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SEMINÁRIO DE LEITURAS DECOLONIAIS

TEORIA E CRÍTICA 2

Professora Giovana Cruz

PA 3 | 2021.2

CALIBÃ E A BRUXA:
MULHERES, CORPO E ACUMULAÇÃO PRIMITIVA

Alunas:

Bárbara Fontela (10 º período)


Monica Oliveira (7 º período)
º período)
Salvínia Batista (10

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO | ESCOLA SUPERIOR DE DESENHO INDUSTRIAL | UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Sobre a autora
Nasceu em 1942, Parma, na Itália;

Passou a morar nos EUA em 1967;

Formada em filosofia na Universidade de Buffalo (NY);

Professora emérita na Universidade Hofstra (NY);

Militante feminista anticapitalista, historiadora, professora universitária, filósofa

contemporânea e escritora;

Seu principal tema de pesquisa é o trabalho doméstico;

Pioneira nas campanhas que reivindicavam salário para o trabalho doméstico.

Colaborações:
Participou da Campanha por um salário para o trabalho doméstico (NY, década de 1970);

Cofundadora do Coletivo Feminista Internacional (1972);

Contribuiu para a criação do Coletivo notas da meia-noite;

Acompanhou a organização feminista Mulheres na Nigéria (década de 1980);

Contribuiu com o Comitê para a liberdade acadêmica na África.

Obras:

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Silvia_Federici

Silvia Federici TEORIA E CRÍTICA 2


Sobre o livro

(1970-1984) original; Silvia Federici e Leopoldina Fortunati


"Il Grande Calibano. Storia del corpo social ribelle nella prima fase del capitale [O grande
Calibã: história do corpo social rebelde na primeira fase do capital]"

Notas das Tradutoras: Coletivo Sycorax

"Para o Coletivo Sycorax, a publicação deste livro no Brasil é uma possibilidade de ampliar

a compreensão sobre as consequências do processo de acumulação primitiva do capital nas

Américas, como a invisibilização de grupos politicamente minoritários e a perda de direitos

comuns, arduamente conquistados outrora. A obra também enriquece o conhecimento sobre

as técnicas de controle social e extermínio, tomando como base o caso da caça às bruxas na

Europa e na América."

"Optamos por batizar o coletivo influenciadas pela leitura do livro de

Silvia e pelo referencial da obeah woman representada por Sycorax

em A tempestade, de Shakespeare."

FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. Trad. de Coletivo

Sycorax. São Paulo: Elefante, 2017. Fonte: https://elefanteeditora.com.br/produto/caliba-e-a-bruxa/

Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva TEORIA E CRÍTICA 2


Acontecimentos no mundo entre as décadas de 60 e 80

2ª onda feminista (1960/70): “O pessoal é político”, criado pela feminista Carol Hanisch.
Reivindicações dos movimentos feministas nos EUA: acesso ao mercado de trabalho e igualdade salarial, liberdade sexual, direito à
vida política, educação, ao divórcio, direitos das donas de casa e fim da cultura de assédio).

Surgimento da pílula anticoncepcional ENOVID, EUA (1960);


Autonomia para a inserção das mulheres no mercado de trabalho, França (1965);


Feminismo negro (1960/80);
Movimento feminista no Brasil.

"Baby-boom"

Contexto: Manifestações e lutas femininas (década de 1960-70) TEORIA E CRÍTICA 2


2ª onda feminista (1960-1970)

"Queima dos sutiãs"

Em 7 de setembro de 1968, Atlantic City, nos EUA

Universitárias tomam as ruas da cidade em maio de 1968

(Foto: AFP Photo)

Contexto: Manifestações e lutas femininas (década de 1960-70) TEORIA E CRÍTICA 2

Capítulos

01 O Mundo precisa de uma sacudida

02 A Acumulação do trabalho e a degradação das mulheres


Acumulação capitalista e a acumulação do trabalho na Europa - pág. 120
A privatização da terra na Europa, a produção de escassez e a separação
entre produção e reprodução - pág. 130
A desvalorização do trabalho feminino - pág. 181

03 O Grande Calibã

04 A Grande caça às bruxas na Europa

05 Colonização e Cristianização

Fonte: https://elefanteeditora.com.br/produto/caliba-e-a-bruxa/

Capítulos TEORIA E CRÍTICA 2


"(...) o que podemos aprender sobre o desdobramento capitalista, passado e presente,

quando examinado em perspectiva feminina?”

-(FEDERICI, 2017, p.25)


Surgimento do Capitalismo na Europa e América
"Na análise de Marx sobre acumulação primitiva tampouco aparece
A construção da diferença na transição do capitalismo:
alguma referência à "grande caça às bruxas" dos séculos XVI e XVII, ainda
Processo de acumulação primitiva do capital; que essa campanha terrorista patrocinada pelo Estado tenha sido
Caça às bruxas "(...) a caça às bruxas foi um elemento essencial da fundamental para a derrota do campesinato europeu (...)"
acumulação primitiva e da “transição” ao capitalismo." (pág.294)
-(FEDERICI, 2017, p.118)

Marx
Examina a acumulação primitiva do ponto de vista do

proletariado assalariado de sexo masculino e do


i) o desenvolvimento de uma nova divisão sexual do trabalho;

desenvolvimento da produção de mercadorias. ii) a construção de uma nova ordem patriarcal, baseada na exclusão das mulheres do trabalho

assalariado e em sua subordinação aos homens;

iii) a mecanização do corpo proletário e sua transformação, no caso das mulheres, em uma

máquina de produção de novos trabalhadores. E, o que é mais importante, coloquei no centro

Silvia
da análise da acumulação primitiva a caça às bruxas dos séculos xvi e xvii: sustento aqui que a

perseguição às bruxas, tanto na Europa quanto no Novo Mundo, foi tão importante para o

desenvolvimento do capitalismo quanto a colonização e a expropriação do campesinato

europeu de suas terras."


Examina a acumulação primitiva do ponto de vista das mudanças

que introduziu na posição social das mulheres e na produção da


-(FEDERICI, 2017, p.30 )
força de trabalho.

TEORIA E CRÍTICA 2
A privatização da terra na Europa e a produção de escassez

Cercamentos das terras comunais:


Expropriação das terras;
Economia de subsistência x economia monetária;

"(...) a privatização da terra foi realizada basicamente por meio de cercamentos — um fenômeno que foi

associado de tal modo com a expropriação dos trabalhadores da sua “riqueza coletiva”

-(FEDERICI, 2017, p. 133)

"Os cercamentos também debilitaram a situação econômica dos artesãos. Da mesma forma que as corporações

multinacionais se aproveitam dos camponeses cujas terras foram expropriadas pelo Banco Mundial para construir “zonas de

livre exportação”, onde as mercadorias são produzidas por menor custo, nos séculos xvi e xvii os negociantes capitalistas se

aproveitaram da mão de obra barata que se encontrava disponível nas áreas rurais para quebrar o poder das guildas urbanas

e destruir a independência dos artesãos."

-(FEDERICI, 2017, p. 133)

TEORIA E CRÍTICA 2
Surgimento do Capitalismo na Europa e América

A construção da diferença na transição do capitalismo: "Se o capitalismo foi capaz de reproduzir-se, isso se deve somente à rede de

Caráter globalizante do capitalismo; desigualdades que foi construída no corpo do proletariado mundial e à sua

Transformação do corpo em uma máquina de trabalho; capacidade de globalizar a exploração."

Sujeição das mulheres para a reprodução da força de trabalho. -(FEDERICI, 2017, p. 38)

"As mulheres também se viram prejudicadas pelos cercamentos, porque assim que a terra foi privatizada e as

relações monetárias começaram a dominar a vida econômica, elas passaram a encontrar dificuldades Capitalismo
maiores do que as dos homens para se sustentar, tendo sido confinadas ao trabalho reprodutivo no exato

momento em que este trabalho estava sendo absolutamente desvalorizado."

-(FEDERICI, 2017, p. 145) Feudalismo

TEORIA E CRÍTICA 2
Dominação colonial: desvalorização do corpo e do trabalho feminino

"(...) No entanto, as circunstâncias históricas específicas em que a

perseguição de bruxas se desenvolveu e as razões pelas quais o surgimento

do capitalismo exigiu um ataque genocida contra as mulheres que ainda não

foram investigadas. Essa é a tarefa que empreendo em Calibã e a bruxa,

começando pela análise da caça às bruxas no contexto da crise

demográfica e econômica dos séculos XVI e XVII e das políticas de terra e

trabalho da era mercantilista."

-(FEDERICI, 2017, p.30)

O que foi o "caça às bruxas"?

"(...) visto que a caça às bruxas destruiu todo um universo de práticas femininas, de relações coletivas

e de sistemas de conhecimento que haviam sido a base do poder das mulheres na Europa pré-

capitalista, assim como a condição necessária para sua resistência na luta contra o feudalismo.

A partir desta derrota, surgiu um novo modelo de feminilidade: a mulher e esposa ideal — passiva,

obediente, parcimoniosa, casta, de poucas palavras e sempre ocupada com suas tarefas."

-(FEDERICI, 2017, p.30)

TEORIA E CRÍTICA 2
Separação entre produção e reprodução

Dentro do contexto de "Caça às bruxas"


Tomada dos direitos das mulheres;
Degradação social das mulheres;
As mulher que os homens feudais não queriam em sua sociedade;
O ideal do homem feudal para com as mulheres;
Divisão sexual do trabalho: trabalho assalariado Produção x trabalho reprodutivo
Reprodução.

"Na sociedade capitalista, o corpo é para as mulheres o que a fábrica é para os homens

trabalhadores assalariados: o principal terreno de sua exploração e resistência, na mesma

medida em que o corpo feminino foi apropriado pelo Estado e pelos homens, forçado a

funcionar como um meio para a reprodução e a acumulação de trabalho. "

-(FEDERICI, 2017, p. 34)

TEORIA E CRÍTICA 2
"Devo acrescentar que Marx nunca poderia ter suposto que o capitalismo preparava o caminho para a

libertação humana se tivesse olhado sua história do ponto de vista das mulheres. Essa história ensina que,

mesmo quando os homens alcançaram certo grau de liberdade formal, as mulheres sempre foram tratadas

como seres socialmente inferiores, exploradas de modo similar às formas de escravidão. “Mulheres”, então, no

contexto deste livro, significa não somente uma história oculta que necessita se fazer visível, mas também uma

forma particular de exploração e, portanto, uma perspectiva especial a partir da qual se deve reconsiderar a

história das relações capitalistas."

-(FEDERICI, 2017, p.27 )

TEORIA E CRÍTICA 2
Considerações finais

COLONIALIDADE DECOLONIALIDADE

Perda do direito de trabalhar; Retomada do poder sobre o seu próprio corpo;


Objetificação do corpo feminino; Conquista de direitos: educação, política, civis,
Consideradas o elo fraco; trabalhistas, reprodutivos, integridade física, contra
Retirada dos seus direito de ir vir. estupro e assédio, igualdade,

"Partindo de uma análise da “política do corpo”, as feministas não somente revolucionaram o

discurso filosófico e político, mas também passaram a revalorizar o corpo. Esse foi um passo

Porém... necessário tanto para confrontar a negatividade que acarreta a identificação de feminilidade

com corporalidade, como para criar uma visão mais holística do que significa ser um ser humano."

-(FEDERICI, 2017, p. 32)

TEORIA E CRÍTICA 2
"A caça às bruxas nunca terminou (...)" - Colonialismo na atualidade

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA TEORIA E CRÍTICA 2


"A caça às bruxas nunca terminou (...)" - Colonialismo na atualidade

VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NO AFEGANISTÃO TEORIA E CRÍTICA 2


"A caça às bruxas nunca terminou (...)" - Colonialismo na atualidade

CASO MARIANA FERRER TEORIA E CRÍTICA 2


"A caça às bruxas nunca terminou (...)" - Colonialismo na atualidade

POBREZA MENSTRUAL TEORIA E CRÍTICA 2


EXERCÍCIO 2: Visão da cidade na perspectiva feminina (colagem)

Contribuição da arquitetura:
Presença feminina na arquitetura;

Arquitetura e Urbanismo feminista.

Agricultura Urbana no Rio de Janeiro


https://capitalmundialdaarquitetura.rio/rio-capital-mundial-da-arquitetura/liderada-por-mulheres-agricultura-urbana-cresce-no-rio-de-janeiro-

contribuindo-com-o-meio-ambiente-e-a-seguranca-alimentar/

Projeto "Arquitetura na Periferia" ensina mulheres a construir suas próprias casas


https://razoesparaacreditar.com/projeto-arquitetura-periferia-mulheres/

Acolhimento, tratamento e encontro: 10 projetos de arquitetura pensados para mulheres


https://www.archdaily.com.br/br/945265/acolhimento-tratamento-e-encontro-10-projetos-de-arquitetura-pensados-para-mulheres

TEORIA E CRÍTICA 2
TEORIA E CRÍTICA 2
OIOPA ED SEDER - SOHLABART SOD SOTNEMARBODSED
TEORIA E CRÍTICA 2
OIOPA ED SEDER - SOHLABART SOD SOTNEMARBODSED
TEORIA E CRÍTICA 2
OIOPA ED SEDER - SOHLABART SOD SOTNEMARBODSED
BIBLIOGRAFIA

FEDERICI, Silvia. Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. Trad. de Coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2017.

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4196118/mod_resource/content/1/Federici%2C%20S.%20%282004%29.%20Caliba%20e%20a%20bruxa_mulheres%2C

%20corpo%20e%20acumula%C3%A7%C3%A3o%20primitiva.%20Cap%C3%ADtulo%20IV.pdf

https://revistacult.uol.com.br/home/silvia-federici-caliba-e-a-bruxa/

http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252016000200020

https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/pixo/article/view/17458

https://www.publicacoes.uniceub.br/RBPP/article/view/6855

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