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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 PERSONALIDADE ..................................................................................... 4

3 PERSONALIDADE NORMAL ................................................................... 11

4 NOTA HISTÓRICA SOBRE AS PERTURBAÇÕES DE PERSONALIDADE


NO DSM 23

5 A ABORDAGEM COGNITIVA- COMPORTAMENTAL E TRANSTORNOS


DE PERSONALIDADE .............................................................................................. 30

5.1 A terapia cognitiva .............................................................................. 38

5.2 Terapia focada no esquema ............................................................... 40

6 REFERÊNCIAS BILBIOGRAFICAS .......................................................... 46

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta
, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta.
No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão
ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!

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2 PERSONALIDADE

Fonte: slideplayer.com.br

Em geral, um conceito errôneo envolvendo o conceito de personalidade está


se espalhando, ou seja, sendo difundida entre as pessoas, de que a personalidade é
um termo usado para descrever características marcantes de alguém. Nesse sentido,
quando as pessoas falam sobre personalidade, elas não percebem que podem não
estar falando de um único traço, mas de uma variedade de fatores relacionados à
pessoa. Personalidade se refere aos padrões característicos de pensamentos,
sentimentos e comportamentos que surgem dentro do indivíduo que tornam uma
pessoa única e tendem a ser consistentes para o resto da vida (SILVA e NAKANO,
2011 apud SILVA L; et al., 2018).
O conceito de personalidade é polissêmico, ou seja, é um conceito amplo, pois
abrange conceitos e termos como traços, estados, qualidades e atributos, todos os
quais diferem em constância ou mudanças de comportamento, estes se relacionam,
por exemplo, a motivações, estilos de atenção, manifestações emocionais ou eficácia
(AUWEELE, CUYPER, MELE E RZEWNICKL, 1993 apud SILVA L; et al., 2018),
englobando a interação, organização, e individualidade, fazendo com que nos
conheçamos através do convívio com os outros, tudo isso, faz com que o indivíduo

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seja quem ele é, sendo um ser que pode mudar, se aprimorar e se respeitar
constantemente.
De acordo com SILVA L; et al., (2018) a personalidade é desenvolvida através
da estrutura e tem como base, o alicerce que contém componentes hereditários,
pessoais e ambientais. Ela é formada até a adolescência e também por meio do
conteúdo relacionado a experiências familiares, escolares, culturais, religiosas e
sociais, que resultam nos detalhes do acabamento pessoal, que podem ou não ser de
primeira linha, contudo, fomentar a personalidade irá permitir ao indivíduo a
desenvolver enquanto ser humano e compreender a sua existência através de
opiniões, valores e sentimentos.
Nenhum ser humano mostrará características que já não estejam presentes em
outros indivíduos como um tipo de herança humana, isto é, todos os indivíduos da
mesma espécie recebem os traços característicos dessa espécie. No entanto, a
combinação individual dessas características em diferentes proporções em uma
determinada pessoa irá caracterizar sua personalidade ou sua maneira de ser
(AUWEELE, CUYPER, MELE E RZEWNICKL, 1993 apud SILVA L; et al., 2018).
Os traços de personalidade não agem independentemente uns dos outros.
Uma pessoa é aquilo que se deve à combinação e interação de muitas características
e traços, cujo número ainda não foi determinado. O conceito de traço é a peça
fundamental da construção da personalidade de um indivíduo, tendo em vista que os
traços psicológicos podem ser definidos como estruturas internas estáveis que servem
como comportamento predisponente e, consequentemente, podem ser "indicadores"
de futuros comportamentos (AUWEELE, CUYPER, MELE E RZEWNICKL, 1993 apud
SILVA L; et al., 2018).
Segundo Silva e Nakano (2011 apud SILVA L; et al., 2018), os traços de
personalidade podem ser usados para resumir, prever e explicar o comportamento de
uma pessoa” (p. 52), ao avaliar essas características, as respostas e motivações de
uma pessoa para certos comportamentos, seriam encontradas em sua personalidade.
Mas, assim como existem vários conceitos para o assunto, também existem várias
teorias analíticas, e a avaliação da personalidade depende da teoria que o
pesquisador adota.

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 O desenvolvimento da personalidade

Para NASCIMENTO L; (2012) o homem-macaco aprendeu desde cedo que


certos membros são bons ou maus, estúpidos ou espertos, insensíveis ou reagem
rapidamente diante as emoções. Definir o que é personalidade pode criar um
problema que é o de delimitar um aspecto tão individual, porém tão imenso. Talvez
possa ser uma série em conjunto, organizada de processos e estados psicológicos do
indivíduo, mas nesta definição algumas influências e / ou fenômenos, naturais e / ou
físicos, são ignorados. Vários autores tentam explicar o que podemos entender por
personalidade.
Para Vallaldon (1988 apud NASCIMENTO L; 2012), a personalidade requer,
antes de mais nada, a compreensão do próprio conceito como um elemento que
distingue ou se assemelha ao ser humano, por antropomorfismo; mas também há um
sentido positivamente qualificado em dizer que um indivíduo pode ou não ter uma
personalidade. Ao mesmo tempo, a palavra é usada para denotar o núcleo central e
profundo do ser.

A personalidade é uma estrutura dinâmica integrativa e integrante, que


assegura uma unidade relativa e a continuidade no tempo do conjunto dos
sistemas que explicam as particularidades próprias de um indivíduo, de sua
maneira de sentir, de pensar, de agir e reagir em situações concretas.
(VALLADON, 1988, p. 01 apud NASCIMENTO L; 2012).

Jung (1981 apud NASCIMENTO L; 2012) afirma que uma personalidade


implica em uma totalidade psicológica dotada de determinação, perseverança,
resistência e força. Sem determinação, integridade e maturidade, não há
personalidade que não possa e não deva ser exigida da criança, uma vez que isso
faria com que perdesse sua infantilidade, que lhe é própria. Mas se a criança puder
ver isso em um adulto que a está criando e eduque, ela crescerá estimulada por suas
realizações.
Quando o indivíduo atingi a personalidade significa que o mesmo irá construir
o melhor desenvolvimento possível em sua totalidade. Não é possível calcular o
número de condições que devem ser atendidas para isso, pois se trata do
desenvolvimento de aspectos, bio, psico, sociais e espirituais. (JUNG, 1981 apud
NASCIMENTO L; 2012). A personalidade é a obra que se faz com a máxima coragem

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para enfrentar a vida, através da afirmação absoluta do ser individual e da melhor
adaptação possível a tudo o que existe em geral, e tudo isso junto com a máxima
liberdade de escolha.
A personalidade se desenvolve no curso da vida e é apenas por meio de nossas
ações e da maneira como agimos que podemos descobri-la. A princípio, não sabemos
o que está escondido dentro de nós, que fatos sublimes ou que crimes existem em
nós, que é uma espécie do que é bom ou mal. Ninguém desenvolve sua personalidade
porque alguém disse que isso era certo ou pelo o que precisa ser feito, a natureza não
se deixa impressionar pelas conversas e falatórios. (JUNG, 1981 apud NASCIMENTO
L; 2012).
Martins (2011 apud NASCIMENTO L; 2012) trata do tema da personalidade a
partir dos processos psicológicos de cada indivíduo. A autora lembra que o reflexo
psicológico

Desenvolve-se com a complexificação estrutural dos organismos por meio da


atividade que a sustenta. [...] parte da tese do materialismo da existência dos
fenômenos fora e independentemente da consciência humana, pressupondo
a apreensão criativa da realidade objetiva que é então, refletida, isto é, (re)
construída no plano da subjetividade. (MARTINS, 2011, p. 63 apud
NASCIMENTO L; 2012).

A unidade entre o real e o ideal é garantida pela atividade vital humana, que ao
mesmo tempo é mediatizada e mediatizadora do reflexo psicológico. Essa discussão
se baseia na produção da psicologia cultural histórica desenvolvida por um grupo de
pesquisadores russos no século XX. Leontiev (1978, p. 183 apud NASCIMENTO L;
2012) afirma que a atividade em seus estágios iniciais de desenvolvimento “assume
a forma de processos externos pelos quais a imagem psíquica aparece como produto
desse processo. ” No entanto, atividade é uma manifestação em ações pelas quais o
homem se fixa na realidade objetiva e a transforma em realidade subjetiva.
Martins (2011, p. 65 apud NASCIMENTO L; 2012) traz de Rubinstein (1960
apud NASCIMENTO L; 2012) três teses básicas para a caracterização da consciência
no contexto da concepção histórico- social. A primeira é: “A consciência é a forma
específica de reflexão sobre a realidade objetiva que existe fora e independentemente
da consciência. “A autora afirma que esta tese assume que:

Que a consciência não se determina unilateralmente no contato imediato com


o objetivo, mas, sim, na relação sujeito-objeto, sendo, portanto, expressão do
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sujeito na construção dos reflexos do objeto e expressão do objeto na
construção da consciência. A consciência revela-se como manifestação do
sujeito e do objeto. (MARTINS, 2011, p. 65 apud NASCIMENTO L; 2012).

A segunda tese é: “A experiência psíquica é algo dado imediatamente, mas é


reconhecido e valorizado através da relação com o objeto. O fenômeno psíquico é a
unidade do imediato e do mediado”. (RUBINSTEIN, 1960, apud MARTINS, 2011, p.
65 apud NASCIMENTO L; 2012). Ou seja,

Os processos psíquicos embora dados diretamente à consciência, incluem


conexões para além do mundo interno da consciência. A vivência psíquica, a
experiência configuradora da vida do indivíduo, é produzida pela relação com
o mundo objetivo externo e só pode ser determinada com base nessa relação.
A consciência como componente derivado e ao mesmo tempo confirmação
da existência social e real do homem, evidencia todo o seu ser, constituindo-
se pela contextura de sua vida, pelos seus atos e realizações. (MARTINS,
2011, p. 65-66 apud NASCIMENTO L; 2012).

E a terceira tese consiste em que,

A consciência do homem não é um mundo interno e isolado em si, no seu


estudo interior propriamente dito, pois, determina-se pela sua relação com o
mundo objetivo. A consciência do indivíduo não é redutível a uma
subjetividade pura, isto é, abstrata, que se defronte externamente com tudo
o que seja objetivo. (RUBINSTEIN, 1960, apud MARTINS, 2011, p. 66 apud
NASCIMENTO L; 2012).

Portanto,

A consciência não pode ser identificada exclusivamente com o mundo das


vivências internas, mas, sim, aprendida com o ato psíquico experienciado
pelo indivíduo e ao mesmo tempo expressão de suas relações com os outros
homens e com o mundo. (MARTINS, 2011, p. 66 apud NASCIMENTO L;
2012).

Para Leontiev (1978 apud NASCIMENTO L; 2012), a consciência é a expressão


de uma forma superior da psique que surge como resultado da transformação
evolutiva, a complexificação e humanização do cérebro humano, e o trabalho e o
desenvolvimento da linguagem desempenham um papel decisivo neste processo de
transformação histórica.
Martins (2011, p. 66-67 apud NASCIMENTO L; 2012) assevera que, para
Vásquez (1977 apud NASCIMENTO L; 2012),

Podem-se distinguir duas formas de expressão da atividade consciente. Uma,


abarcando a produção de conhecimentos, isso é, elaboração de conceitos,

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hipóteses, leis, teorias pelas quais o homem conhece a realidade, a outra
forma de expressão se revela na produção de finalidades, dos objetivos que
procedem e orientam as ações humanas. (MARTINS, 2011, p. 66 -67 apud
NASCIMENTO L; 2012).

A partir das definições desses autores, Martins (2011, p. 67 apud


NASCIMENTO L; 2012) define consciência como um sistema de conhecimento que
se desenvolve no homem "enquanto ele aprende a realidade, relacionando suas
impressões diretas a significados socialmente elaborados, articulados e vinculados
pela linguagem, expressando as primeiras através das segundas. ”
Por essa relação em que a atividade de transformação da realidade é um fator
objetivo, o indivíduo estabelece uma conexão com o universo, firmando-o como dado
de sua subjetividade ao desenvolver consciência. Este processo é acompanhado de
reações emocionais e sentimentos, conforme NASCIMENTO L; (2012).

 Um breve conceito da teoria da personalidade do ponto de vista


teórico

As teorias da personalidade, em relação aos teóricos da personalidade buscam


compreender a pessoa como um todo, para tanto, consideram os diversos fatores que
compõem o funcionamento de um indivíduo como estando constantemente inter-
relacionados, avaliando de que maneira estas relações ocorrem e geram um
funcionamento total, quer dizer, os teóricos da personalidade estão interessados em
saber quais são os aspectos constituintes do funcionamento das pessoas e como se
dá a interação entre estes processos que geram este funcionamento de forma integral.
Isto requer mais do que o estudo de cada fator ou de cada processo separado, mas
exige um estudo da complexidade que surge de suas inter-relações e a organização
desta rede enquanto um todo organizado e em funcionamento. Afinal, é desta forma
que as pessoas realizam, na vida real, suas tarefas cotidianas (Pervin & John, 2004
apud ROCHA N; 2013).

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operam os mecanismos de estabilidade e mudança, entre outros aspectos (Beck, A.
T., & Alford, 2000 apud ROCHA N; 2013).
Dessa forma, torna- se como uma condição básica dentro da teoria da
personalidade as seguintes formas de análises da referente teoria: a) os critérios de
uma teoria científica geral, pois como busca ser uma teoria científica, as teorias da
personalidade precisam se submeter às mesmas exigências de clareza, abrangência,
utilidade e parcimônia, b) critérios básicos que constituem uma teoria da
personalidade, quais sejam: estrutura, processo, crescimento e desenvolvimento,
psicopatologia e mudança, c) requisitos que uma teoria da personalidade completa
deve apresentar seu parecer, ou seja, sua perspectiva quanto à concepção de
homem, motivação humana, aos determinantes internos e externos, os processos
conscientes e inconscientes e a relação entre cognição, afeto e comportamento (Beck,
A. T., & Alford, 2000 apud ROCHA N; 2013).

3 PERSONALIDADE NORMAL

Segundo Kernberg (2006 apud SÁ D; 2010), a personalidade normal é baseada


em quatro aspectos estruturais. Em primeiro lugar, é caracterizado por um conceito
integrado de si mesmo o self em conjunto com outros significativos, que se refletem
"na consciência interna e na aparência externa da coerência do eu (self) e constituem
um pré-requisito como forma de condição básica para uma autoestima normal,
levando ao prazer a sensação de alegria em si mesmo e gosto pela vida".
Para SÁ D; (2010) essa sensação de integração possibilita um investimento
emocional no outro, o que requer uma dependência que irá permitir a maturidade
associada a uma consciência sólida sobre a autonomia. Em segundo lugar, deriva da
identidade e força do self (ego), especificamente mostra a capacidade de sentir afeto
e controlar impulsos, confiar, construir relacionamentos mútuos, o que é determinado
pelas funções superegóicas. Terceiro, uma personalidade normalmente requer um
superego maduro e integrado que se manifesta numa consciência de
responsabilidade, a habilidade para uma autocrítica realista, flexibilidade na tomada
de decisões e um compromisso com normas, valores e ideias.

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Quarto, torna- se necessária a condução adequada dos impulsos libidinais e
agressivos, o que requer a plena expressão das necessidades sexuais e a sublimação
dos impulsos agressivos de acordo com a forma de assertividade, resistindo aos
ataques sem exagero de uma reação excessiva e sem voltar - se a agressividade
contra si mesmo (self) (Kernberg, 2006 apud SÁ D; 2010). Para Coleman (2005 apud
SÁ D; 2010), a normalidade baseia-se na flexibilidade no uso de mecanismos de
defesa, a maioria dos quais devem ser baseada em mecanismos de defesa de forma
madura, apesar da possibilidade (reduzida) de usar mecanismos de defesa de forma
imatura.
Para Bergeret (2004 apud SÁ D; 2010), a personalidade normal “corresponde
a uma estrutura profunda, neurótica ou psicótica, não descompensada (e que talvez
nunca o venham a estar), estruturas estáveis e definitivas em si que se defendem
contra a descompensarão por uma adaptação à sua originalidade. ”

 Mudança da personalidade:

Nos dias de hoje, a mudança de personalidade é atualmente definida no


contexto terapêutico (Rogers, 2007 apud SÁ D; 2010) como uma mudança em um
nível estrutural, tanto superficial quanto profundo, em direção a uma estrutura mais
madura, com maior integração de si e menos conflito interno.
Rogers continua, no seu artigo original de 1957 e que continua a ser relevante
nos paradigmas psicoterapêuticos de hoje, certificando que essa mudança só ocorre
no contexto relacional da psicoterapia e posteriormente se estende às relações
externas (Silberschatz, 2007 apud SÁ D; 2010).
Como caracterizava SÁ D; (2010) no debate sobre esta questão, surge uma
questão que divide os teóricos em dois grupos: se é possível ou não mudar a
personalidade de um paciente, dentro do contexto psicoterapêutico, existem aqueles
que argumentam que é possível mudar a personalidade básica de um sujeito e
aqueles que argumentam que tal mudança não é possível. Para esclarecer este
problema, tentaremos responder a duas questões que parecem essenciais na
abordagem deste tema.

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A personalidade está sujeita a mudanças? Em caso afirmativo, quais são os
efeitos dessa mudança? Uma pesquisa recente sugere que os tratamentos
psicodinâmicos e cognitivos, comportamental e farmacológico, promovam mudanças
de personalidade (Piper & Joyce, 2001; Paris, 2005, cit por Livesley, 2007 apud SÁ D;
2010). De acordo com um estudo de Coleman (2005 apud SÁ D; 2010), a terapia
psicanalítica e cognitiva - comportamental, tem efeitos sobre as mudanças nas
cognições e defesas.
Carl Rogers (2007 apud SÁ D; 2010) sugere seis condições necessárias e
suficientes para o processo de mudança de personalidade no contexto da
psicoterapia:
 Para SÁ D; (2010) em primeiro lugar, é imprescindível que a relação seja
estabelecida, no sentido de que seus dois intervenientes estarem em contato
psicológico (sem relação, não há mudança);
 Conforme SÁ D; (2010) em segundo lugar, é preciso que o cliente esteja a
vivenciar um estado de incongruência, sentindo-se vulnerável ou ansioso (ou
seja, há uma discrepância entre a experiência atual e a forma como o indivíduo
representa essa experiência).
 Como caracteriza SÁ D; (2010) em terceiro lugar, apenas o terapeuta deve
mostrar- se congruente, genuíno e integrado no contexto relacional;
 Como alega SÁ D; (2010) em quarto lugar, o terapeuta deve aceitar os aspectos
do cliente de forma incondicional, sem condições de aceitação, implicando em
uma disposição para cuidar do outro, como uma pessoa separada, não
possessiva ou como satisfação própria.
 De acordo com SÁ D; (2010) em quinto lugar, o terapeuta deve experimentar
uma compreensão empática do quadro de referência interno do cliente e
encorajar a comunicação dessa experiência com o cliente. (Ou seja, o
terapeuta deve ser capaz de sentir o mundo de seu cliente como se fosse seu,
sem perder sua identidade. Somente se o terapeuta puder acessar livremente
este mundo e percebê – lo genuínamente e empáticamente, é que ele
consegue comunicar com o cliente estes aspectos, partilhando a linguagem e
compreensão do mesmo);

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 Para SÁ D; (2010) em sexto lugar, a comunicação da compreensão empática
do terapeuta e da aceitação incondicional ao cliente deve ocorrer em um nível
mínimo, uma vez que está presente no comportamento, palavras e atitude do
terapeuta e é entendida, quando de uma boa relação, pelo cliente.

Como aponta SÁ D; (2010) nesta proposta, o autor sublinha que é necessária


alguma persistência temporária desta relação e coloca as possibilidades de mudança
nos fatores dessa relação em detrimento das técnicas utilizadas pelos diferentes
modelos. Segundo Silberschatz, critica Rogers no sentido da convicção de que com
alguns pacientes é necessário concentrar-se nas técnicas utilizadas e que a mudança
de personalidade em psicoterapia depende também das próprias características do
paciente, seja diretamente pela (e.g. motivação para a mudança), ou pelo que essas
características pessoais sejam reativadas no terapeuta (processos
contratransferências).
Alguns estudos relacionados a mudança de personalidade (Roberts & Mroczek,
2008 apud SÁ D; 2010) tem mostrado que isso acontece de forma única e pessoal em
diferentes fases da vida, combinada com diferentes experiências de vida. Quando
comparados em estudos cross-sectional - transversal e longitudinais, adultos de meia-
idade apresentam valores mais altos de amabilidade e conscienciosidade do que
adultos mais jovens e têm valores mais baixos na Extroversão, Neuroticismo e
Abertura.
Num outro estudo (Roberts, Walton & Viechbauer, 2006, cit in Roberts &
Mroczek, 2008; Asendorpf, 2008 apud SÁ D; 2010), que utilizou o modelo dos Big
Five, verificou-se que nos jovens adultos (20-40 anos) aumentou a extroversão (na
sua dimensão de domínio social), a conscienciosidade e a estabilidade emocional,
diminuindo o neuroticismo; a amabilidade aumenta significativamente entre os 50 e
60 anos e a abertura à experiência aumenta depois dos 22 anos, diminuindo aos 60
anos. A maior variação dos traços ocorre entre os 18 e os 30 anos, estabilizando
entre os 40 e os 50 e voltando a mudar entre os 50 e os 60.

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A maioria dos estudos relatados pelos autores descobriu que as mudanças
foram positivas. Para McWilliams (2005 apud SÁ D; 2010) do ponto de vista
psicanalítico, ele afirma que a personalidade pode ser significativamente alterada pela
terapia, mas não pode ser transformada. As pessoas retêm seus roteiros e guias
principais, conflitos, expectativas e defesas internas, embora mantenham a
oportunidade de expandir sua autonomia e autoestima quando os componentes de
sua personalidade básica são esclarecidos, independentemente de o contrato
terapêutico conter ou não um acordo para mudar a personalidade, a consideração de
sua natureza por ambas as partes facilitará o trabalho do relacionamento terapêutico.
Segundo Debray e Nollet (2004 apud SÁ D; 2010), os esquemas de transtorno
de personalidade, ou seja, as perturbações existentes da personalidade são muito
difíceis de mudar, sugerindo que a personalidade de um paciente não pode ser
mudada. De acordo com estes autores, o que é possível fazer é reforçar um esquema
alternativo ou orientar para uma perspectiva socialmente proveitosa para o cliente.
Como tentativa para responder à nossa segunda pergunta, em relação a
personalidade se a mesma mudar qual seria o aspecto que iria incidir essa mudança?
Livesley (2007 apud SÁ D; 2010) compreendendo a personalidade como um sistema
organizado de componentes e subsistemas, e confirma que cada um dá origem a
diferentes áreas da psicopatologia.
Como caracteriza SÁ D; (2010) o autor reconhece seis áreas de personalidade
alterada/perturbada, como o componente sintomático (por exemplo, medo, ansiedade,
depressão, comportamento impulsivo), mecanismos de controle que regulam
emoções e impulsos, predisposições genéticas e o sistema interpessoal (que
consistem em representações do outro, crenças, expectativas e estratégias
comportamentais que influenciam o relacionamento), sistema do self (conjunto de
esquemas utilizados para organizar a autoconsciência e autoconhecimento de forma
coerente, o que confere estabilidade e direcionamento à experiência e direção à
ação.).

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Conforme a base desses dois últimos domínios interconectados é
desencadeada a compreensão das regras que governam o comportamento humano.
(e.g. Como a teoria da Mente, o que irá sugerir um trabalho de mentalização). Por
fim, a última área está relacionada ao meio ambiente, pois o indivíduo seleciona,
projeta e estrutura seu contexto para apoiar sua personalidade. Portanto, é necessário
que o autor leve esses aspectos em consideração ao tentar intervir no contexto
terapêutico dos transtornos de personalidade. Livesley (2007 apud SÁ D; 2010) define
cinco fases que compõem o processo de mudança:
 Para SÁ D; (2010) segurança - ocorre no início do tratamento e respeita o
momento de crise (perda do controle emocional, comportamento
desorganizado, agressão a si mesmo, ou seja, virando -se para o self ou a para
o outro), oferecendo uma estrutura de apoio e suporte.
 De acordo com SÁ D; (2010) contenção - em conjunto com o anterior, visa
conter impulsos e afetos e restaurar a capacidade de controlar o
comportamento, o que requer forte aliança, afirmação, validação e
compreensão empática.
 Como alega SÁ D; (2010) controle e regulação – essa fase continua após a
superação da crise com o objetivo de reduzir os sintomas, a violência e os
ataques ao self por meio da aquisição de habilidades e competências de
autocontrole que compensem os déficits nos mecanismos reguladores do self.
 No dizer de SÁ D; (2010) exploração e mudança – o tratamento leva à
exploração e modificação dos processos cognitivos, afetivos e motivacionais
que estão por trás do problema do paciente.
 Para SÁ D; (2010) integração e síntese – quando se chega ao fim do
tratamento o mesmo irá exigir a integração de fragmentos da personalidade e
a síntese de uma nova estrutura, nomeadamente dos limites interpessoais, de
um Eu/self mais coerente e de uma representação mais integrada do outro.
Para Livesley (2007 apud SÁ D; 2010), por um lado, trabalhar no tratamento de
personalidades perturbadas envolve construir uma relação de colaboração, manter
um processo de tratamento consistente, promover a validação e construir a motivação
e o compromisso com a mudança. Estas intervenções gerais permitem ao paciente a

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experiência a uma vivência de um self estável em sua relação (com o terapeuta), o
que contribui para a construção de um self mais coerente.
Como descrito por SÁ D; (2010) em relação a intervenções mais específicas,
o autor reitera a importância de aumentar a autoconsciência para levar ao
autoconhecimento (ampliando a visão dos pacientes sobre seus problemas e
aspectos de si mesmos (self), especialmente aqueles com transtornos de
personalidade, em que o conhecimento de si mesmo é limitado, desorganizado e
compartilhado ou suprimido), proporcionar novas experiências (dentro e fora do
contexto terapêutico, ou seja, experiências emocionais corretivas com o terapeuta que
podem ser assimiladas e estendidas a outros contextos) e também novas
aprendizagens.
Para o autor, é impensável esperar que os pacientes façam mudanças
profundas sem ajuda na criação de um novo roteiro de vida que os capacitará a
entender o que está acontecendo com eles. Por outro lado, também é importante
trabalhar com o paciente a questão da manipulação que leve a mudança em seu
ambiente. A intervenção cognitiva desempenha um papel importante na modulação
de padrões e esquemas de modos e pensamentos mal adaptativos. As intervenções
psicodinâmicas são úteis na modificação de padrões cíclicos de comportamentos
interpessoais e na manipulação do evitamento e outras estratégias que criam
resistências ao tratamento (Livesley, 2008 apud SÁ D; 2010).
Como alega SÁ D; (2010) dois níveis importantes de mecanismos de mudança
são aqueles que envolvem o paciente e aqueles que envolvem o processo terapêutico,
incluindo as técnicas utilizadas pelo terapeuta. O nível dos mecanismos cognitivos e
de defesa do paciente é um aspecto importante: na terapia cognitivo-comportamental,
a incidência de intervenções para alcançar mudanças está em cognições distorcidas.
Na terapia psicanalítica, a intervenção passa por mecanismos de defesa. Do ponto de
vista cognitivo-comportamental, os sintomas são causados por pensamentos
automáticos desadaptativos o que chamamos de mal adaptativos que refletem a
estrutura cognitiva.

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Este modelo teórico utiliza como técnicas o questionamento socrático, a
psicoeducação e o coaching para observar e modificar padrões de pensamento, afeto
e comportamento. Do ponto de vista psicanalítico, a intervenção nos mecanismos de
mudança é feita através das defesas, do tornar consciente o inconsciente ou da
relação objetal, pela internalização do self e do outro. Neste modelo teórico, a relação
é por si só uma ferramenta que estimula o uso de defesas mais maduras e promove
o insight, através de técnicas interpretativas (Coleman, 2005 apud SÁ D; 2010).

 A Personalidade e sua mudança em psicoterapia

O estudo da personalidade sempre despertou um interesse especial na área


social e humana, o que levou a vários conceitos de personalidade que sofreram
mudanças significativas desde a sua introdução. A complexidade desse tema levou a
múltiplas definições, mas parece consensual que haja algo característico que torna
cada indivíduo único. A personalidade, portanto, parece representar uma unidade
integradora da pessoa, o que implica uma organização dinâmica dos aspectos
cognitivos, afetivos, fisiológicos e morfológicos do indivíduo. (Dias, 2004 apud SILVA
A; 2014).
Assim, pode ser entendido como uma série de padrões rígidos de sentimentos,
pensamentos e comportamentos em cada indivíduo. Na mesma linha Pervin e John
(2004; cit in Martins & Lopes, 2010 apud SILVA A; 2014) propõem uma definição
centralizadora na qual assumem e consideram que a personalidade são as
características da pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos,
pensamentos e comportamentos. É de particular interesse como esses pensamentos,
sentimentos e comportamentos se relacionam entre si para formar o indivíduo único e
peculiar. Em outras palavras, são as características psicológicas que determinam a
singularidade pessoal e social de cada indivíduo. (McMartin, 1995 apud SILVA A;
2014).

Já Eysenck (1976; cit. in Dias, 2004 apud SILVA ANA; 2014) definiu
personalidade como “a organização mais ou menos estável e persistente do
carácter, temperamento, intelecto e físico do indivíduo, que permite o seu
ajustamento único ao meio”. Deste modo, a personalidade assume uma linha
de padrões básicos de comportamento, que vão sofrendo alterações ao longo
do seu processo evolutivo através da aprendizagem, desenvolvimento e meio
ambiente (Savastano, 1980 apud SILVA A; 2014).
18
Todas as teorias da personalidade surgiram da tentativa de descrever e explicar
como os indivíduos diferem em seu comportamento, em sua personalidade (John,
1999 apud SILVA A; 2014). Do ponto de vista de um dos conceitos, a personalidade
é vista como a integração dinâmica dos padrões de comportamento do sujeito com
base no temperamento, caráter, sistema de valores internalizados e habilidades
cognitivas (Kernberg, 2006 apud SILVA A; 2014). Existem vários modelos teóricos
com base psicanalítica, mas todos eles se relacionam com processos dinâmicos, em
contraste com os traços de personalidade, que neste caso são vistos como atributos
estáticos.
Assim, “as pessoas se organizam em dimensões que são significativas para si
mesmas e apresentam características emblemáticas que expressam ambas as
polaridades de uma dimensão proeminente e saliente” (Mc Williams, 2005, pag.62
apud SILVA A; 2014). Em contraste com as teorias psicológicas e cognitivas, a
personalidade é percebida como uma série de padrões que permanecem estáveis ao
longo do tempo, resultante de uma combinação de influências genéticas e do meio ao
longo do desenvolvimento. Assim, a personalidade é percebida como uma série de
características específicas que proporcionam um perfil individual estável. (Asendorpf,
2008 apud SILVA A; 2014).
Portanto, faz sentido distinguir o conceito de personalidade de traços de
personalidade, em que os últimos são definidos como uma unidade de análise
comportamental, no entanto, a forma como eles estão relacionados não é semelhante
(Digman, 1990, cit in Pais Ribeiro, 2005). Assim, o caráter único e distinto que a
personalidade confere a cada indivíduo inclui traços gerais semelhantes aos de outras
pessoas. Portanto, duas pessoas com personalidades diferentes podem se comportar
ou se comportar de forma semelhante. Dessa forma o paradigma de traços é baseado
na identificação das características de personalidade que são responsáveis pela
consistência comportamental (Paim, 2002 apud SILVA A; 2014).

Atendendo às várias definições de Personalidade, é indiscutível de que se


trata de uma construção complexa, individual, que apresenta um
desenvolvimento gradual. É assim entendida como um conjunto de traços que
permitem diferenciar as pessoas entre si, no modo como agem e se
relacionam com a sociedade e com elas mesmas (Doron & Parot, 2001 apud
SILVA ANA; 2014).

19
Quando se trata de mudanças de personalidade Rogers (2007 apud SILVA
ANA; 2014) a definiu como uma mudança que pode ser estrutural, superficial ou
profunda, no sentido de que se pretende uma estrutura mais madura, com maior
integração do eu/self e isso significa menos conflito interno. No entanto, a mudança
de personalidade no processo psicoterapêutico é um tema controverso, na medida em
que alguns autores defendem essa possibilidade, outros consideram tal mudança
impossível. Mas hoje sabemos que há estudos que mostram que tanto a terapia
psicanalítica quanto a cognitivo-comportamental causam mudanças na personalidade
(Livesley, 200 apud SILVA A; 2014).

 Estudos no âmbito das mudanças nos sintomas e na estrutura

Para SILVA A; (2014) por meio dos estudos do processo psicoterapêutico, é


possível compreender como ocorrem as mudanças durante o tratamento e possibilitar
identificar os mecanismos de ação terapêutica, bem como as variáveis que dependem
da eficácia da psicoterapia. Estudos experimentais possibilitam estratégias de
mudança terapêutica, nesse sentido, são apresentados alguns estudos que utilizaram
instrumentos de avaliação para poder comparar a mudança em termos de sintomas e
estrutura, no decorrer do processo terapêutico.
Lingiardi e colaboradores (2010 apud SILVA ANA; 2014) conduziram um estudo
de caso que descreve o curso de uma análise usando algumas ferramentas de
instrumentos de avaliação, Shedler-Westen Assessment Procedure -200, SWAP-200
(Shedler & Westen, 2006 apud SILVA A; 2014), a Defense Mechanism Rating Scale,
DMRS (Perry, 1990 apud SILVA A; 2014) e a Analytic Process Scales, APS (Waldron,
Scharf, Crouse, Firestein, & Burton, de 2004, e Waldron, Scharf, Hurst, et al., 2004
apud SILVA A; 2014) para estudar transcrições integrais de sessões. Essa avaliação
foi realizada tanto pelo terapeuta, como por avaliadores independentes.
Como caracteriza SILVA A; (2014) as transcrições foram avaliadas por dois
anos, com a DMRS e a APS no início da análise e a cada seis meses e com o SWAP-
200, a cada doze meses, porque não há mudanças na avaliação da personalidade
antes do primeiro ano de terapia. No início, a paciente evidenciava traços obsessivos,
paranoides e hostis, e de externalização. No que se refere à avaliação da capacidade

20
funcional, ela se apresentou em um nível médio em comparação a uma amostra de
pacientes com diagnóstico de transtorno de personalidade. No nível de defesa, estava
localizado no nível neurótico e enfatizava a defesa contra a intelectualização e
deslocamento. Ao fim do primeiro ano, assistiu-se a uma elevação na personalidade
saudável, pela avaliação do SWAP-200, não apresentando critérios para um
diagnóstico de perturbação de personalidade.
Conforme SILVA A; (2014) ao mesmo tempo, houve um aumento na função
geral de defesa avaliada com a DMRS. Do ponto de vista analítico, a produtividade
geral da contribuição do paciente para a terapia melhorou em aproximadamente
12,5%. No final do segundo ano, obteve um ganho adicional de 2,9 pontos na
classificação de alto desempenho do SWAP200, resultando em um aumento geral de
49,34 para 60,81, valores muito diferentes dos valores originais comparando com os
nos iniciais. No nível de defesa, não houve mudança em seu estilo de defesa no
domínio neurótico, mas houve uma diminuição na defesa neurótica e obsessiva e um
aumento na defesa madura, com o desempenho geral da defesa sendo ligeiramente
maior do que no final do primeiro ano de psicoterapia.
Hersoug e colaboradores (2002 apud SILVA A; 2014) conduziram um estudo
com o objetivo de compreender se as mudanças observadas nos mecanismos de
defesa predizem os resultados durante a psicoterapia psicodinâmica breve. Assim,
eles compararam a mudança nos sintomas e nas defesas, sendo esta última avaliada
por meio da escala DMRS e do questionário DSQ sobre estilo defensivo em uma
amostra de 43 pacientes. Os autores deste estudo concluíram que o funcionamento
geral defensivo teve melhorias só a partir da 16ª sessão, ao passo que os sintomas
apresentaram uma melhoria logo no início da terapia.
Moreno e colaboradores (2005 apud SILVA A; 2014) apresentaram um estudo
de caso de 2 anos em psicoterapia psicodinâmica para avaliar o diagnóstico
psicodinâmico e sua evolução. Para tal, os teóricos utilizaram material nas sessões
de supervisão com as seguintes técnicas e instrumentos empíricos: o tema central da
relação de conflito, ou seja, núcleo do relacionamento conflituoso (Core Conflitual
Relationship Theme) (Luborsky & Crits-Christoph, 1990 apud SILVA A; 2014), a
Symptom Checklist90-Revised (Derogatis, 1983 apud SILVA A; 2014), e Elementos
Diferenciais para um Diagnóstico Psicodinâmico (Moreno et al., 1998 apud SILVA A;

21
2014). Assim, foi possível o reconhecimento de alguns fatores responsáveis pela
mudança psíquica ao longo do processo psicoterapêutico, mostrando os benefícios
da utilização de vários instrumentos de avaliação possibilitando uma análise mais
completa acerca da evolução do paciente durante o tratamento.
Malheiro (2012 apud SILVA A; 2014) a personalidade e o mecanismos de
defesa foram avaliados por meio de gravações de áudio de reuniões a cada seis
meses com Shedler-Westen Assessment Procedure (SWAP-200), e o Defense
Mechanism Rating Scales (DMRS) respetivamente e o Symptom Checklist-90-
Revised (SCL-90-R) aplicado em três momentos distintos, ao longo do processo
psicoterapêutico. Com este estudo, a intenção era investigar as ligações entre as
alterações da personalidade, o uso de determinados mecanismos de defesa e a
redução dos sintomas em dois pacientes, seguido de psicoterapia pelo mesmo
terapeuta durante um período de 2 anos. Dos resultados obtidos concluiu que em
ambos os casos analisados, a mudança sintomática ocorreu de uma forma mais
rápida do que ao nível estrutural, isto é, ao nível da personalidade e dos mecanismos
de defesa.
Loureiro (2012 apud SILVA A; 2014) também realizou um estudo que teve como
objetivo, observar a relação entre mudanças nos mecanismos de defesa e traços de
personalidade durante todo o processo terapêutico em dois pacientes com
personalidades diferentes. Para a avaliação dos mecanismos de defesa foi utilizada a
escala Defense Mechanisms Rating Scales (DMRS) e na avaliação das características
de personalidade o The Shedler-Westen Assessment Procedure (SWAP-200). Foram
analisadas 33 gravações áudio de sessões de duas pacientes do mesmo terapeuta
sob psicoterapia de inspiração psicanalítica.
De acordo com SILVA A; (2014), os resultados mostraram que diferentes
pacientes e grupos de patologia levaram a uma taxa característica de mudança nos
mecanismos de defesa. Os níveis globais de funcionamento defensivo na DMRS, e
os indicadores de saúde mental do SWAP-200, variaram no mesmo sentido, em
ambas as pacientes. A partir disso, concluiu-se que as flutuações na personalidade
do paciente e na função de defesa estão relacionadas, o que é um forte indicador das
mudanças estruturais encontradas ao longo do processo terapêutico.

22
O estudo realizado por Marques (2012 apud SILVA A; 2014) consistia em
observar como as atitudes, comportamentos e interações do terapeuta mudam
quando influenciados pelos traços de personalidade de seus pacientes. Para tal,
analisou gravações áudio de sessões de duas pacientes em psicoterapia psicanalítica
com o mesmo terapeuta durante dois anos e avaliadas utilizando o Psychotherapy
Process Q-Set (PQS; Jones, 2000) no início, 6, 12, 18 e 24 meses de terapia.
A personalidade dos pacientes foi avaliada através do ShedlerWesten
Assessment Procedure (SWAP-200; Shedler & Westen, 1998 apud SILVA ANA; 2014)
e os resultados das terapias foram obtidos através do SCL-90- R (Derogatis & Savitz,
2000 apud SILVA A; 2014). Dos resultados obtidos, foi constatado que o terapeuta foi
mais claro, seguro e paternalista, com a paciente neurótica obsessiva, aderindo mais
fortemente ao protótipo psicodinâmico com a paciente borderline e dependente, com
quem foi adaptando mais a sua adesão a diferentes técnicas ao longo do tempo.

4 NOTA HISTÓRICA SOBRE AS PERTURBAÇÕES DE PERSONALIDADE NO


DSM

Para GOMES L; (2013) os transtornos de personalidade foram descritos pela


primeira vez em uma publicação oficial, como entidades diagnósticas separadas e
distintas na primeira edição do DSM, em 1952, e são definidas como defeitos de
desenvolvimento ou tendências patológicas na estrutura da personalidade e foram
divididas em três grupos: perturbações de padrão de personalidade, perturbações de
traço de personalidade e perturbações de personalidade sociopática, secção que
incluía diagnósticos de desvio sexual e abuso de substâncias. Cada um dos grupos
referidos continha quatro categorias diagnósticas.
Como caracteriza GOMES L; (2013) os principais pontos de crítica a este
primeiro sistema de classificação foram a falta de critérios de diagnósticos essenciais
e a falta de evidências empíricas. A descrição geral das perturbações de
personalidade no DSM-II, publicado em 1968, quase não apresentou alterações em
relação a publicação anterior e apenas acrescentou que essas patologias são muitas
vezes identificáveis na adolescência ou até mesmo antes. Neste volume eram
consagradas 10 perturbações de personalidade específicas, bem como as categorias

23
de diagnóstico “Outras perturbações de personalidade especificadas” e “Perturbação
de personalidade não especificada.
Conforme GOMES L; (2013), A publicação da 3ª edição do DSM, em 1980,
introduziu o sistema multiaxial de organização da psicopatologia, estando as
perturbações de personalidade incluídas no Eixo II, considerando-as em entidades
nosológicas distintas das principais síndromes clínicas em Psiquiatria, podendo
coexistir com estes mesmos. A definição geral de transtorno de personalidade
esclareceu a distinção entre traços e transtornos de personalidade, enfatizando a
necessidade de inflexibilidade, desajustamento e interrupção do funcionamento do
indivíduo para que o diagnóstico do transtorno de perturbação fosse aplicado.
De acordo com GOMES L; (2013) este volume forneceu uma descrição mais
abrangente de cada uma dessas patologias, para as quais os critérios diagnósticos
politéticos foram estabelecidos pela primeira vez e 11 diagnósticos específicos foram
definidos, organizados em 3 grupos ou “clusters”, bem como uma categoria residual
reservada para perturbações de personalidade atípicas, mistas ou outras (Ver tabela
1, pág.26).

Fonte: eg.uc.pt
24
Como caracteriza GOMES L; (2013) essas mudanças levaram a uma melhoria
significativa na validade e confiabilidade dos diagnósticos em patologia de
personalidade. A versão revista do DSM-III, publicada em 1987, foi publicada e
orientada por uma maior estabilidade na seção de transtornos de personalidade em
relação as perturbações fazendo uma comparação com as edições anteriores. Bem
como algumas mudanças de nome, incluindo a atribuição das letras A B e C aos
diferentes “clusters/ aglomerados”, certos critérios diagnósticos, baseados na
literatura e pesquisas empíricas disponíveis até o momento, também foram
modificados para alcançar maior objetividade e validade científica.
De acordo com GOMES L; (2013), no apêndice A foram adicionados dois novos
diagnósticos em relação aos transtornos de personalidade sobre a questão das
perturbações como por exemplo a personalidade sádica e autodestrutiva, tendo em
vista que foram incluídos no apêndice A, tornando-se assim alvos para investigação
futura no sentido de esclarecer a sua validade e utilidade clínica. No DSM-IV,
publicado em 1994, a definição geral de transtornos de personalidade das
perturbações foi expandida e os pré-requisitos para diagnosticar esses transtornos
são apresentados na forma dos seguintes critérios diagnósticos gerais.
 Para GOMES L; (2013) A - Padrões persistentes de experiências e
comportamentos internos que diferem significativamente do que é
esperado na cultura do indivíduo em pelo menos duas das seguintes
áreas: cognição, afetividade, funcionamento interpessoal e controlo de
impulsos;
 No dizer que GOMES L; (2013) B - A rigidez desse padrão global se
manifesta em uma ampla gama de situações pessoais e sociais.
 Conforme GOMES L; (2013) C - Estresse e sofrimento clinicamente
significativo ou deficiência em áreas sociais, ocupacionais ou outras
áreas funcionais importantes que podem ser atribuídas a este padrão.
 Como aponta GOMES L; (2013) D - Estabilidade, longa duração e início
da adolescência ou também início da idade adulta;
 De acordo com GOMES L; (2013) E - O padrão não pode ser melhor
explicado como uma manifestação ou consequência de outro transtorno
de personalidade das perturbações.

25
 Para GOMES L; (2013) F - O padrão não se deve ao efeito fisiológico
direto de uma substância ou de uma doença geral.

Como caracteriza GOMES L; (2013) nesta publicação, apenas 10 diagnósticos


específicos de transtornos de personalidade no eixo II foram definidos (ver Tabela 1,
p. 26). Tendo a perturbação de personalidade passivo-agressiva sido transferida para
o Apêndice B com a nova designação de perturbação de personalidade negativista,
por não cumprir requisitos de validade e utilidade clínica. O Apêndice B contou ainda
com a inclusão da perturbação de personalidade depressiva. Transtornos de
personalidade sádicos e autodestrutivos foram excluídos desta publicação. Os demais
transtornos de personalidade permaneceram conceitualmente idênticos às suas
versões na publicação anterior, sem prejuízo da inclusão de um maior número de
informações empíricas relativas a cada categoria diagnóstica e mudanças nos critérios
diagnósticos.
Ainda de acordo com GOMES L; (2013) também digno de nota é a inclusão de
uma referência à possibilidade de conceituar a personalidade de um ponto de vista
dimensional na nota introdutória à seção sobre patologia da personalidade,
descrevendo brevemente alguns dos modelos mais importantes. Da revisão do DSM-
IV, publicada em 2000, resultaram apenas alterações pontuais ao texto de alguns dos
diagnósticos específicos de perturbações de personalidade, bem como uma
atualização da nota referente aos modelos dimensionais.

 Integração dos Modelos Dimensionais

A tarefa de fornecer uma integração entre a nomenclatura no campo da


psiquiatria relacionada aos transtornos de personalidade e os modelos dimensionais
é algo que sofre uma considerável resistência. Como resultado dessa tentativa, uma
série de problemas podem surgir como grandes preocupações e tidas como principais
e são elas: consenso, em termos estruturais, implementação e aplicabilidade/utilidade
clínica (WIDIGER, 2007 apud GOMES A; 2019).

Existem, ao todo, 18 propostas de modelos dimensionais para os transtornos


de personalidade. Esses modelos são bem diferentes entre si, ao ponto de
dificultar o surgimento de um consenso para definições estruturais
26
(WIDIGER, 2007 apud GOMES A; 2019). Uma alternativa proposta foi a de
fornecer uma conversão de cada categoria diagnóstica em uma escala de 5
pontos/domínios, possibilitando seu uso para a descrição dos perfis de
personalidade. Porém, isso teria uma grande limitação: grande sobreposição
diagnóstica de várias categorias diagnósticas.

No entanto, parece que implementar um modelo hierárquico unificado é


possível, uma vez que os modelos têm objetivos comuns. A solução ideal seria não
escolher entre um ou outro modelo, mas obter um modelo que represente de forma
integrativa as propostas existentes e que combine as contribuições e vantagens de
cada modelo (WIDIGER, 2007 apud GOMES A; 2019).
O principal objetivo da introdução de uma nomenclatura oficial é criar uma
linguagem comum e facilitar o desenvolvimento de um sistema de diagnóstico
universal. Este seria um passo importante para uma maior integração da psicologia e
da psiquiatria. (WIDIGER, 2007 apud GOMES A; 2019). Além disso, outro sistema de
avaliação do comprometimento e funcionamento da personalidade é necessário para
obter os vários graus de possíveis gravidade (FEW, 2013 apud GOMES A; 2019).
Para GOMES A; (2019) a forma como ocorreria a implementação de um modelo
dimensional na prática clínica é motivo de grande preocupação. Um benefício
importante do uso de uma classificação dimensional seria a inclusão de vários valores
limites que poderiam orientar as decisões na prática clínica (e.g. fornecer uma
medicação particular, hospitalizar um paciente). No entanto, essa mudança na
nomenclatura psiquiátrica ainda é considerada radical. No entanto, já existe um
precedente no DSM-IV-TR, no diagnóstico de retardo mental.
A inteligência é um domínio que, como a personalidade, se distribui em uma
gradação hierárquica e multifatorial, uma vez que os níveis de inteligência são
derivados de uma interação complexa de vários fatores (genéticos, fetais, do
desenvolvimento, do ambiente). O ponto de definição do diagnóstico é um QI de 70
ou menor que é associado a um comprometimento significativo. O principal argumento
contrário a uma classificação dimensional dos transtornos de personalidade é sua
utilidade clínica, constituindo o obstáculo mais importante no caminho de sua
implementação (WIDIGER, 2007 apud GOMES A; 2019).

27
A proposta dimensional não foi aceita como um sistema de diagnóstico oficial,
tendo sido incluída na seção III (emerging measures and models - medidas e modelos
emergentes) para encorajar estudos futuros, esta decisão foi tomada devido ao apoio
limitado à pesquisa e a uma mudança muito repentina na prática clínica, no entanto,
os componentes do modelo alternativo para transtornos de personalidade
provavelmente desempenharão um papel importante nas novas versões do DSM
(FEW, 2013 apud GOMES A; 2019).
O termo personalidade traz diversas controvérsias em sua definição, o teórico
Gordon Alport, sugeriu que a personalidade pode ser entendida simplesmente como
“O que a pessoa realmente é”. De acordo com o DSM5, o transtorno de personalidade
é um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia
fortemente das expectativas da cultura de um indivíduo, sendo este difuso e inflexível,
começa na adolescência ou no início da idade adulta, permanece estável ao longo do
tempo e leva a um considerável sofrimento e / ou restrições de prejuízos funcionais
(AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 apud GOMES A; 2019).
Conforme GOMES A; (2019) os seguintes transtornos de personalidade
estão incluídos no DSM -V:
Para GOMES A; (2019) transtorno de personalidade paranoide: esse tipo
de transtorno de personalidade leva a uma desconfiança ou uma grande suspeita que
as motivações de outros são interpretadas como maliciosas.
De acordo com GOMES A; (2019) transtorno de personalidade esquizoide:
são padrões que fazem com que o indivíduo se distancie das relações sociais e
também adquiri uma faixa restrita de um prejuízo da expressão emocional.
Como discorre GOMES A; (2019) transtorno da personalidade
esquizotípica: padrões de estresse e desconforto agudo em relacionamentos
íntimos, distorções cognitivas ou perceptivas e excentricidades comportamentais.
No dizer de JESUÍNO A; (2019) transtorno de personalidade antissocial: diz
respeito a comportamentos divergentes com outras pessoas, incluindo um sentimento
exagerado da própria importância, bem como antipatia insensível em relação aos
outros, englobando os traços de Manipulação, Insensibilidade, Desonestidade e
Hostilidade.

28
Citando, Beck, Freeman, Davis e cols. (2005, pag. 167 apud Silva A; 2018)
transtornos de personalidade borderline: o transtorno da personalidade borderline
(TPB) pode ser caracterizado pela notável instabilidade em muitos, se não em todos,
aspectos do funcionamento da pessoa, incluindo relacionamentos, autoimagem, afeto
e comportamento.
Por sua vez, o DSM-5 (APA, 2013 apud SETTE C; 2019) define o TPH -
Transtorno de personalidade histriônica: como um padrão predominante de
procura por atenção e emocionalidade em excesso. As principais características são
a necessidade de ser o centro das atenções, sentindo desconforto quando não o é, o
uso de atributos físicos e vestimenta para chamar a atenção, os comportamentos
excessivamente dramáticos e de teatralidade, a mudança rápida e superficial das
emoções, e o estilo impressionista e carente de detalhes no discurso.
Na seção II do DSM-5 (APA, 2013 apud SETTE C; 2019), o TPN - transtorno
de personalidade narcisista: é definido com um padrão invasivo de grandiosidade,
necessidade de admiração e falta de empatia. Outras características presentes no
diagnóstico são fantasias de sucesso ilimitado e poder, senso inflado de auto
importância, crença de ser especial e merecedor de privilégios e de tratamento
especial, comportamentos de manipulação para ganho próprio, e arrogância. Pessoas
diagnosticadas com TPN também podem apresentar autoestima vulnerável,
sentimento de vazio e sentimentos de angustia e tédio (Caligor, Levy, & Yeomans,
2015 apud SETTE C; 2019).
Conforme FONTES S; (1997) transtorno de personalidade evitativa: esse
tipo de personalidade é conhecido como personalidade evitativa, é caracterizada
sobretudo por uma evitação comportamental, emocional e cognitiva generalizada, que
se explica por um medo intenso da avaliação negativa dos outros.
Como alega FONTES S; (1997) transtorno de personalidade dependente:
esse transtorno se caracteriza, sobretudo, por uma excessiva necessidade de cuidado
e proteção, que, pelo medo da separação, leva à submissão e a um intenso vínculo
com o outro.
O transtorno de personalidade obsessivo–compulsivo (TPOC): possui
como principais características a preocupação com a organização e o perfeccionismo.
Pessoas diagnosticadas com esse transtorno de personalidade dedicam-se

29
excessivamente ao trabalho, são conscienciosas, escrupulosas e inflexíveis com
questões morais, éticas ou de valores; a dificuldade em descartar objetos também
pode se fazer presente. O TPOC é um dos transtornos de personalidades mais
prevalentes de todos, afetando aproximadamente de 2,1% a 7,9% da população;
sendo que, nos homens, é duas vezes mais comum. (APA, 2013 apud MELCA I;
2015).
Mudança de personalidade devido a outra condição médica: É uma
perturbação persistente da personalidade entendida como decorrente dos efeitos
fisiológicos diretos de uma condição médica (e.g. lesão do lobo frontal) (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 apud GOMES A; 2019).

5 A ABORDAGEM COGNITIVA- COMPORTAMENTAL E TRANSTORNOS DE


PERSONALIDADE

 Transtorno da personalidade

A possibilidade de tratamentos de transtornos de personalidade através da


terapia cognitiva remonta desde Beck. A terapia cognitiva comportamental considera
que os afetos desorganizados e a frequência de comportamentos e pensamentos
autodepreciativos advêm de esquemas de pensamento disfuncionais, buscando
alterá-los através de modificações na consciência do sujeito (BECK, 2004; apud
COSTA E VALÉRIO, 2008 apud PEREIRA J; 2020).
A personalidade é um dos construtos cognitivos de maior complexidade devido
ao seu caráter tão multifacetado. Ressalta-se que a teoria cognitiva indicou uma
importante direção no desenvolvimento adicional e abrangente da teoria da
personalidade. Em Beck e Alford (2000 apud FIORAVANTE M; 2014), encontra-se a
seguinte definição de personalidade, “personalidade é o termo que aplicamos a
padrões específicos de processos sociais, motivacionais e cognitivo-afetivos, cujos
estudos individuais consistem as diferentes áreas de especialização de pesquisa
psicológica [...] a formulação acima expressa uma visão um tanto nova de quais
elementos devem ser incluídos em uma conceitualização científica contemporânea de

30
personalidade como um constructo unificador ou organizador para o comportamento
humano complexo”. (p 32 apud FIORAVANTE M; 2014).
De acordo com Beck, (2004 apud PEREIRA J; 2020) as pessoas constroem
esquemas cognitivos a partir da sua experiência de vida, essas estruturas são
adaptáveis conforme o valor que tiveram para o sujeito ao longo da sua vida.
Entretanto, suas estruturas cognitivas não são verdades absolutas para lidar com o
cotidiano, e podem na verdade se tornar disfuncionais ao longo das suas novas
possibilidades de vivência. É através dos esquemas que o sujeito se comporta, sente
e interpreta novas realidades.

Beck et al. (2012 apud FIORAVANTE M; 2014) sugeriram que os processos


cognitivos, afetivos e motivacionais são determinados pelos esquemas
idiossincrásicos que constituem os elementos básicos da personalidade.

Em geral, pacientes apresentam transtornos cujas apresentações clínicas


podem ser um pouco enganosas em virtude da prática de insistir em fixar um
diagnóstico único ou principal. Porém, muitas pesquisas indicam que a maioria das
pessoas apresentam, pelo menos, duas ou três comorbidades mentais associadas,
categorizando-se em múltiplos diagnósticos (Beck, 1992 apud FIORAVANTE M;
2014). O tratamento de cada transtorno necessita de competências diferenciadas, o
que implica em dizer que as estratégias e técnicas cognitivas utilizadas em transtornos
clínicos leves e moderados não podem ser empregadas de maneira semelhante nos
casos graves (Beck, 2000 apud FIORAVANTE M; 2014). Um número crescente de
diferentes transtornos e transtornos mais graves são tratados, atualmente, com
terapia cognitiva (Butler, Brown, Beck & Grisham, 2002; Butler et al., 2006; Beck, 2000;
Beck, 1997; 1998; Stuart et al., 1997 apud FIORAVANTE M; 2014).
Quando a pessoa passa por traumas ou eventos de muita agressividade
constantemente, é possível que ocorra distorções nas estruturas, as chamadas
distorções cognitivas, que consequente, irão modificar sua forma de agir diante das
situações cotidianas, podendo ser inclusive, mais prejudiciais para os outros e para si
(BECK, 1997; FORATO e BELUCO, 2019 apud PEREIRA J; 2020).
Grande parte do interesse renovado nos transtornos de personalidade decorre
de pesquisas que demonstram que um diagnóstico de transtorno de personalidade é
um bom preditor de má resposta ao tratamento psicológico e farmacológico por parte

31
de pacientes com transtornos de ansiedade (Beck, 1994). Diversos estudos têm
encontrado altas taxas de diagnóstico de transtorno de personalidade entre os
pacientes com transtornos do Eixo I (transtorno de pânico, transtorno obsessivo-
compulsivo, ansiedade generalizada) (Beck, 1994; Beck et al., 2001 apud
FIORAVANTE M; 2014).
A teoria cognitiva propõe que as crenças relacionadas aos transtornos de
personalidade perpetuam os comportamentos desses transtornos (Beck et al., 2001
apud FIORAVANTE M; 2014).
Esses são explicados por esquemas negativos e disfuncionais que se
desenvolvem cedo como estratégias de adaptação à vida e produzem julgamentos
tendenciosos e erros cognitivos de forma consistente e em todos os aspectos da vida
do indivíduo. (Beck, 1998 apud FIORAVANTE M; 2014). A combinação dessas
estratégias promovidas pelo processamento de informações disfuncional e crenças
negativas sobre o self, os outros e as relações interpessoais gera afetos e influências
motivacionais que estreitam os tipos de resposta do indivíduo diante das situações
vivenciadas por ele. (Beck & Freeman, 1990; Beck,1998 apud FIORAVANTE M;
2014).
As estruturas que estariam na base da personalidade têm características como
amplitude (estreitos ou amplos), flexibilidade ou rigidez (capacidade de modificação),
e densidade (destaque na organização cognitiva) e valência (grau em que são
energizados) (Martins, 2010; Butler et al, 2002). Pode-se afirmar que os esquemas
nos transtornos de personalidade, seriam amplos, rígidos, densos e hipervalentes.
Uma vez hipervalentes, os esquemas são facilmente ativados, mesmo que o estímulo
seja inócuo. Esses esquemas inibem outros esquemas mais adaptativos ou mais
apropriados e introduzem um viés sistemático no processamento da informação (Beck
& Davis, 2005 apud FIORAVANTE M; 2014).

No livro “Terapia Cognitiva para os Transtornos de Personalidade”, Beck et


al (2012 apud FIORAVANTE M; 2014) publicou uma lista de crenças
disfuncionais as que foram associadas a transtornos de personalidade
específicos. Essas crenças foram derivadas de conceituações
individualizadas dos problemas do paciente e na geração, implementação e
avaliação de estratégias de tratamento com base nas conceituações de caso.
A avaliação de crenças é um componente importante da terapia cognitiva dos
transtornos de personalidade. Crenças disfuncionais formam o componente
central das conceituações cognitivas, sendo o principal alvo de intervenção.
Quando identificadas corretamente, as principais crenças disfuncionais

32
refletem um ou mais temas conceituais que ligam o paciente à sua história de
desenvolvimento, estratégias compensatórias e reações disfuncionais à atual
situação de vida do paciente (Bhar, Beck & Butler, 2012, Butler, Brown,
Dahlsgaard, Newman & Beck, 2001 apud FIORAVANTE M; 2014). Além
disso, a avaliação de tais crenças também pode ter uma função diagnóstica.

De acordo com BRESCHI M; (2013) A terapia cognitiva comportamental


observa e percebe o transtorno de personalidade a partir do momento em que entra
em contato com a história de vida do indivíduo e dessa maneira começa a conhecer
como esse estabeleceu os seus padrões de pensamentos, sentimento e
comportamento. A TCC se relaciona com os esquemas, pois são, a partir deles que
o indivíduo estrutura as suas crenças e vão servir como base para interpretação das
experiências vivenciadas por ele. Contudo, as crenças do indivíduo interferem
principalmente nos pensamentos, afetos e comportamentos. As percepções das
aprendizagens podem ser modificadas a depender dos esquemas da pessoa quando
estes se tornam rígidos, ou seja, são pouco afetados pelas experiências vividas e
podem afirmar e até sustentar a manifestação e surgimento de transtornos de
personalidade ou esquemas disfuncionais.

 Teoria de personalidade de Aaron Beck

De acordo com MARTINS P; (2010) no campo da terapia cognitiva procuramos


compreender a relação entre o que chamamos de personalidade e a adaptação do
indivíduo ao meio em que o mesmo está inserido, neste sentido a compreensão da
personalidade não pode prescindir das teorias da herança filogenética. Claramente,
como acontece em todas as espécies, as estratégias que favoreciam a sobrevivência
e a reprodução foram mantidas pela seleção natural. Em relação a tais estratégias,
quando pensamos na espécie humana, podemos dizer que nos ajudaram a chegar a
este ponto, que podemos controlar razoavelmente a natureza e manipulá-la até certo
ponto a nosso favor. Sabemos que quando relacionamos a questão das estratégias
que favorecem a sobrevivência e a reprodução, as mesmas devem ser a base do que
chamamos de personalidade.

A discussão sobre personalidade dentro da Teoria Cognitiva avança desde


estratégias baseadas na evolução, até uma consideração de como o
processamento da informação, incluindo processos afetivos, antecede a

33
operação destas estratégias (Beck & Freeman, 1993 apud MARTINS P;
2010).

Uma vez que o requisito e a demanda ambiental ocorrem, o indivíduo avalia as


necessidades específicas para atender a esse requisito e ativa automaticamente uma
estratégia que pode ou não ser adaptada ao contexto. Para Beck, Shaw, Rush e
Emery (2005 apud MARTINS P; 2010) dessa forma como uma situação é avaliada
depende, pelo menos em parte, das crenças subjacentes relevantes, que são
integrados em estruturas mais ou menos estáveis, os chamados “esquemas”, que
selecionam e sintetizam informações.
Para MARTINS P; (2010) portanto, a sequência psicológica vai da avaliação
ao estímulo afetivo e motivacional e, finalmente, à seleção e implementação da
estratégia adequada. Os esquemas são considerados para a abordagem cognitiva,
como sendo partes fundamentais da personalidade. E ele a define como uma
organização relativamente estável de sistemas e padrões que são compostas por
moldes. O sistema de estrutura interconectada (esquemas), responde por uma
sequência que se alonga a recepção do determinado estímulo ao ponto final de
resposta comportamental.
Segundo Beck et. al (2005 apud MARTINS P; 2010) traços de personalidade
identificados por adjetivos tais como “dependente”, “isolado”, “arrogante” ou
“extrovertido” são conceituados como uma expressão óbvia dessas estruturas
subjacentes. Por sua vez, atribuímos os padrões de comportamento a traços (honesto,
tímido, comunicativo), e que representa uma estratégia de relacionamento
interpessoal desenvolvida a partir da interação entre os padrões genéticos e ao meio
em que o indivíduo está inserido.
Todos os perfis de personalidade têm suas raízes na história evolutiva de nossa
espécie, e assim como todas as outras sofreram os efeitos da seleção natural,
permanecendo no ambiente os representantes de cada uma delas que fossem mais
aptos a se manter vivos e reproduzir. Portanto, o que chamamos de perfis de
personalidade são o produto de estratégias mais eficazes que favoreceram a evolução
da espécie humana (Beck & Freeman, 1993 apud MARTINS P; 2010).

34
O comportamento dramático que atrai a atenção da personalidade histriônica
pode ter suas raízes em rituais de exibição em animais não humanos; em todo o reino
animal são observados o comportamento predatório e dependente, essa observação
acontece pelo comportamento de apego. (Beck & Freeman, 1993 apud MARTINS P;
2010). Todos os outros perfis estão de acordo no que diz respeito a comportamentos
que foram e muitas vezes continuam a ser extremamente importantes para a
adaptação do indivíduo.
Para Beck et al. (2005 apud MARTINS P; 2010) embora os organismos não
tenham consciência do objetivo final dessas estratégias biológicas, eles conhecem os
estados subjetivos que refletem seu funcionamento de operação: fome, medo,
estimulação sexual e recompensas ou punições. Todas elas orientadas para garantir
a sobrevivência e a reprodução, ou seja, contribuindo para a adaptação do organismo.

 A abordagem cognitiva dos transtornos de personalidade

Conforme MARTINS P; (2010) quando se parte da ideia de que os perfis de


personalidade são o resultado de estratégias que foram importantes na adaptação da
espécie ao meio ambiente, resta responder como pode ocorrer os transtornos de
personalidade. As estratégias que colaboram para a adaptação do sujeito também
são o foco das psicopatologias. Mais especificamente, neste caso de transtornos de
personalidade.
Uma vez que os esquemas, essas estruturas que estariam na base da
personalidade de cada um de nós, têm características estruturais como amplitude
(estreitos ou amplos), flexibilidade ou rigidez (capacidade de modificação), e
densidade (destaque na organização cognitiva) e valência (grau em que são
energizados), pode-se afirmar que os esquemas nos transtornos de personalidade,
seriam amplos, rígidos, densos e hipervalentes. Uma vez hipervalentes, os esquemas
são facilmente ativados, mesmo que o estímulo seja inócuo, esses esquemas inibem
outros esquemas mais adaptativos ou mais apropriados e introduzem um viés
sistemático no processamento da informação (Beck & Davis 2005 apud MARTINS P;
2010). Apesar da semelhança entre os esquemas dos transtornos de personalidade e

35
os das síndromes sintomáticas, os primeiros operam sobre o processamento de
informação em uma base mais contínua.
Um esquema no transtorno de personalidade será ativado quase sempre e será
parte do processamento da informação, normal e cotidiano, do indivíduo. A partir de
semelhanças descritivas, os transtornos de personalidade são divididos em três
grupos. O grupo A compreende os transtornos da Personalidade Paranoide,
Esquizoide e Esquizotípica. No grupo B estão os transtornos Antissocial, Borderline,
Histriônico e Narcisista. Por fim, o grupo C compreende os transtornos da
Personalidade Esquiva, Dependente e Obsessivo-compulsiva (APA, 2002 apud
MARTINS P; 2010).
Segundo o DSM IV-TR (APA, 2002 apud MARTINS P; 2010) o traço de
personalidade é um padrão persistente de perceber, relacionar-se com e pensar sobre
o ambiente e sobre si mesmo, que se manifesta em vários contextos sociais e
pessoais. Esses traços, quando inflexíveis e desadaptativos, causam mal-estar
subjetivo e prejuízo funcional significativo, caracterizando assim um transtorno de
personalidade.
 Terapia Cognitivo Comportamental (TCC)

Com o desenvolvimento de uma terapia cognitiva para o tratamento da


depressão em meados da década de 1960, Aaron Beck deu uma importante
contribuição para a compreensão e o tratamento de doenças psiquiátricas; no entanto,
seu plano sempre foi que o modelo cognitivo se adaptasse a outros transtornos e, ao
fazer isso, provou ser bem-sucedido, principalmente no tratamento de transtornos de
humor, ansiedade e abuso de substâncias e dependência (KNAPP; BECK, 2008 apud
CAVALCANTI C; et al., 2016).
A TC identifica e trabalha três níveis de cognição: pensamentos automáticos
(PA), pressupostos subjacentes ou crenças intermediárias e crenças nucleares ou
crenças centrais. É importante enfatizar que, todos nós temos crenças, pressupostos
e PA tanto positivos quanto negativos, e o trabalho se refere aos disfuncionais
(KNAPP; BECK, 2008 apud CAVALCANTI C; et al., 2016).

Pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes, crenças nucleares e o


impacto do humor na cognição combinam-se para configurar um ciclo auto
perpetuador observável em todos os transtornos. Um indivíduo pode ter
36
crenças disfuncionais que o predispõem para a psicopatologia mesmo sem
ter algum efeito perceptível, até que surge uma situação relevante que ativa
essas crenças. Estas, por sua vez, ativam os PA, evocando um humor
correspondente, cuja natureza depende deles. Esse humor, então, leva o
indivíduo a tendenciar as memórias de tal forma que ele experiência mais PA
disfuncionais, intensificando seu humor disfuncional (KANAP et al, 2004 p. 26
CAVALCANTI C; et al., 2016).

Beck enfatiza a importância em estabelecer o empirismo colaborativo com o


paciente, onde paciente e terapeuta irão trabalhar juntos para avaliar as crenças,
verificando se estão corretas ou não, e modificando-as de acordo com a realidade.
Sendo também uma terapia psicoeducativa no sentido de fornecer conhecimento ao
paciente a: 1) monitorar e identificar pensamentos automáticos; 2) reconhecer as
relações entre cognição, afeto e comportamento; 3) testar a validade de pensamentos
automáticos e crenças nucleares; 4) corrigir conceitualizações tendenciosas,
substituindo pensamentos distorcidos por cognições mais realistas; e 5) identificar e
alterar crenças, pressupostos ou esquemas subjacentes a padrões disfuncionais de
pensamento (KNAPP; BECK, 2008 apud CAVALCANTI C; et al., 2016).
Para CAVALCANTI C; et al., (2016) a terapia cognitiva, que consiste em
avaliação, diagnóstico e plano de terapia, foi revolucionária, pois deu ao paciente
autonomia para praticar a terapia fora das sessões. Com base na hipótese de que a
cognição tem um grande impacto nas emoções e no comportamento, a TCC busca a
reestruturação cognitiva a partir de uma conceituação cognitiva do paciente e seus
problemas. Inicialmente visa restaurar a flexibilidade cognitiva do paciente, intervindo
em suas cognições para encorajar mudanças nas emoções e comportamentos
associados.
Porém, ao longo do processo terapêutico, atua diretamente sobre os esquemas
e crenças do paciente para estimular sua reestruturação, o terapeuta cognitivo
também usa a resolução de problemas em paralelo à reestruturação cognitiva. (BECK
1964 apud BECK, 2013 apud CAVALCANTI C; et al., 2016). De acordo com Beck
(2013 apud CAVALCANTI C; et al., 2016) a conceituação cognitiva é a formulação do
caso com base na concepção cognitiva dos transtornos emocionais do paciente. É a
ferramenta mais importante que o terapeuta cognitivo deve dominar, sendo este
fundamental, para um planejamento terapêutico adequado e eficaz, uma boa
compreensão dos vieses cognitivos e dos consequentes comportamento
desajustados ou seja, mal adaptativos resultante do paciente.
37
De acordo com Knapp e Beck (2008 apud CAVALCANTI C; et al., 2016), o
princípio básico do TC de Aaron Beck é pautado em como as pessoas percebem e
processam a realidade, já que nossas cognições têm uma influência controladora
sobre nossas emoções e nosso comportamento, bem como agimos e nos
comportamos. A terapia cognitiva é uma abordagem ativa, diretiva e estruturada que
se concentra no aqui e agora, mas reverte ao passado quando se torna necessário
examinar, concentra seu trabalho em reconhecer e corrigir crenças e padrões de
pensamento disfuncionais e ajuda com soluções formais para trazer melhorias e
mudanças no indivíduo.

5.1 A terapia cognitiva

Conforme TAVARES L; (2005) o termo cognição é polissêmico e pode ser


relacionado a questão do conteúdo do pensamento do ser humano, que leva ao
desenvolvimento do mesmo e que são compreendidos no ato de pensar. Dessa
forma, é referência para a cognição os aspectos das maneiras de perceber e
processar as informações, os mecanismos e conteúdo de memórias e
lembranças, estratégicas e atitudes na resolução de problemas. A origem da
terapia cognitiva é baseada em corretes filosóficas e em religiões antigas como o
estoicismo grego, taoísmo, budismo que suplicavam a influência dos pensamentos
onde formava as ideias sobre as emoções que eram geradas pelo mesmo.
Contudo, a terapia Cognitiva é baseada na estimativa teórica de que os afetos e
os comportamentos de um sujeito podem ser determinados em grande medida
pelo seu modo de estruturar o mundo. Isso significa que a perspectiva sobre a
visão do mundo dominada por uma pessoa, influencia a maneira como pensa,
sente e age.

RANGÉ (2001a apud TAVARES L; 2005) frisa o fato de que, historicamente a


Terapia Cognitiva teve como precursora a terapia racional-emotiva de Ellis, mas foi
justamente Aaron T. Beck que lhe deu os contornos atuais.

Conforme BECK et al. (1997a apud TAVARES L; 2005), nossos pensamentos


agem diretamente na forma como nos sentimos e agimos, sendo assim, uma
das formas de melhorarmos nosso estado de humor é controlarmos nossos

38
pensamentos, no sentido de que exerçam um efeito realista sobre a forma
como nos sentimentos perante a nós mesmos, ao mundo e a nosso futuro
(tríade cognitiva). A forma como percebemos e avaliamos os acontecimentos
externos e internos a nós, irá determinar a forma como iremos nos sentir e
consequentemente agir perante esses acontecimentos. Observando e
descrevendo as emoções que sentimos, e fazendo uma conexão entre o que
sentimos, e o que previamente a esses sentimentos, pensamos, podemos
buscar fazer uma avaliação realística de nossos pensamentos, para que
assim confrontemos nossos pensamentos distorcidos e sentimentos
desagradáveis gratuitos, e os substituímos por pensamentos condizentes
com a realidade.

A maneira como observamos mundo e formamos uma ideia concreta sobre ele
é o que irá determinar a forma em que nós sentimos e agimos, isso contribui para o
desenvolvimento da formação de nossa personalidade. Dessa maneira, quando se
tem pensamentos distorcidos devem ser corrigidos e controlados, e pensamentos
realistas que acarretam em sentimentos desagradáveis devem ser submetidos a uma
busca por solução de problemas. Nossas crenças, principais sistemas de avaliação
da tríade cognitiva, e mais profundamente arraigadas e previamente estabelecidas
mediante aprendizado, determinam nossos pensamentos automáticos, pensamentos
estes a quais não fazemos nenhum tipo de avaliação realista, simplesmente os
sentindo quando nos remetemos a algum estímulo que de algum modo faça parte do
modelo em que aprendemos previamente e estabelecemos a crença. "Não nos
apercebemos dos pensamentos que direcionam nosso comportamento, porque
nossas ações tornaram-se rotina. Entretanto, quando decidimos mudar ou aprender
um novo comportamento, os pensamentos podem determinar se e como essa
mudança ocorrerá e ajudará no autoconhecimento e na busca da personalidade".
(GREENBERGER & PADESKY, 1999, P.25 apud TAVARES L; 2005).

As técnicas psicoterápicas da Terapia Cognitiva auxiliam a identificar, avaliar,


controlar e a modificar as crenças que comandam a visão de mundo e que
podem ser disfuncionais. Crenças são "certezas" que o indivíduo constrói
através da experiência e algumas podem condicionar sua vida, como por
exemplo: Tenho que ser perfeito; sou um incapaz; O mundo é perigoso. "A
forma como compreendemos nossos problemas tem um efeito em como
lidamos com eles" (GREENBERGER & PADESKY, 1999, P.13 apud
TAVARES L; 2005).

39
A Terapia cognitiva, conforme bem coloca RANGÉ (2001a apud TAVARES
L; 2005), é uma abordagem ativa, diretiva e estruturada, de prazo limitado,
orientada para o problema, caracterizada pela aplicação de uma variedade de
procedimentos clínicos como introspecção, insight, teste de realidade e
aprendizagem visando aperfeiçoar discriminações e corrigir concepções
equivocadas que se supõe basearem comportamentos, sentimentos e atitudes
perturbadas. Na terapia cognitiva, terapeuta e paciente, em conjunto,
estabelecem os objetivos da terapia, os sintomas-alvo a serem atacados, etc.
Ainda para GREENBERGER & PADESKY (1999 apud TAVARES L; 2005),
o terapeuta cognitivo deve fazer perguntas a respeito de cinco aspectos da vida
do paciente: pensamentos (crenças, imagens, lembranças), estados de humor,
comportamentos, reações físicas e ambiente (passado e presente), visto que as
cinco áreas estão interligadas, onde cada aspecto diferente da vida de uma
pessoa influencia todos os outros. Pequenas mudanças em qualquer área podem
acarretar mudanças nas demais.

5.2 Terapia focada no esquema

De acordo com a terapia do esquema ela é um tipo de terapia que estende a


TCC clássica, enfatizando a "exploração das origens dos problemas psicológicos na
infância e adolescência, relacionando as técnicas emocionais, a relação terapeuta-
paciente e estilos de enfrentamento mal adaptativos, ou seja, desadaptativos" (Young,
Klosko & Weishaar, 2008, p. 21 apud ISOPPO G; 2012). Contudo, a terapia do
esquema foi desenvolvida com foco no tratamento de pacientes com problemas
caracterológicos crônicos que não foram tratados com sucesso com a terapia
cognitiva comportamental, (Trindade, Mossati e Mazzoni, 2009 apud ISOPPO G;
2012).

40
Nas colocações feitas por Young (2003 apud ISOPPO G; 2012), este
mencionou algumas limitações da terapia cognitiva tradicional para o tratamento de
pacientes com Transtornos de Personalidade ou àqueles com transtornos mais
severos e arraigados. Tendo em vista que esses pacientes não conseguiam e não
tinham a capacidade responder a algumas suposições básicas sobre terapia cognitiva
(Cazassa e Oliveira, 2008 apud ISOPPO G; 2012).
Conforme destacado por Cazassa e Oliveira (2008), tais limitações estariam
ligadas a:
 Ter acesso a sentimentos, pensamentos e imagens a partir de treinamentos
curtos;
 Motivação para tarefas de aprendizagem e estratégias de autocontrole;
 Construção de uma relação colaborativa com o terapeuta, entre outros.
A terapia do Esquema proposta por Young integra elementos da abordagem
cognitivo-comportamental, aliando Gestalt, relações objetais, construtivismo e escolas
psicanalíticas, em uma rica e unificada conceituação e modelo de tratamento (Young,
2003 apud ISOPPO G; 2012). O modelo desenvolvido por Young enfatiza a
confrontação, e a discussão de experiências inicias de vida; caracteriza-se ainda por
ser mais longa do que a terapia cognitiva, dedicando muito tempo a superar a evitação
cognitiva, afetiva e comportamental (Callegaro, 2005 apud ISOPPO G; 2012).

O esquema em si, funciona como um filtro, selecionando informações,


assimilando, priorizando e organizando aqueles estímulos que sejam
consistentes com a estrutura do esquema, e evitando todo o estímulo que
não seja consistente com essa estruturação (Duarte, Nunes, Kristensen, 2008
apud ISOPPO G; 2012). O entendimento do sujeito com base em seus
esquemas é a base da teoria formulada por Jeffrey Young.

Recentemente, Behary (2011 apud ISOPPO G; 2012) apontou o modelo


proposto por Young como a abordagem mais eficaz para tratar problemas
relacionados ao transtorno de personalidade narcisista. Ele valida a ideia de Young
de que a terapia do esquema é uma evolução do modelo cognitivo de Aaron Beck
para o tratamento de transtornos de personalidade, tendo em vista que enfatiza um
nível mais aprofundado de cognição ao qual denominou de Esquema Inicial
Desadaptativo (EID) (Cazassa e Oliveira, 2008 apud ISOPPO G; 2012).

41
 Esquemas Iniciais Desadaptativos

Os EIDs são caracterizados por padrões emocionais e cognitivos


desadaptativos que tendem a reverberar ao longo da vida, configurando assim os
processos da função da personalidade que permitem ao indivíduo interagir com a
realidade (SANTOS, 2005 apud RIBAS K; 2016). Onde, na maioria das vezes, eles
são desencadeados principalmente pela vivencia de experiências desagradáveis que
tornam impossível satisfazer suas necessidades emocionais essenciais para a
pessoa. Embora nem todos os esquemas denotam traumas em suas origens, esses
padrões funcionais são destrutivos e causam sofrimento (CAZASSA e OLIVEIRA,
2008 apud RIBAS K; 2016).
A psicoterapia cognitiva determina que os indivíduos atribuem significados a
eventos, pessoas, sentimentos e outros aspectos de sua vida e com base nisso o
comportamento determina a maneira em que agem sobre eles, construindo várias
hipóteses sobre o futuro e sobre suas próprias identidades (MACHADO et al., 2005
apud RIBAS K; 2016). Portanto, as pessoas reagem de maneira diferente a uma
determinada situação e chegam a conclusões diferentes (POWELL et al., 2008 apud
RIBAS K; 2016).

Segundo Judith Beck (BECK, 2007 apud RIBAS K; 2016), a psicopatologia é


resultante de significados mal adaptativos que o sujeito constrói em relação
a si, ao contexto ambiental (experiência) e ao futuro (objetivos), que juntos
formam a tríade cognitiva. Aaron Beck verificou então que alguns tipos de
pensamentos automáticos distorcidos ou disfuncionais tinham uma
associação específica com determinados transtornos psiquiátricos.

Conforme as distorções dos vieses cognitivos ou erros cognitivos que


produzem pensamentos disfuncionais podem aparecer sobre o domínio das crenças
ou esquemas e se manifestar principalmente por meio de pensamentos automáticos
distorcidos (OLIVEIRA, 2011 apud RIBAS K; 2016), dessa forma o processamento da
informação realizado no mundo é estruturado de maneira progressiva e representa
uma instância maior de crenças ou esquemas que orientam os demais
processamentos subsequentes (GONÇALVES e PEREIRA, 2009 apud RIBAS K;
2016).

As crenças centrais (CC) ou nucleares (CN) são concepções fundamentais


acerca de si, dos outros e futuro, têm caráter inflexível e diz respeito a um
42
determinado conteúdo. Já as crenças intermediárias (CI) são regras de
comportamento e pressupostos sobre a forma de se comportar, baseados na
existência dos conteúdos das crenças nucleares (DUARTE et al., 2008;
MATOS e DE OLIVEIRA, 2014 apud RIBAS K; 2016).

Os esquemas são estruturas internas permanentes destinadas a armazenar e


organizar ideias, experiências, para que ganhem sentido e determinem a percepção
e o conceito dos fenômenos. (LOURENÇO e PADOVANI, 2013 apud RIBAS K; 2016).
O termo esquema não está reservado apenas para as ciências cognitivas.
No decorrer do estoicismo, os filósofos usaram essa nomenclatura para
denotar um dos princípios da lógica, o esquema de inferência, (MÁRSICO, 2003 apud
RIBAS K; 2016). Também usaram essa palavra, bem como a geometria, educação,
analise de literária, programas de computador, entre outros, que usaram o conceito
de esquema em relação a uma estrutura, moldura ou conformação.

A noção de esquema como um constructo cognitivo passou a ser difundida


por Bartlett há mais de 80 anos, foi utilizada por Piaget na década de 30, no
século passado, continuou a ser utilizada extensamente durante 1970 pela
psicologia cognitiva e social e também foi restabelecida ao uso por Beck a
partir de 1964 (OLIVEIRA et al., 2013 apud RIBAS K; 2016). Segundo (BECK,
1967, p. 283 apud RIBAS K; 2016), um esquema é uma estrutura cognitiva
que filtra, codifica e avalia os estímulos, aos quais, o organismo é submetido,
com base na matriz de esquemas, o indivíduo consegue orientar-se em
relação ao tempo e espaço e categorizar e interpretar experiências de
maneira significativa.

Contudo, os esquemas são representações únicas baseados na interação do


indivíduo com o meio ambiente, podendo assim conter conjuntos sobrepostos, o que
pode levar a impulsionar a ativação de vários esquemas a partir do input de um único
esquema, além disso, a ativação de uma parte do esquema irá implicar em
manifestação de sua totalidade (DUARTE et al., 2008 apud RIBAS K; 2016).
Há estudo na literatura (YOUNG et al., 2003 apud RIBAS K; 2016), que denota
que tais implicações podem afetar a estrutura de vida de um indivíduo, principalmente
no que diz respeito aos esquemas iniciais que podem ser estabelecidos na infância,
ou até mesmo em ocasiões subsequentes da vida, podendo ser descrito como
adaptativo ou desadaptativo (DUARTE et al., 2008 apud RIBAS K; 2016).
Entretanto, é através de ocorrências e enfrentamentos dos problemas que surgi as
formas iniciais desadaptativas, como exemplo disso podemos citar: repressão
doméstica em função de uma educação rígida e repressora, na qual não houve

43
possibilidade de expressar suas emoções de maneira livre, onde os sujeitos são
geralmente tristes e introvertidos, com regras internalizadas excessivamente rígidas,
autocontrole e pessimismos exagerados e uma hipervigilância para possíveis eventos
negativos, podendo levar o sujeito a sofrimento emocional, psicológico, evoluir com
depressão e ansiedade (PERES, 2008 apud RIBAS K; 2016).

No entanto, as pessoas que apresentam esquemas iniciais desadaptativos,


provavelmente tiveram uma vida de sofrimento durante a infância ou mesmo
na fase adulta, derivado de desamparo, abandono, renúncia, negligência,
rejeição, agressões verbais e físicas. No qual, muitos dos casos a
consequência seja o sofrimento, que parece ser repetida, proporcionando que
os indivíduos se sintam atraídos pelos episódios e ativem os esquemas
iniciais desadaptativos (BOSCARDIN e KRISTENSEN, 2011 apud RIBAS K;
2016).

Dessa forma, quando se tem estruturas internas duráveis e que a função é se


destinar a armazenar e organizar ideias, experiências, os teóricos alegam que são
esquemas iniciais desadaptativos, e partir disso começam a ter significado,
determinando assim a percepção e conceito dos fenômenos (BECK, 19642011 apud
RIBAS K; 2016). Neste sentindo, observa –se que os esquemas fazem parte de
representações que são únicos e construídos na interação do sujeito com o meio
ambiente, são capazes de conter conjuntos sobrepostos, podendo ocasionar a
ativação de vários esquemas a partir do input de um único esquema, ainda mais, pode
levar a ativação de uma parte do esquema, implicando na manifestação de toda a sua
totalidade (EYSENCK et al., 1994 apud RIBAS K; 2016).
Os EIDs caracterizam por representar as crenças incondicionais em relação a
si mesmo (autoconhecimento/autoconceito), são resistentes a mudança, também são
disfuncionais e recorrentes, e em geral são ativados por acontecimentos ambientais
emocionalmente relevantes (YOUNG et al., 2003 apud RIBAS K; 2016).
 Young identificou 18 EIDs organizados em 5 domínios de esquemas
associados, como mostrado a seguir: O primeiro domínio denominado de
Desconexão e Rejeição está relacionado aos esquemas de abandono,
desconfiança, privação emocional, vergonha e isolamento, ou seja, a falta de
ambiente seguro, carinho, aceitação e respeito (BAKHSHI BOJED e
NIKMANESH, 2013 apud RIBAS K; 2016).

44
 O segundo domínio se refere a Autonomia e Desempenho Prejudicados, no
qual está relacionado aos esquemas de dependência, vulnerabilidade,
emaranhamento e fracasso, assim como associados à falta de capacidade de
se separar, sobreviver, ser independente e abalo da confiança em si (SHOREY
et al., 2015 apud RIBAS K; 2016).
 O terceiro domínio são os Limites Prejudicados, onde são apresentados
vinculados aos esquemas de merecimento e grandiosidade, autocontrole e
autodisciplina insuficiente, ou seja, a falta de direção, disciplina, limites e metas
(TRINCAS et al., 2014 apud RIBAS K; 2016).
 O quarto domínio, Orientação para o Outro, no qual se constitui como sendo
esquema de subjugação, auto sacrifício, onde o indivíduo vai em busca de
aprovação e reconhecimento, surgindo, desta forma, quando há um foco
excessivo nos desejos e sentimentos dos outros (LAVERGNE et al., 2015 apud
RIBAS K; 2016).
 Já o quinto domínio é o de Supervigilância e Inibição são os esquemas de
negativismo e pessimismo, inibição emocional, padrões inflexíveis e caráter
punitivo, os quais são caracterizados pela necessidade de seguir regras,
esconder emoções, relaxar, estabelecer relacionamentos íntimos e evitar erros
(HAWKE et al., 2011; LAVERGNE et al., 2015 apud RIBAS K; 2016).

Para SOUZA S; et al., (2019) Young ressalta que quando se trabalha com a
terapia do esquema é sobretudo uma abordagem em que ativa o lado sensível e
humana, em relação a comparação com outras abordagens existentes. A terapia do
esquema faz com que a situação normalize, ao contrário de patologizar, os transtornos
psicológicos. Pois, sabemos que todos nós temos esquemas, pois são experiências
vivenciadas e que pode comprometer as emoções ruins, ou até mesmo traumáticas,
que são enraizadas em nossa personalidade, entretanto existem modos e estilos de
enfrentamentos diferenciados, o qual o indivíduo passa a encontrar uma maneira de
lidar com os problemas eventuais que provavelmente surgiram ao longo de sua vida
(Young et al., 2008 apud SOUZA S; et al., 2019).

45
6 REFERÊNCIAS BILBIOGRAFICAS

AZEREDO MELCA, ISABELA. O impacto dos transtornos de personalidade


esquizotípico, borderline e obsessivo – compulsivo nas características
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