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Resumo de Sintaxe

SINTAXE

Frase, Oração e Período

Frase

É todo e qualquer enunciado, do mais simples ao mais complexo, com sentido completo. A
frase pode ser:

1. nominal - a que não possui verbo:

Socorro!

Que linda noite de verão!

2. verbal - a que possui verbo:

Ajudem-no!

A noite está linda!

Oração

É o enunciado organizado em torno de um verbo. A principal característica da oração não é o


sentido completo (ainda que possa ter), mas sim o verbo:

Ele estuda muito.(Uma oração)

Ele quer que sejamos felizes.(Duas orações)

Período

É todo e qualquer enunciado de sentido completo, terminado por pausa gráfica forte e
possuindo pelo menos uma oração. O período pode ser:

1. simples - o que só possui uma oração:

Sentíamos o perfume das flores.

2. composto - o que possui mais de uma oração:

Alguns cantavam e outros dançavam.

Quando ela chegou, não nos disse se tivera êxito.

O período pode ser composto:

a. por coordenação - quando as orações são independentes:


O diretor chegou, deu algumas ordens, saiu em seguida.

Choveu, porém continua quente.

b) por subordinação - quando as orações estão subordinadas a uma principal:

Chame aquele menino que está brincando.

Não sabemos se ele virá.

TERMOS DA ORAÇÃO

Sujeito

É o ser (pessoa, animal ou coisa) sobre o qual se faz uma declaração:

Ele está escrevendo cartas.

Núcleo do Sujeito

O núcleo do sujeito é a palavra à qual está ligada a declaração contida no predicado:

Aquela casa branca foi vendida.

Classificação do Sujeito

1. SIMPLES - o que possui apenas um núcleo:

Minha irmã foi ao mercado.

Vocês conhecem meu pai?

2. DESINENCIAL, OCULTO ou ELÍPTICO - o que é determinado pela desinência


verbal:

És um bom amigo. (= Tu).

Iremos à praia. ( = Nós).

3. COMPOSTO - o que possui mais de um núcleo:

Pedro e Paulo chegaram agora.

O livro, o caderno, a caneta e a régua estão naquela gaveta.

4. INDETERMINADO - o que não de pode ou não se quer determinar. O verbo pode estar:

a) na 3ª pessoa do plural - equivalente a eles, sem informação a respeito da pessoa:

Quebraram a vidraça.
Observação - na frase "Ela e o irmão saíram cedo; só voltarão à noite", embora o verbo da
segunda oração esteja na 3ª pessoa do plural e o sujeito não esteja expresso, sabemos qual
é o sujeito, pois o pronome eles nos remete a Ela e o irmão, sujeito da 1ª oração; trata-se
apenas de um sujeito desinencial.

b. na 3ª pessoa do singular (intransitivo, transitivo indireto ou de ligação) com o


pronome SE , que será índice de indeterminação do sujeito:

Vive-se bem aqui.

Precisa-se de operários..

Observação - se o verbo for transitivo direto é voz passiva, tem sujeito (simples ou
composto) e é preciso fazer concordância:

5. ORAÇÃO SEM SUJEITO ou INEXISTENTE - quando a oração é uma simples anunciação


de um fenômeno, é a informação da ocorrência ou existência de algo ou apenas a indicação
de tempo, quantidade ou distância.

Nesse caso, a estruturação expressiva centra-se em verbo considerado impessoal.

Desta forma, nas situações abaixo os verbos são considerados impessoais e, por conseguinte,
a oração não tem sujeito:

a) verbos que indicam fenômenos da natureza:

Anoiteceu..

Observação: caso o verbo indicador de fenômeno meteorológico seja empregado


conotativamente, a oração passará a ter sujeito normalmente.

A cidade anoitecia aos poucos (sujeito: a cidade).

b. verbo haver quando sinônimo de existir ou acontecer, ou ainda indicando


tempo:

Havia pessoas no jardim..

Ele partiu há dois anos.

Observação - o verbo existir não é impessoal:

Existe um lustre na sala. / Existem lustres na sala.

c. ser indicando hora, data, quantidade ou distância (único caso de oração sem sujeito
em que o verbo pode ficar na 3ª pessoa do plural):

É uma hora. / São duas horas.

É primeiro de outubro. / São vinte de dezembro.

Daqui até lá é um quilômetro. / São muitos quilômetros.


d. ser, estar, ficar, continuar, fazer, ir, passar, etc. indicando fenômeno da natureza
ou tempo decorrido:

É primavera.

Estava tão quente!.

Fez frio. / Fez dois anos que ele partiu.

Vai para cinco anos que nos conhecemos.

Já passa de um ano que trabalho lá.

e. verbos chegar e bastar seguidos da preposição de indicando ordem ou comando:

Chega de tanta conversa..

Basta de reclamações.

Observação - na locução verbal o auxiliar assume a flexão do verbo principal; sendo


impessoal, a locução será impessoal, pois a pessoalidade ou impessoalidade é determinada
por ele:

Existem tantas pessoas bondosas! / Devem existir tantas pessoas bondosas! (Verbo pessoal)

Há muitos meninos na praça. / Deve haver muitos meninos na praça. (Verbo impessoal)

PREDICADO

É a declaração que se faz sobre o ser:

Alguns garotos gostam de nadar.

Observação - nas orações com sujeito desinencial, indeterminado ou inexistente (oração sem
sujeito), a oração é formada apenas pelo predicado:

Estou cansado.

Gritaram lá fora.

Havia fila diante do cinema.

Predicação Verbal

Quanto à predicação o verbo pode ser: intransitivo, transitivo ou de ligação.

1. INTRANSITIVO

É intransitivo o verbo que tem sentido completo, não precisando, portanto, de complemento
verbal (objeto). São intransitivos:

chorar

dormir
entrar

voar, etc.

Ex.: O bebê dormiu.

2. TRANSITIVO

É transitivo o verbo que não tem sentido completo e por isso precisa de um complemento
verbal (objeto). O verbo transitivo divide-se em direto, indireto e direto e indireto:

a. direto - é o verbo que se liga a seu complemento (objeto direto) sem o auxílio de
preposição. São transitivos diretos:

abrir

amar

comprar

ver, etc.

Ex.: O menino contava as balas.

b)indireto - é o verbo que se liga a seu complemento (objeto indireto) com o auxílio de
preposição. São transitivos indiretos:

acreditar

concordar

confiar

crer

precisar, etc.

Ex.: Cremos em Deus.

c) direto e indireto - é o verbo que precisa de dois complementos, um sem preposição (objeto
direto) e o outro com preposição (objeto indireto). São transitivos diretos e indiretos:

atear

contar (= narrar)

dar

preferir, etc.

Ex.: Conte uma história às crianças.


3. DE LIGAÇÃO

É o verbo cuja função é apenas ligar o sujeito a um estado, qualidade ou atributo. É claro que
haverá sempre, na oração um nome que representará o estado, a qualidade, ou o atributo.
Esse termo chama-se predicativo. Exs.:

Ela é feliz.

Ela é generosa.

Ela é minha irmã.

São verbos de ligação:

andar

continuar

estar

ficar

parecer

permanecer

ser

tornar-se

Lembre-se de que o verbo só é de ligação se estiver acompanhado de predicativo (estado,


qualidade ou atributo), caso contrário não terá a função de ligar o sujeito ao predicativo. Será

então classificado como intransitivo:

Ela continua contente (de ligação).

Ela continua na escola (intransitivo).

Classificação do Predicado

O predicado pode ser verbal, nominal ou verbo-nominal:

1. verbal - é aquele que tem como núcleo um verbo (intransitivo ou transitivo):

Maria brincava no parque no parque. (Intransitivo)

Vocês já comeram o bolo? (Transitivo direto)

Acredito em você. (Transitivo indireto)

Entregue o embrulho a teu tio. (Transitivo direto e indireto)


2. nominal - é aquele que tem verbo de ligação e cujo núcleo é um nome, que se
chama predicativo:

Elas são enfermeiras.

3. verbo-nominal - é aquele que tem dois núcleos: um verbo (intransitivo ou transitivo) e um


nome (predicativo):

Ele chegou febril.

Compramos a casa felizes.

Preciso de você otimista.

Os pais emprestaram o carro a Pedro preocupados o carro a Pedro preocupados.

PREDICATIVO

Predicativo é o termo que indica estado, qualidade ou atributo:

Ele viajou resfriado.

Ele tornou-se culto.

Ele é vendedor.

Classificação do Predicativo

1. predicativo do sujeito - é o que se refere ao sujeito:

Minha prima está satisfeita.(Minha prima é sujeito).

2. predicativo do objeto - é o que se refere ao objeto (direto ou indireto):

Encontrei minha prima satisfeita. (Minha prima é objeto direto).

Gosto de minha prima satisfeita. (Minha prima é objeto indireto).

COMPLEMENTOS DO VERBO

Os complementos do verbo são dois: objeto direto e objeto indireto.

I. OBJETO DIRETO - é o complemento de verbo transitivo direto e um dos


complementos do verbo transitivo direto e indireto; normalmente está ligado ao
verbo sem preposição.

Ele quer uma xícara de chá. (Transitivo direto)


Entreguei o presente a João. (Transitivo direto e indireto)

O objeto direto pode ser: pleonástico, cognato ou preposicionado.

1. OBJETO DIRETO PLEONÁSTICO

Por motivos puramente estilísticos, como, por exemplo, para chamar a atenção sobre o
próprio objeto direto, pode esse termo aparecer repetido na oração.

Não é exigência verbal, é apenas uma forma enfática que pode ser retirada da oração sem
qualquer ônus para o entendimento.

A esse pleonasmo é dado o nome de objeto direto pleonástico, justamente por ser a repetição
do objeto direto normal.

Nesse caso, uma das formas é sempre um pronome átono.

Estas belas flores, comprei-as ontem.

Os livros, leio-os saboreando como fruta madura.

2. OBJETO DIRETO COGNATO (ou INTERNO)

Pode o verbo intransitivo ser usado transitivamente (sempre transitivo direto, jamais
indireto). A mudança de predicação só é possível se usarmos como objeto direto
complemento representado por substantivo do mesmo radical do verbo (termo cognato) ou
substantivo que pertença ao mesmo grupo de idéias do verbo e é comum que tal
complemento venha acompanhado de expressão qualificadora.

"E rir meu riso e derramar meu pranto."

As crianças dormiam um sono tranqüilo.

3. OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO

Não é raro encontrar o objeto direto precedido de preposição. Nesses casos, a preposição não
é exigência do verbo, mas necessidade estrutural do próprio termo núcleo do objeto direto.

Há casos em que o emprego do objeto direto preposicionado é facultativo e outros em que é


obrigatório.

Casos em que é facultativo:

a) com pronomes de tratamento:

Estimo a Vossa Senhoria.

b. quando o objeto direto precede o verbo:

Aos meninos não convidou.

c) quando o objeto direto é nome próprio de pessoa:


Censuraram a Paulo.

d. quando o objeto direto é composto, sendo o primeiro núcleo um pronome átono:

Respeita-me e a meus amigos.

e. quando há idéia de comparação:

Olhou-te como a um inimigo.

f. quando há idéia de partitivo:

Beba do leite.

g. quando se quer enfatizar o objeto direto:

Ele sacou da arma.

h. com pronomes indefinidos:

Elogiamos a todos.

i) com o pronome QUEM se ele não possuir antecedente:

A quem encontraremos na festa?

j. com numerais:

Sempre trataste aos dois com o mesmo carinho.

Casos em que é obrigatório:

a) com o nome Deus com o nome Deus:

Louvamos a Deus.

b) quando houver ambigüidade de sentido quando houver ambigüidade de sentido:

"A mãe ao próprio filho não conheça." (Camões)

c) quando os pronomes pessoais mim, ti, si, nós, vós, ele(s), ela(s) exercem função de
objeto direto:

Ele chamou a ti.

II. OBJETO INDIRETO - é o complemento de verbo transitivo indireto ou um dos


complementos do verbo transitivo direto e indireto; representa o ser ou coisa a que se
destina a ação, ou em cujo proveito ou prejuízo a ação se realiza.

Quando não representado por pronome átono, virá obrigatoriamente regido de preposição
exigida pelo verbo.
Confie neles.

Entregue este bilhete a Maria.

O objeto indireto pode ser pleonástico.

OBJETO INDIRETO PLEONÁSTICO

Por uma questão de estilo ou quando se quiser realçar o objeto indireto, costuma-se repetir
esse termo. Nesse caso, uma das formas é necessariamente um pronome pessoal átono. Ao
termo que repete o objeto indireto dá-se o nome de objeto indireto pleonástico.

A ele, dei-lhe todo o meu amor.

Ofereci-lhes, a José e João, nossa ajuda.

Termos da Oração

COMPLEMENTO NOMINAL

É o termo que completa o sentido de um nome incompleto do mesmo modo como o objeto
completa o verbo. Vem sempre acompanhado de preposição.

O nome completado pelo complemento nominal é um adjetivo, advérbio ou substantivo e é


sempre abstrato.

1. completando substantivos:

As crianças têm necessidade de proteção.

Foi realizada a venda da casa?

2. completando adjetivos:

Isso é benéfico ao país.

Estão todos preocupados com você.

3. completando advérbios:

Ele mora perto de Pedro.

Sempre pensamos favoravelmente aos jovens.

AGENTE DA PASSIVA

É o termo que, na voz passiva analítica (com auxiliar), designa o ser que realiza a ação
verbal da qual o sujeito é o paciente. O agente da passiva vem sempre precedido de
preposição:
Este quadro foi pintado por Renoir.

Ela é estimada de todos.

O motor é movido a gás.

Observações:

1. Nem sempre o agente da passiva está expresso:

A janela foi consertada ontem.

2. O agente da voz passiva sintética jamais está expresso:

Vende-se um barco.

Termos da Oração

ADJUNTO ADNOMINAL

É o termo de valor adjetivo que gira em torno de um núcleo substantivo ou substantivado de


um outro termo da oração. O adjunto adnominal pode pertencer:

1. ao sujeito:

Aquele livro é meu.

2. ao predicativo:

Ela é tua amiga?

3. ao objeto direto:

Traga o jornal.

4. ao objeto indireto:

Gosto de sorvete de morango.

5. ao complemento nominal:

Ele tem adoração por esta moça.

6. ao agente da passiva:

A revista será lida por vários alunos.

7. ao aposto:

Aquele é Pedrinho, filho de Maria.

8. ao vocativo:
Meu Deus, ajuda-nos.

Observações:

a) Muitas vezes há mais de um adjunto adnominal em torno do mesmo núcleo:

A menina morena é Marta.

Vendi meu carro branco.

b) Os pronomes átonos, quando exercem função de adjunto adnominal, têm valor de


possessivos:

Corrigiu-nos os defeitos ( = Corrigiu nossos defeitos).

Tocou-te o rosto ( = Tocou teu rosto).

c. O adjunto adnominal confunde-se freqüentemente com o complemento nominal,


porém devemos nos lembrar de que este último completa nomes abstratos:

Tenho uma caixa de jóias. (Adjunto adnominal)

Tenho pavor de fantasmas.

Definição de Regência

Regência em sentido amplo

Dentro da estrutura frasal, as palavras são interdependentes, isto é, umas dependem de outras. Podemos assim dizer
que a frase é uma seqüência de termos subordinantes e subordinados (termos que completam, modificam, estão na
dependência de subordinantes).

• o predicado é subordinado em relação ao sujeito, que é subordinante:

• os complementos verbais são subordinados ao verbo, que é subordinante:

• os complementos nominais são subordinados em relação ao nome, que é subordinante:


• os adjuntos são subordinados ao nome ou ao verbo:

Regência, em sentido amplo, é sinônimo de subordinação.

Regência em sentido estrito

Trata das relações de dependência entre:

• O verbo e seus complementos. Neste caso, diz-se que a regência é verbal. Exemplo:

Nos dois primeiros exemplos, a relação de dependência entre os verbos e os complementos é feita
diretamente, isto é, sem auxílio de preposições. Nos dois outros exemplos, com o auxílio de preposições.

• O nome e seus complementos. Neste caso, diz-se que a regência é nominal.

As preposições desempenham papel relevante no capítulo da regência. O uso correto das preposições é um
indicador seguro do conhecimento da língua.

Casos de Regência

São apresentados a seguir casos de regência em que se verifica divergência entre o que preceitua o ensino
tradicional e a realidade lingüística atual.
A abordagem que se faz desses casos diverge consideravelmente da realizada pela maioria dos manuais de cultura
idiomática, que privilegiam apenas as regências primárias, originárias, não registrando, por isso, as fortes tendências
evolutivas nesta área. Dá-se atenção, nesta apresentação, às inovações sintáticas observadas na realidade lingüística
atual, tendo como base as pesquisas de Luiz Carlos Lessa e Raimundo Barbadinho Neto, amplamente aproveitadas por
Celso Pedro Luft em seu "Dicionário Prático de Regência Verbal".
Na apresentação dos aspectos normativos da língua, como em qualquer apreciação de fatos lingüísticos, há que se
observar o que é preferível, o que é tolerável, o que é admissível, o que é aceitável, o que é grosseiro, o que é
inadmissível, deixando de lado a dicotomia elementar, o primitivismo lingüístico que observa a língua sob o prisma
estreito de "certo" x "errado".

1 - Agradar (desagradar)

Sentido: Causar agrado; ser agradável.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: a
Exemplo: O professor agradou aos alunos.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Emprega-se também como transitivo direto.
Exemplo: O filho agradou a mãe.
Observação:
- Este uso já era encontrado entre os clássicos.
- Esta regência explica-se por analogia com "contentar", transitivo direto.

2 - Aspirar

Sentido: Desejar; anelar.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: a
Exemplo: Aspirar ao cargo.
Observação: Esta é a sintaxe originária.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Emprega-se também como transitivo direto.
Exemplo: Aspiro o cargo.
Observação:
- É uma inovação regencial sob a pressão semântica de "desejar", "querer", "pretender" - todos verbos transitivos
diretos.
- Em nível culto formal, Luft recomenda a sintaxe originária.

3 - Assistir

Sentido: Ajudar; auxiliar.


De acordo com o ensino tradicional
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: a
Exemplo: O médico assiste ao doente.
Observação: Esta é a regência primitiva.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Emprega-se também como transitivo direto.
Exemplo: O médico assiste o doente.
Observação: É uma evolução regencial sob a pressão de "ajudar", "auxiliar" - verbos transitivos diretos.

4 - Assistir
Sentido: Presenciar.
De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: a
Exemplo: Assisti ao filme.
Observação: Esta é a regência primária, original.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Emprega-se também como transitivo direto.
Exemplo: Assisti o filme.
Observações:
- É uma evolução regencial sob a pressão de semântica de "ver" - verbo transitivo direto.
- A forma passiva "o filme foi assistido" comprova a transitivação do verbo.
- De acordo com luft, o mais que se pode é aconselhar a sintaxe original, tradicional.

5 - Chegar

Sentido: Atingir o término do movimento de ida ou vinda.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: a
Exemplo: Chegou cedo à escola.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: em
Exemplo: Chegou cedo na escola.
Observações:
- A preposição "em" é exclusiva diante da palavra "casa". Exemplo: Chegou em casa.
- No Brasil, usa-se muito a construção com a preposição "em". É, portanto, um brasileirismo. Exemplo: Quando ele
chegou na porta da cozinha.
- "Já se tolera o "chegou em" na linguagem escrita". (Sílvio Elia).
- Luiz Carlos Lessa e R. Barbadinho Neto confirmam amplamente essa regência entre os modernistas.
- Mesmo assim, Luft entende que, em texto escrito culto formal, melhor se ajusta o "Chegar a".

6 - Ir

Sentido: Deslocar-se de um lugar para outro.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: para, a
Exemplos:
- Para: Quando há intenção de permanecer, de fixar residência. "Ir para Porto Alegre".
- A: Quando há intenção de não se demorar, de não fixar residência. "Ir a Porto Alegre".
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: em
Exemplo: Ir no colégio.
Observações:
- A regência"ir em" é típica da fala brasileira, podendo até ser sobrevivência da língua arcaica.
- "Os portugueses dizem ir à cidade. Os brasileiros, na cidade. Eu sou brasileiro". (Mário de Andrade).
- Na fala brasileira, prevalece o emprego de "para", sobre o "a". Apesar disso, Luft recomenda o "ir a" / "ir para" na
linguagem culta formal, sobretudo escrita.

7 - Morar

Sentido: Ter habitação ou residência; habitar.


De acordo com o ensino tradicional:
Preposição: "em", em todos os contextos
Exemplos:
- Moro em Porto Alegre.
- Moro na Rua da Saudade.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Preposição: Emprega-se também com a preposição "a" com o substantivo "rua", e menos freqüentemente, com outros
femininos, como "avenida", "praça", "travessa", na linguagem escrita de jornal, tabelionato, etc.

8 - Namorar

Sentido: Cortejar.
De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo direto
Exemplos:
- Namorar alguém.
- Namorá-lo.
Observação: Esta é a regência primitiva.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: com
Exemplo: Namorar com alguém.

9 - Obedecer (desobedecer)

Sentido: Submeter-se à vontade de alguém.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: a
Exemplo: Obedeço aos pais.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Emprega-se também como transitivo direto.
Exemplo: Obedeço os pais.
Observações:
- Entre os clássicos antigos, aparece como transitivo direto.
- Os modernistas também empregam esta construção.
- A passiva é vista como normal.
- Luft recomenda na linguagem culta formal a construção com objeto indireto.
- A mesma descrição vale para o verbo "desobedecer".

10 - Pagar

Sentido: Satisfazer dívida, encargo, etc.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo direto e indireto; objeto direto do que se paga e objeto indireto de pessoa (a quem se paga)
Exemplos:
- Paguei a consulta.
- Paguei ao médico.
- Paguei a consulta ao médico.
Observação: Esta é a sintaxe originária.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Emprega-se também como objeto direto de pessoa.
Preposição: com
Exemplo: Paguei o médico.
Observação:
- Os puristas condenam esta construção.
- Segundo Luft, quando muito, pode-se dizer que, na língua escrita formal, a sintaxe "pagar a alguém", "pagar-lhe" é
preferível a "pagar alguém".

11 - Pisar

Sentido: Pôr os pés sobre.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo direto
Exemplo: Não pise a grama.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: em
Exemplo:
- Não pise na grama.
- Pisar em ovos.
- Pisar nos calos.

12 - Preferir

Sentido: Dar primazia a.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo direto e indireto
Preposição: a
Exemplo: Prefiro o azul ao vermelho.
Observação: Esta é a sintaxe primária.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Também ocorrem as construções "preferir antes ou mais ((do) que)".
Exemplos:
- Prefiro mais a música do que a pintura.
- Prefiro antes a música que a pintura.
Observações:
- Há abonações literárias dessa regência.
- Segunto Nascentes, "não há erro nenhum nas expressões "preferir antes ou preferir do que"".
- De acordo com Luft, "Mesmo assim, em lingua culta formal, cabe a sintaxe primária".

13 - Querer

Sentido: Ter afeto; amar; estimar.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: a
Exemplo:
- Quer a alguém.
- Querer-lhe.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Emprega-se também como verbo transitivo direto.
Exemplo:
- Quer alguém.
- Querê-lo.
Observação:
- É inovação regencial por influência de "amar" - verbo transitivo direto.
- Para Luft, pode-se recomendar a variante com objeto indireto (querer a alguém), na modalidade culta formal, sem,
no entanto, condenar a outra (querê-la).

14 - Sentar

Sentido: Tomar assento.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: a
Exemplo: Sentar-se à mesa.
Observação: Esta é a sintaxe originária.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Verbo transitivo indireto
Preposição: Emprega-se também com a preposição "em"
Exemplo: Sentar-se na mesa.
Observação:
- "Sentar em" é um brasileirismo.
- De acordo com Luft, "Em linguagem culta formal, mantenha-se a sintaxe primitiva".

15 - Visar

Sentido: Ter em mira; ter em vista; objetivar.


De acordo com o ensino tradicional:
Verbo: Transitivo indireto
Preposição: a
Exemplo: Eles visam a fins nobres.
Observação: Esta é a regência primária, originária.
De acordo com a realidade lingüística atual:
Verbo: Emprega-se também como verbo transitivo direto.
Exemplo: Eles visam fins nobres.
Observação:
- É uma inovação regencial sob a pressão semântica de "pretender", "buscar" - verbos transitivos diretos.
- Vários gramáticos e dicionaristas registram esta sintaxe.

16 - De + o/a + substantivo + infinitivo


ou De + pronome + infinitivo

De acordo com o ensino tradicional: - Não se contrai a preposição e o artigo neste tipo de construção.
Exemplos:
- Há possibilidade de o chefe se atrasar.
- Está na hora de o trem partir.
- Apesar de ele se mostrar indiferente, é muito solidário.
- Isso se deve ao fato de o português ser assim.
De acordo com a realidade lingüística atual: - É natural a contração da preposição com o artigo ou com o pronome.
Exemplo: Está na hora do trem partir.

17 - Entregar a domicílio/Em domicílio

De acordo com o ensino tradicional (regra purista):


• A Domicílio: Com verbos que indicam movimento.
- Exemplo: Ir a domicílio. Enviar encomendas a domicílio.
• Em Domicílio: Com verbos que não indicam movimento.
- Exemplo: Dar aulas em domicílio. Fazer as unhas em domicílio.
De acordo com a realidade lingüística atual:
- Usa-se "a domicílio" em ambos os casos.
Exemplo: Entrega a domicílio.

18 - Complemento comum a verbos de regência diferente

De acordo com o ensino tradicional (regra purista):


• Verbos com regência diferente não podem reger um mesmo complemento. Estariam, pois, erradas as frases:
- Entraram e saíram da sala (entrar em/sair de).
- Compreendeu e participou da alegria do marido (Compreender algo/participar de algo).
- Fui e voltei a Porto Alegre (ir a/voltar de).
• O correto seria:
- Entraram na sala e saíram dela.
- Compreendeu a alegria do marido e participou dela.
- Fui a Porto Alegre e voltei (de Porto Alegre).
De acordo com a realidade lingüística atual:
- Prefere-se a construção simplificada.
Exemplo: Entraram e saíram da sala.

O Acento Indicativo de Crase

Que é Crase

Observe o que acontece quando pronunciamos as palavras "casa amarela": o "a" final de "casa" e o "a" inicial de
"amarela" contraem-se, e as duas palavras soam como uma só / casaamarela/. Essa contração denomina-se de "crase".

O mesmo acontece com:

• este estudo: /estestudo/ ou /estistudo/


• guri impossível: /gurimpossível/
• todo ondulado: /todondulado/ ou /todundulado/

Crase é, pois, a contração de duas vogais idênticas.

Observe agora as frases

1. Dirijo-me a a sala.
2. Dirijo-me a aquela sala.
3. Aquela é a sala a a qual me dirijo.
4. Esta sala é idêntica a a do prédio 7.

onde

• em 1., 2. e 3., o verbo "dirigir" requer a preposição "a": quem se dirige se dirige a algum lugar;
• em 1., a palavra "sala" aceita o artigo "a": A sala é ampla;
• em 2., a palavra "aquela" inicia com "a";
• em 3., o pronome relativo é "a qual", "as quais", sempre acompanhado pela partícula "a".
• em 4., o adjetivo "idêntico" requer a preposição "a": uma coisa é idêntica a outra. O segundo "a" é o
pronome demonstrativo "a", equivalente a "aquela".

Nesses casos, também ocorre a contração de duas vogais: a + a. A contração é sinalizada pelo acento grave
(`). Por isso as frases devem ser reescritas assim:

1. Dirijo-me à sala.
2. Dirijo-me àquela sala.
3. Aquela é a sala à qual me dirijo.
4. Esta sala é idêntica à do prédio 7.

Os casos de crase assinalada na escrita com acento grave são, pois, os seguintes:

preposição "a" + artigo feminino "a(s)": "à(s)";


preposição "a" + "a" do pronome demonstrativo
"àquele(s), "àquela(s)" e "àquilo";
"aquele(s)", "aquela(s)" e "aquilo":
Preposição "a" + o "a(s)" de "a qual", "as quais": "à qual", "às quais";
preposição "a" + "a(s)" (= pronome demonstrativo = "aquela(s)"): "às".

Vamos analisar cada uma dessas quatro situações.

Crase: contração da preposição "a" + artigo femino "a(s)".

A correta utilização do acento indicativo de crase é uma questão de análise do enunciado. Trata-se de averiguar se
ocorre a preposição "a" e o artigo feminino "a(s)", antes, evidentemente, de uma palavra feminina.

2.1 A ocorrência da preposição "a"

Todo falante da língua reconhece, normalmente, a ocorrência (ou não) da preposição "a" nos enunciados, exigida
por certos substantivos, adjetivos, advérbios e verbos.

2.1.1 A preposição "a" exigida por substantivos e adjetivos

Substantivos e Adjetivos Pergunta que o falante pode fazer Exemplo


Atento Quem é atento é atento a ... Atento à aula.
Contrário Quem é contrário é contrário a ... Contrário à guerra.
Devoção Quem tem devoção tem devoção a ... Devoção à santa.
Anterior Algo é anterior a ... Anterior à invenção da escrita.
Desfavorável Quem é desfavorável é desfavorável a ... Desfavorável à doação.
Grato Quem é grato é grato a ... Grato à comunidade.
Indêntico Quem é idêntico é idêntico a ... Idêntico à irmã.
Nocivo Algo é nocivo a ... Nocivo à saúde.
Próximo Algo é próximo a ... Próximo à sala.
Horror Quem tem horror tem horror a ... Horror à guerra do Iraque.
Indiferente Quem é indiferente é indiferente a ... Indiferente à guerra do Iraque.
Obediente Quem é obediente é obediente a ... Obediente à lei.
Necessário Algo é necessário a ... Necessário à escola.
Posterior Algo é posterior a ... Posterior à invenção da escrita.

2.1.2 A preposição "a" exigida por verbos

Verbos Pergunta que o falante pode se fazer Exemplo


Aspirar (=desejar; regência tradicional) Quem aspira aspira a ... Aspirar à meta.
Assistir (=presenciar; regência tradicional) Quem assiste assiste a ... Assistir à cena.
Perdoar Quem perdoa perdoa alguma coisa a alguém ... Perdoar a falta à criança.
Obedecer (regência tradicional) Quem obedece obedece a ... Obedecer à lei.
Visar (= ter em mente; regência tradicional) Quem visa visa a ... Visar à meta.

Além de analisar a ocorrência ou não da preposição "a", deve-se observar se a palavra é feminina e se admite o
artigo "a".

2.2 Ocorrência do artigo feminino "a(s)"

Todo falante tem competência para saber se a palavra feminina aceita ou não o artigo "a(s)". Faça seu teste,
colocando ou não o artigo antes das palavras:

1. ____ Maria Santíssima


2. ____ Atenas
3. ____ Curitiba
4. ____ Roma
5. ____ Copacabana
6. ____ Bahia
7. ____ Roma Imperial
8. ____ Atenas de Péricles
9. ____ Vossa Senhoria
10. ____ Vossa Excelência
11. ____ Ela

Você constata facilmente que apenas os itens 6., 7. e 8. admitem artigo: basta elaborar uma frase com os referidos
itens:

6. A Bahia é um estado próspero.


7. A Roma Imperial foi ...
8. A Atenas de Péricles foi ...

2.3 Conclusão

Como dissemos há pouco, o correto emprego do acento indicativo de crase depende da análise do enunciado: trata-
se de observar

1. se ocorre a preposição "a";


2. se a palavra é feminina;
3. se a palavra feminina aceita o artigo "a(s)".

Dada, por exemplo, a frase: "Vou a Brasíla." Trata-se de analisar se

• ocorre a preposição. Para tanto, faça o seguinte raciocínio: quem vai vai a algum lugar, assim você
observa a presença da preposição "a";
• a palavra é feminina;
• a palavra admite artigo "a'. Faça uma outra frase e comprove: "Brasília é muito linda" e não "A Brasília é
muito linda". Assim você conclui que a palavra feminina não admite artigo.

Conclusão: não ocorrem dois "ás" no enunciado, mas apenas um, que é a preposição "a". Portanto,sem
acento indicativo de crase. A não-ocorrência de um dos "ás" pode ser sinalizada mediante a seguinte
visualização:
Vou a Ø Brasília

em que o símbolo Ø indica a inexistência do artigo "a".

Siga o mesmo raciocínio para os exemplos a seguir:

Verbo Ocorre preposição? Ocorre artigo? Palavra feminina Resultado


Irei a a Bahia Irei à Bahia.
Irei a Ø Belém Irei a Belém.
Vou Brasília
Vou Fortaleza
Dirijo-me Santa Catarina
Dirijo-me Florianópolis
Vou São Paulo
Vou Santos
Fui Itu
Vou Maceó
Vou China
Irei Alemanha
Irei Portugal
Irei Roma

Você deve ter concluído que ocorre a crase antes de "Bahia", "China" e "Alemanha"

Se você analisar o enunciado e raciocinar, a maioria das regras torna-se dispensável; ou você mesmo pode
formulá-los.

Observe o conjunto de exemplos abaixo:

• Cláudia ficou a ver navios. -> Cláudia ficoi a Ø ver navios.


• Continuamos a respirar ar impuro. -> Continuamos a Ø respirar ar impuro.
• Estamos dispostos a resolver seu problema. -> Estamos dispostos a Ø resolver seu problema.

Como você pode constatar, não há acento indicativo de crase, porque ocorre apenas um "a", que é a
preposição, uma vez que os verbos não admitem artigo, fato assinalado pelo símbolo Ø.

Regra: Não ocorre acento indicativo de crase antes de verbos, pois não admitem artigo.

• Refiro-me a ti -> Refiro-me a Ø ti.


• Dirigi-me a ela -> Dirigi-me a Ø ela.
• Apresento-o a você -> Apresento-o a Ø você.
• Venha a nós o Vosso Reino -> Venha a Ø nós o Vosso Reino.
• Respondo a Vossa Senhoria -> Respondo a Ø Vossa Senhoria.
• Não me referi a esta carta -> Não me referi a Ø esta carta.
• Direi a qualquer pessoa -> Direi a Ø qualquer pessoa.
• Refiro-me a uma pessoa educada -> Refiro-me a Ø uma pessoa educada.
Regra: Não ocorre acento indicativo de crase antes de pronomes pessoais, demontrativos, indefinidos, e
expressões de tratamento, pois não admitem artigo. O "a", nos exemplos acima, é meramente preposição,
exigida pelos verbos, conforme sinalização. <>

• Não assisto a cenas de guerra -> Não assisto a Ø cenas de guerra.


• Entregou-se a férteis cogitações -> Entregou-se a Ø férteis cogitações.
• Não prestaram atenção a verdades preciosas -> Não prestaram atenção a Ø verdades preciosas.

Regra: Não ocorre acento indicativo de crase quando o "a" estiver no singular e a palavra feminina seguinte
estiver no plural: o "a" é apenas preposição, exigida pelas palavras que vêm antes, conforme sinalização.

Diferente seria a situação seguinte:

• Não assito às cenas de guerra -> Não assisto a + as cenas de guerra.


• Entregou-se às férteis cogitações -> Entregou-se a + as férteis cogitações.
• Não prestaram atenção às verdades preciosas -> Não prestaram atenção a + as verdades preciosas.

em que temos a preposição "a" + o artigo "as", conforme indicação.

• Andar a cavalo -> Andar a Ø cavalo.


• Vir a pé -> Vir a Ø pé.
• Vender a prazo -> Vender a Ø prazo.

Regra: Não ocorre acento indicativo de crase antes de palavras masculinas, pois não admitem artigo "a". O "a"
dos exemplos é meramente uma preposição.

Observe:

• Cláudia é estudiosa.
A Cláudia é estudiosa.

• Débora é aplicada.
A Débora é aplicada.

• Júlia é assídua.
A Júlia é assídua.
Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo antes de nomes próprios femininos.

Então, podemos escrever as frases abaixo da seguinte forma:

• Refiro-me à Cláudia.
• Respondo à Débora.
• Dirijo-me à Júlia.

ou

• Refiro-me a Cláudia.
• Respondo a Débora.
• Dirijo-me a Júlia.

que têm os seguintes desdobramentos:

Para o primeiro conjunto:

• Refiro-me a a Cláudia.
• Respondo a a Débora.
• Dirijo-me a a Júlia.

Para o segundo conjunto:

• Refiro-me a Ø Cláudia.
• Respondo a Ø Débora.
• Dirijo-me a Ø Júlia.

Regra: É facultativo o emprego do acento indicativo de crase antes de nomes próprios femininos, porque é
facultativo o uso do artigo.

Observe:

• Minha tia é generosa.


A minha tia é generosa.

• Nossa prima é rica.


A nossa prima é rica.

• Tua mãe é bondosa


A tua mãe é bondosa.

Como podemos constatar, é facultativo o uso de artigo antes de pronomes possessivos no singular.

Por isso podemos escrever assim:


• Apresentei-o a minha tia.
Apresentei-o à minha tia.

• Dirigi a palavra à nossa prima.


Dirigi a palavra a nossa prima.

• Refiro-me à tua mãe.


Refiro-me a tua mãe.

Regra: É facultativo o emprego do acento indicativo de crase antes de pronomes possessivos no feminino
singular, porque é facultativo o uso do artigo.

Voltamos a insistir na importância de se analisar o enunciado, observando

• se ocorre a preposição "a";


• se a palavra é feminina;
• se a palavra feminina aceita o artigo "a(s)".

Assim, dada a frase:

• Levei uma rosa a professora.

Observe que

• ocorre a preposição: quem leva leva algo a alguém;


• "professora" é palavra feminina;
• "professora" aceita o artigo "a"; basta fazer outra frase para observar: Aprofessora é delicada.

Portanto, a frase acima deve ter acento:

• Levei uma rosa à professora.

Faça agora seu teste: analise os enunciados, raciocine e coloque acento indicativo de crase se for o
caso:

1.Fez um pedido a mãe.


2.Emprestou um livro a colega.
3.Entregou o trabalho a professoara.
4.Enviou uma reclamação a companhia.
5.Dedicou-se a literatura infantil.
6.Estava disposto a colaborar.
7.Refiro-me a uma pessoa educada.
8.Refiro-me a esta carta.
9.Refiro-me a certa pessoa.
10.Nada revelou a elas.
11.Mostrou-se submisso a decisões equivocadas.
12.Mostrou-se submisso as decisões equivocadas.
13.Nunca ia a festas, nem a reuniões.
14.Nas próximas férias ireia a Lisboa.
15.Todos deverão comparecer a reunião.

3. Crase: contração da preposição "a" + o primeiro "a" de "aquele(s)", "aqulela(s)" e "aquilo".

Dada uma frase com esses pronomes, trata-se de analisar se também ocorre a preposição "a"

Observe:
Refiro-me aquilo.

• Quem se refere se refere "a": portanto, ocorre a preposição "a", que vai se contrair com o "a" de "aquilo".
Logo, marcam os a contração com acento indicativo de crase:

Refiro-me àquilo.

Dada outra frase:

Resolvi aquele problema.

Observa-se que o verbo "resolver" não exige preposição: quem resolve resolve algo. Logo, não há acento na
frase:

Resolvi aquele problema.

Faça um teste: analise os enunciados, raciocine e colque acento indicativo de crase quando necessário.

16.Quero agradecer aquela moça a atenção dispensada.


17.Fale aquela professora.
18.Refiro-me aquele senhor.
19.Telegrafei aquela senhora.
20.Refiro-me aquilo.
21.Não dei importância aquilo.
22.Foi ele quem escreveu aquela carta.
23.Dedicava aquela família grande afeição.
24.A rua é paralela aquela que leva a praia.

4. Crase: contração da preposição "a" + o "a(s)" de "a qual", "as quais".

Na frase

A cena à qual aludiste foi desagradável.

ocorre acento indicativo de crase, pois

• ocorre a preposição "a", exigida, nesse tipo de estrutura, por uma palavra que vem depois, no caso
aludiste: quem alude alude "a";
• o pronome é "a qual", com a partícula "a" integrando o pronome.
Veja melhor:

A cena a* a** qual aludiste foi desagradável.

* Preposição exigida por "aludiste".


** Pronome relativo com a partícula "a" integrando o pronome.

Portanto, contraem-se os dois "ás", contração sinalizada pelo acento grave:


A cena à qual aludiste foi desagradável.

Observe mais os seguintes exemplos:

• São normas a as quais todos devem obedecer.


São normas às quais todos devem obedecer.

• Esta foi a conclusão a a qual chegamos.


Esta foi a conclusão à qual chegamos.

• Esta é a carreira a a qual aspiro.


Esta é a carreira à qual aspiro.

• As sessões a as quais assisti estavam lotadas.


As sessões às quais assisti estavam lotadas.

Observação:

Só o pronome relativo "a qual" tem a partícula "a" integrando-o. Os pronomes "que" e "quem" não se
fazem acompanhar por essa partícula. Atente, pois, para a grafia nas frases:

• Esta é a peça à qual assisti.


Esta é a peça a que assisti.

• Esta é a empresa à qual me dedico.


Esta é a empresa a que me dedico.

• Esta é a conclusão à qual cheguei.


Esta é a conclusão a que cheguei.

• Esta é a cena à qual aludi.


Esta é a cena a que aludi.

• Esta é a ordem à qual obedeço.


Esta é a ordem a que obedeço.

• Esta é a mulher à qual me referi.


Esta é a mulher a quem me referi.
Esta é a mulher a que me referi.

5. Crase: contração da preposição "a" + o pronome demontrativo "a(s)", que equivale a "aquela(s)"
Na frase a seguir:

Minha sorte é ligada à do meu país.

o "a" deve ser sinalizado com acento grave, porque é resultante da contração da preposição "a" (uma coisa é
ligada "a" outra) + o pronome demonstrativo "a", equivalente a "aquela". Veja a demonstração:

Minha sorte é ligada à do meu país.

equivale à frase

Minha sorte é ligada a (preposição) aquela (pronome demonstrativo) do meu país.

que corresponde à frase

Minha sorte é ligada a (preposição) a (pronome demonstrativo "a") do meu país.

em que deve ocorrer a contração dos dois "ás", sinalizada pelo acento grave.

Siga o modelo e compare.

Modelo:

• As frase são semelhantes a as de antes.


• As frases são semelhantes a aquelas de antes.
• As frases são semelhantes às de antes.

α. A rua é tranversal a a que vai dar no colégio.


β. Suas lutas se comparam a as de Bolívar.
χ. Suas respostas são superiores a as dele.

Saiba Mais

1. De ... a
De ... à

Quando se fizer referência a dois elementos (substantivos ou numerais) ligados por "de ... a", não
ocorrerá acento grave antes do segundo elemento:

De segunda a sábado .....


De hoje a domingo ....
De 1 a 5 ......
De 1ª a 4ª série .....

No entanto, quando se define o primeiro elemento mediante o emprego de "do" / "da", o segundo
inicia com "à" (ou "ao"). É uma questão de paralelismo.

Exemplos:
As turmas da 1ª à quarta série foram convidadas.
Estivemos fora do ar da meia-noite às duas da manhã.
A sala ficará aberta desta terça à sexta-feira.

2. Substantivo feminino de uso indeterminado.

Não se emprega acento indicativo de crase diante de substantivo feminino usado em sentido geral,
indeterminado, porque, nesse caso, não ocorre o artigo definido "a(s)".

Exemplos:

Ele tem aversão a mulher (...a mulher em geral)


Crédito sujeito a aprovação.
Paciente submetido a intervenção cirúrgica.
Presidente responde a denúncia hoje.
Denúncia pode levar o presidente a condenação.

As frases podem ser reescritas assim:

Ele tem aversão a (uma) mulher (qualquer).


Crédito sujeito a (uma) aprovação (qualquer).
Paciente submetido a (uma) intervenção cirúrgica (qualquer).
Presidente responde a (uma) denúncia (qualquer) hoje.
Denúncia pode levar o presidente a (uma) condenação (qualquer).

Se, no entanto, a expressão vier determinada, ocorrerá acento indicativo de crase.

Observe:

Ele tem aversão a mulher.


(Ele tem aversão a (uma) mulher (qualquer).

Ele tem aversão à mulher de João.


(É uma mulher determinada, definida).

Tráfico em frente a escola.


(Tráfico em frente a (uma) escola (qualquer).

Tráfico em frente à escola Clementina.


(É uma escola determinada, definida).

3. A palavra "terra"

3.1 "Terra", significando planeta, é substantivo próprio e admite artigo. Conseqüentemente, quando
houver também a preposição, ocorrerá o fenômeno da crase:

Os astronautas voltaram à Terra.

3.2 Diante de "terra", significando "chão firme", "solo", sem especificação, não ocorre acento grave:

Os marinheiros voltaram a terra.


3.3 Diante de "terra", significando "chão firme", "solo", com especificação, ocorre acento;

Irei à terra de meus pais.

4. Expressões adverbiais

4.1 Masculinas. Não se emprega acento grave com expressões adverbiais femininas.

Exemplos:

Matou a sangue-frio.
Navio a vapor.
Ando a pé.
Ando a cavalo.
Carro a gás.
Escrever a lápis.
Vendas a prazo.

4.2 Femininas. É de tradição acentuar-se a "a" nas locuções femininas.

Exemplos:

Bater à máquina.
Escrever à mão.
Trancar à chave.
Colocar à venda.
Venda à vista.
Cortar à espada.

Justifica-se o acento indicativo da crase por motivo de clareza. Compare:

Cortei a espada (A espada foi cortada).


Cortei à espada (Cortei com a espada).

Pagou a prestação (A prestação foi paga).


Pagou à prestação (Pagou em prestação).

5. A palavra "distância"

Se a palavra "distância" estiver determinada, especificada, o "a" deve ser acentuado. Observe:

A cidade fica à distância de 70 km daqui (determinada).


A cidade fica a grande distância daqui (não-determinada).

A rigor, não se usa acento grave nestas locuções adverbiais:

Estudar a distância.
Ensino a distância.
Escrever a distância.
Curar a distância.
Fotografar a distância.

Por motivo de clareza, no entanto, pode-se usar acento. Por isso;

Estudar à distância.
Ensino à distância.

Concordância Nominal

1. Substantivo + Substantivo... + Adjetivo

Quando o adjetivo posposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o último ou vai facultativamente:

• para o plural, no masculino, se pelo menos um deles for masculino;


• para o plural, no feminino, se todos eles estiverem no feminino.

Exemplos:
Ternura e amor humano.
Amor e ternura humana.
Ternura e amor humanos.
Carne ou peixe cru.
Peixe ou carne crua.
Carne ou peixe crus.

2. Adjetivo + Substantivo + Substantivo + ...

Quando o adjetivo anteposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o mais próximo.

Exemplos:
Mau lugar e hora.
Má hora e lugar.

3. Substantivo + Adjetivo + Adjetivo + ...

Quando dois ou mais adjetivos se referem a um substantivo, este vai para o singular ou plural.

Exemplos:
Estudo as línguas inglesa e portuguesa.
Estudo a língua inglesa e (a) portuguesa.
Os poderes temporal e espiritual.
O poder temporal e (o) espiritual.

4. Ordinal + Ordinal + ... + Substantivo

Quando dois ou mais ordinais vêm antes de um substantivo, determinando-o, este concorda com o mais próximo ou
vai para o plural.

Exemplos:
A primeira e segunda lição.
A primeira e segunda lições.

5. Substantivo + Ordinal + Ordinal + ...


Quando dois ou mais ordinais vêm depois de um substantivo, determinando-o, este vai para o plural.

Exemplo:
As cláusulas terceira, quarta e quinta.

6. Um e outro / Nem um nem outro + Substantivo

Quando as expressões "um e outro", "nem um nem outro" são seguidas de um substantivo, este permanece no
singular.

Exemplos:
Um e outro aspecto.
Nem um nem outro argumento.
De um e outro lado.

7. Um e outro + Substantivo + Adjetivo

Quando um substantivo e um adjetivo vêm depois da expressão "um e outro", o substantivo vai para o singular e o
adjetivo para o plural.

Exemplos:
Um e outro aspecto obscuros.
Uma e outra causa juntas.

8. "O (a) mais ... possível" - "Os (as) mais ... possíveis" - "O (a) pior ... possível" - "Os (as) piores ..." - "O (a) melhor
... possível" - "Os (as) melhores ... possíveis"

O adjetivo "possível", nas expressões "o mais ...", "o pior ...", "o melhor ..." permanece no singular.

Com as expressões "os mais ...", "os piores ...", "os melhores ...", vai para o plural.

Exemplos:
Os dois autores defendem a melhor doutrina possível.
Estas frutas são as mais saborosas possíveis.
Eles foram os mais insolentes possíveis.
Comprei poucos livros, mas são os melhores possíveis.

9. Particípio + Substantivo

O particípio concorda com o substantivo a que se refere.

Exemplos:
Feitas as contas ...
Vistas as condições ...
Restabelecidas as amizades ...
Postas as cartas na mesa ...
Salvas as crianças ...

Observação:
"Salvo", "posto" e "visto" assumem também papel de conectivos, sendo, por isso, invariáveis:
Salvo honrosas exceções.
Posto ser tarde, irei.
Visto ser longe, não irei.
10. Anexo / bastante / incluso / leso / mesmo / próprio + Substantivo

Essas palavras concordam com o substantivo a que se referem.

Exemplos:
Vão anexas as cópias.
Recebi bastantes flores.
Vão inclusos os documentos.
Cometeu um crime de lesa-pátria.
Cometeu um crime de leso-patriotismo.
Ele mesmo falou aquilo.
Ela mesma falou aquilo.
Elas próprias falaram aquilo.

11. Meio (= metade) + Substantivo

O adjetivo "meio" concorda com o substantivo a que se refere.

Exemplos:
Meias medidas.
Meio litro.
Meia garrafa.

12. Meio (= um tanto) + Adjetivo

O advérbio "meio", que se refere a um adjetivo, permanece invariável.

Exemplos:
Ela parecia meio encabulada.
Janela meio aberta.

Observações:

1. Na fala, observam-se exemplos do advérbio "meio" flexionado. Tal fato pode ser explicado pelo fenômeno da
"concordância atrativa", ou por influência do adjetivo a que se refere: "Ela está meia cansada".

Dessa concordância existem exemplos entre os clássicos: "Uns caem meios mortos". (Camões)

2. Em "meio-dia e meia", "meia" concorda com a palavra "hora", oculta na expressão "meio-dia e meia (hora)".
Essa é a construção recomendada pela maioria dos manuais de cultura idiomática.

A construção "meio-dia e meio" também ocorre na fala; a forma "meio" permanece no masculino, por atração ou
influência da forma masculina "meio-dia".

3. A palavra "meio" funciona como elemento de justaposição em "meias-luas", "meios-termos", "meios-tons",


"meia-idade", etc.

13. Verbo transobjetivo + predicativo do objeto + objeto + objeto ...


Verbo transobjetivo + objeto + objeto ... + predicativo do objeto

Verbo transobjetivo é o verbo que pede, além de um complemento-objeto, uma qualificação para esse complemento
(= predicativo do objeto).

Nesse caso, o predicativo concorda com o(s) objetos.

Verbo transobjetivo + predicativo do objeto + objeto + objeto ...


Julgou inocentes o pai e o filho
Considerei oportunas a decisão e a sugestão
Achei simpáticos a irmã e o irmão

Verbo transobjetivo + objeto + objeto ... + predicativo


Julgou o pai e o filho inocentes
Considerei a decisão e a sugestão oportunas
Achei a irmã e o irmão simpáticos

14. Casa, página (+ número) + numeral

Na enumeração de casas e páginas, o numeral concorda com a palavra oculta "número".

Exemplos:
Casa dois.
Página dois.

15. Substantivo + é bom / é preciso / é proibido

Em construções desse tipo, quando o substantivo não está determindado, as expressões "é bom", "é preciso", "é
proibido" permanecem no singular.

Exemplos:
Maçã é bom para a saúde.
É preciso cautela.
É proibida entrada.

Observação:
Quando há determinação do sujeito, a concordância efetua-se normalmente:
É proibida a entrada de meninas.

16. Pronome de tratamento (referindo-se a uma pessoa de sexo masculino) + verbo de ligação + adjetivo masculino

Quando um adjetivo modifica um pronome de tratamento que se refere a pessoa do sexo masculino, vai para o
masculino.

Exemplos:
Sua Santidade está esperançoso.
Referindo-se ao Governador, disse que Sua Excelência era generoso.

17. Nós / Vós + verbo + adjetivo

Quando um adjetivo modifica os pronomes "nós / vós", empregados no lugar de "eu / tu", vai para singular.

Exemplos:
Vós (= tu) estais enganado.
Nós (= eu) fomos acolhido muito bem.
Sejamos (nós = eu) breve.

Concordância Verbal
1. Sujeito Composto

1.1 Sujeito Anteposto

1.1.1 Regra Geral:

Com elementos coordenados, todos de 3ª pessoa = verbo plural.

Exemplo:

Telefone, passagem e luz custarão mais caro.


Elementos coordenados de 3ª
Verbo no plural
pessoa

1.1.2 Formado de palavras sinônimas

Verbo no plural ou concordando com o núcleo mais próximo.

Exemplo:

Descaso e desprezo marcou / marcaram sua administração.


Palavras sinônimas Verbo no singular ou plural

1.1.3 Formado de palavras em gradação ou enumeração

Verbo no plural ou concordando com o núcleo mais próximo.

Exemplo:

Um mês, um ano, uma década de ditadura não calou / calaram o povo.


Verbo concordando com o núcleo
Palavras em gradação ou enumeração
mais próximo ou no plural

1.1.4 Formado por pessoas gramaticais diferentes.

• { eu + tu + ele } verbo na 1ª p. p.
• { eu + tu } verbo na 1ª p. p.
• { eu + ele } verbo na 1ª p. p.
• { tu + ele } verbo na 2ª ou 3ª p. p.

Exemplos:

Eu, tu e ele voltaremos logo Tu e ele voltareis/voltarão logo


Sujeito composto de Sujeito composto de
verbo na 1ª verbo na 2ª ou 3ª
pessoas diferentes, com pessoas diferentes sem
p.p. p.p.
a presença da 1ª p. a presença da 1ª p.

1.1.5 Seguido de "tudo", "nada", "ninguém", "nenhum", "cada um"

Aposto Resumidor = verbo no singular.

Exemplo:

Desvios, fraudes, roubos, tudo acontecia naquele país.


Núcleo resumido por "tudo" verbo no singular.

1.2 Sujeito proposto

1.2.1 Regra geral

Verbo no plural ou concordando com o núcleo mais próximo.

Exemplo:

Apertaram-lhe a garganta a apreensão e o pânico.


Verbo no plural Sujeito composto proposto

Apertou-lhe a garganta a apreensão e o pânico.


Verbo no singular concordando
Sujeito composto proposto
com o núcleo mais próximo

1.2.2 Quando a ação for reflexiva = verbo no plural.

Exemplo:

Deram-se as mãos virtude e formosura. (Bocage)


Verbo no plural
Sujeito composto proposto
ação reflexiva

2. Sujeitos Ligados por


2.1 "Com"

a) Com (= e), atribuindo-se a ação verbal a todos os seus elementos = verbo plural;

Exemplo:

O diretor com os coordenadores do curso elaboraram as ementas.

b) Com (= em companhia de), realçando-se, mediante o verbo, a ação do antecedente = verbo concorda com o
antecedente;

O segmento introduzido por "com" fica, em geral, entre vírgulas.

Exemplo:

O diretor, com todos os professores, resolveu alterar as ementas.

2.2 "Nem" = verbo no plural (concordância usual)

Exemplo:

Nem Ana nem Paula são bem-vindas.

2.3 "Ou"

a) quando a ação verbal se referir a todos os elementos do sujeto = verbo no plural.

Exemplo:

Laranja ou mamão fazem bem à saúde.

b) numa retificação = verbo concorda com o último elemento.

Exemplo:

O ladrão ou os ladrões não deixaram vestígio.

c) quando a ação verbal se apliacar a um dos elementos, com exclusão dos demais = verbo no singular.

Exemplo:

João ou Antônio chegará em primeiro lugar.

d) quando os elementos forem sinônimos = verbo no singular.

Exemplo:

A Lingüística ou a Glotologia é uma ciência recente.

2.4 "Não só ..... mas também"; "Tanto ...... quanto"; "Não só ..... como"
= verbo no plural ou concordando com o núcleo mais próximo.

Exemplo:

Tanto João como Antônio participarm / participou do evento.

2.5 "Como"; "assim como"; "bem como"

= verbo no plural; o segmento introduzido por "como" fica, em geral, entre vírgulas.

Exemplo:

A disciplina, assim como o arrojo, fizeram dele um profissional competente.

3. Sujeito representado por

3.1 "Um e Outro"

= verbo no singular ou plural; se houver reciprocidade, o verbo vai no plural.

Exemplos:

Um e outro já veio / vieram.


Um e outro deram-se as mãos. (reciprocidade)

3.2 "Um ou outro"

= verbo no singular.

Exemplo:

Um ou outro assumirá o cargo de gerente.

3.3 "Nem um, nem outro"

= verbo no singular.

Exemplo:

Nem um, nem outro respondeu à questão.

3.4 "Quem"

= verbo na 3ª pessoa do singular ou concordando com o antecedente.


Exemplo:

Fui eu quem escreveu.


verbo na 3ª
antecedente pronome
p.s.

Fui eu quem escrevi.


antecedente pronome verbo concordando com o antecedente

3.5 "Que"

= verbo concorda com o antecedente.

Exemplo:

Fui eu que escrevi.


Foste tu que escreveste
Foi ele que escreveu
antecedente pronome verbo concordando com o antecedente

3.6 Coletivo

= verbo no singular.

Exemplo:

A multidão invadiu o campo depois do jogo.

3.7 "Um dos que"

= verbo no plural (construção dominante) ou no singular.

Exemplo:

Ele foi um dos que mais trabalharam / trabalhou.

3.8 Artigo + Nome Próprio

a) Artigo singular = verbo singular.


b) Artigo plural = verbo plural.

Exemplos:
O Amazonas é um grande rio.
artigo singular verbo no singular

Os Andes percorrem a América do Sul.


artigo plural verbo no plural

Observação:

Se forem títulos de obras, pode ocorrer o singular ou plural.

Exemplo:

Os Sertões glorificou ou glorificaram a literatura brasileira.

3.9 "Alguns", "quantos", "muitos", "quais" + "de nós", "de vós"

= verbo concorda com "nós" e "vós" ou vai para a 3ª p. p.

Exemplos:

Alguns de nós lemos o livro.


verbo concordando com o pronome "nós"

Alguns de nós leram o livro.


verbo vai para a 3ª pessoa do
plural.

3.10 "Algum", "qual" + "de nós", "de vós"

= verbo concorda com "algum" e "qual".

Exemplo:

Algum de nós leu o livro.


verbo concordando com "algum"

3.11 "A maioria de", "a maior parte de", "grande número de" + "nome no plural"

= verbo no singular ou no plural.


Exemplo:

A maior parte dos presentes se retirou / se retiraram.


nome no plural verbo no singular ou no plural

3.12 "Mais de", "menos de", "cerca de", "obra de" + numeral

= verbo concordando com o numeral.

Exemplos:

Mais de um aluno se retirou.


Mais de dois alunos se retiraram.

3.13 "Mais de" repetido ou indicando reciprocidade

= verbo no plural.

Exemplos:

Mais de um aluno, mais de um professor estavam presentes.


Mais de um aluno se abraçaram.

4. Com verbos

4.1 verbo + se

4.1.1 Verbo intransitivo + se (= índice de indeterminação do sujeito)

= verbo no singular.

Exemplo:

? Riu-se muito.
verbo intransitivo + se
sujeito indeterminado
(índice de indeterminação do sujeito)

4.1.2 Verbo transitivo indireto + se (índice de indeterminação do sujeito)

= verbo no singular.

Exemplo:
? Precisa-se de ferramentas.
verbo transitivo indireto + se
sujeito indeterminado objeto indireto
(índice de indeterminação do sujeito)

4.1.3 Verbo transitivo direto +se (pronome apassivador)

= verbo concordando com o substantivo (=sujeito).

Observação:

A frase pode ser transformada na voz passiva analítica.

Exemplos:

Cometeram-se os mesmos erros.


(Os mesmos erros foram cometidos).

4.2 Verbos impessoais

4.2.1 Verbos que indicam fenômenos da natureza (= chover, nevar, ventar, amanhecer, etc.)

= verbo no singular.

Exemplo:

Choveu muito ontem.

4.2.2 Verbo haver (= existir)

= verbo no singular.

Exemplo:

Havia muitas cadeiras vazias na sala.

4.2.3 Verbos que fazem referência a tempo (haver, fazer, ir, estar, ser)

= verbo no singular.

Exemplos:

Há cinco meses que não aparece


Faz cinco meses que não aparece
É tarde.
Faz muito calor.
Fará invernos rigorosos.

Observação:

Nas locuções verbais, os verbos impessoais acima referidos transmitem sua impessoalidade ao verbo anterior,
chamado de auxiliar.

Exemplos:

Vai fazer cinco anos que...


Pode haver outras alternativas.

4.3 Verbos "dar", "soar" e "bater" + horas

= verbo concorda com as horas (=sujeito).

Exemplos:

Deu uma hora.


verbo singular sujeito singular

Bateram duas horas.


verbo plural sujeito plural

Observação:

Numa locução verbal, o verbo auxiliar concorda com as horas.

Exemplo:

Iam dar duas horas.


locução verbal sujeito plural

4.4 Verbos "existir", "acontecer", "faltar", "sobrar", etc. (empregados normalmente com sujeito posposto)

= verbo concorda com o sujeito posposto.

Exemplo:

Existem razões suficientes.


Faltam razões.
Sobram razões.
verbo concorda com o sujeito sujeito posposto

Observação:

Numa locução verbal, com verbos dessa natureza, o verbo auxiliar concorda com o sujeito posposto.

Exemplos:
Devem existir razões.
Podem faltar razões.
Devem sobrar razões.

4.5 Verbo "parecer" + outro verbo

a) = "parecer" concorda com o substantivo + outro verbo no infinitivo.

Exemplo:

As estrelas parecem brilhar no céu.

b) = "parecer" na 3ª pessoa do singular + verbo concordando com o substantivo.

Exemplo:

As estrelas parece brilharem no céu.

4.6 Com o verbo "ser"

4.6.1 Sujeito (= "quem", "tudo", "isso", "isto", "aquilo") + verbo ser + substantivo predicativo plural

= verbo no singular ou plural.

Exemplo:

Tudo são sonhos dormidos ou dormentes (Cecília Meireles)


verbo plural concordando
pronome predicativo plural
com o predicativo

Tudo é flores no presente


verbo singular concordando
pronome predicativo
com o pronome

4.6.2 Sujeito (= pessoa)

= verbo concorda com o sujeito.

Exemplo:

Tito era as delícias de Roma. (apud R. Lima)


sujeito (pessoa) verbo singular predicativo
6.3 Sujeito ou predicativo (= pronome pessoal)

= verbo concorda com o pronome.

Exemplo:

Todo eu era olhos e coração. (Machado de Assis)

4.6.4 Sujeito e predicativo (= substantivos comuns)

= verbo concorda com o sujeito ou com o predicativo.

Exemplos:

O tema da aula de hoje foram as figuras femininas da Renascença. (Cyro dos Anjos)
O pessoal da rua Nove era uns privilegiados, como os negros das senzalas. (J. L. do Rego)

4.6.5 "É muito", "é pouco", "é mais de", "é menos de", etc + preço, peso, quantidade

= verbo no singular

Exemplos:

Duas horas é muito.


Dois é bom, três é demais.

4.6.6 Na indicação de datas

= existem três possibilidades de construção:

Hoje são 14 de abril.


Hoje é dia 14 de abril.
Hoje é 14 de abril. (em que o verbo concorda com a idéia implícita de dia)

4.6.7 Na indicação de horas

= verbo concorda com o predicativo (= horas).

Exemplos:

Que horas são?


É uma hora.
São duas horas.
São três horas.

4.6.8 A locução "é que"

= invariável.

Exemplos:
Eu (é que) estudo.
Tu (é que) estudas.
Ele (é que) estuda.

4.7 Com o verbo no infinitivo

A sintetização relativa ao emprego do infinitivo tem dado margem a muitas controvérsias. De acordo com Lima
(1972, p. 380):

"Até hoje não foi possível aos gramáticos formular um conjunto de regras fizxas, pelas quais se regesse o emprego
de uma e outra forma [flexionada e não-flexionada]. A cada passo infringem os escritores alguns preceitos tidos por
definitivos; e isso porque, ao lado das razões de ordem gramatical, e interferindo nelas, alçam-se ao primeiro plano
certas condições reclamadas pela clareza, ênfase e harmonia de expressão (Gramática Normativa da Língua
Portuguesa, Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1972)

É por essa razão que o autor fala de "alguns conselhos para o uso do infinitivo".

Seguindo a lição das Gramáticas, apresenta-se aqui um único caso obrigatório de emprego do infinitivo pessoal
flexionado:

quando tem sujeito próprio, distinto do sujeito da oração principal.

Exemplo:

Vi o melhor que pude, sem me faltarem amigos. (Machado de Assis)

De acordo com a advertência de Rocha Lima, essa regra não se aplica ao caso em que o sujeito do infinitivo é um
pronome pessoal átono, em uma oração introduzida por um dos cinco verbos: "ver", "ouvir", "deixar", "fazer" e
"mandar".

Exemplos:

Viu-os chegar.
(Ele viu que eles chegaram.)
Deixei-os sair.
(Eu deixei que eles saíssem.)
Homônimos e Parônimos

1. Definições

- Homônimos: vocábulos que se pronunciam da mesma forma, e que diferem no sentido.


- Homônimos perfeitos: vocábulos com pronúncia e grafia idênticas (homófonos e homógrafos). Ex.:
São: 3ª p. p. do verbo ser. - Eles são inteligentes.
São: sadio. - O menino, felizmente, está são.
São: forma reduzida de santo. - São José é meu santo protetor.
- Homônimos imperfeitos: vocábulos com pronúncia igual (homófonos), mas com grafia diferente (heterógrafos). Ex.:

Cessão: ato de ceder, cedência


Seção ou secção: corte, subdivisão, parte de um todo
Sessão: espaço de tempo em que se realiza uma reunião

- Parônimos: vocábulos ou expressões que apresentam semelhança de grafia e pronúncia, mas que diferem no sentido.
Ex.:
Cavaleiro: homem a cavalo
Cavalheiro: homem gentil

2. Lista de Homônimos e Parônimos

Acender - pôr fogo a


Ascender - elevar-se, subir

Acento - inflexão de voz, tom de voz, acento


Assento - base, lugar de sentar-se

Acessório - pertences de qualquer instrumento ou máquina; que não é principal


Assessório - diz respeito a assistente, adjunto ou assessor

Aço - ferro temperado


Asso - do v. assar

Anticéptico - contrário ao cepticismo


Antisséptico - contrário ao pútrido; desinfetante

Asar - guarnecer de asas


Azar - má sorte, ocasionar

Brocha - tipo de prego


Broxa - tipo de pincel

Caçado - apanhado na caça


Cassado - anulado

Cardeal - principal; prelado; ave; planta; ponto (cardeal)


Cardial - relativo à cárdia

Cartucho - carga de arma de fogo


Cartuxo - frade de Cartuxa

Cédula - documento
Sédula - feminino de sédulo (cuidadoso)

Cegar - tornar ou ficar cego


Segar - ceifar

Cela - aposento de religiosos; pequeno quarto de dormir


Sela - arreio de cavalgadura

Censo - recenseamento
Senso - juízo

Censual - relativo a censo


Sensual - relativo aos sentidos
Cerra - do verbo cerrar (fechar)
Serra - instrumento cortante; montanha; do v. serrar (cortar)

Cerração - nevoeiro denso


Serração - ato de serrar

Cerrado - denso; terreno murado; part. do v. cerrar (fechado)


Serrado - particípio de serrar (cortar)

Cessão - ato de ceder


Sessão - tempo que dura uma assembléia
Secção ou seção - corte, divisão

Cevar - nutrir, saciar


Sevar - ralar

Chá - infusão de folhas para bebidas


Xá - título do soberano da Pérsia

Cheque - ordem de pagamento


Xeque - perigo; lance de jogo de xadrez; chefe de tribo árabe

Cinta - tira de pano


Sinta - do v. sentir

Círio - vela de cera


Sírio - relativo à Síria; natural desta

Cível - relativo ao Direito Civil


Civil - polido; referente às relações dos cidadãos entre si

Cocho - tabuleiro
Coxo - que manqueja

Comprimento - extensão
Cumprimento - ato de cumprir, saudação

Concelho - município
Conselho - parecer

Concerto - sessão musical; harmonia


Conserto - remendo, reparação

Concílio - assembléia de prelados católicos


Consílio - conselho

Conjetura - suposição
Conjuntura - momento

Coringa - pequena vela triangular usada à proa das canoas de embono; moço de barcaça
Curinga - carta de baralho

Corisa - inseto
Coriza - secreção das fossas nasais

Coser - costurar
Cozer - cozinhar

Decente - decoroso
Descente - que desce

Deferir - atender, conceder


Diferir - distinguir-se; posicionar-se contrariamente; adiar (um compromisso marcado)

Descargo - alívio
Desencargo - desobrigação de um encargo

Desconcertado - descomposto; disparato


Desconsertado - desarranjado

Descrição - ato de descrever


Discrição - qualidade de discreto

Descriminar - inocentar
Discriminar - distinguir, diferenciar

Despensa - copa
Dispensa - ato de dispensar

Despercebido - não notado


Desapercebido - desprevenido

Édito - ordem judicial


Edito - decreto, lei (do executivo ou legislativo)

Elidir - eliminar
Ilidir - refutar

Emergir - sair de onde estava mergulhado


Imergir - mergulhar

Emerso - que emergiu


Imerso - mergulhado

Emigração - ato de emigrar


Imigração - ato de imigrar

Eminente - excelente
Iminente - sobranceiro; que está por acontecer

Emissão - ato de emitir, pôr em circulação


Imissão - ato de imitir, fazer entrar

Empossar - dar posse


Empoçar - formar poça

Espectador - o que observa um ato


Expectador - o que tem expectativa

Espedir - despedir; estar moribundo


Expedir - enviar

Esperto - inteligente, vivo


Experto - perito ("expert")

Espiar - espreitar
Expiar - sofrer pena ou castigo

Esplanada - terreno plano


Explanada (o) - part. do v. explanar

Estasiado - ressequido
Extasiado - arrebatado

Estático - firme
Extático - absorto

Esterno - osso dianteiro do peito


Externo - que está por fora

Estirpe - raiz, linhagem


Extirpe - flexão do v. extirpar

Estofar - cobrir de estofo


Estufar - meter em estufa

Estrato - filas de nuvens


Extrato - coisa que se extraiu de outra

Estremado - demarcado
Extremado - extraordinário

Flagrante - evidente
Fragrante - perfumado

Fluir - correr
Fruir - desfrutar

Fuzil - arma de fogo


Fusível - peça de instalação elétrica

Gás - fluido aeriforme


Gaz - medida de extensão

Incidente - acessório, episódio


Acidente - desastre; relevo geográfico

Infligir - aplicar castigo ou pena


Infringir - transgredir

Incipiente - que está em começo, iniciante


Insipiente - ignorante

Intenção - propósito
Intensão - intensidade; força

Intercessão - ato de interceder


Interseção - ato de cortar

Laço - nó que se desata facilmente


Lasso - fatigado

Maça - clava; pilão


Massa - mistura

Maçudo - maçador; monótono


Massudo - que tem aspecto de massa

Mandado - ordem judicial


Mandato - período de permanência em cargo

Mesinha - diminutivo de mesa


Mezinha - medicamento

Óleo - líquido combustível


Ólio - espécie de aranha grande

Paço - palácio real ou episcopal


Passo - marcha

Peão - indivíduo que anda a pé; peça de xadrez


Pião - brinquedo

Pleito - disputa
Preito - homenagem

Presar - aprisionar
Prezar - estimar muito

Proeminente - saliente no aspecto físico


Preeminente - nobre, distinto

Ratificar - confirmar
Retificar - corrigir

Recreação - recreio
Recriação - ato de recriar

Recrear - proporcionar recreio


Recriar - criar de novo

Ruço - grave, insustentável


Russo - da Rússia

Serva - criada, escreva


Cerva - fêmea do cervo

Sesta - hora do descanso


Sexta - redução de sexta-feira; hora canônica; intervalo musical

Tacha - tipo de prego; defeito; mancha moral


Taxa - imposto

Tachar - censurar, notar defeito em; pôr prego em


Taxar - determinar a taxa de

Tráfego - trânsito
Tráfico - negócio ilícito

Viagem - jornada
Viajem - do verbo viajar

Vultoso - volumoso
Vultuoso - inchado

SAIBA MAIS
Existem também expressões que apresentam semelhanças entre si, e têm significação diferente. Tal semelhança
pode levar os utentes da língua a usar uma expressão uma em vez de outra.

• Acerca de: sobre, a respeito de. Fala acerca de alguma coisa.

A cerca de: a uma distância aproximada de. Mora a cerca de dez quadras do centro da cidade.

Há cerca de: faz aproximadamente. Trabalha há cerca de cinco anos.

• Ao encontro de: a favor, para junto de. Ir ao encontro dos anseios do povo. Ir ao encontro dos familiares.

De encontro a: contra. As medidas vêm de encontro aos interesses do povo.

• Ao invés de: ao contrário de

Em vez de: em lugar de. Usar uma expressão em vez de outra.

• A par: ciente. Estou a par do assunto.

Ao par: de acordo com a convenção legal, sem ágio, sem abatimentos (câmbio, ações, títulos, etc.).

• À-toa (adjetivo): ordinário, imprestável. Vida à-toa.

À toa (advérbio): sem rumo. Andar à toa.

Outras Formas Homônimas e Parônimas

Além das palavras listadas no capítulo anterior, existem outras formas parônimas e homônimas imperfeitas,
com pronúncia igual (homófonas) e grafia diferente (heterógrafas). É evidente que essa semelhança causa
hesitações e induz a erros no ato de redigir.

1. PORQU S

- Porque: é conjução subordinativa causal; equivale a pois . Ele não veio porque choveu.
- Porquê: é a mesma conjunção subordinativa causal substantivada; é sinônimo de motivo, razão. Não sei o
porquê da ausência dele.
- Por que: é a preposição por seguida de pronome interrogativo que; eqüivale a por que motivo, pelo qual,
pela qual, pelos quais, pelas quais. Por que ele não veio? Eis o motivo por que não veio.
- Por quê: é o mesmo por que anterior, quando em fim de frase. Você não veio por quê?

2. ONDE/ AONDE

- Onde: empregado em situações estáticas (com verbos de quietação). Onde moras?


- Aonde: empregado em situações dinâmicas (com verbos de movimento). Equivale para onde. Aonde vais?

3. -EM, -ÉM, - M, - EM.


- -EM (tônico): em vocábulos monossilábicos: bem, cem, trem.
- -ÉM: em vocábulos oxítonos com mais de uma sílaba: armazém, ninguém, ele mantém.
- - M: em formas da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter e vir e seus derivados: eles
têm, vêm, provêm, detêm.
- - EM: em formas da 3ª pessoa do plural dos verbos dar, crer, ler e ver e de seus derivados: dêem, vêem,
lêem, vêem, descrêem, relêem, prevêem.

OBSERVE:

SINGULAR PLURAL
ELE TEM
ELES T M
ELE VEM
ELES V M
ELE CONTÉM
ELES CONT M
ELES DET M
ELE DETÉM
ELES RET M
ELE RETÉM
ELES SE AT M
ELE SE ATÉM
ELES PROV M
ELE PROVÉM

SINGULAR PLURAL
QUE ELE D QUE ELES D EM
ELE CR ELES CR EM
ELE DESCR ELES DESCR EM
ELE L ELES L EM
ELE V ELES V EM
ELE PREV ELES PREV EM
ELE REL ELES REL EM
ELE REV REV EM

4. - S (-ESA)/ -EZ (-EZA)

- - S (-ESA): ANEXA-SE A SUBSTANTIVOS

SUBSTANTIVO SUFIXO ADJETIVO DERIVADO


MONTE +S MONT S
CORTE +S CORT S
BURGO +S BURGU S
MONTANHA +S MONTANH S
CHINA +S CHIN S

OBSERVAÇÕES:

- Terminam com o sufixo -ês os gentílicos: francês, japonês, inglês, marquês.


- Também terminam com o sufixo -ês títulos nobiliárquicos e outros.
- O sufixo -esa é o mesmo sufixo -ês no feminino: portuguesa, marquesa.

- EZ (-EZA): anexa-se a adjetivos

ADJETIVO SUFIXO SUBSTANTIVO ABSTRATO*


ÁCIDO +EZ ACIDEZ
ALTIVO +EZ ALTIVEZ
HONRADO +EZ HONRADEZ
CLARO +EZA CLAREZA
TRISTE +EZA TRISTEZA
POBRE +EZA POBREZA

* Indica qualidade, estado, condição.

5. -ISA/-IZ (-IZA)

- -ISA: anexa-se a substantivos

SUBSTANTIVO MASCULINO SUFIXO SUBSTANTIVO FEMININO


DIÁCONO +ISA DIACONISA
PAPA +ISA PAPISA
POETA +ISA POETISA
PROFETA +ISA PROFETISA
SACERDOTE +ISA SACERDOTISA

- -IZA: é a terminação feminina correspondente a substantivos masculinos em -iz: juiz/juíza

6. -IZAR/-ISAR

- -IZAR: anexa-se a substantivos ou a adjetivos que não tenham "s" no radical.

SUBSTANTIVOS/ ADJETIVOS SUFIXO VERBO


AGONIA +IZAR >AGONIZAR
AMENO +IZAR AMENIZAR
IDEAL +IZAR IDEALIZAR
SUAVE +IZAR SUAVIZAR

SUBSTANTIVO COM RADICAL EM -IZ SUFIXO VERBO


CICATRIZ +AR CICATRIZAR
RAIZ +(EN) +AR ENRAIZAR
VERNIZ +(EN) +AR ENVERNIZAR
DESLIZ(E) +AR DESLIZAR
- -IS(AR): corresponde a palavras acabadas em -ISO, -ISA, -ISE, -IS.

TERMINAÇÕES EM -ISO, -ISA, -ISE E -IS +AR VERBO


ANÁLISE +AR ANALISAR
PESQUISA +AR PESQUISAR
PISO +AR PISAR
AVISO +AR AVISAR
ÍRIS +AR IRISAR

7. -SINHO/-ZINHO

-SINHO: corresponde a substantivos cujo radical termina com "s".

SUBSTANTIVOS TERMINAÇÃO DIMINUTIVO


ADEUS +INHO ADEUZINHO
CHIN S +INHO CHINESINHO
M S(A) +INHA MESINHA
PRINCES(A) +INHA PRINCESINHA

OBSERVAÇÃO:
O sufixo é, na verdade, -inho, que se acrescenta a substantivo com radical que termina em "s": mês(a) + inha =
mesinha

-ZINHO: anexa-se a palavras cujo radical não termina em "s".

SEM S +(Z)INHO DIMINUTIVO


ANEL +Z+INHO ANELZINHO
CAFÉ +Z+INHO CAFEZINHO
PAI +Z+INHO PAIZINHO
SÓ +Z+INHO SOZINHO
PÉ +Z+INHO PEZINHO

OBSERVAÇÃO:
O sufixo é, na verdade, -INHO, que se liga ao radical mediante a consoante de ligação -Z:
Anel + consoante de ligação -Z + sufixo -INHO = anelzinho.
O diminutivo plural se forma de acordo com o seguinte processo:
SUBTRAÇÃO DE + CONSOANTE DE
SUBSTANTIVO PLURAL + SUFIXO -INHO(S)
-S LIGAÇÃO -Z
ANEL ANÉIS ANEI ANEIZ ANEIZINHOS
CORAÇÃO CORAÇÕES CORAÇÕE CORAÇÕEZ CORAÇÕEZINHOs

Simplificadamente: rei(s) + z + inhos = reizinhos

8. A FIM/AFIM

- Afim: parente por afinidade; semelhante. Não podem casar os afins.


- A fim (de): para. Ele veio a fim de ajudar.

9. ENFIM/ EM FIM

- ENFIM = finalmente. Enfim sós.


- EM FIM = no final. Ele está em fim de carreira.

10. SE NÃO/ SENÃO

- SE NÃO: caso não. Viajarei se não chover.


- SENÃO : caso contrário; a não ser; mas. Vá, senão eu vou.

Maiúsculas

A letra maiúscula é um recurso gráfico utilizado para dois propósitos: assinalar o início do período (em oposição ao
ponto final, que o encerra) e dar destaque a uma palavra, seja ela um substantivo próprio ou não. Uma vez
alfabetizados, não temos dificuldade em utilizar a maiúscula para o primeiro propósito, mas temos dúvidas freqüentes
sobre quando dar ou não destaque à palavra.

O Formulário Ortográfico de 1943, que rege a matéria, não foi suficiente explícito quanto ao estabelecimento de
normas.
Além do mais, dá margem à flexibilidade, quando permite o uso de inicial maiúscula por "especial relevo", por
"deferência, consideração, respeito", quando "se queira realçar", ou na designação de "alto conceito", "altos cargos,
dignidades ou postos." Assim, sempre se poderia justificar o uso de maiúsculas pela "ênfase" ou "destaque".

O que se observa hoje em dia são as seguintes tendências:

1. As grandes companhias jornalísticas criam, para vários casos, normas próprias e acabam criando uma tendência.
2. O emprego de maiúsculas em excesso, os negritos, os sublinhados ou os destaques estão caindo de moda, já que
"poluem" o texto.
3. A tendência é, pois, a seguinte:
- mais formalidade, mais deferência, mais ênfase: maiúscula;
- mais modernidade, menos "poluição" gráfica, mais simplicidade: minúscula.

Nunca se pode esquecer, no entanto, da regra taxativa que preceitua o emprego obrigatório de letra inicial
maiúscula nos substantivos próprios de qualquer natureza.

Quando devo usar maiúscula, obrigatoriamente?

1. No início de período ou citação.


Exemplos:
- Ao longo de sua existência, a PUCRS atingiu uma posição de destaque entre as instituições de ensino superior
mais conceituadas do Brasil.
- O Ir. Norberto Francisco Rauch, reitor da PUCRS, declarou, ao lançar o Plano Estratégico da PUCRS 2001-2010:
"A aspiração da PUCRS é tornar-se referência pela relevância de suas pesquisas e excelência de seus cursos e serviços,
conforme descrito na sua Visão de Futuro."

Observação: Se, depois dos dois pontos, vier um simples desdobramento da frase ou uma enumeração (e não uma
citação direta), a palavra começará com minúscula. Exemplo: O contexto do ensino superior brasileiro apresenta, entre
outras, as seguintes grandes tendências: expansão acelerada e interiorização de ensino superior, consolidação da pós-
graduação e melhoria da qualificação do corpo docente.

2. Nas datas oficiais e nomes de fatos ou épocas históricas, de festas religiosas, de atos solenes e de grandes
empreendimentos públicos ou institucionais.

Exemplos: Sete de Setembro, Quinze de Novembro, Ano Novo, Idade Média, Era Cristã, Antigüidade, Sexta-Feira
Santa, Dia das Mães, Dia do Professor, Natal, Confraternização Universal, Corpus Christi, Finados.

Observação: empregue letra minúscula em casos como os seguintes: era espacial, era nuclear, era pré-industrial,
etc.

3. Nos títulos de livros, teses, dissertações, monografias, jornais, revistas, artigos, filmes, peças, músicas,
telas, etc.

Observação: escrevem-se com inicial minúscula os artigos, as preposições, as conjunções e os advérbios desses
títulos.

Exemplos: O Catecismo ao Alcance de Todos, Pilares da PUCRS, O Racional e o Mitológico em Wittgenstein, Os


Sentidos da Justiça em Aristóteles, Introdução a Estudos de Fonologia do Português Brasileiro.

4. Nos nomes dos pontos cardeais e dos colaterais quando indicam as grandes regiões do Brasil e do mundo.

Exemplos: Sul, Nordeste, Leste Europeu, Oriente Médio,etc.

Observação: Quando designam direções ou quando se empregam como adjetivo, escrevem-se com inicial
minúscula: o nordeste do Rio Grande do Sul; percorreu o Brasil de norte a sul, de leste a oeste; o sudoeste de Santa
Catarina; vento norte; litoral sul; zona leste, etc.

5. Nos nomes de disciplinas de um currículo ou de um exame.

Exemplos: Introdução à Bíblia, Teologia Moral V, Língua Portuguesa I, Filosofia II, História da Psicologia,
Matemática B, Cirurgia IV, Mecânica Geral,etc.

6. Nos ramos do conhecimento humano, quando tomados em sua dimensão mais ampla:

Exemplos: a Ética, a Lingüística, a Filosofia, a Medicina, a Aeronaútica, etc.

7. Nos nomes dos corpos celestes.

Exemplos: Terra, Sol, Lua, Via-Láctea, Saturno, etc.


8. Nos nomes de leis, decretos, atos ou diplomas oficiais.

Exemplos: Decreto Federal nº 25. 794; Portaria nº 1054, de 17-9-1998; Lei dos Direitos Autorais nº 9.609; Parecer
nº 03/00; Sessão nº 01/00; Resolução 3/87 CFE, etc.

9. Em todos os elementos de um nome próprio composto, unidos por hífen.

Exemplos: Pró-Reitoria de Ensino e Graduação, Pós-Graduação em Finanças, etc.

10. Nos nomes de eventos (cursos, palestras, conferências, simpósios, feiras, festas, exposições, etc.).

Exemplos: Simpósio Internacional de Epilepsia; Jornada Paulista de Radiologia; II Congresso Gaúcho de


Educação Médica; Técnicas de Ventilação em Neonatologia, etc.

11. Nos nomes de diversos setores de uma administração ou instituição.

Exemplos: Reitoria, Pró-Reitoria de Administração, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Pró-Reitoria de


Extensão Universitária, Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários, Gabinete da Reitoria, Assessoria Jurídica, Assessoria
de Comunicação Social, Gerência de Web, Conselho Departamental, Departamento de Jornalismo, Centro de Pastoral
Universitária, etc.

Observação: Na designação das profissões e dos ocupantes de cargo (presidente, vice, ministro, senador, deputado,
secretário, prefeito, vereador, papa, arcebispo, cardeal, princesa, rei, rainha, diretor, coordenador, advogado, professor,
engenheiro, reitor, pró-reitor, etc) empregue-se letra minúscula, apesar de a norma oficial determinar maiúscula para
os "altos cargos, dignidades ou postos". Exemplos: reitor, vice-reitor, pró-reitor, chefe de gabinete, assessor, diretor,
vice-diretor, coordenador, professor, etc.

12. Nos nomes comuns, quando personificados ou individualizados.

Exemplos: O Estado (Rio Grande do Sul), o País, a Nação (o Brasil), etc.

13. Nos pronomes de tratamento e nas suas abreviaturas.

Exemplos: Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Senhor, Senhora, Dom, Dona, V. Exa., V. Sa., etc.

14. Nos acidentes geográficos e sua denominação.

Exemplos: Rio das Antas, Rio Taquari, Serra do Mar, Golfo Pérsico, Cabo da Boa Esperança, Lagoa dos Quadros,
Oceano Atlântico.

Observação: Segundo a norma oficial, escrevem-se com minúsculas: rio Taquari, monte Everest, etc. Acontece, no
entanto, que tal procedimento poderá trazer confusão quando o acidente geográfico faz parte integrante, indissociável
do nome próprio: Mar Morto, Mar Vermelho, Trópico de Câncer, Hemisfério Sul, etc. Se a opção for sempre pela
maiúscula, a grafia, neste caso, ficará mais fácil.

15. Nos nomes de logradouros públicos (avenida, ruas, travessas, praças, pontes, viadutos, etc.).

Exemplos: Avenida Farrapos, Rua Vicente da Fontoura, Travessa Fonte da Saúde, Parque Farroupilha, Praça São
Sebastião, Praça Dom Feliciano, etc.

Saiba Mais

Que letra empregar no início de itens de um texto, depois de dois-pontos?


Há, na verdade, três opções:
• Iniciar cada item com letra minúscula e terminar com ponto-e-vírgula, com exceção do último item, que
acaba com ponto final.

"Art. 4 - Constituída pela comunidade de professores, funcionários e alunos, a Universidade tem


por finalidades:
I. manter e desenvolver a educação, o ensino, a pesquisa e a extensão em padrões de elevada
qualidades;
II. formar profissionais competentes nas diferentes áreas do conhecimento, cônscios da
responsabilidade e do compromisso social como cidadãos;
III. promover o desenvolvimento científico-tecnológico, econômico, social, artístico, cultural da
pessoa humana, tendo como referencial os valores cristãos;
IV. estender à comunidade as atividades universitárias, com vistas à elevação do nível sócio-
econômico-cultural."

• Iniciar cada item com maiúscula ou minúscula e terminar sempre com ponto final.

Exemplo:

"Algumas dicas podem ser úteis para o tratamento de paciente violento:


1. Não brigue com o paciente, respondendo com raiva ou, por outro lado, sendo condescendente. Demonstre firmeza
sem ser rude.
2. Não toque o paciente ou o assunte, nem o aborde subidamente sem aviso (...)".

FRITSCHER, Carlos Cezar et al. Manual de urgências médicas.Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002, p. 521.

• Iniciar cada item com minúscula ou maiúscula e terminar sem nenhuma pontuação.

Exemplo:

"As manifestações clínicas usualmente encontradas na insuficiência respiratória aguda (IRA) são:
- Dispnéia
- Dificuldade em articular frases ou palavras
- Cianose periférica ou central
- Confusão mental (...)"

Ha ver
(no dicio nário )

do Lat. habere, ter v. tr., ter; possuir; obter, conseguir; receber, tomar; julgar; conceber, entender; existir;
acontecer; ter passado, ter decorrido; v. refl., proceder, comportar-se; s. m., em escrituração mercantil, o
lado das contas onde se lançam os pagamentos ou as saídas dos valores; contrapartida do Deve; crédito;
(no pl.) bens; (no pl.) fazendas; (no pl.) riquezas; - por bem: dignar-se; — mister: necessitar.

Na gramática de Celso Cunha

O verbo haver, conforme o seu significado, pode empregar-se em todas as pessoas ou apenas na 3ª
pessoa do singular.

1. Emprega-se em todas as pessoas:

a) Quando é auxiliar (com sentido equivalente a ter) verbo pessoal, quer junto a particípio, quer junto a
infinitivo antecedido da preposição de.

“O tempo que hei sonhado/ Quantos anos foi de vida!” (Fernando Pessoa)

“Haviam decorrido cinco anos sem nos vermos.” (Camilo Castelo Branco)
“Deixe: amanhã hei de acordá-lo a pau de vassoura!” (Machado de Assis)

b) quando é verbo principal, com os significações de “conseguir”, “obter”, “alcançar”,

“adquirir”.

“Donde houveste, ó pélago revolto,/Esse rugido teu?” (Gonçalves Dias)

“Tão nobre és, como os melhores, e rico; porque a ninguém mais que a ti devem de pertencer as terras
que teu avô Digo Álvares conquistou ao gentio para El-Rei, de quem as houvemos nós e nossos pais.” (José
de Alencar)

c) quando é verbo principal, com a forma reflexa, nas acepções de “portar-se”, “proceder”, “comportar-se”,
“conduzir-se”. Exemplos

“Soares houve-se como pôde na singular situação em que se achava.” (Machado de Assis)

“Não vão crer que era pesar nem dor; por ocasião do casamento, houve-se com grande discrição, cuidou
do enxoval da noiva e despediu-se dela com muitos beijos chorados.” (Machado de Assis)

d) quando é verbo principal, também com a forma reflexa, no sentido de “entender-se”, “ajustar contas”:

“Dava Belmiro passagem de graça a gente pobre, e se por acaso aparecia valentão no seu trem, teria que
se haver com ele.” (José Lins do Rego)

e) quando é verbo principal, acompanhado de infinitivo sem preposição, com sentido equivalente a “ser
possível”:

“Não há negá-lo, o apito é de uso geral e comum.” (Machado de Assis)

“Não havia contê-los,” (Euclides da Cunha)

2. É rar o nos escritor es moder nos, mas mu ito fr eqüe nte nos do po rtug uês ant igo e méd io ,
o u so pessoal do v erbo ha ver, como verbo princ ipal, na acepção de:

a) “ter”, “possuir”:

“Hei medo de deixar nome de injusto.” (A. Ferreira)

b) “julgar”, “pensar”, “considerar”, “ter para si”:

“Por bom hei guardar o gado.” (C. Falcão)

3. Compa rem- se as expr essões:

a) haver por bem = dignar-se, resolver assentar, julgar oportuno ou conveniente:

“Havemos por bem decretar.” (Caldas Aulete)

b) haver mister = precisar, necessitar:

“Ora, o soldado, entre nós, há mister de três benefícios urgentes.”

4. Empr ega -se como impe ssoal , isto é, sem s ujeit o, qua ndo sign ifica “e xi stir ”, ou qua ndo
indica te mpo dec orrido . N esses casos , em qualq uer tempo , conjuga -se tão-some nte na 3ª
pessoa do si ngu lar:
“Havia pitangueiras na praia.” (A. F., Schimidt)

“Há três anos vivemos uma vida horrível.” (Graciliano Ramos)

5. Qua ndo o verbo ha ver expri me ex istênc ia e v em acompa nhado dos au xil iar es ir , dev er,
poder , etc. , a locução assi m formada é, natur al ment e, i mpessoal:

“Lá e acolá devia haver terríveis cabeças humanas apontando da água, como repolhos de um canteiro,
como moscas grudadas no papel-de-cola.” (Guimarães Rosa)

Distinção essencial

O verbo haver, quando sinônimo de existir, constrói-se de modo diverso deste. Nesta acepção, haver não
tem sujeito e é transitivo direto, sendo o seu objeto o nome da coisa existente ou, a substituí-lo, o
pronome pessoal o (a, os, as). Existir, ao contrário, é intransitivo e possui sujeito, expresso pelo nome da
coisa existente.

Dir-se-á, pois:

Outrora, havia amendoeiras no parque.

Outrora, existiam amendoeiras no parque.

Construção do tipo:

“Houveram muitas lágrimas de alegria.” (Camilo Castelo Branco)

“Ali haviam vários deputados que conversavam de política, e os quais se reuniram a Meneses.” (Machado
de Assis)

embora se documentem em alguns dos melhores escritores da língua, especialmente do século passado,
não devem ser hoje imitadas.

Há que se votar para presidente

Essa frase não traz nenhum impedimento – ao menos do ponto de vista lingüístico. Muitos evitam o uso do
verbo haver com o que, por considerarem espanholismo. Espanholismo que Frei Luís de Sousa usou, que
Padre Antônio Vieira usou, que Alexandre Herculano usou, que nós – portanto – podemos também usar:

Uso correto - Sacconi

Há que se promover com urgência o retorno da democracia.

Há que se retomar urgentemente o caminho da competência.

Há que se voltar cereleramente aos quartéis

(Sacconi)

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