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Sumário
Apresentação ...................................................................................... 9
História ............................................................................................. 13
1.Shujing – Discursos de Yao ...................................................... 15
2.Chunqiu – Cronologia Histórica ................................................ 17
3.Liji – As Eras históricas ............................................................ 18
4.Hanfeizi – Abolir o passado ...................................................... 20
5.Sima Qian – Recordações Históricas......................................... 22
6.Liu Zhiji – A narração dos eventos ........................................... 24
7.Sima Guang – Descontinuidades temporais .............................. 28
8.Lu Tanglai – A compreensão da história ................................... 30
9.Ma Duanlin – A história como metáfora da realidade ............... 31
10.Kang Youwei – uma teoria sobre o futuro da história ............. 33
Filosofia ............................................................................................ 35
11.Yijing – o poder de domar do pequeno ................................... 38
12.Shujing – o “Grande Plano” .................................................... 41
13.Confúcio – Sabedoria é educação............................................ 44
14. Mozi – Contra a cultura .......................................................... 47
15. Laozi – a via é o desprendimento e a não-ação ...................... 49
16.Legistas – Shang Yang e a criação dos padrões corretos ........ 51
17.Sima Tan – a discussão sobre as seis escolas no Shiji ............. 54
18.Dong Zhongshu – a fusão do confucionismo e da cosmologia
no Chunqiu Fanlu ......................................................................... 56
19.Wang Chong – sabedoria e ceticismo...................................... 59
3
20. As vias no budismo chinês ..................................................... 61
21. Hanyu – uma comparação entre confucionismo, daoísmo e
budismo ........................................................................................ 65
22. Zhuxi – o máximo supremo e a redenção de Confúcio .......... 67
23. Wang Fuzhi – resgatando a via............................................... 70
24.Mao Zedong............................................................................. 72
Política .............................................................................................. 76
25. Shujing – o Mandato Celeste .................................................. 79
26. Liji – como governar? ............................................................ 83
27. Hanfeizi – como um monarca deve agir? ............................... 85
28. Lisi e a queima dos livros ....................................................... 87
29. Lujia – o governo ideal ........................................................... 89
30.Sima Guang – a estrutura do poder imperial ........................... 91
31. Huang Zongxi – o verdadeiro interesse dos governantes ....... 93
32. Sun Yatsen – os poderes do povo ........................................... 97
33. Mao Zedong e a Democracia Socialista ................................. 99
34. Deng Xiaoping – um país, dois sistemas .............................. 100
35. Deng Xiaoping - coexistência pacífica e Taiwan ................. 103
Economia ........................................................................................ 106
36. Liji; Fengjian, ou o Feudalismo chinês ................................ 108
37. Mêncio – o sistema dos nove terrenos .................................. 110
38. Shang Yang – a importância da agricultura.......................... 112
39. Guanzi – as regulações ......................................................... 114
40.Sima Qian – da riqueza e do comércio .................................. 116
4
41.Yantienlun ............................................................................. 119
42. Mao Zedong – o “Grande Salto” .......................................... 121
43. Deng Xiaoping e a Não-Contradição.................................... 124
Sociedade........................................................................................ 127
44. Liji - O que é Li (rito)? ......................................................... 129
45. Liji – O Nascimento ............................................................. 132
46. Liji - Funeral e Luto ............................................................. 136
47. Liji - Ciclo da vida ................................................................ 139
48. Liji – Anciãos ....................................................................... 143
49. Confúcio e os cinco deveres universais ................................ 146
50. Xiaojing – A piedade filial ................................................... 147
51. Guanzi e Mêncio – as classes sociais ................................... 151
52. Sima Guang – da conduta correta dos funcionários públicos
.................................................................................................... 152
53. Imperador Jing, de Han – sobre a corrupção ........................ 153
54. Fang Yizhi e os mercadores.................................................. 155
55. Uma canção camponesa........................................................ 156
56. Shijing – a labuta dos soldados............................................. 157
57. Luxi – um calendário campestre ........................................... 158
58. Mao Zedong – a análise das classes chinesas ....................... 160
A Mulher na China ......................................................................... 162
59. Ban Zhao – o Tratado das Mulheres ..................................... 164
60. Fang Zhongshu – o Livro da Alcova .................................... 167
61. Nu Lunyu – os Analectos Femininos ................................... 169
5
62. Mercado das concubinas....................................................... 170
63. Cartas de Família de Zen Guofan ......................................... 173
64. Sobre o enfaixamento dos pés .............................................. 175
65. Mao Zedong e a questão da mulher na China....................... 179
66. Xinran e as “Boas Mulheres da China” ................................ 181
Religião .......................................................................................... 184
67. Shijing – apontamentos sobre o Céu .................................... 188
68. A criação – uma teoria do Huainanzi ................................... 190
69. A criação – o mito de Pangu ................................................. 191
71. O Deus da cozinha ................................................................ 193
72. Os Deuses do portão ............................................................. 194
73. Da Alma, Zhuangzi .............................................................. 196
74. Dedicação aos Antepassados, Shijing .................................. 198
75. Sobre Fantasmas, por Wang Chong ..................................... 200
76. Fantasmas, do Soushenji....................................................... 204
77. Imortalidade e o elixir da longa vida, por Gehong ............... 207
78. Os Fangshi, no Bowushi de Zhang Hua ............................... 209
79. Sobre a Imortalidade............................................................. 212
80. Criaturas bestiais, do Shanhaijing ........................................ 214
81. O Budismo chinês no Lankavatara sutra .............................. 217
82. A crítica ao Budismo chinês, de Hanyu ............................... 221
83. Sobre a existência dos demônios, de Hanyu ......................... 224
Visões dos Outros ........................................................................... 226
84. Lisi – Memorial para a manutenção dos estrangeiros .......... 229
6
85. Sima Qian e os Xiongnu, no Shiji ........................................ 231
86. Fanye - uma descrição sobre os Romanos no Hou Hanshu .. 234
87. A resposta mongol a uma das primeiras missões católicas no
Oriente ........................................................................................ 235
88. A resposta do imperador Qing Qianlong ao embaixador
britânico Lorde Macartney ......................................................... 238
89. As viagens de Li Zhaoluo em Portugal ................................ 239
90. Mao Zedong – os imperialistas são tigres de papel .............. 241
91. A Teoria dos Três Mundos ................................................... 244
Arte, Cultura e Educação ................................................................ 247
92. Sobre a Música – Liji ........................................................... 248
93. Sobre a Escrita, de Cheng Yenyuan ..................................... 251
94. O significado da Arte, por Guoxi ......................................... 253
95. A apreciação da Literatura, do Wenfu .................................. 257
96. A revolução na Literatura, por Chenduxiu, e a nova arte
comunista, por Mao Zedong ....................................................... 258
97. Educação no Liji ................................................................... 261
98. Educação pelos clássicos no Liji .......................................... 264
99. Educação moderna, por Kang Youwei ................................. 266
100. Revolução Cultural ............................................................. 267
Cronologia ...................................................................................... 269
Referências ..................................................................................... 273
Tradução e adaptações .................................................................... 275
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Apresentação
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Inevitáveis omissões, bem como o critério de escolha, foram
organizados por mim, que irei explicar a seguir.
A dificuldade de um critério
10
Por esta mesma razão exposta acima, decidi não utilizar o
critério temporal, como havia comentado. A divisão por
marcos ocidentais – época antiga, medieval, moderna, etc – se
acoplam casualmente ao curso dos acontecimentos chineses,
mas não os definem de modo eficaz (a dinastia Tang, um dos
momentos brilhantes da era imperial ocorre, por exemplo,
durante as primeiras crises da era medieval na Europa);
poderíamos também utilizar as divisões dinásticas que a
própria história da China utilizou para organizar suas fases,
mas ainda assim, elas não dariam conta de representar a
continuidade de certos textos e autores na formação ideológica
da mesma.
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até a metade do século 20 muitos currículos escolares
ocidentais ainda mantinham o estudo do grego, latim e dos
clássicos greco-romanos como disciplinas básicas.
12
História
13
Históricas (Shiji) é um marco na historiografia chinesa,
servindo de modelo para os autores posteriores. Quanto a
Liuzhiji (+661 +721), seu Compreendendo a História (Shitong)
seria o primeiro manual sobre redação e pesquisa histórica,
explicando os conceitos, termos e técnicas empregados na
confecção da mesma. Sima Guang (+1019 +1086) foi um
prolixo historiador e intelectual da época Song (+960 + 1279),
e seu Espelho do Governo (Zizhi Tongjian) é uma discussão
aprofundada sobre as eras históricas, a descontinuidade entre
cronologia, cultura e ideologia, bem como dos propósitos do
historiador. Em sua época, no entanto, prevaleceu a
interpretação histórica proposta por Zhuxi (1130+1200) em seu
Tongjian gangmu, grande filósofo daquele momento que, no
entanto, manteve a estrutura de escrita e interpretação proposta
pelo Chunqiu (e por esta razão, não incluída aqui). Lu Tanglai
(1137 + 1181) e Ma Duanlin (séc. 13) reincorporam, porém, as
discussões de Sima Guang, dando continuidade ao processo de
“desconstrução” das “certezas históricas”. Por fim, Kang
Youwei (1858 + 1927), pensador da época final do império
Qing, propunha uma interessante teoria de evolução histórica,
que previa a integração do mundo numa era futura.
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1.Shujing – Discursos de Yao
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criaturas distantes nos campos e os pássaros e animais
concebem e se juntam”.
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2.Chunqiu – Cronologia Histórica
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3.Liji – As Eras históricas
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simples regras de disciplina; por meio de tais princípios os
cidadãos procuram manter a distinção oficial de governantes e
governados, ensina-se aos pais e filhos e irmãos mais velhos ou
mais moços e esposos e esposas a viverem em harmonia,
estabelecem-se obrigações sociais, e vive-se em grupos de
aldeias. Os mais fortes fisicamente e os mentalmente mais
vivos galgam posições de relevo, e cada um trata a sua própria
vida. Daí a malícia e os ressentimentos, resultando em guerras.
(Os grandes fundadores de dinastias como) Os Imperadores
Yu, Tang, Wen, Wu e Cheng, e o Duque Zhou, foram os
melhores homens desta época. Sem uma única exceção, foram
todos seis profundamente ciosos dos princípios da Li, mediante
os quais a justiça foi mantida, a confiança geral foi instaurada,
os erros e equívocos foram banidos. Um ideal de verdadeira
humanidade, ren, foi estabelecido, e cultivaram-se as boas
maneiras e a cortesia como sólidos princípios a serem seguidos
pelo povo. Qualquer autoridade que violasse tais princípios
haveria de ser denunciada como inimigo público e destituída
do cargo. Este se chama o Período da Xiaokang ou "o Período
da Paz Menor".
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4.Hanfeizi – Abolir o passado
20
Havia um granjeiro em Zhou que arava terra, e em seu campo
havia um toco de árvore caído. Um dia, um coelho saiu
correndo do mato e se chocou contra o tronco, quebrando o
pescoço. Ao vê-lo, o granjeiro deixou o arado e se sentou no
tronco, esperando que outro coelho fizesse o mesmo. Só que
nenhum outro coelho bateu no tronco, no inverno ele não teve
o que comer porque descuidou de suas tarefas e terminou sendo
motivo de piadas para os vizinhos. Por isso eu digo: todos
aqueles que se valem das regras do passado para governar nos
dias de hoje, podem ser chamados com justiça de “Vigilantes
do tronco”.
21
5.Sima Qian – Recordações Históricas
[...]
22
Este é o parecer do historiador: o governo da dinastia Xia foi
marcado por bons augúrios, mas com o tempo deteriorou-se e
voltou a rusticidade e a decadência. Shang substituiu Xia, e
reformou seus defeitos por meio da virtude da piedade filial.
Mas esta piedade degenerou, e as pessoas dirigiram-se para o
mundo das superstições e espíritos. Então Zhou seguiu
corretamente, corrigindo esta falta por meio dos rituais e da
ordem. Mas os ritos se deterioraram porque caíram nas mãos
daqueles que os transformaram em um simples espetáculo.
Então, tornou-se necessário novamente acabar com este
espetáculo, reformar o mundo e buscar novamente um bom
destino. Este foi o caminho das três dinastias, e o ciclo
dinástico é um caminho que começa, termina e continua
sempre.
23
6.Liu Zhiji – A narração dos eventos
[...]
24
Novamente, temos o caso de uma passagem nos Comentários
de Zuo sobre Shen Neng, que foi traído, e pereceu por conta de
uma intriga de sua madrasta Liji; na história de Bangu, Qixin
assumiu o lugar de seu soberano, expôs-se ao perigo e morreu
quando estava cercado pelos Xiang. Aqui, os historiadores não
falaram de seus caracteres morais, mas sua lealdade e devoção
filial são aparentes; isso é que o chamamos de “descrever os
eventos da vida de uma pessoa”.
25
foram separadas pelos historiadores, e é isso que chamamos de
“revelado pelos comentários do historiador”.
26
27
7.Sima Guang – Descontinuidades temporais
O texto de Sima Guang critica a idéia de continuidade histórica,
defendendo que as mudanças nos ciclos dinásticos podem ser dar por
razões variadas, e não apenas somente pela teoria do Mandato
celeste. Em suma, cada época deveria ser lida por meio de suas
próprias fontes, e as generalizações, evitadas.
28
continuidade ao ciclo de seus ancestrais, mantendo uma linha
de sucessão e esperando trazer novamente a restauração do
poder. E foram esses governantes que combateram para
manter-se no poder. Então, seu servo deve considerar estes
soberanos como legítimos filhos do céu. Ora, todos os outros
estados tinham aproximadamente o mesmo território, as
mesmas virtudes, empregavam os mesmos títulos e distinguiam
seus legisladores, e se formos tratá-los, deveríamos fazê-lo de
modo equivalente, tal como os antigos estados guerreiros, sem
qualquer tipo de favoritismo. Mas este caminho, porém, é uma
violência com os fatos e um desrespeito a verdade. Não
obstante, é necessário, quando um império assume o poder,
estabelecer algum tipo de cronologia para por em ordem a
sequência dos acontecimentos. Han passou o poder para Wei,
que passou para Jin; Jin passou para Sung, este para Chen, e
depois Sui o tomou para si; Tang venceu os últimos Liang, os
últimos Zhou, os Sui, e foi vencido pelo agora Grande Song.
Este procedimento é necessário para determinar o nome dos
títulos reais destas dinastias, e colocar os eventos num arranjo
cronológico que cubra todos estes estados. Este não é, contudo,
o procedimento correto para um estado ser honrado e o outro
depreciado, ou para determinar as distinções que legitimam ou
intercalam as dinastias em questão.
29
8.Lu Tanglai – A compreensão da história
30
9.Ma Duanlin – A história como metáfora da
realidade
O filósofo Xunzi disse, há muito tempo atrás: “se você
observar o caminho dos antigos reis-sábios, você verá que ele é
absolutamente óbvio, pois é o caminho dos últimos reis. O
cavalheiro estuda o caminho dos últimos reis e, e com os
discursos de cem reis de muito tempo atrás em suas mãos é
fácil iniciar uma discussão”. Então, se formos estudar as
instituições, examinar as leis e os estatutos, compreenderemos
amplamente e entenderemos, assim, que na verdade estaremos
buscando estudar os princípios confucionistas.
32
10.Kang Youwei – uma teoria sobre o futuro da
história
O significado das “Primaveras e Outonos” consiste na evolução
de três eras: a era da desordem, a era da ordem e a era da
grande paz. O caminho de Confúcio abarca as três sequências e
estas três eras. As três sequências são usadas para ilustrar as
três eras, e como isso pode ser estendido por cem gerações. O
tempo dos Xia, dos Shang e dos Zhou representa a sucessão
das três sequências, na qual podemos observar suas mudanças e
acréscimos. Pela observação da mudança destes tempos,
podemos saber como as mudanças operarão nas cem gerações
seguintes. Como muitas das coisas foram feitas para o povo no
passado, os reis seguintes não podem governar da mesma
maneira que a dinastia anterior; alguns dos defeitos existentes
no sistema anterior se desenvolvem e persistem, e cada dinastia
tem, então, que efetuar as modificações necessárias para
expurgar os erros antigos e criar um sistema novo. O curso da
humanidade progride de acordo com esta sequência fixa.
Aqueles que um dia foram clãs, depois tribos, transformaram-
se em nações. E das nações nasceu, então, a grande unidade.
Do mesmo modo, antigamente, surgiram os indivíduos que se
tornaram chefes tribais; depois, gradualmente se estabeleceram
as regras pelas quais estes podiam governar seu povo; ou seja,
da autocracia se evolui para o constitucionalismo; depois, do
constitucionalismo se evolui para o republicanismo. Do mesmo
modo, as relações entre marido e esposa, e entre pai e filho
foram gradualmente reguladas e definidas. Quando elas estão
presentes, as pessoas cuidam com cuidado e amor de sua
33
sociedade, e voltam gradualmente para o que se chama grande
unidade. O reverso disso conduz as pessoas ao individualismo
egoísta e a desordem.
34
Filosofia
35
551 - 479), o primeiro dos sábios conhecidos nos tempos
clássicos, privilegiaria uma proposta baseada na tradição e na
educação; Mozi (séc -4), um antagonista do confucionismo,
defenderia a destruição da cultura clássica e uma espécie de
comunismo primitivo; Laozi (sécs. -6 -5?), o mítico fundados
do daoísmo, afirmava que o Dao era uma via de auto-
conhecimento, hermética, somente acessível pelo
desprendimento do mundo materialista; os legistas,
representados por Shang Yang (séc. -4) defendiam seu ponto
de vista baseado numa unificação do poder e dos costumes pela
lei e pela força. Estes pensadores antigos seriam pesados por
Sima Tan (séc. -2), pai do historiador Sima Qian
(curiosamente, seu texto dá um parecer favorável aos daoístas,
conquanto seu filho tornar-se-ia um ardoroso defensor de
Confúcio); Dong Zhongshu (séc. -2) inaugura a fusão entre o
ser humano confucionista e a escola cosmológica dos cinco
agentes, determinado uma interpretação nova para a ética,
política e mesmo para medicina; e Wang Chong (+ 27 + 91)
criaria as bases do ceticismo chinês. Este longo processo seria
adicionado pela presença do budismo, inicialmente recebido
como uma escola de pensamento, como veremos no texto
atribuído a Bodhidharma (séc. 5), mítico patrono do budismo
chinês; Hanyu (768 + 824), dos Tang, realiza uma comparação
entre confucionismo, daoísmo e budismo, e conclui pela
primazia da razão letrada; este ponto de vista seria referendado
pela tradição criada por Zhuxi (1130 +1200), o grande
reformador do confucionismo e estruturador de uma
cosmologia definitiva no pensamento chinês, a concepção do
Taiji (o Máximo Supremo); e por Wang Fuzhi (1619 + 1692),
36
um confucionista crítico disposto a retomar a consciência ética
de sua época. Estes movimentos seriam engolidos pelas crises
da modernidade na China, e o paradigma comunista chinês
proposto por Mao Zedong, no seu texto sobre a contradição, dá
um exemplo perfeito e acabado da síntese entre o pensamento
marxista ocidental e as teorias dialéticas de yin-yang propostas
pelo classicismo chinês.
37
11.Yijing – o poder de domar do pequeno
O Julgamento
A Imagem
38
pessoa pode fazer pouco de significado duradouro, mas as
condições permitem que nos expressemos abertamente em
coisas pequenas, para os que nos cercam. É preciso usar o
tempo para um auto-aperfeiçoamento.
As Linhas
39
considerar a verdade nua e crua, e então tomar uma ação
eficaz. Se for sensível e honesto, poderá remendar a situação e
mesmo marcar um pequeno tento.
40
12.Shujing – o “Grande Plano”
41
“Primeiro: dos cinco elementos, o primeiro é a água; o segundo
é o fogo; e o terceiro a madeira; o quarto o metal; o quinto é a
terra. A natureza da água consiste em molhar e descer. A do
fogo, em arder e subir. A da madeira, em curvar-se a alinhar-
se. A do metal, em amolecer e mudar. A da terra, em receber as
sementes e produzir a colheita. O que molha e desce se
converte em sal. O que arde e sobe se converte em amargo. O
que se curva e se alinha se converte em ácido. O que amolece e
muda se converte em acre. E da semeadura e colheita procede a
doçura”.
42
os planetas e espaços zodiacais, o quinto os cálculos do
calendário”.
43
13.Confúcio – Sabedoria é educação
44
[...]
[...]
45
abarca e é amplo como o céu. Profundo e ativo como a fonte,
parece-se com o abismo. É visto, e todo o povo o venera. Fala,
e todo o povo acredita. Age, e todo o povo o apoia.
46
14. Mozi – Contra a cultura
48
15. Laozi – a via é o desprendimento e a não-ação
O Dao
Encontro de Opostos
Todos no mundo reconhecem o belo como Belo e,
desta forma, sabem o que é o Feio.
49
Todos no mundo reconhecem o bem como o Bem e,
desta forma, sabem o que é o Mal.
Assim o ser e o não-ser geram-se mutuamente
O longo e o curto se delimitam. O alto e o baixo se
inclinam.
O tom e o som se harmonizam. O antes e o depois
seguem-se um ao outro.
Assim o sábio executa suas tarefas sem agir e transmite
ensinamentos sem usar palavras.
Todas as coisas agem, e ele não lhes nega auxílio.
Produz sem apropriar-se de coisa alguma.
Realiza sua tarefa e não pede gratidão.
E é justamente porque não se apega que o mérito
jamais o abandona e suas obras meritórias subsistem.
50
16.Legistas – Shang Yang e a criação dos padrões
corretos
A sofística e a sagacidade constituem um apoio à ilegalidade;
os festejos e a música são sinais de desregramento e
libertinagem; a simpatia e a benevolência constituem a mãe
adotiva das transgressões; o emprego e a promoção
representam oportunidades para a crueldade dos malfeitores. Se
a ilegalidade é incentivada, toma-se dominante; se existem
sinais de desregramento e libertinagem, tornar-se-ão prática
corrente; se existir uma mãe adotiva para as transgressões,
estas despertarão; se existirem oportunidades para a crueldade
dos malfeitores, esta nunca tem um fim. Caso estes oito fatores
se manifestem conjuntamente, o povo será mais forte do que o
governo; mas se forem inexistentes num estado, o governo será
mais forte do que o povo. Se este é mais forte do que o
governo, o estado será fraco; se o governo é mais forte do que
o povo, o exército é mais forte. Pois se existirem estes oito
elementos, o governante não poderá utilizar ninguém na defesa
e na guerra, o que resultará no desmembramento e ruína do
estado; mas se estes elementos não existirem, o governante
possuirá os recursos para a defesa e guerra, o que resultará no
desenvolvimento do estado e na conquista da supremacia.
[...]
52
príncipe e respectivos ministros. O padrão correto é fixado
apenas pelo príncipe. Se um governante de homens deixar de o
cumprir, existe perigo; se o príncipe e os ministros
negligenciam a lei e agem segundo os seus interesses pessoais,
a desordem será o resultado inevitável. Por conseguinte, se a lei
é estabelecida, os direitos e deveres esclarecidos e o interesse
pessoal não prejudicam a lei, então existe um governo estável.
Se a criação do padrão correto é decidida apenas pelo príncipe,
existe prestigio. Se as pessoas têm fé nas recompensas, então as
suas atividades alcançarão resultados; e se depositam fé nas
penalidades, então a malvadez não terá sequer inicio. Somente
um governante inteligente preza os padrões corretos e valoriza
a boa fé, não prejudicando, assim, a lei em nome de interesses
pessoais. Se proferir muitas palavras liberais, cortando, porém,
as recompensas, os seus súditos não serão úteis; e se emitir
ordens severas, umas atrás de outras, mas não aplicar as
penalidades, as pessoas desprezarão a pena de morte.
53
17.Sima Tan – a discussão sobre as seis
escolas no Shiji
O grande comentário do Tratado das Mutações diz: “há um que
movimenta tudo, mas é dele que vêm todas as escolas e teorias.
Elas têm o mesmo objetivo, mas seus caminhos são
diferentes”. As escolas yin-yang, os confucionistas, os moistas,
os lógicos, os legalistas e o daoístas, todos procuram por um
bom governo. Elas são simples de seguir e ensinam caminhos
diferentes, e algumas são mais acessíveis do que outras.
54
agricultura e seus pontos de vista sobre frugalidade não podem
ser desprezados.
55
18.Dong Zhongshu – a fusão do confucionismo e da
cosmologia no Chunqiu Fanlu
Juntos, os éteres (qi) do universo constituem uma unidade;
divididos constituem Yin e Yang; divididos em quatro,
constituem as quatro estações; (ainda mais) divididos,
constituem os cinco elementos. Estes elementos representam
movimento. O movimento deles não é idêntico. Por isso não
chamamos os cinco motores (Wuxing). Esses motores
constituem cinco poderes oficiantes. Cada um, por sua vez, dá
origem ao seguinte e é submetido pelo que se lhe segue. [...]
56
por meio da energia yang (solar); a água vence ao metal (seu
pai), mas o chora por meio da energia yin. A terra demonstra a
máxima lealdade no serviço do céu. Assim, as 5 forças
proporcionam uma norma de conduta para ministros leais e
para filhos devotos de seus pais...
[...]
57
A prova disto é muito clara: afinar instrumentos musicais. A
nota Kung ou a Shang tocadas no alaúde serão respondidas por
notas Kung ou Shang de outros instrumentos de corda. Soam
por si mesmas.
58
19.Wang Chong – sabedoria e ceticismo
[...]
[...]
[...]
59
se viu ou ouviu, sem submeter a questão a uma análise da
mente, significa simplesmente atuar sem base na reflexão.
Comentar algo, apenas com base no que se vê ou ouve, leva
inevitavelmente ao erro. Dar crédito ao erro e ao aparente é
confundir o certo com o equivocado. Para avaliar corretamente
as coisas, é necessário recorrer à reflexão, e não apenas às
impressões causadas pelos olhos e ouvidos.
60
20. As vias no budismo chinês
61
insignificantes da vida, desprezando o essencial; vagueei pelas
existências criando um sem-número de ocasiões para o ódio, a
hostilidade e as más ações. Embora violações não estejam
sendo cometidas presentemente, os frutos das más ações
cometidas no passado estão amadurecendo agora. Nem deuses,
nem homens poderiam me advertir do que se abate sobre mim.
Deverei me submeter de boa vontade e pacientemente a todos
os males que se abaterem sobre mim, sem jamais me lamentar.
Os Sutras dizem que jamais devo me afligir por causa do .mal
que se abate sobre mim. Por quê? Porque quando as coisas são
vigiadas por uma inteligência superior, os fundamentos da
causação são alcançados por ela.” Quando tais pensamentos
despertarem num homem, ele estará de acordo com a Razão,
porque ele faz o melhor dos usos do ódio, pondo-o a serviço de
seu avanço pelo Caminho. Eis o que significa "saber se afastar
do ódio".
62
silenciosamente permanecemos em harmonia com o Caminho.
Eis o que significa "ser obediente às condições".
63
ele está livre da impureza do eu." Se um sábio compreende essa
verdade, e confia nela, suas ações se tornarão "de acordo com o
Darma".
64
21. Hanyu – uma comparação entre
confucionismo, daoísmo e budismo
Um amor que abarca a todo o mundo se chama Humanismo.
Uma conduta que se conforma as prescrições deve se chamar
justiça. Se chama caminho a prática de ambos os preceitos. Se
chama virtude o fato de bastar-se a si mesmo sem esperar nada
de fora. Assim, o humanismo e a justiça são noções bem
determinadas, apesar da via e da virtude dependerem das
contingências. Por isso se distingue a via do sábio e a do vulgo,
a virtude fasta e a nefasta.
65
mesmo sem necessidade de qualquer coisa de fora. (...) esta via
é fácil de explicar e compreender, este ensinamento e fácil de
por em prática. Se as pessoas o aplicam a si mesmas, tudo
frutifica sem problemas; se as pessoas o colocam em seu
coração, todos se tornam afáveis e serenos.
66
22. Zhuxi – o máximo supremo e a redenção de
Confúcio
Taiji (Máximo Supremo) é o Li (Princípio) do Céu, da Terra e
de todas as criaturas. Mas há um li para o céu, um li para a
Terra, um li para todas as coisas, e por fim, um li em cada uma
das coisas, dentro delas. Antes do Céu e da Terra, não havia
ainda um li dessas coisas. Quando se produz o yang, só há esse
li. Quando se produz o yin, ainda só há esse li.
[...]
[...]
67
do céu e da terra existirem, ele assegurou a existência do
princípio. Este é o principio do movimento que engendra o
yang e o movimento que engendra o yin.
[...]
[...]
68
amor, retidão, reverência e sabedoria. Olhe para todas as
inúmeras transformações e você não encontrará nada sem esses
quatro princípios. Você precisa apenas examinar os assuntos
comuns da vida diária e descobrirá que não há nada sem eles.
Quanto à sinceridade, é chamada de expressão da realidade da
existência dos outros quatro. Sinceridade é realidade, e
realidade significa o que uma coisa é.
69
23. Wang Fuzhi – resgatando a via
70
para os que sofriam, nem punição para os maus soberanos.
Durante Han e Tang, não existiam dinastias como as de hoje, e
as de amanhã não serão iguais também. Antes dos arcos não
havia flechas, e não existia arqueria; antes dos carros e cavalos,
não existia a condução; antes dos sacrifícios de bois e vinho, de
jade e seda, dos sinos, flautas e violas, não existiam nem ritos
nem música. Assim, não há pai que não seja filho, nem irmão
que seja mais velho sem um mais novo. Só existe as coisas em
potencial.
71
24. Mao Zedong
72
de penetrar no fundo das coisas e estudar minuciosamente as
particularidades da contradição, contentar-se em olhar de longe
e, após uma observação aproximada de alguns traços
superficiais da contradição, tentar imediatamente resolvê-la
(responder a uma pergunta decidir uma controvérsia, conduzir
um caso, dirigir uma operação militar). Tal maneira de
proceder causa sempre consequências desagradáveis... Encarar
as coisas de uma maneira unilateral e superficial é ainda
subjetivismo, porque, em seu ser objetivo, as coisas estão, de
fato, ligadas umas as outras e possuem leis internas; ora, há
pessoas que, em vez de refletir nas coisas como elas são, as
consideram de uma maneira unilateral, ou superficial, sem
conhecer suas ligações mútuas ou suas leis internas; este
método é, portanto, subjetivo.
[...]
73
determinadas condições há identidade dos contrários. Estes
podem, portanto, coexistir na unidade e se transformar um no
outro; é nisso igualmente que residem o caráter específico e o
caráter relativo da contradição. Entretanto, a luta dos contrários
é ininterrupta, ela existiu tanto durante sua coexistência quanto
no momento de sua conversão recíproca, onde se manifesta
com uma evidência particular. É aí agora que residem a
universalidade e o caráter absoluto da contradição. Quando
estudarmos o caráter específico e o caráter relativo da
contradição devemos prestar atenção na diferença entre a
contradição principal e as contradições secundárias, entre o
aspecto principal e o aspecto secundário da contradição.
Quando estudarmos a universalidade da contradição e a luta
dos contrários, devemos prestar atenção na diferença entre as
formas variadas de luta, senão cometeremos erro. Se, com o
término do nosso estudo, tivermos uma ideia clara dos pontos
essenciais acima demonstrados, poderemos combater
destruindo as concepções dogmáticas que transgridem os
princípios fundamentais do marxismo-leninismo e que
prejudicam nossa causa revolucionária, e nossos companheiros
experimentados estarão em condições de erigir a experiência
em princípios para evitar a repetição dos erros do empirismo.
Tal é a breve conclusão à qual nos conduziu o estudo da lei da
contradição.
[...]
74
socialista em nosso país. Nas artes, formas diferentes e estilos
diferentes podem desenvolver-se livremente; nas Ciências, as
escolas diferentes encarar-se-ão livremente. Seria, a nosso ver,
prejudicial ao desenvolvimento da arte e da ciência recorrer às
medidas administrativas para impor tal estilo ou tal escola e
proibir esse outro estilo, essa outra escola. O verdadeiro e o
falso em arte e ciência é uma questão que deve ser resolvido
pelo livre debate nos meios artísticos e científicos, pela prática
da arte e da ciência e não por métodos simplistas.
75
Política
76
inserindo as relações de poder numa ordem cósmica e natural
tal como proposto por Confúcio, mas através de uma nova
análise, calcada na relação entre o confucionismo e as teorias
da escola cosmológica (ver Filosofia). As teorias de
legitimação de Dong são o cerne do poder imperial, embora
sejam pouco conhecidas. O texto de Sima Guang nos apresenta
a organização do poder imperial e administrativo na época
Han, que serviria de modelo para as dinastias posteriores.
Quanto ao texto de Huang Zongxi (1610 + 1695), este se
constitui numa crítica ao entendimento do que é o exercício da
política em seu tempo, denotando que a ideologia da
administração imperial não foi sempre aceita de modo tácito.
As crises que se sucederam no final do império chinês levaram
a criação de novas ideologias políticas, tal como a proposta por
Sun Yatsen (1866+1925), pai e criador da República Chinesa,
para a construção de um novo país e a superação do passado.
Suas teorias envolviam concepções de democracia, socialismo,
e mesmo da tradição chinesa. Já Mao Zedong (1893+1976)
compreendia o comunismo de um modo alternativo, buscando
adequado-o a realidade social da China. Deng Xiaoping
(1904+1997), mentor intelectual das mudanças modernas no
comunismo chinês, surge aqui como autor de duas direções
fundamentais para orientações política das gerações seguintes;
na primeira, com a concepção de Um país, Dois sistemas,
responsável por assimilar Macau e Hong Kong à China
comunista, respeitando, porém, certas peculiaridades de ambos
(este sistema seria empregado, igualmente, nas chamadas
Zonas Econômicas Especiais, pólos de rápida industrialização
que surgiram na China nas décadas de 1980 e 1990); no
77
segundo texto, os princípios da teoria da Coexistência Pacífica
internacional, dirigidos especificamente ao caso de Taiwan,
que a China espera reintegrar dentro das linhas propostas no
primeiro texto.
78
25. Shujing – o Mandato Celeste
79
decreto em seu favor caiu por terra. Sobe hoje ao trono o nosso
rei, na juventude; que ele não desdenhe dos mais velhos e dos
experientes, porque se pode afirmar que eles estudaram a
virtuosa conduta dos antigos e amadureceram os seus
conselhos na contemplação do Céu.
80
nem digo: "Ela já não poderia perdurar". O fato, simplesmente,
foi o seguinte: carecendo a mesma da virtude da reverência, o
decreto prematuramente caiu por terra, com o seu favor. O rei
ora herdou esse decreto - o mesmo decreto, eu presumo, que
pertenceu àquelas duas dinastias. Que ele procure herdar as
virtudes dos seus meritórios soberanos; que o faça
especialmente no início das suas atribuições.
Que ele não ouse, como rei e em virtude dos excessos do povo
na transgressão das leis, governar com a violenta imposição da
morte; - quando o povo é dirigido com brandura, o mérito do
governo se torna patente. Compete-lhe, na qualidade de rei,
exceder a todos em virtude. Assim o povo o imitará por todo o
reino e ele será ainda mais ilustre.
81
anos de Yin". Desejo que o rei, graças ao devotamento do povo
aqui da terra, receba o duradouro decreto do Céu.
82
26. Liji – como governar?
83
de Conduta) como principal norma segundo a qual reger o
povo que amavam. No culto à “Li” a noção de respeito é a mais
importante, e como símbolo máximo desse respeito a
cerimônia do casamento do soberano é a mais importante. A
cerimônia das núpcias reais é o símbolo máximo do respeito, e,
por ser o símbolo máximo do respeito, o próprio rei vai,
ostentando a sua coroa, saudar a princesa e acompanhá-la em
pessoa desde a casa dela, tão alto é o grau de parentesco que
ele atribui à noiva. O rei vai pessoalmente porque as relações
de família são consideradas inteiramente pessoais.
Negligenciar essas manifestações de respeito é desmerecer as
relações pessoais. Sem amor não haverá relações pessoais, e
sem respeito não haverá boas relações. Amor e respeito são,
assim, os fundamentos do governo.".
84
27. Hanfeizi – como um monarca deve agir?
85
Se deve governar segundo as tendências dos homens. E quais
são estas tendências? Buscar e evitar, querer e aborrecer. Por
isso o sistema legal de premiar com o que desejam, e punir
com o que os aborrecem – este é m fundamento eficaz para a
lei, e, havendo lei, o governo será perfeito.
86
28. Lisi e a queima dos livros
[...]
87
letrados, só havia guerra, mas agora o império foi pacificado.
As leis e as ordens emanam de um só poder unificado.
88
29. Lujia – o governo ideal
90
30.Sima Guang – a estrutura do poder imperial
91
O ministro das estrebarias (taipu; grande cocheiro), responsável
pelos cavalos e as carruagens do imperador e pelas montarias
do exército;
92
31. Huang Zongxi – o verdadeiro interesse
dos governantes
Nos tempos pré-históricos, cada homem trabalhava para si
mesmo e por seus interesses particulares e não havia quem
pensasse no bem público, ou em combater um mal comum da
sociedade. Surgiram depois os reis, que trabalhavam pelo bem
Público e não pelo seu próprio bem. Combatiam o que era mau
para a Coletividade como um todo e não davam importância ao
que pudesse não ser bom para eles próprios. Eram os Reis,
assim, pessoas que trabalhavam mil vezes mais arduamente do
que o povo, sem benefício de si mesmos. Pouco invejável era
tal posição. Por isso, havia os que trabalhavam em benefício do
povo e nunca quiseram ser chamados reis, como Shuyu e
Wuguang, e outros soberanos que trabalhavam pelo bem do
povo como reis e depois passavam seus poderes a outros, como
Yao e Shun; e ainda outros que, feitos reis, foram forçados a
continuar sendo reis, como Yu. Era da natureza humana, tanto
antiga quanto moderna, não apreciar tal posição.
95
propriedade num cofre de ferro e trancá-lo fortemente. Mas, no
fim de contas, haveria apenas um homem ou uma família a
desejar guardá-la, havendo muitos desejosos de chegar a ela.
Em poucas gerações, e às vezes no próprio período da vida do
rei, corria o sangue de seus próprios filhos! As pessoas, em
geral, desejavam nunca haver nascido em uma família real, e o
Rei Yicong disse certa vez à seus jovens príncipes: "Por que
fostes condenados a nascer em minha família?" Que amarga
confusão de remorsos! Não basta isso para esfriar a ambição de
quem se lance a fundar uma dinastia?
96
32. Sun Yatsen – os poderes do povo
97
nem poderá organizar um bom trabalho se não dispuser destes
cinco poderes. São eles: o executivo, legislativo, judiciário,
exames civis e censura. (...) Na separação dos poderes
governamentais, podemos dizer que a china de hoje tem a
separação dos três poderes, como nas modernas democracias.
A China praticou a separação da autocracia, dos exames civis e
da censura durante milênios. Os países ocidentais têm
praticado a separação entre legislativo, judiciário e executivo
durante séculos. No entanto, o sistema de três poderes
ocidental tem algumas imperfeições que não podem ser
perfeitamente aplicadas a china, ou dariam origem a uma serie
de abusos. Se nos combinarmos o melhor da china com o
melhor dos outros países, e nos guardamos contra qualquer tipo
de abuso, nos teremos os três poderes de governo ocidental –
legislativo, executivo e judiciário – adicionados do sistema
chinês de exames e censura e constituiremos um governo
perfeito de cinco poderes. Tal governo será o mais completo e
refinado do mundo, e seu governo, como tal, será realmente do
povo, para o povo e pelo povo.
98
33. Mao Zedong e a Democracia Socialista
99
34. Deng Xiaoping – um país, dois sistemas
101
onde socialismo ainda predomina. A parte principal do restante
da China continua socialista.
[...]
102
35. Deng Xiaoping - coexistência pacífica e Taiwan
b) não-agressão,
[...]
Deng Xiaoping:
103
em frente dos países capitalistas desenvolvidos são o ritmo do
progresso deles e a continuidade do desenvolvimento. Nesta
conexão, há um outro lado na cooperação de Sul-Sul: promover
a cooperação de Norte-Sul.
104
de Taiwan a abandonar tal pensamento. Um meio deve ser
encontrado pelo qual um não passe por cima do outro. As um
bilhão pessoas no continente continuarão construindo o
socialismo, enquanto Taiwan pode ir em com seu capitalismo.
Beijing não enviará ninguém para Taiwan. Isso não seria um
caso de coexistência pacífica? Assim os princípios de
coexistência pacífica não só proveem uma solução boa para
assuntos internacionais, mas para problemas domésticos como
bem.
105
Economia
106
relatório de Sima Qian, presente no Shiji, demonstra o extenso
controle sobre o desenvolvimento destas atividades. Do mesmo
modo, os Debates sobre o Sal e o Ferro (Yantienlun, séc. -1)
tratam, pela primeira vez, entre o conflito da livre iniciativa e
do monopólio do Estado. Os anais destas discussões seriam
referência até os tempos modernos para as questões
econômicas, quando finalmente foram revistos pela ideologia
comunista proposta por Mao Zedong. O comunismo chinês
seria uma interpretação alternativa do marxismo, adaptado a
realidade agrícola chinesa. O texto a seguir, que trata da
política do “Grande salto adiante”, apresenta esta perspectiva
de “aprendizado” do socialismo chinês. Um impulso à
modernidade industrial seria dado pela política das quatro
modernizações (indústria, agricultura, defesa e educação),
necessárias para superação de uma série de desastres
econômicos ocorridos nos fins dos anos 50 e inícios dos 60.
Por fim, Deng Xiaoping realiza uma grande reforma na
economia chinesa, adequando-a as leis do mercado e propondo
uma síntese inovadora de socialismo, globalização e
desenvolvimento.
107
36. Liji: Fengjian, ou o Feudalismo Chinês
108
tem o dobro do fidalgo de 1a. O Primeiro Ministro tem
vencimento de quatro Representantes regionais. O Príncipe
vence por dez Representantes regionais de 1a. ou Ministros. O
1o. Ministro de Estado de 2a. classe tem vencimento de 3
Representantes regionais, tendo o respectivo Príncipe Feudal
vencimento de dez Ministros. O 1o. Ministro de um Estado
Pequeno tem vencimento duplo dos Representantes regionais, e
o respectivo Príncipe, o de dez Primeiros Ministros. O lugar do
1o. Ministro equivale ao médio de um Grande Estado; o 2o.
Ministro equipara-se ao seu inferior; o 3o. equipara-se ao seu
Representante regional de 1a.
109
37. Mêncio – o sistema dos nove terrenos
111
38. Shang Yang – a importância da agricultura
112
completamente exercida na exploração do solo. Daí que aquele
que organiza um estado deveria permitir que os soldados
detivessem a totalidade dos lucros nas fronteiras, e que os
agricultores detivessem a totalidade dos lucros do mercado. Se
a primeira situação ocorrer, o estado será forte e se a segunda
ocorrer, será rico. Por conseguinte, aquele que, no estrangeiro,
é forte em tempo de guerra e, na pátria, é rico em tempo de
paz, alcançará a supremacia. Uma vez que, se os cereais são
baratos, o valor do dinheiro é elevado, e os cereais baratos
representam agricultores pobres, e valores elevados de dinheiro
representam comerciantes ricos; e se as ocupações secundárias
não são proibidas, então (...).
113
39. Guanzi – as regulações
114
inundada, satisfatória para prover peixes e tartarugas. Estes
quatro tipos de terra devem ser controladas e mantidas
cuidadosamente pelo governo. Os impostos devem ser fixados
de acordo com a produção, e rateados de acordo com os
homens ou a área disponível.
115
40.Sima Qian – da riqueza e do comércio
116
ou dos filósofos. Cada qual faz o melhor que pode e utiliza seu
trabalho para obter o que quer. Assim, os preços procuram seu
nível, indo as mercadorias baratas para onde são mais caras e
dessa forma baixando os preços mais altos. As pessoas seguem
suas respectivas profissões e o fazem por sua própria iniciativa.
É como o fluir da água, que procura o nível mais baixo dia e
noite, sem parar. Todas as coisas são produzidas pelo próprio
povo sem que lho peçam e transportadas para onde há precisão
delas. Não é verdade que tais operações ocorrem naturalmente,
de acordo com seus próprios princípios?
117
efeito da riqueza. O rico adquire poder e influência, ao passo
que o pobre é infeliz e não tem para onde se voltar. Isto é ainda
mais certo com relação aos bárbaros. [...]
118
41.Yantienlun
120
42. Mao Zedong – o “Grande Salto”
122
contradição entre pessoas diferentes, quer dizer, uma
contradição entre esses em quem a reflexão destas leis
objetivas é relativamente precisa e esses em quem a reflexão é
relativamente inexata; também, esta é uma contradição entre as
pessoas. Toda contradição é uma realidade objetiva, e é nossa
tarefa refletir sobre isto e solucionar a questão do modo mais
adequado possível para todos nós.
123
43. Deng Xiaoping e a Não-Contradição
125
agradável que nós pudermos alcançar, iniciando estas reformas
e seguindo esta via. A China não tem alternativa, senão seguir
esta estrada. É a única estrada é a prosperidade.
126
Sociedade
127
corrupção burocrática, as dificuldades dos mercadores, a vida
dos camponeses, o lamento dos soldados, um calendário
campestre e por fim, a análise da sociedade chinesa
empreendida por Mao Zedong nos primórdios da revolução
comunista.
128
44. Liji - O que é Li (rito)?
130
rainha procediam ao oferecimento alternadamente, a fim de
que os bons espíritos pudessem baixar e eles se integrassem no
mundo oculto. Após os sacrifícios, propiciava-se então uma
festa aos hóspedes, dividindo os cães e porcos e as reses e
ovelhas da oferenda e distribuindo-os em vasilhames diversos.
A oração aos mortos proclamava a gratidão e lealdade dos
viventes, e a resposta dos mortos sugeria a sua contínua afeição
aos vivos. Tal era o grandioso e abençoado sentido da li. [...]
131
45. Liji – O Nascimento
132
marcados para as pessoas se encontrarem com o menino. O
filho mais velho do Príncipe terá a prenda grande, o homem do
povo, um leitão; o fidalgo um porco, o representante da região,
a pequena prenda (uma ovelha e um porco), o filho herdeiro, a
prenda grande. Não sendo filho mais velho, as prendas
baixarão um degrau. Construir-se-á para o menino um aposento
especial dentro do Palácio. Escolher-se-á entre as matronas a
mais capaz, que terá que ser de grande coração, bondosa, de
natural afável, respeitosa, ponderada e de poucas palavras, para
ser a aia do menino. Uma segunda será a chamada "boa mãe", e
uma terceira será preceptora. Todas viverão nos aposentos do
menino. Toda a mais gente só com motivo poderá entrar lá.
133
O marido participa o nome ao servo da casa. Este anuncia por
toda a parte aos homens. E escreve, dizendo: "Tal ano, tal mês,
tal dia, Fulana deu à luz". E arquivará. O servo participa ao
Secretário da freguesia, e este escreve em duas cópias, uma
para ficar na Administração da freguesia, outra para entregar ao
Secretário do Distrito ou Província, o qual a passará ao
Governador da Província, que a mandará arquivar no Governo
Provincial.
134
fará com que ela coma as oferendas, voltando depois à sua
condição de concubina.
135
46. Liji - Funeral e Luto
136
adornos; o Senhor com o seu barrete de peles próprio; a sua
esposa, com o vestido preto de orla parda.
A veste com que se faz a evocação, não deve ser a que vai
vestir o cadáver, nem que há de servir para a mortalha. Na
evocação de uma mulher casada, não se usa o vestido superior
que ela usou nas bodas. Nas evocações, o homem chama-se
pelo seu nome; a mulher, pelo nome que tomou aos 15 anos.
Faz-se um pranto, e depois a evocação, depois da qual se
procede aos ritos mortuários. Apenas o morto se finou, dão
gritos: os filhos, choram os irmãos, e as mulheres casadas
choram e saltam.
137
dos dignitários de outro apelido, bem como as filhas e netas das
tias e das irmãs pranteiam na sala, de ar contrafeito. [...]
encerados os prantos, sela-se o caixão na câmara mortuária.
[...] Essa regra é agora observada universalmente desde os
príncipes reinantes e nobres até os gentis-homens e povo. No
caso do pai ser um nobre e o filho um simples gentil-homem, o
pai quando morre, é sepultado com as honras de um nobre,
porém recebe as homenagens de sacrifício como um simples
gentil-homem. No caso do pai ser um simples gentil-homem e
o filho ser um nobre, o pai, quando morre, é sepultado como
um simples gentil-homem, mas recebe as homenagens de
sacrifício com as honras de um nobre. A regra de um ano de
luto para os parentes é atribuída para os que têm título nobre,
todavia a regra de luto de três anos pelos pais é atribuída para
todos até o Imperador. No luto pelos pais há apenas uma regra,
e não há distinção entre o nobre e o plebeu.
138
47. Liji - Ciclo da vida
139
parecer conforme os casos, bem como os seus planos. Se for o
caso, cumprem-se; senão, põe-nos de lado. Aos cinquenta anos,
será promovido a Senador ou Grande Senhor, e exercerá cargos
no Governo. Aos setenta anos, renunciará aos negócios.
Quando os homens se cumprimentam, dá-se o lado esquerdo.
[...]
140
Sendo o traje completo, é que a atitude pode ser bem correta, a
compostura nas feições e no olhar modesta, e haver bons
modos no falar. Por isso mesmo se diz que a imposição do
barrete viril é a primeira das cerimônias. Dai a importância que
lhe deram os santos Reis na antiguidade.
142
48. Liji – Anciãos
143
Aos noventa, mesmo com outra pessoa (na cama) não se
aquece.
144
de Xia tratavam os idosos do Governo no salão de Leste, e os
velhos do povo no salão ocidental. Os Senhores da dinastia Yin
tratavam os velhos do Estado no Ginásio da Direita, e os velhos
do povo no Ginásio da Esquerda. Na dinastia Zhou, os velhos
do Governo tratavam-se no Ajuntamento de Leste, e os velhos
do povo no Ginásio. Este Salão ficava no bairro ocidental da
Capital. [...]
145
49. Confúcio e os cinco deveres universais
146
50. Xiaojing – A piedade filial
147
A piedade filial no Filho do Céu: Aquele que ama seus pais não
temerá incorrer no perigo de ser odiado por homem algum; e
aquele que venera seus pais não temerá incorrer no risco de ser
desprezado por homem algum. Quando o amor e a veneração
do Filho do Céu são assim ao máximo no serviço de seus pais,
as lições de virtude afetam todo o povo e se convertem num
modelo para todos, dentro dos quatro mares. Esta é a piedade
filial do Filho do Céu. No Marques de Fu se diz, a respeito dos
Castigados: “O homem Único será feliz e os milhões de
homens do povo dependerão daquele que assegura sua
felicidade”.
148
A serviço do Único’.
149
em família e veja diariamente os membros de cada uma delas.
Seu ensinamento da piedade filial é um tributo de veneração a
todos os pais que existem sob o céu. Seu ensinamento da
submissão fraterna é um tributo de veneração a todos os irmãos
mais velhos que existem sob o céu. Seu ensinamento do dever
de um súdito é um tributo de veneração a todos os governantes
que existem sob o Céu”.
É o pai do povo’.
150
51. Guanzi e Mêncio – as classes sociais
[...]
151
52. Sima Guang – da conduta correta dos
funcionários públicos
Na antiguidade, não havia um funcionário encarregado da
censura. Todos, desde os grandes dignitários, ministros e altos
oficiais, até os artesãos e mercadores, podiam expressar suas
censuras.
152
53. Imperador Jing, de Han – sobre a corrupção
153
lhes confere a lei e se associam a estes velhacos para
dedicarem-se juntos a bandidagem, sua conduta é
inqualificável.
154
54. Fang Yizhi e os mercadores
155
55. Uma canção camponesa
156
56. Shijing – a labuta dos soldados
Por que você nos atirou nesse sofrimento, de modo que nós não
tivéssemos nenhum lugar para permanecer?
Por que você nos atirou nesse sofrimento, de modo que não
houvesse nenhum fim de nossas labutas?
Por que você nos atirou nesse sofrimento, de modo que nossas
mães tivessem que fazer todo o trabalho de cozinha?
157
57. Luxi – um calendário campestre
158
No último mês de Outono, as avezinhas entram na água e
tornam-se moluscos. É a altura em que florescem os
crisântemos amarelos.
159
58. Mao Zedong – a análise das classes chinesas
160
Aquele que se alista ao lado do povo revolucionário é um
revolucionário, enquanto o que se coloca ao lado do
imperialismo, do feudalismo e do capitalismo burocrático é um
contrarrevolucionário. Aquele que se coloca ao lado do povo
revolucionário apenas em palavras, mas age diferentemente, é
um revolucionário nas palavras; um perfeito revolucionário é o
que se coloca não só nas palavras, mas nas ações, ao lado do
povo revolucionário.
161
A Mulher na China
162
Mao Zedong ilustra a proposta comunista em renovar a visão
da mulher na sociedade chinesa, mas o texto atual de Xinran,
As boas mulheres da China, revela que a modernidade preserva
muito ainda do preconceito e da desigualdade derivadas destas
épocas.
163
59. Ban Zhao – o Tratado das Mulheres
164
arrumada, laboriosa, cuidadosa e sistemática. Quando uma
mulher realiza estas coisas, ela pode ser dita dedicada.
165
esposa, as regras de conduta nas quais se baseiam sua
autoridade são quebradas e abandonadas. Se uma esposa não
serve seu marido, o relacionamento apropriado entre homens e
mulheres não segue o curso natural das coisas, sendo então
negligenciados e destruídos. De fato, a finalidade destes dois
princípios – o controle da mulher e o serviço ao homem – é o
mesmo.
166
60. Fang Zhongshu – o Livro da Alcova
167
própria vida. Quantos prazeres e alegrias ainda podem ser
desfrutados! Quem não dedicaria atenção a isso?
168
61. Nu Lunyu – os Analectos Femininos
Não vire sua cabeça na rua nem olhe para os lados. Não mostre
seus dentes quando fala, não mova seus joelhos quando senta.
Não mova seu vestido quando se levanta, não demonstre
ostensivamente sua felicidade, nem reclame quando estiver
com fome.
169
62. Mercado das concubinas
171
Antes que chegasse à sua própria casa, já ali se achavam
tamborileiros, e músicos, carroçados de carneiro e vinhos tintos
e verdes. Num instante, papéis cerimoniais, frutas e pastéis
também chegavam, e os remetentes voltavam acompanhados
pelos músicos. Antes de terem andado um quarto de milha,
retornavam com a banda, cadeirinhas de toldo floridas,
lanternas florais, tachas, archotes de cabo, carregadores de
cadeirinhas, damas de honor, velas, mais frutas, e assados. O
cozinheiro chegava com uma carroçada de verduras e carnes, e
doces, seguido de toldos, toalhas de mesa, almofadas para
cadeiras, talheres de mesa, estrelas de longevidade cortinados
de cama e instrumentos de corda. Sem aviso prévio nem
mesmo sem pedido de aprovação, a florida cadeira de toldo e
outra cadeirinha destinada a acompanhar a noiva saía para
receber a nubente, com uma escolta de lanternas nupciais e
achortes de cabo. Num átimo, a noiva chegava. Subia e
realizava a cerimônia do enlace (curvando-se perante o noivo e
os hóspedes), sendo então levada a ocupar seu lugar à mesa de
jantar, já posta. Música e cantos começavam e havia muita
bulha em toda a casa. Tudo era eficiente e rápido. Antes do
Meio-dia, a agente pedia sua comissão, dizia adeus e corria em
busca de outros clientes.
172
63. Cartas de Família de Zen Guofan
173
negligenciada. Em primeiro lugar, queremos manter a tradição
de parcimônia e industriosidade de nossos ancestrais e, em
segundo lugar, essas quatro coisas dão sensação de vida e
desenvolvimento. No momento em que se entra por uma porta,
pode-se sentir um frêmito de atarefada prosperidade. Gastar
com essas coisas algum dinheiro e trabalho vale inteiramente a
pena.
174
64. Sobre o enfaixamento dos pés
Esse costume não teve início antes da dinastia Tang. Por isso,
entre os poemas escritos por tantos poetas, cantando a beleza
das mulheres, descrevendo incessantemente com grande
175
interesse seu aspecto e gestos, a riqueza de seus adornos no
cabelo e cosméticos faciais, seus mantos e saias, a delicadeza
de seus cabelos, olhos, lábios, dentes, cintura, mãos e pulsos,
nem uma só palavra foi dita acerca de seus "pés pequeninos".
No Guofu diz-se: "Novo bordado de seda cobria-lhe o alvo
tornozelo e o arco de seus pés era como uma. linda fonte".
Caoshi (192+232) tem uma frase assim: "Ela usava sapatos
bordados para longas caminhadas". Li Bai (701+762) diz em
um poema: "Um par de tamancos denteados de ouro; dois pés
brancos; como geada". Han Zhiguang escreve: "Seis polegadas
de fina pele arredondada resplendem à luz". Tu Muzhi
(803+852) escreve: "Mede um pé menos quatro décimos de
polegada". O documento "Miscelâneas dos Segredo Han” diz,
descrevendo uma jovem escolhida para ser rainha: "Seus pés
mediam oito polegadas e seus tornozelos e arcada eram belos e
cheios". Tais menções de "seis polegadas" e "oito polegadas"
de pés brancos, macios e cheios mostram que os pés das damas
antes do período Tang não eram curvados para se
assemelharem à lua crescente.
176
de fênix, com duplas solas, mas não há indicação de que só se
referisse a sapatos de mulheres.
177
De saltos altos não encontro menção nos livros. Parecem ser
invenção moderna. Algumas damas de Wu faziam saltos de
sândalo, cobertos com fina seda rígida. Umas tinham saltos
escavados, trazendo dentro, escondido um saquinho com
perfume, para que deixassem um rastro aromático ao caminhar.
Isto é uma extravagancia monstruosa. Menciono tal coisa
porque os poemas das dinastias Sung e mongol não fazem
referência a isso, de modo que os poetas que queiram escrever
a respeito de beldades antigas sejam cautelosos neste ponto.
178
65. Mao Zedong e a questão da mulher na China
[..]
179
É de primordial importância para a edificação da grande
sociedade socialista levar as mulheres em massa a participar
das atividades de produção. O princípio “para trabalho igual,
salário igual” deve ser aplicado na produção. Uma verdadeira
igualdade entre o homem e a mulher é realizável apenas no
transcurso do processo da transformação socialista do conjunto
da sociedade.
180
66. Xinran e as “Boas Mulheres da China”
Respeitada Xinran,
181
"Esse tipo de coisa acontece muito. Se todo mundo reagisse
como a senhora, morreríamos de tanto trabalhar. E de toda
forma é um caso perdido. Temos pilhas de relatórios aqui e os
nossos recursos humanos e financeiros são limitados. Se fosse
a senhora, eu pensaria bem antes de me envolver. Aldeões
como esses não têm medo de ninguém nem de nada. Mesmo
que fôssemos até lá, eles poriam fogo nos nossos carros e
espancariam os nossos oficiais. Eles fazem o impossível para
garantir que suas famílias se perpetuem, pois deixar de
produzir um herdeiro seria uma ofensa contra os ancestrais. [...]
"No interior" disse ele, "o céu está no alto e o imperador está
muito longe." Na sua opinião, a lei não tinha poder algum lá.
Os camponeses temiam apenas as autoridades locais, que
controlavam seus suprimentos de pesticidas, fertilizantes,
sementes e ferramentas agrícolas.
182
como, com o auxílio deles, Mao derrotou Chang Kai-chek e
suas armas britânicas e americanas
183
Religião
184
concepções na noção de Céu (Tian). Desta maneira, o material
mais farto que temos sobre mitologia provém das fontes
daoístas, conquanto o budismo adotou muitos dos seus pontos
de vista para achinesar-se, propondo em troca os desafios sutis
e profundos da metafísica e fazendo surgir, no país, a inédita
escola Chan (em japonês, Zen).
185
seguir, três relatos sobre divindades chinesas, apresentando um
caso de “divindades naturais” (no Huainanzi), de divindade
popular (O deus do fogão, responsável pelos relatórios
familiares perante a corte do Céu) e de divindade criada pela
tradição (Deuses do Portão). Depois, uma breve análise sobre a
concepção de alma em Zhuangzi (-369 -286), sobre os ritos
para os Antepassados (Shujing), a crítica mordaz do
confucionista e cético Wang Chong sobre a crença em
fantasmas, e seu contraponto nas Recordações de casos
espirituais (Soushenji, de Gan Bao, da época Tang). O tema da
Imortalidade, credo daoísta que defendia a possibilidade de
harmonizar-se com a natureza a tal ponto que a vida fosse
inteiramente preservada surge pela primeira vez, sistematizado,
no texto fundador de Ge Hong (O mestre que abraça a
simplicidade, ou Baopuzi, 284+364), embora se tratasse de
uma crença bem mais antiga. Histórias de feiticeiros e
alquimistas (os Fangshi) são igualmente contadas na Relação
das Coisas do Mundo (Bowushi, séc. +4?), almanaque de
coisas estranhas que se contrapunha as visões racionalistas dos
intelectuais confucionistas. Um terceiro texto, de Chang
Shiyuan (1755 +1824), mostra, porém, esta crítica filosófica a
crença na imortalidade. A primeira antologia de mitos e lendas
aparece no texto do Tratado das Montanhas e dos Mares
(Shanhaijing,), da época Han, que apresenta o sumário das
crenças mitológicas chinesas antigas e sua geografia
imaginária. Por fim, uma apresentação do Budismo chinês feita
pelos próprios, e a crítica implacável contra eles feita por
Hanyu, intelectual da época Tang. O último texto, do mesmo
186
Hanyu, nos apresenta uma visão sobre a questão da existência
dos demônios.
187
67. Shijing – apontamentos sobre o Céu
Temei para que o Céu não mude para convosco, e não ouseis
seguir os maus caminhos.
[...]
[...]
188
Ao dar origem a todas as pessoas, o Céu ordenou que as suas
naturezas fossem independentes. Algumas começam bem, mas
poucas se conservam boas até à morte.
189
68. A criação – uma teoria do Huainanzi
190
69. A criação – o mito de Pangu
191
70. Huainanzi – Deuses dos espaços
192
71. O Deus da cozinha
193
72. Os Deuses do portão
Qiu respondeu:
194
generais, o imperador, convocou os ministros e dirigiu-se-lhes
nestes termos:
195
73. Da Alma, Zhuangzi
196
transformação de coisas materiais. [...] “Todas as espécies vêm
de sementes. Certas sementes, caindo na água, tornam-se
lentilhas-d'água (...) tornam-se liquens (...) que produzem o
cavalo, que produzem o Homem. Quando o Homem envelhece,
torna-se semente outra vez".
197
74. Dedicação aos Antepassados, Shijing
198
terminamos cada cerimônia sem um erro. O apto encarregado
das preces anuncia (a vontade dos espíritos) e procura o
descendente para transmiti-Ia - "tem sido fragrante seu
sacrifício filial e os espíritos apreciaram seu espírito e as
iguarias. Eles lhe conferem centenas de bênçãos; todas como
mais deseja, todas tão seguras como a lei. Você foi exato e
pronto; foi correto e cuidadoso; eles lhe conferirão até o mais
raro dos favores, em milhares e dezenas de milhares". As
cerimônias tendo assim se completado e os sinos e tambores
tendo dado o sinal, o descendente vai ocupar seu lugar e o
encarregado das preces anuncia - Os espíritos beberam até
fartar. - Os grandes representantes dos mortos levantam-se
então e os sinos e tambores escoltam sua retirada (com a qual)
os espíritos tranquilamente voltam (para o lugar de onde
vieram). Todos os servos, e as esposas que presidem, removem
(as bandejas e pratos) sem demora. Os tios e primos (do
sacrificante) todos se dirigem para um banquete privado. Os
músicos todos vão tocar e prestam seu auxílio serenante à
segunda bênção. As suas viandas são expostas; não há ninguém
que não se sinta satisfeito e sim todos estão muito contentes.
Bebem até fartar e comem até não quererem mais; grandes e
pequenos todos curvam as cabeças (dizendo) - “Os espíritos
apreciaram seus espíritos e iguarias e lhe darão vida longa.
Seus sacrifícios, todas suas oportunidades são completamente
dispensados. Possam seus filhos e seus netos jamais deixar de
perpetuar esses serviços!”
199
75. Sobre Fantasmas, por Wang Chong
200
É da natureza das coisas que um fogo novo possa ser aceso,
mas não há fogo extinto que comece a arder de novo. Novos
seres humanos nascem, mas é impossível que um homem
morto volte a viver.
201
A forma decorre da associação com o espírito, mas o espírito
também se torna consciente por associação com a forma
material. Não havendo fogo que arda por si só, como haverá
espírito consciente sem corpo? Quando pessoas falam e fazem
coisas ao lado de quem dorme, o adormecido não sabe disso.
Da mesma forma, quando se fazem coisas boas ou más na
presença de um caixão, o defunto não pode ter consciência
disso. Se, portanto, quem está simplesmente a dormir, com sua
forma corporal intacta, não pode ter consciência do que ocorre,
como será isto possível quando a forma corporal já estiver
decomposta?
202
reconhecimento; isto deve ser ainda mais certo quando o
espírito se dispersa. Um homem morre como um fogo se
extingue. Um fogo extinto não produz luz e um homem morto
não pode ter consciência. Os dois casos são estritamente
comparáveis.
203
76. Fantasmas, do Soushenji
Chang disse: “eu precisaria achar seu corpo. O que pode servir
de evidência?”.
205
206
77. Imortalidade e o elixir da longa vida, por
Gehong
Os imortais nutrem seus corpos com drogas e prolongam sua
vida com a aplicação de ciências ocultas, as energias internas
não saem e os alimentos externos não entram no corpo. Ao
conseguirem estender sua existência e não morrer, seus corpos
antigos não se alteram. Se alguém conhece um destes caminhos
para imortalidade, isto não é considerado uma dificuldade.
207
funcionamento de todo o sistema sanguíneo e energético,
dispensando assim qualquer outro tipo de auxílio externo.
208
78. Os Fangshi, no Bowushi de Zhang Hua
209
como se estivesse nadando em um lago. A outra que não estava
untada com o ouro medicinal estava frita e pronta para comer.
Disse ainda que esta substância medicinal se achava a mais de
dez mil li de distancia e que era impossível encontrá-la se o
buscador não fosse pessoalmente.
210
até mesmo para dormir, como era capaz de caminhar e de ter
uma vida normal depois de ter havido jejuado por mais de cem
dias – apesar que qualquer homem comum, ao contrário,
haveria morrido em menos de sete dias de abstinência total, o
que não ocorreu com Qiejian. Por outro lado, as práticas de
Zuoci englobam certam técnicas sexuais por meio das quais se
pode prolongar a vida, porém se não nos dedicarmos
inteiramente a elas, elas não surtirão efeito.
211
79. Sobre a Imortalidade
212
mortal ou imortal depende inteiramente do próprio homem.
Todavia, todos os homens morrem e poucos realmente há que
se tornam imortais. O intelectual deveria decidir-se e confiar
em si mesmo.
213
80. Criaturas bestiais, do Shanhaijing
214
No que se refere às feras bestiais, os países imaginários
possuíam numerosos e diversos gêneros, das quais só citaremos
aqui algumas.
215
esperando a passagem de uma presa fácil. Se alguém passasse
pelas vicinalidades donde estava emboscado, o animal abria a
sua boca lançando um jato venenoso quer sobre a pessoa, ou no
seu reflexo, na água, causando-lhe assim uma morte violenta.
No entanto, graças à existência dum país adjacente a esta
região, cujos habitantes eram bons caçadores, e que apreciavam
comer a carne dos Yu conjuntamente com legumes, estes
animais estavam em vias de extinção e os humanos estavam
menos ameaçados.
216
81. O Budismo chinês no Lankavatara sutra
217
tais coisas é necessária para que se compreenda a ausência do
"eu" nas pessoas.
218
boddhisattva e é o caminho e a entrada para o excelso estado da
auto-realização da Nobre Sabedoria.
219
No entanto, Mahamati, se asseveras que há uma coisa tal como
a Nobre Sabedoria, isso já não se sustenta, porque qualquer
coisa de que se assevere alguma coisa participa, por isso
mesmo, da natureza de ser e, assim, e caracterizada pela
qualidade de nascimento. A própria assertiva "Todas as coisas
são não-nascidas" destrói a verdade disso. O mesmo é exato
quanto às afirmações "Todas as coisas são vazias" e "Todas as
coisas não têm natureza própria"; ambas são insustentáveis
quando postas em forma de asserções. Quando, porém se
indica que todas as coisas são como um sonho e uma visão,
isso quer dizer que de um certo modo as coisas são percebidas
e de um outro modo não são percebidas; Isto é, na ignorância
são percebidas, mas no Conhecimento Perfeito não são
percebidas. Todas as assertivas e negativas, por serem
construções do pensamento, são não-nascidas. Mesmo a
asserção de que a Mente Universal e a Nobre Sabedoria são a
Realidade Última é uma construção do pensamento e, portanto
é não-nascida. Como "coisas", não há qualquer Mente
Universal, não há qualquer Nobre Sabedoria, não há qualquer
realidade última. A visão penetrante do sábio que se move pelo
reino da ausência de imagem e sua solidão é pura. Isto é, para o
sábio, todas as “coisas” são varridas e mesmo o estado da
ausência de imagem deixa de existir.
220
82. A crítica ao Budismo chinês, de Hanyu
221
costumes negligenciados e tornar-nos-emos objeto de escárnio
do mundo inteiro.
222
Se o Buda possui um poder sobrenatural e pode provocar
calamidades e exercer uma influência maléfica, rogo-lhe que
todas as desgraças, todos os infortúnios que ele possa provocar
recaiam inteiramente na minha pessoa: que o Céu seja
testemunha do que digo: sofrê-lo-ei sem me arrepender.
223
83. Sobre a existência dos demônios, de Hanyu
224
Mas, me dirão, sendo assim, como é possível que se produzam
fenômenos inexplicáveis que intervém na natureza e nos
assuntos humanos? Por dois motivos.
225
Visões dos Outros
226
bárbaros das estepes que seriam conhecidos no ocidente,
posteriormente, como Hunos. A ideia de que o conceito de
civilidade poderia ser aplicado a outros povos aparece na
descrição de Fanye (398+445), que escreveu o Livro da
Dinastia Han Posterior (Hou Hanshu), sobre a civilização
romana. A dominação mongol (Yuan) trouxe os primeiros
capítulos da intolerância e da prepotência em relação aos
estrangeiros (por mais que a suposta obra de Marco Pólo
insistisse no contrário), como aparece nesta carta endereçada
ao Papa, trazida por Frei Benedito da Polônia (séc. 13) após
seu retorno da China. O mesmo tom repete-se na época dos
Qing, também conhecidos como manchus, que constituíam
uma dinastia estrangeira na China, e que enviam esta missiva
pouco educada para o soberano da Inglaterra após a visita do
embaixador Macartney (1793). Nestes tempos difíceis, os
chineses não confiavam em seus governantes, e muito menos
nos estrangeiros europeus que lhes impunham toda sorte de
humilhações cotidianas. Ainda assim, um viajante chinês, Li
Zhaoluo, realiza um passeio pela Europa, trazendo boas
impressões de Portugal, como veremos a seguir. Após a
independência chinesa, os comunistas criam teorias para
compreender o período da Guerra Fria, que orientariam suas
ações diplomáticas ao redor do mundo. Inicialmente, Mao
Zedong trata as potências mundiais como imperialistas, no
texto “Tigres de papel”. Depois, os chineses elaborariam outra
teoria, mais pragmática e conveniente, que seria conhecida
como Teoria dos Três Mundos, propondo que a divisão do
planeta se dava entre o bloco Americano e Soviético, dos
países desenvolvidos aliados a uma dessas tendências, e do
227
mundo em desenvolvimento, do qual a China buscaria a
liderança.
228
84. Lisi – Memorial para a manutenção dos
estrangeiros
Os grandes ministros da casa real de Qin apresentaram, em
comum, uma solicitação ao rei de Qin dizendo: os súditos de
outros reinos vem a Qin oferecer seus serviços; em sua maior
parte, estão aqui com a missão de espionar. Rogamos que vossa
excelência expulse, sem demora, a todos os estrangeiros.
229
terra que adere a elas, e por isso são altas. Os grandes rios e o
mar não desdenham dos pequenos córregos que aderem a eles,
e por isso são tão profundos. O soberano não se aparta dos
homens que vem até ele, e por isso sua virtude é tão radiante.
Assim como a terra não tem dois lados, não há país que não
tenha estrangeiros em seu povo; as quatro estações são
igualmente boas, os espíritos manifestam para que quiser sua
benéfica influencia. Porque praticavam esta doutrina, os
grandes reis da antiguidade não tinham rival.
230
85. Sima Qian e os Xiongnu, no Shiji
[...]
231
que ir para as guarnições de fronteira, os pais velhos deles,
voluntariamente, não enviam de casa roupas limpas e comida
para provê-los?”
233
86. Fanye - uma descrição sobre os Romanos no
Hou Hanshu
O povo de Daqin (Roma) tem historiadores e intérpretes de
línguas estrangeiras, tal como os Han. As muralhas de suas
cidades são de pedra. Eles usam cabelo curto, vestem roupas
bordadas e deslocam-se em carros muito pequenos. Os
governantes desempenham suas funções durante um curto
espaço de tempo e são escolhidos entre os homens mais
valorosos. Quando as coisas não vão bem, são substituídos. O
povo de Daqin possui elevada estatura.(...) Vestem-se
diferentemente dos chineses. Sua terra produz ouro e prata,
todas as espécies de bens preciosos, âmbar, vidro e ovos
gigantes (ovos de avestruz). Da China, através de Anxi (Pártia),
eles obtêm a seda que transformam em fina gaze. Os mágicos
de Daqin são os melhores do mundo. Sabem engolir fogo e
fazer malabarismos com várias bolas. Os Daqin são honestos.
Os preços são tabelados e os cereais custam sempre barato. Os
silos e o tesouro público estão sempre repletos. O povo de Anxi
impede-os de comunicar-se conosco por terra; além disso, as
estradas são infestadas de leões, o que torna necessário viajar
em caravana e com escolta militar. Os Daqin primeiramente
enviaram emissários à nossa terra (em +166). Desde então,
seus mercadores têm feito frequentes viagens a Rinan
(Tonquim).
234
87. A resposta mongol a uma das primeiras
missões católicas no Oriente
[Nota: A carta a seguir, levada ao Papa por Frei Benedito da
Polônia, nos dá uma idéia da mudança de perspectiva do
mundo chinês, dominado pelos mongóis, em relação ao mundo
exterior. A nota da carta é severa: o oriente mongol é poderoso,
o ocidente deve saber seu lugar. A dinastia Yuan enviou esta
carta no séc. 13, por meio de um dos viajantes cristãos que
desejavam entabular conversações com o império; veremos,
contudo, que os Qing, quase quatro séculos depois, mantiveram
o mesmo tom em relação ao embaixador Macartney da
Inglaterra, construindo o cerne da xenofobia que assolou a
China como uma praga na época moderna. Note-se, porém, que
os argumentos de Guiuc são absolutamente claros e racionais
quanto à imposição de uma fé estrangeira, tendo em vista que
os mongóis lidavam com vários tipos de crenças e povos
diferentes, e possuíam um conhecimento sobre o mundo que os
europeus ignoravam].
235
de modo algum, vir até nós para estabelecer a paz, e então
ouvirás a nossa resposta ao mesmo tempo conhecerás a nossa
vontade.
No texto de tua carta, é dito que nós devemos ser batizados nos
tornar cristãos. A isso te respondemos com poucas palavras,
que absolutamente não compreendemos por que deveríamos
fazê-lo. Quanto ao outro ponto de que nos falavas na tua carta,
isto é, de que te maravilhas de tanta matança de homens,
sobretudo cristãos em particular de poloneses, morávios e
húngaros, respondemos do mesmo modo que também não
entendemos isso. Todavia, para que não pareça que queremos
deixar completamente sob silêncio o assunto, dizemos que se
deve responder-te do seguinte modo: porque, não obedeceram
nem à palavra de Deus, nem à ordem de Chingiscan e Cã e,
reunindo o grande conselho, mataram os embaixadores, por
isso Deus ordenou que os aniquilássemos e os entregou em
nossas mãos. De resto, se Deus não tivesse feito isso, que coisa
teria podido fazer um homem a outro homem? Mas vós,
homens do Ocidente, credes que só vós, cristãos, existis e
desprezais os outros. Como podeis saber a quem Deus concede
a sua graça? Nós, porém, adorando a Deus, na força de Deus
devastamos toda a terra do Oriente e do Ocidente. E, se essa
força de Deus não existisse, que poderiam fazer os homens?
Mas, se vós aceitais a paz e quereis entregar a nós vossas
forças, tu, Papa, juntamente com os poderosos cristãos, não
tardeis, de modo algum, a vir a mim para estabelecer a paz, e
então saberemos que quereis paz conosco. Se, porém, não
crerdes nesta missiva de Deus e nossa e não escutardes o
236
conselho de vir a nós, então saberemos com certeza que quereis
ter guerra conosco. Depois disso, o que acontecerá não
sabemos. Só Deus o sabe. Chingischan, primeiro imperador.
Segundo: Ochodaychan. Terceiro: Guiuchchan.
237
88. A resposta do imperador Qing Qianlong ao
embaixador britânico Lorde Macartney
Dominando o vasto mundo, tenho apenas um propósito em
vista, ou seja, manter controle absoluto e cumprir com as
obrigações de Estado. Objetos estrangeiros e caros não me
interessam [...] Não tenho necessidade dos manufaturados de
vosso país. [...] Cabe a vós, ó Rei, respeitar minhas opiniões e
manifestar ainda maior devoção e lealdade no futuro, para que,
através da perpétua submissão ao nosso trono, possais
assegurar paz e tranqüilidade a vosso país daqui por diante. [...]
Nosso Império Celestial possui todas as coisas em prolífica
abundância e não carece de nenhum produto dentro de suas
fronteiras. Não havia, portanto, nenhuma necessidade de
importar manufaturas bárbaras de fora, em troca de nossos
produtos. [...] Não esqueço a distância solitária de vossa ilha,
separada do mundo por extensões imensas de mar; tampouco
esqueço vossa escusável ignorância sobre os costumes de nosso
império Celestial. [...] Obedecei tremendo e não sejais
negligente!
238
89. As viagens de Li Zhaoluo em Portugal
240
ano começa sempre sete dias depois do solstício de inverso. Ele
se dirige em doze meses que não levam em conta os Ciclos da
Lua. E por isso que o mês é de trinta e um dias, pois se
considera que não é o caso de tomar como norma uma Lua que
empresta seu brilho do Sol (...).
242
Quem não os viu? Quem deles não ouviu falar? Na verdade,
eles existem aos milhares, dezenas de milhares! Milhares e
dezenas de milhares! Assim, considerados em sua essência, do
ponto-de-vista do futuro e sob o ângulo estratégico, o
imperialismo e todos os reacionários devem ser julgados pelo
que são: tigres de papel. É nesse ponto que se fundamenta
nosso pensamento estratégico. De outro lado, são também
tigres vivos, tigres de ferro, verdadeiros tigres; devoram os
homens. É nesse ponto que se fundamenta nosso pensamento
tático
243
91. A Teoria dos Três Mundos
245
independência econômica, a independência de um país está
incompleta e insegura.
246
Arte, Cultura e Educação
247
92. Sobre a Música – Liji
248
imoralidade por meio do castigo. Ritos, música, e castigo, bem
como o governo, têm um objetivo comum - promover o
equilíbrio nos corações humanos e realizar os princípios da
ordem política.
249
As notas musicais brotam do coração humano, e a música está
em relação com os princípios da conduta humana. Por isso os
animais conhecem os sons mas não sabem as notas, e a plebe
conhece as notas mas não sabe música. Só o homem superior é
capaz de entender música. Assim, do estudo dos sons chega-se
à compreensão das notas musicais; do estudo das notas
musicais, chega-se à compreensão da música; e do estudo da
música chega-se à compreensão dos princípios de governo e
fica-se preparado para governar.
250
93. Sobre a Escrita, de Cheng Yenyuan
251
Yenguanglu (384+456) disse: os propósitos dos desenhos são
três: capturar o princípio (li), como nos hexagramas;
representar idéias, como na escrita; desenhar formas, como em
desenhos.
252
94. O significado da Arte, por Guoxi
Ainda que muita gente saiba que pinto com um pincel, não se
dão conta de como é difícil pintar. No Zhuangzi se conta de um
pintor que, trabalhando, “tirou as roupas e sentou de pernas
cruzadas”. Esta é a verdadeira atitude de um artista. Deve
abrigar em seus sonhos alegria e felicidade. E se conseguir
desenvolver seu coração naturalmente, sincero, delicado e
honesto, imediatamente será capaz de compreender o aspecto
das lágrimas, os sorrisos e os objetos, sejam eles pontiagudos
ou oblíquos, dobrados ou inclinados; e em sua mente estará tão
clara que será capaz de refletir espontaneamente seu pincel.
253
facas afiadas, e não saberá por onde começar. Como se pode
esperar que ele construa um alaúde de madeira com cinco notas
místicas que soe tão encantadoramente como os ventos puros e
os arroios ondulantes?
[...]
254
Porque é que o sábio se sente feliz ao contemplar as paisagens?
Porque num retiro campestre o seu espírito amadurece; porque
os efeitos da luz nas águas o encantam; porque no campo
encontra sempre pescadores, lenhadores e eremitas, observa o
vôo dos grous, ouve o grito dos macacos. A poeirenta balbúrdia
do mundo, as casas acanhadas onde mal se respira - não há
nada que a natureza humana mais deteste. Busca, pelo
contrário (mas raramente encontra), a bruma, o chuvisco e os
espíritos errantes que assombram as montanhas.
255
anos, identificar-se com o objeto do seu estudo e tornar-se, ele
mesmo árvore, torrente, bruma e ave.
256
95. A apreciação da Literatura, do Wenfu
257
96. A revolução na Literatura, por Chenduxiu, e a
nova arte comunista, por Mao Zedong
São três os princípios fundamentais para nosso exército
revolucionário: 1) destruir a literatura aristocrática, que nada
mais é senão uma literatura cheio de floreios e sem sentido, e
vamos construir uma literatura simples, expressiva e popular;
2) destruir os modelos antigos e clássicos da literatura, e
construir uma nova e sincera literatura realista; 3) destruir a
obscura e obtusa literatura da “floresta” (textos herméticos) e
construir uma limpa e clara literatura popular para sociedade.
259
do slogan e do cartaz", onde as opiniões políticas são certas,
mas que se ressentem da força de expressão artística. Devemos,
em literatura e na arte, conduzir a luta nessas duas frentes.
260
97. Educação no Liji
[...]
262
posição. Estas sete coisas constituem os principais fatores do
ensino. Tal é o senão daquela passagem dos Documentos
Antigos, que diz: "Na universidade, aqueles que já têm uma
vocação estudam o que lhes diz respeito, enquanto que aqueles
que ainda não escolheram um ofício observam o que
pretenderão fazer mais tarde."
263
98. Educação pelos clássicos no Liji
264
em seus hábitos pessoais, decerto será profundo no estudo da
música; se um homem é quieto e pensativo, com agudo poder
de observação, mas não desnaturado, decerto será profundo no
estudo da filosofia; se um homem é humilde e respeitoso e
sóbrio em seus hábitos, mas não afetado nos rituais, decerto
será profundo no estudo da li; e se um homem é culto na
maneira de falar, ágil nas figuras e na linguagem, mas não
contaminado pela confusão moral dominante, decerto será
profundo no estudo do Livro das primaveras e Outonos.
265
99. Educação moderna, por Kang Youwei
266
100. Revolução Cultural
[...]
267
chamadas “autoridades acadêmicas”, inimigas do partido e do
socialismo, e temos de criticar basicamente todas as ideias
burguesas e reacionárias nas ciências, na educação, no
jornalismo, na literatura, na arte, devemos enquadrá-las e
conquistar a direção de todos os setores da cultura. Para isso, é
indispensável criticar e ajuizar os representantes da burguesia
que se introduziram no partido, no governo, no exército e nos
diversos setores da cultura; é necessário depurá-los, ou mudá-
los para outros postos. Antes de tudo, temos que evitar de lhes
confiar a direção da revolução cultural; de fato, muitas dessas
pessoas todavia tem funções nessas atividades; isso se constitui
um perigo extremamente grave.
268
Cronologia
Para notação das datas adotamos, neste livro, o sistema -/+ que
significam, respectivamente, a.C. e d.C., ou ainda, “antes da
era comum” e “depois da era comum”, posto que é uma
tendência, entre os especialistas da área, não realizar a
imposição de marcos religiosos como referências cronológicas,
guardando um certo cuidado neste ponto.
269
Dinastia Sui (581 + 618)
270
1911+1912: Fm do império, proclamação da República
Chinesa, com Sun Yatsen.
271
1989: Incidentes na praça Tiananmen.
272
Referências
273
um excelente manual de introdução à cultura chinesa antiga,
abrangendo aspectos diversos do pensamento, arte e cultura
material. Leitura fundamental.
274
Tradução e adaptações
André Bueno: 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 16, 17, 18, 19, 21, 22,
23, 24, 27, 29, 30, 32, 33, 34, 35, 39, 41, 42, 43, 44, 52, 53, 54,
55, 57, 59, 60, 62, 66, 69, 70, 71, 77, 78, 79, 81, 84, 85, 86, 87,
89, 91, 93, 94, 95, 96, 99, 100.
Lin Yutang: 1, 3, 13, 14, 15, 25, 26, 31, 37, 40, 45, 50, 63, 64,
65, 74, 76, 80, 81, 92, 97, 98. (A Sabedoria de Índia e China,
1959; A importância de Compreender, 1964)
Claude Roy: 56, 58, 72, 73, 83. (China em um espelho, 1979)
275
276
O presente volume é uma reedição da coletânea Cem
Textos de História Chinesa, um livro fonte que
pretende contar a história dessa civilização pelas suas
próprias vozes. Fragmentos selecionados de algumas
das mais importantes passagens da literatura nos
fornecem um quadro geral sobre as ideias principais e
as transformações que acompanharam a história da
China através dos milênios.
277