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Índice

1.Introdução.....................................................................................................................................3

1.1.Objetivo Geral...........................................................................................................................3

1.2.Objetivos Específicos................................................................................................................3

1.3.Metodologia...............................................................................................................................3

2.Processos individuais....................................................................................................................4

2.1.Personalidade e atitudes.............................................................................................................4

2.2.Personalidade.............................................................................................................................4

2.3.Estrutura da personalidade.........................................................................................................7

2.4. Processos da personalidade.......................................................................................................8

2.5.Crescimento e desenvolvimento................................................................................................9

2.6. Tipos de personalidade.............................................................................................................9

2.8.Formação de Atitudes..............................................................................................................11

2.9.Mensuração de Atitudes..........................................................................................................12

3.Mudança de Atitude....................................................................................................................14

3.1.Emoção e mudança atitudinal..................................................................................................15

3.2.Satisfação com o trabalho........................................................................................................16

3.3.Envolvimento com o trabalho..................................................................................................17

4.Conclusão...................................................................................................................................18

5.Bibliografia.................................................................................................................................19
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1.Introdução

A personalidade e as atitudes são dois elementos fundamentais que moldam a maneira como os
seres humanos percebem, pensam, sentem e agem no mundo. Ao longo das décadas,
pesquisadores e teóricos da psicologia têm dedicado esforços consideráveis para compreender a
complexidade desses conceitos e sua influência sobre o comportamento humano. A
personalidade, caracterizada por traços estáveis e distintos, influencia a forma como os
indivíduos interagem com o ambiente e respondem a diferentes situações. Por outro lado, as
atitudes, representando avaliações positivas ou negativas em relação a pessoas, objectos ou
ideias, orientam as escolhas e decisões das pessoas em uma ampla gama de contextos.

Esta interacção entre personalidade e atitudes é central para compreendermos as motivações,


preferências e comportamentos individuais, bem como para explicar fenómenos sociais mais
amplos, como atitudes em relação a grupos sociais, preconceitos e mudança comportamental.
Neste trabalho, exploraremos de forma mais profunda os conceitos de personalidade e atitudes,
examinando suas definições, teorias subjacentes e inter-relações.

1.1.Objetivo Geral

O objectivo geral deste trabalho é investigar a interacção entre personalidade e atitudes e seu
impacto no comportamento humano em uma variedade de contextos, fornecendo uma
compreensão mais profunda dos processos psicológicos subjacentes e suas implicações práticas.

1.2.Objetivos Específicos

 Explorar e definir os conceitos de personalidade e atitudes, destacando suas


características distintas e os principais componentes teóricos.
 Investigar as teorias da personalidade mais influentes, como o Modelo dos Cinco
Grandes Factores (Big Five), e sua relação com a formação e manifestação de atitudes.
 Analisar como os traços de personalidade influenciam a formação, manutenção e
mudança de atitudes em diferentes domínios da vida, como trabalho, educação, saúde e
relações sociais.

1.3.Metodologia

Usamos a internet e consulta a biblioteca.


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2.Processos individuais

Os processos individuais são aqueles que ocorrem dentro da mente de uma pessoa, influenciando
seus pensamentos, emoções, comportamentos e percepções. Eles são essenciais para entender
como os seres humanos processam informações, tomam decisões e interagem com o mundo ao
seu redor.

2.1.Personalidade e atitudes

A personalidade e as atitudes são dois aspectos essenciais do comportamento humano que


desempenham papéis significativos em como as pessoas pensam, sentem e agem em diversas
situações.

2.2.Personalidade

Personalidade vem da palavra latina persona, que se refere à máscara utilizada pelos atores em
uma peça de teatro. Nesse sentido, podemos perceber como persona se refere à aparência externa
que mostramos a quem nos rodeia. Se você pensar um pouco, vai perceber que de fato usamos
algumas máscaras na nossa vida, ou seja, dependendo do momento e das pessoas que estão
connosco, utilizamos máscaras diferentes. Imagine você em um parque de diversões com seus
primos; sua tendência é brincar no maior número de brinquedos, rir bastante e lembrar dos
tempos da infância. A personalidade é uma construção pessoal que decorre ao longo da nossa
vida, e uma elaboração da nossa história, da forma que sentimos e interiorizamos as nossas
experiências, acompanha e reflecte a maturação psicológica. Em suma, a personalidade é um
processo activo e que intervém em diferentes factores.

A personalidade é considerada por McAdams e Olson (2010) como uma constelação de três
níveis paralelos e interdependentes da identidade que se desenvolvem progressiva e
integradamente:

a. O nível relativo aos traços disposicionais (a pessoa ou o self como actor);


b. O nível das adaptações características (a pessoa ou o self como agente);
c. O nível das narrativas de vida (a pessoa ou self como autor) contextualizadas culturais e
temporalmente. Cada uma destas camadas permite uma compreensão específica da
identidade pessoal e, em conjunto, uma compreensão mais completa da individualidade
humana.
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O primeiro nível de desenvolvimento da personalidade refere-se aos traços disposicionais que


são entendidos como características amplas, internas, comparativas e não condicionais da
individualidade psicológica que contribuem para a consistência no comportamento, pensamento
e sentimento nas diversas situações e ao longo do tempo (McAdams & Olson, 2010).

Os traços resultam da interacção entre as disposições genéticas e os múltiplos e complexos


factores ambientais presentes destes as primeiras experiências de vida, realçando desta forma as
diferenças individuais (McAdams, 2013) e permitindo um conhecimento superficial e
simultaneamente fornecendo informação valiosa acerca da pessoa ao agir como actor da sua
própria história, no palco das interacções sociais (McAdams, 1996). Os traços são considerados
unidades básicas da personalidade desenvolvendo-se o self como actor ao longo do ciclo de vida
(McAdams, 2013).

O segundo nível de desenvolvimento da personalidade, as adaptações características, são


dimensões específicas e contextualizadas referentes às preocupações pessoais, as quais englobam
os objectivos, os planos, os valores, as virtudes, os esquemas e um conjunto de aspectos
motivacionais que têm influência na forma como a pessoa se adapta ao meio. Como agente, cada
pessoa age de forma autodeterminada e autorregulada, organizando a vida de acordo com os
objectivos traçados, não se limitando a agir de modo consistente nas diversas situações e ao
longo do tempo, faz escolhas, planeia a sua vida, envolvendo-se na criação da sua própria
identidade (McAdams & Olson, 2010).

O terceiro nível de desenvolvimento da personalidade refere-se às narrativas integradas de vida e


que constituem o núcleo da identidade como histórias internalizadas da própria self. Este nível
envolve o passado reconstruído, o presente vivido e um futuro imaginado, numa 4 narrativa
organizada por forma a dar unidade, propósito e significado à vida. A pessoa tornasse, deste
modo, a autora da sua própria história de vida sempre em constante evolução (McAdams &
Olson, 2010). As narrativas identitárias são construções psicossociais do Self moldadas pela
cultura, género, classe social e outros factores contextuais (McAdams, 2006) formando a própria
identidade da pessoa. Cada história de vida é única e é através dessa história humana singular
que se capta a individualidade humana. Neste nível estamos perante a perspectiva existencial da
personalidade.
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Evidências empíricas sugerem um contínuo desenvolvimento da personalidade ao longo do ciclo


de vida, (Kendler et al., 2015; McAdams & Olson, 2010; Roberts et al., 2006) reflectindo
padrões normativos que se aplicam à maioria das pessoas, as quais se encontram em constante
processo de mudança desde o nascimento até ao final da vida. Existem determinados períodos
chave do desenvolvimento mais propícios às grandes mudanças normativas que ocorrem por
influência de factores biológicos e ambientais (Specht, et al., 2014; Hopwood & Bleidorn, 2018).

Apesar de ambas serem relevantes na forma como a personalidade se manifesta ao longo do


tempo, supostamente as influências biológicas são mais importantes na adolescência e no início
da idade adulta, enquanto as influências ambientais se vão tornando cada vez mais importantes
ao longo do ciclo vida, sobretudo na idade adulta avançada (Bleidorn et al., 2019; Kandler et al.,
2015). Pese embora a personalidade apresente uma considerável estabilidade ao longo do tempo,
não existem evidências de estabilidade duradoura desde a infância até à idade adulta avançada
(Harris, et al 2016).

A personalidade apresenta simultaneamente padrões estáveis e dinâmicos (Chopik & Kitayama,


2018; Hoopwood & Bleidorn, 2018), sendo que a estabilidade pode variar em função do curso de
vida e da idade (Hopwood & Bleidorn 2018; Bleidorn, et al., 2018). O início da idade adulta e a
idade adulta avançada podem ser períodos críticos para alterações de personalidade (Bleidorn, et
al., 2019), existindo ultimamente uma vasta literatura que sugere que a personalidade na idade
adulta avançada é caracterizada pela mudança (Debast et al, 2014), sendo que os traços de
personalidade continuam a mudar mesmo na idade adulta avançada (Kendler et al, 2015).

Embora os traços de personalidade sejam alvo de mais estudos, a personalidade engloba


igualmente os motivos, as atitudes, as crenças e as narrativas de vida (McAdams & Olson 2010).

De envelhecimento, geram novos padrões de exigências adaptativas, que promovem as


mudanças de personalidade nesta fase da vida (Bleidorn & Schwaba, 2018; Bleidorn, et al.,2019;
Schwaba & Bleidorn, 2019).

Sendo a reforma considerada o evento normativo mais importante no final da meia-idade, pode
desempenhar um papel fulcral no desenvolvimento da personalidade na idade adulta avançada,
na medida em que tem impacto praticamente em quase todos os domínios da vida (e.g.,
objectivos de vida, identidade, situação económica, papeis sociais, alterações de vivências
diárias). Não obstante, a literatura existente com crescente evidência da associação entre as
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experiências de vida e as mudanças de personalidade ao longo da vida (Bleidorn et al., 2019) que
ocorrem em resposta aos papéis sociais e às responsabilidades assumidas ao longo do tempo, não
existe muita pesquisa acerca da forma como esses acontecimentos de vida afectam o
desenvolvimento da personalidade na idade adulta avançada (Schwaba & Bleidorn, 2019).

Mesmo compreendendo que a nossa personalidade diz respeito às características externas e


visíveis, podemos questionar sobre as nossas atitudes mais íntimas, nossos pensamentos secretos,
sonhos, desejos, fantasias, enfim nossas “eu” mais profundo e desconhecido pelos outros e até
mesmo por nós mesmos. Isso também faz parte da nossa personalidade? Com certeza, nossa
personalidade também engloba tudo o que as outras pessoas não vêem e nem nós conhecemos
em alguns momentos. Por exemplo, já aconteceu de você ficar surpreso com algo que você fez e
nunca imaginou ter coragem de fazer antes ou sequer pensava ser capaz de fazer, como uma
declaração de amor em público.

2.3.Estrutura da personalidade

A expressão "estruturas da personalidade" refere-se àquelas características estáveis da


personalidade. As diferentes teorias da personalidade se diferenciam quanto às estruturas
consideradas como base para o estudo:

1. Traços ou disposições referem-se à consistência das reacções de um indivíduo a


diferentes situações. Por exemplo, quando se diz que uma pessoa é "aberta", quer-se dizer
que ela se comporta dessa maneira em diferentes situações. Em geral os traços
psicológicos são vistos como dimensões contínuas, ou seja, todas as pessoas têm mais ou
menos de determinada característica; exemplos de modelos que se baseiam neles são a
teoria pentafatorial do Big Five e a divisão das dimensões de temperamento e carácter por
C. Robert Cloninger no Inventário de Temperamento e Carácter.
2. Tipos psicológicos referem-se a um padrão estável de traços de personalidade. Tipos
psicológicos são considerados mais como categorias do que como dimensões. Por
exemplo os termos "introvertido" e "extrovertido" foram criados por Carl G. Jung como
descrição de dois tipos psicológicos, ou seja, algumas pessoas são extrovertidas e outras
introvertidas. Posteriormente os termos foram tomados por Hans Eysenck para descrever
os dois extremos de uma dimensão, de tal forma que qualquer pessoa pode ser
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classificada como mais ou menos extrovertida. O constructo de Eysenck, apesar de


baseado em tipos psicológicos de Jung, é na verdade um traço de personalidade.
3. Outros autores preferem ver personalidade como sistema ou conjunto de sistemas, ou
seja, eles não procuram características isoladas de uma pessoa (abertura, extroversão)
mas procuram observar como tais características, e mesmo a pertinência a determinado
tipo psicológico, são geradas através da interacção entre diferentes processos mentais
(emoções, pensamento, cognições). Tais autores, assim, não vêm "extroversão" como
algo que uma pessoa tem ou que uma pessoa é, mas uma descrição da forma como a
pessoa se comporta e é resultado da interacção entre as formas de pensar e sentir do
indivíduo.

As diferentes teorias da personalidade não se diferenciam somente quanto às unidades que


tomam como base, mas também quanto à relação que há entre elas. Alguns autores consideram,
por exemplo, que diferentes traços de personalidade se relacionam de maneira hierárquica.
Existem duas formas de relação hierárquica entre duas características:

(1) Característica A é um exemplo da característica B (ex. ser "sociável", "conversador" são


exemplos de "extroversão) ou (2) característica A serve a característica B (ex. ser "pontual" está
a serviço (é um caminho para) ser "consciencioso"). Já outros autores como Albert Bandura
consideram que as diferentes estruturas e sistemas da personalidade podem se influenciar
mutuamente sem necessariamente serem organizadas hierarquicamente.

2.4. Processos da personalidade

As diversas teorias da personalidade diferenciam-se também quanto à maneira como explicam a


dinâmica da personalidade, ou seja, a motivação e outros aspectos que levam à acção observável.
Algumas teorias, ditas hedonistas, afirmam que o comportamento humano tem dois objectivos
principais: a busca de prazer e evitar sensações desagradáveis. Assim as necessidades humanas
surgem de um aumento da pressão interna (desagradável) que exige uma solução (ver pulsões)
ou ainda da busca de um estado de maior prazer, por exemplo, de fama, dinheiro, poder,
reconhecimento.

Outras teorias, pelo contrário, partem do princípio de que o ser humano busca sobretudo sua
autor realização, ou seja, seu desenvolvimento pleno enquanto pessoa. Segundo tais teóricos, o
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desenvolvimento de si-mesmo possui um valor tão importante para o ser humano, que ele estaria
disposto aceitar uma aumento de tensão e estresse para atingi-lo.

Outras teorias dão ainda maior ênfase aos processos cognitivos, ao esforço do indivíduo de
compreender a si mesmo e ao mundo que o cerca. Para tais autores o maior esforço do ser
humano não está tanto direccionado ao hedonismo ou à autorrealização, mas à busca de
consistência interna e compreensão do mundo. Isso significa aqui, que o ser humano está
empenhado a construir (cognitivamente) uma autoimagem e uma imagem do mundo que o cerca
consistentes, mesmo que à custa de dores e desprazeres.

No correr do desenvolvimento da psicologia da personalidade a pesquisa deu ênfase maior ora a


uma tipo de motivação ora a outro. No entanto a pesquisa recente parece apontar para um quadro
mais complexo, em que os diferentes tipos de motivação desempenham um papel de importância
variada, mas sempre em interacção.

2.5.Crescimento e desenvolvimento

As diferentes teorias da personalidade se diferenciam também, quanto à maneira com que


explicam crescimento e desenvolvimento e ao valor que dão aos diferentes factores que
desempenham um papel nesse processo:

1) Factores genéticos e biológicos;


2) Factores psicológicos - a história pessoal do indivíduo, experiências de vida, etc.
3) Factores ambientais - cultura, classe social, família, contacto com coetâneos.

2.6. Tipos de personalidade

1. Abertura

A abertura envolve traços de imaginação e visão. Ela geralmente é abreviada de “abertura para
novas experiências” e indica pessoas que podem ser curiosas, aventureiras e apreciastes da arte.
O seu extremo reflecte indivíduos pouco imaginativos e que não gostam de mudanças.

2. Conscienciosidade

A conscienciosidade representa a meticulosidade e organização dos indivíduos. Indica o controlo


de impulso, atenção aos detalhes e foco nos objectivos. Seu extremo representa pessoas que
tendem a procrastinar e que são menos organizadas.
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3. Extroversão

A extroversão indica a sociabilidade e habilidade de se relacionar com terceiros. Pessoas


extrovertidas são conversadoras e assertivas, e muitas vezes, preferem ser o centro das atenções.
Por outro lado, as pessoas introvertidas preferem a quietude e são menos sociáveis.

4. Agradabilidade

A agradabilidade é caracterizada pela capacidade de altruísmo, bondade e afecto. Pessoas com


alta agradabilidade se importam com os outros indivíduos e demonstram isso, além de serem
empáticas e gostarem de ajudar. O seu extremo oposto indica indivíduos apáticos ou
manipuladores.

5. Neuroticismo

O neuroticismo indica as emoções. Enquanto a pessoa com neuroticismo alto é emocionalmente


instável e mais susceptível a experienciar episódios depressivos, momentos de ansiedade e
estresse, a pessoa do extremo oposto é estável e mais relaxada.

2.7.Atitudes

Entende-se as atitudes como uma organização duradoura de crenças e cognições, dotada de uma
carga afectiva pró ou contra essas crenças e cognições, e que predispõem o indivíduo para uma
acção coerente com as cognições e afectos (Rodrigues et al., 2016).

Ou seja, as atitudes correspondem a avaliações de pessoas, objectos ou ideias e são


importantes porque determinam o que fazemos.

Michener et al. (2005) ressaltam que as atitudes possuem uma organização cognitiva
estrutural, que pode ser vertical ou horizontal. Uma atitude organizada estruturalmente tem
como base uma crença primitiva, ou seja, são crenças que estão na base da formação de várias
atitudes sobre um mesmo conteúdo. Por exemplo, crenças religiosas são crenças primitivas que
embasam atitudes relacionadas ao que as pessoas pensam sobre o casamento, sobre o sexo antes
do casamento, sobre orientação sexual, sobre adultério, sobre forma de se vestir.

As atitudes se organizam de forma horizontal quando elas são construídas por crenças
associadas e que podem ser utilizadas para a manutenção da atitude. Por exemplo, uma pessoa
que tem uma atitude desfavorável ao sexo antes do casamento, pode justificar esse
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posicionamento por considerar que ele representa promiscuidade, que pode contribuir para o
surgimento de infecções sexualmente transmissíveis, e por aumentar o risco de gravidez
indesejada.

O componente afectivo das atitudes, refere-se às emoções ou sentimentos eliciados pelo


objecto atitudinal e que leva a uma avaliação do objecto em questão (ex. a legalização do uso da
cannabis me assusta). Essa avaliação ou afecto direccionado a um objecto possui uma polaridade
positiva ou negativa e uma intensidade, que pode variar de fraca a forte. Assim, as atitudes
de base afectiva se caracterizam por não representaram um exame racional dos fatos e estão
intimamente ligadas aos valores pessoais, que guiam os afectos direcionados a diferentes
objectos sociais. Por exemplo pessoas com fortes valores religiosos, utilizarão esses valores
para construir seus posicionamentos sobre casamento, sexo antes do casamento e adultério.
Estas atitudes têm como principal função expressar o sistema de valores do indivíduo.

O componente comportamental por sua vez, é concebido como a materialização da relação entre
cognição e afecto (Rodrigues et al., 2016). Ou seja, as atitudes de base comportamental
representam as acções relacionadas à uma atitude específica (ex. assinar um documento sobre a
legalização da maconha ou participar de manifestações e protestos sobre o tema).

2.8.Formação de Atitudes

De acordo com Doob (1947), a maioria das atitudes que temos devem são aprendidas, não inatas.
O estudo da formação de atitudes é o estudo de como as pessoas avaliam outras pessoas, lugares
ou coisas. As teorias do condicionamento clássico, condicionamento operante/instrumental e de
aprendizagem social explicariam a maneira na qual formamos atitudes. Ao contrário da
personalidade, espera-se que as atitudes se modifiquem facilmente em função da experiência.

Ademais, a frequência de exposição que uma pessoa tem em relação a determinado objecto pode
ter um efeito na formação atitudinal daquela pessoa em relação àquele determinado objecto.

Esse efeito é conhecido como "Efeito da Mera Exposição", e foi descoberto por Robert Zajonc.
Zajonc demonstrou que havia mais chance de pessoas avaliarem determinado objecto atitudinal
como positivo quando elas eram expostas a esse objecto frequentemente. A mera exposição
repetitiva de um indivíduo a determinado estímulo é uma condição suficiente para o aumento
positivo de sua atitude em direcção àquele objecto.
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Tesser (1993), no entanto, argumentou que variáveis hereditárias podem ter efeito sobre as
atitudes - mas acredita que apenas indiretamente. Estudos com gêmeos geralmente são utilizados
para determinar se algum traço tem base genética ou algum tipo de hereditariedade. Teorias de
consistência psicológica por exemplo implicam que devemos ter uma coerência interna e externa
entre nossas crenças e valores. O exemplo mais famoso e divisor de águas desse tipo de teoria é a
teoria da dissonância cognitiva, de Leon Festinger. A teoria explica que quando determinados
componentes de uma atitude (tais como crenças e comportamento) estão em conflito um com o
outro, o indivíduo ajusta um comportamento com uma crença, ou vice-versa, para diminuir a
inquietude causada pela disparidade, como mudar um comportamento para justificar uma crença,
ou mudar uma crença para justificar um comportamento.

2.9.Mensuração de Atitudes

Muitas medidas e escalas são usadas para analisar as atitudes. Atitudes podem ser difíceis de
medir pois mensurar é arbitrário, ou seja, as pessoas têm de dar às atitudes uma escala contra a
qual medi-la, e atitudes são em última análise construções hipotéticas que não podem ser
observadas directamente.

Seguindo a dicotomia explícito-implícito, atitudes podem ser examinadas através de


mensurações directas e indirectas.

Se as atitudes são explícitas (isto é, tomadas deliberadamente) ou implícitas (ou seja,


inconscientes) tem sido um tema de considerável pesquisa. As pesquisas sobre atitudes implícitas
usam métodos sofisticados que envolvem os tempos de resposta das pessoas a estímulos para
mostrar que atitudes implícitas existem (talvez em conjunto com as atitudes explícitas do mesmo
objecto). Atitudes implícitas e explícitas parecem afectar o comportamento das pessoas, embora
de maneiras diferentes. Elas tendem a não ser fortemente associadas umas às outras, embora em
alguns casos elas sejam. A relação entre atitudes implícitas e explícitas é mal compreendida.

Atitudes Explícitas: Atitudes medidas como explícitas tendem a confiar em auto-relatos


ou comportamentos facilmente observáveis. Estes comportamentos tendem a envolver
escalas bipolares (por exemplo, bom-mau, favorável-desfavorável, concordância-
oposição).Mensurações explícitas também podem ser realizadas medindo-se a atribuição
directa de características para nomear grupos.
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Atitudes explícitas que ocorrem em resposta a informações recentes, avaliações


automáticas que foram pensadas para reflectir associações mentais formadas através das
primeiras experiências de socialização. Uma vez formadas, estas associações são
altamente robustas e resistentes a alterações, bem como estáveis ao longo do tempo e do
contexto. Por isso, o impacto das influências contextuais foi assumida como o que ofusca
a "verdadeira" e duradoura disposição avaliativa de uma pessoa, bem como limita a
capacidade de prever o comportamento subsequente.
Atitudes Implícitas: Atitudes medidas como implícitas não são tomadas
conscientemente e assume-se que são automáticas, o que pode fazer atitudes medidas
como implícitas mais válidas e confiáveis do que as medidas como explícitas (tais como
auto-relatos). Por exemplo, as pessoas podem ser motivadas de tal forma que elas achem
que é socialmente desejável ter certas atitudes. Um exemplo disso é que as pessoas
podem realizar atitudes implícitas preconceituosas, mas expressar atitudes explícitas que
apresentam pouco preconceito. Levar em conta as atitudes implícitas ajuda nestas
situações e olhar para as atitudes que uma pessoa pode não estar ciente ou mostrando
deliberadamente.
Medidas implícitas portanto geralmente contam com uma medição indirecta da atitude.
Por exemplo, o Teste de Associação Implícita (TAI) examina a força entre o conceito de
destino e um atributo elementar, considerando a latência em que uma pessoa pode
examinar duas opções de resposta quando cada uma tem dois significados. Com pouco
tempo para examinar cuidadosamente o que o participante está fazendo elas respondem
de acordo com opções internas. Esta actividade pode mostrar atitudes que a pessoa tem
sobre um determinado objecto.
As pessoas muitas vezes não querem dar respostas tidas como socialmente indesejáveis e,
portanto, tendem a relatar o que pensam de suas atitudes de formas melhores do que o
que elas sabem que realmente são. Mais complicado ainda, as pessoas podem até não
estar conscientes de que possuem atitudes preconceituosas. Ao longo das últimas
décadas, os cientistas desenvolveram novas medidas para identificar esses preconceitos
inconscientes.
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3.Mudança de Atitude

As atitudes podem ser mudadas através da persuasão e grande parte das pesquisas sobre
mudanças de atitude avaliam a relação entre atitude e comunicação interpessoal. Entende-se
que os indivíduos não se expõem aos meios de comunicação interpessoal e de massa em um
estado de nudez psicológica, pois são revestidos e protegidos por predisposições existentes
(atitudes).
As pesquisas experimentais indicam que os factores causadores da mudança de atitude
incluem:
 Característica do alvo: essas características se referem ao indivíduo que recebe e
processa a mensagem emitida. Um desses traços é a inteligência, o indicado é que
pessoas mais inteligentes são menos facilmente flexíveis à tentativas unilaterais de
persuasão. Outro traço estudado é a auto-estima. Apesar de haver evidências de que
pessoas com auto-estima mais elevada são mais difíceis de persuadir, algumas
evidências demonstram que a relação entre auto-estima e susceptibilidade à persuasão
é na verdade curvilinear, ou seja, pessoas com auto-estima moderada, que estariam no
meio-termo entre baixa e alta auto-estima seriam mais facilmente influenciadas por
tentativas de persuasão (Rhodes & Woods, 1992). O estado de espírito da pessoa
também deve ser levada em consideração nesse processo, que faz o alvo oscilar entre
suscetibilidade à mudança de atitude ou imunidade à mesma.
 Características do agente ou fonte: As principais características relevantes da fonte
são competência da fonte de informação, experiência do emissor, confiabilidade da
pessoa, e principalmente atracção interpessoal. A credibilidade de uma mensagem
percebida é uma variável indispensável; se alguém lê um informe relacionado à saúde
e acredita que essa notícia veio de uma revista médica-científica profissional, como
por exemplo efeitos maléficos do consumo diário de café, tendência dela a ser
persuadida é maior do que se ela acreditar que esse parecer veio de uma fonte comum
como um jornal popular. Alguns psicólogos discutem se esse é um efeito de longo
prazo Hovland and Weiss (1951) e afirmaram que o efeito de falar para alguém que
tal informação veio de uma fonte confiável desaparecia depois de algumas semanas,
chamado de efeito latente (em inglês: sleeper effect), em que a mensagem persuasiva
não tem efeito algum no momento imediato em que é transmitida, mas, com o passar
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do tempo, o argumento rejeitado passa a ser aceito, mesmo que seja um anúncio de
televisão.
 Características da mensagem: A natureza da mensagem tem um papel no processo de
persuasão. As vezes, apresentar os dois lados da história pode ser útil para causar uma
mudança de atitude. Quando as pessoas não estão motivadas a processar à mensagem,
simplesmente a quantidade de argumentos apresentada defendendo um determinado
ponto vai ser levado em conta, de tal forma que quanto mais argumentos uma
mensagem persuasiva tiver, maior a chance de efectividade da persuasão
 Rotas cognitivas: Uma mensagem que apela aos recursos cognitivos de um indivíduo
através da razoabilidade dos argumentos pode ser efectiva. Numa abordagem
persuasiva directa dados são apresentados à pessoa para que ela chegue a determinada
conclusão que cause uma mudança de atitude.
Numa abordagem persuasiva indirecta, incentiva-se à pessoa a levar em conta a fonte
em vez de o conteúdo. Esse segundo tipo de abordagem é frequentemente visto em
comerciais com a presença de celebridades, associando-as ao uso do produto
enaltecendo a marca, utilizando-se também de médicos, profissionais de saúde.

3.1.Emoção e mudança atitudinal

A emoção é um componente comum na persuasão, influência social e mudança de atitudes. Boa


parte das pesquisas sobre atitudes enfatizaram a importância dos componentes emocionais e
afeccionais, as emoções e os processos cognitivos (o modo como pensamos sobre algum assunto
ou situação) andam de mãos dadas. O apelo às emoções é constantemente visto em propagandas
comerciais, campanhas de saúde e campanhas políticas. Nos tempos recentes, podemos observar
esse conteúdo fortemente emocionalmente apelativo em campanhas anti-tabagistas que mostram
os efeitos drásticos do consumo de cigarros, campanhas de doação de sangue apelando à nossa
solidariedade exibindo um símbolo do coração, ou até mesmo campanhas gráficas mostrando as
implicações da componentes afectivos, cognitivos e volitivos de uma pessoa. As atitudes fazem
parte das redes associativas neurais, as estruturas interconectadas de forma tão intrincada na
memória de longo-prazo como numa rede de pesca cheia de nós afectivos e cognitivos.

Ao articular e afectar uma dessas estruturas afectivas ou emotivas entrelaçadas, uma mudança de
atitude é possível. Apesar dos nós cognitivos e emotivos serem interligados, em redes
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primariamente afectivas, é mais dificultoso produzir contra-argumentos cognitivos ao manipular


essas estruturas para reduzir a influência persuasiva e a mudança de atitude desejada.

A predição afectiva (em inglês: affective forecasting) também conhecida como intuição ou a
predição de emoções, também pode gerar uma mudança atitudinal. Pesquisadores sugerem que a
predição de emoções é um factor importante no processo decisório por que os processos
cognitivos são sobrepujados sob domínio de fortes emoções. O modo como nos sentimos sobre
determinado resultado pode afectar nossas razões puramente cognitivas.

O desafio para pesquisadores em termos de metodologia está justamente em medir de forma


escrupulosa e acurada das emoções e seus impactos subsequentes sobre as nossas preferências
atitudinais. Dado o fato de que não podemos observar directamente as emoções dentro do
cérebro enquanto acontecem, diversas ferramentas de medição foram designadas para obter
dados sobre as nossas emoções e atitudes. As medições podem variar entre análise de expressão
facial, corporal, tonalidade vocal, entre outras medidas. Por exemplo, o medo está associados
com sobrancelhas levantadas, aumento de batimentos cardíacos e contracção muscular (Dillard,
1994).

Milhares de atitudes podem ser observadas em uma pessoa em um estado normal de convivência.
Contudo, são focalizadas três tipos que relacionam em diversos aspectos com seu ambiente de
trabalho. Três tipos de atitudes devem ser considerados: satisfação com o trabalho, envolvimento
com o trabalho e comprometimento organizacional.

3.2.Satisfação com o trabalho

De maneira geral, esse termo refere-se às atitudes predominantemente afectivas da pessoa em


relação ao seu ambiente de trabalho, abrangendo elementos como: relações com colegas, chefias
e natureza da tarefa. Dessa forma, dependendo da avaliação afectiva do trabalhador, frente às
características do trabalho, maior ou menor será sua satisfação, a qual pode variar desde um alto
nível de satisfação, quando a pessoa apresenta atitudes positivas, até um baixo nível de satisfação
quando a o sujeito percebe o trabalho de forma predominantemente negativa e,
consequentemente, insatisfatória.
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3.3.Envolvimento com o trabalho

O envolvimento com o trabalho pode ser definido como a auto avaliação do trabalhador em
relação ao quanto o seu desempenho no trabalho influencia sua auto-estima. Por esse motivo,
compreender o envolvimento no trabalho é de suma importância para o desenvolvimento da
organização. Quanto maior o envolvimento do trabalhador com a empresa, teoricamente maior
será sua identificação com os valores e os objectivos da empresa.
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4.Conclusão

Chegando a conclusão do presente trabalho, concluímos que a atitude pode ser definida corno
"urna organização duradoura dos processos perceptuais, motivacionais, emocionais, e de
adaptação, que se centralizam em algum objecto do mundo pessoal" (KRECH e
CRUTCHFIELD). As atitudes imprimem ao nosso eu urna tendência para interpretar e reagir a
determinadas situações de urna maneira coerente e aproximadamente constante. Representam
pois padrões de interpretação e reactividade diante dos estímulos que o ambiente põe diante de
nós. Quase tudo que existe no meio em que o homem vive pode tornar-se objecto de urna atitude
sua: outras pessoas (individualmente), grupos de pessoas (dos mais variados tipos), instituições,
questões sociais, problemas religiosos etc. Isto não significa que toda pessoa tem
necessariamente urna atitude em relação a qualquer objecto, pois é sabido o quanto variam a
extensão e o conteúdo do espaço vital de cada um.

E que na linguagem corrente é comum dizer-se que uma pessoa tem personalidade quando causa
uma profunda impressão nas pessoas com quem convive. Um tímido e apagado participante de
um grupo, calado, que evita tomar atitudes e participar de decisões, fugindo às responsabilidades,
é dito "sem personalidade". Do ponto de vista meramente psicológico, porém, a classificação é
errónea, pois todos têm personalidade, ainda que por vezes apenas esboçada, como no caso do
homo ferus, tão citado na literatura especializada e, noutras, em desintegração, como sucede no
caso dos esquizofrénicos.
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5.Bibliografia

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