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Anais do Encontro Nacional das Licenciaturas (ENALIC), Seminário Nacional do PIBID,

Encontro Nacional de Coordenadores do PIBID

V. 1, 2016 / ISSN: 2526-32341


Consciência Negra: experiências no ensino de História

Luiz Filipe Dias Genesi, Octavio Teles

Eixo Temático: Educação, diversidade e Inclusão Social

Agência Financiadora: CAPES

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência

O subprojeto PIBID História 1- Repensando Culturas e Identidades Culturais no Ensino de História


da Universidade Federal do Paraná apresenta os resultados das atividades realizadas sobre Dia
da Consciência Negra, em novembro do ano de dois mil e quinze, nos Colégios Estaduais Maria
Pereira Martins e D. Pedro II. Sob a coordenação da Prof.ª Drª Karina Kosicki Bellotti e a
supervisão dos professores Daniel Nodari e Nívia Celine, os bolsistas planejaram duas atividades
para cada colégio, abordando o tema das relações étnico raciais dentro de dois momentos da
História do Brasil. As atividades planejadas pelos bolsistas levaram em conta o público: no
Colégio Maria Martins os alunos faziam parte do nono ano do ensino fundamental. No Colégio D.
Pedro II, foi desenvolvida uma atividade em três aulas com alunos do oitavo ano do ensino
fundamental com a temática do pós-abolição e o início da República (1880-1930),
contextualizando a situação dos ex escravizados e as teorias raciais que surgiram a época.
Também foi feita uma ponte com exemplos contemporâneos de racismo tanto no Brasil quanto
nos E.U.A e buscamos questionar junto aos alunos o papel da polícia enquanto uma ferramenta
do racismo institucional. Na primeira aula, os alunos trabalharam com a letra da música intitulada
“Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro” do grupo O Rappa, onde os bolsistas fizeram
um paralelo com o período pós abolição no país. Junto a música, demonstramos os casos de
racismo sofrido pela atriz Taís Araújo e os protestos contra o racismo nos Estados Unidos em dois
mil e quatorze. A segunda aula foi uma explicação acerca das teorias raciais que estavam sendo
desenvolvidas na Europa e sendo importadas para o Brasil e seus reflexos no pensamento da
nova sociedade brasileira e qual o papel da população negra nessa nova sociedade. Os alunos
foram divididos em grupos e trabalharam com um enxerto do livro “Tenda dos Milagres” de Jorge
Amado que retrata a perseguição da polícia baiana ao Candomblé e a Capoeira na década de mil
novecentos e vinte. E por fim, a terceira aula foi usada para trazermos charges de Ângelo Agostini
presentes na Revista Ilustrada e apresentamos os temas referentes ao fim da escravidão. A
avaliação foi aplicada após as três aulas pelo professor Daniel, que já havia planejado uma
atividade avaliatória em que o PIBID não atuaria em sua aplicação. A atividade realizada no
Colégio Estadual Maria Pereira Martins por sua vez usou o contexto da Ditadura Civil Militar para
trazer a questão da organização do movimento negro durante a década de mil novecentos e
setenta e a luta contra o racismo nos Estados Unidos ao mesmo tempo. Com isso, buscamos
demonstrar presença do racismo durante o período da Ditadura e os movimentos de resistência
que se organizaram no período, sem ignorar a luta que de movimentos nas décadas anteriores. A
primeira aula se iniciou com um diagnóstico do que os alunos entendiam por racismo e a partir de
seus apontamentos fizemos uma contextualização da luta contra o racismo nos E.U.A e também a
organização do movimento negro no país durante a década de mil novecentos e setenta. Na
segunda, foi utilizada novamente a letra da música do grupo O Rappa, junto a ela os bolsistas
trouxeram a questão da abordagem policial na cidade de Campinas (SP) onde foi noticiado a
circular que a Polícia Militar estava sendo orientada a parar negros em casos de abordagem e
revista. A atividade avaliativa consistiu em um pequeno questionário onde pedia aos alunos que
relacionassem a notícia com a letra da música a partir das discussões que ocorreram em sala. A
partir das respostas, chegamos a conclusão que as duas turmas do nono ano tiveram uma
dificuldade para compreender o racismo enquanto produto de longo processo. No geral, a
avaliação das atividades foi positiva por parte dos bolsistas, por apesar dos alunos do Colégio
Estadual Maria Pereira Martins apresentarem dificuldade com o conteúdo foi possível suscitar um
grande debate acerca da prática do racismo não apenas no cotidiano como também no cotidiano
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escolar. Em relação a atividade do Colégio Estadual D. Pedro II percebemos um grande choque
dos alunos do oitavo ano em relação a perseguição sistemática a população negra na primeira
metade do século vinte, além de um grande questionamento acerca das teorias raciais em voga,
com um destaque para o conceito de eugenia. Em um âmbito geral o subprojeto PIBID História 1
vê que o esforço de trazer a temática das relações étnico raciais tem proporcionado de um debate
muito positivo com os alunos do ensino fundamental onde temos atuado. Ao levarmos este tema
para a sala de aula em novembro de dois mil e quinze temos continuado uma prática de sempre
discutir as questões neste mês as relações étnico raciais dentro do ensino de História do ensino
fundamental, proporcionando uma reflexão aos alunos atingidos pelo nosso projeto desde se
início em dois mil e treze.

Palavras chaves: Consciência Negra; étnico-racial; educação; história.

Bibiografia

AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. Rio de Janeiro: Record, 1982.

BARBOSA, Muryatan Santana. Identidade Nacional e ideologia racialista. Temporaes


Departamento de História/FFLCH/USP. São Paulo: Humanitas, ano 9, no. 8, 2001, p. 17.
Disponível em: http://sites.google.com/site/neacpusp/artigos.

CAMPOS, Deivison Moacir Cezar de. O grupo Palmares (1971-1978): um movimento negro de
subversão e resistência pela construção de um novo espaço social e simbólico. Dissertação
(mestrado), PUC-RS. Porto Alegre, 2006

COIMBRA, Cecília Maria Bouças. Tortura ontem e hoje: resgatando uma certa história. In:
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 6, n. 2, 2001. pp.11-19.

DOMINGUES, Petrônio. Movimento Negro Brasileiro: alguns aspectos históricos. In: Revista
Tempo, nº23, 2007.

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