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MORFOSSINTAXE
SERRA – ES
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1 EMENTA
Análise Morfológica e Sintática da Língua Portuguesa: Conceituação e Finalidade;
Elementos Componentes da Morfologia e Sintaxe da Língua Portuguesa; Linguagem
e sua Articulação; Os Níveis de Análise Linguística; Estudo da Linguística:
Linguagem, Língua e Fala.
2 OBJETIVOS
Conceituar o termo Morfossintaxe;
Discorrer sobre a finalidade da análise morfológica e sintática em Língua
Portuguesa;
Apresentar elementos componentes da morfologia e sintaxe da Língua
Portuguesa;
Refletir sobre a linguagem e sua articulação na Língua Portuguesa;
Identificar os níveis de análise linguística.
3 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
4 METODOLOGIA DE ENSINO
A disciplina será ministrada partir de: apresentação da ementa; aula expositivo-
dialogada; leitura crítica dos textos; relação entre as leituras e as experiências dos
alunos; discussão em grupo; exibição de vídeos; produção de resumos textuais;
seminário e mesa redonda.
5 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
A avaliação da aprendizagem será contínua, considerando os seguintes critérios:
Participação e envolvimento nas atividades propostas; trabalhos elaborados e
apresentados; leituras realizadas; participação nos estudos em grupo, assiduidade;
construção de quadro teórico conceitual abordando as teorias estudadas no decorrer
do curso.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................4
2. MORFOSSINTAXE: MORFOLOGIA E SINTAXE ................................................................4
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................14
2. BASES PARA A ANÁLISE
MORFOLÓGICA.......................................................................24
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................31
2.SINTAXE E ESTRUTURALISMO LINGUÍSTICO................................................................38
3. ANÁLISE SINTÁTICA ........................................................................................................42
4.SINTAXE E GRAMÁTICA GERATIVO-TRANSFORMACIONAL...............................44
4. REFERÊNCIAS......................................................................................................63
5. BANCO DE QUESTÕES DISCURSIVAS....................................................................65
6. BANCO DE QUESTÕES OBJETIVAS ........................................................................66
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1 INTRODUÇÃO
Em resumo, uma palavra exerce na oração duas funções: a morfológica que é a que
a palavra exerce quanto à classe a que pertence (substantivo, adjetivo, pronome,
entre outros) e a sintática, que vem a ser a que a palavra exerce em relação a outros
termos da oração.
Nesse caso, a palavra poderá desempenhar vários papéis (sujeito, objeto, entre
outros). Não é difícil, basta o aluno prestar atenção e saber qual tipo de análise o
professor está pedindo (a morfológica ou a sintática). Porém, às vezes, as duas são
pedidas na chamada análise morfossintática. A partir daqui vamos considerar alguns
elementos da Morfologia e Sintaxe da Língua Portuguesa.
Ao nos depararmos com o termo “morfossintaxe”, logo de início este nos oferece
subsídios suficientes para compreendermos seu real significado, pois inferimos que
se trata da junção entre a morfologia e a sintaxe. Desse modo, quando fazemos
referência a ambas, devemos ter em mente que se trata de duas partes da
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Já em se tratando da sintaxe, temos que esta se ocupa do estudo das funções que
uma dada palavra exerce no contexto oracional, podendo ela exercer diferentes
funções. Partindo de tais pressupostos, vejamos como ela realmente se materializa
na prática, de forma a compreendermos melhor. Para tanto, partiremos do seguinte
enunciado linguístico:
é – verbo ser
importante – adjetivo
a – artigo definido
Pedro é aluno – predicativo do sujeito, uma vez que conferiu uma característica a
Pedro
"Sintaxe" mexe com o outro lado do português. São os sujeitos, predicados, adjuntos
adnominais, objetos direto e indireto, entre outros. Morfossintaxe junta os dois.
Então você terá que classificar uma palavra morfologicamente, e a mesma palavra,
sintaticamente!
Fonema→vocábulo→frase.
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Estilística
Restrições Sistêmicas
Cada língua escolhe seus morfemas em função das alterações com que ela opera.
Ex: No português há singular e plural para os adjetivos; no inglês, o adjetivo está
sempre antes do substantivo. Por vezes, a ordem dos adjetivos interfere na
significação. “Temos opiniões diversas – Temos diversas opiniões”. Os níveis
semântico e sintático se interpenetram. “Adão comeu a maçã. ” O verbo comer pede
sujeito animado.
Norma
O linguista não faz julgamento de valor, isso compete ao gramático. Para o linguista,
tudo que ocorre na língua interessa. A linguística não prescreve, nem proscreve,
apenas descreve. A língua está sempre em equilíbrio instável. Nenhuma língua é
falada de maneira homogênea. Há variações que podem ser absorvidas pelo
sistema. A língua fornece informações sobre o falante. O conjunto de regras que
atende a um padrão social é a norma, a que é ensinada na escola, aos estrangeiros.
É a contingência social; não pode ser regional, nem popular, nem literária. Deve
assentar-se no uso falado e escrito culto. Há usos expressivos da linguagem
coloquial, mas o ensino da norma culta tem uma função social.
Há relações de:
- concordância
produzisse um som diferente para cada expressão, teria uma enorme sobrecarga de
memória, fora que o aparelho fonador não teria capacidade de emissão de tantos
sons diferentes tampouco o ouvido conseguiria captar tamanha carga de produção
fônica.
A língua, por ser de natureza articulada, cria diversos estratos de análise que, na
estruturação da mensagem, do maior para o menor, se apresenta na seguinte ordem
hierárquica: texto, frase, sintagma, vocábulo, morfema, fonema e traços distintivos.
NÍVEL TEXTUAL
NÍVEL FRASEOLÓGICO
NÍVEL SINTAGMÁTICO
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NÍVEL VOCABULAR
NÍVEL MORFOLÓGICO
NÍVEL FONOLÓGICO
NÍVEL MERISMÁTICO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A visão da língua como um sistema semiológico, a teoria do signo, com seus dois
princípios fundamentais: arbitrariedade/linearidade, a diferença entre sincronia
(funcionamento) e diacronia (evolução), a distinção fonética/fonologia, fone/fonema,
a dupla articulação da linguagem (1ª = plano do conteúdo ou morfossintaxe; 2ª =
plano da expressão ou fonologia), as noções de morfema e gramema, a tricotomia
língua/fala/norma são categorias linguísticas extremamente férteis, todas
decorrentes do pensamento de Saussure e hoje definitivamente incorporadas às
ciências da linguagem.
1 INTRODUÇÃO
E, para Câmara Jr., que dispensa adjetivos, "a morfologia estuda os morfemas e os
processos de estruturação do sintagma lexical" (i. é. morfemas e processos de
formação de palavras). Vê-se, portanto, que não cabe à morfologia o estudo das
classes de palavras como enuncia a NGB. Câmara Jr. em seu Dicionário de Filologia
e Gramática assim ensina: "Espécies de Vocábulos: estudo das classes de palavras
e suas categorias gramaticais".
Saussure: "Formas e funções são solidárias e é difícil, para não dizer impossível,
separá-las”. A primeira função do estruturalismo, ainda segundo Saussure: "é
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Câmara Jr.: "A análise mórfica está inelutavelmente ligada aos valores significativos
e funcionais”.
Daí o eminente linguista Pottier ter definido língua como "um funcionamento de
formas portadoras de substância semântica: forma e substância semântica são
aspectos inseparáveis". Assim Pottier define o morfema: "Elemento mínimo distintivo
portador de substância semântica”.
Exemplo: O dia está bonito. Vamos fazer a análise morfológica desta pequena
frase? Assim, fica mais fácil de entender. Nesta frase temos o “O” que é da classe
gramatical artigo. Temos também a palavra “dia”, que é da classe gramatical
substantivo. Além disto, também temos a palavra “está” que se enquadra na classe
gramatical verbo, o verbo estar, e temos também a palavra “bonito” que se enquadra
na classe gramatical adjetivo.
Pronto. Viu só como é fácil fazer a análise morfológica? Não é nada complicado.
Basta você saber direito quais são as classes gramaticais e quais são as suas
características. Agora experimente realizar alguns exercícios para colocar em prática
o que foi explicado aqui. Desta forma, vai ficar claro para você se deu realmente
para entender ou não. Aposto que você vai tirar de letra!
Número
Gênero
Grau
Caso
O caso está presente em nossa língua nas flexões dos pronomes pessoais. Observe
o exemplo:
Nas duas frases, o mesmo ente é representado ora por eu, ora por mim. Eu e mim
têm funções semelhantes, mas são usados em contextos diferentes. Eu é
empregado quando o pronome está em posição de sujeito da frase e mim, quando
em função de objeto. Quando um lexema é flexionado segundo a função sintática
que desempenha na frase, temos flexão de caso.
Pessoa
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Tempo
Esta categoria morfológica também é típica dos verbos. Em nosso sistema verbal
temos basicamente três tempos: futuro, passado e presente.
Modo
Aspecto
Não existe só uma categoria de aspecto em português, mas três, que agrupamos
em uma só por se manifestarem em apenas algumas flexões do sistema verbal.
De afirmação
O aspecto de afirmação está presente nas flexões verbais do modo imperativo. Este
tempo verbal pode ter aspecto afirmativo, quando se incita positivamente à ação ou
negativo, quando se incita a não consumar a ação.
De consumação
De duração
Finitude
A rigor, a categoria de finitude pode ser tratada como a categoria das flexões
indefinidas em tempo e modo. Tudo depende de como classificamos as flexões
verbais em português. Optamos por desconsiderar a categoria de finitude em nossa
análise porque não há prejuízo em tratar as flexões infinitas como indeterminadas
em tempo e modo. Com isso, simplificamos a classificação.
Categoria Flexões
Número Plural e singular
Gênero Feminino e masculino
Grau Aumentativo, diminutivo, normal, e superlativo
Caso Oblíquo e reto
Pessoa Primeira, segunda e terceira
Tempo Futuro, passado e presente
Modo Imperativo, indicativo e subjuntivo
Aspecto de Negativo e positivo
afirmação
Aspecto de Cancelado e confirmado
consumação
Aspecto de Anterior, durativo e pontual
duração
Definição Definido e indefinido
2.1 FLEXÃO
A flexão nominal diz respeito aos nomes e aos adjetivos e, no português, realiza
uma categoria morfossintática – o número – que possui dois valores: singular e
plural. Dado que, por definição, a flexão é obrigatória e sistemática, espera-se que
todos os nomes e todos os adjetivos exibam contrastes de número e que os
realizem sempre do mesmo modo.
Na verdade, a observação dos dados mostra que a maioria dos nomes e a maioria
dos adjetivos apresentam uma forma para o singular e outra para o plural, e que o
contraste é realizado pela ausência ou presença de um único sufixo (gato/ gatos;
esperto/ espertos): no singular, a flexão dos nomes e dos adjetivos opera no vazio,
ou seja, não existe nenhum sufixo para este valor de número, podendo admitir-se
que esse valor de número é assumido por defeito; o plural dispõe de um sufixo
próprio, que é – s.
No entanto, a observação dos dados também mostra que existem nomes que têm
uma flexão defetiva e nomes e adjetivos que, aparentemente, não realizam a flexão
em número da forma esperada, ou seja, por recurso ao sufixo – s
À exceção dos nomes próprios, todos os outros casos são reduzidos em número e
estão lexicalizados, não afetando a gramática da flexão dos nomes. No que diz
respeito aos nomes próprios, a restrição deve ser modalizada: eles podem ser
flexionados no plural (Exemplos: Filipes, Luísas), o que tipicamente não podem é
manter a sua interpretação de nomes próprios, remetendo para uma única entidade,
a entidade que é portadora daquele nome próprio e que é singular. O plural de um
nome próprio pode remeter para o/um conjunto de entidades que partilhem essa
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Quanto à forma de realização dos contrastes de número dos nomes e dos adjetivos,
a assistematicidade é apenas aparente: pode tratar-se de uma mera alternância
gráfica, exigida pela ortografia do português (Exemplo: refém/reféns, bom/bons), ou
de alternâncias fonéticas condicionadas pelo contexto fonológico (Exemplo: mão/
mãos, pão/pães, sabão/sabões, papel/papéis, azul/azuis, cais/cais, simples/
simples).
a. cronômetro luso-brasileiro
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cronômetros luso-brasileiros
b. bomba-relógio
bombas-relógio
c. trabalhador-estudante surdo-mudo
trabalhadores-estudantes surdos-mudos
d. quebra-mar
quebra-mares
caer cair
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confonder confundir
correger corrigir
finger fingir
empremer imprimir
traer trair
cometer admitir
intrometer vs. confundir
meter corrigir
prometer fingir
remeter imprimir
submeter trair
Presente do indicativo
Futuro do indicativo
Presente do conjuntivo
Futuro do conjuntivo
Condicional
Infinitivo flexionado
b. Infinitivo
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Gerúndio
Particípio passado
1ª Conjugação 2ª e 3ª Conjugações
Indicativo Pretérito mais-que-perfeito Ra
Pretérito imperfeito va A
Conjuntivo Pretérito imperfeito Sse
Presente e A
Futuro r (Exemplo: a)
Infinitivo r (Exemplo: b)
Gerúndio Ndo
Particípio Do
b. falara
falava
falasse
fale
falar
c.
falar-lhe-ei
bater-te-íamos
Do ponto de vista morfológico, a propriedade mais relevante tem a ver com o fato de
estas formas não serem estruturas morfológicas básicas. Com efeito, o futuro do
indicativo e o condicional são uma espécie particular de compostos, constituídos
31
Note-se, por último, que alguns verbos são defectivos por razões de natureza
fonética: vejam-se, por exemplo, (algumas d) as formas rizotônicas de verbos como
abolir, demolir, falir (Exemplo: abole, demoles, falo). Outros são defectivos por
razões de natureza semântica: alguns verbos não podem ter um sujeito [+humano],
o que bloqueia a flexão de primeira pessoa singular ou plural. É o que se passa com
os verbos que referem as chamadas ‘vozes dos animais’ (Exemplo: ladrar, miar,
zurrar), fenômenos meteorológicos (Exemplo: chover, nevar, trovejar), ou verbos
como acontecer. Esta defetividade não afeta, no entanto, a sua morfologia:
formalmente, palavras como demoles, miei, ou ladrámos são gramaticais e em
alguns registros discursivos metafóricos elas podem mesmo ser encontradas.
1 INTRODUÇÃO
A Linguística pode ser conceituada como uma ciência que estuda a linguagem. O
desenvolvimento desta ciência e a maneira de entender como funciona a linguagem,
além dos mecanismos de formação e evolução das línguas faladas, criou a base
para o surgimento de pesquisas e teorias acerca do assunto. Várias correntes, cada
uma com suas peculiaridades, surgiram com o intuito de estudar cientificamente a
linguagem, entre elas destacam-se: o estruturalismo, o funcionalismo e o
gerativismo.
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As ideias desenvolvidas por Wilhelm Von Humboldt consistiam em que a língua era
um organismo vivo, uma manifestação do espírito humano, era atividade e não um
ato. Essa concepção estruturalista do estudioso foi precursora do estruturalismo
linguístico de Ferdinand de Saussure. O estruturalismo não utilizava mais o método
comparativista, abandonava-se então a descrição histórica da língua e enfatizou-se
o estudo da linguagem em si mesma e seu caráter social.
Uma outra corrente, ainda ativa atualmente é a corrente gerativista, que teve início
nos Estados Unidos, com o pensamento do linguista norte-americano Noam
Chomsky. O estudioso propunha uma gramática universal que explicasse o
funcionamento das estruturas linguísticas da aquisição e a capacidade de uso da
língua através do estudo das faculdades mentais. Eis o papel do gerativismo: "[...]
constituir um modelo teórico capaz de descrever e explicar a natureza e o
funcionamento dessa faculdade mental" (KENEDY, 2008, p. 129).
Vale salientar algumas das distinções suscitadas por Saussure, no ponto de vista de
Leroy (1971): a primeira delas é a distinção entre língua (langue) e fala (parole), a
língua é a parte social da linguagem em que o indivíduo falante não pode modificá-
la, sendo um fenômeno externo a ele; e a fala, diz respeito ao ato linguístico
particular psicofisiológico de cada um.
Sobre o signo linguístico, Saussure (1969, p. 18) diz que "[...] a língua é conhecida
como um sistema de Signos"; ele faz uma conexão entre um significante (imagem
acústica) e um significado (conceito), cuja relação de ambos se define em termos
paradigmáticos e sintagmáticos.
Para Saussure (apud LEROY, 1971, p. 109), portanto, "a língua não é um
conglomerado de elementos heterogêneos; é um sistema articulado, onde tudo está
ligado, onde tudo é solidário e onde cada elemento tira seu valor de sua posição
estrutural".
Isto posto, Benveniste (1974, p. 8), que baseou sua obra Problèmes de Linguistique
Générale na obra de Saussure, o referido autor aponta como um fato curioso, que
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Por fim, a corrente de estudos linguísticos denominada gerativismo, teve seu início a
partir dos trabalhos do linguista Noam Chomsky. Ela foi inicialmente formulada como
uma oposição e rejeição ao modelo behaviorista da linguagem. Modelo este
embasado na premissa de que a linguagem "[...] era um fenômeno externo ao
indivíduo, um sistema de hábitos gerado como resposta a estímulos e fixado pela
repetição" (KENEDY, 2008, p. 128). Ou seja, a linguagem, para os behavioristas,
nada mais era do que um fenômeno dependente do condicionamento social,
proveniente da interação social entre os falantes de uma língua. Chomsky, criticando
a visão condicionada da linguagem, afirmou que todo ser humano era um ser
criativo, capaz de construir frases e ideias novas, jamais proferidas antes, e também
aplicando em sua fala regras gramaticais informais.
No início dos anos de 1980 houve uma evolução na corrente gerativa, em que a
competência linguística deu lugar à hipótese da gramática universal, que deve ser
entendida como: "[...] o conjunto das propriedades gramaticais comuns
compartilhadas por todas as línguas naturais, bem como as diferenças entre elas
que são previsíveis segundo o leque de opções disponíveis na própria GU".
(KENEDY, 2008, p.135).
Dessa forma, a gramática universal é formada por regras (princípios) invariáveis que
são aplicáveis do mesmo modo para todas as línguas, e também possuindo "[...]
parâmetros de variação, responsáveis por especificar propriedades variáveis de
línguas particulares." (BERLINCK; AUGUSTO; SCHER, 2001, p. 214).
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Vale ainda afirmarmos que o Estruturalismo de Saussure foi um grande corte com as
tradições linguísticas anteriores, ampliando os conhecimentos dos linguistas que
assim tiveram novos subsídios teóricos para formular seus próprios métodos. Como
foi o caso da Escola de Praga, berço do funcionalismo, que a partir das ideias de
Saussure acerca da língua e a dicotomia entre sincronia e diacronia, houve a
necessidade de descrever a ciência dos sons da língua.
global de que fazem parte. Sob este prisma, fazer ciências da linguagem é postular,
e simultaneamente, elucidar as estruturas sistêmicas inerentes ao enunciado. Cada
unidade é sistêmica e, portanto, só pode ser identificada no seu interior
O objetivo da gramática de Saussure é nomeado por seus seguidores de
"Estruturalismo", é estudar a organização da língua e o sistema linguístico,
investigando as relações entre as unidades linguísticas por meio de suas oposições
ou contrastes, ignorando totalmente o estudo da linguística histórica, ou seja, a
mutação do sistema através dos tempos.
A pergunta: O que é estruturalismo? Bartes (1970, p. 49) responde: "[...]. Não é uma
escola, nem mesmo um movimento, pois a maior parte dos autores que se associam
geralmente a esta palavra não se sentem, de modo algum, ligados entre eles por
uma solidariedade de doutrina ou de combate".
As correntes Funcionalistas atuais, por sua vez, com mais veemência enfatizam as
características inerentes ao emprego das expressões linguísticas no discurso,
abrangendo fenômenos interacionais, sociais, culturais, cognitivos e outros.
No que concerne aos principais representantes do Funcionalismo clássico, é
plausível citar os membros da Escola de Praga como (Buhler, Jakobson, e Martinet),
a escola de Londres e Halliday.
Para Halliday (apud NEVES, 2004), esse é o sentido básico e principal do termo
"função" do Funcionalismo. Na gramática funcional de Halliday, importam investigar
o modo como os significados são veiculados, o que implica considerar as formas da
língua como um meio para a realização de um propósito, e não como um fim em si
mesmo. A denominação Gramática Funcional diz respeito a uma teoria linguística
que, assentada no componente significativo (caráter funcional), procura interpretar
as formas linguísticas (caráter gramatical).
3 ANÁLISE SINTÁTICA
1 Frase
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2 Oração
O verbo pode estar elíptico (não aparece, mas existe). Exemplo: "O Jeca-Tatu de
Monteiro Lobato fez tanto sucesso quanto (fizeram) os Fradinhos que Henfil lançou
nas páginas do Pasquim";
3 Período
É o conjunto de orações. Ele pode ser constituído por uma ou mais orações. O
período pode ser: simples – constituído por apenas uma oração. Exemplo:
"Macunaíma é o herói com muita preguiça e sem nenhum caráter". E composto –
constituído por mais de uma oração. Exemplo: "Nós não podemos fingir /que as
crianças não têm inconsciente".
Exemplos:
a) Simples, quando houver apenas uma oração. Neste caso, temos oração
absoluta. Exemplos:
Autores como Chomsky (1998); Luft (2003); Negrão, Scher e Viotti (2003) se
preocupam a gramática gerativo-transformacional, visando elucidar alguns pontos
principais desta teoria. A Teoria de Chomsky é vista como um divisor de águas
dentro da linguística. Em 1957, ela viola o estruturalismo linguístico que se via até
então e dá novas bases para o estudo da linguagem.
Chomsky (1998), por sua vez, acrescenta que a linguagem é “a verdadeira distinção
entre o homem e o animal” e está ligada de forma crucial em todos os aspectos da
vida, pensamento e interação humana. O autor diz que a linguagem envolve o “uso
infinito de meios finitos”, falando que podemos formar inúmeras sentenças partindo
de algumas poucas regras de sintaxe. Também salienta que temos biologicamente
uma matriz inata que fornece uma estrutura na qual a língua se desenvolve, é a
chamada gramática universal, uma tese inatista de que a capacidade de linguagem
já nasce com o indivíduo e que este mesmo indivíduo consegue compreender a
sintaxe da língua materna nos primeiros anos de vida sendo um “adulto” do ponto de
vista linguístico já aos 6 anos.
Aqui, Luft critica a escola que com seu ensino gramaticista forçou que se
aprendesse de memória conceitos de análise sintática sem se dar conta de que o
aluno já sabia sintaxe deixando assim de tratar de assuntos mais relevantes como
leitura e produção de textos.
Chomsky reuniu seu estudo de gramática na sintaxe que, conforme ele, é um nível
autônomo, central para a explicação da linguagem. Mostrou que as análises
sintáticas da frase feitas até então não eram adequadas, principalmente porque não
diferenciavam o nível de estrutura de superfície e profunda. No nível da superfície
muitos enunciados podem ser analisados de maneira idêntica, porém no nível
profundo, no ponto de vista de seu significado subjacente as sentenças divergem.
Essa intuição linguística é também o que nos faz categorizar itens léxicos em
diferentes classes de palavras seguindo critérios semânticos, morfológicos e
distribucionais. Para exemplificar esses critérios os autores exemplificam do seguinte
modo: “podemos dizer que o falante reconhece que o item lexical “plongar” pertence
à mesma categoria do item lexical “cantar” porque ambos possuem a propriedade de
assumir formas variadas dependendo dos traços morfológicos de seus sujeitos, que,
de maneira geral, são os elementos que antecedem os verbos”.
No entanto, Orlandi (1999) afirma uma deficiência da teoria com a qual estou de
acordo. Chomsky sondou a competência linguística e deixou de lado o desempenho.
Trabalhou com o falante/ouvinte ideal e deixou de lado o real. Até que ponto os
dados explorados são concretos, e se esses dados não são completos, até que
ponto a teoria tem os pés fincados na realidade? Creio que contexto de situação,
sociedade e história são relevantes sem sombra de dúvidas, para a utilização (e
análise) da linguagem.
gramática que, por meio de um número finito de regras, fosse capaz de gerar todas
as frases de um idioma, do mesmo modo que um falante pode formar um número
infinito de frases em sua língua, mesmo quando nunca as tenha ouvido ou
pronunciado.
Tais regras, afirmou Chomsky, não são leis da natureza. Foram "construídas pela
mente durante a aquisição do conhecimento" e podem ser consideradas "princípios
universais da linguagem". A tese representou uma negação frontal do behaviorismo.
Cabia ao linguista a tarefa de construir essa gramática, a partir do que Chomsky
denominou "competência" (o conhecimento que o falante possui de sua língua e que
lhe permite gerar e compreender mensagens) e não do "desempenho" (o emprego
concreto que o falante faz de sua língua).
As regras gramaticais que permitissem gerar orações inteligíveis num idioma seriam
denominadas gramática gerativa. Em suas formulações sobre essa gramática,
Chomsky distinguiu três componentes: o sintático, com função geradora; o
fonológico, a imagem acústica da estrutura elaborada pelo componente sintático; e o
semântico, que interpreta essa imagem.
Conforme Koch & Silva (1996), “toda frase de uma língua consiste em uma
organização, uma combinação de elementos linguísticos agrupados segundo certos
princípios, que a caracterizam como uma estrutura”. Ainda segundo as autoras
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citadas, por trás da aparente diversidade que pode haver entre as tantas frases da
língua, todas obedecem a princípios de organização interna bem definidos.
Para evidenciar esta estrutura de que nos falam Koch & Silva (1996), temos de
decompor a frase/oração em unidades menores, e substituir estas unidades, por
aquelas equivalentes, que desempenham a mesma função. Este procedimento
denomina-se comutação. Exemplos:
Estes subconjuntos são blocos significativos e possuem equivalência entre si, pois a
troca de um pelo outro, não destrói a integridade das orações, como demonstraram
os exemplos. A estes blocos, ou unidades significativas, chamamos sintagmas. Os
sintagmas são compostos de um ou mais termos que possuem ordem e
interdependência. Constituem-se de um núcleo (que sozinho pode formar o
sintagma) e outros elementos que a ele podem se subordinar.
Assim, nos sintagmas: Pedro, o policial, a criancinha doente, meu filho, você, o
núcleo é um elemento nominal (nome ou pronome), tratando-se, pois, de sintagmas
nominais. Já em: está diante da vitrine de uma joalheria, deteve vários suspeitos do
furto, adormeceu, sonha ansiosamente com o dia de Natal e levará à encomenda, o
elemento fundamental é o verbo, de modo que se tem, no caso, sintagmas verbais.
SN SV
SN SV
Por mais longa que seja a frase, ela pode ser decomposta nesses dois
subconjuntos:
SN SV
A carrocinha de pão que passava pela minha rua todos os dias pertencia a um
antigo empregado da prefeitura municipal.
SN SV
Chove
SN SV
b) é móvel, ou seja, pode ser deslocado de sua posição normal (após o SN e o SV),
vindo anteposto a esses sintagmas ou, ainda, intercalado;
SN SV SP
SN SV SP SP
O → SN + SV (SP)
O Sintagma Nominal
O sintagma nominal (SN), como já se disse, pode ter como núcleo um nome (N) ou
um pronome (Pro) substantivo (pessoal, demonstrativo, indefinido, interrogativo,
possessivo ou relativo). No último caso, o pronome por si só constituirá o sintagma,
que terá a seguinte configuração:
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Sintagma Preposicionado
adv
SP (loc. adv.)
SP (loc.adv.) SN (loc.adv.)
c) a descrição torna-se mais coerente, uma vez que toma como base não a
estrutura, mas a função desses modificadores, que é a mesma.
Prep + SN
SP → adv
O Sintagma Adjetival
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O sintagma adjetival (SA) tem como núcleo um adjetivo que, à semelhança do que
ocorre nos demais tipos de sintagmas, pode vir sozinho ou acompanhado de outros
elementos: intensificadores (intens) e modificadores adverbiais (SPA), antepostos ao
núcleo, e sintagmas preposicionados (SPC), pospostos a ele. Observem-se os
exemplos:
Adj
SA
intens. adj.
SA
SP (tempo) adj.
AS
SP (modo) adj.,
AS
O Sintagma Verbal
O SV pode ser representado apenas pelo núcleo, isto é, o verbo, como em (30):
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Vintr
SV
SV → V. Intr. .
SN SV
Det N Mod V
SA
Vtr SN
SV
SV → Vtr + SN .
SN SV
Det N V SN
Det N
Vtr SPC
SV
SV → Vtr + SPC
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Não raro, aparecem, ainda, dentro do SV, elementos modificadores do verbo (quer
intransitivo, quer transitivo), que ora intensificam o processo verbal (intensificadores),
ora acrescentam circunstâncias de tempo, lugar, modo, entre outras. (SP A):
Vintr intens. SV
SV
SV
Considerando a descrição de todos os sintagmas (SN, SP, SA, SV), percebe-se que
apenas o SV desempenha sempre a mesma função na oração, a de predicado; os
demais podem exercer funções variadas, dependendo do nódulo ao qual se
encontram ligados. Assim, em (d), há dois SNs, o primeiro (o foragido) exercendo
função de sujeito porque se apresenta como uma primeira divisão da oração, e o
segundo (a fronteira) funcionando como objeto direto, porque é uma ramificação do
SV.
REFERÊNCIAS