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1.Introdução .................................................................................................................................... 3
2.1. Desenvolvimento psíquico da criança, dos 0 a 16 anos Segundo Sigmund Freud .................. 4
3.Conclusão................................................................................................................................... 17
4.Bibliografia ................................................................................................................................ 18
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1.Introdução
Jean Piaget, por sua vez, concentrou-se no desenvolvimento cognitivo das crianças, propondo
uma teoria que descreve os estágios pelos quais passam ao construir seu entendimento do
mundo. Desde a fase sensoriomotora até as operações formais, Piaget delineou como as crianças
desenvolvem habilidades de pensamento, raciocínio e resolução de problemas ao longo do
tempo.
Objectivo do Trabalho, este trabalho tem como objectivo analisar criticamente as teorias do
desenvolvimento psíquico da criança e do adulto, destacando suas contribuições para a
compreensão do desenvolvimento humano.
Para freud, o desenvolvimento humano é, então, marcado pela força da libido que assume várias
formas e se localiza em determinadas regiões do corpo, nas quais o sujeito encontra mais
satisfação na medida em que se desenvolve. A sexualidade infantil possui um sentido diferente
da adulta, não está relacionada ao aspecto biológico, genital. Sua ênfase está no sentido do
prazer, da descoberta do próprio corpo e das questões ligadas ao desejo e à fantasia que
permeiam a relação com os pais, expressas em diferentes fases:
1. Fase oral: (0˗1 anos) caracteriza-se pela concentração da libido na região bucal. A boca
vai se tornando o centro do prazer através da alimentação, do contacto com objectos
como chupeta, mordedor, da sucção dos lábios. Nessa fase, a criança só se interessa pela
gratificação de seu prazer de forma egocêntrica, constituindo o narcisismo infantil. Essa
fase desempenha papel importante na constituição da personalidade, principalmente
quanto à imagem que o indivíduo tem sobre si.
2. Fase anal: (1 a 3 anos) na época em que a criança está aprendendo a controlar os
esfíncteres, no treino do banheiro, a energia libidinal se desloca para a região anal. Como
a criança já faz uma diferenciação entre ela e o mundo externo, ela utiliza a excreção
(retendo ou expelindo) como um ato dirigido ao “outro”. As exigências sociais, nesse
período, podem tornar essa fase conflituosa para criança, tendo repercussões na formação
da personalidade, especialmente nas vivências futuras de prazer e desprazer, de
organização e disciplina.
3. Fase fálica: a fase posterior, denominada fálica (3 aos 6 anos), é o momento em que a
criança começa a perceber as diferenças sexuais anatómicas e a vivenciar o prazer na
manipulação dos órgãos genitais. Esta fase é também assim denominada pela relevância
que Freud concedeu às fantasias infantis inconscientes, com o órgão genital masculino,
nesse momento da vida da criança. É marcada também pelo complexo de Édipo. Nesta
etapa, o menino percebe a presença do pénis e manipula-o obtendo a satisfação libidinal.
A menina ressente-se por não possuir algo que os meninos têm.
Em ambos os casos, a mãe é o primeiro objecto de amor, ocorrendo gradativamente a
diferenciação de investimento para a figura paterna. Com relação ao menino, ele mantém
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um desejo incestuoso pela mãe. O pai é percebido como rival que lhe impede o acesso ao
objecto desejado (mãe). Temendo ser punido com a perda dos órgãos genitais (angústia
da castração) e do lugar fálico (de poder) em que se encontra, o menino terá que recalcar
o desejo incestuoso pela mãe e identificar-se como pai, escolhendo- -o como modelo de
papel masculino. Assim, internalizando regras e normas impostas pela autoridade
paterna, manterá sua integridade sexual e adoptará papéis masculinos. A situação
feminina é distinta. A menina percebe em si a ausência do pénis.
Então, desenvolve um sentimento de inferioridade, tendo inveja e desejando o órgão
masculino. Ela atribui à mãe a culpa por ter sido gerada deste modo, e rivaliza com ela.
Ao mesmo tempo, precisa se identificar com a figura materna a fim de obter o amor do
pai. Posteriormente, esse desejo pelo pai deve se dissipar, a fim de que a menina possa
sair da situação edípica e seguir com suas escolhas de objetos de amor, fora dessa relação
pai e mãe.
Na superação do Édipo ocorre um grande deslocamento de energia da libido, que leva
consigo para o inconsciente as vivências infantis das fases orais, anais e fálicas, e
portanto, os sentimentos incómodos e proibidos experimentados nessas etapas. Este é um
momento crucial para a constituição do superego na personalidade infantil,
correspondendo à etapa seguinte.
4. Fase da latência: (6 anos à puberdade) é o período em que a libido permanece voltada
para actividades que não tem um carácter sexual. É o que Freud denominou de
sublimação. Deste modo, brincadeiras, exportes, artes e actividades escolares ganham um
papel de destaque na vida da criança. Coincide com o ingresso da criança no ensino
fundamental, no qual ela pode se destacar em actividades de natureza física ou
intelectual, dada a concentração de energia libidinal que ali se forma. A partir do início
da puberdade, com todas as transformações orgânicas e hormonais ocorridas, meninos e
meninas retornam aos interesses de ordem sexual. Agora, a sexualidade é genital, e não
fálica, estando voltada para as relações exteriores à família. Pode ser um período de
muitos conflitos, gerando fenómenos que muitos denominam de síndrome da
adolescência (ABERASTURY e KNOBEL, 1981), posto que há um retorno dos
sentimentos e desejos recalcados no inconsciente no período da latência.
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de exteriorizar a vida interior, na medida em que já conta coisas que aconteceram, bem
como é capaz de falar sobre eventos futuros. Embora se iniciem as trocas entre as
crianças, elas estão mais centradas em seus pontos de vista. Predomina, então, uma
linguagem egocêntrica. Nesse período, tem início o jogo simbólico, de imaginação e
imitação muito comuns nas brincadeiras infantis de faz de conta. Outra forma de ex-
pressão é o pensamento intuitivo.
A criança está mais adaptada à realidade. Contudo, ela ainda pensa de modo pré-lógico,
isto é, se mantém presa ao sentido utilitário dos objectos e ao campo perceptivo concreto.
Portanto, sua aprendizagem está ainda muito baseada em suas vivências, nas coisas que
conhece e pode considerar como sendo reais. Há também uma rigidez de pensamento em
termos estabelecimento de relações entre os fatos. É a irreversibilidade do pensamento,
ou seja, a criança ainda não possui a capacidade de pensar sobre algo e depois fazer o
caminho inverso.
Por exemplo: se você diz a uma criança que o caminho de sua casa para a praia é de 5 km
e depois pergunta voltando pelo mesmo lugar qual é a distância da praia para a casa dela,
a criança ficará confusa ou responderá 10 Km. Na escola, observa-se que ainda não são
capazes de fazer as operações matemáticas de adição, subtracção com números.
No final desse período, ocorre uma diminuição considerável do egocentrismo. O jogo
simbólico vai se transformando em jogo de regras e a socialização vai se estruturando em
torno da cooperação.
Período operatório concreto: O período dos 7 aos 11/12 anos dá início à construção
lógica, ou seja, a capa- cidade da criança de estabelecer relações que permitam a
coordenação de pontos de vista diferentes. No plano afectivo, é capaz de cooperar e
trabalhar em grupo. No plano cognitivo, surge uma nova capacidade; as operações
reversíveis.
O pensamento lógico é a possibilidade de um conhecimento mais compatível em termos
de lógica convencional com o mundo real. No início do período, surge a noção de
conservação do objecto, por volta dos 9 anos de peso e, no final, de volume. O
pensamento, embora evoluindo, ainda obedece a uma lógica da realidade concreta.
Mesmo a reflexão que se inicia acontece a partir de situações presentes ou passadas
vivenciadas pela criança.
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Segundo Crain (1992:194), Vygotsky tentou criar uma teoria de desenvolvimento psíquico que
considera a interacção entre a “linha natural” de desenvolvimento que emerge de dentro e a
“linha sócio- histórica de desenvolvimento “que influência a criança por fora. Tal linha natural
domina o desenvolvimento cognitivo até, mais ou menos, aos dois anos. A partir dessa idade o
desenvolvimento cognitivo é influenciado pela linguagem, pela palavra, pelo sistema de sinais,
pelos significados das coisas, pelos fenómenos. A linguagem é adquirida na interacção da
criança com os adultos e outras crianças. Os significados dados pela linguagem são, por sua vez,
influenciados pela cultura.
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(Crain, 1992:199) refere que Vygotsky considera que a aquisição de conhecimentos espontâneos
do dia- a-dia não conduz ao desenvolvimento do pensamento puramente abstracto e teórico. É
preciso recordar que as generalizações a partir da actividade prática com os objectos, a partir de
vivências do dia-a-dia caracterizam o pensamento concreto. O pensamento puramente abstracto e
teórico caracteriza-se por generalizações de características mais essenciais das coisas e
fenómenos e suas relações. Note-se que Piaget considera que o pensamento formal surge por
volta dos 11/12 anos, isto é, aparece consoante a idade. Contudo, para Vygotsky, o pensamento
puramente abstracto e teórico não só depende da aprendizagem, como também das condições
sócio- históricas de vida do indivíduo. Por condições sócio históricas entende-se aqui o
desenvolvimento socioeconómico, o contexto em que o indivíduo está inserido, as formas de
vida. Tomemos o exemplo das características do pensamento que a seguir se apresenta.
O estímulo o laço no dedo objectivamente significa apenas que o dedo está amarrado. Ele
adquire sentido, por sua função mediadora, fazendo-nos lembrar algo importante.
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Com essa perspectiva, é que Vygotsky estudou o desenvolvimento infantil. As crianças, desde o
nascimento, estão em constante interacção com os adultos, que activamente procuram incorporá-
las as suas relações e a sua cultura. No início, as respostas das crianças são dominadas por
processos naturais, especialmente aqueles proporcionados pela herança biológica. É através da
mediação dos adultos que os processos psicológicos mais complexos tomam forma. Inicialmente,
esses processos são inter-psíquicos (partilhados entre pessoas), isto é, só podem funcionar
durante a interacção das crianças com os adultos. À medida que a criança cresce, os processos
acabam por ser executados dentro das próprias crianças intra-psíquicos. É através desta
interiorização dos meios de operação das informações, meios estes historicamente determinados
e culturalmente organizados, que a natureza social das pessoas tornou-se igualmente sua natureza
psicológica.
Todos os movimentos e expressões verbais da criança, no início de sua vida, são importantes,
pois afectam o adulto, que os interpreta e os devolve à criança com acção e/ou com fala. A fala
egocêntrica, por exemplo, foi vista por Vygotsky como uma forma de transição entre a fala
exterior e a interior. A fala inicial da criança tem, portanto, um papel fundamental no
desenvolvimento de suas funções psicológicas.
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Por seu lado, Vygotsky apresenta uma teoria de desenvolvimento cognitivo que destaca a
interacção do biológico com o social no desenvolvimento cognitivo, com destaque para o papel
da aprendizagem no desenvolvimento das formas do pensamento, negando, assim, os limites
absolutos de idade do surgimento dos estágios de desenvolvimento.
O desenvolvimento psíquico é determinado pelo lugar que o indivíduo ocupa entre os adultos
consoante a idade que possui, as exigências colocadas ao indivíduo e, sobretudo, a actividade de
aprendizagem. Há que notar que o desenvolvimento psíquico não só é contínuo, como também
apresenta uma descontinuidade, isto é, no desenvolvimento verificam-se estágios de
desenvolvimento com características específicas, que compreendem indivíduos de determinados
grupos de idade.
A Idade Anterior a Pré-Escolar ou Idade da Criança mais Nova (1-3 Anos) No 1º ano de vida, a
criança desenvolve-se com base na acção com os objectos e aquisição da linguagem no contacto
com os adultos. Até ao 1º ano a criança compreende uma série de palavras. Na primeira metade
do segundo ano, a criança já constrói frases de uma palavra. E na segunda metade aumenta o
número de palavras e surgem frases de duas ou três palavras.
A criança tem uma atenção involuntária, inconstante de pouca duração, movida pela força dos
estímulos. Estas características da atenção influenciam sua vontade. Ela faz o que quer e a
mudança a de uma actividade, exige a colocação de outra que satisfaça um desejo ainda mais
forte.
A criança tem como actividade principal o jogo, mas também realiza outras actividades, tais
como o desenho, a modelagem, a construção e o trabalho. O desenho, a modelagem e a
construção passam a ser realizados com um fim previamente colocado pela criança. O seu uso
pedagógico desenvolve habilidades necessárias a aprendizagem escolar. O trabalho aqui diz
respeito a realização de pequenas tarefas em casa na família e trabalho manual no jardim infantil.
As crianças começam a compreender as regras gramaticais e a usá- las de forma activa.
O contacto com os adultos, o jogo conduz a generalizar as características dos objectos e sua
designação por palavras. A memória da criança desenvolve-se acentuadamente e caracteriza-se
por ser involuntária, isto é, a criança fixa facilmente aquilo que chama mais atenção, movimenta-
se, é contrastante, causa vivências emocionais profundas.
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As crianças mais novas idade pré-escolar têm tendência de tirar conclusões sobre as coisas com
base nas funções dos objectos e na maneira de utilizá-los. As mais velhas já são capazes de
definir certos objectos do seu dia-a-dia com base em características gerais.
A Idade Escolar Primária (7-10/11 Anos) A idade escolar primária começa com o
ingresso na escola, passando deste modo, o estudo a ser a actividade dominante da
criança. A criança apresenta uma grande vontade de aprender e cumprir com as
exigências do professor. No início a criança estuda para agradar aos pais e cumprir as
exigências do professor.
Pouco a pouco, a criança apercebe-se da importância das notas e estuda para obter boas notas e
evidenciar-se. A aprendizagem da criança baseia-se nos métodos utilizados para a realização de
tarefas escolares. A criança deve partir da análise e síntese de experiências, exemplos concretos,
reais, suas representações para chegar as conclusões, aos conceitos, devido ao facto de possuir
um pensamento empírico ou concreto-lógico.
A criança desenvolve a linguagem. A língua passa a ser objecto de estudo sistemático. A criança
aprende a ler e a escrever, a Gramática e a Ortografia. O desenvolvimento da linguagem oral e
escrita vai provocar mudanças qualitativas na atenção, percepção e pensamento e memória.
O sistema nervoso central desenvolve-se, sobretudo do córtex cerebral havendo uma maior
diferenciação das células cerebrais bem como aumento de fibras associativas no cérebro. A
actividade principal deste período continua a ser o estudo. O estudo apresenta uma diferenciação
das disciplinas e o ensino é realizado por mais de um professor. Cada disciplina, por sua vez,
caracteriza-se por um sistema de conceitos abstractos, o que vai contribuir para o
desenvolvimento do pensamento lógico em dependência dos métodos utilizado no ensino-
aprendizagem. Os conceitos deverão ser dados a partir da análise pelos adolescentes de
experiências, exemplos concretos, reais, suas representações. A linguagem do adolescente evolui
sob influência da aprendizagem de aspectos mais complexos da língua relacionados com a
Gramática, com a leitura de conteúdos de disciplinas das ciências, o que vai aumentar o seu
vocabulário.
3.Conclusão
A análise das teorias do desenvolvimento psíquico nos leva a reconhecer os desafios cruciais
enfrentados pelas crianças durante a transição para a idade adulta. Desde as complexidades
emocionais exploradas por Freud até as etapas cognitivas delineadas por Piaget e as influências
sociais destacadas por Vygotsky, fica claro que essa jornada é marcada por uma série de
mudanças significativas. Essa transição requer não apenas a adaptação a novos papéis sociais e
responsabilidades, mas também um processo de autoconhecimento e crescimento contínuo.
4.Bibliografia
VIGOTSKI. L. S. (2007) A formação social da mente. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes.
PIAGET, J. (1984). Development and learning. Reading in child behavior and development.
New York: Hartcourt. Vol IV. Madrid. p. 225 – 249.