Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2
Sumário
Apresentação ...................................................................................... 9
O quadro histórico e literário de Índia e China................................. 11
Índia .............................................................................................. 11
China ............................................................................................ 14
Mitos de Criação............................................................................... 19
1. O Purusha Sukta (Hino do Homem) ......................................... 21
2. A Prajapati ................................................................................ 24
3. A Canção da Criação ................................................................ 26
4. Cosmogonia no Shatapatha – Brahmana .................................. 28
5. Aitareya Upanishad .................................................................. 30
6. A Perenidade da criação na Visão Budista, no Diga Nikaya .... 32
7. O mito chinês de Panku ............................................................ 37
8. Cosmologia daoista em Laozi................................................... 39
9. A cosmologia daoista do Huananzi .......................................... 40
Natureza Humana ............................................................................. 42
10. A Visão budista da Natureza Humana no Suttanipata ............ 43
11. Outra visão budista, sobre a natureza humana, no Samyutta
Nikaya .......................................................................................... 44
12. A natureza humana é boa – a visão de Mêncio ...................... 46
13. A natureza humana é má – a visão de Xunzi .......................... 48
14. A Natureza Humana é indistinta – a visão de Lubuwei.......... 49
15. A natureza humana depende da cultura – Huainanzi.............. 50
16. A natureza humana depende da educação – Dong Zhongshu 51
3
A Morte ............................................................................................ 52
17 - Hino para ser entoado em um funeral, do Atharva Veda ...... 53
18. A Morte, a transmigração e a Ação Humana no
Manavadharmashastra .................................................................. 55
19. A Morte no Katha Upanishad ................................................. 58
20. A Morte na Visão Budista no Mojjhima- Nikaya ................... 64
21. A morte na visão de Zhuangzi ................................................ 66
Caminhos para a Sabedoria .............................................................. 68
22. As Características do Sábio Perfeito no Bhaghavad Gita ....... 69
23. Uma mestra em busca da sabedoria: A Conversa entre
Yajñãvalkya e Maitreyi no Brihadaranyaka upanishad ................ 71
24 A busca de Svetaketu, no Chandogya Upanishad ................... 75
25. A sabedoria nos Yogas sutras de Patanjali - Formas de
Meditação e de Samadhi ............................................................... 81
26. O Caminho Budista, descrito no Samyutta Nikaya ................ 83
27. A redenção pelo estudo, no Zhong Yong de Confúcio e Zisi . 84
28. O dao dos daoístas, de Laozi .................................................. 86
29. O dao obscuro de Zhuangzi .................................................... 87
30. O Dao da saúde do Neijing - Tratado sobre a Verdade Natural
nos Tempos Antigos ..................................................................... 90
Vivendo em Sociedade ..................................................................... 93
31. A Criação do Mundo e a origem das leis e das castas no
Manavadharmashastra .................................................................. 95
32. Sobre a Origem e Valor das Quatro Castas no Mahabharata 102
33. A visão das castas para os budistas no Mojjhima-Nikaya .... 105
4
34. Regras para um Chefe de Família, no Manavadharmashastra
.................................................................................................... 107
35. Deveres das Mulheres no Manavadharmashastra ................. 109
36. Regras para um chefe de família budista, no Sutanippata .... 112
37. Ode ao rei que lavra a terra, pedindo um ano de abundância, no
Shijing ........................................................................................ 114
38. Poema de uma mulher divorciada, no Shijing ...................... 115
39. Lamento de um funcionário sobre a miséria, no Shijing ...... 116
40. Sobre o labor agrícola, no Shijing ........................................ 118
41. Outras gentes, no Zhongyong de Confúcio e Zisi ................ 120
42. Os deveres de obrigação universal, no Zhongyong .............. 121
43. A Visão da civilização em Zhuangzi .................................... 122
44. O ciclo da vida humana no Neijing ...................................... 125
45. Queixa e apelo de Zhuang Qiang contra o mau trato que
recebeu do esposo, no Shijing .................................................... 130
46. Contra o Álcool e a Embriaguez, no Shujing ....................... 131
47. Contra o Luxo, no Shujing ................................................... 133
48. Sociedade e Educação, no Liji .............................................. 135
49. Como surgiu Li (a cultura) no Liji........................................ 137
50. O papel do indivíduo na estruturação da sociedade, no Daxue
.................................................................................................... 140
Deuses, Crenças e Encantamentos.................................................. 142
51. A Morte e os Deuses no Rig Veda ....................................... 144
52. A Lenda Indiana Sobre o Dilúvio ......................................... 146
53. Hino à Indra, no Rig Veda .................................................... 148
5
54. Hino à Indra, Varuna e ao Suco sagrado, o Soma, no Rig Veda
.................................................................................................... 149
55. Hino às diversas divindades, no Rig Veda ........................... 150
56. Hino às diversas divindades, no Sama Veda ........................ 152
58. A especulação sobre o Brahman no Isha Upanishad ............ 154
59. ‘Quem é o criador?’ no Kena upanishad .............................. 157
60. Prece recitada durante o preparo de um ungüento preservativo
de males e doenças, do Atharva Veda ........................................ 161
61. Para obter o amor de uma mulher (idem) ............................. 163
62. Hino às rãs, para que venham as chuvas (idem) ................... 164
63. Para achar-se um objeto perdido (idem) ............................... 166
64. Para livrar alguém do vício do jogo (idem) .......................... 167
65. Fuxi e Nugua ........................................................................ 169
66. Huangdi, o deus do Meio...................................................... 172
67. O País dos Imortais, do Shanhaijing ..................................... 176
68. As Ilhas dos Imortais, do Shanhaijing .................................. 178
69. Demônios e Feras Bestiais, do Shanhaijing.......................... 184
70. O Mundo antigo, por Zhuangzi ............................................ 187
71. O cofre guarnecido de metal, a história de uma previsão no
Shujing........................................................................................ 191
72. Uma previsão do Tratado das mutações: Hexagrama 18, a
Recuperação do Deteriorado, do Yijing ..................................... 194
73. Invocação ao ancestral Tang da dinastia Shang, no Shijing . 196
74. Uma antiga cura para depressão, no Liezi ............................ 197
A Arte de Bem Governar ................................................................ 199
6
75. Os Deveres de um Rei, no Dharmasutra............................... 201
76. Rei e Punição, no Manavadharmashastra ............................. 204
77. O poder do rei, no Arthashastra ............................................ 206
78. A política ecumênica de Ashoka .......................................... 208
79. Discurso do Marquês de Qin, no Shujing ............................. 210
80. As regras do bom governo, no Zhongyong .......................... 212
81. As cinco obrigações do bom líder, no Liji............................ 215
82. Cinco deveres e quatro erros, no Lunyu de Confúcio .......... 216
83. O governo do povo, em Mêncio ........................................... 217
84. As proibições, de Guanzi ...................................................... 219
85. O governo daoísta de Laozi, no Daodejing .......................... 221
86. O propósito de um Soberano, em Mozi ................................ 223
87. O Governo, para Shang Yang ............................................... 224
88. Regras para o bom governo, de Hanfeizi ............................. 225
Visões da Guerra ............................................................................ 227
89. Benção das armas de um príncipe em sua ida para a guerra, do
Atharva veda............................................................................... 228
90. A guerra no Manavadharmashastra ...................................... 231
91. Um Soldado pensando no Lar, do shijing............................. 233
92. Sobre as proposições da vitória e a derrota, em Sunzi ......... 234
93. Contra a Guerra, em Mozi .................................................... 238
94. A guerra é um massacre, em Mêncio ................................... 239
95. A guerra, em Shang Yang..................................................... 240
A Ciência de Registrar o Passado ................................................... 245
7
96. A Agitação do Oceano Pelos Deuses, no Vishnu purana ..... 247
97. Uma passagem do Chunqiu (Primaveras e Outonos),
comentada pelo Zuozhuan de Zuoqiuming ................................ 251
98. O Canon de Yao, do Shujing ................................................ 254
99. Contra os áulicos sistemáticos, do Zhanguoce ..................... 256
100. A Vida de Po Yi, por Sima Qian, no Shiji .......................... 258
Anexo ............................................................................................. 260
A visão de passado em Shang Yang ........................................... 261
Grande Tratado sobre a Harmonia da Atmosfera das Quatro
Estações com o Espírito Humano, no Neijing ............................ 262
8
Apresentação
9
adiante.
10
O quadro histórico e literário
de Índia e China
Índia
A Índia não conheceu nada parecido com o conceito de história
ou de ciência histórica, tal como o propomos, em sua
antiguidade. A preocupação fundamental desta civilização
atinha-se a uma libertação espiritual que concebia este plano,
material, com uma espécie de purgatório das almas, e cujo
ciclo de eventos era tão somente algo repetitivo e por isso
mesmo, desinteressante. A visão indiana era da negação da
materialidade; consequentemente, seu foco principal dirigiu-se
para uma filosofia de cunho metafísico, uma atenção especial à
religião, o que se desdobrava de forma nítida nas considerações
acerca da sociedade e da cultura. Assim, a Índia antiga não
pensou em qualquer forma de antropologia ou sociologia,
senão aquela pautada na interpretação da vida humana como
um processo de transmigração de almas; documentos como o
Arthashastra, um tratado dedicado a política e a administração
são exceções, e mesmo assim carregam o peso da religiosidade
consigo.
11
A história indiana, portanto, é uma reconstrução moderna,
muitas vezes mais baseada na arqueologia do que nos textos.
Estes nos mostram modos de vida ideais, concepções
teológicas profundas, mas às vezes nos escapam como fontes
sobre o cotidiano. Uma divisão moderna situa as origens da
civilização indiana como um movimento autóctone, com raízes
pré-históricas. Depois, segue-se o período das primeiras
cidades indianas, Mohenjo daro e Harappa, que termina de
modo relativamente abrupto em torno dos séculos -18 -15 aec.
Há uma aparente descontinuidade, mas emerge desta época a
sofisticada, guerreira e desenvolvida civilização védica,
calcada em seu politeísmo diversificado e na sua consolidada
estrutura de castas (ou varnas), doravante uma marca da
civilização indiana. É desta época a estruturação dos vedas, das
cerimônias do soma – o suco alucinógeno sagrado – mas
também, o início de uma especulação metafísica que só teria
sua conclusão em torno dos séculos -7 -8 aec. Enquanto isso, o
mundo indiano dividiu-se em vários pequenos reinos, cujo
poder variava constantemente. A unidade possível entre eles se
baseava nos ritos religiosos, nos princípios sociais e conceitos
comuns, enfim, numa cultura que os definia em relação aos
outros – os estrangeiros.
12
questões religiosas que amarravam esta sociedade. Deste
processo, emergem situações conflitantes; a busca da
unificação política acompanha-se do surgimento de heresias
sócio-religiosas, como jainismo e o budismo. A presença grega
no mundo indiano sacode suas fronteiras e sua visão de mundo,
e nela, o budismo torna-se a primeira religião proselititsta do
mundo, tentando converter os estrangeiros.
13
Textos auxiliares como o Manavadharmashastra, ou as leis de
Manu, os Dharma sutras e o Artashastra surgem ao longo desta
trajetória, tentando explicar questões variadas, como a
administração da lei, papéis sociais, visões de mundo calcadas
na religião, etc. Quanto aos puranas, estes se estabelecem como
formas de histórias religiosas, como o Mahabharata, o
Ramayana e os puranas dos deuses, todos eles épicos que
explicam as teogonias indianas. Juntam-se a estes os textos
budistas, com seu ponto de vista particular sobre a existência.
Por estas razões veremos a ênfase dos textos indianos em
questões centrais da existência de sua sociedade, tais como as
castas, a criação do universo, os deuses, a transmigração das
almas, etc, deixando de lado um aprofundamento dos aspectos
da historiografia ou da política.
China
Tendo em vista o quadro da Índia, não será difícil perceber o
quanto a história chinesa é diferente. Embora tivessem (e ainda
tenham) uma mitologia rica e variada, essa nos é pouco
conhecida – a paixão verdadeira dos filósofos e pensadores
chineses foi a história, baseada no desenrolar dos eventos, e
investigada a partir de documentos, relíquias e relatos. Suas
escolas filosóficas ativeram-se ao “real material”, buscando a
imanência, a realização neste mundo, deixando para o além o
que seria o próprio além. Tão pouco afeitos a esta metafísica,
os chineses sofisticaram o seu pensamento em direção a uma
ciência elaborada, racionalmente explicada, que nos permite
formar um quadro satisfatório da história intelectual chinesa.
14
Confúcio, o primeiro grande documentarista desta civilização,
legou-nos um vasto conjunto de informações sobre o cotidiano,
hábitos, costumes, e do que seria a busca da sabedoria – o Dao
(via, método, caminho).
15
chinesa desenvolveu desde cedo uma paixão inalterável por
conservar o patrimônio de seu passado e, da mesma maneira,
encantar-se pelas rupturas saudáveis do pensamento, pela
descoberta do inusitado.
16
divide-se, ainda, no tempo das primaveras e outonos (771 -
481) e no tempo dos estados combatentes (481 – 221), quando
finalmente a dinastia é derrubada para dar lugar à nova
reunificação chinesa promovida pela dinastia Qin (221 – 206).
O governo Qin, embora eficiente na guerra e na administração,
não era sólido nem coeso, sendo derrubado brevemente pela
dinastia Han, que reinaria até o século 3 ec. Qin construir os
grandes monumentos da China antiga, como a grande muralha
e a tumba dos guerreiros de terracota, mas também queimou
livros, prejudicando o estudo do passado e da filosofia chinesa.
Coube aos Han recuperarem parte destas informações,
permitindo-nos compreender esta história chinesa antiga.
Os documentos de que dispomos – e que aqui apresentaremos –
se constituem basicamente em três corpos distintos: o primeiro
trata-se dos clássicos antigos, que seriam o tratado das
mutações (yi), dos livros (shu), dos poemas (shi), dos rituais
(li) e da música (yue), este último perdido, do qual só sobrou
uma parte no Liji. Confúcio os resgata no século -6, e adiciona
a eles as crônicas das Primaveras e Outonos (Chunqiu), que
receberia três comentários explicativos posteriormente
(Zuozhuan, Guliang e Gongyang). Estes livros seriam a
documentação básica sobre o passado, que explicaria a vida nas
dinastias antiga e o que seria a cultura Zhou. Depois da revisão
confucionista, temos a vasta e inovadora literatura da época das
cem escolas (contida na transição entre as primaveras e
outonos e que se desenrola no meio dos estados combatentes),
quando o debate filosófico faz surgir toda uma nova quantidade
de escritos, defendendo as mais diversas visões sobre a
sociedade e o pensamento na época. São deste contexto os
17
textos da escola confucionista, o Lunyu, Zhongyong, Daxue e
Xiaojing, dos autores Mêncio e Xunzi, dos daoístas Laozi,
Zhuangzi, Liezi, dos legistas Shangyang e Hanfeizi, de Mozi, e
a coletânea histórica do Zhanguoce. O terceiro corpo é dos
textos da época Han, tempo de sínteses e da criação de novas
teorias. Temos o Huainanzi de Liuan e o Chunqiu fanlu de
Dong Zhongshu, ambos tratados sobre filosofia; o inovador
Shiji, de Sima Qian, reinventando a história chinesa; ou ainda,
o Neijing, tratado sobre medicina chinesa que serve para uma
interpretação multifacetada do pensamento chinês deste
momento.
18
Mitos de Criação
19
surgir propostas alternativas como a do budismo e do jainismo.
Uma discussão sobre o universo imperecível é proporcionada
pelo texto budista do Digha-nikaya, proporcionando um
contraponto às visões tradicionais da índia hindu-védica.
Quanto à China, sempre tão carente de mitos de criação,
fornece-nos dois exemplos especulativos, baseados na teoria
yin-yang, do surgimento do universo. O primeiro aprece no
texto de Laozi, o Daodejing, e o segundo, no texto posterior, da
época Han, o Huainanzi. O terceiro exemplo, o mito de Panku,
só surgiria tardiamente, e é incluído aqui a título de
demonstração – as informações de que dispomos apontam que
este mito não foi divulgado, senão, depois do período Han
como algo próprio da cultura chinesa.
20
1. O Purusha Sukta (Hino do Homem)
Mil cabeças tem Purusha, mil olhos, mil pés.
Por toda parte impregnando a terra ele enche um espaço com
dez dedos de largura.
Esse Purusha é tudo que até agora já foi e tudo que será,
o senhor da imortalidade que se torna maior ainda pelo
alimento.
Tão poderosa é sua grandeza! Sim, maior do que isto é
Purusha.
Todas as criaturas são uma quarta parte dele, três quartas partes
são a vida eterna no céu.
Com três quartos Purusha subiu; um quarto dele novamente
estava aqui.
Daí saiu para todos os lados por sobre o que come e o que não
come.
Dele nasceu Viraj (a); e novamente de Viraj nasceu Purusha.
Assim que nasceu, espalhou-se para oriente e ocidente sobre a
terra.
Quando os deuses prepararam o Sacrifício com Purusha como
sua oferenda,
Seu óleo foi a primavera; a dádiva santa foi o outono; o verão
foi a madeira.
Eles embalsamaram como vitima sobre a grama o Purusha
nascido no tempo mais antigo.
Com ele as deidades e todos os Sadhyas e Rishis (b) fizeram
sacrifício.
Desse grande Sacrifício geral a gordura que gotejava foi
colhida.
21
Ele formou as criaturas do ar, os animais selvagens e
domesticados.
Daquele grande Sacrifício geral Rics (c) e hinos-Sama (d)
nasceram;
Daí foram produzidos encantamentos e sortilégios; os Yajus (e)
surgiram disso.
Dele nasceram os cavalos e todo o gado com duas fileiras de
dentes;
Dele se reuniu o gado vacum, dele nasceram cabras e ovelhas.
Quando dividiram Purusha, quantos pedaços fizeram?
A que chamam sua boca, seus braços? A que chamam suas
coxas e pés?
O Brâmane (f) foi sua boca, de ambos os seus braços foi feito o
Rajanya (xátria). Suas coxas tornaram-se o vaixá, de seus pés o
sudra foi produzido.
A Lua foi engendrada de sua mente, e de seu olho o Sol
nasceu;
Indra e Agni nasceram de sua boca, e Vayu de seu alento.
De seu umbigo veio a atmosfera; o céu foi modelado de sua
cabeça;
A terra de seus pés, e de suas orelhas as regiões. Assim eles
formaram os mundos.
Sete bastões de luta tinha ele, três vezes sete camadas de
combustível foram preparadas,
Quando os deuses, oferecendo o sacrifício, manietaram sua
vítima, Purusha.
Os deuses, sacrificando, sacrificaram a vítima; estes foram os
primeiros sacramentos.
Os poderosos chegaram às alturas do céu, lá onde os Sadhjas,
22
deuses antigos, estão morando.
23
2. A Prajapati
No início surgiu Hiranyagarbha, (a) nascido senhor único de
todos
os seres criados.
Ele fixou e sustenta esta terra e céu. Que deus adoraremos
com nossa oblação?
Proporcionador de alento vital, de força e vigor, aquele cujos
mandamentos todos os deuses aceitam:
O senhor da morte, cuja sombra é a vida imortal. Que deus
adoraremos com nossa oblação?
Aquele que por sua grandeza tomou-se senhor único de todo
o mundo móvel que respira e dorme:
Aquele que é senhor dos homens e senhor do gado. Que deus
adoraremos com nossa oblação?
Suas, por seu poder, são estas montanhas cobertas de neve, e
[os homens chamam o mar e Rasa (b) sua posse:
Seus braços são estes, suas são estas regiões celestiais. Que
deus
adoraremos com nossa oblação?
Por ele, os céus são fortes e a terra segura, por ele o reino da
luz e a arcada do céu são sustentados;
Por ele as regiões na atmosfera foram medidas. Que deus
adoraremos com nossa oblação?
Para ele, apoiados por sua ajuda, dois exércitos em batalha
olham com tremor no espírito,
Quando sobre eles o sol brilha. Que deus adoraremos com
nossa oblação?
Na época em que as águas poderosas vieram,
24
contendo o germe universal, produzindo Agni,
Daí passou a existir o espírito dos deuses.
Que deus adoraremos com nossa oblação?
Em seu poder, ele examinou as enchentes que continham
força produtiva e geravam a adoração.
Ele é o deus dos deuses e ninguém mais do que ele. Que deus
adoraremos com nossa oblação?
Que nunca possa ele nos ferir, ele que é o criador da terra, nem
ele cujas leis são certas, o criador dos céus,
Ele que trouxe as grandes e luminosas águas.
Que deus adoraremos com nossa oblação?
Prajapati! Só tu compreendes todas essas coisas criadas, e
ninguém mais senão tu.
Atende o desejo de nossos corações quando te invocamos -
que possamos ter muita riqueza em nosso poder.
a) Germe dourada, nome dado ao deus Brama.
b) Nome de um rio mítico.
25
3. A Canção da Criação
Então não existia o não-existente, nem o existente - não havia
reino do ar, nem céu além dele.
o que encobria, e onde? E o que dava abrigo? Existia água
ali, urra profundidade insondável de água?
Não existia então a morte, nem coisa alguma imortal - não
havia sinal, o divisor do dia e da noite.
Aquela coisa única, sem alento, respirou por sua própria
natureza –
a não ser ela, não existia coisa alguma.
Existia treva; de começo oculto na treva, esse Tudo era caos
indiscriminado.
E tudo quanto existia então era vazio e sem forma –
pelo grande poder do calor nasceu aquela unidade.
Daí em diante surgiu o desejo no início, Desejo, a semente e
germes primevos do espírito.
Sábios que buscavam com o pensamento e seus corações
descobriram o parentesco do existente no não-existente.
Transversalmente sua linha de separação se estendeu - o que
estava acima, então, e abaixo?
Existiam reprodutores, forças poderosas,
ação livre aqui e energia acima, além.
Quem realmente sabe e quem pode declarar, de onde nasceu
e de onde veio essa criação?
Os deuses vieram depois da produção deste mundo. Quem
sabe,
portanto, de onde ele veio pela primeira vez?
Ele, a primeira origem desta criação, tenha formado a mesma
26
toda ou não a tenha formado,
Cujo olho controla este mundo no céu mais alto, ele realmente
sabe, ou talvez não saiba.
27
4. Cosmogonia no Shatapatha – Brahmana
Na verdade, de inicio este universo era água, nada mais que um
mar de água. As águas desejaram: "Como podemos
reproduzir?” Elas se esforçaram e praticaram devoções
fervorosas, e quando se estavam aquecendo foi produzido um
ovo dourado. O ano, na verdade, não estava então em
existência - esse ovo dourado flutuou durante o espaço de um
ano. No período de um ano um homem, este Prajapati, a foi
produzido dali, e por isso uma mulher, uma vaca ou uma égua
gera dentro do espaço de um ano, pois Prajapati nasceu em um
ano. Ele rompeu o ovo dourado. Não existia então, na verdade,
qualquer lugar de descanso; apenas esse ovo dourado,
trazendo-o, flutuava durante todo o espaço e um ano.
No final de um ano, ele tentou falar. Disse "bhuhr", palavra que
se tomou esta terra; - "bhuvar", que se tomou o ar; - “svar", que
se tomou o céu além. Por isso uma criança tenta falar ao fim de
um ano, pois ao fim de um ano Prajapati tentou falar. Quando
falava ela primeira vez, Prajapati dizia palavras de uma sílaba e
de duas sílabas; por isso uma criança, quando fala pela
primeira vez, diz palavras de uma e duas sílabas. Essas três
palavras consistem em cinco sílabas e ele as tomou as cinco
estações. Ao final do primeiro ano, Prajapati subiu para estar
sobre essas palavras assim produzidas; por isso uma criança
tenta estar de pé ao fim de um ano, pois ao um de um ano
Prajapati ficou de pé.Ele nasceu com uma vida de mil anos;
assim como alguém poderia ver a distância a costa em frente,
assim ele olhou a costa a frente de sua própria vida.
28
Desejando ter progênie, continuou a cantar louvores e a
trabalhar. Estabeleceu o poder de reprodução em seu próprio
eu. Pelo alento de sua boca criou os deuses - os deuses foram
criados ao entrar no céu; e esta é a divindade dos deuses, a que
tenham sido criados ao entrar no céu. Tendo-os criado houve,
por assim dizer, dia para ele e esta é também a divindade dos
deuses, a que, depois de criá-los, houve, por assim dizer, dia
para ele.
29
5. Aitareya Upanishad
30
sono sem sonhos, vê apenas o Eu. Ele vê o Eu morando no
lótus do seu coração como Brahman, onipresente, e declara:
"Conheço Brahman!”
Quem é esse Eu que desejamos venerar? De que natureza é
esse Eu? É ele o eu através do qual vemos a forma, ouvimos o
som, cheiramos o odor, falamos as palavras e provamos o doce
ou o amargo?
É ele o coração e a mente através do qual percebemos,
comandamos, discriminamos, conhecemos, pensamos,
recordamos, queremos, sentimos, desejamos, respiramos,
amamos e executamos outros atos semelhantes?
Não, esses são apenas adjuntos do Eu, que é consciência pura,
que é Brahman. E esse Eu, que é consciência pura, é Brahman.
Ele é Deus, todos os deuses; os cinco elementos - terra, ar,
fogo, água, éter; todos os seres, grandes ou pequenos, nascidos
de ovos, nascidos do útero, nascidos do calor, nascidos do solo;
cavalos, vacas, homens, elefantes, pássaros; tudo o que respira,
os seres que caminham e os seres que não caminham. A
realidade que está por trás de todos eles é Brahman, que é
consciência pura.
Todos esses, enquanto vivem, e depois que cessam de viver,
existem nele.
O sábio Vamadeva, tendo percebido Brahman como
consciência pura, partiu desta vida, subiu aos céus, realizou
todos os seus desejos, e alcançou a imortalidade.
31
6. A Perenidade da criação na Visão Budista, no
Diga Nikaya
Há, ó monges, eremitas e brâmanes que são em parte
eternalistas, em parte não-eternalistas. Eles assentam em
princípio por quatro razões que o eu e o mundo são em parte
eternos, em parte não-eternos. Quais são os motivos? Ó
monges, se produz um estado em que, a um momento dado
após um longo lapso de tempo, este mundo está em involução.
Este mundo estando em involução, os seres na sua maioria
tornam-se Radiantes. Tornam-se compostos de espírito, gozam
do êxtase, lúcido quanto ao eu, circulando no céu,
permanecendo na glória; eles duram durante uma longa, longa
existência. Ora, monges, produz-se um estado em que, a um
dado momento, após um longo lapso de tempo, este mundo
está em evolução. Este mundo estando em evolução, vem a
aparecer a morada vazia de um Brahma. Então um ser, seja que
a duração de sua vida esteja esgotada seja que seu mérito esteja
esgotado tendo morrido no grupo dos Radiantes, surge na
morada vazia de um Brahma. Ele se toma composto de espírito,
goza do êxtase, lúcido quanto ao eu, circulando no céu,
permanecendo na glória, ele dura durante uma longa, longa
existência. Se eu estando perturbado, de aí permanecer na
solidão, após uma longa existência, a falta de contentamento e
a agitação nascem nele, e ele pensa: "Praza ao Céu que outros
seres venham também a este estado". Então determinados seres
também eles, seja porque a duração de sua vida está esgotada,
seja porque seu mérito está esgotado, tendo morrido no grupo
dos Radiantes surjam na morada de Brahma, na companhia
32
deste ser. Estes são igualmente compostos de espíritos... etc. e
duram durante uma longa existência. Em consequência, ó
monges, vem ao ser que surgiu ali primeiro esta idéia: "Sou eu
que um Brahma, um grande Brahmã, Vencedor, invencível,
Aquele que tudo vê, que governa, Senhor, Fazedor, Criador,
Chefe, Dispensador, Mestre, Pai de todos os seres que vieram a
ser e virão. Estes seres são criados por mim. Qual é a causa
disto? Primeiro me veio esta idéia: "Praza ao Céu que outros
seres venham a este estado". E tal era minha resolução que
estes seres vieram a este estado. E também aos seres que
suspiram mais tarde veio esta idéia: "este Brahmã venerado é
um grande Brahmã... Pai de todos os seres que vieram a ser e
virão. Nós fomos criados por este Brahmã. Qual foi a causa
disto? É que vemos que ele surgiu aqui primeiro e que nós
surgimos depois dele". Mas pode suceder, ó monges, que um
ser tendo morrido neste grupo, venha a este estado e abandone
o lar, viver sem lar. Tendo feito assim, pode suceder que pelo
resultado de seu ardor, por um resultado de seu esforço, por um
resultado de sua aplicação, por um resultado de sua
sinceridade, como resultado de seu trabalho mental correto, ele
atinja a uma contemplação mental tal que, seu espírito estando
em contemplação, ele se possa lembrar desta habitação
anterior: ele não se lembra de nenhuma outra anterior a essa.
Ele diz: O Brahmã venerado que é um grande Brahmã,
Vencedor, invencível etc... Pai de todos os seres que vieram e
virão a ser, é por este Brahmã venerado que fomos criados. Ele
é permanente, estável, eterno, não sujeito à mudança, igual ao
eterno pois durará como ele. Mas aqueles dentre nós que foram
criados por estes Brahmã, tendo chegado a este estado, são
33
impermanentes, instáveis, de curta vida, sujeitos à morte. É a
primeira consideração pela qual alguns eremitas e brâmanes
assentam em princípio que o eu e o mundo são em parte eterno,
em parte não-eternos. Em segundo lugar, ó monges, há devas
que são chamados "Corrompidos pelo prazer”. Durante um
tempo prodigiosamente longo eles vivem inteiramente para as
coisas do riso, do prazer do deleite; por isso sua memória é
confusa, e como sua memória é confusa estes devas morrem
neste grupo. Mas pode suceder, ó monges, que tendo morrido
neste grupo, um ser vem a este estado e abandona o lar para
viver sem lar. Tendo feito assim. .. (etc. como acima). .. ele não
se lembra de nenhuma habitação anterior a essa. Ele pensa: "Os
dignos devas, que não estão corrompidos pelo prazer, não
viveram durante um tempo prodigiosamente longo inteiramente
para as coisas do riso, do prazer, do deleite; assim sua memória
não é confusa, e sua memória, não sendo confusa, estes devas
não morrem neste grupo. Eles são permanentes, estáveis,
ternos, não sujeitos à mudança; eles são semelhantes ao eterno,
pois durarão como ele. Mas aqueles dentre nós que viveram
inteiramente para as coisas do riso, do prazer, do deleite
durante um tempo prodigiosamente longo, têm a memória
confusa: nossa memória sendo confusa, nós morreremos neste
grupo e chegaremos a este estado. Nós somos impermanentes,
instáveis, de curta vida, sujeitos, à morte”. É a segunda
consideração pela qual alguns eremitas e brâmanes assentam
em princípio que o eu e o mundo são em parte eternos, em
parte não-eternos. Em terceiro lugar, ó monges, há devas que
se chamam "Corrompidos em espírito". Durante um tempo
prodigiosamente longo, eles são considerados e julgados entre
34
eles de uma maneira invejosa. Como consequência disto seus
espíritos são maculados uns em relação: aos outros, e em
consequência seu corpo é cansado, seu espírito é cansado. Eles
morrem neste grupo. Mas pode suceder, ó monges que tendo
morrido neste grupo, um ser vem neste estado, e abandona o lar
para viver sem lar... (como acima); ele não se lembra de
nenhuma habitação anterior a essa. Ele diz: "Os dignos devas
que não são corrompidos em espírito não são considerados e
julgados entre si de modo invejoso durante um tempo
prodigiosamente longo. Assim seus espíritos não são
maculados uns em relação aos outros, seu corpo e seu espírito
não estão cansados. Estes devas não morrem neste grupo. Eles
são permanentes... (etc.), eles durarão. Nós que somos
Corrompidos em espírito, que somos considerados e julgados
entre nós de modo invejoso durante um tempo prodigiosamente
longo, nós cujo corpo e espírito estão cansados, nós que, tendo
morrido neste grupo, chegamos a este estado; nós somos
impermanentes, instáveis, de vida curta, sujeitos à morte." É a
terceira consideração pela qual alguns eremitas e brâmanes
assentam em princípio que o eu e o mundo são em parte
eternos, em parte não-eternos. Em quarto lugar, ó monges, um
eremita ou brâmane raciocina e estuda. De acordo com um
sistema por ele inventado, elaborado sobre o raciocínio,
baseado sobre o estudo, ele fala da seguinte maneira: "Tudo o
que se pode chamar olho, orelha, nariz, língua, corpo, esse eu é
impermanente, instável não eterno, sujeito à mudança. Mas o
que chama espírito, pensamento ou consciência este eu é
permanente, estável, não sujeito à mudança; semelhante ao
eterno, pois como ele durará." É a quarta consideração pela
35
qual alguns eremitas e brâmanes que são em parte eternalistas,
em parte não-eternalistas, assentam em princípio que o eu e o
mundo são em parte eternos, em parte não-eternos. Disto, ó
monges, o Descobridor da Verdade tem a presciência: Estas
opiniões especulativas, sustentadas desta maneira, afirmadas
deste modo, terminarão por levar a este ou àquele destino, a
este ou àquele estado futuro. Disso o Descobridor da Verdade
tem a presciência, e tem a presciência de outras coisas ainda.
Mas mesmo tendo esta presciência ele nela não insiste. Como
ele não insiste, o nirvana se encontra nele, conhecido de si
mesmo; conhecendo tais como são verdadeiramente a origem e
o desaparecimento das sensações, sua doçura; seu perigo, e o
modo de deles se evadir, o Descobridor da Verdade, ó monges,
é libertado sem que subsista nele um resíduo qualquer [levando
a outra existência].
36
7. O mito chinês de Panku
37
caminhos naturais. De sua carne a terra fértil. De seus cabelos e
barba criam-se as estrelas. De sua pele e pêlos brotam árvores e
outros vegetais. De seus dentes e ossos eclodem as rochas e
pedras preciosas, as pérolas e o jade. E de seu suor, a fonte do
orvalho e da chuva. Os homens, numa atitude de profunda
reverência e respeito, fizeram erguer um grande túmulo de 300
milhas de comprimento para todo o sempre cultuar o seu
espírito.
38
8. Cosmologia daoista em Laozi
O Dao gera o um
o um gera o dois
o dois gera o três
o três gera as dez mil coisas
Todos os seres têm o Yin e o Yang
Fundido suas energias para a harmonia
Ninguém quer estar só ou desgostoso
Mas é assim que os reis se descrevem
Pode-se perder ganhando
E ganhar perdendo-se
O que os outros ensinam, eu também ensino
Os fortes não podem dominar sua morte
Este é o pai de todos os ensinamentos.
39
9. A cosmologia daoista do Huananzi
40
Quando a lua mingua, os peixes enlouquecem
Quando a lua morre, caranguejos ressecam
O fogo vai pra cima
A água vai pra baixo
Assim é também
O vôo dos pássaros, pra cima
O nado dos peixes, pra baixo
As coisas que pertencem a uma mesma classe movem-se
simultaneamente
A raiz e o tal respondem um pelo outro
Portanto
Quando o espelho candente (=lente) vê o sol
Incendeia a erva e produz o fogo
Quando o espelho quadrado (=espelho) vê a lua
Umedece e produz água (=orvalho)
41
Natureza Humana
42
10. A Visão budista da Natureza Humana no
Suttanipata
Vãsettha, responde ele, eu te irei expor segundo a verdade e
gradualmente. A divisão em espécies dos seres vivos; pois as
espécies os dividem. Considera ervas e árvores! Eles não
raciocinam; entretanto eles são marcados cada um segundo sua
espécie; pois em verdade as espécies se diferenciam. Considera
em seguida os besouros, as borboletas, as formigas, cada um
segundo sua espécie, eles também são marcados... Da mesma
maneira os quadrúpedes, grandes e pequenos, os répteis, as
serpentes, os animais de longo dorso, os peixes, os hóspedes do
lago, os habitantes das águas, os pássaros, as criaturas aladas
que povoam o espaço; todos são marcados segundo sua
espécie, pois as espécies se diferenciam. Cada um segundo sua
espécie leva sua marca. No homem não há multiplicidade, nem
na cabeleira, nem na cabeça, as orelhas ou os olhos, nem na
boca, no nariz, os lábios e as sobrancelhas, nem na garganta,
quadris, o ventre ou o dorso, nem nas nádegas, os órgãos
sexuais, ou o peito, nem nas mãos, os pés, os dedos ou as
unhas, nem nas pernas e as coxas, nem a tez nem a voz, não há
uma marca que diga sua espécie, como em todos os outros.
Nada que seja único nem se encontre no corpo humano: a
diferença dos homens é puramente nominal.
43
11. Outra visão budista, sobre a natureza humana,
no Samyutta Nikaya
Constata-se que existem no mundo quatro tipos de indivíduos.
Quais são? Há os sombrios, que caminham para as trevas, os
sombrios que caminham para a claridade; os claros que
caminham para as trevas, os claros que caminham para a
claridade. Qual é aquele que é sombrio, que caminha para as
trevas? É, por exemplo, o homem nascido numa família
humilde; ele é pobre, mal nutrido, vivendo numa condição
miserável, aflito, disforme. Sua conduta do corpo, de palavra e
de pensamento é má, de modo que quando da decomposição de
seu corpo após a morte ele surge no Abismo, o Mau Destino, a
Queda. É como se o ser caminhasse de cegueira em cegueira,
das trevas a outras trevas, de uma mancha de sangue a outra.
Qual é aquele que é sombrio, e que caminha para a claridade?
É, por exemplo, aquele que é nascido nas condições más que
acabo de dizer, mas cuja conduta de corpo, de palavra e de
pensamento é boa, de modo que quando da decomposição de
seu corpo após a morte ele surge num Bom Destino, num
mundo celeste. É como se o ser se elevasse do solo num
palanquim, do palanquim ao dorso de um cavalo, do dorso do
cavalo ao dorso de um elefante ou do elefante sobre um
terraço. Qual é aquele que é claro mas que caminha para as
trevas? É, por exemplo, aquele que nasceu numa família de
elevada estirpe, muito rica, e com tudo que pode assegurar o
prazer. Mas sua conduta de corpo, de palavra e de pensamento
e mau, de sorte que quando da decomposição de seu corpo após
a morte, ele surge no Abismo, o Mau Destino, a Queda. É
44
como se o ser descesse de um terraço sobre um elefante, do
dorso do elefante ao dorso do cavalo, daí em um palanquim e
do palanquim a terra. Qual é aquele que é claro e que caminha
para a claridade? É por exemplo, aquele que nasceu nas
circunstâncias felizes que eu acabo de dizer e cuja conduta de
corpo, de palavra e de pensamento é boa, de modo que quando
da decomposição de seu corpo após a morte, ele surge num
Bom Destino, e num mundo celeste. É como se o ser passasse
de um palanquim a um outro, de um cavalo a outro cavalo, de
um elefante a um outro elefante, de um terraço a outro terraço.
É por esta imagem que eu descrevo este tipo de indivíduo.
45
12. A natureza humana é boa – a visão de Mêncio
47
13. A natureza humana é má – a visão de Xunzi
48
14. A Natureza Humana é indistinta – a visão de
Lubuwei
Se bem que a transparência seja a verdadeira natureza da água,
a sociedade perturba essa natureza, impedindo-a de se manter
transparente. Apesar da longevidade ser a verdadeira natureza
do homem, os bens materiais perturbam esta natureza, e por
isso muita gente morre antes do tempo. Os bens materiais
deveriam ser usados para aprimorar nossa natureza, e não
deveríamos usar nossas naturezas para obter bens materiais.
49
15. A natureza humana depende da cultura –
Huainanzi
Suponhamos que uma pessoa nasça em um lugar remoto e
pouco civilizado, na choça de uma família pobre, fica órfão dos
pais desde criança e não tem irmãos, nunca teve contato algum
com os ritos e nada semelhante, jamais ouviu fala dos
exemplos dos antigos sábios, e vive cerrado em uma pequena
habitação sem dela sair, então não podemos supor que ele seja
estúpido por sua própria natureza como muitos supõem, mas
sem dúvida é muito pouco o que ele sabe.
50
16. A natureza humana depende da educação –
Dong Zhongshu
O que se passa agora é que o povo é bom por natureza, mas ela
ainda não está desperta, como ocorre com uma pessoa que está
com os olhos fechados e, sem abri-los, ele nada pode ver. Tudo
ficará bem se lhe dermos educação. Enquanto permanecer sem
despertar, somente podemos dizer que ele tem uma natureza
boa, mas ele não é bom. É exatamente como os olhos que
permanecem fechados, e que ainda não foram abertos.
51
A Morte
52
17 . Hino para ser entoado em um funeral, do
Atharva Veda
Terra, sê leve, sem espinhos, repousante. Vasta, oferece-lhe o
teu abrigo.
Deponham-te, não em lugar estreito, mas em terreno largo.
Tuas oblações, enquanto viveste, agora sejam mel para ti.
Chamo o teu pensamento com o meu pensamento. Vai alegre
para a tua morada e reúne-te aos nossos antepassados, a lama.
Que os ventos te sejam favoráveis e benéficos!
Da tua alma, do teu alento, dos teus membros, nada fique por
aqui.
Não sejas oprimido nem pela terra divina e poderosa, nem pela
árvore. Vai para o teu lugar, entre os antepassados, sê feliz
entre os súditos de lama.
O que se perdeu dos teus membros, ao longe, tua respiração,
tua expiração, levadas pelo vento, que os nossos antepassados
te restituam aos poucos.
[Durante a cremação]
Os vivos expulsaram-no de casa. Levem-no para longe da
aldeia.
Enquanto enterram os ossos, depois da cremação
Ainda vês, depois não verás mais, o sol que está no céu. Ó
Terra, como a mãe trata do filho, recobre-o com teu manto.
Agora ainda, não mais depois, mesmo em tua velhice, ó Terra,
cobre-o com a tua vestimenta, como esposa com seu marido.
[Ao apagar da fogueira crematória]
Que te seja benéfica a neblina, benfeitora a geada. Fria e fresca
53
de frieza, fresca e feita de frescura, rã nas águas, sê benéfica.
Extingue esta chama!
54
18. A Morte, a transmigração e a Ação Humana no
Manavadharmashastra
A ação, que advém da mente, da fala e do corpo, produz
resultados bons ou maus; pela ação são causadas as diversas
condições humanas, as mais elevadas, as médias e as mais
baixas.
A mente é o instigador aqui em baixo, mesmo aquela ação
ligada ao corpo, e que é de três tipos, tem três localizações e se
classifica sob dez títulos. Cobiçar a propriedade alheia, pensar
no coração sobre o que é indesejável e aderir a doutrinas falsas
são os três tipos de ação mental pecaminosa. Injuriar o
próximo, dizer mentira, detrair dos méritos de todos os homens
e falar frivolamente serão os quatro tipos de ação verbal má.
Tomar o que não foi dado, ferir as criaturas sem a sanção da lei
e manter relações criminosas com a mulher do próximo são
declarados como os três tipos de ação corporal ruim. Um
homem consegue o resultado de ato mental bom ou mau
em sua mente, o de um ato verbal em sua fala e o de um ato
corporal em seu corpo. Em consequência de muitos atos
pecaminosos cometidos com seu corpo, no nascimento seguinte
um homem se toma algo inanimado; em consequência de
pecados cometidos pela fala, uma ave ou um animal, e em
consequência de pecados mentais ele nasce novamente em uma
casta inferior. [...]
56
atos numa vida anterior. Arma alguma ferirá o eu do homem,
nenhum fogo o queimará, nenhuma água o molhará e nenhum
vento o secara. Ele não será ferido, queimado, molhado ou
secado; é imperecível, perpétuo, imutável, imóvel, sem início.
Diz-se também ser imaterial, passando todo o pensamento, e
imutável. Sabendo que o eu do homem é assim, não deves
lamentar a destruição de seu corpo.
a) O deus da morte.
57
19. A Morte no Katha Upanishad
58
noites. Quando finalmente o Rei da Morte voltou, seus servos
lhe disseram:
59
rejubilam e são felizes. Vós conheceis, ó Rei, o sacrifício do
fogo que leva ao céu. Ensinai-me esse sacrifício, pois estou
cheio de fé. Esse é o meu segundo desejo."
61
apresentam ao homem. Os sábios, após examinarem ambos,
distinguem um do outro. Os sábios preferem o bem ao prazer;
os tolos, levados por desejos carnais, preferem o prazer ao
bem. Vós, Ó Nachiketa, após haverdes observado os desejos
carnais, agradáveis aos sentidos, renunciastes a todos eles. Vós
vos desviastes do caminho lamacento no qual muitos homens
se atolam. Distantes um do outro, e levando a diferentes
desígnios, encontram-se a ignorância e o conhecimento. Eu vos
considero, Ó Nachiketa, como alguém que anseia pelo
conhecimento, pois uma infinidade de objetos agradáveis
foram incapazes de tentar-vos. Vivendo no abismo da
ignorância, embora julgando-se sábios, tolos iludidos dão
voltas e voltas, cegos levados por cegos.
62
deixa para trás a vã teoria e atinge a verdade. O despertar que
conhecestes não vem do intelecto, e sim, totalmente, dos lábios
dos sábios. Bem-amado Nachiketa, abençoado, abençoado sois
vós, porque procurais o Eterno. Quisera eu ter mais discípulos
como vós!
Bem sei que os tesouros terrestres duram pouco. Pois não fiz eu
mesmo, desejando ser o Deus da Morte, o sacrifício com o
fogo? O sacrifício, porém, foi uma coisa efêmera, realizada
com objetos fugazes, e pequena é minha recompensa,
considerando que meu reino só durará por um momento.
63
20. A Morte na Visão Budista no Mojjhima-
Nikaya
Ó chefes de família, se alguém que marcha segundo o dhamma,
que segue uma marcha igual, desejasse [um destes estados]:
Possa eu, quando da decomposição de meu corpo após a morte,
surgir na companhia de ricos nobres, de ricos brâmanes, de
ricos chefes de família, com os devas dos quatro grandes
Regentes, com os devas dos Trinta-e-três, com os devas de
Yama, com os devas Satisfeitos, com os devas que se deleitam
em criar, com os devas que têm todo o poder sobre as criações
dos outros, com os devas do séquito de Brahmã, com os devas
do Esplendor, com os devas do Esplendor limitado, com os
devas do Esplendor infinito, com os devas Luminosos, com os
devas Belos, com os devas da Beleza limitada, com os devas da
Beleza infinita, com os devas Irradiantes, com os devas
Vehapphalã, com os devas Avihã, com os devas Novos, com os
devas Graciosos, com os devas da Boa Vista, com os devas
Antigos, com os devas que atingiram a infinidade do Éter, com
os devas que atingiram a infinidade da Consciência, com os
devas que atingiram o aniquilamento de si mesmos, com os
devas que atingiram a "não percepção nem a não-percepção" -
poderia suceder que surgisse e dessa maneira. Por quê? Porque
é um ser que caminha segundo o dhamma, que segue uma
marcha igual. Ó chefes de família, se alguém que caminha
segundo o dhamma, que segue uma marcha igual, desejasse:
"Possa eu, graças à destruição dos fluxos, tendo neste mundo e
desde agora realizado pelo meu próprio saber superior a
liberdade de coração e a liberdade de intelecto que são sem
64
fluxos, aí permanecer" - poderia acontecer que ele ai
permanecesse. Por quê? Porque é um ser que caminha segundo
o dhamma, que segue uma marcha igual.
65
21. A morte na visão de Zhuangzi
66
hora de nascer, partiu porque chegou o tempo de partir. Os que
aceitam o curso natural e a sequência das coisas e vivem em
obediência a eles estão acima da alegria e dos pesares. Os
antigos falavam disto como a emancipação da escravatura. Os
dedos podem não ser capazes de fornecer todo o combustível,
porém o fogo é transmitido e nós não sabemos quando
terminará."
67
Caminhos para a Sabedoria
68
22. As Características do Sábio Perfeito no
Bhaghavad Gita
Disse Arjuna: ‘Qual é a descrição do homem que possui essa
sabedoria firmemente fundada, cujo ser é firme em espírito, Ó
Krishna? Como fala o homem de inteligência estabelecida,
como se senta, como anda?’
70
23. Uma mestra em busca da sabedoria: A
Conversa entre Yajñãvalkya e Maitreyi no
Brihadaranyaka upanishad
71
bramância é querida.
- Na verdade, não é pelo amor dos mundos que eles são
queridos, mas pelo amor da Alma os deuses são queridos.
- Na verdade, não é pelo amor dos seres que eles são queridos,
mas pelo amor da Alma os seres são queridos.
- Na verdade, não é pelo amor de tudo que tudo é querido, mas
pelo amor da Alma tudo é querido.
- Na verdade, é a Alma o que se deve ver, ouvir, o que deve ser
pensado, o que deve ser ponderado, ó Maitreyi. Na verdade,
com o ver, ouvir, pensar e entender da Alma, este mundo total
é conhecido.
- A bramância desertou aquele que não conhece a bramância
em nada mais do que a Alma.
. - Os mundos desertaram aquele que conhece os mundos em
nada mais do que a Alma.
- Os deuses desertaram aquele que conhece os deuses em nada
mais do que a Alma.
- Os seres desertaram aquele que conhece os seres em nada
mais do que a Alma.
- Tudo desertou aquele que conhece tudo em nada mais do que
a Alma.
- É como se, quando um tambor esta sendo tocado, não
pudésemos apreender os sons externos, mas apreendendo o
tambor ou o tamborileiro, o som é apreendido.
- É como se, quando uma concha está sendo soprada, não
pudéssemos apreender os sons externos, mas apreendendo o
tambor ou o tamborileiro, o som é apreendido.
- É como se, quando um alaúde esta sendo tocado, não
pudéssemos apreender os sons externos, mas apreendendo o
72
alaúde ou seu executante, o som é apreendido.
- É como se, de um fogo aceso com o combustível úmido,
nuvens de fumaça se destacassem separadamente, de modo
que, na verdade, desse grande Ser tenha sido criado aquilo que
é Rig-Veda, Yajur-Veda, Sama-Veda, Hinos dos Atharvanos e
Angiras, Lenda, Conhecimento Antigo, Ciências, Doutrinas
Místicas, Versos, Aforismos, Explicações e Comentários. Dele,
na verdade, tudo isso foi criado.
- É como se de todas as águas o ponto de reunião é o mar,
também de todos os toques o ponto de reunião é a pele,
também de todos os gostos o ponto de reunião é a língua,
também de todos os cheiros o ponto de reunião é a narina,
também de todas as formas o ponto de reunião é o olho,
também de todos os sons o ponto de reunião é o ouvido,
também de todas as intenções o ponto de reunião é a mente,
também de todos os conhecimentos o ponto de reunião é o
coração, também de todos os atos o ponto de reunião são as
mãos, também de todos os prazeres o ponto de reunião é o
órgão gerador, também de todas as evacuações o ponto de
reunião é o anus, também de todas as jornadas o ponto de
reunião são os pés, também de todos as Vedas o ponto de
reunião é a fala.
- É como se um bocado de sal posto na água dissolvendo-se
nela, não existisse mais sal algum para tirar, mas onde quer que
essa água seja levada, mostra-se salgada, e também assim, na
verdade, este grande Ser, infinito, ilimitado, é apenas uma
massa de conhecimento.
- Surgindo desses elementos, neles nós desaparecemos. Depois
da morte não há consciência. Assim eu falo.
73
E assim falou Yajñavalkya.
Em seguida falou Maitreyi:
- Nisso, realmente, tu me confundiste, senhor, ao dizer que
depois da morte não ha consciência!
Disse então Yajñavalkya:
- Na verdade, eu não confundo. Suficiente é isso, na verdade,
para o entendimento.
- Pois onde existe uma dualidade, por assim dizer, um vê o
outro, um cheira o outro, um ouve o outro, um fala com outro,
um pensa no outro, um compreende o outro. Na verdade, onde
tudo se tornou o eu nosso, onde e quem cheiraríamos? Onde e
quem vedamos? onde e quem ouviríamos? Onde e a quem
falaríamos? Onde e de quem pensaríamos? Onde e a quem
compreenderíamos? Onde iríamos compreender aquele por
quem compreendemos este Tudo? Onde se compreenderia o
compreendedor?
74
24 A busca de Svetaketu, no Chandogya
Upanishad
Quando Svetaketu tinha doze anos de idade, seu pai Uddalaka
lhe disse: "Svetaketu, agora deves ir para a escola e estudar.
Ninguém da nossa família, meu filho, é ignorante a respeito de
Brahman."
Consequentemente, Svetaketu procurou um mestre e estudou
por doze anos. Depois de decorar todos os Vedas, voltou para
casa cheio de orgulho com seu aprendizado. Seu pai,
percebendo a vaidade do jovem, disse a ele: "Svetaketu, pediste
aquele conhecimento pelo qual ouvimos o que não é audível,
pelo qual percebemos o imperceptível, pelo qual conhecemos o
incognoscível?"
76
"Todas elas têm seu Eu apenas nele. Ele é a verdade. Ele é a
essência sutil de tudo. Ele é o Eu. E isso, Svetaketu, ISSO ÉS
TU."
“Se alguém uma vez golpeasse a raiz desta grande árvore, ela
sangraria, mas viveria. Se golpeasse seu caule, ela sangraria,
mas viveria. Se golpeasse seu topo, ela sangraria, mas viveria.
Impregnada pelo eu vivente, esta árvore permanece firme, e se
alimenta; porém, se o Eu partisse de um dos seus galhos, esse
galho murcharia; se o abandonasse por um segundo, ele
murcharia. Se o abandonasse pela fração de um segundo, ele
77
murcharia. Se ele saísse de toda a árvore, toda a árvore
murcharia”.
"Nada, senhor."
78
"Por favor, senhor, dizei-me mais a respeito desse Eu."
"Assim seja. Coloca este sal na água, e volta aqui amanhã pela
manhã." Svetaketu fez como lhe foi solicitado. Na manhã
seguinte, seu pai pediu-lhe para trazer o sal que havia colocado
na água. Porém, ele não pôde fazê-lo porque o sal se havia
dissolvido. Uddalaka então disse:
79
encontra um mestre iluminado obtém o verdadeiro
conhecimento”.
80
25. A sabedoria nos Yogas sutras de Patanjali -
Formas de Meditação e de Samadhi
A enfermidade, a preguiça mental, a dúvida, a falta de
entusiasmo, a letargia, a tendência para os prazeres dos
sentidos, a falsa percepção, a impossibilidade de atingir um
perfeito estado de concentração e a facilidade de perdê-lo, uma
vez atingido, são as distrações que obstruem.
O sofrimento, a angústia mental, o tremor do corpo, a
respiração irregular, acompanham a não-retenção de um
perfeito estado de concentração. Para corrigir este estado (é
preciso) que o sujeito se exercite. Na amizade, na piedade, no
contentamento e na indiferença os quais, sendo concebidos
com relação a sujeitos felizes e infelizes, bons e maus,
respectivamente, pacificam a Chitta.
82
26. O Caminho Budista, descrito no Samyutta
Nikaya
Supõe agora, Tissa, dois homens, um ignorante do Caminho,
outro versado no Caminho. Aquele que é ignorante pergunta
seu caminho àquele que é versado no caminho. O outro
responde: "Sim, vós estais no caminho, senhor. Quando vós o
tiverdes seguido por algum tempo, vereis que ele se divide em
duas veredas. Deixai aquela da esquerda, tomai aquela da
direita. Continuai a caminhar um pouco e vereis uma espessa
floresta. Um pouco mais longe vereis um grande pântano. Um
pouco mais longe vereis um precipício escarpado. Um pouco
mais longe vereis uma deliciosa planície de solo plano." É uma
parábola, Tissa, para me fazer compreender, e eis dela a
significação. O homem ignorante do caminho, é a multidão. O
homem versado no caminho é o Descobridor da Verdade, o
Perfeito, o totalmente Desperto. A divisão em duas veredas, é o
estado de hesitação. O caminho da esquerda, é a Óctupla via
errônea: a da opinião errônea, dos conceitos errôneos, das
palavras errôneas, dos atos errôneos, da conduta errônea, dos
esforços errôneos, da vigilância errônea, da contemplação
errônea. A vereda da direita é o símbolo do Óctuplo caminho
ariano, o da opinião correta, etc... A floresta espessa, Tissa,
designa a ignorância. O grande pântano designa os prazeres
sensuais. O precipício escarpado é sinônimo da turbulência, da
cólera. A deliciosa planície de solo plano designa o nirvana. Sê
reconfortado, Tissa. Eu te exortarei, te ajudarei, te instruirei.
83
27. A redenção pelo estudo, no Zhong Yong de
Confúcio e Zisi
Aquilo que o céu outorgou se chama Natureza. A harmonia
com essa natureza chama-se Caminho. A ordenação desse
caminho chama-se Educação.
84
deve-se ao fato de ser ele um homem inferior e não ter
cautela”.
85
28. O dao dos daoístas, de Laozi
86
29. O dao obscuro de Zhuangzi
Como dao pode ser tão obscuro de modo que precisa haver a
distinção do verdadeiro e do falso? E como a palavra pode ser
tão obscura de modo que precisa haver uma distinção entre o
direito e o errado? Onde você pode ir e achar que dao não
existe? Onde você pode ir e achar que as palavras não podem
ser provadas? Dao não pode ser apreendido perfeitamente por
nossa compreensão inadequada, e as palavras não se
patenteiam perfeitamente devido às expressões floreadas. Daí
as afirmativas e negativas das escolas de Confúcio e de Mozi,
cada qual negando o que a outra afirma e afirmando o que a
outra nega. Cada qual negando o que a outra afirma e
afirmando o que a outra nega, só nos pode redundar em
confusão.
Não há nada que não seja "isto"; não há nada que não seja
"aquilo". O que não pode ser visto por "aquilo", (a outra
pessoa) pode ser compreendido por mim. Daí eu digo, "isto"
emana "daquilo"; "aquilo" também deriva "disto". Esta é a
teoria da interdependência "disto" e "daquilo" (relatividade dos
padrões). Não obstante, a vida decorre da morte, e vice-versa.
A possibilidade decorre da impossibilidade, e vice-versa. A
afirmação baseia-se na negação, e vice-versa. Sendo esse o
caso, o verdadeiro sábio rejeita todas as distinções e refugia-se
no Céu (Natureza). Pois alguém pode baseá-las sobre "isto",
embora "isto" seja também "aquilo" e "aquilo" seja também
"isto". "Isto", outrossim, tem seus "direitos" e "errados", e
"aquilo" também tem seus "direitos" e "errados". Então existe
realmente, ou não, a distinção entre "isto" e "aquilo"? Quando
87
"isto" (subjetivo) e "aquilo" (objetivo) são ambos sem seus
correlatos, esse é o verdadeiro "Eixo de dao". E quando esse
Eixo passa através o centro para o qual o Infinito converge, as
afirmações e as negações confundem-se igualmente no infinito
Único. Daí se diz que não há nada como usar a Luz. Tomar um
dedo como prova de que um dedo não é um dedo não é tão
bom como tomar qualquer coisa que não seja um dedo para
provar que um dedo não e um dedo. Tomar um cavalo como
prova de que um cavalo não é um cavalo não é tão bom como
tomar algo que não seja um cavalo para demonstrar que um
cavalo não e um cavalo. O mesmo se dá com o universo que
não é nem dedo nem cavalo. O possível é possível: o
impossível é impossível. Dao trabalha e o resultado obtido é o
seguinte; as coisas recebem nomes e afirma-se serem o que
são. Por que são assim? Porque se afirma serem como são! Por
que não são de outro modo? Afirma-se não serem assim! As
coisas são assim por si mesmas e têm possibilidades por si
próprias. Não existe nada que não seja de certo modo e não
existe nada que não possa ser de certo modo. Por conseguinte
tome, por exemplo, um galho novo e uma coluna, ou uma
pessoa feia e uma grande beleza e tudo o que for estranho e
monstruoso. Tudo isso é igualado por dao. A divisão é o
mesmo que criação; a criação é o mesmo que destruição. Não
há uma criação ou uma destruição, porque essas condições são
novamente igualadas numa Única. Somente os verdadeiros
sábios compreendem esse principio de igualar todas as coisas
numa Única. Descartam-se das distinções e se refugiam nas
coisas comuns e ordinárias. As coisas comuns e ordinárias
servem a certas funções e, portanto, conservam a integridade
88
da natureza. Partindo dessa integridade, uma pessoa
compreende, e da compreensão chega a dao. Aí pára. Parar sem
saber como parar - eis dao.
89
30. O Dao da saúde do Neijing - Tratado sobre a
Verdade Natural nos Tempos Antigos
O Imperador Amarelo foi dotado de talentos divinos, nos
tempos antigos em que nasceu: na primeira infância já sabia
falar, muito jovem ainda era rápido de entendimento e
sagacidade, em adulto foi sincero e compreensivo e quando
atingiu a perfeição ascendeu ao Céu. Uma vez, o Imperador
Amarelo dirigiu-se a Tien Shi, o mestre divinamente inspirado,
nos seguintes termos:
E Chi Po respondeu:
90
Hoje em dia, as pessoas não são assim; utilizam o vinho como
bebida e adotam a temeridade e a negligência como
comportamento habitual. Entram na câmara do amor em estado
de embriaguez; as paixões exaurem-lhes as forças vitais; o
ardor dos desejos malbarata-lhes a verdadeira essência; não são
hábeis na regulação da sua vitalidade. Devotam toda a atenção
ao divertimento dos seus espíritos, desviando-se assim das
alegrias da longa vida. Levantam-se e deitam-se sem
regularidade. Por tais razões só chegam à metade de cem anos
e degeneram.
91
ser desencaminhada pelos excessos nem pelo mal.
Numa sociedade assim, quer os homens sejam sensatos, quer
idiotas; quer virtuosos, quer maus, não têm medo de nada,
estão em harmonia com o dao, o Caminho Certo. Por isso, os
antigos viviam mais de um século e permaneciam ativos e sem
se tomarem decrépitos, porque a sua virtude era perfeita e nada
jamais a punha em perigo.
92
Vivendo em Sociedade
93
longo do ano. Numa mudança de foco, Confúcio nos apresenta
uma visão rápida sobe outros povos sinizados, a compreensão
da diferença; depois, os deveres de obrigação universal – ou
melhor, social. Zhuangzi nos mostra uma visão da sociedade
como um condicionamento problemático, uma perda da
simplicidade original; já o Neijing nos proporciona uma visão
médica da civilização antiga, por meio de uma filosofia da
saúde, narrando o ciclo da vida humana. Para finalizar, mais
alguns textos sobre o cotidiano chinês antigo: as queixas contra
um esposo violento, uma declaração real contra a embriaguez,
outra contra o luxo, um texto do Liji mostrando como se sabe
se um povo é evoluído ou não; como surgiu a civilização (o
conceito de Li, ou cultura) e um texto do Daxue (Grande
Estudo), sobre o papel do indivíduo e do cultivo interior como
fundamento da convivência social e humana.
94
31. A Criação do Mundo e a origem das leis e das
castas no Manavadharmashastra
Este universo existia na forma de Treva, impercebido,
destituído de marcas distintas, inatingível pelo raciocínio,
incognoscível, inteiramente imerso, por assim dizer, em sono
profundo. Foi quando o Auto-existente divino, ele próprio
indiscernível, mas tomando tudo isso, os grandes Elementos e
o resto, discernível, surgiu com poder criador irresistível,
desfazendo a treva.
95
E dessas duas metades ele formou céu e terra, entre elas a
esfera média, os oito pontos do horizonte e a morada eterna das
águas.
Como a alteração das estações, cada qual por sua própria conta
toma suas marcas distintivas, do mesmo modo os seres
corporais em novos nascimentos retomavam seu curso de ação
indicado.
96
ação desistem de seus atos e a inerte se toma inerte.
Quando se acham absorvidos todos de uma vez naquela grande
alma, aquele que é a alma de todos os seres dorme docemente,
livre de todas as preocupações e ocupações.
Mas saibam que a soma de mil idades dos deuses forma um dia
de Brahman, e que sua noite tem a mesma duração.
Somente aqueles, que sabem que o dia santo de Brahman na
97
verdade termina depois de completarem-se mil idades dos
deuses e que sua noite dura outro tanto, são os homens
conhecedores da duração dos dias e noites.
Ao final daquele dia e noite, aquele que dormia desperta e,
depois disso, cria a mente, que é tanto real quanto irreal.
A mente, impelida pelo desejo de Brahman de criar, executa o
trabalho da criação modificando-se, com o que o éter é
produzido; eles declaram que o som é a qualidade deste último.
Mas do éter, modificando a si próprio, surge o vento puro e
poderoso, veículo de todos os perfumes; a esse é atribuída a
qualidade do tato.
98
Nas três outras idades, devido a ganhos injustos, Dharma é
sucessivamente privado de um pé, e pela existência de roubo,
falsidade e fraude o mérito ganho pelos homens é diminuído
numa quarta parte em cada um.
99
Aos xatrias, ele ordenou proteger o povo, dar presentes,
oferecer sacrifícios, estudar os Vedas e abster-se de se prender
a prazeres sensuais;
100
As leis a respeito de mulheres, a lei de eremitas, a maneira de
conquistar a emancipação final e de renunciar ao mundo, todo
o dever de um rei e a maneira de decidir questões judiciais.
101
32. Sobre a Origem e Valor das Quatro Castas
no Mahabharata
Brama criou assim anteriormente os Prajapatis bramânicos,
penetrados por sua própria energia e em esplendor igualando o
sol e o fogo. O senhor formou então a verdade, correção, fervor
austero e os Vedas eternos, a prática virtuosa e a pureza para se
atingir o céu. Formou também os deuses, demônios e homens,
brâmanes, xátrias, vaixás e sudras, bem como todas as outras
classes de seres. A cor dos brâmanes era branca, a dos xátrias
vermelha, a dos vaixás amarela e a dos sudras negra. Se a casta
das quatro classes for distinguida por sua cor, então se mostra
observável uma confusão de todas as castas. O desejo, a raiva,
o medo, a cupidez, a aflição, a apreensão, a fome, a fadiga,
atingem-nos todos; pelo que se discrimina a casta, então? O
suor, urina, excremento, fleuma, bílis e sangue são comuns a
todos; todos têm corpos que degeneram; pelo que se discrimina
a casta, então? Há inúmeras espécies de coisas que se movem e
são estacionárias; como se pode determinar a classe desses
diversos objetos?
103
mestre religioso, é constante nas observâncias religiosas e
devotado à verdade, chama-se um brâmane. Aquele em quem
se vêem a verdade, liberalidade, inofensividade, modéstia,
compaixão e fervor austero, é declarado um brâmane. Aquele
que pratica o dever advindo do cargo de rei, dedica-se ao
estudo dos Vedas e tem prazer em dar e receber, a este se
chama um xátria. Aquele que prontamente se ocupa com gado,
é dedicado à agricultura e à aquisição e se mostra perfeito no
estudo dos Vedas, denomina-se um vaixa. Aquele que
habitualmente se inclina a todos os tipos de alimento, executa
todos os tipos de trabalho, não é limpo, abandonou os Vedas e
não pratica as observâncias puras, é tradicionalmente chamado
um sudra. E isto que afirmei é a marca de um sudra, e não se
encontra em um brâmane; um sudra assim continuará a ser um
sudra, enquanto o brâmane que agir assim não será um
brâmane.
104
33. A visão das castas para os budistas no
Mojjhima-Nikaya
Eis, senhor, as quatro castas: a dos nobres, a dos pobres, a dos
comerciantes, e a dos trabalhadores. Entre elas, duas têm a
supremacia: a dos nobres e a dos sacerdotes: isto pelo modo
com que se dirigem a seus membros, com que os saúda
levantando-se e juntando as mãos em homenagem, e com que
são tratados. Há cinco qualidades que devem ser procuradas: a
fé, a saúde, a sinceridade, a energia, a sabedoria. As quatro
castas podem ser dotadas das cinco qualidades que se deve
procurar e recebem a bênção e a felicidade por muito tempo. E
eu não digo que em seu caso que haja uma distinção em seu
esforço. É como se se tivesse um par de elefantes
domesticados, cavalos ou bois bem domesticados, exercitados;
e um outro par não domesticado e não exercitado. O primeiro
par seria contado como domesticado, atingiria o valor dos
animais domesticados; o segundo, não. Da mesma maneira não
é possível que o que se adquire pela fé, a saúde, a sinceridade,
a ausência de velhacaria possa se obter onde há falta de fé, a
má saúde, o engano, a velhacaria, a inércia, a sabedoria
limitada. No caso das quatro castas se [seus membros] são
dotados de cinco qualidades que se deve procurar, se eles
fazem os esforços devidos, eu digo que neste caso não há
diferença entre libertação e libertação. É como se quatro
homens, um trazendo lenha bem seca, outro uma acha seca da
árvore sãla, o terceiro uma acha seca de mangueira, o quarto
uma acha seca de figueira, fizessem cada um fogo que
produzisse calor. Haveria uma diferença entre os fogos
105
produzidos por estas diferentes madeiras quanto à sua chama,
sua cor, ou seu clarão? O mesmo sucede com o calor aceso
pela energia e produzido pelo esforço. Eu não digo que haja
diferença entre libertação e libertação.
106
34. Regras para um Chefe de Família, no
Manavadharmashastra
Tendo morado com um mestre durante a quarta parte da vida
de um homem, um brâmane deve viver a segunda parte de sua
existência em sua casa, depois de ter-se esposado.
Um brâmane deve buscar um meio de subsistência que não
cause dor aos outros, ou a menor possível, e viver disso, a não
ser em tempos difíceis.
107
estude, porque essa devoção ao estudo dos Vedas garante a
realização de seus objetivos.
108
35. Deveres das Mulheres no
Manavadharmashastra
Por uma menina, uma moça ou mesmo uma mulher idosa, nada
deve ser feito independentemente, nem mesmo em sua própria
casa.
109
Embora destituído de virtudes, ou buscando o prazer noutro
lugar, ou despido de boas qualidades, ainda assim um marido
deve ser constantemente adorado como um deus por uma
esposa fiel.
111
36. Regras para um chefe de família budista, no
Sutanippata
Direi agora a regra para os chefes de família e que ação
convém a estes ouvintes, pois em suas ocupações nenhum deles
saberia completamente se ajustar ao que é exigido dos monges.
Que ele não mate as criaturas; que ele não incite a matar: que
ele não aprove as que tiraram a vida; que ele deixe de lado toda
a violência para com tudo o que vive, e para com tudo que
resiste ou que treme neste mundo. Que o ouvinte começando a
despertar se abstenha totalmente de tomar o que não é dado,
não incite ninguém a roubar, não aprove o roubo: que se
abstenha de todas as formas de roubo. Que se abstenha de toda
a luxúria, como o sábio se afasta da fossa cheia de brasas: se
ele não pode viver na continência, que ele não peque com a
mulher do próximo. Indo à sala de reunião, à assembleia que
ele não fale falsamente a outrem; que ele não incite outrem a
mentir; nem aprove. Que se abstenha de tudo o que não é
verdade. Que não tome bebidas embriagantes, o chefe de
família que escolhe este dhamma! Que não incite outrem a
beber nem aprove a bebida, sabendo que ela só pode terminar
na loucura. Pois em verdade, os tolos que bebem, cometem
más ações, e encorajam outros em suas loucuras; que ele evite
este ciclo de atos maus, desatinados e mentirosos, delícias dos
imbecis. Que ele não mate nem tome o que não foi dado: que
ele não minta nem se embriague; que ele fuja das práticas
nocivas; que ele não coma à noite de refeições inoportunas.
Que ele não traga grinaldas nem use perfumes; se deite numa
esteira estendida ao sol. É isso que se chama a óctupla
112
observância, chamada pelo Desperto, para pôr termo ao mal.
Segundo o dhamma ele servirá seus pais, mas o dhamma,
exercerá seu ofício; chefe de família que leva esta vida sincera
perguntará novamente aos devas chamados os Luminosos.
113
37. Ode ao rei que lavra a terra, pedindo um ano
de abundância, no Shijing
Eles limpam o solo tirando a relva e os arbustos; e ei-lo que
fica todo sulcado pelos arados. Em milhares, aos pares, tiram
as raízes, alguns nas terras baixas e úmidas, outras ao longo do
rio. São o dono e o filho mais velho; os filhos mais novos e
todos os seus rebentos; os auxiliares mais fortes e os criados
contratados. Como comem e saboreiam as viandas que
trouxeram! (Os maridos) pensam amorosamente nas mulheres;
(as mulheres) ficam bem perto dos maridos. (Então) com as
afiadas relhas dos arados se põem a trabalhar nos acres que
ficam ao sul. Semeiam várias espécies de grãos, cada semente
contendo dentro de si um gérmen de vida. Em linhas perfeitas
surgem as hastes e, bem nutridas, crescem bastante. O grão
verde parece que vai abundar e os homens com enxadas
passam por entre eles em multidões.
114
38. Poema de uma mulher divorciada, no Shijing
115
39. Lamento de um funcionário sobre a
miséria, no Shijing
Deus inverteu seu procedimento habitual e os humildes estão
cheios de angústia. As palavras que pronunciais não são justas;
os planos que traçais não são de grande alcance. Como não há
sábios, pensais que careceis de guia. Não sois realmente
sinceros. Por isso vossos planos vãos não seguem muito longe
e por isso severamente vos censuro.
O Céu exerce opressão, agora. Não vos burleis desse modo das
coisas. Como ancião falo com sinceridade completa, mas vós,
mais jovens do que eu, estais cheios de orgulho. Não é que
minhas palavras sejam as da idade avançada, mas vós vos
burlais do que é triste. Mas as inquietações se multiplicarão
como chamas até que já não tenham remédio.
116
O Céu mostra agora seu rancor. Não sejais jactanciosos
aduladores, afastando-vos completamente de toda conduta
decorosa, até que os homens bons se convertam em
personificações da morte. O povo agora suspira e geme e não
nos atrevemos a examinar as causas do seu mal-estar. A ruína e
a desordem esgotam todos os meios de vida e não nos
mostramos bondosos para com as nossas multidões. O Céu
ilumina o povo como a flauta de bambu responde ao silvo
terrestre. Como as duas metades de um todo. Como ao
tomardes uma coisa e a levardes na mão, levais sem mais
rodeios. A ilustração do povo é muito fácil. Agora possui, por
si mesmo, muitas perversidades. Não exibi diante dele vossa
própria perversidade.
117
40. Sobre o labor agrícola, no Shijing
119
41. Outras gentes, no Zhongyong de Confúcio e
Zisi
Disse o Mestre: ‘Todos os homens dizem: “Somos sábios”,
mas se são empurrados e aprisionados numa rede, armadilha ou
laço, não sabem como livrar-se. Todos os homens dizem:
“Somos sábios” mas se lhes acontece escolherem o caminho do
Meio não são capazes de aí permanecer nem por um mês. Zi lu
perguntou sobre a energia.
120
42. Os deveres de obrigação universal, no
Zhongyong
Os deveres de obrigação universal são cinco e são três as
virtudes com as quais são eles praticados. Os deveres são os
que existem entre o soberano e o ministro, entre pai e filho,
entre esposo e esposa, entre irmão maior e irmão menor e os
que correspondem ao trato entre amigos. Esses cinco são
deveres de obrigação universal. O conhecimento, a
magnanimidade e a energia são as três virtudes universalmente
obrigatórias. E o meio pelo qual põem os deveres em prática é
a simplicidade. Alguns nascem com o conhecimento desses
deveres. Alguns o conhecem através do estudo. Alguns
adquirem esse conhecimento depois de um penoso sentimento
de sua ignorância. Mas, uma vez possuído o conhecimento, o
resultado é o mesmo. Alguns o praticam com naturalidade.
Outros atraídos pelos seus benefícios. Outros, através de
esforços enérgicos. Mas, uma vez praticados, o resultado é o
mesmo.
121
43. A Visão da civilização em Zhuangzi
122
fazê-lo. Porque o povo tem certos instintos naturais - tecem as
roupas e se vestem, lavram os campos e se alimentam. Esse é o
instinto comum do qual todos têm sua parte. Tal instinto pode
ser chamado "no Céu nascido". Assim, nos dias da natureza
perfeita, os homens eram calmos nos movimentos e serenos no
olhar. Naquele tempo não havia caminhos nas montanhas, nem
botes ou pontes sobre as águas. Todas as coisas produziam-se
naturalmente. Os pássaros e as feras se multiplicavam; as
árvores e os arbustos medravam. Dessa sorte, acontecia que as
aves e as feras podiam ser levadas pela mão e podia-se subir e
espiar para dentro do ninho da pêga. Pois nos dias da natureza
perfeita, o homem vivia junto com as aves e as feras e não
havia distinção de espécie entre eles. Quem pode saber as
distinções entre os gentis homens e os homens do povo? Sendo
todos igualmente sem desejos, permaneciam num estado de
integridade natural. Nesse estado de integridade natural, o povo
não perdia sua natureza (original).
123
precisaria de decorações? Se as cinco notas não se
confundissem, quem adotaria os seis diapasões? A destruição
da integridade natural das coisas para a produção de artigos de
várias espécies - eis a falta do artífice. A destruição de dao e da
virtude a fim de introduzir a caridade e o dever - eis o erro dos
Sábios. Os cavalos vivem em terra seca, comem relva e bebem
água. Quando lhes agrada, esfregam os pescoços uns nos
outros. Quando se encolerizam, viram-se e dão com os cascos
uns nos outros. Até aí são apenas levados por seus instintos
naturais. Porém, com bridão e freio, com uma placa de metal
de feitio de lua sobre suas testas, aprendem a lançar olhares
maldosos, a virar as cabeças para morder, a esbarrar no outro
animal da parelha, a tomar o freio nos dentes ou fugir com a
cabeça ao bridão. Desse modo, ficam com mentalidade e gestos
iguais aos dos ladrões. Eis a falta de Bo Lo.
124
44. O ciclo da vida humana no Neijing
O imperador perguntou:
Chi Po respondeu:
125
“Quando atinge a idade de quarenta e nove anos, já não pode
engravidar e a circulação do pulso da grande artéria diminuiu.
A menstruação acaba, as portas da menstruação deixam de
estar abertas; o corpo deteriora-se e a mulher deixa de poder
gerar filhos”.
126
“Os rins do homem regulam a água que recebe e armazena a
secreção das cinco vísceras e dos seis intestinos. Quando as
vísceras estão abundantemente cheias, encontram-se aptas a
segregar; mas quando, neste estágio, as cinco vísceras estão
secas, os músculos e os ossos declinam, as secreções
reprodutoras exaurem-se e, por isso, o cabelo do homem
encanece nas fontes, o corpo torna-se-lhe pesado, a postura
deixa de ser ereta e ele se torna incapaz de procriar.”
O imperador perguntou:
Ch’i Po respondeu:
127
velhos em anos, continuam capazes de gerar filhos.
Huang Ti disse:
128
alguma, consideravam fundamentais a felicidade e a paz
interiores e a satisfação a mais elevada das realizações. Nada
podia molestar-lhes o corpo nem malbaratar-lhes as faculdades
mentais. Assim, conseguiam chegar à idade de cem anos ou
mais”.
129
45. Queixa e apelo de Zhuang Qiang contra o mau
trato que recebeu do esposo, no Shijing
Ó Sol, ó Lua, que iluminais esta baixa terra! Aqui está o que
não me trata de acordo com a antiga lei.
Ó Sol, ó Lua que dais sombra a esta baixa terra! Aqui está o
homem que não me quer dar sua amizade. Como pode ter
tranquila a consciência? Será que não me quer corresponder?
130
46. Contra o Álcool e a Embriaguez, no Shujing
132
47. Contra o Luxo, no Shujing
134
48. Sociedade e Educação, no Liji
136
49. Como surgiu Li (a cultura) no Liji
138
rainha procediam ao oferecimento alternadamente, a fim de
que os bons espíritos pudessem baixar e eles se integrassem no
mundo oculto. Após os sacrifícios, propiciava-se então uma
festa aos hóspedes, dividindo os cães e porcos e as reses e
ovelhas da oferenda e distribuindo-os em vasilhames diversos.
A oração aos mortos proclamava a gratidão e lealdade dos
viventes, e a resposta dos mortos sugeria a sua contínua afeição
aos vivos. Tal era o grandioso e abençoado sentido da li.
139
50. O papel do indivíduo na estruturação da
sociedade, no Daxue
As coisas têm suas raízes e seus ramos. Os assuntos têm fim e
começo. Conhecer o que é primeiro e o que é último, levará ao
que é ensinado na Grande Estudo.
140
Quando a raiz é descuidada, não pode o que dela nasce ser bem
ordenado. Nunca se deu o caso daquilo que tem grande
importância ter sido cuidado levianamente, e, ao mesmo
tempo, tenha sido objeto de grandes cuidados aquilo que tem
pouca importância
141
Deuses, Crenças e Encantamentos
142
um sobre Fuxi e Nugua, os dois patronos fundadores da cultura
chinesa, e outro sobre Huangdi, o primeiro grande imperador
mítico (o soberano amarelo), cujo nome foi empregado pelo
unificador da dinastia Qin no séc. -3. Três textos da
enciclopédia Shanhaijing – Tratado sobre as montanhas e os
mares, o primeiro texto de mitologia chinesa, da época Han (e
negado veementemente pelos historiadores da época como
fonte fidedigna) nos apresentam alguns mitos da literatura
fantástica chinesa; para completar, Zhuangzi explica em seu
relato o que seria a vida ideal dos tempos antigos, e como a
perda deste mundo utópico gerou a busca do Dao; a história de
uma predição é contada no Shujing, em o “cofre guarnecido de
metal”; um texto oracular do Yijing, o tratado as mutações, nos
é apresentado, com os comentários de Confúcio; no Shijing, o
tratado dos poemas, é feita uma invocação ao ancestral da
dinastia Shang, Tang; e no Liezi, narra-se uma antiga cura para
depressão.
143
51. A Morte e os Deuses no Rig Veda
144
dispor todas as tuas formas!" Ele respondeu: "Disponde
trezentas e sessenta pedras de encerramento, trezentos e
sessenta tijolos de yaiushmati e trinta e seis, outrossim; e de
tijolos de lokamplita disponde dez mil e oitocentos; e vós
estareis dispondo todas as minhas formas e vos tomareis
imortais". E os deuses dispuseram conforme dito, e daí em
diante se tornaram imortais.
145
52. A Lenda Indiana Sobre o Dilúvio
O peixe logo se tornou grande, com o que disse: "Em tal e qual
ano a enchente virá. Tu ouvirás então o meu conselho,
preparando um navio; e quando a enchente chegar tu entrarás
no navio e eu te salvarei dela".
146
A enchente então varreu todas estas criaturas e somente Manu
ficou aqui.
147
53. Hino à Indra, no Rig Veda
148
54. Hino à Indra, Varuna e ao Suco sagrado, o
Soma, no Rig Veda
Busco a proteção dos senhores soberanos, lndra e Varuna. Que
os dois nos sejam favoráveis.
Protetores dos mortais, vós ambos estais dispostos a conceder o
amparo solicitado por um oficiante como eu.
Concedei-nos, lndra e Varuna, a riqueza que desejamos.
Queremos ter-vos sempre ao nosso lado.
Estão prontas as libações para os nossos atos piedosos e
louvores dos nossos sacerdotes puros. Assim, estejamos em
companhia daqueles que nos concedem alimentos.
Indra é mais generoso do que os outros deuses cujas
generosidades se contam aos milhares. Varuna deve ser
louvado entre todos aqueles dignos de elogios.
Graças à proteção de ambos, possuímos e guardamos riquezas,
vivendo na abundância.
Eu invoco os dois, Indra e Varuna. Façam-nos ambos
vencedores dos nossos inimigos.
Indra e Varuna, trazei-nos logo felicidade. Nossos espíritos são
dedicados.
Subam até vós os fervorosos louvores que vos dirigimos, Indra
e Varuna. Aceitando os nossos louvores, vós os fazeis
preciosos.
149
55. Hino às diversas divindades, no Rig Veda
150
leite do céu e da terra.
Terra limpa de espinhos, estende-te ao longe, sê a nossa
morada, concede-nos grande felicidade.
Protejam-nos os deuses na terra de onde se levantou Visnú,
animado pelas nossas sete orações.
Visnú atravessou o mundo. Três vezes firmou o pé e o mundo
inteiro uniu-se no pó.
Protetor invencível, Visnú vigia dos deveres sagrados, deu três
passos e terminou seu caminho.
Vede as ações de Visnú, pelas quais o devoto cumpriu votos
piedosos. Ele é o digno amigo de Indra.
O sábio contempla sempre esta suprema parada de Visnú,
assim como o olhar percorre o céu.
O sábio, sempre vigilante e solícito, acende o fogo do
sacrifício, e em seus cânticos glorifica a suprema estação de
Visnú.
151
56. Hino às diversas divindades, no Sama Veda
152
rendem homenagem, assim como os rios homenageiam o mar.
Cusidina - Pedimos aos deuses que façam cair a chuva, que nos
protejam, a fim de estarmos bem amparados.
Medatiti - Ó senhor do alimento, faz por mim, chantre no
banquete da planta da lua, o que fizeste por Cacsivan, o filho
de Usija.
Sucacsa - Traz-me a ciência, matador de Vrita. Ouve-me,
poderoso Indra, possuidor de muitas excelentes qualidades.
Concede-nos, divino Savita, abundantes riquezas e muitos
descendentes. Afasta de nós o causador do fatal sono da morte.
Pragata - Onde quer que esteja residindo aquele que envia a
chuva, sempre jovem, que envolve tudo, invencível, é lá que o
oficiante executa o seu trabalho.
Vatsa - É lá, na região das nuvens, onde se juntam as grandes
águas, que o sábio Indra foi gerado pela inteligência. *
Irimiri - Elevai a voz para louvar Indra, o rei dos homens,
digno de todo louvor, distribuidor de dons, superior aos heróis.
153
58. A especulação sobre o Brahman no Isha
Upanishad
No coração de todas as coisas, de tudo o que existe no
Universo, habita Deus. Somente ele é realidade. Portanto,
renunciando às vãs aparências, rejubilai-vos nele. Não cobiceis
a riqueza de ninguém.
Bem pode ficar satisfeito de viver cem anos aquele que age
sem apego - que realiza seu trabalho com zelo, porém sem
desejo, não ansiando por seus frutos - ele, e somente ele.
Existem mundos sem sóis, cobertos pela escuridão. Para esses
mundos vão depois da morte os ignorantes, assassinos do Eu.
O Eu é um só. Sendo imóvel, ele se move mais rápido do que o
pensamento. Os sentidos não o alcançam, pois ele sempre vai
primeiro. Permanecendo imóvel, ultrapassa tudo o que corre.
154
O Eu está em todos os lugares. Ele é brilhante, imaterial, sem
mácula de imperfeição, sem osso, sem carne, puro, intocado
pelo mal. Aquele que vê, Aquele que pensa, Aquele que está
acima de tudo, o Auto-Existente - ele é aquele que estabeleceu
a ordem perfeita entre objetos e seres desde o tempo que não
tem princípio.
155
Permiti que minha vida agora se una à vida que tudo permeia.
As cinzas são o fim do meu corpo. OM... Ó mente, lembrai-vos
de Brahman. Ó mente, lembrai-vos das vossas ações passadas.
Lembrai-vos de Brahman. Lembrai-vos das vossas ações
passadas. Ó deus Agni, levai-nos à felicidade. Vós conheceis
nossas ações. Preservai-nos da ilusória atração do pecado. A
vós oferecemos nossas saudações, uma e outra vez.
156
59. ‘Quem é o criador?’ no Kena upanishad
Quem comanda a mente para que ela pense? Quem ordena que
o corpo viva? Quem faz a língua falar? Quem é o Ser radiante
que conduz o olho à forma e à cor, e o ouvido ao som?
O Eu é o ouvido do ouvido, a mente da mente, a fala da fala.
Ele também é o alento do alento, o olho do olho. Ao
abandonarem a falsa identificação do Eu com os sentidos e
com a mente, e ao saberem que o Eu é Brahman, os sábios, ao
deixarem este mundo, tornam-se imortais.
O olho não o vê, nem a língua o exprime, nem a mente o
alcança. Não o conhecemos e nem podemos ensiná-lo. Ele é
diferente do conhecido, e diferente do desconhecido. Foi o que
ouvimos dos sábios.
Aquilo que não pode ser expresso em palavras mas pelo qual a
língua fala - sabei que é Brahman. Brahman não é o ser que é
adorado pelos homens.
Aquilo que não é compreendido pela mente, mas pelo qual a
mente compreende - sabei que é Brahman. Brahman não é o ser
que é adorado pelos homens.
Aquilo que não é visto pelo olho, mas pelo qual o olho vê -
sabei que é Brahman. Brahman não é o ser que é adorado pelos
homens.
Aquilo que não é ouvido pelo ouvido, mas pelo qual o ouvido
ouve – sabei que é Brahman. Brahman não é o ser que é
adorado pelos homens.
Aquilo que não é trazido pelo sopro vital, mas pelo qual o
sopro vital é trazido, sabei que é Brahman. Brahman não é o
ser que é adorado pelos homens.
157
Se pensais que conheceis bem a verdade de Brahman, sabei
que conheceis pouco. O que pensais ser Brahman no vosso Eu,
ou o que pensais ser Brahman nos deuses - não é Brahman.
Deveis, portanto, aprender o que é realmente a verdade de
Brahman.
Não posso dizer que conheço Brahman totalmente. Nem posso
dizer que não o conheço. Aquele dentre nós que melhor o
conhece é quem entende o espírito das palavras: "Eu nem sei
que não o conheço".
Aquele que verdadeiramente conhece Brahman é quem sabe
que ele está além do conhecimento; aquele que pensa que sabe,
não sabe. O ignorante pensa que Brahman é conhecido, porém
os sábios sabem que ele está além do conhecimento.
Aquele que percebe a existência de Brahman por trás de todas
as atividades do seu ser - seja sensação, percepção ou
pensamento - somente ele obtém a imortalidade. Através do
conhecimento de Brahman, vem o poder. Através do
conhecimento de Brahman, revela-se a vitória sobre a morte.
Abençoado o homem que enquanto ainda vive percebe
Brahman. O homem que não o percebe sofre sua maior perda.
Quando deixam esta vida, os sábios, que perceberam Brahman
como o Eu em todos os seres, tomam-se imortais.
Em determinada ocasião, os deuses obtiveram uma vitória
sobre os demônios e, apesar de o terem feito apenas através do
poder de Brahman, ficaram extremamente vaidosos. Eles
disseram a si próprios: "Fomos nós que derrotamos os nossos
inimigos, e a glória é nossa."
Brahman percebeu a vaidade deles e apareceu diante deles.
Porém eles não o reconheceram.
158
Os outros deuses então disseram ao deus do fogo: "Fogo,
descobri para nós quem é esse misterioso espírito."
"Sim", disse o deus do fogo, e aproximou-se do espírito. O
espírito lhe disse:
"Quem sois vós?"
"Sou o deus do fogo. Aliás, sou muito conhecido."
"E que poder exerceis?"
"Posso queimar qualquer coisa que exista sobre a Terra."
"Queimai isto", disse o espírito, colocando palha à sua frente.
O deus do fogo caiu em cima da palha com toda a sua força,
mas não pôde consumi-Ia. Então voltou rapidamente para junto
dos outros deuses e disse:
"Não posso descobrir quem é esse misterioso espírito."
Os outros deuses disseram então ao deus do vento: "Vento,
descobri para nós quem é ele."
"Sim", disse o deus do vento, e aproximou-se do espírito. O
espírito lhe disse:
"Quem sois vós?"
"Sou o deus do vento. Aliás, sou muito conhecido. Vôo
velozmente através dos céus."
"E que poder exerceis?"
"Posso soprar para longe qualquer coisa que se encontre sobre
a Terra."
"Soprai isto para longe", disse o espírito, colocando palha
diante dele.
O deus do vento caiu em cima da palha com toda a sua força,
porém foi incapaz de movê-la. Então, voltou rapidamente para
junto dos outros deuses e disse:
"Não posso descobrir quem é esse misterioso espírito."
159
Os outros deuses disseram então a Indra, o maior deles todos:
"Ó respeitável, descobri para nós, nós vos suplicamos, quem é
ele."
"Sim”, disse Indra, e aproximou-se do espírito. Porém o
espírito desapareceu, e em seu lugar surgiu Uma, a Deusa-Mãe,
bem-adornada e de uma beleza extraordinária. Contemplando-
a, Indra perguntou:
"Quem era o espírito que apareceu para nós?"
"Aquele", respondeu Uma, "era Brahman. Foi através dele, e
não de vós mesmos, que obtivestes a vitória e a glória."
Desse modo, Indra, o deus do fogo e o deus do vento,
reconheceram Brahman.
O deus do fogo, o deus do vento e lndra - eles superaram os
outros deuses, pois chegaram mais perto de Brahman, e foram
os primeiros a reconhecê-lo.
Porém, dentre todos os deuses, lndra é supremo, pois ele foi
dos três o que chegou mais perto de Brahman, e foi o primeiro
deles a reconhecê-lo.
Essa é a verdade de Brahman com relação à Natureza: seja no
clarão do relâmpago, ou no piscar dos olhos, o poder que
aparece é o poder de Brahman.
Essa é a verdade de Brahman com relação ao homem: nos
movimentos da mente, o poder que aparece é o poder de
Brahman. Por esse motivo, um homem deveria meditar sobre
Brahman de dia e de noite.
Brahman é o adorável ser em todos os seres. Meditai sobre ele
assim. Aquele que medita desse modo sobre ele é respeitado
por todos os outros seres.
160
60. Prece recitada durante o preparo de um
ungüento preservativo de males e doenças, do
Atharva Veda
Mau conselho, mau sonho, ação má, mau coração, mau olhado,
protege-nos de tudo isso, ungüento.
161
Sejas oriundo do Trikakud ou te chames ungüento do rio
Iamuna, estes dois nomes são propícios e por eles protege-nos,
ungüento!
162
61. Para obter o amor de uma mulher (idem)
163
62. Hino às rãs, para que venham as chuvas (idem)
164
Quando vem a época das chuvas, não se aquecem os vasos do
sacrifício.
165
63. Para achar-se um objeto perdido (idem)
166
64. Para livrar alguém do vício do jogo (idem)
167
Brasas divinas lançadas à mesa, por mais frios que estejam, os
dados incendeiam o teu coração.
168
65. Fuxi e Nugua
169
foi usado para expressar o sentido de diversos elementos, vindo
a constituir a base da escrita.
170
repetir constantemente o processo, tornando-o extremamente
cansativo. Decidiu-se então pelo acasalamento dos seres para,
através desta forma, se perpetuarem. Havendo estabelecido esta
união, é chamada pelos chineses a Deusa do Matrimônio. Nü-
Gua é a primeira mediadora entre homens e mulheres.
171
66. Huangdi, o deus do Meio
172
Os deuses não conviviam mais com os homens, tam- pouco o
dia com a noite. E assim retornou a ordem ao universo.
Zhuan-Xu ainda estabeleceu a superioridade do homem em
relação à mulher. Separou as funções dos sexos e proibiu os
casamentos entre irmãos. Além disso, foi o primeiro deus a
instituir o rito matrimonial.
173
O último deus cuidava da "'Montanha Qing-Yao" e seu nome
era Wu-Luo. Seu rosto era humano, o corpo de leopardo e
portava dois brincos nas orelhas que tiniam como jade. Nessas
paragens existiam plantas, insetos e outros animais de um
exotismo singular. Entre eles havia um mais enigmático ainda,
chamado Shi-Rou, o que pode ser traduzido por "carne visível".
Era um ser pastoso que ao viver, apresentava a forma de um
pedaço de carne. Nada distinguia-se nele a não ser dois olhos
pequeninos. O sabor de sua carne era ambrosíaco. Cortando
qualquer parte dele, imediatamente se regenerava,
permanecendo sempre do mesmo tamanho. Alimentavam-se
dessa carne os viajantes e os anacoretas que viviam nas
montanhas.
174
Seguiam-se os deuses do vento e da chuva para limpar o pó.
Ainda um robusto pássaro, chamado Bi-Fang, voava embaixo
do carro. O deus do vento tinha cabeça de pássaro onde se
salientavam dois cornos, corpo caprídeo, cauda ofídica e pele
de leopardo. O deus da chuva era ainda mais estranho. De tão
minúsculo, confundia-se com um bicho da seda.
Havia muitos deuses fantásticos no séquito do carro de Huang-
Di. Em cima voava uma fênix e embaixo de tudo havia uma
cobra voadora. A magnificência desse cortejo aguçou a cobiça
de Qu- You, que se revoltou com o intuito de ocupar o lugar de
Huang-Di. O que resultou desta disputa será conhecido ao
termo da história.
175
67. O País dos Imortais, do Shanhaijing
176
Para além do Mar do Oeste, existiam, ainda, dois países dos
imortais: o primeiro chamado de Huangdi e o segundo
chamado dos Brancos. O Estado de Huangdi, estava situado,
adjacente, à Montanha de Qingshan, sendo a fisionomia dos
seus habitantes muito estranha, pois tinham cabeças humanas e
corpos de jibóias. Segundo uma lenda, numa guerra que tinha
outrora entre Huangdi e Chiyou, o povo deste país tinha
ajudado os de Huangdi a vencerem o demônio de Chiyou
ganhando assim méritos militares. Após a vitória, os habitantes
de Huangdi construíram um outeiro ao qual chamaram de
Outeiro de Huangdi, significando deste modo que ambos os
povos deste país e de Huangdi, tinham saído igualmente
vitoriosos sobre os de Chiyou. Os seus habitantes podiam, pelo
menos, viver até 500 anos, sendo muitos os homens que
contavam mais de dois mil anos de idade. Os habitantes do
Estado dos Brancos tinham os seus cabelos e peles tão brancos
como a neve e possuíam também uma prolongada longevidade.
Segundo uma lenda, neste país viviam um gênero de animais
sobrenaturais que se chamavam Cheng Huang e tinham o corpo
coberto de pêlos dourados, uma longa e grossa cauda,
fisionomia de raposa, dois chifres sobre o dorso e eram capazes
de correr tão depressa como o vento, sendo, portanto, também
apelidados de Fei Huang (Amarelos Velozes). Se alguém
montasse um deles por só uma vez que fosse, já poderia viver,
pelo menos, por mais dois mil anos. A origem do provérbio
chinês que diz: "Que alcance a tua boa sorte com a velocidade
de um Fei Huang" provém do conto acima mencionado.
177
68. As Ilhas dos Imortais, do Shanhaijing
178
forma de cristais, a ingestão de um só dos quais transformava
qualquer ser humano num imortal. Todos os habitantes destas
ilhas eram imortais e descendentes do Imperador Celestial
possuindo os dons, quer de ascenderem às nuvens, ou de
vagarem de ilha para ilha, conforme quisessem.
Embora a altitude de cada uma das montanhas fosse colossal,
estas cinco ilhas eram flutuantes e deslocavam-se
perpetuamente para o Oeste, como se fossem gigantescos
navios, o que causava grande preocupação aos seus imortais
habitantes, pois se continuassem na sua inexorável progressão,
seriam arrastadas até ao pólo Oeste, o qual, segundo uma
lenda, era um lugar extremamente frio e sombrio onde nunca
tinha aparecido nem o Sol nem a Lua, sendo a sua única fonte
de luz, uma tênue claridade proveniente de uma vela segura na
boca dum animal chamado de "dragão da vela" Numa palavra,
o pólo Oeste era um lugar avassalador!
179
suas cabeças à tona das ondas e não se atrevendo a deslocarem-
se minimamente. A partir de então as cinco ilhas,
originalmente flutuantes, permaneceram estáticas desafiando as
furiosas ondas, as impetuosas correntes e os frequentes tufões e
os seus imortais habitantes vivendo dias tranquilos sem mais
nenhumas preocupações.
Ora certo dia, alguns dos gigantes, tendo ido à pesca nas costas
do Mar do Leste, subitamente aperceberam-se que algumas
tartarugas gigantescas apareciam e desapareciam por entre as
altas ondas marítimas esticando as suas cabeças fixamente.
Bastavam-lhes dar alguns passos para atravessarem as águas
duma longa distância lançando então as linhas com as iscas
para as águas onde trabalhavam as tartarugas. As tartarugas,
que não tinham comido nada durante várias dezenas de
milhares de anos, ao verem alimento esticavam imediatamente
os seus pescoços e tragavam as iscas. Então, aos gigantes do
Estado dos Dragões bastou-lhes puxarem as linhas para as
apanharem e depois de comerem as carnes secaram ainda os
seus ossos fazendo-os em lascas e utilizaram as suas carapuças
como tetos de tendas abrigando-se assim melhor contra o vento
180
e a chuva. Logo após a morte das seis tartarugas duas das cinco
ilhas, as Dayu e Yuanjiao, perdendo o seu suporte,
recomeçaram a flutuar imediatamente em direção ao pólo
Oeste. Os imortais destas duas ilhas apercebendo-se do que
estava acontecendo, emigraram apressadamente para as outras
que ainda se mantinham imóveis não tardando que, pouco
tempo depois, ambas as ilhas Da-yu e Yuanjiao fossem
arrastadas pelas impetuosas correntes e pelos incontáveis
tufões para o pólo Oeste vindo-se a afundar nas profundezas
marítimas.
181
expedição, uma grande tempestade de gigantescas e furiosas
ondas fez com que todos os barcos se afundassem, só poucos
homens conseguiram escapar da tragédia. Segundo os relatos
dos sobreviventes, após vários dias de navegação todos tinham
efetivamente conseguido vislumbrar as três ilhas dos imortais
pairando entre densas nuvens brancas e flutuando alinhadas nos
confins do mar mas, quando os barcos se aproximaram delas,
as três ilhas tinham misteriosa e subitamente desaparecido. E
tinha sido quando os barcos persistiram em continuar na
direção das ilhas desaparecidas, que uma tempestade furiosa se
abateu bruscamente impedindo o avanço das embarcações e
fazendo-as capotar no seio das altas ondas. Ninguém podia
confirmar se esses relatos eram verdadeiros ou não, mas a
verdade é que nenhum dos reis que tentaram obter o elixir de
imortalidade veio a alcançar o seu objetivo e, naturalmente,
acabaram por morrer uns após os outros.
182
nenhum dos seus enviados regressou à terra natal. Por ironia do
destino o imperador Qin Shi Huang veio a morrer no caminho
do regresso da montanha Huiji à sua capital.
183
69. Demônios e Feras Bestiais, do Shanhaijing
184
No que se refere às feras bestiais, os países imaginários
possuíam numerosos e diversos gêneros, das quais só citaremos
aqui algumas.
186
70. O Mundo antigo, por Zhuangzi
187
como vômitos. Quando as afeições do homem são profundas,
seus dons divinos são superficiais.
188
Kuang, Po Yi, Shu Chi, Chi ci, Xu Yu, Chi To e Shentu Ti
foram os servos dos governantes e cumpriram o mandato de
outros e não o seu próprio.
189
Único outrossim. No que era Único, eles eram de Deus; no que
não era Único, eram do homem. E assim, entre o humano e o
divino não se produzia nenhum conflito. Eis o que era ser um
homem verdadeiro.
190
71. O cofre guarnecido de metal, a história de uma
previsão no Shujing
Dois anos após a conquista de Shang o rei caiu doente e ficou
muito desconsolado. Os dois outros grãos - duques disseram:
"Consultemos reverentemente o casco de tartaruga a respeito
do rei"; o duque de Zhou, porém, disse: "Não deveis afligir
desse modo os nossos antigos reis". Chamou a si, então, o
encargo e ergueu três altares de terra na mesma clareira; e,
construindo outro altar ao sul destes, voltado para o norte, aí
tomou posição. Havendo colocado um símbolo de jade,
redondo, em cada um dos três altares e empunhando o símbolo
maior da sua própria hierarquia, dirigiu-se aos reis Tai, Chi e
Wen
192
No outono, quando o grão era abundante e maduro, porém,
antes de ser colhido, o Céu enviou uma grande tempestade de
trovão e relâmpagos, acompanhada de ventos, quebrando-se
todo o grão e sendo desarraigadas grandes árvores. O povo
ficou muito atemorizado; o rei e os altos funcionários, todos
com seus capacetes de autoridade, puseram-se a abrir o cofre
guarnecido de metal e a examinar os escritos nele contidos,
encontrando as palavras pronunciadas pelo duque, quando ele
chamou a si o encargo de ser o substituto do Rei Wu. Os dois
grãos duques e o rei interromperam o historiógrafo e todos os
outros funcionários familiarizados com a questão. Eles
replicaram: "Foi realmente assim: mas, ah! o duque nos
ordenou que não ousássemos falar a esse respeito". O rei tomou
o documento nas mãos e chorou, dizendo: "Nós hoje não
precisamos ir reverentemente proceder à adivinhação. Outrora
o duque foi assim zeloso da casa real; mas, sendo uma criança,
não o soube. Hoje o Céu mobilizou os seus terrores para exibir-
lhes a virtude. Que eu, pobre criança vá agora ao seu encontro
com as minhas opiniões e sentimentos renovados, eis o que
exigem as normas de propriedade do nosso reino".
Quando o rei se dirigia às fronteiras ao encontro do duque, o
Céu enviou chuvas; e, em virtude de ventos contrários, todo o
grão se ergueu. Os dois grãos duques deram ordens ao povo
para que levantasse as árvores que haviam caído e as
substituísse. O ano, então, tornou-se muito frutuoso.
193
72. Uma previsão do Tratado das mutações:
Hexagrama 18, a Recuperação do Deteriorado, do
Yijing
O Julgamento
A Imagem
194
As Linhas
195
73. Invocação ao ancestral Tang da dinastia Shang,
no Shijing
Admirável! Perfeito! Aqui estão nossos tambores.
Harmoniosos ressoam os tambores. Para deleitar nosso
venerável antepassado.
196
74. Uma antiga cura para depressão, no Liezi
197
atormentado. Isso não é devido ao céu nem aos maus espíritos.
Embora o caso seja sério, pode haver cura.
— A tua doença não vem do céu, nem dos homens, nem dos
maus espíritos. Houve alguém que a dirigiu quando ainda
estavas no ventre de tua mãe, e houve alguém que a conhecia.
Para que servem os remédios?
198
A Arte de Bem Governar
199
desta escola: a visão de bom governo no Zhongyong, no Liji, e
no Lunyu. Mêncio, apesar de confucionista, nos informa algo
sério e profundo na antiguidade: um bom soberano ouve seu
povo, e quem não faz deve ser derrubado. Um trecho da obra
de Guanzi, autor pouco conhecido, e supostamente do séc. -4,
apresenta-nos as 6 proibições básicas que deveriam ser
aplicadas a sociedade; depois, a concepção de bom governo
pela inação, proposta por Laozi, sintetiza a visão daoísta da
questão – governar seria ausentar-se, intervindo somente em
casos de necessidade. Mozi resume em poucas linhas o que
seria o dever de um rei em sua utópica sociedade pré-
comunista; por fim, Shangyang e Hanfeizi representam a dura
linha de raciocínio do totalitarismo legista, que obteve sucesso,
no entanto, em reunificar a China no séc. -3, apesar da
derrocada fragorosa da dinastia Qin, que eles ajudaram a
eleger.
200
75. Os Deveres de um Rei, no Dharmasutra
Pois está declarado nos Vedas que ele obtém uma parcela do
mérito espiritual ganho por seus súditos.
201
por brâmanes prosperam e não caem em dificuldades”.
Ele levará em conta, também, o que astrólogos e augures lhe
disserem.
202
Se as indicações estiverem em conflito, ele saberá da verdade
com os brâmanes, que sejam bem versados no conhecimento
sagrado triplo, dando sua decisão de acordo.
Isso porque, se agir assim, as bênçãos o atingirão neste mundo
e no seguinte.
203
76. Rei e Punição, no Manavadharmashastra
204
Mas onde a Punição com cor negra e olhos vermelhos impera,
destruindo os pecadores, os súditos não se perturbam, desde
que quem a aplique tenha o necessário discernimento.
205
77. O poder do rei, no Arthashastra
206
adequadamente será respeitado. Uma justiça criminal bem
estruturada faz com que as pessoas se atenham às intenções e
aos desejos legítimos. Uma punição mal aplicada, fruto de um
mero capricho, da raiva ou da ignorância, revolta até mesmo os
exilados que vivem na floresta e ofende mais ainda os que
sustentam suas famílias! Quando não há uma justiça criminal
capaz de regular a sociedade, ela acaba se rendendo à lei dos
peixes: sem os limites ditados pela justiça criminal, o forte
devora o fraco. Pessoas de classes e idades diferentes são
protegidas pelo sistema de justiça criminal criado por seu líder;
dedicadas às suas obrigações e ocupações, vivem as próprias
vidas. Como um caminho para o estabelecimento da ordem, a
justiça criminal traz a segurança às pessoas: pois se os jovens
encararem o juiz como o rei da morte, eles não cometerão
crimes. Os líderes que exercem a justiça criminal eliminam o
crime do seio do povo, trazendo segurança. A justiça criminal
mantém a integridade deste mundo e do próximo, desde que o
líder a aplique de acordo com o crime, seja contra seu filho ou
contra um inimigo.
207
78. A política ecumênica de Ashoka
209
79. Discurso do Marquês de Qin, no Shujing
210
ministro seria capaz de proteger meus descendentes e meu
povo e seria verdadeiramente um outorgador de benefícios”.
211
80. As regras do bom governo, no Zhongyong
212
pessoa. Afastar os caluniadores livrar-se das seduções da
beleza, não dar importância aos ricos e honrar a virtude. Tal é,
para ele, o meio de estimular os homens dignos e de talento.
213
fixas. E o meio pelo qual são elas postas em prática, é a
simplicidade.
214
81. As cinco obrigações do bom líder, no Liji
215
82. Cinco deveres e quatro erros, no Lunyu
de Confúcio
Zizhang perguntou a Confúcio: "Como alguém se qualifica
para governar?" O Mestre disse: "Quem cultiva os cinco
tesouros e evita os quatro pecados está pronto para governar"
Zizhang disse: "Quais são os cinco tesouros?" O Mestre disse:
"Um cavalheiro é generoso sem ter de gastar; ele faz as pessoas
trabalharem sem as fazer padecer; ele tem ambição mas não
rapacidade; ele tem autoridade mas não arrogância; ele é
rigoroso mas não violento". Zizhang disse: "Como é possível
ser generoso sem ter de gastar?" O Mestre disse: "Se deixares o
povo procurar o que lhe é benéfico, não estarás sendo generoso
sem ter de gastar? Se fizeres o povo trabalhar apenas em
tarefas razoáveis, quem padecerá? Se tua ambição é a
humanidade e se realizas a humanidade, que lugar pode haver
para a rapacidade? Um cavalheiro trata com igualdade os
muitos e os poucos, os humildes e os grandes. Ele dá a mesma
atenção a todos: não tem ele autoridade sem arrogância? Um
cavalheiro se veste corretamente, seu olhar é reto, o povo olha-
o com admiração: não é ele rigoroso sem ser violento?"
Zizhang disse: "Quais são os quatro pecados?" O Mestre disse:
"O terror, que se apóia na ignorância e no assassinato. A
tirania, que exige resultados sem aconselhar adequadamente. A
extorsão, que é conduzida por meio de ordens contraditórias. A
burocracia, que recusa ao povo aquilo a que ele tem direito".
216
83. O governo do povo, em Mêncio
217
"Se entre os atuais soberanos do reino houver um que preze a
clemência, todos os outros príncipes o ajudarão, encaminhando
o povo para ele. E embora esse rei não deseje exercer a
autoridade real, não a poderá evitar".
218
84. As proibições, de Guanzi
219
soltos. Os montes se cobrirão de mal, e se povoarão de animais
e répteis. A cria de gado não prosperará, a gente morrerá
prematuramente, o Estado se empobrecerá e haverá revolta.
220
85. O governo daoísta de Laozi, no Daodejing
221
é correto sem ser voluntarioso,
e brilhante sem chegar a ofuscar.
[...]
Ao dirigir os negócios humanos, não há regra melhor que ser
comedido
Ser comedido é prevenir.
Prevenir é estar preparado e forte.
Estar forte e preparado é antecipar a vitória.
Antecipar a vitória é ter infinita capacidade.
Ter infinita capacidade é estar preparado para dirigir um país,
e só a arte (Mãe) de governar um país tem vida perene.
Isto é estar firmemente plantado, ter longa duração,
rumo aberto para a imortalidade e a visão duradoura.
[...]
Governa um grande país como se fosses um peixinho.
Aquele que dirige o mundo de acordo com Dao
acabará achando que os espíritos perdem seu poderio.
Não é que os espíritos percam seu poder,
mas sim que eles cessem de prejudicar o povo.
E não é somente porque eles cessem de prejudicar o povo,
mas que o Sábio, ele próprio, também não prejudique o povo.
Quando um e outro deixam de se prejudicar mutuamente
o poder da Virtude paira entre ambos.
222
86. O propósito de um Soberano, em Mozi
223
87. O Governo, para Shang Yang
224
88. Regras para o bom governo, de Hanfeizi
225
afastando-se da última. Esta é a calamidade da perda da regra
dos punhos do castigo e da recompensa.
226
Visões da Guerra
O desdobramento da política, em alguns casos, é a guerra. Não
é óbvio, porém, que os antigos fossem absolutamente amantes
da guerra, apesar da existência dos xátrias na Índia (a casta
guerreira) e de mestres da estratégia como Sunzi na China. A
guerra existia, fosse como necessidade, ou como consequência
de interesses políticos. O hino do Atharva veda, da época
védica, traz ainda o fulgor guerreiro das tribos arianas; as leis
de Manu, contudo, já anteviam que a guerra, mais do que um
exercício glorioso, é também uma questão estratégica
importante. No caso chinês, fica claro que a guerra é vista
como uma calamidade para o povo, como parece no poema do
Shijing; mesmo Sunzi, o primeiro autor a escrever um tratado
especifico sobre o tema, entende que a guerra é um evento
desastroso e nada romântico, defendo uma vitória pela
inteligência, mais do que pela violência; Mozi e Mêncio,
embora de escolas diferentes, desprezavam o conflito (apesar
dos moístas fossem bom estrategistas também), mas Shang
Yang, da escola legista, advogava que a guerra deveria ser uma
das principais atividades do governo, mantendo o povo
ocupado e sempre requisitado aos interesses do Estado. Os
regimes totalitários modernos incorporaram idéias semelhantes,
mostrando suas potencialidades e falhas desastrosas.
227
89. Benção das armas de um príncipe em sua ida
para a guerra, do Atharva veda
Quando está revestido da couraça e avança no meio da batalha,
ele parece uma nuvem de tempestade.
O arco! Manejando-o, iremos apossar-nos das vacas, dos
despojos do combate, e ganhar a batalha. O arco desagrada ao
inimigo. Vamos conquistar com o arco todas as regiões do
espaço.
Ela está junto à orelha, como se fosse falar, beijando o amante
querido, a corda! Distendida no arco, vibra como se fosse uma
jovem mulher, salvadora na confusão da luta.
E as duas que a sustentam, como a mãe ao seu filho, que se
aproximam dela, como vai a amante ao encontro do amado, são
as pontas do arco. Repelem os inimigos, expulsam os
adversários.
É mãe de muitas filhas e filhos, fazendo-os tinirem quando ela
desce à arena, a aljava. Amarrada às costas, logo agitada, ganha
as batalhas.
Em pé no carro está hábil cocheiro, estimulando os cavalos até
onde ele quiser. Admirai a beleza das rédeas. As bridas vêm de
trás e dirigem o animal segundo o pensamento do cocheiro.
Quando avançam com os carros, os cavalos fazem ruído, os
cavalos de ferraduras fortes. Pisando o inimigo, eles destroem
o adversário.
A oblação é a carreta onde se colocam as armas e a couraça.
Quem nos dera estar sempre de coração alegre, sentados no
carro.
Sentados em círculo para sorverem a doce bebida, estão os
228
Manes, doadores de vida, apoio no perigo, valorosos,
profundos, brilho das armas, impulso das flechas, incansáveis,
corajosos, dominadores dos clãs.
Ó brâmanes, Pais que honram o soma, sede benevolentes
conosco, vós e também o Céu e a Terra, que ninguém domina.
Puschan, defenda-nos do mau passo. Salvai-nos, vós que sois
exaltado pela ordem Universal. Nenhuma palavra pérfida nos
domina.
A flecha tem a pena da águia, seu dente é o da fera e, presa na
corda do arco, ela voa quando se solta. Onde os soldados se
juntam ou se separam, venham as flechas socorrer-nos.
Ó flecha direita, poupa-nos! Seja de pedra o nosso corpo!
Interceda por nós, Soma. Conceda-nos um abrigo, Aditi!
Ó chicote, açoita o lombo dos animais! Ó chicote, estimula os
cavalos ao combate!
A luva enrola-se no braço como se fosse uma ser- pente.
Proteja o braço do valente.
Embebida em arsênico, cabeça de antílope com boca de aço,
semente de Parjania, a Flecha! A nossa homenagem dirige-se a
essa deusa.
Voa longe, Dardo afiado pela oração! Vai, penetra nas fileiras
dos inimigos, sem poupar nenhum deles!
Quando as flechas voam juntas, como rapazes em cavalos
impetuosos, Briaspati e Aditi ofereçam-nos um refúgio em toda
parte, sempre um refúgio!
Protejo suas partes vitais com a couraça. Digne-se Soma Rei
vestir-te de imortalidade, Varuna, abrir-te um campo livre, e os
deuses saudarem sua vitória!
229
Quem pretende matar-nos, longe ou próximo de nós, destruam-
nos os deuses! A oração é a minha couraça interior!
230
90. A guerra no Manavadharmashastra
Quando o rei sabe que o seu inimigo é muito mais forte que
ele, então deixe que o inimigo divida suas forças para assim
alcançar os seus propósitos.
Que ele sirva ao rei que o abriga, que trata de seus assuntos e
de seu inimigo, com todo esforço, como se este fosse seu guru.
Que ele percebe até quando, e como, é desfavorável a proteção
que ele pede aos outros, ou o mal que ele causa quando vai a
guerra.
231
Por isso um príncipe se baseia no seguinte princípio: que nem
seus amigos, inimigos, e nem os neutros são mais fortes do que
ele.
232
91. Um Soldado pensando no Lar, do shijing
233
92. Sobre as proposições da vitória e a derrota, em
Sunzi
Como regra geral, é melhor conservar um inimigo intacto do
que destruí-lo. Captura seus soldados para conquistá-los, e
domina seus chefes.
234
Portanto, um verdadeiro mestre das artes marciais vence outras
forças inimigas sem batalha, conquista outras cidades sem
assediá-las e destrói outros exércitos sem empregar muito
tempo.
235
pequeno número de pessoas podem chegar a cansar e a
dominar até grandes exércitos.
236
os soldados estão vacilantes. Uma vez que os exércitos estão
confusos e vacilantes, iniciam os problemas procedentes dos
adversários. A isto se chama perder a vitória por transtornar o
aspecto militar.
237
93. Contra a Guerra, em Mozi
238
94. A guerra é um massacre, em Mêncio
239
95. A guerra, em Shang Yang
241
e fé, castidade e integridade, benevolência e justiça, criticismo
do exército e vergonha de lutar. Se existirem estes doze fatores,
o governante é incapaz de convencer as pessoas a cultivar as
terras e a combater, pelo que o estado será tão pobre, levando-o
a ser desmembrado. Se estes doze fatores se manifestam em
conjunto, então poderá afirmar-se que a administração do
príncipe não é mais forte do que os seus ministros e que a
administração dos seus funcionários não é mais forte do que o
seu povo. Esta é considerada uma condição em que os seis
parasitas são mais fortes do que o governo. Quando estes doze
fatores adquirem um elo de ligação, então se dá o
desmembramento. Por conseguinte, para tomar um país
próspero, não se deviam praticar estas doze coisas; então, o
estado terá muito mais força e ninguém, no império, será capaz
de invadi-lo. Quando os seus soldados partem, atingirão o seu
objetivo e, ao atingi-lo, serão capazes de o manter. Quando um
estado mantém os seus soldados na reserva e não procede a
ataques, tomar-se-á certamente rico. Os funcionários da corte
não rejeitam qualquer mérito, apesar do pequeno número que
representam, nem depreciam qualquer mérito, apesar do grande
número que representam. A posição e estatuto são obtidos em
função do mérito conquistado e, embora possam existir
conversas sofisticas, será impossível obter precedência
indevida. Isto é definido como o governo baseado em
estatísticas. Ao atacar com força, são ganhos dez pontos por
cada ponto empreendido, mas no ataque com palavras, perdem-
se cem por cada palavra proferida. Se um estado preza a força,
diz-se que ataca com o que é difícil; se um estado preza as
palavras, diz-se que ataca com o que é fácil. Se as penalidades
242
são pesadas e as recompensas são poucas, então o governante
ama o seu povo e este morrerá por si; se as recompensas são
pesadas e as penalidades leves, então o governante não ama o
seu povo nem este morrerá por si. [...]
243
autoridade rigorosa, então as pessoas, ao ver que na guerra as
recompensas são muitas, esquecerão o risco da morte e, ao ver
a sua degradação quando não existe guerra, considerarão a vida
difícil. Quando as recompensas os fazem esquecer do risco da
morte e a autoridade rigorosa os leva a considerar a vida difícil
e, além disso, as doutrinas depravadas são proibidas, deste
modo enfrentar o inimigo seria como disparar, com uma besta
com capacidade de cem piculs, sobre uma folha esvoaçante.
Como seria possível não sucumbir?
244
A Ciência de Registrar o Passado
245
reorganizados pelo mesmo Confúcio; o Zhanguoce, uma
coleção de histórias posteriores, foi coligida nos tempos dos
estados combatentes (471-221 aec), não tendo um autor
definido; por fim, Sima Qian, da dinastia Han, apresenta-nos
uma biografia, cuja análise do personagem principal guarda o
sentido do texto; uma análise filosófica e moral da realidade,
com fins educativos.
246
96. A Agitação do Oceano Pelos Deuses, no
Vishnu purana
Sendo assim instruídas pelo deus dos deuses, as divindades
entraram em aliança com os demônios; e conjuntamente
compreenderam a aquisição da bebida da imortalidade.
Reuniram diversos tipos de ervas medicinais e jogaram-nas no
mar de leite, cujas águas eram radiantes como as nuvens finais
e brilhantes do outono. Depois, tomaram o monte Mandara por
bastão, a serpente Vasuki por corda e começaram a agitar o
oceano para conseguir a Ambrosia. Os deuses reunidos foram
colocados por Krishna na cauda da serpente; os daityas e
danavas (a), em sua cabeça e pescoço. Tostados pelas chamas
emitidas de seu capuz inflado, os demônios foram tosquiados
de sua glória; enquanto as nuvens, levadas para sua cauda pelo
hálito de sua boca, refrescavam os deuses com lufadas
reconfortantes. Em meio ao mar lácteo, o próprio Hari (b), na
forma de uma tartaruga, serviu como pivô para a montanha
enquanto a mesma era girada. O portador da maça e disco (b)
estava presente, em outras formas, entre os deuses e demônios
e ajudou a arrastar o monarca da raça de serpentes; e em outro
corpo vasto, sentou-se no cume da montanha. Com uma porção
de sua energia, invisível a deuses e demônios, sustentou o rei
as serpentes e com outra infundiu vigor aos deuses.
Do oceano, agitado assim pelos deuses e Danavas, surgiu
primeiro a vaca Surabhi, a fonte de leite e coalhos, adorada
pelas divindades e contemplada por elas e seus companheiros
com mentes perturbadas e olhos brilhando de prazer. Então,
enquanto os Santos no céu imaginavam o que isto podia ser,
247
surgiu a deusa Varuni,(c) com olhos agitados pela embriaguez.
Em seguida do redemoinho das profundezas surgiu a árvore
Parijata,(d) o deleite das ninfas no céu; perfumando o mundo
com suas flores. Foi produzida então a tropa dos apsararas,(e)
de surpreendente beleza, dotada de encanto e bom gosto.
Surgiu em seguida a lua de raios frios, sendo tomada por
Mahadeva;(f) e depois foi engendrado o veneno pelo mar, do
qual as najas (g) tomaram posse. Dhanvantari, vestido de
branco e trazendo na mão a taça de ambrósia, veio em seguida
e em sua contemplação os filhos de Diti e de Danu,(h) bem
como os ascetas, se encheram de satisfação e prazer.
Depois, sentada numa flor de lótus e segurando um nenúfar em
sua mão, surgiu das ondas a deusa Shri,(i) radiante de beleza.
Extasiados, os grandes sábios a homenagearam com hinos na
canção em seu louvor, Vishvavasu (j) e outros coristas
cantaram e Ghrtaci e outras ninfas celestes dançaram em seu
redor. Ganga e outras correntes santas se apresentaram para
suas abluções, e os elefantes dos céus, tomando suas águas
puras em vasos de ouro, derramaram-nos sobre a deusa, a
rainha do mundo universal. O mar de leite pessoalmente
presenteou-a com uma coroa de flores perenes e o artista dos
deuses a decorou com ornamentos celestes. Assim banhada,
vestida e adornada a deusa, à vista dos celestiais, atirou-se
sobre o peito de Hari, e ali reclinada voltou os olhos para as
deidades, que se inspiraram extasiadas com seu olhar.
Não aconteceu assim com os daityas,(k) que com Vipracitti à
sua frente, encheram-se de indignação quando Vixnu se afastou
deles, e foram abandonados pela deusa da prosperidade.
Os daityas poderosos e indignados tomaram então à força a
248
taça de Ambrósia que estava nas mãos de Dhanvantari. Mas
Vixnu, assumindo forma feminina, fascinou-os e iludiu-os e
retomando a taça, entregou-a aos deuses. Shakra (l) e as demais
deidades embarcaram a
249
não esqueças aquele que celebre teus louvores nas palavras que
te dirigi". "Eu não abandonarei os três mundos outra vez”,
respondeu a deusa. "Este teu primeiro pedido é satisfeito, pois
estou feliz por teus louvores. Além disso, jamais virarei o rosto
para o mortal que, de manhã e de tarde, repetir o hino com que
te dirigiste a mim".
250
97. Uma passagem do Chunqiu (Primaveras e
Outonos), comentada pelo Zuozhuan de
Zuoqiuming
251
- Também isso constitui uma razão insuficiente. Os deuses não
abençoarão as vossas armas baseados apenas nessa desculpa.
-Ainda não.
-Ainda não.
- Agora.
252
Quando a batalha foi totalmente ganha, o duque pediu a Guei
uma explicação da sua tática.
253
98. O Cânone de Yao, do Shujing
255
99. Contra os áulicos sistemáticos, do Zhanguoce
256
— Dizes bem — respondeu o rei. Então, baixou um decreto:
257
100. A Vida de Po Yi, por Sima Qian, no Shiji
258
que Confúcio disse de si mesmo: “Eu gostaria até de puxar
uma carroça se soubesse que, assim fazendo, ficaria rico por
meu próprio esforço. Como não posso ter certeza, farei o que
gosto de fazer”. E diz mais: “Quando chega o inverno, verifica-
se que os pinheiros e os ciprestes suportam melhor o frio”.
Quem tem coração puro mantém-se firme num mundo de
corrupção geral. Sabe o que mais preza e desdenha o resto.
“Um cavalheiro detesta morrer sem deixar nome para a
posteridade” (diz Confúcio). E Chiazi diz: “O cobiçoso morre
de juntar dinheiro, o cavaleiro heróico morre pela fama, o
homem de êxito morre de lutar pelo poder e a gente comum
evita a morte”. “Os que têm a mesma luz atraem-se
mutuamente e os animais da mesma espécie um ao outro se
buscam”; “As nuvens seguem o dragão e os ventos seguem o
tigre”; “Ergue-se o sábio e todas as coisas se tornam claras”
(Citação do Livro das Alterações). Poyi e Shuchi tornaram-se
imortais graças ao louvor de Confúcio, e Yen Huei ficou
conhecido da posteridade por ter seguido o Mestre, embora
todos tivessem seus méritos próprios. Há, porém, muitos
filósofos que vivem em isolamento e são admiráveis por seu
caráter e sua conduta, mas de quem nunca se ouve falar. Não é
triste isso? Pessoas comuns que sejam de rigorosa conduta e
desejem tornar-se conhecidas dos pósteros não têm outro
remédio senão associar-se a letrados de grande reputação.
259
Anexo
260
A visão de passado em Shang Yang
261
Grande Tratado sobre a Harmonia da Atmosfera
das Quatro Estações com o Espírito Humano, no
Neijing
262
Devem permitir que as melhores partes do seu corpo e do seu
espírito se desenvolvam; devem permitir que o seu hálito se
comunique com o mundo exterior e devem proceder como se
amassem tudo quanto existe exteriormente.
263
armazenar. A água gela e a terra estala e abre fendas. Não
devemos perturbar o nosso Yang (2).
264
estações seriam incapazes de se proteger entre si, perderiam o
Dao e não tardariam a ser destruídas.
265
com tudo o mais da Criação, os sábios mantiveram-se no limiar
da vida e do desenvolvimento.
266
267
O presente volume é uma reedição da coletânea Cem
textos de história asiática, que busca apresentar um
contraste literário entre as duas principais civilizações
do Extremo Oriente, Índia e China. Muitos são os
mitos acerca das relações entre essas duas culturas; de
que a Índia emprestara sua cultura à China, de que a
China não tem autonomia de pensar, ou de que ambas
são muito semelhantes, entre outros. Todos estes erros
foram construídos por concepções históricas
superadas, mas que ainda persistem no imaginário
popular ou dos estudantes desavisados. Esta obra visa
construir um quadro diferente dessas perspectivas,
contribuindo para superá-las.
268