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ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
I
Ivanio Dickmann
[Organizador]
NOTA: Dado o caráter interdisciplinar desta coletânea, os textos publicados respeitam as normas e técni-
cas bibliográficas utilizadas por cada autor. A responsabilidade pelo conteúdo dos textos desta obra é dos
respectivos autores e autoras, não significando a concordância dos organizadores e da instituição com as
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Ivanio Dickmann
[Organizadores]
DIALOGAR:
ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
V OLUME 1
Diálogo Freiriano
Veranópolis - RS
2021
CONSELHO EDITORIAL
EXPEDIENTE
FICHA CATALOGRÁFICA
ISBN 978-65-87199-44-3
[CNPJ 20.173.422/0001-76]
Av. Osvaldo Aranha, 610 - Sala 10 - Centro
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dialogar.contato@gmail.com
www.dialogofreiriano.com.br
Whatsapp: [54] 98447.1280
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Ivanio Dickmann ....................................................................................................................... 5
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Ivanio Dickmann
Organizador
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RELAÇÕES ENTRE O DIREITO E A EDUCAÇÃO
INFANTIL NAS PESQUISAS DA ANPED
Ana Carolina Corrêa 1
Tereza Marta Ribeiro Mendes Ferreira 2
Amanda Valiengo 3
Introdução
O objetivo deste trabalho é apresentar algumas considerações acerca das
pesquisas publicadas nas duas últimas edições da Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) na 38ª Reunião em São Luís do Ma-
ranhão, outubro de 2017, e na 37ª Reunião ocorrida em Florianópolis, outubro de
2015. Para tanto, realizou-se um levantamento bibliográfico e análise dos traba-
lhos publicados no portal ANPEd, entre os anos de 2000 a 2017. Nossas fontes
foram os resumos disponíveis e os artigos publicados no Grupo de Trabalho 07
(GT07) cujo eixo é Educação de Crianças de 0 a 6 anos.
Essa investigação surgiu do interesse em aprofundar os estudos realizados
durante a disciplina “Pesquisa em Educação Infantil no Brasil”, ofertada pelo Pro-
grama de Pós-graduação Processos Socioeducativos e Práticas Escolares do Mes-
trado em Educação da Universidade Federal de São João del Rei – UFSJ em 2019.
Dessa forma, o intuito é verificar como e quais têm sido as contribuições,
nas pesquisas, que se encontram supostamente alicerçadas em concepções que in-
corporam as múltiplas determinações sociais e culturais na educação das crianças
de 0 a 6 anos de idade (ROCHA, 1999, p. 16).
Para tanto, a fim de alcançar o objetivo proposto, inicialmente foram i-
dentificados os resumos e os artigos científicos publicados pertinentes a Educação
Infantil, consultados os periódicos a partir da base de dados virtuais da ANPEd.
Depois foi procedida a realização da análise das produções encontradas e por fim,
sistematização dos dados encontrados.
Realizou-se ainda uma pesquisa nestes periódicos por meio das palavras
ou expressões de busca: educação infantil, creche e pré-escola. E posteriormente,
1
anacarolinacorrea. pedagogia@gmail. com - IFSUDESTEMG
2
terezamrm@gmail. com - UFSJ
3
amanda. valiengo@ufsj. edu. br - UFSJ
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a catalogação e a análise das temáticas abordadas nos artigos. Nesta análise, veri-
ficou-se de forma quantitativa, as temáticas relacionadas ao Direito e à Educação
Infantil como sendo as mais recorrentes entre os trabalhos encontrados.
Nessa perspectiva cabe destacar que para o desenvolvimento dessa pes-
quisa, empregou-se o Estado da arte ou Estado do Conhecimento que de acordo
com Ferreira
Mapear e de discutir uma certa produção acadêmica em diferentes campos do
conhecimento, tentando responder que aspectos e dimensões vêm sendo desta-
cados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e em que
condições têm sido produzidas certas dissertações de mestrado, teses de douto-
rado, publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e de
seminários. Também são reconhecidas por realizarem uma metodologia de cará-
ter inventariante e descritivo da produção acadêmica e científica sobre o tema
que busca investigar, à luz de categorias e facetas que se caracterizam enquanto
tais em cada trabalho e no conjunto deles, sob os quais o fenômeno passa a ser
analisado. (FERREIRA, 2013, p. 258)
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Série1 Série2
Fonte: Gráfico realizado pelas autoras, a partir dos dados dos Anais da ANPEd
dos anos de 2015 e 2017.
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Foram selecionados na ANPEd de 2015 e 2017 do Grupos de Trabalho 07. Estes foram localizados
através dos anais no site http://www. anped. org. br/reunioes-cientificas/nacional acessado em
20/06/2019.
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Série1
Fonte: Gráfico realizado pelas autoras, a partir dos dados dos Anais da ANPEd
dos anos de 2015 e 2017.
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Os pressupostos da Terceira Via são definidos a partir da mesma avaliação que os neoliberais fazem:
a crise decorre do Estado, logo é urgente e imprescindível reformar o Estado e o governo, no entanto,
segundo os teóricos da Terceira Via, diferentemente dos pressupostos neoliberais que defende que a
saída se encontra na privatização, eles defendem que a saída reside na divisão da execução de polí-
ticas públicas sociais com a sociedade civil ( GIDDENS, 2007, FALLEIROS, PRONK e OLIVEIRA,
2010; PERONI, 2011). Entretanto, de acordo com Falleiros, Pronk e Oliveira (2010) a Terceira Via
mantém as premissas básicas do neoliberalismo, mas incorpora os elementos centrais do reformismo
socialdemocrata. E nessa lógica, o papel do Estado é redefinido, passando do poder do Estado por si
mesmo – governo, para “à governança (uma configuração mais ampla que contém os Estados e ele-
mentos-chave da sociedade civil” (HARVEY, 2014, p. 87). Ou seja, ainda que possuam elementos
distintos os pressupostos neoliberais e os pressupostos da Terceira Via não são opostos, nem tão
pouco contraditórios. (CAMPOS, BARBOSA, 2017, p. 14).
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Programa Brasil Carinhoso é uma transferência automática de recursos que devem ser usados para
custear as despesas com manutenção e o desenvolvimento da educação infantil. Tais ações devem
ser destinadas aos cuidados com as crianças, segurança alimentar, entre outros. Disponível em
https://maesdesucesso. com/programa-brasil-carinhoso, acessado em: 08 de julho de 2019.
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Considerações Finais
Portanto, a partir dessa análise, identificou-se que estas temáticas são
muito importantes e essenciais para o oferecimento da Educação Infantil com qua-
lidade, temas estes que estão ganhando visibilidade na produção científica. Assim,
de acordo com Rocha infere-se que a pesquisa em Educação Infantil acompanha a
pesquisa educacional em geral, bem como pode refletir a atual conjuntura política
e social nacional.
Ademais, neste estudo verificou-se que os trabalhos analisados, além de
guardarem em termos quantitativos maior relação com as temáticas ligadas a E-
ducação Infantil, direito e políticas públicas, apresentam diferentes enfoques, mas
também algumas similaridades.
Isto posto, debruçando-nos com mais detrimento nas informações encon-
tradas, concluiu-se que as pesquisas situadas na base de dados dos dois últimos
Anais das Reuniões Científicas Nacionais da ANPEd dos anos de 2015 e 2017, en-
contram-se mais voltadas para as temáticas ligadas ao direito e a Educação Infan-
til, e que a análise jurídica normativa dos temas relacionados a esses temas, em
suas mais variadas vertentes, encontram-se fundamentadas nas normas e docu-
mentos oficiais contemporâneos do Estado brasileiro. Entretanto, a efetivação
desses direitos é permeada por diversos entraves de cunho político, econômico,
organizacional, gerencial e até mesmo de ordem prática, na esfera das instituições
educacionais infantis. O que pode indicar, ora a incipiência das políticas públicas
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Referências bibliográficas
BECKER, Howard S. Métodos de pesquisas em ciências sociais. 4. ed. São Paulo:
Hucitec, 1999.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988.
_______. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n° 8. 069/90, de 13 de julho de
1990.
_______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n° 9. 394/96, de 20 de
dezembro de 1996.
______. Lei n. 12. 796, de 4 de abril de 2013: altera a Lei n. 9. 394 de 20 de dezembro
de 1996. Brasília: Planalto Central, 2013.
______. Lei nº 12. 722, de 3 de outubro de 2013. Altera as Leis nos 10. 836, de 9 de
janeiro de 2004, 12. 462, de 4 de agosto de 2011, e 11. 977, de 7 de julho de 2009.
Brasília: Planalto Central, 2013.
______. Lei 13. 005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação -
PNE e dá outras providências. Brasília: Planalto Central, 2014.
______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
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Nacionais da Qualidade para a Educação Infantil. Vol. 1 e 2. Brasília: MEC/SEB,
2008.
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Qualidade da Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2009.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Critérios para um
Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças /
Maria Malta Campos e Fúlvia Rosemberg. Brasília: MEC/SEB, 2009.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Revisão Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2013.
CAMPOS. R., BARBOSA. M. C. S. A obrigatoriedade da matrícula na pré-escola
em tempos de “terceira via”. In: 38ª REUNIÃO CIENTIFICA NACIONAL DA
ANPED - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
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DIFICULDADES DE MULHERES NEGRAS, POBRES
E COM IDADE ADULTA NA VIDA ACADÊMICA
Angeline Freire de Souza
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, as desigualdades de gênero e raça são estruturantes da desi-
gualdade social brasileira. E no que se refere a participação igualitária em diversos
campos da vida social, as mulheres negras e pobres estão sempre no final da lar-
gada, os obstáculos encontrados no meio do percurso nessa corrida muitas das
vezes as fazem desistir ou sequer sonhar estar presentes nesses espaços. Sabe-se
que, já existem algumas políticas afirmativas para que esse público tenha acesso a
tais ambientes, as cotas universitárias são um exemplo disso, já que a academia é
um desses espaços em que faz pouco tempo que esse público passou a ocupá-lo.
Porém, criar cotas que permitam a entrada no curso desejado não é a solução para
a realização de seu ideal, ainda não foi pensado como as universidades terão que
se adaptar para garantir a permanência dessas mulheres lá, já que existem muitas
diferenças entre um público jovem que acaba de sair do ensino médio para uma
mulher que muitas das vezes faz algum tempo que não estuda e que já tem uma
rotina incessante de trabalho agregada. Mesmo assim, as mulheres estão tentando
e conseguindo garantir sua entrada na faculdade, mesmo sendo uma decisão tar-
dia. Os motivos para essa escolha tardia são vários, mas a maioria desses fatores
estão ligados principalmente a falta de oportunidades que já são determinantes
por se tratarem de mulheres, negras e pobres.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2. 1 MULHERES CHEFES DE FAMÍLIA
Saber que cuidados de saúde essenciais as mulheres acabam se tornando
algo que podem determinar os rumos em que ela vai seguir, torna mais visível o
desamparo que o estado tem com elas. Muitas vezes, as mulheres, ao buscar um
serviço de saúde preventiva, enfrentam a falta de profissionais, postos de saúde pre-
carizados e insuficientes para atender a uma grande demanda. O não atendimento
vai trazer para essa mulher, falta de planejamento familiar, a desinformação sobre
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
métodos contraceptivos, que ainda é uma realidade para essa determinada camada
da sociedade, que resultará, muito provavelmente, em uma gravidez precoce.
A pesquisa do IBGE traz também dados da saúde reprodutiva das mulhe-
res. Do total de mulheres de 18 a 49 anos de idade, 97, 4% tinham sido atendidas
pelo menos uma vez em uma consulta pré-natal com profissional de saúde especi-
alizado na última gravidez. As mulheres nessa faixa etária que chegaram a ser a-
tendidas em pelo menos quatro consultas foram 93, 9%. Na desagregação por cor
ou raça, ambos os indicadores sobre atendimento em consulta pré-natal apresen-
tam desigualdade: enquanto 98, 6% das mulheres brancas foram atendidas em no
mínimo uma consulta com profissional de saúde especializado na última gravidez,
entre as pretas ou pardas esse percentual foi menor: 96, 6%.
Quando o parâmetro é ter frequentado no mínimo quatro consultas, o
percentual foi de 95, 4% para as mulheres brancas e 92, 8% para as mulheres pretas
ou pardas. Essas desigualdades se acentuam regionalmente: na região Norte, por
exemplo, o percentual de mulheres brancas que foram atendidas em no mínimo
quatro consultas (98, 5%) superou o de mulheres pretas ou pardas (87, 9%) em
mais de dez pontos percentuais.
Ainda segundo a pesquisa, 72, 3% das mulheres de 18 a 49 anos em uniões
sexualmente ativas e que não estavam na menopausa utilizavam algum método
para evitar a gravidez, ou seja: mais de 1/4 das mulheres nesse grupo não utiliza-
vam qualquer método contraceptivo. No Norte (68, 4%) e Nordeste (71, 5%), os
percentuais estavam abaixo da média nacional. Com isso, a taxa de fecundidade
adolescente era de 56 nascimentos a cada mil mulheres na faixa dos 15 aos 19 anos
de idade.
Daí então, a vida dela seguirá por outro percurso, a partir desse novo mo-
mento em sua vida, a mulher percebe que, seus ideais, seus sonhos, ficarão para
trás, tendo agora que se dedicar a uma vida da qual ela não planejou, mas, que
também ela terá muitas vezes que assumir esse papel sozinha. Ainda existe um
fator mais agravante na vida dessas mulheres, já que depois que engravidam, mui-
tas das vezes serão abandonadas pelo companheiro, ficando com ela toda a carga
de criar e cuidar do filho em todos os aspectos, financeiro, tornando-se a única
provedora da casa, no aspecto social, ela também vai ser a única responsável em
oferecer lazer ao filho, no aspecto educacional, já que mais uma vez assumirá a
responsabilidade de lidar com a vida escolar e no aspecto da saúde, que por sua
vez terá que cuidar e levar no médico quando a criança ou adolescente precisar.
Vê-se então, que ter um filho pode ou não ter sido escolha dela, mas a mulher vai
dedicar toda a sua vida a cuidar do filho sozinha, onde sabemos que só o fator
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
O gráfico a seguir, mostra que o aumento das famílias nas quais as mu-
lheres são as responsáveis se deu tanto nas famílias com chefia de mulheres bran-
cas como nas de mulheres negras.
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2. 2 A ENTRADA NA UNIVERSIDADE
A entrada tardia na faculdade remete para essa mulher uma grande feli-
cidade, pois finalmente ela terá acesso a um mundo que sonhara bem antes, de
quando ainda não teria conhecido ou vivido vários momentos em sua vida. Ao che-
gar nesse novo mundo, a mulher terá uma série de obstáculos a serem descobertos
e superados. Obstáculos esses que podem ou não se tornar um fator relevante
nessa nova fase, pois alguns desses poderão, inclusive, serem os fatores determi-
nantes que façam com que essa mulher continue ou não nessa nova empreitada.
O primeiro impacto, é se deparar com os outros alunos, que serão de i-
dade bem menor que a sua, a maioria na verdade deve ter a idade de seus filhos.
Nisso, logo percebe-se que o nível de interesse e de experiência já é um fator su-
pressor para ela, pois sua gama de interesses até então se limitava a outras coisas
como: comparar preços de itens alimentícios ou saber qual medicação correta para
cada enfermidade. Isso, torna-se irrelevante nesse novo ambiente. Logo, a mulher
percebe que terá inúmeros desafios pela frente: a busca por autores até então des-
conhecidos para ela, a leitura de textos e livros e uma busca em cumprir todas as
atividades propostas dentro da universidade.
Estas e outras tarefas, sabemos que todos os alunos devem cumprir, acon-
tece que a maioria desses discentes acabaram de sair do ensino médio, ainda man-
têm em si o vigor e interesse, portanto, podem focar somente em assuntos acadê-
micos, enquanto para as mulheres, essa é mais uma questão a ser introduzida em
sua rotina. Outra situação em que se dão conta, é sobre os vários trâmites dentro
da faculdade a serem seguidos, talvez isso não seja um problema que somente esse
público enfrenta, mas, ela não tem o interesse de procurar saber como tais coisa
funcionam, pois a maioria desses acontecimentos acontecem de forma virtual, pa-
rece que as mulheres estavam em um mundo, dormiram por um longo período e
acordaram em um outro mundo totalmente diferente do que ela conhece e vive.
Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) mostra que as mulheres estudam por mais anos que os homens. Entre as
pessoas de 25 a 44 anos de idade, o percentual de homens que completou a gradu-
ação é de 15, 6%; enquanto o de mulheres atingiu 21, 5%; indicador 37, 9% superior
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
conta é que muitas dessas mulheres não tem acesso a equipamentos, muito menos
como se dá a formatação desses trabalhos.
Essa questão é um grande obstáculo, pois esse público vai necessitar de
grande ajuda para conseguir aprender a trabalhar nos programas, word, excel, po-
wer point, etc. e conseguir se colocar nas redes sociais onde tudo será comparti-
lhado virtualmente, e ainda aprender como se formata os trabalhos nas regras da
ABNT. Importante dizer que, o Brasil sai do período da ditadura na década de oi-
tenta, importante também dizer que no Brasil se vive há muito tempo numa cul-
tura machista, que se juntando com o período de censura da ditadura formou uma
geração de mulheres silenciadas, que estão acostumadas a se calar diante das in-
justiças, portanto, quando ela se depara com situações que necessita de ajuda, sim-
plesmente ela vai se sentir envergonhada.
Adequar-se a esses novos sistemas é mais um desafio que elas terão que
enfrentar, pois o encaram como algo novo e muito complexo. A questão da infor-
mática torna-se muito complicado porque simplesmente elas têm outras priorida-
des em suas vidas, e saber ou não mexer em um computador e todos os programas
não eram essenciais até então.
Ainda em seus estudos, o Ipea aponta que no que se refere à exclusão digi-
tal, foram analisados os domicílios segundo tipo de chefia (masculina/feminina, ne-
gra/branca) e a posse dos seguintes itens: microcomputador, internet e telefone ce-
lular. A tendência geral nesse caso, é de elevada exclusão digital da população negra,
e, em especial, das mulheres negras. ¾ Em 2003, nos domicílios chefiados por bran-
cos, 78% não tinham acesso a microcomputador, 83% a internet e 53, 5% a telefone
celular. No caso dos domicílios chefiados por negros, esses valores eram, respectiva-
mente, de 93%, 95% e 71%. Não existem diferenças significativas entre homens e
mulheres na posse desses itens. No entanto, quando se cruza a chefia por raça e sexo,
percebe-se que são sempre as mulheres negras as que se encontram em pior situação
e, nesse caso, estão, portanto, mais sujeitas à exclusão digital (ver tabela).
Se por um lado, ela precisa aprender a lidar com as novas tecnologias, por
outro lado, ela agora precisa ter acesso a tais equipamentos que até então não eram
de suma necessidade no seu ambiente domiciliar. Mesmo em meio a essas dificul-
dades de aprendizado e financeiras, ela consegue mais uma vez ajustar-se a essa
nova realidade, que por sua vez também lhe trará mais conhecimento sobre novas
tecnologias como na elaboração de trabalhos e no domínio de algumas ferramentas
tecnológicas.
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
2. 4 A SAÚDE DA MULHER
Uma questão bem relevante para a mulher na busca por seus ideais é a
questão física e emocional. Como já vimos antes, a mulher passa por um período
de adaptação e que ela compreende que irão surgir novos aprendizados, novos co-
nhecimentos e uma nova rotina. Infelizmente, quem não vai compreender é o seu
corpo, que não é mais o mesmo de vinte ou trinta anos atrás, o fardo que ela carrega
é bem mais árduo agora, muitas das vezes ela já adquiriu algumas enfermidades
que serão constantes em sua vida, enfermidades essas que precisarão de tratamen-
tos e que serão mais difíceis agora, pois o tempo disponibilizado para tal coisa,
será substituído para estudo e busca de realização de trabalhos para o seu curso.
E esse obstáculo já não depende da sua vontade de querer superar, pois
esse limite físico é mais uma dádiva do tempo e da idade.
Com isso, a mulher mais uma vez vai além do seu limite, as dores nas per-
nas, o período pré-menstrual ou menopausa, as dores de cabeça e outras comorbi-
dades sempre farão essa mulher repensar se ainda vale a pena continuar nessa em-
preitada. Conhecer as diferenças de acesso aos serviços de saúde, bem como os
impactos destas diferenças em cada segmento da população é fundamental para
se pensar em políticas públicas que atuem no sentido de promover a igualdade e a
universalidade no acesso e na qualidade do atendimento dos serviços públicos.
Algumas diferenças, que se constroem como desigualdades, têm como determi-
nantes o sexo da pessoa, outras a raça/cor e algumas a idade. Os gráficos abaixo
mostram o percentual em que essas doenças acometem mulheres de mais idade.
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
2. 5 FLEXIBILIZAÇÃO NO CURRÍCULO
A mulher, assim como qualquer outro estudante que ingressa na univer-
sidade, entra com muita vontade de aprender e de querer se aperfeiçoar na profis-
são que escolheu, porém, ela não tem mais o tempo como o de um estudante jovem
para se deleitar ou se aprofundar sobre os assuntos pautados em cada semestre.
Com isso, ao mesmo tempo em que ela sabe que por uma questão de necessidade
ela tem que terminar logo, ela também compreende que não terá mais essa dispo-
sição, nem tempo para tal aprofundamento. Claro que esse assunto pode ser um
problema para quase todos os estudantes, mas a questão é que ela não tem um
outro tempo para repetir o semestre, refazer os trabalhos ou adiar por mais algum
tempo o término de sua graduação, porque o tempo passou a ser um dos fatores
mais importantes na sua vida.
Pensando assim, quando nos deparamos com o currículo universitário,
percebe-se que para dar conta de tudo, terá que abrir mão de outras demandas
para continuar estudando. Uma flexibilização na carga horária ou uma mudança
de currículo voltada para esse público poderia garantir com que ele pudesse se
manter na universidade e garantir sua conclusão.
3. CONCLUSÃO
Depois de alguns anos criando políticas de acesso a universidades, um
público que antes via a entrada na academia como algo impossível e viam a uni-
versidade preparada para a camada elitizada, percebe-se que a oportunidade do
ingresso foi obtida através das cotas, sejam elas raciais, para pessoas de baixa
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
renda ou para quem estudou a vida toda em escola pública. Porém, precisamos de
investimentos mais abrangentes que repensem um novo modelo de currículo a
mulheres que buscam essa chance. Garantir a permanência desse público não sig-
nifica criar privilégios nem facilitar sua estadia, e sim criar estratégias que possi-
bilitem que a entrada na faculdade irá ajudá-la a transformar a sua realidade. A
mulher já entendeu que muitas das vezes a universidade será para ela a porta de
entrada para que possa melhorar de vida profissionalmente e que através disso ela
pode buscar um futuro melhor para ela e para sua família. Com isso, é preciso tam-
bém que a sociedade pare de olhar a luta que essas mulheres passam ao longo de
sua vida acadêmica como algo esplendoroso e que ela precisava passar por mais
uma batalha para dar valor ao que ela pode adquirir, porque isso mais uma vez vai
enfatizar um olhar preconceituoso em que acham que pessoas pobres e negras pre-
cisam sofrer e valorizar o sofrimento como forma de um troféu. Mulheres negras
já sabem o valor da educação antes de entrar na universidade, por isso a valoriza
tanto quanto quem já está lá dentro. A cultura da nossa sociedade é que romanti-
zou que seria lindo que se esse público quisesse alcançar tais espaços teria que
buscar de maneira mais difícil.
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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Florianópolis, v. 17, n. 3, set. /dez. 2009.
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por-tras-dos-indicadores/ em 26/11/2020
https://www. ipea. gov. br/retrato/pdf/revista. pdf
https://www. geledes. org. br/eu-mulher-negra-na-universidade-academicista em
01/12/2020
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completam-o-ensino-superior
https://www. ipea. gov. br/retrato/pdf/primeiraedicao. pdf acesso 08/11/2020
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DIALOGANDO SOBRE A RELEVÂNCIA
DO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
NA CONSTRUÇÃO DA TRAJETÓRIA
DO SUCESSO ESCOLAR.
Benedito Antônio Nonato Pinheiro 1
Rosileide Moraes Cardoso 2
Rosilene Baia da Trindade 3
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em algumas situações as crianças são apontadas como estudantes de
pouca criatividade ou apáticas. Mas, não se pode esquecer que são sujeitos de in-
terrogações, pois diariamente inúmeras questões invadem suas mentes, como por
exemplo: De onde vim? Quem sou eu? O que faço aqui? Que lugar ocupo na família,
na escola? “As crianças pequenas têm o desejo, a curiosidade e a necessidade de
compreender o mundo em que vivem. Muitas vezes essa necessidade está ligada à
construção de sua identidade” (ARAÚJO, 2005, p. 45).
O despertar destas interrogações nas crianças ocorre porque paulatina-
mente vão tomando consciência de que são seres pensantes e como tal buscam se
descobrir, se conhecer e se inserir no espaço onde vivem, ainda procuram conhecer
e interagir com o mundo que o cerca e com os outros sujeitos. Como reflete FREIRE
1
Professor de Séries Iniciais, Coordenador dos Conselhos Escolares (2009-2016), Técnico da Coorde-
nação do Ensino Fundamental – Anos Iniciais (2017-2020) da Secretaria Municipal de Educação de
Abaetetuba/PA (2017-2020); Membro da Equipe Técnica de Sistematização do Plano Municipal de
Educação de Abaetetuba/PA - PME (2015); Membro da Comissão Técnica Municipal para a Siste-
matização da Proposta Curricular do Município de Abaetetuba/PA (2019); Vice-Diretor Eleito em
Unidade Escolar da Secretaria de Estado de Educação do Pará (2019-2021); Especialista em Psicope-
dagogia Institucional; Pedagogo; E-mail: bn. pinheiro@bol. com. br
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Professora de Séries Iniciais, Técnica da Coordenação do Ensino Fundamental – Anos Iniciais (2019-
2020) da Secretaria Municipal de Educação de Abaetetuba/PA; Membro da Comissão Técnica Mu-
nicipal para a Sistematização da Proposta Curricular do Município de Abaetetuba/PA (2019); Mes-
tre em Educação; Especialista em Ciência da Religião; Licenciada em Matemática. E-mail:
rosileide34@outlook. com
3
Professora de Séries Iniciais, Coordenadora do Ensino Fundamental – Anos Iniciais da Secretaria
Municipal de Educação de Abaetetuba/PA (2018-2020); Técnica de Referência do Documento Cur-
ricular do Município de Abaetetuba/PA (2019-2020); Especialista em Educação de Jovens e Adultos
para a Juventude; Pedagoga. E-mail: rosibaiat28@gmail.com
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
(2005) pouco a pouco nós nos descobrimos como sujeito, porém não como qual-
quer sujeito, mas um sujeito político, que ao ser político reflete as próprias dores,
as mazelas existenciais e sociais, intelectual e moral. Sujeitos que fazem políticas
com si mesmo, com outros sujeitos, e com espaço o qual estão inseridos.
Desse modo, é importante entender que as crianças têm “um mundo” de
interrogações e essas indagações precisam ser aprimoradas pela escola, o desejo de
aventura, de busca e de descoberta do desconhecido pelos alunos, precisa ser va-
lorizado e trabalhado durante o processo de alfabetização, precisamos atuar na-
quilo que lhe é convidativo, no que lhe chama atenção e lhe atrai, ou seja, propiciar
uma alfabetização a partir da expectativa de Freire de trabalhar os signos linguís-
ticos a partir da realidade que toca o aluno, das suas experiências diárias, do que
ele sabe discutir, apresentar e construir com propriedade, para que assim, paula-
tinamente ele possa ir sendo inserido ao contexto formal da escola.
Neste sentido, inicialmente as atividades desenvolvidas no processo de
alfabetização podem ser construídas por meio de um rabisco, um desenho, uma
letra, uma palavra, uma frase, uma canção toda atividade que lhe possibilite meios
para chegar a uma produção textual. Para tanto, trabalhar a codificação (um valor
de símbolos ou caracteres de uma determinada mensagem verbal ou não verbal) e
decodificação (escrever numa linguagem clara; transferir para um código compre-
ensível; decifrar) o ponto de partida será o que o aluno já conhece, interpretar dos
mais diferentes gêneros textuais.
É compreensível que o sentido de uma palavra ou frase expressa numa lin-
guagem feita por códigos (verbais ou não-verbais), dos signos, nascem das experi-
ências cotidianas práticas e leve os alunos a descoberta da leitura, da escrita e con-
sequentemente do amadurecimento cognitivo para a interpretação e a produção.
Assim, faz-se mais que necessário um processo de Alfabetização entrela-
çado as realidades sociais dos alunos, trabalhando os diferentes Gêneros Textuais
de modo que pouco a pouco os signos, que no princípio eram somente um amon-
toado de letras e palavras sem sentido, ganhe valor e o aluno ao se tornar leitor
perceba que tudo é construído por meio dela e que nada poderia ter sido constru-
ído sem ela, e tudo o que foi construído por meio dela deu e dar sentido à escrita,
a leitura, a sua socialização e interação com o meio. O processo de alfabetização
dos alunos por meio dos mais diferentes gêneros textuais, configura a constituição
de sujeitos leitores críticos e criativos.
Portanto, este estudo ressalta que é preciso saber ler e escrever para en-
tender e mudar a si e ao mundo que está em sua volta, destacando que como conse-
quência da realização adequada do processo de alfabetização a trajetória escolar do
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03). E de acordo com o Censo Escolar 2019 “a taxa de distorção para o ensino funda-
mental em 2019 é de 16, 2% e de 26, 2% para o ensino médio” (BRASIL, INEP, 2020).
Mediante os resultados evidenciados torna-se relevante criar estratégias
para a Construção da Trajetória de Sucesso Escolar que de fato se materialize, con-
siderando a complexidade e os fatores que contribuem a realidade persistente da
distorção idade-ano nas escolas e consequentemente potencializar uma rede de
ações integradas em três níveis de gestão: 1 – a da rede, 2 - a da escola, 3 - e a das
situações de ensino aprendizagem de sala de aula.
Para a efetivação do Projeto que venha sanar essa realidade se faz impor-
tante um trabalho de parcerias, onde um conjunto específico de cada nível, articu-
lados possibilite e prime pela a aprendizagem permanente dos estudantes.
Como mecanismo para sanar essa realidade no Brasil em particular a ní-
vel de município, que é onde de fato as ações acontecem, se propõem metodologias
participativas, flexíveis e adaptadas, que leva em consideração à participação, as
incursões de estudantes e da comunidade escolar, bem como a compreensão mais
integral dos adolescentes, meios estruturantes para a estratégia da Trajetória de
Sucesso Escolar.
Para Vasconcellos (2002)
diagnosticar significa ir além da percepção imediata, da mera opinião [...] ou des-
crição, e problematizar a realidade, procurar apreender suas contradições, seu
movimento interno, de tal forma que se possa superá-la por uma nova prática,
fertilizada pela reflexão teórico-crítica (p. 190)
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Nesta perspectiva entende-se que o ato de ler é muito mais que decodifi-
car, é dar vida, sentido ao que foi lido, é compreender, refletir, discutir, interpretar
e acima de tudo ser capaz de fazer relações com o que já foi experenciado e viven-
ciado. Desse modo, se compreende que a leitura é de extrema importância para
compreendemos às informações nos dias de hoje. Assim, a leitura “[...] é a forma
primordial de enriquecimento da memória, do senso crítico e do conhecimento so-
bre diversos assuntos acerca dos quais se podem escrever” (GARCEZ, 2001, p. 23).
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consigam perceber o lado prazeroso dos livros, uma vez que, o ato da leitura é im-
portante por que
Pessoas que não são leitoras têm a vida restrita à comunicação oral e dificilmente
ampliam seus horizontes, por ter contato com ideias próximas das suas, nas con-
versas com amigos. [...] é nos livros que temos a chance de entrar em contato com
o desconhecido, conhecer outras épocas e outros lugares – e, com eles abrir a
cabeça. Por isso, incentivar a formação de leitores é não apenas fundamental no
mundo globalizado em que vivemos. É trabalhar pela sustentabilidade do pla-
neta, ao garantir a convivência pacífica entre todos e o respeito à diversidade.
(GROSSI, 2008, p. 03).
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➢ Parlendas e Trava-língua
Os sons melódicos possibilitam criação, observação, manipulação, orali-
dade, dramatização, apreciação, por meio de diferentes linguagens, sendo então,
mecanismos importantes para se trabalhar os sons silábicos tanto os canônicos
como os não canônicos.
Os Trava-línguas, por sua vez são conjunto de palavras formando uma frase
que seja de difícil pronunciação. São importantes aperfeiçoadores da pronúncia.
Sugere-se ainda a utilização de Bulas e Receitas, posto que são do dia-a-
dia do estudante.
A partir da devida utilização de tais Gêneros sugere-se a utilização de
algumas atividades como:
➢ Cruzadinhas
➢ Quebra-cabeça
➢ Bingos
➢ Jogos da Memória
➢ Cartografia
➢ Álbum
➢ Dramatizações
Recomenda-se ainda:
a) Realizar atividades de escuta;
b) Contar e recontar histórias;
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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar o processo ensino e aprendizagem por meio de uma alfabetização
que vise transformar a prática de ledores passivos em leitores críticos, criativos e
ativos nos conduz ao itinerário de vontade, de descobertas e mudanças. Entende-
se, então que apenas se mudará a postura e condição de ledores, caso as escolas
propiciem no corpo do seu currículo projetos e atividades que incentivem a utili-
zação dos diferentes gêneros literários para a formação de alunos-cidadãos, uma
vez que, ler e escrever para mudar as faces das coisas está intimamente ligada ao
processo de humanização e emancipação.
Considerando as informações evidenciadas na Pesquisa financiada pelo
IPEA e nas divulgadas pelo INEP/MEC, o itinerário para a superação da realidade
distorção da idade-ano no Brasil requer um trabalho conjunto entre Gestão da
Rede, Gestão Escolar, Professores, Família e Estudante. Esse fazer dentro de uma
construção de parceria cria espaço para que cada um dentro de sua competência,
construção de uma proposta que de fato atenda as reais necessidades desses sujei-
tos (crianças e adolescentes, jovens) em relação a distorção idade-ano. Partindo
desta premissa que a Rede Municipal de Ensino, estruturou o Projeto Constru-
indo a Trajetória de Sucesso Escolar com a implantação do regime de promoção
automática do estudante.
Para tanto, precisam estar consciente de que a adequação do currículo
das escolas a todos os níveis de desenvolvimento do estudante e seu ajustamento
social visando o seu processo de alfabetização se faz fundamental e um registro do
acompanhamento avaliativo do desenvolvimento do educando de modo diversifi-
cado, são mecanismos importantes para a superação da frustração no estudante e
a evasão e reprovação escolar.
Em suma, elaborar e efetivar estratégias metodológicas que façam parte
do dia-a-dia do aluno, ou seja, que façam sentido para ele (a), que contribuam para
despertar o gosto pela leitura e o desenvolvimento da escrita, de fato somará para
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uma trajetória escolar de sucesso, haja vista que estará preparando-lhe não so-
mente para o meio escolar, como principalmente para o meio social, pois o (a)
mesmo (a) tenderá a se situar, a compreender o que está em sua volta e saber lidar
com as situações enquanto sujeito que não apenas está no mundo, mas que faz
parte do mesmo e portanto pode contribuir para sua transformação.
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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FORMAÇÃO CONTINUADA E PERMANENTE
ANTROPOHUMANÍSTICA1
Bruno Gabriel Gomes Cardoso 2
1. INTRODUÇÃO
A leitura que vamos realizar tem o intuito de expandir os “Estudos múlti-
3
plos ”, que cada vez mais têm surgido para as reflexões acerca do pensamento for-
mativo, permitindo o devanear sobre as experiências em consonância com a reali-
dade vivida. Como a pensadora Barbieri (2012, p. 36) afirma e reafirma para as
infâncias sobre a importância desse viajar (refletir/pensar/devanear), dizendo que:
“Quem age como viajante tem uma experiência estética a cada instante e isso é
extremamente natural para as crianças”. E essa atitude deve ser natural conosco
também, pois parte-se de que toda ação deve ser pensada e repensada, de forma
poética, viajada nas nossas reflexões, a fim de potencializar os estudos. Esse tra-
balho tem o propósito de chegar à compreensão da unificação de duas terminolo-
gias, mostrando que são indissociáveis os seus significados para a educação. Sendo
assim, a “Formação Antropohumanística” é um conjunto de rizomáticos saberes que
apontam essa nascente perspectiva linha teórica que emerge para a sociedade aca-
dêmica e para a formação dos docentes, pois, segundo Tiriba (2010),
1 Artigo de pesquisa científica que tem na sua finalidade dar conceitualização a um novo estudo teó-
rico empírico, trazido pelo autor, a fim de consolidar o pensamento crítico e linha teórica de pesquisa
seja ela de cunho autônomo, ou podendo se institucionalizar.
2
Professor de educação infantil tendo experiência na área de Educação Pré-Escolar. Formado pelo
Curso Normal/Habilitação Profissional Plena para o Magistério, como Professor de Educação Básica
- Anos Iniciais e Educação Infantil. Graduando no curso de Licenciatura em Pedagogia, IFRS- Cam-
pus Alvorada e membro do Grupo de Estudo de Paulo Freire do IFRS - Campus Alvorada. Estudioso
sobre a representatividade de homens na Educação Infantil; Pesquisador Autônomo sobre a
Formação Continuada e Permanente – (antropo)humanística e pesquisador crítico da Pedagogia
com a temática do educar em Biofilia. Hodiernamente integrante do grupo de pesquisadores e estu-
dante do Grupo de Estudos PAULO FREIRE, AS CRIANÇAS E O CHÃO DO MUNDO! e grupo de
estudos "A VOZ E A VEZ DA CRIANÇA!"– e-mail: edu. humanistaformativo@gmail. com
3
O estudo de caso é definido como uma investigação empírica que busca em profundidade um
fenômeno contemporâneo, ou seja, o caso em seu contexto do mundo real; caracteriza-se por ser um
método abrangente que contempla desde o planejamento do projeto de pesquisa, com a definição de
seus componentes, até as técnicas de coleta de dados e as abordagens específicas para análise de dados
(artigo referendado).
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
4
Há alguns anos, o grande ecólogo americano Edward O. Wilson propôs a sua “hipótese da biofilia”.
“Biofilia” — do grego bios, vida e philia, amor, afeição — significa literalmente “amor pela vida”.
Edward Wilson acredita que os seres humanos têm uma ligação emocional inata com outros orga-
nismos vivos e com a natureza. O termo inato é usado para significar que essa ligação emocional deve
estar nos nossos genes, ou seja, tornou-se hereditária, provavelmente porque 99% da história da hu-
manidade não se desenvolveu nas cidades, mas em convivência íntima com a natureza. Disponível
em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/Biofilia_1263222495.pdf
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
humana até a sua mais pura e tenra humanisticidade5, essência do ser humano que
está atravessada nos nossos cotidianos.
No que diz respeito às especificidades que atentam o olhar da formação
Antropohumanística e que objetivam as relações dessa especulação é compreen-
dermos as dimensionalidades indissociáveis do ser humano, ou seja, a trajetória
arqueológica/histórica até a formação contínua-permanente. Consolidam-se as ra-
ízes que dão sustento aos eixos de estudo: o Primeiro eixo é o “Sistematizar An-
tropohumanístico”, que corresponde aos princípios básicos das relações entre o
processo histórico gerativo da vida humana, interlaço, ao desenvolvimento contí-
nuo. O Segundo eixo é o “Formar Antropohumanístico”6, que diz respeito à cir-
cularidade das conversas e trocas de experiências e partilhas dos acontecidos. E o
terceiro eixo é o “Planejar da Prática Antropohumanística”, reestruturando a
prática docente de modo transgressor, que fomente o ensinar, o aprender e o viver.
No entanto, é importantíssimo dedicarmos esse olhar para os estudos que
competem à formação humana, que futuramente compete à prática de cada edu-
cador e educadora, que compete ao aprender dos educados e educandas, que com-
pete às famílias, que compete à sociedade, que compete ao pensamento político,
que compete à potencialização da educação e que compete a repensar a formação
de modo mais humano, antropohumanístico. Nesse tricote, que forma a grande
rede de estudos e que desencadeia-se uns nos outros e retorna a nós, porque é cí-
clico e para gerar uma nova roda, é importante debatermos e aprofundarmos os
estudos a partir da “FORMAÇÃO”.
Posto isto, esse novo nascer pedagógico da formação dá sentido às inter-
venções dos meios, sejam eles midiáticos, sociais, econômicos, etc., com as vidas
em formação, que vão se tecendo umas com as outras e progredindo de forma sen-
sível em que as vidas se partilham e aprendem em conjunto, a partir da experiência
da vida e que se expandem, como as raízes das árvores se expandem pelo solo. A
Formação Antropohumanística se alastra, se solidifica e se constrói conforme os
autores(as) educadores(as) vão sonhando com a dinâmica do formar não para si,
mas para o outro, para o mundo.
5
Termo livre para compreender o que é para além do humano, para além da singularidade, ou seja,
uma profunda compreensão do ser humano em coletividade, na sua magnífica forma de aldeola, en-
trelaçado à palavra cidade que se pensa a importância da civilização. Isto é Humanisticidade: A vida
humana vista como civilização que luta pela sua natureza e sobrevivência. Humanisticidade é o ser
que, antropologicamente, busca compreender-se e ser compreendido.
6
Pode-se usar tanto Antropohumanístico, quando Antropohumanística, a depender da concordância
de gênero gramatical na frase.
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Freire nos leva a refletir que para a formação integral é necessário liber-
dade, e a opressão, a voz vertical e até mesmo horizontal não deve estar num posto
de comando, todas as vozes necessitam que estejam em circularidade, ou seja, lado
a lado, para se constituir não de forma autoritária, mas de forma a caminhar junto,
em construção, para construção, na construção de si e em si.
Prosseguimos sobre outra ótica da Formação, deste modo no que tange à
formação para além do que compreendemos como básico, observaremos a forma-
ção também como profissional. A Formação Profissional tende a dar o básico para
o licenciamento ou habilitação da função a qual a pessoa está designada, ou seja,
que está no percurso formativo do indivíduo.
Assim como falam Libâneo e Pimenta (1999):
Desejamos destacar a importância da formação de profissionais da educação
para atuar em contextos não-escolares. É acentuada a consciência atual da im-
portância e da necessidade da intervenção participante e eficaz desses profissi-
onais no âmbito das práticas socioculturais, tendo em vista que processos peda-
gógicos informais estão sempre implícitos nas práticas, efetivadas no plano
coletivo e comunitário. (LIBÂNEO E PIMENTA, 1999, p. 253)
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Lei de diretrizes e bases da educação nacional (LEI Nº 9. 394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996)
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como cunho precioso da continuidade da sua formação e da sua ação docente. Re-
fletir criticamente é um processo permanente na vida de educadores e educadoras,
no entanto exige de cada um e cada uma contínua força.
PERCEBER a relevância da criticidade a que cabe esse processo forma-
tivo, sendo assim: ver o que é, o que dá, o que pode, o que necessita de “modifica-
ção”. Essa percepção só se dá em processos muito reflexivos e incisivos, a fim de
dialogar com a prática, é isso que Candau (2007, p. 26-27) vai referenciar para nós
como parte das particularidades da formação. Pois se PERCEBE(R) a partir do a-
luno/educando/estudante/discente que, segundo a visão de Candau, observa que
“A socialização entre os/as alunos/as dos relatos sobre a construção de suas iden-
tidades culturais em pequenos grupos tem-se revelado uma experiência profun-
damente vivida, muitas vezes carregada de emoção, que dilata a consciência dos
próprios processos de formação identitária [...]”. A formação modifica a atuação e
a atuação modifica as formações que são contínuas, pois elas se mudam conforme
as necessidades porque perpassam primeiro a identidade, essa é uma caracterís-
tica muito forte do espaço pedagógico.
PERMITIR é a compreensão de que não somo acabados depois que nos
formamos em licenciatura/bacharelado, mas estamos em um processo permanente
de formação, ou seja, nos permitimos ser formados constantemente, partindo das
exigências da realidade. Como afirma o filósofo Cortella (2015)
Diante dessa realidade, é absurdo acreditar na ideia de que uma pessoa, quanto
mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto mais vivesse mais velho fi-
casse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando...Isto não ocorre com gente, e
sim com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente
nasce não pronta, e vai se fazendo. (CORTELLA, 2015, p. 13-14)
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O olhar sensível sobre a esfera humana é algo muito importante a ser dis-
cutido, partindo do princípio da sensibilidade, ou seja, da atenção sensível, da
compreensão sensível, da escuta sensível e de muitas outras sensibilidades neces-
sárias. Quando abrimos esse espaço para a sensibilidade, cabe o esforço de nossa
natureza lutar contra o julgamento expressivo: isto é o que a minha condição hu-
mana observa, reflete (julga) e faz o processo de compreensão sensível de onde o
indivíduo está falando e perpassa por sua vida a experiência escutada pelo outro a
partir da sua vida.
Santos (2012, p. 5), dentro do campo da comunicação, elucida que: “Vale
ressaltar que ter um olhar sensível implica não apenas ser atento ao comporta-
mento do educando para constatar suas dificuldades, mas também se colocar no
lugar deste e se inquietar para ajudá-lo a vencer as barreiras que lhe impedem de
progredir na vida escolar”. Sendo assim, o que corrobora para o progresso e o ven-
cimento das dificuldades é o olhar delicado sobre a vida do outro e sobre a com-
patibilidade de ter compaixão tanto quanto se tem por quem se ama, ou quando
há vínculos afetivos.
Um termo utilizado entre mulheres que é “SORORIDADE” vai para além
da empatia, pois estabelece um vínculo de extrema empatia pelo outro, que são
mulheres que estabeleceram uma irmandade, um cuidado afetivo e principalmente
um zelo contra o machismo. Sendo assim essa ideia de sororidade alcança o que há
de melhor em cada ser humano, o ser afetivo e o ser sensível se estendem a neces-
sidade de acolhimento, fazendo-se assim um processo humanista.
Toda sensibilidade que ultrapassa nosso egoísmo, nossos desejos e nossas
necessidades compreende-se como empatia, ou seja, somos capazes de externali-
zar o respeito pelo outro, mesmo que ele ou ela me cause aversão ao que acredito
que seja bom.
Portanto, a visão humanística estabelece esse olhar que primeiro passa
pela compreensão singular (minha) e a relação com a realidade que me é posta em
observação, partindo da análise crítica sobre a realidade e superando as aversões
para acolher o indivíduo, ou problema, ou a circunstância que precisa de atenção.
A visão humanística traça esse primeiro contato que não se relaciona a partir das
experiências de vida, ou seja, eu só posso dizer e intervir com sensibilidade par-
tindo das experiências vivenciais que tenho com a situação.
Bondía (2002) nos encanta comunicando que:
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O que é o homem?
(PINHEIRO, LIMA E RIOS, 2007, p. 4)
O artigo de “Concepção Foucaultiana” dos autores Pinheiro, Lima e Rios
(2007), visa proporcionar uma visão de antropologia humanista para enxergar a
arqueologia humana e a estética do saber que se constrói a partir do discurso do
homem, levando em consideração a sua existência e seu modo de viver, nesta fini-
tude que não se explica, mas se compreende conforme as relações.
“Gera-se e gesta-se.”
(TRINDADE, 2015, p. 9)
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3. ERIGINDO-SE
O procedimento de construção da teoria Antropohumanística vai passar
pelo aglutinamento de algumas concepções, a verificação e análise de base dos ar-
tigos e tese, do livro refletido durante o processo realizado no estudo de caso e de
estudos relacionados. A partir dessa formação e desse encaixe conceitual, há um
aprofundamento irrevogável, indissociável e permanente, uma construção do
campo que se propõe a discutir a formação, partindo do princípio de onde se está,
o que está se formando, o processo de formação que perpassa pelo que é próprio
do estado físico, emocional e histórico, para corresponder o intuito da formação
que se aprofunda a partir da relação concreta com o produto de análise, que são os
textos teóricos.
O aprofundamento dado pela temática “Formação Antropohumanística”
é a relação centrada na visão humanística com o estudo sociológico e antropoló-
gico da ética humana, para a formação dos docentes de educação, mas não desca-
racterizando outros profissionais que possam e desejem pensar sobre essa ótica.
Antropohumanística é a relação de dois campos muito fortes, porém, na sua sin-
gularidade, traça um cuidado para além da teoria e do empirismo científico. Essa
definição é consolidação de uma linha pensante, que visa repensar as estruturas
da formação e o nascimento (necessidade de criação) de um novo olhar que poten-
cialize as práticas formativas, que primeiramente perpassem pelas experiências
vivenciais, sendo que nenhuma formação educacional, ou qualquer que seja, não
pode ser distante da vivência dos que pensam, estudam e se formam para a prática.
Refletindo-se, assim, a exigência da existência dessa nova árvore de es-
tudo é compreendida pela necessidade de enraizar a permanência da mudança, do
processo contínuo. Poetizando em defesa dessa concepção teórica, é como uma fi-
gueira, de raiz grossa, profunda e alargada, que a cada estação se concebe de uma
forma diferente, respeitando a natureza da vida e trazendo sempre o novo: Contí-
nuo, no processo cíclico, circular; Permanente, pois está lá vivendo, e nas suas bases
visíveis modificando, mudando conforme as exigências da vida. Assim compre-
ende-se a “Formação Antropohumanística”. A Imagem8 está, de forma ilustrativa,
corroborando o pensar filosófico desta concepção Permanente e Contínua:
8
Imagem retirada do site Pinterest, disponível em: < https://br. pinterest. com/pin/228135537359
051587/>. Palavras-chaves da pesquisa: árvore da vida quatro estações
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duo. As experiências foram bastante ressaltadas, pois as suas relações, as suas in-
terações com outros seres humanos, com suas interações consigo mesmo, com a
natureza e etc., proporcionam saberes compartilháveis e que amadurecem o ser
através de sua trajetória. Como nos falam Pinheiro, Lima e Rios (2007, p. 7): “O
homem como objeto, como ser empírico, é o foco das ciências empíricas, a biologia,
economia e a filologia, vale dizer, de saberes claramente demarcados em sua posi-
tividade. Já como sujeito do conhecimento, constitui-se como questão filosófica”.
Os autores afirmam que os indivíduos se constituem por questões filosóficas, ou
seja, experimentam apenas por si, sua própria consciência, no platonismo tentam
compreender as suas experiências vivenciais, tentando buscar aquilo que dá sen-
tido a sua vida, demarcando os saberes a partir dessa relação de diálogo consigo
mesmos, como dito anteriormente. Compreendido que o homem busca entender
cada vez mais o homem, isto é, busca entender cada vez mais sua essência, vamos
começar a assimilar que a nossa formação passa por nós mesmos.
É importante salientar que a Formação Antropohumanística defende o
saber que passa por si e compartilha-se com os outros. Porém, não está e nem deve
estar ligada ao antropocentrismo, ou centralismo, ou até egocentrismo intelectual.
Não! A Formação Antropohumanística defende a experiência vivencial, pois a for-
mação se dá a partir de uma temática exigida e/ou necessária, certo? Pois bem,
cada pessoa tem um lugar de vivência e de fala sobre o caso, o tema, o problema,
etc. , assim compreendo que as experiências vivenciais dão norte/caminho à for-
mação, dão sentido às relações e dão tempos experimentais, por isso defendo a
importância de uma formação que propicie uma autonomia para refletir, pois cada
indivíduo tem que perceber, a partir da sua análise, essa autonomia que leva apro-
fundar essa formação do ser.
Gusmão (2008) nos ajuda, com aporte teórico sobre antropologia, cul-
tura e educação, a repensar as estruturas de seus estudos e corroborar para essa
pesquisa com a pauta na ciência da Formação Antropohumanística, pois consi-
dera, segundo seus estudos antropológicos, a compreensão de que:
Para essa corrente teórica, as necessidades de um grupo ou sociedade, bem como
as respostas que estes dão a tais necessidades, decorrem da cultura. Será a cul-
tura o elemento básico que possibilitará a originalidade e a especificidade de um
grupo ou sociedade diante de outros grupos e sociedades. Contudo, nessa abor-
dagem, os conceitos que prevalecem são os de sociedade e estrutura. A noção de
cultura será entendida como um sistema de elementos interdependentes, que
não podem ser compreendidos em separado. (GUSMÃO, 2008, p. 62)
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo principal deste artigo foi trazer o nascimento de uma nova
concepção de formação e linha teórica de estudo. Assim traçando esse olhar para
além de uma sistematização cronológica de saberes, uma formação focada nos es-
tudos antropológicos e humanos, visando a sensibilidade da escuta e do olhar crí-
tico a partir das experiências individuais de cada um, podendo partilhá-las com o
intuito de amadurecimento coletivo e potencialização humana.
Entende-se então que não há distinção antropológica das relações sensí-
veis da humanidade, logo há um aglutinamento possível de que o processo forma-
tivo se dá em conjunto e contínuo, mas a mudança é contínua e permanente é a
mudança. Deste modo, a formação antropohumanística de fato existe em processo
de escuta, das vivências experimentais e pessoais que fortificam as estruturas sen-
síveis e humanas da prática do docente.
Considerando que o estudo é muito novo, porém de exigência muito an-
tiga, pois vai para além de uma formação temática, ou seja, vai para além de um
estudo sobre algo, a antropohumanística traça essa espiral crescente do processo
que atravessa intimamente nossas relações, nada que também afete o psicológico
individual, mas que todos se sintam confortáveis a ponto de se verem uns nos ou-
tros e poder crescer em coletividade.
O nascimento desse pensar visa realmente olhar para cada saber em po-
tencialidade e fazer com que se expanda, a fim de revalorizar as experiências do
indivíduo. Sendo assim, a formação ganha mais estrutura e passa a atender e estu-
dar as vidas a partir da vida. O docente potencializa sua prática, lê o mundo com
os seus lugares de falas e ressignifica seu olhar para com a realidade.
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AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA
COMUNICAÇÃO NA FORMAÇÃO DO
PROFESSOR DE ESPANHOL: UM ESTUDO SOBRE
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS EM UM CURSO
DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Carlos Henrique da Silva 1
Ana Maria de Oliveira Paz 2
Introdução
A educação distância (EaD) se constitui uma modalidade, que tem se
confirmado como uma opção de ensino-aprendizagem, sobretudo nesses novos
tempos, com muitas outras atividades diárias e que temos que trabalhar, cuidar da
famílias, dos amigos, enfim, precisamos nos dedicar há muitas tarefas. Nesse sen-
tido, a introdução das novas tecnologias da comunicação e informação é uma o-
portunidade de consolidação desta modalidade de ensino.
Estabelecer-se diante da modalidade predominante da educação, como o
modelo presencial, não é uma tarefa fácil. Os desafios são constantes e precisa-se
de mais tempo para que a EaD ganhe a credibilidade da sociedade. Esta modali-
dade já tem uma longa história, que inclui casos de sucesso ou não e nos remete
inicialmente as experiencias de educação por correspondências, iniciadas no final
do século XVIII e com longo desenvolvimento a partir de meados do século XIX.
Neste artigo apresentaremos um pouco da história da EaD. Na primeira
parte, faremos um passeio destacando algumas datas e fatos importantes para sua
constituição. Em seguida, traçaremos um perfil do professor tutor para esta mo-
dalidade de ensino. Destacaremos ainda, a teoria das representações sociais e seus
conceitos fundantes, em seguida, analisaremos, a partir do olhar de alunos de uma
1
MESTRE em Estudos da Linguagem (UFRN), Doutorando em Estudos da Linguagem (UFRN), Gra-
duado em Letras com habilitação em Língua Portuguesa e Espanhola – UERN. Docente da rede pú-
blica Estadual e Municipal no RN.
2
DOUTORADO e MESTRADO em Estudos da Linguagem (UFRN), Graduação em Letras (UFRN).
Docente na categoria adjunto III, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e do Programa
de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL/UFRN) como também do Mestrado Profis-
sional em Letras da UFRN / Currais Novos.
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turma de EaD, que representações sociais atribuem ao professor tutor. Por fim,
encerraremos com as considerações finais sobre este estudo.
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Sobre o último tópico destacado cabe observar que muito embora no ano
de 2002, não houvesse determinação legal explícita, naquela ocasião o MEC insti-
tuiu a primeira comissão de especialistas, por meio da Portaria Ministerial nº
335/2002, com o objetivo de discutir amplamente a questão dos referenciais de
qualidade para educação superior a distância. O relatório da comissão serviu de
texto-base para a elaboração dos Referenciais de Qualidade para EAD, pelo MEC,
em 2003, sendo, portanto, o ponto de partida para a atualização ora proposta, que
está focada na oferta de cursos de graduação e especialização.
No que se refere a história da EaD no IFRN, este acompanha o processo
de adequação às necessidades da educação brasileira de chegar em todos os cantos
do Brasil. As décadas finais do século XX inaugura um novo momento de EAD. No
IFRN, a partir de 1977 o Programa de iniciação Tecnológica e Cidadania em con-
vênio com o Ministério do trabalho em parceria com a Secretaria de Educação e
Cultura, que atendia alunos para reforço de aprendizagem. Em 1987 o IFRN assu-
miu o programa com aulas presenciais de Português e Matemática. Em 1994 com
o Pró-técnico, além das aulas presenciais passou a atuar com tele aulas produzidas
pelo setor de mídias. Hoje, o IFRN atua na EAD nos mais diversos níveis de for-
mação, desde cursos de formação profissional à pós-graduação.
O IFRN adota o modelo de EAD misto, ou seja, os cursos são organizados
de forma a contar com um material elaborado de acordo com a sua proposta peda-
gógica, que compreenda material digital (com formato para impressão) e material
complementar, formato de áudio, objetos virtuais de aprendizagem, entre outros.
Os alunos ainda têm acesso um a portal de educação a distância, com senha e ma-
trículas próprias, para acessar o curso e respectivas disciplinas e poder contar com
professores e tutores.
O Campus da EaD do IFRN tem por objetivo a elaboração das políticas
de fomento ao uso da novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, em âm-
bito institucional, tanto no ensino presencial quanto a distância
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É fato portanto, que esta modalidade de ensino se efetiva como uma prá-
tica pedagógica, e que oportuniza à sociedade brasileira um novo caminho no sen-
tido do acesso a educação de qualidade, com vistas a superar o grande déficit edu-
cacional que existe em nossos país.
É verdade que para alguns, essa é ainda, uma modalidade desconhecida e
é comum percebermos um certo estranhamento quando nos reportamos a EaD.
Isso se explique talvez, pela grande distância que existe no desenvolvimento desta
modalidade em nosso país, em comparação aos Estados Unidos e países da Eu-
ropa, em que esta já é uma prática educativa consolidada há mais tempo.
Dificilmente trataremos de EaD, sem contudo, lembrarmos das caracte-
rísticas de outras modalidades de ensino, como à presencial por exemplo, simples-
mente pelo fato de que qualquer forma de ensino, é sempre pensada e repensada
com foco na aprendizagem, o que de maneira geral, envolve uma quantidade ilimi-
tada de atores em todo o processo.
Assim em qualquer prática educativa faz-se necessário antes de tudo, que
a equipe adote uma postura pedagógica que deverá estabelecer os caminhos a se-
rem trilhados ao longo do processo de aprendizagem. Mais que isso, essa postura
pedagógica da equipe, deve está intrinsecamente ligada, sob pena dos objetivos
não serem alcançados.
Quando nos referimos a caminhos a serem trilhados, pensamos que não
se pode conduzir processos de aprendizagens, sem a definição de ações claras e
bem definidas, nas quais todos os atores estejam envolvidos e comprometidos.
Sem um plano de ação, em que as direções estejam indicadas com o fazer de cada
um, para chegar a um único fim, não há ensino e consequentemente não há apren-
dizagem.
Ter, portanto, um a equipe pedagógica, um plano de ação bem traçado,
implica necessariamente na construção de um plano de gestão a ser elaborado, mas
que isso como diria Paulo Freire precisamos basear nossa prática a partir do tripé:
ação<>reflexão<>ação. Assim, consideramos necessária a prática permanente da a-
valiação de nossas atitudes.
Portanto se na educação presencial para se ter sucesso faz-se necessário
o envolvimento do porteiro, da merendeira, da equipe técnica, pedagógica da fa-
mília, enfim de todos os atores envolvidos, na educação a distância não é diferente,
na verdade o que há, é apenas uma mudança de nomenclaturas adequadas ao estilo
da modalidade, dessa forma; conteudistas, gestão, equipe pedagógica, designe ins-
trucional, equipe de arte e de técnica e tutores, todos são igualmente necessários
para contribuir através da educação para a transformação do nosso país.
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O “nós” refere-se a Moscovici e aos adeptos da Psicologia Social.
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de várias maneiras: pelo contexto social no qual se localizam grupos e pessoas, pela
comunicação que se estabelece entre eles, pelo quadro de apreensão que se apre-
senta em sua bagagem cultural, pelos códigos, símbolos, valores e ideologias ligados
às posições e vinculações sociais específicas. Assim, a representação social traduz
um conhecimento prático que dá sentido a acontecimentos que nos são normais,
inventa as evidências e contribui para a construção social de nossa realidade.
A representação social é formada por figuras e expressões socializadas en-
tre grupos. Ela representa sempre alguém ou alguma coisa, sem, contudo, ser cópia
do real, nem cópia do ideal, também não é a parte subjetiva do objeto tampouco a
parte objetiva do sujeito, ela é o processo pelo qual se estabelece a relação entre o
mundo e as coisas, a partir das posições que as pessoas ocupam na sociedade.
Sobre o aspecto da imagem, o lado figurativo da representação, é insepa-
rável do seu aspecto significativo e constitui-se, portanto, duas faces indissociá-
veis: a face figurativa e a face simbólica. A face figurativa é imagética, icônica e a
face simbólica é conceitual. Para Moscovici (1984), é nessa dualidade de lados, que
se instauram os processos que compõem a geração das representações sociais os
quais são designados como: a ancoragem e a objetivação.
Ao construir essas representações, a ancoragem configura-se pela neces-
sidade do sujeito de familiarizar o que é desconhecido, situar o que aparece de
novo no universo conceitual e afetivo preexistente, tornando-se familiar, ou seja,
a ancoragem é responsável por dá sentido às imagens criadas. Assim, o objeto novo
é reajustado para se inserir em uma categoria já definida, assimilando as caracte-
rísticas dessa mesma categoria. Para Moscovici (2003, p. 52) ancorar é:
classificar, e dar nome a alguma coisa. Coisas que não são classificadas são
estranhas, não existentes e ao mesmo tempo ameaçadoras. Nós experimentamos
uma resistência, um distanciamento, quando não somos capazes de avaliar algo,
de descrevê-lo a nós mesmos ou a outras pessoas.
Ainda sobre a ancoragem, Santos (2005) menciona que essa implica atri-
buição de sentido, na medida em que as representações inscrevem-se em uma rede
de significados articulados e hierarquizados baseada em conhecimentos e valores
culturais; instrumentalização do saber, visto que o valor funcional atribuído à re-
presentação favorece a tradução e compreensão do mundo social; e enraizamento
no sistema de pensamento, uma vez que as novas representações se inscrevem em
um sistema preexistente, oportunizando tornar conhecido o novo. Nesse caso, o
sistema de pensamento já ativado serve como referência para os mecanismos de
classificação, comparação e categorização dos objetos desconhecidos.
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Considero o tutor como um anjo, pois mesmo que a gente não o veja, sabemos
que ele existe, e sempre podemos contar com ele, a qualquer hora. (EaD 15).
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pois o aluno sabe que o tutor existe e confia que ele não o deixará sem repostas,
para ele o tutor é alguém que se “pode contar a qualquer hora”.
Considerações finais
Os estudos referentes à temática apresentada neste trabalho apontam
que a Tecnologia da Informação e da Comunicação, bem como sua inclusão no
processo de educação na modalidade de EaD, vem oportunizando nos últimos a-
nos, novas maneiras de organização social e de formação educacional, o que pro-
porciona possibilidades de formação qualificada para o mercado de trabalho.
Além disso, percebe-se que a modalidade de EaD cresce e aproxima a u-
niversidade das pessoas, nos lugares mais distantes do país, rompendo fronteiras
e minimizando as desigualdades sociais, através do acesso gratuito e de qualidade,
não somente na educação superior, mas também, em outros níveis de formação
como, o técnico e a pós-graduação.
Constituída por uma equipe multidisciplinar a EaD apresenta a figura do
Professor Tutor, que está diretamente envolvido no processo de aprendizagem do
aluno. E a partir da interação estabelecido por esses atores, percebeu-se nesse tra-
balho a atribuição de representações sociais que se configuram a partir de concei-
tos e imagens. Por isso, é preciso organizar uma estrutura, de tal modo que se
possa constituir um campo de atuação flexível de acordo com as competências
profissionais requeridas.
O Professor tutor é, portanto, juntamente com toda a equipe da EaD
construtor da sua realidade sócio-histórico-cultural, e é a partir dessas mesmas
interações que as representações se configuram como saber prático, que nasce da
necessidade do homem em estar informado sobre o mundo que o cerca e sobre a
forma de como agir nesse mundo, dando sentido a sua existência.
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Referências
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DIÁLOGO E APRENDIZAGEM BASEADA EM
PROBLEMAS: USO DE METODOLOGIA
ATIVA NO ENSINO DE CIÊNCIAS NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Carlos Roberto de Sousa 1
Rocicléia Farias Lima Veras 2
1. INTRODUÇÃO
As transformações ocorridas nas últimas décadas, como o avanço da ci-
ência, das tecnologias da informação, meios de comunicação, da disseminação da
internet, influenciaram na maneira como lidamos com o conhecimento. Isso de-
manda da sociedade, preparar os indivíduos para viver nesse mundo tão complexo,
frequentemente relacionado a conhecimentos das diversas ciências. A partir des-
sas necessidades, a educação escolar, que juntamente com a família, formam a base
da educação dos indivíduos atualmente (BRASIL, 1996), constitui-se como uma
relevante contribuidora nesse processo.
A escola constitui-se como umas das instituições sociais de maior desta-
que na sociedade atual, sendo o processo de escolarização resultado de muitas
reinvindicações sociais (SILVA, 2009). Em linhas gerais, poderíamos definir que o
papel dessa instituição é promover uma educação que torne propicia a vida em
sociedade, de modo a que o indivíduo seja capaz de se apropriar do mundo em que
vive, bem como de viver de maneira cidadã, respeitando seus semelhantes e o meio
em que vive.
Sabe se que o Jovem e Adulto já possui experiências, vivências e conheci-
mentos prévios como leitura de mundo e letramento de seu cotidiano em seu con-
texto pessoal ou profissional e de suas práticas sociais em geral. A aprendizagem
1
Graduado em Letras - Português pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, Pe-
dagogo e Biólogo (UECE) e Prof. e Gestor escolar da rede municipal de ensino de Itapipoca. Email:
carlos. roberto@uece. br
2
Graduada em Química, Biologia e Pedagogia e Tutora externa do Centro Universitário Leonardo da
Vinci – UNIASSELVI – Pólo Itapipoca - Ceará. Gestora e professora na rede Estadual de ensino do
Ceará. Email: rocicleia. lima@gmail. com
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Camargo (2018) as atividades pedagógicas de uma instituição
de ensino devem ser orientadas a apresentar forte contextualização e correlação
com a realidade, com o intuito de aplicar conteúdos efetivamente significativos
para o desenvolvimento de competências úteis e necessárias à realização profissi-
onal e pessoal do estudante.
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não conseguiram cursar a educação básica no tempo regular. Assim, consta no seu
artigo 37 que “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tive-
ram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade
própria e constituirá instrumento para a educação e a aprendizagem ao longo da
vida” (BRASIL, 1996). Portanto, esse é um direito garantido legalmente para todos
os brasileiros.
Dessa forma, essa modalidade tem algumas especificidades como, por e-
xemplo, dar condições para que o estudante possa trabalhar, e ao mesmo tempo
ser estimulado a estudar, mesmo que trabalhando. Um dos aspectos colocado pela
LDB (1996) é que a educação de jovens e adultos deverá ser articulada com a edu-
cação profissional. Isto é, além de conteúdos vistos na educação básica, deve ser
trabalhado com esses alunos a formação para o mundo do trabalho, e consequen-
temente para a vida cidadã.
A educação de jovens e adultos mesmo sendo um direito, passa por uma
série de déficits que a educação regular consegue ultrapassar. Costa (2008) faz
uma reflexão a cerca dessas deficiências ao afirmar que mesmo que os alunos fre-
quentem o espaço escolar, eles acabam não sendo incorporados plenamente, pois
eles não participam de outras atividades, além de assistir aula em sala e que mesmo
os estudos sendo focado para a cidadania, eles acabam sendo excluídos em relação
à outras atividades realizadas pela escola.
Esse pensamento é pertinente, pois a educação está além da sala de aula.
A formação cidadã acontece também a partir de atividades extra sala. Atividades
realizadas por toda a escola, que possibilite a socialização entre os alunos, ou que
tragam para a vida escolar vivências cotidianas, ou seja, as próprias experiências
dos educandos. Muitas vezes por essa modalidade ser direcionada a pessoas que
trabalham e tem uma série de outros afazeres acabam não tendo muito tempo para
a escola, consequentemente tem uma formação aligeirada, tendo oportunidade de
aprender apenas o básico das disciplinas que são mais cobradas por avaliações.
Essas deficiências, no entanto, não deveriam acontecer, pois o direito à
educação é assegurado para todos independente da modalidade. Assim a Educa-
ção de Jovens e Adultos deve abarcar todas as disciplinas e conteúdos tratados no
ensino regular. Com uma formação crítica, política, social e científica, enfim, uma
formação cidadã que esteja atreladas ao conhecimento de mundo dos educandos,
relacionando-as com novas aprendizagens. Assim, frisa-se na LDB (1996) que nas
avaliações os conhecimentos de mundo dos estudantes também serão reconheci-
dos. Dessa forma, o indivíduo será um sujeito ativo que participa do processo de
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Logo, a ciência seria pensada dessa maneira como um meio de levar refle-
xões para os seres humanos, com intuito de proporcionar a preservação do meio
ambiente e concomitantemente melhorar a vida das pessoas a partir de informa-
ções e conscientização que levem o aluno a entender a importância do meio ambi-
ente e de sua proteção para a continuidade da vida no planeta Terra.
Além desses aspectos, Chassot (2003) traz também para a alfabetização
científica a dimensão social, em que homens e mulheres possam ser inseridos nessa
cultura, para que todos possam intervir na sociedade de modo a transformar a na-
tureza, mas de uma forma que contribua para a sua permanência e ao mesmo
tempo para o melhoramento de vida das pessoas, não só naquele momento, mas
também nas gerações futuras, pensando portanto, na sustentabilidade.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo desta pesquisa tem como tema central de referência as Metodo-
logias ativas na Educação Básica, onde especificamente abordou se como subtema
a problematização no processo de ensino e aprendizagem tendo como estudo o
título Aprendizagem baseada em problemas como Metodologia ativa no ensino de
ciências na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A abordagem metodológica da pesquisa é de natureza qualificativa des-
critiva por ser o tipo de pesquisa bibliográfica, por fazer um estudo de autores da
temática proposta de forma efetiva, onde foi desenvolvido por meio de análise teó-
rica bibliográfica.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com esse estudo bibliográfico pode se destacar sobre o processo de alfa-
betização no ensino de ciências na EJA, sua relação com a metodologia ativa e pro-
blematização no que se destaca em Sasseron e Carvalho (2011) que divide a alfa-
betização científica em três eixos estruturantes. O primeiro elas referenciam à
compreensão básica dos termos, conhecimentos e conceitos científicos fundamen-
tais que
[...] concerne na possibilidade de trabalhar com os alunos a construção de co-
nhecimentos científicos necessários para que seja possível a eles aplicá-los em
99
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Esse eixo trata, portanto, das relações existentes entre a ciência a socie-
dade e o meio ambiente, ou seja, das implicações que um tem para o outro. Dentro
desse eixo aborda-se a sustentabilidade. Trabalha-se a partir da conscientização
da defesa do meio ambiente. Pensando também de como a ciência pode transfor-
mar a natureza, sem que leve a sua destruição, e como o homem deve agir diante
das descobertas da ciência para que isso aconteça.
Esse tipo de alfabetização deve ser levado para todas as modalidades de
ensino, inclusive para a educação de jovens e adultos, pare que estes possam tam-
bém ter um entendimento do que a ciência representa para a sociedade e que papel
ela exerce na vida desses estudantes.
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
101
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
de lavar os alimentos, etc. E, isso é também papel da ciência, que leva para os alu-
nos esses conceitos básicos e que a partir desses aprendizados e conscientização
os sujeitos podem transformar o local que habitam, fazendo uso de seu conheci-
mento contextualizado e seu poder de problematizar essa realidade.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação de Jovens e Adultos é uma das modalidades da Educação Bá-
sica e possui um público bastante peculiar, pois é composto majoritariamente de
pessoas que por motivos diversos, viram-se impossibilitadas de estar em um pro-
cesso de escolarização nas faixas etárias que atualmente são tidas como ideais. Con-
tudo, destaca-se que apesar dessas adversidades, o regresso (ou mesmo ingresso)
destas pessoas à Educação Básica é essencial e um direito fruto de muitas lutas soci-
ais, e a estes estudantes deve ser oportunizado uma educação de qualidade.
Educação esta que colabore para a formação humana, em todos as suas
dimensões, e neste trabalhou buscou-se destacar a importância da dimensão cien-
tífica, pois esta estar presente cotidianamente na vida das pessoas, e deste modo,
para uma educação que visa formar para a cidadania, estes conhecimentos são es-
senciais.
A partir disso, discorreu-se sobre os conceitos de alfabetização científica
ou letramento científico e sua ligação com as metodologias ativas, especificamente
a problematização da realidade e contextos sociais onde estão inseridos, buscando
enfatiza a sua relação com a modalidade de EJA. Observou-se o quanto é necessário
propiciar aos estudantes vivências escolares que visam a formação cientifica, desde
aos conhecimentos e instrumentos básicos da ciência, até a relação desta com a vida
em sociedade, refletindo sobre questões éticas, tecnológicas e ambientais.
Isso é essencial, pois na Educação de Jovens e Adultos, essa relação entre
os estudantes e a vida em sociedade sempre é bastante enfatizada, sendo o traba-
lho pedagógico bastante voltado para as experiências dos estudantes. Deste modo,
destaca-se a importância da presença da Alfabetização Científica nas discussões
das salas de aula em EJA, destacando-se essa relação em temáticas como: Meio
Ambiente, Tecnologia, Saúde, Alimentação, etc.
Ademais, consideramos que os estudos sobre Alfabetização Científica e
as metodologias ativas são necessários para a formação do professor que leciona
na Educação de Jovens e Adultos, e logo, precisam estar mais presentes nos cursos
de Formação Inicial, e esperamos que este breve estudo possa contribuir para sus-
citar novas discussões sobre o tema no âmbito acadêmico, tornando se assim a
realidade campo de atuação problematizadora.
102
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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Acesso em 10 ago. 2019.
104
PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
HÍBRIDO EM CURSO SUPERIOR NOTURNO
Cleudson Angelo Luppe 1
Melissa Cross Bier da Silva 2
1. INTRODUÇÃO
Às sextas-feiras noturnas, sobretudo, nos cursos superiores, têm sido
dias difíceis de cumprir a rotina de estudos. Isso porque alguns alunos deixam de
frequentar as aulas presenciais por diversos motivos como: cansaço de uma se-
mana exaustiva de trabalho, às dificuldades locomotivas até a instituição de en-
sino, falta de tempo para lazer e também com a família, além de questões religiosas,
como é o caso dos adventistas, que não realizam nenhuma atividade após às 18:00
horas, da sexta-feira. Todos esses fatores, somados ou individualmente, podem
comprometer o processo de ensino-aprendizagem e, portanto, merecem ser objeto
de estudos.
Assim, levanta-se o seguinte questionamento: Até que ponto o ensino hí-
brido, nas instituições de ensino superior, pode contribuir no desempenho e na
permanência dos alunos até a conclusão do curso?
Na via dupla desses problemas, encontra-se um mundo que experimenta,
cada vez mais, a presença tecnológica em praticamente todas as tarefas diárias.
Compra-se e paga-se, pelo telefone; faz-se reuniões e encontros digitais. Em tem-
pos de pandemia, então, o mundo reaprendeu a comunicar-se, interagir e, até
mesmo, estudar.
A modalidade à distância, vivenciada deste o século passado, cujo o registro
mais remoto data de 1904, “com um anúncio nos classificados do Jornal do Brasil de
um curso de datilografia (para usar máquinas de escrever), por correspondência”
1
Formado em Direito, Engenharia Elétrica e Gestão da Produção Industrial. Pós-Graduação em Metodo-
logia do Ensino na Educação Superior - UNINTER. Engenharia de Produção, MBA. Dimensionamento
de Circuitos Elétricos Industriais - UNINTER.
2
Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER. Pós-graduada em
Gestão Pública, com habilitação em Gestão de Pessoas pelo Instituo Federal do Paraná - IFPR. Pós-
graduada em Educação à Distância, com habilitação em Tecnologias Educacionais pelo Instituto
Federal do Paraná - IFPR.
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
(EAD, 2016, s/p), tornou-se uma importante aliada não só para este período pandê-
mico, mas para o novo formato de sociedade que já existe há tempos.
Com o surgimento dessa modalidade à distância, iniciou-se a discussão de
uma possível formatação da modalidade presencial. Neste contexto, aparece o en-
sino híbrido, que mescla as duas modalidades, buscando aprimorar o sistema de en-
sino-aprendizagem, utilizando ferramentas e processos comuns aos dois universos.
Deste modo, o curso na modalidade híbrida permite, por exemplo, que
em alguns dias da semana, sejam realizados o ensino à distância, através de uma
plataforma própria da instituição ou através de aplicativo, que podem ser acessa-
dos por computador ou smartphone, no conforto e até mesmo, no tempo do aluno.
O ensino híbrido bem aplicado permitirá também que os alunos, por e-
xemplo, não frequentem às aulas presenciais, nas sextas-feiras, e realizem suas ta-
refas em casa. Com isso, poderão ter mais tempo com a família e para o lazer, as
instituições não precisarão preocupar-se com atividades específicas para os alu-
nos adventistas. Além disso, os professores também serão beneficiados por esse
ensino pois, além de terem tempo para lazer, poderão também usar esse tempo
para planejamento pedagógico e disciplinar.
Ante ao exposto, torna-se importante analisar os principais motivos que
tornam importante a aplicação dessa modalidade híbrida de ensino. Importa, tam-
bém, averiguar o contexto histórico da educação à distância até chegar ao modelo
híbrido, destacando suas vantagens e observando as necessárias precauções que
devem ser tomadas.
Além disso, torna-se importante analisar os principais desafios para im-
plementação desse modelo e quais as ferramentas necessárias que permitirão sua
eficácia.
Para alcançar estes objetivos, este artigo vale-se de pesquisas bibliográfi-
cas, primeiramente, objetivando uma análise histórica da educação a distância e a
criação deste modelo híbrido de ensino, observando as principais motivações, em
sua aplicabilidade bem como suas vantagens. Também procura identificar as fer-
ramentas necessárias para a eficaz implementação do sistema.
Para fundamentação, buscou-se pesquisar, observar e estudar os princi-
pais autores da temática Educação Híbrida como, por exemplo, Lilian Bacich, A-
dolfo Tanzi Neto, Fernando de Mello Trevisani, Clayton Christensen, Michael B.
Horn, Heather Staker, entre outros. Autores que reconhecem este modelo como
alternativa para o desenvolvimento de um novo formato educacional acessível e
inovador.
106
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Deste modo, o decreto sinaliza uma formatação básica para esta nova mo-
dalidade de ensino e aprendizagem, regulamentando e direcionando instituições,
docentes e discentes.
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Assim, pode-se dizer que o ensino híbrido veio para complementar o en-
sino tradicional permitindo novas possibilidades de aprendizagem, e, também, a-
companhando o avanço tecnológico vivenciado em todo o mundo.
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Deste modo, pode-se afirmar que, através dos modelos de ensino híbrido,
algumas características básicas do processo de ensino e aprendizagem serão mo-
dificadas, como, por exemplo, a figura do docente como dominante de toda infor-
mação e conhecimento e, também, a figura do discente, que assume maior partici-
pação e autonomia.
Christensen, Horn, e Staker, em Ensino Híbrido: uma inovação disrup-
tiva? Uma introdução à teoria dos híbridos (2013), apud Silva Neto e Capuchinho
(2017, p. 152), determinam que:
As propostas de ensino híbrido podem organizar-se na categoria de modelos
sustentados, os quais mantem certa proximidade com o modelo vigente de edu-
cação e modelos disruptivos, que rompem com a sala de aula tradicional e se-
guem diferentes trajetórias. Portanto, esses são menos adotados em nossa reali-
dade devido a necessidade de mudar radicalmente o modelo vigente.
Como pode-se notar, este modelo é o mais usual, pois não necessita de
grandes alterações nas metodologias adotadas em sala de aula. Contudo, ele pos-
sui possibilidades, também chamadas de submodelos. São eles:
a) A rotação por estações: é aquele no qual os alunos revezam dentro
do ambiente de uma sala de aula;
b) O laboratório rotacional: é aquele no qual a rotação ocorre entre a
sala de aula e um laboratório de aprendizado para o ensino on-line;
112
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
113
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
foi possível notar nos tópicos anteriores, são múltiplas as formas de ensino híbrido
e, para sua total eficácia e necessário que seja utilizado aquela que melhor molda-
se a realidade da disciplina, do aluno e da instituição.
Outro desafio para a implementação de modelos híbridos de ensino é a
estrutura das instituições educacionais. É necessário dispor de recursos tecnoló-
gicos eficientes e materiais de qualidade. “É importante definir o tipo de tecnolo-
gia que será introduzida e escolher a plataforma digital que melhor se encaixa com
a proposta de aprendizagem da instituição” (EDUCAETHOS, 2020, s/p).
Por exemplo, no modelo laboratorial rotacional, os estudantes utilizam
tanto o espaço da sala de aula convencional como de um laboratório informati-
zado. Assim, para que alcance total eficácia, este laboratório deve dispor de equi-
pamentos básicos necessários e acessíveis ao número de alunos da turma.
Ainda, destaca-se como desafio, na aplicação do ensino híbrido, o perfil
socioacadêmico dos discentes. Muitos alunos ainda não dispõem de recursos tec-
nológicos básicos, como, por exemplo, computador e internet para acessarem às
aulas remotas e materiais de estudo.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua -
Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) 2018, divulgada
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “uma em cada quatro
pessoas no Brasil não tem acesso à internet. Em números totais, isso representa cerca
de 46 milhões de brasileiros que não acessam a rede” (TOKARNIA, 2020, s/p).
No estado do Espírito Santo, por exemplo, para contornar estas dificul-
dades socioeconômicas e permitir que os alunos tenham acesso à educação, em
tempos de pandemia, o governo estadual adotou algumas medidas:
Para vencer a desigualdade de conectividade, foi necessário patrocinar pacote de
dados para aqueles estudantes que tinham aparelhos, mas que não tinham cone-
xão; disponibilizar mais de uma opção de canais de TV para os que tinham sinal
televisivo prejudicado; e distribuir conteúdos impressos para aqueles que não dis-
punham de nenhuma tecnologia digital (INSTITUTOUNIBANCO, 2020, s/p).
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito se tem falado em educação transformadora, igualitária e acessí-
vel. Educação que gere uma sociedade mais equilibrada e menos desigual. Sabe-
se que a realidade educacional do país é um pouco difícil. O modelo híbrido de
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
ensino, em seus diversos métodos, tornou-se resposta para alcançar este nível
educacional. Semente poderosa e capaz de gerar frutos de uma educação digna
e de padrões elevados.
Muitos são os desafios nesse processo, mas está nas mãos do educador e
do educando as ferramentas necessárias para esta transformação. Paulo Freire diz
que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua
produção ou a sua construção”. Isso ocorre conjuntamente, na união entre insti-
tuição, professor e aluno.
Verificou-se nesse artigo que são muitas as possiblidades e ferramentas
para a aplicação do modelo híbrido de ensino, quer seja nos cursos de ensino su-
perior noturnos, quer seja em quaisquer outros cursos, mas também muitos são os
desafios para sua implementação. Recursos físicos e tecnológicos, profissionais e
instituições preparadas. A adequação e adaptação é necessária e precisa começar
o quanto antes.
É inegável a urgência e adequação do sistema atual de ensino à esta mo-
dalidade de aprendizagem. Não apenas pelos motivos apresentados que o torna
vantajoso, mas, principalmente, pelo novo formato de sociedade que vivenciamos:
cada vez mais tecnológica, informatizada e conectada. Podemos aprender em
qualquer lugar, a qualquer hora e de múltiplas formas.
116
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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GRUPOA. Os desafios do ensino híbrido nos países em desenvolvimento. 2018.
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
118
FOTOCOMPOSIÇÃO:
LENTES REGISTRANDO O TRABALHO
Daize Duarte Sampaio 1
Amanda Alfaia 2
Maria de Fátima dos Santos Britto 3
Deuzilene Salazar 4
Cibele Schwanke 5
Andréa Poletto Sonza 6
José Pinheiro de Queiroz Neto 7
Considerações iniciais
A fotografia tem sido utilizada de diferentes maneiras e isto acontece por-
que a imagem tem caráter documental, reflexivo, imaginativo e inquisidor. A partir
dela, pode-se manter o discurso que nela reflete-se ou pode-se embrenhar na cons-
trução de uma nova fala, em uma postura reflexiva sobre uma realidade exposta
de uma forma oculta.
Deste modo, percebe-se que existe um interesse maior em discutir o uso
da imagem nos campos das ciências humanas, assim como, também, sua utilização
como estratégia metodológica tem se ampliado. Segundo Maurente e Tittoni
(2007, p. 33), esta condição tem reiterado-se por suas possibilidades educacionais,
alcançando “[...] diferentes áreas de especialização”.
Nesta perspectiva, as ciências e a educação se:
Aproveitam dos conhecimentos profissionais de diferentes especialidades artís-
ticas [entre elas, a fotografia] tanto para o planejamento e definição dos proble-
mas como para a obtenção dos dados, a elaboração dos argumentos, a demons-
tração de conclusões e a apresentação dos resultados finais. As metodologias
artísticas de pesquisa são uma nova forma de fazer pesquisa em ciências huma-
nas e sociais que trabalham de forma paralela e semelhante à criação artística.
1
Mestranda do ProfEPT (IFRS/POA). E-mail: daize. sampaio@ufpel. edu. br
2
Mestranda do ProfEPT (IFRS/POA). E-mail: amanda_alfaia@hotmail. com
3
Mestranda do ProfEPT (IFAM). E-mail: mfsb0419@gmail. com
4
Docente do ProfEPT (IFAM). E-mail: deuzilene. salazar@ifam. edu. br
5
Docente do ProfEPT (IFRS/POA). E-mail: cibele. schwanke@poa. ifrs. edu. br
6
Docente do ProfEPT (IFRS/POA). E-mail: andrea. sonza@ifrs. edu. br
7
Docente do ProfEPT (IFAM). E-mail: josepqn@gmail. com
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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121
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
não prova absolutamente nada” (LEITE, 2018, p. 8). Algumas fotografias repercu-
tiram mundialmente, expressando verdades ou questões adjacentes ao que se pre-
tendia expor (LEITE, 2018).
Segundo Maurente (2005, p. 34), “[...] através deste tipo de intervenção,
o sujeito pode pensar a si próprio também ao ver sua fotografia revelada”, sendo o
caso das imagens realizadas pela fotógrafa Ruth Orkin e a atriz Jinx Allen, conhe-
cida como Ninalle. Este ensaio fotográfico, realizado em 1951, que pretendia “[...]
abordar imagens de mulheres destemidas, que viajam sozinhas pelo mundo
[sendo] publicado na revista feminina Cosmopolitan, em 1952, [e] é um dos pôsteres
mais vendidos em todo o mundo”, acabou comprovando o assédio de que as mu-
lheres são vítimas ao andarem nas ruas (LEITE, 2018, p. 9-10).
Savio (2016) refere que a fotógrafa e a modelo, que eram amigas, jovens e
solteiras e, normalmente, viajavam sozinhas, fizeram o ensaio para registrar como
estas experiências se consolidavam na realidade. Entretanto seu resultado foi per-
petuar a imagem de uma jovem constrangida e amedrontada que buscava proteção
em si mesma ao caminhar entre um grupo de homens que a encaravam e desapro-
vavam, provocando-a, enquanto dominavam a situação e o ambiente.
Corroborando com este pensamento, Chaves (2015, p. 20) afirma que:
[...] há, nesta imagem [...] o lugar do feminino no espaço público [e] também o
lugar das evidências, [uma vez que existem] particularidades que fazem as mu-
lheres não serem as mesmas e não partilharem das mesmas experiências na rela-
ção com o espaço e com o olhar do outro (CHAVES, 2015, p. 20).
Sobre este caso específico, a modelo Ninalle afirma que “[...] muitos que-
rem usar American Girl in Italy como símbolo de assédio sexual a mulheres, coisa
que a imagem não é. Trata-se da imagem de uma mulher de bem com a vida” (HA-
122
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123
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escolhido para análise foi uma universidade federal e as imagens foram seleciona-
das considerando-se alguns locais desta universidade, dada sua extensão.
A seguir, passou-se para a observação e a análise das fotografias, que per-
mitiram a reflexão sobre a realidade diária do trabalho, em seus diferentes contex-
tos, especificidades e realidades e, em uma tentativa de dirigir seus resultados para
o campo educacional, aproximou-se os dados obtidos com as concepções de Paulo
Freire. Por fim, a atividade foi realizada, conjuntamente, na Plataforma Moodle com
o recurso Wiki, que permite a construção de um acervo de informações a partir de
páginas ligadas por hiperlinks.
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Fotografia 12 – Vigilância
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Considerações finais
Os objetivos do trabalho humano confundem-se com a própria constru-
ção do homem, de sua capacidade de reflexão e de sua ação autônoma e as relações
que do trabalho emanam não são absolutas, da mesma forma como foram estabe-
lecidas, podem ser alteradas. Deste modo, sua problematização, com destaque
para a historicidade do trabalho e para as ideologias nele impregnadas, pode trazer
visibilidade para as contradições sociais e, como estratégia pedagógica na elabo-
ração de um conjunto de questões articuladas, o uso de imagens tem potencial
para subsidiar novas interpretações.
Os resultados relatados pelo grupo apontam que o experimento subjetivo
de análise das peculiaridades do ambiente de trabalho em uma universidade, por
meio de fotocomposição, resultou em uma compreensão significativa, ampliando
a percepção deste contexto. Entende-se que, se, por um lado, no contexto da uni-
versidade, alunos ou trabalhadores podem ter um olhar de si e de seu desempenho
e buscar aperfeiçoamento, por outro, podem encontrar informações do trabalho,
da instituição e, principalmente, de como este universo constitui-se na sociedade.
127
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
128
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130
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
131
FORMAÇÃO DOCENTE PARA
A EDUCAÇÃO INFANTIL
Divina Lúcia Rodrigues Barbacena Monteiro 1
Jorcelita Bento dos Reis Gonçalves 2
Cristiane Paulina de Paula Neto Rodrigues 3
Elizabeth de Fátima Freitas Marcelino 4
Mayra Cristina Vaz da Silva 5
1 Mestranda em Educação pela Faculdade de Inhumas (FacMais) linha de pesquisa: Educação, Cultura,
Teorias e Processos Pedagógicos, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisa Pensamento Educacional
Brasileiros (GEPPEB) - Educação e Cultura em Processos Educativos e Comunicativos, possui Especi-
alização em Psicopedagogia Clínica/Institucional, pela Faculdade Católica de Anápolis (FCA), Especi-
alização em Neuropedagogia, (FCA) Especialização em Educação Infantil e Series Iniciais, pela Facul-
dade Integradas de Várzea Grande (FIAVEC) Especialização em Educação Inclusiva com Ênfase em
Libras, (FCA) Graduação em Pedagogia pela UNOPAR- Universidade Norte do Paraná (2011). Atuei
como professora de especialização do CENTRO EDUCACIONAL DE APOIO PEDAGÓGICO
(CEAP), e coordenadora de Cursos de Especialização do CENTRO EDUCACIONAL DE APOIO PE-
DAGÓGICO e Professora efetiva do município (licenciada), Professora contrato da UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE GOIÁS (UEG)CAMPUS CORA CORALINA - UNU- ITABERAÍ, atualmente Dire-
tora licenciada do Centro Municipal de Educação Infantil Espedita Antônia da Silva Leopoldina.
2 Graduada em GEOGRAFIA pela Faculdade de Educação Ciências e Letras de Itapuranga – FECLITA.
Especialização em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás – PUC. Espe-
cialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela Faculdade Católica de Anápolis – FCA. Do-
cente efetiva da Rede Estadual do Colégio Estadual Ramiro Pedro, ministrando aula de Geografia no
Ensino Fundamental e Coordenadora de Turno no Ensino Médio. Onde trabalhou como Secretária
Geral. Docente efetiva da Rede Municipal de Ensino, na área de Geografia do Ensino Fundamental e
professora da Educação de Jovens e Adultos - EJA 3º PERÍODO com disciplinas de Geografia e Ciên-
cias Físicas e Biológicas. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia.
3 Especialização em Neuropedagogia, pela Faculdade Católica de Anápolis, Especialização em Orien-
tação Educacional e Supervisão Escolar. Graduação em Letras pela Faculdade Integradas da Terra
de Brasília, Graduação em Pedagogia pelo Instituto de Educação e Ensino Superior de Samambaia.
Professora contrato Temporário pela Secretaria de Estado e Educação do Distrito Federal, atual-
mente Professora Efetiva da Secretaria de Estado e Educação do Distrito Federal.
4
Mestranda em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, da linha de pesquisa: Teo-
rias da educação e processos pedagógicos, graduação em Pedagogia pela Universidade Norte do Pa-
raná, Especialista em Docência Universitária pela Faculdade de Ciências e Educação de Rubiataba,
Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Brasileira de Educação e Cultura, integrante do
grupo Grupo de Estudos Pensamento Educacional Brasileiro - GEPPEB – Educação e Cultura em
Processos Educativos e Comunicativos. Professora efetiva da Secretaria Municipal de Educação de
Itapuranga, Professora efetiva da Secretaria Municipal da Educação de Morro Agudo de Goiás. Tem
experiência na área de Educação, com ênfase em Ensino-Aprendizagem.
5
Graduada em Pedagogia pela Universidade Pitágoras (Unopar), possui Pós-Graduação em Psicope-
dagogia Institucional/Clínica, Faculdades Integradas De Cruzeiro (FIC), possui experiência na área
da educação (sala de aula) há dois anos, junto a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de
Itapuranga- Goiás, atuando na regência, coordenação de turno e atualmente na Regência do Maternal.
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Inicialmente, cumpre ressaltar que a docência precisa ser repensada, uma
vez que vivemos em uma sociedade onde valoriza-se mais as qualificações acadê-
micas, pesquisas e titulações em detrimento das qualificações pedagógicas e in-
terpessoais. No âmbito escolar, temos tantos professores com altos níveis de titu-
lação, mas que não apresentam didática alguma, e mantém-se a parte das situações
de dificuldades na aprendizagem dos mesmos.
A docência é uma profissão que lida diretamente com pessoas, logo é im-
prescindível que o professor como ator social se auto avalie constantemente, re-
vendo sua prática pedagógica. É notável que a maioria dos docentes nunca tiveram
contato com uma formação pedagógica que abarcasse o conhecimento teórico e
prático relativo às questões de ensino e aprendizagem em sua contextualização.
A qualidade do trabalho do docente precisa pautar-se na importância da
relação entre professores e alunos e as relações decorrentes deste convívio. Fica
evidente que a personalidade do professor exerce mais influência no aluno do que
a disciplina estudada. Portanto, é preciso investir em autoconhecimento a fim de
que o docente saía da posição autoritária e se submeta ao olhar crítico do aluno
que está sendo o alvo da sua atuação. O preparo pedagógico é essencial para supe-
rar as situações desafiadoras em sala de aula.
O trabalho docente vem sofrendo com a desvalorização e a sua formação
vem se pautando apenas em cursos de suplementação e/ou atualização, pouco efi-
cientes para alterar a prática docente e desenvolver uma formação mais eficaz.
A negação da subjetividade na docência é realidade que se impõe. É im-
prescindível compreender que a prática docente precisa se fundamentar no plano
real, nas condições socioculturais e históricas, considerando a natural condição
questionadora, contribuindo para o desenvolvimento de processos educativos e-
mancipatórios.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Inicialmente, cumpre ressaltar que a Constituição Federal de 1988 elen-
cou inúmeros direitos e garantias fundamentais, entre eles a educação. A educação
fora colocada como direito de todos e dever do Estado. Segundo o artigo 205, do
texto constitucional, a educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qua-
lificação para o trabalho.
134
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
135
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Entretanto, nem sempre fora assim, sendo importante nos voltarmos para
um histórico da formação docente no Brasil, bem como analisar e entender melhor
a formação de docentes para educação infantil nos moldes atuais.
136
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
137
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Por tais razões é necessário preparar professores que assumam uma ati-
tude reflexiva e proativa em relação ao seu ensino e as condições sociais que influ-
enciam, deixando de ser apenas reprodutores e se tornando mediadores nos pro-
cessos constitutivos da cidadania dos alunos.
138
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
139
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
3. METODOLOGIA
Inicialmente, cumpre ressaltar que o presente trabalho se trata de um ar-
tigo de revisão bibliográfica acerca da temática proposta. A revisão bibliográfica
sustenta qualquer pesquisa científica. Deste modo, para proporcionar o avanço em
um campo do conhecimento, conforme enfatiza Vianna (JACOBSEN apud VI-
ANA, 2017), é preciso primeiro conhecer o que já foi realizado por outros pesqui-
sadores e quais são as fronteiras do conhecimento naquela.
A pesquisa realizada aqui utilizará o método dedutivo, como forma de
abordagem temática e contará com o apoio dos métodos procedimentais biblio-
gráficos, cujas fontes consultadas serão artigos e textos desenvolvidos por outros
pesquisadores, dando grande ênfase as obras de Piaget e de Vygotsky.
140
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
âmbito social, diversos que lhes dão significações e transformam um espaço sin-
gular de constituição infantil.
Nota-se, ainda, que pela oportunidade de vivenciar brincadeiras imagi-
nativas e criadas por elas mesmas, as crianças podem acionar seus pensamentos
para a resolução de problemas que lhe são importantes e significativos. Com as
brincadeiras cria-se um espaço no qual as crianças podem experimentar o mundo
e internalizar uma compreensão particular sobre as pessoas, os sentimentos e os
diversos conhecimentos.
O docente ao estruturar o campo das brincadeiras e dos jogos lúdicos na
vida das crianças propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis, organizando
uma base estrutural a fim de constituir uma visão dos processos de desenvolvi-
mento das crianças, registrando suas capacidades sociais, dos recursos afetivos e
emocionais, bem como do uso das linguagens.
É de grande relevância que o docente saiba relacionar as atividades didá-
ticas com as brincadeiras e jogos lúdicos, dando a estes objetivos didáticos, não
deixando que as crianças brinquem livremente. As regras aplicadas devem levar a
determinadas aprendizagens, com conhecimentos experimentados espontâneos e
destituídos de objetivos imediatos pelas crianças.
Deste modo, a brincadeira não pode ser algo sem objetivo. O professor
enquanto joga ou brinca com as crianças, está sempre observando, como tem que
trabalhar em outro momento. É através das brincadeiras que acontece o acompa-
nhamento do raciocínio logico e motor da criança. É no brincar que acontece a
aprendizagem da criança, é por meio das brincadeiras que as crianças podem am-
pliar a sua capacidade de inventar novas brincadeiras para dar condições de de-
senvolvimento da diversidade nas experiências por meio da troca com outras cri-
anças, com os professores e com a sua família.
Sem dúvidas, o procedimento lúdico auxilia a criança a crescer, a se de-
senvolver e a se transformar em um adulto que pode brincar, criar e inventar em
seu próprio cotidiano, na faculdade, no seu ambiente de trabalho e no relaciona-
mento com outras pessoas.
Os jogos e brincadeiras lúdicas são a base de situações de aprendizagem
orientadas pelo docente que permite que as crianças trabalhem com diversos co-
nhecimentos. É a partir dessa relação pedagógica que a aprendizagem é desenvol-
vida, baseada na escuta e na compreensão do papel que a criança desempenha na
construção do conhecimento.
141
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As temáticas abordadas aqui são de extrema relevância para o cresci-
mento profissional e/ou pessoal do docente, visto que o faz refletir sua postura
como tal. Ao analisar as nuances apresentadas neste artigo, nota-se que o profes-
sor, muitas vezes, se coloca como detentor do conhecimento e acima do corpo dis-
cente, anulando-os como alunos e como seres humanos.
No âmbito escolar atual verifica-se que não ocorre a preocupação com o
processo ensino-aprendizagem, mas com a quantidade que será contabilizada nas
estatísticas educacionais, afastando-se das práticas pedagógicas que integram as
potencialidades e capacidades dos alunos.
Inúmeros são os desafios que encontramos em sala de aula e para ameni-
zar as dificuldades de aprendizagem das crianças é preciso enxergar suas capaci-
dades e dificuldades.
A proposta para a educação infantil precisa procurar desenvolver uma li-
nha de educação que traduza o compromisso com uma pedagogia dinâmica, que
privilegia a autonomia intelectual, o pensamento crítico e o espírito solidário,
sempre voltada para a dinâmica da realidade apresentada.
O currículo educacional e a atividade da docência necessitam desenvol-
ver várias aprendizagens que permanecem marginalizadas, que não são conside-
radas relevantes para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Nas brincadeiras
pode-se notar uma fonte rica de explorações e aprendizagem.
Ademais, a atividade docente através da brincadeira parte da rotina das
crianças que terão contato e demonstrarão maior interesse. Ao professor cabe co-
nhecer as brincadeiras e compreender o quanto estas podem desenvolver as com-
petências corporais da criança, a cooperação, o respeito e a autonomia, impondo,
ainda, regras para que estas brincadeiras aconteçam e possam ser trabalhadas pe-
dagogicamente.
Nesse sentido, as atividades pedagógicas desenvolvidas pelo professor
que envolve o trabalho com corpo e movimento procura, além de se apropriar e
desenvolver ações corporais, desenvolverá na criança o conhecimento do corpo e
enriquecer suas possibilidades de movimentar-se, bem como desenvolver e am-
pliar formas de conhecer o mundo.
142
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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144
ARTES NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
OS MATERIAIS ARTÍSTICO CONTRIBUEM PARA
O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Elciene Mendes Santos 1
Christiane Klline de Lacerda Silva 2
1. Introdução:
Este artigo surgiu a partir das minhas investigações para a construção da
tese para a obtenção do título de mestre no curso de Ciência da Educação, a qual
apresenta o título “Percepções Docentes sobre o Ensino das Artes Visuais na Edu-
cação Infantil, no Município de Seabra-Ba, no ano de 2020”, tratando-se do fazer
artístico como uma forma de produção por meio de um pensamento que constroe
algo para que haja comunicação entre as pessoas, relacionando com o modo de
produzir obras artísticas por meio das experimentações de diferentes materiais,
espaços e tempos que são oportunizados às crianças. No entanto, o fazer artístico
nada mais é que a forma de produção por meio de um pensamento em que as ações
das crianças interferem na transformação de materiais. Por isso no ensino das artes
visuais é possível oferecer oportunidades para o conhecer e produzir artes por
meio de uso de diversos materiais que influencia na assimilação das coisas e de-
senvolvimento infantil. Batalha e Santos (2018) apontam que:
Ao produzir os alunos deverão explorar e manipular os diferentes materiais, per-
ceber os diferentes movimentos gestuais e ter cuidado com os materiais, com os
trabalhos, com o próprio corpo e com o corpo dos seus pares. Também deverão
ser capazes de criar, ao experiementar essa linguagem, e usar os seus elementos
como linha, ponto, forma etc. Deverão explorar espaços bi e tridimensionais, as-
sim como respeitar e valorizar a própria produção e a dos colegas. (BATALHA;
SANTOS, 2018, p. 47- 48)
1
Mestranda em Ciências da Educação pela Universidad Tecnológica Intercontinental em Assunção,
PY (2020); Licenciada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia-UNEB (2008), especia-
lista em Psicopedagogia pela Escola de Engenharia de Agrimensura (2010), especialista em Gestão
Educacional pela Faculdade São Salvador (2013); Professora de educação infantil da rede municipal
de Seabra/BA. E-mail: elcienems@yahoo. com. br
2
Mestre e doutora em Ciências da Educação pela Universidad Tecnológica Intercontinental (2016) -
Reconhecimento de diploma pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, apostila registrada
sob o número 92425 em 26/10/2018. Atualmente é professora contratada - Universidad Tecnológica
Intercontinental.
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
146
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
147
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
2010, p. 59), pois são explorações necessárias para que a criança evolua em suas
produções artísticas.
O contato com diferentes materiais e a exploração destes é que determi-
narão as ações transformadoras das crianças, suas possibilidades de modificar algo
e construir significado para que haja comunicação e conhecimento. Por isso, na
educação infantil, as atividades envolvendo o ensino de artes visuais devem ser
priorizadas de modo que as experiências sensoriais possam ser ampliadas e signi-
ficativas para as crianças. Assim, elas vão adquirindo conhecimentos e agem sobre
os materiais artísticos, seus sentidos vão sendo desenvolvidos e suas capacidades
de comunicar, estabelecer relações e resolver conflitos vão sendo ampliados com
o uso de materiais artísticos, uma vez que se esforçam para entender como ser in-
tegrante da realidade e compreender as funcionalidades das coisas.
Neste sentido, todo material existente que serve para compor uma produ-
ção artística se encontra no meio comum a todos, como o próprio Dewey (2010)
afirma, o que diferencia os seus usos na produção é que cada indivíduo tem sua
forma de mostrar o que sabe e dialogar sobre isso com seus pares, assimilando esse
material e relacionando-o a novas utilidades, transformando-o o indivíduo adquire
conhecimentos para aplicação e reprodução artística, pois “há expressão pessoal na
arte porque o eu assimila esse material de um modo singular, repondo-o no mundo
público em uma forma que constrói um novo objeto” (DEWEY, 2010, p. 217).
No âmbito da educação infantil, o planejamento pedagógico busca deixar
em evidência a necessidade de ofertar diversos materiais artísticos para as
crianças, espaço propício à criação e liberdade de escolha, em que a criatividade
delas possa ser valorizada, seus entendimentos sobre as funcionalidades das coisas
a sua volta e as relações que estabelecem com o outro diante de suas escolhas e
ideias. Neste caso, pode-se afirmar que o planejamento de atividades que envolve
o contato com materiais é essencial na junção entre os elementos pedagógicos que
o ensino das artes visuais aborda como meio facilitador do processo de aprender
fazer, apreciar e refletir sobre as artes visuais.
Para Oliveira (2018) as escolas de educação infantil devem oferecer o
contato com materiais que possibilitarão o desenvolvimento da expressividade e
da criatividade, assim assevera:
O cotidiano de um unidade de educação infantil, ao oferecer condições para que
as cianças sintam a textura da terra ou da areia, criem misturas, colecionem coi-
sas, modelem com argila, criem tintas, explorem formas coloridas, texturas, sa-
bores, sons e também silêncios em um espaço acolhedor, cheio de estímulos vi-
suais e sonoros, promove o desenvolvimento de sua expressividade e
148
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Ter contato com papéis de tamanhos, cores, formas e texturas diferentes; pintar
com os dedos, melecar, lambuzar suportes variados; usar o pincel grosso, fino,
bucha, espuma ou brochas; ou, ainda, andar pelo quintal e recolher folhas, pe-
dras, areia, água, formigas e besouros são estratégias importantes que possibili-
tam pensarmos na arte como lugar da aventura, da imaginação, da experimenta-
ção, dos territórios sem fronteiras que franqueiam passagem e, ao mesmo tempo,
potencializam a apropriação e a construção de novos conhecimentos. (KOLB-
BERNARDES; OSTETTO, 2016, p. 46)
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3. Considerações
É certo que no trabalho com as artes na educação infantil há uma infini-
dade de maneiras de oferecer aos alunos atividades que exigem uso de materiais
artísticos e uma seleção criteriosa destes para que haja efetivo desenvolvimento
infantil e não um mero desenvolvimento de atividades de desenho, pintura, mode-
lagem, corte e cole, dramatização, dança, entre outros. Por isso é necessário refor-
çar a necessidade de uma abordagem metodológica que facilita a exploração de
materiais diversos que promova experiências significativas para as crianças. Con-
tudo, as metodologias devem ser pensadas de forma que valorizem os saberes e
competências das crianças, levando em consideração as relações que mantem com
os materiais, espaços e com outras pessoas, de maneira que haja comunicação
quando entram em contato com uma diversidade de materiais para produzir artes.
A arte é fundamental na educação infantil e o seu conhecimento também
se faz necessário, precisa ser aprendido pelas crianças a partir da experiência com
materiais que permitem o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional, pois
quando trabalhamos com materiais artísticos variados que produzem marcas e os
diversos suportes abrimos possibilidades de imaginação e compreensão aden-
trando ao mundo do faz de conta, propondo momentos únicos de experimentos
das crianças, acontecendo desta forma as vivências necessárias para que haja de-
senvolvimento infantil.
156
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de setembro de 2019.
158
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
159
EDUCAÇÃO:
DESAFIOS E CONCEPÇÕES PARA ATUAR
NO ENSINO SUPERIOR
Allinne Katiane de Oliveira 1
Eliza Fernandes Moreira 2
1. Introdução
O Presente artigo apresenta o tema a ser discutido, cuja temática: Educa-
ção: Desafios e concepções para atuar no ensino superior. As indagações da pro-
blemática que surgem diante das mudanças discutidas pela Câmara de Ensino Su-
perior do Conselho Nacional de Educação (CES/CNE). Tendo como objetivo as
perspectivas e os novos modelos para a educação superior brasileira, fato a ter con-
tribuído para a elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE) 2011-2020.
Dentre esses desafios fica claro a dificuldade apresentada na democrati-
zação de acesso à educação superior e sua permanência, sem que seja reforçada a
educação básica para a conclusão do ensino médio, de modo que seja possível re-
dução das desigualdades regionais, dando direito tanto a jovens como a adultos, o
domínio dos conteúdos teóricos e metodológicos, é um desafio “propiciar a todo e
qualquer cidadão, respeitando a diversidade, a formação considerada como o mí-
nimo necessário à participação na vida social e produtiva” (Kuenzer, 2010, p. 855).
Fato que traz a proposta de qualificação dos profissionais docentes de modo a es-
timulará pesquisa e tecnologia com formação continuada, vindo a facilitar a trans-
missão do conhecimento aos alunos e a sociedade.
Surge a questão de como fundamentar a proposta de qualificação dos
profissionais docentes intensificando a pesquisa e tecnologia para facilitar a trans-
missão do conhecimento do ensino superior? Há perspectivas de redimensionar a
pratica dos docentes suscitando nova pedagogia através dos desafios e concepções
1
Graduada em Administração pela UnP/ Mossoró-RN, Especialista em Metodologia e Docência no
Ensino Superior – FVJ. allinnekatiane@hotmail. com
2
Professora aposentada – SEEC. Licenciada em Pedagogia – UERN, e Ciências da Religião – UVA,
Especialista em Gestão Educacional – FA; Pedagogia Bíblica e Pedagogia Catequética - PUC, Goiás.
Mestranda em Ciência da Educação - ICECAP. lizamore. sednanref@gmail. com
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ineficiência do conhecimento das Leis de ensino por parte dos alunos do ensino
superior, ao que parece só busca conhecer quando tem um concurso para enfren-
tar. Por isso TARDIF, (2002), enaltece a valorização do papel do professor como
agente de mudanças, intelectual e engajado. Defende o saber dizendo assim:
Não se reduz, exclusiva ou principalmente, a processos mentais, cujo suporte é
a atividade cognitiva dos indivíduos, mas é também um saber social que se ma-
nifesta nas relações complexas entre professores e alunos. Há que “situar o sa-
ber do professor na interface entre o individual e o social, entre o ator e o sis-
tema, a fim de captar a sua natureza social e individual como um todo”
(TARDIF, 2002, p. 16).
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que a formação geral não é o foco deles, trata-se de uma constatação bastante pre-
ocupante. Isso porque essas habilidades são justamente aquelas que se espera que
esses profissionais ajudem crianças e jovens a desenvolver ao longo de sua vida
escolar. Com isso, o Enade confirma que a defasagem trazida da educação básica
pelos alunos dos cursos de pedagogia e licenciatura --já apontada em outras ava-
liações-- não é corrigida ao longo de quatro anos de faculdade. Os poucos estudos
sobre fluxo no ensino superior também mostram que as taxas de repetência e eva-
são são mais baixas nestes cursos em comparação com outras áreas (pelo fato de
os alunos entrarem menos preparados na faculdade, seria possível imaginar justa-
mente o oposto).
Entende-se que neste contexto o ensino superior não prepara professores
para a sala de aula e sim para pesquisas o preparo para sala de aula é o Magistério
quem os prepara, a vivencia, existe relatos de pessoas que de fato tendo vivenciado
uma pratica pedagógica saberia transmitir de forma que o aluno aprendesse. Não
se sabe se nesse caso a grande resistência de profissionais quanto à formação pe-
dagógica, por sentirem preparado para tal função. E assim existe muitos profissi-
onais despreparado por não terem o conhecimento apropriado e atualizado onde
estão atuando. O professor necessita estar atualizando a sua formação pedagógica
de acordo com as mudanças educativas principalmente o ensino superior.
Assim descreve Gil (2005) que diante da afirmação feita por acadêmicos
brasileiros é visível a falta da preparação pedagógica dos docentes. Um dos moti-
vos que levam professores a não se prepararem pedagogicamente é a desvaloriza-
ção dos professores por parte da própria universidade, pois nem sempre se valo-
riza a formação continuada do professor para o desempenho de suas ações
docentes.
Perante esta necessidade do magistério no ensino superior, o professor
universitário precisa apropriar-se dos três requisitos básicos para exercer o seu
ofício. Estes requisitos são: os requisitos legais, os requisitos pessoais e os requi-
sitos técnicos, apontados por Gil (2005). Os requisitos legais propostos por Gil
(2005) estão de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN 9. 394/96) no Art. : 66, que assegura que a preparação para o exercício do
magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em pro-
gramas de mestrado e doutorado.
É considerável também a Resolução nº. 20/77 do Conselho Federal de E-
ducação, publicada no Diário Oficial da União, no dia 06 de janeiro de 1978. Esta
estabelece que as instituições de ensino superior devem aceitar docentes no seu
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Neste olhar muito especial Luckesi, (2012, p. 214), ele fala dos interesses
no conhecer as regras, normas e técnicas metodológica não seja tão interessante
quanto a “racionalização” a formação de uma mentalidade ou consciência do co-
nhecimento elaborado e que isto contribui para o progresso do conhecimento hu-
mano a partir disso a tarefa do professor e garantir o êxito do aluno.
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5. Metodologia
Buscar os paradigmas atuais, no contexto vivido pelos docentes, neste
contexto, é preciso analisar os fatores pedagógicos através da observação, inter-
pretação e reflexão, para isto adota-se o método descritivo com investigação bibli-
ográfica. Observando o que os teóricos dizem a esse respeito, leva-se a criar um
motivo para buscar o aprofundamento teórico, prático e analisar como se dá esta
abordagem. Portanto, nas investigações que se faz presente como estudo de caso,
se desenvolve análise para se ter resultados coerente a temática descrita.
Em função do tema escolhido, da complexidade nas atribuições de sua
realidade é visto a possibilidade de contribuir com o ensino superior brasileiro.
Como referência a pesquisa bibliográfica os autores indicados além de outros.
A coleta de dados se caracteriza através de estudos e análise sobre as re-
ferências bibliográficas. Porém focados no envolvimento de atores que se busca no
processo educacional. Nesse sentido, o desafio deste trabalho se constitui na pos-
sibilidade de perceber como suscita a relação no convívio das pessoas que parti-
cipa do processo educativo. Analisando as abordagens definidas como aporte teó-
rico fundamentais para a produção do conhecimento afins.
Os dados gerados através da investigação serão tratados de forma des-
critivo-qualitativa, a partir de análise das questões tomando como base os res-
pectivos objetivos da pesquisa. Os pontos positivos e negativos obtidos através
da pesquisa em contatos direto serão analisados, buscando identificar as con-
cepções e o ponto de vista mais relevante que contribuam para suscitar o ensino
superior educacional.
Os resultados insatisfatórios também serão analisados a fim de avaliar,
discutir, refletir e partilhar através das reflexões obtidas neste contexto para es-
clarecimento das questões abordadas.
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Considerações finais
Foi importante escrever um pouco sobre educação superior, essas aborda-
gens pressupõem leituras e reflexões aos profissionais do ensino superior, elas pos-
sam estar de posse desse conhecimento e perceber que no dia-a-dia das pessoas se
vive rodeado desse tipo de conhecimento. No entanto pretende-se que os professo-
res se apropriem deste conhecimento para interagir com alunos na universidade.
Acredita-se que através dos objetivos proposto contemplem a pratica pe-
dagógica onde os professores possam reinventar sua metodologia de sala de aula e
os alunos possam aproximar mais do ensino.
A disposição dos subtítulos pode-se dizer que na primeira parte contem-
plou-se a apreciação pedagógica na praticidade dos docentes e sua formação con-
tinuada, observando as perspectivas mais elevadas, por se tratar de alunos adultos
e de um conhecimento mais apropriado. e o docente na educação superior.
Na segunda parte aborda-se o olhar pedagógico: perspectiva de a comu-
nidade acadêmica vivenciar novos modelos educacionais. Lançando esse olhar a
partir da situação do contexto social que envolve o sistema educacional.
Por fim, os desafios da educação condicionam redimensionar a pratica
pedagógica, a busca do profissional pela melhoria do ensino superior. Porem a e-
laboração deste artigo reflete-se as ideias de alguns autores, aqui disposto para ser
favorável ao leitor. Percebe-se que contempla o enredo e maneira bem diferente de
alguns, em outras instancias há dificuldade de interpretar a parábola ouvida.
Espera-se que este trabalho seja útil aos profissionais da educação do en-
sino superior onde se aborda vários aspectos, direcionado tanto aos professores
como aos alunos e assim possam refletir e discutir o que relevante para a sua de-
manda na universidade.
174
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177
COMO TRABALHAR SENTIMENTOS E EMOÇÕES
UTILIZANDO AS EXPRESSÕES DE EMOJIS
NA DISCIPLINA DE HISTÓRIA NO 6º ANO
DO ENSINO FUNDAMENTAL II
Elizabete Helena Viana 1
INTRODUÇÃO
A humanidade tem mudado drasticamente seu modo se ser e de viver nos
últimos tempos. A saber, o aprendido culturalmente ao longo da formação das di-
versas sociedades estão a exigir constante aprendizado, um repensar atitudes e
ações, um novo olhar para as configurações e regras de socialização, que a todo
momento adquirem características antes inimagináveis, visto que, estão e são “lí-
quidas, em constante mutação” – teoria esta, do pensador Zygmunt Bauman
(1925-2017), sociólogo e filósofo da era moderna e pós moderna, com inúmeras pu-
blicações a respeito da teoria citada acima e, tal conceito, segundo a fonte Wiki-
pédia (2020, s/p), Bauman pondera que “as relações entre os indivíduos nas soci-
edades tendem a ser menos frequentes e menos duradouras” e isto se deve as
condições advindas do desenvolvimento econômico, da globalização e das urgên-
cias criadas e requeridas por este novo tempo. Em entrevista à Revista ISTO É,
Adriana Prado questiona Bauman sobre a teria “modernidade liquida” o que ele
explica:
líquidos mudam de forma muito rapidamente, sob a menor pressão. Na verdade,
são incapazes de manter a mesma forma por muito tempo. No atual estágio “lí-
quido da modernidade”, os líquidos são deliberadamente impedidos de se soli-
dificarem (BAUMAN, 2010, s/p).
1
Elizabete H. Viana, pós graduada em Psicopedagogia/METROCAMP Campinas/SP, Licenciada em
Pedagogia/UNIP Campinas/SP, cursando 2ª Licenciatura em Sociologia pela UNINTER Maringá/Pr,
Professora de Educação Infantil – Flórida/Pr. E-mail: ejlsviana@gmail. com
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ser o universo composto por quatro elementos básicos (fogo, terra, água e ar) e
duas forças, o amor e a discórdia, onde o amor reunia e a discórdia separava esses
elementos em maior ou menor quantidade...” (PINHEIRO, s/a, nº 2, p. 60). São os
significados e os relacionamentos entre grupos e classes sociais que geraram e
ainda geram grandes fenômenos sociais. Desta necessidade de entender tais fenô-
menos e encontrar possíveis respostas é que nasce a Sociologia: Ciência que estuda
os fatos sociais para compreender as sociedades e suas culturas. Para Dias (2012,
p. 3), “a Sociologia surgiu, foi criada para dar conta dos novos problemas sociais
gerados pela industrialização”.
Em Carvalho (2007, p. 38), pós doutor em Filosofia, quando cita a expli-
cação do considerado então, o maior filósofo espanhol do século XX e um dos pri-
meiros autores a tratar o problema da historicidade além das fronteiras do evolu-
cionismo, marxismo ou positivismo, José Ortega Y Gasset (1883-1954) em sua obra
‘El hombre y la gente’, escreve que “O homem não aparece na solidão, embora sua
verdade última seja a solidão: o homem aparece na sociabilidade com o outro”, o
que vem dizer que, o ser humano é e se faz na convivência com seus pares e com
os demais – longe ou de perto – necessitamos estar com outros para fazermo-nos
“gentes”. Somos reflexos de muitos outros humanos que, involuntariamente, assi-
milamos. Carvalho reforça que é na “historicidade de sua vida que faz dele (o ho-
mem) um construtor da história (que) revela o seu caráter social, pois ele já nasce
aprendendo coisas na comunidade”. Sendo assim, a história de vida, de cada indi-
víduo é construída no percurso vivido por ele com os demais do seu grupo. Carva-
lho encerra, “ser histórico é ser radicalmente social porque também a sociedade é
histórica”. É na família que os primeiros laços sociais são estabelecidos. Constru-
ímos nossa rede e essa relação se mantém ou não conforme a qualidade relacional
dispensada nestas interações. Em “A Teoria do Vínculo, (TARAGANO, Org. 1982,
pg. 49), o celebre Enrique Pichon-Rivière (1907-1977), psiquiatra e psicanalista,
escreve que:
o vínculo é sempre um vínculo social, mesmo sendo com uma só pessoa; através
da relação com esta pessoa repete-se uma história de vínculos determinados em
um tempo e em espaços determinados. (...) o vínculo se relaciona posteriormente
com a noção de papel, de status e de comunicação (...) está implicada toda a per-
sonalidade, com seu aparelho psíquico, com suas estruturas, com os dois instin-
tos básicos descritos por Freud: a libido e a agressão, Eros e Tanatos. E uma re-
lação estabelecida com o outro de uma maneira particular. As características
dessa estrutura de relação do objeto adquirem, nesse momento, e nesse sujeito,
certa diferenciação, configurando um vínculo pessoal que pode ser diferente com
o outro, ou com outros e com coisas, quer dizer, com objetos animados e com
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Paiva conclui que o uso elevado das expressões faciais ou emojis “é uma
tentativa de transmitir mais sentido de forma mais econômica em determinados
contextos de interação, mas ao mesmo tempo fazendo emergir sentidos acrescidos
de muitos outros significados, especialmente de emoções”. Estaria então, a moder-
nidade e suas inovações provocando um distanciamento socioemocional, mais
precisamente, “uns dos outros?”, inclusive, daqueles considerados “mais próxi-
mos”? Humanamente, estamos mais “frios”, e já não expressamos sentimentos con-
siderados mais humanos e comuns, deixando a cargo das expressões dos emojis
explicitarem o que nos toma internamente? Como fazê-lo ou transmitir sentimen-
tos e emoções a outrem se também não se recebeu ou não se aprendeu com o outro?
Para Paiva (2016) “as imagens são sempre mais fortes e é muito mais fácil enviar
um coração pulsando do que dizer para um familiar ou amigo “eu te amo” (PAIVA,
2016, s/p, grifo nosso).
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real, na construção do seu real, da sua realidade. Jean Piaget (1896-1980), em sua
obra “A construção do real na criança” reforça que:
na medida em que os esquemas se multiplicam e se diferenciam, graças às assi-
milações recíprocas e à sua acomodação progressiva às diversidades do real, esta
se dissocia pouco a pouco da assimilação e assegura, ao mesmo tempo, uma de-
limitação gradual do meio exterior e do indivíduo. A assimilação deixa, portanto,
de simplesmente incorporar as coisas à atividade própria e estabelece, graças aos
progressos dessa atividade, uma rede cada vez mais estreita de coordenação en-
tre os esquemas que definem a atividade e, por conseguinte, entre as coisas às
quais se aplicam tais esquemas. (PIAGET, 2003, p. 358-359).
Ainda no PCN citado acima, reforçado está que, “numa sociedade que se
convive com a supervalorização do conhecimento científico e com a crescente in-
tervenção da tecnologia no dia a dia, não é possível pensar a formação de um cida-
dão crítico à margem do saber científico” (PCN’s, 2001, p. 23), pois a sociedade
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METODOLOGIA
Aplicou-se a este estudo a pesquisa bibliográfica para assim conhecer ar-
tigos publicados anteriormente a respeito da temática “sentimentos e emoções” e
a utilização das expressões de emojis, bem como sua abordagem e aplicação em
sala de aula. Nosso intuito é fomentar questionamentos a respeito da temática em
sala de aula, frente/diante do alunado que ora transita na modalidade de ensino
Fundamental I para o Fundamental II e necessita ser respondido dúvidas e anseios
relativos à sua capacitação diante desta nova realidade, este novo tempo vivido
por ele. Este necessita ser percebido como um ser individual que se constitui no
todo, nas interações sociais e, envolto numa borbulha de sentimentos: o que sabem
sobre “sentimentos”: O que sabem a respeito do assunto? Quais os sentimentos
são mais comuns? Quem já sentiu raiva e como foi? Por que aconteceu? Tem faci-
lidade em acarinhar familiares e amigos? Quem gosta de abraçar? Entre quais pes-
soas é mais comum demonstrar afeto? Gosta de se sentir assim? Sente-se seguro
para expor o que sente ou como se sente? Onde é “sentido/percebido” o sentimento
de amor/alegria/tristeza/raiva? Já viu alguém chorar/rir muito/gritar de alegria ou
raiva? Qual a diferença entre estes sentimentos? Para o “jogo”, o questionamento
deve ser: “Como me sinto hoje”
O tabuleiro com peças diversas pode ser produzido com material reciclá-
vel (Fig.: 1) onde cada peça exposta apresenta uma determinada expressão (Fig.: 2
– imagem da internet), dentre a diversidade de expressão ou “carinhas de emoji”
que se tem: (alegria; tristeza; medo; raiva; dúvida; incerteza ...etc.).
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O aluno jogará uma argola para ‘laçar’ o boneco cuja expressão ou carinha
de emoji mais representa o sentimento de como ele (a) está se sentindo naquele
momento. Poderá ocorrer de várias argolas serem jogadas numa mesma expressão
ou carinha de emoji (Fig.:3).
Figura 3
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Figura 4
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como humanos, estamos indubitavelmente, em processo de construção -
Uma eterna e constante construção! Somos um tema com infinitas possibilidades
de “construção” e outras diversas probabilidades de “acabamento”. Somos únicos
num todo planetário. E neste pensar pode-se dizer que a escola é o lugar onde estas
possibilidades podem se concretizar. É a escola o espaço propicio para fomentar
as interações que trarão ao indivíduo uma diversidade de conhecimentos de si e
do outro, cada qual com suas singularidades e estas serão aperfeiçoadas na vivên-
cia e nas descobertas realizadas no dia a dia. Porém, os facilitadores necessitam
existir para a efetivação deste novo conhecimento bem como, a apropriação pelo
indivíduo que o busca. É a educação centrada no alunado que vai transformar a ele
e o fazer escola – sendo a existência da escola unicamente para e, em função do
aluno, sem este, qual justificativa para aquela? E sabendo que, muito do que se
aprendeu perdeu seu valor, muito do que está se aprendendo hoje também não o
terá daqui algum tempo, deste fica apenas o ser, o humano, então, qual humano
está se formando? Esta deve ser a preocupação do educador, este deve ser o seu
legado: compromisso com o outro, não importando quem o é, mas, quem o será.
Desprover de julgamentos prévios, apenas possibilitar, concretamente, a transfor-
mação de vidas que estão aos seu alcance. Inferindo que, para aprender a aprender,
são necessários tomadas de decisão e posturas favoráveis, inclusive, “para apren-
der a aprender” é necessário que dispamos de nós mesmos e com empatia, colocar-
mos no lugar do outro, se dispor a isso, diariamente – é respeitando que se é res-
peitado. Assim, indispensável é, que saibamos nos querer bem e fazer o bem. Que
aprendamos a usar a cabeça, aprendendo a pensar criativamente, condição que
pode transformar nossa vida e tudo a nossa volta.
196
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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197
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
198
PRINCÍPIOS E VALORES DA CARTA DA TERRA
MEDIADOS PELA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
CRÍTICA: AS VOZES DE UM COLETIVO JOVEM
Fernanda Aparecida Sales 1
Williane Cristine Peres 2
Patrícia de Oliveira Rosa-Silva 3
Introdução
Reflexões e intervenções, pautadas em princípios e valores, são caminhos
que podem indicar a busca de um equilíbrio na relação do homem com a natureza,
pois há sinais nítidos da perda de qualidade das vidas humanas e não humanas, os
quais têm ocasionado grandes desigualdades socioambientais. A Carta da Terra,
foco deste estudo, é um documento que se originou na Conferência sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento, promovida pelas Organizações das Nações Uni-
das (ONU), em 1992, na cidade do Rio de Janeiro. A Carta apresenta princípios e
valores que têm a finalidade de conscientizar os cidadãos em relação ao mundo em
que se encontram, para que possam ter acesso a uma qualidade de vida sem des-
respeitar a natureza (GADOTTI, 2001).
São utilizados, neste trabalho, fundamentos da Educação Ambiental Crí-
tica (EAC), que propõem estratégias para um possível alcance da estabilidade da
humanidade com o meio ambiente, já que procura efetuar em sua metodologia uma
análise substancial da realidade, com o propósito de incorporar fundamentos para
questionar os fatores condicionantes sociais historicamente produzidos (LOU-
REIRO; LAYRARGUES, 2013).
Em busca de desenvolver trabalhos embasados em uma EAC, o Grupo de
Estudos Avançados sobre o Meio Ambiente (GEAMA), projeto de extensão da U-
1
Mestre em Bioenergia, Especialista em Ensino de Ciências Biológicas, Licenciada e Bacharela em
Ciências Biológicas. E-mail: fernandaapcsales@gmail. com
2
Especialista em Ensino de Ciências Biológicas, Bacharela em Ciências Biológicas. E-mail: willianeperes
@gmail. com.
3
Docente da Universidade Estadual de Londrina, PhD; Coordenadora do GEAMA (2015-2018); atu-
almente, coordenadora do Sala Verde Sibipiruna: extensão, pesquisa e educação ambiental. E-mail:
porsilva@uel.br
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200
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201
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202
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
a qual se incorpora, Abbagnano (2007, p. 992) afirma que “[...] valor, propriamente
dito, é uma prova indireta de que toda valoração inteligente é também crítica, isto
é, juízo da coisa que tem valor imediato”. Lima (2012) dispõe de valores como pa-
râmetros de orientação que norteiam ações e manifestam cognitivamente as ne-
cessidades básicas. Araújo, Puig e Arantes (2007) defendem que valor é algo que
apreciamos, que valorizamos e, por isso, pertence à dimensão afetiva e destaca que
estratégias educativas podem viabilizar a elaboração concreta de valores éticos es-
perados por uma sociedade que quer atingir a justiça social e a igualdade de todos.
Nesse sentido, a inclusão da Carta da Terra no campo do ensino não exige
somente novos tratados pessoais e institucionais, mas a promoção de uma nova
pedagogia (ROCKEFELLER, 2015, tradução nossa). O educar para a sustentabili-
dade implica em mudanças no sistema, requer o respeito à vida, a atenção diária
com o planeta e cuidado com toda a população, da qual a vida do homem é parte
(GADOTTI, 2008).
Dessa forma, os parâmetros conceituais supracitados formam pondera-
dos para a construção do estudo aqui apresentado. A seguir, a metodologia ado-
tada para sua composição.
203
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Resultados e discussões
O Coletivo Jovem produziu um total de 16 princípios e valores, sendo
quatro para cada temática da Carta da Terra, expostos no Quadro 1.
204
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207
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
ao meio ambiente, nos sujeitos que são envolvidos, fato que corrobora com este
trabalho na Educação Básica.
Considerações finais
Tendo em vista os aspectos observados na prática educativa de formula-
ção de princípios e valores para o Colégio e o discurso do Coletivo Jovem, podemos
afirmar que houve um processo de expansão do pensamento crítico sobre a reali-
dade local, e valores como respeito, igualdade, liberdade, responsabilidade foram
instigados nos educandos. Sendo assim, a Carta da Terra como um documento
norteador na prática educativa, fundamentada pela EAC, propôs um processo de
reflexão e ação nos educandos.
A Carta da Terra também se mostrou como importante documento na
promoção de cidadania no Coletivo, pois estimulou a responsabilidade comparti-
lhada e o conhecimento crítico sobre a realidade local. Auxiliou os educandos a
compreender os desafios que a humanidade local enfrenta perante sua relação com
a natureza, percebendo as conexões entre o meio social e o econômico.
Portanto, consideramos que a Carta da Terra foi fundamental no desen-
volvimento educacional de uma EAC pautada em princípios e valores que inte-
gram o respeito ao meio ambiente, a igualdade, a solidariedade, a responsabilidade
compartilhada e preceitos de conhecimento crítico sobre a realidade local.
208
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Referências
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coordenada e revisada por Alfredo Bossi. Revisão da tradução e tradução de novos
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209
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
210
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
PRISIONAL EM PESQUISAS DE MESTRADOS E
DOUTORADOS: A EDUCAÇÃO POPULAR
FREIRIANA É REFERÊNCIA?
Fernanda dos Santos Paulo 1
Edson Douglas Pereira Casagrande 2
Introdução
Como participantes de Fóruns de Educação de Jovens e Adultos nosso
interesse tem se voltado ao contexto da educação prisional e suas especificidades.
Além disto, as relações da Educação de Jovens e Adultos Prisional e da Educação
Popular freiriana.
Para adentrarmos ao tema nosso estudo deu-se na Biblioteca Digital Bra-
sileira de Teses e Dissertações (BDTD) e posteriormente acessamos as contribui-
ções dos artigos publicados no Dossiê: Educação e Privação de Liberdade.
A partir de levantamento bibliográfico, realizado em dezembro de 2019,
utilizando os descritores “educação prisional” e “educação em prisões”, juntos com
o prefixo “or” buscamos dissertações e teses sobre o tema nos últimos vinte anos,
aproximadamente (2000-2019). Esse recorte é advindo pelos estudos realizados no
Grupo de Estudos e leituras “Paulo Freire e Educação Popular”, coordenado por
Fernanda Paulo, via Associação de Educadores Populares de Porto Alegre, Movi-
mento de Educação Popular do Rio Grande do Sul e Universidade do Oeste de
Santa Catarina. Concomitante a isto, Edson inicia o Mestrado trazendo o tema da
EJA prisional como proposta de pesquisa, cujo título do projeto de dissertação é:
“Perspectivas teórico-prática do trabalho docente na educação de Jovens e Adultos
em espaços prisionais”. Salientamos que utilizamos a Educação de Jovens e Adultos
Prisional a compreendendo de forma ampla, dentro e fora do contexto escolar.
1
PPGEd/UNOESC – AEPPA- MEP - FEJARS
2
PPGEd/UNOESC
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3
Peer instruction (em português: Instrução entre pares) é um método de ensino interativo, baseado em
evidência, popularizado no início da década de 1990 por Eric Mazur, professor da Universidade Har-
vard. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Peer_instruction
214
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
215
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DANTAS, Doneves Universidade Federal de Cam- Leitura crítica: um caminho para a ressoci-
12 2018
Fernandes. pina Grande alização.
PROEJA FIC/Fundamental no IFRN-Cam-
Universidade Federal do Rio
DINIZ, Ana Lúcia pus Mossoró: das intenções declaradas ao
13 Grande do Norte, Programa de 2014
Pascoal funcionamento de um curso em espaço pri-
Pós-Graduação em Educação
sional.
Entre o ensino e a ressocialização: práticas
DIORIO, Tatiane Al- Pontifícia Universidade Cató- de professores de ciências na educação pri-
14 2017
meida. lica do Rio de Janeiro sional masculina no município do Rio de
Janeiro.
Universidade Federal do Triân- Processo de constituição da identidade
DUARTE, Alisson gulo Mineiro - UFTM, Pro- profissional de professores da educação es-
15 2017
José Oliveira grama de Pós-Graduação em E- colar de uma unidade prisional de Minas
ducação Gerais.
FERREIRA DA
COSTA, Euclides; Si- Universidade Federal de Per-
16 Juventude negra e a educação na prisão. 2011
mão de Freitas, nambuco
Alexandre.
Educação a distância para sistemas prisio-
nais: um estudo sobre viabilidades técnicas
FERREIRA. Marcelo Universidade Federal de Minas
17 de infraestrutura necessária para imple- 2016
de Mesquita Gerais
mentação da educação em rede nas escolas
do sistema prisional.
Universidade de Brasília
GAWRYSZEWSKI, Programa de Pós-Graduação em Pessoas idosas e sistema prisional: um es-
18 2018
Thais Malheiro Desenvolvimento, Sociedade e tudo exploratório a partir da educação.
Cooperação Internacional
GONÇALVES, Tha- Ressignificação da educação para pessoas
Universidade Federal do To-
19 tianne Rodrigues presas nas cadeias públicas do estado do 2019
cantins
Lara de Oliveira. Tocantins.
Significados da educação escolar para ho-
HILLESHEIM, Sonia Universidade do Oeste Pau-
20 mens privados de liberdade: associações 2016
de Lurdes Draguette lista, Mestrado em Educação
com o bem-estar subjetivo.
O ensino da arte nas prisões: desafios, pos-
MARTINS, Valdir Universidade Tuiuti do Paraná,
21 sibilidades e limites para uma educação 2017
Borges Mestrado em Educação
humanizadora.
MEDEIROS, Jane O sentido da educação para mulheres em
Universidade Federal de Mato
22 Maria da Silva privação de liberdade: vivências e perspec- 2016
Grosso
Nóbrega. tivas.
MENDES, Francisco Universidade Federal de Per- Um mundo dentro de outro mundo: educa-
23 2011
Carlos de Figueiredo nambuco ção prisional no Estado de Pernambuco.
Universidade Federal de São O exercício da docência entre as grades: re-
MENOTTI, Camila
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Cardoso
duação em Educação sistema prisional do estado de São Paulo.
PASSOS, Thais Bar- Universidade Estadual Paulista Educação prisional no estado de São Paulo:
25 2012
bosa - UNESP passado, presente e futuro
Humanização do espaço carcerário: uma a-
PEREIRA, Isabel Re- Universidade Federal de Minas nálise das políticas públicas para oferta de
26 2017
gina de Souza. Gerais trabalho e educação no sistema prisional
de Minas Gerais.
Formação específica de professores: análise
PEREIRA, Maria Universidade Federal do To- e proposições sobre a atuação docente nos
27 2019
Leda Melo Lustosa. cantins estabelecimentos prisionais do estado do
Tocantins.
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PRADO, Alice Silva
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Pontifícia Universidade Cató-
lica de São Paulo, Programa de
RAMOS, Ellen Educação escolar e formação de mulheres
29 Estudos Pós-Graduados em E- 2013
Taline de presas.
ducação: História, Política So-
ciedade
RAMOS, Rowayne Universidade Federal de Mato Educação de Jovens e Adultos no contexto
30 2012
Soares Grosso do Centro de Ressocialização em Cuiabá-
216
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
MEDEIROS, Jane Maria da Silva Nó- Este trabalho é resultado da pesquisa desenvolvida durante o Mes-
brega. O sentido da educação para trado em Educação, na linha pesquisa: Movimentos Sociais, Políticas
mulheres em privação de liberdade: e Educação Popular. Teve como objetivo descrever e analisar a Edu-
22 vivências e perspectivas. 2016. 142 f. cação a partir das vivências de mulheres em privação de liberdade. Os
Dissertação (Mestrado em Educação) - estudos e observações foram desenvolvidos na Penitenciária Femi-
Universidade Federal de Mato Grosso, nina Ana Maria do Couto May em Cuiabá.
Instituto de Educação, Cuiabá, 2016. Palavras-chave: Educação. Privação de liberdade. Direitos humanos.
MENDES, Francisco Carlos de Figuei- O presente trabalho de pesquisa teve como objetivo analisar as pro-
redo; Um mundo dentro de outro postas educacionais desenvolvidas na colônia penal feminina do Re-
mundo: educação prisional no Estado cife e no Presídio Professor Aníbal Bruno, a partir do exame das do-
23 de Pernambuco. 2011. Dissertação cumentações oficiais do Governo do Estado de Pernambuco e das
(Mestrado). Programa de Pós-Gradua- unidades prisionais, e identificar a percepção dos apenados e dos e-
ção em Educação, Universidade Fede- ducadores sobre os ditos projetos.
ral de Pernambuco, Recife, 2011. Palavras-chave: Ressocialização. Proposta pedagógica. Cidadania.
222
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
STRICTO SENSU em Desenvolvi- (POG). Busca-se entender como tem ocorrido o processo de imple-
mento e Planejamento Territorial) - mentação da educação escolar na referida unidade, do Complexo Pri-
Pontifícia Universidade Católica de sional de Aparecida de Goiânia, bem como a contribuição da educa-
Goiás, Goiânia-GO. ção escolar do CEDLET para o processo de humanização e
emancipação dos detentos.
226
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
227
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
JOSÉ, Gesilane de Oliveira Maciel. Entre Esta tese está vinculada a Linha de Pesquisa Políticas Públicas, Or-
os muros e grades da prisão: o trabalho ganização Escolar e Formação de Professores. Tem como objetivo
do professor que atua nas 'celas' de investigar como ocorre o processo de trabalho e as condições soci-
05 aula. 2019. 254f. Tese (Programa de Pós ais e materiais do docente que atua em escolas inseridas em prisões.
Graduação em Educação) Universidade
Estadual Paulista – UNESP, Presidente Palavras-chave: Educação em prisões, Trabalho docente, Educa-
Prudente. ção de jovens e adultos, Entrevista narrativa.
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Considerações finais
A Educação de Jovens e Adultos na história brasileira: projetos, pro-
gramas e políticas públicas ainda utiliza Paulo Freire como principal referên-
cia. No contexto da educação prisional, Freire não é o autor central. A Educa-
ção Popular Freiriana não é referência principal nos estudos sobre EJA prisional,
mas em muitas teses e dissertações a Educação Popular é recordada na história da
EJA e Paulo Freire, quando citado, é principalmente para uso de conceitos e, tam-
bém, fazendo alusão as suas experiências com educação de adultos.
As categorias e temas utilizados nas teses e dissertações se relacio-
nam a temas centrais da EJA prisional: ressocialização, trabalho docente, Pro-
cessos educativos, Educação profissionalizante, história e Políticas públicas da e-
ducação prisional.
Os quadros 4 e 5 contribuem para conhecermos as temáticas sobre a EJA
prisional, pesquisadas no tempo delimitado para este estudo bibliográfico e
descritivo. Por fim, estes 67 trabalhos, somados ao Dossiê: Educação e Privação
de Liberdade merecem ser lidos, analisados e utilizados como parte da História da
EJA, em especial a educação prisional. Algumas regiões, ainda não possuem uma
expressão significativa de trabalhos, em nível de mestrado e doutorado em Educa-
ção, acerca da EJA prisional. Indicamos aos Fóruns Estaduais de EJA pautarem
este tema em suas reuniões junto às universidades. Contudo, ressaltamos o cres-
cimento de estudos sobre a temática, mas ainda incipientes. Destacamos a região
sudeste, pois é a que mais realiza pesquisas sobre a EJA prisional.
Sabemos que a EJA é, historicamente, um terreno de disputas, assim
como a Educação Popular freiriana. Neste contexto, adicionamos a disputa por
políticas educacionais para a EJA prisional – tema que é discutido nos trabalhos
apresentados aqui. Elionaldo Fernandes Julião é um dos pesquisadores referenci-
ado em muitos dos trabalhos sobre EJA prisional, destacamos o Dossiê: Educação
e Privação de Liberdade. Consideramos de extrema importância estudos a partir
destes trabalhos associados à atualização destes, além do Dossiê: Educação e Pri-
vação de Liberdade que contem dez artigos específicos. Freire é citado nos artigos
de Della Libera (2019), Bravo (2019), José e Torres (2019) e Maders e Barcelos
(2019). Os outros seis artigos não citam Paulo Freire, com exceção de um que cita
“Paulo Freire: pedagogia dos sonhos possíveis” de Ana Maria Araújo Freire. Cons-
tatamos que Michel Foucault foi uma das referências mais citadas pelos autores
do Dossiê: Educação e Privação de Liberdade.
234
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
235
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Referências
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Educação Básica. Resolução nº 2, de 19 de maio de 2010. Dispõe sobre as Diretrizes
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FÁVERO, O. (Orgs.). Educação de Jovens e Adultos na América Latina - direito e
desafio de todos. Brasília: UNESCO/São Paulo: Moderna, 2009.
236
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
237
PAULO FREIRE: VIDA E A OBRA EDUCAÇÃO
COMO PRÁTICA DE LIBERDADE.
Gilmara Raiza Mota da Silva 1
Raiane Rodrigues dos Santos 2
Suzanny de Freitas Costa 3
INTRODUÇÃO
Um educador, filosofo atemporal, Freire é reconhecido mundialmente e
suas obras são citadas em grande parte dos trabalhos acadêmicos. Paulo Reglus
Neves Freire, nascido4 na cidade de Recife – PE, seus pais Joaquim Temístocles
Freire e Edeltrudes Neves Freire. Paulo Freire recebeu de sua mãe os ensinamentos
do catolicismo, seu pai era espírita kardecista5, mas sempre aceitou a religião ao
qual foi ensinada por sua mãe.
Os primeiros contatos com a leitura e escrita, iniciou no quintal da sua
casa, quando relembrava de sua infância, dizia: “Eu aprendi a ler na sombra da man-
gueira no quintal dessa casa, meus pais, sobretudo minha mãe; ela pegava os peque-
nos gravetos, e escrevia palavras, escrevia frases de minha vida cotidiana, daquilo
que eu estava presenciando, que eu estava vivendo”6. Desde a infância compreendeu
que o ato de educar, deve iniciar a partir da realidade da própria vida.
A mudança da família para Jaboatão, ocorreu quando seu tio Clodoválio
(comerciante) foi à falência, devido à quebra da bolsa de valores de Nova Iorque,
em 1929. Nesse período de dificuldades Paulo Freire estava com pouco mais de
nove anos, seu pai para aumentar a renda familiar, vendia rapadura em Recife.
Freire aos trezes anos perdeu seu pai, presenciou a luta de sua mãe para sustentar
a si e a seus irmãos. Mas, esse tempo de vivência em Jaboatão foi de suma impor-
tância para sua aprendizagem, relata sobre essa importância em uma das notas da
“Pedagogia da Esperança”.
1
Graduanda em Pedagogia – Universidade Federal do Pará; e-mail: silvaraiza26@gmail.com
2
Graduanda em Pedagogia – Universidade Federal do Pará; e-mail: raianedossantos1997@gamil.com
3
Graduanda em Pedagogia – Universidade Federal do Pará; e-mail: zannycosta8@gamil.com
4
19 de setembro de 1921.
5
É uma doutrina religiosa, filosófica, mediúnica e moderno espiritualista de moral cristã.
6
FREIRE, A. M. de A. Paulo Freire: sua vida, sua obra. p. 3.
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
7
Aluízio Pessoa de Araújo, pai de Ana Maria Araújo Freire, esposa de Paulo Freire.
8
Professora primária, com quem teve cinco filhos: Maria Madalena, Maria Cristina, Maria de Fátima,
Joaquim e Lutgardes.
9
Pelópidas Silveira.
10
Doutor em Filosofia e História da educação, defendendo a tese “Educação e atualidade brasileira”.
240
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
11
Paulo Guerra.
12
Ministro da Educação.
13
FREIRE, A. M. de A. Paulo Freire: sua vida, sua obra. p. 04.
241
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
METODOLOGIA
Para a elaboração deste trabalho a pesquisa bibliográfica consistiu em lei-
turas que deram suporte para o conhecimento sobre o referido autor, sendo a bi-
bliografia disponível virtualmente no Centro de Referência Paulo Freire; um artigo
escrito por Ana Maria de Araújo Freire e o Livro Educação como Prática de Liber-
dade. Sobre esse tipo de pesquisa, Fonseca (2002, p. 32) relata,
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas
já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos
científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma
pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer ao que já se estu-
dou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam uni-
camente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas
com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o pro-
blema a respeito do qual se preocupa com a resposta.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Pierre Furter, na apresentação expõe sobre a visão pedagógica de Paulo
Freire, em que o diálogo é a base para uma atividade pedagógica própria, pois essa
questão faz parte da vida e obra do autor, a estrutura desse livro se encontra para
que o leitor possa fazer uma reflexão e elaborar uma percepção crítica do conte-
údo. A pedagogia de Paulo Freire não estar somente em sua oralidade, mas acredita
que o sujeito foi feito para ser comunicador, e para o diálogo acontecer é impres-
cindível que as palavras tenham sentido, não sejam um ato decorativo.
As palavras liberdade, democracia e justiça para Paulo Freire é de suma
importância para a libertação do ser humano, pois a partir do momento em que
conhecem seus significados, essas palavras deixam de ser alienantes e, tornam-se
palavras geradoras, ajudando na transformação do indivíduo e da sociedade.
Paulo Freire defende que o diálogo é a principal ferramenta democrática
sem ocorrer a exclusão de nenhuma classe social, então, todos têm o direito de
242
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
243
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
244
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
245
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Freire faz uma reflexão mostrando desde a colonização, revelando aos lei-
tores que a data daquela época o Brasil viveu um modelo antagônico ao democrá-
tico, uma vez que os colonizadores nunca tiveram interesse em se estabelecer em
tal terra, já que até então era considerada uma fonte de riqueza para a metrópole
(Portugal).
246
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
O exposto acima propõe uma reflexão, por essa razão deve-se dá impor-
tância ao sucesso e o reconhecimento acerca da proposta pedagógica realizada por
Freire – uma educação voltada para a conscientização, para a interação, para a de-
mocracia e para o diálogo. Evidenciando que a superação para esta inexistência
democrática está ligada a uma nova experiência: a participação.
No terceiro capítulo Educação “Versus” Massificação, Paulo Freire expõe so-
bre uma educação crítica, para o indivíduo ser capaz de decidir, ter consciência
247
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
248
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249
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
sos orais, mas passando para a linguagem escrita que dá significado à vida dos a-
nalfabetos. O educador nesse processo é quem somente contribui, nada impõe,
sendo a aquisição do conhecimento de fora para dentro, partindo do próprio edu-
cando, assim o educando não será apenas objeto do conhecimento, mas sim sujeito
do próprio conhecimento, de acordo com o autor:
Não acreditávamos na necessidade de 40, 50, 80 palavras geradoras para a apre-
ensão dos fonemas básicos da língua portuguesa. Seria isto, como é, uma perda
de tempo. Quinze ou dezoito nos pareciam suficientes, para o processo de alfa-
betização pela conscientização (FREIRE, 1967, p. 111).
250
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Então é imprescindível o quão é grandiosa a pedagogia relizada por Paulo
Freire, que criou e efetivou seu método, em uma experiência no Rio Grande do Sul,
em 1962, com um pequeno número de participantes, esse trabalho realizado por
ele e pelos voluntários teria tido uma maior ampliação se o golpe de 1964, não ti-
vesse interrompido. Freire aborda nesta obra questões históricas e culturais que
justificam o alto índice de analfabetismo no país.
Por conseguinte, a leitura do livro possibilitou a compreensão do quanto
é importante uma educação que seja voltada para despertar uma consciência crítica
para a realidade, principalmente dos menos favorecidos, para assim ter conheci-
mento do seu papel (dever e direito) quanto cidadão de uma sociedade capitalista.
Diante disso, por que instigar sobre (Paulo Freire) sua vida e obra, é pelo
fato de que Freire se preocupou em escrever sobre coisas reais e próximas da sua
vida. Teve a sensibilidade de escrever o nítido, sobre o cotidiano, o que ele presen-
ciava e sobretudo o que ele sentia. Mostrou em suas obras seu trabalho a favor da
camada popular, Freire se dispôs a escutar o povo, passou a ter contato com o
povo, assim passou a valorizar e construir sua Teoria do Conhecimento.
Paulo Freire, foi contra o sistema que regia sua época, pois não permitia
o discurso sobre educação, principalmente quando se tratava da educação popu-
lar, em sua época a educação era elitista e discriminatória, muito mais do que na
atualidade (séc. XXI), ao qual vive um grande retrocesso e grandes ataques por
parte do Governo, além do mais, suas obras são fortemente atacadas por uma elite
que não permite o diálogo democrático, mas quer fazer da democracia um monó-
logo. Freire foi um ser humano que respeitou e mostrou o quanto é imprescindível
o respeito ao conhecimento popular. Então, instigar, valorizar o educador e as o-
bras que Paulo Freire deixou, é continuar a lutar para que todos tenham uma edu-
cação de qualidade e conscientização para participar da democracia.
251
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro, Editora Paz e
Terra LTDA, v. 199, 1967.
FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade/ Paulo Freire. – 46ª ed. – São
Paulo: Paz e Terra, 2020.
GERHARDT, T. E. ; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa/ [organizado por] Tatiana
Engel Gerhardt e Denise Tolfo Silveira; coordenado pela Universidade aberta do Brasil
– UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para
o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFGRS, 2009.
252
ENSINO DE HISTÓRIA E PEDAGOGIA FREIRIANA:
SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA
Jessé Gonçalves Cutrim 1
1
Professor do Curso de História no Centro de Ciências Humanas Sociais e Letras, da Universidade
Estadual da Região Tocantina do Maranhão – UEMASUL. Mestre em Ciências da Educação. Con-
tato: jessecutrim@uemasul. edu. br
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
254
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
todo o ano letivo aconteceu de forma remota, ou se não de forma híbrida em alguns
casos. Uma verdadeira antecipação de um ensino eletrônico na sua quase totali-
dade, devido a viabilidade inédita de tal recurso. Que na prática só serviu para
observarmos que não é a solução que muitos aguardavam propagar, A perspectiva
é para um ensino híbrido, mescla do eletrônico com o presencial no momento pós-
pandêmico. A realidade é que seja de forma remota ou presencial o que passa a ser
revolucionário é a forma como metodologicamente determinada disciplina e/ou
assunto esteja embasada filosoficamente por uma pedagogia. No ensino de disci-
plinas pertencentes às Ciências Humanas e Sociais há um componente decisivo
para sua razão de ser, enquanto disciplina escolar, o entrelaçamento de suas temá-
ticas com uma pedagogia. Mas, não uma pedagogia qualquer, há de ser uma que
faça com que reverbere todo o potencial educativo-crítico e não o contrário. No
caso do ensino de História, a mais política das disciplinas, não pode ficar de mãos
atadas a um processo educacional que caminha para o cerceamento de um ideal
crítico e reflexivo, sob pena de ela própria se perder em sua essência e, de seu en-
sino se revelar inócuo. Não pode se dar ao luxo de que seu conteúdo tenha um
aspecto de informação usual, sem ser problematizada a contracorrente.
Diante desse cenário avassalador que se descortina, nós professores (as)
de todo o Brasil precisamos envidar esforços para mantermos vivo o pensamento
freiriano nas escolas, principalmente as públicas. Suas ideias filosóficas e pedagó-
gicas precisam ser evidenciadas em salas de aula. Para tanto, nunca se fez tão o-
portuno dedicarmos nosso precioso tempo na confecção de projetos de interven-
ção voltados aos pressupostos freirianos.
Enquanto professor do Curso de Licenciatura em História, na Universi-
dade Estadual da Região Tocantina do Maranhão – UEMASUL, na cidade de Im-
peratriz, Maranhão e trabalhando com as disciplinas voltadas para a formação de
futuros professores e professoras, me esforço para uma concatenação mais acurada
da pedagogia freiriana ao ensino de História. A obra Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa (2019), A primeira edição dessa obra ocorreu em
1996, cerca de um ano antes da morte de Freire. A atual, de 2019 (da qual fazemos
uso) encontra-se na 58ª edição. Essa obra sintetiza uma pedagogia fundada na pró-
pria autonomia do educando. Uma pedagogia que expressa uma certa compreen-
são ético-crítica-política da educação, como ele mesmo costumava expressar.
Consideramos esta obra, por suas reflexões acerca do ensinar e da relação estu-
dante-professor o encaixe perfeito para uma simbiose com o ensino de História.
255
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
256
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Visão da História
De modo geral, pode-se definir a História como tudo o que o ser humano
realizou e realiza em ações concretas e significativas de seu imaginário, registrado
como experiência refletida de sua existência cotidiana. Assim, o pressuposto pre-
ponderante é o reconhecimento da importância da História como a necessidade
que o homem tem de buscar respostas para o fenômeno de sua existência e, assim,
encontrar a plena consciência de si mesmo.
Há uma distância que separa o ser humano de hoje dos seus antepassa-
dos. Nesse trajeto, acrescentou-se o poder dos homens sobre a natureza. É natural,
portanto, ou mesmo inevitável, perguntar-se quais as causas do movimento que
promoveu tais mudanças.
O grande problema da História como necessidade humana é compreen-
der, não como se passam as coisas, mas saber por que se passam de tal maneira e
não de outra qualquer, a partir da análise de indícios, rastros, vestígios que vão se
revelando na trama histórica. Ou de outra forma, como bem certificou Maringoni2
no prefácio do livro O homem que amava os cachorros de Leonardo Pandura, quando
diz que Pandura “vale-se de um imenso talento narrativo para falar de caminhos e
atalhos já percorridos. ” Ou seja, de fatos históricos já consolidados. Pandura mos-
tra – diz Maringoni – que
O passado, embora esteja aparentemente resolvido, é uma equação aberta pelos
dilemas do presente. Nenhum morto voltará à vida, e o resultado de jogo algum
será alterado por conta desse exame. Mas as diferentes leituras que se fizerem
de vidas, mortes e dinâmicas históricas dizem muito sobre os passos a seguir
(MORINGONI, 2015, p. 21).
2 MARINGONI, Gilberto. Prefácio – Um thriller histórico. In: PANDURA, Leonardo. O homem que
amava os cachorros. São Paulo: Boitempo, 2015. p. 21. O livro é um romance de ficção que narra fatos
acontecidos e reais.
257
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Justificativa
A região Sudoeste maranhense, uma das mais prósperas do Maranhão,
situada na divisa do Maranhão com o Tocantins e o Pará, na Bacia hidrográfica do
Tocantins – Araguaia, há pouco tempo saiu da condição de complexo “agropasto-
ril” para complexo “agroindustrial”. Nela está situada a cidade de Imperatriz, a
segunda maior do Estado, a mesma possui as mais diversas linhas modais, via área
com um aeroporto de grande porte, Rodovia Belém – Brasília, Ferrovia Norte – Sul,
que interliga com a Ferrovia Carajás. É fronteira da pecuária, por possuir um dos
maiores rebanhos bovinos do Maranhão, é fronteira do eucalipto por sediar uma
das maiores usinas de beneficiamento de papel e celulose do mundo, a Suzano, é
cognominada “capital da energia” por sediar o Linhão Norte que interliga energia
elétrica de Tucuruí – PA. Imperatriz está situada entre o Bioma cerrado e o Bioma
amazônico, e possui uma taxa de urbanização superior a 92%. A cidade possui
status de metrópole regional, com abrangência no Norte do Tocantins e Sul do
Pará, é um importante polo universitário, de saúde e bancário, também é conside-
rada um importante polo atacadista, um dos maiores do Norte – Nordeste.
No entanto, temos muitos agricultores rurais, agroextrativistas, quebra-
deiras de coco babaçu, importantes sindicatos populares, como o Sindicato dos
trabalhadores rurais de Imperatriz, um dos pioneiros na luta pela terra, o Movi-
mento Sem-Terra, entre outros. Tudo por que o capital se faz presente de maneira
acintosa e há uma gama de sujeitos em luta e tensão constante. Os cursos da área
de humanas sofrem com a concorrência dos mais “aclamados” e mais “rentáveis”.
Porém possui professores e professoras de alto valor, que procuram problematizar
diversos conflitos, existentes no âmbito local/regional tanto quanto nacional e in-
ternacional onde a história e as diversas áreas das ciências Sociais e Humanas a-
tuam. Mas, é preciso que haja criticidade e reflexão sobre os problemas que nos
afetam sobremaneira, entendemos que os pressupostos filosóficos e pedagógicos
3
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
258
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
de Paulo Freire se fazem oportunos, numa região onde grande número dos que
fazem o curso de História é da classe trabalhadora, muitos residem nos grandes
bairros e em cidades próximas. Bairros estes, que em sua imensa maioria foram
formados a partir da consequência do êxodo rural. Diante dessa constatação com-
preendemos que só uma educação conscientizada aberta e com autonomia pode
ser benéfica e significativa. Por essa razão, urge uma Proposta de Intervenção onde
prepondere a metodologia freiriana a ser implantada justamente num curso vol-
tado, em grande parte, para a educação, e que poderá ser transformador, ético e
dinamizador de um processo de mudança.
Objetivos
• propor iniciativas pedagógicas com base no ensinar partindo do ser
professor, do ser professora de forma emancipadora e autônoma com os ensina-
mentos apoiados na Pedagogia da autonomia, aos saberes necessários à prática e-
ducativa, no contexto da formação docente para acadêmicos (as), em especial às
disciplinas voltadas para a formação docente do curso de Licenciatura em História
no Centro de Ciências Humanas Sociais e Letras (CCHSL) da Universidade Esta-
dual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL);
• transformar ideias didático-pedagógicas em realidade prática em con-
texto educacional, por meio da reflexão crítica, e para que esta seja tomada como
pressuposto básico da relação teórico-prática;
• valorizar o proposto na alínea I e IV, constantes do artigo 43 do capí-
tulo IV da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394 de 1996),
quanto a finalidade da Educação superior, “estimular a criação cultural e o desen-
volvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo” e “promover a divul-
gação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimô-
nio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de
outras formas de comunicação” (LDB, 2017, p. 32).
Metas
• que acadêmicos e acadêmicas ao cursarem disciplinas pedagógicas pos-
sam ser envolvidas diretamente na Proposta conseguido ler todos os ensinamentos
pedagógicos contidos na obra Pedagogia da autonomia;
• que todas as atividades acadêmicas propostas sejam efetivadas através
das técnicas e metodologias utilizadas, desde o momento da apresentação da Pro-
posta de Intervenção até sua culminância;
259
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Conteúdos
Os conteúdos abordados serão primordialmente os três capítulos e seus
desdobramentos da obra Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática edu-
cativa, de Freire:
1. Prática docente: primeira reflexão
2. Ensinar não é transferir conhecimento
3. Ensinar é uma especificidade humana
Metodologia
• na proposição a partir da uma obra Pedagogia da autonomia de Freire e,
estudos de temas correlatos, de textos e de vídeos será aberto uma consulta para
que as acadêmicas do curso de história demonstrem interesse ou não de estudar
Paulo Freire pela obra referida e, sobre a relação direta com o tema mais cadente
em um curso de Licenciatura: a pedagogia;
• uso de múltiplas linguagens e aportes didáticos: Data show, notebook,
Smartphones, livros, textos, revistas, jornais, vídeos e músicas;
260
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Cronograma de atuação
1º momento 2º momento 3º momento
Sensibilização Preparação do material Apresentação
Formação dos grupos Confecção Avaliação
Seleção dos textos… Organização
Pesquisa Ensaios
Leituras
Planejamento
Avaliação
A avaliação se dará de forma sucessiva passando por todas as etapas,
desde da sensibilização até a culminância, onde são verificadas em todas as etapas
261
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
os avanços e recuos, seus sucessos e seus sacrifícios. Mas levaremos em conta, tam-
bém a perspectiva de uma avaliação proposta por Romão 4 (2002), que nos adverte:
Ao tratarmos especificamente da avaliação da aprendizagem escolar, temos de ter
em mente as relações pedagógicas estabelecidas em função do projeto educacional
adotado, que, por sua vez, é a expressão escolar do projeto de sociedade imposto
pelas elites ou por elas acordado com as demais classes sociais. [...] A avaliação da
aprendizagem escolar deve estar atenta não só aos indicadores colocados pelo pro-
jeto pedagógico, mas também ao projeto social hegemônico mais amplo e ao con-
texto no qual as relações sociais se dão (ROMÃO, 200). A nossa avaliação deve
estar em consonância, para que não haja contradição entre projeto escolar e pro-
jeto social, como bem nos coloca Romão.
Luckesi5 (2018), nos diz que “a avaliação é um dos três atos cognitivos
universais do ser humano: conhecer fatos, conhecer valores e agir. ” (LUCKESI,
2018, p. 54). Ele nos alerta para que uma avaliação
Investigativa seja eficiente, ela exige do avaliador três passos metodoló-
gicos:
(i) Elaboração de um projeto de investigação;
(ii) (ii) produção de uma consistente descritiva do objeto da inves-
tigação,
(iii) (iii) revelação da qualidade da realidade investigada, através da
comparação da realidade descrita com os parâmetros de quali-
dade assumidos como válidos6
Com base nas premissas acima, procura-se obter uma revelação que de-
monstre qualidade quanto aos estudos de uma pedagogia autônoma de Freire, a-
fim de equilibrarmos dois fatores preponderantes na formação de acadêmico (a)
do curso de licenciatura em História: os conteúdos históricos e uma pedagogia.
Para que ao final da jornada, não tenhamos que nos deparar com um profissional
“manco”, que demonstre mais conteúdo específicos e menos conteúdos pedagógi-
cos por excelência.
4 ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação dialógica: desafios e perspectivas. São Paulo: Cortez – Instituto
Paulo freire, 2002. (Guia da Escola Cidadã, v. 2). p. 40.
5
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação em educação: questões epistemológicas e práticas. São Paulo:
Cortez, 2018. p. 54
6
Ibid. , p. 55
262
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Considerações finais
A razão precípua de propormos um projeto de intervenção para acadêmi-
cos (a) do Curso de licenciatura de História no interior do Maranhão tem validade
eminentemente pedagógica. O projeto é um esboço simples que vamos aprimorar
conforme tivermos a experiência de suas efetivações. Observando as etapas que se
saírem melhor e por que, até chegarmos a uma qualidade satisfatória de seus re-
sultados. E tendo humildade em reconhecer os pontos que não lograram êxito. Po-
rém, isso pode ser variável de turma para turma. O importante é que teremos au-
tocrítica perante a avaliação que fizermos, sempre que houver necessidade
Aqui pode estar um princípio sistematizado com pressupostos básicos
para um começo definitivo de uma compreensão epistemológica de uma pedagogia
de base eminentemente freiriana. Que pode até servir de parâmetros para quem
dele convier, compreendendo as especificidades da realidade que se deparem. Ape-
sar de aqui ele estar voltado para a licenciatura em História, pode perfeitamente se
adaptado para outros cursos de licenciatura. E mesmo para História ele pode per-
feitamente ser modificado, afinal ele é aberto. Para que ela se adeque melhor a um
dado curso de licenciatura é importante que se promova uma visão que se quer dele.
Por fim, em tempos remotos e opacos podemos perfeitamente implantar
um projeto que possibilite verdadeiros saberes à prática pedagógica.
263
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Referências
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. O perigo de uma história única. São Paulo:
Companhia das Letras, 2018.
BRASIL. Leis de Diretrizes e Bases da Educação da educação Nacional. Brasília:
Senado Federal, 2017.
FREIRE, Freire. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 58
ed. São Paulo: Paz e Terra, 2019.
_______. Pedagogia do oprimido. 68 ed. São Paulo: Cortez, 2019. Paulo: Cortez, 2003.
INSTITUTO PAULO FREIRE. Curso Paulo Freire em tempos de Fake News:
atualidade, metodologias e práticas. Produção: EaD Freiriana, São Paulo: Coordenação
Geral: Paulo Roberto Padilha, 2019. (Vídeoaulas diversas).
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação em educação: questões epistemológicas e
práticas. São Paulo: Cortez, 2018
MARINGONI, Gilberto. Prefácio – Um thriller histórico. In: PANDURA, Leonardo.
O homem que amava os cachorros. São Paulo: Boitempo, 2015
ROMÃO, José Eustáquio. Avaliação dialógica: desafios e perspectivas. São Paulo:
Cortez – Instituto Paulo freire, 2002. (Guia da Escola Cidadã, v. 2).
264
A IDENTIDADE CULTURAL DO AMAZONAS E A
SUA RELAÇÃO COM A HISTÓRIA DOS POVOS
INDÍGENAS: UM ESTUDO SOBRE O
ATENDIMENTO DA LEI 11. 645/2008 EM TURMAS
NO 5º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Jéssica Diana da Cruz Carvalho 1
Maria da Conceição Monteiro Ferreira 2
1. INTRODUÇÃO
A escolha do tema “A identidade cultural do Amazonas e a sua relação
com a história dos povos indígenas, no 5º ano do ensino fundamental” se deu em
razão da necessidade sentida em aprofundar conhecimentos a respeito da identi-
dade amazonense, da importância da história dos povos indígenas para a constru-
ção dessa identidade, bem como no que se refere as suas contribuições e influên-
cias. Acreditamos ser relevante que os estudantes tenham contato com essa
temática desde o início da educação básica, visando de certa forma contribuir para
a formação da identidade cultural dos mesmos.
Infelizmente em nossa sociedade brasileira ainda nos rodeia um precon-
ceito por vivermos em uma região com um grande número de populações indíge-
nas. No entanto, isso não deveria ser motivo de discriminação, pois conviver com
esses povos é conviver com a nossa própria cultura e formação histórica de perto.
Chamou-nos atenção o fato de ser obrigatório o ensino da história dos povos indí-
genas do Brasil na educação básica e ser assegurado por lei (Lei 11. 645, 10 de março
de 2008) também previsto no artigo 26-A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDBEN Nº 9. 394/96.
Tendo em vista que o Curso de Pedagogia da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Amazonas é um espaço de concentração de sujeitos com
uma grande diversidade, acreditamos ser importante discutir e pesquisar sobre tal
1
Graduada em licenciatura Plena em Pedagogia (2019) pela Faculdade de Educação da Universidade
Federal do Amazonas, Brasil. jessicadiana20@outlook. com
2
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas, Brasil (2011) Professor Titular da Fa-
culdade de Educação da Universidade Federal do Amazonas, Brasil. ceicamont@hotmail. com
Faculdade de Educação (FACED)
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
tema, por envolver a formação de sujeitos amazônicos e também por permitir que
nós a partir dessa reflexão nos enxerguemos como amazonenses carregados de
uma identidade consistente. Vale salientar que a formação da identidade se desen-
volve em grande parte na escola, onde esses assuntos são ou pelo menos deveriam
ser trabalhados por nós profissionais da educação.
Os objetivos que aspiramos alcançar com esta pesquisa são os seguintes:
Investigar como estão sendo desenvolvidos pelos professores a questão da identi-
dade cultural do Amazonas e a sua relação com a cultura e História dos povos in-
dígenas no 5º ano do ensino fundamental; Identificar as concepções que os profes-
sores e alunos têm sobre identidade cultural do Amazonas e história dos povos
indígenas; Caracterizar o trabalho realizado sobre a temática da identidade cultu-
ral do Amazonas e a história dos povos indígenas nos componentes curriculares
de História pelos professores do 5º ano do Ensino Fundamental; Analisar como os
professores desenvolvem atividades sobre a temática identidade cultural e a his-
tória dos povos indígenas em cumprimento à Lei 11. 645/2008 presentes no artigo
26-A da Lei de Diretrizes e Bases da Educação-LDB nas aulas de história.
266
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
267
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268
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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa foi aplicada na área de educação com a finalidade de entender
melhor a formação da nossa identidade cultural amazonense e as concepções que
269
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
alunos e professores possuem dessa identidade e da cultura e história dos povos in-
dígenas. A pesquisa é de caráter qualitativo, por se tratar de uma pesquisa em edu-
cação de cunho social. Com base em Minayo (2015, p. 21) “responde a questões
muito particulares. Ela se ocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que
não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos
significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes”.
Os procedimentos metodológicos que foram adotados na realização do es-
tudo proposto, são os seguintes. No primeiro momento realizamos a escolha de duas
escolas públicas estaduais\municipais de ensino fundamental I de médio porte com
12 salas de aulas localizadas na zona norte de Manaus. Fizeram parte da pesquisa
três professores, de uma das escolas. Participaram também um (a) professor (a) per-
mitindo que fizéssemos observações durante suas aulas de história.
No segundo momento foram aplicadas as seguintes técnicas com relação
a coleta de dados a saber: revisão bibliográfica sobre a temática, levantamento de
campo com o instrumento de observação simples que se aplicou a professores, e
alunos com o objetivo de verificar se estão sendo desenvolvidos nas aulas tais te-
mas propostos pela pesquisa.
O tratamento e interpretação dos dados colhidos nas observações se dará
com base no método de amostragem de observações, dentre elas, escolhemos a a-
mostragem de comportamento definida da seguinte forma por Gil (2008, p. 107)
“A amostragem de comportamentos, por fim, requer a observação de um grupo
num determinado contexto por inteiro. Em determinado período ocorre um com-
portamento particular e sua ocorrência é registrada com observações a respeito
dos indivíduos”.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As observações foram realizadas em duas escolas da zona norte de Ma-
naus, uma escola da rede Estadual e outra da rede Municipal, ambas de médio
porte, com 12 salas, ficamos observando as turmas de 5° ano do ensino fundamen-
tal no mês de junho e julho. Durante o período eram trabalhadas nas aulas as ma-
térias de história no primeiro horário das 13h15 às 15h. No segundo horário era
trabalhada a disciplina de geografia. As observações estão sintetizadas nos pará-
grafos a seguir.
270
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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272
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
escola (Pacheco, 2005), em especial das escolas públicas, onde estudam os sujei-
tos pertencentes às minorias excluídas (SOUZA, 2010, p. 49).
No tocante ao que foi explanado acima pela autora, fica para nós futuros
professores e para os professores que já estão atuando no espaço escolar e nas salas
de aulas, a reflexão no que se refere às nossas concepções e práticas pedagógicas
relacionadas ao currículo levando em consideração o tratamento da temática em
questão pelos mesmos. Evidenciando assim que para ocorrer um reconhecimento,
valorização e respeito pelos povos indígenas e sua cultura, é necessário a descons-
trução de ideias superficiais e também uma mudança na postura ético e profissio-
nal nas salas de aulas.
5. CONSIDERAÇOES FINAIS
Conforme os referenciais teóricos e a pesquisa preliminar de campo, po-
demos conceber que as práticas dos professores em sala de aula e na escola em
relação ao trabalho com essas temáticas se configuram como práticas superficiais
com pouco embasamento, se apoiando em livros didáticos que infelizmente apre-
sentam ainda a Região Norte e os povos indígenas de forma estereotipadas.
Vale ressaltar, que esta visão do recorte da realidade que investigamos
não significa que toda escola e professor possuem tais posturas sobre o trabalho
com identidade amazônica e História dos povos indígenas, entretanto, percebe-
mos a necessidade urgente de um olhar mais atento para o trabalho com os conte-
údos que a Lei 11. 645/2008 salienta. Intencionamos que cada professor e profes-
sora e futuros professores possam refletir sobre a relevância de se trabalhar tais
temáticas em sala de aula e na escola não apenas como mero conteúdo do currí-
culo, mas entendê-las como concepções e práticas que contribuirão para a cons-
trução de uma aprendizagem significativa, formando um educando, cidadão com
identidade cultural, reafirmando o reconhecimento e valorização dos povos indí-
genas da nossa região e do país.
273
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
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Jorge Zahar, 2005.
BENCHIMOL, Samuel, Amazônia: formação social e cultural. Manaus, AM:
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BRASIL. Lei nº9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Dispõe sobre as diretrizes e bases
da Educação Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 20 dez. 1996. Disponível em <https://www. planalto. gov. br/ccivil_03/Leis/ L9394.
htm> Acesso em: 01 set. 2016.
BRITO, Luiz carlos Cerquinho de. (org. ) Sociedade Educaçao e Formaçao do
Sujeito. Manaus. AM: EDUA, CEFORT/UFAM, 2006. In:WEIGEL, Valéria Augusta
de Medeiros. Sociedade, Cultura e Educação: uma abordagem antropológica, p. 40-67.
FELIPPI, TREVISAN. Jornalismo e identidade cultural construção da identidade
gaúcha em Zero Hora. 2006. Tese (Doutorado em jornalismo) – Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6° edição, São Paulo. SP:
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HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 12. ed. DP&A, 2014.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 27. ed. Rio de Janeiro:
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39-47.
SOUZA, Marinês Viana de. Entre Ajuricaba(s) e zumbi (s): currículo e diversidade
cultural. 2010. Tese (Doutorado em Educação) – Pontifícia universidade católica de
São Paulo, São Paulo, 2010.
274
LIDERANÇA E SEU IMPACTO NAS
ORGANIZAÇÕES EDUCACIONAIS
Jorcelita Bento dos Reis Gonçalves 1
Divina Lúcia Rodrigues Barbacena Monteiro 2
Kely Alves de Oliveira 3
Elizabeth de Fátima Freitas Marcelino 4
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como finalidade a liderança, esclarecer a natureza
da figura do líder através de algumas abordagens teóricas.
1. CONCEITO DE LIDERANÇA
Drucker (1967) em seu conceito reflete que o líder deve ter a imaginação,
a busca por informações e sua intelectualidade, somente assim, buscará ser efici-
ente e trarás bons resultados. Em relação à liderança, possui alguns conceitos e
compreensões que diferem de muitos. (BERGAMINI, 1994).
Tratar do tema Liderança é um desafio, tendo em vista a complexidade, a
tendência e abrangência do assunto. Foi necessário, portanto, limitar a pesquisa,
a fim de que pudesse desenvolver com profundidade os pontos abordados.
Algumas das definições refletem um método de entusiasmar as habilida-
des gerais e coletivas com o intuito de alcançar o efeito destinado. Lembrando que,
a direção é uma capacidade de atitude exposicional, imagina uma semelhança en-
tre ambas às partes, baseada no treinamento da atuação.
Bergamini (2009, p. 2-3) afirma que “com o aparecimento de inúmeros
conceitos sobre liderança, trouxe dificuldades para delinear de maneira mais pre-
cisa e completa abrangência do assunto”.
Todavia, o desenvolvimento de um líder é uma vivência, em que sugere
informações, práticas consecutivas. Numa organização é de extrema relevância
que os líderes desenvolvam suas habilidades, praticando ativamente sua liderança,
garantindo assim, que a organização atingem seus resultados almejados. Liderar é
a arte de comandar por meio de alguém, atraindo seguidores de forma positiva.
276
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
277
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
1. 2 Estrutura organizacional
É uma definição da área de administração e gestão de organizacional. Re-
fere-se à forma como a instituição é organizada, em torno de suas atividades e a
fim de cumprir os objetivos da organização.
Algumas organizações identificam sua hierarquia através de um organo-
grama onde mostra a divisão dos departamentos, além disso, mostra para os ges-
tores, líderes, através de seus planejamentos estabelecidos.
A estrutura organizacional apresenta dois tipos: a formal e a informal.
• Estrutura Formal: é aquela representada pelo organograma. Todas
as relações são formais. Não se pode descartá-la e deixar funcioná-
rios se relacionarem quando eles não devem ter relações diretas.
• Estrutura Informal: é o relacionamento entre as partes fora do Or-
ganograma, ou seja, as relações não estão previstas, surge natural-
mente. Ela pode ajudar a organização, facilitando o trabalho, mas
pode, também, atrapalhar, realizando procedimentos errados.
278
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Fonte: Google
279
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
280
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
1. 5 ESTILOS DE LIDERANÇA
Um mesmo líder, se devidamente preparado, pode exibir diferentes esti-
los de liderança em momentos distintos, conforme a situação exigir.
Moscovici (1995, p. 169), “diz que os seres humanos necessitam de líderes
competentes para sobreviver e desenvolver plenamente suas potencialidades. Se-
melhante, as organizações sociais que necessitam de líderes competentes (dirigen-
tes / executivos / gerentes) para sua sobrevivência e desenvolvimento satisfatório
de recursos e potencialidades”.
Maximiano (2007, p. 277), refere-se a liderança como um processo que
conduz ações ou influenciam o comportamento e a mentalidade de outras pessoas.
Proximidade física ou temporal não é importante no processo. Um cientista pode
ser influenciado por um colega de produção que nunca viu ou mesmo que viveu
em outra época. “Líderes religiosos são capazes de influenciar adeptos que estão
muitos longes e que têm pouquíssima chance de vê-los pessoalmente”.
Chiavenato (2006, p. 18-19) a liderança “(…) é essencial em todas as fun-
ções da Administração, o administrador/diretor precisa conhecer a natureza hu-
mana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar”. Entende-se por liderança a per-
cepção do grupo em relação ao líder, que consegue influenciar, persuadir e
argumentar sobre pessoas.
Entende-se que não existe um estilo correto, porém, é desafiador para o
líder saber aplicar cada estilo, com quem e em que circunstâncias.
Segundo Maximiano (1990), o processo de liderança envolve os termos
autocracia, democracia e liberalismo, os quais definem como o líder deve aplicar
sua autoridade nos diferentes contextos e situações, quando o comportamento as-
sumido pelo líder demonstra sua maneira de liderar. Sob a ótica de Maximiano
(1990) o líder pode ser democrático, autocrático ou liberal, conforme as seguintes
as características:
• Liderança autocrática: A ênfase está no líder, o mesmo centraliza totalmente a
autoridade e as decisões, e os subordinados não tem nenhuma liberdade de esco-
lha, caracteriza-se por seu comportamento dominador. Os grupos submetidos
por esta liderança apresentam comportamentos de insatisfação, ausência de es-
tímulo, possui sinais evidentes de tensão.
281
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
• Liderança liberal: O estilo que ficou conhecido como laissez-faire, a ênfase está
no liderado, aquela no qual o condutor participa de forma mínima, pois acredita
que os liderados precisam ficar a vontade para exercer suas atividades, não e-
xiste muito a necessidade de uma prestação de contas, oferecem uma baixa pro-
dutividade, passam a ser individualista. Há uma total liberdade para que os
grupos ou indivíduos tomem suas decisões. O condutor não avalia ou controla
as atividades.
• Liderança democrática: aquela em que as definições são adotadas em grupo de-
pois de discutidas e avaliadas pelo mesmo. Essas discussões são estimuladas e
dirigidas pelo líder, que costuma ser objetivo em seus elogios e críticas.
Capacidade de adaptação: ajustam-se rapidamente às novas
transições.
Discernimento: compreendem questões relevantes.
Perspectiva: retratam situações futuras.
Comunicação: interação em todos os ambientes organizacionais.
Segurança: confiam no que são, e não no cargo que ocupam.
Disposição para servir: estão sempre prontos para atender ao
que for necessário.
Iniciativa: encontram maneiras criativas de fazer as coisas acon-
tecerem.
Maturidade: sabe respeitar a equipe.
Persistência: mantém o foco naquilo que deseja, não desiste fácil
de seus objetivos.
Confiabilidade: são dignos de confiança naquilo que é mais im-
portante. (MAXWELL, 2008, p. 109).
282
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Fonte: Maximiano
1. Necessidades fisiológicas: relacionam-se com o ser humano. Exem-
plo: necessidades de estar vivo, de respirar, de comer, de descansar,
beber, dormir, ter relações sexuais e etc.
Na Organização: existe a necessidade de ter horários flexíveis, conforto
físico, intervalos de trabalho e etc.
2. Necessidades de segurança: estão vinculadas as necessidades de se-
gurança. Exemplo: sentir-se seguro, sem perigo, em ordem, de con-
servar o emprego e etc.
Na Organização: emprego estável, boa remuneração, plano de saúde, con-
dições seguro de trabalho e etc.
3. Necessidades sociais: procura manter as relações humanas com har-
monia. Exemplo: sentir-se parte de um grupo, ser membro de um
clube, receber carinho e afeto dos familiares, amigos e pessoas do
sexo oposto. Na Organização: Necessidade de conquistar amizades,
manter boas relações, ter superiores gentis e etc.
4. Necessidades de estima: Esta necessidade está relacionada como
nos sentimos, autoestima, como somos tratados e respeitados, com
prestigio e reconhecimento.
Na Organização: Responsabilidade pelos resultados, reconhecimento
por todos, promoções ao longo da carreira, feedback e etc.
283
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo foram apresentadas algumas análises bibliográficas sobre a
importância que o líder tem no processo administrativo educacional. Diante do
mundo globalizado, através de mudanças constantes, compete ao líder se adaptar
as novas realidades e ser capaz de conduzir todo o seu quadro de liderados a esse
processo de transformação. As organizações educacionais estão à procura de pro-
fissionais/líderes dinâmicos, pessoas que possuam ou queiram desenvolver com-
petências com as práticas atualizadas. Os líderes precisam estar atentos ou ter a
percepção para verificar competências individuais ou coletivas em sua equipe.
Cada líder desenvolve seu estilo após determinado período, através das
capacidades e experiências. Segundo Chiavenato (2003) os líderes usam os três es-
tilos de liderança adequando a cada situação, pessoas e tarefas a serem executados.
Os líderes precisam ser um estimulador de pessoas, aquele que sabe re-
conhecer as habilidades de seus liderados, levando a equipe a crescer e gerar pro-
dutividade para atingir bons resultados.
Grandes líderes da atualidade possuem características diferentes dos lí-
deres do passado, pois possuem atitudes como: saber arriscar conforme análise
conjuntural de mercado, ser criativo, equilíbrio emocional, ser flexível, experiên-
cia para conquistar a confiança e o respeito de seus liderados com autoridade ne-
cessária, estar preparado para o futuro e para enfrentar as novas oportunidades e
ameaças.
Enfim, os líderes sempre devem estar imbuídos na busca constante de co-
nhecimento, aprendizado, procurando se qualificar conforme as tendências de
mercado, almejando seu crescimento tanto pessoal quanto profissional, buscando
aprimorar suas habilidades com cursos, treinamento, participando de palestras e
incentivando sua equipe sobre a importância de estarem se reciclando, pois a in-
formação se torna fundamental para o seu avanço e crescimento profissional.
284
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Paulo: Pearson education do Brasil, 2000.
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São Paulo: McGraw-Hill, 1987.
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Elsevier, 2006.
CHIAVENATO, Idalberto; Gerenciando Pessoas 3ª Ed. São Paulo: Makron books,
1994. Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
CHIAVENATO, Idalberto; Comportamento Organizacional: A dinâmica do
sucesso das organizações- São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
_________. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus,
2000.
_________. Introdução á teoria geral da administração: uma visão abrangente da
moderna administração das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
BERGAMINI, C. W. Liderança: Administração do Sentido. São Paulo: Atlas, 1994.
BERGAMINI, Cecília W. Motivação nas organizações. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997
_________. Liderança. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
DRUCKER, Peter. Tradução de William Heinemann. O Gerente Eficaz. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1967.
DRUCKER, Peter Ferdinand. Administração para o futuro: os anos 90 e a virada do
século. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
ERVILHA, A. J. Limão. Liderando equipes para otimizar resultados. São Paulo:
Nobel, 2008.
HUNTER, James C. O Monge e o Executivo: uma história sobre a essência da
liderança. 18 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
KARLOF, Bengt. Conceitos básicos de administração: um guia conciso. Rio de
Janeiro: Rocco, 1999.
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1990
MAXIMIANO, Antônio C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à
revolução digital. 6 Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MAXWELL, John C. O livro de ouro da liderança. Rio de Janeiro: Thomas Nelson
Brasil, 2008.
285
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
286
CONEXÕES NAS TRAJETÓRIAS DE PROFESSORES
NO ENSINO DE HISTÓRIA NAS REDES SOCIAIS:
SABERES, FORMAÇÃO CONTINUADA
E AUTONOMIA
José Humberto Rodrigues 1
Maria de Lourdes L. da Cunha de Paula 2
Introdução
Este artigo tem como objetivo refletir sobre as conexões nas trajetórias
de professores no ensino de História em consonância com redes sociais no con-
texto de uma formação continuada autônoma.
Através de uma revisão bibliográfica que nos auxilie a repensar a forma-
ção docente e a continuidade dessa formação hoje atravessada pelas mídias sociais,
debatemos através dos aportes teóricos os avanços e as diretrizes dessa formação
continuada através da autonomia do professor. Autonomia essa que está incorpo-
rada em seu saber social, cultural, político e ampliado em consonância com os pro-
cessos de aprendizagem e conhecimento.
Partindo das premissas que as mídias sociais impactaram todos os cam-
pos de mediações sociais nos contextos das sociedades, refletir sobre a formação
docentes, seus saberes e a busca de autonomia profissional tornaram-se etapas
constantes que balizam toda formação dos professores.
Como aporte teórico dessa empreitada, apropriamos das reflexões de
Paulo Freire (2017) que nos apresenta o conceito de autonomia como suporte en-
tre prática, conhecimentos e princípios éticos na formação dos professores, Mau-
rice Tardif (2002) em que a formação docente é complexa e possui múltiplas refe-
rências, pois saber docente é dinâmico, integrados e faz mediações com outros
saberes de outros profissionais.
No que compete os saberes do ensino de História, Circe Maria Fernandes
Bittencourt (2009) e Selva Guimarães Fonseca (2003) abordam as concepções do
1
Professor de História, bacharel em Biblioteconomia e Mestre em Comunicação Social.
2
Licenciada em Pedagogia e Mestranda em Educação – UEMG.
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
ensino de história e suas práticas docentes, traçando panoramas das práticas do-
centes no ensino com suas diretrizes educacionais e as novas inserções teóricas no
campo da pesquisa histórica que adentra nos livros didáticos e em sala de aula.
Quanto a educação continuada faz-se necessário observamos os impac-
tos e as mudanças que se apresentam como desafios com a inserção da era digital,
dessa forma rupturas e mudanças surgem na incorporação e manuseio das mídias
sociais em sala de aula, como também nas relações entre professores e alunos, cur-
sos, materiais didáticos e nos novos sistemas operacionais que surge, construindo
outras aproximações entre conhecimentos, mundo globalizado e produção de ou-
tros saberes.
As reflexões sobre a formação dos docentes estão inseridas nas atuais mu-
danças epistemológicas das áreas de conhecimento, como: formação e autonomia
de professores, formação continuada, ensino de História e as novas tecnologias de
informação e comunicação que podem contribuir com os processos de ensino e
aprendizagem. Também nos auxilia a atender a uma demanda por reflexões em
espaços não escolares que dialogam cada vez mais com as trajetórias, experiências
e vivências dos professores nos vários espaços educativos.
288
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
289
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
290
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Em sua obra de referência, Tardif (2002) busca esclarecer o que seria esse
novo paradigma ou essa epistemologia da prática. O autor dá ênfase aos professores
e os seus saberes, à questão do tempo e da aprendizagem no trabalho do magistério,
ao trabalho docente, as interações humanas, os elementos para uma teoria da prá-
tica educativa e os saberes dos professores em sua formação, dentre outros pontos.
Mas, o que seria a o saber docente? A definição sobre o saber docente é
fluida e complexa, mas segundo o próprio Tardif (2202), o saber docente “num
sentido amplo, designa o conjunto dos saberes que fundamentam o ato de ensinar
no ambiente escolar”. O autor ainda busca uma categorização para o saber, quais
sejam:
1. Primeiramente, deve ser compreendido na íntima relação com o
trabalho dos professores na escola e na sala de aula;
2. É um saber que é produzido no trabalho e pelo trabalho e que não
somente utilizado como um meio de trabalho, é um saber que in-
corpora elementos relativos à identidade pessoal e profissional do
professor;
3. Por último, é um saber temporal, múltiplo e social.
Tardif (2002) tentando refinar a definição sobre os saberes diz que, “pode-
se definir o saber docente como um saber plural, formado pelo amálgama, mais ou
menos coerente, de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disci-
plinares, curriculares e experienciais”. Podemos perceber que os saberes não estão
291
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
desvinculados da sua formação profissional, o que pode indicar que existe uma li-
gação entre a formação acadêmica e as práticas dos professores. Mais quais saberes
são desenvolvidos? Por que são desenvolvidos? Em quais situações são criados?
Ao refletirmos sobre esses saberes e suas interações com outros meios e
espaços de produção de conhecimento, a formação acadêmica é o centro nevrál-
gico dessa formação profissional.
Dessa forma, Tardif (2002, p. 212) buscando esclarecer ainda mais o con-
ceito por ele utilizado, nos diz que “é necessário precisar também que atribuímos
à noção de “saber” um sentido amplo que engloba os conhecimentos, as compe-
tências, as habilidades (ou aptidões) e as atitudes dos docentes, ou seja, aquilo que
foi muitas vezes chamado de saber, de saber-fazer e saber-ser. ” Ele nos diz que,
[. . ] se uma pessoa ensina durante trinta anos, ela não faz simplesmente alguma
coisa, ela faz alguma coisa de si mesma: sua identidade carrega as marcas de sua
própria atividade, e uma boa parte de sua existência é caracterizada por sua a-
tuação profissional. (TARDIF, 2002, p. 210)
292
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
293
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
294
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
295
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
É preciso que seja capaz de, estando no mundo, saber-se nele. Saber que
a forma pela qual está no mundo condiciona a sua consciência desta consciência
condicionada. Quer dizer, é capaz de intencionar sua consciência para a própria
forma de estar sendo, que condiciona sua consciência
Pensar a formação de professores hoje é dar continuidades nos estudos,
no fazer fazendo e na constante procura de entrega nesse fazer, assim, a formação
docente é e sempre será contínua.
É preciso que seja capaz de, estando no mundo, saber-se nele. Saber que a forma
pela qual está no mundo condiciona a sua consciência desta consciência condi-
cionada. Quer dizer, é capaz de intenciona sua consciência para a própria forma
de estar sendo, que condiciona sua consciência de estar. (FREIRE, 1983, p. 16)
Paulo Freire (1983) expõe uma das inquietações que perpassam esse de-
bate, ou seja, o papel da consciência do indivíduo na sociedade em que habita, as-
sim, a autonomia deve ser o pilar na formação docente continuada no ensino de
História, mediada pelas redes sociais que estão incorporadas nas novas tecnologias
de informação e comunicação (TICs). A formação docente é complexa, pois seus
saberes são plurais, o que envolve diferentes conhecimentos pedagógicos em um
contínuo aprimoramento profissional, assim, essa formação recebe influências sig-
nificativas das relações construídas nos espaços da escola, como também dos as-
pectos culturais, sociais, econômicos e políticos. (TARDIF, 2014, ALMEIDA, 2012).
Conforme Tardif e Lessard (2014), os saberes docentes são as estruturas
basilares que os professores detêm e que orientam suas práticas docentes, dessa
forma faz-se necessário um constante fazer-se fazendo pedagogicamente e social-
mente. Esse fazer é produto das experiências e vivências no cotidiano das relações
e em salas de aula, também são saberes que constituem uma prática de ação. Esse
campo das experiências e vivências é aporte de saberes e conhecimento de ação
prática na formação dos professores. (PIMENTA, 2012, TARDIF, 2002, OLIVE-
RIA, 2012). A formação continuada torna-se um outro continuar a fazer-se en-
quanto professor, mediador de saberes e conhecimento.
Na perspectiva do Fazer-se professor, entendemos formação como processo
contínuo, que ocorre ao longo de toda uma vida e não apenas num dado mo-
mento ou lugar. Possibilita-nos pensar na incompletude do ser humano e no seu
eterno fazer-se. (PAIM, 2007, p. 162)
296
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
práticas docentes, esses saberes podem ser incluídos como responsabilidade indi-
vidual do próprio professor na busca de auto formação, isto é, autonomia de dire-
cionar e arregimentar seu caminho e suas práticas.
Por autonomia balizamos em Paulo Freire (2017, p. 31), que insiste na hu-
manidade social, estética e ética do professor, em seu constante digladio contra as
forças da opressão, do medo, do silêncio, segundo ele, ensino porque busco, por-
que indaguei, porque indago e me indago.
Conforme Alencar Buratto Zeni (2010), podemos aqui situar a visão de
autonomia kantiana em que para chegarmos a um estado de autonomia, devemos
sair do casulo de submissão do sujeito as leis externas sem reflexões e caminhar
em direção ao pensar por si mesmo como meio de alcançar o saber. Para José Con-
treras (2002), a autonomia está conectada com a consciência do professor sobre
seu papel na docência, o saber fazer e ser professor e o sentido do ensino e da edu-
cação para toda a sociedade.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei n.
9. 39496 o ensino de História é obrigatório e situa-se ao núcleo comum das grades
curriculares das escolas brasileiras. A pesquisa e o ensino de História tiveram mu-
danças em suas abordagens, as influências da Escola dos Annales foram significati-
vas no trato com as fontes e ampliação das mesmas. Conforme Thais Nivia de Lima
e Fonseca (2003), a história do ensino de História apresenta linhas de continui-
dade e rupturas quanto às suas características, metodologias, conteúdos e materi-
ais didáticos, assim, essas continuidades e rupturas ainda persistem no ensino e
aprendizagem em sala de aula. Conteúdos, metodologias, materiais didáticos, fon-
tes documentais têm sido disponibilizadas nas redes sociais, viabilizando outras
formas de ensino e aprendizagem, saberes e conhecimento.
Com o surgimento das ferramentas tecnológicas, outras possibilidades
de acesso e produção de informações, saberes e conhecimento foram interligando,
dessa forma, as práticas de ensino e aprendizagem passaram a ter outras compe-
tências pedagógicas que agora incluíam também outros saberes e conhecimento,
como, o domínio por parte dos professores das novas linguagens virtuais. (SILVA,
2003, 2019; CERRI, 2011, BITTENCOURT, 2009)
É nesse contexto que incorporamos as novas tecnologias de informação e
comunicação (TICs), como sites, aplicativos, telefonia dentre outros. Para Pierre
Lévy (2009), as novas tecnologias virtuais mudaram e impuseram novas formas de
pensar, refletir e construir saberes e conhecimentos, assim, outras possibilidades
de ensino e aprendizagem surgiram com essas novas tecnologias. Essas tecnolo-
297
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Considerações Finais
As reflexões sobre a formação e os saberes produzidos e utilizados pelos
professores de História mediados pelas mídias sociais, impõe a esses professores
novas abordagens nos campos do conhecimento e da aprendizagem. Assim, essa
prática diária dos professores que desenvolvem seus saberes e como esses saberes
são utilizados, reinventados e socializados são hoje incorporados ao cotidiano
dessas práticas.
Pela própria característica da disciplina História, que em sua trajetória
na educação é sempre percebida como uma disciplina crítica, formadora de opi-
nião, que busca discutir as questões sociais, os problemas políticos, situando os
indivíduos no contexto em que vivem de forma mais reflexiva, a formação conti-
nuada possibilita novos aportes teórico-metodológicos que os professores em seu
cotidiano profissional.
A formação continuada de professores faz-se necessária pela inserção das
novas tecnologias de informação e comunicação cada vez mais no cotidiano da so-
ciedade, assim, compreender a busca de conhecimento e outros saberes para ali-
cerçar as práticas pedagógicas dos professores pelas redes sociais é uma realidade.
Referências
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a formação de professores em exercício. Jundiaí: Paco Editorial, 2012.
BARRETO, Raquel Goulart. Tecnologias e trabalho docente: entre políticas e
práticas. Petrópolis: De Petrus et Alii, 2014.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de história: fundamentos e
métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
CERRI, Luís Fernando. Ensino de história e consciência histórica: implicações
didáticas de uma discussão contemporânea. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011.
CONTRETAS, José. Autonomia de professores. São Paulo: Cortez, 2002.
298
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
299
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
300
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO: SUA IMPORTÂNCIA
HISTÓRICA COMO DISCIPLINA CURRICULAR
NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOCENTE
E NO ENSINO MÉDIO
Aline de Souza Mora Valdesoiro 1
Hericsara Dutra da Silva 2
José Manoel Ribeiro da Silva 3
José Ronaldo de Freitas Machado 4
INTRODUÇÃO
Sabe-se que a Filosofia e seu estudo em nosso país estão presentes desde
o período colonial com os jesuítas na educação formal, explicitando seus moldes
epistemológicos e ideológicos nos diferentes períodos subsequentes da história.
Sua representação teve interesses de governos junto às elites brasileiras. Entre-
tanto, a maior parte do tempo, os conhecimentos e reflexão filosófica foram (e
ainda são) considerados inúteis para a “massa”. A ideologia dominante que sempre
usou de manipulação e homogeneidade, fez com que a disciplina ora fosse incen-
tivada no currículo escolar, ora facultativa ou mesmo proibida para manter a or-
dem desejada segundo padrões legalistas. Por isso, torna-se urgente, uma análise
acerca da filosofia e o seu vínculo com a educação, visto que, ao consideramos suas
naturezas como próprias da práxis humana, as mesmas se mostram intimamente
ligadas no campo da reflexão crítica da realidade, a fim de compreendê-la e trans-
formá-la. Neste sentido, é importante salientar que na tradição filosófica ociden-
tal, muitos pensadores se ocuparam da educação, justamente por reconhecerem
nela parte importante da formação do homem em sua totalidade. Essa preocupa-
ção remonta a Sócrates, Aristóteles e Platão, passa pelos iluministas, como Rous-
seau e Kant, e chega até os nossos tempos como desafio.
Portanto, a visão globalizada e suas novas realidades, digo, tendências e-
ducacionais, trouxe a necessidade de se não somente pensar sobre o ensino da Fi-
losofia na Educação Básica, mas também o fazer filosófico em sala de aula, escola,
casa, ou seja, qualquer que seja seu universo. Assim, observa-se a relevância de in-
vestigar acerca das possibilidades de inserção da disciplina como contribuição de
uma formação crítica e reflexiva, construtiva dos jovens. Ademais, Marilena Chauí
(2014, p. 16) refere-se à filosofia como “A decisão de não aceitar como naturais,
óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os compor-
tamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-lo sem antes havê-los inves-
tigado e compreendido”. Assim, é na investigação e no questionamento da reali-
dade, que a filosofia e a educação tornam-se conciliáveis e se complementam.
Para tanto, a conclusão dos cursos de Licenciatura em Filosofia e Licen-
ciatura em Pedagogia, unidos à experiência de quatro anos de docência no Ensino
Médio na rede estadual, trouxeram diversas questões sobre a forma com que a fi-
losofia é vista ou trabalhada no Ensino Básico. E, por meio da observação da reali-
dade escolar e o contato com a pesquisa, foi possível compreender o quanto esta
pode colaborar para a transformação da realidade de descaso ainda existente den-
tro das escolas em relação à “utilidade” da filosofia, bem como ao preconceito so-
bre seu ensino. Assim, tendo em vista a temática proposta, a questão problema que
se coloca é: Como o ensino de Filosofia na Educação Básica pode colaborar para
uma formação crítica do aluno?
Dessa forma, esta pesquisa tem como objetivos: conhecer o importante
histórico da disciplina de Filosofia na educação brasileira na formação docente e
discente; compreender as propostas de ensino de Filosofia nos documentos ofici-
ais, e investigar o papel da Filosofia e seu ensino na Educação Básica.
Trata-se se um trabalho de abordagem qualitativa, cuja metodologia será
a pesquisa bibliográfica, tendo em vista o teor investigativo na literatura sobre a
temática desenvolvida, de cunho teórico. Partindo da pesquisa sobre o tema; se-
302
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e recepção do saber filosófico aos seus patrícios. Ademais, outro renomado, foi Pla-
tão que tratou pontos fortíssimos, por meio da “alegoria da caverna”, onde o saber
um dia estaria ao alcance de todos, que o quisessem adquiri-lo.
Portanto, nosso estudo, tem a priori o apresentar, pontos importantes da
“história da Educação da Filosofia”. Pois, a filosofia, afirmou Luckesi (1994, p. 23):
“[...] se manifesta ao ser humano como uma forma de entendimento que tanto pro-
picia a compreensão da sua existência [...]”. Por isso, se ocupou este artigo em e-
lencar princípios históricos, por compreender que toda história é uma construção
da vida do ser, físico e social como o meio que o mesmo compartilha suas emoções.
Assim, descrevem-se alguns momentos da história da Filosofia da educação:
quando passou a reconhecê-la como uma disciplina válida para a construção dos
saberes, na formação do ser humano, que sempre esta em busca de atualização dos
conhecimentos, seja ele, transcendental ou na imanência do que é melhor, para que
o servirá este saber e o que construirei? Indagações advindas das emoções do ser
que esta em constante busca da melhor abordagem pedagógica, a melhor metodo-
logia de ensino, como aplicar esse saber que agora tenho aprendido?
No entanto, uma data significativa sobre a história da Filosofia da Educa-
ção foi a de 1930 quando foi institucionalizada como parte da grade dos cursos de
magistério, mas que se oficializou como pós-graduação na década de 70, por reco-
nhecer por direito o valor do ensino da Filosofia na Educação, assim verbalizou (A-
GUIAR; WELLER, 2017). E esse é o proposito deste artigo, dizer que o filosofar é
preciso, pois se não houver esta mediação filosófica no ensino aprendizagem, todos
ao nosso redor, incluindo-nos seríamos presas fáceis neste universo de sombras,
que luta para se posicionar como o real e melhor mundo. Porém, toda educação
precisa passar pelo viés investigativo, assim se constrói os saberes, assim se adquiri
luz, assim dissemina o melhor da educação, com o criticar, refletir e contextualizar,
a partir do filosofar como descreveu (BASBUM apud LUCKESI, 1994, p. 23): “A
filosofia traduz o sentir, o pensar e o agir do homem. Evidentemente, ele não se
alimenta da filosofia, mas, sem dúvida nenhuma, com a ajuda da filosofia”. Se se com
ajuda da filosofia, que o homem se alimenta isso explica o porquê de a filosofia ga-
nhar credibilidade quando chegou ao Brasil e ensinada pelos jesuítas.
Os anos passaram e à Filosofia com sua história foi coroada com louvor e
encontrou seu lugar de destaque nas “Ciências Humanas” conforme se observa
(PCN’s, 2001, p. 45): “Há, com certeza, uma contribuição decisiva da Filosofia para
o alcance dessas finalidades: ela nasceu com a declarada intenção de buscar o Ver-
dadeiro, o Belo, o Bom”. Para tanto, nos anos de 1940 a 1960, postulou (PAGNI
apud MOTA, 2013, p. 23): “[...] a filosofia da educação despontou-se como uma
305
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
disciplina autônoma, e desde então sua história, serviu de base para as demais
construções científicas”. Antes, serva da Teologia, no intuito de dar significado aos
dogmas cristãos na construção de uma base de suas doutrinas fundamentais da fé.
Para tanto, Antiseri e Reale (2003) chegarão a verbalizar, que seria impossível fi-
losofar fora da fé, porque a mensagem bíblica não se encontra fora da história, mas
compactua com a história. Portanto, agora se observa à Filosofia, como disciplina
que tem sua própria identidade, digo, uma digital inconfundível.
3. ENSINO DA FILOSOFIA
O ensino da Filosofia não deve ser um ensino enxuto, mas, sim amplo,
pois, o mesmo atua na interdisciplinaridade, com outras ciências na área das hu-
manas. Logo, o ensino da filosofia evoca princípios dualistas por experimentar os
dois mundos, o físico e o das ideias. Assim, faz jus pontuar o porquê do ensino da
filosofia na educação básica e no médio, apesar de que, para o público atual, a filo-
sofia não deveria fazer parte da grade curricular da educação básica. Todavia,
quando se tem este tipo de opinião, é sabido que a intenção não são as melhores.
Pergunta-se: Por que ensinar filosofia, se apenas alguns de seus variados temas são
elencados nas provas do Enem e concursos, a saber, a “ética e justiça, a natureza
do conhecimento, democracia e cidadania, Filosofia Contemporânea e Moderna”
de acordo com Ribeiro (2020)? Esta indagação merece respostas com pressupos-
tos de pensadores, pesquisadores que se esmeraram no assunto.
Outro ponto de tamanha importância é afirmar que a “filosofia” é consti-
tuinte de um campo disciplinar imenso, por abordar variados temas em diferentes
níveis sociais, culturais, econômicos e religiosos. E o que falar da ética formadora,
conservadora, e disciplinadora da sociedade? Bem, o filosofar neste campo, seria
chocar com princípios imutáveis para alguns, porém, para outros, mais uma rela-
tividade. Entretanto, o ensino da filosofia é visto como algo Discipular, ou seja,
disciplina dialógica. Sobre o ser da filosofia uma disciplina, diz Gallo (2007, p.
263): “A disciplina é, pois, aquilo que permite a enunciação de um discurso, de um
saber controlando o que pode ser ou não ser dito, e a maneira como se deve dizer”.
Assim, como disciplina, o ensino da filosofia, prima pelo bom senso no que postu-
lar no que ensinar. Haja vista, que hoje se fala abertamente sobre a Filosofia, por-
que se acredita que a definição de filosofia, encontrou o amago das pessoas. Uma
vez que se conhece o saber filosófico, é quase impossível, não filosofar até no tomar
um copo de água.
O ensino da Filosofia da educação, e sua aplicabilidade, se encontra a-
marrado com as correntes filosóficas atuantes, ainda que não seja algo novo, mas
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307
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
queria dizer quando se expressou (CHAUÍ, 2016, p. 9): “[...] um espírito interior o
levava a desconfiar das aparências e a procurar a realidade verdadeira das coisas”.
Isto significa ter um espírito crítico no ouvir algo, para que não se dobre a priori,
mas que coloque a prova e assim, veja se há credibilidade no que se ouviu. Este
lado crítico que se faz viável ter no ensino-aprendizagem, na construção e forma-
ção acadêmica.
A filosofia da Educação modelará o entendimento dos ouvintes, no que
se espera no desenvolvimento educacional. O conhecimento por si já é um conhe-
cimento, no entanto, quando experimentado, vivenciado, se internaliza o saber,
que a priori, somente era o conhecer, mas a seguir, se torna uma luz maior este
conhecimento, capaz de questionar, e criticar ao ponto de esperar uma certeza do
que se estuda, ou aprende. Pela Filosofia da Educação entende-se que o homem
não nasce pronto, mas se torna homem, declarou (MARTINS; ARANHA, 1992).
Logo, pelo silogismo simples, o fato do homem se tornar homem, subentende-se
que amadureceu, para vida, família e outras áreas. Este é um dos pilares na educa-
ção filosófica, ou seja, Filosofia da Educação.
Quando o ensinamento da filosofia da Educação não burla os marcos que
lhe cercam, ela por certo atingirá seus nobres objetivos. Esses objetivos partem do
senso comum, que é fragmentado, simplista, para o ideal, o necessário. Acerca do
senso comum, se observa Aranha (1990, p. 104) que declara ser o conhecimento
empírico, advinda de herança social de um grupo de pessoas em sua aculturação.
Portanto, há importância na disciplina da filosofia, na formação do docente e no
ensino médio, não somente pelo senso comum, mas ao senso crítico, se diz: ao
senso filosófico. Pois, conforme Mazzotti (1999, p. 16): “De fato, toda filosofia ex-
põe uma determinada concepção do processo de elevação da consciência imediata
à mediata e, desse modo, é uma teoria pedagógica”.
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Assim, todo ser humano, digo discente, precisa entender que se ele existe
é um ser pensante, crítico e formador de opinião e não um ser bitolado. Por isso,
se faz necessário o estudo da “Filosofia da Educação”, na formação para a vida e
despertar a vida do ser humano. Não obstante, fica claro que no processo aprendi-
zagem da Filosofia no ensino médio, consiga dialogar, fazer inferências a partir dos
ensaios dos pensadores, pois para Mazzotti (1999, p. 18): “[...] a filosofia da educa-
ção parece ter uma tarefa central: a de elucidar o conhecimento educacional, par-
ticularmente as teorias pedagógicas, por meio das análises lógicas, dialéticas e re-
tóricas”. Isso nos parece ser uma síntese do acervo filosófico a ser observado no
ensino da “Filosofia da Educação” para a formação do sujeito no processo ensino-
aprendizagem. Sobre isso contribuiu Saviani (2000, p. 9): “Diz-se que toda educa-
ção deve ter uma orientação filosófica. Admite-se também que a filosofia desem-
penha papel imprescindível na formação do educador. Tanto assim é que a Filoso-
fia da Educação figura como disciplina obrigatória do currículo mínimo dos cursos
de Pedagogia”.
Para tanto, a Filosofia tem como o trabalhar a interdisciplinaridade de-
vido a gama de temas que a mesma propõe. Principalmente acerca dos valores éti-
cos que visa à base de uma sociedade justa e fraterna, onde as pessoas sejam menos
odiadas, mas compreendidas como ser humano, que busquem sua realização neste
vasto multiverso existencial de cada ser num todo. Isso nos leva aplaudir aos pres-
supostos dos filósofos que chegaram até nossa época desconstruindo paradigmas
e construindo novas ideias, que de fato não são novas, apenas restruturadas para
o nosso tempo. Ao contribuir para a formação crítica dos indivíduos, a filosofia
passa a fazer sentido e atuar significativamente no contexto escolar e na vida dos
estudantes do ensino médio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista que a Filosofia da Educação é um iceberg de grande pro-
fundidade, este projeto de pesquisa não propôs em seu resumo, alinhavar todos os
campos disciplinares da Filosofia, mas, ponderar conscientemente pontos que se
julgou necessário como a síntese de sua história filosófica Antiga e a História no
Brasil quando de sua chegada ainda no século XVI e difundida pelos jesuítas assim
reconhecidos, pois era uma “companhia de Jesus” que trouxe o ensino da Filosofia
num período “colonial do nosso País”.
Outro fator de relevância fora o ensino da Filosofia da Educação como
uma disciplina singular na área da construção dos saberes. Haja vista, que no prin-
cípio do século XX aqueles que governavam o Brasil, não acreditavam ser plausível
310
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
311
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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313
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
314
EDUCAÇÃO E TRABALHO:
SUA INTERLIGAÇÃO E CONSEQUÊNCIA
Leandro Mendes Bueno 1
1. INTRODUÇÃO
No decorrer deste trabalho, começarei demonstrando o início da educa-
ção e trabalho dirigida pela humanidade, relatando como era essa realidade no co-
meço de nossa história, podemos dizer que estávamos “engatinhando” ainda em
relação a educação e o trabalho, tendo suas características primitivas, apenas para
satisfazer as necessidades instintivas.
A seguir, com uma pequena evolução começou a surgir outra forma de
organização, alterando significativamente a forma como a educação e o trabalho
se encontram no que se refere ao início da idade média, nesse período a educação
já começava a ser dividida e diferenciada entre a nobreza e os servos, essa divisão
fez com que começasse a surgir desigualdades sociais, ocasionando diferentes pro-
blemas no meio social.
Logo após, com a chegada da revolução industrial e consequentemente
expansão das cidades, foi preciso criar uma educação para toda a sociedade, den-
tro dessa educação ocorre uma nova dicotomia entre a educação dos burgueses e
a educação dos proletários. Os burgueses ficam com uma educação privilegiada
visando a dominação e a grande maioria dos proletariados recebem uma educação
em doses homeopáticas, com isso, fica difícil de quebrar o ciclo de pobreza dessa
classe menos favorecida.
Os burgueses detentores do poder obtêm uma educação robusta e eman-
cipatória visando a liderança, doravante impõe uma educação pífia e pouco pro-
dutiva para os proletariados, só assim os burgueses podem continuar a ter privilé-
gios na sociedade.
No decorrer deste artigo irei demonstrar qual o impacto que causou essas
características na sociedade, como a sociedade se encontra no momento e o que
gerou de positivo e negativo em sua organização. Vale destacar que esse tipo de
1
Graduado em Pedagogia pela Faculdade Municipal de Educação e Meio Ambiente – FAMA – e-mail:
sd-bueno@hotmail.com
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Como instrumento eu utilizarei
dois artigos e alguns livros para enriquecer minha pesquisa, com pensamentos de
diferentes autores onde eu busquei reunir suas ideias relacionadas aos assuntos
para chegar a um resultado adequado. Esse método de pesquisa é importante para
obter várias informações verídicas sobre o assunto pesquisado e ter consciência
dessa realidade, chegando a um resultado onde eu procuro encontrar soluções
para a situação em que se encontra esse estudo.
316
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
317
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Sendo assim, a escola começa a assumir o papel de educar para poder vi-
ver em sociedade adquirindo hábitos civilizados, aprendendo seus direitos e de-
veres nesses centros de convívio social, acompanhando o progresso que a huma-
nidade vinha desenvolvendo. O domínio da escrita e da leitura se torna essencial
para a nova forma de organização que a sociedade vem produzindo.
Hodiernamente, a escola é uma das formas de educação, mas a escola não
é o único meio de educação, não se educa apenas através da escola, pois depende
além da escola, também da família e do restante da sociedade e meios de informa-
ções e comunicações, somente a escola nos dias atuais ficaria muito limitada para
se ter uma educação plena.
Com a supremacia de poucos, a maioria da classe dos proletários ficam
apenas com a força de trabalho, recebendo uma educação limitadora e muitas ve-
zes se tornando marginalizadas o que causa consequências extremadas na socie-
dade. Tudo isso é resultado do atual sistema político e econômico presente e o
surgimento do capitalismo predatório presente em nossas sociedades.
Como nos indica FRIGOTTO (2001):
Trata-se de conformar um cidadão mínimo, que pensa minimamente e que reaja
minimamente. Trata-se de uma formação numa ótica individualista, fragmenta-
ria – sequer habilite o cidadão e lhe dê o direito a um emprego, a uma profissão,
tornando-o apenas um mero “empregável” disponível no mercado de trabalho
sob os desígnios do capital em sua nova configuração. (FRIGOTTO, 2001, p. 80)
318
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Esse avanço e controle fica nas mãos de poucos que detém o controle do
capital, são as classes mais favorecidas que obtém o controle das empresas e pre-
cisam de mão de obra qualificada para seu pleno funcionamento, além da mão de
obra são detentores do tempo precioso da classe proletária.
Segundo Gaudêncio Frigotto (2001, p. 73):
As reformas neoliberais, cujo escopo é de liberar capital a sua natureza violenta e
destrutiva, abortam as imensas possibilidades do avanço cientifico de qualificar a
vida humana em todas as suas dimensões, inclusive diminuindo exponencial-
mente o tempo de trabalho necessário a reprodução da vida biológica e social e
dilatando o tempo livre, tempo de liberdade e fruição. (FRIGOTTO, 2001, p. 73)
319
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
É preciso também ultrapassar os muros da escola, procurando dar conta das ten-
sões que estão dentro dela, a partir daquilo que vem de fora e de quadros mais
abrangentes de leitura da realidade, como a precária e desigual inserção dos jo-
vens no mundo do trabalho. (NAKAMO e ALMEIDA, 2007, p. 1096)
Ficou claro nesse último relato que somente a educação não pode melho-
rar as condições já analisadas, pois é preciso melhorar os investimentos nas demais
áreas, melhorar a forma em que a economia se encontra e criar novas políticas. A
educação com o auxílio de outras esferas pode produzir trabalhadores qualifica-
dos para essa área altamente competitiva, vale destacar que uma educação pífia
pode afetar o progresso de um país, mas ela sozinha não soluciona os problemas
encontrados.
Conforme GENTILI (1995):
Sem uma expansão do sistema educativo não era possível garantir o crescimento
econômico. Entretanto, a simples expansão da matrícula, sem um planejamento
da oferta dos recursos humanos, geraria uma lógica improdutiva e ineficiente no
interior das instituições escolares. (GENTILI, 1995, p. 198)
Podemos perceber mais uma vez que a escola sozinha não tem eficácia,
contrariando a teoria do capital humano de que a educação resolveria tais proble-
mas, DALAROSA e SOUZA continuam com as informações:
Um país constituído de uma realidade precária como o Brasil, com baixíssimos
investimentos em tecnologia e o mercado de trabalho escasso, não possui os me-
canismos suficientes de geração de trabalho. Mesmo com a elevação dos níveis
de escolaridade, melhorias na qualidade de vida e geração de renda não aconte-
cem, contrariando a teoria do capital humano, mas atendendo uma proposta dos
interesses internacionais. (DALAROSA E SOUZA, 2014, p. 102)
322
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
6. CONCLUSÃO
A partir do desenvolvimento de nosso estudo, podemos considerar que
em nossa sociedade existe uma classe que comanda e outra que é comandada, con-
forme a teoria encontrada no livro de ARISTÓTELES (2001). Esse comando acon-
tece em intermédio a meios utilizados pela classe que obtém o capital, esses meios
são hoje em dia pela educação, meios de comunicação e pelo próprio trabalho, tudo
isso objetivando adquirir mão de obra para o mercado de trabalho e manter a he-
gemonia de quem se encontra no poder, lembrando que vivemos em uma sociedade
onde o individualismo ainda se encontra forte, sendo assim, a riqueza se encontra
nas mãos de poucas pessoas.
Esse mecanismo onde a concentração de riqueza e privilégios fica com
uma pequena parcela da população, faz com que gere consequências sérias nas so-
ciedades, ocasionando diferentes problemas que afetam grande parte da população,
323
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
como a sociedade está interligada o todo é por fim afetado. Todos esses problemas
ficam visíveis nos noticiários e no próprio convívio social em nosso cotidiano.
Entretanto, com esperança de que essa realidade mude, podemos acredi-
tar que com o auxílio de idealistas e estudiosos do assunto assim como a própria
sociedade, com o empenho de todos, os trabalhadores conquistem seus direitos,
assim como já conquistaram alguns direitos no decorrer da história, juntamente
com os trabalhadores a educação também foi um pouco aperfeiçoada se compa-
rada a um passado recente, diminuindo a manipulação exercida pela classe domi-
nante e enriquecendo a cultura e saber do restante da população, para assim po-
dermos ter uma sociedade mais justa e igualitária.
Com todas essas informações do passar da história e da realidade em que
encontramos no presente, precisamos estar em constante estudo e observações
críticas para melhorar ainda mais as questões nesse sentido, conforme a sociedade
vai evoluindo, vários aspectos vão progredindo e trazendo benefícios. Os estudos
buscam alternativas para que a sociedade encontre a virtude de se viver feliz,
tendo uma organização de trabalho e educacional eficaz e saudável para toda a
população, abolindo assim os problemas encontrados e encontrando soluções e
ações inteligentes para melhorar as coisas nesse sentido.
324
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
REFERÊNCIA
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brasileiro. Filos. Educ, Caxias do Sul, v. 19, n. 2, p. 84-107, maio/ago. 2014
325
A EXPERIÊNCIA POLÍTICA JUVENIL EM UMA
ESCOLA DA REDE ESTADUAL PAULISTA1
Marco William Romero 2
1
Este texto contempla o registro apresentado nos Anais do seminário IX Fala Outra Escola, promo-
vido pela UNICAMP em julho de 2019.
2
Formado em História pela PUC-Campinas (2001) e Pedagogia pela FAM-Americana (2007), tendo
ingressado no magistério público em março de 2001. Atualmente cursa o Lato Sensu em História, Ci-
ências, Ensino e Sociedade pela UFABC e concluído outras especializações pela UNINTER. Na Pre-
feitura Municipal de Campinas atua como Diretor Educacional efetivo desde 2013 e foi professor de
História da rede SESI SP por 04 anos. Na rede Estadual de São Paulo leciona em Americana desde
2001, tendo ocupado por 08 anos postos de trabalho de Gestão Escolar, desde Professor Coordenador
até Diretor de Unidade. Sua experiência na área de Educação contempla docência e gestão.
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
328
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
INTRODUÇÃO
As descobertas que realizei na docência ocorreram de forma gradativa e
me transformaram no professor que hoje sou; porém, não saberia dizer exatamente
quando me tornei professor. Entre as certezas que construí no desenvolvimento
do meu fazer pedagógico, está a clareza de que, após ser criada a minha consciên-
cia da efetiva docência, é complicado abandoná-la e deixar de acreditar nas possi-
bilidades que temos de transformação do mundo. Nas obras de Paulo Freire, en-
contramos possibilidades de reflexão sobre a importância social da educação e da
docência. Ambas caminham juntas e podem ser utilizadas como instrumentos de
mudança social, principalmente quando os oprimidos superarem as contradições
impostas pelos opressores (Freire, 1987).
Assim, também compreendo que minha prática começou a se libertar e
superar as contradições sociais entre opressor e oprimido impostas por um sis-
tema educativo que prega a reflexão crítica somente em sua teoria, sufocando os
profissionais para que não consigam mostrar à população as possibilidades de
transformação que podem gerar em favor da coletividade.
Os meus primeiros anos no magistério público estadual paulista foram
difíceis, até que fosse possível da minha parte compreender como seduzir os alu-
nos para o tão sonhado pensamento crítico das questões históricas sociais. Inge-
nuamente, acreditava que deveria lecionar da mesma forma que meus “professores
me ensinaram. ” Infelizmente, muitas das experiências que tive enquanto aluno se
aproximavam da “educação bancária” (Freire, 1987). Poucos foram os professores
que executavam uma “educação libertária” (mas eterna gratidão a presença deles
em minha vida acadêmica nos Ensino Fundamental e Médio dos anos 90).
A respeito do meu posicionamento pedagógico, não defendo a educação
bancária, sou contrário às formas tradicionais positivistas de assimilação do con-
teúdo e me aproprio das ideias pelas quais tenho simpatia, aprimorando-as con-
forme as necessidades da localidade em que estou inserido com meus alunos. Entre
os ensinamentos que procuro vivenciar na minha prática, quero destacar os mes-
tres Rubem Alves e Paulo Freire; sendo o primeiro pela maneira como acredito ser
um romântico da educação e que deseja a melhoria do sistema, enquanto o se-
gundo um realista da sociedade que procura mostrar aos seus discípulos que é
329
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
possível mudar o contexto social a qual estamos inseridos, desde que tenhamos a
compreensão do mesmo.
Na obra “Ao Professor com o meu Carinho, ” Alves (2004) traz algumas
analogias a respeito da educação e descoberta do conhecimento. Entre elas, a que
me despertou a atenção e curiosidade reflexiva está na relação do conhecimento
com o dedo, a mexerica ou o buraco da garrafa. Conforme Alves (2004), desde a
mais tenra infância, o ser humano enfia seu dedo na ansiedade das descobertas de
novos prazeres, sensações e experiencias do mundo, porque é estimulante desco-
brir aquilo que não está ao nosso alcance. Nesse mesmo processo, as escolas deve-
riam ser entradas para descobertas prazerosas com relação àquilo que ainda se
encontra no campo do desconhecido; porém, muitas das práticas que tenho visu-
alizado enquanto professor do magistério público estadual paulista acabam sendo
encaradas como trivialidades do sistema.
No entanto, a educação, principalmente a pública, precisa fazer com que
seus alunos tenham o desejo de conhecer aquilo que ainda está fora do alcance da
sua realidade de conhecimentos para que as descobertas ocorram efetivamente e
tenham significados. O conceito de curiosidade epistemológica desenvolvido por
Freire (1996) remete-nos à reflexão de que a escola deve estimular os seus alunos
para o desenvolvimento cognitivo e que estes consigam sair do senso comum, de
tal forma que possam fazer com que as informações se transformem em conheci-
mento construído; ou seja, que possam evoluir e transcender à mesmice do dia a
dia e não se contentem com a simples assimilação e reprodução dos conteúdos
transmitidos por alguém que se considera dono intocável de um saber.
O grande desafio iniciado por mim em 2015 foi de sensibilizar a juventude
na faixa etária de 17 anos que a participação política está além das questões insti-
tucionais partidárias e que a mesma pode ser prazerosa e transformadora da soci-
edade, procurando, assim, quebrar paradigmas estabelecidos no senso comum so-
bre a política ser algo imutável e totalmente corruptível. Reuniões semanais entre
os alunos envolvidos no trabalho e este professor foram organizadas pela direção
da escola, para que pudessem ter a oportunidade de desenvolver a curiosidade e-
pistemológica (Freire, 1996) sobre a própria localidade e que também, conforme o
exemplo dado na analogia de Alves (2004), pudessem “enfiar o dedo” no desco-
nhecido das questões sociais do bairro que estão inseridos e realizassem cobranças
dos poderes públicos, visando a melhoria da região em que a EE Professor Marti-
nho Rubens Belluco da Diretoria Regional de Ensino de Americana se encontra.
330
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
O contexto escolar
A Escola Estadual “Professor Martinho Rubens Bellucco” está localizada
na região denominada Praia Azul, no município de Americana-SP e geografica-
mente afastada do centro comercial. O grande marco geográfico que delimita a re-
gião é a Rodovia Anhanguera. A população vive com condições sócio econômicas
básicas e os serviços sociais públicos são precários, apenas mantendo a subsistên-
cia de quem vive no local. Alguns desses serviços se fazem ausentes, como por e-
xemplo, o transporte público com a demora em passar pelo bairro e a inexistência
de qualidade mínima no centro de saúde para atender a região.
Transcorridos cinco anos do início da minha prática profissional na res-
pectiva unidade de ensino em Americana, compreendo que é possível perceber, na
sociedade americanense e entre os moradores do nicho social escolar do qual faço
parte, as contradições entre oprimidos e opressores (Freire, 1987). Enquanto de
uma maneira macro os primeiros agem com discriminação quando se referem à
população, os segundos possuem sentimentos de exclusão social e querem mudar
tal contexto; porém, não sabem como fazer isso e acabam tendo medo de utilizar
da liberdade que possuem (Freire, 1987).
Muitos dos jovens que estudam na escola “Martinho Belluco” sentem essa
desvalorização humana perante a sociedade em seu município. Em alguns depoi-
mentos, chegamos a ouvir frases sobre conformismo, que “as coisas nunca irão mu-
dar” e infelizmente o preconceito social para com eles tornou-se algo natural. En-
tre as características locais que ferem a imagem e a moral da população do bairro
no cenário municipal destacamos o distanciamento físico dos “melhores bairros”
e a prostituição que ocorre a céu aberto durante o dia, além do tráfico de drogas.
Diversas alunas do Ensino Médio relatam que já foram abordadas por pessoas a-
lheias ao bairro e são indagadas sobre valores de possíveis programas sexuais. As
viaturas que deveriam fazer a segurança pública preventiva raramente passam
pelo bairro.
Nesse contexto, um dos grandes desafios que encontro no exercício da
minha prática profissional é trazer reflexões aos alunos para que eles possam ter a
consciência de que é possível fazer a “[...] luta dos oprimidos, pela recuperação da
humanidade roubada [...]” (Freire, 1987, p. 30). No livro Microfísica do Poder, Fou-
calt (1992) apresenta que o poder estabelecido tem a consciência das questões que
ele constrói e se apropria de um discurso para a própria manutenção do contexto
que gerou. Freire (1987), por sua vez, traz as reflexões de que o poder procura criar
um processo de desumanização do sujeito e que tal situação está fundamentada
331
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
na construção histórica das sociedades e das próprias pessoas que, por diversos
motivos, acabaram sendo oprimidas nesse processo.
Assim, compreendemos que os moradores da Praia Azul em Americana,
por muito tempo, aceitaram essa situação de oprimidos pelo sistema político so-
cial local e, em virtude da ineficiência das políticas públicas, acabam possuindo a
percepção de que não existe o interesse dos poderes públicos em melhorar as con-
dições de vida da população local. O ano de 2015 foi o primeiro em que o projeto
Câmara Jovem esteve voltado para o público de alunos do período noturno. Entre
os desafios lançados nessa primeira oportunidade, estava o fato de que estava eu
iniciando a minha prática docente na unidade, precisava ganhar a confiança dos
alunos e colegas de trabalho mostrando ser possível construir ações reflexivas com
os alunos e torná-los protagonistas das suas ações.
Nas seções seguintes, irei apresentar um panorama do desenvolvimento
do projeto no período de 2015 a 2019, descrevendo as ações, reflexões e atuação do
trabalho realizado junto aos alunos. 3
3
A experiência relatada pode ser conferida na divulgação do site oficial da câmara: https://www. camara-
americana. sp. gov. br/Noticia/PaginaCategoria/2?categoria=115. Acesso em 20 de junho de 2019.
332
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Também nessa linha, Foucalt (1992) afirma que o poder visa a construir
um território de consciência que se consolida como proprietário de uma imutável
realidade verdadeira, única e que deve ser reproduzida e seguida. Na situação ci-
tada anteriormente, em que alguns colegas de profissão demonstraram ser contrá-
rios à execução dos trabalhos no período noturno, temos a possibilidade de levan-
tar a hipótese de que estes que deveriam superar as contradições entre oprimidos
e opressores (Freire, 1987); pois, infelizmente, acabaram incorporando de forma
inconsciente o discurso do opressor.
Apesar disso, a direção escolar da EE Professor Martinho Rubens
Bellucco favoreceu espaços e tempos da escola, para que pudéssemos criar um
grupo de estudos e discussão acerca dos problemas do bairro. Reuniões semanais
ocorriam na escola, onde os alunos eram provocados a falar sobre os problemas do
bairro e buscar compreendê-los, de modo a saber o porquê se encontravam daque-
las maneiras, quais os responsáveis, e também, propor possibilidades de mudanças
para os mesmos. Enquanto tínhamos as notícias de que muitas escolas se ocupa-
vam em elaborar projetos de Lei para que eventualmente fossem aplicados em A-
mericana, nossas reuniões fortaleciam-se no sentido conhecer os problemas do
bairro, compreender as defasagens das políticas públicas e estruturar os debates
para que requerimentos de informações fossem levados ao Prefeito Municipal.
A consolidação do trabalho com o projeto Câmara Jovem em sua prática
construiu possibilidades em que os alunos puderam refletir sobre o espaço em que
vivem e as possibilidades de melhoria que poderiam ser criadas sob o olhar da pró-
pria comunidade. Freire (1987) afirma que após ser despertada a consciência de si,
as pessoas cada vez mais querem aproximar-se do conhecimento e das descobertas
que ele pode vir a originar.
Em síntese, o projeto se fundamenta em oportunizar que os alunos te-
nham a experiência de serem vereadores por um dia e exerçam o papel da vereança
criando leis e fiscalizando as ações do poder executivo. Desenvolver um projeto
como este com os alunos do Ensino Médio “da noite” foi uma novidade na unidade
escolar e na própria Câmara Municipal, pois as atividades eram realizadas, em
grande parte, com os alunos concluintes do Ensino Fundamental vespertino e, em
outros casos, com alunos do Ensino Médio do período matutino.
Assim, foi necessário realizar uma sensibilização para que a Casa de Leis
percebesse a importância de trazer o projeto para o noturno e, dessa forma, con-
seguissem disponibilizar funcionários do Poder Legislativo para trabalhar a noite;
fora do expediente tradicional. Sob a ótica da dinâmica escolar, também ocorre-
ram novidades e desafios, pois foi necessário ganhar a confiança dos alunos (isso
333
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335
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2018 – A retomada
Em 2018, a participação dos nossos alunos foi marcada, desmarcada, re-
marcada, novamente desmarcada e somente com a definição de uma terceira data
o trabalho aconteceu. A equipe coordenadora do projeto nos verbalizou na ocasião
que havia uma intenção da Presidência da Câmara pela não realização dos traba-
lhos noturnos em virtude de uma eventual contenção de gastos. Depois de muito
insistir com a coordenação do projeto, conseguimos fazer a nossa apresentação.
Os requerimentos apresentados em 2018 retomaram as temáticas do primeiro ano
336
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
sobre a infraestrutura do bairro; mas com alguns agravantes sociais. Neste ano,
ocorreu a inauguração dos condomínios populares indicados em nossa apresenta-
ção no Câmara Jovem em 2016; aproximadamente mil famílias começaram a residir
na região e não foi feita qualquer melhoria para acolher os novos moradores e a-
tender aos que já residiam.
O povo precisava de assistência médica que é inexistente na região, o
bairro tem apenas uma avenida que oferece o acesso de saída e entrada e os pro-
blemas como por exemplo a falta de água se agravaram. A vinda do ex-presidente
da república, Michel Temer, para a inauguração dos condomínios populares for-
taleceu os discursos dos alunos sobre o abandono e alienação pelo descaso com o
bairro e região. A avenida de acesso ao bairro foi maquiada e tapumes foram colo-
cados em vários pontos do bairro para ocultar a paisagem. “Pensávamos que a
vinda da novos moradores iriam [sic] fazer a vida melhorar, mas isso não ocorreu,
nenhuma melhoria foi feita por parte da Prefeitura” – falou C. M. durante a sessão
simulada na Câmara Municipal. Um outro ponto de destaque na apresentação dos
trabalhos foi quando uma aluna apresentou que foi alvo de erro médico no Hospi-
tal Municipal e quase veio a falecer.
Os alunos encerraram 2018 com o sentimento de dever cumprido e felizes
por mandarem o recado do abandono que a região da Praia Azul vive. Na avaliação
feita com os alunos ao fim dos trabalhos, eles indicaram que graças aos momentos
de discussão sobre os problemas sociais, começaram a ter outras opiniões sobre a
importância da política.
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B. A. : (turma 2018): “O Câmara Jovem, para mim, foi mais do que uma
simples experiência. Foi algo vivido grandiosamente porque sei e vi um pouco da
população brasileira que vale a pena, argumentando e colocando seus pensamen-
tos reais para todo mundo ver e trazer um pouco de esperança. Um pouco de e-
nergia! O Câmara Jovem muda a todos que participam e acredito sim que seja para
melhor. ”
340
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em 17/10/2020, ao término da sessão ordinária dos vereadores, tive a o-
portunidade de apresentar toda a didática do trabalho, muitas foram as falas de
parabenização pelo sucesso alcançado; uma parceria que “dá certo”.
Como professor de História e amante das questões políticas, compreendo
que, nos últimos anos, demagogias soltas aos ventos estão ocorrendo acerca dos
trabalhos fundamentados na consciência de si, chegando a chamar a obra de Paulo
Freire de “profana”.
Não sou um especialista freiriano, mas sim, um amante das questões so-
ciais onde os sujeitos percebam a movimentação social e sejam agentes construto-
res de uma nova história.
A presente narrativa destacou a importância de se dar voz e vez a uma
camada social de alunos excluídos dentro da comunidade municipal. Essas práti-
cas serviram como parâmetro e motivação na percepção de que eles podem ser a-
gentes produtores de uma nova cultura de participação política. Experiências
como estas, que incentivam o protagonismo juvenil de forma ativa, precisam ser
documentadas, estudadas e socializadas no cenário educativo brasileiro; pois a so-
lidão existencial da profissão, muitas vezes, faz com que a estrutura retire os so-
nhos dos professores. Os professores não podem se sentir sozinhos e seus traba-
lhos precisam aparecer; experiências precisam ser trocadas.
Assim, vislumbro que possibilidades de pesquisas qualitativas podem se
aprofundar no presente trabalho, estabelecendo associações com outras experiên-
341
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
cias do protagonismo juvenil que se fazem presentes pelo Brasil; ou ainda, pesqui-
sas sobre os diferentes olhares que os alunos têm a respeito do trabalho em suas
diferentes edições, ou ainda, as formas como a gestão da escola percebe a impor-
tância de se dar voz e vez aos alunos na participação ativa na sociedade em mo-
mentos de ascensão do totalitarismo cultural velado em que vivemos.
O historiador Paul Veyne escreve que tudo é história e que ela se constitui
a partir do “olhar perspectivo” que demonstramos sobre o passado.
A amplitude colocada nesse “tudo” nos leva a refletir sobre qual história
queremos escrever para a posteridade e eu, particularmente; anseio em deixar re-
gistros de uma história que valorize a participação popular de pessoas que procu-
ram lutar e construir melhores condições de vida para si e para seus semelhantes.
342
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Referências Bibliográficas
ALVES, Ruben. Ao professor com o meu carinho. Campinas, SP, Verus, 2011.
FOUCALT, Microfísica do poder, Rio de Janeiro, RJ, GRAAL, 1992.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo, Paz e Terra, 1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa,
São Paulo, Paz e Terra, 1996.
LARROSA, Jorge. Experiência e alteridade em educação. Reflexão & Ação, Santa
Cruz do Sul, v. 19, n. 2, p. 4-27, 2011.
VEYNE, Paul. Como se escreve a História, Brasília, UNB, 1999.
343
NOVOS DIÁLOGOS E ESTRATÉGIAS
PEDAGÓGICAS PARA ALÉM DA
PANDEMIA MUNDIAL: NOVO PARADIGMA
EDUCACIONAL VIRTUALIZADO
Elton Kliemann 1
Marta Luciane Kaiper Ardenghi Brizolla 2
Suzana Peloi Sercundes 3
Ivelton Antônio Schwertner 4
Introdução
DIÁLOGOS, ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS E POLÍTICAS EDUCACIO-
NAIS NO PERÍODO DE PANDEMIA E PÓS-PANDEMIA.
Diante desse contexto de pandemia no Brasil e no mundo, a rápida disse-
minação do vírus impôs às instituições escolares, novos e constantes desafios. As-
sim, as escolas precisaram reinventar seu processo educativo virtualizando suas
práticas; da mesma forma o poder público, que doravante precisava assumir o
compromisso de valer-se de todos os seus instrumentos para a promoção de uma
verdadeira inclusão social e educacional.
Muitas dificuldades atravessam o campo educacional, novas tecnologias
e processos formativos que requerem concomitantemente novos diálogos, estraté-
gias pedagógicas e políticas educacionais para acompanhar o período de pandemia
e, espera-se o mais breve possível, de pós-pandemia. Neste ínterim, educadores e
alunos em formação emergencial para contemplar novas competências deste saber
tecnológico em construção:
1
Professor de Filosofia, E. M. E. F. Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. eltonkliemann
@gmail.com
2
Professora de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Literaturas, E. M. E. F. Olavo Bilac, E.E. Dom
Bosco, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. malubrizolla@gmail.com
3
Professora de Matemática, E. M. E. F. Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. suzana.
peloi@gmail.com
4
Professor de Pedagogia, E. M. E. F. Olavo Bilac, Lucas do Rio Verde, Mato Grosso. ivelton
05leo02@gmail.com
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
346
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
347
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
adequado, para que seja possível dar continuidade aos estudos da melhor forma
possível, e assim fazer valer-se do direito à educação.
Apesar do avanço constante das tecnologias, a utilização das TICs na e-
ducação não coloca em risco a prática do processo educativo presencial; ocorre
justamente o contrário, a inserção de tais mecanismos na educação possibilitam
que os professores possam efetivar as suas aulas, ainda que presenciais, no mundo
pós-pandemia da Covid-19; de um modo mais atrativo, tendo a tecnologia como
uma grande aliada para a inclusão dos jovens, e a efetiva integração dos mesmos
na sociedade, contribuindo para um olhar mais crítico e ativo dos estudantes. Se-
guindo esta mesma linha de raciocínio, o professor na Universidade de São Paulo,
José Moran (2018), acrescenta:
A combinação da aprendizagem ativa e hibrida com tecnologias moveis é pode-
rosa para desenhar formas interessantes de ensinar e aprender. A aprendizagem
ativa da ênfase ao papel protagonista do aluno, ao seu envolvimento direto, par-
ticipativo e reflexivo em todas as etapas do processo, experimentando, dese-
nhando, criando, com orientação do professor; a aprendizagem híbrida destaca
a flexibilidade, a mistura e compartilhamento de espaços, tempos, atividades,
materiais, técnicas e tecnologias que compõem esse processo ativo.
348
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
sociais, ou até mesmo se divertem, seja assistindo a um filme, desenho, novela, série
ou algum jogo disponível on-line, bem como usam desta tecnologia para expandir
as relações através de redes de relacionamento e de integração social.
Deste modo, as TICs são ferramentas importantes no mundo globalizado,
o que reforça ainda mais a ideia de que a escola não pode se manter inerte em re-
lação a essas tecnologias, uma vez que elas já se encontram intrinsecamente pre-
sentes na sociedade. Doravante, não há mais como negar a presença importante
das ferramentas e recursos tecnológicos no âmbito escolar.
O tempo de pandemia pelo Covid-19 e o isolamento social, surge então,
como uma oportunidade de repensar acerca das metodologias e estratégias de en-
sino e aprendizagem, questionando velhos paradigmas e abrindo novos caminhos
para que o processo de ensino possa ser remodelado conforme os avanços tecnoló-
gicos ocorridos na última década, avançando para o desenvolvimento de uma escola
que, além da relação tradicional do professor e aluno nas salas de aula, utilize tam-
bém as mais variadas tecnologias com qualidade, potencializando as relações e a-
prendizagens de modo a contemplar todas as possibilidades do ensino híbrido.
Híbrido significa misturado, mesclado, blended. A educação sempre foi mistu-
rada, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, metodolo-
gias, públicos. Agora esse processo, com a mobilidade e a conectividade, é muito
mais perceptível, amplo e profundo: trata-se de um ecossistema mais aberto e
criativo. O ensino também é híbrido, porque não se reduz ao que planejamos
institucionalmente, intencionalmente. Aprendemos através de processos orga-
nizados, junto com processos abertos, informais. Aprendemos quando estamos
com um professor e aprendemos sozinhos, com colegas, com desconhecidos. A-
prendemos intencionalmente e aprendemos espontaneamente. (BACICH; MO-
RAN, 2015, p. 3)
349
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Considerações Finais
São novos ventos que atravessam a Educação. Neste cenário disruptivo,
reinventam-se todos os papéis dos sujeitos. As relações virtuais, os processos for-
mativos, a hibridização das práticas pedagógicas; preparam o caminho para as no-
vas competências digitais que se requerem de todos. Continua-se creditando mui-
tas responsabilidades à escola, aos educadores. E estes, passando a atuar como
tutores e mediadores do conhecimento, precisam encontrar metodologias ativas
que deem conta de atender os desafios:
[...] um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, estratégias e sensi-
bilização de que se precisa quando se utilizam as TICs e os meios digitais para
realizar tarefas, resolver problemas, se comunicar, gestar informação, colaborar,
criar e compartilhar conteúdo, construir conhecimento de maneira efetiva, efici-
ente, adequada de maneira crítica, criativa, autônoma, flexível, ética, reflexiva
para o trabalho, o lazer, a participação, a aprendizagem, a socialização, o con-
sumo e o empoderamento. (FERRARI, 2012, p. 3-4)
351
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352
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Referências
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durante a pandemia da COVID-19. Boletim de Conjuntura (BOCA), vol. 2, n. 6, 2020.
353
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
354
A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO
ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR NA
PERSCRUTAÇÃO DO TRANSTORNO DO DÉFICIT
DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE – TDAH À LUZ
DO MODELO BIOECOLÓGICO DO
DESENVOLVIMENTO HUMANO DE URIE
BRONFENBRENNER
Patrícia Machado Sales 1
Introdução
O artigo versa sobre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
à luz do Modelo Bioecológico do Desenvolvimento Humano de Urie Bronfenbren-
ner, ao participar de um projeto efetuando atendimento psicopedagógico clínico,
puder verificar, como os educandos chegam ao primeiro atendimento, com o res-
ponsável, munido de um relatório escolar , que só ressaltar pontos negativos do
aluno, por conta desse direcionamento , alguns educandos se veem em uma situa-
ção a qual não entendem a razão de irem para um posto de saúde, tendo em vista
que a situação ocorre no contexto escolar, no relatório a constante demanda é para
a psicologia, então perguntam o motivo de estarem ali, se não são loucos, infeliz-
mente ainda é realidade que responsáveis levem os educandos por motivação de
manter os benefícios sociais, que são oferecidos caso mantenha-se frequente. O
que era para ser uma via de mão dupla, acaba se tornando um caminho para muitos
sem saída, de um lado, sem generalizar, pais que abstém da educação dos filhos,
delegando essa função à escola. Percebe-se também que o professor mesmo tendo
conhecimento acerca dos transtornos e dificuldades escolares, alegam que não ga-
nham para fazer esse tipo de serviço
A metodologia utilizada são fontes bibliográficas, pesquisa e exploratória
e descritiva, qualitativa e de campo, visitas à escolas e participação no matricia-
mento com representantes da educação e saúde.
1
Graduação em Pedagogia- Centro Universitário Estácio de Belo Horizonte. Pós-Graduação em Psi-
copedagogia Institucional, Clínica e Educação Especial – Faveni.
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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358
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359
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Escola
Família
Equipe multidisciplinar
Macrossistema(fatores
que não compõem o
ambiente próximo do
indivíduo em atividade)
Exossistema(diretrizes
estipuladas por
diferentes agentes do
cotidiano ou não. )
Educando TDAH
Mesossistema(Vários
locais onde o sujeito
convive com os outros)
microssistema(ambiente
familiar e pessoas do
cotidiano
360
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
práticas com os alunos. Pelo contrário alunos são presença constante na diretoria
com reclamações, que fazem parte do Transtorno de Déficit de Atenção e Hipera-
tividade (TDAH), lastimável que a escola, ache que apenas o medicamento será a
panaceia de tudo. Não só alunos com TDAH, mas outros transtornos são deixados
à margem de um sistema que deveria se incumbir de garantir que a aprendizagem
se fomente, a justificativa, que se baseia na família desestruturada e no aluno que
não quer aprender, não convence mais.
De acordo com Collares e Moysés (2011, p. 25), o uso de medicamentos perpassa”
[...] o decurso de transmudar indagações, que a medicina não tem resposta aba-
lizadamente de natureza do cotidiano social, político, em atendimentos na área
médica com a missão quase impossível de responder à inquirição que a própria
educação poderia responder”
Caso 1
João hiperassimilativo dez anos, com dificuldades escolares, relato de de-
satenção, hiperatividade e agressividade. Após sessões foi verificado que o menino
361
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Caso 2
Miguel dez anos, encaminhado pela escola, relatos de atraso cognitivo e
desatenção, aluno não conseguia acompanhar a turma na feitura de atividades. E-
fetuada a anamnese, testes psicopedagógicos, atividade em grupo e individual, a-
nálise de material, conduta familiar, observei que Miguel era um garoto hipoco-
modativo, irrequieto, tinha medo de perder a mãe que estava à espera de fora da
sala, pais casados, educação delegada a mãe que teve depressão profunda, ao ponto
de acorrentar os dois filhos no sofá. Após as sessões, efetuei um relatório encami-
nhado para a fonoaudiologia e neurologia pediátrica; suspeita de Transtorno Dé-
ficit de Atenção e Hiperatividade. Suspeita confirmada Miguel passou em con-
sulta médica e iniciou o uso de ritalina.
Caso 3
Pietro dez anos, histórico de hidrocefalia e retardo moderado, relato es-
colar, aluno não faz às atividades propostas, indaga o porquê de efetuar o que lhe
é proposto, boa leitura, consegue escrever palavras simples e complexas, apresen-
tou inaptidão na área matemática, nos conceitos de lateralidade e localização ge-
ográfica, não o diagnostiquei com discalculia pois o empobrecimento de situações
que o colocavam em atenção Pietro conseguia se sair bem. Ficando claro que a au-
sência de atividades proposta por seu âmbito familiar e atividades desvinculadas
da realidade, favoreciam a confusão, quanto alguns conceitos, não gostava de par-
ticipar da oficina de jogos com outras crianças. A mãe comportamento arredio e
com atitudes que prejudicavam o desenvolvimento do menino, o que reforça o mau
desenvolvimento na escola e na vida social. Diagnóstico psicopedagógico reali-
zado foi descartada a discalculia, quanto ao fracasso na alfabetização, considerado
o quadro clínico apresentado falta de condições para que o garoto pudesse desen-
volver sua autonomia. Verificado erro metodológico da escola que passava para
362
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Caso 4
Olívia seis anos, encaminhada pela escola com relatório que descrevia-a
como “voada”, não conseguia ler ou escrever, vezes era arredia com a docente, os
pais a descreveram como eufórica, não conseguia se concentrar quando estava fa-
zendo algo, criança “elétrica”. No atendimento Olívia era indiferente comigo, um
dia por ter modificado a ordem do atendimento, pois ela passaria com a psicope-
dagoga e de pois com a psicologia, ela se recusou a fazer o que lhe foi pedido, res-
pondia mal às perguntas, recusou-se a efetuar brincadeiras ou desenho. Observei-
a e no decorrer das sessões ela me dava vestígios que não era desinteresse ou pre-
guiça. Após anamnese, testes psicopedagógicos, questionários e análise da vida
escolar, estudei o caso e cheguei à conclusão que Olívia podia ter Transtorno Dé-
ficit de Atenção e Hiperatividade, efetuei relatório encaminhei ao neuropediatra e
orientei os responsáveis sobre o transtorno e suas consequências. Na primeira
consulta segundo relatos da mãe que a acompanhou o médico que efetuou a con-
sulta a achou normal, então a mãe mostrou o relatório psicopedagógico, nesse mo-
mento o médico resolveu fazer outra avaliação da menina e foi verificado que mi-
nhas suspeitas acerca do Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade tinha
fundamento; Olivia começou a tomar a ritalina a nível experimental por três me-
ses. Após esse período confirmou-se que a petiz tinha o Transtorno Déficit de A-
tenção com hiperatividade.
Caso 5
Gustavo de dezessete anos, estudante do segundo ano do ensino médio,
estava atendendo outro aprendente, e fui abordada pela madrasta, que me pergun-
363
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
tou seu eu atendia adolescente, me relatando que Gustavo faz uso de ritalina e es-
tava sem remédio. Após agendei e iniciamos a anamnese, o adolescente veio com o
pai. O adolescente falava, apenas quando era perguntado algo, ficava com o olhar
distante, não mantinha contato visual, pai receoso do fato do filho ser facilmente
persuadido por outros adolescentes. Gustavo foi diagnosticado aos quinze anos,
efetuou o exame P300, em uso de ritalina, contudo a aprendizagem do estudante
não melhorava. Efetuado um plano psicopedagógico, para reorganizar a aprendiza-
gem e ativar o uso das funções executivas do adolescente, dentre outras condutas.
Caso 6
Igor de seis anos, modalidade de aprendizagem perpassa o hiperassimila-
tivo\hipoacomodativo. suspeitei de TDAH, aos cinco anos, ele apesar de estar in-
serido em uma boa escola, desde os quatro anos, apresentava-se disperso e não
conseguia gravar músicas, nem lembrar do alfabeto ou efetuar contagem de núme-
ros, mesmo utilizando material concreto pedagógico, objetos, brincadeiras, treino
das funções executivas, dentre outras estratégias psicopedagógicas. Os pais não
aceitavam que a criança tinha algo, diziam que isso era uma forma de ele ficar sem
fazer nada. A suspeição do transtorno, não foi bem recebida pelos pais, que o cha-
mavam de preguiçoso, e diziam que era culpa da minha mãe avó que “passava” a
mão na cabeça dele, contribuindo para o comportamento disperso e rebelde. Con-
tudo ao ser levado ao neuropediatra, efetuei o relatório, e não deu outra, Igor tem
Transtorno Décifit de atenção e Hiperatividade, tem manifestado o Transtorno
Opositivo Desafiador, começará a usar ritalina a nível experimental por três meses,
foi também encaminhado a psicologia para verificar fatores desencadeantes do
possível Transtorno Opositivo Desafiador, e trabalhar o comportamento mediante
às situações diversas.
Caso 7
Carlos doze anos, diagnosticado aos nove anos pela psicóloga da Estraté-
gia de Saúde da Família, acompanhado pela equipe de um hospital que trata de
pessoas com o Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade, em uso da ritalina
duas vezes ao dia. No atendimento Carlos efetuava o que era proposto e conseguia
resolver atividades de séries a frente da que estava. Contudo na escola, o adoles-
cente não efetuava às atividades e apresentava agressividade e inquietude, consi-
derado transgressor pela equipe pedagógica escolar. O que pude entender desse
364
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
caso foi que a escola não oferecia atividades desafiadoras, escola tradicional, do-
centes engessados com currículo inflexível. Além do mais o adolescente tem um
histórico familiar de abandono da parte paterna e brigas constantes com a mãe,
não possuía casa própria, e enfrentava dificuldades financeiras, e infelizmente a
escola em posse de todo relato, não procurou dialogar com o adolescente impondo
regras e advertindo por suas condutas irrequietas e consideradas rebeldes.
Caso 8
Joaquim sete anos, foi diagnosticado aos quatro anos de idade, relato de
complicação no parto, desde o nascimento precisou de cuidados especiais, devido
ao parto difícil, filho único por parte da mãe, Joaquim chegou a mim pelo encami-
nhamento da escola a pedido da mãe que procurava ajuda, para que Joaquim con-
seguisse desenvolver a leitura, escrita e o pensamento lógico. Criança em uso de
ritalina, a médica diagnosticou com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperati-
vidade e Transtorno Global Não especificado, o atendi pela primeira vez em com-
panhia da mãe e depois a sós, Joaquim é hiperacomodativo\hipoassimilativo. Em
grupo com crianças de idades diferentes Joaquim participou com alegria e intera-
gia com os demais. Quanto ao processo de ensino aprendizagem verificado erro
medotologia, pois conceitos simples quanto a coordenação motora fina, que deve-
ria ser trabalhado na educação infantil ainda não estavam claros para o petiz o que
gera um desconforto e tristeza nele por tentar efetuar às atividades e não conse-
guir, tendo em vista a inserção de Joaquim desde o berçário. A educação infantil
tem que repensar o currículo pois nos atendimentos em geral, não são percebidas
a apreensão de conteúdos preconizados para a educação infantil, pois algumas ins-
tituições lançam mão de apenas um método, sendo que para o efetivo processo de
aquisição de saberes, não é uma questão de método único, mas sim de uma série
de estratégias embasadas em diversos autores que se desbruçam sobre temática de
condução e transposição didática da aprendizagem.
O que se observa que muitas vezes os indivíduos, o diagnóstico em si não
resguardar que os educandos terão suas peculiaridades respeitadas, o Transtorno
de Déficit de Atenção e Hiperatividade, merece um olhar atento de todos envolvi-
dos, pois seus sintomas se manifestam no campo psicológico, social e cognitivo,
que refletem em dificuldades para entender o mundo a sua volta e principalmente
seu próprio ser.
365
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Conclusão
A feitura do artigo proporcionou o relato de situações verídicas de uma
psicopedagoga, atendendo educandos da cidade de Esmeraldas em Minas Gerais,
a experiência é inestimável, pois pude ajudar muitas pessoas e aprender a cada dia
mais, confesso que me sentia pressionada, pois trabalhar sem recursos é compli-
cado, psicopedagogia ainda não é tão conhecida a ponto de ver em relatórios esco-
lares a indicação para esse profissional, pois a escola tem patologizado situações
decorrentes do contexto educacional, buscando na saúde a resposta de tudo, pude
visualizar que em cem atendimentos , grande parte era erro de metodologias e a
forma como a escola trata seus alunos, transtornos não foram o grande vilão, em
Urie Bronfenbrenner, encontrei resposta para esse imbróglio, pois ele analisa às
situações em várias óticas, é preciso se atentar para o cotidiano, para atividades
que realmente representem algo para os discentes, a escola não pode ser palco de
violência de qualquer espécie, conflitos advindos da esfera escolar, muitas vezes ,
poderiam ser solucionados , dentro desse âmbito, mensurar que formação conti-
nuada faz parte da trajetória de quem decide laborar com a educação , chega ser
redundante, mas é preciso coragem, é necessário repensar o que está sendo feito
da nossa educação em especial a pública , que se concentra a maioria dos estudan-
tes brasileiros, se a semente da transformação , não for plantada, como educadores
estaremos alijando os discentes , que já sofrem com a situação social, financeira e
psicológica.
Tive muitos imbróglios, com docente, que achavam que queria investi-
gar sua práxis, o interessante na situação é que por que os profissionais da edu-
cação desse município, conheciam a história de vida dos discentes, relevando de-
talhes, que na hora da efetuação dos relatórios. Por muitas vezes me comunicava
com o núcleo de assistência social, para informar sobre a ausência de alguns alu-
nos no atendimento. Para minha surpresa, responsáveis relataram que não sa-
biam do relatório, e que os discentes passavam por dificuldades, o que foi des-
mentido pelos representantes da educação. Como sou formada em pedagogia e
efetuei a pós-graduação em psicopedagogia e por já ter trabalhando na educação,
entendia o cenário, pois não seria uma mera profissional que passa testes e enca-
minha, tive um crescimento como ser humano e profissional. Foi edificante poder
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
367
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
369
A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA A PARTIR DA
CONTRIBUIÇÃO DO PROJETO NAP
(UNIMONTES) PARA FORMAÇÃO DOCENTE
Caio Carvalho Santos 1
Rahyan de Carvalho Alves 2
Dulce Pereira dos Santos 3
INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios da academia é a formação plena, crítica e trans-
versal dos futuros docentes, pois os acadêmicos das licenciaturas, de um modo
geral, serão os mediadores do conhecimento das futuras gerações e as Universida-
des, por sua vez, devem atualizar os seus métodos de pesquisa e ensino para ofe-
recer aos discentes meios, técnicas e mecanismos que possa levar o futuro
professor a transformar, verdadeiramente, a sociedade, obtendo uma melhor com-
preensão da realidade e desenvolvendo habilidades profissionais por meio do pen-
samento crítico.
Cada universidade pública tem autonomia para gerir os seus objetos de
pesquisa, ensino e extensão, e seu objetivo, no tocante as licenciaturas, está pau-
tado em desenvolver o pensamento científico, promover atividades culturais, criar
um pensamento reflexivo e formar profissionais de diversas áreas que contribuam
para a ciência, o desenvolvimento tecnológico, além de ser comprometido com o
fazer docente de maneira ética, propagando o saber e o bem estar para a sociedade.
Os projetos de extensão são um dos meios existentes dentro das universi-
dades que podem contribuir para a formação docente, pois com eles existe a possi-
bilidade de desenvolvimento de programas capazes de aproximar a academia das
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os projetos de extensão nas Universidades abrem inúmeras possibilida-
des para o desenvolvimento profissional e intelectual dos acadêmicos e aqui na
Unimontes não é diferente. No que se refere aos cursos de licenciatura, o projeto
NAP possui quatro características que são fundamentais como: entrada de acadê-
micos voluntários desde o primeiro período do curso, autonomia e formação da
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REFERÊNCIAS
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nov. 2020.
380
APLICAÇÃO DE JOGOS:
UMA ESTRATÉGIA DIDÁTICA PARA
A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Sandra Coutinho dos Anjos 1
Mateus Sousa de Oliveira 2
INTRODUÇÃO
O baixo rendimento na aprendizagem da Matemática e o desinteresse
dos educandos são questões que, para muitos, se prolongam por toda uma vida
acadêmica, essencialmente, na construção de barreiras no que diz respeito ao co-
nhecimento dos conceitos matemáticos e na rejeição aos seus métodos de ensino.
Tais problemáticas têm deixado a classe de educadores e pesquisadores inquietos
na busca de encontrar respostas para estas questões e para o aperfeiçoamento do
ensino de Matemática.
Na busca de solucionar ao menos em parte a falta das habilidades no le-
tramento matemático das crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental, uma
boa estratégia é o uso da ludicidade que desenvolve a criatividade por meio dos
jogos. Os educandos nessa fase de escolarização carregam o desejo do brincar, algo
natural da idade delas, porém as escolas, em sua grande maioria, buscam enfileirá-
los e ensiná-los por meio de regras e conceitos de normas preestabelecidas que
muitas vezes não fazem sentido e não têm relações com as suas vivências e tão
pouco os ajudam na solução de problemas na vida em sociedade quando se trata
de habilidades matemáticas.
Em meio a esse cenário, é importante notar que os jogos na Educação Ma-
temática têm se mostrado um importante aliado para a construção de uma apren-
dizagem efetiva, contribuindo significativamente nesse processo. Sendo assim, as
1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual da Bahia – UNEB. Especialista em Psicopeda-
gogia Clínica e Hospitalar pela Realiza Pós-Graduação – Projetos Educacionais. Graduada em Edu-
cação Física- PAFOR pela Universidade Estadual da Bahia – UNEB. Professora efetiva da Rede Mu-
nicipal de Ensino na Cidade de Seabra-Bahia. Mestranda em Ciências da Educação pela Universidad
Tecnológica Intercontinental- UTIC. E-mail: sandracoutinho@yahoo. com. br
2
Mestre em Educação da Matemática pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC. Especia-
lista em Tecnologias e Educação Aberta Digital pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
– UFRB. Graduado em Matemática pela Universidade do Estado da Bahia. Professor do Instituto
Federal da Bahia – IFBA. E-mail:matheusmathica@gmail. com
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
estratégias de ensino devem contribuir para que o educando possa fazer Matemá-
tica no contexto escolar e fora dele, com dinâmicas apropriadas que conduzam a
uma maior interação com os conhecimentos construídos por ele em todas as fases
da escolarização.
Sabendo da relevância da Matemática para a sociedade, é importante tra-
balhar este componente curricular que surge para o educando já nos anos iniciais
do Ensino Fundamental de maneira desafiadora, promovendo na criança o desen-
volvimento da criatividade para refletir, analisar e solucionar conflitos. Desse
modo, é imprescindível destacar como alguns educadores e pesquisadores utili-
zam os jogos de modo que facilite a interação das crianças com as formas de apren-
der que cada um tem, ajudando na maneira de se desenvolver cognitivamente.
É importante ressaltar que a cada ano letivo, os educadores de Matemá-
tica se deparam com situações recorrentes que causam preocupação, pois muitos
alunos que chegam ao sexto ano do Ensino Fundamental têm inúmeras dificulda-
des na aprendizagem da Matemática e em colocar em prática os conhecimentos
adquiridos. Em função disso, não é de estranhar a grande apatia que muitos alunos
têm em relação a essa disciplina.
Esse contexto demonstra a necessidade de analisar as teorias e práticas
que envolvem as conceitualizações, as técnicas e os desenvolvimentos de habili-
dades em Matemática que foca no educando enquanto principal sujeito da apren-
dizagem. Além disso, a Educação Matemática é permeada pelo objetivo de desen-
volver o raciocínio lógico que estimula o pensamento, a criatividade e as formas de
compreensão de como resolver conflitos. Diante desta perspectiva, nasceu a ne-
cessidade de debruçar sobre a aplicações dos jogos enquanto estratégia didática
na Educação Matemática, em relação aos anos iniciais do Ensino Fundamental nas
escolas que estão na sede do município de Seabra/BA.
Entretanto, este artigo está delimitado ao objetivo geral de analisar teo-
ricamente os fundamentos conceituais nas aplicações dos jogos enquanto estraté-
gia didática na Educação Matemática, em relação aos anos iniciais do Ensino Fun-
damental. Para tanto, busca relacionar a apropriação de novas habilidades
consolidando as pré-existentes através dos jogos, sinalizando na Educação Mate-
mática o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático e da interação social.
Nesse sentido, este artigo busca contribuir para o processo de ensino-
aprendizagem na sua fase inicial, principalmente por possibilitar aos educadores
que lecionam os conhecimentos de Matemática no Ensino Fundamental I novas
reflexões para as suas práticas docentes a partir do uso de jogos pedagógicos. Essa
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Para Smole et al. (2007), nas aulas de matemática, o uso de jogos permite
alterar o modelo tradicional de ensino, implicando em mudança significativa nos
processos de ensino e aprendizagem no qual muitas vezes tem nos livros didáticos
e em listas de exercícios padronizados seu principal recurso didático.
O raciocínio lógico-matemático, sabidamente, deve ser instigado no am-
biente de aprendizagem, pois, frequentemente, se faz necessário que o estudante
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É importante ter esses cuidados básicos na utilização dos jogos como re-
curso pedagógico, principalmente, ao planejar com antecedência as atividades que
serão propostas, procurando se aprofundar no material selecionado, para que o
mesmo possa ser explorado de forma eficiente, assim, é necessário usar o bom
senso para adequá-los às necessidades dos educados (RÊGO; RÊGO, 2013).
Além disso, para desenvolver o raciocínio lógico matemático é necessário
ter o cuidado, durante as aplicações de jogos em sala de aula, conduzir a criança
ao pensamento, ou seja, esperar que eles pensem, dá tempo para isso, acompanhar
suas explorações e usar possíveis respostas e ações. O estímulo para múltiplas pos-
sibilidades, em todas etapas desse processo, é um ponto a ser considerado com
primazia.
Cabe ressaltar que “[...] é no lúdico que a criança tem a oportunidade de
vivenciar regras, normas, transformar, recriar, aprender de acordo com suas neces-
sidades, desenvolver seu raciocínio e sua linguagem” (PINTO; TAVARES, 2010, p.
7). Isso mostra que a relação do raciocínio lógico-matemático com a ludicidade
pode ser utilizada para conduzir as crianças a sentir satisfação em descobrir um
caminho interessante no aprendizado, como também, introduzir os conteúdos
curriculares do ensino da Matemática. É importante enfatizar que abordamos o
conceito lúdico como qualquer atividade que cause uma experiência positiva, di-
vertida e prazerosa para o ser humano.
Nesse contexto, por meio dos jogos, as crianças têm a chance de um ama-
durecimento cognitivo que permeia as estratégias didáticas e que provocam nos
educadores uma atitude responsável em oferecer novas formas de melhorar a apren-
dizagem de seus educandos. Assim, é necessário estar atento e aberto às novas a-
bordagens ou descobertas que irão surgir durante a aplicação dos jogos. “Aprender
e ensinar devem caminhar juntos – diríamos mesmo, que nessa proposta, o tempo
de aprender determina o compasso do tempo de ensinar.” (SMOLE, et al., 2017)
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Segundo Moretto (2017, p. 37) “[...] a escola é uma instituição com a mis-
são de oferecer aos estudantes saberes socialmente construídos, visando sua in-
serção numa cultura singular e preparando o cidadão para a vida em seu contexto
social”. Além de valorizar o processo de ensino e aprendizagem as instituições de
ensino necessitam promover a socialização dos educandos.
Nesse contexto, as interações sociais contribuem para a formação do res-
peito mútuo entre os educandos, essencialmente, na elaboração e participação das
tarefas sociais. Segundo Smole (2017), é na discussão com seus pares que o educando
pode alargar seu potencial de participação, cooperação, respeito mútuo e pensa-
mento crítico. No ensino de Matemática, isso pode ser observado no pensamento
crítico desenvolvido em atividades que exigem trabalho em equipe e nos processos
de reflexão, interpretação, investigação e raciocínio na resolução de problemas.
O ensinar “tem o significado de apresentar aos estudantes as representa-
ções construídas, para que eles, individualmente e em grupo, se apropriem signi-
ficativamente dos objetos de conhecimento e, com isso, sejam inseridos nos sabe-
res construídos por seu grupo social” (MORETTO, 2017, p. 17). Além disso,
sinaliza que o conhecimento está inteiramente ligado na interação entre o sujeito
e objeto de estudo e que a educação deve ser a mediadora nesta relação.
A interação dos educandos com os objetos de estudo, contribui de forma
satisfatória para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e da inclusão social. Por isso
na Educação Matemática, os jogos além de incentivar o desenvolvimento do raci-
ocínio lógico-matemático promovem o desenvolvimento das interações sociais
que facilitam as formas de pensar das crianças mediante a cooperação em analisar
o objeto de estudo. “Assim, os jogos não devem ser atividades “extras”, usadas a-
penas depois que o professor já “venceu o conteúdo proposto” (STAREPRAVO,
2009, p. 20).
Smole et al. (2007) pontua que a interação entre os educandos, a sociali-
zação de procedimentos encontrados para resolver uma questão e a troca de infor-
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
mações são elementos indispensáveis em uma proposta que visa melhorar o pro-
cesso de aprendizagem da Matemática. Além do mais, evidenciam que “o jogo é
uma das formas mais adequadas para que a socialização ocorra e permita aprendi-
zagens.” (Idem, p. 13).
Conclusão
Considerando a abrangência dos fundamentos conceituais na aplicação
dos jogos enquanto estratégia didática na Educação Matemática, especialmente,
no contexto dos anos iniciais do Ensino Fundamental, teceremos breves conside-
rações a respeito das possibilidades de aplicação dessa teoria a pesquisa que visam
uma melhoria na qualidade de ensino da Matemática.
Primeiramente, ressaltamos o fato de destacar o jogo, não como mero pas-
satempo, e sim como atividade constituinte de inúmeras vantagens e benefícios
para uma aprendizagem significativa, prazerosa que está ao alcance de todos e faz
parte da cultura da criança. Além disso, apresentar a Educação Matemática como
um cenário que possibilita o educador aprender a correlacionar o jogo de forma
lúdica na construção de conceitos matemáticos que estimulem as habilidades e
autonomias dos educandos.
Dessa forma, entendemos que é inevitável um planejamento sistemático
e estratégico sobre os jogos em matemática, revistando objetivos e procedimentos
que valorizem as formas de aprender das crianças, contribuindo de forma eficiente
para que haja um desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático infantil, que
garanta maiores habilidades na resolução de problemas envolvendo as questões
matemáticas tanto no seu cotidiano escolar quanto na vida em sociedade e nas
relações futuras em que serão inseridos.
No meio educacional, a interação social aparece como um recurso moti-
vador do processo ensino e aprendizagem, contribuindo na formação do indiví-
duo, tornando-o capaz de realizar operações simples e complexas, organizar e re-
organizar regras de convivência, troca de experiências e respeito, também ao
saberes das outras pessoas, de modo que todos se sintam incluídos no processo
educativo e social que se instaura no espaço escolar.
Com tudo isso, é necessário que os educadores se apropriem de saberes
necessários para inovação dos planejamentos e práticas docentes, produzindo e
ressignificando saberes primordiais e estratégias didáticas, como também fazendo
do jogo um excelente recurso para ampliar a utilização de recursos didáticos de
391
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
392
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
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393
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
394
DA VIOLÊNCIA À CULTURA DE PAZ: A VOZ DOS
ESTUDANTES SOBRE O COTIDIANO DA ESCOLA
Talita Fátima Melo Vieira da Silva 1
Ilane Ferreira Cavalcante 2
Iracyara Maria Assunção de Souza 3
INTRODUÇÃO
Tá uma coisa que eu não gosto: esperança. A paz
é muito falsa. A paz é uma senhora. Que nunca
olhou na minha cara. Sabe a madame? A paz não
mora no meu tanque. A paz é muito branca. A
paz é pálida. A paz precisa de sangue.
Da paz, Marcelino Freire
1
Bacharel em Serviço Social. Especialista em Gestão de Programas e Projetos de Esporte e de Lazer
na Escola.
2
Doutora em Educação. Professora do Programa de Pós-graduação em Educação Profissional
(PPGEP) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).
3
Mestre em Educação. Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte (IFRN).
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
396
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Sobre a luta pelos direitos dos professores, Freire (2011) destaca a impor-
tância de educandos e educadores
Se há algo que os educandos brasileiros precisam saber, desde a mais tenra idade,
é que a luta em favor do respeito aos educadores e à educação inclui que a briga
por salários menos imorais é um dever irrecusável e não só um direito deles. A
luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser en-
tendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prá-
tica ética (FREIRE, 2011, p. 65).
397
DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Sátyro e Soares (2008) nos lembram que insumos escolares têm um peso
considerável no desempenho educacional, principalmente no caso de escolas com
maior precariedade das condições infraestruturais. Damos destaque ao exemplo
das políticas públicas implementadas nos últimos 5 anos no Brasil, que represen-
tam um retrocesso nos avanços construídos na década anterior e retomam o suca-
teamento das escolas e a desvalorização social do professor, associada ao seu em-
pobrecimento, refletindo na sua autoestima.
Freire (2011) também nos fala sobre as consequências dessas ações por parte
do Estado na prática pedagógica e política dos professores, quando nos diz que
Um dos piores males que o poder público vem fazendo a nós, no Brasil, histori-
camente, desde que a sociedade brasileira foi criada, é o de fazer muitos de nós
correr o risco de, a custo de tanto descaso pela educação pública, existencial-
mente cansados, cair no indiferentismo fatalistamente cínico que leva ao cruza-
mento dos braços. “Não há o que fazer” é o discurso acomodado que não pode-
mos aceitar (FREIRE, 2011, p. 65).
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Entendemos que a educação, como propôs Paulo Freire (2012), tem que
ser libertadora, problematizadora, ou seja, “[...], já não pode ser o ato de depositar,
ou de narrar, ou de transferir, ou de transmitir “conhecimentos” e valores aos edu-
candos, meros pacientes, à maneira da educação “bancária”, mas um ato cognos-
cente” (FREIRE, 2012, p. 74). A educação libertadora requer a superação da con-
tradição entre educador-educando e o objeto de conhecimento, sendo este
mediador entre educador(a) e educando(a). Sem a superação dessa contradição é
impossível uma relação dialógica.
A relação dialógica se estabelece a partir da relação dialética entre edu-
cador(a) e educando(a) junto a toda a comunidade escolar. Não há mais a centra-
lidade no educador ou no ensino, objeto maior da educação bancária criticada por
Freire, mas a perspectiva de construção coletiva do conhecimento, com os valores
e os conhecimentos oriundos da comunidade como constituintes do processo de
ensinar e aprender.
A superação da violência simbólica na relação educador-educando, passa
pela superação da educação bancária que como tal também serve à dominação. É
preciso, então, que a educação seja problematizadora, ou seja, dialógica. Sendo o
diálogo uma relação horizontal baseada na confiança, e fundamentado no amor,
na humildade e na fé nos homens (FREIRE, 2012). O dialogismo se configura na
relação entre essas diversas vozes, que se configuram a partir de um caráter não
hierárquico.
Na educação problematizadora é notória a necessidade de respeitar os
saberes dos educandos, discutindo e problematizando sobre a realidade vivida por
eles. Desse modo, não poderia deixar de levantar a temática da violência e nos levar
a refletir sobre o porquê não associar essa realidade violenta, tão presente na vida
dos educandos, com o conteúdo da disciplina que se ensina (FREIRE, 2012). Em
verdade, nos parece ser esse o limite do olhar dos educandos(as) quanto a atribuir
ao professor a abordagem da violência na escola.
Em Medo e Ousadia, Freire nos fala que
O currículo padrão, o currículo de transferência é uma forma mecânica e autori-
tária de pensar sobre como organizar um programa, que implica, acima de tudo,
numa tremenda falta de confiança na criatividade dos estudantes e na capaci-
dade dos professores! Porque, em última análise, quando certos centros de poder
estabelecem o que deve ser feito em classe, sua maneira autoritária nega o exer-
cício da criatividade entre professores e estudantes. O centro, acima de tudo,
está comandando e manipulando, à distância, as atividades dos educadores e dos
educandos (FREIRE, 1986, p. 97).
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Acreditamos que a prevenção seja o melhor caminho para lidar com a vi-
olência, uma relação dialógica entre educador-educando, baseada nos princípios
da amorosidade, colaboração nas ações visando construir uma Cultura de Paz na
escola. Isso indica que intervenções político-pedagógicas precisam ser desenvol-
vidas não apenas pelos muitos e dedicados educadores, mas por todos os atores
sociais.
Sobre a violência de professor contra aluno, a que tem mais incidência é
a violência psicológica. Ela se expressa por meio de atos como: humilhar, desfazer
e desestimular o estudante, depreciar seu comportamento, zombar, responder de
maneira agressiva. E de maneira geral os professores não percebem que praticam
esse tipo de violência. Nesse aspecto Paulo freire dá um exemplo de respeito na
relação educador-educando traduzida na seguinte fala “meu respeito de professor
à pessoa do educando, à sua curiosidade, à sua timidez, que não devo agravar com
procedimentos inibidores exige de mim o cultivo da humildade e da tolerância”
(FREIRE, 2011, p. 65).
Além da violência psicológica também ocorre a violência física, embora
seja menos frequente, na sua pesquisa Ristum (2010, p. 87) constatou as seguintes
ações: “[...] empurrar, beliscar, dar tapas, puxar o cabelo, bater com a régua, segu-
rar fortemente nos dois braços do aluno e forçá-lo a sentar-se”.
A escola enquanto instituição tem como função social educar para a ci-
dadania, conforme previsto, inclusive, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
nacional (LDB 9. 394/1996):
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno de-
senvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996 - grifo nosso).
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
CAMINHOS DA PESQUISA
No tocante aos procedimentos foi realizada uma pesquisa bibliográfica,
tendo como autor principal, o já mencionado Paulo Freire (1986, 2011, 2012) e sua
contribuição para a educação problematizadora, em que a dialogicidade sustenta
a investigação temática para pensar os processos educativos que superem a pro-
blemática da violência na escola. O conceito de dialogismo foi apreendido a partir
de Mikhail Bakhtin (1981) e, para elucidar as questões em torno da violência con-
tra a escola, da escola e na escola, nos amparamos em Marilena Ristum (2010),
conforme já expusemos no tópico anterior.
No intuito de dialogar, foi realizada uma intervenção pedagógica na es-
cola, com os sujeitos dialógicos no mundo, para superação da violência escolar,
fundamentada na dialogicidade e envolvendo três momentos pedagógicos: estudo
da realidade, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento. No per-
curso de nossa pesquisa definimos um roteiro metodológico para a pesquisa, pri-
meiramente caracterizando-a como qualitativa, isto é, aquela que “aprofunda-se
no mundo dos significados das ações e relações humanas” (MINAYO, 2002, p. 22).
O contexto escolar pesquisado foi a Escola Estadual Santos Dumont, lo-
calizada no munícipio de Parnamirim/RN. A escola conta com um total de 1. 344
de estudantes, e com 92 funcionários. Para a coleta de dados, optamos como ins-
trumento o questionário de perguntas abertas e fechadas, o qual foi aplicado no
mês de outubro de 2018 com 92 estudantes das turmas do 9º ano do Ensino Fun-
damental II. Os(as) estudantes tinham entre 13 e 17 anos, e 47 se declararam do
gênero masculino, 42 do gênero feminino e três não responderam.
Na análise dos resultados e discussões apresentamos o discurso direto
dos estudantes, sendo estes identificados como E-1; E-2; E-3...(estudante um, dois,
três...), para a partir das suas falas compreender porque foram tão enfáticos em
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Freire (2011), quando discute sobre a escuta, nos fala sobre as qualidades
que o professor precisa ter para uma escuta legítima, qualidades estas que vão
sendo construídas no exercício democrático de escutar. Convém, no entanto, lem-
brar que o professor não é o único capaz de refletir sobre a cultura de paz ou de
mover os estudantes em função da construção dessa cultura. Não nos cabe respon-
sabilizar apenas os professores, essa é uma construção coletiva, que transcende a
sala de aula.
[...] É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amo-
rosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto
pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, re-
cusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, não é pos-
sível a prática pedagógico-progressista, que não se faz apenas com ciência e téc-
nica (FREIRE, 2011, p. 117).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A paz só é possível a partir da conscientização acerca dos problemas que
geram a violência. Nesse sentido, esse artigo busca compreender os aspectos que
constituem a violência que permeiam o ambiente escolar, que podem, conforme
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DIALOGAR: ESSÊNCIA DA EDUCAÇÃO
Ristum (2010) se desenvolver contra a escola, a partir da escola e na escola. Essa perspec-
tiva contempla as ações de violência instituídas pelo sistema educacional opressor
que atingem a escola em um nível macro, também, em um nível micro, as relações
que se estabelecem no ambiente escolar, percebendo as relações instituídas entre
os sujeitos que compõem essa comunidade. Da mesma forma, também percebe as
ações de violência contra a escola, sua infraestrutura e patrimônio material.
Compreender esse fenômeno a partir dessa perspectiva mais ampla, per-
mite pensar como construir uma cultura de paz e qual o papel dos indivíduos
nesse processo. Para embasar esse pensamento, fomos buscar a perspectiva pro-
posta por Freire (2011; 2012) de uma educação libertadora e nos amparamos na
possibilidade das relações dialógicas (BAKHTIN, 1981) que podem ser construí-
das no ambiente escolar.
A teoria nos permitiu construir o instrumento de pesquisa aplicado aos
estudantes dos anos finais do ensino fundamental de uma escola do município de
Parnamirim (RN) em busca de conhecer sua compreensão acerca da violência no
ambiente escolar. A resposta desses estudantes indica a relevância que estabele-
cem no papel do professor no processo de construção de uma cultura de paz e na
busca por compreender melhor esse fenômeno. No entanto, suas falas também re-
velam a sua incompreensão acerca de seu próprio papel e do papel da própria co-
munidade escolar no combate à violência. As falas dos estudantes revelam o foco
em três categorias principais que permeiam a dicotomia violência X paz: o diálogo;
as relações afetivas autênticas (amorosidade); a construção de um ensino ou de
ações que promovam a cultura de paz.
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REFERÊNCIAS
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A3o+idade-s%C3%A9rie+das+escolas+brasileiras+de+ensino+fundamental+%C2%B
F+1998+a+2005/0f491ce7-50f9-4e44-b437-c6fa625f06d9?version=1. 2Acesso em 20 de
novembro de 2020.
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ÍNDICE REMISSIVO
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