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FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

O Léxico mental: formas e modelos de processamento

Estudante: Olímpio Adriano Uaiene


Código: 41200095

Maxixe, Maio de 2023


FACULDADEDE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

O Léxico mental: formas e modelos de processamento

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura
em Ensino de língua portuguesa da
UnISCED.

Tutor: Narciso Gastane

Estudante: Olímpio Adriano Uaiene


Código: 41200095

Maxixe, Maio de 2023

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Índice
Introdução .................................................................................................................................. 4
Objectivos .................................................................................................................................. 4
Metodologia ............................................................................................................................... 5
Lexicografia ............................................................................................................................... 5
Léxico ........................................................................................................................................ 5
Léxico mental ............................................................................................................................ 7
As relações internas e externas doléxico mental ....................................................................... 7
Formas e modelos de processamento ........................................................................................ 9
Conclusão ................................................................................................................................ 12
Referências bibliograficas ....................................................................................................... 13

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1 Introdução
No campo da didática do ensino de línguas, os métodos de aprendizagem enfatizam a
relevância no desenvolvimento das habilidades linguísticas (ouvir, falar, ler e escrever) em todo
processo de aprendizagem. No entanto, para que os alunos possam desenvolver essas
habilidades, acima de tudo, é necessário que eles conheçam e reconheçam o significado das
palavras empregadas nos contextos comunicativos, além de saber o momento e o contexto
adequado para utilizá-las de acordo com a situação comunicativa.
Para isso, os professores de língua estrangeira devem mudar certos procedimentos
didáticos como o ensino da segunda língua através da língua materna e o destaque da análise
gramatical em sala de aula. Essas ações didáticas, na maioria dos casos, não incorporam um
ambiente de aprendizagem necessário para a ativação e para a exploração do léxico mental dos
estudantes nem proporciona a aprendizagem significativa da segunda língua.
Assim, Dubois, no Dicionário de Linguística (1988, p. 364), afirma que léxico “designa
o conjunto das unidades que formam a língua de uma comunidade, de uma atividade humana,
de um locutor, etc.”, sendo o termo léxico reservado à língua, e o termo vocabulário reservado
ao discurso. Segundo Saussure (1986), o léxico, do grego lexis – palavra, pode, ainda, ser usado
na acepção de dicionário de uma língua, ou seja, conjunto de palavras ordenado.
Considerando essa definição, léxico mental seria algo como uma memória onde
estocamos o léxico, isto é, todas as palavras que conhecemos da língua,ou seja, refere-se ao
dicionário mental ou repositório de palavras e seus significados armazenados na mente
humana.No momento em que o léxico é qualificado com o termo ‘mental’, passamos do léxico
em seu uso social para o léxico no cérebro. Portanto, essa denominação se refere ao léxico em
seu aspecto cognitivo, que, ao ser utilizado na comunicação, materializa-se na fala ou na escrita.

2 Objectivos
Geral
✓ Reconhecer as formas e modelos de processamento de léxico mental.

Específicos
✓ Definir conceitos relacionados com o léxico;
✓ Identificar as formas e modelos de processamento de léxico mental;
✓ Explicar as formas e modelos de processamento de léxico mental.

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3 Metodologia
Para concretizar os objectivos acima preconizados, seguiu se fundamental a pesquisa
bibliográfica, onde fez se a leitura de obras que versam sobre o léxico mental.

4 Lexicografia
A Lexicografia é definida como “um ramo aplicado da Lexicologia que se ocupa da
elaboração de dicionários”, (MATEUS, 2017:10, apud CABRÉ, 2004:20). Ela tem como
objeto, as teorias e as metodologias sobre a elaboração de dicionários monolíngues, bilíngues
ou plurilíngues.
A finalidade da obra lexicográfica é, na percepção do usuário, a de, simplesmente,
dirimir dúvidas. Nessa perspectiva, a sua principal missão é, para além de auxiliar os falantes
nativos de uma língua com dificuldades de escrita, de categorização gramatical de palavras,
prestar esclarecimentos sobre o significado e o uso de uma palavra pouco utilizada, incluindo
algumas informações etimológicas.
Dapena (2002), observa que a lexicografia é a disciplina que se ocupa de tudo que se
refere aos dicionários, tanto o que diz respeito ao seu conteúdo científico (estudo do léxico)
quanto à sua elaboração material e as técnicas adoptadas em sua realização, ou, enfim, a sua
análise. Qualquer outro estudo concernente ao léxico e não contido em um dicionário
corresponderá exclusivamente ao ambiente da lexicologia.
Por seu turno, Zgusta (1971), refere que a lexicografia é uma esfera muito difícil
da atividade linguística, pois o lexicógrafo deve considerar não somente a estrutura da língua
em questão, mas também a cultura da respectiva comunidade linguística em todos os seus
aspectos. Assim, a lexicografia está intimamente ligada às disciplinas que estudam o sistema
lexical como a semântica, a lexicologia, a gramática e a estilística.
No que tange às definições de Lexicografia acima preconizadas, conclui se que todas as
posições apresentadas se assemelham na medida em que associam a Lexicografia à elaboração
dos dicionários.

5 Léxico
De acordo com Mateus (2017, p. 25) apud Lehmann (1998), o léxico de uma língua
pode ser definido como o conjunto de todas as unidades lexicais que dela fazem parte. Portanto,
para os estruturalistas, o léxico deve ser visto como o conjunto dos lexemas da língua, o que se
opõe ao conjunto dos vocábulos que ocorreram no discurso.

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Para Biderman (1978, 1981, 1999), o léxico nomeia e refere à realidade. Assim sendo,
o léxico é o instrumento de representação da organização do mundo sensorial do homem e
possui valor não absoluto. Sendo assim, ele é relativo.
De acordo com Cumpri (2012), contemporaneamente, a palavra é vista como a unidade
operacional básica do léxico e, assim sendo, é a unidade significativa de articulação do discurso
humano e a entidade psicolinguística primordial. Dessa forma, segundo Cumpri (2012), essa
definição contribui para um conceito de palavra ao mesmo tempo opaco e relativo. Opaco por
ela está na fronteira entre o linguístico e o extralinguístico e relativo por variar de língua para
língua.
Assim sendo, torna-se difícil definir e classificar o léxico de uma determinada
comunidade linguística, além de não ser uma tarefa rápida ou fácil. Cumpri (2012) também
considera que é por meio do léxico que registramos o conhecimento do universo e, por isso, ele
é um sistema aberto que engloba o patrimônio vocabular de uma dada comunidade linguística
ao longo de sua história. Nesse sentido, o léxico constitui um tesouro cultural abstrato.
Ainda conforme Cumpri (2012), o homem, ao categorizar e nomear seres e objetos que
o cercam, à medida que conhece e estrutura o universo do /qual é parte integrante e
determinante, gera o léxico das línguas naturais que se processa por meio de atos sucessivos de
cognição da realidade e de categorização da experiência cristalizada em signos linguísticos.
Desse processo, estabelece-se o dicionário de uma língua, entendido por Cumpri (2012) como
um acervo lexical e cultural de um povo, como signos lexicais frutos da cultura dos falantes
dessa língua.
Para Basílio (2011), o léxico tem sido definido de vários modos, seguindo diferentes
pressupostos teóricos que vão desde a concepção clássica (léxico como conjunto de palavras de
uma língua) às definições mais técnicas, que, segundo a referida autora, variam de acordo com
os interesses cambiantes de abordagens teóricas/ou descritivas de uma certa época.
Expandido o conceito mencionado, Basílio (2011) afirma ser o léxico concebido como
um sistema de formas simbólicas que evocam conceitos, formas utilizadas na construção de
enunciados. Mais do que um conjunto de formas, portanto, o léxico é um sistema que contém e
(re)produz formas na medida das necessidades dos usuários da língua no que se refere à
representação conceitual e à construção de enunciados para fins de comunicação.

Léxico mental
O léxico mental é um sistema complexo e dinâmico que desempenha um papel crucial
no processamento e desenvolvimento da linguagem. É um repositório mental de palavras e seus
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significados que é constantemente atualizado e expandido por meio do uso e aprendizado da
linguagem. O léxico mental inclui informações sobre a forma da palavra, pronúncia, ortografia,
categoria sintática e características semânticas. Por exemplo, quando encontramos a palavra
“cachorro”, nosso léxico mental ativa várias informações, como sua forma, pronúncia e
significado. O léxico mental não é uma entidade estática, mas é constantemente atualizado e
expandido por meio do uso e aprendizado da linguagem.
Para Marta Higueras (2004: 13), o Léxico Mental é “una especie de almacén inteligente
de unidades léxicas”. Luque Durán (1998: 124) explica este conceito como “umarealidade
mental paralela a outra realidade física que conhecemos como mundo (externo e interno)”. De
acordo com o autor, esta última é formada por duas componentes: as unidades, elementos
cristalizados, particulares, únicos e discretos, e as redes que são as várias relações (de
substituição, coaparição, inclusão, oposição, etc.) estabelecidas entre as diferentes unidades.
Para linguistas como Lahuerta e Pujol (1996: 121), “a capacidade para relacionar formas com
significados utilizadasadequadamente se há chamado competência léxica, etal «lugar» donde
reside oconhecimiento desta competência denomina seléxico mental”. Os autores (1996: 121)
ainda o definem “como um conjunto de unidades léxicas que umfalante armazenou e que ele é
capaz de reconhecer e/ou usar em mensagens orais ou escritas”.
O conceito em análise aponta para o universo das unidades lexicais que se movimentam
e agregam numa plataforma léxico-conexional intrínseca à mente do falante. Atendendo ao
cariz ativo do léxico mental, convém sublinhar que a conjugação da memória semântica
(conceitos) com a informação (fonológica, morfológica, sintática, semântica, entre outras)
transmitida pelas unidades lexicais é essencial ao ato comunicativo e reflete a atividade
associativa habitual no input e output linguísticos.
O léxico mental congrega em si mesmo o resultado de todas as funções (memorizar,
analisar, relacionar…) desempenhadas pelo nosso cérebro. Ao recebermos o input, ele é
processado, sendo feita uma filtragem qualitativa e setorial da informação lexical que chega do
exterior, de forma a otimizar a posterior utilização. Neste contexto, Marta Baralo (2001: 165)
afirma que “a tarefa de reconhecer fonemas e palavras é extremamente complexa”, daí que tal
processamento, consciente ou não, seja uma etapa fundamental na construção da competência.

As relações internas e externas do léxico


mental
Primeiramente, o que sabemos sobre as redes de relações semânticas, é que constituem
verdadeiras vias de tráfego, possuindo vários pontos de conexão, onde se encontram os
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elementos léxicos que se intercomunicam entre si, formando uma complexa rede. Sobre a teoria
das redes semânticas, LuqueDurán (2004, p.235) explica:

Las teoríasen torno a las redes de relaciones semánticasentienden la


organizacióndellexicón mental como una especie de tela de arañaen la
que los elementos léxicos se encuentranen los nudos y se
intercomunican entre sí a través de diferentes vías, estableciendo redes
de relaciones extremadamente complejas.

Dessa forma, podemos dizer que as redes de relações semânticas complexas nos ajudam
a compreender por que certas palavras não se combinam ou não estão agrupadas na mesma
categoria. A explicação para este evento é a diversidade de formas como se configura uma rede
semântica, apresentando possibilidades através do conhecimento linguístico, do conhecimento
de mundo, dos hábitoscognitivos, do campo semântico, da igualdade funcional, do contexto ou
do cotexto.
Para Kessing (1979, apudLuqueDurán), o linguista se apoia nos conhecimentos
linguísticos e nos conhecimentos de mundo para explicar os fenômenos centrais da linguagem
e dos exteriores a ela. A opção por um dos artigos definidos em espanhol (el
/la) antes do vocábulo ‘tema’ é algo plenamente linguístico, enquanto dirigir uma
motocicleta é um exemplo de conhecimento de mundo do indivíduo.
Outra possibilidade é a conexão de palavras através de hábitos cognitivos. Nesse caso,
os aprendizes associam os elementos léxicos relacionados e adequados ao discurso emitido. Por
exemplo, se o discurso tem como tema uma festa de aniversário, imediatamente vem à nossa
mente (la vela, los globos, el pastel, los dulces, el refresco, etc). Isso está relacionado com as
conexões ontológicas objetivas que os estudantes percebem ao seu redor.
Também, utiliza-se frequentemente o campo semântico como forma de associar
palavras que compartilham a mesma classe gramatical e algum significado comum. Se pedirmos
aos alunos que associem todos os elementos léxicos relacionados com a praia, virão à mente os
seguintes vocábulos em espanhol (arena, sol, gafas, mar, ola, bañador, etc).
Da mesma forma do campo semântico, os falantes geralmente costumam associar
palavras que exercem as mesmas funções no discurso (igualdade funcional), por isso,
combinam-se nomes com nomes, adjetivos com adjetivos, verbos com verbos, etc.

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É possível fazer associações entre palavras a nível mental recorrendo ao contexto ou ao
cotexto. De acordo com LuqueDurán (2004, p.236), “la asociaciónsemántica de un elemento
léxico conotropuede estar determinada por la apariciónen el contexto de otros elementos”
Com relação ao conhecimento de mundo, este pode ser genérico ou particular. Quando
os falantes possuem informações concretas do entorno onde vivem, diz-se que eles têm domínio
do conhecimento de mundo particular. Por outro lado, o conhecimento genérico permite aos
indivíduos ter uma ontogenia de cada entidade como uma perspectiva funcional da mesma, ou
melhor, conhecer os processos prévios do estado atual de uma entidade. Por exemplo, ao falar
sobre a ontogenia de um bolo os indivíduos sabem que é a farinha de trigo mais leite, açúcar,
margarina, ovos, fermento e tempo de assadura em um forno.
Quando falamos de conhecimento de mundo ou conhecimento enciclopédico, é
necessário estabelecer limites e diferenças entre esses conhecimentos, visto que há dois tipos
de conhecimento: o que os indivíduos adquirem em interação com o entorno (ontológico-
prático) e o que é adquirido através da ciência (científico-enciclopédico).
Desse modo, LuqueDurán (2004) menciona como exemplo a distinção entre camelo e
dromedário para estabelecer a diferença entre os conhecimentos ontológicoprático e científico-
enciclopédico. A definição de camelo desenvolvido por nosso conhecimento linguístico seria
um animal de uma ou duas corcundas enquanto que o conhecimento enciclopédico considera o
dromedário como um animal de uma corcunda. Pelos exemplos mencionados, observamos que
muitas sociedades criaram regras taxonômicas específicas de categorizaçãode acordo com a
experiência e a cultura de seus falantes, pois, em alguns países, o tomate é considerado como
um fruto, enquanto que em outros, o tomate está dentro da categoria das verduras.

Formas e modelos de processamento


Depois de abordar alguns conceitos relacionados com o léxico, vamos abordar os
métodos de ativação que funcionam como estratégias cognitivas para retenção e consolidação
do vocabulário, tais como: a teoria da comparação dos rasgos, os modelos reticulares, o
modelo de logogen de Morton, o modelo autônomo de Forster, o modelo modular de
Fronkim e o modelo das redes semânticas.
De acordo com Smith et al (apud Vivas, 2010), a teoria da comparação de rasgos se
baseia nos supostos fundamentais para a análise semântica das palavras, buscando a
representação e a atribuição de seus significados. Essa teoria tornou-se relevante no processo
de categorização das palavras, porque considera que a palavra possui um conjunto de rasgos e

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de especificidades, o que constituem conceitos relevantes e determinantes para a inclusão de
uma palavra em uma categoria.
Desse modo, o conceito de mamífero inclui uma série de propriedades que o define, tais
como: seres animados, possuir glândulas mamárias, crias e quatro membros, assim como viver
no ambiente terrestre. Observa-se através desse exemplo que se um ser animado não possui uma
dessas propriedades, não será possível incluí-lo na categoria dos mamíferos.
Quillian (1968) definiu os modelos reticulares como uma rede semântica, constituída
de vários nodos ou vértices, os quais representam os conceitos que se encontram emaranhados
ou interconectados através dos arcos das relações entre os nodos. Assim, os conceitos somente
adquirem significado quando mantêm vínculos com outros conceitos que compartilhem as
mesmas propriedades, aumentando o número de relações entre os nodos. Neste caso,
apresentamos como exemplo as palavras em espanhol tren e subte que possuem propriedades
comuns como: meio de transporte, trilhos de ferro e vagão, enquanto que tren e naranja teriam
poucos vínculos ou nenhum entre eles.
Esse modelo proposto por Quillian demonstra como o léxico mental se encontra
organizado de modo reticular por meio dos conceitos e das relações entre esses conceitos de
forma hierárquica. Dessa maneira, o modelo adota dois parâmetros de vínculos entre duas
classes: os vínculos isa (relações categoriais entre conceitos) e os vínculos propriedades
(relações das associações das características específicas com os conceitos particulares).
O modelo de logogen de Morton (1969) é um modelo de acesso direto ao léxico
destacando os contextos extraléxicos (sintático e semântico) no processo de reconhecimento
das palavras. Nesse modelo, o reconhecimento das palavras se efetua através deoperadores
denominadoslogogenes, que atuam paralelamente aos estímulos e ao léxico mental interno.
Conforme Guzmán Rosquete (1997), os logogenes se associam a cada elemento léxico
e permanecem ativos durante todo o processo de recuperação de informações de uma
determinada unidade léxica, tendo como característica um nível que especifica a quantidade de
informação necessária para que essa unidade apresente uma resposta determinada. Dessa forma,
o logogen se ativa e provoca uma resposta do sistema, assim que reúne dados suficientes para
sobre passar o nível de perceção.
O modelo autônomo proposto por Forster (1976,1990) é o que melhor representa a
autonomia do léxico no processo de reconhecimento e frequência de uso das palavras pelos
falantes. Nesse modelo, os mecanismos de identificação dos vocábulos se efetuam da seguinte
maneira: primeiramente se busca a recuperação da forma e posteriormente a recuperação do
significado.
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Para Guzmán Rosquete (1997), no modelo autônomo de Forster, há dois componentes
essenciais no processo de acesso léxico: o arquivo principal(o léxico propriamente dito) e três
arquivosperiféricos como: o ortográfico para os estímulos visuais, o auditivo para as entradas
auditivase o sintático-semântico para a produção da linguagem.
O modelo modular de Fromkinexplica que as informações de um léxico se encontram
armazenadas em módulos. Cada módulo traz uma informação fonológica, ortográfica, sintática
e semântica das palavras. Para chegar à modularidade do conhecimento léxico, Fromkin (1987)
baseou-se em estudos realizados com pacientes afásicos ou com disfunções de fala, onde
comprovou que os danos cerebrais sofridos por cada paciente afetaram somente um módulo
independente, por essa razão, o conhecimento léxico sobre uma palavra estaria armazenado em
vários sub-léxicos.
O modelo das redes semânticas surgiu nos anos 70 e foi considerado como uma
variante do modelo modular de Fromkin. Segundo os psicolinguistas Aitchison (1987) e Miller
(1991), esse modelo é o que melhor explica como as informações linguísticas estão
armazenadas no cérebro. Nesse modelo, o armazenamento dos conhecimentos linguísticos
ocorre em forma de redes, onde estão ligadas por meio das relações semânticas existentes entre
os nodos, como as relações de hiperonímia (como é o caso de eletrodomésticos, que inclui
licuadora, televisión, aireacondicionadoetc.), relações de meronímia (de parte-todo, como em
tejado – casa). Além disso, as relações de sinonímia e antonímia também são consideradas
essenciais para a descrição do léxico mental.
O modelo das redes semânticas é, portanto, uma estratégia cognitiva muito relevante
para descrever o percurso dos conceitos e da formação das redes. Isso explica a estrutura do
léxico mental(fonológico, sintático e semântico), o qual os falantes recorrem para a seleção
léxica das relações semânticas.

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6 Conclusão
Como se sabe, qualquer trabalho de investigação termina com uma conclusão. Sem esta
parte, assemelhar-se-ia a um livro aberto à espera de ser fechado pelo próprio escritor ou a um
texto narrativo com desenlace aberto, facto que nos deixaria num suspense, ou seja, parecia um
conto que nada resolve. Assim sendo, iremos apresenta as conclusões obtidas como resultado
da descrição das formas e modelos de processamento de léxico mental.
Durante a redacção deste trabalho, observou-se que o vocabulário é um componente
linguístico que mais afeta a produção linguística dos estudantes, porque sem o domínio do
léxico, os aprendizes não conseguem participar dos processos de codificação e decodificação
das informações linguísticas em uma situação comunicativa.
Dessa forma, com o léxico mental ativado, os estudantes não apresentam dificuldades
no reconhecimento do significado das palavras nos textos (competência leitora), elaboram
discursos coerentes (competência discursiva), falam sobre qualquer tema sem dificuldades com
o vocabulário específico (competência léxica) e reconhecem a mudança de significados de
vocabulário de acordo com o país e as manifestações artísticas e culturais que são peculiares no
mundo hispânico (competência sociolinguística).
Como forma de promover o desenvolvimento da competência léxica dos alunos,
consideramos o léxico mental um componente linguístico de grande relevância para o campo
da didática das línguas e deveria fazer parte do currículo dos cursos de idiomas, porque se trata
de um elemento que explora as capacidades cognitivas dos estudantes para realizar a produção
linguística, além de promover a formação social e cultural.
Dessa forma, ativar o léxico mental na sala de aula, portanto, é fazer com que os
estudantes sejam capazes de reconhecer e de compreender os objetos existentes ao seu redor e
saibam organizá-los em categorias de acordo com suas funções semânticas. Também, podemos
dizer que os aprendizes reconhecem que o mundo se organiza através de conceitos, e dentro da
sociedade, as pessoas se comunicam através das palavras que são puramente conceitos
formados da interação do homem com o meio social e o cultural.

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Referências bibliográficas
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