O documento discute a experiência do pesquisador negro na academia eurocêntrica, introduzindo os termos "Maioria Minorizada" e "Sujeito Desidentificado". Apresenta a trajetória do autor e como o hip hop o inspirou a superar a subalternidade. Defende uma abordagem descolonial que dê visibilidade à história e constituição social destas maiorias, desconstruindo a homogeneidade comunicacional imposta.
Descrição original:
Debate sobre a entrada de novos atores sociais na academia eurocêntrica
Título original
Das Maiorias Minorizadas Ao Sujeito Desidentificado a Aventura Do Pesquisador Negro Na Academia Eurocêntrica
O documento discute a experiência do pesquisador negro na academia eurocêntrica, introduzindo os termos "Maioria Minorizada" e "Sujeito Desidentificado". Apresenta a trajetória do autor e como o hip hop o inspirou a superar a subalternidade. Defende uma abordagem descolonial que dê visibilidade à história e constituição social destas maiorias, desconstruindo a homogeneidade comunicacional imposta.
O documento discute a experiência do pesquisador negro na academia eurocêntrica, introduzindo os termos "Maioria Minorizada" e "Sujeito Desidentificado". Apresenta a trajetória do autor e como o hip hop o inspirou a superar a subalternidade. Defende uma abordagem descolonial que dê visibilidade à história e constituição social destas maiorias, desconstruindo a homogeneidade comunicacional imposta.
SUJEITO DESIDENTIFICADO: a aventura do pesquisador negro na academia eurocntrica
Richard Santos. Doutorando em
cincias sociais. CEPPAC-UNB. Pesquisador do Grupo de Estudos Comparados Mxico, Caribe, Amrica Central e Brasil. MECACB-UNB/The Migrations and Society Research Unit (URMIS) - Universit Paris-Sorbonne. Maria do Carmo Rebouas da Cruz F. Dos Santos. Doutoranda em Desenvolvimento e Cooperao Internacional. CEAM-UNB. APRESENTAO Apresentao do lugar de fala a partir de abordagem histrica do espao reservado ao negro brasileiro e do africano na academia brasileira. Contar um pouco de minha histria pessoal apresentar aos leitores desse trabalho o meu lugar de fala. APRESENTAO A REVOLUO NO SER TELEVISIONADA- Memorial descritivo de um combatente
A revoluo no ser televisionada/ no ser televisionada/Na revoluo no haver
irmo, rebobinar/a revoluo no ser televisionada/ a revoluo ser ao vivo/ No vai haver fotos de porcos atirando em irmos numa repetio instantnea. No vai haver fotos de porcos atirando em irmos numa repetio instantnea.. Gil Scott Heron. The revolution will not be televised. O Rap a CNN negra- Chuck D- Public Enemy Vamos derrubar o chefe de Estado/resistncia sem parar e demonstrar que tempo/hora para uma mudana drstica/ tempo de retaliar e acordar/ Chega de mentiras! Eu tenho o suficiente para a revoluo!. Public Enemy- Revelations 33/3 revolutions. Programado pra morrer ns /Certo , certo , D no que der/Cochilou, mano, quando acordar tarde/Aqui cabelo voa no mundo covarde/O ser humano que respeita e morre por ela/Quem eh, , conhece o pique de favela/ O guerreiro de f que no se entrega assim/No mundo a vida loca, so vrios contra mim/ certo da antiga, confisso de confiana/Traio consigo mesmo mata qualquer esperana. Racionais MC`s- Programado pra morrer ns ! APRESENTAO As citaes cima fazem referncia luz que o movimento Hip Hop foi e em minha vida, e ao lugar de minha fala, de onde tirei a inspirao para o ttulo da tese. Atravs do Hip Hop e da ao poltica consegui eliminar de mim o germe da subalternidade, a ideia de incapacidade e lugar socialmente demarcado para todos os jovens negros pobres e precarizados socialmente como os de minha origem. No a nego, e o no negar me leva a uma tentativa de superao e transposio dos muros que a vida tem me apresentado no caminhar. Junto com a crena nos orixs, guias e encantados, tenho superado as marcaes miditicas que nos relegam o lugar do outro na suposta sociedade branca e elitizada com perfil ocidental, como querem os que constroem a estrada do pensamento social brasileiro atravs do imaginrio miditico. O desenvolvimento dessa tese o ir ao encontro de mim, no sentido fanoniano, sem mais esperar. APRESENTAO Se as dilaceraes da alma so puras interiorizaes dos conflitos sociais, possvel esclarecer os outros falando de si mesmo. (SARTRE apud MEMMI, 1977, p. 4). O preto um brinquedo nas mos do branco; ento, para romper este crculo infernal, ele explode. Impossvel ir ao cinema sem me encontrar. Espero por mim. No intervalo, antes do filme, espero por mim. Aqueles que esto diante de mim me olham, me espionam, me esperam. (FANON, 2008, p. 126). APRESENTAO Pretende-se, transdisciplinarmente, uma abordagem descolonial como a um projeto de desvendamento do mundo presente com o propsito de transform-lo, re-configur-lo dando visibilidade a histria e constituio social do que chamamos aqui de Maioria Minorizada (SANTOS, 2016) , e que individualmente constituem-se no Sujeito Desidentificado. A criao de tais termos tm referncia ao propsito de desconstruo da colonialidade do saber, a partir da lgica que colonizao : a fora expansiva de um povo, o seu poder de reproduo, a sua expanso e a sua multiplicao atravs dos espaos; a submisso do universo ou de uma vasta parte dele sua lngua, aos seus costumes, s suas ideias e s suas leis (MBEMBE, 2014, p.119) SUJEITO DESIDENTIFICADO Termo utilizado pelo pesquisador ao longo da construo narrativa de sua dissertao de mestrado, justamente para referenciar a maioria populacional afrodescendente brasileira, porm, minoria nos espaos de constituio do imaginrio social, caso da televiso, objeto de estudo naquele propsito. Segundo este, Santos (2014), estes sujeitos desidentificados, so desidentificados pela mdia televisiva ao serem apresentados em sua programao diria, continuamente como desprovidos de culturas e valores tradicionais, e nas telenovelas, especificamente, sem um lastro familiar que os fornea razes de pertencimento. Conforme Muniz Sodr, so sujeitos e culturas associadas ao grotesco. MAIORIA MINORIZADA Na tese, buscaremos a desconstruo da homogeneidade comunicacional do ser latino americano, nascida a partir do construto identitrio do que o ocidental europeu ou estadunidense, em oposio s Maiorias Minorizadas, maioria populacional, porm, inferiorizada financeiramente. O processo de homogenizao dos membros da sociedade imaginada de uma perspectiva eurocntrica como caracterstica e condio dos Estados- nao modernos, foi levado a cabo nos pases do Cone Sul latino-americano no por meio da descolonizao das relaes sociais e polticas entre os diversos componentes da populao, mas pela eliminao massiva de alguns deles (ndios, negros e mestios). Ou seja, no por meio da democratizao fundamental das relaes sociais e polticas, mas pela excluso de uma parte da populao. Dadas essas condies originais, a democracia alcanada e o Estado-nao constitudo no podiam ser afirmados e estveis. A histria poltica desses pases, muito especialmente desde fins da dcada de 60 at o presente, no poderia ser explicada margem dessas determinaes. (QUIJANO,Anibal. 2005). MAIORIA MINORIZADA/pesquisador ativista Charles Halle afirma que a prxis dialtica provocada por um pesquisador ativista pode contribuir para uma agenda mais ativa proporcionante da mudana social na esfera acadmica. Proporcionar reconfiguraes das formas tradicionais de produo de conhecimento que privilegiam uns poucos em detrimento de uma maioria, e facilitar a democratizao da pesquisa, da pedagogia (domnio de signos e smbolos do ambiente), e contribuir para a democratizao da educao. (2008, pag. 14). AGRADECIDO!