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AD: disciplina de entremeio

Porque: trabalha no entremeio da linguística saussuriana, do materialismo histórico e da


psicanálise, interrogando a ausência de intermediação entre cada área. Assim, a AD tece
críticas à prática das Ciências Sociais e da Linguística, refletindo como a linguagem se
materializa na ideologia e como a ideologia se manifesta na língua.

Análise do discurso ≠ análise de conteúdo

Análise de conteúdo: o que este texto significa?

Análise de discurso: Como esse texto significa?

O DISCURSO

Objeto da AD. Não tem relação com a transmissão de informação, nem linearidade. O que se
propõe é pensar o discurso a partir do complexo processo de constituição dos sujeitos
afetados pela língua e pela história que produzem sentidos, e não simplesmente transmitem
informação. Daí a definição de DISCURSO para a AD: efeito de sentidos entre os locutores.

Portanto, a AD diferencia-se da Análise de conteúdo porque não estaciona no ato de


interpretar, mas sim busca a materialidade do dizível opaca no que não foi dito,
demonstrando, pela historicidade e condições de produção, as interpelações ideológicas do
sujeito da enunciação.

Importa dizer também que as análises feitas por este método não se esgotam, pois todo
discurso se estabelece na relação com um discurso anterior, que aponta para outro. Não há
discurso fechado em si mesmo, mas som processos discursivos que podem ser recortados e
analisados diferentemente.

CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO

O texto é a unidade de análise afetada pelas condições de produção, onde apresenta-se a


relação da ideologia om a linguagem, onde projetam-se os sentidos.

As condições de produção, considerando o texto discursivo, carregam as formações


discursivas, que são formadas pela memória discursivas do sujeito, diretamente relacionadas
com o interdiscurso.

O interdiscurso é o lugar em que todas as FDs se encontram e, em uma análise, uma


predomina. Todo o sentido já dito, em algum lugar, tem efeito sobre um discurso. As
condições de produção, portanto, formam a memória, a materialidade do discurso, necessária
para a identificação da formação ideológica do imaginário do sujeito discursivo.

IDEOLOGIA

Ao tratar de ideologia, pode-se dizer que, enquanto prática significante, esta aparece como
efeito da relação necessária do sujeito com a língua e a com a história. Ela produz um efeito
elementar na constituição do sujeito discursivo, posto que, pela interpelação deste, inaugura-
se a posição-sujeito, colocando-o como produtor de sentidos. Não há sujeito sem ideologia.

A ideologia relaciona-se diretamente com a memória, mas não a memória individual, o


inconsciente, e sim com a historicidade e as condições de produção. Isto porque o sujeito
enquanto indivíduo pouco importa para a AD. O que leva-se em conta do sujeito, para alcançar
o opaco do discurso, o atravessamento pela linguagem e pela história de quem diz. Logo, a
ideologia vem de um lugar coletivo, a medida em que o sujeito do discurso, no seu
inconsciente, é assujeitado por ela e, portanto, determinado a sofrer os efeitos da interpelação
ideológica, pois não há como não ser afetado por esta ao constituir-se.

ESQUECIMENTOS

Da mesma forma que a memória é questão fundante tanto para as condições de produção
quanto para as formações ideológicas, o esquecimento também é estruturante na AD. Os
discursos já existiam antes de nós, eles já estavam em processo antes de nascermos e isto não
é sobre singularidade. Não somos o início de nada, nem do nosso próprio dizer. Afetados pela
língua e pela história, as materializamos.

Neste sentido, a AD define dois níveis de Esquecimentos necessários para a produção de


sentidos em um discurso:

Esquecimento número 2 – da ordem da enunciação: é o esquecimento que nos dá a sensação


de ilusão referencial. Ao falarmos, o fazemos de determinada maneira e não de outra. Este
esquecimento gera o que chamamos de “paráfrase”, de modo que pensamos que o que
dizemos só pode ser dito com determinadas palavras, e não com outras.

Esquecimento número 1 – da ordem da ideologia: Nos faz acreditar que somos a origem do
que dizemos e que não há relação direta entre nosso dizer, a língua e a história. Este
esquecimento é da instancia do inconsciente, pecheux chama de “efeito Münchhausen”.

INSCONSCIENTE

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