Você está na página 1de 6

A psicanálise de Sigmund Freud

1- Sigmund Freud

Freud, ou Sigmund Schlomo Freud criador da psicanálise nasceu em 6 de maio de 1856,


em Freiberg, na Morávia, atual Republica Tcheca. Os pais de Freud se chamavam Jacob
e Amália. Freud é o primogênito de oito filhos do casal. Sua família se mudou para
Viena quando ele tinha quatro anos de idade.

Freud sempre foi muito estudioso, e tirava boas notas em sua época de escola. Foi
considerado Autodidata quando tinha apenas 12 anos já lia obras de William
Shakespeare. Durante toda sua época escolar, Freud por ser judeu – mais tarde em sua
vida se declarou como ateu - freqüentou a escola de medicina na Universidade de Viena
em 1837 (Medicina e Direito eram as únicas opções viáveis para homens judeus naquela
época em Viena). O desejo de Freud era a área de pesquisa em neuropsicologia, porém
por ser uma área de extrema dificuldade de conseguir vaga, o mesmo passou para a
pratica privada com foco em neurologia. Aos 30 anos se casou com Martha Bernays e
com ela tiveram seis filhos.

Durante sua formação, Freud conheceu Josef Breuer medico e psicólogo que tinha um
trabalho com pacientes histéricas. Bruer usava a hipnose como forma de tratamento.
Freud presenciou junto com Breuer o caso de Anna O. Utilizando a hipnose para
incentivar os pacientes para falar sobre o passado, Breuer chamou de “cura pela fala” o
método em que os pacientes eram levados a discutir lembrança das quais não
conseguiam recordar durante o estado da consciência e assim os sintomas da hipnose
seriam aliviados. A partir disso, Freud escreveu o famoso “Estudo sobre a histeria” em
co-autoria de Breuer.

Em 1886, Freud volta a Viena e começa a atender em consultório particular.


Primeiramente usou a hipnose em seus pacientes neuróticos e histéricos. Durante sua
experiência em tratamento foi levado a questionar a possível existência de outra
instancia psíquica operando na mente (o que depois ele denominou como inconsciente).
Percebeu também que poderia obter mais de seus pacientes se os mesmos estivessem
relaxados e os incentivando a falar sobre aquilo que lhe viesse à mente (o que mais tarde
ele chamou de associação livre)
2 - A Criação da Psicanálise

Foi a partir de seus questionamentos anteriores ao aplicar a hipnose em seus pacientes


que Freud observou a possibilidade de existir alguma instancia que até então era
desconhecida para o próprio paciente. Freud então postula o aparelho psíquico,
afirmando que a consciência funcionava por níveis, o mesmo desenvolveu duas teorias
sobre o aparelho psíquico. A primeira consistia na divisão do psiquismo em
Inconsciente, pré consciente e consciente. Sendo o inconsciente a instancia mais
profunda e inacessível ao sujeito que funciona de maneira involuntária e onde estão os
conteúdos “desconhecidos” (Silvestre, 2008). Já no pré consciente ficam contidos os
conteúdos que não estão na consciência, porém podem ser acessados e assim se tornado
conscientes. E o consciente é considerado um estado transitório, fenômeno imediato,
uma idéia ou algo pode estar consciente e pode em outro momento não estar. Há um
fluxo constante entre as três instancias.

Foi também nesse período que o famoso conceito de libido foi desenvolvido. Para
Freud, a libido é a energia erótica que possibilita a vida. Utilizamos essa energia para
aquilo que é socialmente aceitável (religião, arte, estudo). É a libido que une os homens
para fins reprodutivos.

Apos o desenvolvimento, e por achar que o aparelho psíquico mais complexo que a
divisão de inconsciente, pré consciente e consciente. Freud formula a idéia de uma
segunda tópica sendo essa formada por ID, EGO E SUPEREGO. Id (isso) é a fonte de
energia pulsional (libido), é inconsciente e regido pelo principio do prazer evitando o
desprazer. O ego (eu) faz a mediação entre os desejos do id impossibilitando a realidade
externa e as demandas do supergo e está ligado ao principio de realidade o que torna o
homem civilizado, possui partes consciente e outra inconsciente. O Ego busca satisfazer
as vontades do Id e as demandas do superEgo. O superego (superEu) é o herdeiro do
complexo de Édipo e acusa os desejos que provém do Id antes que cheguem à
consciência. Assim como o Ego também possui partes inconsciente e consciente sendo a
maior parte funcionando de forma inconsciente.

Assim como ocorre na primeira tópica aonde há fluxos entre as instancias ocorre o
mesmo com Id, Ego e Superego apesar de serem diferentes há uma relação dialética
entre eles. Desse modo eles possuem a mesma natureza e atuam em conjunto.
O ego precisa manter equilíbrio entre as cobranças de satisfação de desejo do Id e as
acusações que o superego faz contra o id enquanto ocorre essa luta psíquica o ego tenta
de alguma forma reprimir essa forças contrarias como forma de autopreservação. Isso
gera um sentimento de culpa, sobrecarga até que ocorre o mecanismo para aliviar as
cobranças do ego chamando de recalcamento.

Recalcamento ou recalque é um mecanismo de defesa do ego, ele consiste em bloquear


as exigências ou pulsões do id. O recalque sempre vai recalcar a idéia e nunca o afeto
em si. Então quando há um recalcamento na pulsão do Id se recalca o que da sentido
aquela pulsão. Porém a libido (energia psíquica) vai funcionar como uma barreira do
recalcamento impedindo que os elementos ideativos do id sejam recalcados. Como a
libido não pode ser contida, ela rompe a barreira do recalque e todos os conteúdos
recalcados tentam retornar rumo à consciência desprovida do seu conteúdo original
(idéia) trazendo para o ego nova sobrecarga e culpa e formando para o sujeito o
sintoma.

Para manter o equilíbrio o ego traça estratégias para lidar com o retorno do recalcado,
Freud chamou essas estratégias de mecanismos de defesa do ego, que incluem a
substituição do objeto do prazer por outro que seja acessível, transformar desejos
negativos, ressignificações.

Os principais mecanismos de defesa são: repressão, a negação, a racionalização, o


isolamento, a formação reativa, a projeção, sublimação. É encontrado em todo os
sujeitos saudáveis o que os torna patológico é a sua presença indispensável e excessiva.

3 – Etapas do Desenvolvimento Psicossexual

Freud acreditava que a partir dos 6 anos de idade a personalidade do individuo já era
estabelecida. A partir da teoria do desenvolvimento psicossexual, Freud afirmava que a
personalidade era desenvolvida através de uma serie de estágios de infância em que as
energias da busca do prazer do ID tornam-se focadas em determinadas áreas erógenas, a
libido é a força por trás desse comportamento.

Sobre a sexualidade infantil por trás do desenvolvimento psicossexual há primeiramente


uma diferenciação desta para a sexualidade do adulto. A sexualidade infantil não é
necessariamente exercida através do contato sexual, mas de atividades que venham mais
tarde exercer um papel de prazer, a auto-eroção, por exemplo, é um desses exemplos.

As etapas desenvolvidas por Freud são cinco:

Fase Oral (Do nascimento até 18 meses)

A criança está voltada para os prazeres orais, como chupar, aqui é criado uma sensação
de conforto e confiança. A criança é totalmente dependente daqueles que exercem
papeis de cuidadores (os responsáveis pelo alimento). O grande conflito nesta fase é o
processo de desmamar. Se ocorrer a fixação nesta fase, acredita-se que o inviduo terá
problemas futuros com bebida, comer, fumar ou roer as unhas, depender de outras
pessoas e sempre serão seus seguidores.

Fase Anal (18 meses a 3 anos)

Durante essa fase o foco principal da libido de uma criança esta em voltar-se para o
controle da bexiga e do intestino, e ela obtém prazer por controlar essas atividades.
Freud acreditava que o sucesso nessa fase seria alcançado se os pais fizessem elogios e
recompensas durante o treinamento do uso do banheiro, deixando o filho sentir-se capaz
e protegido. (Kleinman, 2015). O conflito nesta fase é o treinamento do banheiro – a
criança aprender a controlar suas necessidades corporais. Se os pais forçam esse
treinamento o uso do banheiro isso poderia levar a criança a desenvolver futuramente
uma obsessão com a perfeição, limpeza e controle.

Fase Fálica (3 a 6 anos)

O foco principal da libido aqui é sobre os órgãos genitais. A criança também começa a
descobrir as diferenças entre machos e fêmeas. A fase em que os meninos começam a
ver seus pais como rivais pelo afeto da mãe e a filha começa a ver a mãe como rival
pelo afeto do pai, conhecido como o Complexo de Édipo, porém a criança também
nessa fase teme ser punida pelo pai por estes sentimentos, o que Freud chamou de
angustia de castração. Freud também acreditava que a fixação nessa fase poderia levar
a desvios sexuais e tornar a pessoa confusa ou com uma fraca identidade sexual.

Fase de Latência (6 anos até a puberdade)


Nessa fase os impulsos sexuais são reprimidos e a energia sexual da criança é dirigida a
outras interações fora de seu próprio corpo ou de sua constituição familiar. Aqui a
criança começa a querer ter mais interações sociais, atividades intelectuais. Durante essa
fase, há interação com crianças do mesmo sexo e não ocorre nenhum desenvolvimento
psicossexual ou fixação.

Fase Genital (da puberdade até a idade adulta)

A ultima fase no modelo de Freud os interesses da libido são suprimidos, aqui o ego e o
superego já estão em desenvolvimento e contribuem para este período. O prazer esta
centrado nas genitais, se houver fixação nessa fase, o individuo pode ter perversões
sexuais.

4 – As Técnicas na Clinica Psicanalítica

Após lançar mão da hipnose, Freud focou seus estudos e os tratamentos de seus
pacientes aos conteúdos inconscientes que trazem sofrimento subjetivo ao sujeito. Ele
formulou o conceito de “associação livre” que consistia em fazer com que o paciente
externasse qualquer tipo de pensamento que vinha a sua mente, isso facilitaria a
interpretação dos analista, pois por mais que o conteúdo, a fala do paciente pareça
desconexa por um primeiro momento o conteúdo patogênico ira se repetir durante o
tratamento dando forma ao discurso. A primeira experiência com associação livre
partiu de Elisabeth Von R. paciente que pediu a Freud que a deixasse falar livremente
sem interrupções. A associação livre raramente é livre em sua essência, pois existem
forças de resistências que impedem que o conteúdo se manifeste livremente .
A associação livre e os sonhos formam o que Freud chama de via régia para
o inconsciente.

Foi em 1900 que a obra A interpretação dos Sonhos foi publicado por Freud. Os sonhos
são particularidades do inconsciente, são desejos reprimidos, e que para Freud sempre
tem significado. Os desejos reprimidos estão relacionados primariamente aos nossos
desejos mais primitivos. O analista ao interpretar o sonho precisa levar em consideração
o contexto de cada paciente e ir dando-lhe o sentido.
Para Freud (1926) O manuseio da transferência é a parte mais importante da técnica de
análise. Transferência é um fenômeno que ocorre não somente dentro do consultório ou
dentro da relação terapêutica, transferência é a forma como se repete comportamentos,
emoções e afetos que ocorre primariamente em sua infância com pessoas que exercem
influencia e autoridade. Dentro da analise a transferência funciona como grande arma
para o tratamento, o paciente transfere na imparcialidade do analista as suas demandas,
seus desejos de reciprocidades, e também suas raivas, seus desejos sexuais. Quando isso
ocorre Freud denominou o fenômeno como “neurose de transferência”. O papel do
analista é recortar a transferência, interpretá-la e fazer com que o paciente saia dos
ciclos repetitivos patogênicos que o faz adoecer.

Ocorre também certo tipo de enamoramento do analisando pelo analista dada pelas
condições da analise, isso quando levado a diante pode se tornar um grande empecilho
para a funcionalidade do tratamento.

REFERENCIAS:

KLEINMAN, Paul. Tudo o que você precisa saber sobre psicologia: um livro
prático sobre o estudo da mente humana. Paul Kleinman; tradução Leonardo
Abramowciz – 1 ed. – São Paulo: Editora Gente, 2015.

FREUD, S. Um Estudo Autobiográfico, Inibição, Sintoma e Angustia, Analise


Leiga e outros trabalhos. ESB Vol XX. Rio de Janeiro: imago, 1977.

MOURA, Joviane Aparecida de SILVESTRE, Josel. Introdução á Psicanálise.


Psicologado, [S.I]. (2008). Disponível em:
https://psicologado.com.br/abordagens/psicanalise/introducao-a-psicanalise. Acesso em
21 Mai 2020.

Você também pode gostar