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Universidade Federal Fluminense

Disciplina: Didática - P2
Professora: Mônica Vasconcellos
Monitora: Laís Moreira Neves
Integrantes: Brenda de Freitas de Figueiredo, Felipe Max Candido Pereira, Gabrielle Fabrício
e Silva, Julia Lopes Coelho Rodrigues, Leonardo Leal Viguera e Silva e Ronnald Barboza
Trindade.

TRABALHO FINAL - PROJETO ESCOLAR

Título do Projeto: A história que não está nos retratos


Tipo de escola: Escola particular
Ano/Série: 9º ano
Número de alunos: 35
Número de encontros: 3
Tema: As relações raciais, seu uso político em contexto popular e de memória.
Disciplina envolvida: História.
Conteúdos abordados: Pluralidade e diversidades identitárias na atualidade; A história
recente; Escravidão; Brasil contemporâneo; Racismo; Políticas de memória; Rio de Janeiro.

A HISTÓRIA QUE NÃO ESTÁ NOS RETRATOS


As relações raciais, seu uso político em contexto popular e de memória

Objetivo(s) geral(is):

- Compreender acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos


de transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e
culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se e
intervir no mundo contemporâneo;
- Observar como a memória, conjunto de recordações de experiências vividas por uma
coletividade cuja identidade faz parte integrante do sentimento do passado, são
convertidas e transformadas em fontes históricas através de diversas metodologias de
registro;
- Exercitar as habilidades cognitivas dos discentes na interpretação de materiais
cotidianos para análise histórico-social;
- Identificar os contextos históricos por trás de produções culturais no Brasil;
- Instigar o trabalho de imaginação criativa e produção artística dos discentes;
- Refletir sobre as relações entre os produtos da cultura popular e a História
contemporânea como fontes para a construção do conhecimento histórico;
- Associar a noção de cidadania com os princípios de respeito à diversidade, à
pluralidade e aos direitos humanos.
1° Encontro: A Importância da reafirmação da memória negra em uma sociedade de base
escravista.
Tempo: 6 tempos de 50 minutos.
Objetivo (s) específico (s):

- Compreender a estrutura econômica imperial como latifundiária e escravista;


- Identificar, analisar e compreender a dimensão da escravidão e seus desdobramentos
na sociedade brasileira;
- Ampliar os conhecimentos acerca dos efeitos racistas das políticas ligadas às lógicas
imperiais;
- Compreender a necessidade das políticas de memória, a fim de preservar as
manifestações culturais afro-brasileiras;
- Valorizar a dimensão da resistência negra, sua história, seus símbolos e heróis.

● METODOLOGIA

Com o intuito de oferecer bases de conhecimento histórico para os alunos, a primeira


aula será voltada para a exposição da temática da escravidão no Brasil, por meio de um debate
levantado em sala de aula estimulando a participação ativa dos alunos para a construção da
abordagem temática. Após instigar a proximidade dos estudantes com os temas centrais que
descreveremos a seguir, propuseremos uma atividade extra classe que consistirá em um
trabalho de campo, no qual os discentes observarão, por meio de práticas empíricas, algumas
das teorias destacadas em sala.
1° momento: Em sala de aula instigaremos os alunos com o seguinte questionamento:
O que vocês compreendem como “escravidão”?. Dessa forma, observaremos o conhecimento
prévio dos discentes antes de debatermos os significados dos conceitos básicos a respeito das
possíveis interpretações sobre a problemática no século XIX, diferenciando seus significados
para os dias atuais. Nessa perspectiva, também utilizaremos os conceitos explicitados para
elucidar como o Estado imperial brasileiro incorporou o sistema escravista como a principal
base econômica do país. Exaltando, assim, sua intrínseca relação de produção de café e o
sistema latifundiário, projetando gráficos que comprovem tal ponto [Anexo 1].
2° momento: Explicaremos que os males da escravidão não terminaram com seu fim
em 1888, mesmo após a assinatura da Lei Áurea. Dessa forma, incitaremos uma reflexão de
como a liberdade garantida por esta e outras leis anteriormente aprovadas, não foram,
suficientes para garantir, de maneira igualitária, a introdução dos ex-escravizados na
sociedade brasileira. Desse modo, debateremos com os alunos sobre como o racismo,
proveniente do sistema escravista brasileiro, nunca fora combatido, nem mesmo durante o seu
fim, uma vez que os governos pós-imperiais não priorizaram a solução dos problemas raciais
com políticas públicas efetivas. Para elucidar tal explicação, projetaremos gráficos que
demonstram a falta de projetos de reparação política para a sociedade negra [Anexo 2].
3° momento: Para finalizar o momento em sala de aula, mostraremos como o racismo
ainda se mantém, a partir da exibição de um vídeo chamado 5 FATOS SOBRE RACISMO NO
BRASIL, disponível na plataforma do Youtube [Anexo 3], visto que este conteúdo reafirma as
discussões propostas anteriormente. Após a apresentação do problema e seus desdobramentos,
faremos uma reflexão acerca das necessidades da reafirmação das políticas de memória como
forma de resistência às opressões exercidas no tempo presente contra a parcela negra da
sociedade.
4° momento: Uma vez inseridos no debate destacados em sala de aula, os alunos
partirão, junto ao docente, para um trabalho de campo no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Tal passeio permitirá que os conteúdos teóricos trabalhados em sala de aula possam ser
apresentados como base reflexiva sobre como se estabeleceu a realidade brasileira acerca das
questões raciais e a importância da preservação das políticas de memória.
5° momento: Finalizada a etapa em sala, haverá a proposição de um passeio pelo
circuito denominado de “Pequena África”, localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Sendo assim, sairemos da escola de ônibus até o centro da cidade. Antes de iniciar a
caminhada, será entregue a cada estudante uma cópia impressa do caminho a ser percorrido
[Anexo 4] contendo tanto os locais a serem visitados quanto o percurso a ser exibido. Essa
atividade percorre 1,6 km da cidade e seu tempo equivale a 20 minutos andando, contudo,
este tempo será expandido, já que serão feitas pausas tanto para as explicações e apreciações,
quanto para o descanso e alimentação dos presentes, visando a integridade física de todos.
Este exercicio permitirá aos envolvidos a possibilidade de observar diferentes estátuas,
monumentos e espaços culturais que ressaltam e trabalham a questão da memória do povo
negro no Rio de Janeiro. Dessa forma, o foco será relacionar os conhecimentos adquiridos
pelos alunos previamente em sala de aula com a possibilidade de, agora, estimulá-los
visualmente com a aula de campo.
6° momento: Sendo assim, a primeira parada acontecerá na estátua de Mercedes
Baptista, localizada no Largo de São Francisco da Prainha. Será explicitado quem foi
Mercedes Baptista, primeira bailarina negra do Theatro Municipal que ficou conhecida pela
militância, reconhecimento e integração de atores e dançarinos negros no teatro brasileiro com
o “Teatro Experimental do Negro”, fundado por Abdias do Nascimento, ao lado de artistas
como Ruth de Souza e Santa Rosa. Nessa primeira parada, além de expor aos alunos a figura
de uma grande artista brasileira, serve também como forma de unir contribuições culturais e
artísticas da comunidade negra brasileira.
7° momento: Não muito longe do primeiro local, as próximas duas paradas tem a
finalidade retomar os temas desenvolvidos em sala de aula sobre a escravidão e a luta contra
sua abolição. Seguiremos, portanto, para a segunda parada, que fica na Pedra do Sal, local
onde se encontra a “Comunidade Remanescentes de Quilombos da Pedra do Sal”.
Retomaremos uma breve explicação sobre o espaço esclarecendo que este abrigava um grande
mercado de escravos e que foi tombado em 20 de novembro de 1984 pelo Instituto Estadual
do Patrimônio.
8° momento: Logo após, docente e discentes, caminharão para a terceira parada,
localizada na rua do Jogo da Bola, para evidenciar que o espaço que era inicialmente marco
da ocupação portuguesa, em sua chegada em 1565 no Rio de Janeiro. Todavia, seu atual nome
não está bem definido: sua história pode ser explicada pelo jogo praticado pelos escravos que
utilizavam-se da bola de metal que servia de pesos nos pés. De mesmo modo, outra narrativa,
mais factual, é a de que nesta localidade era comum observar escravos fugindo dos
capitães-do-mato. Nesse sentido, explicaremos aos estudantes os dois relatos, intensificando a
preferência pela segunda - mais crível, mas também demonstrando como as duas vias
históricas afirmam o sofrimento a qual eram acometidos homens e mulheres negras.
9° momento: Dando continuidade a caminhada, a quarta parada será no Jardim
Suspenso do Valongo, um lugar que aos poucos vem desvinculando-se das imposições
europeias e reafirmando sua verdadeira história, portanto, esta visita se torna essencial para o
trabalho de campo. Logo na chegada, será introduzida uma breve apresentação do local
referenciando seu ano de construção e sua inspiração francesa. Enquanto os alunos apreciam o
lugar, também será destacado pelos docentes que a construção foi projetada para apagar as
marcas deixadas pela escravidão, e que as imediações do Jardim Suspenso vem
reinvindicando aos poucos seu verdadeiros protagonistas históricos. A apresentação da região
será guiada de forma que permita aos alunos observarem os arredores do Jardim até a chegada
da encosta do Morro da Conceição, para que haja um destaque de que este fora o local de
desembarque dos africanos .Concluindo este momento do trabalho, sinalizaremos a
importância do reconhecimento deste espaço, que antes funcionava como comércio de
escravos e que, posteriormente, tornou-se uma ocupação de negros libertos, recebendo o nome
mais tarde de “Pequena África”.
10° momento: Neste momento, partiremos ao Cais do Valongo, o mais antigo cais
localizado na zona portuária da região central do Rio de Janeiro. Iniciaremos narrando o
redescobrimento do local após obras de revitalização na cidade e logo após explicitaremos,
sua importância social, arqueológica, antropológica, histórica e como o antigo atracadouro é
primordial para a compreensão da diáspora africana no Brasil. Enfatizaremos que o local
recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO, em 2017, no entanto,
por falta de investimento em políticas de memória no país, passa invisível aos olhos dos
desconhecidos, além de sofrer descaso das instituições governamentais, sendo afetada
diretamente com as enchentes na capital fluminense.
11° momento: Para finalizar o passeio e ressaltar ainda mais a importância de
políticas que reafirmem a contribuição da cultura negra no Brasil, a sexta parada acontecerá
no Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, contrastando diretamente o momento
anterior de explicação sobre o Cais do Valongo Os alunos serão apresentados ao Sítio
Arqueológico Cemitério dos Pretos Novos, onde será destacada alguma das descobertas
históricas reveladas a partir das escavações produzidas no local. Os achados arqueológicos do
instituto servirão também como instrumento de reflexão para uma melhor compreensão do
processo da Diáspora Africana e da cruel formação da sociedade brasileira. Uma consideração
final ocorrerá a partir da explicação do Decreto Municipal no 34.803 de 29 de novembro de
2011, que visa construir coletivamente políticas de valorização da memória e proteção deste
patrimônio cultural. Ressaltaremos que mesmo com o decreto, pouco foi feito para valorizar o
potencial histórico da Região e constituir uma política pública que pudesse acolher e atrair um
número maior de pesquisadores, estudantes, turistas e moradores da cidade.
Recursos Didáticos: Quadro e piloto; Notebook com conexão Wi-fi; Retroprojetor para a
exposição das fontes; Impressora; Folha A4; Ônibus para o deslocamento dos discentes e
docentes.

● ANEXOS

Anexo 1: Fonte: SAMPER, Mario; FERNANDO, Radin. Historical statistics of coffee


production and trade from 1700 to 1960. In: CLARENCE-SMITH, William Gervase; TOPIK,
Steven (Org.). The global coffee economy in Africa, Asia, and Latin America, 1500-1989.
Cambridge: Cambridge University Press, 2003. p. 411-62
Anexo 2: Gráfico que ilustra a duração da escravidão no Brasil e falta de políticas de
reparação. Autora da imagem: Maria Vitória Di Bonesso.

Anexo 3: Minutos Psíquicos. 5 FATOS SOBRE O RACISMO NO BRASIL. Youtube,


2020. 1 vídeo (7min). Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=0Q6diw5kCjQ>.
Acesso em 18 de jul. 2022.

Anexo 4: Google. 2022. Mapa do trabalho de campo. [s.l.]: Google Maps.

2° encontro: Exu na avenida contando a história não contada.

Tempo: 3 tempos de 50 minutos.


Objetivo (s) específico (s):

- Entender o papel da música como ferramenta política;


- Compreender a atuação dos desfiles das escolas de samba como instrumento de
denúncia, política de memória e resistência;
- Analisar o uso da história e historiografia para composição do carnaval das escolas de
samba do Rio de Janeiro;
- Discutir a importância do combate à intolerância religiosa.

● METODOLOGIA

Nesse segundo encontro, teremos como objetivo estudar e analisar como o carnaval do
Rio de Janeiro usa de seus sambas-enredos como forma política, seja por ferramenta de
denúncia, formas de homenagear narrativas, memórias e como as fontes históricas são
utilizadas para essas metodologias.
1° momento: Iremos fazer uma contextualização da história do carnaval, desde o seu
surgimento na Antiguidade. Nesse momento, destacaremos as diversas interpretações e
desdobramentos para entender seus significados, como a tentativa de repressão dessas festas
no período de consolidação do poder da Igreja Católica na Idade Média, analisar a relação
entre o cristianismo e o carnaval, observar como essa festa ganha novos sentidos e olhares
com a chegada de ideais do Renascimento na Europa no período Medieval e, por fim, a
chegada do carnaval ao Brasil no período colonial, onde hoje, é a maior festa do país.
2 ° momento: Diante dessas pontuações, iremos analisar a partir do conceito de raça a
origem do preconceito racial no Brasil e seu vínculo direto com a intolerância contra as
religiões de matrizes africanas. Fazendo uso da historiografia, faremos um recorte
historiográfico onde será evidenciado o início da intolerância religiosa nas colônias e seus
desdobramentos até os dias atuais.
3° momento: Em continuidade, evidenciaremos o papel que as religiões de matrizes
africanas desempenham no carnaval do Rio Janeiro, mais especificamente nas escolas de
samba (construídas às margens da sociedade carioca do final do século XIX e início do século
XX, as escolas desde seu surgimento são frutos das marcas escravocratas, da banalização da
cultura negra e do racismo ambiental). Também será exposto como o racismo religioso age na
atualidade e a sua repercussão. Imponente desde seu surgimento, o carnaval seria apresentado
como uma figura que quebra paradigmas, onde novos sujeitos, narrativas e religiões vão
emergir. Em outras palavras, teremos um novo lugar de enunciação e vozes invisibilizadas por
tantos séculos serão ouvidas, na qual lutam pela igualdade racial e levam Exu para a avenida.
4° momento: Diante de todos esses aspectos levantados durante a aula, junto aos
alunos, será entregue individualmente (ou em grupo) papéis com os sambas enredo das
respectivas escolas de samba impressos. O primeiro seria da Estação Primeira de Mangueira
(Anexo 1), que exalta personagens que fazem parte da história do Brasil e não são
mencionados nos livros, e o segundo seria da Acadêmicos do Grande Rio (Anexo 2), onde
vemos um enredo sobre Exu e diferentes orixás, além de servir para a desconstrução de
estereótipos contra o orixá e as religiões de matrizes africanas.1 Com as folhas distribuídas,
iniciaremos a leitura atenta e detalhada a cada verso e estrofe a fim de explicar todos os
elementos históricos e políticos presentes.
5° momento: Em uma primeira análise dos sambas, com o auxílio de um marca texto
será pedido para que os discentes grifem nomes, palavras ou características escritas no papel
que eles reconheçam e posteriormente, com um lápis de escrever, circulem os termos
desconhecidos. Em ordem, cada um falaria sobre seus conhecimentos e dúvidas e, dessa
forma, iniciaremos a roda de conversa junto dos menores. Nesse sentido, funcionaria como
um termômetro para compreender a profundidade dos saberes de cada um.
6° momento: Em seguida, já com a roda de conversa estabelecida, iniciaremos um
debate a respeito do papel da arte na vida do ser humano, abordaremos sua importância no
período pandêmico e como a quarta arte, a música, é utilizada como instrumento de denúncia,
homenagem, protesto e resistência. Posteriormente, daremos início a análise dos samba
enredos a partir da perspectiva de música como ato político, e como os sambas da Mangueira
e Grande Rio são frutos do caráter político do carnaval. Além disso, ressaltaremos a
importância do samba da Mangueira para a historiografia brasileira e sala de aula através dos
livros didáticos, visto que o samba aborda fatos que não são de conhecimento público (“A
história que a história não conta”)2, além de trabalhar temas como história oral, história e
memória com os alunos.
7° momento: Com um enredo exaltando o orixá Exu, a Grande Rio cruza a Marquês
de Sapucaí vitoriosa.3 Através do samba, um importante debate será feito em sala de aula em
1
Confira MENDONÇA, Alba. Conheça os heróis citados no samba e no enredo da Mangueira no carnaval de
2019. G1 RIO, Rio de Janeiro, 2022. Disponível em:
<https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/carnaval/2019/noticia/2019/03/08/conheca-os-herois-citados-no-samba-e-
no-enredo-da-mangueira-no-carnaval-de-2019.ghtml?fbclid=IwAR3DwmLeY3VcrlciClZmdk6GGj-gB_WA8K6
XawKvkAOkE7Cemmh9Z2wdbGQ>. Acesso em: 12 jul. 2022.

2
Verso presente no samba enredo.
3
Confira G1 RIO. Grande Rio é a campeã do carnaval 2022 do Rio, o primeiro título da históriada Tricolor. G1
RIO, Rio de Janeiro, 2022. Disponível em:
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/carnaval/2022/noticia/2022/04/26/grande-rio-e-a-campea-do-carnaval-202
torno do preconceito religioso, grande agente da discriminação e ódio no Brasil. Perguntas
como por exemplo: “Porque o desconhecido precisa ser menosprezado?” “O quão instaurado
na sociedade o cristianismo é para que a religião alheia seja demonizada?” serão levantadas a
título de reflexão e mostrar que o pré-conceito sobre determinada temática pode ser
preenchido por conhecimento. Neste momento final, iremos compartilhar vídeos com a turma
contendo alguns dos momentos dos desfiles das escolas supracitadas e os alunos irão
compartilhar sua experiência e aprendizado com a atividade. (Anexo 3 e 4).

Recursos didáticos: Quadro; piloto; Caixa de som; Celular com internet; Impressora; Folha
A4 com letra dos sambas-enredos da Mangueira e da Grande Rio impressas; Marca-texto;
Lápis de escrever; Retroprojetor para a exposição das fontes; Pen drive contendo os vídeos
dos desfiles escolhidos.

● ANEXOS

Anexo 1: Letra do samba-enredo 2019 da G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (RJ) -


Histórias Para Ninar Gente Grande

2-do-rio.ghtml?fbclid=IwAR0AW3x4QDUMw5yfGQdy1UUNL60jItXn3S5Cu3z3Wbv7tC6ukkArcopTHS8>.
Acesso em: 12 jul. 2022.
Desde 1500 tem mais invasão do que
Mangueira, tira a poeira dos porões descobrimento

Ô, abre alas pros teus heróis de barracões Tem sangue retinto pisado
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, Atrás do herói emoldurado
jamelões
Mulheres, tamoios, mulatos
São verde e rosa, as multidões
Eu quero um país que não está no retrato
Mangueira, tira a poeira dos porões
Brasil, o teu nome é Dandara
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
E a tua cara é de cariri
Dos Brasis que se faz um país de Lecis,
jamelões Não veio do céu

São verde e rosa, as multidões Nem das mãos de Isabel

Brasil, meu nego A liberdade é um dragão no mar de


Aracati
Deixa eu te contar
Salve os caboclos de julho
A história que a história não conta
Quem foi de aço nos anos de chumbo
O avesso do mesmo lugar
Brasil, chegou a vez
Na luta é que a gente se encontra
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles,
Brasil, meu dengo malê
A Mangueira chegou

Com versos que o livro apagou

Disponível em: Letras.

Anexo 2: Letra do samba-enredo 2022 da G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio (RJ) - Fala,
Majeté! Sete Chaves de Exu

Exu Caveira, Sete Saias, Catacumba Sou do fogo e gargalhada, ê Mojubá


É no toque da macumba, saravá, Alafiá Eu levo fé nesse povo que diz
Seu Zé, malandro da encruzilhada Boa noite, moça, boa noite, moço
Padilha da saia rodada, ê Mojubá Aqui na Terra é o nosso templo de fé
Sou Capa Preta, Tiriri Fala, Majeté! Faísca da cabaça de Igbá
Sou Tranca Rua, amei o Sol Na gira, Bombogira, Aluvaiá
Amei a Lua, Marabô, Alafiá Num mar de dendê
Eu sou do carteado e da quebrada Caboclo, andarilho, mensageiro
Meu povo firma ponto no terreiro Lá na encruza, onde a flor nasceu raiz
A voz de Palmares, Zumbi Àgbá Eu levo fé nesse povo que diz
Exu Boa noite, moça, boa noite, moço
O Ifá nas entrelinhas dos Odus Aqui na Terra é o nosso templo de fé
Preceitos, fundamentos, Olobé Fala, Majeté! Faísca da cabaça de Igbá
Prepara o padê pro meu axé Na gira, Bombogira, Aluvaiá
Exu Caveira, Sete Saias, Catacumba Num mar de dendê
É no toque da macumba, saravá, Alafiá Caboclo, andarilho, mensageiro
Seu Zé, malandro da encruzilhada Meu povo firma ponto no terreiro
Padilha da saia rodada, ê Mojubá A voz de Palmares, Zumbi Àgbá
Sou Capa Preta, Tiriri Exu
Sou Tranca Rua, amei o Sol O Ifá nas entrelinhas dos Odus
Amei a Lua, Marabô, Alafiá Preceitos, fundamentos, Olobé
Eu sou do carteado e da quebrada Prepara o padê pro meu axé
Sou do fogo e gargalhada, ê Mojubá Exu Caveira, Sete Saias, Catacumba
Ô, luar, ô, luar É no toque da macumba, saravá, Alafiá
Catiço reinando na segunda-feira Seu Zé, malandro da encruzilhada
Ô, luar, dobra o surdo de terceira Padilha da saia rodada, ê Mojubá
Pra saudar os guardiões da favela Sou Capa Preta, Tiriri
Eu sou da Lira e meu bloco é sentinela Sou Tranca Rua, amei o Sol
Laroyê, laroyê, laroyê Amei a Lua, Marabô, Alafiá
É poesia na escola ou no sertão Eu sou do carteado e da quebrada
A voz do povo, profeta das ruas Sou do fogo e gargalhada, ê Mojubá
Tantas Estamiras desse chão Ô, luar, ô, luar
Laroyê, laroyê, laroyê Catiço reinando na segunda-feira
As Sete Chaves vêm abrir meu caminhar Ô, luar, dobra o surdo de terceira
À meia-noite ou no Sol do alvorecer Pra saudar os guardiões da favela
Pra confirmar Eu sou da Lira e meu bloco é sentinela
Adakê Exu, Exu, ê Mojubá Laroyê, laroyê, laroyê
Ê Bará ô, Elegbara É poesia na escola ou no sertão
Lá na encruza, a esperança acendeu A voz do povo, profeta das ruas
Sou Grande Rio, Grande Rio sou eu Tantas Estamiras desse chão
Adakê Exu, Exu, ê Mojubá Laroyê, laroyê, laroyê
Ê Bará ô, Elegbara
As Sete Chaves vêm abrir meu caminhar Eu levo fé nesse povo que diz
À meia-noite ou no Sol do alvorecer Boa noite, moça, boa noite, moço
Para confirmar Boa noite, moça, boa noite, moço
Boa noite, moça, boa noite, moço
Adakê Exu, Exu, ê Mojubá
Ê Bará ô, Elegbara
Lá na encruza, a esperança acendeu
Sou Grande Rio, Grande Rio sou eu
Adakê Exu, Exu, ê Mojubá

Ê Bará ô, Elegbara
Lá na encruza, onde a flor nasceu raiz
Disponível em: Letras

Anexo 3: Vídeo do desfile de 2019 da G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (RJ) -


Histórias Para Ninar Gente Grande. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=F9nRZt86zbc>.

Anexo 4: Vídeo do desfile de 2022 da G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio (RJ) - Fala,
Majeté! Sete Chaves de Exu. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=PNERSvOPzs0>.

3° Encontro: A resistência e representatividade da História negra na música

Tempo estimado: 3 tempos de 50 minutos.


Objetivo(s) específico(s):

- Entender como as músicas servem como ponto de partida para discussões de aspectos
historiográficos;
- Ampliar o senso crítico dos discentes a partir de elementos que integrem múltiplas
experiências;
- Expandir o conhecimento de como as músicas podem ser utilizadas como fontes
históricas, nos permitindo problematizar o passado em que estão inseridos;
- Aprender como as músicas ilustram e fornecem aspectos da vida social de uma
comunidade do passado;
- Desenvolver a problemática da racialização no Brasil contemporâneo.
● METODOLOGIA

1° momento: O terceiro encontro finaliza o projeto “A história que não está nos
retratos”. Nesse sentido, logo no início da apresentação, apontaremos aos discentes que o
objetivo da última aula é colocar em prática o conteúdo visto nos encontros anteriores.
2° momento: Iniciaremos a aula indagando os alunos, de acordo com suas concepções
e vivências, se eles consideram possível aprender através das músicas que eles escutam no dia
a dia. Logo após, discutiremos com a turma como as músicas ilustram aos ouvintes aspectos
da vida social de uma sociedade, tanto do passado quanto atualmente. Dessa maneira,
trabalharemos como essas produções nos permitem problematizar o passado, o registro desse
passado e o presente; podendo classificá-las e utilizá-las como fontes históricas e de ensino,
aguçando a criticidade quando feitas com responsabilidade
3° momento: Em segunda instância, apresentaremos uma dinâmica: a colaboração de
uma playlist musical. Estimularemos os discentes a contribuírem em sala para a montagem de
uma playlist com músicas das quais eles consigam identificar movimentos e pautas sociais
emergentes nesses últimos anos. Pediremos para que eles deem opções de músicas que
possam se encaixar nas categorias: “Colonialismo e escravidão”, “Religião”,
“Empoderamento”, “Favelização e Segregação”, “Violência do Estado”, “Cores e Valores”,
“Lado A e Lado B”.
4° momento: Para melhor funcionamento da dinâmica, separaremos a turma em sete
grupos, cada uma contendo (no máximo) cinco integrantes e logo em seguida faremos um
sorteio, de modo que cada grupo fique com um tema, dando assim início à atividade.
Explicaremos que a playlist é um objeto de colaboração entre diversos professores que tem
como objetivo dissecar, em produtos cotidianos, a historicidade e que, com essa dinâmica, as
indicações apresentadas pelos grupos serão adicionadas ao produto final.
5° momento: Uma vez que os alunos estejam perguntando acerca das divisões, de
modo elucidativo, utilizaremos sete músicas como exemplos para fomentar dúvidas, críticas e
opiniões. Para isso, exemplificaremos reproduzindo composições que se relacionem
diretamente com essas categorias especificadas. Para fins de consulta, escreveremos a Tabela
1 no quadro para que os alunos não a esqueçam durante a dinâmica, e, em seguida,
reproduziremos as faixas.
Tabela 1 - Temas e músicas relacionadas

TEMA MÚSICA

Colonialismo “Canto das Três Raças” de Elza Soares (04m25s)


e escravidão

Religião “Cordeiro de Nanã” de Os Tincoãs (02m57s)

Empoderamento “Orgulho Negro” de Xande de Pilares (03m08s)

Favelização “Problema social” de Seu Jorge (04m13s)


e Segregação

Violência “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” de O Rappa (04m35s)


do Estado

Cores e Valores “AmarElo” de Emicida (part. Majur e Pabllo Vittar) [Sample: “Sujeito de Sorte”
de Belchior] (05m20s)

Lado A e Lado B “Som de Preto” de Amilcka e Chocolate (04m00s)


Fonte: Tabela elaborada pelos autores a partir das músicas selecionadas na playlist disponível no Spotify
“Músicas como recurso didático - Ensino de História e Relações Raciais”.

6° momento: É comum que os docentes da área de História optem conscientemente


em dar uma grande ênfase aos meios de violência e repressão dos negros e indígenas. Isso não
é necessariamente uma conduta com más intenções, pois tenta emergir os discentes na
barbárie ocorrida no passado para que sejam trabalhadas a empatia e alteridade, fundamentais
na construção de estudantes alinhados aos valores da cidadania e das liberdades democráticas.
No entanto, alguns estudantes negros podem se sentir mal com essa hiperfocalização,
portanto, seremos assertivos e deliniaremos a dimensão da resistência dos povos oprimidos,
ao valorizar a luta em si por meio da apresentação dos processos históricos e de elementos
culturais. Esse sentimento de mal-estar de determinados grupos sociais não se deve
exclusivamente aos traumas já transcorridos, mas também pela manutenção de
comportamentos e movimentos racistas partidos da sociedade ou do próprio Estado, que
entrecortam suas vidas. Isto é, a persistência da violência na longa duração.
7° momento: Dando início à dinâmica, falaremos que vamos reproduzir as músicas
selecionadas explicando a razão pela qual as escolhemos, assim como sua relação com o eixo
temático. Desse modo, a compreensão desses subtópicos podem ser desenvolvidos de forma
alinhada a uma exemplificação, o que possibilita uma visão mais apurada por uma lente
crítica para os alunos.
8° momento: A dinâmica tem seu início com a categoria “Colonialismo e escravidão”.
Nela, a canção escolhida foi “Canto das Três Raças”, reproduzida na voz de Elza Soares.
Escolhemos essa música para iniciar a dinâmica pois Clara Nunes, ao compor a música,
expressa como a diversidade étnica no Brasil, a famosa “três raças” referenciadas no título,
não ocorreu de modo natural, como geralmente é romantizado, mas sim são derivadas do
sofrimento de indígenas e africanos, decorrentes da invasão e do colonialismo português.
Explicaremos como o eu-lírico, por sua vez, narra a resistência, revoltas e lutas de seus
antepassados, mas atualmente, mesmo em momento de felicidade, não consegue curar as
cicatrizes derivados do imperialismo europeu em sua alma.
9° momento: Na categoria “Religião” a canção escolhida foi “Cordeiro de Nanã”, de
Os Tincoãs, cuja composição detalha a religião como resistência na história colonial
brasileira. Enfatizaremos aos alunos como a diáspora africana e os processos de etnogênese
foram demasiado importantes para a resistência dos africanos no Brasil, além de explicaremos
aos discentes a importância de Nanã, orixá africana, sua força e utilização da entidade como
porto seguro para muitos daqueles que sofreram as dores e humilhações da escravidão. É
preciso enfatizar que a categoria prioriza as religiões de matrizes africanas, de acordo com a
temática do projeto, para dialogarmos a pluralidade cultural no país atualmente, além de
combater a intolerância religiosa tão presente ainda em nossa sociedade.
10° momento: Na categoria “Empoderamento Negro”, a música escolhida foi Orgulho
Negro, de Xande de Pilares, que trata justamente da exaltação da cultura, danças, costumes e
religiões da cultura preta. Quando trabalhamos escravidão e suas marcas na atualidade,
embora seja nossa tarefa como agentes comprometidos com uma história denunciar todos os
abusos e violências sofridas por esse grupo, é comum cair no erro de apresentar apenas a
dimensão do colonizador e jogar para segundo plano os sujeitos principais dessa narrativa. Ao
trazer esse tipo de material fonográfico para a sala de aula, abriremos margem para outras
perspectivas e faremos um equilíbrio sobre o que falamos e o que é apresentado. Em síntese, é
preciso compreender os limites desse discurso e trazer o protagonismo para a população negra
– e isso faz de Orgulho Negro uma música tão especial.
11° momento: Na categoria “Favelização e Segregação” a canção escolhida foi
“Problema Social” de Seu Jorge. Explicaremos como o eixo musical se propõe a analisar a
persistência da violência contra grupos historicamente marginalizados e o diálogo com a
música se dá em função eu lírico expressando a realidade de muitos jovens brasileiros
desamparados pelo Estado, que buscam ajudar suas famílias a sobreviver e tem direitos
elementares rejeitados. Isso implica na segregação da juventude, sobretudo, negra e periférica,
por conta da configuração histórica do país.
12° momento: No eixo de “Violência do Estado”, a proposição é debater a violação de
direitos fundamentais por parte das instituições vinculadas ao Estado. Para isso, a canção
escolhida foi “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” de O Rappa, com ela
trabalharemos frequentes abusos no qual os negros são submetidos por conta de seu fenótipo e
os estigmas a ele associados. “Abordagem policial de rotina” e indiferença quanto aos surtos
locais de doença em regiões periféricas, muitas são as formas de violência articulada pelo
Estado e aqui proporemos a analisar situações recorrentes do dia-a-dia, para que os discentes
percebam como a opressão ainda ocorre hodiernamente e de modo sistemático, com anuência
do Estado.
13° momento: Na categoria “Lado A e Lado B” decidimos trabalhar aspectos que não
são percebidos ao consumir a arte. Como nos marcos do capitalismo a arte é muitas vezes
visto como algo estritamente mercadológico, passamos a lidar com ela de modo menos crítico
e não damos a devida atenção que merece. Nesse sentido, muitos funks, em especial, dos anos
90 e início dos 2000 retratam a realidade dos invisíveis, sujeitos silenciados e submetidos às
margens na correlação de forças com a elite. Assim, explicaremos como, nessas décadas, foi
por meio do funk que muitos jovens encontraram um lugar em que pudessem expressar sua
angústia e satisfação, como caso da música “É som de preto” de Amilcka e Chocolate.
Especificaremos como na canção é abordada a discriminação do funk pela sociedade e a
invisibilidade de negros e negras diante dos estigmas, que comumente associam ao funk como
a criminalidade ou a promiscuidade.
14° momento: Na categoria “Cores e valores”, a música escolhida foi AmarElo, de
Emicida, com participação especial de Pabllo Vittar e Majur e sample da canção “Sujeito de
Sorte'', de Belchior. A música faz referência ao poema de Leminski “Amar é um elo / Entre o
azul e o amarelo”. De modo mais amplo, explicaremos como a canção aborda a “não
aceitação” de uma derrota, ao contrastar um passado em que há sufocamento e dor por conta
do preconceito e um futuro em que os oprimidos passariam a ter voz e alcançariam conquistas
antes inatingíveis. Será enfatizado, que, nesta categoria tematizada como homenagem ao
documentário homônimo de Emicida, o objetivo é elucidar para os “corres”4 do dia a dia, a
superação e a vitória, independentemente do quanto a sociedade tente derrubar e desestimular
a população negra, ou periférica.

4
Gíria utilizada para descrever as batalhas diárias do proletário.
15° momento: Com todos os eixos temáticos devidamente apresentados, os grupos
terão participação na dinâmica por meio da escolha de canções que remontam aos tópicos
previamente debatidos ao longo dos encontros. Explicaremos e auxiliaremos os discentes
alguns fatores limitantes em sua autonomia na atividade como a linguagem inapropriada e
alguma possível fuga do tema para que transcorra da melhor forma possível. Logo após, as
escolhas musicais serão reproduzidas em sala de aula e os debates transitarão em torno da
composição e também das razões da escolha de cada grupo. Isso possibilitará uma amplitude
ainda maior de exemplos e uma importante troca de ideias. Ao fim, as músicas selecionadas
integrarão uma playlist com canções relativas a essa temática, com finalidade de divulgação
de conhecimento a um público mais amplo ao ser disponibilizada em uma plataforma de
streaming.

Recursos didáticos: Caixa de som; Celular com internet e bluetooth; Playlist do Spotify;
Impressora; Folha A4 com a letra das músicas que serão tocadas em sala impressas na íntegra
para os alunos; Quadro e Piloto.

Anexos: Letras das músicas (Tabela 1) que serão utilizadas em sala de aula.

TEMA MÚSICA/LETRA

Colonialismo “Canto das Três Raças” de Elza Soares (04m25s)


e escravidão
Ninguém ouviu
Um soluçar de dor
No canto do Brasil

Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou

Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou

E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor

E ecoa noite e dia


É ensurdecedor
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador
Esse canto que devia
Ser um canto de alegria
Soa apenas
Como um soluçar de dor

Religião “Cordeiro de Nanã” de Os Tincoãs (02m57s)

Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê


Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê

Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê


Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê

Fui chamado de cordeiro mas não sou cordeiro não


Preferi ficar calado que falar e levar não
O meu silêncio é uma singela oração
Minha santa de fé

Meu cantar (meu cantar)


Vibram as forças que sustenta o meu viver (meu viver)
Meu cantar (meu cantar)
É um apelo que eu faço a Nänaê

Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê


Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
O que peço no momento é silêncio e atenção
Quero contar o sofrimento que eu passei sem razão
O meu lamento se criou na escravidão
Que forçado passei

Eu chorei (eu chorei)


Sofri as duras dores da humilhação (humilhação)
Mas ganhei, pois eu trazia Nänaê no coração

Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê


Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê

Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê


Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê
Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê

Empoderamento “Orgulho Negro” de Xande de Pilares (03m08s)

Lê, lê, lê, lê, lêlê oh


Oh oh, oh oh, ohohoh ooh
Lê, lê, lê, lê, lêlê oh
Oh oh, oh oh, ohohoh ooh

Bate no rumpin, darun, lelê


Cante uma cantiga de orixá
Salve o seu axé, o seu ilê
Seu orgulho vem de além mar

Lutou as revoltas dos malês


E fez a chibata acabar
No jongo, lundum, maculelê
Dança e faz o mundo se alegrar

Chega com vontade, vem com atitude


Faz a negritude brilhar
Chega com vontade, vem com atitude
Faz a negritude brilhar

Lê, lê, lê, lê, lélê oh


Oh oh, oh oh, ohohoh ooh
Lê, lê, lê, lê, lêlê oh
Oh oh, oh oh, ohohoh ooh

Tempera o xinxim, o acarajé


Luta, corre e salta pra vencer
Seja em Madureira ou Daomé
Se assuma e seja mais você

Leia Jorge Amado e Carybè


Zé benexifa, gun e bejè
Junte sua força e sua fé
Cresça mais e faça acontecer

Chega com vontade, vem com atitude


Faz a negritude brilhar
Chega com vontade, vem com atitude
Faz a negritude brilhar

Chega com vontade, vem com atitude (chega com vontade, vem com atitude)
Faz a negritude brilhar (faz a negritude brilhar)
Chega com vontade, vem com atitude (chega com vontade e vem com atitude)
Faz a negritude brilhar (faz a negritude brilhar)

(Lê, lê, lê, lê, lêlê oh)


Salve Mandela, Obama, Candeia, Aniceto
(Oh oh, oh oh, ohohoh ooh)
Zumbi, Benetita da Silva, Antônio Pitanga, Milton Gonçalves, Ruth de Souza

(Lê, lê, lê, lê, lêlê oh)


Serginho Miriti, Clementina e Dona Ivone Lara,
Pelé, Alcione, Chica da Silva
(Oh oh, oh oh, hohoh ooh)

Anastácia, Machado de Assis, Michael Jackson,


Jovelina, Pérola Negra, Zezé Motta, Neci Brandão,
(Lê, lê, lê, lê, lêlê oh)
Seu Jorge, Jackson do Pandeiro, Arlindo Cruz, Pretinho da Serrinha,
Toni Tornado, Almir e Neto, Jamelão e Arlindo Salgueiro

Salva a raça negra!

Favelização “Problema social” de Seu Jorge (04m13s)


e Segregação
Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino
Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão
Nem o bom menino que vendeu limão e
Trabalhou na feira pra comprar seu pão

Nem o bom menino que vendeu limão e


Trabalhou na feira pra comprar seu pão

Não aprendia as maldades que essa vida tem


Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que nem conhecia a famosa Funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném

É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem


Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém

Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral

Se eu pudesse eu não seria um problema social


Se eu pudesse eu não seria um problema social
Se eu pudesse eu não seria um problema social
Se eu pudesse eu não seria um problema social
Se eu pudesse

Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino


Não seria eu um peregrino nesse imenso mundo cão
Nem um bom menino que vendeu limão e
Trabalhou na feira pra comprar seu pão
Nem um bom menino que vendeu limão e
Trabalhou na feira pra comprar seu pão

Não aprendia as maldades que essa vida tem


Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém
Juro que nem conhecia a famosa Funabem
Onde foi a minha morada desde os tempos de neném
É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem
Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém

É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem


Se eu pudesse eu tocava em meu destino
Hoje eu seria alguém

Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral

Se eu pudesse eu não seria um problema social


Se eu pudesse eu não seria um problema social
Se eu pudesse eu não seria um problema social
Se eu pudesse eu não seria um problema social
Se eu pudesse eu não seria um problema social
Se eu pudesse eu não seria um problema social

Violência “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” de O Rappa (04m35s)


do Estado
Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina alí
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento, por favor!
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam

Qual é negão? Qual é negão?


O que que tá pegando?
Qual é negão? Qual é negão?
Então… Qual é negão? Qual é negão?
O que que tá pegando?
Qual é negão? Qual é negão?

É mole de ver
É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revista

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)


Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)

É mole de ver
É mole de ver
Que para o negro
Mesmo a AIDS possui hierarquia
Na África a doença corre solta
E a imprensa mundial
Dispensa poucas linhas
Dispensa poucas linhas

Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Comparado, comparado
Figurinha do cinema
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Ou das colunas sociais

Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)


Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)

(Valoriza nós, todo sangue derramado afro)

É mole de ver
É mole de ver
Que todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
(Valoriza nós, todo sangue derramado afro)

Cores e Valores “AmarElo” de Emicida (part. Majur e Pabllo Vittar) (05m20s)

[Belchior]
Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço, me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado: Deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado

Tenho sangrado demais


Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais
Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro

[Emicida]
Eu sonho mais alto que drones
Combustível do meu tipo? A fome
Pra arregaçar como um ciclone (entendeu?)
Pra que amanhã não seja só um ontem com um novo nome
O abutre ronda, ansioso pela queda (sem sorte)
Findo mágoa, mano, sou mais que essa merda (bem mais)
Corpo, mente, alma, um, tipo Ayurveda
Estilo água, eu corro no meio das pedra

Na trama tudo, os drama turvo, eu sou um dramaturgo


Conclama a se afastar da lama enquanto inflama o mundo
Sem melodrama, busco grana, isso é hosana em curso
Capulanas, catanas, buscar nirvana é o recurso
É um mundo cão pra nóis, perder não é opção, certo?
De onde o vento faz a curva, brota o papo reto
Num deixo quieto, não tem como deixar quieto
A meta é deixar sem chão quem riu de nós sem teto (vai!)

[Majur, Emicida e Belchior]


Tenho sangrado demais
Tenho chorado pra cachorro (eu preciso cuidar de mim)
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro (esse ano eu não morro)
Tenho sangrado demais (demais)
Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro (Belchior tinha razão)
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro

[Emicida]
Figurinha premiada, brilho no escuro
Desde a quebrada avulso
De gorro, alto do morro e os camarada tudo
De peça no forro e os piores impulsos

Só eu e Deus sabe o que é não ter nada, ser expulso


Ponho linhas no mundo, mas já quis pôr no pulso
Sem o torro, nossa vida não vale a de um cachorro, triste
Hoje Cedo não era um hit, era um pedido de socorro

Mano, rancor é igual tumor, envenena a raiz


Onde a platéia só deseja ser feliz (ser feliz)
Com uma presença aérea
Onde a última tendência é depressão com aparência de férias

(Vovó diz) odiar o diabo é mó boi (mó boi)


Difícil é viver no inferno (e vem à tona)
Que o mesmo império canalha que não te leva a sério
Interfere pra te levar à lona, revide!

[Majur, Emicida e Belchior]


Tenho sangrado demais
Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais (demais)
Tenho chorado pra cachorro (preciso cuidar de mim)
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro
[Pabllo, Majur e Emicida]
Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes
Elas são coadjuvantes, não, melhor, figurantes
Que nem devia tá aqui

Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes


Tanta dor rouba nossa voz, sabe o que resta de nós?
Alvos passeando por aí

Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes


Se isso é sobre vivência, me resumir à sobrevivência
É roubar o pouco de bom que vivi

Por fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes


Achar que essas mazelas me definem é o pior dos crimes
É dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóis sumir

Tenho sangrado demais (falei)


Tenho chorado pra cachorro (é o Sol que invade a cela)
Ano passado eu morri (ei!)
Mas esse ano eu não morro

Tenho sangrado demais (demais)


Tenho chorado pra cachorro (mais importante que nunca)
Ano passado eu morri (mas aê)
Mas esse ano eu não morro

Tenho sangrado demais


Tenho chorado pra cachorro (a rua é nóis!)
Ano passado eu morri (e aê)
Mas esse ano eu não morro

Tenho sangrado demais


Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro (Laboratório Fantasma)

[Emicida]
Aí, maloqueiro, aí, maloqueira
Levanta essa cabeça
Enxuga essas lágrimas, certo? (você memo)
Respira fundo e volta pro ringue (vai)
Cê vai sair dessa prisão
Cê vai atrás desse diploma
Com a fúria da beleza do Sol, entendeu?
Faz isso por nóis
Faz essa por nóis (vai)
Te vejo no pódio

[Majur e Pabllo Vittar]


Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro

Lado A e Lado B “Som de Preto” de Amilcka e Chocolate (04m00s)

É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado (tu tá ligado)
É som de preto
De favelado (demoro)
Mas quando toca ninguém fica parado

O nosso som não tem idade, não vê raça e nem vê cor


Mas a sociedade pra gente não dá valor
Só querem nos criticar pensam que somos animais
Se existia o lado ruim, hoje não existe mais

Porque o funkeiro de hoje em dia caiu na real


Essa história de porrada isso é coisa banal
Agora pare e pense, se liga na responsa
Se ontem foi a tempestade hoje vira a bonança

É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado (tu tá ligado)
É som de preto
De favelado (demoro)
Mas quando toca ninguém fica parado

Porque a nossa união foi Deus quem consagrou


Amilcka e Chocolate é new funk demoro
E as mulheres lindas de todo o Brasil
Só na dança da bundinha pode crer que é mais de 1000
Libere o seu corpo vem pro funk vem dançar
Nessa nova sensação que você vai se amarrar
Então eu peço liberdade para todos nós Dj's
Porque no funk reina paz e o justo é o nosso rei

É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado (tu tá ligado)
É som de preto
De favelado (demoro)
Mas quando toca ninguém fica parado

O nosso som não tem idade, não vê raça e nem vê cor


Mas a sociedade pra gente não dá valor
Só querem nos criticar pensam que somos animais
Se existia o lado ruim, hoje não existe mais

Porque o funkeiro de hoje em dia caiu na real


Essa história de porrada isso é coisa banal
Agora pare e pense, se liga na responsa
Se ontem foi a tempestade hoje vira a bonança

É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado (tu tá ligado)
É som de preto
De favelado (demoro)
Mas quando toca ninguém fica parado

É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado (tu tá ligado)
É som de preto
De favelado (demoro)
Mas quando toca ninguém fica parado

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