Você está na página 1de 13

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Departamento de Ciências de Educação


Curso de Licenciatura em Ensino de Português
Cadeira de Lexicologia

Tema: Processos de renovação e enriquecimento do léxico no Português de Moçambique

Celita Maurício Becho: 61190268

Tete, Maio, 2022

1
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Departamento de Ciências de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português
Cadeira de Lexicologia

Tema: Processos de renovação e enriquecimento do léxico no Português de Moçambique

Trabalho de Campo a ser submetido

na Coordenação do Curso de Licenciatura

em Ensino de português da UnISCED.

Tutor:

Celita Maurício Becho: 61190268

Tete, Maio, 2022

2
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

1.1. Objectivos .................................................................................................................. 5

1.1.1. Objectivo Geral ....................................................................................................... 5

1.2.1. Objectivos Específicos ............................................................................................ 5

1.3. Metodologia ............................................................................................................... 5

2. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................... 6

2.1. Variações semânticas no Português de Moçambique ................................................ 6

2.2. Mecanismos de entrada de novas palavras (neologismos, empréstimos, .................. 6

2.3. Neologismos .............................................................................................................. 6

2.3.1. Tipos de neologismo ............................................................................................... 7

2.4. Empréstimo ................................................................................................................ 8

2.4.1. Critérios de empréstimo e sua integração nas línguas moçambicanas ................... 8

2.5. Estrangeirismo ........................................................................................................... 9

2.5.1. Estrangeirismo na língua portuguesa ...................................................................... 9

2.6. Exemplos de novas entradas léxico-semânticas no Português de Moçambique...... 10

3. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 12

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 13

3
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho da cadeira de Lexicologia, aborda conteúdos atinentes ao tema Processos


de renovação e enriquecimento do léxico no Português de Moçambique. Entretanto, o fruto
deste é o resultado de uma pesquisa, na qual pretendo fazer luz sobre o tema em causa,
esclarecendo conceitos fundamentais, abrir horizontes e apresentar directrizes básicas que
podem pela generalidade compreender as diversas perspectivas sobre a Lexicologia.

Ao longo desse tema foram desenrolados vários aspectos sobre o tema tais como: Variações
semânticas no Português de Moçambique, Mecanismos de entrada de novas palavras
(neologismos, empréstimos, estrangeirismos) e Exemplos de novas entradas léxico-semânticas
no Português de Moçambique.

Visto que, A língua é uma entidade viva, não estática e como tal transforma-se continuamente,
não deixando, contudo, de desempenhar a sua função principal, a de ser um instrumento de
comunicação. Porém, as mudanças que se verificam na língua resultam do seu carácter aberto
e dinâmico.

Importa, referir que, a Lexicologia consiste no estudo científico do léxico de uma língua, tendo
como objecto o seu relacionamento com os restantes subsistemas da língua, incidindo
sobretudo na análise da estrutura interna do léxico, nas suas relações e inter-relações.
Entretanto, a Lexicologia tem por função fornecer os pressupostos teóricos e traçar as grandes
linhas que coordenam o léxico duma língua.

4
1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Conhecer os Processos de renovação e enriquecimento do léxico no Português de


Moçambique

1.2.1. Objectivos Específicos

 Explicar as Variações semânticas no Português de Moçambique;


 Descrever os Mecanismos de entrada de novas palavras (neologismos, empréstimos,
estrangeirismos);
 Ilustrar os Exemplos de novas entradas léxico-semânticas no Português de
Moçambique.

1.3. Metodologia

Fonseca (2002) diz que “a pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências
teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites” (p. 32).

A metodologia utilizada na construção deste trabalho, foi baseada em pesquisas bibliográficas


buscando fundamentar os assuntos abordados com clareza e veracidade dos factos.

Usou- se essa metodologia porque consiste no levantamento bibliográfico entre livros, artigos,
revistas científicas, teses e sites. Posteriormente foram selecionados os materiais com conteúdo
mais relevante para a leitura, análise temática e construção do texto.

5
2. DESENVOLVIMENTO

2.1. Variações semânticas no Português de Moçambique

A semântica é uma área da linguística voltada ao estudo do significado em diversos níveis,


analisando inclusive o conteúdo e o contexto. Dessa forma, estuda-se a relação do significado
com o significante, que tem a ver com a forma das palavras, seja essa forma a sua grafia, seja
o seu som.

Sabendo que a semântica é o estudo do sentido das palavras, a variação semântica seria o estudo
as diferenças dos sentidos das palavras. Um mesmo referente pode ter várias palavras e uma
palavra pode ter vários significados.

A unidade lexical “chapa 2” para além dos significados conhecidos na LP significa “transporte
semi- coletivo de passageiros.” A palavra camisola, no PB significa vestimenta feminina usada
para dormir enquanto no PM, camisola é vestimenta de malha de lã ou algodão com mangas
compridas que é usada para se proteger do frio.

2.2. Mecanismos de entrada de novas palavras (neologismos, empréstimos,


estrangeirismos)

2.3. Neologismos

Neologismo é o nome que se dá a uma palavra recém-criada ou a uma palavra já existente que
adquire um novo significado. Assim, algumas vezes, acabamos criando uma palavra ou dando
outro sentido a uma já existente, com o intuito de expressar nossos pensamentos de forma mais
eficaz.

Segundo Carvalho (1987) explica que:

Os neologismos estão intimamente ligados às inovações em diferentes áreas da atividade humana,


como as artes, a técnica, a ciência, a política e a economia. Além disso, há uma relação de
proximidade entre os neologismos e palavras como “mudança, evolução, novidade, novo, criação,
surgimento, inovação”

Para Almeida & Correia (2012):

Neologismo como “uma unidade lexical cuja forma significante ou cuja relação significante,
caracterizada por um funcionamento efetivo num determinado modelo de comunicação, não se tinha
realizado no estágio imediatamente anterior do código dessa língua”. Dessa definição, segundo as
autoras, “decorre que os neologismos podem constituir palavras formalmente novas, palavras

6
preexistentes que adquirirem um novo significado, ou, ainda, palavras que passam a ocorrer em
registros linguísticos nos quais não costumavam ocorrer” (pág. 24).

Os neologismos podem surgir de várias maneiras:

 Ressignificação: uma palavra já existente na língua é ressignificada, isto é, adquire um


novo significado.
 Empréstimo: determinado termo é tomado de empréstimo e utilizado em um meio
cultural em que, antes, ele não era usado; pode ser um regionalismo, um termo técnico,
uma gíria ou uma palavra estrangeira.
 Calco linguístico: a tradução de uma expressão tomada, por empréstimo, de uma língua
estrangeira.
 Processo onomatopeico: palavras são criadas a partir da imitação de um som
produzido por seres ou objetos.

2.3.1. Tipos de neologismo

O neologismo pode ser classificado em dois tipos.

Formal ou lexical: É uma palavra completamente nova introduzida em uma língua. Assim, a
criação desse novo termo ocorre de diferentes maneiras, o que nos permite subclassificar esse
neologismo em:

 Fonológico: Palavra com característica onomatopeica, isto é, que imita o som de seres
ou objetos, mas também palavra já existente que tem o seu som original alterado.

Exemplos: tchurma, tique-taque, miau, capritcho, zunzum, todxs, cocoricó, clique etc.

 Sintático: Formado a partir de processo de derivação ou de composição. Estão


incluídos nesse tipo, também, as palavras originárias de siglas.

Exemplos: transcriação, autogolpe, antimíssil, megaloja, microblusa, multimídia, não ficção,


pós-Obama, pré-pago, sem-terra, petista, golaço, orelhão, natureba, repeteco, troca-troca,
ufólogo, motoca, sofrência, funkeiro, rolezinho etc.

 Por empréstimo: Palavra tomada de empréstimo de outra língua. Tal palavra pode ser
escrita como na língua original, traduzida ao pé da letra ou adaptada à língua que se
apropriou dela. No Brasil, chamamos essa adaptação de “aportuguesamento”.

Exemplos: deletar, on-line, skinhead, estressado, kit, fashion, hip-hop, arranha-céu, laser,
escanear, blogue, fast-food, pole position, turnê, caviar etc.

7
Conceptual ou semântico: Atribuição de um novo significado a palavras que já existem na
língua.

Exemplos: quadrado, gato, laranja, mico, grampo, provedor, mala, ficar, barraco, bofe, zebra
etc.

2.4. Empréstimo

Os empréstimos constituem uma forma de enriquecimento do vocabulário de uma dada língua


e estas línguas não são uma excepção. Os empréstimos são, em geral, palavras vindas de outras
línguas, próximas ou distantes, para incrementar o vocabulário da língua de chegada ou para
designar uma realidade nova entre os falantes dessa mesma língua.

De acordo com Houaiss (2009):

Empréstimo é a incorporação ao léxico de uma língua de um termo pertencente a outra língua (Dá-
se por diferentes processos, tais como a reprodução do termo sem alteração de pronúncia e/ou grafia
(know-how), ou com adaptação fonológica e ortográfica (garçom, futebol).

Para Ferreira (2010), empréstimo aparece definido como:

Efeito causado quer pelo contato prolongado entre línguas diferentes, quer por influência de uma
cultura sobre outra, quer pelo aprendizado de uma língua por grupos sociais estrangeiros, e que se
traduz em mudanças no sistema linguístico e/ou no léxico, que passa (m) a incluir elementos não
vernáculos. (pág. 779)

2.4.1. Critérios de empréstimo e sua integração nas línguas moçambicanas

Cada critério é aproveitado pelos falantes para acomodar palavras vindas de outras línguas:

Critério semântico: Quando uma palavra de uma língua qualquer entra para uma língua bantu,
a primeira preocupação dos falantes dessa língua é procurar o significado da palavra em
questão por forma a encontrar a classe semântica onde integrá-la.

Veja-se os seguintes exemplos do Cinyungwe:

 Parato “Prato”
 Maparato “Pratos”

Critério fonético: As línguas indo-europeias não organizam o léxico tal como o fazem as
línguas moçambicanas. As palavras nessas línguas não apresentam prefixos de classe, daí que,
quando uma palavra proveniente destas línguas entra para uma língua moçambicana e os
falantes dessa língua não encontrarem uma classe semântica na qual a possam enquadrar,

8
recorrem à possível semelhança entre o som inicial dessa palavra e o som de um prefixo de
uma das classes nominais existentes na língua.

Assim, o critério fonético observa a semelhança fonética entre o som inicial da nova palavra
(vinda de outra língua) e o som inicial do prefixo de uma das classes nominais existentes na
língua moçambicana de chegada.

Veja-se os seguintes exemplos do Cinyungwe:

 Apirisori “Professor”
 Azipirisori “Professores”

Critério de prefixo zero: Em certos casos, quando uma nova palavra entra numa língua
moçambicana, os falantes podem não encontrar uma classe semântica na qual a possam
enquadrar e nem uma possível semelhança entre o som inicial dessa palavra e o som de um
prefixo de uma das classes nominais existentes na língua.

Vejam-se os seguintes exemplos de Citewe:

 Øbora “bola”
 Ma-bora “bolas”:

2.5. Estrangeirismo

O estrangeirismo é o processo linguístico que resulta na incorporação de uma palavra,


expressão ou construção frasal de outro idioma a uma língua nativa. Esse é um fenômeno
considerado comum, afinal de contas, a língua é viva e sofre interferências de diversas culturas,
especialmente porque vivenciamos a globalização e os efeitos das tecnologias.

Os estrangeirismos podem conservar sua grafia original ou passar por um interessante processo
de aportuguesamento, o que muitas vezes camufla a verdadeira origem do vocábulo. Eles são
facilmente encontrados nos termos que fazem referência à tecnologia, e é justamente nesse
campo semântico da informática que as dúvidas costumam aparecer, haja vista que muitas
palavras do universo da computação são emprestadas do inglês — o que não quer dizer que
são, necessariamente, estrangeirismos.

2.5.1. Estrangeirismo na língua portuguesa

O estrangeirismo enquadra-se nos métodos de composição de palavras e figuras de linguagem.


No entanto, para este último, precisa contribuir com a estilística do texto, ou seja, evidenciar
os recursos afetivos e expressivos tanto na oralidade quanto escrita.

9
A língua portuguesa tem origens no latim, francês, italiano, espanhol, entre outras. Atualmente,
uma das que mais exercem influência é a inglesa, pois – assim como o francês foi em outros
períodos históricos – é considerada uma linguagem universal, mesmo com todas as diferenças
em relação ao português, principalmente na parte gramatical.

Palavras como design, delivery, fitness, jeans, shopping center, spray, show, notebook, online,
marketing e babydoll são exemplos de estrangeirismo, uma vez que houve a inserção na nossa
língua sem alterações gráficas.

Devido justamente à questão gráfica, vale ressaltar que empréstimo linguístico ou


"aportuguesamento" difere do estrangeirismo. Apesar das semelhanças, no primeiro caso
ocorre uma mudança na escrita do termo estrangeiro. Vejamos:

 Futebol (football)
 Basquetebol (basketball)
 Batom (bâton)
 Bife (beef)
 Esporte (sport)
 Blecaute (black-out)
 Telefone (telephone)

2.6. Exemplos de novas entradas léxico-semânticas no Português de Moçambique

Os conceitos de campo semântico e campo lexical frequentemente são confundidos. Tanto o


campo semântico quanto o campo lexical são utilizados pela linguística textual a fim do melhor
e mais adequado uso das palavras da língua portuguesa. Para entendê-los melhor propomos
alguns esclarecimentos e algumas conceituações:

Léxico é o conjunto de palavras pertencentes a determinada língua. Por exemplo, temos um


léxico da língua portuguesa que é o conjunto de todas as palavras que são compreensíveis em
nossa língua. Quando essas palavras são materializadas em um texto, oral ou escrito, são
chamadas de vocabulário.

São exemplos de campos lexicais:

 O da saúde: estetoscópio, cirurgia, esterilização, medicação, etc.


 O da escola: livros, disciplinas, biblioteca, material escolar, etc.
 O da informática: software, hardware, programas, sites, internet, etc.
 O do teatro: expressão, palco, figurino, maquiagem, atuação, etc.

10
 Campo lexical dos sentimentos: amor, tristeza, ódio, carinho, saudade, etc.
 Campo lexical das relações inter-pessoais: amigos, parentes, família, colegas de
trabalho, etc.

Semântica é o estudo do significado, no caso das palavras, a semântica estuda a significação


das mesmas individualmente, aplicadas a um contexto e com influência de outras palavras.

O campo semântico, por sua vez, é o conjunto de possibilidades que uma mesma palavra ou
conceito tem de ser empregada(o) em diversos contextos. O conceito de campo semântico está
ligado ao conceito de polissemia.

Uma mesma palavra pode tomar vários significados diferentes em um mesmo texto,
dependendo de como ela for empregada e de que palavras a acompanham para tornar claro o
significado que ela assume naquela situação.

Por exemplo:

 Conhecer: ver, aprofundar-se, saber que existe, etc.


 Bacia: utensílio de cozinha, parte do esqueleto humano.
 Brincadeira: divertimento, distração, passa-tempo, gozação, piada, etc.
 Estado: situação, particípio de estar, divisão de um país, etc.

O campo semântico pode também ser o conjunto das maneiras que são utilizadas para expressar
um mesmo conceito.

Exemplos:

 Campo semântico em torno do conceito de morte: bater as botas, falecer, ir dessa para
a melhor, passar para um plano superior, falecer, apagar, etc.
 Campo semântico em torno do conceito de enganar: trapacear, engabelar, fazer de bobo,
vacilar, etc.

11
3. CONCLUSÃO

Conforme as pesquisas feitas, consumou- se que, o Português de Moçambique é uma realidade


eminente e o importante é continuarmos a pesquisar e a descrever esta variedade por forma a
melhor lidarmos com o ensino do português nas escolas moçambicanas. É fundamental
sublinhar que a língua portuguesa ainda é obstáculo no progresso da educação moçambicana.
Por isso, algumas vozes defendem uma educação bilíngue a fim de se ultrapassar tais
dificuldades.

Portanto, no léxico do Português de Moçambique os neologismos predominantes constituem


empréstimos das línguas moçambicanas de origem Bantu. Tal facto parece dever-se, por um
lado, à necessidade que os falantes têm de preencher lacunas, isto é, de se referirem a realidades
para as quais a língua portuguesa ainda não criou palavras para o efeito; por outro lado, tais
lacunas por vezes acontecem pelo fraco conhecimento que os utentes têm da língua portuguesa.

Outro motivo ainda tem a ver com a necessidade de reforçar a identidade cultural através da
língua. Parece, pois, que os falantes usam palavras das línguas moçambicanas para designar
determinados objectos, factos, etc., mesmo nos casos em que a língua portuguesa tem palavras
nesse sentido.

12
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Alves, I. M. (1994). Neologismo, criação lexical. São Paulo: Ática.

Basílio, M. (1987). Teoria lexical. São Paulo: Ática.

Carvalho, N. (1987). O que é neologismo. (2ª edição). São Paulo: Brasiliense.

Carvalho, N. (1989). Empréstimos Linguísticos. São Paulo: Ática.

Correia, M & Almeida, G. M. (2012). Neologia em português. São Paulo: Parábola.

Coseriu, E. (1970). Campos Semânticos e Relações Interlexicais. Paris: Klincksleck.

Dias, H. I. P. (2002). Minidicionário de Moçambicanismos. Maputo: Edição da Autora.

Fonseca, J. J. S. (2002). Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC.

Ferreira, J. F. (1985). A Pedagogia do Léxico. Porto: Edições Claret.

Vilela, M. (1979). Estruturas Léxicas do Português. Coimbra: Almedina.

13

Você também pode gostar