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QUEM SOMOS
MISSÃO
VISÃO
VALORES
Interpretação De Texto
É muito comum, entre os candidatos a um cargo público a preocupação com a interpretação de tex-
tos. Isso acontece porque lhes faltam informações específicas a respeito desta tarefa constante em
provas relacionadas a concursos públicos.
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de responder as questões relaci-
onadas a textos.
TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo
capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR).
CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informa-
ção que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do
conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que o relacio-
namento entre as frases é tão grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto original e anali-
sada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.
EXEMPLO
Fazem-se necessários:
a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática;
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
d) Capacidade de raciocínio.
Interpretar X Compreender
Erros de Interpretação
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes
são:
a) Extrapolação (viagem)
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimen-
to prévio do tema quer pela imaginação.
b) Redução
c) Contradição
Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas
e, consequentemente, errando a questão.
OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam,
mas numa prova de concurso qualquer, o que deve ser levado em consideração é o que o AUTOR
DIZ e nada mais.
COESÃO - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, orações, frases e/ou
parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo,
uma conjunção (NEXOS), ou um pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai
dizer e o que já foi dito.
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pro-
nome relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu ante-
cedente. Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor semânti-
co, por isso a necessidade de adequação ao antecedente.
Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz
erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo ade-
quado a cada circunstância, a saber:
que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente. Mas depende das condições da frase.
Quem (pessoa)
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Como (modo)
onde (lugar)
quando (tempo)
quanto (montante)
exemplo:
Depois de treinar bastante e ler muito, você estará pronto para interpretar os mais diversos tipos de
texto
Quantas vezes você já leu um texto e não entendeu nada do que estava escrito ali? Leu, releu e,
mesmo assim, ainda ficou com um nó na cabeça? Eu mesma já fiquei assim muitas vezes! Pensando
nisso, listamos 4 técnicas para fazer de você um mestre na interpretação! Depois disso, vai ficar fácil
entender até os mais complexos manuais de instrução (ok, talvez nem tanto, mas você vai arrebentar
no vestibular!).
Sabendo disso, aqui vão 4 dicas para fazer com que você consiga atingir essas três etapas! Confira
abaixo:
Não existe mágica para atingir a primeira etapa, a da pré-compreensão. O único jeito é ter um bom
nível de leituras.
Além de ler bastante, você pode potencializar essa leitura se estiver com um dicionário por perto. Viu
uma palavra esquisita, que você não conhece? Pegue um caderninho (vale a pena separar um só pra
isso) e anote-a. Em seguida, vá ao dicionário e marque o significado ao lado da palavra. Com o tem-
po o seu vocabulário irá crescer e não vai ser mais preciso ficar recorrendo ao dicionário toda hora.
2) Faça paráfrases
Para chegar ao nível da compreensão, é recomendável fazer paráfrases, que é uma explicação ou
uma nova apresentação do texto, seguindo as ideias do autor, mas sem copiar fielmente as palavras
dele. Existem diversos tipos de paráfrase, só que as mais interessantes para quem está estudando
para o vestibular são três: a paráfrase-resumo, a paráfrase-resenha e paráfrase-esquema.
– Paráfrase-resenha: esse outro tipo, além dos passos do resumo, também inclui a sua participação
com um comentário sobre o texto. Você deve pensar sobre as qualidades e defeitos da produção,
justificando o porquê.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
3) Leia no Papel
Um estudo feito em 2014 descobriu que leitores de pequenas histórias de mistério em um Kindle, um
tipo de leitor digital, foram significantemente piores na hora de elencar a ordem dos eventos do que
aqueles que leram a mesma história em papel.
Os pesquisadores justificam que a falta de possibilidade de virar as páginas pra frente e pra trás ou
controlar o texto fisicamente (fazendo notas e dobrando as páginas) limita a experiência sensorial e
reduz a memória de longo prazo do texto e, portanto, a sua capacidade de interpretar o que apren-
demos. Ou seja, sempre que possível, estude por livros de papel ou imprima as explicações (claro,
fazendo um uso sábio do papel, sem desperdícios!). Vale fazer notas em cadernos, pois já foi prova-
do também que quem faz anotações à mão consegue lembrar melhor do que estuda.
Uma das maiores dificuldades de quem precisa ler muito é a falta de concentração. Quem tem dificul-
dades para interpretar textos e fica lendo e relendo sem entender nada pode estar sofrendo de um
mal que vem crescendo na população da era digital. Antes da internet, o nosso cérebro lia de forma
linear, aproveitando a vantagem de detalhes sensoriais (a própria distribuição do desenho da página)
para lembrar de informações chave de um livro.
Conforme nós aumentamos a nossa frequência de leitura em telas, os nossos hábitos de leitura se
adaptaram aos textos resumidos e superficiais (afinal, muitas vezes você tem links em que poderá “ler
mais” – a internet é isso) e essa leitura rasa fez com que a gente tivesse muito mais dificuldade de
entender textos longos.
Os especialistas explicam que essa capacidade de ler longas sentenças (principalmente as sem links
e distrações) é uma capacidade que você perde se você não a usar. Os defensores do “slow-reading”
(em tradução literal, da leitura lenta) dizem que o recomendável é que você reserve de 30 a 45 minu-
tos do seu dia longe de distrações tecnológicas para ler.
Fazendo isso, o seu cérebro poderá recuperar a capacidade de fazer a leitura linear. Os benefícios da
leitura lenta vão bem além. Ajuda a reduzir o estresse e a melhorar a sua concentração!
a) Pré-compreensão: toda leitura supõe que o leitor entre no texto já com conhecimentos prévios
sobre o assunto ou área específica. Isso significa dizer, por exemplo, que se você pegar um texto do
3º ano do curso de Direito estando ainda no 1º ano, vai encontrar dificuldades para entender o assun-
to, porque você não tem conhecimentos prévios que possam embasar a leitura.
b) Compreensão: já com a pré-compreensão ao entrar no texto, o leitor vai se deparar com informa-
ções novas ou reconhecer as que já sabia. Por meio da pré-compreensão o leitor “prende” a informa-
ção nova com a dele e “agarra” (compreende) a intencionalidade do texto. É costume dizer: “Eu en-
tendi, mas não compreendi”. Isso significa dizer que quem leu entendeu o significado das palavras, a
explicação, mas não as justificativas ou o alcance social do texto.
c) Interpretação: agora sim. A interpretação é a resposta que você dará ao texto, depois de compre-
endê-lo (sim, é preciso “conversar” com o texto para haver a interpretação de fato). É formada então
o que se chama “fusão de horizontes”: o do texto e o do leitor. A interpretação supõe um novo texto.
Significa abertura, o crescimento e a ampliação para novos sentidos.
Opa, tudo bem? Como vai a vida? Hoje é um dia lindo para aprendermos a estudar interpretação de
textos, não acha? :)
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Você pensa que domina essa matéria e que está tudo bem se ela for deixada de lado, até que PÁ:
tira uma nota RIDÍCULA em português e, justamente, percebe que errou a maioria das questões de
interpretação ou de gramática aplicada ao texto. Ou você realmente é muito ruim interpretando as
coisas mesmo.
Tenho um grave problema com português, especialmente interpretação de texto. Meu desempenho
nunca é regular, sempre sendo 8 ou 80 ( quando vou bem tenho a sensação que pode ser mais no
chute do que racional).
Minha bronca é especificamente com o CESPE. Então, você teria alguma dica, material ou técnica de
estudo para eu quebrar essa barreira com a Língua Portuguesa?
Alright, then! Tá beleza, então! Vamos aprender interpretação e mandar a banca para o beleléu.
1. Leia mais (eu sei que é clichê, então vou te dar alternativas bacanas)
Quem não lê mal ouve, mal fala, mal vê. (Monteiro Lobato)
O homem que não lê bons livros não tem nenhuma vantagem sobre o homem que não sabe ler.
(Mark Twain)
Ler é beber e comer. O espírito que não lê emagrece como o corpo que não come. (Victor Hugo)
Se você quiser interpretar melhor, você deve ter O QUE INTERPRETAR. Sabe, não adianta ficar
querendo tapar o sol com a peneira e pedir para divindades que tudo dê certo. Querer todo mundo
quer. Você tem que ter seu algo a mais, aqui. Leia.
Não, você não odeia LER. Você odeia ler, sei lá, os livros que as pessoas em geral leem, ou aqueles
livros chatos que os professores da escola indicam/indicavam. Machado de Assis? Blergh! Olavo
Bilac? Parnasiano aguado! Manuel Bandeira? No, no, please!
É claro, então, que você odeia ler o que você odeia ler. Para fugir disso e melhorar sua interpretação
de textos, leia o que você achar delicioso. Vou te mostrar algumas boas opções para fugir do lugar-
comum.
Histórias Em Quadrinhos
Eu aprendi a ler com Turma da Mônica. Consegui interpretar desde cedo que o Cebolinha falava
“elado” porque ele era uma criança ainda aprendendo a falar com mais dificuldades do que as outras
crianças.
Sites de fofocas
Exemplo: Papel Pop: os sites de fofocas colocam duplo sentido em um milhão de textos, e isso é
fantástico para você. Toda vez que você não entender alguma coisa, pergunte-se: o que será que o
autor do texto quis dizer com isso? Você começa entendendo frases simples nesse tipo de site e
acaba conseguindo interpretar textos em provas de concursos. How great is that? Isso é muito legal,
né não? :)
Não é por acaso que Stranger Things é uma das séries originais da Netflix mais adoradas da atuali-
dade. Ela tem um ingrediente fascinante para qualquer pessoa de qualquer idade no mundo inteiro:
crianças pré-adolescentes ou adolescentes enfrentando coisas mais fortes do que elas. Come on.
Fala sério. Esse roteiro não é novo: existe em Harry Potter, Percy Jackson, Jogos Vorazes, E.
T., Sexto Sentido, Guerra dos Tronos (sim! Geral se interessou por Guerra dos Tronos por causa do
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Jon, da Dany, da Arya, da Sansa, do Jofrey, do Bran…) todo mundo adora uma creepy child (criança
esquisita), e os livros relacionados a elas são do tipo que você começa pela manhã e só termina
quando chega à última página.
Letras de Músicas
Você está a fim de decorar uma nova música? Pegue a letra dela, não tente decorar somente pela
cantoria da pessoa. Além de treinar sua interpretação, você treinará sua memória (é mais fácil deco-
rar uma letra entendendo o sentido dela).
Eu já ouvi um incontável número de pessoas cantando músicas que não condiziam com a letra origi-
nal, trocando totalmente o sentido da coisa. Isso acontece por dois motivos simples:
1. O som da música não permite que as pessoas entendam direito o que se fala; e
Não faz sentido, em um contexto comum, rolar um blues na madrugada e trocar de biquíni sem parar
ao mesmo tempo!
Outra:
Faz sentido você estar em uma festinha belezera, conhecer alguém e perguntar as coisas em Holan-
dês? Só na Holanda, né?
E há vááários outros exemplos! Amar a pé, amar a pé… (amar até, amar até); Ôh Macaco cidadão,
macaco da civilização… (Ôh pacato cidadão); Leste, oeste solidão… (S.O.S. solidão); São tantas
avenidas… (São tantas já vividas); e assim vai hehehe!
A dica que fica é: o que você interpretou não fez sentido? Então procure ENTENDER o que vo-
cê ouviu! Fazendo isso, você conseguirá conectar os fatos muito melhor e até memorizar mais rápido.
Em Interpretação, as palavras não são soltas, então não as trate como se estivessem ali sozinhas.
Eu vou repetir.
Em Interpretação, as palavras não são soltas, então não as trate como se estivessem ali sozinhas.
Você ouve “trocando” “de” “biquíni” “sem” “parar”. Só que, se você junta tudo isso, o troço não vai
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
fazer sentido algum! Não trate as palavras como se elas fossem alone in the dark (sozinhas no escu-
ro).
Frases de motivação são umas lindas. Além de ensinar tudo sobre mindset(mentalidade de aprova-
dos) elas são ótimas professoras de interpretação. Veja os exemplos que eu trouxe (logo abaixo, há
os significados das frases, caso você ainda esteja com a interpretação em baixa):
Perfeição é uma palavra capciosa. Ela denota algo positivo, mas leva a resultados negativos.
Na busca pela perfeição ao estudarmos para concursos públicos, acabamos por perder tempo de-
mais com assuntos que não nos levarão a nada (aliás, essa é a minha grande lição no Ritmo de Es-
tudos, o meu curso oficial – eu ensino a excluir conteúdo que não interessa).
Perfeição é uma grande inimiga do resultado. Enquanto a maioria entra em concursos públicos pen-
sando que deve estudar todo o edital de uma mesma maneira, sem colocar os devidos pesos, poucos
são os que realmente conseguem grandes notas por terem sido mais espertos.
Essa frase é de George Eliot. O sr. Eliot mal saberia que muitos anos após sua morte, em um pa-
ís far, far away, grupos de concurseiros falariam coisas como:
Todos os dias eu recebo mensagens de pessoas que têm algum motivo sem noção para desistir (ou
para não entrar em ação). A idade é um dos campeões do desculpismo.
A verdade, entretanto, é só uma: ficar na inércia é que não vai trazer resultados a ninguém.
Colonel Sanders chegou a pensar no suicídio aos 65 anos de idade. Quando começou a escrever sua
carta de adeus, decidiu falar tudo o que faria diferente para que sua vida tivesse seguido o rumo que
ele sempre quis. Ao invés de se matar, Sanders começou a vender sua própria receita de frango frito
de porta em porta. Aos 88 anos, o fundador do Kentucky Fried Chicken (KFC), nos Estados Unidos,
tornou-se um bilionário.
Como fangirl da Apple, eu não poderia deixar de citar uma do Steve Jobs.
Nos concursos públicos, chegará um momento em que você achará que já sabe demais. Até você
passar, você perceberá, entretanto, que precisa sempre de honestidade para entender que não sabe
de tudo, e sempre deve correr atrás de mais e mais conhecimento.
E isso vale para depois que passar, também. Do contrário, você será daquele tipo de concursado
aposentado: morre aos 25 e só é enterrado aos 85.
Napoleon Hill estava no ápice da genialidade quando disso isso. Se você consegue ENTENDER al-
guma coisa, você consegue fazer essa coisa. Se você consegue entender o processo de passar em
concursos públicos, você conseguirá passar muito mais rápido.
Por fim, mas não menos importante: você só aprenderá a interpretar se você aplicar todas as dicas
que eu dei (e darei) neste artigo. Conhecimento só é válido quando se consegue agir sobre ele.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Existem milhares de outras frases de motivação por aí. Faça uma por dia. E, claro, interprete cada
uma delas.
Existe um livro em inglês chamado Happy for No Reason (Feliz sem Ter Motivo), da autora Marci
Shimoff. De acordo com Shimoff, existem as pessoas que não são felizes, existem as pessoas que
são felizes por algum motivo (geralmente por estarem com outras pessoas) e existem as pessoas que
são felizes sem ter motivo.
No primeiro caso, de acordo com a autora, as pessoas estão em um estágio de depressão profunda;
no segundo caso, as pessoas estão felizes, mas, como estão felizes por um MOTIVO, esse motivo
pode ser retirado delas; e no terceiro caso as pessoas são felizes apenas por ser (entretanto, poucas
conseguem chegar lá).
Um dos casos em que as pessoas buscam a felicidade por um motivo (aquela que pode ser tirada
delas) é o da má interpretação. A pessoa se martiriza internamente por uma frase que pegou fora de
contexto, ou cria algum tipo de raiva por algo que ouviu falar por terceiros, e a infelicidade a encontra.
Por isso, interpretar o que ocorre em sua vida dentro de um contexto lógico também te ajudará em
provas de concursos públicos.
Em 90% dos casos, você perceberá que não é pessoal, e isso não será problema seu. Nos outros
10% (se for pessoal), o problema também não é seu.
Querendo ou não, interpretar textos também significa aprender a Língua Portuguesa. Saber qual é o
sujeito, qual é o advérbio, qual é o objeto indireto poderá te salvar de várias situações ruins.
O lance é que a gramática pura (por si só) não te ajudará em basicamente nada se você não conse-
guir aplicá-la. E aprender gramática consiste no seguinte:
Um erro comum é pensar demais. Depois de muito treino (com todas as outras dicas), você estará
com a preparação em nível avançado na interpretação de textos.
Daí, chega o momento da prova e você começa a querer pensar demais: “e se não for realmente
isso? E se for um peguinha? E se? E se?”.
Para evitar que isso aconteça, só existe um remédio: fazer muitas provas de interpretação de textos,
e de preferência da banca que fará seu certame. Eu não estou falando de fazer duas, três provas. Eu
estou falando de 20, 30 provas, cada uma com 15, 20 questões, cada uma com 3, 4 textos. Lembre-
se: permaneça ignorante. Permaneça com fome.
Uma boa interpretação de texto é importante para o desenvolvimento pessoal e profissional, por isso
elaboramos algumas dicas preciosas para auxiliar você nos seus estudos.
Você tem dificuldades para interpretar um texto? Se a sua resposta for sim, não se desespere, você
não é o único a sofrer com esse problema que afeta muitos leitores.
Não saber interpretar corretamente um texto pode gerar inúmeros problemas, afetando não só o de-
senvolvimento profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. O mundo moderno cobra de
nós inúmeras competências, uma delas é a proficiência na língua, e isso não se refere apenas a uma
boa comunicação verbal, mas também à capacidade de entender aquilo que está sendo lido.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
analogias e criar inferências. Para que você não sofra mais com a análise de textos, elaboramos al-
gumas dicas para você seguir e tirar suas dúvidas.
Uma interpretação de texto competente depende de inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos
de contemplar alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas vezes, apressados, des-
cuidamo-nos das minúcias presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufici-
ente, o que não é verdade. Interpretar demanda paciência e, por isso, sempre releia, pois, uma se-
gunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes que não foram observados anteriormente.
Para auxiliar na busca de sentidos do texto, você pode também retirar dele os tópicos frasais presen-
tes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreensão do conteúdo exposto. Lembre-se de
que os parágrafos não estão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleatória, se
estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, estabelecendo uma relação hierárquica
do pensamento defendido, retomando ideias supracitadas ou apresentando novos conceitos.
Para finalizar, concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo autor: os textos argumenta-
tivos não costumam conceder espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
entrelinhas. Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você precise ficar preso na
superfície do texto, mas é fundamental que não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e ines-
pecíficas.
Quem lê com cuidado certamente incorre menos no risco de tornar-se um analfabeto funcional e ler
com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, assim como uma técnica, que fará de
nós leitores proficientes e sagazes. Agora que você já conhece nossas dicas, desejamos a você uma
boa leitura e bons estudos!
Interpretação de Texto: veja os principais pontos nos quais você deve focar durante a leitura dos tex-
tos nas provas do Enem, dos vestibulares e do Encceja. Revise como interpretar um texto, e mande
bem nos Exames!
Saber ler e interpretar um texto é o primeiro passo na resolução de qualquer questão do Enem. A
compreensão do enunciado é uma chave essencial para iniciar a resolução dos problemas.
Por isso mesmo o tema da Interpretação de Texto é o que mais cai no Enem e nos Vestibulares. Aqui
vão algumas dicas que podem facilitar a compreensão e tornar o ato de interpretar um texto mais
rápido e eficaz.
A primeira coisa que deve ser feita na Interpretação de texto é decompor o texto em suas “ideias bá-
sicas”. Qual é o foco do texto e quais são os principais conceitos definidos pelo autor. Esta operação
fará com que o significado do texto “salte aos olhos” do leitor. É assim que se estuda interpretação de
texto para o Enem.
• “Incalculável é a contribuição do famoso neurologista austríaco no tocante aos estudos sobre a for-
mação da personalidade humana”.
• Sigmund Freud (1859 – 1939) conseguiu acender luzes nas camadas mais profundas da psique
humana: o inconsciente e subconsciente. Começou estudando casos clínicos de comportamentos
anômalos ou patológicos, com a ajuda da hipnose e em colaboração com os colegas Joseph Breuer e
Martin Charcot (Estudos sobre a histeria, 1895).
• Insatisfeito com os resultados obtidos pelo hipnotismo inventou o método que até hoje é usado pela
psicanálise: o das ‘livres associações’ de ideias e de sentimentos, estimuladas pelo terapeuta por
palavras dirigidas ao paciente com o fim de descobrir a fonte das perturbações mentais.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
• Para este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da lin-
guagem onírica dos pacientes, considerando os sonhos como compensação dos desejos insatisfeitos
na fase de vigília.
• “Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo cultural da época, foi a apresentação
da tese de que toda neurose é de origem sexual.” (Salvatore D’Onofrio). IDEIAS – NÚCLEO. Veja a
seguir o Passo inicial da Interpretação de Texto
• O autor do texto afirma, inicialmente, que Sigmund Freud ajudou a ciência a compreender os níveis
mais profundos da personalidade humana, o inconsciente e subconsciente.
A segunda ideia – núcleo mostra que Freud deu início à sua pesquisa estudando os comportamentos
humanos anormais ou doentios por meio da hipnose. Insatisfeito com esse método criou o das “livres
associações de ideias e de sentimentos”.
* “Para este caminho de regresso às origens de um trauma, Freud se utilizou especialmente da língua
gemonírica dos pacientes, considerando os sonhos como compensação dos desejos insatisfeitos na
fase de vigília”.
Aqui, está explicitado que a descoberta das raízes de um trauma se faz por meio da compreensão
dos sonhos, que seriam uma linguagem metafórica dos desejos não realizados ao longo da vida do
dia a dia. É assim, passo a passo, que você faz a interpretação de texto.
* “Mas a grande novidade de Freud, que escandalizou o mundo cultural da época, foi à apresentação
da tese de que toda neurose é de origem sexual.”.
Conclusão: Por fim, o texto afirma que Freud escandalizou a sociedade de seu tempo, afirmando a
novidade de que todo o trauma psicológico é de origem sexual.
A finalidade deste exemplo foi de mostrar como captar o foco central na interpretação do texto e cap-
tar a ideia transmitida pelo autor de forma sagaz. O ideal, na hora de interpretar um texto, é fazer uma
leitura dinâmica, a fim de captar sua ideia principal, para depois ler novamente para que possa ser
feita uma análise mais a fundo do mesmo.
Ler e interpretar um texto parece muito simples, e de fatoé. Mas, existem os segredos da Interpreta-
ção de Texto nas provas do Enem e similares. Foram estes segredos que você aprendeu nesta aula.
Provavelmente, você já errou algum exercício quando sabia o conteúdo da questão. A decepção
quando a gente erra uma questão por besteira é enorme, né?
A interpretação afeta o nosso relacionamento com amigos, familiares, colegas e professores. E tam-
bém a diversão ao assistir a um filme, ouvir uma música, ver uma série…
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
As próximas dicas tem a intenção de melhorar a sua capacidade interpretativa para as provas e tam-
bém para o dia a dia.
Gráficos e tabelas caem com muita frequência no Enem, nos vestibulares e concursos públicos. Além
dos processos seletivos, eles também são bastante utilizados por jornais e pelo mercado de trabalho.
Entendê-los pode não ser fácil, mas não desista. Muitas vezes, ao se deparar com esse tipo de dado
em um exercício, a gente coloca barreiras como “não sei, sou de Humanas“. Mas não deve ser assim
Quando você aprender como eles funcionam, vai ser cada vez mais fácil fazer a interpretação desse
tipo de texto.
Com o passar do tempo (e depois de praticar bastante), é possível que você comece a gostar de criar
gráficos e tabelas. Eles são uma maneira prática de resumir um conjunto de informações importantes.
Obs: Você percebeu que recomendei uma aula de Português e outra de Matemática para aprender
gráficos? Esse conteúdo é frequente em questões interdisciplinares, incluindo a redação.
A ordem direta é a que organiza as palavras da seguinte forma: sujeito + predicado + complemento
Esse é o jeito objetivo de entender uma oração. Faça o exercício de reorganizar as orações que es-
tão na ordem indireta, principalmente os enunciados das questões.
Preste atenção a todos os tipos de texto (como infográficos, gráficos, tabelas, imagens, citações e
poemas).
Circule os nomes dos autores, livro e ano de publicação nas referências do texto. Tais detalhes talvez
revelem o tema da questão e até mesmo a resposta.
Basta olhar as referências para saber que o texto acima é relacionado aos Direitos Humanos, apro-
ximadamente sobre 2016.
Olhando o título, vejo que ele é sobre intolerância religiosa. Depois de analisar o infográfico e o gráfi-
co, tenho uma ideia das principais religiões discriminadas e da evolução da violência de 2013 a 2014.
Talvez eu não saiba que a liberdade para expressar a religião é um dos Direitos Humanos. Mas a
referência me ajuda a saber que existe uma relação entre os direitos humanos e a intolerância religi-
osa no Brasil (título do texto).
Provavelmente você já viu memes ou menes nas redes sociais. Para entender o que significam, é
preciso interpretar, no mínimo, a relação entre dois elementos, que podem ou não estar na imagem.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
No primeiro post, você precisa saber colocação pronominal segundo a norma culta e saber como são
entrevistas de emprego para entender a referência. No segundo post, deve conhecer o que é um
elétron e a marca Ricardo Eletro.
Para praticar, experimente anotar em um papel o que é engraçado no post e quais são os elementos
que causam esse efeito de sentido.
Depois de um hora fazendo uma leitura densa, ficamos cansados. Precisamos ter resistência para
não fazer análises equivocadas dos textos. Uma das formas de desenvolver a resistência é se acos-
tumar a compreender textos longos.
Procure fontes relevantes para os assuntos que você estuda no dia a dia. As provas do Enem, além
de serem úteis para praticar e simular a avaliação deste ano, podem ajudar a acostumar com a leitura
desse tipo de texto.
Vale lembrar que a maneira que a gente lê um texto impresso e na tela do celular ou computador é
diferente. Se você irá fazer provas impressas, prefira ler textos assim.
6. Compreenda Músicas
As músicas estão presentes no nosso dia a dia e utilizam muitas figuras de linguagem (a gente expli-
ca as principais neste outro artigo).
Depois de escutar uma música de que você gosta, reflita sobre a letra. O que o autor quis dizer com
ela? Pesquise a letra e tente interpretar o significado de cada estrofe.
7. Leia Tirinhas
O Enem costuma avaliar habilidades importantes na vida prática. Tirinhas são facilmente encontra-
das, são uma leitura leve, divertida e sempre precisam de interpretação.
Muitas vezes elas expõem algum problema social, histórico, ou tem uma crítica implícita.
Escolha uma ou duas palavras que resumam o que você leu nos trechos menores, para se lembrar
depois.
Em seguida, procure relações entre o que você acabou de ler. Por exemplo: de oposição, causa e
consequência, adição.
Fazemos o procedimento acima para classificar orações subordinadas, mas ele também pode ser útil
para a interpretação como um todo.
9. Use Um Dicionário
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Quando estiver lendo em casa, tenha um dicionário por perto e pesquise o que não entender. Só
assim vai ser possível interpretar depois.
Para memorizar, anote as palavras que você descobriu o que significam em um caderninho. Elas
poderão ser úteis para resolver exercícios e também para a redação.
Algumas obras literárias utilizam palavras antigas e de difícil entendimento. Vale lembrar que existem
vestibulares que apresentam pequenos glossários nas questões. Então não dê muita atenção aos
termos arcaicos na hora da leitura.
Todos nós já passamos por alguma situação confusa, que não fez muito sentido. Pode ser na hora de
resolver uma lista de exercícios ou em uma conversa com seus parentes, por exemplo.
Quando isso acontece, pode ser porque você não conseguiu interpretar corretamente. Então é útil
procurar ajuda em um dicionário, videoaula ou no Google.
Reescreva o que você acabou de ler de maneira resumida e utilizando sinônimos. Se preferir, escre-
va em tópicos.
O objetivo desta dica é ter certeza de que você interpretou o texto e também consegue explicar de
maneira simples.
Interpretação De Textos
A interpretação de textos é um exercício que requer técnica e dedicação. Existem algumas dicas que
ajudam o leitor a aprimorar a compreensão dos mais variados gêneros textuais.
Letrado não é aquele que decodifica uma mensagem: letrado é o indivíduo que lê e compreende o
que lê.
No Brasil, infelizmente, grande parcela da população sofre com o analfabetismo funcional, que nada
mais é do que a incapacidade que um leitor tem de compreender textos — inclusive os textos mais
simples — de gêneros muito acessados no cotidiano.
O analfabeto funcional não transforma em conhecimento aquilo que lê, pois sua capacidade de inter-
pretação textual é reduzida.
Ao contrário do que muitos pensam, o problema atinge pessoas com os mais variados níveis de esco-
laridade, e não apenas aqueles cuja exposição ao estudo sistematizado foi reduzida.
Para que você possa aprimorar sua capacidade de interpretação, o sítio de Português elaborou al-
gumas dicas que vão te ajudar a alcançar uma leitura proficiente, livre de quaisquer mal-entendidos.
Boa leitura e bons estudos!
Sabemos que nem sempre é possível ter a tranquilidade desejada para estudar, ainda mais quando
somos obrigados a conciliar várias atribuições em nossa rotina, mas sempre que possível, fique livre
de interferências externas e escolha ambientes adequados para a leitura.
Um ambiente adequado é aquele que oferece silêncio e algum conforto, afinal de contas, esses fato-
res influenciam de maneira positiva os estudos.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Quem nunca precisou interromper a leitura diante de um vocábulo desconhecido? Essa é uma situa-
ção corriqueira, mesmo porque o léxico da língua portuguesa é extenso. É claro que desconhecer o
significado de algumas palavras pode atrapalhar a interpretação textual, por isso, o ideal é que você,
diante de um entrave linguístico, consulte um bom dicionário.
Na impossibilidade de consultar um dicionário, anote a palavra para uma consulta posterior. É assim
que um bom vocabulário é construído, e acredite: ele sempre estará em construção, pois estamos
constantemente em aprendizado.
Sabemos que a tecnologia nos oferece diversos suportes que facilitam e democratizam a leitura e
que os livros digitais são uma realidade. Contudo, sempre que possível, opte por livros ou documen-
tos físicos, isto é, impressos.
O papel oferece a oportunidade de ser rabiscado, nele podemos fazer anotações de maneira rápida e
prática, além de ser a melhor opção para quem tem dificuldades de interpretação textual.
Explicações Preliminares
Todos têm dificuldades com interpretação de textos. Encare isso como algo normal, inevitável. Impor-
tante é enfrentar o problema e, com segurança, progredir. Aliás, progredir muito. Leia com atenção os
itens abaixo.
1) Desenvolva o gosto pela leitura. Leia de tudo: jornais, revistas, livros, textos publicitários, listas
telefônicas, bulas de remédios etc. Enfim, tudo o que estiver ao seu alcance. Mas leia com atenção,
tentando, pacientemente, apreender o sentido. O mal é “ler por ler”, para se livrar.
2) Aumente o seu vocabulário. Os dicionários são amigos que precisamos consultar. Faça exercícios
de sinônimos e antônimos. (Consulte o nosso Redação para Concursos, que tem uma seção dedica-
da a isso.)
3) Não se deixe levar pela primeira impressão. Há textos que metem medo. Na realidade, eles nos
oferecem um mundo de informações que nos fornecerão grande prazer interior. Abra sua mente e
seu coração para o que o texto lhe transmite, na qualidade de um amigo silencioso.
4) Ao fazer uma prova qualquer, leia o texto duas ou três vezes, atentamente, antes de tentar res-
ponder a qualquer pergunta. Primeiro, é preciso captar sua mensagem, entendê- lo como um todo, e
isso não pode ser alcançado com uma simples leitura. Dessa forma, leia-o algumas vezes. A cada
leitura, novas idéias serão assimiladas. Tenha a paciência necessária para agir assim. Só depois
tente resolver as questões propostas.
5) As questões de interpretação podem ser localizadas (por exemplo, voltadas só para um determi-
nado trecho) ou referir-se ao conjunto, às idéias gerais do texto. No primeiro caso, leia não apenas o
trecho (às vezes uma linha) referido, mas todo o parágrafo em que ele se situa. Lembre-se: quanto
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
mais você ler, mais entenderá o texto. Tudo é uma questão de costume, e você vai acostumar-se a
agir dessa forma. Então - acredite nisso - alcançará seu objetivo.
6) Há questões que pedem conhecimento fora do texto. Por exemplo, ele pode aludir a uma determi-
nada personalidade da história ou da atualidade, e ser cobrado do aluno ou candidato o nome dessa
pessoa ou algo que ela tenha feito. Por isso, é importante desenvolver o hábito da leitura, como já foi
dito. Procure estar atualizado, lendo jornais e revistas especializadas.
II) Paráfrase
1) Emprego de sinônimos.
Ex.: Embora voltasse cedo, deixava os pais preocupados. Conquanto retornasse cedo, deixava os
genitores preocupados.
Ex.: Paulo e Antônio já saíram. Paulo foi ao colégio; Antônio, ao cinema. Paulo e Antônio já saíram.
Aquele foi ao colégio; este, ao cinema. Aquele = Paulo este = Antônio
Ex.: É necessário que todos colaborem. É necessária a colaboração de todos. Quero o respeito do
grupo. Quero que o grupo me respeite.
Ex.: Nós desejávamos uma missão mais delicada, mais importante. Desejávamos missão mais deli-
cada e importante.
Ex.: Lendo o jornal, cheguei à conclusão de que tudo aquilo seria esquecido após três ou quatro me-
ses de investigação. Cheguei à conclusão, lendo o jornal, de que tudo aquilo, após três ou quatro
meses de pesquisa, seria esquecido.
Ex.: A mulher plantou uma roseira em seu jardim. (voz ativa) Uma roseira foi plantada pela mulher em
seu jardim. (voz passiva analítica)
Obs.: Se o sujeito for indeterminado (verbo na 3ª pessoa do plural sem o sujeito expresso na frase),
haverá duas mudanças possíveis.
Ex.: Plantaram uma roseira. (voz ativa) Uma roseira foi plantada. (voz passiva analítica)
8) Troca de discurso
Ex.: Naquela tarde, Pedro dirigiu-se ao pai dizendo: - Cortarei a grama sozinho. (discurso direto) Na-
quela tarde, Pedro dirigiu-se ao pai dizendo que cortaria a grama sozinho. (discurso indireto)
9) Troca de palavras por expressões perifrásticas (vide perífrase, no capítulo seguinte) e vice-versa
Ex.: Castro Alves visitou Paris naquele ano. O poeta dos escravos visitou a cidade luz naquele ano.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Ex.: O homem da cidade não conhece a linguagem do céu. O homem urbano não conhece a lingua-
gem celeste.
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Tipologia Textual
Quando se fala em tipologia textual há apenas 5 tipos: narração, dissertação, descrição, injunção e
exposição.
De maneira geral, podemos definir tipologia textual como a classificação de um texto de acordo com
sua forma, estrutura e conteúdo.
Existe uma variedade enorme de entendimentos sobre a forma correta de definir os tipos de texto.
Embora haja uma discordância entre várias fontes sobre a quantidade exata de tipos textuais, vamos
trabalhar aqui com 4 tipos essenciais:
1. Texto narrativo
2. Texto dissertativo
3. Texto descritivo
4. Texto injuntivo
Além de metodologicamente ficar mais fácil de entender, essa divisão está de acordo com o que os
editais de concurso cobram, e não é resumida, embora pareça. Isso porque esses tipos têm
subdivisões, a depender da forma como forem aplicados.
Aqui vamos aprender ponto a ponto o que são esses tipos textuais e suas características, suas
subdivisões, e exemplos.
Antes de começarmos a identificar as peculiaridades de cada tipo, quero lhe alertar para uma
pegadinha bem comum: a confusão entre tipo e gênero textual.
Enquanto o tipo é a classificação do texto de acordo com a sua estrutura, conteúdo e forma, o gênero
se refere mais à classificação cultural e histórica de um texto.
São exemplos de gênero textual: romance, poema, reportagem, artigo, notícia, receita etc. Cada
gênero textual costuma ter mais ou menos as características de determinado tipo.
O gênero romance, por exemplo, frequentemente tem as características do tipo narração. Um artigo
costuma se enquadrar no perfil da dissertação, e por aí vai.
Podemos dizer que os gêneros textuais são como países, e os tipos textuais são como línguas.
Os Estados Unidos e a Inglaterra são países, mas ambos falam inglês. O conto e o romance são
Agora vamos passar ao estudo de cada tipologia textual propriamente dita. Para começar vamos falar
sobre a narração.
Uma das característica do tipo de texto narrativo é a organização de fatos, ao longo do texto, em
episódios.
Se eu pudesse resumir a narração em uma palavra, eu diria que ela é uma história.
Na narração nós encontramos personagens, reais ou não, que são os referenciais para o desenrolar
da história. Os fenômenos vão ocorrendo no decorrer dos episódios até chegar num desfecho, a
conclusão, ou “final”, da narrativa.
Em uma narração sempre haverá alguém que conta a história. Veja os tipos de narrador existentes:
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Narrador Onisciente
É aquele que “sabe de tudo” da história. O narrador onisciente fala sobre os detalhes da narrativa,
dando características de lugares, sentimentos e pensamentos dos personagem. O narrador
onisciente fala até mesmo de mais de um fato ocorrendo simultaneamente em locais diferentes.
O narrador onisciente pode ser neutro, quando não manifesta suas opiniões durante a narração,
ou seletivo, quando opta por defender algum ponto de vista durante a história.
Narrador Observador
O narrador observador é aquele que não tem uma visão de todos os aspectos que ocorrem na
história. Ele visualiza a narrativa de apenas um ângulo, e não tem acesso a pensamentos, emoções e
fenômenos internos aos personagens.
Narrador Personagem
É o caso do narrador que faz parte da história. Também é conhecido como “narrador em primeira
pessoa”. Ele tem uma visão própria dos acontecimentos, de acordo com a sua experiência e visão de
mundo.
É muito utilizado por possibilitar o suspense na história, já que o leitor vai descobrindo junto com o
personagem/narrador todos os detalhes da narrativa.
Alguns estudiosos dos tipos textuais consideram o que chamam de tipo dialogal ou conversacional.
Esse texto seria caracterizado pela predominância de diálogos e conversas em sua estrutura.
Mas esse não é um tipo específico, e sim uma subdivisão do tipo narrativo, já que também conta uma
história (de uma conversa).
Então, se você ouvir falar do tipo dialogal ou conversacional, lembre-se que ele é uma narração
construída predominantemente com diálogos.
Mais uma subdivisão do tipo narrativo é a predição, que nada mais é que uma previsão do que irá
ocorrer. Quando um astrólogo faz uma previsão (ou predição), ele narra os acontecimentos.
Logo, podemos entender que o tipo textual predição é nada mais, nada menos, que uma narração
preditiva.
Toda narração possui um enredo, ou sequência. É uma estratégia de organização da narração para
que ela faça sentido para o leitor. O enredo bem construído deixa o leitor atento a toda a história.
• Apresentação: como o próprio nome diz, apresenta os personagens, lugares e tempo em que a
narrativa ocorre.
• Clímax: é o momento de maior tensão da história. É quando é gerada no leitor a ânsia pelo
desfecho.
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TIPOLOGIA TEXTUAL
A tipologia dissertativa tem-se a intenção de explicar, provar, analisar, expor ideias e/ou discutir
determinado assunto.
Na dissertação, o escritor geralmente defende uma tese ou expõe uma série de fatos e ideias que
levam a uma constatação.
O texto dissertativo é impessoal e utiliza-se de estruturas lógicas para se sustentar. Existem duas
subdivisões na tipologia dissertativa: a dissertação expositiva (exposição) e a dissertação
argumentativa (argumentação).
Dissertação Argumentativa
Para isso, é apresentada uma tese, que é discutida e sustentada ao longo do texto, até chegar à
conclusão. Nas provas de redação para concurso é o tipo textual mais cobrado.
• Conclusão – faz referência a tudo que foi discutido no texto e apresenta criticamente possibilidades
de intervenção no problema discutido.
• PARÁGRAFO 1 = Introdução
• PARÁGRAFO 2 = Desenvolvimento 1
• PARÁGRAFO 3 = Desenvolvimento 2
• PARÁGRAFO 4 = Conclusão
Muita gente considera a dissertação expositiva como uma tipologia textual, a exposição. Mas ela
nada mais é que uma subdivisão da dissertação.
Na exposição são elencados fatos e ideias para conhecimento do leitor, sem, entretanto, a intenção
de convencimento de quem lê.
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Intuitivamente não é muito difícil de compreender as características de um texto descritivo. Ele pode
ser identificado pela forma como aponta as peculiaridades de um objeto, lugar ou evento no decorrer
do texto.
A tipologia descritiva traz detalhes sobre a cor, forma, sensações, sentimentos, dimensões, cheiros e
outras características de algo ou alguém.
Na descrição o autor do texto se dedica a explicar como é alguma coisa. Para fazer uma descrição,
o autor se coloca na condição de observador do que ele pretende descrever.
É como se ele fizesse uma fotografia do objeto, lugar ou pessoa descrita. Para isso ele utiliza
principalmente os cinco sentidos: paladar, tato, olfato, audição e visão.
A quarta, e última, tipologia textual é a injunção, que nada mais é que uma prescrição sobre o que
dever ser feito e/ou como dever ser feito.
O texto injuntivo tenta controlar a ação de quem lê, por isso, muito frequentemente, aparece com a
utilização de imperativos.
Na injunção a linguagem utilizada geralmente é objetiva e direta, pois a intenção é apenas fazer com
que alguém compreenda as instruções dadas.
Algumas práticas comuns nos textos injuntivos: ordens, prescrições, proibições, sugestões e tutoriais.
Exemplos De Narração
Agora que você conhece as principais características de cada tipologia textual, vamos ver alguns
exemplos de cada tipologia, para aprender na prática como elas são construídas.
Para iniciar, um conto do escritor Luís Pimentel, retirada do livro “Grande homem mais ou menos”:
As Chuteiras Do Pai
Do pai, só conheceu a fama. Sabia que tinha sido o maior apoiador que a cidade já vira jogar,
envergando a camisa do Esporte Clube Simpatia e também a da seleção local, nos famosos
campeonatos intermunicipais.
Partiu cedo, o pai, e quase não pôde deixar. Ficaram algumas dívidas para a mãe saldar e um par de
chuteiras para ele. O sonho era vestir a camisa do Simpatia e calçar as chuteiras do pai, tão logo os
pés estivessem no ponto. Quando sentiu finalmente o couro ajustado ao meião, caprichou na graxa e
na flanela pouco antes de entrar no campo do bairro. As chuteiras do pai brilhavam tanto quanto os
olhos do rapaz, cumprimentando os torcedores que se acotovelavam à beira do campo, ouvindo os
comentários:
– É filho do falecido. Estreia hoje no time, jogando na mesma posição e calçando as chuteiras que
foram dele.
So aos vinte anos de jogo encontrou a bola, assim mesmo para dar um passe mal feito. Pouco depois
a sobra na entrada da área, quando descia no apoio. A grande chance na falha do adversário, bola
sobrando na área, oferecida, era só bater de jeito.
Pegou mal com a esquerda e ainda pisou em um buraco com a direita, saindo um chutezinho fraco,
para fora. Caiu meio desengonçado e ouviu as gargalhadas dos torcedores.
Pediu substituição no intervalo e não voltou mais aos treinos. Tirou a poeira das chuteiras e mandou
consertar uma trava amassada. Guardou no armário, onde o pai guardava e de onde jamais deveria
ter saído.
Não daria para ele, era certo. Talvez para o filho dele, um dia, quem sabe.
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Exemplos de Dissertação
Agora tratemos do texto dissertativo. Primeiro, um exemplo encontrado no Jornal Folha de São Paulo,
de autoria do colunista Bernardo Mello Franco. Trata-se de um texto dissertativo argumentativo:
Os tribunais de contas foram criados para evitar a pilhagem dos cofres públicos. Com frequência,
fazem o contrário. Tapam os olhos para os desvios e embolsam parte do dinheiro roubado.
Em março, a Polícia Federal promoveu uma faxina no Tribunal de Contas do Estado do Rio. Dos sete
conselheiros, cinco foram varridos para a cadeia. Um sexto, que delatou os comparsas, passou a
cumprir prisão domiciliar.
Todos os presos chegaram ao tribunal de contas por indicação política. Quatro foram deputados
estaduais. Os outros dois prestaram serviços a governos do PMDB. Ao menos um deles esteve na
memorável farra dos guardanapos em Paris.
A Operação Quinto do Ouro deu ao Rio uma chance de começar de novo. O governador Luiz
Fernando Pezão, herdeiro político de Cabral, preferiu ignorá-la. Na semana passada, ele indicou
outro deputado estadual para uma cadeira no TCE.
O escolhido, Edson Albertassi, é ninguém menos que o líder do governo na Assembleia. Está no
quinto mandato e, nas horas vagas, comanda uma rádio evangélica. Para surpresa de ninguém, é
filiado ao PMDB.
A oposição protestou contra a escolha. Pelo que determina a Constituição estadual, o governador
deveria ter indicado um auditor de carreira. Ele driblou a regra e optou por mais um político aliado.
Nesta segunda, o Tribunal de Justiça suspendeu a nomeação de Albertassi. Com isso, Pezão ganhou
outra oportunidade de nomear um fiscal independente. Ao que tudo indica, ele vai arremessá-la pela
janela. Cabral já foi condenado a 72 anos de prisão, mas a farra do PMDB fluminense não terminou.
Para um texto dissertativo expositivo, podemos considerar uma reportagem jornalística. Veja essa da
Agência Brasil:
Os frequentadores da Praia do Arpoador, em Ipanema, na zona sul do Rio, foram surpreendidos esta
manhã com uma baleia morta, encalhada, perto da área de arrebentação da praia. Eles acionaram o
Corpo de Bombeiros, que deslocou uma equipe do Grupamento Marítimo de Copacabana (Gmar),
que está no local fazendo o trabalho de prevenção, isolando a área.
O Corpo de Bombeiros informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que já acionou o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para que mande pessoal
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TIPOLOGIA TEXTUAL
especializado ao local. A assessoria não soube informar qual a espécie de baleia e se ela morreu ao
ficar encalhada ou se já estava morta e foi levada para a área de arrebentação pela correnteza.
Neste momento, a presença do corpo da baleia encalhada atrai a curiosidade de banhistas que se
concentram no Posto 8 da orla da Praia de Ipanema. A Guarda Civil do Rio também ajuda no trabalho
de isolamento. Os bombeiros aguardam a chegada do pessoal do Ibama para saber como o animal
morto será retirado da água.
Exemplo de Descrição
Perfeitamente situado em pleno Paseo de Gracia, principal artéria comercial da cidade e no coração
da parte modernista de Barcelona, em frente a La Pedrera de Gaudí. A escassos minutos
encontram-se a Plaza Catalunya e o centro histórico da cidade, bem como muitos outros pontos de
interesse que fazem de Barcelona uma das cidades mais atractivas e cosmopolitas.
O hotel ocupa um antigo palácio do século XIX – Casa Daurella – ampliado e atualizado com o
máximo rigor arquitectónico para criar um hotel moderno, funcional e de grande categoria no qual
coexistem a arte e a singularidade do passado com o conforto mais actual.
O Hotel é uma referência gastronómica de prestígio a cargo de Martín Berasategui que assessora e
supervisiona toda a Restauração do Hotel.
Exemplo de Injunção
Agora, a tipologia injuntiva, que podemos ter como exemplo uma simples bula de remédio. A seguir,
trechos da bula do Ácido Acetilsalicílico:
• A partir de 12 anos: 1 comprimido de 500 mg, se necessário até 3 vezes por dia a cada 4 a 8 horas.
Sempre cai nas provas o assunto “Tipologia textual” (Tipos textuais) mas muita gente confunde
com “Gêneros Textuais” (gêneros discursivos).
Não.
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Estas são duas classificações que recebem os textos que produzimos a longo de nossa vida, seja na
forma oral ou escrita.
Sendo que a primeira leva em consideração estruturas específicas de cada tipo, ou seja, seguem
regras gramaticais, algo mais formal.
Já a segunda preocupa-se não em classificar um texto por regras, mas sim levando em consideração
a finalidade do texto; o papel dos interlocutores; a situação de comunicação. São inúmeros os
gêneros textuais: Piada, conto, romance, texto de opinião, carta do leitor, noticia, biografia, seminário,
palestras, etc.
Como dito anteriormente, são as classificações recebidas por um texto de acordo com as regras
gramaticais, dependendo de suas características. São as classificações mais clássicas de um texto:
A narração, a descrição e a dissertação. Hoje já se admite também a exposição e a injunção. Ao
todo são 5 (cinco) tipos textuais.
Narração
Ao longo de nossa vida estamos sempre relatando algo que nos aconteceu ou aconteceu com outros,
pois nosso dia-a-dia é feito de acontecimentos que necessitamos contar/relatar. Seja na forma escrita
ou na oralidade, esta é a mais antiga das tipologias, vem desde os tempos das cavernas quando o
homem registrava seus momentos através dos desenhos nas paredes.
Narrar é contar uma história que envolve personagens e acontecimentos. São apresentadas ações e
personagens: O que aconteceu, com quem, como, onde e quando.
Exemplo:
Faço hoje quinze anos. Que aniversário triste! Vovó chamou-me cedo, ansiada como está, coitadinha
e disse: "Sei que você vai ser sempre feliz, minha filhinha, e que nunca se esquecerá de sua
avozinha que lhe quer tanto". As lágrimas lhe correram pelo rosto abaixo e eu larguei dos braços dela
e vim desengasgar-me aqui no meu quarto, chorando escondida.
Como eu sofro de ver que mesmo na cama, penando com está, vovó não se esquece de mim e de
meus deveres e que eu não fui o que deveria ter sido para ela! Mas juro por tudo, aqui nesta hora,
que eu serei um anjo para ela e me dedicarei a esta avozinha tão boa e que me quer tanto.
Vou agora entrar no quarto para vê-la e já sei o que ela vai dizer: "Já estudou suas lições? Então vá
se deitar, mas antes procure alguma coisa para comer. Vá com Deus". Helena Morley
DESCRIÇÃO
a intenção deste tipo de texto é que o interlocutor possa criar em sua mente uma imagem do que está
sendo descrito. Podemos utilizar alguns recursos auxiliares da descrição. São eles:
A-) A enumeração:
Pela enumeração podemos fazer um “retrato do que está sendo descrito, pois dá uma ideia de
ausência de ações dentro do texto.
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TIPOLOGIA TEXTUAL
B-) A comparação:
Quando não conseguimos encontrar palavras que descrevam com exatidão o que percebemos,
podemos utilizar a comparação, pois este processo de comparação faz com que o leitor associe a
imagem do que estamos descrevendo, já que desperta referências no leitor. Utilizamos comparações
do tipo: o objeto tem a cor de ..., sua forma é como ..., tem um gosto que lembra ..., o cheiro parece
com ..., etc.
Percebemos que até mesmo utilizando a comparação para poder descrever, estamos utilizando
também os cinco sentidos: Audição, Visão, Olfato, Paladar, Tato como auxílio para criação desta
imagem, proporcionando que o interlocutor visualize em sua mente o objeto, o local ou a pessoa
descrita.
Por exemplo: Se você fosse descrever um momento de lazer com seus amigos numa praia. O que
você perceberia na praia utilizando a sua visão (a cor do mar neste dia, a beleza das pessoas à sua
volta, o colorido das roupas dos banhistas) e a sua audição (os sons produzidos pelas pessoas ao
redor, por você e pelos seus amigos, pelos ambulantes). Não somente estes dois, você pode utilizar
também os outros sentidos para caracterizar o objeto que você quer descrever.
Pode ser:
Objetiva: Predomina a descrição real do objeto, lugar ou pessoa descrita. Neste tipo de descrição
não há a interferência da opinião de quem descreve, há a tendência de se privilegiar o que é visto,
em detrimento do sujeito que vê.
• - É um retrato verbal
Exemplo:
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TIPOLOGIA TEXTUAL
“Ele era oito meses mais velho do que Liesel e tinha pernas ossudas, dentes afiado, olhos azuis
esbugalhados e cabelos cor de limão. Como um dos seis filhos dos Steiner, estava sempre com
fome. Na rua Himmel, era considerado meio maluco ...”
DISSERTAÇÃO
Podemos dizer que dissertar é falar sobre algo, sobre determinado assunto; é expor; é debater. Este
tipo de texto apresenta a defesa de uma opinião, de um ponto de vista, predomina a apresentação
detalhada de determinados temas e conhecimentos.
Dissertar é expor os conhecimentos que se tem sobre um assunto ou defender um ponto de vista
sobre um tema, por meio de argumentos.
Estrutura da dissertação
EXPOSITIVA ARGUMENTATIVA
Predomínio da exposição, Predomínio do uso de argumentos,
explicação visando o convencimento, à adesão do
leitor.
Exemplo:
O advogado criminalista Dalio Zippin Filho explica por que é contrário à mudança na maioridade
penal.
Diuturnamente o Brasil é abalado com a notícia de que um crime bárbaro foi praticado por um
adolescente, penalmente irresponsável nos termos do que dispõe os artigos 27 do CP, 104 do ECA e
228 da CF. A sociedade clama por maior segurança. Pede pela redução da maioridade penal, mas
logo descobrirá que a criminalidade continuará a existir, e haverá mais discussão, para reduzir para
14 ou 12 anos. Analisando a legislação de 57 países, constatou-se que apenas 17% adotam idade
menor de 18 anos como definição legal de adulto.
Se aceitarmos punir os adolescentes da mesma forma como fazemos com os adultos, estamos
admitindo que eles devem pagar pela ineficácia do Estado, que não cumpriu a lei e não lhes deu a
proteção constitucional que é seu direito. A prisão é hipócrita, afirmando que retira o indivíduo infrator
da sociedade com a intenção de ressocializá-lo, segregando-o, para depois reintegrá-lo. Com a
redução da menoridade penal, o nosso sistema penitenciário entrará em colapso.
Cerca de 85% dos menores em conflito com a lei praticam delitos contra o patrimônio ou por atuarem
no tráfico de drogas, e somente 15% estão internados por atentarem contra a vida. Afirmar que os
adolescentes não são punidos ou responsabilizados é permitir que a mentira, tantas vezes dita,
transforme-se em verdade, pois não é o ECA que provoca a impunidade, mas a falta de ação do
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Estado. Ao contrário do que muitos pensam, hoje em dia os adolescentes infratores são punidos com
muito mais rigor do que os adultos.
Exposição
Aqueles textos que nos levam a uma explicação sobre determinado assunto, informa e esclarece sem
a emissão de qualquer opinião a respeito, é um texto expositivo.
Neste tipo de texto são apresentadas informações sobre assuntos e fatos específicos; expõe ideias;
explica; avalia; reflete. Tudo isso sem que haja interferência do autor, sem que haja sua opinião a
respeito. Faz uso de linguagem clara, objetiva e impessoal. A maioria dos verbos está no presente do
indicativo.
Injunção
Os textos injuntivos estão presentes em nossa vida nas mais variadas situações, como por exemplo
quando adquirimos um aparelho eletrônico e temos que verificar manual de instruções para o
funcionamento, ou quando vamos fazer um bolo utilizando uma receita, ou ainda quando lemos a
bula de um remédio ou a receita médica que nos foi prescrita. Os textos injuntivos são aqueles textos
que nos orientam, nos ditam normas, nos instruem.
Como são textos que expressão ordem, normas, instruções tem como característica principal a
utilização de verbos no imperativo. Pode ser classificado de duas formas:
-Instrucional: O texto apresenta apenas um conselho, uma indicação e não uma ordem.
-Prescrição: O texto apresenta uma ordem, a orientação dada no texto é uma imposição.
Exemplo:
Bolo De Cenoura
Ingredientes
Massa
3 unidades de cenoura picadas
3 unidades de ovo
1 xícaras (chá) de óleo de soja
3 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 xícaras (chá) de açúcar
1 colheres (sopa) de fermento químico em pó
Cobertura
1/2 xícara (chá) de leite
5 colheres (sopa) de achocolatado em pó
4 colheres (sopa) de açúcar
1 colher (sopa) de Margarina
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Como fazer
Massa
Coloque os ingredientes no liquidificador, e acrescente aos poucos a farinha.
Leve para assar em uma forma untada.
Depois de assado cubra com a cobertura.
Cobertura
Misture todos os ingredientes e leve ao fogo e deixe ferver até engrossar.
Intertextualidade
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de forma que essa relação pode ser
estabelecida entre as produções textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva,
escrita), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, dança, cinema),
propagandas publicitárias, programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.
Tipos de Intertextualidade
• Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmente, em forma de crítica irônica de caráter
humorístico. Do grego (parodès) a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante) e
“odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante à outra”. Esse recurso é muito utilizado pelos
programas humorísticos.
• Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a mesma ideia contida no texto original,
entretanto, com a utilização de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis),
significa a “repetição de uma sentença”.
• Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras, textos científicos, desde artigos, resenhas,
monografias, uma vez que consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma
relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos
“epi” (posição superior) e “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio
Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): "A cultura é o melhor conforto para a
velhice".
• Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção textual, de forma que dialoga com
ele; geralmente vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor.
Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem relacionar a fonte utilizada é
considerado “plágio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.
• Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros textos. Do Latim, o vocábulo “alusão”
(alludere) é formado por dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Exemplos
Intertextualidade na Literatura
O poema de Casimiro de Abreu (1839-1860), “Meus oito anos”, escrito no século XIX, é um dos
textos que gerou inúmeros exemplos de intertextualidade, como é o caso da paródia de Oswald de
Andrade “Meus oito anos”, escrito no século XX:
Texto Original
Paródia
(Oswald de Andrade)
Outro exemplo é o poema de Gonçalves Dias (1823-1864) intitulado Canção do Exílio o qual já
rendeu inúmeras versões. Dessa forma, segue um dos exemplos de paródia, o poema de Oswald de
Andrade (1890-1954), e de paráfrase com o poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987):
Texto Original
Paródia
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Paráfrase
Intertextualidade na Música
A música “Monte Castelo” da banda legião urbana cita os versículos bíblicos 1 e 4, encontrados no
livro de Coríntios, no capítulo 13: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não
tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” e “O amor é sofredor, é benigno;
o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece”. Além disso, nessa
mesma canção, ele cita os versos do escritor português Luís Vaz de Camões (1524-1580),
encontradas na obra “Sonetos” (soneto 11):
Coesão E Coerência
Para que um texto seja eficaz na transmissão da sua mensagem é essencial que faça sentido para o
leitor.
Além disso, deve ser harmonioso, de forma a que a mensagem flua de forma segura, natural e
agradável aos ouvidos.
Coesão Textual
A coesão é resultado da disposição e da correta utilização das palavras que propiciam a ligação entre
frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela colabora com sua organização e ocorre por meio de
palavras chamadas de conectivos.
Mecanismos De Coesão
A anáfora e a catáfora se referem à informação expressa no texto e, por esse motivo, são
qualificadas como endofóricas.
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Algumas Regras
Referência
Substituição
Substituir um elemento (nominal, verbal, frasal) por outro é uma forma de evitar as repetições.
Observe que a diferença entre a referência e a substituição está expressa especialmente no fato de
que a substituição acrescenta uma informação nova ao texto.
No caso de “João e Maria casaram. Eles são pais de Ana e Beto”, o pronome pessoal referencia as
pessoas João e Maria, não acrescentando informação adicional ao texto.
Elipse
Um componente textual, quer seja um nome, um verbo ou uma frase, pode ser omitido através da
elipse.
(A segunda oração é perceptível mediante o contexto. Assim, sabemos que o que está sendo
oferecido são ingressos para o concerto.)
Conjunção
Exemplo: Nós não sabemos quem é o culpado, mas ele sabe. (adversativa)
Coesão Lexical
A coesão lexical consiste na utilização de palavras que possuem sentido aproximado ou que
pertencem a um mesmo campo lexical. São elas: sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, entre
outros.
Coerência Textual
A Coerência é a relação lógica das ideias de um texto que decorre da sua argumentação - resultado
especialmente dos conhecimentos do transmissor da mensagem.
Um texto contraditório e redundante ou cujas ideias iniciadas não são concluídas, é um texto
incoerente. A incoerência compromete a clareza do discurso, a sua fluência e a eficácia da leitura.
Assim a incoerência não é só uma questão de conhecimento, decorre também do uso de tempos
verbais e da emissão de ideias contrárias.
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Exemplos:
• O relatório está pronto, porém o estou finalizando até agora. (processo verbal acabado e inacabado)
• Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal passado. (os vegetarianos são assim classificados
pelo fato de se alimentar apenas de vegetais)
Fatores de Coerência
São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de um texto, tendo em vista a sua
abrangência. Vejamos alguns:
Conhecimento de Mundo
É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao longo da vida e que são arquivados na nossa
memória.
São o chamados frames (rótulos), esquemas (planos de funcionamento, como a rotina alimentar: café
da amanhã, almoço e jantar), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um
jogo), scripts (roteiros, tal como normas de etiqueta).
Uma questão cultural nos leva a concluir que a oração acima é incoerente. Isso porque “peru,
panetone, frutas e nozes” (frames) são elementos que pertencem à celebração do Natal e não à festa
de carnaval.
Inferências
Através das inferências, as informações podem ser simplificadas se partimos do pressuposto que os
interlocutores partilham do mesmo conhecimento.
Exemplo: Quando os chamar para jantar não esqueça que eles são indianos. (ou seja, em princípio,
esses convidados não comem carne de vaca)
Fatores De Contextualização
Há fatores que inserem o interlocutor na mensagem providenciando a sua clareza, como os títulos de
uma notícia ou a data de uma mensagem.
Exemplo:
— Está marcado para às 10h.
— O que está marcado para às 10h? Não sei sobre o que está falando.
Informatividade
Quanto maior informação não previsível um texto tiver, mais rico e interessante ele será. Assim, dizer
o que é óbvio ou insistir numa informação e não desenvolvê-la, com certeza desvaloriza o texto.
Princípios Básicos
Após termos visto os fatores acima, é essencial ter em atenção os seguintes princípios para se obter
um texto coerente:
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Coesão e coerência são coisas diferentes, de modo que um texto coeso pode ser incoerente. Ambas
têm em comum o fato de estarem relacionadas com as regras essenciais para uma boa produção
textual.
A coesão textual tem como foco a articulação interna, ou seja, as questões gramaticais. Já a
coerência textual trata da articulação externa e mais profunda da mensagem.
O processo de elaboração de qualquer texto, seja ele escrito, seja oral ou multimodal, envolve mais
que criação, mais que inspiração. Envolve essencialmente trabalho sobre e com a linguagem. Esse
trabalho se traduz em atividade analítica e reflexiva dos sujeitos, nas múltiplas refações do texto.
Do ponto de vista da mediação pedagógica, tal trabalho se materializa nas práticas de análise
linguística. Diferentemente do trabalho das aulas convencionais de gramática, que privilegiam as
classificações e a correção linguística, a análise linguística se preocupa em auxiliar os alunos a
dominar recursos linguísticos e a refletir sobre em que medida certas palavras, expressões,
construções e estratégias discursivas podem ser mais ou menos adequadas ao seu projeto de dizer,
auxiliando na ampliação das capacidades de leitura e na produção textual dos alunos.
Assim, a reflexão sobre a linguagem tomando como objeto o próprio texto que se está elaborando
exige que o aluno analise possíveis (in)adequações das escolhas linguísticas – ao gênero, ao tema
em foco, à formalidade esperada etc. –, sua força expressiva ou eficácia argumentativa. Trata-se,
portanto, de uma atividade linguageira essencial nas diversas etapas da produção.
A prática de análise linguística pode se converter numa ferramenta importante para auxiliar os alunos
na percepção dos pontos Análise linguística e produção de textos: refl exão em busca de autoria
Márcia Mendonça em que podem melhorar seu texto e na mobilização dos conhecimentos que lhes
permitam fazer as mudanças devidas. Muito comumente, a ação dos alunos se dirige para os
aspectos mais “visíveis” dos textos escritos, para os ajustes mais salientes a serem feitos, quanto a
convenções da escrita e atendimento à norma linguística de prestígio, por exemplo, ortografia,
indicação gráfica de parágrafos, uso de letras maiúsculas, concordância e regência. Sem esquecer a
importância desses cuidados formais, é necessário também que os alunos saibam observar questões
de outra natureza, mais complexas, seja porque se estendem para unidades maiores – parágrafo ou
texto –, seja porque envolvem aspectos do discurso, ultrapassando o domínio daquele texto em
especial.
Uma das capacidades necessárias a quem produz um texto é avaliar a pertinência dos registros de
linguagem para determinado gênero. Por exemplo, o uso do verbo ordenar para fazer uma solicitação
em uma carta formal, dirigida a uma autoridade, parece inadequado. Embora a reflexão se dirija a
uma palavra (ordenar), a avaliação quanto ao seu uso remete à situação comunicativa como um todo:
o gênero Carta de solicitação formal, o interlocutor a quem se dirige, a finalidade dessa carta.
O investimento na ampliação das capacidades reflexivas dos alunos pode se dar antes do momento
de produção, durante ou depois dele, de forma mais ou menos integrada aos momentos de
escrita/elaboração de textos.
Antes da produção, em aulas dedicadas à leitura ou aos conhecimentos linguísticos, ainda que o alvo
imediato não sejam os textos dos alunos, estes ganham ao se apropriarem de recursos e estratégias
discursivas que passam a compor o seu rol de conhecimentos linguísticos e habilidades. Quando o
professor explora, na aula de leitura, os efeitos da ironia para a construção da argumentação, com
análise de exemplos, comparação de ocorrências, pesquisa de outros exemplos em fontes diversas,
criação de paráfrases irônicas, entre outras possíveis atividades, permite aos alunos perceber a
eficácia e os limites desse recurso, os diversos modos como se constroem enunciados irônicos,
conhecimentos que poderão ser estrategicamente usados nas suas produções. Investe-se
em atividades metalinguísticas – sobre a linguagem e seu funcionamento – para auxiliar as atividades
epilinguísticas, aquelas nas quais o aluno reflete sobre os usos que fez ou pretende fazer no texto
que está elaborando.
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TIPOLOGIA TEXTUAL
Benefício semelhante pode trazer um trabalho reflexivo com a constituição morfológica de palavras –
radical e afixos – que saliente a semelhança ortográfica e semântica de palavras, de acordo com a
permanência do radical (as denominadas “palavras da mesma família”, como lesão, lesionar,
lesionado) ou dos afixos (prefixos, sufixos e infixos). Por exemplo, os substantivos abstratos chatice,
meninice e velhice trazem o sufixo ICE, que se escreve com C. Na produção, caso o aluno tenha
dúvida sobre a escrita de gulodice, por exemplo, poderá lembrar do que estudou nas outras aulas
(claro, desde que tenha sido uma abordagem que privilegie o percurso de percepção da regularidade
até a construção mediada da regra). No caso, a regularidade morfológica é a grafia do sufixo ICE,
usado em substantivos abstratos que designam qualidade ou estado de algo.
Durante a produção, espera-se que o aluno seja positivamente tensionado, pondo em xeque
possíveis (in)adequações dos recursos linguísticos e estratégias discursivas que pretende mobilizar,
diante do quadro mais geral da situação comunicativa. Isso significa avaliar se determinado uso
linguístico é mais ou menos adequado e estratégico e que efeitos de sentido pode produzir, tendo em
vista um conjunto de fatores interligados:
2. gênero escolhido/solicitado;
5. tom que deseja imprimir ao seu discurso (enfático, conciliador, irônico etc.);
Para produzir um artigo de divulgação científica, destinado a crianças, o aluno pode se deparar com
dúvidas do tipo qual o grau de aprofundamento do tema a ser tratado? Como “traduzir” para esses
leitores os conceitos mais complexos? Que estratégias de envolvimento do leitor usar? E isso envolve
escolhas linguísticas bem específicas. Um exemplo é o uso das explicações de conceitos. O que
explicaria melhor na situação comunicativa específica: paráfrases, analogias, exemplos, desenhos
esquemáticos etc.? E como inserir essas explicações no texto: entre parênteses, após dois pontos,
em boxes, em citações de falas de especialistas, quando for o caso? Decidir a respeito de o que
explicar, o quanto explicar, como explicar, quando explicar e como textualizar essa explicação no
texto envolve pôr na balança os ganhos e perdas de tais escolhas, tendo em vista os fatores já
mencionados.
A análise linguística pode ter ainda um papel muito importante nas devolutivas dos textos, já lidos e
comentados pelo professor ou por outros avaliadores/revisores (alunos, grupos de alunos, outras
pessoas). Nesse momento, chegam aos estudantes indicações de aspectos para aprimorar seu texto
que lhe escaparam anteriormente por serem, provavelmente, mais opacos, menos perceptíveis a
esses autores. Assim, indicações qualificadas dos pontos a serem ajustados podem detonar
processos reflexivos poderosos e fundamentais na ampliação das capacidades discursivas dos
alunos, desde que contem com a mediação docente adequada.
O ato de tornar saliente para o aluno um problema textual é muito distinto de apenas indicar que há
um problema em determinado trecho. Em se tratando de coesão, por exemplo, mais que destacar um
período e escrever “problema de coesão” na margem da folha (ou da tela), é preciso delimitar
especificamente a sua natureza – por exemplo, uso indevido de pontuação, conjunção, modo/ tempo
verbal, ou falta de paralelismo. Dessa forma, a revisão e a refação do texto podem ser preciosas
oportunidades para aprender, não apenas para higienizar o que foi escrito.
As atividades de análise linguística, seja em caráter prospectivo, quando ocorrem antes da produção;
seja em caráter retrospectivo, após o texto ter sido elaborado e avaliado ou durante a produção,
podem ser de grande importância para ampliar a apropriação, por parte dos alunos, das habilidades e
dos conhecimentos necessários para rever e aprimorar as suas produções, movimento que mesmo
os mais proficientes autores fazem ao longo de toda a vida. Os impactos das práticas de análise
linguística sobre a qualidade dos textos produzidos na escola são proporcionais à natureza reflexiva
de tais atividades: ao induzir os alunos a perceberem os efeitos e/ou as regularidades dos usos
linguísticos, contribui-se para que sintam a sua língua, cada vez mais sua.
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ORTOGRAFIA OFICIAL
Ortografia Oficial
Nova ortografia – Em dezembro de 2014 o novo acordo ortográfico da língua portuguesa passou a ser
obrigatório em todos os países que falam língua portuguesa, inclusive o Brasil. Saiba agora tudo sobre
a nova ortografia e quais são as novas regras a serem seguidas.
O Acordo Ortográfico
Há muitos anos o países de língua portuguesa vinha discutindo uma maneira de simplificar o idioma
nos diferentes países, uma vez que apesar de ser o mesmo idioma o português tem variações em cada
local, por exemplo algumas palavras que no português do Brasil têm significados diferentes no portu-
guês de Portugal. A partir dessas discussões alguns países se reuniram com o intuito de criar o um
acordo ortográfico para que algumas palavras fossem grafadas da mesma maneira em todos os países
de língua portuguesa. No ano de 1990 o acordo ortográfico da língua portuguesa foi assinado por oito
países, incluindo o Brasil.
Mas esse acordo só entrou em processo de implantação em 2009, mas não era obrigatório ainda, uma
vez que no período de 2010 a 2012 foi para adaptação de livros didáticos e para a própria população
se acostumar com a novas regras.
Assim durante esse período, provas de vestibulares, Enem, concursos e outras não cobravam o uso
das novas regras na sua escrita.
O novo acordo ortográfico deveria entrar em vigor já no ano de 2013, mas a fim de acompanhar o
cronograma de implantação de outros países de língua portuguesa, o Brasil estendeu esse prazo para
2016. Assim desde o dia 1º de janeiro de 2016 o novo acordo ortográfico da língua portuguesa passa
a ser obrigatório em todo o território nacional e em mais oito países.
Com as novas regras de ortografia em vigor é preciso ficar atento ao que muda na hora de escrever,
uma vez que será considerado como erros gramaticais em provas, concursos, e o Enem (a principal
forma de entrada em uma universidade atualmente). Confira abaixo o que muda :
Alfabeto
A primeira mudança pode ser estranha a alguns, mas só agora o alfabeto português possui 26 letras,
uma vez que foram incluídas as letras K, W e Y.
Os acentos podem ser as mudanças que mais geram dúvidas: Palavras paroxítonas que tem o acento
gráfico nos ditongos EI e OI não têm mais acento. Exemplo:
o Estréia – Estreia
o Idéia – Ideia
o Paranóico – Paranoico
o Assembléia – Assembleia
o Geléia – Geleia
o Jibóia – Jiboia
o Apóio – Apoio
o Platéia – Plateia
o Jóia – Joia
o Bóia – Boia
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ORTOGRAFIA OFICIAL
o Coréia – Coreia
Outras palavras que perderam seu acento foram: creem, deem, leem, veem e seus derivados: des-
creem, desdeem, releem, reveem e as que tem acento no último o do hiato(Os hiatos são o encontro
de vogais de sílabas diferentes): Voos, enjoo, abençoo.
Acentos Diferenciais
Os acentos diferenciais das palavras também não são usados mais. Exemplo:
o Pará-brisa – Para-brisa
o Pela (per+la)
o Pêra – Pera
o Pelo (per+lo)
o Polo (por+lo)
Trema
O trema foi totalmente eliminado da língua portuguesa, seu uso não era obrigatório e agora não existe
mais, com exceção às palavras estrangeiras e em nomes próprios.
Hífen:
O hífen é usado em palavras que a segunda palavra começa com a mesma vogal que a primeira pala-
vra. Exemplo: micro-ondas, anti-inflamatório, arqui-inimigo, semi-integral, micro-organismo.
Usa o hífen quando a segunda palavra começar com H: tele-homenagem, proto-história, sobre-hu-
mano, extra-humano, pré-história, anti-higiênico, semi-hospitalar.
O hífen quando o primeiro elemento acabar com vogal e o segundo começar com vogal diferente deixa
de existir: socioeconômico, semiárido, autoestima, infraestrutura, ultrainterino.
Não se usa quando o primeiro elemento terminar em vogal e o segundo elemento começar com R ou
S. Nesse caso, a primeira letra do segundo elemento deverá ser duplicada: antissemita, contrarregra,
antirreligioso, cosseno, extrarregular, minissaia, biorritmo, microssistema, ultrassom, antissocial.
Ortografia Oficial
Para entender a ortografia oficial primeiro é necessário entender seus casos, isso é, o contexto e a
forma onde as palavras são construídas, veja abaixo:
Caso X / Ch
Ao passar do latim para o português, as sequências “cl”, “pl” e “fl”, transformaram-se em “ch”:
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ORTOGRAFIA OFICIAL
1.2) Emprego do x:
1. a) Proveniente do xlatino:
2) Emprega-se a letra x:
• ameixa
• caixa
• peixe
Exceções:
• caucho (espécie de árvore. Tem origem na palavra cauchu“lágrimas da árvore”, é de um idioma in-
dígena, mas está em nossa ortografia oficial)
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• Mexerica
• México
• Mexilhão
• Mexer
Exceção:
· mecha (de cabelos), que tem sua origem no fracês mèche. Não confundir com a forma verbal “mexa”
do verbo mexer, que deve ser grafada com x.
• Enxada
• Enxerto
• Enxurrada
Exceção1:
· enchova (regionalismo de anchova, que origina-se do genovês anciua);
• Caxumba
• Pataxó – tribo.
• Xavante – tribo.
• Ximaana – tribo.
• Almoxarife
• Almoxarifado
• Elixir (al-Axir)
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• Xarope
• Xadrez (xatranj)
• Xeque
• Xeque-mate
Exceções:
• Chafariz
• Afoxé
• Axé
• Borocoxô
• Exu
• Fuxico
• Maxixe
• Orixá
• Xaxado
• Xingar
• XinXim
• Xodó
Exceções:
• Cachimbo (kixima)
• Cachaça
• Cochicho
• Cochilar
• Chilique
3) Emprega-se ch:
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• Avalanche (Avalónch)
• Cachê (Cachet)
• Cachecol (Cacher)
• Chalé (Chalet)
• Chassi (Chânssis)
• Champanhe (Champagne)
• Champignon (Champignon)
• Chantilly (Chantilly)
• Chance (Chance)
• Chapéu (Chapeau)
• Chantagem (Chantage)
• Charme (Charme)
• Chefe (Chef)
• Chique (Chic)
• Chofer (Chauffeur)
• Clichê (Cliché)
• Creche (Crèche)
• Crochê (Crochet)
• Debochar (Débaucher)
• Fetiche (Fétiche)
• Guichê (Guichet)
• Manchete (Manchette)
• Pochete (Pochette)
• Revanche (Revanche)
• Voucher (Vocher)
Caso g / j
1. a) Latim:
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ORTOGRAFIA OFICIAL
Magia < Magia (latim) < Mageia (grego) < Magush (persa)
1. b) Grego:
Exceção:
iam > já
2) Emprega-se a letra g:
• pedágio
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• sacrilégio
• prestígio
• relógio
• refúgio
• viagem
• coragem
• ferrugem
Exceção:
• pajem
• lambujem
• eleger
• mugir
• aspergir
• divergir
• submergir
3) Emprega-se a letra j:
• viajar
• encorajar
• enferrujar
• azulejo (azzelij)
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• berinjela (badanjanah)
• javali (djabali)
• jaleco (jalikah)
• jarra (djarrah)
• laranja (narandja)
Exceções:
• álgebra (al-jabr)
• giz (jibs)
• beiju
• cajá
• caju
• canjica
• carijó
• guarajuba
• itajuba
• itajaí
• jequiriti
• jequitibá
• jerimum
• jumana (tribo).
• jenipapo
• jururu
• maracujá
• marajó
• mucujê
• pajé
• Ubirajara
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ORTOGRAFIA OFICIAL
Exceção: Sergipe
• acarajé
• Iemanjá
• jabá
• jagunço
• jiló
• jurema
Exceções:
• bugiganga
• ginga
Caso c ou ç / s ou ss
• acetato
• ácido
• açafrão
• aço
• açúcar
• manso
• concurso
• expulso
• prosseguir
• girassol
• pessoa
• aspergir= aspersão
• compelir= compulsório
• concorrer= concurso
• discorrer= discurso
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• imergir= imersão
s2) Verbos terminados em DAR – DER – DIR – TER – TIR – MIR recebem s quando há perda das
letras “D – T – M”em suas derivações:
• ascender(ascendere) = ascensão
• discutir(discutere) = discussão
c1) Verbos não terminados em DAR – DER – DIR – TER – TIR – MIR quando mudam o radical rece-
bem ç:
• agir = ação
• excetuar = exceção
• proteger = proteção
• promover = promoção
• acomodar = acomodação
• consolidar = consolidação
• conter = contenção
• fundar = fundação
• fundir = fundição
• remir = remição
• reter = retenção
• saudar = saudação
• torcer = torção
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• distorcer = distorção
• eleição
• traição
• foice
c4) Nos sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, iço, nça, uça, uço.
· barca = barcaça
· rico = ricaço
· cota = cotação
· aguço = aguçar
· merece = merecer
· carne = carniça
· canil = caniço
· esperar = esperança
· cara = carapuça
· dente = dentuço
• açafrão
• açoite
• açougue
• açude
• açúcar
• açucena
• alface
• alvoroço
• ceifa
• celeste
• cetim
• cifra
Exceção:
• arsenal
• carmesim
• safra
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• salada
• sultão
• araçá
• açaí
• babaçu
• cacique
• caiçara
• camaçari
• cipó
• cupuaçu
• Iguaçu
• Iracema
• juçara
• maçaranduba
• maniçoba
• paçoca
• piaçava
• piraguaçu
• sabiá
• sagui
• saci
• samambaia
• sariguê
• savana
• Sergipe
• siri
• suçuarana
• sucuri
• sururu
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• bagunça
• caçamba
• cachaça
• caçula
• cangaço
• jagunço
• lambança
• miçanga
• sapeca
• samba
• senzala
• serelepe
• songamonga
• sova (pancada)
Caso z / s
1) Emprega-se a letra s:
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• Creusa
• coisa
• maisena
• (Ele) pôs
• (Ele) quis
• (Nós) pusemos
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• (Nós) quisemos
• horrorosa
• gostoso
Exceção: gozo
• frase
• tese
• crase
• crise
• osmose
s6) Nos sufxos ÊS, ESA, ESIA e ISA, usados na formação de palavras que indicam nacionalidade, pro-
fissão, estado social, títulos honoríficos.
• chinês
• chinesa
• camponês
• poetisa
• burguês
• burguesa
• freguesia
• Luísa
• Heloísa
z1) As terminadas em EZ e EZA serão escritas com z quando forem substantivos abstratos provindos
de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade:
• escasso / escassez
• macio / maciez
• rígido / rigidez
• sensato / sensatez
• surdo / surdez
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• avaro / avareza
• certo / certeza
• duro / dureza
• nobre / nobreza
• pobre / pobreza
• rico / riqueza
z2) Grafam-se com “z” as palavras derivadas com os sufixos “zada, zal, zarrão, zeiro, zinho, zito, zona,
zorra, zudo”. O “z“, neste caso, é uma consoante de ligação com o infixo.
• pazada
• cafezal
• homenzarrão
• açaizeiro
• papelzinho
• cãozito
• mãezona
• mãozorra
• pezudo
• asa = asinha
• riso = risinho
• casa = casinha
• Inês= Inesita
• Teresa = Teresinha
• útil = utilizar
• terror = aterrorizar
• economia = economizar
• análise = analisar
• pesquisa = pesesquisar
• improviso = improvisar
Exceção da Exceção: catequese = catequizar.
Caso ex / es
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ORTOGRAFIA OFICIAL
1) Como regra geral, as palavras que em latim se iniciavam por ex mantiveram a mesma grafia ao
passarem do latim clássico para o português.
Há, contudo, exceções. Algumas palavras que se escreviam com ex em latim evoluíram para es ao
passar do latim vulgar para o português.
O verbo “estender”, por exemplo, entrou para o léxico no século 13, originária do latim vulgar, quando
o “x” antes de consoante tornava-se “s”. O vocábulo “extensão” aparece no léxico de nossa língua no
século 18 e teve sua origem no latim clássico (extensione), quando a regra era manter o “x” de sua
origem (extensio). Tal como “extensão”, escreve-se extenso, extensivo, extensibilidade, etc.
2) Já as palavras que se iniciavam por s em latim deram origem a derivados com es em português:
Os termos médicos derivados de palavras gregas iniciadas por s também se escrevem com es em
português. Ex:
• escotoma
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• esclerótica
• esfenoide
• esplâncnico
• estase
• estenose
• estroma
Um equívoco primário consiste na confusão entre estase (do gr. stásis, parada, estagnação) e êx-
tase (do gr. ekstásis – ek = fora de; stasis = estado, pelo latim extase). Também se deve distinguir es-
trato (do latim stratu), com o sentido de camada, de extrato (do latim extractu), aquilo que se extraiu de
alguma coisa.
Caso sc
Utiliza-se SC em termos eruditos latinos, isto é, cuja etimologia manteve o radical latino:
• abscesso (abscessus);
• acrescer (accrescere);
• adolescente (adolescentis);
• aquiescer (acquiescere);
• ascender (ascendere);
• consciência (conscientia);
• crescer (crescere);
• descer (descendere);
• disciplina (disciplina);
• fascículo (fasciculus);
• fascinar (fascinare);
• florescer (florescere);
• lascivo (lascivu);
• nascer (nascere);
• oscilar (oscillare);
• obsceno (obscenus);
• rescindir (rescindere);
• víscera (viscus);
Existem palavras que podemos escrever com “c” e também com qu:
· catorze / quatorze
· cociente / quociente
· cota / quota
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ORTOGRAFIA OFICIAL
· cotidiano / quotidiano
· cotizar / quotizar
· abdome e abdômen
· açoitar e açoutar
· afeminado e efeminado
· aluguel ou aluguer
· arrebitar e rebitar
· arremedar e remedar
· assoalho e soalho
· assobiar e assoviar
• assoprar e soprar
• Azalea e Azaleia
• bêbado e bêbedo
• bilhão e bilião
• bílis e bile
• bombo e bumbo
• bravo e brabo
• caatinga e catinga
• cãibra e câimbra
• carroçaria e carroceria
• catucar e cutucar
• chipanzé e chimpanzé
• coisa e cousa
• degelar e desgelar
• dependurar e pendurar
• derrubar e derribar
• desenxavido e desenxabido
• diabete e diabetes
• embaralhar e baralhar
• enfarte e infarto
• entretenimento e entretimento
• entoação e entonação
• enumerar e numerar
• espécime e espécimen
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• espuma e escuma
• estalar e estralar
• flauta e frauta
• flecha e frecha
• geringonça e gerigonça
• homogeneizar e homogenizar
• húmus e humo
• impingem e impigem
• intrincado e intricado
• lide e lida
• louro e loiro
• macaxeira e macaxera
• maltrapilho e maltrapido
• malvadeza e malvadez
• maquiagem e maquilagem
• marimbondo e maribondo
• matracar e matraquear
• mobiliar e mobilhar
• neblina e nebrina
• nenê e neném
• parênteses e parêntesis
• percentagem e porcentagem
• plancha e prancha
• pólen e polem
• quadrênio e quatriênio
• quatrilhão e quatrilião
• radioatividade e radiatividade
• rastro e rasto
• relampear e relampejar
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• remoinho e redemoinho
• salobra e salobre
• taberna e taverna
• tesoura e tesoira
• toicinho e toucinho
• transvestir e travestir
• treinar e trenar
• tríade e triada
• trilhão e trilião
• vasculhar e basculhar
• Xérox e Xerox
• xeretar e xeretear
Caso o / u
• boteco
• botequim
• cortiço
• engolir
• goela
• mochila
• moela
• mosquito
• mágoa
• moleque
• nódoa
• tossir
• toalete
• zoar
• amuleto
• entupir
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ORTOGRAFIA OFICIAL
• jabuti
• mandíbula
• supetão
• tábua
Caso e / i
No Presente do Indicativo, as 2ª e 3ª pessoas do singular são grafadas com I. Exemplo (verbo pos-
suir):
tu possuis
ele possui
tu constróis
ele constrói
tu móis
ele mói
tu róis
ele rói
Que eu entoe
Que tu entoes
3) Todos os verbos que terminam em [-ear] (arrear, frear, alardear, amacear, passear…) fazem um
ditongo [-ei-] no presente do indicativo e do subjuntivo nas formas rizotônicas (1ª, 2ª, 3ª do singular e
3ª do plural,):
(que…)
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ORTOGRAFIA OFICIAL
4) Os verbos terminados em [-iar] (arriar, criar, odiar…) são regulares, exceto o (I)MARIO: (Inter)Me-
diar, Ansiar, Remediar, Incendiar, Odiar, os quais são irregulares e formam ditongo [-ei-] nas formas
rizotônicas:
(que…) (que…)
Há muitos anos o países de língua portuguesa vinha discutindo uma maneira de simplificar o idioma
nos diferentes países, uma vez que apesar de ser o mesmo idioma o português tem variações em cada
local, por exemplo algumas palavras que no português do Brasil têm significados diferentes no portu-
guês de Portugal. A partir dessas discussões alguns países se reuniram com o intuito de criar o um
acordo ortográfico para que algumas palavras fossem grafadas da mesma maneira em todos os países
de língua portuguesa. No ano de 1990 o acordo ortográfico da língua portuguesa foi assinado por oito
países, incluindo o Brasil.
Mas esse acordo só entrou em processo de implantação em 2009, mas não era obrigatório ainda, uma
vez que no período de 2010 a 2012 foi para adaptação de livros didáticos e para a própria população
se acostumar com a novas regras.
Assim durante esse período, provas de vestibulares, Enem, concursos e outras não cobravam o uso
das novas regras na sua escrita.
O novo acordo ortográfico deveria entrar em vigor já no ano de 2013, mas a fim de acompanhar o
cronograma de implantação de outros países de língua portuguesa, o Brasil estendeu esse prazo para
2016. Assim desde o dia 1º de janeiro de 2016 o novo acordo ortográfico da língua portuguesa passa
a ser obrigatório em todo o território nacional e em mais oito países.
Com as novas regras de ortografia em vigor é preciso ficar atento ao que muda na hora de escrever,
uma vez que será considerado como erros gramaticais em provas, concursos, e o Enem (a principal
forma de entrada em uma universidade atualmente). Confira abaixo o que muda :
Alfabeto
A primeira mudança pode ser estranha a alguns, mas só agora o alfabeto português possui 26 letras,
uma vez que foram incluídas as letras K, W e Y.
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ORTOGRAFIA OFICIAL
Os acentos podem ser as mudanças que mais geram dúvidas: Palavras paroxítonas que tem o acento
gráfico nos ditongos EI e OI não têm mais acento. Exemplo:
• Estréia – Estreia
• Idéia – Ideia
• Paranóico – Paranoico
• Assembléia – Assembleia
• Geléia – Geleia
• Jibóia – Jiboia
• Apóio – Apoio
• Platéia – Plateia
• Jóia – Joia
• Bóia – Boia
• Coréia – Coreia
Outras palavras que perderam seu acento foram: creem, deem, leem, veem e seus derivados: des-
creem, desdeem, releem, reveem e as que tem acento no último o do hiato(Os hiatos são o encontro
de vogais de sílabas diferentes): Voos, enjoo, abençoo.
Acentos Diferenciais
Os acentos diferenciais das palavras também não são usados mais. Exemplo:
• Pará-brisa – Para-brisa
• Pela (per+la)
• Pêra – Pera
• Pelo (per+lo)
• Polo (por+lo)
Trema
O trema foi totalmente eliminado da língua portuguesa, seu uso não era obrigatório e agora não existe
mais, com exceção às palavras estrangeiras e em nomes próprios. O trema era utilizado da seguinte
forma:
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ORTOGRAFIA OFICIAL
Hífen:
O hífen é usado em palavras que a segunda palavra começa com a mesma vogal que a primeira pala-
vra. Exemplo: micro-ondas, anti-inflamatório, arqui-inimigo, semi-integral, micro-organismo.
Usa o hífen quando a segunda palavra começar com H: tele-homenagem, proto-história, sobre-hu-
mano, extra-humano, pré-história, anti-higiênico, semi-hospitalar.
O hífen quando o primeiro elemento acabar com vogal e o segundo começar com vogal diferente deixa
de existir: socioeconômico, semiárido, autoestima, infraestrutura, ultrainterino.
Não se usa quando o primeiro elemento terminar em vogal e o segundo elemento começar com R ou
S. Nesse caso, a primeira letra do segundo elemento deverá ser duplicada: antissemita, contrarregra,
antirreligioso, cosseno, extrarregular, minissaia, biorritmo, microssistema, ultrassom, antissocial.
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Acentuação Gráfica
Proparoxítonas
Paroxítonas
l fácil
n pólen
r cadáver
ps bíceps
x tórax
us vírus
i, is júri, lápis
Observações:
2) Não são acentuados os prefixos terminados em "i "e "r" (semi, super).
Exemplos:
Oxítonas
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Acento Agudo
O acento agudo ( ´ ) é usado na maioria dos idiomas para assinalar geralmente uma vogal aberta ou
longa. Em português, aparece em todas as vogais tônicas na última sílaba ou na antepenúltima
sílaba. Aparece também nos grupos "em" e "ens" (como em armazém, além, etc.) e para separar as
letras i e u dentro de um hiato (como em alaúde). Em idiomas como o holandês e o islandês, pode
funcionar como marca diferencial em palavras homônimas cujo significado não pode ser inferido pelo
contexto. Na escrita pinyin do mandarimindica o segundo tom, de baixo para cima. Em polonês pode
aparecer sobre as consoantes c e n para indicar a palatização (passando a ser pronunciadas como
/tch/ e /nh/).
Acento grave
O acento grave (`) era usado geralmente para designar uma vogal curta ou grave em latim e grego.
Em português serve para marcar a crase. É de uso frequente em italiano e francês para marcar a
sílaba tônica de algumas palavras. Em norueguês e romeno, serve como acento para desambiguação
de palavras. Na escrita pinyin, indica o quarto tom, de cima para baixo.
Acento circunflexo
O acento circunflexo (^) é um sinal diacrítico usado em português e galês tem função de marcar a
posição da sílaba tônica. No caso específico do português, aparece sobre as vogais a, e, o quando
são tônicas na última ou antepenúltima sílaba (p. ex.: lâmpada, pêssego, supôs) e têm timbre
fechado. Em francês é usado para marcar vogais longas decorrentes da supressão da letra s na
evolução histórica da palavra (p. ex. hospital → hôpital).
Cáron
Til
O til é um sinal diacrítico cujo uso mais frequente é em português. Serve para indicar a nasalização
das vogais - atualmente somente nos ditongos ão, ãe, õe e isoladamente na vogal ã, mas no passado
podia aparecer também sobre a vogal e. Também aparece no espanhol sobre a letra n para indicar a
palatização (devendo ser pronunciada como /nh/) e no estoniano sobre a letra o para indicar uma
vogal intermediária entre /o/ e /e/.
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Trema
O trema (¨) é um sinal gráfico presente em várias línguas românicas e línguas germânicas, e usado
em português do Brasil até o acordo ortográfico de 1990 sobre a letra u nos
grupos que, qui, gue e gui quando fossem pronunciados, como em freqüência e ungüento, uso ainda
presente em espanhol. Em francês, holandês e italiano, serve para marcar a segunda vogal de um
hiato.
Em alemão, sueco e finlandês aparece sobre as vogais a, o e u para indicar que devem ser
pronunciadas como vogais posteriores.
Cedilha
A cedilha (¸) é usada geralmente para indicar que uma consoante deve ser pronunciada de forma
sibilante. Em português, francês e turco aparece sob a letra c (ç) - no caso do turco, para indicar a
palatização. Em romeno aparece sob as letras s e t.
Anel
O anel (˚) é um acento inexistente em português. Aparece nas línguas escandinavas sobre a
letra a (å) para indicar que deve ser pronunciada como /ó/. Também aparece em checosobre a
letra u para indicar que deve ser pronunciada como uma vogal longa.
Ogonek
O ogonek (˛) é um acento exclusivo do polonês, colocado abaixo das vogais nasais (ą, ę, ǫ, ų). Tem a
mesma função do til em português.
Monossílabos
Exemplos: pá, vá, gás, Brás, cá, má, pé, fé, mês, três, crê, vê, lê, sê, nós, pôs, xô, nó, pó, só.
Oxítonas ou agudas
As palavras oxítonas ou agudas (quando a última sílaba é a sílaba tônica) com a mesma terminação
dos monossílabos tônicos acentuados, com acréscimo do em e ens, são acentuadas. [1] Também são
acentuadas as oxítonas terminadas nos ditongos éu, éi e ói. Exemplos: pará, vatapá, estás, irás, cajá,
você, café, Urupês, jacarés, jiló, avó, avô, retrós, supôs, paletó, cipó, mocotó, alguém, armazéns,
vintém, parabéns, também, ninguém, aquém, refém, réu, céu, pastéis, herói.
Paroxítonas ou graves
As palavras paroxítonas ou graves (quando a penúltima sílaba é a sílaba tônica) que possuem
terminação diferente das oxítonas acentuadas, são acentuadas. [1] Exemplos: táxi, beribéri, lápis,
grátis, júri,bónus/bônus, álbum, álbuns, nêutron, prótons, incrível, útil, ágil, fácil, amável, éden, hífen,
pólen, éter, mártir, caráter, revólver, destróier, tórax, ónix/ônix, fénix/fênix, bíceps, fórceps, ímã, órfã,
ímãs, órfãs, bênção, órgão, órfãos, sótãos. São exceções as com prefixos como anti e super.
Proparoxítonas ou esdrúxulas
Observação.: Palavras terminadas em encontro vocálico átono podem ser consideradas tanto
paroxítonas quanto proparoxítonas, e devem ser todas acentuadas. Encontros vocálicos átonos no
fim de palavras tanto podem ser entendidos como ditongos quanto como hiatos.
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Exemplos: cárie, história, árduo, água, errôneo. FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda
(2010). mini Aurélio 8 ed. Curitiba: Positivo. p. 20. ISBN 85-385-4239-1 Verifique |isbn=(ajuda) </ref>
Exemplos: anéis, fiéis, papéis, céu, troféu, véu, constrói, dói, herói.
Hiatos
As letras i e u (seguidos ou não de s) quando em hiatos, são acentuados desde que estas letras
sejam precedidas por vogal e que estejam isoladas em uma sílaba (só o i ou só o u).
Não se acentuam hiatos que precedem as letras l, r, z, m, n, e o dígrafo nh. Exemplo contribuinte.
Acento diferencial
• têm (terceira pessoa do plural do verbo ter) de tem (terceira pessoa do singular do verbo ter);
• derivados do verbo ter têm na terceira pessoa do singular um acento agudo "´", já a terceira pessoa
do plural tem um acento circunflexo "^" mantém/mantêm;
• vêm (terceira pessoa do plural do verbo vir) - vem (terceira pessoa do singular do verbo vir);
• derivados do verbo vir têm na terceira pessoa do singular um acento agudo "´", já a terceira pessoa
do plural tem um acento circunflexo "^" provém/provêm.
Após a reforma ortográfica, o acento diferencial foi quase totalmente eliminado da escrita, porém,
obviamente, a pronúncia continua a mesma.
Acentuação Gráfica
O português, assim como outras línguas neolatinas, apresenta acento gráfico. Toda palavra da língua
portuguesa de duas ou mais sílabas possui uma sílaba tônica. Observe as sílabas tônicas das
palavras arte, gentil, táxi e mocotó. Você constatou que a tonicidade recai sobre a sílaba inicial
em arte, a final em gentil, a inicial em táxi e a final em mocotó. Além disso, notou que a sílaba tônica
nem sempre recebe acento gráfico. Portanto, todas as palavras com duas ou mais sílabas terão
acento tônico, mas nem sempre terão acento gráfico. A tonicidade está para a oralidade (fala) assim
como o acento gráfico está para a escrita (grafia).
Oxítonas
1. São assinaladas com acento agudo as palavras oxítonas que terminam em a, e e o abertos, e
com acento circunflexo as que terminam em e e o fechados, seguidos ou não de s.
Exemplos:
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
e crê, dendê, vê
2. São acentuados os infinitivos seguidos dos pronomes oblíquos lo, la, los, las.
4. Nunca se acentuam os infinitivos em i, seguidos dos pronomes oblíquos lo, la, los, las.
Paroxítonas
Exemplos:
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Observação
2. Os prefixos anti-, inter-, semi- e super-, embora paroxítonos, não são acentuados
graficamente.
4. Depois do Acordo Ortográfico, não se usa mais o acento no i e no u tônicos das palavras
paroxítonas quando vierem depois de um ditongo decrescente. Se o i ou o u forem precedidos
de ditongo crescente, porém, o acento permanece.
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Proparoxítonas
Exemplos: abóbora, bússola, cântaro, dúvida, líquido, mérito, nórdico, política, relâmpago, têmpora.
Casos especiais
2. Depois do Acordo Ortográfico, não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
palavras paroxítonas.
3. Acentuam-se sempre o i e o u tônicos dos hiatos, quando estes formam sílabas sozinhas ou
são seguidos de s.
Exemplos: aí, balaústre, baú, egoísta, faísca, heroína, saída, saúde, viúvo.
Exemplos: área, ágeis, importância, jóquei, lírios, mágoa, extemporâneo, régua, tênue, túneis.
7. Depois do Acordo Ortográfico, não são mais acentuadas as formas verbais dissílabas
terminadas em eem.
Observação
9. Depois do Acordo Ortográfico, não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis,
(ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo do verbo arguir. O mesmo vale para o seu
composto redarguir.
10. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar,
apaziguar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas
pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do
imperativo.
Exemplos:
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Exemplos:
Observação
a) A vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras.
11. O acento diferencial é utilizado para distinguir uma palavra de outra que se grafa de igual
maneira. Depois do Acordo Ortográfico, passamos a usar apenas alguns acentos diferenciais.
Exemplos:
têm (3.a pessoa do plural do verbo ter) tem (3.a pessoa do singular do verbo ter)
vêm (3.a pessoa do plural do verbo ter) vem (3.a pessoa do singular do verbo ter)
Observações
a) O Acordo Ortográfico passou a aceitar a dupla grafia da palavra fôrma/forma, acentuada ou não.
b) Os derivados do verbo ter (conter, deter, manter etc.) seguem a mesma regra do verbo ter.
Exemplos:
c) Depois do Acordo Ortográfico, não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para,
péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Exemplos:
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Acentuação
Gramática
O Novo Acordo Ortográfico, em uso desde 2009, estabeleceu muitas mudanças nas regras de
acentuação gráfica.
Em se tratando de acentuação, devemos nos ater à questão das novas regras ortográficas da
Língua Portuguesa, as quais entraram em uso desde o dia 1º de janeiro de 2009. Como toda
mudança implica adequação, o ideal é que façamos uso das novas regras o quanto antes.
O estudo exposto a seguir visa a aprofundar seus conhecimentos no que se refere à maneira correta
de grafar as palavras, levando em consideração as regras de acentuação e o que foi proposto pelo
novo acordo ortográfico.
Acentuação Tônica
A acentuação tônica refere-se à intensidade em que são pronunciadas as sílabas das palavras.
Aquela que é pronunciada de forma mais acentuada é a sílaba tônica. As demais, como são
pronunciadas com menos intensidade, são denominadas de átonas.
• Oxítonas: são aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a última sílaba.
Acentuação gráfica
Regras fundamentais:
• Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas terminadas em "a", "e", "o", "em", seguidas ou
não do plural(s). Ex.: Pará – café(s) – cipó(s) – armazém(s)
Ex.: pá – pé – dó – há
→ Formas verbais terminadas em "a", "e", "o" tônicos seguidas de lo, la, los, las.
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
→ i, is
→ l, n, r, x, ps
Regras especiais:
→ Os ditongos de pronúncia aberta "ei", "oi", que antes eram acentuados, perderam o acento
com o Novo Acordo. Veja na tabela a seguir alguns exemplos:
ANTES AGORA
Assembléia Assembleia
Idéia Ideia
Geléia Geleia
Jibóia Jiboia
Paranóico Paranoico
→ Quando "i" e "u" tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de
"s", desde que não sejam seguidos por "-nh", haverá acento:
Observação importante:
→ Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos formando hiato quando vierem depois de
ditongo:
ANTES AGORA
Bocaiúva Bocaiuva
Feiúra Feiura
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Sauípe Sauipe
ANTES AGORA
crêem creem
lêem leem
vôo voo
enjôo enjoo
→ Não se acentuam as vogais "i" e "u" dos hiatos se vierem precedidas de vogal idêntica:
→ As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz com "u" tônico precedido de "g" ou
"q" e seguido de "e" ou "i" não serão mais acentuadas.
ANTES AGORA
→ Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter e vir e dos seus
compostos (conter, reter, advir, convir etc.).
SINGULAR PLURAL
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ACENTUAÇÃO GRÁFICA
• A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do modo indicativo) ainda
continua sendo acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa do singular do presente do
indicativo). O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciá-lo da preposição por.
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CLASSES DE PALAVRAS
Classes De Palavras
Bom, a língua portuguesa é um rico objeto de estudo – você certamente já percebeu isso. Por apre-
sentar tantas especificidades, é natural que ela fosse dividida em diferentes áreas, o que facilita sua
análise. Entre essas áreas, está a Morfologia, que é o estudo da estrutura, da formação e da classifi-
cação das palavras. Na Morfologia, as palavras são estudadas isoladamente, desconsiderando-se a
função que exercem dentro da frase ou do período, estudo realizado pela Sintaxe. Nos estudos morfo-
lógicos, as palavras estão agrupadas em dez classes, que podem ser chamadas de classes de palavras
ou classes gramaticais. São elas:
Substantivo: palavra que dá nome aos seres em geral, podendo nomear também ações, conceitos
físicos, afetivos e socioculturais, entre outros que não podem ser considerados “seres” no sentido literal
da palavra;
Artigo: palavra que se coloca antes do substantivo para determiná-lo de modo particular (definido) ou
geral (indefinido);
Adjetivo: palavra que tem por função expressar características, qualidades ou estados dos seres;
Numeral: palavra que exprime uma quantidade definida, exata de seres (pessoas, coisas etc.), ou a
posição que um ser ocupa em determinada sequência;
Pronome: palavra que substitui ou acompanha um substantivo (nome), definindo-lhe os limites de sig-
nificação;
Verbo: palavra que, por si só, exprime um fato (em geral, ação, estado ou fenômeno) e localiza-o no
tempo;
Advérbio: palavra invariável que se relaciona com o verbo para indicar as circunstâncias (de tempo, de
lugar, de modo etc.) em que ocorre o fato verbal;
Preposição: palavra invariável que liga duas outras palavras, estabelecendo entre elas determinadas
relações de sentido e dependência;
Conjunção: palavra invariável que liga duas orações ou duas palavras de mesma função em uma ora-
ção;
Interjeição: palavra (ou conjunto de palavras) que, de forma intensa e instantânea, exprime sentimen-
tos, emoções e reações psicológicas.
A classificação das palavras sofreu alterações ao longo do tempo, o que é normal, haja vista que a
língua é mutável, isto é, sofre alterações e adaptações de acordo com as necessidades dos falantes.
Classificar uma palavra não é tarefa fácil, porém, possível, prova disso é que na língua portuguesa
todos os vocábulos estão incluídos dentro de uma das dez classes de palavras. Conhecer a gramática
que rege nosso idioma é fundamental para aprimorarmos a comunicação. Foi por essa razão que o
Brasil Escola preparou uma seção voltada ao estudo das classes gramaticais. Nela você encontrará
diversos artigos que explicarão a morfologia da língua de maneira simples e direta por meio de textos
e variados exemplos.
A primeira gramática do ocidente foi de autoria de Dionísio de Trácia, que identificava oito partes do
discurso: nome, verbo, particípio, artigo, preposição, pronome, advérbio e conjunção. Atualmente, são
reconhecidas dez classes gramaticais pela maioria dos gramáticos: substantivo, adjetivo, advérbio,
verbo, conjunção, interjeição, preposição, artigo, numeral e pronome.
Como podemos observar, houve alterações ao longo do tempo quanto às classes de palavras. Isso
acontece porque a nossa língua é viva, e portanto vem sendo alterada pelos seus falantes o tempo
todo, ou seja, nós somos os responsáveis por estas mudanças que já ocorreram e pelas que ainda vão
ocorrer. Classificar uma palavra não é fácil, mas atualmente todas as palavras da língua portuguesa
estão incluídas dentro de uma das dez classes gramaticais dependendo das suas características. A
parte da gramática que estuda as classes de palavras é a MORFOLOGIA (morfo = forma, logia = es-
tudo), ou seja, o estudo da forma.
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CLASSES DE PALAVRAS
Na morfologia, portanto, não estudamos as relações entre as palavras, o contexto em que são empre-
gadas, ou outros fatores que podem influenciá-la, mas somente a forma da palavra.
Há discordância entre os gramáticos quanto a algumas definições ou características das classes gra-
maticais, mas podemos destacar as principais características de cada classe de palavras:
SUBSTANTIVO – é dita a classe que dá nome aos seres, mas não nomeia somente seres, como tam-
bém sentimentos, estados de espírito, sensações, conceitos filosóficos ou políticos, etc.
ARTIGO – classe que abriga palavras que servem para determinar ou indeterminar os substantivos,
antecedendo-os.
ADJETIVO – classe das características, qualidades. Os adjetivos servem para dar características aos
substantivos.
PRONOME – Palavra que pode acompanhar ou substituir um nome (substantivo) e que determina a
pessoa do discurso.
Exemplo: eu, nossa, aquilo, esta, nós, mim, te, eles, etc.
VERBO – palavras que expressam ações ou estados se encontram nesta classe gramatical.
PREPOSIÇÃO – Servem para ligar uma palavra à outra, estabelecendo relações entre elas.
CONJUNÇÃO – São palavras que ligam orações, estabelecendo entre elas relações de coordenação
ou subordinação.
INTERJEIÇÃO – Contesta-se que esta seja uma classe gramatical como as demais, pois algumas de
suas palavras podem ter valor de uma frase. Mesmo assim, podemos definir as interjeições como pa-
lavras ou expressões que evocam emoções, estados de espírito.
Segundo um estudo morfológico da língua portuguesa, as palavras podem ser analisadas e cataloga-
das em dez classes de palavras ou classes gramaticais distintas, sendo elas: substantivo, artigo, adje-
tivo, pronome, numeral, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
Substantivo
Substantivos são palavras que nomeiam seres, lugares, qualidades, sentimentos, noções, entre outros.
Podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (diminutivo,
normal, aumentativo). Exercem sempre a função de núcleo das funções sintáticas onde estão inseridos
(sujeito, objeto direto, objeto indireto e agente da passiva).
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CLASSES DE PALAVRAS
Substantivos simples
• Casa;
• Amor;
• Roupa;
• Livro;
• Felicidade.
Substantivos compostos
• Passatempo;
• Arco-íris;
• Beija-flor;
• Segunda-feira;
• Malmequer.
Substantivos primitivos
• Folha;
• Chuva;
• Algodão;
• Pedra;
• Quilo.
Substantivos derivados
• Território;
• Chuvada;
• Jardinagem;
• Açucareiro;
• Livraria.
Substantivos próprios
• Flávia;
• Brasil;
• Carnaval;
• Nilo;
• Serra da Mantiqueira.
Substantivos comuns
• Mãe;
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CLASSES DE PALAVRAS
• Computador;
• Papagaio;
• Uva;
• Planeta.
Substantivos coletivos
• Rebanho;
• Cardume;
• Pomar;
• Arquipélago;
• Constelação.
Substantivos concretos
• Mesa;
• Cachorro;
• Samambaia;
• Chuva;
• Felipe.
Substantivos abstratos
• Beleza;
• Pobreza;
• Crescimento;
• Amor;
• Calor.
• O estudante / a estudante;
• O jovem / a jovem;
• O artista / a artista.
Substantivos sobrecomuns
• A vítima;
• a pessoa;
• a criança;
• o gênio;
• o indivíduo.
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CLASSES DE PALAVRAS
Substantivos Epicenos
• a formiga;
• o crocodilo;
• a mosca;
• a baleia;
• o besouro.
• o lápis / os lápis;
• o tórax / os tórax;
• a práxis / as práxis.
Artigo
Artigos são palavras que antecedem os substantivos, determinando a definição ou a indefinição dos
mesmos. Sendo flexionados em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural), indicam
também o gênero e o número dos substantivos que determinam.
Artigos Definidos
• o;
• a;
• os;
• as.
Artigos Indefinidos
• um;
• uma;
• uns;
• umas.
Adjetivo
Adjetivos são palavras que caracterizam um substantivo, conferindo-lhe uma qualidade, característica,
aspecto ou estado. Podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural)
e grau (normal, comparativo, superlativo).
Adjetivos Simples
• vermelha;
• lindo;
• zangada;
• branco.
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CLASSES DE PALAVRAS
Adjetivos Compostos
• verde-escuro;
• amarelo-canário;
• franco-brasileiro;
• mal-educado.
Adjetivo primitivo
• feliz;
• bom;
• azul;
• triste;
• grande.
Adjetivo Derivado
• magrelo;
• avermelhado;
• apaixonado.
Adjetivos Biformes
• bonito;
• alta;
• rápido;
• amarelas;
• simpática.
Adjetivos Uniformes
• competente;
• fácil;
• verdes;
• veloz;
• comum.
Adjetivos Pátrios
• paulista;
• cearense;
• brasileiro;
• italiano;
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CLASSES DE PALAVRAS
• romeno.
Pronome
Pronomes são palavras que substituem o substantivo numa frase (pronomes substantivos) ou que
acompanham, determinam e modificam os substantivos, atribuindo particularidades e características
aos mesmos (pronomes adjetivos). Podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino), número
(singular e plural) e pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa do discurso).
• eu;
• tu;
• ele;
• nós;
• vós;
• eles.
• me;
• mim;
• comigo;
• o;
• a;
• se;
• conosco;
• vos.
• você;
• senhor;
• Vossa Excelência;
• Vossa Eminência.
Pronomes Possessivos
• meu;
• tua;
• seus;
• nossas;
• vosso;
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CLASSES DE PALAVRAS
• sua.
Pronomes Demonstrativos
• este;
• essa;
• aquilo;
• o;
• a;
• tal.
Pronomes Interrogativos
• que;
• quem;
• qual;
• quanto.
Pronomes Relativos
• que;
• quem;
• onde;
• a qual;
• cujo;
• quantas.
Pronomes Indefinidos
• algum;
• nenhuma;
• todos;
• muitas;
• nada;
• algo.
Numeral
Numerais são palavras que indicam quantidades de pessoas ou coisas, bem como a ordenação de
elementos numa série. Alguns numerais podem ser flexionados em gênero (masculino e feminino) e
número (singular e plural), outros são invariáveis.
Numerais Cardinais
• um;
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CLASSES DE PALAVRAS
• sete;
• vinte e oito;
• cento e noventa;
• mil.
Numerais Ordinais
• primeiro;
• vigésimo segundo;
• nonagésimo;
• milésimo.
Numerais Multiplicativo
• duplo;
• triplo;
• quádruplo;
• quíntuplo.
Numerais Fracionários
• um meio;
• um terço;
• três décimos.
Numerais Coletivos
• dúzia;
• cento;
• dezena;
• quinzena.
Verbo
Verbos são palavras que indicam, principalmente, uma ação. Podem indicar também uma ocorrência,
um estado ou um fenômeno. Podem ser flexionados em número (singular e plural), pessoa (1.ª, 2.ª ou
3.ª pessoa do discurso), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo), tempo (passado, presente e futuro),
aspecto (incoativo, cursivo e conclusivo) e voz (ativa, passiva e reflexiva).
Verbos Regulares
• cantar;
• amar;
• vender;
• prender;
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CLASSES DE PALAVRAS
• partir;
• abrir.
Verbos Irregulares
• medir;
• fazer;
• ouvir;
• haver;
• poder;
• crer.
Verbos Anômalos
• ser;
• ir.
Verbos Principais
• comer;
• dançar;
• saltar;
• escorregar;
• sorrir;
• rir.
Verbos Auxiliares
• ser;
• estar;
• ter;
• haver;
• ir.
Verbos de Ligação
• ser;
• estar;
• parecer;
• ficar;
• tornar-se;
• continuar;
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CLASSES DE PALAVRAS
• andar;
• permanecer.
Verbos Defectivos
• falir;
• banir;
• reaver;
• colorir;
• demolir;
• adequar.
Verbos Impessoais
• haver;
• fazer;
• chover;
• nevar;
• ventar;
• anoitecer;
• escurecer.
Verbos Unipessoais
• latir;
• miar;
• cacarejar;
• mugir;
• convir;
• custar;
• acontecer.
Verbos Abundantes
• aceitado / aceito;
• ganhado / ganho;
• pagado / pago.
• arrepender-se;
• suicidar-se;
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CLASSES DE PALAVRAS
• zangar-se;
• queixar-se;
• abster-se;
• dignar-se.
• pentear / pentear-se;
• sentar / sentar-se;
• enganar / enganar-se
• debater / debater-se.
Advérbio
Advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um advérbio, indicando uma circuns-
tância (tempo, lugar, modo, intensidade, …). São invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e nú-
mero. Contudo, alguns advérbios podem ser flexionados em grau.
Advérbio de lugar
• aqui;
• ali;
• atrás;
• longe;
• perto;
• embaixo.
Advérbio de Tempo
• hoje;
• amanhã;
• nunca;
• cedo;
• tarde;
• antes.
Advérbio De Modo
• bem;
• mal;
• rapidamente;
• devagar;
• calmamente;
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CLASSES DE PALAVRAS
• pior.
Advérbio De Afirmação
• sim;
• certamente;
• certo;
• decididamente.
Advérbio De Negação
• não;
• nunca;
• jamais;
• nem;
• tampouco.
Advérbio De Dúvida
• talvez;
• quiçá;
• possivelmente;
• provavelmente;
• porventura.
Advérbio de Intensidade
• muito;
• pouco;
• tão;
• bastante;
• menos;
• quanto.
Advérbio de Exclusão
• salvo;
• senão;
• somente;
• só;
• unicamente;
• apenas.
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CLASSES DE PALAVRAS
Advérbio de Inclusão
• inclusivamente;
• também;
• mesmo;
• ainda.
Advérbio de Ordem
• primeiramente;
• ultimamente;
• depois.
Preposição
Preposições são palavras que estabelecem conexões com vários sentidos entre dois termos da oração.
Através de preposições, o segundo termo (termo consequente) explica o sentido do primeiro termo
(termo antecedente). São invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e número.
• a;
• após;
• até;
• com;
• de;
• em;
• entre;
• para;
• sobre.
• como;
• conforme;
• consoante;
• durante;
• exceto;
• fora;
• mediante;
• salvo;
• segundo;
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CLASSES DE PALAVRAS
• senão.
• acima de;
• a fim de;
• apesar de;
• através de;
• de acordo com;
• depois de;
• em vez de;
• graças a;
• perto de;
Conjunção
Conjunções são palavras utilizadas como elementos de ligação entre duas orações ou entre termos de
uma mesma oração, estabelecendo relações de coordenação ou de subordinação. São invariáveis, não
sendo flexionadas em gênero e número.
• e;
• nem;
• também;
• bem como;
• mas;
• porém;
• contudo;
• todavia;
• entretanto;
• no entanto;
• não obstante.
• ou;
• ou...ou;
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CLASSES DE PALAVRAS
• já…já;
• ora...ora;
• quer...quer;
• seja...seja.
• logo;
• pois;
• portanto;
• assim;
• por isso;
• por consequência;
• por conseguinte.
• que;
• porque;
• porquanto;
• pois;
• isto é.
• que;
• se.
• porque;
• que;
• porquanto;
• visto que;
• já que;
• pois que;
• como.
• embora;
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CLASSES DE PALAVRAS
• conquanto;
• ainda que;
• mesmo que;
• se bem que;
• posto que.
• se;
• caso;
• desde;
• salvo se;
• desde que;
• exceto se;
• contando que.
• conforme;
• como;
• consoante;
• segundo.
• a fim de que;
• para que;
• que.
• à proporção que;
• à medida que;
• ao passo que;
• quando;
• enquanto;
• agora que;
• logo que;
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CLASSES DE PALAVRAS
• desde que;
• assim que;
• tanto que;
• apenas.
• como;
• assim como;
• tal;
• qual;
• tanto como.
• que;
• tanto que;
• tão que;
• tal que;
• tamanho que;
• de forma que;
• de modo que;
• de sorte que;
Interjeição
Interjeições são palavras que exprimem emoções, sensações, estados de espírito. São invariáveis e
seu significado fica dependente da forma como as mesmas são pronunciadas pelos interlocutores.
Interjeições de alegria
• Oh!;
• Ah!;
• Oba!;
• Viva!;
• Opa!.
Interjeições de Estímulo
• Vamos!;
• Força!;
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CLASSES DE PALAVRAS
• Coragem!;
• Ânimo!;
• Adiante!.
Interjeições de Aprovação
• Apoiado!;
• Boa!;
• Bravo!.
Interjeições de desejo
• Oh!;
• Tomara!;
• Oxalá!.
Interjeições De Dor
• Ai!;
• Ui!;
• Ah!;
• Oh!.
Interjeições de Surpresa
• Nossa!;
• Cruz!;
• Caramba!;
• Opa!;
• Virgem!;
• Vixe!.
Interjeições de Impaciência
• Diabo!;
• Puxa!;
• Pô!;
• Raios!;
• Ora!.
Interjeições de Silêncio
• Psiu!;
• Silêncio!.
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CLASSES DE PALAVRAS
Interjeições de Alívio
• Uf!;
• Ufa!;
• Ah!.
Interjeições de Medo
• Credo!;
• Cruzes!;
• Uh!;
• Ui!.
Interjeições de Advertência
• Cuidado!;
• Atenção!;
• Olha!;
• Alerta!;
• Sentido!.
Interjeições de Concordância
• Claro!;
• Tá!;
• Hã-hã!.
Interjeições de Desaprovação
• Credo!;
• Francamente!;
• Xi!;
• Chega!;
• Basta!;
• Ora!.
Interjeições de Incredulidade
• Hum!;
• Epa!;
• Ora!;
• Qual!.
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CLASSES DE PALAVRAS
Interjeições de Socorro
• Socorro!;
• Aqui!;
• Piedade!;
• Ajuda!.
Interjeições de Cumprimentos
• Olá!;
• Alô!;
• Ei!;
• Tchau!;
• Adeus!.
Interjeições de Afastamento
• Rua!;
• Xô!;
• Fora!;
• Passa!.
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EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
CRASE: é uma palavra de origem grega e significa "mistura", "fusão". Nos estudos de Língua
Portuguesa, é o nome dado à fusão ou contração de duas letras "a" em uma só. A crase é indicada
pelo acento grave (`) sobre o "a". Crase, portanto, NÃO é o nome do acento, mas do fenômeno
(junção a + a) representado através do acento grave.
4) o a dos pronomes relativos a qual e as quais: Há cidades brasileiras às quais não é possível
enviar correspondência.
Regras Práticas
2 - Substitua o termo regente da preposição a por outro que exija uma preposição diferente
(de, em, por). Se essas preposições não se contraírem com o artigo, ou seja, se não surgirem as
formas da(s), na(s) ou pela(s), não haverá crase:
Refiro-me a você. (sem crase) - Gosto de você / Penso em você / Apaixonei-me por você.
Refiro-me à menina. (com crase) - Gosto da menina / Penso na menina / Apaixonei-me pela
menina.
Começou a gritar. (sem crase) - Gosta de gritar / Insiste em gritar / Optou por gritar.
3 - Substitua verbos que transmitem a idéia de movimento (ir, voltar, vir, chegar etc.) pelo verbo
voltar. Ocorrendo a preposição "de", NÃO haverá crase. E se ocorrer a preposição "da",
HAVERÁ crase:
Ocorrendo a preposição "de", NÃO haverá crase. E se ocorrer a preposição "da", HAVERÁ
crase:
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EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
4 - A crase deve ser usada no caso de locuções, ou seja, reunião de palavras que equivalem a
uma só idéia. Se a locução começar por preposição e se o núcleo da locução for palavra
feminina, então haverá crase:
Gente à toa.
Vire à direita.
Tudo às claras.
Hoje à noite.
Navio à deriva.
Tudo às avessas.
No caso da locução "à moda de", a expressão "moda de" pode vir subentendida, deixando
apenas o "à" expresso, como nos exemplos que seguem:
Filé à milanesa.
Churrasco à gaúcha.
À meia-noite.
À uma hora.
À duas horas.
Às três e quarenta.
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Apesar do tema pedir para abordar somente sobre a oração e o período, colocarei também um pouco
sobre frase para tornar o assunto mais completo.
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. Expressa juízo, indica
ação, estado ou fenômeno, transmite um apelo, ordem ou exterioriza emoções.
Normalmente a frase é composta por dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigatoriamente,
pois, em Português há orações ou frases sem sujeito: Há muito tempo que não chove. Enquanto na
língua falada a frase é caracterizada pela entoação, na língua escrita, a entoação é reduzida a sinais
de pontuação.
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em verbais e nominais, feita a partir de seus elemen-
tos constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu sentido global:
frases interrogativas: o emissor da mensagem formula uma pergunta. / Que queres fazer?
frases imperativas: o emissor da mensagem dá uma ordem ou faz um pedido. / Dê-me uma mãozinha!
– Faça-o sair!
Quanto a estrutura da frase, as frases que possuem verbo são estruturadas por dois elementos essen-
ciais: sujeito e predicado.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo em número e pessoa. É o “ser de quem se
declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”.
O predicado é a parte da frase que contém “a informação nova para o ouvinte”. Ele se refere ao tema,
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
Quando o núcleo da declaração está no verbo, temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver num
nome, teremos um predicado nominal.
A existência é frágil.
A oração, às vezes, é sinônimo de frase ou período (simples) quando encerra um pensamento completo
e vem limitada por ponto-final, ponto-de-interrogação, ponto-de-exclamação e por reticências.
Acima temos três orações correspondentes a três períodos simples ou a três frases.
Mas, nem sempre oração é frase: “convém que te apresses” apresenta duas orações mas uma só frase,
pois somente o conjunto das duas é que traduz um pensamento completo.
Outra definição para oração é a frase ou membro de frase que se organiza ao redor de um verbo. A
oração possui sempre um verbo (ou locução verbal), que implica, na existência de um predicado, ao
qual pode ou não estar ligado um sujeito.
Rua!
Já em:
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
“Quero a rosa mais linda que houver, para enfeitar a noite do meu bem.”
Temos uma frase e três orações: As duas últimas orações não são frases, pois em si mesmas não
satisfazem um propósito comunicativo; são, portanto, membros de frase.
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída por uma ou mais orações, formando um todo, com
sentido completo. O período pode ser simples ou composto.
Período simples é aquele constituído por apenas uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Chove.
A existência é frágil.
A sintaxe é a parte da gramática que estuda a estrutura da frase, analisando as funções que as palavras
desempenham numa oração e as relações que estabelecem entre si. A sintaxe estuda também as
relações existentes entre as diversas orações que formam um período.
termos essenciais;
termos integrantes;
termos acessórios.
Os termos integrantes da oração são o objeto direto, o objeto indireto, o predicativo do sujeito, o predi-
cativo do objeto, o complemento nominal e o agente da passiva.
Sujeito: a Madalena
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Sujeito: o diretor
Sujeito: a roupa
Sujeito: ela
Objeto direto: a
Os períodos compostos são formados por várias orações. As orações estabelecem entre si relações
de coordenação ou de subordinação.
Os períodos compostos por coordenação são formados por orações independentes. Apesar de estarem
unidas por conjunções ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas individualmente
porque apresentam sentidos completos.
Os períodos compostos por subordinação são formados por orações dependentes uma da outra. Como
as orações subordinadas apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas de forma se-
parada.
Conforme a função sintática que desempenham, as orações subordinadas são classificadas em subs-
tantivas, adjetivas ou adverbiais.
Oração subordinada substantiva subjetiva: Foi anunciado que Jorge será o novo diretor.
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Oração subordinada substantiva objetiva direta: Nós não sabíamos que isso seria obrigatório.
Oração subordinada substantiva objetiva indireta: A empresa precisa de que todos os funcionários se-
jam assíduos.
Oração subordinada substantiva completiva nominal: Tenho esperança de que tudo será melhor no
futuro!
Oração subordinada substantiva apositiva: Apenas quero isto: que você desapareça da minha vida!
Oração subordinada adverbial causal: Ele não pode esperar porque tem hora marcada no médico.
Oração subordinada adverbial consecutiva: A Luísa esperou tanto tempo que adormeceu no sofá
Oração subordinada adverbial final: Eles ficaram vigiando para que nós chegássemos a casa em szgu-
rança.
Oração subordinada adverbial temporal: Mal você foi embora, ele apareceu.
Oração subordinada adverbial condicional: Se o Paulo vier rápido, eu espero por ele.
Oração subordinada adverbial concessiva: Embora eu esteja atrasada para o trabalho, continuarei e
Oração subordinada adverbial comparativa: Júlia se sentia como se ainda tivesse dezesseis anos.
Oração subordinada adverbial conformativa: Ficaremos esperando por você, conforme combinamos
ontem.
Oração subordinada adverbial proporcional: Quanto mais eu estudava, mais tinha a sensação de não
saber nada.
Oração subordinada adjetiva explicativa: A Júlia, que é a funcionária mais nova da empresa, não teve
uma boa avaliação.
Oração subordinada adjetiva restritiva: Todos os funcionários que conhecem bem a empresa tiveram
uma boa avaliação.
Sintaxe De Concordância
Para haver concordância nominal é necessário que haja concordância de gênero e número entre os
diversos nomes da oração, ou seja, entre o substantivo e o adjetivo que o caracteriza, entre o substan-
tivo e o artigo que o determina, entre um pronome adjetivo e o substantivo,...
Concordância em número indica a flexão em singular e plural. Concordância em gênero indica a flexão
em masculino e feminino.
O vizinho novo;
A vizinha nova;
Os vizinhos novos;
As vizinhas novas.
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Para que haja concordância verbal é necessário que haja concordância em número e pessoa entre o
sujeito gramatical e o verbo.
Concordância em número indica a flexão em singular e plural. Concordância em pessoa indica a flexão
em 1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa.
Eu li;
Ele leu;
Nós lemos;
Eles leram.
Sintaxe de regência
A sintaxe de regência estuda a regência nominal e a regência verbal que ocorre entre os diversos
termos de uma oração. Há um termo regente que apresenta um sentido incompleto sem o termo regido,
que atua como seu complemento.
A regência nominal indica a relação que um nome (termo regente) estabelece com o seu complemento
(termo regido) através do uso de uma preposição.
favorável a;
apto a;
livre de;
sedento de;
intolerante com;
compatível com;
interesse em;
perito em;
mau para;
pronto para;
respeito por;
responsável por.
A regência verbal indica a relação que um verbo (termo regente) estabelece com o seu complemento
(termo regido) através do uso ou não de uma preposição. Na regência verbal os termos regidos são o
objeto direto (sem preposição) e o objeto indireto (preposicionado).
assistir a;
obedecer a;
avisar a;
agradar a;
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
morar em;
apoiar-se em;
transformar em;
morrer de;
constar de;
sonhar com;
indignar-se com;
ensaiar para;
apaixonar-se por;
cair sobre.
A sintaxe de colocação pronominal estuda a forma como os pronomes pessoais oblíquos átonos se
associam aos verbos. Existem três formas de colocação pronominal:
A ênclise é a forma básica de colocação pronominal. Contudo, há um maior uso da próclise no portu-
guês falado no Brasil, sendo a forma de colocação pronominal privilegiada pelos falantes.
Assim, em muitas ocasiões torna-se facultativo o uso da próclise ou da ênclise, desde que não ocorra
nenhuma situação que exija um tipo específico de colocação pronominal.
É, por exemplo, obrigatório o uso da ênclise em orações iniciadas com verbos, estando errado iniciar
uma frase com um pronome oblíquo.
Além disso, há diversas palavras que exigem o uso da próclise, como palavras negativas, conjunções
subordinativas, pronomes relativos, indefinidos e demonstrativos, entre outras.
Estudar as diferenças entre Frase, Oração e Período é importante para que possamos compreender a
sintaxe da língua portuguesa, os enunciados e suas unidades.
Para que possamos compreender a sintaxe da Língua Portuguesa, ou seja, o conjunto das relações
que as palavras estabelecem entre si, é necessário, antes de tudo, estudarmos a respeito dos enunci-
ados e suas unidades, os quais apresentam características estruturais próprias: a Frase, a Oração e
o Período.
Frase
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
A frase pode ser definida por seu propósito comunicativo. Isso significa que Frase é todo enunciado
capaz de transmitir, de traduzir sentidos completos em um contexto de comunicação, de interação ver-
bal.
O início e o final da frase são marcados, na escrita, por pontuação específica (. ! ? …);
Na fala, o início e o final da frase são marcados por uma entoação característica. Não se esqueça de
que a entoação é a forma como os falantes associam o contorno da expressividade, como é visto na
frase interrogativa ou declarativa;
Na escrita, os limites da frase são indicados pela letra inicial maiúscula e pelo sinal de pontuação (. ! ?
…).
– Ai!
– Socorro!
– O quê?
– Quanta bagunça...
– Que tragédia!
– Como assim?
– Fogo!
Tipos De Frases
Frases exclamativas: Entonação expressiva, reação mais exaltada. Geralmente, finalizada com ponto
de exclamação ou reticências (! …). Exemplo: Que horror!
Frases declarativas: Não são marcadas pela entonação expressiva ou intencional. Geralmente apre-
sentam declarações afirmativas ou negativas e são finalizadas com o ponto final (.). Exemplo: Amanhã
não poderei levantar.
Frases imperativas: Enunciado que traz um verbo no modo imperativo. Geralmente sugere uma ordem
e é finalizado pelos pontos de exclamação e final (! .). Exemplo: Fale mais baixo!
Oração
A oração é uma unidade sintática. Trata-se de um enunciado linguístico cuja estrutura caracteriza-se,
obrigatoriamente, pela presença de um verbo.
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
– Corra!
Período
O período é uma unidade sintática. Trata-se de um enunciado construído por uma ou mais orações e
possui sentido completo. Na fala, o início e o final do período são marcados pela entonação e, na
escrita, são marcados pela letra maiúscula inicial e a pontuação específica que delimita sua exten-
são. Os períodos podem ser simples ou compostos. Vejamos cada um deles:
Período Simples
Os períodos simples são aqueles constituídos por uma oração, ou seja, um enunciado com apenas um
verbo e sentido completo. Exemplo: Os dias de verão são muito longos! (verbo ser)
Período Composto
Os períodos compostos são aqueles constituídos por mais de uma oração, ou seja, dois ou mais ver-
bos. Exemplo: Mariana me ligou para dizer que não virá mais tarde. (Período composto por três ora-
ções: verbos ligar, dizer e vir.)
Sujeito: é identificado com o questionamento de “quem é que”. O sujeito pode ser simples (único nú-
cleo), composto (mais de um núcleo), oculto (quando é a partir da desinência verbal que você encontra
o sujeito), indeterminado (verbos em terceira pessoa indicam a indeterminação do sujeito) e poderá
haver orações sem sujeito (com os verbos haver, acontecer, ser).
Objeto direto: complementa o sentido do também verbo direto, geralmente está acompanhado de arti-
gos.
Objeto indireto: aparece com preposição e complementa o sentido do verbo transitivo indireto.
Agente da passiva: inicia-se com “por”, “pelo”, “de” e pratica a ação verbal na voz chamada passiva.
Adjunto adverbial: são informações de tempo, dúvida, causa, modo, lugar, intensidade, ao verbo.
Para que a frase seja classificada com oração, é preciso que se atente para duas características prin-
cipais: que exista um verbo ou locução verbal, e que promova o sentido completo. Por isso que, nem
sempre toda frase será oração. Veja:
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Que noite bonita! -> mesmo que tenha sentido, não há verbo, portanto, é frase.
Concordância verbal é quando o verbo se flexiona para concordar com o número e pessoa do sujeito.
Lápis, caderno, livro, tudo é necessário para uma educação de qualidade (quando se refere a tudo,
ninguém ou nada, o verbo permanece no singular)
Vossa Excelência quer um chá? (pronomes de tratamento, o verbo fica em terceira pessoa)
Os alunos novos precisam das apostilas que estão em meus dois armários da biblioteca
É proibido entrada.
É proibida a entrada.
Há verbos, na língua portuguesa, que exigem a presença de outros termos na oração a que pertencem.
Quando um verbo exige a presença de outro termo na oração, ele se chama REGENTE e a palavra
que completa a sua significação chama-se REGIDO.
Transitivo direto: é acompanhado de um objeto direto sem preposição. Ex: Minha mãe reconquistou o
pai.
Transitivo indireto: é acompanhando de um objeto indireto com preposição. Ex: Vamos brincar de bo-
neca?
Transitivo direto e indireto: quando há tanto o objeto direto quanto indireto. Ex: O jornal dedicou uma
folha ao acidente.
É possível que algumas orações se encontrem na ordem inversa (indireta) quando não seguem a es-
trutura direta, como veremos abaixo:
Eu fui ao casamento
No casamento, fui eu
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Geralmente, a ordem indireta aparece mais em poemas, textos literários e obras para que a cadência
fique mais fluida. O mesmo acontece com o nosso hino nacional, que em sua maioria está invertido. A
ordem direta está classificada como sujeito + verbo + complemento.
1. Sujeito e Predicado
Sujeito: termo sobre o qual recai a afirmação do predicado e com o qual o verbo concorda.
Tipos de sujeito
Determinado: o predicado se refere a um termo explícito na frase. Mesmo que venha implícito, pode
ser explicitado.
Indeterminado: o predicado não se refere a qualquer elemento explícito na frase, nem é possível iden-
tificá-lo pelo contexto.
Choverá amanhã.
Haverá reclamações.
É tarde.
Adjunto adverbial: liga-se ao verbo, não para completá-lo, mas para indicar circunstância em que ocorre
a ação.
Agente da voz passiva: liga-se a um verbo passivo por meio de preposição para indicar quem executou
a ação.
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Predicativo: caracteriza o nome a que se refere sempre por meio de um verbo. Pode ser do sujeito e
do objeto.
Aposto: termo de núcleo substantivo, que se liga a um nome para identificá-lo. O aposto é sempre um
equivalente do nome a que se refere.
Complemento nominal: liga-se ao nome por meio de preposição obrigatória e indica o alvo sobre o qual
se projeta a ação.
4. Vocativo:
Termo isolado, que indica a pessoa a quem se faz um chamado. Vem sempre entre vírgulas e admite
a anteposiçãoo da interjeição ó.
Sintaxe Do Período
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Restritiva: É aquela que restringe ou particulariza o nome a que se refere. Vem iniciada por pronome
relativo e não vem entre vírgulas.
Explicativa: É aquela que não restringe nem particulariza o nome a que se refere. Indica uma proprie-
dade pressuposta como pertinente a todos os elementos do conjunto a que se refere. Inicia-se por
pronome relativo e vem entre vírgulas.
Exemplo: O aluno foi bem na prova porque estava calmo. (devido à sua calma)
Condicional: indica um evento ou fato do qual depende a ocorrência indicada na oração principal.
Conformativa: indica que o fato expresso na oração subordinada está de acordo com o da oração prin-
cipal.
Final: indica o fim, o objetivo com que ocorre a ação do verbo principal.
4. Orações coordenadas
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
São todas as orações que não se ligam sintaticamente a nenhum termo de outra oração.
As coordenadas podem ou nãoo vir iniciadas por conjunção coordenativa. Chamam-se coordenadas
sindéticas as que se iniciam por conjunção e assindéticas as que nã;o se iniciam.
Exemplo: Presenciei o fato, mas ainda não acredito. or. c. assindética or. c. sindética
Explicativa: estabelece uma relação de explicação ou justificação. Contém sempre um argumento fa-
vorável ao que foi dito na oração anterior.
A sintaxe é o estudo das palavras dentro das frases ou orações, da relação que elas criam entre si para
compor o significado. É também o estudo da relação das orações dentro do período.
A sintaxe é a ferramenta usada para formar uma frase compreensível, por isso se as relações que as
palavras estabelecem entre si dentro de uma oração mudam, o sentido também muda, mesmo se usar-
mos as mesmas palavras.
Assim como na matemática, se você tem a operação 10 dividido por 2, o resultado será diferente caso
sejam invertidos os números. 10 dividido por 2 é igual 5, mas 2 dividido por 10 é igual a 0,2. Percebemos
que com a inversão dos números obtivemos um resultados diferentes.
Para entender melhor o sentido de sintaxe, é preciso compreender os conceitos de frase, oração e pe-
ríodo. Esses três elementos, apesar de possuírem significados diferentes. estão diretamente ligados.
São os elementos essenciais para a criação de um discurso. Comecemos pela frase, que possui um
significado muito mais aberto.
As frases têm o objetivo de transmitir uma mensagem, então elas podem ser formadas por apenas uma
palavra ou ter uma complexidade muito maior. Sempre é possível reconhecer o começo e o fim de uma
frase oralmente, e na escrita normalmente se identifica o começo por uma letra maiúscula e o final por
um ponto.
EXEMPLOS: “Socorro!” e “Eu preciso que alguém envie ajuda para atender uma senhora que foi atro-
pelada e já não está conseguindo respirar.”
Orações e períodos possuem conceitos mais definidos. Uma oração é uma frase ou um fragmento dela
que é formada por um verbo ou locução verbal. As frases compostas por orações são chamadas de
períodos.
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SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO
Os períodos podem ser simples ou compostos, esta definição depende do número de orações em sua
estrutura. Caso o período possua apenas uma oração, é chamado de período simples; se é formado
por duas ou mais orações, é um período composto.
EXEMPLOS: “Pare com isso” é um período simples. “Pare com isso que já ficou chato” é um período
composto.
Tipos De Frase
A frase tem o objetivo de transmitir um conteúdo para alguém, e existem diversas maneiras para se
fazer isso. Na língua portuguesa algumas dessas formas de se expressar já são muito comuns, e por
isso a entoação delas tornou-se previsível. Esses tipos comuns de frases podem ser classificados con-
forme as categorias a seguir:
Frases declarativas: Frases que declaram ou informam algo. Podem ser tanto no sentido positivo
quanto no negativo.
EXEMPLOS: frase declarativa afirmativa: “Isto vai cair”; frase declarativa negativa: “Isto não vai cair”.
Frases interrogativas: Frases através das quais se procura obter alguma informação ou faz-se um
questionamento. Podem ser diretas ou indiretas.
EXEMPLOS: frase interrogativa direta: “Isto vai cair?”; frase interrogativa indireta: “Queria saber se isto
vai cair”.
Frases imperativas: Normalmente empregadas em pedidos, ordens e conselhos. São frases que têm o
objetivo de influenciar as ações do receptor da mensagem. Também podem ser afirmativas e negativas.
EXEMPLOS: frase imperativa afirmativa: “Corra pelo campo”; frase imperativa negativa: “Não corra
pelo campo”.
Frases exclamativas: Frases usadas para expressar uma emoção ou estado emotivo.
Elementos Da Sintaxe
O campo de estudo da sintaxe é composto por três elementos: frase, oração e período. Frase é muito
abrangente, logo não é necessário um estudo tão aprofundado. Oração e período, apesar de já terem
sido definidos, ainda podem ser estudados mais a fundo. A oração possui alguns elementos que são
fundamentais na sua constituição:
Sujeito
Predicado
Complemento
Adjunto
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PONTUAÇÃO
Pontuação
Como na fala temos o contato direto com nossos interlocutores, contamos também com nossos ges-
tos para tentar deixar claro aquilo que queremos dizer. Na escrita, porém, são os sinais de pontuação
que garantem a coesão e a coerência interna dos textos, bem como os efeitos de sentidos dos enun-
ciados.
Vejamos, a seguir, quais são os sinais de pontuação que nos auxiliam nos processos de escrita:
Ponto ( . )
b) Separar períodos:
c) Abreviar palavras:
Av. (Avenida)
p. (página)
Dr. (doutor)
Dois-pontos ( : )
O aluno respondeu:
– Parta agora!
Esse é o problema dos caixas eletrônicos: não tem ninguém para auxiliar os mais idosos.
Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja
infinito enquanto dure.”
Reticências ( ... )
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PONTUAÇÃO
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecí-
lia - José de Alencar)
Parênteses ( )
Isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo, datas e também podem substituir a vírgula
ou o travessão:
"Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois duma
grande tormenta no fim do verão.” (O milagre das chuvas no Nordeste- Graça Aranha)
Ponto de Exclamação ( ! )
Após vocativo
Cale-se!
c) Após interjeição:
Que pena!
Ponto de Interrogação ( ? )
Em perguntas diretas:
Vírgula ( , )
De todos os sinais de pontuação, a vírgula é aquele que desempenha o maior número de fun-
ções. Ela é utilizada para marcar uma pausa do enunciado e tem a finalidade de nos indicar que os
termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma uni-
dade sintática. Por outro lado, quando há umarelação sintática entre termos da oração, não se pode
separá-los por meio de vírgula.
Antes de explicarmos quais são os casos em que devemos utilizar a vírgula, vamos explicar primeiro
os casos em que NÃO devemos usar a vírgula para separar os seguintes termos:
Sujeito de Predicado;
Objeto de Verbo;
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PONTUAÇÃO
Oração principal da Subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na
ordem inversa).
Os banqueiros estão cada vez mais ricos, e o povo, cada vez mais pobre.
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PONTUAÇÃO
2) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e” repete-se com o objetivo de enfatizaralguma ideia
(polissíndeto):
3) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e” assume valores distintos que não retratam sentido de
adição (adversidade, consequência, por exemplo):
b) Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações inicia-
das pela conjunção “e”:
"No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o
gancho." (O selvagem - José de Alencar)
Ponto e vírgula ( ; )
Utilizamos ponto e vírgula para separar os itens de uma sequência de outros itens:
O que dizer;
A quem dizer;
Como dizer;
Utilizamos ponto e vírgula para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordena-
das nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
“O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente
vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde
moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o inferior um tanto tenso."
(O Visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)
Travessão ( — )
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PONTUAÇÃO
Aspas ( “ ” )
Isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões,
neologismos, arcaísmos e expressões populares:
“Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz
a mala”. (O prazer de viajar - Eça de Queirós)
FIQUE ATENTO!
Caso haja necessidade de destacar um termo que já está inserido em uma sentença destacada por
aspas, esse termo deve ser destacado com marcação simples ('), não dupla (").
Dispensam o uso da vírgula os termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem.
Observe:
Caso os termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem aparecerem repetidos, com a fina-
lidade de enfatizar a expressão, o uso da vírgula é, nesse caso, obrigatório.
Observe:
Não gosto nem do pai, nem do filho, nem do cachorro, nem do gato dele.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
O verbo deve ser flexionado ("modificado") concordando com a pessoa do sujeito (eu, tu, ele/ela, nós,
vós/vocês, eles/elas) e o número (singular ou plural): Sujeito simples: o verbo concorda com o sujeito
em número e pessoa, estando o sujeito antes ou depois do verbo.
Ex: foram embora, do nada, os meninos ("foram" concorda com "os meninos").
Ex: joana e carlos insistiram em vir (joana e carlos são duas pessoas, e não pode-se usar "insistiu",
mas sim "insistiram").
Sujeito composto de diferentes pessoas: o verbo vai para o plural na pessoa que prevalecer.
Sujeito constituído pelo pronome relativo que: verbo concordará em número e pessoa com o antece-
dente.
Núcleos do sujeito ligados por ou: o verbo ficará no singular sempre que houver ideia de exclusão.
Sujeito formado por expressões: um e outro – o verbo fica no plural; um ou outro – o verbo fica no
singular; nem um nem outro – o verbo fica no singular.
Sujeito formado por número percentual: o verbo concordará com o numeral. Se a indicação de porcen-
tagem se seguir uma expressão com de + substantivo, a concordância faz-se com esse substantivo.
Verbos impessoais (haver, fazer, chover, nevar, relampejar...): por não possuírem sujeito, ficam na 3ª
pessoa do singular.
Verbo ser: se um dos elementos referir-se a pessoa, o verbo concordará com ela.
Concordância Nominal
O candidato talvez sinta dificuldade em assimilar o que sejam essas classes de palavras (adjetivo,
pronome adjetivo, numeral, artigo, etc), mas não se preocupe: concentre-se em entender os exemplos,
ou seja, concentre-se em entender o uso da língua.
Opções de concordância: o adjetivo concorda com o adjetivo mais próximo (eu dei de presente uma
bolsa e um tênis preto) ou o adjetivo refere-se a dois substantivos de gêneros diferentes – prevalece o
masculino e fica no plural (eu dei de presente uma bolsa e um tênis pretos).
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
As palavras bastantes, pouco, muito, caro e barato concordam com o substantivo quando têm valor de
adjetivo. Quando são advérbios, são invariáveis.
Ex: estas revistas são caras (adjetivo) e as revistas custaram caro (advérbio).
Lembre-se que a palavra ‘meia’ é um adjetivo, enquanto ‘meio’ é um advérbio, significando ‘um pouco’.
Colocação Pronominal
É o modo como se dispõem os pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, lhe(s), o(s), a(s), nos e
vos) em relação ao verbo. Trata-se de um dos assuntos popularmente "espinhosos" da língua portu-
guesa, os quais somos "forçados" a entender na escola. Mas basicamente, basta lembrar que as posi-
ções dos pronomes pessoais oblíquos átonos em relação ao verbo ao qual se ligam denominam-se:
É a posposição do pronome átono ao vocábulo tônico ao que se liga. Ex: empreste-meo livro de mate-
mática.
É a colocação do pronome quando antes do verbo há palavras que exercem atração sobre ele, como:
- pronomes relativos.
Regência Verbal
Há verbos, na língua portuguesa, que exigem a presença de outros termos na oração a que pertencem.
Quando o verbo (termo regente) se relaciona com os seus complementos (termos regidos) acontece
um "fenômeno" ao qual damos o nome de regência verbal. Selecionamos a seguir alguns verbos em
que há diferença de contexto na hora de se "fazer" a regência:
Agradecer
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Assistir
Obedecer (desobedecer)
Preferir
Visar
Regência Nominal
Já a regência nominal é a relação de um nome (substantivo, adjetivo) com outro termo. E a relação
pode vir ou não acompanhada de preposições. Por exemplo:
Horror a
Impaciência com
Atentado contra a
Medo de
Idêntico a
Prestes a
Longe de
Benéfico a
Podemos arriscar a dizer que - apesar de todas as "pegadinhas" da língua e apesar de que na fala
praticamos uma coisa e na escrita outra - de certa forma, já estamos um pouquinho acostumados a
utilizar a regência correta (ou pelo menos a mais aceita). É por essa razão que determinadas pessoas
- principalmente aquelas que ao longo da vida escolar demonstraram um pouco mais de "afinidade"
com língua portuguesa - chegam a perceber mais facilmente se uma construção está correta ou não.
Vale lembrar, por fim, que "correto" ou "incorreto" para nós não possui a conotação de "certo" ou "er-
rado", mas apenas a de "ser mais aceito socialmente" ou "não ser bem aceito socialmente", do ponto
de vista do chamado "padrão culto da língua portuguesa", utilizado no brasil (aquela língua defendida
pelos nossos melhores gramáticos).
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus
complementos.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não ambíguas, que expressem
efetivamente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.
Regência Verbal
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os complemen-
tam (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva, pois oferece oportuni-
dade de conhecermos as diversas significações que um verbo pode assumir com a simples mudança
ou retirada de uma preposição. Observe:
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa "causar agrado ou prazer", satisfazer.
Saiba que:
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo caso, é o meio de transporte por mim utili-
zado. A oração "cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se vai, possui,
no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem divergências entre a re-
gência coloquial, cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
A língua portuguesa é considerada um idioma complexo por causa da grande quantidade de regras
existentes. Dentre essas regras, estão aregência verbal e a concordância verbal.
Regência é o ato de reger, que por sua vez significa governar, reinar, exercer a função de rei, regente,
governador, chefe, administrador.
Para memorizar isto, basta que você se lembre de uma orquestra ou de um concerto, em que o maestro
é quem rege (comanda todos os instrumentos musicais).
Neste mesmo sentido, podemos concluir que regência verbal é a relação de subordinação que ocorre
entre um verbo e seus complementos. O verbo “governa” os seus complementos.
Em outras palavras, o verbo somente aceita as palavras que ele quer. O verbo é o chefe! Ele é o
maestro que rege a orquestra.
Caso ele exija um complemento acompanhado de uma preposição, ele é chamado de verbo transitivo
indireto.
Mas se esse complemento não vier acompanhado de preposição, o verbo é chamado de transitivo
direto.
Verbo Intransitivo
Vejamos um exemplo:
Mariana chorou.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Note que a frase não precisa de complementos. Podemos entender claramente o sentido dela.
A principal característica dos verbos intransitivos é que eles dispensam qualquer complemento verbal.
Verbo transitivo indireto é aquele que exige um elo (preposição) entre ele e o seu complemento.
Veja que o verbo da frase é gostar. Após o verbo, aparece a preposição “de“.
Por isso, podemos concluir que a regência verbal do verbo gostar exige a preposição “de“.
Quem acredita, acredita em algo ou em alguém. Então, podemos concluir que a regência do verbo
acreditar exige a preposição “em“.
Em análise mais detalhada, podemos afirmar que o verbo gostar e overbo acreditar são transitivos in-
diretos (pois exigem preposição). As expressões “de aprender português” e “em deus“ são os objetos
indiretos (complementos dos verbos transitivos indiretos: gostar e acreditar).
Verbo transitivo direto é aquele que não exige um elo (preposição) entre ele e o seu complemento.
Vejamos um exemplo:
Note que não há nenhuma palavra entre “comprou” e “frutas”. O verbo comprar é transitivo direito.
Quem compra, compra alguma coisa.
Concordância Verbal
Acabamos de ver que a regência verbal é a relação de subordinação em que o verbo é quem manda.
Lembre-se do ditado:
Desta forma, o verbo deve concordar com o sujeito da oração, de acordo com a pessoa (eu, tu ele, nós,
vós, eles) e/ou com o número (singular ou plural).
Por exemplo…
O sujeito é o aluno, que está no singular. Por isso, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular -
> aprende.
Agora observe…
O sujeito são os alunos (no plural). Por isso, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do plural -> aprendem.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Resumindo…
O que é "regência"?
"regência" é a função subordinativa de um termo (regente) sobre outro (regido ou subordinado). Esta é
a base fundamental de qualquer frase, pois é o que define seu sentido. A regência é estabelecida prin-
cipalmente pela posição dos termos na frase ou oração, pelos conectivos (como as preposições "e",
"de", "com", etc.) E pelos pronomes relativos (aquele, aquela, que, se, lhe, etc.).
São de fundamental importância as regências por preposições. O termo (regido) subordinado por uma
preposição atua como complemento ou adjunto a uma palavra anterior (regente).
Exemplos:
Neste caso, "ao" é a junção da preposição "a" com o artigo definido masculino, "o", e a palavra "amigo"
tem a função de complemento de destinação, sendo, portanto, um objeto indireto.
Neste exemplo, "ti" e "maria" estão subordinados respectivamente às preposições "de" e "a". "ti" é um
complemento de referência e "maria" é um complemento de destinação.
Eu vim de vitória.
O que é "concordância"?
É uma concordância nominal quando o substantivo vem acompanhado por um adjetivo. Suponhamos
que o substantivo seja, por exemplo, "carro".
À frente, acrescenta-se uma palavra complementar - por exemplo, "vermelho". Temos aí a concordân-
cia nominal "carro vermelho", na qual "carro" é um substantivo e "vermelho" é uma palavra que, em
muitos casos, é um substantivo, mas neste se transforma em adjetivo e tem a função de complemento
nominal.
A concordância é verbal quando a forma do verbo combina com o sujeito. Usemos como exemplo o
verbo "trabalhar": "eu trabalho", "tu trabalhas", "joana trabalhou ontem", "eu trabalharei amanhã", etc.
A regência é o campo da língua portuguesa que estuda as relações de concordância entre os verbos
(ou nomes) e os termos que completam seu sentido. Ou seja, estuda a relação de subordinação que
ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.
A regência é necessário visto que algumas palavras da língua portuguesa (verbo ou nome) não pos-
suem seu sentido completo.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Obs.: perceba que o nome pede complemento antecedido de preposição (“de” = preposição e “fantas-
mas” = complemento).
Importante: a regência estabelece uma relação entre um termo principal (termo regente) e o termo que
lhe serve de complemento (termo regido) e possui dois tipos: regência nominal e regência verbal.
Regência Nominal
Regência nominal é quando um nome (substantivo, adjetivo) regente determina para o nome regido a
necessidade do uso de uma preposição, ou seja, o vínculo entre o nome regente e o seu termo regido
se estabelece por meio de uma preposição.
Dica: a relação entre um nome regente e seu termo regido se estabelece sempre por meio de uma pre-
posição.
Exemplo:
Obs.: quando um pronome relativo (que, qual, cujo, etc.) É regido por um nome, deve-se introduzir,
antes do relativo, a preposição que o nome exige.
Exemplo:
- a proposta a que éramos favoráveis não foi discutida na reunião. (quem é favorável, é favorável a
alguma coisa/alguém)
Então pra facilitar segue abaixo uma lista dos principais nomes que exigem preposições, existem no-
mes que pedem o uso de uma só preposição, mas também existem nomes que exigem os uso de mais
de uma preposição. Veja:
Acessível, acostumado, adaptado, adequado, afeição, agradável, alheio, alusão, análogo, anterior,
apto, atento, atenção, avesso, benéfico, benefício, caro, compreensível, comum, contíguo, contrário,
desacostumado desagradável, desatento, desfavorável, desrespeito, devoto, equivalente, estranho, fa-
vorável, fiel, grato, habituado, hostil, horror, idêntico, imune, inacessível, indiferente, inerente, inferior,
insensível, junto, leal, necessário, nocivo, obediente, odioso, ódio, ojeriza, oneroso, paralelo, peculiar,
pernicioso, perpendicular, posterior, preferível, preferência, prejudicial, prestes, propenso, propício, pro-
veitoso, próximo, rebelde, rente, respeito, semelhante, sensível, simpático, superior, traidor, último, útil,
visível, vizinho...
Abrigado, amante, amigo ávido, capaz, certo, cheio, cheiro, comum, contemporâneo, convicto, cúm-
plice, descendente, desejoso, despojado, destituído, devoto, diferente, difícil, doente, dotado, duro,
êmulo, escasso, fácil, feliz, fértil, forte, fraco, imbuído, impossível, incapaz, indigno, inimigo, inocente,
inseparável, isento, junto, livre, longe, louco, maior, medo, menor, natural, orgulhoso, passível, piedade,
possível, prodígio, próprio, querido, rico, seguro, sujo, suspeito, temeroso, vazio...
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Abundante, atento, bacharel, constante, doutor, entendido, erudito, fecundo, firme, hábil, incansável,
incessante, inconstante, indeciso, infatigável, lento, morador, negligente, perito, pertinaz, prático, resi-
dente, sábio, sito, versado...
Atentado, blasfêmia, combate, conspiração, declaração, luta, fúria, impotência, litígio, protesto, recla-
mação, representação...
Regência Verbal
Dizemos que regência verbal é a maneira como o verbo (termo regente) se relaciona com seus com-
plementos (termo regido).
Nas relações de regência verbal, o vínculo entre o verbo e seu termo regido (complemento verbal) pode
ser dar com ou sem a presença de preposição.
Exemplo:
No entanto estudar a regência verbal requer que tenhamos conhecimentos anteriores a respeito do
verbo e seus complementos, conhecer a transitividade verbal.
Um verbo pode ter sentido completo, sem necessitar de complementos. São os verbos intransitivos.
Há verbos que não possuem sentido completo, necessitam de complemento. São os verbos transitivos.
Exemplos:
- transitivo direto: quando seu sentido se completa com o uso de um objeto direto (complemento sem
preposição).
- Transitivo indireto: quando seu sentido se completa com o uso de um objeto indireto (complemento
com preposição).
Exemplo: ninguém confia em estranhos.
"confia" é verbo transitivo indireto, "em" é a preposição e "estranhos" é o objeto indireto.
- Transitivo direto e indireto: quando seu sentido e completa com os dois objetos (direto e indireto).
Exemplo: devolvi o livro ao vendedor. "devolvi" é verbo transitivo direto e indireto, "o livro" é objeto di-
reto e "vendedor" é objeto indireto.
A regência de um verbo está ligada a situação de uso da língua. Determinada regência de um verbo
pode ser adequada em um contexto e ser inadequada em outro.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Em contextos formais, deve-se empregar a frase 1, porque a variedade padrão, o verbo “ir” rege pre-
posição a. Na linguagem coloquial (no cotidiano), é possível usar a frase 2.
O primeiro, dos verbos que apresentam uma determinada regência na variedade padrão e outra regên-
cia na variedade coloquial;
2- e o segundo dos verbos que, na variedade padrão, apresentam mais de uma regência.
Primeiro grupo - verbos que apresentam uma regência na variedade padrão e outra na variedade co-
loquial:
Verbo Assistir
- Sentido: “auxiliar”, “caber, pertencer” e “ver, presenciar, atuar como expectador”. É nesse último sen-
tido que ele é usado.
- Variedade padrão (exemplos): ele não assiste a filme de violência; pela tv, assistimos à premiação
dos atletas olímpicos. Assistir com significado de ver, presenciar: é verbo transitivo indireto (vti), apre-
senta objeto indireto iniciado pela preposição a. Quem assiste, assiste a (alguma coisa).
- Variedade coloquial (exemplos): ela não assiste filmes de violência. Assistir com significado de ver,
presenciar: é verbo transitivo direto (vtd); apresenta objeto direto. Assistir (alguma coisa)
Verbo Ir e Chegar
- Variedade padrão (exemplos): no domingo, nós iremos a uma festa; o prefeito foi à capital falar com
o governador; os funcionários chegam bem cedo ao escritório. Apresentam a preposição a iniciando o
adjunto adverbial de lugar: ir a (algum lugar), chegar a (algum lugar)
- Variedade coloquial (exemplos): no domingo, nós iremos em uma festa; os funcionários chegam bem
cedo no escritório. Apresentam a preposição em iniciando o adjunto adverbial de lugar: ir em (algum
lugar), chegar em (algum lugar)
Verbo Obedecer/Desobedecer
- Variedade padrão (exemplos): a maioria dos sócios do clube obedecem ao regulamento; quem deso-
bedece às leis de trânsito deve ser punido. São vti; exigem objeto indireto iniciado pela preposição a.
Obedecer a (alguém/alguma coisa), desobedecer a (alguém/alguma coisa)
- Variedade coloquial (exemplos): a maioria dos sócios do clube obedecem o regulamento; quem de-
sobedece as leis de trânsito deve ser punido. São transitivos direto (vtd); apresentam objeto sem pre-
posição inicial. Obedecer (alguém/alguma coisa), desobedecer (alguém/alguma coisa)
- Sentido: obs.: se o objeto for coisa (e não pessoa), ambos são transitivos direto, tanto na variedade
padrão, como na coloquial. Exemplo: você não pagou o aluguel. O verbo pagar também é empregado
com transitivo direto e indireto. (pagar alguma coisa para alguém) a empresa pagava excelentes salá-
rios a seus funcionários.
- Variedade padrão (exemplos): a empresa não paga aos funcionários faz dois meses; é ato de nobreza
perdoar a um amigo. São vti quando o objeto é gente; exigem preposição a iniciando o objeto indireto.
Pagar a (alguém), perdoar a (alguém)
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Variedade coloquial (exemplos): a empresa não paga os funcionários faz dois meses; é um ato de
nobreza perdoar um amigo. São vtd, apresentam objeto sem preposição (objeto direto): pagar (alguém),
perdoar (alguém)
Verbo Preferir
- Variedade padrão (exemplos): os brasileiros preferem futebol ao vôlei; você preferiu trabalhar a estu-
dar. Prefiro silêncio à agitação da cidade. É vtdi; exige dois objetos: um direto outro indireto (iniciado
pela preposição a. Preferir (alguma coisa) a (outra)
- Variedade coloquial (exemplos): os brasileiros preferem mais o futebol que o vôlei; você preferiu
(mais) trabalhar que estudar; prefiro (muito mais) silêncio do que a agitação da cidade. É empregado
com expressões comparativas (“mais...que”, “muito mais ...que”, “do que”, etc.). Preferir (mais) (uma
coisa) do que (outra).
Verbo Visar
- Sentido: o emprego mais usual do verbo “visar” é no sentido de “objetivar, ter como meta”.
- Variedade padrão (exemplos): todo artista visa ao sucesso; suas pesquisas visavam à criação de
novos remédios. É vti, com preposição a iniciando o objeto indireto. Visar a (alguma coisa)
- Variedade coloquial (exemplos): todo artista visa o sucesso; suas pesquisas visavam a criação de
novos remédios. É vtd, apresenta objeto sem preposição (objeto direto). Visar (alguma coisa)
Segundo grupo - verbos que, na variedade padrão, apresentam mais de uma regência (dependendo
do sentido/significado em que são empregados:
Verbo Aspirar
- Transitividade (sentido): verbo transitivo direto (sugar/respirar) verbo transitivo indireto (pretender)
- Exemplos: sentiu fortes dores quando aspirou o gás. O ex-governador aspirava ao cargo de presi-
dente.
Verbo Assistir
- Transitividade (sentido): verbo transitivo direto (ajudar); verbo transitivo indireto (ver); verbo transitivo
indireto (pertencer)
Verbo Informar
- exemplos: algumas rádios informam as condições das estradas aos motoristas. Algumas rádios infor-
mam os motoristas das condições das estradas
Verbo Querer
- Transitividade (sentido): verbo transitivo direto (desejar); verbo transitivo indireto (amar/gostar)
- Exemplos: todos queremos um brasil menos desigual. Isabela queria muito aos avós.
Verbo Visar
- Transitividade (sentido): verbo transitivo direto (mirar); verbo transitivo direto (pôr visto); verbo transi-
tivo indireto (objetivar)
- Exemplos: o atacante, ao chutar a falta, visou o ângulo do gol. Por favor, vise todas as páginas do
documento. Esta fazenda visa à produção de alimentos orgânicos.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Observações:
O verbo aspirar, como outros transitivos indiretos, não admite os pronomes lhe/lhes como objeto. De-
vem ser substituídos por a ele (s) /a ela (s). Ex.: o diploma universitário é importante; todo jovem devem
aspirar a ele.
No sentido de “ver presenciar”, o verbo assistir não admite lhe (s) como objeto, essas formas devem
ser substituídas por ele (s) ela (s). Ex.: o show de abertura das olimpíadas foi muito bonito; você assistiu
a ele?
No sentido de “objetivar, ter como meta”, o verbo visar (td) não admite como objeto a forma lhe/lhes,
que devem ser substituídas por a ele (s) a ela (s). Ex: o título de campeão rende uma fortuna ao time
vencedor, por isso todos os clubes visam a ele persistentemente.
Existem outros verbos que, na variedade padrão, apresentam a mesma regência do verbo informar.
São eles: avisar, prevenir, notificar, cientificar.
‣ na regência nominal, a relação entre um nome regente e seu termo regido se estabelece sempre
por meio de uma preposição.
‣ na regência verbal, temos que conhecer a transitividade dos verbos, ou seja, se é direta (vtd-verbo
transitivo direto), se é indireta (vti- verbo transitivo indireto) ou se é, ao mesmo tempo, direta e indireta
(vtdi- verbo transitivo direto e indireto).
‣ observe sempre os verbos que mudam de regência ao mudar de sentido, como visar, assistir, aspi-
rar, agradar, implicar, proceder, querer, servir e outros.
‣ não se pode atribuir um mesmo complemento a verbos de regências distintas. Por exemplo: o verbo
assistir no sentido de “ver”, requer a preposição a e o verbo gostar, requer a preposição de. Não po-
demos, segundo a gramatica, construir frases como: “assistimos e gostamos do jogo. ”, temos que
dar a cada verbo o complemento adequado, logo, a construção correta é “assistimos ao jogo e gosta-
mos dele. ”
‣ o conhecimento das preposições e de seu uso é fator importante no estudo e emprego da regência
(nominal, verbal) correta, pois elas são capazes de mudar totalmente o sentido do que for dito. Ex.: as
novas medidas escolares vão de encontro aos anseios dos alunos. Os alunos da 3ª série foram ao
encontro da nova turma.
Silepse
A palavra “silepse” é originária do grego sýllepsis, que significa “ação de reunir”, “ação de tomar em
conjunto”, também pode ser entendida como a ação de compreender.
Ou seja, a silepse é a figura de sintaxe que consiste em uma concordância não fundamentada nas
regras gramaticais da língua, e sim com uma concordância ideológica dos sentidos que as palavras
expressam, ou ainda com o sentido que as relações entre elas revelam.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Silepse de Número
A silepse de número pode ocorrer com todo substantivo singular compreendido como plural, pelo fa-
lante, e, em particular, com os coletivos dos nomes. A incidência desta silepse aumenta à medida que
o verbo se distancia do sujeito coletivo. É mais recorrente quando o coletivo está elíptico (subentendido)
na oração, assim:
A população manifestou-se contrária as mudanças políticas, foram às ruas e entoavam o hino nacional.
Quando o sujeito de uma oração é um dos pronomes “nós” ou “vós” referindo-se a uma só pessoa, e
os adjetivos ou particípios a que eles estão ligados permanecem no singular, ocorre silepse de número,
da seguinte forma:
Impulsionado por um cenário político de complexo entendimento, nossos esforços neste estudo volta-
ram-se à análise dos diferentes contextos dos estados brasileiros. Oferecemos cuidados aos graduan-
dos em sociologia um completo manual, com o envolvimento de todos.
Silepse de Gênero
Os termos utilizados como forma de tratamento “vossa majestade”, “vossa excelência”, “vossa senho-
ria”, e similares a esses, apresentam-se sob o gênero feminino, porém são usadas com regularidade
para pessoas do sexo masculino. Neste caso, quando funciona como predicativo, o adjetivo que a elas
se refere vai sempre para o masculino, quando deveria concordar com a forma de tratamento e não
com a pessoa a quem a expressão está-se referindo:
Por exemplo, quando um juiz é um homem e usa-se a expressão “vossa excelência”, mas completa-se
a oração com palavras no masculino.
Silepse de Pessoa
Quando a pessoa do discurso se inclui num sujeito enunciado na terceira pessoa do plural, o verbo
pode ir para a primeira pessoa do plural, exemplo: “esquece esse problema, que ainda havemos de ser
realizados os dois, com a nossa família e trabalho".
Quando o sujeito expresso na terceira pessoa do plural abrange a pessoa a quem o falante se dirige,
é lícito usarmos a segunda pessoa do plural. Exemplo: "todos falais em me julgar e condenar".
No português popular europeu, brasileiro e de países africanos de língua portuguesa, é comum a pa-
lavra “gente” transpor o verbo para a primeira pessoa do plural. Exemplo: "a gente necessita realizar
uma tarefa bem elaborada para verem que somos grandiosos".
Observação: para alguns gramáticos essa variação da língua se constitui como um desvio da regra, e
não como uma elipse.
Em estudos da narrativa, também conhecido por narratologia, o termo “silepse” é usado para conceituar
o processo de sintetizar o discurso, apresentando de um modo reduzido vários eventos associáveis
através de um recurso qualquer de aproximação temporal, espacial, temático.
A silepse é uma figura de linguagem que está na categoria de figura de sintaxe (ou de construção). Isso
porque ela está intimamente relacionada com a construção sintática das frases.
A silepse é empregada mediante a concordância da ideia e não do termo utilizado na frase. Dessa
forma, ela não obedece às regras de concordância gramatical e sim por meio de uma concordância
ideológica.
Além da silepse, outras figuras de sintaxe são: elipse, zeugma, hipérbato, assíndeto, polissíndeto, aná-
fora, anacoluto e pleonasmo.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Classificação
Silepse de pessoa: quando há discordância entre o sujeito, que aparece na terceira pessoa, e o verbo,
que surge na primeira pessoa do plural.
Exemplos
No primeiro exemplo, notamos a união dos gêneros masculinos (são paulo) e feminino (velha).
No segundo exemplo, o uso do singular e plural denota o uso da silepse de número: povo (singular) e
gritavam (plural).
No terceiro exemplo, o verbo não concorda com o sujeito, e sim com a pessoa gramatical: pesquisado-
res (terceira pessoa); estamos (primeira pessoa do plural).
Exercícios
A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas sim com a
ideia que ele representa. É uma concordância anormal, psicológica, espiritual, latente, porque se faz
com um termo oculto, facilmente subentendido. Há três tipos de silepse: de gênero, número e pessoa.
Silepse de Gênero
Os gêneros são masculinos e femininos. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se faz
com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
A bonita porto velho sofreu mais uma vez com o calor intenso.
Nesse caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo porto velho, que gramaticalmente
pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de porto velho).
Silepse de Número
Os números são singulares e plurais. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não con-
corda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos:
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Note que nos exemplos acima, os verbos andaram, estão e gritavam não concordam gramaticalmente
com os sujeitos das orações (que se encontram no singular, procissão, turma e povo, respectivamente),
mas com a ideia de pluralidade que neles está contida. Procissão, turma e povo dão a ideia de muita
gente, por isso que os verbos estão no plural.
Silepse de Pessoa
Três são as pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a terceira. A silepse de pessoa ocorre quando
há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda com o sujeito da oração, mas
sim com a pessoa que está inscrita no sujeito. Exemplos:
"dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins públicos." (machado de assis)
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não concordam gramaticalmente com os seus
sujeitos (brasileiros, agricultores e cariocas que estão na terceira pessoa), mas com a ideia que neles
está contida (nós, os brasileiros, os agricultores e os cariocas).
Silepse de pessoa
A silepse de pessoa ocorre quando o verbo da frase não faz a concordância esperada com o sujeito
expresso, e sim com um sujeito oculto na sentença.
O tínhamos está na primeira pessoa do plural, concordando com a ideia de um "nós" oculto, enqua-
drando o autor da frase entre "nós, os brasileiros". Enquanto que a escrita padrão seria "tinham", na
terceira pessoa do plural.
Silepse de Gênero
A silepse de gênero ocorre quando há diferença entre o emprego do feminino e do masculino nos
adjetivos relacionados ao sujeito.
Sua amada está no feminino e concorda com "a cidade de belo horizonte", enquanto poderia ser "seu
amado belo horizonte", já que o termo "belo horizonte" seria masculino.
Silepse de número
A silepse de número acontece quando o verbo concorda com o sujeito oculto no singular ou plural, mas
que é diferente do sujeito que consta na frase.
O grupo é singular e a concordância seria "o grupo atacou", mas como se trata de uma coletividade
poderia ter o termo "todos" que requer o uso do plural "atacamos".
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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Definição:
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocorre entre um verbo (ou um nome) e
seus complementos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não ambí-
guas, que expressem efetivamente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.
Regência Verbal
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os comple-
mentam (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva, pois oferece oportu-
nidade de conhecermos as diversas significações que um verbo pode assumir com a simples mudan-
ça ou retirada de uma preposição. Observe:
Saiba que:
As preposições são capazes de modificar completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja
os exemplos:
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo caso, é o meio de transporte por mim
utilizado. A oração "Cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se vai,
possui, no padrão culto da língua, sentido diferente.
Aliás, é muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns verbos, e
a regência culta.
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de acordo com sua transitividade. A transiti-
vidade, porém, não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas em frases
distintas.
Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É importante, no entanto, destacar alguns deta-
lhes relativos aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
a) Chegar, Ir
Exemplos:
Fui ao teatro.
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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Obs.: "Ir para algum lugar" enfatiza a direção, a partida." Ir a algum lugar" sugere também o retorno.
b) Comparecer
Por Exemplo:
Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos diretos. Isso significa que não exigem
preposiçãopara o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, devemos lem-
brar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem as-
sumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos,
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, quando complemen-
tos verbais, objetos indiretos.
abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar,
amolar, amparar, auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, esti-
mar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para indicar posse (caso em que atuam
como adjuntos adnominais).
Exemplos:
Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos indiretos. Isso significa que esses
verbos exigem uma preposição para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes pesso-
ais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são lhe, lhes (ambos
para substituir pessoas).
Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com os
objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pes-
soa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. São verbos transitivos indiretos, dentre outros:
a) Consistir
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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Por Exemplo:
b) Obedecer e Desobedecer:
Por Exemplo:
c) Responder
Tem complemento introduzido pela preposição "a". Esse verbo pede objeto indireto para indicar "a
quem" ou "ao que" se responde.
Por Exemplo:
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando exprime aquilo a que se responde, ad-
mite voz passiva analítica. Veja:
d) Simpatizar e Antipatizar
Por Exemplo:
Há verbos que admitem duas construções, uma transitiva direta, outra indireta, sem que isso impli-
que modificações de sentido. Dentre os principais, temos:
Abdicar
Acreditar
Almejar
Ansiar
Anteceder
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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Sua partida antecedeu uma série de fatos estranhos. / Sua partida antecedeu a uma série de fatos
estranhos.
Atender
Atentar
Atente esta forma de digitar. / Atente nesta forma de digitar. / Atente para esta forma de digitar.
Cogitar
Consentir
Deparar
Deparamos uma bela paisagem em nossa trilha. / Deparamos com uma bela paisagem em nossa
trilha.
Gozar
Necessitar
Necessitamos algumas horas para preparar a apresentação. / Necessitamos de algumas horas para
preparar a apresentação.
Preceder
Presidir
Renunciar
Não renuncie o motivo de sua luta. / Não renuncie ao motivo de sua luta.
Satisfazer
Versar
Sua palestra versou o estilo dos modernistas. / Sua palestra versou sobre o estilo dos modernistas.
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de um objeto direto e um indireto. Mere-
cem destaque, nesse grupo:
São verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado
a pessoas. Veja os exemplos:
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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com particular cuidado. Observe:
Saiba que:
Com os verbos agradecer, perdoar e pagar a pessoa deve sempre aparecer como objeto indireto,
mesmo que na frase não haja objeto direto. Veja os exemplos:
Informar
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Por Exemplo:
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cien-
tificar, prevenir.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposições "a" ou "com" para introduzir o
complemento indireto.
Por Exemplo:
Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de oração subordinada substantiva) e
indireto de pessoa.
Por Exemplo:
Pedi-lhe favores.
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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Saiba que:
1) A construção "pedir para", muito comum na linguagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado
na língua culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver subentendida.
Por Exemplo:
Observe que, nesse caso, a preposição "para" introduz uma oração subordinada adverbial final redu-
zida de infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
2) A construção "dizer para", também muito usada popularmente, é igualmente considerada incorreta.
Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto introduzido pela preposição "a".
Por Exemplo:
Obs.: na língua culta, o verbo "preferir" deve ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no próprio ver-
bo (pre).
Agradar
Por Exemplo:
2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege com-
plemento introduzido pela preposição "a".
Por Exemplo:
ASPIRAR
Por Exemplo:
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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Por Exemplo:
Obs.: como o objeto indireto do verbo "aspirar" não é pessoa, mas coisa, não se usam as formas
pronominais átonas "lhe" e "lhes" e sim as formas tônicas "a ele (s)", " a ela (s)". Veja o exemplo:
Assistir
Por Exemplo:
2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, estar presente, caber, pertencer.
Exemplos:
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo "assistir" é intransitivo, sendo acompanhado de adjunto
adverbial de lugar introduzido pela preposição "em".
Por Exemplo:
Chamar
Por exemplo:
2) Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar objeto direto e indireto, ao qual se
refere predicativo preposicionado ou não.
Exemplos:
Custar
1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto
adverbial.
Por exemplo:
Por exemplo:
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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que atribuem ao verbo "custar" um sujeito re-
presentado por pessoa. Observe o exemplo abaixo:
Implicar
Por exemplo:
Por exemplo:
Por exemplo:
Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição "com".
Por Exemplo:
Proceder
1) Proceder é intransitivo no sentido de ter fundamento ou agir. Nessa segunda acepção, vem sem-
pre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
Exemplos:
Exemplos:
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REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Querer
Exemplos:
Visar
1) Como transititvo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Por Exemplo:
2) No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, é transitivo indireto e rege a preposi-
ção "a".
Exemplos:
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SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Palavra é um termo, um vocábulo, uma expressão. É uma manifestação verbal ou escrita formada por
um grupo de fonemas com uma significação. Do latim parábola.
Palavra é um conjunto de sons articulados que expressam ideias e são representados por uma grafia,
formada por uma reunião de letras, que quando agrupadas formam as frases.
Para começar a entender sobre significação das palavras, vamos ao conceito de sinônimo:
Palavras que possuem significado próximo. Exemplo: casa, residência, moradia, morada, lar, etc.
Observe que nós não dissemos que o seu significado é igual, mas próximo.
É porque sinônimos não são equivalentes. É difícil encontrar um que seja perfeito, ou seja, uma palavra
cujo significado seja exatamente igual ao de outra.
Para você entender do que estamos falando, veja: Comprei uma nova casa. É diferente (e estranho)
de dizer: Comprei um novo lar.
Os sinônimos são um excelente recurso em textos, para retomada de elementos que inter-relacionam
partes do texto. Assim, evita-se o uso repetitivo de um termo.
Já os antônimos são o contrário dos sinônimos, isto é, representam significados opostos das palavras.
Exemplo: mau e bom; mal e bem; constrói e destrói, dormi e acordei, claro e escuro, perto e longe etc.
Polissemia
Sinônimos e antônimos são bem conhecidos, não é mesmo? Mas, você sabe o que é polissemia?
Polissemia é a possibilidade de uma palavra ter diversos significados, dependendo do contexto onde
ela aparece.
Se somente falarmos a palavra isolada, você pode achar que estamos nos referindo ao posto militar,
ao cabo de uma vassoura, ao cabo de uma faca etc.
E banco? Pode ser a instituição financeira ou um tipo de assento. O mesmo acontece com manga, que
pode ser a fruta ou a parte de uma roupa.
O significado de cada palavra dependerá de como ela será utilizada. Tomemos o primeiro caso como
exemplo, para formação de frases que dotarão o termo de sentido.
Monossemia
Ao falarmos de polissemia, vimos que uma única palavra pode ter diversos significados (poli).
Em se tratando de monossemia, temos o caso em que a palavra tem apenas um significado (por isso
a presença do radical mono).
A palavra cabeça, por exemplo, é polissêmica porque pode ser referida quando se menciona a parte
do corpo. Mas também o líder de um grupo (o cabeça dos escoteiros, por exemplo).
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SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Já no caso de estetoscópio, que é uma palavra monossêmica, isso não acontece. Isto é, não há como
pensar em outra significação que não seja o instrumento utilizado pelo médico.
No conteúdo de significação das palavras geralmente os candidatos estudam bastante a parte de sinô-
nimos e antônimos.
Mas as bancas têm cobrado algo além: você sabe o que são os Homônimos e Parônimos?
Homônimos são palavras que possuem a mesma pronúncia (podendo ou não ter a mesma grafia), mas
seus significados são diferentes. Veja os exemplos abaixo:
Nos casos mencionados temos homônimos homófonos, ou seja, são palavras que possuem a mesma
pronúncia e o mesmo som.
Quando os homônimos possuem a mesma grafia e o mesmo som, eles são chamamos de homônimos
perfeitos. Exemplos:
Cedo – “Eu cedo meu assento para idosos” (verbo ceder) e “Cheguei cedo ao estádio” (advérbio de
tempo).
Porém, se a grafia for a mesma, mas a pronúncia for diferente, o significado também será. Veja o caso
de almoço: “O almoço está na mesa” (refeição) e “Eu almoço ao meio-dia” (verbo almoçar).
O mesmo acontece com gosto: “Esta comida está com gosto bom” (substantivo) e “Eu gosto de ler
romances” (verbo gostar).
Quando isso acontece, os homônimos são chamados de homógrafos. Ou seja, possuem a mesma
grafia.
Agora vamos aprender o que são os Parônimos, um conceito que também cai muito em pegadinhas
das bancas de concurso.
Parônimos são palavras diferentes, porém sua grafia e pronúncia são muito parecidas. Vou mostrar
vários casos para você entender o que são parônimos:
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SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Outra dúvida bastante comum entre os candidatos que estudam a significação das palavras: a diferença
entre Denotação e Conotação.
Denotação é a capacidade que as palavras têm para apresentar um sentido literal, objetivo.
Conotação é o oposto, ou seja, as palavras apresentam sentido figurado, simbólico. Atente-se aos
exemplos para entender melhor.
Denotação
As duas frases mencionadas são bem objetivas, não é mesmo? Você entendeu que Simone hoje se
atrasou para o trabalho, e que Andressa vai jantar na pizzaria com o namorado.
Conotação
O sentido figurado está bem presente nos exemplos acima. Afinal, namorados, em sentido literal, não
podem ser portos seguros, locais para atracar barcos.
E pessoas não são animais, como no exemplo de Edson não ser inteligente em Matemática. Foram
utilizados símbolos para mostrar a segurança que o namorado traz para a pessoa, e também para
mostrar que Edson precisa estudar mais para se dar bem em Matemática.
Vamos nos aprofundar mais um pouco. Você sabe a diferença entre Hiperônimo e Hipônimo?
Um hiperônimo é uma palavra que possui significado mais abrangente, enquanto um hipônimo é um
termo com significado mais restrito.
Veja os exemplos:
Quando se abre uma categoria (material escolar, ferramentas de marcenaria), temos um caso de hipe-
rônimo.
Formas Variantes
Outro ponto para você atentar são as formas variantes. São as palavras que podem ser escritas de
mais de uma forma, sem que haja grafia incorreta por conta de seu emprego.
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SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
É bom estar atento(a) a isso… Errar na prova do seu concurso com essas formas variantes é muito
fácil.
A depender do concurso que você fizer, principalmente aqueles da área jurídica, as palavras e expres-
sões latinas podem causar dificuldades na sua prova.
Esse é um tópico da significação das palavras bem esquecido pelos candidatos (portanto, um diferen-
cial fantástico para você).
Conheça a seguir o significado de palavras e expressões latinas que costumam figurar tanto em lin-
guagem formal quanto informal.
Ao contrário de palavras como tablet e layout, elas não podem ser aportuguesadas, devendo ser escri-
tas em sua forma original.
Por este motivo, precisam ser grafadas com indicação de sua origem estrangeira, com itálico, subli-
nhado, negrito ou entre aspas. Veja:
Ad hoc
Quando uma pessoa foi nomeada para assumir um cargo específico, ou então para indicar a finalidade
de algo. É sinônimo de: para isto, para tal fim, de propósito.
A priori
Aplica-se a casos onde não foi feita verificação dos fatos, apenas baseando-se em pressupostos.
É uma expressão bastante utilizada na Filosofia e seus sinônimos são: a princípio, em princípio e à
primeira vista.
A posteriori
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SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Carpe diem
Curriculum vitae
Algumas palavras são mais frequentes no nosso vocabulário, do que outras, e curriculum vitae com
certeza é uma das mais comuns.
Esta expressão latina quer dizer conjunto de dados que constituem a vida de uma pessoa.
É um documento pessoal onde constam os dados pessoais, profissionais e acadêmicos de uma pessoa
que busca uma oportunidade de emprego. Sinônimo: currículo. Abreviatura: CV.
Data venia
É sinônimo de com a devida vênia, com o devido respeito, dada a licença, dada a permissão.
Grosso modo
Expressão bastante utilizada na Língua Portuguesa, grosso modo significa que algo foi feito de modo
impreciso, sem detalhes ou pormenores.
Habeas corpus
Também bastante conhecida em nosso vocabulário, a expressão quer dizer que uma medida jurídica
foi tomada para proteger cidadãos com mobilidade restrita por autoridades legítimas. Sinônimo de
salvo-conduto.
Exemplo: O habeas corpus do deputado foi negado, então ele continuará em detenção.
In memoriam
Homenagem feita a pessoas que já faleceram, utilizada em diversos contextos (convites, dedicatórias,
obituários, epitáfios) e também quando o autor já é falecido, com publicação póstuma de sua obra.
Sinônimo de em memória, em lembrança.
Exemplo: Dedico este livro a meu pai (in memoriam), que tanto me incentivou a escrevê-lo.
Lato sensu
Utilizada sempre que se refere a sentido mais amplo, extenso. Nos casos acadêmicos, ocorre quando
um curso de pós-graduação de menor duração visa uma especialização. Sinônimo: em sentido amplo.
Exemplo: A pós-graduação lato sensu, que Silmara faz, acontece aos sábados.
Stricto sensu
O contrário de Lato sensu é Stricto sensu, ou seja, algo mais restrito, como um curso de maior duração
que visa uma especialização (mestrado ou doutorado).
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SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Exemplo: A pós-graduação stricto sensu, que Silmara faz, acontece aos sábados.
Per capita
Indicação de valor por cabeça ou valor por pessoa, com utilização em dados estatísticos. Sinônimo de
por cabeça.
Condição onde algo é indispensável. Seus sinônimos: fundamental, imprescindível, essencial, sem a
qual não.
Exemplo: Temos que viajar imediatamente, é uma condição sine qua non.
Status quo
Indicação da situação atual. É a forma reduzida de outra expressão latina, in statu quo ante, indicação
de como as coisas estavam antes.
Sui generis
Quer dizer algo único, sem igual, um caso peculiar. Sinônimo de único em seu gênero.
Arcaísmo
Para finalizar nosso estudo sobre significação das palavras, vale a pena você entender o que é arca-
ísmo.
Arcaísmo é a utilização de palavras antigas, que perderam seu uso na linguagem culta. Eram utilizadas
por pessoas de outras épocas e foram substituídas por termos mais modernos, mas que são sinônimos.
Vou apresentar alguns arcaísmos aqui, para você se familiarizar com seu significado (como fizemos
nas palavras e expressões latinas), porque os arcaísmos podem constar em questões, principalmente
de interpretação de texto, em textos literários. Veja os exemplos:
Botica = farmácia.
Ladroa = ladra.
Pera = para.
Tença = posse.
Vosmecê = você.
Aguça = pressa.
Absolto = absolvido.
Dada = doação.
Escala = escada.
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SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Franquia = sinceridade.
Graveza = gravidade.
Pertinência = pertença.
Com a criação diária de novas palavras e expressões, os termos que utilizamos hoje e são tidos como
modernos podem ser os arcaísmos de amanhã.
O pronome “vós”, por exemplo, em breve poderá se tornar um caso deste tipo. Você utiliza essa palavra
no seu cotidiano? Provavelmente, não.
O arcaísmo literário é algo que acontece com frequência, sendo um recurso linguístico que confere
caráter nobre, rebuscado, a textos. Portanto, não pode ser desprezado.
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REESCRITURA DE FRASE
Reescritura de Frase
Figuras de estilo, figuras ou Desvios de linguagem são nomes dados a alguns processos que
priorizam a palavra ou o todo para tornar o texto mais rico e expressivo ou buscar um novo
significado, possibilitando uma reescritura correta de textos.
Podem ser:
Figuras de palavras
Comparação:
Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam,
ligados por conectivos comparativos explícitos – feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual,
que nem – e alguns verbos – parecer, assemelhar-se e outros.
Exemplos: “Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou sua mulher como se fosse lógico.”
(Chico Buarque);
“As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoço, negros xales nos ombros, pareciam
aves noturnas paradas…” (Jorge Amado).
Metáfora:
Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação de semelhança resultante
da subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação
abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido.
Exemplo: “Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso
extrair pérolas, que é a razão.” (Machado de Assis).
Metonímia:
Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas algum
grau de semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação mútua. Tal substituição
fundamenta-se numa relação objetiva, real, realizando-se de inúmeros modos:
Sinédoque:
Ocorre sinédoque quando há substituição de um termo por outro, havendo ampliação ou redução do
sentido usual da palavra numa relação quantitativa. Encontramos sinédoque nos seguintes casos:
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REESCRITURA DE FRASE
– o todo pela parte e vice-versa: “A cidade inteira (o povo) viu assombrada, de queixo caído, o
pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos (parte das patas) de seu cavalo.” (J. Cândido de
Carvalho)
– o singular pelo plural e vice-versa: O paulista (todos os paulistas) é tímido; o carioca (todos os
cariocas), atrevido.
– o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum): Para os artistas ele foi um mecenas
(protetor).
Catacrese:
São exemplos de catacrese: folhas de livro / pele de tomate / dente de alho / montar em burro / céu
da boca / cabeça de prego / mão de direção / ventre da terra / asa da xícara / sacar dinheiro no
banco.
Sinestesia:
A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma expressão. Essas sensações
podem ser físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).
Exemplo: “A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. Tinha
várias feridas no reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e
úmida, macia [sensações táteis], quase irreal.” (Augusto Meyer)
Antonomásia:
Ocorre antonomásia quando designamos uma pessoa por uma qualidade, característica ou fato que a
distingue.
Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha ou cognome, cuja origem é
um aposto (descritivo, especificativo etc.) do nome próprio.
Exemplos: “E ao rabi simples (Cristo), que a igualdade prega, / Rasga e enlameia a túnica inconsútil;
(Raimundo Correia). / Pelé (= Edson Arantes do Nascimento) / O Cisne de Mântua (= Virgílio) / O
poeta dos escravos (= Castro Alves) / O Dante Negro (= Cruz e Souza) / O Corso (= Napoleão)
Alegoria:
A alegoria é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura poética que
consiste em expressar uma situação global por meio de outra que a evoque e intensifique o seu
significado. Na alegoria, todas as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é comum
e oferecem dois sentidos completos e perfeitos – um referencial e outro metafórico.
Exemplo: “A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em
presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor,
em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e
a orquestra é excelente…” (Machado de Assis).
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REESCRITURA DE FRASE
Assíndeto:
Ocorre assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas,
aparecem justapostas ou separadas por vírgulas.
Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por exigência das pausas rítmicas (vírgulas).
Exemplo: “Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-
se, apertando-se, fundindo-se.” (Machado de Assis).
Elipse:
Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos identificar ou
subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, preposições ou
verbos. É um poderoso recurso de concisão e dinamismo.
Exemplo: “Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas.” (elipse do pronome ela (Ela veio)
e da preposição de (de sandálias…).
Zeugma:
Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando subentendida sua
repetição.
Exemplo: “Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários dos Felipes.” (Zeugma do verbo: “e
foram assassinados…”) (Camilo Castelo Branco).
Anáfora:
Ocorre anáfora quando há repetição intencional de palavras no início de um período, frase ou verso.
Exemplo: “Depois o areal extenso… / Depois o oceano de pó… / Depois no horizonte imenso /
Desertos… desertos só…” (Castro Alves).
Pleonasmo:
a) Pleonasmo literário:
É o uso de palavras redundantes para reforçar uma idéia, tanto do ponto de vista semântico quanto
do ponto de vista sintático. Usado como um recurso estilístico, enriquece a expressão, dando ênfase
à mensagem.
Exemplo: “Iam vinte anos desde aquele dia / Quando com os olhos eu quis ver de perto / Quando em
visão com os da saudade via.” (Alberto de Oliveira).
b) Pleonasmo vicioso:
Exemplos: subir para cima / entrar para dentro / repetir de novo / ouvir com os ouvidos / hemorragia
de sangue / monopólio exclusivo / breve alocução / principal protagonista.
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REESCRITURA DE FRASE
Polissíndeto:
Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do que
exige a norma gramatical (geralmente a conjunção e). É um recurso que sugere movimentos
ininterruptos ou vertiginosos.
Anástrofe:
Hipérbato:
Exemplo: “Passeiam à tarde, as belas na Avenida. ” (As belas passeiam na Avenida à tarde.) (Carlos
Drummond de Andrade).
Sínquise:
Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta de distantes partes da frase. É um hipérbato
exagerado.
Exemplo: “A grita se alevanta ao Céu, da gente. ” (A grita da gente se alevanta ao Céu ) (Camões).
Hipálage:
Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma qualidade que pertence a um objeto
é atribuída a outro, na mesma frase.
Exemplo: “… as lojas loquazes dos barbeiros.” (as lojas dos barbeiros loquazes.) (Eça de Queiros).
Anacoluto:
Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando-lhe a
seqüência lógica. A construção do período deixa um ou mais termos – que não apresentam função
sintática definida – desprendidos dos demais, geralmente depois de uma pausa sensível.
Exemplo: “Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.” (Alcântara Machado).
Silepse:
Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a idéia a elas
associada.
a) Silepse de gênero:
b) Silepse de número:
c) Silepse de pessoa:
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou
escreve se inclui no sujeito enunciado.
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REESCRITURA DE FRASE
Exemplo: “Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas.” (Machado de Assis).
Figuras de pensamento:
As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado das palavras, ao
seu aspecto semântico.
Antítese:
Apóstrofe:
Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar
presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à
expressão.
Exemplo: “Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?” (Castro Alves).
Paradoxo:
Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na de
idéias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência
de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo.
Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento
descontente; / É dor que desatina sem doer;” (Camões)
Eufemismo:
Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida
como penosa, desagradável ou chocante.
Exemplo: “E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir Deus lhe pague”. (Chico Buarque).
Gradação:
Ocorre gradação quando há uma seqüência de palavras que intensificam uma mesma idéia.
Exemplo: “Aqui… além… mais longe por onde eu movo o passo.” (Castro Alves).
Hipérbole:
Ocorre hipérbole quando há exagero de uma idéia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e
de impacto.
Ironia:
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o
contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.
Exemplo: “Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra como uma porta: / um amor.”
(Mário de Andrade).
Prosopopéia:
Ocorre prosopopéia (ou animização ou personificação) quando se atribui movimento, ação, fala,
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REESCRITURA DE FRASE
Perífrase:
Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar algum objeto, acidente
geográfico ou situação que não se quer nomear.
Exemplo: “Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade maravilhosa / Coração do meu
Brasil.” (André Filho).
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PARÁGRAFO
Parágrafo
O parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha. Ele facilita ao escritor a
tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as idéias principais de sua composição, permitindo
ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios.
O Tamanho do Parágrafo
Os parágrafos são moldáveis como a argila, podem ser aumentados ou diminuídos, conforme o tipo de
redação, o leitor e o veículo de comunicação onde o texto vai ser divulgado. Se o escritor souber variar
o tamanho dos parágrafos, dará colorido especial ao texto, captando a atenção do leitor, do começo ao
fim. Em princípio, o parágrafo é mais longo que o período e menor que uma página impressa no livro,
e a regra geral para determinar o tamanho é o bom senso.
Parágrafos curtos: próprios para textos pequenos, fabricados para leitores de pouca formação cultural.
A notícia possui parágrafos curtos em colunas estreitas, já artigos e editoriais costumam ter parágrafos
mais longos. Revistas populares, livros didáticos destinados a alunos iniciantes, geralmente, apresen-
tam parágrafos curtos.
Quando o parágrafo é muito longo, o escritor deve dividi-lo em parágrafos menores, seguindo critério
claro e definido. O parágrafo curto também é empregado para movimentar o texto, no meio de longos
parágrafos, ou para enfatizar uma idéia.
Parágrafos médios:
Comuns em revistas e livros didáticos destinados a um leitor de nível médio. Cada parágrafo médio
construído com três períodos que ocupam de 50 a 150 palavras. Em cada página de livro cabem cerca
de três parágrafos médios.
Parágrafos longos:
Em geral, as obras científicas e acadêmicas possuem longos parágrafos, por três razões: os textos são
grandes e consomem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem várias idéias e especi-
ficações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade e fôlego para acompanhá-los.
Tópico Frasal
A idéia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico frasal (também cha-
mado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele
nascem outros períodos secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na construção do
parágrafo; ele é o período mestre, que contém a frase-chave.
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PARÁGRAFO
Como o enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico
frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal
introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a idéia central com o potencial de gerar idéias-filhote;
como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação ou negação que leva o leitor a
esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o parágrafo
ou apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é enunciação, supõe desdobramento ou
explicação.
A idéia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo, seguida de outros períodos
que explicam ou detalham a idéia central.
Exemplos:
Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltrátá-los. O modo de tratar o cavalo
parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades
e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que paciência
e muitos exercícios são os principais meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não
se pode exigir mais do que é esperado.
A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira seja estimada em
U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centena
de vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário mínimo, que vale U$$112 mensais; muitos
nordestinos recebem a metade do salário mínimo,.
Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres, a renda per capita fica
ainda mais reduzida; contando-se o número de desempregados, a renda diminui um pouco mais. Há
pessoas que ganham cerca de U$$10.000 mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras ganham muito
mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o muito que poucos ganham prova que a
distribuição de renda em nosso país é injusta.
Exercícios
B) O trabalho dignifica o homem, mas o homem não deve viver só para o trabalho.
A) O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que
B) As mulheres, atualmente, ocupam cada vez mais funções de destaque na vida social e política de
muitos países; no entanto
C) Um curso universitário pode ser um bom caminho para a realização profissional de uma pessoa,
mas...
D) Se não souber preservar a natureza, o ser humano estará pondo em risco sua própria existência,
porque...
E) Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a violência que existe hoje em
várias cidades; outras, porém
H) Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura, pois
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PARÁGRAFO
I) Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura, entretanto
Exemplo:
A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às pessoas, tais como: infor-
mação, por meio de noticiários que mostram o que acontece de importante em qualquer parte do
mundo; diversão, através de programas de entretenimento (shows, competições esportivas); cultura,
por meio de filmes, debates, cursos.
Faça o mesmo:
1. Na escolha de uma carreira profissional, precisamos considerar muitos aspectos, dentre os quais
podemos citar:
3. O bom relacionamento entre os membros de uma família depende de vários fatores, como:
4. A vida nas grandes cidades oferece vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens, podemos
lembrar e, dentre as desvantagens,
Era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se em alicerces o mura-
mento, de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...)Porta da entrada ia ter uma es-
cadaria dupla, com alpendre e parapeito desgastado.(Monteiro Lobato)
Trata-se de estabelecer um confronto entre duas idéias, dois fatos, dois seres, seja por meio de con-
trastes das diferenças, seja do paralelo das semelhanças.
Veja o exemplo:
Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fato de que, numa
relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos lances adiante. No xadrez, cada
jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não pode seguir seu planos sem considerar os
contra-ataques do adversário, senão será prontamente abatido.
O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar sua forma de
agir às respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da situação geral, na medida em que
se apresentam. (Bruno Betelheim, adaptado)
As adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de maneira tão genera-
lizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase simbólica, da experiência
infantil de conquista da realidade.
Para uma criança, o mundo está cheio de objetos misteriosos, de acontecimentos incompreensíveis,
de figuras indecifráveis. A própria presença da criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser
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PARÁGRAFO
resolvida. Daí o prazer de experimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura
da surpresa. (Gianni Rodari, adaptado)
Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar, divertir, persuadir e
ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e comentários sobre a realidade. A se-
gunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimento por parte do público. A terceira pro-
cura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto.
A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a formação
do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Netto, adaptado)
Consiste em esclarecer o que foi afirmado no tópico frasal por meio de exemplos:
A imaginação utópica e inerente ao homem, sempre existiu e continuará existindo. Sua presença é uma
constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades primitivas, sob a forma de lendas e cren-
ças que apontam para um lugar melhor; nas formas do pensamento religioso que falam de um paraíso
a alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais
justa, pedem-nos que “sejamos realistas, exijamos o impossível”. (Teixeira Coelho, adaptado)
Exercícios
1.Grife o tópico frasal de cada parágrafo apresentado. Não deixe de observar como o autor desen-
volve.
Os deputados, na sua grande maioria, pertencem à classe A. É com os membros dessa classe que os
parlamentares mantêm relações sociais, comerciais, familiares. É dessa classe com a qual mantêm
maiores vínculos, que sofrem as maiores pressões.
Desse modo, nas condições concretas das disputas eleitorais em nosso país, se o parlamentarismo
não elimina inteiramente a influência das classes D e E no jogo político, certamente atua no sentido de
reduzi-la.” (Leôncio M. Rodrigues)
2. Apresentamos a seguir alguns tópicos frasais para serem desenvolvidos na maneira sugerida.
A) Anacleto é um detetive trapalhão. (por enumeração de detalhes: forneça a descrição física e psico-
lógica do personagem).
B) As novelas transmitidas pela televisão brasileira são muito mais atraentes que nossos filmes. (por
confronto)
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PARÁGRAFO
E) Nunca diga que algum ser humano é uma ilha: tudo que acontece a um semelhante nos atinge. (por
exemplificação)
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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO EM INGLÊS
O objetivo maior, neste primeiro momento, é que seja desenvolvido sua capacidade de leitura e com-
preensão de textos escritos em língua inglesa. Duas estratégias são fundamentais para compreensão
de qualquer texto em qualquer idioma: Guessing e Predicting. Ao longo dessa competência, algumas
atividades são propostas para se possa sempre que quiser ou precisar, praticar e consolidar essa área.
I. Predicting X Guessing
Predicting
Na figura abaixo está faltando o último quadrinho. Algumas perguntas podem, imediatamente, ser fei-
tas: Qual seria o conteúdo do último quadrinho? Como ele será concluído?
No primeiro quadrinho Garfield questiona se há peixes no lago. Logo no segundo quadrinho aparece
um peixe afirmando que existem peixes. E então? O que virá a seguir?
O leitor, ao se deparar com essa tirinha, deve fazer as seguintes perguntas: As ideias interpretadas
foram parecidas com a do cartunista? No momento de elaboração das ideias foram levadas em consi-
deração todas as pistas apresentadas no texto? Independente das respostas obtidas A estratégia es-
pecífica de leitura utilizada é chamada Prediction.
Predicting é uma estratégia usada a partir de palavras chaves, títulos e subtítulos, do que já se tem
conhecimento prévio sobre o assunto, onde são levantadas hipóteses e previsto o assunto do texto.
É sempre bom lembrar que quanto mais experiente for o leitor maior será a capacidade dele de prever
as próximas informações, assim como independentemente de qualquer estratégia, quanto maior for o
seu conhecimento de vocabulário da língua inglesa mais facilmente o texto será compreendido.
Levando em consideração a seguinte pergunta que é o título de um artigo em um jornal: What can
technology do for you? Que perguntas ou vocabulário vêm em mente? Tudo o que se consegue lembrar
ou o que foi associado chama-se de conhecimento prévio do assunto.
Essa é uma das principais características da estratégia Predicting e deve ser amplamente usada por
quem está lendo um texto principalmente em outro idioma que não seja o idioma nativo do indivíduo.
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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO EM INGLÊS
Guessing
Guessing é quando a tradução de palavra por palavra é deixada de lado, e tenta entender algumas
palavras pelo sentido da frase, sem ter de buscar as mesmas no dicionário. Para usar corretamente a
estratégia de Guessing, é necessário ter claramente definido o significado da palavra cognato.
O grande perigo dessa estratégia é acabar usando erroneamente uma palavra que parece ter o mesmo
significado, por terem escritas semelhantes, mas possuem significados completamente diferentes.
Esses termos são o que chamamos de falsos cognatos e é recomendado que se tenha um bom conhe-
cimento deles para que a compreensão textual não seja afetada. Logo abaixo dois quadros são ilustra-
dos para facilitar um pouco mais.
O primeiro quadro terá os falsos cognatos, que são as palavras que parecem ter o mesmo significado
em português, mas são diferentes. Enquanto o segundo quadro terá os cognatos verdadeiros que têm
o mesmo significado tanto em inglês quanto em português.
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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO EM INGLÊS
patient paciente
honest honesto
moment momento
Name nome
number número
preposition preposição
dance dançar
move mover
normal normal
alphabet alfabeto
admire admirar
coffee café
Area área
passport passaporte
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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO EM INGLÊS
correct correto
Será falado agora das duas técnicas mais utilizadas na leitura de um texto em uma língua estrangeira,
segundo os estudiosos: SKIMMIMG e SCANNING.
SKIMMING é o ato de fazer uma leitura rápida do texto para retirar os conceitos e as ideias principais,
ou seja, em outras palavras, faz-se uma exploração geral do texto sem se deter a um ponto específico.
Neste momento, dever-se-á buscar a ideia geral do texto.
Quando estiver usando essa estratégia, é necessário rapidamente passar os olhos pelo título, ler os
parágrafos, as palavras chave e ao finalizar a leitura, será possível saber do que o texto trata como um
todo.
O termo SKIMMING deriva do verbo TO SKIM que significa desnatar (o leite), tirar da superfície. Fa-
zendo uma analogia, é como se fosse extrair a nata do texto (o nosso leite).
SCANNING também envolve dar uma lida rápida, mas deve-se usar essa estratégia quando o objetivo
é encontrar algo específico no texto, isto é, quando se sabe exatamente o que está procurando. É
exatamente o que se faz com um SCANNER quando necessitamos copiar um texto: selecionamos uma
informação específica e nos fixamos nela.
Na leitura de texto de uma língua estrangeira onde não há muito tempo para consulta frequente no
dicionário, usa-se as duas técnicas. Obviamente, o uso de uma técnica não exclui o da outra. É possível
fazer a leitura de qualquer texto utilizando a técnica de SKIMMING e de SCANNING.
Primeiramente, o SKIMMING é feito durante a leitura do texto e logo após a leitura, onde se questiona
se há perguntas onde se deve encontrar as respostas no texto o que está sendo procurado no texto e
quais informações são as mais relevantes para a sua busca.
Uma dica interessante é que quando se tem perguntas que deva achar as respostas no texto, sempre
ler primeiro, essas perguntas, pois já irá para o texto sabendo exatamente o que precisa ser encontrado.
A leitura do texto abaixo possibilita praticar essas estratégias. Primeiramente, será feito
o SKIMMING do texto e logo após a leitura, há uma das perguntas de uma prova referente a esse
texto.
After just eight months in office, President Luiz Inácio Lula da Silva of the left- wing Workers’ Party has
won congressional approval for economically critical and politically controversial pension and tax re-
forms.
Now, however, Lula faces a bigger challenge: reviving Brazil ‘s economy. In 2003’s first half,
Brazil’s economy fell into recession. Most economists expect growth for the entire year to be a miserly
1%.
And a government linked research group recently embarrassed ministers by predicting growth of just
0.5% in 2003. Taxes are a serious obstacle to growth. Brazil’s tax burden is among the highest in the
world, equal to 41.7% of salaries.
Reforms now proceeding through Congress will simplify the tax system, but won’t reduce the total bur-
den. That will be possible only if interest rates fall and the government can keep spending in check,
thereby reducing the amount of money needed to pay its own debts. For now, Brazil’s economy is going
nowhere.
The picture of the current Brazilian economy given by this article is:
highly optimistic.
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guardedly hopeful.
unremittingly positive.
faintly negative.
distinctly bleak.
Caso sejam utilizadas as estratégias que vimos anteriormente muito provavelmente chegou à alterna-
tiva certa que seria letra ‘D’. Lendo primeiramente a pergunta, é possível perceber que ela quer saber
o estado atual da economia nacional. Alguns cognatos verdadeiros foram encontrados no texto como
economy, president, obstacle, government, taxes, possible, reduce, critical, controversial, reform e sim-
plify.
Essas palavras já dão uma grande ajuda sobre a informação pedida na pergunta. Usando
o Skimming associado ao Predicting já se consegue ter uma boa noção do que o texto fala que era a
situação difícil da economia do Brasil no período indicado no texto.
Lembrando que quando procurar uma resposta, leia primeiramente a pergunta e as opções antes de
ler o texto inteiro, pois a informação que precisa encontrar será explícita. Então, após o Scanning che-
garia à conclusão de que a situação da economia brasileira, naquela época, era extremamente nega-
tiva.
Como foi visto na competência anterior, os falsos cognatos são palavras que merecem a atenção para
que não se tenha uma falsa compreensão com relação aos termos ou ao contexto de um texto.
Neste momento, serão apresentadas ferramentas que possibilitarão identificar os recursos tipográficos,
que podem ser encontrados em vários textos. Serão vistas algumas atividades usando diferentes gê-
neros, a fim de que se desenvolva, cada vez mais, a sua capacidade de compreensão.
As marcas tipográficas, também chamadas de pistas ou chaves tipográficas, são recursos visuais usa-
dos nos textos para chamar a atenção do leitor. Elas podem ou não, transmitir informações represen-
tadas por palavras. Reconhecê-las é um auxílio bastante útil à leitura.
Além das estratégias principais vistas acima, é necessário também utilizar outras ferramentas básicas
que facilitam bastante sua compreensão textual. Em um texto onde se precisa encontrar informações
específicas baseadas em perguntas, antes de tudo é necessário identificar os pronomes interrogativos
que iniciaram as perguntas, os populares WHs.
Se uma pergunta foi iniciada com Who, que significa ‘quem’, obviamente, será necessário procurar uma
pessoa no texto, fazendo com que automaticamente se descarte todas as outras palavras no texto. E
se houver mais de uma pessoa no texto? Basta procurar o verbo da pergunta e o mesmo verbo no
texto.
A pessoa que estiver praticando aquela ação no texto será a pessoa da informação que está sendo
procurada. O mesmo deve ser feito com as perguntas que comecem com Where, que significa ‘onde’,
permitindo ao leitor procurar um local no texto; e com as perguntas iniciadas por When, que significa
‘quando’, permite procurar um período específico de tempo.
v. Leitura de E-mails
Uma vez trabalhado algumas importantes formas de leitura de textos, é preciso lembrar que em um
idioma é sempre bom estarmos preparados para a utilização das quatro habilidades comunicati-
vas: speaking, listening, writing and reading, respectivamente, fala, audição, escrita e leitura.
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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO EM INGLÊS
Qual será a reação do leitor quando receber um e-mail em inglês solicitando algo no seu ambiente de
trabalho? Qual dessas habilidades acima mencionadas será necessária para que seja possível ser bem
sucedido na tarefa designada? É necessário saber de todas as palavras para que eu possa compreen-
der o que me foi enviado?
Agora serão trabalhadas algumas estratégias de leitura para que se possa compreender bem os pos-
síveis e-mails recebidos.
Dear Sir
I would like to know the day and time of the next meeting in the Auditorium in September. I would like
to book the room this week, if possible. Could you send me some information about it? I would also like
to have some information about the number of people that will be in our meeting.
Então, com as palavras chaves do e-mail sendo decifradas fica fácil saber o que a pessoa Deseja, isto
é, fazer uma reserva do auditório no mês de setembro (September) e para que essa reserva seja feita,
ele precisa saber dos dias e horários da reunião. Ao final do e-mail a Srª Silvia pede informação sobre
o número de pessoas na reunião e solicita a confirmação da reserva.
Interessante notar o tom de formalidade usado pela Silvia King usando sempre a expressão “I would
like” que significa “eu gostaria”. Percebe-se também que o e-mail é curto e simples, sem muita variação
e isso é bastante comum. Cabe lembrar que nem todos que escrevem em inglês são fluentes no idioma,
então utilizam um vocabulário simples e são diretos e objetivos nas suas solicitações. Uma coisa que
sempre gosto de pontuar a meus alunos é que não é necessário entender todas as palavras para
entender o texto.
Procurando as palavras chaves, os principais verbos, o vocabulário que já existente e isso sem dúvida
torna mais fácil a compreensão textual como um todo. Uma das maiores e frequentes dúvidas dos
alunos de língua inglesa é saber a preposição correta a ser usada em um momento de produção.
O estudo das preposições na língua inglesa precisa de bastante dedicação e prática, principalmente,
porque existem muitas preposições e as mesmas possuem diversos usos e traduções. Como no e-mail
anterior foi feita uma referência a um local (auditorium), Vale deixar aqui uma dica rápida para o uso
das proposições In, On, At para locais.
‘In’ é usado quando nos referimos a um local LIMITADO, podendo esse limite ser dado por paredes ou
limites imaginários. Exemplo: The meeting will be IN the classroom. She lives IN Recife.
Por outro lado, ON é utilizado para dois objetos quando estão em contato. Exemplo: I left a message
ON the wall ou The machine is ON the desk.
Para finalizar essa comparação AT é usado para locais usados como referência. Exemplo: I saw her
AT the bus stop.
Será visto agora, um dos temas de maior dificuldade para os alunos de língua inglesa que não são
nativos: como produzir um texto sendo preciso, mencionando as informações corretas e sendo claro
para o leitor.
Trataremos também dos conectivos e dos elementos de coesão e coerência, cohesion and cohe-
rence, respectivamente, que são itens fundamentais na elaboração de um texto claro.
a. Respondendo E-mails
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Agora que trabalhamos as estratégias de leitura adequadas para que se consiga ler os e-mails com
maior rapidez e desenvoltura, vamos passar para o próximo passo que é responder esses e-mails de
forma correta, usando os corretos níveis de formalidade e utilizando as expressões apropriadas. É
sempre bom lembrar que quanto mais vocabulário o leitor tem, mais fácil será interpretar esses e- mails.
Dear Sir
I would like to know the day and time of the next meeting in the Auditorium in September. I would like
to book the room this week, if possible. Could you send me some information about it? I would also like
to have some information about the number of people that will be in our meeting.
A pessoa que enviou o e-mail já deve ter informações suficientes para ter escolhido o auditório anteri-
ormente e precisa apenas das informações solicitadas.
Iniciar o e-mail com a palavra Dear indica certa formalidade, respeito e cordialidade, seguido da pala-
vra Sir (senhor), caso o hóspede seja do sexo masculino ou Madam (senhora), se for do sexo feminino.
Outra forma bastante educada é utilizar as abreviações ‘Mr.’ (para homens) ou ‘Ms.’ (para mulheres)
seguidos do sobrenome. Nesse caso do e-mail acima, seria possível usar Dear Ms. King ou Dear Ma-
dam:
‘Caro senhor e Cara senhora, respectivamente’. Caso o locutor estivesse se reportando a uma pessoa
do sexo masculino, poderia-se usar as expressões: ‘Mr.’, seguida do sobrenome ou ‘Dear Sir’ que são
muito mais apropriados em comunicações da área de negócios.
Após esse início comece a responder o que lhe foi solicitado. Procure sempre usar os verbos que a
própria pessoa utilizou na solicitação para que também facilite a compreensão do mesmo. No caso do
e-mail, era possível prosseguir utilizando a seguinte expressão: “I would like to confirm the days for the
Auditorium meeting.”
Outro ponto importante a ser colocado é o uso do verbo is going to happen. Nesse caso como é feita
uma referência a uma ação que está sendo planejada no futuro deve sempre utilizar a forma do Futuro
Simple BE GOING TO.
Caso se quisesse mencionar algo apenas como uma possibilidade deveria ser usada outro verbo auxi-
liar que seria o WILL. Importante lembrar que WILL e BE GOING TO são os auxiliares apropriados para
falar de qualquer ação no tempo futuro.
No entanto, é necessário ter cuidado apenas em saber se é uma ação previamente planejada, onde se
deve usar o BE GOING TO, ou uma ação de momento ou com pouco planejamento, onde se deve
usar WILL.
Fica faltando apenas confirmar o número de pessoas que estarão na reunião. Caso seja possível con-
firmar o número de pessoas, utiliza-se a seguinte frase: I confirm the number of people in the meeting:
10. Antes do verbo confirmar, confirm, pode-se também utilizar o verbo modal can que indica um pouco
mais de formalidade.
Caso não se possua a informação solicitada e não exista ideia sobre quantas pessoas comparecerão
à reunião, o mais interessante seria utilizar a expressão: I am sorry, but the number of people in the
meeting is still not available (Desculpas, mas o número de pessoas não está disponível).
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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO EM INGLÊS
Para dar informações mais precisas do auditório e qualquer informação adicional de horários ou itens
presentes no local, o mais sensato seria ter um documento disponível sobre esses serviços adicionais
que poderia ser enviado em anexo, consequentemente não precisará se arriscar muito utilizando infor-
mações mais complexas.
Caso esse documento não esteja acessível, informa-se apenas o horário de funcionamento do auditó-
rio e que a pessoa terá mais informações no próprio local com a pessoa que é responsável pelo funci-
onamento do mesmo. “The auditorium is opened from 8 am to 4 pm. Further information in the place.
A finalização de um e-mail é tão importante quanto o começo do mesmo. A maneira como ele foi inici-
ado determinará a forma de seu encerramento.
Se o e-mail começou o e-mail com “Dear e o primeiro nome” de quem receberá sua mensagem, então
deve-se assinar apenas com seu primeiro nome. Se a mensagem foi iniciada com “Dear Mr. e o sobre-
nome” então é necessário assinar o nome completo. O encerramento depende do nível de formalidade
e familiaridade. Sincerely é usado para finalizar e–mails que começaram com “Dear Sir”.
Além dessas formas já mencionadas, outras várias formas podem encerrar uma correspondência:
“Love” indica um nível bem maior de intimidade e de baixíssima formalidade.
“Fondly” e “Affectionately”, que são formas diferentes de dizer com carinho, também indicam baixo grau
de formalidade e devem ser usados apenas para pessoas que se conheçam muito bem e tenha um
bom nível de intimidade. “Kind regards”, “Best wishes” e “Warmest regards” são menos íntimos, signi-
ficam o equivalente ao nosso “desejo tudo de bom” e podem ser usados para pessoas com um nível
menor de formalidade e com conversas do dia a dia.
No caso do e mail recebido pela senhora King, finaliza-se o e-mail com “Sincerely”.
I would like to confirm the days for the Auditorium meeting. The meeting is going to happen on Septem-
ber 13th and 14 th .I confirm the number of people in the meeting: 10 / I am sorry, but the number of
people in the meeting is still not available.
I’m attaching a file with information about the auditorium / The auditorium is opened from 8 am to 4 pm.
Further information in the place.
É notável que foram utilizadas as estratégias mais simples para que a comunicação seja direta e obje-
tiva. Usando essas estratégias, o idioma é utilizado de forma correta, o locutor será perfeitamente com-
preendido e não terá muitas dificuldades para conseguir atender os seus clientes.
Note também que as duas possibilidades foram colocadas no exemplo dado acima. Na língua inglesa,
os textos em geral são sempre objetivos e possuem as estruturas mais claras possíveis.
I. Netiquette
Assim como havia e há formas corretas e incorretas de escrever cartas, o envio de mensagens via
Internet é um território governado por regras e costumes. A linguagem da Internet é curta e requer o
uso de abreviações, símbolos e acrônimos, o que não é aceitável em textos escritos a mão.
E-mail é algo menos formal, embora isso não queira dizer que certas expressões de formalidade devam
ser ignoradas, assim como vimos na competência anterior. A saudação em um e-mail informal geral-
mente é Hi. “Dear” junto com o primeiro nome da pessoa, exemplo Dear Paul, pode ser omitido já que
a saudação inicial já foi dada.
É essencial que o fechamento do e- mail seja com o nome do remetente, já que o endereço eletrônico
não é o suficiente para saber exatamente quem está falando.
No processo de descrição das ideias há duas coisas que se deve evitar: SHOUTING que é o uso de
letras maiúsculas em sequência para descrever uma situação e “Spamming”, que é o envio de e-mails
desnecessários de vínculo pessoal ou comercial que não são de interesse do destinatário.
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Evitar usar essas duas formas de comunicação eletrônica hoje em dia faz com que o locutor não seja
vítima de “Flaming” – que é quando uma pessoa sofre diversas críticas e essas são divulgadas na rede
prejudicando a imagem da pessoa no mercado de trabalho.
Esse tipo de Letter ou E-mail é extremamente importante,pois espera-se que o locutor queira causar
uma boa impressão em seu provável empregador.
Algumas empresas costumam solicitar cartas escritas a mão ou até mesmo solicitam uma carta virtual
(e-mail mais formal) para saber se a pessoa consegue apresentar um bom layout e se a pessoa con-
segue se apresentar corretamente pela linguagem escrita.
Se o remetente estiver enviando um currículo em anexo, ele não deve duplicar as informações, a não
ser que seja solicitado a colocar no próprio e-mail as maiores qualidades, habilidades e realizações
prévias no mercado de trabalho.
Apesar de, praticamente, ter sido extinta pelo ‘corre-corre’ corporativo, a Letter of Apology é um tipo de
correspondência importantíssima na língua inglesa. Ela geralmente é bastante difícil de ser escrita, mas
deve ser levado em consideração que uma correspondência que tenha como objetivo um pedido de
desculpas deve ser bem mais reflexiva e mais efetiva do que um simples “Me desculpe” cara-a-cara.
É um tipo de correspondência que mesmo para uma pessoa mais próxima é necessário ter um tom de
formalidade altíssimo e sempre de acordo com a seriedade do que foi cometido erroneamente. Entre-
tanto, em todos os casos ela deve ser breve, e é muito importante ir direto ao ponto no primeiro pará-
grafo. Sugestões para consertar o que foi feito incorretamente também devem ser colocadas no texto.
Dear Helen,
Just wanted to say that I am so sorry about breaking your electronic calculator. You said it was an old
one; thank goodness it wasn’t an antique! I’m going to start looking for a new one next Monday!
Love, Paul.
Veja que a pessoa que escreveu foi diretamente ao ponto comunicando o acontecido: I am so sorry
about breaking your electronic calculator e logo após um rápido comentário sobre como se sente em
relação ao acontecido ela já informa o que vai fazer para tentar resolver a situação: “I’m going to start
looking for a new one next Monday!” Para finalizar a pessoa usou Love, que demonstra um alto nível
de intimidade e aproximação com o destinatário do e-mail.
iii. Invitation
ocasião?
localização?
data?
hora?
Hoje em dia com a expansão das redes sociais em nossas vidas, alguns eventos devem ser respon-
didos através de confirmações na própria rede social. Caso as pessoas devam ir vestidas de uma forma
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em especial, é necessário ir direto ao ponto (get straight to the point), e mencionar no convite para as
pessoas perceberem a importância do fato.
Obviamente o tipo de convite enviado vai determinar (dictates) o layout e o visual do convite. O convite
para um happy hour vai ser totalmente diferente de um convite para comparecer à celebração de uma
conquista da empresa.
O nível de formalidade no e- mail convite para chamar a pessoa, depende do quanto o destinatário e o
remetente se conhecem e de quão formal o evento vai ser. É esperado que seja recebido um e-mail de
retorno de seu convite, contendo um agradecimento ou a confirmação da presença da pessoa no
evento.
Nas habilidades anteriores foram apresentadas diversas formas de produzir textos na língua inglesa.
Agora, será visto algo tão importante e essencial na produção e compreensão de textos ainda mais
elaborados, que são os conectivos.
Os conectivos, também chamados por connectives connectors, discourse markers ou linking words;
são palavras que contribuem para a coesão, ou seja, harmonia, de um texto. Os conectivos podem
unir partes de uma oração, frases em um parágrafo ou parágrafos em um texto.
Há alguns tipos de conectivos, tais como os sequenciadores temporais (at night, in the afternoon), como
os marcadores espaciais (at home, inside the hospital) e como os conectores lógicos (firstly, because).
Esses conectores lógicos podem ser divididos em quatro grandes categorias, por expressarem relações
de adição, contraste, causa e efeito ou sequência.
Analisando o texto abaixo e veja como esses conectivos são utilizados no texto, com principal finalidade
de ter maior coesão e coerência e facilitando a leitura de quem se dedica a fazer a compreensão do
mesmo.
Note que a estória é minuciosamente descrita pelo autor do texto que utiliza esses conectivos em ne-
grito para que o leitor possa fazer a transição de diferentes momentos do que foi descrito. Existem
vários conectivos, desde os mais informais quanto os que expressam maior grau de formalidade.
INTRODUÇÃO INTRODUCTION
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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO EM INGLÊS
Em primeiro lugar, … / Antes de tudo, …/ Para começar, First of all, … / In the first place, … / To
… / Para início de conversa, … begin with, …
REFERÊNCIA REFERENCE
Com relação a … / No que diz respeito a… / No que Regarding … / With regard to … / Con-
tange a … cerning … / Considering …
CONFORMIDADE AGREEMENT
ÊNFASE EMPHASIS
PROPÓSITO PURPOSE
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CERTEZA ASSURANCE
Sem dúvida / Certamente / Com certeza / Evidente- Of course / For sure / Definitely / Certainly
mente … / Without a doubt
Na habilidade anterior estudamos vários conectivos e observamos que eles podem expressar diversas
relações de sentido. Os conectivos são elementos que contribuem para a coesão textual.
Agora será visto um pouco sobre coesão em textos escritos em língua inglesa, como também alguns
conceitos sobre a coerência textual.
É possível, então, dizer que um texto só é ao mesmo tempo coeso e coerente se seus elementos estão
bem ligados entre si e se esses fazem sentido como um todo. Leia atentamente o próximo parágrafo:
A Computer System
A computer system consists of a central processing unit (CPU), input devices, and a monitor. The CPU
stores data and processes it. The input devices enable users to enter data and to manipulate that data.
Both the users and the CPU need input devices—the users to send commands and the CPU to receive
them.
The monitor displays the data that the users enter and also displays the effects of commands that the
users give the CPU to manipulate that data. Only the users need the monitor; the CPU can do all its
work without displaying any of the results.
É possível notar que há termos que se repetem ou que se referem a algo já dito em uma frase anterior
ou no próprio título, exemplo (computer, monitor). Essas palavras contribuem para a coesão desse pa-
rágrafo, pois sempre retomam os termos utilizados desde o início, fazendo com que o leitor siga a linha
de raciocínio do autor.
Para ter maior facilidade tanto na compreensão quanto na produção de textos, vale destacar que a
coesão é composta de termos e expressões que unem os diversos elementos do texto e buscam esta-
belecer relações de sentido entre eles. A coerência resulta da não contradição entre as partes do texto.
Apesar de a Língua Inglesa ser a língua oficial do mercado internacional, que todo falante deve saber
usá-la se quiser ser bem aceito (e remunerado) no mercado de trabalho, e ela ser disciplina obrigatória
na grade curricular das escolas brasileiras, a maior parte dos alunos, principalmente os que não fre-
quentaram escolas de idiomas, têm dificuldade em compreender um texto em língua estrangeira.
Para driblar essa situação, existem técnicas que facilitam melhor a compreensão de um texto em qual-
quer língua.
De acordo com Tony Randall, em seu artigo “How you improve your vocabulary” (Como melhorar seu
vocabulário), o inglês é uma língua com o maior vocabulário: mais de um milhão de palavras. Para
falar, entretanto, um adulto normal precisa de apenas 30.000 a 60.000 delas. Não é tão difícil assim.
O primeiro passo para se compreender um texto em outra língua é observar toda sua estrutura: títulos,
subtítulos, pistas tipográficas – datas, números, gráficos, figuras, fotografias, palavras em negrito ou
itálico, cabeçalhos, referências bibliográficas, reticências...
Essas informações, parte delas não-lineares, complementam as informações contidas no texto e, ob-
servadas antecipadamente, fazem com que se tenha uma idéia melhor do o assunto em questão.
A essa técnica chamamos inferência (inferir) – “adivinhar” qual o assunto do texto mediante uma leitura
rápida (SKIMMING). É importante observar também as questões referentes ao texto, assim pode-se ter
noção do que será cobrado na leitura e, sabendo disso previamente, será mais fácil e prático filtrar as
informações dentro do texto.
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O segundo passo é uma leitura minuciosa do texto à procura de informações específicas. Essa técnica
chama-se scanning, que consiste em buscar informações detalhadas, sem que seja necessário fazer
uma leitura do texto todo.
Geralmente é feita de forma top down (de cima para baixo). Enquanto no skimming o leitor leva tudo
em conta para a compreensão do texto, no scanning rejeitam-se os elementos periféricos para se ater
à seleção de informações importantes para solucionar os propósitos que levaram à leitura.
O terceiro passo é uma leitura mais cuidadosa, levando-se em conta tanto os cognatos como os falsos
cognatos. Caso encontre uma palavra que não saiba o significado, não consulte o dicionário, pois às
vezes ele apresenta vários significados e você correrá o risco de fazer uma escolha errada. O próprio
contexto fará com que infira seu significado. Não se prenda à tradução de palavra por palavra, pois o
mais importante é a compreensão geral do texto.
Ao levar em conta estas técnicas, o leitor evitará muitas headaches (head– cabeça/aches–dores). Com
a prática, ler e compreender um texto em língua inglesa deixará de ser um “bicho-papão” no vestibular.
Muitas vezes o vestibulando deixa de optar por Língua Inglesa, que estudou durante sua toda vida
escolar, para prestar o vestibular em Língua Espanhola, pelo simples fato de ser parecida com o por-
tuguês. Aplicando estas técnicas, portanto, o vestibulando se sentirá muito mais seguro ao deparar-se
com um texto em Língua Inglesa.
Na videoaula de hoje vimos que as palavras são a base da comunicação. Compreendê-las e saber o
momento certo de usá-las é de extrema importância em todas as esferas sociais.
Porém o domínio das mesmas requer muita leitura e prática de interpretação, pois elas assumem várias
formas e várias essências. É o que chamamos de polissemia. A existência de uma variedade de senti-
dos ocorre em todas as línguas, e não é diferente com a Língua Inglesa. Muitos alunos tem dificuldade
em ler textos em Língua Inglesa, dizem que não tem vocabulário suficiente, ou mesmo que não enten-
dem nada do idioma.
Alguns estudantes, apesar de apresentarem algum vocabulário, também se atrapalham, porque preci-
sam consultar muitas vezes o dicionário, ou porque se deparam com muitos significados e não conse-
guem distinguir qual usar.
A videoaula de hoje abordou essa temática do significado, da polissemia e do contexto, discutiu e co-
mentou brevemente sobre as classes de palavras. Vimos também na videoaula acima que o texto é a
maior unidade geradora de sentido presente em todas as línguas. Somos cercados por textos orais e
escritos por todos os lados.
Aprendemos também que a convivência em sociedade possibilitou a origem de mais de 3.000 gêneros
textuais, cuja compreensão se torna indispensável para uma boa interação e expressão de ideias. por
fim, nos aprofundamos nos estudos sobre o texto, revendo alguns conceitos e ampliamos nossos co-
nhecimentos sobre dois gêneros textuais muito importantes: a ficha técnica e a carta.
Atividade 1
Com a ajuda do dicionário e/ou do google tradutor, faça uma carta, em Inglês, assim como eu fiz a
minha no vídeo.
Não esqueça de colocar cabeçalho, saudação e despedida, pode ser sobre qualquer assunto para uma
pessoa que você goste, escreva primeiro em Português e depois passe para o Inglês, procurando cada
palavra isoladamente e verificando os seus possiveis sentidos:
Atividade 2
02) Pesquise as palavras seguintes no dicionário e coloque aqui pelo menos 2 significados, em portu-
guês, de cada:
ATIVIDADE 3
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COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO EM INGLÊS
De acordo com os significados que você achou para cada palavra, e de acordo com o contexto dado
em cada frase abaixo, escolha o melhor significado e traduza cada frase.
I am not a big fan of Roberto Carlos – Eu não sou um grande fã de Roberto Carlos
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
TÍTULO II
CAPÍTULO I
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares
de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comuni-
cações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei esta-
belecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996)
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissio-
nais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independente-
mente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar
seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou
por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos
nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade parti-
cular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será
objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei
sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a
outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econô-
mico do País;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em bene-
fício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de
cujus";
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressal-
vadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento)
(Vide Lei nº 12.527, de 2011)
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder;
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regula-
mento)
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra
a ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
b) perda de bens;
c) multa;
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a
idade e o sexo do apenado;
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante
o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes
da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previs-
tas em lei; (Regulamento)
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado
por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviá-
vel o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
à soberania e à cidadania;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou adminis-
trativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)
b) a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos neces-
sários ao exercício da cidadania. (Regulamento)
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo
e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004) (Vide ADIN 3392)
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios
digitais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022)
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
(Vide ADIN 3392) (Vide Atos decorrentes do disposto no § 3º do art. 5º da Constituição)
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
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CAPÍTULO II
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Art. 6 o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previ-
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 26, de 2000)
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segu-
rança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 2010)
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos de-
samparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade social terá direito a uma renda básica
familiar, garantida pelo poder público em programa permanente de transferência de renda, cujas nor-
mas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observada a legislação fiscal e orçamentária
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 114, de 2021)
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim;
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facul-
tada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943)
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
(Vide Del 5.452, art. 59 § 1º)
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em
creches e pré-escolas;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade
em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de:
a) cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato;
b) até dois anos após a extinção do contrato, para o trabalhador rural;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000)
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer
trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz ;
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer tra-
balho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador
avulso
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obriga-
ções tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no
órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
em questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será des-
contada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, inde-
pendentemente da contribuição prevista em lei;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colô-
nias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades
inadiáveis da comunidade.
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e delibe-
ração.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
CAPÍTULO III
DA NACIONALIDADE
I - natos:
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente, ou venham a residir na República Federativa do Brasil antes da mai-
oridade e, alcançada esta, optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira ;
c ) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir na
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira; (Redação
dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 54, de 2007)
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
§ 1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de bra-
sileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro nato, salvo os casos previstos nesta Cons-
tituição.
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasi-
leiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.
(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
previstos nesta Constituição.
V - da carreira diplomática;
VII - de Ministro de Estado da Defesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999)
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revi-
são nº 3, de 1994)
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitu-
cional de Revisão nº 3, de 1994)
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
CAPÍTULO IV
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
I - plebiscito;
II - referendo;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri-
gatório, os conscritos.
I - a nacionalidade brasileira;
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz
de paz;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
de proteger a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o
abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta .
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim
de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pre-
gressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econô-
mico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)
§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias conta-
dos da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
§ 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições municipais as consultas populares sobre ques-
tões locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (noventa)
dias antes da data das eleições, observados os limites operacionais relativos ao número de quesitos.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021)
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
Art. 16 A lei que alterar o processo eleitoral só entrará em vigor um ano após sua promulgação .
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se apli-
cando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência. (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 4, de 1993)
CAPÍTULO V
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a sobera-
nia nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e
observados os seguintes preceitos: Regulamento
I - caráter nacional;
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e
funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e
funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou munici-
pal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006)
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer
regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas
eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus
estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 97, de 2017)
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
97, de 2017)
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos
válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois
por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de
2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das
unidades da Federação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado
o mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingido, não
sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de acesso
gratuito ao tempo de rádio e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco por cento) dos recursos do fundo parti-
dário na criação e na manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das
mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117,
de 2022)
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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Na centralização, o Estado atua diretamente por meio dos seus órgãos, isto é, das unidades que são
simples repartições interiores de sua pessoa e que por isto dele não se distinguem. Consistem,
portanto, em meras distribuições internas de plexos de competência, ou seja, em "desconcentrações"
administrativas.
Na descentralização, o Estado atua indiretamente, pois o faz através de outras pessoas, seres
juridicamente distintos dele.
Ocorre a concentração quando há uma transferência das atividades dos órgãos periféricos para os
centrais.
a) Administração Direta
A Administração Pública, não é propriamente constituída de serviços, mas, sim, de órgãos a serviço
do Estado, na gestão de bens e interesses qualificados da comunidade, o que nos permite concluir
que no âmbito federal, a Administração direta é o conjunto dos órgãos integrados na estrutura
administrativa da União.
A Administração Direta possui poderes políticos e administrativos, eis que é responsável pela
formulação de políticas públicas.
Características dos Órgãos; não tem personalidade jurídica; expressa a vontade da entidade a que
pertence (União, Estado, Município); é meio instrumento de ação destas pessoas jurídicas; é dotado
de competência, que é distribuída por seus cargos.
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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
b) Administração Indireta
A Administração indireta é o conjunto do entes (personalizados) que, vinculados a um Ministério,
prestam serviços públicos ou de interesse público.
A Administração Indireta, via de regra, possui, somente, poderes administrativos, eis que não lhe
cabe, em tese, formular políticas públicas. O Banco Central é uma exceção a essa regra.
Todas as entidades da administração indireta estão sujeitas: à necessidade da lei, para a sua criação;
aos princípios da administração pública; à exigência de concurso público para admissão do seu
pessoal; e à licitação para suas contratações.
A autarquia é criada diretamente pela Lei. As Empresas Públicas, as Sociedades de economia mista
e as Fundações têm a sua criação autorizada por lei. Há necessidade de autorização legal também
para a criação de subsidiárias das referidas entidades.
As autarquias são criadas para desempenharem atividades típicas da administração pública e não
atividades econômicas. O nosso direito positivo limitou o seu desempenho desde o Decreto-Lei 200.
Funcionam e operam na forma estabelecida na lei instituidora e nos termos de seu regulamento. As
autarquias podem desempenhar atividades econômicas, educacionais, previdenciárias e quaisquer
outras outorgadas pela entidade estatal-matriz, mas sem subordinação hierárquica, sujeitas apenas
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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Características:
-se às autarquias;
O posicionamento das Fundações Públicas sempre foi variado. Hoje, com o advento da CF/88, foi
encerrada essa dubiedade de posicionamento quando determina que a Fundação Pública é
submetida ao regime da administração indireta.
Hoje, não mais existe justificativa para se manter a diferença entre as Fundações e as Autarquias.
Firmam com o Estado um contrato de gestão, pelo qual se comprometem a atingir metas pré-
estabelecidas. Caso não as atinja, podem vir a perder a qualificação conseguida.
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado criadas por lei específica, com capital
exclusivamente público, para realizar atividades de interesse da Administração instituidora nos
moldes da iniciativa particular, podendo revestir qualquer forma e organização empresarial. Ex: ECT,
CEF, CAESB, etc.
O que caracteriza a empresa pública é seu capital exclusivamente público, de uma só ou de várias
entidades, mas sempre capital público. Sua personalidade é de Direito Privado e suas atividades se
regem pelos preceitos comerciais. É uma empresa, mas uma empresa estatal por excelência,
constituída, organizada e controlada pelo Poder Público.
Difere da autarquia e da fundação pública por ser de personalidade privada e não ostentar qualquer
parcela de poder público; distingue-se da sociedade de economia mista por não admitir a participação
do capital particular.
Qualquer das entidades políticas pode criar empresa pública, desde que o faça por lei específica (CF,
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ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
art. 37, IX); a empresa pública pode ter forma societária econômica convencional ou especial; tanto é
apta para realizar atividade econômica como qualquer outra da competência da entidade estatal
instituidora; quando explorar atividade econômica, deverá operar sob as normas aplicáveis às
empresas privadas, sem privilégios estatais; em qualquer hipótese, o regime de seu pessoal é o da
legislação do trabalho.
O patrimônio da empresa pública, embora público por origem, pode ser utilizado, onerado ou alienado
na forma regulamentar ou estatutária, independentemente de autorização legislativa especial, porque
tal autorização está implícita na lei instituidora da entidade. Daí decorre que todo o seu patrimônio
bens e rendas - serve para garantir empréstimos e obrigações resultantes de suas atividades,
sujeitando-se a execução pelos débitos da empresa, no mesmo plano dos negócios da iniciativa
privada, pois, sem essa igualdade obrigacional e executiva, seus contratos e títulos de crédito não
teriam aceitação e liquidez na área empresarial, nem cumpririam o preceito igualizador do § 1º do art.
173 da CF.
O objeto da sociedade de economia mista tanto pode ser um serviço público ou de utilidade pública
como uma atividade econômica empresarial.
A forma usual de sociedade de economia mista tem sido a anônima, obrigatória para a União mas
não para as demais entidades estatais.
Na extinção da sociedade, seu patrimônio, por ser público, reincorpora-se no da entidade estatal que
a instituíra.
A sociedade de economia mista não está sujeita a falência, mas seus bens são penhoráveis e
executáveis e a entidade pública que a instituiu responde, subsidiariamente, pelas suas obrigações.
Entidades Paraestatais
São pessoas jurídicas privadas que não integram a estrutura da administração direta ou indireta, mas
colaboram com o Estado no desempenho de atividades de interesse público, mas não exclusivas de
Estado, de natureza não lucrativa. Integram o chamado Terceiro Setor. Segundo Alexandre Mazza,
tem predominado em concursos públicos o entendimento de que o conceito de entidades paraestatais
inclui somente os serviços sociais (pessoas jurídicas de direito privado, criadas mediante autorização
legislativa e que compõem o denominado sistema “S”).
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OS TRÊS PODERES LEGISLATIVOS, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO
Saiba tudo sobre os três poderes exercidos no Brasil: legislativo, executivo e judiciário.
Poder Legislativo
É o encarregado de exercer a função legislativa do estado, que consiste em regular as relações dos
indivíduos entre si e com o próprio Estado, mediante a elaboração de leis.
A Câmara dos Deputados é composta, atualmente, por 513 membros eleitos pelo sistema
proporcional à população de cada Estado e do Distrito Federal, com mandato de quatro anos. O
número de deputados eleitos pode variar de uma eleição para outra em razão de sua
proporcionalidade à população de cada Estado e do Distrito Federal. No caso de criação de
Territórios, cada um deles elegerá quatro representantes. A Constituição Federal de 1988 fixou que
nenhuma unidade federativa poderá ter menos de oito ou mais de 70 representantes.
Já no Senado Federal, os 81 membros eleitos pelo sistema majoritário (3 para cada Estado e para o
Distrito Federal) têm mandato de oito anos, renovando-se a cada quatro anos, 1/3 e 2/3
alternadamente. Nas eleições de 1998 foram renovados 1/3 dos senadores (27) e nas eleições de
2002, 2/3 dos membros (54).
Uma vez eleitos, os deputados e senadores passam a integrar a bancada do partido ao qual
pertencem. Cabe às bancadas partidárias escolher, dentre seus membros, um líder para representá-
los. Assim, para orientar essas bancadas durante os trabalhos legislativos, há a figura do líder
partidário e suas respectivas estruturas administrativas. O governo também possui líderes, na
Câmara, no Senado e no Congresso, que o representa nas atividades legislativas.
O Congresso Nacional e suas Casas funcionam de forma organizada, tendo os seus trabalhos
coordenados pelas respectivas Mesas. Em geral, a Mesa da Câmara dos Deputados e a do Senado
Federal são presididas por um representante do partido majoritário em cada Casa, com mandato de
dois anos. Além do presidente, a Mesa é composta por dois vice-presidentes e quatro secretários.
A Mesa do Congresso Nacional é presidida pelo presidente do Senado Federal e os demais cargos
ocupados, alternadamente, pelos respectivos membros das Mesas das duas Casas.
Compõem ainda a estrutura de cada Casa as comissões, que têm por finalidade apreciar assuntos
submetidos ao seu exame e sobre eles deliberar. Na constituição de cada comissão é assegurada,
tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos e dos blocos parlamentares que
integram a Casa.
No Congresso Nacional as comissões são integradas por deputados e senadores. A única comissão
mista permanente é a de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Contudo, existe também a
Representação Brasileira de Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul. Já as comissões
temporárias obedecem aos mesmos critérios de criação e funcionamento adotados pela Câmara e
pelo Senado.
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OS TRÊS PODERES LEGISLATIVOS, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO
Apesar do Congresso Nacional ser um órgão legislativo, sua competência não se resume à
elaboração de leis. Além das atribuições legislativas, o Congresso dispõe de atribuições deliberativas;
de fiscalização e controle; de julgamento de crimes de responsabilidade; além de outras privativas de
cada Casa, conforme disposto na Constituição Federal de 1988.
O Congresso está localizado na área central de Brasília, próximo aos órgãos representativos dos
Poderes Executivo e Judiciário, formando a praça dos Três Poderes. Internamente, o Congresso é
uma verdadeira “cidade” contando com bibliotecas, livrarias, bancas de revistas e jornais, barbearias,
bancos, restaurantes, dentre outros serviços.
Poder Executivo
O Presidente da República, juntamente com o Vice-Presidente, são eleitos pelo voto direto e secreto
para um período de quatro anos.
Em 1997, através de Emenda Constitucional nº 16, foi permitida a reeleição, para um único mandato
subseqüente, do Presidente da República, dos Governadores e dos Prefeitos. Dessa forma, o
Presidente Fernando Henrique Cardoso iniciou, em 1º de janeiro de 1999, seu segundo mandato para
o qual foi reeleito em 1º turno nas eleições de outubro de 1998, se tornando o primeiro Presidente da
República a ser reeleito.
Compete ao Presidente da República entre outros, chefiar o governo; administrar a coisa pública;
aplicar as leis; iniciar o processo legislativo; vetar, total ou parcialmente projetos de lei; declarar
guerra; prover e extinguir cargos públicos federais; e editar medidas provisórias com força de lei.
Aos Ministros de Estado compete exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e
entidades na área de sua competência e referendar os atos assinados pelo Presidente da República
e expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos.
A indicação de ministros é feita pelo Presidente da República com base em critérios políticos, de
modo a fazer acomodações na base de sustentação do governo. Entretanto, isso não exclui a
possibilidade de, em alguns momentos, ser utilizado um critério exclusivamente técnico para a
escolha do ministro.
O exercício das funções relativas ao Poder Executivo é feito através da Administração Direta e
Indireta.
Poder Judiciário
A função do Poder Judiciário, no âmbito do Estado democrático, consiste em aplicar a lei a casos
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OS TRÊS PODERES LEGISLATIVOS, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO
concretos, para assegurar a soberania da justiça e a realização dos direitos individuais nas relações
sociais.
A estrutura do Poder Judiciário é baseada na hierarquia dos órgãos que o compõem, formando assim
as instâncias. A primeira instância corresponde ao órgão que irá primeiramente analisar e julgar a
ação apresentada ao Poder Judiciário. As demais instâncias apreciam as decisões proferidas pela
instância inferior a ela, e sempre o fazem em órgãos colegiados, ou seja, por um grupo de juízes que
participam do julgamento.
Devido ao princípio do duplo grau de jurisdição, as decisões proferidas em primeira instância poderão
ser submetidas à apreciação da instância superior, dando oportunidade às partes conflitantes de
obterem o reexame da matéria.
À Justiça Estadual cabe o julgamento das ações não compreendidas na competência da Justiça
Federal comum ou especializada.
A Justiça Federal comum é aquela composta pelos tribunais e juízes federais, e responsável pelo
julgamento de ações em que a União, as autarquias ou as empresas públicas federais forem
interessadas; e a especializada, aquela composta pelas Justiças do Trabalho, Eleitoral e Militar.
No que se refere à competência da Justiça Federal especializada, tem-se que à Justiça do Trabalho
compete conciliar e julgar os conflitos individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores. É
formado por Juntas de Conciliação e Julgamento, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, composto
por juízes nomeados pelo Presidente da República, e pelo Tribunal Superior do Trabalho, composto
por vinte e sete ministros, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado
Federal.
E, à Justiça Militar, compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. É composta pelos
juízes-auditores e seus substitutos, pelos Conselhos de Justiça, especiais ou permanentes,
integrados pelos juízes-auditores e pelo Superior Tribunal Militar, que possui quinze ministros
nomeados pelo Presidente da República, após aprovação do Senado Federal.
Supremo Tribunal Federal, que é o órgão máximo do Poder Judiciário, tendo como competência
precípua a guarda da Constituição Federal. É composto por 11 ministros nomeados pelo Presidente
da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal. Aprecia, além da matéria atinente
a sua competência originária, recursos extraordinários cabíveis em razão de desobediência à
Constituição Federal.
Superior Tribunal de Justiça, ao qual cabe a guarda do direito nacional infraconstitucional mediante
harmonização das decisões proferidas pelos tribunais regionais federais e pelos tribunais estaduais
de segunda instância. Compõe-se de, no mínimo, 33 ministros nomeados pelo Presidente da
República. Aprecia, além da matéria referente a sua competência originária, recursos especiais
cabíveis quando contrariadas leis federais.
Tribunais Regionais, que julgam ações provenientes de vários estados do país, divididos por regiões.
São eles: os Tribunais Regionais Federais (divididos em 5 regiões), os Tribunais Regionais do
Trabalho (divididos em 24 regiões) e os Tribunais Regionais Eleitorais (divididos em 27 regiões).
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OS TRÊS PODERES LEGISLATIVOS, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal e de Alçada, organizados de acordo com os
princípios e normas da constituição Estadual e do Estatuto da Magistratura. Apreciam, em grau de
recurso ou em razão de sua competência originária, as matérias comuns que não se encaixam na
competência das justiças federais especializadas.
Juízos de primeira instância são onde se iniciam, na maioria das vezes, as ações judiciais estaduais e
federais (comuns e especializadas). Compreende os juízes estaduais e os federais comuns e da
justiça especializada (juízes do trabalho, eleitorais, militares).
No Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal mantém uma programação de visitas aos sábados e
domingos, das 10h às 14h.
Conclusão
Concluímos que neste trabalho podemos aprofundar nossos conhecimentos nos poderes legislativo,
judiciário e executivo.
Com o desenvolvimento do nosso trabalho tivemos a oportunidade de aprender como nosso governo
atua, pois geralmente não estamos por dentro dos trabalhos que são realizados pelo governo e o que
cada um faz de nossos governantes fazem.
O francês Montesquieu, na obra O Espírito das Leis, consolidou a ideia pensada por Aristóteles e
John Locke em dividir os poderes na política.
Essa foi a principal fonte de inspiração da Declaração dos Direitos Humanos e do Cidadão, elaborada
em 1789 na Revolução Francesa, quando ficou definitivo a repartição em três poderes e cada função.
Essa ideia inspirou quase todas as democracias representativa modernas. No Brasil os poderes
executivo, legislativo e judiciário passaram a existir da maneira como conhecemos hoje, já na primeira
constituição republica, no ano de 1891.
Poder Executivo
As principais tarefas do poder executivo é administrar órgãos públicos que são de serviço da
população, como os bancos; governar o país; preservar as relações do país que governa com as
outras nações; aplicar as leis; vetar projetos de leis e manter as forças armadas.
Poder Legislativo
O poder legislativo é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. No Estado esse
poder é presentado pelos deputados estaduais e nos municípios pelos vereadores, ambos eleitos
através do voto direto.
Esse poder é o responsável pela elaboração de leis. Também fazem parte da Comissão de
Constituição e Justiça e da Comissão de Finanças e Orçamento, que são os principais responsáveis
pela fiscalização dos gastos de projetos, por exemplo.
São também responsáveis pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI), que tem como o
objetivo julgar e questionar determinadas questões, principalmente envolvendo corrupção.
Também é o poder legislativo o responsável por fiscalizar o Poder Executivo e por votar leis
orçamentárias.
Poder Judiciário
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OS TRÊS PODERES LEGISLATIVOS, EXECUTIVO E JUDICIÁRIO
O poder judiciário é composto pelos tribunais superiores. O de maior destaque e mais importante é o
o Supremo Tribunal Federal (STF).
Há ainda outros tribunais superiores mais especializados como o Tribunal Superior do Trabalho (TST)
e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Existem também os tribunais regionais federais.
Quem trabalha nesses tribunais e representam o poder judiciário são os juízes e desembargadores,
que diferente dos demais poderes não são escolhidos através do voto popular, mas sim nomeados
pelo Executivo.
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REGIME JURÍDICO
Regime Jurídico
Inicialmente, cumpre esclarecer que o regime jurídico dos servidores públicos nada mais é do que o
conjunto de princípios e regras referentes a direitos, deveres e demais normas de conduta que regem
a relação jurídico/funcional entre o servidor e o Poder Público.
Neste passo, a Constituição Federal define as premissas gerais da matéria, a partir do Art. 37,
pautando-se pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência, bem como pela
regra de acesso ao cargo público pela via do concurso, aliado a irredutibilidade de vencimentos e
estabilidade funcional.
Daí, o Regime Jurídico Único, por sua vez, é a determinação constitucional de aplicar, como regra, a
forma de relação estatutária entre aquele que ocupa cargo público e o ente ou administração direta
ao qual está vinculado.
Já o detalhamento das posturas inerentes a relação servidor e Poder Público é ditada por leis
próprias, a serem elaboradas no âmbito da União, Estados-membros e Municípios. No plano federal,
a lei que reúne estas regas é a de n.º 8.112/90, denominada de Estatuto do Servidor Público Federal,
constituindo para o servidor submetido à mesmo o que também se convencionou denominar regime
jurídico estatutário.
Este foi previsto originariamente na Constituição, até o advento da Emenda Constitucional nº 19, de
04/06/98, quando foi extinto, permitindo a convivência de dois regimes jurídicos possíveis entre
servidores e a administração direta: o estatutário e também o de relação de emprego, via CLT,
também chamado de vínculo celetista.
Atualmente, vigora o regime jurídico único, ou exclusivamente estatutário, voltou a ser o único
juridicamente válido, por força de decisão cautelar do plenário do Supremo Tribunal Federal no
âmbito da ADI 2135, que ainda se encontra em tramitação nesta Corte.
O chamado regime jurídico único dos servidores públicos foi introduzido no direito brasileiro pela
Constituição de 1988, cujo art. 39, caput, em sua redação originária, assim dispôs:
“Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações públicas.”
A palavra “instituirão” denota que o regime jurídico único e os planos de carreira para os referidos
servidores públicos são uma obrigação constitucional para todas as entidades estatais da República
Federativa (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).
Cabe também afirmar que cada uma dessas entidades estatais tem autonomia constitucional para
elaborar o regime jurídico único e os planos de carreira para seus respectivos servidores, o que
decorre da expressão “no âmbito de sua competência”.
O dispositivo constitucional refere-se a dois institutos jurídicos distintos, embora relacionados. Não se
deve, portanto, confundir regime jurídico único e planos de carreira.
A expressão regime jurídico é utilizada amplamente em todos os ramos do Direito. Regime é palavra
derivada do latim regimen, de regere, que significa reger. Conforme De Plácido e Silva: “[n]o sentido
jurídico, regime importa no sistema ou no modo de regular, por que as coisas, instituições ou pessoas
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REGIME JURÍDICO
se devam conduzir.”1 Ou seja, o regime jurídico pode ser considerado, nesta acepção, um conjunto
de normas de direito.
O regime jurídico dos servidores é, portanto, o conjunto de normas que estabelecem os direitos e
deveres desses agentes públicos, pelo menos aqueles que se possam imputar de modo geral aos
servidores públicos. Isso porque, para além de direitos e deveres gerais, os servidores públicos
também devem observar normas específicas, relativas a determinadas categorias de agentes,
diferenciados, sobretudo, pela natureza da atividade exercida. Assim é que servidores tais como
professores, policiais civis e médicos, além das normas do regime jurídico único comum a todos,
deverão também submeter-se a regras que são próprias das atividades exercidas pelas respectivas
categorias. Mas mesmo essas normas específicas devem ser da mesma natureza daquelas do
regime comum dos servidores públicos, no sentido de pertencerem ao direito administrativo ou ao
direito do trabalho, conforme a posição adotada em relação à natureza do regime único, como será
exposto adiante.
Quanto aos planos de carreira, a expressão indica a organização dos cargos públicos de provimento
efetivo, situados em classes escalonadas, de modo a permitir o desenvolvimento profissional do
servidor e consequentes melhorias de padrão remuneratório. Enquanto o regime jurídico deve
ser único, os planos de carreira serão tantos quanto necessário para organizar o escalonamento de
cargos de diferentes atribuições, ou de diferentes escolaridades exigidas para o seu exercício.
Postas estas premissas, passemos à análise do regime jurídico único, desde a concepção normativa
da ideia até as perspectivas que se vislumbram atualmente nesta matéria.
O primeiro diploma legal brasileiro contendo um regime jurídico específico e sistematizado para os
servidores públicos civis foi o Decreto-lei 1.713, de 28.10.1939, denominado Estatuto dos
Funcionários Públicos Civis da União.
Porém, ao lado desse estatuto, continuaram a coexistir situações particularizadas e precárias, cujos
agentes abrangidos foram genericamente chamados servidores não estatutários, regidos por normas
próprias, que se vinham editando ao longo de muitos anos, processo este incrementado nos anos
trinta. Esses agentes em situação precária foram também chamadosextranumerários, aos quais se
associavam funções, sem cargos correspondentes.2
Em 01.05.1943 foi expedido o Decreto-lei 5.452, que aprovou a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). Em sua redação original, excluiu de sua aplicação os “servidores públicos do Estado e das
entidades paraestatais”, os “servidores de autarquias administrativas cujos empregados estejam
sujeitos a regime especial de trabalho, em virtude de lei” e os “empregados das empresas de
propriedade da União Federal, quando por estas (sic) ou pelos Estados administradas, salvo em se
tratando daquelas cuja propriedade ou administração resultem de circunstâncias transitórias” (art. 7º,
"c", "d", "e").
Observe-se que, em função do disposto no art. 7º, d, a CLT já admitia, logicamente, a existência, nas
autarquias, de empregados sujeitos ao regime não “especial” de trabalho, vale dizer, ao regime geral
aplicável aos trabalhadores do setor privado.
Em 28.10.1952 foi promulgado o novo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União (Lei
1.711/1952). No entanto, a adoção de normas distintas para certas categorias de servidores
permaneceu.
A Lei 1.890, de 13.06.1953, marcaria o primeiro passo na introdução da legislação trabalhista comum
no âmbito da função pública. Esta lei determinou no art. 1º a aplicação de diversos dispositivos da
CLT aos “mensalistas e diaristas da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos
Municípios e das entidades autárquicas, que trabalharem nas suas organizações econômicas
comerciais ou industriais em forma de empresa e não forem funcionários públicos ou não gozarem de
garantias especiais”.
O Decreto-lei 200, de 25.02.1967, previu a contratação, regida pela legislação trabalhista, de técnicos
especializados, para prestar serviços à administração direta e autarquias (art. 96) e de consultores
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REGIME JURÍDICO
Em 1974 surgiu a Lei 6.185, de 11 de dezembro, dispondo “sobre os servidores públicos civis da
Administração Federal Direta e Autárquica, segundo a natureza jurídica do vínculo empregatício”.
Esta lei representou clara opção pelo regime da legislação trabalhista na função pública federal,
consagrando-se a tendência que, na prática, desde os anos cinquenta vinha sendo desenhada.
Em seu art. 1º, a Lei 6.185/1974 dispôs que: “[o]s servidores públicos civis da Administração Federal
Direta e Autárquica reger-se-ão por disposições estatutárias ou pela legislação trabalhista em vigor”.
No art. 2º determinou que as “disposições estatutárias” (“na forma do art. 109 da Constituição
Federal”), seriam aplicáveis às “atividades inerentes ao Estado como Poder Público, sem
correspondência no setor privado, compreendidas nas áreas de Segurança Pública, Diplomacia,
Tributação, Arrecadação e Fiscalização de Tributos Federais e contribuições previdenciárias, e no
Ministério Público”.
O efeito da Lei 6.185/1974 foi o aumento do número de servidores regidos pela legislação trabalhista
– os ditos “celetistas” –, que se tornaram muito mais numerosos que os regidos por Estatuto próprio –
os chamados “estatutários”.
A existência de diferentes regimes jurídicos de pessoal levou à sua adoção assistemática e carente
de critérios objetivos e racionais, o que não se deveu à legislação, pois que esta buscou estabelecer
perfil sistemático na aplicação dos diversos regimes. Mais uma vez, neste aspecto, o que se verificou
foi – independentemente das intenções – a incorreta aplicação da lei, ou simplesmente a sua não
aplicação.
Isto levou à existência, na função pública, de servidores que, exercendo funções idênticas ou
assemelhadas, prestando serviços para a mesma pessoa ou no mesmo órgão, eram regidos por
normas diferentes. A inobservância da isonomia acarretou o protesto e a reivindicação das entidades
representativas dos servidores, além do reclamo dos administradores públicos interessados em pôr
fim à desorganização e à falta de critérios na regulação jurídica da função pública, no sentido de se
implantar regime jurídico único para o pessoal do setor público, o que seria alcançado pela
Constituição de 1988.
Antes, porém, foi feita no Governo Sarney a tentativa de estabelecer, no bojo de proposta de reforma
administrativa mais ampla, nova regulamentação dos servidores públicos civis federais. Esta
Reforma, instaurada por comando do Decreto 91.309, de 04.06.1985, e levada a efeito pela
Comissão Geral da Reforma Administrativa, teve como um dos objetivos reordenar a função pública
federal. Foi elaborado Anteprojeto de Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União, tendo como
uma das suas diretrizes, fixadas pelo Plenário da Comissão Geral, o da isonomia geral entre os
servidores.
O texto do Anteprojeto, no entanto, não chegou a ser objeto de discussão parlamentar, pois, com a
instalação da Assembleia Nacional Constituinte em 1987, o tema passou a ser também objeto de
deliberação neste fórum.
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REGIME JURÍDICO
A decisão de instituir regime jurídico unificado para os servidores públicos civis de cada órbita de
Poder (federal, estadual e municipal), surge como orientação da Assembleia Constituinte já desde a
elaboração do primeiro esboço de Constituição.
Por outro lado, inicialmente a matéria tocante ao funcionalismo público civil foi objeto de tratamento
em Capítulo que também se referia aos trabalhadores do setor privado, no Título relativo à Ordem
Social. O Anteprojeto elaborado pela Subcomissão dos Direitos dos Trabalhadores e Servidores
Públicos, da Comissão da Ordem Social, continha artigo com o rol dos direitos assegurados “aos
trabalhadores e aos servidores públicos civis, federais, estaduais e municipais” e outro artigo, com
normas específicas aplicáveis somente aos servidores públicos civis. Entre estas constava a seguinte
previsão: “A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal instituirão em lei própria, regime
jurídico único de pessoal para seus servidores” (art. 10, III, do Anteprojeto da Comissão da Ordem
Social).
Em seguida, o Substitutivo apresentado pelo Relator da Comissão da Ordem Social incluía no seu
art. 2º os direitos asseguráveis “aos trabalhadores urbanos e rurais e aos servidores públicos
federais, estaduais e municipais”. No art. 11 constavam normas específicas para os servidores
públicos civis, entre elas, a instituição, pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal, de “regime
jurídico único para seus servidores da administração direta”, apenas.
No texto final do Anteprojeto da Comissão de Sistematização, no Título relativo à Ordem Social foi
mantido o Capítulo que cuidava “Dos Trabalhadores e Servidores Públicos” e, neste, artigo
determinando a instituição do regime único, agora para a Administração direta e autárquica.
A norma relativa ao regime jurídico único foi mantida na fase seguinte, no Projeto aprovado em
Primeiro Turno no Plenário, agora com a redação que iria ser mantida no texto final da Constituição
(art. 40 do Projeto), inclusive com a remissão do § 2º aos direitos dos trabalhadores aplicáveis aos
servidores públicos civis.
Assim, a votação em 2º turno não alterou as normas relativas ao regime único, restando definido
o caput do art. 39 nos termos acima reproduzidos.
Eleito em 1994, o Governo Fernando Henrique Cardoso enviou ao Congresso Nacional a Proposta de
Emenda Constitucional (PEC) 173-A/1995, conhecida como “Emenda da Reforma Administrativa”,
pela qual se pretendia, entre outras mudanças, extinguir o regime único dos servidores públicos.
A PEC sofreu alterações que, ao final, resultaram na Emenda Constitucional 19, de 04.06.1998, a
qual deu nova redação ao caput do art. 39:
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REGIME JURÍDICO
A reforma afirmou inserir-se no caminho pretendido pelo Decreto-lei 200/1967, que, se na prática não
logrou todos os seus objetivos, “constitui um marco na tentativa de superação da rigidez burocrática,
podendo ser considerada como um primeiro momento da administração gerencial no Brasil”. Diante
dele, a Constituição de 1988 foi qualificada como “um retrocesso burocrático sem precedentes”, do
qual a obrigatoriedade de regime jurídico único para os servidores civis é considerada um dos
elementos básicos. Entre outros problemas, “retirou da administração indireta a sua flexibilidade
operacional, ao atribuir às fundações e autarquias públicas normas de funcionamento idênticas às
que regem a administração direta”.5
Por isto, propôs-se “o fim da obrigatoriedade do regime único, permitindo-se a volta de contratação de
servidores celetistas”. Para a escolha do regime, o critério deveria ser o da natureza das carreiras:
“(...) elas podem ser classificadas em carreiras de Estado, formadas principalmente por servidores
estatutários no núcleo estratégico do Estado, e carreiras de empregados celetistas, utilizadas na
administração indireta e nos serviços operacionais, inclusive no núcleo estratégico”. O núcleo
estratégico é definido da seguinte forma: “Corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que
define as leis e as políticas públicas, e cobra o seu cumprimento. É, portanto, o setor onde as
decisões estratégicas são tomadas. Corresponde aos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério
Público e, no Poder Executivo, ao Presidente da República, aos ministros e aos seus auxiliares e
assessores diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas públicas”.6
Mas essa Lei não apontou as espécies de atividades para as quais se adotaria o regime trabalhista,
tampouco estabeleceu qualquer critério geral para tanto. Esta questão acabou por passar a segundo
plano, com a decisão do STF suspendendo os efeitos da nova redação do caput do art. 39 da CF, o
que a seguir será tratado.
A alteração trazida ao caput do art. 39 da CF pela EC 19/1998 foi impugnada por meio da ADI 2135-
DF.
Após sucessivos pedidos de vista, em 22.08.2007 o Plenário do STF concluiu a votação do pedido de
medida cautelar e, com três votos vencidos, acolheu um dos fundamentos da petição inicial – relativo
a vício no processo legislativo de que resultou o novo texto – e deferiu liminar, com efeitos ex nunc,
para suspender os efeitos da nova redação dada ao caput do art. 39, voltando a vigorar a regra
original que determina a instituição do regime jurídico único.7
Assim, toda a polêmica em torno da interpretação da regra constitucional impositiva do regime único,
que se verificara desde a promulgação da nova Constituição, retomou atualidade.
Aspectos gerais
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REGIME JURÍDICO
interpretação do art. 39, tornando-se polêmica a determinação da natureza do regime jurídico único a
ser implantado.
As discussões referenciam-se, em regra, pelos dois regimes que se desenvolveram na função pública
brasileira a partir dos anos cinquenta, os chamados estatutário e celetista. Há quem levante ainda a
hipótese da adoção de um terceiro regime jurídico, mas sem esclarecer os seus traços básicos.
Rigolin, por exemplo, menciona esta possibilidade, chamando a este terceiro regime de “inédito”,
tendo como limites os mesmos dos outros dois: a obediência às normas constitucionais, comuns a
qualquer regime que se venha a elaborar.8
Para alguns autores, o regime jurídico não tem sua natureza estabelecida pela Constituição. Deixou-
se aos entes estatais, em todas as esferas de Governo, a determinação da natureza do regime, que
poderá ser de direito público (estatutário) ou de direito privado (trabalhista ou celetista) ou, ainda para
alguns, um terceiro tipo.9
Caso seja adotado o regime estatutário, cada ente político (União, Estados, Municípios e Distrito
Federal) será competente para estabelecer, por legislação própria, as normas aplicáveis aos seus
respectivos servidores. A adoção do regime trabalhista implicaria, para Estados, Municípios e Distrito
Federal, a sujeição às normas elaboradas pela União, uma vez que somente esta tem competência
para legislar sobre direito do trabalho (art. 22, I, CF). Os demais entes políticos poderiam, portanto,
adotar o regime trabalhista, mas seu conteúdo seria estabelecido por normas federais.
O principal argumento favorável à possibilidade de adoção de diferentes regimes jurídicos pelos entes
estatais reside na própria indeterminação do art. 39. É certo que o constituinte poderia declarar a
natureza do regime a ser adotado. Ao não fazê-lo, demonstrou querer deixar à discrição do legislador
de cada pessoa política a escolha do regime mais conveniente.
Além disto, argumenta-se também com a referência, no tocante aos servidores, aos
“cargos, empregos e funções públicas” (por exemplo: art. 37, I, II, VIII, XVI e XVII e art. 38). Ora, se a
Constituição faz referência a “empregos públicos” em seu texto permanente, é porque admite a
continuidade da existência de servidores regidos pela lei trabalhista nos quadros do serviço público,
mesmo depois de decorrido o prazo de unificação do regime, previsto no art. 24 do ADCT. A
expressão “emprego público” é característica para designar o servidor celetista, em relação ao qual o
Estado apresenta-se como empregador, conforme consagrada terminologia do direito do trabalho.
Por outro lado, o art. 39, § 2º (com a EC 19/1998, § 3º, do art. 39), da Carta de 1988, determinou a
aplicação, aos servidores abrangidos pelo regime único, de diversas normas do art. 7º da mesma
Constituição, mas sem vedar a aplicabilidade de outras regras trabalhistas, de nível constitucional ou
legal.
Ademais, o art. 114 da Constituição – seja na redação original, seja naquela dada pela Emenda
Constitucional 45, de 08.12.2004 – estabelece a competência da Justiça do Trabalho para julgar,
entre outros feitos, ações trabalhistas que envolvam “os entes de direito público externo e da
administração pública direta e indireta”. Essa inclusão explícita dos entes da Administração direta e
indireta aponta para a admissibilidade do regime de direito do trabalho na função pública.
Entre os defensores da possibilidade de escolha do regime a ser adotado como único para os
servidores públicos estão, entre outros, Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Ivan Rigolin, Toshio Mukai, e
Antônio Álvares da Silva.10
Um dos argumentos desta corrente é o que invoca o princípio federativo, opondo a autonomia dos
Estados, Municípios e Distrito Federal à adoção do regime trabalhista. Como estes não possuem
competência para legislar sobre direito do trabalho, caso pudessem optar por este regime, estariam
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REGIME JURÍDICO
Moreira Neto acrescenta ainda o argumento da interpretação literal do art. 39 da Carta de 1988, no
qual se afirma que os entes políticos “instituirão” o regime único. Como argumenta o autor, se
adotado fosse o regime trabalhista, não estariam aqueles entes instituindo, mas
apenas adotando regime que só pela União pode ser elaborado (art. 22, I, da CF).13
Terceiro argumento é o relativo ao art. 39, § 2º, da CF. Afirma-se que, se a Constituição determinou a
aplicação aos servidores públicos dos incisos do art. 7º ali referidos, é porque não lhes reconheceu a
possibilidade de serem regidos pelo direito trabalhista, caso este que, se admitido, levaria à
inutilidade do § 2º do art. 39. Este parágrafo encerraria, então, numerus clausus e, para Moreira Neto,
“importa em afirmar que nenhuma entidade política, nem mesmo a União, pode ampliar o elenco das
extensões”.14
Um quarto raciocínio liga-se à terminologia adotada pelo Texto Constitucional. Moreira Neto observa
que a remissão a “planos de carreira” não é suficiente para indicar o regime estatutário, visto que
também existente na esfera trabalhista (art. 461, § 2º, da CLT). Mas a combinação desta expressão a
outras, tais como cargos e vencimentos, só pode levar ao regime estatutário, sendo o § 1º do art. 39
“inequivocamente definitório, ao referir-se apenas a cargos e vencimentos, institutos exclusivamente
estatutários, em oposição a ‘empregos’ e ‘salários’, que são institutos trabalhistas”.15
Quinto argumento é o de que, sendo obrigatório o regime estatutário para várias carreiras, como os
de Magistratura, Ministério Público, Advocacia-Geral da União, Procuradores dos Estados, Defensoria
Pública, Polícia Federal e Delegados de Polícia dos Estados, para que o regime jurídico seja único,
somente se pode aplicar aos demais servidores o regime estatutário.16 Este, ademais, seria o regime
apropriado para as “funções que exigem do servidor incumbido de desenvolvê-las uma especial
inerência, especiais garantias, por força da especial dose de autoridade, de autonomia e de fidelidade
requeridas para o seu exercício”, aí incluindo Dallari, além das já citadas, as de fiscalização e de
serviço diplomático.17
Anastasia arrola ainda outros argumentos. A interpretação a contrario sensu do art. 173, § 1º, da CF,
leva a concluir que, se o Constituinte determinou que o regime dos trabalhadores das empresas
privadas é o celetista, aos servidores da Administração Direta, autárquica e fundacional pública só
resta o estatutário. De outro modo “seria inócuo e desnecessário”, porque “não estaria introduzindo
diferenciação”.18
Também observa Anastasia que a Constituição de 1988 estabeleceu limites aos gastos do Estado
com a remuneração dos servidores, basicamente previstos nos art. 37, XI e 169. Tais parâmetros só
poderiam ser respeitados no regime estatutário: “adotado o regime celetista, o Poder Público (...) não
goza de qualquer prerrogativa, equiparando-se a um empregador comum, o que o obriga a fixar a
remuneração e conceder os reajustes e aumentos na forma estabelecida pela legislação federal do
trabalho e/ou nas sentenças normativas da Justiça do Trabalho que incidam sobre aquela categoria
profissional”.19
Algumas objeções podem ser postas contra os argumentos dessa corrente doutrinária.
Quanto ao princípio federativo, deve-se lembrar que os Estados, Municípios e o Distrito Federal, ao
optarem pelo regime trabalhista, estarão fazendo-o no exercício da sua autonomia constitucional para
se auto-organizarem (arts. 25, 30 e 32, § 1º, da CF). A impossibilidade desta opção, sim, é que
representaria diminuição na sua autonomia. Além disto, deve-se lembrar que as normas
constitucionais estão sempre acima das normas trabalhistas ordinárias e que os dispositivos da Carta
de 1988 relativos aos servidores públicos e à organização dos entes políticos lhes confere
prerrogativas e limites suficientes para garantir o controle sobre a gestão de pessoal. Ademais, como
já referido no capítulo anterior, a adoção do regime trabalhista poderia ser feita com determinadas
ressalvas, desde que respeitados os direitos mínimos garantidos aos servidores pelo art. 39, § 2º, da
CF.
A objeção de Moreira Neto, diferenciando adoção de instituição do regime único, parece-nos, por
estes mesmos argumentos, incabível no caso, pois que, ao adotar a totalidade ou parte das normas
trabalhistas, estariam Estados, Municípios e Distrito Federal instituindo os seus regimes de
pessoal. Instituir, como observa Moreira Neto, tem mesmo o sentido de “criar, dar começo, fundar,
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REGIME JURÍDICO
estabelecer”,20 mas não significa necessariamente criar algo absolutamente novo, inédito em termos
de conteúdo. Não há, portanto, que se falar em “renúncia inconstitucional” à autonomia estadual e
municipal ou “ofensa ao princípio federativo”.
O argumento relativo ao art. 39, § 2º, da CF, considerando-o excludente da aplicação das demais
normas trabalhistas aos servidores públicos, carece de sustentação lógica por emprestar-lhe sentido
restritivo que o dispositivo não expressa. Nada existe na Constituição a dizer que somente se
aplicariam aos servidores os direitos arrolados neste parágrafo. Ao contrário, este tipo de norma
sempre se tem interpretado como um mínimo de garantias e não como numerus clausus. O sentido
da norma é protetor e não restritivo de direitos, apenas coadunando-o com a autonomia de cada ente
político para adotar ou não outros benefícios para seus servidores.
A forma de expressão do Texto Constitucional, por várias referindo-se de maneira ampla a “cargos,
empregos e funções” ou “cargos e empregos”, constitui seguro indício da vontade do Constituinte, no
sentido de deixar aberta a possibilidade de instituição de diferentes regimes de pessoal nos diversos
entes políticos. Houve até quem buscasse ver nisto referência aos servidores celetistas, ou seja,
empregados públicos existentes apenas até a unificação do regime, quando passariam a estatutários.
A consequência seria criar norma transitória no corpo permanente da Constituição, ultrapassando em
muito os quadros do trabalho interpretativo.
A objeção referente às carreiras de Magistratura, Ministério Público e outras também é fraca. Está
claro que a esta porção dos agentes públicos aplicam-se normas específicas, não abarcadas no
regime jurídico único dos servidores públicos civis. Assim, mesmo que se adote o regime único
estatutário, permanecerão aquelas carreiras especiais regidas por normas próprias, ainda que
também de natureza estatutária.
O argumento que busca encontrar interpretação a contrario sensu no art. 173, § 1º, da CF, padece do
mesmo problema relativo à exegese do art. 39, § 2º, pois extrai da norma proibição que nela não se
contém. O entendimento de poder haver opção entre os regimes estatutário e trabalhista, não torna o
dispositivo “inócuo e desnecessário”, pois serve para afirmar que, nas empresas estatais
exploradoras de atividades econômicas, o regime só pode ser o trabalhista, ao passo que, em outras
entidades, pode assumir esta ou alguma outra feição. Assim, bem mais contribui o referido dispositivo
para reforçar este entendimento.
Por fim, a objeção feita ao regime trabalhista com base nas normas constitucionais relativas aos
gastos com pessoal não procede. Quando se admite a instituição do regime único trabalhista ou
contratual, não se quer, com isto, ignorar a Constituição. Esta permanece sendo sempre o norte e
balizamento de qualquer regime jurídico. Assim, adotado o direito trabalhista, este será aplicado
naquilo em que não contrariar mandamento constitucional, como somente poderia ser. E não apenas
naquilo que trouxer prerrogativas para o Poder Público, mas também no tocante às restrições e
controles postos à sua atuação. Referimo-nos aqui às normas relativas ao concurso público para
admissão de servidores, isonomia na revisão geral da remuneração, limites de remuneração e
controle pelos Tribunais de Contas, entre outras. Nestes aspectos, nem a legislação, nem as
decisões judiciais em hipotéticos dissídios coletivos poderiam afastar a aplicabilidade das normas
constitucionais.
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REGIME JURÍDICO
Posição diferenciada é defendida na doutrina por Celso Antônio Bandeira de Mello que, distanciando-
se de ambas as posições acima registradas, faz leitura mais flexível do art. 39 da CF.
Conforme seu pensamento, o regime jurídico não tem de ser necessariamente igual para todos os
servidores de todas as pessoas componentes da Administração direta, autárquica e fundacional.
Pode haver servidores regidos por normas estatutárias e outros, sujeitos à lei trabalhista, desde que,
compondo este conjunto de regras um regime, seja ele uniformemente aplicável em todos os entes
mencionados no art. 39 da CF, dentro de cada esfera política.
Como fundamento, alega o autor que as várias referências a “cargos e empregos” no Texto
Constitucional impossibilitam que se chegue à conclusão de estar o regime trabalhista excluído da
administração pública. E não apenas por se encontrar a referência a empregos no texto permanente
da Constituição, senão também pelo fato de que logicamente se depreende, de várias passagens
suas, a continuidade da existência do servidor “celetista” na Administração. Exemplos são os arts. 51,
IV e 52, XIII, que estabelecem a hipótese de “criação” de “empregos (...) de seus serviços”, e o art.
61, § 1º, II, a, tratando da iniciativa privativa do Presidente da República quanto a leis que disponham
sobre “criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou
aumento de sua remuneração”.
Nem se argumente – afirma Bandeira de Mello – que tais empregos estariam ligados à hipótese de
contratação temporária do art. 37, IX, prevista para suprir necessidade excepcional. Ocorre que esta
contratação “visa atender a eventualidades, a situações imprevistas, emergenciais, que devem ser
socorridas de imediato”, não fazendo sentido pensar-se em “criação”, por atos normativos ou legais,
de tais “empregos” e aumento de sua remuneração, visto não se poder saber antecipadamente quais
seriam necessários e em que quantidade.22
Por isto – explica Bandeira de Mello – deve-se interpretar o art. 39 por sua finalidade:
“Seu intento foi evitar que pudesse existir, na mesma esfera governamental, um regime de pessoal
para a administração direta, outro para a autarquia tal, outro para a autarquia qual, outro ainda para a
fundação ‘A’ e mais outro para a fundação ‘B’, como vinha ocorrendo. Assim, o que impôs foi que, em
cada esfera de governo, a administração direta, as autarquias e fundações públicas tivessem, entre
si, uma uniformidade no regime dispensado ao pessoal; um ‘regime único’ para as três, ou seja, um
só, um mesmo, para quaisquer delas no que concerne ao pessoal, mas não necessariamente igual
para todos os servidores.
Deveras, a unidade de regime exigida é entre elas, não entre os servidores. Estes podem estar sob
regimes diferentes, desde que tais diferentes regimes sejam uniformemente aplicados às mesmas
espécies de servidores, quer pertençam à administração direta, quer pertençam a autarquias ou
fundações públicas de uma dada órbita governamental. Em suma, o regime destas pessoas é que
será um ‘regime único’, no tratamento que dispensarem ao seu pessoal, mas o regime deste pessoal
não necessariamente o será”.23
Ao admitir, no entanto, a convivência de servidores regidos por estatuto próprio ao lado de outros,
destinatários de normas trabalhistas, procura o autor traçar limites à aplicação de um e outro tipo de
normas conforme a natureza dos serviços a serem prestados.
O regime estatutário deve ser o “regime normal dos servidores públicos civis”, pelo fundamento de
que “este (ao contrário do regime trabalhista) é o concebido para atender peculiaridades de um
vínculo no qual não estão em causa tão-só interesses laborais, mas onde avultam interesses públicos
básicos, visto que os servidores são os próprios instrumentos da atuação do Estado”.24
A legislação trabalhista poderia ser aplicada aos servidores ocupados em atividades “que — mesmo
desempenhadas sem as garantias específicas do regime de cargo — não comprometeriam os
objetivos (já referidos) em vista dos quais se impõe o regime de cargo como sendo o normal, o
prevalente”. Estas atividades correspondem “à prestação de serviços materiais subalternos, próprias
dos serventes, motoristas, artífices, jardineiros etc., pois o modesto âmbito da atuação destes
agentes não introduz riscos para a impessoalidade da ação do Estado em relação aos administrados,
caso lhes faltem as garantias inerentes ao regime de cargo”.25
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REGIME JURÍDICO
Bandeira de Mello aparta, então, o que chama de “regime de cargo” do “regime de emprego”, vale
dizer, regime estatutário e regime trabalhista.
Concluindo seu raciocínio relativo ao regime único, afirma Bandeira de Mello que, obedecidos os
critérios acima expostos:
“União, Estados, Distrito Federal e Municípios, adstritos apenas às disposições constitucionais sobre
servidores públicos, legislarão cada qual para os servidores das respectivas órbitas e decidirão,
livremente, se pretendem adotar exclusivamente o regime de cargos ou se instituirão empregos para
as atividades materiais subalternas. O que não poderão fazer, sem afrontar a Lei Magna, é deixar de
acolher o regime de cargos como regra geral ou instituir o regime de emprego para atividades que
não o comportem”.26
A concepção de Bandeira de Mello ganhou adeptos, inclusive junto ao Supremo Tribunal Federal. O
tema foi ali discutido quando do julgamento da ADI 492-1-DF, proposta pelo Procurador-Geral da
República contra o art. 240, alíneas "d" e "e", da Lei 8112, de 11.12.1990, instituidora do regime único
dos servidores federais. Para fundamentar seu entendimento de que a natureza necessariamente
estatutária do regime único, acolhida pela Lei, implicava na inconstitucionalidade dos referidos
dispositivos, que previam os direitos de negociação coletiva e de ajuizamento de dissídios na Justiça
do Trabalho, e ao mesmo tempo coaduná-la com as várias referências a empregos públicos do Texto
Constitucional, dois ministros externaram suas posturas com base em Bandeira de Mello.
“(...) os servidores que podem ser admitidos pela Consolidação das Leis do Trabalho — e o Professor
Celso Antônio chama a atenção para esse caso — evidentemente não estarão no Regime Único. São
os contratados para obras públicas, os que exercem funções puramente materiais; serão servidores
da União Federal, das autarquias, das fundações públicas federais sob regime contratual, que terão
seus dissídios julgados, evidentemente, pela Justiça do Trabalho”.27
Ao nosso ver, expressou-se, porém, inadequadamente o relator, ao afirmar que estes empregados
“não estarão no Regime Único”. A ideia nos parece ser a de que não estarão no regime da Lei
8112/1990. Esta, porém, segundo a concepção ora em análise, não encerra todo o conteúdo do
regime único, que se poderá completar com a admissão, a título de relação trabalhista, de servidores
exercentes das chamadas “funções subalternas” ou “puramente materiais”.
A exegese do art. 39 CF foi, como registrado, objeto de cogitação do STF como fundamento da
decisão sobre a ADIn 492-1-DF, proposta pelo Procurador-Geral da República contra o art. 240,
alíneas "d" e "e", da Lei 8112/1990, julgada procedente por maioria de votos. Ficaram vencidos o
Ministro Marco Aurélio, que julgou o pedido improcedente in totum, e parcialmente, os Ministros
Octávio Gallotti e Sepúlveda Pertence que, com base na parte final do caput do art. 114 CF, julgaram-
na procedente apenas em parte, considerando constitucional a determinação da competência da
Justiça do Trabalho para julgar dissídios individuais entre a Administração Federal e os servidores,
concernentes à Lei 8112/1990.
O voto do relator, Ministro Carlos Mário Velloso, foi a orientação básica da maioria do Pleno, tendo
alguns outros ministros acrescentado pequenas considerações em favor do seu entendimento.
O voto vencedor parte da consideração de que “o regime jurídico único a que se refere o art. 39 da
Constituição Federal tem natureza estatutária”. A favor deste entendimento cita a doutrina de Hely
Lopes Meirelles, Celso Antônio Bandeira de Mello, Adílson Dallari, Antônio Augusto Anastasia e
Carlos Motta. Com a adoção da tradicional teoria estatutária, conclui o relator que a negociação
coletiva, assim como o direito à ação coletiva, é “absolutamente inconciliável com o regime jurídico
estatutário do servidor público”.
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REGIME JURÍDICO
O Ministro Marco Aurélio apresentou no julgamento uma série de argumentos contrários à orientação
geral do Pleno, que merecem ser também sintetizados.
Inicialmente, baseado em trabalho de Regina Linden Ruaro, demonstra que em vários países, como a
França, Inglaterra, Itália e EUA, os direitos de sindicalização, greve e negociação coletiva na função
pública são há muito reconhecidos. Conclui esta parte observando “que o dia-a-dia da relação
servidor público-Administração vem direcionando no sentido do abandono de posições rígidas e,
portanto, de posições de intransigência”.29
Em seguida, tece considerações sobre a natureza do regime dos servidores adotado na Constituição
Federal e na Lei 8112/1990. Entende que a Constituição abandonou o “vetusto regime estatutário”,
opção que está clara até mesmo na denominação utilizada, que “não ocorreu por simples preferência
vernacular”:
Afirma o Ministro Marco Aurélio que, com o art. 39, “objetivou-se pôr um termo final em algo que
discrepava do princípio isonômico”, cabendo a cada legislação específica dos entes políticos definir o
conteúdo do regime dos seus servidores, apenas se devendo observar que:
Neste julgamento, como anteriormente registrado, dois dos Ministros, inclusive o Relator, embora
salientando a prevalência do regime estatutário, também se apoiaram na tese de Celso Antônio
Bandeira de Mello, que aponta a possibilidade de adoção do regime trabalhista para uma parte dos
servidores públicos.
Contudo, toda a discussão sobre a natureza do regime único permaneceu apenas como parte da
fundamentação do julgado. Não foi objeto do dispositivo do acórdão e, assim, não criou orientação
obrigatória para as entidades estatais.
Em julgamentos posteriores, embora o tema do regime único tenha voltado à baila, também
permaneceu referido apenas na fundamentação das decisões, razão pela qual, até o momento, não
há determinação vinculante do STF sobre a interpretação do art. 39, caput, da CF.
Independentemente da posição que se possa adotar no tocante à natureza do regime único, para a
sua boa aplicabilidade, é imprescindível estabelecer o seu alcance, ou seja, determinar quais as
espécies de servidores públicos estão nele incluídos e quais os excluídos.
Para a delimitação dos servidores excluídos do regime único, é relevante atentar para o fato de que a
CF estabeleceu normas específicas para determinadas carreiras do serviço público, com o claro
propósito de diferenciá-las da generalidade dos servidores públicos no tocante ao regime jurídico.
Assim, regimes específicos encontram-se previstos para os militares (CF, art. 42, § 1º, e art. 142, §
3º, X), para os magistrados (CF, art. 93, que prevê o Estatuto da Magistratura) e para o Ministério
Público (CF, art. 128, § 5º, com a previsão do Estatuto do Ministério Público).
Caso os demais servidores públicos sejam submetidos ao regime estatutário, tanto eles quanto os
servidores das carreiras com estatutos específicos serão caracterizados como agentes sujeitos a
regimes da mesma natureza, ou seja, o regime estatutário. Porém, não há que se confundir a
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REGIME JURÍDICO
natureza do regime com o seu conteúdo. Regimes de conteúdos distintos podem ser da mesma
natureza. No caso, teremos diversos regimes estatutários, na medida em que tivermos distintos
estatutos, com conteúdos diferentes, não obstante apresentarem todos a mesma natureza, sendo
todos estatutários.
Também os servidores contratados temporariamente (art. 37, IX, da CF) estarão sujeitos a regime
jurídico próprio, inconfundível com os direitos e deveres correspondentes aos servidores ocupantes
de cargos de provimento efetivo e de cargos em comissão, ou aos empregados públicos do quadro
permanente.
É possível que alguns direitos e deveres dos servidores do quadro permanente sejam também
aplicados aos contratados temporariamente. Mas grande parte desses direitos e deveres deverá ser
distinta, em face da nítida diferença entre os agentes do quadro permanente e os temporários.
Ou seja, não é irrelevante o fato de o regime único e a contratação temporária estarem previstos em
dispositivos apartados no Texto Constitucional. Essa separação liga-se à necessária distinção de
regimes jurídicos que marcam as duas situações.
Regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de princípios e regras referentes a direitos,
deveres e demais normas que regem a sua vida funcional. A lei que reúne estas regas é denominada
de Estatuto e o regime jurídico passa a ser chamado de regime jurídico Estatutário.
Era, não é mais. Como já vimos, o Regime Jurídico Único existiu até o advento da Emenda
Constitucional nº 19, de 04/06/98. A partir de então é possível a admissão de pessoal ocupante de
emprego público, regido pela CLT, na Administração federal direta, nas autarquias e nas fundações
públicas; por isto é que o regime não é mais um só, ou seja, não é mais único.
No âmbito federal, a Lei nº 9.962, de 22.02.2000, disciplina o regime de emprego público do pessoal
da Administração federal direta, autárquica e fundacional, dispondo :
O pessoal admitido para emprego público terá sua relação de trabalho regida pela CLT (art.1º, caput);
Leis específicas disporão sobre a criação de empregos, bem como sobre a transformação dos atuais
cargos em empregos (§1º);
É proibida a prestação de serviços gratuitos, salvo os casos previstos em lei (art. 4º).
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REGIME JURÍDICO
Serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso público às pessoas
portadoras de deficiência para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a
deficiência de que são portadoras (art. 5º, §2º).
Provimento
É preenchimento de cargo vago. O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da
autoridade competente de cada Poder (art. 6º).
Nomeação
Promoção
Readaptação
Reversão
Aproveitamento
Reintegração
Recondução.
Importante - as formas de provimento Ascensão e Transferência não existem mais, foram revogadas
pela lei nº 9.527/97, antes mesmo, já haviam sido declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal
Federal.
NOMEAÇÃO – é o ato administrativo pelo qual se atribui um cargo a alguém (Odete Medauar). A
nomeação dar-se-á (art. 9º e 10º) :
Em caráter efetivo quando se tratar de cargo isolado ou de carreira (cargos de carreira são aqueles
são estruturados em classes e que permitem crescimento profissional) depende de prévia habilitação
em concurso público de provas ou de provas e títulos.
PROMOÇÃO – representa a progressão vertical na carreira, passando de uma classe para outra
(conceito doutrinário).
I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria;
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REGIME JURÍDICO
Não poderá reverter o aposentado que já tiver completado 70 (setenta) anos de idade (art. 27).
VACÂNCIA
Aposentadoria;
Falecimento
Demissão;
Promoção;
Readaptação;
Exoneração;
DEMISSÃO – trata-se de penalidade aplicada ao servidor, prevista no artigo 132, deste estatuto.
PROMOÇÃO - representa a progressão vertical na carreira, passando de uma classe para outra
(conceito doutrinário).
I - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido (15 dias).
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REGIME JURÍDICO
ATENÇÃO : embora não conste expressamente do artigo 30, que elenca as hipóteses de vacância, a
recondução tem sido assim considerada nos concursos públicos.
A Posse E O Exercício
A nomeação por si só não basta para iniciar as atribuições do cargo são necessários ainda a posse e
o exercício.
A investidura em cargo público ocorrerá com a posse (art. 7º), mediante assinatura do respectivo
termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, as responsabilidades e os direitos
inerentes ao cargo ocupado (art. 13, caput). Posse é a aceitação do cargo pelo servidor (Odete
Medauar).
Só haverá posse na hipótese de provimento por nomeação (§4º, art. 13), poderá ser mediante
procuração específica (§3º, art. 13). A posse ocorrerá no prazo de 30 (trinta dias) contados da
publicação do ato de provimento (nomeação). Será tornado sem efeito o ato de provimento se a
posse não ocorrer neste prazo (§§ 1º e 6º, art. 13).
A posse dependerá de prévia inspeção médica oficial, será empossado aquele que for julgado apto
física e mentalmente para o exercício do cargo (art. 14).
No ato da posse, o servidor apresentará declaração de bens e valores que constituem seu patrimônio
e declaração quanto ao exercício ou não de outro cargo, emprego ou função pública (§5º, art. 13). A
lei 8.424/92, exige a declaração de bens e valores do cônjuge ou companheira e das demais pessoas
que vivam sob sua dependência econômica (Lei 8.429, art. 13, caput e §1º).
I - a nacionalidade brasileira;
Os cargos públicos são acessíveis aos estrangeiros na forma da lei (CF/88, aert. 37, I . A lei nº
9.515/97 prevê que as universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais
poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros.
As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei (§ 1º,
art. 5º).
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Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança (art.
15), donde passa a contar o tempo de serviço (Odete Medauar).
É de 15 (quinze dias) o prazo para o servidor empossado em cargo público entrar em exercício,
contados da data da posse, se não entrar em exercício no prazos previsto o servidor será exonerado
do cargo ou será tornado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança, (§§1º e 2º,
art. 15).
RESUMINDO : A nomeação é ato administrativo que atribui um cargo público. Posse é a investidura
no cargo. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo.
Remoção
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração;
b) por motivo de saúde do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente que viva às suas
expensas, condicionada à comprovação por junta médica oficial;
O servidor que deva ter exercício em outro município em razão de ser removido, redistribuido,
requisitado ou cedido terá, no mínimo 10 e no máximo 30 dias de prazo para retomada de suas
atribuições, incluído o prazo de deslocamento (art. 18).
Substituição
Estabilidade
São estáveis, após 3 anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento
efetivo em virtude de concurso público; como condição para aquisição da estabilidade é obrigatória a
avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade (CF, art. 41, caput e
§4º).
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assiduidade;
disciplina;
produtividade;
responsabilidade.
O servidor não aprovado no estágio probatório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
anteriormente ocupado (§2º, art. 20). Eis aqui, ao mesmo tempo, a forma de provimento e de
vacância denominada de recondução.
Direitos E Vantagens
Vencimento e da Remuneração
O Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício de cargo público, com valor fixado em lei (art.
40). Nenhum servidor receberá, a título de vencimento, importância inferior ao salário-mínimo.
Vantagens
Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as seguintes vantagens (art. 49):
indenizações;
gratificações;
adicionais.
Indenizações
Ajuda de custo;
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Diárias;
Transporte.
DIÁRIAS - O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em caráter eventual ou transitório fará jus a
passagens e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinária com pousada,
alimentação e locomoção urbana, conforme dispuser em regulamento (art. 58).
GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
Além do vencimento e das vantagens previstas nesta Lei, serão deferidos aos servidores as
seguintes retribuições, gratificações e adicionais (art. 61):
Entendo que o detalhamento a respeito dos adicionais e gratificações, das licenças e dos
afastamentos é secundário, no entanto, como consta do programa ponho a disposição o texto de
estatuto com redação atualizada até março de 2001.
A remuneração dos cargos em comissão será estabelecida em lei específica (parágrafo único, art.
62).
Ao servidor ocupante de cargo efetivo é devida retribuição pelo seu exercício de função de direção,
chefia ou assessoramento, ou de cargo de provimento ou de Natureza Especial (art. 62).
Gratificação Natalina
A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus
no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano (art. 63). A fração igual ou superior a
15 (quinze) dias será considerada como mês integral.
Fazem jus a um adicional sobre o vencimento do cargo efetivo os servidores que trabalhem com
habitualidade em locais insalubres ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas
ou com risco de vida (art. 68).
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O servidor que fizer jus aos adicionais de insalubridade e de periculosidade deverá optar por um
deles (§1º, art. 68).
O adicional de atividade penosa será devido aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou
em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos, condições e limites fixados em
regulamento (art. 71).
Os locais de trabalho e os servidores que operam com Raios X ou substâncias radioativas serão
mantidos sob controle permanente, de modo que as doses de radiação ionizante não ultrapassem o
nível máximo previsto na legislação própria. (art. 72)
Parágrafo único. Os servidores a que se refere este artigo serão submetidos a exames médicos a
cada 6 (seis) meses.
O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à
hora normal de trabalho (art. 73) e somente será permitido para atender a situações excepcionais e
temporárias, respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jornada (art. 74).
Adicional Noturno
O serviço noturno, prestado em horário de um compreendido entre 22 (vinte e duas) horas dia e 5
(cinco) horas do dia seguinte, terá o valor-hora acrescido de 25% (vinte e cinco por cento),
computando-se cada hora como cinqüenta e dois minutos e trinta segundos (art. 75).
Em se tratando de serviço extraordinário, o acréscimo de que trata este artigo incidirá sobre a
remuneração prevista no art. 73 (art. 75, parágrafo único).
Adicional De Férias
Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das férias, um adicional
correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias (art. 76).
Férias
O servidor fará jus a trinta dias de férias, que podem ser acumuladas, até o máximo de dois períodos,
no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação específica (art.
77). Para o primeiro período aquisitivo de férias serão exigidos 12 (doze) meses de exercício
(parágrafo único).
O pagamento da remuneração das férias será efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
período.
O servidor que opera direta e permanentemente com Raios X ou substâncias radioativas gozará 20
(vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de atividade profissional, proibida em qualquer
hipótese a acumulação (art. 79)
As férias somente poderão ser interrompidas por motivo de calamidade pública, comoção interna,
convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela
autoridade máxima do órgão ou entidade (art. 80). O restante do período interrompido será gozado de
uma só vez.
Das Licenças
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REGIME JURÍDICO
A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias do término de outra da mesma espécie será
considerada como prorrogação (art. 82).
Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos
pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que viva às suas expensas e
conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação por junta médica oficial (art. 83).
A licença será concedida sem prejuízo da remuneração do cargo efetivo, até trinta dias, podendo ser
prorrogada por até trinta dias, mediante parecer de junta médica oficial e, excedendo estes prazos,
sem remuneração, por até noventa dias (§2º).
É vedado o exercício de atividade remunerada durante o período da licença (§3º, art. 81).
Poderá ser concedida licença ao servidor para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi
deslocado para outro ponto do território nacional, para o exterior ou para o exercício de mandato
eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo (art. 84).
A licença será por prazo indeterminado e sem remuneração (art. 84, §1º).
No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro também seja servidor público, civil ou
militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá
haver exercício provisório em órgão ou entidade da Administração Federal direta, autárquica ou
fundacional, desde que para o exercício de atividade compatível com o seu cargo (art. 84,§2º).
Ao servidor convocado para o serviço militar será concedida licença, na forma e condições previstas
na legislação específica (art. 85). (o artigo não diz se é com ou sem remuneração). Concluído o
serviço militar, o servidor terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do
cargo (art. 85, parágrafo único).
O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o período que mediar entre a sua escolha
em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura
perante a Justiça Eleitoral (art. 86).
O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde desempenha suas funções e que exerça
cargo de direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a partir
do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral, até o décimo dia
seguinte ao do pleito (art. 86, §1º).
A partir do registro da candidatura e até o décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à
licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses (art. 86,
§2º).
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REGIME JURÍDICO
Após cada qüinqüênio de efetivo exercício, o servidor poderá, no interesse da Administração, afastar-
se do exercício do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses, para participar
de curso de capacitação profissional (art. 87).
A critério da Administração, poderão ser concedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde
que não esteja em estágio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo prazo de até
três anos consecutivos, sem remuneração. (art. 91). A licença poderá ser interrompida, a qualquer
tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.
A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser prorrogada, no caso de reeleição, e por uma
única vez (art. 92, §2º).
Dos Afastamentos
Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade dos Poderes da
União, dos Estados, ou do Distrito Federal e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:
I - para exercício de cargo em comissão ou função de confiança - sendo a cessão para órgãos ou
entidades dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do órgão
ou entidade cessionária, mantido o ônus para o cedente nos demais casos (§1º).
A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda a missão ou estudo, somente decorrido igual
período, será permitida nova ausência (§1º, art. 95).
Ademais a este servidor não será concedida exoneração ou licença para tratar de interesse particular
antes de decorrido período igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de ressarcimento da
despesa havida com seu afastamento (§2º, art 95).
Tempo De Serviço
É contado para todos os efeitos o tempo de serviço público federal, inclusive o prestado às Forças
Armadas (art. 100). A apuração do tempo de serviço será feita em dias, que serão convertidos em
anos, considerado o ano como de 365 dias (art. 101).
Além das ausências ao serviço previstas no art. 97, são considerados como de efetivo exercício os
afastamentos em virtude de (art.102) :
I - férias;
II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em órgão ou entidade dos Poderes da União, dos
Estados, Municípios e Distrito Federal;
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REGIME JURÍDICO
V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, exceto para
promoção por merecimento;
VIII - licença:
b) para tratamento da própria saúde, até o limite de vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do
tempo de serviço público prestado à União, em cargo de provimento efetivo;
c) para o desempenho de mandato classista, exceto para efeito de promoção por merecimento;
XI - afastamento para servir em organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual
coopere.
VII - o tempo de licença para tratamento da própria saúde que exceder o prazo a que se refere a
alínea "b" do inciso VIII do art. 102.
O tempo em que o servidor esteve aposentado será contado apenas para nova aposentadoria (§1º,
103). Será contado em dobro o tempo de serviço prestado às Forças Armadas em operações de
guerra (§2º, art. 103). Entendo que é inconstitucional, ante o teor do art. 40, §10, CF, acrescentado
pela EC nº 20/98,
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Direito De Petição
O requerimento será dirigido à autoridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente (art. 105).
Cabe pedido de reconsideração à autoridade que houver expedido o ato ou proferido a primeira
decisão, não podendo ser renovado (art. 106).
O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo a juízo da autoridade competente. Em caso de
provimento, os efeitos da decisão retroagirão à data do ato impugnado (art. 109).
O direito de requerer contado da data da publicação do ato impugnado ou da data da ciência pelo
interessado, quando o ato não for publicado (tiver natureza reservada) (art. 110, parágrafo único),
prescreve (art. 110):
II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.
A prescrição é de ordem pública, não podendo ser relevada pela administração (art. 112). O pedido
de reconsideração e o recurso, quando cabíveis, interrompem a prescrição (art. 111). São fatais e
improrrogáveis os prazos estabelecidos neste Capítulo, salvo motivo de força maior (art. 115).
A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade (art. 114).
Do Regime Disciplinar
O regime disciplinar faz parte do título IV do Estatuto, e compreende os seguintes capítulos : dos
deveres, das proibições, da acumulação, das responsabilidades e das penalidades.
Breves comentários :
Não deve ser confundido o poder disciplinar com o poder penal do Estado. O poder penal é exercido
pelo Poder Judiciário, norteado pelo processo penal; visa à repressão de condutas de condutas
qualificadas como crime e contravenções; portanto, tem a finalidade precípua de preservar a ordem e
ordem e a convivência na sociedade como um todo. O poder disciplinar, por sua vez, é atividade
administrativa, regida pelo direito administrativo; visa à punição de condutas, qualificadas em
estatutos ou demais leis, como infrações funcionais; tem a finalidade de preservar de modo imediato,
a ordem interna do serviço, para que as atividades do órgão possam ser realizadas sem a
perturbação e sem desvirtuamentos, dentro da legalidade e da lisura (Odete Medauar).
Das Penalidades
Advertência;
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REGIME JURÍDICO
Suspensão;
Demissão;
Advertência
inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique
imposição de penalidade mais grave (art. 129). Eis aqui um exemplo de que as sanções disciplinares
não obedecem cegamente o princípio da tipicidade. Que decide se cabe ou não penalidade mais
grave é a Administração.
Bem como na Inobservância das seguinte proibições (art. 117, incisos I a VIII e XIX)
Suspensão
Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em
multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por dia de vencimento ou remuneração, ficando o
servidor obrigado a permanecer em serviço (§2º).
Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a
ser submetido a inspeção médica determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da
penalidade uma vez cumprida a determinação (§1º).
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REGIME JURÍDICO
(três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período,
praticado nova infração disciplinar (art. 131). O cancelamento da penalidade não surtirá efeitos
retroativos (parágrafo único).
Demissão
Bem como na transgressão das seguintes proibições ( incisos IX a XVI do art. 117) :
valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função
pública;
participar de gerência ou administração de empresa privada, sociedade civil, salvo a participação
nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta
ou indiretamente, participação do capital social, sendo-lhe vedado exercer o comércio, exceto na
qualidade de acionista, cotista ou comanditário;
atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de
benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
companheiro;
receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas
atribuições;
aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
praticar usura sob qualquer de suas formas;
proceder de forma desidiosa;
utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares;
A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos abaixo implica a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível (art. 136).
improbidade administrativa
aplicação irregular de dinheiros públicos
lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional(ª);
corrupção;
O servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão nos casos abaixo não poderá
retornar ao serviço público federal (parágrafo único, art. 137).
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REGIME JURÍDICO
O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando
investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo
na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada
pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos (art. 120)
O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo
único do art. 9o,(exercício interino em outro cargo de confiança, nesta hipótese deverá optar pela
remuneração de um deles) nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva
(art. 119). Exceto remuneração devida pela participação em conselhos de administração e fiscal das
empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no
capital social(parágrafoúnicoart.119).
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas,
a autoridade notificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no
prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará
procedimento sumário para a sua apuração e regularização imediata ;
A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que
se converterá automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo (§5º).
Cassação De Aposentadoria
Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta
punível com a demissão (art. 134).
A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos
casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão (art. 135).
Constatada a hipótese de que trata este artigo, a exoneração efetuada (a pedido ou a juízo da
autoridade, hipóteses do artigo 35) será convertida em destituição de cargo em comissão (parágrafo
único).
Breves comentários :
Na Administração Pública, ao contrário do que acontece no direito penal, não deve rigorosa
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REGIME JURÍDICO
obediência ao princípio da tipicidade estrita na definição legal dos atos passíveis de pena e das
respectivas sanções.
nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 (trinta) dias, pelo chefe da repartição e outras
autoridades na forma dos respectivos regimentos ou regulamentos,;
quando se tratar de destituição de cargo em comissão, pela autoridade que houver feito a nomeação.
PRESCRIÇÃO
prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido (§1º, ART. 142).
Interrupção Da Prescrição
Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a
interrupção (§4º, art. 142).
Da Sindicância
I - arquivamento do processo;
Na hipótese de o relatório da sindicância concluir que a infração está capitulada como ilícito penal, a
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REGIME JURÍDICO
O prazo para conclusão da sindicância não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser prorrogado por
igual período, a critério da autoridade superior (lei 8.112/90, art. 145, parágrafo único).
Do Processo Disciplinar
Será obrigatória a abertura de processo disciplinar, sempre que o ilícito praticado pelo servidor
ensejar a imposição de penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação
de aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de cargo em comissão (Lei 8.112/90, art. 146).
Os autos da sindicância integrarão o processo disciplinar, como peça informativa da instrução (art.
154, caput).
O processo disciplinar será conduzido por comissão composta de três servidores estáveis designados
pela autoridade competente, que indicará entre eles o seu presidente, que deverá ser ocupante de
cargo efetivo superior ou do mesmo nível, ou ter nível de escolaridade igual ou superior ao do
indiciado (art. 149).
III - julgamento.
O prazo para conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data
de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando
as circunstâncias e exigirem (Lei 8.112/90, art. 152).
indiciação do servidor
Do Afastamento Preventivo
Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da irregularidade, a
autoridade instauradora do processo disciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício do
cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, que poderá ser prorrogado por igual prazo, sem prejuízo
da remuneração, findo o qual cessarão os efeitos, ainda que não concluído o processo (art. 147).
O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se
aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a
inadequação da penalidade aplicada. Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do
servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do processo. No caso de
incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respectivo curador (art. 174, §§1ºe
2º).
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Administração Pública
A administração pública (ou gestão pública) se define como o poder de gestão do Estado, no qual inclui
o poder de legislar e tributar, fiscalizar e regulamentar, através de seus órgãos e outras instituições;
visando sempre um serviço público efetivo.
Quanto ao Brasil, o país adotou ao longo de sua história três modelos de administração do Estado:
o patrimonialista, em que não havia diferenciação entre os bens públicos e privados; o burocrático,
advindo da desorganização do Estado na prestação dos serviços públicos, além da corrupção e do
nepotismo; e por fim, o modelo gerencial, fruto das mudanças da segunda metade do século XX.
Esse modelo, apesar de não ser estático, se encontra dessa maneira no Brasil, visto que a influência
do Direito Administrativo francês acaba por lhe conferir uma maior rigidez organizacional.
Apenas, com a Carta Magna de 1988 que a legislação tornou-se mais rígida em relação à burocracia.
A "reestruturação das bases do projeto brasileiro", para a inovação do modelo administrativo, só veio
com a implantação do "Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado" (PDRAE), em 1995.
Essa mudança não desprezou as características dos antigos modelos, entretanto, seu avanço se ga-
rantiu pela implementação de uma administração mais autônoma e responsável perante a sociedade.
Etimologia
São indicadas por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello duas versões para a origem do vocábulo admi-
nistração. A primeira é que esta vem de ad (preposição) mais ministro, mais are (verbo), que significa
servir, executar; já a segunda vem de ad manus trahere, que envolve ideia de direção ou gestão.
Nas duas hipóteses, há o sentido de relação de subordinação, de hierarquia. O mesmo autor demons-
tra que a palavra administrar significa não só prestar serviço, executá-lo, como também dirigir, governar,
exercer a vontade com o objetivo de obter um resultado útil; até em sentido vulgar, administrar quer
dizer traçar um programa de ação e executá-lo ou também tendo a definição que Administrar é: Coor-
denar, Planejar, Controlar, Padronizar, Organizar e Executar.
Gestor Público
O gestor público tem como função gerir, administrar de forma ética, técnica e transparente a coisa
pública, seja está órgãos, departamentos ou políticas públicas visando o bem comum da comunidade a
que se destina e em consonância com as normas legais e administrativas vigentes.
Modelos
Na Europa, existem basicamente quatro modelos de gestão da administração pública, o modelo nórdico
(Dinamarca, Finlândia, Suécia e Países Baixos), o modelo anglo-saxão (Reino Unido e Irlanda), o mo-
delo renano ou continental (Áustria, Bélgica, França, Alemanha e Luxemburgo) e o modelo mediterrâ-
neo (Grécia, Itália, Portugal e Espanha).
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Fora da Europa, países de colônia inglesa quase em sua totalidade adotam o modelo anglo-saxão.
Na América Latina a preferência é o modelo mediterrâneo, a exemplo do Brasil. Na Ásia, especial-
mente no Japão e na Coreia do Sul adotam um modelo semelhante ao renano e ao mediterrâneo.
Modelo Mediterrâneo
O modelo mediterrâneo é mais focado no sistema de carreira, se caracteriza pelo baixo status do fun-
cionalismo, forte intervenção da política na administração e níveis elevados de proteção ao emprego.
O modelo nórdico e anglo-saxão são semelhantes com algumas diferenças, é mais focado no sistema
de emprego, adota o alto status do funcionalismo público, baixa intervenção da política na administra-
ção, níveis elevados de empregabilidade e seguro-desemprego.
Em relação aos níveis de emprego, os modelos nórdico e anglo-saxão apresentam níveis elevados,
sendo o nórdico melhor para a redução das desigualdades. No caso nórdico, é adotada uma alta des-
centralização e independência dos serviços (modelo de agência).
O modelo renano apresenta um meio termo, adota elevado status do funcionalismo público com alta
interferência de sindicatos, que são considerados uma categoria especial.
O servidor público - denominação concedida ao ocupante de cargo público, logo submetido a regime
estatutário - se distingue do empregado público, que, apesar de também ser espécie do gênero agente
público, é regido pela legislação contratual trabalhista (no Brasil, por exemplo, o empregado público
mantém suas relações jurídicas com base na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) - daí o neolo-
gismo celetista); a tabela abaixo mostra as principais diferenças entre referidos regimes:
No Brasil
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A administração no Brasil aconteceu de três formas, sendo a primeira na época do Império; a adminis-
tração pública patrimonialista onde o Estado nomeava pessoas de confiança e altos-oficiais para exer-
cer cargos políticos. Esta fase é seguida, após a instalação da república, pelo nepotismo e grande cor-
rupção no serviço público, indo até a Constituição de 1934.
Já na Era Vargas, houve a administração pública burocrática, com a finalidade combater a corrupção
e o nepotismo, orientando-se pelos princípios da profissionalização, da ideia de carreira, da hierarquia
funcional, da impessoalidade, do formalismo, características do poder racional legal.
Atualmente, há uma transição para a administração pública gerencial, a qual busca a otimização e
expansão dos serviços públicos, visando a redução dos custos e o aumento da efetividade e eficiência
dos serviços prestados aos cidadãos.
Nos termos da Constituição brasileira de 1988, a administração pública deve seguir os princípios da le-
galidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Para alguns doutrinadores brasileiros, a administração pública é conceituada com base em dois aspec-
tos: objetivo (também chamado material ou funcional) e subjetivo (também chamado formal ou orgâ-
nico):
Sentido objetivo, material ou funcional (de atividade): a administração pública é a atividade concreta e
imediata que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses coletivos, sob regime jurídico
de direito público. Neste sentido, a administração pública compreende atividades de intervenção, de fo-
mento, o serviço público e o poder de polícia.
Sentido subjetivo, formal ou orgânico (de pessoa): a administração pública é o conjunto de órgãos, pes-
soas jurídicas e agentes, aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado.
Neste sentido, a administração pública pode ser direta, quando composta pelos entes federados (União,
Estados, Municípios e DF), ou indireta, quando composta por entidades autárquicas, fundacionais, so-
ciedades de economia mista e empresas públicas.
O sentido subjetivo do termo foi o preferido do legislador brasileiro, como se observa no Decreto-lei nº
200/67 e na Constituição de 1988.
Administração Tributária
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 37, incisos XVIII e XXII, esta-
belece que:
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
e jurisdição, precedência (prioridade) sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ativi-
dades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão
recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com
o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O Poder Constituinte, ciente da importância do tema, concedeu à administração tributária status cons-
titucional, prevendo precedência administrativa, essencialidade ao funcionamento do Estado e recursos
prioritários para realização das suas atividades.
Cabe à administração tributária prover o Estado com os recursos financeiros necessários ao funciona-
mento das instituições do três Poderes da República, bem como à implementação das políticas públi-
cas.
De acordo com essa PEC, lei complementar estabelecerá as normas gerais aplicáveis à Administração
Tributária da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dispondo inclusive sobre direi-
tos, deveres, garantias e prerrogativas dos cargos de sua carreira específica.
Além disso, às Administrações Tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
serão asseguradas autonomia administrativa, financeira e funcional e as iniciativas de suas propostas
orçamentárias dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.
Administração direta é aquela composta por órgãos públicos ligados diretamente ao poder central, fe-
deral, estadual ou municipal. São os próprios organismos dirigentes, seus ministérios, secretarias, além
dos órgãos subordinados.
Não possuem personalidade jurídica própria, patrimônio e autonomia administrativa e cujas despesas
são realizadas diretamente através do orçamento da referida esfera. Caracterizam-se pela desconcen-
tração administrativa, que é uma distribuição interna de competências, sem a delegação a uma pessoa
jurídica diversa.
Administração indireta é aquela composta por entidades com personalidade jurídica própria, patrimônio
e autonomia administrativa e cujas despesas são realizadas através de orçamento próprio. São exem-
plos as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista.
Autarquias: serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica de direito público, patrimônio
e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada;
Fundação pública: a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam exe-
cução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio
gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de
outras fontes;
Empresa pública: a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio
e capital exclusivo da União, com criação autorizada por lei específica para a exploração de atividade
econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência (Eventualidade) ou de con-
veniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito;
Em conformidade com o que se dispõe no art 5º do Decreto-Lei nº 900, de 1969: Desde que a maioria
do capital votante permaneça de propriedade da União, será admitida, no capital da Empresa Pública,
a participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da Admi-
nistração Indireta da União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios.
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Sociedades de economia mista: a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
criação autorizada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anô-
nima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração
Indireta.
Empresas controladas pelo Poder Público podem ou não compor a Administração Indireta, dependendo
de sua criação ter sido ou não autorizada por lei. Existem subsidiárias (é uma espécie de subdivisão
de uma empresa que se encarrega de tarefas específicas em seu ramo de atividade) que são contro-
ladas pelo Estado, de forma indireta, e não são sociedades de economia mista, pois não decorreram
de autorização legislativa.
No caso das que não foram criadas após autorização legislativa, elas só se submetem às derrogações
do direito privado quando seja expressamente previsto por lei ou pela Constituição Federal de 1988,
como neste exemplo: "Art. 37. XVII, CF - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias,
e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público".
As agências executivas e reguladoras fazem parte da administração pública indireta, são pessoas jurí-
dicas de direito público interno e consideradas como autarquias especiais. Sua principal função é o
controle de pessoas privadas incumbidas (encarregadas) da prestação de serviços públicos, sob o
regime de concessão ou permissão.
Agências Reguladoras
As agências reguladoras são autarquias de regime especial, que regulam as atividades econômicas
desenvolvidas pelo setor privado. Tais agências têm poder de polícia, podendo aplicar sanções (puni-
ção pela violação de uma lei, "pena"). Possuem certa independência em relação ao Poder Executivo,
motivo pelo são chamadas de "autarquias de regime especial". Nota-se que a Constituição Federal faz
referência a "órgão regulador", não utilizando o termo "agência reguladora". Sendo "autarquias de re-
gime especial", tais agências detêm prerrogativas (Privilégio atribuído a alguém pelo seu cargo) espe-
ciais relacionadas à ampliação de sua autonomia gerencial, administrativa e financeira. Embora tenham
função normativa, não podem editar atos normativas primários (leis e similares), mas tão somente atos
secundários (instruções normativas).
Sua função é regular a prestação de serviços públicos, organizar e fiscalizar esses serviços a serem
prestados por concessionárias ou permissionárias (Empresa que recebeu a concessão/ consentimento/
licença para realizar algum serviço), com o objetivo garantir o direito do usuário ao serviço público de
qualidade. Não há muitas diferenças em relação à tradicional autarquia, a não ser uma maior autonomia
financeira e administrativa, além de seus diretores serem eleitos para mandato por tempo determinado.
Agências Executivas
São pessoas jurídicas de direito público ou privado, ou até mesmo órgãos públicos, integrantes da
Administração Pública Direta ou Indireta, que podem celebrar contrato de gestão com objetivo de re-
duzir custos, otimizar e aperfeiçoar a prestação de serviços públicos.
O poder público poderá qualificar como agências executivas as autarquias e fundações públicas que
com ele estabeleçam um contrato de gestão (CF, art. 37, § 8º) e atendam a outros requisitos previstos
na Lei 9.649/1998 (art. 51). O contrato de gestão celebrado com o Poder Público possibilita a ampliação
da autonomia gerencial, orçamentária e financeira das entidades da Administração Indireta.
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Tem por objeto a fixação de metas de desempenho para a entidade administrativa, a qual se compro-
mete a cumpri-las, nos prazos acordados.
Seu objetivo principal é a execução de atividades administrativas. Nelas há uma autonomia financeira
e administrativa ainda maior. São requisitos para transformar uma autarquia ou fundação em uma agên-
cia executiva:
Podemos citar como exemplos como agências executivas o INMETRO (uma autarquia) e a ABIN (ape-
sar de ter o termo "agência" em seu nome, não é uma autarquia, mas um órgão público). Carreiras
Dentro da organização da Administração Pública do Brasil, integram o Poder Executivo Federal diver-
sas carreiras estruturadas de servidores públicos, entre elas as de:
Regulação Federal (Especialista em Regulação, Analista Administrativo e Técnico das Agências Regu-
ladoras Federais - ANATEL, ANCINE, ANEEL, ANP, ANAC, ANTAQ, ANTT, ANVISA, ANS e ANA).
Segurança Pública (cargos de Policial Rodoviário Federal, Delegado, Perito Criminal, Papiloscopista,
Escrivão e Agente da Polícia Federal e Oficial, Agente Téncnico de Inteligência da ABIN),
Supervisão do Mercado Financeiro e de Capitais (Analista e Técnico do Banco Central do Brasil, Ana-
listas e Inspetor da CVM, Analista da SUSEP e PREVIC);
Há, ainda, os servidores não estruturados em carreiras (integrantes do Plano de Classificação de Car-
gos de 1970), temporários, empregados públicos e terceirizados via convênio.
Segundo Hely Lopes Meireles, há 12 princípios básicos que regem a Administração Pública:
Legalidade;
Impessoalidade ou Finalidade;
Moralidade;
Publicidade;
Eficiência;
Proporcionalidade;
Razoabilidade;
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Ampla Defesa;
Segurança Jurídica;
Contraditório;
Motivação.
Portugal
A Administração Pública Portuguesa pode ser categorizada em três grandes grupos, de acordo com a
sua relação com o Governo:
Administração autônoma
A administração direta do Estado reúne todos os órgãos, serviços e agentes do Estado que visam à
satisfação das necessidades coletivas. Este grupo pode ser divido em:
Serviços centrais - serviços com competência em todo o território nacional (exemplo: Direção-Geral de
Administração Interna);
Serviços periféricos - serviços regionais com zona de ação limitada a uma parcela do território nacional
(exemplo: Direção Regional de Educação do Algarve).
A administração indireta do Estado constitui o segundo grupo e reúne as entidades públicas dotadas
de personalidade jurídica e autonomia administrativa e financeira. Por prosseguir objetivos do Estado,
entram na categoria de administração pública, mas por serem conseguidos por entidades distintas do
Estado diz-se que é "administração indireta". Cada uma das entidades deste grupo está associada a
um ministério, que se designa por "ministério da tutela".
Fundos personalizados - pessoas coletivas de direito público, instituídas por ato do poder público, com
natureza patrimonial (exemplo: Serviços Sociais da Polícia de Segurança Pública);
Entidades públicas empresariais - pessoas coletivas de natureza empresarial, com fim lucrativo, que
visam a prestação de bens ou serviços de interesse público, com total capital do Estado (exem-
plos: Hospital de Santa Maria e Hospital Geral de Santo António).
Administração Autónoma
A administração autónoma constitui o terceiro e último grupo, reunindo as entidades que prosseguem
interesses próprios das pessoas que as constituem e que definem autonomamente e com independên-
cia a sua orientação e atividade. Estas entidades podem ser subdivididas em três categorias:
Administração regional (autónoma) - copia a organização das administrações direta e indireta do Es-
tado, aplicando-a a uma região autónoma (exemplos: Administração Regional dos Açores e Adminis-
tração Regional da Madeira);
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Administração local (autónoma) - copia a organização das administrações direta e indireta do Estado,
aplicando-a a um nível local (exemplos: Município do Porto e Freguesia de Alcântara);
Associações públicas - pessoas coletivas de natureza associativa criadas pelo poder público para as-
segurar a prossecução dos interesses não lucrativos pertencentes a um grupo de pessoas que se or-
ganizam para a sua prossecução (exemplo: Ordem dos Engenheiros).
CAPÍTULO VII
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
Tenho uma postagem que explica estes princípios mais detalhadamente: Administração pública: Prin-
cípios básicos
I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 19, de 1998)
Art 5º lei 8.112/90 São requisitos básicos para investidura em cargo público: a nacionalidade brasileira;
o gozo dos direitos políticos; a quitação com as obrigações militares e eleitorais; o nível de escolaridade
exigido para o exercício do cargo; a idade mínima de dezoito anos; aptidão física e mental. No art. 207
da Constituição Federal permite que professores, técnicos e cientistas estrangeiros sejam contratados
pelas Universidades Federais, porém esta regra também depende de lei (Lei 9.515/97).
Cargos efetivos e empregos públicos são preenchidos por concursos (prova ou prova e títulos) e os
cargos comissionados são de livre nomeação e exoneração.
III – o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período;
VII – o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
VIII – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de defici-
ência e definirá os critérios de sua admissão;
Estes critérios são definidos para saber qual cargo público ele poderá exercer devido a sua deficiência,
pois conforme sua deficiente ele não conseguirá desempenhar bem determinadas funções
IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público;
X – a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão
ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento)
Teto nacional (subsídio do ministro do STF), igual para todos os poderes. O teto é somando todos os
ganhos do agente político.
XII – os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores
aos pagos pelo Poder Executivo;
XII – os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores
aos pagos pelo Poder Executivo;
Estes vencimentos são para cargos semelhantes entre os poderes, mas fica claro que não pode ser
maior do que o executivo, mas não necessariamente iguais.
Para evitar que sempre que aumente a remuneração de um cargo force o aumento de outro cargo
XIV – os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumu-
lados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)
Caso o funcionário for receber alguns benefícios extras ele será calculado somente sobre o recebi-
mento básico.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
XVI – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade
de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 19, de 1998)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;(Redação dada pela Emenda Constituci-
onal nº 19, de 1998)
É vedado apenas para cargos públicos e não privados, sendo que terá que ter a compatibilidade de
horário.
XVIII – a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Autarquia é criada por lei especifica e a empresa pública, sociedade de economia mista e fundação
são autorizadas. As fundações são criadas por lei complementar
XX – depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades men-
cionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
Autarquias, empresas públicas, sociedade de economia mista e fundações podem criar subsidiárias ou
participar de empresas privadas mediante autorização legislativa.
Lei 8.666 que institui normas para licitações com o objetivo de igualdade de condições para todos os
concorrentes
XXII – as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ativi-
dades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão
recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com
o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
A administração tributária é essencial para a sobrevivência do Estado que terá funcionário de carreira
específica como recursos prioritários para exercer sua função. E para ajudar na coleta de tributos eles
compartilham cadastros e informações
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Princípio da impessoalidade: A administração tem que tratar todos de forma igual sem discriminações
ou benefícios. O ato administrativo e público não pode tem influência de interesses pessoais.
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da
autoridade responsável, nos termos da lei.
Cargos efetivos e empregos públicos preenchidos por concursos e os prazos de validade de não forem
observados corretamente poderá anular o concurso e punir a autoridade.
II – o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado
o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III – a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun-
ção na administração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Este inciso foi criado pela emenda constitucional 19 de 98, devido ao princípio da eficiência, para ajudar
o usuário de serviços públicos para poder reclamar ou criticar.
Ato de improbidade administrativa suspende os direitos políticos e perda de função pública. Atenção,
no Brasil não tem perda (cassação) de direito político. Costumam em questões de concursos inverter
a situação do texto.
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
O setor público que presta serviço para nós, se nos causar prejuízo deverá nos pagar, mas a entidade
poderá caso comprove erro pedir restituição ao funcionário que cometeu o erro.
Estão sujeitos às condições estabelecidas nesta Lei os ocupantes dos cargos de direção dos seguintes
órgãos e entidades: Banco Central do Brasil, BNDES, Superintendência de Seguros Privados, Comis-
são de Valores Mobiliários, Secretaria da Receita Federal, Departamento de Aviação Civil e Infraero.
Por um período de 6 (seis) meses após a exoneração do cargo ou o término do mandato, é o ex-titular
impedido de exercer qualquer atividade profissional, com ou sem vínculo empregatício, para empresa
privada, nacional ou estrangeira, que opere em segmento de mercado situado na área de jurisdição
administrativa ou operacional do respectivo órgão ou entidade.
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Amplia a autonomia em troca de meta de desempenho. Este parágrafo autoriza a existência das Agên-
cias executivas (órgão ou entidade que vai celebrar um contrato de gestão com a administração pública
em troca de metas de desempenho).
Caso estas empresas tenham autonomia total financeira e não dependam de recursos da União ela
não estará sujeita ao teto de subsídios do inciso XI, podendo receber mais do que o ministro do STF.
Sabendo que os Art 40 (aposentadoria em cargo efetivo) e os arts 42 e 142 (aposentadoria militar),
podemos dizer então que se uma pessoa esta aposentada em cargo efetivo ou em cargo de natureza
militar, ela não poderá mais ter outro cargo na administração pública, a não ser se eles já fossem
acumulados na ativa.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei.(Incluído pela Emenda Constitucional
nº 47, de 2005)
Indenizatórios seriam custos que teve como viagens, auxilia moradia, diárias, ou seja, estes valores
não somam para efeito de teto remuneratório.
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a
noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais
e Distritais e dos Vereadores.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
Os Estados e DF podem fixar como teto remuneratório o salário dos Desembargadores do Tribunal de
Justiça, limitado a 90,25% do ministro do STF excluindo os deputados estaduais e distritais e dos ve-
readores.
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
I – tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego
ou função;
II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração;
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
IV – em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
Para servidores eleitos da administração direta, autarquia e fundacional (pessoa jurídica de direito pú-
blico), ele será afastado de seu cargo, emprego ou função. Os eleitos para prefeito são afastados, mas
pode escolher a remuneração. Os vereadores que conseguem compatibilizar o horário podem receber
as duas remunerações, mas se não tiver esta compatibilidade de horário poderá escolher a remunera-
ção maior.
Seção II
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competên-
cia, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das
autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4)
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de ad-
ministração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Pode-
res. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4)
Este artigo que foi alterado pela emenda constitucional nº19 de 1998 acabou sendo suspenso pelo STF
por que este artigo não foi aprovado em dois turnos, valendo a redação anterior. Valendo então o
regime jurídico único no serviço público federal.
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório ob-
servará:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III – as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o aper-
feiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisitos para
a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes
federados.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
As entidades políticas tem que ter escola do governo para aperfeiçoamento e formação de servidores
públicos
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admis-
são quando a natureza do cargo o exigir.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Enuncia quais são os incisos do artigo 7º da CF que se aplica ao servidor público, ou seja, quais são
os direitos trabalhistas que o servidor público tem protegido
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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre
a maior e a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no
art. 37, XI.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
A União, estados e DF e municípios podem definir a relação entre menor e maior remuneração, mas
devem obedecer a lei do teto remuneratório expresso no artigo 37 XI
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos
orçamentários provenientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia e funda-
ção, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a
forma de adicional ou prêmio de produtividade.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Quando um órgão público economiza dinheiro com despesas corrente (papel, lápis, sabonetes e etc..),
esta lei diz que este dinheiro deverá ser utilizado para treinamento e melhoria no serviço público, po-
dendo até dar prêmio de produtividade.
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do
§ 4º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Por subsídio.
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter
contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inati-
vos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o dis-
posto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
Este artigo assegura o plano de previdência social próprio na União, estados e municípios. Os municí-
pios que não tem plano próprio serão protegidos pelo INSS.
§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados,
calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17:(Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
III – voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes con-
dições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de
idade e trinta de contribuição, se mulher;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98)
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos
proporcionais ao tempo de contribuição.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
Fala sobre formas de aposentadoria: por invalidez permanente, com proventos proporcionais ao tempo
de contribuição; aposentadoria compulsória aos 70 ou 75 anos ( lei complementar 152/2015) e volun-
tária com tempo mínimo de 10 anos de efetivo serviço público e 5 anos naquele cargo que irá aposentar
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Pensionista e aposentados não podem receber proventos maiores do que o salário do servidor na ativa.
§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas
as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência
de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº
41, 19.12.2003)
II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
Pelo regime próprio de aposentadoria não pode haver critérios diferenciados salvo portadores de defi-
ciência (aposentadoria especial), que exerçam atividades de risco (Ex: polícia) e atividade com risco
(Ex.: trabalha com amianto ou mergulhador)
O disposto no §1º, III, “a” diz que o homem aposenta com 60 anos e 35 anos de contribuição e a mulher
com 55 anos e 30 anos de contribuição, então este professor poderá tirar cinco anos nestes tempos.
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual:(Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
I – ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os
benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento
da parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; ou (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 41, 19.12.2003)
Pensão por morte. Leva-se em consideração o teto máximo (art 201) mais 70%
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§ 9º – O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria
e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.(Incluído pela Emenda Constituci-
onal nº 20, de 15/12/98)
Servidor em disponibilidade, ou seja, em casa não por culpa dele (ex: extinção de carreira), com isso
este tempo é contado.
§ 10 – A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício.(In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
Entende-se por tempo de contribuição fictício todo aquele considerado em lei como tempo de contri-
buição para fins de concessão de aposentadoria sem que haja, por parte do servidor, a prestação de
serviço e a correspondente contribuição, cumulativamente.
§ 11 – Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades sujeitas
a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição de pro-
ventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.(Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 15/12/98)
O art 37, XI fala sobre o teto de rendimentos (Teto do âmbito federal, a remuneração do ministro do
STF). Com isso, se tiver duas aposentadorias, a soma não poderá ultrapassar este teto ou se tiver uma
aposentadoria e ainda exerce uma função também não poderá ultrapassar este teto.
§ 12 – Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo
efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência
social.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
O ocupante exclusivamente de cargo em comissão (não é o servidor público) aplica-se o regime geral
de previdência social (INSS) e o artigo 201 que disciplinará esta situação.
§ 14 – A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de previ-
dência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para
o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art.
201.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)
Se a União, estados e DF e municípios quiser utilizar o teto do INSS (art. 201), ele pode desde que
institua o regime de previdência complementar com adesão voluntária.
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do
respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por
intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão
aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição defi-
nida.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
O art. 202 diz que o regime de previdência privada , de caráter complementar e organizado de forma
autônoma em relação ao regime geral de previdência social e é facultativo. Os entes da federação não
podem enviar dinheiro a estes institutos de previdência, salvo na condição de patrocinador e mesmo
assim um valor pequeno dado pelo segurado. A modalidade definida significa que o servidor define o
quanto receberá no final.
§ 16 – Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado
ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do
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O servidor que entraram antes da criação do plano de aposentadoria complementar e ainda não tenha
sido publicado, ele receberá aposentadoria integral, pois não estará sujeito ao teto. Mas os servidores
que entrarem após a instituição do sistema estará sujeito ao teto, desde que o ente da federação tenha
aderido ao limite do INSS do art. 201.
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão
devidamente atualizados, na forma da lei.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de
que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores
titulares de cargos efetivos.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
O servidor admitido após 04/02/2013 passará a contribuir par o RPPS com 11% até o teto do RGPS, e
não mais sobre o total de sua remuneração como acontecia na regra anterior.
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria vo-
luntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de
permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para
aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)
Foi trazido por emenda constitucional que veio a dar ao servidor que quisesse permanecer no serviço
público uma vantagem para não se aposentar. Ele receberia um abono equivalente ao valor do que
seria descontado da contribuição previdenciária.
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores
titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente
estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 41,
19.12.2003)
O art. 142, § 3º, X dispõe sobre o ingresso nas forças armadas, limites, estabilidade para a inatividade,
direitos e deveres e etc.., ou seja, os militares seriam uma exceção que terá uma lei específica.Para os
outros fica vedada mais de um regime próprio de previdência social.
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de
aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do
regime geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na
forma da lei, for portador de doença incapacitante.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
Doença incapacitante é uma doença que impede ele de exercer sua função pública no cargo que exer-
cia. E só incidirá o imposto sobre o valor que receber a mais se o valor for o dobro que recebia.
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provi-
mento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
A emenda constitucional de nº19/98 teve como objetivo dar eficiência (princípio da eficiência) no sentido
de desburocratizar o aparato público. O servidor adquiri estabilidade com 3 anos de serviço
1º O servidor público estável só perderá o cargo:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
II – mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
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O servidor perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado, cabendo recurso.
Mediante procedimento administrativo que lhe seja assegurado defesa e mediante avaliação de de-
sempenho (eficiência, assiduidade, respeito aos superiores ou subordinados e etc..). Podemos Alencar
uma 4ª hipótese conforme artigo 169 parágrafo 4º da CF que também foi trazida pela PEC 19/98 que
dispões sobre redução de quadro de funcionários para redução de despesas.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado
em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço.(Re-
dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Costuma-se cair em concursos este parágrafo em concursos e normalmente eles alteram colocando
com direito a indenização. Então preste bem atenção neste detalhe. Quando um servidor é reintegrado
o outro que estava em seu lugar será transferido para outro cargo ou colocado em disponibilidade
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Comentaremos nesta página a seção “Dos Orçamentos” constante nos artigos 165 a 169 da
Constituição Federal de 1988.
Seção II
DOS ORÇAMENTOS
I – o plano plurianual;
II – as diretrizes orçamentárias;
Comentário: Estas três leis são de iniciativa do Poder Executivo e seria inconstitucional a iniciativa
da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.
Comentário: Plano Plurianual (PPA) aparece em questões, como está neste parágrafo, de forma
literal; outras vezes com redação trocada com trechos dos parágrafos seguintes, principalmente os
parágrafos 2º e 5º do Art. 165 que tratam, respectivamente, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei
orçamentária anual. O PPA é o orientador para os planos e programas nacionais, regionais e setoriais
previstas na Constituição, e não o contrário.
O projeto do plano plurianual terá vigência de 4 anos, terminando no final do primeiro exercício
financeiro do mandato presidencial subsequente, e será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa (Art. 35 do ADCT, § 2º, I). Esta regra não é de observância obrigatória aos Estados, DF e
Municípios.
O conteúdo deste parágrafo cai em provas de forma literal e também aparece com redação trocada
com trechos dos parágrafos 1º e 5º do Art. 165.
O projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro
período da sessão legislativa (Art. 35 do ADCT, § 2º, II). Esta regra não é de observância obrigatória
aos entes subnacionais. A LDO possui vigência anual.
§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Comentário: O PPA orienta a elaboração dos planos e programas nacionais, regionais e setoriais
previstos na CF, e não o contrário. Este parágrafo é objeto de algumas questões do CESPE.
O PPA possui vigência de 4 anos; e os planos e programas nacionais, regionais e setoriais não ficam
com a vigência vinculada ao PPA. O Plano Nacional de Educação, por exemplo, possui vigência de
10 anos, bem diferente da do PPA.
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
Comentário: A lei orçamentária anual (LOA) respeita princípios como universalidade, anualidade e
unidade. A existência dos três orçamentos: fiscal, investimento e seguridade social não implica em
haver desrespeito ao princípio da unidade, que diz que o orçamento deve ser um documento único
com as totalizações. A lei orçamentária anual consolida as informações dos três orçamentos. Cabe
destacar que provas tentam confundir trocando nomes dos três orçamentos por outros termos.
É importante compreender que o orçamento é uma lei formal, não cabendo classificar como lei
material.
O projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento
do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa (Art. 35 do
ADCT, § 2º, III). Esta regra não é de observância obrigatória aos entes subnacionais. A LOA possui
vigência anual.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Comentário: Este parágrafo aparece nas provas com frequência, pois expressa o princípio da
exclusividade. O princípio vem coibir a inclusão de matéria estranha na lei orçamentária (previsão de
receita e fixação de despesa), podendo excluir da proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares, e apenas esta espécie de crédito, assim como, excluir também da proibição, a
contratação de operações de crédito, incluindo as operações de crédito por antecipação de receita
orçamentária.
Assim, a LOA pode conter, mesmo com a exclusividade da matéria, créditos suplementares e
operações de crédito.
III – dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão
adotados quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e
limitação das programações de caráter obrigatório, para a realização do disposto no § 11 do
art. 166. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
Comentário: Este parágrafo aponta para assuntos que ao serem regulados precisa ser por Lei
Complementar. Aparece em provas a troca da informação de que será a “elaboração e a organização
do plano plurianual” regulada por lei ordinária, o que está errado. Será por lei complementar a
disposição da elaboração e organização do plano plurianual.
Ressalta-se que não existe lei complementar regendo os assuntos apontados. Não foi pelo processo
legislativo produzida norma que regulasse todo o exposto neste parágrafo.
Questões de Provas
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
(A) A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, os
objetivos e as metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas
decorrentes, assim como para as relativas aos programas de duração continuada.
(C) À lei ordinária cabe dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a
organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual.
(D) A lei orçamentária anual não poderá conter dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
(E) A lei orçamentária anual compreenderá o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus
fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo Poder Público.
( ) A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
( ) A lei orçamentária anual deve compreender o orçamento fiscal referente aos Poderes Executivo,
Judiciário e Legislativo, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
( ) Os recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em razão de veto do projeto de lei
orçamentária anual, poderão ser utilizados mediante créditos especiais ou suplementares, conforme o
caso, desde que com prévia e específica autorização legislativa.
( ) É permitida a vinculação das receitas próprias, geradas pelos impostos municipais e pela
arrecadação do Imposto de Renda, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos pelos municípios e
suas autarquias, para a prestação de garantia ou contragarantia à União.
(A) F, V, V e F.
(B) F, V, V e V.
(C) V, F, V e F.
(D) V, F, F e F.
(E) V, V, F e V.
B) o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
E) normas de gestão financeira e patrimonial da Administração Direta e Indireta bem como condições
para a instituição e funcionamento de fundos.
29 – (2015 – CESPE – MPOG & ENAP – Cargo 22: TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR) A função de
reduzir desigualdades inter-regionais, atribuída aos orçamentos, orienta a elaboração do orçamento
da seguridade social no sentido de destinar proporcionalmente maiores números e valores de
benefícios previdenciários para as regiões mais pobres do país.
30 – (2015 – CESPE – MPOG & ENAP – Cargo 22: TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR) Conforme
determinação da CF, o plano plurianual deve ser elaborado em consonância com os planos e
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
programas nacionais, regionais e setoriais. A explicação para essa vinculação reside no fato de que
tais planos e programas apresentam maior duração e são mais específicos.
B) orçamento-programa.
C) LDO.
E) PPA.
Gabarito
1C
2C
3E
4E
5E
6C
7E
8E
9C
10 E
11 E
12 E
13 E
14 E
15 C
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
16 E
17 C
18 E
19 C
20 C
21 C
22 E
23 C
24 E
25 C
26 B
27 C
28 C
29 E
30 E
31 C
32 E
33 E
34 E
Comentário: Este artigo cuida do processo legislativo orçamentário que inclui o recebimento das
propostas de leis orçamentárias do Executivo, seu exame, discussão e votação pelos parlamentares.
É no âmbito do processo legislativo orçamentário que os parlamentares das duas casas (Câmara dos
Deputados e Senado Federal) alteram a proposta do Executivo.
O artigo 166 da CF trata do processo de formação das leis orçamentárias pelo congresso nacional. O
trabalho de processo legislativo orçamentário parte de uma proposta de lei apresentada pelo poder
Executivo e tem seu término com a deliberação pelos parlamentares, podendo resultar em nova lei ou
arquivamento do projeto.
Os projetos de leis orçamentárias estão aqui compreendidos no sentido amplo, pois inclui os projetos
de lei do PPA, da LDO, da LOA e créditos adicionais.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
I – examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas
apresentadas anualmente pelo Presidente da República;
Os trabalhos desenvolvidos pela comissão podem contar com a atuação de outras comissões do
Congresso Nacional, da Câmara ou do Senado. A CMO conta, quando na apreciação de projeto de
lei orçamentária, com colaboração de Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal.
§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e
apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.
Os projetos de leis orçamentárias após recebidos pelo legislativo, tramitam no âmbito da CMO com
finalidade de receber emendas, os relatórios pertinentes e parecer do plenário da comissão mista.
Este parecer da CMO segue para votação no Congresso Nacional.
b) serviço da dívida;
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Comentário: É possível fazer emenda ao projeto de lei orçamentária com objetivo de alterar texto, a
receita ou a despesa. Este terceiro parágrafo do Art. 166, pela sua redação, trata da emenda de
despesa, que pode ser de remanejamento, de apropriação ou de cancelamento, e assim como traz
condições restritivas para se modificar o projeto de lei.
Inicialmente, a emenda de despesa para ser aprovada precisa ser compatível com a lei do plano
plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Além disso, a emenda precisa indicar os recursos
necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesas, excluídas as que incidam
sobre: dotações para pessoal e seus encargos, serviço da dívida, e transferências tributárias
constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal. Estas dotações, a priori, não podem ser
usadas como fonte para emenda, precisando ser mantidas conforme foi apresentada pelo Poder
Executivo no projeto de lei.
O inciso III prevê a aprovação de emenda desde que esteja relacionada com dispositivos do texto do
projeto de lei ou com correção de erros ou omissões. E é justamente com base nisto, na correção de
erros e omissões, que é possível anular as despesas (ou usar como fonte) dotações de pessoal e
seus encargos, do serviço da dívida ou de transferências constitucionais aos entes subnacionais para
aprovação de emenda (§ único do art. 41 da Resolução n. 01/2006 – Congresso Nacional).
Por último, para questões de provas, deixe evidente que a fonte de recurso usada para emenda deve
vir de anulação de outra despesa.
Comentário: Emenda à LDO precisa, para aprovação, estar compatível com o PPA. Isto indica uma
estruturação entre as leis orçamentárias. A LDO é elaborada em conformidade com o PPA e isto
deve refletir para as modificações propostas pelos parlamentares no processo legislativo. Assim, para
aprovação de emenda à LDO há que a modificação pleiteada estar compatível com o PPA.
Proposta de modificação do projeto de lei orçamentária anual enviada pelo Presidente da República
ao Congresso Nacional, somente será apreciada se recebida até o início da votação do Relatório
Preliminar na CMO (Art. 28 da Resolução n. 01/2006 – Congresso Nacional).
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Comentário: Não existe lei complementar que regule os assuntos do art. 165, § 9º. Diante da não
existência de lei complementar regulando os assuntos do § 9º do Art. 165 da Constituição, outras
disposições legais regulam alguns de seus pontos. Assim é o caso dos prazos para envio pelo Poder
Executivo dos projetos de leis orçamentarias e, na sequência, a devolução pelo Poder Legislativo
para sanção.
O projeto de LDO será encaminhado ao Congresso Nacional até oito meses e meio antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido ao Poder Executivo para sanção até o
encerramento do primeiro período da sessão legislativa (Inciso II, § 2º, do art. 35, ADCT).
O projeto de lei orçamentária da União será encaminhado ao Congresso Nacional até quatro meses
antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido ao Poder Executivo para sanção até o
encerramento da sessão legislativa (Inciso III, § 2º, do art. 35, ADCT).
§ 7º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto
nesta seção, as demais normas relativas ao processo legislativo.
Comentário: Este parágrafo evidencia que há um processo legislativo especial e com regras próprias
para as leis orçamentárias (PPA, LDO, LOA e créditos adicionais). Assim é o caso de dizer que o
processo legislativo, quando não contrariar, pode ser aplicado ao processo legislativo orçamentário.
As leis orçamentárias têm prazos marcados para início e término do processo legislativo. Há prazo
para envio da proposta de lei pelo Poder Executivo assim como para a devolução para sanção pelo
Poder Legislativo.
Comentário: Há uma leitura de que este parágrafo traz a solução no caso de rejeição do projeto de
lei orçamentária. Assim, ocorrendo a rejeição do projeto de LOA, os recursos ficam sem a despesa
correspondente, o que para solução seriam abertos créditos especiais ou suplementares, com prévia
e específica autorização legislativa.
Uma solução possível, diante da rejeição do projeto de LOA, é iniciar novo processo legislativo
orçamentário, pois não cabe crédito suplementar sem dotações previamente autorizadas. Não é
possível o raciocínio de fazer projetos para abertura de crédito suplementar quando o projeto de LOA
foi rejeitado. O que se suplementará? Qual dotação receberá reforço se não há dotação autorizada?
Quanto ao veto, isto pode caber quando são vetos parciais. O recurso decorrente do veto, caso sem
despesa correspondente, pode ser utilizado para abertura de crédito suplementar ou especial, após
prévia e específica autorização legislativa. Por outro lado, se é veto da lei por inteira, caberia, por
uma solução possível, iniciar novo processo legislativo com nova proposta de lei. Até porque a
abertura de crédito suplementar só se cabe fazer quando se busca suplementar uma dotação
aprovada originalmente na LOA. Sendo falta de lógica buscar abertura de crédito suplementar
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
quando não existe LOA aprovada com dotações autorizadas. Crédito suplementar é justamente para
reforçar uma dotação existente.
E quanto à emenda, caberia usar o recurso correspondente para outra despesa a partir de crédito
suplementar ou especial, caso a emenda seja de cancelamento de despesa e baseada em estimativa
de recurso que historicamente se realiza.
Como esclarecimento, ainda não houve rejeição do projeto de LOA pelo Congresso Nacional ou veto
total pelo Poder Executivo, pelo menos na esfera federal.
Comentário: Este parágrafo foi incluído pela Emenda Constitucional n. 86, que inaugura o
Orçamento Impositivo. A execução orçamentária e financeira obrigatória veio para as emendas
parlamentares individuais. Pode-se discutir que há tantos programas e ações do orçamento
interessantes ou até mais necessárias, porém foram as emendas individuais que receberam do
trabalho legislativo do Congresso Nacional a obrigatoriedade de execução.
A regra deste parágrafo reserva do projeto de LOA 1,2% da Receita Corrente Líquida (RCL) para as
emendas parlamentares individuais. Deste percentual, os parlamentares terão que destinar a metade
para ações e serviços públicos de saúde, ou seja, 0,6% da RCL serão de emendas individuais para a
saúde.
É interessante, por outro lado, saber que existe emenda individual, emenda de bancada e emenda de
comissão. Emenda individual é apresentada por cada Deputado ou Senador individualmente.
Emenda de bancada é apresentada por cada bancada estadual no Congresso no âmbito dos
interesses do estado ou Distrito Federal. E emenda de comissão é apresentada por comissões
permanentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados e pelas comissões mistas
permanentes do Congresso Nacional, dentro das competências regimentais.
E por último, se a questão de prova vier dizendo que as modificações propostas pelos parlamentares
podem desfigurar o projeto de lei, não siga esse raciocínio, pois é possível que o trabalho do
legislativo aprimore a proposta do Executivo. Então se a questão marcar que os parlamentares
desfiguram o projeto de lei orçamentária, marque como incorreta.
Comentário: Este parágrafo expressa que o valor das emendas parlamentares individuais destinado
à saúde (a metade das emendas parlamentares individuais ou 0,6% da RCL) é contabilizado para
alcançar o cumprimento da aplicação mínima de 15% da RCL pela União, a cada ano.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Além disso, outra mudança trazida pela Emenda Constitucional n. 86 foi a aplicação mínima de 15%
da RCL na saúde, pela União, a cada ano.
Assim, fazendo a conexão, o décimo parágrafo do artigo 166 da CF diz que o valor destinado pelas
emendas parlamentares individuais (0,6% da RCL) será contabilizado com finalidade de cumprir a
aplicação mínima de 15% da RCL na saúde, pela União, a cada ano.
Deste modo, mesmo a União transferindo por emenda parlamentar, mesmo sendo resultado de
modificações propostas por deputados e senadores, o valor transferido será utilizado para apuração
do cumprimento da aplicação mínimo de 15% da RCL na saúde.
A ressalva que se faz no final: é possível a União transferir recursos para custeio, porém é vedada a
destinação para pagamento de pessoal ou encargos sociais. Isto se deve ao pensamento de que
pessoal e encargos sociais devem ser pagos pelo próprio ente, sem depender de transferências para
tais despesas.
Comentário: Este parágrafo aponta ser de execução obrigatória as emendas individuais no montante
correspondente a 1,2% da RCL (Receita Corrente Líquida) realizada no exercício anterior. Com esta
regra, as emendas individuais executadas em 2017 corresponderão ao montante de 1,2% da RCL
realizada no ano de 2016.
Lembrar que o percentual de execução e de aprovação das emendas individuais na LOA é 1,2% da
RCL, porém há diferenças. Na execução das emendas individuais, o montante é de 1,2% da RCL
realizada no exercício anterior. Já na aprovação das emendas individuais à LOA é 1,2% da RCL
proposta no projeto de lei encaminhado pelo Poder Executivo.
A aprovação das emendas individuais à LOA até o limite de 1,2% da RCL prevista no projeto enviado
pelo Executivo.
Por outro lado, é obrigatório executar as emendas individuais em montante correspondente a 1,2% da
RCL realizada no exercício anterior.
E por último, lembrando que não há lei complementar que regule o expresso no art. 165, § 9º, da CF,
então não está, pelo menos por lei complementar, exposto os critérios para a execução equitativa das
emendas individuais.
Comentário: As emendas parlamentares são executadas por meio de transferências dos recursos via
celebração de convênios, contratos de repasse e termos de colaboração ou parceria.
Quando disser convênio, no singular ou no plural, esta expressão resumirá todos os acordos
celebrados para transferência de recursos originados de emendas parlamentares, incluindo
convênios, contratos de repasse, termos de colaboração, termos de parceria e termos de fomento.
Deste modo, a execução da emenda individual ganhará o carimbo de impedimento de ordem técnica,
ficando sem obrigatoriedade de execução, quando os envolvidos não tiverem condições de celebrar o
convênio.
Quem se interessar por ver os itens que geram impedimento de ordem técnica para execução de
emenda parlamentar pode recorrer ao Portal dos Convênios do Governo Federal.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
E adiantando alguns considerados impedimentos de ordem técnica estão: o parlamentar não indicar
os beneficiários de suas emendas e os beneficiários das emendas não apresentarem a proposta e
plano de trabalho ou apresentarem de forma inadequada ou incompatível com a ação orçamentária.
Comentário: Lembrando que as emendas individuais são executadas com transferência de recursos
da LOA da União via convênios. Deste modo, antes da Emenda Constitucional n. 86, para a
celebração de convênio havia necessidade de adimplência do beneficiário dos recursos federais. Os
entes federativos subnacionais (Estados, Distrito Federal e Municípios) deveriam estar adimplentes
com as prestações de contas dos recursos recebidos anteriormente, dentre outras exigências
estabelecidas na LRF, tais como: cumprimento de limites constitucionais com aplicação de recursos
na educação e saúde, observar os limites de dívida, de operações de crédito e inscrição em Restos a
Pagar (Art. 25 da LRF).
Este regra tem efeitos na administração pública. Um ente público qualquer que tenha histórico de
recebimento de recursos federais e a respectiva aplicação não é, reiteradamente, comprovada na
finalidade acordada. Ou convênios com prestação de contas reprovadas. Nestes casos, como
transferir mais recursos?
Este parágrafo diz que independe da adimplência do beneficiário, caso ente subnacional, para
receber recursos originados de emendas individuais.
Por outro lado, na LRF está exposto que são transferências voluntárias a entrega de recursos a outro
ente federativo. Isso se justifica quando não decorre de lei ou qualquer ato normativa a transferência.
Portanto, a transferência é voluntária em decorrência da falta de obrigatoriedade de entregar os
recursos.
Agora cabe rever a expressão “transferência voluntária”, pois as emendas individuais se tornaram
impositivas, recebendo caráter de obrigatoriedade. A revisão da expressão pode ser no sentido de
incluir outra que expresse melhor o fenômeno. Nesse sentido, a expressão “transferência impositiva”
dos recursos pode explicar a existência de fração significativa de convênios celebrados que tem
obrigatoriedade de execução.
Por último, os recursos recebidos de emendas individuais pelos entes subnacionais não entram na
base de cálculo da RCL para não impactar a apuração do limite de gasto com pessoal.
I – até 120 (cento e vinte) dias após a publicação da lei orçamentária, o Poder Executivo, o
Poder Legislativo, o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública enviarão ao
Poder Legislativo as justificativas do impedimento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
86, de 2015)
II – até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso I, o Poder Legislativo
indicará ao Poder Executivo o remanejamento da programação cujo impedimento seja
insuperável; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
III – até 30 de setembro ou até 30 (trinta) dias após o prazo previsto no inciso II, o Poder
Executivo encaminhará projeto de lei sobre o remanejamento da programação cujo
impedimento seja insuperável; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
IV – se, até 20 de novembro ou até 30 (trinta) dias após o término do prazo previsto no inciso
III, o Congresso Nacional não deliberar sobre o projeto, o remanejamento será implementado
por ato do Poder Executivo, nos termos previstos na lei orçamentária. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 86, de 2015)
Comentário: Este parágrafo trata das emendas individuais que recebem notificação de impedimento
de ordem técnica.
Os incisos destacam os prazos para notificação e remanejamento de dotação para superar a situação
de impedimento de ordem técnica com finalidade de executar a emenda individual.
O último inciso do parágrafo destaca que se o Congresso Nacional não deliberar sobre o
remanejamento para superar o impedimento, o remanejamento será feito pelo Executivo.
Comentário: Este parágrafo expressa sobre a não obrigatoriedade de execução, caso a emenda
individual mantenha o impedimento de ordem técnica, após os prazos apontados no inciso IV, do
parágrafo anterior.
§ 16. Os restos a pagar poderão ser considerados para fins de cumprimento da execução
financeira prevista no § 11 deste artigo, até o limite de 0,6% (seis décimos por cento) da receita
corrente líquida realizada no exercício anterior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de
2015)
Comentário: Este parágrafo permite a inclusão dos restos a pagar, até o limite de 0,6% da RCL
realizada no exercício anterior, no montante de execução impositiva das emendas individuais.
O destaque desta previsão foi para o ano de entrada em vigor da Emenda Constitucional n. 86, pois
os restos a pagar poderiam ser incluídos na imposição de execução das emendas individuais. Assim,
já teriam valores de anos anteriores, liquidados ou não, para executar quando da entrada em vigor da
Emenda Constitucional.
§ 17. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não
cumprimento da meta de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, o
montante previsto no § 11 deste artigo poderá ser reduzido em até a mesma proporção da
limitação incidente sobre o conjunto das despesas discricionárias. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 86, de 2015)
Comentário: Este parágrafo busca dar segurança às emendas parlamentares diante de não
cumprimento das metas de resultado fiscal. Busca criar uma equivalência entre as despesas
discricionárias e as emendas individuais. A proporção reduzida das despesas discricionárias é o limite
de redução das emendas parlamentares.
O Executivo na hora de reduzir despesas não poderá cortar as emendas parlamentares individuais,
antes que corte das despesas discricionárias.
Comentário: Este parágrafo traduz a disputa dos parlamentares pela execução orçamentária e
financeira de suas emendas. A inclusão dos critérios igualdade e impessoalidade para a execução
das emendas busca não criar distinções entre os parlamentares.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Pode-se o parlamentar com bom relacionamento com o governo ter mais recursos de emendas
liberadas.
Como exemplificação da liberação de emendas por autoria segue o quadro dos 10 parlamentares
com maiores liberações de recursos (Dados extraídos do Painel de Emendas, disponível no sítio do
Senado Federal).
Questões de Provas
4 – (2015 – CESPE – DEPEN – AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL) A lei orçamentária anual deve
incluir orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a
maioria do capital social votante; no entanto, a autorização para a abertura de crédito suplementar
deve ser conteúdo de lei complementar específica.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
GABARITO
1E
2C
3E
4E
5C
6E
7C
8E
Comentário: Esta vedação é coerente quando se tem o orçamento anual como o documento
definidor de quais programas e projetos vão receber recursos para execução. Desse modo, não
estando incluso determinado programa ou projeto no orçamento anual, não se pode iniciar sua
execução.
Este inciso traz a vedação de criação de despesas além dos créditos orçamentários e, se houver, dos
créditos adicionais.
III – a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade
precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
Lembrando que operações de crédito é fonte de recurso para créditos suplementares e especiais
previsto no inciso IV, § 1º, art. 42, da Lei 4320.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º
deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
3. Ressalva da vedação (não é vedado vincular): a destinação de recursos para as ações e serviços
públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino (arts. 198, § 2º e 212);
5. Ressalva da vedação (não é vedado vincular): prestação de garantias às operações de crédito por
antecipação de receita (art. 165, § 8º);
Comentário: Este inciso busca proibir o manejo dos recursos pelo poder que os detêm e quem acaba
por sentir mais os efeitos desta vedação é o Poder Executivo. Assim, para se fazer movimentação de
recursos (remanejamento, transferência ou transposição) há que ser autorizado pelo Legislativo.
A ideia de orçamento para período determinado de tempo visa estabelecer autorizações de gastos
em valores definidos. Assim, é vedada a concessão, autorização legislativa ou utilização de créditos
ilimitados.
VIII – a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e
da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e
fundos, inclusive dos mencionados no art. 165, § 5º;
Comentário: Esta vedação é importante, pois impede a utilização dos recursos dos orçamentos fiscal
e da seguridade para cobrir necessidades ou déficit de empresas, fundações ou fundos.
Por outro lado, se houver autorização legislativa específica, é possível utilizar recursos desses dois
orçamentos para cobrir necessidades ou déficits de empresas, fundações, fundos, inclusive usar um
orçamento como fonte de recursos para outro (Ex. recurso do orçamento fiscal para o de
investimento).
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Comentário: Esta é a segunda vedação relativa a fundos neste artigo. A primeira está no inciso IV,
que veda a vinculação de receita de imposto a fundos. E a segunda vedação é esta, quanto a
instituição de fundos de qualquer natureza sem autorização legislativa.
A condição de autorização legislativa impede que o Poder Executivo, por si, institua fundo. Desse
modo, há que buscar autorização do Poder Legislativo para instituir fundo.
Comentário: Este inciso veda o pagamento de pessoal com recursos vindos de transferência
voluntária e empréstimos.
XI – a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195,
I, a, e II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral
de previdência social de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)
Comentário: Este parágrafo é uma fonte de pegadinha para as bancas de concursos. Inicialmente,
para o investimento ser executado por mais de um exercício financeiro há que estar no PPA ou em lei
que autorize sua inclusão. Caso isso não seja atendido há risco de responder por crime de
responsabilidade.
A negação deste parágrafo está em executar investimento por mais de um exercício financeiro sem
sua inclusão no PPA.
Comentário: Também é usado este parágrafo pelas bancas de concursos para pegar candidatos
com pouco espaço na memória para lembrar que os créditos especiais e extraordinários, se abertos
nos últimos quarto meses do exercício financeiro, podem ser reabertos pelos seus saldos no
exercício financeiro seguinte, incorporando-se ao orçamento.
A regra dos créditos adicionais é pertencer ao exercício financeiro da respectiva abertura. Esta regra
é para os créditos suplementares, especiais e extraordinários. A ressalva cabe apenas aos especiais
e extraordinários, se abertos nos últimos 4 meses do exercício financeiro.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A Constituição de 1988 permite abrir o crédito extraordinário por medida provisória. Esta é a única
possibilidade de uso de medida provisória no âmbito de orçamento público.
Comentário: O parágrafo ressalva a vedação ao inciso VI deste artigo, para o âmbito da ciência,
tecnologia e inovação, facilitando a movimentação dos recursos nesta área.
Questões de Provas
8 – (2015 – CESPE – DEPEN – AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL) A lei orçamentária anual deve
incluir orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a
maioria do capital social votante; no entanto, a autorização para a abertura de crédito suplementar
deve ser conteúdo de lei complementar específica.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
( ) A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, inclusive quanto à autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de
operações de crédito, ainda que por antecipação de receita.
( ) A lei orçamentária anual deve compreender o orçamento fiscal referente aos Poderes Executivo,
Judiciário e Legislativo, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público.
( ) Os recursos que ficarem sem despesas correspondentes, em razão de veto do projeto de lei
orçamentária anual, poderão ser utilizados mediante créditos especiais ou suplementares, conforme o
caso, desde que com prévia e específica autorização legislativa.
( ) É permitida a vinculação das receitas próprias, geradas pelos impostos municipais e pela
arrecadação do Imposto de Renda, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos pelos municípios e
suas autarquias, para a prestação de garantia ou contragarantia à União.
(A) F, V, V e F.
(B) F, V, V e V.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
(C) V, F, V e F.
(D) V, F, F e F.
(E) V, V, F e V.
D) a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa ou sem indicação
de recursos.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
a) a União, mediante a edição pelo Presidente da República de medida provisória, poderá instituir
empréstimos compulsórios para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade
pública.
c) a edição pelo Presidente da República de medida provisória é o meio legislativo mais adequado à
abertura de crédito orçamentário extraordinário para atender a despesas imprevisíveis e urgentes
decorrentes de calamidade pública.
d) a União poderá instituir empréstimos compulsórios, de natureza tributária, para atender a despesas
ordinárias decorrentes da mobilização administrativa permanente referida ao gerenciamento de riscos
e desastres.
A) Age em conformidade com os dispositivos legais a autoridade pública que abre créditos
extraordinários, sem a autorização do legislativo, em casos de calamidade pública.
B) O pagamento de despesas de pequeno vulto sem previsão orçamentária pode ser realizado
mediante a abertura de créditos adicionais extraordinários autorizados na lei orçamentária anual.
C) A classificação dos créditos adicionais está prevista em quatro tipos: suplementares, especiais,
extraordinários e superavitários.
D) A variação de preços de bens e serviços no decorrer do exercício financeiro não é fato justificável
para solicitação de abertura de créditos suplementares.
Gabarito
1–E
2–E
3–C
4–E
5–E
6–C
7–C
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
8–E
9–C
10 – C
11 – E
12 – C
13 – E
14 – E
15 – E
16 – B
17 – E
18 – E
19 – E
20 – C
21 – C
22 – A
23 – C
24 – C
25 – A
Há uma leitura de que os duodécimos deveriam ser organizados por meio de entendimento entre os
poderes até a vinda de lei complementar regulando o assunto. Como expressão dessa leitura:
“Acrescente-se, a título de ilustração, que as cotas não são duodecimais, dependendo de critérios
que devem ser acordados entre os Poderes e fixados em lei própria, até que a lei complementar de
que trata o § 9º, do art. 165, da Constituição Federal entre em vigor” (REIS, Heraldo da Costa &
MACHADO JÚNIOR, José Teixeira. A LEI 4.320 COMENTADA E A LEI DE RESPONSABILIDADE
FISCAL. 34ª edição. Editora Lumem Juris / IBAM, pág. 102, 2012).
Haveria que até a vinda da lei complementar apontada no § 9º, art. 165, da CF de 1988, um acordo
entre os poderes para a efetivação das entregas dos duodécimos, observando a respectiva
programação da despesa.
Porém, o STF vem entendendo ser os duodécimos garantia de independência, não sujeitando a
programação financeira nem ao fluxo de receitas, conforme a decisão seguinte:
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
“Repasse duodecimal determinado no art. 168 da Constituição. Garantia de independência, que não
está sujeita a programação financeira e ao fluxo da arrecadação. Configura, ao invés, uma ordem de
distribuição prioritária (não somente equitativa) de satisfação das dotações orçamentárias,
consignadas ao Poder Judiciário.” (MS 21.450, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ de 5-6-1992.)
Este tipo de decisão do STF vem sendo reiterado, no sentido de haver pontualidade na entrega dos
duodécimos, conforme a decisão seguinte.
“A Segunda Turma deferiu parcialmente medida liminar em mandado de segurança impetrado contra
ato omissivo. No caso, houve atraso no repasse dos recursos correspondentes às dotações
orçamentárias destinadas ao Poder Judiciário do Rio de Janeiro. O Colegiado assegurou ao Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) o direito de receber, até o dia vinte de cada mês, em
duodécimos, os recursos correspondentes às dotações orçamentárias. [MS 34.483, rel. min. Dias
Toffoli, j. 22-11-2016, 2ª T, Informativo 848.]”
Possivelmente, pode haver recebimento de recurso para uma dada natureza de despesa que ainda
não será objeto de despesa naquele mês de referência ao respectivo duodécimo. Pode ocorrer o
recebimento de duodécimo, por exemplo, no mês de fevereiro, mas que seja empenhada e liquidada
a despesa para determinada natureza de despesa mais para frente.
“Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, o Ministério Público da União e a Defensoria Pública
da União deverão elaborar e publicar por ato próprio, até trinta dias após a publicação da Lei
o
Orçamentária de 2018, cronograma anual de desembolso mensal, por órgão, nos termos do art. 8 da
Lei de Responsabilidade Fiscal, com vistas ao cumprimento da meta de resultado primário
estabelecida nesta Lei” (caput do Art. 55, da Lei n. 13.473/2017 – LDO/2018).
E mais adiante ressalta a observância do cronograma de desembolso mensal, com ressalvas, como
está a seguir:
o
“§ 3 Excetuadas as despesas com pessoal e encargos sociais, precatórios e sentenças judiciais, os
cronogramas anuais de desembolso mensal dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério
Público da União e da Defensoria Pública da União terão como referencial o repasse previsto no art.
168 da Constituição, na forma de duodécimos.” (§ 3º do Art. 55 da Lei n. 13.473/2017 – LDO/2018).
Deste modo, as despesas dos poderes e órgãos diferentes do Executivo seguem sua execução de
despesas com base nos duodécimos e sem programação de despesa. Por outro lado, o cronograma
de desembolso mensal é o desembolso dos duodécimos.
Questão de Prova
1 – (2015 – CESPE – MPOG & ENAP – Cargo 22: TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR) A execução do
orçamento por duodécimos é reveladora da disposição de uma distribuição equitativa das despesas
ao longo do exercício.
Gabarito
1–E
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
Comentário: Os limites de despesa com pessoal dos entes federativos estão estabelecidos na Lei
Complementar n. 101/2000, nos artigos 19 e 20. Esta lei complementar é denominada de Lei de
Responsabilidade Fiscal.
O limite de gasto com pessoal da União é de 50% da RCL (Receita Corrente Líquida), dos Estados
60% da RCL e dos Municípios 60% da RCL.
Ressalta-se que o limite de gasto com pessoal não é fixado pelo Poder Executivo. O Executivo, na
época, elaborou a proposta de lei complementar e encaminhou para discussão e votação do
Legislativo.
Assim, não há imposição de limite de gasto com pessoal por parte do Poder Executivo aos demais
poderes e órgãos.
Comentário: Os dois incisos deste parágrafo são as condições para alterações remuneratórias,
admissão de pessoal, concessão de aumento e demais elementos de natureza semelhante, no
âmbito do gasto com pessoal.
A prévia dotação orçamentária e a autorização específica na LDO são as condições para, por
exemplo, alterar a estrutura de carreiras. Caso exista apenas uma, tal como dotação orçamentária
para atender às projeções de gasto com pessoal, fica evidente que falta ainda a autorização
específica na LDO.
2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação
aos parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas
federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem
os referidos limites. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Assim, quando ultrapassado o limite total (100%) e não sendo reduzido no prazo de 2 quadrimestres
o excesso, o ente não poderá receber transferências voluntárias, obter garantia de outro ente e
contratar operações de crédito (incisos I, II e III do § 3º, do Art. 23, da LRF).
3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo
fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios adotarão as seguintes providências: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
I – redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções
de confiança; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
II – exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998) (Vide Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Comentário: Este parágrafo indica providências, no caso de não cumprimento dos limites de gasto
com pessoal. Entre as providências estão a redução de pelo menos 20% das despesas em cargos
em comissão e funções de confiança, e exoneração de servidores não estáveis.
Além disso, os incisos do § único do Art. 22 da LRF veda, quando excedido o gasto com pessoal em
95% do limite, a concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação remuneratória, criação de
cargos, emprego ou função, contratação de horas extras e provimento de cargo público.
Sabe-se, por outro lado, que a despesa com pessoal pode, porque esta vinculada a percentual da
RCL, subir ou diminuir sem o seu valor nominal sofrer grandes variações, em razão da alteração da
arrecadação. Caso a arrecadação diminua, a RCL, por consequência, tende a diminuir e os gastos
vinculados a percentual da RCL sofrem aumento.
Como exemplo, um dado Município gasta, ano de 20X0, com pessoal 46% da RCL, somando
Executivo e Legislativo. No ano de 20X1, com a redução da arrecadação e do recebimento de
repasses constitucionais e legais, a RCL diminuiu e a despesa com pessoal manteve o mesmo valor
nominal. Dessa forma, em dado quadrimestre de apuração, o gasto com pessoal atingiu o percentual
de 61% da RCL, ultrapassando o limite, em razão da redução de outro fator determinante – a
arrecadação – e não do aumento propriamente das despesas com pessoal.
Isto pode ensejar as providências de redução de gasto com pessoal, sem haver, de fato, por outro
lado, aumento de despesas.
Porém, em razão das variáveis fiscais e da economia, como a redução da arrecadação, é possível
gerar consequências sobre o emprego de pessoal no serviço público.
4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para
assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o
servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos
Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da
redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Comentário: Este é um assunto sensível, pois não atendido o gasto com pessoal dentro do limite e
as providências adotadas não surtam os efeitos esperados, fica a possibilidade (autorização)
constitucional de flexibilizar e retirar a estabilidade do servidor público, provocando a perda de cargo
por servidor público.
5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização
correspondente a um mês de remuneração por ano de serviço. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
Comentário: Esta é uma forma de o poder público indenizar a pessoa que perde o cargo público.
Ressalta-se que o governo federal já fez PDV – Plano de Demissão Voluntário – para reduzir seus
quadros de servidores e agora no ano de 2017 volta com isso.
6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto,
vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo
prazo de quatro anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Comentário: O cargo que por saída de servidor, dentro das providências de redução da despesa
com pessoal, será considerado extinto, sendo vedada sua recriação com atribuições iguais ou
assemelhadas por 4 anos.
A extinção do cargo, ao que parece na leitura deste artigo, não é um ato em conjunto com a redução
de despesa com pessoal e saída de servidores do poder público.
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ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A garantia exposta no parágrafo é de não haver criação de cargo com atribuições iguais ou
semelhantes, dentro do período de 4 anos da extinção. O cargo sem ocupante e extinto, depois de 4
anos, pode ser recriado.
7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto
no § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Comentário: A perda de cargo por servidor público estável será regulada por lei federal. Esta lei
valerá como norma geral para todos os entes da federação.
Questão de Prova
Gabarito
1–E
2–C
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PLANO PLURIAL
O PPA 2016-2019 foi resultado de um processo de construção coletiva entre órgãos do governo e re-
presentações da sociedade, que envolveu mais de 4 mil pessoas, sendo realizadas 120 oficinas go-
vernamentais para a formulação dos programas temáticos, dois Fórum Interconselhos, seis fóruns re-
gionais, quatro setoriais e amplo debate no Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Planeja-
mento (Conseplan).
O novo PPA reforça a opção por um modelo de desenvolvimento com inclusão social e redução das
desigualdades, com foco na qualidade dos serviços públicos e no equilíbrio da economia, e está orga-
nizado em duas partes: dimensão estratégica, composta pela visão de futuro, por quatro eixos estra-
tégicos e pelas 28 diretrizes estratégicas, e a dimensão tática, que apresenta os 54 programas temá-
ticos e os programas de gestão, manutenção e serviços ao Estado.
Esse é o documento que traz as diretrizes, objetivos e metas de médio prazo da administração pú-
blica. Prevê, entre outras coisas, as grandes obras públicas a serem realizadas nos próximos anos.
Ele tem vigência de quatro anos, portanto deve ser elaborado criteriosamente, imaginando-se aonde
se quer chegar nos próximos quatro anos. Expressa a visão estratégica da gestão pública.
O PPA inclui uma série de programas temáticos, em que são colocadas as metas (expressas em nú-
meros) para os próximos anos em diversos temas. Para ilustrar melhor isso, vamos usar um exemplo:
o governo federal elencou como objetivo no PPA do período 2012-2015 promover a implantação de
novos projetos em áreas com potencial de ampliação da agricultura irrigada. Para atingir tal objetivo,
estipulou uma meta: ampliar a área irrigada em 200 mil hectares até 2015.
Os constituintes atribuíram grande importância ao PPA, como podemos ver no parágrafo 1o do artigo
167 da Constituição, que determina que nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício
financeiro (um ano) poderá ser iniciado sem ser incluído antes no PPA, sob pena de crime de respon-
sabilidade. Um PPA sempre começa a vigorar a partir do segundo ano do mandato presidencial, ter-
minando no primeiro ano do mandato seguinte.
O governo federal deve elaborar e entregar o PPA ao Congresso até o dia 31/08 do primeiro ano de
mandato. O Congresso, por sua vez, deve aprová-lo até o final do ano.
A LDO é elaborada anualmente e tem como objetivo apontar as prioridades do governo para o pró-
ximo ano. Ela orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual, baseando-se no que foi estabelecido
pelo Plano Plurianual. Ou seja, é um elo entre esses dois documentos.
Pode-se dizer que a LDO serve como um ajuste anual das metas colocadas pelo PPA. Algumas das
disposições da LDO são: reajuste do salário mínimo, quanto deve ser o superávit primário do go-
verno para aquele ano, e ajustes nas cobranças de tributos. É também a LDO que define a política de
investimento das agências oficiais de fomento, como o BNDES.
Enquanto o PPA é um documento de estratégia, pode-se dizer que a LDO delimita o que é e o que
não é possível realizar no ano seguinte.
No caso do governo federal, a LDO deve ser enviada até o dia 15 de abril de cada ano. Ela precisa
ser aprovada até o dia 17 de julho (o recesso dos parlamentares é adiado enquanto isso não aconte-
cer).
É o orçamento anual propriamente dito. Prevê os orçamentos fiscal, da seguridade social e de investi-
mentos das estatais. Todos os gastos do governo para o próximo ano são previstos em detalhe na
LOA. Você encontrará na LOA a estimativa da receita e a fixação das despesas do governo. É divi-
dida por temas, como saúde, educação, e transporte.
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PLANO PLURIAL
Prevê também quanto o governo deve arrecadar para que os gastos programados possam de fato ser
executados. Essa arrecadação se dá por meio dos tributos (impostos, taxas e contribuições). Se bem
feita, a LOA estará em harmonia com os grandes objetivos e metas estabelecidos pelo PPA.
No caso da União, a LOA também deve ser enviada ao Congresso até o dia 31 de agosto de cada
ano. Deve ser aprovada pelos parlamentares até o fim do ano (22 de dezembro), mas não chega a
adiar o recesso parlamentar se não for aprovada até lá.
Vale notar que todos os três níveis de governo elaboram seus próprios documentos orçamentários, já
que cada um possui suas próprias despesas e responsabilidades.
O Plano Plurianual (PPA) é um planejamento de longo prazo, que deve ser realizado por meio de lei.
Nele, são identificados as prioridades para o período de quatro anos e os investimentos de maior
porte. O projeto do PPA é encaminhado pelo Executivo ao Congresso até 31 de agosto do primeiro
ano de cada governo, mas ele só começa a valer no ano seguinte. Sua vigência vai até o final do pri-
meiro ano do governo seguinte. Essa passagem do PPA de um governo para outro visa promover a
continuidade administrativa, de forma que os novos gestores possam avaliar e até aproveitar partes
do plano que está sendo encerrado.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
Controle Social
Participação Social
Ao estabelecer como princípio organizativo do Sistema Único de Saúde (SUS) a participação comuni-
tária, a Constituição Federal de 1988 apontou para a relevância da inserção da população brasileira na
formulação de políticas públicas em defesa do direito à saúde. Além disso, atribuiu importância a ins-
tâncias populares na fiscalização e controle das ações do Estado, considerando as especificidades de
cada região brasileira.
Os Conselhos de Saúde são órgãos deliberativos que atuam como espaços participativos estratégicos
na reivindicação, formulação, controle e avaliação da execução das políticas públicas de saúde. Já
as Conferências de Saúde consistem em fóruns públicos que acontecem de quatro em quatro anos,
por meio de discussões realizadas em etapas locais, estaduais e nacional, com a participação de seg-
mentos sociais representativos do SUS (prestadores, gestores, trabalhadores e usuários), para ava-
liar e propor diretrizes para a formulação da política de saúde.
Juntamente com a gestão destas instâncias e de outras redes de articulação em prol da garantia da
participação social, o desafio que se coloca é a criação de uma eficiente rede de informação e comu-
nicação ao cidadão sobre estes espaços de participação. E mais, do cidadão perceber-se como ator
fundamental na reivindicação pelo direito à saúde.
Nos últimos anos, no Brasil, tem-se observado um amplo movimento de participação da sociedade civil
que vem conquistando importantes espaços de participação democrática em instâncias de deliberações
sobre a condução das Políticas Públicas, como é o caso dos Conselhos Gestores de Políticas Públicas.
Durante a década de 90, pôde-se observar o surgimento, na sociedade brasileira, de diversos conse-
lhos, em âmbito nacional, estadual e municipal, nas mais diversas áreas: saúde, educação, assistência
social, defesa de direitos da criança e adolescente, meio ambiente, habitação etc. Essa proliferação de
espaços institucionais (conselhos, fóruns, conferências) de participação foi acompanhada de diversas
reflexões teóricas nas Ciências Sociais, especialmente no que se refere ao papel desempenhado pela
sociedade civil na consolidação e no aprofundamento da Democracia.
No que diz respeito aos conselhos gestores de Políticas Públicas podemos dizer que estes surgem a
partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 que prevê, no capítulo da Seguridade Social,
como um dos objetivos, “o caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a par-
ticipação da comunidade, em especial de trabalhadores, empresários e aposentados”. Foi a Constitui-
ção de 88, denominada de “Constituição Cidadã”, que trouxe inovações significativas no campo da De-
mocracia, ao instituir espaços de participação popular na formulação, gestão e controle das Políticas
Públicas.
[...] a constituição estabelece bases jurídicas para a construção de um novo formato de cidadania [...]
agora a cidadania política transcende aos limites da delegação de poderes da Democracia Represen-
tativa e, expressa-se através da Democracia Participativa, através da constituição de conselhos paritá-
rios, que se apresentam como novo lócus de exercício político.
Esses conselhos paritários ou Conselhos gestores de Políticas Públicas são um dos canais de partici-
pação legalmente constituído para o exercício do Controle Social das políticas públicas, surgem como
um novo espaço de participação da sociedade civil e “trata-se de canais de participação que articulam
representantes da população e membros do poder público estatal em práticas que dizem respeito à
gestão de bens públicos”. A existência desses conselhos cria condições para que a sociedade civil
participe, junto com o Poder Público, não apenas da elaboração e definição de políticas públicas, mas
também de fiscalização e controle social.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
Controle Social que pode ser entendido como a participação do cidadão na gestão pública: fiscalização,
monitoramento e controle das ações da Administração Pública. Sendo um importante mecanismo de
fortalecimento da cidadania que contribui para aproximar a sociedade do Estado, abrindo a oportuni-
dade para os cidadãos acompanharem as ações dos governos e cobrarem uma boa gestão pública.
Essa abertura do Estado à efetiva participação da sociedade em sua gestão e controle parte do princí-
pio de que o povo é o titular legítimo do poder estatal (soberania popular).
No Brasil, a preocupação em se estabelecer um controle social forte, atuante e que possa tornar-se um
complemento indispensável ao controle institucional, exercido pelos órgãos fiscalizadores, revela-se
ainda maior, em razão da sua extensão territorial e do grande número de municípios que possui.
Para a função de controle da Administração Pública, a Constituição dedica os artigos 70 a 74, onde
define as instâncias de controle interno e controle externo, como segue:
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das en-
tidades da administração direta e indireta, quanto à Legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle
externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de con-
trole interno com a finalidade de:
...
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
Percebe-se que estes artigos da Constituição falam claramente do controle institucional. Ao passo que
os conselhos gestores de políticas públicas constituem uma importante ferramenta de Controle Social e
uma das principais experiências de Democracia Participativa no Brasil permitindo que os cidadãos se
integrem à gestão administrativa e participem da formulação, planejamento e controle das Políticas
Públicas.
A Constituição de 1988, também chamada de "Constituição Cidadã" por ser o texto constitucional mais
democrático que o País já possuiu, consagrou um contexto favorável à participação dos cidadãos nos
processos de tomada das decisões políticas essenciais ao bem-estar da população. Entre essas inici-
ativas podemos citar a instituição dos conselhos de políticas públicas. Nesses conselhos os cidadãos
não só participam do processo de tomada de decisões da Administração Pública, mas, também, do
processo de fiscalização e de controle dos gastos públicos, bem como da avaliação dos resultados
alcançados pela ação governamental.
Vemos assim que a partir das diretrizes constitucionais de participação da sociedade nas decisões
governamentais, a legislação brasileira passou a prever a existência de inúmeros conselhos de políticas
públicas, alguns com abrangência nacional e outros cuja atuação é restrita a Estados e municípios.
Através destes diferentes Conselhos é possível: fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, fiscalizar
a prestação de serviços de uma determinada área (educação ou saúde, por exemplo), verificar se o
governo está agindo de acordo com as necessidades da população, além de influenciar nas decisões,
planejamento e execução das ações do governo.
Atualmente, a maior parte dos programas do governo federal prevê a participação dos cidadãos na
execução e controle das políticas públicas por meio de conselhos. Além disso, a liberação de recursos
a Estados e municípios está vinculada à instituição de conselhos, que devem contar com condições
necessárias para o seu funcionamento, a exemplo do Programa Nacional de Alimentação Escolar-
PNAE, Programa Bolsa Família, Programa Saúde da Família-PSF, Fundo de Educação Básica – Fun-
deb, dentre outros.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
É diante destas novas e diversas possibilidades no campo do Estado Democrático de Direito que esta
pesquisa terá como objeto de estudo a participação popular e o controle social exercido pelos cidadãos
parintinenses no âmbito do Conselho Municipal de Saúde (CMS). Quais são os grupos representativos
da sociedade civil organizada que participam e como se dá essa participação no âmbito do CMS de
Parintins? Dentre as principais atribuições do CMS, como a sociedade participa no exercício do Con-
trole Social do Poder Executivo Municipal?
Qualquer que seja essa participação, temos a convicção de que a nossa Democracia deve permitir aos
cidadãos o acesso e o controle de seus fluxos de ideias, incentivar e promover a geração e a alimen-
tação desses fluxos, com ampla variedade possível de temas, pois “Democracia é sinônimo de plura-
lismo e participação do cidadão nas coisas públicas”. Além disso, como afirma Borges, acreditamos
que ou o cidadão brasileiro toma para si “com coragem e determinação, a tarefa de fiscalizar, controlar,
colaborar, criticar, participar na gestão da coisa pública, ou este País verdadeiramente não terá salva-
ção”.
Justificativa
Os movimentos políticos, econômicos e sociais têm conclamado uma participação política efetiva nos
espaços de tomada de decisões governamentais com a criação dos conselhos gestores de políticas
públicas municipais, estaduais e federais e de medidas legislativas que garantam a participação da
população nos debates em todas as esferas do governo. Os Conselhos de Políticas Públicas são es-
paços privilegiados para o exercício do Controle Social, o estabelecimento de novas formas de relaci-
onamento entre o Estado e a sociedade civil e ensejam a oportunidade de agregar novas formas de
participação cidadã para além da Democracia Representativa, e assim ampliar a experiência de cida-
dania.
Daí a importância de se estudar e pesquisar como a sociedade tem ocupado esses espaços de toma-
das de decisões, quais as dificuldades e avanços para a consolidação da nossa Democracia e como a
sociedade está (ou não) contribuindo com o exercício de “Controle” sobre as ações do Poder Público,
nesse caso em específico, das Políticas Públicas de Saúde no município de Parintins.
O fato de estarmos atuando como conselheiro no CMS e o contato com as práticas políticas no muni-
cípio de Parintins contribuíram para dar origem a este projeto de pesquisa. Sabemos que os mecanis-
mos e instituições da democracia meramente representativa têm se mostrado limitados e, além disso,
temos observado uma certa fragilidade no que diz respeito a participação da sociedade civil (organizada
ou não) no âmbito do Conselho Municipal de Saúde e que exige uma observação mais sistemática e
científica para obter melhores resultados sobre a efetividade da participação e controle social no CMS.
Ainda assim acreditamos que novos e modernos instrumentos de controle e de participação no poder
devem ser permanentemente incorporados na prática democrática em consonância com a maior com-
plexidade e modernização das sociedades atuais. Que sejam mecanismos criados em complemento e
não em substituição às instituições representativas tradicionais e que incorporem na dinâmica política
a realidade da sociedade civil organizada em suas entidades e associações e que sejam mecanismos
que possam dar à prática democrática uma dimensão mais real e efetiva no século XXI.
Além disso, como afirma Demo, a participação não é algo dado nem concedido como dádiva, mas é,
sim, um processo de conquista. A conquista de participação nesses espaços significa uma mudança
em termos de igualdade democrática, pois a participação da sociedade civil não se refere somente à
reivindicação de direitos sociais, mas também de definição dos rumos das políticas públicas. Mas como
a sociedade tem aproveitado essa conquista? Como tem sido esse processo de “mudança” ou cons-
trução da nossa Democracia? São questões importantes que devem ser avaliadas e pesquisadas em
nível teórico-prático, filosófico-empírico, para um melhor entendimento da dinâmica social.
Sabemos que a participação, no plano constitucional, é garantida por meio de mecanismos de Controle
Social sobre as Políticas Públicas com a criação dos conselhos de políticas públicas. É a instituição
da Democracia Participativa como meio legítimo de expressão da cidadania e da Democracia. Por isso,
analisar e pesquisar de forma científica a participação da sociedade em todos os espaços de delibera-
ção pública deve ser um dos principais desafios do século XXI, se entendermos que a existência de
uma efetiva democracia depende da articulação entre a esfera político-institucional e a esfera societá-
ria, por meio da mediação da esfera pública, na qual torna-se imprescindível a existência de atores
sociais capazes de organização e atuação autônomas.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
O campo de estudos sobre a sociedade civil e, mais especificamente, sobre as relações entre os atores
sociais e o campo político-institucional ainda apresenta uma ampla agenda de investigação empírica e
elaboração teórico-metodológica a ser desenvolvida. É como contribuição para esse desenvolvimento
que possibilite um avanço dos futuros estudos a partir do significativo acúmulo de conhecimento já
produzido até o momento que este projeto pretende ser realizado.
Controle Social
Hoje em dia esse tipo de controle, que nós podemos chamar de Institucional, é exercido não apenas
pelo Poder Legislativo, mas pelos Tribunais de Contas e Controladorias. As Controladorias (da União,
dos Estados e Municípios) são órgãos de controle interno, porque as mesmas fazem parte do Poder
Executivo. Os Tribunais de Contas (da União, Estados e Municípios) assim como o Poder Legislativo
são órgãos de controle externo, pois não fazem parte do Poder Executivo. Estes órgãos têm todos eles
e cada um dentro da sua esfera de competência, a função de fiscalizar o gasto dos recursos públicos
(federais, estaduais, municipais) e podem ser acionados por meio de denúncias, por qualquer cidadão.
Além dessa forma de Controle Institucional, que um Poder ou Órgão exerce sobre o outro, hoje em dia
tem-se falado muito em Controle Social, que pode ser entendido como uma forma de fiscalização e
controle por parte da própria sociedade sobre as ações do Estado. Por permitir que os próprios cida-
dãos participem de alguma forma da gestão da coisa pública, o Controle Social propicia a vivência da
própria Democracia, pois, ao praticar esse controle, os cidadãos podem interferir no planejamento, na
realização e na avaliação das atividades do governo.
O controle social pode ser entendido como a participação do cidadão na gestão pública: fiscalização,
monitoramento e controle das ações da Administração Pública. É um importante mecanismo de forta-
lecimento da cidadania que contribui para aproximar a sociedade do Estado, abrindo a oportunidade
de os cidadãos acompanharem as ações dos governos e cobrarem uma boa gestão pública.
Fazer com que os cidadãos possam participar diretamente desse processo de construção de uma so-
ciedade mais democrática não é uma tarefa fácil, mas é essencial para a construção de uma sociedade
mais justa e igualitária. Esse controle pode ser feito por qualquer cidadão e, para ajudar a sociedade
no exercício desse controle, foram criados os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacionais (de educa-
ção, saúde, da cidade etc.) que são representados não apenas pelos gestores, mas por prestadores
de serviços, profissionais e inclusive, pelos próprios usuários de um determinado serviço.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
Os conselhos gestores de políticas públicas constituem uma das principais experiências de democracia
participativa no Brasil contemporâneo, contribuindo para o aprofundamento da relação Estado e Soci-
edade e permitindo que os cidadãos se integrem à gestão administrativa e participem da formulação,
planejamento e controle das políticas públicas. E com base em Raquel Raichelis é possível afirmar
como a partir da aprovação da Constituição Federal de 1988 o tema da participação da sociedade ga-
nha novos contornos e dimensões na esfera pública. Além disso,
A Constituição de 1988, também chamada de "Constituição Cidadã" por ser o texto constitucional mais
democrático que o País possuiu, consagrou um contexto favorável à participação dos cidadãos nos
processos de tomada das decisões políticas essenciais ao bem-estar da população. Entre essas inici-
ativas podemos citar a instituição dos conselhos de políticas públicas. Nesses conselhos os cidadãos
não só participam do processo de tomada de decisões da Administração Pública, mas, também, do
processo de fiscalização e de controle dos gastos públicos, bem como da avaliação dos resultados
alcançados pela ação governamental.
[...] começaram a ser estruturados espaços públicos institucionais, como os conselhos de políticas pú-
blicas e as conferências, mecanismos que concretizam os princípios constitucionais de democratização
e de controle social. A política de saúde tinha uma experiência anterior de participação e que serviu de
referência às demais.
[...] como espaço fundamentalmente político, institucionalizado, funcionando de forma colegiada, autô-
nomo, integrante do poder público, de caráter deliberativo, compostos por membros do governo e da
sociedade civil, com as finalidades de elaboração, deliberação e controle da execução das políticas
públicas.
De acordo com Eleonora Cunha os conselhos de políticas públicas foram instituídos com base nos
seguintes princípios: participação, representação, deliberação, publicidade e autonomia. A participação
ampliou os canais de participação política da sociedade, com representação de diferentes segmentos
da sociedade civil organizada, com poder de decisão e deliberação sobre as políticas públicas, cujos
debates e as decisões devem se dar de forma transparente para a sociedade e com autonomia para
criar as regras de seus funcionamentos.
a. Órgão público estatal presente nas três esferas de governo e com participação popular por meio de
representantes da sociedade civil eleitos por seus pares;
b. Espaço público de relação e interlocução entre Estado e sociedade, criado por meio legal (portanto
institucional) e com composição paritária entre governo e sociedade;
Através dos diferentes Conselhos é possível: fiscalizar a aplicação dos recursos públicos, fiscalizar a
prestação de serviços de uma determinada área (Educação, Saúde ou Desenvolvimento Urbano por
exemplo), verificar se o governo está agindo de acordo com as necessidades da população, além de
influenciar nas decisões, planejamento e execução das ações do governo.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
• Conselhos de Políticas Setoriais, por meio da elaboração, implantação e controle das políticas públi-
cas, definidos por leis federais para concretizarem direitos de caráter universal, como Saúde, Educação
e Cultura;
• Conselhos Temáticos, que visam acompanhar as ações governamentais junto a temas transversais
que permeiam os direitos e comportamentos dos indivíduos e da sociedade, como Direitos Humanos,
violência, discriminação contra a mulher, contra o negro, dentre outros.
• Função Fiscalizadora: pressupõe o acompanhamento e o controle dos atos praticados pelos gover-
nantes (os Conselhos fiscalizam quando: discutem sobre a movimentação e a transferência, em si, dos
recursos financeiros no âmbito de sua respectiva atuação, bem como a execução da política da instân-
cia correspondente, acompanhando e controlando os repasses Fundo a Fundo);
• Função Deliberativa: refere-se à prerrogativa dos conselhos de decidir sobre as estratégias utilizadas
nas políticas públicas de sua competência (quando o Conselho realiza conferências para efetuar ava-
liações e formulações da política setorial, quando define e aprova propostas orçamentárias, diretrizes,
transferências de recursos financeiros, ele está deliberando sobre um determinado assunto/política;
• Função Consultiva: relaciona-se à emissão de opiniões e sugestões sobre assuntos que lhes são
correlatos (através de recomendações e moções, os conselhos exercem sua atribuição de caráter con-
sultivo. Recomendações ou moções são manifestações de advertência ou o resultado de um assunto
discutido em plenário que requer posicionamento do Conselho, mas que não é possível deliberar, pois
ultrapassa o poder do Conselho).
Atualmente, a maior parte dos programas do governo federal prevê a participação dos cidadãos na
execução e controle das políticas públicas por meio de conselhos. Além disso, a liberação de recursos
a estados e municípios está vinculada à instituição de conselhos, que devem contar com condições
necessárias para o seu funcionamento, a exemplo do Programa Nacional de Alimentação Escolar-
PNAE, Programa Bolsa Família, Programa Saúde da Família-PSF, Fundo de Educação Básica – Fun-
deb, dentre outros. Eis alguns exemplos de conselhos que devem ser constituídos pelos municípios:
A lei 8142/90, determina duas formas de participação da população na gestão do Sistema Único de
Saúde – SUS: Conferências de Saúde e Conselhos de Saúde. Conferências de Saúde – no artigo 1º
da 8142/90 parágrafo 1º diz:
– A Conferência de Saúde reunir-se-á cada 4 (quatro) anos com a representação dos vários segmentos
sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde
nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por este ou pelo
Conselho de Saúde.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
A Resolução nº 333 de 04/11/2003, do Conselho Nacional de Saúde aprova diretrizes para a Criação,
reformulação , estruturação e funcionamento dos Conselhos de Saúde.
A “Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” traz informações para que você conheça seus direitos
na hora de procurar atendimento de saúde. Ela reúne os seis princípios básicos de cidadania que as-
seguram ao brasileiro o ingresso digno nos sistemas de saúde, seja ele público ou privado. A Carta é
uma importante ferramenta para que você conheça seus direitos e, assim, ajude o Brasil a ter um sis-
tema de saúde ainda mais efetivo.
1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde
2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema
3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação
4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos
5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma adequada
6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios anteri-
ores sejam cumpridos
Significa a participação da sociedade na elaboração e execução das políticas públicas no Brasil, sua
gestão, controle administrativo-financeiro, monitoramento dos planos e programas de saúde, que se
associa à redemocratização do país.
Refletindo estes movimentos, a Constituição de 1988, por meio da Lei Orgânica da Saúde (Lei No.
8142/90), criou uma nova institucionalidade no poder público, marcada por duas importantes inovações:
a descentralização que propunha a transferência de decisões para estados e municípios, e a valoriza-
ção da participação popular no processo decisório por meio dos Conselhos de Saúde, como acontece
no Sistema Único de Saúde (SUS).
O controle social no SUS se dá por meio dos Conselhos de Saúde, em suas diversas modalidades,
como o Conselho Nacional, Conselhos Estaduais, Municipais, Locais, e das Comunidades Indígenas.
E também, em especial, das Conferências de Saúde (Nacionais, Estaduais e Municipais), dentre outras
modalidades.
A relevância dessa participação se justifica na busca da equidade e justiça social e na ideia de que as
decisões em saúde não obedecem necessariamente à uma racionalidade técnica.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
Das principais ações e atividades recentes na área de Saúde do Trabalhador, destacam-se os referen-
tes ao desenvolvimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador e a implantação da Rede Nacional de
Atenção em Saúde do Trabalhador, RENAST.
Por considerar a área de S.T. como de práticas eminentemente intersetoriais, desde 1990, a Lei Nº
8.142, previu a criação e funcionamento das Comissões Intersetoriais de Saúde do Trabalhador, CIST,
como assessoras dos conselhos de saúde.
O controle social deverá ser exercido na RENAST por meio do controle direto das ações desses Cen-
tros de Referência, pela participação efetiva das organizações dos trabalhadores na definição das pri-
oridades de intervenção, no acompanhamento da implementação da Política de Saúde do Trabalhador,
na legitimação e no controle da aplicação dos recursos específicos de modo que assegure que as
atividades sejam consoantes com a realidade do sistema produtivo local e das necessidades dos tra-
balhadores.
A comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador - CIST está prevista na Lei nº 8.080, de 19 de se-
tembro de 1990 tendo como atribuições: Elaboração de Normas Técnicas e estabelecimento de pa-
drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador (art.15,VI); Participar da formulação e na
implementação das políticas relativas às condições e aos ambientes de trabalho (art.16,II,d); Participar
da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos ambientes de trabalho
(art.16,V).
Foi criada com o objetivo de participar em conjunto com entidades representativas dos empregados,
empregadores, instituições da sociedade civil e órgãos públicos, direta ou indiretamente responsáveis
pela preservação e recuperação da saúde.
A sua composição não segue a paridade do Conselho de Saúde. Porém deve ser o mais representativa
possível tendo em sua composição as entidades/gestores ligados à política de Saúde do Trabalhador
(Secretárias de Educação, Meio Ambiente, na Saúde, Vigilâncias, CERESTs e outras áreas que tenham
a ver, movimento sindical, empregadores).
Finalidade E Composição
Tem por finalidade de discutir, propor, acompanhar e avaliar a política de saúde do trabalhador para o
Estado de Mato Grosso e defender o direito do trabalhador, formal ou informal, urbano ou rural, resi-
dente no Estado de Mato Grosso, para que tenha amplo acesso ao Sistema Único de Saúde - SUS,
seja nas ações de prevenção, seja nas de atendimento e reabilitação.
Atualmente, a sua composição está definida na Resolução CES nº 015, de novembro de 2009. São 27
membros titulares e seus respectivos suplentes, sendo: 14 (quatorze) representantes das Instituições
de trabalhadores (as) do Estado de Mato Grosso: Sindicatos Estaduais, Centrais Estaduais e Federa-
ções; 08 (oito) representantes de Instituições Públicas que faz interface no setor de saúde, trabalho e
meio ambiente; 03 (três) representantes de Classe Patronal; e 03 (três) Conselheiros representantes
do Conselho Estadual de Saúde (CES/MT). Esta composição inclui a articulação intersetorial necessá-
ria para o acompanhamento das ações em Saúde do Trabalhador.
A participação social no SUS é um princípio doutrinário e está assegurado na Constituição e nas Leis
Orgânicas da Saúde (8.080/90 e 8.142/90).
O Controle Social no SUS é um dos principais instrumentos para promover a democratização da saúde,
propiciando a participação efetiva da sociedade na busca da garantia dos direitos conquistados cons-
titucionalmente.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
Visando a participação mais efetiva da comunidade, o Projeto de Gênero e Políticas Públicas, realizado
pelo Cepat/CJ-Cias, na Casa do Trabalhador e formado por moradores da região do Sítio Cercado (Re-
gional Bairro Novo), vem debatendo as Políticas Públicas, objetivando uma interação com outros fun-
damentos do processo de democratização, como a descentralização, regionalização e mudança de
cultura. Neste contexto, o SUS representa o resultado da política pública de proteção social, universa-
lista e equitativa, com ampla participação da sociedade na discussão, formulação, gestão e controle da
política pública de saúde, cujos princípios estão definidos na Constituição de 1988.
Promover a gestão participativa no SUS fortalece o incremento das demandas coletivas nas ações de
governo, propiciando espaços coletivos de formulação conjunta das políticas de saúde, criando susten-
tação para os programas e políticas propostas, assegurando a inclusão de novos atores políticos e
possibilitando a escuta das necessidades por meio da interlocução com a comunidade, movimentos
sociais e entidades da sociedade, ampliando, desse modo, a esfera pública e conferindo maior densi-
dade ao processo de redemocratização da sociedade brasileira.
As reformas da política de saúde são conduzidas, não só no Brasil, mas em boa parte do mundo, para
responder a duas questões centrais: como otimizar os escassos recursos destinados ao setor e como
organizar um sistema de saúde eficaz e com envergadura suficiente para atender às necessidades de
saúde da população.
Em fins dos anos 70 e início dos 80, diversos países, inclusive o Brasil, questionavam as saídas para
o setor público decorrentes de severa crise econômica que atingia as nações e que exigiam um redi-
mensionamento do papel do Estado.
No Brasil, essas questões foram debatidas ao longo dos anos 80 e 90, e em relação à política de saúde,
optou-se pela ampliação da participação democrática e da garantia dos direitos de cidadania, mediante
conformação de um sistema de saúde com características universalizantes, de cunho igualitarista, sus-
tentado pela idéia de justiça social.
A reforma implementada no sistema de saúde brasileiro no final dos anos 80 trouxe como questão de
fundo não só a garantia do direito à saúde, mas, em essência, a noção de equidade quanto à distribui-
ção mais ampla dos recursos da saúde. Essas duas questões buscavam dar respostas às críticas diri-
gidas ao sistema de saúde vigente àquela época, cujo formato deixava à margem do sistema grande
parte da população brasileira: os mais pobres, os que se encontravam em condições de desvantagem
social e, por isso, os que talvez mais precisassem de atenção à saúde.
Assinale-se que as investigações em saúde demonstram que os piores índices de saúde se encontram
entre os grupos populacionais mais vulneráveis localizados na base da pirâmide social. Essas dispari-
dades podem ser verificadas nas condições de vida e saúde entre diferentes grupos sociais e entre
distintas áreas geográficas do mesmo país.
Tradicionalmente, a epidemiologia ocupa-se dessa temática, e inúmeros estudos apontam para as de-
sigualdades de adoecer e morrer na sociedade, assinalando as diferenças em relação ao lugar, tempo,
idade e sexo, bem como entre grupos, etnias, gênero e classes sociais.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
De acordo com Mackenbach e Kunst, as desigualdades em saúde definem-se pela prevalência ou in-
cidência dos problemas de saúde entre os indivíduos do mais alto e mais baixo status socioeconômico.
Destacam, os autores, que as desigualdades se interligam ao status socioeconômico do grupo ao qual
pertencem os indivíduos.
As dimensões da desigualdade em saúde são atribuídas a diferentes determinantes que podem cor-
responder a um conjunto de fatores interligados às condições de saúde e adoecimento, que definem o
padrão de morbimortalidade dos diferentes grupos sociais, e/ou as diferenças na distribuição, organi-
zação e utilização dos recursos em saúde.
A existência e a persistência das desigualdades no acesso e uso de serviços de saúde, mais recente-
mente, são um dos principais pontos de atenção dos policy makers, das investigações acadêmicas e
dos próprios administradores dos serviços de saúde.
O tema desigualdades em saúde passou a ser tratado para além das diferenças entre os grupos, in-
corporando nas análises conceituais a dimensão da justiça social. Esse enfoque, além de caracterizar
os diferentes tipos de desigualdade, remete a análise para o campo político, com incorporação de va-
lores éticos e morais explícitos nas bases contratuais de determinada sociedade.
Nesse sentido, as desigualdades em saúde são percebidas e têm-se tornado objeto de atenção nos
mais diferentes modelos de sistemas de saúde, nos países mais desenvolvidos e nos mais pobres e
em regimes políticos e sociais variados. É bem verdade que o grau de desigualdade, seus determinan-
tes e efeitos diferem entre as sociedades e internamente nos próprios países. O que se quer enfatizar,
no entanto, é o caráter contemporâneo e universal desse debate e suas implicações na formulação e
condução de políticas que podem ou não interferir nos diferenciais de desigualdades resultantes de
processos sociais, políticos e econômicos.
O tema equidade passa a receber maior atenção na década de 80. Um dos marcos dessa discussão
no campo da saúde é a estratégia formulada pela OMS – "Saúde Para Todos no Ano 2000", que visa
a promoção de ações de saúde baseadas na noção de necessidade, destinadas a atingir a todos,
independente de raça, gênero, condições sociais, entre outras diferenças que possam ser definidas
socioeconômico e culturalmente.
Partindo desse princípio, a questão central a ser tratada pelas políticas que almejam equidade em
saúde, é a redução ou a eliminação das diferenças que advém de fatores considerados evitáveis e
injustos, criando, desse modo, igual oportunidade em saúde e reduzindo as diferenças injustas tanto
quanto possível.
O que se considera injusto ou o que se pretende fazer para reduzir as disparidades sociais pode ter
dimensões e valores diferentes para espaços sociais distintos em diferentes momentos.
A mesma autora distingue alguns critérios que classificam as desigualdades em saúde, diferenciando
as injustas, das que não expressam injustiças, porque não dependem de intervenção ou não apresen-
tam relação causal com as diferenças de classe. Entre os critérios mencionados pela autora, são des-
tacados os que ela considera mais consensuais na literatura:
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
- Vantagens temporárias de um grupo, como saúde, as quais podem ser incorporadas rapidamente por
outros grupos;
- Comportamentos perigosos nos quais os indivíduos têm pouca escolha em relação ao modo de vida;
Starfield, mais recentemente, discute o conceito indicado por Whitehead e propõe a seguinte definição,
por ela considerada alternativa, para equidade em saúde: "Equidade em saúde é a ausência de dife-
renças sistemáticas em um ou mais aspectos do status de saúde nos grupos ou subgrupos populacio-
nais definidos socialmente, demograficamente ou geograficamente. Equidade nos serviços de saúde
implica em que não existem diferenças nos serviços onde as necessidades são iguais (equidade hori-
zontal), ou que os serviços de saúde estejam onde estão presentes as maiores necessidades (equidade
vertical)."
Em suma, para a autora, a equidade no cuidado à saúde define-se enquanto igualdade de acesso para
iguais necessidades, uso igual dos serviços para necessidades iguais e igual qualidade de atenção
para todos.
Nessa mesma linha, a International Society for Equity in Health (ISEqH), presidida por Barbara Starfield,
tem apresentado uma definição de equidade numa linha técnico-operacional, que textualmente exclui
do conceito a noção de desigualdades injustas e aborda as diferenças como sistemáticas e potencial-
mente remediáveis: "equidade é a ausência de diferenças sistemáticas e potencialmente remediáveis
em um ou mais aspectos de saúde nos grupos ou subgrupos populacionais definidos socialmente,
economicamente, demograficamente ou geograficamente".
Os debates e as definições conceituais mais recentes sobre desigualdades e equidade em saúde são
essencialmente sustentados pela teoria da justiça formulada por dois importantes autores contemporâ-
neos, Raws e Sen, cujas análises têm influenciado o debate sobre o tema, ainda que justiça e equidade
sejam abordadas com base em perspectivas diferentes, pois a ideia de justiça carrega um sentido
distributivo, que implica na igualdade de oportunidades, tendo em vista as diferentes necessidades dos
cidadãos.
O ganho obtido com a inclusão do debate da justiça social na conformação de políticas mais equânimes
é imensurável, uma vez que pressupõe tratamento desigual para os que estão em condições de des-
vantagem, abrindo espaço para o que se considera como um tipo de "discriminação positiva", e, con-
sequentemente, assumindo os dilemas políticos inerentes ao enfrentamento das largas desigualdades
verificadas entre os diferentes grupos populacionais.
Essa é a essência do debate da equidade em saúde que é aplicado ao problema dos recursos limitados
e a forma mais equânime de distribuí-los. A ideia de que a ausência de saúde pode afetar as oportuni-
dades dos indivíduos de fazer ou ser algo, evidencia a importância da reflexão sobre a ideia de justiça
social para o caso da saúde e, nesse sentido, é fundamental considerar as diferenças para aplicação
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
de políticas e programas mais efetivos, que deem respostas a problemas específicos e, consequente-
mente, atuem para redução das desigualdades injustas.
Ao longo dos anos 90, a Organização Mundial da Saúde, o Banco Mundial, o Banco Interamericano de
Desenvolvimento, entre outros organismos internacionais, classificou a equidade como eixo central do
debate econômico e da reforma do Estado. Entretanto, o questionamento que circunscreve os rearran-
jos da relação Estado/Sociedade está longe de ser um consenso. Diferentes perspectivas e interesses
estão presentes na arena política e temas como papel do Estado, descentralização, gasto público e
distribuição dos recursos são apresentados em diferentes proposições.
A equidade tem recebido diferentes definições e ênfases nos estudos teóricos e empíricos concernen-
tes ao acesso e uso dos serviços de saúde. Os enfoques conceituais destinam-se a análise do tema
de forma global no campo da saúde, no acesso e nas barreiras para o acesso aos serviços de saúde
(na atenção básica e demais níveis de atenção), na qualidade dos serviços, nos fatores determinantes
das condições de vida e saúde e nos fatores de ordem política que podem promover ou dificultar a
equidade.
Embora se considere que a inclusão do princípio de equidade na formulação de políticas de saúde não
garante, de imediato, a implementação de políticas que resultem em melhores níveis de equidade (na
prestação de serviços), esse debate vem alcançando relevância no setor, promovendo importante re-
definição nos rumos das políticas de saúde.
No primeiro momento, pode-se dizer que a inclusão da equidade ocorreu no plano da formulação das
políticas e programas, na garantia do acesso universal aos serviços de saúde. Posteriormente, em sua
fase de execução, a equidade passou a ser um dos princípios norteadores da política, seja no aspecto
do acesso e utilização do sistema, seja na alocação dos recursos financeiros.
Com todas as limitações e as dificuldades verificadas no campo da saúde quanto à redução das desi-
gualdades e da identificação dos determinantes específicos desse setor, é possível dizer que a equi-
dade na alocação e no consumo de serviços de saúde é uma dimensão própria das políticas, uma vez
que se trata de responsabilidade específica do sistema de saúde.
Nota-se como esses conceitos podem ser operacionalizados para o caso da política de saúde no país,
que tem como elemento balizador o atual desenho da implementação do SUS.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
- Os requisitos específicos utilizados como base para avaliação da capacidade gestora das secretarias
municipais e estaduais de saúde que pleiteiam a habilitação nas condições de gestão previstas, res-
pectivamente, pelas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e Comissão Intergestores Tripartite (CIT).
- As que ressaltam o caráter fortemente tutelado da descentralização pelo nível federal, que paulatina-
mente aumenta a vinculação dos recursos transferidos a determinadas políticas ou programas e diminui
a autonomia de gestores estaduais e municipais de saúde na formulação de políticas próprias mais
adequadas a sua realidade;
- As que discutem o efeito fragmentador desse processo, que ao privilegiar a descentralização para os
municípios sem considerar adequadamente o papel das secretarias estaduais de saúde e as dificulda-
des para a montagem de um sistema integral na maioria dos municípios brasileiros,5 pouco contribuiu
para a integração das redes municipais e garantia da assistência à saúde em todos os níveis de com-
plexidade do sistema;
Sem desconsiderar a importância desse debate, a segunda parte deste artigo pretende discutir os efei-
tos concretos do processo de descentralização da política de saúde no Brasil, particularmente, daque-
les obtidos ao final da década de 90 e mais diretamente relacionados à implantação da NOB 01/96,
sobre a redução das iniquidades regionais nos campos da distribuição de recursos financeiros, nas
oportunidades de acesso e na utilização de serviços.
Para tanto, serão utilizadas algumas informações produzidas pela pesquisa Avaliação da Gestão Plena
do Sistema Municipal,6 que compreende uma análise da gestão descentralizada do SUS a partir de
1998, com ênfase nos 523 municípios habilitados na Gestão Plena do Sistema Municipal (GPSM) na
NOB 01/96 até o final de 2000. Primeiramente, serão apresentadas algumas características gerais dos
municípios estudados. Em seguida, será analisada a distribuição de alguns indicadores de alocação
dos recursos federais, oferta e cobertura, conforme as diferentes regiões e porte populacional no uni-
verso dos municípios habilitados em GPSM.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
Os municípios habilitados em GPSM até dezembro de 2000, embora formalmente iguais perante a NOB
01/96, do ponto de vista de suas responsabilidades e atribuições, são bastante desiguais quanto a suas
condições socioeconômicas e demográficas, a suas capacidades fiscais, a sua trajetória no SUS e a
suas disponibilidades de recursos de saúde (incluindo recursos financeiros, capacidade instalada e
capacidade de produção de ações e serviços). Além disso, a gestão municipal plena dos recursos
federais para custeio da assistência à saúde está condicionada pelos acertos e negociações definidos
em nível estadual pelas respectivas instâncias intergestoras (CIB).
Em relação ao tamanho, sua população, majoritariamente, gira em torno de 10 mil a 100 mil hab.
(70,2%), e os municípios podem ser considerados de pequeno e médio porte. Ressalta-se que os mu-
nicípios com esse porte populacional albergam, atualmente, cerca de 40% da população brasileira.
No que se refere à alocação dos recursos financeiros federais para custeio da assistência à saúde,
observa-se, no período de 1998 a 2000, crescimento significativo do montante de recursos destinados
a esses municípios: de R$ 50,50 para R$ 70,50 per capita (Gráfico 1).
Embora os recursos sejam menores e permaneçam abaixo da média nacional na região Norte do país
– muito em função dos critérios utilizados para definição do montante de recursos a serem transferidos,
que privilegiam a capacidade de oferta e produção na média e alta complexidade –, observa-se maior
incremento de recursos no período nesta região.
Vale a pena destacar que os recursos transferidos para a região Nordeste superam os transferidos para
a região Sudeste.
É verdade que os pequenos municípios recebem importante incremento de recursos entre 1998 e 2000,
porém, são eles os mais dependentes dos recursos federais. Em 2000, as transferências para o SUS
representam 36% do gasto público total em saúde no grupo de municípios com população menor que
10 mil hab.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
Resta salientar que o volume de recursos transferidos é ainda irrisório se se considerar o alto grau de
dependência da fonte federal no gasto público total em saúde nesses municípios.
Eles já alocam, em média, 15% de sua receita própria em saúde cumprindo com o dispositivo da
Emenda Constitucional 29, publicada em 2000. Mesmo assim, a dependência permanece, e é menor
nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país.
Pela oferta ou pela oportunidade de acesso, pode-se verificar um aumento insignificante no percentual
de unidades ambulatoriais públicas no total de unidades cadastradas no SUS nos municípios em GPSM
(Gráfico 3).
Essas unidades, no entanto, já representam 80% do total de unidades cadastradas em 2000, e sua
participação é maior nas regiões Norte (88,7%) e Sudeste (84%) do país.
A preponderância da oferta pública na área ambulatorial é observada em todas as regiões do país, com
destaque para os pequenos municípios – 94,5% nos municípios com até 10 mil hab. e 86,8% nos
municípios com população entre 10 mil e 20 mil hab.
A área hospitalar, por sua vez, apresenta padrão inferior ao preconizado pelo MS (4 leitos por mil hab.),
se se considerar a média nacional (3,54 leitos por mil hab.) desses municípios (Gráfico 4).
Esse padrão varia, significativamente, entre as regiões, apresentando os valores mais baixos no Norte
(2,29 leitos por mil hab.) e mais elevados no Centro-Oeste (5,62 leitos por mil hab.).
O incremento verificado no período privilegiou a região Norte (região mais carente da oferta de leitos)
e Nordeste (segunda região com maior oferta de leitos) e os municípios com menos de 10 mil hab. Os
municípios com população maior do que 500 mil hab. que não são capitais, permanecem com um
padrão bem inferior à média nacional (1,57 leitos por mil hab.) e que apresentaram decréscimo de leitos
no período.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
Destaca-se que a política nacional de investimentos (basicamente recursos originários do Banco Mun-
dial no projeto Reforsus) não acompanhou as regras e as tendências da política de descentralização,
isto é, os critérios utilizados para alocação dos recursos de investimentos obedeceram a regras dife-
rentes das previstas na NOB 01/96 para a descentralização de competências gestoras. Esse descola-
mento representa um limite para expansão da alocação dos recursos de custeio nas regiões mais ca-
rentes.
Ainda no que diz respeito à cobertura de serviços ambulatoriais, destaca-se o expressivo aumento do
número de exames por consulta que ultrapassa o parâmetro de 30% a 50% das consultas preconizado
pelo MS (Gráfico 6). Esse aumento que é bastante expressivo no Norte e nos municípios com mais de
500 mil hab. e capitais, pode também significar a ausência de rotinas e protocolos na organização da
assistência médica, bem como a de controle e avaliação dos serviços realizados.
No que se refere a cobertura hospitalar, verifica-se uma regressão no número de internações por
hab./ano no período (Gráfico 7). A média nacional nos municípios em GPSM (0,05 internações por
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
hab./ano) permanece abaixo dos parâmetros recomendados pelo MS (0,08 a 0,09 internações por
hab./ano) em todas as regiões. Embora com padrão semelhante entre as regiões, as coberturas mais
baixas encontram-se nas regiões Sudeste e Nordeste, enquanto o maior decréscimo pode ser obser-
vado no Norte. Em relação ao porte, destacam-se as maiores coberturas hospitalares nas capitais (0,07
internações por hab./ano) e nos municípios médios com 20 mil a 100 mil hab. (0,06 internações por
hab./ano).
Os movimentos sociais ocorridos durante a década de 80 na busca por um Estado democrático aos
serviços de saúde impulsionaram a modificação do modelo vigente de controle social da época que
culminou com a criação do SUS a partir da Constituição Federativa de 1988.
O objetivo deste texto é realizar uma análise deste modelo de participação popular e controle social no
SUS, bem como favorecer reflexões aos atores envolvidos neste cenário, através de uma pesquisa
narrativa baseada em publicações relevantes produzidas no Brasil nos últimos 11 anos.
É insuficiente o controle social estar apenas na lei, é preciso que isto aconteça na prática. Entretanto,
a sociedade civil, ainda não ocupa de forma efetiva esses espaços de participação.
O processo de criação do SUS teve início a partir das definições legais estabelecidas pela nova Cons-
tituição Federal do Brasil de 1988, sendo consolidado e regulamentado com as Leis Orgânicas da Sa-
úde (LOA), n° 8080/90 e n° 8.142/90, sendo estabelecidas nestas as diretrizes e normas que direcio-
nam o novo sistema de saúde, bem como aspectos relacionados a sua organização e funcionamento,
critérios de repasses para os estados e municípios além de disciplinar o controle social no SUS em
conformidade com as representações dos critérios estaduais e municipais de saúde.
O SUS nos trouxe a ampliação da assistência à saúde para a coletividade, possibilitando, com isso, um
novo olhar às ações, serviços e práticas assistenciais. Sendo estas norteadas pelos princípios e dire-
trizes: Universalidade de acesso aos serviços de saúde; Integralidade da assistência; Equidade; Des-
centralização Político-administrativa; Participação da comunidade; regionalização e hierarquização. A
participação popular e o controle social em saúde, dentre os princípios do Sistema Único de Saúde
(SUS), destacam-se como de grande relevância social e política, pois se constituem na garantia de que
a população participará do processo de formulação e controle das políticas públicas de saúde.
No Brasil, o controle social se refere à participação da comunidade no processo decisório sobre políti-
cas públicas e ao controle sobre a ação do Estado. Nesse contexto, enfatiza-se a institucionalização
de espaços de participação da comunidade no cotidiano do serviço de saúde, através da garantia da
participação no planejamento do enfrentamento dos problemas priorizados, execução e avaliação das
ações, processo no qual a participação popular deve ser garantida e incentivada.
Sendo o SUS a primeira política pública no Brasil a adotar constitucionalmente a participação popular
como um de seus princípios, esta não somente reitera o exercício do controle social sob as práticas de
saúde, mas também evidencia a possibilidade de seu exercício através de outros espaços instituciona-
lizados em seu arcabouço jurídico, além dos reconhecidos pela Lei Orgânica de saúde de n° 8.142/90,
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
Ademais, a Lei Orgânica da Saúde n.º 8.080/1990 estabelece em seu art. 12 a criação de comissões
intersetoriais subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, com o objetivo de articular as políticas
públicas relevantes para a saúde. Entretanto, é a Lei n.º 8.142/1990 que dispõe sobre a participação
social no SUS, definindo que a participação popular estará incluída em todas as esferas de gestão do
SUS. Legitimando assim os interesses da população no exercício do controle social.
Essa perspectiva é considerada uma das formas mais avançadas de democracia, pois determina uma
nova relação entre o Estado e a sociedade, de maneira que as decisões sobre as ações na saúde
deverão ser negociadas com os representantes da sociedade, uma vez que eles conhecem a realidade
da saúde das comunidades.
Amiúde, as condições necessárias para que se promova a democratização da gestão pública em saúde
se debruça com a discussão em torno do controle social em saúde.
O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise do modelo vigente de participação popular
e controle social no SUS e ainda elucidar questões que permitirão entender melhor a participação e o
controle social, bem como favorecer algumas reflexões a todos os atores envolvidos no cenário do
SUS.
Após um longo período no qual a população viveu sob um estado ditatorial, com a centralização das
decisões, o tecnicismo e o autoritarismo, durante a década de 1980 ocorreu uma abertura democrática
que reconhece a necessidade de revisão do modelo de saúde vigente na época, com propostas discu-
tidas em ampliar a participação popular nas decisões e descentralizar a gestão pública em saúde, com
vistas a aproximar as decisões do Estado ao cotidiano dos cidadãos brasileiros.
Nessa perspectiva, a dimensão histórica adquire relevância essencial para a compreensão do controle
social, o que pode provocar reações contraditórias. De fato, o controle social foi historicamente exercido
pelo Estado sobre a sociedade durante muitos anos, na época da ditadura militar.
É oportuno destacar que a ênfase ao controle social que aqui será dada refere-se às ações que os
cidadãos exercem para monitorar, fiscalizar, avaliar, interferir na gestão estatal e não o inverso. Pois,
como vimos, também se denominam controle social as ações do Estado para controlar a sociedade,
que se dá por meio da legislação, do aparato institucional ou mesmo por meio da força.
A organização e mobilização popular realizada na década de 80, do século XX, em prol de um Estado
democrático e garantidor do acesso universal aos direitos a saúde, coloca em evidência a possibilidade
de inversão do controle social. Surge, então, a perspectiva de um controle da sociedade civil sobre o
Estado, sendo incorporada pela nova Constituição Federal de 1988 juntamente com a criação do SUS.
A participação popular na gestão da saúde é prevista pela Constituição Federal de 1998, em seu artigo
198, que trata das diretrizes do SUS: descentralização, integralidade e a participação da comunidade.
Essas diretrizes orientam a organização e o funcionamento do sistema, com o intuito de torná-lo mais
adequado a atender às necessidades da população brasileira.
A discussão com ênfase dada ao controle social na nova Constituição se expressa em novas diretrizes
para a efetivação deste por meio de instrumentos normativos e da criação legal de espaços institucio-
nais que garantem a participação da sociedade civil organizada na fiscalização direta do executivo nas
três esferas de governo. Na atualidade, muitas expressões são utilizadas corriqueiramente para carac-
terizar a participação popular na gestão pública de saúde, a que consta em nossa Carta Magna e o
termo ‘participação da comunidade na saúde’.
Porém, iremos utilizar aqui o termo mais comum em nosso meio: ‘controle social’. Sendo o controle
social uma importante ferramenta de democratização das organizações, busca-se adotar uma série de
práticas que efetivem a participação da sociedade na gestão.
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PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL
Embora o termo controle social seja o mais utilizado, consideramos que se trata de um reducionismo,
uma vez que este não traduz a amplitude do direito assegurado pela nova Constituição Federal de
1988, que permite não só o controle e a fiscalização permanente da aplicação de recursos públicos.
Este também se manifesta através da ação, onde cidadãos e políticos têm um papel social a desem-
penhar através da execução de suas funções, ou ainda através da proposição, onde cidadãos partici-
pam da formulação de políticas, intervindo em decisões e orientando a Administração Pública quanto
às melhores medidas a serem adotadas com objetivo de atender aos legítimos interesses públicos.
Ao estabelecer como princípio organizativo do Sistema Único de Saúde (SUS) a participação comuni-
tária, a Constituição Federal de 1988 apontou para a relevância da inserção da população brasileira na
formulação de políticas públicas em defesa do direito à saúde. Além disso, atribuiu importância a ins-
tâncias populares na fiscalização e controle das ações do Estado, considerando as especificidades de
cada região brasileira.
Os Conselhos de Saúde são órgãos deliberativos que atuam como espaços participativos estratégicos
na reivindicação, formulação, controle e avaliação da execução das políticas públicas de saúde. Já
as Conferências de Saúde consistem em fóruns públicos que acontecem de quatro em quatro anos,
por meio de discussões realizadas em etapas locais, estaduais e nacional, com a participação de seg-
mentos sociais representativos do SUS (prestadores, gestores, trabalhadores e usuários), para ava-
liar e propor diretrizes para a formulação da política de saúde.
Juntamente com a gestão destas instâncias e de outras redes de articulação em prol da garantia da
participação social, o desafio que se coloca é a criação de uma eficiente rede de informação e comu-
nicação ao cidadão sobre estes espaços de participação. E mais, do cidadão perceber-se como ator
fundamental na reivindicação pelo direito à saúde.
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ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO
Os servidores públicos são profissionais que possuem um vínculo de trabalho profissional com ór-
gãos e entidades do governo.
Dentro do setor público, todas as atividades do governo afetam a vida de um país. Por isso, é neces-
sário que os servidores apliquem os valores éticos para que os cidadãos possam acreditar na eficiên-
cia dos serviços públicos.
Existem normas de conduta que norteiam o comportamento do servidor, dentre elas estão os códigos
de ética municipais e o Código de Ética da Administração do Poder Executivo Federal. Assim, é
missão deles serem leais aos princípios éticos e as leis acima das vantagens financeiras do cargo e
ou qualquer outro interesse particular.
Esses interesses podem ser os desvios de verbas públicas, políticos que se beneficiam de programas
e situações para ganhar votos, produção de leis que vão contra os princípios da sociedade, corrup-
ção, etc.
As próprias leis possuem sanções e mecanismos que penalizam servidores públicos que agem em
desacordo com suas atividades, um exemplo é a Lei de Improbidade Administrativa.
Os códigos de ética tanto o federal, quanto os municipais, são um conjunto de normas que dizem res-
peito a conduta dos servidores dentro de seu serviço, além de penalidades a serem aplicadas pelo
não cumprimento dessas normas. Ambos possuem uma Comissão de Ética responsável por julgar os
casos referentes à ética no serviço público.
Os códigos informam os princípios e deveres dos servidores públicos como decoro, zelo, dignidade,
eficácia e honra, além de outras qualidades do servidor, suas obrigações que visam o bem estar da
população, bem como as proibições e punições derivadas do serviço irregular de suas funções, que
relembram os princípios fundamentais da administração pública.
O Código de Ética dos Servidores Públicos Civil do Poder Executivo Federal foi aprovado pelo de-
creto n° 1.171 de 22 de junho de 1994, destinado aos servidores públicos federais.
⇒ Os servidores públicos devem ser leais as suas Constituições, leis e princípios éticos acima dos
interesses privados;
⇒ Os servidores não poderão ter interesses financeiros que causem conflitos ao desempenho de sua
atividade;
⇒ Os servidores deverão usar de sigilo, não utilizando informações governamentais para seu próprio
interesse. Além disso não poderão fazer promessas não autorizadas que comprometam o governo;
⇒ Os servidores não poderão aceitar presente ou item de valor de qualquer pessoa ou instituição em
busca de benefícios, nem realizar atividades não reguladas ou permitidas pelo órgão do servidor;
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ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO
⇒ Os servidores devem agir com imparcialidade e não devem dar tratamento diferenciado a nenhuma
organização individual ou privada;
⇒ Os servidores deverão proteger e conservar o patrimônio do Estado, não os utilizando para fins
não autorizados;
⇒ Os servidores deverão de boa fé satisfazer suas obrigações de cidadãos, incluindo obrigações fi-
nanceiras;
⇒ Os servidores deverão apoiar todos os regulamentos e leis que asseguram oportunidades iguais
para todos;
⇒ Os servidores deverão evitar toda a ação que crie a aparência de que estão violando as leis ou
normas éticas.
Candidatos que estão se preparando para se submeter a provas de diferentes órgãos devem estudar
atentamente o Decreto nº 1.171/94, que, na prática, é o Código de Ética Profissional do Servidor Pú-
blico Civil do Poder Executivo Federal. Trata-se de um documento de pequena extensão, mas de
grande importância, sendo uma leitura obrigatória para todas as provas de concursos na esfera fede-
ral.
Na Seção I, disposto II é dito que o servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético
de sua conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o
conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o
desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal.
Nesse disposto está evidenciada a necessidade do servidor público de agir sempre de forma ética no
exercício de suas funções. A ética nesse sentido não se restringe apenas ao cumprimento da lei, mas
obviamente a fazer o que seria honesto e correto.
Na Seção I, disposto X é preconizado que deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de so-
lução que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas filas, ou
qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a
ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos usuários dos serviços públi-
cos.
Todo funcionário público deve fazer o seu trabalho de forma a facilitar, agilizar e ajudar as pessoas
que recorrem ao serviço público em questão. Ele não pode provocar uma demora e, consequente-
mente, um atraso, ou seja, uma espera desnecessária por conta de alguma negligência ou displicên-
cia profissional. É considerado um dano ético e cruel.
A Seção I, disposto VI afirma que a função pública deve ser tida como exercício profissional e, por-
tanto, se integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na con-
duta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funci-
onal.
O cargo público faz de um servidor, de certa forma, uma figura pública e representativa do Estado. O
seu cargo está atrelado também a sua vida particular. Os acontecimentos e ações cotidianas realiza-
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ÉTICA DO SERVIDOR PÚBLICO
dos em sua vida particular podem acabar interferindo diretamente na sua vida dentro da funcionali-
dade pública. Funciona, de certa forma, conforme aquilo que se conhece popularmente como o "bom
testemunho" dentro e fora do trabalho.
Por fim, a Seção III, disposto XV indica que é vedado ao servidor público o uso do cargo ou função,
facilidades, amizades, tempo, posição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou
para outrem.
Esse trecho deixa bem claro que o servidor público jamais pode usar de seu cargo para favorecer a
ele mesmo ou para fazer favores aos amigos e familiares.
Estes foram apenas alguns dos aspectos abordados no Decreto nº 1.171/94, o qual é basicamente
uma norma de conduta para o servidor público no exercício da sua função. Claro está que, apesar de
ser um dispositivo legal que prevê formas de conduta na administração pública federal, todas demais
esferas públicas (municipal e estadual) possuem seus códigos de ética "espelhados" naquele decreto.
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POLÍTICAS PUBLICAS
Políticas Públicas
Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado direta-
mente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam assegurar de-
terminado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social, cultural, ét-
nico ou econômico.
A educação e a saúde no Brasil são direitos universais de todos os brasileiros. Assim, para assegurá-
los e promovê-los estão instituídas pela própria Constituição Federal as políticas públicas de educa-
ção e saúde.
O meio ambiente é também reconhecido como um direito de todos e a ele corresponde a Política Na-
cional do Meio Ambiente, instituída pela Lei Federal n.º 6.938.
A água é concebida na Carta da República como bem de uso comum. Para proteger este bem e re-
gulamentar seu uso múltiplo foi instituída a Política Nacional de Recursos Hídrico mediante a Lei Fe-
deral nº 9.433.
1. Planos
2. Programas;
3. Ações
4. Atividades.
Os planos estabelecem diretrizes, prioridades e objetivos gerais a serem alcançados em períodos re-
lativamente longos. Por exemplo, os planos decenais de educação têm o sentido de estabelecer obje-
tivos e metas estratégicas a serem alcançados pelos governos e pela sociedade ao longo de dez
anos.
Os programas estabelecem, por sua vez, objetivos gerais e específicos focados em determinado
tema, público, conjunto institucional ou área geográfica. O Programa Nacional de Capacitação de
Gestores Ambientais (PNC) é um exemplo temático e de público.
Ações visam o alcance de determinado objetivo estabelecido pelo Programa, e a atividade, por sua
vez, visa dar concretude à ação.
Formulação
No processo de formulação de políticas públicas, a primeira providência a ser tomada quando uma
situação é vista como problema – e, por isso, é incluída na agenda governamental – é definir as li-
nhas de ação que serão adotadas para resolver a questão.
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A definição, no entanto, gera um embate político entre grupos que vão ver as linhas de ação como
sendo favoráveis ou contrárias a seus interesses. Nesse momento deve ser definido o objetivo da po-
lítica pública, quais serão os programas desenvolvidos e as metas a serem alcançadas. Ao final do
processo de definição destes três itens, várias propostas de ação serão rejeitadas.
Essa escolha, além de ter que se preocupar com a repercussão junto aos grupos sociais, deve levar
em conta o que pensa o corpo técnico da administração pública, inclusive no que se refere aos recur-
sos – materiais, econômicos, técnicos, pessoais etc.
Para facilitar a elaboração de propostas, o responsável pela preparação da política pública deve ser
reunir com os atores envolvidos no contexto no qual ela será implantada e pedir a eles que apontem
a melhor forma de proceder. Também deve ser definido um caminho alternativo, caso a forma apon-
tada antes seja inviável.
Este procedimento proporciona à autoridade uma série de opiniões que pode servir como base para
apontar o caminho desejado pelos segmentos sociais, auxiliando na escolha e contribuindo com a le-
gitimidade da proposta.
Acompanhamento e avaliação
Primeiramente, avaliou a eficácia de vinte e quatro políticas públicas ambientais realizadas no âmbito
do SEAQUA no período 2007-2010; em seguida, com base nos resultados da etapa de avaliação e
em pesquisas bibliográficas, iniciou o planejamento de ações governamentais, aplicando metodologia
de planejamento orientado a objetivos, à luz do modelo lógico, baseada em estudos do IPEA e em
propostas da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional (SP) para elaboração do
Plano Plurianual 2012-2015.
Esta etapa de planejamento elegeu como eixo principal de trabalho a conservação da biodiversidade
no Estado de São Paulo, definindo suas linhas de trabalho de acordo com os objetivos da Convenção
sobre a Diversidade Biológica.
Dentre os produtos obtidos, estão: um relatório interno compilando os resultados da etapa de avalia-
ção; o aperfeiçoamento da metodologia de formulação de ações governamentais e a consolidação de
uma Proposta de Fluxograma de Construção de Programas, a partir do qual é possível formular um
programa sob o método do Marco Lógico, abrangendo também os processos intrínsecos de avaliação
de metas (eficácia), de processos (eficiência) e de impato (efetividade); e três relatórios parciais inter-
nos, sistematizando as discussões realizadas durante a etapa de planejamento de ações governa-
mentais.
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O Supremo Tribunal Federal decidiu, recentemente, que o Poder Judiciário deve controlar a omissão
do Poder Executivo no que diz respeito à realização de obras em estabelecimento prisional (RE
592.581-RS), fixando a seguinte tese: “É lícito ao Judiciário impor à Administração Pública obrigação
de fazer, consistente na promoção de medidas ou na execução de obras emergenciais em estabeleci-
mentos prisionais para dar efetividade ao postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos
detentos o respeito à sua integridade física e moral, nos termos do que preceitua o art. 5º, (inciso
XLIV) da Constituição Federal, não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do possível
nem o princípio da separação de poderes”.
Tratou-se de Recurso Extraordinário interposto pelo Ministério Público do Estado do Rio Grande do
Sul contra acórdão do Tribunal Estadual, que entendeu que ordem para realização de obras constitui-
ria indevida invasão de campo decisório reservado à Administração Pública, não obstante o reconhe-
cimento da precariedade das condições às quais estão submetidos os detentos, com evidente viola-
ção de sua integridade física e moral.
A questão foi assim resumida pelo ministro relator, Ricardo Lewandowski: considerando a situação
precária em que se encontram as prisões brasileiras e a delicada situação orçamentária do país, po-
deria o Poder Judiciário determinar ações para concretizar, com relação aos presos, o princípio da
dignidade humana e os direitos que a Constituição Federal lhe garante, em especial o constante do
art. 5º, XLIX?
A resposta foi positiva e a fundamentação, extensa, apoia-se em quatro eixos: (a) a dignidade da pes-
soa humana, como um dos pilares do Estado Democrático de Direito, a determinar limites à atuação
do Estado e de seus agentes; (b) o princípio da inafastabilidade da jurisdição; (c) a eficácia dos direi-
tos fundamentais dos detentos, que constaria, também, do arcabouço infraconstitucional, inclusive
internacional, tudo a exigir a pronta intervenção do Poder Judiciário para a recomposição da ordem
jurídica violada e (d) a não aplicação da teoria da reserva do possível.
Então, segundo apontou o ministro Lewandowski, não se cuidaria de “implementação direta, pelo Ju-
diciário, de políticas públicas, amparadas em normas programáticas, supostamente abrigadas na
Carta Magna, em alegada ofensa ao princípio da reserva do possível. Ao revés, trata-se do cumpri-
mento da obrigação mais elementar deste Poder que é justamente a de dar concreção aos direitos
fundamentais, regulamentares e internacionais”.
Quanto aos limites da atuação jurisdicional, consta deste voto que, embora não seja possível aos ma-
gistrados substituir os critérios do administrador pelos próprios, é de rigor a atuação naquelas situa-
ções em que se evidencie um não fazer comissivo ou omissivo por parte das autoridades estatais que
coloque em risco, de maneira grave e iminente, os direitos dos jurisdicionados.
Como se constata, houve a análise dos, usualmente, três apontados limites ao controle judicial das
políticas públicas: o princípio da separação dos poderes, a discricionariedade administrativa e a deno-
minada reserva do possível. A eles, a Suprema Corte privilegiou a dignidade da pessoa humana, a
eficácia dos direitos constitucionais e o princípio da inafastabilidade da jurisdição.
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Com isto, dá-se mais um passo importante na luta para a concretização dos direitos e para o controle
judicial de políticas públicas, deixando de render vassalagem à afirmação de falta de verbas e da teo-
ria da reserva do possível, gestada no direito alemão e que não teve, lá, o conteúdo que no Brasil
vem sendo defendido.
O Estado, amiúde, afirma que a intervenção judicial em matéria de políticas públicas ofende o princí-
pio da separação de poderes, uma vez que competiria apenas ao Poder Executivo a decisão acerca
da implementação, ou não, de tais direitos e, ainda, da forma como esta implementação seria feita,
vale dizer, o caráter discricionário das escolhas feitas. Este entendimento não esconde o vezo autori-
tário e a concepção da separação de poderes como garantia, não da liberdade, mas, sim, daquele
que está exercendo o poder. Lembre-se que o princípio da separação de poderes foi desenvolvido
como um mecanismo do exercício controlado do poder que, assim, não serve para gáudio de seus
exercentes.
Por outro lado, a execução de políticas públicas implica, em regra, recursos públicos, muitas vezes de
monta. Mas não apenas recursos públicos. Demanda também vontade política e eficiência na gerên-
cia destes recursos.
Nesse passo deve ser lembrado, como caso de pouca eficiência, estudo realizado pelo Banco Mun-
dial abrangendo vinte anos do Sistema Unificado de Saúde – SUS, no Brasil, objeto de notícia veicu-
lada no jornal Folha de S. Paulo, em 9 de dezembro de 2013 (pág. C1, caderno Cotidiano): “Falta
mais eficiência ao SUS do que verba, afirma estudo”. Consta ali que não obstante o Brasil gaste, em
ações e serviços de saúde, cerca de 3,8% do PIB, seria possível fazer mais e melhor com o mesmo
orçamento.
O estudo aponta, como exemplo, a baixa eficiência da rede hospitalar, que poderia ter uma produção
três vezes superior à atual, com o mesmo nível de insumos: “Mais da metade dos hospitais brasileiros
(65%) são pequenas unidades, com menos de 50 leitos — a literatura internacional aponta que, para
ser eficiente, é preciso ter acima de cem leitos. Nessas instituições, leitos e salas cirúrgicas estão su-
butilizados”.
Assim, embora seja verdadeiro que a execução de políticas públicas demanda recursos, não menos
verdadeiro é que a gerência dos recursos financeiros pelo Estado deixa muito a desejar em termos de
eficiência, de sorte que não se há que pretender que o indivíduo arque com deficiências estatais, es-
pecialmente à vista do princípio da eficiência, de estatura constitucional (art. 37, “caput”).
Outro dado que não se pode desconsiderar é o fenômeno da corrupção, que acaba por desviar os re-
cursos dos cofres públicos e comprometer o atingimento, pelo Estado, de seus fins.
Embora a corrupção não seja um fenômeno exclusivamente brasileiro, ocorrendo em outros países,
desenvolvidos ou não, não se negar que no Brasil está praga está presente de forma muito intensa.
Basta ler os noticiários para verificar, lamentavelmente, o grande número de ocorrências desta espé-
cie. Assim, a aceitação, pela mais alta Corte do país, da possibilidade constitucional do controle judi-
cial das políticas públicas merece aplausos.
Esta abordagem se acha orientada para a determinação das causas da limitada efetividade da ação
das instituições legislativas no desempenho de seu papel de entidade responsável pela avaliação, em
alto nível, das políticas públicas.
A partir da premissa de que se entendem por políticas públicas (PP) “os balizamentos fundamentais
que são definidos pelo Governo (pela ação conjunta do Executivo e do Legislativo) com o propósito
de parametrar a maneira pela qual as organizações públicas e privadas, de cada setor, deverão atuar
em relação a determinados problemas ou áreas de atuação”, ancoramos nossa apreciação em dois
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pressupostos: 1) o de que, em nosso País, o Poder Executivo é demasiado forte; b) o de que o Poder
Legislativo se encontra ainda na primeira infância. Como sabemos, apenas com a restauração da de-
mocracia plena, pela
Logo, é compreensível, em razão da cultura burocrática que se havia consolidado durante o período
autoritário, que os órgãos do Poder Executivo preservassem um certo viés autoritário ainda por vários
anos. Por outro lado, o longo período de limitada ação, havia tornado o Legislativo despreparado para
assumir, de imediato, em toda a plenitude, os novos papéis que lhe foram atribuídos.
São esses dois fatores que alavancam a situação atual de “Executivo forte”, somados ao fato de que
a divisão do Poder não é algo que ocorra facilmente, tendendo os seus detentores a resistir à transfe-
rência de parcelas deste, mesmo quando determinada pela Lei Maior. Assim, é natural que o Execu-
tivo manobre para que o Legislativo tenha que conquistar, a duras penas, as parcelas de Poder que
por direito lhe foram atribuídas pela sociedade.
É sob essa perspectiva que nos referimos ao Legislativo como “ainda na infância”, ou seja, no sentido
de que este se acha ainda em estágio embrionário como Instituição, a ser ultrapassado na medida
em que este vá se consolidando, o que deve levar ainda vários anos. Em nosso entender, doze anos
(de 1988 a 2000) é um período muito curto, na perspectiva da vida de instituições complexas como os
Poderes do Estado. Não se pode esperar muito das instituições jovens, é preciso dar-lhes tempo para
crescer (adquirindo músculos, experiência e malícia) e ocupar o espaço que lhes cabe na sociedade.
Mas, por certo, as causas da limitada ação do Legislativo no campo das políticas públicas não são
apenas essas. Tanto os processos de formulação quanto os de avaliação de políticas públicas costu-
mam enfrentar várias dificuldades até mesmo quando realizados por entes legislativos bastante con-
solidados ou implementados no âmbito do Poder Executivo.
A primeira dessas dificuldades é a de que, embora a “Avaliação de Políticas Públicas” seja uma des-
sas idéias de evidente conotação positiva, que costuma obter concordância das plateias quanto à sua
necessidade e interesse público, ela constitui uma ação difícil de implementar em razão das quatro
singularidades básicas das políticas públicas (PPs):
- as PPs não são formuladas por um agente determinado, mas por múltiplos agentes;
- as PPs, como norma, não são claramente explicitadas pelos seus formuladores;
Além disso, no mesmo ambiente institucional, convivem políticas públicas que se opõem e se entre-
chocam continuamente, dado que, similarmente ao que ocorre com as pessoas, muitas das entidades
do ambiente possuem interesses divergentes e conflitantes.
A segunda dificuldade, é a natural restrição que os gerentes costumam ter em relação à avaliação de
desempenho em sua área de responsabilidade. Como a maioria tem receio de que as avaliações co-
loquem em evidência maus resultados obtidos em certas ações, ainda que ao lado de ótimos resulta-
dos, embora concordem, ao nível do discurso oficial, com as ações de controle, na prática buscam
sabotá-las por todos os meios possíveis. Em poucas palavras, avaliação de resultados é algo muito
bom quando tem relação com os outros e muito inconveniente quando realizada em nosso contexto.
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Para encerrar está enumeração indicativa, pode-se aduzir, como terceira dificuldade, as limitações
que cercam os atos de quantificação e/ou mensuração. A ideia mais expressiva desta dificuldade me
foi passada, há vários anos, pelo Professor Erich MachEarchen, da UCLA, ao salientar que “nós ja-
mais conseguimos medir coisa alguma, quando muito, podemos medir aspetos dessa coisa”. Por
exemplo, como você mede um carro? Ora, se isso é assim difícil em relação a coisas materiais,
quanto mais não o será em relação a eventos no plano social.
Por exemplo, numa política pública de “pleno assentamento de trabalhadores rurais”, não basta saber
o número de assentados, a área de terra ocupada, ou o número de empréstimos concedidos, etc. De-
pendendo do substrato dessa política, é necessário avaliar muitas outras coisas, tais como: qualidade
da terra, eficácia da assistência técnica prestada, disponibilidade de insumos, apoio de saúde e edu-
cação às famílias assentadas, mercado para a produção, etc.
São essas restrições que tendem a levar as instituições a falar muito e fazer pouco no campo da ava-
liação das políticas públicas.
Atuar nesse campo costuma dar muito trabalho e trazer mais dissabores do que recompensas (ex-
ceto para os partidos de Oposição), pois, dado que o setor público tende a ser um péssimo executor
– seja aqui, seja nos países desenvolvidos (vide Aaron Wildawsky com o seu livro: “Implementation,
Oakland are not for sale” e o Eugene Bardach, “The Implementation Game”, com suas críticas à im-
plementação de projetos nos EUA) –, a maior probabilidade é de que as ações de avaliação colo-
quem a descoberto muitos problemas de eficácia e competência dos Governos.
Lembro-me, a propósito, de um caso concreto ocorrido no Estado do Paraná, quando um órgão téc-
nico elaborou um relatório de avaliação da ação do Governo ao final de uma certa gestão. O trabalho
documentava muita coisa positiva, porém o Governador ao fazer a leitura política do documento, as-
sustou-se com a explora-ção política que podia ser feita dos limitados pontos negativos e determinou
a sua integral destruição.
Porém, a existência dessas dificuldades não diminui a relevância da atuação do Poder Legislativo no
campo da formulação e avaliação de políticas. Apenas nos alerta para o fato de que ela deve ser co-
medida, cautelosa e ampliar-se gradativamente. Em termos de potencial, são vários os instrumentos
de que dispõe o Congresso Nacional para intervir no campo das políticas públicas. Além do Plano
Plurianual e da LDO, de grande alcance na formalização das políticas públicas, a Constituição de
1988 criou vários outros meios intervenção do Parlamento, dentre as quais merecem destaque:
-a efetiva faculdade de emendar as proposições sobre planos e matérias orçamentárias, com a possi-
bilidade de modificar, suprimir ou instituir programações específicas;
É verdade que o emprego desses instrumentos ocorre ainda com alguns problemas, com maior ou
menor magnitude em cada caso, limitando a efetividade da participação do Legislativo nos processos
de formulação e avaliação de políticas públicas. Porém, todos eles têm se evidenciado como de
grande utilidade no aprimoramento das instituições do País, sobretudo pela transparência peculiar
aos processos no âmbito do Legislativo, os quais viabilizam uma maior participação das instituições
da sociedade, sobretudo da imprensa e das entidades associativas de caráter setorial.
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Embora seja desejável que a avaliação de políticas públicas se baseie em elementos concretos, ou
seja, nas ações efetivas dos entes públicos e nos resultados propiciados pelos bens e serviços que
colocam à disposição da sociedade, isso nem sempre é possível, dado que duas das fontes básicas
desses elementos nem sempre possuem elementos suficientemente expressivos da realidade para
aplicação àquela política pública que se deseja avaliar, quais sejam:
a) os dados relativos à formulação e execução de planos e orçamentos (ao nível detalhado por enti-
dades, programas e projetos);
Gostariamos de salientar que, embora o nosso enfoque seja sobre a AVALIAÇÃO de políticas públi-
cas, é preciso ter presente que o processo de FORMULAÇÃO (ou de reavaliação) de políticas públi-
cas, tem como uma de suas componentes básicas a avaliação (ainda que apenas intuitiva e substan-
cial) das políticas públicas propostas e das vigentes.
- quando da apreciação do projeto do último Plano Plurianual, o Legislativo não concordou com a es-
trutura de detalhamento do Plano e a modificou de maneira a propiciar uma melhor integração entre
os documentos de planejamento e de orçamento público;
- nesse Plano Plurianual o Legislativo incluiu norma tornando obrigatório ao Executivo a apresenta-
ção de Relatório de Acompanhamento da Execução do PPA por áreas e programas;
- nas leis de diretrizes orçamentárias dos últimos anos o Legislativo tem incluído disposições relevan-
tes sobre as políticas de alocação de recursos aos setores de saúde (fixando um patamar mínimo) e
transportes (dando prevalência às ações de restauração);
- os projetos de leis orçamentárias dos últimos dois anos têm sido modificados no Congresso de
modo a assegurar uma distribuição mais equitativa dos recursos do SUS entre as unidades da fede-
ração, bem como para sinalizar a necessidade de mais recursos para o FUNDEF;
- no projeto de Orçamento para 2000, as alocações em irrigação foram seriamente revistas, de modo
a dotar os projetos de interesse da Região Nordeste de recursos compatíveis para a conclusão de
obras que vêm se arrastando há vários anos;
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Antes de finalizar essas nossas considerações, gostaria de salientar que o Poder Legislativo tem sido
bastante cauteloso no cumprimento das prerrogativas que lhe foram restauradas, estabelecendo res-
trições adicionais à sua atuação – além daquelas previstas no texto Constitucional – a fim de evitar
que seu direito a participar das decisões sobre as políticas públicas não viole o direito que têm os de-
mais Poderes de também atuar na conformação da ação da sociedade.
Quanto às normas constitucionais de caráter restritivo, o seu fundamento básico foi o desejo dos
Constituintes, ao restaurar as prerrogativas do Legislativo, de que estas fossem exercidas sob a ética
da responsabilidade, evitando os erros e abusos do passado. Dentre as restrições com esse propó-
sito cabe apontar: a) a subordinação da programação da LOA às definições do PPA e da LDO; b) as
restrições ao poder de emenda dos membros do Parlamento; c) as vinculações de receitas para gas-
tos com seguridade, educação e irrigação; d) as restrições à realização de operações de crédito, à
criação de vinculações e à movimentação de recursos; e) a proibição do início de investimentos não
previstos PPA.
No que se refere às normas regimentais de caráter restritivo, cumpre destacar, no campo dos Planos
e Orçamentos, a Resolução nº 2/95-CN, cujas normas derivam, de um lado, do esforço do Legislativo
em melhorar a sua imagem perante a população (comprometida após a CPI dos Orçamentos) e, de
outro, das pressões do Executivo no sentido de manter suas propostas tão inalteradas quanto possí-
vel e de obter o máximo de flexibilidade para implementar os programas governamentais.
De nossa parte não temos dúvidas de que o Poder Legislativo tem dado um significativo aporte de
qualidade à melhoria do processo de formulação e formalização das políticas públicas por meio dos
Planos e Orçamentos. Sua atuação tem sido substancial na definição dos Planos Plurianuais, na fixa-
ção das Diretrizes Orçamentárias e no detalhamento da programação nos orçamentos. Porém, ape-
sar dos avanços constatados, nota-se uma certa tendência ao empobrecimento da participação do
Congresso Nacional nas decisões mais relevantes sobre os orçamentos públicos. As principais evi-
dências disso são:
d) a ênfase na obtenção de alocações em favor das unidades federativas em vez de em favor de pro-
jetos estratégicos;
e) a criação de rotinas com mais ênfase na melhoria dos processos do que na qualidade das deci-
sões;
Dada o enfoque que adotamos ao início da abordagem, nos limitaremos a algumas breves considera-
ções sobre as duas últimas. A questão da ênfase na eficiência dos processos tende a contribuir para
que se afastem os atores focais do processo orçamentário dos questionamentos essenciais sobre
certas políticas públicas.
Por exemplo, a limitada amplitude dos programas de saneamento e habitação – de grande efeito na
geração de emprego e na elevação da qualidade de vida das populações –; a deterioração da estru-
tura 5 de planejamento do país – que torna indisponíveis diagnósticos apropriados para orientar a alo-
cação dos recursos –; a inexistência de alocações em favor de programas de fontes alternativas de
energia – que geram empregos e preservam o meio ambiente; a real validade das políticas de reser-
vas monetárias e juros do Governo – de grandes repercussões nos encargos com a dívida e que limi-
tam as disponibilidades para outras alocações –; para citar apenas algumas questões.
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Uma das formas mais efetivas de poder é aquela que deriva do conhecimento aprofundado e da me-
mória dos fatos. Na forma atual, em que as Comissões trocam de presidência a cada ano, vedada a
reeleição, é muito difícil atingir tal desiderato. Nesse contexto, nunca se chega a articular forças sufi-
cientes para dotar tais órgãos de uma estrutura apropriada para a realização de atividades permanen-
tes. Nosso quadro contrasta fortemente com o dos EUA, onde os Presidentes de Comissão chegam a
permanecer à frente destas por mais de dez anos, adquirindo um conhecimento setorial mais amplo
do que o dos Ministros de Estado da área.
Porém, apesar dos problemas que existem no campo da atuação do Legislativo na formulação e ava-
liação de políticas públicas há algo de muito positivo em nosso ambiente institucional. O fato dos pro-
blemas estarem sendo levantados e discutidos. Esse é, sem dúvida, um grande passo em direção às
mudanças, pois a identificação e a delimitação do problema é requisito essencial para a sua solução.
O Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) foi instituído a partir da Portaria Normativa nº 39
de 12 de Dezembro de 2007 que, após um período marcado por diversas discussões e encaminha-
mentos junto à ANDIFES e ao MEC, culminou na sanção do Decreto 7.234 de Julho de 2010, assi-
nado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com finalidade ampliar as condições de permanência
dos jovens na educação superior pública federal.
A construção dos artigos e incisos do Decreto foi dada a partir de estudos realizados pelo FONA-
PRACE e diálogos e acordos em conjunto com o governo. Antes mesmo da publicação do Decreto
alguns princípios, objetivos e áreas temáticas já foram definidas a fim de contemplar as medidas as-
sistencialistas mais abrangentes e efetivas aos estudantes das Instituições Federais de Ensino Supe-
rior.
Quanto ao desenvolvimento das ações de assistência estudantil, o PNAES, em seu art. 3º, § 1º
elenca as seguintes áreas: moradia estudantil, alimentação, transporte, atenção à saúde, inclusão di-
gital, cultura, esporte, creche, apoio pedagógico e acesso, participação e aprendizagem de estudan-
tes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.
Para isso, se faz necessário um diagnóstico organizacional sobre alinhamento estratégico das ações
e desenvolvimento de uma ferramenta capaz de direcionar os esforços e analisar o desempenho das
ações, atividades e processos.
Balanced Scorecard
Em 1990, o Instituto Nolan Norton e a KPMG, patrocinaram uma pesquisa denominada “Measuring
Performance in the Organization for the Future” cujo objetivo era analisar os métodos de avaliação do
desempenho empresarial que, em geral, foram considerados obsoletos.
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POLÍTICAS PUBLICAS
O estudo liderado por David Norton e Nolan Norton levou a uma ampliação do scorecard, que se
transformou no que chamamos de Balanced Scorecard - BSC, organizado em torno de quatro pers-
petivas distintas: financeiras, cliente, processos e crescimento/aprendizado. O nome reflete o equilí-
brio entre objetivos de curto e longo prazo, entre medidas financeiras e não financeiras, entre indica-
dores de tendência (leading) e ocorrências (lagging) e entre as perspetivas interna e externa de de-
sempenho.
Apesar de o BSC ser, originalmente, desenvolvido em um prisma de lucratividade futura para as orga-
nizações, o mesmo não menospreza as medidas financeiras do desempenho passado e incorpora
medidas não-financeiras em uma percepção de correlação. A metodologia deve manter um equilíbrio
entre indicadores externos, voltados aos stakeholders, medidas internas dos processos críticos do
negócio, inovação, aprendizado e crescimento. Existe assim uma correlação entre as medidas de re-
sultado – as consequências dos esforços passados – e as medidas que determinam o desempenho
futuro.
De forma complementar, Osório (2003) descreve que o BSC é um sistema de avaliação de desempe-
nho cujo método propõe uma forma sistêmica de analisar as variáveis críticas de desempenho e as
medidas associadas às estratégias pretendidas. A utilização desse sistema de medição de desempe-
nho permite uma visão holística da organização com destaque na ligação entre indicadores e estraté-
gia.
Metodologia
O presente trabalho, quanto a sua natureza, pode ser classificado como aplicado, uma vez que o es-
tudo se dirige a análise do Planejamento Estratégico como ferramenta de gestão. Essa ferramenta
poderá ser utilizada como auxílio na gestão do Programa Nacional de Assistência Estudantil na Uni-
versidade Federal de Alagoas. Gerhardt e Silveira classificam como pesquisa aplicada “aquela que
gera conhecimento para aplicação prática, dirigido à solução de problemas específicos e interesses
locais”.
Para condução deste estudo, foi utilizada a taxonomia de Vergara (2011). Dessa forma, essa pes-
quisa pode ser classificada segundo dois critérios básicos: quanto aos fins e quanto aos meios.
Quanto aos fins, a pesquisa pode ser classificada como exploratória, sendo uma pesquisa conduzida
para explorar o problema/questão de pesquisa (QP). A pesquisa é utilizada quando é detetado um
problema de fator crítico, mas não se conhece a causa. Como sugere o nome, o objetivo da pesquisa
exploratória é explorar ou examinar um problema ou situação para se obter conhecimento e compre-
ensão, sendo utilizada nas etapas iniciais de um projeto.
Esse tipo de pesquisa é flexível e estruturado a partir das adaptações necessárias em cada cenário e
percepção do pesquisador. Já Gerhardt e Silveira (2009) reforçam que a pesquisa exploratória busca
uma abordagem do fenômeno pelo levantamento de informações que poderão levar o pesquisador a
conhecer mais a seu respeito.
Quanto aos meios, foi utilizado como procedimento o levantamento ou survey que pode ser descrita
como obtenção de dados ou informações sobre caraterísticas, ações ou opiniões de determinado
grupo de pessoas, indicado como representante de uma populaçãoalvo, por meio de instrumentos de
pesquisa, sendo normalmente aplicado questionários e entrevistas com viés amostral.
A amostra do trabalho foi dividida em dois tipos, tendo em vista a população-alvo e objetivo. O pre-
sente trabalho utilizou a amostra probabilística de tipo aleatória simples onde todos os elementos da
população tiveram a mesma chance de serem escolhidos. Isso implica utilizar a seleção randômica
ou aleatória dos respondentes, eliminando a subjetividade da amostra.
Roteiro Metodológico
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POLÍTICAS PUBLICAS
a) Entrevista semiestruturada em grupo com o corpo diretivo pro-reitor(a) e coordenadores) com obje-
tivo de colher informações sobre a proposta atual dos objetivos estratégicos;
c) Construção do Mapa Estratégico a partir dos objetivos estratégicos e suas possíveis relações de
causa e efeito na perspetiva bottom-up uma vez que a construção do mapa partirá de uma unidade
orgânica dentro da instituição.
a) Entrevista com equipe multifuncional para identificação dos indicadores, meta, iniciativa e respon-
sáveis diretos.
d) Uma descrição dos indicadores de resultado e indicadores de esforço para cada objetivo;
e) Lista de indicadores com seus respetivos status quo, metas e data limite;
Um indicador social é uma medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo,
usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico
(para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). É um recurso metodoló-
gico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspeto da realidade social ou sobre mudan-
ças que estão se processando na mesma.
Para a pesquisa acadêmica, o indicador social é, pois, o elo de ligação entre os modelos explicativos
da Teoria Social e a evidência empírica dos fenômenos sociais observados. Em uma perspectiva pro-
gramática, o indicador social é um instrumento operacional para monitoramento da realidade social,
para fins de formulação e reformulação de políticas públicas (Carley 1985, Miles 1985.
Essa assertiva (Indicador social apenas indica...) parece tão óbvia que alguém poderia argumentar
sua pertinência neste texto. Ainda que haja indicadores cuja identificação com o conceito é quase
tautológica, como no caso dos indicadores de mortalidade (mortalidade infantil, mortalidade materna
etc) e outros indicadores demográficos (Haupt & Kane 2000), esse não é caso geral nas Ciências So-
ciais Aplicadas. E, no entanto, parece estar se consolidando em uma prática corrente a substituição
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POLÍTICAS PUBLICAS
do conceito indicado pela medida supostamente criada para “operacionalizá-lo”, sobretudo no 3 caso
de conceitos abstratos complexos como Desenvolvimento Humano, Condições de Vida, Qualidade de
Vida ou Responsabilidade Social.
Embora definidos muitas vezes de forma bastante abrangente, os conceitos são operacionalmente
banalizados como se os indicadores e índices criados fossem a expressão exata, mais válida ou ideal
dos conceitos indicados. Assim, por exemplo, a avaliação da melhoria das condições de vida ou de-
senvolvimento humano em países, regiões e municípios reduz-se a uma apreciação da variação do
indicador construído. Não havendo modificação no indicador não haveria eventuais avanços ou retro-
cessos das condições de vida ou desenvolvimento humano, ainda que, fossem realizados (ou deixa-
dos de fazer) esforços de políticas para mudança social em uma dimensão não contemplada pela
medida.
Para seu emprego na pesquisa acadêmica ou na formulação e avaliação de políticas públicas o indi-
cador social deve gozar uma série de propriedades.
Além da sua relevância para discussão da agenda da política social, de sua validade em representar
o conceito indicado e da confiabilidade dos dados usados na sua construção, um indicador social
deve ter um grau de cobertura populacional adequado aos propósitos a que se presta, deve ser sen-
sível a políticas públicas implementadas, específico a efeitos de programas setoriais, inteligível para
os agentes e públicos-alvo das políticas, atualizável periodicamente, a custos fatíveis, ser ampla-
mente desagregável em termos geográficos, sociodemográficos e socioeconômicos e gozar de certa
historicidade para possibilitar comparações no tempo (OMS 1996, Jannuzzi 2001).
A validade de uma medida construída, por exemplo, para avaliar as Condições de Saúde de uma po-
pulação a partir da oferta de serviços ou recursos humanos na área de saúde estaria certamente
comprometida. Afinal, um maior coeficiente de médicos por mil habitantes ou uma taxa maior de con-
sultas por habitantes podem ser indicativos de que as condições de saúde da população são tão gra-
ves que levaram a um maior esforço de alocação de recursos.
Estes indicadores seriam, pois, mais apropriados para retratar as Condições de Oferta de Serviços de
Saúde. Para o primeiro conceito – Condições de Saúde-indicadores de “falta de saúde” retratados pe-
las taxas de morbidade, mortalidade infantil ou mortalidade por causas seriam certamente mais váli-
dos.
Limitações na validade de vários indicadores sociais parecem estar na raiz de alguns achados incon-
gruentes na pesquisa social quantitativa. Trabalhos desta natureza são pródigos em apontar, por
exemplo, que não há associação entre desemprego e pobreza, violência e condições de vida, sem
questionar se, na realidade, a falta de significância estatística na correlação (linear, vale lembrar) en-
tre os indicadores empregados derivam de falta de validade da medida em representar as dimensões
sociais referidas.
Invariavelmente, há pouca reflexão sobre a validade dos indicadores e menos ainda da estrutura de
causalidade entre as dimensões sociais estudadas, outro aspeto que pode afetar a inferência sobre a
associação entre variáveis.
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Esta observação deveria ser levada em consideração quando da elaboração de rankings classificató-
rios de países, regiões e municípios em 4 termos de indicadores sociais, especialmente quando estas
listas forem usadas para eleger prioridades na distribuição de recursos.
Inteligibilidade é outra propriedade importante, com a finalidade de garantir a transparência das deci-
sões técnicas tomadas pelos administradores públicos e a compreensão das mesmas por parte da
população, jornalistas, representantes comunitários e demais agentes públicos.
Por fim, vale lembrar que, na prática, nem sempre o indicador de maior validade é o mais confiável;
nem sempre o mais confiável é o mais inteligível; nem sempre o mais claro é o mais sensível; enfim,
nem sempre o indicador que reúne todas estas qualidades é passível de ser obtido na escala espa-
cial e periodicidade requerida. Além disso, poucas vezes se poderá dispor de séries históricas plena-
mente compatíveis de indicadores para a escala geográfica ou grupo social de interesse.
Contudo, ainda que a disponibilidade de indicadores sociais para uso no diagnóstico da realidade so-
cial empírica ou na análise da mudança social esteja condicionada à oferta e às caraterísticas das es-
tatísticas públicas existentes, isto não dispensa o pesquisador ou formulador de políticas da tarefa de
avaliar o grau de aderência dos indicadores disponíveis às propriedades anteriormente relacionadas.
Os Indicadores Sociais podem ser classificados segundo as diversas aplicações a que se destinam. A
classificação mais comum é a divisão dos indicadores segundo a área temática da realidade social a
que se referem. Há, assim, os indicadores de saúde (percentual de crianças nascidas com peso ade-
quado, por ex.), os indicadores educacionais (escolaridade média da população de quinze anos ou
mais, por ex.), os indicadores de mercado de trabalho (rendimento médio real do trabalho, etc), os in-
dicadores demográficos (taxa de mortalidade, etc), os indicadores habitacionais (densidade de mora-
dores por domicílio, etc), os indicadores de segurança pública e justiça (roubos a mão armada por
cem mil habitantes, etc), os indicadores de infra-estrutura urbana (percentual de domicílios com esgo-
tamento sanitário ligado à rede pública, etc), os indicadores de renda e desigualdade (nível de po-
breza, etc).
Há classificações temáticas ainda mais agregadas, usadas na denominação dos Sistemas de Indica-
dores Sociais, como os Indicadores Socioeconômicos, de Condições de Vida, de Qualidade de Vida,
Desenvolvimento Humano ou Indicadores Ambientais (N.Unidas 1988).
Uma classificação bastante relevante para a Análise e Formulação de Políticas Sociais é a diferencia-
ção dos Indicadores Sociais quanto a natureza do ente indicado, se recurso (indicador-insumo), reali-
dade empírica (indicador-produto) ou processo (indicadorprocesso) (Carley 1986).
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políticas sociais como número de leitos hospitalares por mil habitantes, número de professores por
quantidade de estudantes ou ainda gasto monetário per capita nas diversas áreas de política social.
A diferenciação entre indicadores de estoque e indicadores de performance ou fluxo costuma ser em-
pregada também no campo da Avaliação de Políticas Sociais. Tal diferenciação diz respeito à tempo-
ralidade do processo analisado: indicador-estoque refere-se à medida de uma determinada dimensão
social em um momento específico, como os anos de escolaridade; indicador de performance ou fluxo
procura abarcar mudanças entre dois momentos distintos, como o aumento dos anos de escolari-
dade.
Outro sistema de classificação de especial interesse na Formulação de Políticas é aquele que dife-
rencia os indicadores segundo os três aspetos relevantes da avaliação dos programas sociais: indica-
dores para avaliação da eficiência dos meios e recursos empregados, indicadores para avaliação da
eficácia no cumprimento das metas e indicadores para avaliação da efetividade social do programa,
isto é, indicadores para avaliação dos efeitos do programa em termos de justiça social, de contribui-
ção para aumento da sociabilidade e engajamento político, enfim, dos efeitos do programa em termos
mais abrangentes de bem estar para a sociedade (NEPP 1999, Cardoso 1999).
Um programa público de reurbanização de favelas, por exemplo, pode ter sua eficiência avaliada em
termos do volume de investimentos por unidade de área física, a eficácia, por indicadores relaciona-
dos à melhoria das condições de moradia, infraestrutura e acessibilidade do local e sua efetividade
social por indicadores de mortalidade infantil, nível de coesão social e participação na comunidade,
nível de criminalidade etc.
Assim, a escolha de indicadores sociais para avaliação de políticas depende, ademais de suas propri-
edades, da finalidade a que se destinam. Na proposição de um modelo de avaliação das políticas pú-
blicas a matriz de indicadores sociais deve ser necessariamente complexa, contemplando indicadores
relativos às diferentes políticas setoriais, às distintas fases do processo de implementação dos pro-
gramas e aos objetivos a que destinam. Cada fase do processo de formulação e implementação da
política social requer o emprego de indicadores específicos, cada qual trazendo elementos e subsí-
dios distintos para bom encaminhamento do processo.
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Uma política municipal de saúde, por exemplo, deve ser avaliada através do esforço na dotação de
recursos para a área, de como estes recursos são usados e como a política contribui para melhoria
das condições de saúde e de vida da população.
Efetividade
A efetividade na área pública, diz respeito a medida de resultados de uma ação que retorna em bené-
ficos para a população. Ela é mais abrangente, pois indica se o objetivo foi atingido.
O conceito de efetividade na área pública citado por Castro define que a mesma se concentra na qua-
lidade do resultado e na necessidade de certas ações públicas.
Efetividade: é o mais complexo dos conceitos, em que a preocupação central é averiguar a real ne-
cessidade e oportunidade de determinadas ações estatais, [...]; Essa averiguação da necessidade e
oportunidade deve ser a mais democrática, transparente e responsável possível, buscando sintonizar
e sensibilizar a população para a implementação das políticas públicas.
Este conceito não se relaciona estritamente com a ideia de eficiência, que tem uma conotação econô-
mica muito forte, haja vista que nada mais impróprio para a administração pública do que fazer com
eficiência o que simplesmente não precisa ser feito.
A efetividade é a soma da eficiência e da eficácia. Assim, a efetividade ocorre quando os bens e ser-
viços resultantes de determinada ação alcançam os resultados mais benéficos para a sociedade.
Eficiência
O princípio geral da eficiência é a relação entre esforço e resultado, quanto menor o esforço para
atingir um resultado, mais eficiente é o processo. A eficiência pode ser avaliada inicialmente pela pro-
dutividade e qualidade, a antítese da eficiência é o desperdício.
O princípio da eficiência foi introduzido expressamente pela EC 19, de 4.6.98, não basta a instalação
do serviço público, exige-se que esse serviço seja eficaz e que atenda plenamente a necessidade
para qual foi criado.
A Eficiência determina o que a administração pública direta e indireta e os seus agentes sejam perse-
guidos pelo sendo do bem comum, sendo que por meio do exercício de suas competências de forma
imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da quali-
dade, objetivando a adoção de critérios legais e morais necessários para a melhor utilização possível
dos recursos públicos, evitando desperdícios e garantindo maior rentabilidade social.
Portanto, a Eficiência é uma simples forma de não se desperdiçar o bem público, fazendo uso com a
qualidade ajustada com o serviço a ser realizado, visando pela qualidade, pois o dinheiro público vem
da arrecadação do dinheiro de cada cidadão, se fazendo necessário evitar o desperdício desses re-
cursos.
O administrador público tem dever de ser eficiente [...] que se impõe a todo agente público de realizar
suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional”. Isso quer dizer que a Administra-
ção Pública deve sempre buscar aperfeiçoar a prestação dos serviços públicos, ou melhorando os
que não estiverem satisfatórios, ou ainda, mantendo a qualidade dos serviços que estiverem suprindo
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as expetativas, tendo sempre como finalidade diminuir gastos, zelando pela qualidade nos serviços, e
o bem comum.
O serviço público precisa fluir de forma natural de acordo com as necessidades e exigências da popu-
lação, existindo uma grande necessidade da eficiência no setor público, onde a eficiência está ligada
às variedades das exigências políticas, culturais e sociais de cada região e variando juntamente com
o momento a ser vivido pelos cidadãos.
Portanto, a eficiência deve se apresentar como um meio eficiente e ágil, com a intenção de solucionar
as necessidades da população e se o estado adiar o atendimento no que se refere ao sentido de exe-
cução dos serviços públicos.
Eficácia
Pode-se conceituar a eficácia como sendo a relação entre resultados e objetivos, compreender o am-
biente, suas necessidades e desafios, capacidade de resolver um problema. Quanto mais alto o grau
de realização dos objetivos mais a organização é eficaz.
Economicidade
Situação de Riscos
A problemática do risco e da vulnerabilidade social vem assumindo uma visibilidade crescente na de-
finição de políticas públicas de planeamento e gestão territorial, assim como nos debates de cariz
mais teórico sobre a preparação e a capacidade de recuperação das populações perante aconteci-
mentos extremos, desastres ou catástrofes. Tal tendência deriva diretamente da definição de referen-
ciais de âmbito internacional, como o Quadro de Ação de Hyogo para 2005-2015, ele próprio apro-
vado após a Década Internacional para a Redução dos Desastres Naturais que decorreu no anos 90
do século xx, sob os auspícios das Nações Unidas, ou de propostas e diretivas setoriais da União Eu-
ropeia sobre questões de risco, coesão territorial e redução da vulnerabilidade.
Cabe referir o papel central das estratégias de redução dos riscos de desastres nas atividades con-
juntas das Nações Unidas e da União Europeia, conforme o relatório apresentado na abertura da 66.ª
sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas realizada a 13 de Setembro de 2011. No referido
relatório afirmava-se: “Não pode haver dúvida alguma de que a redução da vulnerabilidade aos riscos
é infinitamente preferível à luta contra o sofrimento humano e as consequências económicas das cri-
ses”.
Na organização deste número temático da Revista Crítica de Ciências Sociais houve a preocupação
de conjugar reflexões teóricas e epistemológicas sobre a vulnerabilidade e a vulnerabilidade social
com propostas críticas de novos instrumentos de mensuração empírica da vulnerabilidade social. E
isto atendendo a que os instrumentos analíticos são sempre construções sociais e que, ancorados
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POLÍTICAS PUBLICAS
O próprio conceito sociológico de sociedade do risco alarga a noção de risco ao conceito de reflexivi-
dade e à autoprodução humana das causas subjacentes às situações extremas e aos desastres. Inti-
mamente associada ao conceito de risco, embora configurando quadros analíticos específicos,
emerge a noção de perigosidade e a forma como está se torna, nas versões mais quantitativas de
análise de risco, um dos seus termos de cálculo.
Por outro lado, a evolução do conceito de insegurança para o conceito de vulnerabilidade social re-
presenta a assunção de que o elemento social é um elemento ativo quando se trata de riscos, uma
vez que, quando falamos de vulnerabilidade social, estamos a referir-nos à predisposição que um
dado grupo tem para ser afetado, em termos físicos, económicos, políticos ou sociais, no caso de
ocorrência de um processo ou ação desestruturam-te de origem natural ou antrópica.
A organização deste número temático partiu também da constatação de que, a nível do planeamento
de âmbito nacional e regional em Portugal, os planos existentes não incorporam a análise da vulnera-
bilidade social como uma ferramenta para implementar medidas de prevenção, desenvolver a capaci-
dade de alerta ou articular o conhecimento e as práticas com as políticas e os recursos de proteção
civil.
Colocámo-nos, assim, perante o desafio de avançar com propostas, para Portugal e outros países,
que procedam a uma integração de escalas que permita um conhecimento aprofundado dos territó-
rios em análise numa óptica abrangente de prevenção e redução dos riscos, de optimização dos re-
cursos do sistema de proteção civil, bem como de produção de instrumentos jurídicos e de um quadro
normativo que possam contribuir para a definição de estratégias de gestão territorial, de construção
de novos referenciais de segurança e de construção de epistemologias cívicas.
Este número especial inicia-se com um artigo de David Alexander, em que o autor parte da constata-
ção de que a maior parte dos países e das instâncias internacionais apostam mais em modelos de
redução dos desastres e de intervenção pós-desastre do que na prevenção pré-evento. Após uma
apresentação crítica dos modelos de redução dos riscos, David Alexander propõe-nos uma nova
base teórica para o estudo dos desastres. Este novo modelo teórico assenta, conforme argumenta de
forma persuasiva e clara, no papel crucial e estruturante da cultura e do simbolismo na redução dos
riscos. A nova proposta do autor é contextualizada pelo exemplo das dinâmicas sociais e culturais re-
lacionadas com o terramoto de L’Aquila, no centro de Itália.
O texto de Marcelo Firpo Porto procura, de forma crítica, avaliar as potencialidades e os limites do
conceito de vulnerabilidade na sua relação com questões socioambientais mais amplas. Partindo de
uma perspetiva assente numa ciência pós-normal, o autor apresenta-nos contributos de autores bra-
sileiros que têm tido intervenção na discussão teórica e na prática militante em torno dos conflitos am-
bientais e dos movimentos por justiça ambiental.
O artigo de Susan Cutter avança com os pressupostos de uma ciência da vulnerabilidade, definindo
vulnerabilidade como o potencial para a perda. Esta ciência procura examinar os padrões geográficos
que diferenciam os lugares quanto aos fatores que podem influenciar as capacidades locais para a
preparação, resposta e recuperação perante situações de desastre. De seguida, Susan Cutter apre-
senta detalhadamente os parâmetros analíticos da exposição e da sensibilidade à vulnerabilidade so-
cial. Empiricamente, a proposta é substanciada na análise da vulnerabilidade social aos perigos ambi-
entais nos condados dos Estados Unidos.
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POLÍTICAS PUBLICAS
O artigo da autoria de Alexandra Aragão começa por caracterizar o modelo de proteção civil na
União Europeia, propondo de forma inovadora, e com base em resultados de investigação, uma mu-
dança de paradigma, fundando uma nova proteção civil, que se oriente tanto para a eficácia como
para a justiça e se baseie num novo pressuposto: o conhecimento das vulnerabilidades sociais. Daí
resultará, argumenta Alexandra Aragão, uma proteção civil eficaz e justa, que permitirá o desenvolvi-
mento de capacidades de autoproteção e o reforço da resistência e da resiliência dos indivíduos, dos
grupos e das comunidades.
José Manuel Mendes, Alexandre Oliveira Tavares, Lúcio Cunha e Susana Freiria apresentam um
novo modelo de análise da vulnerabilidade social aos perigos naturais e tecnológicos, estruturado em
duas dimensões: a vulnerabilidade das populações e comunidades (criticidade) e a vulnerabilidade
territorial (capacidade de suporte). O novo índice de vulnerabilidade social é aplicado ao sistema terri-
torial de Portugal continental, tendo por base a escala municipal e submunicípio. Os resultados obti-
dos evidenciam o papel crucial da escala na análise dos processos relacionados com a vulnerabili-
dade social. Segundo os autores, a cartografia das áreas e dos grupos mais vulneráveis, bem como a
identificação dos fatores desencadeantes, constituem um contributo relevante para os programas de
ordenamento e de planeamento destinados a mitigar os riscos e as vulnerabilidades do território.
No artigo seguinte, Jörn Birkmann e a sua equipa partem do modelo de Bogardi, Birkmann e Cardona
(modelo BBC), que define a vulnerabilidade como sendo composta por três fatores: exposição, sus-
ceptibilidade e capacidade de enfrentamento. A partir deste modelo, os autores procedem a uma aná-
lise dos perigos de inundação costeira originada por tsunamis e das respetivas consequências socio-
económicas em Cádis.
A análise qualitativa realizada no estudo de caso, que complementa a descrição mais quantitativa ba-
seada nos modelos de previsão do risco de inundação e transposição costeira originado por tsuna-
mis, permitiu verificar a ausência de percepções locais deste risco, bem como o fato de as estratégias
organizacionais e institucionais de redução não incluírem os tsunamis. Os autores concluem pela
centralidade da dimensão institucional da vulnerabilidade na produção de estratégias eficazes de pre-
venção e preparação.
Alexandre Oliveira Tavares, José Manuel Mendes e Eduardo Basto propõem-se no seu texto avaliar a
percepção dos riscos em Portugal continental e o grau de confiança institucional, tanto numa escala
proximal (o concelho de residência), como distal (espaço nacional). Contrariamente à tese da familia-
ridade, os autores argumentam pela centralidade da diferenciação territorial e da consciência da es-
cala na intensidade dos riscos percepcionados. Ressalta do artigo a capacidade adaptativa dos cida-
dãos a práticas mais resilientes e a referenciais superiores de segurança, dado o reconhecimento de
recursos e medidas de prevenção e resposta na emergência.
As políticas públicas é um campo do conhecimento que nasceu nos Estados Unidos ainda na década
de 1930. Ele surge em um contexto de crise econômica mundial e de necessidade de promoção de
políticas econômicas anticíclicas. Buscou desde o seu surgimento dar conta de problemas da socie-
dade por meio de ações do governo. Essa área veio a se popularizar também na Europa no pós II
Guerra Mundial. Isso coincidiu com o instante em que os europeus iniciaram a reconstrução de suas
nações e que começaram a desenvolver os seus modelos de Estado de bem-estar social (Welfare
State).
No Brasil a ideia de políticas pública só passou a ser discutida amplamente e de forma mais sistemá-
tica após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Isso se deu porque a carta magna então
em vigor previa um conjunto de direitos sociais nunca antes garantidos legalmente no Brasil. Com
isso, o Estado brasileiro tinha o desafio de fazer esses direitos se materializarem. O art. 6º da Consti-
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POLÍTICAS PUBLICAS
tuição Federal de 1988 afirma que: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o traba-
lho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Muito se tem por avançar na área de políticas públicas no Brasil. Isso se dá porque ainda é um
campo do conhecimento recente no país. Suas primeiras discussões acadêmicas se iniciaram so-
mente no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Assim é possível encontrar diversos conceitos
que geram dúvidas e que levam a certas confusões. Até mesmo quem é da área não está imune de
cometer alguns deslizes.
Entre os conceitos que geram confusão estão às ideias de avaliação e monitoramento de políticas pú-
blicas. Algumas pessoas acreditam que a avaliação e o monitoramento são as mesmas coisas. Real-
mente em alguns escritos na área de políticas públicas esses dois termos acabam sendo utilizados
como sinônimos. Isso faz aumentar ainda mais as incongruências.
A avaliação é um processo finalístico. Ela tenta entender o quanto os objetivos que foram almejados
em um momento inicial efetivamente se realizaram. A avaliação de políticas públicas é também uma
das etapas do ciclo de políticas públicas. Desfrutando então de um importante status no contexto de
uma política pública. A avaliação pode ser realizada por um órgão independente, pela sociedade ou
pelo próprio órgão governamental que elaborou e implementou a política pública. No entanto, é sem-
pre importante ter critérios pré-estabelecidos de avaliação. O critério deve sempre se basear no grau
de resolução de uma situação indesejada.
Infelizmente, a avaliação de políticas públicas é um campo que carece de maior aplicação pelo go-
verno no Brasil. Isso em todos os níveis da federação. A avaliação gera certa resistência porque re-
sultados negativos podem causar diversas críticas de opositores e certa depreciação do governo
frente à opinião pública. O custo político faz com que diversos governos optem por não avaliar as
suas ações. Isso não reduz e importância de se avaliar as políticas públicas. A avaliação tem o impor-
tante papel de gerar uma reflexão crítica e propor mudanças de rota para a política pública.
O monitoramento também tem um papel importante para as políticas públicas, mas a sua função di-
fere da função da avaliação. O monitoramento não tem incumbência finalística e sim de acompanha-
mento das políticas públicas. O monitoramento é a atividade de análise da implementação de políti-
cas públicas. Assim preocupa-se em entender se os instrumentos utilizados para a gestão das políti-
cas públicas estão sendo os mais adequados. Caso sejam identificados problemas no momento da
implementação esses devem ser corrigidos para que não atrapalhem os objetivos e metas almejados
pela política pública. O monitoramento deve ser realizado pelo próprio órgão responsável pela política
pública ou por um órgão de controle. Isso não exclui a possibilidade do controle social auxiliar no mo-
nitoramento.
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A divulgação das idéias e propostas contidas na Carta de Ottawa subsidiou um amplo movimento que
se desdobrou nas Conferências ulteriores, realizadas em Adelaide, Austrália (1988), Sundsval, Sué-
cia (1991), Jacarta, Indonésia (1997), na América Latina, inicialmente em Bogotá (1992) e posterior-
mente em México (2000) e Brasil (2002), as quais consolidaram vários dos conceitos estratégicos da
proposta de Promoção da Saúde (Brasil – MS, 2001). O conjunto dessas idéias vem subsidiando a
formulação de políticas em vários planos e níveis de governo, em vários países, configurando, entre
outros desdobramentos, o movimento em torno da constituição de "cidades saudáveis", estratégia as-
sumida pela OMS em 1984 para fomentar a reorientação da gestão governamental em nível local
(Ferraz, 1999).
No Brasil, a difusão das idéias do movimento pela Promoção da Saúde vem ocorrendo em um con-
texto marcado pela formulação e implementação das propostas oriundas do movimento da Reforma
Sanitária, especialmente o processo de construção do SUS, pontuado, nas distintas conjunturas que
se configuraram nos últimos 15 anos, pela formulação de políticas, programas e projetos de reforma
na organização e gestão das ações e serviços de saúde, em vários níveis de governo. No âmbito
desse processo, vem se dando, em algum grau, a incorporação de noções oriundas do debate em
torno da criação de ambientes e estilos de vida saudáveis, como ocorreu na concepção do Programa
de Combate ao Tabagismo, no Programa de Controle da AIDS, no Programa de Controle da Hiper-
tensão e Diabetes e também se apresenta no debate em torno da incorporação de ações de promo-
ção da saúde na área de Saúde da Mulher, do Adolescente, do Idoso e outros grupos prioritários.
Além disso, observa-se a incorporação das propostas da Promoção da Saúde no âmbito do Pro-
grama de Saúde da Família, bem como no debate acerca da estruturação do sistema de vigilância da
saúde no SUS, quer na área de Vigilância epidemiológica, quer na área de Vigilância ambiental, es-
truturada no MS ao final dos anos 90 (Teixeira, 2003). Especialmente em nível municipal, a difusão e
a incorporação da proposta de criação de "cidades saudáveis" têm sido incorporadas por várias admi-
nistrações municipais nos últimos anos como Campinas, Curitiba, Fortaleza, entre outras (Akerman,
1997; Junqueira, 1997, 1998; Ribeiro, 1997). Esse processo gerou a acumulação de uma experiência
que hoje fundamenta a organização de uma rede de municípios saudáveis em todo o país, iniciativa
que conta com o apoio da OPAS e dialoga com um conjunto de entidades, inclusive o CONASEMS
(Sperandio, 2004).
Assim, pretende-se identificar e coordenar ações que vem sendo desenvolvidas no âmbito da Secre-
taria de Atenção à Saúde, particularmente o Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, na
Secretaria de Vigilância da Saúde, particularmente a Coordenação Geral de Vigilância Ambiental, na
Secretaria de Gestão Participativa, especialmente o Departamento responsável pelas ações de Edu-
cação Popular em saúde, e na Secretaria de Ciência e Tecnologia, que através do DECIT incorporou
a promoção da Saúde na Agenda de Prioridades de Pesquisa na área (MS, 2004).
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Sanitária, cujo escopo ultrapassa o processo de construção do SUS e pressupõe a formulação e im-
plementação de políticas econômicas e sociais que tenham como propósito a melhoria das condições
de vida e saúde dos diversos grupos sociais, de modo a reduzir as desigualdades sociais, promo-
vendo equidade e justiça no acesso às oportunidades de trabalho, melhoria dos níveis de renda e ga-
rantia das condições de segurança e acesso a moradia, educação, transporte, lazer e serviços de sa-
úde.
Tanto em nível nacional, quanto estadual e municipal, a proposta de avançar no enfrentamento desse
desafio exige, além de vontade política por parte dos dirigentes de entidades governamentais e não-
governamentais, o desenvolvimento de uma visão estratégica capaz de perceber as implicações de-
correntes da adoção das idéias e propostas contidas no corpo doutrinário da Promoção da Saúde,
especialmente no que se refere à mudança de enfoque no processo de formulação e implementação
de políticas e à mudança na organização e no conteúdo das práticas de saúde.
Partindo do pressuposto de que é possível estabelecer uma leitura crítica e reconstrutiva dessa pro-
posta à luz do debate atual no campo da Saúde Coletiva, especialmente no que diz respeito à refle-
xão acerca dos determinantes sociais do "complexo saúde-doença-cuidado" (Almeida Filho, 1999) e
das perspectivas teórico-metodológicas do planejamento e gestão de ações de promoção da saúde
no âmbito governamental, o presente artigo contempla, inicialmente, uma breve revisão das noções e
conceitos que fundamentam a proposta de elaboração de Políticas Públicas Saudáveis – PPS, ten-
tando estabelecer o que significa qualificar uma política pública como "saudável".
Em seguida, trata de apresentar e comentar alguns procedimentos metodológicos que podem ser uti-
lizados no processo de formulação e implementação de "políticas públicas saudáveis", resgatando e
ampliando uma reflexão acerca das possibilidades de utilização do enfoque situacional no planeja-
mento de ações intersetoriais para a promoção da saúde no âmbito municipal (Teixeira e Paim,
2000).
Por último, discute o significado das possíveis mudanças no processo de planejamento e gestão das
PPS tendo em vista a necessária elevação da capacidade de governo das organizações públicas em
face da complexidade da situação de saúde da população e do momento atual em termos da política
e gestão do sistema de saúde, no qual se avizinha uma renovação no universo de prefeitos e secretá-
rios municipais de saúde.
A concepção atual de Promoção da Saúde está associada a um conjunto de valores (vida, saúde, so-
lidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento sustentável, participação e parceria),
referindo-se a uma "combinação de estratégias que envolvem a ação do Estado (políticas públicas
saudáveis), da comunidade (reforço da ação comunitária), de indivíduos (desenvolvimento de habili-
dades pessoais), do sistema de saúde (reorientação do sistema de saúde) e de parcerias interinstitu-
cionais, trabalhando com a noção de responsabilização múltipla, seja pelos problemas, seja pelas so-
luções propostas para os mesmos" (Buss, 2003, p. 16).
No que diz respeito à noção de PPS, o debate que vem sendo desenvolvido nas conferências interna-
cionais destaca a vinculação entre as políticas sociais e econômicas, expressa a necessidade de as-
segurar a participação democrática no processo de formulação de políticas, chama a atenção para a
responsabilização compartilhada entre o setor público e o setor privado, incorpora a proposta de esta-
belecimento de parcerias entre os diversos setores e enfatiza a capacidade de as pessoas e grupos
se mobilizarem e se organizarem para o desencadeamento de ações políticas coletivas voltadas à
intervenção sobre os determinantes da saúde em diferentes contextos e territórios (Buss, 2003).
Segundo Buss (2003, p. 27), as políticas públicas saudáveis se expressam por diversas abordagens
complementares, que incluem legislação, medidas fiscais, taxações e mudanças organizacionais, e
por ações coordenadas que apontam para a equidade em saúde, a distribuição mais equitativa da
renda e políticas sociais. Essa compreensão abrangente do termo representa, assim, uma superação
da perspectiva que marcava o entendimento anterior do alcance da promoção da saúde, limitado à
correção de comportamentos individuais, isto é, à mudança dos "estilos de vida" prejudiciais à saúde.
De fato, a incorporação do termo "saudável" à expressão "políticas públicas" abre uma "janela de
oportunidade" (Kingdon, 1995) do ponto de vista da reflexão crítica no campo das políticas, na me-
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dida em que aponta a possibilidade de incorporar ao debate acerca dos objetivos a serem persegui-
dos e das estratégias a serem implementadas o avanço conceitual que vem ocorrendo no âmbito da
Saúde Coletiva, especialmente no que diz respeito aos estudos produzidos na área de Epidemiologia
acerca da situação de saúde da população e seus determinantes e à reflexão que vem sendo reali-
zada na área de Planejamento e Gestão em saúde acerca dos diversos enfoques e opções metodoló-
gicas para a formulação e implementação de políticas e ações de saúde.
No que se refere à contribuição da Epidemiologia, o debate atual em torno de temas como transição
epidemiológica e suas características específicas na sociedade brasileira (Barreto e Hage, 2000), os
estudos sobre os determinantes e formas de expressão das desigualdades sociais em saúde (Bar-
reto, 1998; Almeida Filho, 2001), a problematização da noção de saúde, "ponto cego da Epidemiolo-
gia" (Almeida Filho, 1999), e a possibilidade de sua conceituação positiva (Almeida Filho e Andrade,
2003), bem como a reflexão sobre a noção de risco (Caponi, 2003; Castiel, 2003) e os estudos sobre
vulnerabilidade (Ayres, 2002; Ayres, 2003), aliados ao desenvolvimento dos sistemas informatizados
de geração de dados sobre condições de vida e saúde dos diversos grupos populacionais, constituem
um "solo" epistemológico e tecnológico em que pode vir a se reconfigurar o objeto de conhecimento e
intervenção no âmbito das políticas públicas.
Nessa perspectiva, vários autores chamam a atenção para a importância de trabalhar com um enfo-
que por problemas, desenvolvendo a análise dos seus determinantes estruturais e formas de expres-
são fenomenológica em termos de condições de vida e saúde dos diversos grupos sociais, identifica-
dos a partir do geoprocessamento de informações que permitem o mapeamento de condições de vida
e saúde da população em distintos territórios (Castellanos, 1997; Paim, 1997).
Do mesmo modo, a noção de "cidades saudáveis" (Westphal, 1997; Sperandio, 2004), expressão das
PPS no âmbito da gestão governamental das cidades, pode vir a se beneficiar de um diálogo constru-
tivo com os saberes e práticas que vêm sendo desenvolvidos no campo da Saúde Coletiva, as quais
dão conteúdo a idéias como "promoção da cidadania" e o envolvimento de organizações "comunitá-
rias", recobertas no discurso original do movimento da Promoção da Saúde pela noção de empower-
ment (Carvalho, 2004).
A adoção da proposta de criação de "cidades saudáveis" pode ser entendida, assim, como uma im-
portante inovação conceitual e organizacional no âmbito da administração pública municipal, apon-
tando para a necessária superação da fragmentação de objetos e práticas de intervenção, tão bem
denunciada por Matus (1996) quando comenta que "o governo tem setores porém a realidade tem
problemas", chamando a atenção para a necessidade de uma mudança radical no modo de governar
situações complexas, como as que são enfrentadas no cotidiano das cidades hoje.
O planejamento e a gestão de PPS èm nível nacional e estadual ou, particularmente, em nível munici-
pal podem vir a ser um espaço privilegiado para a adoção de conceitos e experimentação de méto-
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dos, técnicas e instrumentos que incorporem a interdisciplinaridade na análise dos problemas, a inter-
setorialidade na definição das soluções e a horizontalidade (Santos, 2003) na implementação de
ações voltadas para a mudança e transformação das condições de vida e saúde da população, de
acordo com suas necessidades sociais e demandas políticas.
Apesar da existência de um relativo consenso entre estudiosos e gestores públicos com relação ao
caráter virtuoso da descentralização, da intersetorialidade e da busca de modelos de gestão alternati-
vos (Junqueira, 1998; Siqueira, 1998), persistem dúvidas quanto às formas mais adequadas de pla-
nejar, organizar, conduzir, gerir e avaliar tais intervenções (Viana, 1998). Nesse particular, há diver-
gências quanto à ênfase e à precedência de reformas administrativas para compor novos arranjos or-
ganizacionais e institucionais, além de perplexidades em relação às práticas políticas necessárias a
uma redistribuição do poder e à reorganização dos processos de trabalho (Paim, 1992; Inojosa, 1998)
visando formular e implementar políticas e assegurar efetividade à ação intersetorial. O "loteamento"
de cargos do governo entre diferentes tendências e grupos políticos (Inojosa, 1998), o aprisionamento
da política pelos interesses das elites locais, o burocratismo, o corporativismo e os limites impostos
pela política econômica (Viana, 1998) representam constrangimentos que devem ser considerados no
desenho estratégico.
Um dos desafios colocados por esse processo diz respeito ao planejamento, organização e gerencia-
mento da ação intersetorial, isto é, da conjugação dos esforços de distintos setores, como saúde,
educação, saneamento, segurança, transporte, habitação, entre outros, visando a racionalização dos
recursos existentes e a transformação das atividades desenvolvidas tendo em vista maior efetividade
e impacto sobre os problemas e necessidades sociais. Alguns autores (Suárez, 1992; Junqueira,
1998; Inojosa, 1998) recomendam partir dos problemas da população de um dado território e buscar
as soluções articulando distintas políticas e setores. Assim, "as ações intersetoriais dos serviços urba-
nos exigem um planejamento que garanta a integração dos objetivos e que esteja em constante pro-
cesso de aprendizagem, no sentido de ser voltado à realidade altamente dinâmica e mutante de
nossa sociedade" (Siqueira, 1998, p.105).
Com efeito, a formulação e a implementação de propostas inovadoras, como é o caso das Políticas
Públicas Saudáveis, exigem o desenvolvimento de um processo de planejamento e programação que
constitua um espaço de poder compartilhado e de articulação de interesses, saberes e práticas das
diversas organizações envolvidas. A escolha de um determinado enfoque teórico-metodológico a ser
utilizado no processo de formulação de políticas públicas e de planejamento de ações intersetoriais
deve levar em conta, portanto, a necessidade de coerência entre os propósitos definidos e os méto-
dos selecionados (Testa, 1992), de modo a permitir o desencadeamento de um processo de reorgani-
zação das práticas gerenciais, dos formatos organizacionais e, sobretudo, dos processos de trabalho
no âmbito das instituições envolvidas (Paim, 1993; Schraiber, 1995; Schraiber e col, 1999).
A incorporação do "enfoque por problema" supõe a identificação e seleção de problemas que podem
ser analisados de distintos ângulos, como é o caso dos problemas de saúde, contribuindo para a
identificação e articulação das ações a serem realizadas por cada instituição envolvida no seu enfren-
tamento e solução. A base teórico-metodológica dessa concepção reside no "fluxograma situacional"
(Matus, 1993), instrumento de análise que permite uma abordagem multireferencial aos problemas de
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saúde, particularmente aqueles cuja determinação transborda o âmbito de ação do sistema de servi-
ços de saúde. O desenvolvimento de processos de análise desse tipo de problema tanto possibilita o
estabelecimento de um diálogo entre os sujeitos envolvidos quanto permite a identificação da contri-
buição que cada instituição ou "setor" pode vir a aportar na intervenção sobre seus determinantes e
condicionantes (Teixeira e Paim, 2000).
No que diz respeito ao processo de planejamento cabe ressaltar que a compreensão dos diversos
momentos que o constituem – o momento explicativo, o momento normativo, o momento estratégico
e o momento tático-operacional – desafia o tempo cronológico e remete à pluralidade de tem-
pos (técnico e político) e simultaneamente à pluralidade de dimensões do(s) sujeito(s) que pla-
neja(m) e se conecta com a pluralidade de instituições que compõem os vários "setores" da ação
governamental envolvidos em um esforço de planejamento intersetorial.
Pelo exposto, a formulação e implementação de PPS podem assumir, como referência, os conheci-
mentos acumulados acerca das características e dos determinantes dos problemas de saúde em di-
versos níveis e os valores éticos e políticos dos distintos sujeitos, adequando métodos, técnicas e ins-
trumentos de acordo com as finalidades das organizações (governamentais ou não-governamentais)
onde o processo de planificação for desenvolvido e o contexto onde estas estejam atuando.
Esse processo pode contemplar a montagem de uma base técnica-operacional para a análise perma-
nente da situação de saúde, em territórios definidos (municípios, microrregiões, estados, macrorregi-
ões e o próprio país), ponto de partida para a construção de cenários futuros que emoldurem a to-
mada de decisão, a formulação de políticas (Situação – objetivo em função do tempo político disponí-
vel) e a definição de prioridades. Isto resulta, em outros termos, na construção da Agenda do governo
com relação à Saúde, definida a partir da seleção de problemas, determinantes e/ou de pontos críti-
cos que se constituirão em objeto de intervenção por parte das organizações públicas e seus parcei-
ros (setor privado e comunidade organizada e atuante em espaços territoriais selecionados em fun-
ção da distribuição social dos problemas e dos grupos prioritários).
O desenho e implementação das estratégias de ação, por sua vez, supõem a programação das ope-
rações e a seleção das tecnologias a serem utilizadas na execução das ações, as quais podem con-
templar, de acordo com a natureza dos problemas selecionados, um amplo leque constituído por
ações de promoção da saúde, prevenção de riscos e agravos, assistência e recuperação, definidas
em função da disponibilidade de oferta e possibilidade de integração entre os serviços de saúde e as
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ações desenvolvidas por outros setores nos distintos territórios, tendo em vista a melhoria das condi-
ções de vida e trabalho e a elevação da capacidade (empowerment) de indivíduos e grupos com rela-
ção à manutenção da saúde e defesa da vida.
Finalmente, cabe destacar a importância de se estabelecer os critérios e indicadores que serão utili-
zados no processo de monitoramento e avaliação das ações realizadas e dos resultados alcançados,
podendo-se, inclusive, definir-se uma "linha de base" que referencie a avaliação periódica dos pro-
gressos na implementação das políticas e permita a comparação dos resultados alcançados com a
situação inicial, informações que podem, inclusive, ser úteis para marketing político, a revelar a efici-
ência e efetividade das intervenções governamentais, caso ocorram, contribuindo para a legitimação
de projetos e práticas de governo.
Ao mesmo tempo, a incorporação dessa proposta, particularmente no âmbito municipal, reforça e po-
tencializa as iniciativas de mudança nas estruturas e práticas de gestão governamental, criando con-
dições favoráveis à modernização e profissionalização da gestão das organizações públicas em
nosso meio, de modo a se poder perseguir o ideal de conjugar eficiência, efetividade e participação
democrática na tomada de decisões e implementação das ações e serviços.
Isso reforça a necessidade do diálogo entre gestores e pesquisadores da área de políticas sociais e
de saúde em particular, bem como a necessidade de investir em processos de capacitação e educa-
ção permanente de dirigentes e técnicos, não só das instituições de saúde, mas também das institui-
ções envolvidas na elaboração e execução de políticas públicas de modo geral, inclusive programas
e projetos que contemplem a implementação de ações voltadas ao enfrentamento de problemas cu-
jos determinantes extrapolam o "espaço de governabilidade" do sistema de saúde.
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DEMOGRAFIA DO BRASIL
Demografia do Brasil
O sobrenome mais popular do Brasil é Souza (ou Sousa), seguido de Silva, este último com um milhão
de nomes nas listas telefônicas da Brasil Telecom, Telemar e Telesp. Ainda segundo o censo de 2010,
os prenomes mais comuns no país são Maria, com 11 734 129 pessoas e José, com 5 754 529 pes-
soas.
Índices Demográficos
O Brasil apresenta uma baixa densidade demográfica — apenas 25,06 habitantes por quilômetro qua-
drado —, inferior à média do planeta e bem menor que a de países intensamente povoados, como
a Bélgica (342 habitantes por quilômetro quadrado) e o Japão (337 habitantes por quilômetro qua-
drado).
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DEMOGRAFIA DO BRASIL
Crescimento Vegetativo
A população de uma localidade qualquer aumenta em função das migrações e do crescimento vegeta-
tivo. No caso brasileiro, é pequena a contribuição das migrações para o aumento populacional. Assim,
como esse aumento é alto, conclui-se que o Brasil apresenta alto crescimento vegetativo, a despeito
das altas taxas de mortalidade, sobretudo infantil. A estimativa da Fundação IBGE para 2010 é de
uma taxa bruta de natalidade de 18,67‰ — ou seja, 18,67 nascidos para cada grupo de mil pessoas
ao ano — e uma taxa bruta de mortalidade de 6,25‰ — ou seja 6,25 mortes por mil nascidos ao ano.
Esses revelam um crescimento vegetativo anual médio de 1,24%.
Ao longo dos últimos anos, o crescimento demográfico do país tem diminuído o ritmo, que era muito
alto até a década de 1960. Em 1940, o recenseamento indicava 41 236 315 habitantes; em 1950,
51 944 397 habitantes; em 1960, 70 070 457 habitantes; em 1970, 93 139 037 habitantes; em 1980,
119 002 706 habitantes; e finalmente em 1991, 146 825 475 habitantes. Em 34 anos, a população bra-
sileira praticamente dobrou em relação aos 90 milhões de habitantes da década de 1970 e, somente
entre 2000 e 2004, aumentou em 10 milhões de pessoas. Para 2050, a estimativa é de 259,8/260
milhões de habitantes e a expectativa de vida, ao nascer, será de 81,3 anos. Mas o envelhecimento da
população está se acentuando: em 2000, o grupo de 0 a 14 anos representava 30% da população
brasileira, enquanto os maiores de 65 anos eram apenas 5%; em 2050, os dois grupos se igualarão em
18%. Segundo a Revisão 2008 da Projeção de População do IBGE, a partir de 2039, o número de
brasileiros vai começar a declinar.
As razões para uma diminuição do crescimento demográfico relacionam-se com a urbanização e in-
dustrialização e com incentivos à redução da natalidade (como a disseminação de anticoncepcionais).
Embora a taxa de mortalidade no país tenha caído bastante desde a década de 1940, a queda na taxa
de natalidade foi ainda maior.
Taxa de Natalidade
Até recentemente, as taxas de natalidade no Brasil foram elevadas, em patamar similar a de outros pa-
íses subdesenvolvidos. Contudo, houve sensível diminuição nos últimos anos, que pode ser explicada
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DEMOGRAFIA DO BRASIL
pelo aumento da população urbana — já que a natalidade é bem menor nas cidades, em consequência
da progressiva integração da mulher no mercado de trabalho — e da difusão do controle de natalidade.
Além disso, o custo social da manutenção e educação dos filhos é bastante elevado, sobretudo no
entorno urbano. Segundo o site de notícias, R7, no ano de 2017, 2,86 milhões de nascimentos foram
registrados no país, sendo que em 35,1% dos casos as mães tinham 30 anos ou mais.
Taxa de Mortalidade
O Brasil apresenta uma elevada taxa de mortalidade, também comum em países subdesenvolvidos,
enquadrando-se entre as nações mais vitimadas por moléstias infecciosas e parasitárias, praticamente
inexistentes no mundo desenvolvido.
Desde 1940, a taxa de mortalidade brasileira também vem caindo, como reflexo de uma progressiva
popularização de medidas de higiene, principalmente após a Segunda Guerra Mundial; da ampliação
das condições de atendimento médico e abertura de postos de saúde em áreas mais distantes; das
campanhas de vacinação; e do aumento quantitativo da assistência médica e do atendimento hospita-
lar.
O Brasil apresenta uma taxa de mortalidade infantil de 21,17 mortes em cada mil nascimentos (estima-
tiva para 2010). No entanto, há variações nessa taxa segundo as regiões e as camadas populacionais.
O Norte e o Nordeste têm os maiores índices de mortalidade infantil, que diminuem na região Sul. Com
relação às condições de vida, pode-se dizer que a mortalidade infantil é menor entre a população de
maiores rendimentos, sendo provocada sobretudo por fatores endógenos. Já a população brasileira de
menor renda apresenta as características típicas da mortalidade infantil tardia.
Taxa de Fecundidade
Conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média de
fecundidade no Brasil era de 1,94 filho por mulher em 2009, semelhante à dos países desenvolvidos e
abaixo da taxa de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher – duas crianças substituem
os pais e a fração 0,1 é necessária para compensar os indivíduos que morrem antes de atingir a idade
reprodutiva. Esse índice sofre variações, caindo entre as mulheres de etnia branca e elevando-se entre
as pardas. Tal variação está relacionada ao nível socioeconômico desses segmentos populacionais;
em geral, a população parda concentra-se nas camadas menos favorecidas social e economicamente,
levando-se em conta a renda, a ocupação e o nível educacional, entre outros fatores.
Há também variações regionais: as taxas são menores no Sudeste (1,75 filho por mulher), no Sul (1,92
filho por mulher) e no Centro-Oeste (1,93 filho por mulher). No Nordeste a taxa de fecundidade é de
2,04 filhos por mulher, ainda abaixo da taxa de reposição populacional e semelhante à de alguns países
desenvolvidos. A maior taxa de fecundidade do país é a da Região Norte (2,51 filhos por mulher), ainda
assim abaixo da média mundial.
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DEMOGRAFIA DO BRASIL
Expectativa de Vida
No Brasil, a expectativa de vida está em torno de 76 anos para os homens e 78 para as mulheres,
conforme estimativas para 2010. Dessa forma, esse país se distância das nações paupérrimas, em que
essa expectativa não alcança 50 anos (Mauritânia, Guiné, Níger e outras), mas ainda não alcança o
patamar das nações desenvolvidas, onde a expectativa de vida ultrapassa os 80 anos (Noruega, Sué-
cia e outras).
A expectativa de vida varia na razão inversa da taxa de mortalidade, ou seja, são índices inversamente
proporcionais. Assim no Brasil, paralelamente ao decréscimo da mortalidade, ocorre uma elevação
da expectativa de vida.
Composição da População
O Brasil não foge à regra mundial. A razão de sexo no país é de 96 homens para cada grupo de 100
mulheres, conforme estimativas de 2008.
Até os 60 anos de idade, há um equilíbrio quantitativo entre homens e mulheres, acentuando-se a partir
desta faixa etária o predomínio feminino. Esse fato pode ser explicado por uma longevidade maior da
mulher, devido por outras razões, ao fato de ela ser menos atingida por moléstias cardiovasculares,
causa frequente de morte após os 40 anos.
O número de mulheres, na população rural brasileira, pode-se dizer que no Nordeste, por ser uma
região de repulsão populacional, há o predomínio da população feminina. Já nas regiões Norte e Cen-
tro-Oeste predomina a população masculina, atraída pelas atividades econômicas primárias, como
o extrativismo vegetal, a pecuária e, sobretudo, a mineração.
O número de mulheres, na população rural brasileira, também tende a ser menor, já que as cidades
oferecem melhores condições sociais e de trabalho à população feminina.
Um relativo equilíbrio entre os sexos, entretanto, só se estabeleceu a partir dos anos 1940 — pois até
a década de 1930 o país apresentava nítido predomínio da população masculina, devido principal-
mente à influência da imigração — e, ainda que nascessem mais meninos que meninas, a maior mor-
talidade infantil masculinas (até a faixa de 5 anos de idade) fez com que se estabelecesse o equilíbrio.
O Brasil é um país religiosamente diverso, com a tendência de mobilidade entre as religiões. A popu-
lação brasileira é majoritariamente cristã (89%), sendo sua maior parte católica (70%). Herança da co-
lonização portuguesa, o catolicismo foi a religião oficial do Estado até a Constituição Republicana de
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DEMOGRAFIA DO BRASIL
1891, que instituiu o Estado laico. No entanto, existem muitas outras denominações religiosas no Brasil.
Algumas dessas igrejas são protestantes: pentecostais, episcopais, metodistas, luteranas e batistas.
Há mais de um milhão e meio de espíritas ou kardecistas que seguem a doutrina de Allan Kardec. Exis-
tem também seguidores da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma minoria de ju-
deus, muçulmanos, budistas, neopagãos e seguidores do Candomblé e da Umbanda. Cerca de 7,4%
da população (cerca de 12,5 milhões de pessoas) declarou-se sem religião no último censo, podendo
ser agnósticos, ateus ou deístas.
A Constituição prevê a liberdade de religião e a Igreja e o Estado estão oficialmente separados, sendo
o Brasil um Estado oficialmente laico, embora muitos grupos tenham reivindicados direitos sociais no
Brasil alegando que eles ainda não existem por questões religiosas. A legislação brasileira proíbe qual-
quer tipo de intolerância religiosa, no entanto, a Igreja Católica goza de um estatuto privilegiado e, oca-
sionalmente, recebe tratamento preferencial.
Nas últimas décadas, tem havido um grande aumento de igrejas neopentecostais, o que diminuiu o
número de membros tanto da Igreja Católica quanto das religiões afro-brasileiras. Cerca de noventa
por cento dos brasileiros declararam algum tipo de afiliação religiosa no último censo realizado.
O português é a língua oficial e é falado pela população. O inglês é parte do currículo das escolas pú-
blicas e particulares, e o espanhol passou a fazer parte do currículo escolar nos últimos anos; o inglês
é entendido e usado por poucas pessoas, especialmente nos centros comerciais e financeiros.
Cerca de 180 idiomas e dialetos dos povos indígenas são falados nas tribos, embora esse número
esteja em declínio.
O português é a língua materna de 98% dos brasileiros, embora haja um expressivo número de falantes
de línguas imigrantes, principalmente o alemão, falado em zonas rurais do Brasil meridional, sendo o
dialeto hunsrückisch o mais usado por cerca de 1,5 milhão de pessoas. O italiano é bem difundido por
alguns descendentes de imigrantes que ainda não adotaram o português como língua materna em
zonas vinícolas do Rio Grande do Sul, sendo o dialeto talian o mais usado. Outra língua falada por
minorias é o japonês, entre outros idiomas imigrantes.
Composição Étnico-Racial
A população atual do Brasil é muito diversa, tendo participado de sua formação diversos povos e etnias.
Atualmente, o IBGE utiliza para fins censitários 5 categorias no Brasil, baseado na raça e cor da
pele: branco, indígenas, preto, pardo e amarelo. De forma geral, a população brasileira foi formada por
cinco grandes ondas migratórias:
Os diversos povos indígenas, autóctones do Brasil, descendentes de grupos humanos que migraram
da Sibéria, atravessando o Estreito de Bering, aproximadamente 9000 a.C.
Os colonos portugueses, que chegaram para explorar a colônia desde a sua descoberta, em 1500, até
a sua independência, em 1822.
Os africanos trazidos na forma de escravos para servirem de mão de obra, em um período de tempo
que durou de 1530 a 1850.
Os diversos grupos de imigrantes vindos principalmente da Europa, os quais chegaram ao Brasil entre
o final do século XIX e início do século XX.
Acredita-se que o continente americano foi povoado por três ondas migratórias vindas do Norte da Ásia.
Os indígenas brasileiros são, provavelmente, descendentes da primeira leva de migrantes, que chegou
à região por volta de 9000 a.C. Os principais grupos indígenas, de acordo com sua origem linguística,
eram os de línguas macro-tupis, macro-jês, aruaques (ou maipurés) e caraíbas (ou caribes). A popula-
ção indígena original do Brasil (entre 3-5 milhões) foi em grande parte exterminada ou assimilada pela
população portuguesa. Os mamelucos (ou caboclos, mestiços de branco com índio) se multiplicavam
às centenas pela colônia.
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DEMOGRAFIA DO BRASIL
Um outro elemento formador do povo brasileiro chegou na forma de escravo. Os africanos começaram
a ser trazidos para a colônia na década de 1530, para suprir a falta de mão de obra. Inicialmente,
chegaram escravos de Guiné. A partir do século XVIII, a maior parte dos cativos era trazida de An-
gola e, em menor medida, de Moçambique. Na Bahia, os escravos eram majoritariamente oriundos
do Golfo de Benim (atual Nigéria). Até o fim do tráfico negreiro, em 1850, entre três e cinco milhões de
africanos foram trazidos ao Brasil — 37% de todo o tráfico negreiro efetuado entre a África e a América.
A imigração europeia no Brasil iniciou-se no século XVI, sendo dominada pelos portugueses. Neerlan-
deses (a partir das invasões holandesas do Brasil) e franceses (a partir da França Antártica) também
tentaram colonizar o Brasil no século XVII, mas sua presença durou apenas algumas décadas. Nos
primeiros dois séculos de colonização vieram para o Brasil cerca de 100 mil portugueses, uma média
anual de 500 imigrantes. No século seguinte vieram 600 mil, em uma média anual de dez mil colonos.
A primeira região a ser colonizada pelos portugueses foi o Nordeste. Pouco mais tarde, os colonos
passaram a colonizar o litoral do Sudeste. O interior do Brasil só foi colonizado no século XVIII. Os
portugueses foram o único grupo étnico a se espalhar por todo o Brasil, principalmente graças à ação
dos bandeirantes ao desbravarem o interior do país no século XVIII.
Antes da grande corrente migratória europeia que chegou ao Brasil no fim do século XIX, o país tinha
uma população majoritariamente parda, segundo vários autores:
Se nos indagarmos aqui [sobre] a população do Brasil em 1822, aglomerada no litoral, nas cidades,
vilas, engenhos e fazendas, e aquela que se encaminhava para os sertões, verificaremos que essa
população não excede 4 500 000 habitantes, dos quais oitocentos mil índios bravios, 2 288 743 pes-
soas livres e 1 107 300 escravos, adstritos ao trabalho da terra. Dois terços dessas pessoas livres
eram mamelucos, caribocas ou cafuzos, mestiços de índios, de negros e portugueses.
Geografia Urbana
A população urbana brasileira é maior que a rural desde 1950. Pelo censo de 2010, a distribuição con-
forme o local do domicílio era 160 contra 30 milhões de habitantes, aproximadamente. Proporcional-
mente também a predominância urbana tem aumentado, bastando contrapor os 84,36% de habitantes
com domicílio na zona urbana em 2010 e os 67,70% em 1980. O processo da urbanização foi acom-
panhado da industrialização, mecanização agrícola e concentração fundiária, ao substituir o modelo
agrário-exportador pelo urbano-industrial. Ocorrido essencialmente pela via do chamado êxodo rural
brasileiro, o processo é avaliado como rápido e desordenado e acarretou os problemas urbanos da fa-
velização, da violência urbana, da poluição e das inundações. A despeito da predominância urbana ob-
tida no século XX, 90% dos municípios brasileiros possuem menos de cinco mil habitantes, o que leva
a considerações sociológicas sobre a ruralidade das relações sociais dessa parte da população.
A hierarquia urbana trata das influências que as cidades exercem sobre uma determinada região, ter-
ritório ou país(es). São inúmeras as atividades desenvolvidas nas cidades, tanto no setor secundá-
rio (indústria) como no terciário (comércio e serviços), e até mesmo no primário (agropecuária). Essas
atividades, dependendo de sua qualidade e diversificação, podem atender não só à população urbana,
mas a todo o município, incluindo a zona rural e a população de vários municípios ou de outros estados.
Assim, uma cidade pequena pode não ter um comércio ou serviço de saúde suficiente para sua popu-
lação, que é atendida em outra cidade maior, mais bem equipada, que lhe ofereça serviços de melhor
qualidade.
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DEMOGRAFIA DO BRASIL
Sistema de hierarquização urbana, no qual várias cidades se submetem a uma maior, que comanda
esse espaço. Em cada nível, as maiores polarizam as menores. O IBGE classifica a rede urbana bra-
sileira de acordo com o tamanho e importância das cidades. As categorias de cidades são:
Metrópoles
A partir dos principais centros urbanos do Brasil, foram identificadas redes urbanas associadas às me-
trópoles, denominadas "redes de influência". Com base nesse estudo, as metrópoles brasileiras foram
subdivididas em três níveis: grande metrópole nacional, metrópoles nacionais e metrópoles.
Capitais Regionais
As capitais regionais constituem o segundo nível da gestão territorial, e exercem influência no estado
e em estados próximos. Subdividem-se em:
Capitais regionais A: Aracaju, Campo Grande, Cuiabá, João Pessoa, Maceió, Natal, Ribeirão Preto,
São Luís e Teresina.
Capitais regionais B: Bauru, Blumenau, Caruaru, Cascavel, Caxias do Sul, Chapecó, Criciúma, Feira
de Santana, Itabuna, Itajaí/Balneário Camboriú, Joinville, Juazeiro do Norte, Juiz de Fora, Lon-
drina, Maringá, Montes Claros, Palmas, Passo Fundo, Porto Velho, São José do Rio Preto, São José
dos Campos, Sorocaba, Uberlândia e Vitória da Conquista.
Municípios
Um município no Brasil é uma circunscrição territorial dotada de personalidade jurídica e com certa
autonomia administrativa, sendo a menor unidade autônoma da Federação. A sede do município é
categorizada como cidade e possui o seu mesmo nome. Cada um tem sua própria Lei Orgânica que
define a sua organização política, mas limitada pela Constituição Federal. Os municípios dispõem ape-
nas dos poderes Executivo, exercido pelo prefeito, e Legislativo, sediado na câmara municipal (tam-
bém chamada de câmara de vereadores). O Poder Judiciário organiza-se em forma de comarcas que
abrangem vários municípios ou parte de um município muito populoso. Portanto, não há Poder Judici-
ário específico de cada município.
Regiões Metropolitanas
As regiões metropolitanas foram definidas originalmente em lei federal e, desde a constituição de 1988,
por meio de leis estaduais. Das nove originais de 1973, a quantidade se aproxima das quatro dezenas
em 2017. Elas, a princípio, devem agrupar municípios vizinhos com malha urbana conurbada a fim de
melhor lidar com os problemas e interesses comuns na realidade metropolitana de interdependência
socioeconômica. A criação e ampliação pelos estados gerou críticas por falta de correspondência entre
as estruturas socioespaciais características de regiões metropolitanas e aquelas criadas por força de
lei. A situação foi parcialmente contornada com o Estatuto da Metrópole, que regulamentou as criações
posteriores à vigência do estatuto.
As cinco regiões metropolitanas mais populosas no censo de 2010 (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Porto Alegre e Recife) concentravam mais de 44 milhões de habitantes diante do total regis-
trado de mais de 190 milhões. O quadro abaixo apresenta as vinte mais populosas regiões metropoli-
tanas, incluindo aquelas formações interestaduais criadas por legislação federal e denominadas espe-
cificamente regiões integradas de desenvolvimento econômico (RIDE).
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DEMOGRAFIA DO BRASIL
Concentrações Urbanas
Em estudo chamado Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil, o IBGE tratou das
interações entre as cidades brasileiras em termos de conurbação e migração pendular. Nele, introduziu
os conceitos de "arranjo populacional" e "concentração urbana". O primeiro corresponde aos conjuntos
formados por dois ou mais municípios que se encontram integrados por contiguidade da mancha ur-
bana ou fluxos para trabalho ou estudo. O segundo conceito está dividido em faixas conforme o quanto
é populoso. A faixa mais populosa são as "grandes concentrações urbanas", que abrangem arranjos
populacionais "acima de 750 mil habitantes e os municípios isolados (que não formam arranjos) de
mesma faixa populacional". O IBGE identificou 26 delas no país com base no censo demográfico de
2010. A seguir, há as "médias concentrações urbanas" (municípios isolados e arranjos populacionais
entre 100 mil e 750 mil habitantes) e as "pequenas concentrações populacionais" (arranjos com popu-
lação inferior a 100 mil habitantes).
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DESIGUALDADES SOCIAIS
Desigualdades Sociais
Em outras palavras, a maioria fica a mercê de uma minoria que detém os recursos, o que gera as de-
sigualdades.
Estudos afirmam que a desigualdade social surgiu com o capitalismo, que é o sistema econômico
que passa a perpetrar a ideia de acumulação de capital e de propriedade privada.
Ao mesmo tempo, o capitalismo incita o princípio da maior competição e o nível das pessoas basea-
dos no capital e no consumo.
Mesmo que o país nos últimos anos tenha apresentado uma diminuição da pobreza, o nível de desi-
gualdade social no Brasil ainda é muito notório.
Veja o quanto em: Desigualdade Social no Brasil e Os maiores exemplos de desigualdade social no
Brasil.
A desigualdade social existe nos diferentes continentes, países, regiões, estados e cidades. Há luga-
res em que os problemas são mais evidentes, por exemplo, nos países africanos, os quais estão en-
tre os mais desiguais do mundo.
Má distribuição de renda
Corrupção
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DESIGUALDADES SOCIAIS
Tipos de Desigualdades
Curiosidades
Segundo a ONU, o Brasil é o oitavo país com o maior índice de desigualdade social e econômica do
mundo.
O "Coeficiente de Gini" é uma medida utilizada para mensurar o nível de desigualdade dos países se-
gundo renda, pobreza e educação.
Os países que apresentam maiores desigualdades sociais são do continente africano: Namíbia, Le-
soto e Serra Leoa.
Porém, é necessário entender a desigualdade social também como uma espécie de “leque” de outros
tipos de desigualdades geradas a partir da desigualdade econômica, como desigualdades raciais, po-
breza, problemas com acesso à moradia, segurança pública, educação de má qualidade, desem-
prego, entre outros.
A desigualdade social se dava desde os tempos do Brasil Colônia, em que Portugal detinha os recur-
sos advindos do próprio Brasil (1º - a exploração do pau-brasil: 2º - da cana-de-açúcar e posterior-
mente do ouro, além da produção agrícola da era do café), administrados por pessoas designadas
pela coroa, cuja relação de desigualdade dava-se entre os senhores e os escravos.
Com o fim da escravatura no Brasil, a economia passou a girar em torno da produção agrícola, e até
a década de 1930, era a principal fonte de recursos do país, que funcionava no sistema de agroex-
portação, sistema este que, devido à grande riqueza do país em ter uma produção agrícola elevada,
foi dando meios para que o estado fornecesse as ferramentas políticas e financeiras necessárias para
implantação da indústria no Brasil.
Com a chegada das primeiras indústrias, ainda na década de 1930, o Brasil passou a administrar um
sistema de capitalismo mais claro, com o acúmulo muito maior de capital por parte dos empresários
(principalmente empresas estrangeiras, que instalavam suas indústrias no Brasil, pelo menor custo de
mão de obra), fazendo, assim, a economia crescer, e na mesma proporção da economia, a desigual-
dade social, cujos trabalhadores, por baixíssimos salários e quase sem nenhum direito trabalhista,
forneciam a mão de obra às indústrias, fazendo-as lucrar.
Apesar de nós brasileiros sermos todos iguais perante a lei, há profundas desigualdades entre os
membros da nossa sociedade. Mesmo com avanços importantes em termos de distribuição de renda-
nas últimas duas décadas, o Brasil continua tendo uma expressiva concentração de riqueza e segue
sendo um dos países mais desiguais do mundo.
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DESIGUALDADES SOCIAIS
Vamos a alguns dados recentes apresentados pela organização Oxfam Brasil que demonstram a
condição de extrema desigualdade social em que vivemos, não apenas no Brasil, mas em todo o
mundo. Em nível global, apenas oito pessoas detêm o mesmo patrimônio que a metade mais pobre
da população mundial. No Brasil, a situação é ainda mais acentuada: apenas seis pessoas possuem
a riqueza dos 100 milhões de brasileiros mais pobres. Aqui, os 5% mais ricos detêm a mesma fatia de
renda que os demais 95%.
Os dados acima se referem à desigualdade econômica: de renda, riqueza, patrimônio. Existem, entre-
tanto, várias outras formas de desigualdades sociais: de gênero, raça, geração, geográfica, acesso a
serviços públicos, etc. Não se pode tratar apenas a desigualdade econômica, por exemplo, sem
pensá-la relacionada a outras formas de desigualdade, pois as diferentes expressões das desigualda-
des não se apresentam sempre separadas, mas em muitos casos se reforçam. Portanto, é preferível
falar não em desigualdade social, mas sim em desigualdades, no plural.
As desigualdades se dão em vários níveis. É grande a disparidade entre países ricos e pobres; e den-
tro dos países, entre suas regiões e estados. Em cada estado, existem grandes diferenças entre os
municípios, nos quais podemos perceber desigualdades entre o meio urbano e rural. E dentro de
cada cidade, temos as áreas nobres e as periferias. Existem ainda outras formas de desigualdade
que geram um abismo social entre os mais diversos indivíduos, como a discriminação contra mulhe-
res, negros e indígenas. As desigualdades não podem ser tratadas como um mero problema indivi-
dual, mas sim como um complexo fenômeno social com profundas raízes históricas.
Estratificação Social
Para descrever as desigualdades existentes entre indivíduos e grupos nas sociedades humanas, os
cientistas sociais se utilizam do conceito de estratificação social, que se refere a como os membros
de uma sociedade se encontram divididos em “camadas” (ou estratos). É a estratificação social que
vai determinar o acesso a direitos e recursos, benefícios e recompensas, bem como o modo que se
dá a mobilidade de um estrato para o outro.
É importante destacar a característica social da estratificação, para que não confundamos as desi-
gualdades sociais com as desigualdades naturais. Os seres humanos são muito diferentes entre si
em relação às suas características físicas, tais como sexo, altura, peso, saúde, cor do cabelo, pele,
olhos, etc.
Entretanto, as diferenças naturais entre os indivíduos não são suficientes para explicar as desigualda-
des sociais, muito embora possam influenciá-las. Os mecanismos que reproduzem as desigualdades
sociais foram criados pela ação humana e variam de sociedade para sociedade, de acordo com os
valores culturalmente dominantes e critérios estabelecidos historicamente.
Concluímos, portanto, que a estratificação social de uma sociedade não é natural e as desigualdades
institucionalizadas não são inevitáveis. São, antes de qualquer coisa, produtos de escolhas políticas
que refletem a desigual distribuição de poder nas sociedades.
É notória a disparidade social entre diferentes continentes, países, regiões, estados e, até mesmo,
cidades. Essa desigualdade é um dos maiores problemas da sociedade e é uma das causas de boa
parte dos conflitos entre povos. A intensificação desse processo tende a agravar ainda mais os pro-
blemas socioeconômicos das pessoas menos favorecidas.
Segundo dados atribuídos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os
rendimentos de 1% das pessoas mais ricas do mundo são compatíveis àqueles de 57% da população
mais pobre do planeta. Esses dados confirmam a diferença na concentração de renda entre ricos e
pobres, refletindo diretamente na alimentação, bens de consumo e serviços elementares ao ser hu-
mano no que se refere às classes em questão.
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DESIGUALDADES SOCIAIS
Com o intuito de estabelecer um critério global para caracterizar a população pobre, o Banco Mundial
utilizou a seguinte metodologia: fez a média das dez piores linhas nacionais de pobreza do planeta e
estabeleceu o dólar PPC, baseado na paridade do poder de compra. Com base nesse cálculo, esta-
beleceu dois patamares de renda para caracterizar a pobreza:
Conforme dados do Banco Mundial, aproximadamente 22% da população mundial vive com menos
de 1,25 dólar PPC por dia e 44% ganham menos de 2 dólares PPC por dia. Portanto, de acordo com
a metodologia utilizada pelo Banco Mundial, 66% da população global se inclui na subdivisão anteri-
ormente mencionada. Os países nos quais esses índices se apresentam mais alarmantes são: os da
América Latina, sul da Ásia e, principalmente, da África Subsaariana.
Esse quadro de desigualdades sociais gera um processo de exclusão relacionado à moradia, educa-
ção, emprego, saúde, entre outros aspectos de direito do cidadão.
Diante de tal ocorrência, faz-se necessário uma distribuição de renda mais justa com vistas a propor-
cionar melhores condições de vida para a população global.
A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na atuali-
dade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é um fenô-
meno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos.
Alguns dos pesquisadores que estudam a desigualdade social brasileira atribuem, em parte, a persis-
tente desigualdade brasileira a fatores que remontam ao Brasil colônia, pré-1930 – a máquina midiá-
tica, em especial a televisiva, produz e reproduz a ideia da desigualdade, creditando o “pecado origi-
nal” como fator primordial desse flagelo social e, assim, por extensão, o senso comum “compra” essa
ideia já formatada –, ao afirmar que são três os “pilares coloniais” que apoiam a desigualdade: a in-
fluência ibérica, os padrões de títulos de posse de latifúndios e a escravidão.
É evidente que essas variáveis contribuíram intensamente para que a desigualdade brasileira perma-
necesse por séculos em patamares inaceitáveis. Todavia, a desigualdade social no Brasil tem sido
percebida nas últimas décadas, não como herança pré-moderna, mas sim como decorrência do efe-
tivo processo de modernização que tomou o país a partir do início do século XIX.
Junto com o próprio desenvolvimento econômico, cresceu também a miséria, as disparidades sociais
– educação, renda, saúde, etc. – a flagrante concentração de renda, o desemprego, a fome que
atinge milhões de brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a baixa escolaridade, a violência.
Essas são expressões do grau a que chegaram as desigualdades sociais no Brasil.
Segundo Rousseau, a desigualdade tende a se acumular. Os que vêm de família modesta têm, em
média, menos probabilidade de obter um nível alto de instrução. Os que possuem baixo nível de es-
colaridade têm menos probabilidade de chegar a um status social elevado, de exercer profissão de
prestígio e ser bem remunerado.
É verdade que as desigualdades sociais são em grande parte geradas pelo jogo do mercado e do ca-
pital, assim como é também verdade que o sistema político intervém de diversas maneiras, às vezes
mais, às vezes menos, para regular, regulamentar e corrigir o funcionamento dos mercados em que
se formam as remunerações materiais e simbólicas.
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DESIGUALDADES SOCIAIS
Observa-se que o combate à desigualdade deixou de ser responsabilidade nacional e sofre a regula-
ção de instituições multilaterais, como o Banco Mundial. Conforme argumenta a socióloga Amélia
Cohn, a partir dessa ideia “se inventou a teoria do capital humano, pela qual se investe nas pessoas
para que elas possam competir no mercado”. De acordo com a socióloga, a saúde perdeu seu status
de direito, tornando-se um investimento na qualificação do indivíduo.
Ou, como afirma Hélio Jaguaribe em seu artigo No limiar do século 21: “Num país com 190 milhões
de habitantes, um terço da população dispõe de condições de educação e vida comparáveis às de
um país europeu. Outro terço, entretanto, se situa num nível extremamente modesto, comparável aos
mais pobres padrões afro-asiáticos. O terço intermediário se aproxima mais do inferior que do supe-
rior”.
A sociedade brasileira deve perceber que sem um efetivo Estado democrático, não há como comba-
ter ou mesmo reduzir significativamente a desigualdade social no Brasil.
Para muitos estudiosos, a desigualdade social no Brasil remonta ao Brasil Colônia, antes do Império,
quando tínhamos 3 pilares que estratificavam a população brasileira, apoiando a desigualdade econô-
mica: a influência dos colonizadores, os padrões de títulos de posse de latifúndio e a escravidão.
Essas 3 variáveis foram de forte contribuição para que a desigualdade social se tornasse um grave
problema brasileiro, persistindo através dos tempos e ganhando maior relevância principalmente em
virtude do processo de modernização que ocorreu no Brasil a partir da Proclamação da República.
Com o desenvolvimento ocorrido no Brasil enquanto nação, cresceram também os índices de miséria,
de diferenças entre as classes sociais, de dificuldade de acesso à educação e à saúde, criando uma
grande concentração de renda, gerando desemprego, aumentando a fome e a miséria que atinge, até
hoje, milhões de brasileiro, condições que não podem ser relegadas a segundo plano quando esta-
mos vivendo no século XXI.
Com o tempo, a desigualdade social sempre tende a aumentar. Para os provenientes de famílias
mais pobres, existem menos chance de obter níveis mais altos de educação. Possuindo níveis inferio-
res de escolaridade, essas pessoas têm menos probabilidade de conseguir uma posição melhor na
sociedade, de ter uma profissão de prestígio e conseguir melhor remuneração.
Muito embora os últimos governos tenham criado ações para reduzir a desigualdade social, o cami-
nho a percorrer ainda é longo, necessitando de constante atenção com relação às providências de
fornecer escolaridade, segurança e saúde, uma situação que estamos vendo, durante a crise que es-
tamos passando, criar um processo de regressão e não de avanço.
A desigualdade social deixou de ser, não só no Brasil como no mundo todo, uma responsabilidade de
cada governo, cabendo também às entidades de cunho universal atitudes que possam combater a
fome e a miséria, num primeiro momento.
É preciso pensar em investir nas pessoas para que tenham condições de competir em igualdade de
condições no mercado de trabalho e esse trabalho não pode ser feito em apenas uma geração.
Enquanto analisamos a situação brasileira, vemos que, dos 204 milhões de pessoas, apenas uma pe-
quena quantidade, ou menos de 20%, possui hoje condições de educação e padrão de vida que po-
dem ser comparados a países desenvolvidos. Os outros 80%, ou a maioria da população encontra-se
em níveis mais modestos, podendo em alguns casos ser comparados aos padrões africanos.
Como consequência da desigualdade social, temos os grandes problemas que nos afetam direta-
mente, podendo ser vistos a toda hora e todo momento:
Aumento das favelas nas grandes cidades, com proliferação nas cidades do interior;
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DESIGUALDADES SOCIAIS
Dificuldade de acesso a serviços básicos de saúde, transporte público, saneamento básico e educa-
ção.
Como sociedade, o Brasil deve entender que, sem um efetivo Estado democrático, não teremos con-
dições de combater ou reduzir a desigualdade social entre nós. Cabe ao conjunto da sociedade criar
meios para o desenvolvimento social e estabelecimento de um conjunto de regras que possam mini-
mizar a desigualdade social.
Desigualdade social é um conceito que afeta principalmente os países não desenvolvidos e subde-
senvolvidos, onde não há um equilíbrio no padrão de vida dos seus habitantes, seja no âmbito
econômico, escolar, profissional, de gênero, entre outros.
Entre os fatores que proporcionam a desigualdade social está a má distribuição de renda e a falta
de investimentos em políticas sociais.
A desigualdade social se configura pela falta de educação básica de qualidade; poucas oportunida-
des de emprego; ausência de estímulos para o consumo de bens culturais, como ir ao cinema, teatro
e museus; entre outras características.
Alguns estudiosos dizem que o crescimento da desigualdade social começou com o surgimento do
capitalismo, com a acumulação de capital (dinheiro) e de propriedades privadas. O poder econômico
ficou concentrado nas mãos dos mais ricos, enquanto que as famílias mais pobres ficaram "à mar-
gem" ("marginalizadas") na sociedade.
A desigualdade social é uma porta para outros tipos de desigualdades, como a desigualdade de gê-
nero, desigualdade racial, desigualdade regional, entre outras.
Como consequência da desigualdade social, surgem vários problemas sociais que afetam a socie-
dade:
Favelas (favelização);
Fome e miséria;
Mortalidade infantil;
Desemprego;
Aumento da criminalidade;
Dificuldade de acesso aos serviços básicos, como saúde, transporte público e saneamento básico;
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DESIGUALDADES SOCIAIS
No Brasil, a desigualdade social é marcante e afeta a maioria dos brasileiros, mesmo após a apresen-
tação dos últimos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-2011) que
mostram uma diminuição da pobreza no país.
Uma das principais causas para a desigualdade social no Brasil é a falta de acesso à educação de
qualidade; os baixos salários; a política fiscal injusta; e a dificuldade de acesso aos serviços básicos
(saúde, transporte público e saneamento básico, por exemplo).
Durante os anos de transição da ditadura militar para a democracia representativa, a educação brasi-
leira caminhou atenta à nova visão de mundo para qual o Brasil acordava. As desigualdades sociais
se apresentaram de forma gritante e assustadora. Um Brasil desconhecido por muitos surgiu nas
manchetes midiáticas. Realidade estampada!!! Cabia a nós, brasileiros e brasileiras, refletir e agir
para mudar este cenário.
A educação teve papel importante, iniciando uma luta contra o analfabetismo adulto. A preocupação
com a formação dos professores, também foi um dos temas debatidos e ações emergenciais, distor-
ceram ainda mais nosso cenário nacional. A pressa foi inimiga da perfeição e hoje é preciso realinhar
o ensino brasileiro com metas iguais para condições desiguais.
As distorções sociais que enfrentamos em nosso país se agravam dia a dia. Além do que, a popula-
ção em situação de vulnerabilidade social é mutante, flutuante e poderá atingir níveis maiores nos
próximos anos. Isso porque essa população não está apenas concentrada nas periferias de grandes
cidades. É uma população que se espalha pelas cidades, instalam-se em todos os bairros, percorrem
ruas e avenidas principais e saem de uma cidade para outra dificultando a mensuração desta popula-
ção.
A extensão territorial de nosso país contribui com a diversidade socioeconômica e cultural, dificul-
tando ações locais que necessitam de incentivos federais ou estaduais, para reduzir a distorção na
oferta de ensino de qualidade.
É importante frisar que a qualidade de ensino, no Brasil, é mensurada por exames padronizados que
não consideram as diferenças culturais e muito menos as diversidades que cada região do país apre-
senta.
Quando se propõe aumentar a oferta e ampliar o número de acesso à escola esbarramos nas ques-
tões financeiras e administrativas, que para muitos municípios de nosso país é muito precária. O fato
é que por mais incentivo que se possa dar ao ensino como ocorre nas metas do PNE, o respaldo so-
cial, administrativo e político não é tão animador assim.
Então, a educação tem o seu caminho para a equidade social interrompido não por uma pedra, mas
por uma cadeia de fatores que necessitam a colaboração social, empresarial e principalmente, dos
entes federados – União, Estados e Municípios.
Quando pensamos nas desigualdades sociais de nosso país é mais do que certo que definamos
a educação como a solucionadora ou, pelo menos, a minimizadora de tal situação. A Educação Bra-
sileira procura se ajustar às novas tendências educacionais no sentido de diminuir e erradicar o
enorme abismo social que nossa população enfrenta. Os desafios são muitos e as escolhas das es-
tratégias farão a diferença na tomada de decisão.
Convivemos com um quadro educacional em que é mais “fácil” entrar na escola do que “sair” dela
com a conclusão total do ciclo. Sem falar na qualidade de ensino que também não é igual para todas
as escolas brasileiras.
Quanto mais avança a educação brasileira, mas escancara as enormes evidências de desigualdades
sociais e regionais que existem em nosso país.
Diante desse quadro é preciso refletir: o quanto a educação irá crescer realmente, com este quadro
de desigualdade social não considerado no PNE? Como ajustar as metas padronizadas de universali-
zação quando as divergências regionais tornam-se grandes entraves? Qual a perspectiva que a atual
geração tem ao ser tratada como igual num mundo de desiguais?
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DESIGUALDADES SOCIAIS
As metas do PNE visam à universalização do ensino brasileiro, ou seja, cada aluno matriculado e cur-
sando os ciclos escolares de acordo com a idade certa. A escola que antes só começava aos 7 anos
de idade, hoje inicia-se com meses de idade, em creches, seguindo para a pré-escolar, ensino funda-
mental 1 e 2, no conjunto de ciclo denominado ensino básico obrigatório, depois vem o ensino médio
e o ensino superior.
Logo na primeira fase as diferenças sociais se evidenciam. A demanda para creche aumenta cons-
tantemente e a oferta de vagas nas redes municipais não consegue acompanhar esse crescimento. A
fila de espera por uma vaga é grande e injusta quando ocorre a judicialização em determinados ca-
sos.
No ensino fundamental a dificuldade é terminar a primeira e a segunda etapa. São gargalos diferenci-
ados. Entretanto, muitas crianças não conseguem acompanhar o ritmo escolar devido às condições
sociais em que vivem.
Já está mais do que provado que a alimentação, o ambiente domiciliar, a participação da família, en-
tre outros, são fatores determinantes na vida de uma criança. Quando esses fatores são debilitados
pela condição social da família o resultado é percebido nas salas de aulas onde as dificuldades apa-
recem e persistem.
No ensino fundamental 2 o problema fica ainda mais evidente quando percebemos que, apesar dos
alunos terem chegado a essa etapa de ensino, ainda não sabem interpretar textos e apresentam mui-
tas dificuldades para entender cálculos. Sair do ensino fundamental com uma formação de qualidade
não é, ainda, uma realidade da educação brasileira.
Com os problemas surgidos no ensino fundamental, entrar no ensino médio torna-se cada vez mais
distante e a evasão escolar cresce nesta passagem de nível escolar. Aos que conseguem adentrar
no ensino médio, carregam a bagagem de despreparo para enfrentar as novas disciplinas. Resultado
disso são alunos que saem do ensino médio sem condições acadêmicas suficientes para encarar o
ensino superior.
E temos, então, no ensino superior, a mesma situação. Muito embora o número de pessoas que en-
tram em uma faculdade tenha aumentado, incentivados pelos programas nacionais de financiamen-
tos e bolsas de estudos para as instituições particulares, a qualidade do aluno é precária e as dificul-
dades que se iniciaram no ensino fundamental permanecem.
Será difícil, então, reverter esse quadro de desigualdades sociais com o cumprimento de metas que
visam muito mais a quantidade da oferta do que a qualidade do ensino.
Sem dúvida a educação escolar é a ferramenta que gera a cidadania. Sem dúvida a educação é ca-
paz de mudar destinos cruéis. Sem dúvida a educação é o que realmente torna uma nação desenvol-
vida. Mas não se pode exigir que a educação seja a grande responsável por tudo aquilo que as políti-
cas públicas não fizeram: gerar condições de desenvolvimento pessoal pleno e em todos os sentidos.
Enfim, é fato que a educação é capaz sim de resolver as desigualdades sociais que existem em
nosso país, mas não poderá arcar sozinha com o ônus que há anos está batendo à nossa porta. Os
educadores, gestores e administradores, principalmente da esfera municipal, são os que mais serão
responsabilizados pelo não cumprimento das metas do PNE.
Não é uma questão de ser isso justo ou injusto. É uma questão de se reconhecer que para as metas
do PNE surtirem o devido efeito e serem possíveis de realização, as condições sociais de nossa po-
pulação precisariam ser muito melhores do que é hoje. Metas iguais para desiguais só irá ampliar o
problema e protelar sua solução.
Não resolveremos as desigualdades sociais com o atual PNE, que impõe o fardo à educação. Não
resolveremos as desigualdades sociais sem que haja uma política pública apartidária que elabore e
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DESIGUALDADES SOCIAIS
implemente um regime de colaboração condizente com as diversas realidades que cada município
enfrenta e enfrentará para cumprir metas e mais metas.
Não podemos tratar os desiguais como iguais, como se as diferenças não existissem. As diferenças
sociais necessitam sim de uma educação de qualidade com iguais oportunidades para todos, dentro
dos parâmetros de universalização do ensino que é apregoado pelo PNE. Mas é preciso que o ambi-
ente familiar seja tão de qualidade quanto, que o ambiente social seja tão oportuno quanto. A educa-
ção pode sim modificar toda a nossa sociedade e nos dar melhores condições de vida, mas se em
seus parâmetros as desigualdades sociais não forem consideradas, a educação não dará o seu
grande salto.
As Desigualdades na Escola
Antes de falar das desigualdades escolares, é melhor concordar sobre a palavra “desigualdade”. Uma
desigualdade é uma diferença de acesso que gera uma organização hierárquica. A desigualdade é
diferente da diferença. Uma desigualdade é uma diferença que se traduz com vantagens e desvanta-
gens. Existem diferenças de sexo, de idade, etc. Vai ser uma desigualdade apenas se isto provocar
uma desvantagem ou uma vantagem.
A desigualdade pode ser uma relação entre indivíduos, grupos, países, sexos, gerações, etc. e po-
dem se acumular. Por exemplo, se um indivíduo é uma mulher, sem qualificação, negra, morando
numa favela. Estes fatores podem gerar desigualdades no mercado do trabalho, por exemplo. O Bra-
sil é um pais onde as desigualdades são particularmente importantes.
Ele vai ter o costume de ler livros, ir a museus, atividades como estas. Os pais (que são uma instan-
cia de socialização) vão ter cuidado com o feito que o filho tenha boas notas, tenha uma boa atitude
na escola.
De um outro lado, se o filho tem os seus pais que não sabem falar muito bem português, que não têm
qualificações, os pais não poderão lhe ajudar da mesma maneira com a escola, não poderão lhe
aconselhar para os seus trabalhos, para lhe acostumar com a cultura (ler livros, ir ao museu…), lhe
ajudar com o seu futuro escolar. Então aqui existe uma primeira desigualdade importante.
Também, existe uma desigualdade entre meninos e meninas. Na verdade, o gênero produz desigual-
dade na escola. As meninas têm melhores resultados (notas) que os meninos. Desde a socialização
primária (infância), as meninas são valorizadas se elas têm boas notas e tem o comportamento que
corresponde à imagem que a sociedade espera de uma menina. Os pais não vão ter a mesma atitude
se o seu filho e sua filha não têm uma atitude seria. Geralmente aceita-se com mais facilidade se o
filho não gosta de ir à escola. Então, aqui existe uma outra desigualdade, as meninas têm melhores
resultados que os meninos. Mas, sabemos que, no futuro, no mercado de trabalho por exemplo, elas
têm mais dificuldades para encontrar um trabalho.
Também existe uma desigualdade entre as zonas das escolas. As aulas dentro de uma favela, não
vão ser as mesmas que uma aula numa escola que se situa em um bairro rico. Que seja ao nível dos
outros alunos, a presença do professor, etc. Vão ser diferentes e gerar desigualdades.
Pierre Bourdieu é um sociólogo francês que é autor do conceito de diversas formas de capitais: eco-
nômico (dinheiro, salário), cultural (conhecimento, saber fazer) e social (relações). Segundo ele, os
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DESIGUALDADES SOCIAIS
indivíduos têm estes três “capitais”, mas em proporções diferentes. Em função destas diferenças, é
criada a estratificação social. Segundo ele, a escola é um lugar onde se reproduzem as desigualda-
des. Em função da origem social, os alunos conhecem desigualdades de capitais e isso gera uma re-
produção social. O aluno vai ter “capitais” perto dos “capitais” dos pais.
Além disso, a escola é uma instituição onde o professor este presente para ensinar aos alunos co-
nhecimento relativo às classes dominantes. Para ser mais concreta, o professor vai tentar ensinar as
maneiras de falar dos indivíduos ricos do Brasil e não dos pobres. Assim, são excluídos uma parte
dos alunos porque estes não têm o costume de falar desta maneira com a família, desta maneira, têm
de fazer mais esforços que os demais colegas. Pierre Bourdieu chama isso de “violência simbólica”.
Nos últimos anos, a relação entre desigualdades e diversidade tem ocupado um lugar de maior desta-
que no debate contemporâneo. No que se refere à diversidade, Abramowicz, Rodrigues e Cruz
(2011) refletem que a sua discussão, com enfoque na heterogeneidade de culturas que marca a soci-
edade atual, é realizada em oposição ao modelo de Estado-nação moderno, liberal e ocidental e se
faz presente em grande parte dos países do mundo.
As autoras alertam para o fato de que o debate sobre a diversidade se diferencia nacional e internaci-
onalmente de acordo com o seu período de emergência, as causas principais que geram ou impõem
a discussão sobre determinados grupos, identidades culturais, espaciais e territoriais, discriminação,
entre outros. Imigração, gênero, sexualidade, raça, etnia, religião, língua, espaços/territórios são os
principais fatores e temáticas que desencadearam um processo de mobilização e discussão sobre a
diversidade, sendo que em vários contextos eles estão interrelacionados ou interseccionados.
A diversidade, entendida como construção histórica, social, cultural e política das diferenças, realiza-
se em meio às relações de poder e ao crescimento das desigualdades e da crise econômica que se
acentuam no contexto nacional e internacional. Não se pode negar, nesse debate, os efeitos da desi-
gualdade socioeconômica sobre toda a sociedade e, em especial, sobre os coletivos sociais conside-
rados diversos.
Portanto, a análise sobre a trama desigualdades e diversidade deverá ser realizada levando em con-
sideração a sua interrelação com alguns fatores, tais como: os desafios da articulação entre políticas
de igualdade e políticas de identidade ou de reconhecimento da diferença no contexto nacional e in-
ternacional, a necessária reinvenção do Estado rumo à emancipação social, o acirramento da po-
breza e a desigual distribuição de renda da população, os atuais avanços e desafios dos setores po-
pulares e dos movimentos sociais em relação ao acesso à educação, à moradia, ao trabalho, à saúde
e aos bens culturais, bem como os impactos da relação entre igualdade, desigualdades e diversidade
nas políticas públicas.
No Brasil, diferentes alternativas e proposições econômicas, políticas e teóricas têm sido desencade-
adas na tentativa de apontar caminhos para essa situação. Desde o processo de reabertura política a
partir dos anos de 1980 aos dias atuais, vem se configurando um novo foco de interpretações a res-
peito de como equacionar a oferta da educação pública no contexto das desigualdades socioeconô-
micas e da diversidade.
A postura central dos movimentos sociais, dos profissionais da educação e daqueles comprometidos
com uma sociedade democrática e com a educação pública, gratuita e laica tem sido reafirmar o prin-
cípio constitucional contido no artigo 205 da Constituição Federal de 1988, ou seja, "a educação, di-
reito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania
e sua qualificação para o trabalho".
Portanto, não se educa "para alguma coisa", educa-se porque a educação é um direito e, como tal,
deve ser garantido de forma igualitária, equânime e justa. O objetivo da educação e das suas políti-
cas não é formar gerações para o mercado, para o vestibular ou, tampouco, atingir os índices interna-
cionais de alfabetização e matematização.
O foco central são os sujeitos sociais, entendidos como cidadãos e sujeitos de direitos. Essa interpre-
tação tem sido adensada do ponto de vista político e epistemológico pelos movimentos sociais ao en-
fatizarem que os sujeitos de direitos são também diversos em raça, etnia, credo, gênero, orientação
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DESIGUALDADES SOCIAIS
sexual e idade, entre outros. Enfatizam, também, que essa diversidade tem sido tratada de forma de-
sigual e discriminatória ao longo dos séculos e ainda não foi devidamente equacionada pelas políticas
de Estado, pelas escolas e seus currículos.
Dessa forma, devido às pressões sociais, o entendimento da diversidade como construção social
constituinte dos processos históricos, culturais, políticos, econômicos e educacionais e não mais vista
como um "problema" começa a ter mais espaço na sociedade, nos fóruns políticos, nas teorias soci-
ais e educacionais.
São também os movimentos sociais, principalmente os de caráter identitário (indígenas, negros, qui-
lombolas, feministas, LGBT, povos do campo, pessoas com deficiência, povos e comunidades tradici-
onais, entre outros), que, a partir dos anos de 1980, no Brasil, contribuem para a entrada do olhar
afirmativo da diversidade na cena social.
Eles reivindicam que a educação considere, nos seus níveis, etapas e modalidades, a relação entre
desigualdades e diversidade. Indagam o caráter perverso do capitalismo de acirrar não só as desi-
gualdades no plano econômico, mas também de tratar de forma desigual e inferiorizante os coletivos
sociais considerados diversos no decorrer da história.
A imbricação entre desigualdades e diversidade tem sofrido interpretações as mais diversas no con-
texto das relações de poder, nas quais se inserem as lutas sociais. São interpretações advindas tanto
das políticas neoliberais que se acirraram no Brasil, nos países latino-americanos e em outros contex-
tos do mundo a partir dos anos de 1990, quanto das lutas por identidade e reconhecimento desenvol-
vidas pelos próprios movimentos sociais, ações coletivas, organizações de caráter emancipatório e
novos sujeitos sociais no mesmo período.
No terceiro milênio é possível dizer que estamos diante de uma mudança política e epistemológica,
no que diz respeito ao entendimento sobre a imbricação entre desigualdades e diversidade que vai
além do campo educacional.
Trata-se de uma inflexão em nível nacional e internacional provocada por vários fatores, tais como: os
questionamentos à globalização capitalista, a construção de uma rede internacional contra-hegemô-
nica, os conflitos étnicos e religiosos na América Latina, Europa e Ásia, a formação e o fortalecimento
das redes sociais e das novas mídias com foco na emancipação social, as lutas nacionais e transna-
cionais pelo direito à terra e ao território.
Esses fatores se tornam mais incisivos quanto mais se intensificam, nacional e internacionalmente,
fenômenos como: neocolonialismo, racismo, xenofobia, sexismo homofobia e violência religiosa.
A pressão histórica dos movimentos sociais, somada a um perfil mais progressista de setores do Es-
tado brasileiro nos últimos dez anos, trouxe mudanças no trato da diversidade no contexto das políti-
cas públicas de caráter universal, desencadeando, inclusive, a implementação de políticas de ações
afirmativas. Contudo, um dos limites que ainda persiste está no fato de que a maioria dessas ações
ainda se limita às políticas de governo. Falta o seu enraizamento como políticas de Estado.
Mesmo assim, é possível afirmar que, nos últimos anos, no Brasil e na América Latina, com avanços
e limites, algumas dimensões da diversidade pleiteadas historicamente pelos movimentos sociais e
demais setores organizados da sociedade começam a fazer parte da pauta da agenda das políticas
públicas.
O conjunto de artigos apresentados neste número temático analisa, problematiza e indaga a com-
plexa relação entre desigualdades e diversidade na educação. A partir de diferentes abordagens e
perspectivas educacionais, históricas, sociológicas, antropológicas e políticas, os autores e as auto-
ras analisam essa desafiadora imbricação no contexto nacional e internacional.
O primeiro artigo, de Elsie Rockwell, Movimientos sociales emergentes y nuevas maneras de educar,
discute a força dos movimentos sociais contemporâneos ao trazer para a sociedade indagações e
questões sobre a relação desigualdade social e diversidade cultural e social gerada pelas recentes
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DESIGUALDADES SOCIAIS
mudanças na economia e por projetos alternativos de vida e de formação. A autora destaca que, ao
longo da história da classe trabalhadora, a formação de um "homem novo" tem sido um tema recor-
rente.
Porém, a atual economia capitalista global tem gerado uma classe trabalhadora cada vez mais frag-
mentada e despossuída. Essa situação leva a uma reorganização social e se formam novos sujeitos
sociais que retomam os recursos e as práticas culturais disponíveis, a fim de fortalecer os movimen-
tos sociais emergentes.
Conclui-se que o reconhecimento destes movimentos sociais e dos processos de formação tem trans-
formado o pensamento iluminista, produzindo outras formas de pensar e atuar nos processos educati-
vos.
Vera Maria Ferrão Candau, no seu artigo Direito à educação, diversidade e educação em direitos hu-
manos, discute que os direitos humanos estão no centro da problemática das sociedades contempo-
râneas.
Tendo por referência a tensão entre igualdade e diferença na concepção e prática dos direitos huma-
nos, a autora analisa as especificidades, articulações e entrelaçamentos entre o direito à educação e
a educação em direitos humanos, sendo esta última considerada atualmente como um componente
fundamental do direito à educação.
Esse contexto traz desafios aos processos educativos e à formação de sujeitos de direitos que consi-
dere suas especificidades e, ao mesmo tempo, fortaleça os processos democráticos, em que redistri-
buição e reconhecimento se articulem.
O artigo Movimento negro e educação: ressignificando e politizando a raça, de Nilma Lino Gomes,
discute o papel do movimento negro brasileiro na ressignificação e politização da ideia de raça. A
raça é entendida como construção social que marca, de forma estrutural e estruturante, as socieda-
des latino-americanas, em especial, a brasileira.
Parte-se da premissa de que este movimento social, por meio de suas ações políticas, sobretudo em
prol da educação, reeduca a si próprio, o Estado, a sociedade e o campo educacional sobre as rela-
ções étnico-raciais no Brasil, caminhando rumo à emancipação social.
A ideia de raça analisada pela autora se assenta, ainda, na reflexão realizada pelos estudos pós-colo-
niais, que discutem a sua centralidade nos países com passado colonial e a sua operacionalidade
nas relações de poder, as quais têm sido mantidas e subsistem no pensamento moderno ocidental,
inclusive no educacional.
Maria Antônia de Souza, no artigo Educação do campo, desigualdades sociais e educacionais, carac-
teriza a gênese da prática e concepção da educação do campo, atentando para a concentração da
terra e da propriedade como elementos estruturais geradores de desigualdade social. Destaca as
principais conquistas efetivadas de 1990 até 2012 no âmbito da educação do campo e pontua confli-
tos judiciais em torno do direito à educação superior entre os povos do campo. Parte-se do pressu-
posto central de que esta educação é fruto de experiência coletiva construída pelos movimentos e or-
ganizações de trabalhadores do campo.
No artigo Roteiro para uma história da educação escolar indígena: notas sobre a relação entre polí-
tica indigenista e educacional, Luiz Antonio de Oliveira e Rita Gomes do Nascimento apresentam um
roteiro para a história das políticas educacionais voltadas para os povos indígenas, a partir da consi-
deração das suas relações com as políticas indigenistas.
Destacam que a articulação entre os campos indigenista e da educação sugere pensar como as
questões das diferenças culturais dos povos indígenas orientaram diferentes projetos de educação
escolar indígena.
Os autores partem do período "assimilacionista" e "civilizatório" do início do século XX, marcado pela
ideia de uma necessária unidade da nação, passando pelas reformas desta política, em que é reco-
nhecida a importância do ensino bilíngue nos processos de escolarização, até o momento atual, ca-
racterizado pela busca do reconhecimento da diversidade cultural como direito fundamental, trazendo
novos desafios para as políticas educacionais.
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DESIGUALDADES SOCIAIS
Choukri Ben Ayed, no artigo as desigualdades socioespaciais de acesso aos saberes: uma perspec-
tiva de renovação da sociologia das desigualdades escolares, analisa o avanço dos conhecimentos
sobre as desigualdades socioespaciais de acesso aos saberes na França. Segundo o autor, embora
este objeto envolva muitas questões societais, as pesquisas empíricas a ele consagradas continuam
embrionárias.
Na sua argumentação, Ben Ayed insiste tanto no que está em jogo, metodologicamente, no estudo
das variações do aprendizado escolar em função dos contextos de escolarização, quanto na necessi-
dade de não dissociar, nas análises, o impacto dos fatores sociais e espaciais. Reconhece que, hoje,
um dos desafios da renovação das abordagens na sociologia da educação consiste em levar em
conta uma combinação desses dois fatores.
As autoras focam a sua análise nos limites e possibilidades trazidos pela literatura de efeito vizi-
nhança e da geografia de oportunidades para a compreensão de mecanismos mediadores entre a se-
gregação residencial e resultados escolares.
Discutem estudos que partiram desse arcabouço teórico e metodológico, focalizando o contexto bra-
sileiro. Ao final, apresentam os próximos desafios para se avançar na compreensão da organização
social do território e as desigualdades educacionais nesse contexto.
Mônica Carvalho Magalhães Kassar, no artigo Educação especial no Brasil: desigualdades e desafios
no reconhecimento da diversidade, argumenta que abordar a educação especial no Brasil implica
considerar a política educacional proposta nos últimos anos pelo governo federal e, especialmente, a
presença nas escolas de diversas populações que constituem o país de formas historicamente desi-
guais.
A partir dessas considerações, a autora analisa as mudanças registradas na educação das popula-
ções marginalizadas no processo escolar, especialmente de pessoas com deficiências, e reflete so-
bre os limites ainda presentes na educação brasileira, incluindo as complexas relações que envolvem
os lugares da diferença nas proposições legais e nas práticas escolares.
No artigo Subjetividade docente, inclusão e gênero, Maura Corcini Lopes e Maria Cláudia Dal'Igna
discutem de que modos o gênero opera como elemento organizador das subjetividades docentes e
do desempenho escolar em tempos de inclusão e de governamentalidade neoliberal.
Néstor López, em Adolescentes en las aulas: la irrupción de la diferencia y el fin de la expansión edu-
cativa, inicia o seu artigo com uma revisão das recentes tendências de escolarização dos adolescen-
tes na América Latina, enfatizando em que medida a expansão da escolarização desde o início dos
anos de 1990 se traduziu em uma significativa redução das desigualdades de acesso à educação e,
ao mesmo tempo, como a desaceleração do processo de escolarização vivido nos últimos anos reins-
tala o desafio das desigualdades como elemento central da agenda educativa.
Em seguida, o autor levanta algumas hipóteses em torno das causas dessa desaceleração visível nos
processos de universalização do acesso à escola, enfatizando aquelas que centram a sua atenção
nas desigualdades resultantes da impossibilidade dos sistemas educativos operarem em contextos
de crescente diversidade cultural e identitária, evidenciando a persistência de múltiplos mecanismos
cotidianos e naturalizados de discriminação nas práticas das instituições escolares.
O artigo há algo novo a se dizer sobre as relações raciais no Brasil contemporâneo? de Valter Ro-
berto Silvério e Cristina Teodoro Trinidad, discute o contexto da aprovação da Lei n. 10.639/2003 e
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DESIGUALDADES SOCIAIS
suas diretrizes, alterando a Lei de Diretrizes e Base da Educação Brasileira (LDB), que pressupõem
um conjunto de mudanças substantivas que passam a alterar a política pública educacional no país.
Segundo os autores, a obrigatoriedade da educação das relações étnico-raciais e do ensino de histó-
ria e cultura afro-brasileira e africana em toda a educação básica é resultado do reconhecimento da
discriminação racial e do racismo, como constitutivos de nossa formação social, e permite desvendar
as contribuições das culturas africanas na constituição de nossa brasilidade para além do trabalho
escravo.
A identidade negra, produto político do apagamento da multiplicidade cultural de povos que aporta-
ram no país, passa a dar lugar ao prefixo "afro" como possibilidade de novas identificações e recria-
ções dos brasileiros descendentes de africanos, as quais podem ser analisadas a partir do conceito
de Diáspora.
Para adensar ainda mais a rica discussão aqui realizada, apresentamos a entrevista com Boaventura
de Sousa Santos, concedida à Júlia F. Benzaquen, sobre A Universidade Popular dos Movimentos
Sociais, seguida da resenha do livro de Miguel G. Arroyo, Currículo, território em disputa, escrita por
André Marcio Picanço Favacho.
Entrevista e resenha abordam as principais reflexões de dois brilhantes intelectuais sintonizados com
a dinâmica do nosso tempo e sempre alertas aos desafios trazidos pela relação entre desigualdades
e diversidade no campo educacional e na sociedade como um todo.
Cabe ressaltar, ainda, que a temática da diversidade já esteve presente entre as edições da re-
vista Educação & Sociedade no dossiê "Diferenças", dez anos atrás. De lá para cá, a construção das
diferenças se complexificou e passou a tensionar ainda mais as práticas educativas, o Estado e suas
políticas, por meio da ação dos sujeitos sociais.
Esse contexto trouxe novos entendimentos sobre o tema, outras perspectivas de análise e tem produ-
zido um instigante debate teórico e político. Um dos desafios colocados é a compreensão das diferen-
ças como constituintes do complexo processo da diversidade e a sua imbricação com as desigualda-
des.
Espera-se que o debate intelectual com o qual o leitor e a leitora terão contato nas páginas dessa Re-
vista possa provocar, adensar e fazer avançar a discussão sobre o tema central aqui proposto.
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DESIGUALDADES SOCIAIS
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DESIGUALDADES REGIONAIS
Desigualdades Regionais
No Brasil, existem vários tipos de desigualdades sociais, no entanto, as desigualdades não se limitam
apenas a fatores como cor, posição social e raça, ainda convivemos com as desigualdades regio-
nais, que se referem às desigualdades entre as regiões, entre estados e entre cidades.
Podemos tomar como exemplo, levando em conta o panorama da pobreza nos estados, a região Nor-
deste, nessa região se encontra os estados que possuem maior concentração de pessoas com rendi-
mento de até meio salário. Outra disparidade marcante entre o Centro-sul e o Nordeste está no desen-
volvimento humano.
O desenvolvimento humano avalia a qualidade de vida de uma população, em nível nacional, estadual
e municipal. Tal avaliação requer estudos e cruzamentos de dados estatísticos. Isso pode ser realizado
por vários órgãos, públicos ou privados, dependendo do interesse ou abordagem, embora o órgão ofi-
cial brasileiro seja o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O primeiro passo é coletar os
dados através do censo nacional e, a partir daí, pode-se estabelecer comparações entre os estados.
Fazendo uma classificação, baseada no IDH das regiões brasileiras, teremos a seguinte hierarquia:
Primeiro lugar: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo
e Mato Grosso do Sul;
Segundo lugar: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Roraima e Amapá;
Lembrando que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) significa como a população de um deter-
minado lugar está vivendo, segundo a qualidade de vida, renda per capita, mortalidade infantil, taxa de
analfabetismo, expectativa de vida, qualidade dos serviços públicos (saúde, educação e infraestrutura
em geral).
A partir desses fatos, verifica-se que dentro de um país pode haver vários tipos de desigualdades
que podem ser decorrentes de vários fatores (históricos, econômicos, sociais etc.).
A desigualdade regional no Brasil é um problema persistente, apesar de ser alvo de políticas públicas
há décadas. Em audiência pública na Comissão para o Aprimoramento do Pacto Federativo, a econo-
mista Tânia Bacelar reconheceu a permanência das diferenças, mas disse que o Brasil viveu mudanças
positivas recentemente.
Segundo a economista, houve na última década uma tendência de maior crescimento populacional no
interior do país, e não no litoral, e o Brasil do século 21 está crescendo mais nas cidades médias.
“É muito interessante que são as cidades médias mais distantes das grandes cidades. Já temos 40%
da população em cidades entre 100 mil e 2 milhões de habitantes. Em vez de um Brasil muito concen-
trado nas grandes cidades, um Brasil mais policêntrico seria a imagem para o futuro”, apontou.
Tânia defende uma política especial para as cidades médias e acredita que bons sistemas de trans-
porte, saneamento e planejamento urbano podem mudar o padrão de desenvolvimento regional.
Ensino superior
Outra mudança importante apontada pela economista é no ensino superior. Houve aumento do número
de universidades e também uma interiorização dos campi, que se soma à dinâmica de desenvolvimento
das cidades médias.
“O Brasil praticamente dobrou o número de pessoas fazendo curso superior. O Nordeste quase tripli-
cou, e o semiárido quase quadruplicou. Isso mostra que houve uma onda para o interior”, explica. Ape-
sar da melhora no nível educacional, ela ressaltou que o Nordeste ainda tem uma taxa de analfabetismo
muito alta (30%), que atinge a população rural e confirma a permanência das desigualdades regionais.
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DESIGUALDADES REGIONAIS
Para Tânia Bacelar, a discussão sobre desenvolvimento regional precisa considerar o modelo de finan-
ciamento de infraestrutura. Ela acredita que os atuais programas governamentais têm a tendência de
levar infraestrutura para as áreas de maior densidade econômica.
Segundo a economista, está havendo uma convergência entre os PIBs estaduais, mas a tendência não
se repete na comparação entre municípios e microrregiões. “É por isso que a política regional não pode
ser só na escala macrorregional; esse dado reforça a ideia de uma política por múltiplas escalas”, ar-
gumenta.
O desenvolvimento industrial é outro ponto a ser considerado. Tânia disse que o país está importando
bens manufaturados para atender a demanda interna e exportando commodities.
“O Brasil vai ter que, na saída da crise, enfrentar uma discussão mais firme do que fez até agora, sobre
política industrial. E essa agenda precisa ter o corte regional, porque a indústria que está mais sofrendo
— que é a indústria de maior valor agregado — está muito concentrada no Sul e Sudeste e em Manaus”,
explicou.
“Apesar da maior oferta em ensino superior, o investimento em inovação continua muito concentrado.
A pós-graduação também. O Nordeste tem 19% dos cursos de pós-graduação, muito concentrados em
ciências humanas, ciências da terra e ciências agrárias. São Paulo sozinho tem muito mais cursos de
pós-graduação do que o Nordeste todinho”, ponderou.
A experiência de política regional no Brasil, segundo ela, é uma experiência macrorregional, muito fo-
cada nas Regiões Norte e Nordeste. Ela diz que essa abordagem ainda é necessária, mas é importante
no Brasil atual a escala sub-regional. Todas as regiões brasileiras têm áreas com problemas: “o sul do
Rio Grande do Sul é completamente diferente do nordeste do Rio Grande do Sul. Então, o Rio Grande
do Sul deve estar na agenda de uma política regional para o Brasil”, propõe Tânia, defendendo que a
retomada de políticas regionais seja feita em múltiplas escalas.
As políticas que tiveram impactos regionais positivos recentemente, disse, foram políticas federais, não
regionais. “Do ponto de vista federativo, houve um aumento do protagonismo do governo federal. Os
governos estaduais perderam inclusive receita disponível”.
A economista defende a ideia de que a política de desenvolvimento tem que combinar com a discussão
federativa: “estados e municípios precisam estar na discussão. Cada um tem tarefinhas a realizar. O
Brasil é grande demais para ficar somente na mão do governo federal. A leitura do Brasil a partir de
Brasília tende a ser simplificadora. Então esse diálogo federativo, junto com a política regional, é muito
importante”.
Projeto de lei
O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) apresentou à Comissão do Pacto Federativo a suges-
tão de uma lei para instituir a Política Nacional de Desenvolvimento Regional. A proposta trata de nor-
mas que orientam as ações e os investimentos públicos voltados ao desenvolvimento integrado do
território nacional. Bezerra disse que as dificuldades dos municípios e dos estados são conhecidas,
mas apontou que a União também enfrenta dificuldades com a falta de recursos.
O senador afirmou que uma política de desenvolvimento precisa contar com fonte certa e segura de
recursos para seu financiamento. Assim, para implementar a política, sugeriu a criação de um fundo
nacional, com recursos destinados exclusivamente para as regiões mais pobres do país.
— Não será apenas para o Norte e para o Nordeste. Será para todos os estados que tenham regiões
pobres — explicou o senador, dizendo que proporá a criação do fundo por meio de uma proposta de
emenda à Constituição.
Empecilho maior
Estudo do consultor legislativo do Senado Luiz Ricardo Cavalcante mostra, no entanto, que a falta de
recursos pode não ser um empecilho às políticas de desenvolvimento regional.
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DESIGUALDADES REGIONAIS
Cavalcante estimou que os custos fiscais anuais das políticas de desenvolvimento regional foram, em
2013, de R$ 53,8 bilhões e vêm crescendo de modo consistente desde 2009. Esse valor, segundo o
consultor, corresponde a 1,11% do produto interno bruto e a cerca de duas vezes o custo do Programa
Bolsa Família naquele mesmo ano.
Na soma estão incluídos incentivos fiscais de R$ 31,7 bilhões — oferecidos pela Zona Franca de Ma-
naus, Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e pela Superintendência do De-
senvolvimento da Amazônia (Sudam) — mais os Fundos de Investimento do Nordeste (Finor), de In-
vestimento da Amazônia (Finam) e de Recuperação Econômica do Espírito Santo (Funres).
Ainda segundo o estudo, mais de 55% desses custos são destinados à Região Norte, especialmente
em decorrência dos incentivos fiscais concedidos às empresas instaladas na Zona Franca.
Segundo o consultor, o estudo não considerou os custos associados a políticas sociais como o Bolsa
Família, porque, apesar de seu efeitos nas regiões mais pobres, não têm foco territorial. E não se pode
estabelecer uma relação conclusiva entre a aplicação de recursos e a persistência de desigualdades
regionais, pois a ausência dos recursos poderia ter significado um agravamento da situação.
As desigualdades sociais têm uma grande relação com a qualidade de vida das pessoas. No Brasil,
por exemplo, as desigualdades regionais podem ser medidas a partir dos dados relacionados ao PIB
(Produto Interno Bruto). Com os resultados, também é possível perceber o quantos essas esferas po-
dem mexer no desenvolvimento regional. São elas que vão apresentar um desequilíbrio regional muito
expressivo para compreender uma determinada população.
O Nordeste apresenta um produto per capita 3 X menor que o do Sudeste, já na questão de moradia,
a região Nordeste sai na frente.
As desigualdades regionais apresentam um quadro de emprego bem aguçado. As regiões que apre-
sentam menor índice de emprego formal são a Norte e a Nordeste. Já a região que tem um nível ele-
vado de emprego é a Centro-Oeste.
Para compreender melhor as desigualdades regionais, basta fazer uma comparação com base nos
dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A partir desse quadro comparativo é possível ter
a seguinte escala:
1º lugar: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo e
Mato Grosso do Sul;
2º lugar: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Roraima e Amapá;
3º lugar: Acre, Pará e Sergipe.
É importante lembrar que o IDH vai significar que a população de determinada região está vivendo
dessa ou de outra forma a partir dos dados de qualidade de vida, mortalidade de crianças, renda per
capita, taxas de analfabetismo, expectativa de vida, mensuração da qualidade dos serviços públicos:
saúde, educação e infraestrutura em geral. A partir de todos esses dados, também é possível verificar
que dentro de uma nação podem existir diferentes tipos de desigualdades causadas por um fator his-
tórico, econômico ou social.
Cumpre destacar que Tais avaliações requerem estudos e cruzamentos de dados estatísticos. Essa
pesquisa e levantamento de informações pode ser feita por diversos órgãos, públicos ou privados, e
vão depender do interesse ou abordagem, embora o órgão brasileiro que tem mais oficialidade para tal
fim seja o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
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DESIGUALDADES REGIONAIS
Não é por falta de boas intenções. Políticas localizadas de apoio ao Nordeste sobreviveram a diferentes
regimes políticos. Juscelino Kubitschek criou a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Su-
dene), tendo como órgão financiador Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Castelo Branco criou a Su-
perintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), cujo órgão financiador era o Banco de Cré-
dito da Amazônia (BASA). Com a redemocratização, a Constituição Federal de 1988 ratificou as esco-
lhas anteriores, determinando a alocação de 3% das receitas dos impostos sobre renda e produtos
industrializados aos programas de estímulo às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Entre 1989 e 2002, os Fundos Constitucionais de Financiamento aplicaram cerca de US$ 10 bilhões.
Embora bem-sucedidas em algumas dimensões, essas políticas não foram capazes de transformar os
indicadores sociais nem a distribuição de renda nas regiões beneficiadas. A participação do Nordeste
no Produto Interno Bruto (PIB) é a mesma observada em 1960.
Devido a distorções em seus desenhos, ingerências políticas, falhas operacionais e resistência à ado-
ção de instrumentos externos independentes de avaliação de resultados, as políticas centradas na
atração de indústrias pouco contribuíram para alterar a distribuição regional da renda no Brasil. Por seu
intermédio, impostos pagos por milhões de contribuintes espalhados pelo território nacional foram des-
tinados a poucos empresários localizados nas regiões favorecidas. Essas políticas apenas transferiram
recursos dos pobres das regiões ricas para os ricos das regiões pobres.
A boa teoria econômica não condena a priori o uso de subsídios. Diante de falhas de mercado - como
escalas mínimas de produção, ou casos em que o benefício privado do investimento é inferior ao be-
nefício coletivo - um adequado apoio governamental impulsionará setores e até mesmo regiões. Mas é
preciso um contínuo monitoramento para se avaliar se os benefícios (como empregos gerados e novos
impostos arrecadados) colhidos nas regiões agraciadas realmente superam os custos (como empregos
inviabilizados por tributação excessiva) que oneram as áreas que financiam os subsídios. No Brasil, as
verbas previstas na Constituição são tratadas como direitos adquiridos sob os quais não se cogita
aplicar critérios mínimos de eficiência.
No caso do Nordeste, nem sequer uma clara falha de mercado se pode identificar. O velho argumento
de injustiça histórica nas trocas entre as regiões do país que impediria a criação de "bons" empregos
perdeu validade após a abertura da economia. A região opera sob as mesmas instituições (legislação
trabalhista, carga tributária complexa e onerosa, elevado spread bancário, Justiça lenta, etc.) que atra-
palham a atividade empresarial no resto do país. O que parece ser a grande diferença no Nordeste é o
baixo nível educacional de seus habitantes.
O diagnóstico não é o primeiro nessa direção, mas certamente o mais completo. Coloca o problema
regional brasileiro em uma perspectiva completamente diferente da que vem prevalecendo até agora:
a prioridade deve ser dada à educação. Um programa de redução da desigualdade regional de renda
e de combate à pobreza baseado na atração de investimentos em capital físico somente repetirá erros
do passado e será incapaz, como foi até hoje, de melhorar significativamente as condições de vida das
populações locais.
A primeira dificuldade em analisar as desigualdades regionais brasileiras é que há uma diferença sig-
nificativa em custo de vida em diferentes regiões do país.
Isso é algo que a maioria das pessoas percebe intuitivamente, quando viajam para outras regiões do
país e se sentem mais pobres (ou mais ricas) do que em sua cidade de origem, simplesmente porque
as coisas lhes parecem mais caras (ou mais baratas) em determinado lugar.
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DESIGUALDADES REGIONAIS
O mapa abaixo, resultado do estudo citado, resume essas diferenças de custo de vida no nível estadual.
No Piauí, por exemplo, R$100 valem “mais” do que a média nacional: ou seja, você consegue comprar
mais coisas por cem reais do que na maioria dos estados. Já no Distrito Federal, com R$100 você
compra bem menos coisa do que compraria na maior parte do país. Entre esses dois extremos, há uma
grande diferença: no Piauí é possível comprar, com R$100, quase o dobro de bens e serviços do que
no DF (precisamente, 86% a mais).
Uma comparação regional precisa tomar isso em consideração. Se reais “valem mais” em uma região
que em outra, é primeiro necessário fazer um ajuste para tornar as rendas das famílias comparáveis –
e somente depois calcular onde elas caem nas distribuições de renda estadual e nacional.
Este foi (até onde sei) o primeiro estudo a fazer uma análise das desigualdades regionais brasileiras
fazendo tal ajuste por poder de compra. Por isso, as diferenças e convergências identificadas por ele
não são puramente fruto de diferentes níveis de preço em regiões distintas do país – mas são diferen-
ças verdadeiras, já considerando quanto os reais valem em cada região.
O Brasil é um país de convergência nos extremos e divergência nas classes médias estaduais
Além de fazer os ajustes por custo de vida, esse estudo traz uma perspectiva regional muito desagre-
gada – comparando estados não somente em suas médias, mas em diferentes cortes de suas respec-
tivas distribuições de renda. Uma das conclusões mais interessantes é que o Brasil é um país de con-
vergência nos extremos e divergência nas classes médias estaduais.
Convergência nos extremos significa dizer que os 5% mais pobres de qualquer estado (à exceção de
Santa Catarina, o estado menos desigual do país) estão mais ou menos entre os 5% mais pobres do
Brasil. O mesmo vale para os 5% mais ricos: quem está entre os 5% mais ricos de qualquer estado
também está nos 5% mais ricos do país.
Em contraste, as classes médias estaduais divergem muito, denotando grande desigualdade. Um do-
micílio no meio da distribuição em Alagoas está entre os 30% mais pobres do Brasil. Já um domicílio
mediano em SC está entre os 30% mais ricos do Brasil!
É isso que o gráfico abaixo demonstra, mostrando o quão dispersos estão os domicílios em diferentes
estados, em diferentes cortes: os 5% mais pobres de cada estado; os domicílios medianos; e os 5%
mais ricos de cada estado. Como pode se observar pela dispersão das bolhas (que representam os
estados), existe muita desigualdade regional no Brasil, mas ela está concentrada nas classes médias
estaduais – e não nos extremos (os muito pobres ou muito ricos) da distribuição de renda de cada
estado.
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DESIGUALDADES REGIONAIS
Isso faz bastante sentido intuitivo. Para quem mora em barracos sem infraestutura, não faz muita dife-
rença viver em Manaus ou em Porto Alegre. Do mesmo jeito, aquela parte da elite brasileira que vai
comprar Tommy Hilfiger em Miami todo ano, usa MacBook e paga centenas (ou milhares) de reais em
uma festa de Réveillon, tem mais ou menos o mesmo padrão de vida independentemente de estar em
Aracaju ou Curitiba. Em contraposição, como visto, para as classes médias estaduais (que não são os
ricos que acham que são classe média!), sua localização geográfica importa muito para sua posição
na distribuição de renda nacional.
No gráfico abaixo, que é uma forma mais completa de representar a informação apresentada acima,
cada linha é um estado. Ele mostra onde um domicílio em cada percentil da distribuição estadual (eixo
horizontal, quanto mais à direita, mais rico) cai na distribuição de renda nacional (eixo vertical, quanto
mais para cima, mais rico), depois de feito ajustes por custo de vida local.
Perceba que o DF, aquela linha azul clara que na direita acima do gráfico se desprende do resto dos
estados, tem uma elite de super-ricos que rapidamente se torna muito mais rica que o resto do país.
Mesmo antes de chegar no 1/4 mais rico do DF, um domicílio brasiliense já está entre os 10% mais
ricos do Brasil. O alto salário do funcionalismo público federal, que tende a pagar mais para pessoas
com escolaridade similar no setor privado, é uma das principais explicações para isso.
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DESIGUALDADES REGIONAIS
A narrativa que divide o Brasil entre um Sul-Sudeste urbanizado e rico – a Bélgica – e um Norte-Nor-
deste rural e pobre – a Índia – é sedutora. Ela parece confirmar alguns de nossos preconceitos, que
usualmente afloram em épocas eleitorais. Contudo, em meados da segunda década do século XXI, tal
narrativa não corresponde à realidade.
A grande contribuição desse novo estudo é mostrar que o Brasil, muito mais que a Belíndia, é um país
com uma Bélgica distribuída em todos os estados (os 5% mais ricos de cada estado), uma Índia distri-
buída em todos os estados (os 5% mais pobres de cada estado) e muitos países diferentes de renda
média (de baixa a alta) separando as classes médias estaduais. E, claro, uma ilha da fantasia, nos
bairros ricos do Planalto Central.
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DIREITOS HUMANOS
Direitos Humanos
Seu conceito também está ligado com a ideia de liberdade de pensamento, de expressão, e a
igualdade perante a lei. A ONU (Organização das Nações Unidas) foi a responsável por proclamar a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que deve ser respeitada por todas as nações do mundo.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas afirma que todos
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos, dotados de razão e de
consciência, e devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
A ONU adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos com o objetivo de evitar guerras,
promover a paz mundial e de fortalecer os direitos humanitários.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem uma importância mundial, apesar de não obrigar
juridicamente que todos os Estados a respeitem. Para a Assembleia Geral da ONU, a Declaração
Universal dos Direitos Humanos tem como ideal ser atingido por todos os povos e todas as nações,
com o objetivo de que todos tenham sempre em mente a Declaração, para promover o respeito a
esses direitos e liberdades.
A origem do conceito dos direitos humanos está na filosofia que determina os chamados "direitos
naturais", que seriam supostamente atribuídos por Deus. Muitos filósofos dizem que não existem
diferenças entre os direitos humanos e os direitos naturais, e John Locke foi o mais importante
filósofo a desenvolver esta teoria.
Por exemplo, durante o século XX nos Estados Unidos, o movimento a favor dos direitos humanos
defendia a igualdade entre todas as pessoas. Na sociedade americana daquela época, havia uma
forte discriminação contra os negros, que muitas vezes não desfrutavam dos plenos direitos
fundamentais. Um importante defensor dos movimentos a favor dos direitos humanos foi Martin
Luther King Jr.
Existem várias organizações e movimentos que têm como objetivo defender os direitos humanos,
como por exemplo a Anistia Internacional.
Toda criança é amparada por um conjunto de direitos fundamentais que garantem seu bem-estar,
liberdade, estudo e convívio social. São os chamados direitos das crianças.
Este conjunto de direitos é fundamentado e baseado na Declaração Universal dos Direitos Humanos,
que são propostos em dez princípios que devem ser respeitados e preconizados.
No Brasil, os direitos das crianças estão amparados pela lei n.º 8.069, de 13 de julho de 1990,
também chamada de Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Veja detalhadamente cada um dos princípios que fundamenta os direitos das crianças:
1. Todas as crianças, independentemente de cor, sexo, língua, religião ou opinião, devem ter os
direitos garantidos.
Este primeiro princípio é o que garante que toda criança será assistida dos direitos propostos pela
UNICEF, com base na Declaração dos Direitos da Pequena Criança.
Neste conjunto de direitos, a criança poderá desfrutar de todos os direitos desta declaração, sem
distinção de raça, religião, nacionalidade, idioma, opiniões políticas ou razão de qualquer outra
natureza que seja inerente à própria criança ou à sua família.
2. A criança será protegida e terá direito ao desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social
adequados.
Este princípio garante o direito a proteção especial da criança para o seu desenvolvimento físico,
mental e social. Ou seja, ela terá proteção e a oportunidade de dispor de serviços estabelecidos por
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DIREITOS HUMANOS
lei que possam ajudá-la no seu processo de desenvolvimento, seja físico, mental, moral, espiritual e
social.
Estes serviços devem ser estabelecidos em lei e oferecidos de forma saudável e normal, além de
terem condições de liberdade e dignidades para as crianças.
Este princípio garante que toda criança tem direito, desde o seu nascimento, a ter um nome e uma
nacionalidade.
O registro do nome fica sob a responsabilidade dos pais ou responsáveis legais da criança, bem
como a alegação de sua nacionalidade.
Neste princípio é assegurado a toda criança o direito a ter alimentação, moradia e assistência médica
adequadas, tanto para criança, quanto para mãe.
A criança e sua mãe então poderão ter a garantia de uma boa saúde, onde são disponibilizados
cuidados especiais que vão desde o pré-natal até o pós-natal, além de um local para morar e os
serviços médicos adequados.
5. Toda criança portadora de necessidades especiais terá direito a tratamento, educação e cuidados
especiais.
Este princípio é voltado para a garantia de que a saúde, a educação e o tratamento de crianças
portadoras de necessidades especiais seja oferecida.
Estas crianças sofrem algum tipo de impedimento social e devem receber o tratamento adequado
para sua inserção na sociedade, tendo também em vista as particularidades do seu caso.
Neste princípio é garantido que toda criança deve ter direito ao amor e compreensão tanto por parte
dos pais, quanto da sociedade.
Por estar em fase de desenvolvimento, a criança necessita de amor e compreensão para que ela
cresça de maneira plena e harmoniosa, tendo o amparo necessário dos pais e responsáveis.
7. Toda criança terá direito a receber educação, que será gratuita pelo menos no grau primário.
Este princípio aborda a garantia do direito a educação gratuita das crianças e o direito ao lazer
infantil.
O interesse da criança em aprender deve ser superior e direcionador daqueles que têm a
responsabilidade de educá-los.
Portanto, a criança deve ter seus ensinamentos e aprendizados através de dinâmicas lúdicas como
jogos e brincadeiras, além de ter o direito de receber a educação escolar de forma gratuita e
obrigatória, pelo menos nas etapas elementares.
Ela necessita de uma educação que favoreça sua cultura geral e lhe permita, em condições de
igualdade de oportunidades, desenvolver suas aptidões e sua individualidade, seu senso de
responsabilidade social e moral, vindo a ser um membro útil à sociedade.
8. Toda criança estará, em qualquer circunstância, entre os primeiros a receber proteção e socorro.
Este princípio fala sobre o direito da criança de ser socorrida em primeiro lugar, em casos de
acidentes ou catástrofes. Ela deve figurar entre os primeiros a receber proteção e auxílio.
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DIREITOS HUMANOS
Neste princípio é garantido o direito à criança de ser protegida contra o abandono e a exploração no
trabalho.
A criança não deve ser objeto de nenhum tipo de tráfico e nem ser utilizada como mão-de-obra para
qualquer tipo de trabalho sem ter uma idade mínima adequada.
Ela também não pode se ocupar de nenhum tipo de emprego ou trabalho que possa prejudicar sua
saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral.
O último princípio trata do direito à criança de crescer dentro de uma sociedade solidária,
compreensiva, fraterna e justa.
Ela deve ser protegida contra toda e qualquer prática que fomente a discriminação racial, religiosa ou
de qualquer outra espécie, devendo ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância,
amizade entre os povos, paz e fraternidade universais e com plena consciência de que deve
consagrar suas energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes.
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POBREZA, DESIGUALDADE EXCLUSÃO E VUNERABILIDADE
Apresentar os desaf ios para as políticas públicas relativos à temática da pobreza, desigualdades soci-
ais e saúde. Para tanto, introduz o problema da pobreza na Europa desde quando ele passa a ser ob-
jeto de intervenção estatal até o surgimento de amplos sistemas de proteção social que f icaram co-
nhecidos como Estado do Bem-Estar Social. Em seguida, expõe as transf ormações na dinâmica do
mercado de trabalho resultantes dos processos de glo balização e inovação tecnológica e suas conse-
qüências na introdução de uma f orte tensão entre proteção social universal e as reduzidas possibili-
dades de integração atuais. No caso brasileiro, verif ica-se a tendência declinante da desigualdade de
renda, apesar de mais de um terço da população continuar na condição de pobreza e das políticas
públicas mostrarem baixa capacidade de promover eqüidade. No campo da saúde, as iniqüidades se
ref erem às dif erenças que colocam certos grupos em situações de discriminaç ão e desvantagem no
acesso aos serviços e que também ref orçam as condições de vulnerabilidades destes grupos a certas
enf ermidades. Mesmo com a existência de uma política universal como o SUS, as iniqüidades persis-
tem de f orma sistemática.
Mais recentemente, os programas de transf erência condicionada de renda têm merecido destaque,
sendo consideradas políticas públicas mais apropriadas para o combate à pobreza, embora as inves-
tigações apontem evidências de importantes limitações e desaf ios em sua operacionalização, em es-
pecial, a inexistência de uma agenda social comum entre os dif erentes atores envolvidos nas políticas
sociais que permita a criação de políticas transversais de combate à pobreza.
Apesar do consenso acerca destas af irmativas, caberia a pergunta sobre se a pobreza é realmente
nossa questão social. Colocada nestes termos, minha resposta seria que é a exclusão a questão so-
cial atual, mesmo que ela esteja f ortemente associada à pobreza. No entanto, são f enômenos sociais
distintos, e conf undi-los pode ser o caminho para a inef icácia das políticas públicas.
Interessa-nos tratar o social a partir da sua emergência como "questão social", ou seja, como reco-
nhecimento de novos problemas que emergem na arena política a partir da transf ormação de neces-
sidades em demandas, processo este que só pode ser realizado concomitantemente à própria cons-
trução dos novos sujeitos políticos. Portanto, a questão social passa a ser reconhecida quando politi-
zada por novos atores que, através da construção de suas identidad es, f ormulação de projetos e es-
tratégias, repõem a problemática da integração e da necessidade de recriar os vínculos sociais.
Neste sentido, a emergência da questão social é sempre um analisador (no sentido analítico -instituci-
onal usado por Lourrau) porque desvela as contradições sociais e expõe as f ragilidades da constru-
ção política de uma comunidade coesa.
Na América Latina, a questão social f oi posta, historicamente, associada e delimitada pela reivindica-
ção de um status sociopolítico para o trabalho urbano, gerando políticas de seguro social que não se
destinavam aos grupos mais pobres, como trabalhadores rurais, domésticos e autônomos.
A política em relação à classe trabalhadora vai combinar a repressão, exclusão e incorporação con-
trolada da participação e das demandas sociais, gerando f ormas híbridas de relação de autoridade, o
que possibilita que a dependência pessoal sobreviva e dê sustentação até mesmo aos sistemas le-
gais de proteção social que se pautariam, originariamente, na independência pessoal e na submissão
à norma f ormal abstrata da cidadania. No desenvolvimento do sistema de proteção social brasileiro,
este f enômeno manif estou-se através da implantação de um regime de cidadania, regulada pelo Es-
tado, a partir da inserção do trabalhador no mercado f ormal de trabalho2 e de cidadania, invertida3,
representada pelas ações assistenciais que se destinaram àqueles excluídos pelo mercado e pelo pa-
drão corporativo de institucionalização das políticas sociais.
O f ormato da proteção social vai ser uma combinação de integração barganhada e hierarquizada das
dif erentes f rações dos trabalhadores urbanos e exclusão dos camponeses e trabalhadores do mer-
cado inf ormal de trabalho. Este f ormato é conseqüência da heterodoxa composição do bloco no po-
der que implica em respeitar os interesses do setor agrário e manter intocadas as condições de ex-
ploração do trabalho no campo.
Por outro lado, as demandas pela industrialização e por melhores condições de reprodução da f orça
de trabalho industrial, bem como as necessid ades de legitimação política do governo, tornam a polí-
tica social a moeda de troca na geração da lealdade necessária à consolidação do exercício do po-
der. Neste caso, mais do que um direito universal, inerente à condição da cidadania, a proteção social
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POBREZA, DESIGUALDADE EXCLUSÃO E VUNERABILIDADE
torna-se privilégio dif erenciado para cada estrato particular da sociedade. Só com a democratização a
sociedade brasileira projetou a construção de uma seguridade social, sendo os direitos sociais asso-
ciados à condição de cidadania.
A individualização da pobreza e seu tratamento de f orma econômica (linhas e mapas) ou cultural (ca-
racterísticas e valores) separam este f enômeno tanto das condições de produção quanto das condi-
ções institucionais de proteção social. Paralelamente à individualização da pobreza, assistimos à indi-
vidualização do risco4, através das ref ormas dos sistemas de políticas sociais de base mais coletiva
em direção à associação entre contribuição e benef ício.
É a situação de violência que experimentamos nos dias atuais, especialmente nas grandes cidades,
gerando um sentimento generalizado de insegurança e medo, que pode ser tomada como a condição
atual de emergência da questão social, requerendo estratégias de políticas públicas que possam res-
ponder a esta situação crítica e assegurar possibilidades de recriação da coesão social.
A associação entre pobreza, crime organizado e violência reconduz as políticas sociais a uma f unção
de apaziguamento do conf lito urbano, desvirtuando sua condição de reconstrução da esf era pública
democrática. Neste contexto, a exclusão social condição que sempre existiu e com a qual a socie-
dade latino-americana pôde conviver como natural - aparece como questão social, isto é, problemá-
tica que demanda como resposta seu equacionamento por parte do governo e da sociedade. Isto por-
que é a exclusão, e não a pobreza, que questiona e ameaça a organização social, a autoridade polí-
tica e o projeto econômico.
A exclusão se ref ere à não incorporação de uma parte signif icativa da população à comunidade social
e política, negando sistematicamente seus direitos de cidadania - envolvendo a igualdade de trata-
mento ante a lei e as instituições públicas - e impedindo seu acesso à riqueza produzida no país.
De uma f orma mais prof unda, a exclusão implica a construção de uma normatividade que separa os
indivíduos, impedindo sua participação na esf era pública. Trata-se de um processo relacional e cultu-
ral que regula a dif erença como condição de não inclusão, apresentando também uma manif estação
territorial, seja como gueto ou f avela.
Esta f ratura sociopolítica, que se manif esta na convivência em uma mesma sociedade de uma dupla
institucionalidade5, impede a constituição das dimensões nacional, republicana e democrática, reti-
rando legitimidade ao exercício do poder e restringindo a esf era pública6.
Grande parte dos estudos econômicos e políticos tem se dedicado à questão da pobreza, tratando -a
como uma questão de desigualdade, sem distinguí-la analiticamente da exclusão. No entanto, Boa-
ventura de Souza Santos7 sublinha a dif erença entre desigualdade e exclusão, já que a desigualdade
é um f enômeno socioeconômico, que se assenta na noção de iguald ade, enquanto a exclusão se
f unda no caráter essencial da dif erença e é um f enômeno de civilização.
Um dos primeiros estudiosos dos processos sociais de "apartação" f oi certamente Fannon8, em seus
trabalhos sobre a ordem e as identidades sociais que caract erizam o mundo colonial, nos quais ele
introduz a questão central para a compreensão da exclusão, como um processo que despoja aos in-
divíduos de sua dimensão humana, impedindo -lhes que se tornem sujeitos de seu processo social.
Para Hannah Arendt9, os f undamentos da condição humana encontram-se na relação entre o dis-
curso e a ação, pois aí encontramos o lugar do sujeito. Por conseguinte, se a apropriação discursiva
é o f undamento da condição humana, é a proibição do discurso o que despoja os indivíduos de s ua
condição de atores, da possibilidade de inclusão em uma ordem simbólica relacional, constituída por
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POBREZA, DESIGUALDADE EXCLUSÃO E VUNERABILIDADE
uma trama de atos e palavras. A constituição de sujeitos de ação, sua possibilidade de inserção,
passa, necessariamente, pelo resgate de sua possibilidad e discursiva.
Rejeitando a identif icação de cultura como saber enciclopédico, Gramsci identif ica-o à noção de civi-
litá como conjunto de modos de vidas, comportamentos e valores ideológicos originários da organiza-
ção do trabalho e das relações de produção e ao papel adaptativo-educativo do Estado, na busca da
adequação ente o aparelho produtivo e a moralidade das massas populares10.
Desta f orma, os grupos excluídos estão, em geral, impossibilitados de participar das relações econô-
micas predominantes - no mercado, como produtores e/ou consumidores - e das relações políticas
vigentes, os direitos de cidadania.
Em países como os latino-americanos, em que a exclusão tem um f orte conteúdo econômico, não é
possível combater a exclusão sem a redistribuição da riqueza. No entanto, o combate à exclusão não
se reduz a esta dimensão econômica, já que esta, apesar de ser a dim ensão f undamental, não existe
isolada do contexto sociocultural que a legitima e reproduz. Em outros termos, a concentração da ri-
queza é um f enômeno político, que impede a constituição de sujeitos políticos capazes de reivindicar
sua inserção na esf era pública.
A emergência de uma questão social requer e reivindica seu enquadramento por meio de políticas e
instituições específ icas, em geral, as chamadas políticas sociais. Por suposto, uma mesma questão
será respondida de dif erentes maneiras em contextos políticos, culturais e institucionais distintos, ge-
rando diversos padrões de proteção social.
Em uma mesma sociedade, encontramos movimentos contraditórios, cuja resultante conf ormará a
resposta à questão social colocada.
Assim, se por um lado encontramos um grande desenvolvimento das ciências sociais na mensuração
da pobreza e na def inição de estratégias individualizadas de f ocalização e ref ormas dos sistemas de
política social em direção às coberturas individualizadas, por outro lado, assistimos ao crescente "cer-
camento" dos espaços públicos e privados, como estratégia de def esa patrimonial contra os pobres
coletivizados como classes perigosas.
No entanto, a emergência e recente prolif eração de organizações e movimentos sociais solidários de-
monstram a capacidade de reação da sociedade e dos governos locais à ameaça de sua decomposi-
ção, recriando possibilidades de articulação social.
Ademais, observa-se que a dinâmica de luta e combate à exclusão possui uma dimensão emancipa-
dora, capaz de gerar a constituição de novos sujeitos sociais e de novas f ormas de reivindicação do
exercício dos direitos de cidadania, além de inaugurar possibilidades de alteração da dimensão insti-
tucional do Estado, dando lugar a novas f ormas de co -gestão pública11.
Portanto, a nossa questão social - a exclusão - requer o posicionamento de dif erentes atores da soci-
edade, inaugura novas f ormas de sociabilidade, def ine o campo estratégico de lutas, constrói novos
sujeitos e novas subjetividades, demanda o desenvolvimento de novos saberes e tecnologias discipli-
nares, produz novas estratégias de reconstrução da ordem política e de enquadramento das deman-
das sociais e aponta no sentido de processos de transf ormação das estruturas institucionais estatais.
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1O que é a pobreza? E o que é a exclusão social? Em que se dif erenciam e de que f orma é que se
distinguem de outros conceitos, como a desigualdade, por exemplo? A complexidade destes f enóme-
nos ajuda a explicar as dif erentes perspectivas, def inições e combinações que têm sido elaboradas e
def endidas. Parece, porém, claro que, mais do que alternativas, as dif erentes persp ectivas são, na
maioria das vezes, complementares, permitindo traçar um quadro menos incompleto do f enómeno,
mesmo quando considerado na sua expressão individual.
2Seja como f or, parece igualmente claro que o que está em causa é o critério e o modo mais co rrecto
de distinguir o pobre do não pobre. À primeira vista, a f orma mais f ácil de identif icar a pobreza parece
ser pelo seu lado mais visível, o das necessidades materiais. Neste caso, a taref a consiste em escolher
as necessidades materiais que interessa considerar, pelo que a pobreza corresponderá à situação em
que essas necessidades f icam por satisf azer.
3Uma outra perspectiva, inspirada no pensamento de Amartya Sen (1999), atribui importância principal
a dois conceitos por ele estabelecidos: a habilitaç ão, que permite o acesso de que os indivíduos podem
dispor, e a capacidade para que estes possam f uncionar e tentar encontrar as condições ideias que
desejem.
4Não se trata, porém, de uma perspectiva oposta àquelas que privilegiam as necessidades básicas,
sejam estas materiais ou imateriais. O que a distingue é a atenção particular dada à f orma e ao modo
como a opção pelas necessidades em causa e a sua satisf ação permitem ou não aos indivíduos dispor
das capacidades de que necessitam para f uncionar.
5À indispensabilidade da análise da satisf ação das necessidades humanas básicas junta-se a análise
dos meios que permitem aos indivíduos a aquisição das capacidades para f uncionar e que incluem as
anteriores. Por outras palavras, a satisf ação das necessidades pas sa a ser entendida como meio e não
como objectivo final.
6É, porém, claro que, na maioria das vezes, a pobreza é def inida com ref erência a níveis e condições
de vida. Seja qual f or o conceito adoptado para def ini-la – absoluto, relativo ou subjectivo –, a pobreza
preocupa-se com as condições que têm de ser satisf eitas, ou com os recursos que são necessários
para se ter acesso a um determinado padrão de vida. Por outro lado, isto implica que se assume a
existência de um limiar, abaixo do qual se estará f ace a uma situação de pobreza (Townsend, 1987;
Machado et al., 2007; Bruto da Costa et al., 2008).
7Do ponto de vista conceptual este é, pois, o principal f actor de distinção entre a pobreza e um outro
conceito – o de desigualdade –, que é, sobretudo, um conceito comparativo entre duas situações 1.
8Assim, do ponto de vista teórico, podem existir situações de altos níveis de desigualdade sem pobreza,
bem como altas taxas de pobreza praticamente sem desigualdade. O primeiro caso ocorre quando o s
mais ricos estão muito acima da linha de pobreza e os mais mal situados estão pouco acima dessa
linha. O segundo é o caso de uma distribuição em que os pobres estão pouco abaixo da linha de
pobreza e os não pobres pouco acima da mesma linha.
9No contexto deste artigo, a pobreza é def inida como uma situação de privação por f alta de recursos.
Apesar da sua simplicidade, esta def inição tem implicações importantes. Em primeiro lugar, implica que
a pobreza abrange dois problemas: a privação e a f alta de recurs os2.
10Consequentemente, uma situação de privação que não seja devida à f alta de recursos não é consi-
derada como pobreza e, consequentemente, o tipo de apoio de que precisa tem a ver com o uso ade-
quado dos seus recursos. Determinadas situações de sobreendividamento; situações decorrentes de
comportamentos autodestrutivos como a toxicodependência ou de situações relacionadas com ques-
tões de natureza psiquiátrica enquadram-se nesta categoria.
11A segunda implicação daquela def inição de pobreza é a de que, para se vencer a pobreza, é neces-
sário resolver aqueles dois problemas distintos, embora inter-relacionados: a privação e a f alta de re-
cursos.
12Não é, portanto, verdadeiro que apenas através da resolução da privação se resolva uma situação
de pobreza, na medida em que f ica por resolver a f alta de recursos. Aliás, a maior parte das f ormas de
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POBREZA, DESIGUALDADE EXCLUSÃO E VUNERABILIDADE
resolver a privação não tem impacto sobre a f alta de recursos. Mesmo em situações como o benef iciar
do Rendimento Social de Inserção, por exemplo, continua a existir uma s ituação de dependência de
meios extraordinários.
13Deste ponto de vista, o problema da f alta de recursos só f ica resolvido quando a pessoa os obtém
de uma das f ontes que a sociedade considera como f onte normal. Consequentemente, pelo simples
f acto de a pobreza implicar f alta de recursos, representa alguma f orma de exclusão social.
14Apesar de, como ref erido, a pobreza se def inir, sobretudo, com ref erência a níveis e condições de
vida, é evidente que a pobreza é, de f acto, um f enómeno multidimensional. Essa é, aliás, uma das
principais dif iculdades em medi-la. A situação de f alta de recursos, pela qual ela primariamente se
def ine, está inevitavelmente ligada à consequente privação e exclusão, numa ampla gama de aspectos
f undamentais da existência: condições d e vida, poder, participação social, cidadania, etc.
15Ao não estarem satisf eitas as suas necessidades humanas básicas, a pessoa em situação de po-
breza tem, certamente, enf raquecida ou mesmo em situação de ruptura, a sua relação com diversos
outros sistemas sociais, tais como o mercado de bens e serviços, o sistema de saúde, o sistema edu-
cativo, a participação política, laços sociais com amigos e com a comunidade local, etc. (Bruto da Costa,
1998). Quanto mais prof unda f or a privação, tanto maior será o número de sistemas sociais envolvidos
e mais prof undo o estado de exclusão social.
16Como f oi expresso por Labbens (1969): “Um homem pobre não é um homem rico com menos di-
nheiro; ele é outro homem. As dif erenças entre um e outro não se relacionam apenas com o rendimento,
também dizem respeito à educação, relações sociais, em suma, a todos os domínios da vida social:
ser rico e ser pobre são dois estilos de vida.”
17Conclui-se, assim, que a pobreza representa uma f orma de exclusão social, ou seja, que não exist e
pobreza sem exclusão social. O contrário, porém, não é válido. Com ef eito, existem f ormas de exclusão
social que não implicam pobreza. Um bom exemplo desta última situação respeita aos idosos, que,
muitas vezes, são excluídos apenas por serem idosos, ou a situação de determinadas minorias étnicas
e/ou culturais.
19Embora a amplitude de tal conjunto de sistemas po ssa depender dos conceitos utilizados, nomea-
damente do de cidadania, é comum considerar-se cinco sistemas sociais básicos: social ou das socia-
bilidades; económico; institucional; espacial; simbólico (Bruto da Costa, 1998; Bruto da Costa et al.,
2008).
20Deve-se, porém, notar que quer os sistemas sociais básicos considerados, quer os domínios em que
f oram agrupados, são interdependentes entre si, sobrepondo -se, mesmo, em alguns casos. A f alta de
recursos, no mínimo, dif icultará o acesso ao mercado de bens e serviços, bem como provocará maiores
dif iculdades no acesso aos sistemas prestadores de serviços, mesmo aos que estão total ou parcial-
mente protegidos.
21Se essa situação de f alta de recursos – ligada ao domínio económico – se f icar a dever a uma situ-
ação de desemprego, por exemplo, as implicações poder-se-ão estender também ao domínio social,
af ectando as relações sociais do indivíduo; ao domínio das ref erências, através das perdas ao nível da
identidade social; e ao domínio territorial, podendo implicar p orventura a mudança para uma área “ex-
cluída”; além das ref eridas dif iculdades no domínio institucional.
22Da mesma f orma, há que realçar que não se pode estabelecer relações causais directas entre o
acesso dos indivíduos a estes sistemas e a sua integração ao nível dos respectivos domínios. Neste,
como noutros campos, dever-se-á privilegiar uma perspectiva holista.
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POBREZA, DESIGUALDADE EXCLUSÃO E VUNERABILIDADE
23Além do mais, não se trata somente da questão de ter ou não ter acesso aos sistemas, mas também
do grau desse acesso, o que conf igura graus maiores ou menores de integração e, concomitantemente,
graus maiores ou menores de exclusão.
24Assim, a exclusão pode ser considerada como um processo, que vai de f ormas mais superf iciais de
exclusão para f ormas e graus mais prof undos e abrangentes de exclus ão. A f orma extrema correspon-
derá à situação de ruptura com todos os sistemas sociais básicos, situação extrema que é mais f acil-
mente associada, por exemplo, à situação das pessoas sem-abrigo, no sentido estrito das pessoas
sem-tecto (categorias 1 e 2 da tipologia europeia de pessoas sem-abrigo e exclusão habitacional –
ETHOS)3.
25Da mesma f orma, o grau de integração nos dif erentes sistemas e domínios pode variar, pelo que o
indivíduo pode estar integrado a uns níveis e excluído a outros. A uma boa ou razoável integração em
termos económicos pode não corresponder uma equivalente integração a nível institucional. E se a
integração no domínio social pode ser apercebida pelos sujeitos como positiva, tal não é contraditório
com o verif icar-se uma exclusão a nível territorial.
26Estabelecidos, ainda que de f orma necessariamente breve, alguns pressupostos acerca da pobreza
e da exclusão social, importa agora equacionar um conjunto de resultados que permitem estabelecer
uma imagem mais quantif icada e concreta sobre a prevalência ef ectiva de situações de pobreza na
sociedade portuguesa.
27Os sistemas estatísticos nacional e europeus habituaram-nos já, nos últimos anos, à disponibilização
de dados acerca da pobreza. Apesar do hiato sistematicamente existente e que f az que os dados mais
recentes distem cerca de dois anos relativamente ao momento em que são disponibilizados, são dados
que vão demonstrando proporção de população que, de acord o com o critério def inido pelo Eurostat4,
é considerada, em cada ano, como estando em situação de pobreza5.
28Tais dados são, contudo, de natureza eminentemente estática, dado conta da situação instantânea
em cada ano a que a inquirição diz respeito. O que se apresenta de seguida são dados de natureza
dinâmica acerca da pobreza, ou seja, utilizando dados provenientes de dif erentes vagas do Painel dos
Agregados Domésticos Privados da União Europeia, aplicado a nível europeu até 2001, e que f oi en-
tretanto sido substituído pelo Inquérito às Condições de Vida e Rendimento.
29Estes são, então, dados que permitem caracterizar o f enómeno da pobreza em Portugal de f orma
longitudinal – entre 1995 e 2000 –, possibilitando af erir resultados que, necessariamente, não são pos-
síveis de obter com a análise de apenas um ano. Optou-se, para ef eitos do presente artigo, por orga-
nizar os dados num conjunto de oito pontos.
30O primeiro desses pontos é que, durante o período de seis anos analisado, 46% das p essoas em
Portugal e 47% dos agregados passaram por uma situação de pobreza em pelo menos um desses
anos. Quer isto dizer que cerca de metade das f amílias portuguesas vivem numa situação vulnerável à
pobreza, mais grave do que apenas uma «situação de risco », uma vez que passaram de f acto pela
pobreza em pelo menos um ano.
31Isto revela que a pobreza em Portugal é mais extensa do que ref lectem as taxas instantâneas ref e-
ridas a um dado ano, e que têm rondado os 20%, situando -se o último valor disponível, de acordo com
os dados de 2009, em 18% dos indivíduos.
32Parece imprescindível dizer que, enquanto problema social e do ponto de vista das políticas, esta
deve ser encarada como a verdadeira dimensão da pobreza em Portugal. Esta perspectiva engloba
não apenas as pessoas que se encontram persistentemente – por vezes ao longo de toda a sua vida –
numa situação de pobreza, mas também pessoas cuja situação, embora melhor, é de extrema vulne-
rabilidade. Incluirá, igualmente, todo um conjunto de pessoas que, habitualm ente, se posicionam acima
da linha de pobreza mas que, perante determinados condicionalismos, acabam por se situar, em dado
momento, abaixo dessa mesma linha.
33Importa também salientar que esta conceptualização não altera de f orma decisiva a composição da
população pobre. De f acto, os grupos mais vulneráveis à pobreza mantêm -se6. Entre estes está a
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POBREZA, DESIGUALDADE EXCLUSÃO E VUNERABILIDADE
população idosa, que, à elevada vulnerabilidade à pobreza, associa uma elevada distribuição. Ou seja,
do conjunto de população def inida como pobre, uma parte s ubstancial é composta por população idosa.
34Esta situação encontra eco no f acto de, segundo o Eurobarómetro de Fevereiro de 2010, dedicado
às percepções dos europeus acerca da pobreza e da exclusão social (Special Eurobarometer
321/72.1), quase 60% dos/as portugueses/as identif icar este grupo como particularmente vulnerável.
35O mesmo não acontece, no entanto, relativamente às crianças. A sua notória pouca visibilidade f az
que apenas 9% das pessoas as ref iram como um grupo particularmente vulnerável, situação que con-
trasta em absoluto com os dados que consolidam as crianças como um dos principais grupos em situ-
ação de pobreza.
36Não sendo titulares de rendimento, as crianças não podem, em sentido estrito, ser consideradas
pobres na sua acepção de privação p or f alta de recursos. A sua situação f ace à pobreza deriva, pois,
tal como outros elementos não titulares de rendimento, da sua integração num agregado, para o qual
é estabelecido um determinado valor de rendimento, ainda que esse possa ser igual a zero.
37Adicionalmente, pressupõe-se que cada um dos elementos desse agregado usuf rui de uma propor-
ção igual desses recursos totais, depois de ponderados pela escala de equivalência. A pobreza inf antil,
enquanto temática autónoma, tem merecido, aliás, destaque particular da comunidade científ ica7, pelo
que não entraremos em pormenor neste ponto.
38A população desempregada, por seu turno, é identif icada por duas em cada três pessoas ausculta-
das no âmbito do Eurobarómetro. Deve, porém, ser realçado que, apesar de, i negavelmente, se tratar
de uma situação de grande vulnerabilidade, apenas cerca de 5% da população pobre é composta por
população desempregada.
39Um segundo ponto essencial é que mais de metade (54%) dos agregados pobres, em pelo menos
um ano, esteve na pobreza durante três ou mais anos, e 72% dos agregados experimentaram a po-
breza durante pelo menos dois anos.
40Perante valores de tal ordem, não restam dúvidas de que grande parte da pobreza registada, mais
do que para uma situação pontual, aponta antes para uma pobreza de carácter persistente. Dito de
outra f orma, a pobreza em Portugal, mais do que uma realidade conjuntural ou marginal da sociedade
portuguesa, assume antes características de um problema social estrutural e extenso.
41Aliás, e este é o terceiro ponto a assinalar, cerca de uma em cada quinze pessoas residentes no
país mantiveram-se em situação de pobreza ao longo dos seis anos considerados . Este é um valor
que, se traduzido para a expressão numérica da população do país, remete para um quantit ativo de
cerca de 700 mil pessoas persistentemente em situação de pobreza. Pessoas cuja existência, muitas
vezes desde o nascimento, é caracterizada pela pobreza que, por sua vez e amiúde, caracterizou já
também a vida dos seus pais e avós8.
42Do quadro descrito decorre um quarto ponto f undamental. Políticas sociais de combate à pobreza
apoiadas na f otograf ia que, em cada ano, seja possível tirar relativamente à situação do país correm o
risco de não conseguir equacionar e enquadrar aspectos f ulcrais da pro blemática que apenas uma
análise longitudinal e dinâmica permitem reconhecer.
43Como vimos, os valores em torno dos 18% de pobres em cada ano incluem situações diversas rela-
tivamente às quais as abordagens devem também ser dif erenciadas. Por outro lado, di f icilmente as
políticas preconizadas para um cenário de 18% de pobres serão as mesmas num cenário em que a
pobreza caracterize quase metade da população. Da mesma f orma, se não f orem equacionadas de
f orma mais ampla e integrada, verão a sua ef icácia certamente diminuída no que respeita àqueles cuja
situação de pobreza não é passageira nem decorrente de um qualquer acontecimento excepcional nas
suas vidas – e que representam, grosso modo, cerca de uma em cada três das pessoas que, em cada
ano, são classif icadas como pobres.
44No contexto de quaisquer políticas sociais que sejam implementadas, é claro – e este é um quinto
ponto essencial – que as políticas redistributivas são indispensáveis para o combate à pobreza9. Com
ef eito, cerca de dois em cada cinco agregados alguma vez pobres durante o período de seis anos
considerado têm as pensões como principal f onte de rendimento, ao que acrescem outros agregados
dependentes de benef ícios sociais.
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45Verif ica-se, no entanto, e este é o sexto ponto, que mais de metade dos agregados alguma vez
pobres têm como principal f onte o rendimento de trabalho. Embora as medidas redistributivas sejam
necessárias para que estes agregados possam vencer a privação, a resolução destas situações de
pobreza implica a operacionalização d e medidas que ajudem as pessoas a tornar-se auto-suf icientes
em matéria de recursos.
46Trata-se, aqui, não de redistribuição mas de repartição primária do rendimento. Isto tem a implicação
importante de situar o combate à pobreza não apenas no âmbito da po lítica social mas também no
âmbito da política económica em sentido lato.
47É sabido que o combate à precariedade do emprego (quer no que se ref ere à instabilidade, quer
quanto ao baixo nível dos salários) requer, além do mais, o crescimento da produtivida de geral da
economia e do trabalho em particular. Constata-se que cerca de 70% dos representantes dos agrega-
dos pobres em pelo menos um dos anos considerados e que eram trabalhadores por conta de outrem
tinham um contrato sem termo. Também se verif icou que tinham, maioritariamente, trabalho a tempo
inteiro. Daqui decorre que a precariedade se situará, em grande medida, ao nível dos salários.
48É igualmente sabido que a elevação dos salários é taref a complexa, que exige tempo e o envolvi-
mento decidido de três tipos de actores: os trabalhadores, incluindo os sindicatos; os empresários (pelo
muito que deles dependem as medidas destinadas a aumentar a produtividade10); e o Estado. O que
há a f azer neste domínio está sobejamente identif icado. Resta reconhecer que se trata de uma ala-
vanca f undamental do progresso do país, e agir em conf ormidade. Trata-se de um domínio em que não
é possível f azer de mais para se ser ef icaz e antecipar, quando possível, a obtenção de resultados.
49Um sétimo ponto essencial que deve ser realçado é a f orte relação entre o nível de escolaridade
atingido pelos pobres e a idade em que começaram a trabalhar, sendo que aquele nível é tanto mais
baixo quanto mais cedo as pessoas entraram na vida de trabalho.
50Este é, sem dúvida, um dos ciclo s viciosos da pobreza: o pobre tem baixo nível de educação por ser
pobre e é pobre por ter níveis baixos de escolaridade. Por outro lado, outro ciclo que, a partir daqui, se
reproduz é o que conduz os portadores de baixos níveis de educação a situações pro f issionais menos
f avoráveis. Daqui decorre, em grande medida, que a pobreza persista não só ao longo de toda a vida
de uma pessoa, mas também que se verif ique uma transmissão intergeracional 11.
51Apesar da evolução em termos educativos que, apesar de tudo, se vai registando, o f acto de esta
derivar de pontos de partida extremamente baixos – em muitos casos, do analf abetismo – f az que a
sua expressão tenha de ser f rancamente relativizada (Bruto da Costa et al., 2008), sobretudo se a isso
se juntar a própria evolução societal e das exigências a ela associadas.
52O sistema educativo adquire, pois, uma importância f undamental. No entanto, para que esta impor-
tância seja consequente, torna-se essencial assegurar às crianças pobres não só o indispensável
acesso ao sistema escolar – onde se pode incluir os apoios à f amília – mas também condições para o
seu sucesso, ao qual corresponda uma ef ectiva aquisição de conhecimento e de aptidões.
53O oitavo ponto f undamental a assinalar prende-se com o f acto de mais de metade dos portugueses
continuar a colocar as causas da pobreza no país em f actores como a sorte, a inevitabilidade, o f ata-
lismo, ou f altas imputáveis aos pobres, como a preguiça ou a f alta de f orça de vontade. Da mesma
f orma, 44% tende a acreditar que “a desigualdade de rendimento é necessária para o desenvolvimento
económico”.
55Sabendo-se que uma acção ef icaz contra a pobreza, sobretudo pelas mudanças sociais que implica,
requer a aceitação, ou pelo menos o consentimento, da sociedade, conclui-se que, a par do que se
f aça em matéria de projectos, programas, planos e políticas, é necessária uma ampla campanha de
esclarecimento e de promoção da justiça social e de solidariedade.
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56A compreensão dos f enómenos da pobreza e da exclusão social exige, como vimos, a clarif icação
de um conjunto de conceitos cruciais que nos permitem interpretar a realidade social à luz de determi-
nadas “opções” teóricas. Por outro lado, essa interpretação deverá ser necessariamente sustentada
por resultados concretos que, pesem embora algumas limitações de natureza estatística ou metodoló-
gica anteriormente ref eridas, constituem matéria-prima f undamental para uma ref lexão séria sobre a
pobreza e a exclusão social e sobre as suas implicações ao nível das políticas.
57Mas de que f orma poderá esse corpo de conhecimento adquirido – e em permanente actualização e
aprof undamento – contribuir para uma ref lexão ao nível do trabalho de intervenção e dos seus impactos
junto das pessoas, dos grupos e dos territórios com os quais se estabelecem dif erentes tipos de dinâ-
micas interventivas?
58Procuraremos ao longo desta parte f inal suscitar alguma ref lexão sobre a pertinência de uma abor-
dagem que, partindo do chamado “conhecimento teórico”, interpele directamente o trabalho de inter-
venção social12 em aspectos que consideramos essenciais para inf ormar e qualif icar o chamado “tra-
balho directo” com as populações.
60Vimos na primeira parte deste artigo que pobreza pode ser def inida como uma situação de privação
decorrente da f alta de recursos. Neste sentido, a pobreza só poderá ser ef icazmente combatida com
acções que permitam à pessoa ou à f amília inverter o processo que conduziu a essa escas sez de
recursos, ou seja, conseguir autonomamente e de f orma considerada “socialmente normal” suprir as
suas necessidades.
61A consciência de que pobreza e privação constituem f enómenos dif erentes é f undamental para que
seja possível, nomeadamente, ter uma percepção mais clara dos limites – prof issionais e organizacio-
nais – da intervenção desenvolvida e a desenvolver e dos resultados desejáveis e legítimos. Identif icar
limites signif ica, simultaneamente, ter uma melhor percepção das complementaridades que i mporta
promover no sentido de combater de f orma ef icaz não apenas a privação (p. ex. através do recurso a
bancos de alimentos), mas também a pobreza e a exclusão social (p. ex. ref orçando qualif icações/com-
petências prof issionais, disponibilizando serviços de apoio à inf ância acessíveis e de qualidade que
permitam uma real activação laboral de pessoas com responsabilidades parentais; denunciar/combater
a precariedade salarial como um dos principais f actores de manutenção dos elevados níveis de pobreza
em Portugal).
62Ainda ao nível dos conceitos, importa ref lectir sobre as consequências para a intervenção social da
abordagem baseada no conceito de capacidades, tal como são def inidos por Amartya Sen (1999) e
que se apresentaram, de f orma breve, no início do presente artigo. Sen valoriza não apenas a satisf a-
ção das necessidades como condição indispensável para combater a privação, mas também a f orma
como essas necessidades são satisf eitas, conf erindo ou não à pessoa as capacidades de que ela ne-
cessita para f uncionar.
63Em primeiro lugar, o enf oque nas necessidades interpela-nos desde logo sobre aquele que deverá
ser o centro de qualquer intervenção: a pessoa. Podendo esta af irmação parecer, à primeira vista,
demasiado elementar, questionemo -nos seriamente sobre quantas vezes não segue a intervenção a
lógica dos recursos disponíveis, muito mais do que as necessidades sentidas e expressas pela pessoa.
64Tendo consciência da dimensão de muitos dos obstáculos que se colocam a este nível, parece -nos
f undamental que os actores com responsabilidades directas na intervenção social exercitem de f orma
crítica uma interpelação do(s) contexto(s) em que trabalham, e para o qual muito poderá contribuir uma
consciencialização clara de alguns conceitos f undamentais.
65Já no que se ref ere ao conceito de capacidade, Sen parece abrir-nos mais uma porta para que
possamos medir o impacto da intervenção desenvolvida. Uma avaliação crítica do trabalho que desen-
volvemos deverá permitir-nos perceber se uma determinada acção contribuiu para satisf azer uma de-
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terminada necessidade e se, simultaneamente, conf eriu à pessoa a capacidade de que a mesma pre-
cisa para que possa, com esse “recurso” acrescido, continuar a manter essa necessidade devidamente
satisf eita.
66Importa explicitar que não é nosso propósito pôr aqui em causa a importância de se prosseguir com
acções ou actividades que tenham por f im último a satisf ação de necessidades básicas f undamentais.
Parece-nos, contudo, crucial que se promova uma consciência clara, por parte de quem interv ém di-
recta ou indirectamente, de que esse tipo de acções, sendo indispensáveis, não se podem esgotar em
si mesmas, na medida em que, embora possam resolver a privação, não contribuem para combater a
pobreza de f orma ef icaz.
67Esta consciência crítica sobre as potencialidades e os limites do trabalho que se desenvolve neste
domínio é tanto mais importante quanto, como ref erido anteriormente, a pobreza é, de f acto, um f enó-
meno multidimensional cuja resolução convoca necessariamente uma pluralidade de resposta s e de
desaf ios que, estando centrados sobre as necessidades das pessoas e das f amílias 13 e sobre a pro-
moção das suas capacidades, exige uma complementaridade de respostas e não uma sobreposição e
concentração de respostas/recursos idênticos.
68Se os desaf ios teóricos colocados pela adopção de um determinado conceito de pobreza nos pare-
cem determinantes no sentido de repensar as estratégias de intervenção ao nível do trabalho social,
também o conceito de exclusão social merece uma atenção particular pela ref erência explícita que f az
à sociedade como ref erencial f undamental. A exclusão é um problema social que af ecta indivíduos e
grupos que se vêem privados – no todo ou em parte – do acesso àquilo que designámos por sistemas
sociais.
69Se as relações entre as pessoas e estes sistemas se materializam no quotidiano – e, neste sentido,
também os próprios mecanismos de exclusão –, nem sempre a proximidade quotidiana entre organi-
zações, prof issionais e populações parece promover necessariamente uma maior visibilida de/compre-
ensão desses mecanismos.
70Com ef eito, importa questionar o excessivo enf oque na diversidade e complexidade das expe riências
individuais nessa interacção entre clientes e organizações/prof issionais, em detrimento de uma análise
dos mecanismos que, a um nível meso e mesmo macro, lhes estão subjacentes. A proximidade com
as populações só é, de f acto, uma mais-valia importante no trabalho social se não se limitar a um
acumular de conhecimento acrítico e se esse conhecimento/contacto directo puder inf luenciar proces-
sos de mudança pessoal/f amiliar, mas também organizacional, e, não menos importante, alertar para
a necessidade de mudanças de natureza societal indispensáveis no combate à exclusão social.
71Um outro aspecto que nos parece f undamental neste potencial de conhecimento que poderá advir
desta relação directa com as pessoas no âmbito do trabalho social diz respeito à identif icação não só
de situações de pobreza, mas também dos processos que conduzem a estas situações. Com ef eito,
importa recordar a importância da adopção de uma abordagem dinâmica ao f enómeno da pobreza.
73Da mesma f orma, a adopção desta perspectiva dinâmica na análise dos f enómenos da pobreza e
da exclusão social seria igualmente f undamental ao nível do conhecimento produzido pelo contacto
directo com as populações. A proximidade deverá servir não apenas para uma caracterização das si-
tuações, mesmo que f eita em vários tempos, mas sobretudo para compreender as dinâmicas subja-
centes à evolução das situações pessoais e f amiliares e, neste sentido, identif icar não apenas as mi-
crocausalidades individuais, mas também as macrocausalidades estruturais.
74Clarif icar conceitos, adquirir um conhecimento actualizado e abrangente sobre a realidade da po-
breza e da exclusão social, quer ao nível nacional, quer num contexto europeu mais lato, constituem,
na nossa opinião, instrumentos f undamentais para uma intervenção que se pretende interpelativa e
crítica da realidade social.
75Por outro lado, importa não esquecer que a pobreza, em Portugal, continua ainda14 a ser percepci-
onada como um f enómeno em que a responsabilidade das próprias pessoas pobres e a sua envolvente
f amiliar parecem constituir importantes f actores explicativos, contrariamente à importância atribuída
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POBREZA, DESIGUALDADE EXCLUSÃO E VUNERABILIDADE
aos níveis de educação e qualif icação. Em Portugal, as percepções sobre a pobreza15 e o conheci-
mento estatisticamente f undamentado encontram-se de f acto ainda longe de uma sintonização ade-
quada.
76Neste contexto, importa ter consciência de que as percepções que se constroem sobre estes f enó-
menos sociais são transversais à sociedade, abrangendo naturalmente aquelas e aqueles que no quo-
tidiano têm uma responsabilidade directa no trabalho com as populações mais atingidas pela pobreza
e a exclusão social.
A investigação e os seus actores deverão, pois, ter uma responsabilidade acrescida no sentido de
promover espaços de ref lexão teórica que não se esgotem em si próprios. Devem conseguir, além
disso, interpelar directamente outros níveis de abordagem da realidade social, const ituindo-se como
instrumentos úteis de sensibilização e consciencialização das potencialidades e dos limites, nomeada-
mente, da intervenção social no domínio da pobreza e da exclusão social.
Vulnerabilidade social é o conceito que caracteriza a condição dos grupos de indivíduos que estão a
margem da sociedade, ou seja, pessoas ou f amílias que estão em processo de exclusão social, prin-
cipalmente por f atores socioeconômicos. Algumas das principais características que marcam o estado
de vulnerabilidade social são as condições precárias de moradia e saneamento, os meios de subsis-
tência inexistentes e a ausência de um ambiente f amiliar, por exemplo. Todos esses f atores com-
põem o estágio de risco social, ou seja, quando o indivíduo deixa de ter condições de usuf ruir dos
mesmos direitos e deveres dos outros cidadãos, devido ao desequilíbrio socioeconômico instaurado.
As pessoas que são consideradas “vulneráveis sociais” são aquelas que estão perdendo a sua repre-
sentatividade na sociedade, e geralmente dependem de auxílios de terceiros para garantirem a sua
sobrevivência.
Ver também: o signif icado de Desigualdade social e conheça as causas da Desigualdade Social.
Vulnerabilidade social não é sinônimo de pobreza, mas sim uma condição que remete a f ragilidade da
situação socioeconômica de determinado grupo ou indivíduo. A vulnerabilidade social é medida atra-
vés da linha de pobreza, que é def inida através dos hábitos de consumo das pessoas, o valor equiva-
lente a meio salário mínimo.
O Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) é um indicador que permite aos governos um detalhamento
sobre as condições de vida de todas as camadas socioeconômicas do país, identif icando àquelas que
se encontram em vulnerabilidade e risco social.
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NOVAS TECNOLOGIAS
Novas Tecnologias
O ano de 2017 foi ideal para que inúmeras tecnologias despontassem no mercado. O aumento da ca-
pacidade dos computadores, junto aos tamanhos reduzidos de placas e processadores, permite que
a tecnologia chegue a qualquer canto do mundo e em diferentes dispositivos.
A parte mais importante dessas tecnologias não é a tecnologia em si, ou as empresas que as desen-
volvem. É a maneira como elas mudam a forma como nos relacionamos com o mundo.
As pessoas, as empresas e as cidades são as grandes beneficiárias dessas novas tecnologias, que
procuram facilitar a vida delas e otimizar os lucros. A seguir, vamos apresentar as principais tecnolo-
gias que despontaram nos últimos anos e que já estão estabelecidas no comércio mundial.
Inteligência artificial
O conceito de inteligência artificial pode variar de pessoa pra pessoa. Para algumas, isso significa ro-
bôs que simulam os humanos. Para outros, são robôs que automatizam e realizam tarefas para hu-
manos. No entanto, a grande área que realmente mostra valor dentro da inteligência artificial é seu
poder de aprendizado e de análise.
Os serviços de ponta de inteligência artificial no mercado vêm em forma de insights fornecidos por
meio de análise de dados para atender melhor os consumidores e atingir as metas de uma empresa.
Grandes companhias mundiais como Netflix e Amazon usam a inteligência artificial para transformar
seu capital e personalizar campanhas de marketing.
Os produtos são sugeridos aos consumidores de acordo com seu histórico de compras ou pelos fil-
mes a que assistem. A Amazon já está testando serviços de entrega usando inteligência artificial e
drones. O grande poder de personalização do produto dá ao consumidor uma experiência única que
tem grande potencial de conversão para as empresas.
O Pokémon Go foi lançado em uma época em que essa tecnologia começava a despontar no mer-
cado final. De lá pra cá, o uso de realidade aumentada começou a ser desenvolvido em várias aplica-
ções para smartphones e outros dispositivos. Os aparelhos de realidade virtual se tornaram mais
acessíveis, principalmente os acessórios para celular.
Devido a esse sucesso, várias empresas estão caindo de cabeça nas tecnologias de realidade virtual
e aumentada. O grande foco de desenvolvimento está baseado na experiência de usuário para deter-
minar o verdadeiro valor de negócio e como essas tecnologias evoluirão.
Um dos grandes impulsionadores da tecnologia está sendo o Facebook, que lidera as aquisições cor-
porativas no ramo. Já são 11 aquisições feitas em 2017. O Facebook tem como meta incorporar a
tecnologia de realidade virtual às redes sociais. Parece um episódio de série de ficção tecnológica.
Será a junção das tecnologias mais empolgantes dos últimos tempos com a rede social mais viciante
de todas.
Big Data
O big data é uma realidade, pois ele lida com a quantidade massiva de dados que é produzida mundi-
almente. O número de dispositivos conectados à Internet e a quantidade de pessoas que fazem
acesso às redes sociais, conversam por chats de aplicativos e navegam usando GPS, são alguns
exemplos de como dados estão sendo criados a todo momento.
Grandes empresas estão fazendo esforços para minerar e tratar os dados que são de interesse. Pro-
fissões como cientista de dados, desenvolvedores hadoop e mineradores de dados estão figurando
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NOVAS TECNOLOGIAS
entre as profissões mais quentes do mercado. O uso do big data é traduzido em serviços mais perso-
nalizados ao usuário e identificação de tendências de mercado.
As empresas também estão fazendo uso dessa tecnologia para a tomada de decisões estratégicas. A
competitividade no mundo dos negócios está ficando cada vez mais acirrada e o usuário final sai lu-
crando com essa disputa.
A Internet das coisas certamente engloba todas as outras tecnologias faladas anteriormente, ao me-
nos em parte. O conceito de criar uma malha de dispositivos inteligentes conectados está criando um
potencial enorme, tanto na vida das pessoas, quanto nas indústrias.
Empresas como Amazon e Google figuram entre as grandes incentivadoras do avanço tecnológico da
Internet das coisas. O desenvolvimento de assistentes pessoais, funções de mapeamento, serviços
de análise e automação residencial figuram entre o conjunto de produtos que usam o potencial da In-
ternet das coisas.
Essas tecnologias ainda têm o poder de serem analíticas. Grandes mercados podem analisar, usar e
vender os dados analisados para o benefício de um mercado maior que envolve a rede. Sem contar
as cidades inteligentes, que oferecem serviços sustentáveis à população e geram valor tanto aos ci-
dadãos quanto às empresas que operam no local.
As tecnologias mostradas na primeira parte deste post são fundamentais para as tecnologias do fu-
turo. As evoluções tecnológicas acontecem passo a passo e vão possibilitando a descoberta de cam-
pos antes inimagináveis.
5G
Segundo Amadeu Castro, diretor da GSMA do Brasil, o 5G é baseado em 3 pilares: baixa latência,
grande volume de dados e grande número de conexões simultâneas. A baixa latência diz respeito
à velocidade com que a informação chega até o usuário. Quanto menor a latência, mais próximo do
real será o tempo das informações recebidas. Isso melhorará a qualidade de jogos online e sistemas
de monitoramento em tempo real.
O grande volume de dados vai afetar a capacidade de transferência e recebimento de arquivos pela
rede. A qualidade dos vídeos que poderão ser assistidos pela rede será maior, assim como também
serão mais comuns as transmissões ao vivo de alta resolução. Seu impacto será visto principalmente
na indústria do entretenimento, como os youtubers e jornalistas, que poderão fazer vídeos ao vivo em
locações diferentes.
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NOVAS TECNOLOGIAS
No entanto, ainda não há um padrão estabelecido sobre a tecnologia do 5G. Não há um consenso
sobre quais bandas usar para difundir o sinal. Especialistas argumentam que bandas de ondas gran-
des conseguirão transmitir e suportar uma grande quantidade de dados, porém, a uma distância
curta, enquanto as bandas de ondas pequenas levarão uma quantidade menor de dados a uma dis-
tância mais longa.
O mais provável é que duas bandas estejam operando para a atender as demandas diferentes do 5G.
Quem vai decidir isso é a União Internacional de Telecomunicações, que regula as boas práticas da
comunicação.
O 5G expandirá a fronteira da automação industrial, permitindo que robôs sejam conectados por uma
rede sem fio. A solução vai reduzir custos de manutenção com hubs e fios para ligar as centrais às
máquinas. Será possível conectar uma linha inteira de montagem usando apenas o 5G.
É a principal tecnologia por trás do Bitcoin, a criptomoeda que já causa estardalhaço nos dias de
hoje. A tecnologia apareceu em 2008 como explicação para o funcionamento do Bitcoin. Ela se des-
creve como uma tecnologia que registra as transações, colocando-as em uma cadeia de dados que
não pode ser alterada sem o comprometimento da segurança do sistema. Literalmente, é uma cadeia
de bloco único em que as transações são calculadas e armazenadas.
O funcionamento de blockchain pode ser comparado com uma ata que registra todas as transações
realizadas por aquela aplicação em vários computadores. Essa tática aumenta a redundância e confi-
abilidade das transações executadas pelo blockchain. Uma vez que os dados são replicados em vá-
rios dispositivos diferentes, fica difícil eliminar todas as evidências de uma transação.
O blockchain é uma tecnologia segura, pois cada bloco de transações só pode ser anexado ao bloco
principal quando ele for preenchido.
Isso implica em assegurar que uma transação seja concluída e que ambos os lados forneçam os da-
dos corretos da transação. Além disso, as transações são criptografadas, tornando o processo de
tentativa de roubo de dados computacionalmente impossível. A tecnologia do blockchain assegura
que:
No entanto, o uso de blockchain não está restrito somente às criptomoedas. Ela pode ser usada em
diferentes aplicações que usam o mesmo raciocínio de funcionamento. Segundo o fórum econômico
mundial, o blockchain é uma tecnologia que vai moldar o mundo, por causa da sua característica de-
centralizadora.
Uma das aplicações, além do Bitcoin, é a identificação de bens não perecíveis. Objetos como ouro,
pedras preciosas e joias podem ser marcados com um token único em uma cadeia de blockchain.
Outra aplicação seria colocar diplomas de universidades associados a pedaços de um bloco no block-
chain. Essas medidas evitam que os bens sejam fraudados e que os diplomas sejam falsificados.
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NOVAS TECNOLOGIAS
No setor da saúde, o blockchain pode ser usado para assegurar que relatórios médicos estejam
sendo entregues aos pacientes certos. Os contratos firmados entre empresa e empregador, imobiliá-
rias e até transações envolvendo veículos serão validadas através do blockchain.
A China protagonizou, junto aos Estados Unidos, o primeiro envio de uma carga agrícola validada
através do blockchain. Um carregamento de soja teve todas as suas etapas validadas através de
transações realizadas com uso da tecnologia.
No entanto, apesar dos cenários otimistas para o uso dessa nova tecnologia, o sucesso do block-
chain depende da adoção em massa pelo público. A tecnologia foi criada em 2008 e ainda carece da
adoção do público em geral, que está quebrando essa barreira aos poucos. Especialistas acreditam
que, nos próximos anos, a tecnologia comece a aparecer cada vez mais no cenário dos negócios
mundiais.
Impressão 3D em metal
Isso porque os custos de manter um estoque grande de pequenas peças serão reduzidos e a em-
presa focará apenas em imprimir a quantidade exata de peças que o cliente precisa. As impressoras
3D também permitem que peças complexas sejam criadas usando metal, técnica que não pode ser
alcançada por outros meios.
As principais empresas do ramo, segundo a Investing News, são 3D Systems, HP, ExOne, Materia-
lise, Nano Dimension, Organovo, Proto Labs, Stratasys, SLM Solutions e Voxeljet.
No entanto, a empresa que deu o primeiro passo para revolucionar a tecnologia se chama Desktop
Metal e é a primeira do mundo a construir impressoras 3D em metal para produção em massa. Se-
gundo a empresa, suas impressoras são capazes de imprimir 100 vezes mais rápido que as técnicas
de moldagem de metais existentes.
Além disso, a Desktop Metal diz que os custos de produção iniciais são 10 vezes mais baratos e os
custos com matéria-prima, 20 vezes mais baratos que os métodos tradicionais existentes.
A matéria-prima dessas impressoras pode ser diferentes tipos de metal, como aço, cobre e alumínio.
Elas são disponibilizadas em formas de barras que são lavadas especialmente para reduzir os polí-
meros e ser levadas ao forno. O forno, então, esquenta o metal usando diferentes técnicas de aqueci-
mento para transformá-lo em um metal maleável. A peça é impressa de acordo com o design inserido
no computador.
O resultado final de uma impressão em metal são peças muito resistentes. Dependendo do layout es-
colhido, pode ser que a peça necessite de polimento posterior, uma vez que o metal é mais difícil de
trabalhar que o plástico.
Os sistemas de impressão em metal são divididos em basicamente dois tipos: prototipagem e produ-
ção em massa. O sistema de prototipagem usa materiais distintos e baratos para fazer modelos para
serem testados, enquanto o sistema de produção em massa tem seu foco na produção de alta veloci-
dade de peças.
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NOVAS TECNOLOGIAS
No entanto, essa nova tecnologia ainda tem um custo alto ao consumidor final, apesar de ter mos-
trado ser mais barato que os modelos convencionais. A massificação e popularização da impressão
em metal deve acontecer nos próximos anos, quando as empresas adotarem mais essa tecnologia e
desenvolverem novas para que os custos sejam ainda mais baratos.
Os principais tipos de peças fabricados por essas impressoras, segundo o Engineering.com são:
moldes para fundição: depósitos onde são colocados o metal derretido para que seja solidificado em
uma forma;
protótipos para produção: elaboram um modelo de peça para avaliar a sua qualidade e utilidade para
uma possível produção em massa;
moldes para turbinas em subescala: são peças demonstrativas para a avaliação de moldes para turbi-
nas;
componentes para lava-louças: permite que essas lavadoras sejam customizadas de cliente para cli-
ente;
caixa para sensor de temperatura interna: componente importante na produção de aviões que fazem
rotas glaciais, como por exemplo a Antártida;
trocador de energia térmica: dispositivo de transferência de calor com múltiplos usos, desde ar condi-
cionados até em petroquímicas;
motor de propulsão de aviões: compreende uma pequena peça responsável por dar propulsão às hé-
lices de aeronaves.
No entanto, vale lembrar que o uso de impressoras 3D em metal é quase ilimitada, podendo ser utili-
zada para produzir de parafusos e roscas até estátuas de metal.
Esses fones têm sua característica inspirada em um personagem do clássico Guia do Mochileiro das
Galáxias, o peixe Babel. Na história de ficção, o peixe, quando colocado no ouvido de uma pessoa, é
capaz de traduzir qualquer idioma do universo instantaneamente.
A ideia desses fones de ouvidos inteligentes é a mesma. Simples, porém ousada e inovadora. Desen-
volvido pela Google e nomeado de Google Pixel Buds, esses fones de ouvido já estão disponíveis no
mercado pela bagatela de 159 dólares.
Em seu lançamento, os executivos da Google advogaram que os fones de ouvidos são capazes de
traduzir instantaneamente, ou pelo menos em tempo hábil para manter uma conversação, cerca de
40 idiomas diferentes.
Esses dispositivos funcionam como fones de ouvido wireless que pode se conectar a smartphones ou
até mesmo ao assistente pessoal da Google.
Seu funcionamento é baseado na poderosa ferramenta de tradução do Google. O dispositivo usa re-
cursos de processamento de linguagem natural para captar a fala corretamente e, depois, utiliza téc-
nicas de aprendizado de máquina e inteligência artificial para fazer o processamento da tradução de
forma mais rápida.
O dispositivo guarda em sua memória as palavras e fragmentos de frases mais usadas para acelerar
a tradução. O que não é detectado em uma primeira análise, é processado através dos algoritmos ci-
tados.
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NOVAS TECNOLOGIAS
Acredita-se que a tecnologia deslanchará nos próximos anos. Com o primeiro passo dado pela Goo-
gle e a iniciativa de startups dispostas a fazer um dispositivo mais robusto e confiável, os fones de ou-
vidos inteligentes têm tudo para ser um sucesso. Eles reduzirão as barreiras de comunicação em
todo o mundo, facilitarão as reuniões de negócio, e acordos internacionais entre empresas serão
mais comuns e produtivos para ambos os lados.
Cidades sensíveis
As cidades sensíveis são o próximo passo das cidades inteligentes. As cidades inteligentes possuem
de tecnologia para controlar e monitorar diversas áreas da cidade, como estacionamentos, praças pú-
blicas, avenidas, clima e etc. A ideia das cidades sensíveis é usar essa tecnologia para transformar
as cidades inteligentes em autônomas e sustentáveis.
Segundo o arquiteto italiano Carlo Ratti, a cidade inteligente é como se fosse um computador a céu
aberto que coleta dados e informações para melhorar as experiências dos usuários. Trata-se de um
resultado de modernização das cidades, como instalação de fibra ótica que possibilitou a robotização
de diversos setores urbanos.
As cidades sensíveis não têm a tecnologia como papel central. A tecnologia é apenas um coadju-
vante que é usado para enriquecer a vida urbana e colocar o cidadão em um papel principal de parti-
cipação.
A empresa Alphabet, dona da Google, está implementando em Toronto, no Canadá, sensores diver-
sos para identificar como a cidade foi construída. A ideia é fazer uma análise crítica e repensar no
crescimento futuro e como as pessoas vivem na cidade para apresentar soluções viáveis de serviços
e produtos para os cidadãos. O objetivo final é integrar o design urbano com tecnologia para fazer ci-
dades inteligentes mais acessíveis e sustentáveis.
Para que uma cidade sensível seja possível, é preciso que ela seja composta de cidadãos inteligen-
tes. Não apenas na questão de terem conhecimento em tecnologia, mas também serem cidadãos
preparados para colaborar com a sociedade em que vivem.
Para que uma cidade seja sensível é preciso, no entanto, que haja um consenso entre ferramentas
regulatórias da área. Algumas regulações são de épocas antigas e não estavam preparadas para o
mundo digital em que as cidades sensíveis vivem.
Também é preciso baratear o custo tecnológico. Como as cidades sensíveis dependem também de
cidadãos preparados, é necessário que eles tenham acesso às tecnologias que comunicarão com
todo o sistema.
Por isso, é possível que o conceito de cidades sensíveis somente se torne mais popular dentro de al-
guns anos. As cidades inteligentes e o conceito de Internet das coisas estão ajudando a popularizar
e baratear as tecnologias usadas para praticar essa ideia. Os cidadãos, por sua vez, estão come-
çando a se acostumar com a ideia de usar dispositivos inteli gentes em prol da cidade. O resultado
será uma evolução natural das cidades inteligentes.
O processo de evolução tecnológica se dá a passos rápidos. É preciso estar atento para acompanhar
todas as mudanças, senão, todo o conhecimento adquirido se tornará obsoleto. Assim como as novas
tecnologias já estão se tornando rotina no mercado, outras ainda mais novas estão chegando para
fazer a diferença.
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TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
No decorrer da história da humanidade, as relações de trabalho entre o ser humano e a natureza, entre
também os próprios seres humanos, já sofreram várias mudanças. Por meio do trabalho o homem pode
transformar o mundo, no entanto é sempre válido levar em consideração que as próprias noções de
trabalho, assim como o mundo, também passam por transformações ao longo do tempo.
Além disso, é importante salientar eventos importantes na história da humanidade que mudaram signi-
ficativamente as questões de trabalho. Entre tais eventos convém citar alguns deles, tais como:
- A invenção da roda
- As atividades agrícolas
- Guerras
- Revolução Industrial
- Revolução francesa
Avanços Tecnológicos
Esses são apenas alguns que contribuíram para as transformações no mundo do trabalho. Apesar de
sabermos que o trabalho é essencial para que todo e qualquer cidadão possa levar uma vida digna, a
origem da palavra “trabalho”, possui uma conotação nada engrandecedora. “Trabalho” tem origem no
termo em latim “tripalium”, que consistia em um instrumento de tortura. Durante longos períodos da
história da humanidade, a noção de trabalho não era honrosa e a função de trabalhar cabia a classes
subalternas, como os escravos.
Durante a Idade Média, após o declínio do Império Romano, o sistema de escravidão foi aos poucos
substituído por um sistema de servidão que ficou conhecido como Regime Feudal.
Em relação ao modo de produção vigente no feudalismo, o servo ficava restrito ao senhor feudal, de-
vendo para essa autoridade a sua fidelidade, a obediência e também obrigações pessoais, como pagar
impostos a ele. Nesse contexto, os servos poderiam ser trabalhadores do campo, ex-escravos, ou de-
mais homens livres que recebiam uma casa e um determinado espaço de terra para cultivar. Os servos
se submetiam aos domínios da nobreza, espontaneamente ou não.
Mais tarde, o sistema feudal passou a sofrer transformações. Nesse contexto, as práticas mercantilistas
reduziram gradativamente a importância exclusiva da posse de terra no modo de produção feudal.
Sendo assim, as vilas passam a se desenvolver formando grandes cidades e entra em cena uma nova
classe social, conhecida como a burguesia, que é adepta das práticas de comércio. É nesse cenário
que a mentalidade aos poucos começa ser o de valorização do trabalho.
Foi por meio das revoluções liberais, que ocorreram essencialmente nos séculos XVII e XVIII, acom-
panhadas mais tarde pela Revolução Industrial, que foi possível denotar uma significativa transforma-
ção no modo como se encara o trabalho, bem como nas relações de trabalho. A noção de liberdade e
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TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
a condenação completa de todo e qualquer tipo de escravidão passou a ser à base de algumas corren-
tes de pensamento da época. Entre tais noções culturais é possível apontar
– Renascimento Cultural: Foi uma mudança de paradigma ocorrido na arte e na ciência, que culminou
também com a visão de mundo onde a liberdade de lucrar, trabalhar e se desenvolver intelectualmente
é importante para as pessoas.
– Iluminismo: Corrente filosófica que destaca o poder da ciência (a luz) contra a ignorância (as trevas).
O iluminismo valorizava o conhecimento e a liberdade como atributos para a construção de uma soci-
edade mais promissora.
Durante este período da história mundial, as condições e as noções de vassalagem, assim como as
corporações de ofícios foram gradativamente sumindo, sendo de maneira natural ou, em determinados
casos, por imposição legal, cedendo lugar para as relações de trabalho remuneradas, típicas das atuais
sociedades capitalistas. Além disso, passou a surgir também à noção de classe trabalhadora. Posteri-
ormente veio também a ideia de direitos e lutas contra a exploração.
A Revolução Industrial
Aumento de produção.
Mais tarde, com a revolução industrial consolidada e o modo de produção capitalista vigente em várias
partes do planeta, surgiram duas teorias que visavam dinamizar o ritmo de trabalho nas fábricas dos
centros urbanos:
– Taylorismo: Desenvolvido pelo norte-americano Frederick W. Taylor, esse método consistia em or-
ganizar os trabalhadores em posições adequadas para que o seu ritmo de produção fosse otimizado.
– Fordismo: Desenvolvido por Henry Ford, consiste em um sistema industrial baseado em uma linha
de montagem, possibilitando assim mais rapidez e mais quantidade de produto a ser produzido.
No final do século XIX e início do século XX, a indústria fabril estava em ascensão. No entanto, os
proprietários dessas indústrias precisavam racionalizar sua linha de produção. Para isso, deveriam
controlar com mais afinco o tempo dos operários durante o trabalho, no sentido de otimizar esse tempo,
com o qual o trabalhador produziria mais produtos, no mesmo tempo trabalhado. Outra questão que
necessitou de mudança foi a redução nos custos da produção, no intuito de aumentar o lucro dos
capitalistas.
A partir de então, os proprietários das indústrias passaram a pesquisar novos métodos para aplicar nas
linhas de produção, almejando alcançar a racionalização da produção de mercadorias para a obtenção
de maiores lucros.
Ainda no século XIX, o engenheiro norte-americano Frederick Taylor (1856-1915) estudou cautelosa-
mente os serviços prestados pelos trabalhadores nas fábricas. A partir desses estudos, Taylor propôs
um novo método nas linhas de produção: em vez de um trabalhador desempenhar várias funções na
produção de mercadorias, ele implantou a divisão do trabalho, em que cada operário desempenharia
uma única e repetitiva tarefa.
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TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
Com a ascensão do método de divisão de trabalho nas fábricas, desenvolvido por Taylor, que passaria
a ser chamado de taylorismo, grandes proprietários de indústrias passaram a implantar esse método
em suas fábricas. A fábrica de automóveis de Henry Ford (1863-1947) foi uma das primeiras a executar
o taylorismo através das linhas de montagem.
As linhas de montagem da fábrica Ford de automóveis consistia em uma esteira em movimento: vários
operários se encontravam distribuídos em diversas partes da esteira. Assim, a produção seria execu-
tada com o veículo deslocando-se pela esteira. Em cada parte da produção teria um trabalhador para
exercer uma função específica, por exemplo: um determinado trabalhador ficaria somente responsável
por montar as rodas do carro. Essas linhas de montagem ficaram conhecidas como modo de produção
fordista, que prevaleceu até a década de 1970, aumentando a produção durante o mesmo tempo de
trabalho dos operários.
De acordo com Henry Ford, as indústrias economizariam no processo de montagem de suas mercado-
rias, para conseguir vendê-los a preços menores. Os operários, dentro da lógica de montagem fordista,
exerceriam trabalhos cada vez mais mecanizados, não necessitariam de tanta qualificação para de-
sempenhar os serviços nas fábricas, e, consequentemente, teriam seus salários reduzidos em relação
a sua menor qualificação.
Além de tudo, essa liberdade de comunicação dentro das empresas também desafia os antigos moldes
hierárquicos, que se tornam cada vez mais lineares, em especial nas empresas de pequeno e médio
porte.
Por outra lado, a facilidade na comunicação se configura como uma armadilha em algumas situações:
quem não sabe controlar bem sua rotina na empresa enfrenta problemas de priorização de tarefas,
ainda mais com a quantidade crescente de interrupções existentes (redes sociais, mensagens no ce-
lular, etc.).
Jornada Flexível
Jornada flexível e trabalho remoto promovem satisfação e atuam como atrativo para atrair talentos no
mercado de trabalho atual. Não é de se espantar: a dificuldade de locomoção em grandes centros
urbanos ocupa um tempo precioso na rotina diária de empregados, os quais poderiam estar produzindo
ou recuperando energias enquanto estão no carro, no metrô ou no ônibus.
Assimilando essa nova realidade, gestores já conseguem desvincular quantidade de horas trabalhadas
de qualidade de horas trabalhadas e flexibilizam a agenda de seus subordinados. O foco recai sobre
os resultados atingidos e não no tempo em que o profissional permanece no escritório — o qual pode
ser inversamente proporcional ao resultado quando um determinado teto é trespassado.
“As pessoas não abandonam seus empregos: abandonam os seus chefes” é uma frase recorrente. Ela
não está errada.
Hoje em dia se fala muito (de forma correta) que o gestor deve assumir o papel de líder, e não de chefe.
A liderança estimula, incentiva e inspira; a chefia ordena. São papeis diferentes e que produzem resul-
tados diferentes.
Tecnologia E Aplicativos
As mais diversas áreas dentro da empresa são abastecidas por tecnologia atualmente. Desde Marke-
ting e Finanças — áreas tradicionalmente “tecnológicas” — até Recursos Humanos e Contabilidade.
Funções outrora realizadas manualmente, ou por intermédio do bom e velho Excel, agora possuem
softwares próprios.
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TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
A vantagem é que essas atividades podem ser concluídas de forma mais rápida e com menos chances
de erros.
Desde o período da Modernidade, o trabalho constitui uma precondição para a integração social dos
sujeitos. No entanto, ele nem sempre assumiu a forma dominante que o caracterizou nas sociedades
pós-revolucionárias, nas quais nem sempre manteve as mesmas características. Neste sentido, não
podemos ignorar a complexa sequência que vai desde os artesãos ao trabalhador em situação precária
e excluído do presente, passando pelo trabalho em domicílio, a manufatura, o proletariado e o assala-
riado1. Todas essas fases carregaram e carregam um significado social sobre o trabalho, um sentido
subjetivo sobre ele, uma relação social e econômica singular.
A transformação do trabalho reflete, talvez como nenhuma outra instituição da modernidade, os pro-
cessos políticos, econômicos e culturais que a contextualizam. É o resultado e, em ocasiões, também
a causa, de mudanças nos direitos civis e políticos e nas formas de exercê-los e promovê-los; de trans-
formações tecnológicas às vezes bruscas nos processos produtivos e no funcionamento dos mercados;
de alterações nas capacidades e modalidades de interpretação individual e social sobre a realidade. O
Estado tem desempenhado um papel de destaque em todo esse processo, e igualmente importante
tem sido o papel dos sindicatos e dos movimentos sociais.
Existe certo consenso em entender que o emprego, forma dominante assumida pelo trabalho na mo-
dernidade ocidental e democrática, constitui um dos espaços privilegiados de disciplinamento da soci-
edade que, com o tempo, acabaria por se transformar em uma posição que daria acesso a direitos e
condições de bem-estar. Trata-se sempre da ambivalência que é própria de muitos fenômenos e insti-
tuições da modernidade, algo que, neste caso, tem a ver com a tensão entre liberdade e igualdade,
entre distribuição e acumulação, entre inclusão e exclusão.
Sem dúvida, a fase histórica na qual essas tensões se dissiparam foi aquela na qual o avanço do
emprego assalariado permitiu o acesso generalizado a fontes de bem-estar material, cultural e social,
e também ao progresso, ou seja, à mobilidade social. Foram os trinta gloriosos anos de alguns países
da Europa Central (1945 a 1975), em que o desenvolvimento protegido da indústria, o pleno emprego
e o aumento do consumo constituíram os eixos econômicos sobre os quais se estabeleceria a almejada
paz social.
O desenvolvimento da sociedade de bem-estar assalariada foi, neste sentido, não apenas o resultado
de acordos políticos do pós-guerra, mas também uma forma de concretização de velhas aspirações do
socialismo e, em alguns casos, de princípios confessionais, concretização esta mediada pela disposi-
ção e generalização de uma inovação tecnológica, o seguro social. É sobre esses valores e ferramentas
que se apoia, em boa medida, a intervenção do Estado, completando, dessa maneira, as políticas
orientadas ao mercado interno anteriormente mencionadas.
Por último, cabe destacar o papel desempenhado neste processo pela mulher e por sua substituta, a
escola. Tratava-se, claramente, de uma sociedade de pleno emprego com viés masculino, na qual a
mulher permanecia reclusa à intimidade do lar. Seu papel, contudo, não foi passivo. Em grande parte,
deve-se a ela e à escola as possibilidades reprodutivas da cultura assalariada. Nesses âmbitos – o lar
e a escola – é que se exerce diariamente a transmissão de normas e valores, assim como de recursos
cognitivos e sociais, que permitem ao indivíduo contar com o capital necessário para se integrar ao
mercado de trabalho.
Não obstante isso, a sociedade de bem-estar não constitui uma sociedade marcada pelo status quo;
ao contrário, é em seu próprio seio que se tece sua transformação: às vezes em silêncio, por acumu-
lação de efeitos; outras vezes a plenos pulmões, de maneira ativa.
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TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
tituem as mudanças mais significativas, ao tempo em que evidenciam os processos culturais de des-
prendimento em relação às instituições e de desenvolvimento do sujeito, que se estendem e se inten-
sificam com a crise do salário como forma dominante de relação trabalhista.
A esse respeito concordamos com as teorias que reconhecem no avanço da modernidade produtiva
um dos responsáveis por essa crise. A ruptura do “arcaísmo protetor”, e com ela do pleno emprego, é
resultado das exigências competitivas da abertura de mercado e de processos produtivos cada vez
mais dotados de bens de capital. A fortaleza tributária permitiu às sociedades mais desenvolvidas ge-
renciar e proteger, através de seguros, estas formas de instabilidade e/ou desemprego, cujo cresci-
mento não teve a mesma velocidade do caso argentino. Contudo, é também a força institucional dessas
sociedades e, portanto, a permanência de benefícios e de certas crenças sociais, que põe freios à
introdução selvagem da tecnologia e à destruição sem limites do trabalho assalariado.
Esse modelo “ideal típico” configura um bom ponto de partida para estudarmos e interpretarmos a
questão das transformações no mundo do trabalho, no caso argentino? Entendemos que a sociedade
argentina foi, na realidade, uma sociedade de bem-estar cuja condição de integração social — a relação
assalariada industrial — atingiu uma grande maioria da população. Suas características principais têm
origem nas limitações ao exercício da cidadania que comportaram certas tendências à uniformidade
político-ideológica; na constituição de um quase sindicalismo de Estado e na tensão entre clientelismo,
meritocracia e universalismo na ação estatal. Outra característica típica é o prolongamento das prote-
ções ao mercado interno, mais além do que sugeriam as transformações econômicas mundiais e as
experiências de sociedades em situações semelhantes.
A sociedade argentina representa um caso paradigmático. Sua morosa adaptação diante das mudan-
ças do mercado mundial e a progressiva perda de legitimidade de instituições em processo de deterio-
ração abriram as portas para as transformações “estruturais” dos anos noventa, as quais, por meio de
modalidades irreflexivas, abruptas e injustas, levaram à ruína uma construção que, apesar de configu-
rar o caráter limitado a que nos referimos, conjugava os esforços e aspirações de amplos setores e de
várias gerações da sociedade argentina.
É nesse complexo contexto que tem início um extenso processo de transformação do mundo do traba-
lho. Esse processo, no entanto, não é simples nem unidirecional, já que pressupõe consequências e
significados ambíguos e paradoxais. Entendemos que tais transformações tornaram o mundo do tra-
balho mais diversificado, formando uma gama de identidades que, de algum modo, estão relacionadas
às duas grandes esferas do sistema social. A sistêmica, cuja “refundação” é proposta por certo neo-
providencialismo, e a esfera do mundo da vida, cujas experiências provêm das variadas formas de
organização da economia social e solidária, muitas delas enraizadas nos denominados “novos movi-
mentos sociais”.
Contrariamente ao postulado por muitos funcionalistas – que o sujeito reúne capacidades generaliza-
das para a construção de uma hermenêutica do si mesmo –, essas trajetórias não deixam de ter uma
significação social por serem subjetivas; ao contrário, conferem “indicadores” relativos à transformação
do mundo do trabalho, a suas modalidades competitivas e relacionais. Nessas trajetórias, adquirem
especial relevância as crises geradas pela vinculação a outras pessoas, ao trabalho e ao mundo. São
essas crises que constituem os pontos de partida para a reconstituição de identidades que se apoiam
nas solidariedades próximas, nas reflexividades possíveis ou nas capacidades de atuação, com ênfa-
ses distintas conforme cada caso.
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TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
Tal afirmação assume um significado particular no caso das mulheres, as quais encontraram nos pro-
jetos oficiais a possibilidade de sair do espaço doméstico ao qual estavam limitadas para se incorporar
à sociabilidade do trabalho. Em muitos relatos, surge ou ressurge o sentimento de utilidade social, de
reconhecimento por parte dos demais, de satisfação que o reencontro com o trabalho devolve a homens
e mulheres. No caso das mulheres, o trabalho permite que muitas descubram uma sociabilidade que
lhes facilita o acesso a novos recursos, diminuindo sua dependência e transformando as relações de
gênero nas quais estão inseridas. É importante também insistir na articulação entre a trajetória pessoal,
a participação trabalhista e as modalidades de integração, para discernir o caráter das identidades
forjadas entre o relacional e o sistêmico.
Em primeiro lugar, não podemos sugerir que exista uma direção causal predeterminada, mas muito
mais uma articulação complexa que faz com que o sistêmico ou o singular, conforme o caso, torne
compreensível – caracterizável – o identitário. Assim, por exemplo, enquanto vemos muitos sujeitos
inseridos em espaços sistêmicos lutando para desenvolver atividades ligadas ao mundo da vida, tam-
bém observamos propostas vitais nas quais se articula a instrumentalidade própria da satisfação de
necessidades, com valores através dos quais se persegue uma aspiração de transformação de tipo
social.
Talvez seja possível generalizar a respeito do que foi mencionado, considerando que a cisão entre
mundo da vida e sistema não pode ser entendida mecanicamente, mas deve ser concebida em pelo
menos dois níveis. No espaço institucional, os relatos permitem observar uma espécie de interpenetra-
ção entre mundo da vida e sistema, protagonizada pelas pessoas, às vezes individualmente, e outras
vezes inseridas em programas institucionais. Num segundo nível, o das práticas, as pessoas devem
dar conta de responsabilidades e, por isso, devem seguir as normas prevalecentes, mas muitas deci-
dem enfrentar ao mesmo tempo problemas éticos, políticos, econômicos que vivem ou observam em
sua realidade concreta.
É nesse contexto que se faz relevante a perspectiva de síntese proposta como orientação epistemoló-
gica do nosso trabalho. A ação de mulheres e homens cujos relatos registramos, além dos grupos e
coletivos por eles referidos, encontra nas instituições ainda vigentes – mas não dominantes – uma
referência que assume, perante a crise de confiança nestas, o caráter frequente de oportunidade, ou
seja, de espaço e conjuntura para a ação transformadora. É no sentido da articulação entre a fragilidade
e/ou ausência de regras institucionais e os motivos (necessidades, aspirações) para a ação que os
sujeitos encontram oportunidades para exercer sua condição de agentes.
Essa busca às vezes é individual, enquanto outras vezes é associada a grupos, a coletivos ou a novos
movimentos sociais. Enquanto experiência de certa continuidade, institui regras novas, de alcance li-
mitado em certas ocasiões – familiar, grupal, distrital, organizacional –, mas cujo valor está relacionado
com a autoridade do sujeito, no tocante à sua vida. É nesse momento que o institucional tende a rea-
parecer, sob a forma de experiências coletivas. Isso é evidente, por exemplo, quando os trabalhadores
consultados, diante da ausência dos órgãos sindicais, decidem constituir seu próprio corpo de repre-
sentantes, ou quando se associam para construir um espaço de trabalho autônomo, ou quando muitos
deles se distanciam do trabalho enquanto eixo condutor de sua existência, revalorizando outros espa-
ços vitais.
A análise realizada pretende também, como mencionamos anteriormente, evidenciar certas caracterís-
ticas do mundo do trabalho. Em primeiro lugar, cabe destacar a ausência de um modelo único de or-
ganização do trabalho, além da crescente presença de experiências adquiridas com base em modali-
dades relacionais, buscando na capacidade e na reflexividade dos trabalhadores a chave para o de-
senvolvimento dos processos de trabalho. Os relatos relacionados a essas transformações tendem a
interpretar tais tendências – e nessa direção nos posicionamos também – como processos orientados
a alcançar uma maior mudança cultural. Uma mudança que viabilize a passagem de uma prática con-
frontante – encorajada, logicamente, pelas condições econômicas e pelos ambientes políticos – para
uma prática na qual exista um nível mínimo de acordo para amenizar o conflito. Uma mudança que
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TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
Parece evidente, também, que o mundo do trabalho carece de condições de controle sobre os direitos
dos trabalhadores em todos os níveis. Há, por parte do Estado, uma ação limitada e insuficiente sobre
o trabalho clandestino, e o ator que deveria exercer um papel central nesse sentido não existe: os
sindicatos tradicionais. Essas instituições – envelhecidas pela escandalosa continuidade de seus diri-
gentes – também não exercem seu papel em relação à proteção das comissões internas, muitas delas
eleitas democraticamente e apoiadas pelos trabalhadores.
Conforme o axioma que nos foi relatado por um entrevistado, quando se é contratado e se obtém um
aumento ou melhoria nas precárias condições de trabalho, o que se observa após isso é a demissão,
o que demonstra a ausência, às vezes dramática, desse tipo de proteção.
A situação de precariedade e a exigência de trabalho excessiva a que estão sujeitos muitos trabalha-
dores – como é o caso, embora em diferente medida, dos telefonistas de call centers, dos fabricantes
de tijolos e dos trabalhadores têxteis clandestinos, cuja situação não foi possível analisar nesta opor-
tunidade – remete-nos à ideia de Hannah Arendt, segundo a qual há uma espécie de marginalização
da vida pelo trabalho, que faz com que os trabalhadores, em alguns casos, sofram no corpo e na mente
as condições que precisam enfrentar por necessidade.
É frequente a situação em que muitos se reduzem à condição de meros corpos submetidos a duras
condições de trabalho. Em outras palavras, o retrocesso à crua “necessidade” observada nos relatos
de nossos entrevistados, que em termos de sociedade global chegam a 35 a 40% de nossa população
em idade trabalhista, leva, devido ao mal-estar produzido, ao menosprezo da pessoa, desta conquista
da modernidade democrática que é o cidadão. O exercício dos direitos é restrito, quando não vetado.
O esforço dedicado e os riscos assumidos pelos que trabalham na construção e na instituição de re-
presentações sindicais não são seguidos por outros sindicatos e, na ocasião da realização deste tra-
balho de campo, não constituíam uma política eficaz das instituições do Estado.
Para finalizar estas observações, é importante mencionar a disputa intelectual em torno das identidades
pós-fordistas. É evidente que os relatos que transcrevemos não nos permitem pensar em uma genera-
lização das situações que afligem a uns e inspiram a outros, talvez de modo excessivo (ver seção I,
primeira parte). Os depoimentos recolhidos parecem situar-se mais próximos a uma espécie de explo-
são das identidades, como resultado da complexa transformação do mundo do trabalho causada pela
crise da identidade assalariada típica da sociedade industrial. De fato, o trabalho realizado sugere que
as identidades são construídas em referência a situações contingentes e a experiências e memórias
individuais, familiares e coletivas.
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TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO
Dito de outro modo, as identidades que vemos florescer parecem assumir que qualquer interpretação
e avaliação do estado das coisas passa primeiro, em nosso meio, pela reivindicação do exercício real
dos direitos, isto é, pelo reconhecimento de aspirações e identidades não convencionais. Ou seja, pa-
rece não haver uma necessidade, ao menos geral, de “grandes relatos” ao estilo de Negri e Hardt,
como tampouco um apego ao discurso apocalíptico, que defende a submissão generalizada às condi-
ções imperantes.
As identidades que acreditamos ter identificado, além dos personagens que elas representam, parecem
participar de aspirações muito concretas e de capacidades de atuação que são postas em movimento
e que têm relação com transformações subjetivas, locais, reduzidas à sua área de alcance coletivo,
mas também materializadas. Isso pode ser observado em todas as “regiões” de nossa geografia iden-
titária, em diferentes contextos e valores, sob a influência de expectativas e perspectivas distintas.
Acreditamos poder situar nossos entrevistados, guardadas as devidas proporções, mais próximos de
uma sub-política, ou do que Guidens talvez chamasse de “políticas coletivas de vida”, do que de uma
intelectualidade de massas que resulte num sujeito social e politicamente homogêneo, proprietário de
uma autonomia drástica com respeito às instituições, um sujeito “capaz de comunismo”.
Em nossa opinião, a afirmação anterior não parece constituir uma hipótese plausível no contexto atual.
Ao contrário, tendemos a interpretar o presente em torno de uma diversidade de identidades que se
move entre o mundo da vida e o sistema, no contexto de diferentes modalidades de organização do
trabalho e das relações trabalhistas. Acreditamos que essa classe embrionária em construção vai mais
além de um instrumentalismo puro que lentamente perde lugar para abrir caminho a uma possibilidade
de ação orientada pela busca de transformações progressistas diante do estado das coisas.
Esse horizonte ético parece exigir uma reflexividade e uma política de vida evidenciadas por nossa
amostra de trabalhadores. Um horizonte em que a democracia seja construída sobre princípios e parâ-
metros igualitários, solidários e dialógicos. Uma democracia capaz de limitar ortodoxias, dogmas e fun-
damentalismo, capaz de reconhecer as iniciativas não corporativas da sociedade civil; uma democracia
capaz de promover a economia plural e, portanto, a pluralidade de identidade dos trabalhadores.
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DESENVOLVIMENTO URBANO
o contexto de formulação da
Política Nacional de Desenvolvimento Urbano
novembro/2020
[este texto encontra-se em revisão para publicação]
1
Graduada e Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, com vinte anos de trajetória no
setor público, tanto em nível local como nacional, em temas de política urbana. Desde 2010, é servidora pública do
Governo Federal, com atuação no extinto Ministério das Cidades e, atualmente, no Ministério do Desenvolvimento
Regional, seu sucessor, onde exerceu, entre janeiro de 2019 e junho de 2020 a função de Coordenadora-Geral de
Apoio à Gestão Regional e Urbana na Secretária Nacional de Mobiliade e Desenvolvimento Regional e Urbano, tendo
entre suas responsabilidades a formulação da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, ainda em curso.
Sumário
Apresentação .................................................................................................................... 4
1 – Noções essenciais em desenvolvimento urbano........................................................ 5
1.1. Aspectos conceituais ............................................................................................. 7
1.2. Definições na perspectiva fática .......................................................................... 10
1.3. Definições na perspectiva normativa .................................................................. 15
2 – Contexto urbano brasileiro ....................................................................................... 25
2.1. Quadro urbano no Brasil ..................................................................................... 25
2.2. Competências e aspectos jurídico-políticos da política urbana .......................... 51
3 – A agenda da reforma urbana no Brasil e as agendas globais ................................... 72
3.1. O lugar institucional da política de desenvolvimento urbano ............................ 85
3.2. Agenda 2030 e Nova Agenda Urbana – breves apontamentos .......................... 91
4 – Política Nacional de Desenvolvimento Urbano ........................................................ 97
4.1. Abordagem geral ................................................................................................. 99
4.2. O Novo Pacto Urbano ........................................................................................ 102
4.2.1. Carta Brasileira para Cidades Inteligentes.................................................. 109
4.3. O Sistema Urbano Brasileiro.............................................................................. 111
4.3.1. Organização territorial................................................................................ 111
4.3.2. Organização intersetorial e interfederativa ............................................... 124
4.4. Plano de Implementação ................................................................................... 132
Considerações finais ..................................................................................................... 140
Bibliografia .................................................................................................................... 145
Apêndice: Carta Brasileira para Cidades Inteligentes .................................................. 150
2
La política y las políticas públicas son entidades diferentes, pero que se
influyen de manera recíproca. Ambas se buscan en la opacidade del
sistema. Tanto la política como las políticas públicas tienen que ver con
el poder social. Pode mientras la política es un concepto amplio, relativo
al poder en general, las políticas públicas corresponden a soluciones
específicas de cómo manejar los asuntos públicos. El idioma inglés
recoge con claridad esta distinción entre politics y policies. (PARADA:
2006, p.67)
3
Apresentação
O presente texto foi desenvolvido a pedido da Secretaria de Infraestrutura
Urbana do Tribunal de Contas da União (SEINFRA/TCU), no âmbito de seu Programa
de Capacitação, com o objetivo de apresentar uma visão geral do tema do
desenvolvimento urbano no Brasil. Trata-se de material de estudo complementar às aulas
ministradas nos dias 17 e 18 de agosto de 2020, que abordou parte dos aspectos
sistematizados neste documento2.
O texto estrutura-se em quatro seções, além desta apresentação e das
considerações finais, que têm o objetivo de apresentar e de amarrar, respectivamente, os
conteúdos desenvolvidos ao longo do texto.
A primeira seção traz noções essenciais para a compreensão da temática de
desenvolvimento urbano, de forma geral e no contexto brasileiro, fixando conceitos que
serão acionados nas seções subsequentes.
A segunda seção apresenta o contexto urbano brasileiro, incluindo uma
caracterização do quadro urbano no país, elaborada principalmente com base em estudos
recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bem como das
competências constitucionais e dos contornos legais do tema no ordenamento jurídico
nacional.
A terceira seção apresenta uma visão particular da evolução da agenda da
reforma urbana no país, que contextualiza avanços e desafios contemporâneos
relacionados à política urbana brasileira, sob a perspectiva político-institucional, e
referenciados nas agendas globais e acordos internacionais com impactos para o
desenvolvimento urbano.
Com base nessas reflexões, adentra-se o processo de formulação da Política
Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU), na qual se integrou uma breve reflexão
sobre a construção da Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, integrada como apêndice
a esse texto. O documento é encerrado com considerações finais, que retomam os
principais pontos desenvolvidos no texto e as reflexões que informam o processo de
elaboração da PNDU, em curso.
2
Muito mais extenso do que a encomenda formulada pela SEINFRA/TCU, o presente texto foi elaborado com o
sentido de sistematizar aspectos (ainda muito incompletos) conceituais, jurídicos, de caracterização e de contexto
considerados relevantes às discussões sobre desenvolvimento urbano, que devem se configurar, nesta gestão, na
Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU). Para uma leitura mais ágil, consideramos possível e
encorajamos a leitura autônoma das partes que o compõem, sobretudo do item 4, dedicado ao processo de formulação
da PNDU, que trará uma visão suficiente dos desafios envolvidos na sua edição e implementação.
4
1 – Noções essenciais em desenvolvimento urbano
A história das cidades pode ser contada, em alguma medida, como a própria
história da civilização, em que a espécie humana vai se distinguindo das demais pelo
domínio do meio natural (de outras espécies e da própria espécie). O embrião do que hoje
são nossas complexas estruturas urbanas está na chamada revolução neolítica, marcada
pelo domínio de técnicas de agricultura e pecuária, que possibilitou à humanidade deixar
seu padrão nômade, ligado à necessidade de busca de alimentos como condição de
subsistência, e se organizar paulatinamente em assentamentos humanos.
3 Diferentes formas de assentamentos humanos podem ser reconhecidas; a presença de populações nômades,
inclusive, é tomada em consideração muitas vezes em políticas públicas específicas.
5
Nessa perspectiva, do território usado4, assume-se, por princípio, a unicidade
e as especificidades de cada território que, entretanto, se sujeitam e respondem em maior
ou menor medida a uma ordem maior, que poderíamos dizer ligada a características,
forças, tensões, das “grandes eras”. Nessa história, a Revolução Industrial é o marco
desencadeador de uma nova ordem global que passa a ter a urbanização como um dos de
seus processos característicos, em que as cidades são percebidas não apenas como reflexo,
mas como agentes dessa nova organização social:
4“O território-forma é o espaço material e o território usado é o espaço material mais o espaço social. O território
usado é constituído pelo território forma – espaço geográfico do Estado – e seu uso, apropriação, produção,
ordenamento e organização pelos diversos agentes que o compõem: as firmas, as instituições – incluindo o próprio
Estado – e as pessoas” (Nogueira de Queiroz, 2014: 157).
6
tanto numa escala abrangente, mundial ou de nação, quanto em uma leitura local, na
escala intraurbana, com um olhar específicos sobre processos de produção das cidades e
de seus resultados em termos de distribuição de oportunidades, serviços, infraestrutura
etc.
7
não se caracterizem como cidade, isto é, não possuam características urbanas, ou mesmo
cidades que não se enquadrem nas institucionalidades da estrutura federativa brasileira.
5 “Um bom planejamento das operações censitárias pressupõe uma caracterização adequada do Território Nacional,
com representação correta do quadro territorial vigente. Isso inclui a necessidade de classificação adequada dos
espaços urbanos e rurais, das unidades político-administrativas e demais estruturas territoriais, bem como da correta
classificação do setor censitário, que são as unidades básicas de coleta de informações em censos demográficos
(MANUAL..., 2014)” (IBGE, 2017b: 37).
9
populacional, possibilitam a produção de leituras comparáveis dos territórios urbano e
rural6 em todo o país.
Para o que interessa aqui, trataremos cidade como o fato urbano delimitado
geograficamente independentemente de divisas político-administrativas. Uma cidade,
nessa perspectiva, pode estar contida em um ou mais municípios, e deve ser interpretada
como tal independente de classificações legais eventualmente existentes relativas a áreas
urbanas, que podem variar conforme a finalidade da norma e sua escala de
implementação.
6“[...] o Manual da base territorial, do IBGE, lista oito situações possíveis de classificação de setores censitários. [...]
As áreas urbanas são divididas em área urbana, área não urbanizada de cidade ou vila e área urbana isolada. [...]
enquanto as áreas rurais são classificadas como aglomerado rural de extensão urbana, povoado, núcleo, lugarejo e
área rural. A área não urbanizada de cidade ou vila é aquela que, embora legalmente urbana, apresenta ocupação
eminentemente rural, enquanto a área rural de extensão urbana se constitui numa ocupação com características
urbanas que está situada fora do perímetro urbano municipal.” (IBGE, 2016: 39)
10
normativas e a delimitações político-administrativas do território. Da mesma forma, por
decorrência lógica, as questões urbanas não se limitam às divisas municipais e não podem
ser tratadas, sob pena de fracasso, apenas nessa escala, ainda que os municípios sejam os
entes federados constitucionalmente competentes para a execução de suas políticas de
desenvolvimento urbano.
7Esses estudos constituem referência para a apresentação do “Quadro Urbano no Brasil” (item 2.1) e para a
construção da visão de território proposta para a PNDU e apresentada na seção “Organização territorial” (item 4.3.1).
11
suas relações de interdependência, na perspectiva da análise da organização
do território nacional em redes de cidades.
a noção de Cidade ou de centro urbano [...] utilizada para análise dos dados
é operacionalizada por meio de unidades territoriais definidas no estudo
Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil (ARRANJOS...,
2016). Tais unidades territoriais consistem basicamente em três conjuntos:
os Arranjos Populacionais, as concentrações urbanas e os demais
Municípios (ou Municípios isolados). (IBGE, 2020: 5)
10A REGIC 2018 é o quinto da série de estudos da rede urbana brasileira do IBGE. Em sua versão anterior (REGIC
2007), não se utilizava o conceito de arranjos populacionais (definido em 2014), mas o de seu equivalente anterior
“áreas de concentração populacional” (ACPs), “definidas como “grandes manchas urbanas de ocupação contínua,
caracterizadas pelo tamanho e densidade da população, pelo grau de urbanização e pela coesão interna da área, dada
pelos deslocamentos da população para trabalho ou estudo (REGIÕES…, 2008, p. 11)” (IBGE, 2016: 19).
13
tendo em vista que a Cidade, objeto do atual estudo, pode vir a ser composta
por vários Municípios que são indissociáveis como unidade urbana. Trata-
se de Municípios que possuem contiguidade em suas manchas urbanizadas
ou que possuem forte movimento pendular para estudo e trabalho, com
tamanha integração que justifica considerá-los como um único nó da rede
urbana. A hierarquização de dois Municípios que compartilham manchas
urbanas, por exemplo, tende a ser inadequada, pois frequentemente os dois
Municípios integram os mesmos processos de urbanização e de
relacionamentos externos com Cidades. (IBGE, 2020: 72)
11Note-se a distinção entre o sentido tradicional de “região”, como zona contígua, e o sentido de “região” na
perspectiva da análise da rede urbana que, por se referir à compreensão de fluxos, não obedece à lógica da
contiguidade; nesse caso, a oferta de bens e serviços determina a atratividade, possibilitando que uma cidade, por sua
especialização, por exemplo, exerça atração sobre outra, localizada a milhares de quilômetros de distância física.
14
Os cinco níveis da rede urbana seguem a mesma classificação adotada no
estudo anterior (REGIC 2007), incluindo subdivisões internas aos níveis. As cidades que
ocupam o primeiro nível da rede urbana são designadas Metrópoles (divididas em três
subníveis - Grande Metrópole Nacional, Metrópole Nacional, e Metrópole), “para onde
convergem as vinculações de todas as Cidades presentes no Território Nacional”. (IBGE,
2020: 11)
Na década de 1930, o Brasil era ainda agrário, com a maior parte de sua
população vivendo em espaços rurais. No entanto, algumas porções do país já eram
significativamente urbanizadas e já se observava a elevação das taxas de urbanização,
que se intensificariam sobretudo a partir da década de 1960, de forma associada à
crescente industrialização brasileira.
15
A norma estabeleceu que todos os distritos-sede de municípios deveriam ser
classificados como cidades e que as vilas corresponderiam às sedes dos demais distritos
municipais. Cidades e vilas seriam a correspondência do que se passou a considerar como
espaço urbano no Brasil, naquele momento:
Note-se que a primeira definição legal de âmbito nacional sobre áreas urbanas
ocorre depois da primeira lei federal a tratar do tema dos loteamentos urbanos, o Decreto-
Lei nº 58, de 1937. Como se disse, em algumas porções do país a urbanização era uma
realidade em expansão, e a isso se seguia a necessidade de fundar regramentos que
regulassem condutas, seja no campo procedimental da administração pública, seja na
esfera jurídica do direito privado.
12Para fins de mapeamento sistemático do país, o IBGE oferece as seguintes definições: “cidade Localidade com o
mesmo nome do município a que pertence (sede municipal) e onde está sediada a respectiva prefeitura, excluídos os
municípios das capitais; capital Localidade onde se situa a sede do governo de Unidade da Federação, excluído o
Distrito Federal; capital federal Localidade onde se situa a sede do governo federal com os seus poderes executivo,
legislativo e judiciário; vila Localidade com o mesmo nome do distrito a que pertence (sede distrital) e onde está
sediada a autoridade distrital, excluídos os distritos das sedes municipais” (IBGE, 2015).
16
negociação, à transação imobiliária de lotes vendidos em prestações, frutos de um
parcelamento do solo” urbano, mas “não dispôs sobre normas de urbanização das cidades,
não havia essa preocupação em 1937”. Em outras palavras, não se enxergava a esse tempo
a necessidade de regular padrões de desenvolvimento urbano em norma federal, para além
daqueles que apoiassem a operacionalização de atividades típicas da União, como a
gestão do território nacional, incluindo a realização de recenseamentos populacionais.
17
Em 1973, a Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/1973) estabelece dentre
os atos de registro a inscrição “dos memoriais de loteamento de terrenos urbanos e rurais,
para a venda de lotes, a prazo, em prestações” e a obrigatoriedade das “repartições
municipais” comunicarem “ao oficial do registro nos dez (10) dias seguintes à sua
efetivação, todas as alterações ocorridas no sistema urbano, inclusive as concernentes a
nomes de logradouros”13.
13 Alteração da Lei 6.015 em 1975 termina com o regime de inscrição no registro de imóveis, estabelecendo os atos
de “registro” ou “averbação” na matrícula do imóvel, na qual já deve constar sua caracterização imobiliária; os
trechos citados são revogados e os loteamentos urbanos e rurais passam então a ser objeto de registro.
18
Em 1988, a CF deslocou essa competência, dando aos Estados, também por
meio de lei complementar, a possibilidade de “instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas
de interesse comum” (Art. 25, §3º).
14definido como “planejamento da área urbana, de expansão urbana ou de urbanização específica, que considere os
princípios e diretrizes [do Estatuto da Cidade], e inclua, no mínimo [...]: a) delimitação de zonas especiais de
interesse social em quantidade compatível com a demanda de habitação de interesse social do Município; b) diretrizes
e parâmetros urbanísticos de parcelamento, uso e ocupação do solo urbano; c) diretrizes para infraestrutura e
equipamentos urbanos e comunitários; e d) diretrizes para proteção do meio ambiente e do patrimônio cultural.” (Art.
2º, VII)
19
específica, cujos elementos “constarão no plano diretor, em lei municipal
específica para a área ou áreas objeto de regularização ou em outra lei
municipal”, o termo “áreas com ocupações para fins urbanos já consolidadas”,
cujo significado é regulamentado em decreto, e, em recente alteração de 2017
(dada pela Lei 13.465, discutida adiante), o conceito de “área urbana”, cuja
“definição levará em consideração, para fins do disposto [na] Lei, o critério da
destinação” (Art. 2º, X);
• na Lei nº 12.651/2011, que “dispõe sobre a proteção da vegetação nativa”
(Novo Código Florestal), os conceitos de “área verde urbana”15 e de “área
urbana consolidada”, definida como “aquela de que trata o inciso II do caput
do art. 47 da Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009” (Art. 3º, XXVII) –
dispositivo revogado pela Lei 13.465/2016, que traz seu equivalente “núcleo
urbano informal consolidado”;
• na Lei nº 13.465/2017, que “dispõe sobre a regularização fundiária rural e
urbana [...]”, as novas nomenclaturas e conceitos de “núcleo urbano”, “núcleo
urbano informal” e “núcleo urbano informal consolidado”, para a finalidade
de regularização fundiária urbana em geral16; o conceito de “área urbana
consolidada”, para o caso específico de alienação de terrenos de marinha da
União (alteração à Lei nº 9.636/1998)17, e o já mencionado conceito de “área
urbana” na lei 11.952/2009, para a finalidade de regularização fundiária
urbana em terras da União na Amazônia Legal.
Esse conjunto não exaustivo de normas federais (conviventes até hoje, diga-
se, à exceção da CF de 1967) alocam historicamente, de forma explícita ou implícita, nos
15
definidas como “espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou
recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis
para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana,
proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais.”
16 “núcleo urbano: assentamento humano, com uso e características urbanas, constituído por unidades imobiliárias de
área inferior à fração mínima de parcelamento prevista na Lei nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972,
independentemente da propriedade do solo, ainda que situado em área qualificada ou inscrita como rural”; “núcleo
urbano informal: aquele clandestino, irregular ou no qual não foi possível realizar, por qualquer modo, a titulação de
seus ocupantes, ainda que atendida a legislação vigente à época de sua implantação ou regularização”; “núcleo
urbano informal consolidado: aquele de difícil reversão, considerados o tempo da ocupação, a natureza das
edificações, a localização das vias de circulação e a presença de equipamentos públicos, entre outras circunstâncias a
serem avaliadas pelo Município”. (Art. 11, I, II e III)
17
definida como aquela “I – incluída no perímetro urbano ou em zona urbana pelo plano diretor ou por lei municipal
específica; II - com sistema viário implantado e vias de circulação pavimentadas; III - organizada em quadras e lotes
predominantemente edificados; IV - de uso predominantemente urbano, caracterizado pela existência de edificações
residenciais, comerciais, industriais, institucionais, mistas ou voltadas à prestação de serviços; e V - com a presença
de, no mínimo, três dos seguintes equipamentos de infraestrutura urbana implantados: a) drenagem de águas pluviais;
b) esgotamento sanitário; c) abastecimento de água potável; d) distribuição de energia elétrica; e e) limpeza urbana,
coleta e manejo de resíduos sólidos (Lei nº 9.636/1998, Art. 16-C, §2º).
20
municípios a competência pela definição de zonas urbanas (e elementos correlatos), o que
foi sendo consolidado por outras legislações e finalmente sacramentado na divisão de
competências na Constituição Federal de 1988. O tema metropolitano, por sua vez,
reconhecidamente de escala supramunicipal, teve seu regramento deslocado do nível
federal para o nível estadual, com a promulgação da CF 88.
21
Ou então as definições de “área urbana consolidada” mencionadas
anteriormente, que estabelecem critérios técnicos para garantir um certo grau de
urbanização balizador para admitir procedimentos de regularização ambiental (Novo
Código Florestal) ou a alienação de terrenos de marinha.
24
2 – Contexto urbano brasileiro
25
Tabela 2: População urbana no Brasil e por Grandes Regiões
Incremento
1970 1980 1991 2000 2010 1970 a 2010
Brasil 52.099.230 80.439.307 110.992.981 137.955.959 160.927.802 108.828.572
Norte 1.626.275 3.036.264 5.922.574 9.014.365 11.664.509 10.038.234
Nordeste 11.756.451 17.568.001 25.776.279 32.975.425 38.821.246 27.064.795
Sudeste 28.969.932 42.841.793 55.225.983 65.549.194 74.696.178 45.726.246
Sul 7.305.650 11.876.780 16.403.032 20.321.999 23.260.896 15.955.246
Centro-Oeste 2.438.952 5.114.489 7.663.122 10.092.976 12.482.963 10.044.011
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1950/2010. Até 1991, dados extraídos de Estatísticas do Século XX, Rio de
Janeiro: IBGE, 2007 no Anuário Estatístico do Brasil,1993, vol 53, 1993.
26
urbanização intensiva no Norte e no Centro-oeste18; a distribuição da população urbana
segue a mesma configuração (Figura 1), que se reflete também na configuração da rede
urbana brasileira, como veremos adiante.
18 Essa característica da urbanização brasileira está ligada a diversos aspectos, desde o legado de estruturação do
território no Brasil-colônia – e suas primeiras atividades econômicas ligadas ao extrativismo costeiro – até as
características concentradas da industrialização brasileira, que configuraria o Brasil urbano séculos depois. A
interiorização da urbanização do Brasil responde a diferentes movimentos históricos, que também remontam ao
Brasil-colônia (bandeiras) e a processos sucessivos e não necessariamente contínuos de ocupação do território,
induzidos ou não por ações do Estado Nacional.
27
Do ponto de vista geográfico, uma vertente dessa questão diz respeito à
própria taxa de urbanização dos municípios, aqui medida pela
proporção da população urbana na população total dessas unidades
federativas.
28
suficiente para uma adequada caracterização dos municípios brasileiros em termos de
suas dinâmicas urbanas e rurais, conforme se verá adiante. De toda forma,
29
Tabela 4: Composição dos arranjos populacionais,
segundo as Grandes Regiões – 2010
19Os dados aqui apresentados foram retirados da publicação “Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas no
Brasil”, de 2016 (2ª Edição do estudo). Uma nova base, utilizada no REGIC 2018, foi disponibilizada e apresenta
diferenças com relação a essa base, o que, entretanto, não compromete o teor da discussão proposta.
30
Grande/MS). Na soma, temos 185 concentrações urbanas, cuja distribuição no país
também é concentrada: “as Regiões Sudeste e Nordeste são as que possuem grandes
concentrações em maior número, oito e nove, respectivamente, vindo a seguir a Região
Centro-Oeste, com quatro concentrações; a Região Sul, com três; e a Região Norte, com
duas” (IBGE, 2016: 8).
• Das 301 Cidades localizadas na região Norte, 11 (3,7%) ocupam os dois níveis
mais altos da rede, 11,9% ocupam os dois níveis intermediários, enquanto 254
(84,4%) são centros locais;
35
• No Centro-Oeste, temos 555 Cidades, sendo 10 (1,8%) nos dois níveis mais
altos, 16,4% nos dois níveis intermediários e 454 (81,8%) classificadas como
centros locais;
• Na região Nordeste, são 1683 Cidades, das quais 24 (1,4%) ocupam as duas
maiores hierarquias, 13,3% os dois níveis intermediários e 1436 (85,3%) são
centros locais;
• No Sudeste são 1344 Cidades, sendo 43 nas hierarquias mais altas (3,2%),
16,9% nas duas hierarquias intermediárias e 1074 (79,9%) centros locais; e
• Na região Sul são 1016 Cidades, das quais 24 (2,4%) situam-se nos dois níveis
mais altos, 17% nos dois intermediários e 819 (80,6%) no nível mais baixo da
hierarquia (centros locais).
37
2018)20, que classifica os municípios brasileiros em relação às suas condições de
acessibilidade ou remotidão (muito acessíveis, acessíveis, remotos e muito remotos), a
partir de um índice composto pelo
De acordo com esse estudo, 7,65% dos municípios brasileiros são remotos ou
muito remotos, com diferenças regionais importantes. No Sul, Sudeste e Nordeste, não
há nenhum município muito remoto, sendo que no Sul e no Sudeste os municípios
remotos não alcançam 1%, condição observada em 2,37% dos municípios nordestinos,
marca inferior à média nacional (2,53%). No Centro-Oeste, os municípios muito remotos
não alcançam 1%, mas os remotos somam 10,51%; na região Norte, como esperado, esses
números são maiores, sendo 9,45% remotos e 9,73% muito remotos, totalizando 19,18%
dos municípios em condição de remotidão.
20
A primeira construção de um mapa de remotidão foi realizada no âmbito do estudo que resultou na
tipologia rural-urbano dos municípios brasileiros (IBGE, 2017b). O estudo referido aqui foi apresentado
pelo IBGE de forma destacada em uma Nota Técnica, em resposta a provocação da Comissão de
Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal (IBGE, 2018).
38
Tabela 7: Índice de Acessibilidade Geográfica dos municípios segundo as Grandes
Regiões e população - 2010
A análise de remotidão que, por sua relevância para as políticas públicas, tem
valor de estudo per si, foi inicialmente pensada no âmbito de outro estudo muito
importante para a análise das características da urbanização brasileira. Trata-se da
“Classificação e caracterização dos espaços rurais e urbanos do Brasil: Uma primeira
39
aproximação”, estudo publicado pelo IBGE em 2017, com a finalidade de servir de
“âncora para debates sobre o tema rural-urbano no IBGE com o propósito de uma nova
classificação com vistas à divulgação do Censo Demográfico 2020” (IBGE, 2017b: 9).
40
O critério população em áreas de ocupação densa foi construído e utilizado
para capturar a população residente em áreas com características urbanas independente
de sua classificação legal que, como vimos, é calculada com base em critérios
heterogêneos entre municípios; baseou-se, para tanto, em interpretações de imagens
aéreas acerca de padrões de urbanização do território21. Com base nesse critério, foi
calculada a proporção dessa população em relação à população total de cada município
(grau de urbanização) e agregado um critério de localização relacionado à já discutida
condição de remotidão dos municípios22.
21 “Para definir uma tipologia independente da classificação legal de populações rurais e urbanas, que possui critérios
variados de identificação em cada município, optou-se por obter a população total nas áreas de ocupação densa
utilizando o critério de densidade e contiguidade das manchas de ocupação a partir da Grade Estatística[..] do IBGE.
A Grade Estatística permite obter informações sobre população total e o total de domicílios do Censo Demográfico
2010 para áreas que não precisam respeitar os limites políticos administrativos nacionais, ampliando assim a
possibilidade de análise e agregação de dados” (IBGE, 2017b: 43).
22 Neste estudo, que antecedeu seu desdobramento no estudo específico de Acessibilidade Geográfica já mencionado,
a classificação adotada foi “adjacente” e “remoto”. “Para ampliar o entendimento das áreas urbanas e rurais,
qualificou-se a tipologia com um critério que leva em conta o acesso dos municípios a bens e serviços mais
complexos. A localização ou a acessibilidade aos centros urbanos mais estruturados também se apresenta como um
elemento importante, já que a relação das cidades menores com os centros urbanos de maior hierarquia reflete
diretamente no modo de vida e na configuração do espaço. Esse aspecto contribui com o objetivo de se construir uma
tipologia que rompa com a abordagem dicotômica que separa os espaços rurais dos espaços urbanos” (IBGE, 2017b:
43).
41
Municípios adjacentes e remotos segundo Matriz conceitual para a tipologia
a média nacional municipal rural-urbana
42
Figura 4: Tipologia municipal rural-urbano
43
Tabela 8: Classificação dos municípios de acordo
com a tipologia rural-urbana segundo Grande
Região e população – 2010
Os rurais adjacentes são mais presentes nas regiões Sul (64,39%) e Nordeste
(63,21%), seguidos do Sudeste (46,10%), Centro-Oeste (43,13%) e Norte (38,08%). Ao
todo, o Nordeste é a região com menos municípios urbanos do país (17,11%), seguida do
Norte (18,93%), em que vivem 59,30% e 66,33% da população total das macrorregiões,
respectivamente. Já a região Centro-Oeste tem 59,01% de seus municípios classificados
como rurais (adjacentes ou remotos), onde vivem apenas 12,71% das pessoas, o que se
relaciona à atividade agrícola com tecnologias intensivas, num padrão de ocupação do
território de grandes campos pouco povoados.
44
A tipologia rural-urbano descortina uma nova visão sobre os municípios
brasileiros, cuja importância para as políticas de desenvolvimento urbano é evidente,
tendo em vista seus impactos para a definição de processos de ordenamento territorial
municipal. Do ponto de vista do apoio federal (ou estadual) a municípios com
características mais rurais do que urbanas (ou características menos urbanas, porque não
necessariamente o território dos municípios que não são classificados como urbanos é
destinado a atividades agrícolas), uma reflexão é necessária é o quanto (não) avançamos
ainda em aspectos de ordenamento territorial de áreas não urbanizadas, apesar da
obrigação legal do plano diretor recair sobre áreas urbanas e rurais.
Com base nessa pesquisa é possível ter um retrato bastante fiel das condições
de urbanização (visíveis) nas cidades brasileiras, no nível intraurbano, e assim traçar um
perfil de atenção diferenciado aos municípios brasileiros. Muitos dos aspectos
pesquisados não são temas claramente cobertas por programas específicos da União, mas
podem vir a ser refletidos em ações programáticas no futuro, dada sua importância para
as condições de vida das pessoas que vivem nas cidades.
45
A cobertura dos itens pesquisados, em termos de país, mostra importantes
déficits em temas de infraestrutura dos logradouros, incluindo condições das vias e
calçadas, com ênfase para o tema da acessibilidade (4,5% de atendimento em rampa para
cadeirante), cadastro e endereçamento (60,5% de identificação do logradouro), sistema
verde (68% de arborização) e micro drenagem (41,5% de bueiro/boca de lobo).
46
Tabela(s) 9: Condições do entorno dos domicílios por classe de
tamanho dos municípios (Brasil - 2010)
48
Fonte: IBGE, 2017c: 32/36/38
50
• Divisão Urbano Regional – IBGE, 2013: 3 escalas de agregação
(interestaduais): regiões imediatas de articulação urbana (482), regiões
intermediárias de articulação urbana (161) e regiões ampliadas de articulação
urbana (14; 12 metrópoles + Cuiabá e Porto Velho; Cidades-polo nas 3
escalas;
• Divisão Regional do Brasil – IBGE, 2017 – 2 escalas de agregação
(intraestaduais): regiões geográficas imediatas (510) – microrregiões, regiões
geográficas intermediárias (133) – mesorregiões; Cidades-polo nas duas
escalas;
• Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) e Pesquisa de
Informações Básicas Estaduais (ESTADIC), séries de pesquisa que coletam e
sistematizam informações municipais, inclusive no tema de planejamento
urbano, e estaduais; trata-se dos únicos instrumentos que regularmente
coletam informações relevantes para a implementação e o monitoramento de
políticas públicas em todos os municípios brasileiros, com a confiabilidade
metodológica do IBGE.
Assim, uma das contribuições que a PNDU pretende dar às ações locais é sua
sistematização e disponibilização em um sistema de informações territoriais construído
com a visão “de baixo para cima”, de modo a facilitar o acesso a essas informações, que
podem se constituir em importante instrumentos de análise e tomada de decisão em
desenvolvimento urbano, sobretudo para as entidades que não dispõem de capacidades
institucionais para manipular dados e informações geográficas.
51
O ordenamento jurídico-político que sustenta ações no campo do
desenvolvimento urbano está alicerçado em princípios fundamentais inscritos na
Constituição Federal de 1988, no Capítulo da Política Urbana, composto pelos Artigos
182 e 183 da CF, e nas competências constitucionais relacionadas à temática urbana.
Como sabemos, o Brasil é um Estado Federado composto pela União, pelos Estados (26),
pelo Distrito Federal e pelos Municípios (5570).
52
Trata-se de duas definições claras e convergentes de competências
constitucionais, em que a União limita seu campo de ação administrativa à instituição de
diretrizes (configuradas, por exemplo, numa política nacional) e os Municípios exercem
seu papel de execução, posto que é no nível local que essas diretrizes ganham concretude,
com diferentes configurações, a depender das condições específicas de cada território.
A União detém, ainda e entre outras, competência privativa para legislar sobre
“desapropriação”; “águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão”; e
“registros públicos” (Art. 22, II, IV e XXV), e competência concorrente com os Estados
e o Distrito Federal para legislar sobre “direito urbanístico”, “conservação da natureza,
defesa do solo e dos recursos naturais”, “proteção do meio ambiente e controle da
poluição”, “proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico”,
53
“responsabilidade por dano ao meio ambiente”, “proteção e integração social das pessoas
portadoras de deficiência” (Art. 24, I, VI, VII, VIII e XIV).
54
A Lei Complementar nº 140/2011 estrutura uma lógica sistêmica de atuação,
alicerçada em quatro objetivos fundamentais: (1) “proteger, defender e conservar o meio
ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão descentralizada, democrática
e eficiente”; (2) garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção
do meio ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza
e a redução das desigualdades sociais e regionais”; (3) “harmonizar as políticas e ações
administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os entes federativos, de forma
a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente” e (4)
“garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as
peculiaridades regionais e locais” (Art. 3º).
56
Com a emenda popular, o direito público brasileiro passou não somente
a garantir a propriedade privada e o interesse individual, mas a
assegurar o interesse coletivo quanto aos usos individuais da
propriedade. Assim, a propriedade deixou de ser somente vinculada ao
direito civil, matéria de caráter privado, e passou a ser disciplinada pelo
direito público. Separou-se o direito de propriedade do direito de
construir, que tem outra natureza, que é a de concessão do poder
público; estabeleceram-se penalizações com atribuição normativa,
calcadas em uma série de instrumentos jurídicos e urbanísticos, impondo
ao proprietário do solo urbano ocioso – que se vê sustentado pela
especulação imobiliária, ou mantém seu imóvel não utilizado,
subutilizado ou não edificado – graves sanções, inclusive a
desapropriação (SAULE JUNIOR e UZZO, S/d: 262).
57
expandiram as possibilidades de ação concreta dos municípios nos seus territórios. O
período pós-constitucional é rico em experiências municipais, nas quais têm origem
diversos instrumentos que atualmente integram o Estatuto da Cidade, Lei 10.257/2001
editada pela União no exercício de sua competência legislativa sobre direito urbanístico.
58
e do bem-estar em âmbito nacional” (competências legislativas), cabem à União as
seguintes inciativas:
O Estatuto elenca também, num rol não taxativo, o que chama de “institutos
tributários e financeiros” e “institutos jurídicos e políticos”, estudos prévios “de impacto
ambiental (EIA) e [...] de impacto de vizinhança (EIV)” e estabelece a obrigatoriedade de
controle social, “garantida a participação de comunidades, movimentos e entidades da
sociedade civil” na hipótese de utilização de instrumentos “que demandam dispêndio de
recursos por parte do Poder Público municipal” (Art. 4º).
59
Ementa de Acórdão do Recurso Extraordinário 387.047-5 Santa Catarina,
datado de 21/02/2008, do Supremo Tribunal Federal, relatado por Eros Grau, explica que
“solo criado é o solo artificialmente criado pelo homem (sobre o solo natural), resultado
da construção praticada em volume superior ao permitido nos limites de um coeficiente
único de aproveitamento”23. Em seu Voto, Grau nos conta que
A dedicação a esses conceitos, neste texto, tem por objetivo repisar o poder e
mecanismos disponibilizados somente aos municípios para ordenar o espaço urbano.
Tem, ainda, a intenção de localizar a centralidade do coeficiente de aproveitamento nas
disciplinas urbanísticas, posto que dele decorrem tanto a possibilidade de aplicação de
institutos que buscam equilibrar “ônus e benefícios do processo de urbanização”, quanto
a basilar constituição de parâmetros capazes de garantir operacionalidade ao conceito da
função social da propriedade urbana.
23 O Estatuto da Cidade define “coeficiente de aproveitamento [como] a relação entre a área edificável e a área do
terreno” (Art. 28, §1º). Coeficiente de aproveitamento único é a definição de um índice comum para toda a cidade.
Sustenta Eros Grau – e é essa nossa posição – que assim sempre deveria ser, mas o Estatuto da Cidade diz que “o
plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamento básico único para toda a zona urbana ou diferenciado para
áreas específicas dentro da zona urbana” (Art. 28, §2º).
60
funções sociais, traduzidas em “solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado”
(Art. 5º), estabelece o conceito de imóvel subutilizado, como aquele “cujo
aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em legislação dele
decorrente”. O Estatuto se refere, ainda, aos coeficientes de aproveitamento básico, que
tem por fim garantir funcionalidade ao direito de propriedade, e máximo, no qual o
município pode se socorrer para assegurar “a proporcionalidade entre a infraestrutura
existente e o aumento de densidade esperado em cada área” (Art. 28, §3º).
61
complementares estaduais. Os demais itens, apesar de disporem de norma orientadora de
abrangência nacional, não possuem registros unificados que permitam finalmente
distinguir os municípios sujeitos à obrigação.
24 De acordo com a Lei 6.513, de 20 de dezembro de 1977, que Dispõe sobre a criação de Áreas Especiais e de Locais
de Interesse Turístico; sobre o Inventário com finalidades turísticas dos bens de valor cultural e natural, “Áreas
Especiais de Interesse Turístico são trechos contínuos do território nacional, inclusive suas águas territoriais, a serem
preservados e valorizados no sentido cultural e natural, e destinados à realização de planos e projetos de
desenvolvimento turístico” (Art. 3º).
25 Art. 3º - A EMBRATUR articulará e coordenará as atividades referentes à execução deste Decreto, competindo-lhe
26
EMI MJ/MMA/MI/MCidades nº 3, de 2011 (Brasília, 11 de outubro de 2011). Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/mpv/547.htm
63
incluir a obrigatoriedade de elaboração de plano de expansão urbana
nas áreas de expansão urbana dos municípios, com o objetivo de
incorporar, na expansão das cidades, a análise do meio físico e os
elementos de planejamento e gestão urbanos responsáveis pela
prevenção de desastres;
27Redação dada pela MPV nº 818/2018 esclareceu que a elaboração se daria no âmbito da estrutura de governança
interfederativa, com aprovação de sua instância colegiada deliberativa até a nova data, de modo a afastar da contagem
de prazo externalidades ligadas aos processos legislativos nas assembleias estaduais que, de fato, não poderiam ser
imputadas aos governadores.
65
aplicação prática com as alterações de 2018, sob nosso ponto de vista. Não obstante, há
outros conceitos extremamente relevantes na Lei, que fundamentam muitas das reflexões
em curso no processo de elaboração da PNDU.
Diversos outros casos podem ser levantados, mas certo é que há muitas razões
de solidariedade entre municípios, para além da contiguidade das manchas urbanizadas.
66
O tema do saneamento básico, em que o município detém a titularidade pela prestação do
serviço, é uma das situações em que a ação isolada é possível, mas nem sempre é a solução
mais eficiente, mesmo quando há possibilidade de uma operação autônoma do serviço.
Por esse motivo, diz o Estatuto da Metrópole que seus mecanismos podem
também podem ser aplicados em “microrregiões instituídas pelos Estados com
fundamento em funções públicas de interesse comum com características
predominantemente urbanas” e “unidades regionais de saneamento básico definidas pela
Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007” (Art. 1º, I e III), alteração recente incluída pelo
novo marco legal do saneamento (Lei nº 14.026, de 2020).
67
outros serviços prestados pelo Município à unidade territorial urbana, e parcerias público-
privadas interfederativas.
68
econômico-financeira”, “à operação e à gestão do serviço ou da atividade”, e “de
“responsabilidades na gestão” dessas “ações e projetos”, “os quais deverão ser executados
mediante a articulação de órgãos e entidades dos entes federados” (Art. 7º).
28Este artigo 15, na realidade, tinha como objetivo distinguir entre as regiões metropolitanas instituídas por leis
complementares estaduais aquelas com características de metrópole, configuradas por sua vez pelo conceito legal
pela presença de uma capital regional, conforme classificação do REGIC. Conforme já mencionado, a alteração do
conceito legal de regiões metropolitanas desfez esse vínculo. De toda forma, trata-se da indicação de possibilidade de
construir diferenciações.
69
região metropolitana ou de aglomeração urbana, criadas mediante lei complementar
federal, com base no art. 43 da Constituição Federal”. Estabelece, ainda, a possibilidade
instituição de regiões metropolitanas interestaduais, “mediante aprovação de leis
complementares pelas assembleias legislativas de cada um dos Estados envolvidos” (Art.
4º) e explicita a possibilidade dos Municípios formalizarem “convênios de cooperação e
constituir[em] consórcios públicos para atuação em funções públicas de interesse comum
no campo do desenvolvimento urbano, independente das disposições do Estatuto (Art.
23).
Por fim, alteração de 2018 incluiu um dispositivo para dizer que a “União
apoiará as iniciativas dos Estados e dos Municípios voltadas à governança interfederativa
e promoverá a instituição de um sistema nacional de informações urbanas e
metropolitanas, observadas as diretrizes do plano plurianual, as metas e as prioridades
fixadas pela leis orçamentárias anuais” (Art. 16-A), mecanismo fundamental para o
conhecimento e a atuação sobre as questões urbanas brasileiras.
70
Há, também, um conjunto robusto de legislações federais que estabelecem
políticas nacionais para setores específicos que tem relação direta com o desenvolvimento
urbano, tais como habitação, saneamento básico, mobilidade urbana, resíduos sólidos,
meio ambiente, recursos hídricos, proteção e defesa civil, todas elaboradas nos últimos
quinze anos. Além de diretrizes gerais, essas leis definem regras para operação dessas
políticas e, em diversos casos, um detalhamento de competências atribuídas a cada ente
da federação, em linha com as competências constitucionais e relacionadas aos seus
limites territoriais, de que não trataremos aqui, embora também sejam relevantes para o
desenvolvimento urbano.
71
3 – A agenda da reforma urbana no Brasil e as agendas globais
Nos últimos trinta anos, e especialmente a partir do início dos anos 2000, o
Brasil experimentou um grande avanço no campo da política urbana, fundado na
promulgação do texto constitucional, em 1988, sucedido pela aprovação do Estatuto da
Cidade, em 2001, pela criação do Ministério das Cidades, em 2003, e pela
implementação, em 2004, de sua estrutura de participação e controle social, o Conselho
das Cidades.
Fonte: da autora.
Declarada como tal em 1963, a luta pela reforma urbana sofreu um revés
quase imediato, posto que “com o golpe militar de 1964, constituiu-se um regime político
autoritário (que durou até 1984) que inviabilizaria a realização dessas reformas”. Em
verdade, a natureza do regime político constrangeu a própria luta, esmorecendo a
possibilidade de organização de um movimento aberto e abrangente nas décadas de 1960
e 1970.
73
Não obstante esse cenário, as desigualdades cada vez maiores desencadearam
o surgimento de diversos movimentos sociais urbanos, que lutavam pela melhoria das
condições de vida nas periferias das grandes cidades. Creches, escolas, equipamentos de
saúde, asfalto, luz, água, transporte, moradia eram problemas concretos em torno dos
quais se aglutinavam esses movimentos, reivindicações objetivas que aqui e ali
desencadearam respostas públicas mais ou menos pontuais, mas sempre insuficientes em
face do agigantamento da demanda.
29 http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1209
74
responsável pelos temas urbanos no Sistema ONU. À época da HABITAT I, a população
urbana representava 37,9% da população mundial e a população brasileira situava-se
entre 55 e 67 % da população total do país. O Brasil, portanto, integrava o rol de países
em urbanização acelerada e temerária, sob o ponto de vista do atendimento às
necessidades dessas pessoas que se instalavam nas cidades, preocupação que perpassa
toda a Declaração de Vancouver, ainda bastante atual.
30“Contar a sua história é contar a trajetória de uma bandeira de luta que unificou e articulou diversos atores sociais.
No princípio, a luta do Movimento tinha um caráter local, como a reivindicação por moradia. Mas com o fim do
regime militar, passou a incorporar a idéia de cidade, a cidade de todos, a casa além da casa, a casa com asfalto, com
serviços públicos, com escola, com transporte, com direito a uma vida social”. (SAULE JUNIOR e UZZO, S/d: 260)
75
subordinação da propriedade à função social; e pelas sanções aos
proprietários nos casos de não cumprimento da função social. (Saule
Junior e Uzzo, S/d: 261)
Com essa nova base constitucional, que também garantiu a efetiva autonomia
municipal no federalismo brasileiro, inicia-se um novo ciclo, que corresponde ao
processo de instrumentalização dos fundamentos constitucionais, desdobrado nos
aspectos normativos e institucionais. A esse ciclo, conforme mencionado, demos o nome
de “momento de instrumentalização da agenda da reforma urbana”.
76
Segundo o autor, “as definições do projeto relativamente à função social da
propriedade e ao abuso de direito sofreram restrições radicais de vários setores do
empresariado urbano”, enquanto “em sentido contrário, no âmbito do movimento pela
reforma urbana, o projeto era muito bem acolhido” (Bassul, 2010: 81). A essas alturas, o
movimento da reforma urbana estava organizado no Fórum Nacional de Reforma Urbana
(FNRU), formado em 1986 “com o objetivo imediato de pressionar o Congresso Nacional
para regulamentar o Capítulo da política urbana [...]. Durante árduos doze anos, foi esta
uma de suas tarefas principais, até a promulgação da então lei federal denominada
Estatuto da Cidade” (Saule Junior e Uzzo, S/d: 263).
Nem sempre bem compreendidas por quem se ocupa no dia a dia das questões
por elas tratadas, as conferências globais são mecanismos fundamentais para avanços
com agendas políticas não apenas em nível global, mas nacionalmente e, cada vez mais,
localmente.
79
Esse período pode ainda ser subdividido em pelo menos duas fases, sendo a
primeira correspondente à formulação e estruturação de políticas, programas e ações,
incluindo a elaboração de planos, e em especial dos planos diretores. E a segunda, a partir
de 2007, correspondente à ampliação de investimentos, com a criação no nível federal do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que dirigiu recursos para diversas linhas
de atuação do Ministério das Cidades, com significativo novo impulso a partir de 2009,
relacionado à criação do programa federal Minha Casa Minha Vida (MCMV), de
produção habitacional em larga escala.
Esses cinco eixos podem ser observados de forma geral, mas com suas
especificidades, nas políticas e/ou programas a cargo do Ministério das Cidades,
compreendendo as seguintes temáticas: mobilidade e transporte urbano, habitação,
regularização fundiária urbana, saneamento básico, resíduos sólidos (compartilhada com
31 Embora ações de assistência técnica tenham sido tímidas diante do necessário, há que se computar robustas ações
de sensibilização e capacitação no esforço de implementação da agenda que define esse momento, materializadas no
Programa Nacional de Capacitação das Cidades, conduzido na maior parte do tempo de existência do Ministério das
Cidades pela Secretaria Executiva da pasta.
32
Ver Bruno, Ana Paula. Desdobramentos do Estatuto da Cidade no nível federal: a atuação do Ministério das
Cidades em política urbana. In: ROSSBACH, Anaclaudia (org.), 2016.
80
o Ministério do Meio Ambiente) e prevenção de riscos em áreas urbanas (compartilhada
com o então Ministério da Integração Nacional).
33Esse é o ponto de vista da autora, que pode ser conhecido e cotejado com outras visões em COSTA, M.A,
SANTOS GOMES, A.M.I e ADRIANO, H. S. R. Política Nacional de Desenvolvimento Urbano: ambivalências,
tensões e contradições (p. 201-226). In: STEINBERG, Marilia (org.) Território, agentes-atores e políticas públicas
espaciais. Brasília: Ler Editora, 2017. 438 p.
81
consequente improbidade administrativa pelo seu descumprimento), mas é somente a
partir de 2005 que se observa o pico de elaboração dos planos, com expressivo aumento
entre esse ano e o ano de 2009.
82
Embora os dados apontem, quanto à existência de pelo menos um
instrumento, que “em 2015 e 2018, em todas as classes de tamanho da população dos
municípios, os percentuais foram superiores a 90,0%, chegando, em 2018, a 100% dos
municípios com mais de 50 000 habitantes” (IBGE, 2019: 23), o Instituto ressalva que
Tal ressalva aponta para o que vem ocupando a reflexão sobre a política
urbana no nível local. Trata-se do aspecto qualitativo, referente não apenas a municípios
que não dispõem de Plano Diretor, embora disponham de outros instrumentos, mas
também aqueles que o elaboraram34:
34 Uma avaliação qualitativa robusta pode ser encontrada em Santos Junior e Montandon (2011).
83
Marcado pela forte presença e indução da União nas ações de política urbana
(sobretudo de caráter setorial), com conhecidos avanços, apesar dos problemas
assinalados acima, a partir de 2013 já mostrava sinais de declínio. Em 2014, um cenário
de crise fiscal, institucional e política ficava cada vez mais evidente. As políticas públicas
avançaram, mas pareciam encontrar seus limites, para além de restrições orçamentárias e
financeiras, na “corrida” da execução de obras de infraestrutura urbana nem sempre
associadas a visões estruturantes do território e a esquemas consistentes de gestão e
governança entre os níveis de governo e os setores urbanos. Em 2015, o contexto político
inviabilizou qualquer ação estruturada no nível federal e sacramentou a “democracia
dividida” que levaria ao impedimento da Presidenta Dilma Roussef, no ano seguinte.
Beneficiada por essa institucionalidade, que pela sua natureza determina uma
abordagem de integração multinível, isto é, de compreensão do território em suas
múltiplas escalas, bem como de uma visão de governança interfederativa e de um claro
35Para um olhar atento, a aprovação do Estatuto da Metrópole, em 2015 (Lei 13.089), ao lado das agendas globais,
aparenta um prenúncio do quarto momento, este no qual é preciso encontrar um caminho novo, partindo do olhar
sobre a cidade de fato e de suas relações no território, além das fronteiras político-administrativas, em direção à
construção de novos pactos políticos para atuação conjunta, sobre outras bases. O esforço de estruturação de arranjos
metropolitanos, mobilizado (em algumas regiões metropolitanas) de baixo para cima para atender ao disposto no
Estatuto da Metrópole, apontou o quão necessário, por um lado, e difícil, por outro, é fazer esse movimento.
84
sentido de redução de desigualdades territoriais, a formulação da Política Nacional de
Desenvolvimento Urbano (PNDU), em curso, poderá ser um importante instrumento
definidor desse quarto período, o qual denominamos como “momento de revisão da
agenda da reforma urbana”.
“Revisão” foi o termo adotado para definir esse período ainda indefinido
porque uma revisão comporta possibilidades, mais de um caminho, num cenário
desafiador em diversos sentidos (coroado pela pandemia da COVID19 e seus impactos
ainda bastante desconhecidos). Nosso olhar otimista compreende os elementos dados e
escolhe mirar nos elementos a serem forjados com a convicção de que é possível avançar
e fazer melhor. Aposta-se na força do federalismo, da concertação e das redes de
conhecimento e saberes, para a construção e a implementação de um novo pacto urbano
no Brasil, que seja capaz de lidar com os conflitos e passivos urbanos históricos e com
agendas globais que emergiram nas últimas décadas, absorvidas como temas transversais
na formulação da política.
85
Ao longo da história do Ministério das Cidades, o tema, cujo lugar nunca
esteve muito bem delimitado, foi perdendo espaço, com reflexos na posição conferida ao
desenvolvimento urbano na atual estrutura institucional do Ministério do
Desenvolvimento, seu sucessor. Essa posição institucional, lateral e diminuta, como se
verá adiante, é um desafio para a formulação da Política Nacional de Desenvolvimento
Urbano, em curso.
86
Urbanos em consonância com as políticas de habitação, saneamento e
mobilidade urbana, em articulação com o Conselho das Cidades” (Art. 19, I).
A troca de um Ministro sempre tem seus impactos, mas nesse caso significou
também a perda de parte de uma equipe tecnicamente respeitada nos respectivos campos,
que trazia consigo um alinhamento de visão anterior à própria criação do órgão, ligada à
sua atuação política no campo da reforma urbana. Sob a perspectiva do desenvolvimento
urbano, representou a perda de uma ainda cambaleante tentativa de situá-lo como tema
chave e transversal na Secretaria Executiva, que passou a ser progressivamente conduzida
mais na sua função meio, de operacionalização de processos burocráticos, do que numa
função (também) finalística e estratégica, como unidade maestra de uma orquestra
complexa e ainda dissonante, informada por lógicas setoriais específicas.
87
exploramos aqui; nunca esquecido, entretanto, pelo Conselho Nacional das Cidades,
conforme nos mostram os registros das cinco conferências nacionais das cidades
realizadas.
88
estrutura ministerial, o tema do desenvolvimento urbano foi localizado na Secretaria
Nacional de Desenvolvimento Regional e Urbano, na Coordenação-Geral de Apoio à
Gestão Regional e Urbana, do Departamento de Desenvolvimento Regional e Urbano.
89
diferentes estágios de formulação e implementação: PNDR, já editada; PNI, estabelecida
por lei e em operação, PNDU e PNOT, com processos de formulação ainda a serem
iniciados quando da criação do MDR.
90
Executivo o papel de “promover a integração e a articulação entre as ações dos órgãos do
Ministério e de suas entidades vinculadas” (Art. 42, II).
Encomendada pela atual gestão (uma grande coisa, porque nem sempre
mandato leva a desdobramentos concretos), a estratégia adotada no processo de
formulação da PNDU toma esse lugar institucional diminuto em consideração e, por esse
motivo, aposta em redes de colaboração com parceiros externos para alavancar a agenda;
não obstante se possa considerar essa estratégia bem sucedida até o momento, não há
como deixar de refletir que essa condição terá impactos ainda maiores na implementação
da política, gargalo que deve ser vislumbrado e iluminado desde já.
91
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas a eles associadas36, as quais
constituem referência para os países signatários para a implementação e o alcance dos
objetivos da agenda. Foi também em 2015 que se aprovou a Acordo de Paris sobre a
Mudança do Clima e o Marco de Sendai para a Redução de Desastres.
36
Disponível em <https://brasil.un.org/>
92
Conforme já discutimos, desenvolvimento urbano é um tema abrangente, que
se refere à produção de cidades e, portanto, se relaciona com (decorre de) todos os
aspectos envolvidos nesse processo contínuo (produção de moradias, organização dos
sistemas, proteção de recursos etc.). Por exemplo, a produção de habitação acessível
depende de terra urbanizada acessível, que por sua vez, depende – entre outras coisas –
de disciplinas urbanísticas adequadas, assim como a salvaguarda do patrimônio cultural
e natural. A redução de desastres, por sua vez, também se relaciona de forma direta com
o uso do solo, e assim por diante.
37
O quadro geral de indicadores adaptados ao contexto nacional, bem como sua aferição e origem dos
dados podem ser verificados no seguinte endereço: < https://ods.ibge.gov.br/xcc/global?page=ods>
93
Sustentável (CNODS), da Secretaria de Governo da Presidência da República (IPEA,
2018).
Os indicadores adotados para as metas 11.3, 11.7 e 11.a são (IBGE, 2017, 2):
94
• 11.7.1* Participação média no uso do espaço construído ao ar livre das
cidades para uso público de todos, por sexo, idade e pessoas com deficiência;
11.7.2 Proporção de pessoas vítimas de assédio físico ou sexual, por sexo,
idade, status de deficiência e local de ocorrência, nos últimos doze meses; e
• 11.A.1 Proporção da população das cidades que implementam planos de
desenvolvimento urbano e regional integrando projeções populacionais e
necessidades de recursos, por tamanho de cidade.
95
plano de implementação e uma seção que trata do seu seguimento, quanto ao alcance dos
objetivos nela convencionados38.
38 O documento estrutura-se em duas grandes partes, sendo a primeira a “Declaração de Quito - cidades e
assentamentos humanos sustentáveis para todos”, e a segunda, o “Plano de Quito para implementação da nova agenda
urbana”. A extensão e a generalidade do documento, associada à ausência de uma estrutura de objetivos e metas,
como o faz a Agenda 2030 e seus ODS, torna sua aplicação menos intuitiva.
39 Não vamos detalhar as contribuições a todos os ODS neste texto. Uma entrega que pode ser compartilhada é o
Guia para Elaboração e Revisão de Planos Diretores, publicado em 2019 pelo Ministério do Desenvolvimento
Regional como instrumento de apoio ao planejamento municipal, que conta com estratégias alinhadas e identificas
aos respectivos ODS. Os ODS são uma das entradas de leitura e aplicação desse guia também.
96
• Com menor intensidade, contribui para os ODS 2: fome zero, ODS 3: saúde e
bem estar; ODS 4: educação de qualidade; ODS 7: energia limpa e accessível;
ODS 12: consumo e produção responsáveis, ODS 14: vida na água, e ODS 16:
paz, justiça e instituições eficazes.
Com relação à Nova Agenda Urbana, mais do que se alinhar a ela de forma
ampla, pode-se considerar a PNDU como uma resposta específica brasileira ao primeiro
pilar de implantação, “políticas nacionais urbanas” que, por sua vez, responde aos demais
pilares, de legislação e regulação urbanas (sistematização de instrumentos); planejamento
(multiescalar) e desenho urbano (escala intermediária – sistemas urbanos estruturantes);
economia local e finança municipal (desenvolvimento econômico local); e implantação
local (apoio a municípios e instâncias supramunicipais), conforme se verá adiante.
40O processo de formulação conta com parcerias estratégicas para produção de insumos, notadamente o Instituto de
Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), órgão do Governo Federal vinculado ao Ministério da Economia, e do
Projeto ANDUS – Apoio à Agenda Nacional de Desenvolvimento Urbano no Brasil, de cooperação técnica entre os
governos brasileiro e alemão, implementado pela agência de cooperação alemã – GIZ. Importante apoio tem sido
dado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão do Governo Federal também vinculado ao
Ministério da Economia, responsável pela produção oficial de estatísticas, dados e informações geográficas no país.
Além disso, o desenho do processo de formulação da PNDU inclui um nível de participação mais amplo, do qual
fazem parte instituições representativas dos municípios (associações de municípios), instituições de ensino e
pesquisa, e organizações da sociedade civil. O processo de elaboração da Política considera e incorpora
recomendações dos ciclos de conferências nacionais das cidades ocorridos entre os anos de 2003 e 2012, prevê
discussões técnicas ampliadas e uma fase de consulta pública.
97
Atualmente, ações de desenvolvimento urbano no Brasil, incluindo aquelas
amparadas por políticas setoriais, ocorrem de forma desconectada entre si e de uma visão
de desenvolvimento estruturante, o que é ineficiente do ponto de vista dos investimentos
públicos, da qualificação do território e da melhoria das condições de vida nas cidades.
98
Como sabemos, o sentido desejado é uma construção política, campo de ação
de que também faz parte a burocracia estatal, portadora de um papel central na defesa de
política públicas alinhadas com os mandamentos constitucionais.
99
obstante, cabe à União legislar sobre normas gerais de direito urbanístico, ao lado dos
Estados, bem como propor diretrizes para o desenvolvimento urbano, competência
material explícita na Constituição Federal, que embasa a formulação da PNDU.
101
Urbano. Essa abordagem em tripé tem como base a atuação interinstitucional, que nos
ajuda a sair do campo da abstração para a nominação concreta de “quem faz o que”.
103
• econômico-financeiros (utilização responsável de recursos financeiros,
promoção do desenvolvimento econômico local, criação de oportunidades na
diversidade, inclusão produtiva);
• urbano-ambientais (uso responsável os recursos naturais, tecnológicos e
urbanos, distribuição equitativa de infraestrutura, espaços públicos, bens e
serviços urbanos, adequado ordenamento do uso e da ocupação do solo em
diferentes contextos e escalas territoriais, inclusão espacial); e
• político-institucionais (respeito a pactos sociopolíticos estabelecidos em
arenas democráticas de governança colaborativa).
Em linha com essa visão de futuro, que por sua vez expressa de forma
sintética as disposições do Estatuto da Cidade, a PNDU tem como finalidade a promoção
do bem comum e a redução de desigualdades socioespaciais nas escalas intraurbana e
supramunicipal, contribuindo para que se equilibrem os benefícios e ônus do processo de
urbanização. Na escala da rede de cidades, assume um papel complementar e convergente
com a Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), cuja escala de atuação é
a regional, nos níveis sub-regional a macro regional, com foco em recortes territoriais
específicos.
104
ou explícita. Políticas municipais de desenvolvimento urbano, na perspectiva da PNDU,
são o instrumento por meio do qual cada município deve explicitar sua própria visão de
futuro, adequada às suas especificidades e contextos e pactuadas socialmente.
105
Quatro grandes transformações foram destacadas na agenda nacional de
desenvolvimento urbano sustentável, nomeadas como “transformação ambiental”,
“transformação econômica e no mundo do trabalho”, “transformação sociodemográfica”
e “transformação digital”. Trata-se de blocos temáticos que reúnem problemáticas
globais evidenciadas nas últimas décadas ou questões nacionais consideradas relevantes
para as ações de desenvolvimento urbano, pela capacidade que essas questões têm de
agravar ou acrescentar complexidades ao enfrentamento de passivos urbanos históricos.
106
deficiência, e as dimensões racial e de gênero. Sob o aspecto intergeracional, refere-se ao
envelhecimento da população brasileira, que indica a necessidade de fortalecer algumas
ações específicas, como o tema da acessibilidade, e de refletir sobre novas demandas de
serviços, programas e qualidade dos espaços urbanos, públicos e privados. Refere-se
ainda, como se disse, às diferentes formas e possibilidade de apropriação da cidade por
diferentes grupos etários.
41SILVA, Ana Bastos. Manual de apoio à implementação de Zonas 30. República Portuguesa, Autoridade Nacional
de Segurança Rodoviária, fevereiro de 2019.
http://www.ansr.pt/SegurancaRodoviaria/RegulamentoSinalizacaoTransito/RegulamentoSinalizacaoTransito/Manual
%20Zonas%2030.pdf
107
adaptação. Aqui, entende-se que a estruturação de uma abordagem consistente em nível
nacional é um passo importante para a implementação de ações descentralizadas,
entendido pela PNDU como um tema central a ser endereçado pelos governos locais
(municípios).
108
4.2.1. Carta Brasileira para Cidades Inteligentes
Em linhas gerais, posto que não reproduziremos aqui o que pode ser lido no
próprio documento com mais riqueza (em Apêndice), a Carta estabelece um conceito
brasileiro para cidades inteligentes, acompanhado dos conceitos auxiliares de
“desenvolvimento urbano sustentável” e “transformação digital sustentável”, e define
oito objetivos estratégicos, acompanhados de recomendações, que constituem a agenda
pública comum organizada coletivamente. Duas características dessa agenda devem ser
assinaladas: 1) a abordagem sistêmica da transformação digital nas cidades, que permitiu
incluir e articular diferentes frentes de atuação e organizações responsáveis; 2) decorrente
disso, a disponibilização de uma estrutura coerente para indexação de iniciativas,
associadas às recomendações, que permitirão a alavancagem de uma implementação em
rede.
Por fim, outro resultado importante desse processo foi uma atuação
interministerial estreita entre o Ministério do Desenvolvimento Regional, com mandato
sobre o tema cidades, e o então Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTI), com mandato sobre o tema da infraestrutura digital e da
transformação digital, agora desdobrados no Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovações (MCTI) e no Ministério das Comunicações (MCom), de que é fruto a
instauração da Câmara Cidades 4.0, estrutura de governança interministerial presidida
pelo MCTI e vice presidida pelo MDR.
No âmbito da Câmara Cidades 4.0, aberta aos interessados e que conta com
a participação de diferentes setores da sociedade, dar-se-á seguimento institucional à
implementação da agenda brasileira para cidades inteligentes consolidada no documento
da Carta. Trata-se de um exemplo bem sucedido de rompimento dos silos para formulação
de políticas públicas e atuação convergentes entre instituições de governo com mandatos
complementares, uma das apostas da PNDU, conforme se verá adiante.
110
4.3. O Sistema Urbano Brasileiro
As premissas que informam essa lógica são: (1) há diferentes escalas de ação
em desenvolvimento urbano, dependendo das configurações das cidades e das funções
por elas exercidas no território, o que impõe uma abordagem multinível à PNDU; (2) há
competências constitucionais de interesse para o desenvolvimento urbano, bem como
condições objetivas de atuação ligadas à configuração das cidades, distribuídas entre os
entes federados, o que impõe uma abordagem interefederativa à PNDU; e (3) há
diferentes setores que contribuem para a produção do espaço urbano, o que impõe uma
abordagem intersetorial à PNDU.
111
e o desenvolvimento do país, posto que cidades são reconhecidamente vetores de
desenvolvimento regional.
112
infraestrutura urbana e os serviços urbanos); outros equipamentos de educação
(secundária, superior, técnica), outros equipamentos de saúde (mais complexos), cultura,
lazer.
113
A escala da rede urbana, o nível mais alto, é o das cidades como pontos
nodais de estruturação do território nacional. Trata-se das relações de interdependência
entre cidades, visível na hierarquia da rede urbana e em suas regiões de influência. A
cidades, nessa escala, são enxergadas como vetores de desenvolvimento, e a fragilidade
ou robustez da rede urbana, como uma espécie de indicador de “consistência urbana”
como suporte para o desenvolvimento das regiões analisadas. Aqui, os conteúdos estão
ligados à presença de grandes infraestruturas e à prestação de serviços públicos e privados
em nível regional, relacionando-se sobretudo à organização das atividades econômicas a
processos de indução estatal de ocupação do território nacional.
115
Nesse sentido, a PNDR não se ocupa de todas as cidades (função da PNDU),
mas de uma seleção daquelas consideradas “cidades intermediadoras”, que recebem esse
nome por sua capacidade de dar suporte a porções do território em seu entorno. Em muitos
casos, essa capacidade de dar suporte é necessária, mas apenas potencial na prática,
motivo pelo qual essas cidades devem receber atenção do Estado para ter sua função de
polo regional fortalecida, de modo a fomentar um melhor equilíbrio na rede urbana
brasileira. A ideia nessa escala é identificar e apoiar uma mudança de patamar de um
conjunto prioritário de cidades que atualmente assumem de forma débil a função de polo
da rede urbana, nas regiões do país em que a rede urbana é mais frágil.
43A pedido da SMDRU, o IBGE está aprofundando estudos com base no REGIC 2018, com a finalidade de apoiar a
definição desse conjunto de cidades, que deverá receber atenção específica da PNDR e da PNDU. A CGDRU
realizou estudos iniciais nesse sentido, que não serão apresentados aqui porque já estão aquém da reflexão atual, a
qual por sua vez não está suficientemente amadurecida para integrar este registro. Importante mencionar o critério
básico de utilização da Divisão Regional do Brasil para cobrir o território nacional em termos de uma disponibilidade
mínima de bens e serviços urbanos
116
entre os municípios partícipes dessa dinâmica; as situações de direito referem-se àquelas
em que há instrumento formal de associação entre municípios, sem que necessariamente
haja dinâmica urbana compartilhada entre eles – trata-se do caso das regiões
metropolitanas instituídas pelos Estados, que podem ou não ter de fato dinâmica
metropolitana ou mesmo dinâmica urbana comum.
Decorre disso duas propostas tipológicas, sendo a primeira a que define tipos
de arranjos populacionais (arranjos urbanos intermunicipais de fato) e a segunda, a que
define tipos de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas legalmente instituídas,
com a finalidade de distinguir aquelas que foram assim definidas por leis complementares
estaduais, mas não apresentam dinâmica metropolitana, daquelas que efetivamente tem
características de metrópole. Nesse caso, entende-se que é necessário construir uma
gradação, para fins de modulação de políticas públicas destinadas a áreas metropolitanas,
que considere diferentes complexidades associadas a esses espaços urbanos.
44
Esses ensaios foram produzidos com apoio do Projeto ANDUS, bem como debatidos em oficinas com parceiros,
que deram suas contribuições para a consolidação dos raciocínios aqui apresentados e ainda em fase de construção,
como se disse. Um dos possíveis critérios de ponderação a serem acrescentados nesse exercício é o número de
municípios componentes de cada arranjo, dada sua relevância analítica tanto pelo aspecto populacional (porte dos
municípios envolvidos nos arranjos) quanto pelo aspecto de complexidades de gestão compartilhada.
45 Os resultados apresentados nesta seção do texto baseiam-se nos dados do REGIC 2007 e devem ser atualizados
118
Nesse primeiro exercício, vemos que do total de 953 municípios integrantes
de arranjos populacionais, 372 (39%) estão em arranjos com menos de 100 mil habitantes,
enquanto 347 estão, somados, em arranjos dos tipos 1, 2 e 3, com mais de 500 habitantes
(~36%), restando 25% na faixa intermediária. É muito provável que a complexidade
decorrente do compartilhamento de funções públicas de interesse comum seja maior nos
primeiros tipos do que nos últimos, um indicativo de crescentes necessidades de ações
conjuntas, que podem ser induzidas por formatos de apoio desenhados no âmbito da
PNDU.
Uma segunda operação nessa escala foi feita a partir do cruzamento da base
de regiões metropolitanas (77) e aglomerações urbanas (02), formalmente instituídas por
legislação estadual, somadas às três Regiões Integradas de Desenvolvimento Econômico
– RIDEs (03), formalmente instituídas por legislação federal, , com a base de arranjos
populacionais já tipificadas nos seis grupos acima46. Desse exercício, com base num total
de 82 unidades territoriais, resultou uma primeira proposta de classificação em sete tipos:
46Algumas regiões metropolitanas englobam mais de um arranjo populacional; nesses casos, utilizou-se o arranjo
populacional principal da região metropolitana como referência para classificação em tipos.
119
Tipologia Supramunicipal – Arranjos urbanos intermunicipais de direito
47O corte adotado aqui é o das Médias Concentrações Urbanas (100 mil habitantes), o que parece razoável para
descartar a presença de dinâmicas metropolitanas, tema, entretanto, sempre passível de discussão.
120
três grupos, que poderiam corresponder a “dinâmicas metropolitanas instaladas”,
“dinâmicas metropolitanas incipientes” e “sem dinâmica metropolitana”.
48Nessa matriz, por exemplo, municípios amazônicos não são um tipo, mas elementos qualificadores de municípios
distribuídos nos tipos; mesma lógica aplicada a municípios costeiros, de fronteira, inseridos em dinâmica rural e
assim sucessivamente. Uma organização aberta que comporta, como dissemos, diversas possibilidades de
agrupamento, incluindo a inserção incremental de novos elementos qualificadores.
121
A reflexão sobre o contexto dos municípios levou à conclusão de que as ações
de desenvolvimento urbano variam essencialmente em face das dinâmicas urbanas que,
por sua vez, são informadas pelas características das cidades, a partir de um elemento
básico ligado a integrações interurbanas (arranjos populacionais) ou não (municípios
isolados). Não apenas dinâmicas urbanas tendem a ser mais complexas num contexto de
compartilhamento de manchas urbanizadas e fluxos populacionais, mas a exigência de
algum nível de reflexão ou tomada de decisão conjunta também acrescenta dificuldades
às ações estatais.
122
o Subtipo 1.2: demais municípios do arranjo
• Tipo 2: Município integrante de arranjo populacional
o Subtipo 2.1: município núcleo
o Subtipo 2.2: demais municípios do arranjo
• Tipo 3: Município isolado (integração - fora de arranjo populacional)
o Subtipo 3.1: município polo (REGIC – hierarquia superior a
Centro Subregional, inclusive)
o Subtipo 3.2: município não polo (Regic – hierarquia inferior a
Centro Subregional, exclusive)
Tipologia Municipal
123
em dinâmicas metropolitanas de fato (Tipo 1), sendo 30 destacados como polos (Subtipo
1.1). Essa distinção cumpre o papel de iluminar diferentes problemas enfrentados por
municípios polo, em geral mais ricos e bem estruturados do ponto de vista da
administração municipal, e pelos demais, que enfrentam grandes dificuldades não só em
termos de padrões de urbanização, como também em relação às suas capacidades
institucionais e de financiamento. No Tipo 2, temos 699 municípios, distribuídos de
forma equitativa entre polos (345) e demais (354). No Tipo 3, está a grande maioria dos
municípios brasileiros, com 4617 municípios, dos quais 141 se destacam pela hierarquia
da REGIC.
Além disso, esses dois tópicos são tratados em conjunto, porque apresentados
mais como reflexões do que como propostas, uma vez que os insumos que os alimentam
ainda se encontram em produção; some-se a isso que, dada a inerente dimensão de
governança a eles associada, não se pode imaginar proposições que não sejam objeto de
pactuação na própria concepção da política. Dito isso, é importante esclarecer que a
estratégia de formulação da PNDU, para todos os temas que a compõem, inclui chamadas
à participação de instituições a eles relacionadas, para construção conjunta com base em
propostas preliminares elaboradas pela CGDRU com apoio das instituições parceiras na
produção de insumos50, processo programado para ocorrer no primeiro semestre de 2021.
49 Ademais, há fortes razões institucionais, histórica e atualmente, também já discutidas, que tornam extremamente
difícil pensar na perspectiva de subordinação, sobretudo diante de uma configuração ministerial em que a política
nacional de desenvolvimento urbano é assunto de quarto escalão.
50 Nesse ponto, há pelo menos duas dificuldades adicionais àquelas esperadas em processos participativos: (1) a
ausência de uma estrutura formal de participação, dada a inativação do Conselho Nacional das Cidades, desde 2016,
ainda não substituído pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano, previsto na estrutura institucional do
MDR; e (2) as limitações decorrentes da pandemia da COVID19, que exigiram uma reorganização das escutas, com
adiamento para o primeiro semestre de 2021 e experimentação de formatos não tradicionais.
125
termos de organização interfederativa, um rol de papéis a serem desempenhados pelos
entes federados, consistente com suas competências constitucionais.
126
ESCALA REGIONAL ESCALA ESCALA MUNICIPAL
SUPRAMUNICIPAL
integração, articulação e desenvolvimento urbano desenvolvimento urbano local
OBJETIVO
(a) realizar diagnóstico e (a) identificar e tipificar os (a) tipificar os municípios/ (b)
plano de ação específicos arranjos urbanos relacionar as agendas urbanas
para cada uma das cidades intermunicipais (de fato)/ (b) aos diferentes tipos de
selecionadas e de seus tipificar os arranjos urbanos municípios/ (c) desenvolver
AGENDA TERRITORIAL
127
Assim, além de avançar numa reflexão mais detalhada sobre o que cada escala
do território deve comportar em termos de agenda, bem como adequá-la à diversidade
tipológica dos municípios e de arranjos urbanos intermunicipais (que, acredita-se, poderá
influenciar a atuação setorial desde o nível federal até o local), uma frente de trabalho
especificamente ligada à organização intersetorial refere-se à sistematização de aspectos
territoriais, explícitos ou implícitos, presentes nas políticas setoriais de maior impacto
para a PNDU.
Esse ponto inclui identificar e estruturar pelo menos três aspectos básicos: (1)
compreender as lógicas territoriais adotadas por essas políticas setoriais; (2) compreender
qual o papel, do ponto de vista dos operadores dessas políticas, que pode ser exercido
pela PNDU, considerando sua natureza territorial, para melhorar as entregas setoriais e a
atuação intersetorial; e (3) identificar demandas territoriais específicas das políticas
setoriais que devem ser tratadas pelos instrumentos de política urbana (por exemplo,
ZEIS, para habitação)51. Esse terceiro ponto está sendo trabalhado de forma específica na
PNDU, numa frente de sistematização dos instrumentos de desenvolvimento urbano, de
que trataremos no bloco “plano de implementação”.
51 Trata-se de uma frente de trabalho conduzida pela CGDRU, baseada na promoção de escutas e na integração, o
quanto possível, das unidades setoriais no processo de formulação da política, em atividades desenhadas com essa
finalidade.
128
Daí a importância das narrativas integradoras, da instituição de mecanismos
governança intersetorial também no Governo Federal, notadamente no Ministério do
Desenvolvimento Regional, que comporta as políticas setoriais mais relevantes para o
desenvolvimento urbano52, e da indução desse tipo de atuação por meio de instrumentos
de desenvolvimento urbano.
52Por ora, está no alcance da CGDRU, além de promover a participação das áreas competentes no processo de
formulação da política, qualificar a visão e incorporar as lógicas e as necessidades das políticas setoriais nas
diferentes dimensões da PNDU: agenda, visão de território (sistema urbano brasileiro) e instrumentos (mecanismos
de implementação).
129
Estados, mas também outras entidades e instituições capazes de colaborar com a
implementação da agenda de desenvolvimento urbano.
53
Paralelamente à formulação da PNDU, a CGDRU atua na construção da Rede para o Desenvolvimento Urbano
Sustentável (ReDUS), iniciativa conduzida no âmbito do Projeto ANDUS, de cooperação técnica dos governos
brasileiro e alemão, em parceria com a Frente Nacional de Prefeitos. A ReDUS está sendo concebida como uma
plataforma de colaboração, apoiada em uma ferramenta digital com recursos de comunicação e co-criação de
soluções pelos partícipes da rede, para a qual estão sendo chamadas a participar diferentes instituições relacionadas
ao campo do desenvolvimento urbano. A expectativa é que a ReDUS possa ser utilizada já nas escutas que serão
mobilizadas no processo de formulação da PNDU, e esteja plenamente operando quando da edição da política.
130
desdobramento programático da Política. A concretização de ações nesse nível pode ser
incentivada por meio de linhas de apoio técnico e financeiro destinadas a entidades
constituídas nessa escala. Consórcios públicos, fortemente utilizados em algumas
políticas setoriais, têm potencial para atuar em temas transversais de desenvolvimento
urbano54.
54 Sobretudo após a alteração da Lei de Consórcios Públicos (Lei nº 11.107/ 2005), em 2019, que facilitou a
contratação da União com essas entidades: “Art. 14. A União poderá celebrar convênios com os consórcios públicos,
com o objetivo de viabilizar a descentralização e a prestação de políticas públicas em escalas adequadas. Parágrafo
único. Para a celebração dos convênios de que trata o caput deste artigo, as exigências legais de regularidade aplicar-
se-ão ao próprio consórcio público envolvido, e não aos entes federativos nele consorciados. (Incluído pela Lei nº
13.821, de 2019)”
55
A experiência de implementação do Estatuto da Metrópole em algumas regiões metropolitanas oferece insumos
para reflexão sobre diferentes modelos de governança interfederativa e desafios relacionados à sua implementação,
apropriados no processo de formulação da PNDU de maneira extensiva a arranjos populacionais não metropolitanos e
outras possíveis formas de atuação intermunicipal.
56 A atuação local da União, necessária em alguns casos, como o exemplificado aqui, esbarra em condições concretas
de ausência de pessoal, um problema concreto que deve também ser enfrentado de forma extensiva na implementação
da PNDU, por seu caráter abrangente de apoio a municípios.
131
urbanização e de ordenamento territorial dessas cidades, com atenção para os impactos
de demandas sub-regionais nos serviços, equipamentos e infraestruturas urbanas.
132
fundo”, de organização do território, inclusive com a finalidade de suportar com maior
adequação e coerência intervenções setoriais e de estruturação urbana.
O raciocínio que estrutura essas linhas está ligado à compreensão de que uma
das tarefas específicas da PNDU, como política nacional, é oferecer apoio aos municípios
e a outros agentes implementadores (instâncias de governança interfederativa, por
exemplo), para implementação de suas respectivas ações de desenvolvimento urbano,
com base em evidências (informação), em visões de futuro associadas a padrões de
desenvolvimento urbano desejados (planejamento), na percepção de que alcançar
resultados em desenvolvimento urbano é um continuum, um processo (gestão), e na
pactuação política com a sociedade, entre setores e níveis de governo (governança).
Todos esses são requisitos inclusive para a elaboração de projetos e a execução de obras.
Esse fazer passa pela reunião desses instrumentos, análise de aderência com
as diferentes realidades e capacitação dos municípios (e de entidades supramunicipais)
para sua implementação. Para avançar nesse ponto, um dos insumos que está sendo
finalizado refere-se ao levantamento, análise e sistematização desses instrumentos nas
categorias “informação”, “planejamento”, “gestão” e “governança”57 e nas respectivas
escalas de atuação definidas pela política (municipal, supramunicipal e regional).
57Importante dizer que essas categorias também se aplicam à esfera nacional, posto que nascem do entendimento de
que esses quatro aspectos são necessários e indispensáveis para consecução de ações territoriais consistentes.
133
desenvolvimento urbano sustentável58, conectadas ao Programa de Fortalecimento das
Capacidades Governativas (PFCG), instituído pelo MDR em 2019 como sucessor do
Programa Capacidades do extinto MCidades.
58
Uma das maiores frentes de trabalho da CGDRU refere-se à estruturação de uma estratégia de formação em
desenvolvimento urbano sustentável, que inclui desde a perspectiva da educação urbana para o público infantil até a
oferta de cursos de capacitação para gestores e técnicos, organizados em trilhas de aprendizagem que cobrem um
amplo conteúdo (conceitual, estratégico, operacional) em desenvolvimento urbano sustentável. Tal iniciativa está
sendo realizada em parceria com a Universidade Federal do Semiárido (UFERSA), para disseminação em âmbito
nacional.
59 Trata-se de uma concepção inicial do que poderá vir a constituir um Programa para o Desenvolvimento Urbano
Sustentável (ProDUS), como externalização concreta da PNDU, cuja estruturação e implementação dependem de
uma modelagem de atuação técnica, financeira e operacional, incluindo um dimensionamento adequado de equipe e
estrutura institucional.
134
se pelo menos três eixos de ação: (1) estimular novas centralidades urbanas;
(2) estimular a estruturação de sistemas de espaços públicos e equipamentos
urbanos; (3) estimular a recuperação de áreas degradadas com disponibilidade
de infraestrutura.
135
A governança, por sua vez, é um requisito indispensável em diferentes
contextos. Em municípios isolados, a governança intramunicipal pode ser suficiente e,
em dinâmicas urbanas menos complexas, mais fácil de alcançar; municípios integrantes
de arranjos intermunicipais devem avançar em arranjos de governança interfederativa
que, uma vez implementados, podem trazer consigo mecanismos de gestão compartilhada
facilitadores da gestão local.
Por não termos tradição em processos de governança, essa linha deve ser
fortemente trabalhada em termos de agenda, sensibilização (narrativas), capacitação e
assistência técnica, o que consideramos um investimento necessário por seus potenciais
efeitos de médio e longo prazo. Compartilhamento estratégias, de recursos técnicos
(inclusive humanos), padronizações de produtos, contratações conjuntas, são benefícios
vislumbrados na adoção dessa perspectiva.
136
• fomentar o adequado aproveitamento de áreas urbanas degradadas, como
estratégia de requalificação urbana, promoção da segurança e ampliação do
acesso à cidade por populações urbanas vulneráveis; e
• fomentar a implantação de espaços públicos e equipamentos urbanos,
inclusive para atender a novos programas urbanos advindos das grandes
transformações com impactos nas cidades, na escala de vizinhança.
137
disponíveis para captação pelos entes federados, em âmbito nacional e internacional, com
aderência à agenda de desenvolvimento urbano. Nesse caso, a solicitação específica
refere-se à capacidade de endividamento e a entraves institucionais, legais e operacionais
à captação de recursos pelos municípios e entidades supramunicipais (situação fiscal,
fontes e fundos disponíveis etc.).
138
de "Desenvolvimento Econômico" na PNDU) e no ambiente institucional dos municípios
(desburocratização e melhoria dos processos de gestão municipal).
Sobre isso, é importante dizer: (1) que, por se tratar de um primeiro esforço
aglutinador, tomará seu tempo para se tornar plenamente operacional; (2) que há muitas
lacunas de dados, às quais se deve dispensar atenção para que se viabilize sua produção
ao longo dos próximos anos; (3) que a definição de indicadores de monitoramento e
indicadores de impacto da política associa-se a esse desafio; (4) que há impactos dessa
fragilidade para o controle social.
60Atende ao Estatuto da Metrópole (Lei 13.089/2015), “Art. 16-A. A União apoiará as iniciativas dos Estados e dos
Municípios voltadas à governança interfederativa e promoverá a instituição de um sistema nacional de informações
urbanas e metropolitanas, observadas as diretrizes do plano plurianual, as metas e as prioridades fixadas pelas leis
orçamentárias anuais”.
139
PNDU, é construir a possibilidade dentro do Ministério do Desenvolvimento Regional,
assim como fazem outros órgãos federais responsáveis por políticas finalísticas, de apoiar
(com recursos orçamentários) a elaboração de suplementos especiais da MUNIC e da
ESTADIC, de periodicidade bienal ou trienal, baseada em questionário próprio
construído em conjunto com o IBGE, que serviria para o monitoramento de todas as
políticas a cargo do órgão.
Considerações finais
140
Segue-se então uma discussão conceitual, que busca explicitar convergências
e divergências encontradas na legislação e nos estudos urbanos brasileiros, em síntese
para dizer que as cidades, territórios complexos e vivos, objeto e sujeito da PNDU, devem
ser observadas sob diferentes perspectivas e em diferentes escalas, mas nunca limitadas
a recortes territoriais abstratos, advindos de divisões político-administrativas, ou a
definições normativas também abstratas, informadas sobretudo pelo caráter operativo das
normas, vinculado a suas aplicações específicas. É evidente, no entanto, que esses limites
e abstrações devem ser considerados como condicionantes para a implementação da
política pública – cabe a ela, desde a formulação, incorporá-los como dados ou desafios
a serem superados.
141
demonstrar o lugar (ou o não lugar) de uma pauta, sua centralidade ou não, enfim, sua
importância na agenda política de governo ou de Estado. As dificuldades de manutenção
de agendas consistentes são conhecidas de quem está familiarizado com o campo das
políticas públicas, mesmo com um arcabouço jurídico, teórico e de problematizações
consistentes.
142
“recortes territoriais” ou camadas de caracterização, como elementos qualificadores da
agenda de desenvolvimento urbano.
A bem dizer, deve ser facilitada pela própria PNDU, por meio de uma agenda
de desenvolvimento urbano atualizada aos desafios contemporâneos, adequada à
diversidade territorial, e rebatida em instrumentos de informação e planejamento e em
formas inovadoras de gestão e governança compartilhadas.
143
144
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149
Apêndice: Carta Brasileira para Cidades Inteligentes
150
MEIO AMBIENTE
Com o final da Segunda Guerra Mundial a esgotabilidade dos recursos naturais ficou evidente, tendo
em vista a aceleração desordenada da produção agrícola e principalmente da produção industrial, de
maneira que se tornou perceptível a necessidade de se encontrar um modelo de desenvolvimento
que não ameaçasse à sustentabilidade planetária.
Por conta disso, em junho de 1972 a Organização das Nações Unidas organizou em Estocolmo, na
Suécia, a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, aprovando ao final a
Declaração Universal do Meio Ambiente que declarava que os recursos naturais, como a água, o ar,
o solo, a flora e a fauna, devem ser conservados em benefício das gerações futuras, cabendo a cada
país regulamentar esse princípio em sua legislação de modo que esses bens sejam devidamente
tutelados.
Esse foi o grande marco internacional do surgimento de um ramo da Ciência Jurídica capaz de
regular as atividades humanas efetiva ou potencialmente causadoras de impacto sobre o meio
ambiente, com o intuito de defendê-lo, melhorá-lo e de preservá-lo para as gerações presentes e
futuras.
No Brasil o grande marco do surgimento do Direito Ambiental foi a edição da Lei nº 6.938, em 31 de
agosto de 1981, que dispôs sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e que começou a tratar os
recursos ambientais de forma integrada e holística.
A partir de então o Direito Ambiental passou a avoluir e gradualmente a ganhar autonomia como
ramo da Ciência Jurídica a ponto de ter os seus próprios princípios, a despeito do pouco tempo da
disciplina.
Ao consagrar o meio ambiente como um direito humano fundamental e de fazer diversas outras
referências ao assunto ao longo do seu texto, a Constituição Federal de 1988 consagrou também de
forma explícita ou implícita os mais relevantes princípios do Direito Ambiental.
Não se pode esquecer de que foi por conta da ameaça à continuidade da vida humana e dos
gravíssimos problemas ambientais, como o aquecimento global, o buraco na camada de ozônio, a
escassez de água potável e a desertificação, que o Direito passou a ser preocupar com essa
temática.
Entretanto, muitas vezes o Poder Judiciário tem interpretado a legislação de forma restritiva, deixando
de proteger efetivamente o meio ambiente e colocando em risco esse direito imprescindível à
qualidade de vida, somente por causa de um atrelamento excessivo ao positivismo jurídico e de uma
falta de consideração aos princípios jurídicos.
Sendo assim, este trabalho tem por objetivo estudar os princípios mais importantes do Direito
Ambiental, esperando contribuir para uma aplicação menos positivista e mais integrada e justa do
Direito e, especialmente, desse ramo da Ciência Jurídica.
As fontes do Direito são todas as circunstâncias ou instituições que exercem influência sobre o
entendimento dos valores tutelados por um sistema jurídico.
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MEIO AMBIENTE
Maurício Godinho Delgado[1] afirma que a palavra princípio significa proposição elementar e
fundamental que embasa um determinado ramo de conhecimento ou proposição lógica básica em
que se funda um pensamento.
Os princípios exercem uma função especialmente importante frente às outras fontes do Direito
porque, além de incidir como regra de aplicação do Direito no caso prático, eles também influenciam
na produção das demais fontes do Direito.
É com base nos princípios jurídicos que são feitas as leis, a jurisprudência, a doutrina e os tratados e
convenções internacionais, já que eles traduzem os valores mais essenciais da Ciência Jurídica.
Com efeito, pode ser que não exista lei, costumes, jurisprudência, doutrina ou tratados e convenções
internacionais, mas em qualquer situação os princípios jurídicos poderão ser aplicados.
Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio
implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de
comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do
princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores
fundamentais.
Luís Roberto Barroso[5] defende que segundo a dogmática moderna as normas jurídicas podem ser
divididas em normas-disposição e em normas-princípio, de maneira que a distinção entre normas e
princípios está superada. Enquanto as normas-disposição são regras aplicáveis somente às
situações a que se dirigem, as normas-princípio ou princípios possuem um grau maior de abstração e
uma importância mais destacada dentro do sistema jurídico.
Celso Antônio Bandeira de Mello[6] entende que os princípios jurídicos constituem o mandamento
nuclear do sistema normativo, já que além de servirem de critério para a interpretação de todas as
normas jurídicas eles têm a função de integrar e de harmonizar todo o ordenamento jurídico
transformando-o efetivamente em um sistema.
Esclarecendo ainda mais esta questão temos, Bobbio faz uma clara análise dos princípios gerais do
Direito, inserindo-os no amplo conceito de normas nos esclarecendo que:
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MEIO AMBIENTE
Os princípios gerais são apenas, a meu ver, normas fundamentais ou generalíssimas do sistema, as
normas mais gerais. A palavra princípios leva a engano, tanto que é velha questão entre juristas se
os princípios gerais são normas. Para mim não há dúvida: os princípios gerais são normas como
todas as outras. E esta é também a tese sustentada por Crisafulli. Para sustentar que os princípios
gerais são normas, os argumentos são dois, e ambos válidos: antes de mais nada, se são normas
aquelas das quais os princípios gerais são extraídos, através de um procedimento de generalização
sucessiva, não se vê por que não devam ser normas também eles: se abstraio da espécie animal
obtenho sempre animais, e não flores ou estrelas.
Em segundo lugar, a função para qual são extraídos e empregados é a mesma cumprida por todas as
normas, isto é, a função de regular um caso. E com que finalidade são extraídos em caso de lacuna?
Para regular um comportamento não-regulamentado: mas então servem ao mesmo escopo que
servem as normas. E por que não deveriam ser normas?[7]
Sendo assim, os princípios têm valor normativo, e não apenas valorativo, interpretativo ou
argumentativo, de maneira que se encontram hierarquicamente superiores a qualquer regra. Na
verdade, já que os princípios são o esteio do ordenamento jurídico, é a eles que as regras têm se
adequar e não o contrário, e quando isso não ocorrer deverá a mesma ser considerada nula.
É preciso destacar também que a afirmação dos princípios do Direito Ambiental desempenhou um
papel fundamental no reconhecimento desse Direito enquanto ramo autônomo da Ciência Jurídica.
Nesse diapasão, Antônio Herman de Vasconcellos e Benjamin aponta as quatro principais funções
dos princípios do Direito Ambiental no que diz respeito a sua compreensão e aplicação:
a) são os princípios que permitem compreender a autonomia do Direito Ambiental em face dos outros
ramos do Direito;
c) é dos princípios que se extraem as diretrizes básicas que permitem compreender a forma pela qual
a proteção do meio ambiente é vista na sociedade;
d) e, finalmente, são os princípios que servem de critério básico e inafastável para a exata inteligência
e interpretação de todas as normas que compõem o sistema jurídico ambiental, condição
indispensável para a boa aplicação do Direito nessa área[8].
Um aspecto que ressalta a importância dos princípios no Direito Ambiental em relação aos demais
ramos da Ciência Jurídica é o fato da enorme proliferação legislativa nessa área.
Paulo de Bessa Antunes expõe que há alguns anos em se tratando de proteção à flora era apenas o
Código Florestal que se aplicava, enquanto que atualmente essa lei é apenas um dos inúmeros
elementos de proteção à flora já que existe a Convenção de Diversidade Biológica, o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação e uma série de normas objetivando a proteção específica de
um bioma ou de uma espécie de flora.
Com efeito, como existe uma competência legislativa concorrente entre os diversos entes federativos,
é possível encontrar além das leis e decretos federais e convenções e tratados internacionais, uma
série de leis e decretos estaduais, distritais e municipais.
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MEIO AMBIENTE
Muitas vezes tais normas são elaboradas por técnicos ambientais ou até por representantes de
associações de classe ou de movimentos sociais que adotam uma redação confusa ou obscura sob o
ponto de vista da técnica legislativa.
Pon conta disso, os conflitos normativos são muito comuns nessa área e deverão ser resolvidos por
meio da aplicação dos princípios do Direito Ambiental.
Com relação ao papel relevante que os princípios jurídicos podem desempenhar naquelas situações
que ainda não foram objeto de legislação específica, trata-se da mais um situação muito comum no
que diz respeito ao meio ambiente.
A evolução da sociedade e o aparecimento de novas tecnologias fazem com que a cada dia surjam
novas situações capazes de interferir na qualidade do meio ambiente e que por isso não podem
deixar de ser reguladas pelo Direito Ambiental.
Por causa disso, esses princípios devem ser levados em consideração em todas as decisões do
Poder Público, especialmente em relação às políticas públicas ambientais e a todas as políticas
públicas de uma maneira geral, já que todos os setores da atividade pública de alguma forma
repercutem na questão ambiental.
De acordo com Paulo de Bessa Antunes[10], são de dois tipos os princípios do Direito Ambiental: os
explícitos e os implícitos. Os primeiros são aqueles que se encontram positivados nos textos legais e
na Constituição Federal, e os segundos são aqueles depreendidos do ordenamento jurídico
constitucional. É claro que tanto os princípios explícitos quando os implícitos encontram aplicabilidade
no sistema jurídico brasileiro, pois os princípios não precisam estar escritos para serem dotados de
positividade.
Devido ao fato de parte dos princípios do Direito Ambiental serem construções eminentemente
doutrinárias inferidas dos textos legais e das declarações internacionais de Direito, a quantidade e a
denominação desses princípios variam de um autor para outro.
Luís Paulo Sirvinskas[12] enumera os seguintes princípios do Direito Ambiental: direito humano,
desenvolvimento sustentável, democrático, prevenção (precaução ou cautela), equilíbrio, limite,
poluidor-pagador e responsabilidade social.
Edis Milaré[13] elenca como princípios do Direito Ambiental: meio ambiente ecologicamente
equilibrado como direito fundamental da pessoa humana, natureza pública da proteção ambiental,
controle de poluidor pelo Poder Público, consideração da variável ambiental no processo decisório de
políticas de desenvolvimento, participação comunitária, poluidor-pagador, prevenção, função social
da propriedade, desenvolvimento sustentável e cooperação entre os povos.
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MEIO AMBIENTE
Para Rui Piva[14] o Direito Ambiental possui os princípios a saber: participação do Poder Público e da
coletividade, obrigatoriedade da intervenção estatal, prevenção e precaução, informação e notificação
ambiental, educação ambiental, responsabilidade das pessoas física e jurídica.
Paulo Affonso Leme Machado[15] classifica os seguintes princípios do Direito Ambiental: acesso
equitativo aos recursos naturais, usuário-pagador e poluidor-pagador, precaução, prevenção,
reparação, informação e participação.
Toshio Mukai[16] trabalha com os seguintes princípios do Direito Ambiental: prevenção, poluidor-
pagador ou responsabilização e cooperação.
Segundo Paulo de Bessa Antunes[17], os princípios do Direito Ambiental são: direito humano
fundamental, desenvolvimento, democrático, precaução, prevenção, equilíbrio, limite,
responsabilidade, poluidor-pagador.
Entretanto, tem razão Paulo de Bessa Antunes[20] ao sustentar que além de não existir um consenso
sobre os princípios do Direito Ambiental, são enormes as divergências doutrinárias sobre o conteúdo
de cada um deles.
É importante destacar o relevante papel que a Declaração Universal sobre o Meio Ambiente e a
Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ambas documentos redigidos
respectivamente na 1ª e na 2ª Convenção Internacional da Organização das Nações Unidas sobre o
Meio Ambiente, tiveram na formação dos princípios do Direito Ambiental.
A maior parte dos princípios de Direito Ambiental trazidos pela Declaração Universal sobre o Meio
Ambiente foram consagrados explícita ou implicitamente pela Constituição Federal de 1988 e pela
legislação ambiental de uma forma geral.
De qualquer forma, passarão a ser analisados de forma objetiva apenas os princípios mais
importantes do Direito Ambiental.
Princípio Da Prevenção
Seja no caput do art. 225, quando fala sobre o dever do Poder Público e da coletividade de proteger e
preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações, ou seja na maior parte do restante
do dispositivo[22].
A Declaração Universal sobre o Meio Ambiente já consagravou desde 1972 o princípio da prevenção
ao estabelecer no Princípio 6 que “Deve-se pôr fim à descarga de substâncias tóxicas ou de outros
materiais e, ainda, à liberação de calor em quantidades ou concentrações tais que o meio ambiente
não tenha condições para neutralizá-las, a fim de não se causar danos graves ou irreparáveis aos
ecossistemas. Deve-se apoiar a justa luta dos povos de todos os países contra a contaminação”.
A Lei nº 6.938/81 também consagra o princípio da prevenção ao dispor nos incisos III, IV e V do art.
4º que a Política Nacional do Meio Ambiente tem como objetivo o estabelecimento de critérios e
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MEIO AMBIENTE
Já os incisos II, III, IV, VI, VII, IX e X do art. 2º da referida Lei elenca entre os princípios da Política
Nacional do Meio Ambiente a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar, o
planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais, a proteção dos ecossistemas, com a
preservação de áreas representativas, os incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias
orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais, o acompanhamento do estado
da qualidade ambiental, a proteção de áreas ameaçadas de degradação e a educação ambiental a
todos os níveis do ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para
participação ativa na defesa do meio ambiente.
A prevenção é o princípio que fundamenta e que mais está presente em toda a legislação ambiental e
em todas as políticas públicas de meio ambiente.
A recuperação de uma lesão ambiental é quando possível muito demorada e onerosa, de forma que
na maior parte das vezes somente a atuação preventiva pode ter efetividade.
São inúmeros os casos em que as catástrofes ambientais não têm reparação e seus efeitos acabam
sendo sentidos apenas pelas gerações futuras, o que ressalta o dever de prevenção.
De fato, é melhor para o meio ambiente que o dano ambiental nunca ocorra do que ele ocorrer e ser
recuperado depois.
Devido a essas características do dano ambiental, a Constituição Federal reconheceu que deve ser
dada prioridade às medidas que impeçam o surgimento degradações ao meio ambiente.
O princípio da prevenção é aplicado em relação aos impactos ambientais conhecidos e dos quais se
possa estabelecer as medidas necessárias para prever e evitar os danos ambientais[25].
Princípio Da Precaução
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MEIO AMBIENTE
Ao contrário dos tratados e convenções, que têm de passar por um processo de ratificação junto ao
Poder Legislativo dos países membros da ONU, o princípio da precaução não é transposto
automaticamente para o ordenamento jurídico interno do mesmos tendo em vista constar somente
em declarações de direito[26].
Enquanto doutrinadores como José Afonso da Silva e Toshio Mukai sequer citam a precaução como
princípio do Direito Ambiental, outros como Celso Antônio Pachêco Fiorillo[27], Edis Milaré[28], Luís
Paulo Sirvinskas[29]preferem adotar o princípio da prevenção como sinônimo ou como gênero de que
o princípio da precaução é espécie.
Com efeito, existe uma grande semelhança entre o princípio da precaução e o princípio da prevenção
que o primeiro é apontado como um aperfeiçoamento do segundo. Prova disso é que os instrumentos
da Política Nacional do Meio Ambiente que se prestam a efetivar a prevenção são apontados também
como instrumentos que se prestam a efetivar a precaução.
O “princípio de precaução”, por sua vez, é apontado, pelos que defendem seu status de novo
princípio jurídico-ambiental, como um desenvolvimento e, sobretudo, um reforço do princípio da
prevenção. Seu fundamento seria, igualmente, a dificuldade ou impossibilidade de reparação da
maioria dos danos ao meio ambiente, distinguindo-se do princípio da prevenção por aplicar-se
especificamente às situações de incerteza científica[30].
Dessa forma, ao passo que a precaução diz respeito à ausência de certezas científicas, a prevenção
deve ser aplicada para o impedimento de danos cuja ocorrência é ou poderia ser sabida.
Paulo de Bessa Antunes[31] pondera que o impedimento de uma determinada atividade com base no
princípio da precaução somente deve ocorrer se houver uma justificativa técnica fundada em critérios
científicos aceitos pela comunidade internacional, já que por vezes opiniões isoladas e sem
embasamento têm sido utilizadas como pretexto para a interrupção de experiências e projetos
socialmente relevantes.
Princípio Do Poluidor-Pagador
Esse princípio estabelece que quem utiliza o recurso ambiental deve suportar seus custos, sem que
essa cobrança resulte na imposição taxas abusivas, de maneira que nem Poder Público nem
terceiros sofram com tais custos.
Como afirma Paulo Affonso Leme Machado[32], ao causar uma degradação ambiental o indivíduo
invade a propriedade de todos os que respeitam o meio ambiente e afronta o direito alheio.
A segunda parte do inciso VII do art. 4º da Lei nº 6.938/81 prevê o princípio do poluidor-pagador ao
determinar que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à imposição ao usuário de contribuição
pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
A Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento também dispôs sobre o
princípio do poluidor-pagador ao estabelecer no Princípio 16 que “Tendo em vista que o poluidor
deve, em princípio, arcar com o custo decorrente da poluição, as autoridades naconais devem
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MEIO AMBIENTE
O princípio do poluidor pagador tem sido confundido por grande parte da doutrina com o princípio da
responsabilidade.
Contudo, o seu objetivo não é recuperar um bem lesado nem criminalizar uma conduta lesiva ao meio
ambiente, e sim afastar o ônus econômico da coletividade e voltá-lo para a atividade econômica
utilizadora de recursos ambientais[34].
O PPP parte da constatação de que osr ecursos ambientais são escassos e o seu uso na produção e
no consumo acarretam a sua redução e degradação. Ora, se o custo da redução dos recursos
naturais não for considerado no sistema de preços, o mercado não será capaz de refletir a escassez.
Em assim sendo, são necessárias políticas públicas capazes de eliminar a falha de mercado, de
forma a assegurar que os preços dos produtos reflitam os custos ambientais[35].
A poluição dos recursos ambientais de uma maneira geral, e especialmente em se tratando daqueles
bens mais facilmente encontrados na natureza, como a água, o ar e o solo, por conta da natureza
difusa, é normalmente custeada pelo Poder Público.
Em termos econômicos, esse custo é um subsídio à atividade econômica poluidora, já que não está
sendo levado em conta os prejuízos sofridos pela sociedade que ocorrem tanto quando a coletividade
sente os efeitos da poluição quando os cofres públicos deixam de aplicar seu dinheiro em outra
finalidade para descontaminar uma determinada região ou um determinado recurso ambiental.
O objetivo do princípio do poluidor-pagador é evitar que ocorra a simples privatização dos lucros e a
socialização dos prejuízos dentro de uma determinada atividade econômica[37].
Trata-se de uma espécie de privatização dos lucros e socialização dos prejuízos, o que significa um
enriquecimento ilícito visto que de acordo com o caput do art. 225 da Constituição Federal o meio
ambiente é um “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”.
O princípio do poluidor-pagador leva em conta que os recursos ambientais são escassos, portanto,
sua produção e consumo geram reflexos ora resultando sua degradação, ora resultando sua
escassez.
Princípio Da Responsabilidade
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MEIO AMBIENTE
O princípio da responsabilidade faz com que os responsáveis pela degradação ao meio ambiente
sejam obrigados a arcar com a responsabilidade e com os custos da reparação ou da compensação
pelo dano causado.
Esse princípio está previsto no § 3º do art. 225 da Constituição Federal, que dispõe que “As condutas
e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados”.
A primeira parte do inciso VII do art. 4º da Lei nº 6.938/81 prevê o princípio da responsabilidade ao
determinar que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à imposição ao poluidor e ao predador da
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados ao meio ambiente.
O inciso IX do art. 9º dessa Lei também prevê o princípio da responsabilidade ao classificar como
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente as penalidades disciplinares ou compensatórias
ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
O princípio da responsabilidade também foi consagrado pelo inciso VII do art. 4º e no § 1º do art. 14
da referida Lei ao dispor, respectivamente, que a Política Nacional do Meio Ambiente visará à
imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados
e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos, e que sem
obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente
de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros,
afetados por sua atividade, prevendo ainda que o Ministério Público da União e dos Estados terá
legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio
ambiente.
A Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento também dispôs sobre o
princípio do poluidor-pagador ao estabelecer no Princípio 13 que “Os Estados irão desenvolver
legislação nacional relativa à responsabilidade e à indenização das vítimas de poluição e de outros
danos ambientais.
Pelo princípio da responsabilidade o poluidor, pessoa física ou jurídica, responde pelas ações ou
omissões de sua responsabilidade que resultarem em prejuízo ao meio ambiente, ficando sujeito a
sanções cíveis, penais ou administrativas, já que a responsabilidade ambiental se dá de forma
independente e simultânea nas esferas cível, criminal e administrativa.
É importante destacar que muitos autores confundem essa princípio com o do poluidor pagador,
porém a aplicabilidade deles ocorre em momentos distintos.
A Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento também dispôs sobre o
princípio da responsabilidade ao estabelecer no Princípio 13 que “Os Estados devem desenvolver
legislação nacional relativa à responsabilidade e indenização das vítimas de poluição e outros danos
ambientais. Os Estados devem ainda cooperar de fomra expedita e determinada para o
desenvolvimento de normas de direito ambiental internacional relativas à responsabilidade e
indenização por efeitos adversos de danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por
atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle”.
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MEIO AMBIENTE
O poluidor poderá reparar uma área degradada, por exemplo, e/ou indenizar os prejudicados como
uma forma de compensação pelos prejuízos.
Vale ressaltar que esse procedimento também possui a função de prevenir tais danos posto que
inibe, por meio de exemplos, potenciais degradações.
Esse princípio da gestão democrática diz respeito não apenas ao meio ambiente, mas a tudo o que
for de interesse público.
Entretanto, no que diz respeito ao meio ambiente o princípio da gestão democrática é ainda mais
importante, visto que se trata de um direito difuso que em regra não pertence a nenhuma pessoa ou
grupo individualmente considerado.
A realidade tem mostrado que é praticamente impossível que o Poder Público consiga acabar ou
diminuir a degradação ambiental sem a participação da sociedade civil.
O caput do art. 225 da Constituição Federal consagra o princípio da gestão democrática ao dispor
que é dever do Poder Público e da coletividade defender e preservar o meio ambiente.
A Política Nacional do Meio Ambiente está estruturada no pressuposto de que a sociedade deve
participar ativamente nas decisões e nos processos administrativos que possam dizer respeito ao
meio ambiente.
É por isso que o inciso I do art. 2º da Lei nº 6.938/81 classifica o meio ambiente como um patrimônio
público a ser necessariamente assegurado e protegido tendo em vista o uso coletivo.
Os incisos VI, VII e VIII do art. 5º do Decreto nº 99.247/90 determinam a participação da sociedade
civil, por meio de entidades de classe, de organizações não governamentais e de movimentos sociais
no CONAMA, que é o órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA.
O art. 20 da Resolução nº 237/97 do CONAMA exige que para os entes federativos poderem exercer
a competência licenciatória é necessário que tenham implementado os Conselhos de Meio Ambiente
com caráter deliberativo e a obrigatória participação da sociedade civil.
O Estatuto da Cidade, ou Lei nº 10.257/2001, determina nos incisos II e XIII do art. 2º que a política
urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da
propriedade urbana, mediante a gestão democrática por meio da participação da população e de
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MEIO AMBIENTE
O art. 43 da referida Lei determina que para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser
utilizados, entre outros instrumentos, os órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional,
estadual e municipal, os debates, audiências e consultas públicas, as conferências sobre assuntos de
interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal, e a iniciativa popular de projeto de lei e
de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.
O Direito Ambiental surgiu em virtude da atuação dos movimentos sociais, sendo por isso a
importância do princípio da gestão democrática, que se manifesta por meio da informação e da
participação.
A Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento também dispôs sobre o
princípio da responsabilidade ao estabelecer no Princípio 10 que “A melhor maneira de tratar as
questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos
interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao
meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais
e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos
decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular, colocando
as informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e
administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos”.
No que diz respeito ao Poder Executivo, esse princípio se manifesta por exemplo através da
participação da sociedade civil nos Conselhos de Meio Ambiente e do controle social em relação a
processos e procedimentos administrativos como o licenciamento ambiental e o estudo e relatório de
impacto ambiental.
No que diz respeito ao Poder Legislativo, esse princípio se manifesta por exemplo através de
iniciativas populares, prebiscitos e referendos de caráter ambiental e da realização de audiências
públicas que tenham o intuito de discutir projetos de lei relacionados ao meio ambiente.
No que diz respeito ao Poder Judiciário, esse princípio se manifesta por exemplo através da
possibilidade dos cidadãos individualmente, por meio de ação popular, e do Ministério Público, da
organizações não governamentais, de sindicatos e de movimentos sociais de uma forma geral, por
meio de ação civil pública ou de mandado de segurança coletivo, questionarem judicialmente as
ações ou omissões do Poder Público ou de particulares que possam repercutir negativamente sobre
o meio ambiente.
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MEIO AMBIENTE
Rui Piva[40], por exemplo, cita como princípios autônomos a participação da coletividade, a
informação e notificação ambiental e a educação ambiental, ao passo que Paulo Affonso Leme
Machado[41] classifica como princípios diferentes a informação e a participação.
Contudo, outros doutrinadores como Celso Antônio Pachêco Fiorillo[42] preferem elencar a
informação e a educação ambiental como vertentes do princípio da participação ou da gestão
democrática, posto que se trata de elementos fundamentais para a gestão democrática do meio
ambiente.
Edis Milaré destaca que em matéria ambiental o direito à participação pressupõe o direito à
informação, já que somente ao ter acesso à informação é que os cidadãos poderão efetivamente
fomar opinião, articular estratégias e tomar decisões.
Os incisos VII e XI do art. 9º da Lei nº 6.938/81 estabelece o sistema nacional de informações sobre o
meio ambiente e a garantia de prestação de informações relativas ao meio ambiente como
instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, dispondo inclusive que o Poder Público é
obrigado a produzir as informações quando elas forem inexistentes.
A segunda parte do inciso V do art. 4º determina que a Política Nacional do Meio Ambiente visará “à
divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a
necessidade a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico”.
O § 3º do art. 6º dispõe que os órgãos administrativos de meio ambiente têm a obrigação de fornecer
os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa
legitimamente interessada.
O inciso X do art. 2º da Lei nº 6.938/81 dispõe que um dos princípios da Política Nacional do Meio
Ambiente é a promoção de educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da
comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
O inciso VII do art. 1º do Decreto nº 99.247/90 determina que na execução da Política Nacional do
Meio Ambiente cumpre ao Poder Público, nos seus diferentes níveis de governo, orientar a educação,
em todos os níveis, para a participação ativa do cidadão e da comunidade na defesa do meio
ambiente, cuidando para que os currículos escolares das diversas matérias obrigatórias contemplem
o estudo da ecologia.
A Lei nº 9.795/99 estabeleceu a Política Nacional de Educação Ambiental, definindo como educação
ambiental no art. 1º “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores
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MEIO AMBIENTE
Princípio Do Limite
Também voltado para a Administração Pública, cujo dever é fixar parâmetros mínimos a serem
observados em casos como emissões de partículas, ruídos, sons, destinação final de resíduos
sólidos, hospitalares e líquidos, dentre outros, visando sempre promover o desenvolvimento
sustentável.
A Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento também dispôs sobre o
princípio da responsabilidade ao estabelecer no Princípio 3 que “O direito ao desenvolvimento deve
ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de
desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras”.
O inciso V do § 1º do artigo 225 da Constituição Federal determina que para assegurar o direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado incumbe ao Poder Público “controlar a produção, a
comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a
qualidade de vida e o meio ambiente”.
Somente são permitidas as práticas e condutas cujos impactos ao meio ambiente estejam
compreendidos dentro de padrões previamente fixados pela legislação ambiental e pela
Administração Pública.
Precaução: Caracteriza-se pelo fundamento de que a falta de certeza científica absoluta sobre as
consequências de determinado ato não deve ser desculpa para não se adotarem medidas eficazes
que impeçam a degradação ambiental.
Prevenção: Visa prevenir os possíveis danos ambientais, eliminando ou reduzindo as suas causas e
consequências, com base no prévio conhecimento de um nexo causal.
Poluidor-pagador: Estabelece que o poluidor deve arcar com os custos das medidas adotadas para
manter a qualidade ambiental, sem se afastar da prevenção. Esse princípio indica, desde logo, que o
poluidor é obrigado a corrigir ou recuperar o ambiente degradado, suportando os encargos daí
resultantes, não lhe sendo permitido continuar a ação poluente. Além disso, aponta para a
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MEIO AMBIENTE
responsabilização dos agentes perante terceiros em relação aos danos a eles causados, direta ou
indiretamente, devido à degradação dos recursos naturais.
Cooperação: Contempla o pressuposto de que deve ser dada prioridade à cooperação entre o Poder
Público e a sociedade na solução de problemas relacionados ao meio ambiente, sua defesa e
preservação para as gerações futuras, levando sempre em conta o interesse público. Esse princípio é
reforçado pela abrangência dos impactos das atividades humanas, tanto negativos quanto positivos,
que não ficam restritos aos limites territoriais (dimensão transfronteiriça e global das atividades
degradadoras), o que demanda cooperação nos níveis local, regional, nacional e internacional.
Publicidade: Impõe a divulgação oficial do ato administrativo para conhecimento público. A falta da
devida publicidade invalida o ato pela própria administração ou pelo Poder Judiciário. Este princípio
coroa a participação pública, que torna o processo de licenciamento transparente e legitima o
interesse público. A Lei nº 10.650 obriga todos os órgãos e entidades da Administração direta e
indireta que compõem o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA – a permitir o acesso
público a todos os documentos, expedientes e processos administrativos, que tratem de matéria
ambiental, assim como fornecer informações ambientais que estejam sob sua guarda. A solicitação
de tais informações por qualquer cidadão independe da existência ou comprovação de algum
interesse específico. Em 18 de novembro de 2011, foi editada a Lei nº 12.527 que regula o acesso a
informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da
Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5
de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências.
Biossegurança
Fontes et al. (1998) já apontam para "os procedimentos adotados para evitar os riscos das atividades
da biologia". Embora seja uma definição vaga, subentende-se que estejam incluídos
a biologia clássica e a biologia do DNA recombinante.
Conceitos Utilizados
O foco de atenção dessa Lei são os riscos relativos as técnicas de manipulação de organismos
geneticamente modificados. O órgão regulador dessa Lei é a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança, integrada por profissionais de diversos ministérios e indústrias biotecnológicas.
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MEIO AMBIENTE
Por outro lado, a palavra biossegurança, também aparece em ambientes onde a moderna
biotecnologia não está presente, como indústrias, hospitais, laboratórios de saúde
pública, laboratórios de análises clínicas, hemocentros, universidades, etc., no sentido da prevenção
dos riscos gerados pelos agentes químicos, físicos e ergonômicos, envolvidos em processos onde o
risco biológico se faz presente ou não. Esta é a vertente da biossegurança, que na realidade,
confunde-se com a engenharia de segurança, a medicina do trabalho, a saúde do trabalhador,
a higiene industrial, a engenharia clínica e a infecção hospitalar.
Biossegurança Em Saúde
A biossegurança pode ser compreendida como um conjunto de normas e medidas que visa à
proteção da população e dos profissionais de saúde.
Profissionais da saúde estão expostos a diversos riscos em suas profissões, devendo seguir sempre
as medidas de biossegurança
A biossegurança pode ser definida como um conjunto de medidas que busca minimizar os riscos
inerentes a uma determinada atividade. Esses riscos não são apenas aqueles que afetam o
profissional que desempenha uma função, e sim todos aqueles que podem causar danos ao meio
ambiente e à saúde das pessoas.
No que diz respeito aos profissionais de saúde, a biossegurança preocupa-se com as instalações
laboratoriais, as boas práticas em laboratório, os agentes biológicos aos quais o profissional está
exposto e até mesmo a qualificação da equipe de trabalho. Isso é importante porque, nesses locais,
existe a frequente exposição a agentes patogênicos, além, é claro, de riscos físicos e químicos.
Uma das principais normas de biossegurança em hospitais, clínicas e laboratórios diz respeito
à higienização das mãos. Elas sempre devem ser lavadas antes do preparo e da ministração de
medicamentos e do manuseio do paciente. Apesar de simples, essa é uma das medidas que mais
evitam a propagação de doenças.
Os profissionais de saúde também devem ficar atentos aos seus equipamentos de proteção, tais
como jalecos e aventais, que devem ser usados apenas no local de trabalho e nunca em áreas
públicas ou mesmo refeitórios e copas no interior da unidade de saúde. Além disso, é importante não
abraçar pessoas ou carregar bebês utilizando jalecos, uma vez que existe o risco de contaminá-los.
Apesar de ser uma recomendação conhecida por todos os profissionais da saúde, é muito comum
observar essas pessoas utilizando jalecos em áreas públicas e transportando-os de maneira
inadequada. Isso pode ocasionar o transporte de agentes patogênicos para fora das unidades de
saúde, causando doenças na população. Um ponto importante e que merece destaque é a
propagação de bactérias resistentes, que normalmente são encontradas restritas ao ambiente
hospitalar, porém podem ser facilmente levadas até a população em virtude da falta de conhecimento
dessas normas de biossegurança.
As luvas também são um dos equipamentos de proteção que merecem destaque. Elas devem ser
usadas sempre que necessário e trocadas após cada procedimento. Após a remoção, é fundamental
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MEIO AMBIENTE
dar a destinação correta a esse material, assim como a todos os materiais que tiveram contato com
material biológico. O descarte correto é extremamente importante para a segurança de todos.
Os profissionais de saúde estão expostos frequentemente a material biológico, por isso os riscos de
contaminação podem ser altos a depender da atividade realizada. Os acidentes com esses
profissionais geralmente envolvem ferimentos com agulhas ou outro material cortante e contato direto
com sangue ou materiais contaminados. Dentre os mais envolvidos com esses acidentes, destacam-
se os profissionais de enfermagem.
É importante frisar que qualquer acidente ocorrido com os profissionais da saúde durante o
desenvolvimento de sua atividade é considerado um acidente de trabalho. Em casos de acidentes
com material biológico, é importante lavar o local de contato ou a lesão e notificar a chefia imediata,
que analisará o acidente. Essa análise observará qual material biológico esteve envolvido e como
ocorreu o acidente. Posteriormente, será observado se o material pode ou não transmitir HIV e
hepatites. Se for esse o caso, será necessária a realização de uma quimioprofilaxia. Após esse
momento, ocorrerá o seguimento clínico laboratorial apropriado.
Estudo qualitativo que teve como objetivo investigar concepções e práticas de técnicos em
enfermagem acerca da biossegurança e sua interface com os riscos biológicos, desenvolvido com
vinte trabalhadores de uma unidade de cuidado clínico, de um hospital do interior do Rio Grande do
Sul. Os dados foram coletados mediante entrevistas e observação sistemática. A análise temática foi
a metodologia usada para o tratamento dos dados. A negligência dos trabalhadores quanto ao uso de
Equipamentos de Proteção individual e a sobrecarga de trabalho são fatores de risco para os
acidentes com material biológico. Sugerem-se parcerias entre os atores envolvidos no cuidado para a
construção de ambientes saudáveis e responsabilização por negligências à biossegurança.
Métodos
Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, pois foram explorados conhecimentos sobre a realidade, que
só podem ser obtidos pela descrição da experiência dos próprios atores que a vivenciam, com a
finalidade de explorar e explicitar o fenômeno, além de proporcionar ao pesquisador maior
familiaridade com o mesmo.
Foram critérios para seleção dos sujeitos: ser técnico em enfermagem da unidade em estudo e
aceitar participar. Fizeram parte do estudo vinte técnicos em enfermagem. Optou-se por estudar a
exposição entre técnicos em enfermagem considerando que, pela natureza de sua ocupação, são
trabalhadores que estão, mais frequentemente, em contato com fluidos e sangue, e, também, por
tratar-se de um cenário onde o técnico trabalha sob riscos em virtude da grande demanda e,
conseqüente superlotação da unidade.
O local escolhido, intencionalmente, para o estudo foi a unidade de cuidado clínico adulto, de um
hospital de médio porte, localizado na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul, tendo em
vista que esta unidade funciona, cotidianamente, com grande rotatividade e demanda de entradas e
saídas de pacientes, caracterizando-se como uma unidade 'agitada'.
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MEIO AMBIENTE
A unidade de internação em cuidado clínico do referido hospital atende pacientes conveniados pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), sendo que a média mensal é de, aproximadamente, 250 internações.
Para atendê-las, conta com 41 leitos, sendo dois de isolamento e 12 psiquiátricos; e 20 técnicos em
enfermagem, dois enfermeiros, contando, também, com dois bolsistas de enfermagem.
A coleta dos dados foi feita mediante entrevistas com os sujeitos. Para tanto, foi utilizado um
instrumento com perguntas não estruturadas. A fim de complementar os dados obtidos pela
entrevista, realizou-se uma observação sistemática para a verificação da adesão do hospital à NR 32,
a qual normaliza ações para a segurança e saúde do trabalhador em serviços da área. Para tanto, foi
utilizado um roteiro estruturado, construído e adaptado pelos pesquisadores, em conformidade com a
referida NR e pautado nas ações de prevenção aos riscos biológicos.
A categorização temática foi o referencial para a análise dos dados. A transcrição e organização dos
relatos obtidos pela entrevista e pelo registro da observação constituíram a ordenação dos dados e a
classificação deu-se a partir da leitura exaustiva destes materiais identificando-se estruturas de
relevância, de onde emergiram cinco categorias: Os riscos do trabalho sob a ótica dos técnicos em
enfermagem; A punção venosa como atividade de risco; A negligência do trabalhador: o não uso dos
EPI; Contribuições da equipe de enfermagem e dos gestores para a prevenção dos acidentes de
trabalho por material biológico; A gestão de enfermagem contribuindo para a prevenção de acidentes
com material biológico. A partir destas etapas, estabeleceram-se articulações entre a teoria e a
prática.
Foram respeitados os preceitos éticos para pesquisas com seres humanos estabelecidos na
resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sendo que o desenvolvimento do projeto só foi
iniciado após a emissão do parecer favorável docomitês de ética em pesquisa da Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - campus de Santo Ângelo - protocolado sob nº
098-04/PPH/08 e da autorização da instituição em estudo. Os sujeitos que aceitaram participar do
estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
[preocupa] Contaminação com materiais perfuro cortantes [me preocupa]; acidentes com materiais
perfuro cortantes; os pacientes acamados que tem secreção contaminada, úlcera de pressão, ou
paciente que faz uso de sonda, que tem presença de secreção.
[preocupa] Material perfuro cortante que a gente manipula, pacientes[...] com doença que podem ser
transmitidas.
É importante observar que os dispositivos de segurança ao descarte ainda não estão disponíveis
para o uso, no cenário estudado, o que pode contribuir para o acidente. Conforme a NR 32, deve ser
assegurado o uso de materiais perfuro cortantes com dispositivo de segurança e a responsabilidade
do descarte é do trabalhador que utilizar o objeto perfuro cortante(9).
Outra informação relevante que parte da equipe é a relação existente entre o risco psicossocial e o
risco biológico. Considerando-se que a unidade interna pacientes em sofrimento psíquico e
dependentes químicos, a agitação e/ou agressão por parte dos pacientes psiquiátricos pode ser fator
agravante para o acidente por material biológico, como demonstram as falas dos respondentes:
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MEIO AMBIENTE
O risco de contaminação aumenta, [...] a gente corre o risco de se picar com algum paciente, risco de
agressão de algum paciente, porque a gente aqui também trata com pacientes psiquiátricos, muitos
dependentes químicos, então nós lidamos no meio de risco.
[...] tu se picar com uma agulha, por exemplo, ou de um paciente surtar, te atacar porque tem a ala
psiquiátrica aqui, são inúmeros.
[...] pra mim é porque eu lido com paciente psiquiátrico, daí é mais arriscado porque perde acesso
[...]aí tu corre risco de ter contaminação através do sangue.
Os riscos de agressão e agitação dos pacientes também foram citados em outros estudos voltados
para a saúde dos trabalhadores e, como determinantes de acidentes. O cuidado ao paciente
psiquiátrico ou agressivo pode, sim, ser fonte de risco, na medida em que se agitando, o paciente
favorece uma técnica incorreta, além de que, um surto ou uma agressão pode gerar ansiedade no
trabalhador, ocasionando dificuldades na execução da técnica, como a venóclise.
Quando indagados acerca da prática profissional que mais os expõe ao risco de contaminação por
materiais biológicos, a punção venosa surge como importante fator de risco ocupacional para a
maioria dos sujeitos, Percebe-se, pelas falas, que os profissionais não negligenciam outros fluidos
responsáveis por doenças transmissíveis, porém o contato com o sangue aparece como a grande
preocupação.
Olha, tem os pérfuros que a gente punciona que é, de alguma forma, um perigo, um risco que a gente
corre e também esses curativos com secreção que sai, isso aí tudo é coisa contaminada que facilita a
gente pegar alguma doença.
A punção venosa, contato direto com paciente, ás vezes alguma secreção que pode saltar no olho,
tem um cortezinho na mão, então acho que tudo é risco.
[...]É na punção venosa que corremos maior risco contaminação. E também os pacientes com
tuberculose, hepatite, aids.
Estudos demonstram que o material perfuro cortante é o responsável pela maioria dos acidentes dos
serviços de saúde, sendo as agulhas as maiores causadoras destes acidentes, condizente com a
preocupação dos trabalhadores.
Merecem destaque as relevantes declarações dos entrevistados acerca dos acidentes sofridos
durante a realização de um procedimento tido como simples pela maioria dos profissionais, o
hemoglicoteste (HGT). Mesmo sem serem indagados a respeito das circunstâncias do acidente, a
metade dos profissionais que já esteve exposto a acidente com material biológico, destacou que este
aconteceu durante realização de HGT, através de picada com a agulha hipodérmica, como
demonstrado na fala:
Eu acho que foi um descuido, e uma falta de atenção, porque eu fiz um HGT num paciente e ao
apertar o dedo do paciente não tinha largado a agulha, daí automaticamente eu piquei meu dedo
depois de já ter picado o paciente.
Da mesma forma que em outros estudos, as falas demonstram que o reencape da agulha ainda é
uma prática usada por alguns profissionais, embora amplamente discutida como uma prática insegura
e vedada pela NR 32.
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MEIO AMBIENTE
Eu deveria estar usando luva, não estava usando luva e reencapei a agulha e o correto é não
reencapar a agulha. Nem prestei atenção de usar luva. [...] Não estava usando completamente nada[
nenhum EPI].
Então as vez tu sai com uma bandeja superlotada[...] se tu não reencapar a agulha tu vai ficar com
um número de agulhas soltas na tua bandeja bem grandes. Se tu não tivesse tanto acúmulo, ás
vezes, se tu não corre, tu vai ficar com coisa pra trás e se tu correr, o risco aumenta.
Constatou-se que, mesmo com os equipamentos de proteção individual à disposição dos funcionários
para uso, um número significativo de pessoas admitiu não utilizá-los quando necessário, conforme os
depoimentos:
[...] eu não uso devido á pressa, ou como se diz, assim, os funcionários se acomodam e acham que
podem fazer sem proteção. Eu, por exemplo, uso luva sempre, mas óculos de proteção quase nem
coloco; por que eu já uso óculos.
[a falta de uso]Eu acho que às vezes tem a pressa, o esquecimento, acaba que as pessoas acham
que vão ir rápido, que não vai acontecer nada, e acham que não precisa usar. Acho que isso é
descuido também, por parte do funcionário.
eu acho que isso vai do descuido de cada um, cada funcionário, ou na correria, tu sai correndo pra
atender um paciente, pra ver alguma coisa, tu esquece de colocar uma máscara, esquece de colocar
uma luva.
De acordo com a maioria dos entrevistados, a autoconfiança, o descuido e a pressa são fatores que
contribuem para a omissão/negligência da equipe no uso dos EPI. Muitos acreditam, ainda, que
alguns EPI atrapalham o desenvolvimento das técnicas. Ora, se os EPI são considerados
desconfortáveis, a incorporação ao seu uso é dificultada. Trata-se, então, muito mais do que
incentivar o uso, oferecer EPI adequados ao tamanho e a estrutura anatômica de quem usa.
Supõe-se que, pelo fato de considerar que possui domínio da técnica, o trabalhador dispense os
equipamentos de proteção, desconsiderando sua vulnerabilidade e expondo-se aos riscos
ocupacionais. Resultados semelhantes foram encontrados em estudos relatando práticas da
negligência ao uso de EPI, seja por omissão ou por uso incorreto.
Um dado importante que pode ter influência sobre a adesão dos trabalhadores aos EPI, refere-se à
disponibilização dos mesmos no ambiente de trabalho. Os equipamentos de proteção individual
necessários para a realização das atividades são fornecidos pela instituição, porém nem todos estão
disponíveis na unidade, estão armazenados na farmácia hospitalar. E válido ressaltar que de acordo
com a NR 32, os Equipamentos de Proteção Individual deverão estar à disposição do trabalhador, em
número suficiente, nos postos de trabalho.
Acredita-se que a disponibilidade destes dispositivos no lócus do trabalho pode favorecer a adesão,
pois gera economia de tempo e prevenção efetiva, na medida em que estão junto à ocorrência da
possível exposição. Assim manifestaram-se os sujeitos, quanto a disponibilidade dos EPI:
[os EPI] Estão disponíveis se quiser. Tem gente que não usa. Se quiser tu vai lá e pega, se não
quiser tu não pega. EPI não ficam na unidade, ficam na farmácia, ai tem que ir lá buscar. Tipo,
quando é paciente respiratório, tu vai lá e busca máscara e fica usando a máscara.
Contribuições da equipe de enfermagem e dos gestores para a prevenção dos acidentes de trabalho
por material biológico
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MEIO AMBIENTE
Quando questionados acerca do que poderia ser feito para que os acidentes sejam evitados, a calma
e a atenção foram as respostas predominantes, o que se pode inferir que o trabalhador têm
consciência de que a prevenção de grande parte dos acidentes do trabalho está ao seu alcance.
Usar os EPI's adequados e sempre fazer as coisas com calma e prestar bastante atenção.
Eu acho que todo muito tem que estar prestando atenção no que vai fazer, tem que estar ligado,
porque querendo ou não se agente tá voando no mundo da lua aí que acontecem os acidentes, se a
gente está concentrado no que está fazendo não tem como tu se picar ou coisa assim.
A falta de atenção e a pressa também foi verificado em estudo realizado em São Paulo, como fatores
determinantes de acidentes de trabalho, destacados pela equipe de enfermagem, fortalecendo a idéia
de que o trabalhador está ciente de sua contribuição na prevenção ou ocorrência dos mesmos. Deve-
se atentar para esse dado, pois a educação em saúde é um dispositivo usado na instituição, porém
ainda são praticadas ações inseguras. As falas remetem a um questionamento: que condicionantes
estão envolvidos nesta falta de atenção dos trabalhadores? Não foi objetivo deste estudo, explorar
esta variável, mas pode ser relevante investigar-se sobre isso, na medida em que a atenção é uma
função psíquica fundamental na orientação do indivíduo e, consequentemente na prevenção de
acidentes a si e aos outros.
Por meio da observação verificou-se que a lavagem das mãos não ocorre com a frequência
recomendada por grande parte dos trabalhadores, ou seja, antes e após o uso de luvas, conforme
preconizado pela NR 32. Outro dado que demonstra a negligência do trabalhador, a falta de atenção
a uma medida considerada de extrema importância na prevenção de infecções e, consequen-
temente, na promoção da segurança do usuário e do trabalhador.
[...] eles sempre tão incentivando, nos motivando a comparecer nas palestras, tudo que eles têm.
Percebe-se, a partir das expressões verbais dos trabalhadores que há educação em saúde de forma
continuada/permanente, em consonância com a NR que regulamenta que em todo local onde exista a
possibilidade de exposição a agentes biológicos, devem ser fornecidas aos trabalhadores instruções
escritas, em linguagem acessível, das rotinas realizadas no local de trabalho e medidas de prevenção
de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho.
Num estudo realizado com seis enfermeiras que desenvolvem atividades gerenciais junto a um
hospital de ensino foi evidenciado que os sujeitos atribuem importância significativa à educação
continuada/permanente desenvolvida junto aos recursos humanos considerando que com esta
prática, concede-se oportunidade de aprendizagem, aprimoramento profissional e
autodesenvolvimento. Sob os princípios da globalização, foi observado pelas empresas, entre estas
os hospitais, que a excelência de atuação dos profissionais está no investimento e na exploração da
capacidade de aprendiza-gem de seus profissionais em todos os níveis da organização.
Não foi intenção deste estudo verificar a forma em que a prática da educação em saúde é
desenvolvida, se educação continuada ou educação permanente em saúde, nem a adesão dos
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MEIO AMBIENTE
trabalhadores à prática, porém pode-se constatar que é expressiva a oferta da prática educativa na
instituição.
Acho que uma cobrança mais firme do funcionário, iria diminuir bastante [a negligência ao uso da
EPI]. Atitudes do tipo se ver funcionário sem luva durante um procedimento, ir lá e chamar a atenção,
dar uma advertência; ou avisar[educar] e depois dar advertência se não usar.
Ter educação continuada, usar EPI e sempre ter alguém orientando ali, começando pelo enfermeiro,
que tem que dizer que tem que usar EPI, ensinar o que é correto, o que é errado; e a pessoa
principalmente ter consciência de onde ela trabalha.
Se tivesse mais funcionários, eu trabalho no turno da noite, teria menos correria, a gente podia se
dedicar mais ao paciente e se dedicando mais ao paciente a gente teria mais cuidado pra realizar o
serviço. Eu acho que se tivesse o número certo de funcionários para os pacientes que nós temos aqui
na clínica não ocorreria tanto esses riscos.
A sobrecarga de trabalho já foi citada em outros estudos sobre acidentes de trabalho com a equipe
de enfermagem como potencializadora para a ocorrência dos mesmos, considerando que se
configura como um risco psicossocial(10,16) que desgasta o trabalhador e o expõe a outros riscos.
Muitas instituições de saúde trabalham com a escassez de recursos humanos, o que determina
alteração no ritmo de trabalho. Sendo assim o tipo da unidade de trabalho pode ser um gerador da
exposição aos fluidos biológicos, que associada ao ritmo acelerado de trabalho, número reduzido de
trabalhadores e a inadequação de recursos materiais desencadeiam processos de sofrimento(25)e
adoecimento.
É importante, ainda salientar que, semelhante a outros estudos(10,23), outro fato que merece
destaque é a subnotificação do acidente à CIPA e à CCIH da instituição. Em geral, os serviços
responsáveis pela notificação foram comunicados do acidente com material biológico, embora um
número significativo referisse não ter informado a ocorrência do acidente, contribuindo para a
subnotificação.
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MEIO AMBIENTE
A NR 32 estatui que os acidentes ou incidentes com material biológico devem ser comunicados
imediatamente, ao responsável pelo local de trabalho, ao serviço de segurança e saúde do trabalho e
à CIPA. A falta da notificação do acidente dificulta a reflexão sobre dados estatísticos do agravo.
Números apenas, não bastam para que diminuam ocorrências de acidentes por exposição bio-lógica,
contudo auxiliam na busca dos fatores causais e na criação de políticas de prevenção e promoção da
saúde do trabalhador.
Pode-se constatar pela observação, que algumas condições sanitárias ou de segurança do ambiente
de trabalho não estão adequadas conforme a NR 32(9), o que de alguma forma contribui para a
exposição aos riscos biológicos. Acredita-se que a observância de condições satisfatórias da área
física ou da adequa-ção de mobiliário, equipamentos ou outras condições com vistas à segurança do
trabalhador e do usuário é atribuição dos gestores da instituição, que junto aos trabalhadores e por
meio de discussões democráticas e emancipatórias, devem refletir e agir sobre estas condições,
possibilitando ambiências saudáveis. Por meio da observação, pode-se verificar que, entre outros.
Os quartos, inclusive aqueles determinados pela unidade para isolar pacientes com doenças
transmissíveis, não apresentam lavatório exclusivo para higiene das mãos provido de água corrente,
sabonete líquido, toalha descartável e lixeiras com sistema de abertura sem contato manual; a NR
32(9) estatui que tais condições sejam oferecidas em locais onde possa existir possibilidade de
exposição o agente biológico. Os colchões, colchonetes e demais almofadados são revestidos de
material lavável e impermeável, permitindo desinfecção e fácil higienização como preconiza a norma;
porém alguns apresentam furos, sulcos e reentrâncias que dificultam a limpeza, em desacordo com a
referida norma.
Princípios Da Biossegurança
Biologia
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MEIO AMBIENTE
Quando as práticas laboratoriais padrões não forem suficientes para controlar os perigos associados
a um agente ou a um procedimento laboratorial em particular, medidas adicionais poderão ser
necessárias. O diretor do laboratório será o responsável pela seleção das práticas adicionais de
segurança que devem estar relacionadas aos riscos associados aos agentes ou aos procedimentos.
A cabine de segurança biológica Classe II também fornece uma proteção contra a contaminação
externa de materiais (por exemplo, cultura de células, estoque microbiológico) que serão manipulados
dentro das cabines. A cabine de segurança biológica Classe III hermética e impermeável aos gases
proporcionam o mais alto nível de proteção aos funcionários e ao meio ambiente.
O equipamento de segurança também pode incluir itens para a proteção pessoal como luvas,
aventais, gorros, proteção para sapatos, botas, respiradores, escudo ou protetor facial, máscaras
faciais ou óculos de proteção. O equipamento de proteção pessoal frequentemente é usado em
combinação com as cabines de segurança biológica e outros dispositivos que façam a contenção os
agentes, animais ou materiais que estão sendo manipulados.
Em alguns casos nos quais se torna impossível trabalhar em capelas de segurança biológica, o
equipamento de segurança pessoal deve formar a barreira primária entre os trabalhadores e os
materiais infecciosos. Os exemplos incluem certos estudos sobre animais, necropsia animais,
atividades de produção em grande escala do agente e atividades relacionadas à manutenção,
serviços ou suporte da instalação do laboratório.
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MEIO AMBIENTE
Quando o risco de contaminação através da exposição aos aerossóis infecciosos estiver presente,
níveis mais elevados de contenção primária e barreiras de proteção secundárias poderão ser
necessários para evitar que agentes infecciosos escapem para o meio ambiente.
Em pleno século XXI, parece bem óbvio que lavar as mãos é muito importante, principalmente após
usar o banheiro, antes de comer e quando está aparentemente suja. Parece óbvio lavar os cabelos
periodicamente e tomar banho todos os dias. Não se discute a necessidade de usar desodorante,
pasta de dente e cortar as unhas. Pois nem sempre foi assim…
Você consegue acreditar que a alguns anos atrás as pessoas simplesmente não tomavam banho? E
ainda existem países que as pessoas evitam o banho? Mesmo aqui no Brasil a muitos anos, banhar
era um Evento no ano, acontecia geralmente no Verão. Pra melhorar, o banho era realizado em uma
banheira, quem tinha prioridade era o sempre o Ancião, Pai ou Avô, depois viriam as mulheres
adultas, adolescentes, crianças e por último os bebês. Todos com a mesma água. Podemos achar
um absurdo, mas ainda hoje, em algumas comunidades ribeirinhas, no Norte do Brasil, as quais
conheci e convivi em 2009, as pessoas utilizam o Rio para todas as finalidades…no mesmo rio onde
despejam os dejetos, nesse mesmo rio se banham e pegam água para “lavar” a louça.
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MEIO AMBIENTE
Tenho um grande amigo que foi morar por um tempo no Canadá, ele conta que além de as mulheres
não se depilarem, nem quando vão a piscina, ele foi proibido de tomar tantos banhos (2 por dia).
Acharam um absurdo e quase foi discriminado por isso. Herdamos esse costume de tomar banho
todos os dias dos índios. (Amo ser Brasileira¹)
Ainda tem mais, a pelo menos 25 anos atrás meu tio morava em Sergipe, e não utilizavam papel
higiênico, no banheiro improvisado, com um buraco cavado no chão, todos da família compartilhavam
um “paninho” para a “higiene” após suas necessidades fisiológicas, escolhendo um lugar ainda
“limpo”. Só para constar o primeiro Papel higiênico surgiu por volta de 1857, causando muitas
discussões, entre os que queria maior higiene e praticidade e os defensores do meio ambiente. Na
opinião dos ambientalistas contemporâneos a criação do papel higiênico, acreditavam que a folha de
bananeira ou a palha de milho estavam de bom grado. Sabe-se que em alguns países, a mão
ESQUERDA, é utilizada no lugar do papel higiênico. (amo ser Brasileira²).
Poderíamos citar também Dom Pedro VI, nosso invasor e explorador, tinha a terrível fama de não
tomar banho, uns historiadores até dizem nunca ter tomado. Prefiro acreditar que tomou algum.
(risos) E o mesmo precisava conviver com diversas doenças de pele. No livro de Laurentino Gomes
(1808) até conta que para os criados costurarem suas roupas, precisava ser quando ele adormecia,
pois o mesmo não trocava de roupa.
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MEIO AMBIENTE
Com o passar dos anos, a higiene foi totalmente relacionada a Saúde e os cientistas, pesquisadores,
profissionais da saúde e até mesmo de estética, tem apresentado muitos trabalhos relacionados a
Qualidade de Vida e Higiene. A tecnologia também vem crescendo e aparecendo cada vez mais para
nos auxiliares e facilitar nossa vida e nossa Higiene.
Infelizmente, ainda hoje temos pessoas que não tem conduta de Higiene mínima, tomam banho em
canais, rios poluídos, não lavam as mãos, não higienizam os alimentos, não lavam os cabelos, não
cortam ou higienizam as unhas. E por esses motivos acabam resultando em contaminações diversas
e disseminação de varias patologias como: Hepatite A leptospirose, micoses diversas, pediculose,
foliculites, dermatites, disenteria entre muitas outras.
HIGIENE: nada mais é do que LIMPEZA, ASSEIO. No dicionário Michaelis: “1 Parte da Medicina que
estuda os diversos meios de conservar e promover a saúde; ciência sanitária. 2 Sistema de princípios
ou regras para evitar doenças e conservar a saúde. 3 Cuidados para a conservação da
saúde. 4 Asseio.”. São atitudes que ajuda a conservar a Vida e a Saúde.
Qualquer Profissional da Saúde precisa ter o mínimo conhecimento das Técnicas de Higiene e
Profilaxia relacionadas a sua colocação no Serviço e Equipe de Saúde, e obrigatoriamente, faze-lo e
orientar a todos quanto possível, visando a Promoção a Saúde e Prevenção de Patologias.
IMPORTANTE: Higiene e Profilaxia tem como principal objetivo a conservação da Saúde e prevenção
de Doenças.
Higiene – Em um sentindo mais simples é limpeza, asseio. Agora em uma forma mais abrangente é
um conjunto de conhecimentos (métodos e técnicas de desinfecção, de esterilização, etc…). Que,
quando aplicados, previnem contra doenças, promovendo o bem-estar físico e mental. Prolongando
assim, a vida e conservando a saúde.
A higiene (gr. hygieinós, pelo fr. hygiène) é então, uma prática de grande importância pelos benefícios
proporcionados.
No âmbito hospitalar, ela é considerada como um conjunto de procedimentos que tem a finalidade de
assegurar a proteção e bem-estar físico e psicológico dos pacientes, evitando enfermidades.
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MEIO AMBIENTE
Profilaxia – Em um sentindo mais simples é a prevenção de doenças. Em uma forma mais complexa,
podemos definir como a aplicação de métodos e técnicas, de forma individual e coletiva, com a
intenção de manter e restaurar a saúde.
A sua prática é feita por todos, que através do uso do conhecimento promovem a saúde, evitam
doenças ou incapacidades. E também, claro, prolongam a vida pessoal ou alheia.
A profilaxia tem como foco a prevenção de doença em nível populacional através de várias medidas.
Que vão desde procedimentos mais simples, como o uso de medicamentos aos mais complexos.
Um exemplo
Um exemplo de profilaxia é a vacina, que faz o sistema imune reconhecer os elementos externos que
podem atingi-lo. E assim, desencadeiam uma reação de defesa.
A profilaxia (gr. prophýlaxis = precaução) é então, diversas medidas de como lavar as mãos, usos de
antibióticos e medicamentos.
Higiene E Profilaxia
As partes do sistema público de água são: manancial, captação, adução, tratamento, reserva,
reservatório de montante ou de jusante e distribuição. As redes de abastecimento funcionam sob o
princípio dos vasos comunicantes. O sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de
contato de despejos, esgoto e dejetos humanos com a população, águas de abastecimento, vetores
de doenças e alimentos.
O sistema de esgotos ajuda a reduzir despesas com o tratamento tanto da água de abastecimento
quanto das doenças provocadas pelo contato humano com os dejetos, além de controlar a poluição
das praias. Os sistemas de esgotos são o sistema unitário, sistema separador e sistema misto. O
sistema de coleta de lixo tem que ter periodicidade regular, intervalos curtos, e a coleta noturna ainda
é a melhor, apesar dos ruídos. O lixo pode ser lançado em rios, mares ou a céu aberto, enterrado, ir
para um aterro sanitário (o mais indicado) ou incinerado (fonte desconhecida).
Autocuidado
Fatores Ambientais
Fatores Físicos
Fatores Comportamentais
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MEIO AMBIENTE
Profilaxia => Conjunto de medidas que têm por finalidade prevenir ou atenuar as doenças, suas
complicações e consequências.
Exemplo: vacinação, uso do protetor solar, uso de vitaminas e remédio de prevenção de vermes.
Saúde
Conceito
Saneamento Básico
Conceito
Componentes Básicos
Lixo
Esgoto
Água
Responsabilidade
Civil
Pública
Vantagens
Econômicas
Sanitárias
Água
Importância para o organismo (o Corpo Humano é formado de 70% a 75% por água) e para o
planeta.
Fontes de água
Poços
Açudes
Rios
Reservatórios, etc.
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MEIO AMBIENTE
Água Potável
Incolor
Inodora
Insípida
O tratamento de água visa reduzir a concentração de poluentes até o ponto em que não apresentem
riscos para a saúde pública. Algumas delas são:
Filtração: método que elimina micropartículas da água. A água passa por filtros com camadas
diversas de seixos (pedra de rio) e de areia, com granulações diversas e carvão antracito (carvão
mineral). Aí ficarão retidas as impurezas mais finas que passaram pelas fases anteriores.
Lixo
Conceito
Classificação
Quanto à origem:
Domiciliar
Industrial
Hospitalar
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MEIO AMBIENTE
Quanto à decomposição:
Orgânico
Inorgânico
Quanto à reutilização:
Reciclável
Não Reciclável
Coleta Seletiva
Destino Final:
Lixões
À céu aberto
Aterros Sanitários
Incinerações
Lixo Domiciliar: é produzido no domicílio ou em qualquer outro ambiente, mas não tem riscos
biológicos.
Lixo Hospitalar: são resíduos gerados em ambiente hospitalar e que tem alto risco infeccioso.
Lixo
Decomposição
Reutilização
Destino Final
Lixo Orgânico => É aquele que a natureza consegue absorver (que se decompõem)
Lixo Inorgânico => É aquele que a natureza leva muito tempo para absorver (ou não se decompõem)
Reciclável => lixo que é reutilizável. Exemplos: plásticos, vidro, papel e alumínio.
Não – Reciclável => É aquele que não é reutilizável. Exemplos: lixo hospitalar.
Destino Final
Aterros Sanitários
Os resíduos produzidos nos serviços de saúde são importantes causadores de doenças devidos seus
elevados níveis de contaminação. Por isso, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
criou uma resolução que tem como objetivo classificar esses resíduos pelo seu grau de contaminação
e direcionar o destino final e forma de tratamentos mais adequados; esta resolução é a NR 303/03 e
NR 306/04.
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MEIO AMBIENTE
Grupo A => Potencialmente Contaminados: São os resíduos que apresentam altíssimo poder
infeccioso, como por exemplo: bolsas de sangue, seringas e luvas.
Grupo B => Resíduos Químicos: São os que possuem a capacidade corrosiva ou tóxica para o
ambiente e para o homem. O seu descarte deve ser feito em embalagens rígidas de plásticos.
Exemplos: Reagentes de Raios-X, Restos de Quimioterapia, etc.
Grupo C => Rejeitos Radioativos: São os restos de reagentes utilizados para executar exames de
medicina nuclear. Seu descarte deve ser similar aos resíduos do Grupo B.
Grupo D => Resíduos Comuns: São os resíduos de baixíssimo poder de contaminação, resultante de
atividades ausentes de riscos biológicos. O descarte deve ser realizado em sacos pretos, azul ou
cinza. Exemplos: Papéis e Restos de Comida
Grupo E => Perfuro cortantes: São aqueles que possuem elevado poder de corte ou perfuração
independentemente do seu uso. Exemplo: agulha e bisturi. O descarte deve ser feito em embalagens
rígidas de papelão com indicativo de risco biológico. A caixa de colocar perfuro cortantes deve ser
preenchida 2/3 completos ou 1/3 ficar vazia.
Esgoto
Conceito
Compreende os resíduos líquidos produzidos pelo homem e podem ser causadores de doenças.
Captação
Transporte
Tratamento
Destino Final
- Lençóis Marítimos
- Céu Aberto
Infecção e Contaminação
Infecção
Exemplos
Vírus
Bactéria
Protozoário
Fungo
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MEIO AMBIENTE
Contaminação
Infecção Comunitária.
Conceito
É toda infecção que ocorre após 72 horas da admissão do paciente, ou mesmo após a alta, e que
tenha relação com procedimentos realizados nos serviços de saúde.
Obs.: Se um paciente colocou uma prótese de silicone ou fez uma cirurgia de grande porte até um
ano poderá aparecer infecção, já as pequenas e médias cirurgias são 30 dias. A sonda o prazo é de 6
meses.
Infecção Comunitária
Conceito
É toda infecção adquirida na comunidade e que não tem relação com procedimentos realizados nos
serviços de saúde.
Infecção Comunitária
Neurocisticercose Cisticerco
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MEIO AMBIENTE
Infecção Hospitalar
Cruzada
Oportunista
Sepse
Choque séptico
Cruzadas – Provocada por uma cepa que penetra no organismo do enfermo que está com o sistema
defensivo gravemente afetado, procedendo de um portador ou através de fômites de outros doentes*.
Superinfecção hospitalar – É um quadro clínico, causado por uma nova bactéria que atua como
agente continuando o processo infeccioso do qual o doente é portador*.
É uma infecção que está se desenvolvendo nos hospitais (uma mutação da Klebisiella pneumoniae)
ela é uma infecção oportunista.
Sempre os pacientes que entram na UTI podem desenvolver Stafilococcus aureos ou Streptococcus.
Isolamento hospitalares
Classificação de áreas
Classificação de artigos
Tratamento de artigos
EPI
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MEIO AMBIENTE
Isolamento Hospitalares
Isolamento Respiratório:
Aerossóis
Gotículas
Críticas
Semi – Críticas
Não críticas
Área Crítica - É um local onde poderão ter ou não ter pacientes, com alto grau de contaminação.
Exemplo: UTI’S e o Expurgo (local onde ficam os restos dos materiais contaminados, o material
esterilizado nunca deverá passar por esse local.).
Semi - Crítica – É uma área que SEMPRE terão pacientes infectados ou não. Exemplo: Enfermarias e
Quartos Hospital.
Não crítica – NUNCA terão pacientes, onde o risco de contaminação é mínimo. Exemplo: Corredor e
Recepção.
Críticos
Semi – Críticos
Não – Críticos
Artigos
Conceito
Artigos Críticos – É aquele que entra em contato com a corrente sanguínea ou com as mucosas não
integradas. Exemplo: Pinças.
Artigos Semicríticos – São aqueles que entram em contato com as mucosas íntegras ou a pele não
intacta. Exemplo: Sonda.
Artigos Não-Críticos – São aqueles que entram em contato apenas com a pele íntegra. Exemplos:
Termômetro e Papagaio.
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MEIO AMBIENTE
Conceitos Básicos
Assepsia
Antissepsia
Desinfestação
Desinfecção
Degermação
Esterilização
Estão relacionadas aos conceitos de tratamento dos artigos, como sabemos a maior probabilidade de
microorganismos, será maior o risco de infecção e quando é menor a probabilidade será menor o
risco de infecção.
MÉTODOS DE Alternativas
ESTERILIZAÇÃO
Calor seco
Raios Gama/Cobalto
Formaldeído
Ácido peracético
Vapor de Formaldeído
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MEIO AMBIENTE
Gravitacional
Alto vácuo
Ciclo Flash
A esterilização a vapor é realizada em autoclaves, cujo processo possui fases de remoção do ar,
penetração do vapor e secagem. A remoção do ar diferencia os tipos de autoclaves.
Um ciclo de esterilização do tipo "Flash" pode ser realizado em autoclave com qualquer tipo de
remoção do ar.
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MEIO AMBIENTE
De forma geral o ciclo é dividido em duas fases: remoção do ar e esterilização. Embora possa ser
programada uma fase de secagem esta fase não está incluída no ciclo "flash".
Os materiais em geral são esterilizados sem invólucros a menos que as instruções do fabricante
permitam. Assume-se que sempre estarão úmidos após o processo de esterilização. Devem,
portanto, ser utilizados imediatamente após o processamento, sem ser armazenados.
Este ciclo não deve ser utilizado como primeira opção em hospitais. Indicadores químicos, físicos e
biológicos (B. stearothermophillus).
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MEIO AMBIENTE
Estes dois tipos de remoção do ar caracterizam os dois tipos básicos de esterilizadoras de vapor
saturado:
Remoção de ar por gravidade- neste tipo de equipamento a entrada do vapor "força" o ar para fora.
Como o ar é mais pesado que o vapor e não se mistura bem com o vapor este último formará uma
camada acima que à medida de sua entrada irá forçando o ar para fora. O tempo de remoção do ar
dependerá do tipo e densidade da carga.
É importante que a carga seja organizada de forma que o vapor penetre mais facilmente, com poucos
obstáculos, a fim de que possa drenar para baixo encontrando o local de saída ("por gravidade")
O Ar É Ativamente Removido.
No início do ciclo o vapor é introduzido na câmara, com a válvula do dreno aberta para deixar sair o
ar. Após um período de tempo estabelecido a válvula é fechada. à medida em que o vapor vai
entrando vai se misturando com ar ainda dentro da câmara criando uma mistura de vapor e ar não
condensado iniciando a pressurizar. O dreno então é aberto expulsando a mistura de ar e vapor
pressurizado. Com este escape repentino de gases forma-se uma pressão na linha que cai abaixo da
pressão atmosférica criando o pré-vácuo. O ar não é todo removido, tornando então a ser introduzido
o vapor e repetindo o processo. De forma geral os pulsos são em número de quatro para remoção do
ar e permitir a penetração do vapor na carga a ser esterilizada. A diferença do pré- vácuo e do pulso
gravitacional é que o segundo tipo não utiliza ejetores ou "pumps" de vácuo para acelerar a remoção
de ar/vapor no final de cada pulso. O pré-vácuo é mais eficiente e rápido. No entanto o pulso
gravitacional é mais eficiente do que o tipo puramente gravitacional.
Materiais articulados e com dobradiças devem ser colocados em suportes apropriados de forma a
permanecerem abertos.
Materiais com lumens podem permanecer com ar dentro(por exemplo, endoscópios). Para evitar este
problema devem ser umedecidos com água destilada imediatamente antes da esterilização. O
resíduo de ar se transformará em vapor.
Materiais côncavos, como bacias devem ser posicionados de forma que qualquer condensado que se
forme flua em direção ao dreno, por gravidade.
Materiais encaixados um no outro (cubas, por exemplo) devem ser separados por material
absorvente de forma a que o vapor possa passar entre eles. Lembrar que o encaixe sempre
dificultará a passagem do vapor. Material cirúrgico não deve ser acondicionado encaixado ou
empilhado.
Têxteis devem ser colocados de forma a que os ângulos estejam direcionados aos ângulos da cesta
ou estante da autoclave para permitir melhor passagem do vapor.
a)Alguns não tecidos assim como embalagens de algodão são absorventes e permitem que o
condensado se espalhe por uma área maior para reevaporização e secagem.
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MEIO AMBIENTE
Coberturas feitas de materiais não absorventes como polipropileno ou não tecidos de 100% de
poliéster não espalham a umidade. Quando usados para bandejas ou bacias deve ser assegurado
que a disposição do material na autoclave permitirá a drenagem do condensado. Se houver materiais
pesados em bandejas, devem envoltos em material absorvente antes de serem colocados nas
bandejas.
Caixas ("containers") metálicas agem como retentores do calor auxiliando na secagem do material.
No entanto produzem mais condensados quando não embalados apropriadamente e não auxiliam na
reevaporização final.
Caixas ("containers") plásticos agem como isoladores e resfriam rapidamente. O contato com
superfícies ou ambientes mais frios provoca condensado rapidamente.
Obs.: tanto caixas metálicas quanto plásticas não devem ser esterilizadas em autoclaves de
gravidade. Deve ser preferida a esterilização por pré-vácuo ou pulso gravitacional. O ar é difícil de ser
removido destes "containers" e a adição de tempo de exposição não irá auxiliar na remoção do ar.
Os artigos após a esterilização não devem ser tocados ou movidos após 30 a 60 minutos em
temperatura ambiente. Durante este tempo eles devem ser deixados na máquina se não houver
prateleira ou cesto removível ou no próprio cesto em local onde não haja correntes de ar. Se um
material úmido ou morno for colocado em um lugar mais frio, como recipientes plásticos o vapor ainda
existente poderá condensar em água e molhar o pacote.
Obs.: Não há benefício em fechar novamente a autoclave após a abertura para "secar" melhor. Isto
apenas aumentará o tempo necessário para o resfriamento natural.
Alguns "containers" rígidos e não tecidos secam melhor quando um papel absorvente é colocado na
base para absorver a umidade. Antes de comprar embalagens, teste o material com ela.
Esterilizar têxteis e materiais rígidos em cargas diferentes. Não sendo prático, coloque têxteis acima
com materiais rígidos abaixo, não o contrário.
Os materiais e embalagens não devem tocar as paredes da câmara para evitar condensação.
Sempre ter em mente ao preparar uma carga a necessidade de remoção do ar, da penetração do
vapor e a saída do vapor e reevaporação da umidade do material.
ESTUFA
Temperatura Tempo
171o.C 60 minutos
160o.C 120 minutos
149o.C 150 minutos
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MEIO AMBIENTE
Tipo de material Não deve ser isolante de calor Não deve ser isolante de calor
Tempos de exposição e temperatura: variam conforme o tipo de material a ser esterilizado. O maior
problema relacionado é o fato de que a penetração do calor é difícil, lenta e distribui-se de forma
heterogênea.
Embora durante muito tempo tenha sido utilizado como única alternativa para pós e óleos, estas
substâncias, quando validadas podem ser esterilizadas por vapor.
Vantagens: a maior vantagem que tem sido preconizada é de que material de corte perde mais
lentamente o fio do que em vapor. No entanto, estes materiais também podem ser esterilizados em
Plasma de Peróxido de H2.
Problemas em áreas específicas: pequenas clínicas de oftalmologia que utilizam delicados materiais
de corte têm utilizado esta alternativa pelos problemas descritos anteriormente. Outros métodos,
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MEIO AMBIENTE
como o plasma de Peróxido de hidrogênio, no momento seriam muito onerosos, sem custo-benefício
para pequenas clínicas.
Odontologia: para material clínico (espelhos e similares), sem ranhuras e detalhes pode ser uma
opção já que não são densos e haverá alta temperatura nas superfícies.
Monitorização:
Testes biológicos: embora não exista um teste ideal o Bacillus Subtillis é o mais indicado.
Invólucros:
Enfermagem
Precaução Respiratória
São indicadas para pacientes portadores de microrganismos transmitidos por gotículas de tamanho
superior a 5 microns, que podem ser geradas durante tosse, espirro, conversação ou realização de
diversos procedimentos. (Exemplo: coqueluche, difteria, streptococos pneumoiae, neisseria
meningitides e caxumba).
1. Quarto privativo ou corte de pacientes com o mesmo agente etiológico. A distância mínima entre
dois pacientes deve ser de 1 metro. A porta pode permanecer aberta;
2. Máscara deve ser utilizada se houver aproximação ao paciente, numa distância inferior a um
metro. Por questões operacionais, as máscaras podem ser recomendadas para todas as vezes que o
profissional entrar no quarto. Devem-se incluir os visitantes e acompanhantes;
3. O transporte dos pacientes deve ser limitado ao mínimo indispensável e, quando for necessário, o
paciente deve usar máscara.
São indicadas para pacientes com suspeita ou infecção comprovada por microrganismos transmitidos
por aerossóis (partículas de tamanho < 5 microns) que ficam suspensos no ar e que podem ser
dispersos a longas distâncias. (Exemplo: varicela, sarampo, tuberculose).
Consistem Em:
1. Quarto privativo (ou coorte, que deve ser evitada) que possua pressão de ar negativa em relação
às áreas vizinhas; um mínimo de 06 trocas de ar por hora; e, cuidados com o ar que é retirado do
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quarto (filtragem com filtros HEPA) antes da recirculação em outras áreas do hospital. As portas
devem ser mantidas fechadas;
Proteção respiratória com máscara que possua capacidade adequada de filtração e boa vedação
lateral, máscara nº 95. Indivíduos suscetíveis a sarampo e varicela não devem entrar no quarto de
pacientes com suspeita ou portadores destas infecções;
O transporte dos pacientes deve ser limitado, mas se for necessário eles devem usar máscara (a
máscara cirúrgica é suficiente).
Precauções De Contato
Estão são indicadas para pacientes com infecção ou colonização por microrganismos com
importância epidemiológica e que são transmitidos por contato direto (pele-a-pele) ou indireto (contato
com itens ambientais ou itens de uso do paciente). (Exemplo: infecções gastrintestinais, respiratória,
pele e ferida colonizada, entéricas e grandes abscessos).
Consistem em:
1. Quarto privativo ou coorte, quando os pacientes estiverem acometidos pela mesma doença
transmissível. Os recém-nascidos podem ser mantidos em incubadora. Crianças e outros pacientes,
que não deambulam, não requerem quarto privativo, desde que as camas tenham um afastamento
maior do que 1metro entre elas;
2. Uso de luvas quando entrar no quarto do paciente. Após o contato com material que contenha
grande concentração de microrganismos (por exemplo: sangue, fezes e secreções), as luvas devem
ser trocadas e as mãos lavadas. Após a lavagem das mãos, deve-se evitar o contato com superfícies
ambientais potencialmente contaminadas;
3. Uso de avental limpo, não estéril, quando entrar no quarto, se for previsto contato com o paciente
que possa estar significativamente contaminando o ambiente (diarréia, incontinência, incapacidade de
higienização, colostomia, ileostomia, ferida com secreção abundante ou não contida por curativo). O
avental deve ser retirado antes da saída do quarto, e deve-se evitar o contato das roupas com
superfícies ambientais potencialmente contaminadas;
4. O transporte de pacientes para fora do quarto deve ser reduzido ao mínimo. As precauções devem
ser mantidas durante o transporte;
5. Os itens que o paciente tem contato e as superfícies ambientais devem ser submetidas à limpeza
diária;
Infectologia
Existem diversas doenças infectocontagiosas no Brasil e diariamente nos deparamos com situações
em que temos que estabelecer o tempo de afastamento da escola, explicar aos pais as formas de
transmissão e período de incubação e decidir se um paciente internado necessita de alguma
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MEIO AMBIENTE
precaução específica de acordo com sua doença. Fizemos uma revisão para deixar esses dados
mais organizados e fácil de consultar.
Adenovírus
Existem mais de 50 sorotipos distintos que podem causar infecção em humanos. Os adenovírus mais
comumente causam doenças respiratórias, que podem variar desde o resfriado comum até
pneumonia, crupe e bronquiolite. Dependendo do tipo, os adenovírus podem causar outras doenças
como gastroenterite, conjuntivite, cistite e, menos comumente, doença neurológica.
Período de incubação:
Período de transmissão: às vezes o vírus pode ser excretado por meses após uma pessoa se
recuperar de uma infecção por adenovírus. Esse “derramamento de vírus” geralmente ocorre sem
quaisquer sintomas.
Afastamento recomendado:
Infecção de vias aéreas: precaução de contato e gotículas além de precaução padrão por todo
período que dure a internação.
Forma de transmissão: são vírus RNA que são transmitidos principalmente através da picada de
mosquitos infectados. A propagação pode-se dar também via pessoa-artrópode e artrópode-pessoa
(transmissão antroponótica). Em algumas arboviroses, a transmissão pode ocorrer também
diretamente de uma pessoa a outra através de transfusão de sangue, transplante de órgãos,
transmissão intrauterina, transmissão sexual e, possivelmente, pelo leite materno.
Período de incubação: 2-15 dias. Pode ser mais prolongado em pacientes imunocomprometidos.
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MEIO AMBIENTE
Chlamydophila pneumoniae
Forma de transmissão: ocorre de pessoa a pessoa através das secreções de vias respiratórias
infectadas.
Coqueluche (Pertussis)
Causada pela Bordetella pertussis, bacilo Gram negativo. Os seres humanos são os únicos
reservatórios conhecidos.
Forma de transmissão: contato íntimo com pessoas infectadas, através de gotículas em aerossol. A
vacinação e a infecção não promovem imunidade permanente.
Período de transmissão: as pessoas infectadas são mais contagiosas durante a fase catarral e as 2
primeiras semanas após o aparecimento da tosse.
Precaução para pacientes internados: precaução padrão e de gotículas por 5 dias após o início do
tratamento adequado.
Caso não receba o tratamento adequado, o isolamento é por 3 semanas após o início da tosse.
Tocador de vídeo
Esse grupo de vírus está relacionado com manifestações pulmonares, gastrointestinais, cutâneas,
cardíacas, musculares, oftálmicas e do sistema nervoso central. Existem mais de 100 sorotipos. Os
seres humanos são os únicos reservatórios conhecidos de enterovírus humano.
Forma de transmissão: pelas vias fecal-oral, respiratória, vertical e através do leite materno. Também
pode ocorrer através de fômites.
Período de incubação: 3-6 dias, exceto para a conjuntivite hemorrágica aguda, em que o período de
incubação é de 24-72 horas.
Período de transmissão: a propagação fecal dos vírus pode persistir por várias semanas a meses
após o aparecimento da infecção. Já a propagação por via respiratória dura de 1-3 semanas. A
transmissão pode ocorrer mesmo através do paciente assintomático.
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MEIO AMBIENTE
Forma de transmissão: a transmissão se dá por contato com saliva e pode ser que seja transmitido
por fômites, transfusão de sangue e transplante.
Febre maculosa
Forma de transmissão: o patógeno é transmitido aos seres humanos pela picada de um carrapato
infectado do gênero Amblyomma.
Escabiose
Causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei. Os seres humanos são fonte de infestação.
Período de incubação: para as pessoas sem exposição prévia, o período de incubação varia de 4-6
semanas. As pessoas com contato prévio estão sensibilizadas e desenvolvem sintomas 1-4 dias após
a exposição. As reinfestações podem ser mais brandas do que a primeira infecção.
Precaução para pacientes internados: precaução padrão e de contato até o término do tratamento.
Haemophilus influenzae
Forma de transmissão: dá-se de uma pessoa para outra através da inalação de gotículas das vias
aéreas ou pelo contato direto com a mesma secreção. Em RN, a transmissão pode-se dar durante o
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MEIO AMBIENTE
parto por aspiração de líquido amniótico contaminado e por contato com secreção do trato genital
contaminada.
Precaução para pacientes internados: pacientes com doenças graves devem receber precaução de
gotículas até 24 horas após o início da antibioticoterapia adequada, além de precaução padrão.
Hepatite A
Forma de transmissão: a forma de transmissão mais comum é pessoa a pessoa, por via fecal-oral.
Período de transmissão: os pacientes infectados pelo vírus são mais contagiosos durante 1-2
semanas antes do início da icterícia e aumento de enzimas hepáticas, quando é mais alta a
concentração do vírus nas fezes. O risco diminui após e é mínimo durante o período de icterícia.
Precaução para pacientes internados: precaução padrão e de contato em pacientes que usam fralda
ou são incontinentes, por até 1 semana após o início dos sintomas.
Existem 2 tipos diferentes: HSV-1 e HSV-2. O tipo 1 está mais relacionado com lesões de pele na
face e regiões acima da cintura, enquanto o tipo 2 está mais relacionado com lesões genitais e
infecções neonatais, no entanto qualquer um dos tipos de vírus pode causar infecção em qualquer
região.
Como os outros vírus herpes, o vírus estabelece uma latência logo após a infecção primária, com
reativação periódica que causa enfermidade sintomática recidivante ou propagação viral
assintomática.
A transmissão do HSV-1 resulta do contato direto com vírus propagado de lesões orais visíveis ou
microscópicas, ou com secreções orais infectadas. Já as infecções por HSV-2, exceto o herpes
neonatal, resultam do contato direto com o vírus propagado de lesões genitais visíveis ou
microscópicas ou com secreções genitais infectadas, durante a atividade sexual.
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MEIO AMBIENTE
As infecções primárias pelo HHV-6 incluem o exantema súbito (roséola) em aproximadamente 20%
dos infectados, febre sem sinais de localização, linfadenopatia cervical e occipital, sintomas
gastrointestinais e de vias aéreas. Também estão relacionadas com convulsão febril.
Os seres humanos são os únicos hospedeiros naturais conhecidos. Quase toda criança contrai
infecção pelo HHV-6 até o 3º ano de vida, na maioria das vezes com infecções assintomáticas.
Forma de transmissão: a transmissão se dá pelo contato com secreção infectada de vias aéreas.
Influenza (Gripe)
Existem 3 tipos de vírus da gripe: A, B e C. Os tipos A e B são os que mais causam gripe e estão
incluídos na vacina.
Período de transmissão: os pacientes já começam a transmitir o vírus 24 horas antes do início dos
sintomas. A propagação viral é máxima nos primeiros 3 dias dos sintomas e dura até 7 dias. Pode ser
mais prolongada em crianças pequenas e pacientes imunodeficientes. A propagação viral está
diretamente relacionada com o grau de febre.
Afastamento recomendado: pacientes com gripe devem ser afastados por 7 dias.
Leptospirose
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MEIO AMBIENTE
Período de transmissão: a espiroqueta pode manter-se viável por semanas a meses em urina, líquido
amniótico e tecido placentário, principalmente se estiverem em solo úmido ou água e em clima
quente.
Malária
Período de incubação: na maioria dos casos varia de 7 a 30 dias. Os períodos mais curtos são mais
frequentemente observados com P. falciparum e os mais longos com P. malariae.
Infecções meningocócicas
Causadas pela Neisseria meningitidis, um diplococo Gram negativo, com pelo menos 13 sorotipos.
Forma de transmissão: dá-se de uma pessoa a outra através de gotículas de vias aéreas e requer um
contato direto. A colonização assintomática das vias aéreas superiores é a via para a propagação da
infecção.
Precaução para pacientes internados: precaução de gotículas, além do padrão, 24 horas após início
de antibiótico apropriado. Fazer profilaxia para os contatos próximos.
Micoses Superficiais
Enquadram-se aqui a tinea capitis, tinea corporis, tinea cruris e tinea pedis.
Afastamento recomendado: crianças que recebem tratamento para tínea podem retornar para a
escola após o início do tratamento adequado. Os pacientes devem ficar afastados de atividades que
envolvam contato por 14 dias após o início do tratamento no caso da tinea capitis e 72 horas
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MEIO AMBIENTE
para tinea corporis. Pacientes com tinea pedisnão devem frequentar piscina enquanto apresentarem
lesões ativas.
Molusco Contagioso
Forma de transmissão: é transmitido por gotículas de vias aéreas durante contato direto com uma
pessoa sintomática.
Mycoplasma Pneumoniae
Forma de transmissão: por gotículas de vias aéreas durante contato direto com uma pessoa
sintomática.
Precaução para pacientes internados: precaução padrão e de gotículas durante persistência dos
sintomas.
Forma de transmissão: o vírus se propaga por contato com as secreções de vias aéreas e saliva
infectadas.
Período de incubação: 16-18 dias, podendo variar de 12-25 dias após a exposição.
Período de transmissão: o vírus tem sido isolado de 7 dias antes até 8 dias após o início dos
sintomas.
Afastamento recomendado: 5-9 dias após o início do edema da parótida. O afastamento pode ser
mais curto, caso a tumefação desapareça antes.
Forma de transmissão: contato com secreções de vias aéreas, exposição percutânea a sangue ou
hemoderivados e transmissão vertical.
Período de incubação: 4-14 dias, podendo durar até 21 dias até aparecerem os sintomas iniciais.
A erupção cutânea geralmente aparece após 2-3 semanas da infecção.
Afastamento recomendado: as crianças podem frequentar a escola, uma vez que não
ocorre transmissão durante a fase de erupção cutânea.
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MEIO AMBIENTE
Pediculose
Causada pelo Pediculus humanus capitis, que é um piolho. Tanto as ninfas quanto os piolhos adultos
se alimentam de sangue humano.
Período de incubação: 8-9 dias, podendo variar de 7-12 dias. A ninfa passa para a fase adulta
(piolho) 9-12 dias após.
Período de transmissão: fora do couro cabeludo, o piolho sobrevive menos de 2 dias em temperatura
ambiente.
Precaução para pacientes internados: precaução padrão e de contato até o tratamento adequado.
Rinovírus
Período de transmissão: mais intenso nos primeiros 2-3 dias de infecção e geralmente para entre 7-
10 dias. No entanto, pode durar até 3 semanas.
Rubéola
Forma de transmissão: a rubéola pós-natal é transmitida principalmente por contato direto com
gotículas de secreção nasofaríngea. Pode-se dar também por transmissão vertical (rubéola
congênita).
Período de transmissão: a transmissão ocorre, em média, de 3 dias antes até 7 dias após a erupção
cutânea, porém pode se dar 7 dias antes até 14 dias depois do aparecimento do exantema.
Uma pequena quantidade de bebês com rubéola congênita pode continuar propagando o vírus nas
secreções nasofaríngeas e urina por até 1 ano, podendo transmitir a infecção para contatos
suscetíveis.
Precaução para pacientes internados: precaução padrão e de gotículas durante 7 dias após o inícios
das erupções cutâneas.
Em surtos de doença, crianças não imunizadas devem receber a vacina ou devem ser excluídas do
convívio de possíveis contatos por 21 dias após o início do exantema no último caso.
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MEIO AMBIENTE
Salmonela
A Salmonella é uma bactéria Gram negativa e são descritos mais de 2.500 sorotipos.
Os reservatórios principais são aves, mamíferos, répteis e anfíbios.
Período de incubação: 12-36 horas, variando de 6-72 horas. Para a febre tifóide o período de
incubação é de 7-14 dias, variando de 3-60 dias.
Na febre tifóide o paciente é liberado para contato após 3 culturas negativas de fezes, pelo menos 48
horas após o início do antibiótico.
Sarampo
Forma de transmissão: a transmissão se dá por contato direto com gotículas infectadas e menos
frequentemente por propagação aérea. Entre as doenças infecciosas, é uma das que
apresenta maior capacidade de contágio.
Período de transmissão: a transmissão pode ocorrer de 5 dias antes até 5 dias após o início dos
sintomas.
Shigella
A Shigella é um bacilo Gram negativo. Os seres humanos são os hospedeiros naturais e outros
primatas também podem ser infectados.
Forma de transmissão: a principal forma de transmissão é fecal-oral, mas também pode ocorrer por
contato com objetos contaminados, ingestão de alimentos ou água contaminados e relação sexual.
Período de transmissão: sem tratamento antimicrobiano, o estado de portador dura 1-4 semanas.
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MEIO AMBIENTE
Forma de transmissão: a faringite pode ser resultado do contato direto com uma pessoa que tem
GAS, através de secreção de vias aéreas.
Período de incubação:
Sífilis
Forma de transmissão: a transmissão pode ser vertical (congênita) por via placentária em qualquer
momento da gestação e, possivelmente, no momento do parto pelo contato com lesões maternas.
A forma mais comum de transmissão se dá por contato direto com as lesões ulceradas em relações
sexuais.
Precaução para pacientes internados: precaução padrão. Os paciente com lesões mucocutâneas
devem receber isolamento de contato até 24 horas após a instituição de antibioticoterapia adequada.
Toxoplasmose
Causada pelo Toxoplasma gondii, protozoário e parasita intracelular obrigatório. Ele tem distribuição
global e infecta a maioria dos animais de sangue quente. Os felinos são hospedeiros definitivos.
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MEIO AMBIENTE
consumo de carne crua ou insuficientemente cozida que contenham cistos, ou pela ingestão acidental
de oocistos presentes na terra ou em alimentos ou água contaminados.
Também existem relatos de transmissão por transplante de órgãos sólidos e transplante de células
tronco. A transmissão vertical ocorre quando a mãe tem infecção primária durante a gestação.
Tuberculose
O risco de desenvolver tuberculose é mais elevado durante os 6 meses após a infecção e se mantém
alto por até 2 anos. No entanto, pode-se passar vários anos da infecção até o desenvolvimento da
doença.
Período de transmissão: os pacientes bacilíferos transmitem a doença enquanto não forem tratados
adequadamente.
Afastamento recomendado: crianças com menos de 10 anos raramente são contagiosas, não sendo
necessário afastamento. As exceções são crianças com cavidades pulmonares, com pesquisa de
escarro positiva, com tuberculose laríngea e com infecção pulmonar disseminada.
Adultos: são considerados de baixo risco para infecção quando estiverem recebendo tratamento
adequado e apresentarem 3 amostras de escarro negativas, com intervalo mínimo de 8 horas entre
elas, além de apresentar melhora clínica, com resolução da tosse.
Precaução para pacientes internados: paciente internados e que precisam de isolamento devem ficar
em leitos com controle de infecção de doenças transmitidas pelo ar (uso de filtro de partículas – salas
de fluxo de ar negativo) e usar máscara individual tipo N95 ou N100.
Varicela
Causado pelo vírus Varicela Zoster (VZV), da família dos herpes, também conhecido com herpes
vírus 3. Os seres humanos são a única fonte de infecção.
Forma de transmissão: a infecção se dá quando o vírus entra em contato com as mucosas das vias
aéreas e conjuntiva. A transmissão de uma pessoa a outra ocorre através do ar, por contato direto
com pacientes com lesões vesiculares e por secreção de vias aéreas infectadas. Não há evidência
de transmissão através de fômites, já que o vírus é extremamente lábil e incapaz de sobreviver por
períodos prolongados no ambiente.
A infecção congênita ocorre pela passagem transplacentária do vírus durante uma infecção da mãe.
Em RNs a varicela pode se desenvolver 2-16 dias após o nascimento quando a mãe tem varicela
ativa no momento do parto.
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MEIO AMBIENTE
Período de transmissão: os pacientes são contagiosos 1-2 dias antes dos inícios das erupções
cutâneas até 2 dias após todas as lesões terem formado crosta.
Afastamento recomendado: até todas as lesões estarem em forma de crosta (geralmente 5 dias após
o início do exantema, podendo durar mais de 1 semana em imunossuprimidos); RNs de mães que
apresentam varicela no momento do parto devem receber precaução de contato e de transmissão por
ar até 21 dias de vida (precaução de contato e de gotículas).
Precaução para pacientes internados: precaução padrão, de contato e de transmissão pelo ar, no
mínimo 5 dias após o inícios das lesões e até que todas as lesões tenham evoluído para crosta.
Período de transmissão: 3-8 dias, mas pode durar até 3-4 semanas em lactentes jovens e
imunossuprimidos.
Enfermagem
A propagação das Infecções Hospitalares pode ocorrer por diversas vias: pelo ar, pelo contato, por
vetores ou por fonte comum.
Há diversos tipos de materiais os quais possuem grande número de micro-organismos, tais como:
fezes, urina, sangue, fluidos corporais, secreções de vias aéreas, mucosas, etc.
Além disso, estes materiais e o próprio ambiente podem estar contaminados não só por bactérias,
mas também por seus esporos.
Vírus, fungos, príons e protozoários também podem estar presentes no ambiente.
• Críticos: tem contato direto com o sistema vascular, entrando em contato direto com o sangue;
• Semicríticos: contato direto com a mucosa ou com a pele não íntegra;
• Não críticos: contato apenas com pele íntegra.
Não podemos deixar de salientar que a transmissão de patógenos está diretamente ligada às
condições do hospedeiro, ou seja, devemos estar atentos quanto às características de nossos
pacientes naquele momento, visando criar estratégias que diminuam o alastramento das infecções.
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MEIO AMBIENTE
• Obesos;
• Fumantes;
• Pacientes com altos níveis de estresse.
• Transmissão por contato indireto: ocorre quando o patógeno é transmitido ao paciente através de
um objeto ou indivíduo intermediário contaminado. Um exemplo importante é a contaminação das
mãos dos prestadores de saúde, outro, a falta de desinfecção de materiais de uso contínuo como
termômetros, esfigmomanômetro, etc., utilizados em diversos pacientes. Além desses, os uniformes,
brinquedos, mobiliário hospitalar infectado, também são exemplos na transmissão por contato
indireto.
Transmissão pelo ar
• Gotículas: ocorre a passagem dos microrganismos através das partículas liberadas durante a tosse,
espirro ou fala. Essas gotículas (>5 micra) podem se depositar a curta distância (1 a 1,5 metro) nos
olhos, na boca ou nariz (CARDOSO, et al, 2005).
• Exemplos de doenças transmitidas por gotículas: Caxumba, Gripe, Meningite, Rubéola, etc.
• Aerossóis: dispersão de partículas muito pequenas pelo paciente contaminado.
• Exemplos de doenças transmitidas por aerossóis: Tuberculose pulmonar, Sarampo, Varicela, etc.
Todos sabem que os Hospitais devem ser locais exemplares em relação à limpeza. Porém, muitas
vezes, essa não é a realidade que temos atualmente, verificamos locais sujos, com acúmulo de
materiais inutilizados ou com guarda indevida de lixo, sem telas de proteção em janelas, dentre
outros. Esses locais podem ser atrativos de insetos e roedores, causadores de transmissão de
doenças por meio de vetores de infecção.
Portanto, os vetores são fontes importantes na transmissão de infecções hospitalares e devem ser
eliminados deste meio, a fim de evitar a disseminação de micro-organismos em ambiente hospitalar.
A Transmissão por fonte comum é aquela em que diversos pacientes são contaminados por uma
única fonte de transmissão. Exemplos deste tipo de contaminação: nutrição parenteral contaminada,
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MEIO AMBIENTE
O conceito de infecção HOSPITALAR inclui todo e qualquer processo infeccioso, não identificado na
admissão do paciente que se manifeste durante sua permanência e, em alguns casos, até mesmo
depois de sua alta do hospital.
Na grande maioria dos casos, as infecções hospitalares são provocadas por microorganismos de
baixa virulência, encontrados tanto na flora bacteriana normal do hospedeiro, quanto no ambiente
hospitalar.
Estas infecções são agrupadas em quatro categorias principais: entéricas, respiratórias, cutâneas e
gerais Entre os agentes patogênicos encontram-se os Pseudomonas aeruginosa e o grupo Klebsiella-
Enterobacter-Serratia, que em pacientes susceptíveis causam as infecções mais graves e podem
assim aumentar o coeficiente de mortalidade a média de permanência dos pacientes no hospital,
conforme demonstram as pesquisas.
É um grave problema que deve pôr em ação epidemiólogos, pessoal médico, de enfermagem e de
administração hospitalar.
O aparecimento da infecção é determinado pela interação de agentes mórbidos com o meio ambiente
e o homem.
- do paciente;
- visitantes;
- pessoal;
- equipamentos;
- técnicos de trabalho;
- planta física.
PACIENTE
- idade;
- estado de imunidade;
- tipo de doença;
- terapêutica.
A principal fonte de contaminação está representada pelos próprios pacientes internados; entre estes
é preciso distinguir:
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MEIO AMBIENTE
- os que foram internados por causas diferentes, mas que podem ser portadores de uma doença
infecciosa, estando no período de incubação da mesma;
Em relação à idade:
A baixa resistência no recém-nato à infecção por gram-negativo foi relacionada com a insuficiência de
IgM, anticorpo que não atravessa a placenta e que é responsável pela opsonização e fagocitose
dessas bactérias.
Em relação à patologia:
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MEIO AMBIENTE
Em relação à terapêutica:
O uso de isótopos radioativos pode afetar a resistência orgânica do paciente, deprimindo a medula,
reduzindo a produção de granulócitos e macrófagos; esta terapêutica inibe o sistema retículo-
endotelial, deprime a síntese de imunoglobulinas; pode promover alterações cromossomiais nos
leucócitos e alterar proteínas já sintetizadas, modificando suas propriedades.
Visitante
O problema das visitas em hospital, está no fato de que tanto pode ser veículo de um germe
patológico para o paciente, quanto pode ser o contraente de infecção por entrar num ambiente mais
contaminado. Assim, os visitantes devem ser orientados no sentido de que venham a contribuir com
as normas ditadas pelos hospitais, tais como:
- Pessoas em fase de convalescença são mais susceptíveis a contrair uma infecção, portanto devem
evitar de fazer visitas;
- Certas áreas como: berçário, lactário, terapia intensiva e Centro Cirúrgico, não devem permitir
visitantes.
Pessoal
O pessoal de trabalho deve permanecer em boa situação de saúde, uma vez que está sujeito a
transmitir infecção aos pacientes e a contaminar o ambiente de trabalho, bem como a contrair
infecções.
O responsável pela admissão do pessoal deve estar consciente de que é importante a boa condição
física de todos aqueles que vão direta ou indiretamente contribuir na assistência. O controle dos
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MEIO AMBIENTE
funcionários pelo serviço médico deve ser periódico, a partir da admissão, e as imunizações
realizadas sempre que se fizer necessário.
Logo que um funcionário se apresentar doente, deverá ser encaminhado ao serviço médico. Se o
quadro evidenciar uma infecção tipo gripe, diarréia ou outras, não deve trabalhar em: berçário,
lactário, manipulação de alimentos, terapia intensiva e Centro Cirúrgico. De preferência, deverá
receber uma licença para tratamento de saúde, pois desta forma estará sendo usada uma medida
preventiva à infecção cruzada.
Vale ressaltar a importância do uso adequado dos uniformes e vestuários, evitando a disseminação
de germes no hospital.
Equipamento
Pode-se citar como focos e fontes de infecção: tendas de oxigênio, máscaras, canulas de
traqueostomia, bolsas de água quente, aparelhos de aerosol, equipamentos de aspiração e sucção,
material de curativos, frascos de drenagem, aparelhos de respiração artificial, instrumental cirúrgico,
etc.
A limpeza, desinfecção e esterilização destes aparelhos deve ser feita de modo adequado.
Técnicas De Trabalho
Para prevenção da infecção cruzada, é necessário estabelecer normas técnicas e cumpri-las com
rigor. Cabe à enfermeira orientar o pessoal sobre a importância do uso correto das técnicas de
trabalho e verificar como estão se processando: a limpeza de pratos e talheres do paciente; o
transporte da roupa de cama, antes e após o uso; a técnica de limpeza usada pelos serviços de
zeladoria.
Planta Física
Pode-se salientar como fonte de infecção as Unidades de Internação que não correspondem às
medidas estabelecidas pelo Ministério da Saúde.
Uma Unidade de Internação com excesso de leitos, dada a proximidade dos mesmos, facilita a
poluição do ar, o contato direto de um paciente com o outro e dificulta aos membros de enfermagem
prestar cuidados aos pacientes.
A localização dos ambulatórios na planta do hospital, pode ser constante fonte de infecção, se houver
acesso de pacientes externos nas Unidades de Internação, Centro Cirúrgico, Obstétrico e Berçário.
Elevadores em número deficiente, que servem a pacientes, visitantes, pessoal de serviço, carros de
alimentos e de roupa suja e depósito de lixo, também contribuem de forma significante para as
infecções hospitalares.
Instalações sanitárias em número deficiente e/ou localização inadequada e escadas que não
possibilitam um desvio da corrente aérea que corre de baixo para cima; infiltrações de águas
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MEIO AMBIENTE
As constantes reformas nos hospitais, podem ser a causa de freqüentes supurações de cirurgias,
dada a presença de microorganismos patogênicos nas partículas de poeira.
Contato.
Através de um veículo.
Ar.
CONTATO
- contágio direto;
- contágio indireto;
Contágio Direto
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MEIO AMBIENTE
A maioria dos estudiosos consideram a antissepsia das mãos um dos fatores mais importantes no
controle da infecção cruzada em enfermarias. Juhlin e Ericson introduziram muitos melhoramentos de
higiene hospitalar, mas o problema de infecção cruzada não dava sua baixa até o aparecimento de
emulsão detergente ao invés de sabão comum.
A antissepsia das mãos requer um agente bacteriologicamente eficiente, inócuo à pele em repetidas
e freqüentes aplicações, portanto são contra indicados os antissépticos cáusticos e alergênicos.
b)Contágio Indireto
Embora uma grande variedade de artigos hospitalares tenha sido envolvida em casos de infecção, é
necessário prudência na interpretação da presença de microorganismos em fômites, pois nem
sempre é suficiente para caracterizá-lo como via de transmissão.
Entre os artigos hospitalares, o instrumental cirúrgico é o que oferece sempre maiores riscos,
principalmente aqueles que não podem ser esterilizados pelo calor: caéteres, umidificadores,
acessórios de anestesia e gasoterapia, e citoscópios.
Partículas expelidas pela tosse, fala e espirro constituem uma modalidade de transmissão por
contato, já que implicam na associação relativamente íntima e constante entre duas ou mais pessoas.
A profilaxia para esse tipo de transmissão depende mais lo uso correto de máscaras do que de
recursos de engenharia para o controle de aerosóis.
ALIMENTOS - Água, alimentos crus e as formas lácteas são veículos importantes das infecções
adquiridas em hospital, tornando necessárias rigorosas medidas de higiene na cozinha e no lactário.
- Soluções alcoólicas (tinturas) são mais eficientes, pois a ação germicida é intensificada pelo álcool e
pela cetona utilizada como solventes.
Apesar disso, na maioria dos hospitais, os desinfetantes e antissépticos são escolhidos em função do
preço ou de critérios subjetivos por razões econômicas.
Transmissão Através Do Ar
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MEIO AMBIENTE
Ao contrário do solo e da água, o ar não tem flora microbiana própria e os microorganismos nele
encontrados decorrem de contaminação que se verifica através de vários agentes.
A profilaxia das infecções aerógenas envolve um conjunto de medidas: supressão de portadores, uso
obrigatório de máscaras e esterilização do ar por meios físicos ou químicos.
A poeira hospitalar é constituída por partículas que variam entre 10 e 150 micras. Seu papel na
transmissão das infecções hospitalares é indireto pela contaminação de fômites. O controle dessa via
de transmissão implica na eliminação de eventuais reservatórios e na limpeza e desinfecção diária do
ambiente.
Medidas preventivas contra infecção hospitalar - Impõe-se sejam adotadas normas e diretrizes com a
finalidade específica de implantar um programa de medidas preventivas no sentido de prevenir a
incidência das infecções e combater a sua propagação quando já instalada.
Comissão De Infecção
Esta comissão, de preferência, será composta por: um clínico, um cirurgião, um bacteriologista, uma
enfermeira, um sanitarista, e deverá receber total apoio da administração, mantendo contatos diretos
com o Diretor do hospital ou indiretamente através de órgão técnico altamente situado na estrutura
administrativa.
Controle Ambiental
Exames microbiológicos de rotina serão efetuados pelo laboratório de patologia clínica que ficará
responsável pela realização das culturas do material colhido em diversas áreas do hospital. De
acordo com os resultados, esta comissão estará em condições de recomendar à direção do hospital
as providências que se fizerem necessárias.
Controle De Pessoal
Os produtos químicos utilizados para qualquer fim devem ser submetidos ao controle da Comissão de
Infecção, cuja responsabilidade é de fazer a seleção dos produtos de acordo com os resultados dos
exames bacteriológicos, pois tem se registrado grande número de infecções causadas por
contaminação de produtos
Normas De Limpeza
A Comissão deverá instituir normas que ditem o modo correto de proceder a limpeza das diversas
dependências do hospital e qual o tratamento adequado para: material usado na limpeza, restos
alimentares, despojos de curativos e roupa usada.
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MEIO AMBIENTE
Treinamento Do Pessoal
O programa de treinamento deve ser extensivo a todos os elementos dos diversos setores.
Outras técnicas e medidas poderão ser adotadas paralelamente durante o treinamento do pessoal.
Isolamento
De acordo com a melhor doutrina, não se justifica impedir a internação de um paciente, num hospital
geral, sob a alegação que é uma doença infecciosa; como também não se explica propor alta a um
paciente internado apenas porque apresenta uma infecção hospitalar.
Em ambos os casos, recomenda-se sejam adotadas medidas de isolamento que serão facilitadas
pelas condições da planta física.
Notificação Compulsória
A infecção hospitalar deve constituir uma ocorrência de notificação compulsória dos integrantes do
corpo clínico à Comissão de Infecção.
Índice Endêmico
Não se pode pretender a erradicação da infecção hospitalar, especialmente nas unidades em que se
registra maior movimento cirúrgico, pois nenhuma ferida está livre de microorganismos.
A criação de um boletim epidemiológico para circulação interna, dando notícia a cada quinzena ou
mês, dos casos de infecção, fornecerá os totais acumulados para o efeito comparativo, procederá
uma análise sumária dos resultados e poderá conter uma recomendação vinculada ao problema da
infecção. Quando o índice endêmico for ultrapassado, a Comissão de Infecção deverá considerar o
fato como sinal de alarme, cujo combate exige medidas mais enérgicas e prontas do que no curso da
endemia.
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MEIO AMBIENTE
Este grupo já no século passado, antes da era bacteriológica, mostrou que mesmo em condições
ambientais desfavoráveis, as medidas básicas de enfermagem têm importância vital no controle da
infecção hospitalar.
O obstáculo que os enfermeiros ainda encontram em nossos meios no campo prático, é que os
outros profissionais da equipe hospitalar dão menos importância às medidas básicas de enfermagem
nas unidades de internação do que nos centros cirúrgicos. Entretanto, está provado que feridas
podem contaminar-se não somente durante as operações, mas também nas unidades de internação.
É importante que a assepsia operatória no centro cirúrgico seja considerada um componente num
largo esquema de defesa contra a infecção hospitalar.
A segurança que a enfermagem pode oferecer no combate às infecções por germes resistentes, é
assegurar a observância da higiene perfeita, da desinfecção concorrente e terminal nas unidades dos
pacientes, e uso de técnica asséptica quando indicada.
As mãos são também veículo de germes. Não basta uma simples lavagem com água e sabão
comum, mas lavatórios munidos de um depósito de bacteriostáticos, não irritantes, manejáveis pelos
pés, joelhos ou cotovelos.
Cabelos esvoaçantes
Servem como meio de transmissão do Stafilococcus áureos, por isso é necessário o uso dos cabelos
devidamente presos ou com um gorro.
Todo o hospital deverá formular rotinas de higienização não só de assoalhos, mas também de
paredes, janelas, portas lustres, mobiliários e utensílios de todos os componentes da unidade de
internação.
Por unidade do paciente compreendemos a cama com colchão e travesseiro, mesa de cabeceira e
cadeira. A limpeza e desinfecção geral da unidade do paciente após a alta é imprescindível.
Sugere-se então, já que tanto perigo traz uma má desinfecção, uma sala ou compartimento exclusivo
para este serviço.
A limpeza deverá ser feita com um detergente bactericida e de odor suave, sugerido pela Comissão
de Infecção, e a execussão desta tarefa deverá ter uma técnica rigorosa e perfeita para evitar
contaminação e proliferação de patógenos.
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MEIO AMBIENTE
Em relação a objetos de cabeceira, comadres, cubas, escarradeiras, bacias e papagaios, após a alta
deverão ser encaminhados ao Centro de Material. Na admissão, o paciente receberá estas peças
empacotadas e esterilizadas.
Toda a atenção deverá ser dispensada na maneira pela qual é feita a limpeza antes da recepção de
um novo paciente e controles bacteriológicos periódicos deverão ser realizados. Os banheiros
deverão ser mantidos rigorosamente limpos e desinfetados, principalmente se forem de uso coletivo.
São equipamentos hospitalares que devem ser lavados com detergente bactericidas com ação
residual, pelo menos uma vez por semana e a troca de lençol entre um paciente e outro, bem como o
controle bacteriológico não deverá ser esquecido.
Antissepsia: Atualmente existe uma corrente que preconiza a abolição da antissepsia na aplicação de
uma injeção. Mas não podemos deixar de nos preocupar com a limpeza rigorosa da pele e da
antissepsia pois a localização de microorganismos potencialmente patogênicos, na camada
descamativa e nas mais profundas, nas proximidades das glândulas sudoríparas e sebáceas,
permitem à agulha na sua trajetória através da pele até as camadas mais profundas do tecido
conjuntivo ou mesmo corrente circulatória, transferir os mesmos locais onde, dependendo dos níveis
de defesa de hospedeiro, poderão desencadear uma infecção. E em se tratando de ambiente
hospitalar, tem-se que se considerar:
Sondas Ureterais:
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MEIO AMBIENTE
Máscaras e luvas - Quando indicadas, deverão ser individuais e usadas uma única vez. O ideal seria
o uso de máscaras e luvas descartáveis.
Lençóis e roupas - Movimentos bruscos na troca de lençóis e arrumação destes são condenados
devido à movimentação de aerosóis. É indicado a colocação da roupa em um saco impermeabilizado
na área contaminada e a sua introdução em outro na área limpa, com o devido rótulo de roupa
contaminada.
Louças - O ideal é a louça descartável. Se não houver, deverá usar-se o sistema dos dois sacos e
enviar ao centro de material.
Seringas e agulhas - É absolutamente indicado o uso de materiais descartáveis. Se não houver essa
possibilidade, procede-se como no trato com a louça.
Gases, algodões, papéis, etc. - Usa-se o sistema dos dois sacos e encaminha-se para a incineração.
Prontuário - Não deverá permanecer no isolamento. As anotações deverão ser feitas em papel, a fim
de que possam ser desprezadas.
Quarto - Deve conter pia e banheiro anexo. A limpeza concorrente deve ser feita por serviçais
alertados quanto às técnicas especiais que deverão usar no isolamento.
Todo material removível, deverá ser colocado em sacos e enviados ao Centro de Material;
Todo equipamento que não possa ser enviado ao Centro de Material, deverá ser lavado em
detergente germicida;
O chão e as paredes deverão ser lavadas com solução detergente bactericida e em seguida
pulverizar o ar.
Licenciamento Ambiental
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
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MEIO AMBIENTE
Um dos fundamentos do Estado brasileiro é a livre iniciativa, isto é, o direito a todos de perseguir uma
atividade econômica, de empreender, a fim de assegurar a todos a possibilidade de uma existência
digna. Este mesmo Estado também reconhece que a dignidade humana é servida pela existência a
um meio ambiente equilibrado. Estes dois princípios, no entanto, não raro entram em conflito:
perseguir uma atividade econômica certamente causará impactos ao meio ambiente, impactos estes
que, se desregrados, podem ser irreversíveis. E também não se pode ter o meio ambiente como
obstáculo intransponível à existência humana.
O licenciamento ambiental é uma exigência legal a que estão sujeitos todos os empreendimentos ou
atividades que empregam recursos naturais ou que possam causar algum tipo de poluição ou
degradação ao meio ambiente. É um procedimento administrativo pelo qual é autorizada a
localização, instalação, ampliação e operação destes empreendimentos e/ou atividades.
A responsabilidade pela concessão fica a cargo dos órgãos ambientais estaduais e, a depender do
caso, também do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
quando se tratar de grandes projetos, com o potencial de afetar mais de um estado, como é o caso
dos empreendimentos de geração de energia, e nas atividades do setor de petróleo e gás na
plataforma continental.
As bases legais do licenciamento ambiental estão traçadas, principalmente, na Lei 6.938/81, que
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e traz um conjunto de normas para a preservação
ambiental; nas Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) 001/86 e 237/97, que
estabelecem procedimentos para o licenciamento ambiental; e na Lei Complementar 140/11, que fixa
normas de cooperação entre as três esferas da administração (federal, estadual e municipal) na
defesa do meio ambiente.
• Licença Prévia (LP) - Licença que deve ser solicitada na fase de planejamento da implantação,
alteração ou ampliação do empreendimento. Esta licença apenas aprova a viabilidade ambiental e
estabelece as exigências técnicas (as "condicionantes") para o desenvolvimento do projeto, mas não
autoriza sua instalação.
Nesta fase, caberá ao empreendedor atender ao art. 225, §1º, IV da Constituição Federal e da
Resolução 001/86 do Conama, elaborando os estudos ambientais que serão entregues ao Órgão
Ambiental para análise e deferimento. No caso de uma obra de significativo impacto ambiental, na
fase da licença prévia o responsável deve providenciar o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/RIMA).
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MEIO AMBIENTE
• Licença Instalação (LI) - Esta aprova os projetos. É a licença que autoriza o início da obra de
implantação do projeto. É concedida depois de atendidas as condições da Licença Prévia.
Os Planos de Manejo
Naturalmente, os planos de manejo das unidades de conservação de proteção integral são distintos
daqueles das unidades de uso sustentável. O Ibama, órgão responsável pela gestão das unidades de
conservação até 2007, quando essa tarefa passou para as mãos do ICMBio, produziu roteiros
metodológicos visando a orientar a confecção dos planos de manejo de unidades de conservação de
proteção integral e de algumas categorias de uso sustentável.
No caso das unidades de proteção integral, segundo esse roteiro, os planos de manejo possuem os
seguintes objetivos:
8. Estabelecer, quando couber, normas e ações específicas visando a compatibilizar a presença das
populações residentes com os objetivos da unidade, até que seja possível sua indenização ou
compensação e sua realocação;
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MEIO AMBIENTE
modelo excludente trata do manejo da unidade sem a participação dos habitantes da região,
enquanto no modelo inclusivo, os interesses e o bem-estar das sociedades locais são peças chaves
na gestão da unidade.
Apesar do modelo excludente ter tido êxito em algumas situações, o modelo inclusivo conta com
maiores possibilidades, a longo prazo, de garantir a integridade biológica das áreas protegidas.
Assim, para a formulação de um plano de manejo, de forma democrática e participativa, um dos
primeiros passos é a identificação dos atores sociais interessados. Junto com essa identificação,
surgem várias questões, como a da representação. Os interessados, em geral, possuem formas de
representação, organizando-se em grupos ou associações, porém muitos atores sociais relevantes
não contam com uma estrutura institucional para conduzir seus interesses.
O plano de uso será posteriormente absorvido pelo plano de manejo, na parte que trata das regras de
convivência e do Contrato de Concessão de Direito Real de Uso, etapa de regularização de ocupação
da área. Depois da formalização da reserva, quer dizer, da aprovação do plano de utilização pelos
moradores e da assinatura do Contrato de Concessão de Direito Real de Uso, começam as
atividades de consolidação da reserva.
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MEIO AMBIENTE
No quadro abaixo é possível conferir as zonas apresentadas pelo Roteiro Metodológico para parques
nacionais, reservas biológicas e estações ecológicas. O Roteiro também traz uma série de critérios
para a definição do zoneamento, divididos em critérios indicativos de valores para a conservação e
critérios indicativos para a vocação de uso. Na primeira categoria, estão a representatividade, a
diversidade de espécies, a presença de áreas de transição entre ambientes, a suscetibilidade
ambiental e a presença de sítios arqueológicos ou paleontológicos. Na segunda, os critérios são o
potencial de visitação, o potencial para a conscientização ambiental, a presença de infra-estrutura, a
existência de uso conflitante e a presença de populações.
O zoneamento de uma unidade pode também ser um elemento de conflito. No caso das unidades de
proteção integral, onde há populações residentes ou usuárias de recursos naturais, o zoneamento é
chave para amenizar ou acirrar os conflitos pelo uso da biodiversidade. Há ainda os casos de
sobreposições de áreas protegidas, como unidades de conservação e/ou com terras indígenas.
Plano de Manejo
Após a criação de uma UC, o plano de manejo deve ser elaborado em um prazo máximo de cinco
anos. Toda UC deve ter um plano de manejo, que deve ser elaborado em função dos objetivos gerais
pelos quais ela foi criada.
Uma das ferramentas mais importantes do plano de manejo é o zoneamento da UC, que a organiza
espacialmente em zonas sob diferentes graus de proteção e regras de uso. O plano de manejo
também inclui medidas para promover a integração da UC à vida econômica e social das
comunidades vizinhas, o que é essencial para que implementação da UC seja mais eficiente. É
também neste documento que as regras para visitação da são elaboradas.
Com a publicação da Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades
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MEIO AMBIENTE
de Conservação (SNUC), vários critérios e normas foram criados, objetivando a adequada criação,
implementação e gestão das UCs no Brasil. Essa Lei auxilia o ordenamento das inúmeras leis
dispostas sobre as diversas categorias de manejo de UCs, sejam estas federais, estaduais ou
municipais. Entre as diretrizes que regem o SNUC, está o estabelecimento da garantia de que o
processo de criação e a gestão das unidades de conservação sejam feitos de forma integrada, com
as políticas de administração.
Segundo o artigo 30 da Lei do SNUC, “as unidades de conservação podem ser geridas por
organizações da sociedade civil de interesse público com objetivos afins aos da unidade, mediante
instrumento a ser firmado com o órgão responsável por sua gestão”. Em abril de 2007 foi publicada
a MP 366, que foi convertida na Lei Federal nº 11.516 em 28 de agosto de 2007, criando o Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e transferindo a gestão de todas as
Unidades de Conservação Federais do IBAMA para o recém criado instituto.
Entre os instrumentos de gestão previstos pelo SNUC, está o plano de manejo. Trata-se de um
documento técnico mediante o qual, fundamentado nos objetivos gerais da unidade de conservação,
estabelece-se o zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos
naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade. Após a data
de sua criação, toda unidade de conservação deve dispor de um plano de manejo que deve ser
elaborado no prazo decinco anos.
Esse plano, segundo o SNUC, deve abranger também a área da unidade deconservação, sua
zona de amortecimento e os corredores ecológicos. Medidas para promover a integração das UCs à
vida econômica e social das comunidades vizinhas devem também ser incluídas.
O Plano de Manejo, segundo a Lei N° 9.985 de 2000 (que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC) é um documento técnico que, com fundamento nos objetivos gerais de uma
Unidade de Conservação (UC), estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso
da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias
à gestão da Unidade.
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MEIO AMBIENTE
É importante enfatizar que o planejamento deve ser contínuo, ou seja, atualizado periodicamente,
flexível, permitindo ajustes de acordo com a realidade encontrada, e participativo, com envolvimento
da sociedade.
A Ambiental Consulting elabora Planos de Manejo para UCs que ainda não possuem esse
documento, como também executa a revisão dos Planos de Manejo já existentes.
As unidades de conservação (UC) são espaços territoriais, incluindo seus recursos ambientais, com
características naturais relevantes, que têm a função de assegurar a representatividade de amostras
significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do
território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. Estas
áreas asseguram às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais de forma
racional e ainda propiciam às comunidades do entorno o desenvolvimento de atividades econômicas
sustentáveis. Estas áreas estão sujeitas a normas e regras especiais. São legalmente criadas pelos
governos federal, estaduais e municipais, após a realização de estudos técnicos dos espaços
propostos e consulta à população.
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MEIO AMBIENTE
Fauna E Flora
Fauna e flora são termos utilizados normalmente para descrever, respectivamente, o conjunto de
animais e plantas de uma região.
É muito comum ouvir falar a respeito da fauna e da flora de uma região e sobre a importância da
manutenção delas para o equilíbrio do meio ambiente. Entretanto, você sabe o que significa cada um
desses conceitos e se eles apresentam mais de um significado?
Cada animal é adaptado para viver em uma determinada região, assim sendo, a fauna do Pantanal
não é a mesma encontrada na Floresta Amazônica, por exemplo. Em face dessa particularidade,
destruir os habitat e/ou poluí-los pode causar sérios danos à fauna de uma região, podendo até
mesmo levar os animais à extinção.
O termo fauna também é usado para designar um grupo de organismos que viveu em uma
determinada época geológica. Um bom exemplo é a Fauna de Burgess Shale, que foi descoberta nas
Montanhas Rochosas Canadenses por Charles Doolittle Walcott em 1909. O folheto de Burgess
continha diferentes fósseis de animais invertebrados e ricos detalhes das partes moles desses
organismos. Esses fósseis marcam a grande explosão cambriana.
Quando falamos da flora, por sua vez, normalmente estamos nos referindo ao grupo de plantas de
uma determinada região. Como exemplo, podemos citar também a flora do Pantanal, que, segundo o
Ministério do Meio Ambiente, é formada por quase duas mil espécies de plantas.
A destruição da flora provoca diversos danos ambientais, uma vez que as plantas estão relacionadas,
entre outras funções, com o regime de chuvas, com a manutenção do solo e com a garantia de um
ambiente saudável para a sobrevivência de várias espécies. Portanto, ao retirar a cobertura vegetal
de uma área, estamos afetando diretamente a fauna daquela região, desencadeando desequilíbrios
ecológicos.
O termo flora possui ainda outras aplicações, sendo usado para designar, por exemplo, o conjunto de
micro-organismos encontrados em nosso corpo. A flora intestinal, que é composta por diferentes
bactérias que vivem no intestino, é um exemplo dessa aplicação.
Além de ser usado para dar nome ao conjunto de plantas de uma região e para o conjunto de micro-
organismos encontrados no nosso corpo, o termo flora é usado para dar nome às obras que possuem
como objetivo descrever as espécies vegetais de um local. A Flora brasiliensis, por exemplo, é uma
obra que descreve 22.767 espécies de vegetais.
O Brasil possui em seu meio ambiente a maior biodiversidade do planeta. O País abriga
aproximadamente 524 espécies de mamíferos, 517 de anfíbios, 1.677 de aves e 468 de répteis. Além
disso, dentre essas formas de vida, grande parte é endêmica, ou seja, existem apenas em território
brasileiro: 131 espécies de mamíferos, 294 de anfíbios, 191 de aves e 468 de répteis são exclusivos
do Brasil.
Dono das maiores reservas de água doce e de um terço das florestas tropicais que ainda restam no
mundo, o Brasil, detentor de 20% de toda espécie animal e vegetal do planeta, possui sete biomas:
Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal, Costeiro e Pampa. Segundo definição do
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IBGE, bioma é o conjunto de vida (vegetal e animal) constituído pelo agrupamento de tipos de
vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e
história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.
Dentre os biomas brasileiros, a Amazônia, maior floresta tropical úmida do mundo, é o destaque
nacional e também global, possuindo a maior variedade de vida da Terra. Com 5,5 milhões de
quilômetros quadrados, a Floresta Amazônica possui um terço de todas as espécies vivas do planeta.
Estima-se que existam aí mais de 5 milhões de espécies vegetais, das quais apenas 30.000 foram
identificadas. Ainda assim, uma entre cada 5 espécies vegetais do mundo está em seu território. Em
apenas um de seus hectares podem existir até 300 diferentes tipos de árvores. Quanto à variedade
animal, somente no Alto do Juruá no Acre, região da floresta mais rica em biodiversidade, existem
616 espécies de ave, 50 de réptil, 300 de aranha, 140 de sapo, 16 de macaco e 1.620 de borboleta
conhecidas.
O Cerrado, bioma conhecido como “savana brasileira”, localiza-se principalmente na região central do
país e compreende os Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará,
Maranhão, Minas Gerais, Piauí e São Paulo, além de outras localidades. Com clima tropical de altas
temperaturas e estação seca, o solo desse bioma possui baixo ph, baixa fertilidade e alto nível de
alumínio, além de pouca disponibilidade de água em sua superfície. Em razão dessas condições
geográficas, o cerrado apresenta uma vegetação adaptada à escassez de nutrientes. As raízes de
suas árvores podem, por exemplo, atingir grandes comprimentos na busca da sobrevivência. Com
grande número de formigas e cupins, o Cerrado possui uma alta biodiversidade de fauna e flora.
Situado na região centro-oeste dos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul está o Pantanal.
Bioma caracterizado como uma grande planície alagável, é a maior área alagada da América do Sul e
do mundo. Região de chuvas abundantes entre o final da primavera e verão e clima seco durante o
resto do ano, o Pantanal possui uma grande diversidade biológica adaptada às mudanças entre
períodos alagados e secos.
A Caatinga brasileira abrange os Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, além de
algumas áreas da Bahia, Alagoas, Pernambuco e Sergipe e localiza-se entre a Floresta Amazônica, a
Mata Atlântica e o Cerrado. Em razão das altas temperaturas e da escassez de chuva, seus solos
são pedregosos e secos. Esse bioma possui uma grande riqueza de ambiente e espécies, porém é
pouco estudado e habitado, e possui a menor quantidade de unidades de conservação do país.
Os Pampas, ou campos sulinos, localizam-se no Estado do Rio Grande do Sul e se estendem até o
Uruguai e a Argentina. Com clima quente durante o verão e temperaturas baixas e maior intensidade
de chuva no inverno, esse bioma possui a maior biodiversidade concentrada na fauna: 39% dos
mamíferos aí existentes são endêmicos.
Já a Mata Atlântica, estendida do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, tem na
biodiversidade a sua principal característica. Esse bioma é considerado como uma das áreas mais
ricas em espécies da fauna e da flora mundial. Ele possui uma grande variedade de espécies
endêmicas, especialmente em árvores e bromélias. Existe também uma grande diversidade de
animais vertebrados e invertebrados.
Por fim, o bioma Costeiro é formado por vários ecossistemas que compõem o litoral brasileiro. São
manguezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões rochosos, baías, brejos e recifes de corais, entre
outros. Por abranger toda a costa brasileira, suas características variam de um lugar para outro. Por
isso, as espécies animais, vegetais e os aspectos físicos são diferentes em cada um de seus
ecossistemas.
A Amazônia é um bioma que ocupa cerca de 40% do território brasileiro. Situada nos Estados do
Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima, ele se estende também a algumas regiões do
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Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Além disso, inclui terras de países próximos ao Brasil, como as
Guianas, Suriname, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia.
Com a maior reserva de água doce de superfície disponível no planeta, a Floresta Amazônica abriga
milhares de espécies animais, vegetais e microorganismos e é considerada como bioma detentor da
maior biodiversidade do mundo.
Seu relevo é composto por planícies (regiões de poucas altitudes), depressões (regiões planas onde
são encontradas colinas baixas) e planaltos (regiões com superfície elevada). Dentre os seus rios,
destaca-se o Amazonas que, sendo o mais largo do mundo, possui mais de mil afluentes (rios
menores que nele deságuam) e é o grande responsável pelo desenvolvimento da floresta.
Tal como o relevo, a Amazônia possui vegetações distintas que se dividem em três categorias: matas
de terra firme, matas de várzea e matas de igapó. As primeiras são caracterizadas como regiões mais
altas com árvores de grande porte, onde não há inundações causadas pelos rios. Nas matas de
várzea essas inundações ocorrem em determinados períodos do ano, em tempo mais curto na áreas
elevadas e mais longo nas áreas planas. Já as matas de igapó estão situadas em terrenos mais
baixos e estão quase sempre inundadas.
Pesquisas indicam que na Amazônia existem aproximadamente trinta milhões de espécies animais
conhecidas. Entre as mais famosas estão os macacos, como os coatás, guaribas e barrigudos.
Onças, tamanduás, esquilos, botos, lagartos, jacarés, tartarugas, serpentes, araras, papagaios,
periquitos e tucanos são, também, alguns das amostras da fauna amazônica. A Vitória-régia, a
castanheira-do-pará e a palmeira são exemplos de sua flora.
A Caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro. Com 844.453 Km² de extensão, 11% de todo
território nacional, ela abrange os Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, além de
algumas áreas da Bahia, Alagoas, Pernambuco e Sergipe.
Mais importante ecossistema do nordeste, esse bioma está associado a uma diversidade muita baixa
de plantas, sem espécies endêmicas (exclusivas) e intensamente modificada pela ação humana. No
entanto, a caatinga brasileira possui uma grande riqueza tanto de espécies quando de ambientes.
Dados apontam a presença de 932 espécies de plantas, 148 de mamíferos e 510 de aves, entre
outros. Muitas delas só existem nessa região. Além disso, em seu ambiente são reconhecidos doze
diferentes tipos de caatinga. Ainda assim, ela ainda é pouco estudada, sendo o bioma menos
conhecido do Brasil.
Com altas temperaturas e escassez de chuva, os solos da caatinga são pedregosos e secos. Neles
habitam cerca de 27 milhões de pessoas, das quais grande parte é carente e precisa de recursos da
sua biodiversidade para sobreviver.
O Cerrado brasileiro ocupa uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional, sendo o
segundo maior bioma na América do Sul. Nele nascem os três maiores rios sul-americanos:
Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata.
Abrangendo os Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além de estar presente em
pequenas partes do Amapá, Roraima e Amazonas, o Cerrado possui mais de 6.500 espécies de
plantas catalogadas, 199 de mamíferos, 837 espécies de aves, 1.200 de peixes, 180 de répteis e 150
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de anfíbios. Conforme estimativas, ele é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23%
dos cupins dos trópicos. Além disso, o Cerrado abriga uma grande variedade de espécies endêmicas,
ou seja, exclusivas do seu território.
A savana brasileira, como também é conhecido, possui grande importância social. Seus recursos
naturais são fontes de sobrevivência para muitas populações, incluindo etnias como indígenas,
quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras e vazanteiros. O buriti, a mangaba, a cagaita, o
bacupari, o cajuzinho do cerrado, o araticum e as sementes do barú são alguns dos frutos
regularmente consumidos pela população local.
Mata Atlântica corresponde a uma estreita faixa de floresta ao longo da costa brasileira. Considerada
um dos mais importantes ecossistemas do mundo, esse bioma situa-se entre os litorais do Rio
Grande do Norte e do Rio Grande do Sul.
As florestas da Mata Atlântica possuem uma grande variedade de vida animal e vegetal. Essa
biodiversidade é contemplada com muitas espécies endêmicas, ou seja, que só existem em suas
áreas.
Com tamanha importância, esse bioma é hoje vestígio do que foi a grande floresta tropical brasileira.
Referência nacional e internacional em termos de paisagem e da própria biodiversidade, ele é
atualmente um dos biomas mais ameaçados do mundo. Com uma história marcada pelas
intervenções e alterações humanas, a Mata Atlântica continua sendo destruída para plantação de
espécies exóticas de valor econômico como o pinus e o eucalipto. Além disso, a extração ilegal de
palmitos e o extermino da fauna ameaçam a sua existência.
Os Pampas fazem parte dos sete biomas brasileiros. Eles abrangem parte do território do Rio Grande
do Sul e se estendem ainda pelas terras do Uruguai e Argentina.
Esse bioma, cujo nome significa região plana no dialeto indígena que lhe deu origem, é também
chamado de Campos Sulinos. Seu relevo é formado, além de planícies, de campos mais altos e até
mesmo áreas semelhantes a savanas.
Em suas áreas planas, localizadas ao sul do Rio Grande do Sul, existe uma vegetação campestre,
semelhante a um imenso tapete verde. Nelas a vegetação é considerada rala e pobre em espécies.
Já nas áreas mais altas a vegetação se torna mais rica. Nas encostas de planaltos, existem matas
com grandes pinheiros e outras árvores, como a cabreúva, a grápia, a caroba, o angico-vermelho e o
cedro. Nessas regiões, chamadas de campos altos, é encontrada a Mata de Araucária, cuja espécie
vegetal predominante é o pinheiro-do-paraná.
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Com temperaturas que podem chegar a 35° no verão e tornarem-se negativas no inverno, os pampas
abrigam também espécies animais como o gato-do-pampa e a coruja-buraqueira.
O bioma dos Pampas possui solo fértil, existindo áreas ainda mais férteis com solos do tipo “terra
roxa” nas regiões planas. Dentre os seus rios mais importantes destacam-se o Santa Maria, o
Uruguai, o Jacuí, o Ibicuí e o Vacacaí. Esse e os demais se dividem em duas bacias hidrográficas: a
Costeira do Sul e a do rio da Prata.
O Pantanal é um bioma caracterizado, em grande parte, como uma grande planície alagável, de
brejos e pântanos. A sua parte brasileira encontra-se no Estado de Mato Grosso e noroeste do Mato
Grosso do Sul. No total essa porção soma cerca de 137 mil km2 de extensão. Além disso, o Pantanal
se entende pelo norte do Paraguai e oeste da Bolívia.
Como maior área alagada do mundo, calcula-se que 180 milhões de litros de água entram na planície
pantaneira por dia, suas regiões possuem abundância de chuva entre o final da primavera e verão e
clima seco durante o resto do ano. Isso faz com que o Pantal possua uma grande diversidade
biológica adaptada às mudanças entre períodos alagados e secos.
Graças a essa rica biodiversidade, o Pantanal é considerado pela UNESCO (Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) um Patrimônio Natural Mundial. Dentre suas
espécies animais e vegetais, muitas são endêmicas, ou seja existem apenas em suas áreas. Além
disso, por localizar-se próximo à Amazônia e ao Cerrado, o Pantanal guarda espécies de fauna e de
flora desses outros dois biomas.
Cálculos demonstram a existência de 122 espécies de mamíferos, 93 de répteis, 656 de aves e 263
de peixes no Pantanal. Desses, as aves e os peixes caracterizam-se com os animais mais
exuberantes, dos quais merece destaque o Tuiuiú, ave símbolo do Pantanal. A onça-parda, a onça-
pintada, a jaguatirica, a capivara, a ariranha, o macaco-prego, o cervo-do-pantanal, o jacaré-do-
Pantanal, o jacaré-do-papo-amarelo, cobras sucuri, jararaca e jiboia, entre tantos outros, são alguns
dos animais que habitam suas terras. Jenipapos, figueiras, ingazeiros, palmeiras, pau-de-formiga,
aguapé e a erva-de-santa-luzia são alguns dos exemplos da flora pantaneira.
Com relevo predominantemente formado por planícies, o Pantanal possui, ainda, terrenos mais altos
como chapadas, serras e maciços. Dentre esses destaca-se o maciço de Urucum, em Mato Grosso
do Sul. Dentre os seus muitos rios, os mais importantes são o Cuiabá, São Lourenço, Itiquira,
Correntes, Aquidauana e Paraguai, todos parte da bacia hidrográfica do Rio da Prata.
O Bioma Costeiro é formado por vários ecossistemas existentes na costa brasileira. Com 8.500 km de
extensão, ele se estende ao longo do litoral do país.
Composto por manguezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões rochosos, baías, brejos, recifes de
corais, entre outros, ele possui diferentes características. Em cada um desses ecossistemas
predominam, solo, relevo, clima, fauna e flora distintos.
Algumas regiões da costa brasileira apresentam, segundo o IBGE, características mais marcantes. O
litoral amazônico possui grandes manguezais, dunas e praias. Aí há uma grande variedade de
crustáceos, peixes e aves. O litoral do nordeste possui recifes, dunas, manguezais, restingas e
matas. O litoral do sudeste, com várias baías e pequenas enseadas, possui recifes e especialmente a
mata de restinga. O litoral sul, por sua vez, possui muitos manguezais e é especialmente rico em
aves.
Dentre esses ecossistemas, os manguezais apresentam-se como um dos mais importantes, estando
presentes em 30% da costa brasileira. Situados nas regiões entre mares, os manguezais são
formados por árvores extremamente adaptadas à sobrevivência em superfície iodosa e com água
salgada. Eles são muito procurados por animais marinhos, pois são utilizados para procriação e
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Os ecossistemas do bioma Costeiro possuem uma grande variedade biológica. Peixes, moluscos,
crustáceos, garças, colhereiros, lontras, insetos, caranguejos, camarões, ouriços, corujas e pererecas
são algumas das espécies animais presentes no bioma. As algas azuis, verdes, vermelhas e pardas,
as orquídeas, bromélias e samambaias são exemplos de sua flora.
Água
A água, substância formada por um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio, faz parte da
composição do corpo de todos os organismos vivos.
A água é uma substância extremamente importante para a manutenção da vida no planeta. Ela faz
parte do corpo de todos os organismos vivos, transporta substâncias, garante a realização de
diversas reações químicas, além de ser considerada um solvente universal em virtude de sua
capacidade de dissolver outros compostos químicos.
→ Química da água
A água é uma substância composta por um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio (H2O)
que se ligam por meio de ligações covalentes. É uma molécula polar em virtude da presença de um
ângulo de 104,5° entre as ligações O-H.
Uma molécula de água liga-se à outra molécula de água por meio de ligações de hidrogênio. No
estado sólido, essas ligações mantêm-se firmes e estáveis; mas, na forma líquida, as ligações
frequentemente se desfazem, garantindo a fluidez da água. No estado gasoso, as moléculas de água
não estabelecem ligações umas com as outras.
O planeta Terra é frequentemente chamado de Planeta Água. Isso não é para menos, uma vez que
essa substância ocupa 70% da superfície do nosso planeta, cerca de 1,4 bilhão de km3. Desse total,
cerca de 97,5% correspondem à água salgada, que não é usada para nosso consumo. Do total de
água doce, 68,9% estão em geleiras e calotas polares no estado sólido. Isso significa que a porção
de água doce que podemos aproveitar fica em torno de 0,77% do total.
Vale destacar que a quantidade de água doce disponível não está distribuída de maneira uniforme ao
redor do globo. Analisando o Brasil, por exemplo, verificamos que os estados ao norte apresentam
maior quantidade desse recurso se comparados com os estados do nordeste.
Além da pequena quantidade de água doce que temos disponível no planeta, enfrentamos o
problema da poluição e contaminação das águas, que diminuem a qualidade desse recurso,
tornando-o impróprio para o consumo. Devemos lembrar ainda que a poluição e contaminação das
águas estão diretamente relacionadas com o aumento de doenças de veiculação hídrica.
→ Ciclo da água
A água é uma das poucas substâncias que podem ser encontradas no meio ambiente em todos os
estados físicos: sólido, líquido e gasoso. A água mantém-se em constante circulação, passando pelo
ambiente físico, pelos seres vivos e mudando de estado. A circulação da água constitui o chamado
ciclo da água.
O ciclo da água inicia-se quando a água de rios, mares e lagos evapora por meio da ação dos raios
solares. O vapor de água sobe para as camadas mais altas da atmosfera, onde se condensa,
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formando as nuvens. Com o tempo, a nuvem torna-se carregada e ocorre a precipitação, também
chamada de chuva. Além da forma líquida, a precipitação pode ocorrer na forma de granizo ou neve.
A água da chuva que chega ao chão infiltra-se no solo ou escorre até os cursos de água, onde
retoma o ciclo.
Vale frisar que os seres vivos também participam do ciclo da água. Animais, plantas e outros seres
vivos utilizam essa substância por meio da ingestão ou ainda absorção. Essa água consumida do
ambiente retorna por meio da transpiração, respiração, eliminação de urina e fezes, além da
decomposição.
A água é uma substância extremamente importante para o corpo humano, participando de sua
composição, além de atuar em diversas ações do metabolismo. Estima-se que, em uma pessoa
adulta, 60% da massa do corpo seja água.
No organismo humano, a água dissolve substâncias que se tornam disponíveis para as reações
químicas. Além disso, a água transporta substâncias pelo corpo (plasma sanguíneo), ajuda a
absorver impactos, como é o caso do saco amniótico que protege o bebê, lubrifica estruturas do
corpo, garante a manutenção da temperatura por meio da produção do suor, ajuda a excretar
substâncias tóxicas e em excesso, entre outras funções.
Mineração
Mineração é um termo que abrange os processos, atividades e indústrias cujo objetivo é a extração
de substâncias minerais a partir de depósitos ou massas minerais. Podem incluir-se aqui a
exploração de petróleo e gás natural e até de água. Como atividade industrial, a mineração é
indispensável para a manutenção do nível de vida e avanço das sociedades modernas em que
vivemos. Desde os metais às cerâmicas e ao betão, dos combustíveis aos plásticos, equipamentos
eléctricos e electrónicos, cablagens, computadores, cosméticos, passando pelas estradas e outras
vias de comunicação e muitos outros produtos e materiais que utilizamos ou de que desfrutamos
todos os dias, todos eles têm origem na atividade da mineração. Pode-se sem qualquer tipo de
dúvida dizer que sem a mineração a civilização atual, tal como a conhecemos, pura e simplesmente
não existiria, fato do qual a maioria de nós nem sequer percebe.
A imagem um tanto negativa desta atividade junto da sociedade em geral, sobretudo nas últimas
décadas, deve-se aos profundos impactos que ela pode ter no ambiente (sobretudo os negativos) e
que têm sido a causa de numerosos acidentes ao longo dos tempos.
Por último, não nos podemos esquecer que a capacidade desta atividade em fornecer à sociedade os
materiais que esta necessita não é infinita, pois muitos dos recursos minerais explorados são, pelo
contrário, bastante finitos.
História Da Mineração
Pré-História
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Antiguidade
O bronze seria produzido a partir de 2600 a.C.. Cerca de 2000 a.C. os povos do mediterrâneo oriental
eram já capazes da produção em massa de cobre, chumbo e prata a partir de minérios
de óxidos e sulfuretos de metais, bem como de várias ligas metálicas. Por esta mesma altura, os
povos pré-Hititas já utilizavam o ferro e os chineses iniciavam a extração de carvão para utilização
como combustível.
As minas de prata e chumbo de Laurium, próximo de Atenas, Grécia foram inicialmente exploradas e
posteriormente abandonadas pelos micénios, no 2º milénio a.C.. Eram explorações a a céu
aberto com pequenas galerias. Os atenienses retomariam a sua exploração cerca de 600 a.C.,
construindo numerosos poços de acesso e ventilação e utilizando o método de câmaras e pilares. O
progresso da escavação era lento, estimando-se que um mineiro conseguisse um avanço de 1.5
m/mês na escavação de poços.
Cerca de 950 a.C. os Fenícios iniciam a exploração da mina de Rio Tinto, Espanha, para obtenção
de prata. Por volta de 700 a.C. são utilizadas as primeiras ferramentas de ferro na extração de sal-
gema na Áustria e em 600 a.C. os chineses descobrem o petróleo e o gás natural em explorações de
sal. As primeiras armas de aço aparecem na China em 600 a.C..
Idade Média
Em 265 a.C. iniciam-se as Guerras Púnicas pelo controle dos depósitos argentíferos da Península
Ibérica e pela mesma altura Teofrasto escreve a sua obra Sobre as pedras. Cerca do ano 900, os
chineses inventam a porcelana. A maior contribuição romana para a mineração foram os dispositivos
de remoção de água das minas, destacando-se a nora e o parafuso de Arquimedes.
Idade Moderna
Em 1553 são utilizados pela primeira vez carris para movimentação de minérios, na República
Checa e em 1556 é publicada a primeira edição de De Re Metallica de Agrícola, o primeiro registo
abrangente sobre métodos mineiros e metalúrgicos. Em 1627 faz-se a primeira utilização
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de explosivos em mina na Hungria e em 1768 inicia-se a utilização bombas movidas a vapor para
retirar água das minas de estanho da Cornualha.
Idade Contemporânea
Em 1815 é fabricada a primeira lanterna de segurança para uso em minas de carvão, em 1825 é
legalizado o primeiro sindicatomineiro em Inglaterra e em 1829 aparecem as primeiras jigas. 1848 é o
ano do início da corrida ao ouro na Califórnia, em 1850aparece em França, a primeira máquina de
perfuração de rocha, em 1864 surge a primeira broca de diamante e em 1865Alfred Nobel inventa
a dinamite. Em 1876 são utilizados pela primeira vez martelos pneumáticos, na Alemanha.
Os britadoresde maxilas e os moinhos de bolas são aplicados pela primeira vez na Cornualha
em 1880 e a primeira máquina de extração a eletricidade começa a funcionar em 1888,
em Aspen, Colorado.
A economia brasileira sempre teve uma relação estreita com a extração mineral. Desde os tempos de
colônia, o Brasil transformou a mineração - também responsável por parte da ocupação territorial - em
um dos setores básicos da economia nacional. Atualmente, é responsável por 3 a 5% do Produto
Interno Bruto.
A vida de uma exploração mineira (mina ou pedreira) é composta por um conjunto de etapas que se
podem resumir a:
5. Estudo de viabilidade para avaliação global do projeto e tomada de decisão entre iniciar ou
abandonar a exploração do depósito.
8. Recuperação da zona afetada pela exploração de forma a que tenha um possível uso futuro.
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MEIO AMBIENTE
De notar que entre a fase de pesquisa e o início da exploração podem decorrer vários anos ou
mesmo décadas, sendo os investimentos necessários nesta fase muito elevados.
Métodos De Lavra
Relativamente ao modo de escavação as minas podem dividir-se em dois tipos principais: minas
subterrâneas e minas a céu aberto.
A escolha do método de lavra depende em grande parte da localização e forma do depósito mineral,
devendo ser escolhido o método mais seguro e ao mesmo tempo mais econômico. O desmonte do
minério pode ser efetuado por meios mecânicos (por exemplo com escavadoras hidráulicas) ou com
recurso a explosivos (na grande parte dos casos).
Operações De Lavra
As operações executadas com vista à extração de um minério e até ao seu processamento são
sequenciais e podem ser resumidas da seguinte forma (no caso de desmonte com explosivos):
2. Desmonte – os furos previamente executados são preenchidos (ou carregados) com explosivo,
procedendo-se então à detonação deste e consequente fragmentação do minério.
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MEIO AMBIENTE
Trabalhadores em uma mina subterrânea se preparando para realizar a remoção do minério através
de vagões
Lavra (mineração)
Durante o planejamento, a viabilidade econômica é o fator mais importante para a seleção do método
de lavra. Porém, aspectos de higiene, segurança, estabilidade da mina, a recuperação do minério e a
produtividade máxima também são considerados. A escolha do método de lavra é o fator que
possibilita o desenvolvimento da operação de extração do material. A escolha errada poderá trazer
consequências negativas para a viabilidade da mina. Os métodos de lavra são limitados pelas
condições de disponibilidade e o desenvolvimento de equipamentos, assim como, os aspectos
tecnológicos, sociais, econômicos e políticos. Os métodos de lavra devem ser bastante flexíveis já
que podem ocorrer mudanças devidas a alguns fatores inesperados que podem causar custos
adicionais. Por isso, a maioria das minas utiliza mais de um método de extração.
Após selecionado o método de lavra, deve se produzir condições adequadas para os funcionários,
reduzir os impactos causados ao meio ambiente e ao mesmo tempo conseguir estabilidade na mina,
durante sua vida útil.
Além desses fatores, há outras considerações que devem ser analisadas: sobre as águas superficiais
e subterrâneas, quanto à formas de drenagem e bombeamento; a permeabilidade do rochoso maciço,
deformabilidade, resistência, etc. Todas devem ser aliadas as características da geologia estrutural -
falhas, dobras, diques – avaliadas no início do projeto.
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MEIO AMBIENTE
interesse de operários qualificados e de sua permanência no local, isso influencia também os custos
e a produtividade, o que afeta a escala de produção, pois esta depende do desenvolvimento
tecnológico, que para uma operação grande exige uma infra-estrutura adicional.
O critério de avaliação econômica é muito importante e deve ser levado em conta, assim como a
situação financeira da empresa, pois se trata reconhecidamente de uma atividade que está sujeita a
riscos elevados.
Tipos de método de lavra: A metodologia adotada em determinado jazimento é aquela que apresenta
menor custo. Existem mais de trezentas variações de métodos tradicionais, embora possa destacar o
método de lavra a céu aberto e subterrânea como principais. Os tipos de método de lavra mais
comuns, praticados no Brasil, podem ser:
1. A céu aberto: método de bancos em cava ou encostas dependente das condições topográficas do
terreno, a profundidade máxima da cava dependerá do teor e da relação entre estéril e minério, e as
dimensões das plataformas de trabalho dependerão da produção e conveniência dos equipamentos.
4. Câmaras e pilares: método que se presta bem à mecanização, desde que a espessura da camada
permita a operação de equipamentos em seu interior;
5. Subníveis: o método permite grande variação em sua aplicação, as perfurações podem ser
descendentes, ascendentes ou radial, no Brasil é bastante empregado em vários locais;
6. VCR – Vertical Crater Retreat (Recuo por Crateras Verticais): método de grande importância na
mineração por ter permitido, pela primeira vez, a recuperação de pilares. A perfuração nesse método
é sempre feita no sentido descendente.
7. Suporte das encaixantes: os mais comuns são o recalque (shirinkage) e o corte e enchimento
(corte e aterro). Método de menor produtividade, (devido aos desmonte menores, de um maior
número de operações conjugadas e da dificuldade de manuseio do minério em recalque ou
enchimento), quando comparado com aberturas auto-portantes em condições similares.
8. Recalque: método que não se adéqua bem á mecanização, pois existe uma relação entre as
dimensões dos equipamentos de perfuração e a espessura e inclinação da camada para que essa
permita a operação dos equipamentos no seu interior.
9. Corte e enchimento: método que permite lidar com variações quanto á continuidade e
homogeneidade da qualidade do minério, provendo diluição e recuperação aceitáveis.
10.Abatimento: os mais comuns são o abatimento em subníveis (praticado no Brasil), por blocos e
longwall.
11.Subníveis: método de perfuração ascendente no qual o teto vai sendo abatido de acordo com o
encerramento das atividades de extração das galerias;
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MEIO AMBIENTE
13.Garimpagem manual com auxilio da ação de águas pluviais: as águas abrem depressões na
superfície do solo revelando a topografia e os níveis de cascalho.
14.Garimpagem manual com auxilio da ação de águas fluviais: pequenos córregos são desviados e
direcionados para áreas definidas aleatoriamente que já tenham sido trabalhadas e possibilitem a
concentração do material levado até lá pelas águas, que depois é peneirado.
15.Garimpagem manual por catas: são abertos poços retangulares para chegar a níveis
mineralizados, utilizando pás, picaretas, enxadeco, enxada e suruca (peneiras) para depois fazer a
catação manual.
16.Garimpagem mecânica por desmonte hidráulico: O material é extraído por um forte jato de água
de alta pressão na direção da base do declive provocando um desmoronamento.
17.Garimpagem mecânica por desmonte hidráulico em leitos submersos com auxilio de mascarita,
escafandro e chupadora: Um sistema de bombeamento impulsiona a sucção da polpa formada muitas
vezes com lâminas de água de 30 metros o ponto de sucção no fundo da água é atingido por
tubulações nas quais a polpa é transportada. Os equipamentos utilizados são a mascarita, que é uma
mascara de mergulho com oxigênio bombeado ao mergulhador, que leva junto uma pá e um saco
para coletar cascalho; o escafandro, que é uma roupa especial impermeável que possui um aparelho
respiratório para maior autonomia do mergulhador; e a chupadoura, que é um sistema flutuante do
motor, bomba de sucção, compressor e outros equipamentos.
18.Dragagem: Utilização de dragas no leito dos rios, onde a lavra está contra a corrente necessita do
represamento do rio.
Aplicações
Quartzo: lavras a céu aberto, subterrânea por corte e enchimento, garimpagem manual por águas
pluviais e catas e desmonte hidráulico com catação manual. Argilas: lavra a céu aberto com extração
por trabalhadores braçais. Turmalina: lavras a céu aberto, e subterrânea por abertura de galerias com
utilização de explosivos. Ametista: lavras a céu aberto, subterrânea com abertura de túneis e galerias,
e garimpagem manual por águas pluviais ou catas. Diamante: garimpagem manual por águas
pluviais, fluviais e catas; garimpagem mecanizada com desmontes hidráulicos e hidráulicos com leitos
submersos, e dragagem. Ouro: lavras a céu aberto; com muito coco e o ouro é usado também como
alimento das vacas subterrânea com abertura de túneis e galerias e pelos métodos realce auto-
portantes a exceção do VCR, suporte das encaixantes e abatimento; garimpagem manual por águas
pluviais, fluviais e catas, e mecanizada por desmontes hidráulico e hidráulico em leitos submersos, e
drenagem. Esmeralda: lavras a céu aberto, garimpagem manual por águas pluviais, fluviais e catas,
subterrânea por abertura de poços, túneis e galerias, utilizando detonações e escavações manuais
para extrair os cristais.
Processamento Mineral
O processamento mineral ou tratamento de minérios, consiste de uma série de processos que têm
em vista a separação física dos minerais úteis da ganga (a parte do minério que não tem interesse
econômico e que é rejeitada) e a obtenção final de um concentrado, com um teor elevado de minerais
úteis. Os métodos utilizados podem ser físicos ou químicos e podem ser divididos de forma
aproximadamente sequencial em:
1. Fragmentação primária
2. Granulação
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MEIO AMBIENTE
3. Moagem
5. Concentração
O produto obtido na fase final de concentração é o produto final da atividade de uma mina, sendo
vendido por um preço estabelecido de acordo, sobretudo mas não só, com o teor de metal que
contem.
Problemas Ambientais
Precipitado de hidróxido de ferro num regato recebendo águas ácidas de uma mina de carvão
(Missouri, Estados Unidos).
Outros problemas ambientais possíveis são a erosão, subsidência, abandono de resíduos perigosos,
perda de biodiversidade e contaminação de aquíferos e cursos de água.
Regulação De Estado
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MEIO AMBIENTE
sendo de domínio da União. Toda empresa ou indivíduo que pretende minerar no Brasil precisa
requerer previamente a concessão de uso do subsolo na ANM. Após a extração, é devido, como
contraprestação ao Estado brasileiro, o pagamento de royalties pela comercialização do bem mineral.
A Constituição Federal de 1988, que também tratou do meio ambiente, foi fruto da evolução das
discussões sobre a questão ambiental. O capítulo referente ao meio ambiente traz, no caput do artigo
225, uma norma-princípio, enunciativa do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Para a efetividade desse direito, a Constituição, além de impor de forma genérica o dever
tanto da coletividade quanto do Poder Público de preservar o meio ambiente, especificou alguns
deveres a este último.
Dentre eles está o dever de definir espaços territoriais a serem especialmente protegidos, de
alteração e supressão permitidas somente por meio de lei. É o que está disposto no artigo 225, § 1º,
inciso III da Constituição:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
(...)
III - definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidos somente através de lei,
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
(...).
O legislador constituinte criou no texto acima o instituto que hoje é comumente chamado de espaço
territorial especialmente protegido (ETEP), impondo restrições aos espaços assim considerados. No
entanto, não o conceituou nem delimitou a sua abrangência, e nem poderia, já que a dinâmica das
questões ambientais e das demandas dos cidadãos não são acompanhadas pela rigidez de uma
Constituição.
Sendo assim, visto que a própria Constituição, que criou o instituto dos espaços territoriais
especialmente protegidos, não o definiu, cabe ao legislador infraconstitucional ou ao intérprete da
norma defini-lo.
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MEIO AMBIENTE
O sentido dado ao termo eficácia nesse trabalho foi o mesmo utilizado por Diniz (1998, p. 31):
A eficácia de uma norma (...) indica, em sentido técnico, que ela tem possibilidade de ser aplicada, de
exercer ou produzir seus próprios efeitos jurídicos, porque se cumpriram as condições para isto
exigidas (eficácia jurídica), sem que haja qualquer relação de dependência da sua observância, ou
não, pelos seus destinatários.
Ao se utilizar teorias do direito sobre a eficácia da norma constitucional, é possível concluir sobre a
necessidade da edição de uma lei específica para que o aplicador do direito esteja vinculado às
restrições impostas pela Constituição aos espaços territoriais especialmente protegidos. Dessa forma,
a pergunta a que se tenta responder é: deve-se esperar que a lei especifique quais os espaços
territoriais especialmente protegidos ou, pelo contrário, o administrador e o judiciário devem aplicar as
restrições constitucionais a todos os espaços que entendam como especialmente protegidos?
Logo, a legislação ambiental brasileira atua nestas duas correntes: na proteção do ambiente natural,
em especial da biodiversidade, a partir da criação de diferentes espaços territoriais especialmente
protegidos, mais ou menos restritivos; e no controle e uso sustentável dos recursos naturais,
mediante a utilização de instrumentos de comando e controle da poluição2.
Foi incumbido ao poder público, no art. 225, § 1º, inciso III, da Constituição Federal, o dever de
definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos a fim de assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
Após a sua incorporação na legislação brasileira, houve o esforço de alguns autores para definir tais
espaços e até mesmo para viabilizar a sua instauração, uma vez que a legislação não trouxe nem o
conceito, nem a delimitação.
Machado (1992, p. 121) considera que esse instituto surgiu na Constituição Federal porque "a
Sociedade Brasileira de Direito do Meio Ambiente propôs essa inovação aos Constituintes e buscou
inspiração na Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza (1968)". Esta Convenção possui
natureza essencialmente preservacionista e versa sobre a instituição de áreas de conservação,
definidas como qualquer área de recursos naturais protegida.
Silva (2000) diz serem os espaços territoriais especialmente protegidos similares aos espaces
naturels sensibles do direito francês, definidos pelo Ministério da Ecologia e do Desenvolvimento
Sustentável da França como:
les espaces ayant vocation à être protégés "doivent être constitués par des zones dont le caractère
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MEIO AMBIENTE
naturel est menacé et rendu vulnérable, actuellement ou potentiellement, soit en raison de la pression
urbaine ou du développement des activités économiques et de loisirs, soit en raison d'un intérêt
particulier, eu égard à la qualité du site, ou aux caractéristiques des espèces animales ou végétales
qui s'y trouvent" (COLLECTIF, 2005).3
Silva (2000) ainda desenvolve um conceito para os espaços territoriais especialmente protegidos:
são áreas geográficas públicas ou privadas (porção do território nacional) dotadas de atributos
ambientais que requeiram sua sujeição, pela lei, a um regime jurídico de interesse público que
implique sua relativa imodificabilidade e sua utilização sustentada, tendo em vista a preservação e a
proteção da integridade de amostras de toda a diversidade de ecossistemas, a proteção ao processo
evolutivo das espécies, a preservação e a proteção dos recursos naturais" (SILVA, 2000, p. 212).
Leuzinger (2002, p. 93), por sua vez, utiliza a expressão espaços ambientais como correspondentes
"à totalidade das áreas, públicas ou privadas, sujeitas a regimes especiais de proteção, ou seja, sobre
as quais incidam limitações objetivando a proteção, integral ou parcial, de seus atributos naturais".
Percebe-se que tanto a conceituação dos autores quanto a indicação de institutos correlatos trazem
caracteres em comum, como a necessidade de proteção especial para essas áreas, com imposição
de restrições, e a finalidade de proteção ambiental.
É importante salientar que espaços territoriais especialmente protegidos não se confundem com
unidades de conservação. Estas são espécies do gênero espaços territoriais especialmente
protegidos, ou, nas palavras de Silva (2000, p. 212), "nem todo espaço territorial especialmente
protegido se confunde com unidades de conservação, mas estas são também espaços
especialmente protegidos".
Interessante a colocação de Silva (2000, p. 212) quando diz que "não é fácil, porém, diante da
legislação em vigor, dizer quando é que um espaço territorial especialmente protegido deve ser
considerado unidade de conservação". Quando o livro foi escrito ainda não existia a Lei 9.985, de 18
de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que, além
de outras providências, enumerou exaustivamente todas as unidades de conservação. Assim, depois
da promulgação da lei, essa distinção que já foi difícil, como salienta o autor, hoje não se constitui
mais em um problema: unidades de conservação são somente aquelas previstas no rol da Lei do
SNUC, porém resta a dúvida sobre quando se deve considerar uma área como espaço territorial
especialmente protegido.
Áreas Protegidas
Área protegida, segundo o artigo 2º da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), "significa uma
área definida geograficamente que é destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar
objetivos específicos de conservação".
A CDB foi assinada pelo Presidente da República do Brasil durante a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em junho de 1992, ratificada pelo Congresso Nacional por
meio do Decreto Legislativo nº 2, de 8 de fevereiro de 1994 e promulgada pelo Decreto nº 2.519, de
17 de março de 1998.
Como visto, a CDB foi totalmente internalizada pelo ordenamento jurídico brasileiro, cumprindo todos
os trâmites necessários para que um tratado internacional seja aplicado tanto no âmbito interno
quanto externo. Assim, o Brasil deve segui-lo e implementá-lo como acontece com qualquer lei,
sendo aqui tratados os dispositivos da CDB referentes às áreas protegidas.
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MEIO AMBIENTE
Apesar de o texto da convenção falar da finalidade de conservação para as áreas protegidas, não é
necessário que elas tenham sido criadas com esse intuito para serem tratadas como tal. Como
exemplo, podem ser citadas as áreas de preservação permanente (APP) e as reservas legais (RL).
A CDB não estipula especificidades na conservação das áreas para que sejam consideradas como
áreas protegidas, nem com relação aos planos, políticas e programas a serem implementados pelos
países. Em seu artigo 6, a Convenção diz somente que as Partes devem desenvolver estratégias,
planos e programas para a conservação ou adaptar os já existentes.
No intuito de cumprir as obrigações impostas pela CDB, o Ministério do Meio Ambiente, seguindo o
que dispunha o documento apresentado na conferência das partes (COP8) realizada em Curitiba, no
mês de março de 2006, elaborou o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP),
instituído pelo Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006, no qual indica os objetivos, metas e
estratégias para a conservação dessas áreas. O plano visa, também, integrar todas as áreas
protegidas até 2015.
Foram definidos pelo governo brasileiro os seguintes espaços territoriais especialmente protegidos
que deveriam integrar as áreas protegidas, em cumprimento à CDB: áreas terrestres e marinhas do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação, as terras indígenas e territórios quilombolas. Essas
são as áreas enfocadas pelo PNAP, sendo que as outras áreas protegidas, como as áreas de
preservação permanente e as reservas legais, conforme instituído no item 1.1, incisos X e XI, do
PNAP, são tratadas no planejamento da paisagem, no âmbito da abordagem ecossistêmica, com
uma função estratégica de conectividade entre fragmentos naturais e as próprias áreas protegidas
(BRASIL, 2006).
Outra definição de áreas protegidas que merece ser considerada e que se assemelha à da CDB é a
da International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN)4 (1994): "An
area of land and/or sea especially dedicated to the protection and maintenance of biological diversity,
and of natural and associated cultural resources, and managed through legal or other effective
means"5.
O objetivo principal de uma área protegida, marinha ou terrestre, deve ser o da conservação da
biodiversidade, com a possibilidade de inclusão das populações tradicionais na conservação.
Unidades De Conservação
Unidade de conservação para essa lei é o "espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público
com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteção" (art. 2º, I).
A Lei do SNUC previu ainda, em seu artigo 55, que "as unidades de conservação e áreas protegidas
criadas com base nas legislações anteriores e que não pertençam às categorias previstas nesta lei
serão reavaliadas (...) com o objetivo de definir sua destinação com base na categoria e função para
as quais foram criadas".
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MEIO AMBIENTE
O legislador constituinte não pode regular tudo diretamente, nem é oportuno que o faça. Ele confere
então ao legislador comum o poder e o dever de desenvolver as normas constitucionais, de modo a
aplicar seus preceitos a determinadas situações, complementando-as com restrição de seus efeitos,
ou a cumprir as determinações da própria Constituição para que legisle em certos casos, conferindo
maior aplicabilidade a preceitos já existentes.
Diante de todas essas possibilidades que tem o legislador de desenvolver as normas constitucionais,
é necessário identificar qual a liberdade do legislador infraconstitucional face a cada uma delas. Claro
que a supremacia da Constituição não permite que ele seja contrário a nenhuma, mas até que ponto
o legislador pode restringir os direitos fixados em algumas delas ou tem o dever de as regulamentar?
E qual a possibilidade de uma norma produzir seus efeitos sem que o legislador infraconstitucional
imponha limites?
Isso é o que se pode verificar pela eficácia jurídica das normas constitucionais. A "eficácia
constitucional seria a relação entre a ocorrência (concreta) dos fatos normativos, sociais e valorativos
estabelecidos no texto constitucional, que condicionam a produção do efeito jurídico visado e a
possibilidade de produzi-lo" (DINIZ, 1998, p. 80).
A norma constitucional instituidora dos espaços territoriais especialmente protegidos (art. 225, § 1º,
inciso III, CF de 1988) é uma norma constitucional de eficácia plena restringível (DINIZ, 1998;
PEREIRA, 2006). Isso porque a norma nasceu com todas as potencialidades, porém, não há
nenhuma exigência expressa para que o legislador infraconstitucional estabeleça conceitos ou limites,
mas isso pode ser feito. Mediante atuação legislativa, a eficácia pode vir a ser restringida.
A norma tem aplicabilidade imediata. Mesmo enquanto o legislador não fixa mais regras para os
espaços territoriais especialmente protegidos, o aplicador da norma não pode deixar de cumprir essa
disposição constitucional. Assim, a norma deve ser interpretada em cada caso concreto, inclusive ao
se considerar o que é espaço territorial especialmente protegido, e as restrições correlatas devem ser
aplicadas.
Para corroborar esse posicionamento, foram transcritas abaixo algumas partes da decisão do
Supremo Tribunal Federal em Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3540 MC/DF), impetrada
pela Procuradoria Geral da União, argüindo a inconstitucionalidade da Medida Provisória nº 2.166-67,
de 24 de agosto de 2001, na parte que alterou o art. 4º, caput e §§ 1º a 7º do Código Florestal6:
Assim, percebe-se que o termo espaço territorial especialmente protegido foi utilizado e interpretado
considerando-se que estes são as áreas de preservação permanente e que a elas devem ser
aplicadas as restrições constitucionais.
Abrangência Do Conceito
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MEIO AMBIENTE
É fato que, uma vez definidos em lei como espaços territoriais especialmente protegidos, não há
como refutar essa situação. Mas existem outros espaços que merecem ser considerados como tais
para gozar de proteções especiais, embora não sejam assim definidos em lei.
Neste sentido, a representação de todos esses conceitos pode ser observada na Figura 1 a seguir:
Entretanto, ainda persiste a dúvida de quais os critérios devem ser utilizados para conceituar os
Espaços Territoriais Especialmente Protegidos. Tema tratado adiante.
Definição De Critérios
Primeiramente, é importante frisar que os critérios definidos neste item só se aplicam a espaços ainda
não expressamente definidos em lei como especialmente protegidos. Se uma lei define certo espaço
como especialmente protegido, não há o que se falar na verificação de sua adequação aos critérios
aqui fixados.
Passando aos critérios, é inevitável que sejam fixados tomando-se por base também o texto
constitucional, sobretudo o art. 225 § 1º inciso III. Além disso, a previsão da criação de espaços
territoriais a serem especialmente protegidos está inserida no capítulo da Constituição que trata do
meio ambiente e é um instrumento do qual o Poder Público deve valer-se para assegurar a
efetividade do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
"A ecologia define-se usualmente como o estudo das relações dos organismos ou grupos de
organismos com o seu ambiente, ou a ciência das inter-relações que ligam os organismos vivos ao
seu ambiente" (ODUM, 1971, p. 4). Nesse sentido, a expressão "meio ambiente ecologicamente
equilibrado", utilizada no caput do art. 225, poderia levar à interpretação, em uma visão biocêntrica da
ecologia, de que o que se pretende proteger com a instituição dos espaços territoriais especialmente
protegidos seria somente o meio físico e as relações entre os seres vivos, excluídos destes o homem.
Contudo, segundo Lago e Pádua (1998, p. 8):
a palavra Ecologia não é usada em nossos dias apenas para designar uma disciplina científica,
cultivada em meios acadêmicos, mas também para identificar um amplo e variado movimento social,
que em certos lugares e ocasiões chega a adquirir contornos de um movimento de massas e uma
clara expressividade política.
A ecologia não pode ser vista apenas como o estudo do meio físico, pois de suas pesquisas e
análises depende a compreensão da harmonia entre o homem e o ambiente. Assim, "ainda que a
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MEIO AMBIENTE
Ecologia seja uma ciência com fronteiras bastante amplas, existe uma tendência a considerá-la
apenas em relação aos meios naturais, excluindo-se de seu domínio o meio ambiente cultural"
(ANTUNES, 1994, p. 5).
Meio ambiente é uma daquelas expressões que, embora bastante conhecidas, não costumam ser
definidas com clareza. Neste caso a clareza não é mero preciosismo. (...) Um erro bastante comum é
confundir meio ambiente com fauna e flora, como se fossem sinônimos. É grave também a
constatação de que a maioria dos brasileiros não se percebe como parte do meio ambiente,
normalmente entendido como algo de fora, que não os inclui (TRIGUEIRO, 2003, p. 13)
Embora possamos falar em meio ambiente marinho, terrestre, urbano etc., essas facetas são partes
de um todo sistematicamente organizado onde as partes, reciprocamente, dependem uma das outras
e onde o todo é sempre comprometido cada vez que uma parte é agredida. Desse modo, a poluição
do ar desarticula a biosfera; o uso de agrotóxicos na agricultura atinge as cidades; a exploração
desordenada das madeiras amazônicas atinge dimensões climáticas, econômicas, demográficas, de
fauna e flora.
O ambiente humano natural é o meio onde todos vivem. É um sistema complexo e dinâmico de
relações e interferências recíprocas, que só pode ser analisado sob uma ótica totalizante, que
considera os aspectos naturais, sociais, econômicos, culturais, éticos, políticos e jurídicos. (AGUIAR,
1998 p. 51)
Apesar de se poder falar em meio ambiente cultural, artificial e natural (SILVA, 2000), na prática
sempre há uma convergência entre eles:
Em virtude da pluralidade de aspectos que a expressão meio ambiente engloba, há autores que
entendem inexistir um sentido unitário de ambiente (ANTUNES, 1994; MACHADO, 1992). No entanto,
defendem outros a necessidade de uma unidade (LEUZINGER, 2002, p. 33).
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981), inclusive, também
os considera um instrumento para a proteção do meio ambiente. A hermenêutica7 sugere que, dentre
as interpretações possíveis, deve ser adotada aquela que atribua à norma constitucional o sentido
que lhe conceda maior utilidade, aplicabilidade e permanência, devendo os conceitos serem
interpretados tanto explicitamente quanto implicitamente, a fim de se colher o seu verdadeiro
significado (MORAES, 2000). Frise-se que o sentido dado à expressão meio ambiente aqui foi amplo,
compreendendo tanto o meio chamado cultural quanto o natural:
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MEIO AMBIENTE
O conceito de meio ambiente há de ser, pois, globalizante, abrangente de toda natureza original e
artificial, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a
flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arqueológico.
O meio ambiente é, assim, a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que
propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. A integração busca
assumir uma concepção unitária do meio ambiente, compreensiva dos recursos naturais e culturais.
(SILVA, 2000, p. 20).
Assim, além daqueles espaços para proteção da natureza em si, também aqueles criados pelo poder
público e que visam proteger a cultura, ou o meio ambiente cultural, devem ser considerados espaços
territoriais especialmente protegidos. Por outro lado, seria impossível imaginar o ser humano que
conseguisse viver sem os objetos que sua cultura lhe tem propiciado.
Outro aspecto dos espaços territoriais especialmente protegidos que pode ser utilizado como critério
é o fato de a Constituição ter estabelecido que eles devem ser definidos pelo poder público. Assim,
não podem ser considerados especialmente protegidos, no sentido dado pela Constituição, os
espaços que têm sua limitação definida pelo particular. Podem tratar-se de espaços públicos ou
privados, mas devem ser definidos pelo poder público.
A instituição desses espaços é geralmente feita por meio de atos administrativos. Constituem
exemplos o Parque Nacional de Brasília, criado pelo Decreto nº 241, de 29 de novembro de 1961, e a
Área de Proteção Ambiental do Planalto Central, criada pelo Decreto de 10 de janeiro de 2002.
De acordo com o conceito e os critérios fixados no presente trabalho, dentre os espaços legalmente
constituídos, podem ser considerados espaços territoriais especialmente protegidos: 1) as unidades
de conservação; 2) as áreas destinadas às comunidades tradicionais, quais sejam, as terras
indígenas e os territórios quilombolas; 3) as áreas tombadas; 4) os monumentos arqueológicos e pré-
históricos; 5) as áreas especiais e locais de interesse turístico, destinados à prática do ecoturismo; 6)
as reservas da biosfera; 7) os corredores ecológicos; 8) as zonas de amortecimento; 9) os espaços
protegidos constitucionalmente como patrimônio nacional, a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a
Serra do Mar, a Zona Costeira e o Pantanal Matogrossense; 10) as áreas de proteção especial,
destinadas à gestão ambiental urbana; 11) os jardins botânicos; 12) os hortos florestais; 13) os jardins
zoológicos; 14) as terras devolutas e arrecadadas, necessárias à proteção dos ecossistemas
naturais; 15) as áreas de preservação permanente e as reservas legais, previstas no Código
Florestal; e, por fim, 16) os megaespaços ambientais8, protegidos também pelas seguintes normas
internacionais: a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, o Tratado da Bacia do Prata,
o Tratado de Cooperação Amazônica, a Convenção Relativa a Zonas Úmidas de Importância
Internacional e a Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural (PEREIRA,
2006).
O legislador constitucional, no artigo 225, § 1º, inciso III, ao instituir os espaços territoriais
especialmente protegidos, não especificou qual a espécie normativa pela qual deverão ser criados,
como visto anteriormente. Há somente a exigência de que sejam criados pelo poder público.
Portanto, todas as espécies normativas são capazes de os definir, desde que observados os
procedimentos, a competência de cada órgão e a adequação de cada procedimento ao fim
pretendido.
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MEIO AMBIENTE
Interessante explicitar o porquê do fato de um espaço territorial especialmente protegido poder ser
suprimido ou alterado somente por lei representar uma proteção ao mesmo. Comumente, esses
espaços, notadamente as unidades de conservação, são definidos por decreto. Um decreto é editado
pelo Presidente da República, conforme o disposto no artigo 84, inciso IV da Constituição, e,
normalmente, para se revogar ou alterar um decreto, e retirar o texto antigo do ordenamento jurídico,
basta editar e promulgar um outro. No entanto, no caso dos espaços territoriais especialmente
protegidos, é necessário que se tenha uma lei, que deverá seguir todos os trâmites previstos na
Constituição9 e ser aprovada nas casas legislativas, para só depois ser assinada pelo Presidente da
República. Desta forma, modificar um decreto que institua um espaço territorial especialmente
protegido é consideravelmente mais custoso do que seria se não houvesse essa proteção a mais
oferecida pela Constituição.
No caso de espaços que têm seu regime jurídico definido na própria Constituição, em lei em sentido
estrito ou em tratados, a restrição constitucional é inócua, uma vez que essas normas, por força da
hierarquia entre as leis, só podem ser alteradas por emenda constitucional, no primeiro caso, e por lei
em sentido estrito, nos outros dois.
Sobre o entendimento de como devem ser aplicadas as restrições atinentes aos espaços territoriais
especialmente protegidos, uma das correntes, defendida também pelo Procurador Geral da República
na ADI 3540 MC/DF, é a de que há também a necessidade de lei para a realização de quaisquer
alterações.
Outra linha de entendimento é que a alteração e a supressão sujeitas à lei são as do próprio regime
jurídico que rege o espaço protegido:
Vale dizer, depende de lei a alteração ou revogação da legislação - portanto também do decreto - que
institui, delimita e disciplina esse espaço protegido. Não depende de lei o ato administrativo que, nos
termos da legislação que disciplina esse espaço, nele autoriza, licencia ou permite obras ou
atividades. Com efeito, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são independentes e
harmônicos entre si (art. 2.º da Constituição). Ao Poder Legislativo cabe fazer as leis (normas
impessoais e gerais) que disciplinam determinada matéria, no caso o espaço territorial protegido. Ao
Poder Executivo cabe executar as leis e praticar os atos administrativos (atos específicos e
determinados) que, à luz da lei, decidem as pretensões dos administrados (MILARÉ, 2007, p. 675).
Para os que pensam assim, como é o caso da maioria dos integrantes do Supremo Tribunal Federal,
entender que ato administrativo depende de lei é subverter o sistema constitucional das
competências dos três poderes, ao atribuir ao Legislativo o que é de competência do Executivo.
Assim, o simples ato administrativo, vinculado à norma legal que disciplina determinado espaço
territorial protegido, depende do regime jurídico aplicável àquele espaço que versa, por exemplo,
sobre a supressão de vegetação, o manejo florestal, as obras ou as atividades a serem nele
executadas.
Parece ter maior coerência e viabilidade prática a segunda corrente, que exige uma norma
autorizadora genérica, disciplinando a forma pela qual tal supressão pode ser feita sem prejuízos
para o meio ambiente.
De outro modo, conferir-se-ia elevado grau de casuísmo à edição de leis que, por sua natureza,
devem prever situações abstratas10. Da mesma forma, haveria necessidade de lei específica, em
sentido estrito, para que pudesse ocorrer a supressão de uma árvore em área de Reserva Legal.
Cada autorização de corte deveria ser objeto de aprovação de uma lei. E também a supressão de
qualquer vegetação em unidade de conservação dependeria de autorização legislativa, caso a caso.
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MEIO AMBIENTE
Não seria possível prever em lei os casos em que pode haver autorização administrativa, como já
ocorre em diversos tipos de espaços territoriais especialmente protegidos, como em alguns tipos de
unidades de conservação.
A título exemplificativo, pode ser citado o caso do Distrito Federal, que tem grande parte de sua área,
inclusive bastante habitada, localizada no interior de uma Área de Proteção Ambiental (APA do
Planalto Central), uma unidade de conservação de uso sustentável. É inviável, na prática, aplicar-se o
entendimento de que, para qualquer intervenção, como o simples corte de uma árvore exótica, seria
necessária lei autorizadora específica.
sabe como eu interpreto essa parte final do inciso III do artigo 225 da Constituição Federal? Como
imposição de um limite à própria lei, quer dizer, nem a lei pode incidir nesse tipo de
comprometimento; mais do que se irigir à atividade administrativa, é um limite que se impõe à própria
lei. Porque aqui está dizendo: "somente através de lei". Ainda assim, através de lei: "vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atributos" (fls. 52).
Sendo assim, pode-se concluir que é lícito ao Poder Público autorizar, licenciar ou permitir
administrativamente a execução de obras ou a realização de serviços no âmbito dos espaços
territoriais especialmente protegidos, desde que, além de observadas as restrições e as exigências
estabelecidas em lei, não seja comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a
tais territórios, a instituição de regime jurídico de proteção especial.
O legislador constituinte, com a inserção do dispositivo estudado, deu maior sustentação às normas
infraconstitucionais instituidoras de espaços aos quais são aplicadas restrições ao uso, para fins de
proteção ao meio ambiente. Assentou-se o entendimento de que o direito à propriedade, também
assegurado constitucionalmente, não deve suprimir outros direitos, no caso, o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado.
Outros são os dispositivos constitucionais que também permitem ao poder público impor restrições.
Ao passo que o artigo 5º, inciso XXII garante o direito de propriedade, o inciso XXIII, o condiciona ao
atendimento de sua função social. Segundo o artigo 186 da Constituição, a função social é cumprida
quando a propriedade rural atende, dentre outros requisitos, à utilização adequada dos recursos
naturais disponíveis e à preservação do meio ambiente.
O que se exige com o cumprimento desse requisito é o respeito à vocação natural da terra, com
vistas à manutenção tanto do potencial produtivo do imóvel como das características próprias do
meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, para o equilíbrio ecológico da propriedade e,
ainda, a saúde e qualidade de vida das comunidades vizinhas (MARQUES, 2000, p. 54).
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MEIO AMBIENTE
As restrições legais devem ser aplicadas, o que não gera uma contrapartida de direito à indenização,
nem configuram a desapropriação indireta as restrições ao direito de propriedade para fins de
preservação ambiental. À semelhança do que se verifica na instituição de reserva legal e de área de
preservação permanente, na proibição de corte raso no bioma Mata Atlântica e também no
tombamento (LEUZINGER, 2002).
Por outro lado, Christofoletti (1999, p. 37) analisa as questões ambientais sob uma ótica que visa
"avaliar as questões envolvidas na qualidade dos seus fluxos e componentes e as mudanças nas
escalas espaciais do globo, regional e local, incluindo as dimensões da presença e atividades
humanas". Nessa perspectiva, o desenvolvimento sustentável é uma dimensão a ser considerada na
definição da função socioambiental da propriedade ampliando assim o conceito das chamadas
vocações naturais da terra, que foram descritas por Marques (2000).
Cada tipo de espaço territorial especialmente protegido prevê restrições específicas, que devem ser
adequadas ao bem tutelado. As terras indígenas, por exemplo, sofrem muitas restrições quanto à sua
utilização, algumas previstas constitucionalmente. Pela leitura do capítulo da Constituição "Dos
Índios" percebe-se que, como forma de reconhecer sua organização social, costumes, línguas,
crenças e tradições, a intenção do legislador foi proteger ao máximo seus direitos originários sobre as
terras que ocupam, sendo inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
Dispõe o artigo 231, § 6º da Constituição, que são nulos os atos que tenham por objeto a ocupação, o
domínio e a posse das terras indígenas ou de suas riquezas, ressalvado relevante interesse público
da União, segundo o que dispuser lei complementar. Ainda no mesmo artigo, no § 5º, tem-se que é
vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, "salvo, ad referendum do Congresso
Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da
soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o
retorno imediato logo que cesse o risco".
No caso dos remanescentes de comunidades de quilombos, com regulamentação dada pelo Decreto
nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, são assim considerados, segundo o seu artigo 2º, "os grupos
étnico-raciais, segundo critérios de auto-atribuição, com trajetória histórica própria, dotados de
relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a
resistência à opressão histórica sofrida". Para que seja resguardado o direito dessas comunidades de
manterem sua cultura e seus modos de vida, a titulação será reconhecida e registrada mediante
outorga de título coletivo e pró-indiviso às comunidades, com obrigatória inserção de cláusula de
inalienabilidade, imprescritibilidade e de impenhorabilidade.
Caso a intenção do legislador fosse apenas de conceder uma "indenização" pelos danos causados
desde a época de seus antepassados, não seria necessária a imposição de cláusulas de
inalienabilidade e impenhorabilidade. Isto leva a crer que o bem a ser protegido é o direito à
manutenção de uma cultura própria.
Agrotóxicos
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MEIO AMBIENTE
Desde a Revolução Verde, na década de 1950, o processo tradicional de produção agrícola sofreu
drásticas mudanças, com a inserção de novas tecnologias, visando a produção extensiva
de commodities agrícolas. Estas tecnologias envolvem, quase em sua maioria, o uso extensivo de
agrotóxicos, com a finalidade de controlar doenças e aumentar a produtividade.
Segundo a legislação vigente, agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou
biológicos, utilizados nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos
agrícolas, pastagens, proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de
ambientes urbanos, hídricos e industriais.
O agrotóxico visa alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de
seres vivos considerados nocivos. Também são considerados agrotóxicos as substâncias e produtos
empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.
2. Não-agrícolas:
Agrotóxicos no Brasil:
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MEIO AMBIENTE
Registro:
Segundo a Lei 7.802/89, artigo 3º, parágrafo 6º, no Brasil, é proibido o registro de agrotóxicos:
a) Para os quais o Brasil não disponha de métodos para desativação de seus componentes, de modo
a impedir que os seus resíduos remanescentes provoquem riscos ao meio ambiente e à saúde
pública;
e) que se revelem mais perigosos para o homem do que os testes de laboratório, com animais,
tenham podido demonstrar, segundo critérios técnicos e científicos atualizados;
Risco Químico:
É o perigo a que determinado indivíduo está exposto ao manipular produtos químicos que podem
causar-lhe danos físicos ou prejudicar-lhe a saúde. Os danos físicos relacionados à exposição
química incluem, desde irritação na pele e olhos, passando por queimaduras leves, indo até aqueles
de maior severidade, causado por incêndio ou explosão. Os danos à saúde podem advir de
exposição de curta e/ou longa duração, relacionadas ao contato de produtos químicos tóxicos com a
pele e olhos, bem como a inalação de seus vapores, resultando em doenças respiratórias crônicas,
doenças do sistema nervoso, doenças nos rins e fígado, e até mesmo alguns tipos de câncer.
São dispositivos ou sistemas que protegem o operador do contato com substâncias químicas
irritantes, nocivas, tóxicas, corrosivas, líquidos inflamáveis, substâncias produtoras de fogo, agentes
oxidantes e substâncias explosivas
Ponto de Auto-Ignição
É a temperatura mínima em que ocorre uma combustão, independente de uma fonte de calor.
Ponto de Combustão
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MEIO AMBIENTE
É a menor temperatura em que vapores de um líquido, após inflamarem-se pela passagem de uma
chama piloto, continuam a arder por 5 segundos, no mínimo.
Ponto de Fulgor
É a menor temperatura em que um líquido libera suficiente quantidade de vapor para formar uma
mistura com o ar passível de inflamação, pela passagem de uma chama piloto. A chama dura no
máximo 1 segundo.
Incompatibilidade
Ao lidarmos com produtos químicos é necessário ter ciência da importância de estarmos verificando a
cada etapa dos procedimentos, os seguintes requisitos:
- Identificação
- Registro
- Controle de entrada
B. Gases comprimidos
- Verificação do estado dos cilindros, garrafas e botijões - devem ser recusados caso apresentem
qualquer dano aparente
- Verificação do prazo de validade
- Inspeção das válvulas quanto à vedação
- Verificação das cores do capacete quanto ao cumprimento das normas da ABNT. Por exemplo no
caso do nitrogênio - parte superior preto e parte inferior cinza
- Verificação da existência das etiquetas de identificação fixados no produto
Ao lidar com produtos químicos, a primeira providência é ler as instruções do rótulo, no recipiente ou
na embalagem, observando a classificação quanto ao risco à saúde (R) que ele oferece e à medidas
de segurança para o trabalho (S). Por exemplo: um produto químico X tem R-34 e S-10, isto significa
que ele é um produto que provoca queimaduras e que deve ser mantido úmido. Portanto, conhecer a
classificação, torna-se possível obter-se informações quanto a forma correta de manipular, estocar,
transportar e descartar os resíduos do produto. Referente ao transporte, observar, também, a forma
como foi acondicionado e embalado e adotar os mesmos cuidados para realizá-lo com segurança.
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MEIO AMBIENTE
A rotulagem por intermédio de símbolos e textos de avisos são precauções essenciais de segurança.
Os rótulos ou etiquetas aplicadas sobre uma embalagem devem conter em seu texto as informações
que sejam necessárias para que o produto ali contido seja tratado com toda a segurança possível.
É perigoso reutilizar o frasco de um produto rotulado para guardar qualquer outro diferente, ou
mesmo colocar outra etiqueta sobre a original. Isto pode causar acidentes.
Quando encontrar uma embalagem sem rótulo, não tente adivinhar o que há em seu interior. Se não
houver possibilidade de identificação, descarte o produto.
Classificação:
Determinados peróxidos orgânicos; líquidos com pontos de inflamação inferior a 21oC, substâncias
sólidas que são fáceis de inflamar, de continuar queimando por si só; liberam substâncias facilmente
inflamáveis por ação da umidade.
Precaução:
Evitar contato com o ar, a formação de misturas inflamáveis gás-ar e manter afastadas de fontes de
ignição.
Classificação:
Líquidos com ponto de inflamabilidade inferior a 0o C e o ponto máximo de ebulição 35oC; gases,
misturas de gases (que estão presentes em forma líquida) que com o ar e a pressão normal podem
se inflamar facilmente.
Precauções:
Manter longe de chamas abertas e fontes de ignição.
Tóxicos (T)
Classificação:
São agentes químicos que, ao serem introduzidos no organismo por inalação, absorção ou ingestão,
podem causar efeitos graves e/ou mortais.
Precaução:
Evitar qualquer contato com o corpo humano e observar cuidados especiais com produtos
cancerígenos, teratogênicos ou mutagênicos.
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MEIO AMBIENTE
Classificação:
A inalação, ingestão ou absorção através da pele, provoca danos à saúde na maior parte das vezes,
muito graves ou mesmo a morte.
Precaução:
Evitar qualquer contato com o corpo humano e observar cuidados especiais com produtos
cancerígenos, teratogênicos ou mutagênicos.
Corrosivo ( C )
Classificação:
Estes produtos químicos causam destruição de tecidos vivos e/ou materiais inertes.
Precaução:
Não inalar os vapores e evitar o contato com a pele, os olhos e vestuário.
Oxidante (O)
Classificação:
São agentes que desprendem oxigênio e favorecem a combustão. Podem inflamar substâncias
combustíveis ou acelerar a propagação de incêndio.
Precaução:
Evitar qualquer contato com substâncias combustíveis. Perigo de incêndio. O incêndio pode ser
favorecido dificultando a sua extinção.
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MEIO AMBIENTE
Nocivo (Xn)
Classificação:
São agentes químicos que por inalação, absorção ou ingestão, produzem efeitos de menor
gravidade.
Precaução:
Evitar qualquer contato com o corpo humano, e observar cuidados especiais com produtos
cancerígenos, teratogênicos ou mutagênicos.
Irritante (Xi)
Classificação:
Este símbolo indica substâncias que podem desenvolver uma ação irritante sobre a pele, os olhos e o
trato respiratório.
Precaução:
Não inalar os vapores e evitar o contato com a pele e os olhos.
Explosivo (E)
Classificação:
São agentes químicos que pela ação de choque, percussão, fricção, produzem centelhas ou calor
suficiente para iniciar um processo destrutivo através de violenta liberação de energia.
Precaução:
Evitar atrito, choque, fricção, formação de faísca e ação do calor.
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Resíduos Sólidos
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MEIO AMBIENTE
A preocupação com os resíduos vem sendo discutida há algumas décadas nas esferas nacional e
internacional, devido à expansão da consciência coletiva com relação ao meio ambiente. Assim, a
complexidade das atuais demandas ambientais, sociais e econômicas induz a um novo
posicionamento dos três níveis de governo, da sociedade civil e da iniciativa privada.
A aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, após vinte e um anos de discussões
no Congresso Nacional, marcou o início de uma forte articulação institucional envolvendo os três
entes federados – União, Estados e Municípios, o setor produtivo e a sociedade em geral - na busca
de soluções para os problemas na gestão resíduos sólidos que comprometem a qualidade de vida
dos brasileiros. A aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos qualificou e deu novos rumos à
discussão sobre o tema.
A busca por soluções na área de resíduos reflete a demanda da sociedade que pressiona por
mudanças motivadas pelos elevados custos socioeconômicos e ambientais. Se manejados
adequadamente, os resíduos sólidos adquirem valor comercial e podem ser utilizados em forma de
novas matérias-primas ou novos insumos. A implantação de um Plano de Gestão trará reflexos
positivos no âmbito social, ambiental e econômico, pois não só tende a diminuir o consumo dos
recursos naturais, como proporciona a abertura de novos mercados, gera trabalho, emprego e renda,
conduz à inclusão social e diminui os impactos ambientais provocados pela disposição inadequada
dos resíduos.
Os resíduos sólidos são todos os restos sólidos ou semi-sólidos das atividades humanas ou não-
humanas, que embora possam não apresentar utilidade para a atividade fim de onde foram gerados,
podem virar insumos para outras atividades. Exemplos: aqueles gerados na sua residência e que são
recolhidos periodicamente pelo serviço de coleta da sua cidade e também a sobra de varrição de
praças e locais públicos que podem incluir folhas de arvores, galhos e restos de poda.
Até algum tempo atrás (e em alguns lugares você ainda irá encontrar essa definição), os resíduos
eram definidos como algo que não apresenta utilidade e nem valor comercial. No entanto, este
conceito mudou.
Atualmente a maior parte desses materiais pode ser aproveitada para algum outro fim, seja de forma
direta, como por exemplo as aparas de embalagens laminadas descartadas pelas indústrias e
utilizadas para confecção de placas e compensados, ou de forma indireta, por exemplo, como
combustível para geração de energia que é usada em diversos processos.
Para os processos industriais os resíduos são definidos como “matéria-prima e insumos não
convertidos em produto”, logo sua geração significa perda de lucro para a indústria e, por isso,
tecnologias e processos que visem à diminuição dessas perdas ou reaproveitamento dos resíduos
são cada vez mais visados.
Veja ainda a classificação segundo a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
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MEIO AMBIENTE
“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial,
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição
os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso
soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.”
(NBR10004:2004)
Resíduos sólidos constituem aquilo que genericamente se chama lixo: materiais sólidos considerados
sem utilidade, supérfluos ou perigosos, gerados pela atividade humana, e que devem ser descartados
ou eliminados.
A geração de algum resíduo sólido que não fossem excretas corporais e restos de alimentos foi uma
novidade que surgiu na nossa espécie com a sua sedentarização, quando ela começou a praticar
a agricultura e elaborar o seu sistema de comunicação simbólica sob a forma de linguagem, ao
mesmo tempo em que criava ferramentas para aumentar o poder e espectro de força de seu corpo,
algo que nunca existira antes na vida do planeta nesse grau de complexidade. Surgiram, então,
necessidades que não existiam antes, necessidades decorrentes do modo de agrupamento dos seres
humanos, com relações cada vez mais complexas. Demandas de moradia, de limpeza, de
indumentária, de proteção e de recursos.
A cada inovação, surgia algum tipo de resíduo sólido que nunca tinha sido gerado antes, e isso foi se
tornando cada vez mais intenso, se distanciando cada vez mais de todas as outras espécies animais,
que, normalmente, apenas geram resíduos orgânicos putrescíveis.
O ponto crítico veio com a revolução industrial, que, iniciada no século XVIII na Inglaterra e espalhada
para o mundo todo, deu a partida para que a curva de crescimento populacional tomasse a
forma exponencial, assim como a geração de resíduos. A manufatura perdeu o sentido de "trabalho
com as mãos". O que antes era feito com mãos utilizando ferramentas passou a ser feito
com máquinas, e em massa, sem se aplicar o conceito de durabilidade máxima aos produtos.
Contudo, até nesse ponto, o pensamento humano em relação a durabilidade e obsolescência não
havia chegado ao ponto que se encontra hoje. No Século XX, com o desenvolvimento da capacidade
de uso não energético do petróleo, surgiram os polímeros sintéticos, que inauguraram uma nova
classe de resíduos sólidos e, mais do que isso, inauguraram uma mudança cultural profunda, que
aceita a descartabilidade e não reparabilidade dos objetos, aumentando ainda mais a geração de
resíduos sólidos per capita.
Na língua portuguesa, o conceito de resíduo sólido está vinculado ao termo popular de "lixo", algo que
não serve mais e que tem de ser descartado. Na norma culta, esse conceito de "não servir mais" tem
o nome de "rejeito". Contudo, linguisticamente, denominar algo de "rejeito" ou "lixo" expressa que o
indivíduo apenas não encontrou mais nenhum uso para este, e que ainda podem existir muitos outros
usos para o mesmo.
O geocientista e químico James Lovelock disserta em seus livros sobre a Hipótese de Gaia, em que o
resíduo de um ser vivo é o alimento de outro e quando o resíduo de algum ser vivo não encontra um
consumidor que consiga consumi-lo totalmente, os ciclos de retroalimentação da vida
na Terra realizam mudanças nos padrões da vida.
Em processos naturais, não há lixo. As substâncias produzidas pelos seres vivos e que são inúteis ou
prejudiciais para o organismo, tais como as fezes e urina dos animais, assim como os restos de
organismos mortos, são, em condições naturais, reciclados pelos decompositores, que, por sua vez,
excretam substâncias minerais que são o substrato dos vegetais. Até o oxigénio produzido
pela fotossíntese, é um resíduo para a planta ou alga enquanto é útil para os organismos aeróbios.
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MEIO AMBIENTE
No Brasil, foi cunhado, por lei, o conceito de rejeito, que se aplica à ideia coloquial de lixo, ou seja,
aquilo que não tem mais nenhuma utilidade possível ou, nos termos da lei, "os resíduos sólidos que
depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a
disposição final ambientalmente adequada, que seria a disposição em aterros sanitários."
Seguindo o princípio de uma eficiente gestão dos recursos disponíveis para o homem, se chega a
uma ordem de importância nas ações relativas a gestão dos resíduos, como consta na figura abaixo e
é definido em lei:
Partindo de cima para baixo nos quadros da figura, fica evidente a não geração de resíduos como a
melhor alternativa para a superação dos problemas decorrentes da necessidade da humanidade em
gerir os seus resíduos. A não geração, a redução, o reuso, a reciclagem e a recuperação energética
são, nessa ordem, os processos prioritários para um modo de produção mais limpo e dessa forma,
mais ético com o meio.
Como consta na Diretiva 2008/98/CE do Parlamento Europeu, na seção de "Hierarquia dos resíduos":
Para proteger o ambiente da melhor forma, os Estados-Membros devem tomar medidas para o
tratamento dos seus resíduos, de acordo com a seguinte hierarquia, que se aplica por ordem de
prioridades:
• prevenção;
• reciclagem;
• eliminação.
Começa a ficar claro que não será possível replicar o modo de produção e consumo pautado
na obsolescência programada dentro do ciclo de vida de um produto, além da ênfase em se
ter embalagens descartáveis em detrimento das embalagens retornáveis. Um exemplo de estímulo à
não geração de resíduos, seria o estímulo dos serviços de reparo e reforma de objetos, uso de
vasilhames e bolsas retornáveis, e o controle da indústria da moda e de criações de tendências
estéticas efêmeras além do Consumo conspícuo. Estes são modos de produção e consumo
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MEIO AMBIENTE
alternativos que podem ser incorporados ao modo de vida do homem moderno de modo a torná-lo
mais sustentável, de modo que sejam satisfeitas as reais necessidades relativas ao bem viver dos
seres humanos.
Quando não é possível mais a não geração de um resíduo sólido pode se buscar a reincorporação do
mesmo em cadeias circulares de transformação e uso, como ocorre na natureza, e na indústria
da reciclagem.
• Reutilizar: antes de descartar, verificar se o objeto pode ser usado para outra funcionalidade;
Resíduos domiciliares
São constituídos por três frações distintas, os recicláveis, os orgânicos biodegradáveis e os rejeitos.
No Brasil, em média, mais de 50% dos resíduos domiciliares são compostos por materiais
orgânicos. Nessa categoria se inclui os restos de comida e varrição.
Os resíduos orgânicos são compostos por alimentos e outro materiais que se decompõem pela
natureza, tais como cascas e bagaços de frutas, verduras, galhos e folhas de podas, entre outros.
WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 109
MEIO AMBIENTE
Comumente, o resíduo orgânico é misturado na origem, seja nas residências, seja nos
estabelecimentos comerciais, junto a resíduos recicláveis e rejeitos dentro de sacos plásticos
colocados nas ruas a ser coletado pelos garis. Nesse caso, a fração orgânica se
decompõe anaerobicamente (por estar fechado e não ter acesso ao oxigênio atmosférico), gerando
mau cheiro, além de atrair organismos indesejados como ratos, baratas, pombos, insetos e cães de
rua. Todos esses animais, em contato com a material orgânico, servem de vetores para micro-
organismos, que podem ser patogênicos.
Todavia, é possível que o resíduo orgânico possa ser compostado para a fabricação de adubos ou
até ter seu conteúdo energético aproveitado, seja através do calor gerado na compostagem seja
através da digestão anaeróbia, que gera biogás, um combustível renovável.[4]
Os resíduos inorgânicos são compostos por produtos manufaturados, tais como cortiças, espumas,
metais e tecidos.
Oriundos da varrição pública, poda e capina de espaços e vias públicas como praças, calçadas, ruas
e sarjetas.
São aqueles resíduos classificados pelos riscos que representam para o meio ambiente e a saúde
públicas, podendo ser provenientes de atividades industriais, hospitalares, agrícolas etc., e exigem
cuidados especiais desde o acondicionamento, transporte, tratamento até destinação final. Podem
ser classificados em:
• Classe I - perigosos: São aqueles que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou
infectocontagiosas, podem apresentar riscos à saúde pública ou ao meio ambiente, ou ainda podem
ser inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos ou patogênicos. Exemplo: pilhas, pesticidas, resíduos de
serviços de saúde infectantes, baterias, lâmpadas, óleos.
• Classe II A - não inertes: São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos
classes I-perigosos ou de resíduos classe II B - inertes. Os resíduos classe II A - não inertes podem
ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
Exemplos: restos de alimentos, papel, resíduos de varrição.
• Rejeitos: aqueles resíduos que não podem ser reaproveitados ou reciclados, devido à falta de
tecnologia ou viabilidade econômica para esse fim, entre eles
estão: absorventesfemininos, fraldas descartáveis e papéis higiênicos usados.
Resíduo industria
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MEIO AMBIENTE
Os resíduos industriais podem estar no estado sólido, semissólido ou líquido, sendo caracterizados
como contaminantes e altamente prejudiciais ao meio ambiente e à saúde, não devendo ser lançados
na rede pública de esgotos ou corpos d'água.
Resíduo hospitalar
Resíduos perigosos produzidos dentro de hospitais, como seringas usadas, jalecos etc. Por conter
agentes causadores de doenças, este tipo de lixo é separado do restante dos resíduos produzidos
dentro de um hospital (restos de comida etc.), e é geralmente incinerado. Porém, certos materiais
hospitalares, como aventais que estiveram em contato com raios eletromagnéticos de alta energia
como raios X, são categorizados de forma diferente (o mencionado avental, por exemplo, é
considerado lixo nuclear), e recebem tratamento diferente.
Resíduos nucleares
Composto por produtos altamente radioativos, como restos de combustível nuclear, produtos
hospitalares que tiveram contato com radioatividade (aventais, papéis etc), enfim, qualquer material
que teve exposição prolongada à radioatividade ou que possui algum grau de radioatividade. Devido
ao fato de que tais materiais continuam a emitir radioatividade por muito tempo, eles precisam ser
totalmente confinados e isolados do resto do mundo.
Resíduos Agrosilvopastoris
Compõem os resíduos gerados nas atividades da agricultura, silvicultura, e pecuária. Além da fração
orgânica presente em grande quantidade que normalmente já é reincorporada na lavoura como
adubo orgânico, pode se encontrar embalagens de agrotóxicos.
Todos os resíduos provenientes de outros países podem ser classificados como perigosos, pois são
possíveis agentes contaminantes e vetores de doenças endêmicas. Os resíduos considerados
perigosos são incinerados com os mesmos cuidados utilizados na eliminação de lixo hospitalar.
Aterros sanitários
Aterros sanitários são considerados como uma solução prática, relativamente barata de disposição
final de resíduos urbanos e industriais - inclusive de resíduos que poderiam ser reciclados. Todavia,
demandam grandes áreas de terra, onde o lixo é depositado. Após o esgotamento do aterro, essas
áreas podem ser descontaminadas e utilizadas para outras finalidades. Todavia, se o aterro não for
adequadamente impermeabilizado e operado, constitui-se em fator de poluição ambiental e
contaminação do solo, das águas subterrâneas e do ar.
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MEIO AMBIENTE
quantidades de chorume (fluido que se infiltra para o solo e nos corpos de água) e biogás, composto
de metano e outros componentes tóxicos.
Lixões
"Lixão", vazadouro ou descarga de resíduos a céu aberto é uma forma inadequada de disposição final
de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de
proteção ao meio ambiente ou à saúde pública.
No "lixão", não há nenhum controle quanto aos tipos de resíduos depositados. Resíduos domiciliares
e comerciais de baixa periculosidade são depositados juntamente com os industriais e hospitalares,
de alto poder poluidor. A presença de catadores, que geralmente residem no local, e de animais
(inclusive a criação de porcos) e os riscos de incêndios causados pelos gases gerados pela
decomposição dos resíduos constituem riscos associados aos lixões.
Coprocessamento
Coprocessamento é o sistema utilizado com o uso de resíduos industriais e/ou urbanos, no processo
de fabricação do cimento, a fim de gerar energia e/ou recuperação de recursos e resultar na
diminuição do uso de combustíveis fósseis e/ou substituição de matéria-prima.
Incineradores
Incineradores reduzem o lixo a cinzas com redução de volume superior a 90%. Pode ser utilizado
quando se acabaram todas as outras possibilidades de tratamentos a priori, como o reuso e
reciclagem. É o tipo de destinação final mais utilizado nos países Europeus e Japão com
reaproveitamento da energia térmica para geração de energia elétrica. Podem ser altamente
poluidores, gerando dioxinas e gases de efeito estufase mal operados ou ainda pequenos ou nenhum
investimento em controle, monitoramento e lavagem dos gases for realizado. É um dos métodos mais
corretos para destinação final de lixo hospitalar (RSS - Resíduos de Serviços de Saúde), que podem
conter agentes causadores de doençaspotencialmente fatais. No século passado até meados dos
anos cinquenta era prática comum, a destruição descontrolada de resíduos industriais e até a matéria
orgânica serem eliminados com uso de grandes fornos por dissipação atmosférica das chaminés o
que gerava emissões gasosas acima dos limites mundiais.
Pirólise
Compostagem
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MEIO AMBIENTE
com liberação de gás carbônico e vapor de água, produzindo, ao final, um produto estável e rico em
matéria orgânica.
A compostagem apresenta muitas vantagens ambientais, podendo-se destacar o aumento da vida útil
do aterro sanitário, a redução na emissão do gás metano e na geração de lixiviado. Indiretamente,
tem-se, como benefício, a redução nos custos de implantação e operação de sistemas para o
tratamento do chorume. É importante ressaltar que essas vantagens somente serão obtidas se
houver um controle adequado do processo. Considerando que o metabolismo dos micro-organismos
envolvidos na compostagem é extremamente sensível às variações de temperatura, nível de
oxigênio, quantidade e qualidade do material compostável, relação Carbono/Nitrogênio, pH e
disponibilidade de nutrientes, infere-se que esses são os principais fatores que devem ser
controlados.
No Brasil, se define, por lei, a responsabilidade compartilhada pelo gerador, poder público, e
responsável pela limpeza urbana e coleta de resíduos sólidos, de se realizar a gestão dos resíduos
sólidos orgânicos. Como consta no item V do Art. 36, da seção II, capítulo III da lei 12305/2010, no
âmbito da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, é dever do titular dos
serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos: "Implantar sistema de
compostagem para resíduos sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais
formas de utilização do composto produzido".
A Portaria n.º 176/96 (2.ª série), de 3 de outubro de 1996, estabelece os valores permitidos para a
concentração de metais pesados nos solos receptores de lamas e nas lamas para utilização na
agricultura como fertilizantes, bem como as quantidades máximas que poderão ser introduzidas
anualmente nos solos agrícolas. A Portaria n.º 177/96 (2.ª série), de 3 de outubro de 1996, estabelece
as regras sobre a análise de lamas e dos solos. Com a publicação do Decreto-Lei n.º 118/2006, de 21
de junho de 2006, cujo objeto, estabelece a utilização de lamas de depuração em solos agrícolas, de
forma a, evitar efeitos nocivos para o homem, para a água, para os solos, para a vegetação e para os
animais, é revogado, o Decreto-Lei n.º 446/91 e respectivas portarias. Este Decreto consagra uma
maior exigência de proteção de valores fundamentais como o ambiente e a saúde humana, que se
consubstancia em regras mais restritas no que respeita às análises, às definições, às informações a
prestar e às proibições de aplicações de lamas.
Vermicompostagem
Biogasificação
O resíduo sólido da biogasificação pode ser tratado aerobicamente para formar composto orgânico.
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MEIO AMBIENTE
Confinamento permanente
O lixo altamente tóxico e duradouro, e que não pode ser destruído, como o lixo nuclear, precisa ser
tratado e confinado permanentemente, e mantido em locais de difícil acesso, tais como túneis
escavados a quilômetros abaixo do solo.
Reciclagem
Porém, muitos materiais não podem ser reciclados continuadamente (fibras, em especial). A
reciclagem de certos materiais é viável, mas pouco praticada, pois muitas vezes não é
comercialmente interessante. Alguns materiais, entretanto, em especial o chamado lixo tóxico e o lixo
hospitalar, não podem ser reciclados, devendo ser eliminados ou confinados. Fraldas descartáveis
são recicláveis.
No processo de reciclagem, que além de preservar o meio ambiente também gera riquezas, os
materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Esta reciclagem contribui para
a diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias estão reciclando
materiais como uma forma de reduzir os custos de produção.
Um outro benefício da reciclagem é a quantidade de empregos que ela tem gerado nas grandes
cidades. Muitos desempregados estão buscando trabalho neste setor e conseguindo renda para
manterem suas famílias. Cooperativas de catadores de papel e alumínio já são uma boa realidade
nos centros urbanos do Brasil. No Brasil, apenas 3% de todo o lixo produzido foi reciclado em 2015,
porém esta cifra poderia chegar a até 30% de reaproveitamento.
Improbidade Ambiental
Há muitos anos, ainda na condição de Diretor da Associação Brasileira do Ministério Público do Meio
Ambiente – ABRAMPA e de Promotor de Justiça na Promotoria Especializada na Defesa do Meio
Ambiente em Porto Alegre/RS, defendi a tese da chamada “improbidade ambiental”, que veio a ser
sufragada no Ministério Público brasileiro e utilizada com enorme frequência para fins de combate à
má gestão pública na área ambiental.
Passados mais de dez anos do período em que exerci como Promotor de Justiça na área ambiental,
e hoje na condição de advogado, vejo que a jurisprudência, especialmente do STJ, acatou a tese da
improbidade ambiental e é necessário que os gestores públicos adotem cautelas cada vez maiores,
no campo da prevenção, para evitar incidência da Lei 8.429/92, Lei de Improbidade Administrativa,
em decorrência de ações ou omissões irregulares na área do meio ambiente natural ou urbano.
O rigor das autoridades e instituições fiscalizadoras na área da defesa do meio ambiente é cada vez
maior, e não falo apenas do Ministério Público, mas dos Tribunais de Contas e de outros órgãos,
incluindo organizações não governamentais, o que é positivo à sociedade brasileira.
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MEIO AMBIENTE
Pólo Passivo
Observe-se, por exemplo, que as entidades de direito público – de qualquer esfera – podem ser
trazidas ao pólo passivo de uma ação civil pública de improbidade, ao lado de agentes públicos e
privados, quando da instituição de loteamentos irregulares em áreas ambientalmente protegidas ou
de proteção aos mananciais, seja por ação, quando a Prefeitura expede alvará de autorização do
loteamento sem antes obter autorização dos órgãos competentes de proteção ambiental, ou por
omissão na fiscalização e vigilância quanto à implantação dos loteamentos.
Esse tipo de paradigma se aplica ao campo dos licenciamentos ambientais em geral. A jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça é orientada no sentido de reconhecer a legitimidade passiva de
pessoa jurídica de direito público para figurar em ação que pretende a responsabilização por danos
causados ao meio ambiente em decorrência de sua conduta omissiva quanto ao dever de fiscalizar.
Igualmente, tal forma de responsabilização coaduna-se com o texto constitucional, que contempla,
em seu art. 23, VI, a competência comum para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios no que
se refere à proteção do meio ambiente e combate à poluição em qualquer de suas formas, o que
reforça o rigor do sistema normativo sancionador.
E, ainda, forçoso lembrar do art. 225, caput, também da CF, que prevê o direito de todos a um meio
ambiente ecologicamente equilibrado e impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, aumentando a cobrança das instituições
fiscalizadoras.
“Interesse Local”
A competência do Município, em matéria ambiental, como em tudo mais, fica limitada às atividades e
obras de “interesse local” e cujos impactos na biota sejam também estritamente locais.
A autoridade municipal que avoca a si o poder de licenciar, com exclusividade, aquilo que, pelo texto
constitucional, é obrigação também do Estado e até da União, atrai contra si a responsabilidade civil,
penal, bem como por improbidade administrativa pelos excessos que pratica, observadas as regras
relativas às atribuições dos agentes públicos.
É verdade que uma ação civil de improbidade ambiental pode ensejar posterior desclassificação dos
fatos, remanescendo apenas (mas não é pouco) a responsabilidade por ressarcimento dos danos,
cujo regime jurídico tampouco pode ser objetivo, em se tratando de responsabilidade pessoal de
agentes públicos ou particulares, em matéria de direito administrativo sancionador.
O STJ definiu que, admitida a ação civil pública por ato de improbidade administrativa, o posterior
reconhecimento da prescrição da ação quanto ao pedido condenatório não impede o prosseguimento
da demanda quanto ao pedido de reparação de danos. A discussão que se impõe é se a reparação
dos danos submete-se a um regime sancionatório ou de mera responsabilidade civil.
O certo é que os novos gestores públicos devem ficar atentos em relação às questões ambientais,
pois é possível herdar passivos e assumir responsabilidades de terceiros. Novos paradigmas, com
maior complexidade, de juridicidade, além de um emaranhado legislativo, denotam a necessidade de
alta preparação técnica para enfrentamento dos desafios que emergem na área do meio ambiente.
Tem-se visto de forma recalcitrante o ajuizamento de Ações Civis Públicas por Atos de Improbidade
Administrativa(utilizo esta expressão por reputar a Ação de Improbidade uma Ação Civil Pública com
especificidades definidas pela Lei n.º 8.429/92) lesivos ao Meio Ambiente, em razão do descaso da
Administração Pública, representada por seus agentes, para com os bens ambientais.
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MEIO AMBIENTE
No que tange aos Atos de Improbidade Administrativa lesivos ao Meio Ambiente, embora existam
outros legitimados ativos (concorrentes), é mais do que evidente o relevante papel assumido pelo
Ministério Público no controle da Administração Pública, sobretudo porque se trata de legitimado
constitucional de maior envergadura para o exercício da Ação Civil Pública visando a proteção dos
valores ambientais assegurados na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,
notadamente daqueles tutelados pelo constituinte derivado por intermédio da Lei n.º 8.429/92, que
prevê sanções à prática de Atos de Improbidade Administrativa.
Ora, não raras vezes nos deparamos com o recebimento, por agentes públicos, de propina para
expedição de licença ambiental, cometendo Ato de Improbidade Administrativa que importa
enriquecimento ilícito, conforme prevê o artigo 9º da Lei n.º 8.429/92, estando sujeito às sanções
mencionadas no inciso I, do artigo 12, do citado diploma legal.
Do mesmo modo, comete ato de Improbidade Administrativa o agente público que concede licença
ambiental em desconformidade com Estudo de Impacto Ambiental realizado, ou emite estudo de
impacto ambiental de conteúdo ideologicamente falso, atestando que a instalação de certa obra ou
atividade não causará significativo impacto ambiental, e recebendo para tanta vantagem econômica,
direta ou indireta, devendo também ser responsabilizado por infringência ao disposto no art. 9º da Lei
n.º 8.429/92.
Dos sobreditos exemplos, percebe-se como é nefasto o quadro desastroso de destruição do Meio
Ambiente pátrio, especialmente nas hipóteses em que, de forma irresponsável e ilícita, agentes
públicos concedem licenças e autorizações indevidas, ao contrário de promover medidas de
fiscalização e repressão de eventos danosos ao ecossistema, em obediência ao seu dever
constitucional e legal de exercício da função administrativa.
Não se está aqui generalizando como ímprobas todas e quaisquer condutas de agentes públicos com
atuação intimamente ligada ao Direito Ambiental, sobretudo porque, se assim o fosse, estaríamos
diante de cenário excessivamente desastroso, o que não é verdade, em absoluto. Ademais, não são
raros os casos de servidores públicos competentes que se dedicam com retidão em prol do Estado
Democrático de Direito, pelo que seria leviano e irresponsável apontar tal fator como única causa de
toda a problemática atual.
Em poucas palavras, resumidamente: o agente público que age com descaso para com o Meio
Ambiente, deixando de exercer com zelo e dedicação as atribuições de seu cargo, infringe
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MEIO AMBIENTE
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Desenvolvimento Sustentável
A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as ne-
cessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras
gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.
Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas
Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econô-
mico e a conservação ambiental.
Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio
ambiente. Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do
consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insus-
tentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.
Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países.
Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio cres-
cimento econômico.
Pegada Ecológica
O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode
ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível.
Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade
de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200
vezes.
Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por disparidades.
Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles de-
têm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da
produção de madeira mundial.
Desenvolvimento Sustentável
O conceito surgiu, em 1983, criado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
da Organização das Nações Unidas (ONU).
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Ele foi criado para propor uma nova forma de desenvolvimento econômico aliado ao ambiental:
Princípios e Objetivos
Desenvolvimento econômico
Desenvolvimento social
Conservação ambiental
Para isso, são priorizadas ações em prol de uma sociedade mais justa, igualitária, consciente, de modo
a trazer benefícios para todos. Ao mesmo tempo, deve-se reconhecer que os recursos naturais são
finitos.
Em 2015, foram definidos os objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS). Eles deverão orientar
as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional até 2030.
O Brasil participou das negociações para a definição dos objetivos do desenvolvimento sustentável.
Após a definição dos ODS, o país criou a Agenda Pós-2015, para articular e orientar as atividades a
serem desenvolvidas.
Erradicar a pobreza
Erradicar a fome
Saúde de qualidade
Educação de qualidade
Igualdade de gênero
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Vida na água
Vida terrestre
No país, já foram sediadas as duas mais importantes conferências internacionais sobre sustentabili-
dade da história:
Além disso, teve papel determinante na aprovação dos seguintes documentos internacionais:
Agenda 21
Biodiversidade
Mudanças Climáticas
Desertificação
Exemplos
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Reciclagem
Reflorestamento
Sustentabilidade
Desenvolvimento Sustentável
A expressão desenvolvimento sustentável é utilizada para designar um modelo econômico que busque
conciliar desenvolvimento econômico à preservação e manutenção dos recursos naturaisdisponíveis.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), desenvolvimento sustentável é definido como
“aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de suprir suas próprias necessidades”.
Este conceito foi apresentado ao mundo em um estudo realizado pela ONU em 1987, chamado “Nosso
futuro comum”.
A preservação do meio ambiente para as futuras gerações – garantindo recursos naturais para a sub-
sistência da espécie humana e demais seres vivos.
A diminuição da fome e da pobreza – que segundo o estudo, é causa, mas também é provocada pelo
desequilíbrio ecológico e pelo alto padrão de consumo.
Aqui compreendemos que o conceito de desenvolvimento sustentável não se limita apenas à noção de
preservação dos recursos naturais.
Para construir sociedades sustentáveis é necessário ter por princípio, a equidade econômica, a justiça
social, o incentivo à diversidade cultural e defesa do meio ambiente.
O entendimento que existe uma ligação entre pobreza e degradação ambiental, é uma das bases do
conceito de desenvolvimento sustentável.
A promoção da melhoria da qualidade de vida das populações pobres, a evolução nas políticas de
saneamento, saúde e combate à fome são tão importantes para as gerações futuras quanto a disponi-
bilidade de recursos naturais.
Sustentabilidade
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O princípio da sustentabilidade propõe que o crescimento econômico não deve provocar a degradação
ambiental ou o esgotamento dos recursos naturais.
Dentro do sistema atual, em que a base está na sociedade de consumo, este conceito parece ser invi-
ável do ponto de vista prático, pois o crescimento econômico teria que ser limitado para alcançar o
objetivo proposto.
“Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-
lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
No texto acima é possível notar que os aspectos sociais como a qualidade de vida dos cidadãos e a
necessidade de preservação dos recursos para o futuro não foram esquecidos, estando assim em con-
sonância com o conceito global de desenvolvimento sustentável.
A promoção desse modelo demanda a participação do Estado, é claro, no entanto, empresas e indiví-
duos devem colaborar para a redução da exploração de matérias primas, uso racional de recursos
como água potável e energia, sempre buscando evitar o desperdício.
Esse conceito de desenvolvimento sustentável, embora questionado por muitos especialistas da área
ambiental, foi elaborado durante os debates da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvol-
vimento, criada pela Assembleia Geral da ONU no ano de 1983.
É importante salientar que, ao menos em tese, a aplicação do desenvolvimento sustentável não implica
estacionar ou conter o processo de desenvolvimento dos diferentes territórios. Falar em sustentabili-
dade implica fazer com que esse crescimento das nações não imponha limites naturais para que ele
ocorra no futuro.
Trata-se, portanto, de uma perspectiva conservacionista dos elementos da natureza, mas com a preo-
cupação latente de manter a procura pelo atendimento das necessidades básicas de todas as popula-
ções do mundo.
O debate sobre a questão da sustentabilidade em todo mundo está diretamente ligado à forma com
que os diferentes países se desenvolveram.
O chamado “mundo desenvolvido”, formado pelo eixo do norte, é composto pelos lugares que primeiro
se industrializaram e se urbanizaram, instalando os paradigmas da modernidade em suas estruturas
sociais.
Por outro lado, o grupo dos países periféricos, composto pelo eixo do sul, é de recente desenvolvimento
industrial ou ainda nem por esse processo passou.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Diante desse panorama, há duas necessidades principais a serem atendidas: a) diminuir o elevado
nível de consumo e exploração dos recursos naturais pelos países ricos, que é extremamente elevado;
b) garantir que os países pobres também se modernizem, mas sem atingir os padrões de agressão ao
meio natural promovidos pelas principais potências econômicas do planeta.
Alguns estudos realizados tanto por instituições científicas quanto pela Organização das Nações Uni-
das revelam que precisaríamos de vários planetas iguais à Terra em termos de recursos naturais casos
todos os países mantivessem o mesmo nível de consumo do mundo desenvolvido.
Outros dados apontam que o nosso planeta não aguentaria um nível econômico equivalente a quatro
países como os Estados Unidos, que são os que mais consomem e, consequentemente, mais poluem
e mais reduzem a oferta de bens naturais.
A questão de como realizar uma verdadeira política de sustentabilidade ambiental também é alvo de
profundos debates.
Não há um consenso sobre quais seriam as medidas necessárias, havendo grupos mais moderados,
que garantem que apenas a contenção do consumo e a adoção de medidas para reduzir a poluição
seriam suficientes, e aqueles que afirmam que medidas mais radicais precisam ser urgentemente im-
plementadas.
- Reconhecer que mesmo os recursos renováveis são finitos e podem se esgotar a longo prazo;
- Redução ou fim do uso de combustíveis fósseis e sua substituição por combustíveis limpos;
- Redução do uso de fontes de energia que agridem o meio natural, com incentivo a produções de
energia a partir de usinas solares, eólicas e outras;
- Distribuição das terras e dos espaços agricultáveis para impedir o avanço da agropecuária sobre as
florestas;
- Incentivos públicos e privados para a realização de pesquisas científicas que ajudem a diminuir a
poluição e o consumo.
Como podemos ver, existem várias propostas, embora nem todas sejam consenso entre os líderes
mundiais e os especialistas da área.
O que podemos dizer é que o sistema capitalista precisa, de certa forma, frear a busca incessante pelo
lucro sem a medição das consequências, em que países são sempre pressionados a manterem supe-
ravit e crescimentos de seus Produtos Internos Brutos, o que dificulta a realização de alguns dos itens
acima elencados.
Em suma, é preciso haver uma gestão ambiental para conter a exploração dos recursos e manter um
nível econômico socialmente justo e igualitário, uma vez que a proliferação da pobreza, da desigual-
dade e da miséria também pode ser considerada como um problema para a contenção da poluição e
do uso indiscriminado dos meios naturais.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Sabemos que existem os recursos naturais não renováveis, ou seja, aqueles que não podem renovar-
se naturalmente ou pela intervenção humana, tais como o petróleo e os minérios; e que também exis-
tem os recursos naturais renováveis.
No entanto, é errôneo pensar que esses últimos sejam inesgotáveis, pois o seu uso indevido poderá
extinguir a sua disponibilidade na natureza, com exceção dos ventos e da luz solar, que não são dire-
tamente afetados pelas práticas de exploração econômica.
Dessa forma, é preciso adotar medidas para conservar esses recursos, não tão somente para que eles
continuem disponíveis futuramente, mas também para diminuir ou eliminar os impactos ambientais ge-
rados pela exploração predatória.
Assim, o ambiente das florestas e demais áreas naturais, além dos cursos d'água, o solo e outros
elementos necessitam de certo cuidado para continuarem disponíveis e não haver nenhum tipo de
prejuízo para a sociedade e o meio ambiente.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi oficialmente declarado na Conferência das Nações Uni-
das sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, e, por isso,
também chamada de Conferência de Estocolmo.
A importância da elaboração do conceito, nessa época, foi a de unir as noções de crescimento e de-
senvolvimento econômico com a preservação da natureza, questões que, até então, eram vistas de
forma separada.
Em 1987, foi elaborado o Relatório “Nosso Futuro Comum”, mais conhecido como Relatório Brundtland,
que formalizou o termo desenvolvimento sustentável e o tornou de conhecimento público mundial.
Com esse objetivo, foi elaborada a Agenda 21, com vistas a diminuir os impactos gerados pelo aumento
do consumo e do crescimento da economia pelo mundo.
Medidas Sustentáveis
Dentre as medidas que podem ser adotadas tanto pelos governos quanto pela sociedade civil em geral
para a construção de um mundo pautado na sustentabilidade, podemos citar:
- Preservação das áreas de proteção ambiental, como reservas e unidades de conservação de matas
ciliares;
- Adoção da política dos 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) ou dos 5Rs (repensar, recusar, reduzir, reu-
tilizar e reciclar);
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
- Diminuição da emissão de poluentes na atmosfera, tanto pelas chaminés das indústrias quanto pelos
escapamentos de veículos e outros;
- Opção por fontes limpas de produção de energia que não gerem impactos ambientais em larga e
média escala;
- Adoção de formas de conscientizar o meio político e social das medidas acimas apresentadas.
Essas medidas são, portanto, formas viáveis e práticas de se construir uma sociedade sustentável que
não comprometa o meio natural tanto na atualidade quanto para o futuro a médio e longo prazo.
Em seu sentido mais amplo, a estratégia de desenvolvimento sustentável visa a promover a harmonia
entre os seres humanos e entre a humanidade e a natureza.
No contexto específico das crises do desenvolvimento e do meio ambiente surgidas nos anos 80 - que
as atuais instituições políticas e econômicas nacionais e internacionais ainda não conseguiram e talvez
não consigam superar-, a busca do desenvolvimento sustentável requer:
um sistema político que assegure a efetiva participação dos cidadãos no processo decisório;
um sistema econômico capaz de gerar excedentes e know-how técnico em bases confiáveis e cons-
tantes;
um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento não- equilibrado;
A partir da definição de desenvolvimento sustentável pelo Relatório Brundtland, de 1987, pode-se per-
ceber que tal conceito não diz respeito apenas ao impacto da atividade econômica no meio ambiente.
Atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade formam o tripé básico no qual se apóia
a idéia de desenvolvimento sustentável.
A aplicação do conceito à realidade requer, no entanto, uma série de medidas tanto por parte do poder
público como da iniciativa privada, assim como exige um consenso internacional.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Segundo o Relatório Brundtland, uma série de medidas devem ser tomadas pelos Estados nacionais:
No que tange ao privado, a ONG Roy F. Weston recomenda que o conceito de desenvolvimento sus-
tentável, assim que é assimilado pelas lideranças de uma empresa -e passa a ser almejado como uma
nova forma de se produzir sem trazer prejuízos ao meio ambiente e, indiretamente, à sociedade em
geral-, deve se estender a todos os níveis da organização, para que depois seja formalizado um pro-
cesso de identificação do impacto da produção da empresa no meio ambiente.
Em seguida, é necessário que se crie, entre os membros da empresa, uma cultura que tenha os pre-
ceitos de desenvolvimento sustentável como base.
O passo final é a execução de um projeto que alie produção e preservação ambiental, com uso de
tecnologia adaptada a este preceito (como empresas que atingiram metas de aplicação de um projeto
de desenvolvimento sustentável a ONG cita a 3M, o McDonald’s, a Dow, a DuPont, a Pepsi, a Coca-
Cola e a Anheuser-Busch).
A ONG prega que não se deve implementar estratégias de desenvolvimento sustentável de uma só
vez, “como uma revolução, mas como uma evolução”, de forma gradual, passo a passo. É preciso ainda
que haja uma integração entre indústria, comércio e comunidade, de forma que um programa de me-
lhorias sócio-ambientais numa região se dê de forma conjunta e harmoniosa.
O poder público, tanto no âmbito municipal como nos âmbitos estadual e nacional, deve atuar de ma-
neira a proporcionar adequadas condições para o cumprimento de um programa de tal proporção,
desde a feitura de uma legislação apropriada ao desenvolvimento sustentável até a realização de obras
de infraestrutura, como a instalação de um sistema de água e esgoto que prime pelo não-desperdício
e pelo tratamento dos dejetos.
Para tanto, não se deve deixar que estratégias de tal porte e extensão fiquem à mercê do livre mercado,
visto que os danos que se visam resolver são causados justamente pelos processos desencadeados
por um modelo de capitalismo que aparenta ser cada vez mais selvagem e desenfreado.
Ainda mais se levarmos em conta o fato de que um dos requisitos básicos do conceito de desenvolvi-
mento sustentável é a satisfação das necessidades básicas da população, principalmente dos pobres.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Ele é formado por uma infinidade de fatores determinantes, mas cujo andamento depende, justamente,
da presença de um horizonte estratégico entre seus protagonistas decisivos. O que está em jogo nesse
processo é o conteúdo da própria cooperação humana e a maneira como, no âmbito dessa cooperação,
as sociedades optam por usar os ecossistemas de que dependem.
As conquistas recentes na luta contra a pobreza, no Brasil, padecem de dois problemas fundamentais:
de um lado, apesar da redução na desigualdade de renda, persistem as formas mais graves de desi-
gualdade no acesso à educação, à moradia, a condições urbanas dignas, à justiça e à segurança.
Além disso, os padrões dominantes de produção e consumo apóiam-se, sistematicamente, num pro-
cesso acelerado de degradação ambiental muito mais vigoroso do que o poder da legislação voltada à
sua contenção.
Pior: o Brasil não está se aproximando da marca dominante da inovação tecnológica contemporânea,
cada vez mais orientada a colocar a ciência a serviço de sistemas produtivos altamente poupadores de
materiais, de energia, e capazes de contribuir para a regeneração da biodiversidade.
Este texto apresenta dois exemplos em que os significativos progressos dos últimos anos são amea-
çados pela ausência do horizonte estratégico voltado ao desenvolvimento sustentável, tanto por parte
do governo como das direções empresariais: de um lado a redução no desmatamento da Amazônia
não é acompanhada por mudança no padrão dominante de uso dos recursos.
Assim, apesar da contenção da devastação florestal, prevalece entre os agentes econômicos a idéia
central de que a produção de commodities (fundamentalmente carne, soja e madeira de baixa quali-
dade), minérios e energia é a vocação decisiva da região. Além disso, ao mesmo tempo em que se
reduz o desmatamento na Amazônia, amplia-se de maneira alarmante a devastação do cerrado e da
caatinga.
De outro lado, o segundo exemplo aqui apresentado mostra que o trunfo representado pela matriz
energética brasileira não tem sido aproveitado para a construção de avanços industriais norteados pela
preocupação explícita em reduzir o uso de materiais e de energia nos processos produtivos.
A consequência e o risco é que o crescimento industrial brasileiro — ainda que marcado por emissões
relativamente baixas de gases de efeito estufa — se distancie do padrão dominante da inovação con-
temporânea, cada vez mais orientada pela descarbonização da economia.
O ano de 2009 marca uma virada decisiva na postura do Brasil diante das mudanças climáticas. Até
então, a diplomacia brasileira recusava-se a assumir metas de redução de emissões. O argumento era
de que o Protocolo de Kyoto (assinado em dezembro de 1997 para entrar em vigor em fevereiro de
2005) não estabelecia obrigação neste sentido.
Além disso, os países responsáveis historicamente pela maior parte da concentração de gases de efeito
estufa na atmosfera ou não tinham assinado o protocolo (caso dos Estados Unidos até hoje) ou não
conseguiam reduzir suas emissões na proporção com a qual se comprometeram.
Esta recusa brasileira, de certa forma, legitimava como economicamente necessária a principal fonte
de emissões do país, que era (e ainda é) a destruição da superfície florestal na Amazônia e no cerrado.
O cerrado brasileiro é encarado, até hoje, como fronteira agrícola pronta para ser desmatada e não
como um bioma portador de uma das mais importantes biodiversidades do planeta.
Entre 2002 e 2008 foi suprimida vegetação nativa em 21 quilômetros quadrados por ano, contra 10 mil
na Amazônia, segundo a Procuradoria do Estado de Goiás.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Aceitar compromissos internacionais de limitação no desmatamento era tolerar uma ingerência capaz
de comprometer, na visão dos mais importantes negociadores brasileiros, o próprio crescimento eco-
nômico.
A redução no desmatamento da Amazônia a partir de 2004 é a mais importante base para o cumpri-
mento desta orientação. O declínio na devastação florestal resulta ao menos de quatro fatores, cada
um deles fundamental — embora insuficiente, como se verá no próximo item — na construção de uma
estratégia de desenvolvimento sustentável.
Em primeiro lugar, destaca-se a ação vigorosa da polícia federal em coordenação com agências do
Ministério do Meio Ambiente, tanto durante a gestão de Marina Silva como no período em que Carlos
Minc esteve à frente da pasta.
O rigor, o profissionalismo e, sobretudo, a independência da polícia federal é uma das mais importantes
conquistas recentes da sociedade brasileira e está na base da ampliação da luta contra a criminalidade
e a corrupção no país.
Até hoje são frequentes as operações em que autoridades, empresários e técnicos são presos pela
ocupação ilegal de terras públicas e pela venda de madeira dali extraída, sem que a ação da polícia
federal seja bloqueada pela pressão dos interesses políticos ou econômicos por ela feridos.
O terceiro elemento positivo, que teve início de forma vigorosa durante o governo Fernando Henrique
Cardoso, é a expansão dos parques nacionais e estaduais e a demarcação de áreas indígenas. Durante
a primeira década do milênio, o Brasil é o país que mais aumenta áreas protegidas no mundo: cerca
de metade do que foi criado internacionalmente corresponde a áreas brasileiras.
Hoje, dos 500 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia, quase 8% correspondem a áreas de
proteção integral, 11% destinam-se à exploração sustentável (reservas extrativistas, por exemplo) e
21% são de terras indígenas, conforme informações do Instituto Socioambiental6.
Por fim, é importante assinalar também a formação de instâncias de negociação compostas por atores
diversos em setores cruciais como a soja, os biocombustíveis e, mais recentemente, a pecuária.
Estas instâncias colegiadas formam-se, muitas vezes, a partir de denúncias feitas por ONG's que ado-
tam táticas conhecidas como naming and shaming com resultados significativos: na origem da morató-
ria da soja9 e das negociações em torno da pecuária sustentável está a movimentação brasileira e
internacional em que o Greenpeace apontava exatamente as empresas que usavam produtos resul-
tantes do desmatamento.
Embora polêmicas e atravessadas por conflitos quanto aos critérios com base nos quais avaliam as
situações específicas que enfrentam, estas instâncias de negociação têm um efeito muito importante
na conduta dos atores locais.
Esses quatro fatores deram ao ministro Carlos Minc autoridade para que pudesse vencer as resistên-
cias que impediam o comprometimento do Brasil, em Copenhague, com metas de redução das emis-
sões decorrentes da destruição florestal.
Apesar de sua importância, não são, porém, nem de longe, suficientes para marcar uma estratégia de
desenvolvimento sustentável na Amazônia. Ao contrário, há fortes indícios de que a dinâmica atual do
comportamento dos atores vai numa direção bem diferente da apontada por estes elementos positivos
e contribui para distanciar a Amazônia de uma estratégia de desenvolvimento sustentável.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
São ainda extremamente minoritárias no meio empresarial as práticas voltadas à exploração sustentá-
vel dos recursos e dos potenciais dos principais biomas brasileiros vítimas de desmatamento generali-
zado. Roland Widmer, representante brasileiro da articulação internacional Bank Track, sintetiza o pro-
blema com o exemplo da Amazônia:
A Amazônia compete no mundo por suas commodities e não por aquilo que lhe é único. Isso parece
absurdo. É como se você vendesse as chuteiras da seleção brasileira, sem ver que o principal valor da
seleção reside na competência individual dos jogadores, em sua interação orquestrada com a equipe.
Esta não é uma particularidade da Amazônia: a Forest Footprint Disclosure elaborou um questionário
submetido a 217 companhias internacionais voltado a compreender como as empresas encaravam o
uso de mercadorias de risco florestal (forest risk commodities): soja, óleo de palma, madeira, carne e
biocombustíveis.
A primeira conclusão do texto mostra o quanto as empresas, até aqui, são pouco sensíveis às oportu-
nidades que o uso sustentável dos recursos representa: "a modesta taxa de resposta a nosso questio-
nário, neste primeiro ano, reflete o reconhecimento limitado de que o desmatamento tem uma influência
significativa na mudança climática".
No mesmo sentido, "vários negócios importantes em que se gasta muito no marketing de segmentos
de produtos ambientalmente amigáveis mostram a inexistência de compromissos com a sustentabili-
dade de suas compras totais".
É verdade que a pressão social suscitou acordos para que se levasse adiante o rastreamento na área
de pecuária e desencadeou a importante moratória da soja, segundo a qual grandes empresas proces-
sadoras e exportadoras deixam de comprar o produto vindo de áreas recentemente desmatadas. Não
é menos certo também que a ação repressiva do Estado teve efeito importante em conter ao menos
em parte o desmatamento.
Apesar desses avanços, o que predomina, entretanto, na Amazônia brasileira são coalizões de interes-
ses, em que membros se organizam para usar os recursos sociais e naturais a partir da contestação
ou do franco desrespeito às leis vigentes.
As organizações empresariais sinalizam a seus membros, mais que tolerância, a mensagem de que a
ocupação do solo voltada à expansão da exploração madeireira predatória, da pecuária e da soja, bem
como a ocupação de áreas indígenas ou públicas podem ser vetores consistentes de crescimento eco-
nômico.
Por exemplo, grandes frigoríficos (entre eles os gigantescos Bertin e JBS) firmaram um acordo com o
Greenpeace e um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público em julho de 2009 de
que não comprariam gado de fazendas onde houvesse desmatamento não autorizado, trabalho es-
cravo ou ocupação de áreas indígenas ou públicas.
Ao final de fevereiro de 2010, porém, apenas 10% dos pecuaristas do Estado do Pará tinham feito o
Cadastro Ambiental Rural, pelo qual poderiam ser monitorados. O presidente da Federação de Agricul-
tura e Pecuária do Pará foi taxativo: "nós não participamos disso.
Esse tipo de providência não se resolve de um dia para outro, vai demorar alguns anos para se con-
cretizar". A verdade é que a pecuária é uma atividade em que o uso ilegal da terra (e obviamente tudo
o que daí se segue em termos de sonegação de impostos) é uma prática generalizada e amplamente
consentida pelas elites locais.
Chama a atenção também a ampla participação de autoridades em crimes para "legalizar" madeira
extraída irregularmente de áreas indígenas ou de reservas florestais.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
No dia 20 de maio de 2010 a polícia federal prendeu sessenta pessoas em Mato Grosso, entre as quais
o chefe de gabinete do governador do Estado, o ex-secretário de Meio Ambiente do Estado, além da
esposa do presidente da Assembléia Legislativa, proprietários de terra, engenheiros florestais e servi-
dores públicos.
Com isso, limitações nestas formas de uso aparecem aos olhos de parte expressiva do empresariado
como expressões burocráticas de interesses contrários ao desenvolvimento regional.
O contraste entre o dinamismo dos mercados (onde é crescente a demanda por produtos sustentáveis
e derivados da inteligência e não da destruição) e a natureza conservadora das organizações que os
compõem é um dos temas mais explorados na literatura de economia, sociologia, psicologia e admi-
nistração de empresas.
Coalizões dominantes podem estabilizar suas relações e seu poder em torno de práticas ultrapassadas,
mas que ainda oferecem horizonte verossímil de ganhos econômicos. Essas coalizões são abaladas
não tanto pela perspectiva de catástrofe apocalíptica, mas pela demonstração da viabilidade de alter-
nativas que têm sempre uma dimensão político-cultural e não apenas puramente mercadológica.
Por mais que as oportunidades ligadas à economia verde na Amazônia sejam teoricamente imensas,
a verdade é que a grande maioria dos atores locais (e internacionais, como bem mostram as informa-
ções do Forest Footprint Disclosure, citadas acima) concentra seus conhecimentos, sua interação so-
cial e suas práticas reais em torno daquilo que já vêm fazendo há décadas.
Este horizonte cultural que concebe algum tipo de proteção do meio ambiente, mas distancia-se da
idéia de desenvolvimento sustentável, é fortalecido também pela produção de conhecimentos voltados
a legitimá-lo.
É o caso da pesquisa de Evaristo Eduardo de Miranda, da Embrapa, que procura mostrar que a agri-
cultura brasileira está limitada em sua expansão (e, portanto, em sua possibilidade de contribuir para o
crescimento) em virtude da supostamente excessiva restrição decorrente da soma de áreas indígenas,
reservas florestais, áreas de proteção permanente e reservas legais dentro das propriedades.
A Confederação Nacional da Agricultura fez ampla difusão deste estudo (nunca publicado em revista
científica internacional ou brasileira, mas acessível em vários sites na internet18) como parte de uma
campanha voltada a mostrar que suas bases estavam ameaçadas por restrições ao uso da terra capa-
zes de prejudicar o desenvolvimento brasileiro.
Além do absurdo de apresentar cálculos nacionais (não levando em conta que, ao se excluir a Amazô-
nia, nos outros biomas brasileiros a superfície agrícola útil no Brasil corresponde à de países com
importância agrícola equivalente à sua), o trabalho justamente não leva em conta que dentro de áreas
voltadas à preservação dos ecossistemas, as possibilidades de exploração econômica são inúmeras
com horizonte de ganho extraordinário.
No entanto, são atividades empresariais distantes daquilo que marca as práticas dominantes das elites
que controlam o uso da terra na Amazônia.
Uma reserva extrativista, por exemplo, é um território em que a produção de soja não pode avançar,
mas onde os potenciais de uso, com base em produtos não madeireiros da floresta, são extraordinários.
Além dos produtos, os serviços ambientais das florestas podem ser uma fonte de riqueza muito mais
consistente do que as modalidades até aqui que predominam em seu uso e que, na maior parte das
vezes, conduzem à sua destruição.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
A pedido do International Institute for Environment and Development, da Grã Bretanha, Landed-Mills e
Porras estudaram 287 casos em quase todo o mundo mostrando a existência de promissores mercados
voltados à valorização dos serviços ecossistêmicos prestados pelas florestas: conservação da biodi-
versidade, sequestro de carbono, proteção das bacias hidrográficas (água, solo, prevenção de secas e
enchentes, controle da salinização e manutenção dos ambientes aquáticos) e exploração das belezas
naturais são os quatro principais segmentos em que mercados podem ser explorados e, ao mesmo
tempo, contribuir de maneira decisiva tanto para a resiliência dos ecossistemas, como na luta contra a
pobreza.
A criação desses mercados não é simples, mas uma das conclusões importantes deste estudo é que
"mercados são negócios levados adiante por múltiplos atores sociais" (multi-stakeholders affairs).
O empresário Roberto Waack fala do tema com a experiência de quem dirige a mais importante orga-
nização mundial de certificação socioambiental, o Forest Stewardship Council, referindo-se à proposta
do manejo sustentável, que busca reproduzir o ciclo da natureza.
Retiram-se algumas árvores que já estão no final do seu ciclo de vida, deixando suas filhas e netas
crescerem e regenerarem. As toras colhidas são rastreadas até serrarias, que aproveitam ao máximo
a madeira com uso de tecnologias produtivas avançadas.
Sementes, frutos, óleos e extratos são colhidos e armazenados adequadamente, sendo depois trans-
formados em matérias-primas para mercados sofisticados, como o de cosméticos ou de alimentos.
Modelos de remuneração de serviços ambientais são desenvolvidos, assim como inovações nas for-
mas de precificar e comercializar certificados de crédito decorrentes do desflorestamento evitado.
Não se trata simplesmente do aproveitamento de oportunidades, mas de um campo social, por defini-
ção, conflituoso. O documento estratégico da Academia Brasileira de Ciências deixa bem claro que não
se trata de ver a Amazônia como santuário intocável: "a valorização econômica dos recursos florestais
e aquáticos da Amazônia se coloca como um marco fundamental para sua conservação".
É chocante o contraste entre as propostas de Waack (corroboradas pelo documento da Academia Bra-
sileira de Ciências), por exemplo, e a idéia sobre a vocação das áreas de fronteira agrícola do Brasil
contida no argumento do deputado Aldo Rebelo quanto à necessidade de reforma do código florestal.
Mostra bem os obstáculos à criação de mercados prósperos voltados a áreas distantes daquilo que os
atores sociais já fazem.
Segundo o deputado, relator da comissão especial de reforma do Código Florestal, há uma conspiração
internacional para congelar a fronteira agrícola, transformar o Código Florestal numa espécie de Código
Tributário, para jogar nas costas da agricultura brasileira um custo que não pode ser jogado na Orga-
nização Mundial do Comércio [...]. Acham que é preciso conter a expansão da fronteira agrícola do
Brasil, ela se constitui numa ameaça aos nossos concorrentes lá fora. Guerra da soja, do algodão, do
açúcar, da carne.
Aldo Rebelo exprime bem os interesses em torno dos quais a maioria do agronegócio se articula23. É
nítido o ambiente de contestação das próprias leis ambientais.
É claro que a repressão inibe o que essas práticas têm de pior: o problema é que o uso predatório dos
recursos não é a expressão episódica de grupos marginais e sim o procedimento habitual de parte
majoritária do empresariado, ou seja, é o modo dominante de se fazer negócios e de, supostamente,
promover o crescimento regional.
Os efeitos sobre o conjunto do tecido social e econômico dos locais em que esses procedimentos
prevalecem acabam atingindo todos os setores sociais.
Apesar da importância da ação repressiva e da criação de áreas de reserva, o governo federal também
sinaliza aos atores sociais locais que a grande vocação da Amazônia está na exploração de minérios,
de energia e no crescimento das modalidades convencionais do agronegócio.
É verdade que situações absurdas como a que levou à construção da usina de Tucuruí não vão se
repetir e são quase impossíveis em um ambiente democrático.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Mas uma rápida listagem de atitudes recentes mostra que a utilização dos recursos na Amazônia obe-
dece ao velho estilo: concebem-se os projetos e, em seguida, elaboram-se medidas para atenuar seus
impactos ambientais. Em outras palavras, trata-se de uma estratégia de crescimento econômico em
que o meio ambiente é uma externalidade e será tratado como tal.
O paroxismo desta situação exprimiu-se quando a elaboração do Plano Amazônia Sustentável foi en-
tregue à Secretaria de Assuntos Estratégicos (sob a direção de Roberto Mangabeira Unger), gota d'á-
gua para a saída de Marina Silva do governo Lula, em 2008.
Mais que isso: nos debates legislativos em torno da revisão do Código Florestal existe a possibilidade
de anistia para quem ocupa áreas ilegais e não há tomada de posição do Executivo de que vetará esse
tipo de orientação, caso aprovada pelo Congresso.
O licenciamento ambiental hoje sofre de dois grandes problemas. Em primeiro lugar, não houve um
processo de aprendizagem em que os critérios do licenciamento tenham se tornado mais rigorosos e
voltados aos reais impactos das iniciativas: o licenciamento é excessivamente focado nos efeitos dire-
tos das obras e não considera temas como os grandes deslocamentos populacionais e seus resultados
futuros previsíveis: a dimensão tópica do licenciamento existe, mas as consequências territoriais dos
empreendimentos são mal avaliadas.
O segundo problema do licenciamento ambiental é o contraste notável entre a melhoria do nível profis-
sional e intelectual do funcionalismo público em Brasília e os imensos problemas por que passa o Ibama
e que se traduzem, segundo nota recente assinada por vinte ONGs25 que atuam na região, na insta-
bilidade de sua direção, bem como na crescente defasagem entre a remuneração de seus técnicos,
quando comparada com outros segmentos do poder público federal.
O patrimônio natural amazônico e os serviços ambientais por ele prestados devem ser vistos como
base para uma verdadeira revolução da fronteira da ciência, que deverá prover a harmonia entre o
desenvolvimento regional e a conservação ambiental. A utilização racional dos vastos recursos naturais
da Amazônia deve ser incorporada definitivamente às estratégias de desenvolvimento nacional26.
Reprimir a ilegalidade, ampliar as áreas de reserva, não financiar quem não cumpre a lei e rastrear a
produção de soja e carne são conquistas fundamentais, mas às quais falta o essencial: oportunidades
de ganhos econômicos e de realização profissional com base em negócios voltados fundamentalmente
a fortalecer a resiliência dos mais importantes ecossistemas do país.
O fortalecimento desse horizonte empresarial permitiria (não sem tensões, é claro) que as atividades
econômicas de populações ribeirinhas, indígenas e extrativistas fossem valorizadas não sobre a base
da destruição da biodiversidade pela qual são hoje responsáveis, mas, ao contrário, a partir de sua
exploração sustentável.
Porém até o momento, o setor privado e as políticas governamentais são claramente dominados por
um horizonte que enxerga nos mais importantes biomas brasileiros a fronteira agrícola a ser desbra-
vada, a jazida de recursos minerais ou um manancial de recursos energéticos.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O desmatamento respondia em 2000 por 18% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, nível
superior ao da indústria e dos transportes, com 14% cada (Gráfico 2).
No Brasil, as "mudanças no uso da terra e florestas" entram com nada menos que 57,5% das emissões,
segundo os valores preliminares expostos ao senado federal pelo ministro Sérgio Rezende (Ciência e
Tecnologia). A agricultura, como mostra a Tabela 1, soma outros 22,1%. O contraste com a situação
mundial é nítido: tanto nos países desenvolvidos, como na China, na Índia e na África do Sul, a geração
de energia é quase inteiramente dependente de fontes fósseis, petróleo, carvão e gás, basicamente.
Pode-se dizer que, nestes países (onde o desmatamento não representa uma fonte importante de
emissão de gases de efeito estufa quanto no Brasil), a descarbonização das economias ocorre basica-
mente em dois planos.
Em primeiro lugar, é impressionante o avanço da energia solar, eólica e geotérmica. Em poucos anos,
no berço da indústria petrolífera, a energia eólica vai preencher as necessidades domésticas de con-
sumo de todo o Texas, como mostra Lester Brown28. Na China e na União Européia as transformações
são igualmente extraordinárias.
O Brasil, nesse sentido, tem um trunfo decisivo — 46% de sua oferta interna de energia vem de fontes
renováveis. A média mundial é de 12,9% e a dos países da OECD não chega a 7%. Na China, as fontes
renováveis entram com apenas 8% do total da oferta de energia. Em São Paulo, o horizonte para 2020
é que 57% da energia consumida tenha origem não fóssil. Esse desempenho explica-se basicamente
pelo etanol e pelo uso da energia hidrelétrica.
Não se pode dizer, entretanto que o trunfo da matriz energética brasileira represente por si só uma
estratégia de desenvolvimento sustentável.
Em primeiro lugar porque pesa sobre as fontes brasileiras de energia a dúvida a respeito dos impactos
socioambientais de sua expansão: no último plano decenal de energia da Empresa de Pesquisa Ener-
gética é previsto forte crescimento de usinas hidrelétricas na Amazônia, onde, no entanto, é crescente
a contestação socioambiental a esse tipo de iniciativa, como mostram as manifestações recentes em
torno da Usina de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, próximo ao município de Altamira.
No que se refere ao etanol, cuja eficiência energética e econômica é incontestável, há problemas sérios
com relação tanto a suas áreas de preservação permanente, como, sobretudo, aos impactos de sua
expansão no cerrado. O outro biocombustível que entra na matriz energética brasileira, o biodiesel, e
que deveria ter, quando seus planos de produção foram concebidos, forte presença da mamona vinda
do semi-árido nordestino, hoje é produzido à base de soja (85% da oferta total), cuja eficiência energé-
tica é sabidamente baixa.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Além disso, chama a atenção no caso brasileiro a dificuldade de diversificar as fontes alternativas de
energia, como, por exemplo, a conversão fotovoltaica de energia solar.
Zilles e Ruther mostram que, apesar de promissores, os sistemas fotovoltaicos são pouco estimulados
no Brasil. Pior: eles apontam o perigo de aprovação no Congresso Nacional da medida que isentaria
de impostos a importação de módulos fotovoltaicos, o que acabaria por inibir o desenvolvimento de um
forte setor nacional nesta área.
No mesmo sentido, Feitosa indica o risco de que o país deixe de aproveitar os benefícios da energia
solar fotovoltaica, hoje mais cara, mas cuja curva de aprendizagem já permite prever em pouco tempo
condições competitivas com relação à convencional.
O que mais chama a atenção, entretanto, é o contraste flagrante entre a tendência, certamente positiva,
de redução nas emissões de gases de efeito estufa por unidade de produto gerado pela economia
brasileira e, ao mesmo tempo, um aumento preocupante no uso total de energia por parte da indústria.
De forma geral, há fortes indicações de que, nacionalmente, está sendo adotado o que Lucon e Gol-
demberg não hesitam em chamar de "modelo inercial", que consiste em utilizar o potencial de hidrele-
tricidade, promover a expansão do etanol, concluir Angra 3 e continuar dependente do petróleo.
A maneira como se estimula a oferta de energia no Brasil tem o efeito perverso de beneficiar o menor
preço, mesmo que comprometa o meio ambiente. É o que ocorre com o barateamento (e a entrada
vigorosa na matriz energética) das usinas termelétricas, em contraste com a suposta inviabilidade da-
quelas que se apóiam em energia solar ou eólica.
Juntando-se a isso a falta de estímulo para a economia no consumo de energia e os pesados investi-
mentos em petróleo anunciados com o pré-sal, compreende-se o contraste entre o padrão brasileiro e
o internacional quanto à intensidade energética da economia (ou seja, a quantidade de energia neces-
sária para produzir os bens e os serviços de que o país depende).
A Tabela 2, com dados da Agência Internacional de Energia e da OECD, mostra que com exceção da
Arábia Saudita, o Brasil é o país do G20 que menos reduziu a intensidade energética de sua economia
entre 1990 e 2005.
Na fronteira do avanço tecnológico contemporâneo estão tecnologias que permitem reduzir de forma
crescente a intensidade energética da produção industrial, dos transportes e do próprio consumo do-
méstico.
Friedman mostra o avanço das redes elétricas inteligentes (smart grids), em que as empresas fornece-
doras serão remuneradas não em função da ampliação do consumo de seus clientes, mas, ao contrário,
por sua capacidade de promover sua redução.
Ao mesmo tempo, os próprios aparelhos que usam energia elétrica são e serão cada vez mais conce-
bidos para que usem a menor quantidade possível de energia. Produzir e consumir não apenas emi-
tindo menos carbono, mas usando menos energia e menos materiais: esta é a dimensão mais relevante
das invenções e das descobertas industriais recentes.
Chama a atenção, nesse sentido, um contraste fragrante entre a tendência, certamente positiva, de
diminuição nas emissões de gases de efeito estufa por unidade de produto gerado pela economia bra-
sileira e, ao mesmo tempo, um aumento preocupante no uso total de energia.
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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Cai a intensidade de carbono (pela presença de fontes energéticas pouco dependentes de energia
fóssil), mas aumenta a intensidade energética da indústria.
Estes dados estão claramente expostos no Balanço Energético do Estado de São Paulo, de 2008.
De forma agregada, a economia paulista apresenta uma redução notável da emissão total de CO2 por
queima de combustível, não só por habitante, mas também como razão do Produto Interno Bruto (PIB)
estadual (Gráficos 3 e 4).
Mas os dados setoriais da Tabela 3 revelam algo ainda mais preocupante: cai a intensidade energética
do setor primário (o que indica menor uso de energia, na agricultura e na mineração, por uma mesma
magnitude de PIB estadual), mas fica estável a do setor terciário e, mais importante, aumenta de forma
muito significativa a intensidade energética da indústria em São Paulo.
Na indústria, entre 1994 e 2006, há um aumento de 26% no consumo de energia por unidade de pro-
duto. É exatamente o contrário da tendência dos países desenvolvidos, em que o consumo de energia
por unidade de valor produzido na indústria cai.
Esta queda, na Europa, por exemplo, explica-se em parte pelo fechamento de indústrias altamente
ineficientes nos países do Leste. Mas mesmo nos países de industrialização mais avançada, ela ocorre.
O que há nesta questão, de um lado, é um processo positivo que corresponde ao uso da biomassa (do
etanol) por parte das próprias usinas de cana-de-açúcar e ao fornecimento de energia para a rede
elétrica, que se soma ao emprego de fontes vindas da hidreletricidade.
No entanto, de outro lado, o padrão geral de uso de energia não se altera de forma significativa, o que
representa o risco de que a indústria esteja em descompasso com os parâmetros globais que regem a
inovação contemporânea e onde a redução na intensidade energética é decisiva.
Esse descompasso se exprime também no fato de que a grande mudança na indústria automobilística,
representada pelos automóveis flex, apóia-se em modalidade de uso da energia cuja eficiência pode
ser duplamente contestada.
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De um lado, apesar do avanço tecnológico representado pelo etanol, seu uso destina-se a motores a
explosão interna do qual há fortes indicações de que corresponde a uma fase em plena superação (em
benefício dos motores elétricos) por parte da indústria automobilística.
De outro lado, mesmo que o etanol seja neutro do ponto de vista das emissões, não se pode dizer que
os veículos que ele coloca em movimento são eficientes do ponto de vista da utilização de energia. São
Paulo corre o risco de o combustível limpo escamotear o fato de que o transporte individual na mega-
metrópole ser cada vez menos compatível com um mínimo de eficiência no emprego do tempo e dos
recursos materiais.
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Conhecimentos específicos
“Camuflar um erro seu é
anular a busca pelo
conhecimento. Aprenda
com eles e faça novamente
de forma correta.”
Nara Nubia Alencar
DESIGN EDITORIAL
Design Editorial
O design editorial está para muitas pessoas, assim como algumas vertentes do design, relacionado
apenas ao processo visual. Contudo, é preciso ir além quando se pensa nesse tipo de trabalho. Defini-
tivamente, ele é mais que colocar imagens em lugares adequados ou escolher a cor certa. O objetivo
de qualquer design está em resolver problemas e comunicar o que é necessário. Sendo assim, não é
apenas a área visual que deve se beneficiar do design, mas, principalmente, o
É a organização dos elementos visuais do design (tipografia, cores, alinhamento, imagens) com a parte
textual de um conteúdo de acordo com um padrão editorial. Isso significa que as peças não são pen-
sadas focando apenas a parte estética.
Elas são determinadas de acordo com certas regras para que a mensagem seja transmitida adequa-
damente. O objetivo é que o conteúdo possa ser adaptado a uma publicação impressa ou digital.
Por ser um design voltado a publicações, é possível encontrar diversas produções que necessitam
desse tipo de trabalho. Veja quais são as mais comuns.
Livros
É talvez uma das primeiras formas de design editorial. Tem regras bastante estabelecidas de pagina-
ção, estrutura do texto, forma da capa. Por ser uma das primeiras, sua formatação serve como base
para outros tipos de publicações.
Revista
É uma área mais moderna para o design, que proporciona uma liberdade criativa maior para determinar
posicionamento dos textos, cor, tipo de arte que será utilizada, entre outros elementos. Ao longo dos
anos passou por algumas transformações interessantes. Inicialmente, Alexey Brodovitch foi um dos
principais formadores desse tipo de design, depois David Carson ficou responsável por trazer uma nova
forma de pensar a editoração de revistas.
Jornal
Assim como o livro, representa uma parte mais tradicional do design editorial. A diagramação é bem
mais restrita e deve seguir regras específicas da área, como hierarquização de matérias pela sua im-
portância.
Conforme a computação gráfica se tornou mais e mais exigida para a editoração, também surgiram
outras formas de criar publicações que não tinham a necessidade de serem impressas. É o caso dos
e-books, infográficos e outros tipos de conteúdos digitais. Muitos seguem algumas regras dos materiais
impressos, mas têm um design mais solto.
O profissional designer deve estar atento a algumas definições técnicas para criar um projeto editorial
adequado. Evidentemente, a criatividade é uma característica importante, mesmo em um projeto que
necessite de um padrão, porém, é essencial se adaptar às regras no editorial. A seguir, vamos falar um
pouco dos elementos básicos.
Identidade visual
Ela é responsável por trazer características que definem a publicação, isto é, aquilo que fará com que
o projeto seja o que ele é visualmente. Logo, fazem parte todos os elementos visuais de uma peça,
como a paleta de cores, ícones, logotipos etc.
Tipografia
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DESIGN EDITORIAL
É responsável pela definição das fontes e o estilo do texto (itálico, negrito). Ela trabalha com a identi-
dade visual, já que também é um elemento que ajuda na caracterização da publicação.
Grids
Esses são os elementos mais técnicos da editoração e voltados para a organização do conteúdo. Eles
ajudam a determinar a posição das colunas, das imagens, do texto e, muitas vezes, é usado como base
para montar outras publicações.
Como o editorial é uma das vertentes do design gráfico, ele utiliza muitos dos elementos comuns dessa
área, como a paleta de cores, tipografia, dimensões, organização das partes e outros. Porém, enquanto
o design gráfico tem mais possibilidades de produção, como criar embalagens, produtos, rótulos, entre
outros, o editorial é mais específico.
Ele é voltado para a diagramação de páginas de publicações. Além disso, em termos de estrutura, ele
se diferencia, pois organiza os elementos visuais de acordo com o padrão editorial da produção.
A identidade visual tem um papel muito importante em definir o que é a marca para o público. Ela é
responsável por representar os valores e os ideais de uma empresa por meio do visual, logo, consegue
fazer com que quem consome enxergue valor.
Isso porque é uma forma de expressão e comunica aos clientes quais são os posicionamentos princi-
pais da marca, representando a forma como a empresa quer ser vista pelo mundo.
Nesse sentido, o design editorial tem um papel de tornar esse objetivo realidade por meio da organiza-
ção dos elementos gráficos, escolha das cores, tipografia e outros detalhes, conseguindo alinhar o que
a marca é e como o público a vê.
Como acompanhamos nos tópicos anteriores, o design editorial é uma área que necessita de especifi-
cação. Não é possível realizar um bom trabalho criando peças que estejam de acordo com os princípios
do setor e, ao mesmo tempo, estejam alinhados ao que a negócio é, sem profissionais devidamente
qualificados.
Por isso, o investimento em empresas como a Pontodesign é a chance de garantir um trabalho de
qualidade e melhores condições para que a sua companhia consiga focar no que realmente importa:
seus produtos e serviços. Além disso, a terceirização desse trabalho pode garantir:
Equipe especializada;
Trabalhar em algo legal, que proporcione desafio, diversão, e a tão sonhada estabilidade financeira
parece algo difícil de alcançar. Realmente não é fácil encontrar aquele trabalho que nos faça querer
começar mais cedo, ou só sair depois que acabar. Mas é possível, e quando acontece é maravilhoso.
Isso tem a ver com encontrar um trabalho que faça sentido para você. Dinheiro é importante, mas
encontrar algo que você realmente goste de fazer, que seja prazeroso e ofereça perspectivas de su-
cesso é determinante.
O Design Editorial por exemplo é uma atividade inteligente, interessante, desafiadora e tem muita de-
manda, tanto no cenário global quanto local.
Só para deixar bem claro a importância de um bom projeto gráfico, façamos a seguinte reflexão:
1 – Você sempre escolhe a fruta mais bonita. Isso lhe traz confiança de que ela tenha mais qualidade.
2 – Você procura se vestir bem quando vai a um evento importante. Porque você quer passar uma boa
impressão.
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DESIGN EDITORIAL
Isso porque as imagens transmitem conceitos positivos e negativos, e são importantíssimas na educa-
ção, no marketing, na moda, no entretenimento e em várias outras áreas. Existe até um campo do
marketing chamado: “neuromarketing”, que estuda as relações de comportamento e tomadas de deci-
são com estímulos audiovisuais, e são altamente consideradas no design.
Outro ponto importante é a experiência do usuário, que garante êxito em ações de compra e engaja-
mento, e tem ligação direta com a clareza das informações e facilidade de uso. Isso em publicações,
físicas ou digitais, está diretamente ligado a diagramação correta dos componentes textuais e ilustrati-
vos, e por sua vez, ao design editorial.
Portanto a imagem de algo é tão importante, quanto ele em si. Uma alusão a isso pode ser encontrada
na frase de Marshall McLuham que dizia: “O meio é a mensagem”.
O mercado sabe a importância de uma imagem que reflita os conceitos e qualidades de um produto ou
serviço, e vê a clareza como um elemento determinante para se obter resultados. Por isso a atuação
de um designer, que tenha preocupação estética e objetiva, é um ponto chave em vários mercados,
seja de produtos, serviços, industrial, comercial, governamental e terceiro setor.
Exemplos:
No setor de marketing de uma empresa, o diagramador é fundamental na criação de e-books que ga-
rantam que o leitor, leia, interaja e compartilhe o material;
Na indústria manuais de uso, catálogos e informativos são materiais de extrema relevância e que pre-
cisam ser projetados com qualidade;
No mercado editorial nem se fala, jornais, revistas, livros dos mais variados tipos, tudo é criado através
de designers que, através de suas habilidades técnicas e de pesquisa, oferecem aos leitores a melhor
experiência possível.
Na área educacional da mesma forma, a criação de apostilas, tutoriais, livros técnicos, informativos
também necessitam das mãos de alguém habilidoso e sensível para dar vida e significado às páginas.
Em casa como freelancer você pode absorver a demanda de todos esses mercados listados acima,
com uma vantagem incrível que é poder atender a uma praça muito maior (www).
Enfim, o mercado tem muita demanda nessa área e é extremamente carente de profissionais que a
supram com eficácia.
Muitas são as competências que um designer gráfico precisa ter, algumas complexas e que envolvem
comportamento e perfil, outras técnicas que exigem treinamento, mas tudo facilmente alcançável.
Inicialmente são necessários senso estético, curiosidade, bom gosto e empatia. Elementos comporta-
mentais que exigem reflexão e hábitos que possibilitem uma boa carga cultural e referenciais estéticos.
Trocando a miúdos:
01 – Senso estético;
02 – Boas referências;
03 – Empatia;
04 – Curiosidade;
05 – Métodos processuais (Design Thinking)
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DESIGN EDITORIAL
Entregar valor, transformar coisas positivamente por si só já são valores pelos quais vale a pena traba-
lhar, mas falando de benefícios tangíveis da profissão de diagramador, podemos citar várias.
1 – Você trabalha por entrega, ou seja, desde que você organize bem o escopo dos seus projetos, e
se comprometa com os prazos, não existem metas e a pressão de uma equipe comercial por exemplo;
2 – O tempo voa. Quando você mergulha em um projeto gráfico acaba entrando num estado de flow
(nível de concentração top). As horas voam.
3 – Os resultados são recompensadores. Ver seu trabalho sendo usado por outras pessoas, atingindo
os resultados propostos, é muito legal;
4 – Trabalho intelectual. Você fará algo inteligente, e as pesquisas inerentes ao seu processo criativo,
vão enriquecer cada vez mais sua carga cultural;
5 – Mãos limpas. Um bom ambiente de trabalho, uma galera legal como companhia, um serviço leve e
inteligente;
5 – Remuneração. Um trabalho importante oferece boa remuneração. Como a demanda por esse tra-
balho é grande, você tem mais poder de barganha na hora de escolher onde vai trabalhar e também o
valor por seus resultados.
Dinheiro não é tudo, mas é muito importante. Então nada melhor do que ter uma profissão legal e ser
bem remunerado por isso.
Segundo o Love Mondays, portal de métricas sobre empresas e profissões, o salário médio de um
designer editorial é de R$ 3.075,00 podendo chegar a R$4.843,00. Observando a renda per capta do
brasileiro, conforme dados do IBGE a média fica em torno de R$ 1.373,00, sendo o Distrito Federal o
estado com a maior renda per capta R$2.460,00, e o estado do Maranhão a pior R$ 605,00. Santa
Catarina fica com a quarta posição somando R$1.660,00 de renda por pessoa.
Vemos que a possibilidade de ganho real de um designer editorial está bem acima da média nacional
e dos estados. Claro que existem uma série de variáveis que podem implicar na renda, mas um profis-
sional capacitado tem total chance de ficar bem acima dessa média.
O mercado é favorável, mas também é competitivo, portando é necessário muito estudo e dedicação
para entrar na disputa.
Temos atuando em Blumenau, mais de 50 editoras, que publicam de jornais à livros infantis, além de
uma infinidade de empresas nas áreas de comércio e serviços, sem contar as grandes indústrias, que
tem demanda por pessoal capacitado na área de Design Editorial.
Na data dessa publicação, fizemos uma busca em serviços on line de recursos humanos tais como:
Indeed, Catho, Linkedin, Trabalha Brasil, Manager, entre outras, e encontramos mais de 60 vagas de
emprego abertas para profissionais de Design Editorial, todas em nossa região.
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DESIGN EDITORIAL
Se você já tem experiência com edição de imagens, senso estético, apurado, cursos na área de design,
artes visuais etc., já deveria ter começado. Crie um portfólio bacana, e entre em contato com as em-
presas oferecendo os benefícios dos seus serviços. Caso você não tenha a mínima ideia do que é um
portfolio, nem sabe por onde começar, escrevemos sobre isso aqui.
Mas se você não tem nenhuma experiência em Design, edição de imagens, mas curte a área e gostaria
de entender mais, você pode começar pelo curso Edit – Layout e Diagramação aqui da Escola_Casa.
Nele você vai aprender sobre tudo que é essencial para iniciar uma carreira de Designer Editorial:
Ferramentas (inDesign), Técnicas de composição e Conceitos de design gráfico, e Métodos processu-
ais (Design Thinking).
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PROCESSO GRÁFICO
Processo Gráfico
Editoração
Editorar é, portanto, administrar o processo de divulgação das obras de natureza periódica e as even-
tuais, tais como literatura, revistas, cadernos, panfletos, entre outros.
Atualmente o trabalho editorial engloba igualmente todo tipo de impressos e objetos eletrônicos, por
exemplo, CDs, fitas, websites e CD-Roms.
O trabalhador deste campo tem como função lidar com os aspectos temáticos e formais de uma obra,
desde a escolha do que será publicado até a recepção do produto final pelo leitor.
Assim, unem-se neste esforço editores de arte e de texto, designers gráficos, webdesigners, revisores,
profissionais de marketing e produtores que examinam criteriosamente se o lançamento deste produto
é realmente apropriado para o mercado e o contexto que se têm em vista, além de escolherem a melhor
maneira de divulgá-lo.
Este trabalho se inicia com a escolha e a preparação dos originais, segue com o plano gráfico, a dia-
gramação e finalmente a produção gráfica já voltada para a impressão do resultado final.
Mas a parte visual é apenas uma etapa desse processo, portanto não é semelhante ao design visual,
próprio de quem se forma em desenho industrial.
A editoração eletrônica, um dos momentos deste sistema produtivo, também não é sinônimo de edito-
ração.
Alguns editores se enquadram na adaptação de textos para legendas, outros para amoldar informações
da área farmacêutica no conhecido estilo de bulas de remédios, outros ainda são responsáveis por
editar publicações periódicas ou pequenos comunicados, seja no formato impresso ou eletrônico.
Já o editor de texto precisa ter um perfil mais específico, pois é indispensável que ele apresente uma
boa formação cultural e intelectual, amplo conhecimento geral, além de revelar uma grande paixão pela
leitura e pela escrita, pois ele se ocupará essencialmente do texto, seu principal instrumento de traba-
lho.
Há profissionais desta área que têm uma maior inclinação para o setor gráfico, podendo optar pela
elaboração de páginas na Internet ou pelo trabalho de criação visual em livros infantis, por exemplo.
Outro espaço promissor é o de marketing editorial, no qual o trabalhador reflete sobre as condições
mercadológicas apropriadas para a recepção de uma obra, se ela é ou não passível de ser vendida em
um determinado contexto, se há público para ela, como inserir este produto no mercado, além de traçar
planos para sua publicidade e venda.
Ainda são poucas as graduações em Editoração no Brasil, entre elas as principais são as da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e as de Produção Editorial na Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro e na Universidade Anhembi Morumbi.
Mas a maior parte das editoras ainda absorve profissionais de outros campos, como os de jornalismo,
biblioteconomia, design gráfico, publicidade, letras, história e filosofia, pois poucos editores têm ciência
da existência destas faculdades, além de haver ainda pouca procura por eles, e, portanto, um baixo
número de estudantes lançados no mercado edito
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PROCESSO GRÁFICO
rial. Esta tendência vem, porém, mudando, e um percentual maior de graduados nesta área está sendo
procurado pelas editoras.
A diferença entre preparação e revisão de textos é um tema muito importante para os revisores.
Isso porque clientes em sua maioria não sabem exatamente o que é feito em cada uma das atividades.
Outro problema é que nem sempre os próprios revisores concordam sobre as atribuições de cada pro-
fissional.
As duas etapas fazem parte do processo editorial; no entanto, ocorrem em momentos diferentes.
A preparação de originais é feita logo depois da tradução, quando se trata da edição de uma obra
estrangeira; quando o livro é nacional, será enviado pelo autor para a editora, que o encaminhará para
a preparação de originais após a análise do editor.
se a tradução está com “cara” de inglês simplesmente traduzido para o português, por exemplo.
É feita no Word.
Dá sugestões de estilo.
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PROCESSO GRÁFICO
Na imagem abaixo, você vê uma página de preparação no modo de leitura do Word, com o controlador
de alterações ativado e as alterações exibidas no texto (inserções) ou em “balões” na lateral direita
(exclusões, comentários e alteração na diagramação).
Já a revisão de texto – ou revisão de provas – é feita após a diagramação e antes da aprovação final
do editor, tendo um propósito um tanto quanto diferente da preparação.
Checa-se então, além de problemas textuais menores que possam ter passado pelo preparador:
Confere translineação.
E O Resultado Da Revisão
Nesta imagem, veja as marcações feitas em PDF usando os sinais de revisão de provas.
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PROCESSO GRÁFICO
Emendas são as marcações de alterações indicadas pelo preparador ou pelo revisor, como você pode
ver nas imagens acima.
As emendas de preparação são feitas e aceitas no próprio Word; como o preparador altera o texto
diretamente, ele tem essa liberdade.
Já as emendas de revisão são marcações em PDF ou papel, para que o diagramador, posteriormente,
as faça no arquivo dele (InDesign ou algum outro programa de diagramação/paginação).
Nesse ir e vir de arquivos, algumas alterações pedidas pelo revisor podem se perder, então é interes-
sante que este confira se as emendas pedidas na etapa anterior foram feitas para que o trabalho tenha
continuidade.
Costumo defender que no meio editorial essa distinção não só é importante como é fundamental. Livros
de qualidade são resultado de um trabalho em equipe, que não pode prescindir de peças-chave, como
pelo menos duas pessoas diferentes revendo o texto.
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PROCESSO GRÁFICO
Já fora do meio editorial a realidade nos mostra que dificilmente teremos mais de uma pessoa a revisar
o mesmo texto.
Em propaganda e marketing, por exemplo, lidamos com textos muito curtos e uma rotina extremamente
dinâmica, muito diferente do que se vê em editorial.
Para os diferentes casos, o revisor deve sempre avaliar bem o tipo de trabalho.
Assim, ele entenderá se é preciso fazer uma preparação ou uma revisão mais simples, de acordo com
a qualidade do escrito e a expectativa do contratante.
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
Projeto Gráfico
É o plano inicial que definirá as características visuais de um peça de design gráfico. Projeto gráfico é um
conjunto de elementos que formam e dão características a um meio de informação.
No jornal impresso, o projeto gráfico define principalmente o formato do papel, a famílias tipográficas usadas
e a malha tipográfica.
Um bom projeto gráfico editorial é aquele que conduz os olhos dos leitores sem se tornar o elemento
principal daquela página. Sem interferir na qualidade da leitura. As imagens, o tamanho das fontes
tipográficas, a posição de títulos, retículas, boxes, fios, enfim, todos os elementos visuais devem ser
adequadamente pensados e posicionados com o objetivo de atender a uma necessidade editorial.
Um projeto gráfico é constituído de uma série de plataformas que formam a sua lógica construtiva. Estas
estruturas definem o seu aspecto de visual—layout: cores, tipografia, design, etc.—bem como seu aspecto
editorial—textos, linguagem, e conteúdo. Geralmente um projeto gráfico é antecedido de uma série de
perguntas junto ao cliente, o que se denomina briefing. O objetivo do briefing é enfatizar questões que
servirão de ferramentas relevantes na constituição do projeto. Para desenvolvimento de um projeto gráfico,
são necessários aproximadamente de sete a dez dias antes da etapa seguinte, que é chamada "Reunião de
pauta", evento em que se reúnem os Designers e as equipes de Marketing, Publicidade e Editoração. A
finalidade é justamente determinar qual o formato que o projeto gráfico terá e de que forma ele será
representado na mídia expressa. Leva-se em torno de dez dias de produção editorial antes da publicação
propriamente dita do projeto gráfico. Nesta etapa são realizados uma série de procedimentos que revisam a
própria estrutura do projeto. Na próxima etapa é realizada a diagramação, evento que une os aspectos
visuais de um projeto com os aspectos gráfico-editoriais. Leva-se em torno de sete dias para tal. Feito a
diagramação é enviado ao cliente um layout para ser aprovado. Com a aprovação é feita a revisão
ortográfica e enviada à gráfica o material, que retornará com uma prova que antecede a publicação. Até
então leva-se aproximadamente 10 dias em média. Validadas as provas editoriais, dá-se início à publicação
do material, evento que já antecipadamente é fonte de reunião entre as equipes de publicidade e
propaganda.
Conforme solicitado em sala de aula, posto aqui um passo a passo simplificado sobre como fazer um
planejamento gráfico de um produto editorial qualquer.
Este material não tem a pretensão de ser uma “receita” de como fazer um Projeto Gráfico Editorial, mas
pode dar algumas dicas para organizar as ideias.
1. Aquisição de Repertório -> busca de informações e referências visuais que possam auxiliar/inspirar a
criar o projeto gráfico
2. Verificação de Recomendações-> O que é preciso que o projeto contemple? O que não pode faltar?
Quais são as diretrizes visuais sugeridas pelo cliente?
3. Verificação de Restrições -> Definição de todos os recursos disponíveis para a confecção do projeto e
sua efetiva publicação, os quais limitaram o projeto. Identificação das proibições recomendadas pelo cliente
5. Montagem dos bonecos dos diversos modelos de páginas possíveis da publicação a ser
criada (Esse boneco auxiliará na visualização dos espaços de grafismo e contragrafismos existente na
publicação bem como facilitará a hierarquização visual das matérias)
6. Definição de TODOS os estilos de texto a serem utilizados na publicação (Pode-se criar uma tabela
de estilos para facilitar o controle… o Milton Ribeiro usa uma dessas no seu replanejamento do Correio
Brasiliense – Planejamento Visual Gráfico – material disponível com Rogério Blc B)
7. Definição de como serão tratadas as imagens -> Definição de como será o padrão de apresentação
das imagens, como virão os elementos auxiliares da imagem: legenda, créditos, filetes, margens, contornos.
Que tipo e em que ocasião se pode interferir na imagem (recortes, modificações etc)
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
8. Definição dos grafismos (elementos de estilo gráfico) que comporão a página -> Linhas, faixas,
divisórias, contornos etc
A partir daqui já se pode montar o Projeto Gráfico, que deve ser considerado como um manual de
instruções para diagramação do produto planejado.
2. Diretrizes do produto
4. Capa/1a. página -> Especificação dos elementos que comporão a capa, com exemplos. (pode ser criada
uma capa ilustrativa)
5. Páginas do Miolo -> Especificação dos elementos que comporão cada modelo de página do miolo.
Especifique-se inclusive os textos e larguras utilizados. Com exemplos.
6. Anexo -> Pode-se colocar como anexo um exemplar diagramado da publicação para que o diagramador
tenha uma visão completa do produto criado.
O incremento tecnológico na área editorial tornou-se mais relevante a partir da produção e do uso de tipos
móveis pelo gráfico alemão Johannes Gutenberg (1398- 1468). Primeiramente, esses tipos foram feitos de
madeira e, logo em seguida, foram fundidos em metal. A tipografia fundada por Gutenberg retirou o
processo gráfico- editorial da restrita escala da arte, inaugurando o domínio do planejamento tecnológico e
superando o trabalho escultórico que, até então, dependia do entalhe de palavras e textos completos em
uma única matriz de madeira.
A partição física das palavras em tipos de metal, além da já característica separação entre palavras e
frases, impôs a percepção e a consideração antecipada das linhas verticais no planejamento da página
impressa. Assim, além do paralelismo das linhas horizontais que, desde o início, serviram de orientação à
linearidade do texto impresso, também, a organização e a demarcação das linhas verticais passou a ser
considerada ação necessária ao planejamento da página impressa, no contexto do projeto gráfico-editorial.
Atualmente, Design Editorial é a expressão que representa a área de estudos e atividades gráficas, que é
responsável pela criação e desenvolvimento dos projetos gráficos e pela supervisão tecnológica da
produção gráfico-editorial (ADG, 2003). Devido à ênfase nos aspectos relacionados com a funcionalidade e
a usabilidade nos produtos de Design, a ergonomia é percebida como solução central nos processos de
projetação e produção. No produto gráfico-editorial, a grade, que também é denominada de grid, e o
diagrama, que é definido sobre a grade, são os elementos geométricos que organizam o processo de
configuração ergonômica da diagramação.
O projeto e o produto gráfico-editorial devem primar pela: (1) ergonomia visual, que trata do planejamento
estético; (2) ergonomia cognitiva, que trata do planejamento simbólico, visando garantir boas condições de
leitura e interpretação da semântica gráfico-visual e do conteúdo verbal do produto editorial; (3) ergonomia
funcional, que trata da acessibilidade e da usabilidade na interação entre os usuários e o produto gráfico-
editorial. Entretanto, esses três parâmetros não são independentes entre si.
Os projetos gráfico-editoriais tratam de produtos de diferentes formatos e volumes. Alguns produtos contêm
extensas aplicações de texto e imagem, requerendo o planejamento de inúmeras páginas, além do
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
planejamento das capas e de outras partes do produto. Assim, o planejamento da grade e do diagrama
gráfico implica uma diversidade de questões que o designer deve considerar.
O projeto gráfico-editorial é aqui apresentado como parte do processo de produção de uma publicação
impressa ou digital, que pode ser periódica, como revistas, jornais e outros produtos com publicação regular
ou pode participar da produção de uma edição única, como um catálogo, um folder ou um livro.
Na composição do projeto gráfico-editorial o termo layout responde pelo formato geral do produto,
considerando-se os desenhos das capas e de cada uma das páginas, com relação ao formato e à
disposição dos títulos, dos textos, das ilustrações, das legendas, dos fios e das vinhetas, entre outros
elementos gráfico-visuais através da diagramação (Fig. 1).
Para Associação dos Designers Gráficos (ADG, 2003: 36), a diagramação se identifica com todas as
atividades de Design Gráfico. Pois, o conjunto de operações para dispor títulos, textos, gráficos, fotografias,
mapas e outras ilustrações na página de uma publicação reúne atividades características do designer
gráfico-editorial.
Neste artigo, apresenta-se uma proposta de desenvolvimento do projeto gráfico, a partir da definição
contextualizada da tipografia. Primeiramente, são definidos os parâmetros geométricos da grade ou grid,
que sustenta todo o projeto, servindo de suporte para a composição do diagrama (Fig. 2B).
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
A tipografia é o elemento primordial que funda e caracteriza a gramática do design gráfico, a qual é
complementada por outros elementos, tais como a cor, a forma e a textura. O desafio mais básico de um
designer gráfico é organizar letras em uma página. Ellen Lupton (2006) destaca que perguntas do tipo: “que
fonte usar? De que tamanho? Como essas letras, palavras e parágrafos devem ser alinhados, espacejados,
ordenados, conformados ou mesmo manipulados?”
Primeiramente a escolha e posteriormente o arranjo dos tipos devem ser considerados com relação aos
valores do contexto cultural em que é produzido e será distribuído o produto gráfico-editorial.
De acordo com os conceitos apresentados e também com a proposta de projetação gráfico-editorial prevista
neste texto, indica-se a sequência de procedimentos a seguir como as etapas metodológicas de
planejamento do projeto:
1. Definição da tipografia.
2. Estabelecimento da entrelinha.
3. Determinação do módulo.
Definição Da Tipografia
Ao longo do tempo foram realizados diversos estudos que auxiliam na escolha dos tipos mais apropriados
ao produto gráfico-editorial. Assim, previamente, deve-se considerar o tipo de produto impresso ou digital
que será projetado, suas características gerais e, especialmente, a finalidade da mensagem e as
peculiaridades dos componentes do público ou dos públicos previstos como seus receptores preferenciais.
Há diferentes produtos gráfico-editoriais que, também de maneiras diversas, são dirigidos ao público infantil,
infanto-juvenil ou adulto, podendo ser ainda destinado prioritariamente aos homens ou às mulheres, aos
estudantes universitários ou aos militares, entre outras possibilidades.
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
De acordo com o público, a escolha da tipografia deve considerar o tamanho vertical ou a altura das letras,
o qual é medido em pontos. Nessa medida, considera-se a distância entre a altura da letra mais alta em
versão maiúscula, caixa alta ou caractere versal, e a base da descendente da letra minúscula, caixa-baixa
(Fig. 3).
Há o livro Pensando com Tipos: guia para designers, escritores, editores e estudantes (LUPTON, 2006),
cujo título sintetiza a necessidade de se considerar o projeto tipográfico como um problema conceitual e
comunicativo, que requer planejamento de maneira contextualizada com as características culturais do
produto, da mensagem e do público. Inclusive, também há uma tradição de estudos ergonômicos que
resultaram em critérios, normatizações e tabelas, sobre a usabilidade dos tipos e dos formatos gráfico-
editoriais e de outros elementos do projeto gráfico-editorial. Para os padrões de tipografia, Burt (1959)
propõe que seja considerada a idade média do público, em determinadas faixas de idade é estabelecida a
relação ente a faixa etária e o corpo do tipo (Fig. 4).
Estabelecimento Da Entrelinha
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
Raramente, os textos contínuos são compostos com “entrelinha negativa” ou com “entrelinha de corpo” que
apresenta a mesma medida em pontos que o corpo do tipo. Assim, ao propor um corpo de tipo de nove
pontos, também, é proposta uma entrelinha de 11 pontos. Isso gera as especificações rotineiras como: 9/11;
10/12; 11/13 e 12/15.
Determinação Do Módulo
As linhas gráficas verticais interceptam as entrelinhas e complementam a grade como base geométrica para
a diagramação (Fig. 7A). As áreas entre as linhas verticais e horizontais da grade constituem os módulos.
Pois, neste processo, é a partir da
Determinação Do Módulo
As linhas gráficas verticais interceptam as entrelinhas e complementam a grade como base geométrica para
a diagramação (Fig. 7A). As áreas entre as linhas verticais e horizontais da grade constituem os módulos.
Pois, neste processo, é a partir da
A determinação do módulo, como unidade compositora da grade ou do grid, foi decorrente das etapas
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
O formato planejado para a página é a parte central na definição do produto gráfico- editorial. Nesta etapa
do planejamento, portanto, deve-se considerar exatamente a quantidade de módulos que deve compor a
grade, para que esse seja quantitativamente coerente com o projeto da página.
Assim como ocorre com outros aspectos ainda atuais no projeto gráfico-editorial, existe uma sabedoria
milenar sobre os formatos das páginas. Isso é devido ao conhecimento das proporções geométricas que,
através dos séculos, foram usadas de maneira recorrente nas composições visuais. Há, ainda, os estudos
de ergonomia visual e cognitiva, que sistematicamente são aplicados à observação e à leitura de diferentes
produtos gráficos de comunicação.
De modo geral, as figuras geométricas regulares e simétricas são constantemente usadas como base para
o planejamento do formato da página. Assim, utiliza-se comumente o triângulo equilátero; o quadrado; o
pentágono; o hexágono e, ainda, o octógono (Fig. 7A, B e C).
Por exemplo, considerando-se o uso da replicação dos hexágonos (Fig. 7C), as medidas da altura e da
largura da figura devem ser dividas pelas medidas do módulo anteriormente previsto. Isso permite que se
obtenha o número total dos módulos que devem compor a página. Mas, às vezes, para obter-se um número
inteiro são necessários ajustes e arredondamentos que alteram minimamente as dimensões da página ou
do módulo. Porém, esses ajustes garantem a perfeita divisão do formato da página em módulos regulares.
Assim como uma escala musical, a escala gráfico-modular é um conjunto preestabelecido de proporções
harmônicas. A escala modular é composta e utilizada para prever as relações de distribuição dos módulos
na composição da página, servindo para orientar a composição do diagrama, da mancha gráfica e das
margens da página (BRINGHURST, 2005).
Além da utilização das escalas já existentes, é possível a elaboração de uma nova escala modular para um
projeto específico. Porém, a interação entre a razão matemática e a percepção estética, semântica ou
funcional é sempre requerida em todos os procedimentos adotados. Pois, os estudos que partem do
raciocínio matemático podem ser ajustados ou refeitos, porque o desenho resultante não foi percebido
como harmonioso ou funcional.
Outras séries de números de Fibonacci podem ser definidas a partir de um determinado valor numérico. Os
números da série são obtidos a partir de um número qualquer indicado como inicial da sequência. O número
inicial e os subsequentes devem ser multiplicados por 1,61803 (número FI Φ) que, também, é conhecido
como
“razão áurea”, “número áureo” ou “seção áurea”, porque assim se obtém a sequência numérica.
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
Representação Do Diagrama
Há tipos básicos de diagrama como: (1) diagrama retangular, (2) diagrama colunar e
(3) diagrama modular (Fig. 8A, B e C). Cada um desses tipos, considerando-se ainda suas possíveis
variações, é comumente destinado para resolver problemas específicos. Portanto, antes de se decidir por
um tipo de diagrama, é necessário avaliar o tipo de estrutura já conhecida que pode atender às
necessidades específicas do projeto que está sendo planejado.
Geralmente, (1) o
diagrama retangular (Fig. 8A) é usado para textos contínuos, como é comum em livros, relatórios e textos
acadêmicos, entre outros. No diagrama retangular, o elemento principal da página é o bloco de texto. (2) O
diagrama colunar (Fig. 8B) é comumente usado para controlar um volume maior de texto ou dispor
informações diferentes em colunas separadas. Por exemplo, um diagrama colunar duplo pode ser
organizado com colunas de larguras iguais ou diferentes. (3) O diagrama modular (Fig. 8C) é usado em
produtos de maior complexidade devido à diversidade de informações. Assim, é indicado na composição
gráfico-editorial de jornais, calendários e outros produtos com assuntos diversificados ilustrados por
imagens, gráficos, tabelas e outros.
Mancha gráfica é o espaço útil de impressão de uma página (Fig. 9), sendo previamente determinado pela
diagramação. Geralmente, em projeto gráfico-editorial o termo “mancha” indica a área de ocupação básica
em uma página, desconsiderando- se os elementos complementares (Fig. 9), como numeração da página e
títulos correntes que, usualmente, são chamados fólios e aparecem nas margens da página.
No projeto gráfico-editorial, a mancha gráfica é a área de distribuição dos elementos gráficos, figurativos ou
textuais (Fig. 9). Com a articulação entre grade, diagrama e mancha gráfica, o designer pode planejar as
relações de proporcionalidade e localização. Ocupando o projeto da página com imagens, gráficos e textos
escritos.
Para que isso ocorra, portanto, o planejamento do espaço de demarcação da mancha veio sendo planejado
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
Os comprimentos das linhas de texto que, comumente, são considerados eficientes em páginas compostas
por uma única coluna variam entre 45 e 75 caracteres. Contando-se as letras, os outros símbolos e os
espaços, a linha com 66 caracteres é considerada ideal. Para diagramas com mais de uma coluna, o
comprimento da linha de texto deve variar entre 40 e 50 caracteres.
Como foi indicado, há relações e tabelas propostas por Bringhurst (2005), prescritas para auxiliar os
designers nas decisões sobre os tamanhos dos tipos e das linhas. Porém, há igualmente prescrições para
outros elementos e aspectos compositores do projeto de produtos gráfico-editoriais. Além dos recursos
prescritivos aqui apresentados, ainda, há diversos outros que orientam de maneira específica e detalhada
os diferentes procedimentos do planejamento de projetos e produtos gráfico-editorias. O que foi pretendido
até aqui é ressaltar a viabilidade e as vantagens
No curto espaço deste texto, buscou-se informar sobre um modelo de planejamento, visando oferecer ao
designer gráfico um conjunto de dimensões ou medidas para a estruturação do produto gráfico-editorial. De
maneira diferente da usual, como apresentada por Fidalgo (2012) e Haluch (2103), o modelo apresentado
parte da definição da tipografia, como o primeiro passo para o planejamento das páginas e de todo o
produto.
O planejamento aqui descrito é iniciado dentro da página, a partir da escolha do tipo, como unidade mínima
da composição gráfico-editorial. Assim, com base nessa escolha, é planejada em sequência toda a
estruturação do projeto. Usualmente, o planejamento começa pelo formato geral do produto gráfico-editorial
e termina com a escolha da tipografia. Por ser diferente e eficiente, o modelo proposto merece a devida
consideração do público interessado neste tema.
O Que É Diagramação?
A diagramação é a arte ou técnica de distribuir os elementos gráficos no espaço delimitado de uma página
impressa ou veiculada em meios eletrônicos ou digitais.
Princípios básicos:
• O trabalho do diagramador não é isolado, mas em conjunto com todos esses profissionais coordenados
pelos editores e diretores de arte.
• Os editores e diretores de arte estabelecem diretrizes editorias e artísticas que formam a identidade
corporativa e visual da publicação.
• A cada edição da publicação é necessário analisar os conteúdos para estabelecer a ordem de prioridade
dos elementos que serão inseridos na publicação e em cada página.
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
• Os instrumentos básicos usados pelo diagramador para obter o conforto visual são a contiguidade e o
alinhamento, a simetria, a assimetria e o contraste.
Dica 1: Hierarquização
Para iniciar sua diagramação é necessário organizar as informações, da mais importante para a menos,
para que o consumidor leia de acordo com o critério desejado pela empresa. Esta página deve ser simples e
clara, para que o cliente tenha uma leitura afável, sem se distrair ou cansar-se da sua diagramação.
Dica 2: Identidade
A empresa deve atentar-se aos padrões de identidade, uma vez que, antes que o consumidor leia sua
diagramação, será a primeira impressão que passará da sua empresa a ele. Padronize os elementos que
compõe seu projeto, como tipografias, cores, elementos gráficos, entre outros, para que o cliente sinta
segurança na hora fazer um trabalho com a sua empresa e consiga identificá-la sem que precise olhar o
logotipo, porém, diferencie títulos, subtítulos, textos e legendas, para que sejam reconhecidos facilmente
pelo leitor.
Escolha a fonte que deseja trabalhar na sua diagramação, mas lembre-se que ela deve ser evidente para o
leitor, caso contrário levará o consumidor à troca de empresa, escolhendo outra que transmita a mensagem
com clareza. Não encha sua diagramação de letras, poderá embaralhar o leitor. Se o texto for colocado
sobre uma imagem, recomenda-se uma fonte regular e bold, assim passará a imagem desejada pela
empresa para o cliente.
Dica 4: Cores
As cores são fundamentais para sua diagramação, combine-as e use-as a favor de sua empresa.
Aconselham-se cores escuras em fundos claros, dando leveza e são percebidas positivamente. Já cores
claras em fundos escuros, um texto escuro em fundos com particularidade ou uma fonte branca em um céu
azul claro, por exemplo, quebram o ritmo da leitura e cansam o consumidor.
Dica 5: Imagens
A imagem escolhida para sua diagramação, antes de tudo, deve ter qualidade e condizer com o assunto
tratado no projeto. Além disso, o profissional deve saber como posicioná-la na página, algumas fotografias
já contribuem para uma boa localização, como as que possuem fundos uniformes ou neutros. Já as que
apresentam muitos detalhes, é recomendado a utilização de boxers embaixo dos textos, legendas ou títulos.
Não exagere nos textos, o leitor vai se cansar da sua diagramação e perder o foco na mesma. Na
diagramação sobre a imagem, esta já vai possuir textos, ocupando um determinado espaço, portanto, se
houver um texto muito grande, poder ser até que não caiba ou, se couber, ficará extremamente cansativo,
como já dito. Apresente esse problema ao responsável pelo texto, para que ele não tenha que cortar
informações.
Atente-se ao tipo de papel que será impresso sua arte, pois na tela do computador parece ter uma ótima
qualidade e ser nítida, no entanto, quando impresso, a resolução diminui, alterando o resultado final.
Dica 8: Legibilidade
O item mais importante da diagramação é a legibilidade, uma vez que, se o material não estiver claro e
legível, certamente o seu cliente perderá o interesse pela sua empresa. Leve em consideração o espaço
onde o texto será colocado e se dará para ler perfeitamente quando impresso. Nenhum consumidor gostaria
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
de ter que fazer esforços e ter de decifrar o que está escrito no seu trabalho, isso fará com que ele procure
outra marca.
Essas dicas são fundamentais e básicas para sua diagramação ser excelente, seguindo-as, sua empresa
obterá sucesso neste trabalho.
A programação visual corresponde ao projeto gráfico das publicações. Não existe uma forma mais ou
menos correta de compor uma peça gráfica nem regras fixas, apenas princípios baseados na tradição de
séculos de tipografia, e também uma série de fatores de ordem conjuntural que devem ser considerados na
hora de produzi-la. Para isso, devem ser analisados todos os dados do problema.
O projeto gráfico contém todas as indicações de uma publicação, quer seja um livro, quer seja um simples
fôlder. É necessário adequar a forma ao conteúdo, ao tipo de usuário e ao uso que este fará dela.
Cabem, portanto, algumas perguntas e o uso do bom senso para que o produto final seja adequado e atinja
seus propósitos.
• A que público será direcionada a publicação, isto é, faixa etária, nível de instrução, etc.?
• Qual o objetivo da publicação? Como vai ser manuseada e como a informação está organizada, quer
dizer, é material didático, de consulta ou de leitura?
• O trabalho deve ter soluções gráficas simples ou pode ser mais sofisticado?
Exemplo:
O relatório anual de uma empresa não pode ser formalizado como um romance. No primeiro, é necessário
levar em consideração a imagem institucional da empresa em questão; enquanto, no segundo, é necessário
pensar no conteúdo, na história.
• Qual o número provável de páginas, isto é, o conteúdo é vasto, como uma enciclopédia, ou limitado, como
um relatório de pesquisa?
• Qual a durabilidade? Vai ser usado por muito ou por pouco tempo?
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
Para quem ocupa a posição de gerenciamento, as respostas a tais perguntas vão constituir o conjunto de
diretrizes que nortearão todo o planejamento editorial.
Os elementos básicos, descritos a seguir, são definidos para a capa e o miolo, componentes de uma
publicação que interessam ao projeto gráfico.
Diagramação
São duas as relações que estão presentes no objeto impresso: uma, do impresso com o público que vai
manuseá-lo; e outra, dos elementos do projeto gráfico entre si, os quais constituem um conjunto – a
diagramação.
A diagramação é a relação harmônica de quatro elementos essenciais: espaço da página, mancha gráfica,
tipologia e ilustrações.
A diagramação define os critérios para o uso do espaço disponível, criando linhas imaginárias que
relacionam geometricamente todos os elementos que fazem parte do trabalho. Dimensiona e especifica a
tipologia de títulos e textos, bem como os entrelinhamentos e o espacejamento entre letras. Por fim,
posiciona as ilustrações e os outros elementos gráficos, como fios, vinhetas, etc.
Títulos, subtítulos e subsubtítulos, assim como legendas, notas de rodapé e referências bibliográficas são
classificados segundo o seu valor no texto, por meio da distinção de tipologia e da disposição no texto e na
página. Assim, um título terá corpo e variante diferentes dos empregados para um subtítulo; uma nota de
rodapé ou uma legenda serão inscritas num lugar específico e com um corpo apropriado; as referências
bibliográficas constarão no final de cada capítulo ou no final da publicação.
Um bom exemplo dessa definição de critérios é a capa de um livro, que tem grande importância comercial: é
o primeiro contato do público com o produto. Sua diagramação tem de ser coerente com a diagramação do
miolo, além de representar o conteúdo.
Tipologia
Se a tipologia escolhida é atraente e convidativa, condizente com a proposta, o propósito de ler tornar-se-á
uma tarefa prazerosa. O objetivo, afinal, é este: a tipologia deve facilitar a concentração do leitor nos
aspectos essenciais do conteúdo.
Ilustrações
As ilustrações, como fotos, desenhos, gráficos e tabelas, enriquecem visualmente uma composição ou
esclarecem conceitos do texto. Elas devem ser consideradas na diagramação e estar relacionadas com o
desenho da página.
As decisões quanto a ilustrar, ou não, o trabalho também vão influenciar a produção gráfica, porque será
necessário verificar como as ilustrações vão interferir no processo de reprodução escolhido e vice-versa.
A produção de qualquer peça gráfica envolve um grande número de profissionais de diferentes formações,
e é fundamental que, durante todo o processo de trabalho, se faça avaliação constante e acompanhamento
rigoroso dos resultados, para preservar a qualidade.
Formato
• A página impressa, desde o documento mais simples até o mais complexo, tem construção similar, é feita
sobre as mesmas bases.
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PROJETO GRÁFICO EDITORIAL
• Deve-se considerar que o formato selecionado vai determinar a forma como o objeto impresso será lido.
Vai afetar também a disposição dos elementos gráficos – texto e ilustrações – que compõem a publicação.
Existem alguns formatos padronizados do sistema métrico internacional, os quais formam a Série A.
• Série A:
Formato BB
Formato AA
Formato DIN
Essa série é a mais usada internacionalmente e no Brasil. O formato padronizado foi estabelecido para
incentivar o uso racional do papel e foi calculado para que a folha tenha sempre a mesma proporção, não
importa quantas vezes for dobrada. Diz respeito ao trabalho pronto, e não ao tamanho dos papéis
fabricados, que obedecem a outras proporções, igualmente padronizadas. É importante a escolha do
formato ideal de uma publicação para melhor aproveitamento do papel.
Formato Medida
1 65,6 cm x 95,6 cm
2 65,5 cm x 47,7 cm
3 65,5 cm x 32,8 cm
4 47,7 cm x 32,8 cm
6 32,8 cm x 31,8 cm
8 23,8 cm x 32,8 cm
16 16,3 cm x 23,8 cm
32 12,0 cm x 16,3 cm
Formato Medida
1 75,6 cm x 111,6 cm
2 55,8 cm x 75,6 cm
3 37,8 cm x 75,8 cm
4 37,9 cm x 55,8 cm
6 27,8 cm x 37,9 cm
8 27,6 cm x 37,6 cm
16 27,6 cm x 18,8 cm
32 13,8 cm x 18,8 cm
No formato final da obra, considera-se a medida sem a área para sangria (área que extrapola um formato
gráfico) e sem o refile (corte). Por exemplo: para o formato 16, significa que serão obtidos 16 pedaços de
papel refilados na folha inteira.
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Formato Medida
A0 84,1 cm x 118,9 cm
A1 59,4 cm X 84,1 cm
A2 42,0 cm X 59,4 cm
A3 29,7 cm X 42,0 cm
A4 21,0 cm X 29,7 cm
A5 14,8 cm X 21,0 cm
A6 10,5 cm X 14,8 cm
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DIREITOS AUTORAIS
Direitos Autorais
Propriedade de direitos autorais dá ao proprietário o direito exclusivo de fazer uso da obra, com algu-
mas exceções. Quando uma pessoa cria uma obra original, estabelecida em uma mídia tangível, ela
automaticamente possui os direitos autorais da obra.
Muitos tipos de obra qualificam-se para proteção de direitos autorais, por exemplo:
Sim, em algumas circunstâncias, é possível usar uma obra protegida por direitos autorais sem violar os
direitos autorais do proprietário. Para saber mais sobre isso, o usuário pode aprender sobre fair use. É
importante observar que o conteúdo do usuário pode ser removido em resposta a uma reclamação de
violação a direitos autorais, mesmo que o usuário...
Tenha copiado o conteúdo por si mesmo de um livro didático, um cartaz de um filme ou uma fotografia.
Não. A Google não está apta a mediar disputas de direito de propriedade. Quando recebemos um aviso
de remoção válido e completo, nós removemos o conteúdo conforme a lei exige. Quando recebemos
uma contranotificação válida, nós a enviamos para a pessoa que solicitou a remoção. Se ainda houver
uma disputa, cabe às parte envolvidas resolver a questão na justiça.
Os direitos autorais representam apenas uma forma de propriedade intelectual. Não é a mesma coisa
que marca registrada, a qual protege nomes de marcas, slogans, logotipos e outros identificadores de
origem contra o uso por terceiros para fins específicos. Também é diferente de lei de patentes, que
protege as invenções.
Só porque um vídeo, uma imagem ou uma gravação de áudio tem a participação do usuário, isso não
quer dizer que os direitos autorais da obra são deles. Por exemplo, se sua amiga tirar uma foto do
usuário, ela será a proprietária dos direitos autorais da imagem que ela tirou. Se um amigo do usuário,
ou outra pessoa, envia um vídeo, uma imagem ou uma gravação dele sem permissão, e isso faz com
que o usuário sinta que sua privacidade ou segurança foi violada, ele pode registrar uma petição inicial
de privacidade.
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DIREITOS AUTORAIS
O modo mais fácil de fazer uma petição inicial é usar nosso solucionador de problemas legais.
As notificações de direitos autorais devem incluir os elementos a seguir. Sem essas informações não
será possível agir sobre a solicitação:
É necessário fornecer informações que nos permitam entrar em contato com o usuário a respeito da
petição inicial, como um endereço de e-mail, endereço físico ou número de telefone.
Na petição inicial, o usuário deverá descrever de forma clara e completa o conteúdo com direitos auto-
rais que ele está defendendo. Se várias obras com direitos autorais são abordadas na petição inicial, a
legislação permite uma lista representativa de tais obras.
A petição inicial deve conter o URL específico do conteúdo que o usuário acredita estar violando seus
direitos. Caso contrário, não será possível localizá-lo. Informações gerais sobre a localização do con-
teúdo não são adequadas. Inclua os URLs do conteúdo exato em questão.
“Acredito de boa fé que o uso dos materiais protegidos por direitos autorais descritos acima e que
supostamente representam violação não foi autorizado pelo proprietário dos direitos autorais, pelo seu
agente ou pela lei.”
“As informações desta notificação são precisas, e declaro, sob pena de perjúrio, que sou proprietário
ou estou autorizado a agir em nome do proprietário de um direito exclusivo supostamente violado.”
5. Assinatura
Petições iniciais completas exigem a assinatura física ou eletrônica do proprietário dos direitos autorais
ou de um representante autorizado a agir em seu nome. Para satisfazer a este requisito, o usuário pode
digitar seu nome completo para atuar como assinatura na parte inferior da sua petição inicial.
Direitos autorais são os direitos que todo criador de uma obra intelectual tem sobre a sua criação. Esse
direito é exclusivo do autor, de acordo com o artigo 5º da Constituição Federal.
Está definido por vários tratados e convenções internacionais, entre os quais o mais significativo é a
Convenção de Berna. No Brasil a Lei nº. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, consolida a legislação
sobre os direitos autorais.
O registro da obra permite que a autoria seja reconhecida e garante a validade contra terceiros. Os
direitos morais, patrimoniais, prazos de proteção e direito dos sucessores estão regulados na Lei nº.
9.610/98. O registro contribui para a preservação da memória nacional, uma das missões da Fundação
Biblioteca Nacional, por meio da Lei do Depósito Legal (Decreto nº. 1825, de 20 de dezembro de 1907).
O Escritório de Direitos Autorais, que funciona desde 1898, é o órgão da Fundação Biblioteca Nacional
responsável pelo registro de obras intelectuais e tem por finalidade dar ao autor segurança quanto ao
direito sobre sua obra, de acordo com a Lei nº. 9.610/98.
A violação de direitos autorais constitui crime com pena prevista de detenção de 3 (três) meses a 1
(um) ano e multa, de acordo com o Decreto Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.
Valores De Registro
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DIREITOS AUTORAIS
É cobrado um valor para cada registro de direito autoral solicitado, uma vez que são diferenciados
quando requeridos por Pessoa Física ou quando solicitados por Pessoa Jurídica (Cessionário e/ou
Procurador).
É preciso anexar ao pedido de registro o comprovante original de depósito identificado. Para garantia,
o solicitante deve guardar uma cópia autenticada do mesmo.
Para saber informações sobre legislação, normas para registros, valores e outras informações, acesse
o site da Biblioteca Nacional.
Obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra forma qual-
quer;
Adaptações, arranjos musicais, traduções e outras transformações de obras originárias (que não este-
jam no domínio público), desde que previamente autorizadas e se apresentem como criação intelectual
nova; são aceitas para registro com expressa e específica autorização de seu autor (ou autores) e/ou
detentores dos direitos autorais patrimoniais (cessionários);
Dá-se o nome de Direito Autoral — ou direito do autor — ao conjunto de prerrogativas que a lei garante
aos criadores de obras intelectuais, com o objetivo de resguardar a exploração de suas criações, que,
a princípio, é exclusiva.
Ele tem como escopo o indivíduo — autor — que esteja dentro do território nacional, seja ele um bra-
sileiro ou estrangeiro. Esse ramo do direito ainda se subdivide em duas classificações: os morais e os
patrimoniais. Conheça-os a seguir.
Direitos Morais
Têm natureza pessoal e asseguram legalmente a autoria e os aspectos originais da criação. Eles são
exclusivos do autor e não podem ser renunciados. Além disso, garante o direito a:
indicação de autoria: o autor tem sempre o direito de ser mencionado como criador, através da indica-
ção de seu nome ou de seu pseudônimo;
circulação ou não da obra: ele também tem o direito de retirá-la de circulação, se desejar;
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DIREITOS AUTORAIS
Direitos patrimoniais
Por outro lado, os direitos patrimoniais do autor tratam da utilização e exploração econômica. Diferen-
temente do direito moral autoral, o patrimonial pode ser renunciado ou transferido para outras pessoas,
além de serem transmitidos a herdeiros após o falecimento do autor.
A principal diretriz sobre os direitos autorais no Brasil é a Lei nº 9.610/98. Seu conteúdo traz uma lista
das obras protegidas, define o autor da criação, estabelece como funcionam os direitos morais e patri-
moniais, entre outros tópicos.
Porém, ainda há outras normas que também tratam sobre o tema, como o Decreto nº 9.574/18, que
agrupa diversos atos normativos que foram editados visando a gestão dos direitos autorais.
Em relação às normas internacionais, o Brasil é signatário da Convenção de Berna, que afirma que a
proteção ao direito autoral deve se dar de forma automática, não devendo ser subordinada a qualquer
formalidade. Dessa forma, se o Direito Autoral existir nos países que participam dessa convenção, as
determinações nacionais consequentemente serão válidas em todos os demais países signatários,
conferindo validade internacional aos registros nacionalmente feitos.
Por essa razão que o artigo 18 da Lei nº 9.610/98 diz que os diretos independem de registro — mas
ele pode ser feito para comprovar a autoria de uma obra perante tribunais, órgãos públicos e outras
pessoas.
A finalidade principal da lei dos direitos autorais é a de proteger o vínculo entre o autor e sua obra
intelectual. Veja alguns exemplos dos itens que são abrangidos pela legislação:
textos, livros, folhetos e outros materiais que sejam literários, científicos ou artísticos;
A própria Lei nº 9.610/98 traz uma lista dos bens que não podem ser objeto de proteção de direitos
autorais, como:
Ideias, sistemas, métodos, projetos, conceitos matemáticos, procedimentos normativos e outros afins;
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DIREITOS AUTORAIS
Quanto aos materiais didáticos, a legislação brasileira não é clara como as normas de outros países.
O fair use nos Estados Unidos, por exemplo, é uma doutrina que limita os direitos do autor em casos
especiais, sendo que permite o uso de materiais protegidos para usos didáticos e sem fins lucrativos.
A Lei de Direitos Autorais afirma que obras podem ser reproduzidas sem violar os direitos autorais em
situações como:
A reprodução de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais,
sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema braille ou outro procedi-
mento em qualquer suporte para esses destinatários;
A reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita
por este, sem intuito de lucro;
A citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer
obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o
nome do autor e a origem da obra;
O apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem elas se dirigem, vedada sua
publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e expressa de quem as ministrou;
A representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso familiar ou, para fins
exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer caso intuito de
lucro;
A utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir prova judicial ou administrativa;
Apesar de a legislação brasileira não exigir o registro em órgãos oficiais para constituir o direito, trata-
se de um procedimento muito importante para garantir a proteção dos itens e bens criados, já que você
conseguirá comprovar mais facilmente a sua autoria quando necessário.
Presume-se sendo o autor quem primeiro registrou a obra, apesar do ato ter um caráter meramente
declaratório.
Se o autor deseja registrar uma obra intelectual — como um roteiro, livros, artigos etc. —, ele deverá
fazê-lo na Biblioteca Nacional. Já o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é uma autarquia
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DIREITOS AUTORAIS
responsável pelo registro de marcas, patentes, programas de computador (incluindo jogos), indica-
ção geográfica, entre outros.
O procedimento de registro varia para cada tipo de bem e é preciso pagar determinadas taxas, as quais
alteram dependendo se o registro é de interesse de uma pessoa física ou jurídica.
É muito importante que os empreendedores e empresários se atentem ao uso das marcas que são
exclusivas de outras empresas. Na Copa do Mundo de 2014, por exemplo, as pessoas que utiliza-
vam indevidamente as marcas da Copa poderiam incorrer nos crimes temporários previstos na Lei Ge-
ral da Copa.
A Lei de Direitos Autorais consiste em uma ferramenta importante para que você garanta a proteção
de suas obras. Entretanto, como esse é um tema bastante amplo, recomendamos que você procure o
apoio de especialistas no ramo para solucionar seus problemas específicos.
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PRINCÍPIOS ÉTICOS E RESPONSABILIDADES
Ética e moral se diferenciam por a ética ser compreendida de maneira universal, enquanto a moral está
sempre ligada aos fatores sociais e culturais que influenciam os comportamentos.
De uma forma sucinta, a ética é uma teoria que se ocupa dos princípios que orientam as ações, já a
moral é prática e está relacionada às regras de conduta.
A palavra ética é derivada do grego ethos, que significa, "hábito", "comportamento", "modo de ser".
A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à vertente profissional.
Existem códigos de ética profissional que indicam os princípios fundamentais que orientam uma profis-
são.
Assim, pode-se pensar em princípios básicos para o comportamento de alguns profissionais, tais como
um médico, jornalista, advogado, empresário, político ou professor, sendo possível pensar em uma
ética médica, ética jornalística, ética empresarial, ética pública, entre outras.
A ética não pode ser confundida com a lei, embora a lei tenha como base princípios éticos, a ética não
é normativa como as leis.
Os códigos de ética possuem direcionamentos e o seu descumprimento pode ser passível de sanção,
mas não são considerados crimes.
Ética Editorial
Considera-se que um autor plagia a si mesmo quando reutiliza material próprio que já tenha sido publi-
cado, sem indicar a referência de seu trabalho anterior.
Na verdade, com maior rigor editorial, dependendo do contexto da publicação e da extensão do texto
copiado, a inclusão da referência poderia ser suficiente, pois não indica claramente ao leitor (nem ao
editor) o alcance da cópia.
Mas… é possível um autor “plagiar” a si mesmo? Isso soa um pouco absurdo, é como se uma pessoa
entrasse em sua casa pela janela e fosse acusado de roubar sua própria casa.
Do ponto de vista dos direitos do autor, não parece ser um crime, mas do ponto de vista da integridade
acadêmica é considerado antiético ou má conduta.
Esta prática é muito comum e é encontrada na lista dos 10 casos mais frequentes de plágio.
Os autores podem argumentar que, como são seus próprios escritos, eles podem usá-los uma e outra
vez, na íntegra ou em trechos… o que há de errado nisso?
Qual é a fronteira entre reusar o seu próprio material e o autoplágio? Esse conceito varia em diferentes
áreas acadêmicas?
Apesar de ser prática frequente e conhecida pelos editores de periódicos científicos que tentam con-
trolar, é interessante notar que há poucos estudos sistemáticos sobre o problema.
Uma revisão da literatura, utilizando como fontes os trabalhos publicados no iThenticate, base de dados
especializada no assunto, e até mesmo a Wikipedia², todos os trabalhos se referem finalmente a alguns
autores originais que publicaram suas pesquisas cerca de 10 ou 15 anos atrás.
Possivelmente, um dos autores mais prolíficos é Miguel Roig, que tem cerca de 70 obras de autoria
no Google Scholar indexadas sobre esse tema, alguns selecionados para esse post e indicados nas
referências.
Uma definição simples de autoplágio é usar a própria pesquisa anterior e apresentá-la para publicação
como algo novo e original.
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PRINCÍPIOS ÉTICOS E RESPONSABILIDADES
Por que um pesquisador faria isso? O clima acadêmico de publish or perish, e a competição por fundos
de pesquisa, índices de citação, etc. poderiam ser alguns dos motivos.
O autoplágio pode ser explicado por diferentes razões, e não é, necessariamente, sempre antiético,
alguns podem ser justificados e outros estão em uma “zona cinzenta”, que deve ser resolvida pelo
editor da publicação.
É muito comum que se disponha de uma pesquisa realizada tempos atrás, mas com novos dados é
possível para extender a reflexão e conclusões.
Essa pesquisa não é necessariamente original, mas é a maneira como a ciência funciona, à medida
que se vai adicionando nova informação, isso leva a reexaminar as hipóteses e conclusões.
O tipo de publicação salami, ou seja, uma pesquisa que está dividida em partes mínimas e enviada
para publicação e, em cada uma delas se repete uma parte importante em comum.
Deve-se notar que a publicação pode ser salami sem cometer autoplágio, mas isso também é uma falta
de ética de outro tipo.
Os periódicos não têm uma política explícita nas instruções aos autores sobre as regras de autoplágio,
autocitações e políticas diretas sobre plágio.
No caso particular do autoplágio, essas regras não são assumidas como default pelo autor, deveriam
ser especificadas na política do periódico.
Um autor reutiliza a informação de sua própria tese de doutorado, que não foi publicada em periódicos,
por um artigo em um periódico referindo-se à sua tese. Isso é considerado autoplágio?
Aqui também há um problema adicional de violação de direitos autorais, se no caso o periódico em que
for publicado o artigo não for de acesso aberto e a editora tiver o copyright.
No entanto, mesmo nesse caso, a situação não é muito clara, porque o autor poderia confiar nos termos
do “uso legítimo ou uso justo” (fair use).
Em geral, pode ser lícito publicar artigos a partir de uma tese, mas tem que constar no artigo.
E ao contrário, por exemplo, na Espanha, desde algum tempo, muitas universidades aceitam que os
doutorandos escrevam 3 ou 4 artigos em periódicos com Fator de Impacto no lugar da tese.
O Google Scholar reporta mais de 2.300 resultados sob o termo “autoplágio” e, apesar de muitas des-
sas obras referirem-se ao jornalismo free- lance, muitos outros se referem a essa prática no campo da
publicação acadêmica.
Identificar o “autoplágio” é muitas vezes difícil, porque a “reciclagem” do material é aceitável tanto do
ponto de vista legal (fair use) e com várias limitações também no campo da ética.
É comum que um pesquisador acadêmico reformule seu trabalho e o apresente para publicação em
periódicos acadêmicos e artigos jornalísticos para divulgar seu trabalho para o maior público possível,
com diferentes abordagens, mas isso também tem limitações.
Uma das funções do processo de revisão editorial consiste em evitar este tipo de “reciclagem”.
Deve ser feita aqui uma distinção entre periódicos acadêmicos e artigos jornalísticos, porque, em geral,
não há limite ético para a divulgação, por meio destes artigos, várias vezes a mesma informação.
Alguns autores também acreditam que podem se autoplagiar publicando seu artigo em outro idioma.
Isso, na verdade, é feito e é legítimo, por exemplo, com um romance, cedendo direitos autorais para
editoras de outros países, está completamente em desacordo com a ética científica original submetida
à revisão por pares.
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PRINCÍPIOS ÉTICOS E RESPONSABILIDADES
A área acadêmica onde o problema é mais importante, possivelmente seja as ciências médicas, onde
competem múltiplos interesses, o paradigma publish or perish e o impacto das citações, ou seja, a
disseminação dos resultados no maior âmbito possível.
Por exemplo, o resultado de um estudo clínico publicado em vários locais poderia atrair mais citações
no agregado estatístico e daria “mais força” às conclusões do experimento.
Logo, são republicados em outros países, e também em seções ou capítulos de trabalhos maiores.
Este problema, que poderia ser apenas ético em periódicos de matemática ou filosofia, pode ser preju-
dicial em biomedicina.
Se o artigo é sobre a eficácia de um novo medicamento, essa estratégia pode servir para promover os
interesses acadêmicos e/ou comerciais de quem está por trás da pesquisa.
A publicação redundante dá ênfase exagerada à importância das descobertas dando aos leitores de-
savisados uma ideia superestimada da eficácia das intervenções ou dos ensaios clínicos.
Pamela Samuelson (1994), uma autora bem conhecida e especialista em direito na Universidade de
Berkeley, e promotora desde sempre do Creative Commons, do “fair use“² e do Acesso Aberto , aborda
a questão do autoplágio com mais parcimônia.
Samuelson enumera vários fatores que justificam o uso de trabalhos publicados anteriormente, e entre
esses casos destaca as seguintes situações:
O trabalho anterior é a base para uma nova contribuição apresentada no segundo trabalho;
Partes substanciais do trabalho prévio devem ser repetidas para explicar as novas evidências ou de-
fender novos argumentos;
O autor considera que o que ele disse da última vez está tão bem explicado, que não faz sentido colocá-
lo de outra forma na segunda publicação.
De todas as maneiras, Samuelson indica que a publicação salami é um grave desvio ético das práticas
aceitáveis e o considera má conduta de acordo com as normas de pesquisa científica e tecnológica.
De acordo com Samuelson, a “regra de ouro” (rule of thumb) poderia ser que até 30% de autoplágio
seria aceitável, mas que isso pode variar em diferentes disciplinas, no entanto, não seria possível es-
tabelecer um limite máximo em termos legais, pois se trata de uma “zona cinzenta”.
Uma posição radical e divergente é apresentada por Andrea Lunsford, ilustre professora e vice-diretora
do Departamento de Inglês da The Ohio State University.
Do seu ponto de vista pós-moderna e da área de ciências humanas, considera que o conceito de plágio
e os direitos autorais são “construções” ou objetos conceituais, historicamente novos de um intrincado
sistema de propriedade intelectual e da economia capitalista, que estão profundamente entrelaçados
no conceito de plágio, e, em seguida, a partir desta nova definição, conduz a diferentes avaliações.
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PRINCÍPIOS ÉTICOS E RESPONSABILIDADES
Periódicos acadêmicos têm códigos de ética, que em alguns casos referem-se especificamente ao
autoplágio, no entanto outras o mencionam de forma marginal, e outros ainda não o consideram dire-
tamente, pois o assumem dentro do plágio em geral (o que não é preciso).
Os exemplos a seguir foram tomados a partir das publicações do iThenticate listadas nas referências:
The MLA Style Manual and Guide to Scholarly Publishing (1998), dá ao termo “autoplágio” um trata-
mento superfícial.
The Publication Manual of the American Psychological Association (APA) não usa o termo “autoplágio”,
até sua 5ª edição, inclusive o termo aparece pela primeira vez na 6ª edição por duas vezes.
Entretanto, a sessão “Ethics of Scientific Publication”, contém uma análise detalhada da “publicação
duplicada de dados”.
O Journal of International Business Studies, bem como a Association for Computing Machinery (ACM)
criaram políticas específicas para o tema.
The American Political Science Association (APSA), seu código de ética descreve o plágio, mas ne-
nhuma referência ao autoplágio.
El Profesional de la Información (EPI)⁵, não aceita artigos cuja originalidade seja menor do que 70%,
conforme a tendência atual de todos os periódicos em ser mais rigorosos ao aceitarem artigos.
A questão do autoplágio está se tornando mais comum, e, em algumas áreas, especialmente nos pe-
riódicos de ciência, tecnologia e medicina (STM), como biomedicina, tem havido uma tendência cres-
cente no autoplágio.
De acordo com Miguel Roig (citado em Scanlon 2007), a quantidade de texto reciclado que pode ser
aceito para publicação acadêmica não foi adequadamente tratada na literatura e, de todas as formas
de autoplágio, a reciclagem é a mais problemática pois há poucas diretrizes pertinentes.
Miguel Roig (2002, 2005, 2010) , oferece em seu trabalho um conjunto de orientações para que os
autores evitem autoplágio.
Alguns de seus principais pontos estão listados abaixo, e o autor sugere que as políticas devam ser
explicitadas nas instruções aos autores dos periódicos.
O autor deve indicar no manuscrito se os dados, revisões e conclusões já foram publicados em outro
artigo ou apresentação de conferência, tese, ou pela Internet, e explicar a natureza da divulgação an-
terior.
Se um estudo é complexo, deve ser apresentado em um trabalho abrangente e não dividido em traba-
lhos individuais (salami).
Evitar extensas citações ou paráfrases de aspectos-chave do trabalho ou livros, que ainda poderiam
ser consideradas uma violação das leis de direitos autorais.
Se forem necessárias, devem ser consistentes com as convenções acadêmicas de estilo, como o uso
de aspas ou formulários tipográficos e editoriais para destacar a paráfrase (fonte, recuo, etc).
Ou seja, o “autoplágio” não pode exceder 20 ou 30% do novo trabalho (dependendo da disciplina) e
essa regra deve ser indicada nas instruções aos autores publicadas explicitamente nos periódicos.
As organizações, autores e pesquisadores individuais devem tomar medidas preventivas em seus pro-
cessos de escrita e edição, incluindo o uso da tecnologia para ajudar a detectar o potencial de autoplá-
gio antes de apresentar seu trabalho para publicação.
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TENDÊNCIAS DO MERCADO EDITORIAL
O editorial é um texto argumentativo que tem como função apresentar a opinião de um determinado
veículo de comunicação acerca de algum tema.
Assim, ele é um texto constante no universo jornalístico, seja em veículos de mídia impressos, digi-
tais ou audiovisuais.
Por se tratar de um texto essencialmente argumentativo, ele possui a estrutura básica de outros
textos, com a diferença de que não é assinado, justamente por apresentar uma opinião institucional.
Além disso, o editoral é predominantemente um texto argumentativo. Nesses termos, ele apresenta
a seguinte estrutura:
Desenvolvimento: Nessa parte, o editorial deve apresentar argumentos em defesa de seu ponto de
vista. É a parte mais extensa do texto e a que exige mais atenção.
Conclusão: Trata-se do encerramento, com uma breve retomada da tese e fechamento dos princi-
pais tópicos apontados no texto.
É importante ressaltar que o editorial jamais é assinado por uma pessoa, visto que ele representa a
opinião do veículo de comunicação como um todo.
Nesse sentido, ele se difere de outros gêneros argumentativos do meio jornalístico em que constam
a assinatura/autoria, como é o caso do artigo de opinião e a crônica argumentativa.
Ele serve para que a instituição “firme posição” em um tema de grande relevância e que muitas vezes
é cobrado pela audiência.
Em seguida, os argumentos precisam ser pensados de maneira minuciosa, visto que qualquer equí-
voco pode gerar descontentamento do público.
Durante o processo de produção escrita, é preciso estar atento aos seguintes pontos:
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TENDÊNCIAS DO MERCADO EDITORIAL
Escrever de maneira concisa e sem rodeios, indo direto ao ponto e deixando claro à audiência a opinião
da instituição sobre o assunto.
Além disso, ele usa uma linguagem clara e direta, visando um leitor “universal”, fazendo uso da
norma-padrão e desenvolvendo argumentos acerca de uma tese/ponto de vista.
Assuntos que estão em alta na sociedade estão apresentando melhor desempenho comercial em livra-
rias pelo país.
Temas como diversidade, inclusão, sustentabilidade e meio ambiente têm ganhado destaque.
Além disso, as editoras estão investindo em tecnologias ecologicamente corretas para a confecção
dos livros.
Cada vez mais, autores nacionais estão buscando plataformas independentes para publicar suas
obras.
Assim, eles evitam as barreiras das editoras que podem dificultar a publicação de autores menos co-
nhecidos dos consumidores.
Comparando com o mesmo período do ano anterior, houve um aumento tanto no preço dos livros
quanto no volume de vendas, destacando a resiliência do setor em meio à crise econômica.
De acordo com a pesquisa, o preço médio dos livros subiu 5,3% em relação a 2022, enquanto as
vendas cresceram 4,2% no mesmo período.
Esse desempenho pode ser atribuído, em parte, às tendências e novidades do mercado editorial.
As editoras têm se adaptado às novas demandas dos leitores, oferecendo produtos diferenciados e de
qualidade, além de investirem no marketing digital e parcerias com influenciadores.
Outro fator para o sucesso do setor editorial é a escolha de uma editora confiável na hora de publicar
um livro.
Em tempos de crise, a escolha correta da editora pode ser determinante para o sucesso de um autor.
A editora deve ser comprometida com a qualidade editorial, apresentando um catálogo consistente e
investindo em profissionais qualificados para revisão, diagramação e divulgação das obras.
É essencial que as editoras estejam atualizadas com as tendências e novidades do mercado, para que
possam se adaptar às mudanças e continuar a oferecer produtos de qualidade.
A pesquisa da Folha de S. Paulo também revelou um aumento na participação das vendas digitais no
mercado editorial, com um crescimento de 8,1% em relação a 2022.
Esse dado indica a importância de as editoras estarem atentas às mudanças nos hábitos de consumo
dos leitores e investirem em plataformas digitais, como e-books e audiobooks.
"O mercado editorial está em constante evolução, buscando se adaptar às mudanças na sociedade e
no comportamento dos leitores.
Cada dia mais, o mercado editorial tem se voltado para a publicação de obras que abordem temas
relacionados à diversidade e inclusão.
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TENDÊNCIAS DO MERCADO EDITORIAL
Nos próximos anos, espera-se que essa tendência se consolide, com um maior número de livros abor-
dando questões de gênero, raça, orientação sexual, deficiência e outras formas de diversidade.
A preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade é uma tendência global que também se
reflete no mercado editorial.
Editoras têm buscado utilizar materiais ecologicamente corretos na produção de livros, além de adotar
práticas sustentáveis em seus processos internos.
Obras que abordem temas ambientais e de sustentabilidade deverão ganhar destaque no mercado.
O crescimento do mercado digital e as vendas de e-books e audiobooks têm aumentado nos últimos
anos e essa tendência deve continuar nos próximos anos.
Novas tecnologias e plataformas podem surgir, proporcionando uma experiência de leitura ainda mais
imersiva e personalizada para os leitores.
As editoras precisam estar atentas a essa tendência e investir em plataformas digitais que atendam às
demandas do público.
O marketing digital tem se tornado mais importante no mercado editorial a cada ano, e uma das estra-
tégias em alta é a parceria com influenciadores digitais
. Nos próximos anos, a colaboração entre editoras e influenciadores deve se intensificar, com o objetivo
de promover livros e alcançar um público maior e mais diversificado.
A autopublicação tem ganhado espaço no mercado editorial, possibilitando que autores independentes
publiquem suas obras sem a necessidade de passar pelo crivo das editoras tradicionais.
Nos próximos anos, espera-se que essa tendência se fortaleça, com a consolidação de plataformas de
autopublicação e o surgimento de novos talentos literários.
O interesse por narrativas de não ficção, especialmente biografias, memórias e ensaios, tem crescido
nos últimos anos.
Nos próximos anos, essa tendência deve continuar, com um número maior de obras de não ficção
sendo lançadas, abordando temas atuais e relevantes para o público.
A busca por conhecimento e histórias reais pode impulsionar essa categoria no mercado editorial.
Com o crescimento do mercado digital, pode-se observar também uma tendência de livros que combi-
nam elementos híbridos (impresso e digital).
Nos próximos anos, espera-se que essa tendência se fortaleça, com mais livros físicos incluindo recur-
sos digitais, como QR codes, que levam a conteúdos complementares online.
Os clubes de leitura e assinaturas de livros têm ganhado popularidade e prometem continuar em alta
nos próximos anos.
Essa tendência permite aos leitores ter acesso a uma curadoria de obras e facilita a descoberta de
novos autores e gêneros.
Além disso, os clubes de leitura e assinaturas podem ajudar a fortalecer a comunidade de leitores e
incentivar o hábito da leitura.
digitalização do conhecimento
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TENDÊNCIAS DO MERCADO EDITORIAL
O documento digital é, sem sombra de dúvidas, a melhor instância documental. Isso porque carrega
todos os atributos positivos do documento autêntico manual, sem contar com as vulnerabilidades das
versões materiais. Agora, entenda mais sobre o tema!
Origem
Tecnicamente, um documento digital já “nasce” no ambiente digital. Isso quer dizer que o contrato,
acordo, certificação ou termo foi criado em uma instância eletrônica. Por isso, é autêntico. Em contra-
partida, o documento digitalizado é, como sugere o nome, a digitalização de um material impresso.
Validade jurídica
O Direito é bastante enfático no trato de documentos. O que é autêntico, é reconhecido. O que é copi-
ado, não. Por exemplo, imagine que você firmou um contrato com uma provedora de internet, mas só
recebeu uma versão escaneada do suposto físico e nunca chegou a assiná-lo. Logo aqui, é possível
reconhecer várias irregularidades na atuação dessa empresa hipotética. O ponto em que queremos
chegar é que um contrato escaneado é uma fotocópia de uma versão impressa em PDF. Portanto, não
carrega a mesma validade jurídica de um documento digital e eletronicamente assinado. Isso porque a
justiça aceita apenas o documento original. Nesse caso, o original é a versão em papel. Entre as várias
ferramentas que permitem a assinatura eletrônica de um documento, destacamos o DocuSign eSigna-
ture. Ela permite que você assine em qualquer lugar um documento eletrônico com total validade jurí-
dica e de forma bem simples pelo seu celular. Os documentos assinados com a nossa plataforma
garantem todo o teor jurídico necessário para a defesa dos seus direitos. Por isso, os documentos
digitais são a melhor solução de autenticação na era moderna, pois combinam a autenticidade dos
documentos físicos com a versatilidade da autenticação remota.
No mundo atual, a busca pela maior facilidade e segurança dos documentos em formato digital é cres-
cente. Afinal, quem não gostaria de eliminar a montanha de papelada acumulada? Com isso, surge a
necessidade de entender como converter documentos físicos em digitais mantendo sua validade jurí-
dica.
acesse a DocuSign: com o seu documento em formato digital, acesse o site ou aplicativo da DocuSign.
Se ainda não tiver uma conta, será necessário criar uma. O processo é simples e intuitivo;
carregue o documento: uma vez na plataforma, procure a opção para carregar seu documento. Com
isso, o sistema guiará você pelo processo de adicionar campos de assinatura e detalhes relevantes;
finalize e compartilhe: após assinar, finalize e compartilhe seu documento. A plataforma permite enviar
diretamente para as partes interessadas ou salvar em seu dispositivo.
Conclusão? O processo é mais simples do que parece. Com a ferramenta certa e um guia claro, con-
verter documentos para o formato digital e garantir sua validade jurídica se torna uma tarefa descom-
plicada. E a DocuSign, ao longo dos anos, provou ser uma parceira confiável nessa jornada.
Existem muitos benefícios de optar pelos documentos eletrônicos criados em base digital, inclusive,
para o mercado varejista. Veja quais são os principais!
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TENDÊNCIAS DO MERCADO EDITORIAL
Os arquivos são fáceis de localizar, organizar e armazenar. Ao usar serviços em nuvem, por exemplo,
você pode editá-los e verificá-los a partir de qualquer dispositivo com internet.
Agilidade e praticidade
O fluxo de trabalho se torna mais produtivo, já que as respostas podem ser encontradas com facilidade,
o que otimiza o atendimento ao cliente.
Os documentos digitais ficam armazenados na nuvem. Isso faz com que uma possível perda seja quase
impossível.
Redução de custos
Os gastos para garantir a validade dos documentos digitais é significativamente menor do que a elabo-
ração de contratos e outros arquivos físicos. O armazenamento também é mais econômico, além de
se obter vantagens em todos os processos que os utilizam.
Otimização do tempo
A empresa deixa de perder tempo com certas atividades, como a gestão de contratos. Com isso, há
ganhos de produtividade e foco em tarefas estratégicas.
Os documentos impressos são nocivos ao meio ambiente. Com os digitais, isso não acontece. Tudo
fica no sistema e está disponível sem exigir uso de tinta, papel e outros materiais.
Backup inteligente
As edições e as modificações do arquivo são totalmente registradas nos documentos digitais quando
armazenados em um sistema de computação em nuvem. Isso garante a autenticidade e ainda permite
visualizar quem fez as alterações, caso seja necessário.
Por fim, vale explicar como nós, DocuSign, podemos solucionar esse dilema para você e sua empresa.
Somos a principal referência global em autenticação eletrônica e gestão de contratos.
Atendemos as maiores empresas do mundo, além de mais de 800 agências governamentais que con-
fiam em nós para a segurança e a agilidade de seus contratos. Atualmente, oferecemos uma gigantesca
suíte de aplicações e funcionalidades, como:
assinatura eletrônica;
identificações;
coleta de pagamentos;
Além disso, temos tudo que você precisa para alavancar e proteger as suas decisões com eficiência,
validade e segurança.
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COMUNICAÇÃO CIENTIFICA
Comunicação Cientifica
Nos tempos antigos, as ideias científicas eram reunidas em manuscritos que eram, então, compilados
como livros, por filósofos como Aristóteles, Ptolomeu, Euclides, Galeno e muitos outros.
Estes manuscritos, através da civilização árabe, foram preservados e transmitidos até que reapare-
cem na Europa no final da Idade Média, quando surgem as primeiras universidades: Universidade de
Bolonha, Itália (1088), Universidade de Oxford, Reino Unido (1096), Universidade de Salamanca, Es-
panha (1218), Universidade de Pádua, Itália (1222), e um longo etc.
A proliferação de cursos universitários criou a demanda por livros e, chegando a meados do século
XV, graças à invenção dos tipos móveis de Gutenberg, o sistema de produção de livros se transfor-
mou, facilitando a comunicação científica em suportes duráveis e econômicos. Como consequência
desta nova tecnologia, há uma revolução no processo de armazenamento, disseminação e recupera-
ção da informação.
Dos gregos antigos ao Renascimento, os livros eram o principal meio de conservar e disseminar a ci-
ência. Também tem sido uma constante que, ao longo da história, as novas tecnologias sempre con-
tribuíram para expandir o acesso à informação, respondendo a novas necessidades e abrindo novos
caminhos.
Em meados do século XVII, a troca epistolar tornou-se o mecanismo mais utilizado para comunicar os
resultados de pesquisa entre os pares como escritas por Copérnico, Galileu, Kepler e muitos outros
que fizeram uso desse meio de comunicação.
Foi então que as sociedades científicas incipientes, como a Royal Society de Londres, começaram a
patrocinar este meio de troca de informação e para anunciar descobertas. A formalização destes pro-
cedimentos de correspondência resultou no nascimento dos dois primeiros periódicos científicos do
mundo: o Journal des Sçavans(Paris), em janeiro de 1665, e três meses depois, o Philosophical Tran-
sactions, da Royal Society of London.
Estes periódicos, seguidos de muitos outros depois, construíram a memória da ciência e a divulgação
dos resultados. Eram instrumentos de comunicação apropriados porque cumpriam com as seguintes
funções:
Os periódicos, juntamente com os livros, cobriram em grande parte estas necessidades durante todos
os séculos da Idade Moderna e os primórdios da Era Contemporânea, até que depois da Segunda
Guerra Mundial, o mundo mudou. Em todos os seus aspectos, inclusive no modo de perceber e co-
municar a ciência.
Foi na década de 1960 que as análises de William Garvey e Berver Griffiith descreveram um modelo
geral do fluxo de informação científica nas diversas áreas do conhecimento.
De acordo com esse modelo, a comunicação científica passa por vários estágios intermediários, co-
meçando com relatórios preliminares, depois encontros em reuniões científicas, publicação em anais
de congressos, às vezes preprints, para finalmente serem publicados nos meios formais.
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COMUNICAÇÃO CIENTIFICA
Com o surgimento das mídias eletrônicas, no final do século passado, uma nova cultura é gerada, fo-
mentada por tecnologias e redes digitais, com um grande florescimento de comunicações informais
entre os pares cientistas. É aqui, então, nas redes informais, onde se produziram as principais mu-
danças na comunicação entre os cientistas.
Esse sistema hiperconectado que permite feedback contínuo sublinha claramente uma das caracte-
rísticas da ciência, de que o conhecimento científico é temporário, se revisa constantemente e, como
resultado, aumenta a memória coletiva tanto da mídia formal quanto da informal.
Desde seu início histórico, há quase mil anos, as universidades têm sido atores fundamentais na co-
municação científica, seja pela publicação de periódicos acadêmicos ou pela publicação de livros. Em
particular, a produção de livros pelas editoras universitárias vai além da missão de disseminar um
produto e a socialização do conhecimento.
No processo de edição, a universidade incorpora valores estéticos, acadêmicos e sociais em seus li-
vros, graças ao fato de passar por um processo de avaliação por pares perante um conselho editorial.
Esse é um importante valor agregado oferecido pelos livros produzidos por instituições acadêmicas.
É por isso que a questão é pertinente: as editoras de livros universitários estão alinhadas com o novo
modo de produzir ciência? Nos referimos à Ciência Aberta, à Gestão de Dados, à disponibilidade de
repositórios de preprints, à definição de políticas para reuso de dados, à transparência e à aceleração
da divulgação dos resultados.
Vamos pensar que as editoras universitárias estão publicando seus livros sob políticas que refletem o
modelo emergente de disseminação da ciência com as seguintes características:
Divulgar a informação publicada nos livros também online, através de blogs, redes sociais, wikis, etc.;
Publicar livros sob diferentes licenças de direitos autorais, como as licenças Creative Commons, ou
disponibilizá-los em domínio público, etc.
Vamos fazer uma pausa para refletir sobre as formas de comunicação científica produzidas pelas uni-
versidades, seja por meio de periódicos ou de livros:
As ciências naturais exigem um modelo dinâmico e conciso, e é por isso que elas usam principal-
mente periódicos;
As ciências sociais e humanas publicam preferencialmente em livros porque precisam de uma apre-
sentação textual mais extensa;
Mas também, no momento da publicação, pesam os critérios das agências de fomento e das institui-
ções às quais os pesquisadores estão vinculados.
Os periódicos tornaram-se canais de maior prestígio em relação aos livros para fins de avaliação em
um sistema de recompensas, porque, diferentemente dos periódicos, alguns padrões de avaliação
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COMUNICAÇÃO CIENTIFICA
(visibilidade, impacto, citações) não foram suficientemente adotados e adaptados o mundo editorial
dos livros. Esta é uma desvantagem e deveria ser assistida.
É uma necessidade imediata promover editoras de livros universitários que incorporem padrões inter-
nacionais em sua produção, como os seguintes:
Reformulação do modelo de negócio para incluir a publicação de livros em mídia eletrônica, sob no-
vas licenças de autor;
Promover e facilitar a indexação de textos completos, cuja importância se reflete no aumento do uso
e impacto das citações;
Adotar o uso de identificadores persistentes para livros e seus autores (DOI, ISNI, ORCID, etc.).
Esta é apenas uma lista básica e preliminar, certamente incompleta, mas o assunto é muito impor-
tante para a Rede SciELO Livros, pois “a grande maioria das universidades e institutos de pesquisa e
desenvolvimento e uma minoria de sociedades científicas e associações profissionais dos países da
Rede SciELO operam editoras que além dos livros de texto e de divulgação científica publicam obras
que comunicam resultados de pesquisas.
Ao mesmo tempo, os sistemas nacionais de avaliação da produção científica contam com metodolo-
gias ou sistemas de avaliação de livros complementando os de periódicos. Em menor escala que os
periódicos, a publicação de livros acadêmicos é também parte integral das infraestruturas de pes-
quisa”.
A atividade científica é descrita por Pellegrini Filho10 (2000) em três processos básicos: produção
(pesquisa), circulação e incorporação do conhecimento. O autor destaca que esses processos "estão
imersos em uma totalidade social à qual influenciam; por sua vez, também são influenciados, princi-
palmente através de instâncias mediadoras como as de financiamento, formação de recursos huma-
nos, legitimação, legislação e normas, canais de disseminação e comunicação de informação, estru-
tura dos sistemas de saúde etc."
Segundo Castells, a Internet e a Web influenciaram as transformações sociais, gerando uma socie-
dade na qual a informação pode ser produzida e armazenada em diferentes espaços e acessada por
usuários distantes geograficamente, facilitando o desenvolvimento de pesquisas e a preparação de
trabalhos em redes de colaboração. O processo de globalização no século XXI teve maior desenvolvi-
mento quando os indivíduos perceberam a capacidade de colaboração em redes no âmbito mundial,
utilizando amplamente os recursos tecnológicos existentes.
Targino11 (2003) ressaltou que "as aplicações tecnológicas no processo de comunicação acarretaram,
sempre, novas formas de relações sociais e práticas culturais, a começar pela escrita, que propiciou a
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COMUNICAÇÃO CIENTIFICA
O desenvolvimento das redes de comunicação, por meio da Internet e do correio eletrônico, permitiu
maior participação social dos indivíduos nos processos de decisão política; gestão participativa nas
empresas e instituições; formação de grupos de colaboração para a realização de atividades, dentre
outras.3
O fluxo da comunicação científica tradicional, baseado em etapas sucessivas e dependentes entre si,
com longos períodos de tempo entre cada instância, passa a ser realizado, no espaço virtual, sem im-
posições temporais e de espaço físico. A dinâmica de transmissão de informação e de publicação na
Internet permite que as ações se sucedam concomitantemente, e não mais em intervalos regulares.
A publicação eletrônica, uma das principais manifestações do impacto da Internet e das novas tecno-
logias na comunicação científica, está frequentemente relacionada às revistas científicas, mas se es-
tende também a outras formas de comunicação formal, como livros, publicações governamentais, te-
ses, e de comunicação científica informal, como apresentações em congressos.
Muitas das iniciativas de utilização de novas tecnologias para a disseminação do conhecimento cien-
tífico têm sido desenvolvidas na área da saúde. Na América Latina, a estratégia da Biblioteca Virtual
em Saúde (BVS)1 tem contribuído para a reestruturação do fluxo da comunicação científica e tem por
objetivo promover a convergência dos diferentes atores, num único espaço virtual de domínio público.
A utilização de novas metodologias e tecnologias de informação na BVS tem permitido a expansão e
consolidação de um espaço coletivo, onde são experimentadas formas descentralizadas e interativas
de organização e tratamento da informação. A BVS "expande também a natureza das redes de fluxos
e fontes de informação em seu espaço, incluindo, agora, os domínios de informação e conhecimento
científico, técnico, factual e tácito" (Packer,9 2005).
O fluxo da comunicação científica tradicional reflete o modelo de publicação impressa e pode ser des-
crito esquematicamente em cinco etapas: redação, revisão, publicação, indexação e disseminação.
Essas etapas podem ser subdivididas em instâncias intermediárias, correspondendo a diferentes es-
quemas de classificação.
No fluxo tradicional, as etapas são sequenciais, dependentes no tempo e no espaço, com a participa-
ção de diferentes atores, não conectados entre si. Os resultados de cada etapa são comunicados por
meio de documentos impressos, transportados fisicamente de uma instância a outra.
Na etapa seguinte, conhecida como revisão por pares, outros membros da comunidade científica, es-
pecialistas no tema desenvolvido pelo autor, comentam e validam os trabalhos submetidos para publi-
cação. Esse processo de revisão por pares é lento, baseado na submissão de manuscritos digitados
em folhas de papel e dependente de expedição por meios tradicionais, como os correios postais.
Os trabalhos submetidos à aprovação dos comitês editoriais de revistas ou editoras podem retornar
ao autor quantas vezes forem necessárias para sua aprovação. Os manuscritos passam ainda por
revisão de linguagem científica e adequação aos padrões para publicação. Como se pode deduzir,
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COMUNICAÇÃO CIENTIFICA
esse processo pode levar meses ou anos, até que o trabalho seja publicado, envolvendo vários mem-
bros da comunidade científica.
Os trabalhos aprovados seguem para a etapa de publicação, na qual atuam profissionais da área de
editoração, que processam textos e imagens. Após a publicação, os documentos são distribuídos ou
adquiridos por usuários e instituições e/ou processados e registrados em bases de dados de institui-
ções intermediárias no fluxo da comunicação científica, como as bibliotecas e centros de informação.
O acesso a essas bases de dados é restrito e muitas vezes requer solicitações formais às bibliotecas
ou às instituições produtoras de bases de dados. Igualmente, a obtenção das publicações recupera-
das depende da disponibilidade física dos documentos nas coleções de bibliotecas, nem sempre pró-
ximas ou acessíveis aos usuários.
A disseminação é feita em forma impressa ou por serviços de consulta a bases de dados bibliográfi-
cas. O acesso remoto a bases de dados foi iniciado na década de 1970, utilizando terminais remotos,
conectados por teleprocessamento. Nessa mesma época, foram criados serviços de disseminação
seletiva de informação, utilizando-se das bibliografias e bases de dados, em formato impresso ou au-
tomatizado, como meio de aumentar a visibilidade das publicações científicas.
A estrutura do fluxo tradicional da comunicação científica traz uma série de limitações que restringem
o acesso aos documentos publicados. Dentre as principais limitações destacam-se: o tempo entre
preparação dos manuscritos, aprovação, edição, impressão e distribuição, que leva de meses a anos,
dependendo da gestão desse fluxo nas revistas científicas; as dificuldades de acesso e os custos de
distribuição das revistas impressas, restritas basicamente a coleções de bibliotecas, não acessíveis
durante todo o tempo e a todo público; o alto custo das assinaturas cobradas por editoras ou distribui-
doras privadas e até mesmo pelas sociedades científicas; a necessidade contínua de ampliação de
espaços para arquivamento das coleções impressas. Essas limitações atingem todos os países, so-
bretudo os em desenvolvimento.
Para superar essas limitações, desde as primeiras décadas do século XX, começaram a surgir pro-
postas para eliminar a publicação das revistas em fascículos, privilegiando a publicação de separatas.
Na área da saúde, o National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos, lançou o Information Ex-
change Group, com o objetivo de estimular o contato direto entre pesquisadores e o intercâmbio de
separatas de artigos não publicados pelo sistema formal de comunicação científica. Apesar dos resul-
tados positivos, essa iniciativa foi extinta em poucos anos por pressão das editoras comerciais.2 Esse
sistema pode ser considerado o precursor dos arquivos abertos, implantados somente após o ad-
vento da Internet.
Nas últimas décadas do século XX, a Internet alterou não apenas a dinâmica do fluxo da comunica-
ção científica, mas também o modo de fazer ciência, com a integração da comunidade científica com
outros setores da sociedade, atuando em redes transdisciplinares e heterogêneas de colaboração en-
tre instituições de natureza variada.
A evolução dessas redes de colaboração foi facilitada pelos avanços dos meios de comunicação e da
Internet. O processo de produção do conhecimento científico passou a ser não-linear, com participa-
ção de todos os interessados, desde o momento da concepção das pesquisas até a aplicação de
seus resultados, trazendo consequências tanto para as etapas de redação como de validação.
Esta última, antes restrita à comunidade científica, passa também a ser realizada pela comunidade
em geral, que pode verificar a confiabilidade dos resultados e as implicações sociais dos avanços de
pesquisas.
Assim, a evolução do fluxo da comunicação científica na era eletrônica vai além da publicação eletrô-
nica de documentos, incluindo a adoção de transformações nos padrões de comportamento da comu-
nidade científica e sua relação com a sociedade.
"Além da dimensão inovadora que a Internet aporta como tecnologia de meio de publicação, surge a
dimensão de caráter político que preconiza o conhecimento científico como bem público, indispensá-
vel para o desenvolvimento social e econômico" (Packer, 9 2005).
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COMUNICAÇÃO CIENTIFICA
O novo fluxo permite a convergência entre autores, revisores e editores (produtores da informação),
bibliotecas e centros de informação (intermediários) e usuários (leitores e pesquisadores) e estimula o
compartilhamento de idéias e experiências. A comunicação se dá por meio de mensagens e arquivos
digitais transferidos automaticamente de uma etapa a outra, que podem estar visíveis e acessíveis a
vários desses atores simultaneamente, independentemente de distâncias físicas.
Além de abrir novas possibilidades de interação, a publicação eletrônica acrescentou uma nova etapa
no fluxo da comunicação científica: o da geração de medidas e de indicadores para avaliação. A ava-
liação permeia todas as etapas: os autores podem acompanhar os indicadores do fluxo de aprovação
de seus trabalhos; os editores e revisores, os do fluxo de revisão por pares, gerenciando prazos de
maneira eficiente; os pesquisadores, editores e gestores, o número de acessos, comentários e cita-
ções recebidas e concedidas.
O trabalho em rede e as facilidades da publicação eletrônica permitem que os atores alternem os pa-
péis desempenhados nas várias etapas do fluxo de comunicação científica: os autores assumem fun-
ções das editoras quando publicam seus trabalhos em sites pessoais, arquivos abertos ou repositó-
rios institucionais, sem necessidade de intermediários; os editores tornam-se produtores de bases de
dados quando criam, nos sites das revistas, formas de acesso a campos específicos de dados (autor,
assunto, data e outros) em toda a coleção; os produtores de bases de dados atuam como provedores
de informação quando garantem o acesso aos textos completos, ao mesmo tempo em que promo-
vem links entre bases de dados, aumentando a visibilidade da produção científica.
"A revolução digital está oferecendo alternativas tanto para a condução das etapas no processo da
comunicação científica como para quem as executa", segundo relatório de simpósio promovido pela
Academia Nacional de Ciências (The National Academies) dos Estados Unidos.6
A publicação eletrônica de revistas científicas permite que os artigos estejam disponíveis imediata-
mente após aprovação pelos editores. Essa modalidade de publicação contribui para aumentar a visi-
bilidade dos resultados de pesquisa e diminuir o tempo entre a aprovação dos trabalhos e sua publi-
cação em formato impresso.
O artigo científico passa a ser uma unidade informacional independente, embora reunido posterior-
mente em fascículos, enquanto permanecerem vigentes os princípios tradicionais. Informações com-
plementares e versões em outros idiomas podem ser incluídas nos sites das revistas, constituindo va-
lor agregado à forma impressa. A publicação em papel e a organização em fascículos no novo fluxo
de comunicação científica passam a ser subprodutos do formato eletrônico.
O fluxo da comunicação científica foi também favorecido pela possibilidade de criação de espaços de
comunicação entre os cientistas, por meio de fóruns de discussão e comunidades virtuais, utilizados
desde o início das pesquisas até a redação dos trabalhos. Muitos editores abriram, nos sites das re-
vistas, espaços para discussão dos artigos pela comunidade científica.
O movimento de acesso aberto, iniciado em 2001, vem garantindo a publicação livre de documentos
em meio eletrônico, com a preservação de direitos autorais, desde que citadas as fontes. Nessa linha,
vêm se fortalecendo os repositórios de revistas de acesso livre e os arquivos abertos institucionais e
temáticos.
Segundo relatório da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, os editores têm permitido
que sejam auto-arquivados nesses repositórios artigos publicados em suas revistas, no formato final
do manuscrito aprovado, imediatamente ou após alguns meses, em função das políticas de acesso
das revistas onde foram publicados os artigos. Seguindo essa tendência, em maio de 2005, o NIH,
do Department of Health and Human Services, dos Estados Unidos lançou política segundo a qual
todos os autores que receberam financiamento total ou parcial do NIH e publicaram os resultados das
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COMUNICAÇÃO CIENTIFICA
pesquisas em revistas científicas, devem depositar uma cópia do manuscrito aprovado pelas revistas,
em sua biblioteca digital, o PubMed Central.
Nesse sentido, a BIREME vem desenvolvendo na BVS iniciativas de acesso aberto como a SciELO
- Scientific Electronic Library Online.5 Em setembro de 2005, promoveu debate que culminou na apro-
vação da "Declaração de Salvador sobre Acesso Aberto: a perspectiva dos países em desenvolvi-
mento",6 que insta aos governos a priorizar nas políticas científicas o fortalecimento das publicações
em acesso aberto, de repositórios e de outras iniciativas pertinentes, que contribuam para integrar a
produção dos países em desenvolvimento no escopo mundial do conhecimento.
As revistas científicas representam a forma mais visível de publicação eletrônica, embora o modelo
possa ser aplicado a todo tipo de documento bibliográfico. Na base LILACS,7 30% dos documentos
publicados nos últimos 10 anos estão disponíveis na Internet, dos quais 2% correspondem a outros
documentos que não são artigos de revistas.
A primeira revista científica eletrônica foi a Online Journal of Current Clinical Trials, publicada em
1992 pela OCLC - Online Computer Library Center, em Ohio, Estados Unidos, com textos completos
e gráficos. Em março de 2006, o Directory of Open Access Journals8 (DOAJ), coordenado pela rede
de bibliotecas da Lund University, na Suécia, registrava 2.160 revistas eletrônicas publicadas em
acesso aberto, das quais 595 permitem consulta por artigos. As revistas da área da saúde no DOAJ
são 312, dentre estas 77 de saúde pública. As revistas ibero-americanas das coleções SciELO estão
registradas no DOAJ.
A SciELO foi a primeira iniciativa de acesso aberto em países em desenvolvimento, iniciada em 1997,
no Brasil, com a publicação de dez títulos de revistas, quatro da área da saúde. Em maio de 2006, a
SciELO Brasil incluiu 160 títulos, 83 (52%) das ciências da saúde e também indexados na base de
dados LILACS. Em toda a rede de coleções SciELO, que abrange países da América Latina e Caribe,
Espanha e Portugal, há 167 títulos da área da saúde.
O Portal de Revistas Científicas da BVS registra cerca de 8.600 revistas científicas correntes da área
da saúde, das quais 50% estão disponíveis em formato eletrônico. Das 5.236 revistas indexadas na
base MEDLINE e registradas no Portal da BVS, 3.457 (66%) estão em formato eletrônico, em acesso
aberto ou controlado. No caso das revistas publicadas em países da América Latina e Caribe e inde-
xadas na base de dados LILACS, a percentagem de revistas eletrônicas passou de 18% em 2001
para 78% em 2006.
O aumento da visibilidade das revistas eletrônicas de saúde pública pode ser verificado pelos indica-
dores de acesso e de citações da SciELO. As revistas com maior índice de visitas na SciELO Brasil
são a Revista de Saúde Pública e a Cadernos de Saúde Pública, que respondem por 9% das consul-
tas à coleção.
Na coleção SciELO Saúde Pública, as revistas brasileiras além de serem as mais consultadas, são
também as mais citadas. Essa coleção especializada, 9 lançada em 1999, inclui oito títulos mais repre-
sentativos da área, publicados em seis países e indexados em bases de dados internacionais. O nú-
mero de consultas a revistas dessa coleção ultrapassou os dois milhões de acessos mensais em
2006.
Desafios e Perspectivas
As mudanças no fluxo de comunicação científica após o advento da Internet refletem uma profunda
revisão de valores culturais, sociais e econômicos ainda em processo. Além de exigir dos atores
adaptação constante às novas tecnologias, elas exigem a superação das resistências à transitorie-
dade e confiabilidade das versões eletrônicas, e aos padrões de comunicação acadêmica vigentes.
Como afirmam Oliveira & Noronha8 (2005), "para que a comunicação digital seja plenamente aceita
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COMUNICAÇÃO CIENTIFICA
pela comunidade científica devem ser discutidas e definidas questões que ainda não foram soluciona-
das como a garantia de autoria e de direitos autorais, permanência e validade da informação e políti-
cas de acesso por parte de editoras".
A publicação eletrônica foi anunciada como solução para problemas de metodologias e tecnologias
ultrapassadas no fluxo da comunicação científica, com a possibilidade de romper padrões das revis-
tas científicas impressas, existentes há quase 400 anos, ou até de extingui-las. Contudo, embora
existam atualmente inúmeras revistas eletrônicas, a publicação eletrônica continua reproduzindo ou
aprimorando padrões estabelecidos.
Em 1968, Lemos afirmava que no futuro o periódico seria substituído por outras mídias, como a gra-
vação de imagens e sons com relatos dos pesquisadores, mas esse nível de ousadia e criatividade
ainda é utilizado de forma experimental nas revistas científicas. Há poucas revistas totalmente eletrô-
nicas, ou que exploram as potencialidades da publicação eletrônica, promovendo a utilização de ima-
gens dinâmicas, sons e outros recursos multimídia, além de links entre o texto e fontes citadas.
O texto eletrônico poderia ser dinâmico, permitindo ao leitor percorrer os mesmos caminhos utilizados
pelos autores na preparação dos manuscritos ou no desenvolvimento das pesquisas, com conexão
irrestrita entre documentos e sites disponíveis na rede eletrônica. As citações no texto poderiam ser
substituídas pelo acesso ao documento original; a descrição de procedimentos, por imagens dinâmi-
cas ou vídeos; as entrevistas e debates, por mensagens gravadas em áudio e vídeo. A publicação
eletrônica não deveria ser uma réplica da impressa, mas ainda o é.
Nesse período de transição, padrões vêm sendo mantidos aparentemente de forma contraditória e
algumas questões permanecem sem resposta. Algumas revistas adotam a publicação de artigos on-
line imediatamente após aprovação, mas os publicam muito tempo depois na forma impressa. A pu-
blicação impressa torna-se cada vez mais um subproduto da publicação eletrônica e pode estar
sendo mantida neste caso, apenas para atender padrões do fluxo tradicional ou preservar os conteú-
dos em outro formato.
Pode-se argumentar que a manutenção da publicação impressa é necessária, pois o acesso à Inter-
net é privilégio de poucos e as publicações impressas podem chegar a comunidades ainda não inte-
gradas à rede mundial. Por outro lado, a distribuição de revistas científicas impressas também não
garante seu acesso em todas as comunidades.
Uma inovação introduzida pela revista Science é a publicação de versões em formato impresso, ele-
trônico e digital. A diferença entre a versão eletrônica e a digital é que a última é cópia exata da im-
pressa, com seções não disponíveis na versão eletrônica.
A publicação eletrônica trouxe perspectivas infinitas para promover mudanças na cultura da comuni-
cação científica. O acesso livre pela Internet contribui para a democratização e o acesso equitativo à
informação científica. A abertura de espaços de interação e convergência entre autores, editores e
usuários pode contribuir para a inserção de novos atores no fluxo de comunicação científica, promo-
vendo a utilização ampla de resultados de pesquisa científica.
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ORTOGRAFIA
Ortografia
Apesar de oficialmente sancionada, a ortografia não é mais do que uma tentativa de transcrever os
sons de uma determinada língua em símbolos escritos. Esta transcrição costuma se dar sempre por
aproximação e raramente está isenta de ambiguidades.
Um dos sistemas ortográficos mais complexos é o da língua japonesa, que usa uma combinação de
várias centenas de caracteres ideográficos, o kanji, de origem chinesa, dois silabários, kataka-
na e hiragana, e ainda o alfabeto latino (não se trata de alfabeto latino, mas sim a forma fonética de
representar os silabários) , a que dão o nome romaji.
Todas as palavras em japonês podem ser escritas em katakana, hiragana ou romaji. E a maioria de-
las também pode ser identificada por caracteres kanji. A escolha de um tipo de escrita depende de
vários fatores, nomeadamente o uso mais habitual, a facilidade de leitura ou até as opções estilísticas
de quem escreve.
Tipos
Ortografia fonética
Cada som corresponde a uma letra ou grupo de letras únicos e cada letra ou grupo de letras corres-
ponde a um único som.
Ortografia etimológica
Um mesmo som pode corresponder a diversas letras e cada letra ou grupo de letras pode correspon-
der a diversos sons, dependendo da história, da gramática e dos usos tradicionais.
Exceto o Alfabeto Fonético Internacional, que consegue fazer a transcrição para caracteres alfabéti-
cos de todos os sons, não há sistemas ortográficos pura e exclusivamente fonéticos.
No entanto, podemos dizer que são eminentemente fonéticas as ortografias das línguas búlgara, fin-
landesa, italiana, russa, turca, alemã e, até certo ponto, a da língua espanhola.
No caso particular do espanhol, podemos admitir que se trata de uma ortografia fonética em relação
ao espanhol padrão falado na Espanha, mas não tanto em relação aos falares latino-americanos, em
especial aos da Argentina e Cuba, nos quais nem sempre se verifica que cada som corresponde a
uma letra ou grupo de letras.
A ortografia atual do português é, também, mais fonética do que etimológica. No entanto, antes
da Reforma Ortográfica de 1911 em Portugal, a escrita oficialmente usada era marcadamente etimo-
lógica.
Escrevia-se, por exemplo, pharmacia, lyrio, orthographia, phleugma, diccionario, caravella, estylo e
prompto em vez dos actuais farmácia, lírio, ortografia, fleuma, dicionário, caravela, estilo e pronto. A
ortografia tradicional etimológica perdurou no Brasil até a década de 1930.
Um exemplo típico de ortografia etimológica é a escrita do inglês. Em inglês um grupo de letras (por
exemplo: ough) pode ter mais de quatro sons diferentes, dependendo da palavra onde está inserido.
É também a etimologia que rege a escrita da grande maioria das palavras no francês, onde um mes-
mo som pode ter até nove formas de escrita diferentes, caso das palavras homófonas au, aux,
haut, hauts, os, aulx, oh, eau, eaux.
Erros ortográficos
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ORTOGRAFIA
Paragrama
Um paragrama é um erro ortográfico que resulta da troca de uma letra por outra, como previlé-
gio (privilégio), visinho (vizinho), vizita (visita), meza (mesa) e outras.
Ortografia
A Ortografia estuda a correta forma de escrita das palavras de uma língua. Do grego "Ortho", que
quer dizer correto e "grafo", por sua vez, que significa escrita.
A ortografia se insere na Fonologia (estudo dos fonemas) e junto com a Morfologia e a Sintaxe são as
partes que compõem a gramática.
A ortografia é influenciada pela etimologia e fonologia das palavras. Além disso, são feitas conven-
ções entre os falantes de uma mesma língua que visam unificar a sua ortografia oficial. Trata-se dos
acordos ortográficos. O mais recente, data de 1990 e deve estar implementado no Brasil e em Portu-
gal no final de 2015.
Saiba mais sobre esse tema em: Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
O Alfabeto
A escrita é possível graças a sinais gráficos ordenados que transcrevem os sons da linguagem. Na
nossa cultura, esses sinais são as letras, cujo conjunto é chamado de alfabeto. A língua portuguesa
tem 26 letras, três das quais são usadas em casos especiais - K, W e Y.
Orientações Ortográficas
Uso do h
Exceção: A palavra Bahia quando se refere ao estado é uma exceção. O acidente geográfico baía é
grafado sem h.
Uso do x/ch
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ORTOGRAFIA
Exceção: O verbo encher escreve-se com ch. O mesmo acontece com as palavras que dele derivem:
enchente, encharcar, enchido.
bexiga bochecha
bruxa boliche
caxumba broche
elixir cachaça
faxina chuchu
graxa colcha
lagartixa fachada
mexerico mochila
xerife salsicha
xícara tocha
Uso do s/z
• Nos adjetivos terminados pelos sufixos -oso/-osa que indicam grande quantidade, estado ou cir-
cunstância: bondoso, feiosa, oleoso
• Nos sufixo -ês, -esa, - isa que indicam origem, título ou profissão: marquês, francesa, poetisa.
• Nos sufixos -ez/-eza que formam substantivos a partir de adjetivos: magro - magreza, belo - beleza,
grande - grandeza
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ORTOGRAFIA
alisar amizade
análise aprazível
atrás azar
através azia
aviso desprezo
gás giz
groselha prazer
invés rodízio
jus talvez
uso verniz
Uso do g/j
• Nas palavras que terminem em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: presságio, régio, litígio, relógio, refú-
gio
Observações:
1. A conjugação do verbo viajar no Presente do Subjuntivo escreve-se com j: (Que ) eles/elas viajem.
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ORTOGRAFIA
angélico anjinho
estrangeiro berinjela
gengibre cafajeste
geringonça gorjeta
gim jeito
gíria jiboia
ligeiro jiló
sargento laje
tangerina sarjeta
tigela traje
Para mais algumas orientações ortográficas veja também o artigo: Uso do Ç - Cedilha.
Parônimos e Homônimos
Há diferentes formas de escrita que existem, ou seja, são aceitas, mas cujo significado é diferente.
Assim, estamos diante de palavras parônimas quando as palavras são parecidas na grafia ou na
pronúncia, mas têm significados diferentes.
Exemplos:
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ORTOGRAFIA
Por outro lado, podemos estar diante de palavras homônimas quando as palavras têm a mesma
pronúncia, mas significados diferentes.
Exemplos:
Além das situações mencionadas acima e os casos de acentuação e pontuação - temas que se en-
quadram na Ortografia - há uma série de palavras e expressões que oferecem dificuldade: A baixo /
Abaixo, Onde / Aonde, Mas / Mais, entre tantas outras.
Exemplos:
Abaixo / A baixo
Olhou-me de cima a baixo com olhar de desaprovação. (relação com a expressão "de cima" ou "de
alto")
Onde / Aonde
Mas / Mais
Para saber mais leia também o artigo: Uso do Por que, Porquê, Por quê e Porque.
Para dirimir dificuldades com a ortografia, é preciso estar atento e se familiarizar com ela. Isso é pos-
sível somente através da leitura, da prática e mediante a consulta de um bom dicionário.
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ORTOGRAFIA
• Concurso do INSS
• Concurso da PRF e PF
• Concursos de Prefeitura
• Outros
É isso mesmo… Praticamente não importa qual concurso você faça, conhecer a Ortografia Oficial é
uma necessidade urgente!
Costumo dizer o seguinte: aprenda Língua Portuguesa, depois comece a estudar para concurso. E
para aprender a Língua Portuguesa, aprender a Ortografia Oficial é uma prioridade. É isso que vamos
fazer agora, juntos, aqui no Segredos de Concurso.
Ortografia Oficial, ou simplesmente Ortografia, é a parte da nossa gramática que se dedica a estudar
a escrita correta das palavras.
Sendo assim, praticar Ortografia é escrever corretamente, conhecer as regras gramaticais que tornam
a escrita de acordo com as regras da Língua Portuguesa, em nosso caso.
Quando falamos de “Ortografia Oficial” estamos nos referindo à Ortografia definida oficialmente no
Brasil como a correta.
Lembre-se que uma das bases de qualquer língua, inclusive a Língua Portuguesa, é o alfabeto, onde
estão definidos quais os sinais gráficos e quais os sons que cada sinal representa.
Uma curiosidade sobre a classificação de vogais e consoantes se refere ao uso das letras Y, K e W.
Quando utilizá-las no Português? Vejo muito concurseiro errando questões com pegadinhas desse
tipo. Mas a partir de agora você não erra mais. Veja as duas possibilidades para a utilização dessas
letras:
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ORTOGRAFIA
Se na parte de Ortografia Oficial do seu concurso for perguntado se qualquer substantivo comum
(iogurte, ilha, vale, cabelo, cansaço) pode ser escrito com Y, K ou W não faça a besteira de escrever
que sim.
Os Acentos
Quem nunca teve dúvida se uma palavra admite ou não acento? Esse é um dos principais erros nas
questões de Ortografia Oficial dos diversos concursos. Para entendermos melhor sobre acentuação,
é melhor saber para que serve a acentuação.
De maneira geral, a acentuação serve para modificar o som de alguma letra, fazendo com que pala-
vras de escrita semelhante tenham leituras diferentes e, portanto, significados diferentes. Assim, o
acento é utilizado para diferenciar SECRETÁRIA de SECRETARIA. BABA e BABÁ. MAGOA e MÁ-
GOA.
• ACENTO AGUDO: é representado por um traço voltado para a direita. É colocado sobre as vogais
indicando que a sílaba onde ele está é tônica (tem o som mais forte). O acento agudo faz com que a
vogal seja pronunciada de forma aberta. Exemplos: maré, jacaré, tórax, célebre.
• TIL: o til é representado por um traço sinuoso (um “S” deitado). Ele torna nasal o som das letras A e
O. Exemplos: canhão, interpõe, barão, constituição, leões.
• ACENTO GRAVE: o acento grave é semelhante ao agudo, só que virado para o lado esquerdo. Ele
indica a ocorrência de crase. Mas sobre isso vamos falar mais adiante, de maneira mais aprofundada.
Por enquanto, basta saber que o acento existe.
Você sabe utilizar os acentos adequadamente? Uma dica é falar a palavra mentalmente e tentar veri-
ficar se o som está de acordo com o significado e com o que está escrito.
Recapitulando: o acento agudo deixa o som da vogal mais aberto. O til faz com que o som fique ana-
salado. O circunflexo faz com que o som fique fechado.
É importante você estar atento dois conceitos importantíssimo, que tem feito muita gente boa cair em
cascas de banana nas questões de Ortografia Oficial. Você já ouviu falar em palavras parônimas e
homônimas? Entenda:
• PARÔNIMAS são palavras com pronúncia e grafia semelhantes mas significado diferente. Exem-
plos: deferir (acatar) e diferir (adiar); tráfico (comércio) e tráfego (trânsito); flagrante (evidente) e fra-
grante (aromático).
• HOMÔNIMAS são palavras que possuem a mesma pronúncia, mas significado diferente. Exemplos:
conserto (correção) e concerto (apresentação); são (do verbo ser e sadio); ser (verbo e substantivo).
Como gera muita confusão, esse é um tema bastante cobrado em questões de concurso. Fique aten-
to a ele.
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ORTOGRAFIA
A partir de agora vou abordar diretamente dúvidas comuns entre candidatos que têm dificuldade em
Ortografia Oficial. É hora de aprender, na prática, como escrever corretamente.
Antes disso, quero lhe pedir para deixar um comentário dizendo o que está achando deste artigo. Sua
opinião é fundamental para continuar publicando aqui.
Mal e Mau
Essa é uma das grandes dúvidas de quem escreve: devemos escrever “MAU” ou “MAL”?
Acho essa uma questão bem fácil de entender. “Mal” é o oposto de bem, e “mau” é o oposto de bom.
Para não errar, basta substituir “mau” ou “mal” por “bom” ou “bem”, e assim confirmar o correto uso
gramatical da palavra.
Esse é outro grande dilema entre os candidatos a concurso público: como saber o correto uso dos
porquês?
• Porque (junto e sem acento) – o “porque” é uma conjunção explicativa. É um substituto da palavra
“pois”. Então, quando couber essa substituição pode errar sem medo o “porque” junto e sem acento.
Exemplo: eu estou gripado porque tomei suco gelado.
• Por que (separado e sem acento) – o “por que” é utilizado no início de perguntas, ou como substi-
tuto de “o motivo pelo qual”. Exemplo (pergunta): por que você foi para o bar?. Outro exemplo (moti-
vo pelo qual): ninguém explicou por que nós brigamos.
• Porquê (junto e com acento) – “porquê” nada mais é que um substantivo. Ele vem acompanhado
de artigo, numeral, adjetivo ou pronome. Exemplo: ainda me pergunto o porquê desta multa.
• Por quê (separado e com acento) – É usado no final de frases interrogativas. Exemplo: você dei-
xou o livro no armário por quê?
Simplificando:
PORQUÊ – substantivo.
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ORTOGRAFIA
Uso do X e CH
Uma das dificuldades no aprendizado da Língua Portuguesa diz respeito à quantidade de excessões
existentes em relação a determinadas regras. O uso do “x” e do “ch”, por exemplo, traz essa dificul-
dade para os candidatos.
Mas podemos, de maneira geral, apontar as seguintes circunstâncias para o uso ou não uso dessas
estruturas na ortografia oficial:
• Costuma-se utilizar o “X” depois da sílaba inicial “me”. Exemplo: mexendo e mexicano.
• Costuma-se utilizar o “X” depois da sílaba inicial “en”. Exemplo: enxergar e enxugar.
• Costuma-se utilizar o “X” em palavras de origem indígena e africana. Exemplo: orixá e abacaxi.
Esses são os casos básicos onde você deverá usar o “x” no lugar do “ch”. Mas minha sugestão é que
você leia muito e assimile a grafia das palavras independentemente das regras. Vai lhe ajudar muito
mais na sua prova.
Uso da Crase
Quem nunca se viu em dúvida na utilização da crase em um texto? Vamos sanar agora as dúvidas
que você tem em relação a isso.
Antes de qualquer coisa você precisa saber que crase é a junção da preposição “a” com o artigo “a”.
Ela é marcada com o uso do acento grave (`) na letra “a”.
Para saber se devemos ou não usar a crase devemos analisar a palavra que vem antes e a palavra
que vem depois do “a”. Veja a frase:
Eu Fui à Escola
Nesse caso, o verbo “fui” exige uma preposição “a”. Já o substantivo “escola” exige um artigo “a”.
Para tirar a prova, basta substituir por uma palavra masculina. Se a frase fosse “Eu fui ao teatro” terí-
amos a preposição “a” mais o artigo “o”. Como não existe a palavra “aa”, usa-se a crase para desig-
nar essa junção entre a preposição e o artigo.
A crase também pode ser utilizada como a fusão das preposições “aquele” ou “aquela” com o artigo
“a”. Exemplo: devemos tudo àqueles homens.
O professor Pasquale, um dos grandes mestres da Língua Portuguesa, deu uma entrevista interes-
sante à BBC Brasil dizendo como identificarmos o correto uso da crase:
“Se você foi, você foi a algum lugar. O verbo ‘ir’ – ‘você foi’, verbo ‘ir’ -, no português tradicional, rege
a preposição “a”. Ir a algum lugar”, explica.
Ele mostra formas simples de perceber isso: “’Eu moro na Bahia’ – o que é ‘na’? Não é ‘em’ mais ‘a’?
‘Eu acabei de chegar da Bahia’. O que é ‘da’? ‘De’ mais ‘a’. É fácil perceber que Bahia pede artigo.”
Neste caso, ocorre a crase – a fusão – entre duas vogais: a preposição “a”, que sucede o verbo ir, se
junta com artigo “a”, que antecede o substantivo feminino Bahia, ocorrendo o acento grave.
O resultado é: “Você já foi à Bahia?” – o significa a mesma coisa que “Você já foi para a Bahia?”.
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ORTOGRAFIA
Mas se a pergunta fosse sobre Santa Catarina – “Você já foi a Santa Catarina?” -, não haveria fusão,
já que Santa Catarina não pede artigo – diz-se “Eu moro em Santa Catarina” e não “Eu moro na San-
ta Catarina”.
“Moral da história, esse ‘a’ de ‘Você já foi a Santa Catarina?’ não passa de uma preposição que não
se fundiu com nada”, explica Pasquale. “Esse ‘a’ não receberá acento por uma razão muito simples:
não houve fusão.”
Uso de S ou Z
Outra pedra no sapato é a confusão que muitos de nós fazemos quando vamos utilizar as letras “s” e
“z”.
• Utiliza-se o “s” nas palavras derivadas de outras que já apresentam “s” no radical. Exemplo: análi-
se/analisar, casa/casinha/casarão.
• Utiliza-se o “s” nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. Exemplo: por-
tuguesa, milanesa, burguesia.
• Utiliza-se o “s” nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa”. Exemplo: gostoso, catari-
nense, populoso, amorosa.
• Utiliza-se o “s” nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: catequese, glicose, poetisa.
A dúvida em torno do emprego do “s” ou do “z” novamente pode ser melhor compreendido a partir de
uma boa dose de leitura. Existem muitas regras, com muitas excessões, inviabilizando um conheci-
mento sistemático e seguro.
Uso de C, Ç, S ou SS
Aqui vai uma dica genial para quando você estiver no dilema de escrever “s” ou “ss”: nas palavras em
que empregamos apenas um “s”, ele aparece entre uma vogal e uma consoante. Exemplo: diversão,
ofensa.
Quando estamos falando de dois “ss”, eles vêm entre duas vogais. Exemplo: processo, passivo.
Uso de J e G
Vamos a outro ponto bem difícil de definir todas as regras, mas que podemos facilitar um pouco: o
uso de “j” e “g”.
• Usa-se “j” nas palavras de origem árabe, indígena, africana ou exótica. Exemplo: jiboia e acarajé.
• Usa-se “j” nos verbos terminados em “jar” ou “jear”. Exemplo: sujar e gorjear.
Aqui reafirmo o que disse antes: a leitura irá lhe ajudar a avançar no reconhecimento da correta escri-
ta da maioria das palavras.
Por mais que você tente, dificilmente irá memorizar as centenas de regras da Língua Portuguesa
(uma das mais difíceis do mundo).
A melhor forma de aprender a Ortografia Oficial é, realmente, cultivar o hábito da leitura. Assim você
vai assimilando a escrita das palavras no automático, nos contextos em que elas são empregadas.
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ORTOGRAFIA
Ter um vocabulário amplo irá lhe ajudar muito a acertar questões que lhe perguntem sobre o verda-
deiro uso das palavras na prova do seu concurso.
Não importa o que você leia, o importante é ler! Mas se você quer dicas de leituras “fortes”, ou seja,
que irão lhe desafiar e tornar você um craque em ortografia, tenho as dicas a seguir – livros comple-
tamente gratuitos de literatura brasileira:
Esses são clássicos da Língua Portuguesa, que farão toda a diferença para você! Se quiser ficar fora
da média, vale a pena enfrentar esses clássicos!
Mesmo sendo um bom leitor sempre bate aquela dúvida sobre a correta escrita de uma palavra. Co-
mo saber exatamente se a ortografia de uma palavra está de acordo com as normas?
Existe uma ferramenta pouco conhecida chamada “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa”, o
VOLP, da Academia Brasileira de Letras, que resolverá seu problema de conferência sobre a escrita
de qualquer palavra.
Quer mais notícias boas? Primeiro: o VOLP está disponível em aplicativo para celular –
Android e iOS. Segundo: também é possível mandar sua dúvida para a Academia Brasileira de Le-
tras.
Qualquer pergunta sobre ortografia ou outra área da língua portuguesa pode ser respondida por
eles. Veja aqui ABL Responde!
Fantástico!
Embora já esteja em vigor desde 2016, ainda tem muita gente sem saber direito o que significa e o
que mudou com o mais recente Acordo Ortográfico, que mudou regras da nossa Ortografia Oficial.
Veja aqui as regras de maneira objetiva e simples:
Mudança no alfabeto
• Antes: A B C D E F G H I J L M N O P Q R S T U V X Z
• Depois: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
Na prática, as letras “k”, “w” e “y” são usadas em várias situações, como na escrita de símbolos de
unidades de medida (Ex.: km, kg) e de palavras e nomes estrangeiros (Ex.: show, William).
Uso do trema
Não se usa mais o trema, exceto em nomes próprios estrangeiros ou derivados, como por exemplo:
Muller, mulleriano, Hubner, huberiano etc.
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ORTOGRAFIA
Acentuação
Perdem o acento os ditongos abertos “éi” e “ói” das palavras paroxítonas (palavras que têm acento
tônico na penúltima sílaba).
Perdem o acento o “i” e o “u” tônicos nas palavras paroxítonas, quando eles vierem depois de diton-
go.
1. Nas duplas: – pôde/pode Ex.: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode. – pôr/por
Ex.: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
2. No plural dos verbos ter e vir, assim como das correspondentes formas compostas (manter, deter,
reter, conter, convir, intervir, advir etc.). Ex.: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Obs: É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. Ex.: Qual é a
forma da fôrma do bolo? O circunflexo sai da palavra côa (do verbo coar).
Perde o acento o u tônico das formas verbais rizotônicas (com acento na raiz) nos grupos que e
qui/gue e gui.
Hífen
Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa com as letras r
ou s, que serão duplicadas.
Atenção: Mantém-se o hífen quando os prefixos hiper, inter e super se ligam a elementos iniciados
por r. Ex.: hiper-requisitado; inter-regional; super-resistente.
Usa-se o hífen quando o prefixo termina com a mesma vogal que inicia o segundo elemento.
• Antes: antiinflamatório
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ORTOGRAFIA
• Depois: anti-inflamatório
Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da que inicia o segundo elemento.
• Antes: auto-escola
• Depois: autoescola
Atenção: Não se usa o hífen com o prefixo co, ainda que o segundo elemento comece pela vogal o.
Ex.: coocupante, cooptar.
Não se usa hífen em palavras compostas que, pelo uso, passaram a formar uma unidade.
• Antes: manda-chuva
• Depois: mandachuva
Sempre que possível trago aqui no Segredos de Concurso questões de concursos para que você
possa treinar à vontade e perceber como os concursos cobram determinados assuntos. É o que va-
mos fazer agora com o conteúdo de Ortografia Oficial.
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PONTUAÇÃO
Pontuação
Como na fala temos o contato direto com nossos interlocutores, contamos também com nossos ges-
tos para tentar deixar claro aquilo que queremos dizer. Na escrita, porém, são os sinais de pontuação
que garantem a coesão e a coerência interna dos textos, bem como os efeitos de sentidos dos enun-
ciados.
Vejamos, a seguir, quais são os sinais de pontuação que nos auxiliam nos processos de escrita:
Ponto ( . )
b) Separar períodos:
c) Abreviar palavras:
Av. (Avenida)
p. (página)
Dr. (doutor)
Dois-pontos ( : )
O aluno respondeu:
– Parta agora!
Esse é o problema dos caixas eletrônicos: não tem ninguém para auxiliar os mais idosos.
Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja
infinito enquanto dure.”
Reticências ( ... )
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PONTUAÇÃO
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecí-
lia - José de Alencar)
Parênteses ( )
Isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo, datas e também podem substituir a vírgula
ou o travessão:
"Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois duma
grande tormenta no fim do verão.” (O milagre das chuvas no Nordeste- Graça Aranha)
Ponto de Exclamação ( ! )
Após vocativo
Cale-se!
c) Após interjeição:
Que pena!
Ponto de Interrogação ( ? )
Em perguntas diretas:
Vírgula ( , )
De todos os sinais de pontuação, a vírgula é aquele que desempenha o maior número de fun-
ções. Ela é utilizada para marcar uma pausa do enunciado e tem a finalidade de nos indicar que os
termos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam uma uni-
dade sintática. Por outro lado, quando há umarelação sintática entre termos da oração, não se pode
separá-los por meio de vírgula.
Antes de explicarmos quais são os casos em que devemos utilizar a vírgula, vamos explicar primeiro
os casos em que NÃO devemos usar a vírgula para separar os seguintes termos:
Sujeito de Predicado;
Objeto de Verbo;
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PONTUAÇÃO
Oração principal da Subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na
ordem inversa).
Os banqueiros estão cada vez mais ricos, e o povo, cada vez mais pobre.
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PONTUAÇÃO
2) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e” repete-se com o objetivo de enfatizaralguma ideia
(polissíndeto):
3) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e” assume valores distintos que não retratam sentido de
adição (adversidade, consequência, por exemplo):
b) Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações inicia-
das pela conjunção “e”:
"No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o
gancho." (O selvagem - José de Alencar)
Ponto e vírgula ( ; )
Utilizamos ponto e vírgula para separar os itens de uma sequência de outros itens:
O que dizer;
A quem dizer;
Como dizer;
Utilizamos ponto e vírgula para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coordena-
das nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
“O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente
vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde
moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o inferior um tanto tenso."
(O Visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)
Travessão ( — )
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PONTUAÇÃO
Aspas ( “ ” )
Isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões,
neologismos, arcaísmos e expressões populares:
“Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz
a mala”. (O prazer de viajar - Eça de Queirós)
FIQUE ATENTO!
Caso haja necessidade de destacar um termo que já está inserido em uma sentença destacada por
aspas, esse termo deve ser destacado com marcação simples ('), não dupla (").
Dispensam o uso da vírgula os termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem.
Observe:
Caso os termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem aparecerem repetidos, com a fina-
lidade de enfatizar a expressão, o uso da vírgula é, nesse caso, obrigatório.
Observe:
Não gosto nem do pai, nem do filho, nem do cachorro, nem do gato dele.
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CLASSES GRAMATICAIS
Classes Gramaticais
Palavras variáveis: são aquelas que mudam de acordo com o gênero (masculino ou feminino), o nú-
mero (singular ou plural), o grau (aumentativo ou diminutivo) ou o tempo (passado, presente ou futuro).
Substantivo
Os substantivos são palavras utilizadas para nomear seres, objetos, sentimentos, cores, entre outras
coisas. Costumam ser variáveis e são subdivididos em algumas categorias:
Comum: é o nome genérico que se dá a uma mesma categoria de seres ou de coisas. É escrito em
letra minúscula:
Concreto: é aquele cuja existência independe do pensamento de outro ser. Pode ser real ou imaginário,
no entanto apresenta existência própria.
“O portão é azul.”
Abstrato: é aquele cuja existência depende de outro ser concreto, sem o qual não é possível produzir
o substantivo abstrato.
Composto: possui mais de um radical, formando uma única palavra a partir da junção de mais de uma
palavra.
Primitivo: é o substantivo cujo nome não se origina de outro nome, ou seja, é sua própria origem.
Derivado: é o nome que tem origem (deriva) em outro substantivo, estando normalmente relacionado
a ele.
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CLASSES GRAMATICAIS
Coletivo: são nomes dados para um grupo muito grande de seres ou de objetos de uma mesma cate-
goria.
Artigo
O artigo é a palavra que costuma anteceder o substantivo, sendo adjunto adnominal. Varia em gênero
e número de acordo com o substantivo a que se refere. Pode ser classificado em:
Artigo indefinido: usado para indicar um ser ou coisa não específico e não mencionado anteriormente.
Adjetivo
O adjetivo é usado para caracterizar o substantivo, atribuindo qualidades a ele. É uma palavra variável
que concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere. Pode ainda variar em grau.
Locução adjetiva: ocorre quando há junção de uma preposição e um substantivo (ou equivalente) com
valor de adjetivo.
“Eu sou uma mulher de fibra.” (ou seja, uma mulher forte)
Numeral
O numeral é a classe de palavras utilizada para quantificar algo, definindo valor numérico.
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CLASSES GRAMATICAIS
Multiplicativo: exprime a multiplicidade dos seres ou coisas. Os mais comuns são “dobro”, “duplo” e
“triplo”.
Fracionário: indica a fração de seres ou coisas. Os mais comuns são “meio”, “metade” e “terço”.
Coletivo: é o substantivo que indica um número exato de seres ou coisas de determinada categoria.
Pronome
Pronome é a classe de palavra que representa ou acompanha um substantivo. Pode ser classificado
em:
Pessoal: refere-se às pessoas do discurso, podendo ser do caso reto, do caso oblíquo tônico ou átono,
ou de tratamento.
“Lia coisas incríveis para aquele lugar e aquele tempo.” (Augusto dos Anjos)
Relativo: refere-se ao antecedente, ou seja, ao termo anterior no enunciado. Pode ser variável ou inva-
riável.
Verbo
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CLASSES GRAMATICAIS
O verbo expressa uma ação, um estado, um desejo, um acontecimento ou um fenômeno natural. Ele é
dividido em modo e tempo, isto é, os modos verbais (indicativo, subjuntivo e imperativo) e os tempos
verbais (passado, presente ou futuro em relação ao momento da fala).
Indicativo: verbos no modo indicativo correspondem a ações tidas como reais ou certas de se acontecer
ou de terem acontecido. Podem ser conjugados no presente, no passado (pretérito perfeito, pretérito
imperfeito e pretérito mais-que-perfeito) e no futuro (futuro do presente e futuro do pretérito).
Subjuntivo: verbos no modo subjuntivo são aqueles cuja ação verbal não é tida como certa, isto é, não
temos certeza se a ação ocorreu ou ocorrerá. Podem ser conjugados no presente, no passado (pretérito
imperfeito) e no futuro.
Imperativo: verbos no modo imperativo são usados para expressar ordem ou conselho, tanto no afir-
mativo como no negativo.
Os verbos são classificados de acordo com a conjugação, podendo ser regulares, irregulares, anôma-
los, defectivos ou abundantes.
Regular: apresenta conjugação que segue o mesmo padrão que a maioria dos outros verbos.
Eu estudo
Tu estudas
Ele estuda
Nós estudamos
Vós estudais
Eles estudam
Irregular: apresenta conjugação irregular, ou seja, que não segue o padrão mais frequente dos outros
verbos.
Eu venho
Tu vens
Ele vem
Nós vimos
Vós vindes
Eles vêm
Anômalo: apresenta conjugação que modifica profundamente o verbo, inclusive no próprio radical.
Eu vou
Tu vais
Ele vai
Nós vamos
Vós ides
Eles vão
Defectivo: não pode ser conjugado em todas as formas existentes para a maioria dos outros verbos;
portanto, não é regular e nem irregular. O verbo falir, por exemplo, só apresenta conjugação nas pes-
soas a seguir:
Nós falimos
Vós falis
Abundante: algumas de suas conjugações apresentam mais de uma forma aceita na norma-padrão da
língua portuguesa. É o caso do particípio passado do verbo imprimir: imprimido ou impresso (as duas
formas existem).
Advérbio
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CLASSES GRAMATICAIS
“Talvez eu volte.”
Preposição
Palavra invariável, a preposição serve para relacionar dois termos em um enunciado, gerando sentido
entre eles. São elas:
a – ante – após – até – com – contra – de – desde – em – entre – para – per – perante – por – sem –
sob – sobre – trás
Conjunção
Conjunções são palavras invariáveis que reúnem dois ou mais elementos ou orações no mesmo enun-
ciado, estabelecendo sentido.
Quando os elementos conectados criam relação de dependência, ou seja, precisam estar juntos para
o discurso fazer sentido, dizemos que há subordinação entre eles.
Nesse caso, as conjunções que ligam esses elementos são chamadas de conjunções subordinativas e
podem ser classificadas como:
Concessiva: inicia uma oração subordinada dando sentido de oposição à ação principal (sendo, porém,
incapaz de impedi-la).
Condicional: inicia uma oração subordinada que é condição ou hipótese para a realização da ação da
oração principal.
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CLASSES GRAMATICAIS
Integrante: inicia uma oração que tem função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, com-
plemento nominal ou aposto da oração principal.
Interjeição
Interjeições são expressões autônomas que, por si só, tendem a ser consideradas enunciados comple-
tos, muitas vezes exclamativos.
Traduzem estados emocionais ou desejos, podendo ser apenas sons vocálicos espontâneos, palavras
isoladas ou locuções interjetivas:
“Psiu! Silêncio!”
“Ai de mim!”
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PROCESSO DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
A análise sintática "serve" para examinar o texto, as suas estruturas e os elementos que o compõem.
O texto é composto por orações e períodos. A oração é uma frase que possui verbo, enquanto o período
é o conjunto de orações. Exemplo:
Nesse exemplo há duas orações porque há dois verbos (“cair” e “fazer”). Entenda que, cada termo da
oração tem uma função específica e é isso que a análise sintática tem como objetivo, determinar essa
função. E esses termos podem ser classificados como essenciais, integrantes e acessórios.
Essenciais E Integrantes
Observe a frase:
“A menina” é o sujeito e “pegou a bola” é o predicado. O verbo é o “pegar” que é classificado como
transitivo direto e “a bola” é o complemento do verbo, o objeto direto.
Uma forma de determinar a classificação dos objetos é perguntando ao verbo. Veja: quem pega, pega
alguma coisa. Quando a pergunta não necessita de uma preposição, o verbo é transitivo direto. Ob-
serve a diferença nessa frase:
Eu preciso de você.
O verbo precisar é transitivo indireto. Faça a pergunta: quem precisa, precisa “de” alguém. O termo
“de” é uma preposição, logo, a expressão “de você” é um objeto indireto.
O complemento nominal serve para complementar um termo que não seja verbo dentro da oração.
Diferentemente do objeto indireto, o complemento nominal completa um substantivo, adjetivo e advér-
bio e não um verbo. Por exemplo: A menina teve orgulho do pai. A expressão “do pai” complementa o
sentido de “orgulho”.
O agente da passiva sempre está acompanhado de duas preposições, “por” e “de”. Se o verbo estiver
na voz passiva, o agente será aquele que praticará a ação do verbo. Veja: O pássaro foi capturado
pelos agentes. A expressão “pelos agentes” é o agente da passiva.
Acessórios
Já os termos que são acessórios na oração caracterizam algo. O adjunto adnominal, por exemplo,
especifica o substantivo. Não há uma regra específica, pode ser artigos, locuções, pronomes, adjetivos
e mais. Exemplo: Seu olhar singelo é lindo. O termo “singelo” é o adjunto adnominal. Veja outro exem-
plo: O passeio de barco me cansou. A expressão “de barco” é um adjunto adnominal.
Por outro lado, o adjunto adverbial funciona como advérbio dentro da oração. Logo, vamos rever os
tipos de advérbios: afirmação, negação, intensidade, dúvida, tempo, companhia, causa, finalidade, lu-
gar, meio e assunto. Exemplo: Isso está muito difícil! O termo “muito” é um adjunto adverbial.
E o aposto explica um termo na oração. Exemplo: A Carol, menina sapeca, entrou na escola. A expres-
são “menina sapeca” está explicando quem é a Carol. A expressão é o aposto da oração.
Coordenação e Subordinação
Dentro da análise sintática, os períodos podem ser classificados em: composto por coordenação, su-
bordinação ou coordenação e subordinação.
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PROCESSO DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
O período de coordenação é composto por orações que são autônomas, independentes entre si, mas
que juntas complementam o sentido da frase. Exemplo: Eu dormi e sonhei com você. Observe que
ambas as orações são independentes, isto é, fazem sentido se fossem separadas.
Já o período composto por subordinação apresenta orações que são dependentes entre si, são subor-
dinadas. Veja: O bolo que ela fez ainda deixava lembranças. As duas orações não podem ser separa-
das.
E ainda há o período composto por coordenação e subordinação que, nada mais é, a junção dos dois.
Exemplo: O juiz entrou na quadra e permitiu que o jogo começasse. Há três orações. As duas primeiras
são coordenadas e a terceira é subordinada.
Oração coordenada adversativa: apresenta um contraste. Ex: Eu passei no vestibular, mas não sei se
é isso que quero.
Oração coordenada alternativa: apresenta alternância. Ex: Ora você gosta de mim, ora você some.
Oração coordenada conclusiva: conclui a ideia. Ex: Não gosto daqui. Portanto, pedirei a minha demis-
são.
Oração coordenada explicativa: tem como objetivo explicar. Ex: Você está errado porque tenho provas.
Orações subordinadas adjetivas podem ser duas: restritivas e explicativas. As restritivas limitam o que
a frase quer dizer. Exemplo: Se não fosse pela mulher que me ajudou, não teria conseguido. O sentido
da “mulher” é único, não é generalizado, é específico, é uma mulher X. Já nas orações explicativas, o
sentido é mais abrangente: O homem, um ser racional, busca ser melhor em todos os campos da vida.
A expressão “um ser racional” está entre vírgulas e, portanto, está generalizando todos os homens não
apenas um.
Oração subordinada adverbial causal: expressa causa. Ex: Não posso opinar, uma vez que não tenho
direito.
Oração subordinada adverbial concessiva: indica permissão. Ex: Você pode fazer isso, mesmo que não
tenha experiência.
Oração subordinada adverbial condicional: expressa condição. Ex: Se você conseguir, ganhará uma
recompensa.
Oração subordinada adverbial comparativa: indica uma comparação. Ex: Os olhos azuis são boni-
tos como o do pai.
Oração subordinada adverbial consecutiva: relação de causa e consequência. Ex: Acordei tão atra-
sado que não consegui entrar na faculdade.
Oração subordinada adverbial final: indica uma finalidade. Ex: Eu fiz isso para subir na vida.
Oração subordinada adverbial temporal: expressa tempo. Ex: Chorei por você quando foi embora.
Oração subordinada adverbial proporcional: indica proporção. Ex: Fui amolecendo à medida que per-
cebi que te amava.
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PROCESSO DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
Oração subordinada adverbial conformativa: expressa conformidade. Ex: Fiz o que você pediu con-
forme as regras.
Coordenação e Subordinação
Para compreender a estrutura sintática de uma frase, ou seja, a análise em relação à organização da
mesma, que é dividida em coordenação e subordinação; primeiramente deve-se entender o que é frase;
e, de acordo com Mattoso Câmara, nada mais é do que “unidade de comunicação linguística, caracte-
rizada [...] do ponto de vista comunicativo – por ter um propósito definido e ser suficiente pra defini-lo,
e do ponto de vista fonético – por uma entonação [...] que lhe assinala nitidamente o começo e o fim.”.
Seguindo a linha de definição acerca de frase escrita, Perini diz que se inicia com letra maiúscula e
finaliza com algum sinal de pontuação (ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação etc),
todavia, outros gramáticos não delimitam a necessidade de pontuação para a constituição de frase.
O vocábulo definido acima ainda pode ser uma oração, mas a última não é sinônimo de frase; isto é,
uma oração possui verbo, mas uma frase não precisa de verbo para ser denominada como tal, sendo
assim, toda oração (ou conjunto de orações = período) é uma frase (exemplo: Abra o livro na página 4
e Faça um bolo e entregue a Maria), porém, nem toda frase é uma oração (exemplo: O caderno amarelo
da filha de João da Silva).
Quanto a período (ou enunciado) – que é a soma dos elementos estruturais da frase e tem a necessi-
dade da pontuação –, este pode ser simples ou composto; sendo por composição, será subdividido em
coordenação (semântica + sintática) e subordinação (“... é o emprego de um nível mais elevado no
lugar de outro de nível inferior”, BACK). Outro ponto a ser frisado é que composição por aposição difere-
se de composição por coordenação, pois a primeira admite expressões explicativas (isto é; quero dizer)
e expressões retificadoras (minto; aliás).
Ainda em relação à composição por aposição, Back enumera dois tipos de aposição: identificadora
(“Pedro Álvares Cabral, um almirante português, descobriu o Brasil.”) e retificadora (“João, minto, Pedro
veio até a sala.”), e ambas exercem a mesma função sintática.
A locução subordinante também tem duas classificações, podendo ser complexa ou unitária. A primeira
refere-se a uma locução verbal (Ex. Amanhã, todos os alunos irão fazer o teste), enquanto a segunda,
como o próprio nome diz, é composta por um único verbo (Ex. Ontem, Pedro fez o exame).
A explanação de alguns termos, como hipotaxe (subordinação) – estrutura muito complexa que pode
ser reduzida – e parataxe – termo equivalente para a coordenação –, hipertaxe – palavra que exerce
um grande significado, como, por exemplo, um substantivo com significado maior – é também bastante
válida para uma compreensão clara e coerente. Além disso, vale ressaltar que pronome sempre tem
função sintática.
Coordenação e Subordinação
Quando um período é simples, a oração de que é constituído recebe o nome de oração absoluta. Por
exemplo:
a) Composto por Coordenação: ocorre quando é constituído apenas de orações independentes, coor-
denadas entre si, mas sem nenhuma dependência sintática.
b) Composto por Subordinação: ocorre quando é constituído de um conjunto de pelo menos duas ora-
ções, em que uma delas (Subordinada) depende sintaticamente da outra (Principal).
Por Exemplo:
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PROCESSO DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
Por Exemplo:
Obs.: qualquer oração (coordenada ou subordinada) será ao mesmo tempo principal, se houver outra
que dela dependa.
Por Exemplo:
Coordenação x Subordinação
Sintaxe
Sempre pergunto a meus alunos qual é a diferença entre orações coordenadas e subordinadas. Inva-
riavelmente, a resposta é que as primeiras são independentes, e, as segundas, dependentes.
Ora, quando se começa a operar a sintaxe, que é a movimentação das palavras do eixo paradigmático
para o sintagmático com a finalidade de gerar sentido, semântica, todas as palavras estabelecem, entre
seus pares sintagmáticos, uma indissociável subordinação.
Ou seja, na sintaxe, a relação entre as palavras quando contraem funções é de subordinação. Assim,
se digo “A menina vendia doces na praia”, todas as palavras dessa oração estão em relação de abso-
luta subordinação, quer sintática, quer semântica. E fonética, se a frase for falada.
É fácil confirmar essa asserção: quando empregamos o artigo A, ele necessariamente precisará do
substantivo a que se refere (menina) e ao qual é subordinado e ambos formam um sintagma nominal,
contraindo a função de sujeito, sintagma que exige, pois, a presença do predicado (“vendia doces na
praia”). Ao usarmos o verbo “vender” como núcleo do predicado, ele exige aqui o seu complemento, o
objeto direto, no caso “doces”.
Como o fato principal (“vender doces”) é de sentido amplo (por exemplo, onde?, quando?), é muito
conveniente, para completar a informação, que venha acompanhado de um fato secundário, a circuns-
tância. No caso de nossa oração, veio a circunstância de lugar, representada pelo adjunto adverbial “na
praia”, o qual, dentro de si, já traz subordinação do artigo ao substantivo, além da subordinação do
próprio adjunto ao verbo “vender”.
Gladstone Chaves de Melo acha estranho que haja atração (e, no caso, subordinação) entre elementos
virtuais, quando analisa e rebate, em sua ótima Gramática Fundamental da Língua Portuguesa, Ed.
Livraria Acadêmica, Rio de Janeiro, 2. ed, 1970, p. 373, com certo inconformismo, o problema da atra-
ção de certas palavras a pronomes oblíquos:
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“Ora, uma palavra não pode atrair outra, porque, uma vez pronunciada, deixa de existir, ao passo que
a outra, a supostamente atraída, ainda não existe. Isto, sem considerar que palavra é acidente de
acidente, momentâneo resultado da passagem do ar pelos órgãos articuladores em determinada mo-
mentânea posição.”
O grande mestre levou em consideração apenas a atração oral, mas o fato é que, apesar da estranheza
dele por essa atração “virtual”, há mesmo, no campo da fala, atrações entre o que existe e o que ainda
vai existir, e vice-versa. Digamos que seja algo que ocorre lá no pensamento — abstrato, portanto — e
jorra para o real, para o concreto, para o sonoro. Mas é preciso levar em conta também a atração
gráfica.
É só percebermos o verdadeiro papel de potente ímã que as palavras de sentido relativo exercem sobre
as palavras que lhe serão complementos. Ou a atração que o substantivo exerce sobre artigos, adjeti-
vos, pronomes etc. Há, entre as palavras, uma relação de amor infinito. Ou seja, uma palavra não tem
vida nem utilidade sem as demais palavras.
Mesmo uma simples palavra afixada sobre, digamos, um frasco esclarecendo o seu conteúdo, “ácido”,
por exemplo, só sobreviverá se, ao lermos, fizermos toda a cadeia de decodificação para entendermos:
“aqui tem ácido e isso representa perigo, é preciso cuidado” etc. E essa decodificação é feita, como se
viu, por muitas outras palavras. Amor, a atração das atrações, por ser inquestionável, é mesmo a pa-
lavra que define a relação entre as palavras.
Visto isso, qual a diferença entre orações subordinadas e coordenadas? A diferença básica é que as
orações subordinadas são (exercem) funções sintáticas dentro da oração principal, e as coordenadas
não exercem funções sintáticas.
De acordo com a NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira), as orações substantivas exercem, dentro
da oração principal, as seguintes funções sintáticas: sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento
nominal, predicativo e aposto; enquanto as orações subordinadas adverbiais funcionam como adjunto
adverbial dentro da oração principal; e as orações subordinadas adjetivas exercem a função sintática
de adjunto adnominal.
Numa sequência como “Chegamos cedo, tomamos um cafezinho, conversamos sobre política e futebol
e, finalmente, fomos trabalhar”, temos quatro orações coordenadas, porque nenhuma delas exerce
função sintática dentro de outra. Mas é claro que, entre elas, há uma dependência semântica (além da
dependência sintática entre as funções que existem dentro de cada oração), sem a qual não transmiti-
ríamos essa informação.
Já em “Tenho medo de que ele sucumba”, temos duas orações, a primeira, chamada principal, é “Te-
nho medo”, cujo sujeito é “eu”, oculto, o verbo é transitivo direto e tem como objeto direto a pala-
vra “medo”. Esse substantivo“medo” é palavra de sentido relativo e solicita um complemento nominal,
que é a oração “de que ele sucumba”.
Portanto, essa oração é subordinada por exercer a função de complemento nominal do termo “medo”
dentro da oração anterior, que lhe é principal porque um dos seus termos a tem como complemento
nominal. A omissão da preposição, possível por se tratar de oração, não muda sua função sintática. Ou
seja, em “Tenho medo que ele sucumba”, a oração “que ele sucumba” continua sendo complemento
nominal do substantivo “medo”, que, por sua vez, é o núcleo do objeto direto do verbo “tenho”.
Criada em 1958, a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) representou um grande avanço no ensino
do Português no Brasil ao padronizar padronizações e classificações. Até então, cada gramático utili-
zava denominações próprias para as funções sintáticas, orações subordinadas e classes gramaticais
— o objeto indireto, por exemplo, também era chamado de “complemento terminativo” ou “complemento
relativo” —, o que tornava quase impossível a homogeneidade no ensino de gramática.
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A NGB foi desenvolvida por uma comissão de grandes estudiosos da época (como Antenor Nascentes,
Rocha Lima e Celso Cunha) e estabeleceu uma divisão esquemática dos conteúdos gramaticais, uni-
ficando e fixando a nomenclatura a ser usada pelos professores no ensino escolar. Em 1959, o governo
de Juscelino Kubitschek, numa portaria recomendou sua adoção em todo o território nacional.
Antes da reforma gramatical imposta pela Nomenclatura Gramatical Brasileira, em 1959, os adjetivos
também eram classificados em restritivos e explicativos. É fácil notar a dife rença, por exemplo, do
adjetivo FRIO quando se relaciona a gelo ou a mão, e do adjetivo ESCURO quando se refere a noite
ou a pele. Necessariamente todo gelo é frio e toda noite é escura, mas nem toda mão é fria nem toda
pele é escura.
No primeiro caso (gelo frio e noite escura), os adjetivos são meros epítetos, meros qualificadores e não
elementos distintivos de substantivos de mesma espécie. Eram classificados como adjetivos explicati-
vos. Já no segundo caso (mão fria e pele escura), os adjetivos não só qualificam como também distin-
guem os respectivos substantivos, uma vez que nem toda mão é fria, nem toda pele é escura. Eram
classificados como adjetivos restritivos.
Essa classificação desapareceu para os adjetivos, mas foi mantida para as orações subordinadas ad-
jetivas, que funcionam como adjunto adnominal, geralmente do termo que antecede o pronome relativo.
Quando trabalhamos com orações subordinadas adjetivas restritivas, essa constatação da função delas
como adjunto adnominal não é problemática. Mais difícil é achar e aceitar a função de adjunto adnomi-
nal de uma explicativa.
Em “O gol que a Holanda marcou desmontou a seleção brasileira”, não fica nenhuma dúvida de que a
oração em destaque é adjunto adnominal do substantivo “gol” da oração anterior, qualificando e distin-
guindo o gol holandês de outro gol qualquer. Há nessa oração a grande força distintiva do adjetivo
nesse papel. A oração “que a Holanda marcou” pode até ser substituída pelo adjetivo holandês, “O gol
holandês”, como fiz logo acima.
Porém, em “O gol, que é a alegria e a tristeza no futebol, embeleza ainda mais o espetáculo”, a oração
destacada é adjetiva explicativa e atua apenas como um epíteto, um mero qualificador, isto é, não
distingue esse gol de outro gol. Sua função sintática é tão de adjunto adnominal como a do adjetivo frio
na frase “O gelo frio eriçava ainda mais os pelos de sua perna”.
Só que no caso do período em estudo, a oração se separa do substantivo a que se refere pelas vírgulas,
por dois basilares motivos.
Primeiro, por ser oração explicativa e, apesar de exercer função sintática, é meramente intercalada, ou
seja, algo que se coloca no meio de outra oração para algum esclarecimento, alguma qualificação;
segundo, pela necessária ênfase que esse esclarecimento traz na sua essência, responsável pela in-
formação implícita.
E não pode ser retirada do texto, como alguns professores ensinavam antigamente, porque sua omis-
são desvirtuaria a informação implícita que há nas orações adjetivas. Explicitamente, isto é, na super-
fície do texto, informa-se que o gol embeleza o espetáculo e que é a alegria ou a tristeza no futebol.
Implicitamente a oração adjetiva nesse texto mostra que qualquer gol provoca alegria ou tristeza, não
há distinção.
Na oração anterior, explicitamente informa-se que a seleção brasileira sofreu um gol e que esse gol a
desarticulou. Implicitamente a oração adjetiva distingue o gol holandês de outro gol qualquer, não foi
outro gol que desmantelou nossa seleção, mas o holandês. Em outras palavras, as orações adjetivas
também dizem nas entrelinhas, no não dito. São, pois, indispensáveis.
Os usuários que tenham, no mínimo, razoável competência linguística percebe que boa parte das ad-
jetivas explicativas apresenta um leve sabor de causa em relação ao que ocorre na oração principal.
Não, não, não são orações adverbiais causais. Apenas nos fazem sentir essa breve sensação de
causa, sem ser a causa. Vejamos alguns exemplos:
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“O gol, que é a alegria e a tristeza no futebol, embeleza ainda mais o espetáculo.” (O gol, porque é a
alegria e a tristeza no futebol, embeleza ainda mais o espetáculo).
Com a adjetiva, apenas esclarecemos o papel embelezador do gol e apenas sugerimos a causa; com
o segundo exemplo, “porque é a alegria e a tristeza no futebol”, nossa intenção é realmente mostrar a
causa do embelezamento do espetáculo pelo gol. Essa mesma explicação vale para os exemplos
abaixo.
“Deus, que é nosso pai, perdoa nossos pecados.” (Deus, por ser nosso pai,).
“As emissoras de São Paulo, que deram a falsa notícia, serão punidas.” (As emissoras de São
Paulo, porque deram a falsa notícia,)
Aliás, na oração que demos acima com adjetivo explicativo, “O gelo frio eriçava ainda mais os pelos de
sua perna”, também se pode sentir esse saborzinho de causa no adjetivo frio: “O gelo, por ser frio,
eriçava ainda mais os pelos de sua perna”. Se colocássemos esse adjetivo entre vírgulas, o saborzinho
passaria já a sabor.
Só que agora o adjetivo pode ser percebido de duas maneiras: 1) com a mesma função de mero adjunto
adnominal do substantivo qualificado, ou 2) como a parte visível de uma oração adverbial causal: “O
gelo, frio, eriçava ainda mais os pelos de sua perna”, ou seja, “O gelo, por ser frio, eriçava ainda mais
os pelos de sua perna”.
Semântica
As Adjetivas e o Aposto
Não por acaso o adjunto adnominal e o aposto são funções acessórias na sintaxe. Que fique claro aqui
que acessório em linguagem não é como um acessório num carro. Em linguagem, o acessório é tão
importante e tão indispensável quanto o essencial e o integrante. Por exemplo, nos nomes de ruas,
cidades ou outros elementos geográficos, temos um núcleo e um aposto, mas não podemos separar
um do outro. Assim, em Avenida São João, o “São João” é aposto de avenida e não pode, de forma
alguma, ser separado por vírgula ou suprimido.
Sabemos que um substantivo é modificado pelos seus adjetivos (artigo, adjetivo, numeral e pronome),
que funcionam como adjuntos adnominais na mesma função sintática em que esse substantivo é o
núcleo.
Porém, às vezes, essa força adjetiva é exercida por outro substantivo, ou seja, na mesma função sin-
tática há um núcleo substantivo e outro substantivo acrescentando uma ideia acessória qualquer a esse
núcleo. A esse papel de um substantivo atuando como adjetivo e exercendo a função sintática de ad-
junto adnominal, por causa da hierarquia (substantivo é sempre igual a outro substantivo em termos
hierárquicos) é que se dá o nome de APOSTO, ou seja, colocado um ao lado do outro. Em outras
palavras, o aposto é a função adjunto adnominal exercida por substantivo.
Em outras palavras, as orações adjetivas também dizem nas entrelinhas, no não dito. São, pois, indis-
pensáveis.
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É bom esclarecer que há adjetivas explicativas que não apresentam esse saborzinho de causa. Em “O
jovem, que esteve aqui hoje cedo, é o novo médico da família.”, frase só possível se o referido jovem
for o assunto da conversa entre o locutor e o interlocutor, a adjetiva explicativa destacada não passa o
mesmo sabor de causa dos exemplos anteriores, uma vez que o jovem não é o novo médico por ter
estado lá (aqui) hoje cedo.
E, como as anteriores, não pode ser dispensada porque sua informação implícita mostra um jovem
conhecido do locutor e do interlocutor, portanto, não distintiva. Essa mesma oração sem as vírgulas
(“O jovem que esteve aqui cedo é o novo médico da família.”) passa a ser restritiva porque acrescenta
a informação implícita distintiva, isto é, distingue esse jovem de outro e necessariamente representa
um contexto diferente da oração anterior, entre vírgulas.
E é por isso também que o aposto pode ser, como as orações adjetivas, restritivo ou explicativo. Se
dizemos, em 2010, “O presidente do Brasil, Lula, viajou bastantes vezes ao exterior”, o substantivo
Lula, exercendo o papel de adjunto adnominal, recebe o nome de aposto, exatamente por ser substan-
tivo modificando substantivo, e é explicativo porque não distingue esse presidente de outro presidente.
Em 2010, o presidente do Brasil era mesmo o Lula.
E é por isso que Lula, aposto meramente explicativo, está e deve vir entre vírgulas, e Fernando Henri-
que Cardoso, aposto distintivo, não está e não pode ser colocado entre vírgulas. Se o colocássemos
entre vírgulas, mudaríamos a informação implícita e diríamos a nosso ouvinte/leitor que, desde 1889,
só há um ex-presidente, o que é absolutamente falso.
Resta aqui enfatizar que num texto podemos captar informações explícitas e implícitas, ou seja, lemos
as linhas e as entrelinhas. Na superfície do texto, ou seja, nas linhas, captamos as informações explí-
citas; no profundo do texto, ou seja, nas entrelinhas, no não-dito, captamos as informações implícitas.
E as orações adjetivas atuam fortemente nas duas linhas, razão por que é preciso realmente tomar
cuidado com a pontuação, para que não se desvirtuem as informações implícitas.
Esclarecido isso, e para encerrar, podemos tratar agora de uma confusão plausível entre oração su-
bordinada adjetiva e oração subordinada substantiva apositiva. Essa confusão é possível porque o
aposto, como vimos, é de fato um adjunto adnominal, só que exercido por substantivos ou equivalentes.
Vejamos como são semelhantes os fatos expressos nos dois períodos abaixo:
A ideia que ele nos deu acrescerá muito a nosso objetivo de lazer.
A ideia dele, que viajássemos a Portugal, acrescerá muito a nosso objetivo de lazer.
A primeira, equivalente ao adjetivo particípio DADA (“A ideia dada acrescerá muito a nosso objetivo de
lazer”) é adjetiva restritiva e funciona como adjunto adnominal do substantivo “ideia” da oração princi-
pal. A segunda, equivalente à expressão substantiva “uma viagem a Portugal”, é substantiva apositiva,
pois equivale a um substantivo (viagem) esclarecendo outro substantivo (ideia).
No primeiro caso, podemos substituir o “que” por “a qual”; na segunda, o que ocorre por parte do ou-
vinte/leitor é uma pergunta sobre algo que precisa ser esclarecido. A pergunta é: “que ideia?”. A res-
posta é um aposto:
“A ideia dele, uma viagem a Portugal, acrescerá muito a nosso objetivo de lazer”. Mas, como ela é
expressa por uma oração, temos oração subordinada substantiva apositiva. E isso também já desmonta
aquela asserção de que as orações apositivas vêm somente depois de dois pontos.
Como se vê, nossa língua apresenta tantos caminhos e soluções que jamais poderá ter a exatidão
matemática ou física. As linhas, entrelinhas e meandros de um texto provocam discursos sempre à
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PROCESSO DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
espera de que lhes captem as minúcias. Um usuário competente sabe manejá-la e atingir seus objeti-
vos.
Este trabalho tem como objetivo uma re-análise dos processos de coordenação e subordinação a par-
tir dos compêndios gramaticais e difundidos nas aulas de Língua Portuguesa, cuja temática são os es-
tudos de análise das orações.
Considerando a análise dos manuais gramaticais no que toca à coordenação e à subordinação, per-
cebemos que tais fenômenos são abordados a partir de um corpus formado por frases isoladas e des-
contextualizadas que, às vezes, não mostram visão semântico pragmática.
A análise das orações está fundamentada nos critérios meramente sintáticos ou formais. Tais critérios,
sem os componentes semânticos e pragmáticos, não mostram, com clareza, o uso efetivo da língua.
Não podemos falar em coordenação ou subordinação sem fazermos referência às orações: coorde-
nada, principal e subordinada, uma vez que essa tripartição é constante nas gramáticas e nas aulas de
sintaxe do português.
Procedemos à análise de dez manuais gramaticais, considerando como são abordadas as orações
nesses manuais e, consequentemente, os exercícios de análise linguística do período composto quer
por coordenação quer por subordinação.
Referencial Teórico
A Gramática Tradicional traça diretrizes para o estudo das orações a partir da classificação dos consti-
tuintes oracionais em termos essenciais (sujeito e predicado), integrantes (complementos, agente da
passiva e predicativos) e acessórios (adjuntos e aposto), procurando inserir os elementos da oração
nessas funções. Cada termo recebe a classificação de acordo com a função exercida.
CARONE (1994: 11) considera como função a relação de dependência que os elementos da ora-
ção estabelecem entre eles.
Essa articulação é dada graças à conexão sintática, daí vem o processo da subordinação.
A Nomenclatura Gramatical Brasileira usa os termos coordenação e subordinação quando faz alu-
são ao período composto. Será que em uma oração não há tais processos sintáticos?
A Gramática Tradicional traça diretrizes para o estudo das orações a partir da classificação dos consti-
tuintes oracionais em termos essenciais (sujeito e predicado), integrantes (complementos, agente da
passiva e predicativos) e acessórios (adjuntos e aposto), procurando inserir os elementos da oração
nessas funções. Cada termo recebe a classificação de acordo com a função exercida.
Para AZEREDO (1995: 49), “o processo por excelência é, portanto, a subordinação, meio que con-
siste em prover as unidades que formam os sintagmas que constituem as orações”.
As palavras se organizam num processo de hierarquia, ou seja, num processo de subordinação. Ne-
nhuma língua viva ou morta conhece uma frase organizada por coordenação.
A subordinação é responsável pela estrutura da frase, como também pela interpretação semântica.
Orações Coordenadas
A doutrina tradicional e ortodoxa considera a oração coordenada como uma oração independente no
período. Esse conceito ainda hoje se apresenta em algumas gramáticas e difundido por alguns profes-
sores nas aulas de sintaxe.
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KOCH (1995: 124) diz que as coordenadas são orações independentes do ponto de vista estrutural, ou
seja, não há encaixe de uma oração em outra.
Apesar de uma coordenada apresentar autonomia sintática, ocorre uma combinação que estabelece
entre elas uma vinculação semântica, como por exemplo:
As gramáticas consideram as duas orações independentes, sendo que a idéia de adversidade não está
apenas no conectivo, como afirmam os gramáticos, e sim entre as duas orações, ocorrendo as-
sim a vinculação semântica[1] (c.f. KOCH).
BARRETO (1994: 10) afirma que as orações coordenadas devem possuir a mesma estrutura sintático-
gramatical.
GARCIA (1990: 21), analisando o processo da coordenação, afirma a existência de uma falsa coorde-
nação. Há, portanto, a coordenação gramatical e a subordinação psicológica.
BECHARA (1999: 476) considera a coordenação como um grupo oracional formado por orações inde-
pendentes do ponto de vista sintático.
KURY (1995: 16) reconhece as coordenadas como orações – frases, porque cada oração é capaz de
formar um período.
Essa afirmação,por apresentar uma série de interpretações e controvésias, não pode ser feita para to-
das as orações coordernadas.
Para CARONE (op. cit.), as coordenadas são duas orações que se encontram, uma não é parte da ou-
tra. Não há o processo de encaixamento entre elas.
Segundo FÁVERO (1990: 52), será necessária uma re análise nos conceitos de coordenação e subor-
dinação, uma vez que é estabelecido entre as orações um processo de interdependência no qual todas
elas são necessárias para o processo de análise e compreensão do texto.
As orações que constituem um período, não importa se são coordenadas ou subordinadas, estão in-
ter-relacionadas, formando um todo. É a “subordinação psíquica”.(c.f. Gili Y Gaya apud. FÁVERO op.
cit).
Embora as orações coordenadas sejam classificadas como independentes, exprimem uma rela-
ção semântica que exige a presença de duas ou mais orações, conforme podemos observar na sen-
tença:
A explicação porque vai chover semanticamente está subordinada a venha cedo e vice-versa.
Os exercícios adotados pelas gramáticas para separação e classificação das orações, partindo apenas
da idéia expressa pelo conectivo, proporcionam um estudo fragmentado, como se o texto fosse um
emaranhado de frases, reforçando assim o mito da autonomia das orações. (grifo meu).
As Orações Subordinadas
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PROCESSO DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
Que critérios usam os gramáticos para definir uma oração principal, considerando o processo de
uma oração está encaixada na outra?
Analisando alguns manuais gramaticais, encontra-mos vários conceitos para as orações subordinada
e principal.
Analisando alguns manuais gramaticais, encontra-mos vários conceitos para as orações subordinada
e principal.
Os estudos estão voltados para a estruturação e segmentação do período, como se as orações que
formam uma sentença não estivessem interligadas.
SPALDING (1980) retoma o conceito de oração principal na visão de alguns gramáticos, comparando
– os com os mais recentes, notamos que pouco mudou:
“Oração principal é a que tem sentido principal no período.” (Napoleão Mendes de Almeida).
“Oração principal é que encerra o pensamento fundamental no período.” (Francisco da Silveira Bu-
eno).
“Oração principal é a que traz para si como dependente outra oração”. (Rocha Lima).
Se as orações seguem uma as outras numa ordem lógica de modo que uma ajuda na compreen-
são da outra?
À luz da Linguística Moderna, podemos questionar o processo de subordinação numa v são mais prag-
mática e semântica.
Segundo KURY, (op.cit.) a oração principal, se analisada sozinha, é uma oração truncada e despro-
vida de sentido, havendo, portanto, sentido quando considerar o conjunto.
Para BECHARA (op.cit.), no período composto por subordinação, há uma unidade oracional, em que a
oração subordinada não passa de um termo sintático na oração complexa, sendo impossível separá-la
do período.
que seja feliz é um termo sintático na oração complexa e funciona como objeto direto do verbo desejar,
ocorrendo uma recursividade.
O período composto por subordinação, como uma oração complexa, composta ou geral con-
forme classificavam José Oiticica e Souza da Silveira., não é, portanto, aconselhável a separação arti-
ficial entre subordinada e principal.
Concordamos com BARRETO (op.cit) na subordinação, as orações são dependentes quanto à fun-
ção e quanto ao sentido.
Os conceitos de subordinação e de coordenação não são questionados por KOCH (op.cit) porque, “do
ponto de vista semântico – pragmático, as frases que formam um período composto são necessaria-
mente interdependentes”.
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PROCESSO DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
No processo de subordinação ou na oração complexa, temos termos representados sob forma de ora-
ção.
Baseados nos princípios acima, podemos afirmar que na subordinação há uma transposição, ou seja,
uma unidade de camada superior – oração independente – passa a ser uma inferior, funcionan-do
como membro de outra oração.
Assim só ocorrerá oração composta ou período composto quando houver coordenação (c.f. BECHA-
RA).
As coordenadas são orações que se encontram, uma não é parte da outra. Só a coordenação tem a
capacidade de relacionar orações, havendo o paralelismo.
A subordinação é um processo em que, na oração complexa, um dos seus termos funciona como ora-
ção, existindo assim uma oração ampliada.
Na maioria das gramáticas analisadas, encontramos o período composto por coordenação antece-
dendo o composto por subordinação.
Se o que ocorre é uma unidade oracional, na qual temos uma oração ampliada, justificase a subordi-
nação anteceder a coordenação, já que segundo, AZEREDO, CARONE e BECHARA, o termo perí-
odo composto é reservado à coordenação.
Para compreendermos como se relacionam as orações, seremos mais prudentes, se partirmos da su-
bordinação para a coordenação, contextualizando – as no texto, por ser o recurso mais completo e
adequado para as análises das relações na oração, haja vista a insuficiência da gramática frasal no
que tange à apreensão e à interpretação dos fatos da língua. (c.f. Elisa Guimarães).
A metodologia de separar, conceituar e classificar as orações a partir de conectivos como fazem alguns
gramáticos não possibilita uma análise coerente da conexão entre as orações que formam um período,
ou até mesmo um texto.
Tal metodologia nos mostra um ensino fragmentado e voltado para a análise sintática a partir da no-
menclatura e das funções consagradas pela NGB.
É necessário, aliados às aulas de sintaxe tradicional, considerarmos a integração entre a rede sintática
(tessitura textual) e o fio condutor da mensagem (plano lógico – semântico).
Nesse processo, estamos não vendo só a sintaxe do texto, como também a semântica, observando a
macro e a microestruturas nos planos linguístico e conceitual. (c.f. VAL – Redação e textualidade).
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
O verbo deve ser flexionado ("modificado") concordando com a pessoa do sujeito (eu, tu, ele/ela, nós,
vós/vocês, eles/elas) e o número (singular ou plural):
Sujeito simples: o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa, estando o sujeito antes ou depois
do verbo.
Ex: foram embora, do nada, os meninos ("foram" concorda com "os meninos").
Ex: joana e carlos insistiram em vir (joana e carlos são duas pessoas, e não pode-se usar "insistiu",
mas sim "insistiram").
Sujeito composto de diferentes pessoas: o verbo vai para o plural na pessoa que prevalecer.
Sujeito constituído pelo pronome relativo que: verbo concordará em número e pessoa com o antece-
dente.
Núcleos do sujeito ligados por ou: o verbo ficará no singular sempre que houver ideia de exclusão.
Sujeito formado por expressões: um e outro – o verbo fica no plural; um ou outro – o verbo fica no
singular; nem um nem outro – o verbo fica no singular.
Sujeito formado por número percentual: o verbo concordará com o numeral. Se a indicação de porcen-
tagem se seguir uma expressão com de + substantivo, a concordância faz-se com esse substantivo.
Verbos impessoais (haver, fazer, chover, nevar, relampejar...): por não possuírem sujeito, ficam na 3ª
pessoa do singular.
Verbo ser: se um dos elementos referir-se a pessoa, o verbo concordará com ela.
Concordância Nominal
O candidato talvez sinta dificuldade em assimilar o que sejam essas classes de palavras (adjetivo,
pronome adjetivo, numeral, artigo, etc), mas não se preocupe: concentre-se em entender os exemplos,
ou seja, concentre-se em entender o uso da língua.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Opções de concordância: o adjetivo concorda com o adjetivo mais próximo (eu dei de presente uma
bolsa e um tênis preto) ou o adjetivo refere-se a dois substantivos de gêneros diferentes – prevalece o
masculino e fica no plural (eu dei de presente uma bolsa e um tênis pretos).
As palavras bastantes, pouco, muito, caro e barato concordam com o substantivo quando têm valor de
adjetivo. Quando são advérbios, são invariáveis.
Ex: estas revistas são caras (adjetivo) e as revistas custaram caro (advérbio).
Lembre-se que a palavra ‘meia’ é um adjetivo, enquanto ‘meio’ é um advérbio, significando ‘um pouco’.
Colocação Pronominal
É o modo como se dispõem os pronomes pessoais oblíquos átonos (me, te, se, lhe(s), o(s), a(s), nos e
vos) em relação ao verbo. Trata-se de um dos assuntos popularmente "espinhosos" da língua portu-
guesa, os quais somos "forçados" a entender na escola. Mas basicamente, basta lembrar que as posi-
ções dos pronomes pessoais oblíquos átonos em relação ao verbo ao qual se ligam denominam-se:
É a posposição do pronome átono ao vocábulo tônico ao que se liga. Ex: empreste-meo livro de mate-
mática.
É a colocação do pronome quando antes do verbo há palavras que exercem atração sobre ele, como:
- pronomes relativos.
Regência Verbal
Há verbos, na língua portuguesa, que exigem a presença de outros termos na oração a que pertencem.
Quando o verbo (termo regente) se relaciona com os seus complementos (termos regidos) acontece
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
um "fenômeno" ao qual damos o nome de regência verbal. Selecionamos a seguir alguns verbos em
que há diferença de contexto na hora de se "fazer" a regência:
Agradecer
Assistir
Obedecer (desobedecer)
Preferir
Visar
Regência Nominal
Já a regência nominal é a relação de um nome (substantivo, adjetivo) com outro termo. E a relação
pode vir ou não acompanhada de preposições. Por exemplo:
Horror a
Impaciência com
Atentado contra a
Medo de
Idêntico a
Prestes a
Longe de
Benéfico a
Podemos arriscar a dizer que - apesar de todas as "pegadinhas" da língua e apesar de que na fala
praticamos uma coisa e na escrita outra - de certa forma, já estamos um pouquinho acostumados a
utilizar a regência correta (ou pelo menos a mais aceita). É por essa razão que determinadas pessoas
- principalmente aquelas que ao longo da vida escolar demonstraram um pouco mais de "afinidade"
com língua portuguesa - chegam a perceber mais facilmente se uma construção está correta ou não.
Vale lembrar, por fim, que "correto" ou "incorreto" para nós não possui a conotação de "certo" ou "er-
rado", mas apenas a de "ser mais aceito socialmente" ou "não ser bem aceito socialmente", do ponto
de vista do chamado "padrão culto da língua portuguesa", utilizado no brasil (aquela língua defendida
pelos nossos melhores gramáticos).
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus
complementos.
Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não ambíguas, que expressem
efetivamente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.
Regência Verbal
A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os complemen-
tam (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva, pois oferece oportuni-
dade de conhecermos as diversas significações que um verbo pode assumir com a simples mudança
ou retirada de uma preposição. Observe:
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa "causar agrado ou prazer", satisfazer.
Saiba que:
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo caso, é o meio de transporte por mim utili-
zado. A oração "cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se vai, possui,
no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem divergências entre a re-
gência coloquial, cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.
A língua portuguesa é considerada um idioma complexo por causa da grande quantidade de regras
existentes. Dentre essas regras, estão aregência verbal e a concordância verbal.
Regência é o ato de reger, que por sua vez significa governar, reinar, exercer a função de rei, regente,
governador, chefe, administrador.
Para memorizar isto, basta que você se lembre de uma orquestra ou de um concerto, em que o maestro
é quem rege (comanda todos os instrumentos musicais).
Neste mesmo sentido, podemos concluir que regência verbal é a relação de subordinação que ocorre
entre um verbo e seus complementos. O verbo “governa” os seus complementos.
Em outras palavras, o verbo somente aceita as palavras que ele quer. O verbo é o chefe! Ele é o
maestro que rege a orquestra.
Caso ele exija um complemento acompanhado de uma preposição, ele é chamado de verbo transitivo
indireto.
Mas se esse complemento não vier acompanhado de preposição, o verbo é chamado de transitivo
direto.
Verbo Intransitivo
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Vejamos um exemplo:
Mariana chorou.
Note que a frase não precisa de complementos. Podemos entender claramente o sentido dela.
A principal característica dos verbos intransitivos é que eles dispensam qualquer complemento verbal.
Verbo transitivo indireto é aquele que exige um elo (preposição) entre ele e o seu complemento.
Veja que o verbo da frase é gostar. Após o verbo, aparece a preposição “de“.
Por isso, podemos concluir que a regência verbal do verbo gostar exige a preposição “de“.
Quem acredita, acredita em algo ou em alguém. Então, podemos concluir que a regência do verbo
acreditar exige a preposição “em“.
Em análise mais detalhada, podemos afirmar que o verbo gostar e overbo acreditar são transitivos in-
diretos (pois exigem preposição). As expressões “de aprender português” e “em deus“ são os objetos
indiretos (complementos dos verbos transitivos indiretos: gostar e acreditar).
Verbo transitivo direto é aquele que não exige um elo (preposição) entre ele e o seu complemento.
Vejamos um exemplo:
Note que não há nenhuma palavra entre “comprou” e “frutas”. O verbo comprar é transitivo direito.
Quem compra, compra alguma coisa.
Concordância Verbal
Acabamos de ver que a regência verbal é a relação de subordinação em que o verbo é quem manda.
Lembre-se do ditado:
Desta forma, o verbo deve concordar com o sujeito da oração, de acordo com a pessoa (eu, tu ele, nós,
vós, eles) e/ou com o número (singular ou plural).
Por exemplo…
O sujeito é o aluno, que está no singular. Por isso, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular -
> aprende.
Agora observe…
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
O sujeito são os alunos (no plural). Por isso, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do plural -> aprendem.
Resumindo…
O que é "regência"?
"regência" é a função subordinativa de um termo (regente) sobre outro (regido ou subordinado). Esta é
a base fundamental de qualquer frase, pois é o que define seu sentido. A regência é estabelecida prin-
cipalmente pela posição dos termos na frase ou oração, pelos conectivos (como as preposições "e",
"de", "com", etc.) E pelos pronomes relativos (aquele, aquela, que, se, lhe, etc.).
São de fundamental importância as regências por preposições. O termo (regido) subordinado por uma
preposição atua como complemento ou adjunto a uma palavra anterior (regente).
Exemplos:
Neste caso, "ao" é a junção da preposição "a" com o artigo definido masculino, "o", e a palavra "amigo"
tem a função de complemento de destinação, sendo, portanto, um objeto indireto.
Neste exemplo, "ti" e "maria" estão subordinados respectivamente às preposições "de" e "a". "ti" é um
complemento de referência e "maria" é um complemento de destinação.
Eu vim de vitória.
O que é "concordância"?
É uma concordância nominal quando o substantivo vem acompanhado por um adjetivo. Suponhamos
que o substantivo seja, por exemplo, "carro".
À frente, acrescenta-se uma palavra complementar - por exemplo, "vermelho". Temos aí a concordân-
cia nominal "carro vermelho", na qual "carro" é um substantivo e "vermelho" é uma palavra que, em
muitos casos, é um substantivo, mas neste se transforma em adjetivo e tem a função de complemento
nominal.
A concordância é verbal quando a forma do verbo combina com o sujeito. Usemos como exemplo o
verbo "trabalhar": "eu trabalho", "tu trabalhas", "joana trabalhou ontem", "eu trabalharei amanhã", etc.
A regência é o campo da língua portuguesa que estuda as relações de concordância entre os verbos
(ou nomes) e os termos que completam seu sentido. Ou seja, estuda a relação de subordinação que
ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos.
A regência é necessário visto que algumas palavras da língua portuguesa (verbo ou nome) não pos-
suem seu sentido completo.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Obs.: perceba que o nome pede complemento antecedido de preposição (“de” = preposição e “fantas-
mas” = complemento).
Importante: a regência estabelece uma relação entre um termo principal (termo regente) e o termo que
lhe serve de complemento (termo regido) e possui dois tipos: regência nominal e regência verbal.
Regência Nominal
Regência nominal é quando um nome (substantivo, adjetivo) regente determina para o nome regido a
necessidade do uso de uma preposição, ou seja, o vínculo entre o nome regente e o seu termo regido
se estabelece por meio de uma preposição.
Dica: a relação entre um nome regente e seu termo regido se estabelece sempre por meio de uma pre-
posição.
Exemplo:
Obs.: quando um pronome relativo (que, qual, cujo, etc.) É regido por um nome, deve-se introduzir,
antes do relativo, a preposição que o nome exige.
Exemplo:
- a proposta a que éramos favoráveis não foi discutida na reunião. (quem é favorável, é favorável a
alguma coisa/alguém)
Então pra facilitar segue abaixo uma lista dos principais nomes que exigem preposições, existem no-
mes que pedem o uso de uma só preposição, mas também existem nomes que exigem os uso de mais
de uma preposição. Veja:
Acessível, acostumado, adaptado, adequado, afeição, agradável, alheio, alusão, análogo, anterior,
apto, atento, atenção, avesso, benéfico, benefício, caro, compreensível, comum, contíguo, contrário,
desacostumado desagradável, desatento, desfavorável, desrespeito, devoto, equivalente, estranho, fa-
vorável, fiel, grato, habituado, hostil, horror, idêntico, imune, inacessível, indiferente, inerente, inferior,
insensível, junto, leal, necessário, nocivo, obediente, odioso, ódio, ojeriza, oneroso, paralelo, peculiar,
pernicioso, perpendicular, posterior, preferível, preferência, prejudicial, prestes, propenso, propício, pro-
veitoso, próximo, rebelde, rente, respeito, semelhante, sensível, simpático, superior, traidor, último, útil,
visível, vizinho...
Abrigado, amante, amigo ávido, capaz, certo, cheio, cheiro, comum, contemporâneo, convicto, cúm-
plice, descendente, desejoso, despojado, destituído, devoto, diferente, difícil, doente, dotado, duro,
êmulo, escasso, fácil, feliz, fértil, forte, fraco, imbuído, impossível, incapaz, indigno, inimigo, inocente,
inseparável, isento, junto, livre, longe, louco, maior, medo, menor, natural, orgulhoso, passível, piedade,
possível, prodígio, próprio, querido, rico, seguro, sujo, suspeito, temeroso, vazio...
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Abundante, atento, bacharel, constante, doutor, entendido, erudito, fecundo, firme, hábil, incansável,
incessante, inconstante, indeciso, infatigável, lento, morador, negligente, perito, pertinaz, prático, resi-
dente, sábio, sito, versado...
Atentado, blasfêmia, combate, conspiração, declaração, luta, fúria, impotência, litígio, protesto, recla-
mação, representação...
Regência Verbal
Dizemos que regência verbal é a maneira como o verbo (termo regente) se relaciona com seus com-
plementos (termo regido).
Nas relações de regência verbal, o vínculo entre o verbo e seu termo regido (complemento verbal) pode
ser dar com ou sem a presença de preposição.
Exemplo:
No entanto estudar a regência verbal requer que tenhamos conhecimentos anteriores a respeito do
verbo e seus complementos, conhecer a transitividade verbal.
Um verbo pode ter sentido completo, sem necessitar de complementos. São os verbos intransitivos.
Há verbos que não possuem sentido completo, necessitam de complemento. São os verbos transitivos.
Exemplos:
- transitivo direto: quando seu sentido se completa com o uso de um objeto direto (complemento sem
preposição).
- Transitivo indireto: quando seu sentido se completa com o uso de um objeto indireto (complemento
com preposição).
Exemplo: ninguém confia em estranhos.
"confia" é verbo transitivo indireto, "em" é a preposição e "estranhos" é o objeto indireto.
- Transitivo direto e indireto: quando seu sentido e completa com os dois objetos (direto e indireto).
Exemplo: devolvi o livro ao vendedor. "devolvi" é verbo transitivo direto e indireto, "o livro" é objeto di-
reto e "vendedor" é objeto indireto.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
A regência de um verbo está ligada a situação de uso da língua. Determinada regência de um verbo
pode ser adequada em um contexto e ser inadequada em outro.
Em contextos formais, deve-se empregar a frase 1, porque a variedade padrão, o verbo “ir” rege pre-
posição a. Na linguagem coloquial (no cotidiano), é possível usar a frase 2.
O primeiro, dos verbos que apresentam uma determinada regência na variedade padrão e outra regên-
cia na variedade coloquial;
2- e o segundo dos verbos que, na variedade padrão, apresentam mais de uma regência.
Primeiro grupo - verbos que apresentam uma regência na variedade padrão e outra na variedade co-
loquial:
Verbo Assistir
- Sentido: “auxiliar”, “caber, pertencer” e “ver, presenciar, atuar como expectador”. É nesse último sen-
tido que ele é usado.
- Variedade padrão (exemplos): ele não assiste a filme de violência; pela tv, assistimos à premiação
dos atletas olímpicos. Assistir com significado de ver, presenciar: é verbo transitivo indireto (vti), apre-
senta objeto indireto iniciado pela preposição a. Quem assiste, assiste a (alguma coisa).
- Variedade coloquial (exemplos): ela não assiste filmes de violência. Assistir com significado de ver,
presenciar: é verbo transitivo direto (vtd); apresenta objeto direto. Assistir (alguma coisa)
Verbo Ir e Chegar
- Variedade padrão (exemplos): no domingo, nós iremos a uma festa; o prefeito foi à capital falar com
o governador; os funcionários chegam bem cedo ao escritório. Apresentam a preposição a iniciando o
adjunto adverbial de lugar: ir a (algum lugar), chegar a (algum lugar)
- Variedade coloquial (exemplos): no domingo, nós iremos em uma festa; os funcionários chegam bem
cedo no escritório. Apresentam a preposição em iniciando o adjunto adverbial de lugar: ir em (algum
lugar), chegar em (algum lugar)
Verbo Obedecer/Desobedecer
- Variedade padrão (exemplos): a maioria dos sócios do clube obedecem ao regulamento; quem deso-
bedece às leis de trânsito deve ser punido. São vti; exigem objeto indireto iniciado pela preposição a.
Obedecer a (alguém/alguma coisa), desobedecer a (alguém/alguma coisa)
- Variedade coloquial (exemplos): a maioria dos sócios do clube obedecem o regulamento; quem de-
sobedece as leis de trânsito deve ser punido. São transitivos direto (vtd); apresentam objeto sem pre-
posição inicial. Obedecer (alguém/alguma coisa), desobedecer (alguém/alguma coisa)
- Sentido: obs.: se o objeto for coisa (e não pessoa), ambos são transitivos direto, tanto na variedade
padrão, como na coloquial. Exemplo: você não pagou o aluguel. O verbo pagar também é empregado
com transitivo direto e indireto. (pagar alguma coisa para alguém) a empresa pagava excelentes salá-
rios a seus funcionários.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Variedade padrão (exemplos): a empresa não paga aos funcionários faz dois meses; é ato de nobreza
perdoar a um amigo. São vti quando o objeto é gente; exigem preposição a iniciando o objeto indireto.
Pagar a (alguém), perdoar a (alguém)
- Variedade coloquial (exemplos): a empresa não paga os funcionários faz dois meses; é um ato de
nobreza perdoar um amigo. São vtd, apresentam objeto sem preposição (objeto direto): pagar (alguém),
perdoar (alguém)
Verbo Preferir
- Variedade padrão (exemplos): os brasileiros preferem futebol ao vôlei; você preferiu trabalhar a estu-
dar. Prefiro silêncio à agitação da cidade. É vtdi; exige dois objetos: um direto outro indireto (iniciado
pela preposição a. Preferir (alguma coisa) a (outra)
- Variedade coloquial (exemplos): os brasileiros preferem mais o futebol que o vôlei; você preferiu
(mais) trabalhar que estudar; prefiro (muito mais) silêncio do que a agitação da cidade. É empregado
com expressões comparativas (“mais...que”, “muito mais ...que”, “do que”, etc.). Preferir (mais) (uma
coisa) do que (outra).
Verbo Visar
- Sentido: o emprego mais usual do verbo “visar” é no sentido de “objetivar, ter como meta”.
- Variedade padrão (exemplos): todo artista visa ao sucesso; suas pesquisas visavam à criação de
novos remédios. É vti, com preposição a iniciando o objeto indireto. Visar a (alguma coisa)
- Variedade coloquial (exemplos): todo artista visa o sucesso; suas pesquisas visavam a criação de
novos remédios. É vtd, apresenta objeto sem preposição (objeto direto). Visar (alguma coisa)
Segundo grupo - verbos que, na variedade padrão, apresentam mais de uma regência (dependendo
do sentido/significado em que são empregados:
Verbo Aspirar
- Transitividade (sentido): verbo transitivo direto (sugar/respirar) verbo transitivo indireto (pretender)
- Exemplos: sentiu fortes dores quando aspirou o gás. O ex-governador aspirava ao cargo de presi-
dente.
Verbo Assistir
- Transitividade (sentido): verbo transitivo direto (ajudar); verbo transitivo indireto (ver); verbo transitivo
indireto (pertencer)
Verbo Informar
- exemplos: algumas rádios informam as condições das estradas aos motoristas. Algumas rádios infor-
mam os motoristas das condições das estradas
Verbo Querer
- Transitividade (sentido): verbo transitivo direto (desejar); verbo transitivo indireto (amar/gostar)
- Exemplos: todos queremos um brasil menos desigual. Isabela queria muito aos avós.
Verbo Visar
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Transitividade (sentido): verbo transitivo direto (mirar); verbo transitivo direto (pôr visto); verbo transi-
tivo indireto (objetivar)
- Exemplos: o atacante, ao chutar a falta, visou o ângulo do gol. Por favor, vise todas as páginas do
documento. Esta fazenda visa à produção de alimentos orgânicos.
Observações:
O verbo aspirar, como outros transitivos indiretos, não admite os pronomes lhe/lhes como objeto. De-
vem ser substituídos por a ele (s) /a ela (s). Ex.: o diploma universitário é importante; todo jovem devem
aspirar a ele.
No sentido de “ver presenciar”, o verbo assistir não admite lhe (s) como objeto, essas formas devem
ser substituídas por ele (s) ela (s). Ex.: o show de abertura das olimpíadas foi muito bonito; você assistiu
a ele?
No sentido de “objetivar, ter como meta”, o verbo visar (td) não admite como objeto a forma lhe/lhes,
que devem ser substituídas por a ele (s) a ela (s). Ex: o título de campeão rende uma fortuna ao time
vencedor, por isso todos os clubes visam a ele persistentemente.
Existem outros verbos que, na variedade padrão, apresentam a mesma regência do verbo informar.
São eles: avisar, prevenir, notificar, cientificar.
‣ na regência nominal, a relação entre um nome regente e seu termo regido se estabelece sempre
por meio de uma preposição.
‣ na regência verbal, temos que conhecer a transitividade dos verbos, ou seja, se é direta (vtd-verbo
transitivo direto), se é indireta (vti- verbo transitivo indireto) ou se é, ao mesmo tempo, direta e indireta
(vtdi- verbo transitivo direto e indireto).
‣ observe sempre os verbos que mudam de regência ao mudar de sentido, como visar, assistir, aspi-
rar, agradar, implicar, proceder, querer, servir e outros.
‣ não se pode atribuir um mesmo complemento a verbos de regências distintas. Por exemplo: o verbo
assistir no sentido de “ver”, requer a preposição a e o verbo gostar, requer a preposição de. Não po-
demos, segundo a gramatica, construir frases como: “assistimos e gostamos do jogo. ”, temos que
dar a cada verbo o complemento adequado, logo, a construção correta é “assistimos ao jogo e gosta-
mos dele. ”
‣ o conhecimento das preposições e de seu uso é fator importante no estudo e emprego da regência
(nominal, verbal) correta, pois elas são capazes de mudar totalmente o sentido do que for dito. Ex.: as
novas medidas escolares vão de encontro aos anseios dos alunos. Os alunos da 3ª série foram ao
encontro da nova turma.
Silepse
A palavra “silepse” é originária do grego sýllepsis, que significa “ação de reunir”, “ação de tomar em
conjunto”, também pode ser entendida como a ação de compreender.
Ou seja, a silepse é a figura de sintaxe que consiste em uma concordância não fundamentada nas
regras gramaticais da língua, e sim com uma concordância ideológica dos sentidos que as palavras
expressam, ou ainda com o sentido que as relações entre elas revelam.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Silepse de Número
A silepse de número pode ocorrer com todo substantivo singular compreendido como plural, pelo fa-
lante, e, em particular, com os coletivos dos nomes. A incidência desta silepse aumenta à medida que
o verbo se distancia do sujeito coletivo. É mais recorrente quando o coletivo está elíptico (subentendido)
na oração, assim:
A população manifestou-se contrária as mudanças políticas, foram às ruas e entoavam o hino nacional.
Quando o sujeito de uma oração é um dos pronomes “nós” ou “vós” referindo-se a uma só pessoa, e
os adjetivos ou particípios a que eles estão ligados permanecem no singular, ocorre silepse de número,
da seguinte forma:
Impulsionado por um cenário político de complexo entendimento, nossos esforços neste estudo volta-
ram-se à análise dos diferentes contextos dos estados brasileiros. Oferecemos cuidados aos graduan-
dos em sociologia um completo manual, com o envolvimento de todos.
Silepse de Gênero
Os termos utilizados como forma de tratamento “vossa majestade”, “vossa excelência”, “vossa senho-
ria”, e similares a esses, apresentam-se sob o gênero feminino, porém são usadas com regularidade
para pessoas do sexo masculino. Neste caso, quando funciona como predicativo, o adjetivo que a elas
se refere vai sempre para o masculino, quando deveria concordar com a forma de tratamento e não
com a pessoa a quem a expressão está-se referindo:
Por exemplo, quando um juiz é um homem e usa-se a expressão “vossa excelência”, mas completa-se
a oração com palavras no masculino.
Silepse de Pessoa
Quando a pessoa do discurso se inclui num sujeito enunciado na terceira pessoa do plural, o verbo
pode ir para a primeira pessoa do plural, exemplo: “esquece esse problema, que ainda havemos de ser
realizados os dois, com a nossa família e trabalho".
Quando o sujeito expresso na terceira pessoa do plural abrange a pessoa a quem o falante se dirige,
é lícito usarmos a segunda pessoa do plural. Exemplo: "todos falais em me julgar e condenar".
No português popular europeu, brasileiro e de países africanos de língua portuguesa, é comum a pa-
lavra “gente” transpor o verbo para a primeira pessoa do plural. Exemplo: "a gente necessita realizar
uma tarefa bem elaborada para verem que somos grandiosos".
Observação: para alguns gramáticos essa variação da língua se constitui como um desvio da regra, e
não como uma elipse.
Em estudos da narrativa, também conhecido por narratologia, o termo “silepse” é usado para conceituar
o processo de sintetizar o discurso, apresentando de um modo reduzido vários eventos associáveis
através de um recurso qualquer de aproximação temporal, espacial, temático.
A silepse é uma figura de linguagem que está na categoria de figura de sintaxe (ou de construção). Isso
porque ela está intimamente relacionada com a construção sintática das frases.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
A silepse é empregada mediante a concordância da ideia e não do termo utilizado na frase. Dessa
forma, ela não obedece às regras de concordância gramatical e sim por meio de uma concordância
ideológica.
Além da silepse, outras figuras de sintaxe são: elipse, zeugma, hipérbato, assíndeto, polissíndeto, aná-
fora, anacoluto e pleonasmo.
Classificação
Silepse de pessoa: quando há discordância entre o sujeito, que aparece na terceira pessoa, e o verbo,
que surge na primeira pessoa do plural.
Exemplos
No primeiro exemplo, notamos a união dos gêneros masculinos (são paulo) e feminino (velha).
No segundo exemplo, o uso do singular e plural denota o uso da silepse de número: povo (singular) e
gritavam (plural).
No terceiro exemplo, o verbo não concorda com o sujeito, e sim com a pessoa gramatical: pesquisado-
res (terceira pessoa); estamos (primeira pessoa do plural).
Exercícios
A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas sim com a
ideia que ele representa. É uma concordância anormal, psicológica, espiritual, latente, porque se faz
com um termo oculto, facilmente subentendido. Há três tipos de silepse: de gênero, número e pessoa.
Silepse de Gênero
Os gêneros são masculinos e femininos. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se faz
com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
A bonita porto velho sofreu mais uma vez com o calor intenso.
Nesse caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo porto velho, que gramaticalmente
pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de porto velho).
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Silepse de Número
Os números são singulares e plurais. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não con-
corda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos:
Note que nos exemplos acima, os verbos andaram, estão e gritavam não concordam gramaticalmente
com os sujeitos das orações (que se encontram no singular, procissão, turma e povo, respectivamente),
mas com a ideia de pluralidade que neles está contida. Procissão, turma e povo dão a ideia de muita
gente, por isso que os verbos estão no plural.
Silepse de Pessoa
Três são as pessoas gramaticais: a primeira, a segunda e a terceira. A silepse de pessoa ocorre quando
há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda com o sujeito da oração, mas
sim com a pessoa que está inscrita no sujeito. Exemplos:
"dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins públicos." (machado de assis)
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não concordam gramaticalmente com os seus
sujeitos (brasileiros, agricultores e cariocas que estão na terceira pessoa), mas com a ideia que neles
está contida (nós, os brasileiros, os agricultores e os cariocas).
Silepse de pessoa
A silepse de pessoa ocorre quando o verbo da frase não faz a concordância esperada com o sujeito
expresso, e sim com um sujeito oculto na sentença.
O tínhamos está na primeira pessoa do plural, concordando com a ideia de um "nós" oculto, enqua-
drando o autor da frase entre "nós, os brasileiros". Enquanto que a escrita padrão seria "tinham", na
terceira pessoa do plural.
Silepse de Gênero
A silepse de gênero ocorre quando há diferença entre o emprego do feminino e do masculino nos
adjetivos relacionados ao sujeito.
Sua amada está no feminino e concorda com "a cidade de belo horizonte", enquanto poderia ser "seu
amado belo horizonte", já que o termo "belo horizonte" seria masculino.
Silepse de número
A silepse de número acontece quando o verbo concorda com o sujeito oculto no singular ou plural, mas
que é diferente do sujeito que consta na frase.
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CONCORDÂNCIA E REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
O grupo é singular e a concordância seria "o grupo atacou", mas como se trata de uma coletividade
poderia ter o termo "todos" que requer o uso do plural "atacamos".
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COESÃO E COERÊNCIA
Coesão E Coerência
Coerência e coesão são dois mecanismos fundamentais para a produção de texto. A coesão é o me-
canismo relacionado com elementos que asseguram a ligação entre palavras e frases, de modo a in-
terligar as diferentes partes de um texto. A coerência, por sua vez, é responsável por estabelecer a li-
gação lógica entre ideias, para que, juntas, elas garantam que o texto tenha sentido.
Ambos são importantes para garantir que um texto transmita sua respectiva mensagem com clareza,
seja harmonioso e faça sentido para o leitor. O significado de coesão está relacionado com mecanismos
linguísticos do texto, que são responsáveis por estabelecer uma conexão de ideias.
A coesão cria relações entre as partes do texto de modo a guiar o leitor relativamente a uma sequência
de fatos.
Garantem a coesão lexical. Ocorrem quando um termo é substituído por outro termo ou por uma locu-
ção como forma de evitar repetições. Coesão correta: Os legumes são importantes para manter uma
alimentação saudável. As frutas também.
Erro de coesão: Os legumes são importantes para manter uma alimentação saudável. As frutas também
são importantes para manter uma alimentação saudável. Explicação: "também" substitui "são impor-
tantes para manter uma alimentação saudável".
Conectores
Esses elementos são responsáveis pela coesão interfrásica do texto. Criam relações de dependência
entre os termos e geralmente são representados por preposições, conjunções, advérbios, etc.
Referências e reiterações
Nesse tipo de coesão, um termo é usado para se referir a outro, para reiterar algo dito anteriormente
ou quando uma palavra é substituída por outra com ligação de significados.
Coesão correta: Hoje é aniversário da minha vizinha. Ela está fazendo 35 anos.
Erro de coesão: Hoje é aniversário da minha vizinha. Minha vizinha está fazendo 35 anos.
Correlação verbal
É a utilização dos verbos nos tempos verbais corretos. Esse tipo de coesão garante que o texto siga
uma sequência lógica de acontecimentos.
Explicação: note que "soubesse" é uma flexão do verbo "saber" no pretérito imperfeito do subjuntivo e
isso indica uma situação condicional que poderia dar origem a uma outra ação. Para a frase fazer
sentido, o verbo "avisar" tem de estar conjugado no futuro do pretérito para indicar um fato que poderia
ter acontecido se uma ação no passado tivesse se concretizado.
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COESÃO E COERÊNCIA
Para garantir a coerência de um texto, é preciso ter em conta alguns conceitos básicos.
Veja abaixo os principais conceitos da coerência textual e como eles são aplicados nas frases.
Explicação: quem é intolerante à lactose não pode consumir leite de vaca. Por esse motivo, o segundo
exemplo constitui um erro de coerência; não faz sentido.
Ainda que sejam expressas através do uso de diferentes palavras, as ideias não devem ser repetidas,
pois isso compromete a compreensão da mensagem a ser emitida e muitas vezes a torna redundante.
Explicação: "há" já indica que a ação ocorreu no passado. O uso da palavra "atrás" também indica que
a ação ocorreu no passado, mas não acrescenta nenhum valor e torna a frase redundante.
Princípio Da Relevância
As ideias devem estar relacionadas entre si, não devem ser fragmentadas e devem ser necessárias ao
sentido da mensagem. O ordenamento das ideias deve ser correto, pois, caso contrário, mesmo que
elas apresentem sentido quando analisadas isoladamente, a compreensão do texto como um todo pode
ficar comprometida.
Coerência correta: O homem estava com muita fome, mas não tinha dinheiro na carteira e por isso foi
ao banco e sacou uma determinada quantia para utilizar. Em seguida, foi a um restaurante e almoçou.
Erro de coerência: O homem estava com muita fome, mas não tinha dinheiro na carteira. Foi a um
restaurante almoçar e em seguida foi ao banco e sacou uma determinada quantia para utilizar. Expli-
cação: observe que, embora as frases façam sentido isoladamente, a ordem de apresentação da infor-
mação torna a mensagem confusa.
Se o homem não tinha dinheiro, não faz sentido que primeiro ele tenha ido ao restaurante e só depois
tenha ido sacar dinheiro.
Esse conceito garante que o texto tenha seguimento dentro de um mesmo assunto. Quando acontece
uma falha na continuidade temática, o leitor fica com a sensação de que o assunto foi mudado repen-
tinamente.
Coerência correta: "Tive muita dificuldade até acertar o curso que queria fazer. Primeiro fui fazer um
curso de informática... A meio do semestre troquei para um curso de desenho e por fim acabei me
matriculando aqui no curso de inglês. Foi confuso assim também para você?"
"Na verdade foi fácil pois eu já tinha decidido há algum tempo que assim que tivesse a oportunidade
de pagar um curso, faria um de inglês."
Erro de coerência: "Tive muita dificuldade até acertar o curso que queria fazer. Primeiro fui fazer um
curso de informática... A meio do semestre troquei para um curso de desenho e por fim acabei me
matriculando aqui no curso de inglês. Foi confuso assim também para você?"
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COESÃO E COERÊNCIA
"Quando eu me matriculei aqui no curso, eu procurei me informar sobre a metodologia, o tipo de recur-
sos usados, etc. e acabei decidindo rapidamente por este curso."
Explicação: note que no último exemplo, o segundo interlocutor acaba por não responder exatamente
ao que foi perguntado.
O primeiro interlocutor pergunta se ele também teve dificuldades de decidir que tipo de curso fazer e a
resposta foi sobre características que ele teve em conta ao optar pelo curso de inglês onde se matricu-
lou.
Progressão semântica
É a garantia da inserção de novas informações no texto, para dar seguimento a um todo. Quando isso
não ocorre, o leitor fica com a sensação de que o texto é muito longo e que nunca chega ao objetivo
final da mensagem.
Erro de coerência: Os meninos caminhavam e quando se depararam com o suspeito continuaram ca-
minhando mais um pouco. Passaram por várias avenidas e ruelas e seguiram sempre em frente. Ao
notarem que estavam sendo perseguidos, continuaram caminhando em direção ao seu destino, per-
correram um longo caminho...
Explicação: note que a frase onde a coerência está correta apresenta uma sequência de novas infor-
mações que direcionam o leitor à conclusão do desfecho da frase. No exemplo seguinte, a frase acaba
por se prolongar demais e o receptor da mensagem fica sem saber, afinal, o que os meninos fizerem.
A coesão está mais diretamente ligada a elementos que ajudam a estabelecer uma ligação entre pala-
vras e frases que unem as diferentes partes de um texto.
A coerência, por sua vez, estabelece uma ligação lógica entre as ideias, de forma que umas comple-
mentem as outras e, juntas, garantam que o texto tenho sentido.
Apesar de os dois conceitos estarem relacionados, eles são independentes, ou seja, um não depende
do outro para existir.
É possível, por exemplo, uma mensagem ser coesa e incoerente ou coerente e não apresentar coesão.
Veja os casos abaixo:
(A mensagem tem uma ligação harmoniosa entre as frases, porém não faz sentido: se existe uma
exceção, então o estabelecimento não está aberto todos os dias.)
"Para de mexer nessa tinta. Vá já para o banheiro! Não toque em nada. Lave bem as mãos. Vá para o
seu quarto."
(A mensagem é compreensível, porém não existe uma ligação harmoniosa entre as ideias. Faltam as
ligações entre as frases para que a mensagem soe natural.)
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COESÃO E COERÊNCIA
Para que um texto seja eficaz na transmissão da sua mensagem é essencial que faça sentido para o
leitor. Além disso, deve ser harmonioso, de forma a que a mensagem flua de forma segura, natural e
agradável aos ouvidos.
Coesão Textual
A coesão é resultado da disposição e da correta utilização das palavras que propiciam a ligação entre
frases, períodos e parágrafos de um texto. Ela colabora com sua organização e ocorre por meio de
palavras chamadas de conectivos.
Mecanismos de Coesão
A anáfora e a catáfora se referem à informação expressa no texto e, por esse motivo, são qualificadas
como endofóricas.
Algumas Regras
Referência
Pessoal: utilização de pronomes pessoais e possessivos. Exemplo: João e Maria casaram. Eles são
pais de Ana e Beto. (Referência pessoal anafórica)
Demonstrativa: utilização de pronomes demonstrativos e advérbios. Exemplo: Fiz todas as tarefas, com
exceção desta: arquivar a correspondência. (Referência demonstrativa catafórica)
Comparativa: utilização de comparações através de semelhanças. Exemplo: Mais um dia igual aos ou-
tros… (Referência comparativa endofórica)
Substituição
Substituir um elemento (nominal, verbal, frasal) por outro é uma forma de evitar as repetições.
Observe que a diferença entre a referência e a substituição está expressa especialmente no fato de
que a substituição acrescenta uma informação nova ao texto.
No caso de “João e Maria casaram. Eles são pais de Ana e Beto”, o pronome pessoal referencia as
pessoas João e Maria, não acrescentando informação adicional ao texto.
Elipse
Um componente textual, quer seja um nome, um verbo ou uma frase, pode ser omitido através da
elipse.
(A segunda oração é perceptível mediante o contexto. Assim, sabemos que o que está sendo oferecido
são ingressos para o concerto.)
Conjunção
Exemplo: Nós não sabemos quem é o culpado, mas ele sabe. (adversativa)
Coesão Lexical
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COESÃO E COERÊNCIA
A coesão lexical consiste na utilização de palavras que possuem sentido aproximado ou que pertencem
a um mesmo campo lexical. São elas: sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos, entre outros.
Exemplo: Aquela escola não oferece as condições mínimas de trabalho. A instituição está literalmente
caindo aos pedaços.
Coerência Textual
A Coerência é a relação lógica das ideias de um texto que decorre da sua argumentação - resultado
especialmente dos conhecimentos do transmissor da mensagem.
Um texto contraditório e redundante ou cujas ideias iniciadas não são concluídas, é um texto incoerente.
A incoerência compromete a clareza do discurso, a sua fluência e a eficácia da leitura.
Assim a incoerência não é só uma questão de conhecimento, decorre também do uso de tempos ver-
bais e da emissão de ideias contrárias.
Exemplos:
O relatório está pronto, porém o estou finalizando até agora. (processo verbal acabado e inacabado)
Ele é vegetariano e gosta de um bife muito mal passado. (os vegetarianos são assim classificados pelo
fato de se alimentar apenas de vegetais)
Fatores de Coerência
São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de um texto, tendo em vista a sua abrangên-
cia. Vejamos alguns:
Conhecimento de Mundo
É o conjunto de conhecimento que adquirimos ao longo da vida e que são arquivados na nossa memó-
ria.
São o chamados frames (rótulos), esquemas (planos de funcionamento, como a rotina alimentar: café
da amanhã, almoço e jantar), planos (planejar algo com um objetivo, tal como jogar um jogo), scripts (ro-
teiros, tal como normas de etiqueta).
Uma questão cultural nos leva a concluir que a oração acima é incoerente. Isso porque “peru, panetone,
frutas e nozes” (frames) são elementos que pertencem à celebração do Natal e não à festa de carnaval.
Inferências
Através das inferências, as informações podem ser simplificadas se partimos do pressuposto que os
interlocutores partilham do mesmo conhecimento.
Exemplo: Quando os chamar para jantar não esqueça que eles são indianos. (ou seja, em princípio,
esses convidados não comem carne de vaca)
Fatores de contextualização
Há fatores que inserem o interlocutor na mensagem providenciando a sua clareza, como os títulos de
uma notícia ou a data de uma mensagem.
Exemplo:
— Está marcado para às 10h.
— O que está marcado para às 10h? Não sei sobre o que está falando.
Informatividade
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COESÃO E COERÊNCIA
Quanto maior informação não previsível um texto tiver, mais rico e interessante ele será. Assim, dizer
o que é óbvio ou insistir numa informação e não desenvolvê-la, com certeza desvaloriza o texto.
Princípios Básicos
Após termos visto os fatores acima, é essencial ter em atenção os seguintes princípios para se obter
um texto coerente:
Coesão e coerência são coisas diferentes, de modo que um texto coeso pode ser incoerente. Ambas
têm em comum o fato de estarem relacionadas com as regras essenciais para uma boa produção
textual. A coesão textual tem como foco a articulação interna, ou seja, as questões gramaticais. Já a
coerência textual trata da articulação externa e mais profunda da mensagem.
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INTERTEXTUALIDADE
Intertextualidade
A intertextualidade é a presença textual de elementos semânticos e/ou formais que se referem a outros
textos produzidos anteriormente. Ela pode se manifestar de modo explícito, permitindo que o leitor
identifique a presença de outros textos, ou de modo implícito, sendo identificada somente por quem já
conhece a referência.
Por meio dessa relação entre diferentes textos, a intertextualidade permite uma ampliação do sentido,
na medida em que cria novas possibilidades e desloca sentidos. Desse modo, ela pode ser utilizada
para melhorar uma explicação, apresentar uma crítica, propor uma nova perspectiva, produzir humor
etc.
Essa intertextualidade pode ser indicada explicitamente no texto ou pode vir “disfarçada” pela lingua-
gem do autor. Em todo caso, para que o sentido da relação estabelecida seja compreendido, o leitor
precisa identificar as marcas intertextuais e, em alguns casos, conhecer e compreender o texto anterior.
Em trabalhos científicos, como artigos e dissertações, é comum haver citação de ideias ou informações
de outros textos. A citação pode ser direta, cópia integral do trecho necessário, ou indireta, quando se
explica a informação desejada com suas próprias palavras. As duas formas compreendem a intertex-
tualidade, pois aproveitam ideias já produzidas para contribuir com as novas informações.
A intertextualidade também pode ocorrer no nível formal, quando o autor repete elementos da estrutura
anterior, mas altera outros aspectos, construindo, com isso, um novo texto, com ligações explícitas com
a produção anterior. É muito comum nos gêneros artísticos, como poesia e música, em textos publici-
tários etc.
Tipos De Intertextualidade
Alusão – é o ato de indicar ou insinuar um texto anterior sem, no entanto, aprofundar-se nele. Esse
método de intertextualidade apresenta de forma superficial e objetiva informações, ideias ou outros
dados presentes em texto ou textos anteriores.
Exemplo:
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INTERTEXTUALIDADE
Murilo Mendes
Exemplo:
Epígrafe – é a reprodução de um pequeno trecho do texto original no início de um novo texto. Ela,
comumente, vem alocada no início da página, no canto direito e em itálico. Apesar de ser um trecho
“solto”, a epígrafe sempre tem uma relação com o conteúdo do novo texto.
“Apesar de você
amanhã há de ser
outro dia.”
Chico Buarque
Citação – é quando o autor referencia outro texto por ter pertinência e relevância com o conteúdo do
novo texto. A citação pode ocorrer de forma direta, quando se copia o trecho na íntegra e o destaca
entre aspas, ou pode ser indireta, quando se afirma o que o autor do texto original disse, mas expli-
cando os conceitos com novas palavras, relacionando a abordagem com o novo conteúdo.
Segundo Sócrates, “Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”, logo, de nada adi-
anta ter acúmulo de informações, quando não se aplica a autocrítica e a reflexão como ferramentas de
reconhecimento das potências e limites do nosso conhecimento.
A intertextualidade pode se expressar de dois modos: implícito ou explícito. O modo implícito enquadra
as produções que, apesar de referenciarem informações, conceitos e dados já apresentados por textos
anteriores, não o farão com cópias integrais nem com indicação explícita.
Assim como a paráfrase de Drummond, a intertextualidade implícita cita sem evidenciar ou anunciar.
Caso o leitor não conheça o texto anterior, pode encontrar dificuldades de perceber alguma relação
estabelecida.
Exemplos de intertextualidade
A intertextualidade é presente em diferentes gêneros textuais, mas tem um espaço privilegiado nos
gêneros artísticos. Nesses contextos, ela é utilizada, também, como ferramenta de inspiração e criati-
vidade, pois provoca uma ressignificação de textos já conhecidos, em novos contextos. Segue alguns
exemplos de intertextualidade em gêneros textuais artísticos:
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INTERTEXTUALIDADE
Na música:
(Lenine)
A música do cantor brasileiro Lenine apresenta uma declaração de amor do eu lírico à sua musa inspi-
radora. Na letra, o poeta faz referência a diferentes musas, já reconhecidas socialmente, que são ins-
pirações de outros, mas não dele, pois a sua única musa é sua amada, verdade confirmada em “só
você”, contrapondo-se à enumeração de musas referenciadas.
Na literatura:
(Oswald de Andrade)
Em textos visuais:
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INTERTEXTUALIDADE
A Mona Lisa é um dos textos que mais apresenta releituras, exemplificando a relação de pontos de
intertextualidade com a obra original. Nas duas imagens anteriores, é possível reconhecer a referência
ao quadro de Leonardo da Vinci — a posição das mãos, a paleta de cores, o cabelo, a posição do
corpo, entre outros detalhes. Percebe-se que, mesmo com tantas semelhanças, os dois textos apre-
sentam novos sentidos para a imagem, cada um com sua assinatura específica.
A intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou seja, é a influência e relação que um esta-
belece sobre o outro. Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção de textos
que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos existentes em outro texto, seja a nível de con-
teúdo, forma ou de ambos: forma e conteúdo.
Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de forma que essa relação pode ser estabe-
lecida entre as produções textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escrita), sendo
expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música, dança, cinema), propagandas publicitárias,
programas televisivos, provérbios, charges, dentre outros.
Tipos De Intertextualidade
Há muitas maneiras de realizar a intertextualidade sendo que os tipos de intertextualidade mais comuns
são:
Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmente, em forma de crítica irônica de caráter
humorístico. Do grego (parodès) a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante) e
“odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante à outra”. Esse recurso é muito utilizado pelos
programas humorísticos.
Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a mesma ideia contida no texto original, entre-
tanto, com a utilização de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis), significa a
“repetição de uma sentença”.
Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras, textos científicos, desde artigos, resenhas, monografias,
uma vez que consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma relação com o que
será discutido no texto. Do grego, o termo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição supe-
rior) e “graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio Cultural e a epígrafe
do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): "A cultura é o melhor conforto para a velhice".
Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção textual, de forma que dialoga com ele;
geralmente vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Esse
recurso é importante haja vista que sua apresentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado
“plágio”. Do Latim, o termo “citação” (citare) significa convocar.
Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (allu-
dere) é formado por dois termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Exemplos
Intertextualidade Na Literatura
O poema de Casimiro de Abreu (1839-1860), “Meus oito anos”, escrito no século XIX, é um dos textos
que gerou inúmeros exemplos de intertextualidade, como é o caso da paródia de Oswald de Andrade
“Meus oito anos”, escrito no século XX:
Texto Original
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INTERTEXTUALIDADE
Paródia
(Oswald de Andrade)
Outro exemplo é o poema de Gonçalves Dias (1823-1864) intitulado Canção do Exílio o qual já rendeu
inúmeras versões. Dessa forma, segue um dos exemplos de paródia, o poema de Oswald de Andrade
(1890-1954), e de paráfrase com o poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987):
Texto Original
Paródia
Paráfrase
Intertextualidade Na Música
A música “Monte Castelo” da banda legião urbana cita os versículos bíblicos 1 e 4, encontrados no livro
de Coríntios, no capítulo 13: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse
amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine” e “O amor é sofredor, é benigno; o amor
não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece”.
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INTERTEXTUALIDADE
Além disso, nessa mesma canção, ele cita os versos do escritor português Luís Vaz de Camões (1524-
1580), encontradas na obra “Sonetos” (soneto 11):
Igualmente, a música “GoBack” do grupo musical Titãs, cita o poema “Farewell” do escritor chileno
Pablo Neruda (1904-1973):
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS
Ao ler, tomamos contato com textos dos mais variados tipos, sendo possível classificá-los de diversas
maneiras (poéticos, científicos, textos em verso e textos em prosa, políticos, religiosos etc).
Daí, tratar da classificação dos textos se revelará útil tanto para a leitura quanto para a produção de
textos.
I – Modos de texto
Classificam-se os textos em Narrativos, Descritivos e Dissertativos, embora, na maioria das vezes, não
encontremos um texto em estado puro, já que o narrativo, o descritivo e o dissertativo podem interpolar-
se em um único texto.
a) Texto Narrativo: Relata as mudanças progressivas de estado que vão ocorrendo no tempo (evolução
cronológica) com as pessoas e as coisas. Nesse tipo de texto, existe uma relação de anterioridade ou
de posterioridade entre os episódios e os relatos.
De uma forma sucinta, podemos afirmar que predominam nos textos narrativos
• sucessão temporal
• tempos verbais: presente e pretérito-perfeito do Indicativo, isto é, tempos que expressam o fato que
ocorre no presente ou acontecido no passado, em uma sucessão temporal.
b) Texto Descritivo: Enquanto uma narração faz progredir uma história, a descrição consiste justa-
mente em interrompê-la, detendose em um personagem, um objeto – relatando suas características –
, em um lugar etc.
Os fatos reproduzidos numa descrição são simultâneos não existindo, portanto, progressão temporal
de um estado anterior para outro posterior.
• tempos verbais: o presente e o pretérito- imperfeito do Indicativo – tempos que indicam um fato ob-
servado em um determinado momento do tempo.
c) Texto Dissertativo: Seu propósito principal é expor ou explanar, explicar ou interpretar idéias. Na
dissertação, expressamos o que sabemos ou acreditamos saber a respeito de determinado assunto;
externamos nossa opinião sobre o que é ou nos parece ser.
• mecanismos de coesão
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1- Eram sete horas da noite em São Paulo e a cidade toda se agitava naquele clima de quase tumulto
típico dessa hora. De repente, uma escuridão total caiu sobre todos como uma espessa lona opaca de
um grande circo. Os veículos acenderam os faróis altos, insuficientes para substituir a iluminação an-
terior.
2- Eis São Paulo às sete da noite. O trânsito caminha lento e nervoso. Nas ruas, pedestres apressados
se atropelam. Nos bares, bocas cansadas conversam, mastigam e bebem em volta das mesas. Luzes
de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios.
3- As condições de bem-estar e de comodidade nos grandes centros urbanos como São Paulo são
reconhecidamente precárias por causa, sobretudo, da densa concentração de habitantes num espaço
que não foi planejado para alojá-los. Com isso, praticamente todos os pólos da estrutura urbana ficam
afetados: o trânsito é lento; os transportes coletivos, insuficientes; os estabelecimentos de prestação
de serviços, ineficazes.
II – Tipos de Texto
2) Didático: Ensinar, também são informações que o leitor desconhece. Ex: livros didáticos.
3) Expositivo: Expõe o que se sabe, sem opinar. Ex: questões discursivas em concursos públicos.
5) Polêmico: Neste texto aparecem, ao menos, dois pontos de vista sobre um assunto. Ex.: arti-
gos que tratam de temas polêmicos – aborto, o sistema de reserva de quotas para negros nas
universidades etc.
6) Injuntivo: Tem por objetivo instruir em vista de uma ação. Ex: manuais.
“O texto deve ser classificado de forma mais adequada...”; “Os textos narrativos/ informativos/ didáticos
caracterizam-se por...”; “O texto lido poderia ser classificado como...”; “Quanto ao modo de organização
do discurso, pode-se afirmar que o texto lido é...”; “O texto lido deve ser considerado prioritariamente
como...”; “A finalidade principal desse texto é a de...”; “O objeto maior do texto é...”, entre outros.
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS
O construtor de pontes
Dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um rio, entraram em conflito.
Foi a primeira grande desavença em toda uma vida de trabalho lado a lado. Mas agora tudo havia
mudado. O que começou com um pequeno mal-entendido finalmente explodiu numa troca de palavras
ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio. Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à
sua porta.
— Estou procurando trabalho, disse um forasteiro. Faço trabalhos de carpintaria. Talvez você tenha
algum serviço para mim.
— Sim, disse o fazendeiro. Claro! Vê aquela fazenda ali, além do rio? É do meu vizinho. Na realidade
é do meu irmão mais novo. Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira ali
no celeiro? Pois use para construir uma cerca bem alta.
O irmão mais velho entregou o material e foi para a cidade. O homem ficou ali cortando, medindo,
trabalhando o dia inteiro. Quando o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez de cerca, uma
ponte foi construída ali, ligando as duas margens. Era um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfu-
recido e falou:
— Você foi atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei! Mas as surpresas não pa-
raram aí. Ao olhar novamente para a ponte, viu o seu irmão se aproximando de 31 braços abertos. Por
um instante permaneceu imóvel do seu lado do rio.
— Você realmente foi muito amigo construindo esta ponte mesmo depois do que eu lhe disse. De
repente, num só impulso, o irmão mais velho correu na direção do outro e abraçaram-se, emocionados,
no meio da ponte.
O carpinteiro que fez o trabalho preparou-se para partir, com sua caixa de ferramentas.
TEXTO 02
No final do século passado, existia, rodeada por pequeno cemitério, outra igrejinha próxima ao local
onde hoje está erguida a Capela de Santa Cruz da Estiva. Junto à estrada que passa diante da Capela,
residia, então, um humilde lavrador que trabalhava as terras, auxiliado por sete filhos. Rapagões fortes
e destemidos, eram o orgulho do pai.
Foi quando surgiu a febre amarela, ceifando vidas sem piedade. Por ironia, ela foi levando um por um
os sete filhos do lavrador, deixando-o sozinho com sua dor.
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS
Passada a epidemia, o desventurado buscou consolo em Deus. E se propôs, apesar de passar por
dificuldades econômicas, a construir uma Capela nova junto à antiga, pedindo ao Senhor amparo para
as almas de seus sete rapazes, conseguindo-lhes, assim, a absolvição dos pecados possivelmente
cometidos.
Obteve com seus rogos que a dona da fazenda fizesse a doação de uma faixa de terreno e, com os
amigos e conhecidos, acertou o empreendimento de um mutirão.
Assim foi construída a Capela de Santa Cruz da Estiva, segundo se diz por aí...
1) A lenda “A Santa Cruz da Estiva”, quanto ao modo de organização textual e à justificativa para a
classificação, pode ser considerada um texto:
C) dissertativo, porque analisa e interpreta dados da realidade por meio de conceitos abstratos
D) poético, porque utiliza jogos de figuras de modo a ocultar uma visão de mundo subjetiva
TEXTO 03
“Estavam no pátio de uma fazenda sem vida. O curral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e
também deserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo anunciava abandono. Certamente o gado se finara
e os moradores tinham fugido. Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-
se da casa, bateu, tentou forçar a porta. Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de
plantas mortas, rodeou a tapera, alcançou o terreiro do fundo, viu um barreiro vazio, um bosque de
catingueiras murchas, um pé de turco e o prolongamento da cerca do curral. Trepou-se no mourão do
canto, examinou a caatinga, onde avultavam as ossadas e o negrume dos urubus. Desceu, empurrou
a porta da cozinha. Voltou desanimado, ficou um instante no copiar, fazendo tenção de hospedar ali a
família. Mas chegando aos juazeiros, encontrou os meninos adormecidos e não quis acordá-los.”
(Graciliano Ramos, apud Carreter e outros, 1963:29)
a) descritivo;
b) jurídico;
c) didático;
d) narrativo;
e) argumentativo.
TEXTO 04
Quando era menino, na escola, as professoras me ensinaram que o Brasil estava destinado a um futuro
grandioso porque as suas terras estavam cheias de riquezas: ferro, ouro, diamantes, florestas e coisas
semelhantes. Ensinaram errado. O que me disseram equivale a predizer que um homem será um
grande pintor por ser dono de uma loja de tintas. Todavia, o que faz um quadro não é a tinta: são as
idéias que moram na cabeça do pintor. As idéias dançantes na cabeça fazem as tintas dançar sobre a
tela. Por isso, sendo um país tão rico, somos um povo tão pobre. Não sabemos pensar. (...) Minha filha
me fez uma pergunta: “O que é pensar?” Disse-me que essa era uma pergunta que o professor de
Filosofia havia proposto à classe. Pelo que lhe dou os parabéns. Primeiro, por ter ido diretamente à
questão essencial. Segundo, por ter tido a sabedoria de fazer a pergunta, sem dar a resposta. Porque,
se tivesse dado a resposta, teria com ela cortado as asas do pensamento. O pensamento é como a
águia que só alça vôo nos espaços vazios do desconhecido. Pensar é voar sobre o que não se sabe.
Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Para isto existem as
escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas. As respostas nos permitem
andar sobre a terra firme, mas somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido.
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Rubem Alves. Ao professor, com o meu carinho. São Paulo: Verus Editora, 2004, p. 57-58.
1 O texto caracteriza-se como texto científico devido ao uso de dados comprovados e ao excesso de
trechos descritivos.
TEXTO 05
VIOLÊNCIA NO CAMPO
José Saramago
No dia 17 de abril de 1996, no estado brasileiro do Pará, perto de uma povoação chamada Eldorado
dos Carajás (Eldorado: como pode ser sarcástico o destino de certas palavras...), 155 soldados da
polícia militarizada, armados de espingardas e metralhadoras, abriram fogo contra uma manifestação
de camponeses que bloqueavam a estrada em ação de protesto pelo atraso dos procedimentos legais
de expropriação de terras, como parte do esboço ou simulacro de uma suposta reforma agrária na qual,
entre avanços mínimos e dramáticos recuos, se gastaram já cinquenta anos, sem que alguma vez
tivesse sido dada suficiente satisfação aos gravíssimos problemas de subsistência (seria mais rigoroso
dizer sobrevivência) dos trabalhadores do campo. Naquele dia, no chão de Eldorado dos Carajás fica-
ram 19 mortos, além de umas quantas dezenas de pessoas feridas.
Passados três meses sobre este sangrento acontecimento, a polícia do estado do Pará, arvorando-se
a si mesma em juiz numa causa em que, obviamente, só poderia ser a parte acusada, veio a público
declarar inocentes de qualquer culpa os seus 155 soldados, alegando que tinham agido em legítima
defesa, e, como se isto lhe parecesse pouco, reclamou procedimento judicial contra três dos campo-
neses, por desacato, lesões e detenção ilegal de armas. O arsenal bélico dos manifestantes era cons-
tituído por três pistolas, pedras e instrumentos de lavoura mais ou menos manejáveis. Demasiado sa-
bemos que, muito antes da invenção das primeiras armas de fogo, já as pedras, as foices e os chuços
haviam sido considerados ilegais nas mãos daqueles que, obrigados pela necessidade a reclamar pão
para comer e terra para trabalhar, encontraram pela frente a polícia militarizada do tempo, armada de
espadas, lanças e albardas. Ao contrário do que geralmente se pretende fazer acreditar, não há nada
mais fácil de compreender que a história do mundo, que muita gente ilustrada ainda teima em afirmar
ser complicada demais para o entendimento rude do povo.
a) descritivo;
b) narrativo;
c) argumentativo;
d) expositivo;
e) informativo.
Texto 06
O MEDO SOCIAL
No Rio de Janeiro, uma senhora dirigia seu automóvel com o filho ao lado. De repente foi assaltada por
um adolescente, que a roubou, ameaçando cortar a garganta do garoto. Dias depois, a mesma senhora
reconhece o assaltante na rua. Acelera o carro, atropela-o e mata-o, com a aprovação dos que presen-
ciaram a cena. Verídica ou não, a história é exemplar. Ilustra o que é a cultura da violência, a sua nova
feição no Brasil.
Ela segue regras próprias. Ao expor as pessoas a constantes ataques à sua integridade física e moral,
a violência começa a gerar expectativas, a fornecer padrões de respostas. Episódios truculentos e
situações-limite passam a ser imaginados e repetidos com o fim de caucionar a idéia de que só a força
resolve conflitos. A violência torna-se um item obrigatório na visão do mundo que nos é transmitida.
Cria a convicção tácita de que o crime e a brutalidade são inevitáveis. O problema, então, é entender
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como chegamos a esse ponto. Como e por que estamos nos familiarizando com a violência, tornando-
a nosso cotidiano.
Em primeiro lugar, é preciso que a violência se torne corriqueira para que a lei deixe de ser concebida
como o instrumento de escolha na aplicação da justiça. Sua proliferação indiscriminada mostra que as
leis perderam o valor normativo e os meios legais de coerção, a força que deveriam ter. Nesse vácuo,
indivíduos e grupos passam a arbitrar o que é justo ou injusto, segundo decisões privadas, dissociadas
de princípios éticos válidos para todos. O crime é, assim, relativizado em seu valor de infração. Os
criminosos agem com consciências felizes. Não se julgam fora da lei ou da moral, pois conduzem-se
de acordo com o que estipulam ser o preceito correto. A imoralidade da cultura da violência consiste
justamente na disseminação de sistemas morais particularizados e irredutíveis a ideais comuns, con-
dição prévia para que qualquer atitude criminosa possa ser justificada e legítima.
1. “No Rio de Janeiro, uma senhora dirigia seu automóvel com o filho ao lado. De repente foi assaltada
por um adolescente...”; a passagem do pretérito imperfeito para o pretérito perfeito marca a mudança
de:
a) narrativo moralizante;
b) informativo didático;
c) dissertativo opinativo;
d) normativo regulamentador;
e) dissertativo polêmico.
TEXTO 07
Por ser uma versão continental dos Jogos Olímpicos, o Pan é o mais importante evento esportivo das
Américas, envolvendo 42 países e um número estimado de 5.500 atletas, o que possibilita o intercâmbio
técnico e a descoberta de novos talentos e recordistas. Com a transmissão ao vivo para vários países,
o Pan também é uma ótima oportunidade de exposição de marca para a PETROBRAS, visto que
atende à sua estratégia de internacionalização. Além do aporte financeiro ao evento, a companhia de-
verá participar do dia-a-dia da Vila Pan-Americana, promovendo shows diários na Zona Internacional
da vila com artistas patrocinados pelo Programa PETROBRAS Cultural. O apoio ao Pan tem ainda
como finalidade contribuir para a educação da juventude por meio da prática esportiva e dentro do
espírito olímpico, que exige dedicação, trabalho em equipe e solidariedade. A PETROBRAS é, histori-
camente, uma das empresas que mais contribuem para o crescimento do esporte brasileiro. Em 2006,
por exemplo, a companhia investiu cerca de R$ 70 milhões em modalidades como automobilismo,
surfe, futebol, tênis e handebol.
TEXTO 08
A maioria do público acredita que os produtos químicos utilizados no diaa-dia já foram exaustivamente
testados e que seus criadores sabem exatamente como a natureza os receberá de volta quando eles
forem jogados em esgotos ou simplesmente caírem no solo. Infelizmente essa não é toda a verdade.
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Apesar dos inúmeros cuidados e métodos desenvolvidos para se avaliar o impacto ambiental dos com-
postos químicos, a realidade é que é virtualmente impossível testar como cada um deles vai se com-
portar na natureza. “Leva um tempo muito grande para se estimar o destino ambiental dos compostos
químicos — a indústria produz novos químicos muito mais rapidamente do que eles podem ser testa-
dos”, diz o Dr. Victor de Lorenzo, pesquisador que desenvolveu, no Centro Nacional de Biotecnologia
da Espanha, um programa de computador capaz de prever com grande precisão como um determinado
composto químico se comportará na natureza, se ele irá se biodegradar ou não. O destino dos com-
postos orgânicos no meio ambiente, dos mata-matos aos medicamentos, é largamente decidido pelos
micróbios. Esses organismos quebram alguns compostos diretamente em dióxido de carbono (CO2),
mas, outros produtos químicos permanecem no meio ambiente por anos, absolutamente intocados.
O novo sistema desenvolvido por Lorenzo mostra como os microrganismos digerem os compostos
químicos.
Diante de uma formulação que não seja digerida, é emitido um alerta que poderá auxiliar as autoridades
a estabelecerem restrições ou até a proibir a comercialização do novo produto químico. O programa,
chamado BDPServer, foi disponibilizado gratuitamente na Internet.
TEXTO 09
O laudo médico-pericial é utilizado como prova técnica, devendo estar isento de tendências, vícios e
distorções — condição básica para atingir seu objetivo principal: descrever e interpretar fatos médicos
para a correta aplicação da justiça, cumprindo seu papel como um dos principais instrumentos de ga-
rantia aos Direitos Universais do Homem.
Não importa se vítima ou agressor: o periciado tem o direito de ser visto e respeitado como homem,
sendo examinado em ambiente neutro, sem a presença de estranhos, devendo sentir-se seguro e livre
de coações. Enfim, contar com total liberdade para relatar sua versão dos fatos. Por sua vez, o médico-
legista deve exercer seu mister livre de constrangimentos, coações ou pressões de quaisquer espécies,
mantendo o respeito incondicional pelo homem.
Para deixar mais claro: a própria Resolução CFM n.º 1.635, de 9 de maio de 2002, veda ao médico a
realização de exames médico-periciais de corpo de delito em seres humanos no interior dos prédios
e(ou) dependências de delegacias, seccionais ou sucursais de polícia, unidades militares, casas de
detenção e presídios. Proíbe, ainda, exames de corpo de delito em seres humanos contidos por alge-
mas ou por qualquer outro meio — exceto quando o periciado oferecer risco à integridade física do
médicoperito.
Como ficaria a posição do legista, trabalhando no interior de delegacias policiais, quartéis ou casas de
detenção, repleta de policiais, caso assistisse à violação dos direitos humanos? Seria uma simples
testemunha ou um perito médico, com obrigação legal de relatar os fatos? Um legista não é (e não
pode ser visto como) testemunha ou cúmplice dos fatos.
Nunca, jamais, devem acontecer ocorrências que levem o periciado a confundir a figura imparcial e
isenta do médico-legista (interessado na busca da verdade, por meio da prova técnica) com o aparelho
repressor do Estado. Sua função é descrever, por meio da observação atenta e minuciosa, os fatos
ocorridos, interpretando-os para a justiça, com seus conhecimentos de medicina.
1. A partir do texto, assinale a opção que resume, corretamente, a idéia do parágrafo correspondente.
C) terceiro parágrafo – narrativa sintética dos princípios da Resolução CFM n.º 1.635, de 9 de maio de
2002.
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TEXTO 10
Entende-se que policial militar é um trabalhador que desenvolve um processo de trabalho peculiar.
Concebe-se também que o exercício de sua atividade caracterize uma profissão, na medida em que a
atividade policial é exercida por um grupo social específico, que partilha idéias, valores e crenças co-
muns. Considera-se, ainda, a polícia como uma profissão pelo conjunto de atividades atribuídas pelo
Estado à organização policial para a aplicação da lei e a manutenção da ordem pública. Júlio Consul,
em A Polícia Militar — revelando sua identidade, afirma que o trabalho de policial militar se caracteriza
pela percepção, pelas expectativas e pela retórica para legitimar, entre o eu e o outro, nós e eles, o
atributo de profissão policial sob os auspícios das atividades que eles desenvolvem no seu cotidiano
laboral.
O trabalho do policial militar compreende tudo aquilo que o profissional utiliza na realização de sua
atividade. Essa atividade comporta o aspecto instrumental e o conhecimento técnico-operativo, descri-
tos a seguir. Instrumental: São os equipamentos utilizados e os aprestos. São as ferramentas que dão
suporte ao policial militar na realização de suas atividades, tais como: uniforme (a farda), capa de
chuva, armas (arma de fogo, cassetete e algemas), viaturas, rádios transceptores, apito, coletes refle-
tores, papel, caneta, telefone; instrumentos de prevenção: colete à prova de balas, capacete de controle
de tumulto.
Em resumo, o papel da polícia é tratar de problemas humanos quando sua solução necessita ou possa
necessitar do emprego da força. Assim, para que o policial possa realizar o seu trabalho com eficiência,
é fundamental que aprenda a intervir-nos mais distintos espaços, de modo que exerça sua autoridade
como profissional dentro das prerrogativas que lhe conferem o poder de polícia, mas sem abusar desse
poder, de maneira arbitrária ou autoritária.
1.O último parágrafo do texto faz uma síntese das idéias do parágrafo inicial sem a elas acrescentar
informação alguma, o que evidencia a natureza narrativa.
TEXTO 11
O governo federal foca seus esforços no aumento das exportações brasileiras e na direção certa, mas
há uma agenda aguardando definições e atos, particularmente no que diz respeito aos juros – que
precisam ser reduzidos a patamares compatíveis com os praticados nos lugares do mundo onde nossos
concorrentes se financiam. Espera-se também uma maior disponibilidade de recursos nos programas
de fomento às exportações; uma reforma tributária, que é urgente; um aperfeiçoamento da legislação
trabalhista e é uma ampliação e melhoria da infra-estrutura nacional, principalmente no setor de trans-
portes. Esse conjunto de fatores -- - enquanto não definidos e implementados --- é que torna as em-
presas brasileiras vulneráveis no jogo do comércio internacional. Mas a questão da América do Sul
merece uma análise especial.
Dinheiro é um facilitador das transações, mas não é a única forma de relação comercial. O mundo
moderno não pode menosprezar a sabedoria de nossos antepassados, que sobreviveram séculos fa-
zendo trocas. Um bom exemplo de alinhamento entre estratégias empresariais e apoio governamental,
que resultou em uma equação, é o caso da Odebrecht em Angola: esta construtora constrói a hidrelé-
trica de que o país africano necessita, e o governo angolano paga com petróleo, produto abundante
naquele país.
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O fato é que existe um vasto mercado para exportação na América do Sul que não pode ser desconsi-
derado. Politicamente, esse é o mercado do Brasil, e o Brasil é o mercado para sua viabilização. O
governo federal não deve fechar-se sobre o MERCOSUL. Precisamos assumir o papel geopolítico de
liderança em toda a América do Sul, até porque nossa condição diferenciada no contexto mundial faci-
lita a captação de capitais internacionais, para financiar, aqui, operações dessa natureza. A infraestru-
tura de transportes, geração de energia e telecomunicações e as riquezas do subsolo estão esperando
por investimentos. Se não os fizemos, outros farão.
b) No segundo parágrafo, alude-se à ampliação dos limites do mercado, de forma a abranger todo o
continente sul-americano, e levantam-se algumas estratégias de ação para viabilizar esse propósito:
redução dos juros, aumento da disponibilidade de recursos, reforma tributária, aperfeiçoamento da le-
gislação trabalhista e ampliação e melhoria da infra-estrutura de transportes.
d) O quarto parágrafo descreve o vasto mercado para a exportação da América do Sul, além do MER-
COSUL, o papel geopolítico de liderança brasileira na região sul-americana, a condição diferenciada
do Brasil no contexto mundial e a infra-estrutura brasileira de transportes, de geração de energia, de
telecomunicações e de tecnologia.
e) Nesse texto, eminentemente dissertativo, o autor discute o assunto do incremento das exportações
brasileiras na América do Sul, apresentando vários argumentos que teriam, em tese, o intuito de fazer
o leitor partilhar do seu ponto de vista, que está resumindo na última idéia do texto: “Se não o fizermos,
outros farão”.
Texto 12
A globalização começou no dia em que um anônimo primitivo, em alguma parte do continente ainda
sem nome, movido por um sentimento de curiosidade, caminhou além dos limites conhecidos por sua
tribo e encontrou um grupo de desconhecidos, com o qual entabulou algum tipo de comunicação. A
partir daquele momento, os homens nuca mais pararam de caminhar, de olhar ao redor e de integrar-
se em um processo de globalização cada vez mais amplo.
Desde o final do século XV, com a invenção de novos equipamentos de navegação e as grandes des-
cobertas, esse processo se espalhou por todo o planeta, ao mesmo tempo em que aumentava a in-
fluência européia no mundo. No século XIX, o telégrafo submarino reduziu o tempo com que as infor-
mações, as ordens e as diversas decisões importantes chegavam a diversos lugares do mundo – em
pontos específicos, em quantidades limitadas e com alguma defasagem de tempo.
Uma das maiores manifestações linguísticas na fronteira entre os séculos XX e XXI é a idéia de globa-
lização como um processo de internacionalização. A globalização é um processo de disseminação das
idéias, da cultura e dos objetivos sociais dos Estados Unidos. No lugar de globalização, há uma ame-
riglobalização. A melhor prova disso é que esse país defende a abertura comercial, mas fecha suas
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS
fronteiras e toma medidas protecionistas sempre que necessário. 1.Analisando a tipologia do texto e a
síntese das idéias nele desenvolvidas, assinale a opção incorreta.
a) O primeiro parágrafo apresenta o mais remoto indício da globalização, título do texto, de forma ex-
positiva, sem haver posicionamento explícito do autor frente aos acontecimentos.
b) O segundo parágrafo mostra a evolução do processo, em uma retrospectiva histórica, desde o final
do século XV, tempo e, que a influência européia no mundo se fez marcante, até o século XIX, quando
as informações chegavam a diversos lugares do mundo “em quantidades limitadas e com alguma de-
fasagem de tempo”.
e) Em todo o texto predomina a estrutura dissertativa, por meio da qual o assunto é abordado, em
linguagem objetiva e referencial, obedecendo a um viés cronológico, do passado ao presente.
COESÃO E COERÊNCIA
1) Assinale a opção que constitui continuação coesa e coerente para o fragmento de texto acima.
a) Essa disputa se tornou tão acirrada que elevou o nível médio salarial. Um soldador, por exemplo,
hoje tem um ordenado inicial entre R$ 1,2 mil e R$ 2,1 mil. Nas escolas do SESI e do SENAC, os
formandos são disputados pelos empregadores.
b) Essa é a iniciativa mais audaciosa já tomada por uma empresa brasileira em matéria de oferta de
emprego, e é mais uma das consequências da globalização da economia.
c) Entretanto, com o extraordinário crescimento da produção industrial chinesa, nos últimos anos, o
preço das commodities no mercado internacional disparou, o que abriu caminho para a expansão dos
setores de mineração, siderurgia, petróleo e equipamentos de transporte pesado.
d) Desde então, as empresas mais competitivas desses setores criaram milhares de novos postos de
trabalho e, de forma cada vez mais agressiva, vêm disputando trabalhadores preparados para ocupá-
los.
e) Todas essas empresas vêm publicando anúncios em inglês, em busca de profissionais qualificados
de nível técnico superior. As empresas também vêm contratando trabalhadores aposentados e procu-
rando atrair profissionais qualificados da PETROBRAS.
Há cinco anos, sob o comando de George W. Bush, os Estados Unidos da América (EUA) invadiam o
Iraque. Já se mostrou à exaustão que a aventura foi uma catástrofe humanitária e um fracasso político
que encalacrou o Pentágono numa ocupação militar sem perspectiva de solução. Verifica-se, agora,
que foi também um desastre financeiro.
2. Assinale a opção em que o fragmento constitui continuação coesa e coerente para o texto acima.
a) Entretanto, Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, calcula que a empreitada poderá sair por
assombrosos US$ 4 trilhões ou mais, dependendo de quanto tempo a ocupação durar.
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS
b) Mas, agora que o país se encontra numa situação de déficit fiscal, a conta da guerra contribui para
a crescente desvalorização da moeda norte-americana, num movimento que dificulta o combate à crise
de crédito nos EUA e agrava suas repercussões globais.
c) Às vésperas da invasão, a Casa Branca estimava que gastaria algo entre US$ 50 bilhões e US$ 60
bilhões para derrubar Saddam Hussein e instalar um novo governo no país. Hoje, a conta está em US$
600 bilhões e continua subindo.
d) Avaliações mais conservadoras, como a do Escritório de Orçamento do Congresso, órgão que mu-
nicia o Poder Legislativo com informações técnicas, concluem que a ocupação não atingirá efetiva-
mente a economia norteamericana.
e) Portanto, nada indica que o próximo presidente dos EUA terá condições de colocar um fim rápido à
aventura. Fala-se em retirar as tropas até o fim de 2009. Isso, é claro, no melhor cenário. E o problema
é que, no Iraque, o melhor cenário nunca se materializa.
O conflito do Tibete, que se arrasta desde o século 13, requer solução pacífica pautada pelo signo da
não-violência. Invadida pela China em 1950, a província luta pela autonomia há cinco décadas. Pequim
resiste. Além de constante desrespeito aos direitos humanos, procede ao que o dalai-lama denomina
“genocídio cultural” — sistemático esmagamento das tradições da região.
Com o controle dos meios de comunicação, as autoridades chinesas exercem violenta censura à infor-
mação e à livre circulação de pessoas. A tevê só mostra imagens liberadas pelos administradores
locais. O mesmo ocorre com as notícias e certos sítios da Internet. Jornalistas e turistas encontram as
fronteiras fechadas.
Torna-se difícil, assim, avaliar as dimensões e as consequências dos protestos que eclodiram recente-
mente. Pequim soma 13 mortos. Os tibetanos falam em mais de 100 e de centenas de prisões de
dissidentes. Suspeita-se, com razão, do incremento da repressão.
a) Pequim controla os tibetanos, que vivem sob censura, sem possibilidade de livre circulação em sua
própria região.
b) A tevê só mostra imagens liberadas pelos administradores locais, e as fronteiras estão fechadas
para turistas e jornalistas.
c) Para Pequim, houve treze mortos nos conflitos recentes; para os tibetanos, houve mais de cem
mortos e centenas de prisões de dissidentes.
e) Embora haja controle dos meios de comunicação e das fronteiras, suspeita-se do aumento da re-
pressão no Tibete, que luta pela autonomia, pois é ocupado pela China há mais de cinquenta anos.
4. Assinale a opção que constitui continuação coesa e coerente para o texto abaixo: Até aqui o governo
se dedicou a expor seu ponto de vista e começou a mover suas pedras no tabuleiro, a partir de sua
opção pela prioridade sulamericana e do Mercosul. Estabeleceu, em seguida, uma série de pontes e
alianças possíveis com a África e a Ásia, como aconteceu com o G21, na reunião de Cancun da OMC,
e como está acontecendo nas negociações do G3, com a África do Sul e com a Índia. Ou ainda, como
vem ocorrendo nas novas parcerias tecnológicas com a Ucrânia, a Rússia, a China, ou com os projetos
infra-estruturais com a Venezuela, a Bolívia, o Peru e a Argentina.
a) Não há dúvida, porquanto, de que essas principais disputas giraram em torno das divergências eco-
nômicas entre os Estados Unidos e o Brasil, em particular as negociações da OMC, FMI e ALCA.
b) O que se vê é a afirmação de uma nova política externa, ativa, presente, baseada no interesse
nacional brasileiro e na afinidade histórica e territorial do Brasil com o resto da América do Sul, bem
como na sua afinidade de interesses com os demais grandes países em desenvolvimento.
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS
c) E do outro lado, naquele momento, estarão os grupos econômicos e as forças sociais, intelectuais e
políticas que sempre lutaram por um projeto de desenvolvimento para o Brasil.
d) E aqui, não há como se enganar sobre as forças que esta batalha despertava, dentro e fora do
governo: de um lado estarão, como sempre estiveram, os grupos de interesse que defendem uma
relação subserviente com os Estados Unidos, em troca de uma acesso mais favorecido ao mercado
interno americano.
e) Orientando-se pelos interesses nacionais do povo e não apenas pelos interesses imediatos e parti-
culares do seu agrobusiness, e dos seus grupos financeiros defendidos e acobertados pela retórica
diletante e pela política escandalosamente subserviente dos “diplomatas descalços”.
5.Os trechos a seguir constituem um texto, mas estão desordenados. Ordeneos nos parênteses e
aponte a opção correta:
( ) A aguda crise social desdobrou-se, então, em quatro vertentes de alternativa política: o fascismo
italiano, o nazismo alemão, a social democracia sueca e o New Deal norte-americano.
( ) Um dado dessa natureza é importante, pois estabelece a conexão entre a crise social e o efeito
político-eleitoral.
( ) A esmagadora maioria dos eleitores nas últimas eleições apontava esse fenômeno como o mais
grave problema do país.
( ) Tal conexão apareceu pela primeira vez na História, claramente, há mais de 70 anos, nos principais
países capitalistas, na Grande Depressão.
a) 5, 1, 3, 2, 4
b) 3, 5, 1, 4, 2
c) 2, 4, 3, 5, 1
d) 4, 1, 3, 5, 2
e) 2, 1, 4 5, 3
No cotidiano, sem percebermos usamos frequentemente a linguagem verbal, quando por algum motivo
em especial não a utilizamos, então poderemos usar a linguagem não verbal.
Linguagem verbal é uso da escrita ou da fala como meio de comunicação. Linguagem não-verbal é o
uso de imagens, figuras, desenhos, símbolos, dança, tom de voz, postura corporal, pintura, música, mí-
mica, escultura e gestos como meio de comunicação. A linguagem não-verbal pode ser até percebida
nos animais, quando um cachorro balança a cauda quer dizer que está feliz ou coloca a cauda entre
as pernas medo, tristeza.
Exemplos: sinalização de trânsito, semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar a atenção
ou exprimir uma mensagem.
É muito interessante observar que para manter uma comunicação não é preciso usar a fala e sim utilizar
uma linguagem, seja, verbal ou não-verbal.
Linguagem mista é o uso simultâneo da linguagem verbal e da linguagem não-verbal, usando palavras
escritas e figuras ao mesmo tempo.
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A pintura de Tarsila de Amaral é um exemplo de linguagem não-verbal dentro da pintura. Para cada
pessoa será uma mensagem.
Soneto de Fidelidade
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O semáforo é um exemplo de linguagem não-verbal. Um objeto capaz de interferir na vida do ser hu-
mano de forma tão extraordinária, onde o sentido das cores comanda o trânsito.
A foto mostra uma mímica, através da feição do protagonista tem um significado, uma mensagem. Aqui
ocorre linguagem não-verbal.
A linguagem verbal é aquela expressa por meio de palavras escritas ou falada, ou seja, a linguagem
verbalizada, enquanto a linguagem não- verbal, utiliza dos signos visuais para ser efetivada, por exem-
plo, as imagens nas placas e as cores na sinalização de trânsito.
Antes de mais nada, vale ressaltar que ambas são tipos de modalidades comunicativas, sendo a co-
municação definida pela troca de informações entre o emissor e o receptor com a finalidade de trans-
mitir uma mensagem (conteúdo). Nesse sentido, a linguagem representa o uso da língua em diversas
situações comunicativas.
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As duas modalidades são muito importantes e utilizadas no dia-a-dia, no entanto, a linguagem verbal é
a mais empregada, por exemplo, quando escrevemos um e-mail, utilizamos a linguagem verbal, ex-
pressa pela escrita; ou quando observamos as cores do semáforo, expressa pela linguagem visual
(não-verbal).
Linguagem Mista
Além da linguagem verbal e não verbal há a linguagem mista ou híbrida, a qual agrega essas duas
modalidades, ou seja, utiliza a linguagem verbal e não-verbal para produzir a mensagem, por exemplo,
nas histórias em quadrinhos, em que acompanhamos a história por meio dos desenhos e das falas das
personagens.
As duas variantes linguísticas da língua podem ser classificadas em linguagem formal, chamada de
linguagem culta, e a linguagem informal, também denominada de linguagem coloquial.
Assim, enquanto a linguagem formal é utilizada através das normas gramaticais, utilizada por exemplo,
numa entrevista de emprego, a linguagem informal é aquela espontânea e despreocupada com as
regras, utilizada, por exemplo, numa conversa entre amigos.
Exemplos
Podemos citar inúmeros exemplos de linguagem verbal e não-verbal uma vez que recebemos esses
dois tipos de mensagens todos os dias sem nos darmos conta de sua diferença.
De tal modo, quando assistimos uma palestra (ou uma aula) estamos decodificando a mensagem do
palestrante (emissor), o qual se expressa por meio do signo linguístico (palavra e expressões). Nesse
caso, a comunicação verbal está sendo efetivada e a palavra é o código utilizado. Outros exemplos de
comunicação verbal são: diálogos, leitura de livros, revistas, dentre outros.
No entanto, quando estamos assistindo uma apresentação teatral em que o ator se expressa por mí-
micas (linguagem corporal) e não emite nenhuma palavra, estamos diante da linguagem não-verbal.
Outros exemplos de linguagem não-verbal podem ser: linguagem corporal, gestos, pinturas, esculturas,
apresentações de dança, dentre outros.
O que é linguagem? É o uso da língua como forma de expressão e comunicação entre as pessoas.
Agora, a linguagem não é somente um conjunto de palavras faladas ou escritas, mas também de gestos
e imagens. Afinal, não nos comunicamos apenas pela fala ou escrita, não é verdade?
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS
Então, a linguagem pode ser verbalizada, e daí vem a analogia ao verbo. Você já tentou se pronunciar
sem utilizar o verbo? Se não, tente, e verá que é impossível se ter algo fundamentado e coerente!
Assim, a linguagem verbal é que se utiliza de palavras quando se fala ou quando se escreve.
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da verbal, não se utiliza do vocábulo, das palavras para
se comunicar. O objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que se quer dizer ou o que se está
pensando, mas se utilizar de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, gestos, objetos, cores,
ou seja, dos signos visuais.
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou
televisionado, um bilhete? Linguagem verbal!
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma
dança, o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identificação de “feminino” e “masculino”
através de figuras na porta do banheiro, as placas de trânsito? Linguagem não verbal!
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao mesmo tempo, como nos casos das charges, car-
toons e anúncios publicitários.
Aqui você entenderá para que serve a linguagem verbal e não verbal a fim de que possa fazer uma
boa prova do Enem. Esse assunto pertence à área de Linguagens, Códigos e suas tecnologias.
Em uma época bem distante, os nossos antepassados caçavam e se reuniam em grupos dependendo
uns dos outros para ter proteção, sustento e companheirismo. Eles precisavam se expressar de modo
assertivo a fim de que não houvesse problemas na comunicação.
Por essa razão, até hoje a linguagem se faz essencial. E, mais ainda, se você está estudando para o
Enem, pois é um dos assuntos cobrados para se ter domínio. A importância de saber para que serve a
linguagem verbal e não verbal é fundamental!
O seu sucesso como estudante, profissional, depende da capacidade de comunicação efetiva, tanto a
verbal como a não verbal.
A linguagem verbal e não verbal molda as suas interações com outras pessoas nos estudos e relacio-
namentos interpessoais, bem como no sucesso financeiro, pessoal e bem-estar físico e psicológico.
Compreender os diferentes aspectos e para que serve a linguagem verbal e não-verbal é o primeiro
passo para melhorar a comunicação positiva e fortalecer os relacionamentos.
Também é interessante saber os papéis importantes que essas linguagens desempenham em suas
interações com os outros. Então, quer saber para que serve a linguagem verbal e não verbal? Confira
adiante!
A linguagem verbal engloba qualquer forma de comunicação envolvendo palavras, falas, escritas ou
assinadas.
A conversa que você tem com o seu colega da escola ou cursinho, a leitura de algum blog de seu
interesse, mensagens no WhatsApp é uma forma de linguagem verbal.
Você não só tem a linguagem, mas também a tecnologia que lhe permite comunicar-se uns com os
outros sem importar a distância física.
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO-VERBAIS
A linguagem verbal coexiste ao lado da linguagem não-verbal, que pode afetar as percepções e trocas
das pessoas de maneiras sutis, mas significativas. A linguagem não verbal inclui a linguagem corporal,
como gestos, expressões faciais, contato visual e postura.
O toque é uma linguagem não-verbal que não só indica sentimentos de uma pessoa ou nível de con-
forto, mas também ilustra características de sua personalidade.
Um aperto de mão firme ou um abraço quente indica algo muito diferente de uma tapinha que se dá
nas costas ou um aperto de mão tímida. O som de nossa voz, incluindo o tom, tom e volume também
são formas de linguagem não-verbal.
O significado por trás das palavras de alguém é, muitas vezes, inteiramente diferente da tradução literal,
como é visto em casos de sarcasmo e zombaria.
Utilizamos a linguagem verbal para informar, seja para os outros sobre as nossas necessidades ou
para transmitir conhecimento. O esclarecimento é o seu componente chave.
Muitas vezes, não nos articulamos claramente, ou nossas palavras ou ações são mal interpretadas. A
linguagem verbal ajuda a esclarecer o mal-entendido e fornece informações adicionais.
Podemos usá-la para corrigir um erro. O poder das palavras, “desculpe-me”, muitas vezes é mais eficaz
do que uma ação. A linguagem verbal também pode ser usada como ferramenta de persuasão.
Ela cria uma oportunidade de debate, estimula pensamento e criatividade, e aprofunda e cria novos
relacionamentos.
Pense em quantos relacionamentos amorosos começam fazendo contato visual em uma sala de aula
lotada. Uma piscadinha tende a ser mais eficaz do que apenas um olhar.
Michael Argyle, em seu livro “Linguagem corporal”, identifica cinco funções principais da linguagem não
verbal:
• Expressar emoções, comunicar relações interpessoais, apoiar a interação verbal, refletir personali-
dade e realizar rituais, como saudações e adeus.
Edward G. Wertheim, Ph.D., em seu artigo, “A Importância da Comunicação Efetiva”, detalha como a
linguagem não-verbal interage com a verbal.
Podemos reforçar, contradizer, substituir, complementar ou enfatizar nossa linguagem verbal com pis-
tas não-verbais, como gestos, expressões e inflexão vocal.
Os seres humanos se comunicam de várias maneiras, tanto verbalmente como não verbalmente. Pri-
matas e outros animais se comunicaram sem uso de linguagem desde muito antes de os humanos
inventarem a linguagem verbal.
Alguns cientistas acreditam que até hoje, a maioria das linguagens entre os humanos não é verbal.
Ambos os tipos de comunicação diferem significativamente entre gêneros e culturas.
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Definição de linguagem
A linguagem é o uso de mensagens para produzir significado dentro e através de uma variedade de
contextos, culturas, métodos e mídia, de acordo com a Associação para a Administração da Comuni-
cação.
É uma atividade aprendida – você deve aprender a falar seu idioma nativo, operar um telefone celular
ou mesmo usar gestos comuns em sua cultura. Você também deve aprender a receber e interpretar
mensagens de outras pessoas.
A linguagem verbal é mais adequada para transmitir informações específicas e é melhor adaptada à
comunicação através da tecnologia em longas distâncias.
A comunicação não verbal é mais imediata do que a verbal, mas seu significado é tipicamente mais
ambíguo, não obstante o fato de que certas formas de linguagem não verbal, como o uso dos olhos,
podem transmitir emoções de forma mais eficaz do que as palavras.
Alguns meios tecnológicos de comunicação, como o filme, podem efetivamente transmitir muitas for-
mas de linguagem não verbal.
Leia também para se aprofundar mais nesse assunto Recursos verbais e não verbais no Enem – Iden-
tifique-os!
Será que você está utilizando a linguagem verbal e não verbal efetivamente em seu dia a dia? Se
aparecer uma questão sobre esse assunto em sua prova de Linguagens, Códigos e suas tecnologias
no Enem saberia responder com exatidão?
Que você tenha muito sucesso em seus estudos para o Enem e que possa tirar o maior proveito desse
post sobre para que serve a linguagem verbal e não verbal.
Comunicação
A palavra comunicação, nos dicionários, pode ter muitos significados, no entanto, apenas um interessa
a proposta da Comunicação Social: “Troca de informação entre indivíduos, que constitui um dos pro-
cessos fundamentais da experiência humana e da globalização social.”
Sabe-se que existe hoje um sistema de comunicação complexo, com transmissões de mensagens
através de códigos variados, canais e veículos cada vez mais rápidos e eficientes.
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3.4. Linguagem
A linguagem é, ao mesmo tempo, uma função e um aprendizado: uma função no sentido de que todo
ser humano normal fala e a linguagem constitui um instrumento necessário para ele; um aprendizado,
pois o sistema simbólico linguístico, que a criança deve assimilar, é adquirido progressivamente pelo
contato com o meio. Essa aquisição ocorre durante toda a infância, no que o aprendizado da linguagem
difere, fundamentalmente, do aprendizado da marcha ou da preensão, que constituem a sequência
necessária do desenvolvimento biológico; A linguagem é um aprendizado cultural e está ligada ao meio
da criança.
4. Comunicação Verbal
Existem inúmeras formas de se trocar informações, ou seja, de se comunicar. Uma das mais eficazes
para o ser humano é a comunicação verbal, que ocorre quando um grupo de indivíduos com interesses
comuns ou correlatos se reúne.
Em reuniões sociais, sejam elas formais ou informais, as informações são trocadas através da comu-
nicação oral, a mais importante para a transmissão das idéias. Existe a oportunidade de aprofundar os
detalhes de maior interesse relacionados à informação oferecida, bem como a possibilidade de se obter
a repetição ou o detalhamento de uma informação não completamente entendida. Podem também ser
apresentadas observações ou pontos de vista capazes de enriquecer a informação inicial, tornado-a
mais clara, concisa e completa.
O desembaraço na conversa informal do dia a dia, pouco tem a ver com o desempenho na comunicação
verbal, como forma de intercambiar informações. É difícil para a maioria dos profissionais de qualquer
área, utilizar adequadamente essa potente modalidade de comunicação. Isto é consequência do sim-
ples fato de que a formação e o treinamento das pessoas são incompletos. Nós não somos ensinados
a organizar e registrar o nosso trabalho diário, analisá-lo criticamente, tirar conclusões e discuti-las de
forma ordenada.
De um modo geral, as pessoas evitam falar em público, por uma série de razões, como vergonha, medo
de enfrentar a audiência, medo de não saber responder a alguma pergunta, receio de parecer ridículo
ou de dizer besteiras, etc. Essas razões, contudo, não tem o menor fundamento; elas apenas servem
para esconder a única e real razão: a falta de treino ou de familiaridade com a comunicação verbal. É
perfeitamente normal que algumas pessoas pareçam mais naturais ou à vontade do que outras, ao
falar em grupo. A diferença, contudo, reside apenas no quanto uns conseguem desligar dos falsos e
infundados receios e concentrar-se na comunicação.
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A leitura, por mais atenta que possa ser, não tem o poder de transmissão da informação que a comu-
nicação verbal tem. Na leitura, o autor é desconhecido ou distante; a sua idéia nem sempre é clara-
mente entendida e, mais importante, não existe a possibilidade do diálogo. A transmissão da informa-
ção é passiva. A comunicação verbal, ao contrário é mais poderosa e versátil.
5. Comunicação Não-Verbal
A comunicação verbal serve para transmitir informações entre indivíduos, tendo estas informações um
caráter informativo. Já a comunicação não-verbal é caracterizada pelo uso de gestos, da mímica, do
olhar, da voz e dos sinais paralinguísticos, da organização espacial e da localização. Estes, que são
determinantes de uma relação interpessoal dos indivíduos.
É a distância que separa o emissor do receptor e se acha determinada por um conjunto de regras que
refletem a mensagem e as interações dos interlocutores. O espaço é convencionado por todo um sis-
tema de sinais que varia conforme os grupos sociais e culturais.
A distância é um grau regulador de intimidade na relação dos interlocutores, ela exerce influência na
transmissão da informação pela utilização de diversos canais.
5.2. Localização
A localização é um indicador do tipo de relação que a pessoa deseja ter com seu interlocutor, ela
também modula a mensagem transmitida e indica status privilegiado. Indica também que estas pessoas
gostariam ou detém um certo prazer no grupo.
5.3. Os gestos
Os gestos precedem ou acompanham o comportamento verbal. São controlados pelas normas sociais
e estão ligados aos modos. Cada emoção exprime-se num modelo postural que reflete essa tensão ou
esse relaxamento. Por exemplo, pessoas em uma determinada postura que costumam frequentemente
mexer um ou os dois pés, é um dos indicativos de ansiedade. Assim como a postura dos braços cru-
zados é um indicativo de fechamento racional.
5.4. A mímica
As mímicas são os “gestos do rosto”. Um observador pode ver no rosto informações sobre a persona-
lidade e a história de seu interlocutor, mas isso gera também muitos erros.
As mímicas são específicas do meio social, da região em que a pessoa foi educada.
Por exemplo, é comum o japonês sorrir quando está embaraçado, enquanto no brasileiro o sorrir é uma
manifestação comum de alegria.
5.5. O olhar
A expressão do olhar é tão variada e difícil de controlar que é também difícil dominar as intenções mais
ocultas.
Não existe interação na comunicação sem troca de olhar, o contato com os olhos marca a interação
intensa.
Um exemplo de interação feito com o do olhar é o do vendedor frente a seus clientes. Ele fixa o olhar
no seu cliente submetendo a este uma condição de submissão na comunicação.
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A voz transmite aspectos da personalidade assim como estado de espírito da pessoa que se fala. Um
indivíduo traz no seu registro e voz a marca quase irreversível de seu grupo social e cultural.
O código verbal possui o objetivo de transmitir um conteúdo de valor informativo. Já o código não verbal
é quase sempre utilizado para manter a relação interpessoal.
Se houver concordância entre elas, o impacto da mensagem é mais forte e a recepção é melhor.
Se houver discordância entre elas, ocorre uma desorientação do receptor, o sentido da mensagem é
alterado e o conteúdo se torna preponderante.
Exemplo: uma pessoa ao dar um abraço numa criança demonstrando afeto por ela ao mesmo tempo
que chama esta de querida e meiga, fortalece a mensagem. O mesmo não ocorre se, ao dar o abraço,
a pessoa chama a criança de chata. Para a criança, o abraço será mais significativo e ela fará uma
distorção da palavra chata.
Dialogar pode ser muito mais complicado do que parece. A comunicação não envolve somente a lin-
guagem verbal articulada, como escrita e fala, mas também compreende a linguagem não-verbal. Mais
antiga, ela se desenvolve de maneira complexa na sociedade contemporânea e abrange outras lingua-
gens – a moda, os gestos, a arte, os sons e os sinais, entre outros.
No livro O verbal e o não-verbal Vera Teixeira de Aguiar, 62, professora doutora do Departamento de
Pós-Graduação em Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, discute o tema
de maneira mais aprofundada. Em entrevista, a acadêmica explica como surgiu a oportunidade para a
composição de seu livro e discute a questão da linguagem não-verbal no presente.
Consideramos linguagem todas as formas de comunicação que o homem criou ao longo dos tempos
. A linguagem verbal é a da palavra articulada e pode ser oral ou escrita. As outras todas são não-
verbais: linguagens que se valem dos sons, como a música, as linguagens clássicas e as visuais. Há
também as linguagens que são múltiplas, como, por exemplo, o teatro, a televisão, o cinema, que são
visuais, sonoras, sinestésicas. Envolvem a visão, a audição e o movimento. O homem se comunica por
todo tipo de linguagem, nem sempre é necessário repassar [uma mensagem] pela linguagem verbal.
Por exemplo: atravessamos uma rua e há um sinal vermelho. Na maioria das vezes não está escrito
“ Pare” , há somente o sinal vermelho e ele é uma linguagem. Entendemos que a cor de sinal vermelha
é para parar, que na verde se pode andar e assim por diante.
A primeira diferença é o meio. Cada linguagem tem o seu suporte. A linguagem verbal, é também uma
linguagem mais racional. Daí poder explicitar o raciocínio lógico, talvez, mais que o movimento, uma
cor, ou o som de uma música. Mas isso não é um julgamento de valor. Depende da necessidade de
uso da linguagem. Normalmente nós usamos mais de uma.
Por exemplo: escrevemos um texto, colocamos um gráfico, uma foto e com isso, nos apoiamos tam-
bém na linguagem visual. Das linguagens, talvez a mais pobre em eficiência, em certo sentido, seja a
escrita. Na linguagem escrita não temos modulação de voz, não temos a entonação. Ao falar, posso
ser irônica, engraçada, tremer a voz, demonstrar emoção e na linguagem escrita não há como fazer
isso. Escrevo “ amor” e está escrito a palavra “ amor” .
E isso não atrapalha a compreensão? Exatamente essa “ pobreza da linguagem escrita” dá mais
margem à imaginação. Como o leitor não tem todos os dados, ele formula hipóteses mentais, imaginá-
rias, e cria todo um contexto e uma situação na sua mente que, às vezes, é muito mais rica do que
aquilo que o próprio autor pensou. Então as coisas não podem ser colocadas de maneira única, mani-
queísta. Depende da intenção da mensagem, do contexto, das pessoas que estão em contato, da par-
ticipação de cada um na comunicação para que certo tipo de linguagem seja mais eficiente que o outro,
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ou para que um conjunto deles promova uma melhor comunicação. Em alguns casos, a linguagem não-
verbal é utilizada como complemento da verbal, ou vice-versa. Como se dá essa relação? Acredito que
seja sempre por uma necessidade de comunicação.
Aliás, por exemplo, se a linguagem verbal é oral, ela sempre vem acompanhada, em comunicações
“ face a face” , do gesto, da expressão do rosto e, de qualquer maneira, ela sendo oral, sempre tem
uma entoação. Posso dizer uma mesma frase de uma forma alegre, triste, irônica. Isso vai depender.
Quando a comunicação não é face a face, algumas coisas se perdem. Não se sabe do contexto do
interlocutor, onde ele está, qual a sua expressão, como ele reage a o que se diz. Então trabalha-se
com suposições que não são tão eficientes quanto se a conversa fosse realizada “ frente-a-frente”
. Qual é o tipo de linguagem, atualmente, mais valorizado pela sociedade? Vejo dois movimentos. O
primeiro é que a sociedade como um todo valoriza muito o visual. Vivemos em uma sociedade de
imagem, alavancada , talvez, pela publicidade, pela sociedade de consumo. Por todos os lados nos
batem imagens, outdoors, a televisão, o cinema, a moda, as vitrines enfeitadas. A sociedade de con-
sumo é altamente visual. Fui há quatro ou cinco anos a Cuba e lá nota-se exatamente o oposto. Quase
não há lojas e as poucas que há são muito mal arranjadas. No próprio interior dos estabelecimentos os
produtos são mal arranjados, não exploram o aspecto apelativo que há na sociedade de consumo
ocidental em geral. Como o regime não baseia-se no consumismo como tal, o modelo ainda é contra o
capitalismo, sobretudo o norte-americano, fica evidente o que falta de apelo visual. Talvez possamos
aprender mais, olhando o diferente. Então começamos a entender o que somos. Não é uma questão
de ser bom ou ruim, apenas é, está aí na sociedade. O outro dado é de que a sociedade ocidental é
altamente alfabetizada. Tudo tem que acontecer via papel escrito. Por exemplo: no ônibus há o nome
e o número da linha para onde ele vai. Quando precisamos ir para determinado lugar, tudo é informado
através da palavra escrita e isso faz com que ela seja um tipo de linguagem extremamente valorizada,
o verbal escrito.
Como a mídia se utiliza da linguagem não-verbal? Usam sobretudo, a imagem e a música, creio. Além
disso, há as novelas, que são uma linguagem oral e manipulam extremamente o comportamento do
brasileiro. Há, sem dúvida alguma, uma relação de causa e efeito entre a cultura de massa e o com-
portamento. E com muitas outras linguagens além da linguagem verbal. Os costumes em geral, a moda,
a alimentação, a bebida. Em todas as novelas é possível observar que, sempre que uma personagem
entra em um espaço, geralmente na casa de alguém, o dono da casa oferece uma bebida, seja água,
uísque, um licor, um suco, para estimular o hábito de beber. Criam-se modos de falar: há o “carioquês”,
o “gauchês”, dependendo da novela, ou o “nordestês”.
Por isso que as novelas são muito mais atuais, do que de época, pois ela estabelece um distanciamento
com a vida de hoje, ela é menos eficiente nesse sentido. Linguagem Verbal e Não Verbal – Forma
Linguagem Verbal Existem várias formas de comunicação. Quando o homem se utiliza da palavra, ou
seja, da linguagem oral ou escrita, dizemos que ele está utilizando uma linguagem verbal, pois o código
usado é a palavra. Tal código está presente, quando falamos com alguém, quando lemos, quando
escrevemos. A linguagem verbal é a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano. Medi-
ante a palavra falada ou escrita, expomos aos outros as nossas idéias e pensamentos, comunicando-
nos por meio desse código verbal imprescindível em nossas vidas. ela está presente em textos em
propagandas; em reportagens (jornais, revistas, etc.); em obras literárias e científicas; na comunicação
entre as pessoas; em discursos (Presidente da República, representantes de classe, candidatos a car-
gos públicos, etc.); e em várias outras situações. Linguagem Não Verbal Observe a figura abaixo, este
sinal demonstra que é proibido fumar em um determinado local. A linguagem utilizada é a não-verbal
pois não utiliza do código “língua portuguesa” para transmitir que é proibido fumar. Na figura abaixo,
percebemos que o semáforo, nos transmite a idéia de atenção, de acordo com a cor apresentada no
semáforo, podemos saber se é permitido seguir em frente (verde), se é para ter atenção (amarelo) ou
se é proibido seguir em frente (vermelho) naquele instante. Como você percebeu, todas as imagens
podem ser facilmente decodificadas.
O que está presente é outro tipo de código. Apesar de haver ausência da palavra, nós temos uma
linguagem, pois podemos decifrar mensagens a partir das imagens. O tipo de linguagem, cujo código
não é a palavra, denomina-se linguagem não-verbal, isto é, usam-se outros códigos (o desenho, a
dança, os sons, os gestos, a expressão fisionômica, as cores) Linguagem Verbal e Não Verbal – Tipos
Sempre que nos comunicamos com alguém utilizamos dois tipos de linguagem: verbal e não verbal. A
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linguagem verbal compõe-se de palavras e frases. A linguagem não verbal é constituída pelos outros
elementos envolvidos na comunicação, a saber: gestos, tom de voz, postura corporal, etc. Que ninguém
duvide do poder da linguagem não verbal. Se uma pessoa lhe diz que está muito feliz mas sua voz é
baixa, seus ombros estão caídos, o rosto inexpressivo, em qual mensagem você acredita? Na que
ouviu ou na que viu?
À esta discrepância entre a linguagem verbal e não verbal damos o nome de incongruência. Portanto,
uma pessoa incongruente em determinado aspecto diz uma coisa e expressa outra diferente através
de seus gestos, postura, voz, etc.
A linguagem não verbal provém do inconsciente de quem se comunica. Esta é a razão pela qual é tão
difícil controlá-la conscientemente (por exemplo, um candidato a um emprego tem dificuldades para
disfarçar suas mãos trêmulas em virtude da ansiedade na hora da entrevista). E será processada pelo
inconsciente de quem recebe esta comunicação. Deste fato decorrem algumas observações interes-
santes. Somente os bons atores são capazes de convencer outras pessoas com relação a uma men-
sagem da qual discordem inconscientemente. Isto porque esboçam sinais mínimos de incongruência.
Ou seja, são treinados para controlar as manifestações do inconsciente (os sinais que poderiam de-
nunciá-los, tais como a voz, que precisa ser forte ao interpretar um personagem agressivo e corajoso,
mesmo que no fundo o ator esteja morrendo de medo da platéia). Outra observação diz respeito à
interpretação que fazemos desta linguagem não verbal e inconsciente. Nós às vezes não sabemos
explicar por que não acreditamos no que uma pessoa disse. Simplesmente sentimos que algo está
errado.
Alguns chamarão a isto de intuição. Na verdade, nosso inconsciente observou os sinais do inconsciente
da outra pessoa e os codificou. Ele registrou, por exemplo, os sinais que a pessoa emitiu a cada vez
que expressou alegria. Imagine que esta pessoa juntava as mãos e respirava fundo sempre que se
dizia alegre. Se um dia ela apenas sorri e não repete aqueles sinais, então concluímos que em uma
das duas situações ela não estava se sentindo alegre. Num outro exemplo, temos aqueles nossos
amigos que nos conhecem tão bem a ponto de ser quase impossível mentir para eles. Isto porque eles
já têm codificados no inconsciente todos os nossos sinais.
Eles conhecem, por terem participado de momentos importantes de nossas vidas, a expressão que
temos quando estamos cansados, preocupados, alegres, etc. Imagine agora a seguinte situação: Uma
mãe diz a seu filho que o ama, mas com uma voz ríspida e expressão agressiva. Obviamente, o in-
consciente da criança registrará a incongruência e ela não se sentirá amada. Todavia, a fim de se
proteger da dor que isto causa, ela poderá não dar ouvidos à mensagem inconsciente, procurará ignorá-
la e assim se convencer de que a mãe a ama. Com o tempo e com a repetição, ela poderá aprender a
desconsiderar sempre a mensagem de seu inconsciente.
O ideal seria que toda criança fosse educada de forma a confiar no que seus sentidos são capazes de
perceber: confiar no que seus olhos vêem, confiar que o remédio realmente tem um gosto amargo e
não é saboroso e doce como lhe afirmaram. Neste sentido, seria igualmente importante que aprendesse
a confiar em sua intuição, aqui entendida como a capacidade de perceber a comunicação inconsciente
que recebe de outras pessoas.
Em geral uma pessoa que expressa uma incongruência está dividida internamente. Imagine um político
explicando sua plataforma política a seus eleitores de uma forma que não os convence. É como se
uma parte dele confiasse no plano e estivesse convencida de seus benefícios, mas outra parte sua
tivesse dúvidas a respeito de sua eficácia. Por este motivo, a comunicação será vacilante, insegura ou
artificial (exceção feita aos bons atores e àqueles que convencem a si próprios).
Com relação às mensagens verbais e não verbais, ou conscientes e inconscientes, vale ressaltar que
para a PNL ambas são reais e igualmente importantes. Porque cada uma delas é a expressão de uma
parte da pessoa. Se alguém lhe diz que gosta de você e a nível não verbal expressa o contrário, é
possível que esteja dividido a seu respeito. É como se um lado desta pessoa tivesse ressalvas em
relação a você e outro lado realmente gostasse (ou quisesse gostar) de sua companhia. Há alguns
contextos onde a incongruência pode ser útil. Por exemplo, uma mãe não desejará que seu filho, que
acabou de se ferir com certa gravidade, perceba que ela está apavorada. Ao contrário, neste momento
a criança precisa de alguém que possa lhe dar apoio e segurança. Nesta situação, como em muitas
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outras, é melhor ser incongruente do que causar danos ainda maiores. Existem várias maneiras de se
lidar com as incongruências.
A menos eficaz é comentar a incongruência observada, pois isto costuma colocar a outra pessoa na
defensiva. Imagine o que acontece se alguém comenta que você parecia não estar falando o que sentia
quando disse algo. É possível que você passe a tentar convencer esta pessoa, e para isto você defen-
derá o que disse. Comentários dão bons resultados quando existe um relacionamento muito próximo
entre duas pessoas, quando elas têm liberdade para isto Uma outra forma seria acompanhar a incon-
gruência. Se alguém lhe diz “Estou muito empolgado com este projeto “e olha para baixo, suspira, cruza
os braços, etc., você poderia dizer “Fico feliz”, enquanto também olha para baixo, suspira e cruza os
seus braços.
Esta estratégia inicialmente fará com que a pessoa fique um pouco pensativa e confusa, passando
depois a perceber a sua incongruência e possivelmente a querer falar sobre ela. Algumas incongruên-
cias são devidas a divisões internas muito fortes, a conflitos internos significativos, que costumam cau-
sar sofrimento a quem os experimenta. Como o pai que fica sem jeito ao abraçar o filho porque tem
dificuldades para dar e receber afeto. Neste caso, é necessário um trabalho de integração das partes
envolvidas (da parte que gostaria de expressar afeto e da parte que acha que não deveria fazê-lo).
Outras incongruências deste tipo são expressas através da fórmula “Eu gostaria de poder X mas Y me
impede”.
Linguagem Verbal e Não Verbal – Comunicação Sinal vermelho, um exemplo de linguagem não-verbal
Comunicação é o processo de troca de informações entre um emissor e um receptor. Um dos aspectos
que podem interferir nesse processo é o código a ser utilizado, que deve ser entendível para ambos.
Quando falamos com alguém, lemos um livro ou revista, estamos utilizando a palavra como código.
Esse tipo de linguagem é conhecido como linguagem verbal, sendo a palavra escrita ou falada, a forma
pela qual nos comunicamos. Certamente, essa é a linguagem mais comum no nosso dia-a-dia. Quando
alguém escreve um texto, por exemplo, está usando a linguagem verbal, ou seja, está transmitindo
informações através das palavras. A outra forma de comunicação, que não é feita nem por sinais ver-
bais nem pela escrita, é a linguagem não-verbal. Nesse caso, o código a ser utilizado é a simbologia.
A linguagem não-verbal também é constituída por gestos, tom de voz, postura corporal, etc.
Se uma pessoa está dirigindo e vê que o sinal está vermelho, o que ela faz? Pára. Isso é uma linguagem
não-verbal, pois ninguém falou ou estava escrito em algo que ela deveria parar, mas como ela conhece
a simbologia utilizada, apenas o sinal da luz vermelha já é suficiente para ela compreender a mensa-
gem. Ao contrário do que alguns pensam, a linguagem não-verbal é muito utilizada e importante na
vida das pessoas. Quando uma mãe diz de forma áspera, gritando e com uma expressão agressiva,
que ama o filho, será que ele interpretará assim? Provavelmente não. Esse é apenas um exemplo entre
muitos, para ilustrar a importância da utilização da linguagem não-verbal. Outra diferença entre os tipos
de linguagens é que, enquanto a linguagem verbal é plenamente voluntária, a não-verbal pode ser uma
reação involuntária, provindo do inconsciente de quem se comunica.
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
O ensino da linguagem escrita na escola tem permanecido "enjaulado" a práticas tradicionais, a mais
conhecida de todas é o ensino da língua portuguesa em etapas.
A preocupação central dessa metodologia, tão utilizada na escola, tem sido colocada na ortografia e
na gramática, deixando em segundo plano a construção e compreensão textual, principalmente quanto
ao aspecto discursivo, um enfoque que tem gerado consequências sérias, como a transformação da
escrita de objeto social em objeto escolar, tendo como reflexo produções textuais sem significado, ape-
nas um amontoado de palavras no papel. Segundo Gonçalves1, "No dizer de Pécora, o que ocorre é
que a escola, na sua trajetória histórica, falseia as condições de escrita e não fornece ao estudante as
ferramentas de uma prática interativa da língua. [...] com esse falseamento, a escrita torna-se um exer-
cício penoso que cristaliza o discurso. Exemplos disso são as frases-feitas, argumentos de senso co-
mum que, frequentemente, aparecem em textos dos educandos."
Outra consequência foi evidenciada pela a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
(PNAD2) 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revelou que o índice de
analfabetos funcionais corresponde a 20,3% da população com mais de 15 anos.
Weisz3 ressalta a necessidade de "admitir que nossa incapacidade para ensinar a ler e escrever tem
sido responsável por um verdadeiro genocídio intelectual". A autora alerta que nem sempre o professor
sabe a diferença entre copiar e escrever e assim acaba promovendo o "bom copista" e retendo os que
lêem e escrevem precariamente, o que explica porque tantos alunos chegam à 4ª série sem compre-
ensão leitora de um texto simples e até mesmo sem saber escrever.
Os exames nacionais e internacionais que avaliam a Educação no Brasil (PISA4, Prova Brasil5) evi-
denciam a dificuldade que os alunos têm em produzir textos de qualidade e de compreender o que
lêem. Uma das causas apontadas para esse fenômeno crescente é, para muitos, a redação escolar ou
produção de texto da maneira como vem sendo ensinada.
Diante desse contexto, a construção desta pesquisa foi motivada, em particular, por minhas experiên-
cias como educadora, principalmente pelos momentos de produção de texto junto aos alunos. Momen-
tos em que, como mediadora, percebia que a maior dificuldade nem sempre era a forma do dizer, mas
o próprio dizer.
Dessa forma, este estudo se propõe a refletir sobre a língua escrita para além da sua forma, debruçou-
se sobre seu conteúdo, pois consideramos que os "erros" quanto a forma, conteúdo e contexto, come-
tidos por crianças que ainda estão na condição de aprendizes, são na verdade, "preciosos indícios de
um processo em curso de aquisição da representação escrita da linguagem, registros de momentos
em que a criança torna evidente a manipulação que faz da própria linguagem, história da relação com
que ela (re)constrói ao começar a escrever/ler" (Abaurre al.6).
Assim, foram analisadas as produções textuais de crianças da 4ª série do Ensino Fundamental, com o
objetivo de avaliar a aprendizagem da linguagem escrita na escola e refletir sobre o papel mediador do
professor no trabalho pedagógico com a escrita em sala de aula.
Metodologia De Pesquisa
Este estudo se constitui como uma pesquisa sobre a produção escrita de crianças da 4ª série do ensino
fundamental e do papel mediador do professor no trabalho pedagógico com a escrita em sala de aula.
As produções textuais analisadas são de crianças de 4ª série do Ensino Fundamental de uma escola
da Rede Pública Municipal de Ensino de Rolândia, cidade localizada no norte do Paraná.
Para análise foram usados textos de 11 dos 20 alunos da 4ª série. A escolha dos textos foi aleatória. A
análise então foi dividida em duas etapas, a primeira denominada "A escrita: Momentos Iniciais" e a
Segunda, "A Escrita no Primeiro Semestre". Inicialmente, foram analisados os textos que faziam parte
de uma avaliação solicitada aos professores pela Secretaria Municipal de Educação com a finalidade
de verificar o nível de escrita dos alunos no início do ano escolar.
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
Em seguida, foi realizado um estudo longitudinal das produções escritas pelos alunos ao longo do
primeiro semestre de 2009. Na segunda etapa, das 11 crianças ficaram apenas 10, pois uma delas se
mudou.
As propostas de produção de texto feitas pela professora incluem, reescrita, biografia, leitura de ima-
gens, texto coletivo, texto informativo, reprodução, narração e dissertação.
No total, foram coletados e analisados 97 textos de 11 alunos. Todos os textos foram produzidos em
sala de aula durante o período de abril, maio e junho.
Neste trabalho, a abordagem de pesquisa escolhida foi a qualitativa interpretativa, dado o interesse de
compreender como a escrita das crianças se manifesta na produção textual por meio de suas escolhas,
conhecimento e no próprio dizer.
Esta pesquisa analisa as produções textuais através da perspectiva enunciativo-discursivo, que consi-
dera a linguagem escrita em sua relação com a história (conhecimento) e com a sociedade, com seus
diversos usos e apropriações, o que permitiu compreender os sentidos produzidos pelo ensino escolar
na interação com as condições socioculturais das crianças.
Assim, neste estudo, observaram-se dois momentos diferentes, o primeiro que evidencia o que a cri-
ança pode e sabe fazer com a escrita sem a interferência do professor e, o segundo, em que o professor
faz a mediação através da "correção" das produções textuais.
Análise Do Corpus
A análise das produções textuais no início do ano letivo permite verificar o que cada criança sabe sobre
a linguagem escrita, além de revelar pontos que precisam ser trabalhados em sala de aula.
Os textos analisados neste estudo são "preciosos indícios" que dão pistas da relação sujeito e lingua-
gem escrita ao longo do processo de aprendizagem e permitem observar não só o que as crianças são
capazes de produzir sem a interferência do professor, mas também as escolhas por determinados gê-
neros discursivos, suas hipóteses, dúvidas e idéias a respeito da escrita.
Por se tratar de uma pesquisa de análise qualitativa extensa, aqui serão apresentados apenas os textos
produzidos por 2 das 11 crianças, especificamente, parte do conjunto de textos de Gisele e Breno (os
nomes das crianças foram mudados para proteger suas identidades).
Texto 1
Para a produção deste texto, a professora deu aos alunos apenas o título: "O Deserto da Arábia". A
escolha quanto ao melhor tipo de texto, sua finalidade e tudo o mais ficou a critério da criança.
O Deserto da Arábia
Num belo dia Arábia a rainha do deserto resolveu cassar o seu ouro que a anos enterrou.
Arábia tentou achar seu ouro mas eta não achou. Arábia ficou dia e noite cassando seu ouro.
Passaram 3 dias Arábia voltou para casa pois ela estava esausta.
Arabia não sabia o que fazer então foi pasear La fora ficou um bom tempo paseando até que ela Arábia
encontrou um X marcado no chão e começou a cavar então lá estava o ouro e contou para seus amigos
e ela virou a rainha do dezerto mais popular.
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
O gênero textual escolhido por Gisele foi narração, provavelmente por ser esse gênero discursivo algo
que domine razoavelmente e esteja dentro de sua zona de conforto, principalmente por se tratar de
uma proposta de produção com pouca orientação. Contudo, logo a criança se complica, demonstra o
pobre conhecimento que tem a respeito do tema solicitado. O deserto da Arábia se transforma em
Arábia, a rainha do deserto.
Desde o início, percebemos que não há coerência na conduta da personagem principal que se mostra
"burrinha", afinal, dificilmente alguém, ainda que fictício, é capaz de esquecer o local onde enterrou
ouro, ainda mais se esse lugar for seu próprio quintal, que para completar estava sinalizado com um
"X". Segundo Costa7, "as ações, na prosa narrativa de ficção, têm que parecer verdadeiras, mesmo
que elas não ocorram na realidade".
Notamos, também, que a criança não tem um bom domínio do gênero, pois já no primeiro parágrafo, o
qual usualmente serve para apresentação dos personagens e cenário, introduz o enredo e o desen-
volve nos parágrafos seguintes emendando-o no desfecho.
Texto 2
Nesta atividade, a proposta era produzir um texto a partir da leitura de imagens compostas por quatro
quadros (Figura 1), que retratavam atividades próprias dos índios, sendo que a organização da sequên-
cia dos quadros e a escolha do título ficavam a critério dos alunos. O tema "índios" foi escolhido pela
proximidade da data comemorativa.
Lum belo dia ensolarado bem quente sem luvens no céu, Canguri um índio que estava com seus ani-
mais da floresta.
Então canguri foi até a floresta mais longe e buscou alguns maracujá.
Foi até sua cas de palha e começou fazer um suco porque na quele dia estava muito quente.
Canguri foi voltar para a outra floresta com seus amigos animais, mais pisou numa pedra que cigurava
uma madera e a casa caiu mais ele não desanimou e voutou abrincar com seus animais.
No primeiro parágrafo, as orações não têm ligação, assim como algumas ações. Há momentos em que
a leitura que faz da imagem demonstra a falta de domínio do código visual, como no segundo parágrafo,
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
as frutas que o índio colheu eram maçãs e não maracujás. Apesar de Gisele não perder o fio condutor
da história, sua leitura, às vezes, se mostra fragmentada, provavelmente devido à tênue ligação que
faz entre os quadros.
Apresenta, ainda, problemas com progressão, aspectos gramaticais, erros e alterações ortográficas de
diferentes tipos, pontuação, etc.
Texto 3
Nesta atividade, a professora dá o título: "Saúde pública confirma caso de transmissão do vírus" e as
seguintes palavras: gripe suína, gripe A, vírus, hospital, mortos, contaminação, comércio, exterior, co-
mercialização. A proposta era que as crianças, a partir das palavras dadas, produzissem um texto sobre
a gripe A (H1N1), também conhecida como gripe suína.
A gripe suína pode causar uma grande causa gravel como pasar a gripe para o outro etc.
Quando pegamos a gripe suína temos que correr ao hospital se não estaremos no risco da morte.
Gisele desenvolveu o texto informativo em apenas dois parágrafos, o primeiro é redundante e óbvio,
não traz nenhum dado novo a respeito da gripe A (H1N1). Na verdade, ao usar o etc., a trata como
uma gripe comum, como se o leitor soubesse do que ela está falando. No segundo parágrafo, ao tentar
usar a expressão "risco de morte", versão midiática alternativa a "risco de vida", acaba criando uma
nova expressão "no risco da morte", que é claro tem uma conotação diferente.
De modo geral, notamos que os textos de Gisele têm certa fluência, tem um fio condutor, uma ideia
central, mas também apresentam limitações quanto a coerência, recursos linguísticos, conjunções,
tempo verbal, pontuação e, principalmente, no próprio dizer, sempre transparecendo um conteúdo em-
pobrecido e de senso comum.
Texto 1
O Deserto da Arábia
Num dia musinto quente estavo pasando no deserto encontrei un canelo eu tentei pega o canelo mais
não consegui andei mais upouco encontrei outro camelo tentei pegar masnão concegui eu estva com
nuita sede, elonge eu vi um riu, fuicorrendo peresebi uma miragem.
Breno produziu um texto narrativo, desenvolveu sua história em apenas um parágrafo, o qual iniciou
com letra minúscula. Seu texto apresenta uma estrutura típica de uma narração, introduz os persona-
gens e o contexto, estabelece os fatos numa sucessão com começo, meio e fim, porém, talvez por não
compreender o significado de parágrafo, não o vemos demarcado, provavelmente por causa da ma-
neira errônea com que a noção de parágrafo vem sendo ensinada na escola. Não é incomum profes-
sores lembrarem seus alunos do parágrafo explicando-o como sendo "deixar espaço depois da mar-
gem". Breno ainda não compreende o parágrafo como sendo uma unidade de discurso formada por
uma sequência de frases, sendo que um novo parágrafo deve ser iniciado quando se muda de assunto,
no caso da narração, quando mudam os acontecimentos, as ações, etc.
O texto tem coerência, contudo algumas ideias não foram bem exploradas. Por exemplo, "num dia
musinto quente estavo pasando no deserto encontrei un canelo eu tentei pegar o canelo". O leitor pode
se perguntar "por que ele estava passando pelo deserto? De onde ele vinha? E ainda em outro mo-
mento do texto aparece, "eu estavo com muita sede, e longe eu vi um riu, fuicorrendo peresebi uma
miragem". Outra ideia pouco explorada e novamente os questionamentos, o que acontece com o per-
sonagem? Morre de sede? É resgatado?
Nesse texto faltam elementos de coesão, conectivos de discurso que estabeleceriam ligação de uma
frase a outra, produzindo o encadeamento semântico, como em "fuicorrendo peresebi una miragem".
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
Resumindo, seu texto tem coerência, faz sentido, mas também apresenta limitações quanto a pontua-
ção, ortografia, vocabulário e gramática, além de demonstrar que sua escrita tem forte influência da
oralidade.
Texto 2
Nessa atividade, a professora propôs a reprodução da história "E era onça mesmo" de Monteiro Lobato,
após ter trabalhado com o texto.
Breno selecionou algumas ideias principais, porém deixou de fora outras importantes, como o que
aconteceu com Pedrinho? Não soube relacionar as ideias do autor com suas próprias palavras, per-
dendo por vezes a essência de algumas ideias, além de não se prender a nenhum detalhe.
Texto 3
O dia do desafil
Cheganos la e Bincanos
Breno desenvolveu o texto em apenas três linhas. Percebe-se que ele não compreendeu o significado
do Dia do Desafio, de forma que contou, em poucas palavras, o que fez nesse dia e não o que o mesmo
representa.
Analisando o conjunto de textos de Breno compreendemos a difícil relação que tem com a linguagem
escrita. Para ele escrever parece ser algo penoso, até mesmo as situações de cópia. Em suas produ-
ções textuais, não apresenta a estrutura própria de cada gênero, não sabe utilizar os tempos verbais,
faz uso excessivo de pronomes pessoais e sujeitos explícitos, sua escrita continua apresentando forte
influência da oralidade, além de um repertório de conectivos bastante limitado.
Do primeiro texto produzido no começo do ano até esse momento não se nota mudança na maneira
com que Breno manipula a escrita, pois continua a desenvolver suas produções em poucas linhas, sem
explorar suas ideias. É bem provável que chegue ao final do ano letivo produzindo textos em apenas
algumas linhas.
Estes textos apresentam dificuldades próprias de escritores iniciantes que não se vêem como autores,
não percebem a produção textual como um processo que deve ser monitorado por eles, e não somente
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
pela professora, mas se dão por satisfeitos com uma única versão de seus textos, o qual entendem
como produto final.
De modo geral, todas as crianças demonstraram, nas atividades de leitura de imagens, predominância
da leitura pontual e descritiva, quadro a quadro, quando na verdade as ilustrações, para as crianças
desta série, já deveriam ser vistas como "janelas", inspirando-as a dar vida às cenas, tendo em mente
o conjunto da narrativa.
Apresentam uma sequência de ideias e acontecimentos bastante confusa; não produzem ligação entre
um assunto e outro; misturam os tipos e gêneros textuais; fazem uso excessivo de conjunções e sujei-
tos explícitos; têm um repertório bastante limitado; controlam a produção no nível da frase, apresen-
tando grande dificuldade em pensar no todo, na macroestrutura, além da total ausência de planeja-
mento e pobreza de recursos linguísticos.
Percebe-se que não aconteceu nenhuma grande e significativa mudança nos textos dos alunos, do
começo do ano letivo até este momento, mesmo após a ação intermediativa do professor. Provavel-
mente, por não ser também a sua ação significativa e direcionada a auxiliar as crianças a superarem
suas dificuldades objetivando uma melhora qualitativa de suas produções.
A quase ausência da tarefa de reescrita, com exceção a um dos textos de Gisele, e a falta de revisão
pelo próprio aluno, demonstra que essa não é uma solicitação comum por parte do professor, de modo
que as situações de revisão se limitam a correções ortográficas decorrentes das intervenções diretas
da professora nos momentos de correção. Segundo Souza e Osório9, "a natureza da intervenção que
o professor realiza, na produção textual do aluno, tem relação direta com a maior ou menor qualidade
desse produto. Portanto, essa ação do professor não tem um fim em si mesma, mas só adquire signi-
ficação se conduz o aluno à reescrita de seu texto com o objetivo de buscar uma escrita qualitativa-
mente melhor".
A ausência da prática da revisão orientada e reescrita dos textos que analisamos, como uma das etapas
da produção textual, faz com que uma pergunta ecoe em nossas mentes. Reescrevendo, o que muda-
ria?
Considerações Finais
Os problemas encontrados nas produções de textos analisadas neste estudo vão além dos aspectos
notacionais e discursivos. Estão também no próprio dizer, ou seja, no conteúdo, no conhecimento de
mundo empobrecido, o que demonstra a ausência de bens culturais para além da mídia.
Assim, compreendemos que a escrita, enquanto objeto escolar, aprisiona a mente das crianças. O
despreparo e, consequentemente, a incapacidade dos professores de ensinar "tem sido responsável
por um verdadeiro genocídio intelectual"3. Dessa forma, no trabalho pedagógico com a escrita, a escola
não tem assegurado aos alunos o domínio eficiente da linguagem escrita, o que nos levou a refletir e
repensar o papel da escola e do professor mediador no ensino da linguagem escrita.
O papel da escola no ensino da escrita envolve grandes responsabilidades, sendo a maior e mais
importante delas dar às crianças as ferramentas necessárias para utilizar a linguagem escrita em sua
completude e concretude. Espera-se que durante o processo de ensino-aprendizagem da escrita na
escola a criança saia da posição de "bom copista" e reprodutor de frases feitas, para se transformar
em autor, por meio de uma metodologia que explore a linguagem escrita em sua totalidade e em seu
uso real, numa concepção dialógica e interacionista.
Nesta perspectiva, o professor mediador é aquele que está preparado para trazer a reflexão e a com-
preensão dos diversos gêneros textuais e sua construção, a fim de formar escritores capazes de ex-
pressar pela escrita suas intenções, sentimentos, necessidades e tudo o mais, com autonomia, pois
"ao instituir uma prática intersubjetiva, através de uma prática pedagógica que leve em conta a reflexão,
será possível resgatar um discurso mais pessoal, mais autêntico de nossos sujeitos"1. Para tanto, deve
ter bem claro o propósito de que e para que são solicitadas as produções textuais, assim como as
formas de correção, pois a prática pedagógica de tal professor implica utilizar de uma estratégia de
correção que vá além da indicação de erros ou resolução dos mesmos para o aluno, deixando-o apenas
com a tarefa de copista. Pressupõe uma estratégia que indica a causa do erro, evidenciando assim o
processo e não o produto.
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
Sendo assim, a avaliação contínua do conhecimento dos alunos e do trabalho do professor são indis-
pensáveis para nortear o plano de ação docente. A experiência e história de vida, o nível socioeconô-
mico cultural e os conhecimentos trazidos pelos alunos são bases importantes para o trabalho peda-
gógico. O trabalho pedagógico deve agir a partir de e sobre esta "bagagem" das crianças, de maneira
que venha preencher as "lacunas conceituais" e fornecer elementos, conhecimentos intelectuais, cien-
tíficos e culturais, a fim de ajudá-las a reelaborarem o seu conhecimento e elaborar um novo repertório,
mais amplo e mais intelectualizado, que sirva a elas não só para uso eficaz da escrita enquanto objeto
social, mas também como instrumento de acesso autônomo na participação no mundo letrado.
Na atual conjuntura, nem todos os professores estão preparados para tal trabalho com a escrita em
sala de aula. É possível recorrer a uma diversidade de fatores para explicar a falta de preparo do pro-
fessor para atuar como mediador no trabalho pedagógico com a escrita em sala de aula. Por isso, é
importante destacar o papel do psicopedagogo na escola, o de assessor psicopedagógigo, que desem-
penha sua ação junto aos professores, no sentido de auxiliá-los e orientá-los no trabalho com a escrita
em sala de aula, desde a análise interpretativa e qualitativa das produções das crianças, a fim de pro-
mover práticas metodológicas significativas, de acordo com as dificuldades que as turmas apresentam,
até a construção de um espaço que permita a reflexão sobre a linguagem escrita, oferecendo, assim,
condições adequadas para uma aprendizagem significativa.
Esses objetivos, no entanto, não serão alcançados do dia para noite, exigem do psicopedagogo e do
professor muita persistência, já que a criança acostumou-se a esperar que seus textos sejam corrigidos
e monitorados pelo professor, até porque as situações de escrita na escola não têm sido para fins
sociais e sim para serem corrigidas.
Desenvolver um trabalho real e significativo com a escrita tem se mostrado um desafio, já que a escola
tem produzido analfabetos funcionais em massa. Isso denuncia que os problemas de "ensinagem" têm
alcançado os altos níveis da Educação e nos leva a compreender que o trabalho com a linguagem
escrita não pode mais se restringir à forma de dizer, mas deve provocar mudanças no próprio dizer, e
isto exige uma mudança na concepção de ensino da linguagem escrita.
Introdução
Desenvolver a competência dos alunos quanto à escrita de textos escritos é um dos objetivos da edu-
cação a ser atingido ainda durante o ensino fundamental. Para que isso ocorra, esforços devem ser
empregados desde os anos iniciais. Assim, é necessário saber o que pensa o professor a respeito da
escrita de textos e como este conhecimento se aproxima ou se distancia do conhecimento desenvolvido
pelos teóricos e pesquisadores da área. Como a escrita de textos é tema amplo e multifacetado, um
aspecto específico da escrita foi tomado como objeto de estudo: a revisão textual.
De maneira geral, as concepções dos professores acerca daquilo que procuram ensinar têm um im-
pacto sobre as ações didáticas propostas em sala de aula. Assim, torna-se relevante investigar que
concepções os docentes possuem a respeito de temas essenciais como, por exemplo, a produção
escrita de textos, e conhecer as ações didáticas que propõem em sala de aula para desenvolver em
seus alunos esta habilidade. Neste artigo, as concepções dos professores e ações didáticas propostas
são discutidas à luz de uma análise da literatura na área, estabelecendo relações entre as ideias de
professores a respeito da revisão textual e os conceitos oriundos de pesquisas diversas neste campo
de estudo.
A Perspectiva Teórica
A escrita de um texto é algo provisório e que requer do escritor uma ação recursiva sobre o material
que está sendo produzido. Como comentado por Spinillo (2010), a produção escrita de textos envolve
ações com a linguagem e ações sobre a linguagem. As ações com a linguagem requerem tomar a
linguagem como um instrumento por meio do qual as intenções comunicativas do escritor são veicula-
das. Por outro lado, as ações sobre a linguagem requerem que o escritor tome o próprio escrito como
um objeto de reflexão e análise, alterando-o quando necessário até que fique satisfeito com o produto.
Neste cenário teórico, a revisão textual é, sem dúvida, uma instância constitutiva da escrita de textos e
não algo externo a ela. (FLOWER et al., 1987).
A revisão é, ainda, uma espécie de controle de qualidade. Hayes e Flower (1980) e Bereiter e Scarda-
malia (1987) afirmam que a revisão textual visa resolver os problemas identificados no texto ou, como
comenta Galbraith (1992), torná-lo mais adequado, segundo a avaliação do escritor. Este controle de
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
qualidade, derivado da necessidade de melhorar o texto, requer comparar o texto pretendido pelo es-
critor com o texto efetivamente produzido (na íntegra ou parcialmente), eliminando as discrepâncias
entre eles, ou seja, aproximando o texto produzido do texto pretendido. (HORNING; BECKER, 2006).
Este controle de qualidade remete às razões pelas quais o escritor faz alterações em seu texto. Spinillo
(2015b) realizou um estudo em que examinou as razões que alunos do ensino fundamental adotam ao
revisar seus textos. As crianças foram solicitadas a fazer melhorias em um texto que haviam escrito
(reprodução de uma história lida) e, em seguida, a justificar as alterações que haviam feito. De modo
geral, os resultados mostraram que as crianças apresentavam diversas razões para explicar as altera-
ções feitas: para evitar a repetição de palavras ao longo do texto, para garantir a legibilidade do que foi
escrito, para escrever corretamente, para garantir a compreensão e para ser coerente com o texto
original que serviu de base para a reprodução escrita ou para ser coerente com seu conhecimento de
mundo. Essas razões, como pode ser verificado, são de forma e de conteúdo. Ao ser solicitado a rever
o texto produzido, o escritor se torna leitor de seu próprio texto, deslocando-se do lugar daquele que
produz para o lugar daquele que compreende o texto. Esse deslocamento consiste em um distancia-
mento que torna o texto um objeto de atenção deliberada por parte do escritor (BEREITER; SCARDA-
MALIA, 1987; FLOWER et al., 1987; CAMPS, 2006; ALEIXO, 2005). Nessa concepção em que a revi-
são é parte constitutiva da escrita, a leitura surge como central no processo.
A revisão pode ser realizada em vários momentos, nas diferentes instâncias do ato de escrever, e não
apenas depois de concluída a produção do texto (FITZGERALD, 1987), o que aparece documentado
na literatura (HAYES; FLOWER, 1980; WITTE, 1985; CALKINS, 1989; ALLAL; CHANQUOY,
2004; CAMPS, 2006; JOLIBERT; SRAÏKI, 2008): (i) no planejamento da escrita (pré-texto), quando o
escritor altera suas intenções e planos acerca do texto antes mesmo da escrita propriamente dita ocor-
rer; (ii) na textualização, quando o texto emergente sofre alterações que são integradas ao texto que
está sendo elaborado, repercutindo sobre o que acabou de ser parcialmente escrito; e (iii) na edição,
quando alterações são realizadas sobre uma versão completa ou quase completa do texto, tendo im-
pacto sobre o que já foi produzido, incorrendo em alterações pontuais sobre o que já foi escrito.
Um aspecto importante na revisão de texto refere-se àquilo que pode ser alterado em um texto. De
modo geral, as alterações podem ser de forma ou de conteúdo, ou serem locais ou globais, envolvendo
uma reorganização do texto (estrutura e direcionamento, por exemplo). Segundo Gelderen e Oostdam
(2004), alterações de forma buscam atender às normas da língua (ortográficas e sintáticas) e garantir
a legibilidade do texto (caligrafia); enquanto alterações de conteúdo são de natureza semântica, bus-
cando garantir a coerência, a clareza e a precisão das informações veiculadas no texto. As alterações
locais, sejam elas de forma ou de conteúdo, têm um menor impacto sobre o texto, incidindo sobre
aspectos pontuais (correção da escrita de uma palavra, substituição de uma palavra por outra para
evitar repetição ou para alcançar uma maior precisão, acréscimo de marcas de pontuação, etc.). Por
outro lado, as alterações globais repercutem sobre a organização do texto, seja em sua estrutura seja
em seu direcionamento e foco. De acordo com os autores, forma e conteúdo mantêm uma relação de
codependência, de modo que a revisão tem por finalidade básica checar o significado do texto e as
conexões entre forma e conteúdo.
Em função disso, diversos autores tecem considerações acerca das estratégias de revisão adotadas
pelo escritor ao produzir textos (FIAD, 1997; ALLAL; CHANQUOY, 2004; GALBRAITH; TORRANCE,
2004; HAAR, 2004; ARIAS-GUNDÍN; GARCÍA, 2007), sendo identificadas duas estratégias de revisão:
a edição e a reescrita. A edição envolve alterações locais que pouco modificam o sentido e a direção
geral do texto, estando, de modo geral, associada à correção de erros. A reescrita, por sua vez, envolve
mudanças substanciais tanto no significado (conteúdo) como na organização do texto (forma). Essas
estratégias podem ser combinadas durante a revisão textual.
Sem dúvida, a revisão é um processo fascinante e complexo: embora seja, como mencionado, uma
instância constitutiva da escrita, é possível que ela seja realizada também de forma independente,
como ocorre, por exemplo, quando se revisa um texto do qual o revisor não foi o escritor. Embora
pesquisas dentro deste paradigma sejam, em sua maioria, realizadas com estudantes universitários
(DANEMAN; STAINTON, 1993; PILOTTI; CHODOROW, 2009), situações em que a criança é colocada
exclusivamente como revisora de um texto são documentadas em publicações relativas a discussões
acerca de práticas escolares voltadas para a produção textual. (BRANDÃO, 2006; SPINILLO, 2010).
Em termos de pesquisa, recentemente Spinillo (2015a) examinou como crianças revisavam textos ela-
borados por outras crianças. Os participantes, alunos do 3º ano do ensino fundamental com 8 anos de
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
idade, foram solicitados a revisar um texto problemático que continha limitações de diferentes tipos. A
revisão ocorria em duas situações distintas: individual e em dupla. Um dos principais resultados foi que
na revisão individual as crianças tendiam a se concentrar nos aspectos formais, enquanto que na co-
laborativa, os revisores tendiam a considerar tanto os aspectos formais como aqueles relativos ao con-
teúdo (significado). A conclusão foi que a interlocução própria da situação colaborativa favorece a emer-
gência de uma dinâmica que propicia a descoberta de que o texto pode ser objeto de múltiplas refor-
mulações. De acordo com a autora, um ambiente colaborativo em que o aluno, juntamente com o co-
lega, é incentivado a revisar textos pode contribuir para o uso de diferentes estratégias de revisão.
A partir de conhecimentos gerados por pesquisas e reflexões teóricas conduzidas na área, têm-se um
quadro substancial a respeito do tema. Quão distantes ou próximas a esse conhecimento estão as
concepções dos professores a respeito da revisão textual? Será que as propostas didáticas por eles
adotadas em sala de aula levam em consideração os diferentes aspectos mencionados como relevan-
tes pelos estudiosos da área? Que aspectos são considerados e quais aqueles que não são contem-
plados nas práticas em sala de aula? Essas são perguntas a serem respondidas na presente investi-
gação que tem como objetivo central examinar as concepções de professores do ensino fundamental
acerca da revisão textual.
Uma forma de examinar tais concepções é realizar pesquisa de observação em sala de aula, como
anteriormente feito por Spinillo (2010), que analisou e comparou duas salas de aula do 5º ano do ensino
fundamental quanto à forma como as professoras realizavam a revisão textual no contexto escolar.
Outra maneira de investigar as concepções é entrevistar os professores a respeito do assunto, promo-
vendo um ambiente em que possam manifestar sua opinião a partir de perguntas disparadoras que
norteiem, em certo sentido, a interação entre entrevistado e entrevistador. Ao mesmo tempo em que
essas perguntas garantiam o foco da discussão, elas eram abertas o suficiente para gerar o surgimento
de um conjunto de informações a respeito das concepções dos professores acerca da revisão textual
e acerca das atividades que promovem para desenvolver a habilidade de produção de textos escritos
em seus alunos. Este recurso metodológico foi adotado na presente investigação, como descrito a
seguir.
A revisão do texto escrito, como objeto de ensino, vai aos poucos se incorporando ao dia a dia da sala
de aula. Neste sentido, não há, ainda, práticas pedagógicas consensuais sobre como promover o
aprendizado da revisão em sala de aula. Ouvir os professores acerca da prática da revisão de texto
com seus alunos auxilia a compreensão das condições que as crianças têm em sala de aula para
aprenderem a revisar os textos que produzem. Com este intuito, foram conduzidas entrevistas com 15
professoras do 1o segmento do ensino fundamental. O corpus de análise compreendeu, então, o dis-
curso oral das professoras entrevistadas. Elas discorreram tanto sobre o que seja revisão textual, como
sobre as situações didáticas e procedimentos que adotam para que seus alunos revisem os textos que
produzem.
As perguntas-chave que nortearam as entrevistas com as professoras foram: O que é revisão de textos
para você? Você faz revisão de textos em sua sala de aula? Que atividades de revisão de textos que
você faz na sala de aula? Para que serve a revisão de textos? A ordem de apresentação dessas per-
guntas disparadoras e o nível de detalhamento das respostas variavam conforme o rumo tomado du-
rante a interação com a entrevistada. As entrevistas foram gravadas em áudio e posteriormente trans-
critas para análise.
Revisar, o que?
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
A fala e a escrita são, ambas, habilidades linguísticas de natureza expressiva. A escrita é, como lin-
guagem de segunda ordem, reconhecidamente mais complexa do que a fala. "É muito mais difícil você
escrever, do que você falar. Então, às vezes eles [alunos] querem dizer alguma coisa, e não conseguem
transcrever no papel." Até o momento em que se alfabetiza, a criança se utiliza da fala como principal
forma de expressão. A fala conversacional ocorre em contextos de interação face a face. Como os
interlocutores estão presentes, o texto falado é construído no momento da interação, em processo de
produção conjunta. (KOCH; ELIAS, 2009). Por estas condições de coprodução, o texto falado apresenta
descontinuidades, truncamentos, correções, hesitações, pausas, inserções e repetições, o que não se
observa no texto escrito. (LAAN, 1997). A criança, como escritor iniciante, não domina suficientemente
esta modalidade da língua para empregá-la com frequência. Ademais, os contextos sociocomunicativos
em que a criança possa empregar a escrita fora da escola não são também frequentes.
Desta forma, as crianças devem ser ensinadas a se expressarem naquilo que se constitui, para elas,
uma nova modalidade da língua. "A revisão é olhar o texto mais uma vez, é você ver o que pode mudar
e melhorar. Como minha turma, eles são muito pequenos, eu procuro incentivar na construção de ideias
e não faço das questões ortográficas o foco principal."
É de se esperar, também, que as crianças, como escritores iniciantes, não realizem a revisão de seus
textos de forma espontânea, ou, ainda, que saibam o que priorizar quando solicitados a revisarem seus
textos. "É muito raro partir do aluno [a revisão], eles têm sempre que serem incentivados."
A revisão de texto como objeto de conhecimento e seu ensino estão associadas à concepção que os
professores possuem acerca do que revisar e do lugar que a revisão deva ter no processo de produção
de texto. Neste sentido, distinguem-se três tipos de concepção sobre a revisão: (a) a que privilegia a
produção de sentido; (b) a que privilegia a escrita da linguagem no sentido mais de sistema de repre-
sentação e obediência às regras da língua; e (c) a que compatibiliza as duas perspectivas anteriores.
Seria assim, eles têm uma ideia principal, perceber se eles dão continuidade, se eles concluem aquilo
que eles pensaram, seja através de uma aula de campo, ou aquilo que eles vivenciaram e perceber se
eles conseguem escrever aquilo que estavam pensando inicialmente.
À concepção acima descrita, contrapõe-se outra, na qual a revisão é realizada com o intuito de propiciar
a apropriação do sistema de escrita por parte do aluno. "Quando se executa uma atividade e busca
uma releitura dessa atividade, onde se procura os erros ortográficos; de concordância e a colocação
do aluno."
A revisão teria, assim, seu foco na língua, particularmente, no domínio dos aspectos formais da es-
crita. "A revisão e correção servem para diminuir os erros ortográficos, tendo a revisão o papel além de
corrigir, revisar o conteúdo, a gramática e a estrutura da escrita."
De fato, a escrita é uma atividade linguística e como tal irá demandar de quem escreve o conhecimento
da linguagem escrita. Do ponto de vista social, o domínio dos aspectos formais da escrita, com ênfase
na ortografia, contribui para a construção da imagem positiva de quem escreve e como confere valor
ao texto escrito. (CORREA, 2015). Os conhecimentos ortográficos, a colocação dos espaços conven-
cionais entre as palavras e a organização das sentenças em parágrafos facilitam a leitura e o entendi-
mento do texto escrito pelo leitor letrado. (CORREA; DOCKRELL, 2007). A acentuação, assim como
as marcas de pontuação, são elementos linguísticos que, também, contribuem para a produção de
sentido. No entanto, escritores habilidosos procedem à revisão sistemática dos aspectos formais da
escrita após assegurarem-se da coerência do texto escrito. Desta forma, a revisão do texto não estaria
completa se não se compatibiliza os diferentes níveis de produção do texto, conforme expresso em
vários enunciados das professoras entrevistadas.
Quando se revisa tem-se indicadores para melhorar a próxima produção textual, com vocabulário mais
amplo, menos erros de grafia, mais coerência e coesão.
Verificar, após a produção do texto, se está de acordo com o gênero proposto, a estrutura, o parágrafo,
a ortografia e eles vão refletir se o que foi produzido está de acordo com o proposto.
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
Das entrevistas com as professoras emergem três perspectivas quanto ao propósito da revisão de
texto. Distinguem estas perspectivas: a continuidade e progressão do tema, o foco da revisão na su-
perfície do texto ou a revisão de ambos os aspectos anteriores.
No momento em que se revisa vai entendendo e construindo melhor o texto, bem como a própria leitura.
Quando a gente fica revisando, a gente tem novas ideias. A revisão é o momento para criança pensar
no seu texto, e o texto dela pode crescer e até chegar numa produção melhor.
Tendo como objeto somente os aspectos formais da língua, a revisão de texto se confunde com a
tradicional prática de correção de erros. Desta forma, revisar serve à detecção de erros.
Revisão de texto pra mim é, você confrontar, né, a escrita do aluno com os erros que ele cometeu, né?
E a partir daí lançar mão, digamos de alguns aspectos pra que ele possa se apropriar da escrita formal,
né? Pra não cometer mais aquele erro numa futura produção textual.
A revisão textual tem como propósito a avaliação da habilidade de escrita da criança. Desloca-se assim
o processo do texto para quem o produz. "Através da revisão é que a gente percebe como a criança
está desenvolvendo a escrita. E mostra onde ela tem dificuldade e precisa melhorar."
Avaliada a competência de escrita da criança, a revisão textual auxiliaria, então, o professor em seu
planejamento didático. "Saber como está o aluno e como devo trabalhar. E para lá na frente eles não
terem as mesmas dificuldades."
Uma vez que a revisão textual concorra para avaliação do aluno e planejamento, impõe-se perguntar
a quem cabe realizar a avaliação do texto escrito pela criança.
Confunde-se, ainda, o processo de revisão de texto, que deve ser realizado pelo autor do texto, com a
prática tradicional de correção da produção escrita do aluno pelo professor. Assim, o professor confere
a si o papel de revisor por excelência do texto escrito pela criança.
Eles produzem o texto, eu pego, reviso, corrijo e dou para eles reescreverem.
Na maioria das vezes por mim, mas, quando peço, eles fazem.
Principalmente a minha pessoa, às vezes o colega faz críticas, mas a maior parte sou eu.
A prática de revisão do texto da criança pelo professor indica que haja uma forma correta de se escrever
um texto. A revisão da grafia das palavras atende a este modelo normativo. No entanto, na revisão de
aspectos relacionados à produção de sentido, há que serem feitas escolhas que melhor traduzam o
propósito do autor do texto, tendo, em consideração, a eficácia e a eficiência de sua comunicação com
os leitores. Quando a revisão de texto vai além da adequação do autor às convenções ortográficas da
língua, não há um modelo pré-determinado a seguir.
A concepção de que a revisão possa levar a uma forma correta e pré-existente de texto traz como
consequência o apagamento da autoria e do protagonismo da criança. Isto traz prejuízos ao desenvol-
vimento da habilidade de revisão, como de produção do texto escrito. "Pego os textos deles, levo para
casa, leio e coloco algumas observações, se forem preciso; e, depois, devolvo para eles; peço para
eles olharem e reescreverem de acordo com o que eu coloquei".
Têm umas atividades, que vamos supor, eu dou uma folha xerocada. Eles vão ler a folha, vão fazer a
folha e depois eles vão ler o que eles escreveram de resposta. Então, quando eu vou fazer a correção
no quadro, eles vão observando o que escreveram e o que está escrito na lousa.
Escritores iniciantes ou pouco habilidosos tendem a realizar a revisão de texto fixando-se apenas na
grafia das palavras. Tal atitude diante da revisão é corroborada pela escolar quando se usa a revisão
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
com propósitos avaliativos do conhecimento das crianças acerca da grafia convencional das pala-
vras. "Alguns revisam enquanto estão escrevendo, me chamam ou olham o alfabeto que tem na sala e
perguntam se escreve com x ou ch por exemplo. Mas, na maioria das vezes, só quando acabam, e
quando eu chamo um a um para olharem o seu texto."
Emerge, também, como forma de realização da revisão aquela em que a professora chama a criança
para fazer a releitura do texto para ela quando está percebe erros ortográficos ou dificuldade em en-
tender o texto. Esta é a forma mais recorrente de revisão entre as professoras entrevistadas.
E as minhas revisões textuais... é sempre chamando para perto, nunca só. Eu não costumo corrigir
texto ou revisar texto sem a presença deles. Tem que ser com o aluno, porque ele lê novamente a
frase, e ele diz o que ele quis dizer naquela frase, quando sou eu que não entendo.
Quando eu percebo um erro, quando a minha intenção é concordância, é ortografia, que eu percebo
eu chamo. Se houver também uma falta de coerência e coesão na frase, eu percebo e peço para eles
lerem novamente.
Eu pego o caderno, o material que ele escreveu e chamo, aí leia para mim, aí ele lê, às vezes ele lê
até com gosto.
Há formas outras de revisão que trazem o protagonismo para as crianças. Seja esta uma revisão rea-
lizada por pares, seja de forma coletiva.
Assim, por exemplo, coloco Maria e João juntos, aí Maria revisa o de João, e João o de Maria. Aí depois
eles conversam sobre o que eles acham que pode mudar e depois peço para eles reescreverem.
Também faço revisão em duplas, eles juntos revisam o texto um do outro e depois discutem para ver o
que pode mudar, aí, geralmente, eu peço para eles reescreverem.
Com eles. A revisão, primeiro tem que ser com eles, até porque a gente não gosta de colocar você
errou não. Eles é que precisam identificar onde podem melhorar, pra daí fazer a reescrita do texto. Eu
também trabalho com a reescritura do texto, a gente sorteia alguns, faz a reescritura no quadro, coloca
algumas observações.
Por fim, o reconhecimento de que a escrita requer atividade cognitiva ativa por parte da criança (NICO-
LAIEWSKY; CORREA, 2008) tem como implicação a conceituação da revisão de texto como um pro-
cesso de tomada de consciência "[...] então minha dificuldade maior nesse processo e que eles se
habituem a eles mesmos tentarem produzir e ter consciência do que tá produzindo, né?" Desta forma,
o protagonismos do processo é dado a quem de direito, a criança.
Com o objetivo de desenvolver a habilidade de revisão textual em seus alunos, os professores organi-
zam situações didáticas que compreendem a leitura de textos outros que não aqueles produzidos pelos
alunos. "Ele vai dizer sobre o que é a manchete dele, a notícia que chamou atenção, o que acharam
de interessante e expõem pra turma. Depois a gente elege uma notícia, uma manchete, pra eles faze-
rem a construção textual."
A gente trabalha com a literatura infantil. Tem o troca-troca de livro. Ele, o aluno, pega um livro e ele
depois troca. Então cada vez que ele troca, a gente faz um trabalho de uma produçãozinha. Geralmente
o trabalho é uma produçãozinha de resumo do livro que ele leu.
Textos de autoria intencionalmente não identificada: "Trago textos que eles produziram, sem identifica-
ção, e a gente trabalha a concordância, a criatividade, na hora da produção de um texto, e estimulo
para eles mesmos fazerem uma revisão no seu texto, uma autocorreção."
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PRÁTICAS DE PRODUÇÃO, ANÁLISE,
CORREÇÃO E REVISÃO TEXTUAL
As professoras reconhecem que a revisão textual é uma atividade que requer bastante investimento,
inclusive de tempo, quando comparada a outras exigências curriculares. Apesar do reconhecimento da
importância da revisão de texto para o desenvolvimento da escrita das crianças, o tempo para a reali-
zação da atividade é o principal obstáculo para que a revisão textual seja mais frequente em sala de
aula.
Leva mais tempo e às vezes a gente não faz como deveria fazer; fica a desejar. Eu confesso que devido
ao tempo e acredito que não é a melhor prática, mas nem sempre deixo eles fazerem.
Verdade essa questão de tempo é muito séria, a gente fica às vezes numa agonia na sala de aula.
O desenvolvimento da habilidade de revisão de texto traz vários desafios à ação pedagógica. Talvez a
maior delas seja a da compreensão, pela educação, de que, com as novas tecnologias, os conteúdos,
no currículo, adquirem um papel secundário frente ao desenvolvimento das habilidades linguístico-cog-
nitivas. Se assim for, tempo não será mais obstáculo à realização da revisão de texto.
Considerações Finais
Os aspectos formais da linguagem escrita são mais frequentemente mencionados como objeto de re-
visão. Talvez porque a edição seja o aspecto mais tangível, visto que acontece na materialidade do
texto. Ademais, a edição apresenta parâmetros fixos, não deixando dúvida sobre a modificação a ser
realizada. Por sua vez, a edição, como estratégia de revisão, ocorre, na sala de aula, para a manuten-
ção da coerência local e progressão temática do texto, tendo como base a releitura passo a passo do
texto ao lado da professora. A revisão realizada no momento da edição é atividade delegada também
à professora, cujas ações, na maioria das vezes, se voltam para que regras da língua sejam obedeci-
das.
De forma geral, observa-se grande descompasso entre a pesquisa científica (FIAD, 1997; GALBRAITH;
TORRANCE, 2004; HAAR, 2004; GARCÍA; ARIAS-GUNDÍN, 2004) e a forma como as professoras en-
trevistadas pensam e realizam sua prática pedagógica relacionada à revisão de texto. O porquê de
uma e não de outra concepção se fazerem presentes na formação escolar e na prática docente poderia
ter múltiplas explicações, envolvendo múltiplas dimensões e implicações, o que está muito além do
escopo deste artigo. No entanto, o conhecimento das concepções que permeiam a prática docente
torna possível a tomada de consciência acerca das escolhas feitas pelos professores ou daquelas que
lhes foram feitas. Neste sentido, a tomada de consciência é um passo fundamental para a revisão do
saber e do saber-fazer na escola.
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Leitura e Interpretação de Tabelas e Gráficos
Se você acha que esses números não contribuem para mostrar com clareza o histórico da instituição
nem para destacar o percurso crescente de matrículas, tem toda razão. Há uma maneira mais clara e
eficiente de apresentar esses dados: um gráfico. Observe:
Esse exemplo revela claramente que para cada informação que se quer comunicar há uma lingua-
gem mais adequada- aí se incluem textos, gráficos e tabelas. "Eles são usados para facilitar a leitura
do conteúdo, já que apresentam as informações de maneira mais visual", explica Cleusa Capelossi
Reis, formadora de Matemática da Secretaria Municipal de Educação de São Caetano do Sul, na
Grande São Paulo.
Logo no início do Ensino Fundamental, as crianças precisam aprender a ler e interpretar esses tipos
de recurso com o qual elas se deparam no dia a dia. Além disso, esse é um conteúdo importante da
Matemática que vai acompanhá-las durante toda a escolaridade no estudo de diversas disciplinas.
Barras
Usado para comparar dados quantitativos e formado por barras de mesma largura e comprimento
variável, pois dependem do montante que representam. A barra mais longa indica a maior quantidade
e, com base nela, é possível analisar como certo dado está em relação aos demais.
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Setor
Útil para agrupar ou organizar quantitativamente dados considerando um total. A circunferência re-
presenta o todo e é dividida de acordo os números relacionados ao tema abordado.
Linhas
Existem vários tipos de gráficos (como os de barras, de setor e de linha) e tabelas (simples e de du-
pla entrada). O uso de cada um deles depende da natureza das informações. É importante que os
alunos sejam apresentados a todos eles e estimulados a interpretá-los. "Aqui tem mais quantidade
porque esta torre (barra) é maior que a outra" e "a pizza está dividida em três partes. Então são três
coisas representadas" são falas comuns e que revelam o quanto a turma já sabe a respeito.
Na EMEB Donald Savazoni, na capital paulista, Cláudia de Oliveira pediu que os estudantes do 3º
ano pesquisassem gráficos e tabelas em diversos portadores de texto, como os jornais, e analisou o
material com eles. Além dos diferentes visuais, ela trabalhou elementos imprescindíveis, como o título
(que indica o que está sendo representado), a fonte (que revela a origem das informações) e, no caso
dos gráficos, especificamente, a legenda (que decodifica as cores, por exemplo). De que assunto
trata o gráfico? Quantos dados são apresentados? Como eles aparecem? Esses são questionamen-
tos pertinentes para fazer aos alunos. Essas intervenções, apoiadas em exemplos, são uma forma de
encaminhar a turma a notar que há certas regularidades que permitem a interpretação independen-
temente do conteúdo. Por exemplo: num gráfico de barras verticais, é a altura que mostra a variação
de quantidade e não a largura das barras. No caso dos eixos, presentes no gráfico de barras e no de
linhas, os intervalos entre as marcações são sempre do mesmo tamanho. Isso serve para garantir a
proporcionalidade das informações apresentadas.
Quanto às tabelas, há diversas formas de usá-las para organizar as informações. Elas podem apare-
cer em ordem crescente ou decrescente, no caso de números, ou em ordem alfabética, quando são
compostas de nomes, por exemplo.
Ao selecionar o material para trabalhar em sala, lembre-se de atentar para a complexidade de cada
um. "Quanto mais informações reunirem, mais complicados são. Para essa faixa etária, melhor usar
material com poucos dados, dando preferência aos números absolutos", explica Leika Watabe, as-
sessora técnica educacional da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
Escolher temas e assuntos que fazem parte do universo da garotada também é importante. Para as
crianças do 3º ano, Cláudia organizou um estudo do tempo de vida de uma série de animais e organi-
zou os dados em uma tabela e um gráfico de barras. Na tabela, elas tinham de identificar o assunto
tratado e verificar as informações sobre os bichos, relacionando os dados. Depois, compararam no
gráfico as diferenças entre a expectativa de vida de cada um deles. Por fim, a educadora propôs al-
guns problemas para que todos calculassem a diferença de idade entre dois animais. Os alunos con-
frontaram os resultados com o gráfico e concluíram que os valores eram proporcionais ao intervalo
entre as barras que representavam os bichos.
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Importante: gráficos e tabelas podem ser explorados com muitos conteúdos, de diversas disciplinas -
desde que o material não seja simplesmente exposto em um cartaz na sala. Trabalhar a interpretação
é fundamental. Somente com essa estratégia em jogo, o grupo vai criar familiaridade com esse tipo
de representação, se apropriar dele com segurança e seguir em frente, construindo seus próprios
gráficos e tabelas.
Simples
Usada para apresentar a relação entre uma informação e outra (como produto e preço). É formada
por duas colunas e deve ser lida horizontalmente.
De dupla entrada
Útil para mostrar dois ou mais tipos de dado (como altura e peso) sobre um item (nome). Deve ser
lida na vertical e na horizontal simultaneamente para que as linhas e as colunas sejam relacionadas.
De dupla entrada
Média aritmética
A média aritmética é usada para atingir um valor médio de vários valores. Seu valor é calculado por
meio da divisão dos números somados pela quantidade deles. A média possui a função de transfor-
mar um conjunto de números em um único valor, dando uma visão global dos dados.
A média aritmética simples é, como o nome já diz, a mais simples, e a de uso mais comum. Para
entender como é calculada, confira o exemplo abaixo:
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Maria queria fazer uma festa, e para saber quanto deveria separar de docinhos para cada convidado,
pegou a média de consumo entre seus amigos. Marcela comeu 5 docinhos, Ana comeu 3 e João
comeu 7. Juntos, eles comeram 15 docinhos. Ao dividirmos o valor total de biscoitos consumidos pela
quantidade de pessoas que comeram, ficamos com o valor de 5. A média aritmética de docinhos que
Maria tem que comprar para cada um de seus convidados, é de 5. Confira o cálculo abaixo:
Podemos dar outro exemplo. As médias escolares podem ser calculadas por meio das médias sim-
ples. Se para passar de ano, você precisa tirar média 7, e a média é calculada com quatro provas,
precisaremos pegar as notas que tirou em todas as provas, e dividir por quatro, que é o número de
avaliações realizadas. Na primeira prova você tirou 8, na segunda tirou 7, na outra tirou 6 e na última
tirou 7. Partimos então para o cálculo:
Diferente da simples, a média aritmética ponderada calcula a média quando os valores possuem pe-
sos diferentes. Usando o mesmo exemplo da nota escolar, imagine que cada uma das notas tem um
peso distinto. A primeira prova, possuía peso 2, a segunda peso 2, a terceira peso 3 e a quarta peso
3. Como isso pode ser calculado? Multiplica-se o valor pelo seu peso, somando aos resultados das
outras multiplicações e então divide-se pela soma de todos os pesos. Confira o cálculo do exemplo:
Nesse caso, a média seria 6,9. Na média ponderada, ao contrário da média simples, a alteração da
posição dos números pode ocasionar em resultados errados. Se você errasse, por exemplo, aplican-
do peso 1 às duas primeiras notas e peso 2 às seguintes, sua média seria diferente:
Isso faria bastante diferença, certo? Lembre-se sempre de fazer a multiplicação dos pesos com cada
um dos valores antes de somá-los e de conferir se os pesos estão aplicados ao valor correto.
A fórmula para o cálculo dessa probabilidade decorre da fórmula da probabilidade condicional. Assim,
teremos:
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Se os eventos A e B forem independentes, ou seja, se o fato de ocorrer o evento B não alterar a pro-
babilidade de ocorrer o evento A, a fórmula para o cálculo da probabilidade condicional será:
Vamos fazer alguns exemplos para explorar o uso da fórmula e a maneira correta de interpretar os
problemas relacionados à probabilidade de eventos simultâneos.
Solução: perceba que a ocorrência de um evento não influencia a probabilidade de outro ocorrer,
portanto são dois eventos independentes. Vamos distinguir os dois eventos:
Vamos calcular a probabilidade de ocorrência de cada um dos eventos. Observe que no lançamento
de um dado, temos 6 valores possíveis. Assim:
Exemplo 2. Numa urna há 30 bolinhas numeradas de 1 a 30. Serão retiradas dessa urna duas boli-
nhas, ao acaso, uma após a outra, sem reposição. Qual a probabilidade de sair um múltiplo de 10 na
primeira e um número ímpar na segunda?
Solução: o fato de a retirada das bolinhas ocorrer sem reposição, implica que a ocorrência do primei-
ro evento interfere na probabilidade do segundo ocorrer. Portanto, esses eventos não são indepen-
dentes. Vamos determinar cada um dos eventos.
Para o cálculo de p(B|A) é preciso notar que não teremos mais 30 bolinhas na urna, pois uma foi reti-
rada e não houve reposição, restando 29 bolinhas na urna. Assim,
Logo,
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DIAGRAMAÇÃO
Diagramação
Diagramação (ou paginação) é o ato de diagramar (paginar) e diz respeito a distribuir os elementos
gráficos no espaço limitado da página que vai ser impressa ou outros meios.
É uma das práticas principais do design gráfico, pois a diagramação é essencialmente design gráfico.
A diagramação é aplicada em diversas mídias como jornais, livros, revistas, cartazes, sinalização web-
sites, inclusive na televisão.
Atualmente, um diagramador também tem sido considerado, no Brasil e no exterior, um designer grá-
fico.
Mesmo assim a diagramação não é uma atividade limitada a uma profissão específica. Em alguns
cursos de biblioteconomia mais tradicionais, o designer gráfico é chamado de diagramador.
A diagramação de publicações costuma seguir as determinações de um projeto gráfico, para que, entre
outras coisas, se mantenha uma identidade em toda a publicação.
Diagramação de Jornais
No caso de um jornal, a diagramação segue os objetivos e as linhas gráficas e editoriais desse im-
presso.
As principais linhas editoriais para a diagramação incluem a hierarquização das matérias por ordem de
importância.
A editoração ou design editorial incorpora princípios do Design gráfico, que, por sua vez, é uma habili-
tação independente ou presente em cursos de design, além de ser uma disciplina que faz parte do
currículo de Jornalismo, Publicidade e alguns cursos de Arquitetura nas universidades e faculdades.
Termos correlatos e similares incluem, além dos já mencionados, layout, makeup ou pasteup.
Para diagramar o conteúdo editorial, a atividade de diagramação precisa lidar com elementos gráfi-
cos (categorias de conteúdo visual) e aspectos (variáveis que podem alterar o resultado final).
As medidas utilizadas em diagramação são geralmente em paicas e pontos, sendo que 1 P (uma paica)
corresponde a 12 p (doze pontos).
O espaço delimitado de impressão dentro de uma página se chama mancha gráfica, onde cai tinta
sobre o papel; fora destes limites, nada pode ser impresso e nenhum elemento pode ultrapassar. Nos
casos em que a mancha ultrapassa as bordas do papel, diz-se que a impressão é sangrada.
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DIAGRAMAÇÃO
Elementos
Texto
O chamado "corpo de texto" é o tipo em que será impresso o conteúdo principal do jornal (matérias,
colunas, artigos, editoriais, cartas etc.).
A massa de texto costuma preencher mais da metade de toda a mancha gráfica do jornal e deve ser
delimitada (rodeada) pelos outros elementos.
Um formato comum para o corpo de texto em jornais é tipo serifado, com corpo (tamanho) 12 pontos.
Título
Desde a manchete, que fica na primeira página, até os títulos menores de artigos. São subdivididos
em:
subtítulo - (em algumas redações no Brasil, chamados de sutiã, bigode, linha-fina ou linha de apoio)
colocado abaixo do título principal, complementa a informação do título e instigam à leitura do texto
antetítulo - (em algumas redações no Brasil, chamados de chapéu ou cartola) colocado acima do título
principal, complementando a informação do título e instigam à leitura do texto
intertítulo (entretítulo ou quebras) - colocado no meio do texto, para dividi-lo em seções e facilitar a
leitura
olho - colocado no meio da massa de texto, entre colunas, para ressaltar trechos e substituir quebras;
são muito utilizados em entrevistas.
Foto
Fotografias, que em jornal e revista vêm sempre acompanhadas de legenda descritiva e do crédito para
o(a) fotógrafo(a).
Arte
O que se chama de arte em diagramação são imagens produzidas para ilustrar, complementar visual-
mente ou substituir a informação do texto. Podem ser:
Charge - desenho geralmente satírico com personagens do noticiário, sem ter que necessariamente
seguir opinião expressas em matérias relacionadas no jornal;
Ilustração - todo tipo de desenho ou pintura que pode acompanhar um texto jornalístico. A ilustração
pode ser uma versão ilustrativa do texto ou uma visão complementar ao texto, usando uma linguagem
pictórica.
Vinheta ou retranca
Minitítulos que marcam um tema ou assunto recorrente ou em destaque; podem incluir mini-ilustrações
e geralmente vêm acima do título da matéria ou no alto da página.
Box ou caixa
Um box é um espaço graficamente delimitado que normalmente inclui um texto explicativo ou sobre
assunto relacionado à matéria principal.
Cabeçalho e Rodapé
Marcam o topo e a base da página, respectivamente, incluindo marcas básicas como editoria, data,
número da edição e número da página; quando usado na primeira página, o cabeçalho inclui ainda a
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DIAGRAMAÇÃO
logomarca do jornal em destaque, preço e alguns nomes de chefia da equipe (presidente, diretor, editor-
chefe).
Anúncio
Espaço de publicidade, único elemento de conteúdo não editorial da diagramação, produzido pela
equipe comercial.
Aspectos
Os aspectos que determinam a composição destes elementos na página impressa são, entre outros:
Colunagem
A distribuição do texto em colunas verticais de tamanho regular, espaçadas e válidas para encaixar os
elementos. Atualmente, o padrão em jornais standard é a divisão em 6 colunas, mas o uso de 8 colunas
já foi predominante.
Cor
Uso de cores e matizes em jornalismo, são muitas coisas que acontecem que confere sentido e modi-
fica a mensagem, muitas vezes sutilmente; até meados do século XX, os jornais de grande circulação
não utilizavam impressão a cores, dependendo da escala de cinzas para matizar seus preenchimentos.
O que é diagramação?
A diagramação se trata de uma arte (ou técnica) de distribuir os elementos gráficos de acordo com o
espaço delimitado oferecido, geralmente uma página impressa ou veiculadas por meio da internet. Em
mídias digitais, a diagramação é a estruturação de um layout.
Essa distribuição de elementos, entretanto, não é feita de forma aleatória. Quem está realizando a
diagramação segue uma série de informações fornecidas por editores e diretores de arte.
Mas a diagramação tem qual finalidade? O objetivo de diagramar é organizar esses elementos gráficos
(textos, imagens, vídeos, etc.) para passar as informações de uma forma organizada e fácil para que o
leitor entenda, sem que haja saturação ou excesso de elementos e que proporcione um conforto visual.
Em jornais, revistas, cartazes, websites e também na televisão, a diagramação, disposição dos ele-
mentos gráficos, principalmente textos e imagens, em um espaço definido e que será impresso, é em-
pregada de forma perceptível aos que tem conhecimento da mesma.
Sendo um dos trabalhos do design gráfico, podemos ressaltar a hierarquização tipográfica e a legibili-
dade, porém, a diagramação pode ser exercida por variados profissionais. É essencial que a empresa
esteja apta do seu público alvo para que obtenha uma boa diagramação.
Em jornais, revistas, cartazes, websites e também na televisão, a diagramação, disposição dos ele-
mentos gráficos, principalmente textos e imagens, em um espaço definido e que será impresso, é em-
pregada de forma perceptível aos que tem conhecimento da mesma.
Sendo um dos trabalhos do design gráfico, podemos ressaltar a hierarquização tipográfica e a legibili-
dade, porém, a diagramação pode ser exercida por variados profissionais. É essencial que a empresa
esteja apta do seu público alvo para que obtenha uma boa diagramação.
Dica 1: Hierarquização
Para iniciar sua diagramação é necessário organizar as informações, da mais importante para a menos,
para que o consumidor leia de acordo com o critério desejado pela empresa. Esta página deve ser
simples e clara, para que o cliente tenha uma leitura afável, sem se distrair ou cansar-se da sua dia-
gramação.
Dica 2: Identidade
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DIAGRAMAÇÃO
A empresa deve atentar-se aos padrões de identidade, uma vez que, antes que o consumidor leia sua
diagramação, será a primeira impressão que passará da sua empresa a ele.
Padronize os elementos que compõe seu projeto, como tipografias, cores, elementos gráficos, entre
outros, para que o cliente sinta segurança na hora fazer um trabalho com a sua empresa e consiga
identificá-la sem que precise olhar o logotipo, porém, diferencie títulos, subtítulos, textos e legendas,
para que sejam reconhecidos facilmente pelo leitor.
Escolha a fonte que deseja trabalhar na sua diagramação, mas lembre-se que ela deve ser evidente
para o leitor, caso contrário levará o consumidor à troca de empresa, escolhendo outra que transmita
a mensagem com clareza.
Não encha sua diagramação de letras, poderá embaralhar o leitor. Se o texto for colocado sobre uma
imagem, recomenda-se uma fonte regular e bold, assim passará a imagem desejada pela empresa
para o cliente.
Dica 4: Cores
As cores são fundamentais para sua diagramação, combine-as e use-as a favor de sua empresa. Acon-
selham-se cores escuras em fundos claros, dando leveza e são percebidas positivamente.
Já cores claras em fundos escuros, um texto escuro em fundos com particularidade ou uma fonte
branca em um céu azul claro, por exemplo, quebram o ritmo da leitura e cansam o consumidor.
Dica 5: Imagens
A imagem escolhida para sua diagramação, antes de tudo, deve ter qualidade e condizer com o assunto
tratado no projeto. Além disso, o profissional deve saber como posicioná-la na página, algumas foto-
grafias já contribuem para uma boa localização, como as que possuem fundos uniformes ou neutros.
Já as que apresentam muitos detalhes, é recomendado a utilização de boxers embaixo dos textos,
legendas ou títulos.
Não exagere nos textos, o leitor vai se cansar da sua diagramação e perder o foco na mesma. Na
diagramação sobre a imagem, esta já vai possuir textos, ocupando um determinado espaço, portanto,
se houver um texto muito grande, poder ser até que não caiba ou, se couber, ficará extremamente
cansativo, como já dito.
Apresente esse problema ao responsável pelo texto, para que ele não tenha que cortar informações.
Atente-se ao tipo de papel que será impresso sua arte, pois na tela do computador parece ter uma
ótima qualidade e ser nítida, no entanto, quando impresso, a resolução diminui, alterando o resultado
final.
Dica 8: Legibilidade
O item mais importante da diagramação é a legibilidade, uma vez que, se o material não estiver claro
e legível, certamente o seu cliente perderá o interesse pela sua empresa.
Leve em consideração o espaço onde o texto será colocado e se dará para ler perfeitamente quando
impresso.
Nenhum consumidor gostaria de ter que fazer esforços e ter de decifrar o que está escrito no seu
trabalho, isso fará com que ele procure outra marca.
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matemáticos como tais; Os esquemas, planos ou regras para realizar atos
mentais, jogos ou negócios; Os formulários em branco para serem preenchidos
por qualquer tipo de informação, científica ou não, e suas instruções; Os textos
de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e
demais atos oficiais; As informações de uso comum tais como calendários,
agendas, cadastros ou legendas; Os nomes e títulos isolados; O aproveitamento
industrial ou comercial das ideias contidas nas obras.
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