Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
QR Code ISBN
A reconstrução histórica
do Serviço Social
no Nordeste
Adilson Aquino Silveira Júnior
Organizador
Editora CRV - versão final do autor - Proibida a impressão e comercialização
Adilson Aquino Silveira Júnior
(Organizador)
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO
SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE
Editora CRV
Curitiba – Brasil
2021
Copyright © da Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Diagramadores e Designers da Editora CRV
Imagem de Capa: Gravura de Abelardo da Hora presente no Álbum Meninos Do Recife
(1962), que ilustra o Trabalho de Conclusão de Curso em Serviço Social (Universidade
do Ceará) de Inêssilvia Teixeira Arraes de Alencar, com o título Da contribuição para
uma tentativa de educar ocasionalmente um grupo (1963). O exemplar do TCC faz parte
do acervo do Memorial Denis Bernardes da Universidade Federal de Pernambuco
Revisão: Analistas de Escrita e Artes da Editora CRV
R294
Bibliografia
ISBN Digital 978-65-251-1297-8
ISBN Físico 978-65-251-1476-7
DOI 10.24824/978652511476.7
1. Serviço Social 2. Serviço Social – Nordeste I. Silveira Júnior, Adilson Aquino. org.
II. Título III. Série.
2021
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora CRV
Todos os direitos desta edição reservados pela: Editora CRV
Tel.: (41) 3039-6418 – E-mail: sac@editoracrv.com.br
Conheça os nossos lançamentos: www.editoracrv.com.br
Conselho Editorial: Comitê Científico:
Aldira Guimarães Duarte Domínguez (UNB) Alexsandro Eleotério Pereira de Souza (UEL)
Andréia da Silva Quintanilha Sousa (UNIR/UFRN) Luciene Alcinda de Medeiros (PUC-RJ)
Anselmo Alencar Colares (UFOPA) Maria Regina de Avila Moreira (UFRN)
Antônio Pereira Gaio Júnior (UFRRJ) Patrícia Krieger Grossi (PUC-RS)
Carlos Alberto Vilar Estêvão (UMINHO – PT) Regina Sueli de Sousa (UFG)
Carlos Federico Dominguez Avila (Unieuro) Solange Conceição Albuquerque
Carmen Tereza Velanga (UNIR) de Cristo (UNIFESSPA)
Celso Conti (UFSCar) Thaísa Teixeira Closs (PUC-RS)
Cesar Gerónimo Tello (Univer. Nacional Vinícius Ferreira Baptista (UFRRJ)
Três de Febrero – Argentina)
Eduardo Fernandes Barbosa (UFMG)
Elione Maria Nogueira Diogenes (UFAL)
Elizeu Clementino de Souza (UNEB)
Élsio José Corá (UFFS)
Fernando Antônio Gonçalves Alcoforado (IPB)
Francisco Carlos Duarte (PUC-PR)
Gloria Fariñas León (Universidade
de La Havana – Cuba)
Guillermo Arias Beatón (Universidade
de La Havana – Cuba)
Helmuth Krüger (UCP)
Jailson Alves dos Santos (UFRJ)
João Adalberto Campato Junior (UNESP)
Josania Portela (UFPI)
Leonel Severo Rocha (UNISINOS)
Lídia de Oliveira Xavier (UNIEURO)
Lourdes Helena da Silva (UFV)
Marcelo Paixão (UFRJ e UTexas – US)
Maria Cristina dos Santos Bezerra (UFSCar)
Maria de Lourdes Pinto de Almeida (UNOESC)
Maria Lília Imbiriba Sousa Colares (UFOPA)
Paulo Romualdo Hernandes (UNIFAL-MG)
Renato Francisco dos Santos Paula (UFG)
Rodrigo Pratte-Santos (UFES)
Sérgio Nunes de Jesus (IFRO)
Simone Rodrigues Pinto (UNB)
Solange Helena Ximenes-Rocha (UFOPA)
Sydione Santos (UEPG)
Tadeu Oliver Gonçalves (UFPA)
Tania Suely Azevedo Brasileiro (UFOPA)
Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO............................................................................................. 9
Adilson Aquino Silveira Júnior
CAPÍTULO 1
NOTAS PARA UMA HISTÓRIA DA EMERGÊNCIA DO
SERVIÇO SOCIAL NA PARTICULARIDADE DO NORDESTE................... 15
Adilson Aquino Silveira Júnior
CAPÍTULO 2
PERCURSO HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DA ESCOLA
DE SERVIÇO SOCIAL DA BAHIA................................................................. 47
Gilca Oliveira Carrera
Ivone Pires Ferreira de Oliveira
Alessandra Carvalho da Cruz
CAPÍTULO 3
O SERVIÇO SOCIAL NO PIAUÍ.................................................................... 67
Maria D’Alva Macedo Ferreira
Maria do Rosário de Fátima e Silva
Simone de Jesus Guimarães
CAPÍTULO 4
PRIMÓRDIOS DA EDUCAÇÃO POPULAR: a experiência de
Paulo Freire na Escola de Serviço Social de Pernambuco.............................. 81
Luanna Barbara Cavalcanti Soares
CAPÍTULO 5
ORGANIZAÇÃO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL EM
PERNAMBUCO ENTRE OS ANOS 1950-1990.......................................... 107
Adilson Aquino Silveira Júnior
CAPÍTULO 6
O MOVIMENTO ESTUDANTIL DO SERVIÇO SOCIAL EM
PERNAMBUCO NOS ANOS 1950-1970...................................................... 135
Camila Sobral Leite Lyra Montalvão
CAPÍTULO 7
O TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL COM A CLASSE OPERÁRIA
EM PERNAMBUCO ENTRE AS DÉCADAS DE 1950-1960...................... 161
Larissa Ranielly Lima Dias
Lenita Maria Maciel de Almeida
CAPÍTULO 8
REGIÃO NORDESTE, SUDENE E O DESENVOLVIMENTO
DESIGUAL INTER-REGIONAL NO BRASIL.............................................. 181
Jesana Germano da Silva
REFERÊNCIAS
IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raúl de. Relações sociais e
Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodoló-
gica. 19. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social. 7. ed. São Paulo: Cor-
tez, 2005.
1.
A emergência do Serviço Social supõe, em cada espaço onde germina e
se consolida como instituição profissional, um mínimo de desenvolvimento
das contradições sociais e políticas típicas do modo de produção capitalista
dominado pela lógica monopolista. Seu pressuposto elementar é a afirmação,
na realidade em questão, de relações de produção fundadas no antagonismo
entre capital e trabalho assalariado, acrescentando-se a necessidade de con-
creção dessa relação no âmbito da produção tipicamente capitalista, voltada
para acumulação ampliada através da produção de mercadorias, caracteri-
zada pela exploração da força de trabalho na grande indústria, voltada para
a extração da mais-valia absoluta e relativa, mediada pela maquinaria, com
atuação combinada e especializada no marco da divisão do trabalho etc. Esse
é o primeiro pressuposto, sem o qual não se constitui a base da chamada
“questão social” e suas refrações sociais e políticas, sobre as quais o Serviço
Social realiza algum nível de intervenção através dos espaços ocupacionais
criados pelo Estado com a afirmação de políticas sociais.4
Abstraindo-se os demais pressupostos, e examinando apenas esse primeiro
e mais elementar, se pode concluir que sua afirmação tardia na região Nordeste,
por si só, teria como decorrência um descompasso entre a emergência do Ser-
viço Social nesse espaço regional frente a outros, do mesmo país, em que a
transformação capitalista das relações de produção ocorreu mais concentrada
e rapidamente. O desenvolvimento desigual interno do capitalismo no Brasil
nos fornece a chave para a explicação desse descompasso regional, funcional
à emergência e desenvolvimento do capitalismo dependente, com inserção
também desigual e combinada no imperialismo.5 Encarada como um todo, a
4 O conjunto desses pressupostos é bastante conhecido, e encontra-se afirmado na literatura profissional,
principalmente em Iamamoto (1982), Iamamoto e Carvalho (2006) e Netto (2004, 2005).
5 Os pontos fundamentais dessa explicação da revolução burguesa e a transformação capitalista na realidade
dependente estão dados em Fernandes (1976).
16
região Nordeste revela, por isso, uma sobrevida maior de relações de produção
arcaicas e pré-capitalistas – inobstante a funcionalidade dessas relações para a
própria afirmação capitalista no país, comandada pelo Centro-Sul, ou os nexos
que a subordinam às necessidades de acumulação monopolista internacional.
Daí também um nível de descompasso, verificado na historiografia do Serviço
Social, entre a criação das primeiras escolas, no eixo Rio de Janeiro e São Paulo,
na segunda metade dos anos 1930, e a inauguração e funcionamento dos cursos
no Nordeste, em geral após meados dos anos 1940. Com efeito, e balizando-se
pela trajetória modelar de Recife, acreditamos que o período mesmo de gestação
do Serviço Social no Nordeste tenha atravessado o lapso temporal, no mínimo,
das décadas de 1940-1950, para se concretizar.6 Mas o que queremos enfatizar,
nesse momento – tomando a própria região como um “complexo de complexos”
(LUKACS, 2013) – é a existência de um descompasso na emersão do Serviço
Social no interior do próprio Nordeste, considerando, igualmente, a inserção
desigual e combinada dos estados que o compõem no processo de produção
social no qual se encontrou encerrada historicamente essa parte do país.
Na região Nordeste, pode-se notar uma diferenciação interna no pro-
cesso de emergência das escolas, considerando o modo desigual a partir do
qual foram se afirmando as relações e contradições sociais e políticas típicas
do modo de produção capitalista nos estados. A evolução interna do Serviço
Social no Nordeste demonstra uma diferenciação entre:7
6 Esse argumento foi explorado através de pesquisa documental em Silveira Jr. (2020).
7 Nossas informações sobre a história do Serviço Social nos estados do Nordeste foram recolhidas da seguinte
bibliografia, até agora localizada e reunida por estado: Ceará (BARBOSA, 2015; COSTA et al., 2010; CUNHA;
SILVEIRA, 2014; FRANCO, 2010; LEAL, 2017; MESQUITA, 2016); Paraíba (FREITAS et al., 2008; MACEDO
et al., 2007; NASCIMENTO et al., 2011; SILVEIRA et al., 2014; UEPB, 2014); Alagoas (ALVES, 2008; COSTA;
SOUZA, 2008; MEDEIROS, 2008; MORAES, 2014); Rio Grande do Norte (ARAÚJO et al., 2009; GOU-
VEIA, 1993; LIMA, 2005, 2006, 2012; LIMA, 2006; LIMA et al., 2009); Maranhão (SILVA et al., 2008); Bahia
(NASCIMENTO et al., 2011; PEREIRA, 2009); Pernambuco (GOMES, 1987; MEHSSPE, 2019; MOTA, 2019;
PADILHA, 2008; SILVA, 2019a, 2019b; SILVEIRA Jr., 2020; UFPE, 1985, 1990; VIEIRA, 1992).
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 17
8 Essas transformações da economia no Nordeste foram abordadas por Oliveira (1981, 1987).
9 A criação de mais um curso em Pernambuco na Universidade Católica de Pernambuco, em 1971, nos parece
já estar enquadrada nas necessidades de intervenção estatal dadas pela industrialização que começa a se
operar no estado, como no Nordeste, através da SUDENE, na década em 1960 em diante.
10 Trata-se, aqui, pensando-se no ciclo dessa produção já no século XX, do surto da produção algodoeira,
ocorrido a partir de 1934, condicionado pela conjuntura econômica e política internacional de disputa impe-
rialista que abre a busca por centros fornecedores para a indústria têxtil no mundo. Diz Prado Jr. (2012, p.
276) que, nessas circunstâncias: “O Brasil apresentava excelentes condições para aquele fim: a decadência
da lavoura cafeeira tornara disponíveis grandes áreas de terra aproveitáveis e já preparadas, mão de obra
abundante, recursos técnicos [...] que se podiam facilmente aproveitar para a nova cultura.” Nesse caso,
com grande envolvimento norte-americano no contexto da Segunda Guerra em diante, estendendo-se sobre
a indústria do preparo e acondicionamento da produção (descaroçamento e enfardamento) e atividades
financeiras e comerciais paralelas. Algo correlato ocorreu com a expansão da produção do Cacau no Sul
da Bahia, num mesmo período histórico.
18
2.
11 Parece-nos que essa dinâmica entre oferta e demanda do mercado da força de trabalho para assistentes
sociais adquirirá um padrão diferenciado quando da multiplicação dos cursos com a mercantilização do
ensino superior, deflagrando o fenômeno que Iamamoto (2014) designará como a formação de um “exército
assistencial de reserva”.
20
12 Prado Jr. (2012, p. 202) afirma que a decadência da produção açucareira do Nordeste, densamente povoado
desde a colônia, vai resultar em correntes demográficas fortes e constantes dirigindo-se para regiões com
melhores perspectivas: “Esse movimento das populações tornar-se-á particularmente ativo depois da grande
seca de 1877-80, que despovoará o interior nordestino do Ceará até a Bahia. As regiões beneficiadas por
essa emigração serão o vale amazônico (graças à extração da borracha); o sul da Bahia (produção de cacau
em progresso); finalmente e sobretudo São Paulo, o grande polo de atração.”
22
plano. Diz Prado Jr. (2012, p. 198) que a origem do proletariado industrial
brasileiro –quando o sistema escravista ainda não havia se desagregado de
todo – guarda relação com as soluções dadas para o problema da força de
trabalho necessárias para esses primeiros estágios da industrialização:13
13 Num contexto de crescente controle imperialista inglês, esse primeiro surto industrial no Brasil (entre 1885-
1895, mas com antecedentes desde 1840) não ficou, entretanto, restrito à produção têxtil, manifestou-se
também em ramos como o da fundição-metalurgia, construção naval, transportes (marítimos e ferroviários),
construção civil. Em Hardman e Leonardi (1982, p. 31-39) encontramos exemplos históricos dessa produção
em Pernambuco, Bahia e Alagoas. Nessas primeiras fábricas, trabalhavam, muitas vezes, ao lado dos
operários, um bom número de escravos, como registram Hardman e Leonardi (1982, p. 90-97).
14 Sobre movimento operário e greves nos dois estados, consultar: Hardman e Leonardi (1982); Fontes (1982);
Bezerra et al. (2011), Lins (2016). Na Bahia, por exemplo, o trabalho de Fontes (1982) apresenta um pano-
rama do movimento grevista entre 1880 e 1930, com destaque para a participação, além dos têxteis, de
trabalhadores dos transportes urbanos, portuários, marítimos, fumageiros e ferroviários – frações bastante
próximas daquelas encontradas em ação no movimento operário em Pernambuco da mesma época, como
se verifica em Bezerra et al. (2011). Hardman e Leonardi (1982) registram as primeiras organizações operá-
rias, além da penetração das ideias socialistas e a imprensa operária, entre finais do século XIX e início do
seguinte, na Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Maranhão, Piauí, Sergipe.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 23
15 A primeira Semana de Ação Social havia ocorrido em 1936 no Rio de Janeiro, sendo considerada como marco
da introdução do Serviço Social na então capital da república (IAMAMOTO; CARVALHO, 2006, p. 181-185).
24
3.
Daí em diante, a criação das demais escolas de Serviço Social que se
espalham pelo Nordeste passa a ser impelida por essa combinação de condi-
cionantes então germinando – os mesmos condicionantes possibilitavam o
fortalecimento do ensino e da profissão nos estados que criaram suas escolas
ainda na década de 1940: o espraiamento e adensamento das organizações
católicas – em especial da Ação Católica – nesse espaço regional, com sua
imbricação nas ações assistenciais públicas e empresariais que passam a se
irradiar, seja de iniciativa local ou nacional – como no caso da estrutura-
ção da LBA, SESI e SESC pelos estados e municípios nordestinos, além do
desenvolvimento das grandes campanhas nacionais de saúde pública16 e do
crescimento dos Institutos de Aposentadorias e Pensões; o impacto social e
econômico provocado pela entrada do país da Segunda Guerra, na sequência
da qual passaria a se fortalecer a ingerência norte-americana na estrutura eco-
nômica, política e estatal do país; a ascensão dos projetos político-econômicos
voltados para a aceleração da industrialização, sob a rubrica da “ideologia
desenvolvimentista”; a acentuação das sequelas sociais da integração desigual
do Nordeste no avanço das dinâmicas típicas dos monopólios no país, numa
fase declinante do surto da produção algodoeira e de agonia da economia
açucareira, acentuação dos conflitos agrários, agravamento da situação social
dos retirantes atingidos pelas secas periódicas.
Alguns fenômenos são sintomáticos do acirramento das contradições
sociais e conflitos políticos no Nordeste nos anos 1950, assim como da arti-
culação de forças no sentido de deslanchar projetos políticos reformadores
modernizadores, tais como:
16 Especialmente importante a esse respeito foi: a estruturação, durante os anos 1950, dos serviços voltados
ao combate à tuberculose, no contexto da Campanha Nacional Contra a Tuberculose; e, principalmente,
as ações em torno da proteção à maternidade e à infância, sob o patrocínio do Fundo Internacional de
Socorro à Infância (FISI-UNESCO) operacionalizado pelo Departamento Nacional da Criança (DNCr) e suas
instâncias regionais – fornecendo, por exemplo, serviços, benefícios, assistência educativa, nucleação de
grupos (os “Clubes de Mães”), onde verificam-se experiências do Serviço Social com organização social
de comunidade, de expressa influência norte-americana.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 25
17 Nos últimos anos da década de 1950, é significativa a presença da atuação pontual de assistentes sociais
num projeto piloto de Eletrificação Rural em Itacuruba e Rodelas, no sertão do São Francisco, patrocinado pela
Divisão de Assuntos Econômicos e Sociais da Organização dos Estados Americanos, em convênio com a CVSF
(BEZERRA, 1959). Lastreada no Desenvolvimento de Comunidade, a atuação do Serviço Social foi de realização
de inquérito para conhecimento das comunidades, nucleação e dinamização de grupos sociais e produtivos,
trabalho junto a instituições para mobilizar recursos. Além das ações dessa comissão, destaca-se, na época,
a criação da Companhia Hidroelétrica do Vale do São Francisco (CHESF) e da Comissão de Investimentos do
Nordeste (CIN), submetida ao Ministério de Viação e Obras Públicas, e cuja função era coordenar as atividades
e obras públicas na região, além de planejar uma série de estudos de emergência contra as secas.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 27
18 Nessa quadra, há importantes registros da associação de quadros estudantis e docentes do Serviço Social,
em capitais como Recife e Natal, com tais experiências de alfabetização. Um exemplo é o vínculo da Escola
de Serviço Social de Pernambuco (ESSPE) com o Movimento de Cultura Popular de Pernambuco (MCP).
28
Em específico, o trabalho de uma aluna, Zaira Ary, orientada pela professora Dolores Cruz Coelho, na
localidade Poço da Panela, durante a fundação do primeiro Centro de Cultura Popular do Recife, em 1962
(Círculo de Cultura Dona Olegarina). Nesse momento, não apenas Paulo Freire era professor da ESSPE,
mas também outros fundadores do MCP (PADILHA, 2008, p. 230). Padilha (2008) afirma que as práticas
dialógicas, inspiradas nas aulas e trabalhos de Paulo Freire, foram aplicadas, ademais, em projetos de
desenvolvimento de comunidade nos bairros do Recife, Olinda, Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos
Guararapes e outras cidades interioranas. Evany Gomes de Matos Mendonça, então diretora da escola
de Pernambuco, relata em entrevista, que existiam alunas de Serviço Social estagiando no MEB e MCP
(MENDONÇA, 2012). Também em seu depoimento em CFESS (2017), Iza Guerra Labelle, aluna da Escola
de João Pessoa entre 1960-1964, aponta sua participação na CEPLAR, a partir do vínculo com a JUC, e
se refere ao contato, nessa atuação militante, com a literatura marxista.
19 Após isso, e até finais de 1980, surgem apenas mais os seguintes cursos, já integrados nas instituições
universitárias regidas pelo sistema de ensino superior derivado da reforma de 1968: o Curso de Serviço
Social, criado em 1965, na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, em Mossoró; o Curso de Serviço
Social, criado em 1971, na Universidade Católica de Pernambuco, em Recife; e o Curso de Serviço Social,
criado em 1976, na Universidade Federal do Piauí, em Teresina.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 29
20 Sobre o arremedo de universidade que derivou dessas instituições antes da reforma de 1968, ver Fernandes
(2020) que as classifica de “universidades conglomeradas”.
30
21 Os registros da Escola de Serviço Social de Pernambuco da década de 1950 são exemplares da movi-
mentação que ocorre no intercâmbio entre as escolas do Nordeste e interlocutores norte-americanos no
período – em alguns casos, absorvendo vários estados da região: em 1952, ocorre a visita da assistente
social norte-americana Miss Katheryn Knapp, cumprindo o Acordo Ponto IV e patrocinada pela União
Pan-americana, para subsidiar os trabalhos assistenciais e da Escola durante um mês; em 1953, a visita de
Rose Alvernaz para discutir Serviço Social de Menores; em 1954, a concessão de bolsa de estudos, pela
Organização das Nações Unidas, para uma professora da Escola (a vice-diretora Maria Dolores Coelho)
estudar Cooperativismo na Dinamarca; em 1955, a exposição das atividades da Conselheira de Bem Estar
do Instituto de Assuntos Interamericanos do Ponto IV, Lavínia Keys; ainda em 1954, a visita das diretoras da
União Católica Internacional de Serviço Social (UCISS) para discutir a Ação Social na Bélgica e as atividades
da entidade; no mesmo ano, a promoção de um curso sobre Serviço Social de Grupo, por parte de Miss
Catherine Jennings, este contando com 182 alunos/as, entre professores/as, supervisores/as, estudantes e
pessoal de obras sociais de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará; no ano seguinte, o retorno
de Miss Jennings, com apoio de Lavínia Keys do Ponto IV, para complementação do curso; posteriormente,
uma conferência sobre Cooperativismo com o Padre Peter Nearing, do Canadá (SILVEIRA Jr., 2020).
22 Seu título oficial era Acordo entre o Governo dos Estados Unidos da América e o Governo dos Estados
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 31
Unidos do Brasil sobre a Cooperação do Governo dos Estados Unidos da América para a Promoção do
Desenvolvimento Econômico e Social do Nordeste do Brasil.
23 A pesquisa sobre a Aliança para o Progresso no Nordeste, em específico em Pernambuco, pode ser encon-
trada em Barros (2017).
32
28 Sobre esse aspecto, basta notar a discussão sobre a pluralidade de relações do homem com o mundo,
quando se discute a capacidade de transcendência do homem: “A sua transcendência está também, para
nós, na raiz de sua finitude. Na consciência que tem desta finitude. Do ser inacabado que é e cuja plenitude
se acha na ligação com seu Criador. Ligação que, pela própria essência, jamais será de dominação ou de
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 35
31 Sobre a erosão do Serviço Social “tradicional” no Brasil, ver Netto (2005, p. 136-141).
32 Sobre essa influência, pode-se cotejar o depoimento da referida professora em Silva (1991, p. 198).
33 Pode-se ver, em Silva (1991, p. 183-234), o testemunho desses e outros personagens que – despertando,
na formação profissional, influenciados pelas experiências da educação popular de extração freiriana, arti-
culadas à militância universitária católica – numa fase profissional e intelectual mais madura contribuíram
para a introdução do pensamento marxista no Serviço Social.
38
REFERÊNCIAS
ALVES, Maria Jeane dos Santos. Mulheres contra o arbítrio: as missio-
nárias de Jesus Crucificado e a Escola de Serviço Social Padre Anchieta em
Maceió em tempos de AI5. 2008. 98 f. Dissertação (Mestrado em Ciências
da Religião). Universidade Católica de Pernambuco. Maceió, Alagoas, 2008.
Disponível em: http://tede2.unicap.br:8080/bitstream/tede/285/1/disserta-
cao_maria_jeane_santos.pdf. Acesso em: 01 jul. 2020.
COSTA, Liduina Farias Almeida da; BEZERRA, Leila Passos de Sousa; PIO,
Maria da Conceição (org.). Fragmentos do Passado e do Presente: 60 anos
de Serviço Social no Ceará. Fortaleza: EdUECE, 2010.
FREITAS, Paloma Ribeiro; SOUZA, Lígia Maria Leite de; SOUZA, Sér-
gio Cordeiro de; SILVEIRA, Sandra Amélia Sampaio. Resgate Histórico do
Curso de Serviço Social no município de Campina Grande-PB: surgimento e
desenvolvimento até sua inserção no âmbito universitário. XV Encontro de
Iniciação Cientifica da UEPB – Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.
2008. Disponível, em: http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2008/anais/
arquivosINIC/INIC0099_01_A.pdf. Acesso em: 01 jul. 2020.
LIMA, Rita de Lourdes de. O Serviço Social em Natal (RN). Interface, Natal,
v. 3, n. 1, p. 97-113, jan./jun. 2006. Disponível em: http://seminario2012.
ccsa.ufrn.br/ojs/index.php?journal=int erface&page=article&op=view&pa-
th%5B%5D=46&path%5B%5D=45. Acesso em: 01 jul. 2020.
LIMA, Rita de Lourdes de. Sessenta anos de Serviço Social em Natal. Serviço
Social & Sociedade, n. 85, mar. 2006.
LUKÁCS, Georg. Para uma ontologia do ser social II. Trad. Ivo Tonet e
Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2013.
NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social. 7. ed. São Paulo: Cor-
tez, 2005.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 45
PRADO JR., Caio. História econômica do Brasil. 43. ed. São Paulo: Bra-
siliense, 2012.
ROSAS, Paulo. Papéis avulsos sobre Paulo Freire, 1. Recife: Centro Paulo
Freire de Estudos e Pesquisa – Ed. Universitária UFPE, 2003.
1. Introdução
34 De acordo com Montaño (2007, p. 10), existem duas teses explicativas principais sobre o desenvolvimento
do Serviço Social como profissão: as teses que situam “[...] abordagens tradicionais e conservadoras de
distintas matizes que desenvolvem uma análise evolucionista e endogenista acerca da origem da profissão” e
as teses que aludem a “[...] emergência da profissão nos marcos do desenvolvimento capitalista, legitimada
pelo papel que desempenha na ordem burguesa”, que se situam a partir de uma perspectiva histórico crítica.
48
36 No plano político, os resultados do esforço católico podem ser observados na Constituição de 1934, quando
da introdução do ensino religioso nas escolas públicas, da afirmação dos capelães militares no interior das
Forças Armadas e, principalmente, a subvenção estatal para as atividades assistenciais ligadas à Igreja
(AZEVEDO, 2004).
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 51
37 A partir de 1890, pelo Decreto nº 119-A, que “Prohibe a intervenção da autoridade federal e dos Estados
federados em matéria religiosa, consagra a plena liberdade de cultos, extingue o padroado e estabelece
outras providencias”.
38 Pode-se destacar a criação das Confederações Católicas em São Paulo, Olinda e Rio de Janeiro na
década de 1920, o lançamento da Revista “A Ordem” (1921) e a inauguração do Centro Dom Vital (1922)
(AGUIAR, 1995).
39 Projeto concretizado com a criação da Universidade Católica do Rio de Janeiro, em 1940. A partir desse
ano, outras universidades católicas começariam a se instituir em várias capitais brasileiras.
52
41 O coronel Renato Afonso Pinto Aleixo que foi interventor da Bahia de 1942 a 1944.
42 De acordo com Silva (2000, p. 72), esses eram os principais atributos que feriam os “brios de uma elite
consciente de seu poder”. Sob o movimento de “retomada da autonomia baiana”, essa elite passa a unir
forças oposicionistas antes dispersas, como integralistas, coronéis e intelectuais. Todos atraídos para fazer
frente ao governo e aos comunistas.
54
Pobre do pobre
carregado de filho
isso eu posso afirmar
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 55
43 Pobre do pobre, de Riachão, trata-se de uma canção composta na década de 1950 e cantada em entrevista
concedida a Alessandra Cruz, em outubro de 2000.
44 Destaca-se, por toda a década de 1930, a atuação do médico higienista Alfredo Magalhães, que dirigiu o
Dispensário Infantil do Instituto de Proteção a Infância da Bahia (IPAI), e o grupo de senhoras filantropas
chamadas Damas da Assistência, formado por senhoras da sociedade soteropolitana que praticavam
trabalhos assistenciais diversos (CARRERA, 2014).
45 Conforme o Regimento da Escola de Serviço Social (1957, p. 3).
56
A Bahia vai ter uma Escola de Assistência Social. Sua estrutura será nos
moldes das existentes na França, nos Estados Unidos e na Bélgica. E o
fato se reveste de significação porque vamos figurar ao lado de capitais
como o Distrito Federal e São Paulo como centro onde a Assistência Social
encontra atenção e estudos.49
46 Henriqueta Martins Catarino, benemérita baiana, contribuiu com várias causas sociais em Salvador. Sua
atuação é marcante na história das instituições sociais da cidade. É considerada uma das primeiras ativistas
baianas nos processos de emancipação da mulher.
47 A professora e historiadora Anfrísia Santiago é tomada como referência na educação baiana. Convidada
por Anysio Teixeira, atuou na organização da educação pública do Estado da Bahia.
48 Thales Olímpio Góes de Azevedo, um dos pioneiros da moderna Antropologia Brasileira, nasceu em Salvador
(1904-1995) e dedicou-se a maior parte de sua vida à educação e à pesquisa (FGV, 2001).
49 Jornal Cidade de Salvador, 18 de Abril de 1945.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 57
50 Entrevista cedida ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Serviço Social, Educação e Direitos da Criança, (GESSED).
51 Entrevista realizada pelo GESSED, em março de 2016, por ocasião das comemorações dos 80 anos do
Serviço Social no Brasil e 72 anos da Escola de Serviço Social (ESSO). Atualmente. o Professor José
Newton está com 99 anos de idade.
58
52 Sobre os Trabalhos de Conclusão de Curso, observa-se que, desde o ano de fundação da Escola até os anos 1970,
os alunos deveriam apresentá-los ao final do terceiro ano, de modo a demonstrar que assimilou “a parte prática
e teórica do Curso”, sendo “de exclusiva autoria” (ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DA BAHIA, 1949, p. 17).
62
5. Considerações finais
53 Leda Jesuíno nasceu em Salvador em 1924 (atualmente está com 99 anos). Após concluir o ensino médio,
tentou a carreira de Diplomata, mas, a época, Getúlio Vargas não permitia o ingresso de mulheres nessa
carreira. Então estudou na Faculdade de Filosofia da Bahia, até ser convidada por Thales de Azevedo para
integrar a primeira turma da Escola de Serviço Social da Bahia.
54 Aqui há uma referência ao Hospital Santa Isabel, hospital da Santa Casa de Misericórdia, fundado em 1893
em Salvador. Esse trecho refere-se à entrevista realizada pelo GESSED em março de 2016 por ocasião das
comemorações dos 80 anos da escola Serviço Social no Brasil e 72 anos da Escola de Serviço Social da Bahia.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 63
REFERÊNCIAS
A ASSISTÊNCIA DEVER SOCIAL NA BAHIA. Jornal Cidade de Salva-
dor 18 de Abril de 1945, p. 3.
PIO XI. Encíclica UBI ARCANO DEI (1922). Petrópolis: Vozes, 1957.
TELES, Vera da Silva. Questão Social: afinal do que se trata? São Paulo em
Perspectiva, v. 10, n. 4, p. 85-95, out./dez 1996.
1. Introdução
O Serviço Social no Piauí data dos anos de 1940 do século XX, quando
os(as) primeiros(as) assistentes sociais aportam no estado, formados(as) em
outras instituições de ensino superior, especialmente dos estados da região
nordeste, como o Ceará e o Maranhão (vizinhos ao Piauí), mas também do
Rio de Janeiro e do Pará. Entre esses profissionais, destacam-se Delma Basílio
e Paulo Mota, que foram os primeiros a se inserirem no mercado de trabalho
profissional.55 Os cursos de Serviço Social das hoje Universidade Federal do
Maranhão, da Universidade Estadual do Ceará, da Universidade Federal do
Pará, e de universidades do Rio de Janeiro, foram os principais formadores
de assistentes sociais do Estado do Piauí.
55 Além de Delma Basílio e Paulo, é digno de nota o registro dos nomes de Maria de Jesus Rocha, Aglair
Setúbal, Vera Nogueira, Dulce Silva, Yeda Moraes Sousa Machado, Graça Serra e Silva, Graça Silva, Jupira
Cavalcante, Ediane Atem, Conceição Silva, Zita Vilar, Marta Santos, Umbelina Jales de Carvalho, Vanda
Alvarenga, Maria do Carmo C. Rodrigues, Lúcia Maria M. Silva, Maria dos Remédios Alencar, Maria Teresa
Cardoso, Marília Ferro Raulino Teresinha de Jesus R. Sá, Lourdes Almeida, Marlene Barbosa, Bernadete
Duarte, Rosilar Pinheiro, Amélia Gutman, Solange Sinimbu, Teresa Santos, Janete Moraes, Maria de Jesus
Paz, Francisca das Chagas Melo, Maria Goes, Francisca Oliveira, Justina Cutrim, Maria Aparecida Maracajá,
Maria Lila Carvalho, Maria da Cruz Alcântara, Maria da Cruz Moura entre outros nomes. A maior parte
desses profissionais foi formada nos anos 1970.
68
56 O curso de Serviço Social da UFPI é da década de 1970. O Conselho Universitário dessa IES aprova,
através da Resolução 02/1976, o referido curso que, hoje, vincula-se ao Centro de Ciências Humanas e
Letras e ao Departamento de Serviço Social dessa instituição pública federal, que foi criado em 1970. No
ano seguinte à criação do curso, a UFPI oferece 40 vagas no seu vestibular, posteriormente acrescido de
mais 11 pessoas, totalizando, assim, 51 alunos. Desde a criação desse curso, a qualidade de sua formação
pode ser exemplificada pela aferição do conceito 5, atribuído pelo Ministério da Educação. Atualmente o
curso oferece 50 vagas no seu vestibular, sendo um dos mais concorridos dentro da UFPI.
57 Simone Guimarães (autora desse texto), Teresinha Learth e Maria das Graças Vidigal – formadas em outras
IES públicas.
58 Entre os egressos concursados, destacam-se as autoras desse texto: Maria D’Alva Ferreira e Maria do
Rosário Silva. Outros egressos que compõem o corpo docente são: Lúcia Vilarinho, Solange Teixeira, Rita
Sobral, Rosilene Sobrinho, Lila Luz, Masilene Rocha, Iolanda Fontenele, Teresa Costa, Sofia Laurentino,
Iracilda Braga, Reia Rios, Francineide Pereira, Roberto John G. da Silva. Desses, apenas o professor Roberto
John não está mais na ativa, pois se aposentou.
59 Essa realidade se deve ao fato de que o curso de Serviço Social do Piauí é um dos últimos a ser criado no país.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 69
inserção profissional, é uma realidade que se soma às demais, mas que não tem
se constituído em primazia no que se refere à contratação dessa mão-de-obra
qualificada; c) o Piauí não foge a essa realidade, sendo o setor público estatal
o principal contratante de assistentes sociais; d) instituições de cunho privado,
sem fins lucrativos ou não, têm se constituído em mercado de trabalho para
o(a) assistente social, embora essa realidade seja em menor escala.60
O exercício liberal da profissão passa a ser uma realidade para muitos
profissionais a partir da década de 1990, quando, por exemplo, governos
estaduais e municipais passam a contratar os(as) profissionais de Serviço
Social para assessorar, implementar, executar, avaliar, entre outras ações, as
políticas públicas de seus governantes pós Constituição de 1988. Essa forma
de inserção profissional também irá se verificar no chamado Terceiro Setor.61
Até os anos de 1990, o mercado de trabalho profissional está em franca
expansão. A partir daí, inicia-se uma retração dessa mão-de-obra qualificada, sendo
que o exercício liberal da profissão via assessoria e consultorias variadas passa a
se constituir em alternativa a ser posta em prática para segmentos dessa profissão.
É oportuno destacar que, nesse quadro de análise, acima enfatizado,
passam a surgir inúmeros cursos de natureza privada, polos importantes
de formação do(a) assistente social, sobretudo, pela modalidade de Ensino
à Distância (EAD), que colocam nesse mercado profissional inúmeros
profissionais, que nem sempre estão prontamente preparados para assumir
com mais qualidade o exercício profissional.62
Enfim, o mercado de trabalho profissional é amplo e diverso. E, ainda que
nesses anos de 2020 para cá, a conjuntura brasileira e piauiense seja de crise
sanitária (com o advento do coronavirus) e de um crescente desmantelamento
dos serviços públicos estatais pós Constituição de 1988, deve-se reafirmar: o
setor público estatal é o principal empregador de assistentes sociais.
60 Uma pesquisa realizada em 2001, por Simone Guimarães, com a participação de estudantes do curso de
Serviço Social da UFPI, demonstrou que 103 profissionais cadastrados no Conselho Regional de Serviço
Social (CRESS) eram contratados tanto por instituições públicas quanto por instituições privadas.
61 A pesquisa de 2001 realizada por Guimarães também constatou que parte dos profissionais do Piauí
colocava-se no mercado de trabalho a partir do exercício liberal da profissão, prestando assessorias e
consultorias variadas e inúmeras entidades, entre essas, sindicatos e movimentos sociais variados, além
de entidades do chamado Terceiro Setor.
62 A nota de rodapé mais abaixo traz informações sobre os conceitos no ENADE de 2018 para os demais
cursos de Serviço Social existentes no Estado do Piauí.
70
sua criação, através de projeto elaborado pela professora Dra. Aglair Alencar
Setúbal, convidada pelo então Reitor José Camilo da Silveira para realizar
todos os procedimentos necessários à efetivação da proposta.
Após a sua criação, no ano de 1977, o curso ofereceu 40 vagas no pri-
meiro vestibular, cuja turma concluiu em abril de 1981. Atualmente o curso
oferece 50 vagas por ano de entrada. Segundo avaliação do ENADE de 2018,
o Curso de Serviço Social obteve nota 5, constituindo-se, assim, numa impor-
tante referência de formação profissional qualificada.
Outros cursos de Serviço Social passam a existir no estado no final da
década de 1990, na condição de cursos privados, como a Faculdade Adelmar
Rosado (FAR) (1999) e o Instituto Camilo Filho (ICF) (2002). Hoje existem
mais de 50 cursos nas modalidades presencial e/ou à distância, em ligação ou não
com outros congêneres nacionais, com características ou não de fins lucrativos.63
63 Conforme site do Ministério da Educação (MEC), no Piauí existem atualmente 58 cursos de Serviço Social
nas modalidades presencial e/ou à distância. Excetuando-se o curso da UFPI, que é de uma instituição
pública federal, os demais são de instituições privadas com fins lucrativos ou não. O MEC informa, em
consulta de 3 de maio de 2021, que todos os cursos foram criados nos anos 2000. Desses, apenas o curso
da UFPI obteve o conceito 5 nas avaliações no ENADE DE 2018. Os demais cursos oscilam conceitos que
vão de 1 a 3 nessas avaliações. Sobre a relação dos cursos de Serviço Social no Piauí verificar Ministério
da Educação – Sistema e-MEC.
64 Era assim denominado na época da criação do curso.
65 O primeiro currículo era composto das seguintes matérias e disciplinas, a saber: 1) Ciclo Geral de Estudos
– dividia-se em dois núcleos: a) Núcleo Comum: Português I; Inglês I ou Francês I; Matemática I; Introdu-
ção à Metodologia Científica. b) Núcleo Diversificado: Introdução à Sociologia; Elementos de Economia;
Introdução à Filosofia; Introdução ao Serviço Social. 2) Básicas Obrigatórias: Teoria do Serviço Social (I,
II e III); Serviço Social de Casos (I e II); Serviço Social de Grupo (I e II); Serviço Social de Comunidade (I
e II); Desenvolvimento de Comunidade; Planejamento Social; Sociologia do Desenvolvimento; Economia
Social e do Desenvolvimento; Introdução à Psicologia; Psicologia Social; Psicologia da Personalidade;
Psicodinâmica das Relações Humanas; Direito Usual; Legislação Social; Estatística Aplicada ao Serviço
Social; Política Social; Filosofia Social; Ética Profissional; Introdução aos Trabalhos Práticos; Elementos
de Antropologia Cultural; Estágio Supervisionado (I, II e III). 3) Complementares Obrigatórias: Métodos de
Pesquisa Social; Introdução à Administração; Administração em Serviço Social; Educação Física; Estudo
de Problemas Brasileiros (I e II); Planejamento Social. 4) Optativas: Antropologia Brasileira; Elementos de
Economia Brasileira; Serviço Social Médico; Serviço Social de Empresa. Esse currículo baseava-se no
Currículo Mínimo de 1970, aprovado pelo Conselho Federal de Educação, predominava uma separação
entre as disciplinas de teoria e prática. Daí as disciplinas de Teoria (I, II e III), dos métodos do Serviço Social
de Caso, de Grupo e de Comunidade, da disciplina de Introdução aos Trabalhos Práticos.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 71
66 O Núcleo Docente Estruturante foi criado através da Portaria N° 66, de 23 de julho de 2010 da Pró-Reitora
de Ensino de Graduação (PREG/UFPI), atendendo ao que estabelece a Portaria Normativa N° 5, de 22 de
fevereiro de 2010 do MEC. Na referida Portaria, foram designados para compor o Núcleo Docente Estruturante
do Curso de Serviço Social, do Campus Ministro Petrônio Portela, as seguintes professoras: Lila Cristina Xavier
Luz, Lúcia da Silva Vilarinho, Maria do Rosário de Fátima e Silva, Marlúcia Valéria da Silva e Masilene Rocha
Viana. No entanto, nele já marcou presença ativa as Profas. Rita de Cássia Cronemberger Sobral e Lúcia
Cristina dos Santos Rosa, que passaram a integrá-lo por conta de substituições necessárias e, em alguns
casos, temporárias. Assim, o esforço aqui sintetizado de revisar o projeto espelha trabalho de uma equipe
para além da que compõe o núcleo na atualidade. A primeira proposta apresentada pelo Núcleo Estruturante
não foi a provada e um novo Núcleo Estruturante foi constituído que deu origem as atuais mudanças apresen-
tadas neste documento. O Projeto Pedagógico que está em sua fase final para ser implantado, contou com
a participação das professoras que compuseram o NDE no período de 2018 – 2020. Atualmente o Núcleo é
formado por: Prof.ª Dr.ª Solange Maria Teixeira, Prof.ª Dr.ª Rita de Cássia, Cronemberger Sobral, Prof.ª Dr.ª
Iolanda Carvalho Fontenele, Prof.ª Dr.ª Maria D’Alva Macedo Ferreira, Prof.ª Dr.ª Edna Maria Goulart Juazeiro.
72
67 Sobre a representação do CRAS do Piauí, Delegacia Seccional ainda ligada à Delegacia do Maranhão,
tinha a seguinte composição: delegada Dulce Silva; secretária Ruth Meireles; tesoureira Cirene Cortez. A
primeira diretoria da delegacia do CRAS-PI foi: delegada Graça Silva, secretária Antônia Jesuíta; tesoureira
Lila Castro; suplentes Justina Cutrim e Lígia Veras.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 75
68 A diretoria provisória do SINDASPI tinha a seguinte composição: presidente Simone Guimarães; vice-presi-
dente Guiomar Passos; primeira e segunda secretárias Rosário Silva e D’Alva Macedo; primeira e segunda
tesoureiras Gorete Firmino e Maria da Cruz Moura; diretoria cultural Francisca Oliveira; conselho fiscal
Francisca Duarte, Jesus Paz e Teresinha Sá. A primeira diretoria do SINDASPI era composta pelos seguintes
membros: presidente Rosário Silva; vice-presidente D’Alva Macedo; primeira e segunda secretárias Fátima
Vasconcelos e Graça Silva; primeira e segunda tesoureiras Francimélia Nogueira e Raimunda Oliveira;
diretora cultural Vera Lúcia Nogueira; conselho fiscal Jesus Paz, Aparecida Maracajá e Constância Soares.
69 De 1982 a 1989, foram realizados 8 ENASPIS. O IX evento, que seria realizado em 1990, apesar de pro-
gramado, não foi possível ser realizado, por falta de condições operacionais e conjunturais. No seu lugar,
as entidades organizaram um debate sobre o governo Collor e o Plano Brasil Novo (aspectos econômicos
e sociais) e os desafios para a profissão e para os profissionais.
76
6. Conclusões
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Ricardo. Dimensões da crise e as metamorfoses do mundo do
trabalho. Serviço Social & Sociedade, n. 50. São Paulo: Cortez, 2002.
1. Introdução
70 O desenvolvimentismo também passou por uma fase modernizadora nos anos 1970, com a ditadura militar.
Não foi um ideal superado, mas que passou a ser intensamente subordinado aos interesses imperialistas.
84
Toda a minha prática, durante anos, no SESI e que se liga a uma prática
anterior em Jaboatão, foi importante pois representou a criação de desa-
fios que me levaram a iniciar as primeiras experiências... Naquela época
não escrevi nada... Não... Escrevi dois artigos, publicados no Diário de
Pernambuco, um sobre os círculos de pais e professores como educação
de adultos e o outro sobre assistencialismo... [...] naquela época, a dos
meus 24, 25, 26 anos... Creio que poderia ter dois polos de influência
sobre mim: de um lado assistentes sociais, a Escola de Serviço Social de
Pernambuco, assistentes sociais, todas católicas e Anita Paes Barreto que
em não sendo assistente social era, porém, primeiro do mesmo time dessas
assistentes sociais que eu vou citar e, segundo, era professora fundadora
dessa escola. É interessante recordar como mulheres de minha geração,
algumas um pouco mais velhas, outras um pouco mais jovens, três, quatro
ou cinco, me marcaram fundamentalmente – Anita Paes Barreto, Lourdes
de Moraes, Dolores Coelho, [...] Hebe Gonçalves71... Por isso mesmo é que
essa escola que me influenciou me chama para ela e eu fui professor da
escola de Serviço Social. [...]. Me lembro da ênfase que davam ao serviço
social de grupo, ao serviço social de organização de comunidade, se bem
que não desprezassem o trabalho com casos individuais (FREIRE, 1980
apud BEISIEGEL, 1982, p. 35).
71 Essas três últimas citadas foram as primeiras assistentes sociais de Pernambuco, atuando em diversas
instituições, e constituíram um importante núcleo docente da ESSPE durante toda a existência da instituição.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 87
Outro pólo foi exatamente a minha prática no SESI, pelo contato com os
trabalhadores, com grupos de trabalhadores, no que então chamávamos
Núcleos de Serviço Social, Comecei a trabalhar como assistente da Divi-
são de Educação e Cultura, logo depois fui para a direção dessa Divisão
e comecei a desenvolver um trabalho muito associado com as assistentes
sociais. [...]. Quando eu começo a trabalhar nos círculos de pais com
a escola, aí então eu tenho um aprendizado enorme com o povo e esse
diálogo com o povo foi elemento fundamental na minha formação. Foi o
segundo grande pólo e o mais fundamental mesmo de desafio a mim. Então
eu comecei um trabalho extraordinário com o povo, do ponto de vista de
sua linguagem, por exemplo, e de sua realidade, aí (FREIRE, 1980 apud
BEISIEGEL, 1982, p. 36).
O dr. P.F informa aos presentes dos recursos de que ele já dispõe, ou
seja, auxílio monetário, para início de atividades assim como a colabo-
ração de uma aluna da Escola de Serviço Social de Pernambuco. Acha
que ele já conta com os meios para iniciar as atividades preliminares
(DUARTE, 1957, p. 14).
72 Isso se exemplifica no próprio texto do “temário das reuniões”, onde estavam registrados pontos e perguntas
para provocar o debate. Além de incentivos para que outras perguntas e assuntos relacionados também
fossem levados para o espaço de reunião.
90
[...] Qualquer coisa de mais vivo do que vem sendo, de mais alma, de
mais emoção. Fazer dela pelo seu comportamento amigo, consciente, um
centro de interesse das famílias de seus alunos, preparando-se assim para
o papel mais amplo – Centro da Comunidade [...] surgirão cursos para os
pais, clubes dos pais, clubes dos amigos da escola. Pela manhã a escola
vivendo a algazarra dos meninos; à noite, uma instituição da comunidade,
querida dos adultos, trabalhando com eles, aproveitando seus líderes, dan-
do-lhes cursos de educação de base, interessando-se em conhecer a vida,
os padrões da comunidade (DUARTE, 1957, p. 16).
Se no trânsito que vivemos para uma sociedade “aberta” fatos novos estão
dia a dia pondo o homem brasileiro em atitudes mais democráticas, não
nos esqueçamos de que o nosso passado anti-dialogal, por isso anti-demo-
crático se afirma constantemente em nossas posições. [...]. Somos assim
dos que, participando felizes do trânsito que faz a sociedade brasileira,
vêem criticamente a necessidade que temos de não largar o homem para
que não se perca em posições massificadas. Dos que vêem a necessidade
de desenvolver a capacidade crítica do homem brasileiro, agregando-o
em grupos [...] (ARY, 1963, p. 53).
Ary (1963) considera que houve uma pequena procura pelas atividades
do Centro e que isso fez com que ela pensasse numa possível “inapetência
educativa” dos moradores, mas também reconhece que existiram obstáculos,
pontos positivos e que “[...] a luta pela recuperação ou conquista, através da
educação, das massas de adultos incultos” (ARY, 1963, p. 47) é uma tarefa
que leva tempo, e a experiência com o Centro de Cultura foi curta.
O maior destaque da experiência educacional no Centro de Cultura D.
Olegarinha foi a aplicação do método de Paulo Freire na alfabetização de
adultos em tempo recorde, e levando em consideração o cotidiano dos alu-
nos, para promover a elevação do senso crítico e do nível cultural do povo,
de acordo com o objetivo do Centro e reforçando a sua perspectiva de que:
5. Considerações finais
REFERÊNCIAS
ABREU, Marina Maciel. Serviço social e a organização da cultura: perfis
pedagógicos da prática profissional. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2018.
73 Parece-nos que esse objeto tem comparecido escassamente na agenda de pesquisas do Serviço Social no Brasil,
especialmente quando se tratam de estudos históricos de fases mais remotas dessa organização profissional. Salvo
engano, os empreendimentos mais destacados, nesse campo, foram oferecidos por Abramides (1995, 2009, 2016)
e Ramos (1996, 2005), além da compilação de artigos sobre o tema, publicada em ABEPSS (2004).
108
74 Trata-se de mais de duas centenas de recortes de matérias noticiando, entre as décadas de 1940-1990, a
atuação das organizações profissionais em Pernambuco, coletadas através da Hemeroteca Digital Brasileira da
Biblioteca Nacional. Já o acervo documental do CRESS, foi acessado através de visitas de campo realizadas
na entidade para a catalogação e organização do acervo através do projeto de extensão Memória e História
do Serviço Social em Pernambuco (MEHSSPE), desenvolvido na Universidade Federal de Pernambuco.
75 Referimo-nos à Lei n. 3.252, de 27 ago. 1957, que confere monopólio do exercício aos portadores do diploma,
e ao Decreto-Lei n. 994, de 15 maio 1962, que regulamenta a referida Lei.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 109
das bases de recrutamento para estratos mais baixos das camadas urbanas,
os progressivos assalariamento, laicização e profissionalização do Serviço
Social e a redefinição do papel das mulheres no âmbito extradoméstico. As
mudanças mais sensíveis, nesse sentido, são observadas apenas na passagem
dos anos 1970 para a década seguinte, evidenciando que as organizações do
Serviço Social passavam a ultrapassar o estágio embrionário, para alcançarem,
tanto uma existência administrativo-financeira mais sólida e robusta, quanto
um metabolismo político que tendia a desgarrar da tradicional equalização
com as forças dominantes.76
Numa mirada panorâmica da trajetória da organização profissional em
Pernambuco, os anos 1950-1960 englobam um estágio larvar e embrionário,
marcado pelo surgimento, institucionalização e implementação das primeiras
entidades dedicadas às lutas econômico-corporativas e de fiscalização-discipli-
namento do exercício da profissão: desde as longínquas ações da Associação
Brasileira de Assistentes Sociais (ABAS), registradas, aproximadamente, a
partir do início da década de 1950, através da existência de um de seus centros
regionais no estado77 – o Centro Regional de Pernambuco da ABAS desta-
cou-se, sobretudo nos anos 1950, pelos esforços dedicados à promoção da
profissão e à luta pela sua regulamentação, com importância nas articulações
para a posterior sindicalização e instituição do conselho corporativo; até a fase
inicial de implantação e implementação do Conselho Regional de Assistentes
Sociais 4ª Região e a primeira tentativa (malograda) de formação de uma
Associação Profissional de Assistentes Sociais de Pernambuco (APASPE),
localizadas na década de 1960.78Como decorrência da institucionalização
profissional, a emergência dessas duas instâncias de caráter orientador, disci-
plinador, fiscalizador e de defesa de interesses econômico-corporativos nesse
decênio, quando não refluiu, como no caso da APASPE, foi caracterizada por
um estágio bastante primitivo de aparelhamento e organização, como demons-
tra a trajetória do CRAS 4ª Região. Por sua vez, os anos 1970-1980 encerram o
momento de depuração dessas instâncias, com o CRAS 4ª Região moldando-se
como órgão fiscalizador e a APASPE, agora recriada, envolvida na empreitada
da construção da vida sindical das assistentes sociais. Nessas décadas, há um
2. Emergência e desenvolvimento da
organização corporativa e sindical
79 É bastante provável, no entanto, que esse Centro estivesse funcionando antes, posto que já em abril de 1951
estava procedendo a eleição para renovação de diretoria, como testemunha a nota do Diário de Pernambuco
de 13 de abril de 1951.
112
84 Segundo matéria do Diário de Pernambuco, de 06 de janeiro de 1961, foram enviadas para esse evento Hebe
Gonçalves e Jônia Lemos Sales de Melo, representando tanto o Centro Regional da ABAS, a ESSPE, o SESC
e a Secretaria de Ação e Cultura, nos quais atuavam. Adicionalmente, Hebe Gonçalves afirma, na matéria, que
aproveitaria para visitar outros países, como Israel, a fim de observar programas de desenvolvimento e organização
de comunidade, a partir do interesse da administração do SESC para aperfeiçoamento técnico de seu pessoal.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 115
85 Após a XI Conferência Internacional, em 1962 no Rio de Janeiro, novamente se identifica a atuação do Comitê
Regional do CBCISS no sentido de garantir uma delegação de Pernambuco na XII Conferência Internacional,
que iria ocorrer em Atenas, em novembro de 1964 (Diário de Pernambuco, 13 de junho de 1964).
86 O território que hoje conforma a região Nordeste, nesse momento, estava sendo referenciado por quatro
Conselhos Regionais: CRAS 4ª, referido acima; CRAS 2ª Região, com Maranhão e Piauí, sede em São
Luiz; CRAS 3ª Região, com Ceará e Rio Grande do Norte, sede em Fortaleza; CRAS 5ª Região, com
Sergipe e Bahia, sede em Salvador.
116
87 Basta cotejar, como demonstra Netto (2014, p. 45), o aumento no número de sindicatos no Brasil, no
pequeno intervalo entre 1960 e 1964, que saltou de 1608 para 2049; o crescimento do número de greves,
que foram 105 em 1961, 128 em 1962 e 149 em 1963, algumas com caráter nacional e teor não apenas
econômico, mas com evidente dimensão política; além da expressividade do movimento camponês, atra-
vés da ampliação dos sindicatos rurais, das greves no campo e da atuação das Ligas Camponesas, com
importante repercussão em Pernambuco.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 117
88 Tratou-se da indicação de Luciene Osias, então presidente do conselho fiscal do CRA 4ª Região, para o CFAS
em 1975, na ocasião do primeiro CBAS. A representante do CRAS conseguiu compor a chapa de Integração
CFAS/CRAS, liderada pelo presidente do CRAS 9ª Região, Luiz Pedrosa (Diário de Pernambuco, 05 de janeiro
de 1975). No início da década seguinte, em 1981, a própria presidenta do CRAS 4ª Região, Selma Castro, que,
durante os anos anteriores, se reconduziu por três mandatos, assume a presidência do Conselho Fiscal do CFAS.
89 Trata-se de um protesto contra o plano de reclassificação do funcionalismo público federal de nível superior da
administração do governo de Pernambuco, colocado pelo governador Eraldo Leite. A proposta, apresentada
em 1974, pelo decreto nº 6.730, assinado pelo governador, reproduzia uma hierarquia de níveis entre profis-
sionais universitários, prejudicando categorias como as de enfermeiros, nutricionistas e assistentes sociais, em
detrimento da elevação de cargos isolados das bibliotecárias. Algumas reportagens sobre o caso aparecem no
jornal Diário de Pernambuco de 14 e 16 de agosto de 1974, e no Jornal do Comércio, de 14 de agosto de 1974.
90 O jornal O Norte, de João Pessoa, noticia, em 08 de outubro de 1974, a presença do argentino Natálio
Kisnerman na capital, convidado pelo CRAS 4ª Região para ministrar um Curso de Atualização em Serviço
Social, orientado pela vinculação do assistente social no processo de desenvolvimento, numa ancoragem
nacional e voltada para os problemas concretos da população. Também o Jornal de Alagoas, em 28 de
novembro de 1974, anuncia a realização de um Curso sobre Reconceitualização do Serviço Social a ser
ministrado em 1975 pelo assistente social argentino.
91 Em 12 e 26 de janeiro de 1975, o Diário de Pernambuco noticia a realização de um curso sobre Desen-
volvimento de Comunidade, a ser ministrado no mês de fevereiro, pelo assistente social uruguaio Herman
Kruse, técnico de várias organizações internacionais.
92 Registra-se a presença do professor paulista na programação da III Semana do Assistente Social, em 1975,
ministrando palestra sobre O papel do Assistente Social no campo empresarial. O evento foi encerrado sob
a presidência do então governador biônico de Pernambuco, Moura Cavalcanti, diretamente nomeado pelo
general Ernesto Geisel, então presidente sob a ditadura. (Diário de Pernambuco, 09 de maio de 1975). Além
disso, a matéria de 18 de maio de 1975 informa que Sérgio Fhurmann havia ministrado um curso de 20 horas
em Recife com a participação de 200 assistentes sociais, depois de já ter realizado ação correlata em Natal e
Mossoró, patrocinada pelo SESI e SESC do Rio Grande do Norte. O interesse pelo papel do Serviço Social
nas empresas estava relacionado à expansão industrial promovida pelo II PND, no contexto do qual se passou
a tornar obrigatório a contratação de assistentes sociais em empresas com mais de 100 funcionários.
93 Em 1978, as edições de 04 e 12 de novembro do Diário de Pernambuco registram a realização de um curso
da referida assistente social (então assessora da Reitoria da PUC-SP e professora de outras faculdades
no Rio de Janeiro) com o tema Serviço Social – uma nova visão teórica (FALCÃO, 1978), o mesmo título
de um livro recém publicado pela mesma. Lastreada pela ideia de uma “nova visão teórica” e reclamando a
perspectiva da “reconceituação”, a obra efetivamente explora as veredas abertas pela “perspectiva moder-
nizadora” (NETTO, 2005) no Brasil, dadas desde a realização do Seminário de Araxá, de 1967.
94 As edições de 24 de abril e 03 e 19 de maio de 1979 do Diário de Pernambuco noticiam a realização de um
curso, organizado em parceria entre o CRAS 4ª Região e a UNICAP, para maio, sobre Planejamento Social,
ministrado pelo professor Seno Cornelly, voltado para o tema no planejamento na empresa privada e na
administração pública. Seno Cornely era então técnico da Metroplan do Rio Grande do Sul e membro da
Diretoria do Instituto Brasileiro de Planejamento, além de presidente da ALAETS e professor universitário.
118
100 Numa matéria do Diário de Pernambuco, de 11 de setembro de 1962, o Centro Regional de Pernambuco
da ABAS aparece convocando seus associados para discutir a posição de assistente sociais no projeto de
reclassificação do funcionalismo estadual. Nessa matéria, por suposto de interesse também da APASPE,
a mesma não aparece. Isso corrobora os dados que apontam para a diluição da entidade criada em 1960.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 123
3. Considerações finais
Nas quatro décadas que se estendem a partir dos anos 1950, as organiza-
ções profissionais do Serviço Social, com expressão no estado de Pernambuco,
percorrem uma trajetória que se estende desde (I) suas protoformas – galva-
nizadas pela afirmação da influência norte-americana e suas organizações
– então envolvidas no processo de afirmação e defesa do reconhecimento,
institucionalização e regulamentação da profissão; passando (II) pelo estágio
de gestação e desenvolvimento incipiente dos aparelhos próprios e legais da
categoria, dedicados à orientação, disciplinamento e fiscalização da atuação
profissional; até (III) o período subsequente no qual esforços mais consistentes
de aperfeiçoamento técnico-administrativo e de mobilização associam-se a
resultados mais sólidos de ativação da vida sindical e fixação de vínculos com
as reivindicações e movimentos mais amplos das classes exploradas no país.
No início, não apenas a intervenção dessas organizações ocorria, em
geral, nos limites das formas econômico-corporativas de luta; ela concorria,
ademais, para ativar a colaboração de assistentes sociais com as políticas
sociais e econômicas da ordem burguesa no país – seja aproximando-se de
posições nacional-reformistas do espectro desenvolvimentista, num momento
inicial, seja atrelando-se à perspectiva diretamente modernizadora do desen-
volvimento, no curso do ciclo autocrático-burguês – e isso vale especialmente
para a aparelhagem dos conselhos. Apenas na crise da autocracia burguesa,
quando se precipitam as lutas de classes, lastreadas no afluxo do movimento
101 Numa assembleia do SINDASPE de 16 de março de 1993, foi votado, por unanimidade, a extinção do
sindicato, deixando-se a cargo de uma comissão concretizar os trâmites legais necessários para tal (baixa
no cartório, extinção do CGC, etc.
126
102 Todas as evidências indicam que tais deslocamentos são deflagrados, inicialmente, a partir das movimen-
tações das organizações sindicais e pré-sindicais, repercutindo, depois, nos conselhos da categoria.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 127
REFERÊNCIAS
ABEPSS. Temporalis. Ano 4, n. 7 (janeiro/junho de 2004) – Articulação
Latino-Americana e Formação Profissional. Porto Alegre: ABEPSS, 2004.
FALCÃO, Maria do Carmo. Serviço Social – Uma Nova Visão Teórica. São
Paulo: Cortez & Moraes, 1977.
NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social. 7. ed. São Paulo: Cor-
tez, 2005.
128
Matérias de Jornais
CRAS encerra curso sobre planejamento social hoje à noite. Diário de Per-
nambuco (Primeiro Caderno), Recife, ano 154, n. 133, p. 24, sábado, 19
maio de 1979.
1. Introdução
O tema deste estudo é a trajetória do movimento estudantil de Serviço
Social em Pernambuco entre as décadas de 1950-1970. O movimento estu-
dantil é considerado como partícipe fundamental do processo de organização
política da categoria dos(as) assistentes sociais no Brasil (RAMOS; SAN-
TOS, 1997). Devido ao seu importante papel de aglutinador das juventudes,
este movimento constitui-se como canal de expressão coletiva destes profis-
sionais em formação, que são incluídos, pelos demais sujeitos coletivos da
profissão, como um dos segmentos que constroem o processo organizativo
do Serviço Social, destacando-se a sua importante presença em significativos
momentos de mudança, como na elaboração do Código de Ética, em 1993, e
das Diretrizes Curriculares, em 1996.
No Brasil, a relação entre as tendências críticas do processo de renovação
do Serviço Social e os movimentos das classes trabalhadoras e subalternas
é orgânica. Dentre as mediações dessa conexão social e política se encontra,
conforme Netto (2005), a luta do movimento estudantil, que se robustece
nas Escolas de Serviço Social ao longo do desenvolvimento da instituição
profissional. Abramides (2016), por exemplo, aponta a atuação do movimento
estudantil em Serviço Social, no período entre a deflagração do golpe de 1964
e o ano 1968, como uma variável a ser considerada no processo de ruptura com
o conservadorismo profissional, sendo este um aspecto ainda pouco explorado
em pesquisas da área. O período delimitado pela autora corresponde ao inter-
valo entre a irrupção do golpe e a publicação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5),
de 13 de dez. 1968, momento que o regime ditatorial se torna mais rígido e
ampliam-se as tentativas de repressão às formas de organização coletiva e
de expressão política, como sindicatos, movimentos populares, estudantis e
rurais. Nesse momento histórico, as entidades estudantis foram fechadas, com
vários de seus dirigentes presos pelos militares. Militantes foram perseguidos,
tendo que recorrer ao exílio e, a partir de 1971, de forma mais extensiva,
muitos foram torturados e mortos (ABRAMIDES, 2016).
136
103 Segundo Santos (2007), o CAISS era a entidade representativa de estudantes de Serviço Social da instituição
(atual Faculdade Paulista de Serviço Social), que oferecia curso de Serviço Social apenas para o público
masculino e funcionava no mesmo prédio da Escola de Serviço Social de São Paulo, voltada para mulheres
(atual Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 137
104 Em resposta ao pedido de empréstimo do Governo Kubitschek, o FMI impõe ao Brasil, como condicionalidade,
a adoção de uma série de medidas contracionistas e uma reforma cambial. Esse governo, por sua vez, não
suportaria, além das medidas contracionistas, uma reforma cambial que aumentasse ainda mais o custo
de vida e colocasse em risco as bases de apoio do governo. Após um ano de negociações, o Brasil rompe
com o Fundo. Em fevereiro de 1960, com a visita ao Brasil do presidente estadunidense, Dwight Eisenhower,
o Brasil reata com o FMI, que concede empréstimo ao Brasil em maio do mesmo ano (YOUNG, 2013).
105 “A ENESS teve sua atuação até meados de 1968, quando o Movimento Estudantil sofreu perdas significativas
após o desmantelamento de sua organização política pelos militares no congresso da UNE em Ibiúna no
mesmo ano” (SANTOS, 2007, p. 112).
106 A JUC, coordenada pela Ação Católica Brasileira, se torna, no início da década de 1960, uma força dirigente
na UNE, fazendo alianças com os setores da esquerda estudantil. Após sofrer a JUC críticas e restrições,
por parte da hierarquia da Igreja Católica, cria-se a AP, para converter-se em uma organização política mais
ampla e laica (DIAS, 2009).
138
108 Criado em 1964, o órgão tinha o objetivo de superintender e coordenar nacionalmente as atividades de
informação e contrainformação, sendo o principal meio de vigilância da Ditadura.
140
111 Depois renomeado como Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais (CBCISS).
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 145
112 De acordo com Netto (2013), a noção de “mudança social” (quase sempre articulada à de “moderniza-
ção”) está vinculada ao pensamento sociológico funcionalista norte-americano sobre o Serviço Social
nos anos 1950-1960. Ainda segundo o autor: “Construiu-se, à base daquele pensamento, uma ‘sociologia
do desenvolvimento’ segundo a qual a ‘solução’ para o subdesenvolvimento, implicando ‘mudança social’
e ‘modernização’, era sobretudo um equacionamento ‘técnico’, demandando essencialmente um eficaz
‘planejamento social’” (2013, p. 21, nota).
146
113 Anunciado pelo Papa João XXIII em 1959, o Concílio Vaticano II consistiu numa série de conferências
realizadas para modernizar a igreja, realizadas entre 1962 a 1965.
114 Apesar de ter sido citado como Almeri Vieira por Evany Mendonça, ao longo das pesquisas, cremos que se
trata de Almeri Bezerra de Melo, também citado por Celina Leite (2019).
115 No encontro realizado em Belo Horizonte foi escolhido o nome Ação Popular. No entanto, foram encontradas
divergências quanto ao marco fundador da AP. Alguns autores consideram o Encontro realizado no ano
seguinte, em Salvador, como verdadeiro marco (MENDES Jr., 1982).
148
Era bem claro para nós [diz a ex-diretora da ESSPE, Evany Mendonça]
que isso não tinha vínculo apostólico. A Escola não era por aí. Era um
pessoal católico de Lourdes Morais, mas o trabalho não era de apostolado.
Era um trabalho leigo, tinha que se respeitar a liberdade de cada um e não
tinha nada que ver com apostolado (MENDONÇA, 2002, p. 21).
116 Decreto-Lei n. 228, de 28 de fev. de 1967, conhecido como “Decreto Aragão” devido ao nome do ministro da
educação que o promoveu, Raimundo Muniz de Aragão. O decreto-lei alterava a Lei Suplicy, aumentando
o controle sob as atividades estudantis.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 151
117 Após a passeata dos Cem mil no Rio de Janeiro, realiza-se no dia 2 de julho do mesmo ano em Recife, “[...]
uma mobilização expressiva de cerca de quinze mil pessoas, com a presença, aqui também, de padres e freiras,
artistas e intelectuais, parlamentares, trabalhadores, com direito a vários discursos e a queima da bandeira
dos Estados Unidos, sem repressão e com a Polícia Militar nos quartéis” (ABREU; LIMA, 2008, p. 177).
152
bloco católico, seja por meio das Escolas e do movimento estudantil (IAMA-
MOTO; CARVALHO, 2014).118 Recorda Evany Mendonça:
118 Celina Leite (2019) menciona a sua presença no enterro do Padre Antônio Henrique Pereira, torturado
e morto pelo grupo do Comando de Caça aos Comunistas em 1969. Na ocasião, estudantes e pessoas
vinculadas ao Padre Henrique foram presas e tinham faixas denunciando as atrocidades do regime militar,
com os dizeres “A ditadura que baleou Candido, matou o padre Henrique”. O cartaz também fazia referência
à tentativa de assassinato de Cândido Pinto, presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP),
ocorrida no mesmo ano e que o deixou paraplégico. Na entrada do Cemitério da Várzea, um enorme aparato
policial aguardava a chegada do caixão e o grande público que acompanhava o cortejo desde o bairro
do Espinheiro até o cemitério. Para evitar um confronto entre os militares e os militantes presentes, Dom
Helder Câmara pediu, como homenagem ao Padre Henrique, que todos saíssem em silêncio. O relato de
Celina, de certa forma, demonstra a influência e a articulação da ala progressista do bloco católico com o
movimento estudantil.
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 153
4. Considerações finais
REFERÊNCIAS
ABRAMIDES, Maria Beatriz Costa. 80 anos de Serviço Social no Brasil:
organização política e direção social da profissão no processo de ruptura
com o conservadorismo. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, n. 127, p.
456-475, dez. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?scrip-
t=sci_arttext&pid=S010166282016000300456&lng=en&nrm=iso. Acesso
em: 19 Dez. 2020.
ABREU E LIMA, Maria do Socorro de. Das passeatas estudantis às lutas dos
trabalhadores rurais, 1968 em Pernambuco. Clio – Série Revista de Pesquisa
Histórica, Recife, v. 26, n. 1, 2008. Disponível em: https://periodicos.ufpe.
br/revistas/revistaclio/article/view/24200/19639. Acesso em: 02 abr. 2021.
Matérias de jornais
MAIOR amplitude à campanha de protesto das assistentes sociais. Diário de
Pernambuco, Recife, ano 133, n. 136, p. 8, quarta-feira, 18 junho de 1958.
APOIO dos alunos da E.S.S. a JK. Diário de Pernambuco, Recife, ano 134,
n. 137, p. 3, quarta-feira, 17 junho de 1959.
“MORTE e Vida Severina”. Diário de Pernambuco, Recife, ano 140, 10, 12, 15
e 17 dezembro de 1965.
1. Introdução
(1965) descreve sua atuação no Núcleo David de Souza do SESI, que abrangia,
desde o bairro de Sítio Novo, passando por Peixinhos, Salgadinho, Águas
Compridas, Campo Grande, Beberibe e Santo Amaro – territórios localizados
em Recife e Olinda. Já o TCC de Maria Amália Jatobá (1959) informa sobre
a experiência no Ibura, dentro do programa habitacional da Vila do Sesi de
Recife; e o TCC de Anail Amaral de Albuquerque (1966) aborda a ativi-
dade no Núcleo Joseph Turton do SESI, em Água Fria, que prestava serviços
médicos, assistenciais e educacionais. Por último, temos o TCC de Dinorah
Rodrigues Barbosa (1959), que descreve seu trabalho dentro do ambulatório
da Previdência Social do IAPI na capital, atuando com o chamado Serviço
Social Médico, na Divisão de Tuberculose.
A metodologia utilizada neste trabalho se baseia na teoria social crítica
marxista, e fundamenta-se na categoria totalidade para reproduzir a dinâ-
mica da sociabilidade capitalista e as contradições presentes em seu desen-
volvimento. Compreendemos que as experiências de estágio e trabalho das
assistentes sociais, citadas acima, estão permeadas pela estrutura imposta
pelo Modo de Produção Capitalista, alicerçado na propriedade privada dos
meios de produção e na exploração da força de trabalho da classe proletária.
Tal estrutura conforma o modo de ser da sociedade em questão e as relações
sociais presentes nela, as suas ideologias e instituições.
Na sociedade capitalista, existem duas classes fundamentais: a burguesia
e o proletariado. Tais classes são opostas e têm interesses distintos. A forma-
ção da classe operária está atrelada ao desenvolvimento do próprio sistema
capitalista e, na medida em que ele se expande, adquire novas formas e carac-
terísticas. O proletariado encontra-se destituído dos meios de produção e, con-
sequentemente, de sua fonte de subsistência, sendo, assim, obrigado a vender
a única mercadoria que ainda possui: sua força de trabalho. Ao mesmo tempo
em que o trabalhador produz a mais-valia e valoriza o capital, tal riqueza per-
manece concentrada nas mãos da classe burguesa, não havendo socialização
do lucro gerado por esse trabalho excedente. Aqui, nos concentramos em
estudar a parcela da classe trabalhadora que estava presente nos espaços de
trabalho das assistentes sociais: a classe operária. O proletariado industrial
(ou operariado) representa o núcleo da classe trabalhadora e possui particula-
ridades, fazendo parte do que Marx denomina como trabalhadores produtivos
(BOTTOMORE, 2013; BRAZ; NETTO, 2006; MARX; ENGELS, 2013).
No Brasil, a classe operária vai se consolidando no início do século XX,
com a afirmação de polos industriais no país e com o fim da escravidão. O
trabalhador, então “livre”, seria o responsável pela sua própria manutenção e
reprodução a partir do salário. Contudo, nos primeiros estágios do desenvolvi-
mento das forças produtivas capitalistas no país, a exploração era sobrenormal,
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 163
Com relação à educação das meninas, foi destinado o trabalho das religiosas da
Sagrada Família, e, para os meninos, dos Irmãos Maristas. Já em 1900, surgiu
a possibilidade da fundação da Corporação Operária, organização dividida
em três partes: central, sociedade cooperativa, sociedade mútuo socorro. A
parte central dividida em sessão religiosa, escolas e a sessão de distrações,
que tinha uma subdivisão composta pelo clube musical, clube dramático e a
sociedade de tiro ao alvo; a sociedade cooperativa fornecia alimentos, vesti-
mentas e artigos de consumo no geral; e a sociedade mútuo socorro tinha como
função a garantia ao atendimento médico, fornecimentos de medicamentos,
enterros e sepulturas.
Contudo, a partir de 1929 há uma mudança de conjuntura com o surgi-
mento das Leis Trabalhistas e Previdenciárias, e os operários passam a exigir
modificações com relação às suas condições de trabalho, o que, segundo o
dono da empresa, prejudicou o andamento do projeto. O Serviço Social é então
chamado a ingressar na instituição e as profissionais defendem a utilização
do Serviço Social de Casos, porque era entendido que os “clientes” tinham
como condicionante os “fatores culturais”, e criam uma Agência de Serviço
Social que funcionaria junto com a Fábrica, tirando-a da responsabilidade
da assistência. No primeiro momento, era realizada uma entrevista com os
operários para entender as problemáticas em que eles estavam inseridos e
assim direcionar o trabalho focando não só no operário, mas também para
constituir um plano dirigido para a sua família e a comunidade onde residia.
O que diferia, na atuação desses profissionais, eram os setores onde seriam
alocados, algumas em programas de saúde, voltados aos operários, outras em
setores de educação, com Cursos Populares para os jovens da comunidade
operária, ou em projetos de habitação desenvolvidos pelas empresas.
Outra experiência com o Serviço Social de Grupo foi relatada por Lima
(1963) e seu trabalho junto ao Clube Salesiano em 1963. Ela promovia,
baseada no método, orientações e dinâmicas para formação de grupos, pos-
suindo como base a criação e direcionamento dos grupos, para, assim, faci-
litar o entrosamento entre os participantes. Visava prestar auxílio material e
pedagógico, a fim de promover um “espírito de união e solidariedade” entre
os operários. Já Albuquerque (1965) afirma que um dos motivos pela esco-
lha do método de grupo do Serviço Social era devido à falta de estrutura e
organização da instituição e do próprio Clube. O Serviço Social atuava junto
com os pré-adolescentes e adolescentes do sexo masculino, trabalhando como
coordenador do Sesinho Clube, que proporcionava cursos de culinária, corte
e costura, trabalhos manuais e atendimento a família do trabalhador.
O Serviço Social também tinha atuação junto aos programas médicos,
como relatado nos TCCs anteriores. Contudo, o trabalho que mais informa a
experiência sobre a prática do Serviço Social Médico é o de Barbosa (1959),
exercido dentro do ambulatório de previdência social. A instituição onde
atuava era o IAPI, e a autora descreve a atuação do Serviço Social em alguns
casos. As profissionais atuavam na Perícia Médica, no preparo psicológico
do paciente para que recebesse melhor o tratamento médico, em ações edu-
cativas, encaminhamentos, articulações entre as áreas de saúde e habitação,
reforçando a importância do Serviço Social ocupar esse espaço.
Em suma, como apontado por Faleiros (2011, p. 31), essas práticas evi-
denciam a ideologia presente no Serviço Social da época, métodos que favo-
reciam os valores e pensamentos da classe dominante, os colocando como
universais e inquestionáveis. De acordo com o autor, essa prática isola os
indivíduos de sua classe, os colocando como responsáveis pelos problemas
de “desajustamentos” e a profissão operando como apaziguadora de conflitos.
Com relação aos trabalhos em que o método utilizado foi Serviço Social
de Grupo, como os de Lima (1963), Albuquerque (1965), Belo (1965), Albu-
querque (1966), os objetivos estavam voltados a aspectos mais subjetivos na
comunidade: “O inter-relacionamento dos grupos veio despertar o sentido
comunitário e de cooperação, dando-lhes, ao mesmo tempo, senso de ajuda
mútua e de responsabilidade” (ALBUQUERQUE, 1966, p. 63).
No método de Serviço Social de Grupo, foram encontrados mais resul-
tados positivos, segundo as autoras. As assistentes sociais sempre relatam
uma dificuldade inicial presente no público ao qual era destinado o método,
mas que, no decorrer das atividades, o grupo acabava por corresponder às
expectativas e revelar uma mudança significativa na comunidade.
176
5. Considerações finais
REFERÊNCIAS
ABREU, Marina. M. Serviço Social e a Organização da Cultura: Perfis
Pedagógicos da Prática Profissional. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
LIMA, Maria do Carmo Bezerra de. O clube sesiano como fonte de influência
para cidadãos movidos por um mesmo interesse. Recife, 1963. Monografia
(Graduação em Serviço Social) – Escola de Serviço Social de Pernambuco,
Recife, 1963.
1. Introdução
121 “É a partir da aurora do desenvolvimento do capitalismo que a história se constitui em história universal e que
os mais diversos rincões do planeta se integram, com graus de intensidade variados, em um sistema mundial,
dando passagem ao sistema mundial capitalista. Nesse nível situam-se problemas como o mercado mundial,
a divisão internacional do trabalho, o imperialismo, a dependência, o intercâmbio desigual e os movimentos
cíclicos do capital, com suas ondas longas e suas fases de ascenso e descenso” (OSÓRIO, 2012, p. 43).
184
122 “A fase de eclosão do mercado capitalista moderno é, na verdade, uma fase de transição neocolonial. Sua
delimitação pode ir, grosso modo, da Abertura dos Portos até aos meados ou à sexta década do século XIX
(tornando-se, como ponto de referência, as evidências históricas da crise estrutural irreversível do sistema
de produção escravista). A fase de formação e expansão do capitalismo competitivo se caracteriza pela
consolidação e disseminação desse mercado e por seu funcionamento como fator de diferenciação do
sistema econômico. Ela compreende, pois, tanto o período de consolidação da economia urbano-comercial
quanto a primeira transição industrial verdadeiramente importante; e vai, grosso modo, da sexta década ou
do último quartel do século XIX até a década de 1950, no século XX” (FERNANDES, 2020, p. 280).
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 185
123 As bases de uma questão regional no Brasil podem ser encontradas antes de 1930. Bernardes (2007, p. 54)
afirma que no período do Império já se germinaram distinções entre o Norte e o Sul do país: “A internalização
do poder, com o Estado nacional soberano, criou condições inteiramente novas para a vida política, impos-
síveis de existir durante a vigência do Antigo Regime e do Antigo Sistema Colonial. A própria localização
da corte, no Rio de Janeiro, contribuiu para uma nova territorialidade ao, de alguma maneira, dividir o país
em duas grandes regiões: o Norte e o Sul. Ou seja, na primeira localizavam-se as províncias situadas ao
norte da corte, que compreendia da Bahia ao Amazonas, e ao sul, as que compreendiam de São Paulo
até o Rio Grande do Sul.” Além disso, diz Bernardes (2007, p. 62), “[...] foi durante a Primeira República
que se efetivou a primeira iniciativa institucional do governo central com o objetivo de enfrentar a questão
das secas, questão que tinha um claro recorte regional. Essa iniciativa foi a criação da Inspetoria de Obras
Contra as Secas (IOCS), em 1909, no governo Nilo Peçanha (1906-1910). Entre 1915 e 1919, com maior
intensidade no período 1917-1919, mais uma grande seca assolou o Nordeste. No Congresso Nacional, o
deputado cearense Ildefonso Albano pronunciou um discurso, fartamente documentado, intitulado O secular
problema do Nordeste. Esse discurso teve uma larga repercussão, provocando intensas discussões sobre
o enfrentamento das secas e sobre a ação do Estado na região. A eleição do paraibano Epitácio da Silva
Pessoa para a presidência da República (1918-1922) deu início ao mais vasto programa governamental
de intervenção na região, comparado com tudo o que fora antes proposto ou realizado, tendo por foco a
questão das secas, mas buscando ir além de ações pontuais”.
186
124 “Em 1955, mesmo ano de fundação das primeiras Ligas em Pernambuco, reuniu-se no Recife o Congresso
de Salvação do Nordeste, congregando as mais diversas forças políticas, sociais e econômicas, em uma
verdadeira frente ampla em defesa de uma nova política para a região. No ano seguinte, a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil, realizou um encontro em Campina Grande no qual a questão regional esteve
na ordem do dia, indicando também em suas conclusões a necessidade de um outro tratamento para a
região” (BERNARDES, p. 70-71).
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 187
[...] nova era na história brasileira, cuja palavra síntese era o desenvolvimen-
tismo. Um momento especial da história brasileira e da mundial, carregada
das tensões do pós-guerra, e, também, das esperanças do desenvolvimento
para combater as desigualdades entre as nações e as desigualdades regionais
em seu interior. Desenvolvimento com democracia e combate à miséria
pareciam ser a melhor forma de evitar o crescente fascínio da experiência
soviética sobre os trabalhadores e sobre os deserdados da terra.
125 Anos depois Francisco de Oliveira (apud BERNARDES, 2007, p. 73) descreveu o documento da seguinte
forma: “Este texto é um clássico. Com a datação do seu tempo, ele é a certidão de nascimento de um tempo
inovador, verdadeira caixa de Pandora de um turbulento processo cujos tremores repercutem até hoje. Cuja
decifração não lhe cabe, mas compete aos homens saídos desse caldeirão do qual foi apenas anúncio.”
188
3. Conclusão
REFERÊNCIAS
BERNARDES, Denis de Mendonça. Notas sobre a formação social do Nor-
deste. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n. 71, p. 41-79, 2007.
A
Ação Católica 23, 24, 27, 48, 51, 52, 56, 57, 58, 88, 137, 147, 148
Ação Popular 35, 37, 137, 138, 147, 155
Assistente social 30, 39, 60, 68, 69, 72, 75, 77, 78, 79, 80, 86, 91, 96, 103,
108, 113, 117, 118, 119, 122, 123, 128, 129, 131, 132, 133, 141, 146, 157, 196
Atuação profissional 9, 36, 46, 76, 77, 106, 111, 125, 128, 158, 177
B
Burguesia 49, 50, 52, 57, 109, 162, 163, 166
C
Capitalismo 15, 33, 35, 44, 47, 48, 82, 83, 84, 103, 104, 106, 107, 127, 138,
145, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 188, 190
Classe operária 8, 11, 50, 99, 161, 162, 163, 164, 166, 168, 174, 176, 177
Conselho Regional de Serviço Social 69, 107, 115
D
Desenvolvimentismo 36, 83, 84, 87, 103, 143, 144, 145, 187
Desenvolvimento de comunidade 26, 27, 28, 31, 32, 36, 38, 70, 84, 87, 98,
99, 100, 102, 103, 114, 115, 117, 143, 176, 190
Desenvolvimento desigual 11, 15, 181, 182, 186, 190
Diretório Acadêmico de Serviço Social 136
Ditadura 13, 39, 44, 83, 106, 111, 117, 124, 127, 128, 138, 139, 146, 147,
149, 152, 155, 156, 168
E
Educação de base 27, 37, 90, 93, 99, 100, 143
Educação popular 7, 11, 27, 37, 38, 81, 85, 95, 99, 100, 101, 103, 105,
145, 148
Escola de Serviço Social 7, 11, 16, 18, 19, 23, 27, 28, 29, 30, 32, 33, 35, 37,
38, 39, 40, 41, 45, 47, 48, 49, 51, 52, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 65,
81, 85, 86, 87, 89, 93, 105, 106, 112, 132, 136, 137, 140, 156, 161, 169, 178,
179, 180, 195
Espaços ocupacionais 10, 15, 32, 109, 164, 168
Estado 9, 11, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 23, 25, 26, 28, 33, 34, 35, 37, 39, 41,
43, 44, 46, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 59, 60, 61, 62, 63, 65, 67,
192
68, 69, 70, 72, 73, 75, 76, 78, 81, 82, 83, 84, 85, 99, 109, 110, 111, 113, 114,
118, 120, 121, 124, 125, 126, 133, 136, 139, 141, 145, 146, 154, 156, 157,
158, 164, 165, 166, 168, 176, 182, 185, 186, 187, 188, 189, 195, 196
I
Igreja Católica 33, 43, 49, 50, 51, 64, 137, 145, 147, 148, 169, 186, 189
Industrialização 17, 18, 21, 22, 24, 25, 34, 47, 52, 82, 83, 84, 102, 145, 165,
169, 188
Intenção de ruptura 37, 40, 104, 120
L
Ligas Camponesas 25, 26, 27, 30, 83, 104, 115, 116, 145, 186, 189
Lutas de classes 84, 103, 109, 115, 121, 125, 182, 187, 188
M
Marxismo 33, 35, 44, 147, 153
Movimento estudantil 7, 11, 35, 83, 128, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 143,
146, 148, 151, 152, 153, 154, 155, 156, 157, 195
N
Nacional-desenvolvimentismo 103, 143, 145
Nordeste 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 24, 25, 26, 27, 28,
29, 30, 31, 32, 35, 36, 37, 39, 42, 45, 46, 67, 84, 103, 107, 112, 115, 117,
123, 128, 136, 139, 145, 149, 158, 163, 171, 179, 181, 182, 183, 185, 186,
187, 188, 190
O
Organização profissional 7, 11, 107, 108, 110, 111, 121, 124, 126
P
Paulo Freire 7, 11, 27, 28, 32, 33, 34, 35, 37, 45, 81, 85, 86, 87, 89, 90, 91,
92, 93, 94, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 145, 147, 148
Proletariado 20, 21, 22, 50, 104, 108, 122, 162, 165, 169
Q
Questão social 15, 20, 31, 39, 43, 47, 48, 49, 50, 51, 55, 56, 57, 59, 63, 66,
77, 78, 80, 84, 103, 104, 163, 164, 165, 170, 173, 196
R
Reconceituação 13, 40, 61, 74, 104, 117, 139
A RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO NORDESTE 193
S
Serviço Social 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 18, 19, 23, 24, 25, 26, 27,
28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48,
49, 50, 51, 52, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70,
71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 80, 81, 83, 84, 85, 86, 87, 89, 93, 98, 99, 100,
103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117,
118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132,
133, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 143, 144, 145, 146, 148, 153, 154,
155, 156, 157, 158, 161, 162, 163, 164, 165, 166, 167, 168, 169, 170, 171,
172, 173, 174, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 190, 195, 196, 197
Serviço Social de Grupos 31
Sindicato 75, 111, 121, 122, 124, 125
SUDENE 8, 11, 17, 18, 25, 30, 31, 36, 45, 128, 143, 181, 182, 184, 186,
187, 188, 189, 190
SOBRE AS AUTORAS E OS AUTORES
Adilson Aquino Silveira Júnior
Professor Adjunto do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE). Doutor e Mestre em Serviço Social da Universidade
Federal de Pernambuco. Coordena o projeto de extensão História e Memó-
ria do Serviço Social em Pernambuco (MEHSSPE). Desenvolve pesquisas
e publicações com os temas Teoria Social, Política Social, Fundamentos e
História do Serviço Social. E-mail: j_r1987@hotmail.com