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PIBID DE MATEMÁTICA: relação treze para cinco - Cirlei Marieta de Sena Corrêa .... 26
CAIXA DE ARTE PARA CRIANÇA - Maria Fernanda d´Ávila Coelho; Márcia Gervásio
d´Ávila ........................................................................................................................................... 82
DÓ, RÉ, MI(nha) canção quem FA(z) SO(u)L eu: Compondo com Jogos Musicais - Gislene
Gómez; Maria Luiza Feres do Amaral ....................................................................................... 95
BRINCANDO DE BOI DE MAMÃO - Elisa Cordeiro; Carlos Cória; Josias Pimentel; Edgar
Gomes de Souza; Denise Rech .................................................................................................... 104
BRINCANDO NO RITMO - Vanderléa Ana Meller; Elaine Farina; Luciana Gomes Alves;
Emanuele Fernanda Oselame; Paulo Ferreira Pereira; Silvana Brandes; Thiago Albano ..... 130
OH, PROF., HOJE O PESSOAL DO CABIDE NÃO VEM?: a participação das crianças como
atores sociais nas práticas do PIBID - Sandra Cristina Vanzuita da Silva; Magda Aparecida
B. Martins da Silva; Mariza Machado; Jéssica dos Santos; Rodrigo Ferreira; Simone Terezinha
Menegon Ribeiro; Viviane Santos São Thiago ..................................................................................... 147
ALÉM DAS PALAVRAS: formação estética no PIBID de Letras - Maria Cristina Kumm
Pontes ........................................................................................................................................... 186
BRINCADEIRAS AFRICANAS - Felipe Pressotto Telles; Ivan Cardoso; Indianara dos Passos;
Leticia Poleza Henrique; Maria Veronica da Silva Chagas; Vitor Matheus Berardi Chiniski;
Lucimara Araujo Schneider; Francisco Alfredo Braun Neto ..................................................... 206
A CEREJA DO BOLO
DOS CINCO ANOS
DO PIBID NA UNIVALI
Cleide J. M. Pareja
Coordenadora de Área
Bruno L. de Farias
Egresso do Curso de Letras UNIVALI
São cinco anos! Cinco anos entre palavras e livros. Livros e estratégias! Estratégias
e alunos, muitos alunos. Alunos da Universidade, Curso de Letras, alunos do Ensino
Fundamental, alunos do Ensino Médio e alunos da Educação de Jovens e Adultos. Alguns
universitários já se formaram Licenciados em Letras, no regime EAD (Ensino a Distância),
outros estão nas séries finais do Curso de Letras Presencial e outros, ainda, estão nas séries
iniciais do mesmo curso da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). É a roda da leitura
possibilitada pelo Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) aprimorando a
formação de alunos das licenciaturas, professores das escolas da rede municipal e estadual
de ensino da região do Vale do Itajaí. O Subprojeto de Letras/Formação de Leitores
planejou o desenvolvimento de projetos sustentados por quatro eixos de leitura, a saber:
A partir desta meta, a dança da leitura teve seu início em 2010 com a apresentação
de um grupo fabuloso de autores catarinenses de poesia aos alunos da escola pública.
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O primeiro projeto realizado optou pelo eixo Encontro com o Autor. Para tal foram
escolhidos os autores Bento Nascimento - Loucos de Pedra; Alcides Buss - Olhar a vida,
Cadernos da noite; Magru Floriano - Fogo-Fátuo e Leandro de Maman - Suspenso.
A contradança veio com a leitura de três romances contemporâneos no eixo
Literatura e Cultura Brasileira. Amrik, de Ana Miranda; Cidade Ilhada, de Milton Hatoum
e Terra Papagalli, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. O eixo privilegiado
foi Literatura e Cultura Brasileira. As três obras foram lidas por todos, em formato de
rodízio, durante o ano escolar.
A festa continuou com a entrada no Eixo Leitura em Meio Digital. Primeiramente
os poemas digitais fizeram sua apresentação com luzes, movimentos e cores. A palavra
viva, em interação e hipertextualidade. Na sequência, chegou a vez da prosa. Tristessa
de Marco Antoni Pajola foi a inspiração. Uma equipe realizou a leitura e partiu para
produção, em formato de paráfrases, de contos na rede. Já a outra equipe partiu para o
crime, com a leitura do romance digital Grau 26 de Antony Zuicker, lançando-se em
constantes interações com as mídias disponíveis.
Para animar ainda mais o baile das palavras, entrou no espetáculo de leitura o Eixo
Estudos Linguísticos e Literários. Fez-se a leitura, a encenação e a contextualização da
obra O Santo e a Porca, de Ariano Suassuna. Neste ato, foram privilegiadas a literatura de
cordel, as variações linguísticas e o texto dramático.
Todos os passos foram trilhados, agora seria possível realizar um pout-pourri de
todos os eixos nesta nova dança. Para isto, foi apresentada a autora Adriana Lunardi, com
sua obra Vésperas, com a qual seria possível fazer encontros com autores, conversa entre
textos e autores e passear pelos meios digitais. Assim foi.
Cansados de tanta modernidade, deu uma saudade enorme dos bailes do passado e
ninguém melhor para este momento do que o clássico dos clássicos - Machado de Assis.
Como um clássico nunca fica velho, ele encantou a todos os participantes do convívio
- ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos, foi como uma bofetada no
público, todos se encantaram com as passos ensinados pelo Bruxo do Cosme Velho.
Tanta exposição às leituras; quanto aos textos teóricos, deve provocar algum impacto!
Por este motivo buscou-se, com um olhar de pesquisador, identificar qual seria o impacto
visível nos egressos do Curso de Letras, ex-pibidianos, hoje profissionais. Os resultados
foram surpreendentes! Mas o convidado especial, o egresso Bruno Lazzaroto de Farias, é
quem fará a apresentação de todas as suas experiências literárias. Este jovem egresso do
PIBID incorporou as orientações recebidas durante o desenvolvimento do Programa e, ao
iniciar suas atividades como professor, extrapolou-as fazendo movimentos de vanguarda
na inserção da leitura no processo escolar e social. Como diz Petit (2009, p. 13):
O leitor não é passivo, ele opera um trabalho produtivo, ele reescreve.
Altera o sentido, faz o que bem entende, distorce, reemprega, introduz
variantes, deixa de lado os usos corretos. Mas ele também é transformado:
encontra algo que não esperava e não sabe nunca aonde isso poderá levá-lo.
Assim, encharcado de leituras, sua trajetória iniciou na escola particular Colégio
Atlântico, de Itapema, e seguiu por espaços nunca dantes navegados.
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Movimento 1
Elaborou-se um projeto cujo pilar sustentador é o da metodologia da leitura fruitiva,
que compreende o livro como um objeto que necessita ser embevecido artisticamente.
Foram elaboradas estratégias de leitura que transformaram toda a organização escolar a
fim de aconchegar os alunos ao texto literário, os professores e as famílias e inseri-los num
movimento de fruição estética. Estas ações plantadas e lavradas pelo mediador docente
em comunhão com a gestão escolar permitiram fomentar um cenário cultural sensível na
instituição de ensino de forma ampla, tal qual uma obra aberta. Essa ciranda envolveu todas
as séries, de todos os níveis, do maternal ao terceiro ano do ensino médio. Ao ser inserido
no plano de ensino, o estudo sistemático da literatura possibilitou organizar projetos para a
formação continuada do leitor. Desde o princípio, a proposta de trabalho integrou língua e
literatura de forma interdisciplinar, estabelecendo o vínculo entre os saberes.
Para formar leitores literários, o professor é o orientador, mediador e intérprete;
aquele que propicia condições para que os alunos leiam com ele e por meio dele, que
estimula a convivência com a fantasia, legitima a leitura como prática social e favorece
a todos tornarem-se cidadãos da cultura escrita. Especialmente com relação à leitura de
textos longos, como um romance ou novela, o tempo da escola, às vezes, impõe limites quase
incontornáveis. Por isto, é conveniente assegurar o contato direto com o livro através da
mediação entre professores e alunos, no início de cada período letivo, estabelecendo um
número de leituras desejável a ser efetivado fora do período escolar, e formas criativas de
acompanhamento das leituras e do estabelecimento de trocas entre leitores (até mesmo
entre as turmas), por meio de contratos de leitura extensiva e o que chamamos de paradas.
Nelas são observados e respeitados os quatro elementos da leitura complexa:
O que é o contrato de leitura? É um pacto entre nós, docentes e leitores, que prevê,
para a leitura de textos longos, tempos e espaços dentro e fora da escola, dentro e fora
da sala de aula para ler. Além disso, o pacto prevê a constituição de uma comunidade
de leitores, com promoção variada e sistemática de situações de troca de experiências,
rodas de leitura, depoimentos, leituras compartilhadas que favoreçam o intercâmbio de
vivências, estimulem produções autorais e construam novos sentidos na aprendizagem.
De que modo? Reservando tempo na jornada quinzenal para ouvir os leitores sobre suas(s)
leituras(s): é fundamental fazer paradas para falar sobre livros e sobre literatura. Não só
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falar, embora essa seja uma prática fundamental a ser assegurada e a ser centrada na troca
de saberes, em detrimento da mediação.
Além de falar e ouvir, podemos, nas paradas, reparar e acompanhar o que os alunos
estão registrando do livro que leem; seja uma passagem marcante, uma reflexão a respeito
do tema, ou uma aproximação com outros textos ou gêneros lidos. A turma pode ser
dividida em grupos e, durante o ano, realizar diferentes tarefas de prestação de contas do
contrato: relatos orais, um pôster a ser colocado em local de destaque na biblioteca, um
portfólio de leituras a ser disponibilizado para consulta ou num blog da turma, etc. Esse
tipo de atividade proporciona a troca descompromissada das impressões de leitura, sem
“cobrança” ou preocupação com “a nota”. Foi uma coreografia que deu certo e dura já há
três anos com aceitação da gestão e da família.
Movimento 2
O primeiro movimento
tornou-se tão intenso que se
percebeu a necessidade de envolver
todos os pares nesta dança. É
urgente que o docente esteja em
constante movimento de formação,
desejando sempre se transformar,
se qualificar, a fim de melhorar
sua prática pedagógica e sua
sensibilidade profissional conjugada
em seu caminhar, pois deste modo
teremos mais sentidos na trajetória
de educador, na sua vida pessoal e
na interação com o coletivo. Assim,
existe a capacidade de se adaptar às
diversas e rápidas mudanças no campo
educacional, enfrentando as dificuldades
encontradas na multiplicidade da sala de aula.
Desta forma, fomentamos um encontro semanal de leitura com os docentes da
escola para pensarmos juntos o papel do mediador docente na formação leitora. Aos
poucos a leitura do livro “Como um romance” de Daniel Pennac foi sendo incorporada nos
estudos dos integrantes, servindo de fio condutor para diálogos e análises de estratégias
de leitura literária para a formação dos diferentes níveis do leitor. Eis então outro braço
do projeto: o investimento para uma educação do sensível do corpo docente da escola. A
roda ficou completa e continua girando.
Movimento 3
Sair do espaço escolar, atingir mais e mais com a leitura, como diz Pennac “ler em voz
alta não é o suficiente, é preciso contar também, oferecer nossos tesouros, desembrulhá-los
na praia ignorante. Escutem, escutem e vejam como é bom ouvir uma história” (PENNAC,
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2011, p. 52). Não há melhor
maneira de abrir o apetite de
um leitor do que lhe dar a
farejar uma festa de leitura.
Toda hora é hora. Todo
lugar é lugar. Esta saída
teve como meta manter
unidos alguns colegas do
PIBID que também têm o
amor pela literatura, para
juntos compartilharem
com outras pessoas.
Pessoas de outras escolas,
dos abrigos comunitários, asilos,
creches. Nasceu o grupo voluntário de contadores de histórias.
A reunião do grupo acontecia quinzenalmente, a fim de se planejar e ensaiar as contações
de histórias e decidíamos os lugares e os horários para a mediação literária. Novo ritmo,
novas leituras, novos laços de amor e palavras.
Movimento 4
Os livros foram a desculpa para estabelecer centenas de amizades. Para além dos
ambientes formais de ensino, a literatura também encontra espaço em ambientes não
formais, como acontece com o Clube do Livro. Formado majoritariamente por professores
(muitos dos quais parceiros e egressos do PIBID), em outubro de 2014, o clube une pessoas
com um único comum
interesse: discutir livros
que acabaram de ler. Em
consequência, fortalece
os laços de amizade e o
gosto por boas cafeterias
da cidade, pois estes são
os espaços nos quais
comumente os membros
se encontram.
Os participantes
se reúnem uma vez por
mês para dialogar sobre
a experiência de leitura
de uma determinada obra
previamente selecionada e
eleita democraticamente.
Mas enquanto o fatídico
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dia não chega, os Itinerários de Leitura podem ser destacados no ambiente virtual, pois
o clube possui um grupo privado numa rede social para compartilhar, planejar e discutir
toda sorte de conteúdo.
Movimento 5
Com tantas atividades leitoras acontecendo em ambientes formais e não formais de
ensino, a elaboração de sites para dividir com mais pessoas foi necessária. Foi criado um blog
para apaixonados por livros, cujo objetivo principal é o compartilhamento de livros como
apreciação estética e desenvolvimento do sensível, sempre preocupados em estimular o hábito
da leitura e a análise crítica articulada na fomentação no ambiente educacional. Na página,
estão as principais atividades, e o leitor fica à vontade para escrever lá seus comentários.
Intermezzo
Portanto, após os acordes iniciais - para ensaiar uma quadrilha literária ofertados
no Curso de Letras e PIBID, subprojeto Letras Formação de Leitores – possibilitou-se a
apresentação deste espetáculo de leitura. Sabemos que a leitura é sempre aquela dança em
que não se escolhe o par, por isto a gente nunca para de pensar em novos arranjos
para que ela continue, porque há muito a caminhar.
No entanto, nos intervalos de reflexão histórica, podemos comemorar e cantar os
feitos realizados e degustar estes momentos saborosos de olhar para trás e colocar as
conquistas como se coloca a cereja no bolo. Parabéns PIBID de Letras!
Referências
PENNAC, Daniel. Como um romance. São Paulo: L&PM Editores, 2011.
PETIT, Michèle. Os jovens e a leitura. São Paulo: Editora 34, 2009.
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2015: O ANO DOS CLÁSSICOS
NO PIBID LETRAS/LEITURA/
EJA
Deise Bressan
Eliane Schimidt
Karine Maestri
Maristela Chaves
Natalia Mendes
Licenciandas
Josiane Teixeira
Professora Supervisora
Cleide J M Pareja
Coordenadora de Área
No ano letivo de 2015, foi dado início a um novo grupo do Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). O local escolhido para a realização do projeto
foi a Escola Municipal “Centro Educacional Pedro Rizzi”, com a modalidade EJA. Esta
unidade escolar é localizada no bairro Cidade Nova na cidade de Itajaí. Participaram
deste projeto cinco licenciandas, professora supervisora e coordenadora de área. Optou-se
neste semestre pelo desenvolvimento do eixo Literatura e Cultura Brasileira, no qual são
apresentados autores clássicos da literatura.
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A EJA é organizada por ciclos que para os colegas. Após a leitura, propusemos
possuem a duração de dois meses. A cada aos alunos que gravassem um vídeo
ciclo realizamos uma Acolhida Literária, interpretando o conto estudado. Com o
para a qual utilizamos estratégias auxílio do professor de informática desta
diferenciadas voltadas para a literatura unidade escolar, que realizou as edições
com o objetivo de encantar os alunos da dos vídeos, acrescentando-lhes músicas
EJA. Na primeira acolhida, as licenciandas e montagem com as fotos, foi possível
foram caracterizadas por personagens de transformá-los em curta metragem. Esta
histórias infantis, tais como: Chapeuzinho atividade foi muito relevante para toda a
Vermelho, Mário Bros, Pirata, Bruxa e equipe, pois nos sentimos honradas com
Palhaço, para chamar a atenção do público- os resultados obtidos, os alunos superaram
alvo. Ao final de nossas apresentações, seus medos, entre eles o de falar em
convidamos os participantes a adotarem um público. Este Festival de Curtas foi inscrito
companheiro: o livro. Na segunda acolhida, pela professora supervisora no Mérito
foram caracterizadas personagens dos Educacional da Secretaria de Educação do
contos de Machado de Assis, trabalhados Município e recebeu o Prêmio Destaque do
em sala de aula com um determinado ciclo. Ano. O mesmo ocorreu com sua inscrição
Para darmos boas-vindas aos alunos, no Prêmio Educação RBS, no qual está
gravamos um áudio, com a participação entre os três melhores e cuja escolha final
especial das coordenadoras institucional e será em dezembro.
de área, que falaram sobre a importância Para que o projeto pudesse participar
da leitura dos clássicos e da implantação do com destaque das comemorações juninas
projeto na escola. Gravamos ainda o Conto de encerramento do semestre letivo, foi
de Escola, de Machado de Assis, que foi elaborada uma encenação para casamento
apresentado a todos no formato sonoro e não caipira, na qual as licenciandas foram as
escrito. Percebemos que houve interesse, personagens do romance Dom Casmurro,
pois os alunos, após a audição, solicitaram de Machado de Assis, Capitu e Bentinho.
o conto escrito, porque disseram que havia
Mudança de semestre e de ciclos e
muitas palavras que eles desconheciam.
com ela novos objetivos foram traçados.
Continuando com Machado de Assis, Devido ao curto tempo para trabalharmos
realizamos a leitura em grupos dos contos com contos, optamos pela leitura de
Viver; Trio de Lá Menor; O enfermeiro; poemas. Desta forma, foram apresentados
A causa secreta e A cartomante, ficando aos alunos os autores “Mário Quintana”
cada bolsista responsável por um grupo no vídeo Receita da Vida. As estratégias
para leitura e organização da apresentação utilizadas para leitura dos poemas foram: a
apresentação em vídeo e data show com a
fala dos próprios autores, falando do ato de
escrever e sua vida como escritores. Depois,
foram ofertados poemas que eram retirados
de uma cartola e realizadas as leituras em
duplas, um colega lendo para o outro. Como
produção, os alunos escreveram poemas e
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acrósticos. Outra oficina marcante foi a intitulada “Sentido dos Sentidos”, na qual os alunos
participaram efetiva e afetivamente. Por meio dessa oficina os alunos puderam perceber,
sentir e relembrar momentos do passado que foram relevantes para eles. Foi percebido
pelas acadêmicas o poder da poesia em restituir o equilíbrio sentimental, sensibilizando
todos os envolvidos ao processo. Foram utilizados vários objetos para o êxito da oficina:
pó de café, incenso aromático, canela em pó, penas de galinhas e areia da praia. Todos
foram convidados a perceber e sentir o aroma dos objetos de olhos vendados. Depois,
convidados a produzirem um poema por meio das percepções da oficina. Nessa mesma
noite, os alunos assistiram a um vídeo clipe com a música Na Linha do Tempo, Victor e
Leo, uma música romântica e inspiradora, cujo tema é o primeiro amor de infância.
Outra atividade foi a confecção de sacolas poéticas produzidas pelos alunos, nas
quais foram colocados os poemas dos autores e realizado um trabalho artístico com lápis
colorido sobre as sacolas. Em seguida, propusemos aos alunos a licença poética, em que
cada um teve a oportunidade de se expressar por meio da linguagem artística. E assim foi
a nossa experiência no ano de 2015 na Educação de Jovens e Adultos.
O que podemos dizer é que as atividades proporcionadas pelo programa
PIBID- Letras/Leitura promoveram uma reflexão e um intenso envolvimento com o
ambiente escolar. Isto porque sentimos que, ao pensarmos na leitura como fruição; na
elaboração de estratégias de leitura; na preocupação com os resultados alcançados que
são transformados em produtos; na responsabilidade de escrever sobre nossas ações nos
portfólios; a possibilidade de participar em eventos científicos, tudo isto impulsiona o
nosso crescimento intelectual e o amadurecimento pedagógico. E para a qualificação da
docência esses elementos têm um valor inestimável!
Referências
ASSIS, Machado de. Várias histórias. Disponível em: http://machado.mec.gov.br/
images/stories/pdf/contos/macn005.pdf. Acesso em: fev. 2015.
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MEMÓRIAS E IMPRESSÕES I:
relatos do PIBID Letras
do E. E. M. Henrique
da Silva Fontes
Rafael Moura de Morais
Professor Supervisor
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre e terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Carlos Drummond de Andrade
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Entre autores e livros, muitos foram Os Projetos de Leitura até então já
os que nos marcaram. No meio do caminho tinham transitado entre o verso e a prosa, o
tinha uma pedra, já dizia Drummond. As virtual e o inusitado, a leitura e a ousadia, os
diferentes interpretações e os contextos deleites e a fruição. Em 2013, depois de um
possíveis que podemos alcançar traduzem ano com dois Projetos de Leitura (Grau 26:
muitas das impressões que tínhamos do A Origem e Leitura Dramática), sentíamos
Projeto. Pensava assim, sempre tem uma pedra, que faltava adentrarmos em outros
quando iniciei em 2013. E a pedra foi sendo discursos literários, aprofundarmos mais
retirada a cada encontro, pois o aprendizado o que sabíamos sobre intertextualidade e
construído era mais importante e valoroso. interdiscursividade. Um desafio estava
A convivência e as vivências entre todos os posto e aceito: falar da morte, da efemeridade
envolvidos complementavam e enriqueciam a da existência humana, da alma feminina.
nossa formação e a dos estudantes, trazendo Vésperas, de Adriana Lunardi, foi um livro
subsídios ao processo de ensino e aprendizagem muito interessante de ser trabalhado; no início
de cada um (Eliane Aparecida da Silva). trouxe estranhamento para os estudantes e para
Histórias foram e são escritas a partir de nós, que requereu do grupo dinâmicas e uma
outras histórias. apresentação especial da autora e dos temas do
Em 2012, quando foi proposta livro. A proposta do PIBID é exatamente essa,
aos estudantes a leitura dramática de de desenvolver aulas diferenciadas (Vanessa
textos literários, como O Santo e a Porca, Lúcia Fuck Dognini)
de Ariano Suassuna, nossa ação na HSF Se para os estudantes poderia ser
já contatava com o reconhecimento de difícil, para nós bolsistas, também poderia
muitos docentes... fazíamos coisas tão ser, como foi. Em nossa vida profissional,
simples: líamos os textos expressivamente a todo momento, somos convidados a
e os contextualizávamos, trazendo para a ir além, só que sem preparo e estudo, o
realidade dos estudantes, fosse na sala de percurso tem muitos atalhos. No primeiro
aula, na sala de informática, no pátio ou na instante que recebi o livro Vésperas tive receio e
Biblioteca Escolar. O simples, o essencial, medo de não compreendê-lo [...] levar esse livro
o necessário. repleto de intertextualidade para os estudantes
Para nós, era apenas uma questão foi um grande desafio, porque não acreditei
de encaminhamento, de fazer chegar, de que os estudantes conseguiriam relacionar
planejar o percurso. Esta é a percepção tanta informação nos textos. Surgiram tantos
particular que tenho do programa PIBID, questionamentos entre nós, fazíamos tantas
um bom encaminhamento permite muitas perguntas - de que forma levar esse assunto?
oportunidades, por ser desenvolvido em um Como apresentar nove escritoras? Mas, graças
âmbito que abarca a teoria - a pesquisa – e a à experiência da Coordenadora e do Supervisor,
prática docente permitindo aos envolvidos pudemos em conjunto resolver todas estas
observar a forma tradicional que hoje ainda questões (Adriana Castro Santos).
persevera na educação e acompanhar as Se os profissionais da Educação,
várias possibilidades de inovação (Vanessa sempre que tivessem dúvidas, procurassem
Lúcia Fuck Dognini). dialogar entre si e compartilhar suas
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vivências e aprendizados, talvez hoje Agregando a leitura do Conto de
teríamos uma realidade tão diferente da Escola com os artigos que lemos, planejamos
atual. A literatura acadêmica sobre leitura uma reescrita do Conto de Escola para a
e letramento em muito tem contribuído linguagem contemporânea. Essas vivências
em nosso crescimento profissional. Neste literárias e a leitura do mundo de cada um
sentido, o Grupo de Estudo e Planejamento norteiam um novo olhar e novos significados
tem sido muito importante para todos nós, às práticas pedagógicas que exercem cada vez
bolsistas e professor supervisor: estudar, mais um papel desafiador (Marcia Adriana
planejar, atuar, avaliar e aprender! Todo Barreto Cuty).
mundo aprende com todo mundo... nas Machado de Assis, um clássico para
relações que se constroem os aprendizados todas as idades, sempre atual e presente
coletivos. Este ano iniciou com as expectativas no imaginário coletivo, agregou à história
voltadas ao desenvolvimento do Projeto PIBID do PIBID na HSF considerações e valores.
Leitura, mergulhado em estudos e pesquisas, Lemos fruitivamente textos clássicos na
para apurarmos o nosso olhar, fundamentado Escola Pública!
em referenciais literários. Começamos por Rildo Se não fosse a terra, a semente, a
Cosson que fala da necessidade de motivar, de água e o sol, não teríamos a flor! Se não
capacitar o leitor para ler o texto literário [...] tivéssemos o PIBID em mossa formação,
(Ângela Maria Bittencourt Ródio). não teríamos experienciado tudo que o
Em nosso Projeto de Leitura já vivemos. Aprendizado, a palavra que
Machado de Assis (2015), tivemos a melhor o define.
oportunidade de falar sobre a escola, Até breve... até o próximo livro!
esta instituição milenar e controversa, Referências
pelo texto literário, reacendendo velhos
ASSIS, Machado de. Várias histórias.
discursos: não se lê mais clássicos,
Disponível em:
são ultrapassados, eles não gostam
disso! Nossos resultados preliminares http://machado.mec.gov.br/images/
contrariaram estas afirmações. Sabemos stories/pdf/contos/macn005.pdf. Acesso
hoje que toda literatura apresentada de em: fev. 2015.
forma adequada é mais bem compreendida DRUMMOND, Carlos. Antologia
e aceita: faz pensar e instiga a criatividade. Poética. São Paulo: Record, 1990.
O texto Conto de Escola nos permitiu abrir GULLAR, Ferreira. Toda poesia. 9. ed.
um debate sobre a escola do século XIX e da Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.
contemporaneidade: seu método de ensino e LUNARDI, Adriana. Vésperas. Rocco;
as formas de castigo, as formas de corrupção 2002.
e de delação. Através de um mapa conceitual
SUASSUNA, A. O Santo e a Porca. 21. ed.
elaborado por nós bolsistas, trabalhamos a
RJ: José Olympio, 2010.
temática do texto de Machado de Assis em
relação a outras obras de escritores do século ZUIKER, Anthony E. Grau 26, A Origem.
XIX, como o Manoel Antônio de Almeida e Rio de Janeiro. Record, 2010.
Raul Pompéia (Jocéa Tolisano Duarte).
21
EXPERIÊNCIAS DE LEITURA
DO LITERÁRIO NA ESCOLA
BÁSICA JOÃO PAULO II -
PIBID - LETRAS
Cleide J. M. Pareja
Coordenadora de Área
Rosiane Koneski
Professora Supervisora
23
No segundo semestre, o poeta Mário Quintana foi o autor escolhido para realização
da leitura fruitiva. Na primeira oficina foram apresentados os dados sobre a vida e a obra
do autor em PowerPoint e em um vídeo intitulado Retratos de Vida, no qual o próprio
autor fala de si. Neste dia aconteceu a entrega da bolsa “SONHOS E POESIA”, produzida
pela professora supervisora, para que os alunos levassem para casa os livros “Lili inventa
o mundo” e “Eu passarinho”, de autoria do poeta, para ser realizada uma leitura familiar.
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PIBID DE MATEMÁTICA:
relação treze para cinco
Cirlei Marieta de Sena Corrêa
Coordenadora de Área de Gestão
Figura 5: PIBID de
Matemática no VII
Encontro Catarinense de
Educação Matemática.
Fonte: A autora.
Figura 6: PIBID de
Matemática e seu mural
de acolhida para os alunos
da EEB Deputado Nilton
Kucker. Fonte: A autora.
27
SIMETRIA,
A MATEMÁTICA
PERFEITA
Sandy Aparecida Pereira
Licencianda
Arnoldo de Mattos
Professor Supervisor
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Após a coleta de dados, os alunos
foram instruídos pelos licenciandos e
professor à tabulação dos dados e à confecção
de gráficos manuais. Utilizando-se das
tecnologias como estratégia didática para
reforçar a aprendizagem sobre os gráficos,
os alunos os recriaram, porém, desta vez nos
computadores, utilizando o editor de planilhas
do Linux. Convém destacar a importância dos
gráficos para o desenvolvimento de conceitos
e procedimentos algébricos e para mostrar
a variedade de relações possíveis entre duas
variáveis (BRASIL, 1998).
As aulas no Laboratório de
Informática foram direcionadas para a
aprendizagem da Matemática, e que, por
sua vez, procurou oferecer recursos que
viabilizassem as ações mentais; recursos
esses que podem auxiliar os alunos na
superação de obstáculos inerentes ao
processo de aprendizagem da Matemática.
No dizer de Morgado (2003),
as construções por meio de planilhas
eletrônicas possibilitam interatividade, ou
seja, revela uma relação dinâmica entre as
ações do aluno e as reações do ambiente
como resultados de suas operações mentais.
Em seguida, utilizando os mesmos
dados coletados e os gráficos criados, os
33
alunos foram separados em grupos para que, nesse momento, criassem os mesmos gráficos
no espaço utilizando formas geométricas, incentivando à criatividade e à imaginação
dos alunos. Esta proposta final permitiu a combinação da estatística e da geometria de
maneira que os alunos puderam utilizar ambos os conhecimentos, expondo a possibilidade
da conexão de diferentes conteúdos desta disciplina, confirmando o aprendizado gradativo
que é a matemática.
O interesse e a participação dos alunos foram notórios no momento da criação
dos questionários e na busca pelas respostas com os alunos de outras turmas. O sucesso
desta primeira atividade gerou nos alunos um melhor aproveitamento no decorrer do
projeto e desenvolvimento de cada etapa consequente. A realização do projeto possibilitou
o aprimoramento na compreensão dos conceitos estatísticos, facilidade na realização de
cálculos e interpretação de dados, melhoria na concentração durante as instruções dos
bolsistas e um melhor aproveitamento das aulas regulares com o professor de matemática.
Todas as atividades permitiram aos licenciandos compreender o desenvolvimento de uma
sequência didática envolvendo a estatística a partir de situações do cotidiano.
O encerramento do projeto se deu a partir de uma pesquisa cujos bolsistas buscaram
a opinião dos alunos sobre o projeto e a intervenção do PIBID. Após a coleta de dados,
os licenciandos verificaram a excelência na receptividade dos alunos com o programa e o
projeto. Os próprios alunos perceberam os benefícios que o PIBID pode gerar em longo
prazo e compreender a importância da intervenção para a sua formação como aluno e cidadão.
Referências
BORBA, M. C. e PENTEADO, M. G. Informática e a educação matemática. Editora
Autêntica: Belo Horizonte, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: Matemática – 5ª a 8ª séries. Brasília, 1998.
DALL’ASTA. A formação de conceitos e as novas tecnologias. In: TEIXEIRA, A. C.;
BRANDÃO, E. J. R. (Org.) Tecendo caminhos em informática na educação. Passo
Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2006.
MILANI, E. A informática e a comunicação matemática. In: SMOLE, K. S. (org.). Ler,
escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender matemática. Porto
Alegre: Artmed, 2001.
MORGADO, M. J. L. Formação de professores de matemática para o uso pedagógico
de planilhas eletrônicas de cálculo: análise de um curso a distância via internet. 2003.
Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Carlos: UFSCar, 2003. Disponível
em: <http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado/tde_arquivos/8/TDE-2006-
02-23T12:07:12Z-858/Publico/TeseMJLM.pdf>. Acesso em:12 junho 2015.
34
FORMAÇÃO DE PROFESSORAS
E LICENCIANDAS DE
PEDAGOGIA PARA AS
ESPECIFICIDADES DA
INFÂNCIA
Valéria Silva Ferreira
Coordenadora de Área
39
MEMÓRIAS, SENTIMENTOS,
RESULTADOS E
APRENDIZAGENS: O
SUBPROJETO PIBID
PEDAGOGIA EDUCAÇÃO
INFANTIL UNIVALI EM SEUS
CINCO ANOS
Roberta Pimenta Vieira de Carvalho
Coordenadora de Área do Subprojeto
51
O espaço é vida e desafio tanto para o professor quanto para as crianças. Estudá-lo,
buscar conhecer seu papel no contexto da Educação Infantil é uma necessidade iminente.
O espaço na instituição de educação infantil deve propiciar condições para
que as crianças possam usufruí-lo em benefício do seu desenvolvimento
e aprendizagem. Para tanto, é preciso que o espaço seja versátil e
permeável à sua ação, sujeito às modificações propostas pelas crianças e
pelos professores em função das ações desenvolvidas. Deve ser pensado
e rearranjado, considerando as diferentes necessidades de cada faixa
etária, assim como os diferentes projetos e atividades que estão sendo
desenvolvidos. (RCNEI, 1998, p. 69).
O espaço-tempo pode ser ou não um ambiente onde a criança pode criar, imaginar
e construir; acolhedor e prazeroso e onde elas possam brincar e sentir-se estimuladas
e felizes. Não basta a criança estar em um ambiente organizado para desafiar suas
capacidades, é preciso que possa usufruí-lo e vivê-lo intensamente, interagindo com seus
pares e com o que o ambiente oferece (HORN, 2004; BRASIL, 2010).
O valor da organização dos espaços é atualmente proposta que integra os
documentos e as políticas oficiais de atenção à infância e para o desenvolvimento das
ações educativas em instituições de Educação Infantil. Partindo da premissa de que uma
Educação Infantil de qualidade é aquela capaz de satisfazer necessidades básicas das
crianças, em especial o aprender e o desenvolver-se, defende-se que os espaços devem ser
da e para a criança, para que, por meio deles, os pequenos possam aprender e evoluir em
todas as suas dimensões humanas. Cabe, pois, ao professor, a correta utilização de tais
espaços, e a oferta de atividades que propiciem aprendizagens significativas, permeadas
pelo lúdico e que respeitem as especificidades infantis.
O espaço temático contação de história interativa “Chapeuzinho Vermelho” foi
planejado e organizado com a participação das licenciandas e teve a intenção oferecer às
crianças algo diferente, inusitado, que pudesse proporcionar-lhes vivência ímpar, traduzida
em magia, em imaginação e em fantasias, de forma a permitir às crianças invadir os ambientes,
com os personagens mostrados nas ilustrações e nas narrativas das histórias em busca de
novas experimentações e sensações.
Iniciou-se escolhendo a história
em uma tenda organizada com almofadas
e muitos livros. Todos foram convidados
a entrar no lugar mágico onde poderiam
viajar e conhecer lugares, pessoas e muitas
outras coisas maravilhosas. Foi realizada
uma votação e a história mais votada foi
Chapeuzinho Vermelho. Etapa concluída.
Então o desafio era como fazer, organizar
e preparar para que tudo ficasse como, ou
pelo menos parecido com o que se gostaria
de proporcionar para as crianças.
52
Todos já estavam eufóricos quando frente a uma porta
adentraram no espaço preparado. A ideia de vidro por onde
era montar os três cenários principais, podiam entrar os
interligados, onde se passava a história: a raios de sol. Dentro, o
casa da Chapeuzinho Vermelho e sua mãe, a espaço foi preparado
floresta e a casa da vovó. Conseguiram três com adornos e
barracas de praia, uma para cada cenário; particularidades
objetos e ornamentos foram arrecadados característicos de
com as professoras do CEI, pais, amigos. A uma floresta como
intenção era preparar tudo da maneira mais árvores, vasos de
peculiar e real possível, buscando trazer flores e folhas no chão. Do lado de fora
particularidades significativas da fantasia e da barraca foi colocada uma caixa de som
da imaginação para o real, onde as crianças que emitia sons peculiares da floresta
conseguissem sentir, pegar e perceber os - passarinhos cantando, bichos, grilos,
detalhes mais essenciais e característicos cachoeira, entre outros.
da história. Para o cenário da casa da vovó foi
Buscou-se no cenário da casa da montado um quarto, onde pudesse ser
Chapeuzinho Vermelho organizá-lo de sentidos pelas crianças o aconchego, a
modo que se evidenciasse a importância ternura e o carisma que representa a casa
do vínculo familiar. Uma cozinha foi da vovó. O que não podia faltar na casa da
montada para representar a intenção vovó eram detalhes, e foi isto que se tentou
com o mobiliário preparado em tamanho proporcionar. Primeiro os mobiliários:
proporcional às crianças e confeccionados uma cama, um pequeno roupeiro, a cômoda
com madeiras recolhidas e reaproveitadas. de cabeceira, a mesinha com uma televisão
A barraca foi toda revestida com tecidos; na e o cabideiro. Para dar vida a esse ambiente
janela havia cortina e na parede quadros; que remete a lembranças de um lugar
havia aparador para pendurar o pano gostoso e angelical, os detalhes precisaram
de louça e tapetes no chão; a mesa tinha ser próprios: na cama uma colcha de
banquinhos, toalha, fruteira com bananas, retalhos; ao lado dela um tapete e um
maçã, pera e uvas in natura. No fogão havia chinelo de pano; na mesinha de cabeceira,
chaleira e panela com legumes cortados e óculos, caixinha de remédios, livros, um
colher de pau. No armário de louças havia vasinho de flor, copo e jarra com água,
pratos, travessas, xícaras de cafezinho com um cestinho com lã e agulhas de tricô.
pires, potes com alimentos como arroz, Cortinas de renda, quadros com imagens
farinha, feijão, café e condimentos, entre e molduras delicadas foram acrescentados;
outros e a pia com torneira e louças. Todos no cabideiro havia xale, chapéu e casaco;
os utensílios eram reais, tal qual nas casas e no roupeiro, vestidos, saias, pijamas
usados pelas mamães. pendurados. Na mesinha uma televisão
A barraca do cenário da floresta antiga, porta-retratos e livros.
tinha o propósito de contemplação do O lado externo das cabanas também
que a natureza pode proporcionar. Toda foi preparado para dar a sensação de que
revestida com tecido verde, foi colocada em realmente ali era a entrada e o jardim de uma
53
casa, com banquinhos, canteiros de flores, caminhos feitos com pedras
coloridas e areia.
As roupas e indumentárias dos personagens foram preparadas
pelas licenciandas para todos os personagens.
Tudo preparado, chegou o dia, a curiosidade e a ansiedade eram
grandes para saber o que tinha dentro daquele lugar inusitado no CEI
e o que ia ali acontecer. Tudo foi percebido por todos que ali passavam.
Antes dos personagens (licenciandas) entrarem em ação, já vestidos,
foram apresentados pela professora às crianças. A euforia dos pequenos
foi aguçada e percebida, pois tantas eram as perguntas e histórias que queriam contar.
Chegou o momento tão esperado. Os ambientes, mesmo comportando um adulto em
pé, eram pequenos para a dramatização e as crianças fizeram um tour pela história em grupos
pequenos. Conduzindo as crianças, a professora ia explicando o contexto. A expectativa das
crianças em gestos e cochichos foi tomando forma, transbordando em seus olhos que, por
vezes, se fechavam muito rápidos acompanhados das mãos levadas à frente da boca; ou se
abriam muito como se fossem dominar no olhar as expectativas trazidas na fala.
Ao entrarem, encontraram a mamãe da Chapeuzinho cozinhando e os olhinhos
percorreram o espaço em estado de êxtase. Quando a escutaram chamar sua filha e a
Chapeuzinho entrar no ambiente, alguns ficaram eufóricos: “Olha, olha, é a Chapeuzinho
Vermelho!” apontavam os dedinhos. Estavam atentas à conversa entre elas e, por vezes,
alguma criança interagia falando o que iria acontecer. No momento em que a mamãe
entregou à cesta de guloseimas para ser levada à vovó que estava doente e recomendando
que tomasse cuidado na floresta, uma das crianças falou: “É, lá tem lobo mau, sabia”.
Os momentos de pausa das falas trazidas na história eram intercalados por olhares e
sentimentos traduzidos nas mãozinhas que iam das vestimentas dos personagens aos
cenários, expressando deleite e tudo sorvendo.
A Chapeuzinho, com a cesta da vovó no braço, colocou seu capuz e, cantarolando,
saiu em direção à floresta, o grupo a seguiu. Ao entrarem no ambiente da floresta, novas
emoções na contemplação, pois tudo clamou suas atenções com urgência e os olhos pareciam
flashes. Um som melodioso foi identificado por elas, era o som dos pássaros e o barulho da
água que os deixaram procurando e dizendo: “Tem passarinho!”. Por conhecerem a história,
foi percebida tensão pela espera do lobo. E ele não tardou. As reações diversas aconteceram:
uns sorriram e outros se abraçaram nas pernas da professora. A sinestesia tomou conta das
crianças, enquanto o lobo conversava com a Chapeuzinho, a expressividade nos rostos dos
pequenos demonstrava incredulidade - a excepcional fantasia em realidade: pareciam querer
e precisavam mostrar e falar à Chapeuzinho os acontecimentos seguintes.
Após os diálogos dos personagens, o lobo desapareceu na floresta. Chapeuzinho,
seguida das crianças, caminhou pela floresta e bateu à porta da vovó. Posteriormente
entrou no quarto acompanhada do grupo. As crianças pareciam ter perdido a voz,
deixando somente seus olhos sorverem o novo ambiente, que estranhamente pareceu
trazer tranquilidade. Na cama estava, supostamente, a doce vovó, com o rosto coberto pela
54
colcha de retalhos. Chapeuzinho chegou e oportunizem as ricas vivências culturais
à cama e percebeu junto com as crianças que o meio social escolar oferece, cujos
que a vovó estava estranha. Era o lobo, resultados não são apenas quantitativos,
que ao pular da cama provocou enorme mas também qualitativos, evidenciando um
gritaria, quando então o lenhador entrou, tempo e lugar de fruição e aprendizagem,
deteve o lobo, salvou a Chapeuzinho e planejados de forma intencional.
retirou a vovó do roupeiro. E a casa não Referências
era mais somente da Chapeuzinho, era de
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura
todo o grupo para fruir em brincadeiras,
Infantil Gostosuras e Bobices. São Paulo:
interações e confraternização, em tempos
Spicione, 1997.
do faz de conta.
BRASIL. Ministério da Educação.
Por fim...
Secretaria de Educação Básica. Diretrizes
Os resultados apontaram que a Curriculares Nacionais para a Educação
organização de espaços temáticos e as Infantil. Secretaria de Educação Básica.
vivências estéticas na Educação Infantil, Brasília: MEC, SEB, 2010.
conferiram à criança o direito de: tornar- BRASIL. Ministério da Educação e
se protagonista nas atividades e ter do Desporto. Secretaria de Educação
oportunidade de enriquecer e estimular Fundamental. Referencial
sua imaginação, ampliar seu vocabulário,
Curricular Nacional para a Educação
identificar a si mesma e o seu papel nos
Infantil. Volumes, 1, 2 e 3. Brasília: MEC/
grupos de convivência, aprender e aceitar
SEF, 1998.
situações referentes às dimensões da
vida, desenvolver seu pensamento lógico BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S.
e o espírito crítico por meio do deleite e Organização do espaço e do tempo na escola
da satisfação de sua curiosidade natural, infantil. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G.
transportando-se por entre cenários E. Educação Infantil. Pra que te quero?
inusitados que, em sua potência de cores, Porto Alegre: Artmed, 2001, p. 67-79.
sons, movimentos, artes, intensidade e HORN, M. G. S. Sabores, cores, sons,
sensibilidade, permitiram-lhe fazer parte aromas. A organização dos espaços na
do contexto e concretizar as oportunidades Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed,
de aprendizagem e desenvolvimento a que 2004.
se propôs a atividade aplicada. THIAGO, L. P. S. Espaço que dê espaço.
As licenciandas puderam perceber In: OSTETTO, L. E. (Org.). Encontros
a importância da oferta de atividades com e encantamentos na Educação Infantil:
espaços temáticos que mobilizassem as partilhando experiências de estágios.
diversas linguagens e as possibilidades Campinas: Papirus, 2006, p. 51-62.
relativas à promoção de vivências fruitivas e
estéticas na Educação Infantil; as experiências
de integração com a família e comunidade.
Destaca-se, por fim, a importância de
se organizar espaços temáticos que propiciem
55
CHEGA DE TV! MAIS LIVROS
E MONTEIRO LOBATO
NO MATERNAL!
Edmara Gazaniga
Professora Supervisora
57
que justificasse todo aquele suspense e se autoria de Lu Chamuska. A letra levou as
depararam com tapetes e almofadas no chão crianças a imaginarem que o pano pode se
que acomodavam muitos livros de literatura transformar em uma casa, em um barco,
infantil. Aconchegaram-se, apropriaram- em um cavalo, em uma ponte e assim por
se dos livros e começaram a folheá-los e diante. A brincadeira do pano foi como um
observá-los com o auxílio das lanternas. ritual de iniciação em que, de forma lúdica,
Ficaram um bom tempo explorando os encantou-se o pano, que foi a matéria-prima
livros e olhando suas ilustrações. do boneco.
Depois de terem explorado os livros, A princípio, o boneco era só uma
dirigiram o olhar para a cadeira em que a silhueta, sem rostos e sem detalhes. Foi
professora estava sentada e perceberam que, batizado com o nome de Henrique e sua
nos pés da cadeira havia uma rede e nela missão foi a de levar a literatura para os
descansava uma boneca de pano. Ao notar lares das crianças, trazer um pouco da
que a boneca havia sido vista, a professora a história das crianças para o CEI, bem
pegou e a apresentou às crianças, iniciando como estreitar os laços entre as famílias e a
em seguida a contação de uma história com instituição de ensino.
o livro “A Pílula Falante”, de Monteiro A cada final de semana, uma criança
Lobato, em que o autor apresenta ao foi sorteada para levar o Henrique para
mundo a boneca Emília. O grupo conheceu casa e nele acrescentar algum detalhe.
posteriormente outras obras, como Nariz Também levaram um diário para um
Arrebitado e O Poço do Visconde. E assim familiar registrar como havia sido o final
passou-se uma agradável manhã, na qual de semana com a visita do Henrique e um
a televisão foi deixada de lado para dar livro escolhido pela criança para ser lido
espaço ao exercício da imaginação, atenção, em família. Em suas visitas, Henrique
compreensão, ampliação do vocabulário, ganhou rosto, roupa, tênis, relógio, boné,
aquisição de cultura e ludicidade. casaco e genitália. Ao chegar à escola na
Inspirados na boneca Emília, fez-se o segunda-feira, a criança anfitriã do boneco
próprio boneco de pano e assim dedicou-se vinha empolgada, falando como foi o final
à confecção deste elemento que evidenciou de semana e recontando a história do livro
o contato com a literatura. que levou para casa.
Organizou-se na sequência a A partir de então, os livros são muito
seguinte dinâmica: brincou-se com as usados pelas crianças e com frequência
crianças utilizando tecidos e cantou-se uma flagra-se no banheiro, sentadas no sanitário
música chamada “O Pano Encantado” da com um livro na mão. Alguns pais pedem
58
livros emprestados para lerem aos seus filhos Ao final do período de
em casa. Antes do momento do descanso, as desenvolvimento da sequência didática,
crianças pedem para que se leiam histórias, pode-se observar que as licenciandas,
ficam acomodadas no colchão, atentas aos ao aceitarem o desafio de ampliar as
enredos e fazem comentários sobre o que experiências estéticas e as vivências
acharam interessante. infantis, puderam compreender que no
Em função do grande interesse processo de construção do conhecimento
pelos livros e histórias, programou-se uma é importante as crianças utilizarem as
visita à Biblioteca Pública Municipal da mais diferentes linguagens e a viverem
cidade. No dia do passeio, antes de o ônibus atividades com estímulos diversificados
buscar as crianças, foi feita uma conversa para assim exercerem a capacidade de ter
com a turma a respeito das regras que se ideias e hipóteses originais sobre aquilo
precisa seguir no ambiente da biblioteca. que buscam desvendar. Aprenderam a
As crianças foram muito bem recebidas importância do estímulo, do planejamento
na biblioteca, ouviram histórias contadas e da organização do professor do ambiente,
pelos bibliotecários, manusearam livros materiais, tempos, uso da literatura e
e ficaram impressionadas ao perceber relacionamentos envolvendo o mundo real,
que lá havia muito mais livros que no transcendendo a tela da TV.
CEI: contaram histórias observando as Referências
ilustrações e receberam muitos elogios por BRASIL. Ministério da Educação.
seguirem as regras de visitação, apesar da Secretaria de Educação Básica. Diretrizes
pouca idade que têm. Curriculares Nacionais para a Educação
Essas foram apenas algumas das Infantil. Secretaria de Educação Básica.
várias ações que estimularam as crianças Brasília: MEC, SEB, 2010.
a se interessarem por um mundo além da BRASIL. Ministério da Educação e
televisão; fora ações que resgataram da do Desporto. Secretaria de Educação
infância e de potencialização das capacidades Fundamental. Referencial
e das competências infantis para irem
Curricular Nacional para a Educação
além da alienação e do condicionamento
Infantil. Volumes, 1, 2 e 3. Brasília: MEC/
impostos pelas mídias.
SEF, 1998.
59
O UNIVERSO DAS FORMAS
E DAS CORES DO COTIDIANO
DO PIBID PEDAGOGIA
EDUCAÇÃO INFANTIL:
artes visuais na Pré-Escola
Rudnéia Schuller
Professora Supervisora
64
BREVE REGISTRO SOBRE
O PIBID
Carla Carvalho
Coordenadora de gestão do PIBID
Faço aqui um breve registro. Registro de uma professora que por algum tempo
acompanhou um grupo de PIBID como Coordenadora de Área e atualmente como
Coordenadora de Gestão do PIBID UNIVALI.
No início desta caminhada, logo que o Programa foi implantado na UNIVALI,
não tínhamos noção da dimensão do Projeto, de como ele funcionaria e se funcionaria na
prática, de como os acadêmicos e os professores supervisores lidariam com os desafios, se o
projeto por vezes não seria confundido com os estágios ou práticas docentes curriculares...
entre outras tantas dúvidas.
No entanto, logo no início, observamos no grupo uma imensa vontade de atuar,
de estar no contexto escolar e de pensar o que faríamos. Lembro com cuidado o quanto
estudamos o que caracterizava a figura do professor, as
questões referentes à estética (eixo de nosso projeto), à
relevância do ensino da Arte e da Música na escola (O
PIBID era composto por acadêmicos da música e das artes
visuais), as questões do que era o conceito de inovação e
assim por diante.
Fomos à escola conhecer o contexto e perceber
nele elementos que nos provocassem para, a partir daí,
desenvolver os possíveis e tais projetos inovadores.
Diversos aspectos ficaram evidentes neste percurso. Este
breve texto não vai aprofundá-los, mas pretende trazer
à tona alguns elementos que foram sendo percebidos e
potencializados com os professores supervisores e os
acadêmicos bolsistas neste tempo vivido.
Falo aqui do projeto de PIBID de Artes que teve seu
início no primeiro grupo de PIBID da UNIVALI no ano de
2010. Neste grupo, formado por 20 bolsistas acadêmicos
dos Cursos de Artes Visuais e Música da UNIVALI, mais
65
Neste percurso,
foi possível perceber que,
mesmo atuando no mesmo
município, aqui no caso,
Itajaí, cada escola tinha
uma realidade diferente.
Mesmo sendo escolas da
mesma rede de ensino, eram
escolas com características
diferentes, com
comunidades diferentes.
Mesmo que atuando
nas aulas de Arte, eram
professoras supervisoras
diferentes, pensando
e fazendo currículos
diferenciados. Isso nos
provocou muito e nos fez
perceber que tínhamos que
respeitar essas realidades e,
a partir delas, desenvolver
nossos projetos.
Assim foi feito. Aqui
quero pensar e registrar
quatro professoras supervisoras das redes
um dos aspectos que me
de ensino da cidade, foram se construindo
parecem importantes no projeto: pensar
diversas reflexões... Aceno aqui apenas
a partir da realidade vivida, sentida e
algumas delas.
percebida pelos acadêmicos. Se desejamos
Um aspecto que me chamou muito um professor pensante, precisamos
a atenção na ocasião foi pensar com o mobilizar nos acadêmicos formas de
grupo todo o processo. Nenhuma decisão pensarem sobre a realidade vivida e sobre
era somente minha como coordenadora as reais condições de se fazer docência
de área, mas eram decisões dos grupos, nessas realidades.
pensadas coletivamente e em especial com
proposições das professoras supervisoras. Outro aspecto que aqui se articula é
a condição de co-formador do professor
Decidimos que cada grupo teria
supervisor. Nos encontros, foi possível
um projeto diferente, pensado a partir
perceber a necessidade de chamar este
da realidade vivida e das problemáticas
profissional à corresponsabilidade de
sentidas naqueles contextos. Conhecemos
formador destes futuros professores. Cada
as comunidades, as escolas, os estudantes,
professor supervisor precisou assumir esta
aplicamos questionários, levantamos
dados, ouvimos e lemos sobre cada uma das condição para que o fazer e a legitimação
do processo pudessem acontecer. Cada
escolas envolvidas.
66
acadêmico tinha de olhar para o supervisor estético, que buscava na relação com a arte
compreendendo que ali estava um profissional e a cultura uma formação mais sensível,
com conhecimento da docência, capaz de mais artística na escola. Ora, aqui reside
pensar junto, acenar ganhos e limites, mais um aspecto que merece destaque no
indicar elementos da vivência que deram ou processo. A relação estabelecida com
não deram certo e assim por diante. Estes a arte e as pessoas que fazem arte na
professores foram selecionados e tinham região. Artistas visuais, músicos e atores
formação e capacitação para acompanhar foram às escolas e as escolas foram aos
estes futuros professores. Neste sentido, espaços culturais e artísticos da região.
observei no processo que era necessário Acreditávamos que somente na relação
esta elaboração coletiva de legitimação do com o objeto artístico é que os estudantes
professor supervisor. teriam a possiblidade de se embebedar da
Outro aspecto que destaco é o arte e serem tocados esteticamente por ela.
trabalho coletivo. Na teoria dialogamos Assim o fizemos.
com diversos autores que nos acenam Este aspecto expandiu-se a tal
a relevância de um trabalho coletivo na ponto de pensarmos não somente com os
escola. No entanto, na prática, percebemos estudantes da escola e os acadêmicos, mas
o quanto nas escolas os professores se também com a comunidade. Aos poucos a
sentiam sozinhos. Com isso, observamos comunidade foi envolvida no projeto.
a relevância de se atuar na coletividade, Compreendemos que nos interessava, além
assim, na escola com os professores da do encontro com os estudantes, os pais,
unidade escolar, bem como entre os os responsáveis; os tios, se assim fossem;
pequenos grupos e o grande grupo do os avós se assim o fossem. Possibilitamos
PIBID, o diálogo teria de ser aos poucos o processo de formação estética não
um lugar a se alcançar. A partilha tinha somente com os estudantes e nas escolas,
de estar na meta, para que pudéssemos mas também com as comunidades que se
alcançar o que desejávamos. Com isso, envolveram no processo.
percebemos que tínhamos mais um ponto Olhando para trás, vejo o quanto
a ser pensado no percurso, que vale a pena, caminhamos e quantas contribuições
que tinha de ter investimento. deixamos nas escolas e em especial o quanto
Ainda, como elemento que penso estes nossos acadêmicos foram envolvidos
merecer destaque... foi a relação com a e afetados durante o projeto. Nem eles,
coletividade... pensar a arte no município nem as comunidades e nem eu saímos ilesos
de Itajaí. Tínhamos como proposta um viés desse processo.
Mas vamos lá... aqui destaco outro Muitas coisas foram feitas e
aspecto... falar de arte com o estudante registradas no decorrer dos projetos.
foi possibilitar ao acadêmico este contato, Autoria em todos os sentidos... quando olho
foi possibilitar ao acadêmico sentir-se que acadêmicos e professoras supervisoras
pesquisador da arte regional e, com isso, assumiram as tarefas de fazer e registrar,
fazer seus próprios materiais pedagógicos, de fazer e publicar, de fazer e comunicar;
jogos, brinquedos, conceitos. Neste de colocar a mão na massa e interferir
percurso os acadêmicos em formação nos espaços afetivos e arquitetônicos na
perceberam que cabe ao professor criar, e escola; de tomar nas mãos as decisões e
não apenas reproduzir o que está ai escrito acompanhar de fato o percurso... nossa,
e registrado. Se desejam falar de arte e muita coisa foi realizada!
se a arte é local, precisam sistematizar Neste percurso percebemos que a
para poderem ter o que discutir com os
autonomia estava na elaboração diária
estudantes, bem como se perceberem
destes meninos, nos momentos em que
autores no processo.
tomavam para si o que assumir e com isso
Aqui reside talvez um aspecto tornavam-se mais que atores no processo,
que marco como um dos mais caros ao mas sim autores, pois juntos elaboravam
PIBID: tornar-se autor no processo, o percurso, tomavam decisões, assumiam
tomar nas mãos o percurso para poder desafios e provocavam olhares e fazeres
escrever o seu dia a dia. Desde o momento diferenciados. Aqui residiu no meu ver a
no qual fomos conhecer o contexto, inovação no projeto. A inovação como um
trouxemos os professores supervisores conceito que permite ao sujeito tornar seu
para compreenderem-se corresponsáveis o lugar e o tempo vivido na escola e fazer
no processo de formação, bem como diálogos com o que acredita e pensa, e a
desenhamos com os acadêmicos seus partir daí criar. Criar novas formas de ver e
projetos e elaboramos cada ação pensada sentir os contextos e os encontros vividos
na comunidade... fomos percebendo a na escola.
relevância deles sentirem-se autores no
processo.
68
PIBID, ARTE E ESCOLA:
LUGARES PARA O SENSÍVEL
Valéria de Oliveira
Coordenadora de Área
69
desvendamento de significados sociais e
abre espaço para que os observadores/
espectadores se posicionem frente à obra.
Seja porque estabelecem relações entre sua
experiência pessoal e social, ou porque se
apropriaram de novos conhecimentos.
Interpretar uma obra é entrar em sua
trama e dialogar com o autor. Através da
arte também se possibilita uma infinidade
de leituras e interpretações que dependem
das informações dos observadores/
espectadores, das suas experiências
anteriores, vivências, memórias,
lembranças e imaginação. A arte é um
sistema simbólico, de representação, cuja
subjetividade contida nos seus métodos e
sistemas próprios favorece a criação de
Foto: A novos sentidos. Cada espectador atribui
na Bea
Super
triz de
Oliveir valores e estabelece relações a partir do
visora a.
do esp Prof.ª
Elisete olhar que lança para as mensagens contidas
etácul cumpr
em di o B o l sa Am iment na obra de arte.
a de f arela ando a
o r m d o s atriz
Region ação e Grupo es
al do P stética
duran
Porto
Cênico A relação entre Escola, PIBID e
roler. D te o IV ,
ia 26 Arte se constitui no espaço adequado para
de ma Encon
io de 2 tro
015.
o desenvolvimento do pensamento crítico e
criativo, o que pode ser conquistado por meio
da compreensão de diferentes linguagens e
Aprender significa incluir reflexões
do acesso às diversas produções culturais.
que problematizem a realidade. A escola tem
As linguagens artísticas, como teatro,
por tarefa criar condições para que os alunos se
dança, música e artes visuais, colaboram
questionem sobre a forma como se posicionam
para a construção de outras representações
no cotidiano. Outra função da escola é
mentais acerta de temáticas já abordadas
organizar e sistematizar os conhecimentos
no cotidiano escolar. A arte dinamizada por
prévios dos alunos como forma de ampliar
projetos na escola humaniza e sensibiliza
a compreensão histórica e social, valendo-
os alunos a transitarem com mais liberdade
se da perspectiva da interdisciplinaridade e
no processo de desenvolvimento das
transversalidade por meio da aproximação
capacidades afetiva, ética, estética, física,
das mais variadas linguagens.
social e cognitiva.
Por isso, o PIBID de Música, o
Nesta perspectiva, a arte, quando
qual coordeno, aposta no entendimento
adequada às demandas dos alunos, pode
de que a linguagem artística comunica
antecipar as reflexões sobre os conflitos do
pensamento e expressa diferentes formas
cotidiano e sugerir formas de intervenção
de compreender a realidade, auxilia no
70
na realidade. Na atualidade, a escola é desafiada a incluir conteúdos que não fazem parte
das disciplinas convencionais, mas que estão presentes na vida dos alunos e que merecem
ser trazidas para o universo escolar apor meio da prática transversal.
A prática transversal permite trabalhar com o conhecimento em rede, pois ao
apreender o significado de objetos culturais ou acontecimentos, é possível vê-los em duas
relações com outros objetos culturais e acontecimentos.
A linguagem artística se apresenta como sustentação metodológica e como ação
fruitiva para a prática interdisciplinar e transversal, no sentido de possibilitar a ampliação
do repertório dos alunos por meio de referencial estético, e favorecer a comparação entre
diferentes formas de expressar ideias, sentimentos, atitudes e procedimentos.
Além da inclusão da transversalidade, o PIBID sugere que a escola diversifique a
forma de apresentação dos conteúdos selecionados e, assim, aproxime os alunos da leitura de
diferentes linguagens. Tratar o processo de formação de alunos, licenciandos, supervisores
e coordenadores com pluralidade a partir de um exercício crítico reflexivo e criativo, auxilia
na construção de competências significativas para o desenvolvimento intelectual.
71
PIBID MÚSICA
ASPECTOS DO SUBPROJETO:
O LUGAR QUE PERSEGUIMOS
Valéria de Oliveira
Coordenadora de área
Ivana Feller
Katiúcia Borba
Sandra Regina Ferreira
Silvia Azevedo
Professoras Supervisoras
Ivana Feller
Professora Supervisora
Katíucia Borba
Professora Supervisora
Por todos os cantos do mundo o tema alimentação saudável é mais que um objetivo,
é projeto de vida. Portanto, discutir sobre a boa alimentação é papel da escola, espaço
privilegiado para promover a saúde e incentivar bons hábitos alimentares às crianças.
As escolhas alimentares corretas na infância influenciam, entre outros
aspectos, a manutenção de um peso corporal saudável. São os primeiros
anos de vida uma fase de rápido desenvolvimento, também, um momento
crítico para a formação dos hábitos alimentares. (SAVAGE; FISCHER;
BIRCH, 2007).
Diante do desafio de promover estes
hábitos alimentares saudáveis às crianças
do Centro de Educação Infantil Norma
Neves Tabalipa, no município de Itajaí,
o grupo de bolsistas do PIBID, junto à
equipe do CEI, participou da elaboração
do projeto “Diferentes Culturas: Novos
Sabores e Saberes”, trazendo sugestões de
atividades e ações a serem desenvolvidas
com as crianças, ao contemplar todos os
espaços do CEI: as salas do conhecimento e
literatura, o mundo da imaginação, o ateliê
de artes, a multimídia e movimento e o
espaço sabores e saberes.
O CEI, por ser um espaço social,
deve estar aberto à diversidade, dando
oportunidade para que as crianças conheçam
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outras culturas e percebam a importância conversamos sobre alguns pratos típicos
de respeitar as diferenças, sendo agentes do italianos que não são saudáveis, confecção
seu processo de aprendizagem, produzindo da decoração do Espaço Sabores e Saberes
cultura e conhecimento. do Centro de Educação Infantil para o dia
Dessa forma, unir os dois temas, da degustação, confecção de vestimentas
Cultura e Alimentação, para desenvolver italianas e degustação do prato típico.
um projeto lúdico e educativo que Confeccionar as roupas típicas italianas
despertasse a curiosidade nas crianças ao com base nas pesquisas contribuiu para a
propor uma reflexão acerca dos hábitos ampliação do conhecimento. Recortamos e
humanos, reconhecer sua individualidade, colamos tecido nas cores verde, vermelho
além de promover pesquisas sobre as e branco, que são as cores da bandeira da
diferentes culturas com foco na sua Itália, fazendo assim saias e aventais para
alimentação de forma interdisciplinar, foi as meninas; gravatas e aventais para os
uma escolha refletida. meninos, junto com um bigode pintado no
rosto e também um chapéu de cheff italiano
As reuniões de planejamento do
com papel e tecido.
PIBID foram fundamentais para as tomadas
de decisões e iniciar o projeto conhecendo O Espaço Sabores e Saberes
a cultura italiana que está muito presente foi decorado com bandeiras da Itália.
no estado de Santa Catarina, sendo Ajudamos as crianças a colocarem as roupas
que temos diversas regiões que foram confeccionadas e o encantamento delas era
colonizadas pelos italianos que preservam visível em seus olhares, não viam a hora de
com muito orgulho suas tradições, estarem todas vestidas tipicamente para
envolveu professores, bolsistas e crianças poder desfilar seus trajes pela escola. Esse
nesta primeira ação. Neste projeto foram momento se tornou rico e significativo para
desenvolvidas diversas ações, como: estudos elas, pois foi a hora de socializar e trocar
e pesquisas sobre a Itália, suas tradições ideias sobre tudo que aprenderam.
e costumes, pontos turísticos, danças, Da mesma forma como o tema
esportes, comidas típicas, rodas de conversa Itália, buscamos inicialmente pesquisar e
sobre os dados pesquisados, importância aprofundar nossos conhecimentos sobre a
de uma alimentação saudável, também cultura japonesa. Esse foi o maior desafio,
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pois muito pouco conhecíamos sobre Novamente, com o auxílio das
essa cultura, apesar de apreciarmos a sua bolsistas, decoramos o espaço recreativo do
culinária. Assim, a pesquisa foi igualmente CEI ao ponto de fazer a criança embarcar
importante para nós, tanto quanto para para o universo oriental, indo ao típico
as crianças. O prato escolhido para restaurante japonês com o mobiliário
apreciarmos dessa vez foi o sushi, pelo fato adaptado para essa ocasião.
de a nossa cidade ser reconhecida como Ao longo desse dia, nós, professoras,
cidade pesqueira, porém não temos sushi e as bolsistas percebemos o quanto as
em nosso cardápio, apenas peixe ensopado crianças apreciaram a variedade de frutas
ou refogado. Essa foi uma das dificuldades que temos à nossa disposição, vimos que
encontradas na realização dessa parte elas sabem da importância desses alimentos
do projeto. Então foi preciso adaptar o para a nossa vida e ainda buscam incentivar
processo de realização dos trabalhos. aqueles colegas que não gostam muito das
Durante o projeto vimos que o cardápio frutas, explicando inclusive o motivo pelo
japonês conta com uma variedade de frutas qual devemos nos cercar ricamente de
e sucos, foi quando surgiu a ideia de mudar frutas e verduras.
o sushi para um sushi de frutas, pensando Assim, é possível concordar com
também na riqueza desses alimentos. a fala de Almeida (2004): “A alimentação
Começamos os preparativos para deve nutrir a saúde, preservando o bem
o dia do sushi: confeccionamos faixas de estar físico, mental e social”.
tecido com símbolos japoneses desenhados No decorrer do projeto, percebemos
para as crianças usarem na cabeça. Com os que as crianças se atentavam a tudo
palitos de churrasco confeccionamos o hashi que conversamos, questionando os seus
para comer o sushi. Passamos uma fita para próprios hábitos alimentares e percebendo a
juntar os mesmos, para as crianças terem importância de se ter uma boa alimentação,
mais facilidade em manusear o utensílio. elas buscaram abrir o paladar para outras
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culturas, sempre pensando em alimentos Sendo assim, vimos que a parceira
leves e saudáveis. entre o Centro de Educação Infantil
A curiosidade das crianças foi Norma Neves Tabalipa e o Programa
aumentando a cada etapa dos projetos, pois Institucional de Bolsa de Iniciação
a cada dia surgiam novos questionamentos à Docência vem alcançando os seus
e descobertas, experiências que mostraram objetivos, pois além de incentivar e
como pequenas coisas para nós, como valorizar o magistério, possibilita que os
adultos e professores, são grandes professores tenham um olhar mais atento
aprendizados para as crianças. às necessidades das crianças, realizando
um trabalho diferenciado, ao proporcionar
Investigamos e descobrimos
experiências significativas para ambas as
histórias e curiosidades dos países
partes, pois as bolsistas se apropriaram
trabalhados, ampliando as possibilidades
de novas práticas e as crianças adquiriram
de comunicação e expressão a partir da
novos conhecimentos e ampliaram o seu
troca social, ouvindo e participando de
conhecimentos sobre outras culturas.
diálogos, em que as crianças aprenderam a
valorizar o patrimônio cultural de outros Referências
grupos sociais. FUNDO Nacional de Desenvolvimento
A partir desse projeto, vendo que da Educação – FNDE. PNAE: Alimentação
os seus resultados foram significativos, Escolar. Disponível em: <http://www.
penso em dar continuidade ao trabalho, fnde.gov.br/programas/alimentacao-
buscando conhecer mais povos e países, e escolar-acoes-educativas>. Acesso em:
principalmente estudar muito a cultura do 03/08/2015.
povo brasileiro, pois antes de qualquer coisa, SAVAGE, J.S.; FISHER, J.G.; BIRCH, L.L.
precisamos valorizar as nossas tradições. Parental Influence on eating behavior:
Depois do projeto percebemos que conception to adolescence. Journal Law
as crianças buscam inserir as frutas na Med Ethics. v.35, n. 1, 2007
sua alimentação, sendo que nos pedem por SC. Prefeitura Municipal de Itajaí.
mais frutas além daquilo que está sendo Secretaria Municipal de Educação.
oferecido no horário de alimentação do Departamento da Educação Infantil.
Centro de Educação Infantil. Também DIRETRIZES MUNICIPAIS PARA A
abriram o seu paladar para saborear outros EDUCAÇÃO INFANTIL. Itajaí. 2014.
tipos de saladas e comidas, como purê,
carne ensopada, etc.
Sabemos que o mundo em que
vivemos é imensamente rico de diferentes
culturas e cabe a nós, professores, ampliar
o conhecimento de mundo das nossas
crianças, tornando-os agentes do processo,
desenvolvendo a criticidade e autonomia,
interagindo, respeitando e aceitando o
outro, em suas diferenças e particularidades.
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ARTE COM ARGILA:
a exploração de um novo
material como conteúdo
da Educação Infantil
Maria Fernanda d´Ávila Coelho
Coordenadora de Área
Silvia Azevedo
Professora Supervisora
A exploração diversificada de
e molhá-la na água da forma que quisessem, materiais na Educação Infantil é, ou
surgiram outras formas de explorar deveria ser, um grande conteúdo, mas
esse material, conhecer e sentir toda a ainda está implícito na literatura sobre
plasticidade, cor, textura e temperatura. desenvolvimento infantil e é fundamental
Vale ressaltar que as crianças para a conquista de novas aprendizagens
permitiram sujar-se. Em outras atividades, e, portanto, promotor de desenvolvimento.
como as com tinta, eles demonstravam Coelho (2009) afirma que a prática
uma maior preocupação e cuidados para pedagógica com crianças pequenas
permanecerem limpas, mas a intensa necessita ser reorganizada, visando atender
exploração conduzida pela professora melhor as necessidades e potencialidades
permitiu a livre expressão; e a manipulação das crianças. Contudo, sendo a exploração
da argila era o mais importante do que um conteúdo, este norteia a prática
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pedagógica nesta faixa etária e possibilita Mais do que grandes eventos de arte
à professora agir com intencionalidade ao na escola, esta atividade nos fez refletir
elaborar seu planejamento e ao promover sobre a importância de a arte estar presente
essa nova experiência. em nossas rotinas diárias com as crianças
A manipulação da argila foi vivida e isso pressupõe acolher e garantir a
com prazer pelas crianças que naquele presença significativa da arte nas propostas
momento se envolveram com intensidade, pedagógicas e ultrapassar o ensino de arte,
experimentando de todas as formas esse tradicionalmente concebido como atividade
novo material. isolada e pontual, amarrada em prescrições
didáticas do fazer (OSTETO, 2014).
Com as bolsistas do PIBIB alcançamos
os objetivos de conhecer o trabalho com a Contudo, temos um desafio, repensar
argila como possibilidade de expressão, bem nossas propostas e rever nossa rotina
como incentivar as crianças no momento com as crianças no espaço da Educação
de experimentar, manipular o material e Infantil, cuja arte é fundamental para o
participar da organização dos recursos. desenvolvimento integral das crianças
pequenas.
Ao vivenciar estes momentos de
aprendizagem com as crianças, ressaltamos Referências
que: COLETO, D. C.. A importância da arte
A arte é importante na vida da para a formação da criança. Revista
criança, pois colabora para o seu conteúdo, Capivari v.1, n.3, Jan/Jul. 2010
desenvolvimento expressivo, - ISSN 1807 – 9539.
para a construção de sua poética COELHO, M. F. A.. O Acompanhamento
pessoal e para o desenvolvimento
da Aprendizagem na Educação Infantil:
de sua criatividade, tornando-a
UNIVALI, Dissertação de Mestrado, 2009.
um indivíduo mais sensível e que
vê o mundo com outros olhos. OSTETO, L. Linguagens expressivas e
(COLETO, 2009, p.138). modos de relação com o mundo: sentidos
O momento da manipulação da da arte na educação infantil. II Simpósico
argila foi importante, todos que estavam luso-brasileiro de estudos da criança.
participando se envolveram, professoras e UFRGS, 2014.
licenciandas, o que incentivou os pequenos
a conhecer e explorar este novo material.
Foi possível perceber que cada uma tem seu
tempo e seu modo de fazer, de sentir, de
pensar; e respeitar seu ritmo foi essencial
para avançarem neste processo. Ao colocar-
se próximo e acessível às crianças com o
objetivo de mediar esse novo processo, as
licenciandas observaram e interagiram
quando necessário, permitindo que todos
sentissem segurança para viver essa
experiência e aprender.
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PAREDE SONORA MUSICAL
Maike Souza
Regiane A. da S. Castelo Branco
Alberto Renan Mendes
Flávia Bossoni Dionisio
Licenciandos
No primeiro semestre do ano letivo de 2015, foi formado um novo grupo para
atuar no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência junto com a Professora
Márcia Beatriz Nascimento, no C.E.I. Anninha Linhares de Miranda, localizado no bairro
São Vicente, com uma turma de 20 alunos de dois anos de idade.
A interação, o envolvimento no trabalho e o aprendizado pedagógico são experiências
enriquecedoras e valorosas, pois permitem aos acadêmicos “viver” a escola, ao fazer parte
da construção do conhecimento musical das crianças, adquirindo experiências na docência
e nas atividades que são realizadas no CEI.
Iniciamos o projeto com o tema Cantigas de Roda, que tem como finalidade vivenciar
a forma musical e também despertar o interesse pelo folclore infantil, sendo assim, temos
como subtema: “Promovendo a imersão
sonora e sensorial da criança no mundo da
música”. Desta forma, buscamos alcançar
os objetivos que são: “Vivenciar a cultura
infantil brasileira”, a partir das “cantigas
de roda”’, explorar as possibilidades
expressivas do próprio corpo através do
movimento e desenvolver esteticamente a
percepção dos conceitos sonoros desde a
primeira infância.
Em relação aos conteúdos, adotamos
a percepção auditiva, que permitirá
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estimular a memória auditiva da criança,
a percepção espacial, as quais permitem
distinguir o local de origem do som, as
expressões corporais, fazendo com que as
cantigas de roda façam com que as crianças
possam vivenciar movimentos e explorar
gestos sonoros acompanhando a música.
Os conceitos musicais trabalhados
foram timbre, duração, intensidade e ritmo
musical, que auxiliam na descoberta dos
elementos musicais, das propriedades
do som através do corpo e movimento,
intensidade (forte, fraco), timbres (animais,
instrumentos, voz). Executamos neste
processo a criação das canções de entrada
e saída e a construção de uma parede
sonora, que foi construída com matérias
do cotidiano, como panela, colher, latas,
garrafas pet, etc. Desta forma, as canções
de roda, a improvisação junto à parede
sonora e a expressão corporal puderam ser
desenvolvidas.
Por fim, também observamos que
as crianças desenvolvem habilidades de
acordo com a sua capacidade, como, por
exemplo, a atenção de cada uma para
ouvir, a curiosidade em relação aos novos
conteúdos, brincadeiras e instrumentos,
que naturalmente se desenvolvem no fazer
musical junto à parede sonora, imitando
os gestos dos educadores com palmas, se
apropriando de uma expressão musical,
tanto corporal, como por meio da voz e
com os diversos materiais sonoros, assim
como a simples participação nas atividades
propostas. É um grande desafio para alguns
e, com certeza, vemos progresso no aspecto
da socialização. Desta forma, podemos
contribuir com a formação de ouvintes
e críticos diante da escuta musical, seres
humanos completos e mais sensíveis diante
do mundo que os cercam.
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DÓ, RÉ, MI(nha) canção
quem FA(z) SO(u)L eu:
Compondo com Jogos Musicais
Gislene Gómez
Maria Luiza Feres do Amaral
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De acordo com a Profª. Liza
Amaral, coordenadora do PIBID em
música, o programa tem como foco a
educação musical para todos, com objetivos
socializadores e didáticos, desenvolvendo
os sentidos de forma a contribuir para a da audição, seja por meio das canções, dos
formação integral dos envolvidos. Nesse ritmos, do caminhar no pulso, da execução
sentido, as propostas de trabalho partiram de instrumentos ou da criação musical.
dos princípios envolvendo a relação da Eixo B - Prática musical no que se
teoria e da prática, entendendo a música refere ao experimentar, o sentir, o tocar,
como um fato social e, por isso, bastante o escutar, como parte das atividades
marcante na vida e na cultura das pessoas nos instrumentos musicais promovendo
diretamente ou indiretamente envolvidas a curiosidade para uma formação
com esse processo. integral. Atividades de execução são,
Assim as práticas musicais buscaram segundo Hentschke (2003, p.180), as que
trabalhar a descoberta das fontes sonoras, “proporcionam um envolvimento direto
jogos de improvisação, sonorização de com a música”.
histórias, construção de instrumentos com Eixo C - Brincadeiras, no que
materiais alternativos, atividades vocais e se refere a jogos musicais, trabalhando
corporais, além de um rico repertório de as propriedades do som e fazendo do
brincadeiras, canções e parlendas. As ações exercício um momento lúdico, em que se
previstas seguiram o percurso do projeto aprende brincando. A ludicidade facilita
música na educação infantil, o qual está o processo de ensino e aprendizagem,
dividido em 4 eixos formadores: estabelecendo um vínculo firme e eficaz na
Eixo A - Apreciação no que se apresentação dos temas musicais. Dentre
refere a interagir e entender o ambiente elas a sonorização de histórias, explorando
sonoro, aguçando nas crianças o sentido a voz e o corpo na imitação de timbres de
animais, efeitos sonoros, sons da natureza e
outros objetos para ilustrar sonoramente a
narrativa.
Eixo D - Construção de materiais
didáticos para as aulas de música, integrando
as atividades musicais e a construção destes
materiais com as atividades da escola, a
fim de integrar as aulas de música com as
demais atividades dos CEI, perfazendo um
fazer artístico mais completo.
Pautado nestes quatro eixos e
seguindo a temática “Jogos Didáticos
Musicais”, os pibidianos abusaram da
criatividade e confeccionaram diversos
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imaginário e ao som de virtuosas guitarras
e muita pintura no rosto reproduziram a
performance da banda Kiss, se caracterizando
de acordo com o seu figurino.
Direto do palco para o Jogo da
jogos a partir de materiais descartáveis, de “Amarelinha Rítmica”, ludicamente as
construção e também de papelaria. crianças experienciaram a prática de
Assim, garrafas pets foram agregar a rítmica, a melodia composta no
transformadas no jogo “Compondo com jogo do “Boliche Musical”, finalizando o
o Boliche musical”!. Os alunos puderam semestre com apresentação da Prática de
se divertir jogando boliche, conhecendo a Conjunto da canção criada por ela mesmas!
notação musical e compondo uma melodia Ao final, a experiência se mostrou
com as “notas” derrubadas a cada garrafa. gratificante para os pequenos compositores.
Já as folhas de papel A3, fita bebê preta e Por meio dos jogos, as crianças tiveram
círculos coloridos em EVA, foram usados na contato com diversos conteúdos da
confecção da pauta elaborada por cada aluno. Educação Musical, aprendendo de forma
Já as garrafas de vidro foram lúdica e descontraída. Para os acadêmicos,
utilizadas como estratégia para aguçar a prática docente vivenciada por meio
a percepção de Altura. Passando pelos do PIBID teve um significado ímpar
sons Grave, Médio e Agudo, os alunos neste semestre, haja vista a criatividade
aproveitaram para curtir a dança das necessária para a confecção dos jogos.
cadeiras, sentando, caminhando e erguendo Conferir um processo de ensino
os braços a cada som. Assim, descobriram e aprendizagem apoiado por materiais e
os sons contínuos e fragmentados, jogos lúdicos elaborados pelos licenciandos
experimentando instrumentos artesanais trouxe a certeza de que o ensino da
como a flauta confeccionada de minigarrafas música e o processo cognitivo inerente
e o trompete de PVA. a ele se faz muito mais prazeroso quando
O jogo de tabuleiro “Gêneros o docente se permite pensar neste ensino
Musicais” desafiou as crianças a sob o encantado universo infantil,
reconhecerem os diferentes instrumentos implementando práticas musicais e ações
musicais de cada gênero e as culturas que pedagógicas que contemplem a ludicidade
os envolve. Os alunos extrapolaram o senso e a percepção estética na educação musical.
JOGOS E BRINCADEIRAS
MUSICAIS:
uma experiência
na Educação Infantil
Ricardo Rocha Passos
Professor Supervisor
Em março de 2015 este grupo de cinco bolsistas aceitou o desafio de realizar mais
um projeto. E lá fomos nós para o Centro Educacional Cordeiros, sob a supervisão da Prof.ª
Cristiane Schaefer, inovar ações no PIBID. Logo no início nossa supervisora apresentou
sua turma formada por 25 alunos do Pré I e II. Aí surgiu o primeiro grande desafio: a faixa
etária das crianças. Nenhum de nós tinha experiências com crianças tão pequenas. Muitos
questionamentos foram feitos para a Prof.ª Cristiane, com o objetivo de conhecer o grupo
de crianças e assim realizar um bom trabalho.
Contextualizados com a realidade da turma, estabelecemos alguns conteúdos
para nortear nosso planejamento: timbre e instrumentos musicais foram escolhidos por
unanimidade, mas também as demais propriedades do som que são base para qualquer
101
iniciação em música. Quanto às estratégias
também não houve dúvida, pois nessa fase
de desenvolvimento, é brincando que se
aprende e explora-se o mundo, por isso,
através de jogos, auxiliaríamos nossos
pequenos aprendizes a explorar o “mundo
sonoro” ao seu redor.
Colocando tudo isso diante do tema
já escolhido para o ano – Boi de Mamão agregados ao conto, principalmente pela
– e acrescentando temas transversais figura da musicoterapeuta, que substituiu
propostos pela escola para perpassar toda a figura do doutor e da benzedeira,
a prática em sala, vimo-nos diante de um presentes na história original do folguedo,
quebra-cabeça a ser devidamente montado, e também através da sonorização das
sem contar que deveríamos realizar tudo cenas. A percepção dos demais conteúdos
isso em apenas trinta minutos de aula musicais também acontecia através da
por semana! Diante dessa realidade não contação da história, como, por exemplo,
era possível imaginar o enorme êxito que um personagem que tinha a voz bem
alcançaríamos ao final do semestre. grave e outro a voz bem aguda, ou então a
Para aproximar as crianças da Bernunça, que tinha uma risada bem forte
cultura local, criamos uma versão infantil e a Bernuncinha bem fraca. E tudo isso
do folclore com a “História do Boizinho contado através de fantoches e bonecos
Mamão”, a qual foi contada em capítulos ao num cenário próprio que a escola dispunha.
longo das aulas. Junto ao enredo estavam A sequência didática era sempre a
questões ambientais como desmatamento, mesma: os alunos chegavam e eram acolhidos
poluição e dengue, tanto que, em nossa pela canção inicial ‘Olá amiguinhos’ e se
história, o Boizinho Mamão ficava doente sentavam no tapete defronte ao cenário
e desmaiava por ter sido picado pelo já preparado. Nos primeiros 15 minutos
mosquito da dengue. Também foram apreciavam a contação de uma parte da
agregadas algumas canções típicas do Boi história e, em seguida, um dos bolsistas
de Mamão e outras canções infantis, com conduzia uma atividade relativa ao conteúdo
as letras adaptadas para auxiliarem na apresentado no capítulo do dia. No dia do
contação da história. último capítulo da história, realizou-se a
Os conteúdos musicais foram festa do Boi de Mamão e os bonecos pequenos
se transformaram em “personagens reais”
interpretados pelos bolsistas, junto com um
grande boi de pano, e as crianças puderam
brincar com os bonecos, cantar as canções
em roda e comer pipoca.
Nas últimas intervenções houve
uma preparação para uma apresentação
final para a escola, em que a história foi
102
recontada tendo a participação dos alunos efetivo de nossos alunos que, de forma
cantando as canções e interagindo com os lúdica e prazerosa, formaram as primeiras
personagens. Também foi possível realizar bases que interferirão em sua experiência
a produção de um DVD, que contou musical ao longo de suas vidas. De forma
com a parceria da TV UNIVALI e cuja simples, divertida e transdisciplinar, unindo
apresentação final foi gravada junto com as música, teatro, literatura e artes visuais,
crianças. Para isso, foi necessária a gravação construímos um aprendizado consistente
das canções, realizada no estúdio de uma e consciente, afinal, todo bom professor de
das integrantes do grupo, Lilian Lucindo, e música sabe que ensina mais que música,
o trabalho voluntário de seu esposo. pois contribui para a formação integral de
Mas, sem dúvida, o melhor resultado um ser humano.
não foi só o DVD, mas o aprendizado
103
BRINCANDO DE BOI
DE MAMÃO
Elisa Cordeiro
Carlos Cória
Josias Pimentel
Edgar Gomes de Souza
Licenciandos
Denise Rech
Professora Supervisora
A ideia do projeto que deu vida a aprendizagem acontecesse de forma
ao Boi de Mamão na Escola Professor significativa.
Martinho Gervási, localizada no Bairro Nosso objetivo geral foi conceituar
Brilhante II na cidade de Itajaí, surgiu e aplicar elementos básicos que permeiam
numa reunião do grupo do PIBID do o fazer musical, tomando como preceito
Subprojeto de Música com a coordenadora a cultura local do Boi de Mamão.
do grupo e suas professoras supervisoras. Como objetivos específicos, sentimos a
O tema foi sugerido por entendermos que necessidade de que cada criança pudesse
o folclore local é pouco trabalhado nas interagir com os colegas e professores
escolas e o mesmo pode abrir uma gama por meio da história do Boi de Mamão;
de possibilidades artísticas na sala de aula, participar da apresentação da história
juntamente com atividades que permeiam adaptada e suas cantigas; familiarizar-se
a brincadeira, considerando a idade das com os personagens do folguedo por meio
crianças entre 02 e 03 anos. de fantoches; identificar instrumentos
Utilizando personagens do Boi e suas da bandinha rítmica, manipulando
canções, aplicamos a contação da história e explorando seus sons. Alguns dos
dividida em capítulos, sempre despertando conteúdos aplicados foram conceituais,
a curiosidade do grupo para o próximo procedimentais e atitudinais.
encontro. Consideramos importante levar O grupo de bolsistas entendeu que
a cultura regional ao conhecimento das a rotina seria parte importante para o bom
crianças de forma leve e curiosa para que andamento das aulas e do semestre devido à
105
idade dos pequeninos. Foi realizada a versão os bolsistas distribuíam instrumentos para
da canção “Pablo” (Milton Nascimento), todos poderem tocar e tentar acompanhar o
para fazer apresentação do grupo pelo nome ritmo das canções do folguedo.
sempre no início de cada oficina. Algumas Utilizamos instrumentos musicais
crianças que ainda não tinham a oralidade da bandinha para que as crianças passassem
desenvolvida precisavam da ajuda dos seus pela experiência de sentir, tocar, conhecer
colegas para dizer seu nome. seus nomes e sons. Os instrumentos foram,
Sobre a história do Boi de Mamão: a saber: triângulo; reco-reco; pandeiro;
ganzá; tambor e flauta. Como metodologia,
Como é uma história que tem como
iniciamos apresentando somente três
tema a morte e a ressureição do Boi, houve
instrumentos, mostrando seus sons,
receio de as crianças se assustarem; sendo
formas e nomes. Até o final do semestre
assim, adaptamos a história do Boi para
foram apresentados os seis instrumentos
simular um desmaio, considerando a idade
e as crianças conseguiam identificar todos.
das crianças. A história foi dividida em
Depois dessa parte mais técnica, as crianças
quatro capítulos. No início de cada oficina tinham a oportunidade de manipular e
as crianças ajudavam a recontar a parte da brincar com esses instrumentos.
história que eles já conheciam e os bolsistas
A avaliação foi feita de forma
questionavam o grupo, perguntando: “- O
constante, por meio do registro nos
que será que vai acontecer agora?”. Na parte
relatórios dos bolsistas, considerando o
da história em que o personagem Mateus
desenvolvimento da coordenação motora
sai para brincar com o Boi pela rua, ele vai
e rítmica, atenção, aceitação do grupo de
encontrando e convidando seus amigos para
bolsistas e dos personagens do Boi de Mamão
um passeio. As crianças trouxeram seus
e outras considerações de habilidades
bichos de pelúcia e esses foram os amigos
musicais no decorrer das oficinas.
do Boi de Mamão que brincaram até ele
desmaiar de cansado. Quando o Boi cai no
chão, todos ficam muito tristes. Os bolsistas
sugerem cantar uma canção, mas sem êxito,
e então uma das crianças sugere dar um
remédio. Um objeto que lembra um frasco
de remédio é dado ao Boi, que volta a dançar.
Neste semestre foram trabalhadas
três cantigas: Cantiga do Boi, Cantiga da
Bernunça e Chamada do Povo. Elas foram
um ponto forte das nossas oficinas. Sempre
depois de trabalhado um capítulo da história,
era trabalhada uma canção. As crianças
conseguiram memorizar muito bem. Os
bolsistas cantavam as canções uma primeira
vez, pedindo atenção do grupo, e depois
pediam a colaboração das crianças para
ajudar. Quando a música estava memorizada,
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PIBID FUNDAMENTOS DA
ARTE – PEDAGOGIA
Com tantas escolhas e caminhos profissionais possíveis, o que leva uma pessoa a
escolher a educação ou a arte educação? Por que fazer um curso superior em Pedagogia?
Com tantos outros cursos mais práticos, talvez mais eficazes, como Agronomia, Nutrição,
para resolver as questões de fome no Brasil; talvez Engenharia, Economia, para resolver
questões de moradia nesse país, tendo em vista os descasos e a inoperância do estado; um
curso de Direito, para alinhar a justiça; ou de Medicina, para restabelecer os doentes e
propor sobrevivência mais digna.
É comum ouvir dizer que a Arte é encantadora, muito linda, também estranha, mas
desnecessária, já que uma pintura de natureza morta repleta de frutas e legumes não sacia
a fome de alguém, ou uma escultura de figura humana de braços abertos feita em mármore
pode ser interessante, mas jamais lhe dará um abraço ou irá lhe alcançar uma ferramenta,
pois é apenas pedra fria refletida em figura contemplativa.
Ou, ainda, que ouvir música clássica em alguns momentos pode ser cansativo e o bom
são aquelas canções que se pode dançar. Ou que show do Pink Floyd é muita gritaria, uma
107
Na verdade, não é preciso ser um
artista renomado para construir castelos
de areia, ou um crítico de cinema para
gostar ou detestar um filme; muito
menos uma Débora Kokker para arriscar
alguns passos de dança. Tudo isso pode
nos remeter a um enorme prazer e para
peça do Bertold Brecht não dá para entender, alcançá-lo precisamos ter quem os crie para
outros dizem que arte é muito cara e que o desfrutarmos, da mesma forma que, para
bom mesmo é investir em algo que se possa termos os alimentos, inevitavelmente deve
usar, como um par de botas bem bonito (como existir quem os produza.
poderia confirmar uma professora marcante Compreendemos que a Arte não
dos meus tempos de faculdade). sacia a fome, mas permeia o espírito,
Este discurso não intenciona criar já que o que distingue o ser humano
reflexão sobre a importância da arte dos outros animais da evolução é sua
baseada em grandes filósofos ou sociólogos capacidade única e intrínseca de criar e
ou em artistas geniais, mas enfatizamos transcender. Historicamente o que retirou
que a cultura é a semente da essência de o homem da pura animalidade ostensiva
um povo. Nas nossas memórias estão essas e o catapultou no espaço da humanidade,
falas meio que distorcidas pelo tempo de um criando grandes civilizações, foram a Arte
discurso maravilhoso de uma professora de e a Espiritualidade, que foram transmitidas
quando ainda éramos universitários. Mas através do processo evolutivo.
perguntamos, como sugeria ela, quem em
Destacamos que o fato de nossos
algum momento da vida, antes de sair de
Pibidianos terem optado pelo mundo do
casa, não deu uma passada, por mais rápida
que seja, em frente ao espelho para corrigir magistério só os torna mais especiais,
algum desalinho imaginário que não se porque é por meio dos professores e
enquadrava no padrão de beleza? da arte de mediar o processo de ensino
e aprendizagem que as crianças e os
Quem em algum momento não
adolescentes poderão construir o elo
parou diante de um objeto, seja ele um
da sensibilidade, buscando no potencial
abajur ou um quadro de Portinari, ou de
criativo e humano a possibilidade de
um automóvel de última geração? Quem
transformá-los em grandes profissionais,
não riu ou chorou copiosamente diante de
que presenteará a humanidade com
um filme? Quem nunca rabiscou um pedaço
de papel enquanto estava ao telefone? médicos sensíveis, advogados justos,
Quem nunca representou um personagem administradores capazes, jornalistas éticos.
qualquer para brincar com o filho, ironizou É exatamente nestes pequeninos,
ou até mesmo assustou o irmão ou uma mas importantes detalhes, que suscita o
pessoa qualquer? Quem nunca dançou PROJETO IMAGENS E MEMÓRIAS, no
sozinho na frente do espelho? Quem nunca Centro Educacional Municipal Presidente
comprou algo sem utilidade, pelo simples Médici, organizado pelos licenciandos do
fato de ter gostado daquele objeto? PIBID UNIVALI, subprojeto de Pedagogia,
108
com foco nas Artes. O objetivo é despertar diversas, mas em síntese foi que: A educação
nesses futuros profissionais da educação de qualidade é capaz de mudar positivamente
uma formação estética capaz de ampliar as pessoas e o cenário educacional.
significativamente a observação sobre as O estudo para a elaboração do
ações e possibilitar aos acadêmicos vieses projeto começou após debates e análises
carregados de sutilezas, que os façam perceber da coordenação de área. Verificamos a
por meio da criança o ser sensível que necessita importância de transformar as atividades
desenvolver sua sensibilidade por intermédio em propostas encantadoras, dando aos
das múltiplas linguagens, artísticas e estéticas, alunos do Centro Educacional Municipal
para a formação plena do ser. Presidente Médici e aos licenciandos
Deste modo, os futuros pedagogos bolsistas do PIBID a possibilidade
– por meio das atividades desenvolvidas de vivenciar as atividades, buscando
no programa PIBID UNIVALI – passam estabelecer um processo de análise crítica
a tomar ciência do papel magnânimo e de imagens, composição, formação histórica
insubstituível que executa o profissional e social. Conhecimento sobre a própria
da educação, dando ênfase à performance imagem e imagem do grupo, por meio de
e às práticas pedagógicas que buscam vídeos, fotografias, jogos teatrais, objetos,
a mediação de afeto e sensibilidade na desenhos e histórias. Tudo se transformava
construção do saber. em aventura mágica de descoberta, tanto
Por meio dos encontros e das para nós professores e futuros professores,
atividades do Projeto Imagens e Memórias, quanto para os alunos.
buscamos construir junto aos licenciandos a Os pequenos recortes das vivências
essência necessária para transmitir a paixão se transformam em significativos detalhes
que temos pela profissão de Arte Educador. No quando viraram um SCRAP BOOK, porque
primeiro semestre do projeto, questionamos foram sendo revisitados periodicamente
os licenciandos: Por que escolheram a por meio da montagem do álbum da turma,
Pedagogia? E o que esperavam do projeto que foi o “Produto Final” das vivências e
que iríamos realizar? As respostas foram que possibilitou produtivas reflexões sobre
o processo ensino aprendizagem.
Ao iniciar o segundo semestre,
selecionamos, dentro do projeto, algumas
atividades sobre esse tema IMAGENS
E MEMÓRIAS as quais deveriam ser
aprofundadas. Decidimos focar nas imagens
e nos movimentos dos elementos visuais
que compõem o contexto, usando como
recursos filmagens, fotografias, alusão ao
cinema e à televisão, os quais estão sendo
adaptados com técnicas de KROMA KAY.
Com muita criatividade, adaptamos
as atividades que foram executadas à
109
realidade da Unidade de Ensino e do poderei colher como pedagoga.
público-alvo. Também passamos por (Trechos de relatórios) Gisele
momentos reflexivos que aguçaram o Ribeiro França, 2015.
movimento criativo do grupo, tendo Gosto de observar, analisar
e verificar como podemos ter
como eixo condutor as IMAGENS E
tantas opções com atividades
MEMÓRIAS, atreladas à alegria de
artísticas dentro do processo
interpretar um professor inventivo. Esse ensino aprendizagem e assim vou
período prático da formação pedagógica me construindo e desconstruindo
passa a ser um capital cultural relevante em busca da futura educadora
que fez o grupo crescer como ser humano que serei. (Trechos de relatórios)
e futuro profissional da área da educação. Jéssica Rodrigues França, 2015.
O trabalho realizado até o presente Quando trabalhamos o desenho
em nossas atividades no ambiente
momento está sendo transformado em
escolar, a alfabetização e o
LIVRO de imagens e relatos, no qual
letramento estão presentes neste
poderemos encontrar a jornada cultural de processo. [...] A mediação dos
2015, abrilhantada por alunos pibidianos e conteúdos a serem feitas pelo
comunidade escolar, os quais poderão ter o professor com os alunos, está
material produzido em mãos, desfrutando sendo vivenciada e praticada
das memórias produzidas por intermédio durante as atividades. Nesta
de imagens. minha caminhada como pibidiano,
é notável todo meu crescimento
Observar as práticas pedagógicas
profissional no espaço escolar.
dos educadores e como são distintas as
Fazer parte do PIBID é fazer parte
práticas podem afetar positivamente o de um crescimento continuo e de
sistema educacional, pois dá liberdade aos qualidade. (Trechos de relatórios)
discentes sobre os conteúdos, deixando que Joares Santos, 2015.
criem e recriem suas atividades acerca dos Muitos conseguem nos fazer sorrir,
conhecimentos que devem ensinar e, nessa outros tendem à dramaticidade,
prática, o lúdico deve estar presente para [...] e o que entendemos é que
tornar a mediação do conhecimento, linha estamos cercados de inteligências,
tênue de aventuras curiosas, misteriosas e e de pessoas pequeninas que vivem
empolgantes. num mundo sem fronteiras. A
metodologia usada transcreve
Citações & Conexões Pibidianas: sensorialmente a força do convívio
O professor Cléber fez uma em família, traçados pelos
pergunta à turma. O que é registros que naturalmente são
importante para uma criança ser guardados de forma sensível e que
feliz? E de repente com convicção ao ser ativados ou relembrados,
uma criança de seis anos responde, movem-se em energia, alegria,
“a fé, porque a fé nos dá o poder de espanto pela conexão que fazem,
alcançar todas as coisas”. Outras transbordando-se em paixão.
respostas como carinho, amor (Trechos de relatórios) Rosane
e respeito, me levam a refletir Corrêa. 2015.
sobre que semente plantar e o que
110
RECRIANDO CLÁSSICOS
LITERÁRIOS:
Será que o lobo
era mesmo mau?
Janine Nunes Rosar
Licencianda
“E eles viveram felizes para sempre...”. Esse é o final clássico da maioria dos contos
infantis e é por ele que esperamos cada vez que ouvimos ou lemos essas histórias. Mas e
se essa história tivesse um final diferente?
Este é um dos objetivos do projeto “Resgate e releitura dos Clássicos da Literatura
Infantil”, desenvolvido no Centro de Educação Infantil Algodão Doce, localizado em
Biguaçu, SC, pelo PIBID Ed. Infantil.
O projeto foi desenvolvido a partir de fevereiro de 2015, tendo como grupo
foco crianças de 4 a 5 anos de idade e possui como eixos norteadores as relações
interpessoais de crianças de 4 a 5 anos e o
envolvimento com o meio, o envolvimento
e a corresponsabilização das famílias, o
papel dos educadores na integração entre
cuidar e educar e funções específicas no
atendimento a crianças de 4 a 5 anos.
Ao nos depararmos com a crescente
necessidade de explicações nesta faixa
etária, buscamos desenvolver um
projeto que partisse das reflexões e dos
111
questionamentos feitos no dia a dia do CEI Criança 3: “O lobo era fortão e daí
por meio da prática de contação de história ele assoprava forte e daí caía e eles fugiam
já desenvolvida pela professora da turma, bem rapidão”.
tendo como objetivo aprimorar estes contos A busca dos porquinhos por
clássicos por meio de releituras e reflexões. independência, o tempo para brincar e
Iniciamos o trabalho com o conto “Os para construir, as diferentes formas e
três Porquinhos”. Partindo do clássico, temos: modos de construir as casas, a proteção
Três porquinhos irmãos foram contra o lobo, a força do lobo, as táticas
morar numa floresta. E para se utilizadas tanto para derrubar quanto para
proteger dos lobos decidiram se proteger, foram algumas conclusões a
construir suas casas. O mais novinho que as crianças chegaram.
só queria brincar, fez rapidinho uma Mas afinal, “Será que o lobo era
casinha de palha e saiu a passear.
mesmo mau”?
O do meio gostava de tocar flauta.
Então, fez uma casinha de madeira Será que o lobo poderia estar gripado
e saiu para tocar. O mais velho, e as casas poderiam voar por conta do seu
prevenido, gastou todo o seu tempo espirro? O lobo poderia estar com fome,
fazendo uma linda casa de tijolos. não necessariamente de porquinhos, mas de
À noite o lobo resolveu atacar. E comida? O lobo poderia estar com frio e por
num só sopro, derrubou a casinha isso queria um abrigo junto aos porquinhos?
de palha. O porquinho correu para
Os contos infantis, com suas luzes
a casa de madeira do irmão, mas o
puras e suaves, fazem nascer e crescer
lobo derrubou esta também. Os dois
os primeiros pensamentos, os primeiros
porquinhos foram à casa do irmão
mais velho e ficaram quietinhos impulsos do coração (IRMÃOS GRIMM apud
esperando. O lobo chegou e soprou, DARNTON, 1986) e estes são necessários no
soprou, soprou, mas não conseguiu desenvolvimento das crianças. Ao incluirmos
derrubar a casa. O lobo tentou entrar a reflexão para além do que a história mostra,
pela chaminé da lareira, mas os possibilitamos que as crianças tenham
porquinhos prevenidos acenderam diferentes perspectivas e olhares a respeito
ali uma fogueira. Quando o lobo do que leem, formando, consequentemente,
chegou perto, chamuscou o rabo seu senso crítico e reflexivo.
no fogo e saiu correndo feito louco
Tendo em vista que o programa
e nunca mais voltou. (CONTOS
PIBID visa inserir os licenciandos no
CLÁSSICOS, 2002).
cotidiano de instituições da rede pública
Ao partirmos desta história, as
de educação, proporcionando-lhes
crianças, com o auxílio das pibidianas,
oportunidades de criação e participação em
refletiram alguns temas principais:
experiências metodológicas, tecnológicas
Criança 1: “Mas a casa da mamãe era e práticas docentes de caráter inovador e
quentinha”. interdisciplinar que busquem a superação
Criança 2: “Os porquinhos queriam de problemas identificados no processo
ficar sozinhos e pegaram o que era mais de aprendizagem, buscamos trabalhar
melhor pra eles”. partindo do pressuposto que:
112
Uma vez que as crianças conhecem diferentes propostas a partir de um mesmo
e sentem o mundo pela brincadeira conto, apresentando a história por meio da
e que nestas, seus corpos estão contação entonada da história, da reflexão
inteiros, plenos, imersos nas suas e das consequentes desdobramentos a
experiências poéticas, e em outras
partir dela.
que estão por vir; como é possível
separar seus corpos de suas Com o conto “Os três Porquinhos”
mentes? Como é possível dizer- trabalhamos a apresentação com casas
lhes – como diz Loris Malaguzzi constituídas de diferentes materiais,
(apud EDWARDS et al., 1999) refletimos a respeito do papel social dos
– que elas devem pensar sem as porquinhos e também do lobo e trabalhamos
mãos, fazer sem a cabeça, escutar na diferenciação do tipo de material
sem falar e compreender sem utilizado em cada construção, realizando
alegrias, como querem os adultos?
um pequeno passeio aos arredores do
(PRADO; SOUZA, 2011, p.1).
CEIM para verificar os materiais utilizados
Por este motivo, durante o primeiro
e por fim realizamos uma dramatização
e segundo semestre de 2015, realizamos
protagonizada pelas próprias crianças, com
o auxílio das licenciandas.
As vivências possibilitadas pelo
PIBID ampliaram assim as condições
dos futuros professores em desempenhar
com competência e sensibilidade o
trabalho docente.
Referências
CONTOS CLÁSSICOS. Os três
porquinhos. Erechim: Edelbra, 2002. (n. 7).
DARNTON, R. O grande massacre de
gatos e outros episódios da história
cultural francesa. Rio de Janeiro: Graal,
1986.
PRADO, Patrícia D. et al. Pesquisa e
Primeira Infância: Linguagens e Culturas
Infantis. Anais do Seminário Internacional
sobre Infâncias e Pós-Colonialismo,
Campinas/SP: FEUNICAMP, v. 1, 2012.
PRADO, Patrícia D.; SOUZA, Cibele W. de.
Dança e teatro na formação de professor@s
da Educação Infantil. III Seminário
Inovações Curriculares: experiências
no Ensino Superior. Campinas/SP:
UNICAMP, dez. 2011.
113
VEM CÁ MEU BOI, VEM
CÁ! - PROPORCIONANDO
VISIBILIDADE DAS PRÁTICAS
CULTURAIS DO MUNICÍPIO
DE SÃO JOSÉ/SC
Karina Greyce Conrat
Professora Supervisora
114
Levando em consideração a compartilhando-as com as crianças, famílias
importância da observação e do registro, e a instituição. Por meio da brincadeira do
iniciamos a construção do projeto, pois boi de mamão foi possível que as crianças
as crianças nos indicaram sobre o que vivenciassem experiências, representadas
gostavam para que assim pudéssemos através das linguagens do movimento, da
proporcionar momentos que ampliassem música e da oralidade. Neste momento as
suas possibilidades de ver e se desenvolver crianças manipularam livros e revistas.
sobre o mundo que os cercam. Foi necessário refletirmos sobre a
Na sala de Educação Física (a exploração dos materiais a serem utilizados
criança) A. encontrou um chocalho na construção dos folguedos e dos
dentro de uma caixa e iniciou instrumentos musicais. Utilizamos o texto
movimentos que proporcionaram de Rosinara Oliveira (2012) “Explorar e
a escuta de um som, D. R. foi até Criar Com Materiais: Práticas Expressivas
a mesma caixa e encontrou um na Educação Infantil”.
pandeiro. Os dois começaram a
tocar os instrumentos juntos! Concordamos com a Proposta
Próximo a casinha havia um pedaço Curricular do Município de São José (2000)
de pano de “chita” que fez lembrar ao considerar que,
da tradição cultural açoriana do [...] a criança precisa considerar
município, comecei a cantar a o espaço da instituição como seu.
música do boi de mamão passando Este precisa ser usado por ela de
o pano por cima das crianças que forma participativa e autônoma,
riam e se movimentavam com a possibilitando-lhe realizar o
brincadeira. D. R. além de tocar exercício da escolha, da decisão,
o pandeiro cantava repetindo as da proposição, da solidariedade,
últimas palavras da estrofe! M. da cooperação, da tolerância,
E. gargalhava e se escondia na da diferença, (de idade, gênero,
casinha quando passava com o raça, etnia, cultura, credos, entre
pano próximo a elas (Registro da outras) (p.159).
Professora Karina, 24/02/15). Exploramos todo o material a ser
Iniciamos então a ação de ampliar utilizado para a confecção dos instrumentos
o repertório cultural das crianças a fim de para cantar e tocar as músicas do boi de
resgatar a cultura local, dando visibilidade mamão. Os materiais como tecido, caixas,
às práticas desenvolvidas pelo grupo, linhas, fitas, grãos de diversos tipos, garrafas,
latas, entre outros, ficaram disponíveis crianças, trazendo elementos no sentido de
para que as crianças manuseassem quando redimensionar o seu fazer com elas.” (p.161)
sentissem vontade de brincar. A liberdade Por meio das observações
de escolha proporcionou às crianças a consecutivas e das propostas vivenciadas
exploração e a resolução de problemas, tais com as crianças pequenas, pudemos
como: o tecido a ser utilizado e os variados evidenciar o desenvolvimento e a evolução
tamanhos necessários para cobrir os objetos da oralidade, da expressão corporal, assim
e o próprio corpo explorando os materiais como o entendimento das crianças com
disponíveis. Os grãos, as latas e as garrafas relação à exploração dos materiais e à
os levaram diretamente para o caminho da construção das aprendizagens.
musicalização e às diferentes possibilidades
Proporcionar momentos de interação
de explorar/sentir a música.
com diálogos é fazer com que as crianças
Para a confecção dos personagens percebam a importância da comunicação.
e dos instrumentos utilizamos a técnica Construindo os personagens do folguedo
da papietagem, que consiste em deixar e instrumentos musicais com as crianças,
superfícies mais duras utilizando camadas efetivou-se a riqueza da construção, pois
de cola e papel. Construímos o Boi de foram protagonistas de suas histórias.
mamão, Bernunça, Cavalinho, Maricota, Todo esse processo de construção da
Urubu, Macaco, Urso, pandeiros, chocalhos, docência, do ser professor foi possibilitado
tambores e uma parede musical utilizada pelas atividades promovidas no âmbito do
para exploração e contação de histórias. PIBID Ed. Infantil de Biguaçu e São José,
Na saída de campo à Olaria Beira- um programa que investiu na qualidade da
mar, localizada no município, as crianças formação do futuro professor.
e as pibidianas tiveram a oportunidade de Referências
conhecer um pouco mais da cultura local. Ao
GANDINI, L.; GOLDHABER, J. Duas
se depararem com personagens do folguedo
reflexões sobre a documentação. In:
produzidos com argila, as crianças ficaram
GANDINI, L.; EDWARDS, C. (Org.).
eufóricas, cantando as músicas e chamando a
Bambini: a abordagem italiana à educação
professora e as licenciandas para mostrar cada
infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.
personagem que avistavam. Após a visitação
à Olaria, fomos até a beira-mar aproveitar BRASIL. Ministério da Educação.
o que a natureza pode nos proporcionar, a Secretaria de Educação Básica. Diretrizes
brisa, a paisagem e o canto dos pássaros! Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil. Secretaria de Educação Básica. –
As crianças brincam e cantam as
Brasília: MEC, SEB, 2010.
músicas do folguedo desfilando orgulhosos
pelo CEI. Desta maneira concordamos com a OLIVEIRA, Rosinara. Explorar e Criar
Proposta Curricular do Município de São José Com Materiais: Práticas Expressivas na
(2000), ao citar que “[...] a avaliação é também Educação Infantil. Porto Alegre, 2012.
um instrumento de reflexão, por meio do qual PROPOSTA CURRICULAR DA REDE
o professor não só pensa sobre o seu trabalho, MUNICIPAL DE ENSINO DE SÃO
mas se inclui como membro do grupo que JOSÉ. Uma primeira síntese. PMSJ/
está sujeito também a avaliação por parte das SME. São José. 2000.
116
PIBID UNIVALI PEDAGOGIA
ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Vanderlea Meller
Coordenadora de Área de Gestão
PROJETO
EDUCAÇÃO
AMBIENTAL 2015
PROJETO
BRINCADEIRAS DE
RUA (1º semestre)
120
[...] tomar a criança como ponto de partida exigiria compreender que, para ela,
conhecer o mundo envolve o afeto, o prazer e o desprazer, a fantasia, o brinquedo
e o movimento, a poesia, as ciências, as artes plásticas e dramáticas, a linguagem, a
música e a matemática. (KUHLMANN JR, 1999, p.62).
HORTA E
JARDINAGEM NA
ESCOLA (2º semestre)
Referências
BRASIL. Diretrizes Curriculares para o Curso de Graduação em Pedagogia (2006).
FREITAS, Luiz Carlos de. Os reformadores empresariais da Educação: a consolidação do
neotecnicismo no Brasil. In: FONTOURA, Helena Amaral da. Políticas públicas, movimentos
sociais: desafios à Pós-Graduação em Educação em suas múltiplas dimensões. Rio de Janeiro:
Anped Nacional, 2011. p. 72-90 (E-book).
KRAMER, Sônia. A infância e sua singularidade. In: Ensino fundamental de nove
anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade/organização Jeanete
Beauchamp, Sandra Denise Rangel, Aricélia Ribeiro do Nascimento – Brasília: Ministério
da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.
KUHLMANN Jr., M. Educação infantil e currículo. In: FARIA, A. L.G.; PALHARES,
M.S. (Orgs.). Educação infantil Pós LDB: Rumos e desafios. Campinas, SP: Autores
Associados - FE/ UNICAMP; São Carlos, SP: Editora da UFSCar; Florianópolis, SC:
Editora da UFSC, 1999. p. 51-65 (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo; 62).
OSTETTO, L.E. (Org.). Educação infantil: Saberes e fazeres na formação de professores.
Campinas, SP; Papirus, 2010.
121
SUSTENTABILIDADE E
CIDADANIA: uma proposta
pibidiana do curso de Pedagogia
da UNIVALI
Mauro José da Rosa
Coordenador de Área
Elaine Farina
Luciana Gomes Alves
Coordenadoras de Área
134
argola indiana tornou-se mais um aparelho
da ginástica a partir das diversas manobras
de lançamento e recepção, circunduções,
balanceamentos...
A visita ao projeto que ocorre no
Centro de Ginástica, do município de
Antônio Carlos, foi muito importante para
o reconhecimento da ginástica artística,
acrobática e do trampolim acrobático. Os
pibidianos levaram os alunos a vivenciarem
diversas experiências com os aparelhos
específicos da ginástica e experimentaram
diversas movimentações e ritmos envolvidos
para a conquista das técnicas específicas.
Os projetos envolvendo ritmos
foram muito construtivos para os alunos,
licenciandos e professores de Educação Física
envolvidos no subprojeto BRINCRIAR,
pois valorizaram a diversidade envolvida
na cultura de movimento. A sala de aula
foi vivenciada pelos licenciandos que
aprenderam a planejar, executar as ações
no ambiente escolar, lidar com conflitos
diversos, trabalhar em grupo e avaliar
constantemente os processos pedagógicos.
Referências
ARTAXO, I.; MONTEIRO, G. A. Ritmo
e Movimento: Teoria e Prática. 4. ed. São
Paulo: Phorte, 2008.
KUNZ, E. Transformação Didático
pedagógica do Esporte. 6. ed. Ijiuí RS:
Unijuí, 2003.
MARIANI, S. Émile Jaques-Dalcroze. In.
MATEIRO, T.; ILARI, B. Pedagogias em
educação musical. Curitiba: IBPEX, 2011.
RETONDAR, J. J. M. A importância do
ensino rítmico na escola. Perspectivas
em Educação Física Escolar, 2 (1):13-24,
2001.
135
ATUANDO COM BEBÊS:
O DESAFIO ESTÁ LANÇADO!
Fabiano Weber da Silva
Coordenador de Área
Patrícia Souza
Rafaella de Miranda Simas
RoseaneValdrich
Yulli Marques Feliciano
Éric de Souza Teixeira
Licenciandos
139
CORPO ESPETÁCULO:
o picadeiro na Educação Infantil
Fabiano Weber da Silva
Coordenador de Área
Amanda Ratti
Crislleny Luiza Marques
Fernando Cruz
Letícia Luiz
Waleska Pinton Barcellos
Licenciandos
147
essa premissa, pretendemos nesse trabalho na escola, mas também sobre suas vidas.
expressar a importância do papel das Aproveitam oportunidades que surgem
crianças nas relações estabelecidas nas durante o dia para interagir, estabelecer
salas de aula em que atuam os pibidianos. vínculos e entender a lógica deste processo
Na produção de cada atividade em do qual estão fazendo parte. Assim,
sala de aula, as crianças aparecem atuando mostram-se atores sociais plenos dotados de
socialmente “com” e “como” o adulto, ou capacidades de ação quando iniciam alguma
seja, não são passivas frente à cultura e à fala, propõem mudanças nas atividades,
sociedade, mas participam ativamente da trazem suas experiências de vida como
produção cultural e social. Elas não estão referências, mas ao mesmo tempo aceitam
separadas da sociedade e suas relações as propostas ofertadas. Engajam-se nos
sociais fazem parte do contexto em que projetos desenvolvidos pelos acadêmicos,
vivem com os adultos e com seus pares. esperando ansiosamente pelos resultados.
Nesse sentido, compartilhamos Observando os exemplos citados
com Montandon (2005) a ideia de que a é possível refletir sobre o que sinaliza
criança não é passiva, ela constrói cultura Sarmento (2005, p.370), quando diz que
com seus pares, “seleciona, interpreta as “as crianças são seres sociais e, como
experiências, constrói estratégias que tais, distribuem-se pelos diversos modos
podem conduzir a mudanças nas suas de estratificação social: a classe social, a
relações com seus pais ou professores e a etnia a que pertencem, a raça, o gênero, a
revisões nas práticas destes. Há um efeito região do globo em que vivem”. O autor
da experiência da criança sobre as práticas” ainda complementa alertando que estes
(MONTANDON, 2005, p.494). diferentes espaços estruturais diferenciam
Os aspectos apresentados pela profundamente as crianças. Assim, nas
autora podem ser vistos quando os diferentes escolas nas quais estão inseridos os
acadêmicos(as) apresentam as atividades bolsistas do PIBID, as crianças trazem suas
e as crianças demonstram interesse, ou culturas e seus modos de vida, contribuindo
mesmo solidariedade em ajudá-los, pois na construção da identidade docente.
entendem que estão ali para aprender a Diante destes condicionantes sociais,
ser professor. Ouvem atentamente o que a cultura infantil está presente, ou seja, em
falam e se interessam por eles, fazendo articulação com a cultura e com a sociedade
muitas perguntas, não só sobre o que fazem adulta. Conforme a sociologia da infância,
148
as crianças têm sua dimensão simbólica processos sociais em pares – culturas de pares.
expressada por meio das culturas infantis. Essa produção não é individual, somente
Estas se constituem na sua capacidade de entre si, mas participam da teia social, da
construírem de forma sistematizada modos de sociedade adulta mais ampla. Sua produção
significação do mundo e de ação intencional. corresponde à cultura das crianças e a dos
As culturas da infância transportam as adultos, portanto não são indissociáveis, pois
marcas dos tempos, exprimem a sociedade as duas culturas estão inter-relacionadas.
nas suas contradições, nos seus estratos e na Para Sarmento (2005), o principal desafio
sua complexidade (SARMENTO, 2003). Por da sociologia da infância se constitui aí, na
isso, é possível perceber que os acadêmicos compreensão desses processos.
(as) só aprendem a ser professores em Montandon (2005) também explicita
relações reais, estabelecidas com as crianças algumas dificuldades enfrentadas na área,
no interior das salas de aula. Sem a presença pois na maioria das pesquisas sobre infância
delas e de suas intervenções não conseguimos ainda se observa o olhar do adulto sobre
dimensionar o que significa aprender em a criança a partir do adulto de referência,
situações reais com crianças reais. utilizando-se do discurso e da prática dos
Para Corsaro (1997), as crianças adultos. A autora salienta que as relações
interpretam e produzem sentidos nas entre as gerações são marcadas por uma
culturas que participam, o que o autor chama maior uniformização entre as crianças e
de “reprodução interpretativa” (CORSARO, os adultos ou por uma maior diferenciação
2002). Esse conceito expressado pelo autor entre eles.
fica visível nas atividades de contação de Em vários momentos destacados nos
histórias ou nos recreios pedagógicos, pois relatórios dos acadêmicos, podemos notar
nestes momentos as crianças interpretam que as crianças percebem e apreendem a
e ressignificam as ações produzidas pelos
lógica das relações sociais vividas pelos
adultos. A partir deste olhar, constroem
adultos que as rodeiam e passam a se adaptar
novas regras para os jogos propostos pelos
a elas. Essa adaptação parece não ser direta,
acadêmicos(as), ou novas narrativas das
eis aqui uma das peculiaridades das crianças
histórias contadas por meio de diversas
que, como atores sociais, constroem suas
formas de expressão.
culturas. Segundo Sarmento (2004), são
Não são apenas crianças imitando, perpassadas pela ludicidade, interatividade,
mas estão produzindo suas culturas e seus a fantasia do real e a reinteração.
149
Dos eixos abordados pelo autor, da construção das relações sociais, como
a interatividade se caracteriza como o também das formas de recriar o mundo.
conjunto de ações, comportamentos e Independente de época, etnia, gênero e
relações partilhados entre as crianças, classe social, o lúdico faz parte da vida da
definida como cultura de pares, mas essa criança, da descoberta de si mesmo, da
interatividade não se separa do mundo dos possibilidade de experimentar, de criar e de
adultos e da produção realizada, além de ser transformar o mundo. Neste sentido, este é
entre pares também é com a sociedade mais um dos eixos que perpassa todo o trabalho
ampla. Considerando o que diz o autor ao que os acadêmicos desenvolvem nas escolas,
observarmos o modo como agem as crianças produzem para as crianças brinquedos e
em relação aos acadêmicos (as), percebemos brincadeiras para vivenciar suas infâncias.
a cumplicidade nas trocas e ajuda mútua. Outras atividades desenvolvidas
Em sala, os alunos se relacionam com os pelos acadêmicos(as), como as expressões
acadêmicos de forma respeitosa, sentem artísticas por meio do teatro ou dança,
falta nos dias em que não estão na escola e também podem servir como exemplo
perguntam por que não vão todos os dias. para outro eixo citado por Sarmento,
Demonstram solidariedade e querem se a fantasia do real. Este eixo refere-se
aproximar com frequência, principalmente ao modo como as crianças ultrapassam
na hora dos intervalos, quando é muito a realidade e a recriam, utilizando o
perceptível momentos que estão produzindo imaginário. Pessoas, acontecimentos e
ações conjuntas para que, unidos, possam objetos podem ultrapassar essa barreira,
ultrapassar as dificuldades que surgem. sendo uma maneira de a criança realizar as
A ludicidade é um dos traços interpretações, e a apropriação do mundo
fundamentais que compõem as culturas se uma torna aceitável para ela.
infantis, Sarmento (2004) salienta sobre a Nesse sentido, Sarmento (2004)
possibilidade de aprendizagens que podem sinaliza que há uma “universalidade”
ocorrer, quando as crianças brincam, como, das culturas infantis que ultrapassa
por exemplo, a sociabilidade, participando consideravelmente os limites da inserção
cultural local de cada criança. Isso decorre Isto faz com que estejam mais sensíveis
do fato de as crianças construírem nas suas à causa e possam cada dia mais promover
interações “ordens sociais instituintes”, uma educação melhor para nossas crianças.
que regem as relações de conflito e de Referências
cooperação, e que atualizam, de modo
CORSARO, W. Sociology of Childhood.
próprio, as posições sociais, de gênero, de
Califórnia: Pine Forge Press, 1997.
etnia e de classe que cada criança integra.
(SARMENTO, 2004, p.22) CORSARO, W. A reprodução interpretativa
no brincar ao “faz-de-conta” das crianças.
Portanto, nas atividades do projeto
Educação, Sociedade & Culturas, n. 17.
PIBID Alfabetização, protagonismo
p.113-134.2002.
infantil, suas culturas e ações estão situadas
dentro de uma teia social mais ampla. A MONTANDON, Cléopâtre. As práticas
criança não se encontra em suspensão, parentais e a experiências das crianças.
relacionando-se só com os adultos, mas Educação e sociedade, Campinas, vol. 26,
está imersa nas questões estruturais com n.91, p.485-507, Maio/ago. 2005.
toda sua pluralidade produzida. SARMENTO, Manuel Jacinto & PINTO,
Neste sentido, entendemos que as Manuel. As crianças e a infância: definindo
relações estabelecidas com as crianças conceitos, delimitando o campo. In: PINTO,
nas escolas por onde passam nossos Manuel & SARMENTO, Manuel Jacinto.
bolsistas desdobram-se em aprendizagens As crianças, contextos e identidades.
consistentes. Lidar com crianças em Braga: Ed. Centro de Estudos da Criança,
situações reais fortalece o entendimento Universidade do Minho, 1997.
do que é possível encontrar em cada SARMENTO, Manuel Jacinto.
escola e não apenas do imaginário da Imaginário e culturas da infância.
criança perfeita, idealizada. Por isso, não Cadernos de Educação. FaE-UFPel.
só as crianças aprendem, mas também Pelotas.n.21.p.51-69.jul-dez .2003.
os acadêmicos(as) podem comover-se, SARMENTO, Manuel J. As Culturas da
sensibilizar-se com cada história de vida. Infância nas Encruzilhadas da Segunda
Modernidade. In: SARMENTO, M. J.;
CERISARA, A. B. Crianças e Miúdos:
Perspectivas sociopedagógicas da infância
e educação. Porto: Asa, 2004.
151
O TRABALHO COM OS BEBÊS
E OS PEQUENOS TESOUROS
A DESVENDAR
Marisa Zanoni Fernandes
Coordenadora de Área
156
METODOLOGIA DA
MATEMÁTICA: uso de jogos
didáticos metodológicos na
construção de conceitos
Maria Luiza P. Lemos
Coordenadora de área subprojeto: Metodologia da Matemática
Alexandra Rodrigues
Supervisora
Christane Capraro
Rosangela A. R. dos Santos
Edmara Luzia Stopasol dos Santos
Jucimara dos Santos K. de Souza
Bolsistas
Fernanda Tomasi
Jackson Luiz Severiano dos Santos
Renata Patrícia Mendes
Viviane Martins Corrêa
Licenciandos
162
A participação dos acadêmicos no
trabalho desenvolvido pelo PIBID na
escola por meio da elaboração dos projetos
além do troféu, participou de uma trilha nas diferentes áreas do conhecimento
ecológica e ganhou um quite de lanche. tem aproximado os acadêmicos do
Nesse percurso, foi vivenciado no espaço conhecimento científico, ensinando-os a
educacional uma vasta gama de experiências relacionar alguns conceitos aos aspectos
que contribuirão profundamente para didático-pedagógicos, como: a rotina da
a prática como professores quanto ao escola; a organização do ambiente; a seleção
desenvolvimento de projetos. dos conteúdos a serem trabalhados; a
metodologia a ser efetivada; o planejamento
Com muita organização, persistência,
e as suas adequações; a avaliação do processo
dedicação e bom humor, foi possível vencer
de aprendizagem, promovendo a reflexão-
as dificuldades que foram surgindo e foi
ação da prática pedagógica e favorecendo
grande a participação dos alunos, pais
a formação docentes, tão relevante e
e comunidade escolar em geral. Não se
necessária na formação dos estudantes dos
esperava tamanha participação e nem o
cursos das licenciaturas.
volume de resíduos arrecadados durante
esses quase três meses de gincana. Ao longo Referência
do caminho, devido ao trabalho em equipe, BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria
conseguiu-se desenvolver nos alunos uma de Educação Básica. Diretoria de Currículos
“Educação Ambiental para Vida” (slogan e Educação Integral - DICEI. Coordenação
criado para as ações desenvolvidas). O Geral do Ensino Fundamental COEF.
caminho da educação ambiental, além de Elementos conceituais e metodológicos
longo, é também contínuo, de mudança para definição dos direitos de
de hábitos e atitudes, evidenciando a aprendizagem e desenvolvimento do ciclo
importância que o meio ambiente tem para de alfabetização (1, 2, e 3, anos) do ensino
a vida humana. fundamental. Brasília: MEC/SEB, 2012.
163
PROVOCAÇÕES ARTÍSTICO-
FILOSÓFICAS
Fernanda Estela Rocha
Jussara Galiotto de Souza
Mayara Wollinger
Michelle Mafra
Patricia da Rosa
Priscila Vieira
Licenciandas
Edgar Piva
Coordenador de área
164
que têm como finalidade prepará-los
criticamente para as novas competências
de inserção ocupacional. A escola não
deve ser refém das demandas do mercado
de trabalho, devendo preocupar-se de
forma ampla com a formação do cidadão
que procura inserir-se de forma crítica no
mundo do trabalho.
Este subprojeto tem como objetivo intolerância de professores, discriminação,
também desenvolver nos licenciandos preconceito e medo de fracasso escolar.
que participam do PIBID a competência Nesse sentido, optou-se por trabalhar
comunicativa e a formação estética, cujas durante o segundo semestre de 2015 com
habilidades são de grande importância intervenções artísticas e filosóficas com
para o exercício da docência em todas as alunos e professores da instituição, visando à
modalidades de ensino e se desenvolve em reflexão e à exploração da arte como arte, isto
torno de 3 eixos norteadores: 1: “Melhoria é, da arte como experiência de fruição e de
das práticas educativas aplicadas à educação da sensibilidade. A organização de
escolarização dos estudantes trabalhadores momentos de provocação artística e filosófica
para inserção no mercado de trabalho”; 2: dentro da escola teve como objetivo o
“Ajuste curricular que promova temáticas desenvolvimento do senso crítico e reflexivo
relacionadas ao mundo do trabalho e à e a formação estética de alunos e professores.
cidadania”; 3: “Facilitador do aprendizado As intervenções obtiveram como
por meio da cultura e literatura”. resultado a produção de um objeto de
Amparados pelos eixos norteadores aprendizagem digital. Tal objeto de
do subprojeto EJA, desenvolveu-se em aprendizagem ficará disponibilizado no
2015 o projeto “Práticas e aprendizagens laboratório de informática da escola e
interdisciplinares: objeto de aprendizagem poderá ser utilizado pelos professores e,
digital a partir de intervenções artísticas quem sabe, servir de modelo para que se
e filosóficas”. criem outros objetos de aprendizagem.
Por meio das atividades A metodologia utilizada foi a
desenvolvidas pelas pibidianas na Educação interação de alunos em momentos artísticos,
de Jovens e Adultos, observou-se a carência sejam artes plásticas, dança, música, teatro,
de atividades voltadas à formação estética cinema e a partir daí foi proposta a reflexão
do ser humano, percebendo-se um grande acerca da apreciação realizada. Após as
índice de evasão, muitas vezes, causada pela intervenções, foi criado um objeto de
aprendizagem digital, disponibilizado em
todos os computadores do laboratório de
informática e avaliado pelos alunos após
interagirem com o aplicativo.
As interações foram feitas na escola,
com os alunos e professores e também fora
165
dela, como, por exemplo, na participação do desfile cívico, em que os alunos participaram
do planejamento e da execução da provocação.
Dentre as reflexões propostas, alguns questionamentos se fizeram necessários
sobre a vida, os estudos, a relação com os outros. Tais provocações foram feitas de forma
sutil, com pequenos cartões deixados nas carteiras da sala, nos carros e por meio de painéis
expostos na escola.
O processo de provocações para a criação do objeto de aprendizagem digital serviu
para a reflexão das futuras acadêmicas, que desenvolvem atividades na EJA, acerca de sua
formação estética, pois ao escolher as atividades artísticas e culturais, percebeu-se que
muitas delas nunca haviam apreciado uma obra de arte, realizado ida ao teatro ou se dado
conta dos diversos gêneros, ritmos e instrumentos que a música possui.
166
ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA
NOS ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Cristiano Romais
Coordenador de Área
A perspectiva interdisciplinar no
contexto das ações desenvolvidas com/
para/pelas pibidianas no subprojeto
INTERDISCIPLINAR PIBID/UNIVALI
no CEM Tomaz Francisco Garcia (Balneário
Camboriú/SC) é concebida como um
processo de interação entre o conhecimento
racional e o conhecimento sensível; entre
conhecimento científico, escolar e cotidiano
indissociável para a produção do sentido
e do significado da vida da forma como
a conhecemos hoje. Na educação formal, outra concepção de divisão do saber, frisando a
interdependência, a interação e a comunicação existentes entre as disciplinas escolares.
Um desafio sem dúvida, pois as palavras exprimem o que pensamos e o que fazemos.
E o que temos proposto ao grupo (e a mim mesma) nesse momento é um convite à reflexão
sobre o desdobramento da concepção de interdisciplinaridade na prática e, a partir desta,
explorar seu significado. Pensar sobre o que temos realizado com a intenção de dar
significado ao que somos, ao que sabemos e ao que podemos vir a ser e a saber.
Nesse sentindo, o processo educacional (formal e não formal) do presente-futuro
precisa levar em conta a ideia da unidade da espécie humana, sem mascarar sua diversidade.
Há uma unidade humana que não é dada somente pelos traços biológicos do ser, assim como
há a diversidade marcada por outros traços que não os psicológicos, culturais e sociais.
Compreender o ser humano é entendê-lo dentro de sua unidade e de sua diversidade,
conservando a unidade do múltiplo e a multiplicidade do único (MORIN, 2003).
171
Compreender o currículo escolar a ‘o mais politizado, inovado, ressignificado’”
partir dessa perspectiva e, ao mesmo tempo, (ARROYO, 2001, p.13). Isso exige pensar
aprender suas novas interfaces com as estratégias metodológicas que imprimam
diversas dimensões humanas transformam sentido e significado às atividades escolares.
o trabalho educacional na medida em que Este tem sido o foco do subprojeto
este aprendizado se traduza em ações, em INTERDISCIPLINAR: o desenvolvimento
experiências. “O sujeito da experiência é de ações educacionais que possibilitam
um sujeito ‘exposto’” (LARROSA, 2002, aos(as) acadêmicos(as) bolsistas - dos
p. 23). Uma experiência que podemos cursos de licenciatura em Pedagogia, em
entender como contextual, finita, História, em Educação Física e em Letras
desordenada, imprevisível, incalculável e e professores supervisores - formações
singular. Experiência e vida vistas como diferenciadas que ganham sentido e
singularidade. A experiência é o que significado interpretado em sua faceta
nos passa, o que nos toca, o que forma e integradora. No dizer de Fazenda (1996),
transforma (ibid). um projeto intencional de envolvimento
Assim, mergulhar no subprojeto coletivo que excede os conceitos de
Interdisciplinar exige abertura essencial às integração, interação e inter-relação para
experiências que possivelmente ainda serão a construção única do conhecimento.
construídas e partilhadas com vistas ao Educação como um processo-projeto que
aprender e ensinar. Para Nóvoa (1992), o tem como sinônimo a “conscientização”
aprender contínuo é essencial e se concentra do olhar de Freire (1982): desvelamento
em dois pilares: a própria pessoa, como crítico da realidade e ação transformadora
agente, e a escola, como lugar de crescimento sobre esta (no sentido da construção de
profissional permanente. Acrescento uma comunidade humana sem opressores
ao pensamento ao autor em referência nem oprimidos). Tal entendimento de
(1992), a escola como espaço e tempo educação está ancorado na base conceitual
para a construção do pensamento aberto, da abordagem histórico-cultural nos
generoso, flexível, integrador, includente, processos de elaboração conceitual,
interativo com atividades curriculares/ presentes nos estudos de Vygotsky
ações que mobilizem experiências, desvelem (1989). Com base nesses pressupostos, o
fragilidades, provoquem a metarreflexão subprojeto Interdisciplinar contempla três
num movimento contínuo entre sujeitos da eixos organizadores:
docência e dos docentes em formação. Eixo1: O processo de ensinar e
Concebendo o “currículo como aprender no contexto da educação formal: a
texto, discurso [...] como documento prática pedagógica com foco nas vivências:
de identidade” (SILVA, 2000, p.150), ou projeto de formação continuada a ser
ainda como “núcleo e o espaço central mais desenvolvido a partir projetos de trabalho;
estruturante da função escolar [...] e por oficinas/palestras com as temáticas:
causa disso, é o território mais cercado, Interdisciplinaridade; Ética nas relações
mais normatizado [...] eis aí a necessidade profissionais: um diálogo necessário; Projeto
de trabalharmos para que ele seja também Político Pedagógico: o ensinar e aprender
172
em movimento; alfabetização científica; intelectual do mundo circundante; exercitar
trabalhando com pesquisa em sala de aula; a observação como habilidade fundamental
diferentes estratégias de aprendizagem para a compreensão dos sentimentos
com foco no desenvolvimento de operações que se expressam por meio de formas
mentais; elaboração de mapas conceituais; visuais; ampliar o repertório de conceitos
sistematização das estratégias e sequências científicos a partir de expressões artísticas.
didáticas que vêm sendo aplicadas pelos Além disso, o subprojeto desenvolveu a
professores na unidade escolar; elaboração contação de história itinerante em cada
de glossário com os termos pedagógicos sala de aula (um momento diferenciado), a
e base conceitual nas diferentes áreas do produção textual e as pinturas com formas
conhecimento. geométricas. E sonhando com a Escola do
173
domínios sensíveis e corporais que nos são (Florianópolis/SC), ao Museu do Olho,
dados com a existência. Jardim Botânico (Curitiba/PR); exposições
Para o autor em referência, se à arte de artes na Biblioteca da UNIVALI;
cabe o papel de instrumento para a educação dicas básicas de fotografias como recurso
da sensibilidade e para a descoberta de outra didático de alta eficiência; idas ao teatro e
forma de significação que não a conceitual, cinema, cantando e encantando.
175
como uma disponibilidade fundamental, Referências
como uma abertura essencial. BONDÍA. J L. Notas sobre a experiência
Para o autor em referência (ibid.), e o saber da experiência. GERALDI, J. W
o sujeito da experiência é um sujeito “ex- (trad.). In: Revista Brasileira de Educação,
posto”. Do ponto de vista da experiência, Rio de Janeiro: Autores Associados, n.19,
o importante não é nem a posição (nossa jan./fev./mar./abr., 2002, p.25-28.
maneira de pormos), nem a “o-posição” DUARTE JR, J. F. O sentido dos sentidos:
(nossa maneira de opormos), nem a a educação (do) sensível. Curitiba: Criar,
“imposição” (nossa maneira de impormos), 2001.
nem a “proposição” (nossa maneira de
FAZENDA, I. (Org.). Práticas
propormos), mas a “exposição”, nossa
interdisciplinares na escola. 3. ed. São
maneira de “ex-pormos”, com tudo o que
Paulo: Cortez, 1996.
isso tem de vulnerabilidade e de risco.
Por isso é incapaz de experiência aquele MORIN, Edgar. Os setes saberes
que se põe, ou se opõe, ou se impõe, ou se necessários à educação do futuro. 8. ed.
propõe, mas não se “ex-põe”. É incapaz de São Paulo: Cortez, 2003.
experiência aquele a quem nada lhe passa, NÓVOA, Antônio.. Formação De
a quem nada lhe acontece, a quem nada lhe Professores E Profissão Docente.
sucede, a quem nada o toca, nada lhe chega, Lisboa, Dom Quixote, 1992. Disponível
nada o afeta, a quem nada o ameaça, a quem em: <http://repositorio.ul.pt/
nada ocorre. bitstream/10451/4758/1/
Podemos afirmar, então, que o saber FPPD_A_Novoa.pdf.>. Acesso em: 23
da experiência se dá na relação entre o maio 2014.
conhecimento e a vida humana. Essa é a nossa
aposta no PIBID INTERDISCIPLINAR/
UNIVALI.
176
ENCONTRO FAMÍLIA-ESCOLA:
o Chá de Integração e Cultura
como Proposta de Aproximação
Enísia Tolardo Magnavita
Sílvia Letícia França
Professoras Supervisoras
e sentia em relação ao que foi lido junto ao abertura do Chá deu-se com a apresentação
grande grupo. Essas frases falavam sobre do Coral Infantil do Projeto Oficina, da
algo relacionado à vida, aos sentimentos Secretaria Municipal de Educação e estavam
e à autoestima. Houve participação com presentes cerca de 20 crianças juntamente
entusiasmo de todos os presentes. Depois com os professores coordenadores, que
de energizar a “alma”, chá com cuca e encantou a todos com apresentações de três
sorteios de brindes para energizar o corpo. canções. Uma nutricionista fez um diálogo
Momento mãe-mulher. Fonte: sobre alimentação saudável. Utilizaram-
Os autores, 2015.O 5º Chá da Família se duas salas de aula que foram decoradas,
de Integração e Cultura ocorreu no dia com o intuito de tornar o ambiente mais
28/09/2015 nas dependências da escola. aconchegante. Durante os trabalhos
Nosso grupo de pibidianos se expandiu. homenagearam-se os voluntários que se
Naquele momento se contava com 17 dispuseram a ajudar com a exibição de
licenciandos(as) e quatro professoras um vídeo de agradecimento. No decorrer
supervisoras. O tema abordado foi “Saúde e da oferta de serviços, serviram-se chás de
cuidados com a beleza”. Estiveram presentes frutas cítricas, bolo e pão com patê.
oito profissionais, quatro acadêmicas São propostas como estas
do curso de Cosmetologia e Estética da vivenciadas pelos pibidianos que integram
UNIVALI que se voluntariaram a oferecer a comunidade no cotidiano escolar,
serviços de massagem, maquiagem,
manicure e design de sobrancelhas. A Momento mãe-mulher. Fonte: Os
autores, 2015.
aproximando pais, professores e alunos, mediada em relações de confiança, de
proporcionando trocas de experiências que respeito às diferenças e de acolhida à
fortalecem o vínculo entre escola e família. multidimensionalidade humana.
A experiência aprendida pelos pibidianos Nesse sentido, os pibidianos
de acolher a comunidade com um jeito tornam-se coensinantes e coaprendentes
mais leve - com o objetivo da escuta, na construção da autonomia e da autoria
com o aproveitamento das experiências vivenciada nos momentos de estudo, de
familiares na construção dos saberes e das elaboração de estratégias de intervenção e
ações escolares - tem apontado um cenário no compartilhamento de projetos de vida.
otimista na (re)construção dessas relações.
Momentos únicos em que
A relação de cumplicidade efetivamente a escola faz seu papel de
estabelecida entre pibidianos, pais e mães integradora, reavivando o interesse dos
e equipe administrativo-pedagógica traz pais na educação de seus filhos. A ênfase
contribuição no processo de qualificação dos está na busca de soluções para os desafios
bolsistas, potencializando o aprendizado diários enfrentados pela escola e pelas
sobre o estabelecimento de relações famílias em um ambiente encorajador de
escola-família. O fomento de ambientes de que é possível “viver e não ter a vergonha
colaboração e de parcerias e os momentos de ser feliz. Cantar e cantar e cantar a
de planejamento e organização dos beleza de ser um eterno aprendiz. [...] Eu
encontros são espaço e tempo de articulação sei, que a vida devia ser bem melhor e será”
teoria-prática, efetivando a aprendizagem (GONZAGUINHA).
Referências
BASSEDAS, E. et al. Intervenção Educativa
e Diagnóstico Psicopedagógico. Porto
Alegre: Artmed, 1996.
180
PIBID INTERDISCIPLINAR
E HORTA: protagonismo e
aprendizagem solidária
Eliane Renata Steuck
PPGE UNIVALI/Itajaí
184
seria uma “escola do futuro”. No início, a fecundidade das ações e das atividades
houve timidez, medo de falar, mas esses curriculares realizadas possibilitam aos
sentimentos foram superados à medida que bolsistas o exercício da competência
percebiam o interesse de todos os presentes. comunicativa (produção textual, releitura e
A construção de piscinas para os alunos análise dos diários de bordo elaborados por
maiores e para os menores, entre outras alunos do CEM Tomaz Francisco Garcia)
sugestões, renderam algumas gargalhadas, e o desenvolvimento da competência
o que os deixou mais descontraídos. Foi ética e estética, configurando-se como
uma experiência fantástica! um movimento dialógico-reflexivo. Os
A apresentação dos mapas teve como conhecimentos já apropriados pelos
objetivos estimular a argumentação e a bolsistas do PIBID interdisciplinar têm
oralidade, além de garantir a participação originado novas produções de sentido
do maior número de sujeitos nos processos de e significado de ser e estar no mundo,
elaboração e desenvolvimento das atividades. potencializando ao mesmo tempo o ser-
Em sequência à apresentação dos saber-fazer da e na docência, tendo em
alunos, os acadêmicos bolsistas organizaram vista a busca por uma escola mais generosa,
um momento para discussão no grande amorosa, includente, articuladora e
grupo, a partir dos cenários desenhados, fomentadora de diferentes saberes.
com o objetivo de construir coletivamente Referências
os conceitos de Biodiversidade e Habitat. BRASIL, Coordenadoria de
Após a roda de conversas, os alunos Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
receberam um “desafio” para desenvolver
Superior e Educação Básica/CAPES.
em casa junto com a família. Os conceitos
Relatório de Gestão PIBID. Brasília,
e a atividade – desafio – foram registrados
2013.
no Diário de Bordo. A atividade teve como
objetivo conhecer a cultura alimentar das FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:
famílias e estimular os alunos a pensarem saberes necessários à prática educativa. 48.
sobre os vegetais que conhecem, incluindo ed. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
flores e outros vegetais não comestíveis. LEGAN, L. Criando habitats na escola
Mais do que repetir ou elaborar sustentável. São Paulo: Imprensa oficial,
conceitos, o projeto Horta objetiva promover 2009.
a vivência destes conceitos, estimulando o MAFFESOLI, M. Elogio da razão
aluno a reconhecê-los em seu cotidiano, bem sensível. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
como incluir nas vivências pedagógicas os STEUCK, E. R. Princípios do PIBID.
saberes destes. Neste sentido, concordamos Ilustração apresentada na qualificação de
com Freire quando estimula a pensar “por
Mestrado em Educação Univali. Programa
que não estabelecer uma ‘intimidade’ entre
de Pós-Graduação em Educação, 2015.
os saberes curriculares fundamentais aos
alunos e a experiência social que eles têm
como indivíduos?” (FREIRE, 2014, p. 32).
Os resultados parciais deste
subprojeto permitem a inferência de que
ALÉM DAS PALAVRAS:
formação estética no PIBID
de Letras
Maria Cristina Kumm Pontes
Coordenadora de Área
186
a diferentes linguagens e expressões, do texto o que nós pensamos do
ao exercício da imaginação e da texto, mas o que – com o texto, ou
experimentação no novo, à compreensão contra o texto ou a partir do texto
dos diferentes sentimentos e movimentos – nós sejamos capazes de pensar.
(LAROSSA, 2001).
artísticos, criando, como diz Eco (1997),
Observar uma obra de arte, assistir
“uma percepção particular do objeto”.
a uma peça de teatro, ouvir música, ir ao
A dimensão estética não se refere cinema, a uma manifestação cultural,
exclusivamente ao gosto pelas artes, mas à participar de movimentos folclóricos ou ir
capacidade que se desenvolve de relacionar a um festival gastronômico é direcionar os
a arte com a vida. Trata-se, portanto, de sentidos ao texto que se oferece, seja ele
explorar o belo, as emoções que surgem um quadro, uma canção, uma dança, um
diante do objeto observado, oportunizando, prato típico. O que se pretender é aguçar
assim, a ampliação das faculdades humanas. os sentidos para que não se compreenda
Para Rios (2003), “a sensibilidade e apenas o texto, mas que, com ele, contra
a criatividade não se restringem ao espaço ele ou a partir dele o indivíduo seja
da arte. Criar é algo interligado a viver, no capaz de transformar seus saberes e sua
mundo humano. A estética é, na verdade, uma idiossincrasia.
dimensão da existência, do agir humano”. UM DIA NO OLHO - OU SAIA
A LEITURA E O LEITOR – A DA BAILARINA
OBRA E O OBSERVADOR A arte é o homem acrescentado à
Entre os anos de 1994 e 1998, Jorge natureza, é o homem acrescentado
Larossa escreveu alguns textos, os quais, à realidade, à verdade, mas com um
significado, com uma concepção,
segundo ele, teriam “difícil enquadramento,
com um caráter, que o artista
do ponto de vista disciplinar”. Alguns deles
ressalta, e aos quais dá expressão,
foram publicados pela primeira vez em resgata, distingue, liberta e
1998 pela editora Contrabando no livro ilumina. (VAN GOGH, 2008).
intitulado “Pedagogia Profana: danças, Pretender a formação estética é
piruetas e mascaradas”. pensar em desfrutar de espaços artísticos,
Em um dos textos que compõe culturais e históricos, e o Museu Oscar
a publicação, o autor faz referência ao Niemeyer (MON) foi o espaço escolhido
momento e ao ato da leitura. Lá, ele fala para proporcionar aos alunos de Letras
em texto da forma convencional, daquele da UNIVALI, participantes do Programa
formado por palavras. Mas se pode remeter Institucional de Bolsa de Iniciação à
o mesmo pensamento a outros textos, Docência (PIBID) um dos momentos mais
em outros suportes, pois a essência do importantes da formação.
pensamento está na consequência da leitura. Situado na cidade de Curitiba,
Na leitura da lição não se busca o capital paranaense, o MON, popularmente
que o texto sabe, mas o que o texto conhecimento como Museu do Olho, foi
pensa. Ou seja, o que o texto leva a inaugurado em 2002, tendo como sede o
pensar. Por isso, depois da leitura, o prédio que foi projetado pelo arquiteto
importante não é que nós saibamos brasileiro que dá nome ao museu.
187
O projeto do então Edifício
Presidente Humberto Castelo Branco data
de 1967, mas a conclusão da obra se deu
em 1978. Após a inauguração, o prédio foi a
sede das Secretarias de Estado por 22 anos.
Após algumas reformas, e com a construção
da torre principal (O Olho), o museu passou
a ser um dos pontos mais importantes para
a apreciação de exposições itinerantes
nacionais e internacionais, bem como de
um acervo permanente de referências, além Imagem 2 – O reencontro. Fonte: Arquivo
do espaço Niemeyer. pessoal (2015).
A apreciação já inicia pela beleza Nas salas ao lado, instalações
arquitetônica do Museu. Com linhas retas brincam com fios de algodão, tubos de
e curvas sinuosas, largos espaços entre as ensaio, luzes, formas, sombras, espelhos
colunas, o museu mistura a leveza do banco e reflexos. As sensações ficam à flor da
com a imponência da torre e seu lago. pele em momentos em que o observador
caminha por dentro da obra e percebe que
os feixes de luz azuis são, na verdade, fios
de algodão.
195
a educação precisa ser pensada como A visita aos prédios históricos estava
possibilidade de explorar os contextos articulada a outro momento planejado: a
sociais dentro dos quais estão imersos os oficina com a artista plástica Lindinalva
alunos. Nesse sentido, a arquitetura do Deolla, que permitiu apresentar como os
município de Itajaí tem muito a contribuir prédios históricos podem ser retratados
para a compreensão da história viva. Por por meio de obras de arte com as técnicas
esta razão, foi organizada a visita técnica, que a artista utiliza.
na qual o aluno da EJA identificou os Em seu trabalho a artista tanto
principais prédios históricos da Rua
retrata estes prédios por meio de desenhos
Hercílio Luz, observou a diversidade
como também pela pintura, utilizando a
artística, cultural e étnica presentes na
técnica aquarela. A intenção nestes dois
arquitetura das construções.
momentos foi levar os alunos a momentos
A visita possibilitou uma melhor de estesia, pois ao refinarmos nosso olhar,
compreensão dos alunos sobre a história passamos a perceber melhor os detalhes
de Itajaí, assim como conhecer prédios que das coisas, permitimo-nos ver além das
passavam despercebidos do olhar deles. aparências imediatas.
Durante a visita puderam fazer registros
Ir além das aparências imediatas
fotográficos, e também registraram em
proporciona processos de humanização
sua memória a importância destes prédios
para a história da cidade e para o cotidiano por meio do refinamento dos sentidos, ou
da comunidade. Foram enfatizadas as seja, por meio do desenvolvimento do saber
principais características artísticas, sensível. Duarte Jr. (2001) já sinalizou, em
culturais e arquitetônicas da localidade, seus escritos, que pela junção do inteligível
possibilitando um contato maior com a ao sensível podemos desenvolver o saber
cultura regional. estésico, um saber que aprimora o olhar,
as emoções, as sensações e a forma de
ver o mundo e os sujeitos. Assim, refinar
o sensível decorre de nossas experiências
culturais, permitindo-nos alterar nosso
estado humano embrutecido para um
estado humano culturalmente refinado -
fruto de uma formação estésica.
Ao vivenciarmos momentos que
fomentam a formação estésica, possibilitamos
o desenvolvimento de habilidades e de
conhecimentos diretamente ligados ao
processo de humanização. Vê-se, portanto, a
estética como um saber sensível, como um
meio de humanização dos seres humanos
que pode ser pelas diferentes linguagens
artísticas, pela interação com o meio
ambiente, pela literatura ou até por viagens
que possibilitem conhecer novos costumes
e novas culturas. As “vivências culturais”,
nesse contexto, caracterizam-se como um
importante caminho possível para vermos a
vida com um olhar mais apurado/refinado/
sensível, pois, por meio delas, o ser humano
pode ser mais humanizado, com um olhar
seus trabalhos, o tempo e o processo de
observador, com a sensibilidade aguçada
produção e as suas fontes de inspiração.
aliada à capacidade de perceber o quão digno
Finalizada a conversa, ela realizou uma
é viver, o quanto cada dia pode ser uma nova
pintura para os alunos observarem o
oportunidade de relações e aprendizados.
uso do material e o desenvolvimento do
Nesse sentido, a segunda atividade processo criativo. Na oficina, pensada para
foi o contato com a artista Lindinalva possibilitar a experiência de manusear
Deolla, que foi convidada a ir até a escola material diferenciado, vivenciando o
para que os alunos tivessem um contato processo criativo, os alunos tiveram a
direto com as obras da artista e sua técnica: oportunidade de produzir quatro obras com
a aquarela. Para tanto, a biblioteca escolar o auxílio da artista Deolla, que os motivou
foi adaptada para receber as obras, a artista e apreciou o que desenharam e pintaram.
e os alunos. O encontro foi permeado de
Muito mais que o belo, a arte é uma
expectativas, anseios e dúvidas a respeito
forma de expressar nossos sentimentos
da arte, pois muitos alunos compreendiam
e auxilia na percepção de nós mesmos e
que o acesso à arte era restrito a um do meio em que vivemos. A partir deste
pequeno grupo de pessoas intelectual e predicado, que a arte plástica carrega
financeiramente privilegiadas. consigo, o PIBID Interdisciplinar da escola
A artista socializou sua trajetória João Duarte proporcionou aos discentes o
profissional, a escolha dos materiais para contato com o erudito, desconstruindo um
197
plástica, o apoio da comunidade escolar
em relação a nossa proposta de trabalho
e a cooperação do grupo, revelou como
o programa PIBID tem auxiliado a ver a
docência na perspectiva de Paulo Freire,
quando afirmou que “ninguém começa a ser
educador numa certa terça-feira às quatro
da tarde. Ninguém nasce educador ou
marcado para ser educador. A gente se faz
educador, a gente se forma, como educador,
permanentemente, na prática e na reflexão
sobre a prática” (FREIRE, 1991). Eis o
grande desafio/diferencial do PIBID:
construir a docência no diálogo contínuo
paradigma que distanciava os alunos da entre a teoria e a prática.
EJA e a arte.
Referências
Estas duas atividades
DUARTE JR., J. F. O sentido dos
proporcionaram compreender que o
sentidos. 4. ed. Curitiba: Criar, 2001.
processo ensino e aprendizagem deve ser
visto como meio e não um fim, no qual o FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade.
professor pode ser o mediador e o aluno, um São Paulo: Cortez, 1991.
sujeito ativo na construção do saber. Fez SOARES, Andrey. F. C., REBECA,
entender que uma metodologia planejada, Elaine. S. R.. Em pauta: a formação
que possibilite um maior contato com as estésica no currículo escolar. Anais,
artes no espaço escolar, pode garantir uma do XII CONGRESSO NACIONAL
visão artística e cultural na construção DE EDUCAÇÃO – EDUCERE, III
do conhecimento tanto do aluno quanto SEMINÁRIO INTERNACIONAL
do professor. Sendo assim, o processo de DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS,
planejar uma aula deve considerar o modo SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO –
como os alunos serão afetados pelo conteúdo SIRSSE, IX ENCONTRO NACIONAL
pré-selecionado para a aula, assim como as SOBRE ATENDIMENTO ESCOLAR
estratégias e as mediações que sucederão a HOSPITALAR - I CONGRESSO
este primeiro estágio. NACIONAL SOBRE O ATENDIMENTO
O PIBID tem sido fundamental PEDAGÓGICO AO ESCOLAR EM
para refletir sobre a docência em si, sobre TRATAMENTO DE SAÚDE – APETS,
a importância do trabalho em parceria temática: Formação de professores,
com outros professores e sobre o quanto o complexidade e trabalho docente. No
ambiente escolar pode ser influenciado pela prelo 2015.
comunidade escolar. Todo o processo que
passamos: refletir sobre a educação estética
nas leituras de Duarte Jr., o planejamento
das atividades, o contato com a artista
198
PIBID INTERDISCIPLINAR
REINVENTANDO O TEMPO
DAS TANGERINAS:
a literatura catarinense
cotejando com a História
Onice Sansonowicz
Professora Supervisora
200
a perseguição a todos os que pudessem ser livros tradicionais. A sensibilização feita
suspeitos de espionagem alemã. por meio da obra foi importante para
Num primeiro momento, os alunos e mostrar a existência desta que é chamada
alunas, por meio de aula expositiva, tiveram de uma “outra” guerra, destes respingos,
contato com informações e dados referentes ou daquilo que a guerra provocou mesmo
à II Guerra. Depois da exibição de um sem ter a presença dos exércitos e que
documentário denominado “Memórias foi vivida e sentida no sul do Brasil com
de uma outra Guerra1”, as bolsistas, as toda a sua intensidade. Para além disso,
acadêmicas de Pedagogia da Universidade foi oportunizado aos adolescentes refletir
do Vale do Itajaí (UNIVALI) e a professora sobre temáticas bastante recorrentes no
supervisora aplicaram o seguinte roteiro: romance, como o racismo, o preconceito,
o autoritarismo e outros males histórica e
a) Produção do cenário: Como o livro
socialmente construídos.
está contextualizado em um tempo que a
autora chamou das “tangerinas”, produziu-se Referências
um cenário a partir desses elementos: sacos KLUEGER, Urda Alice. No tempo das
de estopa, livros originais, cestas e muitas tangerinas. 11. ed. Blumenau: Hemisfério Sul,
tangerinas, que foram dispostos no chão 2008. 160p.
criando um cenário que lembrava o livro. PESAVENTO, Sandra Jatahy. História
b) Contação de história: A partir de & História Cultural. Belo Horizonte:
uma resenha previamente elaborada pelas Autêntica, 2003.
licenciandas, foi feita a leitura dramática PESAVENTO, Sandra Jatahy. História &
para os alunos. literatura: uma velha-nova história, Nuevo
c) História em quadrinhos: Após Mundo Mundos Nuevos, Debates, 2006,
a contação de história, foi solicitado aos [En línea], Puesto en línea el 28 janvier
alunos que, em dupla, com base na resenha, 2006. URL: http://nuevomundo.revues.
produzissem uma história em quadrinhos. org/index1560.html . Consultado em 11 de
d) Entrega das frutas: Ao final da outubro de 2015.
aula cada, aluno(a) foi agraciado(a) com
uma fruta.
e) Encadernação: As histórias foram
encadernadas com a capa especial, que fora
previamente produzida pelas bolsistas do
PIBID interdisciplinar da UNIVALI, e um
exemplar foi entregue à autora catarinense
Urda Alice Klueger.
Lançar mão da literatura para
trabalhar a guerra permitiu ir além da
história clichê contada nos filmes e nos
Professora Supervisora
206
Letra da Musica:
Si Mama Kaa/Si Mama Kaa
Ruka, ruka, ruka/ Si Mama Kaa
Tembea, tembea, tembea/ Tembea, tembea, tembea
Ruka, ruka, ruka/ Si Mama Kaa
Kimbia, kimbia, kimbia/Kimbia, kimbia, kimbia
Ruka, ruka, ruka/ Si Mama Kaa
Os alunos do 4ºano, 9ºano1, 9ºano2 mbube mbube. Quando o leão chega perto
e 8º ano participaram desta brincadeira. do impala, os demais alunos devem falar a
Os alunos que mais gostaram de participar palavra mbube mbube mais alto, para que o
desta primeira brincadeira foram os alunos impala saiba que ele está em perigo.
do 4ºano e do 8º ano da Escola Elias Adaime, Nessa brincadeira todas as turmas
em Itajaí/SC. participaram efetivamente, querendo
A segunda atividade que aplicamos participar da experiência de ser leão e
foi a brincadeira Mbube Mbube. A palavra impala. Na turma do 8º ano, tínhamos
Mbube significa chamar o leão e neste jogo uma aluna que é cadeirante. Então
as crianças estão ajudando o leão a caçar adaptamos esta brincadeira
o impala. Os alunos formam um círculo de para que ela também pudesse
mãos dadas e dois alunos ficam no meio do participar da brincadeira.
círculo de olhos vendados: um delas é o leão, Vendamos um dos bolsistas
e o outro é o impala. Como os alunos estão para conduzir a cadeira
de olhos vendados, eles andam, ouvindo os dela, vendamos a
demais alunos que ficam falando a palavra menina e vendamos
outro aluno para ser o impala. Pudemos sentido, outro sentido em nós aflora,
perceber que basta o professor adaptar sua neste caso os alunos perderam a visão,
prática para que todos possam participar. então a audição se potencializava. Os
Ao final das atividades com todas alunos nos relataram que é muito ruim
as turmas perguntamos aos alunos não poder enxergar. Mostramos a eles
quais foram as sensações de estarem que as pessoas com deficiência visual se
vendados, pois quando perdemos um adaptam às suas necessidades.