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ANDERSON AUGUSTO AMARAL MAGALHÃES

CARLA COSTA CARNEIRO DA SILVEIRA


IOLANDA DINIZ
MARIANA LIMA DE ANDRADE
PATRICIA FRANCO
PRISCILLA DA SILVA COUTO
REBECA DE PINHO
VINICIUS REZENDE ARAÚJO

TRÊS ENSAIOS SOBRE A TEORIA DA SEXUALIDADE


SEGUNDO ENSAIO – A SEXUALIDADE INFANTIL

Rio de janeiro, 2022


OS TRÊS ENSAIOS SOBRE A TEORIA DA SEXUALIDADE

A BUSCA POR UMA ETIOLOGIA DA HISTERIA.


A sexualidade infantil surge para Freud, e com ele para o mundo, como uma
busca pela etiologia da histeria. A criança nunca foi, efetivamente, o objeto do estudo
de Freud, tampouco objeto de sua prática clínica. A sexualidade infantil, portanto, não
pode ser considerada um ponto de partida para a Psicanálise, mas um ponto de
chegada a ela.
Em 1885, é publicada a obra “Estudos sobre a Histeria” elaborado com Breuer,
onde já demonstravam diferenças significativas acerca etiologia da histeria. Breuer,
com uma visão fisiológica do mecanismo da histeria, denominado estados hipnoides,
um estado de consciência semelhante ao da hipnose pelo qual conteúdos da
consciência ficavam dissociados da vida mental do indivíduo. Para Freud, essa divisão
psíquica ou mental era causada por uma defesa do próprio organismo, um afeto não
descarregado e intolerável, que voltava à consciência sob a forma de um sintoma.
Entretanto, o motivo real para o afastamento se deu porque Freud, já em 1896, partia
do princípio de que os traumas envolviam conteúdos de ordem sexual, o que era
completamente repelido por Breuer.
A teoria da sedução, foi então, a primeira etiologia sexual da histeria defendida
por Freud, criada no ano de 1896, originada de seus estudos experimentais com os
próprios pacientes e segundo a qual a histeria seria causada por um trauma real de
ordem sexual na infância (sedução sexual precoce). É a primeira vez que Freud
reconhece a infância como relacionada à histeria, mas, como se vê, a criança ocupa um
lugar passivo, ou seja, a sexualidade era despertada na criança precocemente por um
agente abusador.
Mesmo antes da formalização da teoria da sedução, Freud, em 1987, afirmou,
em carta para Fliess, que não acredita “mais em sua neurótica”, chegando à conclusão
de que os conteúdos trazidos por seus pacientes eram fantasias e faziam parte de uma
“realidade psíquica” e não necessariamente constituíam fatos verdadeiramente
ocorridos. A partir desse momento, a criança passa a ser um sujeito ativo, que cria uma

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realidade psíquica de origem sexual. Para tanto, a criança deveria ser dotada de
sexualidade desde a sua infância.

OS TRÊS ENSAIOS SOBRE A TEORIA DA SEXUALIDADE


A obra, datada de 1905 e editada diversas vezes por Freud, pode ser
considerada como uma sistematização teórica sobre sexualidade e sexualidade infantil
na concepção do autor.
Compreendida por três diferentes ensaios, “As aberrações sexuais”, “A
sexualidade infantil” e “As transformações da puberdade”, conforme se percebe do
próprio título, a publicação amplia o conceito de sexualidade em si com a introdução da
concepção de “pulsão” (Trieb), inova ao trazer o conceito de sexualidade infantil,
quando, à época, a doutrina considerava o início da sexualidade como sendo a
puberdade e traz consigo outros conceitos inerentes à psicanálise, como “Complexo de
Édipo”.
Trata-se, para além de uma obra de referência para psicanálise, de um estudo
dialético acerca da sexualidade, questionando conceitos de normalidade (inclusive
quando atribui à sexualidade infantil o adjetivo “perversa”), inserindo a infância num
lugar privilegiado na constituição psíquica do indivíduo e, ainda, ressaltando a
importância da comunicação, esclarecimento e acolhimento de questões sexuais
infantis para a formação de um sujeito adulto saudável.

O SEGUNDO ENSAIO – A SEXUALIDADE INFANTIL


Freud inicia seu raciocínio afirmando que a criança nasce com “germens” da
pulsão sexual, mas que seu desenvolvimento não é fixo e invariável. Para o autor, as
manifestações observáveis da sexualidade se dão por volta de 3 anos de idade e,
posteriormente, haveria um declínio até o atingimento da puberdade. A esse período,
Freud denomina de latência, em outras palavras, um adormecimento das pulsões
sexuais e suas manifestações.
É na fase da latência que começam a se constituir as forças psíquicas que irão
se tornar barreiras para a pulsão sexual e suas manifestações, como nojo, sentimento
de vergonha, ideais estéticos e morais. Para Freud, a educação e a cultura seriam
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fatores atuantes nesse processo, muito embora para o autor haja um componente
orgânico e hereditário em torno do tema. Nessa fase, opera-se a sublimação, onde a
pulsão sexual é transmutada a atividades sociais e intelectuais, há um endereçamento
para outras finalidades.
Para Freud, uma das causas desta sublimação poderia ser o fato de as pulsões
sexuais serem de pouca utilidade, levando-se em consideração que as funções
reprodutivas estão adiadas pela latência e, ainda, porque haveria um tabu em torno das
zonas erógenas e sua perversidade, o que levaria, justamente, às forças psíquicas de
repressão mencionadas.
Freud finaliza sua introdução ressaltando que as crianças podem apresentar
algumas manifestações de sexualidade durante o período de latência e sublimação,
mas que a tendência é que os educadores adotem uma postura normatizante,
reprimindo-as. A Psicanálise, por outro lado, adota abordagem distinta pois tem o
objetivo de compreender a origem da sexualidade.
No transcorrer do ensaio, Freud descreve as fases psicossexuais, além de seu
desenvolvimento físico e mental. Acontece que à medida que a criança amadurece, ela
vai desejando coisas diferentes, além de ir encontrando formas diferentes de gratificar
esses desejos. Há um misto de necessidades fisiológicas, descobertas e fantasias na
psique infantil e não a sexualidade que existe no adulto.
Na primeira infância a criança passa por três fases. Na fase oral que vai do
nascimento até aproximadamente os 2 anos de vida, a zona erógena do bebê é a boca.
Erógena porque é onde se concentram as necessidades e as gratificações do bebê. As
necessidades básicas do bebê são sede e fome, então ao receber alimento as tensões
são aliviadas. Além disto, neste momento o bebê é acalentado, acolhido pelo adulto.
Logo, o bebê associa o ato de alimentação com a redução da tensão alimentar com
sensação de prazer gerado pelo contato afetuoso do adulto. A boca é a primeira parte
do corpo que o bebê aprende a controlar e é a primeira que o bebê direcionará toda a
sua libido.
Ressaltando que libido, também de acordo com Freud, é a energia que alimenta
a pulsão da vida. Nesta fase oral, tudo o que o bebê faz como sugar, beber, comer ou
morder gerará prazer e satisfação. Com isso, mesmo que o bebê esteja alimentado ele
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ainda quererá sugar objetos por causa da pulsão, que é uma necessidade orgânica e
psíquica que nunca é satisfeita.
Na fase anal, que vai aproximadamente dos 2 aos 4 anos, a criança aprende a
controlar os esfíncteres (cocô e xixi). Neste momento a criança sente prazer tanto pela
expulsão quanto pela retenção. Também é conflituoso para a criança, pois na mesma
medida que é prazeroso eliminar o cocô, há a necessidade social de que se espere
chegar em local adequando para evacuar. Ao mesmo tempo, a criança percebe que
quanto mais controle fisiológicos ela adquire mais é elogiada. Contudo, também é
confuso perceber que recebe elogios por controlar a evacuação, mas também é sujo.
Aos 4 anos, a criança entra na fase fálica que é o momento que ela percebe
que ou tem um pênis ou que falta um (para as meninas). É quando há a erotização dos
órgãos genitais e, por isso, as crianças demonstram a vontade de manipulação destes.
Aqui é possível a observação e constatação do quanto a sexualidade encontra-se
presente na criança.
Totalmente desprovida de vergonha, a criança manifesta satisfação em se
despir e ver seus pares, surgindo curiosidade de ver os órgãos genitais e de manipulá-
los. A criança não segue nem obedece a regras e normas morais nessa fase.
A fase fálica é também a fase em que acontecem, por parte da criança, as
investigações sexuais, fruto do desejo de saber.
Ao mesmo tempo em que a vida sexual da criança chega a sua primeira
florescência, entre os três e os cinco anos, também se inicia nela a atividade que se
inscreve na pulsão de saber ou de investigar. Essa pulsão não pode ser computada
entre os componentes pulsionais elementares, nem exclusivamente subordinada à
sexualidade [...] Suas relações com a vida sexual, entretanto, são particularmente
significativas, já que constatamos pela psicanálise que, na criança, a pulsão de saber é
atraída, de maneira insuspeitadamente precoce e inesperadamente intensa, pelos
problemas sexuais, e talvez seja até despertada por eles. (FREUD, 1989a, p. 182)
A partir do questionamento “De onde vêm os bebês?”, a criança é levada a
“criar” teorias para resolver o enigma de sua própria existência, iniciando, assim,
indagações e investigações sobre a vida sexual.

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Freud diz que [...] a criança começa a refletir sobre o primeiro grande problema
da vida e pergunta a si mesma: ‘De onde vêm os bebês?’ [...] Essa pergunta é, como
toda pesquisa, o produto de uma exigência vital, como se ao pensamento fosse
atribuída à tarefa de impedir a repetição de eventos tão temidos [...] (FREUD, 1989c, p.
216, grifos do autor).
Na descoberta dos genitais, a criança então começa a direcionar a atenção
para o órgão. Nos meninos, ao se darem conta que as meninas não têm o pênis,
passam pela ansiedade de castração que é o medo de perder o pênis. Na fase fálica, a
criança começa a sentir "ciúmes" dos pais pela atenção que dão um ou outro e não dão
a ele. Os meninos passam pelo dito Complexo de Édipo. De forma geral, o amor e o
temor por ambos os pais, a ansiedade se castração e o desejo pela mãe, são conflitos
que não conseguem ser resolvidos por completo. Então são recalcados, ou seja, são
empurrados para o inconsciente o que impede que a criança reflita.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.
"(...) primeiras investigações são sempre sexuais e não podem deixar de sê-lo:
o que está em jogo é a necessidade de que tem a criança de definir, antes de mais
nada, seu lugar no mundo. E esse lugar é, a princípio, um lugar sexual" (KUPFER,
2007, P. 81)
A pulsão, o prazer são da criança para com ela mesma, para com seu próprio
corpo, sendo assim, uma atividade autoerótica. A sexualidade infantil é a busca de
prazer que pode ser por qualquer sexo. A criança e bissexual pois a sua sexualidade
não é predeterminada. A diferenciação homem/mulher só vai acontecer na fase genital.
A sexualidade é inerente ao sujeito ela é constitutiva da subjetividade humana e
compreende uma gama de excitações e desejos presentes no indivíduo desde a sua
infância.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Alexandra Nakano de. Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade de


Sigmund Freud e a psicologia da criança no final do século XIX. Dissertação
(Mestrado em História da Ciência) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo, 2006.

BOROTO, Ivonicleia Gonçalves; SENATORE, Regina Celia Mendes. A sexualidade


infantil em destaque: algumas reflexões a partir da perspectiva freudiana. RIAEE –
Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 14, n. n.esp.2, p.
1339-1356, julho 2019. Disponível em:
https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/12583. Acesso em: 30 mar.
2022.

CASTRO, Marcos. Freud e o desenvolvimento Psicossexual. Psicanálise Clínica.


2021. 8 p. Disponível em: https://www.psicanaliseclinica.com/freud-e-o-
desenvolvimento-psicossexual/. Acesso em: 21 mar. 2022. As teorias sexuais infantis
na atualidade: algumas reflexões S. M. A. Zornig Psicologia em Estudo, 34: 73-77, 2008

ZORNIG, Silvia Maria Abu-Jamra. As teorias sexuais infantis na atualidade: algumas


reflexões. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 1, p. 73-77, jan/mar 2008.

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