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JOÃO PESSOA/PB
2023
PAULIANA CAETANO LIMA
João Pessoa/PB
2023
PAULIANA CAETANO LIMA
COMISSÃO JULGADORA
_________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Mariana Albernaz Pinheiro de Carvalho
Presidente da comissão ou Banca (Orientadora)
Programa de Mestrado Profissional em Gerontologia – UFPB
________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Carla Kalline Alves Cartaxo Freitas
Membro Externo Titular
Universidade Federal de Sergipe – UFS
________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi
Membro Interno Titular
Programa de Mestrado Profissional em Gerontologia – UFPB
Dedico esta dissertação aos meus pais, Paulo e
Lizete, que com seu amor incondicional, incentivos
e investimentos, me impulsionaram para buscar
aprimoramento pessoal e profissional e acreditar que
como filha de Deus, sou digna e capaz de chegar aos
melhores e maiores objetivos. Gratidão por toda
dedicação e presença em minha vida. Todas as
minhas vitórias, especialmente esta, são dedicadas a
vocês. Amo muito vocês.
AGRADECIMENTOS
A Deus, minha fé, fortaleza, refúgio e porto seguro que, em sua infinita
misericórdia, sempre me protege e me conduz pelos caminhos da vida. Nada é impossível
para quem em ti acredita, gratidão por tua bondade e cuidado amoroso em todos os momentos
da minha existência.
Aos meus pais, Paulo e Lizete, por todo amor, dedicação e investimentos.
Obrigada por uma vida inteira de dedicação e presença em cada etapa e desafios da minha
vida, todas as minhas vitórias, especialmente esta, são dedicadas a vocês.
Ao meu esposo, Igor, meu amor pelo companheirismo, carinho e paciência, por
estar ao meu lado em cada instante desse percurso, pela compreensão e apoio, principalmente
na etapa final.
Aos demais familiares e amigos queridos, pelo apoio e torcida constante para o
alcance dos meus objetivos e vitórias alcanlçadas.
À Profª. Drª. Greicy Kelly Gouveia Dias Bittencourt, como minha primeira
orientadora, pelo incentivo desde o início do trabalho, por me receber carinhosamente e pela
serenidade em que me guiou nas etapas iniciais e me orientar na organização do projeto após
o ingresso no mestrado. Sua atenção e sensibilidade contribuíram para meu crescimento
profissional e como pesquisadora.
Às Prof.as Dras. Carla Kalline Alves Cartaxo Freitas e Maria Lúcia do Carmo Cruz
Robazzi, agradeço a disponibilidade em participar da minha banca de qualificação e pelas
enriquecedoras contribuições para este trabalho, permitindo o aprimoramento do meu estudo.
Fico muito feliz por fazerem parte deste momento especial da minha trajetória profissional e
acadêmica.
Ao setor da Clínica Médica, onde cumpro maior parte da minha carga horária de
trabalho, especialmente à coordenação de enfermagem na pessoa da Enf. Valkenia pela
compreensão, incentivo, flexibilidade que contribuíram para minha assiduidade nas aulas do
mestrado.
RESUMO
ABSTRACT
Introduction: The increase in the incidence of Diabetes Mellitus has had consequences for
public health due to the consequences that it can cause in the lives of affected people. Many
individuals with diabetes lose sensation and may develop foot deformities, leading to diabetic
foot. Objective: To elaborate a nursing consultation instrument for elderly people with
Diabetes Melittus in the perspective of the prevention and treatment of Diabetic Foot Ulcers
assisted in an outpatient service, based on Orem's theory of self-care. Method: This is a
methodological research, as it focuses on the development of research tools and methods, with
the aim of building solid, motivated and accurate instruments that can be used by other
people. The study stages included: an integrative review aimed at identifying self-care deficits
in elderly people with Diabetes Mellitus and the development of an instrument based on
scientific evidence found in the literature, with the main self-care deficits identified in elderly
people with Diabetic Foot Ulcers. The construction of the review culminated in the selection
of 38 articles. From these findings, a synthesis was presented, with a description of the main
results and self-care deficits according to Orem's self-care theory. Results: From the survey
carried out, it was identified in the literature a low level of knowledge of health professionals
on the subject and limitation regarding the self-care of the individual with diabetic foot and in
the long term, in the elderly. After identifying the self-care deficits, it was possible to
construct the first version of the instrument for the consultation, prevention and treatment of
Diabetic Foot Ulcers in the elderly in an outpatient service at the University Hospital Lauro
Wanderley. Conclusion: Based on the elaboration of the instrument, it was possible to
reaffirm the importance of elaborating and implementing tools that can systematize and
qualify the nursing care practice in the context of self-care of the elderly with Diabetes
Mellitus.
RESUMEN
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................... 13
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15
3 MÉTODO .......................................................................................................................... 29
REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 50
13
APRESENTAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Desde a segunda metade do século XX, o Brasil vivencia uma transição demográfica e
epidemiológica como consequência do rápido envelhecimento da população, da urbanização e
do estilo de vida com a dieta inadequada, o sedentarismo, e o consumo de tabaco e álcool.
Tais fatores contribuem para o crescimento expressivo das Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT), que são as principais causas de morte no mundo e têm gerado
diminuição da qualidade de vida, além de inúmeras limitações, incapacidades, fortes impactos
financeiros e familiares para a sociedade como um todo. Dentre as DCNT, o Diabettes
Melittus (DM) destaca-se como um grave problema de saúde pública devido a sua crescente
ascensão e às elevadas taxas de morbimortalidade (MIRANDA, MENDES, SILVA, 2016).
A Federação Internacional de Diabetes (FDI) estimou, em 2017, que 8,8% da
população mundial com 20 a 79 anos de idade, ou seja, 424,9 milhões de pessoas com essa
condição. Se as tendências persistirem, o número de diabéticos foi projetado para ser superior
a 628,6 milhões em 2045. Cerca de 79% situam-se em países em desenvolvimento, nos quais
deverá ser majorado os casos de diabetes nas próximas décadas. No Brasil, as estatísticas são
extremamente preocupantes, pois, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD),
atualmente, 12 milhões de indivíduos apresentam essa doença (FDI, 2017; SBD, 2019).
Esse aumento ocorreu principalmente nas faixas etárias mais altas, sendo um problema
ainda maior entre os idosos, pela morbidade e por ser um dos principais fatores de risco
cardiovascular e cerebrovascular (MENDES et al., 2011). A estimativa é que em 2025
existirão cerca de 34 milhões de idosos, o que representa 15% da população total (VIEIRA et
al., 2015).
Em inquérito telefônico realizado em 2018 pela Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas (Vigitel), identificou-se que o DM aumenta de acordo com a
idade da população, uma vez que 23,1% dos brasileiros com mais de 65 anos referiram a
doença, um índice bem maior do que o observado entre as pessoas que estão na faixa etária
entre 18 e 24 anos, das quais 0,8% são pessoas com DM (BRASIL, 2019).
Estudos mostram que o DM acomete 18% dos idosos e que 50% das pessoas com DM
tipo 2 têm mais de 60 anos de idade. Além disso, o diabetes nesta população está relacionado
a um maior risco de morte prematura por conta da associação com outras comorbidades e
grandes síndromes geriátricas (MARQUES et al., 2019).
Idosos com DM têm duas vezes mais riscos de desenvolver demência. A disfunção
cognitiva dificulta aos pacientes o desempenho das tarefas de autocuidado, como o controle
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
prévia, úlcera nos pés no passado, neuropatia periférica, deformidade nos pés, doença
vascular periférica, nefropatia diabética (especialmente em diálise), mau controle glicêmico e
tabagismo (BOULTON et al., 2008).
Na neuropatia diabética periférica, todas as fibras, sensitivas, motoras e autonômicas
são afetadas. A neuropatia sensitiva está associada à perda da sensibilidade dolorosa,
percepção da pressão, temperatura e da propriocepção. Devido à perda dessas modalidades, os
estímulos para percepção de ferimentos ou traumas estão diminuídos ou nem são perceptíveis,
o que pode resultar em ulceração. Geralmente, admite-se que a neuropatia motora acarrete
atrofia e enfraquecimento dos músculos intrínsecos do pé, resultando em deformidades, em
flexão dos dedos e em um padrão anormal da marcha. As deformidades resultarão em áreas de
maior pressão, como, por exemplo, sob as cabeças dos metatarsos e dos dedos (BRASIL,
2019).
A neuropatia autonômica conduz à redução ou à total ausência da secreção sudorípara,
levando ao ressecamento da pele, com rachaduras e fissuras. Além disso, há um aumento do
fluxo sanguíneo por meio dos shunts arteriovenosos, resultando em um pé quente, algumas
vezes edematoso, com distensão das veias dorsais (BRASIL, 2019).
A disfunção cognitiva e demência são mais frequentes em idosos com DM, fato que
dificulta, aos pacientes, o desempenho das tarefas de autocuidado, como o controle da
glicemia capilar, administração de doses de insulina e adoção de dieta apropriada. Além disso,
o envelhecimento cerebral, problemas osteoarticulares e a presença de catarata associada à
retinopatia diabética, podem impactar de forma negativa nas atividades de autocuidado e
somatizar a ocorrência do pé diabético nessa população (ADA, 2019).
Toda a área do conhecimento para se caracterizar como ciência precisa ser regida por
teorias. Com a enfermagem não foi diferente, visto que ela só conseguiu se consolidar como
ciência e arte porque produziu uma linguagem específica que atribuiu significado aos
elementos fundamentais da profissão. Esta linguagem específica pode ser representada pelas
teorias de enfermagem, que têm o objetivo maior de definir, caracterizar e
explicar/compreender/interpretar, a partir da seleção e inter-relação conceitual, os fenômenos
que configuram domínio de interesse da profissão (ALCÂNTARA et al., 2011).
O autocuidado, um pequeno conceito introduzido por Dorothea Elizabeth Orem em
1969, trata-se de uma atividade aprendida por indivíduos, orientada para um objetivo. Um
comportamento que existe em situações concretas de vida, dirigido por pessoas sobre nós
mesmos, para os outros ou para o meio ambiente, para regular os fatores que afetam o seu
próprio desenvolvimento e funcionamento em benefício da sua vida, saúde ou bem ser. O
modelo de autocuidado é composto de três teorias inter-relacionadas: Teoria do autocuidado;
Teoria do déficit de autocuidado e Teoria dos sistemas de enfermagem. Também são três os
requisitos de autocuidado apresentados por Orem: universais; de desenvolvimento e de desvio
de saúde (OREM, 1995).
Para Orem (1995), existem fatores condicionantes básicos internos ou externos ao
indivíduo que afetam sua capacidade de cuidar do próprio cuidado. Eles também afetam o tipo
e a quantidade de autocuidado necessários, sendo chamados de fatores condicionantes
básicos. Assim, Orem (1995) identificou dez variáveis agrupadas neste conceito: idade; sexo;
estado de desenvolvimento; estado de saúde; orientação sociocultural; fatores do sistema de
saúde; fatores do sistema familiar; padrão de vida; fatores ambientais; disponibilidade e
24
adequação de recursos. Eles podem ser selecionados para os fins específicos de cada estudo
em particular, uma vez que, de acordo com seus pressupostos, devem estar relacionados com
o fenômeno de interesse a ser investigado (OREM, 1996).
A teoria geral do déficit de autocuidado é uma relação entre a demanda por
autocuidado terapêutico e autocuidado das propriedades humanas em que as habilidades
desenvolvidas para o autocuidado que constituem ação, não são adequadas para identificar e
responder a demanda existente ou prevista de autocuidado terapêutico. Nesta situação, uma
pessoa pode precisar de ajuda que pode advir de muitas fontes, incluindo de intervenções de
familiares, amigos e profissionais de enfermagem (HERNÁNDEZ; PACHECO; SANCHÉZ,
2017).
Orem (1995) estabelece também a existência de três tipos de sistema de enfermagem.
Os elementos básicos que constituem um sistema de enfermagem são: a enfermeira; o
paciente ou grupo de pessoas e os eventos que ocorreram, incluindo interações com familiares
e amigos.
Os sistemas de enfermagem têm vários atributos em comum, notadamente: os
relacionamentos de enfermagem que precisam ser claramente estabelecidos; as funções gerais
e específicas da enfermeira, do paciente e de outras pessoas importantes que devem ser
determinadas, ou seja, o escopo da responsabilidade da enfermagem precisa ser determinado;
a ação específica a ser realizada deve ser formulada para atender às necessidades específicas
de cuidados de saúde; a ação necessária para regular a capacidade de autocuidado para
atender às futuras demandas de autocuidado (OREM, 1995).
De acordo com Hernández; Pacheco e Sanchéz (2017), existem três tipos de sistema
de enfermagem: 1) Sistema totalmente compensatório: é o tipo de sistema necessário quando
o enfermeiro desempenha a função compensatória principal para o paciente. Trata-se daquele
no qual o enfermeiro encarrega-se de atender aos requisitos universais de autocuidado do
paciente até que ele possa retomar seus cuidados ou quando tenha aprendido a se adaptar a
qualquer deficiência; 2) Sistema parcialmente compensatório: este sistema de enfermagem
não requer a mesma amplitude ou intensidade de intervenção de enfermagem que o sistema
totalmente compensatório. O enfermeiro atua de forma compensatória, mas o paciente está
muito mais envolvido no próprio cuidado em termos de tomada de decisão e ação e 3)
Sistema de apoio educacional: Este sistema de enfermagem é adequado para o paciente que é
capaz de realizar as ações necessárias ao autocuidado e pode aprender a se adaptar a novas
situações, mas atualmente precisa do auxílio da enfermagem, às vezes isso pode significar
25
Figura 1 – Fluxograma descritor dos resultados obtidos a partir da estratégia de busca, conforme a estratégia
PRISMA.
(n = 38)
de 2014 e 2020, sendo 7 (18,9%) publicados em cada ano. Quanto à nacionalidade, o país
com maior percentual de artigos sobre o tema foi o Brasil, num total de 7 (18,9%).
A análise dos estudos que compuseram a amostra da revisão possibilitou identificar
diversificadas formas de métodos de pesquisa, sendo que foram mais utilizados os métodos
descritivos e exploratório transversal (nível de evidência VI). Apenas dois artigos foram
estudos randomizados com nível II de evidência.
O nível de evidência de 29 (78,4%) dos artigos que compuseram a amostra desta
revisão integrativa foi classificado como fracos (nota seis), com exceção daqueles que
trouxeram ensaios clínicos, sendo que os estudos A2 e A14 foram classificados com nível de
evidência II e A26 e A38 com nível III (Quadro 01).
Quadro 01: Distribuição dos artigos de acordo com o título, ano e país, nível de evidência e delineamento
metodológico. João Pessoa, PB, Brasil, 2022. (Continua...)
ARTIGO ANO E NÍVEL DE DELINEAMENTO
PAÍS EVIDÊNCIA METODOLÓGICO
A1 Autocuidado de los pies en pacientes 2020 Estudo descritivo
VI
diabéticos Cuba transversal
A2 Relationships of health literacy to self-care
2018 Desenho exploratório
behaviors in people with diabetes aged 60 and VI
Korea transversal
above: empowerment as a mediator
A3 “The effects of self-efficacy enhancing
program on foot self-care behaviour of older
2018 Estudo controlado
adults with diabetes: a randomised controlled II
Malásia randomizado
trial in elderly care facility, Peninsular
Malaysia”
A4 Diabetic foot disease, self-care and clinical
monitoring in adults with type 2 Diabetes: the 2015 Estudo de coorte
IV
Alberta's Caring for Diabetes (ABCD) cohort Canadá prospectivo
study
A5 Evaluation of diabetic foot screening in Estudo multicêntrico,
2014
Primary Care VI epidemiológico
Espanha
transversal
A6 Capacidades y actividades en el 2014 Estudo quantitativo,
VI
autocuidado del paciente con pie diabético Peru descritivo transversal
A7 Association between Foot Care Knowledge
2019 Estudo exploratório
and Practices among African Americans with VI
EUA de campo
Type 2 Diabetes: An Exploratory Pilot Study
A8 The role of foot self-care behavior on
2014 Estudo longitudinal
developing foot ulcers in diabetic patients with VI
Taiwan prospectivo
peripheral neuropathy: a prospective study
A9 Impact of action cues, self-efficacy and
perceived barriers on daily foot exam practice 2012
VI Estudo transversal
in type 2 diabetes mellitus patients with Taiwan
peripheral neuropathy
A10 Relation between causes of Estudo descritivo de
2020
hospitalization and self-care in older adults VI abordagem
Chile
with diabetes mellitus quantitativa
A11 A cohort study of diabetic patients and 2015
IV Estudo de coorte
diabetic foot ulceration patients in China China
27
Quadro 01: Distribuição dos artigos de acordo com o título, ano e país, nível de evidência e delineamento
metodológico. João Pessoa, PB, Brasil, 2022. (...Continuação)
ANO E NÍVEL DE DELINEAMENTO
ARTIGO
PAÍS EVIDÊNCIA METODOLÓGICO
A12 Foot Care Education Among Patients With
2020 Estudo quantitativo
Diabetes Mellitus in China: A Cross-sectional
China VI transversal.
Study
A13 An Investigation of Diabetes Knowledge
Levels Between Newly Diagnosed Type 2 2016
VI Estudo transversal
Diabetes Patients in Galway, Ireland and New Irlanda
York, USA: A Cross-Sectional Study
A14 Efeito do grupo operativo no ensino do
2020 Ensaio clínico
autocuidado com os pés de diabéticos: ensaio II
Brasil randomizado
clínico randomizado
A15 Development, validation and
psychometric analysis of the diabetic foot self- 2015 Estudo de validação
VI
care questionnaire of the University of Malaga, Espanha transversal
Spain (DFSQ-UMA)
A16 Evaluation of diabetic foot screening in Estudo multicêntrico,
2014
Primary Care VI epidemiológico e
Espanha
transversal
A17 Actividades de prevención y factores de 2014 Estudo descritivo
VI
riesgo en diabetes mellitus y pie diabético Colômbia transversal
A18 Knowledge, attitudes and practices for the 2014
VI Estudo transversal
prevention of diabetic foot Brasil
A19 Quality of Life in Diabetic Foot Ulcer:
Associated Factors and the Impact of 2020
VI Estudo transversal
Anxiety/Depression and Adherence to Self- Grécia
Care
A20 Conhecimentos e práticas para a 2019 Estudo descritivo e
VI
prevenção do pé diabético Colômbia transversal
A21 Conocimientos sobre factores de riesgos y
2021 Estudo descritivo
medidas de autocuidado en pacientes con
Cuba VI transversal
diabetes mellitus tipo 2 con úlcera neuropática
A22 Differences in foot self-care and lifestyle
2016
between men and women with diabetes VI Estudo transversal
Brasil
mellitus
A23 Locus de controle da saúde, imagem
2017 Estudo descritivo,
corporal e autoimagem em indivíduos VI
Brasil analítico controlado
diabéticos com pés ulcerados
A24 Foot self-care behavior and its predictors 2020
VI Estudo transversal
in diabetic patients in Indonesia Indonésia
A25 A self-efficacy education programme on
foot self-care behaviour among older patients Estudo pré-
2017
with diabetes in a public long-term care III experimental e pós-
Malaysia
institution, Malaysia: a Quasi-experimental quase experimental
Pilot Study
A26 Importance of factors determining the low
2013
health-related quality of life in people
Europa VI Estudo transversal
presenting with a diabetic foot ulcer: the
(10 países)
Eurodiale study
A27 Promoção da saúde de pessoas com
2016 Estudo de método
diabetes mellitus no cuidado educativo VI
Brasil misto
preventivo do pé-diabético
A28 Quality of Foot Care Among Patients
2020
With Diabetes: A Study Using a Polish Version
United VI Estudo transversal
of the Diabetes Foot Disease and Foot Care
States
Questionnaire
28
Quadro 01: Distribuição dos artigos de acordo com o título, ano e país, nível de evidência e delineamento
metodológico. João Pessoa, PB, Brasil, 2022. (Conclusão.)
Artigo NÍVEL DE DELINEAMENTO
Ano e país
EVIDÊNCIA METODOLÓGICO
A29 Illness beliefs predict self-care behaviours 2014
Estudo de coorte
in patients with diabetic foot ulcers: a Reino VI
prospectivo
prospective study Unido
A30 The investigation of demographic
characteristics and the health-related quality of 2012
IV Estudo transversal
life in patients with diabetic foot ulcers at first China
presentation
A31 People with diabetes foot complications
2018 Estudo de coorte
do not recall their foot education: a cohort IV
Austrália prospectivo
study
A32 Self-efficacy of foot care behaviour of 2017
VI Estudo transversal
elderly patients with diabetes Malásia
A34 Avaliação do pé nos portadores de Estudo transversal de
2021
diabetes melitus VI abordagem
Brasil
quantitativa
A34 Factors associated with foot ulcer self-
2019
management behaviours among hospitalised IV Estudo transversal
Taiwan
patients with diabetes
A35 Evaluation of Knowledge Levels About
2021
Diabetes Foot Care and Self-Care Activities in VI Estudo descritivo
Turquia
Diabetic Individuals
A36 The influence of beliefs about health and Estudo exploratório
2013
illness on foot care in ugandan persons with VI com amostra
Uganda
diabetic foot ulcers consecutiva
A37 Effect of intensive nursing education on
the prevention of diabetic foot ulceration 2014 Estudo experimental
III
among patients with high-risk diabetic foot: a China não-controlado
follow-up analysis
A38 Factors associated with foot ulceration of
2017
people with diabetes mellitus living in rural VI Estudo transversal
Brasil
áreas
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
29
3 MÉTODO
Visando atender aos objetivos propostos, a pesquisa foi desenvolvida em duas etapas,
conforme a descrição a seguir:
Primeira etapa: esta fase do estudo consistiu na realização de uma revisão integrativa
da literatura acerca dos problemas identificados em idosos com UPD, visando à identificação
dos déficits de autocuidado em idosos com DM. Tais déficits constituíram o instrumento para
consulta de enfermagem ao idoso com UPD assistido em um serviço ambulatorial.
A presente revisão permitiu a sumarização sistemática com base no conhecimento
científico sobre a temática em estudo. Neste estudo, foram respeitadas as seguintes etapas: 1)
Escolha e definição do tema (elaboração da questão norteadora); 2) Busca na literatura
(Amostragem); 3) Critérios para a categorização dos estudos (coleta de dados); 4) Avaliação
dos estudos incluídos nos resultados; 5) Discussão do resultado e 6) Apresentação da revisão
integrativa.
30
Para a revisão, buscou-se por artigos que respondessem a seguinte questão norteadora:
“Quais os fatores relacionados aos déficits de autocuidado dos idosos com Úlcera de Pé
Diabético”? Nesse sentido, foi realizada uma busca de artigos nas seguintes bases de dados
indexadas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): Scientific Electronic Library Online
(SCIELO); Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS);
Medical Literature Analysis and Retrieval Sys- tem on-line (MEDLINE) e banco de dados em
Enfermagem (BDENF).
Foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) com o operador
booleano AND: pé diabético AND autocuidado AND idoso AND enfermagem. No estudo,
foram incluídas publicações nacionais e internacionais disponíveis nos idiomas português,
inglês e espanhol, de 2011 a 2021, que abordassem informações relacionadas ao tema
pesquisado e que tivessem, em sua amostra, um número absoluto de idosos superior às demais
faixas etárias, além de serem artigos originais.
Como critérios de exclusão, foram definidos os seguintes: publicações repetidas;
títulos que não correspondessem à questão norteadora; artigos de revisão; teses; dissertações;
monografias; livros; capítulos de livros; manuais; comentários; artigos de opinião e produção
não científica. Em seguida, os artigos foram refinados por meio de verificação dos títulos e
palavras-chave, de modo que foram selecionados aqueles que mencionaram, no mínimo, dois
descritores daqueles definidos nos critérios pré-estabelecidos como critérios de busca.
Após a busca, todos os artigos identificados foram lançados no gerenciador de
referências EndNote Basic e, em seguida, no Software Rayyan, a partir do qual foram
removidos os duplicados e executadas as fases da revisão (ESTORNIOLO FILHO, 2018;
OUZZANI et al., 2016; COUBAN, 2016). Os artigos buscados foram avaliados quanto à sua
elegibilidade por dois pesquisadores de forma independente, com a participação de um
terceiro avaliador para os casos de desempates.
Na primeira etapa, foram identificados 424 artigos. Foram excluídos 179 por
duplicação, restando 245, sendo 4 na BDENF, 21 na LILACS, 102 na Medline e 118 na
PUBMED. Os estudos pré-selecionados na primeira etapa foram restaurados na íntegra e
avaliados. Todos os que não atenderam aos critérios de inclusão foram eliminados e os
motivos foram registrados.
Após realizada a leitura de títulos e resumos, 101 foram excluídos por duplicação,
resultando 144 dos quais 104 foram excluídos por não corresponderem aos critérios de
inclusão como: média de idade, delineamento metodológico inelegível e por não abordarem a
temática pesquisada. Apenas um artigo foi excluído por não ter sido localizado na íntegra.
31
Desta forma, a presente revisão foi composta por 38 artigos. Utilizou-se o diagrama de fluxo
do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA) para
relatar o processo de busca e seleção dos estudos, já apresentado anteriormente na Figura 1
(PAGE et al., 2021; MOURAD et al., 2016).
Segunda etapa: foi elaborado o instrumento com os principais déficits de autocuidado
identificados em idosos com Úlcera de Pé Diabético (UPD), contendo questões inerentes ao
levantamento de dados, propostas de intervenções e diagnósticos de enfermagem (orientações
de autocuidado e orientações de apoio à educação).
Considerando-se que toda pesquisa envolvendo seres humanos envolve risco mínimo
previsível, os riscos envolvidos nesse estudo foram indiretos, tendo em vista que não foram
realizados procedimentos clínicos ou invasivos, uma vez que o instrumento ainda não foi
submetido à etapa de validação. Assim, não houve contato direto da pesquisadora com juízes
especialistas. Como benefícios, destaca-se que este supera os riscos uma vez que proporcionou
resultados que subsidiarão os profissionais da saúde no planejamento e na implementação de
ações comportamentais específicas, com padronização das consultas no atendimento e
qualificação da assistência a pessoas idosas com DM.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o alcance dos objetivos do presente estudo, foi realizada uma revisão integrativa
para identificar, a partir da literatura científica, os principais déficits de autocuidado presentes
em idosos com UPD, fundamentando-se na Teoria do Déficit de Autocuidado de Orem. A
identificação e classificação dos principais déficits de autocuidado e categorização dos
mesmos contribuiu para o levantamento das necessidades de autocuidado e serviram de base
para a construção do instrumento de consulta de enfermagem em usuários diabéticos
atendidos ambulatorialmente.
Quadro 02: Relação dos déficits de autocuidado dos requisitos de autocuidado universais, desenvolvimentais e por
desvio de saúde em idosos encontrados na literatura, João Pessoa/PB, Brasil, 2022 (Continua...).
Requisitos de Déficits de autocuidado
autocuidado
Requisitos universais
Quadro 02: Relação dos déficits de autocuidado dos requisitos de autocuidado universais, desenvolvimentais e por
desvio de saúde em idosos encontrados na literatura, João Pessoa/PB, Brasil, 2022 (Conclusão)
Requisitos de Déficits de autocuidado
autocuidado
Requisitos de desvio de saúde
Conhecimento Má informação, maus hábitos de autocuidado com os pés, tempo de diabetes,
sobre medidas de hipertensão arterial, hiperlipidemia, hiperglicemia, hiperglicemia sustentada, colesterol
autocuidado dos alto, lipoproteína de alta densidade alta, nível de insulina, HDL diminuído, hábitos
pés e agravos alimentares inadequados, com doenças comórbidas, nível de HbA1c >7%, concentração
elevada de proteína C reativa, fumantes atuais, duração da úlcera no pés, doenças
comórbidas, doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), doença vascular, índice
tornozelo-braquial alterado, ausência de pulsos periféricos, amputação, nefropatia, pé
diabético, pé de risco, complicações de extremidades inferiores, disestesias, claudicação
intermitente, neuropatia, vasculopatia, retinopatia, deformidades nos pés, pouco cuidado
com os pés, cortar as próprias unhas, não testar a temperatura da água antes de colocar
os pés, aplicação de loção hidratante, uso proposital de calçados de tamanhos maiores,
não verificar o interior do próprio calçado, barreiras para encontrar o calçado
recomendado, destreza e habilidades de autocuidado inadequadas, úlceras, exames dos
pés por médicos, não examinam os pés, não perguntam sobre: disestesias, claudicação
intermitente, autocuidado diário inadequado do paciente, não verificam: pés, dentro dos
sapatos, não realizam: secagem interdigital, lubrificação dos pés, sem
automonitoramento, unhas cortadas inadequadas, não usam: meias, calçado terapêutico,
não sabiam como se faz a higiene e o que se deve observar nos pés, não execução de
cuidados como lavagem, secagem, hidratação e massagem juntos, depressão associada à
idade maior de 50 anos, sintomas depressivos associados à recorrência de úlceras,
depressão na primeira úlcera associada ao aumento da mortalidade, baixa frequência de
secagem dos espaços interdigitais, da não avaliação periódica dos pés; do hábito de
andar descalço, de higiene insatisfatória e corte inadequado de unhas foi, escaldar os
pés, calçados inadequados: chinelos ou sandálias, omitido na educação em diabetes foi a
inspeção da sola dos pés com espelho, crenças sobre os sintomas associados à
ulceração.
Conhecimento Baixo e médio nível de conhecimento sobre autocuidado, não medição do índice
sobre necessidade tornozelo-braquial, não palpação de pulsos periféricos, pacientes sem educação
de suporte diabética, não execução do exame dos pés, dificuldade no tratamento com insulina,
terapêutico e de
aumento do número de internações, aumento na pontuação da escala de autocuidado,
tratamento
descompensação do diabetes, automonitorização da glicemia, baixo controle glicêmico,
cuidados em enfermagem, visita ao podólogo no ano passado, nunca monitorizar o nível
de glicose no sangue, autogestão da úlcera foram insuficientes, não realizam os exames
laboratoriais referentes ao perfil lipídico na frequência recomendada, atividades de
prevenção dos médicos precárias e não educam sobre o autocuidado com os pés,
desconheciam o corte correto das unhas, tinham disposição para executar o autocuidado,
sua compreensão da ulceração e seu controle pessoal percebido sobre a ulceração,
úlceras do pé diabético já estavam em más condições quando os pacientes visitaram pela
primeira vez a clínica.
Situação de saúde Apresentações clínicas do diabetes, não realização do exame diário dos pés,
descompensação do diabetes, comprometimento da condição vascular, amputações
anteriores.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
interfere em úlceras, os quais mostraram achados como úlcera, úlcera do Pé Diabético, bolhas,
cortes, má perfusão tissular, presença de edema, termorregulação irregular, redução na
perfusão do membro inferior, diminuição da dilatação e permeabilidade vascular,
espessamento da membrana basal capilar; 08 estudos sobre atividades: sedentarismo,
exercício físico, atividades lazer e repouso inadequados, 05 relativos à alimentação e dieta
inadequados; 10 discorreram sobre as condições neurológicas( memória e aprendizados
comprometidos, deficiência de atenção, sintomas depressivos, poucas trocas de informações,
contar pouco com espaços de escuta).
Em se tratando dos requisitos desenvolvimentais, foram encontrados 05 déficits que
apontaram histórico médico de neuropatia e de Doença Arterial Periférica (DAP).
No tocante aos requisitos sobre desvios de saúde foram evidenciados em 102 estudos,
dos quais 72 eram relacionados a déficits sobre conhecimento, medidas de autocuidado dos
pés e agravos, DM, hiperglicemia sustentada, amputação, pé de risco, deformidades nos pés,
pouco cuidado com os pés, cortar as próprias unhas, não testar a temperatura da água antes de
colocar os pés, complicações de extremidades inferiores, doença vascular, aplicação de loção
hidratante, uso proposital de calçados de tamanhos maiores, não verificar o interior do próprio
calçado, Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP), neuropatia e nefropatia.
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Nome: _________________________________________________________ Idade: ______ Data de Nascimento: _____ /
_____ / _____
Número do Prontuário: ___________________________Cartão do SUS: ____________________________________
Sexo: ___________ Profissão: ____________________ Religião: ____________________ Naturalidade:
_________________________Cidade: _______________________ Estado Civil: [ ] Solteiro(a) [ ] Casado(a) [ ] Viúvo(a) [
] Separado(a) [ ] Outros: ______________
Escolaridade: ______________Número de filhos: ______ Pessoas residentes no domicílio: _____________________
[ ] Cônjuge/companheiro [ ] Filhos [ ] Sozinho(a) [ ]Outros: _______________________ Telefone de contato:
_____________________
4. EXAME GERAL
6. ATIVIDADE E REPOUSO
Realiza atividades da vida diária (AVD) sozinho? (1) Independente (2) Dependente (3) Necessita de ajuda
[ ] Caminhar [ ] Asseio corporal [ ] Vestir [ ] Controle vesical [ ] Controle anal [ ] Vaso sanitário [ ] Alimentação
AVD Instrumentais: (1) Independente (2) Dependente (3) Necessita de ajuda
[ ] Fazer compras [ ] Cozinhar [ ] Cuidar da casa [ ] Uso de meios de transportes [ ] Capaz de tomar sua medicação [ ] Cuidar
de suas finanças
Realiza algum tipo de atividade física? [ ] sim [ ] não qual? _____________________Frequência? __________________
Durante a prática de atividade, sente: [ ] disposição [ ] fadiga [ ] cansaço [ ] outro: _______________________________
Possui dificuldade de movimentar algum seguimento corporal? [ ] sim [ ] não qual? ______________________________
Sente dor ou desconforto com frequência? [ ] sim [ ] não Local? ______________________________ [ ] Em repouso [ ] Em
movimento
Qualidade do sono: [ ] satisfatória [ ] prejudicada [ ] insônia [ ] sonolência
Uso de medicamento inibidor ou indutor do sono? [ ] sim [ ] não qual? _________________________________________
Qualidade de vida (Autorreferida - de 1 a 10): _______________________________________________________________
7. ALIMENTAÇÃO
Queixas gástricas [ ] dor abdominal [ ] dor epigástrica [ ] dispepsia [ ] disfagia [ ] pirose Outro:
____________________________________
Dificuldade para deglutir: [ ] sim [ ] não
8. ESTADO NEUROLÓGICO
9. INTERAÇÃO SOCIAL
REQUISITOS DE DESENVOLVIMENTO
paciente
[ ] Estimular o paciente a controlar situações
[ ] Ingestão de alimentos
que desencadeiam o aumento de apetite
excessiva
[ ] Estimular o paciente a aderir à dieta
alimentar
[ ] Sobrepeso
[ ] Orientar a dieta de paciente com
restrições alimentares
[ ] Obesidade
[ ] Encaminhar para avaliação nutricional
[ ] Identificar as causas da diminuição do
[ ] Ingestão de alimentos apetite
insuficiente [ ] Avaliar condições de deglutição
[ ] Avaliar as condições da cavidade oral
[ ] Baixo peso corporal [ ] Investigar preferências alimentares do
paciente
[ ] Avaliar condição psicomotora/cognitiva
[ ] Estilo de vida sedentário
do paciente
[ ] Planejar as atividades do paciente dentro
[ ] Adesão inadequada ao
Atividade/ do nível de tolerância
regime de atividade física
Repouso [ ] Estimular a deambulação dentro de
limites seguros
[ ] Intolerância à atividade
[ ] Orientar sobre equipamentos adjuvantes
física
na transferência
[ ] Promover condicionamento para as
atividades rotineiras
[ ] Mobilidade física [ ] Instruir o paciente para evitar quedas
prejudicada [ ] Orientar a prevenção de lesão por pressão
[ ] Orientar quanto à prática de atividades
[ ] Deambulação prejudicada físicas durante o dia
[ ] Encaminhar o paciente ao serviço de
fisioterapia
Atividade/
[ ] Identificar o motivo da perturbação do
Repouso
sono
[ ] Sono e repouso
[ ] Ensinar técnica de relaxamento para
prejudicados
dormir
[ ] Propiciar ambiente calmo, livre de
[ ] Sonolência
estímulos estressores e seguro
[ ] Planejar os horários da medicação e de
[ ] Privação do sono
deitar para possibilitar o máximo de repouso
populacional de idosos em maioria em relação às outras faixas etárias, visto que a presente
revisão tinha como objetivo identificar os déficits de autocuidado neste grupo.
Idosos com DM têm uma expectativa de vida menor e são particularmente
sobrecarregados por doenças nos pés que podem levar à amputação e outras deficiências e
sofrimento físico e psicológico. Na Malásia, foi relatado que 55,3% dos pacientes com
diabetes desenvolvem problemas com pé diabético e 38,3% deles estavam entre os idosos
(SHARONI, 2017).
O envelhecimento da população mundial e o aumento abrupto exponencial de idosos
diabéticos torna a temática da UPD um desafio para os profissionais de saúde. Desse modo, é
preciso destinar orientações e estimular a adoção de práticas de autocuidado com os pés
regularmente para prevenir e retardar potenciais complicações, como evitar o ressecamento da
pele, danos entre os dedos e calosidades nos pés que podem reduzir a circulação do sangue e
gerar a ocorrência precoce de traumas e complicações. Porém, vários fatores na população
idosa podem influenciar, incluindo limitação física, estado de saúde, bem como aspectos
cognitivos e psicossociais (SHARONI, 2018).
Os idosos mostraram-se menos confiantes em proteger e verificar seus pés diariamente
quanto a qualquer anormalidade, como vermelhidão, cortes, bolhas e pele seca. A barreira
para a realização dessas tarefas pode ser justificada por condições geriátricas, como
deficiência visual e outras doenças médicas que limitam a capacidade de inspecionar e
proteger os pés adequadamente. Essa descoberta é apoiada por pesquisas anteriores que
mostraram que a autoeficácia está significativamente associada ao comportamento de
autocuidado com os pés de idosos com diabetes (SHARONI, 2017).
O estudo de Sharoni (2017), que analisou o comportamento de autocuidado com os
pés de idosos diabéticos, cita que a adoção de cuidados com os pés pode ajudar a reduzir
problemas nesses segmentos corporais em 49% a 85%. A análise dos entrevistados por meio
de um conjunto de questionários validados mostrou que os participantes tinham conhecimento
sobre a importância de cuidados com os pés para prevenção de complicações, porém, as
subescalas profissionais e cuidados com a pele receberam apenas pontuações moderadas. O
mesmo estudo aponta que apenas um pequeno número de idosos com diabetes procura
aconselhamento médico quando desenvolve uma doença; a maioria só procura assistência
profissional para tratamento quando a doença se torna grave.
No estudo de Figueiroa (2020), na análise entre o autocuidado e o suporte social,
observou-se que pacientes que moravam sozinhos, com o companheiro e/ou com a família
apresentaram maior percentual para a categoria de autocuidado parcialmente adequado.
45
Em relação ao nível educacional, uma pesquisa mostrou que participantes com nível
superior obtiveram maiores escores para o cuidado com os pés quando comparados com
aqueles que tinham ensino médio completo (SARI, 2020). Desta forma, é possível observar
que pessoas com baixo nível de escolaridade tendem a ter um menor conhecimento dos
cuidados que se deve ter com a saúde, o que aumenta o risco de hábitos de vida não
saudáveis. Portanto, é imprescindível a prática de educação em saúde.
No estudo de Pinilla (2014), envolvendo o diagnóstico nutricional, 58,9% (130) dos
idosos participantes apresentavam desnutrição por excesso (sobrepeso e obesidade) com
predominância no sexo feminino. Segundo parâmetros da Federação Internacional de
Diabetes (IDF), sobre a Síndrome Metabólica (90 cm para homens e 80 cm para mulheres), a
obesidade abdominal média é de 77,3% para homens e 95,9% para mulheres. A obesidade
abdominal medida na crista ilíaca foi de 40% para homens e 91% para mulheres e 36,7% dos
pacientes não receberam orientação dietética do médico e 39,4% não receberam orientação do
nutricionista.
Em estudo realizado na atenção básica de um município do interior paulista com o
objetivo de avaliar os pés de indivíduos portadores de DM, constatou-se que 94% dos
entrevistados não tinham lesões nos pés. No teste de sensibilidade, 88% apresentaram
sensibilidade preservada e 77% apresentaram pulso pedioso preservado, mostrando que, nos
dois testes, um percentual de pacientes já apresentava alterações nos exames, permitindo a
orientação em tempo hábil (BERNARDO, 2021).
O estudo de POLIKANDRIOTI (2020), revelou níveis moderados de adesão à dieta e
verificação dos pés, altos níveis no exame de sangue e baixos níveis de exercício. Vários
fatores são considerados responsáveis pela não adesão, como a depressão, falta de apoio
social, baixo nível de alfabetização, alto custo da medicação, acesso limitado aos cuidados de
saúde, complexidade da terapia, atitudes do médico e má comunicação com os profissionais
de saúde.
No aspecto relacionado aos déficits de desvios de requisitos desenvolvimentais que
abordam as condições necessárias para as mudanças que ocorrem ao longo dos ciclos da vida,
destaca-se que é importante serem identificados, de modo a permitir adaptações para o
desenvolvimento do indivíduo, indicando as adaptações necessárias nas mudanças nos ciclos
de vida nos casos onde já ocorreram alterações nos pés. No tocante a este requisito, foram
encontrados 05 déficits.
Nessa perspectiva, o estudo de Liu (2020) identificou que 50,4% dos pacientes com
DM apresentavam problemas de mobilidade, 28,2% em autocuidado e 47,6% em atividades
46
regulares. Além de encontrar associação significativa entre adesão aos cuidados com os pés e
problemas de mobilidade, autocuidado e atividades regulares. Também foi encontrada
associação entre a falta de adesão: ao exercício (e má mobilidade); autocuidado; atividades
regulares; dor e ansiedade. A não adesão à dieta foi associada à má mobilidade. Neste estudo,
os pacientes que apresentaram índice de não adesão também apresentaram menor qualidade
de vida.
Outro ponto a ser destacado é que a neuropatia motora altera a carga de pressão
plantar e a neuropatia autonômica reduz a transpiração da pele do pé, o que torna a pele seca e
facilmente danificada e/ou rachada. A inspeção visual da pele em busca de sinais de
ressecamento, frequentemente é vital para evitar rachaduras na integridade da pele. Desse
modo, a verificação da pele evidencia antecipadamente problemas iminentes e essa inspeção
deve ser estimulada e orientada pelos profissionais de saúde em seus atendimentos (MENG et
al., 2014).
De acordo com os resultados da pesquisa de Polikandrioti (2020), 42,1% idosos
sofriam de alguma outra doença além do diabetes, 26,3% eram tabagistas atuais e 30,8%
etilistas. Ainda apresentavam resistência à insulina, obesidade central, dislipidemia e
hipertensão. Sabe-se que a úlcera do pé diabético também está associada a problemas
cardiovasculares. Sendo assim, idosos fumantes, devido aos efeitos vasoconstritores da
nicotina em úlceras tardias ou que não cicatrizam, aumentam o risco de amputação do pé.
Pacientes com úlcera do pé diabético também têm maior risco de desenvolver
depressão e ansiedade em comparação com aqueles que não têm complicações nos pés, além
disso, observa-se que os diabéticos são duas vezes mais propensos a apresentar ansiedade e
depressão quando comparados com a população geral. Estudo realizado com pacientes idosos
com DM e com úlceras de pé diabético, mostrou que aqueles com recorrência de úlceras
foram considerados mais propensos à depressão (POLIKANDRIOTI, 2020).
Quanto aos requisitos de autocuidado nos desvios de saúde relacionados às
necessidades de autocuidado que se manifestam na presença de doenças, incapacidades e
tratamentos necessários para o restabelecimento do indivíduo, destaca-se que foram
evidenciados 102, dos quais 72 apresentam déficits sobre conhecimento acerca de medidas de
autocuidado dos pés e agravos, 24 sobre conhecimento envolvendo a necessidade de suporte
terapêutico e de tratamento e 06 sobre situação de saúde.
Confirmando o contexto de incapacidades e limitações inerentes aoS idosos com DM,
o estudo de Balcázar (2014), realizado com 60 pacientes internados por pé diabético, destacou
que em se tratando de "cuidados com os pés", 58,3% apresentaram nível inadequado de
47
cuidado, 50,0% dos usuários apresentavam lesões, como calos, infecções fúngicas e mau odor.
Essas ocorrências foram atribuídas ao uso inadequado e ao precário estado dos calçados
utilizados.
A ulceração do pé diabético pode ter sua incidência reduzida através da orientação correta
sobre cuidados podológicos, pois a identificação precoce do tecido em risco pode permitir
cuidados preventivos adequados, minimizando a ocorrência desse agravo. Tais resultados foram
mostrados em um estudo que evidenciou diminuição substancial na incidência de ulceração do pé
diabético, de modo que 185 pacientes com diabetes de alto risco para doença do pé receberam
educação intensiva em enfermagem e, após dois anos de acompanhamento, a incidência de
ulceração do pé foi significativamente reduzida (MENG et al., 2014).
Apesar de muitos profissionais terem conhecimento sobre a importância da orientação
sobre cuidados com os pés, especialmente de pacientes diabéticos, os índices de exames dos pés e
atividades de prevenção são baixos. No estudo de Bernardo et al (2021), apenas 14% dos
entrevistados autorrelataram receber orientações relacionadas ao cuidado com os pés e apenas
26% já tiveram seus pés examinados por algum profissional. Tais achados demonstram a
fragilidade da realização da educação em saúde e de uma abordagem que incluía o cuidado com
os pés de idosos diabéticos.
Em um estudo colombiano, as atividades de prevenção do pé diabético realizadas por
médicos foram precárias, pois 59,5% dos pacientes relataram não ter recebido orientações sobre o
autocuidado com este segmento corporal. Da mesma forma, 57,1% dos pacientes relataram que o
médico ambulatorial não havia examinado os pés no momento da consulta (PINILIS et al., 2014).
As diretrizes do Grupo Internacional de Pé Diabético reforçam a relação custo-benefício
das atividades de prevenção para reduzir a prevalência de úlceras e amputações e que pacientes
diabéticos com alto risco de lesões no pé necessitam de diagnóstico oportuno e educação para
adotar comportamentos adequados de autocuidado para diabetes e autoexame do pé (BRASIL,
2019). É possível observar, no entanto, que isso ainda é um desafio.
Acreditamos que a falta de adesão às práticas de autocuidado com os pés seja o resultado
direto da falta de conhecimento, fato mais alarmante em idosos, devido as suas dificuldades de
acesso à educação em saúde por meios institucionais e tecnológicos. Apesar de ser pacífica a ideia
de que a educação em saúde pode ampliar o conhecimento, levar à adoção de comportamentos de
autocuidado e reduzir complicações nos membros inferiores, pouco se observa quanto à
instituição de uma prática estruturada e contínua nas organizações de saúde do país devido à falta
de rotina dos profissionais de saúde em executar a educação em saúde e orientação de
autocuidado.
48
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Continuação do Parecer: 5.534.174
PENDÊNCIA ATENDIDA
O participante da pesquisa e/ou seu responsável legal deverá receber uma via do TCLE na
íntegra, com assinatura do pesquisador responsável e do participante e/ou responsável legal.
Se o TCLE contiver mais de uma folha, todas devem ser rubricadas e com aposição de
assinatura na última folha. O pesquisador deverá manter em sua guarda uma via do TCLE
assinado pelo participante por cinco anos.
O pesquisador deverá desenvolver a pesquisa conforme delineamento aprovado no protocolo
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