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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DIRECÇÃO ACADEMICA
CURSO DE PSICOLOGIA SOCIAL DO TRABALHO

PERSONALIDADE

Estudante: Miguel Fernando João

Inhambane, Março de 2024

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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA
DIRECÇÃO ACADEMICA
CURSO DE PSICOLOGIA SOCIAL DO TRABALHO

PERSONALIDADE

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Psicologia Social
do Trabalho do ISMU.

Tutor: Ângelo Razão

Estudante: Miguel Fernando João

Inhambane, Março de 2024

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Índice
Introdução ............................................................................................................................... 4
Objectivo geral ...................................................................................................................... 4
Objectivos específicos ........................................................................................................... 4
Metodologia de pesquisa ........................................................................................................ 4
Personalidade ......................................................................................................................... 5
Teorias de personalidade ........................................................................................................7
Factores que influenciam na configuração da personalidade..................................................9
Conclusão..............................................................................................................................11
Referências Bibliográficas ...................................................................................................12

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Introdução
A personalidade, conceito central na psicologia, representa um intrigante enigma que
envolve a complexa interacção de factores genéticos, ambientais e experiências de vida. Ao
longo dos anos, diversas teorias têm buscado desvendar as nuances que compõem a
individualidade humana. Desde as pioneiras ideias de Sigmund Freud até as modernas
abordagens baseadas em traços, a compreensão da personalidade evoluiu, revelando a
diversidade de facetas que constituem a psique humana.
Esta exploração em profundidade visa não apenas descrever, mas também analisar
criticamente as diferentes perspectivas teóricas sobre a formação da personalidade. Ao
mergulhar nas complexidades dessas teorias, examinaremos como variáveis como
predisposições genéticas, influências ambientais e experiências de vida contribuem para
moldar e definir a singularidade de cada indivíduo.
À medida que adentramos este estudo, torna-se evidente que a personalidade é mais
do que uma mera soma de características; é um fenômeno dinâmico que desafia as fronteiras
da compreensão humana. Ao explorar suas ramificações, buscamos não apenas decifrar o
que compõe a personalidade, mas também compreender como esse intricado conjunto de
traços e comportamentos influencia a vida diária, as relações interpessoais e o
desenvolvimento ao longo do tempo.

Objetivo Geral
✓ Analisar a formação da personalidade, considerando teorias psicológicas,
fatores genéticos e ambientais, e seus impactos nas relações interpessoais.

Objetivos específicos
✓ Explicar o conceito da personalidade;
✓ Descrever principais teorias da personalidade, destacando suas contribuições
e limitações na compreensão do fenômeno;
✓ Analisar o papel de alguns factores na configuração da personalidade.

Metodologia de pesquisa

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Para abordar esta temática foi utilizada a pesquisa bibliográfica, que segundo Lakatos
e Marconi (2007, p. 37) trata do levantamento de bibliografias já publicadas em forma de
livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita e tem por finalidade colocar o
pesquisador em contacto direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto,
permitindo a análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações.

Personalidade
A personalidade, entendida como o conjunto único e duradouro de características
psicológicas que influenciam os padrões de pensamento, sentimentos e comportamentos
individuais, está intrinsecamente vinculada a factores genéticos, experiências de vida e
interacções sociais.
Em relação a esse aspecto, estudos diversos proporcionam perspectivas reflexivas
sobre a personalidade, oferecendo uma base sólida para uma tomada de decisão mais
informada diante dos desafios quotidianos nos relacionamentos, seja no âmbito amoroso,
profissional ou familiar. Segundo Baptista (2008), a abordagem da personalidade tem
passado por transformações significativas, instigando a reflexão sobre a complexidade
intrínseca dessa temática e suas interconexões.
Diante dessa observação, alguns apontamentos oferecem explicações significativas e
potencialmente esclarecedoras sobre a personalidade, delineando características que
contribuem para um entendimento mais aprofundado. Essas segundo Carver et Sheier (2000
citado por Baptista, 2008) incluem:

A personalidade não corresponde a uma justaposição de peças, mas sim representa


uma organização; A personalidade não se encontra em um local específico. Ela é
ativa e representa um processo dinâmico no interior do indivíduo; A personalidade
corresponde a um conceito psicológico cujas bases são fisiológicas; A personalidade
é uma força interna que determina como o indivíduo se comportará; A personalidade
é composta por padrões de respostas recorrentes e consistentes; A personalidade não
se reflete apenas numa direção, mas sim em várias, à semelhança dos sentimentos,
pensamentos e comportamentos.

Certamente, a mencionada revela uma perspectiva mais pormenorizada e


indubitavelmente destaca várias opções de compreensão da dinâmica da personalidade.
Pode-se também afirmar que a personalidade não é inata; ao contrário, à medida que alguém
se relaciona, simultaneamente ao desenvolvimento, esta se manifesta. Tendo isso em mente,

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Oliver e Lawrence (2003) concordam que a personalidade engloba as características que
explicam padrões consistentes de sentimentos, pensamentos e comportamentos.
Numa comparação arrojada e reveladora, assim como o fogo requer elementos como
combustível, comburente e calor para manifestar sua força, a personalidade emerge da
interacção entre temperamentos e caráter. O temperamento é descrito como traços inatos da
personalidade, de origem predominantemente genética. Importante notar que a experiência
pode alterar os temperamentos, independentemente de sua base hereditária (Buss & Plomin,
1984, conforme citado por Baptista, 2008).
Dessa maneira, de acordo com Baptista (2008), o traço de personalidade representa
uma característica duradoura e a predisposição do indivíduo para se comportar de uma
maneira específica em várias circunstâncias. Alguns exemplos de traços habituais incluem
impulsividade, generosidade, timidez, sensibilidade, empatia ou honestidade (Hansenne,
2003, conforme citado por Baptista, 2008).
Quanto ao caráter, de acordo com o modelo de Cloninger et al (1993, citado por
Baptista, 2008), é definido por disposições duradouras que surgem mais tarde na vida do
indivíduo e modificam os temperamentos iniciais. Outras perspectivas, como a de Sennett
(2019), sugerem uma abordagem mais contextualizada: o caráter seria o valor ético atribuído
aos próprios desejos.
Reconhecer que cada indivíduo possui características marcantes, tanto positivas
quanto negativas, facilita a compreensão e aceitação de nossa responsabilidade mútua. Na
prática, cabe a cada pessoa exercitar diariamente a empatia, solidariedade, prudência,
sabedoria e, conforme o relacionamento, talvez até a tolerância. Embora não seja uma tarefa
fácil, é crucial destacar que quanto mais desafiador nos parece relacionar com os outros, é
provável que o verdadeiro obstáculo resida em nós mesmos. Um indivíduo com questões não
resolvidas em sua vida emocional, afectiva e espiritual frequentemente enfrenta dificuldades
em administrar relacionamentos. Isso possivelmente explica por que a construção da
personalidade está intrinsecamente ligada ao outro e ao dinamismo do ambiente ao nosso
redor.

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Teorias de personalidade
Teorias de personalidade são estruturas conceituais que buscam explicar e
compreender os padrões consistentes de pensamentos, emoções e comportamentos que
caracterizam um indivíduo ao longo do tempo. Essas teorias oferecem modelos explicativos
que ajudam a organizar e interpretar a diversidade da personalidade humana, procurando
identificar os factores que contribuem para a formação e expressão das características
individuais.
Essas abordagens teóricas variam em suas ênfases, desde teorias psicanalíticas que se
concentram nos processos inconscientes até teorias de traços que destacam características
específicas e mensuráveis. Algumas teorias enfatizam a influência do ambiente, enquanto
outras se concentram em factores genéticos. Em essência, as teorias de personalidade
fornecem estruturas conceituais que ajudam os psicólogos a compreender, prever e explicar
o comportamento humano em termos de características individuais duradouras. As principais
teorias de personalidade são:

1. Teoria Psicanalítica de Sigmund Freud


Freud propôs que a personalidade é composta por três partes: o id (instintos e
impulsos inconscientes), o ego (racionalidade e equilíbrio) e o superego (moralidade
internalizada). Destacou o papel do inconsciente e desenvolvimento psicossexual na
formação da personalidade. Introduziu a ideia de que experiências precoces influenciam a
personalidade e destacou a importância da análise dos processos inconscientes.

2. Teoria dos Traços de Gordon Allport


Allport propôs que a personalidade é composta por traços, características psicológicas
fundamentais. Classificou os traços em centrais, secundários e cardinais, sendo os centrais
os mais influentes na formação da personalidade. Contribuiu para a compreensão da
estabilidade e variabilidade da personalidade, enfatizando as características individuais.

3. Teoria Comportamental de B.F. Skinner


Skinner enfatizou o papel do ambiente e do condicionamento na formação da
personalidade. Acreditava que os comportamentos são moldados por reforço positivo ou
negativo. Introduziu uma perspectiva behaviorista na compreensão da personalidade,
destacando a influência do ambiente na modelagem do comportamento.

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4. Teoria Humanista de Abraham Maslow
Maslow propôs a hierarquia de necessidades, argumentando que as pessoas buscam
satisfazer diferentes níveis de necessidades para alcançar a autorrealização. Destacou a
importância do potencial humano e do crescimento pessoal. Contribuiu para uma visão mais
positiva da natureza humana, enfatizando o desejo intrínseco de crescimento e
autoaperfeiçoamento.

5. Teoria dos Cinco Fatores (Big Five)


Este modelo identifica cinco grandes traços de personalidade: Extroversão,
Amabilidade, Conscienciosidade, Estabilidade Emocional e Abertura à Experiência. Cada
traço representa um continuum, e a combinação deles forma a personalidade de um indivíduo.
Oferece uma estrutura abrangente para descrever as diferenças individuais de maneira
concisa e universalmente aceita.

6. Teoria Cognitiva de Albert Bandura


Bandura desenvolveu a teoria do aprendizado social, destacando a importância da
observação, imitação e modelagem no desenvolvimento da personalidade. Introduziu o
conceito de autoeficácia. Enfatiza a influência do ambiente social na formação da
personalidade e o papel da autoeficácia na realização pessoal.

7. Teoria dos Arquétipos de Carl Jung


Jung explorou o inconsciente coletivo e os arquétipos universais, padrões
simbólicos presentes em mitos e culturas. Introduziu a ideia de tipos psicológicos baseados
em opostos, como extroversão/introversion. Contribuiu para uma compreensão mais
profunda das dimensões universais e simbólicas da personalidade, influenciando a psicologia
analítica.

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Factores que influenciam na configuração da personalidade
A configuração da personalidade é um fenômeno complexo e multifacetado, moldado
por uma interacção dinâmica entre diversos factores. Esses elementos desempenham papéis
cruciais na formação e expressão das características individuais. A seguir, destacam-se
alguns dos principais factores que influenciam a configuração da personalidade e seus
respectivos papéis:

1. Factores Genéticos: A herança genética contribui significativamente para a


predisposição de traços de personalidade. Estudos indicam que certas características têm uma
base, influenciando a expressão de comportamentos e predisposições emocionais.
Ex.: Predisposição genética para traços como extroversão, introversão e estabilidade
emocional.

2. Ambiente e experiências de vida: O ambiente em que uma pessoa é criada e as


experiências vivenciadas desempenham um papel crucial na configuração da personalidade.
Eventos significativos, como traumas ou realizações, podem moldar a forma como os traços
se manifestam.
Ex.: Um ambiente seguro e de apoio pode promover o desenvolvimento de uma
personalidade confiante, enquanto experiências adversas podem contribuir para traços de
ansiedade.

3. Cultura e meio social: A cultura e o meio social exercem influência na modelagem


da personalidade ao definir normas, valores e expectativas. Indivíduos em diferentes culturas
podem desenvolver traços distintos com base nas influências sociais predominantes.
Ex.: Culturas que valorizam a cooperação podem moldar personalidades mais
orientadas para o colectivo, enquanto em culturas mais individualistas, a ênfase pode ser na
autonomia pessoal.

4. Factores neurobiológicos: As características neurobiológicas, como a actividade


cerebral e a química cerebral, também desempenham um papel na configuração da
personalidade. Diferenças na actividade cerebral podem estar relacionadas a variações em
traços como impulsividade ou sensibilidade emocional.

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Ex.: Níveis de neurotransmissores, como serotonina e dopamina, podem influenciar
traços de personalidade, como o grau de impulsividade.

5. Factores psicodinâmicos e inconscientes: Abordagens psicodinâmicas, como as


propostas por Freud, destacam a importância de processos inconscientes na configuração da
personalidade. Experiências infantis e conflitos inconscientes podem moldar traços de
personalidade ao longo do tempo.
Ex.: Conflitos não resolvidos na infância podem se manifestar em padrões de
comportamento e emoções na vida adulta.

6. Escolhas pessoais e livre arbítrio: Embora influenciada por vários fatores, a


personalidade também é moldada pelas escolhas pessoais e pelo livre arbítrio. Indivíduos têm
a capacidade de tomar decisões que afetam o desenvolvimento de suas características.
Ex.: Escolher desafiar-se em situações novas pode contribuir para o desenvolvimento
da abertura à experiência.

Em resumo, a configuração da personalidade é resultado da interacção complexa entre


factores genéticos, ambientais, sociais e neurobiológicos. Compreender essas influências é
fundamental para uma visão abrangente da individualidade humana e para orientar
intervenções eficazes em contextos clínicos, educacionais e sociais.

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Conclusão
Ao término desta investigação sobre a personalidade, é possível afirmar que esse
complexo domínio da psicologia é uma tapeçaria intrincada, tecida com os fios da genética,
do ambiente e das experiências individuais. A diversidade de teorias examinadas revela que
não existe uma única explicação definitiva para a formação da personalidade, mas sim um
conjunto de perspectivas que, em conjunto, capturam a complexidade e a singularidade de
cada ser humano.
Ao reflectir sobre as implicações práticas desse conhecimento, torna-se evidente que
compreender a personalidade é fundamental não apenas para os profissionais da psicologia,
mas para todos que buscam aprimorar as relações interpessoais e promover o
desenvolvimento pessoal. Reconhecer a influência dos factores genéticos e ambientais na
construção da personalidade permite uma abordagem mais empática e compassiva diante das
diferenças individuais.
Portanto, este estudo não apenas lançou luz sobre as teorias e perspectivas
relacionadas à personalidade, mas também ressaltou a importância de reconhecermos a
singularidade de cada ser humano. Ao compreendermos a riqueza e a complexidade da
personalidade, contribuímos para um mundo mais tolerante, diverso e enriquecedor, onde a
compreensão mútua floresce.

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Referências Bibliográficas
Baptista, Nuno Jorge Mesquita. (2008). Teorias da personalidade. O portal dos psicólogos.
Marconi, M de, A. e Lakatos, E.M. (2007). Metodologia Científica. (7ᵃ ed.) São Paulo: Atlas.
Oliver, Jhon P; LAWRENCE A. Pervin. Teoria da personalidade: de observações cotidianas a teorias
sistemáticas.
Sennett, Richard. (2019). A corrosão do caráter – consequências pessoais do trabalho no novo
capitalismo. (20ª ed.) Rio de Janeiro: Record.

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