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Contagem

Yatsu = 1
Djí = 2
San =3
Sei = 4
Um =5
Lou =6
Tchá=7
Pá = 8
Kao = 9
Sap = 10
Djí-Sap = 20
San-Sap =30
Sei-Sap = 40
Un-Sap= 50
Lou-Sap = 60
Djá Pak =100
Djí Pak = 200
Ch’in = 1000
Dji Ch’in = 2000

Bases

Macike
Deslocamento em base

8 grandes bases
As 8 Grandes Bases

Nas imagens o Grão Mestre Chiu Chi Kai, do Tai Chi Louva-a-Deus, apresenta o Ba Daí Má Poh.
Esta forma foi desenvolvida para fortalecimento dos membros inferiores e estruturação do
corpo de uma maneira geral.
Além disso, mostra ao estudante as posturas principais do estilo.
A prática dessa forma deve ser diária.
A prática de formas no sistema louva-a-deus
Samuel Mendonça ph.d.
A comemoraçã o de 20 anos do Lai Kungfu Institute, realizada em
Campinas, SP, de 25 a 28/07/2019 marcou um importante momento do
Instituto. Desde o falecimento do Grã o-Mestre Brendan Lai, em setembro
de 2002, Samuel Mendonça passou a treinar com seu irmã o mais velho de
kungfu, Mestre Tony Chuy. Apó s 17 anos convidando ao Mestre Tony
Chuy para conhecer o trabalho realizado no Brasil, ele veio com três de
seus discípulos, Raymond Lee Stephan Venet e Norberto Velez.
Foram dias de trabalho árduo, kungfu. Neste breve texto, vou
explorar a importâ ncia e sentido da prá tica de formas no sistema louva-a-
deus recuperando alguns insights compartilhados pelo Mestre Tony Chuy
enquanto ensinava no Brasil, mas, principalmente, peloacompanhamento
de seu trabalho consolidado em New York, na Praying Mantis Martial Arts
Institute.
Para muitas escolas de kungfu do Brasil, “forma”recebe o nome de
“kati”. Não iremos entrar no mérito deste termo.
Apenas reconhecemos que a comunidade internacional nã o o utiliza e,
por isto, nã o utilizamos em nosso Instituto. Em cantonês temos “Kuen
Tou” ou, em mandarim “Taolu”. Forma, rotina ou sequência seja no
kungfu ou especificamente no louva-a-deus diz respeito a uma espécie de
“diretriz” ou “livro texto” (Chuy, 2019)que contempla: (i) princípios, (ii)
movimentos e (iii) bases. Não se deve compreender ou praticar formas
como se fossem dogmas ou movimentos fixos. Em outros termos, os
movimentos das formas nã o devem ser praticados como se fossem o
ú nico modo de aplicaçã o em luta. 
Nas distintas dimensõ es: (i) formas e (ii) luta, a primeira serve para
desenvolver o conhecimento do praticante que se dá pela pró pria prática.
Ao mesmo tempo, é a dimensã o da forma que prepara o indivíduo para a
luta. A segunda dimensã o, a luta, diz respeito à finalidade da prá tica da
arte marcial. Pratica-se o kungfu louva-a-deus para desenvolver a
capacidade de lutar. Isto nã o significa que o praticante deva lutar, no
sentido decriar confusão na sociedade, mas, significa sim que cada
praticante deve lutar e muito porque a vida nã o é nada além de luta pela
sobrevivência ou de luta pela manutençã o da pró pria vida.
Mestre Tony Chuy é um perito na arte do louva-a-deus. Ensina o
sistema em New York há mais de 37 anos. Sua experiência levou-o a
construir um sistema de ensinoespecífico. Nas minhas diversas visitas
para treinamento nos USA notei que indivíduos com facilidade ou com
dificuldade para a aprendizagem conseguiam aprender pelo método de
ensino do Mestre Chuy. Quero com isto destacar uma de suas virtudes
que é a habilidade de ensino. Além de ser um expert nas demonstraçõ es e
na prática do kungfu na vida real - que evidencia que muito treinou e
ainda treina - ele se especializou na arte de ensinar o sistema louva-a-
deus. Ao entrar no espaço de treino (mo kwoon), Mestre Chuy assume
cada indivíduo que ali está para aprender como um desafio a ser
superado. Aqui no Brasil tivemos alunos de diferentes estados, com
diferentes perfis e capacidade de aprendizado. Mestre Chuy demonstrou
como se ensina para um grande grupo utilizando-se de ferramentas que
mantinham a atençã o dos praticantes. Todos foram capazes de executar o
que ele ensinou, de forma gradual, didática e compartimentada. As
explicaçõ es teó ricas estavam inseridas quando na demonstraçã o de
aplicação de movimentos das formas. Assim, o ensino de formas no louva-
a-deus é estimulante por contemplar a aplicaçã o e nomes dos
movimentos. Todos os praticantes demonstraram-se muito interessados
em cada nome, em cada explicaçã o, em cada princípio. Daí que houve
êxito de cada um no processo de aprendizagem. 
A prá tica de formas ou o conhecimento do “livro texto” é essencial
para que se possa compreender os princípios que estão embutidos nela.
No louva-a-deus, por exemplo, há os 12 métodos flexíveis e os 8 rígidos.
Conhecer esses princípios significa ter a possibilidade de explorar o
talento e habilidade de alguém a chegar a um nível de desenvolvimento
no sistema que requer este estudo do livro texto. Conhecer os princípios
significa ser capaz de executar movimentos com destreza. Nã o é relevante
conhecer os princípios quando nã o se praticam as formas. É preciso
conhecer na prá tica. Eis o caminho de ensino chinês. 
As formas nã o ensinam apenas movimentos, bases ou princípios. Ou,
dizendo de outro modo, as formas do louva-a-deus abrangem também a
atitude de respeito do aprendiz perante o instrutor, atitude de alguém
que tem interesse no aprendizado mas que sabe que nas artes marciais
chinesas o caminho para a aprendizagem não está na capacidade
intelectual de falar sobre arte marcial, mas, na perícia da execução. Logo,
as formas ensinam o caminho da verdade. Não é razoá vel, no meio
marcial, o comportamento que não se alinhe à busca da verdade e, por
isso, deve-se praticar e praticar a partir das orientaçõ es do instrutor para
o desenvolvimento de habilidades que evidenciem a clareza dos
movimentos, o ritmo e a articulaçã o daquilo que deve ser rígido, quando
for o caso, e daquilo que deve ser flexível. Assim, a forma nã o deve ser
feita em ritmo mecâ nico e uniforme. Deve expressar a singularidade e
natureza de cada movimento, que têm o seu sentido na aplicaçã o, na luta.
O acesso a este tipo de conhecimento leva o praticante a um estado de
relaxamento que evidencia ter alcançado um estado de consciência mais
aguçado porquanto mais atento, mais alerta e nunca tenso.
A prá tica das formas é essencial, mas, repito, nã odeve ser feita de
modo mecâ nico. Deve haver orientaçã o de um instrutor qualificado que
atingiu um nível alto de compreensã o das formas em sua execuçã o. Neste
sentido, todos devem manter a sua prá tica de formas, sejam alunos novos
ou antigos, justamente como o Mestre Tony Chuy demonstrou aqui no
Brasil com quase 67 anos de idade, tendo apresentado uma forma de
espada com leveza, clareza, ritmo e beleza. Eis o caminho das artes
marciais, levar o indivíduo a um estado de leveza, clareza e ritmo, típicos
de quem alcançou a quintessência marcial.

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