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Disciplina: Didática - P2
Professora: Mônica Vasconcellos
Monitora: Laís Moreira Neves
Integrantes: Brenda de Freitas de Figueiredo, Felipe Max Candido Pereira, Gabrielle Fabrício
e Silva, Julia Lopes Coelho Rodrigues, Leonardo Leal Viguera e Silva e Ronnald Barboza
Trindade.
Objetivo(s) geral(is):
● METODOLOGIA
● ANEXOS
● METODOLOGIA
Nesse segundo encontro, teremos como objetivo estudar e analisar como o carnaval do
Rio de Janeiro usa de seus sambas-enredos como forma política, seja por ferramenta de
denúncia, formas de homenagear narrativas, memórias e como as fontes históricas são
utilizadas para essas metodologias.
1° momento: Iremos fazer uma contextualização da história do carnaval, desde o seu
surgimento na Antiguidade. Nesse momento, destacaremos as diversas interpretações e
desdobramentos para entender seus significados, como a tentativa de repressão dessas festas
no período de consolidação do poder da Igreja Católica na Idade Média, analisar a relação
entre o cristianismo e o carnaval, observar como essa festa ganha novos sentidos e olhares
com a chegada de ideais do Renascimento na Europa no período Medieval e, por fim, a
chegada do carnaval ao Brasil no período colonial, onde hoje, é a maior festa do país.
2 ° momento: Diante dessas pontuações, iremos analisar a partir do conceito de raça a
origem do preconceito racial no Brasil e seu vínculo direto com a intolerância contra as
religiões de matrizes africanas. Fazendo uso da historiografia, faremos um recorte
historiográfico onde será evidenciado o início da intolerância religiosa nas colônias e seus
desdobramentos até os dias atuais.
3° momento: Em continuidade, evidenciaremos o papel que as religiões de matrizes
africanas desempenham no carnaval do Rio Janeiro, mais especificamente nas escolas de
samba (construídas às margens da sociedade carioca do final do século XIX e início do século
XX, as escolas desde seu surgimento são frutos das marcas escravocratas, da banalização da
cultura negra e do racismo ambiental). Também será exposto como o racismo religioso age na
atualidade e a sua repercussão. Imponente desde seu surgimento, o carnaval seria apresentado
como uma figura que quebra paradigmas, onde novos sujeitos, narrativas e religiões vão
emergir. Em outras palavras, teremos um novo lugar de enunciação e vozes invisibilizadas por
tantos séculos serão ouvidas, na qual lutam pela igualdade racial e levam Exu para a avenida.
4° momento: Diante de todos esses aspectos levantados durante a aula, junto aos
alunos, será entregue individualmente (ou em grupo) papéis com os sambas enredo das
respectivas escolas de samba impressos. O primeiro seria da Estação Primeira de Mangueira
(Anexo 1), que exalta personagens que fazem parte da história do Brasil e não são
mencionados nos livros, e o segundo seria da Acadêmicos do Grande Rio (Anexo 2), onde
vemos um enredo sobre Exu e diferentes orixás, além de servir para a desconstrução de
estereótipos contra o orixá e as religiões de matrizes africanas.1 Com as folhas distribuídas,
iniciaremos a leitura atenta e detalhada a cada verso e estrofe a fim de explicar todos os
elementos históricos e políticos presentes.
5° momento: Em uma primeira análise dos sambas, com o auxílio de um marca texto
será pedido para que os discentes grifem nomes, palavras ou características escritas no papel
que eles reconheçam e posteriormente, com um lápis de escrever, circulem os termos
desconhecidos. Em ordem, cada um falaria sobre seus conhecimentos e dúvidas e, dessa
forma, iniciaremos a roda de conversa junto dos menores. Nesse sentido, funcionaria como
um termômetro para compreender a profundidade dos saberes de cada um.
6° momento: Em seguida, já com a roda de conversa estabelecida, iniciaremos um
debate a respeito do papel da arte na vida do ser humano, abordaremos sua importância no
período pandêmico e como a quarta arte, a música, é utilizada como instrumento de denúncia,
homenagem, protesto e resistência. Posteriormente, daremos início a análise dos samba
enredos a partir da perspectiva de música como ato político, e como os sambas da Mangueira
e Grande Rio são frutos do caráter político do carnaval. Além disso, ressaltaremos a
importância do samba da Mangueira para a historiografia brasileira e sala de aula através dos
livros didáticos, visto que o samba aborda fatos que não são de conhecimento público (“A
história que a história não conta”)2, além de trabalhar temas como história oral, história e
memória com os alunos.
7° momento: Com um enredo exaltando o orixá Exu, a Grande Rio cruza a Marquês
de Sapucaí vitoriosa.3 Através do samba, um importante debate será feito em sala de aula em
1
Confira MENDONÇA, Alba. Conheça os heróis citados no samba e no enredo da Mangueira no carnaval de
2019. G1 RIO, Rio de Janeiro, 2022. Disponível em:
<https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/carnaval/2019/noticia/2019/03/08/conheca-os-herois-citados-no-samba-e-
no-enredo-da-mangueira-no-carnaval-de-2019.ghtml?fbclid=IwAR3DwmLeY3VcrlciClZmdk6GGj-gB_WA8K6
XawKvkAOkE7Cemmh9Z2wdbGQ>. Acesso em: 12 jul. 2022.
2
Verso presente no samba enredo.
3
Confira G1 RIO. Grande Rio é a campeã do carnaval 2022 do Rio, o primeiro título da históriada Tricolor. G1
RIO, Rio de Janeiro, 2022. Disponível em:
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/carnaval/2022/noticia/2022/04/26/grande-rio-e-a-campea-do-carnaval-202
torno do preconceito religioso, grande agente da discriminação e ódio no Brasil. Perguntas
como por exemplo: “Porque o desconhecido precisa ser menosprezado?” “O quão instaurado
na sociedade o cristianismo é para que a religião alheia seja demonizada?” serão levantadas a
título de reflexão e mostrar que o pré-conceito sobre determinada temática pode ser
preenchido por conhecimento. Neste momento final, iremos compartilhar vídeos com a turma
contendo alguns dos momentos dos desfiles das escolas supracitadas e os alunos irão
compartilhar sua experiência e aprendizado com a atividade. (Anexo 3 e 4).
Recursos didáticos: Quadro; piloto; Caixa de som; Celular com internet; Impressora; Folha
A4 com letra dos sambas-enredos da Mangueira e da Grande Rio impressas; Marca-texto;
Lápis de escrever; Retroprojetor para a exposição das fontes; Pen drive contendo os vídeos
dos desfiles escolhidos.
● ANEXOS
2-do-rio.ghtml?fbclid=IwAR0AW3x4QDUMw5yfGQdy1UUNL60jItXn3S5Cu3z3Wbv7tC6ukkArcopTHS8>.
Acesso em: 12 jul. 2022.
Desde 1500 tem mais invasão do que
Mangueira, tira a poeira dos porões descobrimento
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões Tem sangue retinto pisado
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, Atrás do herói emoldurado
jamelões
Mulheres, tamoios, mulatos
São verde e rosa, as multidões
Eu quero um país que não está no retrato
Mangueira, tira a poeira dos porões
Brasil, o teu nome é Dandara
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
E a tua cara é de cariri
Dos Brasis que se faz um país de Lecis,
jamelões Não veio do céu
Anexo 2: Letra do samba-enredo 2022 da G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio (RJ) - Fala,
Majeté! Sete Chaves de Exu
Ê Bará ô, Elegbara
Lá na encruza, onde a flor nasceu raiz
Disponível em: Letras
Anexo 4: Vídeo do desfile de 2022 da G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio (RJ) - Fala,
Majeté! Sete Chaves de Exu. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=PNERSvOPzs0>.
- Entender como as músicas servem como ponto de partida para discussões de aspectos
historiográficos;
- Ampliar o senso crítico dos discentes a partir de elementos que integrem múltiplas
experiências;
- Expandir o conhecimento de como as músicas podem ser utilizadas como fontes
históricas, nos permitindo problematizar o passado em que estão inseridos;
- Aprender como as músicas ilustram e fornecem aspectos da vida social de uma
comunidade do passado;
- Desenvolver a problemática da racialização no Brasil contemporâneo.
● METODOLOGIA
1° momento: O terceiro encontro finaliza o projeto “A história que não está nos
retratos”. Nesse sentido, logo no início da apresentação, apontaremos aos discentes que o
objetivo da última aula é colocar em prática o conteúdo visto nos encontros anteriores.
2° momento: Iniciaremos a aula indagando os alunos, de acordo com suas concepções
e vivências, se eles consideram possível aprender através das músicas que eles escutam no dia
a dia. Logo após, discutiremos com a turma como as músicas ilustram aos ouvintes aspectos
da vida social de uma sociedade, tanto do passado quanto atualmente. Dessa maneira,
trabalharemos como essas produções nos permitem problematizar o passado, o registro desse
passado e o presente; podendo classificá-las e utilizá-las como fontes históricas e de ensino,
aguçando a criticidade quando feitas com responsabilidade
3° momento: Em segunda instância, apresentaremos uma dinâmica: a colaboração de
uma playlist musical. Estimularemos os discentes a contribuírem em sala para a montagem de
uma playlist com músicas das quais eles consigam identificar movimentos e pautas sociais
emergentes nesses últimos anos. Pediremos para que eles deem opções de músicas que
possam se encaixar nas categorias: “Colonialismo e escravidão”, “Religião”,
“Empoderamento”, “Favelização e Segregação”, “Violência do Estado”, “Cores e Valores”,
“Lado A e Lado B”.
4° momento: Para melhor funcionamento da dinâmica, separaremos a turma em sete
grupos, cada uma contendo (no máximo) cinco integrantes e logo em seguida faremos um
sorteio, de modo que cada grupo fique com um tema, dando assim início à atividade.
Explicaremos que a playlist é um objeto de colaboração entre diversos professores que tem
como objetivo dissecar, em produtos cotidianos, a historicidade e que, com essa dinâmica, as
indicações apresentadas pelos grupos serão adicionadas ao produto final.
5° momento: Uma vez que os alunos estejam perguntando acerca das divisões, de
modo elucidativo, utilizaremos sete músicas como exemplos para fomentar dúvidas, críticas e
opiniões. Para isso, exemplificaremos reproduzindo composições que se relacionem
diretamente com essas categorias especificadas. Para fins de consulta, escreveremos a Tabela
1 no quadro para que os alunos não a esqueçam durante a dinâmica, e, em seguida,
reproduziremos as faixas.
Tabela 1 - Temas e músicas relacionadas
TEMA MÚSICA
Cores e Valores “AmarElo” de Emicida (part. Majur e Pabllo Vittar) [Sample: “Sujeito de Sorte”
de Belchior] (05m20s)
4
Gíria utilizada para descrever as batalhas diárias do proletário.
15° momento: Com todos os eixos temáticos devidamente apresentados, os grupos
terão participação na dinâmica por meio da escolha de canções que remontam aos tópicos
previamente debatidos ao longo dos encontros. Explicaremos e auxiliaremos os discentes
alguns fatores limitantes em sua autonomia na atividade como a linguagem inapropriada e
alguma possível fuga do tema para que transcorra da melhor forma possível. Logo após, as
escolhas musicais serão reproduzidas em sala de aula e os debates transitarão em torno da
composição e também das razões da escolha de cada grupo. Isso possibilitará uma amplitude
ainda maior de exemplos e uma importante troca de ideias. Ao fim, as músicas selecionadas
integrarão uma playlist com canções relativas a essa temática, com finalidade de divulgação
de conhecimento a um público mais amplo ao ser disponibilizada em uma plataforma de
streaming.
Recursos didáticos: Caixa de som; Celular com internet e bluetooth; Playlist do Spotify;
Impressora; Folha A4 com a letra das músicas que serão tocadas em sala impressas na íntegra
para os alunos; Quadro e Piloto.
Anexos: Letras das músicas (Tabela 1) que serão utilizadas em sala de aula.
TEMA MÚSICA/LETRA
Um lamento triste
Sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro
E de lá cantou
Negro entoou
Um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes
Pela quebra das correntes
Nada adiantou
E de guerra em paz
De paz em guerra
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar
Canta de dor
Chega com vontade, vem com atitude (chega com vontade, vem com atitude)
Faz a negritude brilhar (faz a negritude brilhar)
Chega com vontade, vem com atitude (chega com vontade e vem com atitude)
Faz a negritude brilhar (faz a negritude brilhar)
Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
Seria eu um intelectual
Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal
Muitos me chamam pivete
Mas poucos me deram um apoio moral
É mole de ver
É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revista
É mole de ver
É mole de ver
Que para o negro
Mesmo a AIDS possui hierarquia
Na África a doença corre solta
E a imprensa mundial
Dispensa poucas linhas
Dispensa poucas linhas
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Comparado, comparado
Figurinha do cinema
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Ou das colunas sociais
É mole de ver
É mole de ver
Que todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
(Valoriza nós, todo sangue derramado afro)
[Belchior]
Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço, me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado: Deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado
[Emicida]
Eu sonho mais alto que drones
Combustível do meu tipo? A fome
Pra arregaçar como um ciclone (entendeu?)
Pra que amanhã não seja só um ontem com um novo nome
O abutre ronda, ansioso pela queda (sem sorte)
Findo mágoa, mano, sou mais que essa merda (bem mais)
Corpo, mente, alma, um, tipo Ayurveda
Estilo água, eu corro no meio das pedra
[Emicida]
Figurinha premiada, brilho no escuro
Desde a quebrada avulso
De gorro, alto do morro e os camarada tudo
De peça no forro e os piores impulsos
[Emicida]
Aí, maloqueiro, aí, maloqueira
Levanta essa cabeça
Enxuga essas lágrimas, certo? (você memo)
Respira fundo e volta pro ringue (vai)
Cê vai sair dessa prisão
Cê vai atrás desse diploma
Com a fúria da beleza do Sol, entendeu?
Faz isso por nóis
Faz essa por nóis (vai)
Te vejo no pódio
É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado (tu tá ligado)
É som de preto
De favelado (demoro)
Mas quando toca ninguém fica parado
É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado (tu tá ligado)
É som de preto
De favelado (demoro)
Mas quando toca ninguém fica parado
É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado (tu tá ligado)
É som de preto
De favelado (demoro)
Mas quando toca ninguém fica parado
É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado (tu tá ligado)
É som de preto
De favelado (demoro)
Mas quando toca ninguém fica parado
É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado (tu tá ligado)
É som de preto
De favelado (demoro)
Mas quando toca ninguém fica parado