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Zhong-Wu-Dao
“Caminho da Arte Marcial Chinesa”. É o resumo do conhecimento do Grão
Mestre Lin-Jon-Yuen, fundado em 1970 na cidade de Taiwan. Devido ao
seu vasto conhecimento que aponta a formação profissional de atletas e seu
plano completo de organização, foi considerado como o protocolo
idealizado para a divulgação do kung-fu em Formosa. O programa básico
de Jon-Wu-Dao tem como objetivo levar seu praticante a desenvolver
habilidades tanto para o estilo Norte quanto para o Sul de kung-fu. O
programa serve como triagem para futura especialização do atleta. O estilo
Jon-Wu-Dao analisa a diferença individual de seus praticantes, sua
estrutura física, sua vocação técnica, sua personalidade bem como seu
perfil psíquico, ajuda a cada um buscar seu melhor desenvolvimento.
Bases: Shuai-Chiao:
Pin-bu Tso-dê
Ma-bu Ro-Tso-dê
Kon-bu Nei-pei-pa
Pu-bu Wai-pei-pa
Tien-bu Ying-yang-pei-pa
Socos: Tui-la
Chien-chuen San-Ta (Tec. Luta):
Tso-chuen Yu-pei-si
Pon-chuen Huan-bu
Chutes: Jin-bu
Tan-Tuei Tuei-bu
Chien-ti Chien-hua-bu
Nei-kua-Tuei Ro-Hua-bu
Wai-kua-Tuei Yi-bu
Apêndice 1° estágio:
Membros Inferiores - Kuatui (nei, wai) - Chute circular (para dentro e para fora)
Shuaijiao - Cede (qian, hou) - Queda lateral (simples e virando 180º)
- Beiba - Pegar braços (para dentro, para fora, dentro e
(nei, wai, yinyang) fora)
- Tuila - Quebra de equilíbrio, derrubando
Armas Gun Bastão
- Po - “Separar” cima e baixo
- Jiao - Giro de ponta de bastão para desarme
- Liao - Movimento circular vertical
- Sao - “Varrer” horizontal em gongbu
- Den - Batida curta com ponta de bastão
3S (S-S-S)
Criar combinação de 3 socos
Faixa Azul Descrição
Quantao Xiaobaji Pequeno “Oito direções”
Movimentos Básicos - Zuobanbu - Base de “sentar em um prato”, serpente
Membros Superiores - Na - Garra de xiaobaji
- Qianbifang (nei,wai) - Defesa com antebraço (dentro e fora)
Membros Inferiores - Kuatui Xiaya - Chute circular que desce vertical (dentro e
(nei,wai) fora)
Shuaijiao - Duoba (gou, kua, hua) - Escapar (garça em bairo, antebraço em cima
- Niushuai Qianzhaobu e empurrar)
(3 variações) - Derrubar cruzando passo (simples,
avançando perna de trás, trazendo perto do
chão)
Armas Gun Bastão
- Wuhua (qian, hou, - Giro (frente do corpo, atrás do corpo, acima
shangxia) de cabeça/costas curvadas)
* Quantao 32 de Bastão
*Quantao de Bastão
Qigong - Jingji Duli - “Galo dourado em uma perna só”
- Shengxin (braços) - Condicionamento de antebraços
Aplicações 5 -
Defesa Pessoal - Cabeça - Defesa e contrataque contra batida
- Orelha descendo cabeça
- Defesa e contrataque contra pegada e batida
lateral em orelha
Sanshou - Esquivas (cabeça, - Esquivas de boxe (sair só cabeça, esquiva
pêndulo, diagonal, “L”) de corpo em “U”, avanço diagonal de passos,
esquiva de perna da frente em “L”)
Armas Qiang
- Sao
- Lumpi
- Pian
- Yun
* Quantao de Lança
Qigong - Paidagong (II)
Aplicações 5
Defesa Pessoal - Bastão curto (cabeça,
costelas, abdômem)
Sanshou -
Faixa Preta p/ Amarela Descrição
(I)
Quantao Zuojiquan
Movimentos Básicos - Yuyuete
- Yuegunfna
Membros Superiores - Zhang (pi, san, pei, tiao,
chuan, tui, kan, den, liao,
yin, pai, cha, kai, dao, dun,
yun)
Membros Inferiores - Shuenfengtui (qian, hou)
- Denbu
- Zhoubu
Shuaijiao - Soushengshuai
(3 variações)
Armas Jian
- Pao (pin, li)
- Jiao
- Pai
- Tuo
- Xiaya
- Cuojie (3 variações)
Shuaijiao - Qinnashuai
(4 variações)
Armas Jian
- Kua
- Zi
- Dan (2 variações)
- Pi
- Liao (2 espadas)
- Zhan (2 espadas)
Qigong - Patajinkangong
Aplicações -
Defesa Pessoal - 2 atacantes
(frente-frente, livre/chave
de pescoço, chave de
braço)
Sanshou - Uso de cotoveladas
Faixa Preta p/ Vermelha) Descrição
Quantao Tantui Duanlian
Movimentos Básicos - Zhua (hu, ying)
Membros Superiores - Zhiben Cifa (denci, paici)
Membros Inferiores - Shuoji (chave e alavanca)
(4 variações)
Shuaijiao Jian
- Sao (2 espadas)
- Mo (2 espadas)
- Chan (2 espadas)
- Wanhua (jian, liao) (2
espadas)
* Quantao de Espada
Armas [Qigong]
Qigong -
Aplicações - 3 atacantes (frente-frente-
frente, livre-chave de
pescoço, frente-trás-trás,
chave de braço)
Defesa Pessoal - Uso de joelhadas
Sanshou Tantui Duanlian
Cultura e Ética Marcial Chinesa (Material Didático)
Federação Mineira de Kung Fu Kuoshu
Programa do Primeiro Grau do Zhong Wudao
Contribuição: Professor Guilherme Amaral Luz
Faixa Cinza
1 Boas vindas!
Você que escolheu estudar e praticar artes marciais chinesas ou “kung fu”, seja
muito bem vindo! A Federação mineira espera que você encontre neste caminho
tudo o que ele tem a oferecer para o seu bem-estar e para a sua realização como
pessoa.
Para que este caminho seja completo, este material buscará apresentar alguns
elementos importantes da história e da cultura das artes marciais. Aproveite!
Com ele, a sua prática nas aulas e os treinos ficarão muito mais claros. Com o
tempo e o seu amadurecimento, você descobrirá a riqueza de um mundo
fascinante.
2 Jingli!
Este símbolo se remete ao taiji (ou Tai Chi). Há muitos e muitos séculos, os
antigos chineses começaram a entender que o taiji era a origem de todas as
demais coisas existentes no universo. Ele é uma unidade composta por suas
energias opostas e complementares: o yang e o yin. Para frente, você aprenderá
muito mais sobre estas formas de energia. Por hora, basta perceber que a mão
aberta e a mão fechada, o sol e a lua, a noite e o dia são maneiras de simbolizar
esta ideia, que é muito importante em toda a cultura oriental, não somente nas
artes marciais.
Outra forma de compreender a saudação jingli é como expressão ritual da
educação marcial em cada um dos dedos da mão esquerda (a aberta). É muito
difundido no “kung fu” que o polegar curvado indica humildade e educação
moral. Os outros quatro dedos significariam as habilidades que o artista marcial
deve desenvolver: educação física, educação intelectual (mental), educação
comunitária (ética) e educação artística (técnica).
Em síntese, estas diversas histórias ensinam que a saudação jingli é: um modo
educado de reconhecer o valor do outro; demonstra uma busca sincera por
iluminação; expressa a unidade essencial de todas as coisas do universo;
demonstra a consciência de que o artista marcial busca desenvolvimento
integral, abrangendo a moral, o físico, a mente, a ética e a técnica.
E você não precisa ser budista ou taoísta para agir assim. Praticar arte marcial
chinesa não exige nenhum tipo de crença religiosa específica. O principal é
compreender que, no daochang, deve-se prestar reverência à sabedoria dos
mestres e aos antepassados (é comum, inclusive, fixar retratos dos mestres nas
paredes e/ou armar altares para os antepassados no daochang). Afinal, é deles
que advêm os conhecimentos e ensinamentos que iremos apreender na busca
pelo nosso caminho de aperfeiçoamento integral: físico, ético, mental e técnico.
4. Em chinês...
Não é necessário que você saiba a língua chinesa para praticar o “kung fu”, mas
é importante e muito interessante reconhecer, aos poucos, os ideogramas de
alguns termos mais utilizados no dia-a-dia das aulas. Não se preocupe em
decorá-los! A cultura chinesa é muito rica e sua forma de escrita pode nos
aproximar um pouquinho dela.
Jingli : 敬礼
Daochang : 道场
Faixa Amarela
Antes de começar, parabéns por ter dado o primeiro passo no seu caminho de
formação. Nesta unidade, você encontrará material para entender um pouco mais
sobre as artes marciais chinesas, sua história, suas classificações e variantes.
Mas, primeiro, vale perguntar: “o que significa ‘kung fu’ (gong fu)? É este o
nome da “luta” que eu pratico?”
Kung fu não é um nome errado para o aprendizado que você vem tendo de
Zhong Wudao. Entretanto, é um nome muito genérico, pois abarca muitas artes
marciais diferentes entre si. Sua popularização é recente e se deu fora da China,
principalmente em países de língua inglesa. Uma boa tradução para o termo
seria “mérito conquistado com grande esforço”. Sem dúvida, este significado é
importante para o estudante de artes marciais, mas diz ainda muito pouco sobre
o conjunto das artes marciais chinesas.
Na China, antes da popularização do termo kung fu, outros nomes vinham sendo
pensados para o conjunto das artes marciais e pelo menos dois deles são muito
utilizados até hoje: wushu e guoshu (kuoshu). Mais à frente, estudaremos mais a
respeito deles. Por hora, é importante apresentá-los somente como duas formas
praticamente sinônimas nomear as artes marciais chinesas em geral. Wushu,
literalmente, significa “arte marcial” e guoshu, “arte nacional”. Zhong Wudao
também é uma expressão bastante genérica, podendo ser traduzida como
“caminho marcial chinês”.
2.1. Qigong:
2.2. Taolu:
As que usam punho, por sua vez, dividem-se em internas (neijia) ou externas
(waijia). As externas estão também divididas entre basicamente escolas norte
(changquan) e sul (nanquan). As relações entre o interno e o externo serão
vistas mais à frente na sua formação, mas o Zhong Wudao tem um foco mais
externo do que interno. Quanto à divisão norte e sul, ele abrange as duas no
conjunto dos quantao básicos. O Zhongyiquan, por exemplo, tem raiz em escola
sul, enquanto o Wubuquan, em escola norte. As diferenças entre elas você
aprenderá na própria prática, com o auxílio do seu professor.
2.3. Shuaijiao:
Uma tendência bastante recente no estudo das artes marciais chinesas a partir da
segunda metade do século XX foi o surgimento de estilos, escolas e professores
que reduziram o papel das formas ou das rotinas fixas (quantao ou taolu) para o
aprendizado das técnicas. Sob a alegação mais comum de que as formas
estariam cheias de técnicas sem muita aplicação, estes estilos passaram a
focalizar treinamentos mais diretamente de combate, com um número mais
reduzido e “limpo” de técnicas. No Zhong Wudao, busca-se também um preparo
básico em boxe chinês, porém, em conexão com as técnicas e as suas aplicações,
presentes no formato “tradicional” dos taolu.
2.5. Alguns exemplos de escolas e estilos de arte marcial chinesa conforme o esquema
técnico apresentado:
Taijiquan ou Tai Chi Chuan – arte marcial classificada como interna (neijia).
Embora várias escolas e estilos de Taijiquan também utilizem armas, é
basicamente uma arte marcial de “punho” (quan).
Wing Chun (Ving Tsun...) – é um estilo sul de arte marcial externa muito famoso
no ocidente graças a ter sido o estilo do Mestre Yip Man, professor de Bruce
Lee. Mais tarde, Bruce Lee desenvolveria o seu próprio estilo ou concepção de
“kung fu”, já bastante próximo da ideia de boxe chinês: o Jeet Kune Do.
Vigora muitas vezes entre as pessoas uma ideia de que o “kung fu” é uma arte
muito antiga, “milenar”, cuja tradição se mantêm preservada até hoje. Em torno
disso, mitos e lendas vem sendo construídos e divulgados em livros, filmes,
websites e mesmo em escolas e academias de artes marciais.
Um dos mitos mais difundidos diz respeito à origem no Templo Shaolin, por
volta do século VI, a partir dos ensinamentos do monge indiano Bodhidharma,
que trazia o Budismo para a China. Mas há outros mitos e teses que apontam
origens ainda mais remotas. No entanto, há muito pouco indício concreto de
algo sistematicamente capaz de ser considerado próximo ao que entendemos
com “kung fu” antes do século XVI, durante a Dinastia Ming. A grande maior
parte das escolas e estilos de artes marciais existentes hoje tem origem
documentada do século XIX em diante.
Modos de lutar provavelmente existem desde que os primeiros hominídeos
passaram a habitar o planeta terra. Formas de lutar e caçar com armas, desde que
conseguiram evoluir para a manipulação de objetos. Técnicas de combate são
tão antigas e têm origens tão remotas quanto a guerra. Mas as artes marciais
chinesas não são somente métodos de lutas. São a sistematização e teorização
destes métodos a partir de categorias próprias da cultura. A cultura está e sempre
esteve em transformação, gerando continuamente novos significados para a arte
marcial. O que se tem ainda hoje é um processo vivo de origens de novas e
renovadas artes, escolas e estilos de “kung fu”. Mais à frente na sua formação,
você será convidado a conhecer melhor a história do Zhong Wudao e dos estilos
e escolas que ele trouxe para dentro de si.
4. Em chinês...
“kung fu” : 功夫
Faixa Verde
1. Tradição e modernidade:
Mais uma etapa superada! Bem vindo ao estudo da faixa verde. Neste estágio
você aprenderá muito sobre estilos norte de arte marcial chinesa e também sobre
o chamado wushu moderno. Mas o que é isto? O que está implícito quando
afirma que uma escola de “kung fu” é tradicional ou moderna? Wushu ou
Kuoshu? Isto possibilitará entender como as artes marciais chinesas tem
evoluído no mundo atual e as suas conexões, sempre renovadas, com tradições
muito antigas.
2. Wushu e Kuoshu:
2.2. Kuoshu
2.3. Wushu
3. Competições:
Como vimos, as artes marciais têm sido reformadas e praticadas com vistas a
competições. No entanto, você deve ter notado, desde quando estudava a
saudação jingli e o daochang, que este está longe de ser o sentido único da
prática e do estudo das artes marciais. Daí, cabe perguntar: é mesmo importante
participar de competições? O praticante de “kung fu” é um atleta? Meu “kung
fu” é melhor quanto mais medalhas e troféus eu conseguir com ele?
Por meio das competições você pode investigar melhor os seus pontos fortes e
fracos, buscando a superação dos seus limites e o desenvolvimento dos seus
potenciais; você pode realizar intercâmbios com outros atletas, outras academias
e outros estilos/escolas de artes marciais chinesas; você pode fortalecer laços de
amizade e de cooperação com os seus colegas de treino na sua academia e muito
mais. Principalmente, você terá uma chance ímpar de aprender a lidar com
situações de vitória e de derrota, de alegria e frustração dentro de um ambiente
de respeito e de valorização do empenho, não só do desempenho.
4. Tradição ou modernidade?
Algumas pessoas gostam de afirmar que o seu estilo de arte marcial é melhor
porque é mais fiel à tradição. Outros gostam de dizer que o seu estilo é melhor
porque enfatiza a luta real e não fica preso às formas do passado. Outros gostam
de dizer que seu estilo é melhor porque é mais bonito, introduzindo acrobacias e
movimentos aparentemente muito difíceis que não aparecem em escolas mais
antigas. Outros gostam de dizer que a sua escola é melhor porque é mais antiga e
por aí vai...
Tudo isto, sejamos francos, é bobagem. Não existe um estilo melhor do que o
outro. Além disso, mesmo os estilos que apelam para origens muito remotas
passaram por transformações profundas e, de alguma forma, na sua prática atual,
dialogam com a modernidade. Por outro lado, toda arte marcial chinesa, por
mais que se renove, o faz com referência à tradição, interpretando o legado de
escolas mais antigas. A grande riqueza das artes marciais talvez esteja em sua
capacidade de renovação a partir de uma enorme fonte de técnicas, ensinamentos
e doutrinas mais antigos ou menos antigos preservada pelos mestres,
professores, escolas, associações e federações hoje espalhados pelo mundo
inteiro, não só na China.
5. Em chinês...
wushu: 武术
kuoshu: 国术
Faixa Azul
1. Conhecendo o Zhong Wudao:
Se você chegou até aqui, parabéns, é sinal que tem gostado de praticar “kung fu”
e que tem evoluído nas aulas e treinamentos. O objetivo, agora, é conhecer um
pouco mais a respeito do sistema de aprendizagem e de treinamento que você
vem seguindo, os estilos que ele abrange e as suas particularidades dentro da
enorme variedade que a família das artes marciais chinesas abriga.
Na unidade anterior, você viu que o projeto do kuoshu, muito inspirado na
modernização do wuyi promovida pela Associação Jingwu, foi transformado
pelo projeto do wushu após a mudança de regime político na China, em meados
do século XX, quando o Partido Comunista chega ao poder. Desde aquela época,
os partidários do Partido Nacionalista passaram a se estabelecer na ilha de
Taiwan (ou Formosa) ou naquele país que hoje se reconhece como República
Democrática da China. Assim, em Taiwan, o projeto do Kuoshu não perdeu
tanta força a partir da segunda metade do século XX, época em que será
desenvolvido o Zhong Wudao.
Lin Zhong Yuan ingressou no exército da República da China no início dos anos
40, época tumultuada da guerra civil, que opôs o Partido Comunista e o Partido
Republicano, então no poder. Também por volta desta época, iniciou seus
treinamentos em artes marciais, recebendo instrução sobre alguns estilos na
Associação Jingwu. No exército Nacionalista, deu sequência ao seu treinamento
de artes marciais, seguindo o modelo do kuoshu.
No final dos anos 50, ele estava em Taiwan, sob o comando do Partido
Nacionalista, quando o dirigente da República Popular da China, sob comando
do Partido Comunista, Mao Zedong, ordena um ataque às ilhas. No contexto do
ataque, ele é ferido e acaba se aposentando como militar. A partir dos anos 60,
dedica-se especialmente ao ensino e torna-se diretor de escola (correspondente
ao nível médio, no Brasil) no norte de Taiwan. Foi no contexto escolar que ele
começou a desenvolver o seu projeto de artes marciais: o Zhong Wudao.
Em 1979, seguindo a família, Huang Yu Sheng vem para o Brasil. Aos 19 anos,
dos quais 11 dedicados ao estudo de diversos estilos de “kung fu”, ele teria que
encontrar o seu próprio caminho em um país diferente, com outra língua e
distante de seus mestres. Assim, ainda jovem, depois de já adaptado ao país,
organizou seus primeiros grupos de alunos e começou a ensinar a eles a partir do
modelo de Zhong Wudao, do Mestre Lin Zhong Yuan. Ao sistema do Zhong
Wudao, introduziu também conhecimentos das outras escolas e estilos que
conhecia, estabelecendo um currículo eclético e para conhecimento geral das
artes marciais chinesas, o que é coerente com o Zhong Wudao e tem raízes em
projetos tais como o Kuoshu e o da Associação Jingwu.
O Centro de Estudo de Arte Marcial Chinesa (CEAMC) foi criado pelo Mr.
Sheng em 1987. Seu programa técnico seguia a inspiração do Zhong Wudao e
era, portanto, dividido em três etapas: Terra (etapa básica), Homem (etapa de
Zhong Wudao) e Céu (etapa de especialização). Mais à frente você estudará um
pouco melhor os significados da tríade Terra-Homem-Céu na filosofia chinesa.
Com maior foco profissional na medicina, o Mr. Sheng não tem assumido
turmas de alunos novos e iniciantes e aulas em escolas ou academias. A
iniciação e o ensino de Zhong Wudao em Uberlândia vem sendo feito por
discípulos diretos ou indiretos de Mr. Sheng na cidade. A Federação Mineira de
Kung Fu Kuo Shu possui aval do Mr. Sheng para dar continuidade ao seu
legado, contando com a sua supervisão e acompanhamento.
5.1. Xibuquan
5.10. Nanquan
Nan (sul), quan (punho). Essa forma foi colocada no programa de Zhong Wudao
de Mestre Sheng como uma introdução às técnicas e treinamentos dos estilos sul
de “kung fu”. Sua origem estilística mais específica não foi identificada na
pesquisa. Segundo João Borges, estudioso de Hung Gar Kuen e graduado em
Zhong Wudao, a forma parece ser uma adaptação mais simples de uma outra
bem conhecida em estilo cantonês: o Seung Ying Kuen. Vários movimentos
existem nas duas formas, como a subida dos ganchos duplos seguido de abertura
dos cotovelos, os passos diagonais em mabu após a subida em pinbu, as entradas
em bêbado, os avanços em liauquan etc. Aparentemente, a versão Zhong Wudao
é mais “genérica”, mais recente, feita a partir da forma Hung Gar para a
utilização em outras escolas, como aconteceu, por exemplo, com o Tantui.
5.11. Zuojiquan
Zuo (construir), ji (fundamentos), quan (punho). Há poucas informações
históricas sobre esta forma. Há relatos de que pode ter sido criada pelo Mestre
Jiao Han Sheng, que uniu elementos de escolas do norte e do sul como
treinamento básico, tendo em vista o desenvolvimento posterior do praticante.
Zuojiquan é claramente uma montagem didática, contando com fragmentos de
movimentos de animais, como tigre, serpente, garça e leopardo. Alterna socos e
chutes em movimentos amplos e curtos.
5.12. Jingzhongquan (Qingnianquan)
Jing (essência, perfeição), zhong (lealdade), quan (punho). Qingnian
(juventude), quan (punho). Forma de luta combinada, conhecida mais
comumente pelo nome Qingnianquan, embora referida como Jingzhongquan no
Zhong Wudao. Aparentemente se trata de uma compilação mais moderna na
década de 1950, pelo governo chinês, como parte do projeto do Wushu, a partir
de uma sequência para treinamento militar. Qingnianquan, portanto, teria
origem semelhante das formas modernas 1, 2 e 32 de Changquan (esta última
presente como forma “extra” no currículo de Zhong Wudao do Mestre Sheng).
Como as formas de Wushu moderno da primeira geração dos anos 50, possui
aplicações muito úteis e uma movimentação de vai-e-vem como esquiva e
contra-ataque.
5.13. Tantui Duanlian
Tan (elástico), tui (perna), duanlian (exercitar). Inserida no programa de Zhong
Wudao de Mestre Sheng a partir da Associação Jingwu, juntamente com Tantui,
Yingchui e Beigongliquan, embora seja realizada em uma versão distinta da
atual pela Associação (a “Jie Tantui”). Trata-se de uma luta combinada de
Tantui, adaptada para a realização em dupla. Possui uma técnica agressiva, de
entradas que visam cortar o ataque do adversário em uma trajetória reta, com
muita utilidade e simplicidade.
Não se preocupe em decorar todas estas informações sobre cada forma.
Paulatinamente, daqui em diante, a cada estágio, procure conhecer a história e a
origem das formas que você vem aprendendo. Elas dizem muita coisa a respeito
da diversidade que encontrará no Zhong Wudao. Além disso, há muitas técnicas
de armas, de Shuaijao e de Sanshou, por exemplo, que são treinadas em
separado no currículo, além dos qigong e outros exercícios provenientes de
escolas internas e externas, de estilo norte ou sul.
6. Em chinês...
精忠拳(青年拳)
Nas palavras do mestre Lin Zhong Yuan, traduzidas pelo professor Tai Sheng
Xiu: “O coração humano parece ter ódio e tendência a encarar as coisas com
raiva nos olhos, o que é causado por não conseguir encontrar o correto. A
natureza humana não possui desejo que seja indomável; não há contenda que
não seja uma derrota. O “não eu” é um “não inimigo”. O homem parece capaz
de conhecer a si mesmo e também de conhecer seu inimigo, de conhecer Céu e
Terra e de conhecer o fim, as palavras e ações que seguramente levam ao que é
correto”.
O “não eu” é um “não inimigo”. Isto quer dizer, dentre outras coisas que nossas
derrotas são muitas vezes infringidas pelo nosso próprio ego, pouco capaz de
dominar os desejos que pulsam de si, a ira, as paixões que nos desviam da nossa
própria natureza. Conhecer (por meio da investigação dos princípios de todas as
coisas, gewu) tudo aquilo que leva ao correto é a finalidade última do wudao na
concepção de Lin Zhong Yuan. É o mais essencial do que ele nomeia como
wude.
Wude não é um conjunto de regras, portanto. Não são comandos morais a serem
gravados na mente e perseguidos. É a construção de um refinamento,
tradicionalmente denominado, no pensamento confucionista, de xiushen
(“cultivo ou cuidado de si”), base ou raiz de todos aqueles que buscam
desenvolver o seu potencial inato de perfeição humana (mingde) para tornar-se
sábio (zhizhe), verdadeiramente bom (renzhe), um homem superior (junzi). No
wudao, o “cultivo de si” envolve práticas corporais, atitudes anímicas,
desenvolvimento de formas adequadas de falar etc.
Um diagrama (ver imagem abaixo) elaborado pelo mestre Lin Zhong Yuan
resume visualmente a sua wude. Não é um diagrama simples de interpretar, mas
seus sentidos mais gerais podem ser descritos. No centro, há um coração do qual
brotam três ramificações gerando o ideograma homem, “ren” (人). No centro do
coração, lê-se a palavra “sinceridade”, das quais “brotam” as expressões
“conhecimento inato”, “capacidade inata” e “ação inata”. Esta representação
sugere algo bastante difundido na ética confucionista: a ideia de que a partir de
um coração sincero, os potenciais naturais do sábio se manifestam naturalmente,
tudo dependendo, portanto, de um cultivo do coração e da mente conforme as
sementes das virtudes. Em torno do ideograma homem, três noções compõem o
resto do centro do diagrama, as “virtudes iminentes”, que deveriam brotar de um
“coração sincero”: “sabedoria” (zhi), “benevolência” (ren) e “coragem” (yong).
Fora do centro, como expressões ou resultados sociais do cultivo do coração,
encontram-se representadas as “doze regras principais” (shier shouze: Fidelidade
e coragem; Piedade filial; Benevolência e amor; Confiança e justiça; Paz e
harmonia; Cerimônia e integridade moral; Obediência; Frugalidade e trabalho
duro; Limpeza e organização; Ajuda aos outros; Conhecimento; Perseverança.)
[nota 206. Não tenho fácil aqui cada uma em chinês, eu teria que pegar o texto
original e procurar a pronúncia de cada uma de novo no dicionário...], os “quatro
laços sociais” (“decoro”, li; “justiça”, yi; “integridade”, lian e “honra”, chi) e as
“oito virtudes” (“amor filial”, xiao; “amor fraterno”, di; “lealdade”, zhong;
“confiança”, xin; “polidez/civilidade”, li; “justiça”, yi; “integridade”, lian;
humildade, zhi).
Na divisão realizada por Mestre Lin Zhong Yuen de seu wudao, a “ética
marcial”, wude, articula-se a outros quatro aspectos a serem enfatizados: “estudo
ou filosofia marcial”, wuxue; “realização ou mérito marcial”, wugong; “técnica
marcial”, wuji, e “arte marcial”, wuyi. Utilizando um modelo dos cinco
elementos, o qual estudaremos em unidade mais para frente, cada um destes
aspectos liga-se a um elemento: wude à terra, wuxue ao metal, wugong à
madeira, wuji à água e wuyi ao fogo. A analogia elementar serve para enfatizar a
unidade constituída entre estes cinco aspectos, que estão unidos de tal forma que
se complementam, equilibram-se e harmonizam-se em um processo cíclico
constante de transformações e retorno. Já falamos bastante da “ética marcial”,
passaremos agora para os demais quatro aspectos.
3. Em chinês...
Wude: 武德
Wuxue: 武学
Wugong: 武功
Wuji: 武技
Wuyi: 武艺
Faixa Roxa
1. Compreendendo melhor as “energias”
Zou Yan, que viveu no século III a.C. fundou uma escola filosófica nomeada
como “naturalismo” ou “filosofia do yin/yang”. Esta escola, juntamente ao
Moismo, o Daoismo, o Confucionismo, o Legalismo e outras, formavam aquelas
que são conhecidas como as “Cem Escolas de Pensamento” (zhuzi baijia), que
floresceram entre os séculos VI e III a.C. entre os períodos da “Primavera e
Outono” e dos “Estados Guerreiros”. Com o passar do tempo, ela foi sendo
assimilada por correntes do taoísmo e do confucionismo. No interior deste ramo
do pensamento chinês, o Neijing popularizou-se de tal modo que, em conjunto
com o “Clássico das Mutações” (Yijing ou I Ching), acaba por fornecer os
elementos mais básicos que fundamentam a astrologia chinesa, a acupuntura, o
feng shui e todas as suas derivações, inclusive nas artes marciais.
Volvemos ao riacho que flui incessantemente, dia e noite. Esta imagem é uma
boa metáfora da mutação constante do universo e de todas as coisas que se
encontram em interação dentro dele. Dia e noite são momentos opostos de uma
passagem circular do tempo. Mas dia e noite não existem um sem o outro e
transforma-se um no outro na medida em que o tempo passa. Há determinados
instantes, como o crepúsculo e a aurora, por exemplo, em que dia e noite
praticamente não se distinguem. Enquanto um nasce, o outro morre para, depois,
renascer pouco a pouco, quase imperceptivelmente.
Dia e noite são como o yang e o yin, energias opostas e complementares, que se
sucedem na passagem circular do tempo, provocando alterações no fluir de todas
as coisas animadas. Em nosso corpo, a energia, qi, também flui conforme a
dinâmica circular do yang e do yin. Alguns dos nossos meridianos são de
energia yang e outros são yin. Em determinadas horas do dia ou estações do ano,
pontos energéticos de nosso organismo têm suas funções aumentadas,
diminuídas ou transformadas. Nós estamos também em mutação constante e
circular, conforme a dinâmica do taiji ou fluir contínuo do yang e do yin.
Lembra-se do símbolo do taiji lá da primeira faixa? O que o Yijing busca
compreender é esta dinâmica de transformação e continuidade do universo,
tirando dela lições para a vida e orientação prática. Daí também o seu uso
oracular.
Vários qigong presentes nas artes marciais e outros exercícios são inspirados na
teoria dos cinco elementos e a própria movimentação em certas direções têm o
objetivo de estimular determinados órgãos, emoções e efeitos físico-mentais
específicos. O que exploramos aqui, tanto em relação à compreensão das
energias e da mutação quanto em relação à teoria dos cinco elementos é apenas a
pontinha de um conhecimento muito abrangente. Há muito mais a conhecer e
você deve continuar pesquisando a respeito. Como sugestão, leia o Yijing e seus
textos introdutórios. Ele está disponível on-line, em português, no portal UOL,
com a tradução brasileira da edição de Carl Yung e Richard William. Preste
atenção no quanto o livro é sugestivo de imagens e o quanto elas são ilustrativas
de conceitos filosóficos profundos.
6 Em chinês...
Qi : 气
Yin : 阴
Yang : 阳
TAN-LAN-CHUAN
Tan-Lan-Chuan
O famoso estilo “louva-a-deus” que imita os movimentos deste
magnífico inseto tem como característica usar as mãos em forma de pinças
e os braços como foices. Foi criado no século XVII – XVIII pelo Mestre
Wang-Lang que fundou a escola Chi-Sin Tan-Lan-Chuan na dinastia Qing
da China. Ele desenvolveu os movimentos próprios baseado na sua
observação da luta entre os insetos “Louva-a-Deus” e absorveu as melhores
técnicas de oito famosos escolas na sua geração. Apesar de sua origem na
região norte da China ele pode ser considerado como estilo “intermediário”
de kung-fu, devido á dominância paralela de movimentos de pernas com os
das mãos.
1° Tao-Lu: Chi-bu-chuen
Shu-bu → Ma-bu → Tien-bu → Du-li-bu → Xie-bu → Chi-Shin-bu → Kon-bu →
Kou-bu → Pu-bu →Zu-huan-bu → Tso-pan-bu → Tan-pu-bu → Zon-bu → Pa-ma-bu
→ San-chi-bu → Shu-bu → Volta tudo do outro lado.
Tan-Lien (Educativo)
Kon-bu-pou-tsa
Kon-bu-pou-tsuei
Ma-bu-pou-tsuei
Kon-bu-kou-lou-tsai
Ma-bu-pi-tsuei
Kon-bu-pon-tsuei
Kon-bu-tsou-tsuei
Kon-bu-chien-tsuei
Kon-bu-chien-tsuei
Kon-bu-fan-tso-tsuei
Ma-bu-ro-lan-tsuei
2° Tao-Lu: Lien-tso-chien
Pou-tsa → Kon-bu-pou-tsuei → Kou-lou-tsai → Ma-bu-pou-tsuei → Tiao-so →
Pi-tsuei → Pie-tsuei → Chien-tsuei → Pon-tsuei → Tsou-tsuei → Tan-pien →
Ro-lan-tsuei → Fan-tso →Lu-lu → Volta tudo ao contrario.
3° Tao-Lu: Ti-Sou-Chuan
Jin-Pon-Tsu-Lu (Educativo)
Iata-Pon-Tsuei
Lien-Huan-San-Tsuei
Chuan-Tsuei-Iata
Chuan-Pie-Tsuei
Tsou-Piê-Pon-Tsuei
Pi-Tsa-Ton-Tuei
Tsu-Tzu-Ton-Tuei
Pon-Tsuei-Pimen-Tuei
Kou-Lou-Tsai-Tiao-Tso
Xuan-Fon-Jei-Tuei
Tan-Lan-Tiao-Tso (Educativo)
(Nei-San-Sou)
1ºKou-Lan-Tsa-Chan
2º Kou-Chiao-Tsa-Chan
3° Fan-Kou-Fon-Kou
(Wan-Jan-So)
4°Kou-Lou-Tsai
5ºFon-Kou-Chi-Tsan
6ºFon-Lan-Kou
(San-Xia-San-So)
7ºKou-Lan-Sou
8ºJiau-Jia-Tsa-Chan
9ºJiau-Lan
4° Tao-Lu: Shi-Pa-Sao
5º Tao-Lu: Tuo-Kan
6° Tao-Lu: Tsa-Tsuei
7° Tao-Lu: Mei-Hua-Lu
8° Tao-Lu: Pan-Pun
SHUAI-CHIAO
TAI-CHI-CHUAN
“caminho para uma vida saudável”, é uma arte milenar chinesa que através de
seus exercícios físicos e dos respiratórios, visa o bem estar do corpo e da mente. Por ser
simples e fáceis de aprender, os seus movimentos podem ser praticados em qualquer
lugar, qualquer hora e por qualquer pessoa sem limite de idade, sexo ou problema físico.
Apesar de Tai-Chi-Chuan representar o estilo “interno” da arte marcial chinesa, hoje é
praticado no mundo todo como um exercício preventivo e terapêutico com seu resultado
comprovado. O Tai-Chi-Chuan ativa a energia vital “chi” fazendo-a circular pelo corpo
todo melhorando os males (insônia, tensão muscular, etc.) gerados por stress, reduzindo
a ansiedade, aumentando o nível de concentração que gera melhor produtividade, por
este motivo o estilo é comumente adotado como exercício ideal por empresas em todo o
mundo.
Técnicas Gerais
Postura de Luta:
Yu-pei-si: Pernas flexionadas, abertas na largura do ombro, com um pé à frente
– Mãos na altura do nariz com os cotovelos fechados protegendo as costelas.
Peso do corpo 70% a frete.
Passos de Luta:
Chien-hua-bu = Passo para frente.
Ro-hua-bu = Passo para trás
Jin-bu = Passo para frete trocando de base
Tuei-bu = Passo para trás trocando base
Yi-bu = passo para o lado
Huan-bu = Troca de base
OBS: Tomar muito cuidado ao deslocar a base em uma luta para não cruza - lá.
Chutes: Socos:
Tan-tuei Chien-chuen
Chien-ti Tso-chuen
Nei-kua-tuei Chien-pon-chuen
Wai-kua-tuei Tso-pon-chuen
Chien-tai-tuei Tso-wai-pon-chuen
Tso-tai-tuei Nei-kou-chen
Ro-tai-tuei San-kou-chuen
Chien-tan Defesas
Tso-tan San-fan
Ro-tan Xia-fan
Djie-tuei Nei-fan
Tsan-tuei Wai-fan
Lien-huan-kuan-tuei San-kua-fan
Tso-tsi Xia-kua-fan
Nei-pai-ti Nei-kua-fan
Wai-pai-ti Pei-tso-fan
Tiao-pai-ti
Seqüências de Luta:
1.Chien-chuen
2.Nei-kou-chuen
1.Chien-ti (P/T) 3.Chien-tân
2.Nei-pai-ti (P/T)
1.Chien-chuen
1.Chien-chuen 2.San-kou-chuen
2.Nei-Kou-chuen 3.Chien-tân
1.Chien-chuen
2.Nei-kou-chuen
1.Chien-chuen 3.Tsô-tan
2.San-kou-chuen
1.Chien-chuen
1. Chien-chuen 2x 2.San-kou-chuen
2. Nei-Kou-chuen 3.Tsô-tan
Treinamento de Kung-fu
O treinamento de kung-fu trabalha com três importantes partes, o corpo, o espírito e
a alma.
1. Aula:
Para que uma aula de kung-fu tenha um bom andamento é extremamente necessária
à obediência a hierarquia e a disciplina durante os exercícios.
Em ordem hierárquica primeiramente temos o Mestre, dele provem todo o
conhecimento sobre as técnicas e a filosofia da academia, em seguida o professor, a
principal função de um professor e controlar a aula dando assistência aos monitores e
passando todo o conhecimento que foi passado a ele pelo Mestre com a máxima
fidelidade, os monitores são muito importantes principalmente quando se tem muitos
alunos em uma aula, pois eles irão repassar as técnicas aos alunos e ajudar no
desenvolvimento e disciplina da aula.
2. O Monitor:
3. O professor
O professor deve olhar uma aula de kung-fu como um general olha para seu
exército, enquanto o monitor faz os exercícios acompanhando os alunos o professor tem
a responsabilidade de olhar cada aluno e cada movimento, instruindo os alunos a
fazerem de maneira correta.
O professor tem como obrigação sempre prestar contas ao mestre, pois a
responsabilidade de transmitir os ensinamentos do mestre de maneira correta é
inteiramente sua. A ligação entre os alunos e o mestre é feita pelo professor, que deve
ensinar sem modificações aquilo que é ensinado pelo mestre.
O professor tem obrigação de treinar junto aos seus monitores, auxiliando-os a
sempre executar as técnicas e os movimentos de maneira correta. O crescimento
técnico dos monitores é responsabilidade do professor.
Cursos de Armas: Bastão Longo, Bastão Curto, Lança, Facão, Espada, Nunchako, San-
Xie-Kun (bastão de três segmentos), Corrente.
Curso de Autodefesa em Jon-Wu-Dao (Promovido por Mr.Huang Yu Sheng)
Curso de Autodefesa em Wyng Tjun (Promovido por Dai-Sifu Hans-Jurgen Remmel)
Curso de Shuai-Chiao Avançado (Promovido por Mr.Huang Yu Sheng)
Curso de Tec. de Luta Avançado (Promovido por Mr.Huang Yu Sheng)
Filosofia do Kung-fu
Quatro princípios básicos:
Lealdade
Fidelidade
Dignidade
Palavra
Juramento do Kung-fu
1o - Eu me comprometo a treinar o corpo e o espírito para a paz;
6o - Eu me comprometo a contribuir para que esse meio não ofereça abrigo aos maus
intencionados;
Fonte: http://www.caminhomarcialchines.blogspot.com.br/
BIBLIOGRAFIA:
“As pessoas podem expandir o Dao [道 – “Caminho”], ele pode ser transmitido pelos
homens. Ultimamente os chineses começaram a abandonar o Grande Dao e pegar outros
caminhos mais fáceis. O ideal tradicional de salvar a humanidade e salvar o país, esse
espírito, essa força, foram substituídos pelos negócios, pela economia e pela
industrialização. Todas as coisas são submetidas à rapidez e aos resultados, mas àquela
dedicação e trabalho que necessitam de cultivo para o sucesso as pessoas dão as costas,
dizendo ser coisa de velhos, não econômicas e que não servem à realidade. O
pensamento de negócios confundiu as ideias e os valores; muita gente adora o dinheiro,
a matéria, o poder e a política, e isso causa a transformação de nossa sociedade em uma
mercadoria indefinida [sem identidade]. Todas as pessoas possuem esse egocentrismo,
mas onde está Zhong Dao [中道 – “Caminho do Meio”]? Qual é o valor de nossa
cultura? Quando conflitos de valores surgem, as pessoas pensam apenas em seus
próprios interesses. Nossa sociedade está entrando em uma época de mercenários. (...)
Precisamos realizar essas mudanças. Um homem santo não tem propriedades, somente
os tesouros da Benevolência e Justiça. Benevolência e Justiça é a essência de Zhong
Dao e da Virtude da Luta das artes marciais chinesas. A Virtude da Luta das artes
marciais é parecida com a espada espiritual das cruzadas. Chamamos isso a ideia de
Zhong Wu Dao, pois ele representa a Justiça e a Benevolência.”
BIBLIOGRAFIA:
Sobre os nomes Guo Shu (Kuoshu), Wu Shu e Zhong Wu Dao, por Lin
Zhong Yuan
“Lao zi disse: ‘o Dao que pode ser pronunciado não é o Dao absoluto, o Nome que pode
ser pronunciado não é o Nome Verdadeiro’. Para divulga-se esse Grande Dao, é preciso
de Zhong Dao; para transmitir esse é preciso primeiro nomeá-lo [especificá-lo]
corretamente e o fazemos como ‘Artes Marciais Chinesas’. Para que esse nome seja
conhecido no mundo, é preciso fixá-lo corretamente. O nome de Guo Shu [國術 –‘Arte
Nacional’] foi dado originalmente no décimo sétimo ano da República da China [por
volta de 1929]; naquela época, o governo, o exército e os povos precisaram receber os
ensinamentos de Guo Shu, que era muito importante para o país. Resumindo: o primeiro
nome oficial foi Guo Shu: Guo refere-se à China e Shu refere-se à Wu Shu [武術 –
‘Arte Marcial’]. Para ser exigente na definição desse nome, essa palavra Guo significa
China, chinês e Shu significa Wen e Wu e pode também ser ‘Artes Marciais Nacionais’
[Guo Jia Wu Shu - 國家武術] pode também, ser ‘Técnica Internacional’ [Guo Ji Ji Shu
-國際技術]. Mas ao usar a palavra Shu, permanece um clima muito pesado; falta o
sabor do Dao e o gosto da Arte. Por isso essas três palavras, Zhong Wu Dao, precisam
ser respeitadas.”
BIBLIOGRAFIA:
“Por isso, ‘a mente inteligente de um astronauta’ ainda precisa ter ‘a habilidade física de
um bárbaro’ e também ‘o coração de um religioso’, a capacidade de iluminação, de
transformar o ódio em comédia! Encorajar em mim mesmo ‘o caráter natural e os
exercícios de habilidade marcial’ e também enfatizar ‘o desenvolvimento do poder da
nação’ e o fortalecimento do ‘apurar corpo e mente’. A habilidade em permanecer de pé
e sobrepor-se e a habilidade na ‘seleção natural’ e ‘evolução’ para não ser eliminado;
capacidade em desenvolver compaixão, sabedoria e ‘proteção dos mais fracos’.”
BIBLIOGRAFIA:
LIN, Z. 中武道與繩武門 [Zhong Wu Dao Yu Sheng Wu Men]. Zhong Li, 2006.
(manuscrito)
“Há pessoas que ficam rindo [desprezando] da educação dos povos. Agora ‘a loja de
aprendizagem elevou-se à fábrica de aprendizagem’ [nossa educação, de conhecimento,
transformou-se em comércio]. Evoluiu como formadora de intelectuais e fábrica de
qualidade inferior, em grandes volumes, de produção em atacado; só leva em conta a
elevação da quantidade, faltando o esforço pela qualidade. As avaliações educacionais,
como provas, testes e concursos são tipos de controle de qualidade. Fazendo os alunos
dedicarem-se e se esforçarem na melhoria do corpo, da personalidade e de sua
qualidade, três elementos ficarão unidos, crescendo equilibrados. O resultado da fábrica
é em função do funcionamento da economia; a fábrica de aprendizagem só requer
qualificação, mas não dão atenção ao corpo de nossos alunos e a suas personalidades.
Vamos pensar: nossa segunda geração tem uma cabeça inteligente e um corpo fraco, ou
o corpo funciona bem e a cabeça não, ou ainda ‘o cérebro é cheio e o estômago também,
mas o coração é preto e a mão apimentada’ [sem virtudes, bandidos]. Isso é fracasso de
nossa educação? Não, nós estamos ignorando os treinamentos. É erro das escolas? Não,
a sociedade e os valores familiares estão confusos.”
BIBLIOGRAFIA:
“Cada estilo de arte marcial [Wu Shu -武術] possui um portão de entrada. Há todo tipo
de movimentação nas artes marciais, e também objetivos (ganhar a vida, defesa, manter
a saúde), mas a última fronteira deve ser unificada: a essência da vida na elevação
humana ‘desenvolvimento de corpo e mente’. O desenvolvimento da vitalidade da
cultura inserido na alegria da civilização! (...) A história passada possui diversos tipos
de guerras, todos tendo o sentido humano natural da ‘contradição pessoal interna’,
sendo esse inimigo interno [do ‘eu’ de cada um] estando em uma ‘guerra civil’, sendo,
assim, iniciada uma guerra ‘intrapessoal’!
BIBLIOGRAFIA:
BIBLIOGRAFIA:
Relações entre Wude (Ética Marcial) e Dao (道), por Lin Zhong Yuan
“Wude significa ser modelo do Caminho [‘shidao’ - 師道]: Wudao significa ser uma
pessoa do Dao [Caminho], Wude significa ser um modelo de virtude; Modelo estrito da
antiga norma do Dao; Estudo cuidadoso da grandiosa norma do Dao; Modelo da
tradição através do ‘Dao como meio’ [‘meidao’- 媒道]; Dao como preocupação; Dao
como satisfação; Dao como ação propagadora; Dao como auto sacrifício.”
BIBLIOGRAFIA:
“O coração humano parece ter ódio e tendência a encarar as coisas com raiva nos olhos,
o que é causado por não conseguir encontrar o que é correto. A natureza humana não
possui desejo que seja indominável; não há contenda que não seja uma derrota. O ‘não
eu’ é um ‘não inimigo’ [‘wu wo ze wu di’ - 無我則無敵]. O homem parece capaz de
conhecer a si mesmo e também de conhecer seu inimigo, de conhecer Céu e Terra e de
conhecer o fim, as palavras ações que seguramente levam ao que é correto.”
BIBLIOGRAFIA:
LIN, Z. 为国武呐喊!替国术开道! [Wei Guo Wu Na Han! Ti Kuo Shu Kai
Dao!]. Chinese Kuo Shu Quartely. p. 24-42. Taipei: Research Institute of Kuo Shu of
China Academy. n°1, vol. 1, jul. 1984. p. 40.
“Todos ‘sentem-se envoltos em uma rede’, afetados como que por um barbante que os
envolvem, mas isso não é nada além de um ‘casulo feito por si mesmos’! (...) ‘A palavra
‘confusão’ [迷, mi] possui dez traços, a palavra ‘despertar’ [悟, wu] também possui dez
traços’; as pessoas estão sempre no meio do caminho entre a confusão e o despertar. A
vida ocorre como por uma ‘jornada’ ou ‘peça de teatro’, tecida em um arco-íris de um
sonho à noite! Chan [“Zen”] possui exatamente o sabor desse ‘despertar da confusão’.
Chan [“Zen”] permite uma visão completa do Grande Universo. O coração de todos é
afetado pelo Universo, parecendo isto uma ‘grande contradição existencial’. Cada
fenômeno entre o Céu e a Terra faz parte da vida de todos. Tudo em conflito mútuo,
sendo também cada indivíduo uma ‘pequena contradição’ em sua existência. É possível
que o que se chama ‘cultura natural da habilidade marcial [Wuyi, 武艺] – caminho
marcial [Wudao, 武道] natural da humanidade’ seja um jogo contraditório de ‘lança
controlando o escudo, escudo controlando lança’ [Mao ze dun, dun ze
mao, 矛则盾,盾则矛]?”
[OBS: Há um jogo de palavras nessa última expressão: a palavra traduzida aqui como
“contradição” é Maodun (矛盾), ou literalmente “lança-escudo”. Lin Zhong Yuan
utiliza-se do sentido filosófico do termo “contradição”, ao mesmo tempo em que
mantém uma imagem militar concreta entre lança e escudo em conflitos que se alternam
sem ser possível a identificação de quem conduz ou é conduzido, ou qual é o início ou o
fim do conflito.]
BIBLIOGRAFIA:
1. Princípios de Kung-Fu
Existe uma diferença cultural que influencia o modo de vida que domina no mundo
oriental e no ocidental. Os ocidentais, de uma maneira geral, são materialistas e individualistas,
dão importância para viver no momento presente. Enquanto os orientais acham que a vida
espiritual é igual ou superior a vida material, acreditam em vida futura e crêem que sua qualidade
depende do nível espiritual alcançado na vida presente. Essa divergência conceitual de vida é
induzida por suas próprias religiões. A arte marcial como um produto sócio-cultural, sua
diferença conceitual por ocidentais e orientais sofre também sua intensa influencia pelo modo de
vida que os homens adotam, de modo que o povo oriental valoriza mais o desenvolvimento físico
juntamente com o desenvolvimento mental e o aprimoramento espiritual, diferentemente dos
costumes ocidentais que desenvolvem a parte física separadamente da parte mental espiritual.
Do mesmo modo, semelhante às outras culturas antigas, a cultura milenar chinesa, está
internamente ligada a sua religião a qual estabeleceu a ligação do homem à família, a sociedade,
a natureza e ao universo.
Na filosofia Zuista Budista, o homem é a unidade intermediária entre o céu e a terra.
Sendo o céu uma representação da sociedade espiritual superior, deus, e a criação do universo. A
terra nesta religião representa a sociedade espiritual inferior, a natureza e a sociedade humana.
Dentro desse esquema apresentado, crêem que, cada unidade da natureza tem seu santo
governador, assim, de gerações para gerações, transmitem uma visão do mundo como divino
espiritual, expressando respeito ao outro ser na natureza, respeitando montanhas, nuvens, pedras,
arvores, lugares divinos; aqueles que os ocidentais consideram lugares comuns ou concretos
(materiais).
A arte marcial chinesa durante sua longa evolução também foi bastante influenciada por
religiões. Muitas escolas surgiram ou fortaleceram dentro de entidades religiosas (Os templos).
As escolas de linhagens Shao Lin, por exemplo, surgem no templo budista, enquanto escolas de
Tai Chi e Pa Kua surgem no templo Taoísta. Independentemente de sua ligação religiosa, para
essas escolas existe uma consideração comum que trata a arte marcial como um caminho de
aprimoramento mental – espiritual alem de fortalecimento físico. Os praticantes buscam
perfeição máxima em todo sentido com objetivo de obter a melhor interação com a natureza e o
universo. Assim, um mestre não é apenas um assessor técnico de arte paralelamente é um guia
espiritual, um iluminador do caminho para buscar a harmonia interior, de paz verdadeira.
Sendo por essa razão o lugar para o estudo “Dao” ou, “lugar para a busca de iluminação”,
o local onde o homem recebe conhecimento para aprimoramento físico-mental e espiritual,
absorve o termo de origem budista: Dao Tsan (Japonês; Dojo) o qual é considerado como
sagrado pro um santo protetor que flui energia positiva nele.
A crença do Santo protetor estabelece o respeito do homem ao espaço, porem numa
sociedade moderna, especialmente, do mundo ocidental, desconsiderando o aspecto religioso, o
respeito deve dirigir a tradição, ao conhecimento e ao espírito marcial (energia positiva) que a
arte marcial representa.
Considerar o Dao Tsan (Dojo) um local sagrado é respeitá-lo com humildade, sinceridade
e gratidão; essa deve ser a exigência espiritual básica de um praticante de Kung-Fu. Assim, ao
entrar no Dao Tsan devemos fazê-lo com o corpo e a mente mais limpa possível. Sentimentos de
hostis (rancorosos) e negativos do mundo exterior deverão ser deixados para traz. Uma boa
maneira de demonstrar isso é mantendo você e seu uniforme tão limpo e tão arrumado quanto
possível. Um uniforme sujo e rasgado ao mesmo tempo significa corrompimento (impureza) e
poluição, e também um insulto ao santo protetor e por extensão, ao mestre e a todo o Dao Tsan.
Ter respeito ao Dao Tsan é também manter ele mais limpo e organizado o quanto
possível. A limpeza é o símbolo de pureza, é manter energia positiva em circulação. Sujeira e
desorganização geram negatividade de energia e impede a iluminação do santo protetor.
Para os orientais, o cumprimento é um ato físico e espiritual. É através dele que
transmitimos os sentimentos de respeito e gratidão ao outro. Na arte marcial chinesa, a cerimônia
de cumprimento transmite ainda os princípios filosóficos da arte, portanto deve ser praticado
com calma, com clareza, com bastante sinceridade e humildade.
A arte marcial chinesa no tempo passado era transmitida de geração para geração, de pai
para filho. Esse sistema contribuiu para formação da hierarquia no Kung-Fu, um sistema familiar
onde o mestre é o líder da família, os alunos que seguem seu conhecimento assumem irmandade
em ordem cronológica de seu inicio de aprendizagem. O cumprimento deve sempre se dirigir de
irmão mais novo para os mais antigos, de aluno para mestre. Ao cumprimentar um mestre não é
só transmitir respeito à sua pessoa, mas, principalmente, à raiz de sabedoria e à tradição que
representa. Ao cumprimentar um irmão é o sentimento de irmandade que assume da alegria pela
amizade que encontra. Por isso, na escola de Kung-Fu não deve existir a humilhação ou o
conflito, mas sim o amor pelo irmão colega e a ajuda mutua em busca de crescimento comum.
A palavra Chin Na, pode ser traduzida como “capturar” (Chin) e “controlar” (Na).
Partindo desta definição entende-se que, o maior propósito do Chin na é interceptar uma ação
agressiva, capturando e torcendo ou pressionando pontos sensíveis no corpo do oponente,
neutralizando-o temporariamente ou definitivamente.
Existem técnicas avançadas de Chin Na que se aplicadas por um conhecedor, podem
causar desde paralisia ou inconsciência momentânea até a mutilação.
A localização de algumas cavidades ou pontos são mantidos em segredo pela maioria dos
estilos, por motivos óbvios.
São quatro as variações técnicas do Chin Na, sendo que a maioria dos estilos, podem ter
suas peculiaridades ou combinações destas técnicas, porém, como o mesmo resultado. As quatro
variações se apresentam de modo mais detalhado abaixo.
É separado em três aplicações técnicas: torção, agarramento e presão. Os dois últimos são
classificados por si só como Chuan Jin “agarra o músculo”.
Nas técnicas de agarrar e pressionar, as aplicações partem de um mesmo principio, mas
primeiro é necessário que se entenda as funções do músculo, se a sua função é estender ou
retrair. Um bom exemplo é o “bíceps” e o “tríceps”; um músculo é responsável em retrair o
braço e o outro de estendê-lo.
Quando quaisquer destes músculos são agarrados e pressionados em zonas sensíveis, eles
são forçados a uma posição incomoda causando dor ou paralisia local, em virtude da agitação
dos nervos.
Esse tipo de técnica não exige uma precisão extrema em sua aplicação, porque busca
atacar uma área sensível geral.
Por essa razão, as características de agarrar e pressionar da divisão de músculos, são às
vezes consideradas como “pressão baixa”.
São sete zonas comuns para este tipo de aplicação.
Estes alvos não são cavidades, e sim, “zonas sensíveis”, que estão relacionadas aos
nervos que passam ao redor. Essas zonas são fáceis de serem machucadas ou paralisadas, que são
constituídas por: mãos, braços, ombros, pescoço, tórax, cintura e perna.
Consiste em colocar bastante tensão nas juntas a fim de deslocá-las, causando total
deslocamento.
Com o deslocamento, o artista marcial criou duas situações que pode levá-lo ao controle
total de seu oponente. Primeira: o artista marcial interronpe o ponto inicial do movimento do
corpo, pois se uma junta se desloca, a locomoção ou ataque por parte do mesmo estará
invariavelmente comprometida. Segunda: com a aplicação deste tipo de técnica, os ligamentos e
músculos que circundam esta junta serão seriamente avariados, causando muita dor.
Baseia-se em ataques nas cavidades com socos, agarramentos, tapas, etc. Causam
paralisia local, dor aguda e até a morte.
Existem 108 cavidades popularmente usadas no Chin Na, 72 são usadas para causar
paralisia local ou inconsciência, enquanto 36 são fatais.
As cavidades que causam paralisia local estão localizadas nos meridianos que controlam
as áreas não vitais. As cavidades fatais se encontram nos meridianos conectados aos órgãos
internos. São meridianos absolutamente vitais para a circulação do Chi.
No caso do estilo da serpente que tem como característica a rapidez aliada a suavidade,
aplica-se o Chin Na envolvendo o oponente, de forma que , ele tenha a sua postura, equilíbrio e
movimentação comprometidas.
3. Chuan Chuen
“O olho é a janela da alma”, ele indica o estado espiritual do atleta. A visão do Chan
Chuen exige a rapidez do relâmpago e a força do olhar penetrante de uma águia. Os olhos não se
movimentam independentes, eles acompanham a rotação do pescoço que seque os movimentos
ágeis e rápidos dos braços. O olhar transmite ainda a intenção de ataque ou defesa. Por exemplo,
ao avançar para atacar a visão fica ao adversário imaginário tendo que transmitir um olhar de
tigre atacando sua caça. Ao girar o corpo para defender ou atacar o adversário, que está atrás, em
primeiro lugar, tem que virar o pescoço e dar uma rápida olhada transmitindo antecipadamente o
sentido do movimento. O olhar no repouso também é muito importante, quando se está em uma
postura de estática deve-se manter o olhar de vigilante olhando fixamente para frente ou no
sentido que se aguarda o ataque do adversário imaginário.
Os passos de Chan Chuen exigem leveza, rapidez e firmeza. Ao destacar um passo para o
outro é como se na planta do pé existi-se uma mola, fazendo com que o movimento fique leve e
rápido. Enquanto se define uma postura, é como colocar uma planta no chão, firme e estável,
evitando o levantamento do calcanhar. A firmeza da postura contribui na estabilidade necessária
para os movimentos do tronco e do braço.
Como conseguir “colar” o pé no chão?
O antigo Mestre da escola Shao Lin, ensina a seus discípulos que ao pisar no chão deve-
se tentar agarrar o chão com os dedos do pé.
A exigência espiritual do Chan Chuen está na sua “ira”. A “ira” significa o estado do
espírito guerreiro, como se realmente estive-se em um campo de batalha lutando contra inúmeros
adversários em troca da sobrevivência própria. A expressão espiritual de “coragem” e seu sentido
guerreiro demonstrando no Chuen Tao serve como critério para avaliar a compreensão da arte.
Essa “ira” não é expressa na face, mas sim dentro do Chuen Tao, através do movimento corporal,
de alteração de velocidade e de ritimo e da postura de repouso no momento preciso.
Todos os movimentos iniciados pela raiz de cada membro têm que atravessar obstáculos
de articulação intermediaria até atingir sua extremidade, esse mecanismo quando é executado
com maior natureza e maior liberdade resultará em uma maior velocidade de ações, e
consequentemente, maior força explosiva, isso muitas vezes é comparado com movimentos da
lança ou do chicote. Chan Chuen exige o que é chamado de “força livre”, para que possa atingir
sua máxima potencia de ação.
A força máxima produzida em um soco exige participação de todos os segmentos
acionais, assim do para a mão, o importante é trabalhar com unidade de ação. Os movimentos
quadrados, duros e sem vitalidade não estão relacionados com a intensidade da força aplicada,
mas sim com o grau de liberdade articulada durante o exercício.
De uma forma grosseira, Chan Chuen é estruturado por quatro grupos técnicos principais:
soco, chute, shuai chiao (derrubar) e chin na (controle com chave). Cada um deles tem seu
conteúdo técnico com exigências próprias. Por exemplo, os chutes de Chan Chuen, de acordo
com as características de cada movimento, são divididos em três subgrupos:
Tipo flexo-extensão: Ten, Tsuai, Tan, Dien.
Tipo balanceado: Pai, Kua.
Tipo rotatório
Observa-se:
“Ten” - chuta-se com a ponta do pé para cima, com a planta voltada para frente e a força
concentrada no calcâneo.
“Tsuai” – chuta-se com a ponta do pé para cima, com a planta voltada para frente e a
força concentrada no centro da planta do pé.
“Pai” – chuta-se com o membro inferior estendido com uma trajetória circular
horizontalmente.
“Kua” – chuta-se com o membro inferior estendido com uma trajetória circular
verticalmente.
3.10 Geral
Os Mestres antigos geralmente comparavam as exigências técnicas de Chan Chuen com
acontecimentos ou objetos da natureza a fim de transmitir uma melhor compreensão da arte. As
exigências mais comuns estão dispostas em doze itens.
1- Move como uma onda marítima.
2- Repousa como uma montanha.
3- Salta com a agilidade do macaco.
4- Pousa com a leveza de um pássaro.
5- Equilibra-se em um único pé como um galo.
6- Fica em pé como um pinheiro
7- Gira como uma roda.
8- Flexível como um arco.
9- Leve como uma folha flutuante.
10- Pesado como a queda de um ferro.
11- Lenta como o vôo da águia.
12- Rápida como o vento.
O aluno e o Mestre
Entro em seu consultório. Vê-se com nitidez na decoração a saudade e o respeito pela
terra natal distante: estatuetas de deuses chineses; quadros que mostram a beleza natural dessa
terra; dragões de porcelana e, nas paredes belos ideogramas da China. Vou conversar com o Dr.
Huang Yu Sheng, chinês e mestre de kung fu, que veio morar no Brasil quanto tinha dezoito
anos de idade.
Sua figura serena sempre desperta a curiosidade de seus alunos na academia de kung fu
de que é dono em Uberlândia. Eu não fui exceção. O ambiente oriental de seu consultório
deixou-me mais a vontade, era como se eu tivesse em sua academia, onde treino esta arte
marcial. Entretanto, ao lembrar que eu ia falar com um mestre que pratica kung fu a mais de 35
anos um frio passou pela minha barriga e me senti um discípulo imaturo pronto a entrevistar o
maior dos mestres, uma figura mítica – como acontece nos filmes de arte marcial chinesa, onde o
respeito e a admiração dos alunos pelo mestre ficam claramente expostos.
Terminada a consulta com seu último paciente, pediu-me para entrar em sua sala. Era por
volta das sete e meia da noite. Com gestos breves e sorrisos discretos, sentou-se e pediu para eu
fazer o mesmo, a fim de iniciarmos nossa conversa.
Nascido na China de Formosa, Taiwan, como ele próprio diz, recebeu uma educação
familiar que só lhe mostrou os lados bons da vida. Certa vez, quando tinha oito anos de idade,
um colega de escola foi punido severamente por tirar notas baixas. Todos riram, inclusive o
pequeno Sheng. Esse ato não agradou o colega, que pediu a ele para conversarem no final da
aula. Foi então que a vida mostrou seus lados mais duros ao pequeno chinês: o colega o agrediu
fisicamente, pois este era muito mais forte, e Sheng teve sua primeira grande decepção. Daquele
dia em diante, decidiu que iria se fortalecer para que aquilo nunca mais acontecesse. Nascia um
campeão.
Depois de muito procurar, foi aceito como discípulo por um mestre de kung fu, irmão de
uma aluna de artes plásticas de sua mãe. Além de mestre ele era médico de medicina chinessa e
acupuntura, o que inspirou posteriormente a carreira de Sheng. No primeiro encontro recebeu os
quatro princípios da vida que o guiam até os dias de hoje: lealdade, fidelidade, aperfeiçoamento
máximo de si e retidão. Sem o apoio dos pais, juntava dinheiro durante dois meses para poder
treinar um, pois não tinha condições financeira de pagar todos os meses.
Seu semblante adquiriu um tom profundo quando relembrou um acidente que mudou
completamente seu padrão de vida, que era excelente. Estaca com onze anos de idade. De uma
hora para outra perderam tudo quando sua casa foi incendiada junto com todas as economias da
família. Foram acolhidos por um amigo de seu pai e com muito trabalho se reergueram.
Levantaram-se como a ave fênix se ergue das cinzas nas quais haviam caído.
O Dr. Huang Yu Sheng falava sem rédeas na língua, os acontecimentos passados que
descrevia pareciam ainda vivos em sua memória.
Os anos passavam e o jovem Sheng se amadurecia como artista marcial. Depois de mudar
de cidade algumas vezes e ter outros mestres, entre eles um monge shaolin e um general da
China, treinou muitos anos e conseguiu elevar uma academia modesta onde treinava campeões.
Venceram diversos campeonatos consecutivos durante anos. Sempre a praticar cada vez mais,
Sheng sentia que o segundo lugar era um monstro que o perseguia e de quem corria com todas as
forças, e isso era um estímulo para buscar a auto-superação e a vitória.
Quando chegou ao Brasil, com dezoito anos e terminado o segundo grau, perdeu sua mãe
em um atropelamento. Foi um choque muito grande, e além de tudo precisava encarar os
vestibulares. Não sabia nada de português. Entretanto, como o kung fu lhe havia ensinado e
dado como princípio a auto-superação constante, superou a morte da mãe e estudou durante
quase seis anos para finalmente passar no vestibular para o curso de medicina, para
posteriormente direcionar-se à ortopedia. Hoje ele é um profissional respeitado em sua área de
atuação, é palestrante, desenvolveu liderança e estratégia empresarial, e tudo, segundo ele,
seguindo a sua maior inspiração: o kung fu. Diz que podia ter encontrado mil desculpas para não
alcançar as metas que objetivou aqui no Brasil, mas como os seres humanos são iguais em todos
os lugares ele poderia se superar e conseguir o que queria.
Hoje ele luta para preencher um vazio que sente em relação ao kung fu no Brasil.
Confessa que o maior valor desta arte marcial é a formação humana, contudo que isso no Brasil
não é muito valorizado, pois os brasileiros têm uma tendência natural de não seguir regras. Ele se
entristece quando vê alunos que não valorizam o que fazem e que vão à sua academia apenas
para fazer alguma atividade qualquer sem interesse. Porém não perde a esperança de que esse
local seja, além de uma academia de kung fu, um ponto de encontro para pessoas boas em busca
de crescimento pessoal e conhecimento humano.
Terminamos nosso bate-papo e ele me cumprimentou claramente. Sentia-me um
discípulo inspirado. Dirigi-me à porta e o cumprimentei outra vez. Existem ideais e exemplos a
serem seguidos na vida que nos levam ao cominho do bem. Huang Yu Sheng preza por eles.
DICIONÁRIO DE KUNG-FU
Números Básicos: de 1 a 10
Caracter
Pinyin
chinês
1 一 yī
2 二 èr
3 三 sān
4 四 sì
5 五 wǔ
6 六 liù
7 七 qī
8 八 bā
9 九 jiǔ
10 十 shí
你好
Nǐ hǎo
Olá
早安
Zǎo ān
Bom dia
你好吗
Nǐ hǎo ma
Tudo bem?
谢谢
Xièxiè
Obrigado
BASES:
MA-BU
KON-BU
PU-BU
TIEN-BU
SHI-BU
DU-LI-BU