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ESPECIALIZAÇÃO

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS:
UM PERCURSO PARA
EDUCADORES
Volume II

Valter Roberto Silvério


Érica Aparecida Kawakami Mattioli
Thais Fernanda Leite Madeira
(organizadores)

São Carlos, 2012


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A face quilombola do Brasil1


Alex Ratts

Todos os grupos humanos apropriam-se do espaço e cons-


tituem territórios, com fronteiras mais ou menos estabelecidas,
em suas áreas tradicionais e nas situações de migração. É o que
vimos na formação do Brasil, com os povos indígenas; os africa-
nos e os seus descendentes; os imigrantes europeus, asiáticos e
sírio-libaneses. Vamos tratar aqui das comunidades de quilom-
bo, denominadas, por vezes, de terras de preto ou comunidades
negras, formadas no período colonial escravista e presentes em
todo o território brasileiro onde haja população negra.
Os quilombos constituem uma das maiores experiências co-
letivas dos africanos que foram trazidos para as Américas e seus
descendentes, mas estamos, ainda, reconhecendo a extensão e
a profundidade desse fenômeno histórico.
Observamos, por todo o Brasil, a identificação de comuni-
dades negras rurais e urbanas que, na sua mobilização política,
autodefinem-se quilombos. Estão envolvidos, nesse processo,
grupos e entidades do movimento quilombola, Movimento Ne-
gro, organizações não governamentais, universidades e órgãos
públicos.
Em termos jurídicos, tais comunidades vêm sendo identifi-
cadas como “remanescentes de comunidades de quilombos”, e
um número pequeno tem conquistado a titulação de suas terras.
Algumas delas eram pouco conhecidas por agentes sociais ex-
ternos – o estado, a universidade, a mídia – até mesmo em seu
contexto regional. No entanto, no cenário local, costumam ser
conhecidas dos agentes sociais próximos.
Neste texto, discutimos desde os antigos quilombos africa-
nos e brasileiros dos séculos XVI e XVII, passando pela grande
variedade dessas comunidades dos séculos seguintes, pelos
significados de quilombo para a sociedade brasileira e para o
movimento social negro e quilombola, até chegarmos à situação
dos quilombos contemporâneos.

Quilombo: uma experiência negra transatlântica


A palavra kilombo é originária da língua banto umbundo,
falada pelo povo ovimbundo, a qual diz respeito a um tipo de
instituição sociopolítico-militar conhecido na África Central, mais
especificamente na área formada pela atual República Democrá-
tica do Congo – Zaire – e Angola (Munanga, 1996). Apesar de
ser um termo umbundo, constitui-se em um agrupamento militar
composto de homens jovens dos grupos jaga ou imbangala e
lunda no século XVII:

A palavra quilombo tem a conotação de uma associação


de homens aberta a todos sem distinção de filiação a qual-
quer linhagem, na qual os membros eram submetidos a
dramáticos rituais de iniciação que os retiravam do âmbito
protetor de suas linhagens e os integravam como coguer-
reiros num regimento de super-homens invulneráveis às
armas de inimigos. O quilombo amadurecido é uma insti-
tuição transcultural que recebeu contribuições de diversas
culturas: lunda, imbangala, mbundo, kongo, wovimbundo
etc. (Munanga, 1996, p. 59).

Os quilombos, além da instituição militar da África Central,


constituem, sobretudo, uma experiência coletiva dos africanos

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e seus descendentes – uma estratégia de reação à escravidão
–, acrescida da contribuição de outros segmentos com os quais
interagiram em cada país, notoriamente alguns povos indígenas
(Reis & Gomes, 1996). Assim, não caberia falar de “sobrevivências
africanas”.
Os historiadores João José Reis e Flávio dos Santos Gomes
dizem que “onde houve escravidão, houve resistência” (Reis & Go-
mes, 1996, p. 9). Na esteira dessa afirmação, é possível dizer que,

onde houve a escravidão de africanos e seus descendentes, houve


a formação de quilombos.
Em todas as Américas, há grupos semelhantes: em muitos pa-
íses de colonização espanhola, cimarrónes; em Cuba e na Colôm-
bia, palenques; na Venezuela, cumbes; e na Jamaica, nas Guianas
e nos Estados Unidos, maroons.
Essa variedade não é apenas semântica: entre grupos de por-
te variado formados em períodos distintos, há, por exemplo, agru-
pamentos que apresentam língua e cosmologia próprias, como os
maroons no Suriname, e outros que têm seus direitos territoriais
incluídos na legislação nacional, como os cimarrónes na Colômbia.
Os termos maroons e cimarrónes aproximam-se do significado da
expressão “gado fugido” e foram ressignificados, respectivamen-
te, pelas comunidades negras de língua inglesa e espanhola.
Para o Brasil, a pluralidade de situações que será apresentada
conflita com qualquer essencialismo desse tipo. O que se deve
ressaltar é o fato de o processo de aquilombamento não se res-
tringir às Américas nem se encerrar com a abolição da escravidão.
Há algumas correlações entre os antigos quilombos africanos
e brasileiros, formados, mais ou menos, à mesma época. O an-
tropólogo Kabengele Munanga (1996) enuncia as semelhanças,
espelhando-se, notoriamente, no caso de Palmares:

Pelo conteúdo, o quilombo brasileiro é, sem dúvida, uma


cópia do quilombo africano, reconstruído pelos escra-
vizados para se opor a uma estrutura escravocrata, pela

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implantação de uma outra estrutura política na qual se
encontraram todos os oprimidos (Munanga, 1996, p. 60).

Para esse autor, a contribuição dos povos bantos na consti-


tuição dos quilombos brasileiros é incontestável, assim como a
de africanos de outras áreas culturais, os quais também partici-
param desse processo.
Os quilombos, da mesma forma que a capoeira e as expres-
sões culturais e religiosas afro-brasileiras, como as congadas
(congados ou congos) e a umbanda, indicam uma participação,
na nossa formação étnico-racial e social, dos grupos etnolinguís-
ticos bantos, situados na África subsaariana.

Mocambos e quilombos por todo o Brasil colonial


O historiador Flávio dos Santos Gomes (2005) afirma que o
termo mocambo é que era usado nos primeiros séculos da ocu-
pação colonial do território que se constituiu Brasil:

Os primeiros mocambos datam de meados do século XVI.


A primeira notícia surgiu na capitania da Bahia, em 1575.
Embora uma legislação do Império Ultramarino Português
definindo quilombo tenha surgido só em fins de 1740, au-
toridades e fazendeiros baianos andavam sobressaltados
diante da movimentação de fugitivos desde meados do
século XVI. No mesmo período, as câmaras locais deter-
minavam quanto às ações de perseguidores e capitães do
mato enviados aos mocambos (Gomes, 2005, p. 15-16).

Segundo o autor, em todas as áreas do território brasileiro,


houve mocambos e quilombos, a exemplo de capitanias que,
hoje, compõem as regiões Nordeste e Norte e que contaram
com mão de obra africana e afrodescendente. Alguns mocam-
bos abrigavam indígenas e outros segmentos:

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No início do século XVII, a capitania de Sergipe e, princi-
palmente, a da Bahia constituíam empório de mocambos.
Há indícios de que os fugitivos dessas capitanias, no século
XVII, tenham se articulado aos vários mocambos de Palmares.

Na capitania do Grão-Pará e do Rio Negro (esta só em


meados do século XVIII), comunidades de fugitivos tive-
ram características peculiares, reunindo – mais do que
em qualquer outra parte do Brasil – habitantes indígenas
e desertores militares. Em 1734, apareceriam, em corres-
pondência com o rei de Portugal, ordens para atacar tais
mocambos (Gomes, 2005, p. 16-17).

Da mesma maneira que nas outras áreas, o Sudeste e o Sul


do território também contaram com o trabalho compulsório de
africanos e seus descendentes e viram, igualmente, a formação
de mocambos ou quilombos:

Na capitania do Rio de Janeiro, há existência de mocambos


desde 1625. Em 1645, o Senado da Câmara local tentava
regular as tomadias dos apresadores de fugitivos. Em 1659,
reaparecem notícias de mocambos não muito distantes da
cidade do Rio de Janeiro.

[...] No Rio Grande do Sul, há notícias a respeito de grupos


de fugitivos desde 1768. E denúncias mais detalhadas sur-
gem em 1733. Nas fronteiras com o Uruguai (especialmente
o rio Jaguarão), existem diversos locais com a denomina-
ção topográfica quilombos (Gomes, 2005, p. 18-19).

Os mocambos que constituíram Palmares estendiam-se por


parte dos atuais estados de Pernambuco e Alagoas, estando a
Serra da Barriga, sítio histórico nacional, situada no município
de União dos Palmares. Há referência a sua existência desde
1602 até 1694, quando, após inúmeros ataques, foi destruído
pelas tropas do bandeirante Domingos Jorge Velho. Seu último
líder, Zumbi, foi assassinado no ano seguinte. Há indícios de que

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alguns “palmaristas” dirigiram-se, no início do século XVIII, para
a capitania da Paraíba (Gomes, 2005).

Figura 1 Distribuição espacial de Palmares.

Após Palmares e outros grandes quilombos, a administra-


ção colonial passa a se preocupar também com agrupamentos
menores, talvez por estes terem se multiplicado cada vez mais.
Nesse sentido, em 1740, o Conselho Ultramarino, órgão colonial
responsável pelo controle central patrimonial, começa a consi-
derar quilombo “toda habitação de negros fugidos que passem
de cinco, em parte despovoada, ainda que não tenham ranchos
levantados nem se achem pilões neles” (Moura, 1981, p. 16).
Como indica a historiadora Beatriz Nascimento (1985), os
quilombos dos séculos XVIII e XIX, espalhados por todo o terri-
tório nacional e bastante variados em porte e localização, eram

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perseguidos pelas instituições coloniais, mas, por vezes, existiam
nas “brechas” do sistema escravista, sendo passíveis de várias
conotações:

Neste século, a proliferação de quilombos se faz em todo


território das capitanias coloniais. A diferença básica en-
tre estes e os do século XVIII está diretamente vinculada
à impossibilidade de cada um em si representar um risco
ao sistema. Nesse particular, tanto no século XVII quanto
no século XIX, essa instituição procede como frinchas no
sistema, muitas vezes convivendo pacificamente, que ao
ser vista globalmente, ou seja, em todo o espaço territorial
e em todo o tempo histórico, traduzia uma instabilidade
inerente ao sistema escravagista. A oscilação das ativida-
des econômicas, ora numa região, ora noutra, provocava,
muitas vezes, o afrouxamento dos laços entre os escravos
e senhores. A fuga passa a ser uma instituição decorrente
dessa fragilidade colonial e integrante da ordem do qui-
lombo. O saque, as razzias, enfim, o banditismo social, são
a tônica que define a sobrevivência desses aglomerados
(Nascimento, 1985, p. 45).

Inúmeros quilombos constituíram-se no século XIX, notoria-


mente nas décadas finais do período escravista. Dentre os agru-
pamentos que alcançaram certa estabilidade, uma parte estava
situada em áreas de relativo isolamento e outra manteve alianças
com segmentos da sociedade regional. As duas estratégias podem
ter acontecido de maneira concomitante (Reis & Gomes, 1996).
Os quilombos foram estudados como resistência e até ten-
tativa de superação do regime escravista. Como indica Beatriz
Nascimento (1985), outros conviveram com o sistema. O impor-
tante a ressaltar é que, sendo uma experiência social e territorial
negra, tiveram e têm uma pluralidade de tipos de formação.

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A memória, o esquecimento e o reaparecimento do
quilombo
Depois da abolição da escravidão e da proclamação da
República, com algumas exceções, o tema do quilombo cai no
esquecimento dos intelectuais, literatos e políticos brasileiros.
Havia uma ideia comum de que, com o fim do período escra-
vista, a população negra havia, compulsoriamente, se deslocado
para as áreas urbanas. No Brasil, em face do mito das três raças
harmônicas na formação do país, era muito forte a vontade de
esquecimento da escravidão e de tudo o que fosse relativo a ela,
como no Hino à Proclamação da República:

Nós nem cremos que escravos outrora


Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis (Albuquerque, 2012).

Os quilombos ficaram como um tema do passado, cada vez


mais remoto, mantendo o sentido restrito de “redutos de negros
fugidos”. Alguns estudiosos, desde a década de 1930, buscam
compreender os quilombos ao idealizá-los como resistência ao
sistema escravista e ao tomar Palmares como referência. É o que
nos diz Beatriz Nascimento (1985):

É enquanto caracterização ideológica que o quilombo


inaugura o século XX. Tendo findado o antigo regime, com
ele, foi-se o estabelecimento como resistência à escravi-
dão. Mas justamente por ter sido, durante três séculos,
concretamente, uma instituição livre, paralela ao sistema
dominante, sua mística vai alimentar os anseios de liberda-
de da consciência nacional. [...] Esse momento de definição
da nacionalidade faz com que a produção intelectual se
debruce sobre esse fenômeno, buscando seus aspectos
positivos como reforço de uma identidade histórica brasi-
leira. Mas não só nela, em outras manifestações artísticas,

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o quilombo é relembrado como desejo de uma utopia.
A maior ou menor familiaridade com as teorias da resis-
tência popular marcam essa produção, que é, inclusive,
demonstrada em letras de samba. Muitas vezes, referidas
em instituições escolares (Nascimento, 1985, p. 45).

Em outras palavras, o quilombo, sobretudo o Palmares, pas-


sa a ser representado por intelectuais, artistas e educadores(as)
como um importante fato do passado da nação brasileira. Um
grupo de artistas e ativistas que criou o Teatro Experimental do
Negro, no Rio de Janeiro, nos anos de 1940, tinha, por exemplo,
um jornal intitulado Quilombo. A cena final da peça Arena conta
Zumbi, da autoria de Augusto Boal & Giafrancesco Guarnieri
(2012), com música de Edu Lobo, começo da ditadura militar, re-
tomando a ideia de liberdade advinda da experiência palmarina:

Todos – Por querer Liberdade!


Ganga zumba (gritando) – Tanto cansou...
Todos – Entendeu que lutar afinal
é um modo de crer
é um modo de ter
razão de ser.
O açoite bateu, o açoite ensinou
bateu tantas vezes que a gente cansou!!!
(Boal & Guarnieri, 2012)

Com a formação do Movimento Negro contemporâneo, nos


anos de 1970, esse sentido do quilombo é reapropriado, sendo
ressaltado como uma experiência negra, ainda que tenha abriga-
do outros grupos étnicos, raciais e sociais. Zumbi é considerado,
então, herói nacional, o que somente ganhou respaldo oficial em
1995, e a data de sua morte, 20 de novembro, simboliza o Dia Nacio-
nal da Consciência Negra. O poeta gaúcho Oliveira Silveira (apud
Flores & Amorim, 2011, p. 74) foi um dos que contribuíram para essa

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reapropriação e atualização do sentido de quilombo pelos movi-
mentos negros, como vemos num trecho de Poema sobre Palmares:

Quilombo de negro negro,


quem quiser que se negue
e se entregue.
Quilombo de negro pobre
e quiser que se acomode.
Quilombo de negro hoje
sem mato para refúgio.
Quilombo com outro nome,
outra forma e mesma voz
libertária de homem.
Quilombo de quilombola
renascendo da seiva
sangrenta
da história (Silveira, 1987, p. 1-2, 13-14, 17).

No mesmo contexto dos anos de 1970 e na década seguinte,


algumas comunidades negras rurais são conhecidas do Movi-
mento Negro, da universidade e da imprensa em circunstâncias
locais. É o caso de Conceição dos Caetano, no município de
Uruburetama, Ceará; Cafundó, na área de Sorocaba, São Paulo;
Campinho da Independência, em Paraty, Rio de Janeiro; Kalunga,
no leste de Goiás, dentre outras. Entidades como o Centro de
Cultura Negra e o Centro de Defesa do Negro (Cedenpa) passa-
ram a realizar atividades nas comunidades negras rurais.
Por ocasião do Centenário da Abolição, em que o Movimen-
to Negro realiza significativas manifestações pelo país, chaman-
do a atenção para o “racismo à brasileira” e para a situação de
desigualdade racial, os quilombos deixam de ser um tema do
passado para a sociedade brasileira.

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A lei brasileira e os “remanescentes de comunidades de
quilombos”
A mobilização em que estiveram envolvidos militantes, par-
lamentares e outros agentes sociais, por ocasião da Assembleia
Nacional Constituinte em 1987 e 1988, resulta na publicação de
um item e um artigo, na Constituição Federal, que se referem aos
quilombos:

Art. 216. Inciso V. § 5o – Ficam tombados todos os docu-


mentos e os sítios detentores de reminiscências históricas
dos antigos quilombos.

Disposições Transitórias: Art. 68 – Aos remanescentes das


comunidades de quilombos que estejam ocupando suas
terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o
Estado emitir-lhes os títulos respectivos (Brasil, 1988).

No entanto, pouco se fez até 1995, quando se realizou, em


Brasília, o 1o Encontro Nacional de Comunidades Negras Rurais,
com representantes de 26 comunidades negras rurais, cuja de-
legação entregou uma carta de reivindicações ao presidente da
República. O encontro contou com a participação de entidades
do Movimento Negro, organizações não governamentais e ór-
gãos públicos federais. O movimento quilombola surgiu em
diversos contextos locais e regionais e sua principal entidade é
a Comissão Nacional de Articulação das Comunidades Negras
Rurais Quilombolas (Conaq).
Desde 1994, a Associação Brasileira de Antropologia (ABA)
está mobilizada e se manifesta acerca da questão quilombola,
chamando a atenção para o processo de ressignificação do termo
quilombo.
O documento do GT – Comunidades Negras Rurais da ABA
trabalhava a partir de três chaves, que têm sido utilizadas para a
caracterização dessas comunidades como quilombos pelo fato de
referir-se a: 1) segmentos negros; 2) grupos étnicos com critérios

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próprios de pertencimento; 3) coletividades que conformaram
diferentes modos de vida e de territorialidade, baseados, predo-
minantemente, no uso comum da terra (O’dwyer, 1995, p. 1-2).
Um debate intenso tem sido travado entre quilombolas,
pesquisadores(as) e juristas sobre os procedimentos para o re-
conhecimento e titulação das terras de quilombos. Depois de
muitos estudos, debates, conflitos locais, ações na justiça e pou-
quíssimas titulações, o governo brasileiro promulgou o decreto
no 4.887, de 20 de novembro de 2003, que

regulamenta o procedimento para identificação, reco-


nhecimento, delimitação, demarcação e titulação das
terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos
quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (Brasil, 2003).

Destaquemos alguns pontos:


No artigo 2o de tal decreto, temos, primeiramente, uma defini-
ção jurídica de “remanescentes das comunidades de quilombo”:

Art. 2o Consideram-se remanescentes das comunidades


dos quilombos, para os fins deste Decreto, os grupos
étnico-raciais, segundo critérios de autoatribuição, com
trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais
específicas, com presunção de ancestralidade negra rela-
cionada com a resistência à opressão histórica sofrida.

§ 1o Para os fins deste Decreto, a caracterização dos rema-


nescentes das comunidades dos quilombos será atestada
mediante autodefinição da própria comunidade.

§ 2o São terras ocupadas por remanescentes das comuni-


dades dos quilombos as utilizadas para a garantia de sua
reprodução física, social, econômica e cultural (Brasil, 2003).

Nesses parágrafos, vemos que, antes de tudo, é considerada


a autoatribuição de identidade quilombola da comunidade, que
deve constituir uma associação jurídica e se manifestar por carta

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à Fundação Cultural Palmares, órgão do Ministério da Cultura,
responsável por essa parte do processo de regularização fundiá-
ria. No mesmo sentido, no processo de identificação, delimitação
e demarcação das terras, a comunidade quilombola apresenta
sua própria posição acerca da área que ela almeja regularizar.
As comunidades negras rurais estabelecem alianças com va-
riados segmentos locais, regionais e nacionais, e essa outra face
da diversidade rural brasileira deve ser considerada por aqueles
que estão envolvidos nessa mobilização, que tem sido crescente.
Sejam como “terras de preto”, “terras de negro”, “remanescentes
de quilombo”, “quilombolas”, “mocambeiros” etc., as represen-
tações dos agrupamentos negros rurais, com base na memória,
no parentesco, no lugar que construíram, vêm “reaparecendo”
em contextos que lhes são, em grande parte, adversos.
São mais de 2.200 comunidades, situadas em quase todos os
estados brasileiros, como indica o mapa a seguir, feito de acordo
com levantamento do geógrafo Rafael Sanzio Araújo dos Anjos
(2005):

Figura 2 Mapa dos municípios brasileiros com comunidades quilombolas


(2005).

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Terra, território e ambiente nos quilombos rurais e urbanos
Como dissemos, os quilombos não se reduzem a comuni-
dades formadas por remanescentes de escravizados fugitivos
que se apropriaram de uma porção de terra. Há diversos tipos
de comunidade negra – rurais e urbanas – que se identificam
e são reconhecidas como quilombolas. Há comunidades em
que seus antepassados, ex-escravizados, receberam a terra de
um fazendeiro, mas cujo documento não existe ou “se perdeu
no tempo”. Há terras compradas por ex-escravos em cuja área
outras pessoas residem, irregularmente. Existem muitas comu-
nidades que perderam terra em processos desiguais de venda
ou de grilagem. Portanto, a questão da terra, mais precisamente
da regularização fundiária, é uma das principais demandas dos
quilombolas brasileiros.
Da mesma forma que não se reduzem a descendentes de
escravizados fugitivos, as comunidades quilombolas podem ter
problemas de acesso a sua área, embora não sejam localidades
isoladas, atrasadas, fora da sociedade. É comum que alguns mo-
radores, às vezes mais os homens que as mulheres, tenham uma
relativa mobilidade nas regiões onde vivem. No entanto, nosso
senso comum continua construindo uma imagem de isolamento.
Um senhor cearense, morador da comunidade de Água Pre-
ta, situada a 6 km da sede do município de Tururu, nasceu, em
1900, em Manaus, quando seu pai trabalhava como “soldado da
borracha”, atividade pela qual ele – seu pai – angariou recursos
para adquirir as terras onde a família reside:

“Nasci longe daqui, nasci acima de Manaus. [O meu pai]


nasceu aqui [em Tururu, no Ceará]. Ele sempre viajava pro
Amazonas. [Foi pro Amazonas em] mil oitocentos e noventa
e quatro [1894]. Chegou aqui, casou-se. Nasceu aqui três
filhos. Chegou os dezenove [1900], voltou pro Amazonas de
novo. Nessa viagem de volta foi que eu nasci lá. [Ele] foi só.
Porque naquele tempo a rapaziada tinha interesse de ir pro
Amazonas, que a borracha era o meio de vida. [...] Morou

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por lá uns três anos ou quatro. Teve um saldinho, desceu,
veio aqui. Chegou aqui, comprou esse terreno. Casou-se,
quando foi no novecentos [1900], foi seco aqui. Andamos
passando fome. Da primeira vez que ele veio, ele comprou
esse terreno e veio. Quando foi novecentos [1900], foi seco.
Ele entregou pro sogro dele, o Paizinho Chagas, deixou ele
tomando de conta da terra e voltou. Nessa volta foi que eu
nasci lá. Veio, no 1901. Veio com toda a família. A terra tinha
comprado da vez que tinha vindo” (João Bertoso, Água
Preta, 1997).2

Esse mesmo senhor tem conhecimento de outras comunida-


des negras no Ceará, em Tururu, como Conceição dos Caetano,
e em Aquiraz, antiga capital do Estado, onde residem seus pa-
rentes, que, hoje, também se identificam como quilombolas, a
exemplo de Goiabeiras e Lagoa do Ramo:

“Um tio meu [Antônio Caetano], que é ali da Conceição, um


dia, foi, resolveu ir dar uma volta por lá, conhecer os parentes
[da região de Aquiraz]. Depois, eu fui lá [na casa dele], ele
disse: “meu filho aqui não tem negro, não. Negro, tem acolá
pra riba. Lá, tem!”. A família é grande. Andou em todas as al-
deias deles. Mas lá tem. Eu pensava que onde tinha mais era
aqui, mas é besteira. Às vezes, situavam num canto, quando
tava muito, iam uns pra frente, uns pr’um lado, uns pra outro.
No Aquiraz, tem uma bocadada: Aquiraz, Ramo, Coité, Paco-
ti. Pra acolá, tudo é dos negros! Quase é tudo uma parença
[aparência] só” (João Bertoso, Água Preta, 1997).3

Figura 3 Quilombo de Água Preta, Tururu, Ceará.

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Figura 4 Quilombo de Conceição dos Caetano, Tururu, Ceará.

Experimentando deslocamentos de diferentes tipos – com-


pulsórios ou voluntários –, os moradores desses agrupamentos
negros constituem-se como grupos étnicos cuja extensão abran-
ge os núcleos atuais e os percursos dos antepassados, reativa-
dos através de viagens, notícias e rememorações. O território
quilombola, no sentido de espaço apropriado pelo grupo em
meio a relações de poder, vai muito além das terras ocupadas
hoje. Pode incorporar as áreas antigas e as áreas que vão sendo
criadas na movimentação dos seus parentes.
Um exemplo advindo das comunidades negras cearenses
ilustra essa discussão. A localidade de Conceição dos Caetano,
Tururu, Ceará, é originária de uma compra de terra por Caetano
José da Costa, primo de João Bertoso, referido anteriormente, e
por Maria Madalena da Paz. Todos viveram o período da escra-
vidão e buscaram adquirir terras como um sentido de liberdade.
As pessoas da figura a seguir nasceram na mesma localidade,
em Conceição, mas residiam, à época da pesquisa, em localida-
des distintas: Idelfonso Costa, em Fortaleza, nas Comunidades
do Trilho, próximo aos parentes que moram no bairro de Mu-
curipe, e Hosana Costa, em Estrada Nova, Aquiraz, casada com
Narciso, originário de Lagoa do Ramo, Aquiraz, Ceará. A mãe dos
dois, Maria José Caetano, nasceu em Conceição e o pai, José
Felipe da Costa, em Goiabeiras, Aquiraz, terras adquiridas por
seu pai, próximo à comunidade de Lagoa do Ramo.

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Figura 5 Idelfonso, Naíde e Hosana – Conceição dos Caetano, Tururu, Ceará.

Podemos observar, no croqui, os laços entre as localidades


mencionadas:

CCT JDI MCR


Tururu Fortaleza
Caucaia
APT
Aquiraz
Uruburetama
GBR
LGR
Cascavel

Área de Fortaleza Área de Uruburetama Área de Aquiraz


JDI – Jardim Iracema CCT – Conceição dos Caetano GBR – Goiabeiras
MCR – Mucuripe APT – Água Preta LGR – Lagoa do Ramo

Figura 6 Agrupamentos negros cearenses (Tururu, Fortaleza e Aquiraz).

Junto às discussões sobre terra e território, a questão am-


biental põe-se como muito importante para as áreas quilombo-
las. Em algumas delas, pelo uso adequado dos recursos naturais,
há uma significativa preservação do bioma, como se dá no caso
do cerrado na grande comunidade Kalunga, situada entre os
municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre de

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Goiás, e no da mata atlântica nos quilombos do Vale do Ribeira,
em São Paulo.
Vejamos o que diz a geógrafa e historiadora Lourdes de Fáti-
ma Bezerra Carril (2006):

Os quilombos desenvolveram uma relação específica com


a natureza, de escravos, eles se transformaram em campo-
neses. O relacionamento humano com a terra tornou-se
fundamental como meio de sobrevivência na sociedade
escravista. Viver nos quilombos equivalia a arar e cultivar a
terra para dela extrair os recursos necessários à vida e tam-
bém dela fazer sua moradia e nela reconstruir seu suporte
cultural, numa perspectiva de autossobrevivência.

Em certos ecossistemas, como os de floresta, os quilombo-


las tornaram-se extrativistas. Habitantes das margens de
rios tornaram-se ribeirinhos e pescadores, além de agricul-
tores, no interior das matas, a montante das cachoeiras e
nas serras, lugares que serviram de abrigo e esconderijo,
protegendo-os dos capitães do mato. As simbologias e
representações sobre a natureza formuladas pelos qui-
lombos originaram a base da identidade homem-meio.
Memória, terra e etnia formaram uma simbiose que lhes
permitiu um vínculo duradouro entre si e com o lugar (Car-
ril, 2006, p. 160-161).

Uma parte dos conflitos que os quilombolas enfrentam se dá


por visões e utilizações distintas dos recursos naturais, como as
disputas territoriais. Continuemos acompanhando o que diz a au-
tora (Carril, 2006):

Permanecer nessas terras, após alguns séculos, revela-


-se uma vitória histórica numa sociedade camuflada pelo
‘mito da democracia racial’. Num sistema socioeconômica,
política e territorialmente excludente, a luta pela terra nos
quilombos é, de um lado, uma fração da luta pela reforma
agrária, e, de outro, uma tentativa de reparar parcialmente

150
a histórica exclusão social do negro brasileiro, no tocante a
comunidades com identidades próprias. [...]

Muitos conflitos estão atrelados à relação sociedade-


-território e, consequentemente, problemas sociais foram
criados e acentuados, no Brasil, em decorrência da forma-
ção territorial, na qual predominou a ideia de modernização
sem inclusão social e em que se insere, também, uma visão
de proteção da natureza, implicando, muitas vezes, o con-
dicionamento do modo de vida de populações nas áreas
onde houve a criação de parques (Carril, 2006, p. 161).

As comunidades quilombolas, com os grupos indígenas e


outras populações, têm sido consideradas populações tradicio-
nais e, desde 2007, são amparadas pelo Decreto Federal no 6.040
(Brasil, 2007). Os conflitos ambientais se dão em áreas de turismo
internacional (resorts), a exemplo do que ocorre no Recôncavo
Baiano; com empresas de mineração, em Paracatu, Minas Gerais;
e com outros tipos de empresa, a exemplo da contenda entre a
Aracruz Celulose e alguns quilombos do norte do Espírito Santo.
É relevante mencionar o caso dos quilombos urbanos que
têm sido reconhecidos pelos órgãos públicos. No bairro de Gra-
jaú, em Belo Horizonte, numa área da qual a classe média alta
apropriou-se, localiza-se a comunidade da família dos Luízes, que
está em disputa territorial com agentes da especulação imobili-
ária e com órgãos públicos locais e regionais. Nesse município,
há, também, a localidade de Mangueiras, e, em Contagem, na
região metropolitana, está a conhecida comunidade dos Arturos,
que tem um congado bastante estudado por pesquisadores(as).
O quilombo da família Silva, situado no bairro de Três Figuei-
ras, em Porto Alegre, e cercado de edifícios e condomínios de
luxo, foi o primeiro quilombo urbano titulado no Brasil, em 2009.
Na capital gaúcha, existem, também, as localidades de Luís Gua-
ranha, Alpes e Serraria em processo de regularização fundiária.
Há, ainda, o caso da comunidade do Carmo, formada por
descendentes de ex-escravos(as) de uma fazenda da Ordem

151
Carmelita, no município de São Roque, na região metropolitana
de São Paulo, também área de expansão urbana e de valorização
imobiliária, que está em processo de identificação e de reconhe-
cimento como quilombo.

Palavras finais
Por tudo o que vimos, observamos como os quilombos foram
e são uma realidade multifacetada que permite refazer nossas
interpretações da formação étnico-racial e territorial do Brasil.
Como parte da população negra, ainda que abriguem pessoas
de outros segmentos étnico-raciais, os(as) quilombolas enfrentam
o problema do racismo, particularmente o institucional, quando
não são reconhecidos ou atendidos diferenciadamente em suas
demandas territoriais, educacionais, ambientais e culturais pelos
órgãos públicos e privados, locais, regionais ou federais.
Um caso em discussão é o da educação quilombola, que
se situa nos desdobramentos da Lei no 10.639/2003, instituindo
a obrigatoriedade do ensino da História e da Cultura Africana
e Afro-brasileira, mas que apresenta uma dinâmica própria, seja
quando há escolas nos quilombos, seja quando os(as) quilombo-
las têm que se dirigir a estabelecimentos educacionais fora de
suas áreas. Além disso, há, ainda, a necessidade de formação de
professores(as) quilombolas para atuar nessas comunidades.
Nos anos de 1995, na rememoração dos 300 anos da morte
de Zumbi dos Palmares, o bloco Afro Akomabu, do Centro de
Cultura Negra do Maranhão, fez seus cortejos tradicionais, nos
bairros populares e no centro histórico de São Luís, com o tema
Terra de quilombos. O compositor e cantor Paulo Henrique Nasci-
mento Aguiar, conhecido como Paulinho Akomabu, fez uma can-
ção chamada Terra de preto, da qual deixamos, como as últimas
palavras, mas não menos importantes, alguns versos:

Terra de preto não é gueto, não é medo


Terra de preto não é beco, nem favela (Akomabu).

152
Para saber mais
Comissão Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Co-
naq). Disponível em: <http://www.conaq.org.br/>. Acesso em: 28 set. 2011.
Comissão Pró-Índio de São Paulo. Disponível em: <http://www.cpisp.org.br/>. Acesso
em: 28 set. 2011.
Fundação Cultural Palmares. Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/>. Acesso
em: 28 set. 2011.
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Disponível em:
<http://www.seppir.gov.br/>. Acesso em: 22 maio 2012.
Um olhar sobre os quilombos do Brasil: mocambo. Realização: Casa de tradição e
cultura afro-brasileira de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=jqQBRj0pvcw>. Acesso em: 04 jun. 2012.

Referências
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brasilescola.com/historiab/hinodaproclamacaodarepublica.htm>. Acesso em: 07
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guração espacial. Brasília: Mapas Editora & Consultoria, 2005.
Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Legislativo, Brasília, DF, 6
de outubro 1988.
______. Decreto no 4.887, de 20 de novembro de 2003. Regulamenta o procedimento
para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras
ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art.
68 do ato das disposições constitucionais transitórias. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 21 de novembro de 2003.
______. Decreto no 6.040, de 7 de fevereiro de 2007. Institui a política nacional de
desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais. Diário Oficial
[da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 8 de fevereiro
de 2007.
Boal, A.; Guarnieri, G. Arena conta Zumbi. Disponível em: <http://pyndorama.com/
wp-content/uploads/2009/01/arena-conta-zumbi.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2012.
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156-171, 2006.
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28, p. 56-63, 1996.
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pora, n. 6-7, p. 41-49, 1985.

153
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Liberdade por um fio: história dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996. p. 9-25.

Índice das figuras


Figura 1 Distribuição espacial de Palmares. Fonte: Gomes, 2005.
Figura 2 Mapa dos municípios brasileiros com comunidades quilombolas. Fonte:
Anjos, 2005.
Figura 3 Quilombo de Água Preta, Tururu, Ceará. Foto: R atts, 1997 (acervo
próprio).
Figura 4 Quilombo de Conceição dos Caetano, Tururu, Ceará. Fonte: R atts,
1997 (acervo próprio).
Figura 5 Idelfonso, Naíde e Hosana – Conceição dos Caetano, Tururu, Ceará.
Fonte: R atts, 1995 (acervo próprio).
Figura 6 Agrupamentos negros cearenses (Tururu, Fortaleza e Aquiraz). Fonte:
R atts, 2001 (acervo próprio).

Notas
1 Trabalho baseado em artigo anterior (R atts, 2000), revisto e ampliado.
2, 3 Entrevistas transcritas integral e originalmente, não tendo sido submeti-
das a nenhum tipo de correção.

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