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Resumo
1. Introdução
Então, a ideologia “não é ocultação, mas função necessária entre língua e mundo”
(ORLANDI, 1997) é o que vai estar entre o sujeito e tudo aquilo que influencia na
produção do seu discurso.
2. Ideologia
Segundo MARX & ENGELS (2002), ideologia é conjunto de ideias que procura ocultar
a sua própria origem nos interesses sociais de um grupo particular da sociedade. Para
Marx, ideologia pode ser considerada como um instrumento de dominação que age
através do convencimento e não da força, de forma prescritiva, sendo uma forma de
alienação da consciência humana e de mascarar a realidade. Dessa forma, o conceito de
ideologia aparece em Marx como a falsa consciência, uma ilusão em que a realidade é
maquiada. Essa falsa consciência camufla a realidade para os ideais ou vontades da
classe dominante.
A ideologia, por ser uma concepção de mundo do sujeito em um grupo social, época ou
status no qual esteja inserido, materializa-se no discurso e este é materializado pela
linguagem (sendo esta verbal ou não-verbal). As formações ideológicas é que dão
significado às falas dos interlocutores.
3. Condições de produção
4. Análise
O objeto de estudo, neste artigo, é a Charge, logo abaixo, cuja temática é a política.
Analisou-se, por meio da teoria da Análise de Discurso seus elementos constituintes,
além dos efeitos de sentido produzidos, presentes no texto e aspectos ligados a
exterioridade.
Fonte: https://michellyribeiro.com/2011/06/22/um-pais-que-se-cansou-do-mais-ou-menos/charge-
politica-humor1/
Observa-se na charge uma situação política humorizada, na qual temos um discurso de
um candidato à eleição. Todo e qualquer político nos traz a memória um Sujeito
corrupto, que não cumpre o que diz e que não se pode confiar. Temos dois efeitos de
sentido produzidos pela fala do candidato: primeiro, quando diz “neste bolso nunca
entrou dinheiro público”, dar-se a entender, para aqueles que não conhecem todo o
contexto dos políticos, que este é um político honesto e que jamais iria usar o dinheiro
público para gastos pessoais. O segundo efeito de sentido é justamente quando o eleitor
tem conhecimento do histórico político e sabe que não se pode confiar, isso fica claro na
fala do eleitor na Charge quando diz “tá de calça nova, né?”.
Percebe-se que o sentido não está apenas no texto, mas ligada à exterioridade, nas
condições em que são produzidos. As condições de produção se dão pela relação entre
sujeito, a situação e memória. Podemos perceber na charge a condição de produção no
sentido estrito pelo contexto imediato como observamos, por exemplo, o candidato que
está se elegendo, o local onde acontece esse discurso político, os sujeitos que ali estão e
o momento da propaganda. Podemos identificar o sentido amplo através dos elementos
que produzem efeitos de sentido, tão marcados e identificados em nossa sociedade, por
exemplo: o modo como se elege representante (avaliação de suas propostas, histórico de
vida político e pessoal) e a organização do poder, por meio da hierarquia ou posições.
O interdiscurso disponibiliza dizeres que afeta o modo como o sujeito significa em uma
situação discursiva dada (Orlandi, 2001, pág. 31). O discurso ou pronunciamento do
candidato é algo marcado em nossa sociedade como mentiras e promessa que não serão
cumpridas (os sentidos que são mobilizados pelo sujeito que produz tal enunciado), ou,
até mesmo, o sentido por detrás do discurso “neste bolso nunca entrou dinheiro
público”. Quando se ouve do político seu desuso do dinheiro público para fins pessoais,
se torna inacreditável, por mais que se trabalhe em prol da sociedade porque já é
concebido como um discurso falso.
5. Conclusão
A partir do discutido, pudemos observar que as condições de produção, o sujeito,
a ideologia, os efeitos de sentido e todos os demais conceitos da AD acabam por formar
uma “teia” na qual se insere todo e qualquer discurso. Analisar um discurso por um viés
simplista ou acreditar que um discurso não possui uma ideologia e um posicionamento
histórico, social ou cultural é inválido, bem como acreditar que um sujeito, enquanto
inserido numa condição de produção, não esteja também propagando uma ideologia,
que será materializada linguisticamente por meio de um discurso.
Referências