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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO UNIVERSITÁRIO

CURSO DE DIREITO

ELVIO JOSÉ PEREIRA JUNIOR

MEIOS CAUSADORES DA SEGREGAÇÃO DAS PESSOAS


PORTADORA DO TEA (TRANSTORNO ESPECTRO
AUTISTA)

NILÓPOLIS
2023
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ELVIO JOSÉ PEREIRA JUNIOR

MEIOS CAUSADORES DA SEGREGAÇÃO DAS PESSOAS


PORTADORA DE TEA

Trabalho de Conclusão de Curso, em


formato de monografia, apresentado como
requisito parcial à obtenção do grau de
Bacharel em Direito, do Curso de Direito, da
ABEU Centro Universitário - UNIABEU.

Orientadora Professora Mayra

Nilópolis, 2023.
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ELVIO JOSÉ PEREIRA JUNIOR

MEIOS CAUSADORES DA SEGREGAÇÃO DAS PESSOAS


PORTADORA DE TEA

Trabalho de Conclusão de Curso, em


formato de monografia, apresentado como
requisito parcial à obtenção do grau de
Bacharel em Direito, do Curso de Direito, da
ABEU Centro Universitário - UNIABEU.

Tendo sido aprovado em _____ / ______ / 2023.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________

Professor

______________________________________

Professor

______________________________________

Professor
4

DEDICATÓRIA

Agradeço primeiramente a Deus por toda a sustentação dentro e fora da Faculdade,


pois sem ela não estaria neste momento redigindo este com muito orgulho, me sinto
honrado por chegar até aqui, desde então, elaborei este TCC com muito carinho e
afinco ao meu máximo, por várias vezes me peguei adormecido ao estar estudando e
sei que isso faz parte do processo, no entanto, me sinto também com o sentimento de
dever cumprido, agradecer também a Deus por ter colocado em meu caminho
pessoas tão especiais, que não mediram esforços em me ajudar durante a realização
de toda essa graduação. A estas pessoas, esterno aqui meus sinceros
agradecimentos. À minha família, minha mãe, Maria Nice Gomes, minha esposa Ingrid
Vianna de Melo, que esteve me dando força a cada dia para que se concretizasse
este momento. Aos advogados que me deram todo o apoio e instruções sobre o que
será tratado a diante, me deram total atenção e tiraram todas as dúvidas possíveis.
Aos meus parentes que mesmo distantes e sendo em pequeno número pois a maioria
é por parte da minha esposa, se fizeram presentes ao longo deste trabalho, com
mensagens de incentivo, carinho e apoio para que eu fosse até o fim com muita
determinação. A Professora Mayra, minha orientadora, por ter me acolhido além disso,
ter sido um dos pilares nesse caminho que trilhei no conhecimento jurídico. Por suas
orientações, pelo compartilhar de conhecimento, pela atenção, carinho e por não
incansavelmente me dar todo o direcionamento que precisei para fazer um trabalho
de excelência desde o início. Aos meus amigos: André Israel dos Santos Moraes, Júlia
Melo, Paula Lopes Furtado, Carol Meireles Roque, Aline Bastos por me ajudar com
comentários sobre minhas descobertas em relação ao tema elaborado, sendo esta,
mãe de um menino autista e por seus incentivos, meu muito obrigado! Minha filha por
ter sido diagnosticada aos 2 anos com a doença, o cenário não seria diferente se eu
não tivesse como tema do meu TCC, comentários e relatos sobre a doença, me sinto
lisonjeado de tê-la em minha vida e me direcionar para a confecção deste trabalho.
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AGRADECIMENTOS

- A Deus...
- A Professora orientadora
- A Coordenadora do curso de Direito...
- Aos professores
- Aos amigos e colegas de curso...
- Aos familiares...
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RESUMO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso objetivou conhecer as formas de


combate a segregação feita pela humanidade para com as pessoas portadoras do
transtorno espectro autista, neste contexto fica explícito que nunca foi fácil esta árdua
batalha de intensificar a inclusão das pessoas portadora de TEA, bem como a
permanência em fazer com que os cidadãos respeitem este direito. Sendo nas
escolas, nos shopping centers, nas igrejas, nas praças, qualquer que seja o local
público, a segregação não pode e não deve existir, sendo de suma importância o
respeito entre as pessoas, este por voluntarismo ou por obediência aos ordenamentos
jurídicos, pois a partir do momento em que as leis se corroboram fica caracterizado a
intimidação de certos comportamentos de alguns cidadãos. Na ocasião, foram criadas
algumas leis com o passar do tempo devido ao fato de proteção aos autistas, direitos
adquiridos aos familiares, locais que precisam se enquadrar a respeito de prioridades
e aceitação, ou seja, com o advento das necessidades das pessoas com o transtorno
do espectro autista assim como qualquer outra pessoa com deficiência. Com o passar
do tempo, surgiram novos casos no número de pessoas com o transtorno, isso porque
muitas famílias que antes não tinham o devido acesso aos profissionais da área, bem
como exames mais sofisticados e eficazes, ficavam sem a comprovação de um
diagnóstico mais específico e por conseguinte não eram incluídas nas estatísticas.
Por essas e outras, foram surgindo novos casos, em consequência disso, a cidadania
teve que se enquadrar a um novo quadro de doença mental, pois mesmo com o
avanço da tecnologia e de informação, algumas pessoas eram pegas de surpresa com
a doença. Em um novo contexto, foram surgindo e surgem até hoje, casos com relação
quanto a crianças e a adultos que descobrem que são portadores da doença com uma
idade já bem avançada, por conta disso, tanto profissionais da área, como também,
pessoas que podem intermediar essa problemática que são os operadores do direito,
os políticos do nosso país e de uma forma geral toda a nossa cidadania. Trata-se de
fatos que ocorrem no nosso dia a dia, começando em uma escala menor, prioridades
nas filas de estabelecimentos, de bancos, transportes entre outros. Em uma grande
escala, seria pertinente o avanço de inclusão nas escolas, procedimento judicial dos
direitos BPC (Benefício de Prestação Continuada) com maior celeridade e julgados
mais pertinentes, assegurar os portadores da doença nos planos de saúde com maior
amplitude, não somente pelo fator da necessidade de um acompanhamento mas
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também pelo fator de maior eficácia e maior direito adquirido pois muitos beneficiários
têm suas terapias interrompidas pelo fato de ausência de profissional ou pelo fato da
operadora não se empenhar como contratante, deixando a desejar na prestação dos
serviços. Por essas e outras, irei dissertar aqui, por intermédio de algumas pesquisas,
tanto de campo, como bibliográfica, o que causa a segregação das pessoas com o
transtorno espectro.

Palavras-chave: TEA (TRANSTORNO ESPECTRO AUTISTA), AUTISMO,


INCLUSÃO, SÍNDROME DE ASPERGER.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................09

2.1 DENEGAÇÃO DA DOENÇA................................................................................11

2.2 FATOS COM O HISTÓRICO DA DOENÇA.........................................................16

2.3 JURISPRUDENCIA DE CASOS DE PESSOAS COM TEA.................................20

CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................27

REFERÊNCIAS.........................................................................................................29

I - INTRODUÇÃO

O presente trabalho teve por objetivo geral identificar as conquistas e os


impasses experimentados pelos professores para incluir alunos com Transtorno do
Espectro Autista (TEA) nas escolas regulares dos anos iniciais do ensino fundamental,
da rede pública. Como objetivos específicos temos os seguintes: observar o dia a dia
de crianças com TEA nas escolas ditas inclusivas, levantar e identificar quais os
conhecimentos que os professores detêm sobre a inclusão desses alunos e analisar
como vem se desenvolvendo a prática docente junto ao aluno com TEA. A escolha
pelo tema se deve ao fato de sermos da área de aprofundamento em Educação
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Especial e percebemos a necessidade de conhecermos mais sobre o assunto e, ao


mesmo tempo, compreender como vem ocorrendo a inclusão deste grupo nas escolas
regulares. Nossas reflexões levaram-nos as seguintes perguntas: que impasses
enfrentam os professores para incluir as crianças com TEA no ensino regular? Que
possibilidades têm de favorecer a inclusão? Que saberes detêm sobre o TEA e sobre
a Inclusão e como estes saberes podem ajudar na sua prática? Partimos da hipótese
de que o professor enfrenta muitas dificuldades para incluir um aluno com TEA na
escola e que estas dificuldades em muito estão relacionadas com a formação inicial
que não promove ao professor um conhecimento adequado sobre o tema. Do mesmo
modo, suspeitamos que quando o professor, de fato, tem informação adequada sobre
o assunto, consequentemente, encontra mais possibilidades de realizar a inclusão do
aluno com TEA na escola, pois, utiliza meios adequados para promover sua
socialização, aprendizagem e interação. Para a realização do trabalho, primeiro
desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica, e em seguida, fizemos uma pesquisa de
campo numa Escola Municipal denominada por X que possui nas suas turmas
estudantes identificados com o transtorno do espectro autista. A pesquisa aconteceu
entre 11 o período de fevereiro a junho do ano de 2016. Essa pesquisa contou com a
ajuda e colaboração dos diretores, gestores e professores da referida escola. Este
trabalho apresenta os resultados da pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo.
Inicialmente, temos esse primeiro capítulo introdutório, seguido de outros capítulos
que aprofundam a temática e apresentam e analisam os dados da pesquisa. O
segundo capítulo discute sobre os sintomas e as questões relativas ao diagnóstico
das pessoas com TEA, além de trazer aspectos históricos e conceituais sobre o TEA;
o papel da família e os aspectos legais em relação à inclusão das crianças com TEA
na rede regular de ensino. O terceiro capítulo destaca o papel da formação docente
frente à inclusão de estudantes com TEA na rede regular de ensino. Para isso,
descreve sobre a formação inicial e continuada dos professores, o atendimento
especializado para dar suporte ao aluno com TEA, a interação do aluno com TEA e
os demais alunos, conforme consta na lei ao defender os direitos deste grupo à
educação. No capítulo seguinte, apresentamos os procedimentos metodológicos
adotados na pesquisa, além dos dados coletados e a discussão a respeito deles,
tendo o suporte bibliográfico como a base para compreender a realidade observada.
São estes dados que nos ajudaram a chegar às considerações finais que
apresentamos ao final do estudo. Esperamos com este estudo contribuir para
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esclarecer aos profissionais da educação como deve ser pensada a inclusão para a
criança com TEA, considerando a formação inicial e continuada como o grande
suporte para que a escola seja verdadeiramente inclusiva. Neste sentido, as reflexões
relacionadas à criança com TEA e a sugestão de métodos de aprendizagem que irão
promover a interação e o desenvolvimento da criança com TEA são as maiores
contribuições que podemos apresentar aos leitores desta pesquisa.

II - HISTÓRICO DA DOENÇA

2.1 DENEGAÇÃO DA DOENÇA

Em um certo teor psicológico, o autismo é apontado como uma doença de


tratamento rotineiro, sendo assim é de suma salientar que esta, para ter seu tratamento
ideal e preciso, exige que se tenha um eficaz acompanhamento no intuito de minimiza – lá,
mesmo sendo sabido da sua característica crônica.
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Neste sentido, as características do transtorno do espectro autista não se


limitam ao uso de medicações ou até mesmo parâmetros padrões da doença em si,
ou seja, tem suas especificações não só com o decorrer da idade do portador, mas
também em especial com o seu diagnóstico médico.

Por isso, é importante sua aceitação, bem como o tratamento o quanto antes,
pois há casos em que a família ou particularmente os pais não recebe ou na verdade
não aceitam ao perceber que seu filho ou sua filha vem se mostrando com atitudes da
doença.

Fato este em que não se pode se debruçar no quesito desconhecimento pois


hoje em dia, com o avanço das informações temos ensinamentos de sobra para
identificar, e é importante frisar que o quanto antes, se a criança demonstra atitudes
do transtorno espectro autista, pois antigamente mesmo que com pouca informação
a doença, é claro, um dia teve sua descoberta, exemplo disto temos um trecho do livro
muito popular de Cáren Zucker e John Donovan que nos mostra a referida descoberta
e aceitação dos genitores.

“Mary Triplett, a mãe de Donald, foi quem mudou isso. Ela e o marido só
pretendiam obter ajuda para o filho, mas, para tanto, desataram uma cadeia de
acontecimentos que culminariam na descoberta do autismo em Donald e na
publicação da primeira descrição internacionalmente reconhecida da síndrome numa
publicação médica. Trata-se do desenvolvimento da pesquisa. Equivale aos
desdobramentos do referencial teórico do Projeto de Pesquisa. Trata-se do
desenvolvimento da pesquisa. Equivale aos desdobramentos do referencial teórico do
Projeto de Pesquisa. Trata-se do desenvolvimento da pesquisa. Equivale aos
desdobramentos do referencial teórico do Projeto de Pesquisa. Trata-se do
desenvolvimento da pesquisa. Equivale aos desdobramentos do referencial teórico do
Projeto de Pesquisa.

2.2 FATOS COM O HISTÓRICO DA DOENÇA


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A palavra “autismo” deriva do grego “autos” que significa “voltar-se para si


mesmo” segundo o psiquiátrica austríaco Eugen Bleuler, utilizou desta nomeação
para realizar o diagnóstico da esquizofrenia, pois anteriormente, a patologia do
autismo era assim taxada, conforme os adventos de exames e descobertas deu-se o
nome que hoje conhecemos bem que iremos ver adiante.

Inicialmente, tivemos Leo Kanner como um dos primeiros psiquiatras a tratar


do assunto, bem como gerou através de seus estudos, expressões marcantes,
assim como outras mais que tiveram como marco no histórico da doença. Leo
Kanner criou a expressão “mãe de geladeira”, expressão esta que causou muita
confusão à época, pois o motivo de ter criado tal expressão, seria pelo fato das
mães serem as maiores responsáveis pelas atitudes dos seus filhos, ou seja,
comportamentos solitários, sem afeto, sem um mundo social com outras crianças,
estes até hoje, continuam sendo o dia a dia de uma criança autista mas eram essas
as ações que levaram ao psiquiatra a criar isso, e embora tenha ocorrido em plena
década de 50, temos hoje em dia também os pais sendo os responsáveis direto e
porque não dizer que eles também são taxados de alguma forma nos dias atuais.

Neste interim, o psiquiatra Hans Asperger fez diversos experimentos com


crianças que apresentavam quadros semelhante a “esquizofrenia”, colocava-as em
um determinado ambiente a sós e observava suas atitudes, se se interagiam ou não,
se conversavam ou não, enfim, usou de toda a sua capacidade de profissionalismo
até chegar a um denominador comum para sua experiência. Asperger foi primordial
para atrelar não só o que hoje em dia temos como nome científico (Síndrome de
Asperger) como também se tornou o divisor de águas para as descobertas do
transtorno.

Mais tarde, na década de 60, mais precisamente no ano de 1965, foi criado
por Temple Grandin a “máquina do abraço”, a psicóloga autista teve uma
participação importante na história da doença, pois inventou uma máquina que a
confortava com um abraço sendo esta descoberta aproveitada por muitas crianças
portadora de autismo. Foi também tema de filme em 2010, no entanto, além de
ganhar prêmios foi citada pela revista “The Time” como as 100 primeiras pessoas
mais influente do mundo.
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Grandin teve marco interessante com sua descoberta, embora fosse


portadora do transtorno, foi bem-sucedida após suas descobertas, tanto
financeiramente quanto profissionalmente, ou seja, exemplo de que não
necessariamente a pessoa que tem autismo é sinônimo de incapacidade, de
ausência de criatividade, não consiga ter uma profissão específica, dependendo do
grau da doença, o paciente segue sua vida tão normal quanto uma pessoa em sã
consciência.

Na década de 70, tivemos como marco na compreensão do autismo, o


psiquiatra Michael Rutter, criando os quatro critérios para definição de um
diagnóstico por assim dizer, influenciando também de uma forma bastante
considerável o DSM-3 (Diagnostic and Statistic Manual of Mental Discorders), este
era considerado mundialmente pela evolução dos diagnósticos psiquiátricos, era
elaborado e publicado pelos americanos mais precisamente pelos Estados unidos e
divulgados mundialmente.

Uma nova e considerável descoberta foi mais do que útil para os


acontecimentos históricos que fora incentivado por Lorna Wing nos anos 80, além de
cunhar o termo usado nos dias de hoje “Síndrome de Asperger” fazendo referência
ao Hans Asperger, é de suma salientar que foi também mãe de autista onde fundou
a National Autistic Society juntamente com Judith Gold e o centro Lorna Wing, esta
ação foi de grande valia para a identidade de um novo espectro e quadro clínico em
geral.

Com grande sucesso de bilheteria, foi lançado em 1988, um filme diretamente


relacionado ao autismo, tendo uma grande referência nos cinemas com relação ao
assunto, isso porque, até então, não se conhecia amplamente o significado da
doença, o drama conta a história de Charlie Babbitt, um filme interessantíssimo
envolvendo drama e assuntos familiares, em seu enredo, Babbitt tem um irmão
autista e com a morte de seu pai se vê em desespero, pois o beneficiário da pensão
pós morte fora direcionado ao seu irmão mais velho Raymond Babbitt, e por
ganância, Charlie Babbit tenta de todas as formas ter a guarda de seu irmão para ter
acesso a pensão, o filme tem como atores principais como Tom Cruise,
interpretando Charlie Babbitt, e Dustin Hoffman. Ganhador de diversos prêmios, um
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ano após o seu lançamento, ganha o Oscar nas categorias de melhor enredo,
melhor ator (Dustin Hoffman) e melhor direção por Barry Levinson.

Em 1944 e 1948, foram avaliados em um estudo internacional multicêntrico


com mais de mil casos e mais de 100 avaliadores, para então surgir a DSM-4 e CID-
10, sendo comprovado também que aplicações de vacinas não acarretaria nenhuma
possibilidade de causar a doença.

Surge por iniciativa da ONU, o dia mundial da conscientização do autismo


junto à Organização Mundial de Saúde (OMS), que demarcou no calendário
brasileiro em 2018 o dia 02 de abril como a data marcante deste feito. No entanto,
como toda data de conscientização, é instituída em todo o território brasileiro
atenção total para este caso, é claro que para adentrar nesta conquista ocorreu
inúmeras situações para a concretização deste dia, por isso é considerado ato de
inclusão, mas ao mesmo tempo de respeito as pessoas com transtorno.

Além disso, o dia 18 de junho, é comemorado o dia do orgulho autista, este


criado pelos próprios autistas, onde a intenção maior é no sentido de dar mais
ênfase ao dia da conscientização, alguns dizem, que os criadores não se sentiam
representados legalmente pelo dia 02 de abril, portanto foi um advento bastante
criativo

2.3 LEIS CORRELACIONADAS AO AUTISMO

É de suma salientar que para se referir no âmbito jurídico com relação ao


transtorno espectro autista, é necessário ter em comento a Lei Berenice Piana, lei de
número 12.764/12, esta lei foi direcionada especificamente para atender os direitos
adquiridos das pessoas com autismo, sancionada muitos anos depois de uma
apresentação real da doença, ou seja, as primeiras descobertas da doença se
apresentaram no século passado, levando em consideração as limitações da época,
mas sendo também realista ao contabilizar o tempo que levou para um
direcionamento específico no quesito judicial, tivemos um lapso temporal de mais de
5 décadas.
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Berenice Piana, é uma ativista, mãe de 3 filhos, sendo o mais novo autista,
Berenice leva seu nome na principal lei do Brasil correlata ao autismo, idealizou a
primeira escola clínica do autista no Brasil, a ativista foi muito além disso ao
participar de várias criações de leis municipais e estaduais direcionadas ao autismo.

Recebeu o título de cidadã Anapolina por sua luta em prol da pessoa com
autismo no Brasil em 2017, foi embaixadora da paz pela ONU e União Europeia,
título este reconhecido pelo \ministério das Relações Exteriores. A militante brasileira
foi um ícone na defesa das pessoas portadora do TEA, nascida no Paraná, foi
responsável pela criação da lei que viria a incluir de todas as formas os autistas
como pessoas com deficiência e ter todo os direitos que fazem jus.

Como em todo o país ocorre o desrespeito e a desobediência das leis, com a


Lei Berenice Piana e outras que irei comentar, não seria diferente, tanto a lei
12.764/12 quanto outras atreladas aos direitos da pessoa portadora de TEA tem
suas inobservâncias, acarretando assim muitas segregações, muita das vezes,
infelizmente, fato muito mais grave, como a violência.

Para falarmos de algumas leis que tangenciam casos de pessoas com


deficiência, tivemos em 1989, a lei federal 7.853/89, sancionada no intuito de
proteger os interesses das pessoas com deficiência, logo em diante, na década de
90, surge a lei 8.742/93, lei de organização de assistência social, conhecida como
LOAS, a lei prevê alguns benefícios para uma maior segurança financeira, pois
dependendo das circunstancias que pode levar a patologia da doença, possa ser
que este paciente não esteja capacitado para suprir sua própria subsistência.

Com o passar dos anos, as leis foram defendendo os direitos com atenção a
cada necessidade dos dependentes por ocasião de seus comportamentos ao ser
portador, a lei 8.899/94, lei que traria a gratuidade em transportes interestaduais,
embora tenha sido sancionada na década de 90, teve grande valia e avanço na
proteção dos direitos dos portadores de TEA.

Em meio a tanta lei sendo sancionada, lamentavelmente não tem sua eficácia
ao extremo se não forem obedecidas e observadas da forma que se espera ser, pois
a não observância ,por exemplo, da lei 7.611/11, criada para um atendimento
educacional prioritário em paralelo a lei de diretrizes e bases da educação nacional
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(lei 9.394/96), onde em seu art 3º parágrafo único, prescreve que o aluno portador
do TEA, tem direito a um profissional de educação para acompanhar o seu
desenvolvimento, sua evolução, ordenamento que muita das vezes nem sequer tem
chance de ser seguido, pois em certas escolas, muitas crianças não são nem
matriculadas, deixam de efetivar a criança por motivos que por vezes, sem
comprovação nenhuma, uns por falta de vaga, outros por ter pouco profissional
específico na área, e o que era para se tornar uma inclusão desses autistas, nos
findamos e regredimos para a tão e arcaica segregação.

No ano de 2015, veio para complementar e muito os direitos de pessoas com


deficiência a lei de acessibilidade, esta lei trouxe algumas prioridades aos
deficientes, ela representou a liberdade de acesso aos deficientes físicos pois não é
em qualquer estabelecimento que você encontra nas entradas possibilidade para
uma pessoa que se encontra em uma cadeira de roda adentrar sem o auxílio de um
acompanhante, hoje, de acordo com o advento da referida lei, esses
estabelecimentos devem construir em seus acessos independente de qualquer
estratégia arquitetônica.

A publicação desta lei foi muito direcionada para os deficientes de locomoção,


mas alguns direitos materiais foram atrelados aos autistas como o atendimento
prioritário. Nos processos judiciais, os autistas têm prioridade na tramitação dos
autos, isso foi possível porque temos como fundamento da própria lei (13.146/15)
combinada com a lei Berenice Piana (12.764/12), antes a concessão era somente
para as pessoas idosas, mas com o advento da lei foi concedido tal prioridade e
assim se constata a importância da lei dos autistas pois além desta conquista outras
mais foram possíveis por causa da publicação deste ordenamento.

De tempo em tempo, foram surgindo novas vitórias através das leis para
melhor atender os deficientes mentais portadores de TEA, em 2016, foi sancionada
a lei 13.370/16, alterando o estatuto dos servidores públicos, o § 3º do art. 98 da lei
foi alterado revogando a exigência de compensação de horário, ela deu o direito dos
pais de autista ter a possibilidade de passar mais tempo com seus pupilos para o
acompanharem nos tratamentos e nas terapias.

Em certos momentos, essas leis que hoje vigoram, não foram bem receptivas,
em meios as aprovações e vetos na câmara e no senado, os direitos dos autistas
16

foram ganhando espaço, na maioria das vezes com mais facilidade pós lei Berenice
Piana, e nesse contexto surge a insistência e como no início deste capítulo citá-la de
uma forma diferenciada e com bastante ênfase.

A imagem revela como os autistas são identificados logo em um primeiro


contato, embora existam deficiências que também são sinalizadas através de
placas, imagens, folders entre outras formas de alertas, os autistas são casos
apartados pelo fato de em um primeiro momento não se consiga de imediato
identificar se a pessoa é portadora da doença, ao contrário de uma deficiência física,
facilmente identificada como por exemplo um deficiente visual, ou um deficiente
mental (down), através do formato da cabeça e do rosto, porém não é dessa forma
no caso do autismo, pois quando qualquer criança autista é vista nas ruas quando
se encontra em um momento em que esteja calma e tranquila, não demostra ser
portadora, isso comprova a importância das sinalizações como cordões que podem
ser usados pelas crianças com o transtorno.
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2.4. JURISPRUDÊNCIAS NOS CASOS DE PESSOAS COM TEA

Julgado com total importância, pois julgou a favor ao ajuizamento de um


paciente no sentido de obter a terapia ABA (Applied Behavior Analysis), e aqui se
teve o cuidado de se destacar uma jurisprudência de um recurso especial do STJ
bem recente, em 12 de maio de 2023, o ministro Ricardo Villas Bôas Cueva julgou
improcedente o recurso especial impetrado pela Sul América Companhia de Seguro
Saúde, o recurso nº 2008734-SP (2022/0182229-0) teve como intuito obter a não
obrigatoriedade de pagamento das terapias, porém a responsabilidade deste
pagamento é tão somente da operadora. A parte autora, um menor com autismo,
que fora prejudicado por denegação de muitas terapias, as primordiais, inclusive a
terapia ABA, trazendo também como argumento e tese a convenção internacional
sobre os direitos das pessoas com deficiência e seu protocolo facultativo, assinado
em Nova Yorque em 2007, o recurso especial serve de modelo de jurisprudência
para discutir sobre muitos impasses para o acesso nas terapias. Portanto para um
melhor entendimento segue um trecho do julgado:

(...) Art.5ºº A pessoa com transtorno do espectro autista não será impedida de
participar de planos privados de assistência à saúde em razão de sua condição de
pessoa com deficiência, conforme dispõe o art. 14 4 da Lei nº 9.656 6, de 3 de junho
de 1998.'

Demais disso, na Câmara dos Deputados tramita o Projeto de Lei nº 105/2022, o qual
objetiva alterar a Lei nº 9.656/1998 'para dispor sobre o atendimento prestado pelas
operadoras de planos privados de assistência à saúde às pessoas com deficiência e
às pessoas com doenças raras' (https://www.câmara.leg.br/propostas-
legislativas/2313942).

Ademais, a Autarquia Reguladora também aprovou o fim do limite de consultas e


sessões com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas,
além de ter revogado as Diretrizes de Utilização (DU) para tais tratamentos (RN-ANS nº
541/2022).

Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial.


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Na origem, os honorários sucumbenciais foram fixados em 13% (treze por cento)


sobre o valor da causa, os quais devem ser majorados para o patamar de 15% (quinze
por cento) em favor do advogado da parte recorrida, nos termos do art. 85, § 11, do
Código de Processo Civil de 2015.

Publique-se.

Intimem-se.

Brasília, 12 de maio de 2023.

Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA

Relator

Como podemos ver, o recurso foi julgado a favor de quem serra uma grande luta já
faz um tempo, neste caso a operadora demandou a última ratio, porém não obteve êxito,
pois um dos motivos foi o cancelamento do rol taxativo, isso demonstra a aparência de
vitória mesmo que ainda lentamente mas de uma forma eficaz, neste caso em específico foi
demandado de uma forma bem eloquente a intenção da seguradora, que é se isentar de
prestar o serviço e oferecer um atendimento digno para seus clientes, fato que parece um
pouco óbvio mas que não somente a citada operadora mas entre muitas outras tentam se
ludibriarem das responsabilidades civis e contratuais.

Algumas decisões, não necessariamente trazem a vitória do demandante, qual seja,


o beneficiário, porém dependendo do caso existe sempre a possibilidade de obter êxito
recorrendo até a última instância, embora na jurisprudência citada, a autora foi a operadora
de plano de saúde, o beneficiário conseguiu procedência na ação, e futuramente terá seus
direitos assegurados, ou seja, as terapias vão ser disponibilizadas.

As possibilidades de alcançar o que geralmente é solicitado nas ações de prestações


de terapias, é um quesito que não necessitaria se as operadoras de planos de saúde se
empenhassem na própria boa fé de acordo de contrato, só assim não seria preciso a ida dos
beneficiários aos fóruns se humilhar por um direito adquirido a partir do momento em que se
faz selado este contrato.

Esses julgados, são de suma importância pois são através deles que podemos nos
debruçar para um eventual impedimento das operadoras de planos de saúde
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3. RECUSA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PELOS PLANOS DE SAÚDE

Os operadores de plano de saúde, de forma geral, dificultam e muito o


atendimento devido a esses pacientes que por muita das vezes necessitam de
terapias corriqueiramente, inclusive se estas terapias estiverem no início dos
procedimentos, estas são de grande importância para o desenvolvimento dos
pacientes com TEA, independente do grau que esse se encontra.

As referidas terapias são no intuito de um aprimoramento nos déficits que a


doença causa como estereotipias, que são movimentos involuntários repetitivos do
paciente, cabe salientar que cada paciente em específico tem esses movimentos, ou
seja, podem ser de diferentes formas, estas terapias ajudam também no convívio
social, na fala, na interação com outras pessoas, enfim, não é possível a evolução
de um paciente com relação ao seu avanço no combate a esses déficits.

Em contrapartida, essas prestações de serviços dos operadores de plano de


saúde, causam um retardo nas evoluções, acarretando mais ainda a falta de
inclusão, pois quanto mais o paciente leva consigo em grande escala os déficits que
a doença causa, em larga proporção também ocorre a segregação, porque
querendo ou não, e mesmo tendo alguns recursos para evitar este tipo de falhas,
como as leis, as jurisprudências, os sites de reclamações, as redes sociais que
também podem ser intermédios para ridicularizar e difamar, mesmo que isso seja de
uma forma errônea, mas acontece na maioria dos casos.

As terapias mais corriqueiras são: terapia ocupacional, psicólogo, terapia


fonoaudiológica, psicopedagogia, entre outras, as terapias são feitas de forma
sincronizada, conforme comprovações médicas, as terapias feitas de forma
aleatória, ou na falta de alguma destas, qualquer que seja, prejudica não só o
acompanhamento médico como também principalmente a evolução do paciente.

Ademais, mesmo estando previsto em lei, como também amparado por


encaminhamento médico, deixar de oferecer as referidas terapias é uma ação
bastante praticadas pelos planos de saúde, em alguns casos por falta de
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profissional, por não acomodar os pacientes em locais próximos a suas residências,


em certas ocasiões pelo fato de não assalariar os especialistas com o valor digno.

Todos esses fatores, vão minando para uma segregação horrenda, pois além
da falta de inclusão nos locais onde mais deveriam ser evitadas tais segregações, os
pacientes não evoluem em seus acompanhamentos médicos, em conseguinte não
tem uma evolução nos aspectos que mais os aproximam da sociedade, como por
exemplo a conversa com algum desconhecido, ou até mesmo com os familiares,
coisa que para um autista não verbal é quase que impossível sem o auxílio de uma
fonoaudiologia.

Recentemente, em um instituto de recursos e assistência social em


Pernambuco, a SASSEPE, foi denunciada por alguns pais de autista por não mais
amparar os beneficiários em atendimentos nas clínicas regionais. Atualmente, a
SASSEPE tem 22 anos de existência e possui 180 mil beneficiários, embora tenha
uma potência considerável como intermediador no amparo não só de pacientes
como qualquer que seja a dependência de uma assistência hospitalar ou social, a
instituição vem sendo assolada por uma crise financeira, e segundo um blog na UOL
esse montante chega a quase 300 milhões, são dívidas acumuladas em atrasos no
pagamento de hospitais e clínicas.

Segundo a matéria do G1, mais precisamente em 05 de junho do ano


corrente, foi divulgado alguns hospitais que não receberam pelos serviços prestados
aos beneficiários do instituto, e aqui vamos citar alguns destes:

Recentemente, em um instituto de recursos e assistência social em Pernambuco, a


SASSEPE, foi denunciada por alguns pais de autista por não mais amparar os beneficiários
em atendimentos nas clínicas regionais. Atualmente, a SASSEPE tem 22 anos de existência
e possui 180 mil beneficiários, embora tenha uma potência considerável como intermediador
no amparo não só de pacientes como qualquer que seja a dependência de uma assistência
hospitalar ou social, a instituição vem sendo assolada por uma crise financeira, e segundo
um blog na UOL esse montante chega a quase 300 milhões, são dívidas acumuladas em
atrasos no pagamento de hospitais e clínicas.
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Segundo a matéria do G1, mais precisamente em 05 de junho do ano corrente, foi


divulgado alguns hospitais que não receberam pelos serviços prestados aos beneficiários do
instituto, e aqui vamos citar alguns destes:

• HOSPITAL MEMORIAL ARCOVERDE, NO SERTÃO

• HOSPITAL MEMORIAL DE GOIANA, NA ZONA DA MATA

• HOSPITAL SÃO VICENTE, EM SERRA TALHADA, NO SERTÃO

• HOSPITAL SÃO FRANCISCO, SERRA TALHADA

• PRONTO SOCORRO SÃO FRANCISCO, EM SALGUEIRO, NO SERTÃO

O fato é que casos como esse já vem acontecendo a tempos, de governo a


governo e nada vem se formando para solucionar a problemática, onde as instituições
lucram com os beneficiários e simplesmente deixam de arcar com o que foi acordado em
contrato que é amparar os beneficiários de qualquer que seja a enfermidade.

3.1 POSICIONAMENTO DA ANS

A Agência Nacional de Saúde vem tentando se posicionar diante de tais


incoerências, debruçando nas suas resoluções, a agência reguladora se torna uma
coadjuvante neste quadro problemático, e vem sendo exigida cada vez mais para ser o pilar
de solução em todos os sentidos. Contudo, tenta mediar os conflitos, que não são poucos,
para não causar uma eventual litigância sem solução e até mesmo sem punição.

Regulamentando critérios para as entidades não abusar das comercializações e


contratações de serviços, a agência, de um modo geral, se encontra com diversas
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demandas com relação a contratos abusivos, da falta dos repasses das intuições para os
hospitais e clínicas, acarretando a falta de atendimento aos pacientes. Na ocasião, os
hospitais, por sua vez, não conseguem ter os pagamentos de seus funcionários em dia, es
como efeito cascata, demitem diversos médicos ou diminuem os seus proventos, e estes se
demitem e acabam se transferindo para outros hospitais ou até mesmo se tornando
autônoma.

Tendo como relator o senador Romário Farias, pai de uma menina com Síndrome de
Downs, se identifica e muito com o assunto em pauta, no entanto, independente ou não de
matéria controvertida de observância do ordenamento, os planos de saúde têm e muito que
o que fazer.

Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho, diretor presidente da ANS, eleito em


13/07/21, ficará no cargo até 21/12/24, no momento, a frente desta árdua função, pois
regulamentar as divergências na área da saúde não é tarefa fácil, estamos falando de vida,
da saúde do próximo, essas e outras nuances são fatores relevantes para engrenagem de
um sistema fundamental.

No nosso país foi criado a ANS, nos Estados Unidos foi criado o FDA (Food and
Drug Administration), criada muito antes da ANS mais precisamente em 1862, a instituição
tem a mesma função da agência aqui no Brasil, ou seja, regulamentador da área da saúde
mas no caso da FDA é um pouco além, pois ela também tem atuação não só na saúde
privada mas também no setor público. Mediante a isso, nos deparamos com o sentimento
que temos que nos aprimorar para o cidadão ter condições de uma vida digna na área da
saúde.

3.2 SITUAÇÕES ENFRENTATADAS POR PAIS DE AUTISTAS

Algumas situações são facilmente contornadas nos atendimentos aos pacientes com
TEA, mas em certas ocasiões isso não é possível, deixando os pais sem muitas opções a
não ser recorrer ao judiciário, em paralelo ficam sem muitas alternativas a não ser esperar
decisões que perduram por anos às vezes, em grande escala essas ações são
correlacionadas e direcionadas aos planos de saúde no intuito de alavancar o
acompanhamento e evolução no desenvolvimento dos portadores da doença.

Os pais sofrem e demais com essas ausências de atendimento, pois retardam a


inclusão de seus filhos na sociedade configurando como um meio causando de segregação.
23

É importante dizer que muitas leis como já dito anteriormente foram criadas para inibir a
segregação e muito já não se fala em segregação, mas, em verdade, ela ainda assombra os
pais pelo fato de a sociedade não ter se adaptado a doença TEA, em específico.

Um exemplo bem concreto que ocorre no dia a dia nas ruas e que é uma situação
bem normal para os autistas, se irritarem por algum motivo, querer que compre um
brinquedo e os pais não atendem ao pedido seria um exemplo, respondem em atitudes
automáticas como gritos, se jogar no chão, bem como também tentam agredir os próprios
pais, muito semelhante a uma criança pirracenta, isso causa, de imediato, por algumas
pessoas, o desdenho, os múrmuros taxando a criança autista de pirracenta e que não teve
uma educação adequada, fatos assim; é muito constrangedor para os pais e até mesmo
para os que ali assistam a este cenário.

Outra forma que os pais se deparam também é quando os filhos são rejeitados nos
shopping centers, nos restaurantes, nas praças, ou em qualquer outro local público pois em
nenhum momento as pessoas aos arredores nem sequer tentam a aproximação dessas
crianças, ou seja, não é pelo fato de a criança não se interagir que ela não pode receber a
atenção que precisa, não é pelo fato de não conversar que não seja uma ação voluntária
desta criança.

Algumas crianças autistas não são portadoras de graus elevados, em casos mais
brando da doença elas conseguem de uma forma limitada, se interagir, conversar, até
trabalhar e levar uma vida como um adulto normalmente.

Nas situações em que os pais não aceitam de início que seu filho é portador da
doença, dificulta mais ainda em todas as vertentes, sendo de total falta de informação ou por
falta de um cuidado psicológico, de certa forma é mais viável se consultar com um
especialista para combater esse bloqueio que geralmente acontece quando começa a
perceber que a criança se comporta como um autista de fato.

É difícil tanto para os pais como para os filhos, pois uns se comprometem com o
outro de formas diferente, os pais ficam incumbidos de buscar

Metodologia Em termos metodológicos, a pesquisa compreende duas etapas principais: a


primeira compreende o procedimento de coleta documental e levantamento bibliográfico, e a
24

segunda de pesquisa de campo. Esses procedimentos se destrincharão de forma inter-relacional,


uma vez que: As fases da pesquisa de campo requerem, em primeiro lugar, a realização de uma
pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Ela servirá como primeiro passo, para se saber em
que estado se encontra atualmente o problema, que trabalhos já foram realizados a respeito e quais
são as opiniões reinantes sobre o assunto. (MARCONI e LAKATOS, 2003, p.188) A pesquisa
documental foi realizada na Secretaria Municipal de Educação (SEMED) em Castanhal – PA, com
enfoque no levantamento de dados quantitativos, com vistas a obtenção de informação sobre o
número de alunos com deficiência matriculados em escolas municipais, vale ressaltar que, os alunos
com deficiências matriculados nestas instituições estão em turmas regulares. A coleta de dados na
SEMED dividiu-se em dois momentos: o primeiro se direcionou ao setor de estatística para
levantamento do número de estudantes do município; o segundo recorreu-se a assessora de
Educação Especial, com o escopo de obter informações sobre aspectos que tangem esta modalidade
no município. Segundo o setor de estatística os professores que atuam com a educação especial são
mais de 300 e auxiliares são cento e cinquenta, o número de estudante do município são 27.126 e o
número de estudantes com deficiências são 520, porém a maioria não possui laudo, por dois
motivos: a família não se interessa ou a demora do atendimento. Conforme a assessora da educação
especial, a maioria dos alunos não possui laudo, trabalhando somente com hipótese diagnóstica. De
acordo com a mesma, o município possui 8 salas de recursos multifuncionais, que são divididas em
tipo I e tipo II, a primeira atende todas as deficiências e a segunda atende aos deficientes visuais. Por
seu turno, o lócus deste trabalho é a Escola Municipal Latif Jatene, que está localizada na cidade de
Castanhal – PA. A sala em que o aluno estuda possui vinte e sete alunos: dezessete meninos e dez
meninas. A pesquisa está calcada em entrevistas, tendo como sujeitos: a professora da sala regular e
a do Atendimento Educacional Especializado. Foram coletadas as narrativas das docentes, através de
entrevistas semiestruturadas, visando adquirir informações acerca do aluno autista, cabe ressaltar
que houve termo de consentimento da pesquisa para as entrevistadas e solicitação de autorização
para a realização da pesquisa na escola, na qual a vice-diretora assinou o requerimento. Resultados
Através da pesquisa realizada na SEMED foi constatada que não há classe especial no Município de
Castanhal, o que evidencia que estamos rumo ao processo de inclusão, pois não há divisões entre
alunos, o que resulta num contraste com o antigo modelo de educação especial que, conforme Orrú
(2011, p. 43) “[...] apresenta-nos uma concepção centrada no déficit e/ou na doença no que diz
respeito a pessoa com deficiência, desmerecendo a importância dos aspectos socioculturais próprios
da condição humana”. Na visão de Ferreira (2005, p.65) a inclusão escolar é justamente garantir o
acesso e a permanência do aluno na escola, seguida “do mais pleno desenvolvimento escolar de
todos os alunos, em um espaço de relações educacionais que valorize a diversidade como riqueza
humana e cultural”. A entrevista realizada com uma professora que atua há dois anos no
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Atendimento Educacional Especializado, atende vinte discentes com deficiências, dentre os quais há
um estudante autista. Durante a entrevista, a professora relatou que nunca havia trabalhado com
aluno autista, no entanto ela afirmou que buscou informações sobre o autismo, isso mostrou a sua
disposição em aprender, pois segundo Cunha (2012, p. 52) é imprescindível que os educadores “[...]
não se acomodem, mas investiguem, pesquisem e se lancem a desafios.” Em uma ocasião a
professora relatou que a mãe do aluno, acima mencionado, suspeitava que ele fosse autista, pelas
características que apresentava, e a professora concordou. Podemos perceber a importância que

Referências BRASIL. Decreto Nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Brasília, 2011.

Disponível em: 2014/2011/Decreto/D7611.htm. Acesso em: 13 Jun 2014. CUNHA,

Eugênio. Autismo e inclusão: psicopedagogia e práticas educativas na escola e na família. 4


ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

Seção que pactua a educação como direito de todos. Disponível em: . Acesso em: 04 Jun
2014. FELICIO, Viviane Cintra.

O Autismo e o Professor: Um saber que pode ajudar. Bauru, 2007. FERREIRA, Maria Cecília
Carareto.

Ressignificando as práticas pedagógicas da escola comum na perspectiva da educação


inclusiva. In: Anais do IX Seminário capixaba de educação inclusiva – Ressignificando conceitos e
práticas: a contribuição da produção científica. Vitória:

UFES, 2005. MARCONI, M. D.; LAKATOS, E. V. Fundamentos de metodologia científica. 5.


ed. São Paulo, Atlas, 2003. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO;

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO; CÂMARA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Resolução nº 4, de


2 de outubro de 2009. Disponível em: . Acesso em: 04 Jun 2014. ORRÚ, Sílvia Ester.
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Autismo: o que os pais devem saber? . 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Walk Editora, 2011. SEESP;
MEC. Atendimento Educacional Especializado - AEE. Disponível em: . Acesso em: 25 Mai. 2014.

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