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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Índice
1. Introdução...............................................................................................................................3

2. Objectivos...............................................................................................................................4
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2.1. Geral.....................................................................................................................................4

2.2. Específicos...........................................................................................................................4

3. Metodologia do Trabalho........................................................................................................4

4. Provérbios...............................................................................................................................5

4.1. Definição do Conceito.........................................................................................................5

4.2. O Uso de Provérbios no na Aula de Língua Portuguesa......................................................6

4.2.1. Enquadramento.................................................................................................................6

4.3. Característica dos Provérbio................................................................................................7

4.4. Propriedades dos Provérbios................................................................................................9

4.5. Os Provérbios e a Oralidade:...............................................................................................9

Considerações Finais................................................................................................................11

Referências Bibliográficas........................................................................................................12
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1. Introdução
Neste presente trabalho de campo referente à disciplina de Didáctica de Literatura,
consiste em demonstrar as estratégias do uso de provérbios nos textos, na aula de Língua
Portuguesa. Nele, no âmbito das actividades obrigatórias do módulo DL, irá se traçar um
breve caminho sobre o conceito de provérbios e importância do uso dos mesmos em textos,
concretamente na aula da disciplina de Língua Portuguesa. Assim, dotados de uma estrutura
sintáctica condensada e adequada aos padrões da língua, os provérbios possuem uma carga
semântica que, sinteticamente, diz muitas coisas, constituindo verdadeiros recursos lexicais.

É neste contexto que, os provérbios, enquanto elementos linguísticos marcados pelo


seu uso generalizado, são estruturas muito ricas, quer do ponto de vista cultural, quer do ponto
de vista linguístico, daí o seu potencial como um importante contributo para o ensino da
Língua Portuguesa. É neste sentido que se justifica a sua inclusão nos conteúdos
programáticos de Português. Entretanto, os provérbios apresentam então uma grande
diversidade das suas estruturas e, sendo muitas vezes frases curtas e concisas, têm servido
como ferramenta para o estudo e o ensino da língua nas suas diversas componentes -
morfologia, fonologia, sintaxe, semântica, pragmática, entre outros.

Deste modo, o presente trabalho, obedece a seguinte estrutura: Introdução, Objectivos


(Geral e Específicos), Metodologia, Desenvolvimento, Considerações Finais e as respectivas
Referências Bibliográficas.
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2. Objectivos

2.1. Geral
 Demonstrar as estratégias do uso de provérbios no texto na aula de Língua Portuguesa.

2.2. Específicos
 Definir o conceito de provérbio;
 Descrever a importância de uso dos provérbios na aula de Língua Portuguesa;
 Descrever as características dos provérbios;
 Identificar as propriedades dos provérbios aplicadas na aula de Língua Portuguesa.

3. Metodologia do Trabalho
Para Fonseca (2002), “methodos” significa organização, e “logos”, estudo sistemático,
pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem
percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência.
Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer
uma pesquisa científica.

Assim sendo, para a elaboração do presente trabalho, foi utilizado o método de cunho
bibliográfico, que consistiu na consulta de materiais electrónicos e também o Módulo de
Didáctica de Literatura, do Curso de Licenciatura em Ensino de Português do CED da UCM,
e outros estudos científicos e académicos que relatam este tema, para que, em um primeiro
instante fossem identificados os princípios do conhecimento dessas abordagens sobre o uso de
provérbios como estratégia textual na aula de Língua Portuguesa.
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4. Provérbios

4.1. Definição do Conceito


Segundo Bernard Pottier (apud Simon. op. cit), o provérbio é uma fórmula completa
que traduz uma verdade geral e tradicional, sobretudo, utilizada na língua oral. Tem um peso
histórico, instala-se na língua, donde seu aspecto frequentemente arcaico no que concerne à
sintaxe e à semântica.

Para Jacques Pineaux (S./d.) Apud Andrade (S./d., p. 2), o provérbio é uma forma
metafórica, pela qual a sabedoria popular exprime sua experiência de vida. Surgiu pela
primeira vez nos textos do século XII.

Neste sentido, importa aqui frisar que, provérbio é como uma expressão linguística
que retrata o fazer e o viver da humanidade. Está inserido na tradição de um povo e pertence-
lhe como algo universal, aceite como verdade e como evidência incontestável. Assim, pode-se
então considerar os provérbios como uma lexia textual, uma unidade significante máxima.
Estes, estão inscritos no código de nossa memória, fazem parte de nosso acervo cultural,
constituem um sistema com estatuto formal que leva a postular, por hipótese, a existência de
um domínio semântico independente em um determinado contexto, conforme diz Greimas,
S./d. Apud Simon, 1989).

Entretanto, Coseriu (Apud Pereira, 1998, p. 13) considera o provérbio como sendo um
discurso repetido, inserindo-o no nível linguístico do texto. São unidades lexicais, pouco
importa o número e a complexibilidade dos elementos constituintes discerníveis. Neste
diapasão, os provérbios são expressões formadas pela união de vários lexemas, há
solidariedade lexical entre eles, formando uma unidade semântica e lexicológica. Eles,
representam um verdadeiro manancial na língua de uma comunidade, principalmente na
modalidade oral. (Andrade, S./d., p. 3).

Segundo o Dicionário Brasileiro de Sintaxe (S./d.) citado por Santos (2020, p. 4-5), o
provérbio é uma das mais importantes expressões da literatura oral de todos os tempos e de
todas as civilizações. Nesse sentido, trata-se do provérbio como um elemento linguístico-
literário que pode ser reconhecido por suas características formais e semânticas. Formalmente
é um verso ou quase verso, apresentando muitas vezes rimas, assonâncias, metáforas, elipse
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etc. Do ponto de vista semântico deve encerrar uma mensagem aconselhadora, também sendo
encontrados na moral do género fábulas.

No entanto, para Xatara e Succi (2008), Provérbio é uma unidade lexical fraseológica
fixa e, consagrada por determinada comunidade linguística, que recolhe experiências
vivenciadas em comum e as formula como um enunciado conotativo, sucinto e completo,
empregado com a função de ensinar, aconselhar, consolar, advertir, repreender, persuadir ou
até mesmo praguejar. (Xatara e Succi, 2008, p.35).

Neste sentido, é explícita a força dos provérbios não só no folclore, mas também em
textos de diversos géneros em circulação, forte expressão da actividade oral de um povo, por
constituir uma rica ferramenta discursiva, o estudo dos provérbios deve se fazer presente em
sala de aula, durante as aulas de Língua Portuguesa, explorando sua forma, suas
características e as possíveis situações de uso, tanto nos discursos formais, quanto nos
informais. Apesar da importância dessas unidades e da sua forte presença em textos de
circulação, as práticas em sala de aula, em sua maioria, não contemplam o trabalho com
provérbios e com os demais fraseologismos. (Santos, 2020, p. 5).

4.2. O Uso de Provérbios na Aula de Língua Portuguesa


De acordo com Reis e Baptista (S./d., p. 1), assentam que os provérbios, enquanto
elementos linguísticos marcados pelo seu uso generalizado, são estruturas muito ricas, quer do
ponto de vista cultural, quer do ponto de vista linguístico, daí o seu potencial como um
importante contributo para as aulas da Língua Portuguesa.

É neste sentido que se justifica a sua inclusão nos conteúdos programáticos de


Português, em articulação com as respectivas Metas Curriculares. Apesar de os provérbios
apenas constarem explicitamente dos conteúdos programáticos do ensino básico de português
do 5º e 6º anos de escolaridade, os mesmos surgem disseminados nos manuais escolares até a
12ª classe. (Reis e Baptista, S./d., p. 1).

4.2.1. Enquadramento
Os provérbios são utilizados no ensino do Português, quer enquanto língua materna,
quer enquanto língua não materna. Surgem ainda no Programa de Português Língua Segunda
para Alunos Surdos (Baptista et al. 2011). Neste tópico, far-se-á uma breve análise de alguns
dos textos ordenadores para aula de Língua Portuguesa, com o objectivo de caracterizar a
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forma como estes textos enquadram os provérbios no Processo de Ensino/Aprendizagem da


Língua.

Entretanto, no que tange a aulas de Português enquanto língua, os provérbios surgem


explicitamente como conteúdo do 2º ciclo de estudos no ensino secundário e primário
(Básico), integrados no Programa da disciplina de Língua Portuguesa. (Buescu et al. 2015).

Neste sentido, as Metas Curriculares de Português de Ensino Básico têm por principal
objectivo, o de melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem nos nove anos do ensino
básico, definindo os marcos a atingir pelos alunos no final de cada ano lectivo, os quais são
avaliados por meio de descritores de desempenho. Vê-se que nos Programas, são definidos os
conteúdos por ano de escolaridade bem como a organização sequencial e hierárquica dos
mesmos.

Ora vejamos: no 2º grau do ensino primário, os conteúdos estão organizados em


quatro domínios - Oralidade, Leitura e Escrita – e, no 1º ciclo do ensino secundário, em cinco
domínios, tendo-se autonomizado os domínios da Leitura, Escrita e Gramática. (Ibdem, p. 3).
Entretanto, importa salientar que, os provérbios estão incluídos no domínio da Leitura
e Escrita do 2º ciclo de estudos. Neste sentido, os alunos deverão “fazer inferências a partir da
informação prévia ou contida no texto, identificar, pelo contexto, o sentido de palavras,
expressões ou fraseologias desconhecidas, incluindo provérbios e expressões idiomáticas”.
(Buescu et al., 2015, p. 70).

Nesta senda, apesar de os provérbios apenas constarem explicitamente no domínio da


Leitura e Escrita, da 5ª e 6ª e 7ª classe, estes surgem disseminados nos manuais escolares até à
12ª classe. Tendo isto em conta, pretende-se verificar sistematicamente em que classe de
escolaridade é que os manuais escolares fazem referência a provérbios, quando é que estes são
utilizados e, numa outra fase deste trabalho, pretende-se determinar ainda quais os provérbios
mais usados na aula de Língua Portuguesa, que aparecem nos mesmos manuais bem como a
sua frequência. (Reis e Baptista, S./d., p. 2).

4.3. Característica dos Provérbio


No léxico, os provérbios apresentam três características importantes:

 Impessoalidade: anónimos, tradicionais – são usados sempre em terceira pessoa.


Apresentam um carácter generalizado. Quando um provérbio é citado, é marcado por
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uma expressão introdutória, (como dizem). Os provérbios são polifónicos. As palavras


não são do falante, mas as da comunidade ou do senso comum que falam por
intermédio dele. Pereira considera como marcas de impessoalidade nos provérbios as
expressões:
i. Mais vale... que:

Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

ii. Antes... que:

Antes pobreza honrada que riqueza roubada.

iii. A expressão formada pelos pronomes quem, tudo:


Quem não pode com o pote não exibe a rodilha
iv. A partícula se:

Se queres bom conselho, consulta o teu travesseiro.

v. Substantivo genérico para pessoas:

O homem prevenido vale por dois.

 Atemporalidade: os provérbios estão presentes no léxico principalmente no uso oral


desde os tempos mais remotos. Alguns podem ter uma relação mais directa com
determinado período da história, mas seu uso atravessa gerações e gerações. A
sociedade letrada os considera como retrógrados, arcaicos e contraditórios, mas seus
ensinamentos podem ser reflectidos a qualquer momento, como as compilações de
Leroux Lincy – França – século XII, Nunes de Guzman – Espanha¬ – século XVI,
Bento Teixeira e António Delicado – Portugal – século XVII, cujos provérbios
continuam sendo usados.
 Universalidade: muitos dos provérbios são conhecidos entre os povos de diferentes
línguas, por isso não podemos demarcar a validade de um provérbio para um
determinado espaço geográfico. Aos poucos, conquistam a memória dos povos,
atravessam as mais distantes regiões, adaptam-se à língua de chegada, como por
exemplo o provérbio gato escaldado tem medo de água fria é falado nas seguintes
línguas: português, francês, inglês, alemão, espanhol e italiano. (cf. Souza, 1999, p.
137).
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4.4. Propriedades dos Provérbios


Segundo Andrade (S./d., p. 5), os provérbios são unidades lexicais, cuja interpretação
se faz no nível do léxico. Apresentam uma estrutura sintáctica condensada e uma linguagem
metafórica. Albuquerque, fundamentando-se em Burton, cita as seguintes propriedades do
provérbio:

1. Propriedades semânticas:

 Operam com aspectos inerentes à vida humana, como trabalho, riqueza, amor, saúde,
idade;
 Dizem respeito mais a expressões de forma genérica;
 Advogam conselhos e dão estratégias;
 Estabelecem uma verdade em geral de acordo com o contexto de uso.

2. Propriedades sintácticas:

 Tempo presente, sugerindo atemporalidade ou inferência a qualquer tempo;


 Simetria evidente, paralelismo, estrutura bipartidas;
 Uso frequente de cópulas;
 Uso frequente de pronomes pessoais e substantivos;
 Uso de formas no imperativo.
3. Propriedades fonológicas:
 Frequente uso de aliterações, assonâncias ou rima.
4. Propriedades lexicais:
 Uso de arcaísmos, mas em caso algum, os provérbios deixam de ser coloquiais.

4.5. Os Provérbios e a Oralidade:


Conforme Magalhães (S./d., p. 291), Apud Andrade (S./d., p. 6), os provérbios são de
uso universal. Um provérbio surge em uma determinada língua, mas não se quer dizer que ele
é específico daquela comunidade linguística, pois pode se adaptar a outras línguas. Seu uso se
dá com mais frequência na linguagem oral, sofrendo variações quer seja na fonética, na
morfologia, na sintaxe, na semântica e no léxico, como por exemplo o provérbio Quem dá aos
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pobres empresta a Deus. Acredita-se que este provérbio tenha sua forma original em Quem dá
aos pobres e empresta – adeus.

Desta feita, do ponto de vista sintático-lexical, os provérbios podem mudar a sua


estrutura ou os lexemas de acordo com a cultura de cada povo, mas o seu conteúdo semântico
é o mesmo. (Medeiros, 1970), como podemos ver os provérbios:

 Pedra que pára não cria limo.


 Pedra movediça não ajunta musgo.
 Pedra que muito rola não cria musgo.
 Pedra que não rola não cria limo.
 Pedra roliça não cria bolor.
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Considerações Finais
O léxico de uma língua constitui no registo do conhecimento do universo. É o
inventário dos lexemas de uma língua, complemento da gramática para o aprendizado dessa
língua. Desta feita, concluindo, conclui-se que, apesar de só haver uma referência explícita a
provérbios nos textos da aula de Língua Portuguesa no 1º ciclo secundário de estudos (7ª, 8ª e
9ª classes), este tipo de expressões aparece disseminado ao longo de todo o percurso escolar,
mas com frequências baixas (média de poucos provérbios por manual), visto que, os
provérbios surgem com maior frequência nos manuais do 2º ciclo. Daí que, considerando que
os provérbios mais usados se encontram já representados nas colectâneas e dicionários de
provérbios e gramáticas, muitos dos provérbios observados e analisados não são dos mais
usuais em salas de aulas da disciplina de Língua Portuguesa. Neste sentido, considerando o
uso dos provérbios na disciplina de Língua Portuguesa, percebeu-se que a necessidade de
estudos mais aprofundados na área do léxico e da semântica a partir das lexias textuais
presentes em todas as circunstâncias da vida humana.
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Referências Bibliográficas
Andrade, T. L. S. (S./d.). Os Provérbios: Recursos semântico-lexicais da oralidade. UNEB,
Campus Iv. Recuperado de:
<http://www.leffa.pro.br/tela4/Textos/Textos/Anais/SENALE_IV/IV_SENALE/
Tadeu_L_de_Andrade.htm>.

Baptista, J. A.; Santiago, A.; Almeida, D.; Antunes, P. & Gaspar, R. (2011). Programa de
Português L2 para Alunos Surdos - Ensinos Básico e Secundário. Ministério da Educação.

Buescu, H. C.; Morais, J.; Rocha, M. R. & Magalhães, V. F. (2015). Programa e Metas
Curriculares de Português no Ensino Básico. Governo de Portugal, Ministério da
Educação e da Ciência.

Martins, P. (2010). Do provérbio em contexto didáctico: proposta de trabalho. Paremia.

Medeiros, V. (1970). Vento Nordeste – ensaio dialetológico. Recife, UFPE.

Reis, S. & Baptista, J. (S./d.). O uso de provérbios no Ensino de Português. Lisboa, Portugal,
Universidade do Algarve, INESC-ID.

Santos, M. S. dos. (2020). A aprendizagem dos provérbios em língua portuguesa: uma


proposta de actividade por meio da literatura de Cordel. Curitiba, Universidade Católica
Dom Bosco.

Simon, M. L. M. (1989). Para uma estrutura proverbial nas línguas românicas. Rio de
Janeiro, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Xatara. C. M. & Succi, T. M. (2008). Revisitando o Conceito de Provérbio. Veredas, Revista


de Estudos Linguísticos. PDF. Recuperado de:
<file:///C:/Users/mssantos/Downloads/25193-Texto%20do%20artigo-98813-1-10-
20160711%20(1).pdf>.

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