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1° edição - 2021
Editora CirKula
Av. Osvaldo Aranha, 522 - Bomfim
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LEITURAS FREIREANAS
EM TEMPOS DE
I NCERT E Z A
Memórias, Registros e Anais do XXII Fórum de Estudos:
LEITURAS DE PAULO FREIRE
Allana Cavanhi
Micheli Silveira de Souza
Silvana Ribeiro
Thiago Ingrassia Pereira
(Organização)
2021
CONSELHO EDITORIAL
CONSELHO CIENTÍFICO
PARTE 1
41 PREFÁCIO
Cleiva Aguiar de Lima, Maria Elisabete Machado
45 APRESENTAÇÃO
Allana Cavanhi, Micheli Silveira de Souza,
Silvana Ribeiro, Thiago Ingrassia Pereira
81 PROGRAMAÇÃO GERAL
PARTE 2
CAPÍTULO 1
MEDO E OUSADIA
91 A AUTOFORMAÇÃO NA TRANSVERSALIZAÇÃO DO
CURRÍCULO EDUCATIVO E FORMATIVO
Jonas Antônio Bertolassi, Adriana Salete Loss
313 AS MÃOS
Francine Gentelini, Aline Gentelini, Emanuele Gentilini
CAPÍTULO 4
PEDAGOGIA DA INDIGNAÇÃO: CARTAS PEDAGÓGICAS
E OUTROS ESCRITOS
777 AQUI-AGORA
Adriana Maria Andreis, Cristiano Malagutti Bianchi,
Fernanda Feliciano dos Santos, Gerson Junior Naibo,
Janaina Gaby Trevisan, Patricia Cassol de Oliveira,
Rudimar Rotheman, Sabhrina Lya Pezenatto Piazza Frigeri,
Tayane de Oliveira
CAPÍTULO 11
AÇÃO CULTURAL PARA A LIBERDADE
PREFÁCIO
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
SOB O OLHAR DE DUAS ANDARILHAS
1 Os versos ao longo desta Carta Pedagógica são do poema de Balduíno Antonio An-
dreola para o XIV Fórum de Estudos: Leituras de Paulo Freire, ocorrido em 2012 em
Erechim/RS (ANDREOLA, 2020).
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ANDREOLA, B. A. Poetizando o Fórum Paulo Freire. In: FREITAS,
A. L. S. Andarilhagens de uma educadora pesquisadora: cartas pe-
dagógicas e outros registros de participação no Fórum de Estudos:
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Poiesies & Poiética Casa Publicadora, 2020. Pp. 351-364.
FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros
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FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedago-
gia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREITAS, A. L. S.; LIMA, C. A.; MACHADO, M. E. Fórum de Es-
tudos: Leituras de Paulo Freire: um movimento de (trans)formação
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D. R.; PITANO, S. C. (Orgs.). Paulo Freire no Rio Grande do Sul:
legado e reinvenção. Caxias do Sul, RS: Educs, 2018. Pp. 19-35.
VIEIRA, A. H. Cartas Pedagógicas. In: STRECK, D.; REDIN, E.;
ZITKOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2018. Pp. 75-76.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
APRESENTAÇÃO
2 Para Souza (2020, p. 19): “O que estou chamando de racismo primordial significa a
expressão de uma diferença ontológica entre os seres humanos, da qual a manifestação
racial será uma das variantes possíveis”.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Allana Cavanhi
Micheli Silveira de Souza
Silvana Ribeiro
Thiago Ingrassia Pereira
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
CORTINA, A. Aporofobia, a aversão ao pobre: um desafio para a
democracia. São Paulo: Editora ContraCorrente, 2020.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2005a.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005b.
MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exce-
ção, política da morte. São Paulo: n-1 Edições, 2018.
SOUZA, J. A guerra contra o Brasil. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2020.
SOUZA, J. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Ja-
neiro: LeYa, 2017.
ZITKOSKI, J. J. Biofilia/Necrofilia. In: STRECK, D. R.; REDIN, E.;
ZITKOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2018, p. 68-69.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
O DESAFIO DA CONSTRUÇÃO DO
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
NO CONTEXTO DA PANDEMIA
COMUNICADO
SUSPENSÃO DAS ATIVIDADES
Prezadas(os) educadoras(es):
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
COMUNICADO
O DESAFIO DA REINVENÇÃO DO FÓRUM
Prezadas(os) educadoras(es):
A coordenação do XXII Fórum de Estudos: Leitu-
ras de Paulo Freire torna pública as suas posições sobre a
realização do evento. Como sabem, vivemos um contexto
histórico desafiador com a pandemia no novo coronavírus
(COVID-19), com a falta de política de saúde pública no
país, bem como com o quadro de aprofundamento da nos-
sa desigualdade social.
Todos os setores da sociedade estão sofrendo as con-
sequências desse cenário. Na educação, o ensino remoto
emergencial, a abertura precipitada de escolas, a luta por
direitos (como o FUNDEB) e pelo próprio reconhecimen-
to do trabalho de educadoras e educadores estão na agenda.
Depois da realização exitosa do Pré-Fórum em mar-
ço, não nos cabia outra alternativa e adiamos a XXII edição
do Fórum que estava prevista para ser realizada na UFFS
Campus Erechim entre 14 e 16 de maio de 2020. Essa
decisão teve impacto na organização local do evento e nos
levou a reorganizar ações.
Nesse sentido, passamos a utilizar as redes sociais e
espaços de internet como forma de manter o “espírito” do
evento. Mantivemos de forma atualizada os seguintes ca-
nais e atividades:
Site
https://xxiiforumpaulofreire.wixsite.com/uffserechim
Facebook
https://fb.me/e/2TEdVMneE
Instagram
https://www.instagram.com/xxiiforum.paulofreire/
58
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
https://www.facebook.com/allana.cavanhi.1/vi -
deos/2773556076247242 (30/07)
https://www.youtube.com/watch?v=czE3L5CDxkc&-
t=1188s (05/08)
https://www.youtube.com/watch?v=qb3isQGS6VU&-
t=982s (02/09)
https://www.youtube.com/watch?v=mwLPvV3d4uU&-
t=394s (07/10)
Referências
ALVES, R. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. São
Paulo: Loyola, 1999.
FREIRE, P.; SHOR, I. Medo e ousadia: o cotidiano do professor.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2003.
64
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
67
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
69
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ANDRADE, J. M. S. Por uma docência institucionária: professo-
res(as) formadores(as) dos cursos de licenciatura do Instituto Fe-
deral Farroupilha e seus processos auto(trans)formativos. [Tese de
Doutorado]. Santa Maria: UFSM, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
FIORI, E. M. Prefácio: Aprender a dizer a sua palavra. In: FREIRE, P.
Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
HENZ, C. I. Círculos Dialógicos Investigativo-formativos e Auto(-
trans)formação Permanente de Professores. In: HENZ, C. I.; TONIO-
LO, J. M. S. A. (Orgs.). Dialogus: círculos dialógicos, humanização
e auto(trans)formação de professores. São Leopoldo: Oikos, 2015.
JOSSO, M.-C. Caminhar para si. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010.
70
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FARIA, A. L. G.; SILVA, A. A. Por uma nova cultura da infância.
Revista Educação. [s.d]
FREIRE, P.; BETTO, F. Paulo Freire, Frei Betto - Essa escola cha-
mada vida: depoimentos ao repórter Ricardo Kotscho. Rio de Ja-
neiro: Ática, 1986.
FREIRE, P. Cartas à Cristina. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1994.
76
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
INTR: F C7 F C7 F Bb F G7 C7 Bb F C 7 F – C7 - F
F C7 F Bb F
O Alto Uruguai gaúcho, a Capital da Amizade,
C7
O povo, a Universidade---Federal Fronteira Sul.
Bb F Bb F
Fórum Freire, os saberes, Educação - Existência,
Bb F Bb C7 F F – F# - G -
Educação- Resistência /:de novo, a Fronteira Sul.:/
ESTRIBILHO:
G C G
6 cidades, 3 estados, Fronteira Sul - referência,
D7
Universidade, essência, ao Freire dizendo Sim.
D7 D# C G C G
Volta o Fórum aos estudos, da graduação e da pós,
A7 (D7 D# C) G (Bb A--------- G) D7
/:brado forte, uma só voz, nos campos do Erechim:/
INTR: F C7 F C7 F Bb F G7 C7 Bb F C 7 F – C7 - F
-2-
F C7 F Bb F
“Educar é existir e resistir” de verdade.
C7
Educação-qualidade, a transformação social.
Bb F Bb F
Fórum de Estudos - Leituras: sempre a mesma ousadia
Bb F Bb C7 F F – F# - G
pois, embora a pandemia,/: nasce em edição virtual:/.
77
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
ESTRIBILHO:
- 3 -
F C7 F Bb F
Criado em 99, o Fórum é itinerante,
C7
reúne gente distante, ideias em comunhão.
Bb F Bb F
O dois mil e vinte e um aproxima pra reunir:
Bb F Bb C7 F F – F# - G
Existir e Resistir,/: em defesa da Educação!:/
Créditos
Letra
Dilmar Paixão
Prof. Dr. em Educação UFRGS
Música
Gabriel Pereira
(Licenciado em Música/UFSM); Acordeon, Violão, Contrabaixo
Adelir Paulus
(Graduado em Música/UFSM) Violão
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Melodia/Harmonia
Edição
Idealização
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
PROGRAMAÇÃO GERAL
19h ABERTURA
8h – 12h
16 salas concomitantes
81
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
14h – 17h
Mediação:
Profª Micheli Souza
(PPGPE/UFFS)
Assistente Social Silvana Ribeiro
(PPGICH/UFFS)
82
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
8h – 10h
Mediação:
Grupo de Estudos e Pesquisas Dialogus: educação, auto(trans)formação
e humanização com Paulo Freire (UFSM)
PLENÁRIA FINAL
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CAPÍTULO 1
MEDO E OUSADIA
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Juliâna Venzon
Secretaria Municipal de Educação de Camargo – UPF
juliana.venzon@gmail.com
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
cativo Prof-e1, que se apresenta como uma start-up para a área educacio-
nal e busca ocupar o espaço de aulas vagas com docentes especialistas,
acionados mediante a solicitação feita ao app, atuando preferencialmente
on-line. Argumentando inovar ao conter um problema comum nas insti-
tuições de ensino, destina-se à Educação Básica e Superior, pública e pri-
vada, e, de acordo com seu site, proporciona aulas síncronas e interativas,
garantindo que todos os tempos ou períodos previstos sejam cumpridos
e que haja redução de até 66% do custo de reposição da aula para a insti-
tuição. Além disso, assegura que os professores tenham, ao se vincular ao
Prof-e, lucratividade maior do que com outros formatos de contratação.
Todavia, ao pensar nas implicações da adoção desse formato de
contratação diante dos ideais freireanos, suscitam-se questionamentos.
O primeiro deles remete à significação da presença em Freire, que a
discute em sua dimensão de relação do sujeito com os outros e com
o mundo e que pode ser posta em xeque em um formato que ignora
o contato direto entre os indivíduos e põe uma tela como meio (ou
barreira) para a comunicação. Convém considerar também que o pro-
fessor não conhece os alunos previamente; nem os alunos, o professor,
e que não há garantia de que as partes se verão novamente, dificultan-
do a criação de laços, inibindo o conhecimento de suas especificidades
e impossibilitando discussões que incluam temáticas de sua existência
material e de seu contexto social durante as aulas. A humanização, em
si, não se constitui como um elemento com potencial de ser estimula-
do, já que as experiências dos sujeitos tendem a não serem conhecidas
durante o período curto de relação, o que impacta, ainda, em como se
constitui a práxis docente, considerando-se que a atuação do professor
acontece com alunos diferentes e em distintos locais.
No formato pregado pelo app, ainda, a educação define-se, ao
contrário do que Freire prega, na transferência de saberes de um es-
pecialista para aqueles que não sabem, desprezando seus saberes, suas
curiosidades e suas experiências. Além do mais, enquanto substituto, o
docente uberizado surge para ocupar um espaço vazio, ao mesmo tem-
po em que se torna facilmente substituível (sem garantias salariais, de
previdência ou de seguro-saúde) e personifica o trabalhador necessário
ao sistema capitalista, em que o mais importante é a engrenagem não
1 Disponível em: https://prof-e.net.br/. Acesso em 24 fev. 2010.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
A AUTOFORMAÇÃO NA TRANSVERSALIZAÇÃO DO
CURRÍCULO EDUCATIVO E FORMATIVO
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
CUBERES, M. T. G. El taller de los talleres. Buenos Aires: Estrada, 1989.
DAMÁSIO, A. O sentimento de si – Corpo, emoção e consciência.
Lisboa: Temas e Debates - Círculo de Leitores, 2013.
FREIRE, P. Comunicação e Extensão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. Rio de janeiro: Paz e Terra, 2013.
GOLEMAN, D. Inteligência Emocional. Lisboa: Temas e Debates -
Círculos de Leitores, 1997.
JOSSO, M. C. Experiências de vida e formação. São Paulo: Cortez, 2004.
LOSS, A. S. Ampliação das inteligências intra e interpessoal nos
espaços educativos. Curitiba: Appris, 2013a.
LOSS, A. S. Educar e cuidar: promovendo o sucesso escolar. Curitiba:
Appris, 2013b.
LOSS, A. S. Formação de Professores/Educadores: (Auto)formação
pessoal, social e profissional. (Entrevista com António Nóvoa –
Mar./2015). Curitiba: CRV, 2017.
VIEIRA, E.; VOLQUIND, L. Oficinas de ensino: O quê? Por quê?
Como? Porto Alegre: Edipucrs, 2002.
95
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
do mais, fez com que nós também refletíssemos sobre por que ensinar?
E por que ensinar ciências para as novas gerações?
Por meio deste relato, também observamos como esse assunto é
tratado pelos professores, qual a concepção deles sobre tais questiona-
mentos e sobre o que lecionam e como problematizam o que ensinam
com seus estudantes. Ressaltando, ainda, que “a Ciência está longe de
ser um instrumento perfeito de conhecimento, é apenas o melhor que
temos” (SAGAN, 1996, p. 41). Sendo assim, ressaltamos a importân-
cia de os estudantes terem certos conhecimentos, para que tenham a
capacidade de distinguir a realidade das coisas com a fantasia criada
por algumas pessoas sobre algumas questões e assuntos, como aborda
Sagan (1990, p. 51): “acho que precisamos e merecemos conviver com
cidadãos de inteligência desperta e dotados ao menos de conhecimentos
básicos sobre como funciona o mundo”.
Essa “[...] aprendizagem é um processo transformador da expe-
riência no decorrer do qual se dá a construção do saber” (ALARCÃO,
2010, p. 53). Essa construção do saber só é possível quando a socie-
dade, em si, busca por conhecimento, procura saber e aprender por
meio de pesquisas, porque, segundo Freire (1996), não há ensino sem
pesquisa e pesquisa sem ensino. Também é necessária uma busca por
leituras complementares sobre determinados assuntos, a fim de que o
leitor se torne crítico, por exemplo, de situações em que há a imposição
de situações/produtos – vendedores de telemarketing, operadoras de
telefone ou instaladores de internet – pois, para o “pensar ingênuo, a
meta é agarrar-se a este espaço garantido, ajustando-se a ele, negando a
temporalidade, negar-se a si mesmo” (FREIRE, 2005, p. 53).
Assim, este relato busca identificar, na produção de Chaves
(2007), anteriormente referida, a concepção dos professores acerca das
perguntas: “Por que ensinar?” e “Por que ensinar ciências para as novas
gerações?”, e também sobre a questão do saber científico, da reflexão e
da ciência no geral. Dessa forma, o corpus deste relato estrutura-se de
uma análise dessa produção. A autora obteve o depoimento de cinco
professores acerca da segunda pergunta, um comentário sobre o saber
científico e uma resposta sobre ciência e reflexão.
No decorrer do texto apresentado, a pesquisadora trouxe trechos
de entrevistas dos professores sobre o “Por que ensinar?”, questiona-
98
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
mento esse gerado pelos professores em razão das suas experiências vi-
vidas. As respostas que mais recebeu em um tom de obviedade foram,
“Porque está na grade curricular, ora!”, ou “Porque gosto dos assuntos
abordados em Ciências”. A autora, então, resolveu mudar a pergunta,
na busca de uma resposta mais elaborada por parte dos professores en-
trevistados: “Por que ensinar Ciências?”.
Nessa perspectiva, as respostas deles condizem com a concepção
que possuem sobre a mesma e do papel que ela desempenha em nossa so-
ciedade. “Para que o aluno possa entender o mundo que o cerca” e “Para
que os alunos possam compreender melhor a natureza e o mundo em
que vivem”. A autora observou que “tais respostas parecem denunciar a
Ciência concebida como única forma legítima de acesso ao mundo ou no
mínimo a melhor”. Na visão de Chaves (2007), os educadores deveriam
ensinar Ciências não para dar ao estudante conhecimento do mundo ou
melhorar sua forma de conhecê-lo, mas, sim, para acrescentar, adicionar
uma outra forma de interpretá-lo. Essa questão também é argumentada
por Freire (2014), o qual critica “as práticas neoliberais, mecanicistas e
tecnicistas da educação, que privilegiam a formação de indivíduos não
críticos, pouco capazes de interagirem entre si e com o mundo para bus-
car soluções para o enfrentamento dos problemas existentes”.
Já sobre o saber científico, a autora apresenta depoimentos de
estudantes de graduação acerca desse conceito. Esses argumentam que
até certo momento acreditavam que o saber científico e a Ciência eram
verdades absolutas; já outros alertavam que assim como o ser humano
a ciência também comete erros. Em sua análise, ela questiona sobre a
Ciência, e as respostas de alguns professores foi alegar que ela é o único
meio de entender o mundo. Ainda, ressalta a importância de incluir
“a reflexão epistemológica que possibilitará ao professor conquistar sua
autonomia profissional assumindo e definindo o porquê de se ensinar
Ciências para as próximas gerações” (CHAVES, 2007, p. 22). Além dis-
so, “a reflexão é um caminho formativo que pode ampliar as condições
de docência” (GÜLLICH, 2013, p. 67) e ela pode “auxiliar na com-
preensão crítica da realidade e na superação das contradições sociais”
(ALMEIDA; GEHLEN, 2019).
A partir da nossa análise, foi perceptível a surpresa da autora em
relação às respostas dos professores; no entanto, as primeiras respostas
99
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
não foram tão bem elaboradas, mas quando a questão foi modificada,
as respostas foram mais bem desenvolvidas. Porém, ainda assim, não
era o que ela esperava ou o que gostaria de ler, ou seja, os docentes não
responderam o que ela realmente gostaria de saber. Entretanto, as ques-
tões do saber científico e da ciência foram contestadas não só pelos es-
tudantes da graduação como também pela autora. Todos eles ressaltam
que nem tudo que é dito pelas duas questões apontadas anteriormente
é verídico e/ou absoluto.
Em decorrência da nossa análise, foi possível perceber que ape-
sar da importância da educação, do educar e dos impactos que uma
má interpretação de conteúdos e questões do docente pode gerar nos
estudantes, grande parte dos depoimentos dados pelos educadores
não superaram as expectativas e não respondem as perguntas. Sendo
assim, constatamos que alguns possuem concepções equivocadas do
“Por que Ensinar?”.
Entretanto, após um novo questionamento, a autora obteve res-
postas mais estruturadas, com novos pontos de vista acerca da ciência e
reflexões sobre algumas grades curriculares. Essas respostas atingiram as
suas expectativas que concordam com os depoimentos dos estudantes
da graduação, os quais haviam criticado alguns pressupostos referidos
anteriormente. Assim, entendemos que seria bastante construtiva uma
reflexão por parte dos professores sobre sua docência, para, através dis-
so, discutirem questões como “Por que estou ensinando este conteú-
do?” e, dessa forma, buscarem melhorias para sua docência.
100
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São
Paulo: Cortez, 2010.
ALMEIDA, E. S.; GEHLEN, S. T. Organização curricular na
perspectiva Freire-CTS: Propósitos e possibilidades para a educação em
ciências. Revista Ensaio, v. 21, 2019.
ALVES, R. Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são
tolas e sem sentido. Revista Pazes, Ago. 2018.
CHAVES, S. N. Por que ensinar ciências para as novas gerações?
Uma questão central para a formação docente. Revista Contexto &
Educação, n. 77, pp. 11-24, 2007.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GÜLLICH, R. I. C. Investigação-Formação-Ação em Ciências:
um Caminho para Reconstruir a Relação entre Livro Didático, o
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
LIMA, L. C. Organização escolar e democracia radical – Paulo Freire
e a governação democrática da escola pública. São Paulo, Cortez, 2014.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
109
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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APPLE, M. Reprodução, contestação e currículo. In: APPLE, M.
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113
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
118
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
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GADOTTI, M. A integração latino-americana e a educação comunitária
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WALSH, C. ¿Interculturalidad y (de)colonialidad? Gritos, grietas
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WALSH, C. Gritos, grietas y siembras de vida: entretejeres de lo
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WALSH, C. Pedagogías Decoloniales. In: ALARCÓN, T. G. (Org.).
Convergencias y divergencias: hacia educaciones y desarrollo
“otros”. Bogotá: UNIMINUTO – Corporación Universitaria
Minuto de Dios: CED – Centro de Educación para el Desarrollo,
2017c. Pp. 55-77.
131
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Queridos(as) colegas
134
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
como diz Freire, (1993, p. 15) “O chão foi meu quadro-negro; gravetos
o meu giz”. Quantas crianças, mesmo em meio às poucas formas de
acesso às mídias, mostram-se interessadas, realizam suas atividades e
quebram paradigmas, superam suas reais condições sociais e se mostram
resistentes e bravas na busca pela aprendizagem? A educação deve ser
para TODOS(AS), o professor deve encontrar meios para que todo alu-
no tenha acesso ao conhecimento e, assim, permita que a criança atinja
seu potencial. O único obstáculo deve ser aquele em que o aluno tenta
superar a si mesmo, questionando e procurando resolver suas tarefas e
vencendo suas próprias dúvidas e seus próprios limites.
E nesse momento, eis a reflexão! Os saberes existem sim, mas
os(as) professores(as), em meio à pressão da supervisão escolar e das
mantenedoras de redes ensino, terão a consciência de parar um mo-
mento, e na hora de planejar aquela vídeo-aula, conseguirão pensar na-
queles que sequer terão a oportunidade de acessá-la sabe-se lá quando?
Ou pior, nem conseguirão acessá-la!
Escrevo esta Carta Pedagógica não como uma crítica aos cole-
gas que estão se esforçando, aprendendo e recriando vídeo-aulas, sendo
Youtubers, mas como desabafo, como uma forma de partilhar toda a
inquietação que meu coração traz sob a ótica da “educação para todos”,
“dói no fundo” [...] saber, sim, que a muitas crianças, não é permitida
a mesma oportunidade que outras têm. Que muitos(as) alunos(as) que
têm condições cognitivas favoráveis de aprender como os(as) de classes
mais abastadas estão sendo excluídos simplesmente pelo fato de sua
condição econômico-social. Será que é isso que queremos? Uma educa-
ção para os ricos e outra educação para os pobres? Esse questionamento
é necessário para rompermos com tendências e discursos que nos levam
à meritocracia e que nos afastam de lutar por uma vida digna e uma
educação de qualidade para todos. Uma Educação Popular que busque
a cidadania, a conscientização e a transformação do indivíduo e do co-
letivo, da sociedade como um todo.
O compromisso social do educador, nesse momento pandêmico,
é ir ao encontro de seu alunado, elaborando, organizando saberes, ativi-
dades que possibilitem a todos os “tipos” de alunos(as) ter acesso ao co-
nhecimento. Permitir seu crescimento intelectual, embora distanciado
de toda a afetividade de seu professor(a), mas que, ao realizar a tarefa,
135
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Abraço Freireano,
A Autora
Referências
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Brasília: DF, 1996.
FREIRE, P. A importância do Ato de Ler. São Paulo: Cortez, 1993.
FREIRE. P. Professora Sim, tia Não. Cartas a quem ousa ensinar.
São Paulo: Olho D›água, 2001.
137
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Roberta Schmith
Universidade Federal da Fronteira Sul campus Erechim/RS
robertaschmith@gmail.com
Com carinho,
Flávia e Roberta
Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/CNE, 2018.
BRASIL. Parecer CNE/CEB no 20/2009, de 11 de novembro de 2009.
In: BRASIL. Revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil. Brasília: CNE/CEB, 2009.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
MALAGUZZI, L. La educacion infantil en Reggio Emilia. Barcelona:
Octaedro, 2001.
STACIOLLI, G. Diário do acolhimento na escola da infância.
Campinas: Autores Associados, 2013.
142
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Estela Kohlrausch
Universidade Federal do Rio grande do Sul
estela_violista@yahoo.com.br
Queridas formandas,
143
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
práticas que dão certo ou não e em como buscar meios de tornar meu
trabalho mais efetivo e significativo.
Desejamos que, ao compartilhar nossas experiências distintas, li-
gadas por nossa formação inicial e amizade, possamos auxiliá-las a refle-
tir sobre as possibilidades e acerca dos desafios que a prática pedagógica
nos proporciona.
Com carinho,
Estela, Guta e Mariane.
147
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Professora Sim, Tia Não: cartas a quem ousa ensinar.
São Paulo: Olho d’Água, 1997.
SANTOS, A. O.; JUNQUEIRA, A. M. R.; SILVA, G. N. A Afetividade
no Processo de Ensino e Aprendizagem: diálogos em Wallon e Vygotsky.
Perspectivas Em Psicologia, v. 20, n. 1. Pp. 86-101, 2016.
148
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Cristiane Corneli
Universidade de Santa Cruz do Sul
cristianecorneli@mx2.unisc.br
149
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
150
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
152
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
1988.
CALDART, R. S.; PEREIRA, I. B.; et Al. Dicionário da Educação do
Campo. Rio de Janeiro, São Paulo: Expressão Popular, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FERREIRA JR., A.; BITTAR, M. A educação na perspectiva marxista:
uma abordagem baseada em Marx e Gramsci. Interface - Comunicação,
Saúde, Educação , n. 26, v. 12, pp. 635-646, 2008.
153
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
158
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Conscientização-teoria e prática da libertação, uma
introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo. Ed. Cortez
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GAYOTTO, M. L. C. Abertura do Seminário. In: GAYOTTO, M. L.
C. (Org.). O Processo Educativo segundo Paulo Freire e Pichon-
Rivière. Petrópolis: Vozes, 1985.
GIUBILEI, S.; CAMPOS, S. A Pedagogia do Oprimido em Debate. In:
SPIGOLON, N. I.; CAMPOS, C. B. G. (Orgs.). Círculos de Cultura,
teorias, práticas e práxis. Curitiba: CRV, 2016.
QUIROGA, A. P. Enrique Pichon-Rivière. In: GAYOTTO, M. L.
C. (Org.). O Processo Educativo Segundo Paulo Freire e Pichon-
Rivière. Petrópolis: Vozes, 1985.
159
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Matheus Zimmer
matheusbzbz2001@gmail.com
162
CAPÍTULO 2
PEDAGOGIA DO OPRIMIDO
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
CAPORAL, F. R. Extensão rural e agroecologia: temas sobre um
novo desenvolvimento rural, necessário e possível. Brasília: [s.n.],
2009.
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1987.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1967.
168
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
173
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P.; MACEDO, D. Alfabetização: leitura da palavra leitura
de mundo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
174
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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GILL, R. Análise de discurso. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G.
Pesquisa qualitativa com texto: imagem e som - um manual prático.
Petrópolis: Vozes, 2002.
ORLANDI, E. P. A Análise de discurso em suas diferentes tradições
intelectuais: o Brasil. In: Seminário De Estudos em Análise de
Discurso. 2003; Porto Alegre, Brasil. Anais... Porto Alegre: UFRGS,
2003.
ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos.
Campinas: Pontes, 2005.
178
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
dade para além dos seus colegas. Outra relação que a autora faz com ele
é que, por se tratar de um assunto que muito lhe interessa, o aluno passa
a estudar, pesquisar e investigar com mais afinco e entusiasmo.
Freire (1978) propõe, nesta perspectiva crítica de conhecer em
oposição à “concepção de educação bancária”, castradora da curiosida-
de dos educandos, uma “concepção problematizadora e libertadora da
educação”, a partir da qual seja “a capacidade de conhecer associada à
curiosidade em torno do objeto”.
Além de verbalizar seu ponto de vista, em outro momento, o
educando desafiado pela professora confeccionou, com material reciclá-
vel, uma simulação, explicando como funciona um submarino, o que
deixou os seus colegas encantados, sendo que alguns, inclusive, nem
sabiam o que era um submarino. Com relação a essa autonomia e ao
protagonismo infantil, Silva (2011) afirma que a investigação é uma
estratégia que permite o protagonismo infantil e que é coerente com a
suposição de que o conhecimento é um processo de construção subjeti-
va e grupal. Diante da prática de ensino por investigação como promo-
tora da ACT, conclui-se que ela seria o processo que possibilitaria aos
indivíduos tomar decisões conscientes sobre situações cotidianas. Dessa
forma, conclui-se que o exercício da “curiosidade epistemológica” exige
uma verdadeira interação dialógica com os envolvidos, pois o diálogo
problematizador é o vínculo que temos com os mesmos. Analisando
tudo isso, Freire (2003) se preocupa com o distanciamento entre práti-
ca educativa e o exercício da “curiosidade epistemológica”. Portanto, a
“curiosidade epistemológica” tem papel significativo no processo ensi-
no-aprendizagem, pois segundo Freire (2003, p. 78):
181
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
182
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia
do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2009.
FREIRE, P. À Sombra desta Mangueira. São Paulo: Olho d’ Água,
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FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970
SILVA, J. S. O Planejamento no Enfoque Emergente: uma
experiência no 1º Ano do Ensino Fundamental de Nove Anos. [Tese
de Doutorado]. Porto Alegre: UFRGS, 2011.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ALMEIDA, M. A. Algumas reflexões sobre a pesquisa-ação e suas
contribuições para a área da educação especial. In: BATISTA, C.
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Referências
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BRANDÃO, C. R. [Correspondência]. Destinatário: Rosa Maria
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ano 3, n. 4. 2014.
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GADOTTI, M.; FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Pedagogia: diálogo e
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Brandão. Rio de Janeiro, 14 out. 1980. Cartão pessoal.
PAULO, F. S. Pioneiros e pioneiras da educação popular freiriana e
a universidade. [Tese de Doutorado]. São Leopoldo: Unisinos, 2018.
193
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
197
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
AZEVEDO, T. M. Polifonia linguística: uma proposta de transposição
didática para o ensino da leitura. Letras de Hoje, v. 51, n. 1, pp. 73-81,
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FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se
completam. São Paulo: Cortez Editora, 1986.
198
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
200
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
202
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
sárias para a gente ser gente, para a gente mudar o mundo” (DALLA
VECCHIA, 2019). Afinal, já passamos por tempos parecidos com
esse e resistimos, pois educar é existir e resistir.
203
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
COSTA, D. P. F. Reinventando a esperança em tempos de fake news.
In: PADILHA, P. R.; ABREU, J. Paulo Freire em tempos de fake
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DALLA VECCHIA, M. V. F. O acendedor de esperanças: Paulo
Freire em Caxias do Sul em 1984. Caxias do Sul: EDUCS, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
GALDURÓZ, J. C. F.; et AL. V Levantamento Nacional Sobre o
Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino
Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais
Brasileiras-2004. São Paulo: Centro Brasileiro de Informações Sobre
Drogas Psicotrópicas, Universidade Federal de São Paulo, 2005.
204
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
205
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
209
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BALDO, M. I. Hip Hop: cultura de resistência e reexistência a partir
do conhecimento. Grau Zero - Revista de Crítica Cultural, v. 3, n. 2,
pp. 101-123, 2015.
FREIRE, P. Pedagogia dos Sonhos Possíveis. [Organização de Ana
Maria Araújo Freire]. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
FREIRE, P. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha
práxis. Organização e notas Ana Maria Araújo Freire. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2013.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia
do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Unesp, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
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FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
SOUZA, J. A elite do atraso: da escravidão à lava jato. Rio de Janeiro:
Leya, 2017.
210
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
CARTA A LEVANA
Querida Levana,
Beijos...
Flávio Boleiz
217
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2006.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
FREIRE, P. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991.
218
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Elisama Santos
Universidade Federal da Bahia
elisamajg@gmail.com
220
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
221
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
223
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
225
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, P. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São
Paulo: Olho d›Água, 1997.
FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
STRECK, D. R.; RENDIN, E.; ZITKOSKI, J. J. Dicionário Paulo
Freire. Lima: CEAAL, 2015.
226
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Stephanie Toussaint
UFFS, Campus Erechim
nivhacreole@gmail.com
É com grande alegria e satisfação que, por meio desta carta peda-
gógica, queremos contar-lhes sobre as ações desenvolvidas no programa
de extensão “Diversidade Linguística: compartilhar saberes para que-
brar barreiras”, aprovado no Edital N° 554/GR/UFFS/2019 - APOIO
A PROGRAMAS DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE FEDE-
RAL DA FRONTEIRA SUL (UFFS). Inicialmente, é preciso dizer que
a UFFS possui o “Programa de Acesso à Educação Superior da UFFS
para Estudantes Haitianos (PROHAITI)”, criado em 2013, que tem
como objetivo contribuir com a integração dos imigrantes haitianos à
sociedade local e nacional por meio do acesso aos cursos de graduação
da UFFS. No Campus Erechim, tivemos ingresso de estudantes haitia-
227
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
230
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRASIL. Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017. Institui a lei de
migração. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 154, n.
99, p. 1, 25 Maio 2017.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1967.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. E-book.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
E-book.
231
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
tempo todo – o que estes tempos estão fazendo conosco?), nós nos questio-
namos sobre qual o nosso lugar de educador frente à desesperança que
nos abate, frente ao medo que nos acompanha. Para esses questiona-
mentos, novamente Freire (1996, p. 73) nos disse que a “desesperança
não é maneira de estar sendo natural do ser humano, mas distorção
da esperança”. Isso nos faz passar a entender que a desesperança nega
o movimento constante de busca de sermos mais. A população em si-
tuação de rua em seus movimentos e andanças também faz suas buscas
e, no seu tempo, vai até o serviço, porque algo que os levou até lá somos
nós que os estamos aguardando.
Podemos promover ações emancipatórias, nesse fio de esperança
que move este público ao adentrar o serviço, possibilitando não somen-
te uma passagem mecanicista de colocar a máscara e desaglomerar para
ter “direito ao acesso aos seus direitos’’. Uma frase estranha, para um
momento estranho em que temos que, enquanto trabalhadores da polí-
tica pública, refletir sobre não repercutir a desigualdade em um equipa-
mento que deveria dar acesso a direitos e a combatê-la. Mas este é um
fio de conversa que poderemos puxar em outro momento, pode ser em
outra carta, quem sabe?
O que queremos escrever aqui é que cabe a nós, educadores so-
ciais, pensarmos juntos sobre a concepção educativa que está ou não
presente nas relações que estabelecemos com a população que atende-
mos. Diante da sombra da desesperança, podemos nos movimentar por
esse pensamento, estando impregnados pela esperança e pela alegria que
não se imobiliza, apesar de, às vezes, termos a sensação de que o serviço
ficou minúsculo, em termos de equipe, e distante da população, em
termos de chegar até eles. Precisamos ficar com os pés na realidade, na
concretude, na ordem do possível. E na ordem do possível, o que nos
cabe é construir uma relação junto com sujeitos que adentram o serviço
e lembrá-los que também estão em uma pandemia. Por que lembrá-los?
Vivemos em um país tão desigual, de ordem econômica, racial e
de gênero, que poderíamos acreditar, olhando para a fila diária do Cen-
tro Pop Rua, que muitas pessoas ainda não conseguiram compreender
que estão em uma pandemia mundial. “Ao não perceber a realidade
como totalidade, na qual se encontram as partes em processo de in-
teração, se perde o homem na visão ‘focalista’ da mesma. A percepção
235
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
236
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1996.
FREIRE, P. Educadores de rua: uma abordagem crítica. Bogotá:
UNICEF, 1989.
FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1983.
SANTOS, K. Paulo Freire e a educação social: inspirações emergentes
à prática emancipadora. Quaderns d’Animació i Educació Social, v.
1, pp. 1-9, 2019.
237
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
241
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: UNESP, 2000.
FREITAS, A. L. S. Carta sobre Cartas Pedagógicas: experiência e
reinvenção do legado de Paulo Freire. In: DICKMANN, I. (Org.).
Diálogo Freiriano. Veranópolis: Diálogo Freiriano, 2019. Pp. 55-64.
FREITAS, A. L. S. Andarilhagens de uma educadora pesquisadora:
Cartas Pedagógicas e outros registros de participação no Fórum de
Estudos Leituras de Paulo Freire. 1. ed. São Paulo: BT Acadêmica;
Porto Alegre: Poisesis & Poiética Casa Publicadora, 2020.
REDIN, E. Boniteza. In: STRECK, D.; REDIN, E.; ZITKOSKI, J. J.
(Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica Editora,
2018. Pp. 71-73.
VIEIRA, A. H. Cartas Pedagógicas. In: STRECK, D.; REDIN, E.;
ZITKOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2018. Pp. 75-76.
242
CAPÍTULO 3
PEDAGOGIA DA AUTONOMIA:
SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Wylana C. A. Souza
Universidade de Passo Fundo
187733@upf.br
248
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BOURDIEU, P. Escritos de educação. Petrópolis: Vozes, 1988.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
NOGUEIRA, C. M. M; NOGUEIRA, M. A. A sociologia da educa-
ção de Pierre Bourdieu: limites e contribuições. Educação & Socieda-
de, ano XXIII, n. 78, pp. 15-36, 2002.
249
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Guilherme Schwan
Universidade Federal da Fronteira Sul
guilhermeschwan@gmail.com
254
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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260
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Alexandra Carniel
Universidade Estadual do Oeste do Paraná
UNIOESTE-Francisco Beltrão
carnielalexandra@gmail.com
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264
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
3 Os demais sujeitos que compõem a comunidade escolar da EMEF Bem Viver Caú-
na estão excluídos desta pesquisa.
4 A educação libertadora, em oposição à educação bancária, é “fundamentalmente,
uma situação na qual tanto os professores como os alunos devem ser os que aprendem;
devem ser os sujeitos cognitivos, apesar de serem diferentes [...] Este é, para mim, o
principal teste da educação libertadora: que tanto os professores como os alunos sejam
agentes críticos do ato de conhecer” (FREIRE; SHOR, 1986, p. 46).
266
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
et Al. (2018), é por meio dos diálogos que podemos olhar o mundo e a
nossa existência em sociedade como processo, algo em construção, como
realidade inacabada e em constante transformação.
Por meio dessas relações, podemos criar possibilidades de acabar
com os pensamentos e as ações machistas que estão enraizados em nossa
sociedade, pois, muitas vezes, isso é praticado de forma inconsciente,
por isso é necessário ampliar essas discussões. E este é o papel do gru-
po Espaço Mulher: refletir a respeito das questões contemporâneas que
permeiam o feminino, na busca de repensar as relações individuais, fa-
miliares e em comunidade, com o intuito de criar uma sociedade mais
justa e equitativa.
Por fim, por meio da reflexão acerca da identidade, dos sonhos,
do “eu’’ de cada uma, foi possível, por intermédio das rodas de conversa,
pensar o mundo que queremos para as mulheres e quais ações no nosso
dia a dia podem ir melhorando o nosso viver, ampliando a nossa capa-
cidade de dialogar com o outro, além de se pensarem alternativas para a
construção de um mundo melhor.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, P.; SHOR, I. Medo e ousadia: o cotidiano do professor.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
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lo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
268
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Walter Frantz
UNIJUÍ – Campus Ijuí
wfrantz@unijui.edu.br
272
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
A escola democrática não lida com o aluno “ideal”, mas com o alu-
no “real”, o qual é proveniente de diversas realidades sociais e, por causa
disso, enfrenta diversas situações conflituosas. Democratizar a educação
consiste também em acolher essas diferenças e desigualdades e transfor-
má-las em possibilidades de construção de saberes e de poderes compar-
tilhados. No entanto, a democratização da escola não necessariamente
significa uma democratização no acesso ao conhecimento, pois, na maio-
ria das vezes, a escola não se encontra preparada para acolher esse novo
público e garantir um acesso de qualidade ao conhecimento.
A pedagogia proposta pela Educação Popular busca ainda hoje
pautar-se pela crítica ao formalismo da escola tradicional, constituindo-
-se como espaço e tempo de inovação e de transformação pedagógica no
viés da teoria e da prática educativa. A presença da Educação Popular
sempre representou uma inquietação das classes dominantes, haja vista
seu caráter transformador. Trata-se de um tipo de educação que objetiva
um empoderamento daqueles que o sistema educacional elitista histori-
camente empurrou para a margem da sociedade.
A equidade e a igualdade de oportunidades são princípios fun-
dantes da perspectiva do campo popular. Por isso, num contexto de
economia liberal capitalista pautada na competitividade predatória, a
educação popular transformadora apresenta-se como teoria e prática
que contempla os interesses de todos que buscam construir uma socie-
dade com menos desigualdades.
273
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Douglas Bassani
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
douglas.bassani@estudante.uffs.edu.br
287
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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288
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Isadora
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
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cia & Saúde Coletiva, v.18, n. 4, pp. 909-916, 2013.
293
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Marissandra Todero
Universidade Federal da Fronteira Sul/ Campus Erechim
marissandrat@gmail.com
Outono de 2020.
Como é nossa relação com os alunos? Onde é nossa luta? Ele nos per-
guntou tudo isso, sem, no entanto, deixar de nos lembrar que o que fa-
zemos precisa ser bem feito e que não podemos deixar isso para depois,
pois somos produtores de vida.
Sua fala, amigos, foi um tanto impulsionadora à problematização
do nosso fazer pedagógico cotidiano. Para Freire (1996), educar é um
ato de amor, um ato político, ato de coragem, de alegria e esperan-
ça, de conhecimento, de respeito aos saberes, de escuta, de diálogo, de
compreensão da importância da educação como forma de intervenção
no mundo, de pesquisa, criticidade... E nós, em meio aos desafios do
cotidiano, estamos refletindo sobre nossa prática?
A educação escolar nos desafia cotidianamente quando, ao en-
trarmos na sala de aula, ficamos pensando: Que desafios fazem parte
do meu dia a dia? Qual é o nosso papel neste espaço educativo? Como
tratamos e estimulamos os educandos para a aprendizagem que tenha
sentido na sua vida?
Nesse sentido, Freire (1996) nos diz que, em sua tarefa docente, o
educador tem um papel muito importante. Tarefa essa que não se limita
em apenas ensinar conteúdos, mas também em refletir, em ensinar a pen-
sar sobre o contexto social em que a escola está inserida, problematizando,
de forma crítica, os desafios enfrentados pela comunidade em que vive.
Na obra: Pedagogia da autonomia, Freire (1996, p. 52) destaca
que o educador precisa “saber que ensinar não é transferir conhecimen-
to, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção”, e completa: “aprender para nós é construir, reconstruir,
constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aven-
tura do espírito” (FREIRE, 1996, p. 77). Assim, enquanto educado-
res comprometidos com essa realidade, no dia a dia da sala de aula,
devemos procurar a constituição de sujeitos conscientes de seu papel,
capazes de questionar, de interferir no mundo, de lutar contra qualquer
injustiça social.
Mesmo não estando em sala de aula nos últimos dias, em função
do cuidado e da proteção da saúde de todos, nosso trabalho, neste espaço
educativo, precisa ser pensado e refletido constantemente. Precisamos en-
frentar os desafios que surgem nesta caminhada, observando o contexto
dos educandos, a maneira como fazemos e o mundo que queremos.
297
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Com carinho,
Mari
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
298
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
ENFRENTAMENTOS E INCERTEZAS
DEPOIS DE SUA AUSÊNCIA
Raquel Karpinski
UFRGS
raquelk@faccat.br
Carine Marcon
UFFS
carii.marcon@gmail.com
Allana Cavanhi
UFFS
allanacavanhi@gmail.com
Março de 2020.
300
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BACHELARD, G. A Terra e os Devaneios da Vontade: Martins Fon-
tes, São Paulo, 2001.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à educa-
ção do futuro. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 2011.
FREIRE, P. Política e educação. Indaiatuba: Villa das Letras, 1993.
302
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
conversa, que segundo Larrosa (2003, p. 212) “[...] não é algo que se
faça, mas algo que se entra e ao entrar nela, pode-se ir aonde não havia
previsto [...] e essa é a maravilha da conversa [...].
Para melhor contextualização desta narrativa, é importante des-
crevermos a escola na qual são potencializadas nossas reflexões de ser
e estar gestores escolares em tempos de pandemia. Como a pandemia
alterou/modificou/transformou as nossas práticas?
A EMEF Prof. João de Oliveira Martins é uma escola de periferia,
situada na zona oeste da cidade do Rio Grande/RS, região de grande
vulnerabilidade social, que convive com diversos problemas, como os ele-
vados índices de pobreza, drogadição, violência, desemprego, fome, baixa
escolaridade, entre outros. Dentro desse contexto, as práticas pedagógicas
precisam ser dialogadas, construídas reflexivamente, comprometidas com
a transformação desta realidade, constituindo-se em ações concretas de
ruptura com a exclusão econômica, cultural, social e educacional, às quais
estão submetidas essas populações. Tem sido um trabalho árduo, de mui-
ta conversa, reuniões, planejamentos e projetos de intervenção.
Nesse momento histórico de agravamento da pandemia do CO-
VID-19, de manutenção da suspensão das aulas presenciais, escrever
sobre a experiência vivida, no âmbito da gestão escolar, se faz urgente
e necessário como possibilidade de analisarmos criticamente a função
social da escola e dos seus dirigentes, numa situação de precarização da
educação básica, marcada pela falta de políticas públicas que reverbe-
rem em investimentos na qualificação dos seus espaços, na melhoria da
sua infraestrutura, na ampliação do acesso aos recursos tecnológicos e
na formação continuada de seus profissionais.
Durante este tempo de pandemia, a gestão precisou (re)pensar a
sua forma de dialogar com a comunidade escolar e acompanhar as ati-
vidades pedagógicas realizadas pelos estudantes e construídas pelos pro-
fessores. Uma das primeiras ações de gestão, neste período adverso, de
reconstrução do ser professor e do ser e estar diretor e vice-diretora foi
organizar espaços-tempos formativos com a equipe diretiva (Coordena-
ção, Orientação, Sala de Recursos) e os demais docentes, por meio de
reuniões virtuais. Desde as primeiras semanas de pandemia, mantivemos
contato com a equipe docente da escola. Realizamos também encontros
virtuais com as famílias e com os representantes do CPM (Círculo de
304
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
ação, objetivamos que o ensino não presencial não agrave ainda mais a
situação de vulnerabilidade de muitos estudantes, nem se torne mais um
processo de exclusão dos processos de ensino e aprendizagem.
Nesse movimento de reinvenção das práticas pedagógicas e de
gestão escolar em tempos de pandemia, idealizamos e realizamos uma
mostra virtual de trabalhos, valorizando o potencial criativo e criador
dos nossos estudantes. Essa atividade representou uma oportunidade
para dar visibilidade às ações desenvolvidas pela escola e também para
demonstrar a parceria estabelecida com as famílias, que colaboraram
com as propostas de ensino promovidas pela Instituição.
Passado mais de um ano de pandemia, com as escolas ainda fe-
chadas, a equipe escolar está avaliando sistematicamente as ações desen-
volvidas até aqui, com vistas à qualificação deste processo, tendo como
premissa que “é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem
que se pode melhorar a próxima prática” (FREIRE, 2002, p. 43-44).
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
LARROSA, J. Epílogo: A arte da conversa. In: SKLIAR, C. Pedagogia
(improvável) da diferença: esse outro não estivesse aí? Rio de Janeiro:
DP&A, 2003.
306
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Saudações Freireanas,
Delvânia
310
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
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MENEZES DE SOUZA, L. M. T. Para uma redefinição de letramento
crítico: conflito e produção de significação. In: MACIEL, R. F.; ARAÚ-
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MONTE-MÓR, W. Crítica e Letramentos Críticos: reflexões prelimi-
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geira e formação cidadã: por entre discursos e práticas. Campinas:
Pontes, 2013. Pp. 31-59.
STREET, B. V. “What’s” “New’’ in Literacy Studies? Critical approach
to literacy in theory and practice. Current Issues in Corporative Edu-
cation, v. 5, n. 2, 2003.
311
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
AS MÃOS
Francine Gentelini
fra.fg.fra@gmail.com
Aline Gentelini
aligentelini@gmail.com
Emanuele Gentilini
manu.gentilini@hotmail.com
Escola Estadual de Educação Básica Antônio João Zandoná
313
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
As mãos
Ah! As mãos!
Quantas descobertas elas podem proporcionar
Àqueles pequeninos
Que delas ousam se utilizar!
Criar, inventar,
Explorar, sonhar.
Tudo passa por elas
Em tudo elas podem colaborar.
314
CAPÍTULO 4
PEDAGOGIA DA INDIGNAÇÃO:
CARTAS PEDAGÓGICAS E OUTROS ESCRITOS
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
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teoria, prática e proposta. São Paulo: Cortez, 1995. Pp. 79-87.
SOUZA, J. E. Educar: perspectivas e construções. São Leopoldo:
Oikos, 2019.
320
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
que ela não pode fazer CT, que os cuidados com o lar e com a família
são preferencialmente responsabilidade dela, que a área das exatas é de
domínio masculino, dentre tantos outros estereótipos construídos ao
longo da história da CT e da sociedade.
Entretanto, é fato que, nas escolas, local em que a construção e o de-
senvolvimento do conhecimento produzido pela humanidade é essencial e
que necessita ser recriado de forma justa, inclusiva, ética e solidária (PADI-
LHA et AL., 2019), pouco se discute acerca das contribuições de mulheres
para a CT, visto que o livro didático, o qual se apresenta, significativamente,
como suporte teórico-metodológico para as aulas dos professores, pouco
ou nada aborda sobre esse assunto, o que pode remeter aos estudantes o
seguinte pensamento: meninas são capazes de produzir CT? Sabemos que
sim. Porém, em outros tempos, as mulheres foram excluídas da CT pe-
los denominados opressores, seres desumanizados, nas palavras de Freire
(1987) e, por algum motivo, suas contribuições ainda são pouco estudadas
e valorizadas. Além disso, nos dias atuais, a sociedade impõe muitas respon-
sabilidades e obrigações à mulher, principalmente no que tange à família, e
isso influencia em suas escolhas e vida profissional, o que pode justificar a
reduzida participação das mulheres em alguns ramos científicos.
Portanto, cabe a nós, professoras e professores, assumindo o perfil
de educadores-educandos, dialógicos, problematizadores, desvincular-
-nos da Educação Bancária e sermos críticos e reflexivos perante nossas
práxis, na luta pela humanização e pela libertação do sujeito, mediante
uma metodologia questionadora da realidade do estudante, uso de temá-
ticas geradoras, realistas, contextualizadas e diversificadas do currículo e
do mundo, fundamentada na criatividade, reflexão, conscientização e no
diálogo (PADILHA et AL., 2019), este último tendo o amor, a humil-
dade e a fé nos homens como critério para Ser Mais (FREIRE, 1987).
Por isso, é preciso questionar e lutar contra o machismo, o fascismo, a
homofobia, o racismo, a lgbtfobia, os preconceitos de classe, em favor de
uma educação pública crítica, problematizadora e não opressora. E como
já dizia Freire (1987, p. 29): “ninguém liberta ninguém, ninguém se
liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão”.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Vanessa Pescador
Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC
vanessaddr@yahoo.com.br
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
344
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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FINCO, D.; BARBOSA, M. C.; FARIA, A. L. G. Campos de Expe-
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez &
Moraes, 1980.
351
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Esse Brasil é de todos e todas nós. Vamos em frente, na luta sem violência,
na resistência consciente, com determinação tomá-la para construirmos,
solidariamente, o país de todos e de todas os/as que aqui nasceram ou a
eles se juntaram para engrandecê-lo” (FREIRE, 2000, p. 30).
Essas mesmas palavras de Freire foram testemunhadas por Ana
Maria Araújo Freire diante das imagens televisivas da chegada da Mar-
cha Nacional dos Sem-terra em Brasília, em 17 de abril de 1997. Se-
gundo a autora, esposa de Freire, ele ficou em pé caminhando de um
lado para outro da sala e tinha os “pêlos do corpo eriçados, poros aber-
tos e suor quente” (FREIRE, 2000, p. 29).
Um dos aspectos interessantes a ser destacado da segunda carta de
Freire na obra Pedagogia da Indignação aparece quando Freire, ao remeter
o assunto sobre a utopia, do sonho, do projeto de mudar o mundo, colo-
ca que existem também os contra-sonhos isto é, as articulações e os mo-
vimentos contrários à transformação. Seria uma ingenuidade não reco-
nhecer a existência da reação aos sonhos de justiça e transformação social.
A natureza contraditória da realidade tem a ver com certas “pre-
senças”, relacionadas à gestação de ideologias, preconceitos, interesses
de grupos e de classes “que perduram no clima cultural que caracteriza
a atualidade concreta” (FREIRE, 2000, p. 26). E, por falar em atuali-
dade, como não concordar com Freire, trazendo, para o hoje da con-
juntura do Brasil, que os sonhos aos quais se debruçam os progressistas
e as progressistas têm seus avanços, seus recuos, suas marchas, às vezes,
demoradas. Tudo isso implica luta.
Luta que, em determinados momentos, na vida dos sem terra, che-
ga às vias de fato. Tive a oportunidade de participar, como um dos repre-
sentantes do CPERS Sindicato, do Congresso Nacional do MST, o qual
ocorreu em Brasília, no ano de 1991. Depois de uma das atividades do
congresso, quando íamos de ônibus até o local da alimentação, um dos
participantes do movimento partilhou comigo a experiência de ter feito,
juntamente com seus companheiros, uma espécie de barricada ou de trin-
cheira para se defenderem das balas disparadas pelas armas dos partidários
de proprietários rurais da região onde seu grupo lutava por terra. De fato,
o MST tinha como lema naquela época “ocupar, resistir, produzir”.
Quando Freire afirma que “[...] é tão atual o ímpeto de rebeldia
contra a agressiva injustiça que caracteriza a posse da terra entre nós,
354
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da Indignação. São Paulo: Unesp, 2000.
MEDEIROS, L. B.; ZITKOSKI, J. J.; STRECK, D. Movimentos So-
ciais/Movimento Popular. In: STRECK, D. et AL. (Org.). Dicionário
Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
356
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
358
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
359
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
360
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
res! Quero recriadores curiosos sobre o que criei, com minha curiosida-
de epistemológica! ” (FREIRE apud FREIRE, N., 1998, p. 46).
Com essa compreensão, tomamos como ponto de partida as
Cartas Pedagógicas de Paulo Freire e estamos trilhando um caminho
de descobertas e de possibilidades de reinvenção. Assim, por meio da
nossa escrita, convidamos curiosos/as e/ou apreciadores/as de Cartas
Pedagógicas a continuar esse diálogo, e tantos outros possíveis, en-
viando-nos suas Cartas Pedagógicas por e-mail, compartilhando sua
experiência e reflexão a partir desta leitura. Com isso, esperamos des-
cobrir por onde andam as Cartas Pedagógicas, para além dos Anais de
eventos que consultamos.
Um abraço freireano,
362
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, A. M. A. Nita e Paulo: crônicas de amor. São Paulo: Olho
D’Água, 1998.
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São Paulo: Olho D’Água, 1993.
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venção do legado de Paulo Freire. In: DICKMANN, I. (Org.). Diálogo
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KARPINSKI, R.; FETTER, S. A. (Orgs.). Educação, amorosidade e
utopia: diálogos com Paulo Freire. In: XII Seminário Diálogos com
Paulo Freire: uma pedagogia do amor e do coração, para reconstruir
e superar obstáculos. Taquara, RS, 2019. Anais [...]. Taquara: FAC-
CAT, 2019.
PAULO, F. S. et AL. (Org.). Anais do XX Fórum de Estudos: leituras
de Paulo Freire. Legado e presença de Freire no Rio Grande do Sul.
[recurso eletrônico]. São Leopoldo: Casa Leiria, 2018.
VIEIRA, A. Cartas Pedagógicas. In: STRECK, D.; REDIN, E.; ZIT-
KOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autên-
tica, 2018. Pp. 75-76.
363
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1 FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 2020.
365
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Paulo, educamos nossos educandos ainda para querer apenas alterar sua
posição no sistema e na sociedade e não para alterar a sociedade em si
e derrubar um sistema notadamente excludente e injusto. Ainda hoje,
usamos uma educação bancária que serve apenas para manutenção da
sociedade tal qual a conhecemos; não os educamos para a democracia,
não os educamos para a liberdade, não os educamos para a autonomia;
nós os educamos para obedecer o professor, o chefe, os mais velhos, os
mais ricos...
Não os educamos para questionar e muito menos para buscar
por si mesmos o conhecimento e para que aumentem seus horizontes
culturais. Não os educamos para construir, para refletir. Nós os ensina-
mos a obedecer, a ser cidadãos de bem e jamais questionarem, seja as
injustiças, seja a situação em que vivem. Nós os educamos para possuir
e não para ser; incutimos neles a necessidade de estudarem para ter
bons empregos e bons salários, mas não para serem cidadãos críticos e
determinados a mudar aquilo que não está correto. A mídia, as redes
sociais, tudo induz nossos educandos a serem consumidores exaltados e
cidadãos passivos. Sabemos, por meio de teus ensinamentos e de tantos
outros que também sonharam e sonham uma educação para a liberta-
ção, que a escola deveria ser o local de contraponto, o local onde nós os
ensinássemos a ver as suas capacidades e potencialidades para além de
um posto de trabalho que possam ocupar posteriormente. Mas falha-
mos, meu amigo Paulo, seguimos repetindo o ciclo vicioso da hierar-
quia e da submissão, salvo raras exceções.
Não quero, de forma alguma, te deixar desesperançoso, Paulo. Até
porque tu mesmo ensinaste que não podemos esperar na pura espera,
que o tempo de espera é tempo de que fazer3, que a esperança não tem
a ver com simples espera, mas, sim, com o esperançar. E assim, cheios
do teu entusiasmo e da tua expectativa, crendo que o mundo não é mas
está sendo, seguimos firmes. E movidos pelos teus ensinamentos, cremos
que “é mudando o presente que a gente fabrica o futuro: por isso, então
a história é possibilidade e não determinação” (FREIRE, 1991, p. 90).
E me declaro, assim como o senhor, uma esperançosa, não por teimosia,
“[...] mas por imperativo existencial e histórico” (FREIRE, 2002, p. 10).
3 FREIRE, P. Pedagogia da indignação: Cartas pedagógicas e outros escritos. São
Paulo: Paz e Terra, 2019.
367
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1991.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e
Terra, 2020.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedago-
gia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: Cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Paz e Terra, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2019.
368
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
RESISTIR É PRECISO:
AOS EDUCADOR@S E COMPANHEIR@S DE LUTA
nação pela atual situação de nosso país, Freire se faz presente e nos
fortalece na esperança.
Estar estudando e trabalhando em uma universidade pública é
ter esperança. Esperança que não é do esperar, mas, sim, do esperançar,
como nos ensinou Freire. Ser professor é ter esperança. Isso é o que
percebemos na escola da nossa pesquisa. Esperança de uma educação
de qualidade, diferente, mesmo em meio às adversidades impostas pelo
Estado, que há mais de 50 meses parcela os salários dos professores.
Esperança de que as coisas vão mudar, esperança na educação como
possibilidade de transformação e esperança na humanidade. Neste mo-
mento, algumas certezas existem: a certeza de nossa posição, a certeza
de nossa profissão, a certeza de que, através da educação, realidades
podem ser transformadas; e a certeza de que nada é definitivo, para
sempre.... Afinal, como diria Freire, nos formamos e transformamos a
todo instante, somos seres inacabados.
Lutar é preciso, pois acreditamos, como Freire (1996) nos ensi-
nou, que a educação é um ato político e, nesse ato, não existe neutrali-
dade. Nossa luta não é com armas, mas, sim, com livros. Nossa luta é
pelo diálogo, pelo respeito, pela comunhão uns com os outros em uma
relação de igualdade e, sobretudo, de afeto. O povo é sujeito de seu
pensar. Homens e mulheres são seres de práxis, ação, reflexão e transfor-
mação. Então, não podemos nos alienar e sucumbir a discursos que nos
são impostos de todos os lados e que nos atravessam de diversas formas.
Somos sujeitos do nosso tempo, na integralidade de nossos se-
res. Somos humanos, homens, mulheres. Somos o que somos, edu-
cadores, e o que nos cabe é a luta, numa batalha por direitos, pela
educação. Uma batalha que é de todos, mas que nem todos estão
conscientes disso por inúmeros fatores, inclusive pela quantidade de
discursos que nos interpelam.
Freire, em sua generosidade profunda, tentou, em seus escritos,
nos alertar dos interesses que nos rodeiam. Tentou nos desalienar, nos
libertar de nossas amarras servis. Buscou, com seu discurso, nos fazer
cidadãos conscientes, emancipados; sujeitos críticos, pensantes e não
apenas adestrados ou capacitados para exercer uma tarefa e para serem
mão de obra a serviço do capital. Eni Orlandi (2016, p. 72) também
nos fala que “[...] a educação só alcança seus objetivos sócio-políticos,
371
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Com Afeto,
Ilda Renata da Silva Agliardi
Elisete Enir Bernardi Garcia
Janeiro de 2020.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
ORLANDI, E. P. Educação e sociedade: O discurso pedagógico entre
o conhecimento e a informação. Revista ALED, v. 16, n. 2, pp. 68-
80, 2016.
372
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
377
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedago-
gia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
HOOKS, B. Ensinando a transgredir: a educação como prática de
liberdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2017.
ONU. Policy Brief: Education during COVID-19 and beyond,
2020. Disponível em: https://www.un.org/sites/un2.un.org/files/sg_
policy_brief_covid19_and_education_august_2020.pdf.
378
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Um grande abraço,
Prof. Joice Maria de Oliveira
Referências
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se comunicam. Porto Alegre: ESTEF, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Paz e Terra, 2019.
380
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Isadora Canello
UFFS
isacanello3@gmail.com
Referências
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se com-
pletam. São Paulo: Cortez Editora, 1989.
382
CAPÍTULO 5
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedago-
gia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
FREIRE, P. Educação como Prática de Liberdade. Rio de Janeiro: Paz
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FREIRE, P. Extensão ou Comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
388
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Marta Zanette
PPGE-Unochapecó
martinhazanette@hotmail.com
Ivo Dickmann
PPGE-Unochapecó
educador.ivo@unochapeco.edu.br
390
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Juliane Bonez
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PEREIRA, J. R.; ALCANTARA, V. C.; ANDRADE, L. S. Comunica-
ção que constitui e transforma os sujeitos: agir comunicativo em Jürgen
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Reflexões Finais
409
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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MATURANA, H. Emoções e linguagem na educação e na política.
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Referências
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TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a
pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2017.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Adriana Chiamolera
Prefeitura Municipal de Herval d’Oeste
assistenteadrianachiamolera@gmail.com
Gabriela Stang
Prefeitura Municipal de Herval d’Oeste
gabrielastangsso@gmail.com
Atenciosamente,
417
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília: DF, 1998.
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IBGE. Agência de Notícias: Estatísticas Sociais, 2020. Disponível em:
https://bityli.com/Nqfk2. A
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a peda-
gogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2015.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. P.; PERNAMBUCO, M. M. C. A.
Ensino de Ciências: Fundamentos e Métodos. São Paulo: Cortez, 2011.
423
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Beatris Gattermann
Instituto Federal Farroupilha
beatris.gattermann@iffarroupilha.edu.br
Abraços esperançosos!
428
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, A. M. A. Notas; introdução. In: FREIRE, P. Cartas à Cristi-
na. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. Pp. 237-242.
FREIRE, P. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São
Paulo: Olho d’Água, 1997.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1996.
FREIRE, P. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1991.
VIEIRA, A. Cartas pedagógicas. In: STRECK, D.; REDIN, E.; ZIT-
KOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autên-
tica, 2010. Pp. 65-66.
429
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
tempos sinistros, sabemos que ele é redondo e por isso seguimos ca-
çando brechas para resistir. A justiça e a verdade hão de reinar sempre,
e cada um terá que carregar o fardo da marca que deixará na história.
Há menos de um mês, o processo contra o Lula foi anulado e o juiz
do caso foi condenado suspeito. Seguimos lutando por mais doses de
vacina e de esperança.
No estado de gravidade em que estamos, com a taxa de mortes
flutuando numa média superior a dois mil por dia, o meio mais eficaz
para conter o avanço da pandemia é o isolamento social. Ano passado,
por volta do dia 15 de março de 2020, entramos em quarentena e tudo
parou, o medo tomou conta. Escolas, universidades, restaurantes, ba-
res, lojas, indústrias, fábricas, tudo fechou, e fomos nos adaptando de
acordo com o novo contexto. Alguns conseguiram continuar em traba-
lho remoto, fazendo reuniões virtuais; a educação passou a ser online.
Quando pensaríamos que as aulas seriam assim: pelas telas, sem o con-
tato, sem o olho no olho? Agora é olho na tela. Esse olho na tela acabou
escancarando ainda mais as desigualdades sociais: e quem não tem tela,
nem internet? E quem nem está em isolamento? Quem parou? Quem
pode parar? Quem não pode parar? Todos aconselham: “Fique em casa!
Lave as mãos.” E quem não tem casa? E quem não tem saneamento básico?
E quem não tem o que comer?
E assim a distância entre quem tem e quem não tem aumenta
ainda mais. Depois de um ano nesse regime, já estamos exaustos, e se no
começo o medo era de ser contaminado pelo vírus, hoje, os medos são
outros. Muita gente desempregada acaba se expondo nas ruas em busca
de trabalho. Máscara e álcool gel passaram a ser armamento e escudo; e
a guerra é contra a fome. Para alguns, parece inconcebível ficar em casa
no meio de uma crise sanitária e econômica, mas isso só parece tão im-
possível porque não existe a garantia de apoio e de proteção do Estado,
que nega o dever de garantir os direitos básicos de todo o cidadão.
Testemunhamos uma necropolítica cada vez mais feroz. A prin-
cipal preocupação é com a retomada da economia, independente de
quantas vidas isso possa custar. Mesmo neste cenário de calamidade
pública, o discurso da meritocracia segue funcionando a todo vapor.
Grandes parcelas da população tem se posicionado contra o lockdown.
E ainda ouvimos por aí: “Quem quer corre atrás!”. Mas e quem não
433
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
pode correr? Quem tem as portas fechadas por questões como raça,
gênero e classe social? Saímos de pontos diferentes para essa corrida.
Perceber a diversidade dos pontos de partida é fundamental. O
primeiro passo para a transformação, pessoal e social, é pensar criti-
camente sobre quem somos, nossa identidade, onde estamos, o que
fazemos, os lugares que ocupamos. A tomada de consciência é um
passo fundamental para a transformação, mas não o único. É preci-
so consciência, ação e reflexão juntas. Outra grande referência - bell
hooks - já nos disse:
435
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Cartas a Cristina: reflexões sobre a minha vida e minha
práxis. São Paulo: Unesp, 2003.
HOOKS, B. Ensinando a transgredir: a educação como prática de
liberdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
436
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Às crianças que lutam para viver, lutam para dizer a sua palavra,
denunciam a dura realidade e anunciam a esperança em sua luta
cotidiana.
Aos jovens, adultos e velhos que lutam pelo reconhecimento das
crianças como seres humanos, seres que, na sua vocação ontológica de
ser mais, fazem a história:
437
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1 Mais informações sobre como as crianças foram atingidas pela ditadura pode se
consultar em “Direitos à memória e à verdade: história de meninas e meninos marca-
dos pela ditadura” (Brasil, 2009) e “Identidad, Despojo y Restitución” (HERRERA;
TENEMBAUM, 2007), sobre o caso na Argentina.
2 Fonte: El País, ver Brasil (2021).
438
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
440
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRASIL TEVE 2.922 NOVOS ÓBITOS PELO NOVO CORONA-
VÍRUS NESTA SEXTA-FEIRA. In: EL PAÍS, Brasil, Notícias sobre co-
vid-19, São Paulo/Brasília. Disponível em: https://brasil.elpais.com/bra-
sil/2021-04-02/noticias-sobre-covid-19-e-a-crise-politica-ao-vivo.html.
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos
Humanos. Direito à Memória e à Verdade: histórias de meninas e
meninos marcados pela ditadura. Brasília: Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos, 2009.
FREIRE, P. Liberdade cultural na América Latina. Tradução de Dani-
lo Romeu Streck. In: STRECK, D. R. (Org.). Fontes da Pedagogia
latino-americana: uma antologia. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
Pp. 333-345.
441
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Educação como prática de liberdade. São Paulo: Paz e
Terra, 2020.
444
CAPÍTULO 6
Johannes Doll
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
johannes.ufrgs@gmail.com
pouca escuta e diálogo precário. Essa tem sido uma realidade por mui-
tas décadas, e apesar de, nos últimos 20 anos, o sistema de saúde pública
no Brasil ter sido repensado, ainda há grandes desafio, entre eles:
448
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
450
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987.
LOPES, R.; TOCANTINS, F. R. Promoção da saúde e a educação crí-
tica. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 16, n. 40, pp.
235-46, 2012.
PULGA DARON, V. L. A dimensão educativa da luta por saúde no
movimento de mulheres camponesas e os desafios político-pedagógicos
para a educação popular em saúde. Caderno Cedes, v. 29, n. 79, pp.
387-399, 2009.
REIS, D. O.; ARAÚJO, E. C.; CECÍLIO, L. C. O. Políticas públicas de
saúde: Sistema Único de Saúde-UNA-SUS. São Paulo: UNIFESP, 2011.
RONZANI, T. M.; RIBEIRO, M. S. Identidade e formação profissio-
nal dos médicos. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 27, n. 3,
pp. 229-236, 2003.
451
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Johannes Doll
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
johannes.ufrgs@gmail.com
456
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Glossário temático: gestão do
trabalho e da educação na saúde. Brasília: Editora do Ministério da
Saúde, 2009.
CALDART, R. S.; PEREIRA, I. B.; ALENTEJANO, P.; FRIGOT-
TO, G. Dicionário da Educação do Campo. São Paulo: Expressão
Popular, 2012.
FALKENBERG, M. B.; et AL. Educação em saúde e educação na saú-
de: conceitos e implicações para a saúde coletiva. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 19, n. 3, pp. 847-852, 2014.
457
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Adriana Chiamolera
Prefeitura Municipal de Herval d’Oeste
assistenteadrianachiamolera@gmail.com
Gabriela Stang
Prefeitura Municipal de Herval d’Oeste
gabrielastangsso@gmail.com
Referências
CFESS. Código de Ética do/a assistente social - comentado. São
Paulo: Cortez, 2012.
FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação. São Pau-
lo: Centauro, 2001.
FREIRE, P. Ação Cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1982a.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se com-
pletam. São Paulo: Cortez, 1982b.
IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na Contemporaneidade: tra-
balho e formação profissional. São Paulo: Cortez, 2008.
462
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
o autor brasileiro (FREIRE, 1983) afirma que quem diz fazer exten-
são, mas se ampara na dialogicidade, de fato não faz extensão, mas sim
uma comunicação. A proposta de comunicação se ampara na teoria
de reconhecer, conhecer e, a partir disso, reinventar, problematizando
criticamente a realidade e atuando sobre ela por meio da defesa de uma
educação que aconteça pela comunicação e pela reciprocidade, na opo-
sição de uma educação pela via de mão única. É importante também
salientar a distinção entre modernização e desenvolvimento realizada
por Paulo Freire na obra Extensão ou Comunicação (1983). Para o autor,
nem toda modernização é desenvolvimento. Nesse sentido, enquanto a
modernização não possui como centro de decisão a área transformada;
no desenvolvimento, o ponto de decisão se encontra no ser que se trans-
forma. Portanto, Paulo Freire chama a atenção de todos e os convida a
repensarem o termo Extensão, propondo que “todos possam saber que
pouco sabem e assim possam igualmente saber mais” (FREIRE, 1983,
p. 15). Dessa forma, a obra dele nos apresenta uma infinidade de ques-
tionamentos, como, por exemplo, o que é a extensão, o que é realmente
a sua proposta e o que devemos fazer com a extensão. A proposta do
termo Comunicação vai para além do termo em si, adentrando na prá-
xis humana e na necessidade de modificar a realidade.
465
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses
e a Centralidade do Mundo do Trabalho. São Paulo: Cortez/UNI-
CAMP, 2000.
FREIRE, P. Extensão ou Comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
SAVIANI, D. Sobre a concepção de politecnia. Rio de Janeiro: FIO-
CRUZ, 1989.
466
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
indiferente à totalidade humana, que é cada estudante por trás de uma câ-
mera, de um texto ou de um AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem).
A educação freireana vive na resistência de educadores que, em
meio a tantos desafios, se aventuram em metodologias inovadoras para
encantar o aluno e, com isso, mantê-lo presente na distância. A educação
freireana vive no uso da internet para ser presença, mas também vive em
cada professor e professora que organiza as aulas para entregar aos estu-
dantes que não têm acesso à internet; vive em cada um que vai até a casa
dos estudantes que não veem importância em ir até a escola; vive quando
um professor ou funcionário doa um celular, uma tela e muitos outros
aparelhos para que todos acessem o que está sendo oferecido.
Em tempos de ensino remoto, cabe aquela Pedagogia dos sonhos
possíveis de Paulo Freire, porque de fato são possíveis para quem se
move enquanto sonha, que afirma que “[...] eu não deveria ser professor
se eu não estivesse absolutamente certo de que mudar é difícil, mas é
possível” (FREIRE, 2001, p. 166). Na busca esperançosa pela qualida-
de da educação, que a mudança seja sempre possível.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
FREIRE, P. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: UNESP, 2001.
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1981.
FREIRE, P. Conscientização: Teoria e prática da libertação: Uma in-
trodução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 1979.
MOREIRA, J. A. M.; HENRIQUES, S.; BARROS, D. Transitando de
um ensino remoto emergencial para uma educação digital em rede, em
tempos de pandemia. Dialogia, n. 34, pp. 351-364, 2020.
470
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Jerônimo Sartori
UFFS – Campus Erechim
jetori55@yahoo.com.br
474
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. São
Paulo: Paz e Terra, 2001.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GOUVEIA, B.; PLACCO, V. M. N. S. A formação permanente, o pa-
pel do coordenador pedagógico e a rede colaborativa. In: ALMEIDA,
L. R.; PLACCO, V. M. N. S. (Orgs.). O coordenador pedagógico e
a formação centrada na escola. São Paulo: Loyola, 2013. Pp. 69-80.
SOUZA, V. L. T.; PLACCO, V. M. N. S. Entraves da formação cen-
trada na escola: possibilidades de superação pela parceria da gestão na
formação. In: ALMEIDA, L. R.; PLACCO, V. M. N. S. (Orgs.). O
coordenador pedagógico e a formação centrada na escola. São Pau-
lo: Loyola, 2013. Pp. 25-44.
475
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Popular, por sua vez, possui raízes mais profundas e imbricadas com a
triste realidade brasileira no que se refere à Educação, principalmente
àquela voltada para as populações mais carentes, considerando ainda
os vergonhosos índices de analfabetismo no Brasil na década de 1960 e
que perduram até os dias de hoje.
Segundo Paludo (2012), as bases da educação popular são as ex-
periências trazidas pela história de enfrentamentos do capital pelos tra-
balhadores no contexto europeu.
Referências
BRASIL. Lei nº 12.612 de 13 de Abril de 2012. Declara o educador
Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12612.htm.
DICKMANN, I.; CARNEIRO, D. Paulo Freire e Educação ambiental:
contribuições a partir da obra Pedagogia da Autonomia. Revista de
Educação Pública, v. 21, n. 45, pp. 87-102, 2012.
MAIA, J. S. S. Educação ambiental crítica e formação de professo-
res. Curitiba: Appris, 2015.
PALUDO, C. Educação Popular. In: CALDART, R. et AL. (Orgs.). Di-
cionário da educação do campo. São Paulo: Expressão Popular, 2012.
SOUZA, M. A. (Org.). Escola pública, educação do campo e projeto
político-pedagógico. Curitiba: UTP, 2018.
TORRES, J. R.; FERRARI, N.; MAESTRELLI, S. R. P. Educação
Ambiental crítico-transformadora no contexto escolar: teoria e prática
freireana. In: LOUREIRO, C. F. B.; TORRES, J. R. Educação Am-
biental: dialogando com Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2014.
480
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
484
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da tolerância. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Paz e Terra, 2016.
FREIRE, P. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha
práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande
do Sul. Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do Instituto
Federal do RS – PDI – 2019 – 2023. 2018. Disponível em: https://
ifrs.edu.br/wp-content/uploads/2019/01/Resolucao_084_18_Apro-
va_PDI_2019_2023_Completa.pdf>.
PACHECO, E. Os Institutos Federais: uma revolução na educação
profissional e tecnológica. Natal: IFRN, 2010.
485
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1991.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
REDE JESUÍTA DE EDUCAÇÃO (RJE). Projeto Educativo Co-
mum – PEC. Edições Loyola, 2016.
490
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Louise Löbler
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS)
louiselobler@gmail.com
Großmutter Selida1,
Sei que a senhora não estudou muito, pois teve que largar a esco-
la para trabalhar na roça e cuidar da casa. Casou cedo, teve seis filhos.
Cuidou a vida toda de todos, sempre.
Por meio das tuas mãos calejadas pela enxada e da tua escrita
com linhas imprecisas, aprendi que a educação pode ser construída em
espaços não escolares. A senhora me educou pra vida quando estávamos
tirando leite, colhendo feijão ou milho, irrigando as hortaliças, lavando
roupa do arroio.
A senhora me ensinou a cuidar da terra com amor e esperança,
afinal, “a gente cultiva a terra; e a terra cultiva a gente”, como canta o
Povo. Como nos ensina Freire, quando reflete sobre a educação “[...] ao
saber popular implica necessariamente o respeito ao contexto cultural.
A localidade dos educandos é o ponto de partida para o conhecimento
que eles vão criando do mundo” (FREIRE, 1992, p. 44).
Agora, continuo no MAB (Movimento dos Atingidos por Bar-
ragens), mas de um outro jeito, de uma forma mais sensível. Foi pela
luta no MAB, que juntas aprendemos o que é ter indignação diante das
injustiças dentro da nossa própria família. Lembro-me da nossa última
visita à casa dos pais da senhora na Comunidade Arroio da Sétima, ala-
gada pela construção da UHE Dona Francisca... lembro até hoje, nos
detalhes, nas palavras, nas histórias que ia nos contando a cada cômodo
da casa em que entrávamos. A despedida do lugar das suas raízes e da
sua história causada pelo dito “desenvolvimento” não foi alegre ou fácil.
O progresso não pediu licença.
Foi por essa indignação e esperança que vi nos olhos da senhora
naquele dia que, mais tarde, entendi que o contribuir para a Luta atra-
vés do MAB seria a nossa condição para dias melhores, uma vez que “a
quem cabe realmente lutar por sua libertação juntamente com os que
com eles em verdade se solidarizam, precisam ganhar a consciência crí-
tica da opressão, na práxis desta busca” (FREIRE, 1987, p. 24).
E foi nesse dia a dia do Movimento, nessa práxis coletiva e desafia-
dora, que fomos enfrentando alguns monstros e aprendendo que somos
fortes, que podemos fazer nossas escolhas. Enfim: que podemos sonhar!
Imagino o seu sorriso de felicidade ao ler estas letras, ao saber que
depois de tanto tempo deu certo! Deu certo! A Luta educa e nos deu e
continua dando condições para vivermos melhor.
492
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e
Terra, 1987.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedago-
gia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
Caríssimos/as educadores/as
Quem lhes fala é um professor que, assim como vocês, tem sen-
tido os efeitos de um emaranhado de ações restritivas que dão forma a
uma verdadeira crise no campo da Educação, embora muitos/as de nós
não tenhamos clareza de onde elas vêm, quem as determina e como
elas repercutem na prática. Sem a pretensão de gerar pânico, venho,
por meio desta carta, tecer fios de esperança e relembrar que, tomados/
as pelos pensamentos freirianos, precisamos transformar tal realidade.
Antes, quero situá-los/as melhor quanto a esse engenhoso amálgama
que tem nos afetado diretamente.
A história da Educação nos mostra que o espaço escolar e a
atuação docente sempre foram permeados pela resistência. A exem-
497
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
plo disso, podemos citar a luta pela escola pública, encabeçada por
Anísio Teixeira e seus companheiros de geração, bem como a garra
daqueles/as que integram os movimentos sociais, buscando processos
educativos permanentes e contextualizados com a vivência de todos os
povos, tal como prevê a nossa Constituição Cidadã. Mesmo em mo-
mentos em que a voz popular foi cerceada – na ditadura militar, por
exemplo, quando as escolas eram intencionalmente utilizadas como
aparelhos ideológicos e disciplinadores do Estado –, ainda assim, é
visível o caráter libertador que flui da Educação (RIBEIRO, 2018),
quer seja pela percepção da ausência de liberdade, quer seja pelo grito
dos sujeitos que esperançam dias melhores.
Essa necessidade de lutar e de resistir não ficou no passado. No-
vos tempos, novos desafios. Hoje, temos presenciado uma série de
investidas que projetam como horizonte a desumanização e o des-
monte da escola pública. Dentre eles, podemos mencionar a tentativa
de perpetrar o modelo hegemônico do neoliberalismo, pautado em
interesses econômicos e ideológicos das empresas privadas. Não por
acaso, muitos dos documentos oficiais da Educação brasileira – a di-
zer, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – incutem o ideário
de que é preciso formar os/as estudantes para o mercado de trabalho
(BRASIL, 2017), para a competição, garantindo a manutenção do
sistema que engendra o capitalismo.
Outro fator preocupante são as restrições à atuação docente, devi-
do a movimentos como o “escola sem partido”, merecidamente chama-
do de lei da mordaça, visto que este nega o princípio da autonomia di-
dática anteposto nas normas de funcionamento do ensino e, a reboque,
oculta as contradições e os conflitos que alicerçam nossa sociedade. Isso
sem contar acerca da onda de desvalorização da profissão docente, na
ampliação da jornada de trabalho e no pagamento de salários ultradefa-
sados, condições essas que desestimulam e ampliam as proporções desse
leque de fatores contrários à Educação com qualidade social.
Embora pareçam isoladas, essas ilustrações compõem um proje-
to maior que gera “cidadãos de papel”, extremamente passivos e úteis
aos interesses de quem articula os mecanismos de poder (DIMENS-
TEIN, 2004). Como reflexo disso, não conseguimos explorar os “co-
nhecimentos disponíveis tendo como critério e finalidade a busca da
498
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
499
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricu-
lar. Brasília: MEC, 2017.
DIMENSTEIN, G. O cidadão de papel: A infância, a adolescência e
os Direitos Humanos no Brasil. Ática, 2004.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedago-
gia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
KRAWCZYK, N. Escola Pública: tempos difíceis mas não impossí-
veis. Campinas: FE/UNICAMP; Uberlândia: Navegando, 2018.
RIBEIRO, R. J. Escola Pública no Brasil: Como enfrentar os tempos
difíceis. In: KRAWCZYK, N. (Org.). Escola Pública: Tempos difíceis
mas não impossíveis. Campinas, SP: FE/UNICAMP; Uberlândia,
MG: Navegando, 2018. Pp. 97-106.
SAVIANI, D. A crise política e o papel da educação na resistência ao
golpe de 2016 no Brasil. In: KRAWCZYK, N.; LOMBARDI, J. C.
(Org.). O golpe de 2016 e a educação no Brasil. Uberlândia: Nave-
gando Publicações, 2018. Pp. 227-245.
500
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Grasiele Berticelli
Cara juventude,
504
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Unesp, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedago-
gia do oprimido. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
505
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Patrícia Signor
Ivani Soares
Referências
FREIRE, P.; SHOR, I. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor.
São Paulo: Paz e Terra, 2011.
510
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
AS LETRAS DA TERRA
Louise Löbler
UERGS/Movimento dos Atingidos por Barragens
louiselobler@gmail.com
512
CAPÍTULO 7
Limites no cotidiano
Considerações finais
Referências
FREIRE, P. Canção Óbvia (Genève, 1971). In: FREIRE, P. Pedagogia
da Indignação. São Paulo: UNESP, 2000.
519
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
170), já não se pode esperar outra postura, que não essa, de uma li-
derança revolucionária. Paulo Freire enfatiza que “não há história sem
homens, como não há uma história para os homens, mas uma história
de homens que, feita por eles, também os faz” (FREIRE, 2019, p. 175).
A questão, assim, segundo Freire, não está em fazer a revolução para as
massas, mas sim fazer uma revolução com elas.
Entende-se que a educação dialógica seria revolucionária como
possibilidade de construção de um futuro outro. E não se pode negar
os riscos dessa construção. Talvez derive daí o discurso, combatido por
Freire (2019, p. 182), de que o “processo dialógico” demandaria tempo
e de que primeiro deveria se fazer a revolução por “comunicados” e de-
pois se desenvolver um “amplo esforço educativo”. O argumento usado,
segundo Freire (2019), é de que não seria possível uma educação liber-
tadora antes da chegada ao poder, posicionamento com o qual discorda,
já que, para ele, fazer a revolução é dialogar com as massas.
Esses são alguns contornos de um mapa em construção, de um
traçado cartográfico a ser, e vem sendo, expandido. A abertura à obra de
Paulo Freire é intrigante porque desvela o homem enquanto ser incon-
cluso e inacabado, na sua relação com o tempo histórico, o seu e aquele
em que está inserido.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
OLIVEIRA, T. R. M.; PARAÍSO, M. A. Mapas, dança, desenhos: a
cartografia como método de pesquisa em educação. Pro-Posições, v.
23, n. 3, pp. 159-178, 2012.
PASSOS, L. A. Tempo. In: STRECK, D. R.; REDIN, E. ; ZITKOSKI,
J. J. (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica,
2008. Pp. 390-391.
SEVALHO, G. Ensaio sobre a ideia de tempo em Paulo Freire: a presença
da duração bergsoniana. Pro-Posições, n. 1, v. 29, pp. 172-191, 2018.
524
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
que tomou posse como presidente do país em 2003, observa-se uma ex-
pansão nas políticas de inclusão e de permanência de jovens com baixo
poder aquisitivo, conforme Behring (2009, p. 19) explica:
Referências
BEHRING, E. R. Política Social no Contexto da Crise Capitalista. In:
Serviço Social: Direitos Sociais e Competências. Brasília: CFESS/
ABEPSS, 2009.
CORTELLA, M. S. Recusar a destruição da convivência digna! (valores
inadiáveis). In: PASSETTI, E.; OLIVEIRA, S. (Orgs.). A tolerância e
o intempestivo. Cotia: Ateliê Editorial, 2005.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, P. Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em
Processo. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978.
IAMAMOTO, M. V. Marxismo e Serviço Social: uma aproximação.
Revista Libertas, v. 18, n. 2, pp. 204-226, 2018.
529
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Monalisa da Silva
UERGS
monalisaprofe@gmail.com
monalisa-silva@uergs.edu.br
Metodologia
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Conclusão
tribuições de Paulo Freire que nos trazem uma visão importante sobre
professores reflexivos e acerca de uma educação para todos. São diversas
as mudanças que precisam ser realizadas, desde práticas pedagógicas, ade-
quações de materiais, análises e adaptações de planejamentos e de currí-
culos, utilização de novas metodologias, modificações nas grades curricu-
lares de licenciaturas, além de uma formação que prepare os professores
para atuarem com alunos com NEE. Salientamos, ainda, a importância
do olhar, dos gestos e das atitudes de todos os profissionais que trabalham
nas escolas. Que essa seja uma profissão exercida com amor.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Educação como Prática da Liberdade. São Paulo: Editora
Paz e Terra, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
FREIRE, P. Professora, sim; Tia, não: Cartas a quem ousa ensinar. 29.
ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
VITALIANO, C. R. (Org.). Formação de professores para a inclu-
são de alunos com necessidades educacionais especiais. Londrina:
EDUEL, 2010.
536
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
FORMULAÇÃO DE CURRÍCULO
EM CONCEPÇÕES FREIREANAS?
Referências
DUARTE JUNIOR, P. A. A todos que fazem educação conosco em
São Paulo” democratização e educação popular: a gestão Paulo Frei-
re (1989-1991) frente à secretaria municipal de educação. [Mono-
grafia de Especialização]. Erechim: UFFS, 2019.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e
Terra, 2008.
FREIRE, P. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 2005.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
SAUL, A. M. Paulo Freire na atualidade: legado e reinvenção. Revista
e-curriculum, v. 14, n. 1, pp. 9-34, 2016.
SAUL, A. M. Currículo. In: STRECK, D.; et AL. (Orgs.). Dicionário
Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. Pp. 120-121.
540
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ARROYO, M. G. Educação de jovens e adultos: um campo de direitos
e de responsabilidade pública. In: SOARES, L.; GIOVANETTI, M.
A. G. C.; GOMES, N. L. (Orgs.). Diálogos na educação de jovens e
adultos. Belo horizonte: Autêntica, 2005. Pp. 19- 50.
SANCEVERINO, A. R. Medicação pedagógica na educação de jovens
e adultos: exigência existencial e política do diálogo como fundamento
da prática. Revista Brasileira de Educação, n. 65, vol. 21, pp. 455-
476, 2016.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Alíssia Barberini
UFFS
alissia.b@hotmail.com
Considerações finais
Referências
BRANDÃO, C. R. O que é educação popular. São Paulo: Abril Cul-
tural: Brasiliense, 2006.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
FREIRE, P. Conscientização: teoria e pratica da libertação - uma in-
trodução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Centauro, 2001.
LIMA, G. F. C. Educação Ambiental Crítica: do Socioambientalismo
às Sociedades Sustentáveis. Revista Educação e Pesquisa, v. 35, n. 1,
2009.
LOUREIRO, C. F. B; LAYRARGUES, P. P. Ecologia política, justa e
educação ambiental crítica: perspectivas de aliança contra-hegemônica.
Trabalho, Educação e Saúde, v. 11, n. 1, pp. 53-71, 2013.
548
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Todavia, sabemos que nem sempre acontece assim. Pelo contrário, mui-
tas vezes, a violência sofrida em casa acaba sendo refletida na escola.
Freire (1996) já falava em uma “cultura da paz” sobrepujando o
valor da educação ao expor as injustiças, estimulando a colaboração, a
convivência com o diferente, a tolerância. Com isso, buscava mostrar
a necessidade de as escolas trabalharem o assunto dentro e fora de seus
muros, combatendo a violência entre os alunos e, em alguns casos, tam-
bém dos professores para com os estudantes, mediante uso errôneo da
autoridade docente. Há, porém, outro agente muito importante nessa
luta: a família – ela que, como falei, foi a que me fez desistir da retalia-
ção aos meus opressores.
A partir de minha história, percebemos a importância não só da
família, como também da escola, visto que elas possuem um mesmo
propósito: desenvolver um cidadão que saiba conviver em sociedade,
respeitando seu semelhante, assumindo compromissos com o bem co-
mum. Uma das melhores maneiras de instigar esses ideais é engendrar
uma educação com qualidade social, pautada no diálogo, na interação
e na partilha, tal como apregoava Paulo Freire (1996). Sendo assim,
reitero a necessidade e a importância de pais e educadores instigarem,
em nossas crianças, a empatia e o amor, elementos fundantes para a
instauração de uma cultura de paz.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
docente. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
552
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Prezados colegas,
556
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, A. M. A. Inédito viável. In: STRECK, D.; REDIN, E.; ZI-
TKOSKI, J. J. (Org.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Au-
têntica, 2010. Pp. 223-226.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedago-
gia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1981.
ZITKOSKI, J. J. Ser mais. In: STRECK, D.; REDIN, E.; ZITKOSKI,
J. J. (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica,
2010. Pp. 369-371.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Com carinho,
Diandra dos Santos de Andrade
Sapucaia do Sul, 24 de março de 2021.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedago-
gia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
FREIRE, P. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
E-book.
562
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DESAFIOS E POSSIBILIDADES:
RESSIGNIFICAR A PARTIR DE FREIRE
Synara Keh
ULBRA
sykehl@hotmail.com
Cíntia Reisdoerfer
UNISINOS
cintiarhr1@gmail.com
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
desde seu início, tem apoiado ações de educação popular no país. Além
da CNBB, o que assegura a continuidade do Projeto são as contraparti-
das em serviço das instituições parceiras.
O Café com Bordado é um grande Círculo de Cultura em praça
pública, território de partilha e pulsação da vida comunitária! Lá, mon-
tamos uma mesa com 8 metros de comprimento, forrada com uma
toalha branca de 12 metros de extensão, que vai sendo bordada durante
os encontros. Sobre a mesa, servimos café, suco, chá, bolos e quitan-
das caseiras. E ao redor da mesa, as participantes cantam, partilham o
alimento, as linhas, as agulhas e registram, por meio do bordado, seus
sonhos, suas memórias, experiências, alegrias, seus conflitos e suas an-
gústias. Elas bordam suas pronúncias, suas “palavramundos”. Habitual-
mente, os bordados são inspirados por dinâmicas variadas, como rodas
de conversas, contação de histórias, jogos, metodologias da estética do
oprimido, poesias e cantos.
Você não imagina quantos momentos de partilha vivenciamos
em torno daquela grande roda de mulheres, de bordados e de histórias!
Nós nos libertamos do medo de falar, cantar, dançar e sorrir em público.
Quando desenhamos o Projeto, tínhamos aquela arrogância iluminista
de pensar que estaríamos ajudando aquelas mulheres a se libertarem dos
vários tipos de opressão a que estão sujeitas. O que não sabíamos é que
também estaríamos nos libertando, conjuntamente, de nossas práticas
opressivas, frequentemente impostas por nós mesmas.
Compreendemos que a opressora que habita em nós vai sendo
nutrida constantemente pela cultura machista, pelas imposições sociais
e pelas obrigações que nos são impostas. Percebemos, então, que era ne-
cessário acolher nossos limites e potencialidades, como mulheres, mães,
amantes, profissionais e donas de casa para nos libertar da opressora que
há em nós. E, assim, vivenciamos coletivamente a nossa (re)significação
enquanto mulheres. Quem diria que aprenderíamos isso de forma tão
sólida com aquelas mulheres, simples donas de casa! Aprendemos mais
com elas do que com as teóricas feministas.
Além disso, ao serem encorajadas a “dizer suas palavras” e a “ter
consciência de si mesmas”, reforçou-se o “sujeito de direito” que havia
em cada uma, dando concretude à expressão da dignidade humana e,
consequentemente, fornecendo-lhes elementos para o enfrentamento das
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
573
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
DUMONT, M. Ebook Matizes Dumont: Des (a) fios do bordado
contemporâneo. 2019.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e
Terra, 2011a.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se com-
plementam. São Paulo: Cortez, 2011b.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: carta pedagógica e outros es-
critos. São Paulo: UNESP, 2000.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e
Terra, 2011.
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de
Janeiro: Editora Paz e Terra, 1977.
Link para acesso ao vídeo: https://youtu.be/bJRy40taKIs
576
CAPÍTULO 8
Wylana C. A. Souza
Universidade de Passo Fundo
187733@upf.br
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.
LORENZETTI, L.; DELIZOICOV, D. Alfabetização científica no
contexto das séries iniciais. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciên-
cias, v. 3, n. 1, pp. 45-61, 2001.
SASSERON, L. H. Alfabetização científica, ensino por investigação e
argumentação: relações entre ciências da natureza e escola. Ensaio Pes-
quisa em Educação em Ciências, v. 17, n. spe, pp. 49-67, 2015.
SASSERON, L. H.; CARVALHO, A. M. P. Alfabetização científica:
uma revisão bibliográfica. Investigações em ensino de ciências, v. 16,
n. 1, pp. 59-77, 2016.
583
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
tão diferentes, uma vez que o capital aponta o dedo entre quem tem
oportunidades no hoje e provavelmente quem terá boas ou más opor-
tunidades no futuro.
A falta de oportunidades, ou a diferença entre elas, o descaso com
os riscos da pandemia, as fake News e a desinformação, entre outros fa-
tores que poderíamos citar, são reflexos do projeto de educação nacional
que temos, ou seriam da falta de um projeto? São reflexos de décadas
de descaso com a educação, não necessariamente realizados em todos os
momentos da história brasileira ou em todas as regiões. Mas, observan-
do no macro, a educação no país, por vezes, é encarada como despesa
que apenas precisa ser cumprida no orçamento.
Mediante o exposto, o pensamento freireano contribui direta-
mente em nossas reflexões provocando-nos sobre o sentido e a impor-
tância de ler o mundo, além de ler a palavra (ou para além do que ela
diretivamente diz). A leitura nos abre caminhos para a autonomia inte-
lectual, para o senso crítico, para um possível processo de emancipação
e de conscientização da condição antropológica e histórica que cada
sujeito ocupa numa sociedade. Mobilizar a capacidade de reflexão e o
reconhecimento da condição histórica individual e coletiva, das relações
entre a sociedade e o Estado, bem como das manipulações de mídias
com a proliferação de notícias falsas, coloca a leitura como central para
a cidadania e para uma existência digna, pois “sonhos são projetos pelos
quais se luta” (Freire, 2014, p. 62). Nesse sentido, a leitura de mundo,
bem como a leitura da palavra, realizadas conforme os pressupostos frei-
reanos aqui expostos, abrem possibilidades de sonhos e de projetos de
lutas para alcançá-los.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
FREIRE, P.; HORTON, M. O caminho se faz caminhando: conver-
sas sobre educação e mudança social. Petrópolis: Vozes, 2011.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se com-
plementam. São Paulo: Cortez, 1985.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacio-
nal por Amostra de Domicílios Contínua. 2019.
589
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Francisco Catelli
fcatelli@ucs.br
Universidade de Caxias do Sul
por outro lado, sim, o senso comum pode ser o ponto de partida, a
motivação que leva o estudante crítico a procurar ter acesso a formas
mais elaboradas de conhecimento. Freire resgata esse papel seminal do
conhecimento de senso comum, papel esse que não foi ignorado por
Bachelard, ao ver nele uma (dentre muitas outras possíveis) forma de ra-
cionalidade. Entretanto, é de Freire a ênfase, fundamental, na libertação
intelectual experimentada pelo estudante que vive o processo inteiro
que leva à passagem do conhecimento de senso comum para o conhe-
cimento científico.
Então, ao ler Bachelard e depois Freire, podemos considerar que
o conhecimento científico nasce no senso comum, no cotidiano, na
curiosidade natural que temos ao experimentar os fenômenos do dia a
dia, pois é aí seu ponto de partida. Entretanto, os refinamentos, as con-
tra-intuições que levam a formas elaboradas de pensamento científico
nascem do pensamento crítico voltado aos objetos e eventos de senso
comum, aliados a avaliações criteriosas da historicidade dos conheci-
mentos científicos. Nesse processo, a emergência de um pensamento
crítico essencialmente fértil e criador é essencial, tanto na perspectiva de
Gaston Bachelard, quanto na perspectiva de Paulo Freire. Desse modo,
estão aí, latentes, as possibilidades para fundamentar um ensino e uma
aprendizagem de fato libertadores.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ALVIM, N. A. T.; FERREIRA, M. A. Perspectiva problematizadora da
educação popular em saúde e enfermagem. Texto e Contexto Enfer-
magem, Florianópolis, 2007, 16 (abril-junho).
ARRUDA, S. M.; LABURÚ, C. E. Considerações sobre a função do
experimento no ensino de ciências. In: NARDI, R. (Org.). Questões
atuais no ensino de ciências. São Paulo: Escrituras Editoras, 1998.
BACHELARD, G. Formação do espírito científico: contribuição
para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro: Contrapon-
to, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e terra, 1996.
FREIRE, P. Educação e atualidade brasileira. Recife: Universidade do
Recife, Mimeo, 1959.
RESENDE, D. R.; CASTRO, R. A.; PINHEIRO, P. C. O saber po-
pular nas aulas de química: relato de experiência envolvendo a produ-
ção do vinho de laranja e sua interpretação no ensino médio. Química
Nova Escola, v. 32, n. 3, 2010.
SCOCUGLIA, A. C. As Reflexões Curriculares de Paulo Freire. Revis-
ta Lusófona de Educação, v. 1, n. 6, pp. 81-92, 2005.
595
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
em seus itinerários do trabalho para a EJA, numa luta por uma “so-
brevivência desumana”. Aqui entra a formação do educador, pois o
professor precisa estar preparado para contribuir com esse itinerário,
oportunizar aos jovens e aos adultos uma educação na qual eles também
sejam os construtores do conhecimento, trazendo suas experiências de
vida para serem compartilhadas, discutidas e reconstruídas a partir do
conhecimento sistematizado, dos currículos escolares, para os quais os
sistemas delegam como único. Arroyo (2017, p. 135) critica os conhe-
cimentos curriculares e enfatiza que “essa concepção de conhecimento
produz os destinatários à EJA”.
Nesse sentido, reforça o autor que “trabalhar esses processos de
humanização-desumanização que os jovens-adultos-adolescentes-crian-
ças levam à EJA e às escolas passou a ser a função de significado políti-
co-pedagógico na formação de seus profissionais”. Necessita-se, pois, ter
consciência de que o processo de formação inicial precisa atender às prer-
rogativas de uma educação que transforme a vida desses indivíduos histo-
ricamente segregados. De acordo com Paulo Freire (1996, p. 52), no livro
Pedagogia da autonomia, o autor se refere à formação docente, enfatizan-
do que é preciso “saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”.
Nessa perspectiva, ele reforça que não se deve apenas aprender como se
dá esta prática, mas que ela precisa “ser constantemente testemunhado[a],
vivido[a]” por alunos e professores (FREIRE, 1996, p. 52).
Quanto à importância do papel do professor, Sanceverino (2016,
p. 457) reforça que o mesmo “não se reduz a ser um mero repassador
de conhecimentos, mas sim a um mediador, instigador e problema-
tizador”. Não se pretende entrar na seara do conceito mediador, mas
essa citação está diretamente relacionada às perspectivas de um “redi-
mensionamento das práticas desenvolvidas nas instituições educacio-
nais” (SANCEVERINO, 2016, p. 457), objetivo final desta proposta
de pesquisa.
Cabe às universidades uma parcela dessa responsabilidade no
atendimento das demandas da sociedade, a fim de promover o desen-
volvimento e a inclusão social. Atuando para uma formação docente
com qualidade, a instituição estará preparando e qualificando os futu-
ros profissionais para atuar nas escolas com turmas de Jovens e Adultos.
598
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
600
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ARROYO, M. G. Passageiros da Noite - Do Trabalho para a EJA:
Itinerários pelo direito a uma vida justa. Petrópolis: Vozes, 2017.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa Qualitativa com Texto,
Imagem e Som: um Manual Prático. Petrópolis: Vozes, 2008.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: UNESP, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança – um reencontro com a Pedago-
gia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2008.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
LÜDKE; M.; ANDRÉ; M. E. D. A. Pesquisa em educação: aborda-
gens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MINAYO, M. C. (Org.). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criativi-
dade. Petrópolis: Vozes, 1994.
SANCEVERINO, A. R. Mediação pedagógica na educação de jovens e
adultos: exigência existencial e política do diálogo como fundamento da
prática. Revista Brasileira de Educação, n. 65, v. 21, pp. 455-475, 2016.
UFFS. Projeto Pedagógico Institucional. Chapecó: UFFS, 2009.
601
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Eis uma questão importante: a prática nos fez perceber que pre-
servar e transformar podem não ser conceitos contraditórios. Nós nos
propúnhamos a organizar, por exemplo, uma campanha pela conserva-
ção do patrimônio histórico material e imaterial da cidade. Entretanto,
como defender algo que, em grande parte, é influenciado pelo positi-
vismo de Comte e sua racista “tese do branqueamento”? Aprendemos
que, se por um lado, cabe à História registrar modos de vida – e, sendo
assim, o cuidado com monumentos e estátuas é importante –, “são si-
tuações locais que abrem perspectivas, porém, para a análise de proble-
mas [...]” (FREIRE, 2001, p. 122, grifo meu).
Nessa óptica, em um estudo que parta de uma variedade de fontes,
em boas condições de exame, podemos enxergar injustiças e desigualda-
des e nos instrumentalizarmos para a luta contra essa situação. É a partir
do conhecimento que nos emancipamos e que construímos outro mundo
possível – visão que é produto de um amadurecimento do projeto, o qual
nos permitiu assimilar que “Perfilamos a cidade e por ela somos perfila-
dos. Sua tarefa educativa se realiza também através do tratamento de sua
memória, que não apenas guarda, mas reproduz, estende, comunica-se às
gerações que chegam” (SIMON, BLANCH, 2015, p. 131-132).
Para além das nossas pretensões de modificar Erechim, somos
pessoas diferentes das que éramos quando do início do projeto, pois
nos tornamos indivíduos mais conscientes e críticos. Ao longo desses
anos, trabalhamos com diferentes concepções e métodos. Fotografias,
famílias, educação infantil, fomento à cidadania e palestra sobre a dita-
dura civil-militar em Erechim foram momentos em que progredimos
perante o contato com nossos parceiros de ação. Pudemos sentir que,
de fato, “ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa
a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo
mundo” (FREIRE, 1994, p. 79).
Não obstante, aprendemos que “[...] o regional emerge do local
tal qual o nacional surge do regional e o continental do nacional como
o mundial emerge do continental” (FREIRE, 2011, p. 121). Por meio
dessa análise, enxergamos que as sociabilidades sobre as quais estávamos
nos debruçando formam uma rede de significados que tem sua origem
no espaço mais propício às sociedades. Dessa maneira, discutir a cidade
de Erechim, tendo em vista o seu passado, constituiu mecanismo para
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
CASSOL, E. Ernesto Cassol: entrevista [jun. 2019]. Entrevistadores:
Daniele Vichnowski; Guilherme José Schons; Maria Eduarda Varela
Heerdt e Marina Letícia Zamadei. Erechim, 2019. 2 arquivos .mp4 (2
h.). Entrevista concedida ao projeto Erechim: Campo Pequeno, Gran-
des Memórias.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedago-
gia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 2001.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
MATOS, J. S. Ensino de História e aprendizagem histórica: diálogos
com Paulo Freire. Revista do PPGEA/FURG-RS, Edição especial XIX
Fórum de Estudos: Leituras de Paulo Freire, pp. 212-224, jun. 2017.
SIMON, C. B.; BLANCH, J. P. Paulo Freire, ensino, história e os desa-
fios da contemporaneidade. Diálogos, v. 19, n. 1, pp. 117-142, 2015.
606
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Carine Marcon
UFFS
carii.marcon@gmail.com
Raquel Karpinski
UFRGS
karpinskiraquelk@gmail.com
Shirlei Fetter
LA SALLE
fettershirlei@gmail.com
Allana Cavanhi
UFFS
allanacavanhi@gmail.com
Primeiras palavras
Algumas considerações
611
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRASIL. Resolução CNE/CP nº 2 de 22 de dezembro de 2017. Base
nacional comum curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação. Se-
cretaria da Educação Básica, 2018.
BRASIL. LDB. Leis de Diretrizes e Bases. Lei nº 9.394. Brasília,
1996.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
KARPINSKI, R. O desenvolvimento integral na Educação Infantil:
Direitos e Brincadeiras. In: SICREDI. Programa a União Faz a Vida
(PUFV)/Educação Infantil. Contribuições Teóricas e Práticas Peda-
gógicas. Porto Alegre: Fundação SICREDI, 2019.
RIO GRANDE DO SUL. Referencial Curricular Gaúcho: Educação
Infantil, v. 1. Secretaria de Estado da Educação: Porto Alegre, 2018.
612
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Juliana Carobin
Francieli Ribeiro
Paola Potrich
Roseclei Neuhaus
614
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
615
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de
Janeiro. Paz e Terra, 1981.
ROSSATO, R. Século XXI: saberes em construção. Universidade de
Passo Fundo, 2005.
616
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FELÍCIO, H. M. S. Análise curricular da escola de tempo integral na
perspectiva da educação integral. Revista e-Curriculum, v. 8, n. 1, pp.
1-18, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
docente. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedago-
gia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
MORETTO, V. P. Prova: um momento privilegiado de estudos, não
um acerto de contas. Rio de Janeiro: Lamparina, 2014.
620
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Eliel Felizardo
IFRS – Bento Gonçalves
eliel.felizardo@gmail.com
Fernanda Zorzi
IFRS – Bento Gonçalves
fernanda.zorzi@bento.ifrs.edu.br
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Janeiro: Paz e Terra, 1985.
GADOTTI, M.; FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Pedagogia: diálogo e
conflito. São Paulo: Cortez, 1985.
625
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
a) Quando vocês visitam uma escola, o que observam nas paredes? De-
coração pronta, construída pelos adultos, ou as marcas das crianças? Es-
sas marcas expressam as investigações das crianças ou são “trabalhinhos
em série”, naquele estilo das folhas mimeografadas que ganhávamos
quando crianças? Pois se a resposta for “decoração pronta” e “trabalhi-
nhos”, saibam que essa escola talvez pouco colabore com a construção
de um mundo mais humano, emancipado e crítico, já que sua “pele
pedagógica” (paredes e marcas) mostram perspectivas tradicionais de
transmissão do conhecimento, de imposições de um currículo adul-
tocêntrico. Ser colorida e ter personagens da mídia nas paredes não é
sinônimo de alegria e qualidade. Isso se chama aculturação, ou seja,
adaptar-se às imposições culturais de outros, eleitas por outros. Des-
de quando construímos essa ideia de que quanto mais cores melhor?
Quanto mais plástico e E.V.A. melhor? Nas palavras de Paulo Freire
(1975), isso tudo representa uma concepção bancária da educação, que
prioriza a memorização, o arquivamento de saberes que são doados pe-
los “sábios” (professores) aos que nada sabem (as crianças). Foi nessa
concepção que fomos educados, fomos formados (e literalmente colo-
cados na “forma”). Aprendemos que o produto final é mais importante
627
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
jogo que finge que é brincadeira; é diferente de virar uma caixa com
peças de montar sobre o chão e deixar as crianças ali por horas, num
vazio de sentido que muitos confundem com “brincar livre”. Por isso,
observem: o brincar é levado a sério pela escola? Interagir vai muito
mais além do que ter giz e papel para registros. Interagir com o outro,
com seus pares, com crianças de idades diferentes, com adultos, com
espaços e materiais (diversificados, seguros, adequados e atraentes),
com a natureza, com áreas verdes, com terra, areia, água, animais, en-
fim, interagir também é basilar na aprendizagem. As crianças precisam
de espaço para “BECPEC”: brincar, explorar, conviver, participar, ex-
pressar e conhecer-se! BECPEC é uma sigla mnemônica que criei para
memorizar os Direitos de Aprendizagem propostos pela Base Nacio-
nal Comum Curricular (BRASIL, 2018). Então, observem: A escola
garante BECPEC? Como, com o quê e por quanto tempo as crianças
brincam e interagem nas escolas? Vocês observam a importância des-
ses momentos? Eduquem seus olhares para reconhecer a brincadeira
e a interação como fontes de aprendizagem! Afinal, seu/sua filho/filha
nunca mais terá 1, 2, 3, 4, 5 ou 6 anos, não é mesmo? Infelizmente,
não dá para apertar “reset” e voltar à infância, né? Não apressem as
crianças! Tenham o tempo como amigo.
f ) Por fim, vocês sabiam que o Ministério da Educação tem uma parte
do seu site com dicas do que observar na escola do seu filho?
Acesse: http://portal.mec.gov.br/dia-a-dia-do-seu-filho/educacao-in-
fantil e confira.
630
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Com carinho,
Professora, Pedagoga, amiga e mãe Flávia.
631
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/CNE,
2018.
BRASIL. Parecer CNE/CEB nº 20/2009, de 11 de novembro de 2009.
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632
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
640
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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UPF, 2017.
641
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Gabriel Pereira
644
CAPÍTULO 9
CARTAS A GUINÉ-BISSAU
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
ser de liberdade são as próprias relações; é através delas que ele vai trans-
formando o seu mundo. Só há integração na proporção em que o indi-
víduo se relaciona, pois sem as relações há a passividade, a acomodação
e, consequentemente, a falta de liberdade.
No que se refere à subcategoria voltada às concepções dos estu-
dantes da educação básica, salientamos que as narrativas foram realiza-
das com professoras que participaram de um projeto com o objetivo de
incentivar meninas na área das ciências exatas, porém, essas professoras
e as escolas em que trabalham foram escolhidas por já terem feito ou
por estarem fazendo mestrado. Reflexões voltadas ao empoderamento
feminino podem ser vislumbradas na fala da entrevistada “A”:
650
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
651
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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ENTREVISTADA “B”. Entrevista oral sobre os processos formati-
vos. Caxias do Sul, 26 fev. 2021. Entrevista concedida a Andréa Can-
tarelli Morales.
ENTREVISTADA “C”. Entrevista oral sobre os processos formati-
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Danilo R. Streck
Universidade de Caxias do Sul - UCS
streckdr@gmail.com
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referência
FREIRE, P. A importância do ato de ler em três artigos que se com-
plementam. São Paulo: Cortez, 2017.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
.............................................................................
679
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
680
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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687
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
688
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
CARTA-CONVITE ÀS EDUCADORAS
Tudo bem com vocês? Venho, através desta carta pedagógica, trazer
uma análise metodológica realizada a partir das cartas trocadas com algu-
mas de vocês, professoras de pré 3 do nosso município. Primeiramente,
gostaria de agradecer a contribuição de cada uma e dizer que, se a edu-
cação infantil deste município é vista com respeito, é graças a cada uma
de vocês também, pois é visível a dedicação de cada uma ao seu trabalho.
Através das cartas, foi notável que as educadoras reconhecem a
importância de trabalhar com o letramento na educação infantil, tra-
zendo reflexões sobre o cotidiano e exemplificando as atividades reali-
zadas no dia a dia. As professoras participantes da pesquisa relataram
reconhecer que não é somente na escola que se desenvolve o letramento
– que a influência familiar também conta.
Além disso, houve um relato de uma professora que esteve por
muito tempo como alfabetizadora: “A conclusão a que eu cheguei é que
devemos trabalhar o letramento na Educação Infantil, porque é a sequên-
cia no processo aprendizagem no primeiro ano”, deixando claro que a
educação é um processo contínuo e que cada passo dado é relevante.
Algo bastante recorrente nas falas é a percepção sobre a importância
do letramento na educação infantil, como no excerto que destaco a seguir:
689
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
690
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Patricia Crespo.
Referência
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
692
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
693
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
CARTA-SÍNTESE ÀS EDUCADORAS
699
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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700
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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705
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
709
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
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710
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
711
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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de la modernidade. Argentina: Paidós, 2001.
DANTAS, M. J. Cenopoesia, a arte em todo ser: das especificida-
des artísticas às interseções com a educação popular. [Dissertação de
Mestrado]. João Pessoa: UFPB, 2015.
712
CAPÍTULO 10
Franciele Cremer
cremerfranciele2@gmail.com
716
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
por que isso ocorre, porque o óleo fica em cima da água? Isso ocorre
devido a sua densidade, ao fato de ser menos denso do que a água. Mas,
será que a capacidade dessas duas substâncias de se misturar ou não está
relacionada apenas com a densidade?
Tendo esses conceitos bem definidos, trabalhamos com o experi-
mento para o qual utilizamos as indicações:
717
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
possa relacionar tudo isso ao seu próprio mundo e a seus próprios en-
tendimentos a respeito desse mundo, tornando-se e entendendo-se
como sujeito de sua própria história.
719
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
CARVALHO, A. M. P.; Et AL. Ciências no ensino fundamental: o
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
724
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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WERTHEIN, J. (Org.). Educação de adultos na América Latina.
Campinas: Papirus, 1985.
725
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1 Salazar Bondy foi a figura central na Reforma Educativa Peruana, a qual se iniciou
com a integração da Comissão da Reforma, em 1968, presidida por Emílio Barrantes.
Devido ao destacado trabalho como intelectual na Universidade Nacional Maior de
São Marcos e na Comissão da Reforma Educativa, ele chegou à Vice-Presidência, em
1970, e passou a presidi-la a partir do ano de 1971.
727
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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ALVARADO, J. V. La Revolución Peruana. Buenos Aires: Eudeba, 1973.
730
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
campo da Dissertação de Mestrado para fazer referência à voz dos sujeitos das licen-
ciaturas da UFFS – Campus Erechim. Suas vozes estarão em itálico, sendo destacadas
das demais citações.
733
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRANDÃO, C. R. A Educação Popular na Escola Cidadã. Petrópo-
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Autêntica, 2017. p. 145-147.
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Cortez, 2014.
UFFS. Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI 2012-2016).
Chapecó: UFFS, 2012.
734
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Shirley Souza
Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT
shirley-hisjor@hotmail.com
Neste texto, o termo gênero está pensado com Joan Scott (1992,
p. 86), como “um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas
diferenças percebidas entre os sexos”. Nesse sentido, assumir-se como
feminista é considerar não apenas resistir à submissão política, mas as-
sumir, inclusive, uma perspectiva teórica que nos leva a encarar o sexo
como um modo melhor de conceituar a política, atribuindo significado
aos espaços de reprodução de conhecimento, e está coadunado com
uma postura de insurgência epistêmica (MIGNOLO, 2007). Gênero
é um conceito, e também uma categoria – o destaque aqui dado con-
sidera que as relações de gênero são necessárias em todas as formações
sociais que conhecemos e que são fundamentais para a compreensão
das questões que dizem respeito a, por exemplo: divisão do trabalho,
dominação, política, exploração e ideologia, dentre outras.
Defender gênero como categoria de análise implica pensar a hu-
manidade e trazer sua complexidade para o centro do debate; é assumir
estar submersos em uma cultura colonizadora, patriarcal, caucasiana,
heteronormativa, e bradar a plenos pulmões que seguimos respirando.
Ao pensar a partir da frase Educar é existir e resistir, e agregar o olhar
de gênero direcionado para as questões das mulheres, surge em nossa
mente o conceito de Re-Existir1 com o sentido dado por Walsh (2013)
1 Aprofundamento neste tema pode ser encontrado em Albán Achinte, “Peda-
gogías de la re-existencia, artistas indígenas y afrocolombianos” (443-468). Tam-
bém em “Manifiesto para una estética decolonial” (https://globalstudies.trinity.
735
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
737
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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2013. Tomo I.
738
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
zados pelo mundo. Por isso, somos sujeitos da educação e não objetos.
Portanto, pode o educador comprometido com o povo, deixar que a
existência se nutra de falsas palavras, ideologias moldadas a serviço do
aparato dominante? Assim, Freire afirma, todo o tempo, que existir hu-
manamente é pronunciar o mundo, é modificá-lo, é transformá-lo a
serviço da libertação e da práxis.
Esse é o ingrediente capaz de produzir o caldo necessário à Edu-
cação Popular, no devir de algo que ainda não é, mas poderá vir a ser;
uma sociedade em vias de transformação. Freire nos leva a essa reflexão.
Ensina-nos a perceber a dimensão mediatizadora que leva à condição do
“ser mais” – expressão utilizada para referir-se à vocação ontológica do
homem/mulher, na capacidade de ir além, transcender, criar a partir da
reflexão sobre a realidade, percebendo-se como criador de novas possibi-
lidades e de atos conscientes. É a condição de perceber-se no mundo de
contradições e, nessa condição, tomar consciência, o que implica trans-
gredir, “ver de fora”, ultrapassando as situações-limite, transformando
as situações opressoras. No sentido dito por Freire do “ad-mirar”, “[...]
apontando para um procedimento de ‘ver de fora’ e ver-se, ao mesmo
tempo, refletido na realidade que admira” (FREIRE, 2006, p. 63).
Em sendo esses também fundamentos da Educação Popular, ten-
do o sujeito em vias emancipatórias como central, ao perceber-se em si
mesmo, na relação com o outro e com o mundo para modificá-lo para
melhor, ou seja transformá-lo, na ação e na reflexão, portanto na práxis,
tem, no pensamento de Freire, o basilar, em termos de seus princípios.
Dentre tantos ensinamentos, Freire nos mostra que, na dimensão
pedagógica, deve estar presente a dimensão do quefazer histórico, a qual
nos conclama à compreensão de nosso tempo histórico, como possibili-
dade e não determinismo, componente de grande potencial para a Edu-
cação Popular. “A melhor maneira de que alguém assuma seu tempo, e
o assuma com lucidez, é entender a história como possibilidade. O ho-
mem e a mulher fazem história a partir de uma circunstância concreta
dada, de uma estrutura que já existe quando a gente chega ao mundo”
(FREIRE, 1995, p. 82). Nesse sentido, entende a história como possi-
bilidade e, ao assiná-la como concreta, remete à raiz latina da cultura de
resistência, da luta pela libertação da opressão, sem a qual é difícil dar
conta de uma educação emancipadora.
741
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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JARA, O. A Educação Popular latino-americana: história e funda-
mentos éticos, políticos e pedagógicos. São Paulo: Ação Educativa:
CEAAL: ENFOC, 2020.
742
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1 Entre os anos de 1877 e 1964 vigoraram nos Estados Unidos as Leis Jim Crow. Estas
tratavam-se de leis que institucionalizavam a existência de instalações separadas para
brancos e para negros no país. A separação acontecia desde em banheiros, bebedouros
e transporte públicos, até nas escolas e demais instituições públicas.
745
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
de”, proposta por Lélia Gonzalez, ainda na década de 1980, a fim de en-
tender (e transformar) a realidade do racismo à brasileira, um racismo
disfarçado, (de)negação.
Referências
FREIRE, P. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1967.
GONZALEZ, L. A categoria político-cultural de Amefricanidade.
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gresso de Pesquisadores/as Negros/as da Região Sudeste (COPENE
SUDESTE), mar. 2018.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
753
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Referências
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Brasil. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3mhBrhV Acesso em: 20
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SOUZA, P. A. Não existe combate a privilégios na reforma da Pre-
vidência. 2019. Disponível em: https://glo.bo/3rL9obP. Acesso em: 21
fev. 2021.
754
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
davam vida aos corredores da universidade entre uma aula e outra, com
os cafés para acompanhar bons diálogos ou com os grupos de estudo
organizados entre os(as) colegas. Encontro-me integrada, mas não aco-
modada, apoiando-me nas palavras de Freire ao argumentar que:
757
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Professora, sim; tia, não: cartas a quem ousa ensinar.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
FREIRE, P. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha
práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
FREIRE, P.; FAUNDEZ, A. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1998.
Tecendo a manhã
759
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
o/a leitor/a e com sua própria prática. Foi por meio desse instrumento
que o autor compartilhou temas importantes à prática educativa, de
forma afetiva e aprazível. Sua intenção era oferecer aos leitores uma
visão simplificada na forma de escrita, narrada, apresentada de modo
que fosse possível gerar uma reflexão sobre os aspectos que suscitava.
Segundo Vieira (2010), as cartas pedagógicas são instrumentos que
constituem o exercício do diálogo por meio escrito, diálogo que assu-
me o caráter de rigor na medida em que registra, de modo ordenado,
a reflexão e o pensamento; um diálogo que exercita a amorosidade,
pois só escrevemos cartas para quem, de alguma forma, nos afeta, nos
toca emotivamente, cria vínculos de compromisso (VIEIRA, 2010, p.
65). Portanto, para que sejam consideradas Cartas Pedagógicas, esse
gênero só terá cunho pedagógico se seu conteúdo conseguir interagir
com o ser humano, comunicar o humano de si para o humano do
outro, provocando um diálogo pedagógico.
Depois do fórum de discussão sobre a percepção de todos em rela-
ção ao que é uma Carta Pedagógica, no qual demonstrei a admiração que
tive por esse gênero, escrevi, então, minha primeira. Nela, explicitei, para
os meus colegas do mestrado, o meu objeto de estudo e o meu desejo de
utilizar cartas como uma metodologia de ensino/aprendizagem, porque
a produção delas, com rigor e seriedade, leva o/a leitor/a a depreender o
contexto dos fatos, uma vez que, nelas, estão os detalhes e os pormenores
do que se quer ensinar, além de incentivar a reflexão sobre algum fato que
se deseja passar adiante, e estimular a leitura, a compreensão e a escrita de
uma resposta. As cartas precisam ser escritas, lidas e respondidas, isto é,
promovem ação/reflexão/ação, um círculo cultural. Assim como torna-se
necessário que o galo convoque todos os galos, e que eles possam, dessa
forma, invocar a manhã, trazer a luz e anular a escuridão, como no poe-
ma de João Cabral de Melo Neto. As escritas de cartas aos leitores e suas
respostas geram o conhecimento, uma vez que possuem intencionalidade
pedagógica, além de contribuírem para o prazer de escrever.
Foi então que minha orientadora me propôs um desafio: indicou-
-me duas leituras de dissertações que trabalharam as Cartas Pedagógi-
cas como metodologia e instigou-me a usá-las para coleta de dados de
pesquisa de minha dissertação, pois elas servem, também, como instru-
mento de pesquisa.
762
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Enfim, foi assim que conheci esse gênero discursivo que se propõe
a ser de cunho pedagógico, isto é, educar e ensinar, ser essencialmente
portador de conteúdo, de metodologia popular, de uma intencionali-
dade formativa e informativa, e com o qual pretendo trabalhar, pois o
hábito e o exercício da escrita são necessários, uma vez que se aprende a
escrever, escrevendo e lendo o que se escreveu ou o que o outro escreveu.
Agora, escrevo-lhes minha segunda Carta Pedagógica. Dei nome
a ela de Carta Metalinguística. META, no grego, significa “mudança,
transcendência, posterioridade, reflexão crítica sobre...”; a palavra me-
talinguagem, conforme verbete do dicionário Aurélio, é a “linguagem
utilizada para descrever outra linguagem ou qualquer sistema de sig-
nificação”. Esta carta, portanto, possui a função metalinguística a qual
se encontra nas produções comunicativas que enfocam o código utili-
zado, ou seja, ela se verifica quando a temática é, em si, a manifestação
da linguagem, quando a obra se volta para si mesma. Escrevi-a para
esclarecer meu relacionamento com este gênero e, ao mesmo tempo,
explicá-lo e produzi-lo.
Despeço-me, acreditando que, assim como Paulo Freire propôs,
nosso diálogo possa continuar. Aguardo resposta sobre o que acharam
desse gênero discursivo e sobre minha intencionalidade de usá-lo como
metodologia de pesquisa, de ensino e de aprendizagem.
763
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referência
VIEIRA, A. Cartas pedagógicas. In: STRECK, D.; REDIN, E.; ZIT-
KOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autên-
tica, 2010. Pp. 65-66.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Mais uma vez traz à tona e com nitidez o quão necessário é mudar
o mundo. Sem dúvida, Freire nos convida a mudar os micromundos,
começando por nós, pelos nossos cotidianos e pelas realidades próximas,
pois, só assim, provocaremos outras pequenas e necessárias mudanças.
Observemos como Freire, na sua sutileza e criticidade, desde a tenra
idade, já pensava na mudança de nossa sociedade. Desde a sua infância,
na sua pequenez, já conseguia olhar para a sua realidade e pensar em
uma metamorfose: uma mudança necessária mais justa para o mundo.
Quantos de nós não temos esse desejo de Freire em promover uma ação
libertadora, de escuta sensível e de dialética, defendendo os anseios dos
pequenos? Como disse anteriormente, é necessária essa inquietude, esse
conflito pessoal para mudarmos nossa ação.
Caros educadores e caras educadoras, os direitos das crianças es-
tão para além da acessibilidade, da inclusão social e até mesmo de serem
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
ouvidas, mas sem fazer esse exercício, muito longe estaremos de uma
educação emancipatória, de uma educação dialética e, principalmente,
respeitosa, eticamente falando. Quisera, agora, voltar para nossas salas
de encontros e podermos todos e todas viver isso. Quisera voltar hoje
(agora!) para as nossas salas e fazer tudo diferente: rodas de escutas, con-
tações, debates com as crianças sobre como e qual a brincadeira que va-
mos fazer juntos no pátio ou como podem ser os nossos cotidianos! Não
deixemos as vozes se silenciarem ou nossos ouvidos se ensurdecerem.
Quando acontecer, evoquemos a nossa criança interior sagrada, deixe-
mos que ela fale por meio de nossas memórias, para que nossas ações
sejam de acolhida, de ação, de diálogo. Então, haverá metamorfoses.
769
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Partir da infância: diálogo sobre educação. Rio de Janei-
ro: Paz e Terra, 2020.
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FREIRE, P.; FAUNDEZ, A. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1985.
GUEDES TRINDADE, A. F. Pedagogia Poiética - As Alfabetizações
de Mundos – Constructo Pedagógico-cultural revolucionário e sensí-
vel com comunidades aprendentes e desejantes de expandir a Potên-
cia Humana. Porto Alegre: Poiesis & Poiéticas Casa Publicadora, 2018.
770
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
774
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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pp. 72-89, 1996.
775
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
AQUI-AGORA
Rudimar Rotheman
Tayane de Oliveira
Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS
e-mail: gersonjrnaibo@outtlok.com
Referências
ANDREIS, A. M. Cotidiano: uma categoria geográfica para ensinar
e aprender na escola. [Tese de Doutorado]. Ijuí: Universidade Regio-
nal do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2014.
778
CAPÍTULO 11
783
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
cidade para darem continuidade aos seus estudos. Então, a maioria desta-
cou as dificuldades de acesso para chegar à escola, a falta de incentivo de
seus pais para sua permanência nas instituições escolares, também devido
às condições econômicas desfavoráveis que os levaram a trabalhar (em
detrimento dos estudos). Algumas estudantes relatam que abandonaram
a escola para constituir família, umas engravidaram em idade escolar, ou-
tras achavam a escola desinteressante. Todavia, dizem que estavam equi-
vocadas, e que a falta de estudo afetou seus objetivos e projetos de vida.
Em se tratando da violência sofrida na escola, já destacada por
Santos, evidencia-se, em muitos relatos, a ocorrência de bullying, prin-
cipalmente praticado pelos colegas que tinham melhores condições de
vida, ou porque achavam os estudantes inferiores a eles e faziam piadas
da sua condição financeira ou da sua aparência física. Uma violência
psicológica que afetou tanto esses discentes, que eles contam que perde-
ram o ânimo e a motivação para continuar frequentando as aulas.
Por outro lado, a conclusão do Ensino Médio representa a reno-
vação da esperança de proporcionar dias e condições melhores para si e
sua família, bem como a possibilidade de conseguir outros empregos,
além de prosseguir seus estudos, fazendo faculdade ou cursos técnicos.
Desse modo, a prática pedagógica precisa estar pautada em uma
prática educativo-crítica, propiciando condições em que os educandos,
em suas relações uns com os outros e entre todos e o professor ou a pro-
fessora, ensaiem a experiência profunda de assumir-se: assumir-se como
um ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transforma-
dor, criador, realizador de sonhos (FREIRE, 1996, p. 46).
Diante do exposto, é necessário que educadores e gestores escolares
reflitam constantemente sobre sua ação pedagógica, de modo a pautar sua
prática pedagógica na pedagogia dialogada, estabelecendo uma educação
não bancária, que busque fortalecer os vínculos com seus alunos, agentes
do conhecimento, promovendo uma interlocução entre os sujeitos da
aprendizagem e promovendo uma educação que tenha sentido para suas
vidas, para que os discentes possam “ler o mundo antes da palavra”, como
diria Paulo Freire. Se os docentes estão enclausurados e dominados pela
estrutura rígida, acabam se tornando reféns de dispositivos normativos e
de controle, e não se dão conta das problemáticas envolvidas nas concep-
ções de conhecimentos, de ser humano, de vida e de mundo.
787
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
788
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Thífany Piffer
thifanypiffer1@gmail.com
UFFS campus Erechim/RS
794
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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795
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Por essa assertiva, podemos nos indagar: qual formação tão mais,
ou igualmente, interdisciplinar, desde a sua base até a sua materialidade,
temos como referência, senão a da Pedagogia? Logo, a experiência com
pares interdisciplinares foi preponderante para a formação da discente,
como bem observou A: “Pelo fim do primeiro ano, já achava que quan-
to mais interdisciplinar, mais atividade fluía”.
As experiências, então analisadas pela bolsista e pela coordenado-
ra (a futura pedagoga e a docente de Pedagogia), exemplificam os prin-
cípios freireanos no cotidiano educacional, constituído no nível básico
e superior. Tanto a Pedagogia como os princípios selecionados trazem,
800
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
801
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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TRIVINÕS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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SAFFIOTTI, H. A mulher na sociedade de classes: mito e realidade.
São Paulo: Expressão Popular, 2013.
816
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
as Infâncias. Paulo Freire troca cartas com a sua prima de 9 anos, du-
rante um dos períodos de exílio político que viveu, enquanto estava no
Chile, em época de ditadura militar do Brasil – e essas correspondências
são atravessadas por uma escrita mediadora, com profundo respeito e
amorosidade à Infância daquela criança. Tal acontecimento põe-nos a
pensar sobre as relações estabelecidas entre Paulo Freire, Infâncias, edu-
cadoras e educadores de Infâncias, Escola Infantil, Escola Fundamental
Anos Iniciais, Pedagogia Freireana para as Infâncias.
Muito comum, quando produzimos rodas de conversações so-
bre a práxis Freireana, percebermos o quanto existe de distância entre
educadores de infâncias e os estudos freireanos, e o quanto escutamos,
por muito, que Freire desenvolveu um pensamento pedagógico “para
jovens e adultos e educação em geral, não incluindo, especificamente,
as infâncias”. Essa afirmação, completamente injusta e esvaziada de sen-
tidos, que tomou um lugar de senso comum no Brasil, tem nos levado a
realizar estudos de pesquisa sobre essa questão específica, e, entre outros
grupos de pesquisa do Brasil, também no iniciante grupo de pesquisa
da Madre Tierra – Comunidade Verde Aprendente – denominado Gru-
po de Estudos e Pesquisas Paulo Freire, as Crianças e o Chão do Mundo
(GEP 1), em que temos produzido aprofundamentos dos estudos sobre
a presença de Freire no universo das Infâncias, com 18 pesquisadoras
e pesquisadores. Temos escavado “estreituras” da vida de Freire com as
crianças, em modo livre e autônomo pela e com a Madre Tierra. En-
tre tantas obras que temos lido e analisado sobre Freire e as crianças,
encontramos esta, intitulada “A casa e o mundo lá fora”, de Nathercia
Lacerda, amparada por duas pesquisadoras, Cristina Laclette Porto e
Denise Sampaio Gusmão, publicada pela Editora Zit, em 2016.
O Projeto de Pesquisa-mãe Paulo Freire, as Infâncias e o Chão
do Mundo tem se constituído como um movimento de fundamen-
tações e colaborações com tudo o que já existe sobre esse campo, e
também em esforços concretos de aberturas entre espaços escolares e
não escolares, no sentido de abrir essa discussão com as mais distintas
comunidades. A obra de Nathercia Lacerda, portanto, ocupa um lu-
gar de importância nesse contexto.
Desde a primeira carta, Freire conta curiosidades sobre a natureza
e o lugar em que estava vivendo, o Chile, como um dos “pedaços do
818
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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clette Porto e Denise Sampaio Gusmão. Rio de Janeiro: Zit, 2016.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Ivo Dickmann
Unochapecó
educador.ivo@unochapeco.edu.br
A produção do conhecimento já passou por diversas fases ao
longo da história da humanidade, e acredito que ainda haverá outras
formas de produzir e registrar os saberes humanos que ainda não fo-
ram criados. Desde a lógica da oralidade, que passava de geração para
geração, os mitos religiosos – tanto o hebraico-cristão como o grego, só
para falar da cultura ocidental – que tentavam superar o senso comum,
a origem da filosofia grega, o modo de pensar teológico do medievo e a
sua superação pelo método cartesiano, até a constituição da ciência mo-
derna, tudo isso se apresenta como uma curta caminhada em direção
à complexidade que é produzir conhecimento que se considere não só
uma parte, mas a totalidade dos saberes – populares e científicos.
Ainda podemos acrescentar aqui outras formas de saber que, na
maioria das vezes, são esquecidas: o saber sensível da arte, o saber prático
da experiência feita, o senso comum que salva muitas vidas... A coexistên-
cia desses diferentes saberes é uma forma de ler o mundo de forma mais
integral, correlacionando os diversos aspectos constitutivos do real.
Nesse movimento de produção de conhecimento, é preciso admi-
tir que nem todas as pessoas desenvolverão o potencial de escrever e re-
gistrar a memória do que é produzido no formato da ciência acadêmica
– que é o artigo científico. É preciso diversificar as formas de produção
de conhecimento para produzir um processo inclusivo e de ensaio para
algo maior, que virá nas etapas seguintes. Assim, creio que vem se cons-
tituindo um campo de pesquisa e produção de conhecimento, de forma
consistente, que é a escrita de Cartas Pedagógicas.
Essas cartas não são algo espontâneo, mas, sim, organizado de
sistematizar e comunicar uma mensagem clara, que inicia no contexto
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
DICKMANN, I. As dez características de uma carta pedagógica. In:
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venção do legado de Paulo Freire. In: DICKMANN, I. (Org.). Diálogo
Freiriano. Veranópolis: Diálogo Freiriano, 2019. Pp. 55-64.
PAULO, F. S.; DICKMANN, I (Orgs.). Cartas pedagógicas: tópi-
cos epistêmico-metodológicos na Educação Popular. Chapecó: Li-
vrologia, 2020.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Um grande abraço!
Débora Medeiros do Amaral.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
SOUSA SANTOS, B. Um discurso sobre as ciências na transição
para uma ciência pós-moderna. Estudos Avançados, v. 2, n. 2, pp.
46-71, 1988.
830
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Dickmann (2020), que Paulo Freire nos pediria para ficarmos juntos,
unidos, e lutarmos por uma sociedade justa, por uma educação pú-
blica e de qualidade, laica e socialmente referenciada de todos(as) e
para todos(as), e, sobretudo, uma educação que não seja neutra, mas
que produza uma consciência crítica, tal como postulou em todas as
suas obras.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Cartas a Cristina: reflexões sobre minha vida e minha
práxis. São Paulo: Editora UNESP, 2003.
PAULO, F. S.; DICKMANN, I. (Org.). Cartas pedagógicas: tópicos
epistêmico-metodológicos na educação popular. Chapecó: Livro-
logia, 2020.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Marlon Bianchini
Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)
marlon@efasol.org
841
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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te: Autêntica, 2010. Pp. 117-118.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Espero que esta carta os encontre bem, assim como às e aos que
lhes são caras e caros! Considerando o tempo (cronos) que nos separa
de nossa formação inicial, lá se vão mais de 20 anos. Neste momento,
gostaria de começar essa carta por externar como se apresentou em mim
a motivação de lhes escrever. Recentemente, fui instigada a pensar sobre
como me aproximei das obras de Paulo Freire, aquele que é o Patrono
da Educação brasileira. Nos tempos que estamos vivendo, nunca é de-
mais (re)afirmar quem é Paulo Freire, afinal, “Ele sim!”, muito diferente
de muitos que nunca foram, nem nunca serão, referência democrática,
humana ou política, seja no Brasil, quiçá no mundo, como Paulo Freire,
de fato, sim, o é!
Este exercício narrativo me levou ao primeiro ano da graduação
em Pedagogia (1997), na Universidade de Sorocaba (UNISO), que fora
fundada em setembro de 1994. Em 1996, iniciavam-se as atividades
do primeiro programa de pós-graduação stricto sensu, o mestrado em
Educação1. Antes da fundação da UNISO, o curso de Pedagogia era
ofertado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFI), institui-
ção da mesma mantenedora. Ter tido a oportunidade de fazer o curso
com uma das primeiras turmas da universidade permitiu acesso a ativi-
dades de pesquisa e extensão para além do ensino, e é esse o cenário que
1 Fonte: http://uniso.br/uniso/historico
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
2 Essa disciplina foi ministrada por um professor, que faço a opção por não externar
o nome. Em 1997, ele era doutorando na PUC-SP, orientando do Prof. Paulo Freire.
Em maio, quando Paulo Freire falece, ele ficou tão abalado que se licenciou por um
período. Isso me marcou muito, em especial porque, mais tarde, tomei conhecimento
de que ele não concluíra seu doutoramento.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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847
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
POESIA: EM FREIRE
850
CAPÍTULO 12
EXTENSÃO OU COMUNICAÇÃO?
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Marco Mello
Rede Municipal de Ensino – Porto Alegre (RS)
marcomello2013@gmail.com
Referências
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INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. FÓ-
RUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (Org.). Atlas da
Violência 2019. Brasília, DF: Instituto de Pesquisa Econômica Aplica-
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
858
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
863
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o
pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Anália B. M. de Barros
Prof. RME/POA, Drª em Educação
analiamartins8@gmail.com
governado por alguém que já passou fome”, presente na obra “Quarto de des-
pejo”. A aluna fez a atividade sugerida e postou um bilhete na plataforma:
“Olha, sora... realmente eu não a conhecia, mas agora que eu conheço, vou
até ver se não tem esse livro na internet para eu ler, porque eu achei a história
dela bem interessante e estou muito curiosa para ler”. Vejamos: a aluna fez a
pesquisa, conheceu a autora, ficou curiosa e expressou seu desejo de ler o
livro “Quarto de despejo”. Uma docente não poderia ficar mais contente!
Este é o mote do artigo que aqui se concebe: uma experiência pedagógica
que conseguiu instigar uma curiosidade epistemológica (FREIRE, 1991).
Em 2020 e 2021, as(os) professoras(es) não puderam ir às esco-
las, devido ao isolamento social, fruto da pandemia do coronavírus –
mesmo estando em uma situação menos insegura, no contexto de crise
sanitária, do que os estudantes e suas famílias, porque têm trabalho,
renda e algum lazer. Mas faltava a matéria-prima do trabalho docente:
o contato direto com os estudantes. Compreendo que a educação acon-
tece, fundamentalmente, através das relações sociais que se manifestam
na escola e compreendo, como Freire (1991, p. 32), que as relações
são reflexivas, consequentes, transcendentes e, também, temporais. Sem
elas, a educação fica comprometida, capenga. Assim, pode-se dizer que
a educação é um ato de conhecimento, como recordação do passado e
esperança no futuro que está por vir (BLOCH, 2005).
Quando sugerimos um tema para reflexão, e o educando é capaz
de dialogar com os textos, com a temática, e ainda se colocar de forma
crítica sobre o assunto abordado, compreendo que, em parte, conseguiu-
-se contribuir para sua autonomia pessoal e intelectual. Contribuiu-se,
também, para que esse educando expressasse sua visão de mundo, como
pode-se observar no exemplo a seguir, quando a estudante discorda do
teor da frase de Maria Carolina de Jesus, e diz o porquê: “[...] para ser bem
sincera, eu não concordo com ela, por um simples motivo: todo pobre sonha
em ter muito dinheiro, claro que às vezes isso não é ruim, quando a pessoa
luta para conseguir seu próprio dinheiro TRABALHANDO, mas há outros
que, né... a senhora sabe. Então imagina [...]”. Esse fragmento de texto ex-
pressa a esperança popular de ascender socialmente via trabalho, quando
ela afirma que “todo pobre sonha em ter muito dinheiro” e logo depois des-
taca, em letras maiúsculas, que tudo bem querer ter dinheiro, desde que
isso aconteça através do TRABALHO, afinal, o trabalho dignifica! Será?
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
868
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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Porto Alegre, n. 3, ago. 2020. (Ciclo de Debates).
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JESUS, C. M. Quarto de despejo. São Paulo: Francisco Alves, 1960.
869
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Catiane Cinelli
UFMA/UNOESC
katimmc@gmail.com
em função de muita luta por parte das mulheres, que não se intimidaram
com as consequências de seus enfrentamentos (SOFFA, 2019).
Ao longo dos tempos de luta, as mulheres obtiveram muitas con-
quistas, como o direito de ter um trabalho fora de casa. De acordo com
Cinelli (2016), a luta das mulheres se deu no coletivo, conforme afirma
Paulo Freire (1978, 2005), o que ocorre quando as pessoas percebem
sua inconclusão e buscam assumir-se como sujeitos, ou almejam o ser
mais, no sentido do propriamente humano. “Os oprimidos vão desve-
lando o mundo da opressão e vão comprometendo-se, na práxis, com a
sua transformação; [...] transformada a realidade opressora, esta peda-
gogia deixa de ser do oprimido e passa a ser a pedagogia” dos seres hu-
manos em processo de permanente libertação (FREIRE, 2005, p. 46).
A alienação das mulheres em relação à importância dos trabalhos
desenvolvidos por elas, tanto no espaço doméstico quanto fora, dificulta
a desconstrução da mulher como coisa, como meiga, recatada e única res-
ponsável pelo lar. A sociedade em geral considera como trabalho apenas
aquilo que gera dinheiro, quando, na verdade, “trabalho é um processo
entre natureza e ser humano, em que este se movimenta para modificar a
natureza com vontade orientada a um fim determinado que fará da maté-
ria natural algo útil para sua vida” (TÁBOAS, 2018 apud SOFFA, 2019).
Segundo Calaça et Al (2018, p. 67), a consciência de que exis-
te algo errado, de que a situação da mulher não é algo natural é um
passo importante para que as mulheres camponesas “possam superar
a condição de subordinação e de invisibilidade do seu trabalho [...].
A superação dessas situações é um caminho que, trilhado de forma
compartilhada com outras mulheres, permite um avanço maior e tem
mais chances de se consolidar”.
Pensamos que este texto se situa, parafraseando Freire (2005, p.
34), na pedagogia do oprimido ou, no caso, da mulher oprimida e da
sua necessidade de libertação. “O grande problema está em como pode-
rão os oprimidos, que ‘hospedam’ o opressor em si, participar da elabo-
ração, como seres duplos, inautênticos, da pedagogia de sua libertação.
Somente na medida em que se descubra hospedeiro do opressor” – em
nosso caso, quando as mulheres se descobrirem como hospedeiras do
opressor, “poderão contribuir para o partejamento de sua pedagogia
libertadora”. Assim, como afirma Cinelli (2016), podem despertar num
873
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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KOLLER, S. H.; NARVAZ, M. G. Famílias e patriarcado: da prescri-
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MURARO, R. M. A mulher no terceiro milênio: Uma história da
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SOFFA, S. M. A Divisão Sexual do Trabalho como Reprodução do
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Conclusão de Curso]. Rolim de Moura: UNIR, 2019.
TÁBOAS, Í. M. É luta! Feminismo camponês e popular e enfrenta-
mento à violência. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
874
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Naiara Migon
naiara.migon@sertao.ifrs.edu.br
IFRS - Campus Sertão
nhecimento faz sentido e cria pontes para maior compreensão, para mais
acesso e para desafiar as inverdades que mantêm as coisas como elas são”.
Os preconceitos às minorias, o maior desafio das ações afirmativas,
se embasam em uma lógica coisificante do ser humano, na qual ele vê
seus direitos mais básicos sendo negados. É o que podemos observar no
racismo, no capacitismo, no machismo e na LGBTfobia, sendo vital a
educação se voltar para práticas humanizadoras: “Para alcançar a meta
da humanização, que não se consegue sem o desaparecimento da opres-
são desumanizante, é imprescindível a superação das ‘situações-limite’ em
que os homens se acham quase coisificados” (FREIRE, 2011, p. 131).
O Circuito Diversifica, ao ser gestado a partir de temas-geradores
que dão voz aos oprimidos e denunciam estruturas de violência institucio-
nal, se constitui enquanto um projeto que acolhe a diferença e promove
o diálogo em direção à humanização, para que se diferencie de uma edu-
cação submissa e alienadora, a qual vê os sujeitos como meros aprendizes
e receptores de conhecimento. O educador Paulo Freire nos orienta que
“ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se liber-
tam em comunhão” e que “educadores e educandos (liderança e massas),
cointencionados à realidade, se encontram numa tarefa em que ambos são
sujeitos no ato, não só de desvelá-la e, assim, criticamente conhecê-la, mas
também no de recriar este conhecimento” (2011, p. 95-101).
Referências
FERNANDES, S. Se quiser mudar o mundo: um guia político para
quem se importa. São Paulo: Planeta, 2020.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
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escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNO-
LOGIA DO RIO GRANDE DO SUL (IFRS). Política de Ação Afir-
mativa do IFRS, 2014.
878
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Isaura Welker
881
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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FREIRE, P. Pedagogia do compromisso: América Latina e Educação
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Juliane Bonez
Universidade Federal da Fronteira Sul
juliane-bonez@educar.rs.gov.br
886
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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PEREIRA, S. R.; SILVA, M. A. Políticas educacionais e concepção de
gestão: o que dizem os diretores de escolas de ensino médio do Distrito
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zagem em tempos de Ideb: percepções dos docentes. RBPAE, v. 31, n.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Balduíno Andreola
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
balduinoandreola@yahoo.com.br
890
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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GANDHI, I. Carta de Indira Gandhi. In: GADOTTI, M.; Et AL.
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GADOTTI, M.; Et AL. Paulo Freire: uma biobibliografia. São Paulo,
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WEID, D. V. D.; POITEVIN, G. Inde: Les Parias de L’Espoir. Paris:
L’Harmattan, 1978.
893
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
que somente assim a educação deixa de ser isto e passa a ser política, e
sendo assim, torna-se algo sem valor para a sociedade.
Para Weffort (2003), a democracia real tem vários aspectos, no
sentido de que as massas participam, votam, pressionam o poder, con-
firmam ou legitimam. São interesses mobilizados que se confrontam
com os interesses da elite, são formas distintas, mas que, em alguma
medida, são partícipes do grande compromisso social do Estado, e este
faz suas ações como se elas próprias estivessem representando a todos da
sociedade. Ressalta o autor: “todo o poder emana do povo – fiquemos,
pois, sempre com o poder e estaremos sempre com o povo”.
Todavia, é importante ressaltar que somente na democracia se con-
templa a pluralidade de pensamentos e posições político-ideológicas que
se confrontam e divergem. Democracia não se limita apenas ao direito
ao voto: ela amplia a participação da totalidade de todos os membros
de uma sociedade, do campo e da cidade. Percebemos aí um pouco dos
discursos nos quais Freire (2005) trata da educação como algo político.
No seu livro “As artes da palavra”, Konder (2005) se refere aos
inventores do sistema político denominado democracia como os mais
levianos do mundo. A tal da democracia é um sistema no qual todos
os chatos tinham o direito de falar e os outros tinham a obrigação de
ouvi-los e discutir com eles, ou seja, nessa compreensão, a democracia
depende da sua capacidade de dar liberdade aos chatos. Parafraseando
Rosa Luxemburgo, a liberdade é sempre a liberdade de quem pensa di-
ferente. Poderíamos dizer que a democracia depende de os chatos terem
seus direitos assegurados, divergindo de nós, em uma sociedade na qual
desaprendemos a socializar os conhecimentos e a compartilhar manei-
ras díspares de conceber o mundo e a vida.
Enquanto educadores/as, não se pode perder do horizonte de
nossa práxis o sentido histórico das palavras; por isso, é fundamental
ler um bom livro, participar das aulas sobre o assunto e de uma boa
conversa. Em muitas palavras do nosso cotidiano, democracia, liberda-
de, igualdade, memória, história, pensamento, prática e tantas outras
possuem uma vasta história. Aqui, não se trata apenas da etimologia das
palavras, mas da sua função na organização social, política, econômica
daquela ou dessa sociedade. É nossa tarefa, enquanto cientistas sociais,
geógrafos/as, historiadores/as, pedagogos/as etc., ou seja, educadores/as
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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Paulo: Ática, 2006.
WEFFORT, F. C. O populismo na política brasileira. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2003.
900
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Dedicatória
Dedico esta carta aos colegas professores, que, como eu, mesmo
em tempos difíceis, mantém acesa a chama da esperança, pois “ensinar
exige a convicção de que a mudança é possível” (FREIRE, 1996, p. 76).
perda de interesse pelo trabalho e pelas relações que nele ocorrem. Essa
é a mais preocupante de todas, pois é muito triste o educador desistir
daquilo que se preparou para exercer e se envolveu durante toda a sua
vida, é praticamente um caminho sem volta, pois o indivíduo não deseja
mais aquele envolvimento afetivo com as coisas e as pessoas que antes o
motivavam, perdendo inclusive, o sentido de pertencimento à educação.
A desvalorização profissional e financeira da profissão tem cola-
borado para o desânimo, a falta de interesse e de vontade de enfrentar
os enormes desafios que ocorrem no dia a dia de um professor: desde
salas de aula superlotadas de alunos, violência na escola, ausência da
família, até os salários defasados (sete anos sem reajuste salarial), que
não suprem as necessidades básicas dos trabalhadores em educação, são
alguns exemplos. Para ganhar um pouco mais, os professores precisam
enfrentar três turnos de trabalho, ficando extremamente sobrecarrega-
dos, chegando à exaustão física, mental e emocional. Precisamos resga-
tar o nosso papel intelectual e social, recuperar a autonomia e a gestão
democrática da escola, pois hoje somos meros tarefeiros, cumpridores
de tarefas descontextualizadas. Não somos o professor-mínimo. Nós
pensamos, refletimos e podemos mais, muito mais.
Tudo isso, dentro de um cenário de pandemia mundial e fragili-
dade da categoria, que também teme pela sua saúde e a de sua família.
Como encontrar motivação e entusiasmo diante desse ambiente cons-
trangedor? A resposta é só uma: a força virá da luta e do enfrentamen-
to a esses governos perversos. A motivação e o entusiasmo residem na
esperança de que nos falas em teus livros, e, sobretudo, da tua práxis
pedagógica. O desafio é a resistência! Por isso, esta carta, no ano do
teu centenário, tem caráter esperançoso. Ao revisitar tua obra, me
inspiro e me encorajo a continuar lutando pela escola pública, alvo
permanente de ataques desses governos perversos, a quem não inte-
ressa a Educação pública.
Saudações esperançosas!
Nazine Bittencourt Ribeiro.
Arroio Grande, 30 de Março de 2021.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pe-
dagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Querid@s leitores:
O que seria o todo? Será que o amor pintado em amarelo é uma forma
de democracia? E o amor? E a democracia, o que seria? Não temos todas
as respostas para essas perguntas, mas entendemos que ainda temos um
longo caminho a trilhar, no que diz respeito aos processos democráticos
constituídos em nosso país. Assim, a obra Por uma pedagogia da pergunta
(1985) de Freire e Faundez, se faz presente no sentido de que ler critica-
mente o mundo nos convoca a sempre buscar novas possibilidades, novas
perspectivas para o ser mais... Mais de nós... Mais do que éramos... A
própria auto(trans)formação em movimento, pró-ativa e em constante
movimento: na busca incessante por um mundo menos excludente, me-
nos submisso e, portanto, mais cheio de bonitezas.
Queríamos ter uma bolha de proteção para guardar cada criança,
jovem ou adulto das comunidades periféricas, pois a pseudodemocracia
que estamos vivendo, nestes tempos de necrofilia de todas as formas de
vida, tem nos separado em classes, e as separações estão sendo cruéis com
elas. Seria essa crueldade uma forma imaginária da negação do outro. Ne-
gação esta que nega o humano, a vida, o outro. Estamos aqui escrevendo
esta carta com o grito de vidas negras, periféricas, juventudes que estão
sendo massacradas pela colonização, em nome da ganância pelo capital,
que já está instituído como forma de vida e progresso no planeta. Assim
Giroux nos convida à reflexão:
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909
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
910
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
EMICIDA. Principia. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/
emicida/principia-part-pastor-henrique-vieira-fabiana-cozza-pastoras-
-do-rosario.html.
EMICIDA. Amarelo. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/
emicida/amarelo-part-majur-e-pabllo-vittar.html.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
FREIRE, P.; FAUNDEZ, A. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1985.
KRENAK, A. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
STRECK, D.; REDIN, E.; ZITKOSKI, J. J. (Orgs.). Dicionário Pau-
lo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
911
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
915
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
INTRO: F - C7 - F F - C7 - F Bb F G7 C7 Bb F C7 F Bb –
C7 – F Bb – C7 – F
F C7 F Bb F
O Alto Uruguai gaúcho, a Capital da Amizade,
C7
O povo, a Universidade---Federal Fronteira Sul.
Bb F Bb F
Fórum Freire, os saberes, Educação - Existência,
Bb F Bb C7 F
Educação – Resistência, de novo, a Fronteira Sul.
ESTRIBILHO:
F-F#- G C G
6 cidades, 3 estados, Fronteira Sul – referência,
D7
Universidade, essência, ao Freire dizendo Sim.
D7 C# C G C G
Volta o Fórum aos estudos, da graduação e da pós,
A7 (D7 C# C) (G) (Bb A G) D7
(C7)
/:brado forte, uma só voz, nos campos do Erechim:/
F C7 F Bb F
“Educar é existir e resistir” de verdade.
C7
Educação-qualidade, a transformação social.
Bb F Bb F
Fórum de Estudos - Leituras: sempre a mesma ousadia
Bb F Bb C7 F
pois, embora a pandemia, nasce em edição virtual.
916
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
ESTRIBILHO
F C7 F Bb F
Criado em 99, o Fórum é itinerante,
C7
reúne gente distante, ideias em comunhão.
Bb F Bb F
O dois mil e vinte e um aproxima pra reunir:
Bb F Bb C7 F
Existir e Resistir, em defesa da Educação!
ESTRIBILHO (FIM)
Referências
FREIRE, P. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2020.
LUCAS, M. E. (Org.). Mixagens em campo: etnomusicologia, per-
formance e diversidade musical. Porto Alegre: Marcavisual, 2013.
917
CAPÍTULO 13
922
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
923
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ARROYO, M. Ofício de mestre. Imagens e auto-imagens. Petrópolis:
Vozes, 2001.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
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HENZ, C. I. Razão-emoção crítico-reflexiva: um desafio permanen-
te na capacitação de professores. [Tese de Doutorado]. Porto Alegre:
UFRGS, 2003.
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Referências
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sença formadora, ressignificada, interdisciplinar, multidimensional e
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KARPINSKI, R. (Orgs.). A formação de professores na contempo-
raneidade: perspectivas interdisciplinares. Lajeado: Univates, 2017.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
JOGADOR DE FUTEBOL:
FORMAÇÃO PROFISSIONAL X FORMAÇÃO CIDADÃ
933
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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SOUZA, C. A. M.; Et AL. Difícil reconversão: futebol, projeto e desti-
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Referências
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MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São
Paulo: Cortez, 2000.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Naiara Migon
IFRS – Campus Sertão
naiara.migon@sertao.ifrs.edu.br
Daniela F. M. Mores
IFRS – Campus Erechim
daniela.mores@erechim.ifrs.edu.br
940
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
943
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2015.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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de Mestrado]. Porto Alegre: UFRGS, 2020.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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STRECK, D. R. Educação como um novo contrato social. Petrópo-
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958
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
959
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
quem vai fazer uma pausa e retomar, saímos da escola e cá ainda esta-
mos, dentro de nossos lares, que se tornaram uma extensão de nossas
salas de aula. Saímos com a premissa de que bastava cada um fazer a
sua parte e, em breve, a situação melhoraria. Porém, a situação não me-
lhorou. Não bastou cada um fazer a sua parte – e sabemos que muitos
não a fizeram (esta última frase já renderia uma outra carta…). Mas a
questão é que o cenário em que nos encontramos, hoje, após um ano do
início da pandemia, continua bastante desapontador.
Depois de se constatar que não seria tão simples voltar à escola,
e também que isso não aconteceria tão logo, começamos uma corrida
desenfreada para dar conta das demandas que nos foram apresentadas, a
fim de validar o ano letivo de 2020 e oferecer oportunidades de apren-
dizagem aos estudantes, na modalidade a distância.
Vimos o momento de estar cada escola, cada instituição se orga-
nizando e buscando alternativas para driblar as adversidades estabeleci-
das ou evidenciadas pela pandemia; cada professor sofrendo, lutando,
aprendendo, se reinventando e se empenhando ao máximo, em meio
a uma circunstância jamais imaginada: promover a aprendizagem sem
estar junto, sem estar na escola, sem ter os mesmos acessos e condições.
Consequentemente, vieram muitas propostas. A tecnologia se
mostrou generosa, estendendo uma mão amiga, apontando alguns ca-
minhos possíveis. Assim, vieram “Estudos Híbridos”, “Estudos Remo-
tos”, “Aulas não presenciais”, “Aulas online”... Vieram também muitas
lives, reuniões online, muitos cursos e formações. Vieram numerosos e
intensos dias, vieram muitos desafios, muitas dúvidas e muitos questio-
namentos... Vieram pais, famílias e estudantes sentindo falta da escola,
reconhecendo a sua importância e valorizando a presença do professor.
Não foram nem estão sendo dias fáceis. A pandemia acentuou e
explicitou muitas lacunas da educação e da sociedade como um todo.
Não serão os últimos desafios enfrentados por nós, professores, nem as
últimas oportunidades de aprendizado e constituição da nossa docên-
cia, mas será, sem sombra de dúvidas, uma experiência única, uma vez
que todos os professores se depararam com a real necessidade de apren-
der: aprender a planejar suas aulas num contexto diferente, num espaço
e num tempo diferentes, contando com recursos diferentes... Aprender
a ser um professor, uma professora diferente.
961
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Até breve!
Monique.
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedago-
gia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
962
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Emanuele Gentilini
Karine Piaia
Paola Potrich
Paula Rebonatto
Tania P. Tramontina
Escola Estadual de Educação Básica Antônio João Zandoná
escolazandona@gmail.com
Queridas professoras:
pensando em como mostraria aquilo aos meus familiares. Sabia que não
tinha muita habilidade para Matemática. Sempre me fizeram acreditar
nisto: no fracasso.
Me senti muito assustada com aquele misto de pensamentos e
surpresa ao mesmo tempo, ao me dar conta de que aquela situação
ocorrida há mais de 20 anos ainda me causava certo sofrimento. Sofri
por lembrar que os colegas riam de mim, que me chamavam de burra,
que eu não me encaixava em nenhum grupo; nem no das meninas bo-
nitas nem no das inteligentes.
Então, tentando buscar alguma coerência naquilo tudo, passei
a examinar atentamente aquele boletim. Havia algo no canto superior
direito que dizia assim: ‘’O aluno se destaca em...‘’, e não havia nem
uma vírgula sequer; o restante das considerações era marcado com uma
simples simbologia “X” e nada mais. Aparência pessoal também era
quesito de avaliação. Lembro-me de que sempre usava cabelos curtos e
que, com certa frequência, me confundiam com alguns dos meninos.
964
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
PIAIA, K. Política avaliativa do Enem: Pressupostos da qualidade
social da educação? Passo Fundo: UPF, 2013.
966
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Car@s cirandeir@s:
967
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Um abraço
Até a próxima carta.
Ida Letícia G. da Silva.
971
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d’Água. 2006.
ZABALZA, M. A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e
desenvolvimento profissional. Porto Alegre: Artmed, 2004.
972
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
CARTAS PEDAGÓGICAS
COMO INSTRUMENTO METODOLÓGICO
Cristiane Corneli
Universidade de Santa Cruz do Sul/UNISC
cristianecorneli@mx2.unisc.br
Um fraterno abraço!
Referências
CAMINI, I. Cartas Pedagógicas: aprendizados que se entrecruzam e
se comunicam. Porto Alegre: ESTEF, 2012.
BRANDÃO, C. R. Educação popular e pesquisa participante: um
falar algumas lembranças, alguns silêncios e algumas sugestões. In:
STRECK, D. R.; SOBOTTKA, E. A.; EGGERT, E (Orgs.). Conhe-
cer e transformar: pesquisa-ação e pesquisa participante em diálogo
internacional. Curitiba: CRV, 2014. Pp. 39-73.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2019.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e
Terra, 1967.
PAULO, F. S.; DICKMANN, I. Cartas pedagógicas: tópicos epistêmi-
co-metodológicos na Educação Popular. Chapecó: Livrologia, 2012.
976
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Caras/os colegas:
980
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
981
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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trizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos.
Planalto, Brasília: MEC, 2000.
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
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FREIRE, P. Ensinar, aprender: leitura do mundo, leitura da palavra
(Carta de Paulo Freire aos professores). Estudos Avançados, v. 15, n.
42, pp. 259-268, 2001.
FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se com-
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FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz
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RODRIGUES, M. F. 44% da população brasileira não lê e 30% nunca
comprou um livro, aponta pesquisa Retratos da Leitura. Estadão. 18
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TOKARNIA, M. Brasil perde 4,6 milhões de leitores em quatro anos.
Agência Brasil. 11 de setembro de 2020.
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
985
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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têntica, 2018. Pp. 444-445.
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de Extensão Universitária. Rio de Janeiro: Uni-Rio/Tacnet: Cultural,
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CAPÍTULO 14
Luana Bunde
Universidade Federal do Rio Grande
bundeluana@gmail.com
991
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
992
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
A PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR
NA PEDAGOGIA FREIREANA
Referências
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e
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com/2012/10/dialogando-sobre-cinco-dimensc3b5es-para-rehumani-
zar-a-educac3a7c3a3o-celso-ilgo-henz.pdf.
ZITKOSKI, J. J. Horizontes da reformulação em educação popular.
Frederico Westphalen, RS: Uri, 2000.
996
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1999.
1000
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
reconhecidos e, por isso, não são valorizados como sendo trabalho produ-
tivo ou como conhecimento socialmente útil.
Como observado, os trabalhos das mulheres se materializam na ma-
nutenção da vida, ou seja, cabe a elas a execução dos trabalhos do cuidado
e domésticos. Entretanto, o direcionamento e a exaltação da forma de ser,
existir, estar e produzir é androcêntrico, heteressexual, branco e ocidental,
o que torna os trabalhos essenciais para a existência da humanidade por
menores, ou naturalizados como inerentes ao ser mulher. No entanto, são
elas que conhecem, planejam, administram as necessidades da vida dos/
das que as rodeiam. É o que Gebara (2015) identifica como as “episte-
mologias da vida ordinária”, uma vez que as mulheres vão construindo
conhecimentos nas relações de sua existência e nos cuidados com a vida,
ou seja, tudo aquilo que se faz presente na “cotidianidade epistemológica
não reconhecida pela ciência epistemológica” (GEBARA, 2015, p. 34).
A desvalorização desse trabalho se reflete também dentro das ati-
vidades pedagógicas realizadas na EFASC. As observações participantes
apontam uma desigualdade no momento de realização de atividades,
sejam elas “dentro da casa”, por exemplo, nos coletivos de limpeza, ou
“fora da casa”, como no coletivo da salada. Os homens automaticamen-
te se encaminham de forma autônoma para os trabalhos considerados
“pesados”, não necessariamente por terem força para desempenhar esses
trabalhos, mas, sim, por não terem a confiança para realizar atividades
domésticas. Isso mostra como a questão do patriarcado reflete nos co-
nhecimentos que são transmitidos para os homens e para as mulheres
dentro das propriedades, conforme o papel social esperado de acordo
com o gênero. Até mesmo quando os homens participam dos coletivos
de limpeza do espaço de convivência e do preparo da salada, eles espe-
ram que as mulheres tomem a frente e os direcionem para as funções,
porque a mulher é vista como a responsável por esse trabalho. Então,
podemos compreender que o papel das mulheres camponesas não se
limita aos trabalhos domésticos, elas desempenham um papel educacio-
nal, transmitindo saberes e conhecimentos da experiência popular, bem
como garantindo a sobrevivência e a (re)produção da vida. As mulheres
não nascem sabendo esses trabalhos, elas são ensinadas, geralmente, por
outras mulheres, que também aprenderam com mulheres e, assim, há
um processo histórico, de processos, de técnicas e de receitas, transmi-
1003
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz
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-Americano de Gênero e Religião. São Leopoldo: Sinodal/EST, 2015.
1005
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
William Pollnow
Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC
pollnowwilliam@gmail.com
tual”. Posto isso, Lipovetsky (2004 p. 52) ressalta que “no momento em
que triunfam a tecnologia genética, a globalização liberal, e os direitos
humanos, o rótulo de pós-moderno já ganhou rugas, tendo esgotado a
capacidade de exprimir o mundo que se anuncia”. Hoje, estamos fada-
dos ao isolamento social, inclusive impedidos de vivenciar a rotina de
trabalho e de troca com os demais.
Assim, evidenciamos que a individualidade, que já se fazia pre-
sente na sociedade hipermoderna, ganha novo apoio com a interrupção
das relações sociais. O trabalho remoto, que tem suas vantagens, tam-
bém aguça a reflexão quanto aos problemas da não convivência com o
coletivo. Há uma preocupação da sociedade hipermoderna de se evi-
tar, segundo Saviani (2007, p. 162), que “os trabalhadores caiam na
passividade intelectual”. Muitas foram as aprendizagens e os desafios
enfrentados na área da educação devido à necessidade de o trabalho
ser realizado na modalidade de ensino remoto. Percebemos o quanto
a socialização, a partilha e a troca são elementos importantes para que
possamos esperançar em um futuro mais digno e equânime. Nessa pers-
pectiva, Freire (1996, p. 12) nos traz, especialmente, a reflexão de que
“foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens
descobriram que era possível ensinar [...]”. Assim, as mudanças impos-
tas e necessárias, emergem da necessidade de um olhar mais valoroso
para o trabalho realizado pelos/as educadores/as e mais compreensivo às
atividades desenvolvidas pelos educandos/as, de modo a contribuir com
a formação humana, direito de todos/as e condição para a democracia.
Embora estejamos vivendo a era da hipermodernidade, sabemos que a
educação ainda se esmera na busca pelas tecnologias como mediação,
principalmente com a abordagem do ensino remoto. Uma das grandes
preocupações é que o distanciamento social e a dificuldade de contato
e interações não tornem o ensino ainda mais distante da realidade dos/
as educandos/as. A preocupação em ofertar atividades é relevante, mas,
além disso, priorizar as habilidades voltadas para a interação social são
ainda mais – entendimento esse que merece uma reflexão, pois sabemos
que a reprodução de atividades e exercícios pode oportunizar apenas
uma educação bancária. É nesse sentido que devemos lutar contra uma
democracia “sob um olhar de direita”, como afirma Saviani (2010, p.
21), pois, para ele, “a democracia que se imagina, por essa via, é uma
1009
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
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conversas com Paulo Freire e Adriano Nogueira e 30 entrevistas so-
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1010
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Fernanda Herbertz
Faculdade Dom Alberto
nandaherbertz@gmail.com
William Pollnow
Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC
pollnowwilliam@gmail.com
1014
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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1015
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica: teoria da
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1020
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1025
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referência
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1974.
1026
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1031
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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ADOLESCENTE; SECRETARIA NACIONAL DOS DIREITOS
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE; CAMPANHA NACIO-
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FREIRE, P. Educadores de rua: uma abordagem crítica. Projeto Alter-
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SAS/FUNABEM, 1989.
1032
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Danilo R. Streck
Universidade de Caxias do Sul – UCS
streckdr@gmail.com
Prezado Paulo:
Esta carta está sendo escrita a seis mãos, e na medida em que avan-
çarmos na conversa, cada um/a de nós vai se identificar. No ano em que
se celebram os 100 anos de seu nascimento (1921-2021), com certeza te-
remos notícias de muitos encontros em suas andarilhagens pelo mundo.
Nós três, Carolina, Camila e Danilo, queremos falar sobre um conjunto
de fitas cassete (K-7) que estamos transcrevendo e que pretendemos tor-
nar acessíveis a mais pessoas que apreciam e estudam a sua obra.
Hoje, no entanto, podemos apenas fazer o anúncio do seu conteú-
do e compartilhar nossa alegria pelo acesso a essas palestras e conversas
com um público da Austrália. Como as fitas são de seu período de tra-
balho no Departamento de Educação do Conselho Mundial de Igrejas
(ANDREOLA, RIBEIRO, 2005), a partir dos temas tratados não é difí-
cil deduzir que o destinatário eram os educadores com alguma vinculação
teológica/eclesiástica. No momento, isso não parece ser a questão mais
1033
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1 Para os mais novos: Trata-se de fitas magnéticas nas quais se faziam as gravações,
antes da entrada das tecnologias digitais (Anexo 1). As fitas têm a seguinte referência:
Thinking with Paulo Freire, recorded during Paulo Freire’s visit to Australia: for the ACC
Commission on Christian Education. Melbourne: Movie Records, 1974. 4 fitas k7.
1034
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
com seu amigo Richard Shaull, que, segundo soube através de sua cor-
respondência com ele, já usava o seu livro com grupos nas comunidades,
antes de ser publicado, e fez o prefácio para a edição em inglês. Isso para
dizer que sua obra foi uma descoberta de uma “outra” realidade em meu
país e no mundo, pelo que sou muito grato.
Na volta ao Brasil, as fitas passavam de estante em estante, de vez
em quando escutava uma parte e me preocupava com o seu destino,
porque em poucos anos não haverá mais equipamento para reproduzir
esse tipo de gravação. Cheguei a usar uma parte delas em um seminá-
rio de “Topics in Educational Research”, mas, talvez pela qualidade da
gravação, a iniciativa não encontrou eco com os estudantes. Solicitei a
algumas “gerações” de bolsistas que buscassem um lugar onde pudesse
transferir o conteúdo das fitas para um meio digital, mas sem sucesso.
No “XXI Fórum de Estudos: Leituras de Paulo Freire”, na Universidade
de Caxias do Sul, compartilhei esse problema com a colega Terciane Lu-
chese, da área de História da Educação, que, com o Prof. André Streck,
fez os encaminhamentos no laboratório da universidade para fazer a
digitalização. Daí para diante, inicia uma outra etapa – que Carolina e
Camila vão compartilhar.
Sabe, professor Paulo, é curioso como o tempo funciona e como
algumas coincidências acabam tendo simbologias significativas. Eu, Ca-
rolina, fui de uma das “gerações” de bolsistas do professor Danilo e ouvi
a respeito dessas fitas muitas vezes. Meu primeiro contato direto com o
material foi na aula de “Topics”, que o professor mencionou, mas con-
fesso que compreendi muito pouco do que ouvi, e a experiência “passou
batida”. Parece-me muito simbólico que meu reencontro com os áudios
e a escrita desta carta se deem na Semana Santa, pois o senhor me ajudou
a ressignificar a Páscoa e a compreender o sentido do renascimento, para
além do coelhinho e do chocolate... Enquanto terminava a transcrição
da primeira fita, ouvia o senhor falando justamente sobre a necessidade
de “fazermos a páscoa”, ou seja, sobre a necessidade de nos permitirmos
morrer e renascer nas mais diferentes dimensões de nosso ser.
Confesso que esse simbolismo da páscoa pode não ter para mim
o mesmo significado que tem para o senhor, pois nossa relação com a
fé cristã é um pouco diferente. Mas, em minha vida como educanda,
tenho aprendido, tanto com o senhor quanto com meu orientador, a
1035
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1037
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ANDREOLA, B.; RIBEIRO, M. B. Andarilho da esperança: Paulo
Freire no CMI. São Paulo: ASTE, 2005.
FREIRE, P. Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em
processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
FREIRE, P. Education for Critical Consciousness. New York: The
Seabury Press, 1973.
FREIRE, P. Pedagogy of the Oppressed. New York: Herder & Her-
der, 1972.
1038
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Querida irmã-amiga-professora-mulher!
tro, que contribui para produzirmos novas formas de resistência. Este livro
dela é ótimo, Ensinando a transgredir: A educação como prática da liberdade.
É um livro intenso, com 14 capítulos, em que a bell faz um passeio pelo
pensamento de Freire, por suas próprias memórias, pelas narrativas das
alunas e dos alunos, assumindo um compromisso com a educação como
prática da liberdade, e que me provocou a escrever esta carta, que nos
irmana (a mim e a bell – e agora a vocês, que estão comigo nesta leitura),
que nos torna próximas, que compartilham dos movimentos feministas
que são fundamentais para a construção de saberes de resistência.
Nessa conversa, ela ressignifica o conhecimento escolar, apos-
tando em uma educação que convida a pensar o ato de educar como
uma experiência singular de alteridade, de pensar que nos transforma-
mos com o outro, que nos reinventamos nos cotidianos da escola e da
universidade. Lembrei-me agora do Skliar, de um texto dele sobre a
conversa de abrir brechas no tempo. Que potência têm essas palavras,
se pensarmos na conversa como “um conglomerado de rostos, gestos,
vozes e silêncios” (SKLIAR, 2018, p. 12). Estou lendo esse e outros
textos para o Doutorado em Investigación Narrativa y (Auto)biográfica
en Educación, da Facultad de Artes y Humanidades – Universidad Na-
cional de Rosario, Argentina.
Quando penso nesse “conglomerado”, percebo que não existe um
eu, mas sempre um nós. É um gesto pedagógico, na medida em pensa-
mos juntos e juntas, pautado na “escuta das diferenças”, pensado fora
das relações binárias, posto que essa diferença não está em nós ou no
outro, mas nas relações entre nós (SKLIAR, 2019). É valorizar e legiti-
mar os cotidianos da escola e da universidade como lugares de produ-
ção de conhecimento sempre em movimento, mas não só: é, também,
escutar o que o outro tem a nos dizer, abrir-nos para as conversas sem a
pressa imposta pelos sistemas capitalistas de produção. É compreender
o “mediatizado pelo mundo” de Freire, e tem a ver com estar aberto ao
mundo, de se permitir viver o presente, de se contagiar com o assom-
bro do outro, de se entregar de corpo, alma e (ousaria dizer) desejo aos
acontecimentos que se dão nos encontros.
A bell traz uma questão muito importante ao dizer que “em ne-
nhum lugar há um silêncio tão intenso acerca da realidade das diferenças
de classe quanto nos contextos educacionais” (HOOKS, 2017, p. 235). É
1040
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Saudades.
Lilian Ney.
Referências
ALVES, N.; OLIVEIRA, I. B. Pesquisa no/do/com os cotidianos das
escolas sobre redes de saberes. Petrópolis: De Petrus et Alli, 2008.
CERTEAU, M. A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes, 2008. v.
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liberdade. São Paulo: Editora WMF, Martins Fontes, 2017.
SKLIAR, C. A escuta das diferenças. Porto Alegre: Mediação, 2019.
SKLIAR, C. Elogio à conversa: em forma de convite à leitura. In: RI-
BEIRO, T.; SOUZA, R.; SAMPAIO, C. S. (Orgs.). Conversa como
metodologia de pesquisa: por que não? Rio de Janeiro: Ayvu, 2018.
Pp. 11-13).
1042
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Enfim, o fim!
Mas, para falar sobre este, preciso me reportar ao começo...
Quando me inscrevi para fazer o curso que o senhor coordena,
jamais imaginei que estaria entrando num mundo que iria me impactar,
de tal forma, a ponto de fazer com que tudo em minha volta, e dentro
de mim, tivesse a necessidade de fazer sentido!
Este curso de pós-graduação, “Escola Pública: Relações com o
saber que afetam histórias de vida e trabalho”, foi deveras provocativo.
Começou quebrando o paradigma de colocar o saber acima do
sujeito, e fez-me constituir sujeito de meus próprios desejos (indivíduo)
e como sujeito social, como bem aponta Charlot:
1043
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Como diz Freire (2016, p. 134): “olhar o passado deve ser apenas
um modo de compreender com maior clareza quem eles são e o que são
para poder construir o futuro com mais sabedoria”.
José Mário.
Referências
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria.
Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
DELORY-MOMBERGER, C. Formação e socialização: os ateliês bio-
gráficos de projeto. Educação e Pesquisa, v. 32, n. 2, pp. 359-371, 2006.
FREIRE, P. Conscientização. São Paulo: Cortez, 2016.
FREIRE, P. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: UNESP, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
1046
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1049
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Márcia A. Rosmann
Referências
ANDREOLA, B. A. Carta-prefácio a Paulo Freire. In: FREIRE, P. Pe-
dagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São
Paulo: UNESP, 2000.
CAMINI, I. Cartas pedagógicas: aprendizados que se entrecruzam e
se comunicam. São Paulo: Outras Expressões, 2012.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: UNESP, 2000.
1050
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
GRISALHOS CACHOS
1051
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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Janeiro: Paz e Terra, 2013.
CACHOEIRA, A. Poema de Araci Cachoeira para Augusto
Boal (Grisalhos Cachos). Disponível em: http://augustoboal.com.
br/2014/01/02/poema-de-araci-cachoeira-para-augusto-boal/.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1975.
1052
CAPÍTULO 15
1 A colonialidade tem sido discutida desde a década de 1990 pelo grupo Moder-
nidade/Colonialidade, cujos pesquisadores e pesquisadoras propõem uma renovação
teórica, ao tomarem como referência o lado obscuro da colonização e do projeto ci-
vilizatório eurocêntrico da modernidade na América Latina (MIGNOLO, 2017).
Desse modo, conforme Quijano (2009), a colonialidade trata-se da perpetuação do
colonialismo, através da introjeção dos costumes, dos saberes, das práxis, dos modos
de ser e das relações de poder do outro, o colonizador. Isto é, o autor identifica que o
fim do colonialismo não indicou o fim da nossa capacidade de continuarmos olhando
o nosso mundo e a nós mesmos a partir do espelho eurocêntrico (QUIJANO, 2009).
1056
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1058
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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Sérgio Trombetta
FACCAT
sergiotrombetta@faccat.br
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XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
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1089
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1092
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
escolar fosse transformada. Freire não buscou fazer mudanças apenas es-
truturais na educação de São Paulo, ele foi além: compreendeu a neces-
sidade de uma formação continuada adequada para os professores, para
que houvesse uma prática pedagógica alinhada com o desenvolvimento
da autonomia dos educandos; deu voz a toda a comunidade escolar; al-
terou o currículo da educação; criou núcleo de estudos alfabetização de
jovens e adultos; diminuiu a evasão; ouviu as necessidades dos professo-
res, dos alunos, das cantineiras e de todos que faziam parte da educação.
Paulo Freire, em sua gestão verdadeiramente democrática, visou defender
direitos e concedeu voz e espaço para que eles pudessem se expressar.
A trajetória do notório educador à frente da Secretaria de Edu-
cação de São Paulo encerrou-se há mais de 30 anos, porém, o modelo
de educação que ele sonhou que fosse implantado em todo o país ainda
não aconteceu de maneira efetiva. A desvalorização do professor ain-
da é uma realidade, a formação continuada não acontece na maioria
dos contextos educacionais, a educação bancária ainda está presente no
contexto educacional e a valorização dos direitos e o seu exercício tam-
bém não acontecem.
O patrono da educação brasileira nos ensina que a educação faz-
-se libertando, dialogando, ouvindo e atuando. A prática educativa deve
libertar o educando, a tal ponto que ele seja capaz de entender que não
está sendo respeitado, que está sendo privado de seus direitos, que há
uma estrutura social dominante que deseja que não aconteçam mudan-
ças sociais – haja vista que é mais interessante para seus interesses e para
sua estrutura de dominação que a realidade educacional permaneça a
mesma. A educação, a gestão, a prática precisam contribuir para mudar
esse sujeito e torná-lo autônomo o suficiente para que ele seja capaz de
se libertar, de se educar e de lutar pela sociedade em que acredita.
Referências
FREIRE, A. M. A.; MENDONÇA, E. F. Direitos humanos e educa-
ção libertadora: gestão democrática da educação pública na cidade
de São Paulo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
1094
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Danúbia Bianchi
Universidade de Caxias do Sul
danubiamenegat@gmail.com
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 64 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2017.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2013.
UNESCO. Educação: da interrupção à recuperação. Paris: Unesco,
2020. Disponível em: https://pt.unesco.org/covid19/educationresponse.
1098
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
William Alves
Referências
FREIRE, P. Cartas a Guiné-Bissau: registros de uma experiência em
processo. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: UNESP, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
LEGIÃO URBANA. Quando o sol bater na janela do teu quarto.
Disponível em: https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/22494/.
1102
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Querido Paulo:
Com ternura.
1106
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ACOSTA, A. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros
mundos. São Paulo: Autonomia Literária: Elefante, 2016.
DOWBOR, L. A era do capital improdutivo: por que oito famílias
têm mais riqueza do que a metade da população do mundo? São
Paulo: Autonomia Literária, 2017.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 2019.
LAVAL, C. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque
ao ensino público. São Paulo: Boitempo, 2019.
SANTOS, B. S. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Almedina, 2020.
SOUZA. J. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janei-
ro: Leya, 2017.
1107
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
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tre: imagens e auto-imagens. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. Pp. 50-67.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
KIMIECIKI, D. Educação e diálogo em Paulo Freire: os desafios da
formação humana. In: ZITKOSKI, J.; MORIGI, V. Experiências
emancipatórias e Educação: a docência e a pesquisa. Porto Alegre:
Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas, 2013. Pp. 145-153.
1112
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Para uma pessoa que não está mais entre nós, mas que nos deixou
um grande legado de luta, resistência e vida, escrevemos essa carta pe-
dagógica – Para o nosso querido Paulo Freire –, com o intuito de contar
um pouco o que estamos buscando, vivendo e aguçando em nossos
processos de estudos, e dizer que toda a sua obra e passagem pela terra
nos deixaram a certeza de que podemos caminhar com os outros e com as
outras, e de que juntos e juntas podemos pisar em chão1 firme, ou ainda,
construir nossas caminhadas no mundo.
Querido Paulo Freire, gostaríamos de contar a você que temos
nos juntado, reunido, em busca de estudar, aprofundar, pesquisar
sobre as crianças, suas infâncias e os seus chãos de mundo, no mun-
do, com o Grupo de Estudos “Paulo Freire, as Crianças e o Chão
do Mundo”2, orientado pela Professora Doutora Ana Felícia Guedes
Trindade. Temos procurado escavar, adubar esse chão de mundo tão
potente, que é o chão das crianças, e, para isso, temos estudado, esca-
vado, pesquisado em suas obras, buscando compreender as infâncias,
as crianças e seus chãos de mundo, as conexões entre a sua obra e as
relações com as crianças e as infâncias.
1 As palavras Chão e Chão do Mundo estão sendo aprofundadas teoricamente, a
partir das leituras das obras de Freire (1996, 2009, 2011, 2012, entre outras) Freire e
Guimarães (2011), Silva e Mafra (2020), Brandão (2014), e também dialogadas no
Grupo de Estudos – Paulo Freire, as Crianças e o Chão do Mundo.
2 Grupo de Estudos – Paulo Freire, as Crianças e o Chão do Mundo: Pedagogia
Brasileira com as Crianças Brasileiras, associado ao Projeto de Estudos da/na/com a
Comunidade Aprendente Madre Tierra. Assume, com potência e intensidade, o lugar
de quem estuda, pesquisa e sonha um mundo melhor para as crianças.
1113
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1115
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRANDÃO, C. R. História do menino que lia o mundo. São Paulo:
Expressão Popular, 2014.
FREIRE, P. À sombra desta mangueira. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2012.
FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Partir da infância: diálogos sobre
educação. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
FREIRE, P. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2009.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
SILVA, M. R. P.; MAFRA, J. F. Paulo Freire e a educação das crian-
ças. São Paulo: BT Acadêmica, 2020.
1116
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Sidnei Vale
Centro Universitário Augusto Motta (Unisuam)
sdnvale@hotmail.com
1118
CAPÍTULO 16
Referências
ARAÚJO, J. “Sim, eu posso!”, o método cubano de combate ao
analfabetismo. 2020. Disponível em: http://www.redemacuco.com.br
FREIRE, P. Cartas a Guiné-Bissau: registros de uma experiência em
processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. A África ensinando a gente: Angola,
Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
MESQUIDA, P.; PEROZA, J.; AKKARI, A. A contribuição de Paulo
Freire à educação na África: uma proposta de descolonização da escola.
Educação e Sociedade, v. 35, n. 126, pp. 95-110, 2014.
PEREIRA, A.; VITTORIA, P. A luta pela descolonização e as experiên-
cias de alfabetização na Guiné-Bissau: Amilcar Cabral e Paulo Freire.
Estudos Históricos, v. 25, n. 50, pp. 291-311, 2012.
1124
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Desirée Kinoshita1
Centro Universitário Newton Paiva
desiree.kinoshita@yahoo.com.br
1127
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica.
Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio. Brasília, DF:
MEC, 1997.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1981.
VIANNA, R. O discurso na mediação em artes visuais. In: MOU-
RÃO, L.; MELO, R. Artes visuais e educação: ensino e formação.
Uberlândia: Editora da Universidade Federal de Uberlândia, 2017.
Pp. 103-125.
ZAVALA, L. El paradigma emergente en educación y museos. In: En-
contro Regional da América Latina e Caribe, 3., 2004, São Paulo.
Anais [...] São Paulo: Ceca/Icom, MAB/Faap, 2004. Pp. 77-99.
1128
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Juliane Bonez
Referências
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
FREIRE, P. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d’Água, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987.
LIMA, C. L. Por que é tão difícil democratizar a gestão da escola públi-
ca? Educar em Revista, v. 34, n. 68, pp. 15-28, 2018.
PEREIRA, J. R.; ALCANTARA, V. C.; ANDRADE, L. S. Comunica-
ção que constitui e transforma os sujeitos: agir comunicativo em Jürgen
Habermas, ação dialógica em Paulo Freire e os estudos organizacionais.
Cadernos EBAPE.BR, v. 17, n. 1, 2019.
1132
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Vanessa Pescador
Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC
vanessaddr@yahoo.com.br
1136
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
AFONSO, A. J. Os lugares da educação. In: SIMSON, O. R. M.;
PARK, M. B.; FERNANDES, R. S. (Orgs.). Educação não formal:
cenários da criação. Campinas: Editora da Unicamp/Centro de Me-
mória, 2001. Pp. 29-37.
BRUNO, A. Educação formal, não formal e informal: da trilogia aos
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GADOTTI, M. Paulo Freire e a educação popular. Proposta, ano 31,
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GADOTTI, M. Educação Popular, Educação Social, Educação Co-
munitária: conceitos e práticas diversas, cimentadas por uma causa co-
mum. Revista Diálogos, v. 18, n. 2, pp. 10-32, 2012.
GOHN, M. G. Educação não-formal, participação da sociedade civil e
estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: Avaliação e Política Pública
em Educação, v. 14, n. 50, pp. 27-38, 2006.
PAULO, F. S.; TESSARO, M. Semelhanças e diferenças entre as con-
cepções de educação social, educação popular e educação social. Revis-
ta Debates em Educação, v. 12, n. 2, pp. 77-97, 2020.
PAULO, F. S. Concepções de educação: espaços, práticas, metodo-
logias e trabalhadores da educação não escolar. Curitiba: InterSa-
beres, 2020.
1137
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1 No dia 20 de março de 2020, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a mi-
nimizar a gravidade da COVID-19, causada pelo novo coronavírus, ao ser indagado
em coletiva sobre seu estado de saúde, e chamou a doença de “gripezinha’”. Disponí-
vel em: https://www.youtube.com/watch?v=352RoCLIy1Q
1140
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1141
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
1143
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1991.
FREIRE, P. Educação e atualidade brasileira. São Paulo: Cortez;
Instituto Paulo Freire, 2002.
SANTOS, B. S. A cruel Pedagogia do vírus. São Paulo: Boitempo, 2020.
1144
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
CARTA PEDAGÓGICA:
UM DIÁLOGO SOBRE A ETNOMATEMÁTICA
E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS
Elisama Santos1
Universidade Federal da Bahia
elisamajg@gmail.com
colocam que a nossa cultura está repleta de elementos que podem nos
subsidiar pedagogicamente. Então, mostrei para ela um tabuleiro do
jogo mancala, e expliquei que a formação que ministrara aos professores
do Instituto Federal da Bahia (IFBA) consistiu em abordar pedagogica-
mente o uso desse jogo, pois ele permite o diálogo entre os conhecimen-
tos matemáticos e a cultura africana. Após admirar o tabuleiro, eu pedi
que ela jogasse comigo, e fui contextualizando como havia sido a dinâ-
mica do curso de formação e quais saberes envolviam a prática do jogo.
Em minha trajetória como educadora, as questões étnicas e ra-
ciais sempre estiveram presentes, e, por ser um interesse constante, de-
senvolvo projeto com o jogo mancala na escola em que leciono. Esse
projeto surge da necessidade de vincular o currículo de matemática com
o que está na Lei n.º 10.6393, que trata de oferecer aos educandos o
entendimento e o respeito aos saberes dos diversos povos africanos.
Enfim, nosso objetivo, após este relato, é de convidar os educado-
res e as educadoras para dar continuidade a estas reflexões, oriundas de
um encontro casual, mas que se configurou em um momento riquíssi-
mo de aprendizagens. Existem paredes que nos limitem no exercício da
docência? Até que ponto pode-se transcender a sala de aula, trazendo
interfaces entre os saberes escolarizados e as diversas culturas que per-
passam as nossas existências?
Pensamos ser de extrema necessidade pensar, dentro deste contex-
to, sobre a atuação do professor, pois “a má fama da disciplina também
se deve à abordagem superficial e mecânica realizada pela escola. Além
disso, existe o problema da carência de formação específica e conti-
nuada para os docentes” (ANDRÉ, 2009, p. 25). Segundo a autora, a
formação continuada e as práticas reflexivas sobre a atuação dos profes-
sores em sala de aula se configuram numa alternativa para desconstruir
o pré-construído de que a matemática é difícil.
Consideramos ainda que, historicamente, no Brasil, o processo
de ensino e aprendizagem matemática é marcado por um modelo tradi-
3 A Lei n.º 10.639/03 em seu art. 26-A determina que “Nos estabelecimentos de ensino
fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre Histó-
ria e Cultura Afro-Brasileira”. 6 “Com o tempo o termo Mancala passou a ser usado pe-
los antropólogos para designar uma série de jogos disputados num tabuleiro com várias
concavidades e com o mesmo princípio geral na distribuição das peças”. Disponível em:
A Cor da Cultura - Saberes e Fazeres - Modos de Interagir (2006, p. 69).
1147
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
ANDRÉ, N. Matemática: reaprender a aprender e ensinar matemáti-
ca. Campo Mourão, PR: Secretaria de Estado e Educação – SEED, 2009.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Re-
lações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-
-Brasileira e Africana. Brasília, DF: MEC, 2003.
FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.
1149
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
CARTA A GISLAINE
1153
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
1154
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Saudações Freireanas,
Delvânia Góes
Professora e Admiradora da Obra de Paulo Freire
1159
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
LUKE, A.; DOOLEY, K. Critical literacy and second language lear-
ning. Queensland, Autralia: Routledge, 2009.
MENEZES DE SOUZA, L. M. T. Para uma redefinição de letramento
crítico: conflito e produção de significação. In: MACIEL, R. F.; ARAÚ-
JO, V. A. (Orgs.). Formação de Professores de Línguas: ampliando
perspectivas. Jundiaí: Paco Editorial, 2011.
MONTE-MÓR, W. Crítica e Letramentos Críticos: reflexões prelimi-
nares. In: ROCHA, C. H.; MACIEL, R. F. (Orgs.). Língua estran-
geira e formação cidadã: por entre discursos e práticas. Campinas:
Pontes, 2013. Pp. 31-59.
STREET, B. V. “What’s” “New” in Literacy Studies? Critical approach
to literacy in theory and practice. Current issues in Corporative Edu-
cation, v. 5, n. 2, 2003.
1160
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
FREIRE PRESENTE!!!
Adriane Zatti
zattiadriane@gmail.com
Karine Piaia
karinepiaia@gmail.com
Escola Estadual de Educação Básica Antônio João Zandoná
1162
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Walter Frantz
UNIJUI
wfrantz@unijui.edu.br
Liandra Feltraco
UNIJUI
liandra.feltraco@gmail.com
Juliana Campoy
UNIJUI
jcampoy77@gmail.com
1164
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
Referências
FREIRE, P. À Sombra desta mangueira. São Paulo: Olho dágua, 1995.
FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedago-
gia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
STRECK, D. Esperança. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
1165
XXII FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
https://www.youtube.com/watch?v=XQkpZA6qFhc
1166