfica do Português

A expansão geográfica do português nos séculos XV a XIX deixou um legado linguístico


diversificado e influente em todo o mundo (Fonseca, 2020). O português não apenas se
consolidou como uma língua global, mas também contribuiu para a formação de crioulos e
deixou marcas profundas nas línguas e culturas das regiões colonizadas. Esse legado continua
a ser uma parte fundamental da identidade linguística e cultural de Portugal e dos países
lusófonos em todo o mundo, reflectindo a incrível jornada de uma língua que se tornou uma
força global.

8. A expansão da Língua Portuguesa na actualidade (séc. XX e XXI): nos países


lusófonos e nas comunidades de língua portuguesa (lusofonia) na diáspora

A expansão da língua portuguesa nos séculos XX e XXI é um fenómeno notável que engloba
não apenas os países lusófonos, mas também comunidades de língua portuguesa na diáspora,
conhecidas como lusofonia (Silva, 2019). O Brasil, como o maior país lusófono do mundo,
desempenha um papel central nesse processo, exercendo influência cultural e económica
global através de sua música, cinema, literatura e negócios (Ferreira, 2018). A bossa nova de
19

João Gilberto, as canções de Caetano Veloso e Gilberto Gil, bem como os filmes de Glauber
Rocha e Walter Salles, são exemplos notáveis dessa influência cultural (Santos, 2020).

Além disso, países africanos de língua portuguesa, como Angola e Moçambique, estão
experimentando um período de crescimento económico e desenvolvimento nas últimas
décadas. Isso tem fortalecido a presença internacional desses países, à medida que buscam
estabelecer parcerias comerciais e diplomáticas em todo o mundo (Pereira, 2017). O uso do
português como língua oficial nesses países é um factor importante em sua capacidade de se
envolverem em negociações internacionais e de se beneficiarem da crescente lusofonia
(Ribeiro, 2019).

Nas comunidades de língua portuguesa na diáspora, a emigração de cidadãos de países


lusófonos para outras partes do mundo tem sido uma característica marcante do século XX e
XXI (Gonçalves, 2018). Essa diáspora resultou na formação de comunidades significativas de
falantes de português em países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França e
Alemanha. Essas comunidades de língua portuguesa contribuem para a expansão do
português promovendo a cultura e o ensino da língua (Ramos, 2020).

Os governos dos países lusófonos têm reconhecido a importância da língua portuguesa como
uma ferramenta diplomática poderosa (Martins, 2016). Muitos promovem a língua e a cultura
lusófonas no exterior por meio de iniciativas de diplomacia cultural. Isso envolve a realização
de eventos culturais, intercâmbios académicos e programas de ensino do português em
universidades estrangeiras. Essas acções têm como objectivo não apenas fortalecer os laços
entre as comunidades de língua portuguesa no exterior e as suas nações de origem, mas
também aumentar a visibilidade e o prestígio do português como língua internacional
(Oliveira, 2015).

A língua portuguesa também tem ganhado destaque em organizações internacionais (Sousa,


2019). Ela é uma das línguas oficiais da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), uma organização que promove a cooperação política, económica e cultural entre os
países lusófonos (Costa, 2017). Além disso, o português é usado em organismos
internacionais como a União Africana, onde desempenha um papel importante nas
negociações e na comunicação diplomática (Monteiro, 2018).

A expansão da língua portuguesa nos séculos XX e XXI é uma história de sucesso,


impulsionada pelo crescimento económico, influência cultural e diplomacia. No entanto,
20

desafios como a diversidade linguística e a manutenção das identidades culturais devem ser
abordados para garantir um futuro vibrante para o português. É uma língua de conexão entre
culturas diversas e uma ferramenta poderosa para a comunicação, a cultura e o comércio,
enriquecendo o mundo com sua riqueza linguística e cultural.

9. A Sinergia Linguística entre o Português e as Línguas Bantu em Moçambique:


Uma Análise da Contribuição para o Desenvolvimento do Português de
Moçambique (PM)

A sinergia linguística entre o Português e as línguas Bantu em Moçambique é um fenómeno


fascinante que ilustra a riqueza da diversidade linguística e cultural nos países de Língua
Oficial Portuguesa (PALOP) (Machado, 2018). Moçambique, como um exemplo notável
dentro dos PALOP, é um reflexo vivo de como essas línguas coexistentes contribuíram para o
desenvolvimento do Português no país.

Um dos aspectos mais visíveis dessa interacção é o enriquecimento do léxico do Português


em Moçambique. Palavras relacionadas à natureza, culinária, práticas culturais e sociais
foram incorporadas do vocabulário das línguas Bantu, tornando o Português local mais
completo e adaptado à realidade do país (Ferreira, 2019). Essas palavras não apenas
enriquecem o idioma, mas também reflectem a profunda interconexão entre as culturas e
línguas em Moçambique.

A influência não se limita apenas ao léxico. A pronúncia do Português em Moçambique


muitas vezes carrega traços fonéticos das línguas Bantu, criando uma musicalidade distinta e
uma entoação característica (Nascimento, 2020). Isso não apenas torna a língua mais rica em
sons, mas também evidencia como a língua é moldada pelas influências culturais e
linguísticas locais.

Além disso, a interacção entre o Português e as línguas Bantu em Moçambique vai além das
palavras e da pronúncia. É uma fusão cultural e linguística que molda a identidade do país
(Simões, 2017). Práticas como a medicina tradicional são frequentemente discutidas em um
contexto que envolve ambas as línguas, demonstrando uma integração profunda de
conhecimentos e crenças. Além disso, festivais e celebrações locais incorporam elementos
linguísticos e culturais de ambas as tradições, promovendo uma sensação de identidade
híbrida e enriquecedora.
21

No âmbito educacional, Moçambique e outros PALOP enfrentam o desafio de promover uma


educação bilíngue eficaz que valorize tanto o Português quanto as línguas maternas (Mendes,
2016). O Português é a língua oficial da educação, mas a promoção das línguas maternas é
vista como uma maneira de preservar a diversidade linguística e fortalecer as identidades
culturais locais. No entanto, essa abordagem requer estratégias educacionais bem planejadas
e recursos adequados para garantir que os alunos desenvolvam proficiência em ambas as
línguas.

À medida que Moçambique e outros PALOP continuam a crescer e se desenvolver, a inter-


relação entre o Português e as línguas coexistentes desempenhará um papel fundamental no
desenvolvimento linguístico e cultural (Dias, 2019). É uma manifestação da complexidade e
riqueza das dinâmicas linguísticas em regiões multilíngues do mundo. A valorização e
preservação de todas as línguas são essenciais para manter a diversidade linguística e cultural
que caracteriza os PALOP, contribuindo para a identidade única dessas nações à medida que
avançam para o futuro.
22

10. Conclusão

A expansão da língua portuguesa pelo mundo é um fenómeno notável que demonstra a


capacidade de uma língua não apenas sobreviver, mas prosperar em contextos diversos e
desafiadores. Este estudo nos levou a uma jornada através da história, da política, da cultura e
da sociedade, revelando as múltiplas facetas desse processo fascinante.

O português, uma língua que teve início em Portugal, atravessou os oceanos durante a Era
dos Descobrimentos e estabeleceu-se firmemente em continentes tão diversos quanto a
África, a Ásia e as Américas. Sua expansão não se limita apenas à geografia, mas também
abrange as mentes e os corações das pessoas que a adoptaram como parte integrante de sua
identidade cultural.

Ao longo desta análise, ficou claro que a expansão da língua portuguesa é resultado de uma
complexa interacção de factores históricos, sociais e políticos. Os laços coloniais, o comércio
internacional e as migrações têm desempenhado papéis cruciais na disseminação e na
diversificação do português.

A língua portuguesa não é apenas um meio de comunicação; é uma expressão viva da rica
herança cultural de seus falantes. Ela se adaptou e evoluiu, absorvendo influências locais e
regionais, criando uma tapeçaria única de sotaques, dialectos e variações. Esse dinamismo é
uma prova de sua vitalidade e capacidade de se conectar com as pessoas em um nível pessoal
e emocional.

Hoje, a língua portuguesa é uma língua global, com uma presença crescente na política
internacional, no comércio, na educação e na cultura. Organizações como a CPLP
desempenham um papel fundamental na promoção e na protecção do português, bem como
na celebração da diversidade linguística que a língua abraça.

No entanto, à medida que o português continua a se expandir, é importante reconhecer os


desafios que enfrenta, desde a manutenção da qualidade do ensino até a preservação das
línguas e culturas locais. A globalização não deve significar a homogeneização, mas sim a
celebração da diversidade.

Em última análise, a expansão da língua portuguesa é uma história de resiliência,


adaptabilidade e inclusão. É uma língua que transcende fronteiras e une pessoas de diferentes
origens e contextos.
23

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