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I ENCONTRO PARANAENSE DE

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO - EPHE


Museu Escolar, Ensino e Culturas Escolares
10 anos do LEPHE

ANAIS DO EVENTO

2022
I ENCONTRO PARANAENSE DE
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO - EPHE
Museu Escolar, Ensino e Culturas Escolares
10 anos do LEPHE

ANAIS DO EVENTO

INSTITUIÇÕES
PROMOTORAS

APOIOS

2022
EXPEDIENTE
COMISSÃO COORDENADORA COMISSÃO CIENTÍFICA
Dr. Celso Luiz Junior (UEL) Dra. Simone Burioli (UEL-Coordenadora da Co-
Dra. Sandra Regina Ferreira de Oliveira (UEL) missão Científica)
Dra. Simone Burioli (UEL) Dr. Alessandro de Melo (UNICENTRO)
Dr. Tony Honorato (UEL – Coordenador geral) Dra. Ana Clara Bortoleto Nery (UNESP)
Drdo. André de Souza Santos (UEM/UEL)
Dr. Célio Juvenal Costa (UEM)
MEMBROS DA COMISSÃO Dr. Celso Luiz Jr. (UEL)
ORGANIZADORA Dr. Cláudio de Sá Machado Júnior (UFPR)
Dr. André de Souza Santos (UEM) Dr. Edilson Fernandes de Souza (UFPE)
Drdo. Dayane Cristina Gauarnieri (UEL) Dra. Evelyn de Almeida Orlando (PUC-PR)
Ms. Gabriel Renan Alberguine (UEL) Dr. Flávio Massami Martins Ruckstadter (UENP)
Drdo. Matheus Chiconato Borges (UEL) Dr. João Carlos da Silva (UNIOESTE)
Dr. Rafael Petta Daud (UEL) Dra. Magda Sarat (UFGD/SBHE)
Dr. Rodrigo Rosa da Silva (UNESPAR) Dr. Marcelo Moraes e Silva (UFPR)
Dr. Sergio Henrique Gerelus (UEL) Dr. Névio de Campos (UEPG)
Dra. Thais Bento Faria (UEL) Dr. Rodrigo Rosa da Silva (UNESPAR)
Dr. Tony Honorato (UEL)
Dra. Thais Bento Faria (UEL)

Catalogação na publicação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da


Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)


E56a Encontro Paranaense de História da Educação (1. : 2022 :
Londrina, PR).
Anais do I Encontro Paranaense de História da Educação
[livro eletrônico] : museu escolar, ensino e culturas
escolares : 10 anos do LEPHE / Tony Honorato
(Coordenador geral). – Londrina : UEL, 2022.
1 Livro digital.

Inclui bibliografia.
Disponível em: http://www.uel.br/laboratorios/lephe/
ISBN 978-65-00-61968-3

1. Educação – Congressos. 2. Educação – História –


Congressos. I. Honorato, Tony. II. Universidade Estadual de
Londrina. III. Título.
CDU 37(091)

Bibliotecária: Fátima Silvério Biz Accorsini – CRB-9/820

Todas as revisões e todos os dados constantes dos textos são de inteira


responsabilidade de seus autores
SUMÁRIO
COMISSÕES 2

APRESENTAÇÃO 7

O ENSINO DA LEITURA CRÍTICA EM PORTUGAL NO SÉCULO XVIII: UMA ANÁLISE


DA LÓGICA DO PADRE TEODORO DE ALMEIDA (1722-1804)
Júnior César Pereira 8

INTELECTUAIS CATÓLICOS E A FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E


LETRAS DO PARANÁ
Natália Cristina de Oliveira 12

FRANCISCO FERRER Y GUARDIA NA IMPRENSA PARANAENSE: LEVANTAMENTO


PRELIMINAR (1900-1930)
Rodrigo Rosa da Silva 16

BOLETIM “A TRAÇA”: DIVULGAÇÃO CIENTIFICA E SENSIBILIZAÇÃO PARA


O PATRIMÔNIO EDUCATIVO, ARQUIVOS, ACERVOS E MUSEUS
Andrea Bezerra Cordeiro
Nadia Gaiofatto Gonçalves 23

REVISTA “A PALAVRA: REVISTA LITTERARIA DEDICADA Á INSTRUCÇÃO E RECREIO


DA MULHER” (1891-1897): RETRATOS FEMININOS NO SÉCULO XIX
Maria Heloisa Scheel da Silva
Simone Burioli 27

ESCOLA NORMAL PARANAENSE: INSTITUIÇÃO FORMADORA DE PROFESSORES


NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX
Thaís Correia Arrebola
André de Souza Santos
Maria Cristina Gomes Machado 30

“SANFONA, PIANO, PIANO, SANFONA”: AS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO DO CORPO


NA FORMAÇÃO DE PROFESSORAS (LONDRINA, 1946-1962)
Mariana Montagnini Cardozo 37

DE “BRUXAS” À CIENTISTAS: UM ESTUDO SOBRE A PRESENÇA FEMININA


NA DOCÊNCIA
Jacqueline Maria Duarte Lewandowski
João Carlos da Silva 44

NO CHÃO DA ESCOLA; O COTIDIANO DOS SUJEITOS ESCOLARES, DISCENTES,


NO GINÁSIO ESTADUAL DE SANTO ANTONIO DA PLATINA 1945-1960.
Lucas Batista Hernandes 51

CULTURA ESCOLAR EM LONDRINA/PR ANOTADA NOS TERMOS DE VISITA DE


PROFESSORES MUNICIPAIS (1976-1985)
Gabriel Renan Alberguine
Tony Honorato 57
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM FOZ DO IGUAÇU (1976-2000)
Deisiane Leite da Silva Santos 67

HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE PÚBLICA NO PARANÁ: CONSIDERAÇÕES


SOBRE A CONSTITUIÇÃO DA UNICENTRO (1990-2018)
Anderson Szeuczuk
João Carlos da Silva 74

EDUCAÇÃO FÍSICA UEL 50 ANOS: TRAJETÓRIA HISTÓRICA DE TRÊS CURSOS


(1968-2018)
Matheus Chiconato Borges
Tony Honorato 82

DIÁRIOS PESSOAIS: FONTES PARA A PESQUISA HISTÓRICA COM BASE NOS


REGISTROS DOCENTE
Simone Garbelini Parro Pialarissi
Simone Burioli 87

FONTES PARA A HISTÓRIA DA FORMAÇÃO E DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS:


LEVANTAMENTO EM BIBLIOTECAS DA UFPR
Liane Maria Bertucci
Suzete de Paula Bornatto 90

HISTÓRICO DO CANAL EDUCATIVO MUNICIPAL - TV CEM


Claudia Maria de Sousa de Lima
Sandra Regina Ferreira de Oliveira 93

A REPERCUSSÃO DOS ASPECTOS EDUCACIONAIS DA CONSTITUIÇÃO


PARANAENSE DE 1947 NA IMPRENSA (1947-1958)
Bruna Aldine Muller
Italo Ariel Zanelato
Maria Cristina Gomes Machado 96

O PRIMEIRO JORNAL DE LONDRINA E SUA IMPORTÂNCIA ENQUANTO FONTE HISTÓRICA


Isabel Francisco de Oliveira Barion
Taís Renata Maziero Giraldelli
Maria Cristina Gomes Machado 104

A UTILIZAÇÃO DA IMPRENSA PELO PODER POLÍTICO DURANTE A ERA VARGAS:


O CASO DE JUCA HOFFMANN E O DIÁRIO DOS CAMPOS
Jaine dos Santos Floriano
Maria Julieta Weber 106

ROQUE SPENCER MACIEL DE BARROS E A REPRESENTAÇÃO DA JUVENTUDE


ESTUDANTIL NO JORNAL DA TARDE (1966-1968)
Gizeli Fermino Coelho
Raquel dos Santos Quadros
Maria Cristina Gomes Machado 114

SOB A LENTE DO JORNAL DO BRASIL: O ESTUDANTE ENTRE A


DESORDEM E A NORMALIDADE
Dayane Cristina Guarnieri 121
EDUCAÇÃO E CULTURA: REPRESENTAÇÃO DOS PROFESSORES NA DÉCADA
DE 1950 NO JORNAL DIÁRIO DOS CAMPOS (PONTA GROSSA – PR)
Jaine dos Santos Floriano 133

O CINEMA NO CONTEXTO DAS MISSÕES PEDAGÓGICAS NA SEGUNDA


REPÚBLICA ESPANHOLA (1931-1936)
Alexandre Felipe Fiuza 141

FORMAÇÃO DOCENTE PARA UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA


Ana Paula Aparecida de Souza Moreira 145

PAULO FREIRE E SUA LUTA POR UMA EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA


Kelly Cebelia das Chagas do Amaral
Claudia Maria de Sousa de Lima
Sandra Regina Ferreira Oliveira 149

MOBRAL LOUVAÇÃO E ALIENAÇÃO: REFLEXÕES A PARTIR DA CANÇÃO


“BENDITO SEJA O MOBRAL”.
Celso Luiz Junior
Tatiana de Freitas Silva 155

EJA E CIDADANIA: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA MODALIDADE NO BRASIL


João Augusto Martin Nantes dos Santos 159

TECNICISMO, NEOTECNICISMO E EDUCAÇÃO:


UMA CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA DAS IDÉIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL
Jeferson Anibal Gonzalez 164

A TRAJETÓRIA DA HISTÓRIA ORAL E A PRODUÇÃO DE DEPOIMENTOS


NO MUSEU HISTÓRICO DE LONDRINA (DÉCADA DE 1970)
Taiane Vanessa da Silva Micali 173

CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E PESQUISA EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO (CDPHE):


AÇÕES RELACIONADAS À CONSTITUIÇÃO E À PRESERVAÇÃO DE ACERVOS
Nadia Gaiofatto Gonçalves
Andrea Bezerra Cordeiro 182

DO FEDERAL AO MUNICIPAL: ORIENTAÇÕES INICIAIS PARA A ORGANIZAÇÃO


DE ARQUIVOS DA EDUCAÇÃO LOCAL
Rosemeire Ferreira Lopes Pereira
Tony Honorato 185

ANTONIO FERREIRA DE ALMEIDA JÚNIOR: DISCUSSÕES SOBRE A UNIVERSIDADE


NAS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (nº 4.024/61)
Taís Renata Maziero Giraldelli
Isabel Francisco de Oliveira Barion 191

A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DOCENTE: UMA


PROPOSTA A PARTIR DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA
Janice Zilio Martins Pedroso
Vanessa Campos Mariano Ruckstadter 197
AÇÕES MUNICIPAIS DE LONDRINA/PR PARA ATENDER ESTUDANTES EM
SITUAÇÃO DE POBREZA (1969-1992)
Jéssica Pimenta Silva
Anna Carolina Sloma Mussa
Gabriela da Silva Sacchelli
Tony Honorato 204

O CONCEITO DE MUNICíPIO PEDAGÓGICO e A PESQUISA EM HISTÓRIA DAS


INSTITUIÇÕES ESCOLARES
Gabriela da Silva Sacchelli 212

CONSIDERAÇÕES SOBRE A LUTA DOS ESTUDANTES NA CONSOLIDAÇÃO


DA UNIOESTE (1990-2015)
Amanda Cristina Lutz
João Carlos da Silva 219

EMPATIA PEDAGÓGICA COMO POSSIBILIDADE PARA O TRABALHO EM


SALA DE AULA COM TEMAS CONSIDERADOS DÍFICEIS
Anilton Diogo dos Santos
Marlene Rosa Cainelli 227

A OCUPAÇÃO DOS MUROS ESCOLARES PELA ARTE URBANA


Danielle De Marchi Tozatti
Sandra R. F. de Oliveira 232

BRASIL REPUBLICANO E A FORMAÇÃO DA MULHER


Muriel Luvison Nunes da Silva
Claudia Maria de Sousa de Lima
Rebeca de Oliveira Purcaru Florencio 237

O SEXO FEMININO (1873-1890) E O RETRATO DA EDUCAÇÃO DA MULHER


POR MEIO DA IMPRENSA
Luana Beatriz Paes de Magalhães
Simone Burioli 240

EDUCAÇÃO ESCOLAR MUNICIPAL DE LONDRINA (1949-1969):


PRIMEIRAS PISTAS NOS ARQUIVOS DO DEPAS
Maria Clara Bagatim do Amaral Gomes
Gabriel Renan Alberguine
Tony Honorato 243

A IDENTIDADE HISTÓRICA DA ESCOLA MUNICIPAL DO CAMPO


PROFESSOR WILSON DE AZEVEDO DO MUNICÌPIO DE APUCARANA – PR
Gabriela da Silva Sacchelli
Cristiane Aguiar Pitante
Julia Graziely Rufino Pio
247

CONTRIBUIÇÕES DO LEPHE NO PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DO PESQUISADOR:


MINHAS EXPERIÊNCIAS
Rosicléa Rodrigues da Silva 261

I EPHE – PROGRAMAÇÃO GERAL 265

I EPHE – PROGRAMAÇÃO DETALHADA 266


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FRANCISCO FERRER Y GUARDIA NA


IMPRENSA PARANAENSE: LEVANTAMENTO
PRELIMINAR (1900-1930)

Rodrigo Rosa da Silva


Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Universidade Estadual do Paraná (Unespar-Apucarana)
rodrigo.rosa@unespar.edu.br

EIXO TEMÁTICO: 3. IMPRENSA E IMPRESSOS EDUCACIONAIS OU


4. INTELECTUAIS E PROJETOS EDUCACIONAIS
PALAVRAS-CHAVE: HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO; EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA; IMPRENSA.

Introdução

O presente trabalho é um desdobramento das pesquisas realizadas para defesa


de tese de doutorado (2013) e, atualmente, insere-se no âmbito do Projeto de Pesqui-
sa e Extensão “A Escola Moderna no Brasil (1900-1930): Anarquismo, Sindicalis-
mo e Racionalismo Pedagógico”, desenvolvido na Universidade Estadual do Paraná
(Unespar-Apucarana), que tem como objetivo identificar as/os principais educa-
dores e militantes vinculados às escolas libertárias fundadas no Brasil durante as
primeiras décadas do século XX, marcadamente influenciadas pela Escola Moderna
de Barcelona (1901-1906) e pelas propostas educativas de seu idealizador, o cata-
lão Francisco Ferrer y Guardia (1859-1909). Desde o início formal do projeto, em
maio de 2021, identificamos experiências educativas da classe trabalhadora aderi-
das ao ideal libertário e ao racionalismo pedagógico em dezenas de cidades, como
por exemplo: Escola União Operária (Rio Grande do Sul, 1895), Universidade
Popular do Ensino Livre (Rio de Janeiro, 1904), Escola Racionalista Eliseu
Reclus (Porto Alegre, 1906), Escola Germinal (Ceará, 1906), Escola da União
Operária (França, 1906), Escola Operária 1º de Maio (Rio de Janeiro, 1912),
Escola Moderna (Petrópolis, 1913), Escola Social da Liga Operária (Campinas,
1907), Escola Noturna da Liga Operária (Sorocaba, 1911), Escola Moderna
(São Paulo, 1912), Escola Moderna (Sorocaba, 1911), Escola Moderna (Forta-
leza, 1911), Escola Moderna (Porto Alegre, 1919), Escola Racional Francisco
Ferrer (Belém, 1919), entre outras.

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Como parte do modo de compreender essa difusão do Racionalismo Peda-


gógico no país optamos por investigar a aparição do nome de Ferrer na imprensa
brasileira, seja ela de orientação libertária ou católica, vinculada à classe operária
ou órgão de imprensa comercial, difusora dos interesses da burguesia nos primei-
ros anos do século XX. As notícias ou artigos sobre Francisco Ferrer publicados nos
periódicos podem auxiliar na compreensão das formas de recepção, circulação e
apropriação dos métodos da Escola Moderna e da disputa referente à própria figura
de seu fundador.
Apresentamos aqui o fruto de um esforço preliminar de levantamento junto aos
arquivos digitais disponíveis para consulta, tais como a Hemeroteca Digital da Biblio-
teca Nacional e o Repositório Institucional da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Utilizamos como parâmetro de seleção as aparições do nome de Francisco
Ferrer y Guardia e de referências sobre a Escola Moderna em revistas pedagógicas ou
que tratavam de aspectos educativos bem como em jornais comerciais de notícias de
grande circulação editados no Paraná entre 1900 e 1930. Deixamos para outra opor-
tunidade a realização de um levantamento junto à imprensa de caráter anarquista ou
operário, assim como de orientação católica.
A opção por trabalhar com os periódicos surge na medida em que através deles
é possível, por um lado, identificar a circulação de ideias pedagógicas e a consolidação
de certos nomes no campo da intelectualidade em determinada época histórica e, por
outro, apreender a maneira como tais personalidades ou ideais eram apresentadas ao
grande público pela ótima da imprensa burguesa e quais espaços e intersecções havia
entre diferentes campos de interesse. Os impressos registram fatos ou acontecimentos
e, ao mesmo tempo, emitem e amplificam opiniões, posições e propostas no campo
da educação, configurando o próprio campo da Pedagogia e das práticas educativas
(CARVALHO, 1994), através de debates e diálogos. Segundo Ana Lúcia Cunha Fernan-
des, essa característica discursiva do impresso “permite apreender um sem-número de
discussões e debates que possibilitam realizar uma análise mais dinâmica do processo
educativo como um todo e do processo de produção e difusão de conhecimentos em
particular” (FERNANDES, 2008, p. 20).
Como resultado de um primeiro esforço de levantamento identificamos 14 publi-
cações com referências a Ferrer y Guardia abarcando as datas-limite de 1906 e 1926.
Dessas, há 3 edições da revista A Escola, especificamente de caráter pedagógico, e 9
inserções referentes à imprensa de notícia, conforme sistematizado no QUADRO 1.

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QUADRO 1 – Tabela de identificação das referências


Nome do periódico Local Ano/ Número/Data Título(s) / Autor(a)
Diario da Tarde Coritiba/PR 1906, Ano IX, n. 2343, 26 out. Congresso de Livre
Pensamento – Buenos Aires
Diario da Tarde Coritiba/PR 1906, 26 nov. Factos Diversos
A Escola Coritiba/PR 1907, Ano II, n. 6/7, jun/jul. Subsídios pedagógicos: A
Escola Moderna / Dario
Vellozo
A Escola Coritiba/PR 1909, Ano IV, n. 4/5, set./out. Ainda a Escola Moderna /
Dario Vellozo
Diario da Tarde Coritiba/PR 1909, Ano XII, n. 3325, 16 out. Francisco Ferrer - Fuzilamento
Diario da Tarde Coritiba/PR 1909, Ano XII, n. 3327, 19 out. Mar de Sangue / Philon
Diario da Tarde Coritiba/PR 1909, Ano XII, n. 3329, 21 out. Morretes / do Correspondente
Diario da Tarde Coritiba/PR 1909, Ano XII, n. 3335, 29 out. Injustiça / Dr. Pamphilo
d’Assumpção
Diario da Tarde Coritiba/PR 1909, Ano XII, n. 3335, 28 out. Francisco Ferrer (Campo do
Tenente) /
A Escola Coritiba/PR 1910, Ano V, n. 1 a 3, jan/mar. O fuzilamento de Ferrer / J.A.
de Barros Junior
Ferrer e seo Methodo
A Reforma da Escola –
Francisco Ferrer
O Dia Curitiba/PR 1923, n. 089, 12 out. Apotheose de EVA
O Estado do Paraná Curitiba/PR 1925, 17 out. Notas & Notícias
O Dia Curitiba/PR 1925, n.759, 22 dez. O Fusilador de Francisco
Ferrer / Julio Hauer
O Dia Curitiba/PR 1926, 11 jul. Conferências
Temos convicção de que há mais referências que serão posteriormente acres-
centadas ao longo do desenvolvimento da pesquisa e na medida em que conseguirmos
acesso a outros arquivos. Por ora, propomos apresentar, em linhas gerais, o corpus do-
cumental selecionado. Porém, antes de analisar as referências selecionadas na impren-
sa do Paraná, faz-se necessário apresentar, em linhas gerais, a vida e a obra de Ferrer
para compreendermos importância de seu nome para o campo da educação.

Fragmentos biográficos de Francisco Ferrer

Francisco Ferrer y Guardia nasceu em Alella, região de Barcelona (Catalunha, Es-


panha) no dia 10 de janeiro de 1859 em uma família de pequenos proprietários rurais
de orientação católica. Ainda adolescente contestava a ação do padre da cidade e por
isso foi enviado à Barcelona, onde, em contato com os círculos operários formou-se
politicamente e tornou-se anticlerical, e membro da maçonaria. Ferrer empregou-se
na empresa que cuidava das viagens de trem até Paris, cidade que frequentou e resi-
diu, acabando por filiar-se à ala revolucionária do Partido Republicano Progressista sob

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forte influência de Ruiz Zorilla. Apoiou movimento pela proclamação da República na


Espanha em 1886 e por conta disso teve de exilar-se na França. Na capital travou con-
tato com o movimento operário revolucionário e muitos livre-pensadores e militantes
libertários que o aproximaram do anarquismo. Conheceu pessoalmente os anarquistas
Paul Robin, Sebastien Faure e Élisée Réclus, entre outros, e visitou uma série de expe-
riências pedagógicas.
Trabalhou como professor de espanhol na França onde ensinou o idioma à senho-
rita Meunier, uma jovem mulher católica e muito rica, com quem viajou pela Espanha.
Expôs à moça suas ideias libertárias e racionalistas, de cunho anticlerical. Meunier se
convenceu das convicções de Ferrer e em seu testamento legou recursos financeiros
para que o pedagogo pudesse seguir com seu projeto de fundar uma escola baseada
em seus princípios.
Em setembro de 1901, de volta à Espanha, fundou a Escola Moderna em Barce-
lona, contando com 30 alunos, sendo 12 meninas e 18 meninos. Dedicou-se à escola
até 1906 quando foi fechada e Ferrer preso, acusado de envolvimento num atentado
para assassinar o rei do Espanha. Nesse episódio, acabou absolvido e fugiu do país,
voltando posteriormente por motivos pessoais. Em julho de 1909, ocorreu uma greve
e agitações populares em protesto contra a guerra que a Espanha executava no Marro-
cos, resultando em revoltas, ataques às igrejas e motim de militares, evento que ficou
conhecido na história como a Semana Trágica. Ferrer acabou preso e acusado de ser o
instigador da revolta. Foi julgado por um tribunal militar sem direito à plena defesa e
sumariamente condenado à morte. No dia 13 de outubro de 1909, o pedagogo Francis-
co Ferrer y Guardia foi morto por fuzilamento no castelo de Montjuic, em Barcelona.
Sua morte gerou protestos e comoção mundial, com ressonância inclusive no Brasil.

Os Princípios do Racionalismo Pedagógico

A base da proposta racionalista de Ferrer era uma visão científica do conhecimen-


to. Contrapondo-se, essencialmente, à igreja e seu método confessional e baseado na
fé, o pedagogo catalão acreditava que a experiência e a observação dos fenômenos na-
turais e sociais é que possibilitariam à criança construir um conhecimento livre de pre-
conceitos e mistificações. Somente desenvolvendo livremente suas faculdades mentais
é que os indivíduos poderiam criar suas próprias convicções e buscar a emancipação
das instituições e visões de mundo que limitavam seu pleno desenvolvimento. Segundo
Ferrer, o propósito do ensino racional era, “substituir os métodos dogmáticos da teolo-
gia pelo método racional indicado pelas ciências naturais” (FERRER Y GUARDIA, 1910).
E completa que os professores não deveriam “enterrar conhecimentos na cabeça” das
crianças, mas sim tratar de fazer-lhes “nascer na consciência” através da estreita cola-
boração entre mestres e alunos.
Para atingir seu intento de tornar o ensino livre, racional e científico Francisco
Ferrer propôs alguns métodos, compilados e publicados postumamente no livro A Es-
cola Moderna. Dentre diversos aspectos do ensino racional, algumas de suas ideias
(propostas e praticadas em sua escola) foram cruciais para a constituição de uma nova
concepção de educação como a liberdade do educando, a visão racional e científica, a

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coeducação de sexos e a coeducação de classes sociais e, por fim, a abolição dos prê-
mios e castigos na escola.
Por sua proposta educativa e realização pedagógica, mas principalmente por ter
sido vítima de perseguição a assassinato por parte da igreja e do estado espanhóis pelo
motivo de ter fundado uma escola, tornando-se um “mártir da educação”, a figura de
Francisco Ferrer chegou a várias partes do mundo. A seguir, apresentaremos alguns
reflexos dessa difusão na imprensa paranaense.

Ferrer na Revista A Escola

A referência à Ferrer mais conhecida no Paraná e difundida nas pesquisas acadê-


micas é, sem dúvida, aquela produzida por Dario Vellozo (1869-1937), figura proemi-
nente da intelectualidade na região, poeta, escrito e um conhecido educador. Vellozzo
citou Ferrer e a Escola Moderna de Barcelona, considerando-a modelo e inspiração para
uma educação popular no Paraná no início do século XX.
Na edição de junho/julho de 1907 d’A Escola, Dario Vellozo sistematiza sua pro-
posta de escola, detalhando p “plano e programa de estudos”, bem como a proposta
curricular. Podemos observar que há ressignificações e novas propostas formuladas
nessa empreitada que se distanciam das ideias de Ferrer ou que por ela não haviam
sido previstas, mas, por outro, lado alguns princípios são os mesmos, como a abolição
dos castigos físicos. Acreditamos ser interessante um estudo comparativo entre as duas
propostas – a barcelonesa e paranaense – e um aprofundamento sobre o assunto em
um trabalho futuro no escopo do presente Projeto de Pesquisa.
Dario Vellozo, em artigo datado apenas 3 dias antes do fuzilamento de Ferrer na
revista A Escola, retoma sua proposta de criação da Escola Moderna no Paraná, relem-
brando que anos antes havia dado publicidade ao seu intento nas páginas do mesmo
órgão. Sem citar Ferrer diretamente, que na época encontrava-se vítima de um pro-
cesso acusatório movido pelo estado espanhol que levaria ao seu fuzilamento, Vellozo
defende sua proposta afirmando que “decretos não formam consciências” e que sua
escola atenderia aos mais altos anseios da sociedade, visando atingir “pelo trabalho, a
prosperidade, a alegria, a paz, o conforto”. Cita, em consonância coma s proposta de
Ferrer, por exemplo, a higiene escolar com visitas periódicas de médicos à escola e a
utilização do Esperanto como língua universal.
Alguns meses depois a mesma revista, órgão do Grêmio dos Professores Públicos
do Estado do Paraná, dedicou um grande espaço à figura do “libertário” Ferrer, trazendo
um poema de autoria de Barros Junior que o descrevia como “o pensador fuzilado por
levantar escolas” e tecia duras críticas à igreja, ao estado e às autoridades espanholas
e paranaenses. Nas páginas da presente edição foi publicada o que pode ser a primeira
tradução em português de um capítulo inteiro do livro A Escola Moderna de Ferrer, pre-
cedido de outros trechos selecionados e uma introdução que condena ao assassinato de
Ferrer e exalta sua obra pedagógica. Apesar da nota não possuir autoria identificada,
é muito provável que possa ter sido escrita pelo próprio Dario Vellozo que figura como
diretor do periódico.

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Ferrer na imprensa diária de notícias

A referência em periódicos paranaenses mais antiga por nós encontrada até o


momento data de 1906, quando Ferrer sofria um processo sob acusação de ter sido
cúmplice do atentado contra o rei Afonso XII, cometido por Mateo Morral, bibliotecário
da Escola Moderna; O jornal Diario da Tarde publicou nota sobre as resoluções do Con-
gresso de Livre Pensamento ocorrido em Buenos Aires, onde ficou estabelecido que “os
livres pensadores auxiliarão, quanto possível, contra a injustiça, a Ferrer e Nakens”. Um
ano depois identificamos o anúncio da realização de uma conferência anticlerical do
advogado anarquista Benjamin Motta na Associação dos Empregados no Comércio em
que trataria, dentre outros temas, de um “protesto em favor de Ferrer”.
Mas foi, sem dúvida, o fuzilamento de Ferrer em 13 de outubro de 1909 que mais
gerou notícias nas páginas dos jornais. Em uma nota sobre Morretes na capa do Diario
da Tarde, é possível ler que o “nosso povo, como de resto os povos de todo o orbe ci-
vilizado, vibrou de justa indignação ao inteirar-se da notícia sensacional do fuzilamento
do grande livre pensador Francisco Ferrer”. Já Pamphilo d’Assumpção descreve a injus-
tiça da morte de Ferrer em artigo do mesmo jornal, a 29 de outubro do mesmo ano. E
como essas notas é possível encontramos várias, pois o assaanato de Ferrer tornou-se
um fato mundialmente conhecido e analisado, fator que levou à um interesse sobre sua
vida e obra, bam como uma ampla difusão de seu projeto, culminando numa onda de
fundação de Escolas Modernas em várias cidades do mundo, apensas alguns meses ou
anos após seu desaparecimento.
As notas sobre Francisco Ferrer nos períodos paranaenses ultrapassam o perío-
do em que esteve em evidência por ocasião de seu fuzilamento, seja como educador
e livre pensador, seja como terrorista e “inimigo da igreja”, entre os anos de 1900 e
1910. O impacto que a sua trágica morte causou na sociedade me nível mundial es-
praiou-se geograficamente e prolongou-se no tempo, como podemos comprovar pelas
aparições que seu nome teve na década de 1920. No jornal O Dia, em 12 de outubro
de 1923, há um anúncio sobre um “scena symbolica”(sic) de um ato em comemoração
ao 14o. ano do fuzilamento de Ferrer intitulada “Apotheose de EVA”. A peça de autoria
de J. Buzetti Mori e interpretada pelo Grupo Dramático “Renascença” no Teatro Teuto é
representada por um registro fotográfico com a seguinte descrição: “Em plano superior
“Justiça” – tendo na mão o facho reivindicador. No plano médio: à direita Francisco Fer-
rer e a esquerda EVA. No plano inferior, ajoelhadas e ocultando o semblante com um
véu, “Superstição” e “Sociedade”.
Na capa da edição de 13 de outubro do ano seguinte há uma foto de Ferrer es-
tampando o artigo sobre sua vida e obra de autoria de Julio Hauer, ex-diretor do jornal,
jornalista, membro loja Teosófica Nova Cotona e conhecido como um “materialista
ateu” que tornou-se professor de química do Colégio Dom Pedro II em 1935. O mesmo
Hauer é autor uma nota sobre a morte de Antonio Maura, um dos mandantes da morte
de Ferrer, que nas páginas da folha é retratado como “o Cristo do século XX, pelo seu
apostolado e o seu martírio infamante”. Em nota sobre sessão da Academia de Letras
do Paraná em 1925, O Estado do Paraná registrou uma “homenagem à memória de
Francisco Ferrer” pelos eminentes membros da associação e O Dia anunciou, em 1926

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Volta Sumário 21
21-23 de Novembro de 2022
ISBN 978-65-00-61968-3

uma conferência sobre Ferrer na Sociedade Teuto Brasileira proferida por Carlos Cava-
co (1878-1961), líder socialista residente em Porto Alegre por convite dos
“Grêmios Pernambucano e Francisco Ferrer”.

Apontamentos finais

A partir da seleção preliminar apresentada neste trabalho pretendemos, além de


publicizar resultados preliminares do Projeto de Pesquisa, expor à cr´ticas e contribuições
por parte de pesquisadores da área e, por fim, dar sequência à busca de novas referên-
cias em outros arquivos. Pretendemos analisar de maneira mais detida as fontes, buscan-
do compreender a recepção e circulação das ideias anarquistas de educação no Paraná
com destaque para Racionalismo Pedagógico inspirado pela Escola Moderna de Barcelona
fundada por Francisco Ferrer y Guardia, bem como identificar propostas educativas esco-
lares, práticas não-formais e ações inspiradas pela experiência barcelonesa, executadas
pela intelectualidade paranaense e pelos trabalhadores/as em seus sindicatos. Elencare-
mos personagens vinculados a tais propostas e apresentaremos seus traços biográficos
e intelectuais.

Referências

CARVALHO, Marta M.C. de. Uso do impresso nas estratégias católicas do campo doutrinário da
pedagogia (1931-1935). Cadernos ANPed, Belo Horizonte, No. 7, ANPed, 1994.

FERNANDES, Ana Lúcia Cunha. O impresso e a circulação de saberes pedagógicos: apon-


tamentos sobre a imprensa pedagógica ha história da educação. In: MAGALDI, Ana M.
B. De M.; XAVIER, Libânia Nacif (Orgs). Impressos e história da educação: usos e des-
tinos. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2008.

FERRER Y GUARDIA, Francisco. A Escola Moderna. São Paulo: Biblioteca Terra Livre,
2014.

_____. “A Escola Moderna e seus Métodos”, In: A Lanterna, São Paulo, 26/02/1910.

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