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RIO DE JANEIRO
2004
ii
Rio de Janeiro
Dezembro – 2004
iii
Banca Examinadora:
Rio de Janeiro
2004
iv
FICHA CATALOGRÁFICA
xiii, 200p.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de
Enfermagem Anna Nery. 2004.
Orientadora: Tânia Cristina Franco Santos.
1. Enfermagem 2. História da Enfermagem – Brasil
3. Ensino de Enfermagem 4. Religião I. Título
CDD 610.73
v
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
A meus pais, por nunca me faltarem com o apoio necessário em cada dia
de minha vida.
deste trabalho.
NUPHEBRAS, que com sua estrutura contribuiu muito para ampliar o meu
A Profª Drª Lúcia Helena Silva Correa Lourenço, cuja contribuição foi
com você.
ix
RESUMO
Anna Nery (EAN) no (re) alinhamento das posições de poder e prestígio no campo da
Oswaldo Cruz, do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, além dos depoimentos
Enfermagem Anna Nery, liderada por Laís Netto dos Reys, pelo poder de enunciar o seu
Fraenkel.
x
ABSTRACT
This is a historical and social study which subject is the participation of the Anna Nery
Nursing School (EAN) in the realignment of the power positions in the Nursing
Education field. The study is situated in a time frame that goes from 1931 to 1949. The
main sources are the publication of edict nº 20. 109/31 and the last part of the
promulgation of Law nº 775/49. The primary documentary sources were: Written and
Metropolitana of Saint Sebastian of Rio de Janeiro; the Memorial Center of the Nursing
Faculty of the UERJ; the History of Nursing Investigation Center of UNIRIO¸ the
Deparment of the Casa Oswaldo Cruz; Archive General of the City of Río de Janeiro,
plus the testimonies of students, teachers and retirees of the EAN. The research was
guided by the ideas of Pierre Bourdieu and it proves the symbolic fight of the Anna
Nery Nursing School, leaded by Laís Netto dos Reys and the guidence of her discourse
in the formation of the Brazilian nurse in rivaltry with the Sao Paulo Nursing School
RESUMEN
Nery, lidereada por Laís Netto dos Reys y la fuerza de su discurso en la formación de
SUMÁRIO
SUMÁRIO
- CONSIDERAÇÕES INICIAIS 01
• Objeto de Estudo.................................................................................... 01
• Tese........................................................................................................ 09
• Objetivos................................................................................................ 09
• Motivação............................................................................................... 10
• Contribuição........................................................................................... 10
• Antecedentes históricos.......................................................................... 25
LISTAGEM DE FOTOGRAFIAS
Páginas
Foto nº 2 Visita do Cardeal arcebispo Dom Sebastião Leme à Escola Anna Nery, 70
em 21 de novembro de 1939
Foto nº 7 Comitiva da Escola Anna Nery, em visita ao Palácio do Catete por 126
ocasião da V Semana da Enfermeira, em 22 de maio de 1945
1 - INTRODUÇÃO
junho de 19311, que atribuiu à Escola Anna Nery o status de escola oficial padrão, para
situa-se o ano de 1949, eis que a promulgação da Lei nº 775 ocorreu em 6 de agosto de
Saúde.
1
Além de regular o exercício da enfermagem no Brasil, fixa as condições para a equiparação das escolas
de enfermagem, definindo a Escola de Enfermagem Anna Nery como oficial padrão.
2
Dispõe sobre o ensino de enfermagem no país e dá outras providências.
2
oficial do sistema nightingale no Brasil ocorreu a partir de 1922, com a criação no Rio
Nacional de Saúde Pública (DNSP), atual Escola de Enfermagem Anna Nery. Essa
concorrentes, como a igreja e o exército brasileiro, até então tidos como representantes
109/31, pontuando que, a partir da promulgação desse diploma legal, tanto a igreja
Nery. Note-se que o dispositivo em tela abalizava, por parte do Estado nacional, a
3
pelo Presidente Getúlio Vargas e pelo Ministro de Estado da Guerra, José Fernandes
com duração de apenas um ano. Cumpre registrar que os militares formados nesse
emitidos pela Escola Anna Nery ou Escolas de Enfermagem a ela equiparadas, cujo
hospitalares, tendo em mente que as freiras não possuíam aquela titulação. Desta forma,
assinatura de outro Decreto3, que garantia às irmãs da caridade o direito de exercício das
3
Decreto nº 22 257, de 26 de dezembro de 1932, também assinado pelo Ministro da Guerra, José
Fernandes Leite de Castro.
4
atividades como as profissionais “padrão Ana Neri”, bastando que comprovassem, até
aquela data, atuação de, pelo menos, seis anos de prática efetiva de trabalho como
enfermeira.
capital cultural obtido pelas enfermeiras formadas por esta instituição, demandou a
necessidade de aquisição deste capital por parte das religiosas. Dessa forma, teve início
1933, foi “fundamental na defesa do espaço ocupado pela Igreja nos serviços de
dentre outras4, foi equiparada à escola oficial padrão, durante a gestão de Laís Netto dos
2002, p.208).
4
Escola Carlos Chagas e Escola de Enfermeiras do Hospital São Paulo, das Irmãs Franciscanas
Missionárias de Maria (Baptista; Barreira, 1997, p.36).
5
Laís Netto dos Reys, era de uma família tradicional. Além de muito religiosa, agregava capital cultural
e social como parte de seus atributos pessoais. Foi formada na primeira turma do Curso de Enfermagem
da Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública, atual Escola de Enfermagem
Anna Nery, em 1925. Realizou pós-graduação nos Estados Unidos da América, além de outros na Europa.
5
do Hospital São Paulo, criada em 1938, ambas sob orientação católica, asseguravam o
as práticas dos leigos, inculcando-lhes um habitus religioso...”, pois, nem todas as suas
permitia a sua diretora, Laís Netto dos Reys (1938 – 1950), capitalizar lucros
respeito da equiparação das escolas ao modelo oficial padrão da escola por ela dirigida.
Anna Nery, foram criadas vinte e quatro escolas de enfermagem, sendo nove (37,5%)
católicas, três (12,5%) ligadas a hospitais evangélicos, seis (25%) estaduais, três
(12,5%) federais, duas (8,33%) da Cruz Vermelha Brasileira e, uma (4,17%) municipal
Atou como Assistente de Diretora junto ao Hospital de Isolamento São Sebastião, até 1931. No Brasil,
teve presença marcante nos estados de São Paulo e de Minas Gerais. Nesse último, com participação
efetiva na criação e direção da Escola de Enfermagem Carlos Chagas, a primeira a formar irmãs da
caridade no Brasil. Em 1938, foi nomeada diretora da Escola de Enfermagem Anna Nery, onde
permaneceu no exercício da função até julho de 1950, época de seu falecimento.
6
Criado em função do Decreto 20 109/31, teve seus membros designados pelo Ministro da Educação e
Saúde apenas em 1942, com a finalidade de acompanhar o processo de equiparação da Escola de
Enfermagem Carlos Chagas, da Escola de Enfermagem do Hospital São Paulo e da Escola de
Enfermagem Luiza de Marillac. Cabia também a esse Conselho, sob a presidência de Lais Netto dos
Reys, estudar os problemas nacionais da enfermagem ( CD. EEAN/ UFRJ. Ata da 1 ª Reunião de
Diretoras de escolas de Enfermagem. 1943).
6
região sudeste, cinco na região nordeste, três na centro-oeste e uma, na norte. Quando
enfermeiras, para atuar nos serviços de saúde pública e atender a uma nova perspectiva
existência de hospitais bem equipados no Rio de Janeiro, São Paulo e em outras partes
do país, além dos hospitais de ensino clínico, em fase final de construção nos estados de
São Paulo e Bahia e um projetado para o Rio Grande do Sul (CPDOC da FGV – arquivo
Gustavo Capanema).
modelo de assistência, bem como a exigência de recursos humanos para dar conta
7
Organização americana que atuou em vários países, dentre eles os da América Latina e, mais
especificamente, no Brasil, com investimentos no campo da saúde e da enfermagem. Apoiou a Missão de
Cooperação Técnica para o Desenvolvimento da Enfermagem no Brasil, mais conhecida como “Missão
Parsons”.
7
jogo”.
Pública (SESP), criado em 1942, como órgão autônomo, onde funcionou a Missão
2000, p. 213-215).
Kienninger, como chefe desta Missão8. Sem sombra de dúvidas, esse episódio
8
Com a finalidade de participar da implantação do SESP na Amazônia e no Vale do Rio Doce, para a
extração de materiais estratégicos à industria bélica. Ao mesmo tempo, cabia a essa Missão Técnica,
liderada por miss Kienninger, desenvolver atividades de cooperação técnica e financeira com escolas e
serviços de enfermagem (BARREIA; SAUTHIER; BAPTISTA, 2001, p. 161).
9
Escola de Enfermagem de São Paulo, Escola de Enfermagem da Prefeitura do Distrito Federal, Escola
de Enfermagem do Estado do Rio de Janeiro, Escola de Enfermagem do Pará, Escola de Enfermagem de
Manaus, Escola de Enfermagem da Bahia e a Escola de Enfermagem do Recife.
8
localizadas na região sudeste. Nesse processo, as candidatas oriundas das regiões norte
tendência para a área hospitalar. Para dirigir esta escola, a Fundação Rockefeller elegeu
Rio de Janeiro desde a sua criação em 1926. Mais tarde, em 1946, a enfermeira citada
10
Atual Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP).
11
Chefe da Missão de Cooperação Técnica para o Desenvolvimento da Enfermagem no Brasil e da
Superintendência do Serviço de Enfermeiras do DNSP.
12
Presidiu a entidade nos períodos de 1927 a 1938, de 1941 a 1943 e 1948 a 1950.
13
À época, única entidade de classe da enfermagem, com papel importante para o desenvolvimento
cultural e científico da categoria.
14
A redação e a administração de Anais de Enfermagem, atual REBEn foi instalado, em 1946, nas
dependências da Escola de Enfermagem de São Paulo da Universidade de São Paulo (CARVALHO,
1976, p. 337).
9
Arquivo e Documentação. COC. SESP. Cx 13, 15, 16 e 19), mesmo quando não
vigorava a Lei 775/49, cuja função seria mais adequadamente realizada pela “Escola
15
No estado da Bahia e no Recife.
10
participação da Escola Anna Nery no movimento católico, bem como de seus reflexos
• Os conceitos teóricos
conceitos de habitus, campo, poder e violência simbólica, tal como formulados pelo
sociólogo francês Pierre Bourdieu, que concebe a “história social das formas
(2000, p. 38) como uma “gramática gerativa de práticas conformes com as estruturas
11
objetivas de que dele é produto”. No interior dos diversos campos, essas práticas se
tornam manifestas mediante a luta que se estabelece por posições de poder e prestígio,
uma vez que os indivíduos estão “distantes por suas disposições subjetivas dos bens
(2000, p. 69). Assim entendida, a luta que ocorreu no interior do campo da educação
medida em que pode ser efetivamente contestada não só pelos menos legítimos, como
também por novatos portadores de armas legítimas” Este é o caso das novas escolas,
criadas ao longo da década de 40, cujas alianças lhes conferiam poder dentro do campo
etc.) cuja coerência não se deve senão à necessidade, para cada posição, de
conseguiu impor monopólio sobre a gestão dos bens de salvação, torna-se possível
conjuntura.
mundo, em particular do mundo social”. Com tal propósito, a cultura dominante tem
com o “poder de construir o dado pela enunciação, de ver e fazer crer, de confirmar ou
impõe por meio de uma violência simbólica, capaz de permitir a obtenção daquilo que
próprias aos diferentes grupos ou classes, colabora para perpetuar e reproduzir a ordem
religiosa do mundo natural e sobrenatural, o que equivale dizer que esses pensamentos,
percepções e ações são ajustados aos princípios de uma visão política do mundo social.
aparelho de tipo burocrático, capaz “de exercer de modo duradouro a ação contínua
sentir a necessidade específica de seus produtos” (Bourdieu, 1992, p.59). Decorre daí
imateriais similares, cumprem função política, ao mesmo tempo em que parecem apenas
• Operacionalização da pesquisa
realizada com a diretora da Escola Anna Nery, à época, Laís Netto dos Reys, dedica
Laís Netto dos Reys na direção da EAN (1938 – 1950). Apesar de o recorte temporal
Berta Lucile Pullen (1934 – 1937), julguei pertinente fixar o olhar sobre as fotos que
remetem a esse momento, pois considero o tempo de Laís Netto dos Reys como diretora
da EAN, demarcado por uma espécie de revolução simbólica, expressa pela expansão de
enfermagem.
tempo de Laís, como diretora da EAN e outra no período em que foi diretora da Escola
fontes, bem como evidenciar ambigüidades que não estavam presentes nas fontes
escritas e orais.
meramente como ilustração, através do método criado por Santos e Barreira (2002, p.
25), onde as autoras enfatizam que a leitura do texto fotográfico deve comportar a
achados dos documentos escritos ou colocar evidências, as quais acredito que não
Enfermagem Anna Nery e obteve autorização da depoente para fins de pesquisas. Essa
do objeto de estudo, dos objetivos e qualquer outra dúvida das depoentes, em qualquer
Documentação, com vistas à utilização deste material em outras pesquisas (anexo 2).
São Francisco de Assis. O parecer foi favorável, como pode ser observado no anexo 3 .
Enfermagem Brasileira.
católicas; a Comitiva liderada por Laís Netto dos Reys, ao Palácio do Catete, em 1945,
auxiliar no resgate das lembranças dos sujeitos. Além disso, essa providência subsidiou
de seu acervo pessoal, como elementos ilustrativos de seu depoimento. Vale dizer que,
dentre as fotos apresentadas pela própria depoente, havia uma, onde está presente a
própria depoente. Tal foto refere-se à visita da comitiva liderada por Laís Netto dos
realizadas na EAN.
encontra apoio em Carneiro (1996, p. 278), quando esclarece que a fotografia exerce
não-ditos”.
19
atuando como personagem e intérprete das fotos, deve identificá-las, atribuindo nomes
responsabilidade pelo registro das informações sobre cada imagem, identificando: data,
fotográfico.
oportunidade, ela forneceu documentos escritos de seu acervo pessoal, referentes a uma
das fotografias apresentadas (nº 7) e a alguns temas abordados, tais como: “as caravanas
concerne ao tema, local, pessoas e seus atributos, uma vez que os depoimentos orais
Thompson (1999, p.2) corrobora esse ponto de vista, afirmando que: “ através da
docente logo em seguida, após uma curta experiência como enfermeira do Hospital das
Elvira, foi-me solicitado para que não fosse gravado o depoimento e, em muitos
momentos da entrevista, a depoente solicitou ainda que o seu relato não fosse
termo de autorização para que seu depoimento fosse utilizado nesta tese de
seguintes temáticas:
21
função da promulgação do Decreto nº 20. 109/ 31 que eleva a Escola Anna Nery à
condição de “Escola Oficial Padrão”, para fins de criação e equiparação das demais
escolas de enfermagem no país e o ano de 1937, quando a Escola Anna Nery conquistou
observar que apenas uma escola de enfermagem foi criada, em 1933. Trata-se da Escola
de Enfermagem Carlos Chagas, planejada e dirigida por Laís Netto dos Reys. Na
Hospital São Paulo, e também, em função da nomeação de Laís Netto dos Reys para a
22
enfermagem foram equiparadas à Escola Anna Nery, após onze anos da promulgação do
legislação vigente.
criou o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), que juntamente com a Fundação
Anna Nery.
nacionais da enfermagem. O ano que encerra esse capítulo é 1946, quando a Escola
Anna Nery (EAN) foi elevada à condição de Unidade Autônoma da UB. No mesmo
ano, a Escola de Enfermagem de São Paulo formou sua primeira turma de enfermeiras.
1949 quando foi promulgada a Lei nº 775 que, dentre outras medidas, transferiu a
Educação e Saúde. Por sua vez, a Lei nº 775 também regulamentou o curso de auxiliar
“Escola Oficial Padrão”, ostentado pela EAN desde 1931, em função do Decreto 20.
gestões de Zaíra Cintra Vidal (1945 a 1948) e de Edith de Magalhães Fraenkel (1948 a
1950).
próprios ou específicos, no fundo, tinha como objetivo maior assegurar posição mais
anos 30, para fundamentar a análise da problemática em tela. Com esse intuito, de
Novo em 1937. Na compreensão desse contexto, tento trazer à luz as relações entre o
para o que Bourdieu definiu como relações da hierarquia e das intercessões entre os
diversos campos.
• Antecedentes históricos
condição de Distrito Federal desde 1892, configurava-se como a única cidade brasileira
de grande porte, que abrigava o núcleo de maior malha ferroviária do país, o principal
26
obra.
19-20).
incapacidade do Estado para dar conta dos efeitos desse grave problema de saúde
Carlos Chagas foi nomeado diretor Geral desse Departamento (1920 – 1926), dando
América Latina ocorreu desde 1915 e, no Brasil, a partir de 1916, quando uma
Comissão dessa Fundação visitou quinze localidades nacionais cobertas por agências de
educação médica.
pela Fundação Rockefeller. O Serviço de Enfermeiras do DNSP era chefiado por Ethel
16
Até aquele momento o ensino de enfermagem no Brasil contava com quatro escolas de enfermagem,
quais sejam: Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, Escola de Enfermagem Lauriston Job Lane, e as
Escolas de Enfermagem da Cruz Vermelha Brasileira, em São Paulo e no Rio de Janeiro. A Escola de
Enfermagem Alfredo Pinto, criada em 1890 e, desde então, os alienistas ocupavam os espaços de poder
na escola. Essa situação foi alterada apenas em 1943, quanto teve uma enfermeira designada para assumir
a direção daquela instituição. A Escola de Enfermagem Lauriston Job Lane, originalmente denominada de
Escola de Enfermeiras do Hospital Samaritano foi criada em 1900, em São Paulo, tratava-se de uma
instituição privada, cuja mantenedora era de orientação evangélica (CARVALHO, 1965, p. 151-153). A
CVB também foi importante na criação de escolas de enfermagem. Na iminência de de um conflito
mundial, foi criado em São Paulo o primeiro curso de enfermagem da CVB. Poucos anos mais tarde, em
20 de março de 1916, no Rio de Janeiro, também foi inaugurada a Escola Prática de Enfermeiras (CRUZ
VERMELHA BRASILEIRA, 1923, p. 152)
28
Igreja Católica. Relacionando essa medida com o contexto político mais amplo, cabe
recordo que, em 1916, o recém- nomeado arcebispo de Recife e Olinda, Dom Sebastião
Leme, publicou uma carta pastoral que marcou o início de nova fase na história da
ponto favorável para reverter tal situação o fato de que “o Brasil era uma nação
católica e que a Igreja deveria tirar proveito disso e marcar uma presença muito mais
Centro Dom Vital, criado em 1922, por Jackson de Figueiredo, íntimo colaborador de
Dom Sebastião Leme, com o intuito de agregar leigos católicos que exerciam forte
Alceu Amoroso Lima17. Da mesma forma que o seu antecessor, Amoroso Lima era um
controlada pelo clero e serviu para demarcar as posições de poder e prestígio da igreja
país.
17
Nascido em 11 de dezembro de 1893, em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. Filho de Manuel
José Amoroso Lima e de Camila da Silva Amoroso Lima. Foi aluno do colégio Pedro II e, em 1913
formou-se em direito pela Faculdade do Rio de Janeiro. Também conhecido como “Tristão de Athaíde”,
pseudônimo de escritor das crônicas que marcaram época nos jornais do Rio de Janeiro por muitas
décadas. Atuou como um dos pensadores da universidade brasileira. Para Amoroso Lima a universidade
representava um espaço de destaque para a transmissão e invenção da cultura da nação. Foi convertido ao
catolicismo por influência direta de Jackson de Figueiredo, tornando-se um dos mais respeitados
paladinos da Igreja Católica no Brasil. Reconhecido como um excelente professor universitário, também
se destacou como catedrático de literatura brasileira na Faculdade Nacional de Filosofia, foi um dos
fundadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, na qual foi presidente e também
lecionou como catedrático de filosofia e literatura brasileira. Foi membro dos Conselhos Nacional e
Federal de Educação, no período de 1935 a 1969. Amoroso Lima era também considerado um escritor de
renome nacional e editor de livros. Na década de 30 teve participação ativa enquanto líder católico no
embate com os “ pioneiros da educação nova” . Foi imortalizado como membro da Acadêmia Brasileira
de Letras (<www. Academia.org.br>, 2004; www.espacoacademico.org.br>, 2004).
18
Como parte importante desse movimento foram criados a União Popular (Minas gerais, 1909), a Liga
Brasileira das Senhoras Católicas ( 1910), a Aliança feminina (1919), a Congregação Mariana (1924), os
Círculos Operários (1930), a Juventude Universitária católica (1930) e a Ação Católica Brasileira (1935).
30
católicos, apoiados em análise como a de Santo Agostinho, entendiam que “um mundo
conveniente ter em mente que a principal tese comunista representava ameaça direta às
Sob esse ângulo, é evidente um eixo de interesse comum a justificar a aliança entre
devido aos conteúdos das reformas educacionais que começavam a ser implantadas em
19
A Constituição de 1891, em vigor até 1934, em seu artigo 72, parágrafo 6, declarava: “será leigo o
ensino ministrado nos estabelecimentos públicos”
31
despeito das divergências partidárias ou de opinião que pudessem existir entre eles”.
Com tal propósito, a Igreja investiu na criação de grupos de interesse, como é o caso da
Liga Eleitoral Católica (LEC) e da Ação Católica Brasileira (ACB), que, ao mesmo
tempo, uniam os católicos em torno das questões relevantes para a igreja, respeitavam
Vidal, tinha como missão mobilizar o eleitorado católico para votar nos candidatos à
com vistas à nova organização política brasileira. A LEC funcionou, desde a sua
criação, como importante recurso de pressão eclesiástica, com êxito constitucional, pois,
32
movimento nas consciências, mas que, de fato, serviam para a reprodução da cultura
(Romano, 1979, p. 151). A conquista também foi importante por facilitar a interlocução
estabelecimentos de ensino de nível superior. Para isso, mais uma vez, contou com a
20
Já que a Constituição de 1934, pelo seu artigo 153, declarava: “O ensino religiosos será de freqüência
facultativa, e ministrado de acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno manifestada pelos
pais ou responsáveis e constituirá matéria dos horários nas escolas públicas primárias, secundárias,
profissionais e normais”. Modificando pouco o teor da prescrição, a Constituição de1937, determinava,
pelo seu artigo 183: “O ensino religioso poderá ser contemplado como matéria de curso ordinário das
escolas primárias, normais e secundárias. Não poderá porém, constituir objeto de obrigação dos mestres
ou professores, nem de freqüência compulsória”.
33
duradoura. Como assinalou Azzi (2002, p. 2), a ascensão de novos líderes políticos
nas escolas públicas, com o intuito de dispor de meios concretos para inculcar, o mais
turno, a Igreja influenciava a população a apoiar o novo governo (Fausto, 2001, p. 333).
sociedade a partir de 1930, foi Francisco Campos, quando ocupou o cargo de Ministro
âmbito da educação, eis que os mesmos estavam ligados pelo vínculo indissolúvel da
solidariedade. Tais valores eram os mesmos que regularmente faziam parte dos
discursos anticomunistas (Horta, 1994, p. 100 – 107). Dessa maneira, mais uma vez, se
católico.
21
Francisco Campos, Ministro da Educação e Saúde do Governo Provisório, portanto uma autoridade que
representava o Estado, se caracterizava como um político que mantinha estreita aliança com a Igreja
católica, pois, entendia a necessidade de se obter o apoio da Igreja para as iniciativas de caráter político
que se pretendesse “popular e mobilizadora”. Francisco Campos já tentara o apoio da Igreja antes, para
mobilizar politicamente o estado de Minas Gerais através da Legião de Outubro, em fevereiro de 1931.
Esta Legião contava também com o apoio de Gustavo Capanema, então Secretário do Interior e Justiça do
Estado de Minas Gerais e de Amaro Lanardi, Secretário das Finanças, com o objetivo de integrar Minas
Gerais no processo revolucionário e como instrumento para enfraquecer as forças políticas oligárquicas
tradicionais do Estado, para isso, Francisco entendia como grande importância o envolvimento da Igreja
Católica. Os fundadores da Legião de Outubro assumiram o compromisso de incluir em seu programa as
principais reivindicações da Igreja (HORTA, 1994, p. 100 – 107).
34
do Estado com o futuro da nação. Essa linha de argumentação foi usada para justificar
abrigaria o respectivo Ministério foi objeto de intensas disputas para se definir quem
podia ser entendida como sinal de desprestígio para os arquitetos brasileiros (Lissovsky
destituído de amparo legal específico, durante toda a década de 20. Apenas com a
22
Decretos Nºs. 19.851 e 19852.
23
Atual Universidade Federal do Rio de Janeiro.
35
possuíam o diploma expedido pela Escola Oficial Padrão ou por uma escola a ela
equiparada. Ainda assim, esse recurso jurídico não foi, naquele momento, suficiente
para a concretização desse ideal, pois o quantitativo de enfermeiras era insuficiente para
Enfermagem Anna Nery, como estabelecimento oficial padrão, para fins de equiparação
indicar a enfermeira25 que realizaria a inspeção nas instituições que desejassem tal
equiparação.
atender aos bons padrões técnicos exigidos em universidades de outros países, o texto
do Decreto nº 21.109/31 deixava claro que não era prevista, para aquele momento, a
organização sanitária, mantê-la anexa ao DNSP. Essa decisão ratifica que o modelo de
24
Este Decreto, promulgado em 15 de junho de 1931, regula o exercício da enfermagem em todo
território nacional, além de fixar as condições para a equiparação das escolas de enfermagem e instruções
relativas ao processo de exame para revalidação de diplomas.
25
Esta enfermeira deveria possuir prática de ensino e administração de escolas de enfermagem.
36
Além disso, apesar de a Escola Anna Nery não conseguir sua inserção
através do estatuto de Escola Oficial Padrão, que lhe garantia a prerrogativa de legitimar
aos filhos da elite da sociedade brasileira os valores da doutrina católica, precisou ser
ampliada para assegurar a presença das Irmãs da Caridade nos espaços hospitalares, seja
p.35).
marcam a atuação de duas enfermeiras brasileiras leigas nos cargos de primeiro escalão
referidas acrescentam (2002, p.267) que este fato deve ter concorrido para que a Escola
de Enfermagem Anna Nery fosse o cenário das atividades inerentes à criação dos
Annaes de Enfermagem.
estratégias para conquistar maior visibilidade social à profissão, tanto assim que, em
p.315).
26
Natural do Rio de Janeiro, onde nasceu em 9 de maio de 1889, era filha de Carlos Fraenkel e Aldina
Botelho de Magalhães Fraenkel. O seu avô materno era Benjamin Constant Botelho de Magalhães, tido
como um dos fundadores da República do Brasil. A função de consul brasileiro desempenhada por seu
pai, na Alemanha, Suécia e Uruguai, fez com que iniciasse seus estudos nesses países. Tinha o domínio
de seis idiomas: alemão, sueco, espanhol, inglês, francês e italiano. Teve como primeira atividade
profissional o magistério. Em 1922, se matriculou na Escola de Enfermagem do “Philadelphia General
Hospital”, diplomando-se em outubro de 1925, mesmo ano em que se formavam as pioneiras da Escola
de Enfermagem Anna Nery. Atuou como instrutora e coordenadora de ensino da Escola Anna Nery de
1925 a 1927. Teve participação efetiva na criação da Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas
(ABED), atual ABEn, cabendo-lhe então o cargo de primeira presidente eleita. Em 1927 foi nomeada
enfermeira-chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública. No ano seguinte, atuou como diretora da
Divisão de Enfermeiras de Saúde Pública do mesmo Departamento. A partir de 1931 sucedeu Ethel
Parsons na Superintendência do Serviço de Enfermeiras do DNSP (CARVALHO, 1980, p.39).
27
A criação e lançamento da Revista Anais de Enfermagem, atual Revista Brasileira de Enfermagem, se
deu em 20 de maio de 1932, data do falecimento de Anna Nery, no Pavilhão de Aulas da Escola de
Enfermagem Anna Nery, (Santos e Oliveira, 2002, p.267).
38
Constitucionalista de 193228. Esse conflito parecia inevitável, pois à medida que Vargas
A edição de um código eleitoral, em fevereiro de 1932, não foi suficiente para impedir
federal. Todavia, como esses apoios não se concretizaram, o resultado do confronto foi
aos feridos nas “Frente de Operações de Guerra”. Esse envolvimento, assumido como
além da atuação de outras enfermeiras e alunas desta escola, embora tida como
voluntária, dificilmente poderia deixar de acontecer, pois a Escola Anna Nery era o
28
Deflagrada em 9 de julho de 1932.
39
compromisso da Escola Anna Nery com atender aos feridos da guerra, correspondendo
direção a São Paulo para atuar no cuidado aos feridos daquela revolução, estavam
Assis, além de Zaíra Cintra Vidal – Instrutora de ensino da Escola Anna Nery29 (CD.
29
Cargo equivalente ao de vice – diretora.
40
pode ser entendido como sinal de prestígio junto à corporação que desfrutava de
indiscutível status junto ao governo Vargas. Ainda mais, contribuiu para ampliar e
outros países, avançando para além das atividades de prevenção de doenças, eis que
nesse momento permitiu que Vargas os manipulasse em favor dos seus interesses
políticos. Ao mesmo tempo em que interessava a Getúlio Vargas obter uma força
que emergiam após 1930, não deveria esta mesma força militar ser tão forte a ponto de
foi, muitas vezes, expresso por visitantes ilustres, como é o caso, em 1932, da visita de
Cecil Carter, chefe geral das sociedades da Cruz Vermelha, com sede em Paris, que
afirmou que a escola “única em toda a América do Sul” e, declarou “dever a Cruz
Pavilhão de Aulas: “Não esperava encontrar no Brasil uma obra de enfermagem tão
internacionais da época, não foram suficientes para garantir à Escola Anna Nery a
acordo com Bezerra (2002, p. 71-72), por ser o contexto deste período favorável às
ações da igreja católica, mesmo não possuindo a formação exigida para a atuação
enfermeiras formadas pela Escola Oficial Padrão, bastando para isso, que apresentassem
período de pelo menos seis anos, até aquela data (Baptista; Barreira, 1997, p.35). Este
decreto limitou a participação das religiosas naqueles espaços, impedindo sua atuação
que essas instâncias [religiosas] podem dispor para atender aos interesses institucionais,
brasileiro e da igreja católica para o governo Vargas, afirmando que seu pai “colocava
Vicente de Paulo (ASVP), que encaminhou três de suas religiosas para o curso de
43
curso.
registra sua percepção desfavorável à atuação das mesmas no curso: “...por não
dedicação dessas irmãs, afirmando que “durante o tempo que passaram pela escola não
curso31 (CD. EEAN/UFRJ. Livro de atas. 1931). Diante do exposto, é plausível que o
religiosa.
30
Irmã Margarida Villac – desistiu do curso em 15 de outubro de 1931, por motivo de “saúde precária”;
Irmã Eugênia Pinto, em 17 de novembro de 1932 e Irmã Thereza Carvalho, desistiu do curso em
dezembro de 1932, não sendo possível, até o momento identificar a justificativa (CD da EEAN/UFRJ,
Registro da diretora. Setembro, outubro, novembro/31 e dezembro de 1932).
31
Sobre a avaliação da Irmã Margarida Villac, não foi encontrado qualquer registro, talves pelo curto
período que freqüentou a EAN, de 31 de julho a 15 de outubro de 1931 (TEIXEIRA et al. 1998, p.55 –
57). Irmã Eugênia: Higiene Mental – 83; Técnica – 93; Anatomia – 96; Clínica – 88 e ética – 81. Irmã
Tereza: Técnica adiantada- 98; Técnica – 98; Anatomia – 96; Higiene Pessoal – 90; Drogas e soluções –
86; Clínica – 69,5; Bacteriologia – 76 e atadura – 100 ( CD. EEAN/UFRJ Livro de atas. 1931).
44
Plínio Salgado32, foi criada oficialmente, a Ação Integralista Brasileira (AIB)33, cuja
apenas em 1937 que conquistou o seu registro junto ao Supremo Tribunal de Justiça
Partido Integralista foi implantado nacionalmente, aumentando de tal forma suas bases
32
Plínio Salgado segue a tradição política de seu pai que atuou como chefe político local do Partido
Republicano Paulista (PRP) até 1930. Na juventude, era tido como republicano, católico e nacionalista.
Militou intensamente nos movimentos literários pós-modernistas, apesar de vinculado a um partido
político da oligarquia paulista, onde exercia também a função de redator do jornal Correio Paulistano. As
vésperas da Revolução de 1930 viajou para a Europa, encantando-se com o fascismo. Nessa época
adquiriu consciência da fragilidade da democracia liberal. Em seu retorno da Europa, criou o jornal “A
Razão”, que funcionou como importante veículo para estabelecer as bases políticas e ideológicas do
movimento. Foi candidato integralista para a sucessão presidencial, escolhido por plebiscito interno, em
maio de 1937, o que foi frustrada pelo golpe que deu origem ao Estado Novo (Beloch e Abreu, 1984,
p.1622). A expressividade popular e a intentona integralista contribuíram para a dissolução do Partido
Integralista, levando Getúlio Vargas, em seguida, a investir intensa campanha contra o integralismo,
culminando com a prisão e exílio de seus líderes. Nessa época Plínio Salgado também foi preso e, no ano
seguinte, exilado para Portugal, de onde somente retornou com o fim do Estado Novo, em 1945
(CAVALARI, 1999, p. 18-20).
33
em reunião solene no Teatro Municipal de São Paulo, sendo mais tarde conhecido em todo o país como
“manifesto de outubro” (CAVALARI, 1999, p. 13-18).
45
políticas que se tornou ameaça para a sucessão do Presidente Getúlio Vargas, além de
seus adeptos que “a abnegação, o sacrifício e o sofrimento eram meios para despertar
a Nação e a alma de um povo”. Como se depreende, esse ideário defendia a tese de que
do setor de educação da AIB no Ceará (BELOCH e ABREU, 1984, p. 551). Mais tarde,
em 1949, D. Helder Câmara foi capelão da Escola Anna Nery e, nessa condição,
Helder Câmara).
seguinte teor: “...o lindo não é viver as horas fáceis. Belas são as horas ásperas das
escaladas difíceis”.
tomando como referência a diferença biológica entre os dois grupos. Como elucidou
enunciar em discursos que visem legitimá-la. Nesse processo, a ordem social funciona
como imensa máquina simbólica que ratifica e atualiza a dominação masculina sobre a
34
Parte da Enciclopédia Integralista, publicada no Rio de Janeiro, pela editora Clássica Brasileira, V. IX
(CAVALLARI, 1999, p.231).
47
inculcação da ideologia católica nos lares brasileiros. Essa forma de inculcação cultural
era reforçada e complementada por meio das instituições responsáveis pela educação
compunha-se de cinco divisões35, dentre elas, a de Educação, considerada uma das mais
compreender essa medida, recorro a Bourdieu (1999b, p. 32), quando denuncia que o
35
As outras divisões eram as de Expediente; Cultura Física; Estudos e Ação Social.
36
O grifo é meu
48
a partir da Segunda Guerra Mundial. Sob esse ponto de vista, é evidente que o
Ornellas, houve referência à identificação de Laís Netto dos Reys com o Partido
simpatizante...”.
Integralismo, é importante ressaltar que Laís, através do ofício nº 227/45, reiterado pelo
respectivamente, providências para ter à disposição da Escola Anna Nery, o então padre
Helder Câmara.)38.
na sociedade brasileira, é plausível que Laís tivesse alguma identificação com o partido
Estado Novo.
37
O então Padre Helder Câmara, à época, atuando na Divisão de Ensino Secundário, deveria colaborar na
organização de um Curso de Especialização em Pedagogia e Didática para professores de enfermagem
(concessão de título de Doutor Honoris Causa a D. Helder Câmara. UFRJ. SOC).
38
Faz-se importante destacar que no corpo do processo para a concessão do título de Doutor Honoris
Causa a D. Helder Câmara, protocolado em 1987, apesar do detalhamento de sua trajetória de vida, não é
feito referência a participação política de tão destacada autoridade da Igreja católica, tendo em vista a sua
participação no Partido Integralista. Da mesma forma, até então, nenhuma referência havia sido feita, no
sentido de relacionar, de qualquer forma, Laís Netto dos Reys com o Integralismo, o que poderia ser
49
formação acadêmica. Além disso, Laís Netto dos Reys, que organizou e dirigiu esta
(Doc. 30, cx 87, 1976. CD da EEAN/UFRJ), o que facilitou a adaptação dessas irmãs.
compreendido pelo fato de o Partido Integralista , juntamente com os demais partidos, ter tido a sua
dissolução decretada em função da instituição do Estado Novo.
39
Irmã Matilde Nina diplomou-se em 1936, tendo integrado a primeira turma da escola e, em 1938, se
formam as irmãs Caterina Cândido Fiuúza, Eugênia Luna, Filomena Couto e Zoe Junho. Bezerra (2002,
p.6).
50
há nove pessoas sentadas: sete homens e duas mulheres. Da esquerda para a direita, a
escola. Ele está ladeado à esquerda por um homem cuja vestimenta sugere tratar-se de
esquerda por outra figura masculina (6ª figura), também de terno e gravata. A sétima
foi possível identificar apenas a quinta figura, Laís Netto dos Reys; ao seu lado direito,
estão dispostas quatro alunas, sendo a primeira uma freira, e à esquerda de Laís,
da segunda fila.
perceber como a ordem social funciona; ou seja, como “imensa máquina simbólica”,
deferência a uma religiosa e a uma senhora não identificada, que possivelmente deve
observa-se que Laís Netto dos Reys e as alunas leigas expressavam o habitus católico,
representação mental que os outros podem ter dessas propriedades e dos seus
portadores. Além disso, o uso do véu, segundo Perrot (1998, p. 43), funciona de modo
situação específica40, conferia às mulheres uma credencial de boa moral, pois, desde o
século XIX, uma mulher que aparecesse em público com os cabelos expostos era
40
No campo, as mulheres usavam uma touca simplificada, na cidade, um boné. Já as burguesas, optavam
pelo chapéu, impedindo-lhes a sensação de nudez (Perrot, 1998, p.43) e as freiras, utilizam como
acessório, o tradicional véu.
53
plano central do arranjo fotográfico, o que nos leva à dedução de que o mesmo seja uma
ambiente sugere uma conjuntura favorável à inserção das religiosas no sistema formal
período, Goiás caracterizava-se como região agrícola e pouco desenvolvida, cujo poder
quando Getúlio Vargas assumiu o poder no país, em 1930 e deu início à construção de
Goiânia como capital daquele Estado. A medida foi importante para a integração do
industrial, mais tarde reforçado com outros investimentos. À medida que a região
que o missionário inglês Dr. James Faustone chegou ao Brasil em 1924. Este médico
para atender à população daquela região. Com fundamento nessas justificativas, foi
sua criação, em 1933, e por toda a década de 40, essa escola formou um total de 55
enfermeiras. Esse número reduzido de profissionais por ano sugere que tal contingente
deve ter sido absorvido apenas pelo próprio hospital evangélico ou por outros serviços
Pullen para uma segunda gestão (1934 – 1938), como diretora da escola, em decorrência
da morte de Rachel Haddock Lobo, em 1933. Bertha Pullen (re)assumiu o cargo após
um período de dez meses, em que Maria de Castro Pamphiro (da turma pioneira) atuou
Haddock Lobo e sua substituição por uma estrangeira. Pullen também enfrentou a
constituiu em um ponto de apoio à sua gestão, apesar das ligações existentes entre a
fundação e a Escola que Bertha dirigia. É sintomático verificar que, na gestão dessa
embora pareça que a diretora tenha ficado à margem desse acontecimento. Segundo
Universidade estava sendo discutida no Congresso e que a Escola Anna Nery estava
brasileira.
diploma conferido pela escola às alunas, bem como das escolas a ela equiparadas.
56
Goiás, foi criada em 01 de setembro de 1937, em Rio Verde – Goiás, mais uma escola
Gordon e sua esposa, Dra. Helena Gary Gordon, ambos missionários da Igreja
teria sido criada para atender apenas às necessidades do Hospital, em termos de mão de
representar a tentativa de assegurar aos usuários dos hospitais aos quais estas escolas
nova fase política – o Estado Novo (1937 – 1945) (D’Araújo, 2000, p.25-28).
governo tratava a educação escolar como forma de poder e meio de difusão da ideologia
brasileira, tendo em vista que a este grupo caberia formar a opinião pública e, com isso,
41
Reconhecida através do Decreto nº 34.964, de 19 de janeiro de 1954.
57
do mito que se caracterizaria como do pai dos pobres, pai do povo. Com propósitos
corporação militar. Esse aspecto é objeto de análise de (CARVALHO, 1999, p. 72), nos
participação”
estabelecimentos.
apesar de a Igreja Católica Apostólica Romana ter sob sua administração e assistência
anos da década de 40, já superava quinze mil e apenas cinco religiosas possuíam o
cuidava dos doentes sem a formação adequada, o que, segundo a autora citada, causava
forma de títulos e diplomas”. Em outras palavras, mais que exigência legal, o capital
portadora e constitui arma de elevado valor simbólico, na luta por melhor posição no
campo.
enfermagem hospitalar. Para ilustrar essa inferência, cumpre lembrar que, por ocasião
São Paulo defendeu que melhor seria para os hospitais e para a própria Igreja, que se
42
Enfermeira diplomada na Escola de Enfermagem do Hospital São Paulo e diretora, à época, da Escola
de Enfermagem Madre Maria Teodora, Campinas – SP.
59
formação das religiosas, para que pudessem, no futuro, atuar com toda plenitude da
espaço hospitalar deveria ser ocupado apenas pelas religiosas, tanto no cuidado do
doente, quanto na administração. A despeito disso, vale considerar que, desde a década
dos cursos de pós-graduação realizados nos Estados Unidos, com apoio financeiro da
pela Escola Anna Nery foram objeto dessa política que visava à atualização do habitus
continuava; porém, de forma ainda mais abrangente, pois contavam com outros países
foi planejado por Olga Salinas Lacorte, em 1947. De igual maneira, a partir de 1948, o
título de especialização.
prestígio à enfermeira leiga brasileira (SANTOS e GOMES, 2004, p. 11), não devendo,
assim, ser objeto de indiferença da referida autoridade religiosa. Este relato, por outro
dirigente de um novo projeto de nação, Vargas “não mais seria visto com os trajes do
pampa gaúcho, nem como o revolucionário de 1930, mas como o homem maduro, em
americana da EAN, Bertha Lucile Pullen, para a primeira diretora brasileira formada
pela própria EAN, Laís Netto dos Reis. Com a nomeação de Laís, observa-se um
Enfermagem.
sugeriu ainda o período ideal para tal viagem, de modo a viabilizar o retorno da nova
silêncio é interpretado por Santos e Barreira (2002, p. 134) como interpretação de que a
pelo reitor da UB e pela diretora da EAN, (ademais ele era médico e ela enfermeira) e,
considerar seus atributos pessoais e profissionais como: origem familiar, capital cultural
Escola de Enfermagem Carlos Chagas, dentre outros, parece que também foi favorecida
político do país pode ter contribuído para estabelecer relações de cordialidade entre esta
e o então presidente Getúlio Vargas, concorrendo para aumentar seu prestígio pessoal e,
pela Igreja e pelo governo federal no sistema educacional atuaram de modo estratégico
toda a sociedade (Schwartzman; Bomeny; Costa, 2000, p.189 – 192). Por sua vez, o
campo da saúde não ficou à margem desse movimento, pois, representava importante
agregadas, que se justificavam por sua postura de católica praticante, o que demonstrava
sua afinidade com o ideário da religião dominante e com o momento político da época.
64
foi necessária para que os alunos de medicina da EPM pudessem contar com um campo
competente, o vice diretor da EPM, Dr. Álvaro Guimarães Filho, procurou, junto à
2002a, p.216). Para a criação e funcionamento da escola, o diretor da EPM contou com
do Hospital São Paulo obteve apoio da EAN: a primeira inspeção para fins de
reconhecimento e equiparação, foi realizada, pessoalmente, por Laís Netto dos Reys,
43
Equiparada em 24 de março de 1942, pelo Decreto nº 9.101
44
Jeannik Rouquet, ou madre Domuneuc, nasceu em 11 de novembro de 1911, na Bretanha, França. Já
possuía o títlo de enfermeira quando ingressou no convento das Irmãs Franciscanas Missionárias de
Maria. Sua chegada ao Brasil foi em 1935 e, um acordo envolvendo a Escola Paulista de Medicina e a
Arquidiocese de São Paulo, ficou entendido que caberia as Irmãs dessa congregação a responsabilidade
de organizarem uma escola de enfermagem, a primeira escola de enfermagem católica do país (Semanário
da Arquidiocese de São Paulo. Ano 43. N. 2177. Março de 1988). Dentre os seus inúmeros feitos está a
criação do Amparo Maternal, em São Paulo em 1939, a I Semana de Estudos de Enfermagem em São
Paulo, além da participação efetiva junto a ABED. A sua participação foi fundamental na criação da
União de Religiosas Enfermeiras do Brasil (UREB). Faleceu no dia 11 de 1997, em Taubaté, estado de
São Paulo.
65
Madre Maria das Dores, diplomada pela EAN, onde permaneceu até 1944. No mesmo
formadas pela Escola de Enfermagem Carlos Chagas, uma escola leiga que assegurava
anteriormente.
Provincial das Irmãs da Caridade da ASVP, solicitou a Laís Netto dos Reys que
45
Fizeram parte da banca examinadora, reunida nos dias 29 e 30 de novembro de 1939, para a revalidação
desses diplomas, os professores da Faculdade de Medicina da UB Raul Baptista, Moreira da Fonseca,
Álvaro Pontes, Paulo de Góes, Silvio Sertã, Francisco Sampaio, João Pessanha e Aldair Figueiredo; as
instrutoras de enfermagem Zaíra Cintra Vidal e Lais Netto dos Reys, ambas da EAN (CD. EEAN/ UFRJ.
Relatório Anual da Diretora. 1939).
46
Foram elas: Madre Marie Domeneuc, Madre Maria de Fontenelle e Madre Maria Hermana José.
47
Equiparada através do Decreto nº 9. 100, de 24 de março de 1942.
66
EAN, o que foi prontamente atendido. Vale destacar que essa concessão não
representou acordo que assegurasse cotas definidas para o ingresso de futuros grupos de
EAN até o final da gestão de Laís. Ademais, cumpre informar que o número de alunas
leigas matriculadas na EAN, juntamente com as religiosas, também não foi reduzido, o
demandas, Laís Netto dos Reys escolheu como local para a capela, o escritório, antes
quando informou que: “O escritório da Rockefeller era onde depois foi a capela da
escola. Nós não tínhamos nada lá em cima. Tanto que o retrato da nossa formatura
que foi tirado naquelas escadas, já foi quando a d. Laís já era a diretora brasileira”.
48
Marie Antoniette Blanchot (nome de Batismo) ou Irmã Antoniette Clemente Blanchot foi a responsável
pela Companhia das Filhas da Caridade nos períodos de 1928 a 1946 e, de 1953 a 1965, num segundo
mandato. Neste intervalo foi eleita Superiora Geral, lhe garantindo o título de 48ª sucessora de Luiza de
Marillac. Onze anos após seus primeiros votos, ainda na França, foi nomeada Assistente da Província,
cargo que significa, na linha hierárquica, uma posição inferior a da Provincial responsável pela
Companhia das Filhas da Caridade de uma determinada região. Na ausência da Provincial, ficam as
demais Irmãs da Caridade subordinadas às suas determinações (BEZERRA, 2002, p. 80).
67
é possível observar que, desde então, era comum o registro fotográfico de formandas
naquela escada de acesso à capela (CD. EEAN/ UFRJ. Acervo Iconográfico), o que
grupo de irmãs católicas deve ter facilitado sua adaptação à vida acadêmica, uma vez
“uma grande vitória da Escola Anna Nery” e cujo “valor moral desse fato já se faz[zia]
sentir na sociedade” (UFRJ, EEAN, CD, Relatório da Diretora– ano 1939) e ressalta
Escola que, apesar de leiga, mereceu de S. Eminência o Sr. Cardeal Arcebispo do Rio
posição de prestígio no campo. Bourdieu (1992, p. 33) parece ter explicação para a
importância que a diretora atribui a esse fato, afirmando que a religião tem a capacidade
do Brasil, Laís Netto dos Reys, expressou seu apoio à formação de enfermeiras
Padre Leonel Franca49, onde afirmava textualmente que este documento teria a
suas religiosas” (UFRJ, EEAN, CD, Relatório Anual da Diretora– ano 1939;
www.fplf.org.br).
sentido de contribuir para a formação das religiosas, através do ensino formal. Cabe
reiterar que a aquisição do diploma, ainda que assegure autonomia relativa em relação
ao seu portador e ao seu capital cultural, é uma “certidão de competência cultural que
exigência legal do Decreto 20. 109/31, que viabilizava a legitimação desse capital.
49
Padre Leonel Edgard da Silveira Franca nasceu em 6 de janeiro de 1893, em São Gabriel, Rio Grande
do Sul. Reconhecido pela sua profunda influência cultural e religiosa no Brasil, dedicou grande parte de
sua vida à fundação e consolidadção da primeira universidade particular do país. Considerado um
conferencista erudito e polêmico, em suas palestras, tidas como um acontecimento intelectual de
destaque, reunia figuras ilustres como Epitácio Pessoa, Alceu Amoroso Lima, Sobral Pinto e Murilo
Mendes. Ingressou na Companhia de Jesus em 1908, aos quinze anos. Em 1910 iniciou o curso de letras e
em 1912, em Roma, cursou o triênio de filosofia na Universidade Gregoriana. Retornou ao Rio de Janeiro
em 1915 e iniciou o magistério no colégio Santo Inácio. Em 1920 retornou a Roma onde iniciou o curso
de teologia e, três anos mais tarde, foi ordenado sacerdote. Doutorou-se em Filosofia e Teologia, em
1924. Nesse mesmo ano, completou na Espanha o último ano da formação jesuítica. Ao retornar ao
Brasil, Leonel Franca ensinou no Colégio Anchieta, onde estudara anos antes. Transferiu-se
definitivamente para o Rio de Janeiro em 1927, sendo nomeado para o Conselho Nacional de Educação,
do qual foi um dos fundadores em 1931. Em dezembro de 1940 assumiu como reitor da recém-inaugurada
Universidade Católica, permanecendo no cargo até a sua morte prematura, em 3 de setembro de 1948, três
meses depois de receber o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras
(www.fplf.org.br).
69
estreitava os laços de amizade com a Igreja Católica e reforçava a sua figura carismática
enquanto líder católica. Para melhor compreender este aspecto, recorro ao pensamento
ideologia do carisma; isto é, o poder simbólico que lhes confere o fato de acreditarem
civis para a manutenção da ordem social, bem como com das tradições espirituais:
Leitão da Cunha é a sétima figura sentada e está ladeado à esquerda, pelo cardeal
Sebastião Leme. A sua esquerda, está Laís Netto dos Reys, seguida da Irmã Odila
no campo da religião)
71
posição de destaque no espaço fotográfico (1ª fila) é uma das religiosas da ASVP,
fila, também de pé. O cenário é o salão de festa do internato da EAN (CD. EEAN/
fazer uso da palavra, d. Sebastião Leme, agradeceu ao Sr. Reitor, ao corpo docente,
haviam prestado. Para Laís, a visita à escola, de tão expressiva autoridade do clero,
em grande honraria para o estabelecimento, sob sua direção (CD. EEAN. Relatório
nomeação de Laís Netto dos Reys, muito contribuiu com os interesses da Igreja católica.
Rockefeller, foi destinada a funcionar como núcleo de difusão dos ideais americanos,
assumiu, desde então, nova posição no jogo político, cujas alianças são estabelecidas
com a igreja e o governo Vargas, no início do Estado Novo. Note-se que a primeira
sua surpresa, ao perceber que, na escola, havia “clausura e capela para alunas
realizado por produtores e porta-vozes especializados, investidos do poder, sem que este
seja necessariamente no âmbito institucional, mas que permita “responder por meio de
Escola Anna Nery sua percepção acerca da importância da enfermeira para a população
brasileira, afirmando que: “em toda a parte a ação da enfermeira é indispensável, para
sociedade uma assistência mais qualificada. Nesse sentido, ela opinou que:
Essa avaliação de Laís Netto dos Reys tinha fundamento, pois, até o final
sociedade brasileira, nem no âmbito da saúde pública, nem na área hospitalar, que
das escolas de enfermagem de formar mão de obra qualificada para atender aos serviços
de saúde em todo território nacional. Esse total não considera apenas as escolas de
enfermagem como mais um grupo para concorrer com as enfermeiras. Esse assunto foi
crença que lhe concedem os membros deste grupo”, assim como nas propriedades
prestígio à Escola Anna Nery e sua diretora, promotora do evento. Laís registrou sua
segunda figura é Maria de Castro Pamphiro, seguida de dois senhores não identificados;
Josefina Brito; Judith Arêas (5ª figura); Sr. Armando Fajardo, secretário do reitor da UB
(6ª figura); Lucília B. Miranda (7ª figura); Maria Antonieta Fernandes (8ª figura);
76
Edmée C. O. Pinto (9ª figura); dois senhores não identificados (10ª e 11ª figuras);
Glória Dias Müller (12ª figura), e Aurora Veloso (13ª figura). Todas as figuras
Difusora do Ministério da Educação e Saúde (CD. EEAN/ UFRJ. Cx 87. Dc. 01).
aspecto da ação simbólica dos meios de divulgação, no plano das informações, por
23).
também foi prestigiado por Carlos Chagas Filho e a sra. Iris Lobo Chagas, viúva de
Carlos Chagas.
“na mais expressiva prática da caridade cristã (CD. EEAN/ UFRJ. Doc.
610.7309).
que o Curso de Auxiliar de Enfermagem, anunciado naquela ocasião, não tinha respaldo
legal, uma vez que não era regulamentado (CD. EEAN/ UFRJ. Relatório Anual da
Diretora. 1939).
necessário para que Laís Netto dos Reys continuasse investindo na formação da
categoria. Note-se que o poder de enunciação das palavras resulta do efeito que tem a
(BOURDIEU, 2001, p. 117). Anos depois, o ex-reitor da UB, Raul Leitão da Cunha, na
de um grupo de enfermeiras diplomadas, liderado por Laís Netto dos Reys ao então
“realizava um ato de justiça que atingia uma classe de profissionais, até então
prejudicada em seus interesses” (CD. EEAN/ UFRJ. Cx 87. Dc. 01. 1946).
Diante disso, entendo que Raul Leitão da Cunha não apenas apoiava o
grande demanda que se apresentava pelo país, e que era exaustivamente exposto pela
diretora da EAN e, da mesma forma, atendia às reivindicações dos médicos por uma
50
Regula os exames de habilitação para os auxiliares de enfermagem e parteiras práticas.
79
EAN51. Este curso, que funcionava como complemento de educação para moças e
Pátria e torná-las mais úteis à sua família e a sociedade” (CD. EEAN/UFRJ. Relatório
voluntárias teve como paraninfo o reitor da UB, Dr. Raul Leitão da Cunha que, no ano
51
Antônia de Souza Pais Barreto; Anália Paolileolo; Cecília Mounier Pêcego; Dalva Mendes Lima;
Elizabeth Pessoa Raja Gabaglia; Heloísa Martins Sampaio; Horacina Silva; Isaura Góis Araújo; Jesuína
Dias; Juraci Ribeiro Rocha; Lígia Penalva Costa; Luzia Salin Simão; Maria Amélia Miguez; Margarida
M. Menezes Penido; Maria das Dores B. Cavalcante; Maria Luíza Marinho Nenes e Noêmia Dias de
Oliveira (CD. EEAN/ UFRJ. AVAV).
52
Cinco do Distrito Federal; quatro de Minas Gerais; duas de São Paulo; uma do Espírito Santo; uma da
Paraíba; uma de Sergipe; uma da Bahia; uma de Pernambuco e uma do Piauí, totalizando dezessete
voluntárias (CD. EEAN/ UFRJ. AVAN).
80
aspecto caritativo e patriótico por parte daquelas que concluíam o referido curso.
deixa clara a demarcação dos limites de sua atuação, quando diz: “na paz ou na guerra,
secundando as enfermeiras”.
virtude da passagem de seu 25º ano de atividades no Brasil, como parte do preito, Laís
Netto dos Reys discursou acerca da importância desta Fundação, a aluna Marieta March
457).
Anna Nery, um grupo que totalizava 48 alunas, sendo 10 religiosas. O evento contou
Kienninger, no aeroporto Santos Dumont, foi prestigiado por Laís Netto dos Reys,
Marina Bandeira de Oliveira, e Olga Salinas Lacorte, como professoras da EAN, todas
53
Laís Netto dos Reys providenciou a recepção da ex-diretora da EAN, no aeroporto Santos Dumont, no
dia 27 de maio de 1942, que desembarcou do avião de carreira da Panair (CD. EEAN/UFRJ. Pioneiras.
Cx 03. Doc. 53. 1942).
82
figura não identificada, seguida de Irmã Margarida Maria Cola (2ª figura), Irmã Marta
Telles (3ª figura), Irmã Jeanne Sabóia (4ª figura), Irmã Luna (5ª figura), Laís Netto dos
Reys (6ª figura), três autoridades eclesiásticas, também não identificadas (7ª, 8ª e 9ª
figuras), Clara Louise Kienninger (10ª figura), Jerônima Mesquita54, como 11ª figura,
Maria de Castro Pamphiro (12ª figura), irmã Odila Lima (13ª figura), e outra irmã não
maior de alunas leigas (38), o que corresponde a 79, 16% da turma (CD. EEAN/ UFRJ.
54
Dama da sociedade que na gestão de Clara Louise Kienninger, por ocasião da formatura da 1ª turma,
ofereceu um banquete em sua casa, em homenagem as formandas.
83
na segunda fila, porém nas extremidades, o que caracteriza também uma distinção.
direita, por Laís Netto dos Reys e à, esquerda, por Clara Louise Kienninger.
religiosas evidenciam o prestígio da Igreja Católica junto à Escola Anna Nery. Note-se
que o campo fotográfico parece cindido ao meio em sentido vertical pelas autoridades
Sebastião Leme, que permitiu “virem religiosas como alunas internas de uma escola
55
Inserida na UB como instituição complementar, através da Lei 452, de 5 de julho de 1937, que
organizava a Universidade do Brasil.
84
outras congregações investissem em suas religiosas, o que foi definido por Laís, como
Diretora. 1942).
vários espaços hospitalares. Referindo-se ao assunto, Pinto (2000, p. 139), afirma que
este capital também pode ser caracterizado em função do que designa como “unidades
considera que a obtenção desse capital permite “desfrutar de uma forma de excelência
dispensa de estar a interrogar-se sobre o que se é, sobre o que se faz e sobre os fins
questionamentos.
85
No mesmo ano, foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP)56, que passou a
Além disso, o acordo estabelecido entre o Brasil e os Estados Unidos previa a ocupação
56
Decreto-lei nº 4321, de 21 de maio de 1942. Não fazia parte da estrutura normal do Ministério da
Educação e Saúde; caracterizava-se como um órgão especial, de emergência, com autonomia técnica ,
administrativa e financeira, oriunda do poder atribuído ao seu superintendente.
57
Essas dificuldades se davam na escassez de materiais básicos para o bom funcionamento da escola
como falta de combustível para que as alunas pudessem ser transportadas para os cenários de estágios;
manutenção precária das dependências da Escola Anna Nery, como o Internato e o Pavilhão de Aulas;
número reduzidos de professores para atender a demanda de alunas, etc. (CD. EEAN. Relatório Anual da
Diretora, 1939, 1940, 1942, 1943).
86
brasileira, mais uma vez, a liderança americana. Assim, ao mesmo tempo em que Laís
Netto dos Reys se empenhava em manter relações cordiais, não aceitava a liderança e
nem permitia a interferência da americana nos assuntos da escola. Laís não admitia que
a Escola Anna Nery fosse colocada numa condição de submissão à assessora do IAIA e
avaliava a presença desta como uma “intrusão em espaços já ocupados por enfermeiras
embora criado em 1940, precisou aguardar até 1942, quando o Ministro da Educação e
Hospital São Paulo e da Escola de Enfermeiras Luíza de Marillac (CD. EEAN. Ata da
Carlos Chagas e Escola de Enfermeiras do Hospital São Paulo, para o que Laís
acreditava seria dado o “parecer final”. Para a inspeção da primeira escola foi designada
enfermeira diplomada Olga Salinas Lacorte (CD. EEAN/ UFRJ. Pioneiras. Cx 03. Doc.
43. 1942). Quanto à Escola de Enfermeiras Luíza de Marillac, também foi indicada a
enfermeira Rosaly Taborda, através do ofício 135/ 42, de 27 de fevereiro de 1942 (CD.
de 1942).
Capanema – março de 1942). Essa visita aconteceu em maio de 1941 e tinha como
refere à enfermagem brasileira. Tal reconhecimento deveria incluir uma análise quanto
se expressou: “estimo dizer que essa medida está de acordo com as melhores práticas
Anna Nery, como Escola Oficial Padrão, para fins de equiparação das demais Escolas
enfermeiras no país. Vale observar que, até aquela data, havia no Brasil, segundo o
Paulo, através do Decreto-Lei Estadual Nº 13. 040, assinado por Fernando Costa,
Educação e Saúde do Estado de São Paulo (EGRY, 2002, p. 8). Este fato,
daquele Estado.
58
Escola de Enfermeiras do DNSP, atual Escola de Enfermagem Anna Nery, Escola de Enfermeiras
Carlos Chagas, atual Escola de Enfermagem da UFMG, Escola de Enfermagem Florence Nightingale,
Escola de Enfermagem Cruzeiro do Sul, Escola de Enfermeiras do Hospital São Paulo, atual
Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, Escola de Enfermeiras Luiza de
Marillac, atual União Social Camiliana (EEAN – Nuphebras. Banco de Dados da Trajetória das Escolas
de Enfermagem Brasileira).
90
qualificadas no Canadá. Este grupo era identificado como “As Damas de Toronto”,
conforme relato da depoente Anna Nava: “Ela [d. Edith] se cercou de um grupo muito
bom, um grupo de elite, ‘As Damas de Toronto’, como elas eram chamadas... mas era
competência pudesse ser reconhecida nos meios científicos da época. Neste sentido,
seria um grupo com o discurso autorizado para questionar a posição da Escola Anna
Toronto, no Canadá, financiado pala Fundação Rochefeller, foi composto por Maria
Além dessas, Edith Fraenkel obteve bolsa de estudos, para observação de Escolas de
fora da liderança da Escola Anna Nery, atendendo à política definida pelo IAIA e pelo
foi a Escola de Enfermagem da USP que conseguiu, através da imprensa, antes de sua
Enfermagem em todo o país, proposta defendida por Laís Netto dos Reys para a EAN
pela Escola Anna Nery para preservar seu espaço no campo da educação em
Como referi nos capítulos anteriores, a Escola Anna Nery, por decreto,
foi elevada à condição de Escola Padrão. Essa prerrogativa conferia a sua diretora, à
época Laís Netto dos Reys, indiscutível poder e prestígio social que, não raro,
além de designar aquelas que aumentariam seu capital cultural, mediante cursos de pós-
graduação no exterior.
“as classificações efetuadas por um agente são condicionadas pela posição por ele
ocupada no espaço social e que, em função dessa posição, por definição relativa, elas
contatos sócio-políticos, através da Escola Anna Nery, estreitando laços com pessoas
Enfermagem da USP, Laís visitou a primeira dama, sra. Darcy Vargas (então presidente
Jaime de Barros Câmara59, para manifestar as homenagens da Escola Anna Nery pela
Nacional dos Estudantes, com uma delegação de alunas para levar a flâmula da escola,
interação com lideranças da época, D Laís promoveu eventos que poderiam influir
59
Nasceu em São José (SC), em 1894, em uma família modesta. A morte prematura de seu pai fez com
que fosse criado com dificuldades. Realizou os estudos primários em sua cidade natal. Em seguida,
ingressou no Ginásio Catarinense de Florianópolis, concluindo o curso ginasial em 1942. Um ano após,
ingressou no magistério, lecionando nesse mesmo colégio, onde também atuou como administrador. Em
1914, transferiu-se para São Leopoldo (RS), para ingressar no Seminário de Nossa Senhora da Conceição,
concluindo, cinco anos mais tarde, o curso de filosofia e teologia. Em 1920, Jaime Câmara foi ordenado
padre em Florianópolis. Sua vida sacerdotal desenvolveu-se a partir de então, em Santa catarina. Atuou
nas seguintes funções: coadjutor da paróquia de Tijucas (SC), exercendo o cargo de presidente da
sociedade que dirigia o hospital municipal; capelão das Irmãs da Divina Providência; Cura da Catedral
Metropolitana; capelão do Hospital de Caridade de Florianópolis e secretário do bispado de Santa
Catarina. Atuou como reitor do Seminário Menor de Azambuja, no município de Brusque (SC) até 1935.
Como bispo de Mossoró (RN), sua atuação visava promover a aproximação entre a Igreja e os
trabalhadores das salinas daquele município, de modo a evitar a propagação das idéias de esquerda. Dom
Jaime teria chegado a participar ativamente do movimento integralista como bispo de Mossoró.
Permaneceu em Mossoró até 1941, quando foi transferido para a arquidiocese de Belém do Pará. A morte
do cardeal dom Sebastião Leme, que se destacara a frente do episcopado brasileiro, deixou vaga a
arquidiocese do Rio de Janeiro (Capital Federal) por quase um ano. Em 1943, dom Jaime foi nomeado
pelo Vaticano para suceder d. Leme. A sua indicação para a arquidiocese teria representado o colapso da
liderança criada por seu antecessor, pois, o poder eclesiástico refluiu para as dioceses isoladas e seus
ocupantes (BELOCH e ABREU, 1984, p. 554 – 555).
94
sob a presidência de Laís Netto dos Reys e coordenada pelo reitor da UB, na pessoa do
sr. Armando Fajardo, que reuniu as lideranças da enfermagem brasileira para estudos
Carmo Prado – chefe do Serviço de Saúde Pública do Distrito Federal; Madre Maria de
Brasileira - São Paulo; Irmã Vicencia Alvarenga – Hospital Militar de Porto Alegre;
Fraenkel e Hilda Ana Krisch, que compareceram no quinto dia da reunião por
turno, Laís, aproveitava com muita competência as oportunidades para demonstrar sua
comunhão com a Igreja Católica, aumentando seu prestígio, ao mesmo tempo em que
1943).
que nessa reunião não houve consenso acerca dos temas elencados.
no Rio de Janeiro.
conferida pelo batismo do avião deve ter contribuído para que o chefe do Serviço de
textualmente:
serviço nos obrigaria mais na hora presente que servir às forças aéreas nacionais, as
terra e nossa gente”. A despeito desse entusiasmo, ela teve o cuidado de condicionar a
sociedade em geral. Esse dado de realidade foi informado por uma ex- aluna e
professora aposentada da EAN, Lieselotte Ornellas60, nos seguintes termos: “... era uma
pessoa [d. Laís ] que tinha muita visão social e de Brasil (...) tive que fazer o serviço da
de promoção da escola: “... Ela [d. Laís ] para promover a escola, facilitava esses
estágios, ainda antes de terminar o curso. Não era renda, nem para quem fazia, nem
60
Nascida em Lajes, Santa Catarina, pertencente a uma família evangélica. Ingressou no curso de
enfermagem da EAN em 1936, onde atuou também como presidente do diretório acadêmico. Formou-se
em 1939. Pós-graduada em nutrição na Argentina. Contratada como enfermeira do serviço de saúde
pública em 1939. Ingressou para o corpo docente da EAN em 1943. Em 1950 desempenhava a função de
chefe do serviço de dietética do Hospital dos Servidores.
99
... não tinha [remuneração] quando era coisa...D. Darci, Alzira, filha
do Getúlio [Presidente da República], Maria Celina, filha da Alzira.
Maria Mendes, Regina Mendes [enfermeiras da Escola Anna Nery],
não sei quem é mais, ficavam por conta. A Regina fez até enxoval
dessa menina.
sobre a EAN, com quase trinta páginas. O conteúdo foi obtido através de entrevista
texto tratou da história da EAN, desde a sua criação e foi acompanhado de fotografias
1943).
61
Alunas prestando cuidados de enfermagem a um recém nato prematuro; como se organizava o berçário
de crianças a termo, na maternidade do Instituto Nacional de Puericultura; aula prática do Curso de
Socorrista, realizada no Internato da Escola; aula de química no Pavilhão de Aulas; cuidados de
enfermagem à uma criança internada no Hospital Arthur Bernardes; cuidados de enfermagem à
puérperainstalação de tenda de oxigênio, no Hospital Miguel Couto; atuação de visitadoras sanitárias, no
sexto distrito sanitário, etc.
100
trabalho da EAN e a forma de inserção de futuras candidatas ao curso, sendo por isso,
UFRJ. As pioneiras. Cx. 04, 05, 06). Vale ressaltar que essa matéria que contou com a
Escola de Enfermagem do país62, teve uma enfermeira designada para assumir a direção
Anna Nery, com experiência acumulada, pois havia sido diretora interina da Escola
2003,p. 5).
cultural não deveria mais ficar limitado à visão dos psiquiatras. Ao contrário, esperava-
62
Criada em 1890.
101
cultural daqueles que se formariam a partir de então, permitindo a atuação nas diversas
ganho simbólico à Escola Anna Nery, à medida que conseguisse implementar tais
mudanças, pois o sucesso desse desafio estaria vinculado ao fato de a dirigente ter sido
formada na turma pioneira da escola oficial padrão e ali ter atuado como docente por
muitos anos, o que de certa forma contribuiu para difundir o padrão Anna Nery.
Anna Nery.
Embora a primeira turma contasse com um total de trinta e oito alunas inscritas, apenas
dezesseis (quase todas do Estado de São Paulo63) concluíram o curso, à exceção de uma
63
Amália Corrêa de Carvalho, Clélia Mainardi, Dinah Alves Coelho, Elizabeth Barcelos, Eulina Bastos,
Filomena Chiarello, Maria Conceição Leite Aranha, Maria José Almeida Leite, Maria Salomé Coura,
Maria Silvana Teixeira, Marilia de Dirceu da Cunha, Nahyda de Almeida Velloso, Ophélia Ribeiro, Zaira
Bittencourt, Zuleika Mendonça Kannebley (CARVALHO, 1980, p. 251).
64
Carmen Alves de Seixas
65
Equiparada pelo Decreto nº 15.495, de 9 de maio de 1944.
102
equivalente a 3,33% do total. Apesar disso, essas escolas representavam mais duas
das enfermeiras religiosas junto à categoria. Vale registrar que a Associação Brasileira
naquele estado. A diretora, Irmã Mônica Lima, diplomada pela EAN, também foi a
foi a diretora da Escola de Enfermagem São Vicente de Paulo, Irmã Cecília Fernandes,
também diplomada pela EAN. Além disso, a primeira sede da Associação foi a própria
Escola de Enfermagem.
p. 289).
66
Equiparada pelo Decreto nº 21.855, de 26 de setembro de 1946.
103
exercício legítimo do poder religioso. Como analisou Bourdieu (1992, p. 57), trata-se
dos Reys, Jerônima Mesquita, Olga Salinas Lacorte e Maria de Castro Pamphiro. Antes
por: Olga Lacorte, Laís Netto dos Reys, Clara Kienninger, Maria de Castro Pamphiro,
Zaíra Cintra Vidal, Josefina Brito, Marina Bandeira de Oliveira, Heloísa Veloso, Maria
Withe Fernandes, Cecy Clausen, Iracema N., Juracy P., Rosali Taborda, Edméa C.
Velho, miss Murray, Elisa Picoreli, Emília Cré, Maria F. Reis, Ruth Barcelos e Matilde
enunciar os novos rumos da enfermagem brasileira, uma vez que Laís não se submetia
54).
67
Equiparada em 27 de janeiro de 1949, através do Decreto nº 26.251.
68
Decreto Estadual nº 11.030, de 19 de abril de 1944, e equiparada em 27 de janeiro de 1947, através do
decreto nº 22. 526.
105
Cx. 19.
sob a presidência do Interventor Federal, foi assinado o Decreto-Lei nº 1. 130 que criava
composição parecem evidenciar uma mesa e são eles, da esquerda para a direita:
pode ser justificada pelo fato de que, na ocasião da assinatura do referido Decreto-Lei,
ela ainda não havia sido nomeada, o que ocorreu apenas em 9 de outubro de 1944, após
ter sido escolhida em meio a outros nomes sugeridos por Laís Netto dos Reys
Vale dizer que, desde 1942, o governo ampliava sua representação para
como foi o caso da Escola de Enfermagem do Estado do Rio de Janeiro, em cujo evento,
presidente Getúlio Vargas, o que certamente não se deu ao acaso. Cumpre lembrar que,
ênfase no que seriam as suas qualidades pessoais, tais como: “coragem, magnanimidade
comunicação.
evento. Dentre elas, o Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema; a Sra. Alzira
Diocesano de Niterói; Sr. Einor Christopherson, chefe da Missão Técnica do IAIA; Sr.
Adelmo de Mendonça, diretor de Saúde Pública do Estado do Rio; Profº Barros Terra,
diretor da Faculdade Fluminense de Medicina; a Sra. Laís Netto dos Reys, diretora da
EAN e a sra. Aurora de Afonso Costa, ex-aluna da EAN e, primeira diretora da Escola
de Enfermagem do Estado do Rio de Janeiro (COC. DAD, SESP, cx 16, Doc. 53).
Enfermagem, no Rio de Janeiro (COC. DAD. SESP. Cx. 19. Doc. 8(1)).
Cintra Vidal, diplomada na segunda turma da EAN, onde atuou como professora e
instrutora até ser transferida, “em comissão (lotação temporária)” para a prefeitura do
Rio de Janeiro, para exercer a função de diretora dessa instituição. No ano seguinte, em
Rachel Haddock Lobo a inaugurar o seu curso de enfermagem apenas em 1948, tendo
esta sido criada no mesmo ano que a Escola de Enfermagem do Estado do Rio de
Janeiro.
108
João de Barros Barreto, com significativo destaque ao controle e vigilância das doenças
A primeira diretora foi Mabel Faust, enfermeira Canadense, a quem coube a missão de
formatura do primeiro grupo foi em 1949, mesmo ano em que a instituição obteve o
reconhecimento.
69
Criada através do Decreto nº 174 e, cujo nome foi alterado onze dias após, por outro Decreto estadual
(nº 181), para Escola de Enfermagem Magalhães Barata.
70
Atual Escola de Enfermagem da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
71
Em 1916 realizou o curso de parteiras para as senhoras da sociedade com maior capital cultural e
social, com o objetivo de capacitá-las para a assistência obstétrica nos partos normais. Este curso
109
moldes da Escola Anna Nery, adotando, a partir de 1948 o mesmo regulamento vigente
Ainda em 1949, foram entregues os diplomas às alunas de três turmas já formadas pela
escola.
católica foi criada, qual seja, a Escola de Enfermagem da Medalha Milagrosa, atual
1949. A primeira diretora foi a Irmã Germaine Chabas, sucedida pelas Irmãs Lídia de
Paiva Luna e Catarina Cola, respectivamente, tendo sido essas últimas diplomadas pela
funcionou até 1949; temporariamente, foi criado o curso de “enfermeiros e padioleiros de guerra” , em
1917; e, em 1932, realizou cursos intensivos de preparação de práticos de enfermagem.
72
Decreto Federal nº 26.920.
73
Desde a sua criação até 1950 foi denominada de Escola de Enfermagem Medalha Milagrosa, quando
teve o nome alterado para Escola de Enfermagem Nossa senhora das Graças, até 1967. A partir daí pasou
a denominar-se Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças. Em 1967 passou a integrar a
110
das Religiosas Enfermeiras do Brasil (UREB), sociedade sem fins lucrativos e a União
médica para assistir as religiosas doentes e de uma Escola Superior, para aperfeiçoar as
de saúde.
Conselho Diretor76 e pela Presidente. O mesmo estatuto definiu que haveria uma
de julho de cada ano, por se tratar de data comemorativa de São Camilo de Lellis (CD.
Fundação de Ensino Superior de Pernambuco (FESP), atual Universidade de Pernambuco (UPE) (Banco
de Dados da Trajetória das Escolas de Enfermagem. Nuphebras. EEAN/UFRJ).
74
Em 18 de maio deste mesmo ano, foi fundado o primeiro núcleo da UREB, no Rio de janeiro, durante
um encontro de religiosas enfermeiras de várias congregações católicas, contando na ocasião com a
orientação do cardeal arcebispo do Rio de janeiro, d. Jaime de Barros Câmara (CARVALHO, 1976, p.
417).
75
Era constituída por todas as sócias fundadoras e efetivas (CD. EEAN/UFRJ. Cx. CPC. Doc. 01).
76
Constituído por uma presidente, uma vice-presidente e seis conselheiras eleitas pela Assembléia Geral,
com mandato de três anos (CD. EEAN/UFRJ. Cx. CPC. Doc. 01).
111
enfermagem não chegou a ser implementada (CD. EEAN/ UFRJ. Cx. CPC. Doc. 01).
Certamente, este fenômeno manteve nexos com a legalização dessa categoria, através da
também foi bastante expressivo ao longo da década de 50, pois, dos 45 cursos de
77
O ensino médio aqui tratado refere-se ao curso de auxiliar de enfermagem, cuja formação não era de
nível superior, como acontecia com a formação de enfermeira.
78
Para se obter esses números, foi considerado o vínculo do referido curso com instituições católicas, ou
procedida uma associação entre o nome do curso e uma personagem católica ou a figuras santificadas da
Igreja Católica. Além disso, foi possível constatar que até junho de 1954 existiam 11 cursos de
auxiliares de enfermagem católicos (CD. EEAN/UFRJ. Anais de Enfermagem. 1954), portanto, um
acréscimo de 7 cursos nos 5 anos seguintes.
112
Desta forma, era bem sucedida a estratégia definida pela UREB, quanto à
atuação da enfermagem.
fim da hegemonia européia. À época, teve início uma nova fase histórica, sob o signo
nacionalista, por outro, a ameaça de mobilização das massas sustentava o receio de que
junho de 1946, a sede da UREB foi transferida para São Paulo, afastando-se, portanto,
forma, a UREB foi acolhida pela Escola de Enfermagem do Hospital São Paulo e, sob a
âmbito nacional seria capaz de unir as enfermeiras. Nesse sentido, sugeriu que fosse
criado tal congresso, o que aconteceu um ano após, em 1947, com a sua participação
dessas religiosas nas escolas de enfermagem, sobretudo naquelas sob sua gerência:
Paulo, e na presença de sua Excelência d. Antonio Maria Alves Siqueira, Bispo Auxiliar
de São Paulo. Criada sob o lema “UBI CARITAS, IBI CHRISTUS, que significa:
“onde está a caridade, aí está Cristo”, a UCEB pretendia funcionar como elo de
79
Não foi possível a identificação dessas religiosas enfermeiras no I Congresso Nacional de Enfermagem,
nem obter informações relativas ao quantitativo de religiosas.
114
Netto dos Reys também foi eleita, por aclamação, presidente de honra da entidade (CD.
pelo empenho de Laís Netto dos Reys, enquanto importante líder católica da
enfermagem, a UCEB, através ds seções diocesanas, ofereceu aos seus membros várias
enfermagem”. Para tanto, atribuiu aos membros dessa organização católica algumas
profissão; preservar a prática dos ideais cristãos; habilidade para responder algumas
defesa e na aplicação dos princípios católicos” (CD. EEAN/UFRJ. Cx. CPC. Doc. 15).
115
defendeu: “Eis o que é preciso fazer antes de mais nada, custe o que custar – união. E
Doc. 15).
votassem algumas resoluções81, entre as quais merece relevo a que apresentava como
80
A preocupação da Igeja Católica com a visão materialista e agnóstica que se intensificava no mundo
contemporâneo era tão significativa que, também o IV Congresso Internacional de Enfermagem,
realizado em Roma, em 1950, estabeleceu resoluções que serviam de linhas mestras para nortear a
formação profissional da religiosa enfermeira no Brasil, condensando os princípios fundamentais que
preceituavam o respeito à pessoa humana, defendendo-a do materialismo e paganismo contemporâneos
(CD. EEAN/UFRJ. Anais de Enfermagem. 1954).
116
católico, tanto a UREB quanto a UCEB, tiveram papel destacado, no intuito de defender
moral cristã”, considerando a pessoa humana, tanto na sua vida física e psíquica,
quanto na sua vida familiar e social (CD. EEAN/UFRJ. Anais de Enfermagem. 1954).
Enfermagem, previsto para o mesmo ano, no Rio de Janeiro, além de outros pontos,
de São Paulo; Maria Rosa Pinheiro – Instituto de Higiene de São Paulo; Irmã Breves –
São Paulo; Irmã Luna – Escola de Enfermagem São Vicente de Paulo; Irmã Matilde
Enfermagem do Hospital São Paulo; Olga Salinas Lacorte – chefe da Divisão de Ensino
81
Essas resoluções foram aprovadas por unanimidade e com grande entusiasmo.
117
nesta reunião, Edith Fraenkel solicitou a substituição do tema que lhe caberia,
havia compilado nos Estados Unidos”. Não houve oposição à demanda de Edith
Fraenkel; porém não houve tempo hábil para a discussão do assunto, nessa reunião (CD.
EAN. A pauta previa a retomada das discussões acerca da criação dos Cursos de
Laís Netto dos Reys, Edith Fraenkel, Maria de Castro Pamphiro, Waleska Paixão, Irmã
Luna, Zaíra Cintra Vidal – diretora da Escola de Enfermagem Rachel Haddock Lobo,
Janeiro.
conhecimento do grupo um episódio que lhe causou estranheza e que precisaria ser
comunicando que a Escola de Enfermagem do Hospital São Paulo, dirigida por Madre
Enfermagem na cidade de São Paulo. Laís afirmou que não havia sido comunicada por
Madre Domeneuc e que não havia ficado decidida qualquer mudança acerca do local
do Hospital São Paulo, Madre Marie Domeneuc não estava presente nesse evento. (CD.
criação e organização dos cursos de auxiliares de enfermagem era tão divergente que
ocupou a maior parte do tempo destinado à reunião. Por isso, mais uma vez, não foi
da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto) e Laís Netto dos Reys. Por outro lado,
pelo mesmo espaço de atuação, como era possível observar, na ocasião, em concursos
1944).
em relação ao local onde o mesmo deveria acontecer. Laís Netto dos Reys entendia que
Enfermagem de São Paulo) defendia que a formação prática fosse adquirida nos
específica naquele país (CD. EEAN/ UFRJ. Ata de Reunião de Diretoras de Escolas de
Enfermagem. 1944).
intensiva, num período de três meses, ao passo que, para sua assessora, Ella
criação do curso de auxiliar de enfermagem, foi aprovado pelo grupo de diretoras, o que
segue: O referido curso poderia acontecer em articulação (ou não) com as escolas de
1944).
120
termos do ofício nº 925/43, enviado por Laís ao Ministro da Educação e Saúde, Gustavo
1943, no Pavilhão de Aulas da EAN, onde se previa, dentre outras coisas, que: “se
feita nas escolas de enfermagem” (CD. EAN/UFRJ. As pioneiras. Cx. 04. Doc. 24.
1943).
UB.
fevereiro (4ª reunião), Pavilhão de Aulas da EAN e contou com a presença de Maria
Cruz Vermelha Brasileira. Nessa oportunidade, foram tratados dois assuntos: o projeto
envolveu a atuação de dois grupos distintos: por um lado, Clara Curtis e Ella
Kosac e Dymphina Van Gorfo) que, pela própria condição de oficiais militares, em
que sustentavam o bloco católico, também apoiado por religiosas brasileiras, tais como:
Irmã Matilde Nina, Irmã Zoé, Irmã Odila Costa, Irmã Margarida Villac, Irmã Maria
1945).
embate entre as posições defendidas por Madre Domeneuc e Edith Fraenkel. Madre
facultativa, sendo o diploma acrescido da expressão ‘com ou sem Saúde Pública’ ”. Por
sua vez, a presidente da Sessão, Laís Netto dos Reys e Edith Fraenkel consideravam-no
vamos dar margem a que as Assistentes Sociais invadam, como já vêm fazendo, a seara
1945).
122
do currículo, quando o mesmo foi posto em votação, venceu a posição defendida por
Madre Domeneuc; ou seja, o estágio de Saúde Pública passou a ser facultativo (CD.
pessoal da diretora da Escola Anna Nery, alcançando o sentido do valor social desta
refere que:
82
a identidade da enfermeira face à outras profissões femininas, a participação das alunas de enfermagem
na UNE e viabilidade da revista Anais de Enfermagem BARREIRA; SAUTHIER; BAPTISTA, 2001, p.
164).
83
Este documento localizado na Fundação Getúlio Vargas (FGV), encontrava-se no Arquivo Gustavo
Capanema. Embora não conste de um destinatário, nem esteja datado, expressa o entendimento deste
representante do Estado, quanto a importância da enfermeira nos serviços de saúde pública no país, pois,
o título do documento é “Enfermeiras de Saúde Pública”.
123
como entendia que ainda não era possível, sugeriu que “os governos estaduais
facilitassem a vinda de moças preparadas a fim de cursarem a Escola ‘Anna Nery’ que
Nery, bem como a atuação de sua diretora, eram considerados estratégicos para o
Serviço de Saúde Pública brasileira, uma vez que produzia enfermeiras diplomadas para
por homens, cujas alianças com o Estado têm sido sustentadas por lideranças
Pública84, que, na prática, desde 1945, funcionava como associação à parte, com
84
Criada oficialmente em 1946, tinha sua atuação voltada para o acompanhamento dos problemas de
Saúde Pública, investindo no desenvolvimento desse campo específico da enfermagem. Atuou
efetivamente na organização do programa do I Congresso Nacional de Enfermagem, em 1947,
apresentando como tema: “Saneamento da Amazônia” e a “Enfermagem de Saúde Pública na Amazônia e
no Distrito Federal”. Além disso, produziu material bibliográfico sobre Saúde Pública (CARVALHO,
1976, p. 73 – 74).
85
A ABED era anteriormente constituída de presidente; vice- presidente; 1ª e 2ª secretárias; 1ª e 2ª
tesoureiras; bibliotecária; comissão consultiva, composta de sete membros, para assessorar a Associação
nas questões abrangentes importantes para a categoria; comissão de cultura; comissão de publicidade;
comissão de propaganda social, além dos cargos de representante dos Serviços de Enfermagem nos
Estados e no Distrito Federal (CARVALHO, 1976, p. 32-32).
86
ABED – Seção São Paulo (1946: 1ª presidente - Edith Fraenkel); Seção Distrito Federal (1946: 1ª
presidente – Rosaly Taborda); Seção da Amazônia (1946: 1ª presidente – Tessie F. Williams – consultora
do IAIA junto ao SESP, lotada no Programa da Amazônia de 1944 a 1950); Seção Minas Gerais (1947: 1ª
presidente – Waleska Paixão); Seção Bahia (1948: 1ª presidente – Olga Verderese); Seção Goiás(1948: 1ª
presidente – Irmã Mônica Lima); Seção Pernambuco (1949: 1ª presidente – Irmã Lidia de Paiva Luna) e
Seção do Estado do Rio de Janeiro (1949: 1ª presidente – Ermengarda Alves F. Alvim). A Seção da
Amazônia agregava os estados do Pará, Amazonas, Maranhão, além dos territórios do Amapá, Acre e
Guaporé (CARVALHO, 1976, p. 95 – 105).
125
da REBEn, quatro membros eleitos pelas Assembléia Geral, além dos Conselhos Fiscal
que, embora a Igreja católica apoiasse o Estado Novo, por entender que as reformas
que as onze escolas de enfermagem criadas nesse período eram assim caracterizadas:
sete eram vinculadas a igrejas, das quais seis de congregações religiosas católicas e as
outras quatro eram públicas87. Ainda mais, na década de 40, foram inauguradas catorze
cinco estaduais, uma federal e uma municipal. A proliferação das escolas católicas
evoluiu progressivamente por toda a década de 50, de modo que, até 1959, havia uma
1997, p.38).
Janeiro, em 1945, Laís, juntamente com um grupo de enfermeiras da EAN, foi recebida
87
Escola de Enfermagem da USP (estadual), Escola de Enfermagem do Pará (estadual), Escola de
Enfermagem do Estado do Rio de Janeiro – atual Escola de Enfermagem da UFF (estadual) e a Escola de
Enfermagem Hachel Haddock Lobo – atual Faculdade de Enfermagem da UERJ (municipal) (Baptista e
Barreira, 1997, p.37).
126
Foto nº 7: Comitiva da Escola Anna Nery, em visita ao Palácio do Catete por ocasião
seguintes figuras, da esquerda para a direita: Laís Netto dos Reys, diretora da Escola de
plano, porém com certo distanciamento do presidente, vê-se um jovem não identificado,
bolso, na farda, uma identificação, própria dos ocupantes de funções militares. Esse
Marina Bandeira de Oliveira, enfermeira de saúde pública, formada pela Escola Anna
Nery, com pós-graduação nos EUA; uma senhora não identificada, atrás de Laís e, entre
esta e o presidente, Dona Diva Miranda Moura. Nessa foto, aparecem ainda duas
senhoras também não identificadas, além de uma figura masculina, no canto direito. No
momento do registro fotográfico, este não olhava para a objetiva da câmera fotográfica.
cristal de grande dimensão, com inúmeras lâmpadas88. Este ambiente era reservado às
brasileira.
não aparece na foto, fez um pronunciamento em nome das escolas de Enfermagem ali
88
Em visita realizada ao Museu da República, em 29 de dezembro de 2002, pude identificar que o recinto
onde ocorreu o registro fotográfico trata-se do salão amarelo, nome este atribuído em função de sua
decoração – cortinas e móveis – na tonalidade amarela. Este ambiente conserva, ainda, os desenhos na
parede, no teto e o lustre originais. É o único ambiente com estas especificidades.
128
profissional poderia contribuir para que o cidadão brasileiro crescesse “belo e forte e
assistência “aos soldados nas linhas de fogo onde ia sacrificar a própria vida, pela
posicionamento crítico, dizendo que : “se, por um lado, o trabalho da enfermeira exige
vocação, desprendimento e abnegação; por outro, não seria justo que as sacrificassem,
destinados”.
“emissária da saúde, moral, física e espiritual, teria que testemunhá-lo em sua própria
vida, o que só poderia ser feito se lhe fossem propícias as condições de ambiente e de
No bojo das estratégias instituídas pela Escola Anna Nery com o intuito
de 1945, levada a efeito em conjunto com a comemoração dos vinte anos da formatura
(UB), Dr. Ignácio Manuel de Azevedo Lima, pois expressa a identificação do curso com
o sistema universitário, uma vez que a EAN só passou a fazer parte da UB, como
bandeira nacional por uma imagem de Anna Nery. A associação desses ícones traduz
carga simbólica e emocional do grupo, uma vez que a bandeira nacional e a bandeira da
sua identidade.
formatura havia duas alunas, cada qual portando uma bandeira. À esquerda,
Nery junto às instituições ali representadas. A esse respeito, uma das depoentes, Anna
Nava, comentou: “ela [d. Laís] era pessoa de renome, não só de família, como também
com o poder no Palácio do Catete, ela acrescentou que “d. Laís tinha prestígio porque o
irmão dela era do Palácio. Ela conseguia coisas que você nem faz idéia”.
Anna Nery, com o mais alto mandatário do governo brasileiro, uma vez que, segundo o
depoimento da professora Elvira de Felice Souza, teria Laís Netto dos Reys ido ao
Segunda Guerra Mundial, elaborou um relatório relativo ao sub projeto Anna Nery
Nery que, ao mesmo tempo, visava ampliar os canais de intercâmbio e cooperação com
minimizar o poder inerente à condição de escola oficial padrão, ostentado pela Escola
Anna Nery desde 1931. Conforme explicitado no relatório do mesmo sub projeto Anna
Nery School (NT – RJA – 14 – 2): “Until 1942 this was the only school of nursing in
Brazil recognized by the government as of ‘alto padrão’. In 1942 three other school
89
Este projeto que objetivava ampliar o número de Escolas de Enfermagem no Brasil, e com isso o
quantitativo de enfermeiras, era composto por vários sub – projetos. Para cada empreendimento junto a
qualquer das escolas de enfermagem cabia um sub-projeto.
90
Este sub projeto, identificado como “NT-RJA-14-2”, intitulado Anna Nery School, apresenta um breve
histórico da Escola Anna Nery na formação de enfermeiras no Brasil. Apesar de reconhecê-la com a
maior e melhor escola de enfermagem do país, entendia que era necessário alguns melhoramentos. Nesse
sentido, contaria com a participação de Clara Louise Kienninger (primeira diretora da escola), em tempo
integral, no período de 1942 a 1943, não alcançando o sucesso esperado (Departamento de Arquivo e
Documentação. COC. SESP).
91
Desde 1942 esta era a única escola de enfermagem no Brasil reconhecida pelo governo como de ‘alto
padrão’. Em 1942 outras três escolas foram equiparadas a ela. Nenhuma destas seriam certificadas nos
U.S.A.”. A tradução é minha.
132
em 1936, ano anterior a sua admissão no quadro de alunas da Escola Anna Nery,
[Carlos Chagas] ainda estava nos seus primórdios e era uma escola fraca”. Reitero
que essa avaliação é coerente com o que foi pontuado no relatório, no que diz respeito à
qualidade do ensino.
Estado de Minas Gerais, que vinham cursar enfermagem na Escola Anna Nery, nos
Tratando objetivamente do assunto, cumpre mencionar que, nos anos de 1936 e 1937, o
respectivamente, permite inferir que a Escola Anna Nery, apesar de reconhecida a sua
92
Em 1933 o número de alunas vindas do estado de Minas Gerais era de 10; em 1934, já era de 20; em
1936, superou o número de alunas naturais da própria Capital Federal, contando com 22 alunas e a
Capital Federal com 17 e, em 1937, essa diferença é ampliada , enquanto Minas Gerais tinha 27 alunas, a
Capital Federal contava com apenas 20.
133
brasileira. Esse parece ser o caso da Escola de Enfermagem Carlos Chagas. Outro
importância da posição ocupada por Laís Netto dos Reys para com os interesses do
catolicismo.
atenção especial e acreditava “ser isso uma irregularidade” (FGV – CPDOC – GC).
inspeção de estabelecimentos educacionais por uma única escola não era observada em
qualquer outro ramo de ensino. Além disso, Edith considerava também, pouco prudente
manter essa missão sob os auspícios de uma única pessoa: “cujos ideais talvez não
93
Trata-se da parte final de um documento que embora não tenha sido localizado com todas as sua
páginas, foi possível observar o conteúdo apresentado no texto desta Tese de Doutoramento. Vale
acrescentar ainda que o documento em questão possui a assinatura de Edith de Magalhães Fraenkel.
94
O engenheiro Ernesto de Souza Campos, também era médico e exercia a função de professor da
Faculdade de Medicina da USP, realizou e submeteu à apreciação do diretor da Faculdade de Medicina,
Professor Benedito Montenegro, o primeiro projeto de construção da Escola de Enfermagem do Estado de
São Paulo, não sendo aceito, pois, o SESP havia decidido financiar a construção da referida escola, para
o qual utilizou seu próprio arquiteto (CARVALHO, 1980, p.31).
134
Paulo afirmou que a inspeção e a aprovação das escolas de enfermagem, tais quais se
da educação em enfermagem.
diretoras era amplamente conhecido: “Havia uma animosidade muito grande entre d.
com o apoio da Fundação Rockefeller, sendo aquela, desde a sua fundação, anexa à
95
Este Conselho Nacional de Enfermagem deveria ter as suas funções ampliadas em relação ao Conselho
do mesmo nome, já referido neste estudo.
135
2002, p. 211).
necessária para preparar mão de obra qualificada para atuar no espaço hospitalar que se
no Estado de São Paulo, onde se atribui ênfase ao cotidiano da vida urbana, porém, não
modelo. Para que se possa avaliar o tratamento ao tema, transcrevo o que segue:
96
Sub-projeto do SESP, para atender a Escola de Enfermagem de São Paulo, incluindo-se aí as demais
unidades fundamentais para a formação prática das alunas.
136
geral. Para atender às novas exigências do setor produtivo brasileiro, o Estado precisou
transferindo-o do campo da saúde pública, que primava pelo caráter preventivo, para o
do Hospital das Clínicas de São Paulo, além do interesse na existência de uma Escola de
Enfermagem que pudesse contribuir para atender à demanda que se apresentava, não
apenas em São Paulo, como em grande parte do país, sobre tudo, nos principais centros
1944: “A enfermagem está entregue a leigos que lidam, sem conhecimento, com a vida
Diretoras, 1944).
situação hospitalar no país, foi apresentada alguns anos mais tarde, por um jornal de São
Paulo, onde era demonstrado que o Brasil ainda não contava com mais de 350 leitos–
hospital por 100.000 habitantes, quando a média nos Estados Unidos era de 730, e
acrescenta, “num país extenso como o nosso, com mais de 45 milhões de habitantes, a
maioria localizada na zona rural ...é doloroso saber que não possuímos 1000
– São Paulo).
enfermeiras plenamente qualificadas para atuar na área hospitalar, cuja demanda era
sociedade.
Escola de Enfermagem de São Paulo, em julho de 1943, esta percebeu que nenhum
97
A primeira Reunião de Diretoras de Escolas de Enfermagem foi realizada em 1943 e tratou também das
questões relacionadas aos cursos de auxiliares de enfermagem.
138
anúncio tinha sido publicado, nem se havia desenvolvido qualquer plano para divulgar a
escola fora do Estado de São Paulo. Para corrigir essa lacuna, o SESP financiou a
nas cidades de Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Aracaju, Recife, Fortaleza e Belém,
cx 19, Doc 8). Este grupo de alunas faria parte da turma que se formaria em 1947, num
total de 37 concluintes.
quantitativo de alunas que lhe permitia concorrer pela condição de grande centro difusor
país, tanto na área de saúde pública, quanto na anunciada moderna estrutura hospitalar,
enfermagem.
Escola de Enfermagem de São Paulo, desde que prometeu ser a melhor do Brasil,
98
As alunas tinham as seguintes origens: duas de Porto Alegre, duas de Curitiba, uma de Florianópolis,
quatro de Salvador, três de Recife, três de Aracajú, cinco de Fortaleza, sete de Belém e duas de Manaus.
99
Este relatório do sub-projeto NT-SPA-14, é assinado pelo Superintendente do SESP, Dr Sérvulo Lima e
pelo DR E. H. Christopherson, representante da Divisão de Saúde e Saneamento do Instituto para
Assuntos Inter Americano (IAIA).
139
seu curso tão logo quanto possível e formar enfermeiras necessárias a outras áreas
discente, em março de 1944, trinta alunas bolsistas do SESP, oriundas de nove estados
da federação, a saber: Amazonas, Pará, Ceará, Sergipe, Bahia, Paraná, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul e São Paulo. Desse total, vinte e uma concluíram, enquanto que os
física (2), para dedicar-se ao matrimônio (1), reprovadas no período Pré-clínico (2) e
por não ter regressado ao curso (1). As alunas que concluíram sua formação eram
oriundas de quatro regiões do país, sendo cinco do Amazonas, três do Pará, três do
Ceará, uma do Sergipe, três da Bahia, uma do Paraná, uma de Santa Catarina, duas do
do país, a EAN era tida como referência de qualidade para a formação de enfermeiras na
de vários países desse continente, tais como: Colômbia, Venezuela, Paraguai, República
De acordo com a interpretação de Laís Netto dos Reys, essa iniciativa era
enfermagem brasileira e da EAN, para além dos limites nacionais. Apoiada nessa linha
140
argumentativa, Laís se refere textualmente: “essa iniciativa trará para o Brasil, para a
UB e para a Anna Nery, a glória de receber elementos de outras nações centro e sul
profissional de enfermagem” (CD. EEAN/ UFRJ. As Pioneiras. Cx. 05. Doc. 13. 1944).
mesmo tempo em que se ocupava com as questões referentes ao seu curso de graduação,
tratava também da organização do Hospital das Clínicas. Somente mais tarde, assumiu
100
nos termos do Parágrafo2º do artigo 2º do Estatuto de 02 de julho de 1946. É reconhecida pelo
Ministérioda Educação em 8 de fevereiro de 1968, pelo Decreto nº 62.241.
101
Inaugurado em 1949.
141
Guanais Dourado (formada pela Escola Anna Nery) e Olga Verderese (diplomada pela
enfermagem daquele estado. A primeira diretora da escola foi Celina Viegas, nomeada
Chagas, onde atuou como docente até 1944, quando foi indicada para realizar um curso
então interventor de Minas Gerais, Dr João Tavares Correia Beraldo, para dirigir a
2002, p.37).
102
Diplomou-se na segunda turma, em 1947 (Carvalho, 1980, p. 251).
103
Decreto Estadual nº17.051, de 3 de junho de 1946. Reconhecida através do Decreto nº 28.376, de 21
de maio de 1950.
142
poder, cujas armas simbólicas variavam de acordo com os interesses específicos de cada
católicas no país, a exemplo do que vinha acontecendo na Era Vargas (1930 – 1945).
concorrente da EAN foi a Escola de Enfermagem de São Paulo, planejada e dirigida por
SESP.
admitidos pela própria Edith Fraenkel, ainda em 6 de julho de 1948, através de carta
realizava nos Estados Unidos da América, cuja qualificação contribuiria, no futuro, para
aproveitamento simbólico, uma vez que foi objeto de destaque na imprensa paulista, por
meio de matéria que ocupou página inteira. O texto jornalístico informava que o autor
a escola contava também com uma biblioteca, com área total de 5. 570 metros
104
Do escritório em Washington, D. C., para trabalhar no Brasil como consultor de arquitetura do SESP.
144
encontra suporte teórico em Bourdieu (2003b, p. 161), quando afirma que: “o consumo
mais ou menos ostentatório do espaço é uma das formas por excelência de ostentação
do poder”. Este importante sociólogo (2003b, p. 163) acrescenta que, por ser o espaço
social inscrito, ao mesmo tempo, nas estruturas espaciais e nas estruturas mentais,
caracteriza-se como um dos lugares onde “o poder se afirma e se exerce”, sob a forma
pois, por meio de suas injunções mudas, dirigem-se diretamente para o corpo,
e o Hospital das Clínicas de São Paulo, esse último inaugurado um ano após o início do
formado a sua primeira turma, a então diretora, Edith Fraenkel, que acumulava a função
Capital Federal e da Escola Anna Nery, o pioneirismo e liderança nesse tipo de evento.
definida, pelo grupo, como questão fundamental. A intenção era de contribuir para
105
A primeira diretoria definitiva da Divisão de Educação era composta além da presidente, pela vice-
presidente, Laís Netto dos Reys; 1ª secretária, Celina Viegas; 2ª secretária, Glete de Alcântara; tesoureira,
Josefa Jorge Moreira e o Conselho Consultivo: waleska Paixão, Irmã Matilde Nina e Olga S. Lacorte
(CARVALHO, 1976, p. 125).
146
primeira diretora foi Cecília Maria Domenica Sanioto107. Um fato importante a ser
indicação dos nomes das enfermeiras que deveriam proceder às inspeções nas escolas
criadas desde 1931, em atendimento ao disposto no decreto 20. 109/ 31. Porém, por
(SESP), esta função foi desenvolvida, em parte, pela diretora da Escola de Enfermagem
Poucos dias após, através da Lei 775/49, parte das funções atribuídas à
Escola Anna Nery, foi transferida para o Ministério da Educação e Saúde, conforme
reconhecidas no campo da educação em enfermagem no país, por outro, Laís Netto dos
106
Decreto Estadual nº 1.702, de 25 de junho de 1947 e reconhecida através do Decreto nº 34.539 de 10
de novembro de 1953. Atual Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco. Em 30 de
janeiro de 1961 é transformada em estabelecimento de ensino federal através da lei nº 3.875, de 30 de
janeiro de 1961(Banco de Dados da Trajetória das Escolas de Enfermagem. Nuphebras. EEAN/UFRJ).
107
De 26 de fevereiro de 1950 a 01 de fevereiro de 1952 (Banco de Dados da Trajetória das Escolas de
Enfermagem. Nuphebras. EEAN/UFRJ).
108
O parágrafo único do artigo 10 define que a Diretoria do Ensino Superior do Ministério da Educação e
Saúde promoverá as verificações que serão, em seguida, submetidas ao Ministério da Educação e Saúde,
para a expedição de autorização para funcionamento e, o artigo 14, informa que a concessão de
reconhecimento do curso será mediante decreto do Presidente da República, sendo indispensável prévio
parecer favorável do Conselho Nacional de Educação.
147
carentes do país, ao mesmo tempo em que reforçava seu prestígio junto ao clero. Nessa
desnutrição e a mais cruciante ignorância” (CD. EEAN/ UFRJ. Mod. I. cx. 7A. doc.
02 e 37).
Pedro Afonso. Esta última foi incluída na Caravana, em função de uma avaria no avião
que obrigou o mesmo a descer nessa cidade, até que fosse reparado.
aproveitou a oportunidade para solicitar a Laís Netto dos Reys, que o mesmo trabalho
109
Além de um grupo de alunas, fizeram parte dessa caravana as enfermeiras Waleska Paixão, Elazir
Marques canário, Maria Diva Campos e Izaura Barbosa Lima.
148
do mesmo evento, médico, dentista e assistente social. Dessa forma, logrou obter o
reconhecimento de outros agentes, cujo prestígio social já era reconhecido. Além disso,
naquela comunidade. Por último, Laís marcava, mais uma vez, sua condição de distinta
caravana, as seguintes palavras: “Um dia, todos que assim procederem vão escutar
estas palavras: eu estava doente e tu cuidaste de meu corpo! Vem bendito para o reino
de meu Pai que está preparado desde sempre para ti!”. É mais do que evidente que,
Pública e a Escola Anna Nery designaram oito enfermeiras, dentre elas, a professora
Lieselotte Ornellas, todas sob a chefia da enfermeira Isaura Barbosa Lima (Arquivo
149
pessoal de Lieselotte H. Ornellas). Essa participação registra mais uma vez a presença
janeiro de 1948.
intento, Dom Alexandre contou com a presença de duas religiosas diplomadas pela
Escola de Enfermagem São Vicente de Paulo, de Goiás: Irmã Maria Alzira e Irmã Maria
Adelaide, sendo a primeira designada para direção em atenção aos dispositivos legais
Eugênio concluiu o curso, foram diplomadas quatro alunas, sendo três religiosas113.
Logo em seguida, ocorreram duas alterações: Madre Maria Angelina, aluna da primeira
110
Em 1961 foi agregada à Universidade Católica e, em 27 de janeiro de 1967 foi incorporada à Fundação
Universidade Federal do Maranhão, nos termos da lei nº 5.152 de 20 de outubro de 1966 e do Decreto nº
59.941, de 6 de janeiro de 1967, passando a denominação de Faculdade de Enfermagem.
111
Atual Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Maranhão. O curso foi reconhecido através
do Decreto Federal nº 30. 628 de 11 de março de 1952, publicado em 26 do mesmo mês.
112
Equiparada em 25 de julho de 1950, através do Decreto nº 28.414.
113
Irmã Maria Cecília de São José, Irmã Maria Angelina, Irmã Maria Flávia e Terezinha Pelis, ex-aluna
do colégio N. S. da Dores.
150
contar com sede própria, cuja construção, anexa ao Hospital São Domingos, foi iniciada
em junho de 1954 e inaugurada em março de 1956. Até aquele momento, a Escola Frei
Eugênio funcionou na sede da Santa Casa, onde eram ministradas as aulas teóricas e
órgãos estatais para continuar investindo na criação de escolas de enfermagem por todo
país. Durante a Era Vargas (1930 – 1945), a aliança entre o Estado e a Igreja era
bastante conhecida, ao passo que, no Governo de Eurico Dutra (1946 – 1951)115, esta
relação era, no mínimo, cercada de muitas considerações e simpatia; ele teve o cuidado
Gaspar Dutra116, foi concluído com expressiva vitória117, após apoio do ex-presidente
Getúlio Vargas, que representava o Estado na aliança com a Igreja, ao mesmo tempo em
que demonstrava sua efetiva influência sobre a maioria da população brasileira (VALE,
1978, p. 19-25).
consideração deste com a Igreja católica. Em uma das declarações públicas, Dutra
114
Irmã Maria Alzira, primeira diretora da escola de enfermagem é nomeada para a direção do Hospital
São Marcos, em Belo Horizonte.
115
Janeiro de 1946 a Janeiro de 1951.
116
Ministro da Guerra no Governo Vargas, é candidato pela legenda do PSD.
117
Dutra (PTB e PSD) venceu as eleições contra Eduardo Gomes (UDN) e Yedo Fiúza (PCB).
151
competência para manter unidos todos os brasileiros nos seguintes termos: “...Nascemos
690).
EEAN, CD).
EAN, sinalizando para o fim da condição de Escola Oficial Padrão, nos moldes do
Decreto nº 20. 109/ 31. Na oportunidade, incluiu-se, nas resoluções finais, que caberia
o objetivo de que aquelas que ainda não possuíam as plenas condições necessárias
pudessem ter o seu nível elevado. Além disso, reivindicou-se a rápida ampliação,
118
O grifo é meu.
152
funcionaria como órgão consultivo dos poderes públicos para tratar de todas as questões
considerada como modelo oficial padrão. Ainda mais, a ampliação de outras unidades
Não creio que seja sábio aproveitar as instalações das poucas Escolas
de Enfermagem para realizar cursos de auxiliares. Melhor seria, e mais
de acordo estaria com a evolução da medicina entre nós, se as Escolas
de Enfermagem aproveitassem as suas instrutoras e suas
disponibilidades materiais para a realização de cursos de especialização
119
Presidente da Sociedade Brasileira de Higiene e Superintendente do Serviço Especial de Saúde Pública
(SESP) à época.
153
lei sobre o ensino da enfermagem no país. Segundo seu ponto de vista, o projeto
Para o dr. Marcolino Candau, melhor seria que outra legislação tratasse da
seria muito útil se, de uma vez por todas, fosse definido o que é uma
enfermeira e cessasse o hábito de considerar as auxiliares de
enfermagem..., como intimamente relacionadas às enfermeira...[ao
contrário], constituírem profissão à parte, bem definida e capaz de
representar importante papel na estrutura médico- sanitária, respeitadas
as limitações, isto é, exercendo funções correspondentes ao preparo
técnico rudimentar que lhes é atribuído (CD. EEAN/UFRJ. Anais de
Enfermagem. out. 1948).
(REBEn) que, desde 1941, havia interrompido suas publicações, representam estratégias
154
Magalhães Fraenkel e Anna Jaguaribe Nava, designadas por Laís Netto dos Reys. A
de 1951.
falta do prestígio político de Laís Netto dos Reys junto aos principais redutos políticos
120
relação da administração de Escolas de Enfermagem, no Brasil, até dezembro de 1950 (COC. SESP.
Cx 19. Doc. 8 (4)).
121
Pesquisa realizada em 10 de novembro de 2003.
155
envolvia dois grandes grupos: por um lado, o grupo liderado pela Escola de
Enfermagem de São Paulo, que mantinha estreita relação com o IAIA e com a Fundação
Rockefeller e, por outro, as Irmãs da Escola de Enfermeiras do Hospital São Paulo, que
esse último grupo somava-se a grande líder católica da enfermagem brasileira, Laís
meticulosamente organizado por uma aluna da escola, Maria das Neves, a quem coube a
classe, em tipo determinado de prática religiosa, ou bens de salvação, com destaque para
mensagem religiosa.
capital político da Igreja, na conservação do mercado simbólico, pois, para que esse
necessidade específica dos bens de salvação e dos serviços religiosos. Ainda mais, este
1992, p.52-59).
da EAN, mesmo não sendo consideradas como especialistas da religião, agiam de forma
representantes institucionalizados.
esquerda para a direita, há duas alunas (figuras 1 e 2), seguidas de Laís Netto dos Reys
(figura 3), outra aluna (figura 4) e, por último, a professora Elvira de Felice Souza
(figura 5). Ao centro, está Laís, diretora da EAN. Ao fundo, e logo atrás de Laís,
Duas estudantes (figura 1 e 4) portavam uma vela acesa, em formato de cruz. Como
magicamente.
consumo dos bens de salvação, apesar de não serem consideradas como especialistas da
religião institucionalizada.
Enfermeiras do Brasil (UCEB), em que Laís era presidente de honra, veiculou uma
ensinada e praticada pelos seus discípulos e apóstolos por todos os tempos. Onde há
ABED, cuja presidente, à época, era Zaíra Cintra Vidal, também foi importante, como
quem cabia a função de inspeção e equiparação das demais escolas, criadas desde então.
Enfermeiras Diplomadas, de 1943 a 1945 e de 1945 até 1948. Com a autoridade que a
função lhe atribuía, Zaíra Vidal submeteu ao Ministro da Educação e Saúde, em 1946,
representação da Escola Anna Nery ficou diminuída, pois, o respectivo conselho seria
“Anna Nery”.
122
2 enfermeiras representando as Escolas Oficializadas de alto padrão; 1 representante da Escola Anna
Nery; 2 representantes da ABED; 3 enfermeiras representando, respectivamente, a Divisão de
Organização Sanitária, a Divisão de Organização Hospitalar e, o Serviço Nacional de Fiscalização de
Medicina (UFRJ. EEAN. CD. Mod. I. CX. 7ª 1946/1947. Doc. 25).
159
Netto dos Reys manteve a aproximação com os novos atores do cenário político, como
o Presidente da República, à época, Eurico Gaspar Dutra. Essa circunstância teve como
160
esquerda para a direita, é o Dr. Fajardo, secretário do Reitor, o Reitor da UB, Azevedo
autoridade era o presidente Dutra, ao lado (quinta figura) do cardeal D. Jaime Câmara; a
penúltima personalidade era Laís Netto dos Reis e, finalmente, outra figura masculina
161
Eurico Gaspar Dutra. Todos os presentes estão formalmente trajados com terno e Laís
A bandeira nacional foi colocada atrás da mesa das autoridades e era tão
grandiosa que sua extensão poderia ultrapassar toda a dimensão da mesa. Esse detalhe
confere ênfase ao espírito patriótico de Laís e da maior autoridade nacional que era, ao
destaque para a figura do Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra e para o cardeal
Enfermagem de São Paulo, dirigida por Edith Fraenkel, parecia representar um esforço
– São Paulo).
alunas, destacando a apropriação dos espaços do Hospital das Clínicas de São Paulo:
e faz referência ao local de prática, informando que possuía “capacidade para mais de
1000 leitos”, o que oferecia “grandes vantagens para o preparo de enfermeiras nos
162
mesmo tempo em que enuncia a distinção inerente ao preparo das enfermeiras, pois
indicava que aquele grupo era distinto dos demais, traz subjacente o reconhecimento da
Vale destacar que a Escola Anna Nery, desde sua criação até 1949,
oficial do SESP, a Escola de Enfermagem mais antiga do país, segundo o modelo anglo-
procurou acatar os limites da prática da enfermeira de modo a obter alianças com esse
médico: “...com o qual compartilha dos cuidados aos doentes e da humanitária alegria
com os médicos, para melhor inserção da Escola de Enfermagem de São Paulo, cujo
principal campo de prática era o Hospital das Clínicas de São Paulo; em contrapartida,
Se por um lado, Laís Netto dos Reys teve o cuidado de manter estratégias
outro, também enfrentava resistências no plano interno da Escola Anna Nery, cujo
embate iniciado em 1946, evidenciou o repúdio por parte do corpo social da Escola de
valores até então aceitos por nossa profissão”. (UFRJ. EEAN. CD. Cx Comunismo.
Doc. 01, 09, 19, 29; PUREZA; SANTOS e BARREIRA, 2002, p.9).
matéria era precedida do seguinte título: “a diretora da Escola Anna Nery, que
mantinha curso clandestino, acusou de comunista uma aluna” (UFRJ. EEAN. CD.
das alunas acusadas; apenas lhes foram imputadas penalidades exemplares, sob a forma
123
A regulamentação desta categoria se deu através da Lei 775/49, durante o governo de Eurico Gaspar
Dutra, que foi eleito depois de um período de aproximadamente quinze anos de Governo Vargas (1930 –
1945).
165
responsáveis pela difusão da doutrina comunista no interior da escola, Laís Netto dos
Reys contava com o apoio de duas outras instituiçõs importantes: o Estado e a Igreja
pois o governo Dutra também empreendeu sua investida contra o Partido Comunista. A
Paulo, foi muito bem sucedido nas eleições estaduais de 1947. Estimava-se que no ano
Por outro lado, a esperança de paz mundial era cada vez mais remota,
dois grandes grupos. Diante disso, as denúncias de dois deputados do PTB foram
suficientes para que o Supremo Tribunal Federal decidisse cassar o registro do Partido
124
As suspensões foram assim definidas: Zenóbia Gomes dos Santos (suspensa por 12 meses); Ilma B.
Porciúncula de Moraes ( suspensa por 6 meses); Isaura de Castro Farias (suspensa por 6 meses); Lisette
C. Dall’orto ( suspensa por 6 meses) e Ilda Carvalho de Oliveira ( suspensa por 4 meses). Essas
penalidades deveriam ser cumpridas nas residências das próprias alunas (UFRJ. EEAN. CD. Comunismo.
Doc. 01).
166
panorama complexo, decidiu assinar um acordo com os Estados Unidos, cujo trabalho
125
O Plano SALTE, seria financiado pelo produto da receita ordinária da União; por um empréstimo de
divisas ao Banco do Brasil S. A .; por uma operação de crédito interno, sob a forma de emissão de
obrigação do Tesouro, e, finalmente, por parte da receita do Fundo Rodoviário Nacional e da
Contribuição de Melhoria. Esse plano começou a ser executado antes de sua aprovação pelo Poder
Legislativo. A Lei nº 537, de 14 de dezembro de 1948, aprovou o orçamento geral da República para o
exercício financeiro de 1949, definindo o valor necessário para obras e serviços. A Lei nº 749, de 27 de
Junho de 1949, discriminou as aplicações desse crédito global, e, em 18 de maio de 1950, foi então
sancionada a Lei nº 1102, que aprovou o Plano SALTE e dispôs sobre sua execução.
167
SESP. O fato é que, à medida que se tornava conhecida a realidade de saúde pública
pessoal de enfermagem.
simbólicas.
dar conta do problema de saúde no país, partiam dos médicos, que preferiam lidar com
pessoal de enfermagem dotado de menor capital social; das forças políticas que queriam
demanda do país. Essa interpretação é ratificada por Laís Netto dos Reys, ao afirmar
textualmente que: “se as enfermeiras não solucionarem o problema, ele será objeto de
cogitação dos médicos que dele sentem a necessidade e vem recorrer à participação
dos técnicos”. Ela acrescentou que “as dificuldades levaram os diretores de hospitais
de Diretoras, 1944).
(SANTOS et al. 2002, p.566-568), o que, por conseqüência, subtrairia à Escola Anna
qualquer das funções, o nome de Laís Netto dos Reys. Essa lacuna pode ser indicador
escolas ao “ modelo Ana Neri”. Essa medida legal representou considerável perda
esse critério, temos que, durante o período estudado, envolvendo a Era Vargas e o pós –
guerra imediato126, das trinta e nove Escolas de Enfermagem existentes, vinte eram
126
Nesse estudo foi considerado como pós-guerra imediato até 1949.
169
quatro de âmbito federal, 10,25 %, três evangélicas, 7,69 %, duas filantrópicas (5,13%)
775/49. Mais tarde, essa enfermeira americana foi também designada pela Associação
americanas no Brasil.
Paulo, atuava unida a Edith Fraenkel no combate àquela que representava a maior
relato da depoente Anna Jaguaribe da Silva Nava: “d. Laís foi muito combatida pela d.
127
Enfermeira do IAIA, a partir de junho de 1944 passa a atuar como assessora da Escola de Enfermagem
de São Paulo e do Serviço de Enfermagem do Hospital da Clínicas (Departamento de Arquivo e
Documentação – COC. SESP, cx 19, doc. 8).
170
que de fato tinham no campo da enfermagem hospitalar, ainda era bastante expressiva.
tinha a qualidade desejada, ou pelo menos, podia-se dizer que o número de religiosas
não era suficiente para dar conta da reprodução dessas agentes, de modo a suprir os
religiosa brasileira.
fim de melhorar o nível de eficiência das escolas católicas” (CD. EEAN/ UFRJ. Cx.
a aprovação da Lei nº 775, representasse risco real àquelas escolas de enfermagem que
oficial padrão, sendo duas dessas escolas, católicas e, uma estadual, que incorporava
enfermagem, tanto defendida por Laís Netto dos Reys, que muito colaborou com as
enfermagem, por muito tempo, fosse mais no sentido de cooperar do que fiscalizar
instituições adjacentes.
funcionamento.
educação em enfermagem, pois coube a ela a inspeção final de duas das três primeiras
valor determinado.
173
CONSIDERAÇÕES FINAIS
da educação em enfermagem.
Escola Anna Nery (EAN), era considerada muito importante para a Reforma Carlos
Chagas alcançar seus objetivos no campo da saúde pública, no início dos anos trinta,
tendo em vista a criação e equiparação das demais escolas, através do Decreto nº 20.
109/31.
Brasil, nos anos quarenta, decorreu igualmente da participação dos Estados Unidos e do
Rockefeller.
EAN, conforme o previsto no Decreto 20. 109/31. Apenas em 1942, as três primeiras
escolas de enfermagem conseguiram adquirir esse estatuto. Laís Netto dos Reys, na
174
Sua nomeação para o cargo parece não ter sido apenas decorrência dos
estreitos laços que mantinha com lideranças da Igreja católica, nem pelo seu
representava, segundo Laís, um personagem digno de admiração: basta lembrar que, por
Reys foi estratégica para que a igreja católica capitalizasse lucros simbólicos no campo
apesar de o Decreto 20. 109 prever a equiparação das escolas de enfermagem ao modelo
essa meta: duas católicas (Escola de Enfermagem do Hospital São Paulo e Escola de
enfermeiras religiosas. Além disso, Laís fez parte da banca examinadora que revalidou
nosso país.
para fazer prevalecer seus propósitos tiveram como fóruns mais expressivos as
presidência de Laís.
eram os enfrentamentos liderados por Laís (diretora da EAN), por Edith de Magalhães
vários temas abordados, merece atenção peculiar o currículo mínimo para os cursos de
forma de se obter experiência prática (os estágios) e a criação dos cursos de auxiliares
adequado para que o mesmo acontecesse, pois parte das dirigentes entendia que o
auxiliar de enfermagem com a enfermeira diplomada. Por outro lado, Laís Netto dos
qualificado era irremediável, em função da realidade social nas várias regiões do país,
percebessem, desde o início de sua formação, quais os limites de sua atuação. Apesar
disso, também se defendia que apenas uma fiscalização mais efetiva do exercício
profissional seria suficiente para impedir que pessoas sem a devida qualificação
poderia servir a outros fins. Algumas fontes consultadas fazem alusão à necessidade de
(37,5%), nem todas teriam a devida competência para a formação de enfermeiras, tanto
177
auxiliar de enfermagem, ardorosamente defendida por Laís Netto dos Reys, poderia
funcionamento.
Lei nº 775/49, que dentre outras decisões, transferiu para o Ministério da Educação e
principal porta voz desse movimento foi Edith de Magalhães Fraenkel que, na qualidade
no caso Laís Netto dos Reys. Edith Fraenkel argumentava que esta mesma pessoa
categoria junto à ABED, nos períodos de 1927 a 1938, de 1941 a 1944 e de 1948 a
conseguiram desempenhar suas funções com êxito, uma vez que a UREB preocupou-se
seus princípios, ameaçados diante das mudanças do mundo contemporâneo, tanto assim
“cristianismo autêntico”, por considerar todos os princípios da moral cristã, com ênfase
na pessoa humana, tanto na sua vida física e psíquica, quanto na convivência familiar e
social.
Por sua vez, foram bem diversificadas as estratégias utilizadas pela EAN
Padrão”. Como exemplo, creio ser pertinente arrolar os seguintes eventos que
curso;
do cenário universitário;
180
enfermagem;
especialização no exterior;
Brasil (UB), pois, esse evento aconteceu, como parte das comemorações da Semana da
universidade. As “Caravanas Anna Nery” também demonstravam, mais uma vez, que a
Igreja podia contar com a liderança de Laís, pois o planejamento dessa atividade contou
povo. De forma similar, a Igreja católica Romana, invocava o sofrimento como meio de
(AIB). Mais tarde, em 1949, por solicitação de Laís Netto dos Reys, d. Hélder Câmara
alunas.
Talvez isso explicaria a afinidade de Laís com o Partido Integralista, mesmo após a
perseguidos, dentre eles o Partido Integralista, cujo líder político, Plínio Salgado acabou
Apesar de todas as estratégias utilizadas por Laís Netto dos Reys, durante
São Paulo, dirigida por Edith de Magalhães Fraenkel, sob a égide do SESP, assumiu
não tendo sido promulgada a Lei nº 775/49. Como exemplos dessa interferência,
indicam que a Escola Anna Nery, liderada por Laís Netto dos Reys, a Escola de
por um lado, Laís Netto dos Reys, diretora da EAN, amargou a perda do estatuto de
enfermagem no país, por outro lado, deve ter-se sentido recompensada com a
observação para um período de tempo mais abrangente, por exemplo 1961, quando foi
(2, 56%), distribuídas nas diferentes regiões do país: sudeste (51, 28%), nordeste (17,
95%), centro – oeste (7,69%), norte (5, 13%) e sul (17, 95%). Quanto aos cursos de
auxiliares de enfermagem, constata-se que, na década de 40, temos 36, 36% desses
para 40%.
• REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Rio de Janeiro: multimídia. 2002.
190
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profissional e sua contribuição para a REBEn. Revista Brasileira de Enfermagem. v.
55, n. 3, p. 264- 268, maio/jun. 2002.
THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1999.
DEPOENTES
Enfermagem Anna Nery, nesta época a escola era dirigida pela norte americana Bertha
Lucile Pullen, em sua segunda gestão. Lieselotte concluiu o curso em 1939, portanto,
durante a gestão de Lais Netto dos Reys. Atuou como presidente da Associação de
Em 1947, realizou o seu segundo Curso de Pós Graduação, dessa vez, no College of
Paulo. Educada segundo os princípios católicos, pelos pais Jacinto de Felice Souza e
católica. Formada no Curso Normal, naquela mesma cidade. O seu interesse pela
enfermagem se deu pela influência de uma de suas clientes que atuava como enfermeira
Vargas, em 1942, manifestando o seu desejo de ingressar no curso desta escola, cuja
7 de setembro de 1975 (D.º de 16. 08. 71) e, como vice – diretora no período de 19. 09
67 a 24. 02. 71. Desempenhou outras funções expressivas no âmbito da Escola, como:
substituta eventual da Coordenadora Geral dos Cursos de Pós – Graduação (Proc. Nº 35.
1969 a 1971, 1976 a 1978 e de 1983 a 1986. Teve participação destacada também na
difusão dos cuidados de enfermagem através da mídia, com o Programa Edna Savaget –
Bandeirantes, em 1980.
processo, à época foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Universitário. Reside no
Juiz de Fora, em Minas Gerais. Foi educada sob influência católica, transmitida pelos
pais José da Silva Nava e Diva Jaguaribe Nava. Em 5 de maio de 1937, Anna Nava
solicitou à Escola de Enfermagem Anna Néri sua inscrição no Curso de Graduação, foi
Pública no exterior, onde foi concedida a ela uma bolsa de estudos, na qual estudaria um
Pública (SESP). Nos Estados Unidos, Anna Nava estudou em instituições conceituadas
Além de sua ampla atuação dentro da ABED (atual ABEn), Anna Nava foi
Pública no Centro de Saúde no 6º distrito no setor de estágio da Escola Anna Nery, sob
Escola Anna Nery (COELHO, 1997, p. 76). Em 21 de julho de 1951 foi admitida pela
Anexo I
meu depoimento gravado em fita cassete pelo professor Antonio José de Almeida Filho,
Rio de Janeiro,
__________________________________________________
198
Anexo II
Eu,_______________________________________________, autorizo a
Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e assim, poder ser
Rio de Janeiro,
____________________________________________
199
Anexo III
Anexo IV
4. Local do evento?
OBS: Abordar outras questões específicas conforme o próprio arranjo fotográfico, por
exemplo: no caso das fotos em que Laís está no Palácio do Catete, abordar questões
foto, etc.).