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A personalidade como construto teórico

Profª. Luana Cristina Silva Santos

Descrição

A construção histórica do conceito de personalidade e de seus conceitos articulados.

Propósito

O entendimento da definição e dos conceitos básicos da personalidade é essencial para os profissionais da


Psicologia avaliarem as diferenças individuais e o seu impacto no comportamento.

Objetivos

Módulo 1

Conceitos básicos de personalidade


Reconhecer os conceitos básicos de personalidade.

Módulo 2

Aspectos históricos na construção do conhecimento em Psicologia

Identificar aspectos históricos relevantes na construção do conhecimento em Psicologia acerca da


personalidade.

Módulo 3

Conceitos relacionados à personalidade

Analisar a articulação dos conceitos relacionados à personalidade.


Introdução
Todos temos uma personalidade e ela nos ajuda a determinar os limites do nosso sucesso e das
realizações na nossa vida, o que a torna um dos nossos patrimônios mais importantes. O modo
como agimos é reflexo importante daquilo que chamamos de personalidade e tem influência direta
nas mais diversas experiências da nossa vida e das pessoas que nos cercam. Nesse sentido,
notamos que, na mesma situação, as pessoas podem ter reações distintas dadas as suas
características individuais, o que se traduz na sua personalidade.

Constantemente, valorizamos as pessoas ao nosso redor em termos do nosso julgamento acerca de


sua personalidade (“fulano tem personalidade maravilhosa”). Desse modo, passamos a selecionar os
outros em diversos contextos, como no trabalho, na faculdade, com os amigos etc. Entretanto,
caracterizar alguém como “maravilhoso” ou “péssimo” é apenas uma declaração simplista acerca da
personalidade dessa pessoa. Logo, é necessário entender que o conceito de personalidade vai além
de simples atribuições e esse conceito vem se transformando e crescendo em detalhes e
complexidade ao longo do tempo. Vamos conhecê-lo melhor?
1 - Conceitos básicos de personalidade
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer os conceitos básicos de personalidade.

O que é personalidade?
Todas as espécies de animais, além dos seres humanos, possuem características singulares importantes
que delineiam o quão variantes e similares são com relação a outros seres vivos. Desse modo, conseguimos
perceber que cachorros e gatos possuem quatro patas, focinhos e bigodes, mas são espécies animais
diferentes, da mesma forma que homens e mulheres possuem similaridades que os tornam humanos, mas
também apresentam diferenças anatômicas que nos permitem diferenciá-los por gênero.

Dentre todas as espécies, o ser humano é a que mais possui variabilidades, tanto físicas quanto
psicológicas. Se explorarmos todas as formas de se caracterizar o outro que utilizamos, encontraremos
definições como: calmo, agitado, tranquilo, equilibrado, temperamental, introvertido, extrovertido, alegre,
otimista, pessimista, criativo, honesto, dentre tantas outras.

Quantas vezes você já atribuiu essas características ao descrever a personalidade de


alguém? Inúmeras, não é mesmo?

Cada pessoa terá níveis diferentes dessas dimensões que usamos para atribuir características e isso se
relacionará com sua postura e seu comportamento diante das mais diversas situações. Tais características
são atributos peculiares do indivíduo e incluem atribuições relacionadas ao humor, à inteligência e ao
temperamento, por exemplo.
Como a Psicologia define personalidade

Apesar de haver várias definições de personalidade, é homogeneamente aceito pelos teóricos que traços de
personalidade:

são definidos como padrões relativamente duradouros de pensamentos, sentimentos


e comportamentos que distinguem os indivíduos uns dos outros

(ROBERTS; MROCZEC, 2008, p. 31)

As diferenças individuais estão relacionadas aos traços de personalidade de cada indivíduo, além de
também influenciarem a constância do comportamento ao longo do tempo. Os traços podem ser únicos ou
compartilhados por grupos, ainda que seu padrão seja individual e, mesmo com a propensão à estabilidade,
podem mudar por várias razões, como acontecimentos traumáticos, uso de substâncias e engajamento em
comportamentos novos. Assim, embora cada pessoa possua similaridades com outras, os seus traços se
organizam ou se manifestam de modo particular, constituindo uma personalidade única.
Na Psicologia, a palavra "personalidade" veio do Latim persona, que se relacionava com a máscara utilizada
pelos atores romanos nos dramas gregos, que projetava determinada aparência adequada ao papel que
seria interpretado.

O termo passou a ser utilizado além desse significado superficial. Embora não se tenha chegado a um
consenso sobre uma definição única para a palavra, passou-se a referir a algo mais que os papéis que as
pessoas representam (FEIST; FEIST.; ROBERTS, 2015).

Como diversos teóricos discordavam em relação a uma conceituação única da personalidade, findou que
foram desenvolvidas diversas teorias, visto que cada um desses teóricos entendiam a personalidade de
acordo com um ponto de referência mais pessoal, isto é, mais individual. Vários teóricos tentaram
desenvolver uma teoria mais geral da personalidade, enquanto alguns outros se concentraram em aspectos
específicos da personalidade.

Saiba mais
Cabe ressaltar que poucos deles conceituaram de modo formal a personalidade, ainda que todos usassem
um conceito específico sobre ela.

Apesar de as diferentes teorias criadas tentarem entender um tema multifacetado como a personalidade, é
possível e necessário diferenciá-las conforme o conjunto de padrões criado por cada um dos teóricos. De
modo geral, uma teoria da personalidade robusta e completa deve tentar responder a questões como:

“O quê?”
Diz respeito às características de uma pessoa e como elas estão organizadas em relação às demais.

“Por quê?”
Relaciona-se às razões pelas quais uma pessoa se comporta de determinada forma e envolve ainda os
aspectos motivacionais que direcionam seus comportamentos.
“Como?”
Associa-se aos determinantes da personalidade e também a entender como os fatores ambientais e
genéticos interagem para produzir um resultado.

É discutido por vários autores que uma boa teoria da personalidade deve considerar alguns fatores, como:

1.
Os aspectos dinâmicos da personalidade, englobando os motivos (as numerosas teorias da
personalidade podem ser confrontadas quanto aos seus conceitos motivacionais dinâmicos).

2.
Os blocos estruturantes da personalidade ou as unidades básicas (estrutura relaciona-se aos
aspectos mais contínuos e estáveis da personalidade, e representa os blocos constitutivos da teoria
sobre a personalidade).

3.
A natureza e as razões do desenvolvimento desordenado da personalidade.

4.
Como desenvolvemos e nos transformamos em uma pessoa única, com particularidades próprias
de cada um (os determinantes da personalidade podem ser genéticos e ambientais, e ambos são
importantes para a formação da nossa personalidade).

5.
Como as pessoas mudam e por quais motivos elas, algumas vezes, resistem à transformação ou
são incapazes de mudar.

Determinantes da personalidade
A respeito dos determinantes da personalidade, acredita-se que aspectos genéticos, a exemplo de
temperamento e inteligência, marcam as principais diferenças entre as pessoas, enquanto alguns fatores
ambientais, como família, cultura e grupos sociais, tendem a tornar as pessoas mais parecidas umas com
as outras.

Todavia, mesmo que alguns pesquisadores da personalidade enfatizem algumas variáveis em detrimento de
outras, já há um consenso quanto à sua multideterminação.
Você consegue perceber a influência da sua família na formação de sua personalidade?

Podemos dizer que cada indivíduo experimenta sua realidade e interage com outras pessoas com base na
sua história genética, no seu processo de aprendizagem, nas limitações e aptidões que foram herdadas,
nas trocas estabelecidas com outras pessoas ao longo da vida, nos valores aprendidos com sua cultura e
nos diversos outros cenários e experiências. Diante de tamanha interação, aumentam as diferenciações
entre as pessoas ao longo da vida.

Os fatores genéticos também desempenham uma importante função na determinação da personalidade.


Eles são geralmente mais relevantes em características como inteligência e menos expressivos em relação
a crenças e valores, por exemplo. Algumas diferenças surgem cedo, são relativamente duradouras e
parecem ser dependentes da história de aprendizagem da pessoa, de modo a indicar que elas se devem,
provavelmente, a características hereditárias ou genéticas. Enfim, pode-se dizer que nossos genes
desempenham o papel importante de nos tornar diferentes como indivíduos e parecidos como humanos
(PERVIN; JOHN, 2004).

Para que o entendimento sobre os determinantes genéticos aconteça de forma fluida, é


importante entender também o conceito de “herdabilidade”.

Herdabilidade é uma medida estatística expressa em forma de percentual para representar a extensão em
que fatores genéticos contribuem para variações entre as pessoas de uma mesma população. Isso quer
dizer que a influência dos genes em um traço de personalidade será alta se a herdabilidade também for
elevada.
Quanto aos determinantes ambientais, estes abrangem influências que nos tornam muito semelhantes de
alguma forma, assim como os acontecimentos da vida que nos tornam únicos.A experiência de fazer parte
de uma mesma sociedade ou cultura são significativas entre os determinantes ambientais da personalidade,
visto que a maioria das pessoas de uma mesma cultura terá características de personalidade
compartilhadas. São poucos os aspectos da personalidade de uma pessoa que são entendidos sem alusão
ao grupo a que pertença essa pessoa.

Fatores relacionados aos determinantes ambientais, como classe social, determinam o status das pessoas,
os papéis desempenhados por elas, os seus deveres e privilégios desfrutados. Indo além, os fatores
associados à classe social influenciam também a forma como as pessoas especificam e respondem a
determinadas situações. A família também é um dos fatores ambientais mais importantes na determinação
da personalidade, pois cada padrão comportamental de um familiar afeta o desenvolvimento da
personalidade de uma criança de maneiras consideráveis, isto é:

Por meio de uma ação, os familiares exibem situações que produzem alguns comportamentos nas
crianças;

Eles recompensam comportamentos de forma seletiva;

Eles servem como modelos de identificação.

Atenção

Ressalta-se que essas interações independem do fato dos pais ou demais familiares compartilharem com a
criança uma herança genética.
Você sabia que o estudo da personalidade, embora atualmente tenha grande visibilidade
pela Psicologia, nem sempre ocupou um lugar importante dentro da área?

Durante muitas décadas, os estudiosos da Psicologia deram pouca atenção ao tema da personalidade, pois
o foco inicial se direcionava para a análise da experiência consciente, tomando como base as Ciências
Naturais. Naquela época, eles se questionavam se não seria possível entender a mente humana por meio
dessas ciências. Mas, com o tempo, explicações e teorias sobre a constituição da personalidade foram
ganhando espaço no campo da Psicologia.

Estabilidade da personalidade

A personalidade é estável em todas as situações?

O primeiro passo para se estabelecer que as pessoas realmente diferem em seus padrões característicos de
pensamento, de sentimento e de comportamento é mostrar que essas diferenças são de fato padrões
característicos, isto é, que podem ser observados repetidamente em uma variedade de situações.
Obviamente, ninguém será exatamente o mesmo em todas as situações, então o desafio é mostrar que há
alguma estabilidade.

A personalidade como elemento estável é, normalmente, definida como ordem de classificação e


consistência, o que significa que a classificação das pessoas em um traço de personalidade permanece
semelhante de uma situação para a outra.

Exemplo
Uma pessoa pode ser muito extrovertida quando está reunida com seus amigos, mas será que essa mesma
pessoa será tão extrovertida quando estiver com sua família ou em uma reunião de trabalho?

Você acha que a personalidade permanece estável ao longo do tempo?

Essa é uma pergunta difícil de ser respondida, pois é um desafio mostrar que a personalidade é persistente,
ou seja, que ela permanece mais ou menos a mesma ao longo do tempo. Trata-se de uma reflexão
importante, pois se a nossa personalidade muda o tempo todo, então ela também pode ser apenas
resultado das situações em que nos encontramos e, quando a situação muda (por exemplo, quando
entramos na faculdade, casamos ou mudamos de emprego), nossa "personalidade" também muda.
Para mostrar que as diferenças entre as pessoas não são apenas resultado das diferentes situações nas
quais as pessoas se encontram, é importante mostrar que, mesmo quando os indivíduos passam por uma
mudança de vida importante, a personalidade ainda permanecerá relativamente estável.

Saiba mais
Pesquisas sobre esse assunto são bastante claras: as pessoas mudam, mas não de forma drástica
(SPECHT; EGLOFF; SCHMUKLE, 2011).

Pessoas muito extrovertidas, por exemplo, raramente se tornarão introvertidas e vice-versa. No entanto,
curiosamente, existem algumas mudanças que quase todos nós experimentamos ao longo da vida e que
nos levam a sermos mais responsáveis e estáveis emocionalmente à medida que envelhecemos.

Amigos e conhecidos não apresentam personalidades radicalmente diferentes em cada novo encontro.
Mesmo quando somos pegos de surpresa e encontramos um velho amigo que há muito tempo não víamos,
geralmente, somos capazes de encaixar o "novo" e o "velho" eu em um todo coerente e ter a certeza de que,
no fundo, a pessoa ainda é a mesma. Ou seja, não se presume que a personalidade seja inteiramente
estável, mas sim, que pode, até certo ponto, sofrer mudanças e continuar mantendo determinado padrão.

Tal visão permite a possibilidade de crescimento de personalidade a longo prazo e mudanças ao longo da
vida, além de flutuações de curto prazo na personalidade do dia a dia.

A personalidade também é social, visto que atribuímos significado e importância ao comportamento


quando o utilizamos para inferir características de personalidade subjacentes. Quando usamos termos
como traços para falar de personalidade, estamos falando sobre algo que é derivado de nossa experiência
indireta. Por exemplo: eu vejo Caio se comportando de determinada forma sempre que é frustrado e minha
percepção indireta da realidade em conjunto com meu conhecimento social permitem com que eu faça
inferências e afirme que “Caio é temperamental”.

Há ainda alguns pontos importantes sobre a personalidade que merecem destaque:

A personalidade refere-se às diferenças entre as pessoas em suas características psicológicas, não às


diferenças físicas ou biológicas. Por exemplo, a tensão pré-menstrual (TPM) pode influenciar o padrão
comportamental de Joana, porém a TPM não é considerada uma característica de sua personalidade,
embora possa afetar o humor da Joana e fazer com que ela pareça ser uma pessoa mais irritada ou
briguenta em certos momentos do ciclo menstrual dela.

A personalidade, de modo geral, não inclui ou se relaciona a habilidades. Personalidade é sobre como
as pessoas normalmente são, não o que elas são capazes de fazer no seu melhor dia. Por exemplo, o
fato de Luiz ser um excelente jogador de cartas e ter habilidades que movimentam o jogo não significa
que tal característica faça parte da sua personalidade.

A personalidade não inclui estados como fome, excitação ou humor. O fato de Giovanna se sentir feliz
ao comer um lanche de fast-food não quer dizer que isso faça parte de sua personalidade.

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A estabilidade da Personalidade
As diferenças entre as pessoas não são apenas resultado das diferentes situações. Vamos assistir e reflitir
a respeito disso!
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O termo “personalidade” surgiu a partir do Latim persona, também entendido como sendo uma máscara
que as pessoas tendem a mostrar ao mundo externo, mas os psicólogos entendem a personalidade
como algo que vai além das aparências exteriores, ou seja, além dessa máscara. Sendo assim, para os
psicólogos, a personalidade inclui:
todos aqueles traços ou características relativamente permanentes que dão alguma
A
consistência ao comportamento de uma pessoa.

fatores unicamente individuais, uma vez que buscamos não dar sentido ao
B comportamento quando o utilizamos para compreender características de
personalidade subjacentes.

uma visão heterogênea de que ela se trata de um padrão de traços relativamente


C
permanentes.

um fator estático, o qual diz que ela permanece a mesma o tempo todo, em qualquer
D
situação ou contexto.

fatores que a controlam, como necessidades fisiológicas, a exemplo de fome ou sede.


E Ou seja, a personalidade de uma pessoa muda toda vez que ela experimenta ausência
ou presença de uma necessidade fisiológica básica.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Embora não haja uma definição padrão aceita por todos os teóricos da personalidade, ela, comumente,
é entendida com um padrão de traços relativamente permanentes e características únicas que dão
certa consistência e individualidade às ações de uma pessoa. Os traços auxiliam as diferenças
individuais, a consistência ao longo do tempo e a estabilidade do comportamento em várias situações.
Eles podem ser únicos, comuns ou compartilhados entre as pessoas, porém seu padrão é diferente em
cada pessoa. Já as características dizem respeito às qualidades particulares de uma pessoa, como
inteligência e temperamento.

Questão 2

Nossa personalidade é formada por inúmeras situações e uma delas é a nossa estrutura familiar. O
lugar onde nascemos, a forma como fomos criados e inseridos na sociedade são exemplos de como o
contexto pode moldar a personalidade humana. Entre os fatores que influenciam a formação da
personalidade humana estão:

A Experiências vividas e fome.

B Fome e genética.

C Hereditariedade e meio social.

D Pensamentos sobre acontecimentos que acometeram outras pessoas.

E Sonhos e imaginação.

Parabéns! A alternativa C está correta.

O desenvolvimento da personalidade pode ser influenciado por vários fatores ou aspectos, tanto
ambientais como da própria pessoa. Os fatores que influenciam no desenvolvimento da personalidade
são fatores ambientais externos e aspectos internos, a exemplo de hereditariedade e de meio social.
Isso quer dizer que tanto aspectos genéticos como a influência de amigos podem moldar nossa
personalidade.
2 - Aspectos históricos na construção do conhecimento
em Psicologia
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar aspectos históricos relevantes na
construção do conhecimento em Psicologia acerca da personalidade.

História dos estudos em Psicologia da Personalidade

Você já ouviu falar do primeiro laboratório de Psicologia na Universidade de Leipzig,


criado por Wundt?

Então, você deve saber que esse foi um marco para o desenvolvimento da Psicologia Experimental. Quando
estudamos os primórdios do Behaviorismo, também somos apresentados a um importante marco: a
publicação do artigo Psychology as the behaviorist views it, escrito por Watson em 1913. Por outro lado, se
formos falar de Psicanálise, temos vários estudos importantes de Freud para citar como importantes pontos
de referência no desenvolvimento da abordagem.

Resumindo
Em suma, cada campo da Psicologia é marcado por momentos relevantes para sua consolidação e seu
desenvolvimento.

Quando se trata de Psicologia da Personalidade, a publicação de Allport em 1937, denominada Personality: a


psychological interpretation, é o que inaugura oficialmente esse campo de estudo na Psicologia. Antes disso,
vários teóricos já se debruçavam sobre o estudo da personalidade, desenvolvendo diversas perspectivas
que, por vezes, influenciaram umas as outras.

Em 1932, surgia a primeira edição da revista Character and Personality, que trazia estudos alemães sobre
caráter e estudos britânicos e americanos sobre diferenças individuais, termos importantes no
entendimento da dinâmica da personalidade. Colaboradores importantes dessa revista foram Adler, Jung,
Spearman, Frenkel-Brunswik, Rosenzweig e MacKinnon, dos quais alguns ficaram famosos pelos estudos na
temática (SCHULTZ, D.; SCHULTZ, S, 2015).

Saiba mais
Na época, enquanto teóricos que estudavam a aprendizagem se debruçavam sobre as relações entre
estímulos externos e respostas, aqueles que se propuseram a entender a personalidade humana passaram
a se concentrar em aspectos como a motivação e suas características inerentemente internas e não
observáveis.

Em 1957, Hall e Lindzey publicaram um importante livro de Psicologia da Personalidade, no qual agruparam
as grandes teorias sobre a personalidade a partir de suas perspectivas:

Psicanalítica
Humanista

Comportamental

Aprendizagem

Se, por um lado, tais visões mostram distintas concepções acerca da formação e do desenvolvimento da
personalidade, por outro lado, alguns estudiosos afirmam que tantas visões fragmentam o campo.

Antes mesmo de Allport defender a ideia de pessoa como um objeto de estudo, assim como sua
personalidade, estudiosos europeus já olhavam o conceito por ótica semelhante. Por exemplo, McDougall
(1923) afirmava que a personalidade era constituída por instintos e sentimentos, dos quais o principal seria
a autoestima, importante fator na formação do caráter. O próprio Freud contribuiu nessa discussão ao trazer
o conceito de ego como agente unificador entre as forças conflitantes internas (SCHULTZ, D.; SCHULTZ, S,
2015).

Sigmund Freud, Stanley Hall, Carl Gustav Jung e outros estudiosos importantes da Psicologia e da Personalidade.

Abordagens psicanalíticas

Entender a pessoa em sua totalidade era uma premissa importante aos estudiosos, mas entender por que
as pessoas fazem o que fazem se mostrou também relevante.
O que motiva um comportamento diferente entre duas pessoas se estiverem expostas à
mesma situação?

Freud explicava que os impulsos biológicos ligados à sexualidade forneciam energia e motivação para os
comportamentos humanos, logo a motivação para tais comportamentos estaria ligada a esses impulsos,
denominados instintos. Nesse sentido, instintos seriam representações mentais de necessidades do corpo,
como o instinto sexual (SCHULTZ, D.; SCHULTZ, S, 2015).

A personalidade seria então estruturada em três componentes: id, ego e superego.

Em cada componente orientado por um princípio, teríamos a atuação do id direcionado ao prazer dos
instintos biológicos, o ego direcionado à realidade e o superego orientado pela moral.

Exemplo

Se Beatriz está morrendo de fome, ela percebe porque o id direciona os instintos biológicos. Quando sua
barriga ronca ela logo pensa em comprar algo para comer, mas lembra que está no meio de uma aula
importante da faculdade. Assim, seus valores morais ditam que seria inapropriado abandonar a aula
naquele momento (o superego atuando), então, ela aguarda o término da aula ("decisão" do ego).

Para Freud, a personalidade é constituída à medida que o desenvolvimento psicossexual ocorre, este
baseado em zonas erógenas a cada fase: oral, anal, fálica e genital (SCHULTZ, D.; SCHULTZ, S, 2015).

Jung rejeitou a visão de Freud da importância primária dos impulsos sexuais inconscientes. Em vez disso,
ele se dedicou ao estudo e à explicação dos impulsos primitivos do inconsciente. Para Jung, os impulsos
primitivos do inconsciente representavam uma força vital mais positiva que abrange um impulso inato que
motiva a criatividade e a resolução mais positiva dos conflitos.

Além disso, deu mais amplitude ao conceito de libido de Freud, articulando com o que denominou Princípio
dos Opostos:

Todos os aspectos da psique têm seu oposto e essa oposição é a responsável por gerar
energia psíquica.

Assim, pelo Princípio da Equivalência, ele explicou que, quando se perde o interesse em algo, esse interesse
não se perde, apenas é transferido para outra coisa (ou pessoa) e o excesso para o inconsciente. Dessa
forma, a personalidade seria constituída, em parte, pelas características inatas e, em parte, pelo que for
aprendido, principalmente a partir da meia-idade, sendo seus principais sistemas:

Ego
Centro da consciência

Inconsciente pessoal
Aquilo que foi esquecido ou reprimido

Inconsciente coletivo
O que foi herdado

Jung observou o que denominou de atitudes mentais opostas (extroversão e introversão) e funções
psicológicas também opostas (sensação e intuição, pensamento e sentimento), as quais interagem e
formam a personalidade do indivíduo. Além disso, o conceito de arquétipo também é importante na teoria
de Jung, que se refere a conjuntos de imagens que dão sentido aos complexos mentais, formando o
conhecimento e o imaginário do inconsciente coletivo (JUNG, 1971).

Abordagens do ciclo vital e genéticas

Em oposição às teorias da personalidade da época, que focavam em períodos específicos nos quais a
personalidade se desenvolve, teóricos que consideram o ciclo vital como um todo defendiam que a
personalidade se desenvolve ao longo de todo o ciclo de vida do indivíduo.

Erik Erikson.

Seu principal percussor, Erikson, dividiu o desenvolvimento da personalidade em oito estágios psicossociais,
o que também o distancia do foco em fatores biológicos por outras teorias. Para o autor, em cada fase,
haveria um conflito com possibilidade de adaptação positiva ou negativa, influenciado tanto pela genética
como pelo ambiente, cujo desfecho é determinante para a constituição da personalidade. Os oito estágios
são: confiança versus desconfiança, vontade autônoma versus dúvida, iniciativa versus culpa, diligência
versus inferioridade, coesão da identidade versus confusão de papéis, intimidade versus isolamento,
generatividade versus estagnação, integridade do ego versus desespero.

Caso a adaptação seja positiva, desenvolvem-se forças básicas também positivas, como esperança,
vontade, objetividade, competência, fidelidade, amor, cuidado e sabedoria (SCHULTZ, D.; SCHULTZ, S., 2015).

Foi nesse sentido de desenvolvimento ao longo do ciclo vital que Allport consolidou o estudo dos aspectos
psicológicos do indivíduo. Para o autor, a pessoa era “um todo único” e sua personalidade era também
individual, ainda que possuísse aspectos semelhantes à de outros indivíduos.

Pautado no estudo dessas singularidades, ele se direciona ao campo da Psicologia da Personalidade e faz a
famosa publicação conhecida como marco teórico dos estudos sobre personalidade.

Assim, os traços que nos tornam únicos explicam tanto a motivação para
determinados comportamentos como as diferenças observadas entre indivíduos.
O conceito de ego muda segundo o autor que o define, e a perspectiva teórica em que se encontra inserido.
Por isso, a definição segundo Freud é diferente da definição de Allport, por exemplo. Mas isso veremos mais
adiante (ALLPORT, 1937). No mesmo sentido de Allport, Murray defendia o estudo da pessoa e da sua
personalidade como um todo, mas fugia do conceito de self e se aproximava mais dos fatores
inconscientes como determinantes da constituição da personalidade da pessoa (tal como os psicanalistas
da época) (FEIST, J.; FEIST, G.; ROBERTS, 2015).

Ainda segundo Feist e outros autores (2015), Murray denomina personologia o seu estudo, cujos principais
conceitos giram em torno da ideia de que teríamos 20 necessidades psicogênicas básicas inseridas em
situações ambientais que funcionam como oportunidades ou obstáculos a essas necessidades. Nesse
sentido, a percepção subjetiva da situação e sua natureza objetiva interagem e vão organizando a vida do
indivíduo.

Havia ainda o estudo da personalidade a partir dos fatores ou traços, cujo percussor foi Cattell. Para o autor,
a característica predominante da personalidade é a capacidade de previsão de comportamentos a partir do
seu entendimento (FEIST, J.; FEIST, G.; ROBERTS, 2015).

Exemplo
Em outras palavras, se Pedro conhece Jéssica (e sua personalidade), ele consegue saber como ela vai lidar
com situações específicas antes mesmo de presenciá-las. Para que essa previsão seja precisa, é necessário
que Pedro tenha informações quantitativas sobre os traços relacionados à personalidade de Jéssica e de
seus níveis, assim ele pode pesar e dimensionar as informações e chegar a conclusões.

Dessa forma, existiriam diversas categorias de traços:


Dinâmicos

Que instigam o indivíduo a realizar um plano de ação.

De habilidade

Relacionados ao senso de autoeficácia.

De temperamento

Associados à velocidade, à reatividade e à energia emocional.

Além de Cattell, outro importante nome no estudo de fatores de personalidade foi Eysenck, que cunhou a
classificação da personalidade como constituída basicamente por três traços amplos (FEIST, J.; FEIST, G.;
ROBERTS, 2015):

Extroversão-introversão;

Neuroticismo-estabilidade emocional;

Psicotismo-controle de impulso.

Como Cattell, Eysenck defendia que tais traços ou fatores estavam presentes na personalidade de todos os
indivíduos. Para ele, a personalidade era definida pelo nível e pela expressão de cada traço, que era singluar.
Mais tarde, McCrae e Costa (2003) trazem a famosa teoria do big five, oriunda de suas pesquisas que
identificaram cinco grandes fatores na constituição da personalidade humana: neuroticismo, extroversão,
abertura, conscienciosidade e amabilidade.

Abordagens humanistas e sociais

As abordagens humanistas em geral focam em entender a constituição da personalidade a partir dos


interesses e dos valores humanos, criticando as teorias que visavam entender apenas o patológico ou o
negativo. Os principais precursores humanistas foram Maslow e Rogers.

Segundo Maslow (1998), o homem é motivado por necessidades que se manifestam em graus de
importância. Para esse autor, as necessidades fisiológicas são as necessidades iniciais, seguidas pelas
necessidades de segurança, de afiliação e de amor, de estima, sendo as de realização pessoal as
necessidades finais, que ele ilustra em sua famosa pirâmide da hierarquia de necessidades.

Cada necessidade humana influencia na motivação e na realização do indivíduo, que o faz prosseguir para
outras necessidades; satisfazê-las leva ao crescimento e ao desenvolvimento e à autorrealização, o que
denota sua importância na constituição da personalidade do indivíduo.

A autorrealização era temática comum entre os humanistas. Rogers defendia que todas as pessoas têm
uma necessidade fundamental de autorrealização na qual elas percebem seu mais alto potencial, cada uma
a sua maneira. Ele propôs que os indivíduos desenvolvem uma necessidade de atenção positiva que reflete
o desejo de ser amado e respeitado e que crescemos dependendo de outras pessoas, uma vez que elas nos
fornecem essa atenção positiva (FEIST, J.; FEIST, G.; ROBERTS, 2015).

É cabível mencionar também que nós começamos a nos ver e a nos julgar pelos olhos das outras pessoas,
baseando-nos em seus valores e nos preocupando com o que elas pensam de nós.

Foi Rogers quem cunhou o termo terapia centrada na pessoa, justamente por defender que a mudança da
personalidade de determinado indivíduo só é possível se o processo for centrado no interior dele mesmo,
tendo o terapeuta o papel de facilitador do processo.
Antecessora da Teoria Social Cognitiva, temos a Teoria da Aprendizagem Social ou a Teoria Sociocognitiva
de Bandura (1999). Para Bandura os fatores mais importantes na constituição da personalidade são os
sociais e cognitivos. Para ele, a maioria dos fatores que moldam a personalidade são de natureza social,
como a aprovação, a atenção dada a uma pessoa e a aceitação.

É com base na observação que fazemos dos comportamentos dos outros que
construímos uma ideia de como novos comportamentos podem ser construídos.

Nesse cenário, a Teoria Sociocognitiva tenta prever como as pessoas aprendem e moldam sua
personalidade observando os outros. Bandura (1999) foi além de seu próprio postulado e passou a
considerar a personalidade como uma interação entre três variáveis, acrescentando, assim, os processos
psicológicos individuais aos efeitos do ambiente e do comportamento. Para o autor, esses processos estão
ligados à capacidade do indivíduo de reter imagens na mente e com aspectos relacionados à linguagem.
Ao adicionar imaginação e linguagem ao estudo da personalidade, Bandura colocou sua teoria em destaque.

Albert Bandura.

Em resumo, para Bandura, personalidade é um conjunto de processos e de estruturas cognitivas associados


a pensamentos e à percepção, relacionando-se ainda ao autorreforço (recompensas ou punições a si
mesmo) e à autoeficácia (adequação, eficácia ou competência para lidar com a vida).

Nesse sentido, tanto cabe citá-lo como um adepto a uma abordagem social como seria possível falar da
parte cognitiva de sua abordagem.
Abordagens cognitivas e comportamentais

As abordagens cognitivas, como o próprio nome já diz, enfatizam o entendimento


das características da personalidade em associação aos processos cognitivos do
indivíduo.

Necessidades, impulsos, emoções e comportamentos que outras abordagens tomam como centro da
personalidade, os cognitivistas enxergam como aspectos controlados pelos processos cognitivos. A
formulação geral da Teoria Cognitiva tenta explicar a constituição da personalidade em torno de como a
dotação inata pode interagir com influências ambientais para produzir distinções quantitativas em padrões
cognitivos, afetivos e comportamentais, considerando cada indivíduo com um perfil de personalidade único.

George Kelly (1995), importante teórico cognitivista, criou a Teoria dos Construtos Pessoais. Com ela, Kelly
alegava que nós nunca conhecemos o mundo de forma direta, mas apenas por meio de imagens que
criamos dele. Dessa forma, ele idealiza o ser humano como um cientista que constrói e modifica os seus
conhecimentos de acordo com a sua experiência.

Atenção
É preciso enfatizar ainda que os construtos, segundo Kelly, são mapas mentais que temos da realidade.

Portanto, para definir o que é algo, é necessário descobrir o que não é.

A recorrência de uma situação desempenha um papel importante em sua teoria, dado que, para ele,
construtos surgem porque refletem coisas que se repetem frequentemente em nossa experiência. E essa
definição de construtos que nos permite prever eventos é fator primordial no desenvolvimento do nosso
repertório comportamental e de nossa personalidade.

Para Beck, isso constituiria os “traços” ou os padrões de personalidade (por exemplo, extrovertido, tímido,
agressivo etc.) que seriam organizações de processos esquemáticos (FEIST, J.; FEIST, G.; ROBERTS, 2015).
A Teoria da Personalidade, na qual está baseada a perspectiva cognitiva,
caracteriza-se principalmente pelo padrão do processamento de informações que
ativam respostas pessoais dos sistemas: cognitivo, motivacional, afetivo e
comportamental.

No âmbito comportamental, remetemos ao foco no comportamento observável e na premissa de que


conhecemos a personalidade de alguém pela maneira como esse alguém se comporta. A frequência de
determinado comportamento, por sua vez, estaria intimamente relacionada ao que Skinner denominou de
“tríplice contingência”:

Um antecedente

Situação, contexto etc.

Gera um comportamento

Uma ação.

Que tem uma consequência

Continuar acontecendo ou não.

As consequências, como visto na explicação, determinam a recorrência do comportamento em situação


semelhante. É o que chamamos de reforço ou punição, sendo positivos ou negativos. Assim,
comportamentos reforçados tendem a voltar a acontecer, ao passo que os punidos tendem a diminuir a
frequência.

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A Personalidade a partir dos estudos de Freud, Erikson,
Bandura, Maslow e Beck
Está na hora de nosso bate-papo sobre as diversas definições de personalidade, ressaltando a contribuição
de cada teórico. Vamos lá!
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A preocupação em entender o que motiva o comportamento humano e como isso influencia a


formação da personalidade é antiga entre os teóricos da Psicologia. Os psicanalistas enfatizavam a
importância dos impulsos biológicos no processo e, segundo Freud:

A tais impulsos são os instintos, ligados ao desenvolvimento psicossexual do indivíduo.

B visam satisfazer às necessidades básicas fisiológicas apenas.

só são fatores constituintes da personalidade quando a criança adota comportamentos


C
que busquem satisfazê-los.
constituem o superego quando se fala nos componentes que orientam o
D
desenvolvimento do indivíduo.

E estão presentes exclusivamente na fase genital.

Parabéns! A alternativa A está correta.

Freud trazia os impulsos biológicos como instintivos, controlados pelo id, focados, mas não exclusivos,
à satisfação fisiológica, e ainda, relacionados ao desenvolvimento psicossexual em todas as suas
fases.

Questão 2

Os teóricos cognitivistas e comportamentais tendem a articular a formação e o desenvolvimento da


personalidade aos aspectos mentais e comportamentos, respectivamente. Embora comumente sejam
articulados, são duas abordagens distintas, dos quais os cognitivistas enfatizam:

A Os comportamentos não devem ser considerados no estudo da personalidade.

Os fatores ambientais têm pouca ou nenhuma influência sobre as características que


B
compõem a personalidade do indivíduo.

Embora instintos, comportamentos e ambiente influenciem na personalidade, são


C
orientados a partir da cognição.

Os impulsos relacionados aos nossos instintos têm papel exclusivamente de suprir


D
nossas necessidades fisiológicas básicas.
A repetida exposição a determinada situação quase não influencia nossas
E
características relacionadas a lidar com outras situações semelhantes.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Os teóricos que buscam explicar a personalidade com foco cognitivo não desconsideram a importância
dos instintos, comportamentos, situações e contextos, eles apenas entendem que a cognição é central
no desenvolvimento da personalidade visto que todos os aspectos citados são orientados pelos nossos
processos mentais.

3 - Conceitos relacionados à personalidade


Ao final deste módulo, você será capaz de analisar a articulação dos conceitos relacionados à
personalidade.
Conceitos articulados: personalidade, self, identidade,
ego, autoconceito, temperamento
As teorias que se propuseram a estudar e a entender a personalidade surgiram do modelo médico e as
primeiras teorias datam a partir de 1890. Dessa data em diante, surgiram várias teorias que buscaram
definir personalidade e outros conceitos confundidos e comparados a ela.

Você conhece as teorias e a sua visão sobre o conceito de personalidade? Para você, é
possível haver mais de um conceito para um único construto?

Vejamos a seguir como as diferentes teorias enxergam e conceituam a personalidade.

Cattell expand_more

De acordo com Roberts e outros autores (2015), a teoria dos traços proposta por Cattell conceituava
a personalidade como traços que são comportamentos constantes, os quais uma pessoa adota sob
estimulação do meio ambiente. Assim, de acordo com essa perspectiva, tendemos a classificar os
indivíduos por grupos compostos por atributos específicos, a exemplo de extrovertidos ou de
introvertidos.

Allport expand_more

A teoria das disposições criada por Allport (1937) dizia que a personalidade se forma a partir de
traços comuns e das disposições pessoais.

Rogers expand_more

A teoria de Rogers trouxe uma concepção mais dinâmica da personalidade, introduzindo conceitos
importantes como self.

Maslow expand_more

A teoria de Maslow (1998) apresenta, junto ao conceito de personalidade, o conceito de


autoatualização, tendo a premissa de que é por meio da autoatualização que desenvolvemos e
enriquecemos nossa personalidade.

Já Freud formulou uma Teoria da Personalidade que estava baseada em três componentes básicos do
nosso psiquismo:

Id: É entendido como um reservatório de energia de toda a personalidade e é regido pelo princípio do
prazer.

Ego: É a estrutura que nos deixa de frente com a realidade.

Superego: Diz respeito à estrutura psíquica que age como um juiz das atividades e pensamentos do
ego.

Em suma, a personalidade tem uma conceituação ampla e que, muitas vezes, a faz ser confundida com
outros construtos da Psicologia, como self, identidade, temperamento, ego etc. Entender o conceito de
cada um desses construtos é de suma importância para que possamos ter uma compreensão do que
de fato é a personalidade e qual sua articulação com os demais conceitos.

Personalidade

Para iniciar melhor essa discussão acerca dos conceitos articulados à personalidade, é imprescindível
trazer mais alguns pontos importantes a respeito do seu conceito.
A personalidade é entendida por muitos estudiosos como uma construção psicológica
que faz alusão a um conjunto de características de um indivíduo.

Gordon Allport (1937) definiu a personalidade como uma organização ativa dos sistemas psicofísicos que
determinam os modos de pensar, agir e sentir, isto é, a individualidade social e pessoal de uma pessoa. A
formação da personalidade é um processo complexo e único, que ocorre de forma gradual de acordo com
cada indivíduo. O termo personalidade é comumente utilizado em linguagem de senso comum se referindo
a um conjunto de atributos (também chamados de “qualidades e defeitos”) marcantes de uma pessoa,
porém esse conceito não tem bases científicas.

Saiba mais
Não é fácil encontrar uma definição clara e exata para o termo personalidade, pois não se tem um consenso
sobre uma conceituação única do termo, além de haver definições do senso comum que, por vezes,
dificultam ainda mais a conceituação da personalidade.

Os diferentes significados do senso comum para personalidade costumam influenciar as definições


científicas do termo. Um exemplo disso é que a literatura alemã sobre o tema usa o termo persönlichkeit
(personalidade) de maneira ampla, incluindo, muitas vezes, temáticas diferentes, como inteligência.

Os autores Carver e Scheier (2000) se propuseram a conceituar a personalidade de acordo com alguns
pontos relevantes sobre ela. Para eles, a personalidade é:

Uma organização interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões
de comportar-se, de pensar e de sentir característicos de uma pessoa.

(CARVER; SCHEIER, 2000, p. 26)

Essa definição evidencia que personalidade é:


Uma organização, o que se quer dizer que ela não é um aglomerado com partes isoladas;

Dinâmica;

Um conceito de base psicológica relacionado ao corpo e aos seus processos;

Uma força ativa que determina em algum grau a forma de se relacionar com o mundo;

Mostra-se através de características que são consistentes e recorrentes;

Expressa-se por meio de pensamentos, emoções e comportamento.

Para Asendorpf (2004), outro estudioso da personalidade, esta poderia ser conceituada como
características individuais contínuas que não são patológicas e que são importantes para o
comportamento de uma pessoa em uma população. Tal definição acrescenta alguns pontos importantes à
definição de Carver e Scheier, que são:

As diferenças interpessoais são variações normais e frequentes;

A personalidade é influenciada pela cultura e por aspectos culturais;

Os traços de personalidade permanecem razoavelmente estáveis com o passar do tempo.

São as teorias da personalidade que tem como função explicar, de acordo com uma perspectiva científica, o
motivo das pessoas agirem como agem. Existem várias explicações para a definição de personalidade. No
início, ela era entendida como uma imagem social que é superficializada, isto é, como uma personalidade
evidente que as pessoas mostram para o seu meio (a partir de então surgiu a ideia de que as pessoas
utilizam uma “máscara” nos diversos contextos sociais).
Uma outra noção acerca da personalidade dizia respeito à personalidade como as características mais
nítidas e salientes das pessoas. Logo, ela era vista como a impressão social que uma pessoa demonstra em
sua relação e interação com outras pessoas.

A noção mais usada atualmente conceitua a personalidade como um todo que é formado
por aspetos físicos e afetivos.

Self
De modo geral, self é entendido como aquilo que define a pessoa na sua subjetividade, isto é, sua essência e
individualidade. O termo self pode ser traduzido para o Português como "si" ou "eu", mas, em termos
psicológicos, a tradução é pouco usada.

Curiosidade
O termo foi utilizado inicialmente por alguns psicanalistas para indicar a pessoa como um lugar de atividade
psíquica, isto é, como produto de ações dinâmicas que asseguram a totalidade do indivíduo.

Para alguns psicanalistas, self é uma construção do ego, mas não têm o mesmo significado, pois, como
veremos mais adiante, o ego é uma das três instâncias do aparelho mental, ou seja, uma das subestruturas
da personalidade. Nesse sentido, muitos psicanalistas preferem referir-se à ideia de "representação de si"
ao invés de "si", de forma isolada. O termo self foi conceitualizado de forma a compor estruturas, entre as
quais consta o ego, o id e o superego, indo além, consta a personalidade de modo geral.
Entenda a seguir a perspectiva de alguns autores sobre self:

Winnicottt expand_more

Para estudiosos como Winnicott, self não é o ego, mas sim o "eu", o que possui uma totalidade que
tem como base o funcionamento do processo de maturação (SCHULTZ, D.; SCHULTZ, S., 2015). Ao
mesmo tempo, ele afirma que o self é constituído por várias partes que se unem desde uma direção
interior no decorrer do funcionamento do processo de maturação e desenvolvimento, auxiliado pelo
meio que o facilita.

Kohut expand_more

Kohut é um estudioso da psicanálise que criou uma psicologia do self. Ele se baseou em aspectos
como o tratamento das personalidades narcisistas por meio da psicanálise para definir o self como
um conteúdo do sistema mental. Para ele, o self manifesta-se como um conjunto de representações
de modo narcísico, no qual o psicanalista é visto como um reflexo do self grandioso (SCHULTZ, D.;
SCHULTZ, S., 2015). O self grandioso, para ele, nada mais é do que uma forma distorcida e patológica
do self, no qual a pessoa se vê de forma grandiosa.

Jung expand_more

Para o autor, self é um dos arquétipos que significa a junção entre inconsciente e consciente, e
representa a mente como um todo. De acordo com Jung (1971), o self é entendido como produto da
individuação. Conforme ele aponta, nada mais é do que o processo de integração da personalidade.
O self é o ponto central da personalidade total, que inclui a consciência, o inconsciente e o ego.
Segundo o psicólogo, teríamos, desde nosso nascimento, um senso original de nós mesmos e que, a
partir do desenvolvimento, há uma consciência do ego que se cristaliza a partir do sentimento
primário de singularidade. Após a diferenciação do ego ser alcançada e a pessoa estar ancorada no
mundo externo, Jung afirmou que uma nova tarefa surge: a redescoberta consciente do eu, também
chamada de individuação.

Von Franz expand_more


Von Franz também buscou conceituar o self, considerando-o como o maior poder da mente. Para ele,
o self pode ser perigoso ao fazer com que as pessoas criem e girem em torno de fantasias ilusórias,
o que pode levar uma pessoa a perder o contato com a realidade humana (SCHULTZ, D.; SCHULTZ, S.,
2015).

Entenda que vários autores afirmam que os processos de individuação ou de self comumente se iniciam
após um ferimento na personalidade. Desse modo, o ego alcança um impasse e precisa de ajuda para dirigir
a personalidade.

Identidade

Embora seja um conceito importante da Psicologia e que se conecta ao conceito de


personalidade, você sabe o que é a identidade?

Na Psicologia, entende-se por identidade o conjunto de atributos próprios com os quais podemos diferenciar
animais, objetos, plantas e pessoas uns dos outros. Sua conceituação é ampla e de interesse de várias
áreas do conhecimento, a exemplo de Sociologia, Antropologia, Direito, entre outros, podendo ter definições
diferentes a depender da área. Entenda essas conceituações a seguir.

Para a Antropologia
A identidade é a soma de um aglomerado de signos que nunca é concluída. Ela está sempre ligada à noção
de alteridade, o que, em outras palavras, significa dizer que é necessário que exista o outro para que se
possa definir por diferença e comparação.

Para a Sociologia
A identidade consiste no compartilhamento de ideias e ideais de um grupo. Alguns autores discutem um
conceito no qual as pessoas formam sua personalidade, mas também acreditam que os indivíduos a
recebem do meio onde realiza a interação social.

Para o Direito
A identidade é estabelecida como um conjunto de caracteres que tornam o indivíduo particularizado e
individuado, discriminando-o dos demais, sendo, portanto, sujeitos a direitos e deveres.
Ao longo do tempo, os conceitos de identidade, assim como o de personalidade e outros conceitos
importantes da Psicologia, confundiram-se pelo senso comum.

Mas como definir a identidade de forma clara e simples?

Resposta
Tentando simplificar seu conceito, podemos dizer que a identidade é o conjunto total das nossas
características ou atributos próprios que nos fazem únicos e diferentes de todos os outros seres humanos e
animais. Assim, a identidade é o conjunto de características físicas, psicológicas, culturais etc. Não há uma
identidade sublime ou perfeita, mas há uma identidade mais ou menos adaptada ao meio que nos circunda.

A identidade define quem somos e a nossa missão é única e plena em si mesmo. Não iremos encontrar
várias pessoas com identidades semelhantes, mas podemos encontrar pessoas que partilham uma
semelhança física, características de personalidade semelhantes, uma mesma cultura, mas jamais uma
identidade idêntica. Em termos comparativos e simplistas, podemos dizer que a identidade é o conjunto de
elementos do qual a personalidade faz parte.

Ego

O ego é entendido como a faceta que alimenta emoções e pensamentos de interesse próprio do ser
humano, tomando como base os estímulos dos sentidos que formam nossas opiniões, levando-nos a agir
contra o que nos contenta e em favor do que nos descontenta quando uma ação não condiz com os
aspectos morais.

O termo ego surgiu da Psicanálise, visando explicar como é o funcionamento da mente humana, em níveis
conscientes, inconscientes e impulsivos. Em termos gerais, o ego é considerado por alguns como a
"personalidade" de uma pessoa e está relacionado ao "caráter" e à maneira como pensamos e agimos.

Dica
Esse tipo de explicação se baseia na ideia de que o ego é uma característica psíquica dos seres humanos
que une todas as experiências com as quais eles tiveram contato e que ajudarão a formar opiniões e
direcionar escolhas.

O ego nos faz ter padrões e hábitos que nos aprisionam em resultados similares em nossas vidas. Se tais
desfechos são negativos, teremos também resultados desfavoráveis. Por isso, entender o ego é essencial,
pois, assim, não dependeremos unicamente daquilo que surge do nosso instinto ou do nosso passado.

Autoconceito

Autoconceito é a compreensão que temos de nós mesmos e é nisso que é baseada a Teoria da
Personalidade de Rogers. Conforme seus pressupostos, as pessoas buscam convergência, consistência e
equilíbrio. Assim, para o Humanismo, o “eu” nada mais é do que a nossa personalidade interior e, por isso, o
autoconceito inclui elementos como:

Autoestima, isto é, a forma como a pessoa avalia a si e valoriza suas características.

Autoimagem, que equivale à forma como as pessoas se veem e se descrevem, e que, por sua vez,
influencia no que ela pensa, no que sente e em como ela age.

Eu ideal, que são as ambições quanto às próprias características, ações e valores, isto é, o que
gostaríamos de ser. Quanto mais próximos estamos do “eu ideal”, mais coerentes seremos. Em
contrapartida, quando a autoimagem é distorcida, resulta-se em incoerência, podendo gerar ansiedade
e angústia. Em geral, as pessoas tendem a se comportar de acordo com a autoimagem, de modo que
isso reflita no “eu ideal”.

Resumindo
O autoconceito diz respeito ao nosso conhecimento pessoal acerca de quem somos, de forma a abarcar
todos os nossos pensamentos e nossas emoções sobre nós mesmos, seja física, pessoal ou socialmente.
Ele também inclui nosso entendimento de como agimos, de nossas competências e de nossas
características particulares. O nosso autoconceito é desenvolvido de modo mais rápido na primeira infância
e na adolescência, porém continua a se transformar com o tempo, ao passo que aprendemos mais sobre
nós mesmos.
Temperamento
O temperamento denomina, de acordo com a Psicologia, um aspecto único da personalidade: as
peculiaridades das pessoas ligadas à forma como agimos, principalmente ligadas aos três “As” da
personalidade:

group
Afetividade

warning
Atenção

accessibility_new
Atividade

A conceituação de temperamento é difícil e se confunde por diversas vezes com outros


conceitos, a exemplo de traços de personalidade.

Considerando que vários traços de temperamento se relacionam a tendências disposicionais da pessoa de


experienciar determinadas emoções ou humores de modo frequente ou intenso, alguns autores definiram o
temperamento com base em tais disposições. Todavia, tal conceituação se mostra limitada, pois não inclui
traços como atenção, hiperatividade e perseverança, vistos como parte do temperamento.

Buss e Plomin (1984) buscaram especificar de forma mais detalhada essa definição.

Para os autores, o temperamento é o conjunto de traços de personalidade que são observáveis desde os
anos iniciais da nossa vida, sendo influenciados pela genética e estáveis a longo prazo.
Tal definição também não é considerada totalmente satisfatória, pois não distingue os traços de
temperamento de outros traços de personalidade. Além disso, o termo também é usado inúmeras vezes em
linguagem do senso comum como sinônimo de personalidade ou de caráter. Esse uso na linguagem
rotineira dificulta de modo significativo uma definição clara do termo.

Resumindo
Esse e outros conceitos, por vezes, podem ser confundidos com personalidade, porém cada um deles tem
seu significado e exerce um papel distinto dentro da Psicologia, não deixando de se articularem ao conceito
de personalidade.

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Outros conceitos relativos à Personalidade
Está na hora de nosso bate-papo sobre outros conceitos que devem ser diferenciados do conceito de
personalidade e sua relação. Vamos lá!
Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

O conceito de personalidade se confunde, inúmeras vezes, com outros construtos importantes da


Psicologia, a exemplo de ego. O ego é entendido como a instância da mente humana que condiz com o
Princípio da Realidade. Indo além da conceituação, sabemos que o ego se difere da personalidade na
medida em que ele:
A é componente nato dos indivíduos, isto é, nasce com eles.

B consiste em desejos e impulsos primitivos.

C atua como nosso conselheiro, alertando para aquilo que é ou não moralmente aceito.

funciona como centro de consciência e, portanto, podemos dizer que ele tem como
D
função manter o equilíbrio mental.

E é o mais tardio dos elementos da psique humana a ser desenvolvido.

Parabéns! A alternativa D está correta.

O ego surge a partir da nossa interação com a realidade, moldando seus instintos primitivos à realidade
na qual estamos inseridos. Ele atua como centro da consciência e, de forma geral, é o mecanismo de
equilíbrio da psique, atuando na função de regulação dos impulsos, buscando satisfazê-los sempre que
possível, de modo mais equilibrado.

Questão 2

Personalidade e temperamento são conceitos articulados que se confundem certas vezes devido a
conceituações amplas. Sabemos que a personalidade reúne um conjunto de ações, de emoções e de
pensamentos que irão compor um padrão comportamental de uma pessoa. Em contrapartida, o
temperamento:

A é o componente psíquico inato, geneticamente herdado.

B deve ser tratado com imutável, pois não muda ao longo da vida.
diz respeito ao nosso conhecimento acerca de quem somos, abarcando nossos
C
pensamentos e nossas emoções sobre nós mesmos.

é comandado pelo princípio de prazer, isto é, nos leva a ter comportamentos guiados
D
pela autossatisfação.

E surge somente na vida adulta e varia de acordo com nossas experiências conscientes.

Parabéns! A alternativa A está correta.

O temperamento é considerado inato, o que quer dizer que o nosso modo de ser é produzido aqui pela
herança genética. Nascemos com um temperamento determinado que está também ligado à nossa
fisiologia. Por isso, pessoas que cresceram juntas em um mesmo ambiente podem ter formas
diferentes de reagir ao mundo ao seu redor.

Considerações finais
A Psicologia da Personalidade é a área da Psicologia que busca estudar, entender e explicar as diferenças e
as particularidades humanas que influenciam os comportamentos. Seu conceito nem sempre é claro, pois é
confundido com termos do senso comum e com outros termos da Psicologia. No senso comum, por
exemplo, a personalidade é usada para descrever características acentuadas de uma pessoa, porém o
conceito de personalidade vai muito além disso e se relaciona às mudanças de atitudes, habilidades,
crenças, emoções e também ao modo particular de percebermos, pensarmos, sentirmos e nos
comportarmos diante das mais variadas situações.

Como vimos, a personalidade constitui-se como fator importante para a compreensão humana como um
todo. Seu estudo é importante para a Psicologia e também para outras áreas, pois somos fascinados por
estudar pessoas, bem como seus comportamentos, pensamentos e suas emoções. Entender o que está por
trás disso é importante, visto que nos direciona a entender melhor os fatores relacionados à personalidade,
além de seu histórico e de outros conceitos articulados que podem nos guiar na busca pelo entendimento
da personalidade.
headset
Podcast
Para encerrar, ouça sobre as diferentes perspectivas teóricas e a evolução histórica do conceito de
personalidade, além da perspectiva do construto personalidade contemporânea, destacando como alguns
autores apresentam certa resistência aos estudos da Psicologia da Personalidade na atualidade.

Explore +
Para saber mais sobre os assuntos abordados neste conteúdo, pesquise os artigos:

Diferenças individuais: temperamento e personalidade; importância da teoria, disponível no portal Scielo, e


veja como Patrícia Ito e Raquel Guzzo abordam as principais relações estabelecidas entre o temperamento
e a personalidade, bem como os aspectos que os diferenciam.

A natureza histórico-social da personalidade, disponível no Portal Scielo, e veja como Lígia Martins analisa
o processo de formação da personalidade a partir da perspectiva do materialismo histórico e dialético.

Assista ao vídeo:

Quem é você de verdade? O enigma da personalidade, no TED Talks. Nessa palestra, o psicólogo de
personalidade Brian Little (2006) explica como nos parecemos em algumas características com mais
frequência, em outras com menos frequência e em outras somos bastante diferentes do resto das
pessoas, disponível no site oficial do TEDTalks.
Referências
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ASENDORPF, J. B. Psychologie der persönlichkeit. Berlin: Springer, 2004.

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JUNG, C. G. Personality types. The Portable Jung, v. 1, p. 178-272, 1971.

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MCCRAE, R. R.; COSTA, P. T. Personality in adulthood: a five-factor theory perspective. London: Guilford
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LOREMCDOUGALL, W. An Outline of Psychology. New York: Scribner’s, 1923. M_IPSUM

PERVIN, L. A.; JOHN, O. P. La personnalité: de la théorie à la recherche. De Boeck Supérieur, 2004.

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SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. Teorias da personalidade. São Paulo: Cengage Learning, 2015.

SPECHT, J.; EGLOFF, B.; SCHMUKLE, S. C. Stability and change of personality across the life course: the
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Personality and Social Psychology, v. 101, n. 4, p. 862, 2011.
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